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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO | MESTRADO EM DESIGN
ERGONOMIA NO AMBIENTE CONSTRUÍDO DE
INSTITUIÇÕES PARA IDOSOS -
Estudo de caso em instituição brasileira e portuguesa
MARIE MONIQUE BRUÈRE PAIVA
RECIFE | 2012
ii
MARIE MONIQUE BRUÈRE PAIVA
ERGONOMIA NO AMBIENTE CONSTRUÍDO DE
INSTITUIÇÕES PARA IDOSOS -
Estudo de caso em instituição brasileira e portuguesa
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Design da Universidade Federal de
Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Design.
Orientadora: Profª Vilma Villarouco
RECIFE | 2012
iii
Catalogação na fonte
Bibliotecária Maria Valéria Baltar de Abreu Vasconcelos, CRB4-439
P149e Paiva, Marie Monique Bruère.
Ergonomia no ambiente construído de instituições para idosos:
estudos de caso em instituição brasileira e portuguesa / Marie Monique
Bruère Paiva. – Recife: O Autor, 2012.
225 p.: il.
Orientador: Vilma Villarouco.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco,
CAC. Design, 2012.
Inclui bibliografia, glossário, apêndices e anexos.
1. Ergonomia. 2. Idosos - Assistência em instituições. 3. Idosos -
Habitação. I. Villarouco, Vilma. (Orientador). II. Titulo.
745.2 CDD (23.ed.) UFPE (CAC 2012-49)
iv
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN
PARECER DA COMISSÃO EXAMINADORA
DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO DE
MESTRADO ACADÊMICO DE
MARIE MONIQUE BRUÈRE PAIVA
“Ergonomia no Ambiente Construído de Instituições para Idosos: Estudo de Caso em Instituição Brasileira e Portuguesa.”
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESIGN E ERGONOMIA
A comissão examinadora, composta pelos professores abaixo, sob a presidência da primeira, considera a
candidata MARIE MONIQUE BRUÈRE PAIVA _________________ .
Recife, 24 de Fevereiro de 2012.
Profª Vilma Maria Villarouco Santos, Drª (UFPE)
Prof. Walter Franklin M. Correia, D. Sc.(UFPE)
Prof. Flávio Antonio Miranda de Souza, PhD. (UFPE)
v
À minha mãe,
ao meu marido, às minhas filhas,
e ao meu irmão, “porque o amor não é
uma coisa assim tão fácil de medir...”
Eu amo vocês até a lua... IDA e VOLTA!
vi
Agradecimentos
Agradecer parece tarefa simples, mas não é, principalmente quando fazemos um
trabalho dessa natureza. São tantas as pessoas que nos ajudam, incentivam,
compreendem, apóiam, aturam...
Primeiramente agradeço a Deus por ter o privilégio de sentir Suas Mãos me amparando
e conduzindo em todos os momentos de minha vida.
À Profª VILMA VILLAROUCO, com seu jeito amigo e preciso quando necessário, por ter-
me incentivado a novamente estudar e acreditar que tudo seria possível (e foi).
Obrigada à amiga, antes da orientadora Profª Vilma.
Às Instituições de idosos que tão gentilmente me receberam, e tudo facilitaram para o
desenvolvimento dessa dissertação; meu agradecimento especial aos Senhores
Engenheiro ARLINDO MAIA, Engenheiro ALFREDO CORRÊA, Drª VERA SANTOS e Drª
CRISTIANE MELO.
Aos colegas de Mestrado, pelo resgate da vivência de sala de aula.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Design pela ajuda na construção do
conhecimento para esse trabalho.
A toda minha família que conviveu nestes últimos dois anos com minhas ausências
(algumas vezes de corpo presente), carências e alterações de humor, sempre me
ajudando a seguir em frente. Sem palavras!
Enfim, agradeço a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização
desse trabalho, e aqueles que sempre me fazem sentir que o recomeçar é diário, e que
nada é inatingível, desde que haja amor e perseverança.
vii
Resumo
O crescente processo de envelhecimento populacional de países em desenvolvimento,
como o Brasil, juntamente com a busca por alternativas de moradia em instituições,
conduz à necessidade de se investigar a adequabilidade dos ambientes construídos. Os
espaços devem acolher com propriedade as mudanças de ordem física, cognitiva e
emocional ocasionadas pelo processo de senescência e/ou senilidade das pessoas.
Sendo o envelhecimento saudável aquele com envolvimento ativo com a vida e tendo
como meta uma melhoria na qualidade de vida dos idosos, o presente estudo objetiva,
através da experiência portuguesa, gerar recomendações de melhorias em ambientes
físicos de instituições de longa permanência para idosos no Brasil. Na busca de
identificar aspectos positivos e negativos dos espaços físicos em instituições para
idosos, foi utilizada a Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído – MEAC,
proposta por VILLAROUCO (2008), a qual investiga a interação humano-ambiente-
atividade. As análises evidenciaram a satisfação do usuário com o ambiente físico,
apesar da não adequação de alguns parâmetros sugeridos pelas normas norteadoras de
projetos para ambientes físicos de moradias coletivas para idosos. Uma vez
consideradas as limitações específicas do usuário, foi constatada a necessidade de
adequações na infraestrutura física a fim de garantir autonomia, bem-estar, conforto e
segurança dos idosos.
Palavras-chave: Ergonomia do Ambiente Construído; Instituição de Longa Permanência
para Idosos; Moradia de Idosos; Percepção ambiental.
viii
Abstract
The growing process of population aging in developing countries, such as Brazil, along
with the search for alternative accommodation in institutions, leads to the need to
investigate the suitability of the built environment. The spaces should properly
accommodate the physical, cognitive and emotional changes caused by the process of
senescence and/or senility. Being the healthy aging the one with active involvement
with life and with the goal of improving the quality of life for seniors, this study
aims, through the Portuguese experience, originate recommendations of
improvements in physical environment of long-stay institutions for the elderly in Brazil.
In search of identifying positive and negative aspects of physical spaces in nursing
homes, it was used the Ergonomic Methodology of the Built Environment – MEAC,
proposed by VILLAROUCO (2008), which investigates the human-environment-activity
interaction. The analysis showed the satisfaction of the user with the physical
environment, despite the unsuitability of some parameters suggested by the rules that
guide the projects for physical environment of collective homes for the elderly. Once
considered the specific limitations of the user, it was noticed the need for adjustments
in the physical infrastructure to ensure autonomy, welfare, comfort and safety of the
elderly.
Keywords: Ergonomics of the Built Environment; Long-Stay Institution for the Elderly;
Housing for the Elderly; Environmental Perception.
ix
Lista de Figuras
Figura 01: Relação da arquitetura clássica grega e a seção áurea. ......................... 31
Figura 02: Homem de Vitrúvio. .................................................................... 32
Figura 03: Modulor. .................................................................................. 33
Figura 04: Antropometria de pessoas em cadeira de rodas – vista frontal. ............... 35
Figura 05: Ângulos de visibilidade. ............................................................... 36
Figura 06: Dimensões mínimas para boxe com bacia sanitária (A)|Locação de barras de
apoio em boxe para chuveiro (B).................................................................. 38
Figura 07: Locação de barras de apoio para bacia sanitária (A) | Áreas de transferência
para a bacia sanitária (B). .......................................................................... 38
Figura 08: Circulação para área de estar em canto............................................ 39
Figura 09: Largura mínima de mesas para zona ideal de conforto. ......................... 40
Figura 10: Larguras mínimas para área de refeições. ......................................... 40
Figura 11: Mesas | espaço para cadeira de rodas. ............................................. 41
Figura 12: Dimensionamento de circulação e passagens. ..................................... 42
Figura 13: Dimensionamento de circulação e passagens. ..................................... 42
Figura 14: Representação esquemática do Modelo de Qualidade de Vida na velhice
elaborado por Lawton (1991). ..................................................................... 53
Figura 15: ILPI 1 - Situação da instituição portuguesa. ....................................... 85
Figura 16: ILPI 1 - Fachada Sudoeste. ............................................................ 85
Figura 17: ILPI 1 - Fachada Sudeste. ............................................................. 85
Figura 18: ILPI 1 - Acesso principal. .............................................................. 86
Figura 19: ILPI 1 - Salas de uso múltiplo. ........................................................ 87
Figura 20: ILPI 1 – Acesso principal. .............................................................. 90
Figura 21: ILPI 1 – Acesso à edificação. .......................................................... 90
Figura 22: ILPI 1 - Planta Baixa Geral – 1º pavimento. ........................................ 92
Figura 23: ILPI 1 - Planta Baixa Geral – 2º pavimento. ........................................ 94
Figura 24: ILPI 1 - Refeitório principal. .......................................................... 95
Figura 25: ILPI 1 - Refeitório principal. .......................................................... 95
Figura 26: ILPI 1 - Planta Baixa Geral – 2º pavimento. ........................................ 97
Figura 27: ILPI 1 - Estar – 3º pavimento. ......................................................... 98
Figura 28: ILPI 1 - Estar – 3º pavimento. ......................................................... 98
Figura 29: ILPI 1 - Sala de refeições – 3º pavimento ........................................... 98
Figura 30: ILPI 1 - Sala de refeições – 3º pavimento ........................................... 98
Figura 31: ILPI 1 – 1º pavtº - Dormitório. ........................................................ 99
Figura 32: ILPI 1 – 2º pavtº - Dormitório. ........................................................ 99
x
Figura 33: ILPI 1 - Circulação ala grandes dependentes – 1º pavimento. ................. 100
Figura 34: ILPI 1 - Circulação ala idosos independentes – 3º pavimento. ................. 100
Figura 35: ILPI 1 - Sinalização segurança. ...................................................... 100
Figura 36: ILPI 1 - Sinalização segurança. ...................................................... 100
Figura 37: ILPI 1 - Circulação de acesso aos dormitórios - 1º pavimento. ................ 101
Figura 38: ILPI 1 - Circulação de acesso aos dormitórios - 3º pavimento. ................ 101
Figura 39: ILPI 1 - Banho assistido – 1º pavimento ............................................ 101
Figura 40: ILPI 1 - Banho assistido – 1º pavimento ............................................ 101
Figura 41: ILPI 1 - Banheiro privado – 2º pavimento .......................................... 102
Figura 42: ILPI 1 - Banheiro privado – 2º pavimento .......................................... 102
Figura 43: ILPI 1 - Pontos de medição de iluminância e ruído – 1º pavimento. .......... 104
Figura 44: ILPI 1 - Pontos de medição de iluminância e ruído – 2º pavimento. .......... 105
Figura 45: ILPI 1 - Pontos de medição de iluminância e ruído – 3º pavimento. .......... 106
Figura 46: ILPI 1 - Mobiliário de dormitório - 2º pavimento. ............................... 108
Figura 47: ILPI 1 - Mobiliário de dormitório - 2º pavimento. ................................ 108
Figura 48: ILPI 1 - Setorização de áreas funcionais - 1º pavimento. ....................... 110
Figura 49: ILPI 1 - Setorização de áreas funcionais - 2º pavimento. ....................... 112
Figura 50: ILPI 1 - Setorização de áreas funcionais - 3º pavimento. ....................... 114
Figura 51: Legenda do módulo de usuário portador de cadeira de rodas em rotações
360º e 90º permitidas e não permitidas. ........................................................ 118
Figura 52: ILPI 1 -1º pavimento - Planta baixa banho assistido. ........................... 119
Figura 53: ILPI 1 - 1º pavimento banho assistido. ............................................. 120
Figura 54: ILPI 1 - 1º pavimento – Planta baixa quarto. ...................................... 121
Figura 55: ILPI 1 - 1º pavimento – Quarto. ...................................................... 121
Figura 56: ILPI 1 - 1º pavimento – Quarto. ...................................................... 121
Figura 57: ILPI 1 - 2º pavimento – Planta baixa quarto e banheiro privado............... 122
Figura 58: ILPI 1 - 2º pavimento – Banheiro. ................................................... 123
Figura 59: ILPI 1 - 2º pavimento – Quarto. ...................................................... 123
Figura 60: ILPI 1 - 2º pavimento – Planta baixa quarto e banheiro privado............... 123
Figura 61: ILPI 1 – 2º pavimento – Banheiro. ................................................... 124
Figura 62: ILPI 1 – 2º pavimento – Banheiro. ................................................... 124
Figura 63: ILPI 1 - 2º pavimento – Quarto. ...................................................... 124
Figura 64: ILPI 1 - 3º pavimento – Planta baixa quarto e banho privado. ............... 125
Figura 65: ILPI 1 - 3º pavimento – Quarto. ...................................................... 126
Figura 66: ILPI 1 - 3º pavimento – Banheiro. ................................................... 126
Figura 67: ILPI 2 - Situação instituição brasileira. ............................................ 131
Figura 68: ILPI 2 – Pavilhão masculino antes da reforma de 2010. ......................... 135
Figura 69: ILPI 2 – Enfermaria Pavilhão feminino antes da reforma de 2010. ............ 135
xi
Figura 70: ILPI 2 – Pavilhão masculino depois da reforma de 2010......................... 136
Figura 71: ILPI 2 – Enfermaria Pavilhão feminino depois da reforma de 2010. .......... 136
Figura 72: ILPI 2 – Acesso principal – Vista externa. .......................................... 136
Figura 73: ILPI 2 - Acesso principal – Vista interna. ........................................... 136
Figura 74: ILPI 2 – Locação dos Blocos. ......................................................... 137
Figura 75: ILPI 2 - Bloco A - Fisioterapia. ....................................................... 138
Figura 76: ILPI 2 - Bloco A - Fisioterapia. ....................................................... 138
Figura 77: ILPI 2 - Bloco A – Acesso Fisioterapia. .............................................. 139
Figura 78: ILPI 2 - Bloco A – Detalhe acesso Fisioterapia. ................................... 139
Figura 79: ILPI 2 – Casa das religiosas. .......................................................... 139
Figura 80: ILPI 2 – Acesso à casa das religiosas. ............................................... 139
Figura 81: ILPI 2 – Passarelas cobertas de interligação dos blocos. ........................ 140
Figura 82: ILPI 2 - Passeio de ligação dos blocos. ............................................. 140
Figura 83: ILPI 2 – Rampa de acesso ao Bloco F. .............................................. 140
Figura 84: ILPI 2 – Rampa de acesso ao Bloco E. .............................................. 140
Figura 85: ILPI 2 - Rampa de acesso ao Bloco E. .............................................. 140
Figura 86: ILPI 2 – Bloco E - Calha de águas pluviais. ......................................... 141
Figura 87: ILPI 2 – Bloco F - Calha de águas pluviais. ......................................... 141
Figura 88: ILPI 2 – Acessibilidade da área de convivência. .................................. 141
Figura 89: ILPI 2 – Acessibilidade da área de convivência. .................................. 141
Figura 90: ILPI 2 – Passeio de acesso ao Bloco B. .............................................. 142
Figura 91: ILPI 2 – Passeio de acesso ao Bloco G. ............................................. 142
Figura 92: ILPI 2 - Passeio de acesso ao Bloco H. ............................................. 142
Figura 93: ILPI 2 – Bloco E - Refeitório. ......................................................... 142
Figura 94: ILPI 2 – Bloco E - Refeitório. ......................................................... 142
Figura 95: ILPI 2 – Bloco E - Cozinha. ............................................................ 143
Figura 96: ILPI 2 – Bloco E - Cozinha. ............................................................ 143
Figura 97: ILPI 2- Bloco F - Lavanderia. ......................................................... 143
Figura 98: ILPI 2 – Bloco F – Lazer|recreação idosos independentes. ..................... 143
Figura 99: ILPI 2 – Bloco F – Refeitório idosos dependentes. ................................ 143
Figura 100: ILPI 2 – Bloco G e H – Mobiliário Quarto. ......................................... 145
Figura 101: ILPI 2 – Bloco G e H – Detalhe iluminação individual quartos................. 145
Figura 102: ILPI 2 – Blocos G e H – Iluminação natural. ...................................... 145
Figura 103: ILPI 2 – Blocos G e H – Circulação. ................................................ 145
Figura 104: ILPI 2 – Blocos G e H – Enfermarias. ............................................... 145
Figura 105: ILPI 2 – Blocos G e H – Banheiro acessível. ....................................... 146
Figura 106: ILPI 2 – Blocos G e H – Banheiro. ................................................... 146
Figura 107: ILPI 2 – Blocos G e H – Posto enfermagem. ...................................... 146
xii
Figura 108: ILPI 2 – Locação dos Blocos. ........................................................ 148
Figura 109: ILPI 2 – Locação dos Blocos A e B. ................................................. 150
Figura 110: ILPI 2 – Locação dos Blocos C, D, E e F. .......................................... 151
Figura 111: ILPI 2 – Locação dos Bloco G. ...................................................... 152
Figura 112: ILPI 2 – Locação dos Bloco G. ...................................................... 153
Figura 113: ILPI 2 – Pontos de Medição de conforto ambiental - Blocos C, D, E e F. ... 154
Figura 114: ILPI 2 – Pontos de Medição de conforto ambiental - Bloco G. ................ 155
Figura 115: ILPI 2 – Pontos de Medição de conforto ambiental - Blocos H. ............... 156
Figura 116: ILPI 2 – Mobiliário refeitório central. ............................................. 159
Figura 117: ILPI 2 – Mobiliário refeitório das idosas dependentes. ......................... 159
Figura 118: ILPI 2 - Mobiliário refeitório dos idosos dependentes. ......................... 159
Figura 119: ILPI 2 – Delimitação quarto. ........................................................ 164
Figura 120: ILPI 2 – Quarto - Tipologia 1. ....................................................... 164
Figura 121: ILPI 2 – Planta baixa quarto Tipologia 1. ......................................... 165
Figura 122: ILPI 2 – Planta baixa quarto Tipologia 2. ......................................... 166
Figura 123: ILPI 2 – Janelas Quarto – Tipologia 2. ............................................. 167
Figura 124: ILPI 2 – Detalhe iluminação, e comandos individuais. ......................... 167
Figura 125: ILPI 2 – Aberturas dos quartos Tipologia 3. ...................................... 167
Figura 126: ILPI 2 – Revestimento de piso de quarto da Tipologia 3. ...................... 167
Figura 127: ILPI 2 – Planta baixa quarto Tipologia 3. ......................................... 168
Figura 128: ILPI 2 – Planta baixa banheiro coletivo feminino A. ............................ 169
Figura 129: ILPI 2 – Banheiro feminino coletivo A - boxe bacia sanitária. ................ 170
Figura 130: ILPI 2 – Banheiro feminino coletivo A - lavatórios. ............................. 170
Figura 131: ILPI 2 – Banheiro feminino coletivo A - boxe acessível. ....................... 171
Figura 132: ILPI 2 – Planta baixa banheiro coletivo feminino B. ............................ 171
Figura 133: ILPI 2 – Planta baixa banheiro coletivo masculino A. .......................... 173
Figura 134: ILPI 2 – Banheiro masculino coletivo A - lavatórios............................. 174
Figura 135: ILPI 2 – Banheiro masculino coletivo A – cabines individuais. ................ 174
Figura 136: ILPI 2 – Planta baixa banheiro coletivo masculino B. .......................... 175
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 01: ILPI 1 - Distribuição do número de quartos, de acordo com o número camas,
por pavimento e por etapa de construção....................................................... 91
Tabela 02: ILPI 1 - Medições de níveis de iluminância e ruído nos ambientes, de acordo
com o pavimento e o exigido em legislações portuguesas................................... 107
Tabela 03: ILPI 1 - Áreas de construção, por pavimentos e etapas de construção. ..... 108
Tabela 04: ILPI 1 - Área útil de construção, percentual de área total, por área funcional
e por pavimentos.................................................................................... 109
Tabela 05: ILPI 1 - Áreas físicas estabelecidas no DN 12/1998 e situação averiguada na
instituição. ........................................................................................... 116
Tabela 06: ILPI 1 – Comparativo entre condicionantes físicos estabelecidos no DL
163/2006 e situação averiguada na instituição. ............................................... 117
Tabela 07: ILPI 2 - Distribuição do número de quartos e de enfermarias, de acordo com
o número de camas por dormitório. ............................................................. 144
Tabela 08: ILPI 2 - Área útil de construção e percentual de área total, por área
funcional e por blocos.............................................................................. 149
Tabela 09: ILPI 2 - Medições de níveis de iluminância e de ruído nos ambientes, de
acordo com o Bloco e o preconizado em legislações brasileiras. .......................... 157
Tabela 10: ILPI 2 - Comparativo entre áreas físicas estabelecidas na RDC 283/2005 e
situação averiguada na ILPI 2, em Recife....................................................... 160
Tabela 11: ILPI 2 - Comparativo entre áreas físicas estabelecidas na Lei nº 165/1980 e
situação averiguada na ILPI 2, em Recife....................................................... 161
Tabela 12 : ILPI 2 - Comparativo entre dimensionamento estabelecido na ABNT NBR
9050/2004 e situação averiguada na ILPI 2. .................................................... 162
Tabela 13: Distribuição de áreas funcionais nas ILPIs. ....................................... 196
xiv
Lista de Quadros
Quadro 01: Zonas de espaço pessoal, segundo Hall (1966). .................................. 29
Quadro 02: Alterações corporais internas e externas, segundo ZIMERMAN (2000). ...... 51
Quadro 03: Técnicas utilizadas na MEAC, segundo etapas e seus objetivos. .............. 76
Quadro 04: ILPI 1 - Distribuição do setor funcional. ........................................... 88
Quadro 05: ILPI 1 - Horário das refeições........................................................ 89
Quadro 06: ILPI 2 - Distribuição do quadro funcional......................................... 132
Quadro 07: ILPI 2 - Distribuição das atividades de funcionamento nos dormitórios. ... 134
Quadro 08: ILPI 1 | ILPI 2 - Recomendações ergonômicas para as ILPI 1 e ILPI 2. ...... 188
Quadro 09: ILPI 1 | ILPI 2 - Atendimento às legislações de funcionamento de instituições
para idosos. .......................................................................................... 193
Quadro 10: Recomendações de melhorias para o espaço físico em ILPIs. ................ 203
Lista de Gráficos
Gráfico 01: ILPI 1 - Área de maior permanência dos idosos. ................................ 128
Gráfico 02: ILPI 1 - Índice de satisfação com características existentes em ambientes
em geral. ............................................................................................. 128
Gráfico 03: ILPI 1 - Índice de satisfação com características existentes em unidades
individuais. ........................................................................................... 129
Gráfico 04: ILPI 2 - Índice de satisfação com características existentes em ambientes
em geral. ............................................................................................. 177
Gráfico 05: ILPI 2 - Índice de satisfação com características existentes em unidades
individuais. ........................................................................................... 177
Gráfico 06: Áreas úteis de construção, segundo áreas funcionais da ILPI 1 e ILPI 2. ... 181
xv
Lista de Abreviaturas e Siglas
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
AET – Análise Ergonômica do Trabalho
AIVD – Atividade instrumental da vida diária
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AVD – Atividade da vida diária
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEA – International Ergonomics Association
ILIPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos
INE – Instituto Nacional de Estatística
IPSS – Instituição Particular de Solidariedade Social
MEAC – Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído
NBR – Normas Brasileiras
OGs – Organizações governamentais
OMS – Organização Mundial de Saúde
ONGs – Organizações não governamentais
ONU – Organização das Nações Unidas
PALOPs – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
RDC – Resolução da Diretoria Colegiada
SBGG – Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
xvi
Sumário
Lista de Figuras ........................................................................................ ix
Lista de Tabelas ..................................................................................... xiii
Lista de Quadros ..................................................................................... xiv
Lista de Gráficos ..................................................................................... xiv
Lista de Abreviaturas e Siglas ...................................................................... xv
1. Introdução ......................................................................................... 17
1.1. Objetivos .................................................................................... 22
1.2. Hipóteses .................................................................................... 22
1.3. Estrutura da dissertação .................................................................. 23
2. Referencial Teórico .............................................................................. 24
2.1. Ergonomia ................................................................................... 24
2.1.1. A ergonomia e o ambiente construído .............................................. 25
2.1.2. Antropometria .......................................................................... 31
2.2. Condicionantes físicos de conforto ambiental ........................................ 42
2.2.1. Conforto lumínico ...................................................................... 43
2.2.2. Conforto acústico ...................................................................... 45
2.3. Gerontologia ................................................................................ 46
2.3.1. Caracterização do idoso .............................................................. 48
2.3.2. Processo de envelhecimento ......................................................... 50
2.3.3. Quedas em idosos ...................................................................... 56
2.3.4. Gerontologia ambiental ............................................................... 58
2.4. Envelhecimento demográfico - Brasil | Portugal ..................................... 61
2.5. O morar coletivo - algumas considerações ............................................ 63
2.5.1. Instituição de Longa Permanência para Idosos - ILPI ............................ 65
2.5.2. Instituição Particular de Solidariedade Social - IPSS ............................. 68
xvii
3. Metodologia ....................................................................................... 72
3.1. Métodos de abordagem ................................................................... 72
3.2. População e amostra ...................................................................... 73
3.3. Aspectos éticos ............................................................................. 74
3.4. Instrumentos de coleta de dados ........................................................ 75
3.4.1. Pesquisa documental .................................................................. 75
3.4.2. Metodologia ergonômica para o ambiente construído - MEAC ................. 75
4. Estudos de casos ................................................................................. 83
4.1. ILPI 1 - Vila do Conde - Portugal ........................................................ 83
4.1.1. Análise Global do ambiente .......................................................... 83
4.1.2. Identificação da configuração ambiental .......................................... 90
4.1.3. Avaliação do ambiente em uso ..................................................... 115
4.1.4. Percepção ambiental ................................................................. 126
4.2. ILPI 2 - Recife | Brasil .................................................................... 130
4.2.1. Análise Global do ambiente ......................................................... 131
4.2.2. Identificação da configuração ambiental ......................................... 136
4.2.3. Avaliação do ambiente em uso ..................................................... 158
4.2.4. Percepção ambiental ................................................................. 176
4.3. Diagnóstico ergonômico das ILPIs e Recomendações ............................... 178
5. Análise e discussão dos resultados da pesquisa ............................................ 190
6. Conclusões e considerações finais ........................................................... 202
6.1. Conclusões.................................................................................. 202
6.2. Limitações e Sugestões para futuras pesquisas ...................................... 208
Glossário .............................................................................................. 209
Referências........................................................................................... 211
Apêndices ............................................................................................ 221
Anexos ................................................................................................ 223
17
1. Introdução
O perfil da população mundial tem se modificado devido aos avanços tecnológicos e da
medicina que tem contribuído para o incremento da população idosa. Esse avanço
também é ocasionado pelo aumento da qualidade e expectativa de vida, bem como
pela descendente taxa de fecundidade.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS, indivíduo idoso é aquele com 60
ou mais anos em países subdesenvolvidos, e a partir dos 65 anos em países
desenvolvidos. Entretanto a idade cronológica por si só não configura indicador direto
do marco do envelhecimento, participando deste processo, variáveis que incluem
contexto sócio-econômico e cultural além de diferentes níveis de (in) dependência.
Segundo a Organização das Nações Unidas - ONU, a população mundial com 60 ou mais
anos representa atualmente 11% da população total, com predomínio em países
desenvolvidos. As projeções da ONU apontam para o ano de 2050 um índice de 21,9%
(ONU, 2010), e presume um crescimento da faixa populacional acima dos 85 anos, com
predominância feminina.
O Brasil, país em desenvolvimento, acompanha as médias mundiais, tanto para o ano
2010 como a previsão para o ano 2050, com os indicadores de 10,2% e 29,3%
respectivamente (ONU, 2010). E segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE (2008), os idosos têm maior concentração nas regiões Sudeste, Sul, e
Nordeste, onde Recife é a 5ª maior capital com índice de 9,8% da população total.
Ainda de acordo com indicadores sociais do IBGE (2008) o convívio com famílias
intergeracionais, de até 3 (três) gerações, é maior nas regiões Norte e Nordeste por
apresentarem maior número de filhos por família.
Assim como o Brasil, Portugal, que é país desenvolvido, apresenta alto índice de
projeção da população percentual de idosos para o ano de 2050, chegando à ordem de
38,4% da população total do país (ONU, 2010). Segundo dados do Instituto Nacional de
Estatística de Portugal – INE, a baixa taxa de fecundidade durante um período de trinta
anos, mas especificamente entre o período do ano de 1985 a 2015, respondem pelo
aumento crescente da longevidade populacional, que apresenta agora a esperança de
vida em 80 ou mais anos (INE, 2010).
18
Segundo Neri (2008b), a qualidade de vida na velhice é uma resultante
multidimensional, e fenômeno de várias faces, que depende de aspectos biológicos
individuais, sociais e psicológicos ao longo da história do indivíduo em suas relações
com o ambiente físico e com a sociedade. A autora também atesta que o bem-estar é
avaliado através das condições objetivas, cujas características podem ser mensuradas,
tais como condições físico-ambientais e índices sócio-econômicos, assim como as
condições subjetivas, verificadas através de relatos e opiniões.
Nessa direção, para a gerontologia o envelhecimento tem como foco principal a
qualidade de vida do idoso, acrescido do suporte social e de saúde.
Deste modo, segundo Roew & Kahn (1997) apud Papaléo Netto (2006), o
envelhecimento pode ser saudável quando pautado no baixo risco de doenças, elevada
saúde física e mental e compromisso ativo com a vida. Essas condições elevam a alta
estima e a sensação de bem-estar, corroborando a idéia de que com a velhice há
perdas e ganhos, e a sabedoria reside em otimizar e compensar seletivamente as
situações do dia-a-dia.
Entretanto, as múltiplas perdas pessoais associadas às alterações sensório-motoras e
percepto-cognitivas, e disfunções crônico-degenerativas interferem na funcionalidade e
no desempenho de atividades diárias dos idosos.
Isto ocorre porque ao envelhecermos enfrentamos mudanças de ordem de física,
cognitiva e emocional, sendo cada vez mais requisitados no ambiente construído
espaços confortáveis e que se ajustem a essas restrições. Perracini (2006) ressalta a
necessidade de preocupação maior com a função espacial em atendimento ao design
universal, contrapondo-se à forma estética.
Para atender a faixa etária avançada é necessário estar preparado dentro e fora da
moradia, sem barreiras arquitetônicas, favorecendo a mobilidade individual, com
acessibilidade integral e inclusão do indivíduo.
Neste contexto, a moradia ganha relevância pela relação que o idoso mantém com o
ambiente físico, ancorado no modelo ecológico de Lawton (1983), preservando o espaço
pessoal, a territorialidade (SOMMER, 1973; OKAMOTO, 2002), ambiência e identidade,
que contribuem diretamente para determinar a qualidade do envelhecimento.
19
Wilson & Corlett (2005) afirmam haver uma interação contínua e dinâmica entre as
pessoas e seu entorno, onde resultam tensões de ordem fisio-psicológicas. E, o corpo
humano, por não se apresentar um sistema totalmente passivo, responde de maneira
diferente aos estímulos físicos em determinado ambiente, que podem gerar
desconforto e até mesmo doenças ocupacionais ou sociais.
Portanto, a partir do entendimento de que as pessoas fazem parte de um determinado
sistema e que vivenciam um determinado ambiente, é verdadeira a preocupação da
ergonomia do ambiente construído com a maneira como os indivíduos interagem com
este espaço.
Deste modo, sendo o usuário o foco central, a ergonomia através de sua visão sistêmica
se encarrega de assistir as atividades de planejamento, projeto e avaliação do trabalho
e do ambiente construído, garantindo uma melhoria de desempenho (IIDA, 2005).
Para Heimstra & Mcfarling (1978, p. 3) o ambiente físico “compreende tudo o que
rodeia uma pessoa”. Nesse sentido, o espaço físico é fundamental para a ergonomia do
ambiente construído que, segundo Villarouco (2008), busca a melhoria da qualidade de
vida no desempenho das funções de seu usuário, atendendo às necessidades funcionais
(aspectos físico-cognitivos) e formais (aspectos psicológicos).
Por sua interdisciplinaridade, a ergonomia se torna uma ferramenta de grande
importância para estudos e projetos destinados a idosos, contribuindo para a
segurança, conforto e desenvolvimento das atividades rotineiras da vida diária com
baixo gasto de energia física, concorrendo, assim, para sua autonomia e auto-estima.
Para Born & Boechat (2006) é preciso rever os conceitos sobre instituição para idosos,
na medida em que esses estabelecimentos surgem como opção social para suprir
problemas de moradia originada pelo aumento significativo da população idosa e
mudanças sociais, com alteração da estrutura das famílias e a redução de número de
filhos.
Contudo, Camarano (2007) afirma haver resistência na aceitação e preconceito com a
moradia coletiva para idosos no hemisfério Sul, onde a imagem dessas casas
comunitárias remonta à idéia de lugar de exclusão social, abandono e maus tratos.
Procurando desmistificar o conceito, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
(SBGG) sugeriu a expressão Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) em
20
substituição ao termo comumente identificado como asilo, abrigo, lar, casa de repouso,
ancianato entre outros, e que corresponde ao termo “Long Term Care Institution”
adotado pela Organização Mundial de Saúde (CAMARANO, 2007).
Entretanto, no Brasil ainda é forte o conceito negativo de instituições que abrigam
idosos. As instituições, que têm origem no final do século 18, eram mais conhecidas
como asilo, em caráter puramente assistencialista. Por este motivo, as instituições, de
modo especial as de caráter particular, se autodenominam mais comumente de casa de
repouso, lar geriátrico, e residência para idosos em busca de introduzir nova linguagem
na tentativa de estabelecer ruptura no conceito tão associado à velhice e maus tratos.
A função restrita ao acolhimento de pessoas idosas carentes e abandonadas por seus
familiares, limitando-se a assistência à alimentação e moradia (TOMASINI, 2007),
consistia em política que, segundo Creutzber & al. (2008), enfatizava a percepção da
velhice como degeneração e decadência do idoso. Paralelamente à resistência de
aceitação, a institucionalização como alternativa de moradia, é associada pela
literatura em diversas áreas de conhecimento, a resultados negativos no processo de
envelhecimento bem sucedido (TOMASINI, 2007).
A modificação no conceito de moradia institucionalizada evoluiu na sociedade brasileira
na década de 70, associada a mudanças no sistema previdenciário com expansão de
benefícios aos incapacitados e idosos, e sob influência européia, mais tarde em 1984,
com orientações da Organização Mundial de Saúde para implementação de políticas
públicas (CREUTZBER & al., 2008). Ainda segundo o autor, a idéia de inclusão social
aproxima as ILPIs da sociedade, e vice-versa, na presença e participação de
voluntariado, organizações religiosas e família na integração em atividades que
envolvem os idosos, contribuindo positivamente para mitigar o preconceito com o idoso
institucionalizado.
Segundo resultados da pesquisa da Fundação Perseu Abramo e do Serviço Social do
Comércio - SESC/FPA (2006), permanecer em suas residências com a família é o desejo
da maioria dos idosos e a melhor opção para garantir a autonomia e qualidade de vida
de idosos frágeis. As ILPIs representam alternativa de moradia por falta de opção, ou
seja, na impossibilidade de permanência com familiares (CAMARANO, 2007).
Entretanto, o envelhecimento da geração nascida no pós-guerra, mais conhecida como
baby boom, deve provocar um aumento na demanda de serviços de assistência e de
21
cuidados de longa permanência para os idosos totalmente dependentes, que não
constituíram família, ou que são financeiramente carentes.
Surgem então abordagens sobre a disponibilidade de ambientes adequados que
amparem o processo de envelhecimento, ou Ageing in place, e qualidade de vida
tornam-se temas correlatos da habitação. Os benefícios das adequações para
permanência do idoso em seu meio são visíveis na melhoria do bem-estar, promovendo,
segundo (TANER & al., 2008), a segurança e conforto do idoso e, enfatizando o lar como
lugar de significado pessoal e social.
As necessidades e as aspirações dos idosos relacionadas ao ambiente são independentes
da localização geográfica onde quer que esteja situado este espaço. O desejo comum é
um ambiente adequado, confortável e seguro para atender às necessidades em sua
diversidade. Desse modo, o aumento da população idosa e a demanda social crescente
pela alternativa de moradia em instituições demonstram a necessidade premente de
investir em trabalhos científicos, acerca da adequabilidade dos ambientes construídos
para estes usuários, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida.
Este estudo faz parte de um projeto maior de pesquisa intitulado “Aplicando a
Ergonomia à moradia do idoso - critérios de habitabilidade e usabilidade”, coordenado
pela Drª Eng. Profª Vilma Maria Villarouco Santos, do Grupo de Pesquisa em Ergonomia
Aplicada ao Ambiente Construído.
Considerada a larga experiência européia no trato da população idosa entende-se que
muito se tem a aprender com os países desenvolvidos sobre a problemática social
relativa à prestação de serviços aos mais velhos. É nesse contexto que se delineia a
presente dissertação que tem como propósito contribuir com recomendações de
melhorias nos espaços físicos de ILPIs, a partir de análise de ambientes em instituição
brasileira e portuguesa, à luz das legislações específicas dos dois países e da
gerontologia ambiental.
22
1.1. Objetivos
Objetivo geral
Gerar recomendações de melhorias em ambientes físicos de ILPIs no Recife, a partir da
avaliação ergonômica do ambiente construído em instituição brasileira e portuguesa,
considerando aspectos de adequabilidade espacial, conforto e segurança, à luz das legislações
específicas dos dois países e de princípios da gerontologia ambiental, contribuindo para o bem
estar e qualidade de vida dos usuários.
Objetivos específicos
- Identificar como a gerontologia ambiental pode contribuir e subsidiar os estudos da
Ergonomia do Ambiente Construído aplicada às Instituições de longa permanência para idosos.
- Contribuir para a melhoria das condições físicas de habitabilidade e de trabalho em ILPIs.
- Utilizar a percepção do usuário sobre o ambiente construído de ILPIs como ferramenta de
avaliação dos espaços.
- Investigar a legislação Brasileira e Portuguesa concernentes à ILPIs, buscando diferenças e
similaridades.
1.2. Hipóteses
- A qualidade e adequabilidade do ambiente físico afeta diretamente o bem-estar e o
desenvolvimento das atividades diárias do idoso.
- Os critérios que determinam os projetos de ambientes físicos para idosos em instituições de
longa permanência não contemplam as necessidades básicas do usuário, considerando suas
limitações específicas.
23
1.3. Estrutura da dissertação
A presente dissertação está estruturada em seis capítulos: (1) Introdução, (2) Referencial
teórico, (3) Metodologia, (4) Estudos de casos, (5) Análise dos resultados e (6) Conclusão e
considerações finais.
No capítulo de Introdução é abordado o tema que norteou a pesquisa, expõe as justificativas,
hipóteses e os objetivos pretendidos.
A seguir, o Referencial Teórico faz uma revisão da literatura concernente às questões sobre
os elementos envolvidos no estudo – ambiente construído em ILPI e usuário idoso. O eixo
temático versa sobre ergonomia do ambiente construído, gerontologia, idoso e moradia
coletiva.
No capítulo três, a Metodologia trata do enquadramento metodológico dos estudos de caso
analisados, método utilizado, técnicas envolvidas, caracterização da pesquisa, delimitações e
pressupostos da pesquisa.
No quarto capítulo, os Estudos de caso apresentam os resultados de campo encontrados
através da metodologia aplicada nos estudos de caso selecionados.
No capítulo 5, Análise de resultados e recomendações, é realizada uma análise dos dados
coletados estabelecendo relação entre a literatura apresentada e achados anteriores.
Finalmente, o capítulo de Conclusões e considerações finais apresenta uma síntese do estudo
desenvolvido e sugestões visando contribuir para a melhoria da qualidade de vida do idoso em
ambientes de moradia coletiva.
24
2. Referencial Teórico
Apresenta-se a seguir o referencial teórico a partir de pesquisa bibliográfica, a fim de
entender aspectos relacionados à ergonomia do ambiente construído, do usuário idoso e o
processo de envelhecimento que o acompanha, e do ambiente das instituições, onde a
pesquisa busca fundamentação para justificar e argumentar os resultados encontrados no
processo investigatório.
2.1. Ergonomia
A Associação Internacional de Ergonomia (IEA) define ergonomia como sendo
a disciplina científica, que estuda as interações entre os seres humanos e
outros elementos do sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios,
dados e métodos, a projetos que visem otimizar o bem estar humano e o
desempenho global de sistemas (IEA, 2010)1.
Afirma, ainda, que a ergonomia tem domínios de especialização, representados em
competências de atributos humanos específicos ou características de interação humana, e,
portanto, são apresentados em três segmentos:
- Ergonomia Física, que abrange estudos da anatomia humana, antropometria, fisiologia
e biomecânica relacionadas às atividades físicas;
- Ergonomia Cognitiva, onde os processos mentais, tais como percepção, memória,
raciocínio e atenção, interferem na relação entre o ser humano e o sistema;
- Ergonomia Organizacional, que tem como objetivo a otimização dos sistemas sócio-
técnicos, compreendendo as estruturas políticas, organizacionais e de processos, bem
como cultura organizacional, motivação, satisfação, trabalho em equipe, projeto e
gestão participativa.
Esta disciplina científica, cujo objetivo principal tem como foco o usuário, através de sua
visão sistêmica, se encarrega de assistir as atividades de planejamento, projeto e avaliação
do trabalho e do ambiente construído, garantindo uma melhoria de desempenho (IIDA, 2005).
1 Disponível em: http://www.iea.cc/01_what/What%20is%20Ergonomics.html. Acesso em: 16 de Outubro de 2010.
25
Nesse sentido, Iida a define como o trabalho adaptado ao humano, sendo este trabalho de
abrangência maior, envolvendo
não apenas aqueles executados com máquinas e equipamentos, utilizados
para transformar os materiais, mas também toda a situação em que ocorre o
relacionamento entre o homem e uma atividade produtiva. Isso envolve não
somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais. (IIDA,
2005, p.2)
Por sua interdisciplinaridade, a ergonomia se torna uma ferramenta de grande importância
para os idosos, contribuindo para o conforto e desenvolvimento das atividades rotineiras com
baixo gasto de energia física, concorrendo, assim, para sua autonomia e auto-estima.
E segundo Wilson & Corlett (2005), essa disciplina científica, em sua abordagem sistêmica,
abrange todos os aspectos da interação das pessoas com o ambiente e suas interfaces.
Atribuem-se como domínios de especialidade, além daqueles já estabelecidos pela IEA,
também os sistemas ergonômicos referentes às análises ergonômicas, de design e avaliação
que integram com o desenvolvimento físico, cognitivo e social.
Os autores asseguram, também, haver uma interação contínua e dinâmica entre as pessoas e
seu entorno, onde resultam tensões de ordem fisiológica e psicológica. E o corpo humano,
por não ser um sistema totalmente passivo, responde de maneira diferente aos estímulos
físicos em determinado ambiente, que podem gerar desconforto e até mesmo doenças
ocupacionais ou sociais.
Também o conforto térmico, iluminação, vibrações e ruídos são importantes fatores que têm
estabelecidos em legislação seus limites de tolerância para o tempo de exposição das pessoas,
garantindo o conforto e segurança.
As limitações decorrentes de alterações sensório-motoras e percepto-cognitivas, bem como as
disfunções crônico-degenerativas que se apresentam nos idosos compõem o alvo da ergonomia
voltada à terceira idade, uma vez que interferem na funcionalidade e no desempenho das
atividades diárias dos idosos.
2.1.1. A ergonomia e o ambiente construído
A ergonomia do ambiente construído é considerada uma vertente do campo da ergonomia,
onde o ambiente é analisado segundo as questões relacionadas ao uso dos espaços e sua
adequação aos usuários.
26
Para Heimstra & Mcfarling (1978, p. 3) o ambiente físico “compreende tudo o que rodeia uma
pessoa”, e divide-se em ambiente físico natural e construído ou modificado pelo homem.
Tem sido alvo de pesquisas com relação ao modo como características de projetos podem
afetar o comportamento humano e os conseqüentes efeitos que ocasionam na vida urbana,
considerando-se poluição, superpopulação entre outras decorrências indesejáveis.
Contudo, Wilson & Corlett (2005, p.4) afirmam que a “ergonomia pode ser definida como a
aplicação do conhecimento das características do humano à concepção de sistemas.”
Portanto, entendendo-se que as pessoas que fazem parte de um determinado sistema e
vivenciam um determinado ambiente, é verdadeira a preocupação da ergonomia do ambiente
com a maneira como os indivíduos interagem com este ambiente.
Nessa direção, a ergonomia do ambiente construído estuda, portanto, a relação humana em
suas interações com o espaço construído, incorporando o conhecimento de disciplinas
relacionadas ao ser humano como antropologia, antropometria, sociologia, psicologia, dentre
outras. As disciplinas relacionadas ao ambiente como arquitetura, design, e engenharias,
analisam as interações e adequações ao ser humano, no tocante aos aspectos físicos,
cognitivos e psicológicos.
Deste modo, o estudo do sistema - ambiente e seu usuário – constitui área significativa de
interesse na busca da melhoria da qualidade de vida das pessoas. Essa melhoria é conferida
ao ambiente construído pela ergonomia, através da tecnologia de interface humano-
ambiente, que se utiliza de vários métodos para avaliar a relação usuário-ambiente em suas
atividades.
Segundo Bins-Ely (2003) e Villarouco (2008), o espaço físico, enquanto ambiente, deve
atender às necessidades formais (aspectos psicológicos) e funcionais (aspectos físicos e
cognitivos) dos usuários, levando este usuário a percepções no decorrer de suas atividades.
Desse modo, o planejamento físico inadequado ou mesmo uso incorreto de equipamentos
levam ao “estresse ambiental”, causando insatisfação, dispêndio de energia e baixa de
produtividade, comprometendo a segurança e desempenho.
Valera apud Aragonés & Amérigo (1998), afirma que a Psicologia Ambiental guarda relações
estreitas com a Psicologia Social, onde processos sociais, como a comunicação, são relevantes
e buscam justificar as relações entre ambiente e conduta, por meio de variáveis
intervenientes como a atitude.
27
Entretanto Heimstra & Mcfarling (1978, p. 2) definem a Psicologia Ambiental como “a
disciplina que trata das relações entre comportamento humano e o ambiente físico do
homem”.
Portanto, só a partir do entendimento da relação estabelecida entre as configurações físicas
do ambiente e os aspectos psicológicos e cognitivos que envolvem a percepção deste espaço
por seus usuários, é que se pode realizar uma análise ergonômica do ambiente construído.
Posto isto, percebe-se que a interação do ser humano e do meio ambiente se faz presente em
diversas áreas de atuação tais como arquitetura, planejamento rural e urbano, engenharias,
biologia, geografia, sociologia e psicologia.
Configura-se, deste modo, segundo Aragonés & Amérigo (1998), aspecto fundamental para a
qualidade de vida, sobretudo em países desenvolvidos, onde problema ambiental assume
características de “problema da humanidade”.
Em outra direção, o processo de envelhecimento confere ao idoso perdas em vários aspectos –
força, massa muscular, diminuição de estatura e elasticidade – propiciando dificuldades no
desempenho de suas atividades, mesmo as mais rotineiras.
Assim sendo, essas alterações são a razão pela qual o ambiente físico construído deve estar
em consonância com o usuário, atendendo, assim, o princípio maior da ergonomia e gerando
autonomia, maior conforto e segurança.
Assim, para idosos o ambiente construído assume uma dimensão de grande importância,
impelido pelas limitações próprias do processo de envelhecimento, causando interferências
diretas em sua independência, e que influenciam seu comportamento e capacidade funcional.
Desse modo, percebe-se que o espaço físico deve considerar as limitações físicas dos idosos,
para proporcionar melhoria na qualidade de vida com a promoção de independência e
autonomia para atividades de vida diária e redução de riscos de acidentes (FLORES, 2008).
Na busca de melhor entendimento da relação usuário-ambiente, sobre o impacto que o
espaço exerce no comportamento, pesquisas em diversas áreas de conhecimento são
conduzidas. Além da Ergonomia que tem em uma de suas temáticas a relação do ambiente
construído e comportamento, Sommer (2002, apud RIBEIRO, 2004) destaca três linhas de
estudos já consagradas:
(i) Percepção urbana, destacando-se Donald Appleyard, Kevin Lynch e David
Lowenthal;
28
(ii) Avaliação Pós-ocupação, com Wolfgang Preiser, Henry Sanoff e outros; e
(iii) Uso Humano do Espaço, com Edward T. Hall, Erving Goffman, Robert Sommer entre
outros.
O espaço físico onde ocorrem as interações é elemento determinante nas relações humanas, e
que pode modificar-se em função do nível oferecido de privacidade. Nessa direção, para a
percepção ambiental dos idosos acerca da moradia se faz mister a conceituação dos
fenômenos de espaço pessoal, territorialidade e privacidade.
ESPAÇO PESSOAL | TERRITORIALIDADE | PRIVACIDADE
O humano participa de modo integral – corpo e mente – no processo de apreensão do meio
ambiente, se utilizando de todos os sentidos, internos e externos, e de conhecimentos
abstratos e simbólicos adquiridos desde a infância (OKAMOTO, 2002).
Dessa maneira, a percepção ambiental e o relacionamento com o meio ambiente são
resultantes da interpretação dos sentidos da visão, olfato, paladar, audição, e tato, além do
sentido espacial, conferido por meio dos movimentos.
O espaço pessoal pode ser definido como a área que as pessoas têm em torno de si mesmas,
na qual nenhum outro indivíduo pode atingir sem causar desconfortos (ARAGONÉS & AMÉRIGO,
1998).
Entretanto, para Iida (2005) o espaço pessoal humano apresenta-se como um envoltório em
torno de seu próprio corpo, formando o seu território portátil (HEIMSTRA & MCFARLING,
1978), e com limites invisíveis (SOMMER, 1973) ou dimensões ocultas (HALL, 1966 apud
PANERO & ZELNIK, 2008).
Também conhecida por proxêmica esta zona pessoal de cada indivíduo estabelece uma
distância de afastamento entre as pessoas, variando de acordo com a cultura, fatores sócio-
econômico, personalidade, gênero e situações apresentadas, evitando, deste modo,
incômodos e estresse (IIDA, 2005; ARAGONÉS & AMÉRIGO, 1998; HEIMSTRA & MCFARLING,
1978).
As distâncias físicas que cada indivíduo guarda de outro regula o nível de intimidade
existente, demarcando sua área, podendo tornar-se um problema quanto à sua privacidade.
Assim, as distâncias interpessoais são estabelecidas em função da situação social em que as
pessoas se encontram.
29
Hall propõe uma escala de distância com quatro categorias de zonas de espaço pessoal (1966
apud IIDA, 2005), onde o grau de proximidade determina o raio de distância entre as pessoas,
de acordo com o Quadro 01 abaixo:
Quadro 01: Zonas de espaço pessoal, segundo Hall (1966).
ZONAS DE
ESPAÇO PESSOAL
RAIO DE
DISTÂNCIA (cm) NÍVEL DE APROXIMAÇÃO
Intima 0 a 45 cm Contatos físicos com pessoas de maior intimidade
Pessoal 45 a 120 cm Contatos amigáveis com pessoas conhecidas
Social 120 a 360 cm Relacionamento profissional (colegas de trabalho e
eventos sociais)
Pública Acima de 360 cm Margem de segurança para desconhecidos
Sommer (1973) afirma haver uma fronteira pouco definida entre conceitos de espaço pessoal
e distância individual, uma vez que interagem em sua influência sobre a distribuição de
pessoas. Afirma ainda que a distância individual pode situar-se além da área de espaço
pessoal, ou até mesmo dentro do esperado, e ainda assim favorecer ao constrangimento.
A delimitação da área de espaço pessoal tem como objetivo determinar uma autoproteção,
que ameniza contra ameaças físicas e emocionais, e uma comunicação e regulação da
intimidade, que determina a quantidade de intimidade existente entre duas pessoas. Para
Hall (1966 apud ARAGONÉS & AMÉRIGO, 1998), a utilização do espaço é responsável pela
comunicação entre as pessoas.
Pesquisas realizadas por Lipman em residências para idosos revelaram que o sentimento de
propriedade simbólica de espaços e objetos é comum, sendo interpretado como invasão seu
uso por terceiros. Assim, surge um sentimento de posse, a que se descreve como fenômeno da
territorialidade (1968 apud SOMMER, 1973).
Inicialmente definida por Howard (1948), a territorialidade representa a maneira e o espaço
que as pessoas e animais delimitam à sua volta.
Também conceituada por Sommer (1973) como a personalização e defesa contra invasões de
determinado espaço geográfico, e segundo Altman (1975 apud ARAGONÉS & AMÉRIGO, 1998),
com um padrão de comportamentos associado à idéia de posse ou ocupação. Portanto,
territorialidade é fundamentalmente um mecanismo de regulação de fronteiras, onde as
interações sociais asseguram a satisfação de diferentes necessidades psicossociais.
30
Segundo Aragonés & Amérigo (1998), as diferenças individuais no uso do espaço pessoal, as
variáveis sociais e a dimensão do espaço, assim como as respostas face às invasões configuram
os fatores que influenciam o espaço pessoal. A necessidade desse espaço se apresenta maior
em pessoas do gênero masculino do que em pessoas do gênero feminino, enquanto que as
mulheres suportam melhor uma distância individual menor.
As fronteiras territoriais não asseguram o direito à intimidade ou mesmo segurança, situação
facilmente identificada em agrupamento excessivo de pessoas, cabendo a necessidade de
impor limites à intimidade indesejável, seja por meio de normas sociais ou barreiras físicas
(SOMMER, 1973). Em idosos é muito comum a situação de delimitação de território, na busca
de referências espaciais e temporais onde identidade e segurança se fazem presentes.
Essas delimitações de espaços na sociedade, segundo Lyman &Scott (1967 apud SOMMER,
1973) são representados por quatro tipos de territórios:
(i) Território público – aquele com acesso público, caracterizado por uso coletivo,
como no caso de parques e jardins, praças, etc;
(ii) Território doméstico – espaço de uso coletivo, mas com controle de acesso, com,
por exemplo, em clubes, bares, lojas, entre outros;
(iii) Território de interação – área com regras de entrada e de saída, e limites
claramente estabelecidos, onde ocorrem reuniões sociais;
(iv) Território que abrange o corpo ou Espaço Pessoal – consiste no espaço mais
íntimo, de acesso privado e restrito.
Nesse sentido, a psicologia ambiental assevera a estreita relação entre os fenômenos
psicossociais e os aspectos ambientais, com a ação e interação humana de modo integrado e
uniforme. Assim, territorialidade e privacidade estão intimamente interligadas, e
estabelecidas com objetivo de zona de proteção e de defesa.
A privacidade é definida por Irwin Altman como sendo o “controle de acesso seletivo a si
mesmo ou a um grupo ao qual pertence” (1975 apud ARAGONÉS & AMÉRIGO, 1998, p.124),
apresentando-se segundo Foddy & Finighan (1980 apud ARAGONÉS & AMÉRIGO, 1998), como
meio para definir e manter a identidade, auto-avaliação e autonomia pessoal.
Para Westin, privacidade representa “o direito do indivíduo decidir quais informações sobre si
mesmo devem ser comunicadas e em que condições” (1967 apud FISCHER, 1989, p.27).
De acordo com a representação do ambiente para a pessoa, Pedersen (1997 apud ARAGONÉS
& AMÉRIGO, 1998) acrescenta mais duas formas de privacidade, além das quatro
estabelecidas por Westin (1967), agrupadas de acordo com: i) interação por parte da pessoa –
31
solidão e isolamento; ii) capacidade de controle seletivo da informação em situação de
interação – anonimato e reserva e iii) intimidade – com a família e com os amigos.
Entretanto, Sommer (1973) ressalva que há que se atentar para a privacidade excessiva -
quando a privacidade obtida é superior a desejada – que pode desencadear uma situação de
isolamento social, trazendo repercussões negativas para o indivíduo.
2.1.2. Antropometria
O estudo das proporções remonta suas raízes à antiguidade com a arquitetura de templos
gregos em busca da perfeição estética da beleza clássica à semelhança dos deuses, onde cada
segmento da construção mantinha uma relação com as dimensões do corpo humano em
perfeita harmonia.
Do Postulado de Euclides, conhecido pelas proporções da Seção Áurea, aplicado às
construções clássicas surge o tratado de Arquitetura de Vitrúvio, onde são estabelecidas e
descritas as relações corpóreas do homem. No compêndio é salientada a utilização das
proporções humanas aplicadas à modulação das construções clássicas com finalidade
basicamente estética, conforme se observa na Figura 01 (BOUERI, 2008).
Figura 01: Relação da arquitetura clássica grega e a seção áurea.
Fonte: SOUZA & ABDOUNUR (2010, p.2)
Mais tarde, no século XVI, o estudo foi traduzido por Leonardo Da Vince no conhecido desenho
do Homem de Vitrúvio, que contemplava também a fisiologia humana. No desenho é
registrado simultaneamente o homem em duas posições sobrepostas e diferentes com braços
abertos e inscritos em um quadrado e em um círculo, como se observa na Figura 02 abaixo. O
homem vitruviano é considerado como símbolo da simetria básica do corpo humano.
32
Figura 02: Homem de Vitrúvio.
Fonte: PANERO & ZELNIK (2008, p. 16)
Com a arquitetura moderna, a concepção de planta livre presente na Casa Dom-ino de Le
Corbusier, em 1915, é precursora da racionalização da indústria e dos espaços, onde se
identifica claramente a preocupação em encontrar normas padronizadas para projeto de
habitações econômicas, preservando o conforto, qualidade e funcionalidade.
Assim, Le Corbusier desenvolve um sistema de medição – Modulor (Figura 03)- baseado na
matemática, através da razão áurea, da seqüência do matemático italiano Fibonacci, e em
dimensões do corpo humano. O Modulor considerou 1,83 m a altura padrão do homem,
objetivando buscar com este modelo a harmonia nas concepções arquitetônicas, balizada por
meio da escala humana.
33
Figura 03: Modulor.
Fonte: © FLC-ADAGP (http://www.fondationlecorbusier.fr).
A antropometria é a ciência que estuda as grandezas dos segmentos corporais dos indivíduos,
razão pela qual é de fundamental relevância para o desenvolvimento e aplicação da
ergonomia e da arquitetura. A importância de sua utilização reside em dimensionamento de
equipamentos, mobiliário, utensílios, e espaços físicos, envolvendo tamanho e forma e
interagindo com os movimentos corpóreos dos usuários (IIDA, 2005).
A biomecânica se vale dos dados antropométricos para determinar as zonas de alcance,
posturas e espaços para que sejam adequados ao corpo humano e desenvolvimento de seus
movimentos, buscando as melhores condições para o máximo desempenho em suas
utilizações.
Para Boueri (2008), a antropometria deriva da antropologia física, e tem sua origem no século
XIII, nas viagens de Marco Polo, quando da constatação da diversidade de raças, dimensões e
estaturas corporais.
Portanto, ter ciência do espaço racional que o homem necessita para se movimentar nos
ambientes e trabalhar confortavelmente é prerrogativa para o bem-estar e eficiência no
desenvolvimento das atividades.
34
Para tanto, é necessário o conhecimento das dimensões mínimas utilizadas pelos usuários em
espaços físicos de diversas naturezas e já estabelecidas em legislações, dimensões de
mobiliário presente no ambiente, e analisar, também, o caráter afetivo uma vez que é
importante considerar a emoção que o espaço exerce sobre quem o ocupa (NEUFERT, 1974).
Com o crescente aumento da faixa etária de 65 anos ou mais surge a carência de maior
número de dados antropométricos (PANERO & ZELNIK, 2008), que irão ancorar projetos de
espaços interiores para idosos. Estas informações são importantes por exercerem influência
na zona de alcance, bem como altura e arranjo físico de mobiliário, atendendo às exigências
decorrentes das perdas físico-cognitivas próprias da idade.
Os idosos de baixa capacidade funcional, assim como os portadores de deficiências,
apresentam a situação extrema, que representa a necessidade de maiores dimensionamentos
de espaço físico e ângulos de visão. Essas restrições constituem-se em motivo pelo qual
projetos de espaços e mobiliário são balizados pelos portadores de deficiência física, usuário
de cadeira de rodas.
Nesse sentido, são consideradas para efeito de determinação das dimensões referenciais, as
medidas entre 5% a 95% da população brasileira, por contemplar as diferenças relativas a
extremos correspondentes a mulheres e homens de baixa estatura ou estatura elevada,
magros ou obesos, crianças ou idosos e outras peculiaridades dos indivíduos e da sociedade
em geral (ABNT|NBR 9050, 2004).
As zonas de alcance são baseadas no menor percentil (2.5%) do gênero feminino por
apresentar as menores dimensões corporais, permitindo, deste modo, contemplar o maior
número de usuários. Já para espaços interiores considera-se o maior percentil (97.5%) do
gênero masculino por apresentar as maiores dimensões corporais, deste modo proporcionando
acesso a maior número de usuários.
Para uma melhor adequação da interface humano-ambiente físico PANERO & ZELNIK (2008)
propõem referências, já consagradas, para projetos arquitetônicos de interiores,
considerando as áreas de natureza física –espaço livre e alcance- e natureza visual –campo de
visão horizontal e vertical.
Apresenta-se na Figura 04 a seguir, as dimensões relativas à zona de alcance, considerando o
usuário feminino de menor percentil (2,5%) e portador de cadeira de rodas, considerando ser
esta a situação mais crítica, para o desenvolvimento das atividades.
35
Figura 04: Antropometria de pessoas em cadeira de rodas – vista frontal.
Fonte: PANERO & ZELNIK (2008, p.52)
Segundo Perracini (2006), a relação usuário-ambiente físico é determinante no sucesso do
planejamento de espaços para idosos, quer sejam institucionais ou não. Nessa associação é
necessário analisar o modo como a velhice interage com o ambiente, considerando as
modificações anatômicas e funcionais características do processo de envelhecimento.
Portanto, para adequar os ambientes às perdas peculiares ao declínio físico é importante
fazer uso da antropometria e da biomecânica, propiciando espaços seguros, confortáveis e
acolhedores, agindo como elementos preventivos de eventos inesperados e de acidentes
(PERRACINI, 2006).
Afirma ainda a autora, que as instalações para idosos de caráter institucional ou não -
diferenciadas pelo porte, complexidade e design ambiental- contemplam os espaços
individuais baseados em dimensões, área, acessibilidade, layout e instalações. Esses critérios
assumem sua importância na medida que visam preservar autonomia, segurança e privacidade
dos usuários, bem como a integração com a comunidade.
Desse modo, um ambiente adequado ao seu uso exige critérios de dimensionamento físico e
de mobiliário, bem como layout contemplando necessidades específicas e fluxos ou
deslocamentos.
A tendência que o idoso apresenta em modificar seu comportamento e permanecer mais
tempo em determinados ambientes (PERRACINI, 2006) vem corroborar a adoção de critérios
dimensionais abrangendo espaço livre, zonas de alcance e campo visual, considerando para
tanto as dimensões corporais (PANERO & ZELNIK, 2008).
36
Convém ressaltar que as pessoas idosas, de ambos os gêneros, apresentam estatura e zonas
de alcance menores que as pessoas jovens. Por essa razão, a seguir são relacionadas
sugestões em dimensionamentos espaciais e mobiliário, considerando padrões
antropométricos representativos dos extremos (maior homem e menor mulher), visando à
autonomia, conforto, segurança e bem-estar dos idosos nos ambientes.
DORMITÓRIOS –
Considerado a unidade privativa, os idosos tendem a permanecer em seus quartos a maior
parte do dia. É lá onde encontram as referências históricas de laços afetivos, pela existência
de objetos e mobiliários particulares trazidos quando da ocasião da institucionalização,
exercendo a territorialidade e privacidade.
A Figura 05 abaixo demonstra, segundo Panero & Zelnik (2008), os ângulos de visibilidade
dentro da zona de conforto do campo visual horizontal (deitado na cama) e vertical (em pé),
de acordo com as possíveis alturas dos peitoris.
Figura 05: Ângulos de visibilidade.
Fonte: PANERO & ZELNIK (2008, p.150)
Espaço reservado ao repouso, este ambiente em ILPIs assume grande importância pelo tempo
de permanência que o idoso lá despende, devendo ser preservada a zona de alcance do
usuário, assim como considerar espaços entre camas e mobiliário pessoal trazido pelos idosos
A área deve prever espaço livre para manobra de cadeira de rodas, ou entrada de maca, em
emergências.
37
As camas devem manter afastamento que permitam aproximação de usuário portador de
cadeira de rodas, bem como de atendimento ao idoso acamado.
O peitoril de baixa altura é indicado para permitir a integração com o exterior através de
visualização quer deitado, sentado ou em pé.
A cama, para idosos independentes, deve ter altura confortável entre 46 e 54 cm
(CAMBIAGHI, 2007) facilitando o idoso ou portador de mobilidade reduzida ao levantar-se. Já
para idosos dependentes que requerem cuidados, a altura recomendada da cama é de 85 cm.
BANHEIROS -
Definido como evento não intencional, a queda é o acidente de maior ocorrência em
banheiros. O fato acomete principalmente os idosos com idade superior a 65 anos,
caracterizando, deste modo, este ambiente como perigoso, e conferindo a ele uma maior
atenção em planejamento e adequação.
Os banheiros devem ser dimensionados de modo a permitir a entrada e giro mínimo de 90
graus com a cadeira de rodas, permitindo o perfeito uso das peças sanitárias e boxe com
chuveiro, com ou sem ajuda de terceiros (Figura 06-A).
Deverá ser prevista a colocação de barras de apoio no boxe do chuveiro, na banheira e junto
a cada peça sanitária –lavatório, bacia sanitária e bidê- fixadas nas paredes. Para a
segurança do usuário recomenda-se a existência de banco no interior do boxe do chuveiro
(Figura 06-B), preferencialmente retrátil e com 45 cm de profundidade mínima.
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Figura 06: Dimensões mínimas para boxe com bacia sanitária (A)|Locação de barras de apoio em
boxe para chuveiro (B).
Fonte: ABNT|NBR 9050 (2004, p.70, 72)
Os metais sanitários devem ser dotados de acionamento por alavanca, ou preferencialmente
por célula fotoelétrica, para facilitar o uso de pessoas com problemas de mobilidade das
mãos, fato muito comum em idosos.
A localização da bacia sanitária no interior do banheiro deve acontecer de modo a garantir o
acesso pleno para uso do equipamento, por usuário portador ou não de deficiência física.
Para tanto, deve ser observado o posicionamento das barras de apoio que deverão ser fixas ou
retráteis, atentando-se para as possibilidades de manobras de transferências da cadeira de
rodas para a peça sanitária (Figura 07-A e B).
Figura 07: Locação de barras de apoio para bacia sanitária (A) | Áreas de transferência para a bacia sanitária (B).
Fonte: ABNT|NBR 9050 (2004, p.66, 67)
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SALA DE ESTAR, ATIVIDADES E REFEIÇÕES -
Os ambientes de estar constituem lugares de longa permanência dos idosos e devem
apresentar-se de maneira simples, porém confortáveis, aconchegantes e acolhedoras.
O arranjo físico do mobiliário deve contemplar dimensões mínimas entre as peças (Figura 08),
e considerar, para efeito de dimensionamento, a presença de idosos com equipamentos de
auto-ajuda ou que necessitem de amparo de terceiros.
Figura 08: Circulação para área de estar em canto.
Fonte: PANERO & ZELNIK (2008, p.135)
Pequenos ambientes promovendo maior intimidade e convívio social de grupos é
aconselhável, sobretudo em atividades de lazer, como conversar ou bordar, ou simplesmente
de leitura, resgatando, assim, uma atmosfera mais familiar aos idosos. Recomenda-se a
existência de aberturas para exterior, em dimensões e altura de peitoril que permitam a
integração dos usuários com o exterior em relação harmoniosa.
A iluminação deve ser contínua, uniforme e antiofuscante, e as paredes apresentarem-se com
cores contratantes com a cor do piso e que transmita ao ambiente ânimo aos idosos.
As salas de refeições devem prever arranjos de mesas para pequenos grupos de
quatro ou seis pessoas, e permitir passagem confortável entre eles, considerando para o
dimensionamento as condições mais críticas, que envolvem portadores com equipamentos de
auto-ajuda.
40
Entretanto, é fato comum que mesas padronizadas não ofereçam conforto ao usuário ao fazer
suas refeições. Sendo necessário observar, segundo Panero & Zelnik (2008), aspectos como
largura de cadeira, largura corporal máxima dos usuários e espaços de acesso comum
confortáveis para acomodar acessórios usuais e cotovelos (Figura 09).
Figura 09: Largura mínima de mesas para zona ideal de conforto.
Fonte: PANERO & ZELNIK (2008, p.141)
Para acomodar usuário portador de cadeira de rodas, a mesa deve atender a dimensões
mínimas, considerando a área da cadeira de rodas que se projeta além da borda externa da
mesa que interfere na circulação entre mesas (Figura 10).
Figura 10: Larguras mínimas para área de refeições.
Fonte: PANERO & ZELNIK (2008, p.228)
As mesas devem conter bordas com arestas arredondadas para evitar acidentes, e ter altura
que permita a aproximação de portador de cadeira de rodas, favorecendo uma zona de
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alcance confortável ao usuário. Aconselha-se o uso de cadeiras firmes e sem braços (Figura
11).
Figura 11: Mesas | espaço para cadeira de rodas.
Fonte: PANERO & ZELNIK (2008, p.225)
ÁREAS DE CIRCULAÇÃO -
As áreas de circulação são espaços de permanência temporária com a finalidade de interligar
dois ou mais ambientes. Estes espaços assumem importância pelo fato de produzir sensação
de desorientação espacial em idosos, sendo recomendado, portanto, aberturas para o exterior
e extensão reduzida.
Adota-se como artifício para mitigar esses sentimentos, a interrupção da estrutura linear com
áreas de transição para descanso e sociabilização das pessoas.
Para o dimensionamento espacial desses ambientes, Panero & Zelnik (2008) afirmam a
importância do conhecimento do sistema usuário-portador de deficiências físico-motoras, com
auxílio de equipamento de auto-ajuda, tais como muletas, bengalas, andadores e até mesmo
cão-guia.
A seguir, as Figuras 12 e 13 apresentam as dimensões mínimas em circulações e passagens
para atender às necessidades de usuários com ou sem aparelhos de auto-ajuda.
42
Figura 12: Dimensionamento de circulação e passagens.
Fonte: PANERO & ZELNIK (2008, p.269)
Figura 13: Dimensionamento de circulação e passagens.
Fonte: PANERO & ZELNIK (2008, p.270)
2.2. Condicionantes físicos de conforto ambiental
A ergonomia ambiental preocupa-se com a maneira como as pessoas interagem com o
ambiente, analisando as condições e os efeitos deste espaço sobre o comportamento humano
(WILSON & CORLETT, 2005).
Nesse sentido, torna-se essencial a adequação do ambiente físico ao desenvolvimento das
atividades do usuário. Entendendo-se como ambiente adequado, aquele que compreende,
43
além de necessidades sociais e informativas, as necessidades físicas dos idosos, assegurando
“a manutenção da saúde e os níveis de conforto” (HUNT, 1991 apud FLORES & al., 2008, p.2)
essenciais para o “bem-estar e desempenho em eficiência máxima” (KROMER & GRANDJEAN,
2001, p.283).
A qualidade de vida do idoso encontra-se vinculada ao atendimento dessas necessidades,
onde as condições ambientais -privilegiando a acessibilidade, conforto e segurança- figuram
uma das quatro dimensões do modelo ecológico proposto por Lawton (NERI, 2008b).
Para Reis & Lay (2006) os padrões ambientais afetam o comportamento, traduzindo-se como
um meio de comunicação não verbal, com propriedades físicas e espaciais assumindo
significados materializados pela forma física ambiental e decodificados pelo usuário
(RAPOPORT, 1973 apud REIS E LAY, 2006). Assim, as respostas são geradas não
exclusivamente a partir de experiência sensorial, mas também influenciados por aspectos
físicos participantes do processo de cognição.
O usuário é único na percepção ambiental, por vezes experimentando sensações diversas em
diferentes momentos, sofrendo influências a nível fisiológico, psicológico e físico (FLORES &
ULBRICHT, 2008).
Segundo Bestetti (2010), conforto é a sensação de bem-estar no atendimento das
necessidades do usuário em um determinado ambiente, considerando-se não apenas
elementos físicos de iluminação, acústica e temperatura, mas também sensoriais e
emocionais. Portanto, conforto ambiental, refere-se à adequação das variáveis ambientais
que interferem e modificam a capacidade produtiva e de habitabilidade dos usuários.
Esta pesquisa adotou como parâmetros de conforto ambiental os confortos lumínico e
acústico, que serão abordados, a seguir.
2.2.1. Conforto lumínico
A visão é afetada negativamente pelo envelhecimento biológico das pessoas, seja pela
senescência ou por senilidade. São comuns problemas como (i) redução da acuidade visual,
(ii) comprometimento de adaptações a mudanças de níveis de iluminância, (iii) extrema
sensibilidade à claridade, (iv) restrição de campo visual e de percepção de profundidade, (v)
diminuição na discriminação de cores e (vi) redução da capacidade de adaptação ao
ofuscamento (VAN HOOF & al., 2010; PERRACINI, 2006).
44
Todas essas alterações sensoriais geram implicações para o idoso no uso do ambiente e podem
favorecer eventos de quedas e lesões. Explica-se, portanto, a importância da iluminação
como elemento fundamental na melhoria e qualidade de vida de idosos.
Segundo Van Hoof & al. (2010), a iluminação também exerce relevância em processos
fisiológicos e psicológicos, contribuindo para o equilíbrio do organismo, saúde e humor das
pessoas (IIDA, 2005), assim como influenciando o sono. Em países de clima temperado é
comum a incidência de estados depressivos na estação do inverno quando os dias têm menor
duração, portanto menor incidência solar.
Para Dul & Weerdmeester (2004) uma superfície de trabalho deve receber intensidade de luz
suficiente para garantir uma boa visibilidade. A quantidade de luz, porém, diverge de acordo
com as diferenças individuais dos usuários, com a sensação de claridade para grandes
quantidades de luz, e de penumbra, para pouca incidência (IIDA, 2005; KROMER &
GRANDJEAN, 2001).
A essa quantidade de luz dá-se o nome de iluminância, podendo ser (i) natural - solar, (ii)
artificial - proveniente de luminárias, ou (iii) de qualquer outra fonte (KROMER &
GRANDJEAN, 2001). Entretanto, há consenso entre os autores (KROMER & GRANDJEAN, 2001;
DUL & WEERDMEESTER, 2004; IIDA, 2005) em evitar reflexos e sombras para execução de
atividades, com a incidência de luz direta.
Relativamente à iluminação artificial, Martins (2004, p. 64) afirma existir dois parâmetros a
considerar – quantidade, variável de acordo com a percepção do usuário e necessidade
exigida pela atividade desenvolvida no ambiente, e qualidade de iluminação, dependente do
“índice de expressões e temperatura da cor”.
Cada atividade requer um nível de iluminância específica. Os ambientes devem ser dotados
de sistemas apropriados de iluminação, evitando, desse modo, o cansaço visual e
ofuscamento, e promovendo o bem-estar visual. O nível de iluminância do ambiente,
portanto, varia de acordo com a precisão da atividade visual praticada pela pessoa.
De modo geral atendem a três situações: áreas de permanência temporária caracterizadas
como áreas não produtivas, áreas com desempenho de tarefas com bons contrastes, como
leitura, e áreas onde se praticam tarefas com alto grau de exigência visual.
Segundo Perracini (2006), em ambientes voltados para idosos, utiliza-se a iluminação artificial
difusa quando se realizam atividades como conversar, relaxar ou ver TV, enquanto que a luz
direta é empregada em locais com atividades como leitura, trabalhos manuais, escrever,
45
jogos, entre outras. Recomenda-se o uso de luz de cabeceira e abajures, assim como
iluminação noturna indireta em corredores e em acesso a banheiros.
Ambientes de ILPIs com sistemas de iluminação difusa, juntamente com acessórios
decorativos, tornam os espaços mais seguros e confortáveis, promovendo um ambiente mais
domiciliar e aconchegante.
2.2.2. Conforto acústico
Assim como a visão, a capacidade auditiva sofre prejuízo gradual com o processo de
envelhecimento, perdendo a sensibilidade às freqüências médias e altas, vindo a gerar
redução na inteligibilidade da fala, que causa desinteresse ao idoso e culmina em seu
isolamento.
Ambientes com elevados níveis de ruídos favorecem ao desconforto e ao estresse auditivo.
Sendo assim, para reduzir ou mitigar os efeitos indesejáveis, três iniciativas devem ser
executadas: eliminar ou reduzir a emissão de ruídos diretamente na fonte, isolar a fonte de
emissão de ruídos ou reduzir o tempo de exposição ao ruído (DUL & WEERDMEESTER, 2004).
Segundo Kromer & Grandjean (2001, p.256), “ruído é qualquer som indesejável”. Entretanto,
para Iida (2005, p. 504), o ruído constitui “estimulo auditivo que não contém informações
úteis para a tarefa em execução”, justificando que o som indesejável para alguns pode não
ser para outros.
Contudo, os ambientes excessivamente ruidosos causam inquietação e nervosismo em seus
usuários, bem como ruídos repetitivos podem levar à irritação. Por outro lado, a completa
ausência de ruídos constitui fator de insegurança e medo (BESTETTI, 2010).
Em ambientes institucionais, segundo Van Hoof & al. (2010), foi constatada a interferência do
ruído na qualidade do sono, na redução da capacidade e distração na realização de tarefas.
Considerando que a percepção dos sons é função do sentido da audição, uma boa acústica em
ambientes depende da intensidade de pressão sonora e do tempo de reverberação.
Devido à perda auditiva, os idosos tendem a compensar a deficiência com leitura labial.
Contudo, os idosos demenciados encontram dificuldade nessa compensação, sendo relevante
trabalhar o ruído de fundo (VAN HOOF & al., 2010; IIDA, 2005).
46
O desconforto acústico é influenciado pelos revestimentos dos ambientes que funcionam
como agentes específicos na reflexão, absorção ou transmissão de sons. Portanto, é
fundamental para áreas de dormitórios e de descanso utilizar revestimentos com
características absorventes, assim como isolar a fonte de ruído para a preservação do
conforto acústico.
Os ruídos gerados no interior dos ambientes podem ser minorados a partir de iniciativas
projetuais, como construções herméticas com isolamento acústico, uso de estruturas
descontinuadas, zoneamento de atividades, ou isolamento da fonte emissora, com aplicação
de barreiras absorventes (BESTETTI, 2010).
Em países de clima frio os ambientes necessitam de isolamento térmico, sendo utilizadas
técnicas construtivas próprias de vedação para combate às baixas temperaturas. Esse
procedimento conduz diretamente ao isolamento acústico repercutindo nos baixos níveis de
ruído de fundo. Entretanto, em países tropicais, de clima quente e úmido, há exigência para
trocas de calor, sendo necessárias grandes aberturas, o que vem a dificultar o isolamento
acústico dos ambientes.
O arranjo físico dos ambientes, que contempla a distribuição do mobiliário, seus elementos
decorativos e revestimentos concorrem para o conforto acústico de interiores. Entretanto, os
materiais de revestimentos e acessórios de decoração ajudam na absorção e isolamento dos
ruídos melhorando a comunicação e tornando o ambiente mais silencioso e agradável para
seus usuários.
Portanto, espaços bem projetados devem contemplar uma boa acústica. Em locais destinados
a idosos essa premissa justifica-se pela influência direta na qualidade de vida e bem-estar,
com melhoria da sociabilização através da comunicação, e prevenção do desinteresse e
segregação social.
2.3. Gerontologia
Segundo Papaléo Netto (2006, p.7) a Gerontologia é uma “disciplina científica multi e
interdisciplinar” que visa o estudo do processo de envelhecimento e características do ciclo
final de vida, a velhice, e seus determinantes biopsicossociais e legais.
Apesar de sua origem no início do século XX, com o cientista Elie Metchnikoff, a consolidação
da nova disciplina só aconteceu após a Segunda Guerra Mundial, no ano de 1946, com a
47
criação da Gerontological Society of America, e a publicação do periódico Journal of
Gerntology (PAÚL, 2005).
O processo de investigação acerca do envelhecimento e da velhice toma vulto a partir de
1980, acentuando-se na década seguinte, pelos indicadores sociais de aumento progressivo da
longevidade mundial.
Papaléo Netto (2006) afirma que a ciência do envelhecimento, pelo seu caráter
multidisciplinar, tem campos de atuação onde são pesquisados aspectos fisiológicos
(senescência) e patológicos (senilidade) envolvidos no processo do envelhecimento, conforme
se observa a seguir:
Gerontologia Social – tem como finalidade o estudo do impacto das condições
socioculturais e ambientais participantes do processo de envelhecimento e da velhice,
assim como as conseqüências e ações sociais que podem acarretar melhoria na qualidade
deste processo (FERNÁNDEZ-BALLESTEROS, 2000 apud PAÚL, 2005; NERI, 2008b);
Geriatria – diz respeito aos aspectos de tratamento e prevenção da saúde, ancorando-
se em diversos conhecimentos da área médica, tais como cardiologia, neurologia,
pneumologia e psiquiatria, entre outros, bem como ciências como fisioterapia, nutrição,
enfermagem, terapia ocupacional, odontologia, fonoaudiologia e assistência social;
Gerontologia Biomédica – tem seu campo de pesquisa direcionado a aspectos de
ordem molecular e celular, buscando melhor entendimento de como e por que se
envelhece.
Os estudos na área da geriatria evoluíram mais rapidamente do que aqueles no âmbito da
gerontologia, por se acharem apoiados na evolução de diagnósticos, e terapêutica adquirida
com o avanço tecnológico (PAPALÉO NETTO, 2006).
Este mesmo avanço da tecnologia aliado à ciência do envelhecimento faz surgir a
Gerontotecnologia, que visa propiciar o envelhecimento com melhoria da qualidade de vida,
incrementando a autonomia de idosos no desenvolvimento e distribuição de serviços,
produtos e ambientes, com inovações e adaptações para atividades do cotidiano (PERRACINI,
2008). Ainda segundo a autora, a velocidade no desenvolvimento da tecnologia é
determinante para esta área de atuação da gerontologia, caracterizando-a como uma área
dinâmica, principalmente no que concerne às inovações na área de revestimentos,
comunicação e ambientes controlados e amigáveis.
No campo de atuação da Gerontotecnologia são estabelecidos 5 (cinco) objetivos, devendo
ser considerados aspectos culturais, aprendizado de uso, mudanças de hábito, oportunidade
de acesso e recursos financeiros:
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Evitar ou adiar o declínio funcional relativo à senescência;
Suprir às necessidades recorrentes das limitações funcionais próprias da velhice e/ou
oriundas de disfunções crônico-degenerativas;
Intensificar o comprometimento e satisfação na participação de atividades
laborativas, de lazer e familiares na busca da interação social;
Propiciar ambientes adequados e investir em artefatos tecnológicos para auxílio de
cuidadores e idosos dependentes;
Promover pesquisas voltadas ao envelhecimento e uso da tecnologia.
2.3.1. Caracterização do idoso
De acordo com a ONU – Organização das Nações Unidas, o indivíduo passa a ser considerado
idoso a partir dos 60 anos de idade em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, e
65 anos de idade em países desenvolvidos, como Portugal.
A velhice, considerada última etapa do ciclo da vida, apresenta-se, mais comumente, a partir
dos 40 anos de idade, e associado ao declínio físico-funcional do indivíduo, desencadeando
alterações de ordem social, psicológica, motora e afetiva (PAPALÉO NETTO, 2006).
Com a senescência o corpo reflete várias alterações características, tais como os cabelos
brancos, calvície, compressão da coluna vertebral com redução de estatura, aumento do
diâmetro do crânio e do tórax, perda de densidade óssea e massa muscular, entre outros.
Contudo essas particularidades não são exclusivas dos idosos, nem tão pouco se apresentam
em todas as pessoas com 60 anos ou mais, o que dificulta determinar o momento exato em
que se inicia a fase da velhice. As pessoas têm características individuais diferenciadas, e
sujeitas a vivências e hábitos distintos, além de apresentarem características genéticas
diferentes.
Deste modo, segundo Papaléo Netto (2006) e Neri (2008b), existem várias maneiras de definir
e conceituar a velhice através das idades, a seguir descritas:
Idade Cronológica – Mensura o tempo decorrido em dias, meses e anos da pessoa,
iniciando-se ao nascer. É o modo mais utilizado em trabalhos científicos, e também pela
ONU para situar a pessoa idosa.
Idade Biológica – Caracterizada pelo processo de envelhecimento humano onde se
apresentam as modificações corporais e mentais.
Idade Psicológica – Refere-se à relação entre a idade cronológica e às capacidades
psicológicas (percepção, memória e aprendizagem). Também associada ao senso
49
subjetivo da idade, onde cada pessoa avalia a presença de marcadores biológicos, sociais
e psicológicos do envelhecimento, aproximando-se do conceito de senescência.
Idade Social – Diz respeito à adequação do indivíduo em desempenhar papéis e
comportamentos, de acordo com a expectativa esperada para sua idade, cultura e grupo
social, em dado momento.
Zimerman (2000) afirma que no Brasil o aumento do número de idosos começa a figurar a
realidade da existência da velhice, e registra que a questão social deve ser tratada com mais
atenção.
Ainda de acordo com a autora, o envelhecimento social do país acarreta mudanças no status
do idoso, assim como em seu relacionamento com as demais pessoas. Essas transformações se
apresentam sob (i) aspectos sociais – crise de identidade, mudança de papéis, aposentadoria,
perdas diversas e diminuição dos contatos sociais, e (ii) aspectos psicológicos, que podem
ocasionar dificuldades de adaptação à nova etapa de vida, ausência de motivação, alterações
psíquicas, depressão e baixa de auto-estima, entre outros.
O avanço da medicina e da tecnologia promove a elevação do índice de expectativa de vida.
Com essa elevação amplia-se o ciclo de vida da velhice, levando os gerontólogos a subdividir o
último período de vida em velhice inicial - 65 a 74 anos, velhice - 75 a 84 anos, e velhice
avançada - 85 ou mais anos (ALMEIDA, 2008).
Segundo o IBGE (2002), o envelhecimento em países ocidentais é associado à saída da vida
produtiva, com ingresso à fase inativa, mais conhecidamente como aposentadoria.
Entretanto, não se pode avaliar a pessoa unicamente através do critério de idade, uma vez
que as pessoas estão associadas a diferentes influências socioeconômicas e culturais,
demográficas e epidemiológicas, além de possuírem estilos de vida e personalidade
diversificadas. Esse modus vivendi define a qualidade de vida futura do idoso em suas
diversas habilidades.
Gordilho & al. define capacidade funcional como sendo a capacidade que o idoso tem em
manter suas habilidades físicas e mentais para a prática de uma vida independente e
autônoma (2000 apud VERAS, 2006).
As perdas funcionais são aspectos relevantes na medida em que têm relação direta com a
autonomia do idoso, determinando, por conseqüência, vários graus de dependência.
Contudo, é importante que haja distinção entre perda de função decorrente de doença
degenerativa e a que ocorre pelo curso natural do envelhecimento (BRINK, 1999).
50
2.3.2. Processo de envelhecimento
Muitos são os conceitos sobre envelhecimento, embora a maioria deles esteja ancorada no
critério etário. Segundo Neri (2008b, p.68), “o envelhecimento compreende os processos de
transformação do organismo que acontecem após a maturação sexual e que implicam a
diminuição gradual da probabilidade de sobrevivência.”
Do ponto de vista biológico, envelhecer não é apenas ficar velho. Na verdade, o que temos é
um processo de alterações morfológicas e funcionais do organismo à medida que o tempo
passa (JECKEL-NETO, 2008).
Assim sendo, o envelhecimento, fase natural do ciclo de vida, é caracterizado como processo
biológico onde acontecem modificações anatômicas e funcionais, não decorrentes de
doenças, variando de pessoa para pessoa (FREITAS & MIRANDA, 2006), e que compreende a
velhice, fase em que ocorre o declínio físico.
Zimerman (2000) salienta que a estimulação mental, alimentação adequada, a prática de
exercícios físicos, exposição moderada ao sol, controle do nível de estresse diário, são fatores
que contribuem para o retardamento de efeitos do envelhecimento.
A senescência é conhecida como o envelhecimento primário ou normal. É nesta fase que são
verificadas perdas, graduais e progressivas, das capacidades de adaptação, funcionais
energéticas e biomecânicas, redução de tolerância ao estresse físico e psicológico, perdas
psicomotoras e redução de auto-estima e motivação (NERI, 2008a).
Todos esses danos são influenciados pelo estilo de vida adotado em fases anteriores (infância
e adolescência), hábitos alimentares, fatores de riscos (fumo, álcool, obesidade, etc) e
características ambientais.
É nesta fase que o idoso enfrenta alterações perceptivas com intensidades variando de fraca
(gosto, olfato e cinestesia), forte (tato, conforto térmico e dor), chegando a muito forte
(visão, audição e equilíbrio). Essas modificações concorrem para prejuízo na interação do
idoso com o ambiente construído, através de informações recebidas pelo usuário, levando-o,
por vezes, a adotar novos hábitos que compensem as perdas adquiridas.
Com o avanço da idade alguns aspectos físicos e biológicos das pessoas se manifestam em
alterações corporais internas e externas, de acordo com Quadro 02 a seguir:
51
Quadro 02: Alterações corporais internas e externas, segundo ZIMERMAN (2000).
ASPECTOS FÍSICOS EXTERNOS ASPECTOS FÍSICOS INTERNOS
Flacidez, perda do tônus e manchas escuras na pele
Umedecimento dos olhos
Alargamento do nariz
Arredondamento dos ombros
Enfraquecimento e maior visibilidade de veias
Diminuição de estatura pelo desgaste das vértebras
Encurvamento postural
Enrijecimento dos ossos
Atrofia e redução da função de órgãos internos
Perda de neurônios
Lentidão do metabolismo
Digestão dificultada
Aumento de fadiga e insônia
Baixa de visão e aparecimento de catarata
Diminuição da capacidade auditiva, olfativa e de paladar
Enrijecimento das artérias coronárias
O envelhecimento secundário ou patológico – senilidade - caracteriza-se por alterações
oriundas de doenças associadas ao processo natural do avanço da idade, diferenciando-se das
modificações naturais desse processo (NERI, 2008a), e que geram deficiência, e, por
conseguinte incapacidade, com a perda da autonomia, e dependência.
Assim, o sucesso no desenvolvimento do processo ao longo do ciclo de vida é atribuído a
diversos fatores que contribuem para a qualidade com que envelhecemos. Concorrem para o
resultado positivo, como se observa a seguir:
fatores internos ou individuais (biológicos, psicológicos e genéticos) - hábitos de vida
exercem influência na ocorrência ou não de doenças ao longo da vida.
fatores externos (comportamentais, sociais e ambientais) – aparecimento de
depressão, fenômenos como solidão e isolamento.
Na busca de uma vida longa, saudável e segura, a Organização Mundial da Saúde adotou o
conceito de envelhecimento ativo, tendo com objetivo maior a melhoria da qualidade de vida
à medida que as pessoas envelhecem, aplicando-se tanto de modo individual quanto a grupos
populacionais (OMS, 2005).
Participando da sociedade de maneira contínua nas questões sociais, econômicas, culturais,
espirituais e civis, de acordo com suas necessidades, capacidades e desejos, os idosos
encontram ganho de auto-estima que repercute diretamente no bem-estar físico e
psicossocial.
O perfil de envelhecimento ativo está relacionado a fatores sócio-econômicos e
comportamentais, aspectos próprios de cada indivíduo, como gênero e cultura, assim como às
características do ambiente físico, pela capacidade de contribuir para a segregação dos
52
idosos, no tocante à acessibilidade de ambiente livre de barreiras arquitetônicas e prevenção
de quedas (OMS, 2005, 2007; BOTELHO, 2005).
Portanto, para um envelhecimento saudável, segundo Botelho (2005), é necessário promover
a saúde e funcionamento físico e psicológico. A esses aspectos, Fernández-Ballesteros
destaca a importância do compromisso com a vida para a manutenção da autonomia e
independência pessoal, convergindo para a melhoria da qualidade de vida (2002, apud
BOTELHO, 2005).
O bem-estar em idosos tem relação estreita com o equilíbrio entre as limitações impostas
pela idade e as potencialidades individuais que irá possibilitar o convívio com as perdas
adquiridas na velhice. O avanço da idade ocasiona dificuldades na realização de tarefas
diárias dentro do contexto em que o idoso se encontra inserido. Para um melhor
entendimento conceitua-se a seguir, indicadores e agentes para um envelhecimento saudável.
QUALIDADE DE VIDA
Qualidade de vida é um termo utilizado em diversas áreas de conhecimento, onde assume
conceitos diferentes. Para a Medicina associa-se à relação custo-benefício relativo à
manutenção da vida de enfermos crônicos e terminais. No campo econômico, relaciona-se
com nível de acesso aos bens e serviços sociais. Para Sociologia representa o padrão de vida
da população, enquanto que para a Psicologia Social traduz o conceito de satisfação (NERI,
2008b).
A definição de qualidade de vida para a OMS (2005, p.14), é
a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do contexto
de sua cultura e do sistema de valores de onde vive, e em relação a seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um conceito muito
amplo que incorpora de uma maneira complexa a saúde física de uma
pessoa, seu estado psicológico, seu nível de dependência, suas relações
sociais, suas crenças e sua relação com características proeminentes no
ambiente.
Deste modo percebe-se que a qualidade de vida diante de sua natureza abstrata assume
diversos conceitos, modificando de acordo com a pessoa, lugar e contexto cultural em que se
encontra inserido. Portanto, cada indivíduo tem seu próprio juízo acerca da qualidade de
vida.
53
A relação pessoa-ambiente é alicerçada no entendimento do bem-estar e da qualidade de
vida, o que impõe ao idoso a necessidade de adaptação constante às novas condições de vida
instituídas pelo avanço da idade, comprovando as abrangências multidimensionais propostas
pelo conceito.
Avaliar a qualidade de vida em idosos requer visão global das dimensões de natureza
emocional, social, material e de saúde. Nesta direção, Spidurso afirma que de acordo com a
pesquisa americana intitulada “Medindo a qualidade de vida nos idosos debilitados”, foi
comprovada a existência de onze fatores influentes na qualidade de vida, também aplicados a
idosos saudáveis (2005 apud ALMEIDA, 2008). Esses fatores se concentram em 4 (quatro) eixos
– (i) cognitivo e emocional, (ii) condição financeira, (iii) social e recreativo e (iv) saúde e
condicionamento, todos convergindo para a qualidade de vida.
Para a gerontologia social os critérios de avaliação encontram-se associados à qualidade de
vida na velhice, satisfação e atividade, onde Lawton (1991 apud NERI, 2008a) define um
modelo chamado ecológico (Figura 14). O modelo é pautado na “condição multidimensional
determinada por múltiplas causas biológicas, sociais e psicológicas, atuando ao longo de toda
a vida, num dado contexto sociocultural, e passível de avaliação pelo indivíduo e pela
sociedade” (NERI, 2006, p.59).
Figura 14: Representação esquemática do Modelo de Qualidade de Vida na velhice elaborado por Lawton (1991).
Fonte: adaptado de NERI (2008a)
Esse modelo está firmado em quatro dimensões, a saber:
Competência comportamental – consiste na avaliação do funcionamento do indivíduo,
relativamente à saúde, funcionalidade física, cognição, comportamento social e
54
utilização do tempo. É referenciada a padrões clínicos, bioquímicos e comportamentais,
admitindo graus de objetividade na observação.
Condições ambientais – assegura que o ambiente construído deve oferecer aos idosos
condições adequadas de acesso, manejo, conforto e segurança, variabilidade, interesse e
estética, e tem relação direta com a competência comportamental.
Qualidade de vida percebida – diz respeito à avaliação subjetiva que cada pessoa faz
seu funcionamento em qualquer domínio das competências comportamentais. Tem como
principais indicadores a saúde percebida, doenças relatadas, consumo relatado de
medicamentos, dor e desconforto relatados, alterações percebidas na cognição e senso
de auto-eficácia no domínio físico e cognitivo.
Bem-estar subjetivo – reflete a avaliação pessoal e privada sobre o conjunto e a
dinâmica das relações entre as três áreas precedentes. São atribuídos dois indicadores,
o cognitivo que inclui a satisfação global com a vida e a satisfação referenciada a
domínios, como por exemplo, a saúde física e cognitiva, sexualidade, relações sociais,
relações familiares e espiritualidade; e indicador emocional com medidas de estados
afetivos positivos e negativos.
AUTONOMIA
Discorrer sobre qualidade de vida remete à necessidade de conceituar autonomia,
independência e capacidade funcional, uma vez que o envelhecimento tem o
comprometimento das habilidades em lidar com esses constructos diariamente.
Desta forma, autonomia, segundo Neri (2008b) consiste no exercício pleno do autogoverno,
compreendendo também a liberdade individual, privacidade, livre-escolha, auto-regulação,
independência moral, além de liberdade para experienciar o self e harmonia com os próprios
sentimentos e necessidades.
Zimerman (2000) acrescenta que a autonomia só existe quando um indivíduo consegue se
determinar, fazendo suas próprias escolhas e tomando decisões. Esclarece ainda que a
autonomia não é condição necessária para a independência total.
INDEPENDÊNCIA
A independência é uma circunstância incentivada desde a fase inicial da vida, com exigências
próprias para as idades, o que leva a dificultar a assimilação e manejo da perda de autonomia
na velhice.
55
Para Neri (2008b), a independência tem como foco principal a capacidade funcional, pois
incide diretamente na execução das atividades instrumentais de vida diária (AIVDs) e
atividades de vida diária (AVDs), que se refere à capacidade de viver de forma independente,
de modo isolado ou em comunidade, com alguma ou nenhuma ajuda de terceiros.
CAPACIDADE FUNCIONAL
De acordo com Botelho (2005), a capacidade funcional deve ser avaliada segundo as
atividades desempenhadas no cotidiano das pessoas e no ambiente físico onde se achem
inseridas, bem como se relacionar a aspectos físicos e mentais, fatores extrínsecos de
natureza sócio-econômica e ambiental. Essas atividades são classificadas em:
Atividades de vida diária (AVDs) são um conjunto de tarefas de auto-cuidado que
permitem ao idoso cuidar de si mesmo em espaço limitado de sua moradia. Abrangem
atividades habituais como lavar-se, vestir-se, utilizar sanitários, ter continência,
alimentar-se, subir e descer escadas, locomover-se (BOTELHO, 2005; NERI, 2008b). A
importância das atividades de vida diária se deve ao fato de estar diretamente ligada à
autonomia dos idosos, bem como ser representativo para a auto-estima e qualidade de
vida, favorecendo o envelhecimento ativo;
Atividades instrumentais de vida diária (AIVDs) são as atividades de integração dos
idosos ao meio ambiente, de natureza mais complexa que as AVD e que permitem vida
independente na comunidade. Essas atividades são exemplificadas por: utilizar o
telefone, fazer compras, gerir as próprias finanças, tomar medicamentos, usar meios de
transporte, executar tarefas domésticas – lavar, cozinhar, arrumar (BOTELHO, 2005;
NERI, 2008b);
Atividades avançadas de vida diária (AAVDs) correspondem a atividades complexas
como dirigir automóvel, praticar esporte, viajar, cantar, andar de bicicleta, praticar
exercício físico, entre outras, entretanto não são determinantes para uma vida
independente, sendo apenas indicativas de maior capacidade funcional e melhor saúde
física e mental (BOTELHO, 2005; NERI, 2008b).
Desse modo, para situar o grau de dependência dos idosos, aferindo a capacidade funcional,
são utilizadas várias escalas, a maioria contemplando seis tarefas, acrescida da capacidade de
locomoção (BOTELHO, 2005), à exceção da escala de Baltes e colaboradores (1993) que
propõe um desdobramento para oito categorias (AYKAWA & NERI, 2008).
As escalas mais utilizadas, segundo Neri (2008b) são:
Escala de Katz (1963) – é a mais antiga e a mais usual para medir as AVDs. É
direcionada para avaliar o desempenho do paciente e o grau de assistência exigido em
56
seis categorias básicas – banho, vestuário, ida ao banheiro, transferência, continência e
alimentação;
Escala de Lawton e Brody (1969) – mensura as AIVDs através da capacidade de o idoso
adaptar-se ao seu meio e incluir atividades instrumentais de vida diária;
Older Americans Resources and Services (OARS) de Fillembaum e Smyer (1981) –
consiste em questionário fechado, com objetivo de traçar perfil de saúde
multidimensional para a identificação das dimensões que contribuem diretamente para o
comprometimento da capacidade funcional;
Índice de Barthel (1965) – avalia o potencial funcional e os resultados do tratamento
de reabilitação dos pacientes que sofreram acidente vascular cerebral e mensura o grau
de assistência exigido por um indivíduo através de 10 itens de AVDs;
Functional Independence Measure (FIM) de Granger (1998) – calcula a gravidade da
incapacidade motora/cognitiva e é composta por 18 itens entre auto-cuidado,
locomoção, dependência, independência e comunicação.
2.3.3. Quedas em idosos
Com a senescência surgem diversas modificações no corpo humano, entre as quais se
destacam a redução da força e do tônus muscular, diminuição da acuidade visual, alterações
na marcha e no equilíbrio. Assim, o processo de envelhecimento concorre para a prevalência
de quedas, muito embora esse evento não seja uma condição exclusiva de idosos.
Observa-se que o risco do idoso vir a cair se amplia, de modo exponencial com a idade e se
apresenta mais em mulheres do que em homens (GRAAFMANS, 1996), e de acordo com o seu
nível de fragilidade.
Buksman & al. (2008) afirmam que no Brasil a estimativa de incidência de quedas em
ambientes domiciliares por faixa etária encontra-se entre 28% e 35% em idosos com 65 anos
ou mais. Já para os idosos com 75 ou mais anos o intervalo percentual se amplia atingindo de
32% a 47%. O índice percentual de quedas com lesões atinge de 40% a 60%, sendo considerada
como lesão grave mais comum a fratura de fêmur, levando metade dos idosos com esse tipo
de injúria a óbito em decorrência de complicações relacionadas à lesão.
A queda é definida como uma síndrome geriátrica (CARVALHAES & al., 1998; MARTINS, 1999;
e STUDENSKI, 1997 apud FABRÍCIO, 2004), de caráter multifatorial e multicausal (NERI,
2008b), sendo evento não intencional, e “que tem como resultado a mudança da posição do
indivíduo para um nível inferior, em relação à sua posição inicial” (MOURA & al., 1999 apud
NERI, 2008b, p. 165).
57
Esta síndrome pode ocasionar além de fraturas e risco de morte, medo de cair, limitações
funcionais e incapacidade, e conseqüente redução da autonomia e independência,
constituindo problema de saúde pública e impacto social para os países (NERI, 2008b;
PERRACINI & RAMOS, 2002).
Segundo Perracini (2009), as quedas se classificam de acordo com a freqüência que ocorrem e
com as conseqüências que surgem com o evento. Ainda se dividem em quedas com ou sem
lesões, e com grau de intensidade de grave, moderado ou leve. Deste modo, as quedas
podem ser:
(i) acidentais – evento isolado decorrente de fator extrínseco ao indivíduo, sendo
normalmente de risco ambiental;
(ii) recorrentes – ocorrem na presença de fatores intrínsecos, como doenças crônicas,
distúrbios do equilíbrio corporal, déficits sensoriais, entre outros.
Consideram-se fatores extrínsecos de eventos acidentais aqueles associados às situações
adversas presentes nos ambientes. Podem ser citados como agentes superfícies
escorregadias, tapetes soltos ou com dobras, iluminação inadequada, ausência de corrimãos
em escadas e circulações, banheiros com ausência de barras de apoio, pisos molhados,
terrenos acidentados, e roupas, calçados e órteses inapropriadas, entre outros (NERI, 2008b;
BUKSMAN & al., 2008).
Já os fatores intrínsecos têm relação direta com história prévia de quedas, as alterações
fisiológicas próprias da idade, tais como declínio cognitivo, distúrbios de marcha e de
equilíbrio, fraqueza muscular, deficiência visual, auditiva e nutricional, uso de
medicamentos, tontura, depressão, estado funcional e psicológico e idade avançada
(PERRACINI, 2009; BUKSMAN & al., 2008).
As quedas desencadeiam conseqüências de ordem física, social ou psicológica. As fraturas,
contusões, feridas e lesões neurológicas constituem conseqüências de ordem físicas, podendo
classificar-se em leves, moderadas ou graves. O medo de cair novamente, conhecido por
síndrome pós-queda, figura como a mais comum conseqüência psicológica, devido à perda da
auto-estima, autonomia com modificações de hábitos diários. Como conseqüência social mais
evidente destaca-se a possibilidade de mudança de domicílio para cuidados médicos, ou até
mesmo a institucionalização (FABRÍCIO & al., 2002).
As famílias tendem a institucionalizar o idoso fragilizado por razões diversas. Relativamente
ao evento de quedas, Fabrício & al. (2002) afirmam que o idoso institucionalizado apresenta
maior prevalência que aquele que vive em seu lar, devido à redução de sua capacidade
funcional.
58
Neri (2008b) assegura ser de importância ímpar a identificação dos fatores de risco associados
aos eventos indesejáveis de quedas como maneira de prevenção em ambientes domiciliares e
institucionais.
Assim, a prevenção constitui uma conduta de boa prática em hospitais e instituições de longa
permanência, contribuindo para a redução da morbidade e mortalidade, além de diminuir
custos hospitalares e de asilamento, trazendo melhoria à saúde e por conseqüência à
qualidade de vida do idoso (BUKSMAN, 2008; PERRACINI, 2006).
2.3.4. Gerontologia ambiental
Gerontologia ambiental, segundo Whal & Weisman (2003), é uma área da gerontologia com
foco na relação entre processos comportamentais do idoso e ambiente, descrita inicialmente
por Kleeimer (1959) no Handbook of Aging and the Individual.
Tendo M. P. Lawton como seu maior representante, a gerontologia ambiental tem como
contribuição máxima para a ciência do envelhecimento a melhoria do bem-estar e da
qualidade de vida dos idosos.
Os constrangimentos a que estão submetidos os idosos, como perda de autonomia, identidade
e segregação geracional são comuns em instituições de longa permanência para idosos. Nesse
sentido, percebe-se a importância da função do espaço físico e seus condicionantes
ambientais na promoção do bem-estar e qualidade de vida desse usuário, com ambientes mais
inclusivos.
O desafio, entretanto, consiste em trazer à luz nova concepção de instituições mais
adequadas, onde a integração do design do ambiente construído e a interdisciplinaridade da
gerontologia estejam presentes.
Whal & Weisman (2003) expõem que pesquisas no campo de ação da gerontologia ambiental
têm discutido a descrição, explicação e modificação ou otimização da relação entre idoso e
ambiente físico, fornecendo grandes contribuições de conteúdo teórico e de aplicação prática
não só para a gerontologia social e comportamental, mas também para geriatria e
enfermagem.
O ambiente físico se apresenta como espaço multidimensional, com características físicas,
sociais, organizacionais e culturais, onde as fronteiras não se apresentam nítidas.
59
Considerando a complexidade da heterogeneidade do espaço, os psicólogos ambientais Canter
& Craik (1981) sugerem o uso do termo “ambiente sócio-físico” (WHAL & WEISMAN, 2003).
Segundo Whal & Weisman (2003) pesquisas e teorias da gerontologia ambiental foram
aplicadas em dimensões micro, em pequenas modificações em residências, e em dimensões
macro, gerando recomendações de valia para comunidades. Os resultados dos estudos
evidenciaram a questão da influência do ambiente físico em processos de envelhecimento,
contribuindo de modo positivo, como elemento facilitador, assim como em aspecto negativo,
apresentando-se como elemento dificultador.
Assim, a gerontologia ambiental concentra-se nas seguintes áreas de atuação (WHAL &
WEISMAN, 2003):
i - Na das composições de moradias para idosos, especialmente no tocante às condições
de arranjos da habitação, propriedades, modelos de moradias, tempo de residência e
satisfação residencial;
ii - Na natureza e impacto das modificações ambientais, incluindo modelos teóricos e
diretrizes de planejamento, essenciais para adequação dos lares como o escopo da
institucionalização da velhice, desde aspectos como relocação até design de unidades
para idosos demenciados ou outro serviço de cuidados;
iii - Em estudar a função da vizinhança e suas influências em oportunidades e
constrangimentos para os residentes, e também a configuração da comunidade como
local de envelhecimento em perspectiva social e política;
iv - Em explorar a função do contexto sócio-físico a nível macro, onde a fronteira rural-
urbana assume maior destaque.
A literatura empírica da gerontologia ambiental foi fortemente influenciada pela Psicologia
ambiental, tendo como finalidade a relação entre comportamento de pessoas idosas e
ambiente sócio-físico, descrita por Whal & Weisman (2003).
Os autores analisaram a produção de pesquisas empíricas em gerontologia ambiental entre os
anos de 1989 e 2000, a fim de registrar as tendências quanto aos temas estudados no início do
milênio. A pesquisa dividiu a produção em três grandes temas considerados clássicos da área
– ambiente doméstico, ambiente planejado (institucional) e decisões residenciais (opções de
moradias). Os resultados indicaram a reduzida aplicação dos pressupostos teóricos
existentes, contribuindo, assim, muito pouco para novas abordagens.
O pluralismo é traço marcante na gerontologia ambiental caracterizada tanto pelos domínios
do desenvolvimento da teoria como da pesquisa empírica e sua aplicação, não havendo
abordagem teórica dominante.
60
Procurando estabelecer relações entre a teoria existente e a prática do exercício da produção
de ambientes mais propícios aos idosos, quer institucionalizados ou não, muitas teorias são
propostas. O objetivo dessas proposições é a otimização da interação idoso-ambiente,
promovendo o ambiente como agente facilitador das dificuldades enfrentadas pelos usuários,
na busca de sua autonomia e independência. As teorias mais conhecidas são a do Modelo da
Pressão-Competência e o Modelo da Congruência (TOMASINI, 2008).
MODELO DA PRESSÃO-COMPETÊNCIA (LAWTON & NAHEMOW, 1973) –
Também conhecido por modelo ecológico, estabelece que à medida que as pessoas
envelhecem, os ambientes passam a exercer uma maior pressão sobre o seu comportamento,
pois suas competências vão diminuindo. Tem como essência da teoria a capacidade de
adaptação, dividida entre a competência do indivíduo e a pressão exercida pelo ambiente
sobre este indivíduo. Assim quanto maior o grau de comprometimento do idoso, menor a
variedade de ambientes. Resultam deste modelo 2 (duas) implicações: (i) a docilidade
ambiental que se refere aos benefícios que idosos com déficits variados podem adquirir em
resultados adaptativos, oriundo do ambiente, atuando como agente protético, bem como
prejuízos impostos pelo grau de dependência; (ii) a pró-atividade do ambiente que expressa
que o espaço deve ser estimulante, encorajando o idoso a manter sua capacidade funcional
tanto quanto possível.
MODELO DA CONGRUÊNCIA (CARP & CARP, 1984) -
Baseado no modelo ecológico de Lawton, o modelo afirma a influência que as competências
pessoais e demandas ambientais exercem no bem-estar do idoso, bem como a amplitude que
os recursos ambientais assumem nas necessidades pessoais básicas (AVDs) e subjetivas
(privacidade, socialização e experiência estética). O modelo da congruência é apresentado
em 2 (duas) etapas, que diferem segundo o nível de necessidade ou tipo de congruência entre
o idoso e o ambiente:
(i) A primeira etapa traduz-se na execução das necessidades básicas de manutenção da
vida, influenciadas pelas características individuais das pessoas e do ambiente,
constituindo as competências pessoais e os recursos/barreiras do ambiente
determinantes no processo das AVDs, gerando o grau de complementaridade da
congruência. Pessoa e ambiente são considerados as variáveis diretamente ligadas ao
resultado de congruência esperados.
(ii) Já a segunda parte do modelo concentra-se nas necessidades de ordem mais elevada
(high order needs) e nas características do ambiente quanto a agentes facilitadores,
possibilitadores ou inibidores relacionados ao contentamento dessas necessidades.
Neste caso, a congruência resulta do grau de necessidade relacionado a um fator
61
ambiental e suporte oferecido pelo ambiente. As variáveis pessoa e ambiente, em
aspecto adaptativo, não contribuem de forma positiva ou negativa para a congruência.
Diante do exposto, observa-se que a relação pessoa-ambiente em sua interação é objeto
central da Psicologia Ambiental, e tem usuário e espaço com o mesmo nível de atenção
dispensada, sendo este último – o ambiente, por natureza, considerado área multidisciplinar
(MOSER, 2005).
2.4. Envelhecimento demográfico - Brasil | Portugal
A população mundial com 60 ou mais anos representa 11% da população total, segundo a
ONU - World Population Prospects: The 2008 Revision, e atingirá no ano de 2050 um índice de
21,9% (ONU, 2010).
Ainda de acordo com a ONU (2010), o encolhimento da mortalidade infantil concorre para
esse incremento populacional, acarretando no aumento da esperança de vida. Enquanto que
o envelhecimento da população idosa, e muito idosa (80 ou mais anos), tem como causa
principal a redução da taxa de mortalidade dos idosos. Também a modificação do perfil
etário se deve a melhorias das condições de saúde básica e higiene da população,
desenvolvimento econômico, avanço tecnológico e da medicina.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002), o envelhecimento
populacional é mais evidenciado em países em desenvolvimento, e tem na Europa a maior
proporção de habitantes da terceira idade, correspondendo a aproximadamente 70% do total
de idosos.
A feminização da velhice, representada pelo aumento do número de mulheres na população
idosa, se manifesta no envelhecimento mundial, e tem como “aspecto central as mudanças
nos padrões de sobrevivência de homens e mulheres” (NERI, 2007, p.50).
Em uma visão sócio-demográfica, o fenômeno da feminização da velhice acontece em face da
maior presença relativa de mulheres na população idosa, maior longevidade das mulheres
comparativamente aos homens, crescimento relativo do número de mulheres integrantes da
população economicamente ativo e aumento de mulheres representando chefes de família
(NERI, 2008b; 2007).
62
Sob aspectos epidemiológicos, manifesta-se com o aumento do número de mulheres idosas e
com taxas mais altas de doenças crônicas, incapacidade física, déficit cognitivo, depressão
estresse crônico, quedas e hospitalização mais recorrentes em mulheres idosas do que em
homens idosos. As mulheres são por natureza física e social, mais frágeis do que os homens
(NERI, 2008b; 2007).
Já de acordo com a ótica sócio-psicológica, corresponde à evidência de mudanças em normas
e expectativas comportamentais no desempenho esperado para mulheres na velhice (NERI,
2008).
O Brasil, segundo a ONU, segue o padrão mundial de crescimento populacional de idosos, com
indicador de 10,2%, e aponta projeção para o ano 2050 da ordem de 29,3%. Segundo o IBGE,
as regiões brasileiras com maior concentração de idosos são a Sul, Sudeste, e Nordeste,
destacando-se nesta última região a cidade de Recife. Ainda de acordo com indicadores
sociais do IBGE no ano de 2008 o convívio com famílias intergeracionais, de até 3 (três)
gerações, é maior nas regiões Norte e Nordeste por apresentarem maior número de filhos por
família.
O incremento progressivo da população idosa projeta uma necessidade premente de
adequação de espaços, produtos e serviços na manutenção e promoção da qualidade de vida
do idoso, mitigando os prejuízos decorrentes das limitações naturais que lhes são impostas.
Até 2025, segundo a OMS, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos.
De acordo com o INE (2010), a ONU projeta que a população idosa portuguesa no ano de 2050
representará 38,4% da população total do país. A representatividade atual tem índice de
23,6% da população total, e é maior na região do Alentejo, ao sul de Lisboa, e menor na
região Autônoma dos Açores. Os índices são resultantes do aumento da longevidade
populacional, que segundo dados do Instituto Nacional de Estatística de Portugal, se
encontram em 80 ou mais anos. Para esta condição contribui também a baixa taxa de
fecundidade, localizada abaixo do limiar de substituição das gerações durante um período de
trinta anos, compreendido entre os anos de 1985 e 2015.
A tendência do envelhecimento demográfico português permanecerá apesar da população
total tender a não aumentar até o ano de 2050. Nessa altura o número de idosos residentes
no país será muito alto, projetando uma proporção de 3 (três) idosos para cada jovem.
A população total portuguesa continuará a crescer até o ano 2015, à exceção de leve baixa no
ano 1990. Entretanto terá a população idosa sempre crescente até o ano de 2015,
enfrentando queda até 2050 (INE, 2009).
63
2.5. O morar coletivo - algumas considerações
O envelhecimento demográfico mundial, com baixa taxa de mortalidade e de fecundidade,
além de mudanças nos arranjos familiares, indica forte crescimento da população idosa.
Camarano (2007) assegura que esse crescimento traz consigo um ganho em condições de
saúde, entretanto favorece um maior número de idosos dependentes de cuidados
especializados, ao mesmo tempo em que reduz a capacidade das famílias em prestar cuidados
aos seus idosos pela inserção da mulher no trabalho, sinalizando um aumento de demanda de
moradias coletivas.
Essa tendência não acontece unicamente no Brasil, mas tem sido comum, segundo Born &
Boechat (2006), também em países orientais tradicionalistas na relação de respeito e cuidado
dos mais velhos.
Culturalmente, no Brasil compete à família, mais precisamente às mulheres, acolher e cuidar
dos mais velhos. Igualmente em Portugal a família tem grande representatividade nos
cuidados dos idosos, e segundo J. Martins Correia (2003 apud RIBEIRINHO, 2005) é um dos
países da Europa com menores ofertas de estruturas sociais, especialmente na área de
cuidados aos idosos.
As instituições de acolhimento aos idosos, mais popularmente conhecidos como asilos,
consistem na mais antiga modalidade assistência aos idosos, alheio ao âmbito familiar. No
Brasil, a imagem de moradias coletivas para idosos ainda enfrenta grande preconceito,
estando essa idéia associada ao abandono, pobreza e maus tratos (BORN & BOECHAT, 2006).
O cenário negativo acerca dessas instituições talvez se deva às suas origens que remontam à
Idade Média, na Europa do século XV, criadas com ênfase na caridade para alimentação e
abrigo dos desamparados e sem famílias.
Naquela altura, destaca Jacob (2005), que eram conhecidas 4 (quatro) tipos de instituições
assistenciais – Albergarias, Hospitais (com função também de hospedaria para pobres),
Gafarias ou Leprosarias, e Mercearias (obrigação religiosa de fazer o bem pela alma ou saúde
de alguém). Destas modalidades, apenas o Hospital se conserva, unicamente como prestação
de serviços voltados aos cuidados de saúde.
Instituições, por definição, são entidades de caridade ou de utilidade pública. Para Goffman
(1996) são lugares onde ocorrem atividades de uma dada natureza.
64
Aos locais onde o fechamento sugere isolamento por qualquer tipo de barreira social
(impedimento de se ausentar sem autorização prévia) ou física com intenção de impedir à
saída (com muros e paredes altas, portas trancadas, ou até mesmo fossos), Goffman (2006)
denomina de instituição total. Nesse modelo de instituição a idéia de confinamento sem
comunicação com o mundo exterior é presente e opressora.
A característica principal das instituições totais é a segregação, através da ruptura das
barreiras que separam as três esferas da vida (alimentação, lazer e trabalho), passando a ser
desenvolvidas num só lugar, de modo coletivo e sob uma única autoridade.
Em nossa sociedade, as instituições totais são classificadas, pelo autor, em 5 (cinco) grandes
grupos, como se observa a seguir:
(i) Instituições criadas para cuidado de pessoas que se acredita serem inofensivas e
incapazes, enquadrando-se na classificação as casas para cegos, idosos, órfãos e
indigentes;
(ii) Locais estabelecidos para tratamento de pessoas consideradas incapazes de gerir a
própria vida e que ofereçam ameaça à comunidade, mesmo que de modo não-
intencional. Neste grupo encontram-se os hospitais para doentes mentais, sanatórios
para tuberculosos e leprosário;
(iii) Instituições organizadas para proteger a comunidade contra perigos intencionais e
bem-estar social. Exemplificadas pelas prisões, campos de concentração e de
prisioneiros de guerra;
(iv) Instituições intencionais para realização, de modo mais adequado, de tarefas de
trabalho, tais com quartéis, navios, escolas internas, campos de trabalho e colônias;
(v) Locais destinados ao refúgio do mundo para reflexões, comumente para instrução
religiosa, como abadias, mosteiros e outros claustros.
Nesse sentido, de acordo com a classificação de Goffman (2006), as instituições para idosos
podem ser definidas como uma instituição total, pela característica de isolamento que
assumem estes locais, enquadrando-se deste modo no primeiro grupo.
É importante registrar que o idoso não figura uma pessoa incapaz, mas com limitações
próprias da velhice e/ou doenças crônico-degenerativas que necessitam de cuidados
especializados, e nem sempre dispensados pela família por falta de infraestrutura ou de
conhecimento.
O Brasil apresenta grandes dimensões territoriais, desigualdades sócio-econômicas e
influências culturais diversas, refletidas em vários aspectos de nossa sociedade. Não muito
diferente, as instituições de assistência aos idosos têm características regionais também
diferenciadas, revelando a heterogeneidade de padrões de qualidade quanto à estrutura física
65
e atendimento, organização financeira e demanda de usuário. Nas regiões Sul e Sudeste do
país, consideradas de maior poder sócio-econômico e cultural, podemos encontrar oferta de
serviços com qualidade técnico-profissional e de infraestrutura física semelhantes àquela
oferecida pelos países europeus (BORN & BOECHAT, 2006).
Sabendo que a arquitetura e design de lares para idosos têm influência sobre a qualidade de
vida e cuidados especializados recebidos (BARNES, 2002), as instituições para idosos devem
promover ambiência acolhedora com características residenciais, autonomia, independência e
privacidade dos idosos, além de proporcionar a integração dos usuários em convivência mista
entre os residentes de diversos graus de deficiência.
2.5.1. Instituição de Longa Permanência para Idosos - ILPI
O asilo puramente assistencial de outrora, hoje tem lugar na assistência à saúde, em
decorrência do acréscimo da longevidade de pessoas com incapacidades físicas ou mentais.
Atendendo a essa nova perspectiva de múltiplas funções surge o conceito de instituição de
longa permanência para idoso (ILPI), proposto pela Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia (CAMARANO, 2007).
Born & Boechat (2006) asseguram a importância de programas assistenciais diferenciados que
contribuem para a permanência e assistência em domicílio (Ageing in place) do idoso
enquanto possível for. Esse procedimento é adotado com sucesso em países como os Estados
Unidos e Canadá.
A investigação da presente dissertação tem como objeto de estudo o ambiente construído em
ILPIs, motivo pelo qual são elencadas legislações que contenham dispositivos de normatização
para atendimento às exigências físico-espaciais, de conforto e de segurança, conforme se
observa abaixo:
• Portaria SAS-73/2001 – Normas de funcionamento de serviços de atenção ao idoso no
Brasil;
• RDC nº 283/2005 – Normas de funcionamento para ILPIs;
• NBR 9050/2004 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos;
•Legislação urbanística do Município de Jaboatão dos Guararapes;
• Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico para o Estado de Pernambuco.
66
PORTARIA SAS Nº 283/2001 -
O Ministério da Previdência e Assistência Social, no Brasil, através da Secretaria de Estado de
Assistência Social, em parceria com Organizações governamentais (OGs), Organizações não-
governamentais (ONGs) e ministérios setoriais, através da Portaria 73/2001 - Normas de
Funcionamento de Serviços de Atendimento ao Idoso no Brasil - cria 9 (nove) modalidades de
atenção aos idosos: Família Natural, Família Acolhedora, Residência Temporária, Centro Dia,
Centro de Convivência, Casa Lar, República, Atendimento Integral Institucional e Assistência
domiciliar/Atendimento Domiciliar, que devem ser implantadas de acordo com a realidade de
cada município, sempre priorizando a permanência do idoso em sua família.
As instituições de longa permanência para idosos, abrigos, lares, casas de repouso, clínicas
geriátricas e ancianatos fazem parte da modalidade de atendimento integral institucional, e
são classificadas, no tocante à especialização de atendimento, de acordo com três tipos de
modalidade descritos conforme a seguir:
• Modalidade I - Instituição destinada a idosos independentes para Atividades da Vida
Diária (AVD), mesmo que façam uso de equipamentos de auto-ajuda e tenham
capacidade máxima recomendada para 40 pessoas (70% de quartos para 4 idosos e 30%
para 2 idosos);
• Modalidade II - Instituição destinada a idosos dependentes e independentes que
necessitam de auxilio e de cuidados especializados e que exijam controle e
acompanhamento adequado de profissionais de saúde, com capacidade máxima
recomendada para 22 pessoas (50% de quartos para 4 idosos e 50% para 2 idosos);
• Modalidade III – Instituição destinada a idosos dependentes que requeiram assistência
total, no mínimo, em uma Atividade da Vida Diária (AVD), com capacidade máxima
recomendada para 20 pessoas (70% de quartos para 2 idosos e 30% para 4 idosos) e
necessita de uma equipe interdisciplinar de saúde.
A Assessoria Técnica às Instituições de Longa Permanência da Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia (SBGG-SP), em um trabalho semelhante ao realizado pela Portaria
SAS 73/01, adota uma quarta modalidade, que determina instituição destinada a idosos
dependentes que requeiram assistência total nas AVDs, contando para isso com equipe
multiprofissional de saúde de 30 pessoas (BORN & BOECHAT, 2006).
Segundo a Portaria SAS-73/01, as edificações destinadas ao atendimento integral institucional
– sejam novas ou adaptadas - devem atender às necessidades físico-espaciais mínimas e de
conforto e acessibilidade, ali indicadas, devendo estar em consonância com as disposições da
NBR 9050/2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, Portaria 810 do Ministério da
Saúde, Legislação Municipal vigente e Normas de Prevenção de Incêndio.
67
Serviços de atendimento especializados diferenciados são empregados desde a década de
1950 nos Estados Unidos. A expressão inglesa nursing homes é aplicada a lares de idosos
dependentes, para diferenciar da modalidade home for the aged ou old people’s home -lar
para idosos. Em analogia ao sistema americano, encontramos referências sobre os alemães
Altenpflegeheim -lar para idosos dependentes, e Altenheim -lar para idosos, assim como o lar
para idosos dependentes japoneses - tokubetsu yogo rojinhomu e yogo rojinhomu - lar para
idosos (BORN & BOECHAT, 2006).
RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA – ANVISA Nº 283/2005 –
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ILPIs são “instituições governamentais ou
não-governamentais, de caráter residencial, destinadas ao domicílio coletivo de pessoas com
idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade e
dignidade e cidadania” (ANVISA-RDC nº283/2005, p.2).
Relativamente à diferenciação da conceituação e prática dos serviços assistenciais exercidos
em países desenvolvidos, no Brasil não se observa o mesmo procedimento. A Resolução da
Diretoria Colegiada - RDC nº 283/05, em contra partida, reconhece e institui 3 (três) níveis de
dependência do idoso, à semelhança da Portaria SAS-73/01, conforme se verifica logo a
seguir:
• Dependência I – Idosos independentes, mesmo que requeiram uso de equipamentos de
autoajuda;
• Dependência II - Idosos com dependência em até 3 (três) atividades de autocuidado
para a vida diária tais como: alimentação, mobilidade, higiene, sem comprometimento
cognitivo ou alteração cognitiva controlada;
• Dependência III – Idosos com dependência que requeiram assistência em todas as
atividades de auto-cuidado para a vida diária e ou com comprometimento cognitivo.
Quanto à sua natureza, segundo Born & Boechat (2006), as instituições podem ser:
i) Beneficente/filantrópica – Mantidas por grupos religiosos, associações de imigrantes
ou descendentes, de caráter asilar e com longo trabalho assistencial;
ii) Com fins lucrativos – Casas geriátricas ou de repouso localizadas em grandes centros
urbanos.
Contudo, é questionada a ausência de clareza quanto à definição da natureza da prestação do
serviço das ILPIs, e alerta para a falta de consenso em legislações de políticas públicas, na
esfera federal (BORN & BOECHAT, 2006).
68
A Portaria MS 810/89 considera as instituições para idosos como serviços de saúde, a Portaria
SAS-MPAS 73/01 diz tratar-se de parte integrante da rede de serviços de assistência social ao
idoso, enquanto que na Lei 8.842/94 - Política Nacional do Idoso - é considerada como serviço
de atendimento asilar.
NBR 9050/2004 –
Elaborada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, p.1), a “norma estabelece
critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação
e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de
acessibilidade.”
Foram considerados para proposição desses critérios as diversas condições de mobilidade de
percepção do ambiente, com ou sem a ajuda de aparelhos específicos, como: próteses,
aparelhos de apoio, cadeiras de rodas, bengalas de rastreamento, sistemas assistivos de
audição ou qualquer outro que venha a complementar necessidades individuais.
2.5.2. Instituição Particular de Solidariedade Social - IPSS
À semelhança da conceituação brasileira, em Portugal as ILPIs são reconhecidas como
Instituição Particular de Solidariedade Social – IPSS.
Segundo Ribeirinho (2005), a política social portuguesa atual é caracterizada como Wellfare-
Mix, uma política denominada mista por Silva (2006), onde há combinação de recursos e
meios mobilizáveis, junto ao Estado e à família, e iniciativas privadas, associadas,
beneficentes e não lucrativas.
O Decreto-Lei nº 119/83, de 25 de Fevereiro (Ministério dos Assuntos Sociais - Secretaria de
Estado da Segurança Social), em seu Artigo 1º define IPSS como instituições “constituídas,
sem finalidade lucrativa, por iniciativa de particulares, com o propósito de dar expressão
organizada ao dever moral de solidariedade e de justiça entre os indivíduos e desde que não
sejam administradas pelo Estado ou por um corpo autárquico, para prosseguir, entre outros,
os seguintes objetivos, mediante a concessão de bens e a prestação de serviços:
a) Apoio a crianças e jovens;
b) Apoio à família;
c) Apoio à integração social e comunitária;
69
d) Proteção dos cidadãos na velhice e invalidez e em todas as situações de falta ou
diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho;
e) Promoção e proteção da saúde, nomeadamente através da prestação de cuidados de
medicina preventiva, curativa e de reabilitação;
f) Educação e formação profissional dos cidadãos;
g) Resolução dos problemas habitacionais das populações.”
Segundo Jacob (2002), as formas jurídicas de IPSS são as Santas Casas da Misericórdia ou
Irmandade da Misericórdia, Centros Sociais Paroquiais, Associações de Socorros Mútuos ou
Mutilidades, e Associações de Solidariedade Social.
As Santas Casas da Misericórdia foram fundadas em 15 de Agosto de 1498, pela Rainha D.
Leonor e pelo frei Miguel Contreiras, com a criação na Sé de Lisboa da Santa Casa de
Misericórdia de Lisboa. Dois anos mais tarde, as Santas Casas da Misericórdia em Portugal já
somavam 23 unidades, e espalharam-se mundo a fora impulsionadas pela expansão marítima
ibero-portuguesa dos descobrimentos. (JACOB, 2002)
Atualmente registra-se a presença dessas instituições em quase todos os concelhos
(municípios) de Portugal, Brasil, Espanha, Índia, Macau e nos Países Africanos de Língua
Oficial Portuguesa (PALOPs).
Existem em Portugal atualmente 8 (oito) modalidades de assistência social aos idosos, que se
apresentam sob a forma de valências, conforme abaixo descrito:
• Lares para idosos (LAR) - são estabelecimentos em que são desenvolvidas atividades de
apoio social a pessoas idosas através do alojamento coletivo, de utilização temporária ou
permanente, fornecimento de alimentação, cuidados de saúde, higiene, conforto,
fomentando o convívio e a ocupação dos tempos livres dos utentes (idosos).
•Centro de convívio (CC) – Equipamento que pretende dinamizar atividades sócio-
recreativas e culturais, havendo participação ativa, por parte dos idosos, na sua
organização.
• Centro de dia (CD)– Presta um conjunto de serviços que permitem a sua permanência
no seu ambiente sócio-familiar.
• Residência de idosos – Conjunto de apartamentos, onde existem serviços de
utilização comum, para idosos independentes ou parcialmente independentes.
• Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) – Segundo a Norma I do Despacho Normativo
nº 62/99, de 12 de Novembro “consiste na prestação de cuidados individualizados e
personalizados, no domicílio, a indivíduos e famílias quando, por motivo de doença,
deficiência ou outro impedimento, não possam assegurar, temporária ou
70
permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas e/ou das atividades da
vida diária”.
• Acolhimento familiar de idosos (AFI) – Consiste na integração temporária ou
permanente em famílias consideradas adequadas, de pessoas idosas, nas seguintes
situações: (i) Inexistência ou insuficiência de respostas sociais, que sejam capazes de
desenvolver o apoio adequado, de modo a garantir a permanência das pessoas idosas no
seu domicilio; (ii) Ausência da família ou quando esta não é capaz de garantir condições
mínimas para assegurar o seu acompanhamento.
• Centro de acolhimento temporário para idosos (CATI) – Tem o objetivo de acolher
temporariamente a pessoa idosa, que necessita de apoio social de emergência, sendo
posteriormente efetuada a sua inclusão no seio familiar ou a transferência para outro
serviço ou equipamento de natureza permanente.
• Centro de noite (CN) – Utilizado por pessoas idosas que durante o dia são autônomos,
mas que durante a noite, por qualquer motivo, necessitam de alguma assistência.
Relativamente às Santas Casas da Misericórdia, a presente dissertação apresenta um de seus
estudos de caso pertencente à modalidade de Lar para idosos.
Os Lares de idosos figuram a evolução histórica dos asilos. Majoritariamente ligados à Igreja,
caracterizam-se como a mais antiga forma de resposta social também em Portugal, tendo
como objetivo oferecer alternativa à pessoa idosa com risco ou perda de autonomia e/ou
independência. Este equipamento social tem registro de seu maior crescimento entre os anos
de 1986 e 1995 (JACOB, 2002).
Os equipamentos sociais Lares de idosos, relativamente à dissertação em questão, com
concentração no ambiente construído, devem ser observados à luz das legislações:
(i) Despacho Normativo nº 12/98 – Normas para instalação e funcionamento dos Lares de
idosos em Portugal;
(ii) Decreto-Lei nº 163/2006 – Condições de acessibilidade de espaços públicos,
equipamentos coletivos e edifícios públicos e habitacionais;
(iii) Plano Diretor Municipal de Vila do Conde.
DESPACHO NORMATIVO nº 12/98 –
Semelhante à legislação brasileira ANVISA|RDC nº 283/2005, o Despacho Normativo nº 12/98
estabelece normas reguladoras das condições de instalação e funcionamento dos lares de
idosos, segundo a Norma I, que por definição “considera-se lar para idosos o estabelecimento
em que sejam desenvolvidas atividades de apoio social a pessoas através do alojamento
71
coletivo, de utilização temporária ou permanente, fornecimento de alimentação, cuidados de
saúde, higiene e conforto, fomentando o convívio e propiciando a animação social e a
ocupação dos tempos livres dos utentes.”
Tem com objetivos específicos:
(i) Proporcionar serviços permanentes e adequados à problemática biopsicossocial das
pessoas idosas;
(ii) Contribuir para a estabilização ou retardamento do processo de envelhecimento;
(iii) Criar condições que permitam preservar e incentivar a relação interfamiliar;
(iv) Potenciar a integração social.
DECRETO-LEI nº 163/2006 –
Este decreto tem como propósito maior a definição das condições de acessibilidade em
projeto e construção de espaços públicos, equipamentos coletivos e edifícios públicos e
habitacionais, assim como a legislação brasileira ABNT|NBR 9050/2004. Apresenta-se em seu
Anexo o estabelecimento de normas técnicas e critérios dimensionais para melhoria da
acessibilidade das pessoas com mobilidade reduzida, dividido em dois capítulos referentes à
via pública e edifícios e estabelecimentos em geral.
72
3. Metodologia
O presente capítulo destina-se a apresentar o processo metodológico que irá nortear a
pesquisa para a obtenção de resultados que comprovem ou não as hipóteses
estabelecidas, assim como, ser elemento gerador do objetivo geral da investigação.
Em qualquer processo investigativo a metodologia assume grande importância por ser
através da escolha da condução da pesquisa que se garante o cumprimento das metas
de estudo estabelecidas. Portanto, a definição de métodos e técnicas mais coerentes e
adequados à investigação para obtenção de dados é fundamental para o sucesso do
estudo.
Marconi & Lakatos (2010, p.46) definem método científico como sendo “o conjunto das
atividades sistemáticas e racionais que permite alcançar o objetivo, traçando o
caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista”,
utilizando, para tal, técnicas variadas.
Ao estudar instituições de longa permanência para idosos em seus aspectos relativos ao
espaço e à qualidade de vida de seus usuários, a pesquisa busca fundamentos teóricos
nas áreas da Ergonomia do ambiente construído e da gerontologia ambiental.
O ambiente construído é fundamental para todo usuário, e em se tratando de usuário
idoso torna-se necessário o conhecimento de suas características próprias a fim de
propiciar uma maior adequabilidade espacial.
3.1. Métodos de abordagem
A fim de melhor contribuir para o resultado da investigação esta pesquisa faz opção de
uma metodologia composta de métodos e técnicas variadas para a obtenção de dados
que subsidiem o processo investigatório.
De acordo com seu objetivo, este trabalho enquadra-se, segundo Gil (2009), como
estudo exploratório, por apresentar flexibilidade quanto ao seu planejamento e ter
como finalidade proporcionar uma maior interação com o problema, uma vez que são
considerados vários aspectos relativos ao fenômeno estudado.
73
Segundo a natureza dos dados, a pesquisa classifica-se como qualitativa por averiguar
aspectos relacionados aos hábitos e tendências de comportamento dos usuários, além
de apresentar como ambiente de estudo a fonte direta dos dados, e preocupar-se não
somente com os resultados e produto, mas com o processo como um todo (GIL, 2009;
MARCONI & LAKATOS, 2010).
O estudo de caso é definido como sendo pluralista, uma vez que apresenta interfaces
com várias áreas de conhecimento, e por se valer tanto da técnica de “observação e da
interrogação quanto da documentação para a coleta de dados” (GIL, 2009, p.10).
De acordo com o acima descrito, no âmbito da metodologia da pesquisa científica, este
estudo se enquadra no delineamento de estudo de caso, onde são utilizados vários
métodos e técnicas no processo investigatório e de coleta de dados. Tem como
objetivo também preservar o caráter do fato atual pesquisado, e observar em
profundidade, sem isolamento do contexto no qual se acha inserido.
Mais especificamente, esta pesquisa se insere como estudo de casos múltiplos por
estudar conjuntamente mais de um caso investigando um mesmo fenômeno, visando
estabelecer comparações e contrastes entre instituições de longa permanência de
origem brasileira e portuguesa.
A investigação em tela busca fundamentação em livros e periódicos nacionais e
internacionais para uma melhor compreensão da produção científica a cerca do
ambiente (ILPI) e do usuário (idoso) envolvidos nesta análise.
3.2. População e amostra
Para esta pesquisa a amostra foi classificada como intencional, e definida através de
critérios de semelhança quanto à natureza jurídica de recursos financeiros, capacidade
máxima de ocupação de residentes e viabilidade de acesso às instituições.
Foram selecionadas duas instituições, uma de origem portuguesa, localizada na cidade
de Vila do Conde, e outra de origem brasileira, situada na cidade de Recife,
referenciadas no texto a partir de então como ILPI 1 e ILPI 2 respectivamente.
74
A escolha da ILPI 1 deu-se ao fato de a pesquisadora ter acompanhado a implantação e
o florescimento da instituição ao longo dos anos, em cidade que mantém laços
familiares e afetivos. No Brasil, a ILPI 2 mantém características físicas e de gestão
financeira similar à ILPI 1, além de ser objeto de estudo integrante da pesquisa em
desenvolvimento do Grupo de Pesquisa em Ergonomia Aplicada ao Ambiente
Construído, “Aplicando a Ergonomia à moradia do idoso - critérios de habitabilidade e
usabilidade”.
Registra-se também que as edificações foram projetadas e edificadas para o fim a que
se destina - moradia de longa permanência para idosos, entretanto pertencentes a
intervalos temporais diversos, caracterizando, desse modo, concepções projetuais
distintas.
3.3. Aspectos éticos
Para a realização da coleta de dados nas edificações, e por tratar-se de pesquisa
envolvendo ambientes físicos direcionados para idosos institucionalizados, foi solicitada
à direção das instituições selecionadas a anuência e autorização. Assim, para ingresso
às ILPIs foram enviadas cartas de anuência à participação no processo investigatório,
que se encontram nos Anexos A e B ao final deste trabalho, com os dados
informacionais mascarados a fim de preservar o anonimato das entidades.
Para análise da percepção ambiental dos espaços físicos foi aplicado questionário aos
usuários idosos que se prontificaram a participar da investigação em tela. Os idosos
participantes, todos com ausência de comprometimento cognitivo, foram selecionados
pelas Diretorias das entidades analisadas.
Por determinações administrativas, e a fim de não causar constrangimentos não houve
contato direto do pesquisador com o idoso na aplicação do questionário. Coube aos
profissionais de psicologia das instituições acompanhar e/ou auxiliar o usuário em seu
preenchimento, com posterior envio dos questionários respondidos ao pesquisador.
75
3.4. Instrumentos de coleta de dados
Estudos de casos múltiplos requerem utilização de técnicas variadas de coleta de dados
para gerar uma maior confiabilidade dos resultados e demonstrar mais claramente o
objeto estudado. Nessa direção, esta pesquisa adota a metodologia ergonômica para o
ambiente construído - MEAC, proposta por Villarouco (2008), para analisar o ambiente
construído, a percepção espacial que o usuário tem deste espaço e o impacto do
ambiente sobre o usuário.
Análise walkthrough, observação, entrevista estruturada e aberta com funcionários
envolvidos, questionário de percepção ambiental, relatório fotográfico dos espaços,
desenhos, e anotações são técnicas utilizadas pela metodologia adotada.
3.4.1. Pesquisa documental
Aplicada em praticamente todas as ciências sociais, segundo Gil (2010), a pesquisa
documental, consiste em delineamento de pesquisa muito próximo da pesquisa
bibliográfica, diferenciando-se pela natureza das fontes, uma vez que a pesquisa
documental admite uma amplitude maior de registro de informações.
Para a obtenção de aspectos relativos à concepção, implantação e funcionamento da
Instituição, além de registros gráficos da edificação, procedeu-se uma investigação
junto às instituições analisadas, em exame detalhado de documentos institucionais,
material elaborado para fins de divulgação e documentos iconográficos.
3.4.2. Metodologia ergonômica para o ambiente construído - MEAC
A ergonomia do ambiente construído tem seu foco direcionado para o ser humano
enquanto usuário do espaço e a adequabilidade deste ambiente na promoção de seu
bem-estar. Neste sentido, a MEAC desenvolve uma abordagem ergonômica a fim de
entender, avaliar e modificar o ambiente e a interação contínua com seu usuário.
A interação diária com o espaço físico e percepção espacial de seu usuário conferem o
respaldo necessário para a adequação do ambiente construído, independente de
legislações ou índices pré-estabelecidos, cabendo unicamente ao sentimento do usuário
76
o nível decisório na interface da razão e emoção, mediada pela bagagem cognitiva
adquirida em sua trajetória de vida.
A avaliação ergonômica do ambiente construído proposta pela MEAC se apropria de
parâmetros estabelecidos em legislações apenas como elementos norteadores, que
conjuntamente com as necessidades identificadas pela percepção ambiental e
psicologia do ambiente construído estabelecem o nível de conforto exigido pelo
usuário.
Portanto, a MEAC contempla duas fases distintas, sendo uma de ordem física do
ambiente e outra de identificação da percepção do usuário em relação ao espaço por
ele vivenciado. A partir da confrontação dos dados obtidos nas duas fases são geradas
análises e recomendações para melhoria e adequação do ambiente. De acordo com o
exposto, a metodologia é composta de 5 (cinco) etapas distintas, permeadas por
diversas técnicas de acordo com o objeto estudado.
A fim de sistematizar essas técnicas, o Quadro 03 a seguir, identifica a técnica
empregada em cada etapa da metodologia de avaliação do ambiente construído com
explicitação de objetivos do uso.
Quadro 03: Técnicas utilizadas na MEAC, segundo etapas e seus objetivos.
MEAC – Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído
ETAPA TÉCNICA OBJETIVO
FA
SE I
Análise global do ambiente
Walkthrought Obter informações sobre a estrutura
organizacional, a dinâmica da instituição e os processos de
trabalho. Observação assistemática
Identificação da configuração ambiental
Walkthrought Observar a existência de
condicionantes físico-ambientais. Observação sistemática
Entrevista estruturada e semi-estruturada
Obter informações de ordem física,
organizacional, assim como
descrição de tarefas prescritas.
Questionário estruturado
Obter informações relacionadas a
aspectos de infraestrutura física das edificações.
Avaliação do ambiente em uso Observação sistemática
Identificar a adequabilidade do
ambiente; o quanto ele é facilitador ou dificultador no desenvolvimento
das atividades.
FA
SE II
Percepção ambiental Questionário estruturado e semi-estruturado
Identificar de que maneira o usuário
percebe o seu ambiente, e que de que modo o usuário se relaciona
com o espaço.
DIAGNÓSTICO | RECOMENDAÇÕES
77
FASE I - ANÁLISE FÍSICA DO AMBIENTE -
A análise física do ambiente é realizada por meio de 3 (três) etapas –análise global do
ambiente, identificação da configuração ambiental e avaliação do ambiente em uso no
desempenho das atividades- que se seguem abaixo descritas:
1. ANÁLISE GLOBAL DO AMBIENTE
Consiste numa visão geral para reconhecimento dos espaços, e entendimento de todo o
sistema que compõe as atividades neles desenvolvidas. Para maior compreensão são
aplicadas entrevistas com diretores e trabalhadores em busca de registrar as principais
atividades realizadas, pessoal envolvido e equipamentos utilizados. Esta etapa tem
como objetivo entender o sistema ambiente-humano-atividade em abordagem macro.
Nesta etapa de investigação da MEAC são aplicadas as técnicas de análise walkthrough
e observação.
Walkthrough
Originada da Psicologia Ambiental, o walkthrough é uma reconhecida técnica de
Avaliação Pós-ocupação – APO, descrita por Rheingantz & al. (2009) como sendo uma
combinação de observação com entrevista, que consiste no percurso através dos
ambientes, possibilitando a identificação de aspectos positivos e negativos dos espaços
da edificação.
O walkthrough é a primeira técnica utilizada em uma pesquisa sobre ambiente
construído. É através desse reconhecimento que se identificam elementos limitadores
e facilitadores da interação dos usuários com os ambientes físicos, e são assinaladas as
características físico-espaciais dos ambientes por meio de desenhos e registros
fotográficos.
Esta ferramenta propiciou subsídios para elaboração das entrevistas e questionários
aplicados por identificar aspectos de interesse direto da pesquisa.
Observação
A observação é uma técnica de coleta de dados para a obtenção de informações sobre o
fenômeno pesquisado, e bastante utilizada por consistir na observância do fato tal qual
ele se desenvolve em seu espaço temporal e suas peculiaridades (IIDA, 2005; MARCONI
& LAKATOS, 2010).
78
Em estudos de caráter exploratório, como a natureza deste trabalho se propõe, a
técnica assume relevância, pois aproxima o pesquisador do fato investigado, não sendo
bastante, entretanto, apenas ver e ouvir, mas analisar a situação explorada.
Em instituições de longa permanência para idosos, assim como em outros ambientes, a
presença do pesquisador é assimilada como elemento estranho, podendo impactar e
camuflar resultados. Por essa razão, a pesquisa se iniciou com uma observação
assistemática, procurando, na medida do possível, interagir com os idosos e
funcionários, criando uma relação amistosa e procurando constituir a presença em um
hábito.
Uma vez as primeiras impressões registradas, procederam-se as observações
sistemáticas para coleta de dados estruturada na busca de investigar os eventos
relevantes à pesquisa.
2. IDENTIFICAÇÃO DA CONFIGURAÇÃO AMBIENTAL
Nesta etapa foram registrados todos os condicionantes físicos dos espaços, tais como
dimensionamento, layout, fluxos, materiais de revestimentos, acessibilidade, medições
de níveis de iluminância, ruídos, temperatura, ventilação e condições de segurança,
atentando-se para as legislações a que são sujeitas para cada especificidade.
Precisamente para esta pesquisa foram utilizadas como elementos norteadores as
seguintes legislações:
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA –
Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), a RDC nº 283/2005;
NBR 9050/2004 - Norma Brasileira da Associação Brasileira de Normas Técnicas;
Lei 165/1980 – Legislação Urbanística Básica do Município de Jaboatão dos
Guararapes;
Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico para o Estado de Pernambuco;
NBR 5413/1992 – Iluminância de interiores;
NBR 10152/2000 – Níveis de ruídos para conforto acústico.
LEGISLAÇÃO PORTUGUESA –
Decreto-Lei nº 163/2006, Ministério do Trabalho e da Solidariedade Nacional de
Portugal;
79
Despacho Normativo nº 12/1998, Ministério do Trabalho e Solidariedade
Nacional de Portugal;
DL 129/2002 - Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios;
Legislação do Município da Cidade de Vila do Conde.
As informações foram registradas em plantas baixas concernentes a cada estudo de
caso. Também foram elaborados e aplicados questionários estruturados para a
obtenção de dados relativos ao trabalho prescrito, seus postos de trabalho,
equipamentos e tecnologias necessárias ao desempenho da função.
Para a sistematização das observações no local do estudo, recorreu-se ao uso de lista
de verificação, também conhecido como check-list.
Na busca de melhor entendimento do desenvolvimento das atividades, condicionantes
físicos existentes e de aspectos organizacionais da instituição foram utilizadas as
técnicas de entrevistas e questionários.
Entrevista
Considerado instrumento básico de coleta de dados para processo investigatório,
consiste em relato verbal ou conversação entre duas pessoas – entrevistado e
entrevistador –para obtenção de informações a cerca de um determinado objetivo
(MARCONI & LAKATOS, 2010).
Segundo Moraes & Mont’alvão (2007), é o instrumento de maior flexibilidade na coleta
de dados em pesquisa com métodos interrogativos.
As entrevistas nas instituições ILPI 1 e ILPI 2 aconteceram em duas ocasiões:
i) O primeiro momento com os gestores das instituições, para adquirir informações
de ordem física sobre a edificação;
ii) E em segundo momento, procederam-se entrevistas com a Diretora da instituição,
para obter informações de caráter organizacional e tarefas prescritas para
funcionários das instituições.
Em ambas as situações foram aplicadas entrevistas informais com perguntas abertas,
para atingir os propósitos pré-estabelecidos, e entrevista semi-estruturada em
decorrência de informações e fatos veiculados de maneira espontânea na oportunidade.
80
Questionário -
O questionário é uma técnica de interrogação, que se constitui por uma série de
perguntas, e que deve ser preenchido sem a presença do pesquisador, objetivando
conhecer opiniões, expectativas e situações vivenciadas (MARCONI & LAKATOS, 2009;
MORAES & MONT’ALVÃO, 2007).
Entretanto, para Mucchielli os questionários podem ser de auto-aplicação, quando o
respondente fica só diante do questionário, ou questionário por pesquisador, onde o
próprio pesquisador faz as perguntas e anota as respostas (1978c apud SOARES, 2008).
Richardson (1989 apud SOARES, 2008) e Iida (2005) afirmam que o questionário com
perguntas abertas se assemelha à entrevista estruturada, contudo, propõe maior
liberdade de expressão do entrevistado, motivo pelo qual foi aplicado este tipo de
instrumento de coleta de dados com a Diretoria da instituição.
Nessa etapa foi utilizado o questionário estruturado visando à obtenção de informações
relacionadas a aspectos de infraestrutura física das edificações.
3. AVALIAÇÃO DO AMBIENTE EM USO NO DESEMPENHO DAS ATIVIDADES
São observadas de modo sistemático as interferências dos condicionantes espaciais no
desempenho da atividade, verificando a adequabilidade do espaço a que o usuário está
sujeito, buscando entender o quanto o ambiente é facilitador ou não no
desenvolvimento das funções.
Portanto, a importância da análise do ambiente na plena realização das atividades
reside no fato de que o espaço físico tem relação direta com a produtividade e
eficiência dos serviços, além de contribuir para a saúde psicossocial dos usuários que
vivenciam este ambiente.
A análise considerou o ambiente no qual se encontra inserido o usuário, se valendo da
utilização da Antropometria. A investigação versou sobre o dimensionamento do
espaço, averiguando a pertinência ou não das proporções e medidas às suas
necessidades no decorrer de suas atividades, produzindo ou não e eficiência de sua
realização.
81
FASE II - PERCEPEÇÃO AMBIENTAL –
A fase da percepção ambiental prevê a utilização de ferramenta da psicologia
ambiental (mapa mental, mapa cognitivo, poema dos desejos, constelação de
atributos, mapa comportamental, entre outros) como avaliação do espaço físico.
Nesta pesquisa, por se tratar de usuários idosos, evidenciou-se a restrição de aplicação
de instrumentos de avaliação devido à existência de perda cognitiva inerente ao
processo de envelhecimento do usuário, que vem a mascarar os resultados. Desse
modo, optou-se por aplicação de questionário, apenas com idosos independentes e/ou
sem comprometimento de cognição, e que se predispuseram a participar do processo
investigatório, em ambas ILPIs.
Questionário -
Devido à limitação cognitiva do usuário, a presente dissertação entendeu ser
mais adequada a utilização de questionário com perguntas fechadas, e para avaliar a
percepção ambiental do idoso sobre os espaços físicos das ILPIs foi elaborada uma
escala pictórica de satisfação, subdividida em três níveis: satisfeito, regularmente
satisfeito e insatisfeito.
Com um total de onze perguntas, o questionário foi dividido em duas partes:
(i) A primeira parte teve como objetivo o conhecimento do perfil do
entrevistado, onde foram elaboradas perguntas relativas ao gênero do
inquirido, idade, estado civil, tempo de residência na instituição e
existência de limitação quanto à capacidade visual, auditiva ou motora.
(ii) A segunda parte correspondeu a questões relativas à percepção ambiental
do entrevistado, com o propósito de compreender como o usuário percebe
os ambientes em geral e de seu quarto, procurando averiguar se o local de
maior preferência é também o de maior permanência.
Os resultados sobre a percepção ambiental nas instituições foram obtidos através da
aplicação de quinze instrumentos de avaliação na instituição portuguesa e dez
questionários na instituição brasileira.
82
DIAGNÓSTICO E RECOMENDAÇÕES -
Finalizadas as fases de análise física do ambiente e de percepção ambiental foi gerado
diagnóstico ergonômico do ambiente, obtido através da confrontação dos dados
oriundos de observações e análises realizadas, juntamente com a maneira como o
usuário interage com o espaço, em seus diversos aspectos positivos e negativos. O
diagnóstico permitiu, assim, uma comparação da qualidade espacial das instituições
investigadas e a interferência do ambiente na qualidade de vida de seus usuários
residentes.
Com base no diagnóstico ergonômico foram geradas as recomendações, que
objetivaram propor correções, melhorias ou ainda estabelecer parâmetros para
projetos futuros, buscando o modelo de ambiente que melhor se adéqüe espacialmente
ao usuário idoso em ILPI, permitindo, assim, um melhor desempenho do sistema
ambiente-humano-atividade.
83
4. Estudos de casos
Apresenta-se a seguir os estudos de casos analisados que nortearam a presente
dissertação, e como anteriormente exposto, referenciados como ILPI 1, para o estudo
de caso em Portugal, e ILPI 2, para o estudo de caso no Brasil.
O texto tem em sua composição, descritas as etapas da Metodologia Ergonômica do
Ambiente Construído - MEAC, proposta por Villarouco (2008), contemplando as técnicas
e métodos empregados e estabelecidos para a elaboração da pesquisa.
4.1. ILPI 1 - Vila do Conde - Portugal
A instituição da Irmandade de Invocação a Nossa Senhora da Misericórdia, na Sé de
Lisboa pela Rainha D. Leonor, no ano de 1498, tinha como propósito maior levar aos
necessitados a força da esperança em atitudes concretas de ajuda. Já no ano de 1510
a Irmandade se fez presente na cidade de Vila do Conde, e permanece até hoje com a
assistência aos menos favorecidos, através de suas diversas unidades sociais,
conhecidas também por valências, dentre as quais faz parte a ILPI 1, em Vila do Conde.
4.1.1. Análise Global do ambiente
Ao chegar à área externa da ILPI 1 vê-se movimentação intensa de entrada e saída de
pessoas que freqüentam a instituição ou a casa de chá existente na estrutura de uso
múltiplo. É clara a impressão de que a edificação não se assemelha à idéia de
residência para idosos.
Na área externa percebe-se pouca arborização, que dispõe senão de uma árvore e
jardins localizados em vários pontos da instituição e de seu entorno. Observa-se a
existência de bancos ao longo do percurso até a rampa de acesso à edificação.
84
O interior da instituição é caracterizado pela iluminação natural abundante obtida
através de clarabóia no hall principal, e pelas cores dos revestimentos, que conferem
ao ambiente uma sensação agradável de bem-estar.
O hall de acesso aos quartos guarda identidade com ambiente domiciliar onde se
observa a presença de revestimento de teto em madeira, vegetação, e como mobiliário
piano e relógio antigo.
Ao percorrer os ambientes da edificação tem-se uma nítida imagem de organização e
limpeza que transmite segurança e seriedade na prestação dos serviços,
proporcionando uma sensação de conforto aos visitantes bem como aos idosos.
Percebe-se também a preocupação com a segurança e bem estar dos usuários idosos.
É grande a circulação de funcionários, diferenciados de função pela cor do fardamento.
Apesar do fluxo intenso de pessoal não foi observado nível alto de ruídos nos
ambientes, com exceção do espaço físico da cozinha, justificado pelas características
das atividades ali desenvolvidas.
Especialmente os ambientes dos quartos e banheiros se destacam pela ausência de mau
cheiro, tão comum em instituições para idosos.
A ILPI 1 localiza-se na cidade de Vila do Conde, pertencente ao município do Porto,
região norte de Portugal. A cidade tem área de 149,31 km² e 77.320 habitantes, entre
homens e mulheres, em faixas etárias de 0 a 75 ou mais anos, de acordo com o Anuário
Estatístico da Região Norte (INE, 2009).
Desta população, 10.716 habitantes são considerados idosos com 60 anos ou mais, que
representa aproximadamente 14% do total, e destes 4.572 apresentam 75 anos ou mais,
o que demonstra a alta longevidade na cidade.
Inaugurado em junho de 1989, e com ampliação no ano de 1997 (Figura 15), a ILPI 1
tem edificação que se estende em terreno próprio de 10.300 m². Estando localizada
em avenida de fácil acesso, a instituição tem orientação Noroeste-Sudeste, e suas
fachadas de maior dimensão encontram-se voltadas ao Nordeste e ao Sudoeste, com se
observa nas Figuras 16 e 17 abaixo.
85
Figura 15: ILPI 1 - Situação da instituição portuguesa.
Fonte: http://maps.google.com.br
A instituição foi projetada para o fim de acolhimento de idosos em suas necessidades
básicas, e concebida, desde seu início, com idéias avançadas para a época, de espaços
físicos de moradia coletiva tendo foco central a qualidade de vida com autonomia,
independência, integração e inserção de seus usuários em atividades que promovam o
bem-estar.
Figura 16: ILPI 1 - Fachada Sudoeste.
Figura 17: ILPI 1 - Fachada Sudeste.
O projeto inicial tem área de construção de 6.314,16m², destinado a abrigar 101 (cento
e uma) acomodações para os gêneros masculino e feminino em quartos com capacidade
máxima para 3 (três) idosos, todos com banheiros privativos – a exceção de 5 quartos
que dividem 2 banheiros, e toda infra-estrutura necessária para sua assistência,
incluindo uma clínica de fisioterapia, que além de atendimento aos residentes, presta
86
serviços à comunidade externa. No interior do prédio acham-se distribuídos espaços
para leitura, biblioteca, sala de jogos, sala de televisão, refeitórios e capela, além das
acomodações. Faz parte da estrutura, também, um auditório, com acesso externo
independente para visitantes, conforme observado na Figura 18, abaixo:
Figura 18: ILPI 1 - Acesso principal.
A edificação é sólida, com acesso pavimentado e jardins, executada em alvenaria e
concreto, com paredes duplas características ao clima de Portugal, porta de acesso e
janelas em alumínio e vidro duplo, permitindo uma perfeita vedação.
A instituição atende a idosos independentes (autônomos), semi-dependentes
(dependentes) e dependentes (grandes dependentes ou acamados), particulares e
institucionalizados, onde os particulares têm a alternativa de permanência individual
nos quartos, desde que arquem com os custos.
No ano de 1997, foi executada uma intervenção com ampliação de área física com
1.727,13 m², distribuídos em dois pavimentos, para a implantação do serviço de
atendimento aos grandes dependentes, acrescendo 74 (setenta e quatro) leitos,
refeitório adaptado para portadores de cadeiras de rodas, área de enfermagem, e com
toda infraestrutura buscando melhorias no acolhimento aos idosos dependentes.
A capacidade total da casa de Idosos é de 175 (cento e setenta e cinco) usuários,
entretanto, registra-se, de acordo com a Direção do estabelecimento, no mês de Junho
de 2010, o contingente de 157 (cento e cinqüenta e sete) – sendo 131 (cento e trinta e
um) idosos que possuem algum tipo de dependência, e destes 53 (cinqüenta e três) são
caracterizados como grandes dependentes. Os idosos independentes somam um total
de 26 (vinte e seis).
Localizado externamente, porém contíguo, encontra-se uma estrutura composta por
salas de uso múltiplo, onde ocorrem oficinas de artesanato e lazer, e uma casa de chá,
87
que também é utilizada pela comunidade, proporcionando, deste modo, uma maior
integração dos idosos com o público externo, conforme pode ser observado na Figura 19
abaixo.
Figura 19: ILPI 1 - Salas de uso múltiplo.
A estrutura organizacional da instituição não destina pavimento ou ala específica para
cada gênero (masculino ou feminino), por entender não ser necessário, cabendo esta
divisão apenas por quarto.
A ILPI 1 realiza atividades de lazer disponibilizando um Plano Semanal de Atividades
com passeios para idosos autônomos e dependentes, aulas de educação física, treino
cognitivo, dinâmicas de grupo, e atividades de cunho religioso. Há outro Plano dito
ocasional com celebração do Natal, Páscoa, passeios à praia no período de verão,
passeios mais longos, as vindimas (colheita das uvas), a desfolhada (colheita do milho)
e visitas a outras instituições.
Os idosos têm à sua disposição assistência médico-hospitalar, e sempre que necessário
são conduzidos à consulta ou tratamento em clínicas ou hospitais especializados, em
veículo próprio da instituição, equipado com plataforma elevatória de acesso para
portadores de cadeiras de rodas.
A Direção da instituição afirma que 85% (oitenta e cinco por cento) dos idosos recebem
visitas de seus familiares com freqüência mínima semanal. Contudo, são registradas
queixas relacionadas ao abandono daqueles idosos que foram entregues aos cuidados da
instituição pelos seus familiares que não mais retornaram.
O relacionamento entre os idosos é em regra geral classificado como bom, embora haja
desentendimentos entre eles, ocasionados pelos problemas próprios do avanço da
idade, com o desenvolvimento do processo de envelhecimento, problemas psicológicos,
88
problemas de saúde, de convivência, diferença cultural, entre outros, que são
resolvidos individualmente pela administração.
Em períodos de mudança de estação, segundo a Direção, existe uma maior ocorrência
de casos de depressão, assim como de óbitos.
Para a realização das tarefas a instituição tem um quadro funcional composto por 140
(cento e quarenta) funcionários que trabalham em grupos diferentes, distribuídos nas
diversas funções, conforme Quadro 04 a seguir:
Quadro 04: ILPI 1 - Distribuição do setor funcional.
FUNÇÃO QUANT. FUNÇÃO QUANT.
Médico 5 Setor administrativo 5
Enfermeiras 4 Cuidadoras 65
Nutricionista 1 Pessoal de cozinha 21
Setor de qualidade 2 Lavanderia 7
Psicólogo 1 Pessoal de limpeza 13
Assistente social 2 Outras funções 14
Fonte: a autora, segundo informações da Diretoria da ILPI 1.
No horário noturno trabalham 8 (oito) funcionários para acompanhamento direto ao
idoso em suas necessidades. Em caso de intercorrência será contactado um médico
plantonista da unidade para providências necessárias.
As funcionárias cuidadoras apresentam como nível de instrução, do 9º ao 12º ano, o
equivalente no Brasil ao último ano do ensino fundamental II e ao último ano do ensino
médio.
Todos os funcionários recebem cursos de capacitação, com periodicidade contínua e
adaptada às necessidades que surgem das atividades diárias, custeados pela instituição,
e com acompanhamento de psicólogos, setor de enfermagem e recursos humanos. Os
cursos mais usuais são aqueles voltados para os setores de cuidados com idosos,
cozinha e lavanderia.
Também foi registrado pela diretoria da instituição a preocupação com a avaliação de
pessoal, que tem sua ocorrência programada a cada ano ou quando há alteração de
função ou de escala de trabalho do funcionário, havendo para todos uma avaliação
diária contínua onde há feedback de seu desempenho.
89
Com relação ao absenteísmo foi informado pela diretoria a existência de 17 (dezessete)
afastamentos, no mês de Junho de 2010, ocasionados por disfunções osteo-musculares
decorrentes de atividades realizadas no exercício das funções. Não foi registrado como
causa de absenteísmo ocorrências atribuídas ao estresse adquirido pelo
desenvolvimento da atividade de lidar diariamente com o idoso.
Ainda sobre a atividade da cuidadora, a Direção atesta haver rodízio de funcionários
para assistência direta aos idosos, a fim de não criar laços afetivos com os mesmos e
excesso de carga cognitiva do funcionário, levando-o ao desgaste mais rapidamente.
Entretanto, reconhece haver vantagens em designar funcionário fixo para cada grupo
de idosos, por transmitir uma maior segurança ao usuário, gerando, assim, uma
identidade maior.
Com relação ao vestuário, os funcionários fazem uso de farda - calça, bata, e sapato
fechado ou bota com solado de borracha – com cor diferenciada de acordo com a
função, salvo o setor administrativo.
O serviço de limpeza é executado uma vez ao dia, por funcionárias com funções
específicas da atividade, que utilizam carrinho próprio para limpeza (mop) e
recolhimento de resíduos, dotado de baldes, espremedor, esfregão, sacos de lixo e
material para a higienização.
A cozinha atende aos requisitos de cozinha industrial, tem comunicação entre os
pavimentos através de monta-carga, e apresenta bancadas em mármore branco e aço
inox, piso e paredes com revestimento cerâmico, sendo antiderrapante para o piso, e
teto em laje com pintura.
Para as atividades de preparo das refeições, descritas no Quadro 05 abaixo, a cozinha
dispõe de 9 (nove) funcionários.
Quadro 05: ILPI 1 - Horário das refeições.
HORÁRIO REFEIÇÃO
7:00 h Café da manhã
10:00 h Reforço para diabéticos ou para quem quiser
11:30 às 12:30 h Almoço
15:00 às 16:00 h Lanche
18:00 às 19:00 h Jantar
A partir de 21:00 h Ceia
Fonte: a autora, segundo informações da Diretoria da ILPI 1.
90
Apesar de setorizado a ILPI 1não faz restrições quanto à locomoção dos idosos por suas
instalações. Ao andar pela edificação observam-se algumas cadeiras de rodas que são
propulsionadas pelo próprio usuário, com acesso pleno aos ambientes, sem barreiras
físicas ou desníveis de piso.
4.1.2. Identificação da configuração ambiental
A entrada principal à instituição acontece pela avenida principal (Figura 20), e adentra
a edificação ao nível do 2º pavimento do prédio. Esta chegada é utilizada por visitantes
e por idosos independentes, além de ser também o controle eletrônico de entrada de
funcionários.
Figura 20: ILPI 1 – Acesso principal.
Figura 21: ILPI 1 – Acesso à edificação.
O acesso acontece através de rampa com piso antiderrapante e inclinação de acordo
com as normas contidas no DL 163/2006, e provida de guarda-corpo e corrimão em
ferro com pintura, chegando ao hall de entrada onde funciona a recepção e
administração. (Figura 21)
A ocupação atual da ILPI 1, segundo a Diretoria, é de 157 idosos, distribuídos em
dormitórios com ocupação de 1 (uma) cama, 2 (duas) camas, 3 (três) camas ou 4
(quatro) camas.
A Tabela 01 abaixo, indica a distribuição de acordo com a situação do quarto no
pavimento, e etapa de construção pertencente – projeto inicial ou projeto de
ampliação.
91
Tabela 01: ILPI 1 - Distribuição do número de quartos, de acordo com o número camas, por pavimento e por
etapa de construção.
Pavimento
PROJETO INICIAL – ANO 1989 PROJETO DE AMPLIAÇÃO – ANO 1997 Total
quarto/
pavtº
QUARTOS QUARTOS
TOTAL TOTAL
1º Pavimento - 01 01 01 03 - 03 13 01 17 20
2º Pavimento 04 04 07 - 15 - 04 06 10 25
3º Pavimento 02 13 11 - 26 - - - - 26
TOTAL 06 18 19 01 44 - 07 19 01 27 71
Fonte: a autora
A instituição se distribui em 3 (três) pavimentos que se comunicam através de escadas
e elevadores utilizados pelos idosos.
O primeiro pavimento é destinado aos idosos dependentes e serviços de infraestrutura.
A ala dos idosos dependentes (objeto da ampliação de construção da ILPI 1) é composta
por 17 (dezessete) quartos, sendo 3 (três) com capacidade para 2 (dois) idosos, onde 2
(dois) quartos têm banheiro privativo, 13 (treze) com capacidade máxima para 3 (três)
idosos, e 1 (um) quarto com capacidade para 4 (quatro) usuários; todos dotados de
janelas voltadas ao exterior, portas de acesso em madeira com vão livre de 0.95m, piso
vinílico cor cinza, paredes com pintura lavável cor branca, teto em laje com pintura cor
branca, armário para pertences individuais, criado mudo e camas hospitalar em aço
inox com rodízios em vinil.
A Figura 22 a seguir, apresenta o 1º pavimento da edificação da ILPI 1, de acordo com
suas etapas de construção – projeto inicial datado do ano de 1989 (representado em
laranja) e projeto de ampliação datado do ano de 1997 (representado em azul).
92
Figura 22: ILPI 1 - Planta Baixa Geral – 1º pavimento.
Fonte: Instituição portuguesa (Adaptado pela autora)
93
Localizam-se também no 1º pavimento, os serviços de lavanderia, casa de máquinas,
depósitos de roupas, alimentos e produtos de limpeza, garagem e quarto de passagem -
local reservado para o idoso que vai a óbito aguardar sua transferência- todos fazendo
parte do projeto inicial.
A estrutura de reabilitação opera de maneira dissociada da casa dos idosos e tem
gerenciamento próprio e acesso independente para a comunidade externa. Entretanto,
os idosos da instituição, acompanhados por cuidadoras, dispõem de entrada privativa à
clínica, através de porta acionada por comando eletrônico.
No 2º pavimento encontram-se áreas reservadas aos idosos com algum tipo de
dependência física. A área é constituída por um total de 25 (vinte e cinco) quartos
distribuídos entre as etapas inicial e de ampliação. O projeto inicial dispõe de 15
(quinze) quartos, sendo 4 (quatro) unidades para 1 (um) idoso, 4 (quatro) unidades para
2 (dois) idosos e 7(sete) unidades para 3 (três) idosos, onde todos usufruem de banheiro
privativo, com exceção de apenas 1 (um) quarto de cada tipologia que dividem as
mesmas instalações sanitárias.
Vê-se a seguir na Figura 23, a planta baixa do 2º pavimento com seus ambientes
distribuídos, observando-se as etapas de construção de projeto inicial (em laranja) e
projeto de ampliação (em azul).
94
Figura 23: ILPI 1 - Planta Baixa Geral – 2º pavimento.
Fonte: Instituição portuguesa (Adaptado pela autora)
95
Neste pavimento também se encontram os espaços de uso comum de biblioteca, sala de
jogos, sala de TV, área de convívio, capela, auditório, cozinha e suas dependências,
banheiros para funcionários e idosos, refeitório geral (Figuras 24 e 25) além da área
administrativa, que são áreas funcionais previstas em lei (DN 12/98).
Figura 24: ILPI 1 - Refeitório principal.
Figura 25: ILPI 1 - Refeitório principal.
O refeitório central é utilizado pelos idosos independentes -embora não seja proibido o
uso por idosos dependentes também- visitantes e funcionários administrativos, e tem
comunicação direta com a cozinha. Este espaço é amplo, com grandes aberturas
verticais para iluminação natural, pé direto elevado e tem forro em madeira,
imprimindo ao ambiente uma sensação de aconchego. No centro do recinto encontra-
se uma lareira (fogão de sala) para uso na estação de inverno. As mesas retangulares
com 4 (quatro) lugares são agrupadas em linha, induzindo uma maior sociabilização
entre os usuários.
O hall de entrada funciona como bloqueio de acesso à ILPI, observando-se, também, no
espaço o controle de funcionários, através de equipamento dotado de biometria digital
para entrada e saída de turnos de trabalho. Nesta ambiente também se localizam os
quadros gerais de eletricidade e central de alarme de segurança contra-incêndio. A
área dispõe de algumas cadeiras e é bastante procurada pelos idosos pelo intenso
movimento ao longo do dia, quer por funcionários, quer por visitantes.
O ambiente do Hall de acesso aos dormitórios é amplo e possui esquadrias em alumínio
e vidro que permitem a integração com o ambiente exterior. Não foram observadas
cadeiras no local, caracterizando o espaço como área de permanência transitória.
Observa-se ainda área destinada aos idosos semi-dependentes –projeto de ampliação de
construção- composta de 10 (dez) quartos, sendo 4 (quatro) deles com capacidade para
2 (dois) idosos, e 6 (seis) quartos com capacidade para 3 (três) usuários, todos com
banheiro privado, e refeitório específico onde as mesas têm altura diferenciada para
96
permitir a aproximação de cadeiras de rodas. Fazem parte ainda da estrutura do
pavimento, área de convívio e infraestrutura de apoio administrativo e de manutenção.
Os idosos que não fazem sozinhos propulsão de cadeira de rodas são trazidos para o
refeitório dos dependentes, no horário de refeições, o que acontece de maneira
organizada e tranqüila, sendo observada também esta condição no almoço.
De forma circular o ambiente é muito agradável; apresenta muitas janelas, permitindo
uma iluminação natural bastante satisfatória. As mesas são em madeira, todas forradas
com toalhas, e redondas em número de quatro lugares. Existe fixa à parede uma
televisão para eventual atenção dos usuários.
Foi registrada a presença de cinco cuidadoras no refeitório para aqueles que não
conseguem se alimentar sozinhos ou necessitam de ajuda, o que representa a minoria
deles, quando do momento da visita à instituição.
As mesas têm altura maior que o padrão convencional permitindo que as cadeiras de
rodas tenham aproximação e garantindo, assim, aos idosos a condição de eles próprios
se alimentarem, bem como conforto em suas zonas de alcance.
Para atender a legislação vigente, a instituição portuguesa está com projeto de
ampliação da cozinha da ILPI em fase de aprovação pela Prefeitura da cidade, que terá
comunicação direta com os refeitórios. Será executado também um refeitório de uso
exclusivo dos funcionários.
A área do 3º pavimento é destinada aos idosos independentes e nele registram-se 26
(vinte e seis) quartos todos integrantes do projeto inicial. Destes, 2 (dois) quartos têm
capacidade para 1 usuário, 13 (treze) para 2 usuários e 11 (onze) unidades têm
capacidade máxima para 3 (três) idosos. O pavimento acomoda também sala de
refeições e copa de apoio, área administrativa e áreas de estar em locais diversos.
Figura ainda, na área referente ao projeto de ampliação, espaço de depósito e guarda
de materiais.
Observa-se a seguir na Figura 26, o 3º pavimento da instituição, onde aparecem
registradas as etapas de construção de projeto inicial (em laranja) e projeto de
ampliação (em azul).
97
Figura 26: ILPI 1 - Planta Baixa Geral – 2º pavimento.
Fonte: Instituição portuguesa (Adaptado pela autora)
98
Na Figura 27 registra-se área de estar informal entre grupo de dormitórios, enquanto
que na Figura 28, observa-se área de transição entre alas de quartos, ambientada com
cadeiras, e mobília e coleção doada por idoso à instituição. Segundo a diretoria da ILPI
as doações são prática comum na instituição.
Figura 27: ILPI 1 - Estar – 3º pavimento.
Figura 28: ILPI 1 - Estar – 3º pavimento.
A área de estar neste pavimento é bastante ampla e muito agradável com grande
iluminação natural proveniente de clarabóia, piso com revestimento cerâmico, paredes
e teto com pintura, e presença de madeira em rodapé e esquadrias.
De acordo com o estabelecido no DN 12/98, existe área para refeições com copa de
apoio e comunicação com a cozinha central por meio de monta-carga. O ambiente à
semelhança dos demais é caracterizado pela claridade, organização e limpeza, e dispõe
de mesas quadradas e redondas todas dispostas em grupos. (Figuras 29 e 30)
Figura 29: ILPI 1 - Sala de refeições – 3º pavimento
Figura 30: ILPI 1 - Sala de refeições – 3º pavimento
Existem 3 (três) tipologias de dormitórios distribuídos nos três pavimentos que
acomodam respectivamente uma, duas (Figura 31) e três camas (Figura 32), sendo esta
última tipologia presente em todos os pavimentos, embora nem todos os quartos
apresentem sua ocupação máxima.
99
Figura 31: ILPI 1 – 1º pavtº - Dormitório.
Figura 32: ILPI 1 – 2º pavtº - Dormitório.
As acomodações são amplas e têm piso com revestimento vinílico em placas, nas cores
vermelho-alaranjada ou cinza claro, a depender da localização, paredes com pintura
textura acrílica na cor branca, e teto em laje com pintura também na cor branca.
Os quartos são dotados de iluminação natural por meio de janela em alumínio
anodizado preto e vidro, com peitoril baixo permitindo ao idoso uma maior visão do
exterior. Grade de proteção em ferro, persianas externas em PVC e aquecedor são
visualizados.
A iluminação artificial se dá por meio de luminárias fluorescentes com iluminação geral
e individuais, localizadas sobre cada cama. Foi registrada presença de objetos pessoais
sobre as luminárias evidenciando a demarcação de espaço pessoal de cada idoso dentro
do ambiente.
Todas as circulações apresentam corrimão em ferro com pintura na cor verde Ø 2'', e
aquelas pertencentes à etapa de ampliação de área física recebem também
revestimento em cerâmica até a altura de 0,90m, assim como iluminação de
emergência e vigília noturna. (Figuras 33 e 34)
100
“Você está aqui”
Figura 33: ILPI 1 - Circulação ala grandes
dependentes – 1º pavimento.
Figura 34: ILPI 1 - Circulação ala idosos
independentes – 3º pavimento.
Observa-se que em toda a edificação existem extintores de incêndio, sinalização de
segurança contra-incêndio e rota de fuga (Figura 35). Registra-se também a presença
de quadro contendo plantas baixas do prédio e indicação da localização do usuário em
relação ao edifício. (Figura 36)
Figura 35: ILPI 1 - Sinalização segurança.
Figura 36: ILPI 1 - Sinalização segurança.
A chamada de emergência, quando acionada pelo idoso, acende luminária na circulação
para identificação visual da unidade, e dispara aviso sonoro que só será interrompido
quando da entrada da cuidadora ou enfermeira ao quarto, e desligado por meio de
interruptor localizado à entrada. Este dispositivo existe em todos os quartos e tem
comando próprio integrante à luminária individual.
Os quartos da instituição têm as portas em madeira com vão livre de 0.95m e visor
lateral, e recebem junto à porta de acesso sinalização onde é registrado o número do
quarto e os nomes dos ocupantes. Acima desta percebe-se a presença de luminária
para indicação do quarto quando da chamada de emergência por qualquer ocupante,
como se observa nas Figuras 37 e 38, a seguir.
101
Luminária de chamada
de emergência
Figura 37: ILPI 1 - Circulação de acesso aos
dormitórios - 1º pavimento.
Figura 38: ILPI 1 - Circulação de acesso aos
dormitórios - 3º pavimento.
Existem dois tipos de banheiros que atendem aos quartos – individuais e banho
assistido, sendo este último mais utilizado para os dependentes que necessitam de
ajuda. Em ambos os casos os espaços recebem revestimento cerâmico no piso e
paredes, e teto em laje com pintura.
Duas unidades de banho assistido (Figura 39 e 40) foram identificadas no 1º pavimento
para assistir aos idosos classificados como grandes dependentes. Destes ambientes
fazem parte como louça sanitária, lavatório simples, bacia com caixa de descarga
externa, bidê e banheira com rede, e barras de apoio para uso dos equipamentos.
Figura 39: ILPI 1 - Banho assistido – 1º
pavimento
Figura 40: ILPI 1 - Banho assistido – 1º
pavimento
Identificou-se a existência de área com ducha para banho assistido com cadeira de
rodas própria para a finalidade. No banheiro encontra-se lixeira, e como mobiliário
estantes para acomodar roupas, sapatos e material de higiene pessoal. Os espaços
recebem iluminação e ventilação natural através de janela com abertura para o
exterior.
Placa indicativa
102
Os banheiros individuais ou privados aos dormitórios têm piso e paredes revestidos em
cerâmica e teto em laje com pintura. Todos apresentam iluminação e ventilação
natural através de janelas em alumínio e vidro com abertura para o exterior.
Os banheiros têm como louça sanitária, bacia convencional e caixa de descarga
aparente, bidê, lavatório com coluna e banheira (Figuras 41 e 42). Em todos os
banheiros as portas têm seu giro de abertura interno ao ambiente, contrariando o
Decreto-Lei nº 163/2006, que estabelece em seu item 2.9.20, que porta de acesso a
instalações sanitárias –geral ou cabines acessíveis – deve ser de correr ou com abertura
externa ao ambiente. Encontra-se, também no interior do ambiente, espelho e armário
superior em madeira para guarda de objetos pessoais.
Foi identificado que três banheiros sofreram reforma para adaptar a área de banheira
para chuveiro, e, segundo informações da direção da instituição, há projeto para
substituição das banheiras em todas as unidades da edificação.
Figura 41: ILPI 1 - Banheiro privado – 2º
pavimento
Figura 42: ILPI 1 - Banheiro privado – 2º
pavimento
As paredes de todas as circulações recebem revestimento cerâmico até a altura de
0.90m, a partir de então recebem acabamento em pintura, e são dotadas de corrimão
em ferro com pintura em esmalte sintético cor verde.
Conforto ambiental
Relativamente ao conforto ambiental, foram executadas medições do nível de
iluminância e ruído com utilização dos equipamentos luxímetro digital da marca
MINIPA, modelo MLM-1011, e decibelímetro digital da marca MINIPA, Modelo MSL 1325,
ambos fornecidos pela Universidade Federal de Pernambuco, sob custódia da
pesquisadora.
103
O Despacho normativo 12/98 estabelece os níveis de iluminância que cada ambiente da
instituição deve apresentar. Registra a necessidade de iluminação local nos quartos,
junto às camas, fixas na parede com comando independente, bem como existência de
luz de vigília noturna para circulação sem utilização de iluminação normal. A legislação
demanda, ainda, iluminação de emergência ativada em caso de interrupção da
iluminação normal.
Os pontos de medição encontram-se registrados em plantas baixas do 1º, 2º e 3º
pavimentos, conforme as Figuras 43, 44 e 45 respectivamente.
Como o 1º pavimento é caracterizado pela ocupação de idosos classificados como
grandes dependentes não foi autorizada a entrada em todos os dormitórios para efetuar
medições, a exceção de um que encontrava-se desocupado no momento da visita.
Deste modo, procedeu-se a leitura dos níveis de iluminância e ruído no ambiente de
dormitório, mais precisamente localizado na fachada oeste, e no ambiente de banho
assistido, que é utilizado, também, como sanitário para idosos que se encontrem na
área de convívio junto à escada de acesso ao 2º pavimento, conforme Figura 43 abaixo:
104
Figura 43: ILPI 1 - Pontos de medição de iluminância e ruído – 1º pavimento.
Fonte: Instituição portuguesa (Adaptado pela autora)
No 2º pavimento foram efetuadas medições em ambientes de dormitório e de banheiro
privado voltado à fachada Leste, refeitório principal e cozinha, todos espaços físicos
pertencentes à etapa inicial de construção. Os ambientes de refeitório dos grandes
dependentes e dormitório com banheiro privado, localizados na etapa de ampliação
105
(Figura 44), também foram escolhidos para averiguação dos índices de iluminância e de
ruído.
Figura 44: ILPI 1 - Pontos de medição de iluminância e ruído – 2º pavimento.
Fonte: Instituição portuguesa (Adaptado pela autora)
106
O 3º pavimento (Figura 45) é ocupado por dormitórios destinados aos idosos
independentes, áreas de copa, refeitório, ajudas técnicas, arrumações e ambiente
fechado de sala de estar (sem utilização quando da ocasião da visita ao Lar de idosos),
e áreas de estar informal. Foram selecionados os ambientes de quarto, banheiro,
circulação para as medições de conforto ambiental.
Figura 45: ILPI 1 - Pontos de medição de iluminância e ruído – 3º pavimento.
Fonte: Instituição portuguesa (Adaptado pela autora)
107
As medições foram efetuadas em dois dias distintos do mês de julho, nos períodos da
manhã (11 horas) e à tarde (15 horas), a uma altura de 0,75 m em camas hospitalares e
mesas de cabeceira, e de 0,50 m em camas padrão. As leituras obtidas encontram-se
registradas e comparadas ao estabelecido no DN 12/98 e DL 129/2002 (Regulamento
dos Requisitos Acústicos dos Edifícios), de acordo com a Tabela 02 abaixo.
Tabela 02: ILPI 1 - Medições de níveis de iluminância e ruído nos ambientes, de acordo com o pavimento e o
exigido em legislações portuguesas.
PAVTº AMBIENTE ILUMINÂNCIA
(Lux)
DN 12/98
Iluminância
(Lux)
RUÍDO (dB)
Mín/Máx
DL
129/2002
Ruído (dB)
1º
pavim
en
to
1 Circulação 117 100 ≤ i ≤ 150 57 48
2 Dormitório 175 100 ≤ i ≤ 150 45 48
3 Banho assistido 197 100 ≤ i ≤ 150 55,8 48
2º
pavim
en
to
4 Refeitório principal 281 100 ≤ i ≤ 150 53,7 – 68,8 60
5 Cozinha 261 i ≥ 300 61,1 – 86,4 60
6 Cozinha - 2 335 i ≥ 300 Não aferido 60
7 Cozinha - 3 423 i ≥ 300 Não aferido 60
8 Refeitório 388 100 ≤ i ≤ 150 69,9 – 73 60
9 Dormitório (ampliação) 272 100 ≤ i ≤ 150 48 – 65 48
10 Banheiro (ampliação) 56 100 ≤ i ≤ 150 47 - 62 48
11 Dormitório (inicial) 135 100 ≤ i ≤ 150 62 48
12 Banheiro (inicial) 68 100 ≤ i ≤ 150 39 48
3º
pavim
en
to 13 Dormitório 330 100 ≤ i ≤ 150 37 - 60,8 48
14 Banheiro privado 42 100 ≤ i ≤ 150 36,8 – 40,9 48
15 Circulação 320 100 ≤ i ≤ 150 Não aferido 48
16 Ligação das alas 197 100 ≤ i ≤ 150 Não aferido 48
Fonte: a autora
Observa-se na Tabela 02, representados pela cor amarela, medições que contrariam o
preconizado pela legislação em nível mínimo e máximo de aceitação.
Registra-se ainda, que as medições dos banheiros privados do 2º e 3º pavimentos foram
efetuadas sem acionamento da iluminação artificial.
Foram evidenciadas características diversas no mobiliário de modo geral, variando
desde as camas hospitalares, para os acamados, até o mobiliário particular do idoso
108
trazido de sua residência, sendo mais freqüente a cama, cômoda e cadeira
espreguiçadeira, de acordo com as Figuras 46 e 47, abaixo.
Figura 46: ILPI 1 - Mobiliário de dormitório
- 2º pavimento.
Figura 47: ILPI 1 - Mobiliário de dormitório -
2º pavimento.
Como já foi mencionado, a ILPI 1 é instalada em uma edificação com área de
construção total de 8.041,29 m², alocados em 3 (três) pavimentos, e em duas etapas –
projeto inicial (1989) e de ampliação (1997), assim distribuídos na Tabela 03 a seguir:
Tabela 03: ILPI 1 - Áreas de construção, por pavimentos e etapas de construção.
Etapa de projeto ÁREA DE CONSTRUÇÃO (m²)
1º pavimento 2º pavimento 3º pavimento TOTAL
Projeto inicial (1989) 2.464,06 2.392,69 1.457,41 6.314,16
Projeto Ampliação (1997) 793,59 745,77 187,77 1.727,13
TOTAL 3.257,65 3.138,46 1.645,18 8.041,29
Fonte: a autora
O Despacho Normativo 12/98 estabelece que a estrutura orgânica do edifício do lar
para idosos, a fim de possibilitar seu bom funcionamento, deve ser composta por 9
(nove) áreas funcionais: (1) Área de acesso; (2) Área de Direção e dos serviços
administrativos; (3) Área das instalações para o pessoal; (4) Área de convívio e de
atividades; (5) Área de refeições; (6) Área de serviços; (7) Área de quartos; (8) Área de
serviços de saúde; (9) Área de serviços de apoio.
Para um melhor entendimento, a pesquisa em questão adota a sistematização das áreas
funcionais em 4 (quatro) grupos: área administrativa | serviços; área de quartos, área
comum | lazer e área de circulação. Ressalta-se, no entanto, a existência de uma 5ª
área, relativa ao espaço ocupado pelo serviço de Fisioterapia, no 1º pavimento, e que
só acontece naquele piso.
109
As áreas funcionais encontram-se distribuídas nos três pavimentos, de acordo com a
Tabela 04 abaixo, sendo mensurada em área útil de construção, com respectivos
percentuais proporcionais à área útil total de construção de cada pavimento.
Tabela 04: ILPI 1 - Área útil de construção, percentual de área total, por área funcional e por pavimentos.
ÁREAS FUNCIONAIS
1º PAVIMENTO 2º PAVIMENTO 3º PAVIMENTO TOTAL
Área (m²)
% Área (m²)
% Área (m²)
% Área (m²)
ADMINISTRATIVA/
SERVIÇOS 589,49 18,97 393,91 14,85 202,11 14,85 1.185,51
COMUM / LAZER 62,49 2,01 1.000,72 37,73 109,49 8,04 1.172,70
QUARTOS 496,18 15,97 703,54 26,53 749,92 55,09 1.949,64
CIRCULAÇÃO 351,92 11,32 553,87 20,88 299,85 22,03 1.205,64
FISIOTERAPIA 1.607,74 51,73 - - - - 1.607,74
TOTAL 3.107,82 100,00 2.652,04 100,00 1.361,37 100,00 7.121,23
Fonte: a autora
Neste primeiro plano concentram-se os serviços de infraestrutura básica, como
lavanderia e casa de máquinas (representada pela cor laranja), e a clínica de
fisioterapia (representada pela cor azul claro), todos pertencentes ao projeto inicial, e
ala destinada aos grandes dependentes, objeto do projeto de ampliação, com área de
quartos (representada pela cor verde), área de uso comum (representada pela cor azul)
e área de circulação (representada pela cor amarelo).
Com área física de 1.607,74 m², correspondendo a 51,73% da área do 1º pavimento, a
clínica de fisioterapia presta serviços tanto aos idosos residentes no Lar de 3ª Idade
quanto à comunidade externa, quer sejam encaminhados pelo serviço público de saúde,
quer encaminhados por médicos particulares.
Desta forma, o 1º pavimento se apresenta do seguinte modo, conforme Figura 48
abaixo:
110
Figura 48: ILPI 1 - Setorização de áreas funcionais - 1º pavimento.
Fonte: Instituição portuguesa (Adaptado pela autora)
111
Observa-se no 2º pavimento a predominância de área de uso comum|lazer
(representada pela cor azul) relativa aos ambientes de capela, auditório (também
voltado à comunidade externa), salas de convívio e de TV além de refeitórios central e
de grandes dependentes, este último pertencente à etapa de ampliação.
As salas administrativas e apoio de infraestrutura, tais como cozinha e apoio de
funcionários, são representados pela cor laranja. Já os quartos (representados pela cor
verde) localizam-se na primeira etapa da construção bem como na etapa de ampliação.
Por fim a área de circulação (representada pela cor amarelo) está presente em toda
edificação (Figura 49).
112
Figura 49: ILPI 1 - Setorização de áreas funcionais - 2º pavimento.
Fonte: Instituição portuguesa (Adaptado pela autora)
113
O 3º pavimento por abrigar idosos independentes tem em sua planta uma maior
concentração de quartos (representados pela cor verde). As áreas de uso comum|lazer
(representadas pela cor azul) são identificadas nos ambientes de refeitório (segundo
exigência do DN 12/98 determina haver uma para cada grupo de 10 unidades de
quartos), e salas de estar e televisão. As circulações estão representadas pela cor
amarela.
A área administrativa|serviços (representada pela cor laranja) dispõe de ambientes
como gabinete do departamento de qualidade, ajudas técnicas, copa de apoio e apoio
do auditório, e área de depósito posicionada na construção de ampliação.
Conforme descrição acima, a planta baixa do 3º pavimento segue a configuração da
Figura 50 abaixo:
114
Figura 50: ILPI 1 - Setorização de áreas funcionais - 3º pavimento.
Fonte: Instituição portuguesa (Adaptado pela autora)
115
4.1.3. Avaliação do ambiente em uso
Em observação da rotina a que os idosos que moram no Lar de 3ª Idade vivenciam,
constatou-se que as atividades ocorrem de modo natural e seqüenciado. Não foi
registrado transtorno algum nas visitas efetuadas.
Esta pesquisa irá tratar mais detalhadamente de analisar os ambientes de dormitórios e
banheiros privados dos idosos, buscando uma melhor compreensão dos condicionantes
físico-espaciais desses espaços, a fim de ampliar a adequabilidade dos espaços a que o
usuário está exposto, contribuindo para sua saúde física e mental.
Uma importante ferramenta de análise dos espaços é a antropometria, que através do
dimensionamento investiga a pertinência das medidas e proporções para atendimento
às necessidades diárias dos idosos.
O Hall de acesso é um local que apresenta fluxo permanente e intenso, visto que
constitui acesso principal de visitantes e entrada e saída de funcionários. Nesse
ambiente encontra-se mobiliário (cadeiras) não adequado aos usuários idosos por não
possuir altura compatível para atender à zona de conforto, principalmente ao levantar.
Após as refeições os idosos são levados aos seus quartos para descansar. A prioridade
de saída se dá aos mais dependentes ou que estão mais agitados. Os portadores de
cadeiras de rodas que não estejam alojados no mesmo pavimento do refeitório são
reunidos no hall de acesso do ambiente de refeições e colocados “em fila” para fazer
uso do elevador. Alguns idosos permanecem no local mesmo após as refeições para
assistir à televisão por alguns instantes. Relativamente ao fluxo de pessoas para o
refeitório, nos horários das refeições é classificado como intenso, porém organizado.
Observou-se que a distância média percorrida não ultrapassa vinte metros.
De modo geral a instituição tem índice de iluminância acima do exigido por lei, obtido
através de iluminação natural na maior parte do dia, salvo em banheiros privados aos
quartos. No ambiente de circulação do 1º pavimento foi observada a baixa luminosidade
do local, podendo ocasionar acidentes com idosos, assim como comprometer a
realização de atividades de limpeza.
O dimensionamento de áreas funcionais, determinado pelo Despacho Normativo nº
12/98 do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social de Portugal – Normas
Reguladoras das condições de instalação e o funcionamento dos lares para idosos – foi
116
comparado às áreas físicas da instituição de idosos em Portugal, com pode ser
observado na Tabela 05 abaixo:
Tabela 05: ILPI 1 - Áreas físicas estabelecidas no DN 12/1998 e situação averiguada na instituição.
ÁREA FUNCIONAL DN 12/98 - ANEXO I (DIMENSIONAMENTO DE AMBIENTES) ILPI 1
Área de Acesso / Átrio Hall de entrada 9,0 m² 25,39 m²
Área Direção e Serviços
Administrativos
Gabinete Diretor
Sala de reuniões
Gabinetes administrativos (≥ 2,00m²/posto trabalho) Instalação sanitária
10,00 m²
10,00 m²
10,00 m² 3,00 m²
12,51 m²
17,62 m²
22,58 m² 3,61 m²
Área convívio e
atividades
Sala de Estar (≥ 2,50m²/pessoa)
Inst. sanitária (1 sanitário + 1 lavatório/10 utilizadores)
15,00 m²
80,30 m²
Área refeições -
Lar capacidade > 20 idosos
Sala de Refeições (≥ 2,50m²/pessoa) 20,00 m² 179,67 m²
41,95 m²
Copa / cozinha Lar capacidade > 15
idosos
- Cozinha - Despensa do dia
- Lixo
10,00 m² 6,00 m²
1,50 m²
67,32m² 33,85 m²
Área de Quartos
- Para cada agrupamento de 10 unidades: 1 sala de estar + 1 copa (2,00 m²/pessoa)
1 rouparia
- Acessibilidade integral
- Quarto individual - Quarto casal
- Quarto duplo
12,00 m²
3,00 m²
10,00 m² 15,00m²
16,00m²
53,08 m²
8,51 m²
12,19 m²
22,18 m²
Área de Quartos - Instalações sanitárias
-Inst. sanitária (bacia+bidê+lavat.+chuv.)- 2,15 x 2,10m
-Inst. sanitária com ajuda
- Zona de sujos (expurgo- com pia de despejo)
4,50 m²
10,00 m²
3,50 m²
4,76 m²
16,86 m²
5,25 m²
Fonte: Despacho Normativo nº12/98 (Adaptado pela autora)
O Decreto-Lei nº 163 (2006, p.5670) de 8 de Agosto, do Ministério do trabalho e da
Solidariedade Social de Portugal atesta que “a promoção da acessibilidade constitui um
elemento fundamental na qualidade de vida das pessoas, sendo um meio imprescindível
para o exercício dos direitos (...)”.
Deste modo, estabelece em seu Anexo, Capítulo 2, destinado a Edifícios e
estabelecimentos em geral, as normas técnicas para a melhoria da acessibilidade das
pessoas com mobilidade condicionada. A legislação é também referência para a análise
do ambiente construído da instituição de idosos de Vila do Conde, Portugal, conforme a
Tabela 06 abaixo:
117
Tabela 06: ILPI 1 – Comparativo entre condicionantes físicos estabelecidos no DL 163/2006 e situação
averiguada na instituição.
DECRETO-LEI nº 163/2006 ILPI 1
ÁTRIO
Externo | Interno Zona de manobra de cadeira de rodas 360º ATENDE
largura= 3,50
m Portas externas Vão livre ≥0,87 m
ATENDE
(1,05 m)
ESCADAS
Largura ≥ 1,20m 1,60 m
Patamares profundidade ≥ 1,20m 1,90 m
Degrau - piso ≤ 0,28m | espelho ≤ 0,18m ATENDE
Faixas antiderrapantes L≥ 0,04m NÃO ATENDE
Desnível superior a 0,40m → corrimão ambos os lados ATENDE
Corrimão 0,85 m ≥ h ≤ 0,90 m (prolongar 0,30 m último degrau) ATENDE
RAMPA
CONSTRUÇÃO – i≤ 6% | Desnível 0.60 m|Projeção horizontal ≤ 10,0 m 6 % Proj.horiz= 14,55 m
Largura ≥ 1,20m 3,40 m
INSTALAÇÃO
SANITÁRIA
Nº BACIAS ACESSÍVEIS
10% do total ( n≥1) ATENDE
PORTAS Sentido de abertura para exterior NÃO ATENDE
BACIA SANITÁRIA h = 0,45 m ± 0,01m NÃO ATENDE
h =0,40 m
CABINE SANITÁRIA
1,60 (largura) x 1,70 m (comprimento) - rotação ≥ 180º
ATENDE
DIMENSÕES
NÃO ATENDE
DISPOSIÇÃO
LOUÇA
SANITÁRIA
2,20 (larg.) x 2,20m (compr.) - rotação ≥ 360º
NÃO ATENDE
BARRAS DE APOIO 0,75m ≥ h ≥ 0,70 m | comprimento ≥ 0,80 m |
distância eixo bacia 0,35m ≥ h ≥ 0,40 m
ATENDE
PARCIALMENTE
BANHEIRA h = 0,45 m ± 0.01m NÃO ATENDE
Barras de apoio 0,65m h ≥ 0,85 m ATENDE
LAVATÓRIO h = 0,80 m ± 0.02m ATENDE
Espaço livre h ≥ 0,65m |profundidade ≥ 0.50m | largura ≥ 0,70m ATENDE
EQUIPAMENTO ALARME
Luminoso e sonoro ligado ao sistema exterior ATENDE
TORNEIRAS Uso geral - Monocomando e alavanca NÃO ATENDE
Torneira cruzeta
Chuveiro - tipo telefone com altura regulável ATENDE
Fonte: a autora
118
O processo de envelhecimento gera perdas sensório-motoras e cognitivas que interferem
na funcionalidade e no desempenho de atividades diárias dos idosos, sendo de grande
importância a adequabilidade do ambiente construído. Este ambiente traduz-se como
agente facilitador ou dificultador de acordo com os condicionantes físicos espaciais e
percepção ambiental por seu usuário.
Portanto, os espaços devem atender a critérios antropométricos, de conforto ambiental
e “questões que tratam das sensações e percepções experimentadas na apropriação
espacial pelo usuário” (VILLAROUCO, 2007, p.1).
A adequabilidade dos ambientes de quartos e banheiros privados, e banho assistido foi
analisada de acordo com o Decreto-Lei n º 163/2006 – Acessibilidades, e Despacho
Normativo nº 12/98 – Normas para instalação e funcionamento de Lares, que estabelece
dimensionamento e orientações.
Relativamente ao dimensionamento e à acessibilidade, os espaços físicos foram
estudados conforme as possibilidades de utilização do ambiente por idoso usuário de
cadeiras de rodas, assumindo assim a situação mais crítica do uso.
Desse modo, para a análise foram adotados como referência os módulos de usuário
portador de cadeira de rodas que permitem o giro de 360º e de 90º, representado pela
cor verde, e os módulos de usuário de cadeira de rodas que não permitem o giro de
360º e de 90º, representado pela cor vermelha, conforme legenda da Figura 51 abaixo:
Figura 51: Legenda do módulo de usuário portador de cadeira de rodas em rotações 360º e 90º permitidas e não permitidas.
Fonte: a autora
De acordo com a legenda estabelecida acima, segue a análise dos ambientes
examinados:
119
1º PAVIMENTO - BANHO ASSISTIDO (PROJETO DE AMPLIAÇÃO)
Este ambiente é utilizado para a atividade de banho dos idosos que não são capazes de
realizar a atividade de vida diária de banhar-se sozinhos, em decorrência da perda de
capacidade funcional. Também é utilizado por idosos independentes.
Com área física de 16,76 m², de acordo com a Figura 52, o ambiente tem
dimensionamento acima do que determina o DN 12/98 (10.00m²). Sua forma permite
livre acesso e rotação de 360º. Contudo, a utilização do sanitário é deficitária, pois a
transferência da cadeira de rodas para bacia sanitária só pode ser frontal devido à
existência da louça sanitária bidê que impossibilita a aproximação.
Figura 52: ILPI 1 -1º pavimento - Planta baixa banho assistido.
Fonte: Instituição portuguesa (Adaptado pela autora)
Configura elemento dificultador também a barra de apoio por não apresentar a
característica retrátil. (Figura 53)
120
Figura 53: ILPI 1 - 1º pavimento banho assistido.
As instalações dispõem de equipamentos que atendem ao banho deitado, em banheira
com rede, ou banho em cadeiras de rodas próprias para banho, por meio de ducha.
1º PAVIMENTO - QUARTO (PROJETO DE AMPLIAÇÃO)
Os dormitórios dos grandes dependentes têm as mesmas dimensões (Figura 54),
excetuando uma unidade que só dispõe de duas camas.
A abertura para exterior é através de janela em alumínio com peitoril com 43 cm de
altura (Figura 55), que permite, como sugerido por Panero & Zelnik (2008), visibilidade
dentro da zona de conforto do campo visual horizontal, para o usuário que se encontra
acamado.
O espaço entre camas admite fazer asseio em idosos, e encontra-se de acordo com o
Despacho Normativo nº12/98. Também o afastamento entre cama e parede (Figura 54)
acha-se dentro do estabelecido em legislação, assim como atende ao dimensionamento
de área física.
Entretanto, o ambiente não dispõe de área livre de 2,25 m², correspondente à
circunferência com Ø =1,5m, entre cama e uma parede lateral, de acordo com o
estabelecido no Anexo I, Ficha 10, do DN 12/98.
121
Figura 54: ILPI 1 - 1º pavimento – Planta baixa quarto.
Fonte: Instituição portuguesa (Adaptado pela autora)
Observa-se nas Figuras 54, 55 e 56 a largura entre parede e cama que permite o acesso
de portador de cadeira de rodas ou entrada de maca.
Figura 55: ILPI 1 - 1º pavimento – Quarto.
Figura 56: ILPI 1 - 1º pavimento – Quarto.
2º PAVIMENTO - QUARTO (PROJETO INICIAL)
O ambiente pertence à primeira etapa de construção da ILPI 1, e a unidade individual
tem quarto com dimensões de 3,50 x 5,50m, conferindo uma área de 25,26m², além da
área de entrada com guarda-roupa.
122
A porta de acesso é de largura compatível ao usuário de cadeira de rodas (0,95m),
como pode ser observado na Figura 57, abaixo:
Figura 57: ILPI 1 - 2º pavimento – Planta baixa quarto e banheiro privado.
Fonte: Instituição portuguesa (Adaptado pela autora)
A porta do banheiro tem giro para o interior do ambiente, sendo dificultada a
movimentação do usuário de cadeira de rodas no interior do ambiente. Suas dimensões
são 2,65 x 2,10 m, perfazendo área de 5,54m². Apesar do dimensionamento encontrar-
se acima do determinado pelo DN 12/98, que é de 4,50 m², não é permitido giro de
cadeira de rodas por encontrar como barreira física a bacia sanitária ou a banheira.
O espaço do banheiro também não permite aproximação adequada de cadeira de rodas
à bacia sanitária.
Como elementos que concorrem para a prevalência de quedas e riscos acidentários,
além da existência de banheira figuram também armários localizados acima da louça
sanitária -bacia e bidê, conforme a Figura 58 abaixo:
O dimensionamento do quarto é acima do mínimo estabelecido em legislação que é de
16,00 m² para quarto duplo e permite um largo afastamento entre camas, assim como
proporciona aos usuários a realização de suas atividades com conforto (Figura 59).
123
Figura 58: ILPI 1 - 2º pavimento – Banheiro.
Figura 59: ILPI 1 - 2º pavimento – Quarto.
2º PAVIMENTO - QUARTO (PROJETO DE AMPLIAÇÃO)
Igualmente à tipologia anterior, o dormitório encontra-se de acordo com o exigido pelo
DN 12/98. Tem área de 18,85 m², e dimensões de 3,53 x 5,60m (Figura 60).
Figura 60: ILPI 1 - 2º pavimento – Planta baixa quarto e banheiro privado.
Fonte: Instituição portuguesa (Adaptado pela autora)
124
Esta unidade dispõe de banheiro com acessibilidade reduzida, sendo dificultado o uso
do sanitário por portador de cadeira de rodas. O banheiro permite o acesso e giro de
manobra de 90º de cadeira de rodas, porém, não é possível a adequada aproximação à
bacia sanitária, por encontra-se entre dois elementos limitadores – aquecedor e barra
de apoio fixa (Figura 61).
O acesso ao boxe do chuveiro é dificultado pela localização do anteparo em acrílico
junto à entrada, que tem como elemento dificultador a presença do lavatório.
Figura 61: ILPI 1 – 2º pavimento – Banheiro.
Figura 62: ILPI 1 – 2º pavimento – Banheiro.
Também foi observada a presença de armário superior localizado acima da bacia
sanitária, que compromete a segurança do idoso (Figura 62).
A área física do dormitório permite acomodar o mobiliário de modo a proporcionar livre
acesso e manobras em 360º de usuário em cadeira de rodas, conforme se observa na
Figura 63 a seguir.
Figura 63: ILPI 1 - 2º pavimento – Quarto.
125
3º PAVIMENTO - QUARTO (PROJETO INICIAL)
Pertencente ao projeto inicial o dormitório é composto, à semelhança do dormitório do
2º pavimento, com hall de entrada com armário para guarda de pertences e banheiro
privativo (Figura 65).
As dimensões de 3,15 x 5,50m, conforme se observa na Figura 64, conferem área física
de 22,53 m², encontrando-se o dimensionamento dentro do determinado em lei.
Ressalva-se ser este o único quarto do Lar de idosos a possuir varanda, o que confere à
unidade uma porta em lugar da janela.
Figura 64: ILPI 1 - 3º pavimento – Planta baixa quarto e banho privado.
Fonte: Instituição portuguesa (Adaptado pela autora)
Com relação ao banheiro, o espaço também é condizente com o dimensionamento
estabelecido, e tem área de 5,82 m² (DN 12/98 estabelece mínimo de 4,50 m²).
126
Figura 65: ILPI 1 - 3º pavimento – Quarto.
Figura 66: ILPI 1 - 3º pavimento – Banheiro.
Assim como no banheiro do 2º pavimento, o ambiente permite giro de manobra de
cadeira de rodas em 90º. Entretanto, devido à existência do bidê localizado ao lado da
bacia sanitária (Figuras 64 e 66), a transferência só pode acontecer de modo frontal.
Ainda no banheiro, o acesso ao armário é dificultado pela presença da bacia sanitária,
encontra-se a altura de 0,95m (Figura 66), consiste também em elemento constituinte
em risco acidentário.
4.1.4. Percepção ambiental
Esta pesquisa tem como foco o usuário idoso e sua moradia, aqui representada como
moradia coletiva, ou mais precisamente Instituição de longa permanência para idosos.
Entendendo que cada pessoa tem personalidade própria, hábitos e costumes
diferenciados, acrescentados nessa fase de vida por perdas que interferem no modo de
viver e na qualidade de vida que têm, busca-se estudar como o ambiente interfere ou
ajuda o idoso nessa empreitada.
Estudos anteriores de ergonomia do ambiente construído em ILPIs brasileiras (LEITE,
2010) indicaram que o uso da constelação de atributos pode gerar uma redução na
confiabilidade dos resultados obtidos nas investigações da percepção que o usuário tem
do ambiente por ele vivenciado. Este fato é justificado devido à demência senil dos
usuários respondentes às pesquisas, por apresentarem déficit cognitivo concernente à
idade.
Deste modo optou-se por aplicar questionário como ferramenta de percepção, com as
características relativas à percepção ambiental distribuídas em escala de: satisfeito,
127
regularmente satisfeito e insatisfeito representados por figuras correspondentes ao
grau de satisfação.
Os questionários, aplicados pela instituição e enviados posteriormente à pesquisadora,
envolveram unicamente idosos que não apresentaram déficit cognitivo, que se
predispuseram a participar do processo investigatório, e selecionados pela Instituição.
As questões foram agrupadas em duas seções:
I – Dados pessoais dos entrevistados
II – Dados sobre a percepção que o usuário tem dos ambientes da instituição em que
reside.
Como resultados, obtiveram-se as seguintes respostas:
Os entrevistados que aceitaram, e/ou têm capacidade cognitiva para participar da
pesquisa totalizam 15 (quinze) respondentes; destes 4 (quatro) apresentam limitação
de locomoção. Do total de entrevistados, 6 (seis) são do gênero masculino e 9 (nove)
do gênero feminino, demonstrando a predominância feminina na instituição.
Com relação ao estado civil, apresentou-se 1 (um) idoso solteiro, 11 (onze) viúvos e 3
(três) divorciados. Esse resultado exibe a situação comum em Portugal de idoso sem
cônjuge, que não quer permanecer sozinho em sua residência, procurando uma moradia
coletiva.
Os idosos residentes têm uma média de permanência na instituição de 6 (seis) anos,
sendo o maior tempo de permanência 15 (quinze) anos, e o menor 6 (seis) meses.
Ao responderem quanto tempo passam na instituição, todos responderam o dia todo.
Relativamente ao local de maior permanência, o quarto se apresenta como mais citado
com 9 (nove) indicações, em seguida a sala de convívio com 5 (cinco) citações, e
apenas 1 (um) idoso se referiu à sala de jogos, conforme se observa no Gráfico 01 a
seguir.
128
Gráfico 01: ILPI 1 - Área de maior permanência dos idosos.
Inquiridos se o local de permanência maior também era o preferido, a maioria dos
idosos (onze) respondeu que sim, dois responderam ser o quarto e dois não
responderam.
O Gráfico 02, a seguir, demonstra o nível de satisfação dos idosos respondentes ao
questionário de percepção ambiental, em relação aos ambientes de modo geral. Os
resultados dos questionários aplicados encontram-se representados pela cor amarela
para satisfação regular, pela cor azul para total satisfação.
Gráfico 02: ILPI 1 - Índice de satisfação com características existentes em ambientes em geral.
A maioria dos idosos está satisfeita (nove idosos), e 6 (seis) regularmente satisfeita com
o mobiliário existente.
Quartos; 9
Sala de convívio; 5
Sala de jogos; 1
Área de permanência
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Cor do piso
Cor das paredes
Conforto térmico
Ruídos
Iluminação
Mobiliário
Satisfação com ambientes em geral
Regularmente satisfeito Satisfeito
129
Em relação à iluminação geral, todos são satisfeitos; com o nível de ruídos só 2 (dois) se
colocaram regularmente satisfeitos, enquanto que os demais (treze) se disseram
satisfeitos.
Com relação ao conforto térmico, 12 (doze) idosos são satisfeitos, e apenas 3 (três)
responderam estar regularmente satisfeitos.
Considerando as cores das paredes a maioria se diz satisfeita, apresentando 14
(catorze) citações, e apenas 1 (um) deles responde estar regularmente satisfeito. O
mesmo ocorreu ao responderem sobre a cor do piso.
Ao investigar sobre a impressão que o idoso sente em relação ao seu quarto, obtivemos
como respostas que sobre o mobiliário 9 (nove) dos entrevistados se apresentam
regularmente satisfeitos, e 6 (seis) satisfeitos.
Gráfico 03: ILPI 1 - Índice de satisfação com características existentes em unidades individuais.
Com relação ao espaço ser agradável, a maioria (onze) respondeu está satisfeita, e 4
(quatro) deles, regularmente satisfeitos.
Em relação ao tamanho do quarto, cores das paredes e do piso, a maioria está satisfeita
(catorze idosos), e só 1 (um) deles apresenta-se regularmente satisfeito. Sobre a
iluminação todos estão satisfeitos.
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Ruídos
Conforto térmico
Iluminação
Cores paredes e piso
Tamanho
Espaço
Mobiliário
Satisfação com unidade individual
Regularmente satisfeito Satisfeito
130
Relativamente ao conforto ambiental, considerando o conforto térmico 12 (doze)
respondentes se disseram satisfeitos, e 3 (três) regularmente satisfeitos, enquanto que
em relação aos ruídos 13 (treze) responderam estar satisfeitos e apenas 2 (dois)
regularmente satisfeitos.
A maioria dos inquiridos (onze idosos) não dispõe de mobiliário pessoal em seus
quartos, embora expresse a vontade de ter. Apenas 4 (quatro) deles afirmaram existir
em seus dormitórios cama, mesa de cabeceira, cômoda e escrivaninha de propriedade
particular, trazidos de suas antigas residências.
4.2. ILPI 2 - Recife | Brasil
A instituição brasileira pesquisada tem sua origem quando instituída pelo então
interventor federal do Estado, Agamenon Magalhães, e com apoio da sociedade
pernambucana, no mês de Setembro de 1938, para dar suporte ao crescente número de
mendigos na cidade do Recife.
Em área cedida pelo Governo do Estado o abrigo é inaugurado no ano de 1942, com a
administração sob responsabilidade das religiosas da Congregação Franciscana do
Sagrado Coração de Jesus. A manutenção da instituição era garantida por donativos e
subvenção anual instituída pelo interventor federal do Estado, que mais tarde foi
extinta, levando a entidade a dificuldades operacionais e administrativas.
Embora tenha em seu registro a classificação de entidade filantrópica, a instituição
hoje se apresenta como organização com fonte mista de recursos financeiros, com
subvenção governamental, apoio permanente de voluntários e doações. Atualmente é
administrada pelo Rotary Club do Recife, através de diretoria eleita para gestão
administrativa com período de 3 (três) anos.
A seguir, assim como na instituição portuguesa, o texto discorre de acordo com as
etapas constantes da Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído, proposta por
Villarouco (2008).
131
4.2.1. Análise Global do ambiente
A edificação apresenta em sua estrutura uma morfologia pavilhonar, à época
característica aos modelos de exclusão social para assistência a pacientes psiquiátricos,
portadores de moléstias infecciosas e desabrigados (VERAS, 1997).
A estrutura da Instituição é composta por 9 (nove) edificações (Figura 67) e uma igreja,
dispostas em terreno com desnível, e são interligadas por passeios descobertos e
circulações cobertas. Os espaços são amplos e com pé direito alto, próprios da
concepção arquitetônica, o que propicia ao ambiente uma linguagem soturna. Esta
sensação é exacerbada pela iluminação natural deficitária apesar das várias aberturas
existentes.
Figura 67: ILPI 2 - Situação instituição brasileira.
Fonte: http://maps.google.com.br
O acesso ao conjunto se dá por via principal, com ponto de parada para sistema de
transporte de passageiros na calçada da instituição. Já o acesso à edificação acontece
entre os blocos Administrativo e de Fisioterapia|Serviço Social em área pavimentada
com paralelepípedos. Adentrando na área descortina-se uma vista aprazível, muito
arborizada e ajardinada, com caminhos calçados que levam aos diversos blocos. O
espaço remete a uma sensação de paz, tranqüilidade e liberdade de imediato.
Os ambientes, embora espaçosos, não oferecem, em sua maioria, privacidade aos
usuários, principalmente em seus dormitórios, que não se apresentam sob a forma de
132
unidades isoladas, e sim ambientes separados por divisórias, sem a compartimentação
até o teto.
Os pavilhões de dormitórios são separados por gênero –masculino e feminino, e
interligados diretamente aos blocos de uso comum de refeitório e lazer, e de serviços
de cozinha e lavanderia por meio de passarelas cobertas e rampas externas sem
proteção contra intempéries.
De acordo com a divisão geopolítica atual do estado de Pernambuco, a instituição está
localizada no município de Jaboatão dos Guararapes, pertencente à região
metropolitana da cidade do Recife. Construído em terreno não regular com área de
43.482,06 m², a ILPI dispõe de área total de construção 7.941,99 m², e foi projetada
para atender uma capacidade máxima de 174 idosos.
Para seu funcionamento possui alvará de licenciamento pela Vigilância Sanitária do
Recife, e Registro no Conselho de Idosos. Também faz uso de contrato formal de
Prestação de Serviço com o residente ou responsável.
Atualmente encontram-se na Instituição 120 (cento e vinte) idosos residentes, sendo 60
(sessenta) homens e 60 (sessenta) mulheres. Do total, entre homens e mulheres, 85
(oitenta e cinco) residentes têm capacidade funcional preservada e 35 (trinta e cinco)
são considerados dependentes. De acordo com a Direção não há registro algum de
idoso acamado.
Os idosos contam com assistência composta por quadro funcional de 62 (sessenta e
dois) profissionais para a prestação e manutenção dos serviços, de acordo com o
Quadro 06 que se segue:
Quadro 06: ILPI 2 - Distribuição do quadro funcional.
FUNÇÃO QUANT. FUNÇÃO QUANT.
Médico 5 Cuidadoras 22
Enfermeiro chefe 1 Cozinheiro 2
Técnico de enfermagem 7 Ajudante de cozinha 6
Nutricionista 1 Lavanderia 2
Psicólogo 1 Jardineiro 3
Fisioterapeuta 1 Encarregado geral 1
Setor administrativo 9 Encarregado serviços gerais 1
Fonte: a autora, segundo informações da Diretoria da ILPI 2.
133
A limpeza dos ambientes de dormitório e banheiros acontece sob responsabilidade das
cuidadoras, que acumulam a função da atividade de faxina e de higienização, sendo
executada diariamente no período da manhã, ou sempre que se torne necessário em
locais pontuais.
Os técnicos de enfermagem efetuam a assistência em tempo integral aos idosos, nos
dormitórios, e em turnos de 12 x 36 horas. O serviço de dentista acontece em dois dias
por semana, através de convênio com a prefeitura municipal, entretanto, na ocasião da
visita à instituição o consultório encontrava-se em reforma.
O horário noturno é composto por dois técnicos de enfermagem, dois cuidadores e dois
porteiros. Em casos de intercorrência o procedimento consiste em fazer contato com
as religiosas que moram na ILPI, com a Diretoria e encaminhar para a Unidade de
Pronto Atendimento – UPA 24h, ou hospital mais próximo em transporte próprio da
entidade.
A instituição tem projeto para capacitação de funcionários, que se encontra em fase de
implementação, estabelecendo para novos funcionários cuidadores o 2º grau completo
como nível de escolaridade mínima.
Segundo a Direção da instituição existe ocorrência de absenteísmo relativo às
disfunções osteo-musculares decorrentes da atividade da função de cuidador, bem
como de estresse emocional adquirido ao lidar diariamente com idosos, ainda que não
seja em número relevante.
O relacionamento entre os idosos é satisfatório, embora se apresente melhor entre as
idosas do gênero feminino, havendo desavenças por comportamento e diferenças
individuais que são resolvidos entre eles ou por intermédio da administração.
Em datas comemorativas há registro de depressão, acentuado principalmente pelo
abandono familiar. Cerca de 40% (quarenta por cento) dos idosos recebem visitas com
freqüência semanal ou mensal.
Relativamente às atividades externas, a instituição participa de atividades promovidas
pelas prefeituras da Cidade do Recife e de Jaboatão dos Guararapes, bem como recebe
a participação da sociedade com apresentações diversas incentivadas por colégios e
grupos voluntários.
134
A rotina das atividades de funcionamento dos pavilhões de dormitórios masculina e
feminina obedece a cronograma administrativo, de acordo com o Quadro 07 abaixo,
fornecido pela Diretoria da instituição:
Quadro 07: ILPI 2 - Distribuição das atividades de funcionamento nos dormitórios.
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0 h
Fonte: ILPI 2 – Instituição brasileira.
135
As atividades religiosas são presentes na instituição através de assistência das religiosas
e com ocorrência de missa três vezes por semana – quinta-feira, sexta-feira e domingo –
havendo participação da comunidade externa.
As refeições ocorrem em 3 (três) locais distintos. As idosas independentes e
funcionários se alimentam no refeitório central. Atualmente as idosas dependentes
comem na área destinada à recreação onde permanecem a maior parte do dia. Os
idosos do gênero masculino, independentes e dependentes que fazem uso de cadeira de
rodas, recebem a alimentação em área contígua ao dormitório, mais conhecida por
“prainha”, onde também se concentram para assistir televisão.
As instalações físicas da instituição apresentaram intervenções recentes nos anos de
2009 –reforma da lavanderia e banheiros próximos da horta- e no ano de 2010 nos
pavilhões de dormitórios masculino e feminino. Todas as reformas são oriundas de
doações de empresas e foram executadas, segundo a Direção da instituição, de acordo
com as legislações vigentes e normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
ANVISA.
Os pavilhões de dormitórios que antes apresentavam uma configuração de ambiente
único sem privacidade e individualidade alguma (Figuras 68 e 69), encontram-se agora
recuperados e com novo desenho.
Figura 68: ILPI 2 – Pavilhão masculino antes
da reforma de 2010.
Figura 69: ILPI 2 – Enfermaria Pavilhão
feminino antes da reforma de 2010.
Os quartos são separados por divisória em parede de gesso, com capacidade para 2
(dois), 3 (três) ou 4 (quatro) ocupantes, transformando o espaço mais privativo e
resgatando a identidade para os idosos. As unidades de enfermaria têm capacidade
para 4(quatro) ou 6 (seis) idosos e possuem dimensionamento com ampla área livre
entre leitos. (Figura 70 e 71)
136
Figura 70: ILPI 2 – Pavilhão masculino
depois da reforma de 2010.
Figura 71: ILPI 2 – Enfermaria Pavilhão feminino depois da reforma de 2010.
A Direção da instituição brasileira afirma que muitos espaços se apresentam de forma
inadequada ao uso dos idosos, a exemplo da área de lazer situada junto à lavanderia
que produz alto nível de ruído. Ainda segundo a diretora da instituição, configura-se
como uma das principais dificuldades a precária existência de recursos financeiros para
sustentação da entidade.
Relativamente à segurança, a ausência de muros nos limites do terreno gera
insegurança pela constante invasão de indivíduos que residem nas proximidades da
edificação.
4.2.2. Identificação da configuração ambiental
O acesso principal à casa de idosos acontece pela avenida pavimentada Agamenon
Magalhães (Figura 72), onde há o bloqueio da portaria para identificação. A partir de
autorização, para visitantes, chega-se ao bloco Administrativo (Bloco B) ou ao bloco da
Fisioterapia| Serviço Social (Bloco A), através de rua pavimentada em paralelepípedos
e desnível acentuado entre rua e calçada (Figura 73), sem presença de rampa.
Figura 72: ILPI 2 – Acesso principal – Vista
externa.
Figura 73: ILPI 2 - Acesso principal – Vista
interna.
137
A estrutura da ILPI 2 é composta por edificações isoladas, interligadas por passarelas
cobertas em sua maioria. Para melhor visualização e entendimento da configuração
arquitetônica as construções foram nomeadas por blocos, de acordo com a Figura 74 a
seguir:
Figura 74: ILPI 2 – Locação dos Blocos.
Fonte: ILPI 2 – Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
138
Todos os blocos são em alvenaria, com janelas em madeira, com abertura em báscula,
guilhotina ou veneziana, portas externas duplas e internas de uma folha, em madeira
com pintura esmalte sintético cor cinza, piso em ladrilho hidráulico liso e com junta
seca. As áreas da fisioterapia, enfermarias e banheiros dos pavilhões, e banheiros do
Bloco F apresentam piso e paredes em cerâmica. As cobertas são em telha cerâmica
com longo beiral, que proporcionam conforto ambiental.
As edificações têm o madeiramento do telhado à vista com pé direito bastante elevado,
à exceção da fisioterapia que apresenta no teto laje cerâmica, da cozinha com forro
em gesso e pintura PVA, e do almoxarifado de alimentos com forro em PVC na cor
branca.
O Bloco A é composto pelos serviços médicos de Psicólogo, Odontologia, Fisioterapia e
de Serviço Social, exclusivos para os idosos residentes. Encontram-se também na
edificação um auditório e o setor de apoio à Informática.
O serviço de fisioterapia é composto de sala para exercícios (Figura 75),
compartimentos individuais (Figura 76) para uso de aparelhos fisioterápicos e gabinete
para avaliação. A iluminação natural do ambiente se dá através de aberturas ao
exterior. O espaço é bem iluminado embora as janelas tenham peitoril com altura
superior a 1,50 m.
As paredes são revestidas em azulejo liso e brilhante na cor azul até a altura de 1.65m
e acima, pintura PVA cor bege. O piso tem revestimento em granilite cor cinza na área
de exercícios e cerâmica na área dos compartimentos individuais. O teto se apresenta
em laje cerâmica aparente com luminárias fluorescentes.
Figura 75: ILPI 2 - Bloco A - Fisioterapia.
Figura 76: ILPI 2 - Bloco A - Fisioterapia.
O acesso dos idosos ao setor de Fisioterapia se dá por meio de passeio com 1,00 m de
largura, descoberto e sem corrimão (Figuras 77 e 78). Não há rebaixamento de meio-
139
fio para ingresso ao passeio (Figura 77). Foi registrada a presença de rampa com
inclinação 12,5%, não atendendo à Norma Brasileira de Acessibilidade - ABNT NBR
9050/2004, que estabelece para áreas reformadas inclinações entre 8,33 e 10,0% para
desníveis até 0,20 m.
Figura 77: ILPI 2 - Bloco A – Acesso
Fisioterapia.
Figura 78: ILPI 2 - Bloco A – Detalhe acesso Fisioterapia.
O centro administrativo localiza-se no Bloco B, juntamente com a farmácia central.
Nesse bloco também se encontra a casa das religiosas, primeiras administradoras da
ILPI, que hoje desempenham as funções de assistência espiritual e social (Figura 79).
Com entrada independente (Figura 80), a residência dispõe de completa infraestrutura
para seu funcionamento, onde são contempladas áreas de refeitório, cozinha,
lavanderia, capela, biblioteca, quartos e banheiro coletivo.
Figura 79: ILPI 2 – Casa das religiosas.
Figura 80: ILPI 2 – Acesso à casa das
religiosas.
O projeto arquitetônico segue a estrutura pavilhonar característica da época para
construções de modelo dito asilar. A interligação das edificações se dá por passarelas
cobertas com telhas cerâmicas e madeiramento à vista (Figura 81), à exceção do Bloco
A e Bloco B que não se comunicam com o restante do conjunto senão por passeios
cimentados e descobertos (Figura 82).
140
Figura 81: ILPI 2 – Passarelas cobertas de
interligação dos blocos.
Figura 82: ILPI 2 - Passeio de ligação dos
blocos.
Localizados próximos à área administrativa, e ao lado da igreja, encontram-se os
serviços de oficinas de manutenção – marcenaria e eletricista- e garagem (Bloco C) e o
setor de costura e biblioteca (Bloco D), que atualmente encontra-se desativado
funcionando como depósito.
Embora a área da Instituição seja muito agradável, a acessibilidade se apresenta
precária. São freqüentes os acessos através de escadas. Foram registradas 3 (três)
rampas de ligação entre blocos:
- entre o Bloco G - dormitório feminino - e o Bloco F - refeitório de idosas
dependentes (Figura 83), com inclinação de 9,27%;
- entre o Bloco H – dormitório masculino – e o Bloco E - refeitório central - (Figura
84), ao ar livre sem coberta apresentando inclinação de 7,45%;
- e entre o Bloco E – refeitório|almoxarifado de doações - e o Bloco F – Lazer e
recreação - (Figura 85), também ao ar livre e sem coberta, com inclinação de 9,3%.
Figura 83: ILPI 2 – Rampa de
acesso ao Bloco F.
Figura 84: ILPI 2 – Rampa de
acesso ao Bloco E.
Figura 85: ILPI 2 - Rampa de
acesso ao Bloco E.
As rampas externas têm largura de 1,25m, atendendo ao dimensionamento mínimo de
1,20m exigido pela ABNT NBR 9050/2004. O guarda-corpo e corrimão são em tubo de
ferro com diâmetro de 1¼”, entretanto, não oferece segurança ao usuário por
apresentar apenas a altura de 0,70 m do piso, gerando uma sensação de queda
141
iminente. Logo, a barreira física que deveria proporcionar proteção contraria a
legislação brasileira de acessibilidade que recomenda duas alturas para corrimãos e
guarda-corpo em rampas e escadas: uma a 0,92m do piso e outra a 0,70m.
As circulações externas dos blocos apresentam insegurança e riscos acidentários pela
presença de calha de recolhimento de águas pluviais (Figuras 86 e 87), localizadas em
nível abaixo do piso, e não havendo proteção de guarda-corpo, assim como de corrimão
nas edificações.
Figura 86: ILPI 2 – Bloco E - Calha de águas
pluviais.
Figura 87: ILPI 2 – Bloco F - Calha de águas
pluviais.
O entorno é bem arborizado e percebe-se a preocupação em proporcionar áreas de
convivência com bancos de jardim (Figura 88) distribuídos próximos aos pavilhões de
dormitórios masculino e feminino. Entretanto, sem acesso adequado, provavelmente
por ausência de recursos para manutenção, os idosos se concentram nos bancos
localizados nas circulações externas dos dormitórios (Figura 89).
Figura 88: ILPI 2 – Acessibilidade da área de convivência.
Figura 89: ILPI 2 – Acessibilidade da área de convivência.
Para deslocar-se dos dormitórios (Blocos G e H) até a Fisioterapia (Bloco A) ou
Administração (Bloco B), os idosos percorrem grandes distâncias, chegando a mais de 80
142
(oitenta) metros, através de passeios estreitos, apenas com 1,00m de largura,
irregulares e a céu aberto, que não oferecem segurança. (Figuras 90, 91 e 92)
Figura 90: ILPI 2 – Passeio de acesso ao Bloco B.
Figura 91: ILPI 2 – Passeio de acesso ao Bloco G.
Figura 92: ILPI 2 - Passeio de acesso ao Bloco H.
O refeitório dos residentes independentes e dos funcionários está situado no Bloco E, e
tem capacidade para atender 144 (cento e quarenta e quatro) pessoas, contudo, as
mesas só apresentam bancos para atender a metade desta quantidade. O ambiente é
grande, espaçoso, e tem as paredes revestidas em cerâmica até a altura de 1,60m, e
acima disso apresenta pintura PVA na cor branca. (Figuras 93 e 94)
Figura 93: ILPI 2 – Bloco E - Refeitório.
Figura 94: ILPI 2 – Bloco E - Refeitório.
O piso é revestido por ladrilhos hidráulicos com predominância da cor vinho. O
madeiramento do telhado fica à vista com telha cerâmica em coberta inclinada, com
pé direito variando de 3,82m, nas laterais, até 6,48m na cumeeira, conferindo ao lugar
uma temperatura agradável. A iluminação natural provém de aberturas ao exterior
localizadas nas paredes laterais, e quando em uso para refeições, também das portas
laterais e de acesso ao Bloco H, que são abertas.
Contíguo ao refeitório localiza-se a cozinha da instituição, onde são elaboradas as
refeições. Com dimensionamento de 82,91m², a estrutura física da cozinha dispõe de
áreas de preparo, cocção, distribuição e lavagem.
143
Relativamente aos revestimentos, o ambiente apresenta paredes em azulejo decorado
0,15 X 0,15m de piso a teto, piso em granilite cor cinza escuro, e teto em forro gesso
com pintura PVA na cor branco (Figuras 95 e 96).
A iluminação natural é obtida através de aberturas ao exterior, semelhantes àquelas do
refeitório. Já a iluminação artificial acontece por meio de lâmpadas fluorescentes de
40W. Para confecção das alimentações, as instalações físicas dispõem de equipamentos
industriais, tais como fogão e forno, servidos por gás encanado, e alimentado por
cilindros localizados no exterior do espaço.
Figura 95: ILPI 2 – Bloco E - Cozinha.
Figura 96: ILPI 2 – Bloco E - Cozinha.
Os serviços de lavanderia (Figura 97), área de secagem de roupas, almoxarifado de
alimentos não perecíveis e de limpeza, bem como área de lazer|eventos constituem os
ambientes do Bloco F.
É nesse espaço destinado ao lazer que os idosos se reúnem diariamente, e onde
ocorrem as festas de época e comemoração de aniversários. Este ambiente de
recreação, também chamado de auditório, é freqüentado pelos idosos independentes.
A área é coberta, e aberta (Figura 98), apenas delimitada por peitoril baixo com 0,90m
de altura.
Figura 97: ILPI 2- Bloco F -
Lavanderia.
Figura 98: ILPI 2 – Bloco F –
Lazer|recreação idosos independentes.
Figura 99: ILPI 2 – Bloco F –
Refeitório idosos dependentes.
144
O espaço de recreação voltada aos idosos dependentes hoje assume também o uso de
refeitório e sala de televisão. Apresentando as mesmas características físicas da área
voltada aos idosos independentes, o espaço difere apenas pelo mobiliário, que se
constitui de mesas com tampo em granito artificial, cadeiras reclináveis do “tipo
papai” e estantes em aço para livros. (Figura 99)
Os pavilhões de dormitórios masculino (Bloco G) e feminino (Bloco H) têm capacidade
máxima de ocupação semelhante, comportando um total de 134 (cento e trinta e
quatro) residentes e mais 40 (quarenta) nas enfermarias.
Os dormitórios, que outrora configuravam vão único com camas lado a lado, hoje são
divididos por divisórias em gesso com pintura PVA látex cor bege até uma altura de
1,90m. As unidades não dispõem de portas, apenas aberturas variáveis de 1,25m a
1,85m de largura.
Em cada pavilhão de dormitório foram registradas 3 (três) tipologias de quartos, que
acomodam 2 (duas), 3 (três) ou 4 (quatro) camas, e 2 (duas) tipologias de enfermarias
que acomodam 4 (quatro) ou 6 (seis) camas, todos dotados de ventilador de teto no
centro de cada ambiente.
A Tabela 07 a seguir indica a distribuição dos quartos e das enfermarias em cada
dormitório com suas respectivas capacidades de ocupação.
Tabela 07: ILPI 2 - Distribuição do número de quartos e de enfermarias, de acordo com o número de camas por dormitório.
Pavilhão de
dormitório
QUARTOS ENFERMARIAS Total
quartos/ pavilhão TOTAL TOTAL
Masculino 02 13 06 21 02 02 04 25
Feminino 02 13 06 21 02 02 04 25
TOTAL 04 26 12 42 04 04 08 50
Fonte: a autora
O mobiliário de cada quarto é constituído por cama sem grades, com cabeceira e
peseira, em aço com pintura epóxi cor bege, um guarda-roupa com uma porta e um
módulo cabeceira com gavetas para guarda de pertences, ambos revestidos em
laminado melamínico cor branco (Figura 100).
Em cada leito localiza-se um ponto de luz individual (Figura 101), com interruptor
igualmente individual, chamada de sinalização de emergência e ponto de força
145
(tomada). Ressalta-se que a iluminação individual não causa incômodo com incidência
direta de luz no leito vizinho pela existência do guarda-roupa que se presta como
anteparo.
Figura 100: ILPI 2 – Bloco G e H – Mobiliário Quarto.
Figura 101: ILPI 2 – Bloco G e H – Detalhe iluminação individual quartos.
Os quartos não possuem contato visual com o exterior, uma vez que a iluminação
natural acontece através de janelas do tipo báscula e venezianas com peitoril a altura
de 1,95m. Ao longo do pavilhão algumas telhas cerâmicas foram substituídas por telhas
de vidro para melhoria da iluminação natural (Figura 102).
A circulação central tem bom dimensionamento, com largura de 1,65m, permitindo
deslocamento simultâneo, em condição mais crítica, de dois usuários de cadeiras de
rodas. Junto à entrada de cada quarto encontra-se placa indicativa contendo os nomes
dos ocupantes dos leitos.
Em atendimento à legislação RDC nº 283/2005-ANVISA, observa-se existência de
iluminação de vigília noturna na circulação (Figura 103). Entretanto, nenhum corrimão
foi registrado nas paredes laterais, como exigido pelo item 4.7.6.4a da referida
legislação, que estabelece apoio para mãos em circulações maiores ou iguais a 1,50m.
Figura 102: ILPI 2 – Blocos G
e H – Iluminação natural.
Figura 103: ILPI 2 – Blocos G
e H – Circulação.
Figura 104: ILPI 2 – Blocos G
e H – Enfermarias.
146
As enfermarias têm reservado 20 (vinte) leitos por dormitório, distribuídos em 2 (dois)
quartos com capacidade para 6 (seis) camas, e 2 (dois) quartos para 4 (quatro) camas.
Estes ambientes diferem dos quartos pelo mobiliário que apresentam - camas Fawler
com grades, cabeceira, peseira e rodízios. Assim como nos quartos, os leitos da
enfermaria são dotados de iluminação individual, chamada de emergência e ponto de
força (Figura 104).
O piso das enfermarias é revestido em cerâmica 0,40 x 0,40m cor bege, as paredes
laterais do pavilhão têm revestimento em azulejo 0,15 x 0,15m cor azul até a altura de
1,50m, e acima pintura PVA látex cor branca.
Cada um dos Blocos de dormitórios dispõe de 2 (duas) baterias de banheiros, com
lavatórios, sanitários e chuveiros acessíveis (Figura 105). Os chuveiros são alimentados
por água aquecida através de painéis solares fotovoltaicos localizados no telhado de
cada pavilhão.
Os sanitários e chuveiros são dispostos em compartimentos isolados por paredes em
alvenaria com altura de 2,10m, revestidas em cerâmica 0,20 x 0,20m cor cinza até
altura de 1,50m, e com portas em madeira afastadas do piso em 0,30m, com giro de
abertura para o ambiente geral do banheiro (Figura 106). Todos os compartimentos são
dotados de barras de apoio e chamadas de emergência.
Figura 105: ILPI 2 – Blocos G
e H – Banheiro acessível.
Figura 106: ILPI 2 – Blocos G
e H – Banheiro.
Figura 107: ILPI 2 – Blocos G
e H – Posto enfermagem.
Para atendimento aos idosos em cada pavilhão encontra-se localizado um posto de
enfermagem (Figura 107), onde são separadas e administradas as medicações diárias de
cada residente. No ambiente existe um painel de chamada de emergência para cada
leito.
147
Na ILPI brasileira existe uma edificação voltada para o acolhimento de casais idosos,
entretanto, encontra-se desativado, esperando por reforma e adaptações necessárias
para atendimento das legislações para uso de espaços desta natureza.
Como prática terapêutica ocupacional, os idosos da instituição têm à disposição uma
horta orgânica. Foram construídos canteiros elevados em cimento visando o conforto
dos idosos no manuseio do plantio e da colheita de legumes e hortaliças, podendo
também ser utilizados por portadores de cadeiras de rodas. A horta localiza-se entre os
pavilhões de dormitórios, em área cimentada, embora não haja acesso direto calçado.
Faz parte ainda do complexo, o Espaço Recriar, área construída através de convênio
com faculdade particular pernambucana, para abrigar ações de terapia ocupacional, no
entanto, hoje serviço encontra-se descontinuado.
A legislação brasileira ANVISA – RDC 283/2005 não determina áreas funcionais para
funcionamento das edificações de acolhimento aos idosos. Entretanto, a presente
dissertação adotou para as instalações físicas da ILPI 2 os mesmos critérios de
agrupamento de área física utilizados na análise da instituição portuguesa.
Assim sendo, os espaços físicos das edificações (Blocos A, B, C, D, E, F, G, H e Bloco dos
casais) foram agrupados segundo as áreas funcionais relativas ao setor administrativo e
de serviços, área comum e de lazer, área de quartos, área de circulação, e área de
fisioterapia. A instituição ainda apresenta uma moradia para religiosas, acrescentando,
deste modo, mais uma área funcional específica (Figura 108).
148
Figura 108: ILPI 2 – Locação dos Blocos.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
149
A área útil de construção da instituição, e respectivo percentual da área total,
encontra-se distribuída segundo as áreas funcionais estabelecidas, e registradas na
Tabela 08, de acordo com cada bloco de edificação.
Tabela 08: ILPI 2 - Área útil de construção e percentual de área total, por área funcional e por blocos.
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TA
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BLOCO Área (m²)
% Área (m²)
% Área (m²)
% Área (m²)
% Área (m²)
% Área (m²)
% Área (m²)
A 232,92 45,5 147,09 - - - 4,92 1,0 127,22 24,8 - - 512,15
B 154,93 24,2 - - - - 4,40 0,7 - - 481,15 75,1 640,48
C 206,21 100,0 - - - - - - - - - - 206,21
D 163,00 79,1 43,18 20,9 - - - - - - - - 206,18
E 448,75 45,7 299,92 30,6 - - 232,42 23,7 - - - - 981,09
F 461,38 44,9 438,85 42,7 - - 127,84 12,4 - - - - 1.028,07
G 99,12 7,5 320,97 24,4 501,81 38,2 391,37 29,8 - - - - 1.313,27
H 101,75 8,2 265,54 21,5 499,39 40,4 368,58 29,8 - - - - 1.235,26
I 20,20 3,9 329,69 63,9 97,67 18,9 68,56 13,3 - - - - 516,12
IGREJA - - 351,05 100,0 - - - - - - - - 351,05
PASSARELAS - - - - - - 284,78 100,0 - - - - 284,78
ESPAÇO RECRIAR
- - 82,46 100,0 - - - - - - - - 82,46
BAZAR - - 68,50 100,0 - - - - - - - - 68,50
TOTAL 1.888,26 25,4 2.347,25 31,6 1.098,87 14,80 1.482,87 20,0 127,22 1,7 481,15 6,5 7.425,62
Fonte: a autora
Face a extensão do complexo da casa de idosos, o registro gráfico das áreas funcionais
será apresentado por blocos, ou conjunto de blocos, para melhor visualização e
entendimento das áreas em questão.
A instituição reserva um espaço – bazar - situado logo à entrada do complexo, e
representado na Figura 105 pela cor azul, para promoção de venda de artesanato e
outros produtos, com renda revertida para manutenção da casa dos idosos.
Portanto, no Bloco A concentram-se os serviços médicos – consultório, assistência
social, dentista (representados pela cor laranja), serviço de fisioterapia (representado
pela cor azul claro), e circulação (representado pela cor amarela). Nesta edificação
encontra-se também um auditório, representado pela cor azul.
O Bloco B é destinado aos serviços administrativos (representado pela cor laranja), com
devida área de circulação (representado pela cor amarela), e à casa das religiosas,
representadas pela cor verde claro (Figura 109).
150
Figura 109: ILPI 2 – Locação dos Blocos A e B.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
As oficinas de marcenaria e elétrica estão localizadas no Bloco C e serviços de costuras
no Bloco D, ambos representados pela cor laranja na Figura 110. Neste último bloco
situa-se a biblioteca, que por classificar-se como área comum encontra-se representada
pela cor azul. No Bloco E localiza-se o refeitório dos idosos independentes e
funcionários (representado pela cor azul), cozinha e almoxarifado de doações,
representados pela cor laranja, conforme se observa na Figura 110.
O Bloco F apresenta o serviço de lavanderia (representado pela cor laranja), espaço
para recreação dos idosos independentes e refeitório e lazer das idosas dependentes,
representados pela cor azul, assim como banheiros de apoio.
151
Figura 110: ILPI 2 – Locação dos Blocos C, D, E e F.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
A concepção pavilhonar do projeto arquitetônico para os dormitórios determina
unidades isoladas, levando a edificação a ter áreas em sua estrutura que permitam a
ocorrência do funcionamento autônomo das demais construções.
Desse modo, os dormitórios feminino (Figura 111) e masculino (Figura 112) apresentam
áreas destinadas aos quartos, representada pela cor verde, banheiros coletivos, e sala
de estar e televisão, representados pela cor azul. As estruturas dispõem também de
apoio com posto de enfermagem, consultórios, e rouparia, além de cozinha para
funcionários, representados pela cor laranja.
O Bloco G apresenta ainda área de lazer externa ao dormitório, representada pela cor
azul. O espaço é aberto e coberto, de fácil acesso, e com bancos em concreto à sua
volta, uma mesa central e um lavatório.
152
Figura 111: ILPI 2 – Locação dos Bloco G.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
O Bloco H acolhe idosos do gênero masculino, e tem em sua estrutura as mesmas áreas
que o Bloco G, à exceção do refeitório e estar dos idosos dependentes, espaço
conhecido por “prainha”(representado pela cor azul na Figura 112). Este ambiente
também faz parte da estrutura do Bloco G, porém, encontra-se sem acesso,
necessitando reforma.
Os Blocos G e H têm ligação direta com os Blocos E e F, onde se localizam os serviços
de infraestrutura de cozinha e lavanderia, e de refeitório e área de recreação, sendo o
acesso realizado através de passarelas cobertas. Estas áreas são representadas pela cor
amarela (Figuras 111 e 112) e contabilizadas como áreas de circulação.
153
Figura 112: ILPI 2 – Locação dos Bloco G.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
A forma retangular e delgada da construção favorece a uma grande área de circulação
(representada nas Figuras 111 e 112 pela cor amarela), sendo ressaltada pela existência
de circulação externa com bancos fixos.
Conforto ambiental
O conforto ambiental, à semelhança da investigação na instituição portuguesa, foi
mensurado conforme medições dos níveis de iluminância e de ruído com os mesmos
equipamentos utilizados em Portugal: luxímetro digital da marca MINIPA, modelo MLM-
1011, e decibelímetro digital da marca MINIPA, Modelo MSL 1325, ambos fornecidos
pela Universidade Federal de Pernambuco.
Os níveis de iluminância em ILPIs brasileiras são regidos pela norma ABNT NBR 5413,
que estabelece os valores de iluminâncias médias mínimas para iluminação artificial em
interiores, segundo a classe de tarefas visuais ou por tipo de atividade. A norma
recomenda que sejam considerados como valores de referência os valores
intermediários indicados para cada tipo de ambiente ou de atividade.
154
Já os níveis de ruídos nos ambientes internos são estabelecidos através da legislação
ABNT NBR 10152 – Níveis de ruídos para conforto acústico, onde foram adotados, para
esta dissertação, os valores de nível de pressão sonora em decibels, constantes da
Tabela 1 da referida norma.
Assim, os pontos de medição dos níveis de conforto ambiental foram selecionados
segundo as áreas de maior permanência dos idosos, e de serviços de infraestrutura de
cozinha e lavanderia, localizados nos Blocos D, E, F, G e H.
Conforme se pode observar na Figura 113 abaixo, no Bloco D foi aferido o conforto
ambiental referente à área reservada para a Biblioteca. No Bloco E, os pontos de
medição localizam-se no refeitório central e na cozinha. Já no Bloco F, foram
mensurados os índices de iluminância e de ruídos do espaço destinado à recreação,
mais conhecido como auditório, e da área de secagem de roupas e da lavanderia.
Figura 113: ILPI 2 – Pontos de Medição de conforto ambiental - Blocos C, D, E e F.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
155
No dormitório feminino – Bloco G - registram-se 13 (treze) pontos de medição, face a
concentração de idosas. Para aferição do conforto ambiental foram selecionados os
ambientes de lazer |Recanto Feliz, consultórios, enfermaria para 6 leitos, circulação de
enfermaria, acesso ao pavilhão, hall do posto de enfermagem, banheiros e quartos para
3 e 4 leitos, de acordo com registro em planta baixa constante da Figura 114 a seguir:
Figura 114: ILPI 2 – Pontos de Medição de conforto ambiental - Bloco G.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
156
O Bloco H abriga os idosos do gênero masculino e, assim como o Bloco G – pavilhão
feminino - tem ligação direta com os Blocos de refeitório e de lazer. A Figura 115
abaixo, registra 16 (dezesseis) pontos para aferir os índices de conforto ambiental. Os
ambientes selecionados neste dormitório foram semelhantes aos escolhidos no
dormitório feminino, acrescidos de sala de TV e área conhecida por Prainha, onde
encontra-se o refeitório dos idosos dependentes e uma área de descanso com televisão.
Figura 115: ILPI 2 – Pontos de Medição de conforto ambiental - Blocos H.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
157
Os níveis de iluminância e de ruídos foram aferidos em dois dias distintos do mês de
junho do ano de 2011, no período da manhã. As medições de conforto lumínico foram
executadas de acordo com o estabelecido na NBR 5413, em nível referente a plano
horizontal localizado a uma altura de 0,75m do piso.
A Tabela 09 abaixo, registra as leituras obtidas nos ambientes selecionados, listadas por
Bloco, e com os valores de referência recomendados em legislações.
Tabela 09: ILPI 2 - Medições de níveis de iluminância e de ruído nos ambientes, de acordo com o Bloco e o
preconizado em legislações brasileiras.
EDIFICAÇÃO AMBIENTE ILUMINÂNCIA (Lux) RUÍDO (dB)
AFERIDO Mín/Máx
NBR 5413 AFERIDO Mín/Máx
NBR
10152 BLOCO D 1 Biblioteca 30 300 > i < 750 Não aferido 35-45
BLOCO E 1 Refeitório principal 95 100 > i < 200 62 40-50
2 Cozinha 40 150 > i <300 52 50-60
BLOCO F
1 Lazer|Auditório 115 100 > i < 200 71 40-50
2 Lavanderia Não aferido 150 > i < 300 61 50-60
3 Área de secagem Não aferido Não aferido 58 45-55
BLOCO G
1 Recanto Feliz 143 100 > i < 200 47-55 40-50
2 Consultório 94 150 > i < 300 48-51 40-50
3 Consultório 87 150 > i < 300 48-57 40-50
4 Enfermaria 06 leitos 45 100 > i < 200 52-65 35-45
5 Circulação enfermaria 15 75 > i < 150 46-50 45-55
6 Acesso pavilhão Não aferido 75 > i < 150 53-69 45-55
7 Hall enfermagem 34 75 > i < 150 58-60 45-55
8 Banheiro 30 100 > i < 200 48-52 45-55
9 Quarto 03 leitos 80 100 > i < 200 52-59 35-45
10 Quarto 04 leitos 09 100 > i < 200 51-60 35-45
11 Hall banheiro 30 75 > i < 150 52-61 45-55
12 Quarto 03 leitos 26 100 > i < 200 60-76 35-45
13 Quarto 04 leitos 18 100 > i < 200 52-62 35-45
BLOCO H
1 Consultório 42 150 > i < 300 48-59 40-50
2 Hall consultórios 27 75 > i < 150 56-60 45-55
3 Consultório 33 150 > i < 300 52-62 40-50
4 Enfermaria 06 leitos 47 150 > i < 300 55-65 35-45
5 Circulação enfermaria 22 75 > i < 150 55-71 45-55
6 Estar|Sala TV 33 100 > i < 200 68-73 40-50
7 Acesso pavilhão Não aferido 100 > i < 200 70-74 45-55
8 Banheiro 140 100 > i < 200 58-63 45-55
9 Prainha - Refeitório 445 100 > i < 200 61-70 40-50
10 Prainha – Sala TV 812 100 > i < 200 61-64 40-50
11 Quarto 04 leitos 35 100 > i < 200 66-70 35-45
12 Quarto 03 leitos 36 100 > i < 200 68-71 35-45
13 Banheiro 123 100 > i < 200 50-68 45-55
14 Hall banheiro 80 75 > i < 150 62-77 45-55
15 Quarto 3 leitos 70 100 > i < 200 50-59 35-45
16 Quarto 4 leitos 70 100 > i < 200 53-61 35-45
Fonte: a autora
158
As medições efetuadas nos ambientes evidenciaram que algumas iluminâncias,
representadas na Tabela 08 pela cor laranja, não atenderam à legislação, chegando,
em alguns locais, a apresentar índice abaixo do valor mínimo estabelecido para
atividades ocasionais.
Relativamente ao nível de ruídos observou-se que a maioria dos ambientes apresenta
não conformidade com a legislação para conforto acústico do usuário. Dos pontos de
medição investigados, apenas o ambiente da cozinha e o banheiro do dormitório
feminino (Bloco G) encontraram-se dentro dos parâmetros preconizados. Registra-se,
entretanto, que o espaço destinado à preparação das refeições não executava
atividades no momento da aferição do nível de ruídos.
4.2.3. Avaliação do ambiente em uso
As atividades na instituição iniciam-se logo cedo, às 6:00 horas da manhã, com o banho
diário dos idosos, e em seguida com a refeição do café da manhã. Para os idosos
dependentes é dispensado o auxílio das cuidadoras, que se dividem nas tarefas do
banho e apoio às refeições.
A concepção arquitetônica da instituição setorizada por edificações e implantada em
terreno de grandes dimensões favorece a concentração de idosos nos Blocos de lazer e
recreação, e dos dormitórios.
Observa-se também grande fluxo ao refeitório (Bloco E) quando dos horários das
refeições e à área de lazer (Bloco F), local de encontro e atividades dos idosos.
Entretanto, são grandes as distâncias percorridas para acesso ao ambiente, chegando a
mais de 100 (cem) metros, como por exemplo, no percurso sala de estar do dormitório
feminino até o salão das refeições. A menor distância registrada foi entre a área de
lazer e recreação dos idosos independentes e a área para alimentação.
O mobiliário existente, tanto no refeitório quanto nas áreas de recreação, não é
adequado ao uso pelos usuários idosos por não contemplarem a zona de conforto. Na
sala central de refeições, as mesas têm altura elevada (Figura 116) e são guarnecidas
com bancos sem encosto. Para as idosas dependentes a situação é semelhante, embora
seja possível a aproximação de usuário de cadeira de rodas (Figura 117). O refeitório
159
para os idosos dependentes, do gênero masculino, apresenta também cadeiras, embora
não sejam padronizadas (Figura 118).
Figura 116: ILPI 2 –
Mobiliário refeitório
central.
Figura 117: ILPI 2 –
Mobiliário refeitório das
idosas dependentes.
Figura 118: ILPI 2 -
Mobiliário refeitório dos
idosos dependentes.
A área de lazer é caracterizada pelo grande espaço aberto onde os idosos se reúnem
para atividades diversas, além de realização de eventos festivos de datas
comemorativas. O mobiliário é bastante reduzido e compõe-se de mesas semelhantes
aquelas do refeitório central, bancos em madeira e mesas metálicas do tipo refeitório
industrial com banco fixos.
As instituições de longa permanência para idosos são regidas pela legislação da ANVISA,
a RDC nº 283/2005, que estabelece, para funcionamento, as condições mínimas em
aspectos organizacionais, operacionais, de recursos humanos, e de infraestrutura física.
Assim sendo, as áreas funcionais bem como especificações, previstas em legislação,
foram relacionadas e comparadas ao investigado na instituição brasileira, de acordo
com a Tabela 10, para posterior análise.
Aos itens relativos à infraestrutura e constantes na RDC nº 283/2005 foi atribuída
legenda, onde o atendimento integral à exigência é representado pela palavra ATENDE,
o cumprimento parcial representado pela palavra PARCIAL, e ao item em discordância
com a legislação é representado pela palavra NÃO ATENDE realçado pela cor laranja.
160
Tabela 10: ILPI 2 - Comparativo entre áreas físicas estabelecidas na RDC 283/2005 e situação averiguada na
ILPI 2, em Recife.
AMBIENTE RDC 283/2005 – INFRAESTRUTURA FÍSICA(DIMENSIONAMENTO DE
ÁREAS FUNCIONAIS) ILPI 2
Acesso externo 02 portas de acesso (01 de serviço) PARCIAL
Rampas e escadas Reporta à NBR 9050/ABNT ATENDE
Acesso à edificação - largura l ≥ 1,20m ATENDE
Circulação interna
Principal - largura l ≥ 1,00m 1,65m
Secundária - largura l ≥ 0,80m 1,47m
Luz de vigília permanente ATENDE
Circulações ≥ 1,50m →corrimão dos dois lados NÃO ATENDE
Circulações ≤ 1,50m →corrimão um dos lados NÃO ATENDE
Portas Vão livre l ≥ 1,10m PARCIAL
Travamento simples, sem uso de trancas ou chaves PARCIAL
Janelas Peitoril h ≥ 1,00m 1,95m
Guarda-corpo Peitoril h ≥ 1,00m NÃO ATENDE
(0,70m)
Dormitórios
Separados por gênero | máximo para 04 pessoas,
dotados de banheiro PARCIAL
Para 02 a 04 pessoas (área por cama, incluindo área para guarda de roupas e pertences)
5,50 m² ATENDE
Luz de vigília permanente ATENDE
Campainha de alarme ATENDE
Distância entre 02 camas d≥ 0,80m
ATENDE
Distância entre lateral da cama e parede d=0,50 m ATENDE
Sala de atividades
Coletivas - máximo de 15 residentes (área /usuário) 1,00 m² PARCIAL
Sala de convivência (por pessoa) 1,30 m² ATENDE
Sala atividades de apoio individual 9,00 m²
Banheiros
coletivos
Separado por gênero ATENDE
Mínimo de 01 box sanitário (transferência frontal e
lateral de portador de cadeiras de rodas) – NBR 9050 ATENDE
Portas internas com vão livre de 0,20 m na parte inferior
ATENDE
Refeitório
Área por usuário – (ILPI 2escido de guarda de lanches) 1,00 m² ATENDE
Lavatório para higienização das mãos ATENDE
Luz de vigília ATENDE
Almoxarifado Indiferenciado 10,00 m² ATENDE
Banheiro
funcionários
Separados por gênero NÃO ATENDE
01 bacia |01 lavatório | 01 chuveiro – para cada 10
funcionários 3,60 m² NÃO ATENDE
Vestiário
funcionários Funcionário /turno 0,50 m² NÃO ATENDE
Fonte: Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA - RDC nº283/2005 (Adaptado pela autora)
A Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº283/2005 - determina que sejam acatadas
também as exigências constantes em “códigos, leis ou normas pertinentes, quer na
161
esfera federal, estadual ou municipal e, normas específicas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas referenciadas” no Regulamento Técnico (BRASIL, 2005, p.4).
Desse modo, a nível municipal a Legislação Urbanística Básica do Município de Jaboatão
dos Guararapes - Lei nº 165/1980, classifica creches, abrigos, asilos orfanatos e
instituições beneficentes como Serviços Especiais de Educação e Assistência Social, que
integram os Serviços Especiais de grande porte. A Lei nº 165/1980 estabelece,
também, além de acessibilidade integral na edificação, parâmetros dimensionais
norteadores de projetos arquitetônicos para os espaços físicos de permanência
prolongada e transitória, de acordo com a Tabela 11 a seguir:
Tabela 11: ILPI 2 - Comparativo entre áreas físicas estabelecidas na Lei nº 165/1980 e situação averiguada na ILPI 2, em Recife.
AMBIENTE LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA BÁSICA DO MUNICÍPIO DE JABOATÃO DOS
GUARARAPES - LEI Nº 165/1980 ILPI 2
CIRCULAÇÃO
CORREDORES
Largura - Uso coletivo – Área ≤ 10,00m² l ≥ 1,20m 1,43m
Largura - Uso coletivo – Área > 10,00m² l ≥ 2,00m 1,60m a 2,62m
Pé direito (corredores e Hall) PD≥2,30m 4,90m a 7,63m
ESCADAS Largura útil l ≥ 1,20m 2,20m
SALAS
Área ≥ 9,00m² 25,15m²
Forma geométrica permite inscrição no piso de círculo Ø≥2,80m 4,75m
Pé direito PD≥2,60m 3,82m a 6,48m
DORMITÓRIOS
Área ≥ 9,00m² 13,51m² a 22,52m²
Forma geométrica permite inscrição no piso de círculo Ø≥2,40m 3,51m a 3,85m
Pé direito PD≥2,60m 3,82m a 6,48m
COZINHAS
Área ≥ 20,00m² 82,91m²
Paredes impermeabilizadas até o teto ATENDE
Instalações frigoríficas adequadas ATENDE
Iluminação indireta ATENDE
INSTALAÇÕES PARA FUNCIONÁRIOS
VESTIÁRIOS Instalações sanitárias – 2 vasos sanitários| 2 lavatórios|
2 mictórios|2chuveiros (cada 20 funcionários)
NÃO ATENDE
(não existe)
BANHEIROS
Forma geométrica permite inscrição no piso de círculo Ø≥1,30m 1,37m a 1,95m
Boxe chuveiro - Forma geométrica permite inscrição no piso
de círculo Ø≥0,80m 0,95m a 1,50m
01 bacia |01 lavatório | 01 chuveiro [cada 10 funcionários] 3,60m² 11,13m²
EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS
Reportar à Legislação do Corpo de Bombeiro de Pernambuco
Fonte: Legislação Urbanística Básica do Município de Jaboatão dos Guararapes (Adaptado pela autora)
162
À observância da legislação municipal na Tabela 11 acima, foi atribuída representação
da palavra ATENDE, assim como ao não cumprimento foi empregada a palavra NÃO
ATENDE, realçada pela cor laranja.
A proteção contra incêndios em edificações é regida pelo Código de segurança contra
incêndios e pânico para o Estado de Pernambuco. A ILPI 2 está enquadrada na
classificação das ocupações como edificação hospitalar, o que vem requerer condições
quanto à implantação de sistemas e dispositivos de segurança. Estes sistemas são
função direta da área total de construção, e têm exigência de unidades extintoras,
sistemas de chuveiros automáticos (sprinkers), e sistema de detecção e alarme de
incêndio, com central de alarme localizada em local de fácil acesso.
Relativamente às legislações, as ILPIs estão sujeitas, além das normatizações
anteriores, à adequação da norma de Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços
e equipamentos urbanos – ABNT|NBR 9050/2004. Assim, a Tabela 12 abaixo, apresenta
dimensionamentos e recomendações para os ambientes físicos, e os valores
identificados na instituição brasileira pesquisada, com representação de não
atendimento realçado pela cor laranja.
Tabela 12 : ILPI 2 - Comparativo entre dimensionamento estabelecido na ABNT NBR 9050/2004 e situação
averiguada na ILPI 2.
AMBIENTE ABNT NBR 9050/2004 ILPI 2
RAMPAS
RAMPAS
Inclinação (desnível ≤ 0,80 m) 6,25% ≤ i ≤ 8,33% PARCIAL
7,45% a 9,3%
Largura l ≥1,20m PARCIAL
Guias de balizamento h≥ 0,05m NÃO ATENDE
Patamares - Início e término l ≥ 1,20m NÃO ATENDE
CORRIMÃOS | GUARDA-CORPO
CORRIMÃOS
Rampas Ambos os lados ATENDE
Diâmetro 0,03m ≤ l ≤ 0,045m 0,03175m
Rampas - instalar a 02 alturas do piso h1=0,92m | h2= 0,70m h única = 0,70m
GUARDA-CORPO Associado ao corrimão (rampas não isoladas por paredes)
h = 1,05m h = 0,70m
CIRCULAÇÕES
Circulação interna
Uso comum (extensão até 4,00m) l ≥ 0,90m 0,98m
Uso comum (extensão até 10,00m) l ≥ 1,20m 1,47m
Uso comum (acima de 10,00m) l ≥ 1,50m 1,65m
Uso público l ≥ 1,50m 1,65m
Circulação
externa
Piso – superfície regular, estável e antiderrapante
NÃO ATENDE
Faixa livre l ≥ 1,20m PARCIAL
1,12m a 1,40m
163
PORTAS
Vão livre largura ≥ 0,80m
PARCIAL
0,70m a 2.00m
Sanitários|vestiários|quartos Puxador horizontal NÃO ATENDE
INSTALAÇÕES SANITÁRIAS
BOXE ACESSÍVEL
Dispositivo de sinalização de emergência (lado da bacia|chuveiro)
h = 0,40m do piso h = 0,91m [só bacia]
Área de transferência lateral|
perpendicular|diagonal
ATENDE
Área de manobra Rotação ≥ 180° NÃO ATENDE
Dimensões mínimas 1,50m x 1,70m 1,69m x 1,52m
Giro abertura porta de eixo vertical Lado externo do boxe ATENDE
Instalação de ducha higiênica Recomendado ATENDE
BARRAS DE APOIO
Diâmetro 0,03m ≤ l ≤ 0,045m 0,038m
Distância mínima - face barra de apoio e anteparo
d ≥ 0,04 m 0,05m
Junto à bacia (lateral e fundo) c ≥ 0,80m | h = 0,75m PARCIAL-
Só lateral
Distância eixo bacia|face barra apoio d = 0,40m d = 0,50m
Distância borda frontal da bacia d = 0,50m d = 0,50m
BACIA SANITÁRIA
Altura sem assento (peças sanitárias
com alturas inferiores – elevar a base) 0,43m ≥ h ≥ 0,45m
PARCIAL – com
base h = 0,55m
Altura com assento h ≤ 0,46m ATENDE
Altura acionamento descarga h = 1,00m hmax = 1,20m
BOXE CHUVEIRO
Área de transferência externa ao boxe ATENDE
Banco NÃO ATENDE
Barra de apoio vertical, ou c ≥ 0,70m | h = 0,75m h=0,85m
Barra apoio horizontal , ou c ≥ 0,60m | h = 0,75m h=0,85m
Desnível ≤ 0,015m Sem desníveis
BOXE BACIA
COMUM
Largura l ≥ 0,80m l min = 0,95m
Distância face bacia sanitária | porta d = 0,60m d ≥0,72m
LAVATÓRIO Barra de apoio h = h lavatório NÃO ATENDE
TORNEIRAS Acionamento por alavanca|sensor
eletrônico ou dispositivo equivalente NÃO ATENDE
Distância comando |face externa lavatório
d ≤ 0,50m d = 0,25m
ACESSÓRIOS PARA SANITÁRIOS
SABONETEIRA Altura dentro da faixa de alcance 0,90m > h <1,20m 1,27m
ESPELHO Borda inferior – posição vertical h = 0,90m 1,03m
PAPELEIRA Altura – embutida | especial 0,50m > h <0,60m | h≤ 1,10m h = 1,08m
Distância borda frontal bacia d≤ 0,15m d = 0,11m
COMANDOS E CONTROLE
INTERRUPTOR Altura mínima | Altura máxima hmin = 0,60m | hmax = 1,00m h = 1,05m
CAMPAINHA Altura mínima | Altura máxima hmin = 0,60m | hmax = 1,00m h = 1,05m
TOMADA Altura mínima | Altura máxima hmin = 0,40m | hmax = 1,00m h = 1,05m
Fonte: Norma Brasileira ABNT NBR nº 9050/2004 (Adaptado pela autora)
164
Assim como no estudo de caso já apresentado, a ILPI 1, os espaços físicos de
dormitórios da instituição brasileira (ILPI 2) serão analisados segundo os módulos de
referência de usuário portador de cadeira de rodas, tendo como base a permissão ou
não do giro da cadeira, conforme Figura 51, constante da página 118 anterior.
A ILPI brasileira evidencia nos dormitórios do gênero masculino e feminino 3 (três)
tipologias de quartos, e 2 (duas) de banheiros, analisados a seguir:
ILPI 2 – QUARTO | TIPOLOGIA 1
O quarto com tipologia 1 tem capacidade para dois usuários, fazendo parte do
mobiliário duas camas, duas mesas de cabeceira (0,40 x 0,40m) e dois armários com
uma porta cada (0,50 x 0,50m), para guarda de pertences individuais.
As paredes limitantes do espaço físico são em blocos de gesso (Figura 119) e têm altura
de 1,90m.
Figura 119: ILPI 2 – Delimitação quarto.
Figura 120: ILPI 2 – Quarto - Tipologia 1.
O ambiente não possui contato visual com o exterior (Figura 120) pelo fato de as
janelas se localizarem a altura de 1,95m. Entretanto, o espaço é bem iluminado pelo
dimensionamento das aberturas, e pela existência de telhas em vidro distribuídas
uniformemente na coberta.
O quarto não possui porta e o vão de abertura de entrada tem dimensão de 1,46m,
permitindo a passagem simultânea de pedestre e de usuário de cadeira de rodas. A
165
forma geométrica do ambiente permite livre movimentação e rotação de 360° de giro
de cadeira de rodas.
Registra-se a presença de chamada de emergência, iluminação individual e ponto de
força junto a cada leito, assim como de ventilador de teto no módulo.
A territorialidade dos usuários é preservada, embora a privacidade seja relativa pela
não estanqueidade do ambiente. O quarto não possui banheiro privativo, fazendo uso
de banheiro coletivo para todo o pavilhão.
Figura 121: ILPI 2 – Planta baixa quarto Tipologia 1.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
A área física corresponde a 13,80m² atendendo ao mínimo estabelecido pela legislação
ANVISA-RDC nº 283/2005, que estabelece 5,00m² para cada usuário. Observa-se, de
acordo com a Figura 121 acima, que o arranjo físico existente não obedece ao
afastamento mínimo estabelecido de 0,50m entre a lateral da cama e a parede,
embora as dimensões permitam um novo arranjo que atenda às exigências.
166
ILPI 2 – QUARTO | TIPOLOGIA 2
O ambiente registra as mesmas características físicas e de mobiliário do quarto de
Tipologia 1, entretanto, tem capacidade para 3 (três) usuários.
Com área útil de construção de 18,29 m², o quarto atende às exigências da legislação
quanto ao dimensionamento, e permite giro de 360° de cadeira de rodas, de acordo
com o layout registrado no local. (Figura 122)
Para atendimento da recomendação de afastamento de 0,50m da face lateral da cama
até a parede, prevista na RDC nº283/2005, a readequação espacial do mobiliário
restringe a rotação de cadeira de rodas máxima a 90°.
Figura 122: ILPI 2 – Planta baixa quarto Tipologia 2.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
Os ambientes pertencentes a esta tipologia têm aberturas voltadas para exterior, com
orientação Noroeste no pavilhão masculino, e Sudeste no pavilhão feminino. As janelas
são do tipo báscula com comando localizado a 1,50m de altura, ladeadas por aberturas
em venezianas, todas em madeira. (Figura 123)
167
Figura 123: ILPI 2 – Janelas Quarto –
Tipologia 2.
Figura 124: ILPI 2 – Detalhe iluminação, e
comandos individuais.
Localiza-se acima de cada cama arandela para iluminação, acionada por comando
individual, campainha de emergência e tomada elétrica para equipamentos, todos
situados acima da mesa de cabeceira, conforme se observa na Figura 124.
ILPI 2 – QUARTO | TIPOLOGIA 3
Os quartos pertencentes a esta tipologia acolhem quatro idosos e têm as aberturas
voltadas para a área de lazer (Figura 125), conhecida como Prainha. No pavilhão de
idosos do gênero masculino, os ambientes apresentam nível elevado de ruídos devido à
concentração de idosos e à presença de televisão na área contígua.
Figura 125: ILPI 2 – Aberturas dos quartos Tipologia 3.
Figura 126: ILPI 2 – Revestimento de piso de
quarto da Tipologia 3.
168
Por localizarem-se na mesma área pavilhonar, os quartos, mesmo de diferentes
tipologias, apresentam as mesmas características físicas, relativas aos revestimentos e
sistema construtivo.
A construção antiga evidencia piso liso e sujeito a quedas e escorregões, constituindo
risco acidentário para os usuários idosos, que apresentam disfunções próprias do
processo de envelhecimento (Figura 126).
A área útil do espaço físico é de 21,16m², com dimensões de 5,23 x 4,00m, que permite
acessibilidade plena, mesmo guardando as dimensões mínimas de afastamento
estabelecidas pela legislação para as camas (Figura 127).
Figura 127: ILPI 2 – Planta baixa quarto Tipologia 3.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
A forma geométrica do ambiente e vão livre de entrada permitem acesso, manobra e
giro de cadeira de rodas máximo.
169
ILPI 2 - BANHEIRO FEMININO
O pavilhão feminino é atendido por dois banheiros coletivos situados em cada um dos
extremos do dormitório. O banheiro A localizado, próximo ao posto de enfermagem,
apresenta dimensionamento de 56,44m² de área útil de construção dividido em duas
áreas interligadas.
A primeira área contém 06 (seis) cabines individuais com bacias sanitárias, 06 (seis)
boxes individuais com chuveiro, uma cabine acessível com bacia sanitária, uma cabine
com chuveiro, e 04 (quatro) lavatórios. A segunda área dispõe de 3 (três) boxes
acessíveis dotados de bacias sanitárias e chuveiros, e 02 (dois) lavatórios (Figura 128).
Figura 128: ILPI 2 – Planta baixa banheiro coletivo feminino A.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
O acesso ao ambiente acontece através de vão livre de 1,20m, com piso em aclive com
inclinação de 10,9%, para vencer desnível de 0,035m entre o piso do quarto e do
banheiro. A análise com o módulo de referência de usuário portador de cadeira de
rodas evidencia acessibilidade favorável nos ambientes físicos dos banheiros coletivos A
e B, exceto entre as duas áreas do banheiro coletivo feminino A, que não permite o giro
de 360°de cadeira de rodas (Figura 128).
170
A análise do ambiente evidencia que os boxes comuns com bacias sanitárias e chuveiros
atendem quanto ao dimensionamento determinado pela ABNT|NBR 9050/2004, que fixa
como valor mínimo para largura 0,80m.
Os boxes para chuveiros apresentam barras de apoio reta horizontal e vertical,
entretanto não são dotados de bancos articulados ou removíveis. Já nos
compartimentos com bacias sanitárias as barras de apoio são fixadas em posição
inclinada, com menor altura a 0,75m, e a maior altura e a 0,85m, ambas tendo o piso
como referência.
Registra-se a existência de duas cabines com bacias sanitárias com base elevada,
perfazendo uma altura total da louça sanitária em 0,55m, acima da altura máxima de
0,46m, com assento sanitário, estabelecida pela norma. (Figura 129)
Figura 129: ILPI 2 – Banheiro feminino coletivo A - boxe bacia sanitária.
Figura 130: ILPI 2 – Banheiro feminino coletivo A - lavatórios.
Os lavatórios permitem aproximação de usuário de cadeira de rodas, porém,
encontram-se em não conformidade com a ABNT|NBR 9050/2004 em relação à altura
recomendada (0,78m a 0,80m), uma vez que situam-se a 0,84m do piso. Não foi
observada a presença de barras de apoio junto aos lavatórios (Figura 130).
Relativamente aos acessórios, ressalta-se que a saboneteira está localizada a altura de
1,27m (fora da zona de alcance estabelecida) e o espelho encontra-se com sua borda
inferior situada à altura de 1,03m, acima do recomendado de 0,90m.
A barra de apoio reta vertical localizada no chuveiro tem comprimento de 0,75m e
altura de 0,85m, no ponto mais baixo, estando em não conformidade com a legislação.
As barras horizontais situadas junto à peça sanitária têm o mesmo comprimento,
entretanto, situam-se à altura de 0,75m. Todas as barras de apoio têm diâmetro de
171
1½”, são em ferro com pintura e encontram-se afastadas em 0,06m da parede. A caixa
de descarga é acionada por corda lateral ao módulo situada a 0,85m do piso.
Os boxes acessíveis evidenciam dimensionamento em conformidade com os parâmetros
determinados, apresentam barras de apoio e ducha higiênica (Figura 131), e dispõem
de sinalização de emergência apenas próximo à bacia sanitária. A porta tem vão livre
de 0,99m e giro de abertura externo ao boxe distando 0,30m do piso. Não foi
registrada a presença de puxador horizontal no lado interno da porta para auxílio no
fechamento da área.
Figura 131: ILPI 2 – Banheiro feminino
coletivo A - boxe acessível.
A segunda bateria de sanitários, o banheiro feminino coletivo B, não dispõe de cabines
acessíveis, e é composto de 07 (sete) boxes dotados de bacias sanitárias, 5 (cinco)
boxes com chuveiros e 6 (seis) lavatórios. (Figura 132)
Figura 132: ILPI 2 – Planta baixa banheiro coletivo feminino B.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
172
As unidades apresentam barras de apoio retas, de acordo com a ABNT|NBR 9050/2004,
com 0,80m de comprimento, fixadas a 0,75m do piso e afastadas 0,05m da parede.
Registra-se a presença de comando de chamada de emergência situada a altura de
1,02m do piso.
As cabines sanitárias apresentam ducha higiênica e porta papel higiênico (h=1,08m)
localizado dentro da zona de alcance. As portas têm vão livre de 0,58m e distam
0,30m do piso.
Os lavatórios suspensos têm afastamento médio de 0,60m entre eixos, e estão fixados a
altura de 0,83m, acima do determinado pela ABNT|NBR 9050/2004, embora permitam a
aproximação frontal de usuário com cadeira de rodas.
ILPI 2 - BANHEIRO MASCULINO
O pavilhão masculino segue a mesma configuração do dormitório feminino com duas
baterias de sanitários coletivos (A e B) situados nos extremos do pavilhão, entretanto, o
banheiro acessível localiza-se em ambiente separado com acesso exclusivo (Figura 133).
O banheiro coletivo masculino A localiza-se próximo ao posto de enfermagem e
apresenta duas áreas distintas e estanques (Figura 133). A primeira área, de uso geral
dos idosos, tem 34,64m² de área útil, e é composta por 5 (cinco) unidades individuais
dotadas de bacias sanitárias, 3 (três) unidades com chuveiros, 1 (um) boxe acessível
com bacia sanitária, 1 (um) boxe acessível com chuveiro e 4 (quatro) lavatórios.
A segunda área isolada e de acesso específico é constituída por 3 (três) boxes acessíveis
com chuveiro e bacia sanitária, e 2 (dois) lavatórios distribuídos em 22,92m² de área
física (Figura 133).
173
Figura 133: ILPI 2 – Planta baixa banheiro coletivo masculino A.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
Os acessos aos banheiros coletivos são através de vão livre, sem portas. O desnível de
0,035m entre os pisos do dormitório e dos banheiros é solucionado por rampa com
inclinação de 11%, encontrando-se logo à entrada uma barra de apoio horizontal para
auxiliar os idosos.
O dimensionamento das unidades individuais encontra-se de acordo com a
recomendação mínima de 0,80m de largura e espaço livre de 0,60m a partir da face
extrema da peça sanitária, determinada pela ABNT|NBR 9050/2004. Foi observada a
existência de chamada de emergência em todas as cabines individuais, assim como a
presença de ducha higiênica nos boxes com peça sanitária.
As cabines com bacia sanitária são dotadas de barra de apoio reta, fixada em posição
inclinada com altura a 0,75m do piso em seu ponto mais baixo, e a 0,85m para altura
máxima. A caixa de descarga tem acionamento através de corda lateral situada entre
0,85 e 1,20m de altura.
Todas as barras de apoio são tubulares com diâmetro de 1½”, em ferro com pintura
aparafusadas à parede, e com afastamento variável de 0,05m a 0,06m. Nos boxes com
chuveiro as barras de apoio têm comprimento de 0,80m e são fixadas em posição
horizontal na altura de 0,85m do piso. Não foi observada a presença de banco
174
articulado ou removível. Relativamente ao dimensionamento, o espaço atende às
exigências mínimas da legislação.
Assim como no sanitário feminino, foi observada a existência de bacias sanitárias
elevadas em base de alvenaria, resultando em altura total da louça sanitária de 0,55m,
com assento sanitário, encontrando-se em discordância com a altura máxima
recomendada pela legislação.
Os lavatórios são fixados em altura de 0,88m do piso e não dispõem de barra de apoio,
encontram-se, deste modo, em não conformidade com a recomendação da ABNT|NBR
9050/2004. Entretanto, permitem aproximação de usuário de cadeira de rodas. Neste
ambiente não foi observada a presença de espelho acima dos lavatórios, apenas uma
saboneteira para os quatro lavatórios existentes. (Figura 134)
Figura 134: ILPI 2 – Banheiro masculino
coletivo A - lavatórios.
F
Figura 135: ILPI 2 – Banheiro masculino coletivo A – cabines individuais.
Os fechamentos das unidades individuais são em madeira com pintura em esmalte
sintético, têm sentido de abertura externo às cabines e recebem fecho do tipo targeta
localizado na parte superior da porta. (Figura 135)
As cabines acessíveis permitem acesso de usuário de cadeira de rodas evidenciando
conformidade de dimensionamento com a legislação, no entanto, a movimentação
deste usuário é restrita, sendo o giro máximo permitido da cadeira de rodas de 90°.
O banheiro coletivo masculino B tem área útil de construção de 33,75m² e não
apresenta nenhuma unidade acessível. O ambiente é composto de 7 (sete) boxes com
bacias sanitárias, 5 (cinco) unidades individuais com chuveiros e 4 (quatro) lavatórios,
com características semelhantes aos demais. (Figura 136)
175
Figura 136: ILPI 2 – Planta baixa banheiro coletivo masculino B.
Fonte: Instituição brasileira (Adaptado pela autora)
O acesso ao banheiro é através de rampa com inclinação de 11% vencendo o desnível de
0,035m entre os pisos. A inclinação é admissível, segundo a ABNT|NBR 9050/2004,
para os casos de reformas, situação em que se encontra o ambiente analisado.
Os lavatórios suspensos são fixados a altura de 0,87m, contrariando a legislação, no
entanto, apresenta zona de aproximação de usuário de cadeira de rodas.
Todas as cabines são dotadas de chamada de emergência, assim como de barra de
apoio reta horizontal (nas unidades com chuveiros), e inclinada (nas unidades com
bacia sanitária). Registra-se a presença de duchas higiênicas (h=1,35m) e de papeleira
(h=1,08m) nas cabines com bacias sanitárias.
A acessibilidade espacial plena é evidenciada através da análise com o módulo de
referência de usuário de cadeira de rodas nos banheiros coletivos masculinos A e B,
permitindo acessos e giros mínimos de 180° nas circulações e giro de 90° nas cabines
individuais acessíveis.
176
4.2.4. Percepção ambiental
A percepção ambiental dos idosos acerca dos espaços da instituição brasileira foi
analisada, conforme anteriormente explicitado, segundo aplicação de questionário
estruturado e semi-estruturado, semelhante aquele aplicado na instituição portuguesa,
constituído de escala representada por figuras. Registra-se que a seleção dos
respondentes ficou sob responsabilidade do serviço de assistência social da instituição.
Dessa maneira, a utilização da ferramenta de percepção ambiental apresenta os
seguintes resultados:
Os entrevistados que aceitaram e/ou apresentaram nível cognitivo satisfatório para
participar da pesquisa totalizam 10 (dez) respondentes.
Relativamente ao perfil do entrevistado, a média de idade dos idosos questionados é de
73,9 anos, com tempo de residência médio na Instituição de 9,37 anos. Do total dos
inquiridos, três idosos apresentam limitação relativa à locomoção. Quatro
respondentes são do gênero feminino e 6 (seis) são do gênero masculino.
Com relação ao estado civil, quatro idosos se apresentaram com solteiro, um viúvo,
quatro se enquadram em outros, e um não respondeu.
Todos os idosos questionados passam o dia todo na instituição e identificam a área de
convívio como local de maior permanência e de preferência.
Tendo como referência os ambientes em geral da ILPI, os resultados da pesquisa quanto
ao nível de satisfação evidencia que a maioria dos usuários demonstra estar satisfeitos
com os espaços físicos. O Gráfico 04, a seguir, demonstra o grau de satisfação
representado pela cor amarela para satisfação regular, e pela cor azul para total
satisfação.
177
Gráfico 04: ILPI 2 - Índice de satisfação com características existentes em ambientes em geral.
Com relação ao mobiliário, conforto térmico e cores utilizadas em piso e paredes dos
ambientes em geral, os idosos na totalidade dos respondentes se dizem satisfeitos.
Apenas um idoso entrevistado apresenta-se regularmente satisfeito com o nível de
iluminação e outro usuário atesta estar regularmente satisfeito com o nível de ruído.
O Gráfico 05 abaixo, evidencia o nível de satisfação do idoso em relação à unidade
individual, com o grau de satisfação representado pela cor vermelha para insatisfação,
pela cor amarela para satisfação regular, e pela cor azul para total satisfação.
Em relação ao ambiente da unidade individual (quarto) 100% dos idosos inquiridos
afirmam estar satisfeitos com o conforto térmico, nível de iluminação, cores de piso e
parede, espaço e tamanho do ambiente.
Gráfico 05: ILPI 2 - Índice de satisfação com características existentes em unidades individuais.
0 2 4 6 8 10 12
Mobiliário
Conforto térmico
Cor das paredes e piso
Ruídos
Iluminação
Satisfação com ambientes em geral
Regularmente satisfeito Satisfeito
0 2 4 6 8 10 12
Conforto térmico
Iluminação
Cores paredes e piso
Tamanho
Espaço
Mobiliário
Ruídos
Satisfação com unidade individual
Insatisfeito Regularmente satisfeito Satisfeito
178
Relativamente ao mobiliário, a maioria dos usuários (sete idosos) apresenta-se
satisfeita, enquanto que apenas 3 (três) afirma estar regularmente satisfeita.
Em relação ao nível de ruídos, 8 (oito) idosos alegam estar satisfeitos, um idoso afirma
estar regularmente satisfeito, enquanto que um atesta insatisfação.
Inquiridos sobre a existência de mobiliário pessoal de residência anterior nas unidades
individuais, os respondentes afirmam integralmente não haver, embora 50% do total de
idosos participantes da pesquisa expressem o desejo. A televisão figura como anseio
maior de 2 (dois) idosos, seguidos de cadeira (um idoso), armário (um idoso) e
televisão e rádio (um idoso).
4.3. Diagnóstico ergonômico das ILPIs e Recomendações
O diagnóstico ergonômico consiste na última etapa da avaliação ergonômica do
ambiente construído das ILPIs estudadas. Portanto, a seguir, será apresentada uma
confrontação dos dados coletados em cada uma das instituições pesquisadas com as
indicações de referência para os seus funcionamentos, que servirá de base para
recomendações.
Como elemento norteador para funcionamento de ILPIs portuguesas foi adotado nesta
pesquisa o Despacho Normativo nº 12/98, e para sua acessibilidade o Decreto-Lei nº
163/2006. Para as instituições brasileiras aplica-se para funcionamento a legislação
ANVISA|RDC n°283/2005, para acessibilidade a ABNT|NBR 9050/2004, e parâmetros
prescritos em legislação urbanística municipal.
Através da coleta de dados nas instituições ILPI 1 e ILPI 2 algumas não conformidades
são identificadas, e que são apresentadas a seguir:
Aspectos organizacionais
Relativamente aos aspectos organizacionais foi identificado que o contingente funcional
de 62 funcionários da ILPI 2 apresenta-se abaixo do estabelecido pela norma da ANVISA,
para atendimento aos 120 idosos residentes. Trinta e cinco destes idosos,
representando 29% do total, apresentam comprometimento em até três atividades de
vida diária (AVD), ou seja, são idosos classificados como grau de Dependência II,
segundo a RDC n°283/2005, requerendo maiores cuidados e atenção individual.
179
É patente a deficiência funcional da ILPI 2 relativa à atividade de cuidadora dos idosos
que acumula também as funções de limpeza diária dos ambientes. A implantação
arquitetônica da instituição brasileira, caracterizada por edificações isoladas e
interligadas por passarelas, consiste em elemento dificultador para esse tipo de
atividade, restringindo a movimentação dos anciãos dependentes à permanência no
pavilhão em que dormem.
Também foi observada na instituição brasileira a ausência de fardamento de
funcionários para desempenho das atividades diversas, garantindo a segurança do
empregado e sua identificação.
De acordo com a Diretoria da ILPI 2, a instituição encontra-se em fase de implantação
de avaliação de pessoal e cursos de capacitação profissional, para ofertar uma melhor
qualidade dos serviços aos idosos.
A ILPI 1 apresenta um quadro funcional total de 140 (cento e quarenta) profissionais,
em conformidade com a legislação portuguesa DN nº 12/98, dos quais 65 (sessenta e
cinco) são cuidadoras, que não acumulam outra atividade senão a do trato de idosos.
Os funcionários têm fardamento idêntico, embora diferenciado por cor de acordo com a
função.
A organização da ILPI 1 é muito presente, refletindo nos serviços ofertados nos diversos
setores da instituição. O controle das atividades é permanente e conta com avaliação
de pessoal anual e feedback do desempenho de funcionários para adequação ao
serviço.Foram relatadas como causa do absenteísmo na ILPI 1, disfunções osteo-
musculares adquiridas no desempenho da função de cuidadora, enquanto que na ILPI 2
também figura o estresse emocional como agente causador da ausência ao trabalho.
Infraestrutura
De acordo com a infraestrutura física, o arranjo físico nos dormitórios da ILPI 2 é
semelhante, independendo da capacidade das unidades individuais, favorecendo à
movimentação dos idosos sem riscos acidentários. Não foi observada unidade individual
alguma com banheiro privativo, sendo os dormitórios assistidos por duas baterias de
sanitários. É evidente a amplitude espacial em todos os ambientes da ILPI 2.
Relativamente ao zoneamento do bloco de dormitórios, observa-se que o posto de
enfermagem não se encontra eqüidistante das unidades individuais. Esta localização
dificulta a assistência prestada ao idoso em caso de necessidade, bem como obriga
180
aqueles que ocupam as unidades mais afastadas a percorrer uma distância maior que
44,00m (quarenta e quatro metros).
A reforma executada nos dormitórios da ILPI 2 minorou a falta de espaço pessoal e
territorialidade dos idosos, assim como a privacidade, apesar da unidade individual não
ser estanque com paredes divisórias até o teto. A ausência de interação com o meio
externo impõe uma sensação de confinamento, uma vez que as aberturas estão
localizadas fora da zona de alcance visual.
A luminosidade no ambiente é satisfatória, contudo, é adquirida através de janelas com
peitoris altos e telhas de vidro na coberta.
Observou-se que o ambiente externo da ILPI 2 é muito arborizado, proporcionando
tranqüilidade e paz, contrapondo-se à ILPI 1 que se traduz em ambiente tipicamente
urbano, tendo como característica principal a organização institucional.
A instituição portuguesa (ILPI 1) tem suas unidades individuais autônomas com
banheiros privativos, que proporcionam segurança e conforto aos usuários, apesar
desses espaços não contemplarem acessibilidade plena aos idosos portadores de
equipamentos de auto-ajuda, principalmente de cadeiras de rodas. Os quartos
atendem ao dimensionamento previsto em legislação, e permitem uma livre
movimentação sem riscos acidentários.
Os funcionários da ILPI 2 partilham as instalações sanitárias com os idosos, visto que
não existem ambientes específicos para os empregados, como estabelece a ANVISA-RDC
nº 283/2005. Segundo a Diretoria as instalações para funcionários com banheiros,
vestiários e área de descanso encontram-se registradas em projeto à espera de recursos
financeiros para implantação.
Já a ILPI 1 dispõe de instalações sanitárias específicas para funcionários, entretanto,
não apresenta refeitório próprio de funcionários, assim como área de convivência para
descanso. Estes ambientes são objeto de reforma em tramitação na prefeitura,
segundo a Diretoria da instituição.
Registra-se o atendimento das legislações específicas quanto ao dimensionamento dos
ambientes nos dois estudos de caso apresentados.
181
Apesar das instituições portuguesa e brasileira evidenciarem áreas úteis de construção
semelhantes –7.121,23m² e 7.425,62m², respectivamente - as ILPIs oferecem áreas
funcionais distintas em nível de relevância.
O Gráfico 06 abaixo, demonstra que a área de lazer e comum aos idosos na ILPI 2 é bem
maior que a da ILPI 1, equivalendo a duas vezes a área útil da instituição portuguesa.
Em contra partida a ILPI 1 tem 50% a mais de área útil de quartos que a ILPI 2,
perfazendo uma área útil de construção de 11,14m² de quarto por idoso, considerando
a capacidade total de 175 residentes. Na ILPI 2 esta relação é de quase 50% inferior -
6,31m² de área útil de quarto por residente - para um total de 174 idosos residentes.
Gráfico 06: Áreas úteis de construção, segundo áreas funcionais da ILPI 1 e ILPI 2.
Acessibilidade
A acessibilidade física espacial na ILPI 1 é adequada e atende aos requisitos legais
relativamente a revestimentos, guarda-corpo, corrimãos e inclinações. Entretanto, não
contempla o sentido do giro de abertura das portas ao exterior do ambiente do
banheiro, bem como apresenta não conformidade relativa ao posicionamento e altura
das barras de apoio nos sanitários.
Também consiste em fator preocupante a existência de unidades individuais na
instituição portuguesa com banheira conjugada com chuveiro para asseio dos idosos,
cuja altura apresenta não conformidade com a legislação. Outra não conformidade
evidenciada é a altura da bacia sanitária (0,40m) inferior ao s 0,45m estabelecido no DL
163/2006.
1.185,51
1.172,70
1.949,64
1.205,64
1.607,74
0
1.888,26
2.347,25
1.098,87
1.482,87
127,22
481,15
0,00 500,00 1.000,00 1.500,00 2.000,00 2.500,00
ADMINISTRATIVA|SERVIÇOS
LAZER|COMUM
QUARTO
CIRCULAÇÃO
FISIOTERAPIA
OUTROS
ÁREAS ÚTEIS DE CONSTRUÇÃO DE ACORDO COM ÁREAS FUNCIONAIS DA ILPI 1 e ILPI 2 (m²)
ILPI 2 ILPI 1
182
A presença do bidê no ambiente do banheiro diminui a área livre para a movimentação
do usuário portador de cadeira de rodas, sendo permitido, na maioria das unidades
apenas o giro mínimo de 90º da cadeira de rodas, contrariando a necessidade de giro de
360º prescrito em legislação.
As circulações da ILPI 1 são largas e têm dimensionamento compatível com o
estabelecido pelo DL 163/2006, dotadas de corrimão a 0,85m de altura do piso.
A acessibilidade física na ILPI 2 apresenta irregularidades em passeios sinuosos e
rampas de ligação entre blocos, com revestimento de piso irregular e inclinação acima
de 8%. Os caminhos são extensos e não apresentam bancos para descanso ao longo do
percurso, assim como não existem guias de balizamento nem proteção nas calçadas
inclinadas.
Outro aspecto de relevância é a ausência de coberta nas rampas que interligam os
dormitórios e os Blocos de lazer e refeitório.
Também a ausência de corrimão nas circulações dos dormitórios, e calçadas de entorno
das edificações consiste em outra não conformidade que compromete a segurança dos
idosos, elevando o risco acidentário. No caso das calçadas de entorno o problema é
mais grave por encontrar desnível de piso de 0,30m de altura para a calha de drenagem
de águas pluviais e não existir elemento de proteção algum.
Os banheiros coletivos da ILPI brasileira localizados nos dormitórios são acessíveis
fisicamente quanto ao acesso e à movimentação tanto em circulações quanto em
cabines individuais com bacias sanitárias ou chuveiros. Observa-se a ausência de barras
de apoio nos lavatórios dos banheiros coletivos, assim como área sub-dimensionada de
espelho (em alguns banheiros apresentando-se como inexistente).
Com relação às portas da edificação da ILPI 2, de modo geral atendem às
especificações de vão mínimo maior ou igual a 0,80m. Entretanto, relativamente ao
revestimento registra-se que nos banheiros as portas são em madeira, sendo
inapropriado para os chuveiros.
Conforto ambiental
A ILPI 1 é bastante clara, chegando por vezes a imprimir sensação de incômodo por
excesso de luminosidade natural, a exemplo do Hall de entrada onde se encontra uma
183
clarabóia na cobertura. As janelas são bem dimensionadas, com peitoril baixo nos
quartos, conferindo uma sensação agradável de contato com o exterior.
Das medições efetuadas para averiguação do conforto ambiental, apenas 4 (quatro)
apresentaram-se dentro dos parâmetros determinados pelo DN 12/98. Desses
resultados apenas 4 (quatro) medições se mostraram de acordo com o exigido - a
circulação do 1º pavimento, e os demais ambientes no 2º pavimento, sendo dois deles
no ambiente da cozinha e um em dormitório. Todas as medições do 3º pavimento
foram registradas acima do limite máximo estabelecido, à exceção de uma aferição no
banheiro privado que demonstrou luminosidade abaixo do determinado por lei.
A ILPI 2 apresenta resultados semelhantes quanto a não adequação da legislação. Do
total de 35 (trinta e cinco) pontos de medição, apenas cinco se encontram de acordo
com os índices estabelecidos. Dois deles - no Bloco H, mais precisamente no ambiente
Prainha, nas áreas de refeitório e de sala de TV- apresentaram valores muito acima da
faixa de referência, chegando o índice aferido a registrar de 2 a 4 vezes mais que o
máximo preconizado. Os ambientes com conforto lumínico adequado são os ambientes
de Lazer dos idosos independentes, o Recanto Feliz – outra área de lazer, os banheiros
coletivos masculino e o acesso a um desses banheiros.
Ambiente de grande relevância por envolver atividades com riscos acidentários, a
cozinha da instituição brasileira revelou medições bem abaixo do limite mínimo
estabelecido pela norma. A iluminação natural desse espaço, apesar das aberturas bem
dimensionadas, encontra-se bloqueada por uma coberta adicional no exterior,
provocando uma deficiência de iluminância interna.
No tocante ao conforto acústico as duas instituições apresentaram não conformidades
com as respectivas legislações. Na ILPI 1 o maior índice mensurado foi de 86,4 dB no
ambiente da cozinha no decurso das atividades. Já na ILPI 2 o índice desse mesmo
ambiente apresentou-se de acordo com a legislação, entretanto, no momento da
aferição o espaço físico não se encontrava em atividades.
O refeitório é um ambiente com grande concentração de idosos, onde o equipamento
de televisão contribui para o não cumprimento da normatização relaciona a ruídos. Na
ILPI 1, assim como na ILPI 2, os índices apresentaram-se acima do preconizado,
chegando a registrar 68,8 dB e 62 dB nas instituições, respectivamente.
184
Mobiliário
O mobiliário das instituições de modo geral apresenta bom estado de conservação,
entretanto, requer adequações para atender às necessidades dos usuários idosos em sua
diversidade antropométrica.
A ILPI 1 apresenta mobiliário diferenciado no refeitório voltado aos idosos dependentes,
e portadores de cadeiras de rodas. As mesas apresentam altura pouco maior que as
mesas ditas convencionais, permitindo assim uma melhor aproximação da cadeira de
rodas.
Já na ILPI 2, o cenário não se apresenta na mesma condição, onde as mesas do
refeitório dos idosos independentes e dos dependentes são semelhantes – todas com
altura acima do padrão convencional. O refeitório dos idosos independentes evidencia
mesas providas de bancos sem encostos nem braços e de algumas cadeiras sem
padronização. A mesa não permite uso adequado e ergonômico pelos usuários que
necessitam elevar os ombros e cotovelos, gerando postura indevida, quando da
atividade de alimentação, além de apresentar comprometimento da zona de alcance
horizontal.
Nos quartos o mobiliário da ILPI 1 é diversificado, podendo o idoso, quando do ingresso
na instituição trazer sua mobília, se assim desejar. Já na ILPI 2, o mobiliário é
padronizado e não há permissão de móveis particulares, portanto não havendo
personificação do espaço físico. Na ILPI 1 é comum encontrar objetos de uso pessoal
em cima das mesas de cabeceira, criando uma identidade residencial própria. Na ILPI 2
não foram identificados objetos de uso pessoal nos quartos.
Os ambientes bem dimensionados nas duas instituições estudadas permitem arranjo
físico preservando a segurança dos usuários, não interferindo na movimentação dos
idosos e nem dos funcionários.
Caracterização técnica-espacial
A instituição portuguesa assume uma característica de consistente organização
percebida em todos os ambientes da casa de idosos e traduzida, por vezes, em
ambientes formais. Esse formalismo encontra atenuantes em revestimentos que
conferem aos ambientes um caráter mais acolhedor, como por exemplo, no refeitório
central com a presença do elemento madeira e detalhes em cores mais vibrantes. O
ambiente de sala de estar e televisão se apresenta como ambiente único dividido em
185
células menores definidas por mobiliário, propiciando atmosfera intimista e de convívio
social.
A edificação portuguesa possui várias circulações interligando as diversas alas de
quartos, todas largas e providas de corrimão em ambos os lados, porém, não
apresentam diferenciação por revestimentos que permitam a identificação das alas. A
primeira vista tem-se a sensação de desorientação espacial, embora as circulações
contenham áreas de transição que amenizam essa impressão.
Apesar da concepção arquitetônica densa e introspectiva da ILPI 1, provavelmente
norteada pelo clima, os ambientes de refeições, convívio e atividades dispõem de
grandes aberturas para o exterior promovendo uma integração harmoniosa do usuário
com o ambiente externo. Observa-se que o zoneamento, organização e conservação
predial na instituição portuguesa concorrem para sensação agradável, acolhedora e
segura da instituição de Portugal.
A ILPI 2 caracteriza-se pela estrutura pavilhonar composta de edificações isoladas
interligadas por circulações cobertas, gerando pátios agradáveis entre os blocos.
Contudo, esta disposição não favorece, de modo geral, à interação dos idosos que têm
longas distâncias a percorrer de um bloco a outro, provocando sua permanência na
circulação externa dos pavilhões ou no máximo no bloco de recreação.
Foi constatado que o afastamento das edificações constituintes da ILPI 2 exerce
influências no comportamento dos idosos, como acontece, segundo a diretoria, com o
fato de haver desânimo em comparecer às seções de fisioterapia, devido à distante
localização do serviço.
Observa-se que apesar dos parcos recursos financeiros para manutenção institucional, o
complexo da ILPI brasileira encontra-se em razoável estado de conservação. A
instituição tem como elemento positivo a grande área com arborização exuberante que
transmite uma sensação de liberdade e paz.
Destaca-se ainda na ILPI 2, a precária acessibilidade espacial das calçadas do bloco
administrativo - acesso principal à instituição - e do bloco de fisioterapia às demais
construções. Os passeios são estreitos, com piso irregular, inclinação inadequada à
deambulação dos idosos e com ausência de barras para apoio, além de não existirem
bancos para descanso ao longo do percurso.
186
Os dormitórios da instituição brasileira apresentam relativa privacidade com a
compartimentação dos quartos isolados por paredes divisórias em gesso, entretanto,
não dispõem de interação com o exterior através das aberturas existentes, reforçando a
sensação de segregação. A ausência de banheiros privativos, além de não propiciar
privacidade ao idoso concorre para riscos acidentários com eventos de quedas ou
escorregões, principalmente à noite.
Como um todo, a instituição ILPI 2 se mostra silenciosa e tranqüila, apesar de nos
blocos com concentração de idosos – dormitórios, áreas de recreação e refeitório -
apresentar alto nível de ruído.
Segurança
O acesso à ILPI 1 é único e com vigilância, para residentes, funcionários e visitantes.
Esses últimos só adentram a instituição acompanhados de cuidadoras, ou sozinhos, após
identificação e autorização por parte da diretoria, para aqueles que fazem visitas
diárias aos residentes.
Relativamente ao ambiente construído, a ILPI 1 é dotada de corrimãos nas circulações,
rampas e escadas com piso antiderrapante, e nos quartos em piso em manta vinílica.
Os banheiros apresentam barras de apoio, contudo, são necessárias adequações para
promoção da acessibilidade propiciando segurança e conforto do usuário, evitando
situações de riscos acidentários, assim como para permitir o uso espacial por idoso
portador de cadeira de rodas ou qualquer outro equipamento de auto-ajuda.
Toda a edificação portuguesa é dotada de unidades extintoras, sistema de sprinklers e
sistema de detecção e alarme de incêndio, com central de alarme localizada no Hall de
entrada da instituição. Visualiza-se também sinalização de rota de fuga e de saídas de
emergência nos diversos pavimentos.
A iluminação natural nos ambientes da ILPI 1 é adequada, à exceção de algumas
circulações que necessita de complementação de iluminação artificial para garantir a
segurança contra riscos acidentários de idosos e de funcionários.
O controle de acesso à ILPI 2 é eficiente, com bloqueio ao portão de entrada para
identificação, sendo direcionado à secretaria para encaminhamento posterior. A área
carece de intervenções quanto à execução de muro divisório nas laterais e parte
posterior do terreno, para garantir a vigilância e segurança contra invasões constantes
de indivíduos residentes em favelas próximas.
187
As calçadas, rampas e passeios da ILPI 2 necessitam de adequações relativamente à
acessibilidade, tanto para idosos como para funcionários e visitantes, quanto à
inclinação favorável, revestimento de piso, e guarnição de corrimãos. Algumas
calçadas, como a da entrada não possuem rebaixo de meio-fio para acesso ao bloco
administrativo, além de ter largura inferior a 1,00 metro.
Os guarda-corpos existentes na instituição brasileira apresentam alturas menores que
as estipuladas em legislação, assim como também as circulações nos dormitórios
evidenciam ausência de corrimãos, comprometendo a segurança dos idosos.
As calçadas de entorno das edificações apresentam desníveis de piso – algumas atingem
0,30m de altura- para calha de drenagem de águas pluviais, desprovidas de qualquer
proteção contra quedas das pessoas.
Não foi identificado nenhum dispositivo de prevenção e controle contra incêndios na
instituição.
Percepção do usuário
As duas instituições pertencem a diferentes intervalos temporais e têm propostas
arquitetônicas distintas – uma tem composição compacta e é mais voltada para o
interior, enquanto que a outra, de morfologia pavilhonar, tem maior integração com o
exterior.
A maioria dos residentes entrevistados da ILPI 1 prefere permanecer em seus quartos
que têm o ambiente como local preferido. A unidade individual demonstra ser
satisfatória para os idosos usuários, que apenas apresentam uma necessidade de
melhoria no tocante ao mobiliário.
Na totalidade dos idosos respondentes da pesquisa sobre percepção ambiental na ILPI 2
as áreas de convívio são as de maior permanência e preferência, embora a maioria
esteja satisfeita com a unidade individual, mesmo havendo, assim como na ILPI 1,
restrições relacionadas ao mobiliário.
É possível que o alto nível de satisfação com a unidade individual (quarto) se deva à
reforma executada nos dormitórios, antes um grande vão onde os leitos residiam lado a
lado, sem qualquer privacidade nem territorialidade.
188
Apesar de culturas diversas dos usuários das ILPIs, os idosos, de um modo geral,
demonstram satisfação com os ambientes em geral das instituições.
Com o propósito de eliminar ou mitigar os problemas relacionados ao ambiente e
identificados no diagnóstico ergonômico, são lançadas algumas recomendações para
pontos críticos observados durante as avaliações dos ambientes construídos das ILPIs.
No Quadro 08 a seguir, serão descritas ações, sabendo-se que nem sempre se faz
possível a implementação integral dessas proposições:
Quadro 08: ILPI 1 | ILPI 2 - Recomendações ergonômicas para as ILPI 1 e ILPI 2.
ASPECTOS ORGANIZACIONAIS
ILPI 2 - A instituição deve apresentar um número de funcionários de acordo com a legislação, de modo a afiançar o atendimento integral ao idoso em suas necessidades. - Ofertar fardamento e equipamento de segurança individual aos funcionários, permitindo, assim, a rápida identificação e garantindo segurança também ao idoso. - Apresentar prescrição das atividades funcionais e seu atendimento Instituir capacitação e avaliação funcional periódicas para a garantia da qualidade dos serviços ofertados, repercutindo na saúde e satisfação dos idosos.
INFRAESTRUTURA
ILPI 1 – Implantação de refeitório e de área de convivência para funcionários.
ILPI 2 – Registra-se o posicionamento não eqüidistante do posto de enfermagem, sendo aconselhável a implantação de outra unidade de atendimento; - Executar aberturas e colocar janelas de modo a criar interação com o meio externo; - Implantação de instalações de banheiros, vestiários e refeitório para funcionários.
ACESSIBILIDADE
ILPI 1 – Readequação do ambiente de banheiros com inversão de sentido de giro de abertura de porta e substituição de bidê por ducha higiênica; - Substituição de banheira por boxe com chuveiro; - Adequação de altura de bacia sanitária com base elevada ou assento específico; - Adequação de altura de barras de apoio; - Relocação e/ou substituição de armário superior.
189
ILPI 2 – Executar passeios com largura útil mínima de 1,20m dotada de guia de balizamento, inclinação máxima de 6% e guarda-corpo em áreas acidentadas; - Colocação de bancos de jardim ao longo dos passeios para descanso; - Guarnecer as circulações externas de guarda-corpo, na face externa, e de corrimão na parede, ambas em duas alturas acima do piso (0,92 e 0,70m); - Colocar corrimãos nas circulações internas dos quartos; - Colocar nos banheiros espelho e barras de apoio junto aos lavatórios; - Substituir as portas em madeira dos boxes com bacia sanitária e chuveiro.
CONFORTO AMBIENTAL
ILPI 1 - Compensar baixo índice de iluminância de circulações do 1º pavimento com iluminação artificial permanente.
ILPI 2 – Remanejar coberta informal contígua à cozinha para proporcionar maior luminosidade no interior do ambiente; - Colocação de forro nos ambientes de modo a diminuir o volume dos espaços para melhoria do conforto acústico.
MOBILIÁRIO
ILPI 1 – Substituição de cadeiras do Hall de entrada por mobiliário com altura maior.
ILPI 2 – Fornecimento de mesas com altura adequada aos portadores de cadeira de rodas, e substituição de bancos por cadeiras para os refeitórios. - Fornecimento de cadeiras com altura compatível para idosos para as salas de televisão.
CARACTERIZAÇÃO TÉCNICA-ESPACIAL
ILPI 2 - Relocação do serviço de Fisioterapia mais próximo dos dormitórios e área de lazer dos idosos, propiciando uma assiduidade maior de presença.
SEGURANÇA
ILPI 2 – Implantação de sistema de proteção contra incêndio; - Implantação do sistema de detecção e alarme de incêndio.
190
5. Análise e discussão dos resultados da pesquisa
Este capítulo tem como objetivo analisar e discutir os resultados encontrados, a partir
da utilização da metodologia ergonômica do ambiente construído – MEAC, apropriando-
se da fundamentação teórica anteriormente exposta para estabelecer relações com os
achados, nas discussões e argumentações que se seguem.
Partindo de dados coletados pela pesquisa de campo, os itens discorridos a seguir
pretendem elencar os aspectos relevantes em ambientes físicos das instituições
analisadas através de informações e descobertas. Após, serão comparados com
resultados de outros pesquisadores, procurando, assim, identificar de que maneira a
experiência portuguesa pode contribuir positivamente para a melhoria em ambientes
de ILPIs brasileiras.
Considerando-se os objetos de estudo – ILPIs - com características semelhantes quanto
à natureza de manutenção financeira e capacidade máxima de ocupação, observou-se
que a normatização portuguesa é mais abrangente e criteriosa que a brasileira, em
aspectos organizacionais, de recursos humanos e de critérios dimensionais.
A pesquisa em questão estabeleceu como elemento norteador a proposição de
recomendações de melhorias em ambientes físicos de ILPIs no Recife, a partir de
análise ergonômica em ambientes físicos institucionais de origem portuguesa, levando
em consideração a larga experiência européia no trato com a população idosa,
largamente presente naquele continente. Para tal, foram considerados aspectos
relativos à adequabilidade espacial dos ambientes, conforto e segurança, à luz das
legislações do Brasil e de Portugal, assim como de princípios da gerontologia a fim de
propiciar melhoria no bem-estar e qualidade de vida dos idosos.
Os estudos da Ergonomia do Ambiente Construído aplicados às instituições para idosos
subsidiaram o processo investigatório, que também buscou-se contribuição da
gerontologia ambiental para ambientes dessa natureza. Foram observadas também, as
condições de habitabilidade e de trabalho nas ILPIs analisadas.
A seguir, são comentados os principais aspectos da configuração dos espaços, que
interferem na qualidade de vida dos residentes das duas instituições.
A percepção ambiental que o idoso tem do espaço por ele vivenciado é de grande
relevância na avaliação ergonômica do ambiente construído, justificada pela interação
191
do sistema humano-ambiente, no atendimento às necessidades formais e funcionais dos
usuários (BINS-ELY, 2003; VILLAROUCO, 2008).
Contudo, constatou-se a dificuldade em obter resultados consistentes relativos à
percepção ambiental nas ILPIs, devido ao déficit cognitivo oriundos do processo de
senescência e/ou de senilidade apresentado pelos idosos, restringindo, deste modo, o
uso de ferramentas da psicologia ambiental.
De acordo com Van Hoof & al.(2010) e Perracini (2006), a iluminação dos ambientes
para idosos torna-se de fundamental importância para a qualidade de vida, na medida
que o processo de envelhecimento afeta negativamente o sentido da visão,
favorecendo a incidentes e acidentes que comprometem a segurança do usuário.
Em outra direção, percebe-se que a influência da presença da incidência solar nos
processos fisiológicos e psicológicos é mais observada em países de clima temperado e
frio, onde os estados depressivos na estação do inverno estão mais associados.
Acredita-se que por este motivo a legislação portuguesa para funcionamento de ILPIs é
mais enfática em estabelecer os parâmetros mínimos de iluminância para ILPIs,
preservando dessa maneira a integridade do idoso.
Assim, nas ILPI 1 e ILPI 2, através de aplicação de questionário com indagações sobre a
satisfação do usuário idoso relativa à qualidade dos ambientes gerais das instituições,
foi identificado o conforto lumínico como sendo o aspecto que mais agrada às pessoas
da terceira idade. Contudo, a inadequação da iluminação nos ambientes das
instituições se assemelha aos achados de Leite (2010), e confirmados pelos resultados
encontrados nas aferições realizadas em campo. Registra-se, entretanto, que as
inadequações não se restringiram ao baixo índice de iluminância, mas também ao nível
elevado, afetando igualmente a adequabilidade do ambiente ao seu usuário pela
incidência de reflexos, que em idosos tem repercussões maiores pela sensibilidade à luz
por eles vivenciada.
Tão importante quanto o conforto lumínico é o conforto acústico, que entre outras
situações pode ocasionar o isolamento do idoso devido à redução da inteligibilidade da
fala provocada pelo processo gradual de envelhecimento.
A instituição ILPI 1 apresenta-se como silenciosa no hall de entrada e em circulações
de um modo geral. A sensação ao adentrar os ambientes é de não estar em um espaço
voltado para idosos, face o baixo nível de ruídos existente. Entretanto, no interior dos
192
ambientes os registros dos níveis de ruídos encontrados na ILPI 1 evidenciaram a não
adequação aos limites estabelecidos para o conforto acústico em espaços com
concentração de idosos. Destacam-se nessa situação os espaços de refeitórios, em
decorrência de conversas paralelas e da presença de equipamento de televisão, o que
torna evidente uma adequação do conforto acústico através de projeto que venha a
minorar ou eliminar os efeitos indesejáveis. Relativamente aos quartos, em função da
localização do ambiente que tem aberturas voltadas para o pátio externo, o índice
máximo de ruído aferido apresentou variações estabelecendo uma não adequação ao
conforto acústico.
Resultados semelhantes relativos ao conforto acústico registrado na instituição
portuguesa, também foram evidenciados na instituição brasileira, apesar da ILPI 2
apresentar uma concepção arquitetônica diferente daquela da ILPI 1. Observa-se que o
zoneamento dos espaços contribui sobremaneira para a não adequação aos níveis de
conforto ambiental. Situação esta percebida pela localização contígua de ambientes
de permanência com naturezas diferenciadas, como é o caso dos quartos do gênero
masculino voltados para área de refeições e lazer.
Relativamente ao ambiente do quarto, independentemente da configuração espacial
das ILPIs –unidade privada com banheiro (ILPI 1) ou quarto servido com banheiro
coletivo (ILPI 2)- foi constatada a satisfação relacionada ao conforto térmico e
lumínico, tamanho e cores dos revestimentos. Entretanto, os idosos da ILPI 2
demonstraram desejo da existência de mobília particular em suas unidades,
corroborando a necessidade de demarcar e personalizar seu território em busca de sua
identidade.
Concorde com Altas & Ozsoy (1997) que define a satisfação como critério de qualidade
ambiental, e diferentemente dos achados de Imamoglu & Kiliç (1999), as ILPIs
analisadas apresentaram um bom nível de satisfação dos idosos para com as instituições
que os acolhem, inclusive da qualidade dos serviços ofertados, apesar de pertencerem
a culturas distintas.
A aplicação da MEAC em suas diversas fases proporcionou uma visualização macro de
características organizacionais, físico-ambientais e perceptivas dos espaços que
compõem as instituições analisadas. Essa avaliação trouxe à luz a organização da
estrutura portuguesa em aspectos funcionais e de recursos humanos, sobressaindo-se à
situação existente na ILPI 2, no tocante à adequação das legislações pertinentes ao
funcionamento de longa permanência para idosos nos dois países.
193
Assim, o Quadro 07 abaixo, traz uma síntese dos aspectos analisados, quanto ao
atendimento total (representado por OK), parcial (realçado com a cor laranja) ou não
atendimento (realçado pela cor vermelha) às exigências determinadas nas legislações.
Quadro 09: ILPI 1 | ILPI 2 - Atendimento às legislações de funcionamento de instituições para idosos.
INSTITUIÇÃO ILPI 1 ILPI 2
LEGISLAÇÃO DN 12/98 DL 163/06 RDC nº283 NBR 9050 LEI 165/80
ASPECTOS ORGANIZACIONAIS OK - PARCIAL - -
ASPECTOS FUCIONAIS
Acesso externo OK OK PARCIAL - -
Administrativo OK - OK - -
Apoio individual e sócio-familiar OK - -
Espaço ecumênico - - OK - -
Rampas - OK PARCIAL PARCIAL
Circulação - OK PARCIAL PARCIAL PARCIAL
Corrimão | barra de apoio - PARCIAL PARCIAL PARCIAL -
Guarda-corpo -
Portas PARCIAL PARCIAL PARCIAL PARCIAL -
Peitoril janela - - OK - -
Dormitório OK - PARCIAL - -
WC dormitório PARCIAL -
Lavatório - OK - -
Bacia sanitária - - PARCIAL -
Chuveiro - PARCIAL - PARCIAL -
Banheira - - - -
Chamada de emergência - - PARCIAL -
WC coletivos OK PARCIAL OK PARCIAL -
Sala de atividades PARCIAL - PARCIAL - -
Refeitório OK - OK - -
Cozinha OK - OK - -
Lavanderia OK - OK - -
Almoxarifado OK - OK - -
WC funcionários OK OK
Vestiário funcionários OK - -
Consultório OK - OK - -
Mobiliário PARCIAL - - - -
Revestimentos OK OK OK OK -
Instalações elétricas OK - OK - -
Sinalização OK - - - -
Instalações telefônicas OK - PARCIAL - -
Detecção contra incêndio OK - -
Instalações mecânicas OK - - - -
Dimensionamento para adequação OK - - - -
Fonte: a autora.
Em análise às legislações, de acordo com os aspectos organizacionais observou-se que a
legislação portuguesa DN 12/98 é mais criteriosa em definições de procedimentos e
atribuições, que a legislação brasileira RDC 283/05, além de abordar critérios para
194
adaptações de edifícios em funcionamento. É exigida a afixação de documentos como
alvará de funcionamento, regulamento interno, cardápio e tabela de preços com
valores mínimos e máximos praticados, em local visível ao público. Contudo, não foi
observada a presença do tarifário em local público na ILPI 1.
Ainda sobre os aspectos organizacionais, registrou-se que a ILPI 1 tem quadro funcional
total mais denso (140 funcionários) que a ILPI 2 (62 funcionários), para atender às
necessidades dos idosos residentes na instituição portuguesa (157 idosos) e na brasileira
(120 idosos), respectivamente, apesar das instituições assemelharem-se em aspecto de
área total construída. O fato de as funcionárias com função de cuidadoras acumularem
a função de limpeza geral dos ambientes na ILPI 2 exacerba ainda mais o cenário
deficitário da quantidade de empregados para o desempenho das atividades na
instituição.
Segundo o quadro de funcionários, a relação cuidador/idoso é maior em instituições
portuguesas que nas brasileiras, assegurando, assim, uma melhor qualidade na oferta
dos serviços aos idosos. Entretanto, essa condição não interfere no resultado final da
relação idoso/cuidador na instituição brasileira comparando-a com a instituição
portuguesa. Na ILPI 2, a relação obtida através do número total de idosos dependentes
(35-trinta e cinco) pelo número de funcionários cuidador (22-vinte e dois) aponta como
resultado 1,59 idosos/cuidador, sendo na prática 2 (dois) idosos por funcionário
cuidador. Já na ILPI 1 o número de idosos dependentes é maior (131-cento e trinta e
um), contudo o número de funcionários cuidador também o seja (65-sessenta e cinco),
que remete à relação de 2,01 idosos/cuidador.
Relativamente aos aspectos funcionais, os itens sujeitos à legislação DN 12/98 para a
ILPI 1 têm atendimento total, à exceção do item portas (não apresenta sentido de
abertura para o exterior do ambiente), Banheiro dormitório (não acessibilidade total e
ausência de bancos articulados nos boxes do chuveiro), sala de atividades (pouca oferta
de banheiros) e mobiliário (não atendimento de distâncias entre cama e parede), com
atendimento parcial.
Para os itens sobre observância do DL 163/06, apenas os itens barra de apoio do
banheiro (locação indevida), portas (não apresenta sentido de abertura para o exterior
do ambiente), boxes com chuveiros (ausência de bancos articulados) e banheiros
coletivos de apoio à sala de atividades (nº de bacias) apresentam atendimento parcial,
enquanto que os itens bacia sanitária e banheira (altura baixa) e dispositivo de
chamada de emergência (ausência) não atendem às exigências da legislação.
195
Segundo a legislação brasileira RDC nº283/05, a ILPI 2 atende parcialmente o item
concernente a aspectos organizacionais devido ao número de funcionários disponíveis
na instituição. Relativamente aos aspectos funcionais, os itens acesso externo (acesso
único), rampas (largura), circulação (corrimão), corrimão (altura), portas (puxador
horizontal), dormitório (banheiro privado), sala de atividades (capacidade máxima) e
instalações telefônicas (pontos reduzidos) apresentam atendimento parcial ao exigido
pela norma.
Entretanto, os itens guarda-corpo (altura), WC (banheiro) dormitório (área de manobra,
distância eixo bacia-face barra de apoio, altura descarga), WC (banheiro) funcionários
(ausência), vestiários (ausência) e sistema de detecção contra incêndio (ausência) não
atendem às determinações da lei.
De acordo com a legislação ABNT|NBR 9050/2004, oito itens atendem parcialmente às
exigências: rampas, circulação, corrimão, portas, bacia sanitária, chuveiro, dispositivo
de chamada de emergência e WC coletivos. Contudo, os itens guarda-corpo, lavatório
e WC (banheiro) funcionários não atendem ao especificado.
A ILPI 2 está sujeita ainda à legislação municipal LEI 165/80, que apresentou
atendimento parcial quanto ao item circulação, e não atendimento aos itens WC
(banheiro) e vestiários de funcionários e sistema de detecção contra incêndio.
Com relação à estrutura orgânica, o DN 12/98 estabelece nove áreas funcionais, as
quais nesta dissertação foram agrupadas em apenas cinco na ILPI 1 (área administrativa
e de serviço, área comum e de lazer, área de quartos, circulação e fisioterapia). Para
a ILPI 2 foram atribuídas seis classificações, por apresentar a mais uma área sem
referência específica na legislação portuguesa, que é a casa das religiosas, denominada
por outros na tabela a seguir. Ressalva-se que essa sistemática de áreas funcionais
favorece ao planejamento das edificações apresentando dimensionamentos de
ambientes como elemento norteador.
A Tabela 13 abaixo, apresenta a capacidade total de residentes e a distribuição das
áreas funcionais com seus respectivos percentuais correspondentes à área útil total de
construção, em cada uma das instituições analisadas.
196
Tabela 13: Distribuição de áreas funcionais nas ILPIs.
ILPI 1 ILPI 2
CAPACIDADE TOTAL DE RESIDENTES 175 174
ÁREAS FUNCIONAIS (m²) %
%
ADMINISTRATIVA | SERVIÇOS 1.185,51 16,65 1.888,26 25,43
LAZER |COMUM 1.172,70 16,47 2.347,25 31,61
QUARTO 1.949,64 27,38 1.098,87 14,80
CIRCULAÇÃO 1.205,64 16,92 1.482,87 19,97
FISIOTERAPIA 1.607,74 22,58 127,22 1,71
OUTROS - 481,15 6,48
TOTAL ÁREA ÚTIL DE CONSTRUÇÃO (m²) 7.121,23 100,00 7.425,62 100,00
Fonte: A autora
As instituições ILPI 1 e ILPI 2 apresentam semelhança em capacidade total de
residentes e em ordem de grandeza de áreas úteis totais de construção, contudo,
apontam divergências em distribuição de área física específica, sendo os maiores
valores ressaltados na Tabela 13 pela cor verde.
Em análise aos dados verifica-se que na ILPI 1 as áreas funcionais destinadas aos
quartos e à fisioterapia se destacam. Em contra partida, na ILPI 2 sobressaem-se as
áreas administrativas e comum e de lazer.
A diferença relativa à área destinada aos quartos na ILPI 1 apresenta-se como sendo
quase duas vezes maior que a da ILPI 2, possivelmente justificada pela configuração
espacial do ambiente da unidade privada, com a presença de hall de entrada com área
para guarda-roupas e de banheiros individuais. A clínica de Fisioterapia na ILPI 1
assume postura de prestação de serviços também à comunidade externa, respondendo
por mais de 20% da área útil total da instituição.
Observa-se na instituição brasileira que a localização do serviço de reabilitação não é
favorável por situar-se muito longe dos dormitórios e áreas comuns, obrigando os
residentes a percorrer longas distâncias.
Contudo, a área administrativa e de serviços da ILPI 2 possui representatividade maior
que na ILPI 1, devido a concepção arquitetônica com estrutura pavilhonar, que ocasiona
a duplicidade de oferta de área física de serviços. Acredita-se que a área funcional
comum e de lazer na ILPI brasileira apresente-se em maior proporção que aquela da
ILPI portuguesa, devido ao partido arquitetônico adotado. Além disso, há que
ressaltar-se que essa diferença seja reflexo da filosofia adotada pela instituição
brasileira, privilegiando a congregação e interação dos idosos.
197
A ILPI 1 apresenta dois acessos distintos – um comum aos idosos, visitantes e pessoal
técnico, e outro de serviço para abastecimento, pessoal e recolhimento de lixo,
enquanto que na ILPI 2 só foi observado acesso único, não atendendo ao especificado
na RDC 283/05, que prevê acesso principal e de serviço.
A área administrativa, inclusive com sala de reunião, em ambas as instituições são bem
dimensionadas e estão de acordo com as normas. Todavia, na ILPI 2, os ambientes
apresentam sensação térmica desconfortável, provavelmente devido ao
dimensionamento das aberturas existentes. Concorre para esse desconforto a altura do
peitoril das janelas localizado a 1,95m do piso, apresentando janelas do tipo báscula.
As salas apresentam também pé direito muito alto, acima de 4,00m de altura, reflexo
do partido arquitetônico pavilhonar, acarretando desconforto ambiental acústico e
iluminação deficitária.
Todos os ambientes das ILPIs analisadas estão em consonância com os
dimensionamentos determinados nas legislações para funcionamento de ILPIs
portuguesas e brasileiras (DN 12/98 e na RDC 283/05, respectivamente), não havendo
desenvolvimento de múltiplas funções. Contudo, a instituição brasileira apresenta
discordância à legislação no tocante à exigência de instalações próprias para
funcionários.
Relativamente aos dormitórios, as instituições apresentam suas unidades com
dimensionamento favorável ao estabelecido e separadas por gênero, embora a ILPI 1
não determine ala específica pra cada um dos gêneros, como ocorre na ILPI 2.
Quanto à presença de banheiro privativo ao quarto, apenas a ILPI 1 tem essa
configuração espacial, dispondo a ILPI 2 de banheiros coletivos, distribuídos em cada
um dos pavilhões de quartos – masculino e feminino.
Ressalta-se a reforma ocorrida nos pavilhões da ILPI 2 transformando espaço único com
camas distribuídas lado a lado, em células para dois, três ou quatro camas separadas
por divisórias em gesso a meia altura (1,90m), visando uma privacidade melhor aos
idosos. Todas as unidades permitem livre acesso, e permitem arranjo físico de camas
contemplando às exigências da RDC 283/05.
Apesar da edificação da ILPI 1 possuir três pavimentos só existe uma única sala para
atividades no corpo do edifício, localizada à frente da sala de visitas e televisão, no 2º
pavimento, nível do piso de acesso à edificação. Para outras atividades de lazer, os
198
idosos dispõem na ILPI 1 ainda de sala para jogos e biblioteca. A estrutura conta
também com uma capela para assistência espiritual e área de jardim interno.
Não muito diferente, a ILPI 2 dispõe dos mesmos espaços, contudo a instituição
brasileira apresenta como diferencial grandes áreas verdes, embora com manutenção
precária, estimulando, como afirma Barnes (2002), os sentidos sensoriais e o bem-estar
dos idosos.
A infraestrutura física da ILPI 2 dispõe ainda de sala de apoio individual e sócio-
familiar, entretanto sua localização não é favorável por obrigar o idoso a percorrer
longas distâncias para atingi-la, uma vez que localiza-se no Bloco médico e de serviços,
à entrada da instituição.
Os banheiros em ambas as instituições encontram-se em consonância com as legislações
de acessibilidade portuguesa (DL 163/06) e brasileira (ABNT|NBR 9050).
O mobiliário do refeitório destinado aos idosos dependentes na ILPI 1 têm altura
diferenciada de mesa para acomodar o usuário de cadeira de rodas. Diferentemente da
situação identificada na ILPI 2 em que o mobiliário existente não atende às
necessidades de seus usuários, as mesas têm altura acima do prescrito, assim como
apresentam banco único para cada unidade de mesa.
Os ambientes destinados para o uso de refeitório na ILPI 1 dispõem de mesas e cadeiras
individuais, e para idosos dependentes mesas com altura adaptada para usuário
portador de cadeira de rodas. Em situação diferente encontra-se o mobiliário existente
na ILPI 2, que não atende às necessidades de seus usuários, face à altura da mesa
situar-se acima do prescrito, bem por apresentar banco único e sem encosto para cada
unidade de mesa.
A ILPI 2 tem três rampas – uma interna e duas externas. A rampa interna apresenta
largura e revestimento compatíveis com a norma, bem como dispõe de corrimão em
ambos os lados e fixados a altura de 0,85m do piso. Entretanto, uma das rampas
externas apresenta irregularidades concernentes à largura útil (menor que 1,20m),
revestimento de piso e altura de guarda-corpo e corrimão (0,80m). A ILPI 1 dispõe de
uma única rampa – acesso principal à edificação, que encontra-se em conformidade
com a legislação.
199
Não há recomendações no DN 12/98, assim como no DL 163/06, sobre aspectos
relativos a circulações para a ILPI 1, entretanto, nenhuma delas tem largura inferior a
1,50m. Registra-se a presença de corrimão em circulações, embora não sejam todas,
tão pouco em ambos os lados. Na ILPI 2 a situação se apresenta favorável a riscos
acidentários, visto que as circulações não dispõem de corrimãos, e os poucos existentes
não oferecem segurança por apresentarem altura (0,80m) abaixo do normatizado.
A existência de desnível de piso com altura de 0,30m, sem proteção de guarda-corpo
nem ajuda de corrimão em face oposta em circulações externas às edificações da ILPI
2, favorecem a insegurança dos idosos, que ao deambularem pelo passeio se
concentram próximos à parede.
Os dormitórios da ILPI 2 não apresentam portas e não há interação com ambiente
externo através de aberturas face as janelas apresentarem altos peitoris, transmitindo
uma idéia de confinamento. Quanto ao vão livre as portas de outros ambientes da ILPI
2 estão em consonância com a legislação, assim como as portas da ILPI 1. Na ILPI 1 as
janelas oferecem interação com o ambiente externo em todos os ambientes com
peitoris de alturas variáveis de 0,30m, nos quartos do 1º pavimento, a 1,00m nos
demais cômodos.
As cozinhas das ILPIs têm configuração do tipo industrial com as zonas de atividades
bem definidas, e com revestimento de piso a teto conforme preconizado em legislação.
A lavanderia é outro ambiente que requer atenção por produzir alto nível de ruídos e
ser vulnerável a riscos acidentários. Contudo, nas duas instituições os espaços se
apresentariam em conformidade com as normas não fosse pelo desconforto acústico ali
existente. Relativamente aos ambientes de almoxarifado as duas ILPIs atendem às
necessidades praticadas pelas instituições, no tocante ao armazenamento de gêneros e
materiais de limpeza.
A ausência de instalações específicas para funcionários na ILPI 2 leva os idosos a
compartilhar as instalações com os empregados, não sendo permitido pela RDC nº
283/2005. Já na ILPI 1, existem as instalações de banheiros e vestiários, porém, a
instituição não dispõe de área de descanso nem refeitório próprio para funcionários.
A ILPI 1 mantém a condição de autonomia e segurança do idoso que constituem
elementos para a qualidade de vida, identificados na acessibilidade presente em toda a
edificação da instituição. Entretanto, a situação não se reproduz na ILPI 2, onde a
200
acessibilidade enfrenta barreiras arquitetônicas sob diversos aspectos físicos e
espaciais, apresentando-se como precária.
A RDC nº 283/2005 e a ABNT|NBR nº 9050/2004 estabelecem exigências quanto ao
dimensionamento, largura de circulações e inclinações de rampas que não são
preservados na ILPI 2. Na área externa, o acesso à edificação é garantido por via
pública calçada e uniforme. Entretanto, a dificuldade se instala logo à entrada quando
da não existência de rebaixos de meio-fio para garantir a chegada às calçadas de
entorno das edificações.
Ressalta-se como elemento dificultador à plena movimentação dos usuários, os passeios
interligando as construções, com largura inferior a 1,20m, e com revestimento de piso
antiderrapante (cimentado grosso). Também o desnível presente no terreno é
identificado nessas calçadas, onde a inclinação desfavorável acha-se instalada
produzindo a sensação de insegurança, dificultando a execução do percurso praticada
por portador de cadeira de rodas.
Outro aspecto de relevância é a não existência de bancos ao longo do percurso para
descanso, assim como a ausência de corrimão para ajuda no deslocamento, que
configuram elementos de conforto e segurança para o usuário idoso.
Apesar das conexões entre os prédios da ILPI 2 se apresentarem sob forma de rampa,
observou-se a inadequação das inclinações, bem como dos guarda-corpos e corrimãos,
fato esse que não ocorreu em rampas internas à edificação.
Cabe ressaltar que na maioria das calçadas de entorno das edificações não consta
guarda-corpo para a segurança do usuário idoso, assim como corrimão em parede,
sendo os existentes inadequados ao uso por se apresentarem com altura abaixo do
mínimo preconizado. Também a área interna apresenta irregularidades quanto a não
existência de corrimãos nas circulações dos quartos.
Relativamente aos banheiros da ILPI 1, a utilização da MEAC identificou conformidade
quanto ao dimensionamento dos ambientes. Contudo, observou-se que a
adequabilidade do uso do ambiente aos usuários com dificuldade de locomoção
permanente ou temporária é restrita. Foi constatada a presença de elementos que
concorrem para a ocorrência de eventos acidentários. Destaca-se a necessidade de
intervenções para a promoção da segurança e bem-estar físico dos idosos,
principalmente no tocante à aproximação do usuário com cadeira de rodas à bacia
201
sanitária, assim como a substituição de banheira por boxe com chuveiro. Também as
barras de apoio apresentam necessidade de adequação quanto à sua natureza (fixa ou
retrátil) e localização que permita o uso apropriado. Não foram observados dispositivos
de chamada de emergência no interior do ambiente de banheiros individuais.
Os banheiros coletivos da ILPI 2 apresentam adequação às normas de acessibilidade e
de funcionamento. Todos os boxes, seja com bacia sanitária ou com chuveiro, são
dotados de barras de apoio com altura e dimensões adequadas, além de dispositivo de
chamada de emergência, contudo, em altura mais elevada (1,02m) que o exigido de
0,40m acima do piso, para acionamento em caso de eventos com quedas.
Nos boxes com chuveiro a alimentação é de água aquecida por energia solar com
acionamento através de torneira com manípulo do tipo cruzeta. Os compartimentos
não apresentam bancos articulados para banho ou mesmo banqueta. As portas são em
madeira e possuem fechamento com tranca, configurando situações não apropriadas
em banheiros para idosos. Não foi observada a presença de espelhos acima dos
lavatórios de todos os banheiros, assim como barras de apoio. Embora os lavatórios
sejam dotados de porta-sabão líquidos não foram evidenciados em todas as unidades os
produtos em seus interiores.
202
6. Conclusões e considerações finais
Norteado pelos objetivos inicialmente propostos, este capítulo pretende abordar as
conclusões extraídas da pesquisa, fundamentadas na revisão bibliográfica, na
metodologia aplicada, e nos estudos de caso analisados, com o propósito de confirmar
ou refutar as hipóteses lançadas, considerando-se aspectos de adequabilidade espacial,
conforto e segurança do ambiente construído em ILPIs.
Para tanto, o capítulo está estruturado em duas seções: a primeira contendo as
conclusões oriundas dos objetivos traçados e das hipóteses delineadas; e a segunda,
onde serão expostas as limitações encontradas no processo investigatório, assim como
sugestões para futuras pesquisas relacionadas com o tema estudado.
6.1. Conclusões
O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, enfrenta um rápido processo
de envelhecimento populacional, necessitando se preparar para atender às
necessidades sócio-espaciais dos idosos. Sendo o envelhecimento saudável aquele com
envolvimento ativo com a vida, portanto, função da autonomia que gera melhoria da
qualidade de vida, torna-se imprescindível a adequação dos ambientes.
O processo de envelhecimento, seja por senescência e/ou senilidade, conduz a perdas
sensoriais, motoras e cognitivas que repercutem na autonomia, bem-estar e segurança
do idoso, devendo os ambientes ser bem planejados para se adaptar a essas alterações.
Desse modo, a qualidade de vida do usuário idoso relaciona-se diretamente com o
ambiente construído, na medida em que o espaço físico assume potencialmente a
qualidade de agente facilitador ou dificultador (VILLAROUCO, 2008), de acordo com os
condicionantes físico-espaciais e a percepção ambiental que o usuário tem desse
espaço.
Pensando nisso, esta pesquisa procurou identificar como a experiência portuguesa
poderia contribuir de modo positivo para o avanço de melhorias projetuais para
instituições de longa permanência para idosos no Brasil.
203
Nessa direção, o levantamento bibliográfico apresentado, juntamente com a
metodologia aplicada nos estudos de caso analisados e os resultados obtidos,
proporcionou subsídios para proceder à avaliação do ambiente construído em ILPIs, e
assim, estabelecer recomendações de melhorias em ambientes físicos institucionais
voltados para idosos.
Diante do exposto, e atendendo ao objetivo inicialmente proposto, o Quadro 10 abaixo,
cuida de elencar recomendações de melhorias do espaço físico em ILPIs, relativas a
aspectos organizacionais, de infraestrutura, acessibilidade, conforto ambiental,
mobiliário, caracterização técnica-espacial e de segurança.
Quadro 10: Recomendações de melhorias para o espaço físico em ILPIs.
ASPECTOS ORGANIZACIONAIS
Implantar sistema de gestão de recursos humanos e instituir capacitação e avaliação funcional periódicas para a garantia da qualidade dos serviços ofertados, repercutindo na saúde e satisfação dos idosos.
Ofertar fardamento e equipamento de segurança individual aos funcionários, permitindo, assim, a rápida identificação e segurança, também ao idoso.
Apresentar prescrição das atividades funcionais e seu atendimento.
A instituição deve apresentar um número de funcionários de acordo com a legislação, de modo a afiançar o atendimento integral ao idoso em suas necessidades.
INFRAESTRUTURA
A edificação deverá ser dotada de instalações físicas específicas para funcionários, inclusive de lazer para pausas durante a jornada de trabalho.
Os ambientes deverão guardar integração com o meio externo através de aberturas com altura de peitoril adequada que permita a visualização, mesmo quando o idoso estiver acamado.
Existência de áreas de lazer ajardinadas.
Existência de diversas áreas de estar íntimo que permitam ao idoso sua permanência ou até mesmo para receber visitas.
ACESSIBILIDADE
Passeios seguros com largura e inclinação em atendimento à legislação ABNT|NBR 9050/2004. Em grandes distâncias prever áreas de descanso dotadas de bancos.
Guarnecer as circulações com corrimãos, principalmente os percursos de quartos ao banheiro.
Atendimento à legislação quanto à altura de elementos fundamentais para a segurança dos idosos, tais como guarda-corpo, corrimão e barra de apoio.
Banheiros adaptados que permitam acesso e movimentação plena ao idoso portador de cadeira de rodas.
CONFORTO AMBIENTAL
Os ambientes devem apresentar índices de iluminância de acordo com o intervalo estabelecido em legislação, a fim de não promover riscos acidentários, quer por iluminação deficitária ou ofuscamento.
Condição semelhante para os índices acústicos com o propósito de não gerar desconforto ao usuário idoso.
204
MOBILIÁRIO
As mesas devem observar altura compatível com o portador de cadeira de rodas, promovendo a aproximação e preservando a zona de alcance horizontal na superfície, sem elevação de ombros.
As cadeiras devem apresentar braços para facilitar o sentar e levantar dos idosos.
Consentir no uso de mobiliário particular do idoso para garantir sua identidade.
CARACTERIZAÇÃO TÉCNICA-ESPACIAL
O zoneamento dos espaços físicos deve permitir o desempenho das atividades sem o comprometimento do conforto e da privacidade dos idosos.
Localização das áreas de lazer e de uso comum próximas aos dormitórios para incentivar seu uso pelos usuários idosos.
SEGURANÇA
Toda a edificação deve apresentar sistema de segurança e detecção contra incêndio, e iluminação de emergência.
Para quartos, banheiros e circulações o uso de iluminação de vigília noturna e chamada de emergência é imprescindível.
Na análise global das instituições, a MEAC identificou que as duas ILPIs analisadas foram
projetadas para o uso específico de abrigar idosos, e embora pertençam a intervalos
temporais distintos, mantêm características semelhantes quanto à capacidade total de
residentes (ILPI 1 – 175 residentes e ILPI 2 - 174 residentes).
Contudo, foi verificado que a ILPI 1 dispõe de maior número de funcionários, o que
repercute diretamente na qualidade da oferta dos serviços. A qualidade do
atendimento tem relevância na medida em que concorre para a qualidade de vida dos
idosos residentes em ILPIs, dada a existência do grau de dependência desses idosos e o
comprometimento em AVDs e AIVDs.
Nesse contexto, a análise ergonômica dos ambientes construídos das ILPIs vem ratificar
os princípios da gerontologia expressos no modelo ecológico de Lawton, onde a
competência comportamental traduzida na capacidade funcional do idoso, a qualidade
de vida percebida, e refletida no bem-estar subjetivo, encontram ancoradouro nas
condições ambientais.
A abordagem sistêmica da Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído – MEAC,
empregada nesta pesquisa, mostrou-se ser de grande valia para o reconhecimento das
características físicas e perceptivas dos ambientes construídos das ILPIs integrantes da
pesquisa. As estruturas físicas das instituições foram analisadas segundo as quatro
etapas constituintes da metodologia de avaliação do ambiente construído. Em seguida
205
foi gerado um diagnóstico e recomendações para a melhoria das condições físicas de
habitabilidade e de trabalho para os ambientes analisados.
A busca pela percepção dos idosos sobre o ambiente construído constituiu-se em etapa
mais complexa da pesquisa, uma vez o caráter subjetivo da investigação e as limitações
cognitivas próprias dessa população de usuários.
Contudo, os resultados da percepção ambiental não demonstraram associação de maior
satisfação para com a instituição à qualidade de serviços ofertados pela instituição,
como os achados de Imamoglu & Kiliç (1999). A análise revela nível elevado de
satisfação dos idosos para com os ambientes construídos nas duas ILPIs analisadas,
independentemente da qualidade e da oferta de serviços da instituição.
Entretanto, com a aplicação da MEAC ficou patente a dificuldade em obter informações
perceptivas concretas do usuário idoso acerca do ambiente físico por ele vivenciado.
Para uma análise de cunho mais rigoroso da percepção ambiental, onde os dados
coletados tenham de fato alto nível de confiabilidade, recomenda-se um estudo maior
de uma ferramenta que possa ser empregada e obter dados mais precisos.
Observou-se que apesar da concepção moderna da ILPI 1, ambas as instituições
apresentaram atendimento parcial às exigências legais quanto ao conforto ambiental,
mas precisamente lumínico e acústico, dos ambientes. Quanto às exigências legais
relativas à acessibilidade em quartos e banheiros, as situações se manifestaram de
modo semelhante, levando a acreditar que a qualidade dos espaços não se relaciona
com o período temporal da edificação, mas sim com o planejamento adequado dos
ambientes.
A adequação ambiental é agente responsável na prevenção de eventos inesperados e de
acidentes (PERRACINI, 2006). Tal afirmação encontra eco na acessibilidade espacial de
caminhos formais na ILPI 2, que demonstra condições precárias e comprometem a
segurança dos usuários.
Quanto à distribuição de área útil física, a ILPI 1 apresentou 24,0% do total da área útil
de construção destinada aos quartos e 14,6% reservada para área comum e de lazer,
enquanto que na ILPI 2 os percentuais identificados foram de 14,8% e 31,6%,
respectivamente. Essa distribuição de área física denota a diferença de partidos
arquitetônicos adotados nas concepções, onde a ILPI 1 priorizou a área de quartos, ao
passo que na ILPI 2 essa prioridade foi representada pela área de lazer e de uso comum
206
dos idosos. Outro aspecto a considerar na distinção das áreas físicas é a influência
cultural exercida em cada país, onde em Portugal prevalecem hábitos formais,
reservados, enquanto que no Brasil predomina a maneira informal e comunicativa.
O dimensionamento dos ambientes de instituições para idosos em Portugal encontra
respaldo em legislação, onde há uma descrição minuciosa dos ambientes e seus
respectivos dimensionamentos, tanto para novos projetos quanto para adequação de
edificações ao uso. No Brasil, a RDC nº 283/2005 pouco interfere em dimensões dos
espaços físicos, senão alguns poucos, indicando apenas a necessidade da existência de
ambientes, propiciando uma legislação pouco rígida relativamente a aspectos da
infraestrutura física de ILPIS.
A análise das legislações de funcionamento e de acessibilidade que regem a instituição
brasileira e portuguesa demonstra o não cumprimento de aspectos relevantes para a
garantia da segurança e conforto dos idosos, tais como existência de guarda-corpo e
barras de apoio. A apreciação também evidencia a não adequação espacial das
instituições, onde não são visualizadas instalações físicas exclusivas para funcionários,
assim como a presença de sistemas contra incêndios; não conformidades essas
recorrentes em instituições brasileiras, uma vez que as ILPIs em sua maioria são
implantadas em edificações existentes e concebidas com função de moradia
unifamiliar.
Foram analisados na instituição portuguesa os quartos e seus banheiros privados, por
configurarem o ambiente de maior permanência dos idosos daquela ILPI. E, embora de
acordo com o dimensionamento estabelecido, foi observado que os banheiros não se
encontravam próprios para atender às necessidades de usuários portadores de
deficiência física, temporária ou permanente, assim como tornavam vulnerável a
condição de segurança dos idosos no interior daqueles espaços.
Em análise dos ambientes em uso, esta pesquisa conclui que os espaços de banheiro
privativo dos quartos na ILPI 1 necessitam de adequação espacial para atender e
preservar as necessidades de usuário portador de deficiência. Cabe assim, ratificar a
condição de acessibilidade integral às edificações e a todos os ambientes da moradia
assegurada por Hacihasonoglu & Hacihasonoglu (2001).
Desse modo, chega-se à conclusão de que os critérios que determinam os projetos de
ambientes físicos para idosos em instituições de longa permanência não contemplam as
necessidades básicas do usuário, considerando suas limitações específicas. Contudo,
207
ressalva-se que não se pode afirmar como verdadeira essa situação em todas as
instituições.
Entretanto, apesar dos aspectos legais, na instituição brasileira não foram observadas
irregularidades relacionadas ao dimensionamento de áreas físicas dos ambientes.
Todos os espaços analisados contemplaram o desenvolvimento pleno das atividades de
seus usuários, assim como o atendimento às suas necessidades, sempre priorizando a
preservação da autonomia, bem-estar e segurança do usuário.
A instituição portuguesa, portanto, evidencia que a diversidade cultural exerce
influência na estrutura funcional, assim como no design de instituição para idosos, e
que aspectos formais de prestação de serviços e de infraestrutura física são
potencialmente visualizados e respaldados fortemente por legislação. Entretanto,
observa-se que a disponibilidade e gerenciamento de recursos financeiros, assim como
a oferta de espaços formais da ILPI 1 se contrapõem aos espaços mais humanizados,
presentes na instituição brasileira, que produzem a satisfação e tranqüilidade tão
desejada pelos idosos.
Através da utilização da MEAC, as ILPIs pesquisadas evidenciam ambientes de uso
comum acessíveis, com dimensionamento favorável e espaço físico adequado às funções
neles realizadas. Demonstra, contudo, serem necessárias adequações de infraestrutura
física, para a promoção da segurança e bem-estar físico dos idosos, favorecendo, deste
modo, a autonomia e independência de uma maior diversidade de usuários. O que leva
a certificar a hipótese de que a qualidade e a adequabilidade do ambiente físico afeta
diretamente o bem-estar e o desenvolvimento das atividades diárias do idoso.
E com vistas ao bem-estar dos idosos, faz-se necessário ratificar também a relevância
da qualidade do corpo funcional das instituições para idosos, bem como de todos os
profissionais que mantêm contato direto com a terceira idade, com inserção de
programas de avaliação e capacitação profissional contínua.
Assim como em pesquisas desenvolvidas por Whal & Weisman (2003), foi constatada a
necessidade de adequação do ambiente construído das instituições analisadas, como
também trazer à luz proposições de elementos norteadores para novas concepções,
onde a interdisciplinaridade do design, ergonomia do ambiente construído e da
gerontologia estejam presentes.
208
Enfatiza-se ainda que, como assegurado inicialmente, este trabalho faz parte de uma
pesquisa mais ampla, que tem como propósito avaliar outras ILPIs, e com os resultados
das análises concorrer para gerar recomendações de alterações e/ou complementações
nas ações advindas das políticas públicas vigentes.
Enfim, espera-se com essa dissertação que os resultados aqui encontrados possam ter
contribuído para avaliação de ambientes construídos em ILPIs, precisamente na relação
humano-ambiente. Considerando que apesar das diferenças culturais dos países as
necessidades dos idosos serão sempre as mesmas, na busca da autonomia, bem-estar,
conforto e segurança; na melhoria da qualidade de vida.
6.2. Limitações e Sugestões para futuras pesquisas
A ergonomia do ambiente construído voltado aos idosos é um tema muito complexo e
que envolve aspectos de diversas naturezas.
No processo de avaliação do ambiente construído foram encontradas algumas
dificuldades, tais como:
- Limitação de acesso a informações devido à aplicação de questionários ter sido feita
por pessoas alheias à pesquisa;
- Possibilidade de dados mascarados devido à capacidade cognitiva dos idosos, podendo
não retratar a real situação;
- Curto espaço de tempo para coleta de dados em Portugal.
Muito ainda há para se investigar e discutir neste processo contínuo de pesquisa
científica. Desse modo, sugerem-se como futuras pesquisas:
- Desenvolvimento de ferramenta para análise da percepção ambiental em idosos
- Análise da influência de espaços verdes e de lazer no comportamento do idoso
- Estudo da influência das cores como sinalização em instituições
209
Glossário
ACESSIBILIDADE – Cf. ABNT|NBR 9050, diz ser a possibilidade e condição de alcance,
percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações,
espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos.
AMBIENTE – lugar onde se desenvolvem atividades individuais e/ou em grupo, havendo
interação social entre usuários.
ÁREA DE TRANSFERÊNCIA – Cf. ABNT|NBR 9050, diz ser o espaço necessário para que
uma pessoa utilizando cadeira de rodas possa se posicionar próximo ao mobiliário para o
qual necessita transferir-se.
BARREIRA ARQUITETÔNICA – Cf. ABNT|NBR 9050, é qualquer elemento natural,
instalado ou edificado que impeça a aproximação, transferência ou circulação no
espaço, mobiliário ou equipamento urbano
CIRCULAÇÃO EXTERNA – Cf. ABNT|NBR 9050, é o espaço coberto ou descoberto, situado
fora dos limites de uma edificação, destinado à circulação de pedestres.
ESTRUTURA PAVILHONAR – partido arquitetônico inspirado nas idéias da enfermeira
Florence Nightingale de separação de fluxos hospitalares e cruzamento de pessoas e
materiais contaminados.
GUIA DE BALIZAMENTO – Cf. ABNT|NBR 9050, é elemento edificado ou instalado junto
aos limites laterais das superfícies de piso, destinado a definir claramente os limites da
área de circulação de pedestres, perceptível por pessoas com deficiência visual.
ISOLAMENTO – Cf. FERREIRA NETO & BERTOLI (2008) refere-se à redução do som entre
dois recintos, proporcionado pelo elemento construtivo entre eles, que pode ser a
fachada, parede ou piso. É a capacidade de um ambiente de ser protegido de ruídos
externos ou de confinar fontes de ruído.
PASSEIO - Cf. ABNT|NBR 9050, é parte da calçada
RUÍDO DE FUNDO – Cf. FERREIRA NETO & BERTOLI (2008) ruído fontes secundárias que
se sobrepõem ao ruído principal.
210
TEMPO DE REVERBERAÇÃO – Cf. FERREIRA NETO & BERTOLI (2008) tempo necessário
para que o nível em um recinto caia 60 dB após o desligamento da fonte sonora.
USO COMUM – Cf. ABNT|NBR 9050, espaços, salas ou elementos externos ou internos
que são disponibilizados para o uso de um grupo específico de pessoas
USUÁRIO – nesta pesquisa, define a(s) pessoa(s) que efetivamente permanecem a maior
parte de seu tempo nos ambientes das instituições.
LAYOUT - modo de distribuição e arranjo dos elementos num determinado espaço;
arranjo físico.
ACESSO – Cf. Lei 165/1980 - modo pelo qual se chega a um lugar ou se passa de um
local a outro; chegada, entrada, aproximação, trânsito, passagem.
LARGURA ÚTIL - Considera-se a largura útil aquela que se medir entre as faces
internas dos corrimãos ou das paredes que limitarem lateralmente. (Legislação
Urbanística Básica do Município de Jaboatão dos Guararapes - Lei nº 165 de 20 de
Novembro de 1980)
MURO – é a parede destinada a fins divisórios. (Legislação Urbanística Básica do
Município de Jaboatão dos Guararapes - Lei nº 165 de 20 de Novembro de 1980)
PÉ-DIREITO – distância vertical entre o piso e o teto de um compartimento. (Legislação
Urbanística Básica do Município de Jaboatão dos Guararapes - Lei nº 165 de 20 de
Novembro de 1980)
TERRENO – extensão de terra de propriedade particular, edificada ou não. (Legislação
Urbanística Básica do Município de Jaboatão dos Guararapes - Lei nº 165 de 20 de
Novembro de 1980).
UNIDADE INDIVIDUAL – Diz respeito à área de quarto destinada às atividades de dormir
ou descansar, com capacidade máxima de ocupação permitida para quatro usuários
idosos.
211
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Apêndices -
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Apêndice A - Questionários MEAC | Percepção ambiental dos idosos
Universidade Federal de Pernambuco
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN
APÊNDICE A - Questionário e Opinião dos Usuários sobre a Percepção Ambiental
O Senhor(a) está sendo convidado(a) a participar da pesquisa intitulada: Ergonomia do ambiente construído de instituições para idosos – Estudos de caso em instituição brasileira e portuguesa.
I - PERFIL DO ENTREVISTADO
Idade: Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino
Estado civil: ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Viúvo(a) ( ) Outros
Quanto tempo reside na Instituição:
Possui algum tipo de limitação? ( ) Visual ( ) Auditiva ( ) Locomoção II – PERCEPÇÃO AMBIENTAL DA INSTITUIÇÃO
1. Quanto tempo você passa na Instituição?
O dia todo Parte da manhã Manhã toda Parte da tarde Tarde toda
2. Indique a área de maior permanência
Quarto Refeitório Sala de convívio Sala de Jogos Biblioteca Recepção / Átrio entrada
3. Este é o seu local preferido? ( ) Sim ( ) Não Qual?
_________________________ 4. Considerando os ambientes de modo geral, como se sente em relação:
Mobiliário dos ambientes Iluminação Ruídos Conforto térmico (temperatura) Cor das paredes Cor do piso 5. Considerando o seu quarto, como se sente
em relação:
Ao mobiliário
O espaço é agradável
Ao tamanho do quarto
As cores das paredes e piso
Iluminação
Conforto térmico (temperatura)
Ruídos
6. Em seu quarto existe mobiliário pessoal de residência anterior? ( ) Sim ( ) Não
Qual? Obrigada pela atenção!
223
Anexos -
224
Anexo A - Carta de Anuência da ILPI 1 à participação da pesquisa
225
Anexo B - Carta de Anuência da ILPI 2 à participação da pesquisa