gabriela camargo tobias anÁlise da cultura de seguranÇa em...

116
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM UM HOSPITAL DE ENSINO DA REGIÃO CENTRO-OESTE DO BRASIL GOIÂNIA, 2013

Upload: others

Post on 09-Oct-2020

7 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

GABRIELA CAMARGO TOBIAS

ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM UM HOSPITAL DE

ENSINO DA REGIÃO CENTRO-OESTE DO BRASIL

GOIÂNIA, 2013

Page 2: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

GABRIELA CAMARGO TOBIAS

ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM UM HOSPITAL DE

ENSINO DA REGIÃO CENTRO-OESTE DO BRASIL

Dissertação de Mestrado apresentada para o

Programa de Pós-Graduação da Faculdade de

Enfermagem da Universidade Federal de Goiás

para obtenção do título de Mestre em

Enfermagem.

Área de concentração: A Enfermagem no Cuidado à Saúde Humana

Linha de pesquisa: Gestão e formação de recursos humanos para a integralidade

do cuidar em Saúde e Enfermagem

Orientador: Profa. Dra. Ana Lúcia Queiroz Bezerra

GOIÂNIA, 2013

Page 3: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

FOLHA DE APROVAÇÃO

GABRIELA CAMARGO TOBIAS

ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM UM HOSPITAL DE E NSINO DA

REGIÃO CENTRO-OESTE DO BRASIL

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de

Enfermagem da Universidade Federal de Goiás para

obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

Aprovada em __ de ____ de _____.

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________________

Profa. Dra Ana Lúcia Queiroz Bezerra – Presidente

Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Enfermagem

_________________________________________________

Profa. Dra Maria Salete Batista Freitag – Membro Efetivo Externo

Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e

Ciências Econômicas

_________________________________________________

Profa. Dra Ana Elisa Bauer de Camargo Silva – Membro Efetivo

Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Enfermagem

_________________________________________________

Profa Dra Estela Najberg – Membro Suplente Externo ao Programa

Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e

Ciências Econômicas

_________________________________________________

Profa. Dra Ruth Minamisava – Membro Suplente

Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Enfermagem

Page 4: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família, por

entender meus momentos de ausência.

Aos meus amados pais, Gabriel Tobias e

Adelaide Camargo, que em sua

humildade me ensinaram o verdadeiro

valor da vida, meus incentivadores no

estudo e por quem tenho infinito Amor!

Às minhas irmãs Alessandra, Simone, e

meu cunhado, Hugo, por serem

fundamentais na realização deste sonho.

Minha eterna gratidão e Amor!

A meu amado afilhado Vítor Hugo por me

confortar com seu sorriso nos momentos

em que mais precisei.

Page 5: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade, colocou muitos anjos em meu

caminho, me deu forças neste percurso e me carregou nos braços quando

porventura a caminhada estava difícil. A Ele a glória, a Ele o louvor.

À intercessão de Santo Expedito por mais uma graça alcançada.

À minha orientadora Dra Ana Lúcia Queiroz Bezerra, exemplo de pesquisadora com

incessante busca de conhecimento. Por toda a paciência, por todo o aprendizado e

por reconhecer minhas limitações. Por sua capacidade visionária e por cada

momento compartilhado que permitiram valiosos aprendizados. Não esquecerei

jamais suas sábias palavras. Toda minha admiração e respeito.

À Profa. Dra. Ana Elisa Bauer de Camargo Silva, pelas contribuições fundamentais

no exame de qualificação deste estudo.

À Profa Dra Ruth Minamisava, por me apresentar o caminho científico e me exigir

todo empenho no intuito de me ver crescer. Todo meu orgulho e amor.

A toda minha família, pelas diversas demonstrações de carinho e apoio.

Aos meus grandes amigos, em especial Thatianny, Letícia, Pollyany, Gabriela,

Lorrany, Leonardo, Roberto, Wesley, Lorena, Wilzianne e Michelle, por serem

grandes incentivadores e companheiros de momentos de alegria.

Aos meus colegas da turma de Mestrado 2011, em especial à minha amiga Bruna,

pelo suporte durante essa caminhada e pela companhia nas horas difíceis.

Aos enfermeiros participantes desta pesquisa, pela paciência, colaboração e apoio

no desenvolvimento deste estudo.

À Profa. Dra. Maria Salete Batista Freitag, por aprimorar este estudo ao compor a

banca de defesa.

Page 6: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

“Deus não escolhe os capacitados,

capacita os escolhidos. Portanto, fazer ou

não fazer algo, só depende de nossa

vontade e perseverança”.

Albert Einstein

Page 7: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE TABELAS

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

RESUMO

ABSTRACT

RESUMEN

APRESENTAÇÃO 15

1. INTRODUÇÃO 17

2. OBJETIVOS 23

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Qualidade na assistência em saúde 24

3.2. Cultura de Segurança na Saúde e Enfermagem. 27

4. MÉTODOLOGIA

4.1.Tipo de estudo 37

4.2. Local do estudo 37

4.3.População do estudo 38

4.4.Procedimento de coleta de dados 38

4.4.1 Instrumento de coleta de dados 41

4.4.2 Coleta de dados 41

4.5.Tratamento e análise de dados 42

4.6.Aspectos éticos 42

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 45

5.1 Confiabilidade do instrumento 45

5.2 Caracterização dos enfermeiros 45

5.3 Dimensões da cultura de segurança no âmbito das unidades de

trabalho 49

5.3.1 Expectativas e ações de promoção da segurança dos

supervisores e gerentes 50

5.3.2 Aprendizagem organizacional e melhoria contínua 52

5.3.3 Trabalho em equipe nas unidades 54

Page 8: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

5.3.4 Abertura para as comunicação 56

5.3.5 Feedback e Comunicação sobre os Erros 58

5.3.6 Respostas não punitivas aos erros 60

5.3.7 Dimensionamento de pessoal 63

5.3.8 Apoio do gerente para a segurança do paciente 67

5.4 Dimensões da cultura de segurança no âmbito da organização

hospitalar 69

5.4.1 Trabalho em equipe entre as unidades 69

5.4.2 Transferência interna e passagem de plantão 72

5.5 Resultados da Cultura de Segurança 74

5.5.1 Percepção generalizada sobre a segurança do paciente 74

5.5.2 Frequência de relato de evento 76

5.5.3 Quantitativo de eventos relatados 78

5.5.4 Grau de segurança do paciente 80

5.6 Opiniões dos enfermeiros sobre a cultura de segurança na instituição 81

6. CONCLUSÃO 88

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 94

REFERÊNCIAS 96

APENDICES 106

ANEXOS 109

Page 9: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro1 Demonstrativo dos itens da escala tipo Likert e classificação

correspondente................................................................................ 38

Quadro 2 Re-classificação das respostas originais do questionário............... 42

Quadro 3 Opiniões de enfermeiros de um hospital de ensino da região

Centro-Oeste do Brasil quanto à cultura de segurança do

paciente no hospital. Goiânia, 2012 (n=74).....................................

81

Figura 1 Eventos relatados nos últimos 12 meses, segundo enfermeiros

de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO.

2012 (n= 117)..................................................................................

77

Figura 2 Grau de segurança do paciente em relação à unidade/área de

trabalho, segundo enfermeiros de um hospital de ensino da

Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117)........................ 79

Page 10: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Caracterização de enfermeiros de um hospital de ensino da

Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012........................................ 45

Tabela 2 Expectativas e ações dos supervisores e gerentes na promoção

da segurança do paciente, segundo enfermeiros de um hospital

de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117).... 49

Tabela 3 Aprendizagem organizacional e melhoria contínua, segundo

enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste.

Goiânia, GO. 2012 (n= 117)............................................................. 52

Tabela 4 Trabalho em equipe nas unidades, segundo enfermeiros de um

hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012

(n= 117)............................................................................................ 54

Tabela 5 Abertura para a comunicação, segundo enfermeiros de um

hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012

(n= 117)............................................................................................ 56

Tabela 6 Feedback e comunicação sobre erros evidenciados por

enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste.

Goiânia, GO. 2012 (n= 117)............................................................. 58

Tabela 7 Respostas não punitivas aos erros, segundo enfermeiros de um

hospital de ensino da Região Centro-Oeste.Goiânia, GO. 2012

(n= 117)............................................................................................ 60

Tabela 8 Dimensionamento de pessoal, segundo enfermeiros de um

hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012

(n= 117)............................................................................................ 63

Tabela 9 Apoio do gerente para a segurança do paciente, segundo

enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste.

Goiânia, GO. 2012 (n= 117)............................................................. 66

Tabela 10 Trabalho em equipe entre as unidades, segundo enfermeiros de

um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO.

2012 (n= 117).................................................................................. 69

Page 11: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

Tabela 11 Transferência interna e passagem de plantão no âmbito da

organização hospitalar, segundo enfermeiros de um hospital de

ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117)......... 71

Tabela 12 Percepções generalizadas sobre segurança do paciente, segundo

enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste.

Goiânia, GO. 2012 (n= 117)............................................................. 73

Tabela 13 Demonstrativo da frequência de relatos de eventos, segundo

enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste.

Goiânia, GO. 2012 (n= 117)............................................................. 76

Page 12: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AHRQ Agency for Healthcare Research and Quality

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CISP Classificação Internacional para a Segurança do Paciente

CME Central de material e esterilização

COREN Conselho Regional de Enfermagem

FEN Faculdade de Enfermagem

GERHSEn Grupo de Estudos em Gestão e Recursos Humanos em Saúde e

Enfermagem

IOM Institute of Medicine

IPTSP Instituto de Patologia Tropical de Saúde Pública

IQG Instituto Qualisa de Gestão

JCAHO Joint Commission on Accreditation of Health Care Organization

LEPE Lei do Exercício Profissional de Enfermagem

NEGISP Núcleo de Estudos de Enfermagem em Gestão de Instituições

de Saúde e Segurança do Paciente

OMS Organização Mundial de Saúde

OPAS Organização Pan-americana da Saúde

PBSP Programa Brasileiro de Segurança do Paciente

P4P Pay for Performance

PPGENG Programa de Pós-Graduação em Enfermagem

REBRAENSP Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente do

Polo São Paulo

SERUPE Serviço de Urgências Pediátricas

UFG Universidade Federal de Goiás

UTI Unidade de Terapia Intensiva

WHO World Health Organization

Page 13: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

RESUMO

TOBIAS GC. Análise da cultura de segurança em um hospital de e nsino da região Centro-Oeste do Brasil [dissertation]. Goiânia: Faculdade de Enfermagem/UFG; 2013. 115 p. No contexto da saúde, a cultura de segurança centrada na qualidade da assistência e na sistematização dos processos de trabalho contribui para prevenção de erros humanos evitáveis e, consequentemente, para a segurança do paciente. O estudo tem como objetivo analisar a percepção de enfermeiros de um hospital de ensino quanto às dimensões da cultura de segurança do paciente. A metodologia é descritiva, exploratória; foi realizado em um hospital de ensino da região Centro-Oeste do Brasil, tendo, como população, 117 enfermeiros. Os dados foram coletados no período de outubro a dezembro de 2011, por meio de um instrumento autoaplicável, o Hospital Survey on Patient Safety Culture, proposto e utilizado pela Agency for Health Research and Quality, específico para pesquisa de cultura de segurança em hospital, traduzido e validado para a língua portuguesa. Os dados foram analisados pelo Programa Statistical Package for Social Sciences, versão 18.0. O projeto foi aprovado pelo protocolo 064/2008. O total de participantes equivaleu a 84,8% dos enfermeiros do hospital, sendo 89,7% do sexo feminino, faixa etária predominante entre 45 a 51 anos, 51% com 16 a 21 anos de trabalho na profissão, 36% tinham o mesmo tempo na instituição e 13,7% atuavam no Pronto-Socorro. A carga semanal de trabalho de 87% foi de 20 a 39 horas e 96% tinham contato direto com o paciente. A maior taxa de respostas positivas foi 71%, relacionadas tanto ao Trabalho em Equipe no âmbito das unidades do hospital e às Expectativas e Ações do Supervisor/Gerente para a Promoção da Segurança do Paciente. A menor taxa foi 28% para a Resposta Não Punitiva aos Erros. Foram consideradas fraquezas para a instituição: os membros da equipe considerarem que seus erros poderiam ser usados contra si mesmos; medo que os erros fossem anotados nas suas fichas funcionais; quadro de pessoal insuficiente; trabalhar mais do que o desejável; ocorrência de problemas no intercâmbio de informações entre as unidades; a segurança ser preterida para que possam realizar maior número de tarefas; problemas de segurança do paciente na unidade e procedimentos e sistemas inadequados para prevenção de erros. Os pontos fortes foram: o supervisor/gerente considerar as sugestões para melhorar a segurança do paciente, levar em conta problemas de segurança; trabalharem ativamente no sentido de melhorar a qualidade do serviço; apoiarem-se mutuamente; atuarem em equipe; tratarem-se com respeito e acreditarem ser agradável trabalhar com profissionais de outras unidades. Entretanto, 59% consideraram aceitável o grau de segurança do paciente na unidade e 52% afirmaram nunca terem relatado eventos adversos. Concluiu-se que o estudo possibilitou aos enfermeiros a percepção e envolvimento com a segurança do paciente, assim como comprovar que a aplicação de um instrumento de análise de ações pode ser utilizado para estimular a adoção de políticas de gestão que promovam mudanças e atitudes direcionadas para o desenvolvimento da cultura de segurança institucional. Palavras-chave: Gerenciamento de Segurança; Cultura organizacional; Enfermagem.

Page 14: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

ABSTRACT

TOBIAS GC. Analysis of the safety culture at a teaching hospit al of the Central-West region of Brazil [dissertation]. Goiânia: Faculdade de Enfermagem/UFG; 2013. 115 p. In the context of health, the safety culture centered on the quality of care and the systematization of work processes contributes to human error prevention avoidable and, therefore, for the patient safety. The study aims to analyze the perception of a teaching hospital nurses about the dimensions of safety culture’s patient. The methodology is descriptive, exploratory, carried out at a teaching hospital in the Central West region of Brazil, with a population of 117 nurses. The data were collected in October to December of 2011 through autoaplicavel instruments,those belongs to the Hospital Survey on Patient Safety Culture, proposed and used by Agency for Health Research and Quality, specific for the detection of safety culture in hospital, translated and validated for the portuguese language. The data were analysed by the Statistical Package for Social Sciences Program, version 18.0. The project was approved, protocol 064/2008. The percentual of participants were 84.8 % of the nurses of the hospital, 89.7 % were female, predominant age range between 45 to 51 years, 51% with 16 to 21 years of profession, 36% with the same time in the institution and 13.7 % worked in the Emergency Room. The weekly workload of 87% was about 20 to 39 hours and 96% had directly contact with the patient. The reply “Not punitive to mistakes” had the lowest rate, 28%. The weaknesses for the institution were: the team considers that their mistakes could be used against them; the team was afraid that the mistakes were recorded in their functional files; insufficient staff; they work more than necessary; occurrence of problems in the exchange of information between the units; the security has to be sacrificed instaed of doing more things; patient safety problem in the unit, procedures and inadequate systems for the mistakes prevention. The strength points were: the supervisor/manager takes the suggestions to improve the patient safety, considers security problems; work actively doing things to improve the servisse quality; support each other; work in a team; treating with respect and having a good relationship with professionals from other units. However, 59% considered safety patient acceptablevin the unit, and 52% said they never reported adverse events. The conclusion was that the research gave the nurses perception and envolved them with the patient security, the same as how to prove that the aplication of a analysed instrument for actions can be used for estimulating the adoption of politics those bring changes and attitudes for the development of institution security culture. Key words: Safety Management; Organizational Culture; Nursing.

Page 15: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

RESUMEN

TOBIAS GC. Análisis de la cultura de seguridad en un hospital de enseñanza de la región Centro-Oeste de Brasil [disertation] Goiânia: Faculdade de Enfermagem/UFG; 2013. 115 p. En el contexto de la salud, la cultura de seguridad centrada en la cualidad de la asistencia y en la sistematización de los procesos de trabajo contribuyen para la prevención de errores humanos evitables y consecuentemente para la seguridad del paciente. El estudio tiene como objetivo analisar la percepción de los enfermeros de un hospital de enseñanza a cerca de las dimensiones de la cultura de seguridad del paciente. La metodologia es descriptiva, exploratória realizado en un hospital de enseñanza de la región Centro-Oeste de Brasil teniendo como población 117 enfermeros. Los datos fueron colectados en el período de octubro a diciembro de 2011 por medio de un instrumento auto-aplicable, el Survey on Patient Safety Culture, propuesto e utilizado por la Agency for Health Research and Quality,específico para encuesta de cultura de seguridad en hospital, traducido e validado para la lengua portuguesa. Los datos fueron analisados por el Programa Statistical Package for Social Sciences, version 18.0. El proyecto fue aprovado, protocolo 064/2008. Fueron participantes 84,8% de los enfermeros del hospital, 89,7% del sexo femenino, faja etária predominante entre 45 a 51 anos, 51% com 16 a 21 anos de trabajo en la profissión, 36% con el mismo tiempo en la institución e 13,7% actuavan en la clínica de emergencias. La carga semanal de trabajo de 87% fue de 20 a 39 horas e 96% tenian contacto directo com el paciente. La mayor tasa de respuestas positivas fue 71%, relacionadas tanto al trabajo en equipo en el âmbito de las unidades del hospital y a las expectativas e acciones del supervisor/gerente para la promoción de la seguridad del paciente. La menor tasa fue 28% para la respuesta no punitiva a los errores. Fueron consideradas puntos débiles para la institución: el equipo considerar que sus errores poderian ser usados contra ellos; miedo a que los errores fueran apuntados em sus fichas funcionales; cuadro de personal insuficiente; trabajar más que lo deseado; surgimiento de problemas em el intercâmbio de informaciones entre las unidades; La seguridad ser sacrificada para que logren hacer más cosas; problemas de seguridad del paciente em la unidad y procedimientos y sistemas inadecuados para la prevención de errores. Los puntos fuertes fueron: el supervisor/gerente considerar las sugerencias para mejorar la seguridad del paciente, llevar em cuenta problemas de seguridad; trabajar activamente haciendo cosas para mejorar la cualidad del servicio; apoyarse mutualmente; trabajar en equipo; tratarse con respeto e tener agradable el trabajo con profissionales de otras unidades. Entretanto, 59% consideran aceptable el grado de seguridad del paciente em la unidad y 52% afirmaron que jamás han relatado eventos adversos. Se concluye que el estúdio posibilitó a los enfermeros la percepción y envolvimiento con la seguridad del paciente así como comprovar que la aplicación de un instrumento de analisis de acciones puede ser utilizado para estimular la elección de políticas de gestión que promovan mudanzas e actitudes direccionadas para el desarrollo de la cultura de seguridad institucional. Palabras clave: Administración de la Seguridad; Cultura organizacional; Enfermería.

Page 16: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

15 Apresentação

APRESENTAÇÃO

Durante o Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de

Goiás (UFG), no período de 2007 a 2009, na condição de bolsista do programa de

iniciação científica, comecei a dar os primeiros passos e a produzir conhecimentos

em pesquisa. Nessa mesma época, tive a oportunidade de atuar, na condição de

voluntária, como auxiliar de pesquisa científica em vários projetos no Instituto de

Patologia e Saúde Tropical (IPTSP) da UFG, o que potencializou meu conhecimento

em pesquisa nessas áreas e me realizou profissionalmente por poder trabalhar com

processamento de banco de dados de pesquisas.

Com essa experiência, interessei-me pelo mestrado e comecei a participar do

Grupo de Estudos em Gestão e Recursos Humanos em Saúde e Enfermagem

(GERHSEn) e do Núcleo de Estudos de Enfermagem em Gestão de Instituições de

Saúde e Segurança do Paciente (NEGISP), ambos da Faculdade de Enfermagem

da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG), os quais estudavam temas do meu

interesse desde a graduação: recursos humanos, segurança do paciente e a

qualidade da assistência. Dentre as temáticas desenvolvidas pelos docentes e

acadêmicos, a segurança do paciente tem sido fortemente explorada desde o ano

de 2008, a partir do projeto “Análise de Ocorrências de Eventos Adversos”,

desenvolvido em um hospital da Rede Sentinela da Região Centro-Oeste.

Dentre as pesquisas realizadas em decorrência deste projeto, destaca-se a

de Bezerra et al., (2009), a qual evidenciou que as atividades do Serviço de

Gerenciamento de Risco ainda não estão devidamente sistematizadas, com baixa

adesão dos profissionais para as notificações de incidentes, sendo que as existentes

eram relativas às queixas técnicas e a eventos adversos envolvendo produtos

médico-hospitalares. Essa evidência levou-me a pensar que os procedimentos

relacionados à assistência ao paciente e, consequentemente, as ações direcionadas

à cultura de sua segurança nessa instituição estão sendo pouco valorizados,

despertando o meu interesse em conhecer as opiniões dos enfermeiros sobre as

dimensões da cultura de segurança do paciente visto que esses profissionais

exercem lideranças em organizações hospitalares.

Neste estudo, o foco não é identificar se os processos são seguros, mas

conhecer as respostas aos erros cometidos, a frequência com que são notificados e

Page 17: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

16 Apresentação

as dimensões da cultura de segurança do paciente no âmbito organizacional e das

unidades de trabalho.

Trata-se de uma dissertação de mestrado vinculada ao Programa de Pós-

Graduação em Enfermagem (PPGENF) da Faculdade de Enfermagem (FEN) da

Universidade Federal de Goiás (UFG), desenvolvida junto ao Grupo de Estudos em

Gestão e Recursos Humanos em Saúde e Enfermagem da Faculdade de

Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (GERHSEn/FEN/UFG). O

manuscrito aqui apresentado está estruturado em capítulos, juntamente com as

referências, apêndices e anexos, descritos a seguir.

A introdução descreve os conceitos segurança do paciente, cultura de

segurança, incidentes e os fundamentos teóricos que ancoram a justificativa dos

objetivos propostos, bem como alguns questionamentos e motivações que

resultaram nesta investigação.

O referencial teórico está baseado em evidências cientificas e é apresentado

em dois tópicos: Qualidade da Assistência em Saúde e Cultura de Segurança na

Saúde e Enfermagem.

O método segue o delineamento descritivo exploratório e foi construído

conforme os critérios propostos pela Agency for Healthcare Research and Quality-

AHRQ (2011).

Os resultados foram apresentados em tabelas e a discussão está

fundamentada na literatura nacional e internacional.

A conclusão traz uma síntese dos resultados e possibilita reflexões quanto às

competências e responsabilidades dos profissionais e gestores de saúde para

minimizar as lacunas quanto às falhas no cuidado.

Este estudo permite o conhecimento da percepção dos enfermeiros e de

atitudes dos profissionais da equipe em situações de riscos, conscientizando para a

necessidade de mudanças no sistema organizacional, favorecendo condutas pró-

ativas por parte dos profissionais em prol do desenvolvimento da cultura de

segurança por meio de uma assistência segura e de qualidade.

Page 18: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

17 Introdução

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos tem-se assistido ao pleno desenvolvimento de políticas e

estratégias globais nos diversos países, preconizadas pela Organização Mundial de

Saúde, tendo, como opção estratégica nas agendas das organizações e sistemas de

saúde, a segurança do paciente (OMS, 2010).

A segurança do paciente é um tema complexo e tem como pressuposto

garantir a redução do risco de danos desnecessários associados à assistência em

saúde até um mínimo aceitável. Além de ser uma questão com fundamentação legal

e ética, é reconhecida como um componente extremamente importante para

alcançar a qualidade do serviço (OMS, 2010).

Anualmente, dezenas de milhões de pessoas apresentam lesões

incapacitantes ou morrem por erros decorrentes de práticas inseguras em saúde, as

quais favorecem a ocorrência de incidentes/eventos adversos. Tais erros afetam, em

média, um em cada dez pacientes, sendo mais frequentes em países em

desenvolvimento (WHO, 2007).

Os incidentes são definidos como eventos ou circunstâncias não esperados,

decorrentes do cuidado prestado e não associados à doença de base, os quais

poderiam resultar ou resultaram em dano desnecessário ao paciente. O termo

desnecessário deve-se ao reconhecimento de ocorrências de erros, violações,

abusos e atos inseguros deliberados em serviços de saúde (WHO, 2009). No

entanto, os fatores psicológicos (distração, esquecimento e outros) são menos

gerenciáveis e, considerando que cada ato inseguro é difícil de prever e controlar, os

fatores organizacionais e contextuais que lhes dão origem são os principais alvos

dos gestores na perspectiva de um cuidado seguro e com qualidade (REASON,

2002).

Por outro lado, o erro é uma falha em realizar uma ação de planejamento

como pretendido ou a aplicação de um plano incorreto, podendo manifestar-se pelo

ato de fazer a coisa errada (ação) ou pela falha em executar a ação correta

(omissão), tanto no planejamento como na fase de execução (RUNCIMAN et al.,

2009; WHO, 2009).

Eventos adversos ou iatrogenias no decorrer da assistência são definidos

como ocorrências indesejáveis, de natureza danosa ou prejudicial, que

Page 19: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

18 Introdução

comprometem a segurança do paciente. Se esses decorrem de erros humanos, por

serem passíveis de prevenção, devem ser definidos como eventos adversos

evitáveis (PADILHA, 2004; PEDREIRA, 2009).

Nos Estados Unidos, estudo sobre mortalidade mostrou que os eventos

adversos evitáveis constituíam uma das principais causas de morte. Reconheceu

que errar é condição inerente ao ser humano, mas apontou a necessidade de

modificar as condições de trabalho dos profissionais de saúde, incluindo a criação

de barreiras ou sistemas de segurança que bloqueassem ou inibissem o erro

humano (KOHN; CORRIGAN; DONALDSON, 2000).

Os estudos mostram que os hospitais têm sido atingidos por fatores que

interferem na expectativa de assistência do paciente, que consiste em encontrar

pessoas e equipamentos em condições de oferecer cuidado para restabelecer sua

saúde. Para que isso não ocorra, é preciso estar suficientemente organizado e

buscar meios de priorizar a recuperação do paciente em ambiente seguro (SABA et

al., 2012; RUTHES; FELDMAN; CUNHA, 2010).

Considerando que o paciente sob cuidados corre o risco de sofrer danos

relacionados à assistência prestada, a Organização Mundial de Saúde (OMS), em

2004, instituiu como política de estratégia para prevenção de eventos adversos, a

Aliança Mundial pela Segurança do Paciente, com a missão de coordenar,

disseminar e acelerar melhorias, e estabeleceu cinco diretrizes para o

desenvolvimento de cuidados em saúde seguros: avaliação e compreensão dos

problemas de saúde não seguros; desenvolvimento de normas e estabelecimentos

de padrões para a redução de danos; melhor acesso ao conhecimento, utilização e

avaliação do impacto; estímulo à inovação; manutenção dos compromissos e reforço

da capacidade mundial para a segurança do paciente (WHO, 2008).

Essas prerrogativas básicas têm subsidiado as mudanças em prol da

segurança do paciente nos serviços de saúde por ser considerada um componente

crítico da qualidade da assistência à saúde.

Os hospitais, enquanto organizações de saúde, se esforçam continuamente

para melhorar e inovar, o que tem resultado em um crescente reconhecimento sobre

a importância de estabelecer uma cultura de segurança no que se refere aos

valores, crenças e normas considerados importantes para a organização e, ainda, a

Page 20: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

19 Introdução

adoção de atitudes e comportamentos apropriados em relação à segurança do

paciente (AHRQ, 2004).

A segurança do paciente está intimamente relacionada à cultura de

segurança, um dos subitens da cultura organizacional, sendo imprescindível

correlacioná-los (COZENS, 2001, 2003; LAWTON; PARKER, 2002; KHUN;

YOUNGBERG, 2002).

A cultura organizacional refere-se às práticas adotadas que norteiam os

trabalhadores de uma instituição, concedendo-lhes uma identidade própria (SILVA;

ZANELLI, 2004).

Por isso, os processos de mudança e inovação acontecem em ambientes

culturais distintos, ou seja, em instituições com diferentes culturas organizacionais e

fatores subjacentes que facilitam ou dificultam esse processo. Esses fatores incluem

pessoas, ideias, padrões de relacionamento, contexto, interação entre profissionais

e competência que elenca atributos de conhecimento, habilidade e atitude

(RUTHES. FELDMAN; CUNHA, 2010). Assim, pode-se dizer que, em certos

ambientes, há uma cultura organizacional favorecendo a mudança e a inovação e,

em outros, ela pode não existir.

Investigar a cultura organizacional consiste não apenas em identificar a

presença ou a ausência de determinadas variáveis concretas, mas em analisar as

relações simbólicas indivíduo-trabalho-organização nelas implicadas. Isso pode

ampliar o conhecimento sobre a cultura de segurança de uma instituição, com foco

na redução de erros (GODOY; PEÇANHA, 2009).

Na prática, é comum a gestão de erros ser fragmentada e não planejada, ao

invés de orientada, levando em conta a evolução na compreensão da natureza,

variabilidade e possibilidades de erro humano. Como resultado, os gestores se

concentram mais nas pessoas do que nos fatores sistêmicos, atendo-se a sanções

disciplinares. Talvez um dos maiores equívocos seja a crença de que os

profissionais não devem cometer erros. A prática mostra que até mesmo

profissionais responsáveis e altamente qualificados podem cometer erros (COLI;

ANJOS; PEREIRA, 2010).

A Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) é a principal agência

federal responsável por realizar e apoiar investigações para melhorar a segurança

do paciente e a qualidade de cuidados de saúde dos hospitais americanos (AHRQ,

Page 21: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

20 Introdução

2011) e, com esse intuito, patrocinou o desenvolvimento de um instrumento útil para

avaliar a percepção de profissionais quanto à cultura de segurança de suas

instituições. Esse instrumento também é indicado para controlar as alterações na

segurança do paciente ao longo do tempo e avaliar o impacto das intervenções na

prática. O objetivo é apoiar uma cultura de segurança e de melhoria da qualidade no

sistema de saúde no país, contribuindo para acelerar a adoção de resultados de

investigações em prática e política (AHRQ, 2004).

Nota-se, atualmente, um grande esforço para melhorar a segurança do

paciente em muitos países e, nesse sentido, os prestadores de cuidados de saúde

têm sido incentivados a avaliar o estado atual de sua cultura de segurança. A

utilização de ferramentas nessa avaliação torna-se necessária para identificar as

atitudes e comportamentos dos profissionais em relação à segurança do paciente.

Estudos de avaliação devem considerar a interação entre fatores organizacionais e

individuais, o que permite melhor compreensão da dinâmica da equipe e das

atitudes individuais em relação à cultura de segurança do paciente (CHEN; LI,

2010).

A equipe de enfermagem, de forma geral, tem por essência o cuidado ao ser

humano; desenvolve importantes ações por meio do cuidado, responsabilizando-se

pelo conforto, acolhimento e bem-estar dos pacientes. O enfermeiro que exerce

legalmente a liderança da equipe de enfermagem necessita prover condições para

que esse cuidado ocorra de forma segura e com qualidade, por meio de ações

gerenciais (MANZO et al., 2012).

Dessa forma, as atividades desenvolvidas pelos enfermeiros no cotidiano das

instituições são de fundamental importância, visto que possibilitam uma melhor

visualização das lacunas existentes em seu trabalho e podem trazer informações

importantes para um desempenho gerencial mais criativo, inovador, participativo,

seguro, mais próximo do cliente e da equipe, favorecendo o conhecimento das reais

necessidades de ambos.

Pensar sobre qualidade do cuidado de enfermagem exige conhecimento a

respeito da percepção que o enfermeiro tem do cargo que ocupa e também do

trabalho que desenvolve. Isso é necessário porque informações dessa natureza

possibilitam readequar condutas e ações éticas que lhe favoreçam e também à

equipe no atendimento à clientela (KIAN; MATSUDA; WAIDMANN, 2011).

Page 22: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

21 Introdução

De acordo com o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, o

enfermeiro deve prestar cuidados em saúde sem causar danos por imperícia,

negligência e imprudência. Para isso, ele deve buscar embasamento teórico/prático

que subsidie suas atividades, aprimorar seus conhecimentos técnicos, científicos,

éticos e culturais, em benefício da pessoa, família e coletividade e do

desenvolvimento da profissão, sendo proibido prestar assistência sem certificar-se

dos riscos ou estar devidamente preparado (COFEN, 2007). Daí a importância deste

profissional estar sempre atualizado e habilitado para prestar assistência com

segurança.

A educação continuada tem o objetivo de capacitar o profissional de saúde

para uma atuação com melhor qualidade de serviço (BEZERRA et al., 2012a),

atuando como uma importante ferramenta que permite o desenvolvimento dos

profissionais de saúde e assegura a qualidade do atendimento aos clientes. Para a

eficácia da educação continuada no serviço, o gestor deve considerar a realidade

institucional e atuar diretamente sobre as necessidades do profissional, instigando o

real interesse da equipe diante das situações cotidianas (SILVA; CONCEIÇÃO;

LEITE, 2008).

A implantação de um programa global e multidimensional para avaliar e

melhorar a qualidade dos cuidados de saúde deve ser uma prioridade dos governos

em todos os níveis. Para isso, investir no desenvolvimento de capacidades locais e

nos sistemas de informação já existentes é uma condição essencial. É necessário

nortear a construção dos programas de monitoramento para garantir a produção de

informação para a tomada de decisões e estimular o compromisso de todos com a

transparência nos serviços de saúde e a responsabilização com a melhoria da

qualidade (GOUVEA; TRAVASSOS, 2010).

No contexto das instituições de saúde, onde são executados procedimentos

de diversas complexidades que podem oferecer risco de vida, o trabalho exige um

conhecimento sobre situações de saúde e sobre o processo de trabalho, ou seja, o

conjunto das necessidades envolvidas no cotidiano assistencial. Esse domínio

engloba exigências, tais como pensar rápido, ter agilidade, competência e

capacidade de resolutividade dos problemas que podem gerar graves

consequências. Trata-se de um ambiente de trabalho onde a situação clínica dos

Page 23: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

22 Introdução

usuários exige, muitas vezes, que o profissional faça tudo com rapidez para afastá-lo

do risco de morte iminente (OLIVEIRA et al., 2004).

As instituições públicas de saúde, especialmente os hospitais de ensino,

enfrentam uma crise expressa por superlotação, demora na realização dos

procedimentos, escassez de recursos materiais e humanos, insatisfação tanto dos

profissionais da saúde quanto dos usuários do sistema (BALSANELLI; CUNHA;

WHITAKER, 2009). De um lado, o usuário luta para ser atendido e, até mesmo por

questão de sobrevivência, exige, muitas vezes com agressividade, respostas às

suas necessidades. Do outro, profissionais de saúde se sentem obrigados a dar

resposta a uma demanda superior à sua capacidade.

No intuito de identificar as evidências no hospital universitário, campo deste

estudo, diversas investigações estão sendo realizadas, com destaque para a

pesquisa dos prontuários na Clínica Cirúrgica, ano de 2010, na qual foram

analisadas 750 internações e identificados 6981 incidentes, com 218 eventos

adversos, sendo que 3,2 deles resultaram em óbitos (PARANAGUÁ, 2012).

Esse resultado possibilitou o conhecimento da complexidade e da

abrangência dos diversos tipos de incidentes, de sua relação com o sistema

organizacional e condutas dos profissionais a respeito da segurança do paciente

(PARANAGUÁ, 2012). Considerando que erros acontecem e causam prejuízos que,

muitas vezes, poderiam ser evitados por serem decorrentes de falhas humanas, o

ambiente de trabalho deve adotar e desenvolver coletivamente uma cultura de

segurança, centrada na qualidade da assistência e dos processos de trabalho, com

profissionais qualificados e motivados para atuar sem causar danos para o paciente.

Diante disso, torna-se relevante e oportuno conhecer e refletir sobre a cultura

de segurança na percepção dos enfermeiros, visto que afeta diretamente a prática

profissional, permitindo reforçar pontos positivos e adequar os negativos de modo a

fortalecer a efetividade das ações e implantação de programas de melhoria de

qualidade.

A análise, o diagnóstico e as sugestões proporcionados pela pesquisa são

valiosos instrumentos para o sucesso de programas voltados para a qualidade da

assistência, aumento da produtividade e adoção de políticas internas nos processos

de trabalho e na qualificação dos profissionais de saúde.

Page 24: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

23 Objetivos

2. OBJETIVOS

Analisar a percepção dos enfermeiros de um hospital de ensino quanto às

dimensões da cultura de segurança do paciente.

Identificar as principais potencialidades e fragilidades da cultura de segurança do

hospital e a sua relação com estudos nacionais e internacionais.

Page 25: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

24 Revisão da literatura

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Qualidade na assistência em saúde

Qualidade na assistência em saúde foi definida pelo Institute of Medicine

(IOM) como o grau com que os serviços de saúde aumentam a chance de alcançar

os resultados desejados e consistentes por meio do conhecimento profissional

(IOM,1990). No seu influente relatório de 2001, Crossing the Quality Chasm

(“Cruzando o Abismo da Qualidade”), o IOM definiu seis dimensões para a qualidade

em sistemas de saúde: segurança do paciente, objetivos centrados no paciente,

efetividade, eficiência, oportunidade e equidade. Portanto, a segurança é

representada como um dos seis componentes; trata-se de um subconjunto da

qualidade.

A garantia de qualidade define-se como o esforço para planejar, organizar,

dirigir e controlar a qualidade de um sistema com o objetivo de oferecer ao cliente

assistência com qualidade adequada, tal como deveria ser. Nasce como uma

evolução do controle de qualidade, cuja meta é evitar a ocorrência de erros. Houve,

portanto, necessidade de criar um sistema que incorpore a prevenção dos mesmos

(CHO, 2011).

O controle de qualidade incorpora todos os mecanismos, ações e ferramentas

que utilizamos para detectar a presença de erros. A função de controle de qualidade

é, primordialmente, conhecer as especificidades estabelecidas e proporcionar

assistência para que o produto alcance todas as especificações descritas (DEMING,

1986).

Nesse sentindo, a qualidade deve ser o objetivo principal dos serviços de

saúde. Os responsáveis pelas decisões políticas, os profissionais administrativos e

sanitários devem prover a qualidade como objetivo maior de todas as ações que se

realiza e buscar, como produto final, a qualidade da assistência e a satisfação do

usuário (CHO, 2011).

Prevenção e melhoria constituem um dos princípios básicos da qualidade.

Isso significa que a qualidade é um processo dinâmico e um projeto interminável,

cujo objetivo é detectar disfunções tão rápido quanto possível, podendo ser

Page 26: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

25 Revisão da literatura

representada por um ciclo de ações preventivas denominado “Ciclo de Deming”, o

qual envolve quatro passos (DEMING, 1986):

1. Planejar e definir os objetivos e implementar as ações;

2. Fazer ou implementar as ações corretivas;

3. Verificar e controlar se os objetivos foram atingidos;

4. Atuar segundo os resultados de uma série de medidas preventivas.

A qualidade de serviços no cuidado à saúde abrange o resultado do que se

espera receber, que é a expectativa relacionada à percepção do serviço

efetivamente recebido (BORGES; CARVALHO; SILVA, 2010).

Para isso, a melhoria da qualidade resulta na reorganização de políticas,

incluindo a introdução de novas intervenções e tecnologias que promovam a

segurança do paciente em relação às práticas prévias, reduzam o custo dos

cuidados sanitários e ainda aumentem a satisfação do cliente (CHO, 2011).

Segundo Cho (2011), a qualidade do atendimento deve estar centrada em

objetivos prioritários:

1. Assistência de saúde de acordo com o estado do conhecimento da ciência,

com uma medicina baseada em evidências;

2. Os cuidados devem estar de acordo com as expectativas do cliente;

3. O profissional deve assegurar a continuidade dos cuidados;

4. O profissional deve prestar cuidados apropriados às necessidades dos

clientes.

Nesse sentido, a assistência médico-hospitalar de boa qualidade pode ser

caracterizada operacionalmente pelos seguintes atributos: (a) diagnóstico definitivo

da doença que levou o paciente ao hospital, informando claramente ao próprio ou a

um familiar responsável; (b) tratamento atualizado, comprovadamente eficaz,

consentido pelo paciente ou familiar responsável; (c) assistência de enfermagem

capaz de cumprir fielmente a prescrição médica e assegurar ao paciente atenção,

carinho e respeito; (d) internação isenta de intercorrências, infecciosas e não

infecciosas, ou com um mínimo delas, (e) atendimento pelo menor preço (ZANON,

2000).

No entanto, a realização confiável de cuidados de alta qualidade pode se

deparar com a presença de barreiras, incluindo a falta de informação no que se

refere ao desempenho profissional ou à instituição de saúde, falta de incentivo para

Page 27: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

26 Revisão da literatura

a melhoria da qualidade, dificuldade dos profissionais para se manterem atualizados

e ausência de um sistema de suporte como a tecnologia de informação para a

qualidade. Cada uma dessas barreiras deve ser enfrentada de forma que se

obtenham ganhos substanciais na qualidade da assistência à saúde (WACHTER,

2010).

Para isso, há uma grande movimentação no âmbito da saúde visando

promover a transparência na avaliação da qualidade e um possível pagamento

diferenciado para os que apresentem melhor desempenho, conhecido como Pay for

Performance - pagamento por desempenho, ou P4P. Há grandes controvérsias,

incluindo se os dados de qualidade são acurados, se os pagamentos devem ser

feitos para os de melhor desempenho ou para aqueles que promoveram melhorias

significativas. Até o momento, diversas experiências estão testando o impacto do

P4P em uma variedade de serviços (LYNAGH; FISHER; BONEVSK, 2013).

Apesar da argumentação de que o profissionalismo deva ter incentivo

suficiente para realizar assistência à saúde de alta qualidade, estudo aponta que a

realização desse nível de cuidado depende de um sistema organizado, que envolva

uma prática baseada em evidências, investimento em educação continuada,

construção de sistemas de informação e desenvolvimento de protocolos como guias

de conduta para assistência. Além disso, acredita-se na participação dos pacientes

que podem recorrer a indicadores de qualidade no momento de escolherem o local

onde desejam receber assistência à saúde (WACHTER, 2010).

A qualidade é um conceito multidimensional que requer diferentes

abordagens para a sua avaliação. A qualidade do cuidado em saúde é definida pela

Organização Mundial de Saúde como o “grau em que os serviços de saúde, para

indivíduos e populações, aumentam a probabilidade de resultados desejados e são

consistentes com o conhecimento profissional atual” (RUCIMAN et al., 2009 p.22). A

segurança é uma importante dimensão da qualidade que se refere ao direito das

pessoas terem o “risco de um dano desnecessário associado com o cuidado de

saúde reduzido a um mínimo aceitável”. Erros, violações e falhas no processo do

cuidado aumentam o risco de incidentes que causam danos aos pacientes

(RUCIMAN et al., 2009 p.21).

Avedis Donabedian define qualidade na área da saúde como a obtenção de

maiores benefícios e menores riscos para o paciente; benefícios esses que se

Page 28: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

27 Revisão da literatura

definem em função do alcançável, de acordo com os recursos disponíveis e com os

valores existentes (DONABEDIAN, 1988). Esse autor estabelece um modelo

avaliativo em saúde baseado na tríade: estrutura, processo e resultado

(DONABEDIAN, 1980, 1992).

A estrutura corresponde à área física, recursos materiais, recursos humanos

e componente organizacional. Espaços adequados do ponto de vista estrutural

aumentam a probabilidade de um processo seguro, o qual, por sua vez, amplia a

probabilidade de um bom resultado (DONABEDIAN, 1988).

O processo compreende todas as atividades desenvolvidas entre os

profissionais de saúde e os pacientes. Fornece as bases para a valoração da

qualidade, uma vez que é por meio dessas relações que se obtém os resultados da

assistência. (DONABEDIAN, 1988)

O resultado é a consequência do cuidado prestado e reflete as mudanças

observadas no estado de saúde dos indivíduos assistidos. Possibilita conhecer o

grau de satisfação dos usuários e compará-lo ao de outras instituições de saúde

(DONABEDIAN, 1988)

No entanto, a fragilidade nas políticas e práticas de gestão de pessoas

interfere diretamente no alcance dos objetivos organizacionais, principalmente no

que se refere à implementação de processos de qualidade. A qualidade é resultado

de um comportamento positivo e concentrado nas pessoas. Para alcançar a

excelência e a consequente e desejada competitividade no mercado, as

organizações precisam considerar, atualmente, que gerir pessoas significa estimular

o envolvimento e desenvolvimento dos profissionais no contexto do trabalho

(BARBOSA; MELO, 2008). Essa prática valoriza os profissionais e promove

mudanças comportamentais para uma cultura organizacional baseada na qualidade

e segurança.

3.2. Cultura de Segurança na Saúde e Enfermagem

A cultura de segurança está diretamente relacionada à cultura organizacional,

considerada a personalidade da organização e, como tal, se manifesta nas decisões

e no cotidiano do seu funcionamento.

Cultura organizacional é considerada um constructo multidimensional.

Representa as crenças e hábitos que foram estabelecidos por normas, valores e

Page 29: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

28 Revisão da literatura

expectativas aceitas e compartilhadas por todos os indivíduos de uma organização

(CHIAVENATO, 2005).

Marquis e Huston (1999), referindo-se ao contexto das organizações de

saúde, compreendem a Cultura Organizacional como o conjunto de crenças,

história, tabus, relações formais e informais e padrões de comunicação de uma

organização. Segundo as autoras, a cultura organizacional, assim como a de uma

unidade clínica poderão ser consoantes ou dissonantes. Quando a cultura

organizacional é consoante com a das unidades, ocorre a presença de espírito

coletivo, interação entre chefia e funcionário, metas profissionais e organizacionais

semelhantes, cooperação entre as unidades, sistema formal e informal para solução

dos conflitos; todos buscam as mesmas metas. Quando são dissonantes, ocorre um

descompasso entre as metas individuais e organizacionais, pouca

representatividade e participação do pessoal nas decisões, espírito de competição,

poucas interações entre chefe e funcionários e duplos padrões de comportamento.

A manutenção de uma cultura organizacional consonante poderá ser

alcançada pela liderança participativa, que deve estar voltada à construção de um

comprometimento efetivo com os objetivos organizacionais, compartilhando

informações, decisões e compromissos. Nesse sentido, torna-se fundamental que o

líder construa canais de comunicação acessíveis para troca de informações,

facilitando o relacionamento entre a equipe de trabalho, gestão e facilitando a

cooperação entre todos os profissionais para obtenção de resultados favoráveis para

uma cultura de segurança na assistência aos clientes.

Considerando ainda que o processo de mudança constitui um fato natural,

nas culturas em que as crenças e valores são claramente ordenados, o efeito no

comportamento dos membros da organização será mais visível, visto que haverá

menor número de dúvidas sobre as atitudes e comportamentos que devem

prevalecer em situações de conflitos (GODOY; PEÇANHA, 2009).

A segurança do paciente é considerada, mundialmente, um problema de

saúde pública; daí as iniciativas de órgãos internacionais e nacionais, pesquisadores

para auxiliar na transformação dessa realidade, criar uma cultura de mudanças junto

aos profissionais e gestores de instituições de saúde.

O desenvolvimento da cultura da segurança foi uma das recomendações do

Institute of Medicine - IOM para ajudar as instituições de saúde a minimizarem os

Page 30: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

29 Revisão da literatura

problemas e fortalecerem as ações direcionadas à segurança do paciente (KOHN;

CORRIGAN; DONALDSON, 2000; KEEPNEW; MITCHELL, 2003).

Nas duas últimas décadas, o tema segurança tem sido objeto de grandes

estudos epidemiológicos conduzidos em países desenvolvidos, os quais

demonstram que o ambiente, a cultura, as relações e a complexidade do sistema

culminam na ocorrência de inúmeros erros e eventos adversos evitáveis que

comprometem a segurança do paciente, ocasionando mortes ou seqüelas

CAPUCHO; ARNAS; CASSIANI, 2013; YOSHIKAWA et al., 2013).

Para a Organização Mundial da Saúde, anualmente, dezenas de milhões de

pessoas no mundo sofrem lesões com incapacidades e há mortes decorrentes de

práticas inseguras em saúde , sendo estimado que, em média, um em cada dez

pacientes será vítima de um erro (WHO, 2007). Tal estimativa advém de estudos

conduzidos em países desenvolvidos, com sistemas de saúde mais estruturados do

que os de países em desenvolvimento, nos quais dados epidemiológicos ainda são

escassos.

Nos Estados Unidos da América estima-se que 100 pessoas morrem

diariamente devido a erros ocorridos durante a assistência à saúde, sendo

considerados a oitava causa de mortalidade (KOHN; CORRIGAN; DONALDSON,

2000).

James Reason (2000), um dos principais autores no campo da teoria do erro,

utiliza a metáfora do “queijo suíço” para explicar a ocorrência de erro. O racional

dessa teoria apoia-se no entendimento de que, para um erro ativo ocorrer, é

necessário que ocorram falhas simultâneas em diversos processos organizacionais.

Quando as falhas estão alinhadas em diferentes camadas e todos os elementos

envolvidos em seu desencadeamento estão articulados, ocorre o erro com dano.

Nesse sentido, nas áreas da indústria, aviação, financeira e militar, esforços e

investimentos são realizados de maneira a desenvolver sistemas de prevenção de

erros humanos. Na área da saúde, o erro foi culturalmente considerado um

problema do indivíduo e não do sistema de atendimento ou da complexidade na

tomada de decisão, além de ser evidenciada uma cultura de punição ou de

retratação aos indivíduos que cometeram erro, sendo a culpa, o medo e a vergonha,

os sentimentos que culminam destas ações no intuito de assegurar que a falha não

ocorrerá novamente. Atribuir culpas impede a adoção de medidas e de condutas

Page 31: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

30 Revisão da literatura

capazes de prevenir erros que outros indivíduos podem vir a cometer em situações

semelhantes. Estudos em outras áreas também evidenciam que esse tipo de

conduta produz efeito contrário ao esperado, dificultando o diagnóstico, análise e

correção das causas determinantes dos erros (CAPUCHO; ARNAS; CASSIANI,

2013; YOSHIKAWA et al., 2013).

Os administradores e gestores de organizações na área de saúde, pela sua

complexidade peculiar, precisam compreender que os erros existem, são frequentes,

ceifam milhares de vidas, causam lesões físicas, psicológicas e morais e que há

necessidade de preveni-los por meio de transformações no sistema de atendimento.

Recomenda-se que, além dos gestores, os pesquisadores abordem nos seus

estudos questões da cultura de segurança do paciente que requerem atenção,

como: fatores que afetam a comunicação de incidentes por funcionários da

instituição, o papel do ambiente de trabalho na formação, medidas que podem ser

adotadas para criar uma cultura na instituição (EL-JARDALI et al., 2011).

Para criar uma cultura de segurança, Yates et al., (2004) propõem às

organizações as seguintes estratégias: ter a segurança como um valor primordial;

adotar comportamentos para redução e prevenção de erros, tornando-os hábitos de

trabalho; desenvolver programas de análise do que ocasionou o erro (análise do

processo); e focar em processos que simplifiquem o trabalho e a documentação de

procedimentos.

As atitudes, percepções, expectativas e ações de gestão no hospital em

relação à segurança do paciente são condições essenciais da cultura de segurança

(KIRK et al., 2007).

Um modelo de maturidade cultural para a evolução da cultura de segurança

de uma organização propôs cinco etapas de cultura (HUDSON, 2003): 1. Patológica,

que considera a segurança um problema causado pelos trabalhadores e que o

incentivo para a preocupação com a segurança é não ser descoberto por agentes

reguladores; 2. Reativa, quando as organizações começam a lidar com a segurança

como algo sério, mas ações corretivas são tomadas somente após a ocorrência de

incidentes; 3. Calculada, em que a segurança é gerenciada por sistemas

administrativos, por meio de coleta de dados, e as melhorias são impostas pelos

agentes; 4. Pró-ativa, quando há adoção de processos e os funcionários da

Page 32: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

31 Revisão da literatura

organização começam a tomar iniciativas para a melhoria da segurança; 5.

Participativa, quando existe a participação ativa de funcionários de todos os níveis.

De acordo com esse modelo, há um aumento do comprometimento dos

profissionais com a segurança conforme a evolução de cada etapa.

Os profissionais de saúde devem perceber que o reforço da qualidade

assistencial e de fatores que ajudam a tornar os cuidados em saúde mais seguros é

essencial no exercício da profissão. No entanto, há consenso de que alguns

atributos culturais da organização contribuem para a segurança do paciente, tais

como o trabalho em equipe, o suporte das lideranças e a comunicação (GONZÁLEZ

et al., 2011; AHRQ, 2004).

O ambiente onde uma pessoa desempenha suas funções diariamente, o

relacionamento entre chefes e subordinados, as atitudes entre colegas de trabalho e

até mesmo a relação com os profissionais e clientes, são elementos que integram a

cultura de segurança e isso pode ser um estímulo ou um obstáculo para o bom

desempenho dentro das organizações.

Em 2009, a OMS lançou a publicação Marco Conceitual para a Classificação

Internacional para a Segurança do Paciente, com o objetivo de divulgar a taxonomia

própria para essa temática e a padronização de conceitos e estratégias para a

segurança do paciente. A Classificação Internacional para a Segurança do Paciente

(CISP) visa sistematizar, mundialmente, a compreensão dos pesquisadores em

segurança do paciente, assim como dos principais conceitos, para que as

classificações regionais/locais possam se relacionar (WHO, 2009).

A Joint Commission on Accreditation of Health Care Organization (JCAHO),

em 2012, definiu, dentre algumas metas para a segurança do paciente, utilizar pelo

menos dois identificadores do paciente no momento em que o mesmo estiver

internado no hospital; eliminar erros relacionados à transfusão de sangue; relatar os

resultados de exames e procedimento em tempo hábil; rotular todos os

medicamentos, embalagens e outras soluções, dentro e fora do campo estéril, no

período perioperatório e outros contextos; cumprir as orientações de higienização

das mãos e implementar práticas baseadas em evidências para prevenir danos à

saúde relacionados à infecção (JCAHO, 2008).

No Brasil, onde os indicadores em saúde da população são incipientes, ações

têm sido implantadas em busca da segurança, entre elas a criação, pelo Ministério

Page 33: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

32 Revisão da literatura

da Saúde, no ano de 1999, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),

com a missão de proteger e promover a saúde, garantindo a segurança sanitária dos

produtos e serviços. Para obter informações qualificadas sobre o desempenho dos

profissionais e produtos de saúde utilizados no Brasil, criou-se a Rede Brasileira de

Hospitais Sentinela com a finalidade de notificar eventos adversos e queixas

técnicas de produtos utilizados em serviços de saúde como sangue e

hemoderivados, materiais e equipamentos médico-hospitalares, visando ampliar e

sistematizar a vigilância de produtos utilizados em serviços de saúde e, assim,

garantir melhores produtos no mercado e mais segurança e qualidade para

pacientes e profissionais de saúde. Possibilitou ainda a criação do cargo de gerente

de risco profissional, responsável pelas iniciativas nacionais sobre segurança do

paciente nas instituições e pelo intercâmbio de informações entre a instituição e a

ANVISA (ANVISA, 2003).

Os administradores das instituições de saúde, preocupados em implantar as

medidas de segurança, instituíram grupos multidisciplinares, denominados Comitês

de Qualidade ou Comitê de Farmácia e Terapêutica ou Comitê de Segurança do

paciente, com a finalidade de elaborar planejamento, controle e avaliação de

processos assistenciais para prevenção de eventos adversos e promover uma

cultura institucional voltada para a segurança de pacientes (CASSIANI, 2010).

Outra ação no país, em 2008, partiu do Instituto Qualisa de Gestão (IQG) ao

desenvolver o Programa Brasileiro de Segurança do Paciente (PBSP), com o intuito

de incentivar o desenvolvimento dessa temática nas organizações de saúde e

sociedade (PBSP, 2012).

Com a meta de “Salvar 50.000 vidas e evitar 150.000 danos aos pacientes”, o

PBSP pretende tornar-se uma plataforma de banco de dados nacional sobre

qualidade e segurança do paciente e promover uma rede de informações e

comunicação entre os hospitais por meio de troca de experiências, disseminação

das melhores condutas e protocolos baseados nas boas práticas no que se refere à

qualidade e segurança do paciente (PBSP, 2012).

No contexto da enfermagem, em 2005, em Concepción- Chile, a Organização

Pan-Americana da Saúde, por meio da Unidade dos Recursos Humanos, criou a

Rede Internacional de Enfermagem e Segurança do Paciente com a finalidade de

discutir cooperação e intercâmbio de informações entre os países para, a partir de

Page 34: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

33 Revisão da literatura

evidências científicas, traçar metas para o fortalecimento do cuidado de enfermagem

na área de segurança de pacientes (CASSIANI, 2010).

A enfermagem brasileira é integrante dessa rede e, desde então, vem

adotando estratégias para a segurança de paciente como a criação da Rede

Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente (REBRAENSP), em maio de

2008, visando à articulação e cooperação entre instituições de saúde e de educação

e, por meio dessas parcerias, promover mudanças para o alcance de assistência de

enfermagem segura e com qualidade (CASSIANI, 2010).

Essa Rede vem se multiplicando no país por meio de polos, estaduais e

municipais, tendo como missão divulgar os conceitos de segurança do paciente da

OMS entre instituições de saúde, estimular a inserção de enfermeiros em comitês de

segurança do paciente nos locais de trabalho, assim como adotar atitudes e

implantar inovações, baseadas em evidências científicas, que minimizem os riscos e

garantam a segurança do paciente, compreendendo que os riscos podem ocorrer

em qualquer processo de trabalho (CASSIANI, 2010).

O estado de Goiás agrega um desses polos desde o ano de 2009, quando foi

criado o Pólo Regional Goiano de Enfermagem e Segurança do Paciente, por

docentes da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás, onde se

encontra sediada.

Como estratégias para segurança do paciente, enfermeiros das áreas de

assistência, ensino e pesquisa, membros da REBRAENSP, do Polo São Paulo e da

Câmara Técnica do Conselho Regional de Enfermagem (COREN-SP), elaboraram a

cartilha “10 Passos para a Segurança do Paciente”, no intuito de contribuir para a

construção do conhecimento de enfermagem, desenvolvimento profissional e

melhoria da assistência prestada à população. A cartilha aborda, de maneira prática,

aspectos relevantes para a segurança do paciente e medidas de prevenção que

podem ter impacto direto na prática assistencial de enfermagem, em diversos

contextos de cuidados, como a identificação do paciente, cuidado limpo e seguro –

higienização das mãos, cateteres e sondas – conexões corretas, cirurgia segura,

sangue e hemocomponentes – administração segura, paciente envolvido com sua

própria segurança, comunicação efetiva, prevenção de queda; prevenção de úlcera

por pressão e segurança na utilização de tecnologia (COREN-SP, 2012).

Page 35: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

34 Revisão da literatura

Esta iniciativa expressa a importância da atitude voltada para a segurança, a

cultura de segurança em uma organização; entretanto, se a organização realiza

seus processos sempre buscando a segurança, os resultados positivos irão

beneficiar pacientes, colaboradores e equipe de saúde.

A administração do hospital é responsável pelo estabelecimento de políticas e

procedimentos visando melhoria da qualidade e cultura de segurança no hospital; no

entanto, a melhoria organizacional em relação à cultura de segurança é amplamente

baseada no compromisso dos profissionais de saúde (ZOHAR; GAZIT, 2008;

REILING, 2005).

Na perspectiva da enfermagem, a segurança do paciente reside no processo

de cuidar humanizado, tanto no âmbito individual quanto no coletivo, no atendimento

às suas necessidades básicas com vistas à promoção, manutenção e recuperação

da saúde e inserção social, dentro de um sistema que lhe proporcione um máximo

de proteção (PADILHA, 2004).

Entretanto, nas instituições de saúde existem dificuldades para monitorização

e implantação de medidas preventivas de erros em decorrência da baixa cultura de

segurança e dificuldades metodológicas de avaliação dos serviços de saúde;

postura defensiva dos profissionais frente à ocorrência de qualquer evento negativo;

cultura institucional e profissional de uma visão punitiva e não educativa frente aos

erros; medo e insegurança institucional na notificação de erros devido às sanções

legais e administrativas (PADILHA, 2004).

A criação de uma cultura de segurança em uma instituição de saúde deve

partir da liderança (MAGALHAES; RIBOLDI; DALL’AGNOL, 2009). Os líderes

precisam acreditar na cultura não-punitiva e na abordagem sistêmica ao erro, além

de promoverem programas educativos com a equipe, de forma sistemática, a fim de

discutir questões relacionadas à segurança.

Os membros da equipe de enfermagem devem se sentir seguros ao informar

sobre os erros e entender que esses ocorrem, também, devido à existência de

sistemas falhos e não somente por culpa das pessoas. Nesse sentido, é primordial o

entendimento de que para a institucionalização da cultura de segurança, além de

melhorias no sistema organizacional, é necessário desenvolver de ações éticas e

educativas voltadas para mudanças nas atitudes dos profissionais.

Page 36: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

35 Revisão da literatura

O trabalho da equipe de enfermagem envolve os processos de cuidar/assistir,

administrar/gerenciar, pesquisar e ensinar. Dentre esses, o cuidar e o gerenciar são

aqueles mais evidenciados no trabalho do enfermeiro (PERES; CIAMPONE, 2006).

O enfermeiro é o profissional que coordena e gerencia todo o processo de

assistência a ser desenvolvido em relação ao paciente e tudo o que o envolve no

contexto da instituição hospitalar. Desde a sua formação, possui familiaridade com

questões gerenciais, de liderança, de auditoria clínica, sendo educador e

pesquisador, habilitado para assessorar a equipe multiprofissional durante a

condução de um processo de qualidade e segurança do paciente.

No entanto, o envolvimento da equipe de enfermagem é fundamental para o

sucesso de um programa de qualidade e segurança devido à expressiva quantidade

de profissionais e por sua atuação direta e permanente junto aos clientes internos e

externos. A enfermagem interage com todas as áreas de apoio, com autonomia e

co-responsabilidade, por meio de instrumentos da estrutura organizacional e do

cuidar (VARGAS et al., 2007). O paciente e suas especificidades, suas

necessidades, constituem a principal razão da assistência de enfermagem, devendo

ser realizada com comprometimento, garantindo qualidade do cuidado prestado e,

principalmente, a satisfação do paciente e seus familiares (BARBOSA; MELO,

2008).

A Lei do Exercício Profissional de Enfermagem (LEPE) n.º 7.498, de 25 de

junho de 1986, estabelece as competências dos profissionais de enfermagem com

base nas competências técnicas, éticas, políticas e relacionais, cabendo ao

enfermeiro o gerenciamento das ações de enfermagem, por meio da sistematização

da assistência, ao planejar, executar, avaliar e discutir os resultados das condutas

de enfermagem propostas com a sua equipe. Poderá delegar determinadas

atribuições ao técnico ou ao auxiliar de enfermagem, sob sua supervisão, quando

não se tratarem de ações privativas do enfermeiro (COFEN, 1986).

O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, no seu Capítulo 1,

artigos 12 e 21 respectivamente, atribui, como dever e responsabilidade de todos os

profissionais de enfermagem, “Proteger a pessoa, família e coletividade contra

danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência por parte de qualquer

membro da equipe de saúde” e sobre as infrações e penalidades a serem imputadas

diante de processo instaurado (COFEN, 2007).

Page 37: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

36 Revisão da literatura

Runciman; Merry; Walton, (2007) destacam a complexidade e especificidade

do sistema de saúde pelo fato dos profissionais de saúde lidarem, invariavelmente,

com grande diversidade de tarefas e meios para executá-las e em terem como

clientela pessoas vulneráveis, o que aumenta os riscos da ocorrência de danos

devido a atos inseguros.

Do ponto de vista ético, é esperado que o enfermeiro utilize sua criatividade

ao gerenciar as ações assistenciais, ao tomar decisões e ao adequar os recursos

humanos e materiais de que dispõe, assegurando um atendimento das

necessidades dos pacientes com isenção de riscos quando esses forem previsíveis

e, portanto, passíveis de prevenção.

Page 38: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

37 Metodologia

4. METODOLOGIA

4.1 Tipo do estudo

Estudo descritivo exploratório, de natureza quantitativa.

A pesquisa descritiva permite descrever a ocorrência de algum fenômeno na

população ou subgrupos, fazer comparações entre fatos, fornecer informações para

gestores e levantar hipóteses de fatores determinantes de um evento. Inclui os

estudos que visam identificar a opinião e perfis de indivíduos ou grupos, assim como

suas estruturas, formas, funções e conteúdos (ROBERT; THOMAS, 2009; CERVO,

2007).

A pesquisa exploratória objetiva buscar informações sobre determinado

assunto, realizar descrições precisas da situação e descobrir as relações existentes

entre seus elementos. É recomendada quando há pouco conhecimento sobre o

problema a ser estudado (CERVO, 2007; MARCONI, LAKATOS, 2002).

4.2 Local do estudo

O estudo foi realizado em um hospital de ensino da rede pública do município

de Goiânia, região Centro-Oeste do Brasil.

O hospital possui 316 leitos e presta assistência terciária exclusivamente a

pacientes do Sistema Único de Saúde em diversas especialidades clínicas e

cirúrgicas, pediátrica, maternidade, pronto-socorro e terapia intensiva. É campo de

ensino, pesquisa e extensão para acadêmicos das diversas áreas de saúde.

Desde o ano de 2002, integra o projeto Rede Sentinela de Hospitais da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), do Ministério da Saúde, e é referência

local na investigação de eventos adversos.

Anualmente, são realizadas, em média, 276.774 consultas ambulatoriais e de

emergência, 12.151 internações, 786.162 exames, 689 partos e 9.327 cirurgias. Do

total de pessoas atendidas, 66% residem na região metropolitana de Goiânia e,

0,6%, no interior de Goiás. Por ser referência regional e estadual, recebe um número

significativo de pacientes de outros estados, principalmente das regiões norte.

Page 39: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

38 Metodologia

A estrutura organizacional do hospital é composta por um conselho diretor e

uma diretoria geral, sendo que essa está subdividida em: Técnica, Financeira, de

Enfermagem e de Gestão de Pessoas.

O Serviço de Enfermagem possui um quadro de pessoal com 619 profissionais,

sendo 145 enfermeiros, coordenados por uma diretora de serviço, assistentes da

diretoria, gerentes de clínicas e enfermeiros assistenciais, 379 técnicos de

enfermagem e 95 auxiliares de enfermagem.

A diretora do serviço de enfermagem e seus assistentes são responsáveis por

planejar, organizar, coordenar, supervisionar e controlar todas as atividades da área

e, os gerentes das clínicas, pela gestão dos serviços, por liderar a equipe de

enfermagem e por coordenar a integração entre as áreas administrativas,

assistenciais, de ensino e pesquisa, visando a qualidade do atendimento. Os

enfermeiros assistenciais realizam, entre as atividades do cuidar, a execução de

procedimentos técnicos assistenciais, previsão, requisição e provisão de medicação,

supervisão direta do desempenho dos técnicos e auxiliares de enfermagem e

preceptoria dos acadêmicos durante o período de estágio.

4.3 População

A população foi constituída por 138 enfermeiros do hospital, que

desenvolviam atividades de planejamento, organização, coordenação, assistência e

avaliação dos serviços de assistência de enfermagem, preceptoria dos acadêmicos

da área da saúde e atendiam aos critérios de elegibilidade.

Foram estabelecidos, como critérios de inclusão, enfermeiros em atividade na

instituição no período da coleta de dados e excluídos aqueles que estavam em

férias, licenças ou recusas, num total de nove profissionais. No entanto, após cinco

tentativas, 12 enfermeiros não devolveram o instrumento, totalizando, portanto, 117

respondentes.

4.4 Procedimentos para a coleta de dados

4.4.1 O instrumento

O instrumento autoaplicável, em forma de questionário, utilizado neste estudo

foi o Hospital Survey on Patient Safety Culture, da Agency for Health Research and

Page 40: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

39 Metodologia

Quality, disponível online (AHRQ, 2011), traduzido e validado por Clinco (2007)

(ANEXO 1).

A estrutura do instrumento é em forma de escala tipo Likert, com cinco

proposições iniciais e posteriormente reclassificadas em três como positivo,

negativo e neutro, conforme o Quadro 1.

Quadro1 – Demonstrativo dos itens da escala tipo Likert e classificação correspondente.

NEGATIVO NEUTRO POSITIVO

Discorda fortemente Discorda Nenhum dos

dois Concorda Concorda fortemente

Nunca Raramente Às vezes Quase sempre Sempre

Fonte: AHRQ, 2004.

As escalas de Likert medem aspectos atitudinais e de percepção e requerem

que os entrevistados indiquem seu grau de concordância ou discordância com

declarações relativas à atitude que está sendo mensurada. As escalas são variadas,

mas, neste instrumento, está estruturada de 1 a 5.

Para verificar o uso adequado da escala de Likert foi construída uma escala

de consistência interna, relacionada ao uso adequado da escala de Likert,

considerada confiável e segura quando produz resultados semelhantes e coerentes

ao ser respondida por duas ou mais pessoas. Essa medida é dada pelo Alpha de

Cronbach, uma relação entre os coeficientes que deriva da correlação média de

todos os itens da escala (covariância média) (CABELO et al., 2009).

O valor de Alpha varia de 0 a 1; entretanto, pesquisadores consideram

satisfatório valor superior a 0,7. O resultado de Alpha de Cronbach encontra-se no

item 5.1 deste estudo.

Para avaliação da compreensão do instrumento foi realizado teste piloto com

cinco enfermeiros de outra instituição.

O instrumento utilizado na coleta de dados deste estudo possui 42 itens,

divididos em duas partes. Na primeira, encontram-se os dados demográficos e

laborais dos sujeitos quais sejam: idade, sexo, tempo de trabalho na profissão, carga

horária semanal de trabalho, tempo de trabalho na unidade, área de atuação e

contato direto com o paciente. Na segunda parte, constam as proposições referentes

Page 41: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

40 Metodologia

às dimensões de cultura de segurança das unidades e no âmbito hospitalar e as

variáveis de resultado, definidas a seguir:

Nas dimensões da cultura de segurança no âmbito da unidade de trabalho,

constam:

Expectativas e ações de promoção da segurança dos s upervisores e gerentes:

o supervisor/gerente considera as sugestões da equipe para melhoria da segurança

do paciente, elogia o funcionário ou equipe que realiza os procedimentos

corretamente e não negligencia problemas de segurança do paciente;

Aprendizado organizacional e Melhoria contínua: existe uma cultura de

aprendizagem segundo a qual os erros levam a mudanças positivas, as quais são

avaliadas em sua eficácia;

Trabalho em equipe nas unidades: os funcionários se apoiam mutuamente nas

unidades, tratam os outros com respeito e trabalham juntos, como uma equipe;

Abertura para a comunicação: os funcionários podem discutir abertamente quando

observam algo que pode afetar negativamente o paciente e sentem liberdade para

questionar seu superior;

Feedback e comunicação sobre erros: os funcionários são informados sobre os

erros ocorridos, é dado um retorno sobre as mudanças implantadas e são discutidas

maneiras de prevenir erros com a equipe;

Respostas não punitivas aos erros: os funcionários sentem que seus erros e os

eventos relatados não são utilizados contra si mesmos e que os erros não são

anotados em suas fichas funcionais;

Dimensionamento de pessoal: há funcionários em número suficiente para efetiva

execução do trabalho e o número de horas trabalhadas é apropriado para oferecer o

melhor cuidado ao paciente;

Apoio da gestão hospitalar para a segurança do paci ente: a gestão hospitalar

oferece um clima de trabalho que promove a segurança do paciente e demonstra

que ela é a principal prioridade.

As dimensões da cultura de segurança no âmbito da organização hospitalar

são:

Trabalho em equipe entre as unidades hospitalares: as unidades do hospital

cooperam e se coordenam mutuamente para oferecer o melhor cuidado ao

paciente;

Page 42: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

41 Metodologia

Transferências de paciente e passagens de plantão: informações importantes do

cuidado do paciente são transmitidas entre as unidades do hospital e durante as

mudanças de turnos.

As variáveis das dimensões de resultados incluem:

Percepções gerais sobre segurança : percepção se os procedimentos e sistemas

existentes na organização são efetivos para prevenção de erros; se existem

problemas quanto à segurança do paciente na unidade; se é por acaso que erros

mais sérios ocorrem e se a qualidade do serviço e a segurança do paciente são

negligenciadas para conseguir realizar mais tarefas;

Frequência de relato de eventos : composto pelo relato de erros percebidos e

corrigidos antes de afetar o paciente, erros que não têm potencial para prejudicar o

paciente e aqueles que poderiam prejudicá-lo, mas ele não foi afetado;

Grau de Segurança do Paciente : conceito geral da unidade/área de trabalho

relacionado à segurança do paciente, atribuído pelo enfermeiro;

Quantitativo de eventos relatados : quantidade de notificações de incidentes nos

últimos 12 meses.

4.4.2 Coleta de dados

A coleta de dados foi realizada no período de outubro a dezembro de 2011,

pela própria pesquisadora. O instrumento foi denominado “Cultura de Segurança em

um Hospital da Região Centro-Oeste”.

Anteriormente à coleta, foi encaminhada uma carta à Diretoria de

Enfermagem, informando os objetivos e metodologia da pesquisa e solicitando a

planilha com a escala de serviço de todos os enfermeiros da instituição para melhor

localização dos mesmos.

Os profissionais foram abordados em sua unidade de trabalho, quando foi

explicada a pesquisa, solicitando sua colaboração. Para aqueles que aceitaram

participar, foi disponibilizado o instrumento e, em seguida, assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE 1). Todos foram orientados

sobre como proceder para responder ao questionário, sendo garantido seu

anonimato e respeitadas as recusas.

A devolução do instrumento respondido ocorreu no mesmo dia ou até 24

horas após, sendo que alguns profissionais decidiram responder imediatamente.

Page 43: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

42 Metodologia

Após cinco tentativas consecutivas, sem sucesso, para obter a devolução do

instrumento, os profissionais foram excluídos do estudo.

4.5 Tratamento e análise dos dados

Os dados foram inseridos em uma planilha eletrônica disponibilizada pela

AHRQ, em formato EXCEL®, para o processamento. Para análise, foi utilizado o

programa Statistical Package for Social Sciences, versão 18.0.

Para descrever os pontos fortes e fracos da instituição, considerando que o

instrumento contém respostas formuladas positivamente e outras negativamente, a

análise foi por dimensões, sendo calculada a frequência de cada item das

dimensões e reclassificadas as respostas em negativa, neutra e positiva, de acordo

com o Quadro 2.

Quadro 2. Reclassificação das respostas originais do questionário.

RESPOSTAS ORIGINAIS DOS ITENS RESPOSTAS RECLASSIFICADAS

Discorda fortemente / Discorda

Nunca / Raramente negativa

Nenhum dos dois

Às vezes neutra

Concorda / Concorda fortemente

Quase sempre / Sempre positiva

Para o cálculo das porcentagens de respostas positivas, negativas e neutras

de cada item ou dimensão da cultura de segurança, utilizou-se a seguinte fórmula:

Número de respostas positivas/negativas/neutras da dimensão x 100

Número total de respostas aos itens da dimensão

O instrumento contém respostas formuladas positivamente e outras

negativamente para as diversas dimensões, sendo recodificadas para apresentarem

o mesmo significado (negativa, para a pior situação, e, positiva, para a melhor). O

cálculo da média de respostas positivas de cada dimensão resultou da soma das

Page 44: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

43 Metodologia

porcentagens de respostas positivas obtidas em cada item divida pelo total de itens

da referida dimensão, conforme fórmula abaixo.

Soma das porcentagens de respostas positivas da dimensão

Número total de itens da dimensão

Para classificar um item como uma fortaleza ou pontos fortes foram utilizados

os seguintes critérios propostos pela AHRQ:

• ≥ 75% de respostas positivas ("concordo / concordo totalmente" ou "quase

sempre / sempre") para questões positivas;

• ≥ 75% de respostas negativas ("discordo / discordo totalmente"ou "nunca /

raramente") às perguntas de forma negativa.

Para classificar um item ou uma dimensão como fraqueza ou oportunidade de

melhoria, área de potencial de melhora, foram utilizados os seguintes critérios:

• ≥ 50% de respostas negativas ("discordo / discordo totalmente"ou

"raramente / nunca") para questões positivas;

• ≥ 50% de respostas positivas ("concordo / concordo totalmente" ou "quase

sempre / sempre") às perguntas de forma negativa.

Os resultados foram apresentados sob forma de tabelas e figuras, conforme

as características laborais e demográficas, dimensões de cultura de segurança e

variáveis de resultado. O tratamento dos dados foi por meio da estatística descritiva.

A questão sobre opinião dos enfermeiros relacionada à segurança do

paciente foi categorizada por dimensões e apresentada em quadro.

4.6 Aspectos éticos

Esta pesquisa faz parte do Projeto “Análise das Ocorrências de Eventos

Adversos em um Hospital da Rede Sentinela na Região Centro-Oeste” e foi

aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica do Hospital das Clínicas da

Universidade Federal de Goiás, sob protocolo 064/2008 (ANEXO 2).

Foi garantido o sigilo na identificação dos pacientes e considerados os

preceitos éticos, conforme as recomendações do Conselho Nacional de Saúde -

Resolução nº 196/96 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996).

Page 45: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

44 Resultados e Discussão

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados e a análise dos dados estão apresentados na seguinte ordem:

fidedignidade do instrumento, caracterização dos participantes, variáveis de

resultado e análise da opinião dos participantes em relação às dimensões de

segurança do paciente propostas pela Agency for Health Research and Quality.

5.1 Confiabilidade do instrumento

A confiabilidade das dimensões foram comparadas com os resultados do

original Hospital Survey on Patient Safety Culture, da Agency for Health Research

and Quality (AHRQ, 2004), que definiu, como aceitável, Alpha de Cronbach ≥ 0,60.

Nesse critério, apenas quatro dimensões mostraram valores aceitáveis: Frequência

de Relato de Eventos (α= 0,92), Feedback e Comunicação sobre Erros (α=0,71),

Apoio da Gestão Hospitalar para a Segurança do Paciente (α=0,73) e Transferências

internas e passagem de plantão (α=0,69).

É pertinente dizer que, tendo em vista os estudos de Bordur e Filiz (2010);

Chen e Lee (2010); Sorra e Dyer (2010), Ito et al., (2011), Ministerio de Sanidad Y

Política Social, (2009) e Massoco (2012), realizados respectivamente na Turquia,

Taiwan, EUA, Japão, Espanha e São Paulo, nos quais foi utilizado o mesmo

instrumento para a coleta de dados, os valores de Alpha de Cronbach corroboram

com a maioria dos encontrados nessa pesquisa, conforme Apêndice 2.

5.2 Caracterização dos enfermeiros

Consideramos importante a caracterização dos enfermeiros com relação aos

aspectos sociodemográficos e laborais, uma vez que se trata de um grupo

específico e que apresenta, portanto, características próprias.

Dos 138 enfermeiros, 117 (84,8%) participaram do estudo. Não participaram

12 (8,6%), por não terem devolvido o instrumento após cinco tentativas de busca,

seis (4,4%), que estavam de licença/férias e três (2,2%) por recusas.

As características que definem o perfil dos enfermeiros deste estudo estão

apresentadas na Tabela 1, a seguir.

Page 46: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

45 Resultados e Discussão

Tabela 1 - Caracterização de enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro- Oeste. Goiânia, GO. 2012. (n= 117)

Variáveis N %

SEXO

Feminino 105 89,7

Masculino 12 10,3

IDADE (Média =40,6)

24-30 19 16,1

31-37 14 12,0

38-44 21 18,0

45-51 32 27,4

52-64 14 12,0

Não responderam 17 14,5

TEMPO DE TRABALHO NA PROFISSÃO

Menos de 1 ano 02 2,0

01 a 05 anos 23 20,0

06 a 10 anos 19 16,0

11 a 15 anos 13 11,0

16 a 20 anos 25 21,0

21 ou mais 35 30,0

HORAS SEMANAIS DE TRABALHO

Menos de 20 horas 01 1,0

20 a 39 horas 102 87,0

40 a 59 horas 11 9,0

60 a 79 horas 03 3,0

TEMPO DE TRABALHO NA ÁREA DE ATUAÇÃO

Menos de 01 ano 04 3,0

01 a 05 anos 31 26,0

06 a 10 anos 31 26,0

11 a 15 anos 09 8,0

16 a 20 anos 32 27,0

21 ou mais 10 9,0

INTERAÇÃO COM O PACIENTE

Tem contato direto ou interação com o paciente 112 96,0

Não tem contato direto ou interação com o paciente 05 4,0

Houve predominância de enfermeiros do sexo feminino, com 105 (89,7%),

sendo 12 (10,3%) do sexo masculino.

Page 47: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

46 Resultados e Discussão

A predominância de 89,7% de enfermeiros do sexo feminino é esperada por

ser uma característica ainda presente nessa profissão. A principal particularidade na

força de trabalho em enfermagem é a feminização. Estudos com profissionais de

enfermagem em hospitais brasileiros demonstraram que esse trabalho é exercido

quase que exclusivamente por mulheres, fato justificado em função do arquétipo e

retrospectiva histórica da profissão (BRANQUINHO et al., 2010; SILVA; FERREIRA,

2011).

A idade variou de 24 a 64 anos, com média de 40,6 anos, sendo que a

maioria, 32 (27,4%), tinha entre 45 a 51 anos.

A média de idade de 40,6 anos assemelha-se a outros estudos que apontam

a faixa de 30 a 40 anos de idade para enfermeiros atuantes em instituições de saúde

(BRANQUINHO et al., 2010; SILVA; FERREIRA, 2011).

A carga de trabalho de 102 (87%) era 20 a 39 horas semanais e, de três

(3,0%), de 60 a 79 horas.

A carga horária de 87% entre 20 a 39 horas semanais revela que os

enfermeiros que trabalham 39 horas, possivelmente possuem apenas um emprego,

o que possibilita dedicação exclusiva na instituição e disponibilidade para

treinamento sobre questões de segurança do paciente. Esse aspecto difere do que

ocorre em outras instituições, nas quais a precarização do trabalho do enfermeiro

faz com que ele aumente sua jornada diária de trabalho, por meio de horas extras ou

mantendo mais de um vínculo empregatício, como forma de complementar sua

renda familiar (ROCHA, 2008).

As instituições de saúde, em sua maioria, possuem um ritmo de trabalho

acelerado e as baixas remunerações fazem com que os profissionais de saúde

tenham mais de um emprego, em diferentes turnos, para aumentar sua renda

mensal, tornando-se expostos a sérios riscos (LOPES et al., 2012).

Quanto ao tempo de trabalho na profissão, 60 (51%) possuíam acima de 16

anos de experiência, 23 (20%) tinham entre um e cinco anos e apenas dois (2%)

menos de um ano.

Quanto ao tempo na área de atuação, 51 (44%) tinham entre 11 e mais de 21

anos, 31(26%), de seis a 10 anos, 31(26%), de um a cinco anos e, quatro (3,0%),

menos de um ano.

Page 48: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

47 Resultados e Discussão

Quanto ao tempo de trabalho na profissão de 51% dos enfermeiros e na área

de atuação de 44%, os resultados mostram serem experientes, atuarem há mais de

10 anos na instituição e participarem da implantação do gerenciamento de riscos e

da integração do hospital à Rede Sentinela da ANVISA, em 2002. Revelam,

portanto, que esses profissionais conhecem as características dos pacientes

internados e a complexidade do cuidado ofertado pela instituição e sabem que, em

se tratando de segurança do paciente, devem priorizar a notificação de erros e a

comunicação como forma de feedback à equipe (RADUENZ et al., 2010; CADMUS;

BRIGLEY; PEARSON, 2011), o que contribui para prevenir e ou amenizar

ocorrências de incidentes indesejáveis.

Em relação à interação no contexto do trabalho, 112 (96%) tinham contato

direto com o paciente.

A atuação direta do enfermeiro no processo assistencial poderá contribuir

para uma assistência com qualidade, tendo em vista sua visão sistêmica,

consequência da sua formação. Entretanto, a enfermagem, por si só, não garante a

qualidade da assistência, embora seja ator fundamental para impulsionar esse

processo (GODOY; PECANHA, 2009). Esse contato é importante, pois é por meio

dele que os gestores e profissionais percebem a satisfação de seus clientes e

verifica se as práticas do cuidado estão sendo seguidas pela equipe.

A equipe de enfermagem, de forma geral, tem, como essência, o cuidado ao

ser humano e o papel do enfermeiro como líder dessa equipe é prover condições

para que ele ocorra de forma segura e com qualidade. Para tanto, deve priorizar a

interação direta com o cliente e, por meio de medidas gerenciais no serviço e na

assistência, desenvolver ações básicas do cuidar, responsabilizando-se pelo

conforto, acolhimento e bem-estar dos pacientes (MANZO et al., 2012). Esses

cuidados irão resultar em atitudes potencialmente geradoras de mudanças

qualitativas no processo de trabalho da enfermagem e princípios de segurança do

paciente.

Alguns enfermeiros que não prestam assistência direta ao paciente dedicam-

se às ações administrativas.

Os enfermeiros atuavam nas diversas unidades do hospital, sendo 42 (35,9%)

em unidades clínicas (Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Clínica Obstétrica, Clínica

Pediátrica, Clínica Ortopédica, Clínica Tropical), 43 (36,8%) em unidades de

Page 49: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

48 Resultados e Discussão

urgência e emergência e de pacientes críticos (Pronto-Socorro, Serviço de Urgência

Pediátrica-SERUPE, UTI Clínica, UTI Cirúrgica, UTI Neonatal), 17 (14,5%) em

unidades especializadas (Central de Material e Esterilização, Centro Cirúrgico,

Hemodinâmica, Terapia Renal Substitutiva e Reprodução Humana), 12 (10,3%) em

Ambulatórios e Acolhimento e três (2,5%) em funções administrativas (Consultoria,

Diretoria de Enfermagem).

A principal área de atuação dos enfermeiros foi o Pronto-Socorro, 16 (13,7%),

local onde há riscos para realização de um cuidado seguro em decorrência das

especificidades das tarefas, superlotação, da carga de trabalho, da escassez de

recursos materiais e humanos, insatisfação tanto dos profissionais da saúde, em

razão do estresse, quanto dos usuários, pela demora no atendimento. Isso

compromete a qualidade assistencial, fazendo com que o profissional que presta

assistência nesses setores possa apresentar risco aumentado para ocorrência de

erros ou eventos adversos (BEZERRA et al., 2012a; MARTINS et al., 2012).

5.3 Dimensões da cultura de segurança no âmbito das unidades de trabalho

A percepção dos enfermeiros a respeito das dimensões da cultura de

segurança constitui uma etapa de avaliação sobre o clima de segurança que

permeia as unidades do hospital com relação aos aspectos organizacionais e de

recursos humanos. Neste estudo as dimensões da cultura serão discutidas

mediante os resultados dos estudos nacionais e internacionais que utlizaram o

mesmo instrumento (BORDUR; FILIZ, 2010; CHEN; LEE, 2010; SORRA; DYER,

2010; ITO et al., 2011; MINISTERIO DE SANIDAD Y POLÍTICA SOCIAL, 2009;

MASSOCO, 2012).

As dimensões da cultura de segurança no âmbito das unidades de trabalho

estão relacionadas aos seguintes aspectos: expectativas e ações de promoção da

segurança dos supervisores e gerentes; aprendizado organizacional e melhoria

continua; trabalho em equipe no âmbito das unidades; abertura para as

comunicações; feedback e comunicação sobre os erros; resposta não punitiva aos

erros; dimensionamento de pessoal e apoio do gerente do hospital para segurança

do paciente.

5.3.1 Expectativas e ações de promoção da segurança dos supervisores e

gerentes

Page 50: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

49 Resultados e Discussão

As expectativas e ações de promoção da segurança dos supervisores e

gerentes estão evidenciadas na Tabela 2.

Tabela 2. Expectativas e ações de promoção da segurança dos supervisores e gerentes, segundo enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117).

Variáveis Discorda fortemente

Discorda Nenhum dos dois

Concorda Concorda fortemente

N % N % N % N % N % NEGATIVAS NEUTRA POSITIVAS Meu supervisor/gerente elogia quando vê uma tarefa desempenhada de acordo com os procedimentos voltados à segurança do paciente.

12 9,4 26 22,2

24 20,5

49 41,9 06 5,1

32,5% 20,5% 47,0% Meu supervisor/gerente leva seriamente em conta as sugestões dos trabalhadores no sentido de melhorar a segurança do paciente.

02 1,7 13 11,1

11 9,4

76 65,0 15 12,8

12,8% 9,4% 77,8%** Toda vez que a pressão aumenta, meu supervisor/gerente quer que nós trabalhemos mais rápido, mesmo que para isso tenhamos que cortar caminho. (N)*

16 13,7 66 56,4

18 15,4

16 13,7 01 0,9

70,1% 15,4% 14,5% Meu supervisor/gerente não leva em conta problemas de segurança que acontecem o tempo todo. (N)*

32 27,4 68 58,1

12 10,3

05 4,3 00 0,0

85,5%** 10,2% 4,3%

*N: Perguntas formuladas negativamente. **: Ponto forte Média de respostas positivas: 70%

Quanto às expectativas e ações de promoção da segurança dos supervisores

e gerentes no hospital pesquisado, as percepções dos enfermeiros se assemelham.

Para 76 (65%), há concordância que o supervisor/gerente leva seriamente em conta

as sugestões dos trabalhadores no sentido de melhorar a segurança do paciente e

68 (58,1%) discorcordam que o supervisor/gerente não leva em conta problemas de

segurança que acontecem o tempo todo. A maioria, 66 (56,4%), discorda que o

gerente/supervisor exige que trabalhem mais rápido quando a pressão aumenta e 49

Page 51: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

50 Resultados e Discussão

(41,9%) concordam que o supervisor/gerente elogia quando vê uma tarefa

desempenhada de acordo com os procedimentos voltados à segurança do paciente.

Os gerentes ou supervisores passam boa parte do tempo liderando pessoas e

tomando decisões, portanto espera-se que tenham competências gerenciais,

possam transformar e traduzir conhecimentos, habilidades e atitudes em resultados

positivos para institucionalização de uma cultura de segurança do paciente e do

trabalhador.

Estudo realizado em hospital de ensino de São Paulo com 95 profissionais da

equipe de enfermagem revelou percepção favorável aos aspectos que envolvem o

reconhecimento profissional pelo supervisor, quando esse desempenha as ações

voltadas para a segurança do paciente; para 69%, o supervisor imediato considera

sugestões para a melhoria da segurança do paciente; 53,7% acreditam que seu

supervisor imediato não exige que trabalhem mais rápido, deixando de realizar os

procedimentos de forma padrão, 63,2% acreditam que ele não atribui importância à

segurança do paciente (MASSOCO, 2012).

Como ponto forte, na visão dos enfermeiros desse estudo, destacam-se:

supervisores/gerentes considerarem as sugestões no sentido de melhorar a

segurança do paciente, com 77,8 % de respostas positivas, e o supervisor/gerente

não levar em conta problemas de segurança que acontecem o tempo todo, com

85,5% de respostas negativas. No entanto, a média de respostas positivas para

essa dimensão foi de 70%.

Estudo anterior conduzido pela AHRQ por Sorra et al. (2007), utilizando o

mesmo instrumento em 308 hospitais, obteve 89% de respostas positivas.

O Ministerio De Sanidad Y Política Social (2009), utilizando o mesmo

instrumento, pesquisou em 24 hospitais espanhóis, num total de 2053 profissionais

da área da saúde, e encontrou 61,8% de respostas positivas.

No Brasil, a pesquisa de Clinco (2007), com 60 profissionais de saúde de

organizações hospitalares de São Paulo, evidenciou 89% de respostas positivas.

Bueno e Bernardes (2010) acreditam que devem fazer parte do papel do

supervisor o incentivo, orientação e ajuda a toda a equipe, levando-a à reflexão de

sua atuação, tendo, como referência, a produção do cuidado e, como objetivo

primordial, alcançar a eficiência no trabalho de enfermagem.

Page 52: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

51 Resultados e Discussão

Um estudo sobre o clima de segurança da equipe de enfermagem revelou

que, em relação à percepção da gerência, a maioria dos profissionais concordou que

a administração da unidade estava fazendo um bom trabalho, enquanto 47% dos

profissionais discordaram ou foram neutros. Também, 48% dos profissionais

discordaram que a administração do hospital apoiasse os esforços diários dos

profissionais, enquanto 21% dos respondentes preferiram a neutralidade. Mostrou

ainda que os profissionais “problemáticos” da equipe não são tratados de modo

construtivo pela administração do Hospital/Unidade (RIGOBELLO et al., 2012).

Segundo Chiavenato (2012), o gerenciamento ou administração é a maneira

de utilizar os diversos recursos organizacionais, humanos, materiais, financeiros,

informação e tecnologia para alcançar os objetivos e atingir um determinado

patamar de desempenho.

Estudo realizado com enfermeiros de comunidades espanholas mostrou que

um dos fatores dificultadores do desenvolvimento de ação em prol da segurança é a

grande pressão assistencial que sofrem os profissionais (QUEZ; MONTORO;

GONZALES, 2010).

Nas instituições hospitalares, o gerenciamento em enfermagem é atividade

complexa pela exigência, cada vez maior, direcionada aos profissionais para o

exercício de competências cognitivas, técnicas e atitudinais na implementação de

estratégias adequadas às atuais tendências administrativas (JORGE et al., 2007). O

desenvolvimento de competências gerenciais constitui elemento chave para

resolução dos problemas presentes nas instituições de saúde (NÓBREGA et al.,

2008).

5.3.2 Aprendizagem organizacional e melhoria contín ua

A dimensão referente à aprendizagem organizacional e melhoria contínua da

instituição foi evidenciada pelos enfermeiros, conforme Tabela 3.

Page 53: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

52 Resultados e Discussão

Tabela 3. Aprendizagem organizacional e melhoria contínua, segundo enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117).

Variáveis Discorda fortemente

Discorda Nenhum dos dois

Concorda Concorda fortemente

N % N % N % N % N % NEGATIVAS NEUTRA POSITIVAS Nós estamos ativamente fazendo algo para melhorar a qualidade do serviço e a segurança do paciente.

00 0,0 11 9,4 10 8,5 78 66,7 18 15,4

9,4% 8,5% 82,1%* Aqui, erros têm levado a mudanças positivas.

02 1,7 14 12,0 25 21,4 68 58,1 08 6,8

13,7% 21,4% 64,9% Depois que implantamos mudanças para melhorar a segurança do paciente, nós avaliamos sua efetividade.

03 2,6 26 22,2 22 18,8 58 49,6 08 6,8

24,8% 18,8% 56,4% *: Ponto forte Média de respostas positivas: 68%

Os enfermeiros foram concordantes com a existência de uma cultura de

aprendizagem e melhoria contínua na instituição, visto que 78 (66,7%) afirmaram

estarem ativamente fazendo algo para melhorar a qualidade do serviço e a

segurança do paciente; 68 (58,1%) concordaram que erros têm levado a mudanças

positivas e, para 58 (49,6%), há avaliação da efetividade de mudanças implantadas

para melhorar a segurança do paciente.

No estudo de Massoco (2012), 42,4% da equipe de enfermagem indicaram

estarem desenvolvendo ações para melhorar a segurança do paciente; 53,7%

concordaram que erros têm levado a mudanças positivas e, para 41,1%, não há

avaliação quanto à efetividade das mudanças realizadas para melhorar a segurança

do paciente.

Como ponto forte dessa dimensão, o estudo apontou o item relacionado ao

fato dos enfermeiros trabalharem ativamente, colaborando para melhorar a

qualidade do serviço e a segurança do paciente; tal item teve 82,1% de respostas

positivas. No entanto, a média de respostas positivas para essa dimensão foi de

68%.

No estudo de Sorra et al.,(2007), a média de respostas positivas foi de 91%.

O estudo do Ministerio de Sanidad y Política Social (2009) obteve 54,4% de

Page 54: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

53 Resultados e Discussão

respostas positivas e o ponto forte nessa dimensão foi o item relacionado à

percepção que os erros levam a mudanças positivas, com 76,8%. Clinco (2007)

encontrou média de respostas positivas de 91%.

Melhorias organizacionais para boas práticas em saúde relacionadas à cultura

de segurança constituem compromisso da gestão hospitalar; os profissionais de

saúde são essenciais nessa decisão, sendo o gestor da organização responsável

pelo estabelecimento de políticas e procedimentos visando melhoria contínua no

ambiente de trabalho (ZOHAR; GAZIT, 2008).

No Reino Unido, um estudo para o desenvolvimento de intervenções de

segurança do paciente e promoção de aprendizado organizacional sobre a

segurança concluiu que o envolvimento de pacientes em sua própria segurança é

promissor, apresentando potencial para implantação de mudanças efetivas para a

segurança do paciente, com metas a curto e longo prazo (WARD et al., 2011).

Estudo realizado em 2010, envolvendo 50 enfermeiros, na região Centro-

Oeste do Brasil, na mesma instituição pesquisada, mostrou que do total de

participantes, 23 (46%) relataram não haver medidas preventivas para a ocorrência

de eventos adversos na instituição, evidenciando a necessidade de desenvolvimento

de ações educativas a fim de qualificar os profissionais de saúde e despertá-los

para a importância de atitudes pró-ativas para a prevenção de eventos adversos

(BEZERRA et al., 2012b).

Outro estudo com 14 profissionais de uma equipe de enfermagem do sul

brasileiro mostrou que, na instituição, o erro era identificado para que medidas de

prevenção fossem realizadas, evitando que a situação se repetisse ou, até mesmo,

que fatos semelhantes pudessem ocorrer, o que demostra a ação gerencial do

enfermeiro, bem como a preocupação com os aspectos éticos e legais aos quais a

instituição poderá ter que responder em caso de danos ao paciente (FASSINI;

HAHN, 2012).

5.3.3 Trabalho em equipe nas unidades

A dimensão referente ao trabalho em equipe nas unidades foi relatada pelos

enfermeiros e pode ser observada na Tabela 4.

Page 55: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

54 Resultados e Discussão

Tabela 4. Trabalho em equipe nas unidades, segundo enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117)

Variáveis Discorda fortemente

Discorda Nenhum dos dois

Concorda Concorda fortemente

N % N % N % N % N % NEGATIVAS NEUTRA POSITIVAS As pessoas se apoiam mutuamente nessa unidade.

00 0,0 15 12,8 09 7,7 80 68,4 13 11,1

12,8% 7,7% 79,5%* Quando muito trabalho precisa ser feito rapidamente, nós trabalhamos juntos, em equipe.

01 0,9 07 6,0 07 6,0 92 78,6 10 8,5

6,9% 6,0% 87,1%* Nesta unidade, as pessoas se tratam com respeito.

02 1,7 10 8,5 11 9,4 81 69,2 13 11,1

10,3% 9,4% 80,3%* Quando uma área desta unidade apresenta sobrecarga de trabalho, as outras ajudam.

25 21,4 33 28,2 14 12,0 40 34,2 05 4,3

49,6% 12,0% 38,4% *:Ponto forte Média de respostas positivas: 71%

A maioria, 80 (68,4%), concorda que as pessoas se apoiam mutuamente; 92

(78,6%) afirmam que quando muito trabalho precisa ser feito rapidamente, eles

trabalham juntos, em equipe; 81 (69,2%) concordam que as pessoas se tratam com

respeito; para 40 (34,2%), quando uma área fica sobrecarregada, as outras ajudam.

A pesquisa de Massoco (2012) evidenciou que 61% dos profissionais de

enfermagem concordaram que as pessoas se apoiam mutuamente; 64,2% indicaram

que quando muito trabalho precisa ser feito rapidamente, os profissionais colaboram

entre si; 63,2% concordaram que as pessoas se tratam com respeito e 85,2%

discordaram que quando há sobrecarga de trabalho, as outras unidades ajudam.

Nesta dimensão, há concordância dos enfermeiros sobre trabalho em equipe

nas unidades. Portanto, foi considerado fortaleza o fato de as pessoas se apoiarem

mutuamente na unidade de trabalho, trabalharem em equipe e se tratarem com

respeito, com 79,5%, 87,1% e 80,3% de respostas positivas, respectivamente. A

média de respostas positivas alcançou uma taxa de 71%.

Page 56: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

55 Resultados e Discussão

No estudo de Sorra et al., (2007), a média de respostas positivas foi de 91%.

O Ministerio de Sanidad y Política Social (2009) obteve 42,1% de respostas

positivas, e evidenciou um ponto forte no item relacionado ao fato de todos se

apoiarem mutuamente na unidade de trabalho, com 78,2% de respostas positivas.

Clinco (2007) encontrou 86% de respostas positivas para essa mesma dimensão.

Estudos realizados no Taiwan e Turquia, utilizando o mesmo questionário

com médicos, enfermeiros e equipe não clínica, apresentaram a maior taxa de

respostas positivas (94%) e (70%), respectivamente, para a dimensão de trabalho

em equipe nas unidades (CHEN; LI 2010; BODUR; FILIZ, 2010).

Estudo realizado com 21 gerentes de serviços públicos de São Paulo concluiu

que o trabalho em equipe, enquanto ferramenta do processo de trabalho em saúde,

requer, do gerente, a composição de um conjunto de instrumentos: construir e

consolidar espaços de troca entre os profissionais, incentivar os vínculos

profissional-usuário e usuário-serviço, estimular a autonomia das equipes, em

particular a construção de seus próprios projetos de trabalho, e promover o

envolvimento e o compromisso de cada equipe e da rede de equipes com o projeto

institucional (PEDUZZI et al., 2011).

Segundo Souza (2011), o trabalho de enfermagem em equipe caracteriza-

se pela estreita interface com as ações desenvolvidas pela equipe interprofissional;

a colaboração e o planejamento dos cuidados de enfermagem, realizados em

conjunto, podem ampliar a qualidade da assistência de enfermagem com foco nas

necessidades de cuidado do paciente.

5.3.4 Abertura para as comunicação

Quanto à dimensão abertura para a comunicação, as percepções dos

enfermeiros estão relatadas na Tabela 5.

Page 57: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

56 Resultados e Discussão

Tabela 5. Abertura para a comunicação, segundo enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117)

Variáveis Nunca Raramente Às vezes Quase

Sempre Sempre

N % N % N % N % N % NEGATIVAS NEUTRA POSITIVAS Os trabalhadores conversarão sem censura se presenciarem algo que afete negativamente o cuidado do paciente.

04 3,4 16 13,7 43 36,8 37 31,6 17 14,5

17,1% 36,8% 46,1% Os trabalhadores sentem-se à vontade para questionar as decisões ou as ações de profissionais que têm mais autoridade.

06 5,1 15 12,8 30 25,6 42 35,9 24 20,5

18,0% 25,6% 56,4% Os trabalhadores têm medo de fazer perguntas quando algo não parece estar correto. (N)*

25 21,4 45 38,5 29 24,8 12 10,3 06 5,1

59,9% 24,8% 15,3% *N: Perguntas formuladas negativamente. Média de respostas positivas: 54%

No contexto da comunicação nas unidades do hospital, 43 (36,8%)

enfermeiros indicaram que, às vezes, os trabalhadores conversarão sem censura

se presenciarem algo que afete negativamente o cuidado do paciente. Essa

percepção revela neutralidade dos enfermeiros, o que sugere problemas de

comunicação de um determinado grupo no ambiente de trabalho, visto que 42

(35,9%) afirmaram que, quase sempre, os trabalhadores sentem-se à vontade para

questionar as decisões de profissionais que detêm mais autoridade e 45 (38,5%)

perceberam que, raramente, os trabalhadores têm medo de fazer perguntas quando

algo não parece estar correto. Percebe-se relativa dissonância entre os enfermeiros

no contexto da comunicação, o que contribui para ocorrência de eventos adversos.

No estudo de Massoco (2012), 35,8% dos profissionais afirmaram que, às

vezes, conversam livremente acerca de algo que afete negativamente o cuidado do

paciente; 31,6%, às vezes, sentem-se à vontade para questionar as decisões de

profissionais que têm mais autoridade e 33,7% declararam que, algumas vezes,

temem fazer perguntas quando algo não parece estar correto.

Page 58: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

57 Resultados e Discussão

Neste estudo, a média de respostas positivas para essa dimensão foi de 54%.

Sorra et al., (2007) obtiveram 68%. Para o Ministerio de Sanidad y Política Social

(2009), a média de respostas positivas foi de 47,9% e Clinco (2007) encontrou 68%.

A comunicação na enfermagem é um instrumento do cuidar e, portanto, uma

habilidade a ser desenvolvida pelos profissionais de saúde, especialmente pelo

enfermeiro junto à equipe no sentido de construir uma cultura de segurança do

paciente.

Estudo sobre processo de comunicação da equipe de enfermagem mostrou

se tratar de algo complexo e imprescindível, muito além do simplesmente falar,

podendo ser utilizada pela equipe de enfermagem para que a assistência ocorra de

forma eficaz, em parceria, para o alcance do cuidado seguro (BROCA; FERREIRA,

2012).

Ser competente em comunicação é uma habilidade fundamental a ser

adquirida pelo enfermeiro, sendo ele docente ou atuante em outra atividade da

prática do cuidar. Essa habilidade lhe possibilitará um cuidar consciente, verdadeiro

e transformador (BRAGA; SILVA, 2007).

Outro estudo relacionado à comunicação da equipe de enfermagem nas

orientações pós-operatórias concluiu que a competência em comunicação é uma

condição para o exercício da enfermagem com qualidade e cidadania. Essa

capacidade de se comunicar deve ser uma habilidade da equipe e um alicerce para

que a relação de cuidado se estabeleça de forma efetiva e eficaz, proporcionando a

compreensão do cliente em sua complexidade, com resultados qualitativos de

atenção, dignidade e respeito ao ser cuidado (RAZERA; BRAGA, 2011).

5.3.5 Feedback e Comunicação sobre os Erros

Quanto à dimensão feedback e comunicação sobre os erros, as percepções

dos enfermeiros podem ser observadas na Tabela 6.

Page 59: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

58 Resultados e Discussão

Tabela 6- Feedback, comunicação sobre erros, segundo os enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117)

Variáveis Nunca Raramente Às vezes Quase

Sempre Sempre

N % N % N % N % N % NEGATIVAS NEUTRA POSITIVAS Nós recebemos feedback sobre as mudanças implantadas em função de eventos relatados.

07 6,0 22 18,8 38 32,5 38 32,5 12 10,3

24,8% 32,5% 42,7% Nós somos informados sobre os erros que ocorrem nesta unidade.

03 2,6 20 17,1 27 23,1 39 33,3 28 23,9

19,7% 23,1% 57,2% Nesta unidade, nós discutimos maneiras para prevenir que erros voltem a ocorrer.

07 6,0 11 9,4 23 19,7 46 39,3 30 25,6

15,4% 19,7% 64,9% Média de respostas positivas: 55%

Nesta dimensão, 38 (32,5%) dos enfermeiros revelaram que quase sempre

recebem feedback sobre as mudanças implantadas em função dos eventos

relatados; 39 (33,3%) afirmaram que, quase sempre, são informados sobre os erros

que ocorrem na unidade e, para 46 (39,3%), quase sempre são discutidas maneiras

de prevenir os erros.

Estudo revela que 35,8% dos profissionais de enfermagem de um hospital de

ensino de São Paulo receberam, às vezes, feedback sobre as mudanças

implantadas em função dos eventos relatados; 28,4% indicaram, algumas vezes,

terem sido informados sobre os erros que ocorrem na unidade e, para 33,7%, em

algumas oportunidades foram discutidas maneiras para prevenir os erros

(MASSOCO, 2012).

No presente estudo, a média de respostas positivas para essa dimensão foi

de 55%.

No estudo de Sorra et al., (2007), a média foi de 89%. Entre profissionais de

saúde da Espanha, a média de respostas positivas foi de 43,8% (MINISTERIO DE

SANIDAD Y POLÍTICA SOCIAL, 2009). Nas instituições hospitalares do sudeste foi

evidenciado uma média de 89% de respostas positivas para essa dimensão

(CLINCO, 2007).

Os resultados apontam haver feedback e comunicação sobre os erros,

evidenciando que este processo, entre os profissionais, se dá com mais frequência

Page 60: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

59 Resultados e Discussão

diante da ocorrências de erros, o que não é o ideal quando se pensa em um

processo de interação profissional, visando à formação de uma cultura de

segurança, por meio da orientação para prevenção.

No estudo de Rigobello et al. (2012) a respeito da percepção do clima de

segurança entre os profissionais da equipe de enfermagem, a maioria dos

profissionais se mostrou satisfeita com o seu trabalho, embora desconheça os meios

adequados para encaminhar questões relacionadas aos erros e ações gerenciais do

hospital e da unidade no que se refere à segurança do paciente.

Treinamento realizado pela área de gestão de pessoas em um ambiente

multidisciplinar obstétrico concluiu ter sido significativo para o trabalho em equipe e

para melhorar as habilidades na comunicação interprofissional (HALLER et al.,

2008).

Estudo para avaliar a cultura de segurança hospitalar em Taiwan revelou que

48,9% dos trabalhadores da saúde responderam positivamente quanto às atitudes

em relação ao clima de trabalho em equipe, seguidos pela percepção de gestão

(45,2%), satisfação no trabalho (42,1%), clima de segurança (37,2%) e condições de

trabalho (31,8%). No que se refere à adoção de medidas preventivas para

comportamentos de segurança do hospital, 71,1% dos entrevistados notaram uma

boa colaboração com enfermeiros, superior em relação aos médicos (60,0%) e

farmacêuticos (52,4%). Além disso, 70,1% dos entrevistados referiram adotar

atitudes positivas e apoiar os hospitais no treinamento em segurança do paciente;

ressalta-se, também, que 77,3% consideraram positivos os incentivos dos

administradores para relato de eventos adversos (LEE et al., 2010).

5.3.6 Respostas não punitivas aos erros

A dimensão respostas não punitivas aos erros foi relatada pelos enfermeiros e

está expressa na Tabela 7.

Page 61: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

60 Resultados e Discussão

Tabela 7- Respostas não punitivas aos erros, segundo enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117)

Variáveis Discorda fortemente

Discorda Nenhum dos dois

Concorda Concorda fortemente

N % N % N % N % N % NEGATIVAS NEUTRA POSITIVAS A equipe de funcionários considera que seus erros podem ser usados contra eles. (N)*

02 1,7 21 17,9 15 12,8 65 55,6 14 12,0

19,6% 12,8% 67,6%** Quando um evento é reportado, parece que a pessoa que é anotada, não o problema. (N)*

06 5,1 41 35,0 23 19,7 45 38,5 02 1,7

40,1% 19,7% 40,2% As pessoas têm medo que seus erros sejam inscritos nas suas fichas funcionais.(N)*

05 4,3 25 21,4 16 13,7 59 50,4 12 10,3

25,6% 13,7% 60,7%** *N: Perguntas formuladas negativamente. **: Pontos fracos Média de respostas positivas: 28%

Em relação à dimensão respostas não punitivas aos erros, os enfermeiros

concordaram com todos os itens. Para 65 (55,6%), os erros podem ser usados

contra si próprios; para 45 (38,5%), quando um evento é reportado, fica a impressão

de que a pessoa é registrada e não o problema e, para 59 (50,4%), as pessoas têm

medo que seus erros sejam inscritos nas suas fichas funcionais.

No estudo de Massoco (2012), 50,5% dos profissionais consideraram que os

erros podem ser usados contra si mesmos; 47,4% concordaram que quando um

evento é reportado, a pessoa é que é anotada e não o erro; 52,6% manifestaram

receio que seus erros sejam inscritos nas suas fichas funcionais.

Para a instituição, foram considerados pontos fracos, com 67,6% de

respostas positivas, o fato dos funcionários considerarem que seus erros podem ser

usados contra si mesmos e, totalizando 60,7% de respostas negativas, as pessoas

terem medo que seus erros sejam inscritos nas suas fichas funcionais.

Neste estudo, a média de respostas positivas para essa dimensão foi de 28%.

Para Sorra et al. (2007), o resultado de respostas obtidas foi de 43%. O

Ministerio de Sanidad y Política Social (2009) apontou 52% de respostas positivas e,

o estudo de Clinco (2007), 55% para essa dimensão.

Page 62: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

61 Resultados e Discussão

O estudo de Ques, Montoro, Gonzales (2008) sobre cultura de segurança e

comunicação de erros evidenciou a falta de comunicação e da cultura de notificação

dos eventos adversos pelos profissionais, o que decorre de uma postura de não

aceitação, por parte dos gestores, em relação ao erro humano em virtude do medo

de punição e da reação da sociedade diante dos profissionais.

Estudo envolvendo 14 enfermeiros em um hospital de São Paulo concluiu que

a comunicação do erro é um dever ético dos profissionais que lidam com o cuidado

ao ser humano. Assumir o erro com responsabilidade supõe condições éticas nas

relações entre as pessoas envolvidas, pois o reconhecimento e a comunicação da

falha representam a autonomia do profissional para agir de forma responsável e

prudente. Porém, quando o erro é omitido, atesta-se que a cultura punitiva ainda é

vigente (COLI; ANJOS; PEREIRA, 2010).

Estudo retrospectivo sobre eventos adversos a medicamentos, no mesmo

campo desta pesquisa, considerou que os hospitais devem direcionar esforços para

construir uma cultura de segurança focada no paciente, de forma que todos os

profissionais envolvidos no sistema de medicação estejam conscientes da

necessidade de notificação, identificação e prevenção. E, ainda, que a política de

notificação adotada deve ser confidencial, por meio de denúncias anônimas, de

modo que não ocorra busca por culpados visto que uma cultura punitiva tende a

favorecer a subnotificação (SILVA et al., 2011).

Em um estudo com o objetivo de analisar o sistema de notificação de evento

adverso numa Unidade de Terapia Intensiva foi constatado que a maioria (50 -

71,4%) dos enfermeiros percebe a existência de subnotificação de eventos

adversos, e quando indagados sobre a presença de punição, 52 (74,3%) referiram

que ela ocorre “às vezes” e “sempre”. Observou-se que 18,0% das punições

mencionadas pelos enfermeiros foram de natureza severa como demissão e

suspensão, além do assédio moral, demonstrando que a cultura punitiva ainda não

foi superada, apesar dos esforços realizados por diferentes organizações e redes

internacionais e nacionais voltadas à segurança do paciente (CLARO et al., 2011).

Estudo espanhol concluiu que a principal desvantagem nos sistemas de

registro e de comunicação é o fato de não conseguirem incluir a maior parte dos

incidentes e eventos adversos em decorrência da identificação dos envolvidos na

ocorrência. Preconiza-se que os sistemas de informações de notificação não sejam

Page 63: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

62 Resultados e Discussão

utilizados para identificar o paciente ou a pessoa, mas para garantir a

confidencialidade e caráter anônimo dos dados (TOMAS; GIMENA, 2010).

Para evitar a ocorrência de erros, as instituições de saúde têm se preocupado

em adotar uma política de segurança do paciente. Para tanto, é necessário que os

erros sejam relatados e notificados para que se conheça a causa do problema e,

assim, seja possível intervir em caráter educativo, preventivo, não punitivo

(CORBELLINI et al., 2011).

Um estudo realizado com enfermeiros no Brasil recomendou a necessidade

de eliminar o medo de punição para incentivar relatos de eventos adversos

(FREITAS et al., 2011).

Outro estudo com o objetivo de descrever a frequência da divulgação do erro

de medicação à equipe e à família em uma unidade de pacientes oncológicos

pediátricos mostrou que, nos 37 casos em que os eventos foram comunicados, a

maioria foi para os médicos (48,7%) e enfermeiros (43,2%). O evento não foi

divulgado para o paciente ou família em 95,8% dos relatórios de erros de medicação

(BELELA; PETERLINI; PEDREIRA, 2010).

5.3.7 Dimensionamento de pessoal

A dimensão relacionada ao dimensionamento de pessoal foi evidenciada

pelos enfermeiros e encontra-se na Tabela 8.

Page 64: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

63 Resultados e Discussão

Tabela 8- Dimensionamento de pessoal, segundo enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117)

Variáveis Discorda fortemente

Discorda Nenhum dos dois

Concorda Concorda fortemente

N % N % N % N % N % NEGATIVAS NEUTRA POSITIVAS Temos quadro de pessoal suficiente para dar conta do trabalho.

36 30,8 57 48,7 03 2,6 19 16,2 02 1,7

79,5%** 2,6% 17,9% O quadro de pessoal desta unidade trabalha mais do que o desejável para o cuidado do paciente. (N)*

05 4,3 35 29,9 10 8,5 44 37,6 23 19,7

34,2% 8,5% 57,3%** Nós usamos mais funcionários temporários/de terceiros do que o desejável para o cuidado ao paciente. (N)*

13 11,1 52 44,4 15 12,8 29 24,8 08 6,8

55,5% 12,8% 31,7% Nós trabalhamos em padrão de crise, fazendo muita coisa, muito depressa. (N)*

09 7,7 38 32,5 12 10,3 46 39,3 12 10,3

40,2% 10,3% 49,5% *N: Perguntas formuladas negativamente. **: Ponto fraco Média de respostas positivas: 37%

Quanto ao dimensionamento de pessoal e à segurança do paciente, 57

(48,7%) dos enfermeiros discordaram que o quadro de pessoal fosse suficiente; 44

(37,6%) concordaram que o quadro de pessoal trabalha mais do que o desejável; 52

(44,4%) discordaram que usam mais funcionários temporários do que o desejável e

46 (39,3%) concordaram que trabalham em padrão de crise, executando muitas

tarefas, apressadamente.

Estudo em hospital de ensino de São Paulo mostrou que 41,1% dos

enfermeiros discordaram que o quadro de pessoal fosse suficiente; 45,3%

concordaram que o quadro de pessoal trabalha mais do que o desejável; 45,3

concordaram que recorrem a funcionários temporários mais do que seria desejável

e 46,3% concordaram que trabalham em padrão de crise, fazendo muita coisa, muito

depressa (MASSOCO, 2012).

Nessa dimensão, foi percebido pelos enfermeiros maior potencial de

fragilidade da instituição, destacando-se, como pontos fracos, o quadro de pessoal

Page 65: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

64 Resultados e Discussão

insuficiente, com 79,5% de respostas negativas, e o fato dos profissionais

trabalharem mais do que o desejável, com 57,3% de respostas positivas. A média de

respostas positivas foi de 37%.

No estudo de Sorra et al. (2007) foram 68% de respostas positivas. Clinco

(2007) também evidenciou 68%.

Pesquisa realizada em hospitais espanhóis encontrou média de 61,7% de

respostas positivas e quadro de pessoal insuficiente, com 62,5% de respostas

negativas; o fato dos profissionais trabalharem mais do que o desejável totalizou

70,4% de respostas positivas e, trabalharem em padrão de crise, executando muitas

tarefas, apressadamente, apresentou 65,6% de respostas positivas. Esses foram os

pontos considerados fracos para a instituição (MINISTERIO DE SANIDAD Y

POLÍTICA SOCIAL, 2009).

O estudo realizado em Taiwan, utilizando o mesmo questionário com

médicos, enfermeiros e equipe não clínica, apresentou a menor taxa das respostas

positivas (39%), ou seja, foi considerado ponto fraco o quantitativo de pessoal

(CHEN; LI 2011).

O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) estabelece parâmetros para o

dimensionamento de pessoal de enfermagem nas instituições de saúde, com base

na aplicação de um Sistema de Classificação de Pacientes, como critério para se

estabelecer o perfil de cada paciente internado nas unidades hospitalares, as horas

mínimas de assistência e a distribuição dos profissionais para cada tipo de cuidado.

Nessa lógica, cabe ao enfermeiro o gerenciamento do seu quadro de pessoal

segundo a necessidade de assistência requerida pelos pacientes, conforme a

classificação de sua dependência em relação aos cuidados de enfermagem

(COFEN, 2004).

O enfermeiro assume uma posição de articulador de ações de enfermagem

nas instituições de saúde, cabendo a ele discutir e participar ativamente na definição

da política de recursos humanos da instituição, estabelecendo estratégias que

subsidiem a prática da enfermagem e parâmetros que permitam um

dimensionamento de pessoal, sob o enfoque quantitativo e qualitativo, capazes de

atender às necessidades de assistência da clientela (CAMPOS; MELO ,2009).

Uma pesquisa realizada em 2011 com o objetivo de analisar o

dimensionamento de pessoal de enfermagem em hospital universitário, comparando

Page 66: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

65 Resultados e Discussão

o grau de dependência de pacientes e o envelhecimento da força de trabalho da

enfermagem num período de 10 anos, concluiu que o dimensionamento de pessoal

de enfermagem não acompanhou o aumento da complexidade assistencial

demandada pelos pacientes, o que é agravado pela reduzida capacidade dos

trabalhadores para o trabalho (GIL et al., 2011).

O dimensionamento de pessoal de enfermagem em instituições de saúde é

imprescindível para a segurança do paciente, para a qualidade da assistência e,

consequentemente, para a otimização da aplicação dos recursos em saúde. Os

pacientes mais bem cuidados apresentam menores riscos de estarem expostos a

eventos adversos e complicações (GIL et al., 2011).

Segundo Chenso et al., (2004), dimensionar recursos humanos em saúde vai

além de quantificar pessoas; envolve a qualificação/capacitação das mesmas para o

cuidado.

Estudo realizado por Cunha (2011) na Clínica Cirúrgica do hospital, campo

desta pesquisa, concluiu que esse conta apenas com apenas 27,6% do quantitativo

ideal de enfermeiros, o que dificulta o cumprimento da Lei do Exercício profissional

de Enfermagem (COFEN, 1986), no que diz respeito à assistência segura e de

qualidade. Além disso, os achados mostram que o absenteísmo tem como principal

causa de ausência não prevista as licenças médicas que podem indicar a ocorrência

de sobrecarga de trabalho. Assim, na medida em que o quadro de pessoal for

adequado à demanda, o absenteísmo por doença poderá ser reduzido.

Em um estudo de nível nacional, realizado no ano de 2011, emerge a relação

entre o subdimensionamento de trabalhadores da enfermagem e a segurança do

paciente tendo, como consequência, o aumento das taxas de infecções,

mortalidade, quedas, pneumonia associada à ventilação mecânica e extubação

acidental. Com o intuito de evitar a ocorrência de incidentes\eventos adversos, o

enfermeiro precisa prever o número de trabalhadores de enfermagem e sua

qualificação por categoria profissional, por meio da metodologia do

dimensionamento de pessoal de enfermagem (VERSA, 2011).

Em estudo realizado em 2011 num hospital público do estado do Paraná,

constatou-se um deficit de 118 enfermeiros e 204 funcionários de enfermagem de

nível médio em relação ao ideal (VITURI, 2011). Essa situação revela a necessidade

das instituições repensarem a forma como vem sendo prestada a assistência à

Page 67: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

66 Resultados e Discussão

clientela, pois há evidências de que quanto menor o número de profissionais em

determinada área, maior a possibilidade de ocorrência de atos inseguros.

O dimensionamento de recursos humanos faz parte das competências

gerenciais do enfermeiro, envolve a previsão de pessoal sob os enfoques

quantitativo e qualitativo com vistas ao cuidado de enfermagem ao paciente, à

promoção e proteção à saúde na busca por uma melhor qualidade da assistência. A

previsão adequada de pessoal de enfermagem leva as instituições de saúde a

racionalizarem custos e otimizarem a dinâmica assistencial (VITURI, 2011).

5.3.8 Apoio do gerente para a segurança do paciente

A dimensão relacionada ao apoio do gerente para a segurança do paciente foi

evidenciada pelos enfermeiros e encontra-se na Tabela 9.

Tabela 9- Apoio do gerente para a segurança do paciente, segundo enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117)

Variáveis Discorda fortemente

Discorda Nenhum dos dois

Concorda Concorda fortemente

N % N % N % N % N % NEGATIVAS NEUTRA POSITIVAS A administração do hospital propicia um clima de trabalho que favorece a segurança do paciente.

11 9,4 36 30,8 23 19,7 45 38,5 02 1,7

40,1% 19,7% 40,2% As ações da administração do hospital mostram que a segurança do paciente é uma das maiores prioridades.

05 4,3 45 38,5 29 24,8 34 29,1 04 3,4

42,8% 24,7% 32,5% A administração do hospital parece se interessar pela segurança do paciente apenas após a ocorrência de um evento adverso. (N)*

07 6,0 37 31,6 25 21,4 44 37,6 04 3,4

37,6% 21,4% 41,0% *N: Perguntas formuladas negativamente. Média de respostas positivas: 37%

Quanto ao apoio do gerente do hospital para segurança do paciente, destaca-

se que 45 (38,5%) dos respondentes concordaram que a administração hospital

propicia um clima de trabalho que favorece a segurança do paciente; 45 (38,5%)

discordaram que as ações da administração do hospital expressam que a segurança

Page 68: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

67 Resultados e Discussão

do paciente é uma das maiores prioridades e 44 (37,6%) concordaram que há

interesse pela segurança do paciente apenas após a ocorrência de um evento

adverso.

Nesta dimensão ficou evidente que há uma tendência dos gestores da

instituição em apoiar ações visando o desenvolvimento de uma segurança do

paciente, porém alguns enfermeiros consideram que a administração do hospital

parece se interessar pela segurança quando da ocorrência de algum erro.

No estudo de Massoco (2012), 46,3% afirmaram que a administração do

hospital não propicia um clima de trabalho favorável à segurança do paciente; 43,2%

discordaram que as ações da administração do hospital sinalizam para o fato da

segurança do paciente ser uma das maiores prioridades e 58,9% concordaram que

a administração do hospital parece se interessar pela segurança do paciente apenas

após a ocorrência de um evento adverso.

Neste estudo, a média de respostas positivas para essa dimensão foi de 37%

e, no estudo de Sorra et al., (2007), de 86%. A pesquisa de Clinco (2007) evidenciou

92% de respostas positivas para essa mesma dimensão. Na investigação conduzida

pelo Ministerio de Sanidad y Política Social (2009) houve 24,8% de respostas

positivas nessa dimensão, evidenciando, como ponto fraco, o fato da administração

do hospital se interessar pela segurança do paciente apenas após a ocorrência de

um evento adverso, com 54,5% de respostas positivas.

O estudo realizado na Turquia concluiu que o primeiro passo para melhorar

a segurança do paciente deve ser a obtenção do apoio da administração, a qual

deve assumir uma postura não-punitiva para aqueles que reportam erros médicos

(BODUR; FILIZ, 2010).

No hospital da China, um estudo objetivando explorar a relação entre

enfermeiros, o compromisso da gestão com a segurança e a cultura de segurança

do paciente revelou que os gerentes de enfermagem são líderes e, assim, os

funcionários são encorajados a se comportarem de forma semelhante a eles.

Enfermeiros, portanto, simplesmente repetem comportamentos do gerente de

segurança e realizam cuidados para o paciente com essa intenção quando o seu

gestor for verdadeiramente comprometido com esse aspecto (FENG et al., 2011).

Estudo realizado com médicos e pesquisadores em oito países europeus

objetivando identificar as estratégias mais importantes para melhorar a segurança

Page 69: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

68 Resultados e Discussão

do paciente, concluiu que aquelas que renderam as pontuações mais altas (> 70%)

foram adotadas em relação à importância de implantação de um sistema de registro

médico, bom acesso telefônico, normas para manutenção de registros, cultura de

aprendizagem, capacitação sobre a segurança do paciente e protocolo de

orientação de segurança do paciente (GAAL; VERSTAPPEN; WENSING, 2011).

Estudo em um hospital privado, terciário, de alta complexidade, em Recife, o

qual integra a Rede Sentinela da ANVISA, sinalizou para a importância de haver

cultura de gestão de riscos, assim como de uma comissão multidisciplinar para

monitoramento de situações adversas decorrentes das práticas assistenciais;

importante também a disseminação dos conceitos da cultura de segurança do

paciente para sua melhor incorporação em todas as fases de cuidados

(HINRICHSEN et al., 2011).

A percepção das condutas dos gerentes pelo profissional é um fator

importante para a garantia da segurança do paciente, uma vez que reflete a

concordância do profissional quanto às ações da gerência ou da administração do

hospital e da unidade no que diz respeito à segurança do paciente (RIGOBELLO et

al., 2012).

5.4 Dimensões da cultura de segurança no âmbito da organização hospitalar

A análise das dimensões de segurança no âmbito da organização hospitalar é

dividida em: trabalho em equipe pelas unidades hospitalares e transferências

internas e passagem de plantão.

5.4.1 Trabalho em equipe entre as unidades

A dimensão relacionada ao trabalho em equipe entre as unidades do hospital

foi avaliada pelos enfermeios e está descrita na Tabela 10.

Page 70: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

69 Resultados e Discussão

Tabela 10. Trabalho em equipe entre as unidades, segundo enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117).

Variáveis Discorda fortemente

Discorda Nenhum dos dois

Concorda Concorda fortemente

N % N % N % N % N % NEGATIVAS NEUTRA POSITIVAS As unidades do hospital não se coordenam mutuamente de maneira adequada. (N)*

08 6,8 32 27,4 20 17,1 50 42,7 07 6,0

34,2% 17,1% 48,7% Há uma boa cooperação entre unidades do hospital que precisam trabalhar juntas.

06 5,1 41 35,0 24 20,5 43 36,8 03 2,6

40,1% 20,5% 39,4% É frequentemente desagradável trabalhar com profissionais de outras unidades do hospital. (N)*

17 14,5 71 60,7 14 12,0 13 11,1 02 1,7

75,2%** 12,0% 12,8% As unidades do hospital trabalham bem, em conjunto, para fornecer o melhor cuidado ao paciente.

06 5,1 41 35,0 29 24,8 38 32,5 03 2,6

40,1% 24,8% 35,1% *N: Perguntas formuladas negativamente. **: Ponto forte Média de respostas positivas: 45%

Quanto ao trabalho em equipe entre as unidades, 50 (42,7%) dos enfermeiros

concordaram que as unidades do hospital não se coordenam mutuamente de

maneira adequada; 43 (36,8%) concordaram que há boa cooperação entre as

unidades do hospital. No entanto, 71 (60,7%) discordaram que é desagradável

trabalhar com profissionais de outras unidades do hospital e 41 (35%) discordaram

que as unidades do hospital trabalham bem,em conjunto, para fornecer o melhor

cuidado ao paciente.

No estudo realizado por Massoco (2012), 48,4% referiram não haver uma boa

cooperação entre as unidades do hospital; 46,3% indicaram que as unidades do

hospital não trabalham bem em conjunto para fornecer o melhor cuidado ao

paciente; 53,7% se relacionavam de maneira adequada e 63,2% consideraram ser

agradável trabalhar com profissionais de outras unidades do hospital.

Page 71: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

70 Resultados e Discussão

Nesta dimensão, foi considerado um ponto forte da instituição, os enfermeiros

consideraram agradável trabalhar com profissionais de outras unidades, com 75,2%

de respostas negativas.

Essa questão é preocupante em relação à segurança do paciente em

decorrência das especificidades das clínicas e dos pacientes. A predisposição dos

profissionais para remanejamento em unidades é um fator positivo, no entanto

poderá interferir na continuidade do trabalho assistencial, favorecer a ocorrência de

erros e o comprometimento com a qualidade do cuidado. Tais problemas podem ser

minimizados por meio de programas de integração do profissional no contexto

hospitalar e de educação continuada.

A média de respostas positivas para essa dimensão foi de 45% e, de 86%, na

pesquisa americana (SORRA et al., 2007). O estudo de Clinco (2007) evidenciou

91% de respostas positivas e o conduzido pelo Ministerio de Sanidad y Política

Social (2009) apresentou 71,8% de respostas positivas para essa dimensão e, como

ponto fraco, foi evidenciado que as unidades do hospital não se coordenam

mutuamente de maneira adequada.

Pesquisa realizada com enfermeiros atuantes na Estratégia Saúde da Família

(ESF) concluiu que a rotatividade dos profissionais da equipe era um fator que

inviabilizava a prestação do cuidado ao longo do tempo, pois prejudica a construção

de vínculos com a comunidade, cerceando a conquista de sua confiança e,

consequentemente, a continuidade das ações (BARATIERI; MARCON, 2012).

Outra pesquisa com objetivo de analisar a incidência de úlcera por pressão

(UP) como indicador de qualidade assistencial evidenciou que, apesar de se

constatar a existência de ações de cuidado de enfermagem para sua prevenção,

ainda assim houve o desenvolvimento de úlcera de pressão. Esse fato pode estar

relacionado à rotatividade dos profissionais, bem como a problemas de comunicação

e à falta de conhecimento das rotinas institucionalizadas (SILVA; DICK; MARTINI,

2012).

Outro estudo evidenciou que a excessiva carga de trabalho pode conduzir à

insatisfação profissional e à exaustão, aumentando a rotatividade e o absenteísmo,

comprometendo a imagem da instituição e o alcance de suas metas (CUCOLO,

2010).

Page 72: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

71 Resultados e Discussão

5.4.2 Transferência interna e passagem de plantão

A dimensão relacionada à transferência interna e passagem de plantão, no

âbito da organização hospitalar, foi descrita pelos enfermeiros, conforme demonstra

a Tabela 11.

Tabela 11. Transferência interna e passagem de plantão, no âmbito da organização hospitalar, segundo enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117).

Variáveis Discorda fortemente

Discorda Nenhum dos dois

Concorda Concorda fortemente

N % N % N % N % N % NEGATIVAS NEUTRA POSITIVAS Coisas "desaparecem" quando um paciente é transferido de uma unidade para outra. (N)*

08 6,8 53 45,3 19 16,2 34 29,1 03 2,6

52,1% 16,2% 31,7% Informação importante sobre o cuidado ao paciente se perde com frequência durante a passagem de plantão.(N)*

12 10,3 59 50,4 12 10,3 31 26,5 03 2,6

60.7% 10,3% 29,1% Frequentemente ocorrem problemas no intercâmbio de informações entre unidades hospitalares. (N)*

03 2,6 29 24,8 23 19,7 60 51,3 02 1,7

27,3% 19,7% 53,0%** Passagens de plantão são problemáticas para o paciente neste hospital. (N)*

11 9,4 60 51,3 24 20,5 18 15,4 04 3,4

60.7% 20,5% 18,8% *N: Perguntas formuladas negativamente. **: Ponto fraco Média de respostas positivas: 50%

Na dimensão transferências internas de pacientes e passagem de plantão, a

maioria das respostas dos enfermeiros foi considerada potencialidade na instituição

visto que 53 (45,3%) discordaram que coisas desaparecem quando um paciente é

transferido de uma unidade para outra; 59 (50,4%) discordaram que informação

importante se perde com frequência na passagem de plantão e 60 (51,3%)

discordaram que passagens de plantão são problemáticas para o paciente no

hospital. No entanto, 60 (51,3%) concordaram que a ocorrência de problemas no

Page 73: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

72 Resultados e Discussão

intercâmbio de informações entre as unidades é considerado um ponto fraco no

hospital, com 53% de respostas positivas.

No estudo de Massoco (2012), 44,2% dos entrevistados também relataram

problemas no intercâmbio de informações; 53,7% afirmaram que as passagem de

plantão não são problemáticas; 35,8% concordaram que pertences do paciente não

desaparecem quando o mesmo é transferido de unidade e 44,2% afirmaram que

informações importantes sobre o cuidado do paciente não se perdem com

frequência.

No presente estudo, a média de respostas positivas para essa dimensão foi

de 50% e, no estudo de Sorra et al., (2007), de 80%. Para o Ministerio de Sanidad y

Política Social, (2009), a média foi de 53,7% e Clinco, (2007) obteve 80% de

respostas positivas para essa dimensão.

Um estudo que avaliou a eficiência no transporte de paciente crítico concluiu

que após a implantação de ações de educação continuada, dos protocolos e da

vistoria dos equipamentos no pré-transporte, a qualidade e a segurança durante o

transporte melhoraram , havendo também redução do número de eventos ocorridos

nesse procedimento (ONG; COIERA, 2010).

A passagem de plantão oferece aos membros da equipe um momento para

analisar o estado geral e as especificidades referentes à assistência de cada

paciente, sendo uma oportunidade para compreender as atividades de cuidado

realizadas pelos companheiros tendo em vista a redução das intercorrências do

trabalho. Torna- se, portanto, imprescindível sua realização, uma vez que por meio

dela temos a oportunidade de garantir a adequada continuidade da assistência ao

paciente (MARQUES; SANTIAGO; FELIX, 2012).

A dificuldade de interação e a precária comunicação entre as equipes de

origem e de destino do paciente contribuem para o aumento significativo das

complicações no transporte. O treinamento e aperfeiçoamento constantes dos

profissionais envolvidos no transporte, assim como a padronização das ações e os

equipamentos necessários para a monitoração clínica do paciente, devem estar à

disposição para a prevenção ou minimização dos eventos adversos, obtenção da

excelência do atendimento e segurança do cliente (ALMEIDA et al., 2012).

O transporte seguro de paciente diz respeito à atitude e grande

responsabilidade profissional por ser um momento de riscos para ocorrência de

Page 74: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

73 Resultados e Discussão

incidentes indesejáveis. O enfermeiro tem papel essencial na difusão dessas

orientações e deve estar atento às reais necessidades do paciente.

5.5 Resultados da Cultura de Segurança

A análise das variáveis de resultado está dividida em: percepção generalizada

sobre segurança, frequência de relato de eventos, quantitativo de eventos relatados

e grau de segurança atribuído à instituição.

5.5.1 Percepção generalizada sobre a segurança do p aciente

As percepções generalizadas sobre a segurança do paciente no ambiente de

trabalho está evidenciada na Tabela 12.

Tabela 12 . Percepções generalizadas sobre segurança do paciente, segundo enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117)

Variáveis Discorda fortemente

Discorda Nenhum dos dois

Concorda Concorda fortemente

N % N % N % N % N % NEGATIVAS NEUTRA POSITIVAS É por acaso que erros mais sérios não acontecem aqui. (N)*

22 18,8 47 40,2 16 13,7 31 26,5 01 0,9

59,0% 13,7% 27,3% Nós nunca sacrificamos a qualidade do serviço e a segurança do paciente para conseguir fazer mais coisas.

07 6,0 52 44,4 12 10,3 42 35,9 04 3,4

50,4%** 10,3% 39,3% Nós temos problemas de segurança do paciente nesta unidade. (N)*

04 3,4 24 20,5 14 12,0 64 54,7 11 9,4

23,9% 12,0% 64,1%** Nossos procedimentos e sistemas são adequados para prevenir a ocorrência de erros.

20 17,1 52 44,4 22 18,8 20 17,1 03 2,6

61,5%** 18,8% 19,7% *N: Perguntas formuladas negativamente. **: Ponto fraco Média de respostas positivas: 35%

Quanto às percepções generalizadas sobre a segurança do paciente, 52

(44,4%) dos enfermeiros discordaram que a qualidade do serviço e a segurança do

paciente não são sacrificadas para conseguir fazer mais coisas; 52 (44,4%)

discordaram que os procedimentos e sistemas são adequados para prevenir a

Page 75: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

74 Resultados e Discussão

ocorrência de erros; 64 (54,7%) concordaram que a unidade onde trabalham tem

problemas de segurança do paciente e 47(40,2%) discordaram sobre o fato de ser

por acaso que erros mais sérios não ocorressem nessa unidade.

No estudo realizado por Massoco (2012), 46,3% discordaram que erros mais

sérios não ocorriam por acaso; 44,2% discordaram que a segurança do paciente não

fosse sacrificada para conseguir fazer mais coisas; 48,4% concordaram que a

unidade onde trabalham tem problemas de segurança do paciente e 45,3%

discordaram sobre os procedimentos e sistemas serem adequados para prevenir a

ocorrência de erros.

Nessa dimensão, três itens destacam-se como pontos fracos para a

instituição: a qualidade de serviço e a segurança serem sacrificadas para

conseguirem fazer mais coisas, com 50,4% de respostas negativas; presença de

problemas de segurança do paciente na unidade, com 64,1% de respostas positivas;

os procedimentos e sistemas são adequados para prevenir a ocorrência de erros,

com 61,5% de respostas negativas. A média de respostas positivas foi de 35%.

No estudo de Sorra et al., (2007), a média de respostas positivas foi de 81%,

assim como o de Clinco (2007).

No estudo realizado em hospitais da Espanha, as respostas positivas

somaram 48,4% nessa dimensão e, o ponto fraco, esteve presente no item “Nós

nunca sacrificamos a qualidade do serviço e a segurança do paciente para

conseguir fazer mais coisas”, com 54,9% de respostas negativas (MINISTERIO DE

SANIDAD Y POLÍTICA SOCIAL, 2009).

Os fatores desencadeantes de incidentes em instituições de saúde,

envolvendo a equipe de enfermagem, são diversos. Estudo de Enfermagem sobre

aporte estrutural e processo de trabalho desenvolvido no setor de emergência de um

hospital de grande porte concluiu que há falta constante de materiais básicos,

equipamentos de proteção individual como luvas de procedimento, máscaras,

óculos, dentre outros, carência de equipamentos modernos que possam auxiliar na

monitorização do paciente grave, além da estrutura física precária, gerando maior

vulnerabilidade de riscos ao paciente nesse ambiente (BARBOSA et al., 2009).

O enfermeiro na liderança da equipe tem, entre outras responsabilidades, a

de manter o pessoal de enfermagem devidamente orientado para prevenção de

Page 76: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

75 Resultados e Discussão

incidentes, incentivando a adoção de práticas e o adequado uso de recursos

disponíveis para segurança do paciente.

Um estudo para identificar as características das ocorrências éticas,

envolvendo a assistência de enfermagem, em um hospital particular de grande porte

do município de São Paulo, concluiu ser de responsabilidade do enfermeiro avaliar,

criteriosamente, os riscos aos quais os pacientes se encontram expostos, devendo

ainda informá-los sobre os mesmos, bem como em relação aos cuidados propostos

para preveni-los, mas, sobretudo, isentá-los de ocorrências que possam ser

prejudiciais e que estejam relacionadas à assistência de enfermagem, mediante

ações educativas que contemplem o interesse de todos e que previnam essas

ocorrências (FREITAS; OGUISSO, 2008).

Ques, Montoro, Gonzalez, (2008) identificaram, junto aos enfermeiros, que as

fragilidades em relação à segurança nas instituições giram em torno da estrutura

organizacional e infraestrutura, com uma grande variabilidade, da grande pressão

assistencial, escassa protocolização, ausência de liderança autêntica em segurança,

falta de indicadores confiáveis e aceitos, ausência de comunicação e de cultura de

segurança e, por último, carência de formação específica em segurança. Como

potencialidades que poderiam favorecer a mudança, estão as iniciativas

empreendidas, tais como o fomento da cultura de segurança, a formação e

desenvolvimento profissional, a potencialização da relação dos profissionais com os

pacientes e a pesquisa em cuidados.

5.5.2 Frequência de relato de evento

A dimensão de frequência de relato de evento na percepção dos enfermeiros

está descrita na Tabela 13, abaixo:

Page 77: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

76 Resultados e Discussão

Tabela 13. Demonstrativo da frequência de relatos de eventos, segundo enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117)

Variáveis Nunca Raramente Às vezes Quase

Sempre Sempre

N % N % N % N % N % NEGATIVAS NEUTRA POSITIVAS Quando ocorre um erro, mas ele é percebido e corrigido antes de afetar o paciente, com que frequência é reportado?

04 3,4 21 17,9 28 23,9 40 34,2 24 20,5

21,4% 23,9% 54,7% Quando ocorre um erro que não tem potencial para prejudicar o paciente, com que frequência é reportado?

04 3,4 28 23,9 29 24,8 33 28,2 23 19,7

27,3% 24,8% 47,9% Quando ocorre um erro que poderia prejudicar o paciente, mas o paciente não é afetado, com que frequência é reportado?

03 2,6 19 16,2 25 21,4 40 34,2 30 25,6

18,8% 21,4% 59,8% Média de respostas positivas: 54%

Conforme a tabela acima, a maioria dos enfermeiros, 40 (34,2%) referiu que

quase sempre relatam quando um erro é percebido e corrigido antes de afetar o

paciente; 33 (28,2%) quase sempre relatam um erro que não tem potencial para

prejudicar o paciente e 40 (34,2%) quase sempre relatam aquele que poderia

prejudicar o paciente, quando o mesmo não chega a ser afetado.

Estudo de Massoco (2012) indicou que 35,8% dos entrevistados raramente

relataram um erro quando percebido e corrigido antes de afetar o paciente; 31,6%

raramente relataram um erro que não tinha potencial para prejudicar o paciente e

29,5% raramente o relataram quando poderia prejudicar o paciente, se ele não

tivesse sido afetado.

Embora não seja considerado um ponto forte estatisticamente, os enfermeiros

percebem e relatam os erros antes de afetar o paciente, o que é considerado um

ponto positivo para a instituição. Essa atitude é relevante e demonstra, entre esses

profissionais, uma tendência à cultura de segurança do paciente.

A média de respostas positivas para essa dimensão foi de 54%. No estudo

americano foi de 77% (SORRA et al., 2007).

Page 78: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

77 Resultados e Discussão

Estudo semelhante, realizado na Espanha com profissionais de saúde, obteve

média de 46,9% de respostas positivas (MINISTERIO DE SANIDAD Y POLÍTICA

SOCIAL, 2009), levando a crer que nessa instituição não há uma cultura de

notificação de erros. O mesmo ocorreu na Turquia, no estudo que envolveu médicos

e enfermeiros, chegando a 15% de respostas positivas nessa mesma dimensão

(BODUR; FILIZ, 2010). Nesse caso, a frequência de relato de eventos está distante

do ideal, assim como a cultura de segurança.

O inverso ocorreu na pesquisa realizada com profissionais de saúde de

organizações hospitalares de São Paulo, o qual obteve 77% de respostas positivas

para essa mesma dimensão (CLINCO, 2007).

Estudo brasileiro, com 14 enfermeiros em São Paulo, alerta que assumir a

responsabilidade por um erro implica reconhecer as próprias vulnerabilidades. Por

outro lado, quando os profissionais ignoram a sua vulnerabilidade, eles são

propensos a cometer erros, porque subestimam suas chances de errar. Reportar um

erro mostra autonomia para agir de forma responsável e prudente. No entanto,

quando os erros não causam dano ou não são percebidos pelos outros, os

indivíduos preferem escondê-los, o que sugere a vigência de uma cultura punitiva

(COLI; ANJOS; PEREIRA, 2010).

5.5.3 Quantitativo de eventos relatados

O quantitativo de eventos relatados nos últimos 12 meses está evidenciado

abaixo, na Figura 1.

Figura 1- Eventos relatados nos últimos 12 meses, segundo enfermeiros de um hospital de

ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012 (n= 117).

Page 79: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

78 Resultados e Discussão

A maioria dos enfermeiros, 60 (52%) referiu não ter relatado nenhum evento

nos últimos 12 meses. Esse resultado mostra que a notificação de eventos adversos

não é uma prática rotineira dos enfermeiros nesta instituição.

No hospital de ensino de São Paulo, 76,8% da equipe de enfermagem

afirmaram não relatarem nenhum evento (MASSOCO, 2012).

Resultados semelhantes foram identificados por profissionais de saúde da

Espanha, visto que 77,8% dos entrevistados informaram não terem relatado nenhum

evento adverso nos últimos 12 meses (MINISTERIO DE SANIDAD Y POLÍTICA

SOCIAL, 2009).

No estudo realizado nos hospitais de São Paulo, 59% dos profissionais

notificaram de um a cinco eventos adversos (CLINCO, 2007). Por se tratar da

maioria, supõe-se que estes hospitais priorizam a segurança e utilizam a notificação

como medida educativa para prevenção de incidentes.

É possível que este fato ocorra porque os enfermeiros não estão preparados

para lidar com os erros, pois esses estão associados ao sentimento de vergonha, à

incapacidade e à falta de conhecimento, além do medo das punições jurídicas,

éticas e sociais que poderão vir a sofrer (CLARO et al., 2011).

Também pode ser decorrente da falta de um instrumento específico para

notificação, o que leva os profissionais à subnotificação de incidentes ou mesmo

somente à comunicação verbal entre a equipe de enfermagem, contrariando,

portanto, o desenvolvimento da prática de uma cultura de segurança institucional.

Outro exemplo contrário a essa prática foi observado no estudo envolvendo

70 enfermeiros de UTI, em que a maioria (74,3%) referiu a presença de punição

após comunicação de incidentes, destacando-se a advertência verbal (49,0%) como

o tipo predominante (CLARO et al., 2011).

A falha na comunicação e a ausência de notificação de incidentes contribuem

para casos de danos a paciente, os quais ocorrem em níveis inaceitáveis. Apesar de

cientes de que o trabalho em equipe e uma boa comunicação são fundamentais

para a prestação de cuidados de alta qualidade, os processos e sistemas projetados

para melhorar essa comunicação ainda permanecem escassos (CADMUS;

BRIGLEY; PEARSON; 2011).

No cotidiano dos hospitais, o sistema de registro eletrônico pode ser um

mecanismo importante, especialmente para notificação de erros, com um impacto

Page 80: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

79 Resultados e Discussão

positivo na segurança do paciente, mas, para que isso ocorra, os profissionais

devem ser incentivados e capacitados para utilizarem efetivamente essa ferramenta

(METZGER et al., 2010).

5.5.4 Grau de segurança do paciente

O grau de segurança do paciente atribuído pelos enfermeiros à sua unidade

de trabalho está evidenciado na Figura 2.

Figura 2 - Grau de segurança do paciente em relação à unidade/área de trabalho, segundo

enfermeiros de um hospital de ensino da Região Centro-Oeste. Goiânia, GO. 2012. (n= 117)

Conforme a figura 2, a maioria 69 (59%) considerou sua área aceitável em

relação à segurança do paciente.

Entretanto, considerando que essa instituição é integrante da Rede Sentinela

de Hospitais da ANVISA, com a finalidade de notificar eventos adversos e queixas

técnicas de produtos de saúde, sangue e hemoderivados, materiais e equipamentos

médico hospitalares (ANVISA, 2012), esperava-se que o grau de segurança fosse

além do aceitável, compatível com as iniciativas existentes na instituição em prol da

qualidade do serviço e segurança do paciente.

Em estudo realizado na Espanha, a pontuação média para o grau de

segurança do paciente na unidade foi de 7 numa escala de zero a 10 (MINISTERIO

DE SANIDAD Y POLÍTICA SOCIAL, 2009).

O estudo realizado em São Paulo indicou que (69%) dos profissionais

avaliaram sua área ou unidade de trabalho como “muito bom”, segundo grau de

Page 81: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

80 Resultados e Discussão

segurança (CLINCO, 2007). No estudo de Massoco (2012), 50,5% dos profissionais

consideraram sua unidade aceitável, corroborando com os resultados deste estudo.

No Chipre, um estudo para investigar os fatores de satisfação no trabalho

entre profissionais da saúde revelou que os fatores de motivação profissional foram:

remuneração, colegas de trabalho e supervisor e valorização profissional

(LAMBROU; KONTODIMOPOULOS; NIAKAS, 2010). Esses aspectos podem

interferir positivamente na percepção dos profissionais quanto ao grau de

segurança, assim como resultar em uma atitude voltada para formação de uma

cultura de segurança no contexto da organização.

5.6 Opiniões dos enfermeiros sobre a cultura de seg urança na instituição

Do total de enfermeiros participantes deste estudo, 74 (63,2%) também se

expressaram sobre as diversas proposições relacionadas à segurança do paciente

nos diversos contextos da instituição.

Os relatos estão categorizados de acordo com as dimensões de cultura de

segurança e variáveis de resultado.

QUADRO 3. Opiniões de enfermeiros de um hospital de ensino da região Centro-Oeste do

Brasil quanto à cultura de segurança do paciente no hospital. Goiânia, 2012.(n=74)

DIMENSÕES RELATOS DOS ENFERMEIROS

Percepções generalizadas

sobre a segurança

O serviço, como um todo, trabalha no sentido de garantir uma melhor

assistência e segurança para o paciente. E 5

Os pacientes são expostos à assistência realizada por técnicos

inaptos para prestar tal função. Inaptidão física e mental leva a erros

frequentes. E 12

Observo erros relacionados à imperícia técnica, por exemplo:

passagem de cateteres de duplo lúmen por residentes. Este ano

tivemos dois pneumotórax: um evoluiu para enfisema subcutâneo e

outro para óbito. E 27

Frequência de relato de

eventos

Acho que há subnotificações dos eventos adversos nesta instituição. ..

E 4

Acredito ser essencial o estabelecimento de protocolo institucional

sobre ocorrência de eventos adversos. E19

Os erros devem ser evidenciados para o processo de construção da

qualidade do atendimento aos pacientes E 28

Quanto aos relatórios registrados, mesmos aqueles enviados para

Page 82: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

81 Resultados e Discussão

gerente/direção, poucos têm respostas e soluções. Espero que este

questionário possa mudar isso. E 35

Não conhecemos a ficha de notificação de eventos adversos. E 32

Os eventos acontecidos são registrados em documentos de estatística

interna. E73

Expectativas e ações dos

supervisores e gerentes na

promoção da segurança do

paciente

Atualmente estamos implantando os indicadores de qualidade da

assistência de enfermagem para nortear as ações com vistas à

melhoria contínua da qualidade e à segurança do cliente. E. 39

Neste mês de dezembro, está sendo iniciado um trabalho de

sensibilização junto aos funcionários de enfermagem para a

notificação de eventos adversos, por meio do preenchimento de uma

ficha e depósito em urna, de modo a garantir o anonimato. E. 76

Sugerimos que haja comissão que trabalhe justamente em segurança

hospital-paciente, pois, assim, acreditamos que direcionará

condutas, buscando melhorias na assistência e segurança. E. 59

Aprendizado

organizacional e melhoria

contínua

Do ponto de vista da segurança [...] também há necessidade de

capacitação periódica. E. 46

Acho que a administração precisa treinar mais os funcionários para

ajudar a melhorar a qualidade e segurança e, principalmente, erros

dos profissionais. E. 91

Fazer mais cursos, seminários, sobre a segurança do paciente,

envolvendo funcionários da saúde.... Rigor nos protocolos de

assistência, principalmente nos erros dos profissionais. E. 51

Trabalho em equipe no

âmbito das unidades

Minha equipe e minha gerente sempre se reúnem e discutem a forma

mais fácil para solucionar os problemas ocorridos, com dia e horário

do acontecimento. E. 49

Abertura para

comunicações

Geralmente ocorrem erros que podem ser contados durante o próprio

turno. Quando acontece falha em segurança, serviço ou mesmo

relatório, comenta-se em equipe, evitando maiores transtornos. E. 59

... precisamos discutir mais abertamente nossos erros. E. 48

Acredito que relatos de eventos adversos sejam extremamente

importantes, porém não temos capacitação adequada para saber a

quem relatar. E. 72

Page 83: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

82 Resultados e Discussão

Feedback e comunicação

sobre erros

Quando temos problema com profissionais, isso é relatado ou procura-

se uma forma de melhorar o cuidado, estabelecendo rotinas e

protocolos, mas não retornamos em forma de orientação para o

hospital; fica restrito aos impressos e relatórios de enfermagem. E. 72

Quando ocorrem eventos adversos,avaliamos,notificamos e

realizamos as devidas intervenções, porém nossas avaliações desses

processos ainda não estão prontas para divulgação. Tudo isso ocorre

internamente. E. 74

Tenho dúvidas sobre os relatos, onde descrever os erros. Geralmente

relato no relatório de enfermagem. E. 85

Resposta não punitiva aos

erros

Acho que o erro, às vezes, não é relatado por medo, pois a

enfermagem é uma classe desunida e não usa o erro para melhorar

os atendimentos. Usa o erro para destruir a vida de uma pessoa. E. 64

Acho que essa questão de reportar os eventos adversos é cultural, as

pessoas morrem, mas não falam quem cometeu o erro. Todo mundo

tem medo de assumir um erro grave, pois irá gerar consequências. E.

11

...sou a favor da aplicação de medidas punitivas aos profissionais. E.

117

Dimensionamento de

pessoal

Muitos erros acontecem na enfermagem pela sobrecarga de trabalho,

muitos de nós temos tripla jornada. Na equipe médica, alguns eventos

acontecem por excesso de autoconfiança e prepotência. E. 60

Acredito que a quantidade de profissionais (reduzida) coloca em risco a

segurança do paciente e a qualidade no serviço. E 14, 16, 32

Excesso de paciente na unidade,com internação em cadeiras e

macas, paciente em unidade não apropriada, número de funcionários

insuficiente. E. 61

Apoio da gestão hospitalar

para a segurança do

Esses dados irão alimentar o indicador de ocorrência de eventos

adversos relativos ao serviço de enfermagem, em todas as unidades

de internação do HC, e os resultados serão informados aos

funcionários e também utilizados. E 76

Page 84: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

83 Resultados e Discussão

paciente Há uma mobilização tímida institucional, embora seja uma

necessidade aclamada num plano pessoal e mundial frente às

iatrogenias e danos reportados por meio dos estudos e estratégias de

vigilância. E. 114

Trabalho em equipe pelas

unidades hospitalares

Neste hospital falta muita cooperação entre os serviços de apoio,

como laboratório e raio-x, no qual, muitas vezes, solicitamos e não

somos bem atendidos. E. 3

A notificação dos eventos é feita somente na UTI pós-operatória. Não

existe política administrativa para a segurança do paciente em todo o

hospital. As ações são feitas de forma isolada, cada profissional pensa

e age individualmente; o coletivo não está preparado para a atenção

em saúde voltada para a segurança do paciente. E. 62

É necessário um envolvimento conjunto e uma parceria entre todos os

serviços que desenvolvem atividades ... E 117

Transferências internas e

passagem de plantão

... e quanto ao laboratório, muitos exames, amostras, são perdidos.

Pacientes e funcionários não ficam sabendo e o cliente é sempre o

mais prejudicado. E 3

Os relatos mostram que os profissionais percebem e têm conhecimento sobre

os eventos adversos no contexto hospitalar; sabem que podem ser prevenidos e

reconhecem que para a melhoria da qualidade do cuidado, além do envolvimento

dos usuários, a cultura de segurança deve ser priorizada pelos gestores, respaldada

pelas políticas institucionais e governamentais. Esses aspectos contribuem para a

transformação no ambiente de trabalho e possibilitam minimizar os danos evitáveis

causados durante a prestação de cuidado à saúde dos pacientes (SANTOS et al.,

2010; PORTO et al., 2011).

A existência de um comitê/comissão de gestão de riscos, formado por

equipes multidisciplinares, é fundamental para o monitoramento das potencialidades

de eventos, assim como para fundamentar políticas, programas como fichas de

notificação, fluxogramas de processos, protocolos, manuais, materiais educativos e

indicadores relativos aos aspectos relacionados à segurança do paciente no âmbito

institucional (McCANNON et al., 2007; HINRICHSEN, 2008).

Observa-se ausência de padronização para comunicação dos incidentes entre

a equipe, uma vez que os profissionais não notificam e nem relatam os erros.

Possivelmente, a dificuldade para aceitar o erro humano decorra do temor da

Page 85: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

84 Resultados e Discussão

punição ou da incompreensão da população ou, ainda, por ser a notificação de erros

percebida enquanto um problema por outros profissionais (QUES; MONTORO;

GONZÁLEZ, 2010; CLARO et al., 2011).

Silva et al., (2007) apontam que muitos profissionais da área da saúde não

comunicam ou notificam eventuais erros por sentirem vergonha, por medo de

sofrerem sanções administrativas, punições verbais, escritas, demissões, processos

civis, legais e éticos. Neste estudo, os relatos de 5,40% dos enfermeiros sugerem,

como motivo da subnotificação, o medo devido às consequências para o

profissional. No entanto, é preocupante saber que mesmo com as campanhas

educativas para notificação de eventos no âmbito institucional, ainda há relatos de

profissionais a favor de medidas punitivas para os erros cometidos.

Aprender a reconhecer o erro e comunicá-lo faz dessa iniciativa uma fonte de

análise de todo o processo causal, além de prevenir novas situações envolvendo

eventos adversos. É importante reforçar a substituição da punição pela avaliação do

processo, instituindo-se uma cultura de segurança, visando à notificação protocolada

e com a utilização de ferramentas para analisar as causas dos erros, correção do

processo e medidas preventivas de novas ocorrências de falhas (CORBELLINI et al.,

2011; QUES; MONTORO; GONZÁLEZ, 2010; PAIVA; PAIVA; BERTI, 2010;

BOHOMOL; RAMOS, 2007).

Um aspecto relevante é o feedback na ocorrência do incidente. Além de ser

uma informação a ser repassada à equipe pela gerência, é uma ação que deve ser

instituída por todos os pesquisadores que realizam estudos sobre eventos adversos

uma vez que a informação para os profissionais de saúde e os resultados

encontrados auxiliam na compreensão da etiologia dos eventos adversos e podem

contribuir com o sistema hospitalar no sentido de ampliar a conscientização

situacional, almejando mudanças significativas na assistência (SZEKENDI et al.,

2006).

Foram evidenciados pelos enfermeiros possíveis causas ou fatores de risco

para a ocorrência de eventos adversos. Nesse sentido, 14,8% dos relatos alertaram

sobre a inadequação do quantitativo de recursos humanos frente à grande demanda

de pacientes e para a presença de pessoal da equipe de enfermagem com carga

horária exaustiva, além de vários vínculos empregatícios. Esses resultados sinalizam

para a necessidade dos gestores investirem na organização em relação à dotação

Page 86: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

85 Resultados e Discussão

de pessoal adequado e do absenteísmo – ponto que foi destacado na pesquisa de

Lima (2011), a qual revelou que 82,13% dos profissionais de enfermagem desta

instituição justificaram o absenteísmo por causas evitáveis, alegando problemas de

saúde em decorrência da grande carga horária de trabalho (CORBELLINI et al.,

2010; QUES; MONTORO; GONZÁLEZ 2010).

Em relação ao trabalho em equipe desenvolvido na unidade e entre as

unidades hospitalares foram evidenciadas a perda e/ou troca de informações dos

clientes que comprometem a assistência de qualidade e possibilitam o surgimento

de falhas. A cultura de segurança tem, como referência, as atitudes coletivas e o

clima de organização e trabalho na unidade; portanto, uma organização

comprometida com a cultura de segurança do paciente é aquela reforçada em nível

pessoal e em nível de grupo e, para isso, os gestores devem identificar os pontos

deficientes do sistema, como forma de corrigi-los (ROMERO, 2009).

Este contexto justifica a formulação de protocolos como parte de uma política

para prevenção de incidentes, uma vez que muitos podem ser evitados ou

minimizados a partir da implantação de medidas simples e seguras, as quais

precisam ser divulgadas e adotadas nas instituições. Envolve uma abordagem

baseada em sistemas que examinam todas as atividades na organização,

contribuindo para a manutenção e a melhoria da segurança do paciente, tais como o

progresso no desempenho e a administração dos riscos. Esse processo visa garantir

que as atividades funcionem juntas, não de maneira isolada, de forma a melhorar o

atendimento e a segurança (GOUVÊA; TRAVASSOS, 2010; VENDRAMINI et al.,

2010).

Assim, a supervisão e a educação continuada dos profissionais são

fundamentais e também foram citadas nos relatos. É necessário desenvolver

programas educacionais que elucidem o que são os erros, discutindo cenários para

entender as causas do problema e sugerir propostas de melhoria, fortalecendo a

conscientização coletiva para o cuidado seguro (BOHOMOL; RAMOS, 2007; CLARO

et al., 2011).

A necessidade de melhoria nas ações da gestão do hospital reafirma que a

implantação de um programa multidimensional é fundamental para avaliar e

melhorar a qualidade dos cuidados de saúde por meio da produção de informação

para a tomada de decisões (GOUVÊA; TRAVASSOS, 2010). Para tanto, é

Page 87: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

86 Resultados e Discussão

necessário padronizar os processos na prática diária multiprofissional, visto que tal

medida contribui para a redução de incidentes (CORBELLINI et al., 2010).

No contexto deste estudo, por se tratar de um hospital de ensino, faz-se

necessário formar profissionais de saúde capazes de refletir e desenvolver o

pensamento crítico e agir estrategicamente no sentido de difundir e dinamizar a

segurança no atendimento das necessidades de saúde da população brasileira

(FASUBRA, 2012).

No entanto, para se estabelecer práticas seguras é fundamental uma

mudança cultural em todo o sistema e, portanto, deve haver uma transformação na

atitude dos profissionais direcionada para a cultura de segurança.

Page 88: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

87 Conclusão

6. CONCLUSÃO

O conhecimento das percepções dos enfermeiros de um hospital de ensino,

pautado nas dimensões de cultura de segurança e suas variáveis de resultado,

possibilitou o alcance dos objetivos e evidenciou as seguintes conclusões:

6.1 Caracterização dos Enfermeiros

As mulheres foram maioria, com 89,7%, e a faixa de idade predominante foi

de 45 a 51 anos. O tempo de trabalho na profissão de 51% dos participantes foi de

16 a mais de 21 anos e, na área de atuação, para 27% dos enfermeiros também foi

de 16 a mais de 21 anos. A unidade de trabalho da maioria foi o Pronto Socorro,

com 13,7%. A carga de trabalho semanal de 87% foi de 20 a 39 horas e 96% tinham

contato direto com o paciente.

6.2 Dimensões da Cultura de Segurança no Âmbito da Unidade de Trabalho

6.2.1 Expectativas e ações de promoção da segurança dos supervisores e

gerentes:

� 41,9% concordaram que o supervisor/gerente elogia quando vê uma tarefa

desempenhada de acordo com os procedimentos voltados à segurança do

paciente;

� 65% concordaram que o supervisor leva seriamente em conta as sugestões

dos trabalhadores no sentido de melhorar a segurança do paciente;

� 56,4% disseram acreditar que o supervisor não deseja que trabalhem mais

rápido, deixando de realizar os procedimentos de forma padrão em virtude do

aumento da pressão;

� 58,1% concordaram quanto à importância que o supervisor atribui aos

problemas de segurança do paciente.

Média de respostas positivas: 71%.

Pontos fortes: 77,8% de respostas positivas para o fato dos supervisores/gerentes

considerarem as sugestões no sentido de melhorar a segurança do paciente; 85,5%

de respostas negativas para o item de que o supervisor/gerente que não leva em

conta problemas de segurança que ocorrem o tempo todo.

Page 89: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

88 Conclusão

Nos relatos, os enfermeiros sugerem a criação de um comitê de segurança do

paciente e comentam que a instituição já iniciou um trabalho de sensibilização dos

funcionários para a notificação de eventos e melhoria da qualidade de assistência.

6.2.2 Aprendizagem organizacional e melhoria contín ua

� 66,7% concordaram que estão ativamente fazendo algo para melhorar a

qualidade do serviço e a segurança do paciente;

� 58,1% concordaram que os erros têm levado a mudanças positivas;

� 49,6% concordaram que avaliam a efetividade das mudanças implantadas

para melhorar a segurança do paciente.

Média de respostas positivas: 68%.

Ponto forte: os enfermeiros trabalham ativamente no sentido de melhorar a

qualidade do serviço e a segurança do paciente, com 82,1% de respostas

positivas.

Os enfermeiros sugerem capacitação e rigor na utilização dos protocolos

existentes.

6.2.3 Trabalho em equipe nas unidades:

� 68,4% concordaram que as pessoas se apoiam mutuamente;

� 78,6% concordaram que, quando muito trabalho precisa ser feito

rapidamente, trabalham juntos, em equipe;

� 69,2% concordaram que, nesta unidade, tratam-se com respeito;

� 34,2% afirmaram que quando uma área apresenta sobrecarga de trabalho, as

outras ajudam.

Média de respostas positivas: 71%.

Pontos fortes: as pessoas se apoiam mutuamente na unidade de trabalho, trabalham

em equipe e se tratam com respeito, com 79,5%, 87,1% e 80,3% de respostas

positivas, respectivamente.

Os profissionais enfatizam que há trabalho equipe nas unidades.

6.2.4 Abertura para as comunicações:

� 36,8% afirmaram que, às vezes, conversam livremente sobre algo que afete

negativamente o cuidado do paciente;

Page 90: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

89 Conclusão

� 35,9% relataram que, quase sempre, os trabalhadores se sentem à vontade

para questionar decisões das autoridades;

� 38,5% discordaram que têm medo de fazer perguntas quando algo parece

não estar correto.

Média de respostas positivas: 54%.

Os enfermeiros percebem a importância de comunicação, porém, na

presença de um erro, o comunicam internamente.

6.2.5 Feedback e comunicação sobre erros

� 32,5% referiram sempre receber feedback sobre as mudanças em função dos

eventos relatados;

� 33,3% afirmaram que, quase sempre, são informados sobre erros que ocorrem

na unidade;

� 39,3% afirmaram quase sempre discutir maneirar para prevenir erros já

ocorridos.

Média de respostas positivas: 55%.

Os enfermeiros relataram dúvidas sobre onde descrever os erros,

mencionando que a maioria é comunicada por meio do relatório de enfermagem.

6.2.5 Respostas não punitivas aos erros

� 55,6% concordaram que seus erros podem ser usados contra si mesmos;

� 38,5% concordaram que, quando um evento é reportado, fica a impressão de

que a pessoa é anotada e não o problema;

� 50,4% concordaram que as pessoas temem que seus erros sejam inscritos

nas suas fichas funcionais.

Média de respostas positivas: 28%.

Oportunidades de melhorias/pontos fracos: os membros da equipe de funcionários

consideraram que seus erros podem ser usados contra si mesmos, com 67,6% de

respostas positivas, e as pessoas terem medo que seus erros sejam inscritos nas

suas fichas funcionais, com 60,7% de respostas positivas.

Os relatos evidenciaram o receio dos profissionais em relatar um evento

adverso.

Page 91: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

90 Conclusão

6.2.6 Dimensionamento de pessoal

� 48,7% discordaram que o quadro de pessoal fosse suficiente;

� 37,6% concordaram que o quadro de profissionais trabalha mais do que o

desejável;

� 44,4% discordaram que usam mais funcionários temporários terceirizados;

� 38,3% concordaram que trabalham em padrão de crise.

Média de respostas positivas: 37%.

Oportunidade de melhoria/pontos fracos: quadro de pessoal insuficiente, com 79,5%

de respostas negativas, e os profissionais trabalharem mais do que o desejavel, com

57,3% de respostas positivas.

Os relatos evidenciaram haver uma sobrecarga de trabalho e número

insuficiente de profissionais para garantir a assistência adequada.

6.2.6 Apoio da gestão hospitalar para a segurança d o paciente

� 38,5% concordaram que a administração do hospital propicia um clima

favorável para a segurança do paciente;

� 38,5% discordaram que a segurança do paciente fosse uma prioridade;

� 37,6% concordaram que a administração do hospital se interessa pela

segurança do paciente apenas quando ocorre um evento adverso.

Média de respostas positivas: 37%.

Os enfermeiros percebem a necessidade de iniciativas para melhorar a

segurança do paciente.

6.3 Dimensões da Cultura de Segurança no âmbito da organização hospitalar

6.3.1 Trabalho em equipe entre as unidades hospital ares

� 42,7% concordaram que as unidades do hospital não se coordenam de

maneira adequada;

� 36,8% concordaram que há uma boa cooperação entre as unidades;

� 60,7% discordaram sobre ser desagradável trabalhar com profissionais de

outras unidades;

Page 92: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

91 Conclusão

� 35% discordaram que as unidades trabalham bem, em conjunto, para melhor

cuidado ao paciente.

Média de respostas positivas: 45%.

Ponto forte: os enfermeiros consideraram agradável trabalhar com profissionais de

outras unidades, com 75,2% de respostas positivas.

Os relatos dos enfermeiros evidenciaram falta de cooperação entre as

unidades hospitalares; os enfermeiros reconhecem a necessidade de um trabalho

em equipe e parceria entre os serviços.

6.3.2 Transferência interna e passagem de plantão

� 45,3% discordaram que coisas desaparecem quando um paciente é

transferido para outra unidade;

� 50,4% discordaram que informação sobre o cuidado se perde com frequência

na passagem de plantão;

� 51,3% concordaram que ocorrem problemas no intercâmbio de informação

entre unidades hospitalares;

� 51,3% discordaram sobre passagens de plantão serem problemáticas.

Média de respostas positivas: 50%.

Oportunidade de melhoria/pontos fracos: 53% de respostas positivas para

ocorrência de problemas no intercâmbio de informações entre as unidades.

Os enfermeiros consideraram que a comunicação é inadequada e que

“coisas” são perdidas dentro da instituição.

6.4 Resultados da cultura de segurança

6.4.1 Percepções generalizadas sobre segurança

� 40,2% referiram que a ocorrência de erros não é um fato imprevisto;

� 44,4% concordaram que a segurança do paciente é sacrificada para ser

possível realizar mais tarefas;

� 44,4% discordaram que os procedimentos e sistemas de informação não são

adequados para a prevenção da ocorrência de erros;

� 54,7 % referiram haver problemas de segurança na unidade.

Média de respostas positivas: 35%.

Page 93: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

92 Conclusão

Oportunidade de melhoria/pontos fracos: a qualidade de serviço e a segurança são

sacrificadas para conseguirem fazer mais coisas, com 50,4% de respostas

negativas; existência de problemas de segurança do paciente na unidade, com

64,1% de respostas positivas, e procedimentos e sistemas são adequados para

prevenir a ocorrência de erros, com 61,5% de respostas negativas.

6.4.2 Frequência dos relatos de eventos

� 34,2% quase sempre relataram erros que são percebidos e corrigidos antes

de afetar o paciente;

� 28,2%, na maioria das vezes, relataram erros que ocorrem, mas não têm

potencial para prejudicar o paciente;

� 34,2% quase sempre relataram erros que poderiam prejudicar os pacientes,

quando esses não foram afetados.

Média de respostas positivas: 54%.

6.4.3 Grau de segurança do paciente

A maioria, 59% dos participantes, atribui valor aceitável à sua unidade de

trabalho no tocante à segurança do paciente.

6.4.4 Quantitativo de eventos relatados:

52% dos participantes afirmaram nunca terem preenchido, relatado ou

entregue algum relatório de eventos adversos.

Page 94: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

93 Considerações finais

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento deste estudo possibilitou o conhecimento da percepção

dos enfermeiros sobre as barreiras e os condicionantes na assistência, assim como

das potencialidades na prática dos profissionais no ambiente de trabalho. A

aplicação de um instrumento de análise de ações foi um aspecto favorável para a

sinalização de aspectos relevantes da cultura de segurança institucional,

constituindo-se em um aliado no sentido de propiciar mudanças organizacionais

para estimular a adoção de políticas de gestão que promovam atitudes direcionadas

ao desenvolvimento da cultura de segurança institucional.

A assistência à saúde caracteriza-se como uma das mais complexas e

dinâmicas atividades realizadas por seres humanos e, em ambiente seguro,

contribui para minimizar a ocorrência de erros. Contudo, se essa assistência vier

acompanhada de mudanças com investimentos no sistema organizacional e nas

pessoas pode tornar a prática mais segura para os pacientes, considerando que,

uma das quatro estratégias da organização institucional é adotar comportamentos

para a prevenção de erros e converter esses comportamentos em hábitos de

trabalho.

A pesquisa aponta que os enfermeiros mostraram-se dispostos a adotar a

cultura de notificação de erros e sinalizaram para a necessidade de elaboração de

um instrumento específico para esse procedimento. Entretanto, é preciso haver um

clima organizacional favorável à não punição, o que proporcionará uma atmosfera

positiva para a notificação de situações de riscos, considerando os problemas

advindos tanto do sistema organizacional quanto de falhas humanas.

Na prática, a instituição investigada utiliza o processo de enfermagem e adota

protocolos assistenciais, favorecendo a qualidade e a segurança no processo

assistencial. No entanto, os enfermeiros consideraram aceitável o grau de

segurança, explicitando a necessidade de um planejamento integrado das

iniciativas citadas anteriormente com o serviço de gerenciamento de risco, comissão

de controle de infecção e educação permanente para a capacitação dos

profissionais, elaboração de processos relacionados às boas práticas na assistência

e criação de mecanismos que visem à qualidade da assistência.

Page 95: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

94 Considerações finais

Para isso, cabe aos gestores e educadores envolvidos nesse processo,

principalmente o enfermeiro com sua habilidade para liderança, estarem atentos

para esse aspecto, identificando os erros e, juntamente com a comunidade

acadêmica que realiza práticas nesses locais, proporem melhorias no processo

assistencial em busca de excelência do cuidado. Esse cenário requer ter

profissionais com foco na segurança do paciente e na qualidade do cuidado

prestado. Nesse sentido, a educação continuada é essencial como forma de

atualizar o conhecimento, formar profissionais competentes e corrigir os erros antes

que eles possam gerar consequências maiores ao processo assistencial.

O estudo apresentou algumas limitações. Uma delas decorreu do não

cumprimento do prazo preconizado para devolução dos questionários respondidos à

pesquisadora, o que acarretou na consequente não devolução dos mesmos por

alguns profissionais que trabalham em áreas de riscos para a ocorrência de erros

que poderiam ter distintas percepções e sugestões. Outra limitação diz respeito à

visão unilateral e específica de enfermeiros, visto que a pesquisa não envolveu os

demais profissionais da equipe de saúde, gestores e docentes.

No entanto, se considerarmos que o campo de estudo, hospital universitário,

poderá utilizar esses resultados para avançar em mudanças na prática e no ensino,

e o fato do enfermeiro ser um profissional presente continuamente no hospital,

atuando nas diversas áreas da instituição, torna-se uma população altamente

relevante.

No enfoque estudado, a presença de uma cultura de segurança do paciente

pode favorecer a atitude pró-ativa do enfermeiro frente ao risco/erro, a partir de

ambiente apoiador, com enfoque no problema e incentivo à notificação de erros,

constituindo-se, assim, potencial inovador para as práticas seguras em saúde.

Acredita-se que a continuidade de investigações sobre este tema poderá

colaborar para a construção de conhecimentos que subsidiem transformações no

atual cenário.

Page 96: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

95 Referências

REFERÊNCIAS

AHRQ - Agency for Healthcare Research and Quality. Hospital Survey on Patient Safety Culture [cited 2012 nov 10]. Rockville, MD: U.S. Department of Health and Human Services. Publication n. 04-0041. Survey User's Guide 2004. Available from: http://www.ahrq.gov/qual/patientsafetyculture/hospcult.pdf.

AHRQ - Agency for Healthcare Research and Quality. [cited 2012 nov 10]. Surveys on Patient Safety Culture. 2011. Rockville, MD. Survey Form. Available from: http://www.ahrq.gov/qual/patientsafetyculture/hospscanform.pdf.

Almeida ACG; Neves ALD; Souza CLB; Garcia JH; Lopes JL; Barros ALBL. Transporte intra-hospitalar de pacientes adultos em estado crítico: complicações relacionadas à equipe, equipamentos e fatores fisiológicos. Acta paul. enferm. 2012; 25(3):471-76.

ANVISA - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária [internet]. Brasília: Ministério da Saúde. [cited 2012 dez 21]. Rede Sentinela.2003. Available from: http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Pos+-+Comercializacao+-+Pos+-+Uso/Rede+Sentinela.

Balsanelli AP; Cunha ICKO; Whitaker IY. Estilos de liderança de enfermeiros em unidade de terapia intensiva: Associação com perfil pessoal, profissional e carga de trabalho. Rev Latino-am Enfermagem. 2009;17(1):1-6.

Baratieri T; Marcon SS. Longitudinalidade no Trabalho do Enfermeiro: identificando dificuldades e Perspectivas de Transformação. Contexto Texto - enferm. 2012;21(3):549-57.

Barbosa LR; Melo MRAC. Relações entre a qualidade da assistência de enfermagem: revisão integrativa da literatura. Rev Bras Enf 2008; 61(2):366-70.

Barbosa KP, Silva LMS, Fernandes MC, Torres RAM, Souza RS. Processo de trabalho em setor de emergência de hospital de grande porte: a visão dos trabalhadores de enfermagem. Rev. Rene. Fortaleza. 2009; 10(4):70-76.

Belela ASC, Peterlini MAS, Pedreira MLG. Disclosure of medication error in a pediatric intensive care unit. Rev Bras Ter Intensiva. 2010; 22(3):257-63.

Bezerra ALQ, Silva AEBC, Branquinho NCSS, Paranagua TTB. Análise de queixas técnicas e eventos adversos notificados em um hospital sentinela. Rev. enferm. UERJ. 2009; 17(4):467-72.

Bezerra ALQ, Filho MA, Soares IMS, Soares CSR, Paranagua TB. Administração de medicamentos: conhecimento de enfermeiros do setor de urgência e emergência. Enfermeria global [internet]. 2012a [cited 19 jan 2013]; 26(4):70-85. Available from: http://scielo.isciii.es/pdf/eg/v11n26/pt_clinica5.pdf.

Bezerra ALQ, Queiroz ES, Weber J, Paranagua TBT. Eventos adversos: indicadores de resultados segundo a percepção de enfermeiros de um hospital centinela. Enfermeria global [internet]. 2012b [cited 2013 jan10]; 7(27):198-209. Available from: scielo.isciii.es/pdf/eg/v11n27/pt_administracion2.pdf.

Bodur S, Filiz E. Validity and reliability of Turkish version of “Hospital Survey on Patient Safety Culture” and perception of patient safety in public hospitals in Turkey.

Page 97: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

96 Referências

BMC Health Services Research. [internet]. 2010 [cited 2012 nov 30];10(28):01-09. Available from: http://www.biomedcentral.com/1472-6963/10/28.

Bohomol E, Ramos LH. Erro de medicação: importância da notificação no gerenciamento da segurança do paciente. Rev Bras Enferm. 2007;60(16):32-6.

Borges JBC, Carvalho SMR, Silva MAM. Qualidade do serviço prestado aos pacientes de cirurgia cardíaca do Sistema único de Saúde-SUS. Rev bras Cir Cardiovasc. 2010;25(2): 172-82.

Braga EM. Comunicação competente: visão de enfermeiros especialistas em comunicação. Acta Paul Enferm.[internet]. 2007 [cited 2012 dez 10]; 20(4):410-14. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v20n4/03.pdf.

Branquinho NCSS, Bezerra ALQ, Abraão SR, Paranaguá TTB, Ramalho WS. Processo de seleção de enfermeiros de um hospital de ensino da região Centro-Oeste. Rev enferm UERJ. 2010;18:394-99.

Broca PV, Ferreira MA. Equipe de enfermagem e comunicação: contribuições para o cuidado de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem. Rev. bras. enferm. [internet]. 2012 [cited 2013 jan 19]; 65(1):97-103. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672012000100014&script=sci_arttext.

Bueno AA, Bernardes A. Percepção da equipe de enfermagem de um serviço de atendimento pré-hospitalar móvel sobre o gerenciamento de enfermagem. Texto Contexto Enferm. [internet].2010 [cited 2012 nov 01];19(1):45-53. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v19n1/v19n1a05.pdf.

Cabelo JF, Black WC, Babin BJ, Anderson RE, Tatham RL. Análise multivariada de Dados. 6ª edição Bookman São Paulo; 2009. p.126.

Cadmus E, Brigley P, Pearson M. Safe patient handling: is your facility ready for a culture change? Nurs Manage. 2011;42(11):12-5.

Campos LF, Melo MRAC. Dimensionamento de pessoal de enfermagem: parâmetros, facilidades e desafios. Cogitare Enferm [Internet]. 2009 [cited 2012 jul 30]; 14(2): 237-46. Available from:http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cogitare/article/view/15609/10385.

Capucho HC, Arnas ER, Cassiani SHBD. Segurança do paciente: comparação entre notificações voluntárias manuscritas e informatizadas sobre incidentes em saúde. Rev Gaúcha Enferm. 2013;34(1):164-172.

Cassiani SHB. Enfermagem e a Pesquisa sobre Segurança dos Pacientes. Acta paul. enferm. 2010;23(6):7-8.

Cervo AL. Metodologia científica – Pearson Prentice Hall, São Paulo 6ª edição; 2007 p.61- 64.

Chen IC, Li HH. Measuring patient safety culture in Taiwan using the Hospital on Patient Safety Culture (HSOPSC).BMC Health Services Research. [internet]. 2010 [cited 2013 jan 10]; 10(152):1-10. Available from: http://www.biomedcentral.com/1472-6963/10/152.

Chenzo MZB, Haddad MCL, Secco IAO, Dorigão AM, Nishiyama MN. Cálculo de pessoal de enfermagem em hospital universitário do Paraná: uma proposta de adequação. Semina. 2004; 25(1):81–92.

Page 98: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

97 Referências

Chiavenato I. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas: um guia para o executivo aprender a lidar com sua equipe de trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier; 2005.

Chiavenato I. Princípios da Administração - o Essencial Em Teoria Geral da Administração. 2ª edição. São Paulo: Manole; 2012.

Cho M. Definiciones, retos globales y estratégia regional Del programa de calidad em La atención y seguridad de los patientes. In: Organizacion Panamericana de La salud. Enfermeria y seguridad de los pacientes, DC. OPS, 2011. 432p.

Claro CM, Krocockz DVC, Toffolleto MC, Padilha KG. Eventos adversos em Unidade de Terapia Intensiva: percepção dos enfermeiros sobre a cultura não punitiva. Rev Esc Enferm USP. 2011;45(1):167-72.

Clinco SDO. O hospital é seguro? Percepções de profissionais de saúde sobre segurança do paciente [dissertation].São Paulo: Escola de Administração de Empresas de São Paulo; 2007. 98 p.

Coli RCP, Anjos MF, Pereira LL. Postura dos enfermeiros de uma unidade de terapia intensiva frente ao erro: uma abordagem à luz dos referenciais bioéticos. Rev. Latino-Am. Enfermagem. [internet]. 2010[cited 2012 nov 02];18(3):27-33. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n3/pt_05.pdf.

Conselho Federal de Enfermagem. Lei n 7.498/86, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências.[Internet].Brasília (Brasil):COFEN; 1986 [cited 2013 jan 03]. Available from: http://portalcofen.gov.br/sitenovo/node/4161.

Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN-293/2004. Fixa e estabelece parâmetros para dimensionamento do quadro de profissionais de enfermagem nas unidades assistenciais das instituições de saúde e assemelhados. [Internet]. Rio de Janeiro (Brasil): COFEN; 2004 [cited 2011 set 30]. Available from: http://site.portalcofen.gov.br/node/4329.

Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN-311/2007. Aprova a Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Rio de Janeiro (Brasil): COFEN; 2007.

Conselho Regional de Enfermagem (COREN-SP) [cited 2012 nov 20]. Programa de segurança do paciente. Cartilha 10 passos para a segurança do paciente. 2012. Available em: http://inter.coren-sp.gov.br/node/4892.

Corbellini VL; Schilling MCL; Frantz SF; Godinho TG; Urbanetto JS. Eventos adversos relacionados a medicamentos: percepção de técnicos e auxiliares de enfermagem. Rev. bras. enferm. 2011;64(2):241-47.

Cozens JF. Evaluating the culture of safety. Quality and Safety Health Care, 2003;12:401.

Cozens JF. Cultures for improving patient safety through learning: the role of teamwork. Quality in Health Care; 2001;10:26-31.

Cucolo DF, Perroca MG. Reestruturação do quadro de pessoal de enfermagem e seu impacto sobre as horas de assistência. Rev Latinoam Enferm. 2010; 18(2):31-9.

Page 99: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

98 Referências

Cunha, CCB. Dimensionamento do pessoal de enfermagem da clínica cirúrgica de um hospital universitário da região centro-oeste [thesis]. Goiania: Faculdade de Enfermagem/UFG; 2011. 96p.

Deming WE.: Out of crisis. Cambridge, Mass., MIT Press, 1986.

Donabedian A.The definition of quality and approaches to its management. Explorations in Quality Assesment and monitoring. Ann Arbor, Mich, Health Administration Press. 1980.

Donabedian A. The Quality of CareHow Can It Be Assessed? JAMA. 1988;260(12):1743-48.

Donabedian A. The role of outcomes in quality assessment and assurance. QRB Qual Rev Bull. 1992;18(11):356-60.

El-Jardali F, Dimassi H, Jamal D, Jaafar M, Hemadeh N. Predictors and outcomes of patient safety culture in hospitals. BMC Health Services Research. 2011;11(45):1-12.

Fassini P, Hahn GV. Riscos à segurança do paciente em unidade de internação hospitalar: concepções da equipe de enfermagem. Rev Enferm Ufsm. [internet]. 2012 [cited 2013 fev 10]; 2(2): 290-99. Available from: http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/reufsm/article/view/4966/3753.

Federação de Sindicato de Trabalhadores das Universidades Brasileiras -FASUBRA - [cited 2012 mai 10]. Proposta de projeto de hospitais universitários e de ensino. Brasília, 2012. Available from: :http://www.fasubra.org.br/phocadownload/documentos/hu/projeto_hu.pdf.

Feng XQ, Acord L, Cheng YJ, Zeng JH, Song JP. The relationship between management safety commitment and patient safety culture. International Nursing Review. 2011;58(2):249-54.

Freitas GF, Oguisso T. Ocorrências éticas com profissionais de enfermagem: um estudo quantitativo. Rev Esc Enferm USP. 2008;42(1):34-40.

Freitas GF, Hoga LAK, Fernandes MF P, Gonzalez JS, Ruiz MCS, Bonini BB. Percepções brasileiras enfermeiros e atitudes no sentido de eventos adversos na assistência de enfermagem: um estudo fenomenológico. J Nurs Manag. 2011;19(3):331-38.

Gaal S, Verstappen W, Wensing M. What do primary care physicians and researchers consider the most important patient safety improvement strategies? BMC Health Services Research. 2011;11(102):1-6.

Gil GP, Vituri DW, Haddad MCL, Vannuchi MTO, Moreno FN. Dimensionamento de pessoal de enfermagem e grau de dependência do paciente em um hospital universitário. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2011 [cited 2012 dez 28];13(3):456-63. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v13/n3/v13n3a11.htm.

Godoy RSP, Pecanha DLN. Cultura organizacional e processos de inovação: um estudo psicossociológico em empresa de base tecnológica. Boletim Academia Paulista de Psicologia. [internet]. 2009 [cited 2012 mai 12];29(1):142-63. Available from: http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=94611474012.

Page 100: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

99 Referências

González FC, Martín MV, Fernández DMJ, Rial A, Lago DFI, Ramil HL, Pérez GM, Clavería A. Adverse events analysis as an educational tool to improve patient safety culture in primary care: A randomized trial. BMC Fam Pract. 2011;14;12:50.

Gouvêa CSD, Travassos C. Indicadores de segurança do paciente para hospitais de pacientes agudos: revisão sistemática. Cad. Saúde Pública. 2010;26(6):1061-78.

Haller G, Philippe Garnerin P, Morales Ma, Pfister R, Berner M,Irion O, Clergue F, Kern C. Effect of crew resource management training in a multidisciplinary obstetrical setting. International Journal for Quality in Health Care. [internet]. 2008 [cited 2013 jan 10];20(4): 254–263. Available from: http://intqhc.oxfordjournals.org/content/20/4/254.full.pdf+html.

Hinrichsen SL. Princípios da Administração de qualidade e o controle de infecções. Gerenciamento de riscos. Prática Hospitalar. v.60, p.57-63, 2008.

Hinrichsen SL, Oliveira CLF, Campos MA, Possas LCM, Sabino G, Vilella TAS. Gestão da Qualidade e dos riscos na segurança do paciente: estudo-piloto. RAHIS - Revista de Administração Hospitalar e Inovação em Saúde. 2011:10-17.

Hudson, P. Applying the lessons of risk industries to health care. Quality and Safety Health Care. 2003;12:7-12.

Institute of Medicine- IOM. Medicare: a strategy for quality assurance. Washington, D.C.: National Academy Press, 1990.

Ito S, Seto K, Kigawa M, Fujita S, Hasegawa T, Hasegawa T. Development and applicability of Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPS) in Japan. BMC Health Services Research. [internet]. 2011 [cited 2013 fev 18];11(28):1-7. Available from: http://www.biomedcentral.com/1472-6963/11/28.

Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations - JCAHO. Padrões de acreditação da Joint Commission International para hospitais. Metas internacionais de segurança do paciente. Rio de Janeiro: Consórcio Brasileiro de Acreditação; 2008.

Jorge MSB, Freitas CHA, Nobrega MFB, Queiroz MV. O Gerenciamento em enfermagem: um olhar crítico sobre o conhecimento produzido em periódicos brasileiros (2000-2004). Rev Bras Enferm. [internet]. 2007;60(1):81-6. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672007000100015.

Keepnews D, Mitchell PH: Health systems accountability for patient safety. ANA Periódicos. 2003;8(3):1-8.

Kian KO, Matsuda LM, Waidmann MAP. Compreendendo o cotidiano profissional do enfermeiro-líder. Rev. Rene. 2011;12(4):724-31

Kirk S, Parker D, Claridge T, Esmail A, Marshall M. Patient safety culture in primary care: Developing a theoretical framework for practical use. Qual Saf Health Care 2007;16:313-20.

Kohn LT, Corrigan JM, Donaldson MS. To err is human: building a safer health system. 2 edição. Washington: National Academy Press; 2000.

Kuhn AM, Youngberg BJ. The need for risk management to envolve to assure a culture of safety. Quality and Safety Healthcare, 2002;11:158-62.

Page 101: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

100 Referências

Lambrou P, Kontodimopoulos N, Niakas D. Motivation and job satisfaction among medical and nursing staff in a Cyprus public general hospital. Human Resources for Health. 2010;8(26):1-4.

Lawton R, Parker D. Barriers to incident reporting in a healthcare system. Quality and Safety Healthcare, 2002;11:15-18.

Lee WC, Wung HY, Liao HH, Lo CM, Chang FL, Wang PC, Fan A, Chen HH, Yang HC, Hou SM. Hospital Safety Culture in Taiwan: A Nationwide Survey Using Chinese Version Safety Attitude Questionnaire. BMC Saúde Res Serv. [internet]. 2010 [cited 2013 fev 10]; 10(234): 1-8. Available: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2924859/pdf/1472-6963-10-234.pdf.

Lima, M.C.C. Absenteísmo entre trabalhadores de enfermagem de um hospital público de Goiânia-GO. [thesis] Goiânia: Faculdade de enfermagem-Universidade Federal de Goiás; 2011.

Lopes BC, Vargas MAO, Azeredo NSG, Behenck A. Erros de medicação realizados pelo técnico de enfermagem na UTI: contextualização da problemática. Enfermagem em Foco 2012;3(1):16-21.

Lynagh MC, Fisher SW, Bonevski B. What’s Good for the Goose is Good for the Gander. Guiding Principles for the Use of Financial Incentives in Health Behaviour Change. Int.J. Behav. Med. 2013;20(1):114-120.

Magalhães AMM, Riboldi CO, Dall’agnol CM. Planejamento de recursos humanos de enfermagem: desafio para as lideranças. Rev Bras Enferm. 2009;62(4):608-12.

Manzo BF, Ribeiro HCT, Brito MJM, Alves M. A enfermagem no processo de acreditação hospitalar: atuação e implicações no cotidiano de trabalho. Rev. Latino-Am. Enfermagem. [internet]. 2012 [cited 2013 fev 18]; 20(1):08:151-158. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692012000100020&lng=en&nrm=iso>.

Marconi MA, Lakatos EM. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução e pesquisas, amostragem e técnicas de pesquisa, elaboração e interpretação de dados. 5ªed. São Paulo: Atlas; 2002.p.63-138.

Marques LF, Santiago LC, Felix VC. A passagem de plantão como elemento fundamental no processo de cuidar em enfermagem: O perfil da equipe de enfermagem de um hospital universitário. R. pesq.: cuid. fundam. 2012;4(2):2878-82.

Marquis BL, Huston CJ. Administração e liderança em enfermagem, teoria e aplicação. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul Ltda; l999

Martins CCF, Pontes AGV, Viera AN, Santos VEP. Desgaste no serviço de atendimento pré-hospitalar móvel: percepção dos enfermeiros. Rev Enferm UFSM. [internet]. 2012 [cited 2013 fev 19];2(2):282-89. Available from: http://cascavel.cpd.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/reufsm/article/view/4687/3752.

Massoco ECP. Percepção da equipe de enfermagem de um hospital de ensino acerca da segurança do paciente [dissertation]. São Paulo: Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo; 2012.152p.

Mccannon CJ, Hackbarth AD, Griffin FA. Miles to go: An introduction to the 5 Million Lives Campaign. Jt Comm J Paciente Qual Saf. 2007;33(80):477-84.

Page 102: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

101 Referências

Metzger J; Welebob E; Bates DW; Lipsitz S; Classen DC Mixed results in the safety performance of computerized physician order entry. Health Aff (Millwood); 2010;29(4):655-63.

Ministério da Saúde; Conselho Nacional de Saúde. Resolução Nº 196/96 – Norma regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos [Internet]. Brasília (Brasil): Ministério da Saúde; 1996 [cited 2011 jun 15]. Available from: http://conselho.saude.gov.br/docs/Resolucoes/Reso196.doc.

Ministerio de Sanidad y Política Social. Análisis de la cultura sobre seguridade del paciente em el ámbito hospitalaio del Sistema Nacional de Salud Español. Espanha. 2009 [cited 2013 jan 10]. Available from: http://www.msc.es/organizacion/sns/planCalidadSNS/docs/Analisis_cultura_SP_ambito_hospitalario.pdf.

Nóbrega MFB, Matos MG, Silva LMS, Jorge MSB. Perfil gerencial de enfermeiros que atuam em um hospital público federal de ensino. Rev. enferm. UERJ. [internet]. 2008 [cited 2013 jan 10];16(3):333-8. Available from: http://www.facenf.uerj.br/v16n3/v16n3a06.pdf.

Oliveira EB, Lisboa MTL, Lúcido VA, Sisnando SD. A inserção do acadêmico de enfermagem em uma unidade de emergência: A psicodinâmica do trabalho. Revista Enfermagem UERJ 2004;12:179-85.

Ong MS, Coiera E. Safety through redundancy: a case study of in-hospital patient transfers. Qual Saf Health Care. 2010; 19(32):1-7

Organização Mundial da Saúde-OMS [Internet]. Brasília. Pan American Health Organization. [cited 2012 jun 25]. Segurança do paciente. 2010. Available from: https://new.paho.org/bra/index.php?option=com_content&task=view&id=873&Itemid=664.

Paiva MCMS, Paiva SAR, Bert, HW. Eventos adversos: análise de um instrumento de notificação utilizado no gerenciamento de enfermagem. Rev Esc Enferm USP. 2010; 44(2): 287-94.

Padilha KG. Ocorrências iatrogênicas na prática de enfermagem. In: Cassiane SHB, Ueta J. A segurança dos pacientes na utilização da medicação. São Paulo: Artes Médicas; 2004. p.111-21.

Paranaguá TTB. Analise dos incidentes ocorridos na clinica cirúrgica de um hospital de ensino da região centro-oeste [dissertation]. Goiânia: Faculdade de Enfermagem/UFG; 2012.164 p.

Pedreira MLG. Erro humano no sistema de saúde. In: Harada MJCS, Pedreira MLG, editores. Enfermagem dia a dia: Segurança do paciente. São Paulo, SP: Yendis Editora; 2009. p.03-21.

Peduzzi M, Carvalho BG, Mandú ENT, Souza GC, Silva JAM. Trabalho em equipe na perspectiva da gerência de serviços de saúde: instrumentos para a construção da prática interprofissional. Physis [internet]. 2011 [cited 2013 jan 10]; 21(2): 629-46. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-73312011000200015&script=sci_arttext.

Peres AM, Ciampone MHT. Gerência e competências gerais do enfermeiro. Texto Contexto Enferm. 2006;15(3):492-99.

Page 103: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

102 Referências

Programa Brasileiro de Segurança do Paciente (PPBSP) [cited 2012 dez 21]. Salvar 50.000 vidas e evitar 150 mil danos. Available from:http://www.segurancadopaciente.com/index.php.

Porto TP, Rocha PK, Lessmann JC, Souza S, Kretzer L, Anders JC. Identificação do paciente em unidade pediátrica: uma questão de Segurança. Rev. Soc. Bras. Enferm. Ped. 2011;11(2) 67-74.

Ques AAM, Montoro CH, González MG. Fortalezas e ameaças em torno da segurança do paciente segundo a opinião dos profissionais de enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem. [internet]. 2010;18(3):42-49. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n3/pt_07.pdf.

Raduenz AC, Hoffmann P, Radunz V, Dal SGTM, Maliska IC, Marck PB. Cuidado de enfermería y seguridad del paciente: visualizando la organización, acondicionamiento y distribución de medicamentos con método de investigación fotográfica. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. 2010 [cited 2013 Feb 18];18(6):1045-54. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692010000600002&lng=en.

Razera APR, Braga EM. A importância da comunicação durante o período de recuperação pós-operatória. Rev Esc Enferm USP. [internet]. 2011 [cited 2013 fev 15]; 45(3):632-37. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a12.pdf.

Reason J. Human error: models and management. BMJ 2000;320:768-70.

Reason J. Combating omission errors through task analysis and good reminders. Qual Saf Health Care. 2002;11(1):40–44.

Reiling JG. Creating a culture of patient safety through innovative hospital design. Advances in Patient Safety: From Research to Implementation. [internet].Volume 3, AHRQ Publication Nos. 050021 (1-4). Feb. 2005 [cited 2012 mar 10]. Available from: <http://www.ahrq.gov/qual/advances/>.

Rigobello MCG, Carvalho REFL, Cassiani SHB, Galon T, Capucho HC, de Deus NN. Clima de segurança do paciente: percepção dos profissionais de enfermagem. Acta Paul Enferm. [internet]. 2012 [cited 2013 fev 10];25(5):728-35. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n5/13.pdf.

Robert HF, Thomas AS. Epidemiology for public health practice. 4a ed. London. Jones and Bartlett Publishers, LLC. Capítulo 6: Study designs: ecologic, cross sectional, case-control. 2009. p 256.

Rocha MCP. Estresse e o ciclo virgília-sono do enfermeiro que atua em diferentes setores do ambiente hospitalar [dissertation]. São Paulo: Universidade Estadual de Campinas; 2008. 215p.

Romero CM. Seguridad y Calidad en Medicina Intensiva. Med Intensiva. 2009;33(7):346–52.

Runciman, B.; Merry, A.; Walton, M. Safety and ethics in healthcare: a guide to getting it right. London: British Library, 2007.

Page 104: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

103 Referências

Runciman W, Hibbert P, Thomson R, Shaaf, TVD, Sherman H, Lewalle P. Towards na international classification for patient safety: key concepts and terms. Quality in Health Care. 2009;21(1):18-26.

Ruthes RM, Feldman LB, Cunha ICKO. Foco en el cliente: una herramienta esencial en la gestión por competencia en emfermería. Rev. bras. enferm. [internet]. 2010 [cited 2013-02-17];63(2):317-21. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672010000200023&lng=en&nrm=iso.

Saba LCP, Cardoso TAO, Navarro MBMA. Hospital Seguro Frente AOS Desastres: Uma Reflexão sobre biossegurança e Arquitetura. Rev Panam Salud Publica [Internet]. 2012 [cited 2013 jan 30];31(2):176-80. Available from: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1020-49892012000200013.

Santos MC, Grilo A, Andrade G, Guimarães T, Gomes A. Comunicação em saúde e a segurança do doente: problemas e desafios. Rev Port Saúde Pública. 2010;(10):47-57

Silva, AEBC, Cassiani SHB, Miasso AI, Optiz SP. Problemas na comunicação: uma possível causa de erros de medicação. Acta Paul Enferm. 2007;20(3):272-76.

Silva MF, Conceição FA, Leite MMJ. Educação continuada: um levantamento de necessidades da equipe de enfermagem. O Mundo da Saúde. 2008;32(1):47-55.

Silva MRV, Dick NRM, Martini AC. Incidência de úlcera por pressão como indicador de qualidade na assistência de enfermagem. Rev Enferm UFSM. 2012;2(2):339-46.

Silva RC, Ferreira MA. Características dos enfermeiros de uma unidade tecnológica: implicações para o cuidado de enfermagem. Rev Bras Enferm. 2011; 64:98-105.

Silva AEBC, Reis AMM, Miasso AI, Santos JO, Cassiani SHB. Eventos adversos de medicamentos em um hospital sentinela no Estado de Goiás, Brasil Rev. Latino-Am. Enfermagem. [internet]. 2011 [cited 2013 jan 10]; 19(2): 1-9. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v19n2/pt_21.pdf.

Silva N, Zanelli JC. Cultura Organizacional. In J. E. Borges-Andrade & J. C. Zanelli (Orgs.), Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed; 2004. p. 407-442.

Sorra JS, Dyer N. Multilevel psychometric properties of the AHRQ hospital survey on patient safety culture. [internet]. 2010 [cited 2013 jan 10];10(199):1-13. Available from: http://www.biomedcentral.com/1472-6963/10/199.

Sorra J, Nieva V, Famolaro T, Dyer N. Hospital Survey on Patient Safety Culture: 2007 Comparative Database Report. AHRQ Publication No. 07-0025. Rockville, MD: Agency for Healthcare Research and Quality. March, 2007. Available from: http://www.ahrq.gov/qual/ hospsurveydb/index.html.

Souza GC. Trabalho em equipe de enfermagem: interação, conflito e ação interprofissional em hospital especializado [dissertation]. Sao Paulo: Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo; 2011. 158p.

Szekendi MK, Sullivan C, Bobb A, Feinglass J , Rooney D , Barnard C , Noskin GA . Active surveillance using electronic triggers to detect adverse events in hospitalized patients. Qual Saf Health Care. 2006;15(3):184-90.

Page 105: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

104 Referências

Tomás S, Gimena I. La seguridad del paciente en urgencias y emergências An. Sist. Sanit. Navar. 2010; 33 Supp 1: 131-148.

Vargas MA, Albuquerque GL, Erdman AL, Ramos FRS. Onde (e como) encontramos a qualidade no serviço de enfermagem hospitalar? Rev Bras Enferm. 2007;60(3):339-43.

Vendramini RCR, Silva EA, Ferreira KASL, Possari JF, Baia WRM. Segurança do paciente em cirurgia oncológica: experiência do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Rev Esc Enferm USP. 2010;44(3):827-32.

Versa GLGS, Inoue CK, Nicola, AL, Matsuda, LM. Influência do Dimensionamento da Equipe de Enfermagem na Qualidade fazer Cuidado ao Paciente Crítico. Texto & Contexto – enferm. 2011;20 (4):796-802.

Vituri DW, Solange LM, Kuwabara CCT, Gil RB, Évora YDM. Dimensionamento de Enfermagem Hospitalar: Modelo OPAS/OMS. Texto Contexto - enferm. 2011;20(3):547-56.

Wachter RM. Compreendendo a segurança do paciente. Porto Alegre (RS): Artmed; 2010.

Ward JK, McEachan RRC, Lawton R, Armitage G, Watt I,Wright J. Patient involvement in patient safety: Protocol for developing an intervention using patient reports of organisational safety and patient incident reporting. BMC Health Services Research. [internet]. 2011 [cited 2013 fev18];11(130):1-10. Available from: http://www.biomedcentral.com/content/pdf/1472-6963-11-130.pdf.

World Health Organization (WHO). Patient safety solutions 2007 [cited 2012 jan 30]. Available from: < http://www.who.int/patientsafety/solutions/patientsafety/PS-Solution2.pdf>.

World Health Organization (WHO). World Alliance for Patient Safety. Research for patient safety: better knowledge for safer care. 2008;20. [cited 2012 30 jan]. Available from: http://www.who.int/patientsafety/information_centre/documents/ps_research_brochure_en.pdf.

World Health Organization (WHO). The Conceptual Framework for the International Classification for Patient Safety. Version 1.1. Final Technical Report. Chapter 3. The International Classification for Patient Safety. Key Concepts and Preferred Terms [Internet]. Geneva (Switzerland); 2009 [cited 2012 Jul 4]. Available from: http://www.who.int/patientsafety/taxonomy/ icps_chapter3.pdf.

Yates GR, Hochman RF, Sayles SM, Stockmeier CA. Sentara Norfolk General Hospital: accelerating improvement by focusing on building a culture of safety. Jt Comm J Qual Saf . 2004; 30(10): 534-42.

Yoshikawa JM, Sousa BEC, Peterlini MAS, Kusahara DM, Pedreira MLG, Avelar AFM. Acta Paul Enferm. 2013; 26(1):21-9.

Zanon U. Qualidade da assistência médico-hospitalar: conceito e avaliação de indicadores. Revista de Administração em Saúde. 2000;2(8):15-22.

Zohar D, Gazit TO. Transformational leadership and group interaction as climate antecedents: A social network analysis. J Appl Psychol. 2008;93(4):744-57.

Page 106: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

105 Apêndices

APÊNDICE 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclare cido - TCLE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da pesquisa: Análise da Cultura de Segurança em um Hospital de E nsino da

Região Centro-Oeste do Brasil, vinculada à Faculdade de Enfermagem da Universidade

Federal de Goiás.

Pesquisadora: Mestranda Gabriela Camargo Tobias enfermeira (Coren-GO 244.181) sob

orientação da Profª. Drª. Ana Lúcia Queiroz Bezerra.

INFORMAÇÕES IMPORTANTES QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBR E A PESQUISA

O Sr (a) está sendo convidado (a) a participar de uma investigação cujo objetivo

geral é diagnosticar e analisar a cultura de segurança do paciente do ponto de vista dos

profissionais que trabalham em um Hospital Universitário de Goiânia.

O projeto desta investigação foi analisado e aprovado por uma Comissão de Ética

em Pesquisa em seres humanos, conforme preconizado pela Resolução nº 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde.

Detalhamento dos procedimentos: Você participará deste estudo respondendo a um

questionário com questões de múltiplas escolhas sobre a cultura de segurança no ambiente

de trabalho. Garantimos que não sentirá nenhum desconforto, nem terá riscos ou prejuízos

ao participar do estudo. Você não receberá nenhum tipo de pagamento ou gratificação

financeira pela sua participação na pesquisa.

Você terá total liberdade de se recusar a participar ou retirar o consentimento a

qualquer momento, mesmo após o início do preenchimento do questionário, sem qualquer

prejuízo ou penalidade. Como benefício temos que este estudo poderá embasar ações que

visam a segurança do paciente, bem como a utilização dessa ferramenta para ajudar a

garantir que a instituição de saúde seja a mais segura possível, e também a criação de

programas voltados para a melhoria da qualidade, aumento da produtividade e adoção de

políticas internas nos processos de trabalho e na qualificação dos profissionais de saúde.

Asseguramos que, em momento algum, o (a) senhor (a) ou o estabelecimento ao

qual está vinculado serão identificados na pesquisa. Garantimos que os dados coletados

serão utilizados apenas para esta pesquisa e não serão armazenados para estudos futuros.

Fica garantido também o direito de ser mantido informado sobre os resultados parciais e

finais.

Em caso de dúvida sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com a

pesquisadora responsável, Gabriela Camargo Tobias, no telefone: (62) 9626-9200 e e-mail:

[email protected]. E, em caso de dúvidas sobre os seus direitos como

Page 107: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

106 Apêndices

participante, você poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, nos telefones: 3269- 8338/ 3269- 8426 ou

no endereço: 1ª Avenida S/Nº Setor Leste Universitário, Unidade de Pesquisa Clínica, 2º

andar.

Caso o Sr (a) concorde em participar do estudo, peço-lhe o obséquio de assinar o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, em duas vias. Uma é sua e a outra do

pesquisador responsável.

Colocamo-nos à disposição para qualquer esclarecimento que julgar necessário.

________________________________________

Gabriela Camargo Tobias

Pesquisadora Responsável

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEIT O DA PESQUISA

Eu, ___________________, RG:________, CPF:__________, abaixo assinado,

concordo em participar como sujeito da pesquisa, por livre e espontânea vontade.

Declaro que fui devidamente informado e esclarecido pelo pesquisador sobre a

pesquisa a ser realizada, que compreendi as informações e os procedimentos nela

envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação.

Concordo com que as informações por mim prestadas sejam utilizadas para o

desenvolvimento da pesquisa, que sejam analisadas por pessoas autorizadas pelo

pesquisador, assim como a publicação dos dados que tenham relação com o estudo.

Estou ciente de que a qualquer momento posso retirar meu consentimento sem risco

de qualquer constrangimento ou penalidade.

Local e data ____________________________________________________________

Nome e Assinatura do sujeito ou responsável: _________________________________

Assinatura Dactiloscópica:

Nome e assinatura do Pesquisador Responsável_______________________________

Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimento sobre a pesquisa e aceite do

sujeito em participar.

Testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):

Nome: _______________________________ Assinatura: _____________________

Nome: _______________________________ Assinatura: _____________________

Page 108: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

107 Apêndices

APÊNDICE 2- Comparação dos Resultados de Confiabili dade das Dimensões do Instrumento (Alfa de CRONBACH)

Percepções generalizadas

sobre a segurança

Frequencia de relatório de eventos

Expectativas/ ações

supervisores na promoção

da segurança do paciente

Aprendizado organizacional-

melhoria continua

Trabalho em equipe no âmbito

das unidades

Abertura para as

comunicações

Feedback e comunicação a respeito de

erros

Resposta não punitiva

aos erros

Dimensionamento de pessoal

Apoio da gestão

hospitalar para

segurança do paciente

Trabalho em equipe pelas

unidades hospitalares

Transferências internas e

passagens de plantão

α α α α α Α α α α α α α

Tobias (2013) 0,09 0,92 0,59 0,59 0,52 0,53 0,71 0,44 0,55 0,73 0,54 0,69

Sorra, Nieva (2004) 0,74 0,84 0,75 0,76 0,83 0,72 0,78 0,79 0,63 0,83 0,80 0,80

Bodur, Filiz (2010) 0,57 0,86 0,72 0,68 0,83 0,6 0,81 0,71 0,63 0,7 0,8 0,72

Sorra, Dyer (2010) 0,74 0,85 0,79 0,71 0,83 0,73 0,78 0,78 0,62 0,79 0,79 0,81

Massoco (2012) 0,46 0,88 0,69 0,64 0,69 0,55 0,66 0,77 0,32 0,69 0,68 0,81

MSPS (2009) 0,65 0,88 0,84 0,68 0,82 0,66 0,73 0,65 0,64 0,81 0,73 0,74

Ito et al 2011 0,62 0,88 0,7 0,65 0,83 0,62 0,77 0,71 0,46 0,61 0,7 0,73

Chen and Leet (2010) 0,51 0,52 0,73 0,68 0,78 0,5 0,35 0,7 0,51 0,7 0,69 0,76

Page 109: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

108 Anexos

ANEXO 1 - Instrumento de Coleta de Dados (Traduzido )

Page 110: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

109 Anexos

Page 111: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

110 Anexos

Page 112: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

111 Anexos

Page 113: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

112 Anexos

Page 114: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

113 Anexos

Page 115: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

114 Anexos

ANEXO 2 - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

Page 116: GABRIELA CAMARGO TOBIAS ANÁLISE DA CULTURA DE SEGURANÇA EM …repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/3092/5/Gabriela Camargo... · Agradeço a Deus que, em sua infinita bondade,

115 Anexos