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Ortorexia Nervosa
Curso de Obesidade e Transtornos Alimentares
Médico Psiquiatra; Colaborador do GOTA e Colaborador do Grupo de Estudos do Déficit de Atenção
Bruno Nazar
Introdução
DSM IV: “Graves perturbações do comportamento alimentar."
Fairburn e Cooper, 2007: “Um caso é constituído quando a capacidade em se alimentar é suficientemente grave”."
Fairburn e Walsh, 2002: “Um distúrbio persistente no comportamento alimentar ou na capacidade em controlar o peso, que prejudica significativamente a saúde física ou o funcionamento psicológico."
Caso Clínico
• Carolina, 20 anos, professora de Ioga,
massoterapeuta e vegetariana
• Peso= 54 / Altura=1,70 / IMC = 19,2
• Comia alimentos com açúcar e
carboidratos, principalmente à noite
• Após apresentar problemas em sua vida
pessoal começou a apresentar sintomas
gastrointestinais como dores abdominais
e constipação.
• “O problema é que não estou seguindo
minha dieta direito”
Caso Clínico
• Decidiu abandonar o vegetarianismo e
aderiu ao crudivorismo. Gostou deste
sistema alimentar por ser baseado na
ingestão de sementes, frutas, vegetais e
brotos, além de dar muita ênfase em
“limpar o corpo de impurezas e toxinas” para evitar ou tratar doenças. O sistema
também prega que o jejum é a melhor
maneira de “purificar” o corpo.
• Iniciou a perda de peso e chegou aos
49 kg.
• Mesmo assim, manteve os sintomas
intestinais.
Caso Clínico
• Decidiu que deveria “entrar de cabeça” no crudivorismo e aderiu a uma
linha mais radical deste movimento chamada “Higiene Natural”.
• Começou a ler sobre os livros deste grupo e ficou muito empolgada com o
livro “Jejuando para salvar a sua vida”, especialmente com o capítulo
“Jejuando para ganhar peso”, no qual era descrito como o jejum
facilitava a digestão e fortalecia a absorção de nutrientes, facilitando o
ganho de peso pós-jejum....
• Perdeu mais peso e chegou aos 40kg. Atingiu o IMC de 14,2 kg/m2 e teve
parada menstrual.
• Após sofrer pressão de familiares e amigos, desistiu do crudivorismo e
começou a comer muita junk food e fazer muita musculação.
Caso Clínico
• Entretanto, após pouco tempo
começou a sentir-se suja,
facilmente cansada e com os
mesmos sintomas abdominais.
• Decidiu aderir ao movimento
alimentar “Brilho e Energia”, que
focava numa “limpeza do intestino
delgado”, promovendo uma
desintoxicação corporal, através
da alternância entre: 1 semana de
frutas-jejum-crudivorismo
• Voltou a perder peso e chegou
aos 45kg.
Caso Clínico
• Após sofrer nova pressão familiar, desistiu desta dieta e recuperou o peso.
Após vários ciclos onde seguia novas teorias nutricionais-perdia peso-
recuperava peso, foi internada numa unidade de transtornos alimentares
• Foi diagnosticada com anorexia nervosa, mas insistia que não tinha medo
de engordar. Foi posteriormente diagnosticada com ortorexia nervosa
• Após cinco anos do início dos sintomas, a paciente faleceu por
complicações da desnutrição...
• http://www.beyondveg.com/finn-k/bio/finn-k-bio-1a.shtml
Ortorexia Nervosa
• Steven Bratman, 1997
• Nomenclatura:
– Ortho = correto,puro ou
verdadeiro
– Orexis = apetite
– Sd do Gourmet
• Necessidade de diferenciar da AN
• Fixação patológica em comer os
alimentos corretos.
Ortorexia Nervosa
• Não consta nos sistemas classificatórios
• Critérios propostos para ON: (Bratman 1997)
– Você passa mais de 3 horas por dia pensando em alimentação saudável?
– Você se preocupa mais com a qualidade e os benefícios dos alimentos do que
com o prazer que eles vão lhe proporcionar?
– A sua qualidade de vida tem diminuído a medida que a “qualidade” da sua
alimentação tem aumentado?
– Você se sente culpado quando se afasta das suas orientações e crenças
dietético - nutricionais?
– A sua maneira de se alimentar o isola de fazê-lo com outras pessoas?
– Você planeja tudo o que vai comer antecipadamente?
Ortorexia Nervosa
• Evolução:
– Inicialmente: Desejo de melhorar a alimentação para melhorar
sintomas/doenças crônicas ou melhorar a saúde geral.
– Prática: requer tenacidade e persistência para a adoção rígida de
hábitos alimentares que diferem daqueles do ambiente e aprendidos na
infância.
– Começam os sentimentos de superioridade em relação ao que comem
junk-food. Com o tempo, o tipo, a quantidade, a constituição e o modo
de preparo dos alimentos ocupam um espaço cada vez maior do dia do
ortorético.
– Finalmente: a alimentação começa a receber conotações
pseudoespirituais e as digressões dietéticas passam a ser vivenciadas
como graves pecados, passíveis de penitência.
Ortorexia Nervosa
• Epidemiologia:
– Afeta igualmente ambos os gêneros
– Incidência na população geral: 0,5-1% (Calañas 2003)
– Prevalência em residentes de medicina: sintomas sugestivos em 45,5%
(Tülay 2007)
– Prevalência em dieticians: 12,8% com > 4 sintomas sugestivos
– Prevalência em estudantes de nutrição vs. controles: (Korinth 2009)
• estudantes de nutrição apresentam hábitos restritivos para controle
de peso, diminuem com a evolução do curso
• estudantes de nutrição adotam alimentação mais saudável sem
pensarem obsessivamente nesta.
Ortorexia Nervosa
• Diagnóstico Diferencial:
– Transtorno Delirante, subtipo somático: ON não apresenta
idéias delirantes sobre a alimentação mas idéias sobrevaloradas
– Transtorno Obsessivo-Compulsivo: ON apresenta idéias
obsessivas sobre o controle da alimentação apenas.
– Anorexia Nervosa, subtipo restritiva: ON não apresenta medo
mórbido de engordar mas medo de alimentar-se incorretamente
e de ficar intoxicado com alimentação imprópria. A preocupação
não é com a quantidade de alimento mas com a qualidade
deste.
Ortorexia Nervosa
• Tratamento:
– Internação x ambulatorial
– Avaliação clínica: a maioria dos pacientes apresenta desnutrição
– Psicoterapia
– Farmacoterapia: adesão ainda mais difícil pois a medicação,
assim como os suplementos nutricionais, é percebida como
sendo algo “tóxico”, “impuro” e “artificial”.
Vigorexia
Curso de Obesidade e Transtornos Alimentares
Médico Psiquiatra; Colaborador do GOTA e Colaborador do Grupo de Estudos do Déficit de Atenção
Bruno Nazar
• FC25: Tenho 25 anos pratico musculaçao 3 vezes por semana e
pratico nataçao...meu objetivo nao é ficar mto grande nem nada disso...e
sim ganhar um corpo mais desenhado. Faço musculaçao ha alguns anos
com longo intervalos entre eles...caí naquele negocio...cresci mas nao
passo do q sou agora....
Vigorexia
• FC25: Queria tomar alguma coisa
só pra ficar um pouco maior...pra
deixar de ter aquele corpo de
moleque forte (mas homem fraco)
pra ter um corpo mais
equilibrado...com cara de mais
atletico.
• FC25: Tenho 1,85 e peso
78...minhas medidas principais
são: 36 de braço, 103 de peito, 32
de panturrilha. Minha alimentação
é normal, procuro dar enfase nos
carboidratos proteinas.
• FC25: Então o q eu devo fazer?
• TOPPITBULL: A pesar de não entender realmente o que vc quer. Faz
natação, mas quer ficar magriça igual Cesar Cielo ou maromba Rebeca
Gusmão? A base é a alimentação em primeiro lugar,com uma dieta dentro
do seu perfil, visando o seu objetivo. E em segundo plano, um treino
bacana acompanhado de uma boa alimentação. Whey, BCAA, Glutamina e
se quzer uns AE,sssss.
Vai postando ae suas duvidas que vamos entendendo o que vc quer. De
uma coisa posso te falar com toda certeza, Com as suas medidas e peso,
vc não vai ficar grandão asim como vc disse que não quer ficar. A não ser
que realmente queira, e que isso vai demorar, vai e muito,,,,
• FC25: Já tomei whey, bcaa, e essas coisas... To desistindo que vejo pouco
resultado. Fiquei com vergonha de dizer mas queria ciclar, mas tenho medo
e não sei como. E se der efeitos colaterais?
• TOPPITBULL: Vai nesse ciclo:
1-8 500mg dura
1-8 250mg deca
1-5 50mg/dia dianabol
Não desanima. Se chegar ao fundo do poço, só existe uma saida: PARA
CIMA, então vamos crescer!!!!
Vigorexia
• Nomenclatura:
Anorexia Nervosa reversa (Pope, 1993)
Dismorfia muscular (Pope, 1997)
Vigorexia, Bigorexia, Overtraining, Sd de Adônis
• Epidemiologia:
– Praticantes de fisiculturismo: 10-56%
– Competidores de fisiculturismo: 84%
– Pacientes com Transtorno Dismórfico Corporal: 9,3%
Vigorexia
• Distorção da imagem corporal:
– Relativamente comuns, menor insatisfação (Cohane 2001)
• Perceber-se mais gordo
• Perceber-se “menor”
• Perceber-se “mais fraco”
• Perceber-se “menos musculoso”
• Ideal de beleza masculino:
– Influência da mídia: Exposição à imagens de homens
musculosos gerando insatisfação corporal (Leit 2001)
– Associação em homens que buscam o ideal de “muscularidade” entre a muscularidade e a masculinidade (Mussap 2008)
– Pressão social para obtenção de “muscularidade”
Vigorexia
• Insatisfação corporal em homens: (Cash 1997)
– 1972: 15%
– 1997: 47%
• Percepção muscular em homens (Pope, 2000):
– Adultos jovens dos EUA, França e Áustria
– Corpo ideal: 13kg mais forte
– Mulheres iriam escolher um homem: 14kg mais musculoso
– Entretanto, quando entrevistadas, mulheres escolheram homens
com corpos na média, sem adição muscular...
Vigorexia
• Critérios propostos para Dismorfia Muscular: (Pope 1997)
1) Preocupação excessiva que seu corpo não seja suficientemente
forte e/ou musculoso
2) Esta preocupação causa sofrimento e prejuízo significativo
expresso por ao menos 2:
1) Diminui ou deixa de participar de atividades para manter-se numa rotina rígida
de exercícios ou dieta
2) Evita exposição corporal ou sente intenso mal estar quando deve fazê-lo
3) Performance social ou no trabalho é prejudicada devido às presumidas
deficiências corporais
4) Continua a exercitar-se, fazer dieta ou utilizar substâncias para melhorar seu
desempenho a despeito de efeitos colaterais ou consequências psicológicas
3) O foco primário das preocupações é em ser muito pequeno ou
pouco musculoso e não em ser gordo como na anorexia nervosa,
ou em outros aspectos da aparência, como no transtorno dismórfico
corporal
Vigorexia
Características comuns da Vigorexia e da Anorexia
Preocupação exagerada com o próprio corpo
Distorção da imagem corporal
Baixa auto-estima
Introversão
Influência de fatores sócioculturais
Idade de início
Utilização indevida de substâncias
Modificações na dieta
Vigorexia
Anorexia Nervosa Vigorexia
Sexo Feminino Sexo Masculino
Percebe-se gorda Percebe-se fraco
Utilização de laxantes e diuréticos Utilização de anabolizantes
Vigorexia
• Características Clínicas:
– Uso de anabolizantes:
• correlação positiva com a presença do transtorno
• causa ou consequência do transtorno
• efeitos colaterais cardiovasculares, endocrinológicos, urológicos e
psiquiátricos
– Padrões alimentares específicos:
• Dietas hiperproteicas
• Uso de suplementos alimentares a base de aminoácidos, efedrina, etc.
– Evitação de atividade aeróbia
– Checagem dos músculos e aparência
– Pensamentos obsessivos sobre a fraqueza e a necessidade de
treinar para a correção deste defeito
Vigorexia
• Tratamento:
– Correta identificação dos casos e adesão ao tratamento
– Farmacoterapia
• Comorbidade com transtornos do humor e transtornos
ansiosos (Cafri2008)
– Terapia Cognitivo-Comportamental
Emetofobia
• Fobia específica
– Preocupação exagerada com a possibilidade de vomitar
• Prevalência: 0,1%
• Predomínio em mulheres
• Início na infância
• Curso crônico: 25 anos
Emetofobia
• Características clínicas:
– Mais preocupadas com o próprio vômito
– Hipervalorização de sinais físicos
– Restrição alimentar
• Perda de peso
• Desnutrição, anemia
– Comportamento evitativo
• Situações: gravidez, ingerir medicações
• Pessoas alcoolizadas
Emetofobia
• Possibilidade de condicionamento com memórias
traumáticas
– Experiências infantis com vômito/engasgo
– Visualização da experiência de 3os.
• Terapia Cognitivo Comportamental
– Terapia de exposição
Resumo
• Descrição da Bulimia Nervosa sobrevive
ao tempo…
• Resistência à adoção do TCAP
• Novos Transtornos Alimentares?