desempenho ocupacional de mulheres submetidas à mastectomia

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    psicossociais (SILVA; ALBUQUERQUE; LEITE,2010). Segundo dados do Ministério da Saúde, oBrasil, principalmente nas regiões Nordeste, Sule Sudeste, está entre os países com a mais elevadataxa de incidência de neoplasia de mama, reetindoas variações decorrentes dos pers heterogêneos de

    exposição a fatores de risco e diferentes modos de vida(INSTITUTO..., 2008; DUARTE; ANDRADE,2003).

    O câncer de mama é o tipo mais comum entre asmulheres, respondendo por 22% dos casos novos acada ano. Estimativas apontaram 52.680 novos casospara 2012 (INSTITUTO..., 2008). A explicaçãodesse percentual, segundo o Instituto Nacional doCâncer, do Ministério da Saúde, está diretamenterelacionada à maior exposição dos indivíduos a

    fatores de risco cancerígenos. Os atuais padrões devida adotados em relação ao trabalho, nutrição econsumo em geral expõem os indivíduos a fatoresambientais mais agressivos, relacionados a agentesquímicos, físicos e biológicos resultantes de umprocesso de industrialização cada vez mais evoluído(BRASIL, 2009; INSTITUTO..., 2008).

     A conduta de tratamento para a neoplasia é amplae envolve uma série de intervenções terapêuticascomo quimioterapia, radioterapia, hormonioterapiae cirurgia (BERGMANN et al., 2007).

     A terapêutica cirúrgica do câncer de mama éconhecida como mastectomia, a qual pode ter umformato conservador, com ressecção apenas de umaparte da mama chamada de quadrantectomia, outer o formato radical, com retirada total do órgão,acompanhado de linfadenectomia. Essa circuncisãocirúrgica está relacionada diretamente ao níveltumoral na qual a neoplasia foi diagnosticada(BREGNOL; DIAS, 2010).

    Dentre as abordagens terapêuticas contra o

    câncer de mama, a extirpação cirúrgica do seio éconsiderada a mais temida entre as mulheres, devido àscaracterísticas invasivas e agressivas do procedimentopara o corpo feminino, além das repercussõesbiológicas, emocionais e sociais envolvidas noprocesso de amputação de um órgão símbolo damaternidade, socialmente ligada a um importantepotencial erógeno (SILVA; ALBUQUERQUE;LEITE, 2010).

     Apesar de ser considerado um agravo de bom

    prognóstico se diagnosticado e tratado comrapidez, a neoplasia possui ainda na sociedade umcaráter estigmatizante, associado ao signicado defragilidade, limitação e morte, encarados tanto pelamulher acometida pela doença quanto por sua famíliae comunidade (INSTITUTO..., 2008; DUARTE; ANDRADE, 2003).

    Dentre as manifestações e as intercorrênciasconsequentes a todo o seguimento terapêutico dequimioterapia, radioterapia e cirurgia contra o câncerde mama, os achados podem variar desde sinais esintomas de alopecia, anemia, náuseas, vômitose reações de hipersensibilidade até consequências

    mais graves como disfunção cardíaca, infertilidade,menopausa precoce, erisipela, broses subcutâneasque expõem as mulheres ao risco de linfedema.Lesões no plexo braquial, neuropatias e limitação deamplitude de movimento do ombro homolateral àmastectomia também são possíveis, comprometendosubstancialmente a mobilidade e funcionalidade domembro superior do lado da mama afetada. Achadoscomo parestesias, dor localizada e/ou generalizada,como mialgias e artralgias, fadiga, falta de ar einsônia também não são queixas incomuns duranteo prosseguimento do tratamento do câncer de mama(OLIVEIRA  et al., 2010).

    Nesse sentido, pode-se perceber que todosos procedimentos terapêuticos e as possíveiscomplicações presentes no tratamento do câncerde mama, sejam elas imediatas ou tardias, culminamem sérios desconfortos e comorbidades físicas,emocionais e sociais, perturbando e colocando emrisco temporário ou permanente o desempenhoocupacional das mulheres durante as atividades

    de vida diária, produtivas e de lazer (BREGNOL;DIAS, 2010).

    O Desempenho Ocupacional, de acordo coma Occupacional Terapy Guidelines for Client-centred Pratice da Associação Canadense de TerapiaOcupacional, dene-se como a habilidade de realizarrotinas e desempenhar papéis e tarefas, envolvendoas áreas de autocuidado, produtividade e lazer emresposta às demandas do meio externo e interno aoindivíduo (LAW  et al., 2009).

    Nessa perspectiva, a Medida Canadense deDesempenho Ocupacional (COPM) foi desenvolvidaem 1990 e publicada no ano seguinte, porpesquisadores canadenses, com o intuito de serutilizada como guia por terapeutas ocupacionais,baseando-se na prática centrada no cliente.

     A COPM é uma medida válida e conável,que tem sido utilizada de forma bem-sucedidacom diversos grupos de clientes, em diferentespaíses (CARSWELL, 2004; EYSSENET et al.,2005; PARKER; SYKES, 2006; CHATFIELD;

    BECKETT, 2007). Os estudos atestam suaversatilidade internacional e a aplicabilidadecultural, mesm0 tendo ela sido desenvolvida emcontexto cultural canadense (CARSWELL, 2004;CHATFIELD; BECKETT, 2007). A COPM, desdesua publicação já havia sido traduzida, até o ano de2005, para 24 idiomas diferentes, sendo utilizada

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    por terapeutas ocupacionais em mais de 35 paísesao redor do mundo (BASTOS; MANCINI; PYLÓ,2010; MCCOLL et al., 2005). Nos últimos anos,o número de publicações que utilizaram a COPMtem aumentado (LAW  et al., 2009). Recentemente,a referida avaliação foi traduzida para a línguaportuguesa e publicada no Brasil (LAW  et al.,2009). No presente estudo, a sigla original eminglês será mantida, visto que a mesma é utilizadainternacionalmente como indexador na área deTerapia Ocupacional.

     A COPM tem por finalidade detectar aautopercepção de clientes com diferentes tiposde incapacidade em distintos estágios de vida(LAW  et al., 2009). Ela considera o desempenhoocupacional como resultado de interação entre a

    pessoa, o ambiente, a ocupação e a produção, bemcomo os componentes de desempenho (físico,mental, sociocultural e espiritual) e o ambiente,de acordo com o momento de desenvolvimento, ospapéis ocupacionais e a motivação de cada sujeito(BASTOS; MANCINI; PYLÓ, 2010).

    Partindo dessa premissa, o presente estudo tevecomo objetivo descrever o desempenho ocupacionalde mulheres submetidas à mastectomia atendidasem um hospital escola da cidade do Recife, a partir

    de uma autoavaliação do seu desempenho funcionale de sua satisfação nas atividades de vida diária,produtivas e de lazer.

     A opção por esse recorte se deu a partir doentendimento de que as atividades humanas seefetivam nessas três áreas da vida (vida diária,produtiva e lazer), sendo as repercussões da doençaoncológica responsáveis por mudanças transitórias epermanentes do desempenho ocupacional, capazesde comprometer a integridade física e psicossocialdas mulheres tratadas cirurgicamente do câncermamário.

    Com isso surge a necessidade dos prossionais desaúde investigarem não somente as consequênciasfísicas que determinada condição de saúde provoca,mas o impacto dessa condição sobre a capacidade doindivíduo em desempenhar suas atividades desejadase esperadas de forma satisfatória nos seus diferentescontextos ocupacionais.

    2 34#&.&+&%$*Trata-se de um estudo transversal e descritivo,

    envolvendo 21 mulheres submetidas à mastectomia,na fase tardia, recrutadas no Hospital das Clínicas daUniversidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE),a partir da captação das mulheres nos ambulatórios

    de ginecologia e mastologia da referida instituição,no período de junho a setembro de 2011.

     A referida amostra fez referência ao total depacientes atendidas nos ambulatórios citadosanteriormente que atenderam aos critérios de inclusão

    da pesquisa durante o período da coleta de dados.Os critérios de inclusão envolviam ser mulher comdiagnóstico de câncer de mama na fase tardia,após procedimento de mastectomia unilateral, comclassicação de Performance Status 0, ou seja, comcapacidade de manter um desempenho funcionalnas atividades cotidianas de forma consideradanormal, acompanhada pelo Hospital das Clínicas.

    Essa classicação conhecida como escala demedida da capacidade funcional de PerfomanceStatus (PS) consiste em um método de avaliaçãoclínica de pacientes oncológicos, reconhecido pelaOMS, classicado segundo o Eastern CooperativeOncology Group (ECOG). A referida classicaçãotem uma variação de escores de 0 a 4 na qual PS0refere-se a atividade normal; PS1, a paciente comsintomas da doença mas que deambula e leva oseu dia normalmente; PS2, a paciente fora do leitomais de 50% do tempo; PS3, a paciente acamadapor mais de 50% do tempo, carente de cuidadosmais intensivos; e PS4, a pacientes restritos ao leito

    (BRASIL, 2001). A fase cirúrgica tardia, por sua vez, é o período que

    compreende do 12º ao 18º mês após o procedimentocirúrgico (SASAKI; LAMARI, 2007). Essa fase foieleita como critério de inclusão para o estudo portratar-se de um momento no qual a maioria dasmulheres já se encontra bem adaptada às mudançascorporais e funcionais, sendo considerado o momentoideal para a realização de avaliações referentes aosresultados denitivos da cirurgia de mastectomia

    (DUARTE; ANDRADE, 2003).Foram excluídas da pesquisa as mulherescom décit cognitivo ou perturbação mentalque dicultasse o entendimento do processometodológico; pacientes com diagnóstico demetástase; mulheres que realizaram mastectomiaparcial, reconstrução mamaria ou encontravam-sesubmetidas ao tratamento de quimioterapia eradioterapia no momento da entrevista.

    Os dados foram coletados pela própria

    pesquisadora, sendo utilizados como instrumentosum roteiro de entrevista estruturado, abrangendoquestões acerca dos dados sociodemográ cos eclínicos, desenvolvido especialmente para o estudo,seguido da avaliação funcional com a COPM,em sua versão brasileira traduzida, publicado porLaw  et al. (2009).

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     A COPM é um instrumento de aval iaçãofuncional padronizado e individualizado que podeser útil para clientes com diferentes incapacidades,independentemente de diagnósticos especícos, sendoconsiderado um importante guia da prática clínicado terapeuta ocupacional (MCCOLL et al., 2005;

    PARKER; SYKES, 2006). Essa medida abrangetrês áreas de desempenho ocupacional: atividadesde autocuidado (cuidados pessoais, mobilidadefuncional e independência fora de casa), atividadesprodutivas (trabalho remunerado ou não, manejodas tarefas domésticas e escolares) e atividades delazer (ação tranquila, recreação ativa e socialização)(LAW  et al., 2009).

    Essa avaliação de desempenho ocupacional contacom cinco passos: identicação de questões no

    desempenho, classicação do grau de importância dasatividades consideradas problemas, classicação dosproblemas em relação ao desempenho e à satisfação,acompanhado do cálculo da pontuação referente àavaliação inicial, seguido da reavaliação e, por m,comparação dos escores de mudança.

     A partir do protocolo semiestruturado do COPM,a participante foi solicitada, inicialmente, a indicartarefas funcionais que eram mais signicativas paraela e cujo desempenho estava comprometido nasáreas de autocuidado, produtividade e lazer.

    Em seguida, no passo dois, ocorreu a classicaçãoda importância dessas atividades problemas,utilizando-se uma escala numérica de 1 a 10. Nopasso três foram conrmados com a participanteos cinco principais problemas e, em seguida, elafoi orientada a realizar uma autoavaliação quantoao seu desempenho e sua satisfação em relação aodesempenho nas tarefas funcionais. Para isso, foiutilizado uma escala de variação de pontos entre 1e 10, onde a pontuação 1 foi considerada atividade

    cujo desempenho era incapaz de realizar e quegerava completa insatisfação, enquanto a pontuação10 relacionava-se a um desempenho extremamentebom e que gerava excelente satisfação (CARSWELL,2004). Dessa forma, quanto maior a pontuação,melhor a avaliação de desempenho e satisfaçãonas atividades funcionais citadas. De acordo coma avaliação da COPM, a partir da obtenção doescore 7 é sinalizado alteração de classicação dedesempenho e satisfação, visto que a partir dessapontuação passam a ser considerados moderados(LAW  et al., 2009).

    O quarto e o quinto passos da avaliação daCOPM, que se referem à reavaliação e à pontuaçãodos escores de mudança, não constituíram partedo presente estudo, visto que não foi realizadanenhuma intervenção terapêutica ocupacional com

    as mulheres avaliadas, como previsto no projetode pesquisa. Foi considerado que a aplicação dostrês primeiros passos da COPM era suciente paracontemplar as informações necessárias, capazes deresponder ao objetivo traçado para a pesquisa, deacordo com os princípios de análise permitidos nomanual da referida medida de avaliação e outraspublicações cientícas na área que utilizavam aCOPM (LAW  et al., 2009).

    Cada atividade problema referida pela populaçãoavaliada será apresentada pela estimativa dos escoresindicados de desempenho e satisfação. Os dadosforam organizados em planilha Excel® e analisadoscom o programa SPSS versão 17.0.

    Este estudo orientou-se pelos princípios éticoscontidos na Resolução do Conselho Nacional de

    Saúde 196/96, que regem as diretrizes e normasregulamentadoras de pesquisas envolvendo sereshumanos. Contou com a aprovação do Comitêde Ética e Pesquisa com Seres Humanos doCentro de Ciências da Saúde da UniversidadeFederal de Pernambuco, sob o registro CAAE:0107.0.172.000-11 e colheu assinatura do Termode Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) detodas as participantes.

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     A distribuição das 21 pacientes de acordo com asvariáveis sociodemográ cas (Tabela  1) evidenciou quea maioria das mulheres submetidas à mastectomia emfase tardia da intervenção do Hospital das Clínicasde Pernambuco estão na faixa entre 50 e 59 anos(47,6%), são procedentes da cidade do Recife (52,4%),com ensino fundamental incompleto (38,0%).

    Nas variáveis referentes ao estado civil e número de

    lhos, respectivamente, 66,6% mantinham relaçãoconjugal estável no momento da pesquisa, commédia de 25 anos de união, possuindo, a maioria(52,2%), dois lhos na constituição familiar. Noquesito religião, 85,8% das mulheres a rmavam serpraticantes de algum tipo de religião, dentre essas,38,9% eram evangélicas.

    Em relação ao desempenho de atividadesprodutivas (Tabela   2), 61,9% das mulheresentrevistadas exerciam atividade prossional antes do

    diagnóstico de câncer de mama. Dentre as atividadespregressas citadas por elas estão: trabalhadoradoméstica (24%), professora (19%), auxiliar deenfermagem (14,3%), cozinheira (14,3%), manicure(14,3%), costureira (9,5%) e copeira (4,9%). Dentreelas, 61,6% mantinham ainda alguma atividadeprodutiva no momento da entrevista. Quando

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    Durante investigação da dominância lateral, foiconstatado que 76,2% possuíam lado dominantedireito. Em apenas 9,5% dos casos avaliados, adominância lateral (funcional) das mulheres erahomolateral à mastectomia.

    Todas as mulheres atendidas na referida instituiçãonecessitaram de tratamento quimioterápico antes(48,2%) ou após (51,8%) a mastectomia, comocomplementação terapêutica. A maioria delas(86,7%) submeteu-se, além de à quimioterapia,ao tratamento radioterápico. Quando indagadassobre o conhecimento de antecedentes familiarespara neoplasia, 42,9% a rmaram possuir casos decâncer na família.

    Na avaliação do desempenho ocupacional, no

    primeiro passo da COPM, pôde-se constatar que aárea de desempenho citada como mais comprometidapelas mulheres atendidas pelo HC-UFPE eparticipantes da pesquisa foi a área produtiva,seguida, em frequência, pelas áreas de lazer e deautocuidado.

    No total, 14 atividades foram apontadas pelossujeitos da pesquisa como problema para o seudesempenho ocupacional (Tabela  4).

    Durante a classicação da importância dessasatividades, as tarefas referidas foram: manterdomicílio (50,0%), manter relação sexual (42,8%),retornar ao trabalho (42,8%), conduzir veículos(35,7%) manter-se no emprego (35,7%), escrever edigitar (35,7%), utilizar transporte coletivo – ônibus(35,7%), lavar roupas (28,6%), fazer compras (28,6%),realizar passeios com a família (28,6%), participarde atividades sociais (28,6%), preparar alimentos(21,4%), praticar atividade física (21,4%) e realizaratividades artesanais (14,3%).

    Em relação aos escores de avaliação do grau dedesempenho e satisfação obtidos no terceiro passo

    da COPM (Tabela  5), dentre as atividades deautocuidado referidas como importantes, porémcom problemas de desempenho, 28,6% das mulheresentrevistadas apontaram bom desempenho (escore 8)em escrita e digitação, contudo satisfação regularno que diz respeito a sua performance  (escore 6). ATabela  6 apresenta a classicação de desempenhoe satisfação considerados pela COPM.

    No quesito relação sexual, a avaliação dodesempenho foi indicada com diculdade moderada

    (escore 6), re

    etindo-se durante autoavaliação emescore de pouca satisfação (escore 4) para 48% dasmulheres avaliadas.

    No quesito mobilidade funcional, usar o transportecoletivo (ônibus) foi avaliado por 19,1% das mulherescomo atividade de bom desempenho (escore 8), com

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    satisfação regular (escore 6). Nas atividades sociais,43,2% participam com diculdade moderada (escore6) e baixa satisfação (escore 5).

    Durante as entrevistas as mulheres referiramnecessidade de participar das atividades/encontros emfamília como forma apenas de responder às exigênciasdos mesmos, e exercer o papel de mãe, esposa/companheira, lha e amiga. Dentre as atividadessócias, a prática religiosa foi a mais citada (85,8%)entre as mulheres avaliadas, seguida da prática devisitar amigos e parentes (68,2%).

     Ainda durante a autoavaliação das atividadesde lazer, as mulheres submetidas à mastectomia,apontaram, para as atividades artesanais (28,7%)e atividades físicas (16,9%), um desempenhomoderadamente bom (escore 7), porém de baixa

    satisfação (escore 5).

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    Nas mulheres brasileiras, a neoplasia mamáriaé o tipo de câncer que mais causa morte, porémse detectado em fase inicial, há altas chances decura. Muitas vezes, ele é descoberto tardiamente,gerando tratamentos mutilantes com importantesrepercussões na vida da mulher, de sua família e da

    sociedade em geral (MISTURA; CARVALHO;SANTOS, 2011).

    No presente estudo, a maior ocorrência demastectomia no formato radical esteve entre asparticipantes na faixa etária de 50 a 59 anos, comensino médio incompleto, em união conjugal estável,com dois lhos na constituição familiar, semelhantesàs referências encontradas em outros estudos nacionaisde coorte realizados com população feminina comcâncer de mama (LEITE et al., 2012).

     A maioria das part icipantes do estudo foisubmetida no mínimo a dois tipos de tratamento(cirurgia e quimioterapia). Em pesquisa desenvolvidasobre a assistência oncológica pelo Sistema Únicode Saúde a mulheres com câncer de mama realizadapor Mistura, Carvalho e Santos (2011), vericou-seque a maioria as mulheres realizaram quimioterapiae tratamento local (cirurgia) como terapêuticacontra o câncer, ocorrência observada também nopresente estudo.

     A di

    culdade de acessibilidade aos serviços desaúde, a precariedade de métodos para detecção erastreamento do câncer de mama, principalmente emhospitais públicos, dicultam a detecção precoce dadoença, reetindo em diagnósticos mais graves e commaior grau de comprometimento (MANUEL et al.,2010).

     Assim, vale enfatizar que, frente ao diagnóstico eàs repercussões do tratamento do câncer de mama,muitas vezes detectados em estado avançado, a mulherencontra-se vulnerável para o desenvolvimento desentimentos como medo, tristeza e negação, associadosa vários signicados distintos, predominando a

    ameaça a seu símbolo de feminilidade e sensualidade,além das implicações para sua vida cotidiana(ANDOLFATO; MARIOTTI, 2009).

    Pela descrição das atividades citadas pelapopulação entrevistada na presente pesquisa, osresultados sugerem que as limitações apresentadaspelas mulheres pós-mastectomia geram diculdadesque inuenciam não apenas a sua rotina diária mastambém a sua permanência em atividades produtivase o seu contato social de maneira satisfatória e

    prazerosa.Segundo Silva e Riul (2011) e Dornelas e Galvão

    (2007), a maneira como as mulheres desempenhavamsuas funções anteriormente ao diagnóstico do câncerinuencia diretamente a maneira como desenvolverãoe manterão o desempenho em suas atividades apóso tratamento do câncer.

     A necessidade em modicar e adaptar grandeparte das atividades cotidianas vislumbrando umdesempenho funcional o mais próximo possível da

     performance  anterior ao processo de adoecimentogera, por vezes, incômodo e insatisfação entre asmulheres tratadas do câncer de mama, diante dasnovas necessidades de cuidados e novos limites docorpo (CHANÁ; ALBUQUERQUE, 2006).

     A realização das atividades de vida diária (AVD),além de reforçar o senso de capacidade para oautocuidado das mulheres mastectomizadas, tambémpossibilita a elas, o sentimento de satisfação pessoal ea oportunidade de escolhas (CAETANO; GRADIM;

    SANTOS, 2009).Para Mello e Mancini (2007), a realizaçãodessas atividades está associada ao estilo de vidade cada mulher, assim como a suas característicasde personalidade, valores pessoais, crenças epossibilidades de autocontrole.

    Contudo, uma importante reexão, nesse sentido,é trazida pelos autores supracitados, ao referiremque no processo saúde-doença estão presentes oscontextos culturais e as diversas formas de dominaçãoque conferem especicidades ao adoecimento dasmulheres, assim como às determinações de gênero.Esse olhar possibilita observar para além do fenômenobiológico da doença, integrando também aspectossociais.

     Assim, possibilita-se a compreensão do processode adoecimento dessas mulheres pelas condições de

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    vida, de empobrecimento contínuo, de precarizaçãodas condições de trabalho e de diculdade de acessoaos serviços prestados pelo Sistema de Saúde de formaeciente e efetiva (BITTENCOURT; SOUZA;MENEZES, 2010).

    Vivenciar uma situação de doença como o cânceré uma experiência complexa e sofrida para qualquerpessoa. Ela traz consigo uma série de implicaçõesfísicas, emocionais, sociais e econômicas para a vidados sujeitos enfermos e sérias atribulações para asfamílias e toda a sociedade (BITTENCOURT;SOUZA; MENEZES, 2010).

     As repercussões do tratamento do câncer demama comprometem o cotidiano das pessoas,impactando, as mudanças, na dinâmica pessoale familiar, nas relações de trabalho e nas relações

    sociais (CAETANO; GRANDIM; SANTOS, 2009).Para Spalla e Santo (2009), a ausência de

    mecanismos de proteção e de suporte social, dentreelas a prática religiosa, compromete diretamente odesempenho funcional, assim como o sentimentode satisfação das mulheres mastectomizadas emseus diferentes contextos de vida.

    O processo de continuidade das atividadesrelacionadas ao autocuidado, produtividade e delazer, mesmo que de forma insatisfatória, sinaliza

    para as mulheres a possibilidade de recuperaçãodo senso de utilidade ao provarem para si e para osoutros ainda serem capazes de executar suas tarefascotidianas, apesar das limitações físicas, da fadiga,da necessidade de descanso e de cuidados (SILVA; ALBUQUERQUE; LEITE, 2010).

    Dentre as atividades de autocuidado citadascomo problemas, a manutenção do desempenhosexual foi bastante referida pelas mulheres, devido aodesinteresse delas na realização do ato sexual. Duarte

    e Andrade (2003) relatam que a diminuição da libidoassociada à sensação de fadiga são queixas comunsentre as mulheres após o processo da mastectomia(BITTENCOURT; SOUZA; MENEZES, 2010).

    Esses sintomas, segundo Panobianco e Mamede(2002), podem ser atribuídos a causas siológicase emocionais, como fadiga, ansiedade e estresseemocional provenientes do processo de adoecimentoe do tratamento, assim como do medo da morte e,ainda, do comprometimento da imagem corporalda mulher mastectomizada.

    Em relação ao desempenho das atividadesrelacionadas à produtividade, o grupo pesquisadoapresentou escores de desempenho maiores do que osescores relacionados à satisfação. Dentre as situaçõesreferidas como barreiras para o desempenho dotrabalho remunerado, segundo Silva e Riul (2011),

    estão: a necessidade de mudança da função produtivadesempenhada antes do diagnóstico e do tratamentodo câncer de mama e os cuidados requeridos pelanova situação de saúde.

    Contudo, o processo de continuidade das

    atividades produtivas sinalizou, para as mulheresentrevistadas, a possibilidade do senso de utilidade,apesar das limitações físicas, da sensação de fadiga,da necessidade de descanso e de cuidados especícosreferidos por elas após a mastectomia.

    Dentre os cuidados necessários, recomendadospor Manuel  et  al. (2010) para as mulheresmastectomizadas estão: atentar quanto àexposição a temperaturas elevadas, assim comopara queimaduras e cortes, evitar exceder-se emesforços físicos e movimentos repetitivos, comoforma de prevenir o desenvolvimento de linfedemado membro superior. Esses cuidados, entretanto,não implicam, necessariamente, na cessação dasatividades produtivas, porém requerem um olharmais cuidadoso da mulher sobre o modo como sãoexecutadas, assim como atenção aos contextos nosquais são praticadas (CAETANO; GRANDIM;SANTOS, 2009).

    Contudo, os autores supracitados referem quenão é incomum a diminuição do status econômico

    e da renda familiar após um diagnóstico de câncer,situação associada à redução do desempenho deatividades remuneradas, diante da crença pessoal,familiar e social de incapacidade para o trabalho.

    Devem ser consideradas atividades produtivase de trabalho, por denição, todas aquelas tarefasvoltadas para a produção ou remuneração,incluindo-se as não assalariadas que contribuempara a subsistência dos indivíduos, a exemplodos afazeres domésticos e/ou dos cuidados com

    familiares. Nesse sentido, pode-se entender que asatividades produtivas não se conguram somentecomo trabalho remunerado, embora o incluam, poissão consideradas genericamente como atividadesque fazem as pessoas sentirem-se úteis em diferentescontextos (KEBBE, 2006; MANUEL et al., 2010;TOLDRÁ  et al., 2010).

     Algumas mulheres mantêm o seu desempenhoprodutivo, esforçando-se sem ajuda, embora comdescontentamento, na tentativa de manter o poder

    construído e exercido por elas, na internalidade doseu espaço produtivo (CARDOSO; OLIVEIRA,2004). De acordo com Carswell (2004), os indivíduosbuscam aprender a estrutura da interação produtivae social a que pertencem, a m de reformularemuma conduta, possibilitando, assim, minimizar aexposição de um estigma.

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    Contudo, é importante que todos os atoresenvolvidos nessa problemática (mulher, família, equipede saúde e sociedade) considerem as repercussõesfísicas reais inerentes ao processo de mastectomia,acompanhado ou não de linfadenectomia,relacionando-as à dominância lateral pregressa da

    mulher. Todos esses fatores devem ser respeitados eavaliados durante uma avaliação funcional envolvendoas áreas de autocuidado, produtividade e lazer. Nopresente estudo, a maioria da amostra da populaçãoselecionada (90,5%) foi submetida a mastectomiacontralateral ao da dominância, fato que deve serconsiderado durante análise de todos os resultados.

    Na área de desempenho do lazer, a maioria dasmulheres participantes da pesquisa mencionoudiculdade para manter um processo de socialização

    satisfatório. Para Spalla e Santo (2009), esse fato podeser conrmado pelo fato de muitas mulheres apóstratamento oncológico manterem suas atividades delazer apenas para a manutenção de seu papel social.

     A socialização entre amigos e familiares podeser um facilitador no processo de enfretamento erecuperação da doença. As mulheres que apresentamdiculdade para compartilhar com sua rede sociala sua condição de saúde acabam por reforçar aprópria expectativa negativa de estigmatização eincapacidade envolvida no imaginário social da

    doença oncológica (SILVA; ALBUQUERQUE;LEITE, 2010).

    Para Kebbe (2006), o incômodo gerado pelapercepção da falta de uma parte do corpo (a mama)revela nas mulheres a introjeção de valores históricosculturalmente atribuídos à simetria do corpo,relacionada, como sinônimo, a beleza, integridadefísica e funcionalidade, tornando-as, por ora, menosresponsivas às expectativas culturalmente valorizadasrelacionadas à aparência do corpo feminino.

    O aumento da preocupação com o corpo,considerado frágil e agora requerente de constantescuidados, assim como a necessidade de isolamentosocial, a desmotivação, a negativa de exposição docorpo “imperfeito” e a preocupação com a aparênciafísica podem ser considerados fatores limitantes dodesempenho das atividades de lazer entre as mulheresmastectomizadas (KEBBE, 2006).

     As alterações no desempenho de atividades delazer diante das limitações físicas podem acarretar

    sentimentos depreciativos, interferindo na valorizaçãopessoal de cada mulher, levando-as a vivenciar oprocesso de estigmatização e incapacidade semperspectiva de retorno aos padrões anteriores deatividade (DORNELAS; GALVÃO, 2007).

    Com isso, é relevante considerar que a fragilidaderepresentada pela falência do corpo é minorada

    quando a mulher pode optar por recobrar suaautonomia e, com ela, seu autocontrole, seus desejos,sua história e seu corpo, desconstruindo o rótuloestigmatizante de incapacidade conferido pelospróprios familiares e pela sociedade (ANDOLFATO;MARIOTTI, 2009; BITTENCOURT; SOUZA;

    MENEZES, 2010).Os achados desta pesquisa indicam, contudo,

    que os cuidados necessários com o corpo apósprocesso cirúrgico da mastectomia não conguram,nas mulheres operadas avaliadas, impedimentosao desempenho das atividades relacionadas aoautocuidado, produtividade e de lazer, pois todasmostraram-se capazes de manter a autonomia e aindependência em seus diferentes contextos de vida.É importante lembrar, porém, que esse resultado

    pode ser explicado pelo período de investigação noqual o estudo se realizou, além do achado de quea mastectomia, para a maior parte das mulheresentrevistadas, ocorreu do lado contralateral ao dasua dominância funcional.

    Entretanto, pôde ser detectado com a presenteinvestigação que apesar de as mulheres avaliadasserem consideradas capazes de manter as suasatividades cotidianas de forma normal, foramnecessários rearranjos no desempenho da maioriadessas atividades no momento pós-mastectomia,

    no qual muitas delas não foram capazes de manteruma performance satisfatória, tendo demonstradodurante a entrevista sentimentos de incômodofrente às mudanças de conduta e comportamentorequeridos pela nova situação de saúde.

    Evidencia-se, assim, a importância de investigaraspectos singulares envolvidos no processo dedesempenho ocupacional de cada sujeito, situaçãopermitida com o uso da COPM.

    Desse modo, é imprescindível um olhar cuidadoso

    de uma equipe de saúde com caráter multiprossionale interdisciplinar. Essas intervenções têm comoobjetivo fazer uma junção entre conhecimentos edisciplinas que intercedam efetivamente na qualidadede vida das mulheres mastectomizadas, durante eapós o tratamento, favorecendo de forma prioritáriao seu retorno social e produtivo (OTHERO, 2010).

    O terapeuta ocupacional, quando inserido naequipe de reabilitação oncológica, em especial nocuidado de mulheres submetidas à mastectomia,

    tem por objetivo tratar os agravos físicos, sensoriaise emocionais decorrentes de todo o tratamento.

     A ação desse prof issional visa resgatar aindependência, a autonomia, a autoestima e ainclusão social desses sujeitos, auxiliando a mulherna compreensão de sua situação atual de saúde,desenvolvendo junto a elas estilos adaptativos de vida,

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    integrando as capacidades funcionais e ocupacionaisde forma prazerosa e satisfatória.

    F Considerações fnais

     As mudanças no desempenho ocupacionalpodem representar para as mulheres sentimentode incapacidade, considerando a funcionalidadenão apenas em relação ao corpo físico mas tambémna relação desse corpo com um mundo produtivo esocial em que são depositadas expectativas.

    Diante do presente estudo, pôde-se vericar queas diculdades presentes no desempenho ocupacionaldas mulheres participantes desta pesquisa estão deacordo, em grande parte, com aquelas descritaspela literatura.

     A COPM mostrou ser um instrumento deavaliação útil e clinicamente aceitável, visto quepermitiu identificar as áreas de desempenhoocupacional comprometidas, demonstrando asatisfação das mulheres submetidas à mastectomiaem relação a sua performance ocupacional.

    O uso da abordagem centrada no cliente, modeloteórico sob o qual a COPM foi desenvolvida, permitiuo envolvimento dos sujeitos no seu processo deavaliação funcional, possibilitando durante o seu

    desenvolvimento a orientação das mulheres avaliadasquanto às adaptações das atividades de autocuidado,produtivas e de lazer, para a promoção de uma vidasaudável e prazerosa, em seus diferentes contextos.

    Observa-se, contudo, a necessidade de novaspesquisas utilizando a escala de avaliação dedesempenho ocupacional, COPM, com a populaçãoem estudo, nas quais seja possível o desenvolvimentode um plano de intervenção terapêutico ocupacional,permitindo com isso o cálculo de diferença dos

    escores de mudanças de desempenho e satisfaçãodas mulheres mastectomizadas em suas atividadesde vida diária, produtiva e de lazer, antes e depoisda intervenção.

    Dessa forma será possível identicarem-se osganhos e as limitações do tratamento terapêuticoocupacional junto à equipe de saúde, para a promoção,a recuperação e a reabilitação física, mental e socialdessas mulheres, contribuindo assim para umareinserção familiar e comunitária de conguraçãoeciente e ecaz.

    Nesse sentido é estratégico viabilizar condiçõesde acesso da população brasileira a serviços de saúdeestruturados, solidicando uma rede assistencialintegral e interdisciplinar, garantindo o acesso dasmulheres a consultas e exames diagnósticos ecazes,capazes de diminuir a crescente incidência de

    casos avançados de câncer de mama na populaçãofeminina e a ocorrência de tratamentos mutilantes,cujas consequências repercutem diretamente sobrea vida pessoal, familiar e social delas.

    Contudo, é importante considerar que o contexto

    no qual as equipes de saúde estão inseridas permanece,em sua totalidade, saturado de determinações(econômicas, políticas, culturais, ideológicas) queexigem mais do que ações imediatas, instrumentaise de cunho psicossocial, mas implicam intervençõesque emanem de escolhas, que passem pelos condutosde uma prática baseada na razão crítica e no desejodos sujeitos, a m de estabelecer maior participaçãoe satisfação deles com o seu próprio processo detratamento e reabilitação psicossocial.

    Quando inserido na equipe de reabilitação,o terapeuta ocupacional está habilitado, nessecontexto, a identicar as necessidades da mulher,seus sintomas, suas causas e o impacto desses no seucotidiano, promovendo o seu desempenho funcionalno nível máximo, estimulando a independência, aautonomia e a qualidade de vida de todos os sujeitosenvolvidos no processo.

    Torna-se, desse modo, um grande desa o responderàs singularidades demandadas da experiência de umadoença como o câncer e entender que as necessidades

    individuais expressam, ao mesmo tempo, um carátercoletivo. São imperiosas a articulação e a discussãosobre as determinações estruturais das demandasdas usuárias do serviço e das equipes de saúde paraalém da doença, e que se expressam na singularidadeda vida dos sujeitos e de seus familiares.

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     Jamylle Brito foi responsável pela pesquisa e redação do artigo. Juliana Marcelino foi orientadora dotrabalho. Ambas as autoras aprovaram a versão nal do texto.

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    1 Artigo cientíco apresentado ao Programa de Residência Multiprossional Integrada em Saúde (PRMIS) do Hospitaldas Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), como critério para obtenção do Título de Especialista emTerapia Ocupacional em Saúde da Mulher. Este estudo cumpriu os princípios éticos da Resolução do Conselho Nacionalde Saúde, aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos do Centro de Ciências da Saúde da UFPE sob oregistro CAAE: 0107.0.172.000-11.