dissertacao especializacao...

45
ESCOLA DE MÚSICA E BELAS ARTES DO PARANÁ KILDER DANJAS A INDEPENDÊNCIA DA LINHA DO CONTRABAIXO ORQUESTRAL EM TRÊS PEÇAS DE RADAMÉS GNATTALI: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA, CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS E CANÇÃO E DANSA Dissertação apresentada ao Curso de Especialização da Escola de Música e Belas Artes do Paraná como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Música. Área de concentração: Análise Musical. Orientador: Prof. Dr. Fausto Borém de Oliveira. CURITIBA 2007

Upload: kilderbass

Post on 17-Jul-2015

62 views

Category:

Education


0 download

TRANSCRIPT

ESCOLA DE MÚSICA E BELAS ARTES DO PARANÁ

KILDER DANJAS

A INDEPENDÊNCIA DA LINHA DO CONTRABAIXO ORQUESTRAL EM

TRÊS PEÇAS DE RADAMÉS GNATTALI: SUÍTE PARA PEQUENA

ORQUESTRA, CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS E

CANÇÃO E DANSA

Dissertação apresentada ao Curso de Especialização da Escola de Música e Belas Artes do Paraná como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Música. Área de concentração: Análise Musical.

Orientador: Prof. Dr. Fausto Borém de Oliveira.

CURITIBA

2007

ii

Aos meus pais Benício e Maria pelo apoio desde o princípio dos estudos musicais.

À Aneli pela dedicação e incentivo.

iii

Agradecimentos

Ao Prof. Dr. Fausto Borém de Oliveira, pela dedicação e apoio.

À Raquel e demais funcionários da Biblioteca Flausino Valle da Escola de

Música da UFMG pela paciência e competência com que realizam seus

respectivos trabalhos.

À Prof.ª Dr.ª Lea Lígia e à Escola de Música e Belas Artes do Paraná pela

iniciativa de ofertar este curso de Especialização.

A todas as demais pessoas que contribuíram para este trabalho.

iv

Sumário

TABELA ........................................................................................................ vi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ....................................................... vii

LISTA DE EXEMPLOS MUSICAIS ............................................................... viii

RESUMO ....................................................................................................... xii

ABSTRACT ................................................................................................... xiii

INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1

1 O COMPOSITOR E INSTRUMENTISTA RADAMÉS GNATTALI ............ 3

2 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA .................................................. 4

2.1 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – I MOVIMENTO -

BRINQUEDO ............................................................................................ 4

2.2 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – II MOVIMENTO -

ACALANTO .............................................................................................. 8

2.3 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – III MOVIMENTO -

VALSA ...................................................................................................... 10

2.4 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – IV MOVIMENTO –

ABÔIO ...................................................................................................... 12

2.5 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – III MOVIMENTO –

DESFILE ................................................................................................... 13

3 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS ................... 16

3.1 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – I

MOVIMENTO ........................................................................................... 16

3.2 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – II

MOVIMENTO ........................................................................................... 20

3.3 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – III

MOVIMENTO ........................................................................................... 21

4 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E

ORQUESTRA DE 1982) ................................................................................ 24

4.1 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E

ORQUESTRA DE 1982) – CANÇÃO ....................................................... 24

4.2 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E

ORQUESTRA DE 1982) – DANSA .......................................................... 27

CONCLUSÃO ................................................................................................ 29

v

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 30

APÊNDICE ................................................................................................... 31

TABELA

1 - DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA

PEQUENA ORQUESTRA, CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA

E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA ORQUESTRA DE 1982) ............ 21

vi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

acell. - Acelerando

c. - Compasso

Cb. ou Bas. - Contrabaixo

Cl. - Clarinete

cresc. - Crescendo

dim. - Diminuendo

div. - Divisi

vii

Ex. - Exemplo

f - Forte

mf - Mezzo forte

não div. - Não divisi

pizz. - Pizzicato

p - Piano

pp - Pianíssimo

rall. - Ralentando

tr. - Trinado

Va. - Viola

Vc. ou Cel. - Violoncelo

Vn.1 - Primeiro violino

Vn.2 - Segundo violino

Vn.3 - Terceiro violino

3ª - Intervalo de terça

4ª - Intervalo de quarta justa

5ª - Intervalo de quinta justa

6ª - Intervalo de sexta-feira

7ª - Intervalo de sétima

viii

LISTA DE EXEMPLOS MUSICAIS

1 - Tessitura do contrabaixo em relação ao piano .................................... 2

2 - Violoncelos em divisi de quintas e contrabaixos sustentando a tônica. 4

3 - Uníssono em degraus nas cordas ........................................................ 4

4 - Semínimas seguidas de pausas nos contrabaixos e semínimas

seguidas de colcheias nos cellos ............................................................... 5

5 - Divisi nos violoncelos enquanto os contrabaixos sustentam com a

nota Mi-1 ..................................................................................................... 5

6 - Divisi nos contrabaixos usando a quinta corda ou extensor ................ 6

7ª - Movimentos contrários entre violoncelos e contrabaixos ................... 6

7b - Movimentos contrários entre violoncelos e contrabaixos (cont.) ........ 6

8a. - Trinado nos violoncelos e tacet para os contrabaixos ....................... 7

8b - Trinado nos violoncelos e contrabaixos em pizzicato ........................ 7

9 - Pizzicato em cascata nas cordas finalizando com os contrabaixos ..... 7

10 - Divisi nos contrabaixos em 1º e 2º e não divisi nos cellos ................. 8

11 - Movimento ascendente começando com contrabaixos em pizzicato 8

12 - Ostinato em pizzicato nos contrabaixos ............................................. 9

13 - Contrabaixos passam a tocar com arco ............................................. 9

14 - Contrabaixos e violoncelos em intervalos de quintas ........................ 9

15 - Contraste entre voz principal e contrabaixos e escrita vertical na

base harmônica .......................................................................................... 10

16 - Contrabaixos em pizzicato “com sentimento popular” ....................... 10

17 - Linha descendente formando um contracanto baixo nos

contrabaixos ............................................................................................... 11

18 - Linha independente nos contrabaixos ................................................ 11

19 - Pedal em Lá nos contrabaixos e dueto entre violoncelos e violas ..... 12

20 - Contrabaixos e violoncelos em intervalos de terças .......................... 12

21 - Divisi a dois nos contrabaixos com arco e pizzicato

simultaneamente ........................................................................................ 13

22 - Contrabaixos em ostinato tocando baião em pizzicato ...................... 13

23 - Tacet para as cordas enquanto contrabaixos continuam a tocar ....... 13

24 - Troca de arco para pizzicato com a corda solta Sol1......................... 14

25 - Trecho com tratamento contrapontístico ............................................ 14

ix

26 - Contrabaixos reforçando o divisi dos violoncelos, numa seção grave

das cordas .................................................................................................. 15

27 - Divisi nos contrabaixos durante o solo dos violoncelos ..................... 15

28 - Contrabaixos e violoncelos complementando-se ritmicamente ......... 15

29 - Semínima nos violoncelos e semibreve nos contrabaixos ................. 16

30 - Pedal nos contrabaixos criando diversos intervalos em relação aos

violoncelos .................................................................................................. 16

31 - Violoncelos e contrabaixos em intervalos de quintas paralelas ......... 17

32 - Violoncelos a tempo com arco e contrabaixos em contratempo com

pizzicato ...................................................................................................... 17

33 - Pontuação dos contrabaixos no último e primeiro tempos dos

compassos ................................................................................................. 17

34 - Contrabaixos e violoncelos em contraponto rítmico ........................... 18

35 - Intervalo de quinta justa entre violoncelos e contrabaixos ................. 18

36 - Cruzamento aparente das vozes entre violoncelos e contrabaixos ... 18

37 - Acompanhamento popular dos contrabaixos ..................................... 19

38 - Violoncelos e contrabaixos seguem rumos diferentes ....................... 19

39 - Cordas com arco e contrabaixos em pizzicato ................................... 19

40 - Efeito der aceleração produzida pelo ritmo deslocado ...................... 20

41 - Acompanhamento popular nos contrabaixos ..................................... 20

42 - Ostinato nos contrabaixos e melodia cromática descendente nos

violoncelos .................................................................................................. 21

43 - Cânon entre violoncelos e contrabaixos ............................................ 21

44 - Divisi nos contrabaixos e violoncelos ................................................. 21

45 - Contrabaixos sustentam o acorde de sexta e nona com divisi nos

violoncelos e violas ..................................................................................... 22

46 - Intervalos de terças entre violoncelos e contrabaixos ........................ 22

47 - Ostinato nos violoncelos e escala ascendente e descendente nos

contrabaixos ............................................................................................... 23

48 - Intervalos de terças e quintas entre violoncelos e contrabaixos ........ 23

49 - Ostinato nos contrabaixos e melodia nos violoncelos ........................ 23

50 - Diferenciação de dinâmica entre contrabaixos e cordas .................... 24

51 - Melodia nos violoncelos e pedal em ostinato de síncopas nos

contrabaixos ............................................................................................... 25

x

52 - Divisi nos violoncelos e síncopas nos contrabaixos ........................... 25

53 - Intervalo de quintas entre violoncelos e contrabaixos ........................ 26

54 - Contrabaixos tocam notas diferentes das notas do divisi dos

violoncelos. ................................................................................................. 26

55 - Acompanhamento “popular” nos contrabaixos. .................................. 27

56 - Movimentos contrários entre as vozes dos contrabaixos e

violoncelos .................................................................................................. 27

57 - Ostinato nos violoncelos e contrabaixos ............................................ 28

58 - Pedal na linha do contrabaixo ............................................................ 28

xi

RESUMO

Radamés Gnattali foi um dos compositores brasileiros que mais desenvolveu a

escrita idiomática para o contrabaixo, tanto em relação à sua técnica

tradicionalmente associada à musica erudita, quanto em relação à inserção de

elementos da música popular, comuns em suas composições. Este estudo

compara a escrita da linha do contrabaixo orquestral nos diferentes estilos de

composição (orquestral, de câmara e solista) em três obras selecionadas: a

Suíte para Pequena Orquestra, o Concerto Para Harpa e Orquestra de Cordas

e Canção e Dansa. Verificam-se graus variáveis de independência do

contrabaixo em relação aos demais membros da orquestra de cordas,

especialmente o violoncelo, do qual é tradicionalmente dependente. Verificam-

se diversos tratamentos idiomáticos na linha do contrabaixo. O tratamento

conferido à linha do contrabaixo mostra uma integração dos gêneros erudito e

popular.

Palavras-chave: Radamés Gnattali, contrabaixo, literatura orquestral, análise

musical, música brasileira, escrita idiomática.

xii

ABSTRACT

Radamés Gnattali was one of the main Brazilian composers to develop the

idiomatic writing for double bass, not only in relation to its technique traditionally

associated to classical music, but also in relation to the absortion of popular

music elements, a common trait in his works. This paper compares the double

bass orchestral writing in different composition styles (orchestral, chamber and

solo) of three selected works: Suíte para Pequena Orquestra, Concerto Para

Harpa e Orquestra de Cordas and Canção e Dansa. It reveals variable levels of

the double bass´s independence in relation to the other members of the string

orchestra, especially the violoncello, to which it is traditionally dependent. The

treatment conferred to the double bass line shows an integration of classical

and popular genres.

Keywords: Radamés Gnattali, double bass, orchestral literature, musical

analysis, Brazilian music, idiomatic writing.

1

INTRODUÇÃO

Radamés Gnattali foi uma das figuras mais importantes para a música

brasileira do século XX. Compositor, pianista, arranjador, maestro e professor,

Gnattali desenvolveu um intenso trabalho no cenário musical brasileiro. Sua

escrita idiomática tem uma importância singular no contexto popular e erudito.

Suas composições privilegiam a linha do contrabaixo, tornando-o independente

do violoncelo.

Gnattali foi um compositor nacionalista, como define Gerard Béhague: “A

tendência contemporânea é uma volta para o nacionalismo1, porém com a

inserção de elementos populares de diversas culturas, devido à globalização

da informação.” (BEHAGUE, 1977).

Esse nacionalismo em Radamés Gnattali pode ser observado através da

inserção de elementos populares em suas composições, como escreve Janet

Grice: “Compositores da música erudita responderam à dinâmica e variada

cultura da música popular que varreu o Brasil no fim do século XIX

incorporando essas tendências musicais nos seus trabalhos.” (GRICE, 2004).

Gnattali trabalhou com dois gêneros de músicas simultaneamente, como

lembra Vasco Mariz: “Radamés Gnattali [...] fez questão de estabelecer um

marco definido entre os dois setores da sua produção: clássico e popular.”

(MARIZ, 2002).

As peças aqui analisadas são: Concerto para harpa e orquestra de

cordas, Suíte para pequena orquestra e Canção e Dansa para contrabaixo e

orquestra de cordas, que apresentam um tipo de escrita idiomática, onde

Gnattali cuidadosamente escreveu cada parte extraindo o máximo de cada

instrumento e pensando em quem e como iria executá-lo.

1 O nacionalismo na música, caracterizado por uma forte ênfase nos elementos nacionais inerentes à música de uma região, se mostrou presente no Brasil no fim do século XIX e atingiu seu ápice durante o período de 1920 e 1940, quando a ditadura de Getúlio Vargas (1930-1945) encorajou e amparou manifestações artísticas de patriotismo e de apreço a uma identidade brasileira. (GRICE, 2004).

2

Radamés faz uso de elementos jazzísticos em suas composições,

elementos que são descritos por BORÉM & SANTOS (2003):

No caso da música popular, destacam-se alguns aspectos idiomáticos da práticas de performance como (1) o conceito de “suingado” (swing eights) e “liso” (straight eights) do jazz, aplicado às músicas cubana e brasileira; (2) uma realização mais “relaxada” dos padrões rítmicos em relação ao pulso; (3) acentuações que enfatizam a síncopa, especialmente em linhas melódicas (BORÉM & SANTOS, 2003, p.5)

O sistema de alturas utilizado neste trabalho refere-se ao som real do

contrabaixo, ou seja, as cordas soltas Mi, Lá, Ré e Sol têm o som real: Mi-1,

Lá-1, Ré1, Sol1 (GUEST, 1996, p.17). (Ex.1):

Ex.1: Tessitura do contrabaixo em relação ao piano.

3

1 O COMPOSITOR E INSTRUMENTISTA RADAMÉS GNATTALI

Nascido em Porto Alegre, no dia 27 de janeiro de 1906 e falecido no Rio

de Janeiro em 3 de fevereiro de 1988, Radamés Gnattali foi exímio pianista de

formação erudita, tendo abandonado sua promissora carreira solo e passado a

dividir seu tempo entre a composição e a orquestração.

Participou em 1936, da inauguração da Rádio Nacional, importante meio

produção e divulgação cultural da época, como maestro da orquestra. Durante

trinta anos, realizou as atividades de pianista recitalista, solista de orquestra,

regente, membro de conjunto de câmara, compositor e arranjador na Radio

Nacional, o que facilitou divulgando seu trabalho por todo o Brasil.

Radamés também destacou-se pela ousadia e habilidade de fundir

tendências da música erudita e popular. Gnattali passou grande parte do tempo

centrado em seu trabalho, como afirma ROCHA (1996, p.18): “Com um

trabalho de auto-sugestão, Radamés passa a se sentir satisfeito em compor só

para si”.

Mesmo com tendências nacionalistas e influências jazzísticas, Gnattali

não se preocupou em ser moderno, integrando esses elementos em suas

obras. Acusado de ter sido conservador quanto ao tratamento da forma,

harmonia e por fazer referências a estereótipos da chamada “música

brasileira”, deixa transparecer o gosto pelo novo, experimentando novas

maneiras de orquestrar compor para instrumentos negligenciados pela maioria

dos compositores ou característicos da nossa música popular.

Entre estas obras, pode-se mencionar o Concerto para harpa (1958), a

Suíte para pequena orquestra, o Concerto para gaita e orquestra (1958), a

Sonatina para violão e flauta (1959), a suíte Retratos, composta para bandolim,

orquestra de cordas e conjunto regional (1964), o Concerto para acordeão,

tumbadoras e cordas (1978) e a própria Canção e Dansa, dentre outras.

Gnattali valorizou a inserção de instrumentos populares no meio erudito, e vice-

versa.

Em sua primeira fase composicional, Radamés desenvolveu

características de influência nacionalista e do romantismo tardio, ao estilo de

Grieg e também referências ao jazz. Empregava habitualmente motivos

folclóricos populares nordestinos (MARIZ, 1970, p.50-51).

4

2 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA

Nesta suíte encontraremos algumas peculiaridades na escrita, que se

fazem presentes também em outras obras de Radamés, como é o caso dos

intervalos de 5ª justa tocados pelos violoncelos em divisi, enquanto os

contrabaixos sustentam a tônica, ou os contrabaixos tocando em pizzicato

enquanto os violoncelos usam o arco.

Estas e outras ocorrências constituem o estilo próprio do compositor e

serão aqui apontadas e acompanhadas de um breve comentário.

2.1 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – I MOVIMENTO - BRINQUEDO

O acompanhamento inicia-se no c.14, onde os violoncelos fazem um

intervalo de quinta justa com as notas Fá1 e Dó2, dando a falsa impressão de

que estes estão abaixo dos contrabaixos, que reforçam com um Fá-1 e Dó1

(som real)2. (Ex.2):

Nos c.21-24, todas as cordas sobem em uníssono, como se fossem

degraus, começando com os contrabaixos e chegando até os violinos. (Ex.3):

2 Na partitura escreve-se Fá1 e Dó2 nos contrabaixos para facilitar a leitura e evitar as notas suplementares, porém, o som real produzido é Fá-1 e Dó-1, uma oitava abaixo do que está escrito.

c.14

Ex.2: Violoncelos em divisi de quintas e contrabaixos sustentando a tônica.

Cb.

Vc.

Vn.2

c.21

Ex.3: Uníssono em degraus nas cordas.

Cb.

Vc.

Vn.1

Vn.3

Va.

5

A partir do c.26, começam a surgir os primeiros traços de independência

da linha do contrabaixo em relação ao violoncelo. Trata-se de uma seção em

pizzicato. O contrabaixo toca uma seqüência de semínimas seguidas de

pausas, enquanto o violoncelo executa semínimas seguidas de colcheias.

(Ex.4):

Nos c.50-51 observa-se um uníssono com a nota Lá. Nos c.52-53 o

violoncelo volta a fazer um intervalo de 5ª justa entre as notas Mi1 e Si1 e o

contrabaixo reforça a harmonia com a nota Mi-1. (Ex.5):

É grande a quantidade de divisi nos violoncelos, principalmente com

intervalos de quinta justa. Já na linha dos contrabaixos, essa divisão é usada

mais como um reforço, principalmente quando há na orquestra contrabaixos de

cinco cordas ou de quatro cordas com extensor, ambos chegando até o Dó-1

ou Si-2. Esse divisi que aparece muitas vezes na linha dos violoncelos, com

intervalos de quinta justa, também aparecerá na linha dos contrabaixos, nos

c.241-243 do V Movimento, porém aqui em oitavas. (Ex.6):

Ex.6: Divisi nos contrabaixos usando a quinta corda ou extensor.

c.241Vc.

Cb.

c.26

Ex.4: Semínimas seguidas de pausas nos contrabaixos e semínimas seguidas de colcheias nos cellos.

Cb.

Vc.

Vn.1

Vn.2

Vn.3

Va.

Ex.5: Divisi nos violoncelos enquanto os contrabaixos sustentam com a nota Mi-1.

c.50

Cb.

Vc.

6

Neste trecho, apenas os contrabaixos de quatro cordas com extensor,

cinco cordas, ou usando scordatura3 é que poderão executar o Mib-1. Na

seqüência que compreende os c.57-65, há uma pequena diferenciação entre

as partes do violoncelo e contrabaixo.

Trata-se de um movimento contrário entre as vozes dos dois

instrumentos, onde o violoncelo toca Ré1 e Lá1, simultaneamente, resolvendo

em Sol1 e Ré2, num movimento ascendente. Já o contrabaixo toca Ré1 e Sol-1

(som real), em movimento descendente, c.57-58. (Ex.7a):

Toda a sequência se processa por movimentos contrários até o c.65.

(Ex.7b):

Do c.65 ao c.73 o violoncelo toca um Ré3 com trinado, enquanto que os

contrabaixos têm tacet até o c.71. (Ex.8a):

3 Scordatura é o nome que se dá às diferentes maneiras de organizar a afinação das cordas de um instrumento de cordas. O contrabaixo, que é normalmente afinado em quartas (Mi Lá Ré Sol), quando com scordatura, pode ser afinado Dó Lá Ré Sol. Alguns contrabaixos possuem um extensor sobre a caixa de cravelhas que permite a colocação de uma corda Dó, onde podem ser executadas as notas Dó (solta), Dó#, Ré, Mib. Com o uso de dois grampos que podem ficar presos ou soltos pode-se obter as notas Ré (prendendo o grampo superior) e a nota Mi (ao prender o grampo inferior).

Ex.7a: Movimentos contrários entre violoncelos e contrabaixos.

c.57

Cb.

Vc.

Ex.7b: Movimentos contrários entre violoncelos e contrabaixos (cont.)

c.60

Cb.

Vc.

Ex.8a: Trinado nos violoncelos e tacet para os contrabaixos.

c.65

Cbx

Vlc

7

Nos c.72-73 o contrabaixo toca pizzicato em semínimas. (Ex.8b).

A próxima ocorrência significativa neste movimento se dá entre os c.82-

85, onde os primeiros violinos iniciam uma frase que se completa em forma de

“cascata” pelos segundos violinos, violas, violoncelos e contrabaixos, num

movimento descendente, finalizando com estes últimos. (Ex.9).

Entre os c.87-92 há uma indicação 1º arco, 2º pizz., para um divisi na

linha dos contrabaixos e não divisi para a linha dos violoncelos (Ex.10). Esse

tipo de procedimento é comum em Radamés Gnattali, chegando até mesmo a

aparecer arco e pizzicato simultaneamente na peça Canção e Dansa para

contrabaixo e piano.

Ex.10: Divisi nos contrabaixos em 1º e 2º e não divisi nos cellos.

c.87

Vc.

Cb.

c.82

Ex.9: Pizzicato em cascata nas cordas finalizando com os contrabaixos.

Vc.

Cb.

Va.

Vn.3

Vn.2

Vn.1

Ex.8b: Trinado nos violoncelos e contrabaixos em pizzicato.

c.72

Vc.

Cb.

8

Entre os c.106-109 ocorre algo similar, em movimento ascendente, com

a frase iniciando nos contrabaixos, passando pelos violoncelos até chegar nas

violas, reforçado pelo piano. (Ex.11):

2.2 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – II MOVIMENTO – ACALANTO

O segundo movimento intitulado “Acalanto” caracteriza-se por um

ostinato em pizzicato pelos contrabaixos entre os c.1-15, onde os violoncelos,

juntamente com os outros instrumentos, executam uma base harmônica na

dinâmica pp e com surdina. (Ex.12).

O c.16 é uma preparação para uma nova seção mais movimentada, que

se dará mais adiante.

Ex.11: Movimento ascendente começando com contrabaixos em pizzicato.

c.106

Vc.

Cb.

Va.

Ex. 12: Ostinato em pizzicato nos contrabaixos.

c.1

9

Neste compasso, os contrabaixos tocam com arco, sustentando a nota

Dó1. (Ex.13):

Entre os c.23-26, os contrabaixos e violoncelos tocam em intervalo de

quintas paralelas, onde os contrabaixos iniciam com a nota Dó1 (som real) e os

violoncelos tocam Sol1. (Ex.14):

2.3 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – III MOVIMENTO - VALSA

É clara a independência da linha do contrabaixo neste movimento, onde

Radamés deu um “toque popular” ao acompanhamento por ele realizado, com

reforços na base harmônica de maneira esparsa e isolada. Radamés contrasta

a melodia principal, tocada pelo clarinete, com as vozes intermediárias que

soam como um único bloco, e o contrabaixo em pizzicato, marcando a

pulsação e pontuando a harmonia, c.3-5; c.7-9. (Ex.15):

Ex.13: Contrabaixos passam a tocar com arco.

c.16

Cb.

Cb.

Ex.14: Contrabaixos e violoncelos em intervalos de quintas.

c.23

Vc.

5ªjusta

c.3

Ex.15: Contraste entre voz principal, escrita vertical na base harmônica.e contrabaixos.

Cl.

Cb

.

Vc

Va

.

Vn.

1Vn.

Vn.

10

No c.17 há uma indicação “com sentimento popular” apenas nas cordas,

onde os contrabaixos desenvolvem uma linha de acompanhamento em

pizzicato. (Ex.16).

Entre os c.50-72 os contrabaixos realizam uma linha descendente,

utilizando as notas características dos acordes, formando um contracanto

baixo4 (GUEST, 1996, p.17). (Ex. 17):

4 “O contrabaixo executa o som mais grave da orquestra. É encarregado, dentro da seção rítmico-harmônica de tocar os baixos dos acordes e notas de passagem que soam bem com os mesmos. Ao ler as cifras, o baixista usa o seu livre critério, não só na escolha dessas notas, mas também na figuração rítmica, integrando-se na pulsação da música.” (GUEST, 1996, p.69)

c.17

Ex.16: Contrabaixos em pizzicato “com sentimento popular”.

Cb.

Vc.

Vn.3

Vn.2

Vn.1

Va.

c.63

Cb.

Ex.17: Linha descendente formando um contracanto baixo nos contrabaixos.

11

O trecho compreendido entre os c.90-97 inicia com uma seção

contrastante, onde os contrabaixos, juntamente com as violas e os terceiros

violinos, realizam uma base harmônica para que o violoncelo toque sua

melodia em pizzicato. (Ex.18):

Outra entrada importante acontece no c.165, onde os violoncelos e

violas executam um dueto, contrastando com os contrabaixos, que seguram

um pedal em Lá. (Ex.19):

Depois desse evento, os contrabaixos continuam atuando de modo

“popular”, com pizzicato, ou em entradas isoladas com arco, entre tacets.

2.4 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – IV MOVIMENTO - ABÔIO

As linhas melódicas dos violoncelos e contrabaixos iniciam-se

simultaneamente no c.12, em intervalos de terças, onde os contrabaixos

Ex.18: Linha independente nos contrabaixos.

c.90

Cb.

Vc.

Va.

Vn.3

Vn.2

Vn.1

Ex.19: Pedal em Lá nos contrabaixos e dueto entre violoncelos e violas.

c.165

Cb.

Vc.

Va.

12

iniciam com a nota Sol1 (som real) e os violoncelos tocam um Sib1, em

ostinato. (Ex.20).

No c.37 ocorre algo inusitado para os contrabaixos: um divisi a 2, onde o

contrabaixo 1 faz um jogo rítmico com ostinato de síncopas em pizzicato, e o

contrabaixo 2 toca uma semibreve com arco. (Ex.21):

2.5 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – V MOVIMENTO - DESFILE

Novamente a presença do ostinato, onde os contrabaixos tocam o ritmo

de baião, sempre em pizzicato. (Ex.22).

Dos c.83-87 há uma seção chamada “Tempo de Marcha”, onde há tacet

para as cordas e os contrabaixos continuam tocando. Também aqui é clara a

independência da linha do contrabaixo na escrita de Radamés.

c.12

Ex.20: Contrabaixos e violoncelos em intervalos de terças.

Ex.21: Divisi a dois nos contrabaixos com arco e pizzicato simultaneamente.

c.37

Vc.

Cb.

Ex.22: Contrabaixos em ostinato tocando baião em pizzicato.

c.1

Cb.

Vc.

13

Este movimento segue um caráter de Marcha, onde os contrabaixos

tocam sempre em ostinato. (Ex.23):

No trecho que compreende os c.114-121, Radamés escreve uma

passagem em ostinato para os contrabaixos, onde é necessário trocar

rapidamente de pizz. para arco. A nota que fica soando ao trocar para arco é o

Sol1, que pode ser tocada como corda solta, mostrando uma solução bastante

idiomática do compositor. (Ex.24):

c.114

Cb.

Ex.24: Troca de arco para pizzicato com a corda solta Sol1.

corda solta

c.83

Ex.23: Tacet para as cordas enquanto contrabaixos continuam a tocar.

14

Entre os c.137-143, há um trecho contrapontístico entre os contrabaixos

e o restante da orquestra, onde Radamés mescla as semínimas-em-tercinas

nos sopros com a pausa-de-colcheia/semínima/colcheia nas cordas e os

contrabaixos, diferentemente do grupo, toca pausa-de-colcheia/colcheia/pausa-

de-colcheia/colcheia. (Ex.25):

O trecho que compreende os c.172-181, Radamés reforça o divisi dos

violoncelos escrevendo para os contrabaixos de forma que estes soem em

uníssono com aqueles. (Ex.26):

Outro momento significante da investigação aparece nos c.241-243, num

novo divisi dos contrabaixos, com uma linha independente dos violoncelos.

(Ex.27):

c.138

Ex.25: Trecho com tratamento contrapontístico.

c.172

Cb

Vc.

Va.

Ex.26: Contrabaixos reforçando o divisi dos violoncelos, numa seção grave das cordas.

c.241

Vc

Cb.

Ex.27: Divisi nos contrabaixos durante o solo dos violoncelos.

15

O c.307 dá início a uma nova seção de ostinatos, onde há uma

indicação: “cantado” e os contrabaixos e violoncelos complementam-se

ritmicamente. (Ex.28):

A partir deste momento, não há mais ocorrências significantes até o final

da peça.

3 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS

O Concerto para Harpa e Orquestra de Cordas de Radamés Gnattali

revela algumas particularidades, como intervalos de terças e quintas entre

violoncelos e contrabaixos, além de contraponto rítmico e um tratamento

popular da linha do contrabaixo. Há também um divise na linha dos

contrabaixos.

3.1 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – I

MOVIMENTO

A primeira ocorrência do I movimento do Concerto para Harpa e

Orquestra de Cordas acontece entre os c.11-15, onde os violoncelos tocam

quatro semínimas, contra uma semibreve dos contrabaixos, criando intervalos

compostos de quarta justa, terça maior e segunda maior. (Ex.29):

c.11

Vc.

Cb.

Ex.29: Semínima nos violoncelos e semibreve nos contrabaixos.

Ex.28: Contrabaixos e violoncelos complementando-se ritmicamente.

Cb.

Vc.

c.307

16

Depois os contrabaixos fazem um pedal em Réb, criando diversos

intervalos em relação à melodia dos violoncelos. (Ex.30):

Entre os c.65-73, as cordas tocam sem a harpa, numa seção solo, onde

violoncelos e contrabaixos tocam em intervalos de quintas, com os

contrabaixos iniciando na nota Ré1 (som real) e os violoncelos em Lá1.

(Ex.31):

Do c.76 ao c.83, há uma nova seção que evidencia a independência das

linhas dos dois instrumentos citados acima, onde os contrabaixos tocam em

contratempo e em pizzicato e os violoncelos executam duas mínimas por

compasso. (Ex.32):

Uma nova seção, iniciada no c.103, mostra as cordas tocando notas

longas com ligaduras.

c.65

Vc.

Cb.

Ex.31: Violoncelos e contrabaixos em intervalos de quintas paralelas.

5

Ex.30: Pedal nos contrabaixos criando diversos intervalos em relação aos violoncelos.

c.12Vc.

Cb.

5 7

9 7 76 6 65 57

6

Vc.

Cb.

c.77

Ex.32: Violoncelos no tempo com arco e contrabaixos em contratempo com pizzicato

17

Os contrabaixos, especificamente, fazem apenas uma pontuação no

último tempo do compasso e no primeiro tempo do compasso seguinte, c.103-

107. (Ex.33):

Uma finalização interessante acontece nos c.130-132, onde os

violoncelos têm notas com ligaduras e uma síncopa, já os contrabaixos têm

pausa e notas sem ligadura, criando um contraponto rítmico e melódico.

(Ex.34):

Os c.135-136 revelam um intervalo de quinta justa novamente entre

contrabaixos e violoncelos. (Ex.35):

Entre os c.147-149, parece um cruzamento das vozes dos violoncelos e

contrabaixos, mas considerando a convenção usada na escrita para o

contrabaixo de orquestra, onde se escreve uma oitava acima do som real, não

há qualquer cruzamento.

Este é mais um claro exemplo da escrita idiomática usada por Gnattali

em suas composições, mostrando que o compositor conhecia além da

c.130

Vc.

Cb.

Ex.34: Contrabaixos e violoncelos em contraponto rítmico.

c.135

Vc.

Cb.

Ex.35: Intervalo de quinta justa entre violoncelos e contrabaixos.

c.103

Vc.

Cb.

Ex.33: Pontuação dos contrabaixos no último e primeiro tempos dos compassos.

18

instrumentação, os detalhes de cada instrumento e como ele soaria melhor em

combinação com outro. (Ex.36):

Entre os c.159-165 os contrabaixos assumem um caráter popular de

acompanhamento, onde o ritmo é pontuado pelo primeiro e quarto tempos.

(Ex.37):

Entre os c.169-174 (com anacruse) há outro ponto de independência das

vozes. Mais especificamente entre os c.169-180 (Ex.9) e c.182-184 aparecem

dois momentos interessantes, onde violoncelos e contrabaixos seguem rumos

distintos. (Ex.38):

Do c.175 ao c.183 as cordas tocam com arco e contrabaixos fazem

pizzicato. (Ex. 39):

Ex.36: Cruzamento aparente das vozes entre violoncelos e contrabaixos.

c.147

Vc.

Cb.

c.159

Vc.

Cb.

Ex.37: Acompanhamento popular dos contrabaixos.

c.169

Vc.

Cb.

Ex.38: Violoncelos e contrabaixos seguem rumos diferentes.

Ex.39: Cordas com arco e contrabaixos em pizzicato.

c.175

Vc.

Cb.

19

Dos c.200-206, Radamés trabalha nos contrabaixos a sensação de

aceleração5 através do deslocamento e diminuição dos tempos das células

rítmicas. (Ex.40):

Aparecem nos c.216-223 os intervalos de quinta justa, agora com notas

longas. Também entre os c.342-346 e novamente entre os c.350-354. Entre os

c.270-277 e c.322-328 há uma seção onde os contrabaixos assumem um estilo

de acompanhamento mais voltado para a música popular e os violoncelos

tocam notas longas em divise. (Ex.41):

3.2 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – II

MOVIMENTO

A primeira ocorrência interessante se dá entre os c.6-8, onde os

contrabaixos mantêm um ostinato na nota Fá1 (som real), enquanto os

violoncelos descem cromaticamente do Fá2 até o Fá1. Os contrabaixos

descem para o Fá-1 (som real). (Ex.42):

5 Através de um efeito psico-acústico produzido pelo deslocamento dos tempos.

c.200

Ex.40: Efeito der aceleração produzida pelo ritmo deslocado.

Vc.

Cb.

c.270

Vc.

Cb.

Ex.41: Acompanhamento popular nos contrabaixos.

c.7

Ex.42: Ostinato nos contrabaixos e melodia cromática descendente nos violoncelos.

Vc.

Cb.

20

Entre os c.57-60 há um breve cânon iniciando nos violoncelos, no c.57

com anacruse e repetido nos contrabaixos um tom acima, no c.59 com

anacruse. (Ex.43):

Há também um divisi na linha dos contrabaixos e violoncelos, criando

quatro vozes graves entre estes instrumentos, c.61-71. (Ex.44):

3.3 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – III

MOVIMENTO

O movimento inicia com um acorde de Bb69 com a tônica no baixo, onde

os violoncelos tocam a nona e a quinta do acorde simultaneamente num divisi

assim como as violas, que tocam a terça e a sexta. (Ex.45):

c.57

Vc.

Cb.

Ex.43: Cânon entre violoncelos e contrabaixos.

c.61

Vc.

Cb.

Ex.44: Divisi nos contrabaixos e violoncelos.

c.1

Va.

Vc.

Cb.

Ex.45: Contrabaixos sustentam o acorde de sexta e nona com divisi nos violoncelos e

violas.

21

Neste exemplo, podem ser observados também os acentos deslocados

que aparecem com menos freqüência, mas que constituem uma característica

da escrita de Radamés. Nesta peça, isso ocorre nos c.1-8; c.63-68; c.105-108;

c.121-124; c.196-204; c.311-319 deste III Movimento e no c.190 da Dansa.

Num trecho bastante camerístico localizado entre os c.9-13, Radamés

utiliza na harmonia acordes híbridos, onde mais especificamente entre os c.11-

13, o compositor usa intervalos de terças entre violoncelos e contrabaixos.

(Ex.46):

Há um pequeno trecho onde os contrabaixos tocam um fragmento de

escala, enquanto os violoncelos tocam colcheias (c.127-129). (Ex.47):

Novamente intervalos de terças (c.194) e quintas (c.195). (Ex.48):

c.9

Vn.1

Vn.2

Vn.3

Va.

Vc.

Cb.

Ex.46: Intervalos de terças entre violoncelos e contrabaixos.

c.194

Vc.

Cb.

Ex.48: Intervalos de terças e quintas entre violoncelos e contrabaixos.

terças quintas

c.127

Vc.

Cb.

Ex.47: Ostinato nos violoncelos e escala ascendente e descendente nos contrabaixos.

22

Uma última ocorrência relevante se dá por conta de um ostinato nos

contrabaixos enquanto os violoncelos tocam uma escala (c.282-289). Ex.49).

4 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E ORQUESTRA DE

1982)

A obra Canção e Dansa é original para contrabaixo e piano, mas há uma

versão de 1982 para contrabaixo e orquestra, escrita pelo próprio compositor.

Trata-se de uma peça camerística, com apenas 216 compassos, onde

Radamés não economiza na independência da linha do contrabaixo, libertando-

o para realizar melodias, síncopes, divisis, contrapontos, pizzicatos e tudo o

que pode ser feito por um instrumento num conjunto de câmara.

Novamente aqui, podem ser observados os intervalos de terças, quartas,

quintas, sextas e sétimas entre violoncelos e contrabaixos, com predominância

de terças na Canção e quintas na Dansa, além do divisi nos violoncelos com o

reforço da fundamental nos contrabaixos, entre outras peculiaridades que

marcam o estilo de Gnattali.

4.1 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E ORQUESTRA DE

1982) – CANÇÃO

A linha dos contrabaixos inicia-se no c.4. Há nesse trecho uma

diferenciação da dinâmica entre contrabaixos e violoncelos e as outras cordas,

onde os contrabaixos e violoncelos tocam em pp; as violas em mp e as outras

cordas mais o contrabaixo solista tocam em p.

c.282Vc.

Cb.

Ex.49: Ostinato nos contrabaixos e melodia nos violoncelos.

23

Existem, portanto, três planos de dinâmica acontecendo

simultaneamente neste trecho da peça. (Ex.50):

Os contrabaixos seguem fazendo síncopas com um pedal na nota La-1

desde o c.4, enquanto os violoncelos executam uma escala, caracterizando um

dos muitos episódios onde os contrabaixos assumem uma independência em

relação aos violoncelos. O resultado dessa independência é a formação de

intervalos de 4ª, 5ª, 6ª e 7ª, por conta do pedal na voz grave. (Ex.51):

Algumas combinações de elementos musicais como ritmos, timbres,

melodias e harmonias numa peça produzem sensações absorvidas que podem

ser descritas como efeitos psico-acústicos. Por exemplo, as síncopas

combinadas com as notas a tempo dão a sensação de continuidade rítmica no

trecho. Essas síncopas estão presentes por todo o movimento chamado

Canção, nos c.4-8; c.13-17; c.32-36; c.44-48 e na Dansa: c.89-90.

No trecho com indicação de “Movido”, Radamés usa o tema do “abôio”,

do contrabaixo solo, para compor o acompanhamento nos contrabaixos da

c.3

Cb.solo

Vn.1

Vn.2

Va.

Vc.

Cb.

Ex.50: Diferenciação de dinâmica entre contrabaixos e cordas.

c.7Vc.

Cb.

Ex.51: Melodia nos violoncelos e pedal em ostinato de síncopas nos contrabaixos.

4ª 5ª 6ª 7ª

24

orquestra (c.13-17). Contrabaixos e violoncelos combinam ritmos que lembram

um acompanhamento de violão. (Ex.52):

A partir do c.21, Radamés escreve pizzicatos para os contrabaixos, que

lembram um acompanhamento de música popular que, por isso, é considerado

um tratamento idiomático popular.

Entre os c.25-27 há novamente a presença de quintas entre violoncelos

e contrabaixos, onde, para conseguir o efeito desejado, Radamés escreve para

os contrabaixos uma oitava acima dos violoncelos, tendo em mente o som real

(Ex.53):

Gnattali insere novamente as síncopas nos contrabaixos, dando a idéia

de movimento à peça, impulsionando o tema para frente (c.32-36). Entre os

c.33-40, há um divisi nos violoncelos, cujas notas em conjunto com as notas

dos contrabaixos, produzem intervalos de quintas, quartas e nonas. Neste

divisi, as notas dos contrabaixos são sempre das duas notas tocadas pelos os

violoncelos, formando um acorde de três sons, numa clara demonstração da

otimização do contrabaixo de orquestra. (Ex.54):

c.34

Vc.

Cb.

Ex.54: Contrabaixos tocam notas diferentes das notas do divisi dos violoncelos.

c.25

Vc.

Cb.

Ex.53: Intervalo de quintas entre violoncelos e contrabaixos.

c.13

Vc.

Cb.

Ex.52: Divisi nos violoncelos e síncopas nos contrabaixos.

25

Os cruzamentos de vozes, característica da escrita orquestral de

Radamés, são aqui encontrados com muita freqüência. O compositor usa de

modo racional os contrabaixos, procurando extrair o melhor resultado da

combinação entre estes e os violoncelos, buscando resultados tímbricos

adequados às passagem.

Estes cruzamentos acontecem muitas vezes durante o decorrer da peça,

como pode ser observado na CANÇÃO: c.10-20; c.25-36; c.50-51 e na DANSA:

c.80; c.89-110; c.119-121; c.131-133; c.138-139; c.161-162; c.166-168; c.173-

176; c.182-187; c.190-193; c.195-196; c.199-202; c.204; c.206-215.

4.2 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E ORQUESTRA

DE 1982) – DANSA

Os contrabaixos recebem um tratamento popular quanto ao ritmo e ao

estilo, neste, como pode ser observado nos c.91-97 deste movimento e nos

c.21-24 da Canção, onde Radamés faz uso do pizzicato apenas nos

contrabaixos. A exemplo do que já foi observado em outras peças analisadas

acima, o compositor usa pausas de colcheia depois da colcheia nos

contrabaixos para reduzir o valor da nota e obter articulação desejada do

pizzicato. (Ex.55):

c.91

Vc.

Cb.

Ex.55: Acompanhamento “popular” nos contrabaixos.

26

O movimento contrário entre as vozes dos violoncelos e contrabaixos

pode ser encontrado em três episódios no decorrer deste movimento, nos c.91-

98; c.134; c.136 e c.193 evidenciando a otimização da escrita para o

contrabaixo na orquestra, através do uso do contraponto. (Ex.56):

Ostinatos são também uma constantes na escrita orquestral de

Radamés Gnattali para o contrabaixo, podendo ser encontrado na Canção nos

c.4-8; c.13-17; c.32-36; c.44-48 e na Dansa: c.157-177. (Ex.57):

Por fim, o pedal, outro recurso bastante utilizado por Radamés em suas

obras, é encontrado nas três peças aqui analisadas. Em Canção e Dansa,

encontra-se nos c.4-9, c.13-17 e c.44-49 da Canção e nos c.129-131 e c.210-

214 da Dansa. (Ex.58):

c.157

Vc.

Cb.

Ex.57: Ostinato nos violoncelos e contrabaixos.

c.210

Cb.

Ex.58: Pedal na linha do contrabaixo.

c.134

c.136

c.192

Ex.56: Movimentos contrários entre as vozes dos contrabaixos e violoncelos.

Vc.

Cb.

Vc.

Cb.

Vc.

Cb.

27

CONCLUSÃO

Uma das qualidades do grande compositor brasileiro Radamés Gnattali

é a sua habilidade em mesclar as linguagens erudita e popular, trazendo à tona

de maneira original a cultura brasileira. Em relação ao contrabaixo, instrumento

que ocupou um espaço bem definido em diversos gêneros das músicas erudita

e popular, o compositor soube explorá-lo nas suas diversas possibilidades

idiomáticas enquanto instrumento orquestral.

As três peças aqui analisadas demonstraram que Gnattali tinha um

grande conhecimento de orquestração, harmonia e contraponto, tendo o

cuidado em cada nota colocada na partitura. Alguns elementos musicais se

fazem recorrentes nas três peças, como é o caso do uso dos intervalos de

quintas entre violoncelos e contrabaixos, cuja combinação resulta num melhor

preenchimento das freqüências na região grave. Outros intervalos também se

fazem presentes nesses encontros de vozes entre os dois instrumentos, como:

terças, quartas, sextas, sétimas, nonas etc, muitas vezes resultantes de divisi

entre violoncelos e contrabaixos simultaneamente e sem repetição de notas.

Os cruzamentos aparentes das vozes dos violoncelos e contrabaixos

permitem também uma aproximação não convencional de suas linhas.

Extremos de dinâmica encontrados na Suíte para pequena orquestra como, por

exemplo, o pppp escrito para os contrabaixos, demonstra a confiança do

compositor no potencial expressivo do instrumento, lembrando a escrita

sofisticada de compositores orquestrais sofisticados, pouco comum na

literatura musical brasileira.

A independência da linha do contrabaixo é uma marca registrada de

Gnattali, liberando o contrabaixo da tradicional dependência dos violoncelos. A

escrita idiomática usada pelo compositor busca uma realização confortável no

instrumento e o melhor resultado sonoro integrado à peça como um todo.

28

REFERÊNCIAS

BÉHAGUE, Gerard. Análise dos elementos nacionalizantes na música brasileira do século XIX – Popular musical currents in the art music of the early nationalistic period in Brazil (1870-1920), Rio de Janeiro: Funarte, 1977.

BORÉM, Fausto; SANTOS, Rafael dos. Práticas de performance"erudito-populares" no contrabaixo: técnicas e estilos de arco e pizzicatoem três obras da MPB. In: Anais do XIV Encontro Anual da ANPPOM-ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM MÚSICA. Luciana Del Ben, ed. Porto Alegre, 2003 (CD ROM).

GNATTALI, Radamés. Canção e Dança, para contrabaixo e piano. Rio de Janeiro: Funarte, 1985. (1 partitura, 1 parte).

______. Canção e Dansa, para contrabaixo e piano.1934 (1partitura para piano manuscrita).

______. Canção e Dança, para contrabaixo e orquestra. Rio de Janeiro:1982 (1grade de orquestra manuscrita).

______. Canção e Dança, para contrabaixo e orquestra. Rio de Janeiro [s.n.t.] ( 1 partitura, 6 partes).

______. Canção e Dança, para contrabaixo e orquestra. Sandrino Santoro, contrabaixista; Nilo Hack, regente; Orquestra de Cordas da Rádio MEC. Rio de Janeiro: Rádio MEC, 1982.

GUEST, Ian. Arranjo I: método prático. Rio de Janeiro: Lumiar editora, 1996, p.69.

29

APÊNDICE 1 - DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA; CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA ECANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA ORQUESTRA DE 1982)

DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA; CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA

ORQUESTRA DE 1982)SUÍTE PARA PEQUENA

ORQUESTRACONCERTO PARA

HARPA E ORQUESTRA

CANÇÃO E DANSA (VERSÃO

PARA ORQUESTRA DE

1982)DADOS

GERAIS

Nº de compassos

MOVIMENTO I: 136;MOVIMENTO II: 46MOVIMENTO III: 233;MOVIMENTO IV: 44;MOVIMENTO V: 330;TOTAL: 789.

MOVIMENTO I: 360; MOVIMENTO II: 139; MOVIMENTO III: 320;TOTAL: 819.

CANÇÃO: 56; DANSA: 160;TOTAL: 216.

Nº de movimentos

5 3 2

Acentos deslocados

MOVIMENTO III: c.1-8; c.63-68; c.105-108; c.121-124; c.196-204; c.311-319.

DANSA: c.190.

Arco MOVIMENTO I: c.14-24; c.50-65; c.93-104; c.129-132. MOVIMENTO II: c.15-26; c.39-46. MOVIMENTO III: c.10-16; c.25; c.41-48; c.57-72; c.87-97; c.106-142; c.155-159; c.190; c.202-203; c.212-218; c.226-231. MOVIMENTO IV: c.12-19; c.23-31. MOVIMENTO V: c.62-62; c.67-70; c.116-121; c.164-181; c.184-189; c.205-208; c.231-235; c.257-258; c.290-302; c.324-fim.

MOVIMENTO I: c.6-12; c.65-73; c.140-146; c.149-151; c.235-237; c.251-256; c.278-280; c.288-306; c.342-354; MOVIMENTO II: c.4-60; c.51-89; c.101. MOVIMENTO III: c.1-135; c.174-179; 194-208; c.282-fim.

CANÇÃO: c.4-20; c.25-39; c.44-56. DANSA: 97-110, c.117-133; c.157-fim.

Arco+pizzicato MOVIMENTO I: c.87-92. MOVIMENTO IV: c.37-44.

CANÇÃO: (Cb. Solo) c.12.

Pizzicato MOVIMENTO I: c.26-33; c.72-73; c.85-86; c.106. MOVIMENTO II: c.1-15; c.33-34. MOVIMENTO III: c.3-9; c.17-21; c.29-37; c.49-56; c.78-86; c.102; c.143-147; c.180-186; c.194-195; c.204-208. MOVIMENTO IV: c.22; c.33-36. MOVIMENTO V: c.1-61; c.77-81; c.82-112; c.114-119; c.130-150; c.158-161; c.182-187; c.198-204; c.209-230; c.259-284; c.303-321.

MOVIMENTO I: c.76-146; c.130-136; c.147-149; c.159-206; c.225-228; c.260-277; c.281-287; 322-329; c.358-fim. MOVIMENTO II: c.48-49; c.99-100. MOVIMENTO III:c.136-172; c.185-186; c.261-270.

CANÇÃO: c.21-24; c.40. DANSA: c.91-97; c.115; c.134-139.

30

DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA; CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA

ORQUESTRA DE 1982)SUÍTE PARA PEQUENA

ORQUESTRACONCERTO PARA

HARPA E ORQUESTRA

CANÇÃO E DANSA (VERSÃO

PARA ORQUESTRA DE

1982)Contrabaixos com surdina

MOVIMENTO II: inteiro.

Cruzamento entre as linhas do violoncelo e do contrabaixo

MOVIMENTO I: c.15-16; c.57; c.59; c.61; c.63; c.65; c.87-92; c.94-97. MOVIMENTO II: c.1-16; c.39-46. MOVIMENTO III: c.17-21; c.29-37; c.52; c.82-86; c.180-182; c.194-195; c.205-208. MOVIMENTO IV: c.12-19; c.22-27. MOVIMENTO V: c.1-54; c.137-150; c.172-181; c.245-246; c.260-284; c.279-284.

MOVIMENTO I: c.12-17; c.25-28; c.65-73; c.76-92; c.103-107; c.135-136; c.159-172; c.175-227; c.251-277; c.281-290; c.342-354. MOVIMENTO II: c.58. MOVIMENTO III: c.1-29; c.47-49; c.58; c.121-124; c.147; 194-195; c.261-291; c.311-319.

CANÇÃO: c.10-20; c.25-36;c.50-51. DANSA: c.80; c.89-110; c.119-121; c.131-133; c.138-139; c.161-162; c.166-168; c.173-176; c.182-187; c.190-193; c.195-196; c.199-202; c.204; c.206-215.

Divisi nos contrabaixos

MOVIMENTO I: c.87-92; MOVIMENTO II: c.1-15. MOVIMENTO IV: c.33-44. MOVIMENTO V: c.241-243.

MOVIMENTO II: c.61-71. MOVIMENTO: c.311-319.

Efeitos psico-acústicos

MOVIMENTO II: c.17-19. CANÇÃO: c.7-8; c.13-17; c.31-36; c.44-48;

Extremos de dinâmica nos contrabaixos

MOVIMENTO I: (pp) c.85-86; c.129-132. MOVIMENTO II: (pp) c.1-17; c.20. MOVIMENTOIII; (pp) c.3-8; c.15-21; (ff)c.163-171; (ppp) c.174. MOVIMENTO IV: (ppp) c.32. MOVIMENTO V: (pppp) c.48; (f) c.49; (ppp) c.150; (ff) c.231-235; (pppp) c.276; (ppp) c.321; (ff) c.324.

MOVIMENTO II: (ff)c.37-38; (pp) c.40-49.

CANÇÃO: c.3-7. DANSA: c.210-fim.

Independência do contrabaixo em relação ao

violoncelo

MOVIMENTO I: c.72-73; c.106. MOVIMENTO II; c.1-15. MOVIMENTO III: c.3-10; c.90-98; c.167-170. MOVIMENTO IV: c.37-44. MOVIMENTO V: c.1-54; c.105-112; c.115; c.119; c.158-161; c.209-230; c.241-243; c.303-321.

MOVIMENTO I: c.11-17; c.27-28; c.76-92; c.103-107; c.159-165; c.170; c.172-174; c.181-183; c.185-186; c.200-206; c.260; c.270-277; c.322-329; c.330-341. MOVIMENTO II: c.48-50; c.58-60. MOVIMENTO III: c.261-269; c.282-290.

CANÇÃO: c.4-9; c.13-17; c.21-24; c.27; c.30-40; c.44-51. DANSA: c.91-102; c.157-178.

31

(continuação)DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA; CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA

ORQUESTRA DE 1982)SUÍTE PARA PEQUENA

ORQUESTRACONCERTO PARA

HARPA E ORQUESTRA

CANÇÃO E DANSA

(VERSÃO PARA ORQUESTRA

DE 1982)Movimentos contrários

entre violoncelos e contrabaixos

MOVIMENTO I: c.57-59; c.61-65; c.92. MOVIMENTO III: c.9-10. MOVIMENTO V: c.105-112; c.259-276.

MOVIMENTO II: c.59-60.

DANSA: c.91-98; c.134; c.136; c.193.

Ostinato nos contrabaixos

MOVIMENTO II: c.1-15. MOVIMENTO III: c.131-136. MOVIMENTO IV: c.37-44. MOVIMENTO V: c.1-48; c.82-104; c.105-111; c.114-121; c.182-189; c.209-230; c.303-321.

MOVIMENTO I: c.76-82; c.173-174; MOVIMENTO II: c.6-9. MOVIMENTO III: c.1-8; c.33-46; c.266-269; c.282-290; c.295-319.

CANÇÃO: c.4-8; c.13-17; c.32-36; c.44-48. DANSA: c.157-177.

Pedal MOVIMENTO I: c.87-92; c.94-97; c.98-101; c.102-104; c.129-132. MOVIMENTO III: c.125-130; c.137-142; c.226-231.

MOVIMENTO I: c.12-17; c.294-306. MOVIMENTO II: c.40-47; c.51-53; c.60-71.

CANÇÃO c.4-9; c.13-17; c.44-49. DANSA: c.129-131; c.210-214.

Síncopas MOVIMENTO IV: c.37-44. MOVIMENTO V: c.1-49.

MOVIMENTO II: c.6-9. (CANÇÃO) c.4-8; c.13-17; c.32-36; c.44-48. DANSA: c.89-90.

Tacet MOVIMENTO I: c.1-13; c.34-49; c.66-71; c.74-84; c.107-128; c.133-135. MOVIMENTO II: c.27-32; c.35-39. MOVIMENTO III: c.11-14; c.22-24; c.26-28; c.38-40; c.98-101; c.103-105. c.123-124; c.148-154; c.160-162; c.175-179; c.183-184; c.187-189; c.191-193; c.209-211; c.219-225; MOVIMENTO IV: c.1-11; c.28; MOVIMENTO V: c.57-61; c.64-66, c.71-76; c.122-129; c.131; c.133; c.135-136; c.151-157; c.162-163; c.190-197; c.236-240; c.240; c.244; c.247-256; c.278; c.285-289; c.292-294.

MOVIMENTO I: c.1-5; c.18-24; c.29-64; c.74-75; c.93-95; c.105; c.108-129; c.152-158; c.184; c.187-195; c.197-199; c.207-215; c.229-232; c.238-250; c.254-255; c.259; c.262-269; c.307-321; c.355-357; MOVIMENTO II: c.1-3; c.11-22; c.28-36; c.54-57; c.90-98; c.102-fim. MOVIMENTO III: c.10; c.25-28; c.30-32; c.50-57; c.60; c.70; c.74-104; c.114-120; c.125-126; c.130-135; c.138-145; c.173; c.176-177; c.180-184; c.187-193; c.209-260; c.263-265; c.271-281.

CANÇÃO: c.1-3; c.18; c.52-54. DANSA: c.57-79; c.81-88, c.101; c.103-108; c.111-114; c.116-118; c.125-128; c.140-156; c.165; c.203; c.205.

Tratamento popular na

linha do contrabaixo

MOVIMENTO I: c.26-33. MOVIMENTO III: c.3-9; c.17-até o fim do movimento (com sentimento popular).MOVIMENTO V: c.1-49.

MOVIMENTO I: c.159-206.

(CANÇÃO) c.21-24. DANSA: c.91-97.

Trêmolo MOVIMENTO V: c.231-234.

32

(continuação)DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA; CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA

ORQUESTRA DE 1982)SUÍTE PARA PEQUENA

ORQUESTRA

CONCERTO PARA HARPA E

ORQUESTRA

CANÇÃO E DANSA (VERSÃO

PARA ORQUESTRA DE

1982)

INTERVALOS

Terças MOVIMENTO IV: c.12-19; c.25-27; c.31-32. MOVIMENTO V: c.105; c.107; c.111-112; c.245-246.

MOVIMENTO I: c.11; c.77-78; c.80-81; c.173. MOVIMENTOII: c.8; c.61-63. MOVIMENTO III: c.11-13; c.194; c.287.

CANÇÃO: c.17. DANSA: c.115; c.130-131; c.137; c.162-163; c.170; c.173; c.182-183; c.202.

Quartas MOVIMENTO V: c.183; c.187.

MOVIMENTO I: c.27; c.83. MOVIMENTO II: c.7. MOVIMENTO III: c.285; c.289.

CANÇÃO: c.8; c.14; c.16; c.33-36; c.47; c.49. DANSA: c.200.

Quintas justas

MOVIMENTO II: c.23-26; c.39-46. MOVIMENTO V: c.91; c.95-104; c.108; c.110; c.245-246.

MOVIMENTO I: c.12; c.14. c.15-17; c.65-73;c.76; c.78-79; c.81; c.135-136; c.173-174;c.251-258. MOVIMENTO II: c.7; c.63-71. MOVIMENTO III: c.1-9; c.17-29; c.63-69; c.105-108; c.121-124; c.195; c.282-283; c.285-286; c.289-291; c.311-319.

(CANÇÃO) c.6-7; 10-20; c.22-27; c.29-40; c.44; c.46-47; c.49-51. DANSA: c.80; c.89-90; c.92; c.94; c.96-100; c.102; c.115; c.119-124; c.129; c.131-132; c.135; c.137-139; c.163; c.171-172; c.175-176; c.182-187; c.190-192; c.198-202; c.204; c.206-215.

Quintas aums.

MOVIMENTO V: c.109.

Quintas dims.

MOVIMENTO V: c.93. MOVIMENTO I: c.11.

Sextas MOVIMENTO V: c.106; c.107; c.111-112.

MOVIMENTO I: c.12-17. MOVIMENTO II: c.7. MOVIMENTO III: c.283-284; c.286; c.289; c.311-319.

CANÇÃO: c.7-8; c.15; c.45; c.47. DANSA: c.130-131; c.135; c.195.

Sétimas MOVIMENTO V: c.88, c.105; c.106; c.108; c.110.

MOVIMENTO I: c.12-14; c.77; c.80; c.173. MOVIMENTO II: c.6. MOVIMENTO III: c.284; c.288;

CANÇÃO: c.6; c.8; c.17; c.27-28; c.34; c.45-46; c.48. DANSA: c.133; c.157-161; c.163-164; c.166-168; c.170; c.196-197.

Nonas MOVIMENTO V: c.90; c.92; c.94; c.109.

MOVIMENTO I: c.11; c.173. MOVIMENTO II: c.8. MOVIMENTO III: c.1-8; c.17-24; c.63-69; c.105-108; c.121-124; c.287; c.311-319.

CANÇÃO: c.13-17; c.27; c.33-36. DANSA: c.124; c.134; c.177; c.182-183.

33