seminário fascismo

24
Universidade Estadual da Paraíba Curso de Relações Internacionais Introdução à Ciência Política – Seminário sobre Fascismo Grupo: André Luiz Viana Cruz de Carvalho Lisandra Caroline de Araújo Lime Teixeira Introdução O presente trabalho visa apresentar de forma clara e objetiva as concepções ideológicas dos regimes totalitários fascistas, mostrando como o background histórico influenciou na formação desses regimes, como se deu sua ascensão e seus reflexos na sociedade da época. Outrossim, faz-se também uma análise das influências exercidas por intelectuais da

Upload: uepb

Post on 28-Jan-2023

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Universidade Estadual da Paraíba

Curso de Relações Internacionais

Introdução à Ciência Política – Seminário sobre Fascismo

Grupo: André Luiz Viana Cruz de Carvalho

Lisandra Caroline de Araújo Lime Teixeira

Introdução

O presente trabalho visa apresentar de forma clara e objetiva as concepções ideológicas dos regimes totalitáriosfascistas, mostrando como o background histórico influenciouna formação desses regimes, como se deu sua ascensão e seusreflexos na sociedade da época. Outrossim, faz-se também uma análise das influências exercidas por intelectuais da

filosofia na formação das concepções fascistas e como essasideologias estão ressurgindo no cenário político atual.

Palavras-chave: ideologia, fascismo, totalitarismo.

Antecedentes históricos do fascismo e formação dos

Estados totalitários

O fascismo foi uma política italiana pós-primeira guerra

mundial, surgiu em 1922, quando Benito Mussolini foi eleito

democraticamente como primeiro ministro da Itália e

estabeleceu o fascismo como filosofia.

• A Itália vinha de um contexto histórico propício para

ascensão de políticas extremistas: arrasada depois da

primeira guerra mundial, imersa em meio a uma crise socio-

econômica. 

• Embora terminado a guerra vitoriosa, não recebeu as

recompensas territoriais que lhes foram prometidas. O

aumento da inflação, do desemprego e da fome abalavam a

economia italiana. O governo da época tolerava as

crescentes manifestações dos setores populares, sendo

incapaz de atender suas reivindicações Mussolini fez da

nação italiana um mito, atribuindo-lhe uma unidade

fictícia, idealizada. (P. 36. Konder) 

"As pessoas da classe média escolhiam sua política de

acordo com seus temores" (P. 126 Hobsbawm). "

O Fascismo existia mobilizando massas de baixo para cima,

rejubilava-se na mobilização das massas, e mantinha-a

simbolicamente na forma de teatro público"

- volta ao passado tradicional (inventado, fabricado);

- Valores tradicionais eram enfatizados;

- Denunciavam a emancipação liberal – as mulheres deveriam

ficar em casa e ter muitos filhos;

- Apelo para juventude;

- Alemanha e Itália vinham de uma unificação política

recente;

O Fantasma do Comunismo: "o medo da revolução social, e do

papel dos comunistas nela era bastante real, como provou a

2ª onda de revoluções durante e após a Segunda Guerra

Mundial (P. 116 Hobsbawm).

Entre 1924 e 1928, a Alemanha conheceu uma época de

estabilidade e de crescimento econômico. Na verdade, graças

aos empréstimos e investimentos ingleses e americanos, a

produção alemã recupera os seus mercados externos e a

cidade de Berlim tornou-se um dos grandes centros

financeiros da Europa. Em 1929, com o "Crash" da Bolsa de

Nova Iorque, a Alemanha viu-se privada dos créditos

estrangeiros e foi duramente atingida as falências e o

desemprego avolumaram-se, provocando ondas de desordem e

violência por todo o país. Face à situação catastrófica da

economia e à agitação social, a instabilidade do governo

republicano agravou-se. Assim, a República de Weimar correu

sérios riscos de cair nas mãos dos comunistas ou dos nazis.

É nesse ambiente de absoluta desordem nacional que o

Partido Nazi se impôs. Com efeito, entre 1929 e 1932, os

nazis denunciaram os judeus e os comunistas como os

responsáveis pelos males nacionais e declararam-se

contrários às imposições do Tratado de Versalhes.

Assim, a pouco e pouco, os nazis ganharam o apoio de vários

sectores sociais: da grande burguesia (temerosa do

comunismo), das classes médias (desejosas de recuperar o

seu poder de compra) e dos desempregados. Graças ao apoio

desses sectores, o Partido Nazi ganhou as eleições de fins

de 1932 e tornou-se o maior partido político alemão. Por

isso, o seu chefe, Adolf Hitler, foi nomeado chanceler da

Alemanha pelo presidente da República, Hindenburg. Deste

modo, é com toda a legalidade que, em 1933, o Partido Nazi

assumiu o poder.

Fascismo Italiano

Num contexto de depressão pós-guerra, com a falha do

liberalismo econômico, a ascensão de uma esquerda

militante e a sedução pelo marxismo entre o

proletariado urbano, entre outros fatores, a classe

média italiana do entre guerras era pairada por um

sentimento geral de ansiedade e desconforto e a Itália

como um todo passava por crises econômicas, politicas

e sociais.  

Sendo esse o enredo, Benito Mussolini e seus ideais

surgem  como que para preencher uma lacuna política. O

fascismo surge então como uma alternativa ao iminente

colapso de um fraco liberalismo italiano e a uma

possível revolução comunista. 

Em 23 de março de 1919, foi fundada uma associação

nacionalista de veteranos da Primeira Guerra, e em

1921 essa associação torna-se o Partido Nacional

Fascista e com a Marcha sobre Roma em 22 de outubro de

1922, Mussolini conquista a liderança do governo. 

Suas medidas são radicais. Os órgãos de imprensa são

fechados, a oposição se torna ilegal e os camisas

negras passaram a incorporar as forças de repressão

policial. 

Das características principais do regime podem-se

destacar o totalitarismo, o nacionalismo, o

militarismo, o culto á força física, a censura, a

propagação de ideias por meio da propaganda e seu

programa anti-socialismo. 

Em 1939 eclode a II Guerra mundial e em 10 de junho de

1940 a Itália invade a França, declarando guerra

contra o governo francês e ao Reino Unido. Em setembro

de 1940, o Pato Triparte foi assinado, unindo a Itália

Fascista, o Império do Japão, e a Alemanha Nazista.

Esse pacto estipulava que qualquer nação (com exceção

da União Soviética) que atacasse algum desses países,

estaria declarando guerra contra todos eles. 

Com o fim da Guerra em meados de abril de 1945,

Mussolini, que já não estava mais no seu cargo pois

foi demitido pelo Rei Emanuel III, foi capturado e

fuzilado por guerrilheiros e os poucos alemães que

ainda restavam na Itália, renderam-se. Com a vitória

dos Aliados, foi instituído um sistema politico de

democracia representativa e pluralista na Itália. Foi

o fim do regime fascista. 

Nacional-socialismo (Nazismo)

O nazismo – nacional socialismo na Alemanha- foi a

ideologia política vertente do fascismo praticada pelo

Partido Nazista, formulada por Adolf Hitler entre 1933 a

1945, período que ficou conhecido como o Terceiro Reich

Alemão.

- Antecedentes Históricos e Influências

O nazismo tem suas raízes mais significativas fincadas no

pensamento nacionalista de Fichte, cujas obras inspiraram

Hitler e outros nazistas. Muitos dos ideais nazistas se

baseiam na principal obra de Fichte, “Discursos à nação alemã”,

dentre eles as ideias de uma “Guerra do Povo” (Volkskrieg),

a purificação da nação alemã e a purgação da língua alemã

das palavras francesas, políticas essas, todas empreendidas

pelos nazistas ao chegarem ao poder. Outra ideia adquirida

do pensamento de Fichte foi o que viria a ser denominado

posteriormente de antissemitismo, pois para Fichte, os

judeus, católicos, maçons e minorias em geral eram

considerados como traidores da nação alemã. Outrossim, o

fim da monarquia prussiana na Alemanha causou um sentimento

de nacionalismo revolucionário levando os nazistas a se

influenciarem pelas ideias de Otto von Bismarck, declarando

que eles continuariam se dedicando ao processo de criação

de um sistema unificado alemão.

Influências da derrota na I Guerra Mundial

“O nazismo, como Hitler, foi o produto da primeira guerra mundial”,

segundo o cientista político alemão Karl Dietrich Bracher,

mas também não se nega que tomou força nos problemas

históricos que a Alemanha vinha passando. Em suma os

alemães vinham passando por um tipo de processo de

insatisfação quanta à guerra, pois já durara bastante tempo

e vinha ceifando muitas vidas, é quando se dá início a uma

série de revoluções de trabalhadores e soldados que

pretendiam solapar o governo e acabar com a guerra. Dentre

os movimentos, os mais fortes foram os de caráter

socialista organizados pela Liga Espartaquista

(Spartakusbund). Essas revoluções tiveram seu fim depois de

a elite assinar um acordo de paz para evitar uma revolução

comunista na Alemanha. Após o fim da primeira guerra os

nazistas começariam um processo de ascensão político-

ideológica apesar de todas as dificuldades em explicar a

derrota de um povo supostamente superior na primeira

guerra, que seria sanada posteriormente na obra “Minha Luta”,

onde Hitler em uma só teoria consegue atribuir a culpa da

derrota dos alemães aos judeus.

- O “N.S.D.A.P.”

O “National Sozialistsche Deustche Arbeiterpartei” ou Partido Nacional

Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como

Partido Nazista foi um partido político alemão de caráter

totalitário – fascista – ativo entre 1920 e 1945. Teve como

líderes Anton Drexler, Adolf Hitler e Martin Bormann

consecutivamente. O partido tem influências do nacionalismo

alemão, cultura paramilitar racista e populista dos Freikorps

e de Arthur Moeller van den Bruck, historiador alemão que

promoveu o Terceiro Reich no seu livro controverso “Das

Dritte Reich”, onde defende uma ideologia que combina o

nacionalismo de direita e o socialismo.

O “Programa de 25 pontos”

O “Das 25-Punkte-Programm der Nationalsozialistischen Deutschen

Arbeiterpartei” ou Programa de 25 pontos do Partido Nacional

Socialista dos Trabalhadores Alemães foi o programa

político do D.A.P. (Partido dos Trabalhadores Alemães), que

foi proclamado por Hitler em Munique no ano de 1920. No

mesmo ano o D.A.P. mudou para N.S.D.A.P. e mantiveram o

mesmo programa político.

- A Ascensão do Nazismo

Os principais pontos que provavelmente levaram à ascensão

do nacional-socialismo são:

A devastação econômica na Europa no pós-primeira

guerra;

A queda da monarquia;

A crise de 29;

A fama do envolvimento judaico na derrota da Alemanha;

A rejeição ao comunismo.

- Efeitos da ascensão nazista

O antissemitismo que levou ao holocausto;

O nacionalismo étnico (Herrenvolk e Übermensch)

A crença de que se fazia necessária a purificação da

raça alemã através da eugenia.

- Adolf Hitler (Füher)

O movimento nacional-socialista teve em Hitler o seu líder

mais emblemático e significativo. Hitler governou a

Alemanha de 30 de janeiro de 1933 a 30 de abril de 1945,

data do seu suicídio. Foi Hitler quem levou o Reich alemão

a atuar nos campos de batalha da II Guerra Mundial e foi

através de suas práticas que as ideias de nacionalismo

étnico, racismo e antissemitismo se juntaram numa ideologia

militarista.

- Alfred Rosenberg

Foi um político e escritor alemão, principal teórico do

nacional-socialismo com sua obra “Der Mythus des Zwanzigsten

Jahrhunderts” ou O Mito do Século XX. Foi conselheiro de

Hitler e ministro encarregado dos territórios do leste

europeu, onde deportou e exterminou centenas de milhares de

pessoas, principalmente judeus.

- O Totalitarismo Nazista

Toda a essência nazista está presente no totalitarismo,

principalmente na ideia de que o Estado e, em último caso,

o Chefe de Estado, deve controlar tudo e todos, por isso é

fundamental a homogeneização da sociedade. No geral o

modus operandi de um regime totalitário envolve o uso

exacerbado do medo a um grau extremo, e foi nessa forma de

controle que o nazismo se apoiou para instigar e exacerbar

ao extremo o nacionalismo, comumente associado às

rivalidades com países supostamente ameaçadores.

Entretanto, além do medo de um inimigo externo comum, se

fazia necessário algo mais para se atingir esse regime

totalitário. Era de suma importância a criação de inimigos

internos, geralmente conspiratórios. No nazismo, esse rol

de inimigos compõe-se dos comunistas, capitalistas, judeus,

ciganos, povos eslavos, homossexuais etc. A partir daí é

que surge a ideia da raça superior ariana.

- A ideia da superioridade racial

O nazismo defende a ideia de que uma nação é a máxima

criação de uma raça, sendo assim, grandes nações seriam a

criação de grandes raças. Essa teoria defende que se

alcança esse nível de superioridade através do poderio

militar e intelectual, que se originam de culturas

racionais e civilizadas, que por sua vez, foram criadas por

raças de boa saúde, coragem e intelectualidade, sendo as

nações fracas aquelas criadas por raças impuras. Eram

consideradas nações fracas aquelas que não conseguiam

defender suas fronteiras e se uma raça mestra precisasse de

um espaço vital para viver, teria toda a liberdade de tomar

os territórios das raças fracas. Existiam também as

chamadas raças parasíticas, que eram as raças sem pátria:

quanto mais ricos fossem os parasitas, mais virulento era o

parasitismo, então no intuito de endireitar sua nação, a

raça mestra poderia eliminar a raça parasítica de sua

pátria, justificativa usada para explicar a morte dos

judeus, ciganos, homossexuais etc.

Ideias e práticas fascistas no mundo (Integralismo,

Franquismo, Salazarismo, Fascismo Japonês)

As idéias nazi-fascistas não se restringiram a

Itália e a Alemanha, eles se difundiram e alcançaram

diversos lugares no mundo, nem sempre o que se

encontrava nesses Estados inspirados era a forma pura

dos pensamentos de Mussolini ou Hitler, mas sua

influência foi marcante e fácil de ser identificada.

A disseminação dessas idéias vão do Japão, país

parceiro da Itália e Alemanha na Segunda Guerra

Mundial formando os países do eixo à países até então

sem grandes importâncias na conjuntura mundial, como

é o caso dos países latino-americanos.

O fascismo japonês é um termo utilizado por

alguns historiadores do Japão para definir o regime

político do imperador Hirohito na primeira parte do

período Showa, que governou o império do Japão desde

o início da década de 1930 até o final da Segunda

Guerra Mundial, em analogia com as ditaduras italiana

e alemã no mesmo período. No entanto, o termo

fascismo é muito discutido quanto à sua aplicação no

governo japonês, os termos mais apropriados seriam

ultranacionalismo e militarismo. As diferenças mais

óbvias entre o regime de pré-guerra japonês sobre os

seus homólogos italianos e alemães são os seguintes:

- A ausência de um ditador carismático, que

encarna a relação direta entre a população e o poder.

- A ausência de um partido único como um

indispensável instrumento de dominação de ditadores.

- A ausência de uma tomada violenta do poder,

que marca com clareza a transição da democracia para

a ditadura, como acontece na Itália com a Marcha

sobre Roma ou na Alemanha com o incêndio do

Reichstag.

- A ausência de política econômica do

revisionismo socialista.

Por outro lado há historiadores que acreditam

que pode se falar de fascismo no Japão devido a

figura sagrada do imperador que substituiria a figura

do ditador, também a tomada violenta de poder não se

fez necessária, uma vez que, cessou a forte oposição

política e sindical que foi combatida e suprimida,

como era antes na Itália e na Alemanha. Outro fator

que fazia os historiadores acreditarem que se é

possível falar de fascismo no Japão é a economia e as

estruturas políticas autoritárias baseadas nos

interesses dos grandes monopólios industriais,

especialmente as forças armadas, seria quase que

igualmente entre a Itália, Japão e Alemanha.

Na década de 1930, a Espanha passou por uma

guerra civil muito intensa. Estima-se que

aproximadamente um milhão de pessoas tenham morrido

durante os conflitos da ocasião. Os combates no

território espanhol chegaram ao fim no ano de 1939,

marcando a vitória de um grupo nacionalista que

colocou no poder o general Francisco Franco. Logo em

seguida ao término da Guerra Civil Espanhola, teve

início o maior conflito internacional do século XX ,

a Segunda Guerra Mundial. Francisco Franco, que

recebeu apoio de Itália e da Alemanha durante a

Guerra Civil Espanhola, tratou de retribuir a ajuda

apoiando esses regimes fascistas que integravam um

dos grupos durante a guerra.

O Franquismo se manteve vivo e forte na

Espanha mesmo com a derrota de outros países

fascistas na Segunda Guerra Mundial, caso de Itália e

Alemanha. O governo personalista do Franquismo era

apoiado pela Igreja Católica e pelo Exército, era

baseado na ditadura do líder que dava nome ao regime

e tinha como característica uma forte repressão aos

opositores do sistema. As bases do regime eram

definidas pelo catolicismo e anticomunismo. O

Franquismo só chegou ao fim, como regime político,

com a morte do ditador Francisco Franco em 1975, o

que abriu espaço para a transição para uma democracia

parlamentar.

O Estado Novo (1933-1974) ou Salazarismo, em

referência a Antônio de Oliveira Salazar, seu

fundador e líder, foi um regime autoritário,

conservador, nacionalista, corporativista de Estado

de inspiração fascista, parcialmente católica e

tradicionalista, de caráter antiliberal,

antiparlamentarista, anticomunista, e colonialista

que vigorou em Portugal sob a Segunda República. O

regime criou a sua própria estrutura de Estado e um

aparelho repressivo característico dos chamados

Estados policiais, apoiando-se na censura, na

propaganda, nas organizações paramilitares (Legião

Portuguesa), nas organizações juvenis, (Mocidade

Portuguesa), no culto ao líder e na Igreja Católica.

As influências fascistas não se limitaram a

esses países, na Europa países como a Romênia de Ion

Antanescu, a Grécia de Ioannis Metaxas, e a Hungria

de Miklós Horthy são exemplos claros de pensamentos

italianos e alemães. Na América Latina é que a

influência fascista europeia foi aberta e

reconhecida, tanto em políticos individuais, como

Jorge Eliezer Gaitán da Colômbia e Juan Domingo Perón

da Argentina, quanto em regimes, como o Estado Novo

de Getúlio Vargas, de 1937 a 1945, no Brasil. Na

verdade, apesar de infundados temores americanos de

um cerco nazista a partir do Sul, o principal efeito

da influência fascista na América Latina foi interno

a seus países. Tirando a Argentina, que favoreceu

abertamente o Eixo – mas o fez tanto antes de Perón

tomar o poder em 1934 quanto depois - , os governos

do hemisfério ocidental entraram na guerra do lado

dos EUA, pelo menos nominalmente. É, no entanto,

verdade que em alguns países sul-americanos seus

militares foram moldados no sistema alemão ou

treinados pelos alemães ou mesmo por quadros

nazistas.

O Brasil, que estava no comando de Getúlio

Vargas, logo após a Grande Depressão (Crise de 1929)

atingiu sua economia, adotou uma postura nacionalista

de restaurar a economia do país, desse modo se

instalou o Estado Novo no Brasil, que se baseava em

um regime político centralizado autoritário, muito

próximo ao fascismo. O que distancia o Estado Novo,

de Vargas, do Fascismo Italiano ou Nazismo Alemão,

foi a inexistência de um partido para intermediar a

relação entre o povo e o Estado e falta de um

discurso ultranacionalista. E uma das principais

medidas desse novo regime político foi adotado o

chamado "Estado de Compromisso”, onde se foi criado

um mecanismo de controle e vias de negociação

política responsável pelo surgimento de uma grande

frente política de apoio a Vargas. Um dos novos

órgãos criados pelo governo foi o DIP, Departamento

de Imprensa e Propaganda, que projetava Vargas como o

“Pai dos Pobres” e o “Salvador da Pátria”, além de

assegurar que nada que pudesse prejudicar Vargas

fosse compartilhado pela imprensa. Desse modo os

partidos como AIB (Ação Integralista Brasileira), que

tinha um pouco de suas ações influenciadas pelo

Fascismo Italiano, foram extintos. Outro ponto

importante desse novo regime foi a relação entre o

governo e as classes trabalhadoras, pois por terem

uma orientação populista, o governo se preocupava em

obter favores dos trabalhadores por meio de leis de

amparo a este. Nessa época os sindicatos viraram

centros de divulgação da propaganda governamentista e

seus líderes, que eram representantes da ideologia de

Vargas.

Em meio a Segunda Guerra Mundial, Vargas se

apoiava hora nos países do eixo, hora nos da aliança,

porém se juntou definitivamente ao EUA, em troca de

benefícios econômicos, lutando contra os regimes

totalitários de Hitler e Mussolini, gerando uma

tensão política e desestabilizando a legitimidade da

ditadura varguista.

Influências, participações e apropriações nazistas

 Na falta de uma base teórica própria do fascismo, como

Marx para o socialismo, ele sofrerá influências de vários

pensadores, alguns que participam e outros sem nenhuma

ligação e que suas ideias foram apropriadas, como o caso do

filosofo alemão Friedrich Nietzsche, que teve sua imagem e

“fama” usadas pelo nazismo para “glorificar” a nação alemã

sob influência de sua irmã Elizabeth Nietzsche, que era

anti-semita e chegou até a editar escritos do irmão. A

própria filosofia "nietzscheniana" entra em choque com os

ideais nazistas, o filósofo ia contra qualquer forma de

nacionalismo e participação política, defendendo um

afastamento dessa para um visão mais abrangente. Em seu

livro Além do Bem e do Mal irá abordar o pensamento alemão

anti-semita: 

“O que a Europa deve aos judeus? Muitas coisas, boas e más,

e antes de mais nada a coisa que tem do melhor e pior para

dar: o estilo grandioso da moral, o terrível e a majestade

de postulados imensos, de infinitos significados, todo o

romantismo e o sublime dos problemas morais — e

consequentemente a parte, mais interessante, embaraçosa e

procurada pelo caleidoscópio de seduções da vida, que

ilumina com seus últimos clarões a céu, o pôr do sol,

talvez, de nossa civilização europeia. Nós artistas entre

os espectadores e os filósofos nos sentimos reconhecidos

por isso — aos judeus.”. (Para Além do Bem e do Mal,

aforismo 250.).

“(...) se tem, em resumo, qualquer acesso de imbecilidade;

assim, por exemplo, os alemães da atualidade cultivaram a

demência anti-francesa, outras, a anti-semita, a anti-

polaca, a romântico-cristã, a wagneriana, a teutônica, a

prussiana (..)Mas os judeus são incontestavelmente a raça

mais vigorosa, mais tenaz e mais genuína que vive na

Europa, sabem caminhar nas piores condições (e talvez muito

melhor que em condições favoráveis) e isto quanto a tais

virtudes (..)vseria adequado afastar, de todos os países,

os agitadores anti-semitas (..)" (Idem, aforismo 251)

No lado italiano há o filósofo Enrico Corradini que fez

parte do partido fascista e afirmava a visão de uma Itália

sendo explorada por outras nações. Outro filosofo foi

Giovanni Gentile se tornou ministro da educação no governo

de Mussolini, promoveu uma reforma na educação italiana que

seria base para o Estado e para a Igreja Católica. Martin

Heidegger, filósofo alemão, diferente de Nietzsche,

participa diretamente do movimento. Em 1933 é eleito reitor

da Universidade de Freiburg e entra para o Partido Nazista,

em 1934 é afastado do cargo por não querer exonerar alguns

professores que não aceitavam o regime. Heidegger via em

Hitler a esperança para o erguimento de uma “nova"

Alemanha, ele que era conservador. Depois de seu

afastamento propõe que o nazismo contribui, segundo sua

filosofia, para o “esquecimento do ser” e a

inautenticidade, por conta do caráter coletivo que se

sobrepôs ao indivíduo, não existiria a individualidade.

Alguns defensores do filósofo chamaram sua relação com o

nazismo de um mero “erro filosófico”. Richard Wagner,

grande compositor alemão, segundo pesquisas é acusado de

ser um dos principais disseminadores do anti-semitismo na

Alemanha, tanto em suas composições tanto em escritos. Era

uma das fixações de Hitler, o que mostrava sua grande

influência no ideário nazista. Wagner defendia a supremacia

e grandiosidade do povo germânico, em suas obras sempre

havia uma raça inferior sendo destruídos por heróis loiros,

típicos alemães. Ele defendia abertamente a degeneração e

doença tanto na arte dos judeus, quanto na “raça”. Propunha

a formação de uma nação superior, excluindo (até

exterminando) os indesejáveis e tendo como base a arte.

Para Hitler “só entende o nazismo quem conhece Wagner” e

“enquanto se escuta música de Wagner, eu estarei presente”.

Para finalizar Alfred Rosenberg ideólogo do partido,

origina a “filosofia nazista” em O Mito do Século XX, foi

também ministro do Reich para regiões ocupadas do leste.

“Ressurgimentos” neofascistas na atualidade

Há, principalmente na Europa, “ondas” conservadores e de

cunho fascista em todo o mundo. A palavra “onda” reflete

aos ideais que nunca se extinguiram podendo assim voltar,

ideais como ódio ao estrangeiro, anti direitos LGBT,

resquícios ainda de um “pensamento colonial”, o racismo é

um dos mais presentes. Esses movimentos atingem

principalmente os jovens e são também difundidos na

internet. Na Grécia, país que passa por conturbações

econômicas, vemos o fortalecimento do partido Aurora

Dourada, que se autodenominam neonazistas; consideram

Hitler um grande homem, homossexuais como doentes e

imigrantes são chamados de “jihadistas” por sua maioria

muçulmana. Na região da Escandinávia vê-se também o

“erguimento” de uma extrema direita em países como Noruega,

Suécia e Dinamarca, no segundo há um forte movimento contra

a chamada “islamização”. Esse novo fenômeno pode “pôr em

cheque” as políticas de bem-estar social conquistadas

naquela região.  Na França a extrema direita liderada pela

Frente Nacional, representada por Marine Le Pen, vence as

eleições conseguindo mais espaço no Parlamento Europeu e

consequentemente na União Europeia.

Conclusão:

Com o fim desses tais regimes decorrentes da derrota na II

Guerra Mundial, ocorreram desastrosas consequências tanto

para o eixo tanto para o lado aliado. Os regimes

totalitários foram os “grandes” culpados pelo inicio da

guerra e a morte de milhões de inocentes, como acontecido

no Holocausto, além dos mortos no cenário interno de cada

um desses governos. Com o fim desses tais regimes

decorrentes da derrota na II Guerra Mundial, ocorreram

desastrosas consequências tanto para o eixo tanto para o

lado aliado. Os regimes totalitários foram os “grandes”

culpados pelo inicio da guerra e a morte de milhões de

inocentes, como acontecido no Holocausto, além dos mortos

no cenário interno de cada um desses governos. Com o horror

causado por esses houve uma tentativa de compreensão do que

foi o fenômeno fascista como esse obteve apoio da massa;

seus ideais de eugenia; a escolha de um tipo ideal de

“homem” e a “seleção”, até extermínio dos indesejáveis.

Para Leandro Konder, em Introdução ao Fascismo, esse

movimento teria como base o pragmatismo, a agilidade, que

segundo Heidegger completa, a base de todo totalitarismo é

a técnica, nesses regimes há uma busca do moderno

“mascarado” de antigo. Ainda em Konder ele coloca uma

questão sobre a força da ação individual de Hitler e

Mussolini ou como propõe Elias em seu livro Os Alemães, que

valores militaristas e o uso de violência na política

refletiriam nesses regimes autoritários.

Referências bibliográficas

POULANTZAS, Nicos. Fascism and Dictatorship: The Third International and the Problem of Fascism. London: NLB, 1974.

HITLER, Adolf. Minha Luta

ARENDT, Hannah. Ideologia e Terror: uma nova forma de governo. In: Origens do Totalitarismo. São Paulo: Companhiade Bolso, 2013, p. 391 – 409.

KONDER, Leandro. O Conceito de Fascismo; A Discussão sobre o Fascismo depois da Morte de Hitler e Mussolini. In: Introdução ao Fascismo. São Paulo: Expressão Popular, 2009,109 – 145.

ROCKWELL, Lew. O que realmente é o Fascismo. Instituto Mises Brasil, 2014. Disponível em: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1343

NARLOCH, Leandro. Nazistas e Fascistas. In: Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo. São Paulo: LEYA, 2013, p. 156 – 205

BARONE, João. 1942: O Brasil e sua Guerra quase desconhecida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.

HOBSBAWM, Eric. O Breve Séc. XX: 1914 - 1991. In: A Era dosExtremos. Cap. 4

RODRIGUES, Jefferson Antonione. A ideologia wagneriana: umaconcepção político jurídica do belo e do holocausto.Revista Eletrônica Direito e Política, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica da UNIVALE, Itajaí,v.3, n.3, 3° Quadrimestre de 2008. Disponível em:www.univale.br/direitoepolitica - ISSN 1980-7791.

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Além do bem e do mal. PortoAlegre: L&PM Pocket, 2009.

HELFERICH, Christoph. História da Filosofia. 1.ed. São

Paulo: Martins Fontes, 2006.

ELIAS, Norbert. Os Alemães: A luta pelo poder e a evolução

do habitus nos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Jorge

Zahar Editor, 1997.

EXTREMA direita sueca chega ao poder e país submerge em

xenofobia. Terra. {online}. Disponível na internet via

http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/extrema-direita-

sueca-chega-ao-poder-e-pais-submerge-em-

xenofobia,da687227b94fa310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html/.

Arquivo capturado em 10 de jul. 2014.

A EXTREMA-direita está a crescer em toda a Europa. DnGlobo. {on line}. Disponível na internet viahttp://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=2105764&page=-1/. Arquivo capturado em 10 dejul. 2014.

DIREITA vence eleições legislativas na Noruega. Público.{on line}. Disponível na internet viahttp://www.publico.pt/mundo/noticia/direita-vence-eleicoes-legislativas-na-noruega-1605340/. Arquivo capturado em 10jul. 2014.

EXTREMA-direita vence na França e ganha terreno em toda EU.O Globo. {on line}. Disponível na internet viahttp://oglobo.globo.com/mundo/extrema-direita-vence-na-franca-ganha-terreno-em-toda-ue-12601419/. Arquivocapturado em 10 jul. 2014.

RABITZ, C. Pesquisadores apontam proximidade inegável de Wagner com Hitler. DW. {on line}. Disponível na internet via http://www.dw.de/pesquisadores-apontam-proximidade-ineg%C3%A1vel-de-wagner-com-hitler/a-3512777/. Arquivo capturado em 10 jul. 2014

HAILER, M. Estamos vivendo uma onda neonazista no ocidente,diz socióloga. Portal Fórum. {on line}. Disponível na internet via http://www.revistaforum.com.br/blog/2013/12/estamos-vivendo-uma-onda-neonazista-no-ocidente-diz-sociologa/. Arquivo capturado em 10 jul. 2014

MÉSZÁROS, E. Onda conservadora europeia. Carta Capital. {online}. Disponível na internet via

http://www.cartacapital.com.br/politica/a-onda-conservadora-europeia/. Arquivo capturado em 10 jul. 2014.