UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O DESAFIO E A RESPONSABILIDADE DO ORIENTADOR
EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO EM TRABALHAR COM
EDUCANDOS COM TDAH.
Por: Lillian Trindade Machado
Orientadora
Profª: Flavia Cavalcanti
Rio de Janeiro
2013
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
DOCU
MENTO
PRO
TEGID
O PEL
A LE
I DE D
IREIT
O AUTO
RAL
AVM FACULDADE INTEGRADA
O DESAFIO E A RESPONSABILIDADE DO ORIENTADOR
EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO EM TRABALHAR COM
EDUCANDOS COM TDAH.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Orientação Educacional e
Pedagógica.
Por: Lillian Trindade Machado.
CAPÍTULO II
AS POSSÍVEIS CAUSAS E OS TRANSTORNOS ASSOCIADOS AO
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE
Após apresentação do histórico e dos principais tipos e sintomas do TDAH,
pretende- se neste capítulo discutir as causas do referido transtorno.
O interesse pelo assunto não se faz presente apenas nos dias atuais, ao longo da
história, como demonstra inúmeras pesquisas, inclusive no Brasil, se busca entender
porque determinados indivíduos apresentam os sintomas que caracterizam o TDAH.
Segundo ABDA (Associação Brasileira do Déficit de Atenção), esses estudos têm
demonstrado que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões. Sendo
assim, o transtorno não pode ser considerado um transtorno secundário vinculado a
fatores culturais: como por exemplo, as práticas sociais ou o modo como os pais
educam as crianças.
Os estudos apontam que indivíduos que possuem TDAH tem alterações na
estrutura cerebral, mais precisamente no lobo frontal e suas conexões com o resto do
cérebro
Segundo Silva (2003), no passado o lobo frontal era considerado um região do
cérebro sem muita importância, porem atualmente e apontado por pesquisas como
sendo a “estrela” do comportamento humano. A autora apresenta o gráfico em anexo.
Silva (2003), apresenta, também, os estudos realizados por Antonio R. Damisio da
Universidade de Iowa, que afirma, haver três regiões no lobo frontal comprometidas
direta e indiretamente com o raciocínio, as decisões, emoções e sentimentos. São elas a
região frontal ventromediana, a região somatossensorial e a região dorsolateral.
A autora, aponta as duas primeiras regiões citadas como sendo as que exercem
grande influência no caso do transtorno, TDAH:
A região frontal ventromediana, quando danificada, alteraria tanto o raciocínio para a tomada de decisão quanto as emoções e sentimentos, especialmente nos campos social e pessoal. Nessa região ocorreria, então, um cruzamento entre razão e emoção. A região somatossensorial, localizada no hemisfério direito, quando danificada, comprometeria também o raciocínio e a tomada de decisões, e as emoções e sentimentos.No entanto, algo mais se altera com o dano desta região: os processos de sinalização básica do corpo (os sinais vindos do nosso corpo, como taquicardia, tremores, sudorese, contração muscular etc.). (SILVA, 2003, p.101)
O lobo frontal, desta forma, é considerado uma região de interesse para
compreender o funcionamento do TDAH. A região ventromediana, segundo Silva
(2003), recebe sinais vindos do cérebro de conteúdos racionais (os pensamentos) e
sentimentais (parte racional das emoções). Já a região somatossensoria recebe conteúdo
emocional (instintivo) vindo dos sinais corporais.
A partir do que foi mencionado, existe a hipótese que nas pessoas que possuem
TDAH o lobo frontal direito é hipofuncionante. Sendo assim, características como razão
e emoção exarcebadas, dentre outras, fazem parte do perfil do indivíduo que é portador
desse distúrbio.
Partel (2007), ressalta que o lobo frontal é a parte mais evoluída do cérebro sendo
responsável por funções executivas, tais como: observar , guiar, direcionar e / ou inibir
o comportamento, organizar, planejar e fazer a manutenção do auto –controle.
Estando o lobo frontal funcionado de modo alterado, como é caso dos portadores
de TDAH, que tem hipofuncionamento, as funções citadas ocorrem de modo
comprometido.
Silva (2003), afirma que o cérebro do TDAH nada difere dos outros em relação a
forma e aparência. A diferença segundo a autora está no íntimo dos circuitos cerebrais
que são gerenciados pelos neurotransmissores.
Muitos estudos recentes defendem a hipótese, de que nos portadores de TDAH,
neurotransmissores como dopamina e a noradrenalina ( que são substâncias que
transmitem informações entre as células nervosas) encontram-se diminuídas, fazendo
então com que a atividade do córtex pré-frontal seja menor. Segundo Mattos (2006), a
dopamina e a noradrenalina apresentam –se deficitárias nos portadores de TDAH.
Observa -se,então, que não existe uma causa perfeitamente estabelecida para o
transtorno. No entanto existem evidências que foram sendo acumuladas ao longo dos
anos através de descobertas científicas.
Dentre esses diversos fatores causais que podem estar envolvidos no
funcionamento do cérebro TDAH, autores como Silva(2003), Partel (2007) e Mattos
(2006) destacam:
● Fatores genéticos: Mattos (2006), afirma que a genética parece não ser o único
fator para o aparecimento do TDAH, mas é sem dúvida o mais importante. Silva (2003),
aponta que o distúrbio ocorre em maior incidência entre parentes de crianças com
TDAH do que em parentes de crianças não TDAH, isto foi constatado segundo a autora,
através de estudos epidemiológicos. Segundo observações, Mattos (2006), afirma que
freqüentemente quando examina uma criança TDAH reconhece o transtorno ou alguns
sintomas no pai ou na mãe.
● Fatores ambientais – externos : já existiram inúmeras teorias para comprovar o
envolvimento de fatores externos. Porém a maioria foi abandonada, por não se mostrar
suficientemente sólida. No entanto, alguns fatores, ainda são considerados
importantes na busca para levantar evidências para as causas do TDAH. Dentre eles
podemos destacar:
• Substâncias ingeridas na gravidez: a partir de pesquisas observa-se que tanto a
nicotina quanto o álcool quando ingeridos na gestação podem causar alteração em
partes do cérebro do bebê, inclusive no lobo frontal, área do TDAH. Segundo a ABDA,
estudos indicam que mães que usam álcool têm maiores chances de terem filhos com
problemas de TDAH, porém ressalta que os estudos demonstram uma associação entre
esses fatores e não uma relação de causa e efeito.
• Sofrimento fetal: alguns estudos apontam que mulheres que tiveram problemas
no parto como: traumatismos neonatais, hipóxia e outros tinham chances de terem
filhos com TDAH. Mais uma vez, segundo ABDA, a relação de causa não é clara.
• Exposição ao chumbo: segundo ABDA, crianças pequenas que sofreram
intoxicação por chumbo podem vir apresentar sintomas semelhantes ao do TDAH. Para
identificar se a criança sofreu alguma intoxicação não há necessidade de exame de
sangue para medir aa quantidade de chumbo, pois isto pode ser observado pela história
clínica da criança.
• Problemas familiares: discórdia conjugal, baixa nível de instrução dos pais,
família com nível sócio - econômico mais baixo, são fatores que se encaixam mais nas
conseqüências do que nas causas. Afinal, inúmeros estudos ressaltam a idéia que os
problemas familiares podem piorar o quadro de TDAH, mas não causá-lo.
São apresentados, ainda, como possíveis causas do TDAH, corante amarelo,
aditivos alimentares (conservantes); aspartame; luz artificial, fluorescente; deficiência
hormonal (principalmente da tireóide) e deficiências vitamínicas.Porém segundo a
ABDA e Mattos (2006), todas estas possíveis causas foram investigadas cientificamente
e foram desacreditadas, já que nenhuma delas se revelou suficientemente sólida.
Segundo Silva (2003), deve-se compreender que a genética não e uma fatalidade,
mas sim uma das probabilidades, de fato, uma das mais importantes. No entanto, a
autora, aponta que as manifestações sobre influências externas poderão contribuir para
que esta seja favorável ou desfavorável à vida do indivíduo.
Essa compreensão significa uma mudança radical em relação à manifestação genética da neurobiologia humana. Tudo indica que a bioquímica cerebral possui uma espécie de plasticidade que a torna passível de mudanças a cada momento vital. Assim sendo, a biologia cerebral que se possui ao nascer (com fortíssima carga genética), pode sofrer alterações de intensidades variadas em resposta ao ambiente externo. Ou seja, acontecimentos vitais, como traumas físicos ou psicológicos muito dolorosos, podem deixar “cicatrizes” no corpo, na alma e também na estrutura funcional da massa cerebral. ( SILVA, 2003, p. 181)
2.1 Tdah e as Comorbidades
O TDAH, em muitos casos não aparece apenas com os sintomas já abordados.
Segundo Silva (2003), em grande parte dos casos, o TDAH não vem sozinho.
“Ele pode vir em dupla, em trio e o que felizmente não é comum, até em bando”.
(SILVA, 2003, p. 125)
O fato que acaba de ser relatado é o que se chama em psiquiatria de
Comorbidades. Silva (2003), afirma que “comorbidades é quando existe um ou mais
transtornos psiquiátricos em coexistência com um transtorno primário (de base).”
(SILVA, 2003, p. 125). Segundo Partel (2007), a presença de comorbidades pode
acontecer em mais de 50% dos casos e piora muito o quadro do TDAH.
No presente estudo, será destacado a seguir, os transtornos comórbidos mais
freqüentes em portadores do TDAH, que estão diretamente relacionados ao processo de
aprendizagem.
• TDAH com Ansiedade Generalizada
O transtorno de ansiedade ocorre quando passa do excesso os medos e
preocupações. A preocupação torna-se interminável, a ponto de prejudicar a vida do
indivíduo, seja no ambiente social, escolar ou familiar.
O indivíduo que tem este transtorno, por exemplo, uma criança na fase escolar
provavelmente irá preocupar-se demasiadamente com suas notas, seu desempenho
escolar. Já na vida social teme o futuro, se algo de ruim pode acontecer a sua família,
questiona se o que fez está errado.
Situações cotidianas como ir ao médico, viajar e outras, podem gerar sofrimento,
afinal tudo pode criar uma grande ansiedade.
Segundo Partel (2007), a ansiedade generalizada cronificada piora os sintomas de
falta de atenção e memória. A criança que não recebe um tratamento adequado para esse
transtorno, segundo a autora, pode transformar-se em um adulto com depressão.
Silva (2003), alerta que é preciso diferenciar o Transtorno de Ansiedade
Generalizada da ansiedade difusa e oscilante que normalmente acompanha o portador
de TDAH. Para diferenciar essas duas situações a autora afirma que se a ansiedade
perdurar por mais de seis meses e trouxer desconforto significativo pode-se levantar
suspeita de uma comorbidade.
● TDAH com Pânico
Atualmente, este transtorno é bastante comentado, devido ao fato de muitas
pessoas que sofreram algum choque ou trauma, pela violência que cerca nossa
sociedade, o desenvolverem.
Silva (2003), caracteriza o transtorno do pânico como uma das faces mais
representativas do sofrimento humano. O transtorno é marcado por picos de ansiedade
aguda e intensa que dura vinte a trinta minutos em média. Porém, a autora ressalta, que
estes minutos tornam-se intermináveis para quem sofre deste transtorno. Sensações
como taquicardia, sudorese, náuseas, falta de ar dentre outras reações fisiológicas, são
comuns em ataques de pânico além da angústia. Segundo a autora, o transtorno se
caracteriza pela ocorrência repetida desses sintomas/ ataques.
O indivíduo que tem esse transtorno, segundo Silva (2003), possui uma
preocupação exacerbada em ter outros ataques, de modo que desenvolve uma forma de
auto monitoração. Ou seja, desde o momento que acorda, preocupa-se e fica atenta para
perceber sinais de que algo não está correto no seu organismo.
Com o portador de TDAH, o transtorno pode ocorrer, se ele por exemplo, já
possuir uma ansiedade em nível alto, predisposição biológica (alterações
serotoninérgicas) ou suscetibilidade psicológica, que segundo Silva (2003), é a
tendência a preocupar-se com doenças e morte.
Um DDA que se organize em torno de sua ansiedade, predisposto biologicamente, vulnerável psicologicamente e hiperfocando intensamente em seu corpo e em suas respectivas reações, reúne, em um infeliz somatório, todos os requisitos pra desenvolver o Transtorno do pânico. (SILVA, 2003, p.130)
• TDAH com Fobias
Silva (2003), define fobia como sendo um medo acentuado e persistente. Quando
esse medo se atribui a objetos e situações a autora caracteriza como fobia simples. No
entanto, quando se refere a situações sociais e desempenho ela nomeia de fobia social.
Exite também a fobia específica, como por exemplo, fobias a animais; fobias a sangue e
ferimento; fobias a fenômenos naturais. E as fobias situacionais,como medo de andar
de aviões ou elevadores.
Ainda segundo a autora, assim como no pânico, os transtornos relacionados à
fobia estão associados a disfunções serotoninérgicas.
O DDA pode também ser relacionado a fobias, principalmente à social, sob outro enfoque. Não é muito difícil imaginar o porquê. Se uma pessoa que tenha DDA (TDAH) e, ao mesmo tempo, tenha vulnerabilidade biológica à fobia social, tiver crescido em um ambiente crítico e punitivo, certamente será temerosa em relação a situações de interação social. (SILVA, 2003, p.131)
O que pode –se observar é que ao longo da vida os portadores de TDAH, podem
receber sinais negativos da sociedade que os cerca, sinais esses, que podem os levar a
desenvolver uma imagem deles mesmos negativa.
Sendo assim, além da predisposição biológica, fatores sociais como críticas
externas podem se associar a baixa auto –estima do indivíduo. E este pode acabar
desenvolvendo intensos medos de situações sociais em que tenha que interagir.
Silva (2003), ressalta que um portador de TDAH que também sofra de fobia
social pode desperdiçar seu talento, pois deixará de expressar sua criatividade.
Acreditando que não tem capacidade para defender sua idéias, seu desempenho pode
diminuir, não demonstrando todas suas potencialidades. Porém a autora firma, que com
um tratamento adequado, talentos que mantiveram –se ocultos podem ganhar o mundo
externo.
• TDAH com Transtorno Desafiador Opositor (TDO)
Segundo Partel (2007), o transtorno desafiador opositor é a maior comorbidade
encontrada em crianças e adolescentes. Segundo a autora, sua incidência pode chegar à
65% dos casos de TDAH dos quais 63% são meninos e 32% são meninas.
Silva (2003), afirma que o Transtorno Desafiador Opositivo não é tão grave
quanto o Transtorno de Conduta que será apresentado mais a frente.Destaca que se uma
criança apresentar os dois transtornos, aquele que prevalecerá e será diagnosticado será
o Transtorno de Conduta. O Transtorno Desafiador Opositivo, segundo a autora, em
muitos casos é considerado como um antecedente do Transtorno de Conduta.
Para Partel (2007), esse transtorno é caracterizado por um comportamento como o
próprio nome já diz desafiador e opositivo. Esse comportamento é apresentado
principalmente à figuras de autoridades como os pais e professores, por exemplo. Com
objetivo de desobedecer e enfrentar as autoridades, os portadores desse transtorno,
segundo a autora, podem violar regras, mentir, ser agressivos, desrespeitar limites e
direitos alheios. E quando recebem respostas punitivas por seu atos, os portadores
revidam de forma descontrolada, o que na maioria das vezes, segundo Partel (2007),
gera uma baixo auto –estima, mais agressividade, maiores taxas de disfunção escolar e
transtornos anti –sociais.
• TDAH com Transtorno de Conduta (TC)
Partel (2007), afirma que a incidência desse transtorno com o TDAH não é tão
grande como no caso do TOD, apresentado a cima, porém ele é mais temido pelo fato
de ser bem mais grave. A seguir Silva (2003), caracteriza uma criança com o transtorno
de conduta:
A criança com Transtorno do Conduta apresenta comportamento desajustado, tais como violações de regras, agressões, podendo chegar à crueldade física,a tos delinqüentes, precocidade sexual e um padrão consistente de desrespeito ou desconsideração aos direitos e sentimentos alheios, entre outros. Além disso, essas crianças apresentam um risco de desenvolver na idade adulta o Transtorno de Personalidade Anti- Social. (SILVA, 2003,p.138)
Partel (2007), destaca que o portador desse transtorno pode ter suas relações
familiares, sociais e escolares muito deterioradas. Devido a seu comportamento,
marcado por mentiras freqüentes, fugas de casa ou até da escola, roubos, ações cruéis
com os animais e/ ou seres humanos.
Silva (2003), alerta que o portador de Transtorno de Conduta normalmente não
apresenta sentimento de culpa ou arrependimento.
• TDAH com Transtorno Bipolar de Humor
Esse transtorno é caracterizado segundo Silva (2003), “pela intensa variação de
humor, indo do poço mais fundo da depressão aos píncaros da exaltação e do
entusiasmo desarrazoados”. (p.136)
Embora esse transtorno às vezes possa ser confundido com os sintomas do TDAH,
é importante saber identificá – lo e fazer a diferenciação. Silva (2003), destaca:
Saber diferenciá-los também é importante na medida em que há a possibilidade de uma pessoa apresentar os dois quadros. Muitas vezes, o DDA (TDAH) passara completamente despercebido por entre os sintomas muito mais floridos do transtorno Bipolar. Mas o DDA (TDAH) pode estar presente e não ser adequadamente tratado. O médico perceberá que o tratamento não estará sendo tão eficiente como costuma e poderá ter dificuldades, se não perceber os rastros deixados pelo DDA (TDAH) no solo caótico do Transtorno Bipolar. Saber identificar esses rastros é uma tarefa desafiadora que requer observação cuidadosa e dedicada.( SILVA, 2003, p.137 )
Ainda segundo a autora, apesar de ambos apresentarem alto nível de atividade e
energia, o que realmente é diferente entre os dois transtornos, é a intensidade. “O
bipolar sempre desce mais fundo e alça vôo mais alto. A amplitude entre os estados de
humor extremos é bem maior que no DDA.”(Silva 2003 p. 136)
Segundo Partel (2007), essa comorbidade, aliada ao TDAH em crianças e
adolescentes aumenta a inadequação social e o risco de suicídio. Desta forma, torna-se
extremamente importante diferenciar os dois transtornos citados para que o indivíduo
receba o tratamento adequado e alcance o bem –estar.
• TDAH com Depressão
Segundo Partel (2007), existe um alto índice de depressão em crianças e
adolescentes portadores de TDAH. Silva (2003), aponta que a depressão pode ocorrer
devido a duas condições a primeira considerada pela autora como forma secundária é o
desconforto provocado pelo próprio comportamento do portador de TDAH, e também
pode surgir primariamente, em função de alterações neuroquímicas e/ ou funcionais
semelhantes. Como já foi mencionado,anteriormente, observa-se que o portador de
TDAH apresenta um baixa auto –estima. Ou seja, devido as críticas e respostas
negativas que recebe acaba acreditando que não é capaz. Segundo Silva (2003), o
portador de TDAH desenvolve um baixo conceito de si mesmo.
Partel (2007), afirma que o portador de TDAH com depressão torna-se marcado
por um humor triste ou muitas vezes fica irritado facilmente, apresenta fadiga,
alterações no sono e até mesmo no apetite. Começa a perder o interesse por situações
que antigamente lhe traziam prazer, seus movimentos psicomotores também sofrem
uma certa lentidão, além de culpa excessiva que carrega.
Essas características irão refletir no seu cotidiano, pois o portador de TDAH com
depressão, pode se tornar agressivo e retraído no seu convívio social. Dificuldade de ir
para escola e submissão são, para a autora, um dos exemplos do comportamento
depressivo.
Partel (2007), alerta que em crianças menores a depressão pode manifestar
sintomas como diminuição no crescimento e ganho de peso. Já em adolescentes com
depressão é necessário atenção, pois tendem abusar do álcool e consumir drogas.
Silva (2003), alerta para:
(...)o fato de que provavelmente, DDA e Depressão compartilhem alterações semelhantes. Estudos sugerem tal possibilidade, já que alguns medicamentos antidepressivos revelam-se eficazes no Distúrbio do Déficit de Atenção, quando prescritos em baixas doses. Assim, é bastante provável que as duas condições coexistam em quem seja biologicamente vulnerável. E os sintomas de uma acabem por agravar os da outra e vice -versa. ( SILVA, 2003, p.135)
Desta forma, como no caso do Transtorno Bipolar de Humor é necessário segundo
Silva (2003), “observar a consistência do quadro clínico, em contraposição à labilidade
dos estados de humor de um indivíduo com DDA.” (p. 136)
• TDAH com Transtorno Obsessivo – Compulsivo (TOC)
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da
Associação Psiquiátrica Americana (DSM-IV), o TOC é um transtorno mental, que foi
incluído entre os chamados Transtornos de Ansiedade.
Segundo Silva (2003),esse transtorno apresenta características díspares das do
TDAH, porém alerta que tais características podem ser complementares.
Esse transtorno manifesta-se principalmente sob a forma de alterações do
comportamento dos pensamentos e das emoções.
A característica principal é a presença de obsessões: pensamentos, imagens ou
impulsos que invadem a mente e que são acompanhados de ansiedade ou desconforto, e
das compulsões ou rituais: comportamentos ou atos mentais voluntários e repetitivos,
realizados para reduzir a aflição que acompanha as obsessões.
Como exemplos das obsessões mais comuns, estão a preocupação excessiva com
limpeza (obsessão) que é seguida de lavagens repetidas (compulsão). Um outro
exemplo são as dúvidas (obsessão), que são seguidas de verificações (compulsão).
Silva (2003), afirma, ainda, que o TOC tem uma alteração bioquímica em comum
com a depressão. Segundo a autora, portadores do TDAH acabam tendo mais
probabilidade a desenvolvê – lo do que pessoas que não possuam TDAH. Para Silva
(2003), “como o DDA é assaltado por estímulos, idéias e imagens que não conseguem
filtrar eficientemente, a probabilidade de ter pensamentos considerados desagradáveis e
desencadeadores de ansiedade aumenta dramaticamente”(p.133)
A autora ressalta também, que o diagnóstico deve ser muito cuidadoso para que os
sintomas do TOC não mascarem os TDAH, pelo fato dos sintomas do TOC serem mais
aparentes.
• TDAH com Desordem na Comunicação
Partel (2007), afirma existir dentro da Desordem da Comunicação três categorias
distintas. Dentre elas, a primeira seria a do Distúrbio da fala também conhecido como
Disfalia, que é caracterizada pela dificuldade no controle motor da fala. Tal dificuldade
é marcada, por exemplo, pela fala acelerada, alterações articulatórias e alterações na
modulação do som da voz. Para a autora o pensamento é mais rápido do que a boca
consegue expressar.
O segundo Distúrbio seria o da Linguagem a chamada Dislexia, Mattos (2006), o
nomeia de Transtorno da Leitura. Segundo o autor, a dislexia pode variar desde a forma
mais grave, como não ocorrer a alfabetização até as formas mais leves. Segundo Partel
(2007), o indivíduo que apresenta dislexia apresenta falhas no processamento da
informação, e problemas no momento de compreender e produzir enunciados. Desta
maneira, seu vocabulário costuma ser limitado. A leitura segundo Mattos (2006), no
indivíduo disléxico é apresentada de forma silabada, aos tropeços com hesitações e
palavras lidas incorretamente.
Partel (2007), afirma que além dos sintomas do TDAH, essa comorbidade
dificulta ainda mais o rendimento na escola.
O último distúrbio citado por Partel (2007), como uma das categorias da desordem
da comunicação é a Dificuldade na Escrita, também conhecida como Disgrafia. Mattos
(2006), a caracteriza como sendo a incapacidade de se expressar por escrito, além de a
grafia ser ruim. Como exemplos o autor cita: a produção de frases muito curtas sem
sentido, com ausência de conjunções e preposições, com ordem invertida das palavras o
que dificulta a compreensão pelos demais. Partel (2007), afirma que geralmente as
dificuldades da linguagem oral refletem-se na linguagem escrita.
Observa-se, então, que o educador através da observação do comportamento do
aluno, dos principais “erros”, pode alertar aos pais para encaminhar o educando para o
profissional especialista no transtorno associado ao TDAH. Porém se o educador
negligenciar os sinais que o educando demonstrar, o mesmo pode tornar-se excluído da
turma e não interagir demonstrando o seu potencial e superando suas dificuldades.
CAPÍTULO III
O ALUNO TDAH NO PROCESSO ESCOLAR
“ Ele era muito sabido ele sabia de tudo
a única coisa que ele não sabia era como ficar quieto”
( ZIRALDO, 2005, p. 14)
Com as características apresentadas nos capítulos anteriores não é difícil
imaginar que o cotidiano escolar desses alunos, deve apresentar algumas dificuldades.
Dessa forma, o ideal para lidar com alunos TDAH, é que o Orientador
Pedagógico e Educacional seja criativo, flexível e crie maneiras alternativas sempre
avaliando o que funciona melhor para atuar com o aluno no ambiente escolar. Segundo
Mattos (2006), ele deve ser capaz de modificar estratégias de ensino, de modo, a
adequá-las ao estilo de aprendizagem da criança.
O educador deve perceber aquilo que interessa e motiva o aluno TDAH, pois é
nisto que o aluno ira dedicar “sua atenção”. Mattos (2006), destaca que o fato do aluno
prestar a atenção apenas àquilo que o interessa, é uma das características do transtorno
que mais facilmente se confunde com uma série de outras coisas malvistas pelos
educadores.
Desta forma, o educador deve estar atento para saber diferenciar a
incapacidade de atender as regras estabelecidas e a falta de vontade de obedecer as
regras. Como já foi mencionado, neste estudo, a coexistência de problemas
comportamentais dificulta mais essa diferenciação.
Mattos (2006), afirma que de um aluno portador de TDAH pode -se esperar
todas as possibilidades de resultado do desempenho acadêmico. Alguns podem
conseguir bons resultados, mas muitos podem apresentar desempenho abaixo do
esperado.
Segundo o autor:
o TDAH ocorre em toda a faixa de inteligência, qualquer QI pode ser encontrado em quem tem o transtorno, desde alunos com inteligência limítrofe até os superdotados. A inteligência do portador de TDAH é provavelmente o maior determinante de quanto ele vai conseguir vencer na vida apesar do transtorno. (MATTOS, 2006, p. 97)
Dentre as principais dificuldades apresentadas por alunos portadores de TDAH
no cotidiano escolar podemos destacar a perda de parte da explicação ou dela toda,
porque estão distraídos “no mundo da lua”. Ou até mesmo, se perdem lendo um livro,
muitas vezes, parecem estar pensando em outras coisas, uma ou mais coisas ao mesmo
tempo. Esse fato causa incomodo para os interlocutores, no caso o educador, pois passa
a ver o aluno de outra forma.
Geralmente, cometem erros por distração, erros simples, o que nas avaliações
resultados inferiores, ao que realmente poderiam obter. Não esperam o educador acabar
de fazer a pergunta e já respondem logo. Isso ocorre também, quando a pergunta é
escrita, eles não acabam de ler e logo respondem. Na maioria das vezes as respostas são
dadas de maneira incorreta e inadequada. Segundo Mattos(2006), outra dificuldade
comum ao TDAH é também o esquecimento de algo que haviam estudado previamente.
O autor explica,que essa situação ocorre pois a atenção no momento em que estavam
estudando era superficial, ou seja, o material no caso não era levado corretamente para
os armazéns da memória. Segundo o autor, a atenção é o portal da memória.
Os alunos que possuem TDAH evitam tarefas muito longas e paradas que
necessitem grande concentração. O educador que desconhece o transtorno acaba
rotulando o aluno como indolente ou preguiçoso.
As dificuldades citadas acima, em tarefas individuais acabam resultando baixos
resultados nas avaliações. Por este motivo, observa-se que muitas crianças portadoras
do TDAH não gostam de escola nem de estudar, pois já sabem que apresentam
dificuldades e necessitam se esforçar para alcançar um bom resultado, que muitas vezes
não agrada os educadores e os pais.
Para ilustrar o tema, será apresentado o caso Guilherme ( nome fictício).
Guilherme, hoje cursando Economia, PUC, enfrentou todas as dificuldades que
o TDAH pode apresentar no decorrer da sua formação, principalmente a falta de
informação por parte das escolas e dos educadores a respeito desse transtorno.
Vale ressaltar, que há anos atrás o TDAH era bem menos conhecido e ignorado
por muitos, que preferiam excluir o aluno ao invés de buscar conhecer as características
desse transtorno e propor estratégias para superar as dificuldades e obstáculos
encontrados.
Segundo a mãe de Guilherme cuja a experiência será relatada, o TDAH
antigamente, era considerado uma doença inventada pela indústria farmacêutica. O que
muitos consideravam era que o TDAH era falta de limites, culpa da educação dada a
criança.
Já para Guilherme, sua infância sempre foi marcada por frases que o
rotulavam de mal educado, sem limites e louco.
Em seu relato Guilherme,descreve que sempre foi considerado uma criança
levada, que não parava quieto e que não se concentrava em nada. Ouvia sempre as
pessoas dizendo que ele era hiperativo. O que ele não entendia é como poderia ser
hiperativo e ficar horas parado sem piscar os olhos em frente da televisão jogando
videogame ou assistindo uma partida do Flamengo.
Ele sofria com os rótulos que lhe eram dados porém, se considerava como os
outros, pois tinha uma rotina, hábitos comuns as outras pessoas. Ele sabia que não tinha
apenas defeitos, tinha também carisma e inteligência.
Sua inteligência muitas vezes incomodava muitas pessoas; pois estas não o viam
se dedicando aos estudos e questionavam como ele poderia ter bons resultados.
Associavam esses resultados ao fato dele colar.
O menino hiperativo cresceu e tornou-se um jovem, que tinha muitos amigos,
jogava muito bem futebol, era capitão e líder do time e quando jogava se concentrava de
uma tal forma que parecia até uma pessoa “normal”. Ele se orgulhava de sua liderança
durante os jogos. Porém, “na sala de aula, parecia que a sua liderança se tornava algo
negativo, o fazia não ter forças para estudar, para prestar atenção, atrapalhava a turma,
desconcentrava os professores e criava muitas inimizades. Inimizades essas que não
acreditavam como ele podia obter bons resultados.”
A vida de Guilherme, infelizmente para ele, não era feita apenas de futebol.
Tornou -se campeão no campo, mas dentro da sala de aula, na escola, segundo ele foi
“perseguido” e excluído como um bandido. Muitas vezes não tinha direito de explicar ,
quando era pego em flagrante com sua hiperatividade e impulsividade.
Guilherme, foi reprovado em matemática cuja reprovação foi dada como um juiz
dá a sentença a um réu. Ele saiu da escola e registra: somente desta forma, a escola
começa um novo ciclo de alegria, sem ele, aquele menino que jogava bem futebol, mas
somente isso.
Esse menino, que já estava convencido que era um garoto -problema, chorou por
perder seus amigos, sua escola e principalmente perder sua auto – confiança.
Ele já estava tornando -se um adulto e sua mãe conheceu um médico que tratava
do “déficit de atenção”. Seria mais um dos muitos tratamentos já feitos para “curá- lo”.
Receitaram um remédio chamado Ritalina, que tira fome, é ruim mas que ajudaria
concentrar mais sua atenção. Ele tomou aquele remédio sem esperanças. Porém o
tempo foi passando, ele foi para outra escola, foi vivendo sua vida e procurando seu
lugar no time de futebol.
Passados quatros anos, ele conseguiu uma vitória, se tornou capitão do time e
campeão também porque havia vencido sua ex- escola. Consegui se formar como um
dos melhores alunos da turma, com nota máxima em matemática e foi aprovado para a
faculdade. Atualmente, no curso superior, seu jeito hiperativo e desatento está
controlado e ele sabe que tem muito ainda o que viver, porém sem deixar de ser ele
mesmo.
Seu intuito é um dia, mostrar para todos que ele não era uma criança mal –
educada, um bandido, nem sem limites. Ele era somente uma criança diferente como
todas as outras, que pode e deu certo na vida.
Hoje ele é muito feliz, pois sabe o que tem e vive com a sua realidade TDAH. É
o orgulho da família e dos amigos. Seu desejo é que outras pessoas não sofram o que
ele sofreu.
“E, ai o tempo passou E, como todo mundo, o menino maluquinho cresceu cresceu e virou um cara legal! Aliás, virou o cara mais legal do mundo! Mas, um cara legal, mesmo! E foi ai que todo mundo descobriu que ele não tinha sido um menino maluquinho ele tinha sido um menino feliz!! ( ZIRALDO, 2005, p.107)
Este relato que acabou de ser apresentado, infelizmente é a realidade de muitas
crianças nesse país, crianças que são rotuladas sem chances de ter assegurado sua
identidade, e nem sempre os obstáculos são vencidos como no caso de Guilherme.
“ ... Só tem um zerinho aí no tal de comportamento.” (Ziraldo, 2005 p.37)
Raramente, os profissionais da educação estão preparados para lidar com uma
criança portadora de TDAH. Segundo Andrade, psiquiatra que coordena o Ambulatório
de TDAH infantil do Instituto de Psiquiatria que funciona no Hospital das Clínicas de
São Paulo, os professores já lidam com alunos problemas e não podem se dedicar aos
alunos com TDAH. Segundo o psiquiatra, diante de uma turma com trinta alunos, é
difícil um professor conseguir dar atenção individualizada e conseguir acompanhar de
perto as dificuldades de cada um. Na correria diária de cada professor, mandar o aluno
que faz bagunça e desordem para o corredor acaba sendo a maneira mais fácil de tentar
estabelecer a ordem na turma.
Segundo a Psiquiatra Vanessa Ayrão, pesquisadora de Psiquiatria da UFRJ,
crianças portadoras de TDAH não se adaptam bem a instituições de ensino tradicional,
que apresentam um código disciplinar muito rígido.
A seguir, será apresentado mais um relato de uma criança que também sofreu o
preconceito e exclusão pelo fato dos profissionais da educação desconhecerem o
transtorno TDAH, apresentados por uma mãe no site:
http://www.upgradetreinamento.com.br/artigos/deficit-de-atencao/a-crianca-com-tdah-
e-a-escola/.
Hoje esse menino tem dez anos, e sua mãe sempre preocupada em oferecer um
ensino de qualidade para seu filho o matriculou em uma escola tradicional e cara do
estado do Rio de Janeiro. Com pouco tempo no colégio o aluno já havia levado
repreensões leves e foi punido com castigos. Sua mãe foi chamada primeiramente para
ouvir as queixas dos professores logo depois foi chamada para uma reunião com o
diretor.
No meio do ano letivo, a mãe foi chamada na escola e comunicada que o seu
filho não poderia seguir os estudos naquele colégio. Mesmo a mãe, pedindo para que
seu filho apenas concluísse o ano letivo, eles foram implacáveis. Sendo assim a mãe
ficou sem escolha, porque o diretor afirmou que o filho dela já havia recebido várias
chances e seu comportamento comprometia o andamento da turma.
Sempre buscando uma formação boa para o filho, a mãe procurou um colégio
com o mesmo perfil do anterior. A experiência foi mais uma sem sucesso, os fatos se
repetiram. E no final do ano, a mãe foi avisada de que não poderia renovar a matrícula.
Como é de se esperar, a mãe entrou em desespero e não sabia como agir. Pois
com apenas sete anos, seu filho já havia sido expulso de duas escolas e as experiências
de fracasso só cresciam. Foi neste momento, que pai do menino, leu sobre crianças
hiperativas em reportagem e decidiu junto com a esposa procurar uma orientação
médica de psiquiatra.
A mãe relata que em apenas pouco tempo, o médico deu o diagnóstico, pois já na
primeira consulta seu filho só faltou subir pela estante do consultório. Após, as
orientações do
médico os pais do menino buscaram um escola onde a política educacional fosse mais
flexível. E logo que ele ingressou na escola, antes de qualquer reclamação, a mãe foi
conversar com a orientadora educacional. Com muita paciência, reportagens e livros
contou a história de seu filho e falou sobre o transtorno.
Segundo a mãe do aluno, a escola foi receptiva e os professores e orientadores
apresentaram -se mais tolerantes e demonstraram mais atenção com a criança. Mas algo
que a mãe ficou surpresa com o fato da escola não ter ideia do que é o TDAH.
Como observamos, a maioria das escolas ainda não esta preparada para lidar
com o aluno portador de TDAH, pois, essa criança necessita de um meio estruturado
com regras claramente e previamente estabelecidas. O educador, Orientador Pedagógico
e Educacional, então, devem procurar manter uma rotina previsível e constante e
estabelecer os limites de comportamento, já que a criança com TDAH tem grande
dificuldade em criar essas estruturas e controle sozinha. Segundo Mattos (2006), o
educador deve evitar mudar horários e trocar as “regras do jogo” no que diz respeito a
avaliação. A criança pode ficar confusa, pois uma hora vale uma coisa, e em outra vale
outra diferente.
Segundo o autor, desde o primeiro dia, o educador deve falar claramente o que
espera dos alunos. Colocar as regras em um mural na sala de aula, é uma sugestão.
Assim como, buscar formas visuais para expressar o que foi dito, slides e pôsteres são
formas de chamar a atenção já que o aluno TDAH tem dificuldades de manutenção da
atenção.
A criança TDAH, segundo Mattos (2006), necessita de um nível um pouco mais
alto de estimulação para funcional melhor. Porém, sem exageros para não prejudicá-la.
Como foi mencionado, a rotina é importante mas introduzir em alguns momentos
novidades, torna-se interessante, desde que essas novidades não sejam apenas
improvisações sem planejamento anterior.
Incentivar e envolver as crianças nas discussões sobre as mudanças no
comportamento é muito importante, assim ela verá as mudanças como um projeto que
ela faz parte e as atitudes do educador serão vistas por ela de forma positiva. Ouvir da
criança suas dificuldades e sugestões para melhorar também é importante.
O comportamento de uma criança TDAH não mudará de uma hora para outra, o
educador deve buscar modificar esse comportamento gradualmente, estabelecendo
metas e cumprindo-as passo a passo. Após apresentar sucesso em uma, deste momento
então, deve-se buscar alcançar outra. Simultaneamente não se deve buscar modificar os
comportamentos.
O Orientador Pedagógico e Educacional devem procurar descobrir qual a melhor
forma de usar os materiais didáticos e adaptar os conteúdos para o aluno que é portador
de TDAH.
O professor tem que saber equilibrar exigência de cumprimento das regras e flexibilização de comportamento. Mas isso é importante, quem tem TDAH pode necessitar, mais do que ninguém, aprender a obedecer a regras. Por outro lado, ele precisa entender que existe algum espaço para comportamentos diferentes do esperado. Quando houver infração a regras, por exemplo, é importante sempre estar atento à existência de fatores atenuantes. Os atenuantes, quando existirem, devem ser explicitados ao aluno e deve-se conversar sobre eles. As penas pelo não – cumprimento das regras podem estão ser abrandadas ou até mesmo retiradas, mas somente e exclusivamente quando houver atenuantes. O TDAH por si só jamais deve ser usado como atenuante para uma infração grave ou repetida; atenuantes são contextos específicos que contribuíram para uma determinada falta.(MATTOS ,2006, p. 106 )
Muitas vezes o Orientador Pedagógico e Educacional vão encontrar crianças
portadoras de TDAH, que apresentam nível de frustração muito alto, sendo assim, ele
deve de forma tranqüila rever sua posição. Para exemplificar Mattos (2006), relata que
mesmo sendo o objetivo ficar sentado, o professor observando que o aluno está
particularmente em um dia difícil pode permitir um passeio fora da sala e ignorar que
ele levantou sem ser permitido.
Deixar o aluno compensar as falhas que comete pode ser válido para ele. Um
meio de fazer isto, é estabelecer atribuições, ser auxiliar da professora por exemplo.
Função essa, que tem seus pontos positivos, além dele poder se movimentar ao invés
de ficar sentado o tempo todo, melhora o seu relacionamento com outros alunos da sala
de aula. Além desses pontos positivos existem muitos outros para o cargo de auxiliar da
turma.
Jamais o Orientador Pedagógico e Educacional, devem deixar para o final do
dia ou do mês a resposta sobre o comportamento do aluno TDAH. Segundo Mattos
(2006), o feedback deve ser imediato sobre como o aluno esta se comportando. Pois
assim, os comportamentos que ele apresenta terão conseqüências.
Elogiar quando a criança apresenta um comportamento satisfatório é
fundamental não somente para os educadores, mas também para os pais. Infelizmente
essa ação é esquecida, lembra-se apenas de punir a criança quando ela comete algo
errado.
A partir do que foi mencionado, observa-ser que o Orientador Pedagógico e
Educacional r devem estar dispostos a auxiliar aluno portador de TDAH para que este
alcance o sucesso e não seja mais um caso de fracasso escolar. Lembrando sempre, que
as suas exigências devem começar das mais simples para as mais complicadas.
“ Na turma em
que ele andava ele era
o menorzinho o mais espertinho o mais bonitinho o mais alegrinho
o mais maluquinho” Era tantas coisas
terminadas em
inho que os colegas não entendiam como
é que ele podia ser um companheirão.”
(ZIRALDO, 2005, p. 22)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após esse estudo, o que podemos observar é que o Transtorno do Déficit de
Atenção com Hiperatividade, o TDAH, não se trata apenas de uma invenção das
indústrias farmacêuticas ou uma desculpa para o fracasso escolar por parte de alguns
educadores. O TDAH é realmente um transtorno médico verdadeiro, reconhecido por
associações médicas internacionais bem prestigiadas.
Tal transtorno caracteriza-se pela associação de sintomas, dentre os principais
destaca-se: desatenção, impulsividade e inquietude.
O TDAH, apresenta tratamento e embora ainda não exista até o presente
momento, uma exame específico para diagnosticá-lo. Sendo assim, o diagnóstico é feito
pela observação e análise dos sintomas apresentados.
Embora, grande parte da população até mesmo a médica o desconhecerem e
ignorarem o TDAH, trata-se de um transtorno bem sério. O portador de TDAH, tem
maior probabilidade de desenvolver outros transtornos psiquiátricos associados, como
por exemplo, a ansiedade generalizada e a depressão.
Além do fato de poder desenvolver os transtornos psiquiátricos, o portador de
TDAH, na maioria das vezes, infelizmente pode apresentar problemas nos seus
relacionamentos pessoais, assim como interferir escolaridade.
Dessa forma, é importante que o TDAH seja diagnosticado e tratado o quanto
antes. Mesmo sabendo que o transtorno pode ser diagnosticado em adultos, se tratado na
infância, os sintomas, quando o indivíduo ingressa na vida adulta tendem se apresentar
de forma mais moderada.
O Brasil, ainda não apresenta dispositivos legais para garantir os direitos dos
portadores de TDAH, porém em países como os Estados Unidos, tais direitos já são
garantidos.
Dentre os principais direitos assegurados, destacamos o direito do educando
TDAH receber atendimento especial por parte dos professores e da instituição.
Desta maneira, o educador, que lidará com uma criança TDAH deve conhecer
o transtorno e não deve associá-lo a rótulos como falta de educação, preguiça e
indolência. A atenção deve ser redobrada, limites devem ser estabelecidos de forma
clara. Porém vale ressaltar que educar uma criança TDAH pode ser incrivelmente
desafiador para qualquer adulto.
Sendo assim, o educador deverá equilibrar a atenção com o aluno TDAH às
necessidades dos outros alunos da classe. Essa pode se tornar uma difícil tarefa se a
turma for numerosa. O educador segundo Mattos (2006), deve perceber a criança
TDAH como uma pessoa em potencial (que poderá ou não desenvolver, como todo
mundo), interesses particulares, medos e dificuldades e tem que estar disposto e
interessado em ajudar realmente em seu desenvolvimento.
“ (...) E quanto mais deixavam ele criar mais o menino inventava (...)” (ZIRALDO, 2005, p. 47)
ANEXO
Página 3
REFERÊNCIAS
MATTOS, P. No mundo da lua: perguntas e respostas sobre o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. 4ª edição. São Paulo: Lemos, 2006 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes inquietas: entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. Editora Gente. 8ª. edição, 2003. ZIRALDO. O menino maluquinho, 2005 http://www.tdah.org.br/reportagem01.php?tipo=T PARTEL, Cleide Heloisa. www.universotdah.com.br/ , 2007