desenvolvimento de competÊncia em linguagem e … · analogias à obra de ariano suassuna, auto da...
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DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA EM LINGUAGEM E EXPRESSÃO
Alexander Pereira de Oliveira1 , Aline Carla Diniz Guimarães2 , Aurélio Xavier Lins3 ,
Elaine dos Santos4 , Emanuele C. M. de Melo Albuquerque5 , Fernando Augusto de Lima
Oliveira6 , Liziane Nunes dos Santos7 , Priscila Rufino da Silva8 , Renata Lívia de Araújo
Santos9 , Solyany Soares Salgado10 , Tazio Zambi de Albuquerque11 , Welma Júlia Santos
de Lima12 , Maria Denilda Moura13 .
1Bolsista do Programa de Educaçaõ Tutorial(PET/Letras), 2Bolsista do Programa
de Educaçaõ Tutorial(PET/Letras), 3Bolsista do Programa de Educaçaõ Tutorial
(PET/Letras), 4Bolsista do Programa de Educaçaõ Tutorial(PET/Letras), 5Bolsista do
Programa de Educaçaõ Tutorial(PET/Letras), 6Bolsista do Programa de Educaçaõ
Tutorial(PET/Letras), 7Bolsista do Programa de Educaçaõ Tutorial(PET/Letras), 8Bolsista
do Programa de Educaçaõ Tutorial(PET/Letras), 9Bolsista do Programa de Educaçaõ
Tutorial(PET/Letras), 10Bolsista do Programa de Educaçaõ Tutorial(PET/Letras), 11Bolsista
do Programa de Educaçaõ Tutorial(PET/Letras), 12Bolsista do Programa de Educaçaõ
Tutorial(PET/Letras), 13Professora Drª e Tutora do Programa de Educação Tutorial
(PET/Letras).
Em decorrência do estudo quase sempre exclusivo da língua padrão, comumente
vista nas escolas cujo estudo é muitas vezes ineficaz, este trabalho, procura abordar o
ensino da Língua Portuguesa de um modo diferente. Então, escolhemos a obra “O Auto
da Compadecida”, de Ariano Suassuna como o texto central, pois além de ter uma
divertida trama, possui uma linguagem coloquial, permitindo um vasto estudo lingüístico.
Esta proposta justificase, então pelo fato de ser necessário e viável proporcionar
maneiras alternativas de ensino que não sejam cansativas para os alunos,, procurando,
dessa forma, buscar maneiras “descontraídas”, porém, eficazes de ensino/aprendizagem
de língua materna.
INDRODUÇÃO
Esse trabalho é uma proposta de atividades a serem desenvolvidas com os
professores de Língua Portuguesa como uma forma de despertar a motivação dos seus
alunos para essa disciplina.
Fazer os alunos verem com outros olhos a sua língua materna, que ela possui
variações e não apenas uma única forma de expressála e motiválos à escrita são um
dos nossos objetivos. Para isso, escolhemos a obra “O Auto da Compadecida”, de Ariano
Suassuna como o texto central, pois ela, além de ter uma divertida trama, possui uma
linguagem muito coloquial, permitindo um estudo lingüístico bastante rico. Escolhemos
também o teatro como uma forma pedagógica dinâmica, e assim, podendo contribuir para
a motivação do alunado.
O teatro além de ser uma excelente forma de entretenimento pode ser usado
também como instrumento pedagógico. O teatro educativo tem como meta trazer para a
sala de aula as técnicas do teatro e aplicálas na construção do conhecimento. O aluno
espectador ou o aluno ator compreende melhor o tema exposto, dando a ele um maior
enfoque cultural ou ainda, através de suas emoções, ajudar a refletir sobre a moral e a
ética.
Dessa forma, ele aparece nas escolas como uma alternativa dinâmica e proveitosa de
dar aulas. O lúdico na sala de aula “é assunto que tem conquistado espaço no panorama
nacional, principalmente na educação infantil, apesar da grande maioria das instituições
educacionais ainda utilizarem os métodos de uma escola tipicamente tradicional”
(SANTOS, 1997).
Assim como o teatro, a música tem o seu valor primordial no que concerne ao
estudo de diferentes temas, assuntos específicos, ou seja, para tratar de temas
históricos, o professor de história poderia trabalhar com músicas que apresentem
mensagens implícitas (as canções elaboradas no tempo da ditadura militar, por exemplo;
explicando, então, os acontecimentos daquele determinado período histórico); já o
professor de Português poderia utilizar em suas aulas esse mesmo tipo de música a fim
de analisar como e onde essas mensagens implícitas aparecem, podendo trabalhar,
também, questões relativas às figuras de linguagem presentes nessas letras (metáfora,
eufemismo, etc.). Poderseia até estabelecer uma interdisciplinaridade entre algumas
disciplinas, tendo em vista os fatos supracitados.
Como o tema proposto para o desenvolvimento das atividades foi o regionalismo,,
a Literatura de Cordel foi a escolhida para ser desenvolvida pelo grupo literatura, pois
encontramos diversos traços regionais em suas obras. Através do cordel trabalharemos
os aspectos lingüísticos e literários a fim de motivar e ampliar a competência de
linguagem e expressão dos alunos de escolas das redes públicas de ensino.
Mas, não só motivar os alunos e trabalhar com questões lingüísticas, tentaremos
também reavivar uma tradição cultural que com o decorrer dos séculos, principalmente
com o advento da tecnologia e da implantação de novas formas de cultura foi
praticamente perdida.
Além das diferentes formas de se trabalhar a Língua Portuguesa anteriormente
citadas, o decorrente trabalho também apresenta a conceituação de arte e de artes
plásticas, o histórico da arte no nordeste, a questão da arte na educação e a cultura que
se adquire e/ou se transmite pela arte, são itens que serão tratados com a devida
importância dada as suas significativas contribuições para a história de uma forma geral e
para a confecção da proposta aqui apresentada. Além desses itens apresentaremos
analogias à obra de Ariano Suassuna, Auto da Compadecida, através de produções de
artistas plásticos presentes em nosso trabalho como recurso visual e também lançaremos
uma proposta de atividade escolar para pôr em prática o que aqui estamos aludindo.
Os métodos de ensino atuais mostram que é de fundamental importância, entre
outras, a questão cultural para o desenvolvimento intelectual e pessoal do aluno. As artes
plásticas constituem, dessa forma, uma interessante e rica forma de ampliação desse
conhecimento, pois auxilia o desenvolvimento de competências em linguagem e
expressão.
DESENVOLVIMENTO
Segundo Marli Pires dos Santos “algumas experiências têm mostrado sua
validade e não são poucos os educadores que têm afirmado ser a ludicidade a alavanca
da educação para o terceiro milênio” (Idem, p. 13). Essa formação lúdica estimula a
criatividade e o cultivo da sensibilidade.
A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. No Aurélio (1975 ,p. 855)
sua definição é “Referente a, ou que tem o caráter de jogos, brinquedos e divertimentos”.
Porém, na sala de aula ela não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento
do aspecto lúdico facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e
construção do conhecimento.
No PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) do Ensino Médio – Linguagem,
códigos e suas tecnologias – é visível a relevância dada à prática de atividades
dinâmicas, que estimulam os alunos a se interessarem mais pela Língua Portuguesa
“Cabe à escola propiciar que o aluno participe de diversas situações de discurso, na fala
ou na escrita, para que tenha oportunidade de avaliar a adequação das variedades
lingüísticas às circunstâncias comunicativas” (PCN, p. 75)
No PCN do Ensino Médio, o teatro aparece como uma boa alternativa de atividade
lúdica “a presença de outras linguagens que dialoguem com o texto verbal é bemvinda: a
música, as artes plásticas, o cinema, o teatro, a televisão, entre outras, podem propiciar
excelentes atividades intertextuais” (Idem, p.71).
Essa importância do teatro revelase no decorrer das páginas do PCN. “O Auto
da Compadecida” é citado como um texto que “se integra a outras linguagens quando
transposto para a televisão ou o cinema. Ainda que cada suporte demande elementos
expressivos próprios da linguagem que os caracteriza, cabe às diferentes mídias manter
as características que identificam a obra” (Idem, p. 63).
Segundo os PCNs do Ensino Médio – Linguagem, códigos e suas tecnologias –
pensar o ensino da língua portuguesa no ensino médio “significa dirigir a atenção não só
para a literatura ou para a gramática, mas também para a produção de textos e a
oralidade” (Idem, p.70). Por isso que estamos propondo essa forma de atividade, como
uma forma de incentivar os professores a trabalhar com a ludicidade na sala de aula.
É importante ressaltar que o texto teatral foi escolhido porque é
A representação da vida. A sublime arte dos eleitos e da recriaçãoque deu origem a tantas outras artes, umas mais antigas, como ocanto e o circo, outras mais contemporâneas, como o cinema e atelevisão. É o reino dos atores da comunicação, de umalinguagem e um universo que dá dimensão divina ao sonhohumano” (TENÓRIO, 2005).
Partindo deste pensamento, utilizaremos a apresentação teatral como forma de
educar. Todo aluno pode experimentar a arte de forma consciente, espontânea e
inventiva. É através destes elementos ligados a uma pesquisaação que faremos um
trabalho de conscientização.
É válido pontuar, também, a importância da música nordestina no cenário
nacional. Vários nomes importantes podem ser encontrados nessa região como, por
exemplo, o de Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido (em todo o Brasil) como
Patativa do Assaré; o de Alceu de Paiva Valença; o de Alfredo da Rocha Vianna Jr. (o
Pixinguinha); o do famoso Luiz Gonzaga, e outros.
É evidente que o advento da música cresce a cada dia em todos os cantos do
planeta, apresentando os mais diversificados fins: a música é utilizada em produções
cinematográficas (em filmes musicais, por exemplo); é utilizada, também, na educação
(no ensino/aprendizagem de uma dada língua estrangeira, por exemplo, bem como em
qualquer outra disciplina); podese utilizála, ainda, para o lazer (sendo esse o caso mais
freqüente), etc.
Ao que parece, a cada dia surge uma maneira diferente de utilizála, o que
enriquece inefavelmente o campo musical, bem como toda e qualquer área que se
relacionar com ela.
Outra proposta para facilitar o ensino de Língua Portuguesa é levar para a sala de
aula a literatura de cordel, visto que nela encontramos uma grande variação lingüística
como também a presença de elementos culturais típicos da região nordestina. Embora
rica nos elementos acima citados, ela ainda não é muito aplicada em sala de aula.
A denominação Literatura de Cordel vem de Portugal, ela é assim chamada pela
forma como são vendidos os folhetos que são pendurados em cordões, nas feiras,
mercados e praças, principalmente das cidades do interior e nas adjacências das grandes
cidades. Essa definição – Literatura de Cordel – foi denominada pelos intelectuais. O
povo se refere a ela apenas como folheto.
De origem européia, em Portugal, a Literatura de Cordel chegou junto com
nossos colonizadores, instalandose na Bahia, mais precisamente em Salvador. Dali se
espalhou pelos demais estados do Nordeste. Os poetas de bancada ou de gabinete,
como ficaram conhecidos os autores da Literatura de Cordel, demoraram a emergir no
seio bom da terra natal. Mais tarde, por volta de 1750, é que apareceram os primeiros
profetas da Literatura de Cordel oral. Engatinhando e sem nome, depois de relativo longo
período, ela recebeu o batismo de poesia popular.
No Brasil, a Literatura de Cordel nos chegou através dos colonizadores lusos, em
"folhas soltas" ou mesmo escrito a mão. Dois ilustres folcloristas brasileiros, Luís da
Câmara Cascudo e Manuel Diegues Júnior, trouxeram, inicialmente, contribuição ao
problema da origem da nossa Literatura de Cordel. Só muito mais tarde, com o advento
das pequenas tipografias, fins do século passado, ela surgiu e se fixou no Nordeste como
uma das peculiaridades da cultura regional.
Além da parte literária, o Cordel é atraente pelas figuras que apresenta, feitas em
xilogravuras, mostrando toda a simplicidade da arte popular. Surgi nas gravuras:
monstros, diabo e elementos que circundam os artesãos do cajá – madeira mole que
facilita a execução das figuras. São eles os cantadores, vaqueiros, bois, aves e animais
diversos. Surgem também figuras humanas, geralmente interligadas com o assunto dos
folhetos.
Segundo Teófilo Braga, antes que o jornal se espalhasse, a Literatura de Cordel
era fonte de informação, que a partir da disseminação do jornal decai em Portugal. No
Brasil isso não acontece. Apesar do jornal, ela continuou em pleno esplendor, sendo
ameaçado nos dias atuais com a grande difusão da televisão e do rádio.
O Cordel sobreviveu ao radinho de pilha e ao progresso da televisão no agreste.
Esse jornal do sertão passado de geração a geração, essa literatura popular fonte de
inspiração de um Ariano Suassuna e de um Guimarães Rosa, resistiu a tudo e a todos os
avanços da tecnologia atual.
Contudo, atualmente, a Literatura de Cordel não tem um bom mercado no Brasil,
como acontecia na década de 50. Resultado do surgimento de outras formas de culturas,
influenciadas pelo avanço de novas tecnologias. Hoje, os folhetos podem ser encontrados
em alguns mercados públicos, como o Mercado de São José, no Recife; em feiras, como a
de Caruaru e em sebos (venda de livros usados).
A cultura vem sendo tratada como um importante meio no ensino, pois trata de
questões sociais e em muitos casos é fator importante para a aprendizagem local, fazendo
com que o aluno se identifique com sua realidade vigente, percebendo a problematização da
sua região.
A cultura é representada por diversas manifestações artísticas. A pintura será a
manifestação de maior enfoque nesse trabalho por ser diversificada e trabalhar o caráter
visual estimulando uma reflexão e análise do que é observado. As imagens recriam a
realidade despertando uma visão de mundo em quem as contemplam. O artista molda a
realidade segundo seus ideais e o público a analisa segundo suas convicções. Por tanto
a obra estabelece um diálogo entre o artista e seu público. O artista literário se exprime
através da palavra oral ou escrita, o pintor, através das cores e formas. Mas, cada um
com seu modo peculiar é capaz de impulsionar o intelectivo de seus respectivos
destinatários. A pintura é capaz de representar poemas, músicas e outras formas
artísticas.
Algumas analogias das obras de Aldemir Martins, Alfredo Volpi e Cândido Portinari
foram feitas com a obra “Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna, demonstrando a
presença de traços nordestinos nessas obras.
Aldemir Martins é um artista cearense que desde o início de sua carreira já tinha
um espírito renovador perante as artes plásticas de sua terra. Suas obras são ricas em
motivos regionais que associados aos seus traços e cores pessoais marcaram de modo
inconfundível seu trabalho. Seus desenhos com motivos regionais são bem aceitos em
todas as camadas sociais por que neles são encontrados aspectos muito vivos na
realidade brasileira.
Alfredo Volpi nasceu na Itália e veio para o Brasil ainda criança. Em sua pintura
observase principalmente o domínio da cor. Seus trabalhos com mastros, bandeiras e
fitas nos chamam atenção devido a relação com as festas nordestinas.
Cândido Portinari nasceu em Brodósqui, São Paulo. Em sua pintura retratou os
retirantes nordestinos, a infância em Brodósqui, os cangaceiros e temas de conteúdo
histórico. Foi muito importante por retratar a realidade que nos cerca.
A obra “Auto da Compadecida” é montada com fragmentos de várias obras
literárias, entres estas se destaca a presença de excertos da literatura de Cordel, o que
enriquece ainda mais o aspecto regional do texto. Textos como “O dinheiro” de Leandro
Gomes de Barros (18651918), e “O castigo da Soberba”, auto popular anônimo, inspiram
o autor a fazer algumas modificações para adequálos ao seu modo. Porém, nem sempre
essas modificações são feitas, algumas são originalmente mantidas. Nesse sentido,
Braulio Tavares, no livro Auto da Compadecida, comenta:
Um aspecto importantíssimo desse tipo de teatro é o seu caráterregional e coletivo, no qual a fidelidade a uma tradição é tãoimportante quanto a originalidade individual – ou mais até – e ondeo autor não julga que escreve por si só, mas com a colaboraçãoimplícita de uma comunidade inteira.(TAVARES,2005, p.175)
RESULTADOS ESPERADOS
A escolha da obra de Suassuna “O Auto da Compadecida” não foi em vão. Esta
peça teatral reúne excelentes condições para desenvolvermos a arte de questionar nos
alunos, principalmente no que diz respeito ao ensino de Língua Portuguesa, alvo principal
do nosso trabalho. Esperamos com isso conscientizar os educandos das diferenças
regionais e culturais existentes em nosso país; o Regionalismo e suas raízes; a influência
exercida por este movimento em nossas vidas.
É com base nessa realidade que se pretende, então, realizar um ensino
diferenciado de Língua Portuguesa (doravante LP). Este trabalho procura abordar o
estudo da LP de um modo diferente, de maneira que esse estudo possa surtir efeito na
vida do aluno, apresentando e analisando tanto a língua padrão quanto a nãopadrão.
Dessa forma, procurase uma não limitação quanto ao estudo de apenas uma
dessas variedades da língua (a variedade culta), procurandose, então, apresentar e
analisar as diferentes variedades sem rechaçar uma ou outra e sim afirmar ser mister o
conhecimento de ambas; objetivando, com isso, desenvolver o pensamento crítico dos
alunos primeiramente quanto aos temas abordados em sala para que, mais tarde, eles
possam desenvolver uma visão mais critica quanto a outros assuntos.
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