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FUNDAÇÃO PEDRO LEOPOLDO CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO Índice de Sustentabilidade, Governança Corporativa e a Crise de 2008: Uma análise na Bolsa de Valores JOSÉ FÁBIO XAVIER Pedro Leopoldo/MG 2013

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FUNDAÇÃO PEDRO LEOPOLDO

CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

Índice de Sustentabilidade, Governança Corporativa e a Crise de 2008: Uma

análise na Bolsa de Valores

JOSÉ FÁBIO XAVIER

Pedro Leopoldo/MG

2013

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JOSÉ FÁBIO XAVIER

Índice de Sustentabilidade, Governança Corporativa e a Crise de 2008: Uma

análise na Bolsa de Valores

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Administração do Centro de Pós-Graduação da Fundação Pedro Leopoldo, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Administração.

Área de concentração: Competitividade e

Marketing

Orientador: Mauro Calixta Tavares, PhD.

Pedro Leopoldo

Fundação Pedro Leopoldo

2013

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AGRADECIMENTOS

A Deus, primeiramente, pelo privilégio e oportunidade de chegar até aqui.

A minha família. Neibe Xavier, minha super-heroína favorita; Luana, minha irmã

querida e Ítalo Henrique, minha razão de existir; pelo companheirismo e incentivo

nesta caminhada.

Ao meu orientador, Professor Mauro Calixta, por acreditar em mim e me guiar neste

trabalho.

A todos os colegas do mestrado, pela amizade.

A todos os professores e secretaria do Mestrado Profissional em Administração

(MPA), pela disponibilidade e presteza.

À Profa. Íris Goulart, pelas cordiais palavras, pela atenção a mim dispensada e pelas

importantes contribuições em todas as etapas deste trabalho.

Aos amigos, que tanto me apoiaram nesta caminhada, em especial ao Sued que foi o

companheiro de todas as horas desde o primeiro momento.

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"Acredito que nascemos para ser super-heróis, mas muita gente

ainda insiste em ficar com a kriptonita no bolso. Os meus pais,

meus super-heróis favoritos, me ensinaram o que era a

kriptonita e como lidar com ela, não a deixando nem tão perto, a

ponto de roubar energia, nem tão longe, a ponto de esquecê-la."

Leila Navarro.

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RESUMO

Práticas de responsabilidade social e adoção de mecanismos de

governança corporativa para minimizar os problemas de agência são aspectos que

algumas organizações apresentam que podem contribuir para atrair e manter

investidores. Especialmente em momentos de crise financeira, como a que se

passou em 2008, tais práticas podem ser diferenciais no relacionamento empresa-

investidor. Nesse contexto, a presente investigação tem como objetivo verificar se

o Índice de Sustentabilidade Empresarial e (ou) nível de governança corporativa são

fatores de diferenciação do risco das ações das empresas brasileiras de capital

aberto negociadas na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo -

BM&FBOVESPA. Metodologicamente, trata-se de um estudo exploratório,

quantitativo, ex post facto, com o emprego de técnicas estatísticas e dados

secundários. As cotações das ações das empresas pertencentes ou não ao ISE

(Índice de Sustentabilidade Empresarial) e detentora de mecanismos diferenciados

de governança corporativa (Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado) ou não (Sem

Governança) foram obtidos nos períodos antes da crise (30/06 a 02/09 de 2008) e

durante a crise (03/09/2008 a 05/11 de 2008), por meio do banco de dados

Economática Softwares para Investimentos Ltda.. Os resultados apontaram que o

Índice de Sustentabilidade Empresarial e os mecanismos diferenciados de

governança corporativa, tanto investigando o período antes, quanto durante a

crise, podem ser apontados como fatores de redução de risco. Contudo,

considerando-se a comparação antes versus durante a crise, somente as empresas

pertencentes ao Nível 2 de governança corporativa e listadas no ISE tiveram seu

risco reduzido.

Palavras-chave: Índice de Sustentabilidade Empresarial; Governança Corporativa;

Crise Financeira de 2008. Risco financeiro

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ABSTRACT

Social responsibility practices and adoption of corporate governance

mechanisms to minimize agency problems are characteristics that some

organizations have that can help attract and retain investors. Especially in times of

financial crisis, as it was happened in 2008, such practices may be differences in

the relationship business-investor. In this context, this research aims to determine

whether the corporate sustainability index and (or) level of corporate governance

are factors differentiating the risk of the shares of Brazilian companies traded on

the São Paulo Stock Exchange, Commodities and Futures Exchange –

BM&FBOVESPA. Methodologically, this is an exploratory study, quantitative, ex

post facto, with the use of statistical techniques and secondary data. The stock

prices of companies with or without CSI (Corporate Sustainability Index) and

holding mechanisms of corporate governance (Level 1, Level 2 and New Market) or

not (Without Governance) were obtained in the periods before the crisis (30/ 06/2008

to 02/09/2008) and during the crisis (03/09/2008 to 05/11/2008), using the database

Economática Software for Investments Inc. .The results showed that the Corporate

Sustainability Index and the mechanisms of corporate governance, both investigating

the period before and during the crisis, can be appointed as risk reduction factors.

However, considering the comparison before versus during the crisis, only

companies belonging to Level 2 of Corporate Governance and listed on the CSI had

their risk reduced.

Keywords: Corporate Sustainability, Corporate Governance, Financial Crisis of 2008.

Financial Risk.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Efeitos do ingresso de investidores internacionais na economia do

país.......................................................................................................................... 26

Quadro 2: Construtos e variáveis investigadas...................................................... 62

Quadro 3: Empresas que pertenciam ao ISE em 2008, separadas por nível de

Governança corporativa.......................................................................................... 67

Quadro 4: Relação do ISE e/ou governança corporativa e risco no período antes da

crise......................................................................................................................... 74

Quadro 5: Relação do ISE e/ou governança corporativa e risco no período

durante a crise......................................................................................................... 75

Quadro 6: Relação do ISE e/ou governança corporativa e risco no período

comparativo antes versus durante a crise ............................................................ 77

Quadro 7: Relação do ISE e/ou governança corporativa....................................... 79

Quadro 8: Relação do ISE e/ou governança corporativa e risco no período antes da

crise................................................................................................. .........................81

Quadro 9: Relação do ISE e/ou governança corporativa e risco no período

durante a crise................................................................................................ .........82

Quadro 10: Relação do ISE e/ou governança corporativa e risco no período

comparativo antes versus durante a crise.............................................................. 84

Quadro 11: Relação do ISE e/ou governança corporativa......................................86

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Participação percentual no volume de ETFs Out/10................................. 29

Figura 2: Dados do Ibovespa (2008-2010)............................................................... 57

Figura 3: Comparação dos dados do Ibovespa e do Dólar (2005-2010)................. 58

Figura 4: Desenho da Pesquisa............................................................................... 60

Figura 5: Representação Gráfica do Box Plot.......................................................... 64

Figura 6: Quantidade de Ações Com e Sem ISE..................................................... 67

Figura 7: Ações separadas por níveis de governança e por ISE............................. 71

Figura 8: Box Plot – Resultado Nível 2 Antes e Durante a Crise............................. 87

Figura 9: Box Plot – Resultado Sem Governança Antes e Durante a Crise............ 87

Figura 10: Box Plot – Resultado Novo Mercado Antes e Durante a Crise.............. 88

Figura 11: Box Plot – Resultado Nível 1 Antes e Durante a Crise.......................... 88

Figura 12: Box Plot – Resultado das Empresas Com e Sem ISE Antes da Crise.. 89

Figura 13: Box Plot – Resultado das Empresas Com e Sem ISE Durante a

Crise........................................................................................................................ 89

Figura 14: Box Plot – Resultado das Empresas Participantes do NDGC Antes

da Crise.................................................................................................................. 90

Figura 15: Box Plot – Resultado das Empresas Participantes do NDGC Durante a

Crise...................................................................................................................... 91

Figura 16: Box Plot – Resultado de Todas as Empresas Antes e Durante a

Crise...................................................................................................................... 92

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Volumes Totais Negociados por Mercado em US$ 1.000 no Brasil..

.....................................................................................................................................20

Tabela 2: Capitalização Média das Empresas no Mercado de Capitais – Brasil..

....................................................................................................................................27

Tabela 3: Número de ações separadas por níveis de governança

corporativa..................................................................................................................68

Tabela 4: Número de ações que participaram nos pregões – Nível 1..................... 69

Tabela 5: Número de ações que participaram nos pregões – Nível 2..................... 69

Tabela 6: Número de ações que participaram nos pregões – Nível NM................. 69

Tabela 7: Número de ações que participaram nos pregões – SGC........................ 70

Tabela 8: Novo número de ações separadas por níveis de governança

corporativa................................................................................................................ 70

Tabela 9: Resultados estatísticos das empresas sem ISE...................................... 72

Tabela 10: Resultados estatísticos das empresas com ISE.................................... 72

Tabela 11: Análise do desvio padrão ...................................................................... 73

Tabela 12: Análise Evolutiva do desvio padrão....................................................... 76

Tabela 13: Análise Comparativa do desvio padrão das empresas com e sem

ISE..............................................................................................................................77

Tabela 14: Análise Evolutiva do desvio padrão considerando base Nível Novo

Mercado................................................................................................................... 78

Tabela 15: Resultado do coeficiente de variação................................................... 80

Tabela 16: Análise Evolutiva do coeficiente de variação........................................ 83

Tabela 17: Análise Comparativa do coeficiente de variação com relação ao

ISE............................................................................................................................85

Tabela 18: Análise Evolutiva do coeficiente de variação considerando base Nível

Novo Mercado..........................................................................................................85

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CISE – Com Índice de Sustentabilidade Empresarial

CV – Coeficiente de variação

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

DFPs – Demonstrações Financeiras Padronizadas

DP – Desvio Padrão

GC – Governança Corporativa

IANs – Informações Anuais

IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

IFRS – Internacional Financial Reporting Standard

ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial

ITRs – Informações Trimestrais

N1 – Nível 1

N2 – Nível 2

NDGC – Níveis Diferenciados de Governança Corporativa

NM – Novo Mercado

SISE – Sem Índice de Sustentabilidade Empresarial

SGC – Sem Governança Corporativa

SPSS – Statistical Package for the Social Sciences

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 9

1.1 PROBLEMA E QUESTÕES DE PESQUISA ........................................................ 10

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ................................................................................ 11

1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 11

1.2.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 11

1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 12

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................ 14

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ....................................................................... 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA ............................................................ 15

2.1 MERCADO DE AÇÕES BRASILEIRO ................................................................. 16

2.1.1 O mercado de ações brasileiro .......................................................................... 16

2.1.2 Risco e retorno das ações ................................................................................. 21

2.1.2.1 Conceitos e medidas de risco das ações ........................................................ 21

2.1.2.2 Conceitos e medidas de retorno das ações .................................................... 27

2.1.3 Governança Corporativa .................................................................................... 29

2.1.3.1 Conceito de Governança Corporativa ............................................................. 29

2.1.3.2 Níveis de Governança Corporativa................................................................. 34

2.1.3.3 Mecanismos de adesão e de migração .......................................................... 35

2.1.4 Sustentabilidade Ambiental Empresarial ........................................................... 39

2.1.4.1 Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE ................................................ 41

2.2 CRISE FINANCEIRA DE 2008 ............................................................................. 46

2.2.1 Origem da Crise Financeira de 2008 ................................................................. 47

2.2.2 Mercado de Ações Brasileiro na Crise Financeira de 2008 ............................... 48

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................ 51

3.1 TIPIFICAÇÃO DA PESQUISA .............................................................................. 51

3.2 DESENHO E PERGUNTAS DA PESQUISA ........................................................ 52

CONSTRUTOS E DEFINIÇÕES OPERACIONAIS .................................................... 52

3.4 DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................. 52

3.5 TRATAMENTO ESTATÍSTICO PARA ANÁLISE DOS DADOS ........................... 54

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................ 56

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS.................................................................. 56

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4.2 RESPOSTAS ÀS PERGUNTAS DE PESQUISA ................................................. 61

4.2.1 Análise do Desvio padrão .................................................................................. 62

4.2.1.1 Período Antes da Crise ................................................................................... 63

4.2.1.2 Período Durante a Crise ................................................................................. 64

4.2.1.3 Comparação período antes e durante a crise ................................................. 65

4.2.2 Análise do Coeficiente de Variação ................................................................... 69

4.2.2.1 Período antes da crise .................................................................................... 70

4.2.2.2 Período durante a crise .................................................................................. 71

4.2.2.3 Comparação do período antes e durante a crise ............................................ 71

4.2.3 Análise Exploratória a partir do gráfico Box-Whisker ......................................... 76

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ............................................................................. 83

5.1 CONCLUSÕES .................................................................................................... 83

5.2 LIMITAÇOES DO ESTUDO.................................................................................. 85

5.3 RECOMENDAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS .......................................... 86

APÊNDICES............................................................................................................... 93

APÊNDICE A – EMPRESAS CORRESPONDENTES AO NÍVEL 1 – 2008 ............... 93

APÊNDICE A – CONTINUAÇÃO DE EMPRESAS DO NÍVEL 1 – 2008 .................... 94

APÊNDICE B – EMPRESAS CORRESPONDENTES AO NÍVEL 2 – 2008 ............... 94

APÊNDICE C – EMPRESAS CORRESPONDENTES AO NOVO MERCADO - ... 95

2008 ........................................................................................................................... 95

APÊNDICE C – CONTINUAÇÃO DE EMPRESAS NO NOVO MERCADO – 2008 ... 96

APÊNDICE C – CONTINUAÇÃO DE EMPRESAS NO NOVO MERCADO – 2008 ... 97

APÊNDICE D – COMPARATIVO DOS SEGMENTOS NOVO MERCADO, NÍVEL 2,

NÍVEL 1 E TRADICIONAL DE GOVERNANÇA CORPORATIVA DO BM&FBOVESPA

em 2011 ..................................................................................................................... 98

APÊNDICE E – EMPRESAS LISTADAS NO ISE EM 2008, CONFORME SETOR DE

ATUAÇÃO .................................................................................................................. 98

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9

1 INTRODUÇÃO

O mercado de capitais brasileiro apresentou rápido crescimento desde a

estabilização da economia, em 1994. Observou-se um aumento significativo no

volume de negociações pela atratividade do país aos investidores externos e

também internos. Este aumento também é devido às ações governamentais de

incentivo, tais como as oportunidades de dispor de recursos do FGTS-Fundo de

Garantia por Tempo de Serviço, para aquisição de ações de companhias como a

Vale do Rio Doce e Petrobrás, pessoas físicas que jamais haviam investido em

bolsas de valores trocaram suas opções de investimento em poupanças pela

aquisição de papéis de maior risco, as ações.

No entanto, a busca de melhor rentabilidade de investimentos por meio de

compra e manutenção de ações é acompanhada por riscos superiores àqueles de

menor rendimento. Portanto, essa relação de investimento em ações está subsidiada

pelo trade-off entre risco e retorno, ou seja, uma decisão que implica em retorno

acompanhado pelo risco que se está disposto a tomar diante da expectativa de

rentabilidade com o ativo adquirido.

Diante deste cenário, relevante se faz destacar que crises econômicas

afetam o risco assumido pelos investidores, e a Crise Financeira de 2008 influenciou

o comportamento dos mercados de ações, inclusive o brasileiro. Períodos de

tensões de mercado decorrentes de uma perspectiva de incerteza são seguidos por

temor dos investidores, que normalmente se retiram de mercados e se desfazem de

investimentos que apresentam maior risco.

Com a internacionalização das empresas em função da abertura dos

mercados, a Crise Financeira de 2008, com origem nos Estados Unidos, atingiu

rapidamente os mercados de todo o mundo, e investidores evadiram-se de países

que ofereciam menor capacidade de proteção de seus capitais. Mazzucchelli

(2008, p. 58), em análise comparativa entre a Grande Depressão de 1929 e a

Crise Financeira de 2008, afirmou em estudo realizado no período de crise que.

Seguramente, o peso da riqueza financeira em relação ao produto, a sofisticação (e opacidade) das operações financeiras e a interligação entre os vários segmentos dos mercados em escala global são hoje infinitamente maiores do que no final da década de 1920 (...) A conclusão que daí poderia advir é que o curso dos acontecimentos será, em consequência, mais dramático e doloroso do que em 1929-1933.

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10

Em momentos ou não de crise, investidores procuram proteger seus

investimentos contra riscos de mercado, e as empresas, no sentido de atrair

investimentos, buscam demonstrar atitudes de precaução contra a variabilidade do

mercado, tais como a adoção de mecanismos de governança corporativa e de

sustentabilidade. É nesse aspecto que a presente investigação se pauta, na

análise da eficácia destas empresas na minimização de riscos corporativos

evidenciados pelos retornos de suas ações, se comparados às empresas não

aderentes ao ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial e aos níveis

diferenciados de governança corporativa da BM&FBOVESPA.

1.1 PROBLEMA E QUESTÕES DE PESQUISA

Diante da contextualização apresentada, é relevante identificar se duas

situações, concomitantes ou não, contribuem para minimizar o risco percebido

pelos investidores diante de um momento de crise, ou seja: (a) caso uma empresa

pertença a níveis diferenciados de governança corporativa (Nível 1, Nível 2 e

Novo Mercado) é compreendida pelo mercado como uma organização menos

arriscada; e/ou (b) fazer parte da carteira do Índice de Sustentabilidade

Empresarial (ISE) significa ser uma empresa diferenciada em termos de

sustentabilidade, de tal forma que seja percebida pelo mercado como uma entidade

que oferece menor risco.

Sendo assim, a questão que motivou o trabalho pode ser expressa da

seguinte forma: O Índice de Sustentabilidade Empresarial e o Nível de

Governança Corporativa constituíram, individual ou conjuntamente, fatores

de diferenciação de riscodas ações das empresas negociadas na

BM&FBOVESPA durante a Crise de 2008?

Os apontamentos que serão abordadas na presente investigação são as

seguintes:

• O Índice de Sustentabilidade Empresarial como fator redutor do risco das

ações que compõem a BM&FBOVESPA.

• O Nível de governança corporativa como fator redutor do risco das ações

que compõem a BM&FBOVESPA.

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11

• O Índice de Sustentabilidade Empresarial e o nível de governança

corporativa, conjuntamente, como fatores redutores do risco das ações que

compõem a BM&FBOVESPA.

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

Nesta parte da dissertação são apresentados os objetivos geral e específicos

que norteiam a pesquisa.

1.2.1 Objetivo geral

Verificar se o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e (ou) níveis

diferenciados de governança corporativa são fatores de diferenciação do risco das

ações das empresas brasileiras de capital aberto negociadas na Bolsa de Valores,

Mercadorias e Futuros de São Paulo - BMF&BOVESPA, durante o período da crise

financeira de 2008.

1.2.2 Objetivos específicos

Objetivos específicos são aqueles necessários à pesquisa no intuito de

facilitar o alcance do objetivo geral. Portanto, são objetivos específicos do estudo

em questão os seguintes:

I. Verificar se as empresas participantes do ISE apresentaram risco

diferenciado das demais empresas da BM&FBOVESPA no período analisado;

II. Verificar se as empresas participantes dos níveis de governança corporativa

apresentaram risco diferenciado das demais empresas da BM&FBOVESPA no

período analisado;

III. Identificar se as empresas participantes do ISE e dos Níveis 1, 2 e Novo

Mercado de governança corporativa apresentaram risco diferenciado das demais

empresas da BM&FBOVESPA no período analisado.

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12

1.3 JUSTIFICATIVA

A presente pesquisa possui sua relevância em relação a 4 (quatro) aspectos

essenciais. Em primeiro lugar, o mercado de capitais brasileiro tem tido uma

evolução em termos de volume de negociações, fato que suscita as atenções dos

pesquisadores no sentido de compreender a sua dinâmica. A Tabela 1 revela que,

nos últimos vinte anos, houve um crescimento no volume de títulos negociados na

ordem de quase 9.000%, observando-se um acentuado crescimento de 2005 em

diante.

Em segundo lugar, devido à interligação dos mercados, a crise norte-

americana de 2008 foi sem precedentes, e o estudo de seus impactos revela-se

importante para que futuras gerações compreendam-na e saibam lidar com

situações semelhantes. Esta crise, com origem no mercado imobiliário dos Estados

Unidos, afetou com “efeito dominó” as demais economias, ocasionando perdas

econômico-financeiras na maioria das regiões. Devido ao fato de haver escassez

de dados que evidenciam impactos de crises nos mercados que mantêm algum tipo

de negociação com outros mercados, busca-se com este trabalho explicações

sobre o movimento ocorrido nas empresas listadas na BM&FBOVESPA.

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Diante desse cenário, realizar uma investigação dessa amplitude tem o

caráter de originalidade e inovação. A pesquisa apresenta originalidade, pois não se

tem informação sobre pesquisas que identifiquem o impacto, diferenciado segundo

os fatores selecionados, da Crise Financeira de 2008 em empresas brasileiras. A

presente investigação apresenta um aspecto inovador, pois, apesar da crise de

2008 ser recente, o estudo tem a pretensão de incorporar às pesquisas já realizadas,

embora escassas, resultados sobre os efeitos no mercado de ações, possibilitando

orientar os usuários da contabilidade nesse importante processo.

Um terceiro aspecto reside na importância de mecanismos de governança

corporativa para as organizações e, consequentemente, para seus investidores.

Organizações de grande porte, de maior complexidade, necessitam de instrumentos

que evidenciem transparência em seus processos de tomada de decisão, e que

estes se traduzam em percepção de segurança para aqueles que realizam

investimentos nestas companhias. Segundo Silveira, Barros e Famá (2003, p.59).

O senso comum sugere que empresas com uma estrutura de governança mais adequada às práticas recomendadas pelos “Códigos das Melhores Práticas de Governança Corporativa” devem ser mais bem avaliadas pelo mercado no preço de suas ações do que empresas com uma estrutura de governança menos adequada, ceteris paribus.

Portanto, é significante identificar se os mecanismos de governança

corporativos diferenciados (para organizações pertencentes aos Níveis 1, 2 e Novo

Mercado) são fatores que reduzem o risco destas organizações diante de momentos

de crise, ou seja, os investidores percebem maior segurança em tais

investimentos.

Por fim, observa-se o fato de a presente pesquisa buscar compreender o

universo das empresas percebidas como realizadoras de práticas de

sustentabilidade. As empresas são criadas para obter um retorno do valor investido

pelos proprietários, reproduzindo lucros que possam ser reinvestidos na

organização e, também, demonstrar quais são os retornos que a sociedade tem

com estes recursos naturais e econômico-financeiros usufruídos em todo o território

nacional. Quando a organização está em funcionamento, passa a utilizar recursos

de capital, recursos humanos e recursos ambientais. Enquanto os recursos de

capital e humano são passíveis de renovação, os recursos ambientais são limitados

em sua maioria, podendo causar impactos no clima e na evolução das espécies

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utilizadas para a sobrevivência do planeta. Dessa forma, é importante investigar

quais empresas estão declarando em seus relatórios os princípios de

sustentabilidade empresarial e quais estão preocupadas com a continuidade do

bem estar da humanidade, reveladas por sua participação no ISE, e se estas

possuem vantagens competitivas com relação às demais devido à percepção do

mercado com relação ao valor de suas ações mesmo diante de momentos de

crise.

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

O presente estudo tem seu escopo espaço-temporal delimitado aos seguintes

aspectos:

a) delimitação espacial: empresas listadas na BM&FBOVESPA no ano 2008,

subdivididas segundo os critérios do Índice de Sustentabilidade Empresarial (em

pertencentes ao ISE e não pertencentes ao ISE) e níveis de governança

corporativa (Nível 1, Nível 2, Novo Mercado e Sem Governança);

b) delimitação temporal: os valores das ações das companhias alvo da

pesquisa foram selecionados do ano de 2008, sendo 46 pregões antes (30/06/2008

a 02/09/2008) e 46 pregões durante (03/09/2008 a 05/11/2008) a Crise Financeira

de 2008.

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Este trabalho está dividido em 6 (seis) seções. Na primeira seção são

evidenciadas a contextualização do problema, questão de pesquisa, objetivo geral e

objetivos específicos, justificativa, delimitação da pesquisa e a estrutura da

dissertação propriamente dita. No segundo tópico, estão estabelecidos os

fundamentos teórico-empíricos que sustentam a investigação, baseando-se em

aspectos sobre o mercado de ações brasileiros e suas peculiaridades, a relação

entre risco e retorno das ações, os mecanismos de governança corporativa, os

conceitos e indicador de sustentabilidade empresarial e a origem e impactos da

crise financeira de 2008 no mercado de ações brasileiro.

Na terceira seção são evidenciados os procedimentos metodológicos,

incluindo a classificação da pesquisa, o desenho e perguntas de pesquisa, os

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construtos e definições operacionais das variáveis, a descrição do proceder

metodológico da pesquisa e como foram realizados o tratamento estatístico e a

análise de dados. No quarto tópico estão identificados os resultados da pesquisa,

por meio da análise do comportamento do mercado de ações brasileiro diante da

Crise de 2008, comparando-o com o desempenho das empresas pertencentes

aos níveis diferenciados de governança corporativa e ao ISE.

Por fim na quinta seção, são destacadas as conclusões da pesquisa, com

suas considerações finais e recomendações para futuras investigações, e em

seguida, na última seção, as referências que a respaldam cientificamente.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA

O referencial teórico desta dissertação foi realizado contemplando estudos

teóricos e pesquisas empíricas sobre os temas analisados. Primeiramente, abordou-

se o mercado de ações brasileiro, realizando uma contextualização sobre sua

origem e evolução, bem como os estudos que explicitam a relação entre risco e

retorno das ações. Tal abordagem se faz importante para compreender os

mecanismos de governança corporativa que serão abordados neste tópico.

Sobre governança corporativa, além dos conceitos inerentes, categorizaram-

se os níveis de governança corporativa conforme suas características: Nível um

Nível 2 e Novo Mercado, bem como se apresentou a listagem das empresas que

na época faziam parte de cada condição. Tais fundamentos são necessários para

compreender a relação dos níveis de governança e o risco das empresas na parte

empírica da presente dissertação.

Para subsidiar teoricamente os conceitos relacionados à sustentabilidade,

optou-se por identificar os principais autores relacionados ao tema, bem como

pesquisas que abordaram sustentabilidade empresarial empiricamente. Trabalhou-

se o conceito do ISE - Índice de Sustentabilidade Empresarial, e elaborou-se uma

listagem das empresas que atualmente fazem parte da carteira ISE.

Por fim, foi abordada a crise financeira de 2008, seus aspectos motivadores e

seu impacto no mercado de ações brasileiro. Tal relação se faz necessária para

compreender o momento temporal de análise do presente estudo: antes e durante a

crise financeira de 2008.

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16

2.1 MERCADO DE AÇÕES BRASILEIRO

Segundo Lameira (2004), o Plano Real foi um marco para o mercado de

ações brasileiro, pois foi a partir de sua implantação que o controle inflacionário

provocou, na economia do país, alterações que incitaram o incremento de

investimentos exteriores. Sendo assim, houve uma evolução que transformou o

Brasil de um país subdesenvolvido para um país emergente ou em desenvolvimento.

Neste tópico apresentam-se a origem e a evolução do mercado de ações brasileiro,

bem como a relação entre o risco e retorno das ações.

2.1.1 O mercado de ações brasileiro

Mercado de ações ou de capitais é uma estrutura de funcionamento dentro

do mercado financeiro nacional que surgiu para suprir “as necessidades de

financiamento de longo prazo, por exemplo, investimentos para empresas e

aquisição de bens duráveis para as famílias” (PINHEIRO, 2008, p. 81). Por meio

de um processo de poupança-investimento, a parcela de renda não consumida

gera poupança por parte das pessoas físicas ou jurídicas, as quais investem em

títulos de outras empresas que demandam financiamento e que, por sua vez, as

remuneram mediante valorização das ações ou pagamento de dividendos.

Assaf Neto (2008) destaca o papel fundamental do mercado de capitais no

desenvolvimento econômico de um país, por ser uma estrutura de intermediação

entre aqueles que possuem sobras de recursos e os que necessitam de

investimentos para sua continuidade. Nesta estrutura, evidencia-se a Comissão de

Valores Mobiliários (CVM) como autarquia que normatiza e controla o mercado de

valores mobiliários e as instituições auxiliares ao funcionamento do mercado de

capitais: bolsas de valores (com destaque no Brasil para a BM&FBOVESPA),

sociedades corretoras, sociedades distribuidoras e agentes autônomos de

investimentos.

As ações negociadas podem ser ordinárias ou preferenciais. As ações

ordinárias dão direito a voto a quem as detém, sendo que “os acionistas ordinários

podem eleger e destituir os membros da diretoria e do Conselho Fiscal da

companhia; decidir sobre o destino dos lucros; reformular o estatuto social; autorizar

emissões de debêntures e aumentos de capital social; votar contas patrimoniais,

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etc.” (ASSAF NETO, 2008, p. 159). Já as ações preferenciais, apesar de não

concederem direito a voto ao seu detentor, atribuem determinadas preferências a

este, tais como “prioridade no recebimento de dividendos, geralmente um percentual

mais elevado que o valor das ações ordinárias; prioridade no reembolso do capital

na hipótese de dissolução da empresa” (ASSAF NETO,

(2008, p. 159).

Devido à abertura de mercados, investidores estrangeiros começaram a

aplicar no mercado brasileiro em busca de uma melhor relação custo- benefício/risco-

retorno, diversificando seus negócios. As oportunidades de alavancar suas

rentabilidades em mercados emergentes abriram espaço à especulação, com

intenso movimento de capitais, cujo fluxo de dinheiro gera efeitos positivos e

negativos para a economia de um país, conforme se pode observar no Quadro 1,

em função do constante monitoramento dos investidores com relação às condições

econômico-financeiras do país investido (taxas de juros e câmbio, moeda, etc).

Efeitos Positivos Efeitos Negativos

Melhora na imagem internacional do

país;

Com entradas de divisas, o governo

pode financiar seu déficit por prazos maiores e

com taxas de juros menores;

Aumento no fluxo de divisas

favorece as empresas, propiciando maiores

facilidades para investimentos em imobilizado e

no aumento da produção, com custos mais

favoráveis.

Um incremento descontrolado do

fluxo de divisas pode causar desequilíbrio nas

contas do país;

Quando um país abre o mercado

ao mesmo tempo em que busca uma

estabilidade financeira, os investidores passam

a preocupar-se com o cumprimento das

tarefas do governo (ajuste fiscal, reformas

constitucionais etc.) e a qualquer sinal de

dificuldade para executá-las eles perdem

a confiança e retiram abruptamente seus

recursos;

O país tem dificuldades para

controlar uma fuga de capitais numa eventual

crise financeira internacional.

Quadro 1: Efeitos do ingresso de investidores internacionais na economia do país

Fonte: Pinheiro (2008, p. 39)

O mercado de ações brasileiro possui características muito distintas até

1994 e após 1994 (LAMEIRA, 2004). O Plano Real possibilitou o controle

inflacionário, cuja estabilização provocou crescimento econômico do país em função

das altas taxas internas de juros que atraíam os investimentos estrangeiros. Os

preços conseguiram permanecer estáveis até o final do ano de 1998, momento

em que se percebeu um maior risco na economia brasileira que poderia gerar

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crise devido à “fuga de recursos de nossa economia e consequente crise cambial,

pois o mercado passou a exigir maiores prêmios (remuneração), além de se observarem

movimentos de corrida para compra de dólares como forma de proteção (hedge) para

possíveis perdas de valor dos ativos” (LAMEIRA, 2004, p.101).

Ainda segundo o mesmo autor, em 1998 exigiu-se a aplicação de taxa de

câmbio flutuante no Brasil, incrementando o setor exportador nacional. No mercado

de capitais brasileiro, “o ingresso de recursos externos aumentou após a liberação

do câmbio ocorrida ao final do ano de 1998 e declina em 2002 devido ao risco

associado ao processo eleitoral. O objetivo principal desses investimentos era

participar das privatizações” (LAMEIRA, 2004, p.104). Este processo pode ser

observado pela capitalização média das empresas no mercado de capitais brasileiro

de 1990 a 2002, conforme Tabela 2.

Conforme Lameira (2004, p.108-109), observa-se que o Brasil instituiu

algumas iniciativas relevantes para o desenvolvimento do mercado de capitais

tais como o fortalecimento da Comissão de Valores Mobiliários e da

BM&FBOVESPA, bem como as ações do BNDES – Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social para exigir que as empresas promovam a

abertura de capital e a melhoria de suas práticas de governança corporativa, em

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contrapartida aos empréstimos que financiará. Da mesma forma, a Superintendência

de Seguros Privados e a Secretaria de Previdência Complementar, como

instrumentos do Conselho Monetário Nacional, expediram normatizações que

possibilitaram o aumento da participação dos investidores institucionais em

companhias com boas práticas de governança corporativa. A atuação da Comissão

de Valores Mobiliários, em conjunto com a reforma legal da Lei das Sociedades

Anônimas e da Lei de criação da própria Autarquia, vem possibilitando a melhoria

do aspecto regulatório do mercado de capitais. (...) Além disso, a definição de um

Plano Diretor para o Mercado, a proposta de educação continuada dos

profissionais ligados ao mercado de capitais, as novas práticas de governança

corporativa, a criação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (...)

apontam no sentido de valorizar a participação do mercado de capitais em nosso

sistema financeiro.

Segundo a Fundação do Desenvolvimento Administrativo do Estado de

São Paulo – Grupo de Conjuntura (2010, p.1), observou-se um grande dinamismo

no mercado de capitais brasileiro representado pela captação de recursos a partir

de 2005. “O volume total captado nesse mercado saltou de R$10 bilhões em 2003

para R$ 61 bilhões em 2005, dos quais: R$ 41,5 bilhões correspondiam a operações

de emissão de debêntures, R$ 8,6 bilhões a constituição de FIDC e de R$ 4,3

bilhões em ações”. Ressalta-se que FIDC representam os Fundos de

Investimento em Direitos Creditórios.

Ainda conforme informa a Fundação do Desenvolvimento Administrativo do

Estado de São Paulo – Grupo de Conjuntura (2010), houve um aumento no

número de companhias abertas de 2005 para 2007 na ordem de aproximadamente

10%, passando de 621 empresas (2005) para 682 em dezembro de 2007. Este

aumento pode ser explicado pela estabilidade macroeconômica interna do país,

atrelada à perspectiva internacional favorável, com a ampliação do fluxo de

investimento estrangeiro (FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO

ADMINISTRATIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO-GRUPO CONJUNTURA, 2010).

Adicionalmente, considera-se um fator contributivo importante para este cenário o

desenvolvimento do segmento Novo Mercado na BM&FBOVESPA, com exigências

mais rigorosas, proporcionando melhor transparência para os investidores.

Esse aumento de transparência e situação favorável para investimentos no

mercado de capitais não atraiu somente investidores estrangeiros, como também

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investidores institucionais e pessoas físicas. Na Figura 1 observa-se como é

composta a participação no volume dos Fundos de Índices (ETFs) em outubro de

2010, assim denominados por buscar proporcionar Eficiência, Transparência e

Flexibilidade em um único investimento. Pode-se verificar que os maiores

participantes são os investidores institucionais (45%), seguidos por instituições

financeiras (27%), investidores estrangeiros (16%), pessoas físicas (11%) e

empresas públicas e privadas (1%).

Figura 1: Participação percentual no volume de ETFs Out/10 Fonte: BM&FBOVESPA (2010b)

Pesquisadores têm voltado sua atenção para compreender a lógica do

financiamento externo em mercados emergentes. A pesquisa de Faria, Mauro e

Zaklan (2010) buscou identificar os fatores que estimulam as escolhas de alocação

dos investidores em países que não sejam o seu de origem, principalmente

relacionados a investimentos em países emergentes. Os resultados de sua pesquisa

evidenciaram alguns fatores determinantes que funcionam como potenciais de

atratividade para os investidores internacionais aos mercados emergentes, tais

como uma combinação de capital humano e qualidade das instituições do país.

Suas conclusões são indicadores que levam a motivar a maior rigidez na

transparência das informações buscada pelos níveis de governança corporativa no

Brasil, uma vez que podem influenciar na decisão dos investidores.

Esta relação de investimento é pautada pelo aspecto risco-retorno. No

próximo tópico serão evidenciados os conceitos e medidas de risco e retorno das

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ações, que são parâmetros de medida para determinar escolhas e permanência

em determinados investimentos.

2.1.2 Risco e retorno das ações

Conforme observa Assaf Neto (2008), o investimento em ações envolve

uma relação estreita entre risco assumido e retorno esperado. Ross, Westerfield e

Jaffe (1995, p. 183) afirmam que “os investidores só assumirão posições num

título de risco se o retorno esperado for suficientemente elevado para compensar o

risco”. A seguir são evidenciados conceitos e maneiras de mensurar o risco e

retorno das ações.

2.1.2.1 Conceitos e medidas de risco das ações

Tobin (1958) revela que existem três tipos de investidores: os propensos ao

risco, os avessos ao risco e os indiferentes ao risco. Investidores propensos ao

risco estão sujeitos a investimento em ativo de maior variabilidade em função da

busca de maior retorno; investidores avessos ao risco possuem a preferência no

investimento que garantam maior tranquilidade na obtenção de menor retorno;

investidores indiferentes ao risco atuam com indiferença diante de dois ativos com

retornos esperados semelhantes, embora graus distintos de variabilidade. Ainda

segundo o mesmo autor, a maioria dos investidores são categorizados como

avessos aos riscos.

Segundo Bernstein (1997, p.8), “a palavra ‘risco’ deriva do italiano antigo

risicare, que significa ‘ousar’. Neste sentido o risco é uma opção, e não um destino. É

das ações que ousamos tomar, que dependem de nosso grau de liberdade de

opção, que a história do risco trata”. Conforme o mesmo autor, a palavra risco está

presente na própria definição da humanidade, pois está intrínseca nas escolhas

individuais do ser humano.

Vaughan (1997, p.7) afirma que o termo risco significa “exposição à

adversidade.” Contudo, o autor afirma que a terminologia risco é usada de diferentes

formas em função das áreas de especialidade em que é tratado, sendo que

“economistas, estatísticos, teóricos da decisão e da área de seguros têm uma longa

discussão a respeito dos conceitos de risco e incerteza, na tentativa de construir uma

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definição de risco que seja útil para análise em cada campo de investigação”.

(VAUGHAN, 1997, p.7). O mesmo autor afirma que, apesar de não haver uniformidade

em sua definição, dois componentes são comuns em seus conceitos:

indeterminação e perda.

O conceito de risco preconizado por Vaughan (1997, p.8) é que “risco é uma

condição na qual há a possibilidade de variações desfavoráveis de um resultado

desejado que se espera ou esperava” . Observa-se que esta definição contempla uma

combinação de circunstâncias do ambiente externo, probabilidade de perda e a

esperança de retornos.

O risco pode ser transferido, retido, reduzido, evitado ou compartilhado

(VAUGHAN, 1997; DOHERTY, 2000). O risco transferido é quando se adquire um

seguro ou realiza-se um hedge financeiro. Reter o risco pode ser de forma ativa

ou passiva, p o i s “simplesmente não se assegurar é reter o risco. A firma pode

imitar o processo de seguro em assegurar-se com uma política interna de preços,

reservas e determinação de perdas que podem ser assumidas” (DOHERTY, 2000,

p.5). A redução de risco pode ser realizada por meio de adoção de medidas de

segurança, como extintores de incêndio, alarmes de fumaça, entre outros. Por fim,

evitar o risco é por não fazer uso de atividades arriscadas, ou substituí-las por

processos menos arriscados.

Diferentemente de Doherty (2000), Vaughan (1997) sugere uma quinta

técnica relacionada a risco: o risco compartilhado, que se refere tanto a uma

forma de transferência como retenção de risco. O autor revela que quando riscos

são compartilhados, a possibilidade de perda é transferida da esfera individual

para a grupal. “Contudo, compartilhar é também uma forma de retenção na qual

os riscos transferidos para o grupo são retidos, junto com os riscos dos outros

membros do grupo”. (VAUGHAN, 1997, p.20). Quando se adquire uma apólice de

seguro, por exemplo, pode-se compreender como uma forma de risco

compartilhado por um grupo.

Damodaran (2002, p. 55) comenta que “risco, em um sentido tradicional, é

visto como algo negativo”. Contudo, ao realizar uma análise do símbolo chinês

que representa a palavra risco, observa-se de um lado o símbolo que se refere à

oportunidade, e do outro, o perigo. O autor revela que “esses símbolos ilustram

muito claramente a opção que todo investidor e toda empresa têm que fazer –

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entre a ‘recompensa maior’, que vem potencialmente com a oportunidade, e o

‘risco maior’, que tem que ser aceito como uma consequência do perigo”.

Quanto à classificação de risco, Vaughan (1997) destaca que o risco pode

ser classificado em financeiro e não financeiro, dinâmico ou estático, puro ou

especulativo, e fundamental ou particular. Risco financeiro refere-se ao risco que:

Envolve o relacionamento entre um indivíduo (ou uma organização) e um ativo ou expectativa de retornos que podem ser perdidos ou danificados. Portanto, risco financeiro envolve três elementos: (1) um indivíduo ou organização que está exposto à perda, (2) o ativo ou retorno cuja destruição ou desapropriação causará perdas financeiras e, (3) um perigo que pode causar a perda. (VAUGHAN, 1997, p.13).

Continuando, o autor ainda separa o risco em estático e dinâmico. Risco

dinâmico refere-se àquele resultante de mudanças na economia (ou fatores

externos, tais como a economia, ao setor ao qual pertence à organização, os

competidores e consumidores), cujos fatores são incontroláveis, mas podem

contribuir para a redução financeira da companhia. Outra variável que pode intervir

na dinamicidade do risco refere-se ao poder de tomada de decisão do gestor.

Tais decisões podem ser acertadas quanto a produzir bens a preços e qualidade

compatíveis com o que o mercado consegue absorver, resultando em lucro para a

empresa. Se houver algum erro decisorial nesta cadeia, o lucro previsto não será

atingido, produzindo risco (VAUGHAN, 1997).

Quanto aos riscos puros e especulativos, Vaughan (1997, p.14) explica que

“risco especulativo descreve uma situação que envolve a possibilidade de perder

ou ganhar. [..]”, tal como em uma aposta. Por outro lado, “o termo risco puro, em

contraste, é usado para designar aquelas situações que envolvem somente a

chance de ganhar ou não ganhar.” O autor exemplifica usando uma situação que

envolve a compra de um carro. Quando se adquire um automóvel, o proprietário

está exposto à possibilidade de ocorrência de um dano ao seu veículo. Portanto, o

resultado desta situação pode ser a perda ou a não perda.

Quanto à classificação de Vaughan (1997, p.15) de risco em fundamental

ou particular, o autor revela que a base que fundamenta sua distinção é a origem e

consequência de suas perdas. “Risco fundamental envolve perdas que são

impessoais em sua origem e consequência.” Pode ser, por exemplo, atribuído a

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fenômenos naturais (terremotos, enchentes) ou sociais (guerra, desemprego)

/econômicos (inflação) que acometem uma população. Por outro lado, riscos

particulares “envolvem perdas que emergem de eventos individuais e são sentidos

por indivíduos ao invés de todo o grupo”. Um exemplo de risco particular é o roubo

de uma empresa ou o incêndio em uma casa.

Silva Neto (1999) destaca que há quatro tipos de risco: risco de mercado,

risco legal, risco de crédito e risco operacional. Risco de mercado corresponde à

variação de aspectos de mercado tais como taxas de câmbio e preços de ações.

Risco de crédito refere-se à falta de capacidade de pagamento por parte de quem

toma empréstimo, emite um título ou referente a outras obrigações. São fatores a

serem analisados em sua mensuração o valor dos empréstimos, os títulos de

renda fixa, as garantias, contratos comerciais, entre outros.

Ainda conforme o mesmo autor, o risco operacional decorre do mau

funcionamento do sistema, envolvendo fraudes e atitudes desprovidas de

transparência, erros referentes aos serviços e produtos da empresa, ausência de

controle entre outros. Por fim, os riscos legais referem-se a fatores

regulamentadores que diferem entre as partes investidora e investida, que podem

gerar discordâncias em documentações ou procedimentos (SILVA NETO, 1999).

Finnerty (1998) destaca nove tipos de risco aos quais as organizações

estão expostas: conclusão, tecnológico, de fornecimento de matéria-prima,

econômico, financeiro, cambial, político, ambiental e de força maior. O primeiro,

de conclusão, refere-se ao risco de que um projeto não seja concluído, envolvendo

custos acima do esperado e falta de insumos, entre outros fatores. O risco

tecnológico contempla a obsolescência da tecnologia empregada em determinado

projeto, levando a resultados inferiores ao previsto a anteriori.

O terceiro risco abordado pelo autor é o de fornecimento de matéria-prima,

envolvendo a indisponibilidade deste fator de produção, demandando, em sua

previsão, reservas para a aprovação de um projeto. Outro fator de risco destacado

por Finnerty (1998, p.41) é o econômico, em que “a demanda pelos produtos ou

serviços do projeto não seja suficiente para gerar a receita necessária para cobrir os

custos operacionais e o serviço da dívida do projeto, e ainda oferecer uma taxa de

retorno justa aos investidores de capital”. Ressalta-se que crises econômicas

influenciam no risco econômico de um negócio.

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O quinto risco é o financeiro, para projetos que sofrem influência da flutuação

de taxas de juros, por exemplo, devido a um financiamento tomado para sua

execução. Caso não haja vínculo com taxa de juros pré-fixada ou elementos de

hedge, as taxas podem ser crescentes, oferecendo perigo ao negócio. Outro fator

de risco, o risco cambial, segundo Finnerty (1998, p.44) “surge quando o fluxo de

receita ou de custos de um projeto é denominado em mais de uma moeda. Em

tais casos, uma mudança de taxas de câmbio entre as moedas envolvidas

afetará a disponibilidade de fluxo de caixa para o serviço da dívida do projeto.”

Risco político refere-se à probabilidade de interferência de autoridades

políticas no negócio, principalmente quando a companhia não está em seu país

de origem. Risco ambiental é o fator que ocasiona problemas com o meio ambiente

e, por último, o risco de força maior são eventos involuntários e que fogem ao

controle da empresa, tais como terremotos ou outras catástrofes da natureza.

Doherty (2000, p.269) resume em quatro os tipos de riscos aos quais as

organizações estão expostas: risco operacional, risco financeiro, risco econômico

ou de mercado e risco puro ou passível de seguro (insurable). O risco operacional

refere-se “às falhas dos processos básicos que são o núcleo do negócio, tais

como falhas no fornecimento de energia ou na planta produtiva”. O risco financeiro é

decorrente “das mudanças no custo de capital que afeta diretamente o valor da

firma, e indiretamente se a demanda do produto for sensível às taxas de capital do

mercado”. Ainda, segundo o autor, o risco econômico ou de mercado são

provenientes “das mudanças no nível de atividade econômica ou mudanças

estruturais da economia que afeta a demanda do produto ou o custo de realizar o

negócio”. Por fim, o risco puro ou passível de seguro (insurable) é aquele “risco

em função de perdas ou danos aos ativos da corporação ou reivindicações súbitas

destes ativos”.

É relevante destacar que risco e incerteza são elementos distintos. A

incerteza ocorre quando não há como prever a ocorrência de evento futuro devido à

falta de informação. Risco, contudo, é quando é conhecida a distribuição de

probabilidades de ocorrência de eventos por parte do investidor (SANVICENTE;

MELLAGI FILHO, 1998). Sendo assim, pode-se constatar que para a mensuração

do risco é necessário conhecer a sua distribuição de probabilidades.

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Conforme Doherty (2000) afirma, a concepção de risco é inerente à ausência

de mecanismos de previsão assertivos sobre acontecimentos futuros. O autor

ratifica que:

risco refere-se à variação no intervalo de possíveis resultados; quanto maior a potencial variação, maior o risco. No sentido econômico, o risco não se refere à qualidade adversa de alguns resultados (prejuízos ao invés de lucros), mas sim a falta de conhecimento sobre qual dos vários resultados podem prevalecer. [...] Se o risco não estivesse presente, muitas das nossas decisões seriam triviais, nós simplesmente escolheríamos o curso de ação que teve o maior retorno certo. No entanto, quando o acaso intervém na seleção dos resultados, a tomada de decisão torna-se muito mais complexa e pessoal (DOHERTY, 2000, p.17).

Bealey e Myers (1997) revelam que para mensurar o risco são utilizados

conceitos da econometria, tais como variância e o desvio padrão, de forma a

medir a dispersão dos resultados. Desta maneira, o investidor pode identificar o

padrão de risco associado a determinado ativo.

Em concordância com os autores, Vaughan (1997, p.158) afirma que a

“distribuição de probabilidades de uma variável aleatória contém uma grande

quantidade de informação, descrevendo a relativa probabilidade de cada valor

possível que esta variável pode assumir” . O autor continua, afirmando que esta

informação pode ser sintetizada por meio de dois “pedaços de informação”, que ele

chama de (1) média e (2) variância da variável aleatória.

Damodaran (2002, p. 56) observa que o risco de um ativo pode ser

mensurado por meio da variância dos seus retornos, que representa “uma medida

do quadrado da diferença entre os retornos reais e os retornos esperados de um

investimento”. Adicionalmente, devem-se analisar vários itens tais como a

distribuição dos retornos, que “é caracterizada pela variância ou desvio padrão da

distribuição: quanto maior for o desvio dos retornos reais em relação aos esperados,

maior será a variância” (DAMODARAN, 2002, p. 57).

Outro aspecto importante na mensuração do risco é o coeficiente de

assimetria da distribuição, que serve para identificar se na distribuição existe uma

tendência de resultados positivos ou negativos. Por fim, o analista de risco deve

estar apto a identificar a curva de frequência estatística da distribuição, sendo que

“caudas mais grossas conduzem a uma frequência estatística mais alta. Em termos

de investimento, isso dá a tendência do preço desse investimento de ‘pular’ em

qualquer das direções” (DAMODARAN, 2002, p. 57).

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27

O autor observa que caso haja normalidade e simetria das distribuições, o

investidor não precisa focar sua atenção na observação dos coeficientes de

assimetria ou curvas de frequência estatística. Sua argumentação de risco pode

estar pautada em apenas dois fatores: “(1) o ‘retorno esperado’ sobre o investimento

compreende a recompensa e (2) a ‘variância’ nos retornos antecipados compreende

o risco sobre o investimento” (DAMODARAN, 2002, p.57). O modelo CAPM

(Capital Asset Pricing Model) é um modelo de precificação de ativos de capital que

utiliza retornos esperados e variância. Tal modelo estabelece que o beta (β) ou risco

de um ativo é medido pela covariância do ativo em relação à carteira de

investimentos de mercado, dividida pela variância da carteira de investimentos de

mercado.

À medida que os riscos são identificados e mensurados, cabe ao gestor

administrá-los. Bernstein (1997, p.197) afirma que o gerenciamento de risco busca

“maximizar as áreas onde temos certo controle sobre o resultado, enquanto

minimizamos as áreas onde não temos absolutamente nenhum controle sobre o

resultado e onde o vínculo entre efeito e causa está oculto de nós”. No que se

refere a risco de investimentos em ações, a análise da variabilidade de um ativo

pode conduzir à identificação do seu padrão de risco.

2.1.2.2 Conceitos e medidas de retorno das ações

Ross, Westerfield e Jaffe (1995, p. 183) conceituam retorno como o “ganho

ou prejuízo dos proprietários de um investimento durante determinado período de

tempo”. Ao adquirir ações, o investidor pretende obter retorno de sua aplicação

por meio do recebimento dos dividendos e pela valorização dos ativos adquiridos. O

investidor, então, avalia a expectativa de retornos esperados do capital investido,

que deve ser analisado em conjunto com o risco do negócio (ASSAF NETO,

2008).

A análise do investimento em ações passa por dois julgamentos: análise

técnica e fundamentalista. Conforme Assaf Neto (2008, p. 194), a análise técnica

“também conhecida por análise gráfica, dedica-se a estabelecer projeções sobre o

comportamento das ações a partir de padrões observados no desempenho

passado do mercado”. Já a análise fundamentalista “adota a hipótese da existência

de um valor intrínseco para cada ação, com base nos resultados apurados pela

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empresa emitente. (...) está baseado no desempenho econômico e financeiro da

empresa e processa, ainda sofisticadas avaliações e comparações setoriais, bursáteis e

conjunturais” (ASSAF NETO, 2008, p.195).

Conforme Pinheiro (2008, p.316), o objetivo da análise fundamentalista “é

determinar o real valor de uma ação”, e o da análise técnica “é determinar a tendência

de evolução das cotações no curto prazo, a fim de se aproveitar das rápidas oscilações

para auferir ganhos de capital”. A análise técnica realiza averiguações gráficas,

partindo de três princípios básicos: “1º) a ação do mercado reflete todos os fatores

envolvidos neste; 2º) os preços se movimentam em tendências e 3º) o futuro reflete o

passado” (PINHEIRO, 2008, p. 316).

Por meio de análise gráfica, é possível identificar tendências, cuja teoria foi

fundamentada em Charles Dow, que “sustenta que as ações negociadas seguem uma

tendência de alta ou baixa, a qualquer momento, e para estudar o mercado é

necessária a construção de uma média da evolução dos preços, por meio de uma

amostra representativa de ativos” (PINHEIRO, 2008, p. 317). Surge, desta teoria, o

Índice Dow-Jones, fazendo alusão aos seus criadores, Charles Dow e Edward Jones.

Algumas pesquisas relacionam o retorno das ações a outras variáveis,

buscando compreender esta dinâmica. Antunes, Lamounier e Bressan (2006)

visaram identificar se o mercado de ações no Brasil atende à hipótese de eficiência

de mercado. Teoricamente, buscaram fundamentação no efeito tamanho, que

consiste na hipótese de que empresas menores apresentam maiores retornos

médios, se comparadas a empresas de maior porte. Os autores usaram para

mensurar o tamanho das firmas as seguintes variáveis: o tradicional valor de

mercado, valor contábil e o lucro.

Na pesquisa de Antunes, Lamounier e Bressan (2006) foram utilizadas 76

ações que faziam parte da carteira do Ibovespa dos anos de 1997 a 2003, com

dados de painel para as variáveis preço diário de fechamento das ações, quantidade

de ações, lucro por ação e valor contábil por ação. Antunes, Lamounier e Bressan

(2006, p.100) identificaram que:

Os testes de efeito tamanho, por sua vez, sugerem que o mercado brasileiro é eficiente na forma semiforte. Não se observou o chamado efeito tamanho ao serem utilizadas as proxies valor de mercado e valor patrimonial, tanto na análise de curto prazo (anual) quanto na de longo prazo (todo o período). (...) nenhuma proxy de tamanho parece ser fator relevante de risco. Ou seja, independentemente da proxy utilizada, não se identificou o

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efeito tamanho e isso permite inferir que o mercado acionário brasileiro é informacionalmente eficiente na forma semiforte, no que tange a informações sobre o tamanho das empresas. (...) Em resumo, os resultados sugerem que o mercado acionário brasileiro é informacionalmente eficiente nas formas fraca e semiforte (no que tange a informações sobre o tamanho das empresas).

2.1.3 Governança Corporativa

Neste tópico são evidenciados os conceitos de governança corporativa e as

características que diferenciam as empresas conforme o nível de governança ao

qual pertencem, se Nível 1, Nível 2 ou Novo Mercado.

2.1.3.1 Conceito de Governança Corporativa

Ao termo governança corporativa tem sido atribuído diversos significados. A

governança corporativa é vista como um campo da administração que lida com o

relacionamento entre os diversos stakeholders da organização. “Ela estabelece os

caminhos pelos quais os supridores de capital das corporações são assegurados do

retorno de seus investimentos”. (SHLEIFER; VISHNY, 1997, p. 737).

Rabelo e Silveira (1999, p. 4) comentam que “Governança Corporativa é o

sistema por meio do qual se exerce e se monitora o controle das corporações”.

Estes autores afirmam que o sistema de governança corporativa é influenciado por

alguns fatores, dentre eles aspectos ligados à regulamentação econômica e

atributos do sistema financeiro.

A evolução do mercado de ações, que atrai cada vez mais investidores, e o

aumento no porte das empresas, transformaram organizações familiares em

instituições que precisam de gestão profissional. Abrangendo a importância da

governança corporativa como o meio pelo qual houve a inclusão do conselho

entre aqueles que efetivamente administram a empresa e os detentores de

propriedade, Lodi (2000, p. 24) afirma que:

Governança Corporativa é o sistema que assegura aos sócios proprietários o governo estratégico da empresa, e a efetiva propriedade e gestão se dá

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através do conselho de administração, auditoria independente e o conselho fiscal, instrumentos fundamentais para o exercício do controle. A boa governança assegura aos sócios: equidade, transparência, responsabilidade pelos resultados (accountability) e obediência às leis do país (compliance).

Diante da nova configuração da estrutura de propriedade, a governança

corporativa tem servido como mecanismo minimizador de possíveis conflitos de

agência advindos do distanciamento entre capital e gestão. Seus princípios orientam

a tomada de decisão corporativa, ajustando os interesses dos atores

organizacionais (CARVALHO, 2002, p. 19).

Atrelando o conceito de governança corporativa com a finalidade de sua

aplicação nas organizações, e fazendo menção aos estudos norte-americanos

sobre governança corporativa, Denis e McConnel (2003, p.1-2) comentam que

governança corporativa é

um conjunto de mecanismos, seja institucional ou baseado no mercado, que induz os controladores interessados de uma empresa (aqueles que decidem a respeito de como a empresa operará) a tomarem decisões que maximizem o valor da companhia para seus proprietários (fornecedores de capital).

Segundo o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do

IBGC (2004, p.06), trata-se do “sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e

monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas/cotistas, conselho

de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal”. As atitudes

tomadas pelas organizações pertencentes a este sistema buscam que o valor da

empresa seja incrementado, buscando atrair novos investidores e a continuidade

da entidade.

Os mecanismos internos que são de interesse principal é o conselho da administração e a estrutura de propriedade de capital da firma. Os mecanismos principais externos são o mercado externo para o controle corporativo (a aquisição de controle) e o sistema legal/regulatório. Denis e McConnel (2003, p.1-2)

Segundo Silveira (2004, p. 13), a governança corporativa envolve aspectos

internos e externos à organização, e “A minimização dos prejuízos causados

pelos conflitos de interesse entre tomadores de decisão e fornecedores de

recursos depende da presença de um conjunto de mecanismos internos e externos

que alinhem os interesses dos gestores aos de todos os acionistas.”.

A transparência proporcionada pela boa governança corporativa adotada

por uma companhia diminui a assimetria informacional que gera o conflito de

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agência. Conforme expresso por Sirqueira e Kalatzis (2007), tais atitudes

proporcionam vantagens para os acionistas minoritários ou não controladores,

atenuando prejuízos caso a empresa em que investiram seja vendida.

As estruturas de proteção diante da relação de poder manifestada pelas

companhias são proporcionadas pela governança corporativa que, segundo Sirqueira

(2007, p. 27), objetiva “garantir os direitos dos acionistas diante dos possíveis

abusos dos gestores e também proteger os acionistas minoritários frente aos

interesses individuais dos majoritários...”.

Diversas pesquisas fora do Brasil têm sido motivadas por esta temática

(SHLEIFER; VISHNY, 1997; DENIS, 2001; DENIS; McCONNELL, 2003). A

pesquisa de Denis (2001) foi realizada abrangendo 25 anos anteriores de pesquisa

em governança corporativa. As investigações fundamentavam-se, essencialmente,

sobre o problema de agência, em que há a separação entre proprietários e

controladores nas organizações modernas. O autor afirma que houve uma

proliferação de pesquisas sobre esta temática, e que “uma coisa comum na

maioria dos artigos escritos em governança corporativa é o fato que eles

apontam que a primeira ideia a respeito desta temática reside por volta de

1776.” (DENIS, 2001, p. 192). Esta data foi marcada devido à publicação de

Adam Smith, a Riqueza das Nações, em que ele cita que não se espera que o

gestor cuide dos negócios que pertencem a outra pessoa com a mesma

vigilância.

Denis (2001, p. 193) afirma que os principais potenciais geradores de

conflito nas organizações relacionadas ao problema de agência são os seguintes:

“1. desejo dos gerentes em se manter no poder; 2. aversão ao risco dos gerentes;

3. fluxo de caixa livre. ”. Quanto às soluções gerais para o problema de agência, o

autor comenta que para fazer com que os gerentes ajam em conformidade com os

interesses do proprietário, é necessário que se proceda da seguinte forma:

obrigando-os contratualmente a agir como tal; monitorando as suas ações e

provendo incentivos.

Segundo Jensen (1993, p.850), há somente quatro forças que influenciam

a organização na tentativa de resolver os problemas de agência: “os mercados de

capitais, sistema regulatório, legal e político, produto e fatores de mercado, e

sistemas de controle internos comandados pelo conselho de administração”. . É

evidenciado pelo autor que o mercado de capitais é influenciado e limitado pelo

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marco regulatório e legal de um país, mas que este está longe de ser o

instrumento mais eficaz para lidar com os problemas organizacionais de desgaste

gerencial provocados pelos problemas de agência.

Jensen (1993, p.850) ainda complementa que:

enquanto o produto e os fatores de mercado são vagarosos na atuação como uma força de controle, eles disciplinam o inevitável – empresas que não conseguem fornecer produtos que os consumidores desejam a um preço competitivo não podem sobreviver. [...] Para evitar este gasto de recursos, é importante para nós aprendermos como fazer com que as outras três forças de controle organizacional sejam mais rápidas e eficientes.

Por outro lado, Jensen (1993) afirma que se o produto é visto pelo mercado

como competitivo, com estrutura de custos que permite o estabelecimento de

preços competitivos, é um sinal de que a estrutura de governança corporativa

está funcionando, e que os gestores estão agindo em conformidade com os

interesses dos detentores do capital. Por fim, a quarta força evidenciada por

Jensen (1993) refere-se ao sistema de controle interno propriamente dito, cujas

falhas têm provocado o não alcance da maximização e eficiência do valor da

corporação.

Conforme expresso por Denis e McConnell (2003, p.41-42), apesar de

haver um grande número de pesquisas internacionais que dizem muito sobre o

tema, “a mensagem da informação é longe de ser clara e completa. Muito mais resta a

ser feito. Nossa compreensão sobre a relação entre sistemas de governança e o valor

das economias e das firmas com tais sistemas tem sua importância cada vez maior” .

Tal fato deve-se, essencialmente, segundo os autores, aos mercados emergentes,

que se espelham nas economias desenvolvidas para imitar seus procedimentos e

incorporá-los em sua própria economia os mecanismos de governança corporativa.

Ainda Denis e McConnell (2003) separam as investigações internacionais

(fora dos Estados Unidos) sobre governança corporativa em duas gerações. A

primeira geração refere-se a pesquisas que investigam “países individuais em

profundidade e estabelecem que há uma importante diferença nos sistemas de

governança dependendo dos fatores econômicos envolvidos” (DENIS;

McCONNELL, 2003, p.42), sendo que os primeiros estudos enfocaram a

Alemanha, Japão e Inglaterra. Esta primeira geração normalmente buscava saber se

”o mecanismo afeta a performance da firma [...]” ou “o mecanismo afeta decisões

particulares tomadas pelas firmas; por exemplo, com respeito a substituição e

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rotatividade dos gestores, políticas de investimento e reações a ofertas externas para

controle” (DENIS; McCONNELL, 2003, p.7).

A segunda geração de estudos evidenciou que “blocos de acionistas são

muito mais comuns em outros países do mundo do que nos Estados Unidos.”

(DENIS; McCONNELL, 2003, p.28). Além disso, ficou evidente para os autores nesta

investigação pela literatura internacional que a presença de blocos de acionistas afetava

mais significativamente o desempenho das empresas, sob a perspectiva estatística, em

outros países se comparado aos Estados Unidos. Outra conclusão importante, advinda

desta segunda geração de estudos, evidenciou que o sistema legal de um país

(especialmente relacionado à proteção dos direitos dos investidores) influencia

sobremaneira a estrutura de mercados deste país.

No Brasil, algumas pesquisas contemplam a temática (TERRA; LIMA, 2006;

GONDRIGE, 2010), principalmente relacionando o valor das ações com as práticas

de governança corporativa adotadas pelas companhias. Terra e Lima (2006, p.

35), por exemplo, procuraram identificar se a divulgação das informações constantes

das demonstrações financeiras anuais e trimestrais influencia da mesma forma

empresas com ou sem boas práticas de governança corporativa. Seus resultados

revelam que:

os investidores reagem de forma diferenciada a alguns sinalizadores de boas práticas de governança corporativa das empresas. Foi possível perceber retornos anormais significativos apenas em duas subamostras (empresas pontuais na divulgação das suas demonstrações financeiras e empresas privadas) em relação aos seus pares (empresas que atrasaram a divulgação das suas demonstrações financeiras e empresas estatais).

Gondrige (2010) buscou identificar os fatores explicativos do nível de

evidenciação não obrigatória das empresas brasileiras de capital aberto que

negociam suas ações na BM&FBOVESPA. O autor identificou seis variáveis

também corroboradas pela teoria: número de membros do conselho, porte da

empresa, alavancagem financeira, internacionalização, comitê de auditoria e

reputação da empresa de auditoria. Contudo, este autor afirma que no Brasil,

talvez devido à evolução, ainda recente, do mercado de capitais, pesquisas que

estabeleçam relacionamento entre valor das ações e nível de governança

corporativa ainda são escassas.

Em virtude do crescimento das organizações e a complexidade das

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operações realizadas pelas empresas, torna-se uma necessidade constante de

melhorias nas melhores práticas de governança corporativa. Silveira (2002, p.6)

citando Carlsson (2001) comenta que “se o século XIX foi a era dos

empreendedores e o século XX foi à era do gerenciamento, o século XXI será a

era da governança corporativa, definida por ele como a forma pela qual o poder

será exercido em todas as corporações do mundo.”

Em conformidade com as práticas de governança corporativa, as

companhias podem ser categorizadas em diferentes níveis. Vieira e Mendes (2006,

p.59-60) realizaram uma investigação visando analisar os impactos que a

governança corporativa tem no valor das empresas brasileiras, no período de

2001 a 2004. Seus resultados sugerem associação entre a adoção de normas de

conduta diferenciadas e o valor das ações, conforme segue:

no Novo Mercado a relação preço/lucro líquido foi 57,42, no Nível 2 foi 36,41 e no Nível 1 foi de 20,02, o que (...) corrobora a ideia de que o preço superior das ações em relação ao lucro líquido decorre do fato de existir um prêmio implícito nas empresas oriundo das práticas de governança. Observa-se, ainda, que esse prêmio se encontra positivamente correlacionado com o grau de governança.

No próximo tópico, tais níveis serão explicados em função das distintas

atribuições que as empresas brasileiras precisam apresentar para pertencer a

cada um deles, seja Nível 1, Nível 2 ou Novo Mercado.

2.1.3.2 Níveis de Governança Corporativa

No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA) lançou, em

dezembro de 2000, uma forma de classificação de “Níveis Diferenciados de

Governança Corporativa” nas empresas, organizando em Nível 1, Nível 2 ou Novo

Mercado de acordo com o compromisso assumido pela empresa com relação

alguns requisitos informacionais demonstrados periodicamente. A seguir, são

explicitadas as normas de conduta pertinentes aos diferentes graus de governança

corporativa, destacando os mecanismos de adesão e de migração aos níveis 1, 2

e Novo Mercado.

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2.1.3.3 Mecanismos de adesão e de migração

Para fazer parte dos níveis diferenciados de governança corporativa, a

empresa precisa ingressar no primeiro nível (Nível 1) e atender alguns requisitos

iniciais para compor esta carteira. As práticas são obrigações adicionais,

representadas pela lista a seguir: (BM&FBOVESPA, 2010c).

• Precisa ter uma quantidade mínima de ações em circulação no mercado,

mantendo uma constância de 25% (vinte e cinco por cento) do capital social próprio;

• Precisa ter um meio acessível e organizado de oferta pública de ações,

onde qualquer pessoa física ou pessoa jurídica possa ter a oportunidade de fazer

parte da empresa, proporcionando uma maior dispersão do capital aberto pela

companhia;

• Não pode ter títulos em circulação da emissão de partes beneficiárias;

• É necessário acompanhar o percentual de participação de cada acionista

que detenha capital com direito a voto e se este for superior a 5% (cinco por cento),

precisará demonstrar a abertura da posição acionária;

• Carece ter regras claras e divulgadas da relação entre os acionistas com os

controladores que irão tomar conta da companhia;

• A companhia deve esclarecer para os analistas de mercado como está a

situação econômico-financeira da empresa, através de pelo menos uma reunião

anual, divulgando seus projetos e perspectivas da companhia;

• Precisa manter os administradores informados das alternativas de como

podem adquirir ações da própria empresa;

• Faz-se necessário divulgar os resultados da empresa para o mercado,

anualmente, através de um calendário onde e quando serão realizadas as

assembléias e reuniões principaisda companhia;

• Quando houver operações envolvendo ativos da empresa, precisará

demonstrar e divulgar as regras da operação realizada por parte de seus

controladores e de seus acionistas;

• Quando houver oferta pública de ações ao mercado, a empresa

necessitará descrever dados e informações dos negócios realizados pela empresa

e que venha a ilustrar a sua situação mediante o mercado, seus processos

produtivos, o desempenho da administração em determinado período e os fatores de

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risco existente nas negociações realizadas, e qualquer outra informação que possa

ajudar o agente interessado na aquisição da ação e assim possa diagnosticar uma

possível precificação da companhia;

• Caso a empresa tenha participação em outras empresas ou filiais, fará

necessária a divulgação também de dados consolidados das demonstrações;

• Os relatórios informacionais divulgados trimestralmente e anualmente,

precisam expressar as quantidades e características dos valores mobiliários de

emissão da companhia detidos pelos grupos controladores, gestores,

administradores, membros do conselho de administração, diretores e membros do

conselho fiscal, indicando a sua evolução no último período; bem como a quantidade

de ações em vigente e em circulação, por tipo e classe; devidamente auditada por

órgão independente.

Para pertencer ao Nível 1, a BM&FBOVESPA exige da companhia a

assinatura de um contrato entre a Bolsa de Valores de São Paulo e a outra parte,

representada pelos administradores e o acionista controlador. Este contrato

representa o compromisso firmado do cumprimento dos requisitos deste segmento.

As empresas listadas em 2008 neste segmento, objeto desta investigação, são as

estabelecidas no Apêndice A.

Quanto ao Nível 2, para uma empresa ingressar neste nível de governança

corporativa precisa cumprir com os requisitos do Nível 1 apresentados anteriormente

e atender as demais obrigações que serão agora expressas: (BM&FBOVESPA,

2010c).

• Precisa elaborar as demonstrações econômico-financeiras de acordo com

as normas internacionais de contabilidade vigente.

• Precisa ter em seu conselho de administração 05 (cinco) membros e

mandato unificado de 01(um) até 02(dois) anos, permitido o direito a participação

em reeleição. Os conselheiros independentes fazem parte com um mínimo de

20% (vinte por cento) dos membros do próprio conselho;

• Quando houver a venda da empresa, ou mesmo, a venda do controle

acionário, os acionistas ordinários poderão ter a oportunidade de participar da

oferta de compra, e também tem o direito de pagar o mesmo valor acordado pela

negociação realizada na venda do controle da empresa. Já os acionistas

preferenciais, podem pagar até 20% (vinte por cento) menos do valor acordado, ou

seja, mais barato do que o acionista ordinário;

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• Os detentores de ações preferências não têm direito a voto, mas se houver

casos com alta relevância corporativa, desde que por força de disposição legal ou

estatutária, sejam deliberados em assembléia geral, como: transformação da

sociedade, incorporação de novos empreendimentos, fusão de empresas ou cisão

da companhia; quando houver aprovações de contratos entre a companhia e

empresas do mesmo grupo, onde podem afetar o resultado das empresas e

impactar em variações para os demais acionistas;

• A empresa se compromete a realizar a oferta pública de aquisição das

ações em circulação, independente de espécie ou classe, pelo valor econômico,

em casos em que for realizado o fechamento do capital ou cancelamento do

registro de negociação neste nível;

• As empresas precisam aderir à Câmara de Arbitragem do Mercado, com a

finalidade de resolver possíveis conflitos legais, societários das relações

acionistas-conselhos-direção.

Apresentam-se, no Apêndice B, as empresas listadas neste segmento

referente ao ano de 2008.

O último nível de governança corporativa é o Novo Mercado. Trata-se de

um dos níveis mais exigentes para se fazer parte de um grupo seleto da governança

corporativa e um dos principais fatores que norteou a criação foi devido à falta

de proteção ao acionista minoritário. A empresa que tem interesse em ingressar

nesse nível, precisa ter cumprido todas as exigências dos Níveis 1 e 2, dessa

forma, o nível de informação solicitado é maior, proporcionando aos investidores

um maior nível de elementos que explique e justifique o seu aporte em

determinada empresa. Em outras palavras, o agente investidor obtém mais

segurança das suas operações e maior transparência dos demonstrativos contábeis,

bem como o uso de informações assimétricas.

Nesse segmento de mercado, são acrescidos mais alguns requisitos para

adesão ao novo mercado, são os seguintes:

• Todos os acionistas têm que ter direito a voto, para isso ser possível torna-

se necessário que a empresa tenha e emita exclusivamente ações ordinárias. O

que favorece e amplia o direito dos acionistas que passam a ter condição de se

manifestarem frente aos demais investidores, expressando também suas ideias

perante a alta administração.

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• Se a empresa de capital aberto resolver vender o seu controle acionário,

todos os acionistas terão o mesmo direito para participar da oferta de compra,

proporcionando direitos igualitários ao novo grupo controlador.

O Novo Mercado abriu espaço para a negociação de ações de empresas

que adotem boas práticas de governança corporativa; forneçam total transparência

às suas demonstrações financeiras e atos da administração; e proporcionem

liquidez e dispersão de ações no mercado (CVM, 2010b).

A empresa de capital aberto, participante do Novo Mercado, tem como

obrigações adicionais (BM&FBOVESPA, 2010c):

• Extensão para todos os acionistas das mesmas condições obtidas pelos

controladores quando da venda do controle da companhia (tag along).

• Realização de uma oferta pública de aquisição de todas as ações em

circulação, no mínimo, pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento do

capital ou cancelamento do registro de negociação no Novo Mercado.

• Conselho de Administração com mínimo de 5 (cinco) membros e

mandato unificado de até 2 (dois) anos, permitida a reeleição. No mínimo, 20%

(vinte por cento) dos membros deverão ser conselheiros independentes.

• Melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações

Trimestrais (ITRs) – documento que é enviado pelas companhias listadas à CVM

e à Bovespa, disponibilizado ao público e que contém demonstrações financeiras

trimestrais – entre outras: demonstrações financeiras consolidadas e a

demonstração dos fluxos de caixa.

• Melhoria nas informações relativas a cada exercício social, adicionando às

Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFPs) – documento que é enviado

pelas companhias listadas à CVM e à Bovespa, disponibilizado ao público e que

contém demonstrações financeiras anuais – entre outras, a demonstração dos

fluxos de caixa.

• Divulgação de demonstrações financeiras de acordo com padrões

internacionais IFRS ou US GAAP.

• Melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações Anuais

(IANs) – documento que é enviado pelas companhias listadas à CVM e à Bovespa,

disponibilizado ao público e que contém informações corporativas – entre outras: a

quantidade e características dos valores mobiliários de emissão da companhia

detidos pelos grupos de acionistas controladores, membros do Conselho de

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Administração, diretores e membros do Conselho Fiscal, bem como a evolução

dessas posições.

• Realização de reuniões públicas com analistas e investidores, ao menos

uma vez por ano.

• Apresentação de um calendário anual, do qual conste a programação dos

eventos corporativos, tais como assembléias, divulgação de resultados, etc.

• Divulgação dos termos dos contratos firmados entre a companhia e partes

relacionadas.

• Divulgação, em bases mensais, das negociações de valores mobiliários e

derivativos de emissão da companhia por parte dos acionistas controladores.

• Manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações, representando

25% (vinte e cinco por cento) do capital social da companhia.

• Quando da realização de distribuições públicas de ações, adoção de

mecanismos que favoreçam a dispersão do capital.

• Adesão à Câmara de Arbitragem do Mercado para resolução de conflitos

societários.

No Apêndice C estão constantes as empresas listadas no Nível Novo

Mercado em 2008. No Apêndice D consta um quadro resumo das características

das empresas conforme o nível de governança corporativa no ano de 2011.

2.1.4 Sustentabilidade Ambiental Empresarial

Nos últimos anos, o planeta tem presenciado transformações climáticas

que geram catástrofes antes não imaginadas. O aquecimento global que provoca

alagamentos, terremotos, longos períodos de seca e de chuvas, é instigado pela

relação nociva do homem (e das organizações que ele criou) com a natureza. A

emissão de gazes poluentes, os danos provocados em rios nos arredores da

organização e o desenvolvimento de produtos cuja embalagem ou processo

produtivo que comprometem o meio ambiente estão sendo substituídas por atitudes

ecologicamente corretas por parte de diversas corporações.

Veiga (2005) comenta que são imensos os obstáculos que precisariam ser

ultrapassados para que a ciência econômica venha a dar conta da problemática

ambiental, isto é, a questão dos “limites naturais”. A cada ano existem acidentes

decorrentes de causas naturais do ambiente, onde a explicação para tais

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acontecimentos ainda são fatores subjetivos e de difícil prevenção. E mesmo

assim, ainda acontecem desastres causados pelo homem, causando destruições ao

meio ambiente e afetando drasticamente a sociedade.

Tais atitudes corretas sob a perspectiva ambiental ocorrem quer em função

da conscientização da função social que a organização exerce, quer seja decorrente

da imagem positiva aos potenciais clientes para manutenção e incremento de

relações comerciais. O comportamento ambiental sustentável encontra valor na

sociedade, e aos poucos vem substituindo ações motivadas unicamente pela

busca incessante do lucro, principalmente nos países altamente consumidores ou

países em desenvolvimento que visam o progresso econômico (SILVA; QUELHAS,

2006).

Silva e Quelhas (2006, p. 386) revelam que “De acordo com os dados do

Social Investment Forum´s 24 January 2006 Trends Reports, investimentos em

empresas com responsabilidade social cresceram 258% desde 1995”. Os mesmos

autores comentam que em 2006, pesquisa da Mercer Investment Consulting afirma

que “de todos os investimentos do Reino Unido cerca de 47% são investimentos

comprometidos com o Environmental, Social and Governance Analysis (ESG)”. Os

investimentos ambientais em mecanismos de sustentabilidade comprovadamente

contribuem para a melhoria no desempenho das organizações, conduzindo a

retornos anormais (WRIGHT, 2006, apud SILVA; QUELHAS, 2006).

No Brasil, esta associação entre elementos de sustentabilidade e rentabilidade

incentivam as organizações a participarem do ISE – Índice de Sustentabilidade

Empresarial. Este indicador foi criado em 2005 pela BM&FBOVESPA para evidenciar

empresas que possuem práticas de sustentabilidade ambiental e responsabilidade

social comprovadas. Investidores que valorizam tais práticas tendem a aplicar seus

recursos nestas organizações, e seu efeito multiplicador gera melhoria de

performance das companhias.

Neste tópico serão discutidos os conceitos de sustentabilidade e o Índice

de Sustentabilidade Empresarial – ISE, que evidencia empresas que possuem

práticas comprovadas de sustentabilidade.

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41

2.1.4.1 Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE

O conceito de sustentabilidade ainda é um conceito polemico. Embora

inicialmente utilizado no Relatório Brundtland (BRUNDTLAND, 1991). Neste relatório

o modelo de Desenvolvimento Sustentável é definido como: “Modelo de

desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a

possibilidade das gerações futuras em atenderem suas próprias necessidades”.

Baumgartner e Ebner (2010) realizaram investigação que buscou caracterizar

a relação entre estratégias de sustentabilidade corporativa, estratégias competitivas

corporativas e mecanismos de sustentabilidade. Os autores identificaram que “os

níveis de maturidade das estratégias de sustentabilidade corporativas e sua relação

com as estratégias competitivas colaboram no processo de planejamento

estratégico e em sua condução no caso de desenvolvimento de uma

sustentabilidade corporativa”. (p.88).

Veiga (2005) afirma que o conceito passou de substantivo para a categoria

de adjetivos. A partir da incorporação e das inúmeras definições que lhe são

designadas, perde-se o rigor conceitual de uma definição adequada.

A despeito da definição de sustentabilidade vários trabalhos buscam

relacionar indicadores de preocupação das empresas com a sustentabilidade e

sem associação com os vários aspectos da gestão e do desempenho.

A partir da definição de desenvolvimento sustentável pelo Relatório

Brundtland (BRUNDTLAND, 1991), que será o modelo adotado, pode-se perceber

que tal conceito deve abranger além do impacto da atividade econômica no meio

ambiente.

Visualmente, pode ser observada na Figura 4.

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42

Fonte: (Autor 2012)

As perguntas apresentadas na Figura 4 são explicativas, poi s auxiliam na

interpretação dos dados em investigação (LAKATOS; MARCONI, 1991). Sendo

assim, as perguntas a serem respondidas pela presente investigação são as

seguintes:

•O Índice de Sustentabilidade Empresarial é fator redutor do risco das ações

que compõem a BM&FBOVESPA, durante a crise de 2008?

•O Nível de Governança Corporativa é fator redutor do risco das ações que

compõem a BM&FBOVESPA, durante a crise de 2008?

•O Índice de Sustentabilidade Empresarial e o Nível de Governança

Corporativa são, conjuntamente, fatores redutores do risco das ações que compõem

a BM&FBOVESPA, durante a crise de 2008?

Desenvolvimento sustentável se refere principalmente às consequências na

sociedade da relação da qualidade de vida e do bem-estar da sociedade, tanto

impactando o presente e principalmente quanto o futuro. A aplicação do conceito à

realidade requer, no entanto, uma série de medidas tanto por parte do poder

público como da iniciativa privada, assim como exige um consenso internacional.

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43

Segundo o Relatório Brundtland (BRUNDTLAND, 1991) uma série de

medidas deve ser tomada pelos Estados nacionais:

a) limitação do crescimento populacional;

b) garantia de alimentação em longo prazo;

c) preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;

d) diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias que

admitem o uso de fontes energéticas renováveis;

e) aumento da produção industrial nos países não-industrializados à base de

tecnologias ecologicamente adaptadas;

f) controle da urbanização selvagem e integração entre campo e cidades

menores;

g) as necessidades básicas devem ser satisfeitas.

No nível internacional, as metas propostas pelo Relatório são as seguintes: a)

as organizações do desenvolvimento devem adotar a estratégia de

desenvolvimento sustentável;

b) a comunidade internacional deve proteger os ecossistemas supranacionais

como a Antártica, os oceanos, o espaço;

c) guerras devem ser banidas;

d) a ONU deve implantar um programa de desenvolvimento sustentável.

A temática, sustentabilidade, tem sido abordada por diversas pesquisas

(SILVA; QUELHAS, 2006; CORRÊA, 2009; ONO, 2010, por exemplo). Silva e

Quelhas (2006) buscaram identificar, por meio de pesquisa empírica, se mecanismos

de sustentabilidade influenciam no custo do capital próprio de empresas de capital

aberto no Brasil que pertencem ao ISE. Concluíram que existe tal associação,

pois seus resultados “confirmaram que ao adotarem as práticas de

sustentabilidade existe uma redução do risco sistemático” (p.393).

Corrêa (2009), em sua dissertação de mestrado, relatou a existência de

pesquisas com resultados contraditórios quanto à influência do disclosure ambiental

das empresas sobre seu desempenho. Sua investigação baseou-se na análise

desta relação em função de duas abordagens teóricas (Teoria da Divulgação

Voluntária e Teoria da Legitimidade). O autor analisou 55 grupos empresariais

componentes do Ibovespa, e sua pesquisa indicou “a existência de uma relação

positiva entre o desempenho ambiental e o nível de divulgação ambiental das

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44

empresas” (CORRÊA, 2009, p.7), evidenciando a Teoria da Divulgação como

potencial explicação para esta relação.

A pesquisa de Ono (2010), referente à sua dissertação de mestrado, buscou

analisar os relatórios de sustentabilidade de empresas brasileiras visando identificar

informações relacionadas à contabilidade da gestão ambiental. A autora revelou que

as 56 empresas analisadas apresentaram 475 informações ambientais, sendo sua

maioria referente a emissões, efluente e resíduo.

Guidry e Patten (2010) realizaram uma pesquisa baseada em econometria

na busca de identificar se os participantes do mercado percebem valor na escolha

corporativa de começar a publicar relatórios de sustentabilidade. Os resultados

apontaram que “na média não há reação significativa do mercado (...). Contudo,

em análises cross-sectional, foi encontrado que companhias com uma maior

qualidade de divulgação exibem reações de mercado mais positivas que companhias

que possuem menor qualidade de reporte” (p.33).

O ISE foi criado em 2005 pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade

(GVces), da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação

Getúlio Vargas (FGV-EAESP). A premissa fundamental para seu desenvolvimento foi

de destacar empresas com características diferenciadas de sustentabilidade em

suas diversas dimensões, permitindo aos investidores a opção de aplicar seus

recursos em organizações detentoras de tais práticas.

A metodologia para identificar empresas com características sustentáveis

baseia-se em um questionário, que em 2010 foi revisado por especialistas

pertencentes ao Conselho Deliberativo do ISE- CISE e do Centro de Estudos em

Sustentabilidade (BM&FBOVESPA, 2010d). Esta revisão ocorreu diante da

necessidade de “aprofundamento do tema de engajamento com partes interessadas,

a adequação das questões de governança corporativa à luz das instruções CVM

480 e 481 e a introdução de uma nova dimensão, Mudanças Climáticas”

(BM&FBOVESPA, 2010d, p.2).

O questionário contempla 6 dimensões (geral, natureza do produto,

governança corporativa, social, econômico-financeira e mudanças climáticas). Na

dimensão geral, são analisados os compromissos da organização (fundamental e

voluntário), o alinhamento com tais compromissos (consistência dos compromissos,

política de engajamento com partes interessadas e remuneração), transparências e

mecanismos de combate à corrupção.

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45

Na dimensão 2, natureza do produto, evidenciam-se os impactos pessoais

do uso do produto (riscos para o consumidor ou terceiros), impactos difusos do

uso do produto (riscos difusos e observância do princípio da precaução) e

cumprimento legal (informações que são prestadas ao consumidor e monitoramento

de sanções judiciais ou administrativas).

A terceira dimensão, governança corporativa, revela os seguintes aspectos

referentes à organização: estrutura de propriedade (mecanismos de proteção aos

minoritários, transparência e cumprimento legal), conselho de administração (sua

estrutura e dinâmica), aspectos relacionados à qualidade da gestão, auditoria e

fiscalização (mecanismos de accountability) e conduta e conflito de interesses.

A dimensão 4, econômico-financeira, abrange questões políticas

(planejamento estratégico, ativos intangíveis e defesa da concorrência),

características de gestão (riscos e oportunidades corporativos, crises e plano de

contingência, ativos intangíveis, gestão do desempenho, defesa da concorrência),

desempenho (análise das demonstrações financeiras, lucro econômico e equilíbrio

do crescimento) e cumprimento legal.

A dimensão social é a quinta de seis dimensões no questionário do ISE. Os

critérios referem-se à política (compromisso com princípios e direitos fundamentais

nas relações de trabalho, participação em políticas públicas, respeito à privacidade,

uso da informação e marketing), gestão (aplicação dos compromissos com

princípios e direitos fundamentais nas relações de trabalho, relação com a

comunidade, fornecedores, clientes e consumidores), desempenho (diversidade e

equidade, contratação de trabalhadores terceirizados, gestão de fornecedores e

resolução de demandas de clientes) e cumprimento legal (indicadores de público

interno, clientes e consumidores e a sociedade em geral).

A última dimensão, criada em 2010, contempla as mudanças climáticas. Os

indicadores observados são política (compromisso, abrangência e divulgação),

gestão (responsabilidade ambiental, planejamento/gestão de riscos e oportunidades,

inventário de emissões, sistema de gestão e diálogo com partes interessadas),

desempenho (resultados) e reporting (divulgação).

As empresas que compunham a Carteira ISE em 2008 são as apresentadas

no Apêndice E, conforme setor de atuação (BM&FBOVESPA, 2010d).

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46

2.2 CRISE FINANCEIRA DE 2008

Devido à interligação das economias em função das rápidas tecnologias,

comunicações facilitadas e ausência de barreiras alfandegárias, a exposição de

um país a um fenômeno de desaceleração econômico-financeira de outro país

aumentou potencialmente. Os capitais tornaram-se mais voláteis e com a interligação

de sistemas financeiros internacionais a fuga de investidores é presenciada com

frequência em cenários de crise (PINHEIRO, 2008).

As crises são reveladas quando o sistema financeiro de uma nação sofre

de ausência de liquidez. Conforme explicita Pinheiro (2008, p.99),

“uma crise financeira é uma forte e rápida perda de riqueza e substância social, política e institucional em uma economia, manifestada pelo colapso dos preços dos ativos, recessão e desemprego, gerando ameaça à estabilidade da moeda e do sistema bancário”.

No segundo semestre de 2008, mais precisamente entre agosto e outubro, o

mercado brasileiro sofreu os efeitos da crise financeira norte-americana de

hipotecas subprime, cuja bolha imobiliária especulativa abalou as finanças

internacionais como um todo (PRATES; FARHI, 2009). O ano de 2008 demonstrou

resultados de desaceleração da economia em função do fenômeno. Mazzucchelli

(2008, p.58) destaca que “De acordo com a Federação Mundial das Bolsas de

Valores, a desvalorização da riqueza acionária global somou US$ 29,5 trilhões entre

outubro de 2007 e outubro de 2008.”

As causas da crise de 2008 podem ser, de alguma forma, comparáveis à

crise de 1929. De acordo com Mazzucchelli (2008, p.61),

No final da década de 1920 e início da de 1930, era ainda limitado o grau de regulação e controle exercido pelas autoridades monetárias sobre o conjunto dos sistemas financeiros. Nos Estados Unidos — o epicentro do terremoto de 1929-1933 — era destacada a proliferação de bancos de pequeno e médio porte, muitos deles fora da área de supervisão do Federal Reserve. Ao mesmo tempo, a inexistência de um “muro de contenção” entre os bancos comerciais e os bancos de investimento permitiu que os primeiros se envolvessem em operações de alto risco, comprometendo de modo temerário os recursos dos depositantes (fenômeno que voltaria a se repetir em 2007-2008).

O desequilíbrio financeiro internacional, que impactou no Brasil devido à

abertura econômica, provocou efeitos sobre as empresas. Portanto, é relevante

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47

compreender a origem desta crise, bem como o comportamento do mercado de

ações brasileiro no período de sua manifestação.

2.2.1 Origem da Crise Financeira de 2008

Entre 2003 e primeiro semestre de 2008, a economia global foi caracterizada

por intensa expansão, caracterizada por inflação baixa e elevado crescimento. Os

países denominados de BRIC- Brasil, Rússia, Índia e China eram responsáveis por

grande parte da renda mundial e principalmente a China era vista como o grande

mercado produtor e os Estados Unidos, o potencial mercado consumidor (PRATES;

CUNHA, 2009).

Segundo as mesmas autoras, com a redução das taxas básicas de juros,

houve um incentivo à expansão imobiliária, culminando em uma bolha especulativa.

Com impostos de empresas e pessoas físicas de maior renda sendo reduzidos,

provocou-se um aumento de consumo dos indivíduos, expandindo seus gastos e

consequentemente do país norte-americano, com o incremento de seu

endividamento público e privado. Ao contrário do que se podia imaginar, a crise

não teve sua origem nos países em desenvolvimento, mas sim nos Estados Unidos,

que contagiou os países desenvolvidos (PRATES; CUNHA, 2009).

Prates e Fahri (2009) identificaram duas fases distintas da crise financeira

de 2008. A primeira fase compreende o período de julho de 2007 a junho de

2008, cujos elementos indicadores de crise eram desvalorização do dólar

em relação às demais moedas, e o aumento de preços das commodities no

mercado internacional. A segunda fase iniciou-se após o período de agosto de

2008, assinalando um momento de recessão mundial com perspectivas futuras de

continuidade. Observou-se que a relação dólar e commodities apresentada na

segunda fase foi contrária à primeira, ou seja, houve a valorização do dólar e

desvalorização dos preços das commodities.

As mesmas autoras afirmaram que:

A partir de agosto, no entanto, o acirramento da crise financeira, que assumiu dimensões sistêmicas após a falência do Lehman Brothers, provocou forte aumento da aversão aos riscos. Nesse contexto, os ativos

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0

e a moeda brasileira tornaram-se importantes alvos do movimento de desalavancagem global e de fuga para a qualidade dos investidores. De agosto a fim de outubro de 2008, a desvalorização dos ativos e da taxa de câmbio do real foi tão rápida e intensa que se tornou comparável à sofrida pelas outras economias emergentes em dezesseis meses, ou seja, desde o início da crise. (PRATES; FAHRI, 2009, p.1-2).

Sobre o potencial preditivo dos acadêmicos e profissionais a respeito da

crise, Bezemer (2010, p. 686) realizou uma investigação explicitando visões opostas,

manifestadas por análises macroeconômicas e modelos contábeis. Explorou a

estrutura dos modelos contábeis, contrastando-a com os modelos usados nos

bancos centrais e na economia americana. O autor finaliza suas reflexões

fazendo alusão a uma nova área de investigação, que deve ser pauta de

pesquisas cada vez mais frequentes, em que “o campo da macroeconomia e o

acesso e previsão da estabilidade macrofinanceira, parece ser o escopo de uma

contabilidade da economia”.

2.2.2 Mercado de Ações Brasileiro na Crise Financeira de 2008

Observa-se, na Figura 2, o comportamento do Índice Ibovespa no período

de 2008 a 2010. Constata-se que tal indicador apresenta recuperações no

período posterior à crise financeira. Contudo, conforme se pode verificar na Figura

3, este indicador apresentou uma curva descendente de abril a dezembro de

2008, cuja desvalorização pode ter indícios de motivação pelos efeitos da crise

financeira norte-americana.

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50

Como visto a crise causou uma série de situações que são as tratadas neste

estudo e que certamente serão as objetos de uma série de discussões inerentes ao

tema. No próximo capítulo trataremos dos procedimentos metodológicos.

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51

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesta seção são descritos os procedimentos metodológicos da pesquisa,

demonstrando como ela foi realizada, sua classificação, o desenho e perguntas de

pesquisa, construtos e definições operacionais das variáveis envolvidas na análise e

o tratamento estatístico para análise dos dados da investigação.

3.1 TIPIFICAÇÃO DA PESQUISA

Segundo Cooper e Schindler (2003), a presente investigação envolve

procedimentos formais devido à existência de uma questão de pesquisa previamente

formulada. Categoriza-se como um estudo ex post facto devido ao pesquisador

coletar dados secundários previamente prontos para investigação, não tendo sob

seu poder a produção de efeitos nas variáveis em estudo.

Quanto aos procedimentos, realizou-se uma desk research. Martins e

Theóphilo (2007) comentam que a desk research se assemelha à pesquisa

bibliográfica, porém não levanta material editado, como livros, periódicos, entre

outros. A pesquisa documental busca material que não foi editado, como cartas,

memorandos, relatórios de empresas, avaliações. Assim, esta pesquisa se enquadra

como documental porque se utilizou dados extraídos da base da Economática

referente aos períodos objeto do estudo.

Quanto ao objeto de análise, a pesquisa é explicativa, pois há poucos

estudos relacionados ao tema. Além disso, emprega aspectos de descrição e

associação, devido à busca do pesquisador na descrição das variáveis em estudo e

também na correlação entre elas. Trata-se de um estudo estatístico, buscando a

amplitude da investigação, cuja abordagem do problema é quantitativa.

Com relação à dimensão de tempo, o estudo é longitudinal, tendo como

corte de análise o período da crise de 2008. Este período foi determinado, para

efeito de averiguação neste estudo, como sendo o mês de setembro de 2008 o

início do impacto no mercado interno brasileiro, considerado o período durante a

crise do dia 03/09/2008 a 05/11/2008, que, segundo Boschi (2010) foi o momento

em que se observou a transferência dos efeitos da Crise Financeira de 2008 dos

Estados Unidos para o Brasil.

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3.2 DESENHO E PERGUNTAS DA PESQUISA

A questão de pesquisa que o estudo tem a pretensão de responder é a

seguinte: O Índice de Sustentabilidade Empresarial e o Nível de Governança

Corporativa constituíram, individual ou conjuntamente, fatores de diferenciação de

risco das ações das empresas listadas na BM&FBOVESPA durante a Crise de

2008?

CONSTRUTOS E DEFINIÇÕES OPERACIONAIS

Os construtos da presente investigação podem ser definidos conforme segue:

1) Crise Financeira de 2008 – momento em que a Crise do Subprime dos

Estados Unidos afeta o Brasil, em Setembro de 2008;

2) Sustentabilidade Empresarial práticas de sustentabilidade

determinadas pelo fato de a companhia estar listada no Índice de Sustentabilidade

Empresarial (ISE);

3) Nível de Governança Corporativa – adoção de mecanismos de

governança corporativa evidenciados pela pertença aos níveis diferenciados de

governança corporativa no Brasil (Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado);

4) Risco das Ações – variabilidade (variação no preço) das ações das

companhias brasileiras no período em análise.

3.4 DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Inicialmente, foram investigadas as empresa listadas na BM&FBOVESPA

em 2008. Destas empresas, foram pesquisadas quais eram listadas nos níveis

diferenciados de governança corporativa (Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado) e

quais eram listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial(ISE), separando as

empresas em 9 grupos:

Grupos de 1 a 5: referentes aos níveis de governança corporativa:

Grupo 1: Empresas listadas no Nível 1 de governança corporativa;

Grupo 2: Empresas listadas no Nível 2 de governança corporativa;

Grupo 3: Empresas listadas no Novo Mercado de governança

corporativa;

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Grupo 4: Empresas Sem Nível de governança corporativa;

Grupo 5: Empresas listadas nos níveis diferenciados de governança

corporativa;

Grupos 6 e 7: referentes ao critério de sustentabilidade:

Grupo 6: Empresas listadas no ISE;

Grupo 7: Empresas não listadas no ISE;

Grupos 8 e 9: referentes à apresentação simultânea de grau diferenciado

de sustentabilidade e governança corporativa:

Grupo 8: Empresas listadas no ISE e nos níveis de governança

corporativa simultaneamente;

Grupo 9: Empresas que não estão listadas no ISE e nos níveis de

governança corporativa simultaneamente.

Os valores possíveis assumidos pelas empresas em cada construto/variável

em análise são estabelecidos no Quadro 2.

Fonte: (Autor 2012)

Logo após, foi realizada coleta de dados no software Economática, referente

ao preço das ações (preferenciais e ordinárias) destas empresas de 30/06/2008 a

05/11/2008. Considera-se o período de 30/06/2008 a 02/09/2008 antes da crise

(AC), e de 03/09/2008 a 05/11/2008 como durante a crise (C). De posse destes

dados, foi realizada análise gráfica das evoluções dos preços das ações dos 9

grupos.

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3.5 TRATAMENTO ESTATÍSTICO PARA ANÁLISE DOS DADOS

Para o presente estudo, realizaram-se análises gráficas atreladas à análise

da medida de dispersão variância. As análises gráficas são fundamentais para

identificar o comportamento do preço das ações ao longo do tempo, verificando

variações que poderiam ser significativas no período em investigação.

Medidas de dispersão, segundo Martins (2002, p.52) “são medidas estatísticas

utilizadas para avaliar o grau de variabilidade, ou dispersão, dos valores em torno

da média. Servem para medir a representatividade da média”. Para medir a

dispersão dos dados comparando-se à média, é necessário identificar os desvios de

cada valor com relação à média. Ainda conforme Martins (2002, p. 53), “a variância,

S2, de uma amostra de n medidas é igual à soma dos quadrados dos desvios, ∑di2,

dividida por (n-1)”.

Segundo Fonseca e Martins (1996, p.33), “quando o coeficiente de variação

for menor ou igual a 10% tem-se pequena variabilidade, quando for maior que

10% e menor ou igual a 20%, tem-se média variabilidade e acima de 20% tem-se

grande variabilidade.” Alguns analistas consideram:

Baixa dispersão: V ≤ 15%

Média dispersão: 15% < V < 30%

Alta dispersão: V ≥ 30%

Graficamente, no presente estudo foi analisado o gráfico Box Plot. Segundo

Bruni (2007, p.24), o autor inventor desse diagrama foi o matemático e químico

Prof. John Wilder Tukey, que com seus estudos estatísticos de problemas

verdadeiros e dados reais possibilitou o desenvolvimento desse instrumento simples

e bastante aplicado na análise exploratória de dados.

Originariamente, este gráfico é chamado de Box-and-Whisker Plot (diagrama

caixa e bigode); Box representando a “caixa” do gráfico e whisker (bigode)

representando as linhas laterais, apresentado na Figura 5.

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Segundo Levine (2005, p.118), “Um box-plot fornece uma representação

gráfica dos dados, com base no resumo de cinco números”, representados por:

uma mediana (segundo quartil); primeiro e terceiro quartil, e os pontos mínimos e

máximos.

A linha vertical desenhada dentro da caixa (box) representa a mediana, que é

uma medida de posição, pois demonstra o valor central dentre uma série de outros

valores (ou quantidades), organizada por ordem de grandeza e separando em dois

grupos de mesma quantidade abaixo ou acima do valor central. A linha vertical ao

lado esquerdo da caixa representa a localização de Q1 (primeiro quartil), e a linha

vertical ao lado direito da caixa representa a localização de Q3 (terceiro quartil).

Portanto, a caixa contém os 50% centrais das observações na distribuição.

Os 25% dos dados inferiores estão representados por uma linha (um bigode

ou whisker) ligando o lado esquerdo da caixa à localização do menor valor. De

forma similar, os 25% dos dados superiores estão representados por uma linha,

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56

que liga o lado direito da caixa ao maior valor. Desta forma, é possível visualizar

não só a mediana, como a dispersão e a assimetria dos dados.

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este tópico é dedicado à análise dos resultados da pesquisa. Primeiramente,

são apresentados os dados de forma descritiva. Em seguida, são analisadas as

perguntas de pesquisa com base nas inferências realizadas.

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS

Após a coleta dos dados foi realizada a tabulação e construção das tabelas e

gráficos para facilitar a análise dos resultados. Para isso ser possível utilizou-se de

métodos estatísticos que serão apresentados no decorrer dos tópicos.

No primeiro processamento dos dados, levou-se em consideração que

haviam 397 empresas listadas no BM&FBOVESPA, e que destas empresas

correspondiam-se a 661 ações ativas, sendo parte delas ações preferenciais e

ações ordinárias. Numa análise visual da amostra, observou-se que havia empresas

com pouca participação nos pregões e com intervalos de negociação distanciados

do normal; desta forma, buscou-se selecionar as empresas que participavam de, no

mínimo, 30 pregões antes da crise de 2008 e também participavam de, no mínimo,

30 pregões durante a crise.

Tomando por base o mínimo de 30 pregões, o período considerado antes

da crise foi de 30/06/2008 a 02/09/2008; enquanto o período considerado durante a

crise foi de 03/09/2008 a 05/11/2008. Sendo assim, foram trabalhados os dados com

as ações que participavam com um máximo de 46 pregões, relacionados antes da

crise e durante a crise.

No primeiro tratamento dos dados, devido à participação no número mínimo

de pregões, houve uma redução de ações de 661 ações para 330 ações que se

enquadraram no número mínimo e máximo de participação nos pregões dentro do

período analisado. Todas as ações foram extraídas das empresas listadas no

BM&FBOVESPA e como um dos objetivos é identificar as que aderiram ao Índice de

Sustentabilidade Empresarial – ISE, separou-se as empresas através da Figura 6

apresentada a seguir:

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57

Figura 6: Quantidade de Ações Com e Sem ISE

Fonte: O autor (2011)

Do total de 330 ações preferenciais e ordinárias, em torno de 88%, ou seja,

291 eram ações de empresas que não participavam do ISE (SISE – Sem ISE) em

2008, restando aproximadamente 12% de ações de empresas que tinham sido

aprovadas no ISE (CISE – Com ISE) no mesmo ano e que estão abaixo

relacionadas, conforme o Quadro 3.

Quadro 3: Empresas que pertenciam ao ISE em 2008, separadas por Nível de Governança Corporativa

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58

Fonte: site da BM&FBovespa (adaptado pelo autor)

Quadro 3: Empresas que pertenciam ao ISE em 2008, separadas por Nível de Governança Corporativa (continuação)

Fonte: site da BM&FBovespa (adaptado pelo autor)

Do total de 330 ações encontradas, foi realizada a separação das ações por

níveis de governança corporativa e sem governança corporativa, gerando a

Tabela 3, ilustrando a amostra inicial de como se apresenta até o momento do

estudo. Cabe ressaltar que as 32 empresas geraram 39 ações, considerando que

algumas possuíam 2 ou 3 ações (ordinárias, preferenciais A e preferenciais B) e

algumas não foi possível ter acesso aos dados.

Fonte: (autor 2012)

As empresas que participavam do ISE em 2008 totalizaram 39 ações

distribuídas de acordo com o Quadro 3. Em relação às demais empresas, percebe-

se que houve um maior número de companhias que não participavam do ISE tanto

nos níveis diferenciados de governança corporativa, como nas empresas sem

governança corporativa. Desta forma, optou-se em ordenar por intervalo de

classes para selecionar a nova amostra. Como o nível 2 apresentou, no seu

conjunto, um total baixo de ações, não houve necessidade de reduzir a amostra;

sendo assim, as tabelas foram apresentadas da seguinte forma (Tabelas 4 a 7,

respectivamente).

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59

Fonte: o autor (2012)

A Tabela 4 de distribuição de frequência sintetiza e organiza uma coleta de

dados referente ao Nível 1 de governança corporativa. Mostra a distribuição de

ações por classe e nota-se um maior número de ações localizado na última

classe, chegando a 81% de representatividade.

Fonte: o autor (2012)

Na Tabela 5 de distribuição referente ao Nível 2 de governança corporativa,

manteve-se representativa a última classe do intervalo, correspondendo

aproximadamente a 87% de representatividade, em comparação com as demais

que equivaleram a 13% de participação inferior a 81 pregões.

Fonte: o autor (2012)

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60

Na Tabela 6 manteve-se representativo o último intervalo, equivalente a

91% das ações que tinham participado em mais de 80 pregões.

Fonte: o autor (2012)

A Tabela 7 teve uma distribuição de participação nos pregões mais frequente

em todos os intervalos de classe, mas manteve a maior concentração de ações na

última classe, totalizando os 50,33% em relação aos demais intervalos. Observa-se

que as Tabelas 04, 05 e 06, respectivamente, obtiveram um número concentrado

de participação nos pregões de ações no intervalo entre 81 e 92 pregões, motivo

que levou a elaborar uma nova tabela (Tabela 8), demonstrando a nova composição

da amostra referente ao período antes e durante a crise.

Fonte: o autor (2012)

A Tabela 8 apresenta o número de ações que serão trabalhadas na amostra,

levando a uma melhor visualização na Figura 7, onde são separados os níveis de

governança corporativa versus o índice de sustentabilidade empresarial.

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61

Fonte: o autor (2012)

Na Figura 7 é possível observar que as empresas sem governança

corporativa apresentam menos de 10% de participação no ISE. Esse percentual

aumenta à medida que as empresas aderem aos níveis de governança corporativa e

principalmente tem seu maior percentual de participação quando estão

classificadas no Nível 1 de governança corporativa. Pode-se dizer que à medida

que se aumenta o grau de governança corporativa, a empresa torna-se mais apta

a participar do ISE.

4.2 RESPOSTAS ÀS PERGUNTAS DE PESQUISA

Primeiramente, de posse da planilha de dados que contemplava o volume

de negociações e valor das ações, separados em 2 grupos (com ISE e sem ISE),

considerando-se o nível de governança corporativa ou a sua ausência, processou-se

a média, variância, desvio padrão e coeficiente de variação da amostra,

conforme as Tabelas 09 e 10, respectivamente.

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62

Fonte: o autor (2012)

Fonte: o autor (2012)

4.2.1 Análise do Desvio padrão

Com os dados apurados nas Tabelas 09 e 10 foi possível transcrever os

resultados para a Tabela 11, que será utilizada para se proceder a análise do

coeficiente de variação, e consequentemente a inferência com relação às perguntas

formuladas. Visando facilitar a análise, optou-se por resgatá-las a seguir:

• O Índice de Sustentabilidade Empresarial é fator redutor do risco das ações

que compõem a BM&FBOVESPA, durante a Crise de 2008?

• O Nível de governança corporativa é fator redutor do risco das ações que

compõem a BM&FBOVESPA, durante a Crise de 2008?

• O Índice de Sustentabilidade empresarial e o nível de governança

corporativa são fatores redutores do risco das ações que compõem a

BM&FBOVESPA, durante a Crise de 2008?

A Tabela 11 a seguir apresenta os dados do desvio padrão das empresas

em análise antes e durante a crise, separados em conformidade com o Índice de

Sustentabilidade Empresarial (com ISE/ sem ISE) e o nível de governança

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63

corporativa (NM, N2, N1 e SG, representando Novo Mercado, Nível 2, Nível 1 e

Sem Governança, respectivamente).

Fonte: o autor (2012)

4.2.1.1 Período Antes da Crise

Analisando o Índice de Sustentabilidade Empresarial, observa-se que as

empresas sem ISE apresentaram menos tendência ao risco antes da crise, com

um desvio padrão de 1,380, se comparadas com as empresas que estavam

participando do ISE que apresentaram um pouco mais de risco, equivalente a

1,515. Pode-se inferir que, no período antes da crise o ISE não pode ser considerado

como um fator redutor do risco das ações que compõem a BM&FBOVESPA.

Quanto ao nível de governança corporativa, não representa um diferencial

no tangente ao risco no período. As empresas pertencentes aos níveis de

governança corporativa apresentaram desvio padrão superior (Novo Mercado:

1,326, Nível 1: 1,920 e Nível 2: 1,845), enquanto que as não pertencentes aos

níveis diferenciados de governança corporativa apresentaram menor risco (0,888).

Ao considerar os fatores Índice de Sustentabilidade Empresarial e governança

corporativa, se analisados conjuntamente, percebe-se que houve diferença

significativa nos níveis de risco, apresentados pelo desvio padrão. As empresas

com ISE e com governança corporativa apresentaram desvio padrão baixo (NM

com ISE: 0,837, N1 com ISE: 1,297; e N2 com ISE: 1,249), e as empresas sem

governança corporativa, mas com ISE apresentavam um maior risco e superior às

demais, equivalente a 3,558. Neste sentido, ao se analisar o período antes da

crise, observa-se que as conclusões a respeito das respostas encontradas são as

estabelecidas no Quadro 4.

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64

Fonte: o autor (2012)

4.2.1.2 Período Durante a Crise

Considerando o período durante a crise, ao analisar o Índice de

Sustentabilidade Empresarial (Tabela 11), verifica-se que as empresas sem ISE

apresentaram menos tendência ao risco, com um desvio padrão de 1,188, se

comparadas com as empresas que estavam participando do ISE que apresentaram

maior risco, equivalente a 3,258. Observa-se que, no período durante a crise, o ISE

não pode ser considerado como um fator redutor do risco das ações que compõem

a BM&FBOVESPA.

Quanto aos mecanismos de governança corporativa, as empresas não

apresentaram um diferencial no tangente ao risco no período. As empresas

pertencentes aos níveis de governança corporativa apresentaram desvio padrão

superior (Novo Mercado: 2,008, Nível 1: 3,073 e Nível 2: 2,666), enquanto que as

não pertencentes aos níveis diferenciados de governança corporativa apresentaram

menor risco (1,032).

Ao considerar os fatores Índice de Sustentabilidade Empresarial e governança

corporativa, constatou-se que conjuntamente houve diferença significativa nos níveis

risco apresentados pelo desvio padrão. As empresas com ISE e com governança

corporativa apresentaram desvio padrão baixo (NM com ISE: 2,199, N1 com ISE:

2,806; e N2 com ISE: 1,259), e as empresas sem governança corporativa mas

com ISE apresentavam um maior risco e superior às demais, equivalente a 4,558.

Nesse sentido, ao se analisar o período durante a crise, observa-se que as

conclusões a respeito das respostas às questões de pesquisa são as

estabelecidas no Quadro 5, que corroboram as evidências apresentadas no Quadro

4 no período antes da crise.

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65

Fonte: o autor (2012)

4.2.1.3 Comparação período antes e durante a crise

Em relação à Tabela 11, e referente às empresas com ISE, observa-se que a

variabilidade foi maior para estas empresas (1,515 e 3,258) do que as que não

pertenciam ao ISE (1,380 e 1,188). Portanto, a crise pareceu ter afetado mais as

empresas com ISE do que sem ISE.

Quanto ao nível de governança corporativa, observa-se que as ações de

empresas sem governança (0,888 e 1,032) tiveram uma menor variabilidade com

relação às pertencentes ao Nível 1 (1,920 e 3,073), Nível 2 (1,845 e 2,666) e

Novo Mercado (1,326 e 2,008). Neste caso, também a crise parece ter afetado

mais a variabilidade das ações das empresas com nível de governança corporativa.

Ao considerar os fatores Índice de Sustentabilidade Empresarial e governança

corporativa, constatou-se que conjuntamente todas as empresas tiveram

variabilidade nos períodos analisados, sendo que a menor variabilidade

apresentada ocorreu no Nível 2 e com ISE (1,249 e 1,259). Resumindo, em

relação à Tabela 15, pode-se observar que há uma variabilidade no período antes

da crise se comparado durante a crise de 2008, considerando-se todos os níveis

de governança corporativa e na ausência de governança corporativa. Se for feita

uma análise no conjunto, é apresentada uma pequena variabilidade inversamente

se comparada com os níveis, mas que pode-se justificar pelo alto número de

empresas sem governança corporativa presentes na amostra.

Para facilitar a compreensão, será apresentada a Tabela 12 onde são

calculados por meio da análise evolutiva, tomando a base como sendo antes da

crise e assim auferir o complemento da análise anterior.

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66

Fonte: o autor (2012)

Considerando que o Índice de Sustentabilidade Empresarial é o fator

diferencial, observando-se a Tabela 12 constata-se que as empresas sem ISE

apresentaram variação negativa no período em análise (100 e 86); contudo, as

empresas com ISE tiveram maior variabilidade (100 e 215), indicando uma resposta

positiva à questão de investigação, ou seja, o ISE não é um fator redutor do risco,

considerando a comparação do período antes e durante a crise.

Em relação aos níveis de governança corporativa na variabilidade das

ações, constata-se que não é fator redutor de risco. Verifica-se que as empresas

sem nível de governança apresentaram menor risco (100 e 116) do que as

empresas pertencentes a algum nível de governança. A variabilidade apresentada

pelos níveis de governança foi maior no período: Novo Mercado (100 e 151),

Nível 1 (100 e 160) e Nível 2 (100 e 144).

Em uma análise do efeito conjunto dos dois fatores, Índice de

Sustentabilidade Empresarial e governança corporativa em respeito à variabilidade

das ações, há indícios que o Nível 2 de governança corporativa e o ISE (100 e

101) podem ser fatores que cooperam para a redução do risco, em comparação

com as demais categorias (Novo Mercado/ISE: 100 e 263; Nível 1/ISE: 100 e

216; Sem Governança/ISE: 100 e 128).

Observa-se também que caso a empresa não seja pertencente ao ISE, o

nível de governança colabora para aumentar o risco das ações no período, sendo

que as empresas sem governança e sem ISE praticamente não apresentaram

variabilidade no período (100 e 97). Em resumo, comparando o Novo Mercado na

Tabela 16, visualiza-se que existe uma variabilidade de 45% durante a crise

para as empresas sem ISE (100 e 145) e duplica para as empresas com ISE (100

e 263). Em relação ao Nível 1 permanece a variabilidade, sendo mais acentuada

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67

para as empresas com ISE (100 e 216), duplicando nesse mesmo período. Em

relação ao Nível 2, apesar de haver mais da metade de variabilidade para as

empresas sem ISE (100 e 151), observa-se que a variabilidade foi menor para as

empresas que participavam do ISE (100 e 101). E por último, as empresas sem

governança corporativa quase não apresentaram variabilidade para as empresas

sem ISE (100 e 97) e já as que participavam do ISE apresentaram uma variabilidade

maior durante a crise de 28% (100 e 128).

Resumidamente, a análise das respostas às perguntas de pesquisa pode

ser apresentada conforme Quadro 6.

Fonte: o autor (2012)

A Tabela 13 demonstra o cálculo de uma análise comparativa, tomando

como base as ações das empresas que não participam do ISE para verificar se

isoladamente tiveram maior ou menor impacto, antes ou durante a crise.

Fonte: o autor (2012)

Ao retomar que o ISE é o fator diferencial, observando-se a Tabela 13

constata-se que as empresas sem ISE apresentaram maior risco no período em

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68

análise, com exceção durante a crise no Novo Mercado que alcançou 106%, e

também as empresas sem governança corporativa que tiveram o risco acentuado

para as empresas pertencentes ao ISE, sendo representados em 4562% e 5997%,

indicando que o risco não foi reduzido para esse segmento, ratificando a conclusão

anterior.

Analisando o efeito do nível de governança corporativa na variabilidade das

ações, tomando por base os valores constantes na Tabela 11, elaborou-se a

Tabela 14. Utilizou-se o nível Novo Mercado como base em função do maior rigor

de mecanismos de governança corporativa que, em tese, deveria ser traduzido em

menores níveis de variabilidade e de risco antes e durante a crise. Portanto, a

análise da percepção dos diferenciais de “crescimento” do risco seria facilitada.

Fonte: o autor (2012)

Em relação à Tabela 14, em que foi feito o cálculo de análise evolutiva dos

níveis, atribuindo o Novo Mercado como base para os demais, observou-se que as

empresas sem governança corporativa apresentaram variabilidade e propensão ao

risco bem inferior com relação às demais (antes da crise 67% e durante a crise

51%). O Nível 1 apresentou maior risco do que o Novo Mercado (145% antes da

crise e 153% durante a crise), sendo que o Nível 2 superou o risco do Novo

Mercado (139% antes da crise e 133% durante a crise). Sendo assim, observa-se

que a governança corporativa não pode reduzir o risco diante da crise, também

confirmando a análise anterior.

Observa-se que, conjuntamente, todas as empresas tiveram variabilidade

nos períodos analisados, sendo que o grupo de menor risco apresentado ocorreu

no nível 2 e com ISE (57%, durante a crise). Pode-se constatar que antes da crise

há um risco menor das empresas com ISE e com governança corporativa (149% e

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69

155%) se comparado com as empresas sem governança corporativa e com ISE

(425%), confirmando que conjuntamente são fatores redutores de risco. A mesma

observação se realiza quando se observa durante a crise, demonstrando um

maior risco para as empresas que não apresentavam nível de governança

corporativa (207%), indicando uma resposta positiva à terceira pergunta.

Finalizando, foi elaborado o Quadro 7 contendo o resumo das relações

depreendidas da pesquisa. As coincidências estão sombreadas.

Fonte: o autor (2012)

4.2.2 Análise do Coeficiente de Variação

A Tabela 15 a seguir apresenta os dados do coeficiente de variação das

empresas em análise antes e durante a crise, separados em conformidade com o

Índice de Sustentabilidade Empresarial (com ISE/ sem ISE) e o nível de governança

corporativa (NM, N2, N1 e SG, representando Novo Mercado, Nível 2, Nível 1 e Sem

Governança, respectivamente).

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70

Fonte: o autor (2012)

4.2.2.1 Período antes da crise

Analisando o Índice de Sustentabilidade Empresarial, observa-se que as

empresas sem ISE apresentaram maior variabilidade antes da crise, com um

coeficiente de variação de 0,587 que, conforme Fonseca e Martins (1996), é

considerado alta dispersão. Contudo, as empresas que apresentaram ISE possuíam

baixa dispersão (0,059); desta forma, no período antes da crise o Índice de

Sustentabilidade Empresarial pode ser considerado um fator redutor do risco das

ações que compõem a BM&FBOVESPA.

Quanto ao nível de governança corporativa, observou-se que é um diferencial

no tangente à variação no preço das ações no período antes da crise. As

empresas pertencentes aos níveis de governança corporativa apresentaram

coeficientes de variação com baixa dispersão (Novo Mercado: 0,099, Nível 1:

0,076 e Nível 2: 0,111), enquanto que as não pertencentes aos níveis diferenciados

de governança corporativa apresentaram alta dispersão (0,623).

Ao considerar os fatores sustentabilidade e governança corporativa,

constatou-se que conjuntamente tanto as empresas com ISE e governança

corporativa apresentaram coeficientes de variação com baixa dispersão (NM com

ISE: 0,044, N1 com ISE: 0,062; N2 com ISE: 0,059 e SGC com ISE: 0,106). Neste

sentido, ao se analisar o período antes da crise, observa-se que as conclusões a

respeito das perguntas são as estabelecidas no Quadro 8.

Fonte: o autor (2012)

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71

4.2.2.2 Período durante a crise

Ainda com relação à Tabela 15, pode-se constatar que no período durante a

crise o Índice de Sustentabilidade Empresarial pode ser considerado um fator

redutor do risco, pois as empresas que constituíam o ISE na ocasião apresentaram

média dispersão em suas ações (0,162), inferior às empresas sem ISE (0,552).

Quanto à presença de mecanismos de governança corporativa, estes podem

reduzir o risco, evidenciados pelos coeficientes de variação apresentados com

média dispersão nos níveis Novo Mercado (0,2042), Nível 1 (0,159), Nível 2

(0,217), se comparados à alta dispersão das empresas sem nível de governança

(0,633).

Os dois fatores, Índice de Sustentabilidade Empresarial e governança

corporativa, conjuntamente, pareceram ser redutores de risco somente para

empresas dos níveis Novo Mercado (0,138) e Nível 2 (0,076), que apresentaram

baixa dispersão. As empresas do Nível 1 (0,180) apresentaram média dispersão,

tal qual as empresas sem nível de governança, mas com ISE (0,174). As conclusões

das relações depreendidas no período durante a crise podem ser observadas no

Quadro 9.

Fonte: o autor (2012)

4.2.2.3 Comparação do período antes e durante a crise

Ainda citando a Tabela 15, com relação às empresas com ISE, observa-se

que a variabilidade foi maior para estas empresas (0,059 e 0,162) do que as que

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não pertenciam ao ISE (0,587 e 0,552). Portanto, a crise pareceu ter afetado mais as

empresas com ISE do que as sem ISE.

Quanto ao nível de governança corporativa, observa-se que as ações de

empresas sem governança (0,623 e 0,633) tiveram uma menor variabilidade com

relação às pertencentes ao Nível 1 (0,076 e 0,159), Nível 2 (0,111 e 0,217) e

Novo Mercado (0,099 e 0,2042). Neste caso, também há indícios de que a crise

afetou predominantemente a variabilidade das ações das empresas com nível de

governança corporativa.

Observa-se ainda que, conjuntamente, todas as empresas tiveram

variabilidade nos períodos analisados, sendo que a menor variabilidade apresentada

ocorreu no Nível 2 e com ISE (0,059 e 0,076). Resumindo, em relação à Tabela

15, pode-se observar que há uma variabilidade no período antes da crise se

comparado durante a crise de 2008, considerando-se todos os níveis de

governança corporativa e na ausência de governança corporativa. Se for feita uma

análise no conjunto, é apresentada uma pequena variabilidade inversamente (antes

0,516 e durante 0,498) se comparado com os níveis, mas que se pode justificar

pelo alto número de empresas sem governança corporativa presentes na amostra.

Para facilitar a compreensão, será apresentada a Tabela 16, onde são

calculados por meio da análise evolutiva, tomando a base como sendo antes da

crise e assim auferir o complemento da análise anterior.

Fonte: o autor (2012)

Retomando a primeira pergunta, em que o Índice de Sustentabilidade

Empresarial é o fator diferencial, observando-se a Tabela 16 constata-se que as

empresas sem ISE apresentaram menor variabilidade no período em análise (100 e

94); contudo, as empresas com ISE tiveram maior variabilidade (100 e 275), ou

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73

seja, o ISE não é um fator redutor do risco, considerando a comparação de

período sem crise versus com crise.

Analisando o efeito do nível de governança corporativa na variabilidade das

ações, constata-se que as empresas sem nível de governança apresentaram

menor variabilidade (100 e 102) do que as empresas pertencentes a algum nível

de governança. A variabilidade apresentada pelos níveis de governança dobrou

no período: Novo Mercado (100 e 206), Nível 1 (100 e 209) e Nível 2 (100 e 195).

Em relação à análise do efeito conjunto dos dois fatores, Índice de

Sustentabilidade Empresarial e governança corporativa em respeito à variabilidade

das ações, há indícios que o Nível 2 de governança corporativa e o ISE (100 e 129)

podem ser fatores que cooperam para a redução da variabilidade, em comparação

com as demais categorias (Novo Mercado/ISE: 100 e 314; Nível 1/ISE: 100 e 290;

Sem Governança/ISE: 100 e 164).

Ainda com relação ao conjunto dos dois fatores, observa-se que caso a

empresa não seja pertencente ao ISE, o nível de governança colabora para

aumentar a variabilidade das ações no período, sendo que as empresas sem

governança e sem ISE praticamente não apresentaram variabilidade no período

(100 e 101). Em resumo, comparando o Novo Mercado na Tabela 16, visualiza-se

que existe uma variabilidade que se dobra durante a crise para as empresas sem

ISE (100 e 210) e triplica para as empresas com ISE (100 e 314).

Em relação ao Nível 1 permanece a variabilidade, sendo mais acentuada

para as empresas com ISE (100 e 290), quase que triplicando nesse mesmo

período. Em relação ao Nível 2, apesar de haver o dobro de variabilidade para as

empresas sem ISE (100 e 202), observa-se que a variabilidade foi menor para as

empresas que participavam do ISE (100 e 129). E por último, as empresas sem

governança corporativa quase não apresentaram variabilidade para as empresas

sem ISE (100 e 101) e já as que participavam do ISE apresentaram uma

variabilidade maior durante a crise de 64% (100 e 164).

Resumidamente, a análise das respostas pode ser apresentada conforme

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74

Fonte: o autor (2012)

Em relação ao Quadro 10, em função da análise evolutiva ter sido realizada

isoladamente, é importante que sejam levadas em consideração outras análises

para ter uma maior sustentação na relação apresentada. Em outras palavras, se

comparado com a Tabela 15, nota-se que a maior dispersão e risco ocorreram nas

ações que não participavam do ISE (0,587 e 0,552) e também para as ações sem

governança corporativa (0,693 e 0,698).

A Tabela 17 demonstra o cálculo de uma análise comparativa, tomando

como base as ações das empresas que não participam do ISE para verificar se

isoladamente tiveram maior ou menor impacto, antes ou durante a crise. Retomando

que a Índice de Sustentabilidade Empresarial é o fator diferencial, observando-se

a Tabela 17, constata-se que as empresas sem ISE apresentaram maior

variabilidade no período em análise, com exceção durante a crise no Nível 1 que

alcançou 120%, sendo 20% a maior variabilidade, enquanto que os demais

apresentaram variação menor (37, 55, 71, 47, 30, 15, 25,10 e 29), indicando que o

Índice de Sustentabilidade Empresarial é fator que reduz o risco.

Fonte: o autor (2012)

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75

Analisando o efeito do nível de governança corporativa na variabilidade das

ações, tomando por base os valores constantes na Tabela 15, elaborou-se a

Tabela 18. Utilizou-se o nível Novo Mercado como base em função do maior rigor

de mecanismos de governança corporativa que, em tese, deveria ser traduzido em

menores níveis de variabilidade antes e durante a crise. Portanto, a análise da

percepção dos diferenciais de “crescimento” do risco seria facilitada.

Fonte: o autor (2012)

Em relação à Tabela 18, em que foi feito o cálculo de análise evolutiva dos

níveis, atribuindo o Novo Mercado como base para os demais, observou-se que

as empresas sem governança corporativa apresentaram variabilidade bem superior

com relação às demais (antes da crise 629% e durante a crise 310%). O Nível 1

apresentou menor variabilidade do que o Novo Mercado (77% antes da crise e

78% durante a crise), sendo que o Nível 2 superou a variabilidade do Novo Mercado

(112% antes da crise e 106% durante a crise). Sendo assim, os níveis de

governança corporativa apresentaram uma redução do risco diante da crise, se

comparados com a alta variabilidade das empresas sem governança corporativa,

confirmando também a análise anterior.

Observa-se que, conjuntamente, todas as empresas tiveram variabilidade

nos períodos analisados, sendo que a menor variabilidade apresentada ocorreu

no Nível 2 e com ISE (55%, durante a crise). Pode-se constatar que antes da

crise há uma variabilidade menor das empresas com ISE e com governança

corporativa (134% e 141%) se comparadas às empresas sem governança

corporativa e com ISE (241%), oferecendo uma resposta negativa à terceira

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76

T

pergunta. Contudo, durante a crise o Nível 1 (130%) apresenta pouca variabilidade

acima do que as empresas sem governança corporativa (126%), mas em relação

aos demais níveis, o índice é menor para o Novo Mercado e para o Nível 2,

havendo indícios de confirmação de que tanto o ISE como os níveis de governança

corporativa são fatores redutores do risco.

Finalizando, foi elaborado o Quadro 11 contendo o resumo das relações

depreendidas da pesquisa. As coincidências estão sombreadas.

Fonte: o autor (2012)

A seguir são apresentadas análises realizadas a partir do gráfico box plot,

visando ampliar o horizonte de análise da investigação em questão.

4.2.3 Análise Exploratória a partir do gráfico Box-Whisker

Por meio do uso do software SPSS 13, foi possível processar os dados e

gerar gráficos para obter uma melhor visualização do impacto da crise de 2008 no

mercado financeiro, mais especificamente na BM&FBovespa. Optou-se em utilizar o

Box plot para demonstrar as devidas variações antes e durante a crise (Figura 8).

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77

Fonte: o autor (2012) Fonte: o autor (2012)

A Figura 8 apresenta uma queda de valor das ações do Nível 2 no período

de crise e uma variabilidade maior distante da mediana.

Com relação às empresas sem governança corporativa (Figura 9), houve

um aumento do valor das ações, com certa variabilidade, mas que apresentou-se

menor ao comparar com o Nível 2 durante a crise.

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Mercado Fonte: o autor (2012)

Fonte: o autor (2012)

A Figura 10 apresenta uma queda no valor das ações ponderadas do

Novo Mercado, aumentando a distância da mediana durante a crise e uma maior

variabilidade.

A Figura 11 demonstrou uma redução na cotação média ponderada das

ações do Nível 1 e visualmente apresenta um aumento da variabilidade durante a

crise.

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79

Fonte: o autor (2012) crise

Fonte: o autor (2012)

A Figura 12 apresenta de forma relativa um maior valor das ações

ponderadas para as empresas que participavam do ISE antes da crise, e as

empresas sem ISE demonstraram um menor valor das ações.

A Figura 13 apresenta a comparação das empresas com e sem ISE durante

a crise e nota-se um aumento da variabilidade nas duas ocasiões se comparado

com a Figura 12. Houve uma maior redução no valor das ações das empresas

com ISE devido ao impacto da crise, diferentemente das empresas sem ISE que

tiveram seus valores relativamente constantes.

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80

Fonte: o autor (2012)

A Figura 14 apresenta uma representação gráfica de todas medianas no

período antes da crise das empresas participantes dos níveis diferenciados de

governança corporativa, sendo que a de maior valor da ação foi de Nível 1, e as

que apresentaram menos variabilidade foram as empresas sem governança

corporativa.

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Fonte: o autor (2012)

Comparando-se a Figura 15 com a Figura 14, é possível visualizar que

todos os segmentos aumentaram sua variabilidade em relação à mediana durante a

crise, e que todas as empresas com governança corporativa tiveram decréscimo no

valor das ações. O que surpreendeu foi que as empresas sem governança

corporativa tiveram pouca variabilidade e mesmo durante a crise obtiveram um

leve aumento do valor das ações, visto de forma conjunta com todas as ações

selecionadas na amostra.

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Fonte: o autor (2012)

Figura 16 apresenta todas as empresas antes da crise e demonstra que no

seu conjunto, ainda tiveram uma leve recuperação do valor das ações se

comparadas durante a crise, apresentando um pouco de variabilidade, mas que

de certa forma foi alavancada pelo grande número de ações sem governança

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83

corporativa na análise.

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

A seguir estão estabelecidas as conclusões, as limitações do estudo, bem

como as recomendações para futuras investigações.

5.1 CONCLUSÕES

No decorrer desta pesquisa, percebeu-se que o tema apresenta carência

de documentos de referência, pois existem poucas obras que falam a respeito do

assunto no meio acadêmico e profissional, relacionando a movimentação dos

mercados de capitais e a crise financeira de 2008.

O referencial teórico foi formulado para oferecer subsídios ao assunto tratado,

abordando conceitos relacionados ao mercado de capitais, ao Índice de

Sustentabilidade Empresarial, à Governança Corporativa e aos fatores que

contribuíram para o desencadeamento da crise financeira dos Estados Unidos em

2008.

O objetivo geral desta pesquisa é verificar se a apresentação do Índice de

Sustentabilidade Empresarial (ISE) e/ou níveis diferenciados de governança

corporativa são fatores de diferenciação do risco das ações das empresas brasileiras

de capital aberto negociadas na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São

Paulo - BMF&BOVESPA, durante o período da crise financeira de 2008.

O primeiro objetivo específico era o de verificar se as empresas participantes

do ISE apresentaram risco diferenciado das demais empresas da

BM&FBOVESPA no período analisado. Considera-se que esse objetivo foi cumprido,

na medida em que se verificou diferença de variabilidade entre as ações de

empresas com ISE e sem ISE.

O segundo objetivo específico tratou de verificar se as empresas registradas

nos níveis de governança corporativa apresentaram risco diferenciado das demais

empresas da BM&FBOVESPA no período analisado. Considera-se que esse

objetivo foi cumprido, pois observou-se diferença de variabilidade das empresas

pertencentes aos níveis diferenciados de governança corporativa com relação às

que não possuem tais mecanismos.

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O terceiro objetivo específico era verificar se as empresas participantes do

ISE e dos Níveis 1, 2 e Novo Mercado de governança corporativa apresentaram

risco diferenciado das demais empresas da BM&FBOVESPA no período analisado.

Considera-se que esse objetivo foi alcançado, pois apresentou resultado diferente

dos objetivos específicos anteriores.

Observou-se, no estudo, fora do período crise, que o resultado das análises

do desvio padrão e coeficiente de variação referente ao Índice de Sustentabilidade

Empresarial e a Governança Corporativa não podem ser considerados fatores os

quais, isoladamente, constituem um diferencial referente ao risco no período.

Contudo, conjuntamente, essa relação não pode ser observada, pois se

percebe que houve diferença significativa nos níveis de risco apresentados pelo

desvio padrão. Sendo que as empresas sem governança corporativa, mas

participantes do ISE, apresentavam um maior risco do que as com governança

corporativa.

Observou-se que, pela análise do coeficiente de variação, antes da crise,

considerado-se conjuntamente o Índice de Sustentabilidade Empresarial e os níveis

diferenciados de governança corporativa, não houve praticamente diferença nos

segmentos analisados, pois as ações das empresas sem governança corporativa

mantiveram-se com baixa dispersão.

Quando se verificou o período de crise financeira de 2008, objetivo principal

da presente investigação constatou-se que o resultado do desvio padrão referente

ao Índice de Sustentabilidade Empresarial e à governança corporativa não podem

ser considerados fatores que, isoladamente, constituem um diferencial no que se

refere ao risco no período, pois as empresas que não participavam deste

segmento tiveram menos propensão ao risco.

Em sentido oposto, contudo, observou-se, no estudo, que, considerado

durante a crise, o resultado do coeficiente de variação referente ao Índice de

Sustentabilidade Empresarial demonstrou média dispersão, enquanto as não

participantes desse segmento apresentaram alta dispersão. Esse fato pode significar

que os investidores percebem características semelhantes às empresas

pertencentes a esses agrupamentos, refletidas nos comportamentos dos preços

das ações mais ajustados à média. O mesmo acontece para os níveis de

governança corporativa.

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85

Durante a crise, notou-se que as ações das empresas com ISE e os NDGC,

simultaneamente, apresentaram desvio padrão baixo, ou seja, apresentaram níveis

de risco mais baixo para as empresas desses setores. Ao realizar a análise do

coeficiente de variação, notou-se que apenas os grupos pertencentes ao Novo

Mercado e Nível 2 (conjuntamente com o ISE) obtiveram menos dispersão.

Ao se fazer a análise comparativa, antes e durante a crise, notou-se que a

variabilidade foi maior para as empresas com ISE e com governança corporativa,

denotando um impacto maior na variabilidade das ações das empresas,

consequentemente afetando com mais intensidade esses níveis diferenciados.

Realizada uma comparação entre a variabilidade observada antes e durante

a crise, constatou-se que somente as ações do grupo pertencente ao Nível 2 de

governança corporativa e que estavam listadas no Índice de Sustentabilidade

Empresarial (Eletropaulo e Suzano Petroquímica) apresentaram menor risco na

amostra analisada.

A métrica com maior representatividade utilizada foi o coeficiente de variação

para demonstrar a variabilidade da cotação dos preços. Nesse sentido, observou-

se que em época de crise financeira envolvendo os mercados nacionais e

internacionais, as previsões nem sempre são fáceis de serem alcançadas,

dificultando a realização de uma análise absoluta, motivo pelo qual esta pesquisa

deve ser vista na sua forma relativa.

Cabe ressaltar que a análise desenvolvida não considerou variáveis

importantes para a formação do preço das ações das empresas, como o segmento

de atuação, os indicadores financeiros e de desempenho, o controle

governamental ou privado, entre outras, que poderiam apresentar reflexos sobre a

variabilidade.

Nesse contexto, pode-se afirmar que os resultados da pesquisa atingiram

os objetivos propostos, sendo que o presente estudo contribuiu para o rol de

investigações da crise financeira de 2008.

5.2 LIMITAÇOES DO ESTUDO

O trabalho realizado visa ilustrar parcialmente alguns itens relacionados ao

volume e à cotação das ações, mediante uma série histórica, a qual deve ser

analisado na sua forma relativa. Além disso, houve outros fatores limitadores da

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86

pesquisa, como por exemplo: o período investigado e os meios estatísticos

utilizados no trabalho.

5.3 RECOMENDAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Recomenda-se que futuros estudos possam ampliar a base de dados da

pesquisa, com períodos maiores de investigação antes da crise de 2008, ou

mesmo com o emprego de outras técnicas estatísticas que possam aprofundar os

resultados obtidos. Sugere-se que futuras investigações abordem a relação volume

flutuante do total investido versus aplicações de longo prazo versus indicadores de

desempenho das empresas, bem como a concentração do volume versus negócios

versus flutuação versus índices de performance empresarial.

Recomenda-se que outros trabalhos adotem segmentação complementar à

utilizada, especialmente no que se refere ao ramo de negócio, para que se possa

explicar adequadamente o fato de as empresas que aderiram aos níveis de

governança corporativa apresentaram ações com menor variabilidade.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – EMPRESAS CORRESPONDENTES AO NÍVEL 1 – 2008

Qtd. Razão Social Nome de Pregão

1 SAO PAULO ALPARGATAS S.A. ALPARGATAS

2 ARACRUZ CELULOSE S.A. ARACRUZ

3 BCO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL S.A. BANRISUL

4 BCO INDUSTRIAL E COMERCIAL S.A. BICBANCO

5 BCO BRADESCO S.A. BRADESCO

6 BRADESPAR S.A. BRADESPAR

7 BRASIL TELECOM PARTICIPAÇÕES S.A. BRASIL T PAR

8 BRASIL TELECOM S.A. BRASIL TELEC

9 BRASKEM S.A. BRASKEM

10 CIA FIACAO TECIDOS CEDRO CACHOEIRA CEDRO

11 CIA ENERGETICA DE MINAS GERAIS - CEMIG CEMIG

12 CESP - CIA ENERGETICA DE SAO PAULO CESP

13 CONFAB INDUSTRIAL S.A. CONFAB

14 CIA PARANAENSE DE ENERGIA - COPEL COPEL

15 BANCO CRUZEIRO DO SUL S.A. CRUZEIRO SUL

16 BANCO DAYCOVAL S.A. DAYCOVAL

17 DURATEX S.A. DURATEX

18 CENTRAIS ELET BRAS S.A. - ELETROBRAS ELETROBRAS

19 FRAS-LE S.A. FRAS-LE

20 GERDAU S.A. GERDAU

21 METALURGICA GERDAU S.A. GERDAU MET

22 BANCO INDUSVAL S.A. INDUSVAL

23 ITAU UNIBANCO HOLDING S.A. ITAUUNIBANCO

24 ITAUSA INVESTIMENTOS ITAU S.A. ITAUSA

25 KLABIN S.A. KLABIN S/A

26 MANGELS INDUSTRIAL S.A. MANGELS INDL

27 CIA BRASILEIRA DE DISTRIBUICAO P.ACUCAR-CBD

28 BCO PANAMERICANO S.A. PANAMERICANO

29 PARANA BCO S.A. PARANA

30 PARANAPANEMA S.A. PARANAPANEM

A 31 BCO PINE S.A. PINE

32 RANDON S.A. IMPLEMENTOS E PARTICIPACOES RANDON PART

33 SADIA S.A. SADIA S/A

34 BANCO SOFISA S.A. SOFISA

35 SUZANO PAPEL E CELULOSE S.A. SUZANO PAPEL

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94

APÊNDICE A – CONTINUAÇÃO DE EMPRESAS DO NÍVEL 1 – 2008

APÊNDICE B – EMPRESAS CORRESPONDENTES AO NÍVEL 2 – 2008

Qtd. Razão Social Nome de Pregão

36 TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELETRICA TRAN PAULIST

37 ULTRAPAR PARTICIPACOES S.A. ULTRAPAR

38 UNIBANCO UNIÃO DE BANCOS

BRASILEIROS S.A.

UNIBANCO

39 UNIBANCO HOLDINGS S.A. UNIBANCO HLD

40 UNIPAR PARTICIPAÇÕES S.A. UNIPAR

41 USINAS SID DE MINAS GERAIS S.A.-

USIMINAS

USIMINAS

42 VOTORANTIM CELULOSE E PAPEL S.A. V C P

43 VALE S.A. VALE

44 VIGOR S.A. VIGOR

Qtd. Razão Social Nome de Pregão

1 BCO ABC BRASIL S.A. ABC BRASIL

2 ALL AMERICA LATINA LOGISTICA S.A. ALL AMER LAT

3 ANHANGUERA EDUCACIONAL

PARTICIPACOES S.A

ANHANGUERA

4 CENTRAIS ELET DE SANTA CATARINA S.A. CELESC

5 ELETROPAULO METROP. ELET. SAO PAULO

S.A.

ELETROPAULO

6 ESTACIO PARTICIPAÇÕES S.A. ESTACIO PART

7 GOL LINHAS AEREAS INTELIGENTES S.A. GOL

8 KROTON EDUCACIONAL S.A. KROTON

9 MARCOPOLO S.A. MARCOPOLO

10 MULTIPLAN - EMPREEND IMOBILIARIOS S.A. MULTIPLAN

11 NET SERVICOS DE COMUNICACAO S.A. NET

12 SANTOS BRASIL PARTICIPACOES S.A. SANTOS BRP

13 SARAIVA S.A. LIVREIROS EDITORES SARAIVA LIVR

14 PEARSON SISTEMAS DO BRASIL S.A. SEB

15 SUL AMERICA S.A. SUL AMERICA

16 SUZANO PETROQUIMICA S.A. SUZANO PETR

17 TAM S.A. TAM S/A

18 TRANSMISSORA ALIANÇA DE ENERGIA

ELÉTRICA S.A.

TERNA PART

19 UNIVERSO ONLINE S.A. UOL

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95

APÊNDICE C – EMPRESAS CORRESPONDENTES AO NOVO MERCADO -

2008

Qtd. RAZÃO SOCIAL NOME DE

PREGÃO 1 ABYARA PLANEJAMENTO IMOBILIÁRIO S.A. AGRE EMPR

IMOB 2 AÇUCAR GUARANI S.A. GUARANI

3 AGRA EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS

S.A.

AGRA INCORP

4 AMERICAN BANKNOTE S.A. ABNOTE

5 AMIL PARTICIPAÇÕES S.A. AMIL

6 B2W COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO B2W VAREJO

7 BANCO DO BRASIL S.A. BRASIL

8 BANCO NOSSA CAIXA S.A. NOSSA CAIXA

9 BEMATECH INDÚSTRIA E COM. DE

EQUIP.ELETRÔNICOS S.A.

BEMATECH

10 BIOCOMBUSTÍVEIS E ÓLEOS VEGETAIS S.A.

11 BOLSA DE MERCADORIAS & FUTUROS

BM&F S.A.

BMFBOVESPA

12 BOVESPA HOLDING S.A. BOVESPA HLD

13 BRASCAN RESIDENTIAL PROPERTIES S.A. FIP BRASCAN

14 BRASILAGRO - CIA BRASILEIRA DE

PROPRIED. AGRÍCOLAS S.A.

BRASILAGRO

15 BRASIL BROKERS PARTICIPAÇÕES S.A. BR BROKERS

16 Brasil Ecodiesel Indústria e Comércio BR Malls

Participações S.A.

ECODIESEL

17 CAMARGO CORRÊA DESENVOLVIMENTO

IMOBILIÁRIO S.A.

CC DES IMOB

18 CIA. BRASILEIRA DE DESENVOLV.

IMOBILIÁRIO TURÍSTICO

19 CIA. HERING CIA HERING

20 COMPANHIA DE CONCESSÕES

RODOVIÁRIAS - CCR

CCR RODOVIAS

21 Companhia de Saneamento Básico do Estado

de SP - SABESP

SABESP

22 Companhia de Saneamento de Minas Gerais -

COPASA MG

COPASA

23 COMPANHIA PROVIDÊNCIA INDÚSTRIA E

COMÉRCIO

PROVIDENCIA

24 COMPANY S.A. COMPANY

25 CONSTRUTORA TENDA S.A. TENDA

26 COSAN S.A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO COSAN

27 CPFL ENERGIA S.A. CPFL ENERGIA

28 CR2 EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A. CR2

29 CREMER S.A. CREMER

30 CSU CARDSYSTEM S.A. CSU CARDSYST

31 Cyrela Brazil Realty S.A. Empreendimentos e

Participações

CYRELA REALT

32 Cyrela Commercial Properties S.A.

Empreendimentos e Participações

CYRE COM-CCP

33 DATASUL S.A. DATASUL

34 DIAGNÓSTICOS DA AMÉRICA S.A. (DASA) DASA

35 DROGASIL S.A. DROGASIL

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96

APÊNDICE C – CONTINUAÇÃO DE EMPRESAS NO NOVO MERCADO – 2008

Qtd. RAZÃO SOCIAL NOME DE PREGÃO

36 EMBRAER - EMPRESA BRASILEIRA DE

AERONÁUTICA S.A.

EMBRAER

37 EQUATORIAL ENERGIA S.A. EQUATORIAL

38 EDP - ENERGIAS DO BRASIL S.A. ENERGIAS BR

39 ETERNIT S.A. ETERNIT

40 EVEN CONSTRUTORA E INCORPORADORA

S.A.

EVEN

41 EZ TEC EMPREENDIMENTOS E

PARTICIPAÇÕES S.A.

EZTEC

42 FERTILIZANTES HERINGER S.A. FER HERINGER

43 GAFISA S.A. GAFISA

44 GENERAL SHOPPING BRASIL S.A. GENERALSHOP

P 45 GRENDENE S.A. GRENDENE

46 GVT (HOLDING) S.A. GVT HOLDING

47 HELBOR EMPREENDIMENTOS S.A. HELBOR

48 HYPERMARCAS S.A. HYPERMARCAS

49 IDEIASNET S.A. IDEIASNET

50 IGUATEMI EMPRESA DE SHOPPINGS

CENTERS S.A.

IGUATEMI

51 INDÚSTRIAS ROMI S.A. INDS ROMI

52 INPAR S.A. INPAR S/A

53 IOCHPE MAXION S.A. IOCHP-MAXION

54 JBS S.A. JBS

55 JHSF PARTICIPAÇÕES S.A. JHSF PART

56 KLABIN SEGALL S.A. KLABIN

57 LE LIS BLANC DEUX COM. E CONFECÇÕES

DE ROUPAS S.A.

LE LIS BLANC

58 LIGHT S.A. LIGHT S/A

59 LOCALIZA RENT A CAR S.A. LOCALIZA

60 LOG-IN LOGÍSTICA INTERMODAL S.A. LOG-IN

61 LOJAS RENNER S.A. LOJAS RENNER

62 LPS BRASIL - CONSULTORIA DE IMÓVEIS

S.A.

LOPES BRASIL

63 LUPATECH S.A. LUPATECH

64 MAGNESITA REFRATÁRIOS S.A. MAGNESITA SA

65 MARFRIG FRIGORÍFRICOS E COMÉRCIO DE

ALIMENTOS S.A.

MARFRIG

66 MARISA S.A. LOJAS MARISA

67 M. DIAS BRANCO S.A. M.DIASBRANCO

68 MEDIAL SAÚDE S.A. MEDIAL SAUDE

69 METALFRIO SOLUTIONS S.A. METALFRIO

70 MINERVA S.A. MINERVA

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97

APÊNDICE C – CONTINUAÇÃO DE EMPRESAS NO NOVO MERCADO – 2008

Qtd. RAZÃO SOCIAL NOME DE PREGÃO

71 MMX MINERAÇÃO E METÁLICOS S.A. MMX MINER

72 MPX ENERGIA S.A. MPX ENERGIA

73 MRV ENGENHARIA E PARTICIPAÇÕES S.A. MRV

74 NATURA COSMÉTICOS S.A. NATURA

75 OBRASCON HUARTE LAÍN BRASIL S.A. (OHL

BRASIL)

OHL BRASIL

76 ODONTOPREV S.A. ODONTOPREV

77 PDG REALTY S.A. EMPREENDIMENTOS E

PARTICIPAÇÕES

PDG REALT

78 PERDIGÃO S.A. PERDIGAO

79 PORTOBELLO S.A. PORTOBELLO

80 PORTO SEGURO S.A. PORTO

SEGURO 81 POSITIVO INFORMÁTICA S.A. POSITIVO INF

82 PROFARMA DISTRIBUIDORA DE PROD.

FARMACEÚTICOS S.A.

PROFARMA

83 REDECARD S.A. REDECARD

84 RENAR MAÇÃS S.A. RENAR

85 RODOBENS NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS S.A. RODOBENSIMO

B 86 ROSSI RESIDENCIAL S.A. ROSSI RESID

87 SÃO CARLOS EMPREENDIMENTOS E

PARTICIPAÇÕES S.A.

SAO CARLOS

88 SÃO MARTINHO S.A. SAO MARTINHO

89 SATIPEL INDUSTRIAL S.A. SATIPEL

90 SLC AGRÍCOLA S.A. SLC AGRICOLA

91 SPRINGS GLOBAL PARTICIPAÇÕES S.A. SPRINGS

92 TECNISA S.A. TECNISA

93 TEGMA GESTÃO LOGÍSTICA S.A. TEGMA

94 TEMPO PARTICIPAÇÕES S.A. TEMPO PART

95 TOTVS. S.A. TOTVS

96 TPI - TRIUNFO PARTICIPAÇÕES E

INVESTIMENTOS S.A.

TIVIT

97 TRACTEBEL ENERGIA S.A. TRACTEBEL

98 TRISUL S.A. TRISUL

99 WEG S.A. WEG

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98

APÊNDICE D – COMPARATIVO DOS SEGMENTOS NOVO MERCADO, NÍVEL 2,

NÍVEL 1 E TRADICIONAL DE GOVERNANÇA CORPORATIVA DO BM&FBOVESPA

em 2011

CARACTERÍSTICA

S

NOVO

MERCADO

NÍVEL 2 NÍVEL 1 TRADICIONAL

Percentual Mínimo de

Ações em Circulação (free

float)

No mínimo 25%

de free float

No mínimo

25% de free

float

No mínimo

25% de free

float

Não há regra

Características das Ações

Emitidas

Permite a

existência

somente de

ações ON

Permite a

existência de

ações ON

e PN

(com direitos

adicionais)

Permite

a existência

de

ações ON e

PN

Permite a existência

de ações ON e PN

Conselho de Administração Mínimo de cinco

membros, dos

quais pelo menos

20% devem ser

independentes

Mínimo de

cinco

membros, dos

quais

pelo menos

20% devem

ser

independentes

Mínimo

de três

membr

os (conforme

legislação)

Mínimo de três

membros(conforme

legislação) Demonstrações

Financeiras

Anuais em Padrão

Internacional

US GAAP ou

IFRS

US GAAP ou

IFRS

Facultativo Facultativo

Concessão de Tag Along 100% para ações

ON

100% para

ações ON

80% para

ações ON

(conforme

legislação)

80% para ações ON

(conforme legislação)

80% para

ações PN Adoção da Câmara de

Arbitragem do Mercado

Obrigatório Obrigatório Facultativo Facultativo

APÊNDICE E – EMPRESAS LISTADAS NO ISE EM 2008, CONFORME SETOR DE

ATUAÇÃO

Setor C

ódigo

Ação Tipo

Bens Indls / Máqs e Equips W

EGE

WEG ON

NM Bens Indls / Mat Transporte E

MBR3

EMBRAE

R

ON

NM M

YPK

Iochpe-

Maxion ON

NM Cons N Básico / Alimentos

Processados

S

DIA3

SADIA ON

N1 S

DIA4

SADIA PN

N1 P

RGA3

PERDIGA

O

ON

NM Cons N Cíclico / Pr Pessoal

Limp

N

ATU3

NATURA ON

NM Const e Transp / Constr e

Engenh

C

CRO3

CCR

Rodovias

ON

NM Consumo não Cíclico/Saúde D

ASA3

DASA ON

NM Financ e Outros / Interms

Financs

B

BDC3

BRADES

CO

ON

ED N1

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B

BDC4

BRADES

CO

PN

ED N1 B

BAS3

BRASIL ON

NM IT

SA4

ITAUSA PN

N1 IT

SA3

ITAUSA ON

N1 Mats Básicos / Madeira e Papel A

RCZ6

ARACRU

Z

PN

N1 FI

BR3

FIBRIA ON

NM S

UZB5

SUZANO

PAPEL

PNA

N1 Mats Básicos / Químicos B

RKM5

BRASKE

M

PNA

N1 S

ZPQ3

SUZANO

PETR

ON

N2 S

ZPQ4

SUZANO

PETR

PN

N2 Mats Básicos / Sid Metalurgia G

GBR3

GERDAU ON

N1 G

GBR4

GERDAU PN

N1 G

OAU4

GERDAU

MET

PN

N1 A

CER3

ACESITA ON

A

CER4

ACESITA PN