É o fim do sms?
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Fundação Pedro Leopoldo MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
É o fim do SMS? O comportamento do consumidor frente aos novos aplicativos
de comunicação pelo smartphone
Gustavo Tanure Passos
Mestrando em Administração pela Fundação Pedro Leopoldo – FPL
e-mail: [email protected]
RESUMO
A disseminação dos aparelhos smartphones e
assinaturas de internet banda larga fomentam o uso
de aplicativos de comunicação pelo celular,
conhecidos por OTT (over the top). Tais aplicativos
revolucionaram a forma como os indivíduos se
comunicam e socializam. Este artigo investiga a
relação entre o uso de aplicativos de comunicação
OTT, tais como o WhatsApp, Facebook Messenger
e Snapchat, e o uso da comunicação por voz e SMS
(short message service) pelos consumidores, além
do interesse em receber ações de mobile marketing
nestes aplicativos. A pesquisa teve uma etapa. Para
tanto foi realizada uma pesquisa quantitativa com
questionário estruturado enviado a diversas pessoas
de diferentes classes sociais e diferentes estados da
federação, obtendo o total de 411 respostas. Através
da pesquisa conclui-se que com o uso de tais
aplicativos a troca de mensagens de texto (SMS) e a
conversação pelo telefone celular sofreram
importante redução. Mas, mesmo em desuso, os
consumidores não avaliam o SMS como um serviço
obsoleto e ainda consideram pacotes de SMS na
compra do plano de sua operadora.
PALAVRAS CHAVE: Celular, Facebook Messenger, OTT, Smartphone, SMS, Snapchat, WhatsApp
1 INTRODUÇÃO
Desde que foi criado em 1973 por Martin Cooper, o
celular tem evoluído. Nos primeiros anos, os
equipamentos pesavam muito e eram enormes, além
de custarem cerca US$ 4 mil. Os avanços
tecnológicos para os serviços de telefonia móvel e
acesso banda larga têm se tornado cada vez mais
evidentes nos últimos anos. A necessidade de
acesso rápido à informação, o aumento da
mobilidade das pessoas, a necessidade de aumento
de produtividade seja em atividades pessoais ou
profissionais e a necessidade de estar mais tempo
conectado à internet determinaram o crescimento da
demanda e oferta de smartphones. Dado que a
oferta aumentou, estes dispositivos se tornaram
mais baratos e acessíveis à maioria da população
brasileira, que não mais se interessava em um
dispositivo que apenas fazia ou recebia chamadas
telefônicas e enviava ou recebia mensagens de
texto. Uma vez que o número de potenciais
consumidores de internet em alta velocidade,
doravante consumidores de dados, aumentou as
companhias de telefonia celular e as empresas de
banda larga passaram a fazer ofertas de planos com
velocidades cada vez maiores e um custo cada vez
menor, tornando-os também acessíveis à maioria da
população brasileira. Segundo a pesquisa nacional
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por amostra de domicílios de 2012, 83 milhões de
pessoas no Brasil são usuários de internet. Segundo
dados do IDC compilados pela ABINEE, em Maio
de 2014 os smartphones passaram a representar
76% do total de celulares comercializados no
Brasil. A tabela abaixo apresenta a evolução
ocorrida entre o primeiro celular e um dos mais
atuais, utilizando aparelhos intermediários como
exemplo.
Tabela 1: Evolução do Telefone Celular
Figura do Celular Características
Motorola DynaTac
Primeiro celular criado pela Motorola tinha 13
polegadas, pesava 794 gramas e custava US$ 4 mil
Motorola PT 550 (1990)
Media 22,8cm e pesava 348 gramas.
Motorola StartTac
Um dos primeiros símbolos de consumo do telefone
celular, com abertura estilo flip. Media 9,4cm e
pesava 88 gramas
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J -Sho4
A Sharp também produziu celulares. Em 1999 ela
apresentou como novidade o primeiro celular com
câmera digital. A câmera possui 110 mil pixels e tela
colorida com 256 cores em seu aparelho.
iPhone
Primeiro celular da Apple, o iPhone foi lançado por
Steve Jobs em 9 de janeiro de 2007 e logo viraria um
sucesso. Em sua apresentação durante a convenção
Marcworld de 2007, Jobs apresentou o celular como
“um iPod, um celular e um comunicador de internet
móvel” em um único aparelho. Atualmente o iPhone
está na versão 5s (foto) e reconhece o dono do celular
e suas preferências através da impressão digital.
Fonte: globo.com (2010)
As figuras abaixo apresentam, respectivamente, o
volume de telefones celulares comercializados entre
Maio de 2013 e Maio de 2014 e o percentual de
smartphones comercializados no mesmo período.
Figura 1: Evolução do Mercado de Telefones Celulares
Fonte: IDC
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Figura 2: Smartphones x Celulares Tradicionais
Fonte: IDC
A consequente familiaridade no uso destas novas
tecnologias tem determinado como as pessoas se
comportam e, por conseguinte, a forma como as
pessoas se comunicam e interagem ultimamente.
Esta afirmação pode ser identificada através do
aumento uso das redes sociais por indivíduos de
diferentes faixas etárias e renda, e consumo de
aplicativos de comunicação.
As redes sociais Facebook e Instagram são
amplamente utilizadas por pessoas e empresas
como forma de aproximá-las. Inicialmente estas
ferramentas eram utilizadas somente por indivíduos
para se socializarem virtualmente, mas atualmente
diversas empresas utilizam tais plataformas para se
conectarem com seus clientes. As ferramentas
Facebook Messenger e WhatsApp são amplamente
utilizadas para comunicação entre os contatos do
usuário, sendo para o WhatsApp necessário ter um
número de telefone celular e o aplicativo instalado
no aparelho.
O WhatsApp afirmou no dia 22 de abril de 2014 ter
atingido no mundo 500 milhões de usuários.
Grande parte deste crescimento se deve a países
como Brasil, Índia, México e Rússia. Até o dia 26
de fevereiro de 2014 o Brasil contribuía com 38
milhões de usuários. Esta quantidade é comparada
com a da Índia, que tem cinco vezes mais
habitantes que o Brasil. Já o Facebook reivindica
ter aproximadamente 1,23 bilhão de usuários que
acessa a rede pelo menos uma vez por mês. Destes,
83 milhões de usuários são brasileiros. Segundo o
Facebook, 76% dos usuários acessam a rede
utilizando um aparelho móvel, como um
smartphone, e 61,5% acessa a rede diariamente.
Embora estes aplicativos existam há mais tempos
nos Estados Unidos do que no Brasil, a velocidade
de disseminação e a penetração destes aplicativos
no Brasil é algo notável. De acordo com o site
teleco.com.br, o número de assinaturas de serviços
de telefonia móvel no mundo atingiu 6,8 bilhões de
acessos. Isto indica que aproximadamente cada
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pessoa do globo possui uma assinatura de telefonia
móvel. Especificamente no Brasil, o número de
assinaturas de telefonia móvel superou 271 milhões
de acessos no final do ano de 2013, indicando que
boa parte da população possui mais de uma
assinatura de telefonia móvel.
As mensagens de texto que eram normalmente
trocadas através das plataformas de SMS fornecidas
pelas empresas de telefonia celular vêm sendo
substituídas por outros aplicativos que necessitam
de acesso a internet banda larga, tais como
WhatsApp e Facebook Messenger. Embora sem
força o SMS ainda resiste como uma forma de
aproximação entre empresas e consumidores,
notadamente para a prestação de serviços. Alguns
bancos têm estreitado o relacionamento com o seu
cliente ao informar o saldo e extratos parciais
através de mensagens SMS, enquanto algumas
concessionárias de energia elétrica informam o
valor a pagar da conta ou recebem informações de
falta de luz. Outras empresas utilizam o SMS como
forma de mobile marketing. Ultimamente sua
utilização é bastante restrita, limitando-se a ofertas
e promoções da própria operadora celular ao qual o
cliente é assinante ou ofertas de imóveis.
A justificativa para escolha do tema “É o fim do
SMS” se deve basicamente às características
mercadológicas, teóricas e acadêmicas. Em relação
à característica mercadológica, observa-se que o
mercado brasileiro é consumidor de aplicativos
OTT e internet, mas não temos levantamentos se
mesmo utilizando tais aplicativos os serviços de
SMS e voz providos pelas empresas de telefonia
celular são preteridos e se o consumidor aceitaria
receber ações de marketing através de aplicativos
OTT. Em relação à característica teórica, diversos
teóricos como Schiffman, Kanuk (2009),
McCracken (2003), Engel, Blackwell e Miniardi
(2000), Solomon (2002) e Pinheiro (2012), etc
publicaram estudos sobre o comportamento do
consumidor envolvendo influências ambientais,
cultura, influência pessoal, o reconhecimento de
necessidade, mudança de atitude e comportamento.
A utilização destes aplicativos OTT, embora
atualmente sejam gratuitos, ainda assim é uma
forma de consumo e também passa pelos processos
decisórios. Finalmente existe a importância
acadêmica dado que pouquíssimos trabalhos
acadêmicos investigam ou permeiam o tema
proposto. Os artigos que tangenciam a problemática
são “Recebi Um SMS, e Agora? O Consumidor De
Baixa Renda Frente Às Ações De Mobile
Marketing” cujos autores são Patricia Regina
Caldeira Daré Artoni, Camila Zanatta, Emilyn
Harasin, Manuela Sanches, Odair Andrade, Priscila
Falcão publicado no XXXIV encontro da ANPAD,
“Isto não é um telefone”, de Hugo Cristo e outros
internacionais, tais como “Perceptions of Mobile
Phone Use in Public Settings: A Cross-Cultural
Comparison” de Scott W. Campbell e um relatório
chamado “The effects of mobile telephones on
social and individual life” de Sadie Plant.
O objetivo da pesquisa é testar as seguintes
hipóteses: consumidores que utilizam aplicativos
OTT para comunicação com seus contatos reduzem
as ligações para estes contatos (H1), consumidores
que utilizam aplicativos OTT para comunicação
com seus contatos reduzem a troca de mensagens
de texto com estes contatos (H2), consumidores que
utilizam aplicativos OTT para comunicação com
seus contatos não consideram pacotes de SMS ao
contratar planos de operadoras celulares (H3),
consumidores que utilizam aplicativos OTT para
comunicação com seus contatos não aceitariam
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receber ações de mobile marketing através dos
aplicativos OTT (H4) e, por fim, consumidores que
utilizam aplicativos OTT para comunicação com
seus contatos avaliam o SMS como um serviço
obsoleto (H5).
O artigo é dividido em quatro partes, além desta
introdução. No referencial teórico o foco é para
temas do comportamento do consumidor de
serviços, notadamente. Tangencia-se também
definições de difusão de inovação. Em seguida é
apresentado o método do estudo, descrevendo-se a
forma de coleta de. Em seguida são apresentados os
resultados da pesquisa quantitativa. Finalmente, a
conclusão resgata os principais resultados da
pesquisa.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico se divide em duas etapas,
sendo que na primeira é apresentado o
embasamento teórico para cultura e consumo e na
segunda etapa abordam-se as questões de difusão de
inovação de forma apresentar a sustentação teórica
dos constructos.
2.1 CULTURA E CONSUMO
O mudança do comportamento de consumo é algo
constante e representa não apenas uma mudança
nos gostos de cada indivíduo, mas sim uma
mudança mais profunda, permeando os conceitos de
tempo, espaço, família, sociedade e estado. O
consumo moderno é, acima de tudo, um fenômeno
histórico. O consumo moderno é resultado de vários
séculos de mudanças sociais, econômicas e
culturais. Cultura e consumo assumiram uma
relação sem precedentes no mundo contemporâneo.
Entretanto, as ciências sociais demoraram a
perceber esta relação e mais ainda para avaliar a sua
significação e entender que o consumo é um
fenômeno também cultural (McCRACKEN, 2003).
Num contexto onde o smartphone tornou-se uma
“extensão do corpo humano” (HULME; PETERS,
2001, p. 3; LEMISH; COHEN, p.517; DAVIDE,
2004, p.2), e a conexão com a internet tornou-se
uma necessidade na relação entre pessoas e
consumidores reflexões devem ser feitas de maneira
mais profunda, sendo necessário entender essa nova
lógica do consumo que provoca profundas
alterações sociais e culturais na sociedade
(McCRACKEN, 2003).
O consumo de tecnologia de comunicação e
informação na sociedade pós-moderna torna-se
cada vez mais onipresente na vida dos indivíduos e
influência a construção de identidades sociais
(HARVEY, 1993).
Srivastava (2004) ao citar Wellman (2001) expõe
que os telefones celulares permitem aos usuários
estar “em casa” o tempo todo, independentemente
de onde se encontra fisicamente. Esta é uma
reflexão feita baseada no fato que até o início da
década de 90, as pessoas normalmente faziam ou
recebiam chamadas telefônicas em casa, através do
telefone fixo.
A expressão “intimidade tecnológica” apresentada
por Srivastava (2004, p.122) pode ser associada à
realidade que o indivíduo pode levar o smartphone
para diversos lugares e continuar conectado à
internet. Dado que 76% dos celulares
comercializados atualmente são smartphones, pode-
se depreender que este dispositivo tornou-se, mais
que um objeto de desejo, uma necessidade na
sociedade contemporânea, dado suas capacidades,
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aplicativos que podem ser utilizados e a facilidade
que ele proporciona no desenvolvimento de
diversas atividades cotidianas, além de prover
entretenimento e socialização.
Os consumidores ao consumirem determinado
produto, também estão comprando toda uma gama
de significados simbólicos que expressam
pertencimento ao mundo social Douglas e
Isherwood (2006). A relação entre a cultura e o
consumo, e a visão simbólica que este representa é
também discutida sob a perspectiva da geração das
identidades dos grupos sociais.
2.2 DIFUSÃO DE INOVAÇÃO
Quando os aplicativos de comunicação OTT foram
lançados eram algo novos no mercado e, portanto
passariam pelo processo de difusão de inovação.
Algumas inovações são apresentadas como uma
nova maneira de usar um produto existente. Ela
pode ser eficiente, mas a mudança de alguns hábitos
é requerida (SOLOMON, 2010 p.616). Assim, a
utilização do WhatsApp é uma nova maneira de
usar o SMS e MMS do celular, pois de forma
sugestiva e no mesmo aplicativo o usuário pode
enviar fotos, videos, mensagens de voz ou apenas
texto de forma rápida e dinâmica, assim como o
Facebook Messenger é outra maneira de utilizar as
antigas plataformas de bate-papo. Uma vantagem
de ambos é que são móveis e podem ser utilizados
através do celular.
Para uma inovação ser bem sucedida, ela deve ser
compatível com o estilo de vida dos consumidores e
oferecer vantagem relativa a outras opções. O
consumidor, portanto, deve acreditar que o uso de
determinado produto ou serviço proporcionará
benefícios que outros produtos ou serviços não
oferecem (SOLOMON, 2010 p.616).
A complexidade de uso de determinado produto
determina se a inovação será aceita ou não
(SHIFFMAN, 2009; PINHEIRO, 2013;
SOLOMON, 2010). Os aplicativos OTT objeto
deste artigo são bastante fáceis de usar, com
comandos básicos de fácil compreensão e uso, o
que determinou seu sucesso estrondoso nos Estados
Unidos e, posteriormente, no Brasil. Outro fator
importante na difusão de inovação é o sistema
social, que é um ambiente físico, social ou cultural
ao qual as pessoas pertencem. A orientação de um
sistema social tende a influenciar a aceitação ou
rejeição de novos produtos (SCHIFFMAN, 2009 p.
361).
A velocidade com que uma inovação se espalha por
um mercado depende do seu canal de comunicação.
Existem diversas fontes que podem influenciar uma
inovação tais como fontes impessoais (propaganda
e material editorial) e fontes pessoais (vendedores,
formadores de opinição, redes sociais). Os blogs
são ferramenta bastante utilizadas hoje em dia e há
pessoas chamadas de bloggers com milhares de
seguidores que podem influenciar a difusão de uma
inovação (SCHIFFMAN, 2009; SOLOMON,
2010).
A difusão de inovação é o processo pelo qual uma
inovação (nova idéia) é comunicada por meio de
certos canais em um determinado tempo entre um
grupo de um sistema social (ROGERS, 1962)
A adoção de inovação pelo consumidor passa por
alguns estágios e os consumidores são qualificados
e agrupados baseado no momento em que a
inovação foi aceita. As seguinte classes de
adotantes são identificadas: Inovadores, adotantes
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iniciais, maioria inicial, maioria tardia e
retardatários (SOLOMON, 2010). A figura abaixo
apresenta o percentual de adotantes da inovação em
cada classe:
Figura 3: Classe de Adotantes Inovação
A maioria dos consumidores é considerada,
portanto, maioria inicial ou maioria tardia. Os
aplicativos OTT, base deste estudo, tiveram sua
difusão inicial nos Estados Unidos e foram
responsáveis pelo amadurecimento dos próprios
aplicativos.
3 METODOLOGIA
Com o propósito de entender o comportamento do
consumidor frente a adoção dos aplicativos OTT de
comunicação, o SMS e as próprias chamadas
telefônicas, foi feita uma pesquisa aplicada e
exploratória utilizando um questionário estruturado
telematizado, com 13 questões fechadas e 1 questão
aberta, sendo esta a pergunta do estado do
respondente. A coleta de dados foi feita através da
distribuição do questionário, hospedado no google
docs, a diversas pessoas através de e-mail,
Facebook e WhatsApp. O período de coleta de
respostas foi do dia 16/06/2014 até o dia
15/07/2014, quando 411 respostas foram obtidas.
O questionário estruturado com questões fechadas e
abertas foi escolhido de forma a atingir o máximo
de pessoas possível, a um custo baixo.
4 RESULTADOS
A análise foi feita utilizando todas as respostas do
questionário. Do total de respondentes, quanto ao
gênero, a distribuição foi de 51,3% do sexo
masculino (n=211) e 48,7% do sexo feminino
InovadorAdotante
InicialMaioria Inicial
MaioriaTardia
Retardatário
Classe de Adotantes (%) 2,5 13,5 34 34 16
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Classe de Adotantes (%)
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(n=200). Quanto a idade, 79,6% dos respondentes
(n=327) têm até 40 anos de idade, sendo que 24,6%
(n=101) têm até 20 anos, 19,9% (n=82) têm entre
21 e 30 anos e 35% (n=144) têm entre 31 e 40 anos.
Com relação a escolaridade a maioria absoluta da
amostra já concluiu ou está fazendo o curso
superior. Da amostra coletada, 47,5% (n=195) são
estudantes de curso superior ou já o concluíram e
36,1% (n=148) são estudantes de pós-graduação ou
já o concluíram.
Na análise da renda a seguinte distribuição de renda
foi encontrada: 19,7% (n=81) possuem renda até
R$1.449,99 (Classe E); 11,9% (n=49) possuem
renda entre R$1.450,00 e R$2.899,99 (Classe D);
29,7% (n=122) possuem renda entre R$2.900,00 e
R$7.249,99 (Classe C); 25,6% (n=105) possuem
renda entre R$7.250,00 e R$14.499,99 (Classe B);
9,5% (n=39) possuem renda superior a
R$14.500,00 (Classe A) e apenas 3,6% (n=15) não
responderam esta questão do questionário.
Na distribuição entre estados, os respondentes de
Minas Gerais foram responsáveis por 73% (n=300)
e os respondentes de São Paulo foram responsáveis
por 15,6% (n=64). Os demais respondentes ficaram
distribuídos nos demais estados da federação, tais
como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pará,
Rondônia, Maranhão, etc.
Dado que o universo de entrevistados foi atingido
através do envio de questionário por Facebook
Messenger, WhatsApp e e-mail era esperado
encontrar elevado número de respondentes com
smartphone, totalizando 95,4% (n=392), e com
internet móvel em seu aparelho, totalizando 84,4%
(n=347). A classe social dos respondentes não é um
influenciador na assinatura do plano de dados da
operadora ou na aquisição do smartphone, pois em
todas as classes identificou-se que pelo menos 90%
dos respondentes possuem um smartphone e que, a
partir da classe D, pelo menos 80% possuem plano
de dados. Na classe E, 67% dos entrevistados
possuem plano de dados.
Todos os respondentes utilizam pelo menos um
aplicativo OTT para comunicação com seus
contatos, e todos os respondentes utilizam o
WhatsApp ou Facebook Messenger como um dos
aplicativos para comunicação. Embora não listados
no questionário, sabe-se que há outros aplicativos
para comunicação, tais como Skype, Viber e
Snapchat, sendo este último um aplicativo mais
recente, lançado em 2011.
Foi definida como primeira hipótese do estudo (H1)
que os usuários que utilizam aplicativos OTT para
comunicação com seus contatos reduzem as
ligações telefônicas para estes contatos. Esta
hipótese foi confirmada já que 46,2% (n=190)
informaram que as chamadas de voz reduziram
muito e 42,3% (n=174) informaram que as
chamadas de voz reduziram pouco.
A segunda hipótese (H2) afirmava que os usuários
que utilizam aplicativos OTT para comunicação
com seus contatos reduzem o envio de mensagens
de texto (SMS) para estes contatos. Esta hipótese
foi confirmada já que 74,5% (n=306) informaram
que o envio de SMS reduziu muito e 17% (n=70)
informaram que o envio de SMS reduziu pouco.
A terceira hipótese (H3) afirma que usuários de
aplicativos OTT para comunicação com seus
contatos não consideram pacotes de SMS ao
contratar planos de operadoras celulares. Esta
hipótese foi parcialmente confirmada, pois 58,9%
(n=242) dos respondentes informaram que não
consideram pacotes de SMS.
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A quarta hipótese (H4) afirma que consumidores
não aceitariam receber ações de mobile marketing
através de aplicativos OTT. Esta hipótese se
sustenta, pois 93% (n=382) não aceitariam receber
estas ações, considerando estes aplicativos pessoais.
A quinta e última hipótese (H5) afirma que
consumidores de aplicativos OTT para
comunicação com seus contatos consideram o
serviço SMS obsoleto. Esta hipótese não foi
confirmada, pois apenas 49% dos respondentes
consideram o serviço SMS obsoleto.
O objetivo da pesquisa é verificar se os
consumidores que utilizam aplicativos OTT para
comunicação com seus contatos reduzem as
ligações para estes contatos (H1), reduzem a troca
de mensagens de texto com estes contatos (H2), se
consideram pacotes de SMS ao contratar planos de
operadoras celulares (H3), se aceitariam receber
ações de mobile marketing através dos aplicativos
OTT (H4) e, por fim, se avaliam o SMS como um
serviço obsoleto (H5).
5 CONCLUSÃO
A pesquisa teve como objetivo avaliar o
comportamento do consumidor de aplicativos OTT
e sua influência nas chamadas de voz e trocas de
mensagens de texto (SMS).
Em termos de resultados, o estudo comprovou que
os usuários de aplicativos OTT para comunicação
com seus contatos apresentam redução nas ligações
para estes contatos e trocas de mensagens de texto
(SMS). Isto identifica que dos serviços ofertados
pelas operadoras de telefonia celular, o serviço de
dados é, portanto, o mais interessante e utilizado.
Esta conclusão permite depreender que ajustes nos
planos de tarifação das operadoras de telefonia
celular para conter planos de dados cada vez mais
baratos é uma necessidade e, também, um viés uma
vez que a contribuição da receita de chamadas
telefônicas e SMS no mix de serviços será cada vez
menor. Assim, pode-se concluir que a fusão de
operadoras móveis e fixas em grandes
conglomerados para prover serviços de telefonia
móvel, telefonia fixa, internet e TV é um
movimento importante para que estas empresas
prestem serviços em diversas frentes, aumentando o
mix de produtos, mantendo ou aumentando a
receita da empresa. É necessário, também, criar
outros tipos de serviços voltados para o uso de
dados tais como backup de fotos, vídeos e músicas
em servidores da própria operadora, atualmente
chamado de hospedagem nas nuvens, ao invés de
armazená-los exclusivamente no celular e serviços
de navegação segura, propiciando mais segurança
em transações bancárias, e nas próprias conversas
utilizando os aplicativos OTT, dificultando
invasões por hackers e ataques por vírus.
Uma conclusão surpreendente neste estudo reside
no fato do SMS, que mesmo em desuso, não ser
considerado obsoleto. Assim, eles o utilizam como
uma forma alternativa de comunicação quando
serviços de dados estão indisponíveis, por exemplo.
Limitações deste estudo residem no fato de a
amostra não ter atingido de forma massiva diversos
estados da federação, concentrado os resultados
notadamente em Minas Gerais e São Paulo,
desconsiderando, portanto, comportamentos de
outros estados.
Por fim, como sugestão de outros estudos, acredita-
se ser importante refazer estes testes no momento
em que as redes 4G e LTE, além da comunicação
de voz utilizando a rede de dados, estiverem
Fundação Pedro Leopoldo MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
disseminadas no Brasil. Sugere-se também ampliar
este questionário de forma a atingir outras regiões
do Brasil, tais como Nordeste e Norte.
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