estratificação e desigualdade social - raça
TRANSCRIPT
VILA NOVA, Sebastião (2000), Introdução a Sociologia. 5ª Ed. São Paulo, Atlas.
Apresentação de alguns dados:
Raça e Educação•Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 68 (Gráfico – 4.2);•Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 70 (Gráfico – 4.5);•Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 71 (Gráfico – 4.6);•Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 73 (Gráfico – 4.8);•Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 76 (Gráfico – 4.11);•Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 76 (Tabela – 4.8);•Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 81 (Tabela – 4.10);
Raça e Mercado de Trabalho•Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 89 (Gráfico – 5.1);•Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 90 (Gráfico – 5.2);•Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 95 ( Tabela– 5.2);•Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 96 (Gráfico – 5.5);•Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 102 (Gráfico – 5.8);•Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 104 (Gráfico – 5.12);
Raça e Condições Materiais
Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 122 (Tabela – 6.8);
Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 124 (Tabela – 6.10);
Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 124 (Tabela – 6.11);
Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 126 (Gráfico – 6.8);
Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 128 (Gráfico – 6.10);
Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 140 (Gráfico – 6.22);
Acesso a postos e políticas
Relatório da desigualdade racial no Brasil – pag. 152 (Gráfico – 7.7);
Elementos Raciais
Milagres do Povo
Caetano Veloso
Quem é ateu e viu milagres como euSabe que os deuses sem DeusNão cessam de brotar, nem cansam de esperarE o coração que é soberano e que é senhorNão cabe na escravidão, não cabe no seu nãoNão cabe em si de tanto simÉ pura dança e sexo e glória, e paira para além da história
Ojuobá ia lá e viaOjuobahiaXangô manda chamar Obatalá guiaMamãe Oxum chora lagrimalegriaPétalas de Iemanjá Iansã-Oiá iaOjuobá ia lá e viaOjuobahiaObá
É no xaréu que brilha a prata luz do céuE o povo negro entendeu que o grande vencedorSe ergue além da dorTudo chegou sobrevivente num navioQuem descobriu o Brasil?Foi o negro que viu a crueldade bem de frenteE ainda produziu milagres de fé no extremo ocidente
Ojuobá ia lá e viaOjuobahiaXangô manda chamar Obatalá guiaMamãe Oxum chora lagrimalegriaPétalas de Iemanjá Iansã-Oiá iaOjuobá ia lá e viaOjuobahiaObáOjuobá ia lá e via...Quem é ateu...
Desigualdade Racial – elementos básicos da análise:
Preconceito – “atitude de se julgar uma pessoa com base nas características reais ou imaginárias de seu grupo”;
Discriminação – “é o tratamento injusto de pessoas devido ao fato de pertencerem a uma determinado grupo”;
Estereótipo – “imagens preestabelecidas para todos os indivíduos pertencentes a alguma categoria social, mediante a atribuição generalizada de qualidades de caráter positivas ou negativas”;
(Exemplos – O negro e o Futebol brasileiro (história dessa ligação); O malandro e o mulato brasileiro);
Raça – um construto social utilizado para distinguir pessoas em termos de uma ou mais marcas físicas, o que normalmente tem conseqüências profundas para suas vidas;
• Vale observar que a raça é um conceito ligado a percepção, independentemente de ter sustentação biológica ou não, embora tenha base em características físicas atribuídas;
• A raça é importante na medida em que é uma categoria que ajuda a criar e a manter sistemas de desigualdade social;
O circulo Vicioso do Racismo
Marcas físicas são utilizadas para distinguir e criar desigualdades sociais baseadas em raça por meio do colonialismo, da escravidão etc.
Condições sociais distintas entre dominadores e subordinados geram diferenças comportamentais entre eles (por exemplo, trabalhadores vigorosos versus preguiçosos).
Percepções das diferenças comportamentais geram estereótipos raciais que se enraízam na cultura
As origens das teorias raciais
O primeiro passo é correlacionar diferenças raciais e hierarquia social são em meados do século XIX;
Samuel George Morton foi um dos pioneiros nessa empreitada, para ele o tamanho do crânio estava associado a identidade racial e ao lugar das raças na hierarquia social;
Os maiores crânios pertenciam aos brancos europeus, depois vinham os índios americanos e, por fim, os negros;
Vale dizer, quanto maior o crânio mais inteligente e melhor a posição da raça na hierarquia social;
Outro exemplo é a tese desenvolvida por Lombroso que correlacionou delinqüência e outras anomalias comportamentais com a raça dos indivíduos;
Lombroso concluiu que a “fosseta occipital mediana” era a responsável pelo comportamento desviante;
Gobineau também montou uma hierarquia das raças tomando por base capacidade intelectuais, físicas e até a beleza;
Para ele, no topo da hierarquia estaria a raça branca, seguida pela amarela e depois pela negra;
Gobineau acreditavam que “todas as civilizações humanas somam não mais que dez e todas foram criadas por iniciativa da raça branca”;
Portanto, apenas a raça branca ariana teria as virtudes necessárias para o desenvolvimento da civilização (inclui-se a honra, o amor pela liberdade etc);
A tese de Gobineau vai além, ao argumentar que a mistura de raça, a miscigenação, é elemento de degeneração das civilizações (apenas os alemães se mantiveram “puros” mas por pouco tempo segundo ele);
Para o Brasil, Gobineau prescreveu o desaparecimento da população em 270 anos (contando a partir de meados do século XIX), isso porque os mulatos não conseguiram se reproduzir e sobreviver por muito tempo;
A principal falha desse argumento está na sua capacidade de generalização tanto intra como extra-objeto (falhas nos procedimentos estatísticos);
Entretanto, juntas essas idéias fazem água ao projeto iluminista de igualdade entre os homens e são utilizadas para justificar as desigualdades sociais;
Praticas de “depuração racial”, genocídios, dominação, imperialismo acaram sendo justificados pelo racismo ainda que seus autores do sec. XIX não pretendessem isto;
Raça, Cultura e Identidade Nacional Brasileira
A principal preocupação dos primeiros pensadores brasileiros era a construção de uma identidade nacional, éramos um país sem uma imagem de si mesmo;
A grande dificuldade para essa empreitada eram as idéias negativas acerca da miscigenação, do sincretismo de elementos culturais;
Enquanto os europeus apontavam essa mistura como degenerativa a realidade brasileira não permitia que ela fosse ignorada;
Essa tensão perturbava a mente dos Juristas formados na escola de direito de Recife e São e de médicos formados pela faculdade de medicina do Rio e Salvador;
A questão é como inserir o Brasil na modernidade acadêmica e social apesar da sua realidade miscigenada, seriamos mesmo capazes e dignos de se tornar uma nação?
Negar a mistura seria eliminar o mais peculiar, o que faz do Brasil, Brasil. A palavra identidade pressupõe a busca de elementos diferenciadores;
Para os primeiros pensadores “a persistência de costumes “bárbaros”, relativos aos povos aborígines e africanos, constituía uma barreira a uma identidade nacional homogênea”;
Raça, cultura, nacionalidade e modernidade tornaram-se, ao menos parcialmente, correlacionados no pensamento social brasileiro;
Um exemplo dessa associação pode ser extraído da obra de Nina Rodrigues – ela acreditava que a inferioridade brasileira se devia a miscigenação e a ausência da “direção suprema da raça branca” em nosso país;
Silvo Romero e Euclides são outros exemplos: enquanto o primeiro procurou resgatar nossas origens literárias o segundo se viu tensionado entre o pensamento da sua época e o espetáculo de bravura, vigor dos caboclos sertanejos;
A saída encontrada pelos pensadores do sec. XIX foi a tese do branqueamento – processo de miscigenação gradativo que, após três gerações, produziria uma população de características brancas;
A percepção sobre a miscigenação apenas começa a mudar a partir da semana de arte moderna em 1922 e principalmente com a obra Casa grande e Senzala de Gilberto Freyre;
O Macunaíma de Mario de Andre, a Antropofagia de Oswald de Andrade e o mestiço freyriano são partes dessa virada na percepção da mestiçagem;
Essa “virada” acaba por gerar uma associação entre elementos culturais e raça no Brasil, embora o todo componha a nossa identidade, cada raça entrou elementos específicos para formação da nossa identidade;