departamento de estudos sÓcio-econÔmicos – …20explorat%f3rio... · 2009-04-02 · ......

32
1 DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – DESER SECRETARIA DE AGRICULTURA FAMILIAR/ MDA (Convênio MDA 112/2006) A CADEIA PRODUTIVA DA SOJA ORGÂNICA Curitiba, Novembro de 2008

Upload: haliem

Post on 15-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

1

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – DESER

SECRETARIA DE AGRICULTURA FAMILIAR/ MDA

(Convênio MDA 112/2006)

A CADEIA PRODUTIVA DA SOJA ORGÂNICA

Curitiba, Novembro de 2008

Page 2: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

2

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS RURAIS Monitoramento da Conjuntura de Mercado das Principais Cadeias Produtivas Brasileiras. (CONVÊNIO MDA Nº. 112/2006)

DIRETORIA Presidente: Luis Pirin – STR – Francisco Beltrão - PR Vice-Presidente: Cláudio Risson – Cresol Central/SC e RS 1º Secretária: Sandra Nespolo Bergamin – Fetraf - Sul/CUT 2º Secretário: Marcio Luiz Cassel – STR de Sarandi/RS 1ºTesoureiro: Genês da Fonseca Rosa - Cresol Chapecó/SC 2ºTesoureiro: Ademir Luiz Dallazen - UNICAFES/PR

Membros Efetivos: Avelino Callegari - ASSESOAR/PR Valdir Zembruski - STR de Xanxerê e Região/SC Gervásio Plucinski - COORLAC/RS Augusto V. Pinto - STR de Mallet/PR Bernardo Vergapolem - Ecoaraucária/PR Severine Carmem Macedo - Fetraf Brasil/CUT

Membros Suplentes: Rinaldo Segalin - Ascooper/SC Denise Knereck - SINTRAF de Laranjeiras do Sul/PR Adir Fiorese - Cresol-Baser/PR

Conselho Fiscal Efetivo: Celso Prando - STR Sananduva/RS Manoel Cardozo - Sintraf Itaperuçu/PR Vera Lucia Cecchin Dapont - STR Marmeleiro/PR

EQUIPE INTERNA Alvori Cristo dos Santos Área: Produção Familiar e Mercado, Redes e Sistemas Amadeu Antonio Bonato Área: Políticas Públicas, Redes e Sistemas, Desenvolvimento Institucional. Denilson Pasin Área: Desenvolvimento Institucional. Ézio Gomes Área: Produção Familiar e Mercado. Gerson Ferreira Lima Área: Desenvolvimento Institucional. Ivone Pereira Ataíde Área: Desenvolvimento Institucional. João Carlos Sampaio Torrens Área: Políticas Públicas, Redes e Sistemas. Marcos Antonio de Oliveira Área: Produção Familiar e Mercado. Moema Hofstaetter Área: Desenvolvimento Institucional. Thiago de Angelis Área: Produção Familiar e Mercado. .

EQUIPE TÉCNICA: Thiago de Angelis, Marcos A. Oliveira

DESER – Departamento de Estudos Sócio-econômicos Rurais Endereço: Rua Ubaldino do Amaral, 374 - Alto da Glória 80060-90 - Curitiba - PR Tel: (41) 3262-1842 - Fax: (41) 3362-3679 http://www.deser.org.br

Page 3: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

3

A CADEIA PRODUTIVA DA SOJA ORGÂNICA

Page 4: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

4

SUMÁRIO

1. Introdução ....................................................................................................................... 5

2. A Produção e o Mercado da Soja Convencional.......................................................... 6 2.1 - Produção mundial .......................................................................................................... 6 2.2 - Produção Brasileira........................................................................................................ 7

3. Características dos sistemas de produção de soja........................................................ 8

4. A importância da agricultura familiar para a produção de soja ............................... 9

5. Agricultura Orgânica ................................................................................................... 10 5.1 - Conjuntura Mundial ..................................................................................................... 12 5.2 - Conjuntura Nacional .................................................................................................... 12 5.3 - Produção Orgânica no Paraná...................................................................................... 14

6. A Soja Orgânica ............................................................................................................ 14 6.1 - A produção de Soja Orgânica no Paraná ..................................................................... 15 6.2 - Produtores italianos têm interesse em comprar soja orgânica do Paraná .................... 19 6.3 - O volume de área cultivada com soja orgânica no Rio Grande do Sul será ampliado 19 6.4 - Certificação .................................................................................................................. 20

7. O Setor Industrial e sua Concentração....................................................................... 22

8. Contatos ......................................................................................................................... 27

9. Referências Bibliográficas............................................................................................ 32

Page 5: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

5

1. Introdução

A soja pertence a família das leguminosas, originária da China, é atualmente cultivada

em numerosos países do mundo, servindo de alimento para milhões de pessoas, sobretudo na

Ásia oriental e, além disso, constituem matéria prima para um grande número de indústrias.

Cultivada principalmente nas regiões de clima temperado, a soja possui grãos de

coloração variável, que vai desde o branco amarelado até o roxo-escuro. De algumas

variedades extraem-se óleos comestíveis de sabor agradável e boas qualidades

dietéticas(baixa proporção de colesterol). Entre outros produtos alimentícios dela derivados

destacam-se a margarina e a farinha, de elevado teor protéico. Contudo, a soja entra também

na fabricação de sabão, velas, inceticidas, desinfetantes, adubo e ração para animais.

O Brasil ocupa a segunda colocação entre os produtores mundiais de soja, vindo após

os Estados Unidos. As mais importantes áreas de cultivo localizam-se nos Estados do Rio

Grande do Sul, Mato Grosso e Paraná.

Cultivada livre de produtos químicos como herbicidas, fungicidas e inseticidas, a soja

orgânica é um bom investimento tanto para grandes produtores, como para pequenos: a soja

orgânica é comercializada, em média, a U$250 a tonelada, enquanto a soja convencional fica

em torno de U$175 a tonelada.

O cultivo de soja para consumo humano é uma alternativa para pequenos agricultores.

O sistema orgânico proporciona ainda inúmeros benefícios para o meio ambiente.

A soja é um vegetal rico em proteínas, podendo substituir a carne na alimentação, e ao

mesmo tempo assegurar uma dieta livre de colesterol e gordura saturada. Isso, associado à

prática de exercícios físicos regulares, ajuda a controlar a obesidade e reduz o risco de muitas

doenças, como complicações cardiovasculares, cânceres, osteoporose e diabetes.

A soja orgânica, além de reter todas as propriedades da soja comum, acumula ainda o

benefício claro dos alimentos orgânicos. É mais sadia, é livre de agrotóxicos, não contamina o

meio ambiente e estimula a inclusão social, incentivando a produção familiar e viabilizando

uma receita mais justa ao pequeno produtor.

Page 6: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

6

2. A Produção e o Mercado da Soja Convencional

2.1 - Produção mundial

A produção mundial de soja atingiu na safra 2006/07 236,045 milhões de toneladas.

Os principais países produtores são os Estados Unidos com 86,77 milhões, o Brasil com 59,0

milhões e a Argentina com mais 47,2 milhões de toneladas, como demonstra a tabela 1

abaixo.

Tabela 1 - Produção Mundial de Soja Convencional, (Em 1.000 toneladas)

País 2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 2006/2007 Part. (%)

Argentina 35.500 33.000 39.000 40.500 47,200 20,00

Brasil 52.000 51.000 53.000 57.000 59.000 25,00

EUA 75.010 66.778 85.013 83.368 86.770 36,76

Mundo 196.774 186.512 215.742 219.933 233.495 100,00

Fonte: USDA. Elaboração: Deser.

Ainda segundo a tabela 1, o levantamento do USDA (Departamento de Agricultura

dos Estados Unidos) é de que a participação da produção de soja norte-americana na produção

mundial seja de 36,76%, seguida pela brasileira com participação de 25,00%, além da

Argentina, com 20,00%. Ou seja, esses três produtores (EUA, Brasil e Argentina) juntos

detêm cerca de 82% da produção mundial de soja.

É importante analisar, ainda segundo os dados do USDA, a estimativa de produção de

soja nos Estados Unidos para a safra 2007/2008, que demonstram uma queda de cerca de 18

% na produção da oleaginosa, ou seja, uma produção de 86,77 milhões de toneladas na safra

que acabou de terminar (2006/2007), para cerca de 71,27 milhões de toneladas na próxima

safra (2007/2008). Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho nos

Estados Unidos, devido as políticas do governo norte-americano de estimulo ao aumento da

quantidade de álcool misturado a gasolina.

Outro elemento importante para entender as tendências na produção de soja no mundo

é o comportamento da área plantada nesses países. De acordo com o Usda, a área plantada nos

Estados Unidos atingiu nessa safra 30,19 milhões de hectares, apenas 3% superior à área

colhida na safra 2000/2001. No Brasil a área aumentou 48,5% no mesmo período, atingindo

20,7 milhões de hectares na atual safra e, na Argentina, o aumento foi de 52,8%, com uma

área de 15,9 milhões de hectares.

Page 7: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

7

Tabela 2 – Área Colhida de Soja Convencional no Mundo, (Em 1.000 hectares)

País 2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 2006/2007

Argentina 12.600 14.000 14.400 15.200 15.900

Brasil 18.448 21.520 22.800 22.229 20.700

EUA 29.339 29.330 29.930 28.834 30.190

Mundo 82.309 88.219 93.059 92.541 93.925

Fonte: USDA. Elaboração: Deser.

Como veremos adiante, esse é um elemento importante para entender os ajustamentos

e os movimentos que atualmente estão se colocando para o mercado internacional de soja.

2.2 - Produção Brasileira Em 2006, segundo o IBGE, a produção de soja no Brasil chegou a 52,4 milhões de

toneladas, uma variação positiva de cerca de 60% em relação ao ano de 2000. O Centro-Oeste

é a principal região produtora, com quase 50% de participação no total produzido no país,

seguida pela região Sul com 33,7% de participação. As demais regiões não passam de 17% de

participação na produção Nacional.

Tabela 3 - Produção de Soja no Brasil, (Em toneladas)

Localidade 2000 2003 2005 2006 Part. (%)

Var. (%)

06/00

Centro-Oeste 15.446.445 23.495.779 28.652.564 25.911.228 49,39 67,75

Sul 12.496.969 21.301.418 12.544.106 17.721.001 33,78 41,80

Sudeste 2.628.939 4.044.384 4.640.903 4.102.075 7,82 56,04

Nordeste 2.063.859 2.525.363 3.959.940 3.467.918 6,61 68,03

Norte 184.614 552.496 1.384.561 1.262.418 2,41 583,81

Brasil 32.820.826 51.919.440 51.182.074 52.464.640 100,00 59,85

Fonte: IBGE/PAM. Elaboração: Deser.

É importante analisar a região Norte que, mesmo com uma participação na produção

nacional pequena, cerca de 2,4%, teve um aumento de 583,8% em sua produção, de 2000 para

2006. Obtendo na última safra uma produção de 1,2 milhões de toneladas, contra 184 mil

toneladas produzidas em 2000.

A região sul participa com 33,7% da produção nacional, atingindo em 2006, segundo a

tabela 3, uma produção de mais de 17 milhões de toneladas. Se analisarmos o período

histórico, vemos que entre 2000 e 2006 a região sul teve um aumento de mais de 41% em sua

produção, nesse período.

Page 8: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

8

O Sudeste, que teve uma participação de 7,8% na produção de soja em 2006, obteve

no período entre 2000 a 2006 uma variação positiva na produção de pouco mais de 56%,

tendo como seu maior produtor o estado de Minas Gerais.

O Nordeste participa com 6,61% na produção total de soja no Brasil, conseguindo um

aumento significante na produção no período entre 2000 e 2006, cerca de 68%.

Tabela 4 - Produção de Soja nos principais Estados brasileiros, (Em toneladas)

Ano Estado

2000 2003 2005 2006

Mato Grosso 8.774.470 12.965.983 17.761.444 15.594.221

Paraná 7.188.386 11.009.946 9.492.153 9.362.901

Rio Grande do Sul 4.783.895 9.579.297 2.444.540 7.559.291

Goiás 4.092.934 6.319.213 6.983.860 6.017.719

Mato Grosso do Sul 2.486.120 4.090.892 3.718.514 4.153.542

Minas Gerais 1.438.829 2.335.446 2.937.243 2.453.975

Bahia 1.508.115 1.555.500 2.401.872 1.991.400

São Paulo 1.190.110 1.708.938 1.703.660 1.648.100

Maranhão 454.781 660.078 996.909 931.142

Fonte: IBGE/PAM. Elaboração: Deser.

O Mato Grosso é o estado brasileiro onde se obteve a maior produção de soja em

2006, cerca 15,5 milhões de toneladas. Em seguida vem o estado do Paraná, com uma

produção de 9,3 milhões de toneladas, seguido pelo Rio Grande do Sul com 7,5 milhões de

toneladas.

É importante destacar que apenas o Rio Grande do Sul e o Mato Grosso do Sul não

registraram queda na produção entre 2005 e 2006. Os outros importantes estados produtores

de soja no Brasil registraram quedas abruptas em suas produções. Isso se deveu ao fato de os

preços da soja estarem em queda nesse período, o que fez com que os produtores migrassem

para outras culturas, ou mesmo deixassem de plantar soja.

3. Características dos sistemas de produção de soja Os sistemas de produção de soja predominantes no Brasil e no Paraná são os

tradicionais do ponto de vista da utilização de insumos da revolução verde, desde sementes,

adubos, herbicidas e praguicidas, quanto da utilização de uma quantidade relativamente

grande de máquinas e implementos agrícolas, tanto no que diz respeitos ao plantio, trados

culturais e colheita.

Page 9: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

9

Mesmo possuindo dois sistemas típicos, o plantio convencional e o plantio direto,

onde a semeadura é feita sob a palhada da cultura de inverno (trigo, azevém ou aveia), os

custo de produção, de acordo com a Seab/Deral, espelham a realidade da dependência do

agricultor à aquisição de insumos.

De acordo com este órgão, os custos fixos de produção estão ao redor dos 35% do

custo total, com os 65% restante sendo preenchidos pelos custos variáveis. Do custo total,

30% vem só da utilização de insumos (sementes, adubos, herbicidas e praguicidas) e 14%

vem apenas dos gastos com combustíveis, perfazendo um total de praticamente 45% do custo

total apenas nesses itens. Se somarmos a este os custos fixos com depreciação das máquinas e

equipamentos, que chegam a 14% do custo total, tem-se um percentual de aproximadamente

60% dos custos totais da produção oriundos ou dos insumos ou da utilização e manutenção de

equipamentos.

Por outro lado, o fato dessa cultura exigir um alto investimento em equipamentos e

mesmo em insumos que tradicionalmente não são encontrados dentro da propriedade, que

necessitam de recursos monetários para serem adquiridos, faz com que os agricultores sejam

levados à buscar esses recursos, via crédito, nas agências oficias bancárias.

Além disso, estes sistemas utilizam muitos agroquímicos da matriz da segunda

revolução industrial (o petróleo), que são elementos poluentes do meio-ambiente. Neste

sentido, podem solapar de forma considerável o ambiente, comprometendo tanto sua

produção, quanto a qualidade do ar, da água e do solo.

4. A importância da agricultura familiar para a produção de soja

Embora a produção da oleaginosa exija todos esses investimentos e apresente essas

características, na Região Sul do país existem 241,9 mil propriedades que produzem soja, das

quais 213 mil, ou 88%, são familiares. Do valor bruto da produção, pouco mais de 31% são

oriundos de propriedades familiares.

No Paraná, de acordo com o Censo Agropecuário 1995/96, existem 69,5 mil

propriedades que cultivavam soja, das quais 59 mil, ou 86%, são familiares. Em relação à

produção, há uma melhor distribuição, com este tipo de agricultor sendo responsável por

quase metade da produção estadual da oleaginosa (48% da produção total) contra 51% das

propriedades patronais.

Page 10: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

10

Verifica-se, assim, a relativa importância que tem esta cultura para o agricultor

familiar do Sul e do Estado do Paraná. Na realidade, este tipo de agricultor trabalha com a

combinação de uma diversidade de cultivos maior que o das propriedades tradicionais.

5. Agricultura Orgânica

Atualmente verificamos um aumento significativo no consumo brasileiro e mundial de

produtos orgânicos. Existem vários motivos que levam a isso. O fato de as pessoas estarem se

preocupando mais com a saúde, mudando radicalmente seus hábitos alimentares; além do fato

de uma mudança de consciência de consumo, ou seja, as pessoas estão preferindo consumir

produtos de empresas que respeitam o meio ambiente e que prezem o desenvolvimento

sustentável.

Atualmente, no mundo todo ocorre um debate amplo sobre as causas e conseqüências

do aquecimento global e outros atributos da Agroecologia estão sem valorizados, como, por

exemplo, o menor impacto ao meio ambiente e também o seu lado social, devido à geração de

empregos, uma vez que esse sistema é menos mecanizado.

A Agricultura Orgânica no Brasil tem apresentado uma taxa de crescimento médio

anual na casa dos 25%. São vários os fatores que tem contribuído para esse crescimento,

como por exemplo, o fortalecimento da consciência do consumidor; o interesse da imprensa

(claro que à partir da importância que o consumidor começa a dar para esse produtos); o

aumento da industrialização dos produtos orgânicos; a oferta de produtos orgânicos nas

grandes redes de supermercados (devido ao interesse do consumidor em cobrar desses

mercados que tais produtos tenham oferta);.

São três os pilares que sustentam a Agricultura Orgânica: econômico, ambiental e

social. O objetivo é desenvolver uma atividade economicamente viável, ambientalmente

correta e socialmente justa.

O aspecto econômico é importante para garantir renda ao homem do campo e pode ser

promovido por meio da diversificação e da agregação de valor. O segundo fator é o da

inclusão social, pois é um sistema pouco mecanizado e, por isso, demandador demão de obra.

O terceiro aspecto é o ambiental, tão em voga por causa da problemática causada pelo

aquecimento global, no entanto, muitas vezes é ignorado, em favor do aspecto econômico.

Na Agroecologia, o meio ambiente é respeitado, pois se tem cuidados especiais com a

manutenção da biodiversidade e também no uso do solo e da água. Modernamente, alguns

Page 11: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

11

estudiosos consideram ainda o aspecto Cultural, que é percebido por meio do saber

acumulado por gerações na prática da Agricultura. Enfim, é necessário que haja um equilíbrio

entre todos esses aspectos, visando garantir a sustentabilidade da Agricultura.

Além disso, é necessária uma política que de apoio a esse setor, pois não adianta

apenas boa vontade dos consumidores e produtores, pois as grandes empresas transnacionais

dominam o mercado agrícola brasileiro, e conseguem ofertar o produto tradicional a um preço

muito baixo do que os produtos orgânicos.

No ano de 2008, as atividades de fomento à agricultura orgânica beneficiaram

diretamente mais de 13 mil produtores, com ações voltadas ao uso de insumos e processos

apropriados para produção dos orgânicos. O projeto Bancos Comunitários de Sementes de

Adubos Verdes foi o carro-chefe do setor. Criado em 2007, já rendeu 16 toneladas de

sementes, distribuídas a mais de mil agricultores do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas

Gerais, Bahia, Pernambuco e Pará.

De agosto de 2006 a setembro de 2008, o Brasil exportou um total de 37 mil toneladas

em produtos orgânicos, que equivale a uma receita de US$ 26,7 milhões. Desse montante,

destacam-se produtos como a soja orgânica, com mais de 8 mil toneladas em vendas externas,

o açúcar, com quatro mil toneladas, e o café, com 209 toneladas. Juntos, registraram US$ 9,5

milhões em exportação. Os principais países de destino dos produtos foram Holanda, Suécia,

Estados Unidos, Inglaterra e França.

Pró-Orgânico

O programa de incentivo à produção orgânica, do Ministério da Agricultura, está

fundamentado em princípios agroecológicos que têm a preservação da vida como elemento

básico para os sistemas produtivos. Ele é reconhecido pelas vantagens ambientais e benefícios

para a saúde humana. O grande avanço do programa ocorreu com a publicação do Decreto

6.323/2007, que regulamenta os alimentos orgânicos e vai permitir a certificação dos

produtos.

O Pró-Orgânico envolve ações ligadas à educação, fomento ao uso de produtos e

processos apropriados, promoção do consumo responsável e organização da rede produtiva.

Nove estados da federação e o Distrito Federal já estão incorporados: Pará, Acre,

Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.

Page 12: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

12

5.1 - Conjuntura Mundial

No âmbito mundial, o mercado de orgânicos movimenta cerca de US$ 40 bilhões de

dólares. Estima-se que a área sob manejo orgânico no mundo é de 26,5 milhões de hectares.

Alguns países destacam-se na produção e comercialização de produtos orgânicos, são eles: os

Estados Unidos, a Alemanha, o Japão e o Reino Unido.

Aparentemente a Oceania se destaca no cenário mundial, no entanto a sua importância

é relativa. Ocorre que, aquele continente possui extensas áreas de pastagens sob manejo

orgânico, especialmente na Austrália. É o caso também da Argentina e mais recentemente do

Brasil que passou a considerar como orgânicas algumas áreas de pastagens da região centro-

oeste e de extrativismo da região norte do País.

5.2 - Conjuntura Nacional O setor de produtos orgânicos no Brasil tem crescido a uma taxa de 25% ao ano. Em

2006, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA -, o

Brasil registrava em torno de 20.000 produtores orgânicos e cerca de 6,5 milhões de hectares

de área cultivada. Desta área, 5,7 milhões de hectares são ocupados com explorações

extrativistas. O Brasil ocupa a quinta posição (em 2004) entre os países produtores e exporta

cerca de 70% do que produz. No entanto, a participação de produtos orgânicos na pauta do

agronegócio e da balança comercial brasileira ainda é pouco significativa.

Page 13: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

13

A região centro-oeste destaca-se por possuir áreas de pastagens sob manejo orgânico.

Em termos de produção, o principal Estado produtor é São Paulo, que produz frutas e

hortaliças, mas também cana-de-açúcar, que é transformada em açúcar mascavo e destinado

ao mercado externo. O nordeste brasileiro se destaca na produção de frutas tropicais irrigadas,

pequenos animais e mel. Na região norte predominam os sistemas agro-florestais e o

extrativismo de palmito e castanha.

Quando o critério analisado é o número de produtores por região, destaca-se o Sul do

país, onde o cultivo orgânico é realizado em pequenas propriedades, de caráter familiar e que

produzem uma grande diversidade de produtos, especialmente frutas e hortaliças. Nesta região

foi criado um sistema de certificação participativa chamado de REDE ECOVIDA, de baixo

custo e que em nível de região e aceito e dispõe de credibilidade.

Page 14: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

14

5.3 - Produção Orgânica no Paraná

No Paraná, a Agricultura Orgânica é desenvolvida predominantemente em pequenas

propriedades, de caráter familiar. No âmbito nacional, o Paraná se destaca em número de

produtores. São cerca de 4.800 agricultores orgânicos. Esta característica é em razão do

grande número de assentamentos rurais, reservas indígenas e comunidades de quilombolas,

que buscam aplicar os preceitos da Agroecologia.

Fonte: SEAB.

Outra característica dessa atividade no Paraná é o nível de organização, pois existem

inúmeras ONGs que atuam nesta reunidas em um Fórum Estadual. Além disso, recentemente

foi instituída a Câmara Setorial de Agricultura Orgânica do Paraná que, de forma paritária,

congrega entidades governamentais e da sociedade civil organizada, com o objetivo comum

de discutir e propor soluções aos gargalos que dificultam o desenvolvimento da Agricultura

Orgânica no Estado.

6. A Soja Orgânica Apesar do maior custo de produção se comparada à soja convencional, a produção de

soja orgânica vem crescendo a cada ano. Praticamente, toda a produção brasileira é exportada

para a Europa, devido ao maior poder aquisitivo da sua população e a falta da cultura nacional

em consumir produtos orgânicos.

A soja orgânica ainda não é uma commodity, pois não segue as normas de

comercialização da Bolsa de Chicago. Por se tratar de um produto com valor agregado e

possuir uma boa demanda, seu preço tem se mantido em uma média de até 50% maior que o

Page 15: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

15

da soja convencional, o que gera bons resultados aos produtores, apesar do custo de produção

ser cerca de 10% maior quando comparado ao cultivo tradicional.

A soja, tanto convencional como orgânica, é rica em proteínas, tornando-se muitas

vezes uma alternativa a outros alimentos, proporcionando uma alimentação isenta de

colesterol e gordura saturada. Assim, podem ser controladas: a obesidade, a incidência de

acidentes cardiovasculares, câncer, osteoporose e diabetes. Além dessas características, a soja

orgânica apresenta a vantagem de ser cultivada sem agrotóxicos, sendo, portanto, um produto

mais saudável.

Atualmente, os principais estados brasileiros produtores de soja orgânica são Paraná,

Rio Grande do Sul, São Paulo e Goiás. Para ser considerado orgânico, o produto precisa do

selo de garantia emitido por uma empresa certificadora. No Brasil, as principais certificadoras

são o Instituto Biodinâmico, a Associação de Agricultura Orgânica e o Ecocert.

A produção de soja orgânica é geralmente praticada por pequenos produtores. Contudo

esse é um setor que está cada vez mais atrativo, aumentando o nível tecnológico de cultivo

empregado.

O produtor interessado em cultivar a soja orgânica deve antes procurar um engenheiro

agrônomo, afim de que este o oriente quanto aos procedimentos a serem seguidos para o seu

plantio, pois, para cultivar a soja orgânica, é preciso seguir algumas normas, ser certificada

por órgãos competentes, pois do contrário, não pode ser vendida como um produto orgânico.

6.1 - A produção de Soja Orgânica no Paraná O estado do Paraná é o segundo maior produtor de soja do Brasil, com uma produção

estimada, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, de 10,6 milhões de

toneladas. Contudo, a Secretaria de Agricultura do Paraná estima uma produção em torno de

9,5 milhões de toneladas de soja. Esse baixo volume é conseqüência da seca sofrida em

algumas regiões produtoras de soja, regiões essas que também são importantes para a

produção de soja orgânica, como é a região do Sudoeste do Paraná.

Já em relação à produção de soja orgânica, o Paraná é um dos principais Estados

produtores do Brasil. Segundo a Secretaria de Agricultura do Paraná - SEAB, este Estado teve

na safra de 2003/04 uma produção de 9.295 toneladas de soja orgânica. Esse volume vem de

uma área de 4.523 hectares, envolvendo 625 agricultores, ver Tabela 5.

Segundo a Tabela 6, com todas as culturas orgânicas produzidas no Estado do Paraná,

a soja ocupa a maior área de produção, com 4.523 hectares. Essa área coloca o Estado do

Paraná em primeiro lugar em área dedicada a produção de soja orgânica, pois em termo de

Page 16: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

16

Brasil estimasse que a área de soja orgânica no ano de 2004 foi 9.000 hectares. Contudo, a

produção de hortaliças é a que mais ocupa mão de obra pela intensidade de sua produção.

Tabela 5: Produção de soja orgânica por Núcleo Regional no PARANÁ na Safra 2003/04

Núcleo Regional Área

(hectares) Produção

(toneladas) Nº de Produtores

Apucarana 82 209 58

Campo Mourão 73 198 5

Cascavel 277 540 13

Cornélio Procópio 273 505 15

Curitiba 60 150 50

Francisco Beltrão 1.462 2.489 326

Guarapuava 37 80 3

Irati 40 84 10

Ivaiporã 148 373 4

Jacarezinho 7 17 6

Londrina 300 720 9

Maringá - - -

Paranavaí - - -

Paranaguá - - -

Pato Branco 710 1.490 15

Ponta Grossa 713 1.780 47

Toledo 301 583 53

Umuarama 35 67 2

União da Vitória 5 10 9

Total 4.523 9.295 625Fonte: SEAB/DERAL; EMATER-PR

Quatro das dezesseis regiões produtoras produzem cerca de 70% da produção de soja

orgânica. As regionais, envolvendo os municípios da região de Francisco Beltrão, Ponta

Grossa, Pato Branco e Londrina são as que têm as maiores produções com 6.479 toneladas de

soja orgânica e com 387 agricultores envolvidos. Só a regional de Francisco Beltrão envolve

326 agricultores.

A produção de soja orgânica do Estado do Paraná vem em sua maioria da agricultura

familiar. As duas regionais paranaenses que têm a maior produção, que são as regionais de

Francisco Beltrão e Ponta Grossa com 2.489 e 1.780 toneladas de soja orgânica. Possuem

Page 17: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

17

uma média de 4,4 e 15 hectares de soja orgânica por unidade agrícola. Já as regionais de Pato

Branco e Londrina que produzem 1.490 e 720 toneladas de soja orgânica, possuem uma

média de 47 e 33 hectares de soja orgânica por unidade agrícola. Isso demonstra que a

produção de soja orgânica está sendo, principalmente, produzida em regiões onde a

agricultura familiar tem um grande peso, que é o caso do Sudoeste paranaense. Mas, também,

que no Estado do Paraná a produção de soja orgânica é em sua grande maioria produzida em

pequenas e médias áreas. Na regional de Francisco Beltrão, que é maior produtora de soja

orgânica do Paraná, o município que tem a maior área dedicada a essa produção é o município

de Capanema. Em Capanema estavam envolvidos na produção na safra de 2003/04, segundo a

SEAB/Deral, 142 agricultores em uma área de 648 hectares e uma produção de

aproximadamente 1.000 toneladas.

Segundo o Gráfico 1, o número de agricultores que são produtores orgânicos tem

aumentado constantemente. Entre a safra de 1996/97 e 2003/04 o número de agricultores

passou de 470 para 4.122.

Por sua grande importância na produção de soja orgânica, em Capanema estão

também situadas as quatro principais empresas (Gebana, Agrorganica, Tozan e Gama) que

comercializam e exportam a soja orgânica. As certificações realizadas na região são feitas

principalmente pela Ecocert e IMO.

Apesar da soja orgânica ter no Estado do Paraná uma importante participação, ela

corresponde hoje a somente cerca de 0,1% da área destinada à produção de soja que está em

aproximadamente 4 milhões de hectares.

Page 18: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

18

Tabela 6: - Agricultura Orgânica no Estado do Paraná na Safra 2003/04*

SAFRA 2003/04

PRODUTOS

ÁREA

(hectares)

PRODUÇÃO

(toneladas) Nº DE PRODUTORES

PRODUÇÃO VEGETAL

HORTALIÇAS 1.048 12.244 962

FRUTAS 994 7.752 582

CAFÉ 983 473 181

MANDIOCA 401 8.721 151

PLANTAS MEDICINAIS 269 419 182

ERVA MATE 248 663 51

FUMO 38 55 22

GIRASSOL 18 30 3

ALGODÃO 15 30 8

SOJA 4.523 9.295 625

MILHO 812 2.848 374

ARROZ 522 3.072 34

FEIJÃO 521 674 298

TRIGO 300 494 75

Sub- TOTAL 11.252 66.256 3.789

PRODUÇÃO ANIMAL

LEITE 1.076 2.111 137

SUÍNOS 638 53 17

PISCICULTURA 5 21 5

AVES 31.147 65 38

MEL 23.115 648 136

Sub-TOTAL 333

TOTAL 4.122Fonte:SEAB/DERAL; EMATER/PR *Não estão disponíveis os dados atualizados.

Page 19: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

19

6.2 - Produtores italianos têm interesse em comprar soja orgânica do Paraná Segundo a Agência Estadual de Notícias do Paraná, os consórcios e cooperativas de

produtores que produzem queijo e produtos orgânicos na região da Emilia Romagna, na Itália,

manifestaram ao secretário da Agricultura e do Abastecimento do Estado do Paraná, Valter

Bianchini, o interesse em comprar soja orgânica do Paraná. Inicialmente eles garantem a

compra de toda a soja orgânica produzida no Estado, cujo volume está em torno de 10 mil

toneladas anuais.

Essa manifestação aconteceu em Módena, onde Bianchini participa do Congresso

Mundial Sul Biológico promovido pela Federação Internacional de Movimentos de

Agricultura Orgânica (Ifoam). Ele foi procurado pelos produtores locais depois de fazer uma

palestra sobre a prática da Agricultura Orgânica no Paraná.

Segundo Bianchini, o mercado europeu está aderindo cada vez mais à compra de soja

orgânica, o que está impulsionando os preços do grão com reflexos no mercado interno. Para

se ter uma idéia, de 2006 para 2007, os preços da soja orgânica, pagos ao produtor subiram

em média 41%, passando de R$ 525,37 para R$ 743,14 a tonelada, informou o setor de

estatística do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agriculura. Para este

ano, a cotação da soja orgânica já está acima de R$ 900,00 a tonelada.

Na Europa, a soja orgânica está cotada a 50% acima do valor da soja convencional.

“Ela entra na ração de animais, cujo leite é industrializado pelas cooperativas e os consórcios

de indústrias que produzem os famosos queijos da região do Parma”, disse Bianchini.

Segundo o secretário, se os produtores paranaenses dobrarem a produção de soja orgânica,

terão comercialização garantida só na Itália.

Bianchini lembrou que foi firmado intercâmbio técnico para treinamento de dirigentes

das cooperativas da Agricultura Familiar e de empreendedores da agroindústria familiar para

capacitar os agricultores familiares paranaenses. O convênio foi feito com o apoio do Sebrae-

PR e visa a agregação de valor dos produtos agroindustriais do Paraná.

6.3 - O volume de área cultivada com soja orgânica no Rio Grande do Sul será ampliado

Na safra passada eram cem hectares, devendo passar neste ano para mais de duzentos.

O produto será cultivado nos Municípios de Santo Cristo, Porto Mauá, Giruá, Cândido Godói

e Campina das Missões. No mercado nacional para quem produz soja orgânico sem uso de

Page 20: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

20

agrotóxicos há um ano, a cotação do produto tem acréscimo de 13 por cento. Para

exportações, após dois anos, o incremento varia entre 25 a 35 por cento. Isso significa que no

caso de venda de soja para fora do País, a cotação do produto orgânico hoje poderia ficar

entre 50 e 55 reais a saca de sessenta quilos.

6.4 - Certificação Para ser considerado orgânico, o alimento deve conter um selo de garantia emitido por

uma empresa certificadora. Esse selo indica que o produto foi cultivado dentro dos mais

rigorosos critérios de controle de qualidade. Um produto certificado permite identificar a

região onde foi produzido, quais os produtores envolvidos na produção e saber se foram

seguidas as diretrizes internacionais de certificação orgânica. Normalmente, o custo da

certificação é pago pelo próprio produtor.

Ao optar pelo sistema orgânico, o produtor deve procurar orientação junto à

assistência técnica especializada ou à própria entidade certificadora. Produto certificado é

garantia de qualidade para o consumidor e garantia de remuneração diferenciada para o

produtor.

Veja abaixo, algumas empresas que trabalham com soja orgânica:

Certificadoras

• Instituto Biodinâmico: é o principal certificador brasileiro e o único

credenciado internacionalmente pela Federação Internacional dos Movimentos

de Agricultura Orgânica (Internacional Federation of Organic Agriculture

Movements - IFPOAM) e pelo DAP na Alemanha (entidade que credencia as

entidades certificadoras que operam com o sistema ISO 65).

• Associação de Agricultura Orgânica: Com sede em São Paulo, foi fundada em

maio de 1989 por um grupo de engenheiros agrônomos, produtores, jornalistas

e pesquisadores que já praticavam a agricultura orgânica. Organiza feira do

produtor e está começando a trabalhar com certificação.

Assistência técnica e comercialização:

No Paraná:

Page 21: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

21

• Agrorgânica Ltda. (certificado pelo IBD)

Av. Dambros e Piva, 848 - Centro - Marmeleiro / Paraná - CEP 85615-000

• Gama Comercial e Importadora

R: Rangel Pestana, 645 - Jardim Alvorada. CEP 86062-020 Londrina-PR.

Fone: (43) 3315-1200

• Naturalle Agromercantil Ltda. (certificado pelo IBD)

Praça Mal. Floriano Peixoto, 42 - sala 41 - Ed. Cathedral Center - Centro -

Ponta Grossa / Paraná - CEP 84010-680

• Tozan Alimentos Orgânicos Ltda

Rod. Br 376 Km 504, Distrito Industrial

Ponta Grossa - Pr

Cep: 84045-980

Fone:42-3228-1446

Contato: [email protected], [email protected]

• Emater -PR: Agricultores paranaenses que se interessarem pela agricultura

orgânica podem obter algumas informações sobre o sistema de cultivo com

seus técnicos.

Page 22: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

22

7. O Setor Industrial e sua Concentração

O processo de industrialização da soja inicia-se com o esmagamento e a extração do

óleo. Após passar por processos de secagem, para retirada de umidade e limpeza, o grão é

quebrado e prensado em pequenas lâminas, que, transformadas em massa, são lavadas com

solvente derivado de petróleo (hexano).

O produto fica impregnado com óleo e posteriormente é feita a separação, por

evaporação, passando ainda por um sistema de retirada de goma (degomagem) para alcançar o

estágio de óleo bruto. A massa restante, após secagem e tostagem, resulta no farelo. A goma

tanto pode ser utilizada para a produção de lecitina de soja quanto ser adicionada ao farelo.

Este é o método usado por praticamente todas as unidades de esmagamento em

atividade atualmente no Brasil, que nos anos 70 trocou a técnica de prensagem pelo uso do

solvente. Algumas fábricas utilizam um extrusor para aumentar a densidade da massa e

facilitar a extração do óleo. No início do processo industrial pode ser feita a retirada da casca

do grão, resultando num farelo de maior quantidade de proteína (hi-pro).

O destino do óleo é o refino, e o farelo vai para a alimentação animal, diretamente ou

através das misturas feitas pelas fábricas de ração. O aproveitamento médio do grão é de 79%

de farelo e 19,8% de óleo bruto.

A operação de esmagamento, a retirada do óleo e seu posterior refino merecem as

maiores atenções quando se fala do complexo soja, seja porque a maior parte do produto é

farelo ou porque a maior parte do óleo destina-se ao consumo doméstico de óleo refinado e à

exportação de óleo bruto.

A cadeia não pára nestes dois produtos. O óleo segue seu caminho, sendo

transformado em vários produtos, dos quais a margarina se coloca em maior destaque, embora

outros subprodutos de uso alimentar e químico façam parte da seqüência de aproveitamento

da soja.

De acordo com o BNDES, em 1997 a capacidade instalada da indústria esmagadora

era da ordem de 118 mil toneladas/dia. Em tese, seria capaz de processar uma safra de 35,4

milhões de toneladas, considerando-se o funcionamento em capacidade plena durante 300

dias no ano, o que pressupõe um fornecimento de matéria-prima firme e constante durante o

ano todo.

Em termos de soja, a realidade não é esta. Embora o volume esmagado tenha crescido

5% ao ano, nos últimos 10 anos, este acréscimo acompanhou a produção nacional. Como

Page 23: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

23

conseqüência, a taxa de processamento permanece, em média, em torno de 76% da safra

brasileira.

A posição brasileira no esmagamento mundial permaneceu nos últimos três anos

acima da sua média dos últimos 10 anos (16,5%). Em termos mundiais, os Estados Unidos

vêm diminuindo sua participação no esmagamento, pois detinha 37% em 1988 e caiu para

33,7% em 1997, enquanto a Argentina aumentou de 6,4% para 10,2% no mesmo período.

Boa parte das esmagadoras funciona com capacidade ociosa acima de 40%, iniciando

em março e parando em setembro, período de escoamento da safra, quando cerca de 79% de

toda a soja esmagada são processados. O restante, processado nos outros meses, pode

originar-se de três situações: soja precoce no mês de fevereiro (4% a 5% do esmagamento

total), drawback e estoques.

O motivo básico para o superdimensionamento das plantas industriais é a concorrência

pela compra da matéria-prima no início da safra e o escoamento a preço equivalente,

compatível com o preço de compra, já que a tendência dos preços é declinante do início para

o meio da safra. Além disso, a maioria das plantas são conversíveis para o processamento de

outras oleaginosas, não demandando maiores modificações de fluxo para esmagar soja, milho

ou girassol.

A indústria do esmagamento da soja é bastante concentrada, tanto em termos de

empresas quanto de localização.

Quanto à localização, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo respondem por 66% da

capacidade instalada de esmagamento de oleaginosas, sendo que o Paraná, sozinho, detém

30%. Os mesmos três estados respondem por 66% da capacidade instalada de refino e São

Paulo sozinho detêm 37% do total.

Em termos empresariais, houve mudanças importantes no panorama do setor nos

últimos três anos. No esmagamento, aumentou o domínio do setor por parte das trading

companies. Empresas de alimentos como Anderson Clayton e Sadia desfizeram-se de suas

esmagadoras, transferindo-as a empresas especializadas em commodities, respectivamente

Coinbra e ADM. O Grupo Hering foi outro que resolveu se concentrar no seu negócio

principal, vendendo a Ceval ao Grupo Bunge y Borg, da Argentina, que disputou esta compra

com a Cargill.

Anteriormente, através da Santista, o Grupo Bunge y Borg incorporou a Incobrasa,

maior esmagadora do Rio Grande do Sul e quarta maior do país, com 5% do mercado

nacional. Após adquirir a Ceval, no início de 1998, transferiu para ela toda a área de soja da

Page 24: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

24

Santista (aí incluída a Incobrasa), concentrando, então, 25% de toda a capacidade de

esmagamento brasileira. Há três anos sua participação era de apenas 6%.

Feita a reestruturação, o grupo colocou à venda todo o negócio de alimentos, no intuito

de concentrar sua atuação no setor de commodities e aproveitar a escala conseguida, pois a

Ceval passou a deter 15% da capacidade mundial de esmagamento de soja.

De acordo com o BNDES, nos últimos anos praticamente não houve mudanças no

número de empresas que atuam no processamento, mas a concentração aumentou. A

participação das quatro maiores indústrias esmagadoras subiu de 31% para 43% no período

1995/97, sendo que a participação das tradings, que era de 26%, subiu para 43% da

capacidade nominal.

Embora a capacidade instalada de esmagamento brasileira tenha aumentado 1,3% no

período, passando de 116.275 t/dia para 117.875 t/dia, o potencial das esmagadoras em

funcionamento diminuiu de 106.695 t/dia para 103.235 t/dia, em função da paralisação de

algumas esmagadoras no Paraná, em São Paulo, no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do

Sul, segundo informações da Abiove.

Nesse contexto, a participação das quatro maiores indústrias sobe para 46,5%, sendo

que, das quatro tradings (Ceval, ADM, Cargill e Coinbra), só a Ceval, a partir da transferência

da área de soja da Santista, passou a ser responsável por 28,3%.

As cooperativas detêm fatia importante no setor de esmagamento: cerca de 8,4% da

capacidade instalada. Não se tem notícia de investimentos na área por parte de cooperativas

que ainda não possuem unidade de esmagamento.

A concentração do setor reflete o movimento de todo o setor de alimentos, ou seja, da

especialização, com ênfase no negócio principal. Assim é que importantes empresas cujo foco

não é a commodity soja, mas sim a maior agregação de valor em seus produtos, retiraram-se

do esmagamento, concentrando-se nos negócios mais próximos do consumidor, como é o

caso da Sadia (carne) e da Gessy Lever (margarinas).

Por outro lado, o domínio das grandes tradings internacionais sobre o parque industrial

da soja e, conseqüentemente, sobre o comércio exterior do complexo parece determinado pela

competição internacional e pela logística da distribuição.

Sendo o Brasil, a Argentina e os Estados Unidos responsáveis por 82% do comércio

internacional do complexo soja e as Américas do Sul e do Norte dividindo em partes iguais

este mercado, é estratégico o posicionamento destas empresas nos países do Cone Sul.

Page 25: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

25

Além disso, a safra sul-americana é complementar à safra norte-americana, ou seja,

nos Estados Unidos colhe-se a partir de setembro e o pico da comercialização vai até

dezembro, enquanto no Cone Sul a colheita inicia-se em março e a comercialização vai até

junho. Em termos de farelo, a comercialização da produção sul-americana vai até a entrada

da produção dos Estados Unidos. Tamanha complementaridade explica por que as grandes

companhias não poderiam deixar de ter forte presença em nosso mercado, o que lhes permite

atender ao mercado mundial ao longo do ano todo, com grandes volumes e diluição de custos

fixos.

Outro fator de concentração é o tamanho das plantas. Na estratificação comumente

usada pelo setor, as de menor porte (34 unidades) respondem por 10% da capacidade de

esmagamento, enquanto as de maior porte respondem por 50,9% (32 plantas).

Excetuando-se a ADM, que comprou suas unidades da Sadia, as três outras líderes do

mercado concentram sua produção em grandes plantas. As quatro maiores operam 36

unidades, das quais 14 com capacidade acima de 1.500 t/dia, que, juntas, representam 13,7%

da capacidade total instalada no país.

Há nítida concentração de quantidade de plantas na região Sul (59,3%), notadamente

no Paraná e no Rio Grande do Sul. As unidades na região Centro-Oeste, por serem mais

novas, apresentam capacidade média maior: 1.041 t/dia, com 23 unidades, contra 992 t/dia na

região Sul, com 70 unidades.

A concentração na área do refino de óleos não é muito diferente do que ocorre no setor

de esmagamento, embora o número de empresas que trabalham com refino seja menor: 47

refinadoras contra 67 esmagadoras.

As quatro maiores refinadoras detêm 46% da capacidade instalada, parcela estável

entre 1995 e 1997. As tradings concentram 34,2%, participação menor que no setor de

esmagamento, e a Ceval sozinha detém 28,3%.

A presença da Sadia no refino explica a redução do domínio das tradings, posto que a

empresa só se desfez de suas unidades de esmagamento, permanecendo com as de refino.

No refino, as cooperativas participam com 3,8% da capacidade instalada, tendo,

portanto, menor peso nesta área do que na de esmagamento. Tal característica provavelmente

resulta das dificuldades de acesso das cooperativas ao consumidor final.

Para os agricultores, o grande problema é que enquanto esses continuarem sendo

simplesmente fornecedores de matéria-prima à essas indústrias. Já detendo um enorme poder

de formação dos preços pagos aos agricultores, a concentração descrita acima penas faz

Page 26: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

26

aumentar esse poder. Dessa forma, a concentração industrial é outro motivo para que os

agricultores busquem alternativa de produção à soja commodity.

No caso da produção de orgânicos, não pode ser deixado de lado o fato de qualquer

possibilidade de processamento da soja orgânica ser incompatível com o método químico de

extração do farelo, óleo e outros subprodutos como descrito acima. Assim, haverá a

necessidade, para esse processamento, da implantação de métodos de extração por prensagem.

O custo desse uma planta industrial com essa características é um problema para os

agricultores, pois inviabiliza a possibilidade do aluguel de alguma planta industrial já

existente para o processamento.

Isso pode dificultar qualquer iniciativa de processamento de soja por parte dos

agricultores, mesmo sabendo que atualmente todos os produtos alimentares industrializados

utilizam em sua composição a soja (geralmente para fazer a liga entre um elemento e outro,

por exemplo num embutido). Há indicações de que pelo menos 80% desses produtos tenham

soja na composição. Entretanto, com todos esses empecilhos, esse é um mercado ainda

distante dos agricultores.

Page 27: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

27

8. Contatos

As Cooperativas e Associações da Agricultura Familiar

As cooperativas e associações têm um papel fundamental na difusão e a viabilização da

produção orgânica de soja na Região Sul do Brasil. Contudo, nos últimos anos a produção

de soja orgânica teve uma diminuição na Região Sul do Brasil devido principalmente a

expansão e a liberação do uso de sementes transgênicas e o aparecimento da ferrugem

asiática nos plantios de soja. Apesar do Governo do Estado do Paraná ter tido um papel

fundamental para o não avanço dos transgênicos no estado, o que não aconteceu no Rio

Grande do Sul, a produção de soja orgânica tem tido uma retração na sua expansão pelo

aparecimento da ferrugem asiática.

As principais cooperativas e associações estão divididas entre os Estados do Rio Grande do

Sul e Paraná.

No Rio Grande do Sul e no Paraná estão atuando na organização da produção de soja as

cooperativas, ou seja, associações de agricultores familiares:

a) COTRIMAIO (Cooperativa Agropecuária Alto Uruguai Ltda.)

A Cotrimaio tem em sua base agricultores familiares. Segundo informações de 2004

da própria cooperativa dos 8.811 associados, cerca de 96% são agricultores com menos de

50 hectares.

Devido principalmente à expansão dos transgênicos no Rio Grande do Sul, a Cotrimaio

teve uma redução do número de produtores e área que estavam envolvidos na produção de

soja orgânica. Quando na safra de 2003/04 o número de produtores era entorno de 90 e

havia uma previsão de área de produção entorno de 380 hectares, na safra de 2004/05 o

número de produtores passou para cerca de 70 e a área foi reduzida em torno de 5%.

A Cotrimaio comercializa diretamente a sua produção no mercado interno e externo. Para a

exportação, a Cotrimaio dispõe de um armazém no Porto de Rio Grande, no estado do Rio

Grande do Sul.

Contato:

Cooperativa Agropecuária Alto Uruguai Ltda. – COTRIMAIO

Avenida Santa Rosa, 03

Page 28: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

28

CEP 98.910.000 Três de Maio-RS

Tel.: 0 – 55 3535 2005-05-08

Pagina web: www.cotrimaio.com.br

b) COOPVIDA (Cooperativa de Produtores de Alimentos Orgânicos em Economia

Solidária Ltda.)

A COOPVIDA está situada na região do Alto da Serra – RS e é composta por agricultores

familiares com uma produção diversificada e com programas de conservação de matas

ciliares e preservação de reservas florestais.

Na COOPVIDA estão cerca de 30 agricultores envolvidos na produção de soja orgânica e

em uma área de aproximadamente 300 hectares. A estimativa de produção para a safra de

2004/05 era de 780 toneladas.

A Comercialização da soja orgânica é praticamente direcionada para o mercado externo,

sendo também uma parte comercializada nas feiras e mercados locais.

No caso da soja, o escoamento é terceirizado até o porto onde ela é embarcada e exportada.

Os outros produtos são escoados pelos próprios agricultores.

Contato:

Cooperativa de Produtores de Alimentos Orgânicos em Economia Solidária Ltda. –

COOPVIDA

Av. Salvano da Cunha, 117 Centro

Cep: 99840-000

Sananduza – RS

Tel.: 0 – 54 343 1900

E-Mail: [email protected]

c) COOPAC (Cooperativa de Produção Agropecuária Constantina Ltda.)

A COOPAC tem a sua matriz na região de Constantina - RS, mas também possui filiais

nos municípios de São José das Missões - RS e Cachoeirinha – RS.

Page 29: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

29

A COOPAC tem na sua base os agricultores familiares e realiza com os mesmos trabalhos

ambientais em suas propriedades. Estes trabalhos que são desde reflorestamento até

trabalhos de retenção de encostas e conservação das matas ciliares.

Na produção de soja orgânica da COOPAC estão envolvidos aproximadamente 45 famílias

de agricultores em uma área de cerca de 400 hectares. A soja orgânica da COOPAC é

comercializada com empresas do Estado do Paraná.

Contato:

Cooperativa de Produção Agropecuária Constantina Ltda

Av. Avenida Presidente Vargas 623

Cx. Postal 26

Cep: 99680-000 Constantina-RS

Tel.: 0 – 54 363 1033

E-Mail: [email protected]

d) COOPER FAMILIAR (Cooperativa Agropecuária dos Agricultores Familiares de

Tenente Portela Cooper Familiar Ltda.)

Numa produção diversificada familiar, os agricultores associados a COOPER FAMILIAR

na produção de soja orgânica formam um grupo de aproximadamente 172 agricultores em

uma área de produção de 10.000 hectares.

A comercialização e beneficiamento é feito com uma empresa do Estado do Paraná.

Contato:

Cooperativa Agropecuária dos Agricultores Familiares de Tenente Portela Cooper Familiar

Ltda

Av. Santa Rosa, 1064

Cep: 98500-000 Tenente Portela – RS

Tel.: 0 – 55 3551-1544

E-Mail: [email protected]

Page 30: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

30

e) CRABI (Comissão Regional dos Atingidos por Barragens do Rio Iguaçu)

A CRABI é uma entidade que reuni mais de 2.000 famílias de agricultores desalojadas

com a construção do reservatório de Salto Caxias-PR no rio Iguaçu.

A CRABI desenvolve ações de cooperação entre os seus membros nas áreas de produção e

meio ambiente. 20% da área da CRABI é de reserva legal e 7% é de conservação de matas

ciliares.

A produção familiar é diversificada e orientada para a garantia do consumo interno.

A produção de soja orgânica envolve cerca de 50 famílias em uma área de

aproximadamente 480 hectares. Isso representa cerca de 10% da área dediada para a

produção de soja.

A comercialização e exportação é feita por empresas do Estado do Paraná. A exportação é

realizada pelo Porto de Paranaguá.

Contato:

Comissão Regional dos Atingidos por Barragens do Rio Iguaçu – CRABI

Av. Estados Unidos, 522

Jardim Nacional

Cep: 85516-390 Cascavel-PR

Tel.: 0 – 45 227 6788

E-Mail: [email protected]

f) Grupo de Produtores Familiares Agroecológicos - Sindicato dos Trabalhadores na

Agricultura Familiar de Capanema

O Grupo de Produtores Familiares Agroecológicos tem atuação na região do Sudoeste do

Paraná e envolvem cinco municípios (Capanema, Francisco Beltrão, Marmeleiro, Pérola

do Oeste e Planalto).

O Grupo de Produtores estão organizados em 150 famílias com produção de soja orgânica

e em uma área de 268 hectares. A produção em condições climáticas e fitosanitarias

normais pode chegar por volta de 780 toneladas.

Page 31: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

31

A comercialização é feita por diferentes empresas que atuam na região do sudoeste do

Estado do Paraná, mas que se concentram no município de Capanema. A soja exportada é

escoada pelo Porto de Paranaguá.

Contato:

Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar – SINTRAF

Rua Pe. Cirilo, 1030

Caixa Postal 48

Cep: 85760-000 Capanema-PR

Tel.: 0 – 46 552 14 82

Page 32: DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS – …20Explorat%F3rio... · 2009-04-02 · ... originária da China, ... Isso se deve ao fato do aumento da área e da produção de milho

32

9. Referências Bibliográficas 1) CONAB, Indicadores da Agropecuária, vários números, 1999 a 2008;

2) CboT (Chicago Board of Trade), cotações do complexo soja, 1976 a 2008, publicação

diária no Jornal Gazeta Mercantial;

3) BNDES, O setor de processamento de soja no Brasil, disponível em www.bndes.gov.br;

4) Jornal Gazeta Mercantil, várias edições, 2000 e 2008;

5) MDA/Incra, O Brasil redescoberto: novo retrato da agricultura familiar no Brasil, Brasília,

2000;

6) FUSION, Inventário da Soja Orgânica na Holanda, Amsterdã, 2001

http://www.cisoja.com.br/index.php?p=organica

7) Agência Estadual de Noticias do Paraná

8) Secretaria de Estado e Abastecimento do Paraná – SEAB

9) Secretaria da Agricultura Familiar – SAF

9) Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA

10) www.planetaorganico.com.br