dengue na gestação
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DENGUE: FISIOPATOGENIA,
ASPECTOS CLÍNICOS E
PECULIARIDADES DA
GESTAÇÃO
Dr. André Ricardo Ribas FreitasMédico Epidemiologista – Mestre em Clínica Médica
Doutor em Epidemiologia
Depto Vigilância em Saúde – SMS/Campinas
Prof. Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic
RNAssv
M
E
C
Estrutura do Vírus da Dengue
10 genes:
3 estruturais C, E, M
7 não estruturais: NS-1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B, NS5
Virus da Dengue
Vírus RNA, gênero flavivírus; família flaviviradae
4 Sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4
Todos sorotipos podem causar doença grave
Imunidade permanente ao sorotipo que causador da doença
Predisposição a casos mais graves aos outros sorotipos
Circulando os 4 sorotipos em Campinas a possibilidade de reinfecção aumenta muito
Controle da Dengue
Vacinas (ainda muito distante)
Eliminação de criadouros
Controle das formas imaturas
Ovos, larvas e pupas
Controle das formas adultas
Inseticidas
Aplicação casa-a-casa
Aplicação com carros
Repelentes
J Clin Virol 40 (2007) 50–
54
Manifestações atípicas (lesões diretas)
Células endoteliais
Fígado
Médula óssea
Baço
Coração
Cérebro
Pulmão
Lee et al. Virus Res126
(2007) 216–225
BJID 2005; 9 (August)
J Immunol, 1998, 161: 6338–6346
Presentações
atípicas
Dr. André Ricardo Ribas Freitas – DEVISA - Campinas
Amplificação viral
mediada por anticorpos
(Antibody-Dependent
Enhancement, ADE)
Libraty et al. (2009) A Prospective Nested Case-
Control Study of Dengue in Infants: Rethinking
and Refining the Antibody-Dependent
Enhancement Dengue Hemorrhagic Fever
Model. PLoS Med 6(10): e1000171.
doi:10.1371/journal.pmed.1000171
Indução de auto-imunidadeAtivação de células endoteliais por anti-DV (NS-1)
Endothelial Cell Activation Induced by Antibodies against Dengue Virus Nonstructural
Protein. J Immunology, 2005, 174: 395–403
Efeito da MCP-1 (proteína quimiotáxica de
monócitos-1) na permeabilidade capilar
Dengue virus MCP-1 affects
vascular permeability
J Gen Virol (2006), 87, 3623–
3630
Dosagem de MCP-1 sérico de
pacientes
Células endoteliais de cordão umbilical
humano (HUVEC), perda de plasma
através das “tight junctions”
ControleIncubadas com
MCP-1
Infecção pelo vírus DEN10.000
Assintomática9.000
Sintomática1.000
Indiferenciada500
Febre do
Dengue400
Febre Hemorrágica do
Dengue100
sem choque com choque1 - 2
sem hemorragia com hemorragia
Classificação antiga da Dengue*
*Classificação modificada por:
Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control. WHO, 2009. New edition, nov/2009
.Sem sinais
de alarmeCom sinais de
alarme
A B
Dengue sem e com
sinais de alarmeDengue grave
• Extravasamento plasmático grave
• Hemorragia grave
• Comprometimento
grave de órgãos
Fonte: WHO/TDR, 2009 e SVS/MS, 2013
Dengue
Sintomas por ordem de frequência:
Febre
Cefaléia
Mialgia e artralgia
Prostração
Alteração no paladar
Dor retrorbitária
Anorexia
Náuseas e vômitos
Rash (20 a 30%, tardio)
Manifestações hemorrágicas
Apresentações atípicas
Encefalite
Meningoencefalite
Mielite
Miocardite
Hepatite
Insuficiência Renal
Outras
Febre Hemorrágica da Dengue
(em desuso)
Manifestações hemorrágicas e
Contagem de plaquetas (<100,000/mm3) e
Aumento na permeabilidade capilar
aumento de hematócrito (20% ou mais) ou
hipoalbuminemia ou hipoproteinemia ou
derrame pleural ou ascite
Dengue haemorrhagic fever, WHO, 1997, Geneva.
Dengue: definição de suspeito (SVS/MS, 2014)
Suspeito
Pessoa que viva ou tenha viajado nos últimos 14 dias para área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou tenha a presença de Ae. Aegypti, que apresenta febre, usualmente entre 2 e 7 dias, e apresente duas ou mais das seguintes manifestações:
Náusea ou vómitos;
Exantema;
Mialgias, artralgia;
Cefaleia, dor retroorbitéria;
Petéquias ou prova do laço positiva;
Leucopenia.
Também pode ser considerado caso suspeito toda criança proveniente ou residente em área com transmissão de dengue, com quadro febril agudo, usualmente entre 2 a 7 dias, e sem foco de infecção aparente.
Dengue com sinais de alarme:
(SVS/MS, 2014)
É todo caso de dengue que apresenta um ou maisdos seguintes sinais de alarme:
Dor abdominal intensa e contínua, ou dor a palpação do abdome;
Vômitos persistentes;
Acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural, pericárdico);
Sangramento de mucosas;
Letargia ou irritabilidade;
Hipotensão postural ou lipotímia;
Hepatomegalia maior do que 2 cm (abaixo do RCD)
Aumento progressivo do hematócrito.
Dengue Grave: definição
(SVS/MS, 2014)
É todo caso de dengue que apresenta um ou maisdos seguintes resultados: Choque devido ao extravasamento grave de plasma
evidenciado por taquicardia, extremidades frias e tempo de enchimento capilar igual ou maior a três segundos, pulso débil ou indetectável, pressão diferencial convergente ≤ 20 mm Hg; hipotensão arterial em fase tardia.
Sangramento grave, segundo a avaliação do médico (exemplos: hematêmese, melena, metrorragia volumosa, sangramento do sistema nervoso central);
Comprometimento grave de órgãos tais como: dano hepático importante (AST o ALT>1000), sistema nervoso central (alteracão da consciência), coração (miocardite) ou outros órgãos, ex: acumulação de líquidos com insuficiência respiratória
Risco para casos graves
Cepa do vírus
Doença crônicas prévias
Características individuais ainda desconhecida
Fator de maior importância:
Re-infecções subseqüentes
Portanto, quanto maior o número de sorotipos circulantes e maior número de pessoas com infecções prévias: maior o risco de casos graves
MENINGOCOCCEMIA
FEBRE MACULOSA
SEPTICEMIA
MALÁRIA GRAVE
FEBRE DO CHIKUNGUNYA
Geralmente com icterícia:
LEPTOSPIROSE
FEBRE AMARELA
DENGUE(diag diferencial)
SÍNDROME
FEBRIL
FEBRE
EXANTEMÁTICA
FEBRE
HEMORRÁGICA
VIROSES NÃO
ESPECIFICADAS
(GECA)
FEBRE DO CHIKUNGUNYA
ABDOME AGUDO
INFLUENZA
MALÁRIA (área endêmica)
Quadros iniciais de:
FEBRE MACULOSA
LEPTOSPIROSE
MENINGITE
RUBÉOLA
SARAMPO
ESCARLATINA
MONONUCLEOSE (EBV)
ERITEMA INFECCIOSO
(parvovírus B19)
EXANTEMA SÚBITO
(roséola, HHV-6 e 7)
ENTEROVIROSES
FEBRE DO CHIKUNGUNYA
SÍNDROME DO
CHOQUE:
TODAS CAUSAS DE
CHOQUE SÉPTICO
(nem sempre com
hemorragia evidente)
Febre do Chikungunya
Arbovírus (transmitido por Aedes ssp) endêmico
na África Ocidental que provoca poliartralgia e
artrite febril aguda.
Todas as linhagens de Aedes aegypti e Aedes
albopictus das Américas testadas tiveram
competência vetorial confirmada
O nome chikungynya é derivado de uma
linguagem local da Tanzânia que significa “aquilo
que verga” ou “andar torto” por causa da artralgia
incapacitante causada pela doença
Epidemiologia
Endêmico na África
Expansão nos últimos anos para Sudeste Asiático, ilhas do Pacífico Ilha Reunião em 2005-2006 envolveu
aproximadamente 266.000 indivíduos (34% da ilha), uma taxa de ataque mais elevada foi observada entre residentes idosos
Epidemia na Índia (2010, 1,4 milhões de casos), surto na Itália (2007) e na França (autóctones)
Epidemias chegam a atingir 38%−63 da população
Desde 2013 transmissão nas Américas, ilhas do Caribe
Fonte: Preparación y respuesta ante la eventual introducción del virus chikungunya en las Américas.
Organización Panamericana de la Salud. Washington, D.C.: OPS, © 2011
Febre do Chikungunya (Fase
Aguda)
Febre, pode ser alta (40o C); a duração habitual da febre é de três a cinco dias (intervalo de 1 a 10 dias).
Poliartralgia começa dois a cinco dias depois do início da febre e comumente envolve múltiplas articulações distais
As manifestações cutâneas Exantema macular ou máculo-papular (geralmente aparece três
dias ou mais depois do início da doença e dura três a sete dias). Ilhas de pele normal podem ser vistas juntamente com o exantema difuso.
Prurido foi reportado em 25 a 50 por cento dos pacientes em algumas series.
Lesões cutâneas bolhosas também foram descritas, mais frequentemente em crianças.
As manifestações hemorrágicas são incomuns.
Fonte: Preparación y respuesta ante la eventual introducción del virus chikungunya en las Américas.
Organización Panamericana de la Salud. Washington, D.C.: OPS, © 2011
Fase Aguda
Fonte: Preparación y respuesta ante la eventual introducción del virus chikungunya en las Américas.
Organización Panamericana de la Salud. Washington, D.C.: OPS, © 2011
Febre do Chikungunya (Fase Crônica)
Sinais e sintomas reumatológicos persistentes:
artrite/artralgia,
poliartrite edematosa de dedos e artelhos, dor e rigidez matinal e tenossinovite severa (especialmente punhos, mãos e tornozelos)
síndromes de túnel do carpo
fenômeno de Raynaud (20% dos casos)
crioglobulinemia
Duração dos sintomas, varia de acordo com os estudos:
em Marselha, França, um, três e seis meses depois da doença aguda, os sintomas persistiram em
88, 86 e 48 por cento dos pacientes, respectivamente;
em15 meses, 4% por cento permaneciam sintomáticos
nas Ilhas Reunião Após 18 meses 63% reportaram poliartralgia persistente
quase metade reportou que a dor teve impacto negativo sobre atividades da vida diária.
Estudo realizado na África do Sul reportou artralgia três anos depois da doença aguda em 12 % dos pacientes
Fase Crônica
Fonte: Preparación y respuesta ante la eventual introducción del virus chikungunya en las Américas.
Organización Panamericana de la Salud. Washington, D.C.: OPS, © 2011
Áreas de transmissão de
Chikungunya (CDC, 24/fev/2014)
Fonte: http://www.cdc.gov/chikungunya/pdfs/ChikungunyaMap.pdf, acesso em 20/03/2014
Vigilância do Chikungunya
(SVS/MS)
Caso suspeito: paciente com febre de início súbito maior de 38,5ºC:
Artralgia ou artrite intensa com início agudo, não explicada por outras condições,
Ser residente ou visitado áreas endêmicas ou epidêmicas até duas semanas antes do início dos sintomas;
Caso confirmado: caso suspeito com um dos seguintes testes específicos para diagnóstico de Chikungunya (CHIK): Isolamento viral, Detecção de RNA viral por RT-PCR,
Detecção de IgM em uma única amostra de soro, ou aumento de título de IgG
Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/noticias-svs/9545-svs-informa-
procedimentos-a-serem-adotados-para-a-vigilancia-da-febre-do-chikungunya-no-brasil (acessado em 22/mar/2014)
Países com Transmissão de
ChikungunyaBenin Ilhas Maurício
Burundi Mayotte
Camboja Myanmar
Camarões Nigéria
Republica Centro Africana Paquistão
Comoros Filipinas
Congo Ilhas Reunion
Timor Leste Senegal
Guiné Equatorial Seychelles
Guiné Singapura
Índia África do Sul
Indonésia Sudão
Itália Taiwan
Quênia Tanzânia
Laos Tailândia
Madagascar Uganda
Malaui Vietnam
Malásia Zimbábue
França Caribe
Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/noticias-svs/9545-svs-informa-
procedimentos-a-serem-adotados-para-a-vigilancia-da-febre-do-chikungunya-no-brasil (acessado em 22/mar/2014)
Sarampo
Definição de caso: exantema maculo-papular febril agudo acompanhado de: tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite (independente de idade ou estado vacinal)
Dr. André Ricardo Ribas Freitas – DEVISA e SLMANDIC Campinas
Rubéola
Definição de caso: exantema maculopapularfebril com linfoadenopatia. (independente de idade ou estado vacinal)
Dr. André Ricardo Ribas Freitas – DEVISA e SLMANDIC Campinas
Doença meningocócica
Lembrar que:
Pode cursar sem meningite
Dr. André Ricardo Ribas Freitas – DEVISA e SLMANDIC Campinas
Febre Maculosa
Sd. febril aguda associada a picada de carrapatos ou contato em área sabidamente de transmissão, nos últimos 15 dias ou
Febre hemorrágica ou exantemática sem outra causa definida, independente de exposição
OU
ExantemaPetéquias
Dengue
Síndrome febril ou
Síndrome febril exantemática ou
Síndrome febril hemorrágica
Exame clínico objetivo: (diagnóstico
diferencial e sinais de gravidade)
Anamnese buscando ativamente Sintoma de outras doenças (diagnóstico diferencial) Sinais de alarme
dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, hipotensão postural ou lipotímia, sonolência ou irritabilidade, sangramento em mucosas (gengivorragia, epistaxe, metrorragia, melena)
Dados vitais: P. A.* (deitado ou sentado e em pé) Pulso e temperatura
Estado geral Hidratação Perfusão Prova do laço
Sinais de outras doenças (diagnóstico diferencial)
*ATENÇÃO: hipotensão postural (PA sentado - PA em pé ≥ 20 mmHg) ou
estreitamento da pressão de pulso (PAS- PAD ≥ 20mmHg, hipotensão (PAS ≥
90mmHg em adultos)
Prova do laço
Insuflar o manguito entre a PA
sistólica e a diastólica,
deixando:
5 minutos adultos
3 minutos em crianças
Contar o número de petéquias
em um quadrado de 2,5 cm de
lado, no local com maior
concentração, positivo se:
> 20 em adultos
>10 em crianças
Exames complementares I:
hemograma
Exame básico para manejo de paciente com suspeita de dengue
Recomendado para todo paciente com suspeita (obrigatório em todos pacientes com fator de risco ou com prova do laço positivo)
Reforça suspeita de dengue (podendo ter uso como instrumento de vigilância)
Classifica risco do paciente e monitora evolução
Aumenta a segurança do profissional
Chegando até as 14h00 no Lab Municipal=> resultado no mesmo dia
Alterações no hemograma de pacientes
com Dengue
Hematological and clinical evaluation of a cohort of 345 acute Dengue-3
infection patients during 2002 outbreak in Campinas - SP - Brazil
Freitas ARR, et al. First Pan-American Dengue Research Network Meeting,
22-25 July 2008.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º
dia de sintoma
% a
ltera
ções
labo
rato
riais
riais
Leucopenia
Plaquetopenia
Plaquetas
Leucócitos (mais precoce)
Platelets x 10³/mm³
Le
uco
cy
tes x
10
³/
mm
³
4003002001000
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
S 1472,35
R-Sq 18,5%
R-Sq(adj) 18,2%
Regression
95% CI
95% PI
Leucocytes count versus Platelets count (Fitted Line Plot)LEUCmin_1 = 1934 + 10,93 PQTmin_1
Pearson
correlation=0,43
P-Value<0,001
Alteração no hemograma de pacientes
com dengue não complicada
Days of symptoms
Pla
tele
ts x
10
**
9/
L
10987654321
260
240
220
200
180
160
140
120
100
150
95% CI for the Mean
Platelets counts versus Days of symptoms (Interval Plot)
Days of symptoms
Le
uco
cy
tes x
10
**
6/
L
10987654321
6000
5500
5000
4500
4000
3500
3000
2500
3500
95% CI for the Mean
Leucocytes counts versus Days of symptoms (Interval Plot)
Hematological and clinical evaluation of a cohort of 345 acute
Dengue-3 infection patients during 2002 outbreak in Campinas
- SP - Brazil
Freitas ARR, et al. First Pan-American Dengue Research Network
Meeting, 22-25 July 2008.Days of symptoms
He
ma
tocri
t (%
)
10987654321
46
44
42
40
38
36
95% CI for the Mean
Hematocrit versus Days of symptoms (Interval Plot)
Exames complementares II:
a critério clínico
Dosagem de albumina e proteínas totais (deveria ser mais utilizado) pedir para todos pacientes com <100.000 pqt.
importantes marcadores de perda de plasma
é disponível na UBS
US abdominal (derrame pleural, ascite e espessamento na parede da vesícula)
Rx torax (derrame pleural)
Perfil hepático (pode haver discreta alteração de AST/ALT com bilirrubinas normais)
Coagulograma (só está alterado em casos complicados)
Perfil renal
Glicemia
Lembrar de outras doenças!
Hemograma:
Leucocitose com desvio à esquerda
Desvio à esquerda sem leucocitose
Fenômenos hemorrágicos sem plaquetopenia
Pancitopenia
AST/ALT > 500
Alterações significativas de bilirrubinas
História natural da dengue
WHO, 2009. Adaptado de: Yip WCL. Dengue haemorrhagic fever:
current approaches to management. Medical Progress, October 1980.
Viremia
IgM infec secund
IgG infec secund
0 4 6 14-21 >50 Dias
MARCADORES ESPECÍFICOS
DA INFECÇÃO POR DENGUE
IgG infec prim
NS-1, PCR e isolamento
IgM infec prim
Exames específicos e rotina da
vigilância
Notificar todo suspeito de dengue (mesmo sem que seja recomendado
Exames específicos:
Até 3º dia (Pronto-Socorros, Unidades-Sentinela e Áreas com Transmissão) Antígeno NS-1
Isolamento viral (identificação do sorotipo)
Após 6º dia: Sorologia ELISA: IgM (rotina)
Teste rápido IgG/IgM ou NS-1 (resultado em 15 minutos): Pode ser útil para pacientes hospitalizados
Pacientes hospitalizados devem manter a coleta de sorologia independentemente da situação epidemiológica
Estes exames não devem nortear a conduta clínica
Exames específicos: situações
especiais
Imunohistoquímica: material de necropsia
Isolamento viral: identificação de sorotipo
Macrófago alveolar com antígenos de DENV
Antígenos de DENV em cultura de células C6/36
Princípios do Tratamento
Hidratação (iniciar sempre o mais rápido possível, independentemente do local)
Orientação para pacientes e familiares
Monitoramento dos sinais de agravamento (em casa ou internado)
Sintomáticos
Analgésicos e anti-térmicos (paracetamol ou dipirona)
Somente se necessário: anti-eméticos e anti-histamínicos
Perguntas Básicas para Classificação Inicial:
A DENGUE É DINÂMICA
É suspeita de dengue? => A
Há tendência a sangramento de pele ou fator de risco? => B
Há sinais de alarme? => C
Há sinais de choque? => D
*Disponibilização de leitos (macas ou/e poltronas), possibilitando o mínimo de conforto possível ao paciente durante sua observação.
Fluxograma para Classificação de Risco de Dengue
Fonte: Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue. Brasília-DF-Brasil/2009.
na pele
Classificação: Grupo A (azul)
Identificação:
Febre há menos de 7 dias sem foco definido
Ausência de FENÔMENOS HEMORRÁGICOS (prova do
laço negativas), HEMOGRAMA SEM ALTERAÇÕES
SIGNIFICATIVAS, SEM FATORES DE RISCO
Ausência de SINAIS DE ALARME
Ausência de SINAIS DE CHOQUE
SINTOMAS ASSOCIADOS À DENGUE
mialgia,
protração
cefaléia e dor retroorbitária,
alteração do paladar,
diminuição do apetite,
exantema
escassez de sintomas respiratórios
Colher hemograma* com retorno em
24 horas em pacientes do GRUPO A
Recomendado para todos suspeitos de
dengue
*Hemograma pode ser simplificado: Hb, Ht, leucocitos totais e plaquetas.
Conduta terapêutica (GRUPO A)
Hidratação oral (60-80ml/kg/dia, pelo menos
1/3 com soro de reidratação oral)
Sintomáticos (paracetamol)
Orientação sobre Sinais de alarme para
paciente e seus familiares
Observação em casa + reavaliação no
primeiro dia sem febre
Hemograma alterado GRUPO B
Classificação: Grupo B (verde)
Idem GRUPO A, QUALQUER um dos seguintes
achados:
Ausência de SINAIS DE ALARME
Ausência de SINAIS DE CHOQUE
Prova do laço positiva
Petéquias
Alterações no hemograma
Presença de fatores de risco
Paciente Grupo B, sem fenômenos
hemorrágicos (baseado no hemograma)
Hemograma com alterações significativas:
Leucócitos <2.000
Plaquetas <100.000
com sinais de hemoconcentração:
Criança Ht > 42%
Mulher Ht > 44%
Homem Ht > 50%
FATORES DE RISCO
Classificação: Grupo B - verdeSuspeita de dengue, com sangramento de pele ou prova do laço
negativa, sem sinais de alarme e sem alterações hemodinâmicas.
Idosos > 65 anos Crianças < 2 anos Gestantes
Classificação: Grupo B - VerdeSuspeita de dengue, com sangramento de pele ou prova do laço
negativa, sem sinais de alarme e sem alterações hemodinâmicas.
FATORES DE RISCO
DiabetesHipertensão arterial
Outras doenças
crônicas
Grupo B (verde): conduta
Hemograma simplificado de urgência
(resultado no mesmo dia)
Obs: se inviável ter resultado na UBS no
mesmo dia, encaminhar para Pronto
Atendimento.
Tratamento:
Hidratação oral ou venosa enquanto
aguarda hemograma (3-5ml/kg/h)
Grupo B (verde): conduta com
resultado do hemograma
Sem hemoconcentração e plaquetas
>100.000: retorno em 24 horas para reavaliação
clínica-laboratorial e orientação quanto à
hidratação e SINAIS DE ALARME
Com hemoconcentração ou plaquetas
<100.000: encaminhar a uma Unidade de Saúde
com possibilidade para observação e repetir
hemograma após hidratação
PRINCIPAIS SINAIS DE ALARME:
dor abdominal intensa e contínua,
vômitos persistentes,
hipotensão postural ou lipotímia,
sonolência ou irritabilidade, (principalmente em
crianças)
Sangramento de mucosa
Outros sinais de alarme:
diminuição da diurese,
diminuição repentina da temperatura,
aumento do hematócrito,
queda abrupta de plaquetas,
desconforto respiratório.
Grupo C (amarelo) Paciente sem alteração
hemodinâmica com qualquer SINAL DE
ALARME
Grupo C - amareloSINAIS DE ALARME EM DESTAQUE
Lipotímia / Hipotensão postural /
(variação da PA sentado/deitado -
em pé ≥ 20mmHg)
Sonolência ou irritabilidade
Classificação: Grupo C - amareloSuspeita de dengue, com sinais de alerta, sem hipotensão
Hepatomegalia
dolorosa
Classificação: Grupo C – amareloSuspeita de dengue, com sinais de alerta, sem hipotensão.
Aumento repentino
hematócrito ou queda abrupta
de plaquetas
Hipotermia
Classificação: Grupo C - amareloSuspeita de dengue, com sinais de alerta, sem hipotensão.
Desconforto respiratório Diminuição da
diurese
Conduta: Grupo C (amarelo)
Leito de observação ou hospitalar
Hidratação EV imediata inicial* (SF ou Ringer):
Adulto 25ml/kg em 4 horas, repetir até 3x
Criança 20ml/kg/h repetir até 3x
Reavaliação
Clínica c/ 2h criança, c/ 4h adulto
HMG cada 4h
* Iniciar antes da transferência
Conduta: Grupo C (amarelo)
Melhora: hidratação EV manutenção
Adulto: 80ml/kg/dia (no primeiro dia) diminuindo na
seqüência, monitorar sobrecarga.
Criança: TRH + perda capilar estimada 20-40ml/Kg/dia
Sem melhora clínica/laboratorial
Sem melhora Tratar como GRUPO D (VERMELHO)
Classificação: Grupo D (vermelho)
Paciente com QUALQUER dos seguintes SINAIS DE CHOQUE:
Pressão arterial convergente (PA sist - PA diast ≤ 20mmHg)
Extremidades frias e cianóticas
Pulso rápido e fino
Enchimento capilar lento (> 2 segundos)
Hipotensão arterial (só aparece no choque descompensado)
Conduta: Grupo D (vermelho)
Hidratação EV imediata inicial*:
Soro Fisiológico 0,9% ou Ringer:
20 mL/Kg em até 20 min repetir até 3 vezes se necessário
* Iniciar antes da transferência
Conduta: Grupo D (vermelho)
Com melhora hemodinâmica (PA em 2 posições, débito urinário e pulso): adequar volume infundido para
reposição de perdas (cuidado com hiperhidratação).
Internação hospitalar: reavaliação clínica a cada 15 a 30 minutos, hematócrito cada 2h até estabilização
Tratamento do choque após fase
inicial
Sem melhora hemodinâmica:Hematócrito aumentando: Infundir colóide sintético (10ml/kg/h) ou
plasma ou albumina
Hematócrito diminuindo: investigar sangramentoColher coagulogramaPensar em transfundir concentrado de
hemácias, corrigir coagulopatia
Hematócrito estável:Iniciar drogas vasoativas
100%0.5 % (48-72 h)
12.0 % (24-47 h)
87.5 % (0-23 h)
Duração do choque da
dengue não complicado
Torres EM, 2005
Dr. André Ricardo Ribas Freitas – DEVISA e SLMANDIC Campinas
Considerações importantes
Deve-se cuidar para não hiperhidratar após a recuperação
Com a resolução do choque, há reabsorção do plasma extravasado, com queda adicional do hematócrito, mesmo com suspensão da hidratação parenteral.
Essa reabsorção poderá causar hipervolemia, edema pulmonar ou insuficiência cardíaca, requerendo vigilância clínica redobrada.
Indicação de internação
(independente da classificação)
Hemograma:
Hemoconcentração
Leucopenia menor que 2.000
Plaquetopenia menor que 50.000
Alterações no coagulograma (RNI e R)
Hipoalbuminemia ou hipoproteinemia
Derrame pleural ou ascite
Alterações na função renal
Indicações relativas de internação
Desidratação
Recusa na ingesta de alimentos e líquidos
Impossibilidade de retorno à unidade
Co-morbidades descompensadas (DM, HAS, DPOC...)
Outras situações a critério médico
Considerar: gestação, extremos de idade
Dengue na gestação
Efeitos da dengue na gestação
Manifestações clínicas (efeitos da gestação na
dengue)
Efeitos da dengue no feto e no RN
Dificuldade de reconhecimento de
complicações
Transmissão vertical
Manejo clínico da gestante do RN
Efeitos da dengue nas
manifestações clínicas
Fisiologia da gestação
Sistema cardiovascular
Hemodiluição
Coagulação
Confusão com outras complicações da gestação
Síndrome HELLP Trmbocitopenia
Disfunção hepatica
Aumento na permeabilidade capilar
Diferenciação entre Dengue Grave
e Síndrome HELLP
Handbook for clinical management of dengue.
World Health Organization 2012
Impacto da dengue na gravidez
São bem estabelecidos*
Risco de perda fetal
Risco de transmissão vertical
Impacto da dengue no momento do parto
Plaquetopenia
Coagulopatia
Hemorragias
Ainda faltam evidências**
Outros riscos relacionados à gestação (morte materna, mal formação...)
*Dengue Infection and Miscarriage: A Prospective Case Control Study. (2012) PLoS Negl Trop Dis 6(5):
e1637. doi:10.1371/journal.pntd.0001637
**Maternal dengue and pregnancy outcomes: a systematic review.
Obstet Gynecol Surv. 2010 Feb;65(2):107-18.
Dificuldades no reconhecimento do
extravasamento de plasma na gravidez
Hemodiluição fisiológicas próprias da gestação
Alterações hemodinâmicas (hipotensão postural, taquicardia compensatória à vasodilatação no 2º trimestre), próprias da gestação
Os sintomas de hiperemese durante o primeiro trimestre da gravidez se parecer com o Sinais de alerta de dengue grave e isso pode atrasar o reconhecimento de dengue grave.
O sinais clínicos de extravasamento de plasma, tal como derrame pleural e ascite podem ser de difícil identificarção na presença de um útero grávido
Handbook for clinical management of dengue.
World Health Organization 2012
Dengue Neonatal
A infecção materna periparto
Transmissão anticorpos transplacentária
Risco de amplificação dependente de anticorpos
Os sintomas
Febre (1-11 dias após o parto)
Trombocitopenia (sozinha não prediz
sangramento clínico)
Aumento do fígado
Amamentação: manter
Conclusão
A incidência de infecção por dengue durante gravidez ainda é subestimado
Aumento complicações de gravidez em ambos mães e feto
Dificuldade na identificação dos sinais de agravamento
Mais pesquisas são necessárias:
Efeito da dengue do risco na evolução da gravidez
Efeito de longo prazo da dengue em bebês
MANUAIS DE DENGUE:
Manejo Clínico e Organização da Assistência
http://portal.saude.gov.br/portal/arq
uivos/pdf/diretrizes_epidemias_den
gue_11_02_10.pdf
http://whqlibdoc.who.int/publications/
2009/9789241547871_eng.pdf http://portal.saude.gov.br/portal/arq
uivos/pdf/dengue_adulto_criança_
2011.pdf
MANUAL DE DENGUE:
capítulo muito bom sobre dengue na gestação
Handbook for clinical management of dengue.
World Health Organization 2012