o papel do espaço público no projecto 22@bcn
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 3
I. O MODELO BARCELONA ...................................................................................................................... 5
Contexto ................................................................................................................................................. 5
Características........................................................................................................................................ 6
Etapas da transformação ...................................................................................................................... 6
O modelo, o espaço público e a cidade ............................................................................................... 8
II. POBLENOU - de pólo industrial à cidade do conhecimento ............................................................... 9
Paisagem industrial: implantação e crescimento ............................................................................. 9
Planeamento, crescimento e indústria ............................................................................................ 11
Desindustrialização e transformação: questões económicas, urbanísticas e sociais ................... 11
O período democrático: transformação, infra-estrutura e espaço público .................................... 12
Poblenou: um historial de intervenções .............................................................................................. 13
III. O PROJECTO 22@Barcelona ............................................................................................................ 14
A alteração ao PGM de 2000: antecedentes e contexto ................................................................ 14
Descrição genérica do projecto....................................................................................................... 14
Componentes específicas do projecto ........................................................................................... 16
Planeamento e Gestão da Transformação...................................................................................... 17
Execução – modelo e dados ........................................................................................................... 19
IV. ESPAÇO PÚBLICO NO PROJECTO 22@Barcelona ......................................................................... 20
1. Base de Espaços ou Equipamentos Públicos existentes .............................................................. 20
Espaços com relevância à escala da cidade .................................................................................. 20
Espaços com relevância à escala local .......................................................................................... 21
2.Malha Cerdá como infra-estrutura .................................................................................................... 22
Estrutura de vias ............................................................................................................................... 22
Relação com pré-existências ........................................................................................................... 23
Desenho e mobiliário urbano ........................................................................................................... 24
3. Projectos de espaço público, exemplos de conversão de usos ................................................... 25
Reconversão de edifícios industriais ............................................................................................... 26
Praças ............................................................................................................................................... 30
Interiores de quarteirão - espaços intersticiais ................................................................................ 32
CONCLUSÃO ........................................................................................................................................... 34
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................................... 36
ÍNDICE DE IMAGENS .............................................................................................................................. 40
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INTRODUÇÃO
As políticas urbanas de regeneração são elementos com destaque na gestão da cidade. No caso de
Barcelona, uma série de factores e de condicionantes na passagem para a época democrática,
levaram ao desenvolvimento de um conjunto de políticas e iniciativas públicas, mais tarde definidas
como “modelo Barcelona”. Incluindo intervenções que englobam várias áreas de actuação, destaca-
se um predomínio das que se desenvolvem no e para o espaço público, utilizando-o como estratégia
para a coesão social e a valorização urbana.
Actualmente, desenvolvem-se na cidade alguns projectos de regeneração e transformação urbana,
com características específicas e em parte distintas dos ocorridos nas décadas anteriores. Um dos
casos é o projecto de regeneração 22@Barcelona na zona do Poblenou, em desenvolvimento desde
1999, que pretende transformar uma grande área de solo industrial, para novos usos ligados às
tecnologias do conhecimento.
Neste contexto propomo-nos a analisar a estratégia de transformação estabelecida pelo projecto
22@, procurando a sua especificidade, com destaque para o papel do espaço público. Como
objectivo central, pretendemos entender a relação do planeamento com os elementos que definem a
produção do espaço público dentro do contexto 22@, procurando exemplos que possam evidenciar
as relações entre a transformação urbana actual e o espaço público resultante. Podemos também
avaliar de que modo esta forma de construção do espaço público se enquadra no panorama das
políticas urbanas de Barcelona, baseando-nos numa leitura das estratégias e medidas que as
caracterizam.
A análise da transformação urbana, tanto no âmbito geral da cidade de Barcelona, como localmente
no bairro do Poblenou, é feito a partir de uma pesquisa bibliográfica, evidenciando modelos e formas
que conduzem os processos e as mudanças de paradigmas. No caso específico do 22@, interessa-
nos incidir a análise sobre os documentos que o compõem, para identificar e sistematizar quais os
elementos e as políticas relacionadas com o espaço público. Noutra abordagem mais específica,
tentamos encontrar casos que possam ilustrar estas estratégias, analisando as suas configurações e
repercussões.
Procurando contextualizar os processo de transformação, organizamos o trabalho em quatro partes:
- No primeiro capítulo analisamos a evolução urbana da cidade de Barcelona ao longo dos
últimos 30 anos, numa breve descrição do Modelo Barcelona, as principais características e
momentos de transformação, associados à produção de espaço público.
- No segundo capítulo, traçamos a evolução da ocupação urbana na zona do Poblenou,
relevando os aspectos essenciais da origem industrial do tecido urbano e social de hoje,
destacando o planeamento associado aos processos de industrialização e desindustrialização.
-Num terceiro capítulo estudamos o projecto 22@, enunciando as suas principais medidas e os
aspectos mais relevantes da produção do espaço urbano, com destaque para a gestão da
transformação e a transição entre modelos.
- No quarto capítulo analisamos as estratégias que configuram a produção do espaço público,
através de uma sistematização em categorias / princípios, cruzando as medidas do projecto
22@ com exemplo já concretizados.
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I. O MODELO BARCELONA
Consideramos o Modelo Barcelona como um conjunto de políticas e de intervenções, levadas a cabo
nas últimas três décadas num contexto de transformação da cidade de Barcelona, que representam
uma determinada forma de fazer cidade. Neste capítulo centramo-nos na definição das principais
características, projectos mais relevantes e identificação de etapas de transformação, englobando o
período desde a transição democrática até à actualidade, relevando as suas relações e concepções
do espaço público, na relação da transformação do território.
Contexto
As primeiras eleições democráticas no município de Barcelona em 1979 iniciam o processo de
recuperação da cidade. O ambiente do final da ditadura foi marcado por uma grande mobilização,
tanto em movimentos cívicos como nos meios profissionais (Calvita and Ferrer, 2004). Paralelamente
assiste-se a uma crítica a um urbanismo de especulação (e ao excesso de construção), à
recuperação da obra de Cerdá e do movimento moderno (Borja, 2005a).
A nova gestão autárquica permite dar resposta às necessidades sociais, cívicas e urbanísticas que a
cidade reclama, ao mesmo tempo que inicia uma reforma na administração da cidade (Busquets,
1992). Uma forte liderança política, conjugada com capacidade técnica e uma base teórica de
orientação dos processos (com destaque para o papel de Bohigas como chefe de Urbanismo do
Ajuntament), serão preponderantes para a implementação das novas estratégicas urbanas.
Fig. 1 – Plan General Metropolitan (1976)
A recuperação da cidade parte da necessidade de uma resposta imediata e prioritária às exigências.
O Plano General Metropolitan (PGM) de 1976 vigente na época, foi o ponto de partida para as
actuações posteriores (Bohigas, 1985): permitiu reservas de solo para espaços e equipamentos
públicos, propôs um equilíbrio de usos e densidades, estabeleceu um sistema de ordenações e
critérios (de uso e de forma) em detrimento do zonamento rígido. Através de uma interpretação
flexível, Bohigas utiliza o PGM como um enquadramento genérico e coerente, para uma rápida
passagem a soluções concretas (Borja, 2003). A operacionalização desta estratégica faz-se através
da figura dos PERI (Plan Especial de Reforma Interior), que permitem actuar como um plano de
gestão singular, adequando as regras do planeamento vigente (Busquets, 1992). Os planos mais
significativos podem-se agrupar em tipos de actuação (Bohigas 1985): centro histórico central,
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centros das antigas povoações anexadas, bairros periféricos com problemas urgentes, sectores
próximo a eixos viários passíveis de se recuperar como espaços urbanos, conjunto do Eixample e
grandes vias constituintes de pólos de novas actividades.
Características
A politica urbana do período inicial pode ser sintetizada, a partir da expressão “recuperar o centro e
monumentalizar a periferia”(Bohigas, 1985):
- recuperar as zonas centrais da cidade, reequilibrando usos e densidades, readquirindo uma
certa dignidade formal, qualidade urbana e condições de habitabilidade;
- reordenar ou urbanizar os espaços difusos das periferias, dotando-os de estruturas com
critérios de centralidade, de significação e de reapresentação colectiva.
Neste contexto, a visão da cidade (Bohigas 1985) não é de um grande sistema coeso e racional, mas
um agrupamento de bairros como peças relativamente autónomas, de estrutura física consolidada
onde é possível actuar para melhorar as condições de vida. Estas intervenções envolveram também
medidas sociais, políticas e económicas (Capel, 2007), onde se podem destacar a participação
cidadã, medidas de descentralização municipal, estratégias culturais ou de coesão social. A melhoria
do espaço público e da situação social da cidade, permitiu entender estas actuações urbanas como
um factor de desenvolvimento urbano e económico.
Borja (2003) caracteriza esta estratégia de espaços públicos, com elementos comuns que se
conjugam numa estratégica de desenvolvimento urbano:
-estratégia social - dar uma resposta aos movimentos cívicos, em todas as zonas da cidade,
com projectos de espaços e equipamentos públicos, facilitando e promovendo usos sociais
intensos
- multifuncionalidade dos projectos – resolvendo diversos problemas, promovendo a mistura
social e possibilitando novos usos.
- impacto sobre a envolvente - localizar e potenciar a dinâmica de transformação tanto através
de actuações pontuais como de infra-estrutura ou projectos grandes
- qualidade do desenho e identidade – qualificar as intervenções com elementos simbólicos,
culturais, identitários, que permitam um reconhecimento e integração
- promoção da cidade e marketing urbano – atracção de profissionais e investidores numa
lógica de projecção internacional da cidade.
A evolução desta transformação parte da “ideia-força” de recuperação da cidade (Busquets, 1992) -
primeiro por uma serie de actuações em praças e parques, evoluindo para actuações a médio prazo
em todos os bairros da cidade. Mais tarde com os Jogos Olímpicos de 1992, desenvolvem-se
estratégias globais para sectores críticos da cidade, com operações de maior envergadura e mais
ambiciosas e grandes componentes infra-estruturais.
A utilização do evento para modernizar e impulsionar a cidade, é uma linha estratégica que tem
precedentes na Exposição Universal de 1888 e na Internacional de 1922. Ao longo destes processos
(Borja, 2005a), a cidade muda a sua imagem e posiciona-se favoravelmente nos fluxos
internacionais.
Etapas da transformação
As estratégias e políticas urbanas do Ajuntament foram desenvolvidas ao longo de várias décadas,
durante as quais se podem identificar diversas etapas, com características e desenvolvimentos
específicos. De acordo com Casellas (2006) estas são:
Actuações de pequena escala: “acupunctura urbana” – 1979 a 1985
O período inicial é marcado por intervenções pontuais de pequena escala, de rápida execução e
com recursos limitados: praças, ruas, parques. O objectivo é dar resposta à pressão da comunidade,
criando zonas polarizadoras e qualificadas nas diversas zonas cidade (Bohigas, 1985), incorporando
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o debate local e fortalecendo o sentido de bairro. As actuações concentram-se em potenciar os
vazios da trama urbana existente, aproveitando oportunidades e espaços disponíveis (estruturas
obsoletas, zonas degradadas, etc). Apesar dos limitados recursos, esta etapa é marcada por um
protagonismo de intervenção pública, tanto na criação de visões para cidade como na execução de
operações concretas.
Do ponto de vista da administração da cidade, reorganizaram-se os distritos e descentraliza-se o
poder, permitindo uma aproximação da população aos processos de decisão e uma melhor resposta
às necessidades locais (Borja, 1996).
Grandes intervenções: a Barcelona dos Jogos olímpicos – 1986-1992
Esta etapa arranca com a nomeação em 1986 de Barcelona para os Jogos Olímpicos de 1992, que
vão representar mudanças substanciais na cidade. Com a aposta olímpica inicia-se um projecto de
modernização urbana e articulação metropolitana, com ambição de transformar Barcelona numa
capital de projecção internacional. (Subirós, 1993). As intervenções não se limitam às infra-estruturas
e equipamentos necessários ao evento, mas desenham objectivos mais alargados (Ajuntament de
Barcelona, 1987b) como:
- a renovação do centro histórico;
- a melhora dos bairros periféricos;
- intervenções nas redes de transporte e comunicação - com melhorias na acessibilidade,
mobilidade e telecomunicações;
- a abertura de cidade ao mar – na frente marítima desde o Port Vell até ao rio Bèsos;
- a construção de áreas de nova centralidade - atraindo actividade económica e melhorando a
qualidade da cidade. Aqui inserem-se as quatro áreas olímpicas – Montjuic, Diagonal, Vall
d‟Hebron e Poblenou - que se distribuem pela cidade, criando pólos importantes de qualificação
da cidade, produzindo centralidades periféricas (Ajuntament de Barcelona, 1987a).
Nesta fase, a intervenção pública continua a ser muito forte nomeadamente nas áreas das infra-
estruturas e equipamentos, com os projectos previsto a desenvolveram-se com maior urgência e
precisão. O ritmo e a escala da transformação levam o Ajuntament (Montaner, 2002) a negociar
directamente com operadores privados para algumas operações, concretamente nas ligadas ao
sector da habitação.
A cidade pós-olímpica e a sua nova escala – 1992-1997
Corresponde ao período de crise pós-olímpico, com alguma desaceleração económica. As
intervenções urbanas passam pela conclusão de obras iniciadas no período olímpico, e continuação
das operações no espaço público, embora com um ritmo mais lento e mais centradas em zonas
periféricas. O livro La Segona Renovació (Ajuntament de Barcelona, 1996) define o planeamento e as
propostas para estas etapas, algumas das quais correspondendo ao desenvolvimento da estratégia
de áreas de centralidade:
- grandes projectos como Sant Andreu-Sagrera, Diagonal- Poblenou e Frente Marítimo
- intervenções de reabilitação e melhoria em bairros
- orientação do planeamento para a habitação
- definição da rede viária e de frentes edificadas
- operações de “reequilíbrio” da cidade
A projecção internacional e valorização da cidade dada pelos Jogos Olímpicos, abre caminho para a
dinamização económica e para a valorização de questões como competitividade e posicionamento
estratégico. A nível da política urbana, destaca-se a criação de agências e enquadramentos
metropolitanos como a Agência Barcelona Regional (1993) ou o desenvolvimento de II Plan
Estratégico Económico y Social Barcelona 2000 (1994).
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Novos projectos - desde 1997….
Este período inicia-se com a gestão de Joan Clos e uma política de projectos urbanísticos de grande
envergadura e operações público-privadas. Segundo Montaner (2002) a mudança dá-se com a
exposição “Barcelona New Projects”, mas consolida-se com o projecto Diagonal-Mar do grupo
imobiliário Hines. Destacar o evento Fòrum Universal de les Cultures em 2004, com uma operação de
remodelação urbanística no limite este de Barcelona, amplamente discutido na esfera pública. Outros
projectos são desenvolvidos e avançam para a execução como: a intervenção da alta velocidade na
Sagrera, a expansão do aeroporto e zona logística no Llobregat e criação do projecto de
transformação da zona industrial do Poblenou 22@.
Nesta fase consolida-se uma atitude favorável ao investimento privado, que segundo Capel (2007) é
acompanhado por um desvanecimento de conteúdos sociais. Ao contrário do consenso popular de
etapas anteriores, surgem em vários contextos movimentos de oposição à política urbana,
coincidindo com posições críticas de académicos e profissionais (Delgado, 2007), grupos cívicos
(Unió Temporal d‟Escribes, 2004) ou associações de moradores (Clarós, 2007). Numa tentativa de
entender o renascer destes movimentos, face às últimas intervenções urbanas, Borja (2005b) avança
com a ideia de “des-possessão”. Esta pode-se sintetizar numa reacção dos habitantes à perca de
identificação com intervenções recentes, cujas lógicas globais não dão respostas às suas
necessidades quotidianas – um sentimento que a sua cidade, afinal já não é sua.
O modelo, o espaço público e a cidade
Esta breve análise das políticas e realizações urbanas em Barcelona no último quartel do séc. XXI,
evidencia alguns aspectos da sua transformação profunda: económica, social, estrutura física e
imagem, etc. Podemos realçar o papel das políticas urbanas e a aposta no espaço público com um
papel central na estratégia de recuperação e dinamização da cidade.
Na evolução do modelo Barcelona, encontramos uma alteração do enfoque principal das
intervenções do projecto de espaço público - com uma escala e enquadramento local, centrados na
qualidade de vida e identidade do bairro, através de operações públicas – para um novo enfoque em
grandes intervenções no âmbito do projecto urbano – com escalas mais alargadas, participação de
agentes privados, relações com âmbitos económicos mais globais e competitivos.
Podemos dizer que apesar do espaço público continuar a ser um elemento presente em todas estas
intervenções na cidade, a mudança das lógicas anteriores de relação da comunidade e bairros, para
outras lógicas mais marcadas por "imagens globais", leva a uma diminuição do papel do espaço
público como identificador e agregador da cidade, perdendo um carácter relacional tão importante
nas primeiras etapas. A “dessincronia" entre os espaços produzidos e os "desejos" da população
origina a recusa da transformação e impulsiona os movimentos de contestação.
Podemos questionar, se a criação recente de algumas iniciativas políticas - Llei de Barris (2004) e La
Barcelona dels Barris (2004) - direccionadas para uma visão centrada nos bairros e nas suas
problemáticas, podem possibilitar um reequilíbrio deste desajuste? Ou doutra forma como se podem
articular os grandes projectos de transformação em curso na cidade, com lógicas e interesses locais
e comunitários?
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II. POBLENOU - de pólo industrial à cidade do conhecimento
A zona do actual Poblenou, correspondeu durante séculos a um território de lagoas e áreas húmidas,
com terras baixas inundadas periodicamente e aproveitadas como zonas de pesca, caça, pasto e
cultivo. O primeiro núcleo urbano, corresponde ao antigo bairro de Taulat1, ocupando a zona próxima
do mar do antigo município de Sant Martí de Provençals.
A falta de espaço na cidade intra-muralhas de Barcelona, leva a que se desloquem para esta zona
de Sant Martí usos com necessidade particulares de espaço ou isolamento, como uma casa de
quarentena, um campo de práticas de artilharia e finalmente o cemitério em 1819.
Paisagem industrial: implantação e crescimento
O historial industrial do Poblenou começa ainda ao do largo do séc. XVIII, com a instalação de
“prados de indianas2”, favorecidos pela abundância de água freática, grandes extensões
desocupadas e o baixo preço do terreno. O aparecimento de novos processos de fabricação, com a
introdução da tecnologia a máquina a vapor, leva à implantação de novas tipos de indústrias e
consequentemente mais mão-de-obra. Consequentemente há um crescimento demográfico e
aumenta a edificação de casas. É a partir de 1847, que Nadal e Tafunell (1992) consideram que se
inicia efectivamente o processo de industrialização em Sant Martí.
O núcleo habitacional de Taulat desenvolve-se detrás do cemitério e fora da delimitação militar, que
impedia o crescimento de Barcelona, acompanhando a directriz mar-montanha. O conjunto da rua
Taulat (continuação do caminho do cemitério), rua de Sant Pere (hoje Mariá Aguilò) e a estrada de
Mataró (hoje rua Pere IV) constituem os eixos que polarizam o crescimento do bairro (Ajuntament de
Barcelona, 1991). O acesso para Barcelona fazia-se através do passeig del Cementiri aberto em
1839.
Em redor das décadas de 1840/50, a concentração de casas a sul de Sant Marti era conhecida como
“Poble nou”, como diferenciação da “povoação nova” face ao núcleo antigo de Sant Martí (Arranz,
1991). Este núcleo urbano vai-se consolidando em redor da actual Plaça Prim, e com o passar dos
anos no Barri de la Plata (na zona da rua Ramon Turró). Em 1855, Cerdá menciona este 1º núcleo,
como o bairro de Icária, referência à comunidade de socialistas utópicos com ligações a Cabet.
A instalação em 1848, da 1ª linha de caminho de ferro de Espanha, Barcelona–Mataró, que atravessa
os terrenos da praia no Poblenou, foi um dos factores fundamentais para o crescimento industrial da
zona (Andreu, 1997). Na década seguinte várias linhas são inauguradas ligando a povoações
vizinhas configurando uma rede de infra-estrutura que com o passar do tempo irá também funcionar
como barreira, reforçando o isolamento do bairro.
Com o desaparecimento da Ciutadella e das restrições à construção em 1870, o nº de fábricas
aumenta vertiginosamente. A sua posição privilegiada na periferia de Barcelona, com a proximidade
do porto, abundância de água, boas comunicações e mão de obras variada - destaca-o de outros
locais como Sants ou Sant Andreu (Ajuntament de Barcelona, 1991). Esta concentração industrial
atrai população procedente de vários locais, que se instala em redor das fábricas: em 1860 o bairro
teria 850 habitantes, em 1905 seriam 15.000 (Ajuntament de Barcelona, 1991).
Quando em 1897, o município de Sant Martí de Provençals é agregado a Barcelona, o Poblenou
contava já com vários bairros3 com personalidade própria (Arranz, 1991). O eixo fundamental do
bairro, o mais qualificado e central é o Passeig del Triomf (hoje Rambla do Poblenou) que se
urbanizara em 1886, tornando-se desde esta época o principal núcleo urbano, social e associativo do
bairro.
1 Taulat, significa terra de cultivo 2 Tecidos de algodão estampados, que necessitavam de secar ao sol 3 Llacuna, Taulat, Plata, Trullàs, França Xica, Darrera del Cementiri, Pequín e Somorrostro. Estes três últimos caracterizavam-se por zonas de barracas ao largo do litoral de Barcelona
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Fig. 2 – Mapa industrial e comercial de Sant Martì de Provençals (1872)
Em finais do séc. XIX, o Poblenou era o território com a maior concentração industrial do país (Nadal
e Tafunell, 1992), passando a receber a alcunha de "Manchester català”4. A introdução generalizada
da electricidade a partir do séc. XX, leva à implantação de indústrias mecanizadas e com maiores
necessidades de espaço, conduzindo a uma expansão territorial (Oliva, 2003).
A paisagem industrial de grandes complexos era completada por pequenas oficinas e fábricas
médias (Ajuntament de Barcelona, 1991). Numa convivência próxima fábrica/residência, os espaços
intersticiais foram ocupados por edifícios humildes de habitação, de pequenas divisões e deficientes
condições higiénicas. A falta de serviços, equipamentos e infra-estruturas, aliadas às duras
condições de trabalho e de vida serão constantes na vida do bairro. Como forma de superar
algumas destas dificuldades, são criadas várias entidades (cooperativas, associações, ateneus),
responsáveis por várias iniciativas de âmbito cívico, cultural, social e recreativo. Esta forte coesão
social, o seu carácter obreiro, congregam um forte activismo e auto-organização, com papéis
preponderantes em vários episódios de luta e conflito social (Arranz, 1991).
Fig. 3 – Vista aérea do Poblenou (1920) | Fig. 4 - Zona em redor da rua Pere IV (1929-1939)
4 Destacam-se indústrias variadas (M. Huertas, 2007) tais como: armazéns de mercadorias (Crédito y Docks), fabricantes de vinhos (Martini & Rossi e Can Bardina), farinheiras (Folch i Albiñana, La Perfección e Can Gili), fabricas de sabão (Can Rocamora), de mosaicos (Escofet), industriais têxteis (Ca l‟Arañó, Can Felipa, Can Saladrigas, l‟Escocesa, el Cànem, Torelló, Can Janas, Muntadas), fábricas de metal (Can Girona, Can Torras i Rivière), fabricas de tijolos, industria química e de alimentação (Xocolates Amatller), etc.
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Planeamento, crescimento e indústria
A aplicação do Plano de Reforma e Eixample de Cerdá aprovado em 1859, encontrou entraves no
município de Sant Martí protagonizados pelo arquitecto municipal Antoni Rovira i Trias (Ajuntament
de Barcelona, 1991). A implantação da malha Cerdá avança a partir de 1875 (Arranz, 1991), com o
arquitecto municipal Pere Falqués, e mais rapidamente depois da anexação a Barcelona em 1897
com planos de adaptação até 1925. No entanto, este processo dá-se quando o crescimento
industrial já estava consolidado, com base na estrutura parcelar agrária, o que explica a
sobreposição de traçados e a falta de continuidade de muitas ruas. Outros exemplos são as
passagens a meio do quarteirão, que permitem dobrar a sua capacidade, reduzindo as dimensões
das habitações mas densificando a ocupação (Ajuntament de Barcelona, 1991).
Durante o século XX, planos como o Plan Jaussely (1905) ou o Plan Macià (1934) configuraram
novas propostas para a zona do Poblenou, não sendo no entanto levadas a cabo. O plan Jaussely
introduzia a ideia de um passeio marítimo desde a Barceloneta até à praia de Camp de la Bota,
(numa continuidade litoral só concretizada no final do século) e reforçava a Plaça de les Glóries
como o ponto central da cidade. O Plan Macià produzido pelo GATCPAC propõe uma ideia de “re-
zonamento” da zona do Poblenou (Oliva, 2003), reformulando-a como sector residencial e
transferindo a indústria para a zona acima da Gran Via.
O plano Comarcal de 1953 estabelece a classificação de solo industrial para a zona do Poblenou,
definindo os limites para a expansão industrial no este da cidade, considerando a zona de Besòs e
Gran Via como áreas de densificação habitacional (Oliva, 2003). No entanto não reconhece o tecido
habitacional existente dentro da área industrial, considerando as cerca de 700 parcelas com
edificações residenciais existentes “desconforme” com o planeamento (Ajuntament de Barcelona,
2000a).
No início dos anos 60 a zona atingirá o pico do seu desenvolvimento, com um tecido produtivo rico e
diversificado e uma população operária, especializada, coesa e compacta. Em conjunto com a Zona
Franca e Bom Pastor, o Poblenou configura o trio das zonas industriais de Barcelona
Desindustrialização e transformação: questões económicas, urbanísticas e sociais
Será a Zona Franca, polígono industrial situado na zona sudoeste da cidade, com acessos directos
ao porto e novas ligações à rede de auto-estradas, que irá receber as primeiras deslocalizações de
empresas do Poblenou, atraídas por melhores condições (Nadal e Tafunell, 1992). Este fenómeno é
reforçado na década de 70 num processo transversal a muitas cidades europeias, com uma época
de crise e desindustrialização: envelhecimento de instalações, fecho de empresas ou mudança para
a periferia da cidade, com condições mais adequadas às necessidades. O processo foi lento mas
entre 1963 e 1990, o Poblenou perdeu mais de 1.300 indústrias. Alguns dos terrenos e edifícios livres
passam a ser ocupados por empresas de transportes e armazenagem, que beneficiam de grandes
áreas e localizações centrais. Numa escala mais pequena instalam-se oficinas, ateliers e pequenos
negócios.
A perca de vitalidade económica é acompanhada pela continuada falta de infra-estruturas e
equipamentos, acentuada pelo isolamento do bairro. Na tradição da expressão comunitária do bairro
(Ajuntament de Barcelona, 1991), surgem no final dos anos 60 as associações de moradores, para
reivindicam melhoras para o Poblenou: a recuperação da praia, equipamentos e espaços verdes,
denuncia dos gases das fábricas e da situação sanitárias.
Mas é como resposta a novos interesses empresariais que surge em 1965, o Pla de la Ribera –
projecto que previa a reconversão da faixa de 500m de zona costeira entre a Barceloneta e o Besòs
(Tatjer,1973). Impulsionado pela “Sociedad Anónima de empresarios de la fachada marítima - Ribera,
S.A“ detentora de muitos dos terrenos do litoral do Poblenou, o plano previa urbanizar densamente a
zona, com a construção de habitação intensiva e de luxo, prevalecendo uma lógica de revalorização
do sector. A operação suponha a deslocação de mais de 15 000 habitantes e fecho de várias
empresas. No seu conjunto, representava o exemplo especulativo de planear a cidade dos anos
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60‟s, tendo sido aprovado pelo Ajuntament em 1970, na versão de Plan de Remodelación del Sector
Maritimo Oriental de Barcelona (Tatjer,1973).
Em oposição, mobilizaram-se e consolidaram-se movimentos locais, apoiados por intelectuais e
organizações profissionais e apesar de aprovado acabou por não seguir em frente (Ajuntament de
Barcelona, 1991). Neste processo de contestação, destaca-se a elaboração alternativa do
Contraplan de la Ribera (Solà-Morales,1974), que propõe a revitalização do bairro numa perspectiva
mais abrangente que evita a fragmentação e baseada nas necessidades e de usos da população
maioritariamente operária.
O período democrático: transformação, infra-estrutura e espaço público
As mudanças introduzidas pelo PGM de 1976, actuam sobretudo nos limites do bairro: reforça a
Plaça de les Glòries como um nó rodoviário, reserva a linha férrea costeira para um sistema viário e
define alguns parques urbanos (Ajuntament de Barcelona,1996). Não obstante grande parte do
Poblenou mantém a classificação industrial (expressa na classificação 22a - zona urbana
exclusivamente industrial)
Algumas pequenas operações de requalificação urbana são levadas a cabo durante os anos 80, mas
as grandes intervenções iniciam-se com as operações dos Jogos Olímpicos de 1992, em que o
Poblenou é redefinido como uma das 4 áreas olímpicas. O desaparecimento da linha férrea costeira,
possibilita a abertura da cidade ao mar, com a recuperação das praias e a criação de um sistema
articulado de eixos viários e parque urbanos ao longo de toda a faixa litoral. Uma importante parcela
de solo industrial é reconvertida para usos residenciais com a construção da Villa Olímpica, sobre o
antigo bairro de la Plata.
Durante os anos 90, a transformação do Poblenou desenvolve-se no processo de abertura da
Diagonal até ao mar, privilegiando-a como um grande eixo cívico em detrimento de uma forte via de
circulação (Ajuntament de Barcelona, 1996); mas também com vários equipamentos (Auditorium,
Teatre Nacional de Catalunya, Universidade Pompeu Fabra, Centre Comercial de Les Glóries) que lhe
conferem um carácter cada vez mais central. Paralelamente são feitas várias operações na zona
central do Poblenou: intervenções na Rambla do Poblenou, em redor do Mercat de La Unió, e a rua
Marià Aguiló, a construção do centro cívico Can Felipa. No plano residencial, alguns projectos
requalificam áreas industriais com destaque para o plano Front Maritm do Poblenou (Ajuntament de
Barcelona, 1996), numa reinterpretação do quarteirão-tipo Cerdà.
Fig. 5 - Montagem dos planos da Diagonal e Front Maritim sobre ortofotomapa (1996) | Fig. 6 - Ortofotomapa do Poblenou em 2005
O processo de regeneração também tem protagonistas privados: a combinação de uma estética
industrial atractiva, com disponibilidade de espaços, atrai ateliers (Palo Alto, Hangar Group,
Submarino) galerias de arte (Espai Poblenou), clubes nocturnos e salas de espectáculos (Ajuntament
de Barcelona, 1991). Alguns edifícios industriais são convertidos em lofts (Vapor Llull) ou ocupados
por organismos públicos (Institut Català de Tecnologia na Can Canela).
13
O início dos anos 2000 é marcado por duas grandes intervenções "polémicas” já referida
anteriormente: o projecto Diagonal-Mar da imobiliária Hines (torres residenciais, zonas de escritórios,
parque, centro comercial) e o recinto para Fórum das Culturas de 2004, com reacções diversas,
numa forma de fazer cidade que não congrega consensos nem apoios junto da população local.
Poblenou: um historial de intervenções
A passagem de um território de base "natural" e agrícola para um pólo industrial urbano, consolidou-
se não só na forma física que a estrutura urbana foi adquirindo ao longo de mais de um século, mas
também na coesão social do bairro com uma identidade própria e vida social activa, que se mantém
na fase pós-industrial.
Fig. 7 - Evolução história da transformação urbana no Poblenou (Fonte: Livro: La segona renovaciò)
Em resumo, as transformações ocorridas desde a transição democrática constituíram inegáveis
melhorias nas condições de vida urbana no Poblenou, contribuindo para uma abertura do bairro à
cidade e a atracção de novas actividades antes inexistentes. Neste processo, o próprio envolvimento
da população para exigir algumas destas actuações, constituiu um factor de consolidação da
comunidade. Não obstante estas acções, o bairro continua a ser configurado por uma variedade de
tecidos urbanísticos, de insuficientes infra-estruturas e quebra da actividade económica. Estes são
factores determinantes para o surgimento do projecto 22@Barcelona no final da década de 90.
14
III. O PROJECTO 22@Barcelona
O projecto 22@Barcelona é uma operação de renovação urbana e económica que pretende
transformar cerca de 200 ha de solo industrial, em novos usos ligados às novas tecnologias e a
indústrias do conhecimento, promovendo um modelo de cidade compacta e diversa com aposta
numa mistura de usos, funções e tipologias (Ajuntament de Barcelona, 2008).
O objectivo da intervenção é “redireccionar” a vocação e tradição produtiva desta zona industrial
para sectores científicos, tecnológicos e culturais, adquirindo a nova centralidade da cidade. E
também dotar Barcelona de uma plataforma de inovação e de economia do conhecimento de âmbito
internacional.
A alteração ao PGM de 2000: antecedentes e contexto
Como já vimos anteriormente, as transformações dos anos 90 não tiveram a capacidade para
inverter um processo de obsolescência funcional e degradação física de muitos terrenos industriais
do Poblenou. A “disponibilidade” de solo, propicia uma pressão de transformação (nomeadamente
para usos residenciais), que não encontra nem respostas, nem regras na normativa vigente do PGM
de 1976 (Clos, 2004).
No contexto da política de gestão da cidade, podemos afirmar que o 22@Bcn enquadra-se num
projecto de cidade do conhecimento, promovida pelo Ajuntament de Barcelona, concretamente no
mandatos de Joan Clos, (1997-2006) (Oliva, 2003). Propõe-se uma especialização da cidade em
torno dos processos de produção de conhecimento, como parte de uma estratégica competitiva
para uma economia globalizada. A nível mundial, a chamada "economia do conhecimento"
consolida-se ao longo dos anos 90, no desenvolvimento do enquadramento económico e
tecnológico, com contributos teóricos importantes (Sassen, 1991), (Castells, 2003).
As primeiras proposta de reorganização aparecem com documentos do Ajuntament: em 1995 uma
análise dos tecidos industriais “Poblenou, reconeixement urbanistic i propostes”, antecipa uma
possível transformação no tecido produtivo. Em 1998 é publicado um 1º documento regulador de
planeamento “Criteris, objectius i solucions generals de planejament de la renovació de les àrees
industrials del Poblenou”, que continha contribuições de estratégias territoriais e económicas
desenvolvidas por Joan Trullén - um ponto de partida para a modificação do PGM. Mas será o
estudo interdisciplinar Ciutat Digital (Barceló, Oliva, 2001), sobre desenvolvimento do sector TIC em
ambientes urbanos e caso da área de Barcelona que estabelece a base5 para a criação do projecto.
O projecto 22@Barcelona é definido através da Modificació ao Plan General Metropolitan (MPGM),
redigida por uma equipa multidisciplinar em 1999 e aprovada em Julho de 2000, que determina as
transformações de solo industrial na zona do Poblenou.
A sua principal acção é introduzir uma nova designação 22@ dentro da classificação de solo 22a,
definida no PGM de 1976, que no âmbito territorial do Poblenou substitui a anterior classificação
industrial estrita (Ajuntament de Barcelona, 2000a). Com esta alteração, pretende-se:
- definir e incentivar um processo regeneração de um território industrial em obsolescência,
- criar um pólo urbano ligado às indústrias do conhecimento,
- reconhecer o uso habitacional existente e prever novas habitações.
Descrição genérica do projecto
O projecto enquadra-se no processo de renovação recente na zona do Poblenou antes enunciado,
concretamente na estratégia de renovação do Levante de Barcelona, para o qual se conjugam de
grandes operações:
5 Defende um modelo para o sector produtivo como parte do tecido urbano, com fortes interacções ente agentes urbanos e produtores, apoiadas em espaços centrais e mobilidades sustentáveis, oferecendo grande dinamismo e contribuições para a economia da cidade
15
- o plano para a zona da Sagrera ligada à nova estação de comboio de alta velocidade
- intervenções de redesenho da Plaça de les Glòries Catalanes e da sua envolvente
- novas infra-estruturas e equipamentos associadas à renovação da frente litoral do rio Besòs (Fórum das Culturas, Campus inter-universitário de Besòs e a renovação do bairro da Mina).
Fig. 8 - Localização das operações da renovação do Levante de Barcelona
Genericamente a área em transformação pode ser delimitada pela rua Marina e Avenida Meridiana,
Gran Via, a Rambla Prim e pelo mar. A zona afectada concretamente pelo projecto do 22@
corresponde à afectada pela classificação de zona industrial 22a (marcada a azul no mapa abaixo)
em redor da Diagonal.
Fig. 9 - Fotografia aérea com a identificação da zona enquadrada dentro do projecto 22@Bcn
A intervenção compreende 198,26 ha, correspondendo a 115 quarteirões da malha Cerdá, com dimensões globais:
- Solo classificado como 22@ 1.159.626 m2 - Investimento em infra-estrutura 180 milhões € - Potencial de área de construção
- bruta: 4.000.000 m2 (aprox.) - para actividades produtivas 3.200.000 m2 - para outros usos 800.000 m2
- Reconhecimento de habitações existentes 4.614 - Novas habitações (25% min. de aluguer) 4.000 - Aumento de zonas verdes 114.000 m2 - Novos Equipamentos 145.000 m2 (aprox.) - Novos postos de trabalho 150.000 (aprox.)
O projecto 22@Barcelona desenvolve uma operação de renovação em duas frentes:
- urbana: criação de um ambiente diverso e equilibrado, coexistindo espaços produtivos com
habitação de protecção pública, equipamentos e espaços públicos;
- económica: transformação do Poblenou numa importante plataforma científica, tecnológica e
cultural que converta Barcelona numa cidade inovadora com destaque internacional.
Às quais se pode acrescentar uma componente social de colaboração entre profissionais, empresas,
instituições, comunidade locais, entidades de âmbitos sociais, educativos e culturais.
16
A designação 22@ reconverte a baixa ocupação típica das zonas industriais e estabelece
parâmetros mais densos, possibilitando a edificação em altura, libertando solo para usos público -
cerca de 30% do solo industrial é destinado a equipamentos, zonas verdes e habitações com
protecção oficial. Ao mesmo tempo, permite uma reurbanização (infra-estruturação e definição da
Malha Cerdá) progressiva do sector, projectando uma imagem urbana mais coesa e compacta.
Os novos usos: actividades @, equipamentos @ e habitação
Como estratégica de renovação económica (Ajuntament de Barcelona, 2008), o projecto favorece a
competitividade do tecido produtivo através de um conjunto de projectos que contam com a
implicação dos principais agentes públicos e privados, numa lógica de colaboração entre a
administração, universidades e a empresas. Com objectivos estratégicos de:
- criar clusters e áreas de excelência, através da concentração de empresas, organismos,
centros científicos e tecnológicos de referência para os sectores estratégicos: Media, TIC,
TecMec, Energia e Desenho.
- potenciar a capacidade de inovação das empresas através da criação de centros de R+D e
transferência de tecnologia, e atracção de projectos empresariais inovadores.
- impulsionar a criação de novas redes de relação formal e informal, de projectos de
cooperação empresarial local e internacional que incrementem a coesão social.
O projecto privilegia as actividades da economia do conhecimento (Ajuntament de Barcelona, 2000a)
– aqui actividades @ - caracterizadas pela utilização do “talento” como recurso produtivo
independentemente do sector económico: investigação, desenho, edição, cultura, gestão de bases
de dados ou actividades multimédia. Distinguem-se pelo uso intensivo das tecnologias da
informação e da comunicação (TIC), por uma alta densidade ocupacional6, não sendo nem
contaminantes, nem prejudiciais para uma convivência urbana. Na mesma lógica, propõe-se a
designação de equipamentos @, vinculados à formação e investigação das actividades @, com
localizações centrais na estrutura urbana.
Na óptica da diversidade urbana, o projecto promove a convivência de espaços produtivos com
habitação, aumentando para cerca de 9.000 o nº de habitações, numa proporção residencial
próxima de 50% do edificado:
- reconhecimento das mais de 4600 habitações existentes e incentivo à sua reabilitação;
- construção de 4000 novas habitações em regime de protecção;
- possibilidade de implantação de hotéis e apartamentos de residência temporária;
- possibilidade de reabilitação de edifícios industriais para lofts.
Componentes específicas do projecto
Dada a complexidade da transformação, algumas áreas específicas exigem um maior
desenvolvimento, com planeamentos e regulamentação próprias que enquadrem as suas acções
Plano de Infra-estruturas
Os processos de renovação urbana recentes resolveram alguns problemas básicos de infra-estrutura
do Poblenou (abertura ao mar, ronda Litoral, galerias de serviços, redes de colectores…) mas o
tecido urbano interior continua com efectivas carências, situação incompatível com este processo de
transformação.
Aprovado em conjunto com a MPGM, o Pla Especial d'Infraestructures, relativo às diversas redes de
infra-estrutura e serviços, prevê re-urbanizar 37km de ruas introduzindo instalações com
características inovadoras. A aplicação do PEI desenvolve-se em duas fases de operações:
estruturantes (30%) que constituem o esqueleto das redes e realizadas independentemente da
evolução imobiliária; derivadas (70%) que incluem os trabalhos locais de urbanização e executam-se
de acordo com desenvolvimento imobiliário.
6nº trabalhadores por superfície
17
O plano inclui elementos nas áreas da energia, telecomunicações, ciclo de água, resíduos,
ordenação do subsolo, mobilidade ou mobiliário urbano, permitindo introduzir várias inovações. Com
impacto no espaço público, destacam-se medidas de mobilidade, transporte público e ordenação
viária:
- Melhoras na rede de transporte público (novas linhas de tram e de autocarros), extensa rede
de vias cicláveis e estações da rede Bicing.
- Estrutura viária diferenciando vias primárias e vias secundárias para a circulação local
- Reurbanização de todas as ruas de acordo com a malha Cerdá, com desenho cuidado e
destaque para o trajecto pedonal.
Plano de Património e mobilização da população
Em termos gerais, o projecto prevê a reabilitação e reconversão de edifícios industriais, incluindo os
classificados como património industrial. O inventário existente no início do processo de
transformação, baseado no “Catálogo del Patrimonio Arquitectónico Histórico-Artístico de Barcelona”
verificou-se insuficiente e pouco aprofundado (Tatjer, 2008). Em Novembro de 2006, aprovou-se
definitivamente a “Modificació del Pla Especial de Protecció del Patrimoni Arquitectònic del Districte
de Sant Martí – Patrimoni Industrial del Poblenou”, que acrescenta 68 novos elementos e edifícios7
industriais aos 47 já protegidos. Para reforçar a conservação deste conjunto são também
classificados outros elementos, como passagens ou frentes de edifícios de habitação, com
instrumentos normativos específicos.
Esta revisão do Plano resultou de um processo de reivindicação (Tatjer, 2008) e de mobilização da
população, associações de moradores, entidades locais, profissionais e académicos, em torno da
defesa do património industrial do Poblenou, particularmente relevante no caso da Can Ricart. O
recinto industrial datado de meados do séc. XIX, continha vários edifícios industriais representativos,
sendo ocupada à data por um misto de pequenas empresas, oficinas e alguns colectivos de artistas
(como o Hangar e Nau-21). No âmbito do 22@ iniciou-se o processo de transformação, no contexto
do PERI Parc Diagonal8, com o fecho de empresas, a saída das actividades produtivas e algumas
demolições e incêndios no recinto. Estes acontecimentos, combinados a sentimentos de “perca de
identidade” e “ausência de participação” nas decisões urbanísticas, já patentes no bairro, originaram
um movimento de defesa (Salvem Can Ricart) e um conjunto de reivindicações, numa discussão
alargada e mediática (Cruz i Gallach, Martí-Costa, 2010). Um dos resultados deste processo foi um
detalhado trabalho sobre o património industrial do Poblenou, sob a forma de um Plan Integral del
Patrimonio Industrial realizado pelo partir do Grupo de Patrimonio Industrial del Forum de la Ribera
del Besos (2005). Este documento é a base para a actualização do Plano de Património de 2006, não
contemplando no entanto a totalidade de objectivos e critérios definidos.
Planeamento e Gestão da Transformação
A lógica de reciclagem do solo industrial pretende conjugar o desenvolvimento de novos tecidos
produtivos com incorporação de pré-existências de vários géneros, numa transição entre a situação
“original” e a definição de novas estruturas, produzindo um tecido urbano complexo e denso onde a
continuidade urbana e social, virão mais pela complementaridade que pela uniformidade (Ajuntament
de Barcelona, 2008). O planeamento prevê um sistema de transformações com vários níveis de
flexibilidade:
- desenvolvimento progressivo ao longo do tempo
- estratégia que combina um impulso inicial de iniciativa pública com actuações privadas.
- definição de critérios de transformação e não de condições morfológicas, permitindo um
ajuste aos diversos projectos e programas funcionais.
7 Entre estes destacam-se alguns complexos industriais que devido à sua maior importância foram considerados bens culturais de interesse local, e deverão ser algo de planeamento próprio: Can Ricart, La Escocesa, Can Gili Nou, Palo Alto, la Frigo, Ca L‟Illa, Fábrica Waldés, 8 Ver ponto seguinte
18
- possibilidade de diferentes tipos de instrumentos de planeamento para diversas situações.
A MPGM não determina uma regulamentação rígida e estrita, mas estabelece as condições para a
transformação urbana, definindo índices de ocupação e quotas de cedência, que podem ser
sintetizados no quadro9 a baixo.
Direitos
Usos mais produtivos: 22a > 22@
Maior edificabilidade: 2 > 2.7
Infra-estruturas avançadas
Deveres
Cedência gratuita de solo 10% equipamentos @ 10% habitações sociais 10% para espaço livre
Financiamento de parte do PEI
Numa lógica de diversidade e mistura de actividades, a classificação 22@, admite várias as
possibilidades de usos: industrial (desde compatíveis com usos habitacionais), escritórios
(condicionada às actividades @), habitação (ampliação de edifícios existentes, acções de protecção
pública ou reutilização de edifícios industriais), comercial, residencial, sanitário, religioso, cultural,
recreativo e desportivo. A implantação destes usos está condicionada pelo desenvolvimento de
instrumentos adequados.
Analogamente a MPGM não planeia especificamente todas as partes da área 22@, remetendo para
o “planeamento derivado” para concretizar usos e programas funcionais. São delimitadas seis áreas
de desenvolvimento de iniciativa pública, que configuram os novos elementos da estrutura urbana e
que representam 46% do âmbito da transformação. Prevê-se que estes PERI (Plan Especial Reforma
Interior) actuem como motores da transformação possibilitando a implantação de actividades com
capacidade de gerar novas dinâmicas. Pretende-se que sejam condensadores urbanos e lugares
emergentes identificáveis, construindo uma coerência entre tecidos e espaços de cada sector,
correspondendo a seis zonas de actuação:
- Eix Llacuna – criar um eixo que reforce a relação mar-montanha, através da incorporação de
espaços livres, actividades e zonas qualificadas. O novo eixo constituirá em conjunto com a
Rambla do Poblenou e Sant Joan de Malta, o sistema central da zona.
- Campus Audiovisual – organizar à volta da Ca L‟Aranyó, um conjunto de espaços livres,
equipamentos e actividades, num cluster de audiovisual, TIC e cultura, incorporando usos de
habitação pública e espaços livres.
- Parc Diagonal – constituir um centro de actividades agregado ao Parc del Centre del Poblenou.
- Pujades-Llull (Llevant) – articular as novas centralidades e criar continuidades com o pólo
Diagonal-Mar.
- Pujades-Llull (Ponent) – resolver a continuidade entre o núcleo tradicional do Poblenou e o
centro da cidade, num programa misto de actividades produtivas e habitação.
- Pere IV-Perú – criar uma zona estratégica de centralidade e concertação de actividades na
articulação com a zona Norte.
9 Traduzido de (LÓPEZ, 2008)
19
A regeneração do território não incluído nas zonas anteriores pode ser impulsionada pela iniciativa
privada ou pública, por meio de diversas formas: planos de quarteirão, planos de parcelas de mais
de 2000m2, planos de edifícios industriais consolidados, planos de edifícios de interesse e planos de
frentes consolidados de habitação. A fim de garantir a coerência da globalidade da transformação,
estabelece-se como unidade mínima de planeamento o quarteirão Cerdá e condiciona-se a
possibilidade de iniciar a transformação aos proprietários que contem com 60% do solo e admite-se
ainda a possibilidade de ajustar zonas de cedência noutros quarteirões.
Execução – modelo e dados
Para a conduzir as operações envolvidas no projecto, criou-se em Novembro de 2000 a sociedade
22 ARROBA BCN, S.A com o objectivo de desenvolver e executar as actuações urbanísticas, a
gestão e administração de todos os solos dentro do âmbito classificado como 22@.
Nos primeiros anos da operação (a partir de 2000), destacam-se os planos e projectos de iniciativa
pública (gestão e actuação pública), estando a maioria em fases avançadas de execução, enquanto
nos últimos anos aumentaram as promoções de iniciativa privada, com fases de tramitação e
execução diversas.
Em Dezembo de 2009, 65% das zonas industriais estavam abrangidas por um total de 117 planos
aprovados, 78 dos quais promovidos pelo sector privado (Ajuntament de Barcelona,2009). Este
conjunto dos planos aprovados inclui um total de 2.830.596 m² de área bruta de construção,
definindo 136.837 m² de solo para equipamentos, 119.720 m² de solo para espaços livres e mais de
3.000 habitações com algum regime de protecção pública. A execução do Pla Especial
d'Infraestructures encontra-se em Dezembro de 2009 pouco mais de 39%. Desde 2000 o nº de
empresas instaladas é de 1.502, com 42.000 novos trabalhadores, mais da metade com formação
universitária.
Fig. 10 - Panorâmica do Poblenou a partir da Plaça de les Glóries Catalanes (2007)
20
IV. ESPAÇO PÚBLICO NO PROJECTO 22@Barcelona
Depois da explicação genérica do projecto 22@Barcelona, centramo-nos nas estratégias e nos
elementos que nele configuram a produção do espaço público. Dada a execução faseada no tempo
e o processo de transformação que continua a decorrer, não nos é possível centrar o estudo numa
leitura extensiva no terreno, já que encontramos zonas em distintas fases de execução. A análise que
escolhemos fazer, parte dos documentos e estratégias de projecto, para estabelecer uma
sistematização em três categorias ou princípios que definem o espaço público, identificado os
aspectos já concretizados, em exemplos construídos. Para além dos critérios quantitativos que
identificamos anteriormente (cedências para espaços livres e infra-estruturas), podemos descrever
uma estratégia para o espaço público a partir de:
- uma base de espaços ou equipamentos públicos já existentes,
- a implantação da malha Cerdà como uma infra-estrutura de suporte à transformação,
- uma diversidade de projectos de espaço público, resultado de diferentes processos de
conversão de usos.
1. Base de Espaços ou Equipamentos Públicos existentes
Os investimentos e políticas de criação de espaço público em Barcelona nos últimos anos, foram
construindo um importante "legado" no distrito de Sant Martí e concretamente nos bairros do
Poblenou. O Projecto do 22@ identifica o conjunto destes elementos como uma "estrutura potente e
bem vertebrada" (Ajuntament de Barcelona, 2000a), uma base de espaços com capacidade de
suportar as mudanças de usos previstas. Neste conjunto podemos distinguir duas escalas de
significância:
Espaços com relevância à escala da cidade
São espaços ou equipamentos cuja localização, importância e funções têm significado à escala da
cidade, atraindo utilizadores e correspondendo a uma estruturação importante.
Fig. 11 - Localização de espaços e equipamentos públicos à escala da cidade, na zona do Poblenou
Parc de la Ciutadella (1872)
Plaça de les Glòries Catalanes (1992)
Parc del Port Olímpic (1992)
Parc de la Nova Icària (1992)
Parc del Poblenou (1992)
C. Com. Glòries (1995)
Av.Diagonal (1991-1999)
L‟Auditori (1999)
Teatre Nacional de Catalunya (1996)
Parc Lineal Garcia Fabria (2004)
Fórum das Culturas (2004)
21
Fig. 12 - Imagens de Parc de la Ciutadella, Plaça de les Glòries Catalanas, Avinguda Diagonal, Parc del Poblenou, Parc Lienal Garcia Fabria, Recinto do Fórum das Culturas de 2004
Espaços com relevância à escala local
São espaços com funções e dimensões à escala local, que fazem a articulação entre os vários
tecidos urbanos, potenciam a centralidade e representatividade do bairro. Em tecidos muito
ocupados funcionam como zonas de “espairecimento” e pólos de vida social e cultural.
Fig. 13 - Localização de espaços e equipamentos públicos à escala local, na zona do Poblenoi
Rambla Prim (1989, 1992)
Rambla del Poblenou (1991, 1999)
Parc de L‟Estació del Nord (1992)
Parc Carles I (1992)
Avenida Icària (1992)
Plaça Josep trueta (1992)
Plaza Juli González (1995)
Paseo Taulat (1999)
Jardins del Gandhi (2000)
Parc Diagonal Mar (2001)
Parc del Centre del Poblenou (2008)
22
Fig. 14 - Imagens de Parc Carles I, Parc de L‟Estació del Nord, Rambla del Poblenou, Parc del Centre del Poblenou, Parc Diagonal Mar, Rambla Prim.
2.Malha Cerdá como infra-estrutura
Apesar da implantação incompleta da Malha Cerdà na zona do Poblenou, esta é tomada como
base infra-estrutural para as operações de transformação. O projecto (Ajuntament de Barcelona,
2000a) atribui a esta malha urbana, o papel de elemento ordenador, estabelecendo-a como
principal estrutura organizadora do território.
Esta lógica permite que as intervenções mesmo que associadas à unidade "quarteirão", tenham
configurações espaciais diversas. Da mesma forma, uma vez que o suporte está estabelecido, a
transformação pode ocorrer durante um período temporal mais longo e em unidades mais
pequenas, sem perder uma coerência global.
A estratégia considera a rua como elemento primordial, que incorpora e organiza as diferentes
valências: no subsolo as necessárias componentes infra-estruturais, à superfície os diferentes
espaços de circulação (viária, pedonal, vias cicláveis), o mobiliário urbano, arborização, etc.
Estrutura de vias
A estrutura segue a lógica de Cerdà, de vias primárias e secundárias:
Fig. 15 – Rede viária do projecto 22@
23
As vias primárias atravessam todo o bairro, para percursos mais rápidos e distantes, incorporando vias para transportes públicos e veículos privados.
Fig. 16 – Secção-tipo de via primária. | Fig. 17 - Exemplo do Carrer Badajoz
A vias secundárias servem a acessibilidade local com velocidades de circulação reduzidas, incorporam a rede de vias cicláveis através de todo o bairro.
Fig. 18 – Secção-tipo de via secundária. | Fig. 19 - Exemplo do Carrer Roc Boronat
Relação com pré-existências
As preexistências urbanas do sector (traçado parcelar e orográfico, antigos caminhos,
assentamentos históricos, etc.) são elementos que se pretendem incorporar no projecto
(Ajuntament de Barcelona, 2000a), compatibilizando-os com a malha Cerdà.
O principal traçado da era pré-industrial – o carrer Pere IV é revalorizado como estrutura de
comunicação transversal entre as duas grandes zonas de intervenção.
Fig. 20 – Carrer Pere IV: Plano Geométrico del término jurisdiccional de S. Martin de Provensals, 1871, | Fig. 21 - Fotografia de satélite em 2009 | Fig. 22 - Fotografia da rua.
24
Noutra escala, conservam-se as passagens características da paisagem industrial (Ajuntament de Barcelona, 2000a), usadas para densificar para ocupação do solo e edificar habitação.
Fig. 23 – Passagens existentes em 1920 | Fig. 24 - Passagens existentes na actualidade | Fig. 25 - Fotografia da Passatge de Massoliver (Fonte: Google Maps)
Desenho e mobiliário urbano
Os detalhes e soluções de desenho destaca-se a concentração da sinalética, semaforização e
iluminação, o aumento da largura dos passeios e cuidados desenho das vias, particularmente o
redesenho do típico “xamfrà” da malha Cerdà, aumentando e privilegiando o espaço do peão, e
potenciando a interacção com o usos do edificado
Fig. 26 - Desenho de “xamfrà” | Fig. 27 - Exemplo de um "xamfrà”
Fig. 28 – Desenho pormenorizado de passeio | Fig. 29 – Fotografias de detalhes: separação de vias, arborização, iluminação, estacionamento, desníveis em passadeiras.
25
3. Projectos de espaço público, exemplos de conversão de usos
No âmbito 22@, excluindo os casos acima apresentados ligados ao plano de infra-estruturas, o
projecto de espaço público está associado ao planeamento específico de cada área de
intervenção. A regulamentação da MPGM define os critérios das cedências para espaços livres
públicos, que em cada projecto podem ser concretizados com lógicas distintas. Este facto,
conjugado com a diversidade de pré-existências, abordagens “pontuais” das intervenções, a
execução faseada da transformação, torna difícil uma leitura abrangente dos projectos de espaço
público. Os casos escolhidos tentam abarcar alguma da diversidade tipológica decorrente destes
factores, com exemplos mais significativos de projectos executados até ao início de 2011:
Fig. 30 - Mapa de localização dos espaços públicos analisados:
1. Plaça Gutenberg, Ca L‟Aranyó, 2. Jardins de Miquel Martì i Pol, Can Framis.
3. Saló Llull 4. Jardins de Rosa Maria Arquimbau
Os dois primeiros exemplos correspondem a projectos de equipamentos públicos, com
reconversão de antigos espaços industriais e estão englobados na área do PERI Campus Visual. A
Plaça Gutenberg, corresponde a um espaço central da Universidade Pompeu Fabra, delimitada por
antigos edifícios da Fábrica Ca L‟Aranyò e edifícios novos. Os Jardins de Miquel Martì i Pol, são o
resultado de uma intervenção em torno da antiga fábrica Can Framis agora convertida num museu
de arte contemporânea. O terceiro projecto, corresponde a uma praça ao longo de três quarteirões
na rua Llull, dentro da área do PERI Llull-Pujades Llevant. O último caso corresponde a uma
intervenção num quarteirão, com diferentes configurações de espaços abertos.
A análise que efectuamos consiste numa ficha descritiva para cada espaço público, que sintetiza o
enquadramento, o planeamento vigente, as principais opções de projecto e a configuração
espacial. Num ponto final tentamos avaliar o papel das estratégias de espaço público, a partir de
duas questões relevantes no contexto modelo Barcelona (Bohigas, 2004):
- a identidade – como reforço de um aspecto colectivo da comunidade, privilegiando a
diversidade e a vida social e desenhando a coerência entre forma, função e imagem;
- a legibilidade – como possibilidade de acesso e comunicação, um facilitador da vida
colectiva, reinterpretando tipologias e elementos típicos do espaço público para estimular a
apropriação.
26
Reconversão de edifícios industriais
Ca L‟Aranyò: Plaça Gutenberg - espaço colectivo
Localização: Intervenção delimitada pelas ruas, Llacuna, Tànger, Roc Boronat e Avinguda Diagonal
Planeamento: Inserido na área do PERI "Campus Visual" de iniciativa pública. Com alterações definidas pelo Plan Especial Urbanístic e Plan Especial de Equipament
Enquadramento: O quarteirão concentra um conjunto importante de equipamentos e actividades @, num dos pontos de entrada da zona 22@Bcn, frente à Avenida Diagonal e nas imediações do nó da Plaça de les Glóries. Este facto em conjunto com a integração de um edifício industrial, enfatiza o carácter "exemplar" da intervenção.
Distribuição de usos M2 de Solo %
Zona 22@ 1.525,24 m2 10.39
Equipamentos 13.151,37 m2 89.61
Desenho: A distribuição do edificado enfatiza uma "decomposição" dos volumes edificados, através de uma série de passagens com formas e condições diversas. Esta "malha" enfatiza tanto a ligação montanha-mar (da Diagonal para o interior do Poblenou), como a sua transversa (com a continuação da rua Bolívia por meio de passagens pedonais).
O projecto prevê a consolidação e a recuperação de dois dos edifícios e a chaminé pertencentes à antiga fábrica Ca L'Aranyò, para a instalação de parte da Universidade Pompeu Fabra. Estes são enquadrados por edifícios de construção nova, que acolhem os restantes serviços da universidade, um centro de investigação e uma zona de escritórios.
A uma cota inferior ao acesso da rua, uma praça descoberta, articula os vários edifícios, criando um ponto central e de contacto entre os usos académico, empresarial e de investigação. No conjunto da praça, os elementos patrimoniais, em particular a chaminé são alvos de destaque.
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Fig. 31 - Imagens da Plaça Gutenberg, Ca L'Aranyó
Configuração e Acesso
A estratégia de distribuição espacial, configura-se numa ocupação perimetral que permite identificar os limites "tradicionais" do quarteirão, quebrada por situações pontuais de atravessamento e circulação, sendo a mais intencional a continuação da rua Badajoz até à Diagonal no topo do quarteirão. Em resultado o espaço livre "desloca-se" para o interior de quarteirão, beneficiando da integração do espaço industrial na nova lógica de relação, de encontro e de estadia. O espaço livre configura-se assim como um espaço colectivo, com usos relacionado com os edifícios adjacentes e um determinado grau de controlo sobre os acessos.
Fig. 32 - Esquemas sobre o espaço Plaça Gutenberg: Acessibilidade e circulação; Espaço público e espaço colectivo; Espaços de estadia.
Identidade Legibilidade A relação entre o património industrial e as novas edificações permitem construir novos significados a partir da memória colectiva. O uso de equipamento público reforça estas possibilidades de reinterpretação
A adopção de uma tipologia de implantação fechada, estabelece relações com a forma consolidada da malha Cerdà. Por outro lado a configuração do espaço permite uma leitura clara dos limites de cada espaço.
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Can Framis: Jardins de Miquel Martì i Pol - jardim
Localização: Intervenção delimitada pelas ruas, Roc Boronat, Tànger, Llacuna e Àvila
Planeamento: Inserido na área do PERI "Campus Visual" de iniciativa pública. Com alterações definidas pelo MPERI e Plan Especial Urbanístic
Enquadramento: A intervenção reconverte as antigas naves industriais da fábrica Can Framis num museu, introduzindo também um novo equipamento @. A transformação da envolvente num jardim com vários percursos, reforça as ligações e atravessamentos. A escala do existente contrasta a envolvente de novos edifícios com vários pisos de altura.
Distribuição de usos M2 de Solo %
Zona 22@ 1.696,61 m2 14.14
Equipamentos 1.850,00 m2 15,42
Espaço Livre 8.453,39 m2 70,44
Desenho: Esta unidade alberga um espaço museológico - Fundació Vila Casas - e um edifício da Universidade Pompeu Fabra ligado à investigação - edifício Tanger - enquadrados por um jardim. O projecto do museu aproveita duas antigas industriais da fábrica Can Framis, unidas com uma nova ala, formando uma praça que funciona como um "foyer" do museu. Um dos corpos do edifício Tanger define o limite norte do quarteirão, em relação com o edifício da Ca L'Aranyò; o outro configura juntamente como museu outro espaço aberto
O jardim que rodeia os edifícios, enfatiza a leitura da implantação industrial e resolve a diferença de níveis entre a malha Cerdà e os antigos edifícios, desenhando percursos e locais de descanso. O espaço aberto e as baixas alturas dos edifícios funcionam como uma pequena "ilha" numa envolvente marcada por intervenções de maiores dimensões e carácter icónico.
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Fig. 33 - Imagens dos Jardins de Miquel Martì i Pol Plaça Gutenberg, Can Framis
Configuração e Acesso
A facilidade de circulação pelo jardim, possibilita vários percursos de atravessamentos, estabelecendo relações com os usos e a trama envolvente. O seu carácter aberto e de fácil circulação e reforça o seu papel de espaço singular dentro da zona 22@, possibilitando actividades e ocupações distintas. A configuração espacial reforça dois espaços de estada que enfatizam as preexistências: o espaço maior desenha uma praça central do museu envolvendo as naves industriais; o espaço mais contido enquadra a antiga chaminé da fábrica.
Fig. 34 - Esquemas sobre o espaço Jardins de Miquel Martì i Pol: Acessibilidade e circulação; Espaço público e espaço colectivo; Espaços de estadia.
Identidade Legibilidade A reinterpretação do património, o contraste coma edificação nova e uma envolvente aberta, favorece novas apropriações e significados. Dentro do contexto museológico, a chaminé reforça o seu papel de monumento.
A relação entre a malha Cerdà e a configuração aberta do Jardim, facilitam o movimento e com isto a uma maior utilização do espaço. Para isto também contribui o seu carácter de pequena “ilha verde” na malha urbana.
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Praças
Saló Llull
Localização: Intervenção delimitada pelas ruas Bac de Roda, Pujades, Selva de Mar e Llull.
Planeamento: Inserido na área do PERI Llull-Pujades Llevant de iniciativa pública, aprovado em Junho de 2001 e modificado em Outubro de 2002.
Enquadramento: A intervenção concentra os usos vinculados às actividades @, permitindo libertar um grande espaço livre público comum aos três quarteirões, reforçando o sistema de espaços públicos e zonas verdes, entre as praças do Poblenou e o parque Diagonal Mar, numa continuidade visual e espacial ao longo da rua Llull.
Usos M2 de Solo %
Zona 22@ 25.941,65 m2 68.69
Equipamentos 817,74 m2 4.90
Espaços Livres 9153,73 m2 24.24
Habitação Social 1852,30 m2 2.17
Desenho: O espaço público – chamado de “salão” - é conformado por uma sistema de edifícios paralelos ao mar, que se compõe em planos e alturas distintos, sobre um embasamento que resolve os acessos aos edifícios e deixa abertos eixos de passagem perpendiculares ao mar. No “salão”, três fileiras de árvores enfatizam o percurso longitudinal, enquanto as variações no pavimento indicam acessos aos edifícios. Algum mobiliário urbano encoraja usos e apropriações, aproximando a utilização comum de um espaço com a ampla escala
Na composição surgem outros espaços livres de propriedade privada mas cujo uso depende da
solução arquitectónica preconizada. Uma faixa em frente ao edificado funciona como zona de acessos e serviços: rampas de estacionamentos subterrâneos, elementos técnicos, acesso viário e entradas aos edifícios. Em paralelo no interior da zona edificável, núcleos centrais dão acesso a cada uma das unidades.
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Fig. 35 - Imagens do Saló Llull
Configuração e Acesso
Esta intervenção conjunta em três quarteirões permite uma organizar o espaço livre de uma forma simples e clara: um espaço público contínuo definido pelos diversos edifícios confinantes, e que constitui também um percurso ao nível do bairro.
Esta forma concentrada do edificado permite independentizar as necessidades de acesso de cada um dos blocos, resolvida através de espaços interiores com possibilidades de atravessamento e utilização pública diversas.
Identidade
Sem elementos fortes de identitários, ou características simbólicas existentes.
A configuração simples do espaço, as actividades limítrofes, podem ou não, possibilitar futuros usos e apropriações.
Legibilidade
Espaço coerente e bem definido, que encontra algumas ferramentas para a definição dos limites de espaços públicos, colectivos ou privados.
Fig. 36 - Esquemas sobre o espaço Saló Llull: Acessibilidade e circulação; Espaço público e espaço colectivo; Espaços de estadia.
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Interiores de quarteirão - espaços intersticiais
Jardins de Rosa Maria Arquimbau
Localização: Quarteirão delimitado pelas ruas Cristóbal de Moura, Josep Plá, Veneçuela e Agricultura.
Planeamento: PERI de iniciativa privada, para o
quarteirão em questão, aprovado em Janeiro de 2002.
Enquadramento: O troço nascente da rua Cristóbal de Moura10 é projectado como o passeio principal numa rede de espaços cívicos, com outros percursos mais reservados e interiores
Distribuição de usos M2 de Solo %
Zona 22@ Edificável 5.504,59 m2 56.30
Zona 22@ Espaço livre privado 1.730,58 m2 17.70
Equipamentos 977,72 m2 10.00
Espaços Livres 977,72 m2 10.00
Habitação Social 586,63 m2 6.00
Desenho:
A disposição do edificado, segue uma das possibilidades abertas pela regulação do 22@: uma configuração espacial aberta, composta por blocos independentes em oposição ao esquema tradicional de quarteirão fechado.
Esta organização permite incorporar a estratégia do eixo Cristóbal de Moura, com um eixo principal de ligação e outros espaços e percursos mais interiores complementares. A zona de passeio articula-se com outras duas zonas de estadia: uma de uso público, e outra mais pequena de uso colectivo, com relação dos usos 22@. Os espaços são definidos com recurso a elementos vegetais (tapete relvado e arborização), elementos de mobiliários urbano e tratamento do pavimento.
10 A referência a este projecto de reestruturação de rua Cristóbal de Moura, foi encontrado no livro “Barcelona: Transformació, plans i projectes”, editado pelo Ajuntament de Barcelona. No entanto não foi possível encontrar referências ao mesmo no planeamento municipal nem nos projectos 22@.
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Fig. 37 - Imagens dos Jardins Rosa Maria Arquimbau
Configuração e Acesso
A implantação mais isolada dos edifícios deixando mais espaço livre entre eles, cria neste exemplo vários tipos percursos e espaços, uns de carácter público, outros de acesso aos edifícios ou utilização colectiva. Podemos questionar a forma como estes espaços intersticiais são configurados e diferenciados: se facilitam usos e apropriações ou se encontramos alguma dissonância entre os limites do espaço definidos pela forma edificada e os limites de uso público e colectivo. Esta falta de clareza nas estratégias de desenho, resulta na presença regular de gradeamentos ou barreiras móveis como forma de delimitar espaço público.
Fig. 38 - Esquemas sobre o espaço Jardins Rosa Maria Arquimbau: Acessibilidade e circulação; Espaço público e espaço colectivo; Espaços de estadia
Identidade Legibilidade Usos, espaços e formas pouco definidas ainda não promovem apropriações e simbolismos. A segmentação dos espaço, não proporciona também uma capacidade de integrar a envolvente ou usos envolventes
A implantação livre da edificação acaba por configurar espaços “soltos” e com pouca coerências e leitura. O carácter “isolado” do projecto reforça esta incoerência formal.
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CONCLUSÃO
As categorias e exemplos anteriormente descritos permitem enquadrar a produção do espaço
público, no projecto 22@, a partir do planeamento vigente. Podemos dizer que se desenvolve em
dois principais campos de acção:
- importância da rede e da componente de infra-estrutura - assente no restabelecimento da
malha Cerdà e nas suas valências, mas incorporando outros traçados e espaços públicos
existentes;
- definição de enquadramentos e critérios quantitativos que conduzem a transformação,
sem configurar espaços - numa produção de espaços públicos de distintas características.
A transformação desenvolve-se faseada no tempo, com intervenções parciais que incidem na
unidade base do quarteirão. Esta estratégia parece estar a resultar numa diversidade de tipologias
e hipóteses para o espaço público, das quais apenas mostrámos alguns exemplos e cujo "retrato
final" é ainda difícil de avaliar.
Fig. 39 – Planta da zona 22@, com as intervenções no espaço público (Fonte:www.22@barcelona)
Podemos no entanto questionar esta estratégia no que se refere ao papel do espaço público e a
transformação do Poblenou. Por exemplo nas possibilidades abertas pelos novos espaços
públicos, ou na forma como se articulam (ou se podem articular) as actuações no espaço público,
dentro da zona 22@ para criar estrutura urbana equilibrada e coesa.
Neste campo a MPGM enunciava a possibilidade de criação de um Plan Especial, similar ao Plan
de Infraestruturas para definir e sistematizar os sistemas locais de espaços livres e de zonas
verdes, cuja elaboração não se formalizou. Numa leitura atenta dos diversos planos, principalmente
os PERI de iniciativa pública, podemos encontrar algumas linhas de sistematização do espaço livre,
que se materializam depois nas configurações do espaço. Contudo numa análise global do
projecto, é-nos difícil fazer a mesma leitura, quer pela ausência de documentos e planos que a
incluam, quer pela faseada transformação do território.
O aumento efectivo de solo público para usos de espaço livre e zonas verdes, é apontada como
uma importante mais-valia proposta pelo projecto. Da análise que realizamos e dos exemplos
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escolhidos podemos dizer que os critérios do MPGM estão a ser aplicados, ainda que possamos
questionar se um aumento da "quantidade" de solo público, representa efectivamente também uma
aumento da "qualidade" e das suas funções sociais e relacionais. Parece-nos importante que o
espaço público, para além de equilibrar usos e densidades, possa desempenhar um papel central
na estruturação e articulação do território, com um desenho cuidado e integrador, pelo que a
fragmentação da sua produção é inconveniente mas é um dado a operação e deve ser gerido
O modelo Barcelona, transformação urbana e espaço público
O papel do espaço público no âmbito da evolução urbana em Barcelona é indiscutivelmente
central e decisivo. “Public space is the city” (Bohigas,2004): é um dos princípios básicos do
modelo barcelona.
Mas as estratégias de regeneração e intervenção na cidade não se mantiveram estáticas nos
últimos 35 anos, assim como os problemas e os desafios a que elas quiserem responder. Nos
últimos anos, algumas intervenções urbanas com um protagonismo na cidade, provocaram
reacções contraditórias, em particular no caso Fórum do 2004, não por representarem uma perca
quantitativa de espaço público, mas por serem pouco identificáveis para a população em geral,
numa conjugação de interesses privados, imagens de espectacularidade e artifícios icónicos.
No Poblenou este sentimento é acompanhado por uma sequência de transformações, que
modificam a paisagem urbana e diminuem referências consolidadas: perca da actividade industrial,
aumento da população residente, aumento do sector terciário, destruição de estruturas e
elementos industriais, etc…No caso do projecto 22@, a contestação local incide tanto em
aspectos de identificação com o lugar - a recusa de um modelo arquitectónico estranho à realidade
do bairro, e a defesa do património histórico industrial - como em aspectos sociais - perca de
acesso à habitação e gentrificação do bairro (Marrero Guillamón, 2003). Os episódios mais
marcantes foram protagonizados pelo PERI Eix Llacuna e pelo caso da Can Ricart, seguidos por
processos negociais com resultados "apaziguadores" (quer por soluções de compromissos ou por
desgaste), mas sem reunirem consensos alargados.
O espaço público, nestes contextos pode funcionar com um elemento facilitador neste processo de
"transformação-transição. O restabelecimento da malha Cerdà (como vimos) pode representar um
importante referencial e articulador dos espaços e para a gestão da transformação - é uma
estrutura reconhecível pela população como "local" e possibilita a boa conexão do território. No
entanto a sua execução faseada, dependente das acções de mudança de usos, pode retardar o
estabelecimento de uma base estável e integradora do bairro.
A estratégia viabilizadora do projecto, assente numa transformação faseada, "peça-a-peça", que
depende o avanço das operações imobiliárias para ser concretizada, numa lógica negocial e
gestão de oportunidades, cria uma espaço público que também ele está em transformação.
O retomar de princípios estruturantes integradores, como identidade e legibilidade podem ser
estratégias que contribuam para um espaço público, com um papel agregador e relacional dentro
da lógica de mudanças impulsionadas pelo 22@. Os novos espaços público (resultantes da
concretização das linhas acção numa nova realidade urbana) podem ser oportunidade de
introdução novos usos, mas também de conduzir à re-apropriação do entorno urbano, integrando
algumas antigas estruturas. O espaço público poderá ser uma ferramenta protagonista da
transição Industrial/pós-industrial, oferecendo uma base para o diálogo entre as transformações
rápidas e os elementos passados, criando relações e evidenciando tensões entre intervenções
diversas.
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ÍNDICE DE IMAGENS
Fig. 1 – Plan General Metropolitan (1976), ....................................................................................................5 Fonte: www.22barcelona.com - Recull de Planols Historics
Fig. 2 – Mapa industrial e comercial de Sant Martì de Provençals (1872) ...................................................10 Fonte: Arxi MAGRINYÀ, Francesc; MARZÀ, Fernando[eds], (2009) Cerdà 150 años de Modernidad. Barcelona, Actar
Fig. 3 – Vista aérea do Poblenou (1920) .....................................................................................................10 Fonte: Arxi MAGRINYÀ, Francesc; MARZÀ, Fernando[eds], (2009) Cerdà 150 años de Modernidad. Barcelona, Actar
Fig. 4 - Vista da zona em redor da rua Pere IV (1929-1939) ........................................................................10 Fonte: Arxi MAGRINYÀ, Francesc; MARZÀ, Fernando[eds], (2009) Cerdà 150 años de Modernidad. Barcelona, Actar
Fig. 5 - Montagem dos planos da Diagonal e Front Maritim sobre ortofotomapa (1996) .........................12 Fonte: Arxi MAGRINYÀ, Francesc; MARZÀ, Fernando[eds], (2009) Cerdà 150 años de Modernidad. Barcelona, Actar
Fig. 6 - Ortofotomapa do Poblenou em 2005 ...............................................................................................12 Fonte: www.22barcelona.com - Recull de Planols Historics
Fig. 7 - Evolução história da transformação urbana no Poblenou ...............................................................13 AJUNTAMENT DE BARCELONA (1996). Barcelona. La segona renovació. Barcelona: Ajuntament de Barcelona
Fig. 8 - Localização das operações da renovação do Levante de Barcelona ............................................15 Fonte: www.22barcelona.com - Barcelona,el districte de la innovació
Fig. 9 - Fotografia aérea com a identificação da zona enquadrada dentro do projecto 22@Bcn .............15 Fonte: www.22barcelona.com - Barcelona,el districte de la innovació
Fig. 10 - Panorâmica do Poblenou a partir da Plaça de les Glóries Catalanes (2007) ...............................19 Fonte: www.22barcelona.com - Barcelona,el districte de la innovació
Fig. 11 - Localização de espaços e equipamentos públicos à escala da cidade, na zona do Poblenou .20 Fonte: Elaboração própria
Fig. 12 - Imagens de Parc de la Ciutadella, Plaça de les Glòries Catalanas, Avinguda Diagonal, Parc del Poblenou, Parc Lienal Garcia Fabria, Recinto do Fórum das Culturas de 2004 ...........................21 Fonte: http://w110.bcn.cat/portal/site/MediAmbient
Fig. 13 - Localização de espaços e equipamentos públicos à escala local, na zona do Poblenoi ...........21 Fonte: Elaboração própria
Fig. 14 - Imagens de Parc Carles I, Parc de L‟Estació del Nord, Rambla del Poblenou, Parc del Centre del Poblenou, Parc Diagonal Mar, Rambla Prim. ............................................................................22 Fonte: http://w110.bcn.cat/portal/site/MediAmbient
Fig. 15 – Rede viária do projecto 22@ .........................................................................................................22 Fonte: www.22barcelona.com - Plan d'Infraestructures
Fig. 16 – Secção-tipo de via primária. .........................................................................................................23 Fonte: www.22barcelona.com - Plan d'Infraestructures
Fig. 17 - Exemplo do Carrer Badajoz ..........................................................................................................23 Fonte: Google Maps
Fig. 18 – Secção-tipo de via secundária. ....................................................................................................23
Fonte: www.22barcelona.com - Plan d'Infraestructures Fig. 19 - Exemplo do Carrer Roc Boronat ...................................................................................................23
Fonte: Google Maps
Fig. 20 – Carrer Pere IV: Plano Geométrico del término jurisdiccional de S. Martin de Provensals, 1871 23
www.22barcelona.com - Recull de Planols Historics
Fig. 21 - Fotografia de satélite em 2009 ..................................................................................................... 23
Fonte: Google Maps
Fig. 22 - Fotografia da rua.............................................................................................................................23
Fonte: Google Maps
Fig. 23 – Passagens existentes em 1920 ................................................................................................... 24
www.22barcelona.com - Recull de Planols Historics
Fig. 24 - Passagens existentes na actualidade ........................................................................................ 24
Fonte: Google Maps
Fig. 25 - Fotografia da Passatge de Massoliver (Fonte: Google Maps) ......................................................24
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Fonte: Google Maps
Fig. 26 - Desenho de “xamfrà” .................................................................................................................. 24
Fonte: www.22barcelona.com - Plan d'Infraestructures Fig. 27 - Exemplo de um "xamfrà” .............................................................................................................. 24
Fonte: Arquivo Pessoal
Fig. 28 – Desenho pormenorizado de passeio ........................................................................................... 24
Fonte: www.22barcelona.com - Plan d'Infraestructures Fig. 29 – Fotografias de detalhes: separação de vias, arborização, iluminação, estacionamento,
desníveis em passadeiras. ........................................................................................................................... 24
Fonte: Arquivo Pessoal
Fig. 22 - Mapa de localização dos espaços públicos analisados: ............................................................ 25
Fonte: Elaboração própria Fig. 31 - Imagens da Plaça Gutenberg, Ca L'Aranyó .................................................................................. 27
Fonte: Arquivo Pessoal
Fig. 32 - Esquemas sobre o espaço Plaça Gutenberg: Acessibilidade e circulação; Espaço público e
espaço colectivo; Espaços de estadia. .......................................................................................... 27
Fonte: Elaboração própria Fig. 33 - Imagens dos Jardins de Miquel Martì i Pol Plaça Gutenberg, Can Framis .................................. 29
Fonte: Arquivo Pessoal
Fig. 34 - Esquemas sobre o espaço Jardins de Miquel Martì i Pol: Acessibilidade e circulação; Espaço
público e espaço colectivo; Espaços de estadia........................................................................... 29
Fonte: Elaboração própria Fig. 35 - Imagens do Saló Llull ..................................................................................................................... 31
Fonte: Arquivo Pessoal
Fig. 36 - Esquemas sobre o espaço Saló Llull: Acessibilidade e circulação; Espaço público e espaço
colectivo; Espaços de estadia. ....................................................................................................... 31
Fonte: Elaboração própria Fig. 37 - Imagens dos Jardins Rosa Maria Arquimbau ............................................................................... 33
Fonte: Arquivo Pessoal
Fig. 38 - Esquemas sobre o espaço Jardins Rosa Maria Arquimbau: Acessibilidade e circulação; Espaço
público e espaço colectivo; Espaços de estadia ........................................................................... 33
Fonte: Elaboração própria Fig. 39 – Planta da zona 22@, com as intervenções no espaço público (Fonte:www.22@barcelona) .... 34
Fonte: www.22barcelona.com - Espai Públic