filosofia e Ética
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Disciplina
Filosofia e Ética
Coordenador da Disciplina
Prof.ª Elidihara Trigueiro Guimarães
Edição 2012.1
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores.
Créditos desta disciplina
Coordenação
Coordenador UAB Prof. Mauro Pequeno
Coordenador Adjunto UAB Prof. Henrique Pequeno
Coordenador do Curso Prof.ª Nancy Matias, MS.
Coordenador de Tutoria Prof.ª Paula Raquel Barbosa Sousa
Coordenador da Disciplina Prof.ª Elidihara Trigueiro Guimarães
Conteúdo
Autor da Disciplina Prof.ª Elidihara Trigueiro Guimarães
Co-autor Prof. Roncalli Silva Maranhão, MS.
Setor Tecnologias Digitais - STD
Coordenador do Setor Prof. Henrique Sergio Lima Pequeno
Centro de Produção I - (Material Didático)
Gerente: Nídia Maria Barone
Subgerente: Paulo André Lima
Transição Didática Elicélia Lima Gomes Karla Colares Fátima Silva e Souza José Adriano de Oliveira Rafaelli Monteiro
Formatação Allan Santos Camilo Cavalcante Elilia Rocha Emerson Oliveira José Almir José André Loureiro Tercio Carneiro da Rocha Publicação João Ciro Saraiva
Design, Impressão e 3D Andrei Bosco Eduardo Ferreira Fred Lima Iranilson Pereira Márllon Lima
Gerentes
Audiovisual: Jay Harriman
Desenvolvimento: Wellington Wagner Sarmento
Suporte: Paulo de Tarso Cavalcante
Sumário Aula 01: Filosofia na Administração: Um Primeiro Passo Rumo ao Pensamento Complexo ........... 01 Tópico 01: Um Convite à Filosofia Aplicada à Administração ............................................................. 01 Tópico 02: Contexto Histórico Geral .................................................................................................... 04 Tópico 03: Filosofia: O Berço do Pensamento Científico ..................................................................... 06 Tópico 04: Administração, Filosofia e Complexidade Organizacional ................................................. 09 Tópico 05: Por que aplicar uma visão filosófica na Administração? ..................................................... 14 Tópico 06: As funções da Administração sob o olhar da Filosofia ....................................................... 16 Aula 02: Pensar estratégico é saber filosofar ?? .................................................................................... 24 Tópico 01: Pensar ? Função gerencial? .................................................................................................. 24 Tópico 02: Filosofia Aplicada: Aliando Símbolos e Cultura Organizacional ....................................... 28 Aula 03: Valores Organizacionais e a Ética no Trabalho ..................................................................... 33 Tópico 01: Valores, princípios éticos e morais ...................................................................................... 33 Tópico 02: Prática gerencial e o Sofrimento moral no trabalho ............................................................ 37 Aula 04: Performance Gerencial Filosófica ............................................................................................ 41 Tópico 01: Um Convite à Filosofia Aplicada à Administração ............................................................. 41
TÓPICO 01: UM CONVITE À FILOSOFIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO
PALAVRA DA COORDENADORA DA DISCIPLINA DE FILOSOFIA EÉTICA
PARAVER O VÍDEO ACESSE O SOLAR
Fonte
(HTTP://REPROFICH.CANADIANWEBS.COM/NOTICIAS4.HTM)
FILOSOFIA E ÉTICA
AULA 01: FILOSOFIA NA ADMINISTRAÇÃO: UM PRIMEIRO PASSO RUMO AO PENSAMENTO COMPLEXO
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Do momento em que levantamos até o momento em que voltamos a dormir,
nossas ações são motivadas e levadas a cabo tendo por base uma série de
conhecimentos acerca do mundo que nos rodeia, que compartilhamos com
os demais. Em sua imensa maioria, esses conhecimentos são de caráter
prático, pois nos ajudam a realizar nossos intentos, e nos são legados pela
tradição à qual estamos ligados pelo fato de pertencermos a uma dada
sociedade que expressa uma cultura específica.
Adquirimos esses conhecimentos no contato cotidiano com a realidade e
nosso meio social. Em geral, podemos afirmar que tais conhecimentos são
utilizados de uma maneira não-reflexiva , posto que nossa confiança nos
mesmos não é resultado de uma prévia análise de sua validade mas de sua
aplicação efetiva. Na medida em que nos ajudam a realizar nossos objetivos
práticos, confiamos neles.
"Reflexivo", ou seja, referente a "reflexão". Palavra proveniente do
termo latino reflexione que quer dizer "ação ou ato de voltar para trás,
de virar". Em seu sentido estritamente filosófico indica o ato da razão
de voltar-se sobre si mesma para avaliar seu próprio conhecimento, sua
validade.
Uma das características principais da atitude filosófica, poderíamos afirmar,
é o questionamento crítico de nossas certezas acerca do mundo que nos
rodeia. A tentativa de saber se aquilo que cremos ser verdadeiro de fato o é; a
pergunta pela real natureza das coisas e sua concordância ou não com nossas
crenças é um passo significativo em direção a uma postura filosófica
diante do mundo. Com isso já podemos vislumbrar as duas faces da postura
filosófica: a negativa – expressa pela interrogação, pelo questionamento do
que se apresenta como verdadeiro, ou correto, daquilo que está estabelecido;
e a positiva – expressa pela busca de se descobrir o que as coisas
verdadeiramente são.
Contudo, neste momento, levantam-se contra a Filosofia algumas
indagações:
REFLEXÃO
Mas para que serve a Filosofia? Qual a utilidade do conhecimento
filosófico? O que nos traz os questionamentos sobre o que, o como, o
porquê das coisas?
Numa era como a nossa dominada pelo conhecimento científico e as
realizações da técnica, a ligação entre saber e fazer é fortemente realçada.
Um conhecimento que não é capaz de realizações materiais não é visto como
verdadeiro conhecimento. Contudo, o que precisamos fazer aqui é ampliar o
nosso conceito de conhecimento, de forma a englobar aFilosofia .
O que podemos dizer é que a Filosofia é um tipo de saber
(conhecimento) que se coloca numa posição anterior àquela em que
estão os conhecimentos que visam a realizações técnico-materiais. Ela
2
situa-se exatamente no espaço em que podem ser levantadas de forma
legítima as perguntas pelo limite e finalidade de nossos conhecimentos
e de nossas ações (no mundo e sobre o mundo).
TENTATIVAS DE DEFINIÇÃO DO QUE É FILOSOFIA
Existem muitas definições de Filosofia, dentre elas escolhemos quatro
(apoiamo-nos nesse ponto nas considerações de Marilena Chauí):
Visão de Mundo:
Caracterizada pelas concepções gerais de um povo sobre o que seja o
mundo, a vida e o seu sentido;
Sabedoria de Vida:
Expressa por um conjunto de ações que visam construir uma vida na qual a
justiça, a sabedoria e a felicidade sejam alcançadas;
Tentativa racional de compreender o universo como um todo
ordenado e pleno de sentido:
Aqui busca-se de forma racional e reflexiva uma explicação totalizante do
sentido e do fundamento do universo, ou seja, busca-se saber quais são os
princípios fundamentais que sustentam a ordem e dão ao mundo o seu
sentido;
Fundamentação teórica e crítica do conhecimento e das
práticas:
Nesta definição a Filosofia é encarada como a realização da própria postura
reflexiva que a engendra: a crítica ao estabelecido. Nesse sentido a Filosofia
seria análise e crítica da arte, da ciência, da cultura, da política, da história
etc. Não se confundiria com nenhum de seus objetos, mas estaria sempre
relacionada com eles por meio de seu questionamento ao conhecimento
que cada um deles apresenta.
A adesão a qualquer uma dessas definições, entretanto, não é objeto de
consenso entre os filósofos. E, talvez, seja a coisa menos importante diante
do grande desafio que é realização da Filosofia.
Responsável: Prof.ª Elidihara Trigueiro Guimarães
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TÓPICO 02: CONTEXTOHISTÓRICO GERAL
Para contextualizarmos as origens da Filosofia vale registrar anteriormente o
seguinte fato histórico:
Vejamos a seguir um pouco do que nos diz Ramón Parés, professor de
História das Ciências Naturais da Faculdade de Biologia da Universidade de
Barcelona e ex-presidente da Real Academia de Ciências y Artes de
Barcelona sobre a as origens e a importância da Filosofia (Parés, 2004):
Os pensadores da antiga Grécia que vieram antes de Sócrates, constituem sem
dúvida um grupo de homens memoráveis... Mais do que a importância dos
conhecimentos científicos dos pensadores pré-socráticos, o que conta são as
idéias que geraram e os procedimentos intelectuais que foram capazes de
formular. Eles são os autores de uma espécie de interpretação que há sido
utilizada com melhorias graduais em todos os períodos posteriores até chegar
aos dias de hoje, num processo no qual cabe destacar sucessivos retornos à
origem.
Não obstante, a capacidade do homem em questionar e querer entender a
realidade que o cerca remonta a períodos longínquos no tempo e a base do
próprio campo do conhecimento científico se encontra no surgimento da
linguagem articulada e da escrita. De acordo com a Antropologia e a
Paleontologia, a linguagem articulada e a capacidade de pensamento
conceitual surgiram há aproximadamente 50.000 anos. Já a invenção da
escrita, pelo Homo sapiens, ocorreu há aproximadamente 6.000 anos. Parés
(2004) considera inclusive que a racionalidade não é possível sem um
mecanismo apropriado para codificar a informação.
De posse dessas duas importantes habilidades, o passo seguinte dado pelo
homem e que marcou profundamente a estrutura do nosso pensamento, foi o
estabelecimento dos dualismos pelos antigos filósofos gregos.
OLHANDO DE PERTO
O dualismo representa, por exemplo, uma pergunta que só admite duas
respostas que se excluem mutuamente. Parés (2004) exemplifica com
FILOSOFIA E ÉTICA
AULA 01: FILOSOFIA NA ADMINISTRAÇÃO: UM PRIMEIRO PASSO RUMO AO PENSAMENTO COMPLEXO
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muita propriedade alguns deles. Para esse autor, possivelmente um dos
primeiros dualismos estabelecidos foi a distinção entre o verdadeiro e o
falso. A partir daí, outros dualismos que tiveram extraordinária
importância para o posterior desenvolvimento do pensamento científico
foram surgindo como a aparência e a realidade; o complexo e o simples, ou
seja, o que se pode decompor em partes e o que não se pode decompor; a
ordem e o caos; etc.
Parés (2004) ilustra ainda muito bem quando cita que a partir do
estabelecimento desses dualismos, o homem pôde começar a pensar da
seguinte forma:
REFLEXÃO
"Os objetos de minha percepção, ou seja, aqueles dos quais me
dou conta graças aos sentidos, são reais ou imaginários"?
Formam parte de um todo ordenado ou caótico? Sua
diversidade é aparente e fora de meus sentidos tudo é mais
simples?
Porém, antes mesmo da sofisticação do pensamento filosófico desenvolvido
pelos pré-socráticos, muitos homens da pré-história e da antiguidade já se
utilizavam de alguns métodos para chegarem a conclusões objetivas sobre a
realidade. Alguns consideravam que determinado fenômeno em particular
eram sinais do que iria ocorrer. Eram os augures e os astrólogos.
Havia também os videntes e os adivinhos que, segundo Parés (2004),
operavam de uma forma não muito diferente, "mediante estados especiais de
iluminação de sua consciência". De mesma natureza de métodos, Parés
(2004) sugere que se pode também considerar que a assimilação pouco
crítica dos dogmas e a tradição religiosa tem servido de base para muitos
conhecimentos que com frequência são considerados confiáveis e
proveitosos.
Responsável: Prof.ª Elidihara Trigueiro Guimarães
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TÓPICO 03: FILOSOFIA: O BERÇO DO PENSAMENTO CIENTÍFICO
Depois de todo esse tempo e esforço tentando compreender a realidade, a
humanidade finalmente começa a ver os primeiros raios de luz na penumbra
de sua consciência por volta dos anos 650 e 580 a.C.. É o momento do
surgimento da Escola de Mileto que tem como seu principal expoente, Tales,
que ficou conhecido como Tales de Mileto.
A maioria dos estudiosos considera Tales o mais antigo dos filósofos. Filho
de pai Jônio e mãe Fenícia, passou a maior parte de sua vida em Mileto, mas
fez grandes e longas viagens ao Oriente e ao Egito onde provavelmente
recebeu grande influência daqueles povos na sua formação. É considerado,
sobretudo o fundador da filosofia e inclusive a ele se atribui a criação desse
termo. Parés (2004) cita que supostamente o perguntaram se ele era um
sábio e Tales respondeu que era simplesmente um "amante do saber", que é
o que significa "filósofo".
OBSERVAÇÃO
A Escola de Mileto começou a ser formada a partir dos encontros de Tales
com seus amigos numa espécie de clube onde se discutiam sobre quase
tudo e de maneira livre e independente. Não se sabe quem eram todos
esses amigos de Tales que se dedicavam a filosofar, mas há consenso na
literatura de que um deles era Anaximandro que viveu entre os anos 611 e
546 a.C.
Existem registros históricos que evidenciam que a fama de Tales se estendeu
muito e rapidamente. Alguns estudiosos atribui ao fato de que Mileto era
uma cidade freqüentada por viajantes de toda a Hélade ( -- (nome que
designava a Grécia na Antiguidade).)
Por causa disto e de sua notoriedade Tales foi incluído no grupo dos Sete
Sábios da Grécia, que de acordo com Parés (2004) se tratava de uma espécie
de prêmio Nobel da Antiguidade.
Atribui-se a Tales uma infinidade de coisas importantes que marcaram para
sempre a trajetória do conhecimento científico. A primeira é a que o
considera como o ponto de partida da história da Ciência. Outros exemplos
são: um método engenhoso para saber a distância dos barcos em relação a
costa; aprendeu com os fenícios a arte de navegar guinado-se pelas estrelas;
com os conhecimentos adquiridos dos babilônios, e através das tábuas
astronômicas previu o eclipse solar do ano 585 a.C.; mas o mérito maior de
Tales foi o fato de ter descoberto o valor absolutamente universal das
demonstrações geométricas.
A ênfase dada por Tales quando considerava o que é verdadeiramente
importante é a idéia em si, ou seja, de que tudo se pode derivar de um
princípio pelo qual se reduz a multiplicidade das coisas. É, segundo Parés
(2004), "um passo extraordinário a caminho da abstração intelectual".
FILOSOFIA E ÉTICA
AULA 01: FILOSOFIA NA ADMINISTRAÇÃO: UM PRIMEIRO PASSO RUMO AO PENSAMENTO COMPLEXO
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Outro fato importante era a grande atenção que Tales deu ao conceito de
"psyche". Ele acreditava que era a causa da vida, mas não era exclusiva da
matéria viva, mas da rocha magnética também. Até então não havia uma
separação radical entre matéria viva e não viva.
REFLEXÃO
E é com Tales que a humanidade começa a se questionar sobre o que há
por trás da multiplicidade de formas do mundo, das montanhas, dos
animais e das plantas, do vento e das estrelas, do homem, de sua ação e de
seu pensamento. Qual a essência de tudo isso? De onde vem, de onde
surge tudo isso? Qual é a origem de tudo? (Weischedel, 200)
Depois de Tales, muitos outros filósofos foram surgindo e avançando no
mesmo método de investigação. Foram os primeiros a formular perguntas do
tipo: O que é a reprodução? O que é a razão? Por que o ser vivo
evita uma tendência aparente à desorganização?
E na tentativa de solucionar a tais questionamentos, aqueles homens
estabeleceram a possibilidade de dois níveis conceituais: primeiro os
aspectos perceptíveis da realidade que chamavam de "phenomena" e
segundo os aspectos não perceptíveis mas deduzíveis e da mesma qualidade
ou "cryptomena" .
EXEMPLO
Parés (2004) exemplifica isto da seguinte forma: "... a formulação
original que levou a relacionar as propriedades físicas com as
moléculas, as propriedades químicas com os átomos e a
enfermidade com a infecção". Também se trata de partindo de dados
sensíveis fazer inferências de um domínio muito coerente, mas que não
está ao alcance de sua percepção direta.
Mais e mais descobertas seguem ocorrendo com o passar do tempo e com o
amadurecimento do pensamento filosófico. As idéias sobre a vida e a matéria
começam a se firmarem e tornarem-se robustas desde a ciência pré-socrática
(entre 600 e 300 anos a.C.). Para ter uma idéia, de acordo com Parés (2004)
o termo grego "bios" já é utilizado por Homero para designar a vida e o
termo "zoe" para designar a atividade vital, o que está vivo, ou seja, "zoe" é a
vida como ação perceptível.
OLHANDO DE PERTO
Ainda de acordo com o autor, outro termo importante encontrado nos
textos homéricos é o da "psyche". (que significa que a matéria adquire as
propriedades do vivo pela introdução de um elemento especial e estranho
a ela mesma. Na Antiguidade a alma era a causa da vida... )
Finalmente e para enfatizar a importância da contribuição da Filosofia para a
Ciência e para a própria história da sociedade ocidental nos valemos
novamente de Parés (2004) quando diz: "a semente da ciência moderna é o
7
fenômeno grego e este tem sua eclosão em Mileto e outras colônias da Àsia
Menor". Tudo ocorre num espaço de tempo de 900 anos, divididos em três
períodos de 300 anos cada.
Veja a Figura abaixo.
Responsável: Prof.ª Elidihara Trigueiro Guimarães
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TÓPICO 04: ADMINISTRAÇÃO,FILOSOFIA E COMPLEXIDADE ORGANIZACIONAL
Fonte
(HTTP://2.BP.BLOGSPOT.COM/_XOHRNIENIPI/SP4RUEWQLZI/AAAAAAAAAWA/WDXWTFLP_
UU/S320/BIBLIA2.JPG)
Os conhecimentos desenvolvidos através dos experimentos e pesquisas nas
áreas da Economia e da Administração têm evoluído bastante
principalmente a partir dos trabalhos científicos de Adam Smith, economista
e filósofo escocês, no início do século XVIII e das investigações dos
engenheiros Frederick W. Taylor e Henri Fayol, nos primeiros anos do século
XX.
Tanto a teoria econômica quanto a teoria geral da administração estão
constituídas de um grande número de teorias desenvolvidas ao longo do
tempo. Cada nova teoria aprovada e reconhecida pela comunidade científica,
tem complementado, atualizado ou modernizado as teorias desenvolvidas
anteriormente. Algumas leis e um grande número de princípios foram
sugeridos e comprovados pelo método experimental e até hoje são
considerados válidos nessas disciplinas.
O campo da Administração, objeto de estudo desse trabalho, bem como as
demais ciências, têm sofrido profunda influência do método cartesiano e do
positivismo, corrente filosófica mais aceita na época dos estudos sobre o
funcionamento das organizações.
A lógica da doutrina positivista, criada por Augusto Comte no século XIX ,
dá ênfase à técnica e só considera científico aquilo que pode ser comprovado
quantitativamente, através de métodos estruturados para análise de
problemas muito bem delimitados. Diverge muito, e praticamente até bem
pouco tempo não aceitava a "lógica da confirmação gradual" do filósofo
alemão Rudolf Carnap que permitiu o avanço das teorias desenvolvidas por
admiráveis personalidades como Weber, Marx, Piaget, Derrida, Lyotard,
Giddens, Morin que desafiaram as idéias rigidamente estabelecidas pelas
chamadas ciências duras.
FILOSOFIA E ÉTICA
AULA 01: FILOSOFIA NA ADMINISTRAÇÃO: UM PRIMEIRO PASSO RUMO AO PENSAMENTO COMPLEXO
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Fonte
(HTTP://RUHULLAH.FILES.WORDPRESS.COM/2008/09/AUGUSTE-COMTE.JPG)
OLHANDO DE PERTO
Não obstante os ensinamentos dos cientistas citados acima e os de muitos
outros da atualidade, muitos dos paradigmas em Administração,
surgidos pela rigidez do pensamento simplista, precisaram ainda ser
quebrados, condição necessária para o maior desenvolvimento desta
importante área do conhecimento.
A "órbita quase circular" de Bueno (2004) demonstrando a trajetória da
evolução do conhecimento científico (Figura 1) nos mostra que o que os
atuais filósofos e pesquisadores querem nos mostrar sobre aspectos de
elevada subjetividade e complexidade que simplesmente não podem ser
medidas, não é coisa recente. Os antigos filósofos gregos já ensinavam aos
seus discípulos muita coisa nas áreas complexas das organizações, dos
sistemas sociais e do comportamento humano e que hoje estão sendo
recuperados e reconhecidos pela ciência da atualidade. O círculo hoje se
fecha quando depois de vários séculos, grandes partes dos ensinamentos
rejeitados dos antigos filósofos passam a ter um extraordinário valor
científico.
Neste sentido, no próximo tópico apresentaremos vários aspectos da Teoria
da Administração ensinados na maioria das vezes sob um enfoque
positivista e determinista amenizados pelo pensamento filosófico antigo,
moderno e pós-moderno.
Figura 1. Órbita da evolução da Filosofia e do conhecimento
científico.
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VERSÃO TEXTUAL
Século III a.C.
A metafísica e a teoria da ciência baseada no pensamento filosófico
grego.
Século XVI
As teorias de Copérnico, Kepler e Galileu Galilei destroem quase
completamente o valor do pensamento filosófico.
Século XVII
O Universo é visto como uma máquina. (Decartes 1637). Isaac Newton
( 1687). Reforça-se a visão mecanicista e reducionista do mundo.
Séculos XVIII-XIX
As contribuições de Kant e Hegel contrárias ao reducionismo
científico, com sua lógica dialética, relacionando natureza com pensa-
mento e espírito.
Século XIX
O “vitalismo” Alemão é amplamente aceito pela comunidade científica.
Mas nesse tempo já se percebia uma convicção subjetiva associada a
uma atividade científica objetiva e reducionista.
Século XX
A modernidade induz ao avanço da perspectiva pluralista e diversa da
cultura científica. Debate sobre se a sociologia da ciência e do conhe-
cimento pode investigar e explicar o conteúdo e a natureza do conheci-
mento científico.
Final do século XX
A “nova aliança científica”. A metamorfose da ciência que recupera
algo que era negado há século. Surge a “filosofia da natureza” como
nova forma de entender a epistemologia moderna frente a filosofia da
ciência e do conhecimento. Se fundamenta na perspectiva científica da
biologia e da psicologia do conhecimento.
11
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Nine
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Fifteen
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TÓPICO 05: POR QUE APLICAR UMA VISÃO FILOSÓFICA NA ADMINISTRAÇÃO?
Fonte
(HTTP://WWW.FASHIONBUBBLES.COM/
WP-
CONTENT/UPLOADS/2009/05/MEMBE
RQUESTIONS-4WEB.GIF)
Hoje vivemos no mundo das organizações que se apresenta cada vez mais
complexos. As mudanças acontecem com uma intensidade nunca antes
imaginada. Só a adaptação a nova ordem das coisas não é suficiente, pois é
preciso também entender mais claramente o que está acontecendo à sua
volta e refletir sobre que ações tomar para encontrar as soluções com
simplicidade e rapidez para debelar os problemas que poderiam levar muito
tempo para serem solucionados.
O conhecimento filosófico contribui nas tomadas de decisões com maior
segurança e mais tranqüilidade, pois possibilita o conhecimento melhor dos
problemas, possibilitando se enxergar grande parte dos fatores envolvidos
através de uma visão sistêmica do todo e a compreensão da complexidade.
A aplicação de conhecimentos filosóficos na gestão das organizações pode ser
considerada inclusive como uma competência ou capacidade que pode
perfeitamente ser desenvolvida através de informações e de esforço de
aprendizado que contemple muita aplicação prática até que seja
incorporado. Nesse estágio tanto o comportamento como as ações gerenciais
irão de certa forma estar regidos pela certeza do sucesso de sua aplicação.
(habilidade conceitual)
Não faz muito tempo que para se conseguir um lugar em uma organização
bastava ter um pouco do conhecimento requerido para a área de trabalho
pretendida.
Hoje, as organizações valorizam muito aqueles que tenham um
conhecimento mais amplo e uma capacidade de correlacionar esses
conhecimentos que antes eram considerados díspares para melhor solução
dos problemas. Pessoas com essa característica são reconhecidas por outras
como verdadeiros líderes para a transformação e para a mudança, são
consideradas imprescindíveis para as organizações e para a vida e essenciais
para o desenvolvimento sustentável.
Sabe-se que a ações dos indivíduos são influenciadas por aquilo que se pensa
e acredita pelo modelo padrão (paradigma) estabelecido na cabeça das
pessoas. Porém, somente quando temos um pensamento diferente desse
modelo estamos quebrando paradigmas e essa mudança de foco os permite
modificar percepções do que vemos e sabemos.
FILOSOFIA E ÉTICA
AULA 01: FILOSOFIA NA ADMINISTRAÇÃO: UM PRIMEIRO PASSO RUMO AO PENSAMENTO COMPLEXO
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Porém, para que isso aconteça é necessário que se saiba pensar por si
mesmo, ver e analisar a realidade por outros prismas não convencionais. E
isso a Filosofia é determinante.
Responsável: Prof.ª Elidihara Trigueiro Guimarães
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TÓPICO 06: AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO SOB O OLHAR DA FILOSOFIA
Fonte
(HTTP://CAFESFILOSOFICOS.FILES.WORDPRESS.COM/2009/07/PENSADOR.JPG)
Segundo Fayol, as funções básicas da Administração são: previsão,
organizar, comandar, coordenar e controlar. Essas atividades essenciais a
qualquer organização são válidas até hoje. O problema é que ainda são
ensinadas da mesma forma que há 100 anos atrás com toda a rigidez e
inflexibilidade do paradigma cartesiano que trata organizações e pessoas
como máquinas.
Resgatar um pouco do pensamento filosófico sobre essas funções pode
melhorar a forma de entendê-las e aplicá-las na prática cuja realidade é
sempre muito complexa. Vejamos cada uma delas à luz do pensamento de
alguns filósofos.
Sabe-se que nenhuma organização pode funcionar eficientemente sem um
mínimo de planejamento. Entretanto, o reconhecimento de que nossa
capacidade de prever situações futuras é simplesmente muito pequena ou
até inexistente pode ser considerado de grande importância. Por exemplo:
na maioria dos casos as pessoas não devem ser culpadas por não terem
alcançado os resultados esperados (metas estabelecidas a partir de
previsões e de um planejamento anterior). Isto pode levar toda uma equipe
ou organização à insatisfação ou a desmotivação.
Gottfried Leibniz, filósofo, cientista e matemático e Werner Heisemberg
prêmio Nobel de Física e um dos fundadores da Física Quântica nos
advertiram para o grau de incerteza que permeia todo o tecido da
realidade. Nasim Taleb (2007), filósofo da atualidade, reforçando esse
"princípio da incerteza", nos ensina que: "O mundo em que vivemos possui
um número crescente de ciclos de retroalimentação, o que faz com que os
eventos sejam a causa de mais eventos". Ou seja, os sistemas complexos
são afetados por uma diversidade de condições. Heráclito de Éfeso que
viveu no século VI a. C. corrobora com Leibniz e Heisemberg quando dizia
que: "O mudo todo é um fogo que arde e se apaga em eterna revolução".
Portanto, é muito provável que nossas previsões não se concretizem não
porque as pessoas foram relapsas ou negligenciaram seus deveres, mas
FILOSOFIA E ÉTICA
AULA 01: FILOSOFIA NA ADMINISTRAÇÃO: UM PRIMEIRO PASSO RUMO AO PENSAMENTO COMPLEXO
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porque alguns fatores que não previmos ocorreram e levaram o sistema a
resultados diferentes do planejado.
Sobre isto, Sêneca, filósofo espanhol radicado em Roma, considera que é
necessário saber conviver, habilmente, com circunstâncias adversas e é
importante ter flexibilidade, "evitando excesso de rigidez nos planos da
vida" e adverte que, por outro lado, é também importante não aderir a total
versatilidade.
Parece uma ambigüidade, mas "organizar" organizações não é tarefa fácil
por causa da existência e da necessidade de interação entre suas partes.
Isso ocorre de maneira não linear e por si só já pode ser causa natural de
"desorganização", caos, desordem. Sobre isto, Marco Aurélio,
Imperador de Roma e filósofo alertava:: " Nunca esqueça que o Universo é
um organismo vivo individual que tem uma substânica e uma alma,
mantendo todas as coisas sustentadas por uma única consciência e criando
todas as coisas com o único propósito de poderem trabalhar juntas fiando,
tecendo e ligando tudo o que venha a passar por ali"...(Hicks, 2007)
Uma das características dos sistemas complexos é que eles possuem um
grande número de agentes que interagem de maneira não linear e mais
interessante ainda, evoluem à beira do caos. Nesse sentido, os filósofos
gregos da antiguidade, já reconheciam que na natureza o caos é a regra, a
ordem é exceção. Por causa dos ensinamentos daqueles sábios,
gradativamente desenvolveu-se uma consciência grega sobre caos e ordem
e que era transmitida através da seguinte analogia: "no princípio de tudo
era só um abismo hiante e sem fim onde não havia nem forma nem
plenitude (caos) e Gaia mãe da Terra dos seios abundantes (ordem). Estas
duas forças primordiais e antagônicas atuando juntas criaram tudo o que
percebemos e conhecemos".
Infelizmente, essa consciência não é desenvolvida nas pessoas que estão
sempre buscando a todo custo ordem para tudo e quando não conseguem
ficam angustiadas, frustradas e com um sentimento de incompetência para
organizar o que por natureza é "desorganizado". A formação da maioria das
pessoas não contempla esse tipo de conhecimento da realidade. Muito pelo
contrário. Influenciados duramente pelo pensamento reducionista
achamos que as coisas só funcionam bem se estiver tudo bem organizado e
ordenado. É necessário desenvolvermos a compreensão de que exigências
rigorosas de organização e ordem podem engessar atividades que por
natureza são dinâmicas.
Aqui temos uma das funções mais críticas da administração. Crítica pelo
fato de estar diretamente relacionada com o desempenho dos líderes e por
estar começando a ficar em desuso com o advento das idéias de auto-
organização divulgadas pela primeira vez por Ashby em 1962 em seu artigo
Os Princípios dos Sistemas Auto-Organizados.
Entretanto, enquanto a necessidade de comandar não desaparece das
organizações, saber comandar e ao mesmo tempo fazer-se respeitar é um
dos maiores desafios dos líderes das organizações da Era do Conhecimento
e da Informação. Por quê? Porque as organizações do século XXI estão
17
tendendo a cada vez mais aumentar o quadro de profissionais altamente
qualificados e com elevada formação educacional. Por suas características,
alguns estudiosos da administração consideram que esses profissionais não
devem ser tratados como meros empregados, mas como sócios, parceiros.
Devem ser vistos como pessoas que investem seu conhecimento e seu
tempo em prol do desenvolvimento do empreendimento e que esperam um
retorno na forma de remuneração e reconhecimento.
Vejamos o que nos pode ensinar a Filosofia sobre essa função. Aristóteles,
como todos sabem, um dos mais importantes filósofos da Grécia antiga, foi
professor de Alexandre O Grande, na Macedônia. Influenciado pelas idéias
de Aristóteles a respeito do comportamento humano, Alexandre sempre se
preocupou em reger seus exércitos com justiça e estava sempre bastante
atento ao nível de motivação de seus generais e soldados. Em contato com
um grupo de filósofos ginosofistas indianos prisioneiros do exército
macedônio, Alexandre fez a seguinte pergunta para um deles: "Qual é o
meio mais certo de se fazer amar?" e respondeu o filósofo: "Não
se fazer temer mesmo quando se é o mais poderoso dos
homens" (Plutarco, 2001).
O sábio indiano tinha toda a razão e com sua resposta deu uma aula de
liderança a Alexandre. Somente hoje, decorridos aproximadamente 100
anos do início da Teoria da Administração, e apesar de todo um arcabouço
teórico a respeito do tema, as organizações demonstram preocupação com
o perfil e estilo de seus líderes. Alguns programas de desenvolvimento
gerencial alerta para esse fato e descreve até a diferença entre poder e
autoridade. Para alguns autores, O líder que age com autoridade consegue
as coisas de seus subordinados através da influência pessoal e respeito
conquistado pelas suas habilidades interpessoais, de comunicação e justiça.
Já agir com poder pressupõe obter as coisas através da força, coação ou do
medo e assim os resultados positivos não serão duradouros e logo a
organização vai estar com suas equipes desmotivadas.
A coordenação pressupõe o ato de relacionar, conectar e harmonizar todas
as atividades e esforços individuais e grupais. Muita gente acredita que só
se consegue uma boa coordenação quando há bastante equilíbrio entre os
agentes envolvidos e isso não é verdade. Sabe-se que as organizações são
além de sistemas abertos, sistemas orgânicos, sistemas vivos. Nesse tipo de
sistema não há espaço para equilíbrio. A troca de energia e informação com
o ambiente faz com que esses sistemas apresentem uma característica
dinâmica que não permite equilíbrio. E é essa vibração que mantém esses
sistemas em funcionamento. Equilíbrio só é visto nos sistemas fechados
onde não há interferência de fatores externos e quando há normalmente
levam a sua quebra. Por exemplo: uma pedra, um carro, uma máquina, etc.
A Física nos ensina que existem três tipos de equilíbrio: equilíbrio
instável, equilíbrio semi-estável e equilíbrio estável. Nas
organizações o máximo que pode ocorrer são estados próximos do
equilíbrio, porque logo as interferências e a própria dinâmica vão colocar o
sistema em estados longe do seu equilíbrio, podendo levá-lo inclusive à
beira do caos o que também é normal em determinadas situações. Assim
18
sendo, os administradores devem estar preparados para enfrentar esses
momentos com naturalidade, pois os mais que poderão fazer será trabalhar
como "atratores estranhos", ou seja, força identificada por David Ruelle
e Floris Takens em 1971, que tendem a fazer com que sistemas
complexos à beira do caos retornem para estados próximos do seu
equilíbrio.
Aqui outra função crítica. Já foi visto que no Universo o caos é a regra e a
ordem é a exceção. Se é assim, como se pode querer controlar tudo?
Como se pode ter a pretensão de manter controle absoluto
sobre o que acontece nos sistemas complexos como as
organizações? Impossível.
Há que se entender de uma vez por todas que o mais que se pode fazer é
minimizar os efeitos imprevisíveis dos fatores internos e externos que
interferem nos sistemas abertos. E aqui outro alerta para os
administradores: nada de saírem sempre à caça de culpados quando algo
saiu do controle, pois sabe-se que mais do que boicote ou ações deliberadas
para causar problemas às organizações, momentos de descontrole ocorrem
por causa de fatores e variáveis que não estão sob o controle das pessoas.
Elas simplesmente ocorrem, aparecem e causam problemas no que estava
sob controle.
Um dos itens mais importantes de qualidade de uma empresa aérea é a
pontualidade de seus vôos. Pois bem, para que um avião decole
pontualmente no horário é necessário que um grande número de
atividades aconteça sem nenhum imprevisto e que nenhum fator negativo
externo às operações da empresa no aeroporto ocorra. Por exemplo: todas
as atividades de atendimento tanto à aeronave quanto aos passageiros no
aeroporto transcorreram sem nenhum imprevisto, mas na hora da
liberação para decolagem, o dispositivo elétrico de recolhimento da ponte
de embarque apresentou um mal contato e a ponte não pôde ser
desconectada da aeronave impedindo sua liberação para o taxi, ou seja,
algo completamente fora do controle do pessoal da empresa aérea causou o
atraso do vôo, apesar de todo o gerenciamento realizado. Nestes casos, as
pessoas não devem ser responsabilizadas nem pressionadas, pois controle
absoluto sobre todos os fatores e variáveis que interferem nos sistemas
complexos simplesmente não existe.
Se não é possível controlar o que é complexo, então o que fazer? Edgar
Morin (2004), filósofo da atualidade nos dá uma pista. Ele considera que
temos que tentar encontrar um modo de pensar ou um método que esteja a
altura do desafio da complexidade, mas não se trata de retomar a ambição
do pensamento simplista de controlar e dominar o que é real. Para ele se
trata de exercitar-se num pensamento capaz de tratar, de dialogar, de
negociar com o real.
O treinamento e o desenvolvimento, como atividades da gestão de pessoas
tem sido preocupação constante das empresas atuais. Sabe-se que
atualmente as empresas que trabalham com conhecimento como a
indústria farmacêutica, empresas que desenvolvem softwares, consultorias
especializadas, as que estão sempre lançando inovações tecnológicas no
19
mercado etc. estão gerando mais riqueza na economia do que as
tradicionais empresas de manufatura. Nesse ambiente as pessoas estão
sendo valorizadas cada vez mais, pois já existe o reconhecimento de que o
capital intelectual das organizações depende diretamente delas.
Gerir pessoas para que motivadas e satisfeitas possam dar o máximo de si
em prol de algum empreendimento não tem sido tarefa fácil também. No
entanto, essa preocupação no desenvolvimento de habilidades nessa área
pode ser verificada também na época dos grandes filósofos. Iremos
entretanto nos limitar ao que Sêneca, filósofo espanhol tem para nos
ensinar.
Em seus escritos intitulados A Tranqüilidade da Alma, Sêneca nos dá
várias lições que podem enriquecer o que aprendemos hoje sobre
desenvolvimento gerencial. O filósofo começa dizendo que "devemos
examinar a nós mesmos, depois, os negócios a serem promovidos;
finalmente, as pessoas pelas quais e com as quais vamos trabalhar".
Vejamos mais:
A- Sobre a honestidade – "O indivíduo deve estar na rota que faz da virtude
o esplendor da vida direcionada para a prática da honestidade como meta
ideal de existência terrena".
B- Sobre a autenticidade – Sêneca considera que a desarmonia entre o
comportamento externo ou social e a autenticidade da pessoa gera tensão e
inquietude interior e recomenda que é importante aparecer o que de fato o
indivíduo é. Adverte que viver camuflando a própria personalidade, gera
preocupação constante e assim o fazendo não estará a salvo dos críticos
ferinos que de acordo com o filósofo nada poupam.
C- Sobre as frustrações e os problemas – Sêneca brinca com aqueles que
desejam ser sempre fortes diante das adversidades quando diz: "o que
desejas é algo de grandioso e mesmo de máximo, situado perto de Deus:
não ser abalado".
D- Sobre ser global – Naquele tempo, perder os créditos de cidadão
significava algo extremamente terrível. Mas Sêneca com sua sabedoria
ensinava algo extremamente atual, ou seja, dizia o filósofo: "Perdeu os
créditos de cidadão? Desempenha os de homem. Daí porque nós, com
galhardia exuberante, não nos enclausuremos dentro das muralhas de uma
única cidade, mas temos franqueada a comunicação com o mundo todo e
proclamado que temos por pátria o universo, propiciando à virtude o maior
espaço possível de ação".
E- Sobre atitudes e capacidades – O filósofo considera que é um erro
"estarmos convictos de que podemos mais do que somos". Adverte que é
importante testar as capacidades, pois "uns fracassam pela confiança
demasiada da sua eloqüência, outros porque exageraram quanto a
capacidade de seu patrimônio, A outros a inflexibilidade de temperamento
torna menos adequados para a corte. Outros há que não controlam a ira e
qualquer contrariedade excita-os a prolatar palavras duras. Alguns não
sabem impor limite a seu humor causticante nem se abster de ferinas
piadas".
20
F- Identificação de talentos – Já naquele tempo Sêneca deu sinais de
reconhecer a importância de um bom líder saber identificar talentos e fazer
o melhor aproveitamento deles. No capítulo sobre os critérios para deixar
os cargos públicos Sêneca diz que "talentos mal direcionados reagem
negativamente e seu trabalho fica infrutífero porque conflita com a própria
natureza.
G- Sobre os limites para empreender – Sêneca alerta que é sempre bom
avaliar bem as obras que se vai empreender e medir suas próprias forças
com os projetos em perspectiva. Ele considera que a força do individuo
deve ser maior do que a do objeto, já que o peso excedente esmaga o
carregador.
H- Sobre retrabalho e esforços improdutivos – Adverte o filósofo que há
atividades que não trazem nada de grandioso ou de frutífero e as
identificam como aquelas que dão origem a novos e múltiplos outros
afazeres. Sugere que dessas atividades deve-se fugir e jamais se achegar,
porque delas não há saída fácil.
I- Atividades que fazem crescer – Para Sêneca são aquelas que nos
sentimos seguros ou, em que pelo menos, alimentamos esperança de poder
levar a termo. Aquelas que se complicam na medida do trabalho em curso e
não findam onde foram pré-definidas devem ser abandonadas.
OLHANDO DE PERTO
Dessa forma,conclui-se que o conhecimento científico e especificamente os
da Teoria da Administração podem e devem ser enriquecidos, melhorados
e melhor aplicados a partir do pensamento filosófico, quer os da
antiguidade, quer os da atualidade através da filosofia da ciência. Como foi
visto, hoje a teoria filosófica já mais flexível, aceita inclusive a aplicação do
conceito da transdisciplinaridade na construção do conhecimento
científico.
Postulados e axiomas desenvolvidos pelos filósofos da antiguidade e
rejeitados durante séculos são hoje considerados e estudados por
pesquisadores de renome no mundo todo através da filosofia da ciência e do
conjunto de teorias denominado de Complexidade. Essa "nova aliança"
científica vem dando seus frutos à medida que fenômenos muito complexos
passam a ser estudados, analisados e descritos. O resultado desses estudos
que embora não tenham construído leis científicas, mas princípios robustos
cuja validade tem sido incontestável, tem servido principalmente às ciências
sociais aplicadas como é o caso da Administração.
Dessa forma, podemos considerar que começamos a entender melhor o
comportamento dos sistemas sociais e o comportamento humano nas
organizações. A partir de agora, já não se pode deixar de considerar a
complexidade envolvida nesses sistemas e tratá-los de forma mecânica seria
inadmissível. Não podemos mais nos limitar a conhecer só o que podemos
medir, pois a ciência pós-moderna já sabe que mesmo aquilo que um dia
pudemos medir com toda precisão e que era irrefutável mostrou-se frágil e
21
questionável, como parte do conhecimento da física clássica que com o
advento da mecânica quântica muita coisa teve que ser revista.
FÓRUM
Correlação filosofia,Administração e complexidade Organizacional
A partir das leituras da aula 1 e demais textos de apoio,discuta
nesse fórum,as correlações entre a visão do Administrador
como gestor que deverá potencializar sua habilidade
conceitual,em prol de uma maior percepção organizacional e
dessa forma atuar sob um foco estratégico,empreendedor e
intuitivo.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
De acesso ao roteiro de seu portfólio em equipes (entregue nos presenciais
iniciais pela sua tutoria) construam a cada aula uma análise
organizacional segundo o olhar da Filosofia Aplicada ao mundo
organizacional.
Atentem aos passos dessas orientações
Utilizem o fórum e o chat livres para discussão e tiragem de dúvidas. E
atentem para o espaço do fórum Notas de aula com mais esclarecimentos
sobre os textos e aula.
Nessa primeira etapa vocês deverão seguir o roteiro 1 do rol de perguntas
anexo em material de apoio intitulado: Refletindo o universo
Organizacional.
Leiam coma atenção e sigam o passo a passo. Postem em seu portfólio de
grupo para serem paulatinamente corrigidos pela sua tutoria.
REFERÊNCIA
Bueno, E. (2004): Pensamiento Complejo y Enfoque Biológico
en la Economía del Conocimiento: Una Nueva Perspectiva de
Análisis en Teoría de la Organización, Seminar "A
Methodological Approach in Developing Measures of
Intellectual Capital: Epistemological perspective of the
Intellectus Capital Model,Intellectus Group Madri+d, Madrid.
Hicks, D..O Guia do Imperador – Marco Aurélio, Editora
Planeta do Brasil, São Paulo.2007
Morin, E. .Introducción al Pensamiento Complejo, Gedisa,
Barcelona.2004
Plutarco Alexandre e César, Clássicos Ilustrados, Ediouro, São
Paulo.2001
Sêneca A Tranquilidade da Alma, Editora Escala, São Paulo.2007
22
Taleb, N.The Black Swan: The impact of the highly
improbable, Peguin, UK 2007
Parés, R. Cartas a Nuria: História de La Ciencia, Almuzara,
Córdoba.2004
Weischedel, W.A Escada dos Fundos da Filosofia, Editora Angra,
São Paulo. 2002
Responsável: Prof.ª Elidihara Trigueiro Guimarães
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
23
TÓPICO 01: PENSAR ? FUNÇÃO GERENCIAL?
Dentre as várias possibilidades de atuação gerencial, o administrador possui
uma imprescindível e que o caracteriza na profissão, ou seja, tomar
decisões.
PARADA OBRIGATÓRIA
Como?
Selecionando, avaliando, acompanhando e demitindo
pessoas...Definindo parâmetros organizacionais...Projetando e
planejando cenários e diretrizes para a empresa...
Fpnte
(HTTP://3.BP.BLOGSPOT.COM/_IGVCE3MOWX8/R9G7CXWDK-
I/AAAAAAAACBI/SCAYHUTKISI/S320/META.JPG)
Em todas essas ações tomam-se decisões... É o contínuo exercício de fazerem
-se escolhas. O livre arbítrio humano.
O administrador através de sua profissão legitima formalmente essa dádiva
do Homem: Expressar suas escolhas, assumir riscos e aceitar
responsabilidades e as conseqüências de seus atos.
Em uma organização passa-se o tempo todo se exercitando o processo
decisório e este traz em seu bojo as premissas filosóficas, ou seja, o ser
humano tendo a capacidade de pensar e de refletir sobre a realidade, ou seja,
todo ser humano ao pensar e refletir sobre seu contexto, sobre sua vida,
seus valores e crenças, sobre seu destino, sobre seu trabalho adquire a
possibilidade de ter uma consciência crítica da realidade.
E para o que o exercício de tomada de decisões tenha esse foco, faz-se
também necessário o desenvolvimento do pensamento como potencializador
da competência integrada do administrador. Assim, no ato de pensar utiliza-
se a capacidade de reflexão, do diálogo, do questionamento e da
problematização. Usa-se a capacidade cognitiva e a argumentação lógica e
interpretativa. Usam-se as funções psíquicas: perceber e julgar a realidade.
***AS HABILIDADES GERENCIAIS E O FILOSOFAR
FILOSOFIA E ÉTICA
AULA 02: PENSAR ESTRATÉGICO É SABER FILOSOFAR ??
24
Fonte
(HTTP://WWW.PORTALDAADMINISTRACAO.ORG/POSTIMAGE/0062.JPG)
E para isso o Administrador posso melhor utilizar a prática filosófica, faz-se
imprescindível o uso de suas habilidades gerenciais quais sejam:
comportamentais, conceituais e técnicas. Assim é possível vivenciar-
se a consciência de suas responsabilidades como condutor de pessoas, pois
estas dependem de sua orientação, direção e guia.
Segundo Katz e Kahn em Psicologia Social nas Organizações (1990) em seu
mapeamento sobre as habilidades gerenciais formata:
A aptidão técnica subente compreensão e proficiência num determinado
tipo de atividade, especialmente naquela que envolve métodos , processos e
procedimentos técnicos. É até certo ponto fácil visualizar-se a habilidade
técnica de um cirurgião, de um músico, ou de um engenheiro no momento
que cada um deles desempenha sua função específica. A habilitação técnica
compreende conhecimento especializado, aptidão analítica dentro da
especialidade e facilidade no uso dos instrumentos e técnicas de cada
matéria.
O termo habilitação humana é aquela qualidade de o executivo trabalhar
eficientemente como integrante de um grupo e de realizar um esforço
conjunto com os demais componentes da equipe que dirige. Enquanto que
a habilidade técnica se volta principalmente para o manuseio de "coisas", a
habilitação humana diz mais à habilidade de as pessoas trabalharem com
os outros. A pessoa dotada de grande habilidade humana é cônscia de suas
próprias atitudes, opiniões e convicções acerca dos outros e de grupos de
pessoas; é capaz de aquilatar a utilidade e a limitações de tais sentimentos.
Ao aceitar a existência de opiniões, percepções e convicções que são
diferentes das suas próprias, é suficientemente hábil para compreender o
que os outros realmente querem dizer com palavras e atos. É igualmente
hábil em comunicar aos demais dentro do modo de pensar dos outros,
aquilo que pretende dizer com seu próprio modo de agir. Tal pessoa
trabalha para criar um ambiente de boa vontade e segurança no qual seus
subalternos se sintam à vontade para se expressar, sem receio de serem
censurados ou ridicularizados. Essa pessoa é bastante suscetível aos
anseios e motivações dos demais. A verdadeira aptidão de saber trabalhar
com os outros tornar-se, para estes, uma atitude natural e constante.
Emprega o termo, a habilidade conceitual é a aptidão de considerar a
empresa como um todo, inclui o reconhecimento de como as diversas
funções numa organização dependam uma da outra e de que modo as
25
mudança sem qualquer uma das partes afeta as demais. (Ao reconhecer tal
relacionamento e tomar conhecimento dos elementos importantes em cada
situação, o administrador deve, então, ter condições de agir de maneira e
promover o bem-estar de toda a organização).
Dessa forma, a habilidade conceitual é dentre as três apresentadas é a
que enfoca a participação da antevisão, da percepção intuitiva, da
compreensão ampla da realidade e da condição de prever e antecipar-se às
mudanças. É a habilidade focada no empreender, onde o administrador
precisa refletir enxergar e saltar qualitativamente em termos de cognição.
Saindo do lógico material para o lógico formal utilizando-se da capacidade
de abstrai e de captar a essência dos fatos e acontecimentos, permitindo-se
analisar, questionar e provocar possibilidades e soluções dentre as quais,
uma dessas poderá indicar um caminho mais efetivo para as tomadas de
decisões simples e complexas de uma Organização. É a habilidade filosófica.
E o administrador precisa praticá-la.
*** PRÁTICA FILOSÓFICA EM ADMINISTRAÇÃO
Filosofar na Administração é tomar para si um encontro de sentir-se
sujeito da realidade, captar sua dimensão e complexidade e trazer à tona as
explicações plausíveis e logicamente compreensivas para os
dilemas,conflitos,impasses e situações problemas existentes.Mas tudo dentro
de um senso ético,humano e pautado na coerência,na verdade e na justiça.
Observemos o organograma abaixo:
Quadro I:Interface Parâmetros Organizacionais e Visão filosófica Fonte:
Elaborado por Guimarães, ET: Parâmetros Organizacionais e a Filosofia,
UFC, 2009.
26
A prática filosófica também permite ao dirigente, administrador e executivo
construir sua filosofia organizacional, sua postura estratégica e seus
princípios filosóficos que nortearão seus parâmetros organizacionais, quais
sejam: missão,objetivos,macro políticas, macro estratégias e
diretrizes .
Agir gerencialmente é então decidir pautado nos fatos, nas avaliações e nas
análises de contexto, causas e atitudes comportamentais observadas. Assim,
o processo decisório do Administrador é o exercício contínuo do filosofar.
MULTIMÍDIA
Acessem os endereços abaixo e assistam a aulas que fortalecem
a perspectiva analítica e reflexiva da filosofia aproximando-a
cada vez mais da realidade.
O mito da caverna
http://www.youtube.com/watch?v=P7lIh1pkSX0
(http://www.youtube.com/watch?v=P7lIh1pkSX0)
http://www.youtube.com/watch?v=wiYrJNMfEFY
(http://www.youtube.com/watch?v=wiYrJNMfEFY)
Problema filosófico
http://www.youtube.com/watch?v=cyF6w0tiXG0
(http://www.youtube.com/watch?v=cyF6w0tiXG0)
O que faz o Filósofo ?
http://www.youtube.com/watch?v=IxBv-EwtHrQ
(http://www.youtube.com/watch?v=IxBv-EwtHrQ)
Para que serve a Filosofia?
http://www.youtube.com/watch?v=dKdsbHmc28E
(http://www.youtube.com/watch?v=dKdsbHmc28E)
Filosofia e dogmas
http://www.youtube.com/watch?v=X39UaxjftsU
(http://www.youtube.com/watch?v=X39UaxjftsU)
Sócrates/Platão e Aristóteles
Sócrates/Platão e Aristóteles (http://www.youtube.com/watch?
v=5bkHIGi4JpM)
Responsável: Prof.ª Elidihara Trigueiro Guimarães
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
27
TÓPICO 02: FILOSOFIA APLICADA: ALIANDO SÍMBOLOS E CULTURA ORGANIZACIONAL
Desde a Grécia antiga que Platão em suas investigações filosóficas sobre a
natureza do homem, mencionava o rico e essencial traço simbólico de nossa
essência (alma). Ou seja, seríamos regidos pelos arquétipos.
Para Platão havia dois mundos: o das coisas e das idéias. O mundo das idéias
simbolizando os pensamentos e abstrações, imaginação e inconsciente.
Representava o conhecimento inteligível. O mundo das coisas simbolizando
a manifestação das idéias, o uso dos cinco sentidos, a reprodução das idéias.
Representava o conhecimento sensível. Com essa visão o universo seria uma
grande consciência ôntica (o Ser em sua totalidade) e os fatos, eventos, coisas
e seres seriam uma manifestação dessa consciência. Seriam os entes.
Fonte
(HTTP://POLEGAROPOSITOR.COM.BR/WP-CONTENT/UPLOADS/2008/11/ARISTOTELES.JPG)
Com a percepção de mundos também focada na Ontologia (estudo do ser) e
da Axiologia (estudo dos valores) os filósofos da antiga Grécia interpretavam
as diversas acontecências cotidianas revelando o valor, a essência e o
significado das percepções capturadas através do diálogo,da reflexão e do
conhecimento.
E uma ferramenta muito comum e até hoje utilizada nessa trajetória
filosófica é o uso das metáforas advindas das parábolas e alegorias
construídas, onde simbolicamente transmitiam-se mensagens das diversas
ideologias e pensamentos de época.
Essa é ainda uma grande forma de comunicação inesgotável entre os homens
e através dessas metáforas, que são possibilidades de expressão desses
FILOSOFIA E ÉTICA
AULA 02: PENSAR ESTRATÉGICO É SABER FILOSOFAR ??
28
arquétipos (arquétipos: (uma vez que expressam as múltiplas formas e
olhares de percepção humana)) , nos conseguimos desenvolver a condição de
interpretação, análise e recurso lingüístico rico de manifestações psíquicas.
Dentro das Organizações existem por sua vez os fatos organizacionais
que são os eventos que ocorrem no dia-a-dia das pessoas em seus diversos
ambientes, espaço, tempo, vida, cultura/valores e perspectivas. E através da
reflexão dos fatos com seus simbolismos (metáforas e arquétipos) o
Administrador deverá utilizar seu pensar filosófico para compreender a
realidade, levando em consideração analítica, os padrões culturais das
pessoas, os elementos sócio-políticos e econômicos e as variáveis
comportamentais envolvidas, a fim de emitir julgamentos amparados na
lógica e na percepção ampla dos acontecimentos implicados.
OLHANDO DE PERTO
Dessa forma, os fatos são as situações cotidianas, os símbolos a força do
inconsciente coletivo (mente coletiva da cultura organizacional)
expressando seus valores e as metáforas são as percepções e intenções
subentendidas dos diversos interlocutores.
Com base na cultura organizacional (valores, crenças e costumes)o
administrador pode identificar os símbolos que operam nos diversos espaços
da Organização e perceber como se dão as relações interpessoais (formas
implícitas de afinidade e repulsa por ex.),os padrões de conduta e as mais
diversas formas de expressão de aceitação ou não do status quo.E é assim,
que o administrador consegue embasar seu processo decisório e agir
estrategicamente.
Através da decodificação desses elementos simbólicos o Administrador pode
exercitar ainda a ampliação de sua visão sistêmica ao capturar os aspectos
implícitos nas relações humanas. Poderá fazer uma leitura mais próxima da
realidade organizacional e ater-se aos fatos cotidianos vendo que na
simplicidade existe um arsenal de possibilidades de compreensão e de
desvelamento das expressões e intenções da cultura organizacional.
Quadro II:Interface Filosófica no ambiente organizacional
Fonte (Guimarães, Elidihara Trigueiro, Filosofia aplicada à
administração, apostila Curso de Administração, 2001)
29
Tendo em vista que cada postura, atitude e reação comportamental encerra
em seu bojo um significado e um padrão de cultura formal e / ou informal,
cabe ao Administrador perceber as nuances de interação e vinculação entre
as pessoas através da observação, análise as inferências, a tradução
antropológica, a força cultural, as intenções explícitas e implícitas, os
princípios de valores e as diversas mensagens metafóricas existentes afim de
que seu processo decisório não seja feito de forma empírica ou até mesmo
imbuída de fortes conteúdos emocionais.
A vantagem da habilidade filosófica é propiciar ao Administrador uma re-
velação mais lógica, discursiva e rica em argumentos e falas com sustância e
propriedade. E como uma Organização é uma unidade social de produção,
encerra em si o reflexo de uma grande consciência /universo/mundo maior
em que reproduzimos comportamentos que precisam o tempo todo de um
olhar crítico capaz de não nos deixar reféns de uma ideologia maior. E o
Administrador deverá compatibilizar:realidade possível e idealizada
Assim, buscando a interface e/ou intersecção de posturas, atitudes e
costumes, o administrador deverá ter uma visão de homem, de mundo e de
Organização ampla, capaz de associar conexões de fatos, possibilidades e
pontos fortes nas pessoas,estrutura e superestrutura organizacional e a partir
daí estabelecer uma ação que lhe devolva ou renove empreendedoramente ao
caminho da própria evolução de todos os stakeholders envolvidos.
PARADA OBRIGATÓRIA
Leia o Mito da Caverna de Platão (clique aqui para abrir) (Visite a aula
online para realizar download deste arquivo.) e perceba o exercício do
simbolismo e das metáforas na linguagem filosófica. O texto é relatado por
Marilena Chauí.
FÓRUM
Identificando o Filosofar na Prática Administrativa:
Como você identifica símbolos, metáforas, fatos e elementos do ambiente
organizacional associado ao Filosofar? Como o Administrador pode
correlacioná-los?
30
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Práticas gerenciais com enfoque na filosofia organizacional:
Perfil e Análise Organizacional: Um enfoque da Filosofia
Aplicada à Administração _ Parte II
De acesso ao roteiro de seu portfólio em equipes (entregue nos presenciais
iniciais pela sua tutoria) construam a cada aula uma análise
organizacional segundo o olhar da Filosofia Aplicada ao
mundo organizacional. Atentem aos passos dessas orientações.
Utilizem o fórum e o Chat livres para discussão e tiragem de dúvidas.
E atentem para o espaço do fórum Notas de aula com mais
esclarecimentos sobre os textos e aula.
Nessa primeira etapa vocês deverão seguir o roteiro 1 do rol de perguntas
anexo em material de apoio intitulado: Práticas gerenciais com
enfoque na filosofia Organizacional.
Leiam coma atenção e sigam o passo a passo. Postem em seu portfólio de
grupo para serem paulatinamente corrigidos pela sua tutoria.
CHAT
Fixação dos conceitos
Com base nos fundamentos da aula 2 e do filme:O Poder Além da Vida,
com roteiro em material de apoio,participe do Chat de fixação de conceitos
(com horários a serem definidos com seu tutor) e contribua com suas
percepções e dúvidas
REFERÊNCIAS
AMATUZZI, M. M. O significado da psicologia humanista,
posicionamentos filosóficos implícitos. Rio de Janeiro:
Organização Brasileira dos Livros de Psicologia, V.41 ,1989.
BERGAMINI, C. Liderança: administração do sentido. São
Paulo: Atlas, 1994.
DIMOCK, M. E. Filosofia da administração. 1. ed. São Paulo:
Fundo de Cultura, 1967.
DAVIS, K. e NEWSTROM, J. W. Comportamento humano no
trabalho – Uma abordagem psicológica. São Paulo: Pioneira,
1992.
DEMO, Pedro. Participação é conquista: noções de política
social participativa. São Paulo, Cortez Autores Associados, 1988.
ETZIONI, A. Organizações Modernas. São Paulo: Pioneira, 1974.
GUIMARÃES, Elidihara Trigueiro. Filosofia aplicada à
Administração, apostila do curso de Administração, 2001.
31
HERSEY, P. & BLANCHARD, K. Psicologia para
administradores. São Paulo: EPU, 1986.
KATZ E KAHN.Psicologia Social nas Organizações.Atlas,1990
MORA, J. F. Dicionário de filosofia. Lisboa: Publicações Dom
Quixote, 1991.
MORGAN, G. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996.
NAVARRO, E. A. O pensamento vivo de Sócrates. São Paulo:
Martin Claret, 1986.
RAMOS, A. G. Administração e contexto brasileiro: esboço de
uma teoria geral de administração. Rio de Janeiro: FGV, 1983.
SCHURË, E. Pitágoras. São Paulo: Martin Claret, 1986.
Responsável: Prof.ª Elidihara Trigueiro Guimarães
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
32
TÓPICO 01: VALORES, PRINCÍPIOS ÉTICOS E MORAIS
Fonte
(HTTP://WWW.EUMED.NET/LIBROS/20
06A/LGS-ETIC/PCH.JPG)
Os valores constituem um fenômeno complexo e multifacetado que guarda
intrinsecamente todas as esferas da vida humana vinculada ao seu mundo
social e histórico, à subjetividade das pessoas e ao inter-relacionamento
institucional, em que a família se constitui no ambiente primeiro onde os
valores têm seu principal apoio (Corzo, J. R. F: 2001).
Vivemos um grande colapso de valores e relacionamentos humanos em meio
ao cenário mundial.
Os discursos neoliberais imperam com seus chavões de pseudo harmonia
social, há a presença marcante do estímulo ao individualismo em favor da
ascensão profissional, e assim sucedem-se os paradoxos organizacionais.
Parece que ilusoriamente podemos ser tudo. Somos capazes de transcender o
tempo e o espaço. Podemos alcançar os altos píncaros.
O livre arbítrio é confundido com a grande invasividade que assola nossas
relações sociais. Tudo em nome da liberdade de ser. A racionalidade
individual é aplaudida.
• Mas como formar-se cidadãos??
• Como sermos dotados de um caráter ilibado com tantas fendas em nossa compreensão do mundo??
• Tudo posso???
• Tudo se pode alcançar??
• O discurso da igualdade de oportunidades pode ser um canto das sereias??
• Como tornar-se sujeito atuante e transformador de uma realidade estando à margem de sua compreensão??
• Como minha natureza pode ser desenvolvida sem haver uma interface com meus núcleos culturais, familiares e sociais??
Esses questionamentos surgem a partir do fato de que pensar
filosoficamente é um convite à contemplação da realidade. E contempla-la é
mais do que observá-la. É enxergá-la. É ver suas nuances de manifestação. É
perceber e interpretá-la. É desenvolver uma visão complexa. É decifrar seus
símbolos, códigos e normas que se estabelecem. É ver as contradições
dialeticamente.
Nossa sociedade global predominantemente capitalista imprime regras que
direcionam as diversas formas de unidades sociais de produção. E uma
dessas unidades são as Organizações empresariais que refletem
acirradamente as relações capital X trabalho e a conturbada crise moral e
existencial da humanidade.
FILOSOFIA E ÉTICA
AULA 03: VALORES ORGANIZACIONAIS E A ÉTICA NO TRABALHO
33
As organizações desde suas origens remotas sempre foi e é uma resultante
dos modos de produção que predominam socialmente a cada época. Assim,
ao longo dessa trajetória os valores, princípios e filosofias organizacionais
foram e são construídos em parte pela visão de seus fundadores e em parte
pela demanda, pressão e expectativas advindas de cada sociedade
historicamente determinada.
REFLEXÃO
Mas o que é ética? (Ética -- Vem do grego <b>ethos </b>que
significa modo de ser<b>.</b> E <b>Moral</b> vem do latim
<b>mores </b>e significa costumes.<b> </b>) E o que é
moral??? Como os valores sociais se expressam através
destes???
ALIANDO ESSES CONCEITOS IMPORTANTES FAZEMOS AS SEGUINTESCOMPLEMENTAÇÕES:
Ciência da conduta
Campo teórico
Geral
Reflexão filosófica
Base para tomada de decisão
Fonte analítica dos códigos morais
Avaliação dos atos morais
Permanente
Princípios
Universal
Racional
Modo de agir
Campo prático
Singular
Hábitos
Regras culturais
Expressão das normas de comportamento
Cada cultura tem seus costumes e regras
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Temporal
Condutas
Específica
Normativa
Quadro de síntese de definições sobre ética e moral
(Fonte: Elidihara Trigueiro Guimarães. Apostila de filosofia aplicada à
Administração, UFC, coletânea de autores, 2004)
CONCEITOS
• A ÉTICA
- FUNÇÃO DA ÉTICA
- O OBJETO DA ÉTICA
• A MORAL
- FUNÇÃO DA MORAL
- O OBJETO DA MORAL
É a ciência que reflete sobre os costumes e ações humanas, analisando
códigos de conduta e regras morais.
Tem a função de sistematizar as bases dos princípios da moralidade.
É a moralidade.
É a expressão de cada realidade construída nos diversos grupos sociais e que
tem validade pelos valores vigentes.
Tem a função de constituir-se como a expressão de hábitos, modus vivendi
de uma cultura, classe, entidade.
É o vivido.
Com a própria açãomoral significando a manifestação valorativa dos
costumes e regras sociais, a ética possibilita o desenvolvimento de uma
consciência moral onde cada um de nós capacita-se a assumir a
responsabilidade por nossas escolhas.
Tomar decisões, avaliar consequências é exercitar uma postura ética
Ou seja, a consciência moral nos fornece o discernimento, a condição de
julgamento de nossas atitudes e comportamentos e se reflete em uma
postura ética.
Fonte
35
(HTTP://1.BP.BLOGSPOT.COM/_T7Z6KU1GJEU/SAAEHGEWL6I/AAAAAAAAADO/IBN_K5MA8
8O/S320/ETICA.BMP)
Fonte
(HTTP://4.BP.BLOGSPOT.COM/__NVKE
VA7PPC/SS25_21ZCI/AAAAAAAAAQ
U/44ZJOMGMOQI/S400/RACAS.BMP)
Como os valores representam o cimento por trás de nossas linguagens e
conhecimentos construídos ao longo da vida, a ética surge como o
referencial que irá sinalizar o ponto de equilíbrio sobre o é o mais justo, de
acordo com os ditos valores universais: Fraternidade, Amor, Justiça
Social, Misericórdia, Respeito... E a moral apresenta a matéria de
códigos de comportamentos a serem questionados.
São os valores ainda que dão para a vida sentido de dignidade,
influenciando a construção de propósitos indispensáveis para a solidificação
das culturas em todos os tempos.
Responsável: Prof.ª Elidihara Trigueiro Guimarães
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
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TÓPICO 02: PRÁTICA GERENCIAL E O SOFRIMENTO MORAL NO TRABALHO
Fonte
(HTTP://WWW.JORNALEXPRESS.COM.BR/NOTICIAS/IMAGEM.PHP?
ID_JORNAL=16452&ID_NOTICIA=16)
Diante do que percorrermos sinteticamente sobre valores, ética e moral
percebemos que cada cultura, cada sociedade, cada época, cada grupo tem
suas normas e regulações. E dessa forma cada empresa e/ou instituição por
sua vez também. Assim, cada realidade empresarial vive de seus
pressupostos, princípios, valores e cultura organizacional, os quais atuam
como referência e identidade no mundo.
Com essa interligação contínua, interdependente e dinâmica as Organizações
vão modelando-se de acordo com as necessidades sociais, de mercado e de
seus stakeholders. E nesse movimento complexo vão sofrendo influências
ideológicas, econômicas e políticas. E nessa hora as realidades
organizacionais precisam ter cuidado para não perderem sua identidade
filosófica, ou seja, sua razão de ser.
Os gestores precisam utilizar sua habilidade conceitual pensar filosófico para
desvelar as nuances dos comportamentos humanos nas organizações,
buscando compreender os dilemas e conflitos de valores e de posturas no
ambiente de trabalho, reflexos de uma sociedade que estimula os aspectos
matérias e consumistas da vida em detrimento da genuína capacidade
autêntica e comprometida.
Decorrente da própria conturbação moral que assola nossa sociedade, nós
humanos vivemos normas éticas e juízos de valor ambíguos que
desequilibram as próprias relações em todos os âmbitos: afetivo, familiar,
profissional e econômico.
FILOSOFIA E ÉTICA
AULA 03: VALORES ORGANIZACIONAIS E A ÉTICA NO TRABALHO
37
Fonte
(HTTP://WWW.SENADO.GOV.BR/SF/SENADO/PORTALDOSERVIDOR/JORNAL/JORNAL67/IMAGENS
/AMBIENTE_TRABALHO.JPG)
Com essas instâncias comprometidas, passamos a ver no seio das
Organizações uma série de comportamentos ressoando a destruição psíquica
gradativamente, através do sofrimento moral (assédio), das doenças
psicossomáticas (depressão, alergias, imunologia baixa), sentimentos
primitivos, tais como a inveja/ciúme, competição em graus demasiados, o
que reflete falta de princípios de valores bem conduzidos pelas Organizações.
Com a própria corrida pelo sucesso brilhante profissionalmente, homens e
mulheres nutrem ou sofrem de coação, humilhação, constrangimentos
morais através da própria conduta abusiva pela pressão da maximização dos
lucros.
Fonte
(HTTP://WWW.ETICANOSNEGOCIOS.ORG.BR/BLOG/WORK.JPG)
O medo da incompetência, as pressões pela eficiência máxima, as mudanças
estruturais e as contínuas ações de enxugamentos nas empresas geram a
frustração e uma certa selvageria e ou apatia nos colaboradores.
Não como regra em todas as Organizações, mas em grande parte em todos os
cantos do planeta vimos a esse cenário de crise de identidade humana.
Cabe ao gestor, ao líder, ao executivo, ao administrador desenvolver uma
postura assertiva, madura capaz de levar presidentes e funcionários para
uma reflexão de postura, atitude e comportamento onde apesar do lucro
buscado, possa-se trazer à tona, os princípios e pressupostos organizacionais
como: responsabilidade, senso ético compromisso, lealdade, maturidade e
empreendedorismo. Torna-se uma ilusão o Administrador acreditar que
pode sensibilizar uma grande massa de profissionais a estarem integrados a
38
uma realidade que não vive o que prega. Nessa hora vêem-se funcionários
obrigados pela necessidade de sobrevivência ceder aos desafios esperados.
REFLEXÃO
Contudo, uma reflexão filosófica faz-se necessário;
■ O que é ser Administrador??
■ O que é uma verdadeira gestão???
■ O que é ser justo em uma dinâmica organizacional??
Com um aparato ético podemos inferir que ser um líder é ser coerente e
conciliador de objetivos organizacionais. E ser como Gramsci (1980) coloca
um intelectual orgânico, ou como a literatura gerencial moderna pregoa, um
agente de mudanças em que dialeticamente, através de uma perspectiva
humanista e efetiva, o gestor consiga obter a consecução dos compromissos
da empresa a curto e em médio prazo. E em longo prazo ir dignificando a
alma humana de todos que fazem a Organização pelo reconhecimento, pela
valorização da dignidade e pela preservação do respeito mútuo. Enfim, ser
um Administrador é ser um agente da complexidade, onde nos paradoxos
existentes, conseguimos imprimir um olhar mais pensante em toda a
empresa e a cada linha hierárquica melhoremos a visão de mundo e de
humanidade nas pessoas.
Mas será isso uma utopia???
Que tal respondermos???
FÓRUM
Aula 03: Ética profissional no trabalho:
Como a prática gerencial desenvolve-se de forma mais assertiva a partir da
fundamentação em valores organizacionais? Associe essa resposta a partir
da análise de atos relacionais ao sofrimento moral no trabalho?
ATIVIDADE DE POETFÓLIO
De acesso ao roteiro dessa aula (a disposição em material de
apoio) construam mais um portfólio em equipe com a análise
organizacional segundo o olhar da Filosofia Aplicada ao mundo
organizacional.
PARADA OBRIGATÓRIA
Atentem aos passos dessas orientações.
Utilizem o fórum e o chat livres para discussão e tiragem de dúvidas. E
atentem para o espaço do fórum Notas de aula com mais esclarecimentos
sobre os textos e aula.
Nessa primeira etapa vocês deverão seguir o roteiro 3 do rol de
perguntas anexo em material de apoio intitulado: Prática Ética no
39
trabalho . Leiam com atenção e sigam o passo a passo. Postem em seu
portfólio de grupo para serem paulatinamente corrigidos pela sua tutoria.
LEITURA COMPLEMENTAR
Querem aprender mais sobre Valores Organizacionais e a Ética no
Trabalho?
Leiam esses arquivos para aprofundar seus conhecimentos (a disposição
em material de apoio):
1. Ciclos Organizacionais; (Visite a aula online para realizar download
deste arquivo.)
2. O Mito da Caverna; (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.)
3. Conceitos de Ética; (Visite a aula online para realizar download
deste arquivo.)
4. Pensamiento complejo y enfoque biologico (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
5. Ética Nicomaquéia; (Visite a aula online para realizar download
deste arquivo.)
6. Ressignificado do Trabalho; (Visite a aula online para realizar download
deste arquivo.)
7. Filosofia como Ferramenta;(Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.)
8. Tecnologia e Filosofia. (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.)
9. Juízes e Profissões; (Visite a aula online para realizar download
deste arquivo.)
REFERÊNCIAS
BOFF, Leonardo, Saber cuidar. Vozes, Rio de Janeiro, 2000.
CORZO, José Ramón Fabelo. Los valores y los desafios actuales.
México: BUAP, 2001.
GUIMARÃES, Elidihara Trigueiro: Apostila de Filosofia Aplicada
à Administração, UFC, 2004.
MORIN, Edgar: Sete saberes necessários para a educação do
futuro. Vozes, Rio de Janeiro, 2000
Responsável: Prof.ª Elidihara Trigueiro Guimarães
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
40
TÓPICO 01: PERFORMANCE INTEGRADA DO ADMINISTRADOR
Bem, nessas quatro aulas anteriores navegamos pelas habilidades do
Administrador, pelo exercício do pensar estratégico, pela ética profissional e
empresarial, e agora discutiremos a importância de desenvolvermos uma
postura consciente e madura como líderes.
Figura 01: Performance Integrada do Administrador: Por uma
Investigação filosófica Fonte: Guimarães, E.T. Apostila de Filosofia
Aplicada à Administração. UFC. 2004
Uma performance integrada de três componentes básicos fazem-se
necessários para a formação do Administrador : pensar
estrategicamente,desenvolver a perícia técnica e a gestão de equipes.
Uma ação filosófica diante disso seria a de olhar de fora da Organização e lê
-la com toda a intencionalidade de um bom investigador: E para fazer-se
uma boa investigação faz-se necessário uma leitura da complexidade
organizacional integrada aos diversos elementos internos (cultura,
comportamentos, normas e padrões, funcionários, políticas, parâmetros em
geral) e externos (mercado, concorrentes, clientes.) à Organização,
construindo uma compreensão dessa interface inteligentemente e não
apenas reagindo às diversas ventanias e contextos aos quais possamos estar
submetidos (pensar estrategicamente).
Um comportamento assertivo seria a postura interpessoal necessária
decorrente dessa leitura construída e trabalhada e projetada junto aos que
fazem à empresa, sensibilizando,capacitando, conscientizando e
direcionando potenciais e atribuições compatíveis com a Organização e
talentos humanos (gestão de equipes).
O uso da perícia técnica vem da consequente avaliação das situações,
eventos e circunstâncias que surgem na dinâmica organizacional e pedem
uma intervenção focada, direcionada e que cabe uma medida técnica e /ou
ferramental, estudos, instrumentais ou outra ação específica que venha a
solucionar pontualmente uma dificuldade, obstáculo ou limitação
organizacional (área financeira, área mercadológica, área de produção...).
FILOSOFIA E ÉTICA
AULA 04: PERFORMANCE GERENCIAL FILOSÓFICA
41
EXEMPLO
Por ex. A questão ética é uma atitude do comportamento assertivo que se
fortalece em uma leitura filosófica da organização e se manifesta em
padrões de conduta compatíveis com essa assertiva. Nessa visualização as
organizações com base nesse princípio vêem o cliente, funcionário e
mercado de forma coerente e madura. Daí suas intervenções técnicas nas
diversas áreas da empresa poder vir a ser um reflexo dessa visão inicial
que muitas vezes se perde com o decorrer do desenvolvimento dos ciclos
organizacionais. Ou seja, a questão da postura estratégica irá determinar
sua evolução e coerência.
Mas o Administrador, desde sua formação acadêmica tem que desenvolver
esse raciocínio sistêmico. E o reflexo disso vem da própria evolução da visão
de homem no arcabouço teórico da Administração. Senão vejamos:
Através dessa figura elucidativa percebemos o quanto as teorias
administrativas vêem crescendo em sua percepção. Da forma mais periférica
(homem econômico) onde o indivíduo é um fator de produção de acordo com
Taylor e Fayol, passando pela visão comportamental (um misto de
racionalidade e humanização nas relações com o indivíduo) segundo as
teorias Neo clássicas e Comportamentalistas que postularam o homem
administrativo. E caminhando para uma visão mais consistente e
aprofundado do universo organizacional (homem sistêmico) temos a teoria
dos sistemas com a sua percepção interligada, gestaltica e conectada com a
inter-relação dos sistemas micro e macro.E para discutirmos uma visão mais
atualizada do homem no mundo temos a perspectiva da teoria da
complexidade (Homem complexo) onde Morin, Bueno, Maturama
emprestam suas teorias ao corpo teórico da Administração para poder-se
perceber que o sujeito (corpo de colaboradores, fundadores, clientes,
consumidores, correntes) é o fazedor de sua história,capaz de emitir,sentir e
posicionar-ser. Portanto, não estando passivo no processo. Cada um com
suas diversas complexidades (individualidade, família, sociedade, cultura,
inter percepções).
E assim, como as Organizações são também espaços dinâmicos em suas
missões, parâmetros, fins e cultura interagindo com o universo micro e
macro de cada indivíduo torna-se parte e todo simultaneamente.
Dessa compreensão mais profunda e que toca no cerne dos postulados
administrativos, percebemos o quanto o Administrador para ter uma
42
performance integrada precisa estar cônscio de sua formação,experiência e
desempenho.
UMA ANÁLISE FILOSÓFICA DA FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR
Bem, observando nossa grade curricular em Administração semipresencial
temos a contemplação (que não é apenas o deslumbre) da formatação
epistemológica de suas disciplinas temáticas, quais estão abaixo
apresentadas. Nelas, percebemos a interdisciplinaridade com que o
Administrador precisa atentar-se para aproveitar ao máximo e na medida
certa o que cada ciência pode convidá-lo a conhecer.
Figura 3: Interdisciplinaridade em Administração Fonte: Guimarães, E.T.
Apostila de filosofia aplicada à Administração. UFC. 2004
A visão da PSICOLOGIA é o caminho para o auto conhecimento e para a
leitura das potencialidades e formas de abordagens humanas, capacitando o
administrador a desenvolver melhor sua habilidade comportamental.
A ANTROPOLOGIA permite o olhar simbólico do universo da cultura
organizacional que se aliando com a percepção psicológica favorece o melhor
trabalho com as equipes de trabalho e a lidar com os tempos de mudança.
A SOCIOLOGIA permite a interpretação dos fenômenos econômicos,
ideológicos e políticos que permeiam o mercado de trabalho e de
oportunidades empreendedoras de uma gestão, capacitando o
Administrador a não alienar-se diante do tempo.
O DIREITO permite a elucidação do institucionalmente possível a ser
trabalhado e como deve ser intervido. Desde a formatação do contrato social
de trabalho, passando pela legislação trabalhista e as inúmeras formas de
lidar com a lei tributária, comercial e previdenciária.
A ECONOMIA E A CONTABILIDADE são focos bem técnicos capazes de
permitir ao Administrador potencializar sua ação organizacional baseada em
técnicas e modelos analíticos, auditorias, fiscais, financeiros e equilibradores
de suas projeções e ações no mercado.
43
A PESQUISA e a METODOLOGIA emprestam a capacidade de elaborar
projetos, projetar e pesquisar novos nichos de mercado, a criar novos
pressupostos e quiçá novas teorias em Administração.
E para percebermos outras formas filosóficas de compreensão e
direcionamento da formação em Administração na prática, abaixo temos as
quatro grandes áreas da Administração que fundamentam a perícia técnica
do Administrador e sua correlação com as habilidades gerenciais.
Figura 4: Interface Habilidades Gerenciais e as grandes áreas de atuação
do administrador Fonte: Guimarães,E.T.Apostila de Filosofia Aplicada à
Administração. UFC. 2004
Outra questão fundamental nessa performance é a identificação das
disciplinas e as variáveis comportamentais aos quais são desenvolvidas nesse
percurso, dando a condição ao Administrador de construir um inteligente
mosaico interdisciplinar e que é capaz de provê-lo de uma percepção
estratégica, condução inteligente de equipes e de uma especialização
adequada às necessidades do contexto global e organizacional.
Figura 5: Interfaces Variáveis comportamentais e a habilidade estratégica
Fonte: Guimarães, E.T. Apostila de Filosofia Aplicada à Administração.
UFC. 2004
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Caberá agora a cada um de nós refletirmos, dialogarmos e questionarmos as
questões teórico práticas da Administração em conexão direta com a
contribuição filosófica, posto que esse foi o nosso caminhar nessa
disciplina.Possibilitarmos essa condição rica de interfaces e análises intra e
inter grupais.
Esperamos ter contribuído nessa caminhada e aguardamos a possibilidade
de um avanço mais crítico, construtivo e epistemológico na nossa jornada
como líderes.
LEITURA COMPLEMENTAR
Agora, convidamos a todos a lerem o Box de arquivos de artigos
científicos que estão em material de apoio, e discutirmos em nosso
fórum a importância dessa disciplina e dessa performance mais integrada
do Administrador.
FÓRUM
PERFORMANCE ESTRATÉGICA E FILOSÓFICA
Leia o Box de artigos científicos em pdf na aula e em material de apoio e
discuta no fórum sobre as perspectivas filosóficas e comportamentais
existentes correlacionando-as com a aula e as implicações que elas podem
ter nas organizações. Aproveite para fazer uma auto avaliação nessa
disciplina.
DICAS
Querem aprender mais sobre Performance Gerencial Filosófica e
Performance Integrada do Administrador?
Leiam esses arquivos em pdf para aprofundar seus conhecimentos (a
disposição em material de apoio):
A vida profissional (Visite a aula online para realizar download
deste arquivo.)
Complexidade e a empresa (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.)
Complexidade e liberdade
(Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.)
Gerontologia complexa (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.)
Minicurso 15 carta transdisciplinaridade (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
Olhar paradigmático
(Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.)
Paradigma complexidade e
organização (Visite a aula online para realizar download
deste arquivo.)
Para além do Iluminismo (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.)
Pensamento complexo (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.)
Pensamento complexo II (Visite a aula online para realizar download
deste arquivo.)
Performance administrativa aula 5 parte IV filosofia (Visite a aula
online para realizar download deste arquivo.)
Prevenção de conflitos na
empresa (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.)
Revista Sisifo .(Visite a aula online
Sete idéias norteadoras da relação educação e
SilmaraLM (Visite a aula online
45
para realizar download deste
arquivo.)
complexidade (Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.)
para realizar download deste
arquivo.)Teoria complexa
(Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.)
REFERÊNCIAS
GUIMARÃES, E.T. Apostila de Filosofia Aplicada à Administração.
Performance Integrada do Administrador: Por uma Investigação
filosófica, UFC.2004
MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o
pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.
______. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo:
Cortez; Brasília: 2000.
Responsável: Prof.ª Elidihara Trigueiro Guimarães
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
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