da escola pÚblica paranaense 2008

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7 Cadernos PDE VOLUME II

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Page 1: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2008

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

Page 2: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

Autor: GILBERTO MILLE

Co-Autoria: GILMAR ARRUDA

NRE: LONDRINA

Colégio: COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR MALVINO

DE OLIVEIRA

Disciplina: HISTÓRIA

Ensino Médio: Turma de 2º ano

Disciplina de Relação Interdisciplinar: GEOGRAFIA

Disciplina de relação Interdisciplinar: SOCIOLOGIA

Conteúdo Estruturante: RELAÇÕES TRABALHO,

PODER E CULTURA

Conteúdo Específico: INDÚSTRIA E URBANIZAÇÃO NO

PARANÁ NO CONTEXTO DO CAPITALISMO

Título: O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DE

PORECATU, COTIDIANO DE MORADORES DA ZONA RURAL:

PATRIMÔNIO DE SÃO JOSÉ (1950-2000)

O texto se divide em duas partes que são: A primeira parte

representa a unidade temática sobre história local trazendo as leituras

desenvolvidas sobre a temática especifica O Processo de Colonização de

Porecatu, cotidiano de moradores da Zona Rural: Patrimônio de São José

(1950-2000), que foram feitas ao longo do primeiro ano do programa. Está

parte contém as reflexões teóricas historiográficas sobre a temática acima.

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Page 3: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

A segunda parte apresenta as propostas de atividades didáticas que

serão desenvolvidas com os alunos como parte da implementação do plano de

trabalho proposto anteriormente. Ao final das atividades será escrito um texto

contendo as avaliações tanto dos estudos realizados quanto da implementação

em sala de aula. Pretende-se desenvolver com os alunos as atividades que se

encontram no anexo: – entrevistas, decomposição de fotos e produção de

documentário.

Parte 1

1 – A TRANSFORMAÇÃO DO NORTE DO PARANÁ E A

URBANIZAÇÃO NO SÉCULO XX

A transformação do território situado ao norte do Estado do Paraná, na

primeira metade do século XX foi resultado de vários acontecimentos no

contexto histórico do início do século XX, entre os principais está a perspectiva

de lucros com o café, incentivado pelo controle da quantidade de pés de café

permitida plantar no Estado de São Paulo e a liberação das terras paranaense

ainda não explorada pela cafeicultura. A nova fronteira agrícola cafeeira, teve

na implantação das ferrovias um grande incentivo, tornando atrativas as terras

para os colonos de outras regiões, principalmente de São Paulo que

desejavam expandir suas propriedades. (CANCIAN, 1981).

O Norte do Paraná teve suas primeiras atividades cafeeiras no período

“[...] 1986-1906 correspondendo ao período em que o café, após rápida

expansão no oeste paulista, inicia sua marcha rumo ao Paraná”. (CANCIAN,

1981, p. 18). Neste período o café brasileiro estava enfrentando no mercado

internacional a concorrência do aumento da produção mundial, que causava

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Page 4: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

excesso de oferta e exigindo que o café ofertado devesse ser de melhor

qualidade, que poderia ser obtido através de plantações em terras virgens e de

boa qualidade encontradas no Norte do Paraná.

O crescimento da produção paranaense de café despertou do governo

iniciativas para “... a construção da ferrovia que ligaria o Norte do Paraná ao

porto de Paranaguá. No Norte, fazendeiros haviam construído a ligação da

área cafeeira com a estrada de ferro Sorocabana, cujos trilhos iam até

Ourinhos. [...] Em 1929, reconhecia o Estado como um grande produtor em

potencial, aplicando a taxa do mil-réis ouro, recentemente criada, na

construção dos armazéns reguladores em Paranaguá” (CANCIAN, 1981,p. 26).

No início dos anos de 1930, após a mudança de governo promovida

pelo movimento liderado por Getúlio Vargas, e decorrentes da crise mundial

iniciada em 1929, o governo federal decretou uma série de medidas para

conter a crise, entre elas estabelecia “ a compra e incineração do café retido, a

proibição do plantio por cinco anos, além da cobrança de um imposto em

espécie, de 20% a cada safra, podendo ser modificado nos anos seguintes.”

(idem, p.30).

Entre os anos de 1933 e 1943 houve um acordo de “ quotas de

equilíbrio do DNC – Departamento Nacional do Café, entre os Estados de São

Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia,

Pernambuco e Goiás, renovou a proibição do plantio em todo o território

nacional, bem como reconheceu o direito, aos estados produtores que ainda

não haviam atingindo o limite de 50.000.000 de pés, de o fazerem.” (idem, p.

31/32).

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Page 5: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

No período, enquanto o Estado de São Paulo reduzia o número de pés

de café plantados, o Paraná que não tinha os 50.000.000 de cafeeiros buscou

aumentar suas áreas plantadas. Em 1931 o interventor Mario Tourinho, facilitou

a aquisição de terras por famílias de agricultores com pouco poder aquisitivo

para incentivar a colonização, e diversificar o tamanho da propriedade e a

produção.

“ Nessa conjuntura, os cafeeiros plantados no

Paraná fuguram da condição monocultora em grandes

propriedades. Ao contrário, desenvolve a pequena e média

propriedade, onde o lavrador e sua família eram parte da

mão de obra da lavoura, o que diminuía o custo da

produção e deixava margem de lucro satisfatório para a

nova categoria de proprietários emergentes, pela redução

de emprego de assalariados. (...) O café não era produto

exclusivo: as: as pastagens, o algodão, as lavouras

temporárias, compunham um quadro diversificado da

agricultura paranaense.”(CANCIAN, 1981, p. 33).

Em 1942, geadas causaram grandes perdas nos cafezais resultado

uma queda da produção e baixando os estoques reguladores, o governo

passou do controle da produção para o incentivo de aumentar à produção onde

as terras do Paraná novamente “começa a atrair compradores de terras em

grande proporção e logo depois acelerar o plantio de cafeeiros.” (idem, p. 38)

A evolução dos acontecimentos com a proximidade do fim da Segunda

Guerra Mundial, a abertura de novos mercados criou uma concorrência entre

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Page 6: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

Estados Unidos e Europa para adquirir grandes volumes de café brasileiro,

novamente o café tem no mercado exportador um incentivo para aumentar

suas áreas plantadas.

2.1 – O SURGIMENTO DO MUNICÍPIO DE PORECATU

Porecatu tem uma área aproximada de 1.800 Km2. Na época da sua

constituição limitava com as terras de propriedade da Companhia

Melhoramentos Norte do Paraná, fazendo divisa com o Estado de São Paulo

através do rio Paranapanema. “[...] Estas terras pertenciam ao município de

Sertanópolis que hoje constituem as cidades de Porecatu, Florestopólis,

Alvorada do Sul e Centenário do Sul. [...] Em 1941 a Cia. Agrícola Lunardelli,

dirigida por Ricardo Lunardelli natural de Rio Claro- SP. Adquiriu 9.860

Alqueires de terras dos herdeiros de Dona Escolástica Melchert da Fonseca, na

cidade de Porecatu, por muito tempo denominada de cidade Lunardelli”

(OLIVEIRA, 1989, p. 61).

A família Lunardelli, grandes produtores de café em São Paulo,

expandiram suas atividades para o Paraná no final dos anos dos anos de 1930

com a aquisição de terras no município de Sertanópolis. Representava parte

das estratégias dos grandes fazendeiros paulistas em diversificar suas

atividades. Entre outras atividades que começavam a desenvolver foi a

atividades empresarial com a compra e venda de terras em várias localidades

do Paraná. Isto demonstra que a presença da família Lunardelli na região de

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Page 7: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

Porecatu não decorre da ação de “desbravadores e corajosos pioneiros” mas

sim como grandes proprietários de terra e interessados na especulação

imobiliária, em empresas de beneficiamento e comércio e exportação do café.

“A ‘Companhia Agrícola Lunardelli’, constituída em 1939, foi

sucedida pela ‘Sociedade Civil Agrícola Lunardelli Ltda’, em 1946, por

sua vez substituída pela ‘G. Lunardelli S/A. – Agricultura, Comércio,

Exportação’. Iniciando suas atividades agrícolas no Paraná, no

município de Sertanópolis, até 1941 Geremia Lunardelli havia plantado

400.000 pés de café, atingindo até 1946, 3 milhões de cafeeiros. As

fazendas foram se espalhando, chegando a tingir um total de 55 mil

alqueires, com fazendas nos municípios de Assai (Cachoeira, com 2,8

milhões de pés de café), Arapongas (Crisciuma, com 800 mil pés),

Apucarana (fazenda Barbacena, com 500 mil pés), Bela Vista do

Paraiso (Fazenda Cascata), atingindo até 1950, um total de 6,6 milhões

de cafeeiros.”(CANCIAN, 1981, p. 81)

As terras já sob domínio privado eram mais caras, porque devia ser

remunerada a preço do mercado paulista, que em Porecatu eram os antigos

proprietários fundiários (por que?): “Como forma de minimizar o adiantamento

do preço da terra a esses antigos proprietários de Porecatu, os Lunardelli e os

Lima Nogueira tornaram-se eles mesmos vendedores de parte das terras que

haviam adquirido” (OLIVEIRA, 1989. P. 62). Pratica comum entre os

investidores que deixavam uma reserva de área para valorizar ao longo do

tempo e desta forma fazer investimentos ou mesmo conseguir que o Estado

realizasse obras públicas de infra-estrutura junto às vilas que surgiram com o

tempo, como foi o caso de Porecatu.

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Page 8: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

O município de Porecatu foi criado em 08/12/1941 e teve a seguinte

evolução demográfica:

Tabela nº 01

Demografia

Ano 1950 1960 1970 1980 1991 1996 2000 2007

Fonte Censo Censo Censo Censo Censo Contagem Censo Contagem

Homens 13.996 11.402 11.714 10.874 8.486 - 7.860 -

Mulheres 11.255 9.191 10.563 10.590 8.616 - 8.021 -

Total 25.251 20.593 22.277 21.464 17.102 7.281 15.881 14.174

Fonte : IBGE e HTTP://pt.wikipedia.org/wiki/Porecatu

Considerando a tabela acima pode-se apontar a variação por

porcentagem da população conforme os períodos:

Tabela 2

PeríodoVariaçã

o1950 -

1960-18,45%

1960 -

1970+8,18%

1970 -

1980-3,65%

1980 -

1991-20,32%

1991 -

2000-7,14%

2000 - -10,74%

9

Page 9: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

2007

Fonte: IBGE - Resultado de censos, contagens e estimativas.

Fonte: HTTP://pt.wikipedia.org/wiki/Porecatu

Na década de 1940 e 1950 o município de Porecatú contava com uma

população na sua maior parte vivendo na zona rural e concentrava-se na

produção agrícola, especialmente café, cana de açúcar, pastagens e lavoura

de subistência. O quadro da estrutura fundiária e suas relações com a

produção deverão ser investigadas ao longo do trabalho a ser desenvolvido

junto aos alunos. Como estratégia para a produção de conhecimento da

realidade histórica da transformação sócio-econômica da região.

Aparentemente o surgimento do Patrimônio de São José foi

contemporâneo a própria criação do município, pois já no início da década

seguinte encontrou-se registros da existência da Capela de São José “ No dia

10/06/1951, foi batizado Naide, filho de José de Paula e Generosa Rosa

Barbosa, casados em Marília” (Livro de Registro de Batismo, no 02, pág. 30,

registro 291). O fato de ser o livro 02 e o número de registro 291, são

evidências da dinâmica populacional da localidade. Sua atividade econômica

inicial, parece ter sido o plantio de café cultivado em sítios e fazendas de porte

médio, consorciando culturas de subsistência. Vimos que os registros dos livros

existentes na Paróquia do município permitirão uma pesquisa produtiva por

parte dos alunos, propiciando inclusive a investigação sobre as origens dos

primeiros moradores da localidade. Uma atividade econômica importante, tem

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Page 10: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

sido a cana-de-açúcar teve seu plantio iniciado em 1943 e veio aumentando

sua área de cultivo ao longo dos anos passou na década de 1970 a ser a

principal atividade econômica, empregando um grande número de

trabalhadores locais como cortadores de cana temporários ou volantes que

eram agenciados por empreiteiros.

Segundo informações orais obtidas, preliminarmente, pode-se afirmar

que o patrimônio chegou a contar com máquina de beneficiamento de arroz;

açougue; escola; igreja; venda; campo de futebol, posto telefônico, etc. Sabe-

se que o número de moradores chegava em algumas centenas, sendo que

havia, na região, morando nos sitos e fazendas aproximadamente 3.000

pessoas que freqüentavam o patrimônio nos finais de semana e em épocas de

festas. Estas informações serão obtidas através de algumas das atividades

didáticas preparadas para a implementação em sala de aula.

Voltando ao passado no processo de colonização por empresas

imobiliárias particulares e pelo Estado, predominavam inicialmente as

pequenas e médias propriedades, mas a partir dos anos de 1960 uma nova

organização da terra em grandes propriedades com a prática da monocultura

canavieira. A produção passou a dominar o cenário rural construindo verdes

campos tomados pela cana dominando como principal cultura para fornecer

matéria prima para a empresa açucareira da família Lunardelli a Usina Central

do Paraná.

A estrutura social da do período que compreende da década de 1940 a

1960 estava organizada “[...] no cume situava-se a oligarquia de latifundiário

capitalista, como os fazendeiros do café e os usineiros de açúcar, ou

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Page 11: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

latifundiários” (NOVAIS, F. A. e MELLO, 574). Esta estrutura social hierárquica

que defina os papéis de cada um na produção rural, dificultava que o

trabalhador um dia pudesse ser dono da sua própria terra já que ganhavam

pouco e contavam com uma tecnologia rudimentar para produzir, sendo

capazes apenas ter o suficiente para subsistência familiar.

Nos anos de 1980, o Patrimônio ainda mantinha muitas das suas

atividades. Na foto nº 01, cedida por Regina Gomes da Silva, nascida e

moradora do local, que exerceu a função de telefonista do Posto telefônico,

provavelmente de dezembro de 1981, pode ser observado as crianças que

moravam no Patrimônio e um peão que trabalhava na região.

Foto nº 01

Foto da rua principal do Patrimônio São José do mês de dezembro de

1981, Fotocedida por Regina Gomes da Silva, nascida e moradora do local.

A foto acima da família REGINA mostra alguns aspectos do Patrimônio

São José que ainda permanecia bastante habitado, na década de 1980 por

ainda haver plantações de café. Esta afirmação se baseia no fato de que pode

ser observado as margens da estrada, as plantações de árvores de Grevilha,

usadas como corta vento, também alguns cafeeiros. Vê-se também a Igreja

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Page 12: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

com o sino na torre para chamar as famílias para os encontros de domingo;

várias crianças apontando que ali moravam algumas famílias. O espaço mostra

o cotidiano de área rural com algumas facilidades urbanas como luz elétrica,

iluminação na rua, veículo estacionado.

Atualmente o patrimônio praticamente desapareceu, restando como

testemunho da sua existência passada alguns edifícios em ruínas ou fotos da

tranformação agrícola, que provavelmente causou o seu fim. É provável que

uma das causas do desaparecimento do patrimônio esteja ligada ao processo

de erradicação dos cafezais recomendados pelo IBC, ainda nos de 1960, e a

troca de lavouras permanentes para temporárias (mecanizadas), o abandono

das pessoas do patrimônio e das fazendas a sua volta levou ao

desaparecimento da comunidade.

.

2.2 - DESAPARECIMENTO DO PATRIMÔNIO

A década de 1970 foi marcada pela erradicação dos cafezais, a troca

da cultura permanente por canaviais ou mesmo lavouras mecanizadas,

causando uma fuga de moradores das propriedades locais em direção a cidade

de Porecatu ou mesmo para cidades maiores, com um continuo processo de

diminuição populacional. Segundo Miguel Arturo C. Oliveira “[...] em 1979 a

quantidade de trabalhadores morando nas colônias será pelo menos 80%

menor que a existente no começo da década de cinqüenta, agravando ainda

mais a escassez de trabalhadores residentes dentro das propriedades”(p. 109).

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Page 13: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

A localidade do Patrimônio São José não mais existe, a fuga dos

colonos com suas famílias que lavravam a terra para o cultivo não moram mais

na região devido à erradicação dos cafezais ou mesmo a busca do conforto

das cidades. Hoje existem poucos moradores na zona rural, devido o uso de

mão-de-obra da população da periferia urbana, conhecida como bóia-fria. O

que pode ainda ser observado em algumas fazendas é a permanências de uma

ou duas famílias como caseiros, campeiros ou administradores da propriedade

As construções também foram destruídas ou depredadas pelo tempo

ou por atos de vandalismo, uma marca do abandono da área que compõe o

antigo Patrimônio, como pode ser observado nas fotos 02 e 03.

Foto nº 02

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Page 14: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

Escola do Patrimônio São José – 18/11/2008 – Foto: Gilberto Mille

Foto nº 03

Igreja do Patrimônio São José – 18/11/2008 – Foto: Gilberto Mille

A fotografia da Escola e da Igreja do Patrimônio São José mostra o

estado de abandono dos edíficios, o que também é observado em todas as

outras construções, das quais ainda são encontrados vestígios, que estão

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Page 15: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

abandonadas entre a natureza, com o mato encobrindo tudo ou a ação de

depredação. A escola já sem telhado com mato por todos os lados, a venda e a

casa do vendeiro onde funcionava até mesmo um posto telefônico foi demolida

e as sua marcas pelo chão foi encoberta pelo mato deixando a vista apenas

uma antigo banheiro na parte externa.

Por outro lado, existem nas fotografias as evidências da estrutura

urbana que havia na localidade, como a rede elétrica com seus postes sem

fios, mas com as arandelas demonstrando que havia iluminação pública local,

como pode ser visto na foto n. 04.

Foto 04

Patrimônio São José, Rua Principal. 18.11.2008. foto: Gilberto Mille.

Mudanças econômicas externas à região foram as responsáveis pelo

surgimento da localidade, e também pelo seu desaparecimento. Onde estarão

as pessoas que vieram para a localidade, nasceram, cresceram, foram

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Page 16: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

batizadas, casaram no Patrimônio? Habitariam as cidades próximas ou mesmo

distantes para onde foram na busca da sobrevivência? Quantos não estão na

periferia das cidades trabalhando como bóia-fria?

A fotografia seguinte, do final da década de 1990, documenta o local

nos arredores da antiga a venda do Patrimônio, local onde tinha plantações de

café e neste momento passava a ter sua área cultivada com trigo e outros

cereais mecanizados. Atualmente, somente o cultivo de cana-de-açúcar e

pastagens.

Foto nº 05

Foto de colheita trigo no mês de agosto de 1998, vizinhança do

Patrimônio São José- Foto cedida por Regina Gomes da Silva, nascida e

moradora do Patrimônio São José,

O que podemos observar e entender ao analisar fotos, mapas, relatos

de moradores que ocorreu um processo de colonização e expansão econômica

que deixou marcas, mas estas estão encobertas. Alguns poucos registros

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Page 17: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

esparsos de domínio familiar que fizeram a história local, como a foto acima; os

livros de registro da paróquia; fotos aéreas, como abaixo; memória; etc. Estes

documentos demonstram a vida e a existência de milhares de pessoas que

tiveram sua importância ao modificar a natureza para plantar ao longo do

tempo culturas diferentes (café, lavouras de subsistência, soja, trigo, milho,

cana e pastagens), tiveram suas vidas e práticas agrárias influenciadas

conforme as demandas econômicas ao longo do tempo.

Recontar a história das pessoas que tiveram sua vida ligada a uma

localidade que já desapareceu, e com o passar dos anos buscaram outros

espaços para sobreviver tem a dificuldade dos documentos a ser reunidos para

narrar a história desta população, são os objetivos deste plano de trabalho.

Foto 06

Fonte: Fotos aéreas do IBC/1970 – CDPH

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Page 18: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

Foto 07

Fonte : Fotos aéreas do IBC/1970 – CDPH

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

CASAGRANDE, I. O trabalhador rural volante (“bóia-fria”) na região de Maringá, nos anos

70. in: DIAS, Reginaldo B. & GONÇALVES, José Henrique R. Maringá e o Norte

do Paraná – estudos de história regional. Maringá-Pr.: Ed. Da Universidade

Estadual de Maringá, 2001. p. 221 a 230.

FRESCA, Tânia Maria. A rede urbana do norte do Paraná. Londrina-Pr.: Eduel, 2004.

LOVATO, Leda A. De como o que o café deu o café tomou: tragédia dos sitiantes no

norte do Paraná. Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de

Sociologia da FFLCH da Universidade de São Paulo. 1992.

19

Page 19: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

NOVAIS, F. A. e MELLO, J. M. C. Capitalismo Tardio e Sociabilidade Moderna in.: (org.)

SCHWARCZ, L. M. História da vida privada no Brasil: contrastes da intimidade

contemporânea. São Paulo, Cia. das Letras, 1998.

OLIVEIRA, Miguel A. C. De trabalhador volante a morador de periferia: o cortador de

cana de Porecatu-Paraná (1945-1985). Dissertação de Mestrado. São Paulo, 1989.

PRIORI, Ângelo Ap. Legislação Social e Sindicalismo: um estudo sobre os trabalhadores

rurais do Norte do Paraná (1956-1963). Dissertação de Mestrado em História.

UNESP, Assis-SP, 1994.

CANCIAN, Nadir Apparecida. Cafeicultura paranaense-1900/1970. Curitiba: GRAFIPAR,

1981.

IBGE - Resultado de censos, contagens e estimativas.

Fonte: HTTP://pt.wikipedia.org/wiki/Porecatu

Fotos aéreas do IBC/1970 – CDPH

Fotos cedidas pela ex-moradora do Patrimônio São José – Regina Gomes da

Silva

PARTE 2

As atividades didáticas proposta a seguir vão servir para preparar e

introduzir um aprendizado dos alunos para realizar a tarefa de fazer uma

pesquisa e realizar um documentário.

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Page 20: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

1 – As atividades a serem realizadas pelos alunos são análise de

textos historiográfico para tomar conhecimento da história oral; história local;

análise de fotografias; etc.

1.1 – O documentário a ser produzido pelos alunos com

acompanhamento do professor terá como objetivo o

levantamento do patrimônio; a transformação da região;

uma discussão sobre histórias soterradas; uma discussão

sobre o fazer do historiador? Uma discussão sobre o que é

“fonte histórica”?

2– Aos alunos participaram ativamente do processo de produção do

documentário.

3 – Aos alunos vão desempenhar leituras, pesquisas, reunir documentos e

organizar a produção do roteiro, tudo sobre a supervisão do professor.

ATIVIDADE

A partir da leitura e discussão do texto , caracterize:

• A busca de novas terras para cafeicultura no Brasil;

• Os principais meios de transporte brasileiro da época;

• A crise do mercado mundial de 1929;

• O que ocorreu com o Brasil em relação a produção

de café, durante a Segunda Guerra mundial;

21

Page 21: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

• Descreva após leitura do texto, o norte do Paraná

como frente pioneira do café.

ATIVIDADE

1. Entreviste alguém que foi morador do Patrimônio São José

segundo o roteiro de sugestões de perguntas.

• Que atividades desempenhavam na localidade?

• Qual o nome da propriedade e do proprietário da fazenda?

• Quais as atividades agrícolas havia na propriedade?

• Sugerir que o entrevistado faça um relato como era a vida na

roça.

• Descreva as lembranças do Patrimônio São José, suas

casas, as atividades, diversões existente no local.

22

Page 22: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

foto nº 01 de março de1984. Foto cedida por Regina Gomes da Silva.

ATIVIDADE:

Decompor a fotografia em unidades de significados:

- Local e data;

- Tema central;

- Pessoas retratadas;

- Objetos retratados;

- Atribuições dos personagens;

- Atribuições da paisagem;

- Descrever os conteúdos, fazer observações e tirar conclusões,

da fotografia acima.23

Page 23: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

ATIVIDADE: “PRODUÇÃO DO DOCUMENTÁRIO’

A produção da sala de aula deve ocorrer através da divisão de tarefas

para os grupos organizados, segundo algumas habilidades a ser reconhecidas

nas equipes, são as seguintes tarefas:

Equipe nº 01: fazer as leituras de textos (produção do documentário, e

pesquisa do tema do documentário) para o embasamento da sala e apresentar

para os demais de forma sintética;

Equipe nº 02: Reunir informações, escolher o tema para escrever o

roteiro do documentário;

Equipe nº 03: Fazer as filmagens, buscar cenas ou fotografias, levantar

locais de acordo com o roteiro;

Equipe nº 04: Fazer a edição do filme, observando a trilha sonora,

musical e a narração se for o caso.

24

Page 24: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

PS: Todos os alunos e suas equipes devem acompanhar o processo

de cada equipe para participar ativamente da produção, a orientação das

equipes fica a cargo do professor e de membros da equipe docente que possa

ajudar em tarefas específicas como o roteiro, uso da informática para edição,

etc.

CRONOGRAMA DAS AULAS PARA PRODUÇÃO DO DOCUMENTÁRIO

Segunda quinzena de FEVEREIRO e Primeira quinzena de MARÇO (6 aulas):

LEITURA E ANALISE DE FOTOGRAFIAS, FILMES E MAPAS, etc. (para tomar contatos e

observar os detalhes que devem ficar atentos);

Segunda quinzena de MARÇO (2 aulas): DIVISÃO DAS EQUIPES;

Mês de ABRIL (10 aulas): TRABALHO DE CAMPO, DEBATES, REUNIÕES DAS

EQUIPES, REUNIREM EQUIPAMENTOS (em contra-turno sempre que necessário);

Mês de MAIO (10 aulas): PRODUÇÃO DO MATERIAL (textos, filmagens,

fotografias);

25

Page 25: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008

Mês de JUNHO (10 aulas): EDIÇÃO DO DOCUMENTÁRIO, E ESPAÇO PARA

OUTRAS TOMADAS QUE ACASO SEJA NECESÁRIAS;

Primeira quinzena de JULHO (3 aulas): MOMENTO DA APRESENTAÇÃO DA

TURMA PARA ESCOLA.

26