construção magazine 49

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DOSSIER FRP e Resistência ao Fogo CONVERSAS Thomas Keller 49 N° 49 . maio/junho 2012 . 6.50

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© Engenho e Média, Lda.

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Page 1: Construção Magazine 49

DOSSIERFRP e Resistência ao Fogo

CONVERSASThomas Keller

49

N ° 4 9 . m a i o / j u n h o 2 0 1 2 . 6 . 5 0

Page 2: Construção Magazine 49
Page 3: Construção Magazine 49

1 ficha técnica

diretorEduardo Júlio

[email protected]

diretora executivaCarla Santos Silva

[email protected]

conselho científicoAbel Henriques (UP), Albano Neves e Sousa (UTL),

Álvaro Cunha (UP), Álvaro Seco (UC), Aníbal Costa (UA), António Pais Antunes (UC),

António Pinheiro (UTL), Carlos Borrego (UA), Conceição Cunha (UC), Daniel Dias da Costa (UC),

Diogo Mateus (UC), Elsa Caetano (UP), Emanuel Maranha das Neves (UTL)

Fernando Branco (UTL), Fernando Garrido Branco (UC),Fernando Sanchez Salvador (UTL),

Francisco Taveira Pinto (UP), Helder Araújo (UC), Helena Cruz (LNEC), Helena Gervásio (UC),

Helena Sousa (IPL), Hipólito de Sousa (UP), Humberto Varum (UA), João Mendes Ribeiro (UC),

João Pedroso de Lima (UC), Joaquim Figueiras (UP), Jorge Alfaiate (UTL), Jorge Almeida e Sousa (UC),

Jorge Coelho (UC), Jorge de Brito (UTL), Jorge Lourenço (IPC), José Aguiar (UTL),

José Amorim Faria (UP), José António Bandeirinha (UC), Júlio Appleton (UTL), Luciano Lima (UERJ),

Luis Calado (UTL), Luís Canhoto Neves (UNL), Luís Godinho (UC), Luís Guerreiro (UTL) ,

Luís Juvandes (UP), Luís Lemos (UC), Luís Oliveira Santos (LNEC), Luís Picado Santos (UTL),

Luís Simões da Silva (UC), Paulo Coelho (UC), Paulo Cruz (UM), Paulo Lourenço (UM),

Paulo Maranha Tiago (IPC), Paulo Providência (UC), Pedro Vellasco (UER, Brasil), Paulo Vila Real (UA),

Raimundo Mendes da Silva (UC), Rosário Veiga (LNEC), Rui Faria (UP), Said Jalali (UM),

Valter Lúcio (UNL), Vasco Freitas (UP),Vítor Abrantes (UP), Walter Rossa (UC)

redaçãoJoana Correia

[email protected]

marketing e publicidadeVera Oliveira

[email protected] Sanches Silva

[email protected]

editor António Malheiro

grafismo avawise

assinaturasTel. 22 589 96 25

[email protected]

redação e ediçãoEngenho e Média, Lda.

Grupo Publindústria

propriedadePublindústria, Lda.

Praça da Corujeira, 38 - 4300-144 PORTOTel. 22 589 96 20, Fax 22 589 96 29

[email protected] | www.publindustria.pt

publicação periódicaRegisto n.o 123.765

tiragem6.500 exemplares

issn1645 – 1767

depósito legal164 778/01

capa Imagem © Composite Construction Laboratory CCLAB

– http://cclab.epfl.ch

Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos autores.

2editorial

4_50dossier | “frp e resistência ao fogo“

4_9conversasThomas Keller

10_16Avaliação de desempenho de soluções de proteção face a ação térmica para sistemas de reforços com FRP – inês grilo, fernando g. branco e eduardo júlio

17_21Reforço de elementos de betão armado com recurso a laminados de CFRP multidirecionais – josé sena cruz, joaquim barros, mário coelho, pedro fernandes e patrícia silva

22_29Desenvolvimento de sistemas de protecção ao fogo para elementos de betão armado reforçados com laminados de CFRP – joão p. firmo, cristina lópez e carlos tiago

30_35Comportamento à tração e ao corte de perfis estruturais de compósito de fibra de vidro sob a ação da temperatura – marco m. gomes, fernando a. branco, josé m. pires e joão sousa

36_39Aplicação de materiais compósitos de matriz polimérica na reabilitação de estruturas – susana fonseca

40_45Reabilitação sísmica de pilares de betão armado com CFRP – pedro delgado, patrício rocha, antónio arêde, nelson vila pouca, aníbal costa e raimundo delgado

46_50Reforçar vigas de betão armado com laminados de CFRP pré-esforçados – paulo frança

51i&d empresarial

52_53sísmicaO coeficiente de comportamento no dimensionamento sísmico de estruturas

54_55estruturas de madeiraInspeção e monitorização de estruturas de madeira

56_57estruturas metálicasConfiguração alternativa para ligações a perfis tubulares

58_59acústicaTransmissão de baixo para cima e lateral de ruídos de percussão – Proposta de metodologia simplificada de previsão

60_62notícias

63publi-reportagemReparação e proteção de estruturas contra o incêndio – Tecnologia Nafufill

64_65mercado

66estante

57projeto pessoalElsa de Sá Caetano

52eventos

Próxima edição > Dossier Reabilitação Sísmica

Page 4: Construção Magazine 49

O último número de 2008 da Construção Magazine foi dedicado aos FRP, polímeros reforçados com fibras.

Tendo em conta a importância que estes materiais adquiriram no sector da Construção, sobretudo no que

reporta à reabilitação do espaço construído, considerámos que se justifica reincidir no tema. Contudo,

decidimos dar uma ênfase especial à questão mais problemática da aplicação de FRP em sistemas de re-

forço de estruturas: a sua baixa resistência ao fogo. Esta deve-se essencialmente ao mau comportamento

a temperaturas relativamente pouco elevadas das resinas de epóxido, habitualmente usadas para colar

mantas ou laminados de FRP a elementos existentes. Para co-editor deste número, convidámos um jovem

investigador com trabalho relevante nesta área, o Prof. João Ramôa Correia do Instituto Superior Técnico.

O dossier temático, para além de vários artigos de especialistas nacionais, conta ainda com a entrevista

ao Prof. Keller da EPFL, uma referência internacional no que respeita a aplicações inovadoras de FRP.

Eduardo Júlio, Director

2_

editorial

Este número da Construção Magazine é dedicado ao tema da utilização estrutural de materiais

poliméricos reforçados com f ibras, também conhecidos por FRPs ou simplesmente por

“compósitos”. Estes materiais, que foram inicialmente desenvolvidos na década de 1940 pelas

indústrias aeroespacial e naval, resultam da combinação de fibras de reforço e de uma matriz

polimérica, apresentando como principais vantagens a resistência elevada, a leveza e a durabilidade

em ambientes agressivos.

A partir de meados da década de 1980, o setor da construção tem manifestado um interesse

crescente por estes “novos” materiais, sobretudo devido ao aumento dos custos de manutenção

e reabilitação de estruturas constituídas por materiais tradicionais. Nesse contexto, através da

combinação de diferentes tipos de fibras e resinas, a indústria dos compósitos tem desenvolvido

uma vasta gama de produtos que inclui laminados, mantas, varões, cabos, perfis e painéis,

alveolares e sanduíche.

O presente número inclui uma entrevista com o Professor Thomas Keller da École Polytechnique

Fédérale de Lausanne (EPFL), um dos centros de referência a nível mundial no domínio dos FRPs. O

Professor Thomas Keller tem realizado investigação muito relevante no que diz respeito à utilização

estrutural de materiais FRPs e esteve envolvido em diversos projetos marcantes de edifícios e

pontes com aplicação de FRPs. Pretende-se com esta entrevista dar a conhecer o percurso do

Professor Thomas Keller e a sua visão sobre o passado, o presente e o futuro dos materiais FRPs.

O número inclui ainda um conjunto de artigos de cariz técnico-científico escritos por autores

portugueses que se têm dedicado ao estudo dos materiais FRPs. Uma parte dos artigos incide

sobre a utilização de mantas e laminados de fibras de carbono no reforço de elementos estruturais,

mostrando as potencialidades dos materiais FRPs para a reabilitação de construções existentes.

Os restantes trabalhos analisam um aspeto particular destes materiais, o comportamento a

temperaturas elevadas (em particular em situação de incêndio), que constitui uma preocupação

legítima dada a sua natureza orgânica.

joão ramôa correiaco-editor da cM49

*O Professor Eduardo Júlio escreve de acordo com a antiga ortografia.

2_cm

Page 5: Construção Magazine 49
Page 6: Construção Magazine 49

4_9conversas

Construção Magazine (CM) – Desde 1999 que é

Diretor do Composite Construction Laboratory

(CCLab) da École Polytechnique Fédérale de Lau-

sanne (EPFL), uma referência mundial na área

dos polímeros reforçados com fibras (FRPs) para

aplicações em engenharia civil. Qual foi a origem do

CCLab? Desde a criação do CCLab, quais foram os

seus principais interesses de investigação e quais

foram as suas principais realizações?

Thomas Keller (TK) – A origem do CCLab remonta

às experiências feitas com o projeto e a constru-

ção da Ponte Pontresina em 1997 e do Edifício

Eyecatcher em Basileia em 1998, ambos em FRP.

Como engenheiro de estruturas “tradicional”,

tive a oportunidade de projetar e construir - jun-

tamente com alunos - a primeira ponte em FRP

na Suíça e, posteriormente, esse edifício em FRP

que continua a ser o mais alto em todo o mundo.

Ambos são compostos por perfis de FRP, imitando

a construção em aço. Nessa altura, pude reconhe-

cer o grande potencial de inovação na construção

Entrevista conduzida e revista por

João Ramôa Correia

Redação e tradução por Joana CorreiaFotografias © CCLAB/EPFL - http://cclab.epfl.ch

prof

esso

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omas

kel

ler

Certamente um dos maiores especialistas mundiais em materiais FRP, Thomas Keller defende, acima de tudo, uma forte aposta na inovação. Em entrevista à Construção Magazine, o professor e investigador fala do Composite Construction Laboratory da EPFL, dos seus projetos de investigação e do futuro das aplicações de compósitos de FRP na engenharia civil.

Certainly one of the leading experts in FRP materials, Thomas Keller sustains, above all, a strong focus on innovation. In an interview to Construction Magazi-ne the professor and researcher talks about the Composite Construction La-boratory at EPFL, his research projects and future applications of FRP compo-sites in civil engineering.

Construção Magazine (CM) – Since 1999, you

have been the Head of Laboratory of the Com-

posite Construction Laboratory (CCLab) of the

École Polytechnique Fédérale de Lausanne

(EPFL), a world reference in the field of fibre

reinforced polymer (FRP) composites for civil

engineering applications. What was the origin

of the CCLab? Since the creation of the CCLab,

what have been your main research interests

and achievements?

Thomas Keller (TK) – The origin of CCLab goes

back to the experiences made with the design

and construction of the FRP Pontresina Bridge

Page 7: Construção Magazine 49

cm_5

civil oferecido por esses novos materiais, mas

também percebi os problemas que surgem se

os mesmos não forem utilizados de uma forma

adaptada às suas características. Ao mesmo

tempo, consegui um cargo académico a tempo

parcial, primeiro na ETH Zurich e, em seguida,

na EPFL Lausanne, onde pude começar a mi-

nha atividade deinvestigação. Então, fundei o

CCLab na EPFL em 2000.

Os meus interesses de investigação são

baseados nestas experiências e têm perma-

necido os mesmos ao longo dos últimos anos:

o desenvolvimento de formas estruturais

adaptadas ao material, a segurança estrutural

(os materiais FRP são frágeis e sensíveis a

temperatura elevada), a multifuncionalidade

(os materiais FRP são isolantes térmicos e po-

dem ser transparentes e condutores de luz se

forem usadas fibras de vidro) e as tecnologias

de ligação (especialmente a colagem, que é

também um método de ligação adaptado para

os componentes FRP).

As principais realizações são, em primeiro

lugar, a formação do CCLab e o seu desenvol-

vimento, tendo-se tornando um laboratório

de investigação reconhecido no domínio da

construção compósita; a criação da CCNet

(a rede de parceiros industriais do CCLab); a

construção de projetos de aplicação marcan-

tes (Ponte Pontresina, Edifício Eyecatcher,

reforço da Ponte Verdasio com cabos de

pré-esforço exterior em carbono, cobertura

sanduíche multifuncional com dupla curvatura

in 1997 and the FRP Eyecatcher Building in

Basel in 1998. As a ‘’traditional’’ structural

engineer, I had the oppor tunity to design

and build - together with students - the first

FRP bridge in Switzerland and subsequently

this FRP building that still remains the tallest

worldwide. Both are composed of FRP profiles,

thus mimicking steel construction. I was able

to recognize the great potential for innovation

in construction offered by these new materials

- but also realized the problems, which arise if

the materials are not used in a material-tailored

way. At the same time, I obtained a part-time

academic position, first at ETH Zurich and then

at EPF Lausanne, where I was able to start my

research activities. I then founded the CCLab

at EPFL in 2000.

My research interests are based on these

experiences and have remained the same du-

ring recent years: material-tailored structural

forms, system safety (FRP materials are brittle

and sensitive to elevated temperature), mul-

tifunctionality (FRP materials are thermally

insulating and can be transparent and conduct

light if glass fibers are used) and connection

technologies (particularly adhesive bonding,

which is also a material-tailored connection

method for FRP components).

The main achievements are first of all the

formation of CCLab and its development into

a recognized research laboratory in the com-

posite construction field; the creation of CCNet

(the CCLab network of industry partners); the

construction of significant demonstration

projects (Pontresina Bridge, Eyecatcher

Building, strengthening of the Verdasio Bridge

with external carbon cables, double-curved

and multifunctional FRP sandwich roof of

Novartis Campus Main Entrance Building);

achievements in technology transfer (adhe-

sive bonding of FRP bridge decks to steel or

concrete main girders); the publication of more

than 90 original journal papers (60 during the

last five years).

CM – Presently which research needs would

you identify as the most critical for the deve-

lopment of FRP composites in civil engineering

applications?

TK – Significant research needs concern the

development of material-tailored structural

forms and connections. This task is directly

linked with the development of economic

manufacturing processes, which allows com-

plex forms - such as double curved sandwich

structures - to be produced and is in line with

the modification of the structurally ideal form

to a constructible form. Furthermore, on the

material level and from the sustainability point

of view, it would be advantageous to switch

from thermosets to thermoplastics.

CM – Several years ago, you identified four

different types of applications of FRP compo-

sites in civil engineering applications: exter-

nal strengthening, concrete reinforcement,

hybrid structures (combination of FRPs and

traditional materials), and fully composite

NovaRtiS CaMPuS ENtRaNCE BuildiNg (2006) gFRP EyECatChER BuildiNg BaSEl, SwitzERlaNd (1998)

Page 8: Construção Magazine 49

06_cm

conversas

“as necessidades de investigação mais significativas dizem respeito ao

desenvolvimento de formas estruturais e ligações adaptadas ao material.“

num edifício do campus Novartis); realizações no domínio

da transferência de tecnologia (colagem estrutural entre

tabuleiros de pontes em FRP e longarinas metálicas ou em

betão armado); a publicação de mais de 90 artigos cientí-

ficos (60 dos quais nos últimos cinco anos).

CM – Atualmente, que necessidades de investigação

identifica como sendo as mais críticas para o desen-

volvimento dos compósitos de FRP para aplicações da

engenharia civil?

TK – As necessidades de investigação mais importantes

dizem respeito ao desenvolvimento de formas estrutu-

rais e ligações adaptadas ao material. Esta tarefa está

diretamente relacionada com o desenvolvimento de

processos de fabrico económicos, que permitam a

produção de formas complexas (tais como estruturas

sanduíche com dupla curvatura), transformando for-

mas estruturais “ideais” em formas “construíveis”.

Para além disso, ao nível do material, e do ponto de

vista da sustentabilidade, seria vantajoso substituir

as resinas termoendurecíveis pelas termoplásticas.

CM – Há vários anos, identificou quatro tipos di-

ferentes de aplicações de compósitos de FRP em

aplicações de engenharia civil: o reforço exterior,

o reforço interior de betão, as estruturas híbridas

(combinação de FRPs e materiais tradicionais), e

estruturas totalmente compósitas. Com exceção

do reforço exterior (uma solução já bem estabe-

lecida), que futuro antecipa para os outros três

tipos de aplicações? Quais são os seus fatores

críticos de sucesso e que obstáculo é que eles

devem superar?

TK – Pessoalmente, não sou muito otimista

em relação ao reforço (interior) de betão com

varões FRP - receio que esta continuará a ser

uma “aplicação de nicho”. Hoje em dia, se as

bem conhecidas regras de pormenorização de

betão armado forem respeitadas, as estruturas

podem ser construídas para serem duráveis,

mesmo se forem utilizados varões de aço,

que são muito mais baratos do que os FRP. No

caso de estruturas totalmente compósitas

acontece o mesmo. Tomando como exemplo

as pontes, os tabuleiros em FRP ainda pa-

recem uma aplicação promissora, apesar

do desenvolvimento ter sido lento e de a

fase de substituição de materiais (imitando

placas ortotrópicas em aço) ainda ter de ser

ultrapassada. No entanto, em longarinas de

pontes penso que os perfis em FRP nunca

serão capazes de competir com vigas de aço

6_cm

conversas

“significant research needs concern the development of material-tailored structural

forms and connections.“

Page 9: Construção Magazine 49

cm_7

ou de betão, que apresentam um custo muito

inferior. Como conclusão, antecipo que será

apenas nas estruturas híbridas, onde cada

material é otimizado, que existe potencial para

uma aplicação generalizada de materiais FRP.

Esta análise baseia-se apenas no custo rela-

tivamente elevado do material FRP. Se o custo

diminuísse, a situação mudaria. No entanto,

desde o início da minha carreira na área dos

compósitos, que me disseram que o custo

vai diminuir - e isso ainda não aconteceu nos

últimos 15 anos.

Uma abordagem para compensar o custo do

material relativamente elevado é a conceção

de componentes estruturais multifuncionais,

que possam cumprir não só a função estrutu-

ral, mas também as relativas à física da cons-

trução, ao fornecimento de energia e à arquite-

tónica. Numa das nossas áreas de investigação

estamos a desenvolver estruturas sanduíche

à escala real com formas complexas (função

arquitetónica), que têm funções de suporte de

carga (função estrutural), de isolamento térmi-

co (física da construção) e fornecem energia

(através de células fotovoltaicas integradas

nas lâminas de superfície transparentes em

GFRP). Uma primeira realização deste conceito

é a já mencionada cobertura sanduíche do edi-

fício Novartis (as células fotovoltaicas ainda

não estão integradas).

CM – um dos aspetos que tem vindo a adiar o

uso generalizado de estruturas totalmente

compósitas já referido nesta entrevista é a ne-

cessidade de desenvolver formas estruturais

adaptadas ao material? Por exemplo, a maioria

das secções pultrudidas FRP basicamente

imitam a construção metálica, o que impede

a exploração do seu pleno potencial. Quanto

tempo será necessário para que a indústria de

compósitos consiga desenvolver formas mais

adaptadas? Que passos são necessários para

esse tipo de desenvolvimento?

TK – O desenvolvimento não acontecerá ra-

pidamente. Olhando para trás, para a história

da construção, a transição entre a utilização

do ferro a imitar a madeira ou a pedra para

as estruturas de aço totalmente soldadas

levou cerca de 80 anos. Um desenvolvimento

semelhante ocorreu com o betão – da cópia

dos perfis de aço à laje fungiforme decorre-

structures. With the exception of external

strengthening (already a well-established

solution), which future can you anticipate for

the other three types of applications? What

are their critical success factors and which

obstacles should they overcome?

TK – Personally, I am not very optimistic regar-

ding FRP concrete reinforcement - I am afraid

that this will remain a niche application. Today,

if the well-known detailing rules are respected,

concrete structures can be built to be durable

even if steel rebars, which are much cheaper

than FRP rebars, are used. The case of fully

composite structures is similar. Taking bridges

as an example, FRP bridge decks still seem a

promising application, even though develo-

pment is slow and the material substitution

phase (mimicking orthotropic steel plates)

must be overcome. However, FRP bridge main

girders will never be able to compete with low

cost steel or concrete girders. As a conclusion,

I anticipate that only hybrid structures, where

each material is optimally used, have the po-

tential for widespread FRP application.

This analysis is based only on the relatively

high FRP material cost. If the cost should come

down, the situation would change. However,

since the beginning of my composite career,

I have been told that cost will come down –

and yet this did not happen during the last

15 years.

An approach to compensate for the relatively

high material cost is the design of multifunc-

tional structural components, which can

fulfill not only static, but also building physics,

energy supply and architectural functions. In

one of our research areas we are developing

large-scale sandwich structures with complex

forms (architectural function), which are load-

bearing (structural function), thermally insu-

lating (building physics function) and provide

energy supply (through solar cells integrated

in the transparent glass-FRP face sheets). A

first realization is the above-mentioned san-

dwich roof of the Novartis Building (solar cells

are not yet integrated).

CM – one of the aspects that have been de-

laying the widespread use of fully composite

structures is the need to develop material-

adapted forms. For instance, most FRP

pultruded sections basically mimic metallic

construction, which prevents exploiting their

full potential. How long will it take for the

composites industry to develop more adapted

forms? Which steps are needed towards such

development?

TK – The development will not happen quickly.

Looking back in history, the transition from

mimicking with iron timber and stone to fully

welded steel frames took around 80 years. A

similar development for concrete - from mimi-

cking steel profiles to the flat slab - took around

40 years. I would already be pleased if we

could again halve the latter period to 20 years.

History also demonstrates that development

was always driven by the development of

manufacturing processes (see 2nd response

above). It is much easier to find and design

material-tailored forms than to manufacture

them in an economic way.

CM – one of the main concerns about FRP ma-

terials is their behavior under fire, namely the

fire reaction and fire resistance properties.

What are the practical consequences of such

behavior for both bridge and building applica-

tions? What can the industry and designers

do to overcome this problem?

TK – A serious structural problem of FRP

structures may not only appear at high fire

temperatures, but already at the matrix glass

transition temperature - 80-120°C - in struc-

tural components subjected to compression.

Under this condition, the f ibers loose the

retaining effect of the matrix and can buckle.

The operating temperature therefore has to be

kept below the glass transition temperature -

this requires a passive or active fire protection

system for components in compression (e.g.

columns). Much less critical are components

in tension when the fibers - which are much

less sensitive to elevated temperatures - are

anchored in zones which remain below the

glass transition temperature. We obtained

fire resistance periods of up to 60 minutes for

cellular glass-FRP slabs subjected to service

loads and fire from the underside (which was

in tension).

Another approach to overcome the problem

is to conceive redundant structural systems

where parts can fail in a controlled manner

Page 10: Construção Magazine 49

8_cm

conversas

ram cerca de 40 anos. Eu já ficaria satisfeito

se pudéssemos reduzir o último período para

metade, ou seja, 20 anos. A História também

demonstra que o desenvolvimento foi sempre

impulsionado pela evolução dos processos de

fabrico. É muito mais fácil procurar e projetar

formas adaptadas ao material do que as fabri-

car de uma forma económica.

CM – uma das principais preocupações com

os materiais FRP é o seu comportamento sob

a ação do fogo, ou seja, as propriedades de

reação e resistência ao fogo. Quais são as

consequências práticas desse comportamen-

to, tanto para pontes como para aplicações

em edifícios? o que é que a indústria e os

projetistas podem fazer para ultrapassar

esse problema?

TK – Um problema estrutural sério nas estru-

turas em FRP pode aparecer não apenas às

temperaturas elevadas que se desenvolvem

num incêndio, mas logo para a temperatura

de transição vítrea - 80-120 ° C – sobretudo em

componentes estruturais sujeitos a compres-

são. Sob esta condição, as fibras perdem o efei-

to de retenção da matriz e podem instabilizar.

A temperatura de operação, por conseguinte,

tem de ser mantida abaixo da temperatura de

transição vítrea - isto requer um sistema de

proteção passiva ou ativa contra o fogo para

os componentes em compressão (por exem-

plo, colunas). Os componentes em tração são

muito menos críticos quando as fibras - que

são muito menos sensíveis a temperaturas

without leading to total collapse. This ap-

proach was applied in the sandwich roof of

the Novartis Building. Fortunately, thermal

conductivity is low if glass fibers are used and

it is much more difficult to heat an FRP than a

steel profile.

CM – Another problem regarding the use of

FRP composites is the lack of widely accepted

design codes for civil engineering applica-

tions. For instance, although several design

guidelines are already available for external

strengthening and concrete reinforcement

with FRPs, with the exception of a few isolated

cases (e.g., Italy), official documents for the

design of FRP structures are still not available.

In the united States, an official document is ex-

pected to be released soon. How do you expect

that Europe will evolve in this matter? When

shall we expect an FRP Composites Eurocode

to be released?

TK – Work on an FRP Eurocode has just star-

ted - the WG4 working group (fiber-reinforced

polymers) of CEN/TC250 had a first meeting a

few months ago. However, the process will take

several years. The challenges mainly concern

the very different fields of applications that

have to be covered (see question 3) and the

great variety of possible material combina-

tions and products that are on the market and

have to be included.

CM – you have been involved in several

outstanding projects regarding the use of

FRP composites in structural applications.

elevadas - estão ancoradas em zonas que per-

manecem abaixo da temperatura de transição

vítrea. Obtivemos períodos de resistência ao

fogo de até 60 minutos para lajes alveolares

de GFRP sujeitas à carga de serviço e à ação

do incêndio padrão na face inferior (que estava

à tração).

Outra abordagem para ultrapassar o problema

é conceber sistemas estruturais redundantes

onde as peças podem romper de uma maneira

controlada sem conduzir ao colapso total. Esta

abordagem foi aplicada na cobertura sanduí-

che do Edifício Novartis. Felizmente, a conduti-

bilidade térmica é reduzida se forem utilizadas

fibras de vidro e é muito mais difícil aquecer um

material FRP do que um perfil de aço.

CM – outro problema em relação ao uso de ma-

teriais FRP é a falta de regulamentos ampla-

mente aceites para aplicações de engenharia

civil. Embora estejam disponíveis várias reco-

mendações de projeto para o reforço exterior e

o reforço interior de betão com FRPs, com ex-

ceção de alguns casos isolados (por exemplo,

Itália), os documentos oficiais para o projeto

de estruturas em FRP ainda não estão dispo-

níveis. Nos Estados unidos, vai ser publicado

em breve um documento oficial. Como espera

que a Europa evolua nesta matéria? Quando é

que poderemos contar com o lançamento de

um Eurocódigo para compósitos FRP?

TK – O trabalho para o desenvolvimento de um

Eurocódigo para FRPs acabou de começar - o

grupo de trabalhoWG4 (polímeros reforçados

“the main difficulties regarding the pontresina

bridge and eyecatcher building resulted from the

anisotropy of the pultruded profiles, particularly

in the connections, which are bolted.”

“as principais dificuldades em relação à ponte pontresina e ao

edifício eyecatcher resultaram da anisotropia dos perfis

pultrudidos, em particular, no que diz respeito às ligações,

que são aparafusadas.”

gFRP PoNTRESINA BRIDgE, SWITzERLAND (1997)

Page 11: Construção Magazine 49

cm_9

Which were the main difficulties associated

with their development and which were the

main lessons? How did your research activity

benefit from these projects?

TK – The main diff iculties regarding the

Pontresina Bridge and Eyecatcher Building

resulted from the anisotropy of the pultruded

profiles, particularly in the connections, which

are bolted. The bolted joints determined the

dimensions of the pultruded sections and

led to a significant oversizing of the material

between the joints, which finally resulted in

an uneconomic use of the quite expensive FRP

material. The main difficulty with the Novartis

sandwich roof was the economic fabrication

of the (material-tailored) double cur ved

cell-core sandwich. The lessons learnt from

these experiences are as described above.

Material-tailored forms and connections have

to be developed not only to benefit from the

outstanding material properties, these forms

also need to be fabricated in an economic

manner. As already explained above, these

challenges, discovered during the design and

construction of these projects, also determi-

ned the research strategy of CCLab.

CM – At EPFL your laboratory is responsible

for teaching courses on advanced composites

for civil engineering applications. What is the

interest of the students for this new topic?

What has been their feedback?

TK – I have to clearly differentiate between

students of Architecture and Civil Engine-

ering. The architects are very enthusiastic

about the new options in design offered

by glass-FRP composites, such as load-

bearing elements with complex forms that

are partially transparent, can conduct light

and are thermally insulating. This allows the

merging of load-bearing structure and faca-

de into a one-layer mutlifunctional building

envelope which directly defines the space.

Unfortunately, civil engineers are much less

enthusiastic. Their main goal seems to be

to complete their program and master the

traditional construction techniques - their

interest in innovation is unfortunately limi-

ted. This may be linked to the fact that the

composite courses all are optional. On this

point, the programs should be revised in my

view - discussing innovation should not be

optional but obligatory.

com fibras) do CEN/TC250 teve uma primeira

reunião há poucos meses. No entanto, o pro-

cesso vai demorar vários anos a ser concluído.

Os desafios dizem respeito à grande diversi-

dade de campos de aplicação que têm de ser

cobertos e à grande variedade de combinações

de materiais e produtos disponíveis no merca-

do que têm de ser incluídos.

CM – Tem estado envolvido em vários projetos

extraordinários relativos à utilização de ma-

teriais FRP em aplicações estruturais. Quais

foram as principais dificuldades associadas

ao seu desenvolvimento e quais foram as

principais lições?

TK – As principais dificuldades em relação

à ponte Pontresina e ao edifício Eyecatcher

resultaram da anisotropia dos perfis pultru-

didos, em particular, no que diz respeito às

ligações, que são aparafusadas. As ligações

aparafusadas determinaram as dimensões

das secções pultrudidas e levaram a um so-

bredimensionamento significativo do material

fora das zonas dos nós, o que resultou numa

utilização pouco económica do material FRP

que à partida já é caro. A principal dificuldade

com a cobertura sanduíche do edifício da No-

vartis foi conseguir fabricar a estrutura sandu-

íche com dupla curvatura a um custo razoável.

As lições aprendidas com essas experiências

são que têm que ser desenvolvidas formas

estruturais e ligações adaptadas para tirar

partido das propriedades do material e que, por

outro lado, tais formas também precisam de

ser fabricadas com um custo mais acessível.

CM – Na EPFL o seu laboratório é responsável

por lecionar cursos sobre a utilização de com-

pósitos avançados em aplicações de engenha-

ria civil. Qual é o interesse dos alunos neste

novo tópico? Qual tem sido o seu feedback?

TK – Eu tenho que diferenciar claramente os

estudantes de Arquitetura dos de Engenharia

Civil. Os arquitetos estão muito entusiasma-

dos com as novas opções de projeto ofereci-

das pelos compósitos FRP com fibra de vidro

(GFRP), nomeadamente os elementos de

suporte com formas complexas que podem

ser parcialmente transparentes, transmitin-

do a luz, e ser isolantes a nível térmico. Isto

permite fundir a estrutura de suporte e a pele

ou fachada numa camada multifuncional que

envolve o edifício e que define o seu espaço

diretamente. Infelizmente, os engenheiros

civis são muito menos entusiastas. O seu

objetivo principal parece ser o de concluir o

seu ciclo de estudos e dominar as técnicas de

construção tradicionais - o seu interesse em

inovação é, infelizmente, limitado. Isto pode

estar ligado ao facto de todos os cursos de

compósitos serem opcionais. Sob este ponto,

na minha opinião os programas deviam ser

revistos - discutir a inovação não devia ser

opcional, mas obrigatório.

PerfilThomas Keller nasceu em 1959. Licenciou-se em

Engenharia Civil no ano de 1983 no Swiss Federal

Institute of Technology (ETH) em Zurique. De seguida,

trabalhou durante vários anos no gabinete de arqui-

tetura e engenharia de Santiago Calatrava. Em 1992,

doutorou-se na ETH. Em 1998, foi nomeado Professor

Associado e, em 2007, Professor Catedrático de

Estruturas na School of Architecture, Civil & Envi-

ronmental Engineering do Swiss Federal Institute of

Technology (EPFL) Lausanne. Atualmente é o diretor

do Composite Construction Laboratory (CCLab), que

fundou em 2000. O seu trabalho de investigação

está focado nos materiais compósitos de polímeros

reforçados com fibras (FRPs) e na sua aplicação

em estruturas de engenharia com ênfase em es-

truturas leves multifuncionais. Thomas Keller é um

dos fundadores e membro do Conselho do Instituto

Internacional de FRP na Construção (IIFC). É membro

do grupo de trabalho WG4 - polímeros reforçados com

fibras - do CEN/TC250.

ProfileThomas Keller was born in 1959. He graduated in Civil

Engineering in 1983 at the Swiss Federal Institute of

Technology (ETH) in Zurich. Then worked for several

years in architecture and engineering office of Santiago

Calatrava. In 1992 he obtained his doctorate at the ETH. In

1998 he was appointed Associate Professor and in 2007

Professor of Structures at the School of Architecture,

Civil & Environmental Engineering from the Swiss Federal

Institute of Technology (EPFL) Lausanne. He is currently

the director of the Composite Construction Laboratory

(CCLab), which he founded in 2000. His research work is

focused on polymer composites reinforced with fibers

(FRPS) and its application in structural engineering with

emphasis on multifunctional lightweight structures.

Thomas Keller is a founder and board member of the

International Institute for FRP in Construction (IIFC). He

is a member of the working group WG4 - fiber reinforced

polymers - the CEN/TC250.

Page 12: Construção Magazine 49

10_ 16

1. INTRODUÇÃO

No decurso da sua vida útil, as estruturas

encontram-se sujeitas a diversas ações que

contribuem para a sua deterioração, dimi-

nuindo a sua capacidade resistente. Com a

degradação de edifícios e obras de arte, surge

a necessidade de reparação e, eventualmente,

de reforço, para assegurar a segurança estru-

10_cm

tural e o seu bom funcionamento. Atualmente,

com as exigências crescentes no sentido da

garantia de sustentabilidade ecológica na

construção civil, o peso das operações de ma-

nutenção, reparação e reforço de estruturas

tenderá a aumentar. Surgem, com frequência,

novos materiais e tecnologias inovadoras, que

permitem dar resposta às exigências da rea-

bilitação estrutural. Além disso, procuram-se

frp e resistência ao fogoavaliação de desempenho de soluções de proteção face a ação térmica para sistemas de reforços com frp

Inês Grilo

UC - Coimbra

[email protected]

Fernando G. Branco

UC - Coimbra

[email protected]

Eduardo Júlio

IST - Lisboa

[email protected]

A reabilitação do espaço construído implica com frequência a necessidade de reforçar as estru-

turas existentes. O reforço com materiais compósitos, polímeros reforçados com fibras (FRP),

é uma técnica que apresenta enormes vantagens quando comparada com outras alternativas

existentes: baixo peso, reduzida alteração geométrica dos elementos reforçados, facilidade de

aplicação, versatilidade em termos de módulos de elasticidade (dependendo do tipo de fibra –

vidro, carbono, aramida e outras), elevada resistência e elevada durabilidade. Em contrapartida,

tem como inconvenientes a elevada sensibilidade aos raios ultra-violeta e o mau comportamento

em situações de incêndio. Relativamente ao primeiro, uma vez que todos os sistemas comerciais

incluem uma camada fina de acabamento, o problema não se coloca na prática. Já em relação

ao segundo, o problema é real e muito significativo, podendo mesmo, em algumas situações,

inviabilizar a utilização desta técnica.

A reduzida resistência a elevadas temperaturas desta técnica de reforço prende-se essencial-

mente com o facto dos sistemas comerciais recorrerem a resinas epóxidas para colar as mantas

ou laminados de FRP ao substrato de betão. Estas resinas degradam-se drasticamente para

temperaturas relativamente baixas, entre os 60 e os 80ºC, valores que, em situação de incêndio,

são atingidos em poucos segundos. Deste modo, a aplicação de sistemas de proteção térmica

associados ao reforço torna-se uma condição essencial para a garantia de um bom desempenho

deste quando sujeito a ações térmicas. Para esse efeito, procurou avaliar-se, através de ensaios

laboratoriais, o desempenho de sistemas combinados para proteção térmica, à base de tintas

intumescentes e argamassas, na proteção de elementos de betão reforçados com laminados

de CFRP face a ações térmicas. As colagens betão – CFRP foram sujeitas a um esforço de corte

puro. Comparou-se o desempenho de várias soluções comerciais para proteção de estruturas

ao fogo, testando-se colagens sem proteção e com diferentes combinações de proteção com

argamassa e tinta intumescente.

novos materiais e métodos de construção que

assegurem uma vida longa e saudável às estru-

turas. Desta forma, têm vindo a desenvolver-se

diferentes sistemas de reparação e reforço,

nomeadamente as técnicas de colagem de

armaduras exteriores ao betão, sejam elas

chapas de aço ou polímeros reforçados com

fibras (FRP), utilizando resinas de epóxido. A

técnica de reforço com FRP é adotada quando

Page 13: Construção Magazine 49

cm_11

se pretende aumentar a resistência da estru-

tura tanto a esforços de flexão como a esforços

transversos, podendo ser aplicada em lajes,

pilares e vigas. Existem três grupos de fibras

que se utilizam no campo da engenharia civil

como materiais de reforço: aramida, vidro e

carbono. As propriedades mecânicas do reforço

dependem do tipo de fibra escolhida. No entan-

to, o CFRP – (Carbon Fibre Reinforced Polymer)

é frequentemente considerado o mais indicado

para reforço de estruturas de betão armado,

devido às suas características mecânicas mais

favoráveis, comparativamente com as outras

fibras. Na utilização do CFRP como reforço em

elementos de betão armado, realça-se uma ele-

vada resistência à tração e à fadiga, excelente

imunidade à corrosão e grande capacidade de

deformação [1]. A sua utilização tem pouca

expressão, quer no aumento do peso próprio,

quer na variação dimensional dos elementos

estruturais a reforçar.

Na elaboração de um reforço com compósito

de FRP deve ter-se em atenção as condicio-

nantes deste material. A exposição ambiental

é um fator determinante na durabilidade de

um projeto de reforço. Sabe-se que uma das

desvantagens deste tipo de sistemas de refor-

ço é a degradação prematura e consequente

rotura, quando sujeitos a ações térmicas. Este

comportamento deve-se ao mau desempenho

da resina de epóxido utilizada como adesivo,

quando sujeita a aquecimento. Como a resina

de epóxido é um material orgânico, as suas pro-

priedades são suscetíveis de se degradarem

com o aumento de temperatura, provocando

um mau comportamento na colagem betão/

compósito. A deterioração das propriedades

mecânicas e de ligação do CFRP provoca

problemas de aderência, que diminuem o

aproveitamento máximo das potencialidades

destes materiais compósitos. Assim, torna-

é importante ter especial atenção o efeito ne-

gativo da ação de elevadas temperaturas nas

resinas de epóxido e nos compósitos. Uma das

grandes preocupações é a perda de resistência

da interface resina/CFRP [3]. O desempenho

face a ações térmicas pode ser melhorado atra-

vés da aplicação de revestimentos que retardam

a penetração do calor para o material compósito,

tendo uma função de isolamento térmico. Re-

vestimentos cerâmicos e intumescentes têm

sido utilizados para aumentar a temperatura

de ignição e atrasar a propagação da chama no

interior do sistema de reforço [4,5]. Assim, tendo

atenção o comportamento prejudicial da ligação

betão/FRP quando submetida a aquecimento,

podem aplicar-se procedimentos adicionais de

prevenção, protegendo a colagem com revesti-

mentos térmicos e intumescentes.

Pelo exposto anteriormente, verifica-se que

o comportamento da ligação entre o betão e o

compósito é um fator relevante na aplicação

desta técnica de reforço. Justifica-se assim

a importância do estudo da resistência da

colagem. Com esse objetivo, têm vindo a ser

desenvolvidos diversos modelos de ensaio.

Estes modelos foram empregues para avaliar

a colagem entre betão e chapas de aço [6,7,8],

sendo possível adaptá-los para avaliar a cola-

gem entre betão/CFRP. Branco [9] idealizou

um esquema de ensaio que permite transmitir

esforço de tração às chapas de aço e com-

pressão ao betão (Figura 1). A transmissão de

esforços de corte puro entre os dois materiais é

efetuada através da resina epóxida. O esquema

é constituído por duas amarras e uma abra-

çadeira (4). Cada amarra possui uma argola

(3), que funciona como suporte de fixação à

máquina de tração. No interior da argola, passa

um casquilho horizontal (2), apoiado no centro

da argola através de um roço, permitindo a

sua oscilação em torno desta. Cria-se então

se essencial melhorar o desempenho dos

elementos em betão armado reforçados com

FRP quando sujeitos à ação do fogo.

2. LIGAÇÃO BETÃO/ADESIVO/COMPÓSITO

Para além do substrato, um sistema de reforço

com materiais compósitos é constituído por

dois elementos distintos: o FRP e o adesivo.

O adesivo possui um papel essencial na

eficácia de um reforço exterior. As suas prin-

cipais funções são a impregnação do grupo

de fibras, para garantir a polimerização do

conjunto do compósito, e a criação da ligação

entre o betão e o compósito, transformando

o conjunto numa estrutura composta. Após

o endurecimento “ in situ” e a colagem betão/

compósito, desenvolvem-se as propriedades

de aderência na ligação desejadas, estando

concluído o sistema de reforço estrutural [1].

O adesivo deve garantir a transferência de

esforços entre os dois elementos. Para que

haja êxito neste tipo de reforço, é necessário

que a ligação entre o elemento estrutural

e a laminado de FRP seja perfeita. Assim, a

preparação das superfícies a colar é uma

condição importante. Exige-se uma cuidado-

sa preparação das superfícies de betão, de

modo a garantir uma boa aderência entre os

materiais [2]. Desta forma, para se obter um

bom comportamento da ligação, a superfície

de colagem deve encontrar-se seca, limpa de

poeiras e impureza e possuir um grau de rugo-

sidade adequado. Após o processo de colagem,

ocorre o aumento da aderência na interface

betão – adesivo – compósito FRP. Face às exi-

gências de um projeto de reforço estrutural, é

fundamental que exista um bom desempenho

da ligação das superfícies coladas.

Neste tipo de sistemas reforçados com CFRP,

> Figura 1: Esquema idealizado por Branco [1].

> 2

> 1

Page 14: Construção Magazine 49

frp e resistência ao fogo

12_cm

uma rótula, que garante a transmissão de

forças semelhantes em ambas as chapas que

constituem a braçadeira. Por fim, no centro do

casquilho atravessa uma cavilha (1), que tem

como função interligar as chapas às amarras.

Os resultados apresentados no presente do-

cumento [10], tinham como objetivo estudar a

viabilidade de utilizar um sistema combinado

– argamassa de proteção e tinta intumescente

– na proteção face a ações térmicas de elemen-

tos de betão armado reforçado com laminados

de CFRP. Para o efeito, realizaram-se diversos

ensaios laboratoriais, nos quais as colagens

eram protegidas por isolantes térmicos e sujei-

tas a um esforço de corte puro. Comparou-se o

desempenho de duas soluções comerciais para

proteção de estruturas ao fogo, das empresas

de materiais de construção Sika Portugal, S.A. e

Tria - Serviços, Materiais e Equipamentos, Lda.

Numa primeira fase, realizaram-se ensaios de

corte, inicialmente sem proteção térmica e,

posteriormente, com sistemas combinados de

proteções térmicas. Nestes ensaios aplicava-

se uma força constante de 50% da carga de

rotura apurada nos ensaios realizados a 20ºC.

Numa segunda fase, realizaram-se ensaios de

corte sem qualquer tipo de proteção. Poste-

riormente, os provetes foram protegidos com

argamassa Tria, e sujeitos a 75% da carga de

rotura dos ensaios a frio. Avaliou-se a evolução

da capacidade resistente de colagens betão/

compósito CFRP com variação de temperatura.

A taxa de aquecimento adotada foi de 5ºC/min.

O tipo de rotura observada e a temperatura da

ligação foram os parâmetros avaliados nestes

ensaios.

3. PROGRAMA EXPERIMENTAL

Efetuaram-se vários ensaios laboratoriais com

o objetivo de avaliar o comportamento da liga-

ção betão/CFRP sujeita a esforços de corte e a

aumento de temperatura. Em todos os ensaios,

a evolução de temperatura foi monitorizada,

com auxílio de termopares, quando a ligação

estava protegida com isolantes térmicos. Para

a realização de ensaios de corte, adotou-se o

> Figura 2: (a) Ligação do provete ao dispositivo de ensaio; (b) chapas e a sua aplicação no provete.

modelo de ensaio desenvolvido por Branco

[9]. No entanto, houve necessidade de se

efetuar algumas adaptações. Como o modelo

foi desenvolvido para avaliar o comportamento

de ligações betão/aço, existiam componentes

que necessitaram de ser alterados. Neste es-

quema, a cavilha atravessava as chapas de aço

devido a orifícios existentes nestas. No caso

em estudo, não era possível furar as chapas

de CFRP, pois seriam originadas concentrações

de tensões na lâmina de CFRP, tornando-a sus-

cetível de sofrer uma rotura prematura. Assim,

a alternativa viável para se poder utilizar este

esquema de ensaio caso consistiu em cortar

chapas de aço de forma a cintá-las ao CFRP, na

zona da cavilha por meio de parafusos (Figura

2). A principal finalidade das chapas era aco-

modar o CFRP entre elas e, ao apertá-las, criar

uma zona que permitisse transmitir de forma

eficaz os esforços aplicados à ligação. Para

se evitar o deslizamento entre os materiais,

aumentou-se a rugosidade das chapas de aço

por grenalhagem, de modo a aumentar o atrito

entre elas e o CFRP.

3.1. Definição e Caracterização dos Materiais

Os provetes eram constituídos por três mate-

riais distintos: o bloco de betão, duas lâminas

de CFRP e a resina de epóxido. As lâminas

eram coladas em duas faces opostas do

bloco. Utilizou-se um betão que representava

um elemento estrutural que necessitasse

de reforço. Escolheu-se assim um betão cor-

rente, de baixa resistência. A manta de CFRP

foi fornecida pela MC-Bauchemie, sendo uma

manta unidirecional com uma espessura de,

aproximadamente, 0,2 mm e com largura de

30 cm. Para as colagens, adotou-se uma re-

sina de epóxida fornecida pela empresa Sika,

denominada Sikadur-30. As características

mecânicas dos materiais encontram-se de-

finidas na Tabela 1.

As argamassas usadas para proteger termi-

camente o CFRP são produtos desenvolvidas

para proteção de elementos estruturais face

a incêndios. A argamassa fornecida pela

empresa Sika denomina-se Sikacrete-213F,

sendo uma argamassa monocomponente à

> 2

MaterialResistência

ao corte (MPa)

Resistência à tração

(MPa)

Resistência à compressão

(MPa)

Módulo de Elasticidade

(MPa)

Betão - - 25 -

Manta CFRP - 3700 - 240

Sikadur-30 14-17 24-27 70-80 11200

Tabela 1: Características mecânicas dos materiais que constituem os provetes.

Page 15: Construção Magazine 49

cm_13

base de cimento, concebida para aplicação

por projeção por via húmida. A argamassa

pastosa projetada proporcionada pela Tria é

constituída por agregados leves de perlite e

vermiculite, apresentando-se sob argamassa

hidráulica, com excelentes propriedades de

coesão e aderência.

As tintas intumescentes utilizadas nestes

ensaios foram também disponibilizadas pe-

las empresas Sika e Tria sendo denominadas,

respetivamente, Sika Unitherm Concrete S

e Pintura Intumescente. Estas tintas são

formadas com base em água e solventes.

Por ação do calor, estas proteções intumes-

centes formam uma camada de material

termo-isolante, protegendo a estrutura que

lhe serve de suporte. Quando o processo de

intumescência é iniciado, observa-se uma

expansão volumétrica.

3.2. Definição dos Provetes

Os provetes de betão possuíam dimensões

de 200x100x100 mm3. Duas das superfícies

laterais de cada provete, em faces opostas,

foram reforçadas com tiras de CFRP, com

dimensões 80x300mm2 (Figura 3). A área de

colagem do CFRP às superfícies do betão é

de 80x150 mm2.

O processo de colagem do CFRP ao betão con-

sistiu na aplicação do feixe de fibras contínuas

em estado seco sobre um adesivo epóxido

> 3 > 4

> Figura 3: Alçado e corte de um provete com sistema de CFRP.

> Figura 4: (a) Provete não protegido; (b) Provete com proteção de argamassa.

> Figura 5: Identificação das superfícies em estudo.

previamente espalhado na superfície a refor-

çar. Após a impregnação das fibras, aplicou-se

mais uma camada de resina sobre elas. Os

provetes foram mantidos em repouso durante

5 dias, assegurando a eficácia da colagem.

Para a aplicação das argamassas recorreu-se a

moldes de poliestireno, com 2 cm de espessu-

ra, sobre a superfície a proteger, com o objetivo

de delimitar a área de colagem. Após a aplica-

ção das argamassas, os provetes repousaram

durante 3 dias (Figura 4). Finalmente, nos pro-

vetes protegidos com tintas intumescentes,

estas foram aplicadas utilizando um pincel,

pintando todas as superfícies do provete.

Fizeram-se duas passagens com a tinta para

garantir a homogeneidade da pintura, e deixou-

se secar a tinta durante 24 horas.

3.3. Realização dos ensaios

3.3.1. Condições de ensaio

Os provetes de betão reforçados com o siste-

ma de CFRP foram sujeitos a ensaios de corte

com aumento de temperatura. No decorrer

dos ensaios, era essencial conhecer a evolu-

ção das temperaturas em pontos específicos

do provete. Assim, colaram-se termopares na

zona de colagem e na superfície da proteção

em todos os provetes a ensaiar. A temperatura

no interior do forno era também monitorizada.

Em todos os ensaios, a temperatura no inte-

rior do forno sofreu uma taxa de aquecimento

constante de 5ºC/min, até ao instante de

rotura do provete. Os ensaios de corte foram

realizados com o auxí lio de uma prensa

hidráulica, aplicando o carregamento com

controlo em deslocamento a uma velocidade

de 0,1 mm/s até à rotura.

3.3.2. Instrumentação dos Provetes

A resistência ao fogo dos provetes foi avaliada

no domínio da temperatura, determinando-se

as temperaturas de rotura de cada tipo de

ensaio. Na preparação destes ensaios, os pro-

vetes foram instrumentados com termopares

(Figura 5). Nos ensaios sem proteção, avaliou-

se a temperatura de rotura na ligação (1).

> 5

Page 16: Construção Magazine 49

frp e resistência ao fogo

14_cm

Nos ensaios com sistemas de proteção,

determinou-se ainda a diferença de tempe-

ratura entre a superfície da proteção (2) e

a superfície de ligação (1), Dtemp2–1(ºC),

no instante da rotura. Assim, fixaram-se os

termopares nos seguintes pontos:

– Ensaios de provetes sem proteção térmica:

termopares na zona de colagem (1);

– Ensaios de provetes protegidos com arga-

massas: termopares na zona de interface

entre a resina e a argamassa (1) e na su-

perfície desta (2);

– Ensaios de provetes protegidos com arga-

massas e tintas: termopares na zona de

interface entre a resina e a argamassa (1)

e na superfície da tinta intumescente (2);

3.3.3. Tipos de rotura

Os ensaios realizados permitiram observar

cinco tipos de rotura:

Rotura 1 – Rotura no betão, sofrendo um

arrancamento/destacamento deste de forma

regular;

Rotura 2 – Rotura na resina, significando

que esta possui uma resistência inferior à

do betão devido à degradação das suas pro-

priedades iniciais quando sujeita a elevadas

temperaturas;

Rotura 3 – Rotura mista betão/resina, devido

à perda de aderência entre os materiais;

Rotura 4 – Rotura mista CFRP/resina, verifi-

cando-se rotura na resina e imediatamente

> Figura 6: Tipo de rotura observadas nos provetes.

após esta rotura, a lâmina de CFRP rompia na

sua zona mais frágil;

Rotura 5 – Rotura na lâmina de CFRP.

Estes tipos de rotura estão representados

na Figura 6.

4. RESULTADOS

4.1. Ensaios a frio

Nestes ensaios, os provetes apresentavam

uma rotura na camada de betão adjacente

à colagem. Como os ensaios foram reali-

zados sem aquecimento, o adesivo não se

deteriorou, garantindo eficácia da colagem.

Após a análise de resultados destes ensaios,

determinou-se o valor médio de 31,07kN de

força de rotura.

4.2. Ensaios a quente

Após os ensaios a frio, realizaram-se ensaios

a quente, com a aplicação constante de 50% e

75% de 31,07kN. Aplicava-se o valor da carga

definida e depois iniciava-se o processo de

aquecimento. O ensaio era concluído quando

se observava a rotura no provete. Nestes

ensaios pretendia-se avaliar a evolução da

capacidade resistente de colagens betão/

CFRP com variação de temperatura.

Na Tabela 2 esquematizam-se as várias

etapas dos ensaios, diferenciadas pela per-

centagem de carga e pelo tipo de proteção.

4.2.1. Com 50% de carga

Nos ensaios realizados sobre provetes sem

proteção, observou-se uma rotura mista en-

tre o betão e a resina de epóxido. Esta rotura

> 6

Rotura 1 Rotura 2 Rotura 3 Rotura 4 Rotura 5

% Carga de rotura Proteção da ligação Força (kN)

50% de carga

Sem proteção

15,85Argamassa

Sika

Tria

Argamassa + TintaSika

Tria

75% de cargaSem proteção

23,3Argamassa Tria

Tabela 2: Esquema das etapas de ensaio ao corte em aquecimento.

Page 17: Construção Magazine 49

cm_15

Tabela 4: Temperatura e tipo de rotura nos ensaios com argamassas.

Provetes F (kN) T1 (ºC) T2 (ºC) Dtemp2–1(ºC)Tipo de Rotura

Argamassa Sika1º

16,264,7 117,9 53,2 2

2º 68,5 134,6 66,1 2

Argamassa Tria

16,2

90,8 147,9 57,2 5

2º 79,3 160,4 81,0 2

3º 75,3 137,9 62,6 4

Tabela 5: Temperatura e tipo de rotura nos ensaios com argamassas + tintas intumescentes.

Provetes F (kN) T1 (ºC) T2 (ºC) Dtemp2–1(ºC)Tipo de Rotura

Argamassa + tinta Sika

16,2

59,9 120,0 60,1 4

2º 68,7 145,3 76,6 4

3º 72,2 110,9 38,7 4

Argamassa + tinta Tria

16,4

59,9 119,9 52,5 4

2º 68,7 146,0 73,1 4

3º 72,2 146,7 73,8 4

pode ser explicada pela perda de aderência

entre estes dois materiais. As temperaturas

de rotura observadas possuem valores da

mesma ordem de grandeza. A Tabela 3 apre-

senta os resultados obtidos nestes ensaios.

Quando se aplicou a argamassa como prote-

ção térmica da colagem, verificou-se, nos pro-

vetes protegidos pela argamassa da Sika, uma

redução da capacidade adesiva da resina.

Ambos os provetes protegidos pela argamas-

sa da Sika romperam com rotura localizada na

resina. No instante da rotura observaram-se,

na zona de colagem, temperaturas próximas

de 65ºC. A diferença de temperatura entre a

superfície da argamassa e a superfície em

contacto com o CFRP, Dtemp2–1(ºC), variou

entre os 53ºC e 66ºC. Nos provetes protegidos

pela argamassa Tria, observaram-se roturas

distintas, havendo, no entanto, sempre uma

falha na lâmina de CFRP e resina, de forma in-

dividual ou simultânea. No instante da rotura,

a temperatura registada na zona de ligação foi

sempre superior a 75ºC.

Ao compar ar a resistência térmica dos

dois tipos de argamassa, observou-se que

os provetes protegidos pela argamassa

Tria revelavam uma temperatura de rotura

mais elevada em relação aos provetes pro-

tegidos pela argamassa Sika. Verificou-se

também que a diferença de temperaturas

existente entre a superfície da argamassa

e a superfície da resina é mais elevada nos

provetes protegidos pela argamassa da Tria.

Os resultados obtidos apresentam-se na

Tabela 4. Estes mostram que a argamassa

Tria assegurou uma maior eficiência como

isolante térmico, quando comparada com a

argamassa Sika.

De seguida, realizaram-se ensaios em que

se manteve o nível de carregamento, sendo

o sistema de proteção constituído não só

por argamassa mas também por uma tinta

intumescente fornecida pela mesma empre-

sa. Os resultados obtidos apresentam-se na

Tabela 5.Comparando os resultados obtidos

nos ensaios com argamassas e com arga-

massas + tintas intumescentes, verificou-se

que as temperaturas de rotura e Dtemp2–

1(ºC) são semelhantes. Observou-se que

todos os provetes apresentaram o mesmo

tipo de rotura. O aumento de temperatura in-

Provetes F (kN) T (ºC) Tipo de Rotura

16,3

101,1 3

2º 87,9 3

3º 96,6 3

Tabela 3: Temperatura e tipo de rotura nos ensaios sem proteção térmica na ligação.

troduz uma fragilidade excessiva na resina,

originando uma fissura que conduzia à rotura

prematura do CFRP. Estes resultados indi-

cam que a presença da tinta intumescente

não teve influência no resultado dos ensaios.

Este acontecimento deve-se ao facto de este

tipo de produto apenas ser eficiente para

temperaturas a partir dos 200ºC, valor bas-

tante superior às temperaturas atingidas.

4.2.2. Com 75% de carga

Com o propósito de avaliar a influência do

nível de carregamento no comportamento

da ligação submetida a ações térmicas,

procedeu-se a uma série de ensaios sobre

provetes sujeitos a um carregamento de 75%

da carga de rotura nos ensaios a frio.

Os resultados dos ensaios sem proteção tér-

mica na ligação são apresentados na Tabela 6.

Provetes F (kN) T (ºC) Tipo de Rotura

24,1

75,3 5

2º 83,2 1

3º 68,4 1

Tabela 6: Temperatura e tipo de rotura nos ensaios sem proteção térmica na ligação.

Page 18: Construção Magazine 49

frp e resistência ao fogo

16_cm

Estes ensaios revelaram que o aumento de

carga conduziu a um decréscimo da resis-

tência térmica na ligação. De facto, a rotura

ocorre com temperaturas na ligação acima

dos 68ºC, um valor significativamente inferior

quando comparado com o observado para um

nível de carregamento de 50%.

Nos provetes ensaiados com proteção de

argamassa Tria, verificou-se que a diferença

de temperaturas entre a superfície da arga-

massa e a resina foi semelhante ao observado

no ensaio de 50% de carga. Na Tabela 7 apre-

sentam-se os resultados obtidos. De acordo

com estes resultados, pode concluir-se que a

características isolantes da argamassa são

independentes do valor de carga aplicada no

ensaio de corte. A temperatura de ocorrên-

cia da rotura (acima dos 52ºC) revelou-se

inferior à obtida para um carregamento de

50%. As roturas ocorreram por falha no betão,

significando que a resina não perdeu a sua

característica aderente.

5. CONCLUSÕES

O presente trabalho pretendeu estudar a efi-

cácia de um sistema combinado constituído

por argamassas de proteção e tintas intumes-

centes num elemento de betão armado refor-

çado com fibras de carbono. Desenvolveu-se

um programa de ensaios laboratoriais, nos

quais se submeteram colagens entre betão

e CFRP a esforços de corte puro, associados

a um aumento de temperatura. Comparou-se

o desempenho e a eficiência da capacidade

isolante de diversos tipos de proteções

térmicas comerciais. Iniciou-se o trabalho

laboratorial com a realização de ensaios a frio,

que permitiram avaliar a resistência mecânica

máxima da ligação. Em seguida, realizaram-

se duas séries de ensaios com aquecimento,

submetendo os provetes, respetivamente,

a 50% e 75% da carga de rotura obtida nos

ensaios a frio.

Nos ensaios realizados a 50%, constatou-se

que os modos de rotura obtidos quando se

ensaiavam os provetes protegidos com arga-

massa sugeriam uma redução da capacidade

adesiva da resina. Esta redução indica uma

diminuição da resistência de colagem, como

resultado da degradação das suas caracte-

rísticas. Comparando a resistência térmica

dos dois tipos de argamassa, conclui-se que

a diferença de temperaturas que existia entre

a superfície da argamassa e a resina era mais

elevada nos provetes protegidos pela arga-

massa Tria. Deste modo, pode concluir-se que

a argamassa da Tria funcionou de forma mais

eficaz como isolante térmico, quando compa-

rada com a argamassa Sika. Comparando os

resultados obtidos nos ensaios efetuados

apenas com argamassa e com argamassa

e tinta intumescente, verificou-se que as

temperaturas de rotura são semelhantes em

ambos os casos. Estes resultados indicam

que a tinta intumescente não possui efeito

isolante significativo neste tipo de ensaios.

Este resultado deve-se ao facto de as tintas

intumescentes entrarem em atividade para

temperaturas mais elevadas a partir dos

200ºC.

Comparando os resultados obtidos entre

provetes submetidos a 50% e a 75% da carga

de rotura observada à temperatura ambiente,

verifica-se que um nível de carga mais elevado

conduz a um decréscimo da resistência tér-

mica da ligação. A diferença de temperaturas

entre a superfície da argamassa e a resina é

semelhante à observada no ensaio realizado

com 50% de carga aplicada, de onde se conclui

que as características isolantes da argamas-

sa não sofreram alteração com o valor de

carga aplicada.

6. REFERÊNCIAS

[1] Juvandes, L. Reforço e Reabilitação de

Estruturas de Betão Usando Materiais Com-

pósitos de CFRP. Tese de Doutoramento,

Universidade do Porto, 1999.

[2] Azevedo, D. Reforço de estruturas de betão

com colagem de sistemas de compósitos de

CFRP – Recomendações para dimensiona-

mento. Tese de Mestrado, Universidade do

Porto, Porto, 2008.

[3] Kodur, VKR.; Baingo, D. Fire Resistance of

FRP Reinforced Concrete Slabs. RC Inter-

national Report No 758, National Research

Council of Canada, página 37, 1998.

[4] Apicella, F.; Imbrogno, M. Fire performance

of CFRP- composites used for repairing

and strengthening concrete. Materials and

Construction: Exploring the Connection.

Proceddings, 5th ASCE Materials Enginee-

ring Congress, New York, páginas 260-266,

1999.

[5] Sorathia U.; Dapp T.; Beck C. Fire performan-

ce of composites. Materials Engineering,

Vol. 109, páginas 10-12, 1992

[6] L Hermite, R. L Application des Colles et

Resins dans la Construction. Le Beton a

Coffrage Portant. Annales de L ITBTP, nº

239, 1967.

[7] Br esson, J. Nouvelles Recherches et

Applications Concernant L Utilisation des

Collages dans les Structures. Béton Plaqué.

Annales de L ITBTP, nº 278, 1971.

[8] Theillout, J.N. Repair and Strengthening

of Bridges by Means of Bonded Plates.

Adhesion Between Polymers and Concrete.

International Symposium Organized by

RILEM, France, páginas 542-555, 1986.

[9] Branco, F. Influência da Temperatura na

Fixação de Chapas de Aço a Betão. Tese de

Mestrado, Universidade de Coimbra, 1998.

[10] Grilo, I. Protecção ao Fogo de Elementos

Reforçados com FRP. Tese de Mestrado,

Universidade de Coimbra, 2010.

Tabela 7: Temperatura e tipo de rotura nos ensaios com argamassas.

Provetes F (kN) T1 (ºC) T2 (ºC) Dtemp2–1(ºC)Tipo de Rotura

Argamassa Tria

24,1

70,6 148,6 77,9 4

2º 52,9 115,9 63,0 1

3º 51,4 120,9 61,5 1

Page 19: Construção Magazine 49

17_ 21

1. INTRODUÇÃO

A aplicação de FRP’s no reforço de estruturas

de BA tem vindo a merecer cada vez maior acei-

tação no seio da comunidade da Engenharia

Civil, existindo já sistemas de reforço “tipo”

com materiais e técnicas bem definidos.

Propriedades como baixo peso, elevado rácio

rigidez/peso, imunidade à corrosão, grande va-

riedade de tamanhos e formatos disponíveis, e

ainda o decréscimo dos custos de fabrico, são

algumas das razões que justificam a crescente

utilização deste tipo de materiais.

Os FRP’s têm vindo a ser aplicados em estru-

turas de BA, principalmente, com recurso a

duas técnicas de reforço [1]: a colagem externa

de mantas ou faixas de laminado (Externally

Bonded Reinforcement – EBR) ou a inserção de

laminados ou varões no betão de recobrimento

(Near-Surface Mounted – NSM) do elemento de

BA a reforçar.

Vários estudos têm demonstrado a ocorrência

frequente de modos de rotura frágeis, nome-

adamente, destacamento prematuro do FRP,

no caso da técnica EBR, e desintegração do

betão de recobrimento, no caso da técnica

NSM. Recentemente, surgiu uma técnica de

reforço alternativa às anteriores, que recorre a

laminados multidirecionais híbridos com fibras

de vidro e de carbono, apenas ancorados com

parafusos metálicos à superfície do elemento

de BA a reforçar (Mechanically Fastened – MF-

frp e resistência ao fogoreforço de elementos de betão armado com recurso a laminados de cfrp multidirecionaisJosé Sena Cruz, Professor Associado, ISISE – Departamento de Engenharia Civil, Universidade do Minho, [email protected]

Joaquim Barros, Professor Catedrático, ISISE – Departamento de Engenharia Civil, Universidade do Minho, [email protected]

Mário Coelho, Aluno de Doutoramento, ISISE – Departamento de Engenharia Civil, Universidade do Minho, [email protected]

Pedro Fernandes, Aluno de Doutoramento, ISISE – Departamento de Engenharia Civil, Universidade do Minho, [email protected]

Patrícia Silva, Investigadora, ISISE – Departamento de Engenharia Civil, Universidade do Minho, [email protected]

A aplicação de polímeros reforçados com

fibras (Fiber Reinforced Polymers – FRP) no re-

forço de estruturas de betão armado (BA) tem

sido realizada, essencialmente, com recurso

às técnicas de colagem externa de mantas ou

faixas de laminado e de inserção de laminados

ou varões no betão de recobrimento.

No âmbito do projeto de investigação em que

este trabalho se insere pretendeu-se avaliar

as potencialidades de uma técnica de reforço

que consiste em, simultaneamente, colar e

ancorar laminados multidirecionais de fibras

de carbono (Multidirectional Laminate of Car-

bon Fibre Reinforced Polymers – MDL-CFRP)

na superfície dos elementos de BA a reforçar

(Mechanically Fastened and Externally Bon-

ded Reinforcement – MF-EBR). No presente

trabalho apresentam-se os principais resulta-

dos experimentais obtidos no referido projeto

de investigação.

FRP) [2]. A principal vantagem desta técnica de

reforço está associada ao facto de o sistema

de ancoragem, sendo distribuído ao longo do

reforço de FRP, permitir o desenvolvimento

de tensões mais elevadas em toda a extensão

do mesmo.

Tendo por base as técnicas EBR e MF-FRP, no

âmbito do projeto a que este trabalho se refere,

propôs-se uma técnica de reforço com FRP’s

que consiste em, simultaneamente, colar e

ancorar mecanicamente laminados MDL-

CFRP no elemento de BA a reforçar (MF-EBR).

Esta técnica pretende associar os benefícios

derivados das ancoragens da técnica MF-FRP

com as vantagens da colagem externa da EBR.

Além disso, as ancoragens são pré-esforçadas

e o laminado multidirecional utilizado é exclusi-

vamente composto por fibras de carbono para

apresentar elevados níveis de eficácia.

O projeto tinha como objetivo fundamental dar

um contributo no conhecimento da reparação e

reforço à ação sísmica de nós de pórtico de BA

com recurso a MDL-CFRP. Nesse contexto, fo-

ram definidas as seguintes tarefas principais:

– Desenvolvimento e caracterização de um

laminado multidirecional de CFRP que sa-

tisfizesse as necessidades do projeto;

– Caracterização do comportamento da liga-

ção entre o MDL-CFRP e o betão;

– Avaliação da eficiência do reforço de es-

truturas de BA com MDL-CFRP recorrendo à

técnica MF-EBR.

cm_17

Page 20: Construção Magazine 49

frp e resistência ao fogo

18_cm

Na presente comunicação, as tarefas acima

referidas são apresentadas e os principais

resultados obtidos são destacados.

2. CAMPANHAS EXPERIMENTAIS

2.1. Desenvolvimento e Caracterização

do MDL-CFRP

Devido à especificidade/novidade do material

em causa, não foi possível encontrar o MDL-

CFRP no mercado. Na impossibilidade de se ad-

quirir um produto acabado, houve necessidade

de o dimensionar, produzir e validar.

Tendo em consideração as várias condicionan-

tes existentes (tipo de matéria prima, métodos

de produção disponíveis, propriedades me-

cânicas mínimas requeridas, entre outros)

optou-se pela configuração de empilhamento

quási-isotrópica apresentada na Fig. 1a.

Assim, o MDL-CFRP produzido era constituído

por duas camadas de pré-impregnado unidi-

recional de carbono/epóxi (SEAL, TEXIPREG®

HS 160 REM) orientadas a ±45° em ambas as

faces de uma camada de laminado unidirecio-

nal de carbono/epóxi (S&P, CFK® 150/2000)

orientada a 0°.

A produção do MDL-CFRP ficou a cargo do INEGI

(Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão

Industrial da Universidade do Porto). Este

foi produzido com recurso a uma máquina

de autoclave, estando a sequência de empi-

lhamento dos seus elementos representada

na Fig. 1b. Numa primeira fase foi produzido

Na Tabela 1 incluem-se as principais proprie-

dades obtidas da caracterização do MDL-CFRP.

Nesta tabela também estão incluídos valores

para as mesmas propriedades referentes a

um laminado multidirecional híbrido comer-

cial, constituído por fibras de vidro e carbono

(SAFSTRIP®). Comparando o desempenho de

ambos os materiais, é possível concluir que

o presente projeto permitiu desenvolver um

laminado exclusivamente feito com fibras

de carbono e com características mecânicas

significativamente superiores aos compósitos

comerciais disponíveis.

2.2. Caracterização do comportamento da

ligação entre o MDL-FRP e o betão

A caracterização do comportamento da liga-

ção entre o MDL-CFRP e o betão foi realizada

através da execução de um extenso programa

experimental de ensaios de arranque direto

[4]. A seleção dos parâmetros a estudar foi

MDL-CFRP em quantidade suficiente para a

sua caracterização geométrica e mecânica

[3]. Foram realizados ensaios para avalia-

ção das propriedades à tração a 0º e 90º,

resistência ao esmagamento e à flexão a 0º

do compósito.

Da análise dos resultados foi possível concluir

que:

(i) a resistência ao esmagamento aumenta

com o aumento do pré-esforço aplicado

nos parafusos;

(ii) este aumento tem um valor máximo a

partir do qual não se verificam acréscimos

de resistência com o acréscimo de pré-

esforço. Pelo contrário, verifica-se que

acima de determinado valor de pré-esforço

o MDL-CFRP pode ficar danificado na zona

do parafuso, resultando uma zona de fra-

gilidade que conduz a menores valores de

resistência ao esmagamento;

(iii) em todos os ensaios efetuados ocorreu

um modo de rotura misto com corte e

esmagamento.

> Figura 1: Produção do MDL-CFRP: (a) Sequência de empilhamento e materiais utilizados (secção transversal); (b) Configuração de produção utilizada.

> 1

a) b)

Laminado tf [mm] f

fu [MPa] E

f [GPa] ε

fu [%]

ff,br

[MPa]

T0

T1

MDL-CFRP 2.071866(5.1%)

118(2.8%)

1.58(5.1%)

316.4(11.8%)

604.4(5.8%)

SAFSTRIP 3.18 852 62.2 n/a 180 279

Nota 1: tf – espessura; f

fu – resistência à tração; E

f – módulo de elasticidade; ε

fu – extensão última;

ff,br

– resistência ao esmagamento; T0 – sem pré-esforço; T1 – com pré-esforço correspondente a um

momento de aperto de 40 N x m;Nota 2: os valores entre parêntesis são os correspondentes coeficientes de variação.

Tabela 1: Principais propriedades obtidas na caracterização do MDL-CFRP.

Page 21: Construção Magazine 49

cm_19

efetuada com base em resultados existentes na

bibliografia da especialidade (com especial inci-

dência nas aplicações já realizadas ao nível da

indústria aeroespacial e aeronáutica) e noutros

parâmetros considerados cruciais no âmbito do

projeto. Nesse contexto foram selecionadas

as seguintes variáveis para análise: técnica de

reforço (EBR, MF-FRP e MF-EBR); quantidade (1,

2 e 3) e diâmetro das ancoragens (M8 e M10);

nível de pré-esforço a aplicar às ancoragens (0

e 40 N×m) e comprimento de amarração.

Na Fig. 2 apresenta-se, de forma esquemática,

a configuração de ensaio adotada, bem como

uma foto ilustrativa dos ensaios de arranque

efetuados.

A realização de programa experimental envol-

veu um total de 71 provetes reforçados com

várias combinações predefinidas dos parâme-

tros anteriormente referidos. Dos resultados

experimentais obtidos foi possível extrair

como principais conclusões [4]:

(i) a técnica mais efetiva foi a MF-EBR, dado

que conduziu aos maiores valores de

resistência;

(ii) a força máxima de arranque aumenta com

o número e o diâmetro das ancoragens;

(iii) o acréscimo de força é maior quando é

aplicado pré-esforço nas ancoragens;

(iv) as relações força de arranque versus

deslizamento são não lineares até ao pico

de carga, sendo que, para os casos com

ancoragens pré-esforçadas, se obteve

uma resposta mais linear;

(v) os modos de rotura típicos observados

para os provetes MF-EBR foram o des-

tacamento na interface adesivo/betão,

destacamento na interface adesivo/MDL,

delaminação do MDL e esmagamento do

laminado ao nível das ancoragens.

> Figuras 2: Ensaios de arranque direto: (a) Configuração de ensaio; (b) Foto de um ensaio. Legenda: (a) atuador; (b) macaco hidráulico; (c) amarra rotulada; (d) apoio; (e) MDL-CFRP; (f)

provete de BA.” por “(a) amarra rotulada; (b) apoio; (c) MDL-CFRP; (d) provete de BA.

> Figuras 3: Configuração de ensaio dos nós interiores: (a) Esquema estrutural; (b) Foto de um ensaio.

2.3. Reforço de nós de pórtico com MDL-CFRP

Foram realizados dois programas de ensaios

com intuito de propor e avaliar a eficiência das

técnicas de reforço aplicadas a nós de pórtico

de BA submetidos a ações cíclicas. Contudo,

neste trabalho apenas se apresenta um dos

programas de ensaios efetuado.

Os nós estudados procuraram reproduzir

situações reais. Foram utilizados protótipos

à escala real, incluindo provetes com dano

inicial resultante de um evento sísmico e

utilizando materiais (betão de baixa resis-

tência e armaduras lisas) e geometrias (viga

forte – pilar fraco) idênticos àqueles que eram

usados até ao final da década de 70. De facto,

no contexto dos países do sul da Europa,

são estas as estruturas que necessitam de

maior intervenção de modo a mitigar o risco

de colapso sísmico.

No primeiro programa de ensaios usou-se

uma configuração de ensaio já existente, em

que se procurou analisar o tipo de configu-

ração de reforço e o efeito do nível de dano

inicial na resposta final da estrutura [5]. Na

Fig. 3 apresenta-se a configuração de ensaio

adotada.

Após a aplicação de dano inicial, os nós fo-

ram reconstruídos, as fendas foram seladas

e o reforço de MDL-CFRP foi aplicado. As

> 2

a) b)

> 3

a) b)

A realização de programa experimental envolveu um total de 71 provetes reforçados com várias

combinações predefinidas dos parâmetros anteriormente referidos. Dos resultados experimentais

obtidos foi possível extrair como principais conclusões [4]: (i) a técnica mais efetiva foi a MF-EBR, dado que conduziu aos maiores valores de resistência;

(ii) a força máxima de arranque aumenta com o número e o diâmetro das ancoragens;

(iii) o acréscimo de força é maior quando é aplicado pré-esforço nas ancoragens; (iv) as relações força de arranque versus deslizamento são não lineares até ao pico de carga,

sendo que, para os casos com ancoragens pré-esforçadas, se obteve uma resposta mais linear;

(v) os modos de rotura típicos observados para os provetes MF-EBR foram o destacamento na

interface adesivo/betão, destacamento na interface adesivo/MDL, delaminação do MDL e esmagamento do laminado ao nível das ancoragens.

2.3 Reforço de nós de pórtico com MDL-CFRP

Foram realizados dos programas de ensaios com intuito de propor e avaliar a eficiência das

técnicas de reforço aplicadas a nós de pórtico de BA submetidos a ações cíclicas. Contudo, neste

trabalho apenas se apresenta um dos programas de ensaios efetuado. Os nós estudados procuraram reproduzir situações reais. Foram utilizados protótipos à escala

real, incluindo provetes com dano inicial resultante de um evento sísmico e utilizando materiais

(betão de baixa resistência e armaduras lisas) e geometrias (viga forte – pilar fraco) idênticos àqueles que eram usados até ao final da década de 70. De facto, no contexto dos países do sul

da Europa, são estas as estruturas que necessitam de maior intervenção de modo a mitigar o

risco de colapso sísmico. No primeiro programa de ensaios usou-se uma configuração de ensaio já existente, em que se

procurou analisar o tipo de configuração de reforço e o efeito do nível de dano inicial na resposta

final da estrutura [5]. Na Fig. 3 apresenta-se a configuração de ensaio adotada.

Após a aplicação de dano inicial, os nós foram reconstruídos, as fendas foram seladas e o reforço de MDL-CFRP foi aplicado. As duas soluções de reforço propostas encontram-se representadas

esquematicamente na Fig. 4. Em função da localização do MDL-CFRP, as soluções de reforço

foram designadas por direta ou indireta. Na Fig. 5 apresenta-se um exemplo dos resultados obtidos para o protótipo com a solução de

reforço direta e respetivo protótipo de referência.

Quando comparados com os nós não reforçados, foi possível obter um aumento de capacidade de carga até cerca de 35%. Neste caso o incremento de energia dissipada foi significativo. Muito

interessante, também, foi a possibilidade de se repor a rigidez inicial do nó através da selagem

das fendas e da reconstrução dos cantos. Esta técnica mostrou-se muito eficiente, sobretudo nos

nós com armaduras lisas. Os principais modos de rotura obtidos consistiram em fendas de flexão, esmagamento por

compressão do betão nos cantos dos nós, destacamento do laminado na interface betão/adesivo

e esmagamento do MDL-CFRP.

(a) (b)

Fig. 3 – Configuração de ensaio dos nós interiores: (a) Esquema estrutural; (b) Foto de um ensaio.

Page 22: Construção Magazine 49

20_cm

> Figuras 4: Reforço de nós interiores: (a) solução direta; (b) solução indireta.

> Figuras 5: Nó com solução de reforço direta: (a) relação força versus deslocamento; (b) modo de rotura.

> Figuras 6: Resposta força versus deslocamento das vigas ensaiadas sob carregamento monotónico.

duas soluções de reforço propostas encon-

tram-se representadas esquematicamente na

Fig. 4. Em função da localização do MDL-CFRP,

as soluções de reforço foram designadas por

direta ou indireta.

Na Fig. 5 apresenta-se um exemplo dos resul-

tados obtidos para o protótipo com a solução

de reforço direta e respetivo protótipo de

referência.

Quando comparados com os nós não refor-

çados, foi possível obter um aumento de

capacidade de carga até cerca de 35%. Neste

caso o incremento de energia dissipada foi

significativo. Muito interessante, também,

foi a possibilidade de se repor a rigidez inicial

do nó através da selagem das fendas e da re-

construção dos cantos. Esta técnica mostrou-

se muito eficiente, sobretudo nos nós com

armaduras lisas.

Os principais modos de rotura obtidos con-

sistiram em fendas de flexão, esmagamento

por compressão do betão nos cantos dos nós,

destacamento do laminado na interface betão/

adesivo e esmagamento do MDL-CFRP.

2.4. Reforço de vigas de BA

As potencialidades dos laminados MDL-CFRP

foram também testadas no reforço à flexão

de vigas. A Fig. 6 mostra a resposta obtida

em termos de força versus deslocamento das

vigas ensaiadas sob carregamento monotóni-

co. A partir desta figura é possível constatar

que a viga reforçada que maior carga atingiu

foi a MF-EBR. Quando comparado com a viga

de referência (REF), foi obtido um aumento

na capacidade de carga de 37%, 87% e 86%

para as vigas EBR, MF-EBR e NSM, respetiva-

mente. No entanto, o aspeto mais favorável

da técnica MF-EBR foi o nível de ductilidade

(4.35), o qual foi muito superior ao registado

nas outras duas vigas reforçadas, EBR (1.80)

e NSM (2.98).

> 4

a) b)

> 5

a) b)

> 6

frp e resistência ao fogo

Page 23: Construção Magazine 49

3. CONCLUSÕES

Na presente comunicação foi dada a conhecer a técnica de

reforço MF-EBR. Esta consiste na aplicação de laminados de

MDL-CFRP na superfície dos elementos a reforçar, através

da colagem com epóxi em conjunto com a aplicação discreta

de ancoragens mecânicas. Esta técnica revelou-se bastante

promissora, apresentando vantagens quando comparada

com o desempenho de técnicas de reforço mais utilizadas

atualmente, abrindo assim caminho a uma solução alter-

nativa que, em muitos casos, poderá ser a melhor solução

de reforço.

O presente trabalho foi financiado pelos programas COMPE-

TE e FEDER, projeto PTDC/ECM/74337/2006 da FCT – Fun-

dação para a Ciência e a Tecnologia. Os autores manifestam

os seus agradecimentos às empresas que gentilmente

forneceram os materiais, nomeadamente, à S&P Clever

Reinforcement Ibérica Lda., Hilti Portugal – Produtos e

Serviços Lda., e à SECIL, e à empresa TSwaterjet pelo corte

dos laminados utilizando a tecnologia de jato de água.

Todas as publicações desenvolvidas no âmbito deste projeto

poderão ser consultadas em www.sc.civil.uminho.pt

PUB

6. REFERÊNCIAS

[1] “Guide for the design and construction of externally bonded FRP systems for strengthening

concrete structures.” Report ACI 440.2R-08 by ACI Committee 440, American Concrete

Institute (ACI), Farmington Hills, USA, 80 pp, 2008.

[2] Bank, L. “Mechanically Fastened FRP (MF-FRP) Strips for Strengthening RC Structures – A

Viable Alternative”, In: Proc of 2nd international conference on FRP composites in civil

engineering: CICE, Adelaide, Australia, December 8–10, 2004, 12 pp.

[3] Sena-Cruz, J.M.; Barros, J.A.O.; Carvalho, J.; Coelho, M. “Caracterização geométrica

e mecânica de laminados multi-direccionais produzidos pelo INEGI.” Relatório no.

09-DEC/E-28, Departamento de Engenharia Civil, Universidade do Minho, Guimarães,

43 pp, 2009.

[4] Coelho, M.; Fernandes, P.; Sena-Cruz, J.M.; Barros, J.A.O. “Comportamento da ligação entre

laminados multi-direccionais de CFRP e o betão”, Relatório no. 11-DEC/E-15, Departamento

de Engenharia Civil, Universidade do Minho, Guimarães, 74 pp, 2011.

[5] Coelho, M.; Fernandes, P.; Melo, J.; Sena-Cruz, J.M.; Varum, H.; Barros, J.; Costa, A. (2012)

“Seismic retrofit of RC beam-column joints using the MF-EBR strengthening technique.”

Advanced Materials Research, Vols. 452-453, 1110-1115.

[6] Coelho, M.; Fernandes, P.; Sena-Cruz, J.M.; Barros, J.A.O. (2011) “Reforço sísmico de nós

de pórtico em betão armado com laminados multidirecionais de CFRP”, Relatório no.

11-DEC/E-32, Departamento de Engenharia Civil, Universidade do Minho, Guimarães,

74 pp.

[7] Sena-Cruz, J.M.; Barros, J.A.O.; Coelho, M.R.; Silva, L. (2011) “Efficiency of different

techniques in flexural strengthening of RC beams under monotonic and fatigue loading.”

Construction & Building Materials, 29, 175–182.

Page 24: Construção Magazine 49

22_ 29

1. INTRODUÇÃO

Nas duas últimas décadas a utilização de

CFRP’s colados com resinas epóxidas no re-

forço de estruturas de betão armado registou

um aumento considerável, sobretudo devido

às vantagens que apresentam em relação aos

materiais tradicionais, em particular face ao

aço [1]. Estas vantagens incluem a elevada

resistência à tração, a leveza, a elevada re-

sistência à corrosão e à fadiga e a facilidade

de transporte e de aplicação.

O comportamento ao fogo dos sistemas de

reforço com CFRP não surge como uma das

principais preocupações quando estes são

aplicados em pontes. Contudo, em edifícios, e

apesar de estes sistemas apresentarem um

22_cm

elevado potencial, há preocupações relacio-

nadas com o comportamento a temperaturas

elevadas. De facto, a resistência, rigidez e

propriedades adesivas destes materiais são

severamente afetadas para temperaturas

moderadamente elevadas [2], nomeadamente

quando estas se aproximam da temperatura

de transição vítrea (Tg) da matriz polimérica,

que tipicamente varia entre 55ºC e 120ºC. A

ligação entre o betão e o CFRP, materializada

por adesivos epóxidos que desempenham um

papel crucial para que o sistema de reforço

funcione, é também severamente afetada para

temperaturas superiores à Tg.

Resultados recentes obtidos em ensaios de

resistência ao fogo em vigas [3], lajes [4] e

pilares [5] de betão armado reforçados com

frp e resistência ao fogodesenvolvimento de sistemas de protecção ao fogo para elementos de betão armado reforçados com laminados de cfrp

João P. Firmo

MSc, Aluno de doutoramento

IST / ICIST, Universidade Técnica de Lisboa

[email protected]*

Cristina López

MSc, Aluna de doutoramento

IST / ICIST, Universidade Técnica de Lisboa

[email protected]

Carlos Tiago

MSc, PhD, Professor Auxiliar

IST / ICIST, Universidade Técnica de Lisboa

[email protected]

Neste artigo são apresentados estudos numéricos e experimentais sobre o comportamento

ao fogo de vigas e lajes de betão armado (BA) reforçadas à flexão com laminados de fibras

de carbono (CFRP). Na primeira parte do artigo resumem-se os principais resultados obtidos

em ensaios de resistência ao fogo realizados em vigas nas quais foram aplicados sistemas

de proteção ao fogo, constituídos por placas de silicato de cálcio ou argamassa à base de

vermiculite e perlite, complementados com o isolamento térmico das zonas de ancoragem dos

laminados. Este detalhe construtivo permitiu aumentar consideravelmente o tempo de resis-

tência ao fogo do sistema de reforço. Os estudos numéricos, apresentados na segunda parte

do artigo, incluem o desenvolvimento de (i) modelos de elementos finitos (EF) bidimensionais

(2D) das vigas ensaiadas, validados com base no ajuste entre as temperaturas calculadas e

as registadas nos ensaios, e de (ii) modelos de EF tridimensionais (3D) de lajes reforçadas à

flexão com laminados de CFRP, usados para analisar a eficácia de diferentes configurações

do sistema de proteção ao fogo, com particular destaque para a geometria do isolamento na

zona de ancoragem dos laminados.

Palavras-chave: betão armado; sistemas de reforço; laminados de polímeros reforçados com

fibras de carbono (CFRP); fogo; zonas de ancoragem; sistemas de proteção.

CFRP, realçam a necessidade de desenvolver

sistemas de proteção adequados para prolon-

gar o tempo de resistência ao fogo deste tipo

de elementos estruturais. Contudo, presen-

temente, não existem documentos/recomen-

dações nem modelos fiáveis que auxiliem o

dimensionamento desses sistemas de prote-

ção ao fogo. Os estudos numéricos realizados

neste domínio são igualmente escassos [6-8].

Na primeira parte do presente artigo (ponto

2) são apresentados os principais resultados

obtidos em ensaios de resistência ao fogo

realizados em vigas de BA reforçadas à flexão

com laminados de CFRP (descritos em detalhe

em [9, 10]), onde foi analisada a eficácia de

dois sistemas de proteção passiva, placas de

silicato de cálcio e argamassa de vermiculite e

Page 25: Construção Magazine 49

cm_23

perlite, envolvendo, simultaneamente, o isola-

mento da zona de ancoragem dos laminados.

Na segunda parte do artigo (ponto 3) são apre-

sentados estudos numéricos elaborados com

os seguintes objetivos: (i) simular a evolução

das temperaturas na secção transversal de

duas das vigas ensaiadas; (ii) avaliar o efeito

da geometria do sistema de proteção na zona

de ancoragem na resistência ao fogo de lajes

de BA reforçadas à flexão com CFRP.

No ponto 4 são apresentadas as conclusões

do estudo efetuado.

2. EsTUDO ExPERImENTAL

2.1. Características das vigas e do sistema

de reforço

Foram ensaiadas 5 vigas reforçadas e 1 de

referência não reforçada (viga RC). Em todas

as vigas reforçadas a zona de ancoragem dos

laminados foi isolada da ação térmica (cf. 2.2)

e em 4 delas foram aplicados outros sistemas

de proteção ao fogo ao longo do vão. O sistema

de reforço à flexão foi constituído por um la-

minado com 1,35 m de comprimento, 50 mm

de largura e 1,2 mm de espessura, colado à

face inferior das vigas (Figuras 1 e 2) com um

adesivo epóxido. Em ensaios de flexão em 4

gados leves à base de vermiculite e perlite

(VP), nas espessuras de 25 mm (vigas SC25 e

VP25, respetivamente) e 40 mm (vigas SC40 e

VP40, respetivamente), num comprimento de

1,40 m e largura igual à das vigas. Os painéis

de SC foram fixados mecanicamente (Figura

3). A argamassa de vermiculite e perlite foi

aplicada por espalhamento (Figura 4). A viga

reforçada e não protegida foi denominada por

viga CFRP. Tal como referido, o comprimento

do laminado era de 1,35 m – este valor coin-

cidiu com a largura externa do forno no qual

foram realizados os ensaios, garantindo-se

que as zonas de ancoragem estavam isoladas

termicamente num comprimento de 0,20 m,

dimensão que correspondeu à espessura das

paredes do forno (Figura 5). Em aplicações

reais, este isolamento pode ser concretizado

pela aplicação de materiais de proteção de

elevada espessura nas zonas de ancoragem,

procedimento cuja viabilidade é analisada

no ponto 3.

2.3. sistema de ensaio, instrumentação e

procedimento

Todas as vigas foram ensaiadas à f lexão

em quatro pontos (vão de 1,50 m) sobre a

abertura superior de um forno alimentado

pontos com vão de 1,50 m realizados à tempe-

ratura ambiente, verificou-se um aumento do

momento fletor resistente de 94% [9, 10]. Este

valor é superior às taxas máximas de reforço

estabelecidas nos principais documentos

internacionais (variáveis entre 40% e 60%),

onde a suscetibilidade destes sistemas a

temperaturas elevadas é apontada como uma

das principais razões à sua limitação [1, 11].

Contudo, em aplicações anteriores a esses

documentos, taxas de reforço superiores são

relativamente comuns.

A temperatura de transição vítrea (Tg) dos ma-

teriais de reforço foi determinada através da

realização de análises mecânicas dinâmicas

(ensaios de DMA), nas quais se obteve 55ºC

para o adesivo de colagem e 153ºC para o

laminado. Foram ainda realizados ensaios

de calorimetria diferencial de varrimento e

termogravimetria (ensaios de DSC/TGA) que

permitiram concluir que ambos os materiais

apresentam uma temperatura de decompo-

sição térmica (Td) de 380ºC.

2.2. sistemas de proteção ao fogo

Os sistemas de proteção passiva ao fogo

utilizados foram constituídos por painéis de

silicato de cálcio (SC) ou argamassa de agre-

> Figura 1: Corte longitudinal das vigas reforçadas à flexão.

> Figura 2: Secção das vigas reforçadas.

> Figura 3: Viga protegida com painel de silicato de cálcio.

> Figura 4: Viga protegida com argamassa de VP.

> 2

> 1 > 2

> 3 > 4

Page 26: Construção Magazine 49

frp e resistência ao fogo

24_cm

a gás, tal como se ilustra na Figura 5. A car-

ga total aplicada simulou o carregamento

aplicado numa situação de incêndio, que,

de acordo com a norma ISO 834 [12], deverá

corresponder a um valor típico de condições

de serviço. Optou-se por considerar um valor

que provocasse nas vigas um deslocamento

a meio vão de L/250 (0,06 m). Este carrega-

mento foi de 10,2 kN para a viga RC (58% da

carga última à temperatura ambiente) e 16,3

kN para as vigas reforçadas (47% da carga

última à temperatura ambiente). Em todos

os ensaios apenas a face inferior das vigas

foi exposta diretamente à ação do incêndio,

tendo as faces laterais sido isoladas com

placas de lã mineral e a face superior exposta

à temperatura ambiente.

Foram colocados termopares do tipo K na

secção central de todas as vigas para medição

dos valores de temperatura, com a disposição

indicada na Figura 6. Na Viga SC40 utilizaram-

se 2 termopares adicionais na zona de extre-

midade do laminado (TE.L. e TP.F., Figura 7). Foi

ainda monitorizado o deslocamento vertical a

meio vão de todas as vigas.

> Figura 5: Esquema dos ensaios de resistência ao fogo.

> Figura 6: Posicionamento dos termopares na secção de meio vão.

> Figura 7: Termopares na zona de ancoragem (Viga SC40).

O procedimento de ensaios dividiu-se em

duas fases: i) aplicação de carga gravítica;

ii) aplicação de temperatura de acordo com

o incêndio padrão da norma ISO 834 [12]. O

ensaio decorreu até que fosse atingida a ro-

tura da viga ou uma duração de 210 minutos.

2.4. Resultados

A evolução das temperaturas em 4 das 6 vigas

ensaiadas está presente na Figura 8, onde

se indicam os valores das temperaturas de

transição vítrea (Tg) e de decomposição (T

d)

da resina de colagem (na Figura 12 do ponto

3 estão indicados os resultados das vigas

CFRP e VP25). Na Tabela 1 estão resumidos,

para todas as vigas reforçadas, os principais

resultados obtidos. Na viga CFRP observou-

se que quando a ligação entre o laminado e o

betão foi completamente destruída (após 23

min), a temperatura na secção de meio vão

na interface betão-CFRP era superior à Td de

ambos os materiais de reforço. Em todas as

vigas reforçadas e protegidas pelos sistemas

passivos (vigas VP25, CS25, VP40 e SC40),

quando comparadas com a viga CFRP e con-

siderando o mesmo tempo de exposição, as

temperaturas medidas na secção de meio vão

são nitidamente inferiores, especialmente

ao nível da interface betão-CFRP, explicando

o maior tempo de proteção do reforço. Tal

como esperado, maiores espessuras condu-

ziram a períodos de proteção mais elevados.

Verif icou-se também que, para a mesma

espessura de isolamento, a argamassa de

vermiculite e perlite foi mais eficaz na pro-

teção do reforço.

Os resultados apresentados na Tabela 1

mostram que no instante do descolamento

do laminado a temperatura média na interface

betão-CFRP na zona de ancoragem da viga

SC40 era de 52ºC, aproximadamente igual à

Tg do adesivo de colagem. Estes resultados

confirmam que a ligação do laminado ao betão

foi menos afetada nas zonas de ancoragem

protegidas da ação do fogo, explicando o facto

de na secção de meio vão as temperaturas

serem superior à Tg do adesivo e, ainda assim,

o sistema de reforço continuar a ser efetivo. A

> 5 > 7

> 6

Page 27: Construção Magazine 49

cm_25

rotura por tração do laminado nunca ocorreu

pois para os valores de temperatura regista-

dos, a sua resistência, apesar de afetada, era

ainda bastante elevada [9].

A Figura 9 ilustra a variação do deslocamento

a meio vão com o tempo em todas as vigas

ensaiadas. A origem do eixo das abcissas (t=0

min) corresponde ao início da exposição ao

incêndio padrão. O deslocamento na viga CFRP

aumentou a uma taxa inferior à da viga RC até

ao momento em que ocorreu o descolamento

do laminado. Nesse momento, o deslocamen-

to aumentou instantaneamente (devido à

perda de rigidez). Nas vigas protegidas, como

esperado, o aumento do deslocamento foi

menor do que na viga CFRP, motivado por uma

> 8

> Figura 8: Temperaturas em função do tempo de exposição ao fogo: a) Viga RC; b) Viga VP40; c) Viga SC25; d)Viga SC40. (T1m

, T2m

média dos valores dos termopares T1 e T1’, T2 e

T2’, respetivamente)

> Figura 9: Aumento do deslocamento a meio vão em função do tempo [9].

menor perda de rigidez por efeitos térmicos.

Consequentemente, a ligação betão-CFRP

foi destruída após um período de exposição

consideravelmente mais longo. Destaca-se

o facto de a viga VP25 ter colapsado imedia-

tamente após a rotura do sistema de reforço.

Apesar de o valor da carga atuante ser ligeira-

mente inferior ao da carga resistente da viga

não reforçada, o descolamento do reforço foi

bastante brusco, assemelhando-se à aplica-

ção de uma carga de forma dinâmica, e que,

por isso, terá amplificado os seus efeitos. Em

4 das 6 vigas não foi possível atingir o colapso

devido à perda de eficácia do sistema de ve-

dação lateral do forno.

Observações pós-fogo (Figura 10) mostra-

ram que o comportamento do laminado na

extensão exposta à ação do fogo (0,95 m) se

assemelhou ao de um “tirante” fixo nas zonas

de ancoragem por aderência ao betão (Figura

10c), onde a ligação colada não se encontrava

destruída (Figuras 10a e 10b). Com o aumento

da temperatura, as propriedades de rigidez e

de resistência dos materiais foram diminuindo,

tendo como consequência um aumento da

força de tração no “tirante”. O descolamento

do laminado/“tirante” ocorreu quando a tensão

de aderência resistente foi ultrapassada numa

das zonas de ancoragem, coincidindo com o

instante em que a Tg do adesivo foi atingida.

3. EsTUDO NUméRICO

3.1. modelo 2D

3.1.1. Descrição do modelo

Foram elaborados modelos de EF bidimensio-

nais no programa de cálculo automático ADINA-

T [13] para simular a evolução das tempera-

turas na secção transversal das vigas CFRP e

VP25. Os resultados numéricos foram poste-

riormente comparados com os obtidos experi-

mentalmente com o objetivo de validar o mode-

lo, permitindo a sua generalização para o caso

tridimensional (lajes reforçadas – ponto 3.2).

A geometria das secções transversais modela-

das foi coincidente com a das vigas ensaiadas.

Contudo, não foram consideradas as armadu-

ras de aço, uma vez que a sua presença é pouco

c) d)

a) b)

Tabela 1: Resumo de alguns dos resultados obtidos nos ensaios de resistência ao fogo nas vigas reforçadas.

ParâmetroViga CFRP

Viga VP25

Viga sC25

Viga VP40

Viga sC40

Tempo até a Tg do adesivo de colagem ser atingida

na interface betão-CFRP (meio vão) [min]1 15 17 24 38

Tempo até o sistema de reforço atingir a rotura por descolamento do laminado [min]

23 89 60 167 137

Temperatura média na ligação betão-resina a meio vão no momento da rotura do reforço

(*ancoragem) [ºC]414 176 119 187

146 (*52)

> 9

Page 28: Construção Magazine 49

frp e resistência ao fogo

26_cm

> Figura 10: (a) zona de ancoragem do laminado de CFRP (protegida pela parede do forno); (b) vista interior do isolamento proporcionado pelas paredes do forno; (c) laminado de CFRP

destacado da viga na extensão exposta à ação incêndio [9].

> Figura 11: Distribuição de temperaturas após 60 min de exposição ao fogo na secção transversal da (a) viga CFRP e (b) viga VP25.

> Figura 12: Comparação entre as temperaturas medidas (E) e calculadas (N) na viga CFRP (a) e na viga VP25 (b).

relevante para evolução das temperaturas na

interface betão-CFRP, que é a zona com maior

importância neste estudo. Além disso, simpli-

ficadamente, assumiu-se que as propriedades

termofísicas do adesivo epóxido eram iguais

às do laminado de CFRP. Foi considerada a

evolução com a temperatura das propriedades

do betão, CFRP e argamassa de VP, definidas

de acordo com Firmo et al. [9].

As secções transversais das vigas foram

modeladas com recurso a elementos qua-

drangulares de 9 nós com máxima dimensão

de 2,5mm (Figura 11). Considerou-se que as

faces laterais e superior constituíam frontei-

ras adiabáticas (sem trocas de calor com o

exterior) com uma temperatura inicial de 20ºC

(temperatura ambiente). Na face inferior foi

imposta diretamente a evolução da tempera-

tura com o tempo do incêndio padrão definido

na norma ISO 834 [12].

3.1.2. Resultados

A Figura 11 ilustra a distribuição de tempera-

tura calculada nas secções transversais das

vigas CFRP e VP25 após 60 minutos de expo-

sição ao incêndio padrão, onde se observa que

a presença do sistema de proteção ao fogo

(Figura 11b) teve como consequência uma

diminuição acentuada das temperaturas ao

nível do reforço.

Os gráficos presentes na Figura 12 comparam

a evolução das temperaturas registadas

nos ensaios com as previstas pelo modelo

numérico. De uma forma geral, os resultados

apresentam uma concordância razoável,

validando o modelo elaborado e permitindo a

sua generalização para o caso tridimensional,

descrita no ponto seguinte.

3.2. modelo 3D

3.2.1. Descrição do modelo

A generalização do modelo de EF apresentado

anteriormente para o caso tridimensional pos-

sibilitou a modelação de uma faixa de laje em

> 10

a) b)

c)

> 11

a) b)

> 12

a) b)

Laminado de CFRP

Superfície interior da viga Isolamento lateral

Isolamento lateral

Laminado de CFRP

Parede doforno

Laminado de CFRP(sobre a parede do forno

Page 29: Construção Magazine 49

cm_27

> 13

BA reforçada à flexão com laminados de CFRP;

os objetivos foram (i) obter a distribuição de

temperaturas ao longo da interface betão-CFRP

e (ii) estudar o efeito da geometria do sistema

de proteção (neste caso só argamassa de VP)

na evolução de temperatura na zona de anco-

ragem dos laminados, que, tal como observado

no ponto 2, é a zona crítica.

A faixa de laje de betão armado analisada tinha

5,20 m de comprimento, 0,50 m de largura,

0,12 m de altura e o laminado de CFRP que a

reforça tinha uma secção transversal de 50

× 1,2 mm e comprimento total de 4 m. Devido

à dupla simetria existente optou-se por mo-

delar ¼ do elemento estrutural (Figura 13).

Relativamente ao sistema de proteção ao fogo

de argamassa de VP, este foi constituído por

uma camada de espessura constante (0,02

m) ao longo do comprimento do laminado, com

exceção na zona de ancoragem la (la=0,2 m),

onde se estudou, separadamente, a influência

das dimensões d1 e d2 (Figura 14). No estudo

do parâmetro d1, foram comparados os resul-

tados de 3 modelos em que d1 variou entre

0,02 m e 0,06 m (modelos S4_N, S4 and S4_D),

mantendo-se constante o valor de d2=0,04 m.

Para o estudo do parâmetro d2, foram anali-

sados os resultados de 5 modelos (S2, S4,

S6, S8 e S10), em que o seu valor variou entre

d2=0.02 m (modelo S2) e d2=0.10 m (modelo

S10). Na Tabela 2 apresentam-se os valores

dos parâmetros d1 e d2 de cada modelo.

Foi definida uma malha de elementos finitos te-

traédricos de 10 nós com máxima dimensão de

lado de 0,05 m no betão, 0,02 m na argamassa

de VP e 0,005 m no material de reforço (CFRP

e adesivo de colagem). Tal como no modelo

bidimensional, foi considerada a variação das

propriedades dos materiais com a temperatu-

ra. Relativamente às condições de fronteira, na

face quente (identificada a cinzento na Figura

> 14

13) foi imposta diretamente a evolução da

temperatura com o tempo do incêndio padrão

e nas restantes faces admitiram-se fronteiras

adiabáticas com uma temperatura inicial de

20ºC (temperatura ambiente).

3.2.2. Resultados

3.2.2.1. Verificação da espessura mínima do

sistema de proteção

Com o objetivo de assegurar que a proteção

de 2 cm de espessura de argamassa de VP

era suficiente para garantir que a resistência

do laminado não era excedida, foi efetuada

uma verificação de temperatura na zona de

meio vão no modelo S2 após 120 minutos de

exposição ao incêndio. A Figura 15(a) mostra

a distribuição de temperatura na largura do

laminado (eixo z da Figura 14) na secção

de meio vão da laje, onde se observa que

o valor máximo atingido é cerca de 600ºC

(com z=0,025 m). De acordo com o estudo

elaborado por Feih e Mouritz [14], para uma

temperatura de 600ºC a resistência residual

do laminado de CFRP é cerca de 45% do valor

registado à temperatura ambiente. Sabendo

que a principais recomendações de dimensio-

namento limitam a tensão máxima no reforço

a 50% da sua tensão resistente, e que numa

situação de incêndio, a tensão instalada no

laminado é consideravelmente inferior ao

valor de dimensionamento (o carregamento

aplicado em situação de incêndio é seme-

lhante ao de uma combinação de serviço),

conclui-se que o laminado não atinge a rotura

após 120 min de exposição ao fogo.

3.2.2.2. Influência da geometria do sistema de

proteção na zona de ancoragem do laminado

A Figura 15(b) apresenta a distribuição de

temperaturas ao longo do comprimento de

ancoragem do laminado (la=0,20 m) na fibra

central (z=0) após 120 min de exposição ao

incêndio nos modelos S4_N, S4 e S4_D, que

diferem entre si apenas na dimensão d1.

Observa-se que, em termos médios, a dimi-

nuição de temperatura do modelo S4 para

S4_N (5,4%) é superior à diminuição do modelo

S4_D para o S4 (2,2%), pelo que se conclui que

a geometria simétrica do modelo S4, além de

facilitar a execução, é a que melhor rentabiliza

a quantidade de material aplicado. Por esta

razão, optou-se por considerar d1=d2 na

restante análise à geometria do sistema de

proteção na zona de ancoragem.

A Figura 16 ilustra a distribuição de tempera-

turas ao longo do comprimento de ancoragem

do laminado na interface betão-CFRP para os

modelos S2, S4, S6, S8 e S10 para diferentes

tempos de exposição ao fogo. Observa-se

que para os 4 instantes representados, o

aumento da espessura do sistema de pro-

teção na zona de ancoragem (parâmetro

d2) resultou, como era pretendido, numa

diminuição considerável da temperatura,

permitindo, nalguns casos, que a Tg da resina

não fosse atingida. Considerando que o sis-

> Figura 13: ¼ da faixa de laje.

> Figura 14: Proteção em VP da zona de ancoragem do laminado (detalhe 1).

modelo d1 (m) d2 (m)

S2 0,02 0,02

S4_N 0,02 0,04

S4 0,04 0,04

S4_D 0,06 0,04

S6 0,06 0,06

S8 0,08 0,08

S10 0,10 0,10

(*) N e D significam “Nenhum” e “Dobro”, respetivamente; o número do modelo corresponde

ao valor do parâmetro d2 (em centímetros).

Tabela 2: Dimensões da proteção na zona de an-

coragem*.

Page 30: Construção Magazine 49

frp e resistência ao fogo

28_cm

> Figura 15: (a) Temperatura média no laminado de CFRP na secção de meio vão da laje e (b) distribuição de temperatura ao longo o comprimento de ancoragem do laminado após 120 min

de exposição ao incêndio.

> Figura 16: Resultados numéricos após (a) 30 min, (b) 60 min, (c) 90 min e (d) 120 min de exposição ao fogo.

tema de reforço mantém as características

de resistência adequadas, desde que a Tg da

resina na zona de ancoragem do laminado

não seja ultrapassada (fenómeno observado

na campanha experimental), conclui-se que

os sistemas de proteção dos modelos S6, S8

e S10 asseguram um tempo de resistência

ao fogo de 30 min, enquanto que apenas o

sistema com a geometria do modelo S10

garante 60 min de resistência.

> 15

a) b)

> 16

4. CONCLUsõEs

Os estudos apresentados neste artigo permi-

tiram obter as seguintes conclusões:

– O ensaio de resistência ao fogo realizado

à viga reforçada e não protegida na zona

central do reforço (viga CFRP) confirmou a

suscetibilidade dos sistemas com lamina-

dos de CFRP colados exteriormente quando

expostos a temperaturas elevadas. Apesar

de as zonas de ancoragem se encontrarem

isoladas termicamente, o sistema de refor-

ço atingiu a rotura por descolamento após

23 min de exposição ao incêndio.

– Observações pós-fogo mostraram que o

comportamento do laminado na extensão

exposta à ação do fogo se assemelhou ao

de um “tirante” fixo nas zonas de ancora-

gem por aderência ao betão, onde a ligação

colada não fora tão afetada. Com o aumento

da temperatura, as propriedades de rigi-

dez e de resistência dos materiais foram

diminuindo, tendo como consequência um

aumento da tensão de tração no “tirante”.

O descolamento do laminado/ ”tirante”

ocorreu quando numa das zonas de anco-

ragem a tensão de aderência resistente foi

ultrapassada.

– A utilização simultânea de materiais de

proteção ao fogo ao longo de todo o refor-

ço e do isolamento térmico adicional das

zonas de ancoragem permitiu que todo o

sistema fosse efetivo durante períodos

de exposição ao fogo consideravelmente

superiores: 89 min com argamassa de

vermiculite e perlite e 60 min com placa de

silicato de cálcio, ambos com espessura

de 25 mm. Aplicando os mesmos materiais

com espessuras de 40 mm, os respetivos

tempos de proteção foram 167 min (VP) e

137 min (SC).

– Os resultados dos modelos numéricos 2D

apresentaram uma concordância razoá-

vel com os valores experimentais. A sua

generalização para o caso 3D constituiu

uma ferramenta bastante útil no desenvol-

vimento de sistemas de proteção ao fogo,

em particular da sua geometria na zona de

ancoragem dos laminados.

– Os modelos tridimensionais de uma faixa

de laje reforçada com CFRP protegida com

argamassa de VP permitiram otimizar a

geometria do sistema de proteção. Os re-

sultados obtidos mostraram que é possível

atingir tempos de proteção de 60 min com

uma camada de 2 cm de espessura em zona

corrente e de 10 cm nas zonas de ancora-

a) b)

c) d)

Page 31: Construção Magazine 49

gem dos laminados.

– Os resultados experimentais e numéricos apresentados

mostraram que, mediante a adoção de sistemas de prote-

ção adequados, é possível que elementos de betão armado

reforçados com CFRP apresentem um tempo de resistência

ao fogo compatível com a sua utilização em elementos

estruturais de edifícios, contornando um dos maiores

inconvenientes a estes apontados.

5. CONCLUsõEs

Os autores agradecem ao ICIST e à FCT pelo financiamento

da investigação, em particular através do projeto PTDC/

ECM/113041/2009, e às seguintes empresas pelo forneci-

mento do material utilizado nos ensaios experimentais: Secil/

Unibetão, S&P Clever Reinforcement, TRIA e HTecnic. O primeiro

autor agradece ainda o apoio da FCT dado através da bolsa de

doutoramento SFRH/BD/74443/2010.

6. REFERÊNCIAs

[1] ACI Committee 440. Guide for the Design and Construction of Externally Bonded FRP Systems for Strengthening Concrete Structures, ACI 440.2R-08, ACI, Farmington Hills, MI, USA, 76 p., 2008.

[2] MOURITZ AP, GIBSON AG. “Fire properties of polymer composite materials”, Dordrecht: Springer, 2006.

[3] WILLIAMS BK, KODUR VKR, GREEN MF, BISBY L, “Fire endurance of fiber-reinforced polymer strengthened concrete T-beams”, ACI Structural Journal, Vol. 105, No. 1, 2008; pp. 60-67.

[4] BLONTROCK H, TAERWE L, VANDEVELDE P, “Fire testing of concrete slabs strengthened with fibre composite laminates”, Proceedings of the 5th Annual Symposium on Fibre-Reinforced-Plastic Reinforcement for Con-crete Structures, London: Thomas Telford, 2001, pp. 547–556.

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Page 32: Construção Magazine 49

30_ 35

mente em aplicações de edifícios. Contudo,

já está bem estabelecido que a resistência, a

rigidez e as propriedades de ligação dos FRP’s

são severamente afetadas a temperaturas

moderadamente elevadas, nomeadamente,

quando se atinge a temperatura de transição

vítrea da resina (Tg), tipicamente no intervalo

de 60-120ºC. Além disso, quando expostos a

temperaturas entre os 300-500ºC, a matriz

orgânica sofre decomposição, liberta calor,

fumo e gases tóxicos [3].

No Instituto Superior Técnico (IST) têm vindo

a ser realizados testes de resistência ao fogo

em perfis estruturais de polímeros reforçados

com fibra de vidro (GFRP) [2,4]. Os resultados,

confirmam que os perfis de GFRP são muito

mais vulneráveis sob compressão e corte do

que sob tração. De facto, em todos os testes,

embora o banzo inferior dos perf is tenha

1. INTRODUÇÃO

A utilização de compósitos de polímeros re-

forçados com fibras (do inglês FRP) cresceu

a uma taxa extraordinária desde 1960, devido

às suas grandes vantagens sobre os materiais

tradicionais – tais como a elevada resistência,

leveza e resistência à corrosão. Recentemente,

estes materiais apresentam variados campos

de aplicação, sobretudo na indústria aeroes-

pacial, naval, automóvel, artigos de desporto

e, mais recentemente, em infraestruturas civis.

Enquanto os materiais FRP têm tido um

crescimento muito grande em aplicações de

engenharia civil [1,2], também novos pro-

blemas e desafios de dimensionamento têm

vindo a ser colocados. No que diz respeito,

ao comportamento de materiais FRP ao fogo

existem preocupações legítimas especial-

30_cm

sido submetido a temperaturas bem acima

da temperatura de decomposição (Td), por

longos períodos de tempo, a rotura à tração

nunca ocorreu. Pelo contrário, a rotura ocorreu

sempre devido a tensões de compressão e/ou

corte, onde as temperaturas eram mais baixas,

quer no banzo superior como na vizinhança do

meio vão, quer na parte superior das almas sob

os pontos de aplicação das cargas.

Este ar tigo apresenta resultados de uma

campanha experimental em curso sobre a

resposta de laminados em tração e ao corte, a

temperaturas elevadas (entre 20ºC e 250ºC),

de perfis GFRP. Os resultados destes testes

foram usados para definir as propriedades

mecânicas e critérios de rotura do material a

elevadas temperaturas. Esta informação será

incorporada em modelos numéricos a serem

desenvolvidos, neste projeto de investigação.

frp e resistência ao fogocomportamento à tração e ao corte de perfis estruturais de compósito de fibra de vidro sob a ação da temperatura

Marco M. Gomes

MSc, Aluno de doutoramento

IST / ICIST, Universidade Técnica de Lisboa

[email protected]

Fernando A. Branco

MSc, PhD, Professor Catedrático

IST / ICIST, Universidade Técnica de Lisboa

[email protected]

José M. Pires

Aluno de mestrado integrado

IST / ICIST, Universidade Técnica de Lisboa

[email protected]

João Sousa

MSc, Aluno de doutoramento

IST / ICIST, Universidade Técnica de Lisboa

[email protected]

Neste artigo são apresentados resultados relativos a uma campanha experimental em que

se estudou o comportamento de perfis pultrudidos de polímero reforçado com fibra de vidro

ou perfis de GFRP (do inglês, Glass Fiber Reinforced Polymer), sob a ação do fogo. O artigo

descreve, inicialmente, os resultados de testes de DMA e DSC que foram usados para avaliar

os processos de transição vítrea e de decomposição do material em estudo. Posteriormente,

indicam-se os resultados de uma campanha experimental sobre o comportamento à tração

e ao corte do material GFRP a temperaturas elevadas. Espécimes retangulares (extraídos de

perfis estruturais) foram carregados em tração e ao corte (10º de offset), e a zona central

foi sujeita a temperaturas que variaram entre os 20ºC e os 250ºC. Os ensaios efetuados

permitiram determinar a resposta mecânica do material em função da temperatura. nomea-

damente, as curvas força-deslocamento, a rigidez, os modos de rotura e a força/tensão última

na rotura. A parte final deste artigo avalia a fiabilidade de diferentes modelos empíricos e

fenomenológicos publicados em literatura de referência para estimar a resistência à tração

e ao corte de materiais pultrudidos de GFRP em função da temperatura.

Palavras-chave: perfis de GFRP, fogo, temperaturas elevadas, tração, corte, DMA, TGA.

Page 33: Construção Magazine 49

2. MATERIAIS

Os perfis de GFRP usados nesta campanha

experimental foram fornecidos pela empresa

Fiberline e consistem em secções tipo I (120

mm × 60 mm, 6 mm de espessura) e chapas

planas (10 mm espessura e 500 mm de lar-

gura). Estes materiais são feitos de camadas

alternadas, unidirecionais, de fibras tipo E

(roovings) e mantas superficiais (mats) em-

bebidas numa matriz de resina de poliéster

(70.3% de fibras em peso determinadas por

testes de burn-off).

3. TESTES DE DMA E DSC/TGA

3.1. Testes de DMA

3.1.1. Procedimento de ensaio

Estes ensaios foram realizados num analisa-

dor Q800 da TA Instruments. O equipamento

tem uma capacidade de 18 N e a carga é medida

com uma resolução de 1×10-4 N. Os ensaios

foram realizados de acordo com um esquema

de ensaio em flexão com encastramento sim-

ples, usado para impor cargas cíclicas, nas

quais o provete foi encastrado num dos lados

e livre no outro.

A geometria dos provetes de GFRP, cortados a

partir da alma do perfil de secção em I, foi de

40 mm (comprimento na direção de pultrusão)

× 15 mm (largura) × 3 mm (espessura). Os

provetes (um para cada taxa de aquecimento)

foram analisados entre 30ºC e 250ºC (mais alto

que o Tg mas, mais baixo que o T

d) a seis taxas de

aquecimento diferentes (0.5ºC/min, 1ºC/min,

2ºC/min, 4ºC/min, 6ºC/min e 8ºC/min) e quatro

frequências de oscilação dinâmicas (f1 = 1 Hz,

f2 = 3 Hz, f

3 = 5 Hz e f

4 = 10 Hz).

3.1.2. Resultados e discussão

Os resultados de DMA exibem os típicos picos

no módulo de perda (este mede a capacidade

do material em dissipar energia), nas curvas da

tangente de delta (esta mede o amortecimento

do material) e, ainda, uma considerável perda

nas curvas do módulo de armazenamento (este

mede a elasticidade do material). Estas curvas

permitem estimar o Tg (temperatura de transi-

ção vítrea), sendo o valor mais alto obtido das

curvas tangente de delta e, o mais baixo das cur-

vas do módulo de armazenamento, com valores

intermédios provenientes das curvas do módulo

de perda. Como era expectável, as estimativas

de Tg aumentam com a taxa de aquecimento e

com a frequência de oscilação. A uma frequência

de 1 Hz, as estimativas de Tg do módulo de perda

variaram entre 94ºC e 143ºC para as diferentes

taxas de aquecimento.

A Figura 3 apresenta a variação da retenção

do módulo de armazenamento para taxas

de aquecimento de 2ºC/min, 4ºC/min e 6ºC/

min. A Figura 4 apresenta o grau de transição

vítrea (αg) determinado a partir da variação do

módulo de armazenamento: Foram traçadas

curvas experimentais conjuntamente com cur-

vas analíticas a partir de um modelo cinético

(kinetic) presentemente em desenvolvimento.

3.2. Ensaios DSC/TGA

Os ensaios de análise termogravimétrica (TGA)

e de calorimetria diferencial de varrimento

(DSC) foram realizados ao perfil de chapa de

GFRP com o objetivo de determinar a variação

da massa e as alterações na energia que o

material sofre em função da temperatura e

do tempo.

3.2.1. Procedimento de ensaio

Os ensaios foram realizados com recurso

a um calorímetro de varrimento diferencial

SDT2960 e a um analisador termogravimétrico

da TA Instruments, num intervalo de tempera-

turas desde a temperatura ambiente até aos

600ºC, numa atmosfera de ar e de nitrogénio,

com taxas de aquecimento de 5, 10, 15 e 20ºC/

min. Os provetes foram produzidos cortando

os perfis de chapa em pequenas amostras

paralelepipédicas com aproximadamente

10mg. Durante os testes foram medidos e

registados os valores de tempo e temperatura,

bem como a variação na massa das amostras

e no fluxo de calor.

3.2.2. Resultados e discussão

Os principais resultados obtidos nas medições

termogravimétricas foram a variação da mas-

> Figura 1: Sequência de rotura de uma viga tubular de GFRP carregada em flexão a 4 pontos (rotura por corte/compressão no ponto de carregamento) [4].

> Figura 2: Rotura por compressão no banzo superior de uma viga tubular de GFRP em flexão a 4 pontos [4].

> Figura 3: Variação do módulo de armazenamento para diferentes taxas 2ºC/min, 4ºC/min and 6ºC/min.

> Figura 4: Grau de transição vítrea para taxas de aquecimento de 2ºC/min, 4ºC/min e 6ºC/min: dados experimentais e curvas analíticas da modelação cinética.

> 1 > 2

> 3 > 4

Page 34: Construção Magazine 49

frp e resistência ao fogo

32_cm

sa e do fluxo de calor em função da tempera-

tura. As curvas de perda de massa traçadas

na Figura 5 apresentam uma ou duas quebras,

para a atmosfera de nitrogénio ou de ar res-

petivamente, e correspondem ao processo

de decomposição da matriz polimérica. Estes

patamares apresentam uma correspondência

com as curvas de variação do rácio fluxo de

calor/massa apresentadas na Figura 6, onde

um pico endotérmico (nitrogénio) e dois picos

exotérmicos (ar) podem ser identif icados

e associados respetivamente com o calor

envolvido na decomposição da resina numa

atmosfera inerte, e o calor realizado quando

o material inflama e arde numa atmosfera

oxidante. A temperatura de decomposição

(Td) foi determinada a partir da temperatura

intermédia da curva de perda de massa para

a atmosfera de ar, sendo definida como Td =

375ºC, o que corresponde a 85% da massa ini-

cial. A Figura 7 representa a variação do grau de

decomposição em função da temperatura para

todas as taxas de aquecimento ensaiadas.

4. ENSAIOS DE TRAÇÃO A TEMPERATURAS

ElEvADAS

4.1. Procedimento de ensaio

Os ensaios de tração foram realizados em pro-

vetes retangulares com dimensões de 1800

mm (direção de pultrusão) × 20 mm (largura)

× 10 mm (espessura). O comprimento central

(1100 mm) dos provetes foi em primeiro lugar

aquecido a uma taxa de aquecimento de apro-

ximadamente 7.5ºC/min, até se atingir uma

temperatura pré-definida (60ºC, 90ºC, 120ºC,

150ºC, 200ºC e 220ºC), usando uma câmara

térmica Shimadzu com dimensões interiores

1100 × 280 × 340 mm. Subsequentemente,

os provetes foram axialmente carregados até à

rotura usando uma máquina de ensaios univer-

sais Schenck 500, com 500 kN de capacidade

de carga. Os ensaios foram realizados com

medição de deslocamentos a uma velocidade

de carga de aproximadamente 2.0 mm/min. As

garras da máquina de ensaio foram mantidas

à temperatura ambiente de forma a evitar

mecanismos de rotura prematuros (Fig.8).

4.2. Resultados e discussão

Uma vez que a rotura precoce nas garras foi

evitada mantendo as mesmas à temperatura

ambiente, a rotura ocorreu sempre na região

aquecida do provete devido à rotura por tração

das fibras de vidro. Para temperaturas até

150ºC, o modo de rotura é semelhante ao que

é observado para a temperatura ambiente:

delaminação e rotura por tração das fibras,

sem qualquer influência claramente visível

do amolecimento e decomposição da resina

(Fig.9). Para temperaturas iguais ou superiores

a 200ºC, a rotura de tração das fibras foi afetada

pelo amolecimento e decomposição da resina.

Isto evidencia, embora a rotura seja ainda regu-

lada pela resistência à tração das fibras, que foi

possível identificar um volume de fibras soltas

tensionadas e partidas mesmo antes da rotura.

Na Figura 10 estão representadas as curvas

força-deslocamento (para um provete repre-

sentativo) para as diferentes temperaturas

de ensaio. É possível verificar que a resposta

do material foi elástica linear, em particular,

para temperaturas até 150ºC e que a rigidez

diminui progressivamente até a rotura para

as temperaturas mais elevadas.

A Figura 11 representa a variação da resis-

tência à tração e módulo de elasticidade

(estimado com base na rigidez dos provetes)

com a temperatura. É possível observar que a

resistência à tração apresenta uma redução

quase linear desde a temperatura ambiente

até aos 150ºC, para a qual o material retém

cerca de 50% da resistência a temperatura

ambiente. Acima dos 150ºC a resistência à

tração mantêm-se praticamente constante

até aos 220ºC. O módulo de elasticidade

não sofreu qualquer alteração marcante até

> Figura 5: Perda de Massa vs. Temperatura (10 ºC/min).

> Figura 6: Rácio fluxo de calor/massa vs. Temperatura (10 ºC/min).

> Figura 7: Grau de decomposição vs. Temperatura a diferentes taxas de aquecimento em nitrogénio.

> Figura 8: Configuração do ensaio com a câmara térmica na máquina de ensaio.

> Figura 9: Modo de rotura típico dos provetes testados à tração.

> 5 > 6 > 7

> 8

> 9

Page 35: Construção Magazine 49

aos 150ºC e, para 220ºC, manteve cerca de

88% do valor medido à temperatura ambiente.

5. ENSAIOS DE TRAÇÃO A TEMPERATURAS

ElEvADAS

5.1. Procedimento de ensaio

Os ensaios de corte foram realizados com

provetes obtidos por corte da chapa com um

ângulo de 10º com o eixo de tracção, tendo os

provetes 800 mm (comprimento) × 25 mm

(largura) × 10 mm (espessura) de dimensão. O

comprimento central (150 mm de comprimen-

to) dos provetes foi primeiramente aquecido

até uma temperatura pré-definida (60ºC, 90ºC,

120ºC, 150ºC, 200ºC e 250ºC) com uma taxa de

aquecimento constante, de 6 ºC/min, usando

um forno slipt. O restante comprimento dos

provetes foi isolado com lã cerâmica. Subse-

quentemente, os provetes foram carregados

até à rotura usando uma máquina de ensaios

universal Instron com uma capacidade de car-

ga de 250 kN. Os ensaios foram realizados com

controlo de deslocamentos a uma velocidade

de carga de aproximadamente 2.0 mm/min.

Como nos ensaios de tracção, as garras da

máquina foram mantidas à temperatura am-

biente, para prevenir eventuais mecanismos

de rotura prematuros nas garras.

5.2. Resultados e discussão

A Figura 12 ilustra o modo típico de rotura

observado nos ensaios ao corte. Tal como nos

ensaios de tração a rotura ocorre sempre na

zona central do provete, mas a superfície de

rotura é agora orientada aproximadamente

a 10º em relação à direção de pultrusão das

fibras.

A Figura 13 apresenta as curvas força-des-

locamento para as diferentes temperaturas

ensaiadas (para um provete representati-

vo). É possível observar que para todas as

temperaturas ensaiadas, o comportamento

do material foi inicialmente linear e que a

rigidez diminui progressivamente até a rotura

sendo que esta redução é mais pronunciada

com o aumento de temperatura. A Figura 14

representa a resistência ao corte em função

da temperatura. É possível verificar que a

resistência ao corte diminui com a tempera-

tura, com uma redução significativa entre os

90ºC e os 120ºC. Isto pode ser atribuído ao

processo de transição vítrea que ocorre na

resina de poliéster.

6. MODElAÇÃO E COMPARAÇÃO COM OUTROS

ESTUDOS

6.1. Descrição dos modelos

Os resultados obtidos para a tração e o corte

foram modelados usando (i) o modelo proposto

por Gibson et al. [5], (ii) o modelo proposto por

Mahieux et al. [6], e (iii) o modelo mais recen-

temente apresentado por Keller e Bai [7,8].

De acordo com Gibson et al. [5], a variação da

propriedade mecânica P com a temperatura T

pode ser modelada usando a seguinte equação

(apenas uma relaxação),

> 10

> Figura 10: Curvas força-deslocamento representativas das diferentes séries de ensaio.

> Figura 11: Resistência à tração e módulo de elasticidade em função da temperatura (média desvio padrão de cinco testes).

> Figura 12: Modo de rotura dos provetes ensaiados ao corte.

> Figura 13: Curvas força-deslocamento representativas das diferentes séries.

> Figura 14: Resistência ao corte em função da temperatura (média ± desvio padrão de cinco testes).

> 11

> 12 > 13 > 14

Page 36: Construção Magazine 49

frp e resistência ao fogo

34_cm

(1)

Onde k’ e Tg são parâmetros obtidos através da concordância dos dados experimentais; P

u é a

propriedade à temperatura ambiente e Pr a propriedade mecânica após a transição vítrea (mas

antes da decomposição), correspondendo à resistência no estado vítreo e leathery (pós-vítreo),

respetivamente.

Mahieux et al. [6] sugeriram a seguinte relação funcional baseada na distribuição de Weibull para

modelarem a resistência em função da temperatura (em graus kelvin):

(2)

Onde T0 é a temperatura de relaxação e m o expoente de Weibull, Ambos os parâmetros que são

calculados numericamente para se ajustarem aos dados experimentais.

No modelo fenomenológico proposto por Keller e Bai [7,8],a variação das propriedades mecânicas

com a temperatura é calculada de acordo com a seguinte equação,

(3)

Onde Pv, P

l, e P

d são as propriedades mecânicas (módulo ou resistência) no estado vítreo, le-

athery ou decomposto, respetivamente, que podem ser determinados através da realização

de ensaios a níveis de temperaturas específicas para os quais o material está completamente

naquele estado, e αv e α

d são os graus de transição vítrea e decomposição, respectivamente,

ambos calculados com base na na teoria cinética e determinados através de ensaios de DMA e

TGA [8]. Assim, as propriedades mecânicas a uma dada temperatura podem ser determinadas

adotando uma função de distribuição apropriada que pesa a resposta da contribuição do material

para diferentes “estados”.

6.2. Resultados e discussão

Nas Figuras 15 e 16 são traçadas a variação da temperatura com a resistência de tração e corte

normalizadas, respetivamente. Estas grandezas são definidas como o rácio entre a respetiva

resistência a uma dada temperatura e a resistência obtida a temperatura ambiente. Em ambas as

Figuras, as seguintes séries são representadas: resultados experimentais obtidos no presente

estudo e os apresentados por Keller e Bai em [8], que foram obtidos usando um material de GFRP

semelhante; curvas de modelação dos resultados experimentais baseadas nos modelos propos-

tos por Gibson et al. [5], Mahieux et al. [6] (T0 = 144.1ºC/122.6ºC e m = 7/17 para a resistência à

tração/corte) Keller e Bai [7,8].

Para o último modelo, as propriedades a 200ºC

foram consideradas para o estado leathery (ba-

seado nos resultados de DMA representados na

Figura 4), enquanto para o estado decomposto,

retenções de resistência normalizadas de 0.4 e

0.0 foram assumidas para tração e corte, base-

adas em [9] e [10], respetivamente.

No que respeita à comparação dos resultados ex-

perimentais aqui reportados com os obtidos por

Keller e Bai [8], a resistência à tração apresenta

uma relativa boa concordância para temperatu-

ras até 150ºC. Contudo, para temperaturas mais

elevadas, os resultados divergem consideravel-

mente dos apresentados por Keller e Bai, sendo

estes consideravelmente mais baixos que os

obtidos neste estudo. A explicação mais plausível

para esta diferença parte de ter possivelmente

existido um mecanismo de rotura prematura

nas garras do equipamento de ensaio descritas

no seu trabalho. Neste estudo essa situação foi

prevenida, mantendo as garras a temperatura

ambiente. No que toca aos resultados de resis-

tência ao corte, estes apresentam uma muito boa

concordância com os de Keller e Bai.

No que se refere aos modelos, todos providen-

ciaram estimativas razoavelmente fiáveis para

os resultados da resistência à tração (Fig. 15)

e corte (Fig. 16) obtidos neste estudo (erros

quadráticos médios variaram entre 2% e 13%).

Na Figura 15 é visível que as estimativas mais

fiáveis para a resistência à tração foram dadas

pelo modelo proposto por Mahieux et al. De

facto, os modelos propostos por outros autores,

Gibson et al. e Bai e Keller, sobrestimam a resis-

tência na vizinhança da transição vítrea (60ºC

e 90ºC); para temperaturas mais elevadas,

aqueles modelos providenciam subestimativas

e sobrestimavas dos resultados de resistência à

tração, respetivamente. Na Figura 16 destaca-

se que na resistência ao corte, as estimativas

obtidas pelos modelos empíricos de Mahieux

et al. e Gibson et al. são muito parecidos entre

elas e, estão em boa concordância com os

dados experimentais obtidos usando o modelo

fenomenológico proposto por Bai e Keller. Na

sua globalidade, este último sobrestima ligeira-

mente a resistência à tração, particularmente

na zona de transição vítrea.

> Figura 15: Variação da resistência à tração com a temperatura: resultados experimentais e curvas de modelação.

> Figura 16: Variação da resistência ao corte com a temperatura: resultados experimentais e curvas de modelação.

> 15 > 16

Page 37: Construção Magazine 49

7. CONClUSõES

O presente estudo procurou (i) caracterizar a

variação das propriedades à tração e corte de

perfis pultrudidos de GFRP para um intervalo

de temperaturas que variam desde a tempera-

tura ambiente (20ºC) até 250ºC, e (ii) avaliar a

fiabilidade de diferentes métodos de previsão

da degradação da resistência com a tempe-

ratura, sugeridos na literatura. As seguintes

conclusões foram extraídas:

(1) Os resultados experimentais apresen-

tados neste estudo conf irmam que a

resistência à tração é consideravelmente

reduzida quando o material de GFRP é ex-

posto a elevadas temperaturas. A 220ºC o

material foi capaz de atingir cerca de 50%

da sua resistência a temperatura ambien-

te. O módulo de elasticidade à tração foi

substancialmente menos afetado pela

temperatura, com o material a atingir 88%

da sua rigidez à tração a 220ºC.

(2) Os resultados obtidos para a resistência

ao corte estão também em concordância

com o trabalho já publicado na literatura.

A degradação da resistência ao corte,

ao longo da transição vítrea da resina é

muito mais acentuada do que a exibida

para a tração. A 250ºC, o material de GFRP

conservou apenas 10% da sua resistência

ao corte face à resistência inicial a 20ºC.

(3) Todos os modelos estudados forneceram

uma razoável estimativa das propriedades

estudadas à tracção e ao corte. Modelos

empíricos sugeridos por Mahieux et al. [6]

e Gibson et al. [5] forneceram estimativas

mais precisas que os obtidos através do

modelo fenomenológico proposto por Bai

e Keller [7,8].

AGRADECIMENTOS

Os autores gostariam de agradecer à FCT

pelo supor te f inanceiro (Bolsa No. PTDC /

ECM/100779/2008 – “Fire Protection Systems

for GFRP Pultruded Profiles – FIRE-FRP”). O

primeiro autor deseja também agradecer à FCT

pelo financiamento da sua bolsa individual No.

SFRH/BD/70671/2010.

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VERTilOCk

TERRAlOCk

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Contacto Portugal: Ricardo Braz [email protected] | +351 913 353 760

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RefeRências

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[7] BAI, Y. et al. “Modeling of stiffness of FRP composites under elevated and high temperatures”, Composites Science and Technology, vol. 68, 2008, pp. 3099-3106.

[8] BAI, Y., KEllER, T. “A kinetic model for predicting stiffness and strength of FRP composites in Fire”, 5ª Conferência Internacional de Compósitos ao Fogo, Newcastle, 2008.

[9] BlONTROCK, H., “Analyse en modellering van de bran-dweerstand van betonelementen uitwendig versterkt met opgelijmde composietlaminaten”, Tese de Douto-ramento, Universidade de Ghent, 2003.

[10] BAI, Y., KEllER, T. “Modeling of strength degradation for fiber-reinforced polymer composites in fire”, Com-posite Materials, vol. 43, No. 21, 2009, pp. 2371-2385.

Page 38: Construção Magazine 49

36_ 39

para alguns tipos de estruturas que, embora

não se encontrem deterioradas, necessitam

de intervenção [3]. Assim, a necessidade de

reabilitar as estruturas degradadas, herdadas

do Século XX, é um dos grandes desafios da

Engenharia Civil do Século XXI.

A deterioração de pontes, edifícios e outras es-

truturas pode ser atribuída ao envelhecimento

do próprio material, a deficiências de projeto

e construção, a manutenção insuficiente

ou à ocorrência de acidentes imprevisíveis,

como por exemplo de um sismo. Quer porque

as estruturas estejam a atingir o período de

vida inicialmente previsto, evidenciando já

efeitos de envelhecimento, quer por terem

surgido novas exigências estruturais, torna-

se frequentemente necessário optar entre a

sua substituição ou a sua reabilitação [4]. Tal

decisão é normalmente alicerçada em fatores

de natureza económica, social e/ou cultural. A

reabilitação, muitas vezes associada ao refor-

ço da estrutura, é a solução mais conveniente

em muitas situações em que a substituição da

estrutura seja impraticável, quer por motivos

económicos, logísticos ou culturais.

A necessidade de efetuar a reabilitação de es-

truturas em ambientes especialmente exigen-

tes tem motivado a procura de diferentes tipos

de soluções, que incluem técnicas e materiais

distintos dos utilizados tradicionalmente. Nos

últimos anos tem-se assistido à implementa-

ção de técnicas de reabilitação, com objetivos

de reforçar, reparar ou implementar medidas

de segurança antissísmica, utilizando FRP [5,

6, 7]. Estes materiais conjugam a resistência

mecânica de fibras de reforço (principalmen-

1. INTRODUÇÃO

Os materiais compósitos de matriz polimérica

reforçada com fibras, também conhecidos por

plásticos reforçados com fibras (de sigla FRP,

da sua denominação na língua inglesa), têm

emergido nos últimos anos como materiais

atrativos para aplicações na Engenharia Civil,

nomeadamente na construção de novos ele-

mentos estruturais e para a reabilitação de

estruturas já existentes, extravasando assim

os mercados iniciais que se circunscreviam às

indústrias aeronáutica e de defesa [1].

A associação da leveza às elevadas proprieda-

des mecânicas, conjugadas com a sua resis-

tência à corrosão, através de uma combinação

sinergética de fibras de reforço e de matrizes po-

liméricas, tornam os FRP materiais adequados a

diversas aplicações no domínio da indústria da

construção, permitindo soluções construtivas

inovadoras muitas vezes impossíveis de conce-

ber com os materiais tradicionais [2].

2. ENQUADRAMENTO

Durante o Século XX observou-se um cresci-

mento sem precedentes na construção de

infraestruturas a nível mundial. Este cresci-

mento não foi, na maioria das vezes, acom-

panhado pela implementação de programas

adequados de manutenção e proteção destas

estruturas, assunto a que só se veio a dar

maior importância nas últimas duas décadas

desse Século. Assistiu-se, ainda, à alteração de

muito requisitos de utilização e de segurança

36_cm

te, vidro e carbono) com as propriedades da

matriz polimérica (normalmente de natureza

termoendurecível) que constitui a fase contí-

nua e que mantém as fibras protegidas e posi-

cionadas, assegurando assim a transferência

de carga entre elas.

3. MATERIAIS COMPÓSITOS DE MATRIZ

POLIMÉRICA REFORÇADA COM FIBRAS

Os FRP constituem uma família de materiais

cuja aplicação estrutural generalizada em

diversos domínios industriais tem conhecido

ritmos de crescimento assinaláveis, desde o

seu aparecimento em meados do Século XX

[8]. Com efeito, apesar da produção e utiliza-

ção de materiais compósitos, como conceito

genérico, remontar à antiguidade, só no início

da década de 1940 e após a descoberta dos

polímeros artificiais e das primeiras fibras

de reforço – as fibras de vidro - surgiram os

primeiros FRP. Na década seguinte, iniciaram

se aplicações dos plásticos reforçados com

fibras de vidro (GFRP) na indústria aeronáutica

e aeroespacial. Estas indústrias foram, e são

ainda atualmente, a força impulsionadora da

investigação e desenvolvimento dos materiais

compósitos de elevado desempenho. Como

resultado dos esforços, iniciados na década de

1960, no sentido de produzir fibras ainda mais

resistentes e, sobretudo com maior módulo de

elasticidade, surgiram as fibras de carbono,

no início da década de 1970, que permitiram

um assinalável desenvolvimento dos FRP,

designadamente devido a um aumento consi-

frp e resistência ao fogoaplicação de materiais compósitos de matriz polimérica na reabilitação de estruturas

Susana Cabral-Fonseca

Investigadora Auxiliar, LNEC

[email protected]

Page 39: Construção Magazine 49

derável da aplicação dos plásticos reforçados

com fibras de carbono (CFRP) nas indústrias

tecnologicamente mais avançadas [2].

Apesar dos FRP apresentarem, desde o seu

aparecimento, um ritmo de crescimento de

consumo acelerado, só em meados da déca-

da de 1980 começaram a ter relevância na

indústria da construção. Com efeito, quando

comparados com outros materiais de constru-

ção convencionais, como a madeira, o aço ou o

betão, os compósitos foram considerados, du-

rante muitos anos, como materiais avançados

utilizados apenas em produtos inovadores e de

elevado desempenho. Atualmente, contudo,

a enorme variedade de materiais poliméricos

que se podem utilizar como matriz e a diver-

sidade de formas e natureza dos reforços,

bem como o conjunto de técnicas de fabrico já

existentes, permitem a produção de uma vasta

gama de FRP capaz de melhor se adequar a um

maior número de aplicações [9].

O interesse crescente que os FRP têm vindo a

suscitar na Engenharia Civil deve-se a vários

fatores que se resumem no Quadro 1 [2]. De

uma forma geral, pode-se afirmar que eles

dão ao projetista a possibilidade de escolher

de entre uma infinidade de materiais o que

“por medida” melhor se adequa aos requisitos

específicos de uma dada aplicação, contri-

buindo para alargar a gama de materiais de

construção que tem ao seu dispor.

Mas estes materiais também apresentam

alguns inconvenientes, sendo o mais apon-

tado nas aplicações estruturais, o facto de

terem um comportamento linear elástico até à

rotura, sem cedência ou deformação plástica,

ao contrário do que acontece com a maioria

dos aços. A possibilidade da rotura poder

acontecer subitamente e deve, por isso, ser

tida em consideração na fase de projeto. A sua

natureza orgânica também os torna, à partida,

mais suscetíveis a temperaturas elevadas, de-

signadamente em caso de incêndio, devendo

este aspeto ser igualmente tido em conta na

fase de projeto [2].

4. APLICAÇÕES DOS FRP NA ENGENHARIA

CIVIL

Nos últimos anos assistiu-se a um aumento

significativo do número e diversidade de apli-

cações dos FRP na Engenharia Civil (Figura 1),

quer como material de construção, por si só,

quer em conjugação com outros materiais

de construção tradicionais, como o betão, o

aço e a madeira. Para além disso, esta classe

de materiais tem vindo a evidenciar-se em

aplicações relacionadas com a reabilitação de

estruturas existentes.

Nas construções novas destaca-se a utilização

destes materiais em aplicações estruturais

em que os FRP, devido às suas características

particulares, podem substituir os materiais de

construção tradicionais, podendo ser cons-

truídos componentes, ou mesmo estruturas

inteiras de maior ou menor envergadura. As

soluções existentes subdividem-se em dois

grupos: (i) produtos que se encontram para

venda sob a forma de componentes padroni-

zados de diferentes formas e dimensões, de

onde se destacam os perfis pultrudidos de FRP,

que já se encontram ao abrigo de uma norma

europeia [10]; (ii) produtos projetados e fabri-

cados “à medida” para aplicações específicas.

Nas construções novas destaca-se ainda

a utilização dos FRP como armadura de

betão (sob a forma de varões ou malhas bi e

tridimensionais) e na forma de cabos de pré

esforço [11, 12].

Característica Vantagem

Leveza¼ do peso do açoFacilidade de transporte e aplicação em obra

Elevada resistência e rigidezPossibilidade de conceção de componentes estruturais mais leves e resistentes

Versatilidade de propriedadesA escolha dos componentes dos FRP (natureza e configuração das fibras de reforço e da matriz polimérica) assim como do método de fabrico, per-mite produzir o material “à medida” das exigências da aplicação em causa

Resistência à corrosãoVantagem importante em aplicações em que podem substituir outros materiais, designadamente os metálicos

Transparência eletromagnéticaRelevante em estruturas em que é necessário evitar interferências eletromagnéticas (exemplo armaduras metálicas do betão armado)

Resistência à fadiga Importante em estruturas com aptidões antissísmicas

Manutenção reduzidaApesar dos custos iniciais poderem ser superiores aos materiais de construção convencionais, a reduzida manutenção ao longo da vida em serviço, torna-os economicamente competitivos

Quadro 1: Características dos FRP como material de construção.

> Figura 1: Aplicação dos FRP na Engenharia Civil.

> 1

Page 40: Construção Magazine 49

frp e resistência ao fogo

38_cm

5. APLICAÇÕES DOS FRP NA REABILITAÇÃO DE

ESTRUTURAS

Na reabilitação de estruturas, os FRP são

normalmente usados nas seguintes situações:

– Reparação

Colmatação de uma deficiência funcional, ou

substituição de um componente estrutural

degradado; traduz as situações em que se

recupera a resistência da estrutura onde ela

está comprometida.

– Reforço

Relacionado com a melhoria do nível de

desempenho da estrutura, por exemplo,

aumento de capacidade de carga de uma

ponte por alteração do seu tabuleiro; pode

igualmente resultar da correção de anoma-

lias decorrentes de deficiências de projeto

e/ou construção ou falta de manutenção.

– Proteção sísmica

Associado à melhoria da capacidade da

estrutura para resistir a sismos, nomea-

damente por aumento da ductilidade e da

resistência ao corte dos seus elementos

estruturais, o que permite que se atinjam

níveis de dissipação da energia e de capa-

cidade de deformação compatíveis com as

exigências estabelecidas nos regulamentos

aplicáveis à estrutura em causa.

A reparação das estruturas é frequentemente

acompanhada por uma necessidade de me-

lhorar o seu desempenho de forma a cumprir

requisitos mais exigentes, surgindo associada

ao reforço. Por outro lado, a necessidade de re-

forço pode surgir em estruturas que não estão

degradadas, na sequência da implementação

de ações preventivas antissísmicas

A reabilitação das estruturas com FRP pode

ser efetuada por inúmeras técnicas, como

a colagem de mantas e os laminados, pré-

tencionados ou não, nas faces dos elementos

estruturais ou a aplicação de cabos, pós-ten-

sionados ou não, com o objetivo de aumentar a

sua resistência à flexão e ao corte. Pode ainda

efetuar-se o encamisamento total ou parcial do

elemento estrutural, como por exemplo de um

pilar, de forma a aumentar a sua ductilidade e

resistência ao corte.

De acordo com a natureza e especificidades da

estrutura a reabilitar, poderão ser usadas di-

ferentes estratégias de reabilitação. Segue-se

uma breve descrição das principais aplicações

de FRP na reabilitação de estruturas (i) de be-

tão, (ii) metálicas; (iii) madeira e (iv) alvenaria.

5.1. Estruturas de betão

Uma das técnicas tradicionais de reforçar/

reparar estruturas de betão envolve a aplica-

ção de chapas de aço na superfície externa

da estrutura. Esta técnica, embora simples

e efetiva, se forem considerados os aspetos

relacionados com os custos e com o desem-

penho mecânico, apresenta os seguintes

inconvenientes: (i) corrosão das chapas e

deterioração da ligação aço-betão; (i) neces-

sidade de utilização de meios de transporte

e de elevação potentes devido ao peso das

chapas de aço; (iii) dificuldade de manipulação

em espaços confinados e (iv) necessidade de

juntas (soldaduras) por restrições dimensio-

nais das chapas.

A substituição das chapas de aço por placas

de FRP no reforço externo de estruturas de

betão permite solucionar os problemas acima

referidos. Estes materiais são comercializados

em duas formas distintas [13, 14]:

– Sistema pré-fabricado (Figura 2): constituído

por uma banda ou lâmina com reforço unidire-

cional, geralmente produzido por pultrusão; o

agente adesivo (cola) usado na colagem do

compósito ao betão é em geral uma resina

epoxídica. Também existem componentes

pré-fabricadas com formatos específicos.

– Sistema de cura “in situ” (Figura 3): cons-

tituído por feixes de fibras contínuas em

forma de mantas, folhas ou tecidos, que se

encontram pré-impregnadas, ou não, com

uma matriz polimérica; a resina utilizada

durante a aplicação deste reforço em obra

tem como função a consolidação deste em

paralelo com a sua colagem ao substrato;

esta técnica permite a conjugação de

reforço em várias direções por aplicação

de mantas com diferentes disposições/

geometria de fibras.

Os sistemas pré-fabricados apresentam um

melhor grau de uniformidade e de controlo da

qualidade, pelo facto do material compósito ser

fabricado em condições controladas. Para que

o sistema de reforço seja eficaz é necessário

assegurar que o agente adesivo escolhido

favorece a ligação do material compósito

à superfície do betão. Os sistemas de cura

> Figura 2: Aplicação de um sistema pré-fabricado de FRP.

> Figura 3: Aplicação de um sistema de cura “in situ” de FRP.

> 2

> 3

Page 41: Construção Magazine 49

“ in situ” oferecem uma grande versatilidade

para aplicações em campo que apresentem

geometrias irregulares ou locais de difícil

acesso com placas pré-fabricadas. Contudo,

apresenta uma maior variabilidade nas suas

propriedades, quando comparado com o sis-

tema anterior.

Para além das técnicas de colagem de FRP

descritas, têm sido desenvolvidas técnicas

especiais, designadamente a utilização de

FRP no estado pré-tensionado e a aplicação

de FRP no interior de ranhuras especialmente

executadas para o efeito.

Apesar da utilização dos FRP na reabilitação de

estruturas de betão ser relativamente recente,

foram já elaborados códigos e guias de projeto

na Europa, nos Estados Unidos e no Japão [2].

5.2. Estruturas de madeira

A leveza e a resistência dos laminados de FRP

usados no reforço de estruturas de betão

tornam esta técnica igualmente aplicável na

reabilitação de estruturas de madeira [15].

Com efeito, existe atualmente um considerável

número de estruturas de madeira que foram

reforçadas através da colagem de chapas ou

laminados de FRP ou com a aplicação de man-

tas ou tecidos pela técnica de cura “ in situ”.

Nestes projetos foi demonstrada a habilidade

dos materiais compósitos para melhorar a

resistência à flexão e ao corte, a rigidez e a

ductilidade de vigas e pilares de madeira [16].

Outra aplicação muito importante dos FRP na

reabilitação de estruturas de madeira é no

melhoramento do desempenho das ligações

mecânicas que são, frequentemente, as zonas

mais suscetíveis.

5.3. Paredes de alvenaria

Nos últimos anos têm surgido exemplos de

aplicação dos FRP na reabilitação de paredes

de alvenaria, nomeadamente em património

de importância histórica que necessita de

ser preservado [17]. As técnicas geralmente

usadas são a colagem à superfície de bandas

de FRP ou a inserção de varões em entalhes

produzidos para o efeito.

5.4. Estruturas metálicas

A reabilitação de estruturas metálicas com FRP

apresenta um conjunto diferente de aspetos

e problemas mais difíceis de resolver que o

reforço de betão armado, em particular porque

os materiais metálicos é mais resistentes e rí-

gidos e portanto mais complicados de reforçar.

Fundamentalmente utilizam-se duas técnicas:

(i) a colagem de bandas ou laminados, normal-

mente fabricadas por pultrusão; (ii) colocação

de mantas, quando a geometria da estrutura

é complexa, ou em reforço de ligações. Os

FRP mais utilizados no reforço externo de

estruturas metálicas são os CFRP pelo facto

de apresentarem melhores características

mecânicas. Contudo, o menor valor do módulo

de elasticidade destes materiais, quando

comparados com o aço, obriga ao aumento da

espessura requerida, e consequentemente o

custo associado. Inúmeros projetos exploram

a aplicação de laminados de CFRP pré-tensio-

nados em estruturas de aço para melhorar a

sua resistência a cargas de fadiga [18].

É importante realçar que na reabilitação de es-

truturas metálicas, os CFRP devem permane-

cer suficientemente isolados do aço de forma

a prevenir a formação de correntes galvânicas.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A indústria da construção encontra-se, neste

início do Século XXI, a ser conquistada pelos FRP

sob a forma de inúmeros produtos inovadores,

cobrindo uma extensa gama de aplicações, que

inclui a construção de estruturas novas, assim

como a reabilitação das já existentes. Há indi-

cações claras [19, 20] de que a reabilitação de

estruturas usando FRP irá continuar a crescer,

prevendo-se que venha a ser a solução de mui-

tos projetos de reforço, reparação e melhoria do

desempenho antissísmico de pontes, edifícios,

monumentos e outras estruturas.

A importância que os FRP vierem a ter no futuro

na área da reabilitação de estruturas depende

de diversos fatores, designadamente o estabe-

lecimento de códigos de projeto e ferramentas

harmonizadas, assim como na elaboração de

guias de boas práticas de aplicação e controlo

da qualidade em obra.

RefeRências

[1] Lopez-Anido, R., Karbhari, V.M. – Emerging Materials for Civil Infrastructure – State of the art. American Society of Civil Engineering, 2000, 224 p.

[2] Cabral-Fonseca, S. – Materiais Compósitos de Matriz Polimérica Reforçada com Fibras usados na Engenharia Civil: Características e Aplicações. Informação Técnica de Materiais de Construção 35, LNEC, 2005.

[3] Karbhari, V.M.; Seible, F. – “Fibre-reinforced com-posites – Advanced materials for the renewal of civil infrastructure”, Applied Composite Materials, 7 (2000) 95-124.

[4] Bakis, C.E., Bank, L.C. et al – “Fibre-reinforced polymer composites for construction – State of art review”, Journal of Composites for Construction, 6 (2002), 73-87.

[5] Halliwell, S.M. – Polymer Composites in Construction. BRE Publication, 2000.

[6] Hollaway, L.C., Head, P.R. – Advanced Polymer Composites and Polymers in the Civil Infrastructure. Elsevier, 2001.

[7] Cripps, A. – Fibre-reinforced Polymer Composites in Construction. Construction Industry Research and Information Association, CIRIA C564, 2002.

[8] Martins de Brito, F. – Caracterização do compor-tamento dos plásticos reforçados com vista a aplicações estruturais, LNEC, 1985.

[9] Bank, L.C. – Composites for construction: Structural design with FRP materials. Wiley & Sons, 2006.

[10] EN 13706 (2002): Reinforced plastics composi-tes – Specification for pultruded profiles. Part 1: Designation; Part 2: Methods of test and general requirements; Part 3: Specific requirements.

[11] ACI 440R.96 – State-of-the-art report on f iber reinforced plastic (FRP) reinforcement for concrete structures, American Concrete Institute, 1996.

[12] ACI 440.1R.01 – Guide for the design and cons-truction of concrete reinforced with FRP bars, ACI Committee 440, American Concrete Institute, 2001.

[13] ACI 440.2R.02 – Guide for the design and construc-tion of externally bonded FRP system for streng-thening concrete structures, ACI Committee 440, American Concrete Institute, 2002.

[14] Externally bonded FRP reinforcement for RC struc-tures, FIB – Technical report on the design and use of externally bonded fiber reinforced polymer reinforcement (FRP EBR) for reinforced concrete structures, Fédération Internacionale du Béton, 2001.

[15] Steiger, R. – Fibre reinforced plastics (FRP) in timber structures, Swiss Federal Laboratories for Materials Testing and Research, EMPA, Wood Department, Switzerland, 2001.

[16] Meier, U. – Strengthening and stiffening of historic wooden structures with CFRP – Euromat 2003, Sym-posium P2 – Materials and Conservation of Cultural Heritage, EPFL – Lausanne.

[17] Jai, J. et al – “Reinforcing masonry walls with com-posite materials”, Journal of Composite Materials, 34 (2000) 1369-1381.

[18] Hollaway, L.C.; Cadei, J. – “Progress in the technique of upgrading metallic structures with advanced polymer composites”, Progress in Structural Engi-neering and Materials, 4 (2002) 131-148.

[19] Hollaway, L.C. – “The evolution of and the way forward for advanced polymer composites in the civil infrastructure”, Construction and Building Materials, 17 (2003) 365-378.

[20] Meier, U. – External strengthening and rehabilita-tion: Where from-Where to? FRP International – The Official Newsletter of the International Institute for

FRP in Construction, 2004.

Page 42: Construção Magazine 49

> 1

40_ 45

2. DESCRIÇÃO DO ENSAIO DOS PILARES

Nos últimos anos tem vindo a ser realizada no

LESE – FEUP (Laboratório de Engenharia Sís-

mica e Estrutural – Faculdade de Engenharia

da Universidade do Porto) uma campanha de

ensaios experimentais com pilares maciços

em escala real [1] e com pilares de secção oca

em escala reduzida de ¼ [2, 3 e 4]. Os pilares

maciços pretendem simular o comportamento

de pilares de edifícios e os pilares de secção

oca correspondem a pilares de pontes. Nestes

últimos, onde o esforço transverso é determi-

nante no tipo de comportamento estrutural,

foram consideradas diversas disposições

1. INTRODUÇÃO

Os pilares de betão armado são muitas vezes

suscetíveis de ter uma inadequada resis-

tência sísmica, devido a má pormenorização

das armaduras transversais, insuficiente

ductilidade nas zonas de formação de rótula

plástica ou, ainda, insuficiente capacidade

ao corte, justificando-se, deste modo, uma

atenção especial a esses aspetos quando se

reabilitam este tipo de pilares. Uma técnica

possível é a aplicação de cintagem nos pila-

res com materiais compósitos, não sendo de

esperar grandes melhorias na capacidade à

flexão, mas sim na capacidade de corte, ainda

assim esperam-se melhorias relativamente à

ductilidade disponível.

Pretende-se, então, analisar as soluções de

reparação e reforço sísmico com a utilização de

mantas de CFRP, num conjunto de pilares ma-

ciços de edifícios e de pilares ocos de pontes,

sendo este estudo apoiado numa campanha

experimental a partir da qual se destacaram

alguns resultados a título ilustrativo. Deste

modo, procura-se contribuir para a avaliação

da eficiência no comportamento sísmico de

cada umas das soluções de reforço adotadas,

nomeadamente na capacidade de explorar a

ductilidade de pilares com diferentes tipos

de confinamento conferido na sua base e

na prevenção da rotura por corte através de

bandas de CFRP distribuídas ao longo da altura

dos pilares.

40_cm

da armadura transversal, desde as mais

tradicionais, com estribo único ao longo de

cada parede, às mais recentes, com detalhes

sugeridos pelo EC8.

De forma a avaliar a resposta cíclica dos pila-

res, foram aplicados três ciclos repetidos em

cada amplitude de deslocamento, sendo esta

lei de deslocamentos impostos controlada pelo

atuador horizontal. O esforço axial aplicado aos

pilares maciços foi de 170kN e para os pilares

de secção oca foi de 250kN, a que corresponde

um esforço axial reduzido de, respetivamente,

0.066 e 0.08, tendo sido estes valores calcu-

lados com base na tensão média obtida para

a resistência à compressão do betão [1 e 2].

frp e resistência ao fogoreabilitação sísmica de pilares de betão armado com cfrp Pedro Delgado*1, Patrício Rocha1, António Arêde2, Nelson Vila Pouca2, Aníbal Costa3 e Raimundo Delgado2

1 Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Instituto Politécnico de Viana do Castelo2 Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto3 Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Aveiro

* [email protected]

2

esforço axial reduzido de, respetivamente, 0.066 e 0.08, tendo sido estes valores calculados com base na tensão

média obtida para a resistência à compressão do betão [1 e 2].

As características geométricas e disposição das armaduras dos pilares maciços ensaiados na campanha experimental

constam da Figura 1-a (referidos como PA1 ou PB1), tratando-se de protótipos construídos à escala real, com

secção transversal retangular de 0.20 x 0.40 m2, altura desde o topo até à fundação de 1.72 m e armaduras de 6

varões de 12 mm.

Os pilares de secção quadrada oca têm dimensões exteriores de 0.45 x 0.45 m2 e paredes de 0.075m de espessura.

Os esquemas de montagem dos pilares são apresentados na Figura 1-b), onde a armadura longitudinal é constituída

por varões de 8 mm e a armadura transversal por arames de 2.6 mm de diâmetro, com dois tipos de configurações

de estribos. A primeira, mais tradicional (referida como PO1-N4), apenas com um estribo único ao longo de cada

parede e a segunda (PO1-N6) com uma disposição mais representativa das atuais indicações regulamentares (tipo

EC8), mas com o dobro da área de armadura transversal. A geometria destes pilares foi inspirada em protótipos

semelhantes ensaiados experimentalmente no Laboratório da Universidade de Pavia, Itália [5 e 6].

a) Pilares maciços b) Pilares ocos

Figura 1: Pormenorização da armadura.

3. RESULTADOS DOS PILARES ORIGINAIS

Os pilares maciços originais testados sem qualquer reforço (PA1-N6 e PB1-N1) mostraram uma evolução de danos

concentrados na base onde ser formou a rótula plástica (Figura 2): até drift = 1.3% verificou-se que a fissuração

a) Pilares maciços b) Pilares ocos

Page 43: Construção Magazine 49

uma diferença nos máximos deslocamentos

atingidos que não prejudica a análise do

comportamento por terem envolventes muito

próximas em todo o seu desenvolvimento em

particular os valores de referência: rigidez

inicial; deslocamento de cedência (≈ 4 mm); e

força máxima (≈ 60kN).

No que respeita aos resultados do ensaio dos

pilares originais ocos, os danos observados nas

faces norte e sul (banzos) resumem-se a uma

fendilhação bastante distribuída e ligeira ao

longo da altura do pilar (Figura 4-a). Nas faces

laterais, almas este e oeste, foram encontrados

danos significativos, onde o betão de recobri-

mento destacou-se em extensas zonas do pilar

verificando-se elevados danos associados ao

corte com significativa degradação do betão,

quer nas faces externas (Figura 4-b) como

nas faces internas (Figura 4-c), evidenciando

ainda uma insuficiente capacidade resistente

conferida pela armadura transversal.

As respostas cíclicas dos ensaios experimen-

tais dos pilares PO1-N4 e PO1-N6 encontram-

se apresentadas na Figura 5, onde se incluiu

também a linha de capacidade ao corte para

cada um dos pilares [7]. Sendo o nível de força

máxima dos pilares, associado ao início de

cedência dos varões longitudinais em flexão,

de cerca de 200kN, pode concluir-se que no

pilar PO1-N4 foi atingida a rotura prematura por

corte, enquanto que no pilar PO1-N6 foi mobili-

> Figura 1: Pormenorização da armadura.

> Figura 2: Danos finais nos pilares maciços originais – drift = 5%.

> Figura 3: Resultados experimentais dos pilares maciços originais.

As características geométricas e disposição das

armaduras dos pilares maciços ensaiados na

campanha experimental constam da Figura 1-a

(referidos como PA1 ou PB1), tratando-se de

protótipos construídos à escala real, com sec-

ção transversal retangular de 0.20 x 0.40 m2,

altura desde o topo até à fundação de 1.72 m

e armaduras de 6 varões de 12 mm.

Os pilares de secção quadrada oca têm dimen-

sões exteriores de 0.45 x 0.45 m2 e paredes

de 0.075m de espessura. Os esquemas de

montagem dos pilares são apresentados na

Figura 1-b), onde a armadura longitudinal é

constituída por varões de 8 mm e a armadura

transversal por arames de 2.6 mm de diâmetro,

com dois tipos de configurações de estribos. A

primeira, mais tradicional (referida como PO1-

N4), apenas com um estribo único ao longo de

cada parede e a segunda (PO1-N6) com uma

disposição mais representativa das atuais

indicações regulamentares (tipo EC8), mas

com o dobro da área de armadura transversal.

A geometria destes pilares foi inspirada em

protótipos semelhantes ensaiados experi-

mentalmente no Laboratório da Universidade

de Pavia, Itália [5 e 6].

3. RESULTADOS DOS PILARES ORIGINAIS

Os pilares maciços originais testados sem qual-

quer reforço (PA1-N6 e PB1-N1) mostraram uma

evolução de danos concentrados na base onde

ser formou a rótula plástica (Figura 2): até drift

= 1.3% verificou-se que a fissuração apesar da

maior concentração na base estendeu-se até

cerca dos 80 cm de altura do pilar; para o drift

= 3% verificou-se o destacamento do betão de

recobrimento (spalling) junto da base; e para

drift = 3.5% a encurvadura dos varões longitu-

dinais (buckling) entre a base e o 1º estribo;

a rotura dos varões longitudinais aconteceu

para o drifts entre 4.0% e 5.0%. O comprimento

da rótula plástica estimou-se em 15 a 20 cm.

Analisando o diagrama força – deslocamento

(Figura 3) destes ensaios verif ica-se que

são bastante comparáveis. De facto, existe

zada a formação de rótula plástica na sua base,

mas para uma ductilidade ainda relativamente

baixa, logo seguida por uma rotura por corte.

4. REABILITAÇÃO SÍSMICA

4.1. Reparação de pilares danificados

A reparação incidiu nas zonas danificadas, que

para os pilares maciços corresponde à zona

da rótula plástica junto da base (25 a 50 cm) e

para os pilares ocos corresponde às paredes

paralelas à aplicação da ação horizontal,

envolvendo: a delimitação da zona a reparar,

a remoção do betão danificado (Figura 6-a e

> 3

> 2

b) Face norte

c) Face sul a) Vista geral da face oeste

Page 44: Construção Magazine 49

42_cm

> 6

Figura 7-a), o saneamento da armadura longi-

tudinal (Figura 6-b), a emenda soldada (e/ou

ancorada no maciço de fundação) dos varões

longitudinais danificados (Figura 6-c) (caso se

aplique), o reposicionamento ou substituição

das armaduras transversais, a colocação da

cofragem e betonagem com microbetão (σrd

=

60 MPa) modificado com aditivos, tornando-o

praticamente sem retração e auto-campactá-

vel (Figura 6-d)) e a preparação das superfícies

para aplicação do reforço (Figura 6-e, Figura

6-f e Figura 7-c).

4.2. Mantas de CFRP

O reforço dos pilares por encamisamento

realizou-se com fibras de CFRP coladas com

resinas epóxidas, envolvendo as seguintes

tarefas: aplicação da resina primária im-

pregnante (Figura 8- a)), aplicação da resina

saturante (Figura 8-b) e Figura 9-a)), colagem

das camadas de manta de CFRP com resina

(Figura 8-c e Figura 9-b) e acabamento final

(Figura 8-c) e Figura 9-c)) com a pintura de

uma última camada de resina.

4.3. Critérios de dimensionamento dos

reforços adotados

No dimensionamento dos reforços à flexão

(pilares maciços) por encamisamentos foram

adotados os critérios propostos por Priestley

[7] e depois confrontados os resultados com

a proposta de Monti [8].

Em pilares mal confinados, que se prevê po-

derem vir a ter grandes rotações nas rótulas

plásticas, a prioridade deve ser o reforço da

sua capacidade em ductilidade. A proposta

adotada preconiza o procedimento que rela-

ciona a razão volumétrica de confinamento

com a ductilidade necessária, assumindo a

seguinte a forma (1):

(1)

Onde tj é a espessura do material de encamisa-

mento; b e h sãs as dimensões da secção do pi-

lar; f’cu extensão última do betão de reparação;

fuj, euj é a tensão máxima do betão confinado

pelas armaduras transversais (calculada, por

exemplo, com a sugestão de Mander [9]); e

são respetivamente as tensões e extensões

últimas dos materiais de reforço escolhidos.

No dimensionamento dos reforços ao corte (pi-

lares ocos) por cintagem com bandas de CFRP,

> Figura 4: Danos finais dos pilares ocos.

> Figura 5: Resultados experimentais dos pilares ocos.

> Figura 6: Fases da reparação dos pilares maciços.

> 4

a) Banzo b) Alma c) Face interna da alma

> 5

frp e resistência ao fogo

a) b) c) d) e) f)8

4.3. Critérios de dimensionamento dos reforços adotados

No dimensionamento dos reforços à flexão (pilares maciços) por encamisamentos foram adotados os critérios

propostos por Priestley [7] e depois confrontados os resultados com a proposta de Monti [8].

Em pilares mal confinados, que se prevê poderem vir a ter grandes rotações nas rótulas plásticas, a prioridade deve

ser o reforço da sua capacidade em ductilidade. A proposta adotada preconiza o procedimento que relaciona a razão

volumétrica de confinamento com a ductilidade necessária, assumindo a seguinte a forma (1):

(1)

Onde é a espessura do material de encamisamento; e sãs as dimensões da secção do pilar; εcu extensão

última do betão de reparação; é a tensão máxima do betão confinado pelas armaduras transversais (calculada,

por exemplo, com a sugestão de Mander [9]); e são respetivamente as tensões e extensões últimas dos

materiais de reforço escolhidos.

No dimensionamento dos reforços ao corte (pilares ocos) por cintagem com bandas de CFRP, também foi adotada a

metodologia sugerida por Priestley [7], para avaliar a espessura do reforço a aplicar de forma a aumentar a

resistência ao corte acima da máxima resistência à flexão. Como se representa em (2) pode ser incluída a

componente de resistência ao corte das bandas e estimada de acordo com a (3).

(2)

onde Vc, Vs e Vp são as componentes da força de corte correspondente à resistência do betão, armadura transversal e

esforço axial; o termo Vsj corresponde à contribuição do reforço em CFRP.

(3)

Onde h é a dimensão da secção transversal do pilar paralela à direção de aplicação da força de corte, Aj é a área da

secção transversal das bandas de reforço espaçadas da distância s e inclinadas de um ângulo θ relativo ao eixo do

pilar e, finalmente, fj é o nível de tensão adotado para o dimensionamento das bandas de carbono.

Neste caso foram usadas fibras de carbono com as seguintes características: resistência à tração ( ) 3800 MPa;

extensão última ( ) 1.55 %; módulo de elasticidade ( ) 240 GPa; espessura de 0.117 mm, resultando nas

seguintes soluções de reforço: três camadas com espessura total de 0.389 mm nos pilares maciços e uma camada

por cinta com espessura total de 0.117 mm nos pilares ocos.

Page 45: Construção Magazine 49

> Figura 7: Fases da reparação dos pilares ocos.

> Figura 8: Aplicação do reforço com mantas de CFRP nos pilares maciços.

> Figura 9: Aplicação do reforço com mantas de CFRP nos pilares ocos.

> 7

o dimensionamento das bandas de carbono.

Neste caso foram usadas fibras de carbono

com as seguintes características: resistên-

cia à tração ( fju) 3800 MPa; extensão última

(eju) 1.55 %; módulo de elasticidade (Ej) 240

GPa; espessura de 0.117 mm, resultando nas

seguintes soluções de reforço: três camadas

com espessura total de 0.389 mm nos pilares

maciços e uma camada por cinta com espessu-

ra total de 0.117 mm nos pilares ocos.

5. RESULTADOS DOS PILARES REFORÇADOS

Os pilares reforçados foram ensaiados até

se atingir o seu colapso. Os resultados dos

ensaios dos pilares reforçados encontram-se

descritos nos pontos seguintes [1 e 2].

5.1. Pilares Maciços

Nesta secção apresentam-se as descrições e

resultados dos ensaios realizados aos seguin-

tes pilares maciços reforçados: PA1-N4-R2,

reforçado com CFRP (tal como dimensionado

no ponto anterior) e com laminados longitudi-

nais ancorados na base; e PA1-N5-R1, também

reforçado com CFRP mas com o dobro das

camadas do pilar anterior. No gráfico da Figura

10 podem ser confrontados os resultados dos

dois pilares reforçados com fibras de carbono.

Verifica-se que o pilar reforçado com mantas

de CFRP e laminados (N4) atingiu um nível até

ligeiramente superior ao original (cerca de 60

kN), mas apenas enquanto os laminados fun-

cionaram ancorados na base, no entanto, o pilar

(N5) reforçado só com mantas de CFRP, mas em

dobro das camadas do anterior, atingiu esse

mesmo valor de força, mas tendo sido também

conseguido um bom comportamento dúctil.

5.2. Pilares Ocos

No reforço dos pilares PO1-N4-R1 e PO1-N6-R1

foi aplicada apenas uma camada de bandas de

a) b) c)

> 8

a) b) c)

> 9

a) b) c)

também foi adotada a metodologia sugerida

por Priestley [7], para avaliar a espessura do

reforço a aplicar de forma a aumentar a resis-

tência ao corte acima da máxima resistência

à flexão. Como se representa em (2) pode ser

incluída a componente de resistência ao corte

das bandas e estimada de acordo com a (3).

(2)

onde Vc, Vs e Vp são as componentes da força

de corte correspondente à resistência do

betão, armadura transversal e esforço axial;

o termo Vsj corresponde à contribuição do

reforço em CFRP.

(3)

Onde h é a dimensão da secção transversal do

pilar paralela à direção de aplicação da força

de corte, Aj é a área da secção transversal das

bandas de reforço espaçadas da distância s e in-

clinadas de um ângulo θ relativo ao eixo do pilar

e, finalmente, fj é o nível de tensão adotado para

8

4.3. Critérios de dimensionamento dos reforços adotados

No dimensionamento dos reforços à flexão (pilares maciços) por encamisamentos foram adotados os critérios

propostos por Priestley [7] e depois confrontados os resultados com a proposta de Monti [8].

Em pilares mal confinados, que se prevê poderem vir a ter grandes rotações nas rótulas plásticas, a prioridade deve

ser o reforço da sua capacidade em ductilidade. A proposta adotada preconiza o procedimento que relaciona a razão

volumétrica de confinamento com a ductilidade necessária, assumindo a seguinte a forma (1):

(1)

Onde é a espessura do material de encamisamento; e sãs as dimensões da secção do pilar; εcu extensão

última do betão de reparação; é a tensão máxima do betão confinado pelas armaduras transversais (calculada,

por exemplo, com a sugestão de Mander [9]); e são respetivamente as tensões e extensões últimas dos

materiais de reforço escolhidos.

No dimensionamento dos reforços ao corte (pilares ocos) por cintagem com bandas de CFRP, também foi adotada a

metodologia sugerida por Priestley [7], para avaliar a espessura do reforço a aplicar de forma a aumentar a

resistência ao corte acima da máxima resistência à flexão. Como se representa em (2) pode ser incluída a

componente de resistência ao corte das bandas e estimada de acordo com a (3).

(2)

onde Vc, Vs e Vp são as componentes da força de corte correspondente à resistência do betão, armadura transversal e

esforço axial; o termo Vsj corresponde à contribuição do reforço em CFRP.

(3)

Onde h é a dimensão da secção transversal do pilar paralela à direção de aplicação da força de corte, Aj é a área da

secção transversal das bandas de reforço espaçadas da distância s e inclinadas de um ângulo θ relativo ao eixo do

pilar e, finalmente, fj é o nível de tensão adotado para o dimensionamento das bandas de carbono.

Neste caso foram usadas fibras de carbono com as seguintes características: resistência à tração ( ) 3800 MPa;

extensão última ( ) 1.55 %; módulo de elasticidade ( ) 240 GPa; espessura de 0.117 mm, resultando nas

seguintes soluções de reforço: três camadas com espessura total de 0.389 mm nos pilares maciços e uma camada

por cinta com espessura total de 0.117 mm nos pilares ocos.

8

4.3. Critérios de dimensionamento dos reforços adotados

No dimensionamento dos reforços à flexão (pilares maciços) por encamisamentos foram adotados os critérios

propostos por Priestley [7] e depois confrontados os resultados com a proposta de Monti [8].

Em pilares mal confinados, que se prevê poderem vir a ter grandes rotações nas rótulas plásticas, a prioridade deve

ser o reforço da sua capacidade em ductilidade. A proposta adotada preconiza o procedimento que relaciona a razão

volumétrica de confinamento com a ductilidade necessária, assumindo a seguinte a forma (1):

(1)

Onde é a espessura do material de encamisamento; e sãs as dimensões da secção do pilar; εcu extensão

última do betão de reparação; é a tensão máxima do betão confinado pelas armaduras transversais (calculada,

por exemplo, com a sugestão de Mander [9]); e são respetivamente as tensões e extensões últimas dos

materiais de reforço escolhidos.

No dimensionamento dos reforços ao corte (pilares ocos) por cintagem com bandas de CFRP, também foi adotada a

metodologia sugerida por Priestley [7], para avaliar a espessura do reforço a aplicar de forma a aumentar a

resistência ao corte acima da máxima resistência à flexão. Como se representa em (2) pode ser incluída a

componente de resistência ao corte das bandas e estimada de acordo com a (3).

(2)

onde Vc, Vs e Vp são as componentes da força de corte correspondente à resistência do betão, armadura transversal e

esforço axial; o termo Vsj corresponde à contribuição do reforço em CFRP.

(3)

Onde h é a dimensão da secção transversal do pilar paralela à direção de aplicação da força de corte, Aj é a área da

secção transversal das bandas de reforço espaçadas da distância s e inclinadas de um ângulo θ relativo ao eixo do

pilar e, finalmente, fj é o nível de tensão adotado para o dimensionamento das bandas de carbono.

Neste caso foram usadas fibras de carbono com as seguintes características: resistência à tração ( ) 3800 MPa;

extensão última ( ) 1.55 %; módulo de elasticidade ( ) 240 GPa; espessura de 0.117 mm, resultando nas

seguintes soluções de reforço: três camadas com espessura total de 0.389 mm nos pilares maciços e uma camada

por cinta com espessura total de 0.117 mm nos pilares ocos.

Page 46: Construção Magazine 49

frp e resistência ao fogo

44_cm

CFRP com 0.117mm de espessura e 100mm

de altura, sendo o espaçamento entre ban-

das de 100mm ao longo da altura do pilar.

Procurou-se obter um reforço ao corte ótimo,

correspondente a um acréscimo de cerca de

40% relativamente à força máxima mobilizável

por flexão. A partir da resposta cíclica e da

ilustração dos danos finais do pilar PO1-N4-R1

(Figura 11) é possível verificar que o reforço

deste pilar foi insuf iciente para garantir

uma ductilidade satisfatória, atingindo-se

o colapso do pilar logo após a rotura das

primeiras bandas de CFRP. No entanto, este

reforço uniforme do pilar em altura conduziu

a uma rotura das bandas de carbono junto à

base, sendo plausível o colapso nessa zona

pela concentração de tensões resultantes

de efeitos de corte e de flexão. Na Figura 11,

ilustra-se, também, a comparação entre o pilar

original e reforçado (PO1-N4 e PO1-N4-R1),

onde se constata um aumento (ainda que

ligeiro) na força resistente máxima atingida,

de cerca de apenas 10%, e sem significativas

melhorias no nível de deslocamento máximo

devido à rotura prematura por corte.

A partir da observação da resposta cíclica

e dos danos finais do pilar PO1-N6-R1 (Figu-

ra 12) é possível verificar que o reforço deste

pilar foi suficiente para garantir uma ductili-

dade satisfatória, atingindo-se o colapso do

pilar unicamente após a rotura da primeira

banda de CFRP mais junto à base. Assim, a

> 10

a) b)

rotura por corte foi evitada, sendo possível

avaliar a ductilidade disponível. Na Figura 12,

a partir da comparação entre o pilar original e

reforçado (PO1-N6 e PO1-N6-R1), constata-se

que a força resistente máxima atingida foi

sensivelmente idêntica, confirmando-se,

também, que no pilar original já tinha sido

atingida uma força horizontal de patamar,

associada a um comportamento de flexão.

Devido à prevenção de rotura por corte e me-

lhoria do confinamento na base, verificam-se

significativos aumentos no nível de desloca-

mento máximo atingido e consequente ganho

em ductilidade disponível, atingindo-se agora

um valor de ductilidade em deslocamento de

cerca de 3.

6. CONCLUSÕES

O modelo adotado para o dimensionamento à

ação sísmica dos reforços revelou-se adequa-

do quer nos pilares maciços como nos pilares

de secção oca.

Os reforços dos pilares maciços com CFRP são

uma boa solução de reforço, cumprindo bem

> 12

a) b)

> Figura 10: Resultados experimentais dos pilares maciços reforçados.

> Figura 11: Resultados experimentais do pilar oco PO1-N4-R1.

> Figura 12: Resultados experimentais do pilar oco PO1-N6-R1.

> 11

a) b)

Page 47: Construção Magazine 49

o papel de confinamento do betão na zona mais solicitada, isto é, permitindo repor a sua

ductilidade disponível. As tentativas de melhoramento da capacidade à flexão através da

ligação de laminados à fundação, associados ao reforço com CFRP, não sortiram o efeito

desejado. A sua aplicação deve feita com precauções especiais relativamente à sua ancora-

gem e, eventualmente, realizados em toda a altura do pilar, de modo a ser convenientemente

transmitida a força desses reforços.

Os ensaios dos pilares ocos evidenciaram que a estratégia de reforço sísmico, onde se

procurou um reforço ao corte ótimo com um acréscimo de cerca de 40% relativamente à

força máxima mobilizável por flexão, garantiu um satisfatório comportamento em flexão.

O colapso dos pilares ocos reforçados foi atingido quando se verificou a rotura de uma das

bandas de CFRP. Devido à prevenção de rotura por corte e melhoria do confinamento na

base, constatou-se um aumento na força resistente máxima atingida, chegando a obter-se

uma melhoria de cerca de 20%, e atingindo-se, em alguns casos, um aumento de ductilidade

em deslocamento de cerca de 100%.

7. AGRADECIMENTOS

Este artigo refere investigação realizada com o apoio financeiro da “FCT - Fundação para a Ciência

e Tecnologia”, no âmbito do Projeto PTDC/ECM/72596/2006. Os autores gostariam de agradecer

às empresas: João da Silva Santos, Lda e Irmãos Maia, Lda, pela construção dos pilares ensaiados;

à empresa STAP pelos reforços realizados e, também, à equipa do laboratório, Sr. Valdemar Luís

e Sr. André Martins, por todo o cuidado prestado na preparação dos ensaios.

8. RefeRências

[1] Rocha, P. (2011) Reforço e Reparação de Pilares de Edifícios

de Betão Armado em Zonas Sísmicas. PhD Thesis, FEUP, Dept.

of Civil Engineering.

[2] Delgado, P. (2009) Avaliação da Segurança Estrutural em

Pontes. PhD Thesis, FEUP, Dept. of Civil Engineering.

[3] Delgado, R.; Delgado, P.; Vila Pouca, N.; Arêde, A.; Rocha, P. e

Costa, A. (2009) Shear effects on hollow section piers under

seismic actions: experimental and numerical analysis,

Bulletin of Earthquake Engineering, 7 (SP. ISS.), 377-389.

[4] Delgado, R.; Delgado, P.; Vila Pouca, N.; Arêde, A.; Rocha, P. e

Costa, A. (2009) Reabilitação e Reforço Sísmico de Pilares

de Pontes, Construção Magazine, Revista Técnico-Científica

de Engenharia Civil, 29, 33-37.

[5] Calvi, G.M.; Pavese, A.; Rasulo, A.; Bolognini, D. (2005) Expe-

rimental and numerical studies on the seismic response of

R.C. hollow bridge piers. Bulletin of Earthquake Engineering

3(3), 267–297.

[6] Pavese, A.; Bolognini, D.; Peloso, S. (2004) FRP seismic

retrofit of RC square hollow section bridge piers. Journal of

Earthquake Engineering 8(1 SP. ISS.), 225–250.

[7] Priestley, M.J.N.; Seible, F.; Calvi, G.M. (1996) Seismic Design

and Retrofit of Bridges. John Wiley & Sons, Inc. New York.

[8] Monti, G; Nistico, N and Santini, S (2001). “Design of FRP

jackets for upgrade of circular bridge piers.” Journal of

Composites for Construction 5(2): 94-101.

[9] Mander, JB; Priestley, MJN and Park, R (1988). “THEORE-

TICAL STRESS-STRAIN MODEL FOR CONFINED CONCRETE.”

Journal of Structural Engineering-Asce 114(8): 1804-1826.C M Y CM MY CY CMY K

PUB

Page 48: Construção Magazine 49

46_ 50

INTRODUÇÃO

A utilização de laminados de polímeros refor-

çados com fibras de carbono (CFRP) no reforço

de estruturas de betão armado (BA) tornou-se

corrente devido à quantidade significativa de

investigação efetuada recentemente nessa

área. Pré-esforçar este material aumenta o de-

sempenho desta solução de reforço na medida

em que se torna possível um melhor aprovei-

tamento da elevada capacidade resistente do

material e possibilita a redução de fendas e da

deformação dos elementos estruturais. No en-

tanto, é necessário realizar investigação para

aferir o seu comportamento em estruturas de

BA. Wight [1] e [2], El-Hacha [3] e Piyong [4] são

exemplos de outros trabalhos de investigação

feitos neste âmbito mas com recurso a mantas

de CFRP pré-esforçadas.

Parte de um trabalho mais alargado de França

46_cm

[5], com o objetivo de ensaiar, analisar e inter-

pretar o comportamento de vigas reforçadas

com laminados de CFRP pré-esforçados, é

aqui descrita. Uma tecnologia inicialmente

concebida para reforçar lajes [6] foi ensaiada

em seis vigas simplesmente apoiadas de BA à

escala real com secção transversal em T. Os

diferentes parâmetros entre as vigas foram

duas percentagens de armadura ordinária, a

existência ou não de um dano inicial na viga an-

tes do seu reforço e a influência da localização

das ancoragens antes ou depois dos apoios.

Neste artigo, é apresentada a tecnologia e os

resultados dos ensaios de uma viga reforçada

e da respetiva viga de referência. A campanha

experimental completa, que serve de base a

este artigo, pode ser consultada em França [5]

e França et al. [7] e [8]. Resultados experimen-

tais de lajes reforçadas com esta técnica [6]

podem ser encontrados em Suter [9].

frp e resistência ao fogoreforçar vigas de betão armado com laminados de cfrp pré-esforçados

Paulo França

Universidade da Madeira

Centro de Competência de Ciências Exatas e da Engenharia

[email protected]

A utilização de polímeros reforçados com fibras de carbono (CFRP) sob a forma de laminados no

reforço de estruturas de betão armado (BA) tornou-se corrente devido à quantidade significativa

de investigação realizada neste campo nos últimos anos. Pré-esforçar este material melhora

o desempenho desta técnica de reforço pelo que se torna necessário realizar investigação de

modo a testar o seu comportamento em estruturas de BA. O principal objetivo deste trabalho foi

ensaiar e analisar o comportamento de vigas de BA reforçadas à flexão com laminados de CFRP

pré-esforçados. Uma técnica de pré-esforçar laminados foi ensaiada em diversos provetes à

escala real de vigas de BA simplesmente apoiadas com secção transversal em T. Estabeleceram-

se comparações de comportamento entre as vigas de referência e as vigas reforçadas com os

laminados de CFRP pré-esforçados e sem pré-esforço (PE). Esta técnica de reforço resultou num

melhoramento substancial do comportamento da viga em serviço, ao reduzir a sua deformação

e a abertura de fendas, e em estado limite último, ao aumentar a sua capacidade resistente,

quando comparada com a viga de referência.

Palavras-chave: vigas, reforço, laminados, CFRP, pré-esforço.

TECNOLOGIA DE REFORÇO

O sistema de reforço utilizado para pré-esforçar

laminados de CFRP fixa ao betão duas chapas

de ancoragem com 400x220x8 mm3 sobre

cada extremidade do laminado através de 8

conetores (chapas amarelas na Fig.4, Fig.5

e Fig.6). A função destas chapas é permitir

a montagem do equipamento necessário à

aplicação do PE. Nesta solução, os laminados

têm que ser aplicados nas duas faces laterais

da viga. Embora na face inferior fosse mais

eficiente, as razões para não o fazer são a

reduzida largura da viga, que não é suficiente

para a fixação das chapas, e a necessidade de

evitar cortar os varões longitudinais durante a

furação para os conetores. A menor distância

entre a zona de compressão da viga e a força de

tração no CFRP é compensada pela utilização de

dois laminados em vez de um só na face inferior.

Page 49: Construção Magazine 49

cm_47

Uma das maiores dificuldades de pré-esforçar

FRPs é a forma de prender o material durante

esse procedimento. Este sistema utiliza garras

metálicas (Fig.1) para segurar o laminado por

atrito durante o seu PE.

O primeiro passo é o tratamento da superfície

de betão (Fig.2), recorrendo-se a uma retifica-

dora com uma mó diamantada acoplada com

o objetivo de remover a camada superficial do

betão na zona do laminado e das chapas de

ancoragem. Em seguida, procede-se à furação

para a colocação dos conetores.

A resina é aplicada no laminado, nas chapas

de ancoragem e na superfície de betão. A ope-

ração de montagem e aplicação do PE tem de

ser realizada em 1 hora por se tratar do tempo

até ao início de presa da resina.

Coloca-se o laminado (Fig.3) e fixam-se as

chapas de ancoragem sobre o mesmo nas

suas extremidades. Pequenos parafusos nos

cantos das chapas impedem a compressão

do CFRP, o que obriga a resina a transferir a

totalidade da força por aderência para o betão

depois do sistema de PE ser desativado. No

entanto, durante a aplicação do PE, são as

chapas de ancoragem que transferem a força

à estrutura através dos conetores.

Monta-se a garra metálica passiva (Fig.4) que

faz reação diretamente sobre a corresponden-

apoios necessitam de estar pelo menos a

0,7 m dos mesmos para proporcionar espaço

suficiente para o macaco hidráulico trabalhar,

admitindo-se que existem vigas perpendicu-

lares nos apoios.

A resistência média à compressão do betão foi

de 39,2 MPa, verificada no dia de ensaio atra-

vés de 3 provetes cúbicos. As armaduras re-

gistaram, em ensaios à tração pura, tensões

médias de cedência de 534,8 MPa nos varões

φ25 e de 485,8 MPa nos varões φ20, o que re-

sulta numa tensão média nos varões à tração

de 515,7 MPa. O laminado com uma secção de

80x1.2 mm2, tinha um módulo de elasticidade

170,5 GPa e uma tensão de tração última de

3016 MPa, o que corresponde a uma extensão

última de 17,7‰. Estas características foram

determinadas a partir de ensaios à tração

pura de 4 amostras de laminado. A resina

tinha um módulo de elasticidade de 8 GPa e

uma resistência à tração de 30 MPa.

O esquema de ensaio e a instrumentação

utilizada é indicada na Fig.8. Duas células

de carga mediram as forças aplicadas, P1

e P2, a terços do vão. A estrutura de carre-

gamento aplicava uma força inicial de 5 kN

em cada ponto de carga. Três defletómetros

monitorizaram as deformações a meio-vão

(d3) e nos pontos de aplicação das cargas,

te chapa de ancoragem. Na outra extremidade,

monta-se a ancoragem ativa onde o macaco

hidráulico é fixado sobre a chapa de modo a

que o seu êmbolo atue na garra metálica ativa

(Fig.5) e reaja na chapa por intermédio de uma

saliência que possui na sua base. Aplica-se o

PE e desativa-se o sistema 24 horas depois,

que é o tempo suficiente para a resina suportar

o PE aplicado. A viga reforçada é apresentada

na Fig.6.

ESTUDO EXPERIMENTAL

– Ensaios

Duas vigas em BA com 6,7 m de comprimento

e 3000 kg de peso, uma de referência e a

outra reforçada com laminados de CFRP pré-

esforçados, foram ensaiadas com um vão

de 6,0 m como ilustrado na Fig.7. A secção

transversal em T tinha a alma com 0,2x0,5 m2

e o banzo de compressão com 1,0x0,1 m2. A

armadura longitudinal de tração era composta

por 2φ20+2φ25 (1,6%) e todos os varões ti-

nham um recobrimento de 2 cm. Utilizaram-se

estribos φ8//0,10 para evitar o modo de rotura

por esforço transverso.

A s ancoragens posicionadas antes dos

> Figura 1: Garra metálica.

> Figura 2: Preparação da superfície de betão.

> Figura 3: Colocação do CFRP.

> Figura 4: Ancoragem passiva montada.

> Figura 5: Macaco hidráulico montado.

> Figura 6: Viga reforçada.

> 2

> 1 > 2 > 3

> 4 > 5 > 6

Page 50: Construção Magazine 49

frp e resistência ao fogo

48_cm

> 7

P1 (d1) e P2 (d2). As extensões ao longo dos

varões longitudinais inferiores foram moni-

torizadas por 7 extensómetros (Ss1-Ss7). Na

viga reforçada, 5 extensómetros (Sf1-Sf5)

foram colados em cada laminado (lado A e

B). Durante a aplicação do PE, para além do

indicador de pressão de óleo do equipamento,

2 extensómetros em cada CFRP registaram

o PE. Não foi possível instalar uma célula de

> Figura 7: Viga em BA reforçada com laminados de CFRP pré-esforçados.

> Figura 8: Instrumentação da viga reforçada.

> Figura 9: Carga vs Deslocamento a meio-vão.

carga para controlar esta operação.

O PE desejado correspondia a uma extensão

no CFRP de 6 ‰ devido, em parte, à limitação

do macaco hidráulico. A média de extensão

aplicada foi de 6,1 ‰, o que representava

uma tensão de 1040 MPa e a uma força de

99,8kN. Nenhuma alteração nas extensões foi

observada até ao momento em que o sistema

foi desativado.

– Discussão dos resultados dos ensaios

As curvas carga-deslocamento a meio-vão

(d3) das duas vigas ensaiadas estão repre-

sentadas na Fig.9. O valor da carga é a média

dos dois valores registados em P1 e P2.

A viga em BA registou um modo de rotura muito

dúctil e uma carga máxima de 188,2 kN. Os três

extensómetros nos varões inferiores entre as

cargas P1 e P2 registaram valores superiores

ao da extensão de cedência do aço (Ss-3=8,1

‰, Ss-4=3,4 ‰ e Ss-5=3,9 ‰). Como as fendas

de flexão chegaram ao banzo de compressão,

para evitar um modo de rotura frágil e perigoso

devido ao possível esmagamento do betão, o

ensaio foi terminado quando a deformação a

meio-vão atingiu os 93,7 mm.

A carga de rotura da viga reforçada foi de 253,1

kN, o que representa um aumento de 35% de

resistência. Este é um aumento significativo,

atendendo a que as vigas tinham uma elevada

percentagem de armadura (1,6%). É importan-

te notar que a carga máxima foi atingida após

uma fase tipicamente de cedência com uma

(Dimensões em [m])

Laminado de CFRP

 

(Dimensões em [m])

> 8

> 9

Page 51: Construção Magazine 49

cm_49

significativa rigidez pós-cedência. Este com-

portamento dúctil não é usual em estruturas

de BA reforçadas com laminados de CFRP, o

que representa uma vantagem importante

desta solução. Também nesta viga, os três

extensómetros nas armaduras inferiores

entre as cargas P1 e P2 registaram valores

superiores ao da extensão de cedência do aço

(Ss-3=10,2 ‰, Ss-4=4,7 ‰ e Ss-5=12,8 ‰).

Um melhor comportamento da fendilhação foi

evidente na viga reforçada. A 1ª fenda surgiu

para uma força perto de 45 kN, um valor 3

vezes superior ao de 15 kN da viga de BA.

Também o valor médio da abertura de fendas

(wm) foi menor na viga reforçada. Três fendas,

uma a meio-vão e duas sob os pontos de carga

P1 e P2, foram controladas durante os ensaios

e calcularam-se os seus valores médios. Um

valor de wm=0,03 mm foi obtido na viga de BA

para a carga de 25 kN, enquanto que o mesmo

> Figura 10: Rotura do CFRP na face B.

> Figura 11: Extremidade do CFRP que escorregou sob a chapa de ancoragem na face B.

> Figura 12: Rotura do CFRP na face A.

> Figura 13: Arrancamento do CFRP na rotura.

valor de wm só foi obtido para a carga de 47

kN na viga reforçada. Para a carga de 120

kN, os valores de wm foram de 0,20 mm e de

0,13 mm nas vigas de referência e reforçada

respetivamente.

Descargas totais foram feitas várias vezes

durante os ensaios como ilustrado na Fig.9.

O deslocamento residual na viga reforçada

foi sempre inferior ao da viga de BA perante

o mesmo valor de descarga. Isto prova um

típico comportamento das estruturas pré-

esforçadas que é a melhor capacidade de

recuperação da deformação.

A resistência última da viga de BA foi limitada

pela cedência da armadura longitudinal inferior

ao passo que, a da viga reforçada, foi limitada

pelo arrancamento dos laminados da super-

fície do betão. No instante da rotura, ambos

os laminados perderam a sua aderência ao

betão na zona entre as chapas de ancoragem.

Adicionalmente, na face B (Fig.10), uma das

extremidades do CFRF escorregou debaixo da

chapa (Fig.11), o que resultou na perda com-

pleta da sua força de tração. Na face A (Fig.12),

não ocorreu o escorregamento sob nenhuma

chapa, o que significa que o laminado manteve-

se em tração depois da rotura da viga, só preso

pela resina sob as chapas de ancoragem.

As extensões monitorizadas durante o carrega-

mento nos dois laminados são apresentadas

na Fig.14 para a face A e na Fig.15 para a face

B. Depois da rotura, os extensómetros na face

B registaram valores negativos que correspon-

dem à perda de PE devido ao escorregamento

do CFRP referido. Estes valores são semelhan-

tes às extensões de PE mas não iguais devido

à resina que se manteve colada ao laminado.

O maior incremento de extensão em cada

laminado foi verificado no extensómetro a

meio-vão (Sf-3). No lado A, esse aumento foi de

> 4 > 5 > 6

> 10 > 11

> 12 > 13

Page 52: Construção Magazine 49

frp e resistência ao fogo

50_cm

6,4 ‰ e, no lado B, foi de 5,9 ‰. Os 3 extensó-

metros centrais (Sf-2, Sf-3 e Sf-4) registaram

os maiores valores de extensão.

Os outros 2 extensómetros dos CFRPs próxi-

mos das chapas de ancoragem (Sf-1 e Sf-5)

só registaram valores elevados de extensões

depois de se ter atingido a carga de 246,6

kN, que é só 2,6 % inferior à carga de rotura

de 253,1 kN. Isto significa que as chapas de

ancoragem não foram muito relevantes para

aumentar a resistência da viga. No entanto, es-

tas chapas foram importantes para aumentar a

sua ductilidade, pois atrasam o arrancamento

dos laminados, mantendo-os aderentes à

superfície de betão para cargas superiores a

246,6 kN, o que tornou possível os grandes

incrementos de extensões perto das chapas.

Quando a carga passou de 246,6 kN para 253,1

kN, o deslocamento a meio-vão (d3) aumentou

27,9 %, o que representa 36,9 % do d3 depois da

carga de cedência de 218,2 kN. Esta trata-se

de uma percentagem muito significativa do

comportamento dúctil da viga reforçada.

A soma das extensões de PE com as verifica-

das a meio-vão nos CFRPs no momento da ro-

tura foi de 12,5 ‰ na face A e de 12,0 ‰ na face

B, o que correspondem a tensões de tração

de 2131 MPa e de 2046 MPa respetivamente.

CONCLUSÕES

É possível reforçar vigas de BA com lamina-

dos de CFRP pré-esforçados para melhoria

> Figura 14: Carga vs Extensão no CFRP da face A durante o ensaio.

> Figura 15: Carga vs Extensão no CFRP da face B durante o ensaio.

imediata do comportamento em serviço com

um sistema de simples montagem (24 horas

são suficientes para a sua desativação). A

carga de fendilhação é superior e é possível

fechar algumas ou todas as fendas numa viga

em BA fendilhada. Este controlo de fendilha-

ção, que não pode ser atingido com laminados

não pré-esforçados, é muito importante pois

aumenta a rigidez, o que contraria a deforma-

ção, e melhora a durabilidade da estrutura

(a sua degradação está relacionada com a

dimensão das fendas). Este tipo de reforço

possibilita a redução de deformação numa

viga em BA.

As vantagens de pré-esforçar os laminados,

comparando com a solução sem PE, também

verificam-se no estado limite último pois

torna-se possível mobilizar extensões mais

elevadas nos laminados, o que resulta numa

maior resistência. No caso ensaiado, foi

possível atingir no mínimo uma extensão de

12.0 ‰ nos laminados. Ao atingir-se estas

extensões, a elevada resistência dos CFRPs

é melhor aproveitada.

As chapas de ancoragem provaram ser im-

portantes no aumento da ductilidade da viga

reforçada ao atrasarem o arrancamento dos

laminados.

O posicionamento dos laminados nas faces

laterais das vigas não constituiu um proble-

ma para um arrancamento prematuro pois

mantiveram-se aderentes ao betão durante

a deformação da viga até a obtenção de re-

sultados satisfatórios.

REFERÊNCIAS

[1] Wight, R. G., Green, M. F. and Erki, M-A., “Prestres-

sed FRP sheets for poststrengthening reinforced

concrete beams”, Journal of composites for

construction, 5, 4, 2001, pp. 214-220.

[2] Wight, R. G. and Erki, M-A., “Prestressed CFRP

sheets for strengthening two-way slabs”, Inter-

national Conference Composites in Construction,

Italy, 2003, pp. 433-438.

[3] El-Hacha, R., Wight, R. G. and Green, M. F., “Inno-

vative System for Prestressing Fiber-Reinforced

Polymer Sheets”, ACI Structural Journal, 100, 3,

2003, pp. 305-313.

[4] Piyong, Y., Silva, P. F. and Nanni, A., “Flexural

Strengthening of Concrete Slabs by a Three-stage

Prestressing FRP System Enhanced with the

Presence of GFRP Anchor Spikes”, International

Conference Composites in Construction, Italy,

2003, pp. 239-244.

[5] França, P., 2007, “Reinforced Concrete Beams

Strengthened with Prestressed CFRP Laminates”,

Tese de Doutoramento, Universidade Técnica de

Lisboa, IST, Dezembro.

[6] S&P Clever Reinforcement Company Prestressing

System.

[7] França, P., Costa, A., Appleton, J, 2007, “Prestres-

sed CFRP laminates for Flexural Strengthening of

Reinforced Concrete Beams”, Structural Concrete

- Journal of the Fib, V.8, No.4, pp. 175-185.

[8] França, P., Costa, A., Appleton, J, 2004, “Reforço

de estruturas com laminados de CFRP pré-esfor-

çados”, Encontro Nacional de Betão Estrutural,

FEUP, Porto.

[9] Suter, R. and Jungo, D., “S&P Prestressing System

FRP – Summary of Test Results”, Product Report,

Brunnen, 2000.

> 14 > 15

Page 53: Construção Magazine 49

cm_51

51 i&d empresarial

A Extrusal, especialista na produção de perfis

de alumínio, lançou recentemente no mercado

português um novo sistema de construção de

portas: o A.055.

Este sistema foi concebido para a construção

de portas de grandes dimensões, sujeitas a uma

utilização moderada (50.000 ciclos) a elevada

(500.000 ciclos), estando disponível com ou sem

rotura da ponte térmica.

Inovação

A grande inovação é a adoção da poliamida deslizante que permite dilatações ao sistema. Ao

aliar as poliamidas deslizantes a uma fechadura que lança pontos de fecho, pelo movimento

do cremone, que ajusta a folha móvel ao aro fixo, possibilita um suave funcionamento ao abrir

e fechar com chave. A maioria dos fabricantes utiliza a poliamida normal.

Com este lançamento, a Extrusal “oferece ao mercado uma solução de raiz para obras de di-

mensão, em que os prescritores necessitam de respostas específicas aos desafios das novas

tendências arquitetónicas”, considera João Madaíl, diretor comercial da marca.

vantagens

De acordo com a empresa, as principais vantagens têm a ver com o facto da poliamida desli-

zante nos perfis das folhas móveis diminuir a possibilidade dos perfis (sobretudo as alturas)

se deformarem devido à dilatação do semi-perfil exterior. A consequência desta deformação é

o mau funcionamento da porta e a dificuldade em abrir / fechar.

A construção é perimetral e tem a opção de perfil de soleira lisa para uma melhor acessibilidade,

sendo compatível com os restantes sistemas Extrusal.

www.extrusal.pt

sistema de construção de portas

Dimensionamento por Folhas móveis

− Altura:Mínima2.000mm/Máxima3.000mm;− Largura:Mínima600mm/Máxima1.200mm.

CapaCiDaDe Do enviDraçamento

− Mínimo:26mm/Máximo:36mm.VedantesemEPDM.

CaraCterístiCas

− Esquadrosemalumínioextrudido;− PoliamidadeslizantenafolhamóveldasoluçãoRPT;− Folhamóveldeconstruçãoperimetral;− Perfildesoleiraparaumavedaçãomaiseficazousoleiralisapara

facilitaraacessibilidade;− CompatívelcomosrestantessistemasExtrusal.

Ferragens

− Fechadurafechomultipontos.− Barraecremoneanti-pânico.− Compatívelcommoladepavimentoemolaaéreaoculta.

solução Fria

− Pesomáximoporfolha:120kg;Dobradiçasfixasnocanal.

solução rpt

− Pesomáximoporfolha:160kg;Dobradiçasexteriores.

Page 54: Construção Magazine 49

52_cm

52_53

O tema desta coluna surge na continuação do assunto tratado na coluna

sobre engenharia sísmica publicado no número 45 desta revista, na qual

se abordou a forma como a ação sísmica se encontra representada no

Eurocódigo 8 (EC8) [1]. Este artigo debruça-se sobre o “coeficiente de

comportamento”, parâmetro fundamental no processo de dimensiona-

mento sísmico de uma estrutura corrente. Poderá ser surpreendente

para alguns dos leitores o facto do coeficiente de comportamento ser

um conceito relativamente recente, o qual foi introduzido na regula-

mentação nacional em 1983. Tal facto justificará porventura algum do

desconhecimento por parte de uma parte importante da comunidade

de projetistas de estruturas cuja formação base foi obtida numa fase

anterior à introdução do referido conceito nas normas regulamentares.

Conforme foi referido na coluna de sísmica da CM45, o EC8 define a

ação sísmica sob a forma de espetro de resposta elástico, mais preci-

samente dois espetros correspondentes a dois cenários de sismicidade.

Contudo, a utilização dos referidos espetros implicaria a consideração

da resposta da estrutura ao sismo regulamentar em regime elástico.

Esta situação conduziria, na grande maioria dos casos, a soluções ex-

tremamente robustas as quais, para além de dispendiosas, imporiam

condicionantes pouco razoáveis a nível arquitetónico. Apesar de não

ser o objetivo último, a utilização do coeficiente de comportamento

permite contornar esta situação. Em termos gerais, o coeficiente de

comportamento é adotado na fase de quantificação da ação sísmica

e aplica-se na redução do corte basal elástico para um nível de corte

basal de projeto a adotar no dimensionamento. Trata-se por isso de

uma forma simplificada de consideração do comportamento não linear

da estrutura durante o sismo.

O surgimento do conceito de espetro de resposta nos anos 30 do século

passado permitiu um avanço significativo na compreensão do compor-

tamento sísmico das estruturas, nomeadamente o facto das forças de

inércia induzidas pelo sismo dependerem não só das características

do movimento do terreno mas também das características dinâmicas

da própria estrutura. Esta importante conclusão permitiu verificar que

uma percentagem de estruturas existentes expostas a eventos sísmicos

tinham apresentado bom desempenho apesar de não apresentarem

resistência lateral suficiente para responder aos referidos eventos em

regime elástico. Esta constatação permitiu aos cientistas concluir que

tal desempenho resultava da ductilidade apresentada pelas referidas

estruturas, isto é, a capacidade destas comportarem deformações para

além do seu regime elástico.

Na realidade, é importante referir que um sismo deve ser interpretado

não como um conjunto de forças (de inércia) de valor e padrão pré-

definido aplicado à estrutura, mas como um conjunto de deformações

laterais que esta terá de ter capacidade de acomodar sem colapso e, de

preferência, sob condições de dano controlado.

O COEfiCiENTE dE COMpOrTAMENTO NO diMENsiONAMENTO sísMiCO dE EsTruTurAs

José Miguel Castro, prof. Auxiliar – fEup

sísmica

O objetivo do dimensionamento sísmico deverá por isso consistir em con-

ferir resistência lateral às estruturas de forma a que estas apresentem

capacidade de deformação suficiente para acomodar os deslocamentos

impostos pelos sismos. A determinação fiável dos referidos desloca-

mentos é por isso crucial no processo de dimensionamento sísmico.

Os regulamentos sísmicos baseiam-se na conhecida regra da igualdade

dos deslocamentos proposta por Veletsos e Newmark [2] segundo a qual

o deslocamento máximo imposto por um sismo a uma dada estrutura é

independente da resposta desta ser em regime elástico ou em regime

não linear. Esta regra aplica-se apenas a estruturas com período de

vibração médio a elevado (tipicamente acima de 0.5 segundos) e que

apresentem comportamento elasto-plástico. Na figura 1 representa-se

a relação entre o corte basal (V) e o deslocamento lateral (Δ) de um sis-

tema simples de um grau de liberdade no qual se ilustra a referida regra.

Na mesma figura é possível também identificar o conceito de coeficiente

de comportamento, designado pela letra q no EC8, como sendo a razão

entre a resistência requerida para o sistema responder ao sismo em

regime elástico (Vel

) e a resistência efetiva do sistema (Vy). da figura

pode-se concluir que quanto maior for o coeficiente de comportamento

maior será a ductilidade (μ=Δmax

/Δy) exigida pelo sismo ao sistema.

É importante notar que a exploração de ductilidade numa dada estrutura

não é ilimitada e varia em função das propriedades da própria estrutu-

ra. de acordo com o EC8 a ductilidade depende do tipo de material, do

sistema estrutural e da classe de ductilidade (baixa, média ou alta)

selecionada pelo projetista. Em função destes parâmetros a norma

Europeia define regras específicas de dimensionamento e detalhe

dos elementos estruturais e recomenda valores para o coeficiente de

comportamento. Na Tabela 1 apresentam-se os limites superiores dos

valores de referência do coeficiente de comportamento recomendados

pelo EC8 para estruturas porticadas em aço.

> Figura 1: ilustração do conceito de coeficiente de comportamento.

Page 55: Construção Magazine 49

A inclusão do coeficiente de comportamento no processo de di-

mensionamento sísmico de uma estrutura corrente é feita através

da utilização do espetro de resposta de cálculo que não é mais do

que o espetro de resposta elástico afetado do coeficiente de com-

portamento. O referido espetro permite ao projetista determinar

de forma expedita a aceleração máxima a utilizar na quantificação

do corte basal de dimensionamento. Na figura 2 apresenta-se o

exemplo de um espetro de cálculo para vários valores do coeficiente

de comportamento.

Apesar deste artigo se ter focado no dimensionamento sísmico

baseado no pressuposto do comportamento em regime não linear,

é importante realçar que as normas permitem o dimensionamen-

to sísmico admitindo comportamento em regime praticamente

elástico. No EC8 esta situação aplica-se aos casos classificados

como sendo de ductilidade baixa, recomendando-se que se aplique

apenas para estruturas localizadas em regiões de baixa sismi-

cidade, situação aplicável a estruturas localizadas em algumas

zonas do território nacional. Nestes casos a norma Europeia não

impõe requisitos especiais em termos de conceção e detalhe dos

elementos estruturais.

Contudo, deve referir-se que os regulamentos sísmicos promovem

a consideração do comportamento dissipativo das estruturas, isto

é, o dimensionamento no qual se explora o comportamento em

regime não linear. A razão para tal não é somente económica ou por

razões arquitetónicas, mas está também relacionada com o facto

do dimensionamento sísmico nessas condições exigir cuidados

especiais sobretudo ao nível da conceção e do detalhe estrutural

que visam assegurar um comportamento estável da estrutura no

regime pós-cedência. Conforme foi referido na coluna da CM45, a

ação sísmica regulamentar está associada a uma probabilidade

ocorrência, existindo por isso a possibilidade real da mesma ser

excedida. Como tal, é importante assegurar que as estruturas são

sujeitas a um processo de conceção que assegure um comporta-

mento estável e satisfatório durante a ocorrência de sismos de

intensidade superior à regulamentar.

REFERÊNCIAS

[1] NP EN 1998-1:2010 (2010). “Eurocódigo 8 – Projecto de estruturas para resistência aos sismos. Parte 1: Regras gerais, acções sísmicas e regras para edifícios”, Instituto Português da Qualidade.

[2] Veletsos AS, Newmark NM (1960). Effect of inelastic behavior on the response of simple systems to earthquake motions. Proceedings of the Second World Conference on Earthquake Engineering, Japan, vol. 2, pp 895 – 912.

.

puB

> Figura 2: Espetro de resposta de cálculo (EC8) para vários valores do coeficiente de com-portamento.

Tipo de EstruturaClasse de Ductilidade

DCM DCH

a) pórticos simples 4 5 au/a

1

b) pórtico com contraventamentos centradosContraventamentos diagonaisContraventamentos em V

42

42,5

c) pórtico com contraventamentos excêntricos 4 5 au/a

1

d) pêndulo invertido 2 2 au/a

1

e) Estruturas com núcleos ou paredes de betão Ver a secção 5

f) pórtico simples com contraventamento centrado 4 4 au/a

1

g) pórticos simples com enchimentosEnchimentos de betão ou de alvenaria não ligado, em contacto com o pórtico

2 2

Enchimentos de betão armado ligados Ver a secção 7

Enchimentos isolados de pórticos simples (ver pórticos simples) 4 5 a

u/a

1

> Tabela 1: Coeficientes de comportamento previstos no EC8 para estruturas porticadas em aço.

Page 56: Construção Magazine 49

54_cm

54_55

1. INTRODUÇÃO

O paradigma da construção de estruturas de

madeira em Portugal mudou nos últimos 15

anos, com o aparecimento de grandes estrutu-

ras modernas, sobretudo de madeira lamelada

colada, com formas arrojadas e grande impacto

visual. Mas essa novidade e visibilidade acarre-

tam igualmente a responsabilidade acrescida

de todos os intervenientes, no sentido de

garantir uma boa imagem destas realizações.

O bom funcionamento, a segurança e a dura-

bilidade das estruturas de madeira dependem

de muitos fatores, designadamente de opções

corretas ao nível do projeto e das soluções

construtivas, do fabrico, da montagem e da

manutenção.

A garantia da qualidade passa pela revisão de

projeto, a certificação dos produtos, a fisca-

lização e o controlo de qualidade do processo

de construção.

É também fundamental investir na formação

de todos os intervenientes sobre aspetos es-

pecíficos e problemas típicos das estruturas

de madeira.

São específicos e particularmente importan-

tes: o dimensionamento e a pormenorização

das ligações; os efeitos da humidade e varia-

ções dimensionais da madeira e os esforços

de tração perpendicular às fibras, aspetos que

se conjugam muitas vezes no desenvolvimen-

to de anomalias.

Neste contexto, a inspeção e a monitorização

das estruturas de madeira assumem um

papel fundamental na deteção (e correção)

atempada de situações problemáticas ou

anomalias, devendo ser levadas a cabo por

técnicos com conhecimento e experiência

neste domínio.

2. INSPEÇÃO

2.1. Objetivos

Além da possível deteção de anomalias e/ou

avaliação da origem, extensão e gravidade

de deficiências anteriormente reportadas,

INSPeçãO e MONItOrIzAçãO de eStruturAS de MAdeIrA

Helena Cruz, Investigadora Principal do LNeC

estruturas de madeira

a inspeção deve fornecer informação sufi-

ciente para avaliar a segurança da estrutura

e estabelecer protocolos de monitorização e

manutenção adequados.

deve também permitir identificar eventuais

situações que requeiram medidas imediatas

de estabilização e suporte, evacuação ou

restrições de acesso.

2.2. Obtenção de documentação técnica

O conhecimento da estrutura é essencial

para o estabelecimento dos protocolos de

monitorização e manutenção, e subsequen-

te acompanhamento técnico, na medida em

que estes deverão ter em conta os aspetos

críticos que forem identificados, bem como o

comportamento estrutural previsto.

O dono da obra deve dispor da seguinte in-

formação:

– funcionamento estrutural assumido;

– condições de serviço (temperatura e humi-

dade) previstas para a estrutura;

– ações consideradas no projeto, incluindo

eventuais pontos de suspensão de cargas

no interior da estrutura e respetiva capaci-

dade individual;

– cálculo das ligações, desenhos de projeto

e montagem;

– características dos materiais, designada-

mente a(s) classe(s) de resistência da ma-

deira lamelada colada empregue, espécie

florestal e tipo de cola usada na colagem

entre lamelas e nos finger-joints;

– eventual proteção inseticida/fungicida e/

ou acabamento dados à madeira;

– tipo de ligadores, respetiva resistência

contra a corrosão e eventual proteção ao

fogo.

Além do fornecimento de documentos de

Aprovação técnica ou de Homologação dos

diversos materiais e produtos, e dos registos

da Qualidade feitos pela Fiscalização que

comprovem as soluções efetivamente imple-

mentadas e deem conta do teor e justificação

de eventuais alterações feitas em obra, devem

ser obtidas as telas finais.

2.3. Verif icação da conformidade com o

projeto

A primeira etapa da inspeção deve ter como

objetivo verificar a conformidade da estru-

tura efetivamente construída com o projeto,

confirmando o tipo e a qualidade dos mate-

riais empregues, a presença de elementos

secundários de travamento, a geometria dos

elementos e a pormenorização das ligações,

entre outros aspetos.

devem igualmente ser verificadas as condi-

ções de carga e as condições ambientais, as

quais poderão diferir das previstas, especial-

mente se o regime de exploração do edifício

ditar oscilações significativas entre fases de

utilização/vazio ou verão/inverno.

devem também ser analisados os efeitos de

eventuais erros de montagem e das altera-

ções decorrentes da montagem ou exploração

da estrutura, como sejam furos ou cortes

dos elementos de madeira e a remoção de

elementos secundários ou de ligadores, bem

como a presença de elementos adicionais

não previstos para suspensão de cargas da

estrutura. São particularmente críticas as

situações que acarretem esforços de tração

perpendicular às fibras da madeira.

> Observação próxima da estrutura.

Page 57: Construção Magazine 49

Deve também analisar-se a possibilidade de

ocorrência de infiltrações ou condensações

suscetíveis de causar humidificação pontual

da estrutura de madeira.

2.4. Observação próxima

A inspeção detalhada da estrutura requer em

geral meios de aproximação que permitam

a observação direta dos seguintes aspetos:

– Ligações:

geometria; falta, rotura ou desaperto dos

parafusos; corrosão dos elementos metá-

licos, fendas ou esmagamento da madeira;

– Manchas de humidade ou degradação bio-

lógica:

origem da humidade; teor de água e even-

tual degradação da madeira;

– Fendas de secagem ou fraturas:

podem ser r elev antes sobr etudo em

elementos curvos, em pontos críticos da

estrutura e no caso de fendas profundas;

é fundamental distinguir entre fraturas

mecânicas e fendas de secagem e entre

fendas antigas ou recentes/em evolução;

– Deficiências de colagem:

distinguindo delaminação (descolamento)

de deficiências de fabrico da junta colada

(por exemplo, falta de aperto); qualidade

dos finger-joints.

> Efeitos da tração transversal às fibras em resultado de restrições à retração da madeira. > Delaminação da junta colada. > Marcas de entrada de água.> Defeito de montagem.

A observação visual pode ser complementada

com ensaios diversos, por exemplo utilização

do Resitograf para confirmação da presença

e da geometria de peças ocultas em ligações

e recolha de amostras para ensaios laborato-

riais de corte e delaminação para avaliação da

qualidade da colagem.

Todos os aspetos relevantes devem ser identi-

ficados (com marcação de limites e respetiva

data, inscritos no local, se possível) e regista-

dos, para reavaliações subsequentes.

Saliente-se que os aspetos listados podem

encerrar riscos efetivos para a segurança e

a durabilidade da estrutura e dos seus ocu-

pantes, devendo merecer a devida atenção

de especialistas familiarizados com as espe-

cificidades das estruturas de madeira, que

estabelecerão a sua gravidade e definirão as

intervenções adequadas.

3. MONITORIZAÇÃO

A monitorização permite perceber a evolução

da estrutura ao longo do tempo, detetando

atempadamente eventuais deficiências ca-

pazes de condicionar o seu desempenho ou

durabilidade.

HEMPEL (Portugal) Lda. Vale de Cantadores | 2954-002 PALMELA | Tel.: 212 351 022 | Fax: 212 352 292 | E-mail: [email protected] | www.hempel.pt

Soluções globais de pintura

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Tintas HEMPEL, tem para si, uma gama de produtos de alta quali-dade, adequados às suas exigên-cias, necessidades e expectativas.Soluções globais de pintura que respeitam o meio ambiente e proporcionaram protecção e de-coração em diversos materiais e substratos.

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Tem de ser definida caso a caso, mas pode

compreender, nomeadamente:

– inspeções visuais periódicas (progressão

de fendas e delaminação das juntas cola-

das, entradas de água, deterioração das

ligações, degradação biológica, etc);

– registo das condições ambientais e do teor

em água da madeira;

– avaliação do comportamento estrutural

(com medição de deslocamentos, vibra-

ções, etc).

Refira-se, uma vez mais, que a pormenorização

das ligações, as variações dimensionais e os

esforços de tração perpendicular às fibras

da madeira se conjugam muitas vezes no de-

senvolvimento de anomalias mais ou menos

graves. Em especial, detalhes que restrinjam a

retraçção livre da madeira, criando tração per-

pendicular às fibras, são sempre problemáticos

e devem ser evitados ou pelo menos vigiados.

Por outro lado, importa ter em conta que as

infiltrações de água passam muitas vezes

despercebidas em fases iniciais, podendo

afetar pontos da estrutura relativamente

longínquos dos pontos de entrada de água.

Cor tes e entalhes podem reter água, por

exemplo em ligações, com efeitos que podem

ser particularmente nocivos.

Page 58: Construção Magazine 49

1. CONFIGURAÇÃO DE LIGAÇÕES A PERFIS

TUBULARES

Na construção de estruturas metálicas, a

otimização estrutural pode conduzir a perfis

de secção fechada nos elementos verticais,

sobretudo quando solicitados em flexão com-

posta desviada, e a perfis de secção aberta (I

ou H) nos elementos horizontais.

Os perf is de secção fechada apresentam

vantagens estruturais únicas quando compa-

rados com os perfis de secção aberta, devido

à sua capacidade de suportar cargas axiais,

flexão segundo qualquer direção, torção, além

das vantagens em termos de manutenção e

estética, com incrementos de custo pouco

significativos. Além disso constituem uma

preferência clara em termos das tendências

arquitetónicas atuais.

O facto de os perfis tubulares não serem a

primeira escolha na conceção de estruturas

metálicas correntes, deve-se em parte, ao

facto de as ligações a este tipo de perfis terem

de ser em geral soldadas, visto o interior do

perfil não ser acessível para aparafusamento,

o que dificulta a execução e aumenta o custo

das estruturas.

Como alternativa à ligação soldada, pode-se

efetuar uma ligação aparafusada, usando para

isso um pequeno troço de perfil U soldado ao

do elemento U da ligação, avaliando a influ-

ência dos seguintes parâmetros: espessura

da alma (tw

=10 mm e tw

=15 mm), largura da

alma (h=185 mm e 200 mm), afastamento

horizontal dos parafusos (p2=85 mm e 100

mm), espessura dos banzos (tf=10 mm e

15 mm) e largura dos banzos (bf=75 mm e

90 mm). A designação de um determinado

modelo é dada pela sequência p2|b

f|h|t

w|t

f. No

caso do estudo apresentado, o elemento em

U é constituído por 3 chapas soldadas, em aço

da classe S275.

Para a modelação foi realizado um estudo de

convergência de malha, tendo sido analisadas

várias possibilidades de modelação, incluindo

a modelação com elementos casca com e sem

modelação do cordão de soldadura de recons-

tituição do U e a modelação com elementos

sólidos com e sem a viga. Verificou-se que a

correta modelação do comportamento desta

ligação requer a utilização de elementos só-

lidos e que a introdução de carga na ligação

seja efetuada através da viga e não com

base num sistema de forças estaticamente

equivalentes, aplicadas diretamente no

elemento em U. Os elementos sólidos usados

são de interpolação linear com seis graus de

liberdade por nó (HX8M – Lusas); a malha é

representada na Figura 2.

Após a calibração dos modelos procedeu-se

56_57

CONFIgUrAçãO ALterNAtIVA PArA LIgAçõeS A PerFIS tUbULAreS

Rui A. D. Simões, Professor Auxiliar/DeC Universidade de CoimbraJoaquim Agostinho Teixeira, Aluno de Mestrado/ DeC Universidade de CoimbraSandra Jordão, Professora Auxiliar/DeC Universidade de Coimbra

estruturas metálicas

pilar, conforme se ilustra na Figura 1. esta

ligação apresenta custos de execução idênti-

cos a outras ligações, é fácil de implementar

e possui elevada ductilidade. Contudo, esta

tipologia não é ainda coberta pela regulamen-

tação aplicável, nomeadamente o eurocódigo

3, Parte 1.8 [1].

No âmbito da atividade de investigação do gru-

po de estruturas metálicas e mistas do Depar-

tamento de engenharia Civil da Universidade

de Coimbra, têm sido desenvolvidos alguns

estudos com vista à obtenção de modelos de

dimensionamento deste tipo de ligação. Como

exemplo, apresenta-se um trabalho baseado

numa análise numérica por elementos finitos,

desenvolvido no âmbito de uma tese de mes-

trado integrado [2].

2. MODELAÇÃO NUMÉRICA

O trabalho referido consistiu num estudo

numérico para caracterização do comporta-

mento da tipologia de ligação entre pilar tubu-

lar e viga I ilustrada na Figura 1. esta ligação

inclui um elemento auxiliar, constituído por

um troço de perfil U, que se encontra soldado

ao pilar e recebe a viga por aparafusamento

com chapa de topo. O estudo apresentado

pretendeu caracterizar o compor tamento

> Figura 1: geometria da ligação em análise. > Figura 2: Modelo numérico da ligação em análise.

56_cm

Page 59: Construção Magazine 49

a uma análise da influência dos diversos pa-

râmetros. Nas Figuras 3 a 6 representam-se

os resultados dessas análises, em termos de

curvas momento flector-rotação da ligação,

baseadas apenas na deformação do elemento

U e acessórios de ligação (parafusos e chapa

de topo).

Quando a espessura da alma do perfil U au-

menta, verifica-se um aumento apreciável da

rigidez inicial e das cargas de cedência e de

rotura e um aumento moderado da capacidade

de rotação.

Quando a largura da alma do perfil U aumenta,

verifica-se uma diminuição apreciável de todos

os valores monitorizados (rigidez inicial e de

membrana, cargas de cedência e de rotura e

capacidade de rotação).

O aumento da largura dos banzos do perfil

U não tem efeito significativo nos valores

monitorizados.

Quando a distância entre parafusos aumenta,

verifica-se um aumento apreciável da rigidez

de membrana e um aumento moderado da

rigidez inicial, acompanhadas da diminuição

significativa da capacidade de rotação. As

cargas de cedência e de rotura mantêm-se

aproximadamente inalteradas.

3. CONCLUSÕES

Com base no trabalho apresentado pode-se

concluir que a tipologia de ligação estudada,

dependendo de uma otimização dos seus

parâmetros geométricos e materiais e das ca-

rasterísticas da estrutura onde esta se insere,

possui potencial para atingir pelo menos um

comportamento semirrígido com resistência

parcial, segundo o eurocódigo 3, Parte 1.8 [1]

REFERêNCIAS

[1] CEN, EN 1993-1-8: Eurocode 3 – Design of Steel

Structures – Part 1.8: Design of Joints. Europe-

an Committee for Standardization, Brussels,

2005.

[2] Teixeira, Joaquim Agostinho Pereira – “Estudo

de Configurações Allternativas para Ligação a

Perfiis Tubulares de Secção Fechada”. Tese de

Mestrado Integrado, Departamento de Enge-

nharia Civil, Universidade de Coimbra, 2012.

> Figura 3: Variação da espessura da alma.

> Figura 4: Variação da largura da alma.

> Figura 5: Variação da largura dos banzos.

> Figura 6: Variação do espaçamento dos parafusos.

cm_57

Page 60: Construção Magazine 49

58_cm

58_59

A transmissão de sons de percussão entre

dois compartimentos adjacentes, de cima

para baixo, depende das transmissões diretas

e marginais. No caso da transmissão de pavi-

mentos de compartimentos inferiores para

compartimentos sobrejacentes (relevante,

por exemplo, entre espaços comerciais e ha-

bitação), a transmissão ocorre apenas por via

marginal, de baixo para cima, sendo esta de

difícil quantificação, em especial, por não exis-

tirem metodologias consagradas na normali-

zação em vigor. Em projeto, alguns projetistas

assumem erradamente que a transmissão de

baixo para cima é desprezável e outros, muito

do lado da segurança, que esta transmissão é

próxima da ocorrida por via marginal de cima

para baixo. Entre compartimentos do mesmo

piso, a transmissão também ocorre apenas

por via marginal, podendo a previsão ser

efetuada pelo método detalhado indicado na

norma EN 12354-2:2000, não sendo, contudo,

facilmente aplicável em projeto. Nesta coluna

de acústica são propostos dois métodos de

cálculo simplificado, para previsão do índice de

percussão padronizado L’nt,w, na transmissão

de baixo para cima e na transmissão entre

compartimentos do mesmo piso.

De uma forma geral, da avaliação experimen-

tal realizada em várias dezenas de edifícios

diferentes, e em relação à transmissão de

cima para baixo no mesmo tipo de pavimento,

verifica-se uma redução no valor de L’nt,w da

ordem de 20 dB, na transmissão debaixo para

cima, e da ordem de 10 dB na transmissão

lateral. Contudo, existe uma dispersão de re-

sultados muito elevada, em parte dependente

das características dos elementos de com-

partimentação marginais. Em lajes térreas, a

transmissão é significativamente minimizada,

com reduções adicionais da ordem de 10 dB,

mas muito variáveis, em função do terreno

sob a laje e das fundações. Estudos realizados

nos últimos anos, pelo autor desta coluna,

conduziram à proposta de uma metodologia

de cálculo simplificada, através de fórmulas

empíricas, determinadas com base nos mode-

TrANsmissão DE BAixo pArA CimA E lATErAl DE ruíDos DE pErCussão – proposTA DE mEToDologiA simplifiCADA DE prEvisão

Diogo Mateus, prof. Auxiliar do DEC/fCTuC, Dir. Técnico do lab. CoNTrAruiDo

acústica

los propostos pela norma EN 12354-2 e num conjunto alargado de resultados de ensaios in situ,

efetuados essencialmente em edifícios habitacionais e mistos com lajes em betão e paredes em

alvenaria de tijolo ou de blocos (cerca de 60 casos de estudo), para a situação de lajes de piso

não térreas em betão armado, com camadas de enchimento e revestimento de piso rigidamente

ligados à laje de piso.

Tendo como referência o esquema representado na figura 1, as fórmulas empíricas propostas para

a transmissão de baixo para cima e lateral correspondem respetivamente às expressões (1) e (2).

(1)

(2)

onde V é o volume do compartimento recetor; t0 é tempo de reverberação médio de referência

no compartimento recetor, igual a 0,5 ou igual ao requisito, quando aplicável; mi e mL são as

massas da laje de piso percutidas (em kg/m2), inferior e lateral; LER é o comprimento total de

> Figura 1: Esquema exemplificativo da transmissão sonora marginal de ruídos de percussão, de baixo para cima e lateral, com indicação das variáveis consideradas mais relevantes.

Page 61: Construção Magazine 49

Cálculo de isolamento sonoro em todo o edifício segundo a norma EN ISO 12354 partes 1, 2, 3, 4 e 6

www.inacoustics.comwww.soundofnumbers.net

Desenhe o Edifício Atribua materiais Identifique os problemas Elabore o relatório

Desenhe toda a geometria 3D do edifício sem restrições. Modele todos os espaços definidos pela Arquitectura com ferramentas de desenho simples e rápidas, podendo usar referências em outros formatos.

Utilize a extensa base de dados do SONarchitect para atribuir ao edifício elementos construtivos ensaiados em laboratório ou utilize os módulos de previsão e calcule o desempenho acústico da solução que idealizou.

Após classificar os espaços e os requisitos que pretende, calcule, em poucos segundos, o comporta-mento acústico do edifício. Descu-bra eventuais problemas em cada caminho de transmissão marginal para eficazmente os resolver.

Imprima os resultados que quiser através do gerador de relatórios do SONarchitect, incluindo um mapa de quantidades das soluções adotadas. Ouça os resultados através do módulo de auralização incorporado.

junções com continuidade do piso inferior

para o piso superior; SE e SR são as áreas dos

compartimentos emissor e recetor, respetiva-

mente; d é a distância da zona central da laje

percutida (na transmissão lateral) e a parede

mais próxima do compartimento recetor; DLw é

o índice de redução da transmissão de sons de

percussão de revestimentos de piso (avaliado

em laboratório, de cima para baixo).

Na Eq. 1, o comprimento de junções com conti-

nuidade LER não deve ser considerado inferior

a 1 m (para ter em conta as ligações rígidas

entre pisos) e a área do piso emissor (SE) não

deve ser considerada superior a 100 m2 (em

áreas muito elevadas a zona de ensaios de

percussão deve restringir-se a uma parte mais

próxima do recetor). por outro lado, se existi-

rem vãos de grande dimensão nas paredes

com continuidade, ao nível do piso do emissor,

poderá eventualmente descontar-se a largura

ocupada pelo vão.

Considere-se, por exemplo, um edifício misto

com comércio no r/C e habitação no 1º Andar,

com zona de circulação comum ao nível da

puB

habitação, em que o quarto recetor tem duas paredes com continuidade do r/C com 5 + 3 m (LER

= 8m), uma área de 15 m2 com um pé direito de 2,6 m, em que a parede do quarto mais próxima da

zona de circulação se encontra a cerca de 4 m do centro desta zona (incluindo um pequeno Hall

entre espaços). As lajes de piso são maciças com 20 cm de espessura, com camada de enchimento

próxima de 100 kg/m2 (mi = mL = 600kg/m2) e revestimento cerâmico, e a área do comércio no r/C

é de 80 m2. Neste caso, como o espaço recetor não tem requisito de tempo de reverberação, o valor

de t0 = 0,5s. Nestas condições, da aplicação das equações 1 e 2, obtém-se:

Em ambos os casos são ultrapassados os requisitos máximos regulamentares (L’nt,w ≤ 50dB do

comércio e L’nt,w ≤ 60dB da zona comum). Caso se aplique uma betonilha flutuante sob o reves-

timento cerâmico, quer no comércio, quer na zona de circulação comum, com um DLw = 18dB,

obtém-se aproximadamente um DL’w = 14dB e um L’nt,w ≈ 40dB, na transmissão de baixo para

cima, e L’nt,w ≈ 44dB na transmissão lateral.

Apesar desta abordagem simplificada poder conduzir a resultados diferentes dos obtidos com

métodos mais detalhados, os desvios são geralmente muito menos relevantes que os que podem

resultar de um processo construtivo, onde a existência de defeitos de construção, mesmo que

de pequeníssima dimensão, pode conduzir a resultados finais muito fracos, como se tentou

demonstrar nesta coluna de acústica, no número 38.

Page 62: Construção Magazine 49

60_cm

notícias60_62

Decorreu no passado dia 19 de abril, em Gui-

marães, o Seminário “Coberturas de Madeira”.

Com cerca de 200 participantes e várias

apresentações de especialistas em madeira,

o evento serviu para fomentar a discussão

sobre as coberturas de madeira e para a apre-

sentação de novas ideias e soluções.

De acordo com Jorge M. Branco, Professor da

Universidade do Minho e membro da comissão

organizadora, a ideia para este seminário

surgiu porque: “o ícone atual da construção

e estruturas de madeira são, sem dúvida, as

coberturas e achamos que seria aquilo que

iria mais ao encontro das necessidades e

interesses de todos.”

O balanço do evento foi considerado bastante

positivo, destacando os casos muito interes-

santes apresentados pelos oradores durante

todo o dia.

É de referir a presença do especialista estran-

geiro Stefan Winter e, a nível nacional, Paulo B.

Lourenço, Raimundo Mendes da Silva e Helena

Cruz. Foram ainda feitas apresentações sobre

determinados casos, tal como, Velódromo

Nacional de Sangalhos e El Metropol Parasol

em Espanha.

Foram feitas reflexões sobre aspetos técnicos

de desempenho e sustentabilidade na constru-

ção e, também, se focaram nos aspetos princi-

pais das soluções tradicionais, no seu esforço,

na inspeção, na monitorização e inovação.

Quando questionado sobre a pouca utilização

de estruturas de madeira em Portugal, e de que

na universidade do minho

seminário de coberturas de madeira

forma é que se poderia promover mais o uso

deste tipo de solução, Jorge M. Branco acre-

dita que a resposta está na formação. “Neste

momento há uma falta de formação, na parte

de engenharia, para materializar as vontades

da arquitetura. Em Portugal faz falta formação

nas estruturas de madeira.“

www.civil.uminho.pt/coberturas/

O grupo PROJAR, através das suas participadas

BACH, SISAF e TRIA, está a apostar cada vez

mais no mercado brasileiro, tendo garantido

a pr esenç a no Feicon Batimat – S alão

Internacional da Construção que decorrerá

em São Paulo, entre os dias 27 e 31 de março.

“Com esta ação a PROJAR intensif ica a

presença no mercado Brasileiro, o qual tem

registado nos últimos tempos um acentuado

crescimento económico, sendo protagonista

de uma dinâmica sem igual no contexto da

edificação urbana e industrial”, refere o Grupo

em comunicado.

A PROJAR acredita que dado a experiência das

empresas, poderão contribuir com o know-how

e tecnologia europeia, conferindo aos edifícios

maior proteção contra incêndios e, desse

modo, mais segurança para as pessoas.

As soluções mais avançadas da BACH para

compar timentação oculta, aplicáveis ao

controlo de fogo e ao controlo de fumo/fumaça

em edifícios poderão ser encontradas no

stand MM2. Também para controlo de fumo/

fumaça estará disponível para visualização

e experimentação uma claraboia de abertura

horizontal cujo funcionamento constitui uma

revolução nos sistemas de extração de fumo/

fumaça.

Igualmente disponíveis para experimentação

estiveram as portas corta-fogo SISAF modelo

COMPL A N, cuja cons tr ução do conjunto

batente/folha integralmente complanado

em ambas as faces da porta, constitui uma

extraordinária inovação no setor das portas

resistentes ao fogo.

Em sintonia com as necessidades do mercado

brasileiro, em matéria de proteção incêndio, a

TRIA expôs neste certame as mais recentes

soluções para selagens corta-fogo, proteção

de estruturas metálicas e de betão/concreto,

proteção de madeir a e aglomer ados de

madeira e para construção e proteção de

condutas para insuflação de ar novo e extração

de fumos/fumaça.

www.projar.pt

grupo projar reforça presença no mercado brasileiro

No ano passado, o Estado adjudicou 700 milhões de euros em obras por

ajuste direto, um total de 90% dos contratos públicos.

Em declarações ao JN, um responsável da Associação dos Industriais

da Construção Civil e Obras Públicas do Norte (AICCOPN) afirma que os

ajustes diretos deixaram de ser a exceção para se tornarem a regra.

O presidente da AICOOPN, Reis Campos, disse ao jornal que o recurso a

esta forma de adjudicação não garante a transparência nem salvaguarda o

interesse público. A associação fez o levantamento dos dados dos contratos

de obras públicas, publicitados em Diário da República, e concluiu que em

12642 contratos 11456 (90,6%) foram feitos por ajuste direto.

das obras públicas adjudicadas por ajuste direto

Page 63: Construção Magazine 49

Climatização

Instalações Eléctricas

Instalações de Gás

Fundações e Estrutura

Cobertura e fachadas

Elevadores

Telecomunicações (ITED)

Águas e Saneamento

Acústica e Ruído

Qualidade do Ar Interior

O Atestado do Imóvel é um documento emitido pelo Bureau Veritas em obras mediadas e que foram acompanhadas pelos seus técnicos, verificando a boa execução das mesmas.

O Bureau Veritas presta uma ampla gama de serviços de auditoria, inspecção e peritagem, nomeadamente:

n Cobertura e Fachadas; n Fundações e Estrutura; n Elevadores; n Telecomunicações; n Climatização; n Instalações de Gás; n Certificação Energética de Edifícios; n Construção Sustentável (LEED, BREEAM, GREEN RATING); n Acústica; n Qualidade do Ar Interior.

Bureau Veritas Portugal www.bureauveritas.pt [email protected] 707 200 542

Atestado do Imóvel pelo Bureau Veritas dá mais confiança ao seu cliente

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Três jovens portugueses desenvolveram um

tipo de casa prefabricada que já está a ter

sucesso, especialmente, no estrangeiro. A

mima house tem um valor base de 43.700

euros, a partir daí cada um pode alterar a

casa, modificar divisões ou trocar materiais

conforme quiser.

Dois arquitetos, Mário e Marta, e um engenhei-

ro informático, Miguel, bastaram para pôr em

prática um conceito de casa completamente

diferente e mais barato do que o tradicional

no nosso país. O facto de vencerem o Archdaily

Edifício do Ano 2011, foi mais um empurrão

para avançarem para o mercado nacional e

internacional.

O produto-base de comercialização é a Mima

House de 36 m2 de área útil. Possui uma planta

regular de 7,57 x 7,57 metros. A área bruta da

casa, ou seja, contabilizando o perímetro ex-

terior da casa, é de 57 m2. A área habitável da

casa portuguesa prefabricada

casa é de 36 m2 delimitados por um quadrado

de 6,00 x 6,00 metros. O pé direito interno da

casa é de 2,40 metros e a altura total da casa

é de 3,00 metros. Numa fase de projeto, é dada

ao cliente a possibilidade de intervir enquanto

arquiteto da sua própria casa, decidindo a con-

figuração interior da sua casa e acabamentos

Estas casas funcionam como um organismo

vivo, pronto a ser alterado a qualquer instante.

No interior, um sistema integrado de calhas

metálicas permite que se coloquem e retirem

paredes, transformando a casa num modelo

compartimentado das mais variadas formas

possíveis ou mesmo num espaço estilo “open

space”. A leveza dos materiais das paredes

interiores torna esta mudança muito fácil. As

mesmas paredes, uma vez compostas por dois

painéis também eles ajustáveis, permite uma

alteração instantânea de cor e consequente

modificação do aspeto interior da casa.

Também as paredes exteriores podem ser

alteradas sempre que desejado. Pela simples

adição de painéis, pode reduzir-se o número

de janelas e aumentar-se a percentagem de

paredes fechadas, ou o processo inverso – na

sua base, todas as fachadas da casa são en-

vidraçadas. No exterior é igualmente possível

alterar a cor de revestimento. Os painéis po-

dem ter uma cor diferente em cada lado, e uma

simples rotação permite que a casa adquira

uma nova face.

Esta casa pode ser transportada em camiões,

para já, apenas para a Europa.

www.mimahousing.pt

© MIMA HOUSING

Page 64: Construção Magazine 49

notícias

62_cm

O processo em curso para a Avaliação Geral dos

Prédios Urbanos, promovida pela Autoridade

Tributária e Aduaneira, está a criar alguma

polémica no seio dos profissionais, tendo

merecido a intervenção das Ordens dos Enge-

nheiros e dos Arquitetos. As Ordens estiveram

reunidas com o Secretário de Estado Assuntos

Fiscais, Dr. Paulo Núncio, no dia 21 de março,

com o sentido de sensibilizar o Governo para

a necessidade da correção de alguns aspetos

deste processo, nomeadamente, a revisão da

respetiva Tabela de Remuneração dos Peritos

Avaliadores envolvidos.

Nesse sentido, as Ordens dos Engenheiros e

processo de avaliação geral dos prédios urbanos

com esta depreciação, se aproveite da preca-

riedade de trabalho e de emprego que afeta

inúmeros engenheiros e arquitetos na atual

conjuntura financeira e económica nacional.

A OE e a OA afirmam ter oferecido a sua ajuda

nesta questão, “considerando, por isso, im-

própria a imposição irredutível de um valor de

remuneração para os Peritos Avaliadores que,

ao não ser consensualizada, desrespeita a pró-

pria missão pública destas Ordens o interesse

público decorrente.”

Contudo, afirmam continuar disponíveis para

dialogar com o Governo para assegurar o su-

cesso da Avaliação Geral dos Prédios Urbanos.

O edifício de escritórios é caracterizado por

uma arquitetura de topo e foi ocupado pelo

Ministério georgiano de Estradas antes de

se tornar a sede do Banco da Geórgia, com

uma área total de 10.960 metros quadrados.

É composto por cinco partes horizontais de

dois andares de construção que são dispostos

em pilha.

Originalmente, o edifício foi desenhado em

1975 pelos arquitetos George Tschachawa

renovação de monumento nacional na geórgia

A sede do Banco da Geórgia em Tbilisi foi a alvo de renovação. O conceito baseava-se na possibi-

lidade de se pode ver a luz e a natureza através do edifício. As obras de reabilitação começaram

em 2007 e terminaram em 2001, sendo que o projeto foi da autoria do gabinete de arquitetura

AG&P. O segredo para a criação de transparência no edifício foi a incorporação de betão trans-

lúcido iluminado na obra.

e Dschalagonia Zurab. Em 2007, o edifício

foi classificado como monumento nacional

sob ordem de preservação. Em 2010, a di-

reção do Banco da Geórgia decidiu reformar

o prédio.

A equipa ambiciosa e jovem de arquitetos voltou

à ideia principal de mostrar a natureza e a luz

através do edifício. Paredes, passeios, receções,

escritórios e mesas de atendimento ficaram a

brilhar por dentro.

empresas de construção do minho unem-se e formam cluster

Mais de sete empresas da fileira da cons-

trução do Minho juntaram-se num “cluster

da construção”. O objetivo é crescerem

no estrangeiro, perfazendo um total de

40 desde que os fundadores se associa-

ram há um ano, disse um representante

empresarial.

A f ileira é constituída por pequenas e

médias empresas com sede no Minho e

foi formalmente constituída em meados

de abril de 2011, tendo já concluído “a

fase das formalidades burocráticas” e

avançado para criação de três grupos de

trabalho correspondentes a três grandes

mercados: “Magreb, América Latina e Áfri-

ca”, explicou à agência Lusa o presidente

da comissão instaladora da AFCM – Asso-

ciação da Fileira da Construção do Minho

–, António Araújo.

“Estamos na fase em que as empresas se

dividiram por estas regiões alvo e estão

numa etapa de planeamento e prospeção”,

esclareceu.

© L

UCEM

GM

BH

Arquitetos, lançaram um comunicado onde

defendem “que a prevista depreciação em 67%

(do valor fixado pelo próprio Estado em junho

de 2011) para a remuneração dos Peritos Ava-

liadores envolvidos nesta missão pública é tão

desadequada em face do trabalho expectável e

da responsabilidade imputável, quanto lesiva

para a dignidade profissional dos profissionais

envolvidos”.

Chamam a atenção para o facto desta situação

pôr em causa a necessária celeridade da Ava-

liação Geral dos Prédios Urbanos nos prazos

estabelecidos pelo Governo.

As Ordens consideram incorreto que o Estado,

Page 65: Construção Magazine 49

RepaRação e pRoteção de estRutuRas CoNtRa o INCÊNdIo

Tecnologia Nafufill A MC Bauchemie mantém o seu desen-volvimento em tecnologia de ponta, a preocupação na proteção de estruturas sempre foi um dos alvos importantes da empresa, como tal cria novas ar-gamassas de reparação e proteção de estruturas de acordo com a EN 1504. Estes sistemas, além de proteção ao fogo com as classes F 90 e F 120, são ainda sistemas de reparação estrutural sendo classificados como argamassas R4 a R1. Os sistemas Nafufill consegui-ram os testes certificados perante a EN 13501-2 e a DIN 4102-2 com espessu-ras mínimas de 25 mm para F 120 e de 40 mm para F 90.

puBLI-RepoRtaGeM

www.mc.bauchemie.com

– Argamassas R 4 a R 1 – EN 1504 – Classe F 90 e F 120– Nano-secção e Porosidade < 5 %– Aplicações até 100 mm– Alta resistência à Carbonatação

a argamassa Nafufill KM 250 está de

acordo com a entidade ZtV-ING e com

os regulamentos da autoridade Fer-

roviária Federal alemã, este produto

preenche os requisitos para a reparação

e proteção de túneis e obras de arte. a

argamassa Nafufill Light Mortar é um

sistema único que confere uma densi-

dade de 1,29 Kg/dm3 com a classe R1.

todos estes sistemas são resistentes a

carbonatação e em versões Hs apresen-

tam alta resistência a sulfatos.

apLICação eM tÚNeIs e oBRas de aRte

apLICação eM BetÕes LeVes e todo o tIpo de edIFICaçÕes

Page 66: Construção Magazine 49

64_cm

64_65 mercado

A Vicaima apresenta uma gama de soluções de revestimentos. O portaro EI30 AC 42dB é resistente

ao fogo durante 30 minutos e conta com um isolamento acústico de 42dB. Desta forma é possível

adaptar estes produtos a projetos específicos, sendo desenvolvidos à medida.

Este produto integra numa única peça: porta, aro, acessórios, materiais intumescentes e de

isolamento. É certificado como resistente ao fogo durante 30 minutos, de acordo com a Norma

EN pela Chiltern International Fire, e redução acústica de 42dB pela Norma BSEN ISO.

As portas e aros corta-fogo da Vicaima estão classificados EI, segundo as normas EN, garantia

de estabilidade ao fogo e estanquidade às chamas (E), bem como de isolamento térmico (I). O

processo de fabrico das portas, produzidas em madeira e derivados, cumpre regras rígidas de

controlo de qualidade, estando sujeito a inspeções, ensaios e auditorias externas, no âmbito das

certificações Q´Mark e certifire.

www.vicaima.com/pt/

segurança e isolamento acústico

membrana líquida impermeabilizante

A Mapei lançou uma nova membrana líquida elástica com fibras para impermeabilizações con-

tínuas em exteriores, a AQUAFLEX ROOF. Além de ser resistente à água, esta membrana está

pronta a usar e é de fácil aplicação. Confere ao suporte uma proteção duradoura, esta solução é

resistente a todas as condições climáticas, poluição e raios solares.

A AQUAFLEX ROOF aplica-se em duas demãos cruzadas (0,5 mm máximo para cada demão) sobre

superfícies e suportes compactos, limpos e secos, tais como: coberturas planas, varandas e

terraços, calhas e tubos de queda, cúpulas e telhados curvos.

Este produto pode ser utilizado em cerâmica e revestimentos de pedra; argamassas cimentícias

e argamassas feitas com ligantes especiais (Topcem e Topcem Pronto); betão; cimento amianto;

bainhas de betume; madeira.

www.mapei.pt

madeiras com cor A Barbot apresentou um novo catálogo Vernizes e Esmaltes para Madeiras, que lança uma nova

tendência de cor, propondo converter os móveis antigos em peças únicas de design.

As soluções de pintura, tratamento e envernizamento de madeiras tem uma forte inspiração na

cor, como elemento de sofisticação e design. A coleção de vernizes e esmaltes que podem ser

afinados em milhares de cores, permite que os móveis possam ser totalmente modificados.

“Tradicionalmente, as madeiras apresentam-se em tons naturais ou neutros, mas este ano as

tendências apontam para a personalização através da cor. Móveis em tons arrojados ou que

conjugam vários tons num patchwork de cores, que transforma um móvel antigo, num objeto de

desejo”, refere Cristina Veríssimo, diretora de marketing da Barbot.

Este lançamento é acompanhado por duas novidades: o novo verniz Prodexor Original e uma

versão mais prática do verniz Prodexor Aquoso, em formato de 0,75 L. O novo Prodexor Original,

de base solvente, apresenta um acabamento de excecional durabilidade e resistência à luz e à

intempérie, permitindo uma proteção da madeira. As suas propriedades inseticidas e fungicidas,

aliadas a uma ótima impermeabilização evitam a degradação da madeira, mantendo-a com aspeto

sempre cuidado. www.barbot.pt

Page 67: Construção Magazine 49

A JUNG lançou recentemente um novo catálogo de Sistemas de Ligações Multimédia. Este sis-

tema traz mais organização e eficácia na instalação audiovisual, uma maior funcionalidade e

aumento de possibilidades de aplicação. Ao mesmo tempo, permite uma melhoria considerável

na estética das instalações.

Combina, de forma simples e sem a habitual confusão de cabos, os aparelhos multimédia em

qualquer local necessário: home-cinema, equipamentos com Hi-Fi e consola de jogos na sala de

estar; monitor LCD, scanner e projetor no escritório; ou, como exemplo de solução em edifícios

terciários; e computador portátil e leitor de DVD portátil no quarto de hotel.

É possível ligar todos estes dispositivos multimédia de forma integrada, em harmonia com os

restantes mecanismos da instalação, através dos elegantes designs das séries A e LS. De igual

forma, a gama inclui placas para ligações de áudio analógico, vídeo composto, DVI, USB, HDMI,

VGA, mini-jack e S- Vídeo.

sistema de ligações multimédia

www.jungportugal.pt

As válvulas borboleta AMRI da KSB são cada vez

mais utilizadas em sistemas de tratamento e

abastecimento de água em Portugal.

Além da experiência em equipamentos hidráu-

licos e o “know-how” adquirido em aplicações

muito exigentes nas indústrias química e pe-

troquímica, bem como na produção energética,

estes equipamentos têm características que

o distinguem.

O tamanho das válvulas de borboleta da KSB

vai do diâmetro 40 mm até uns 4000 mm e a

classe de pressão de serviço máxima pode ir

até aos 25 bar, dependendo do diâmetro.

Estas válvulas podem ainda ser equipadas de

origem com atuadores manuais de alavanca,

ou de volante com desmultiplicador, atuadores

válvula borboleta amri

elétricos, atuadores pneumáticos de simples

e duplo efeito, ou atuadores hidráulicos, bem

como com uma infinidade de opções de automa-

ção para comando e monitorização da válvula.

Além disso, neste tipo de válvulas há diferen-

tes possibilidades de combinação de materiais

devido às muitas variantes disponíveis para

cada componente: 2 para o corpo, 3 para o

veio, 10 para o disco e 8 para o anel vedante.

“Para além da sua versatilidade construtiva,

os principais fatores de sucesso das válvulas

de borboleta da KSB, são: curta distância

entre flanges, baixo peso, resistência a uma

larga variedade de fluidos, forma construtiva

que evita o contacto do fluido com o corpo, a

forma hidráulica favorável ao escoamento e

a normalização do interface de automação”,

destaca a KSB em comunicado.

www.ksb.pt

PUB

Page 68: Construção Magazine 49

66 estantePUB

Este livro vem na sequência de uma tese de dissertação

cujo o objectivo principal é o desenvolvimento de uma

metodologia de monitorização, supervisão e controlo da

eficiência do tratamento de águas residuais, adaptada

especificamente a pequenas ETAR descentralizadas.

Esta metodologia pode definir-se como um conjunto de

estratégias de optimização baseadas, grandemente, na

aquisição em linha de dados do processo e sua posterior

utilização num modelo matemático para definição de

cenários operacionais.

Para além da metodologia, as principais contribuições

inovadoras são a realização, durante um ano, de tra-

balho de monitorização num sistema de tratamento

descentralizado, a utilização de métodos alternativos de

monitorização de águas residuais e o desenvolvimento

de um modelo matemático para a simulação do compor-

tamento dinâmico de uma ETAR de pequena dimensão.

O envolvimento do utilizador final constitui, igualmen-

te, um aspeto importante do presente trabalho, o qual

pretende lançar questões e vias de desenvolvimento

para as entidades gestoras implementarem processos

sustentados de optimização da operação em ETAR

descentralizadas.

A u t o r : R i t a R i b e i r o . E d i t o r A : L N E C . d A t A d E E d i ç ã o : 2 0 1 1

ISBN: 978-972-49-2229-4 . PáginAs: 300 . PrEço: 42,00 euros . à venda

em www.engebook.com

avaliação e controlo da eficiência do tratamento de águas residuais. aplicação a sistemas de pequena dimensão.

Este livro é um verdadeiro auxiliar para todos os profissio-

nais envolvidos na atividade da Gestão de Projetos (pro-

motores, diretores executivos, diretores de projeto, chefes

de equipa, técnicos de medições e fiscalização) e funciona

também como uma obra de apoio útil e prático para todos

os estudantes nas áreas de engenharia civil, mecânica,

informática, arquitetura, gestão e cursos de formação.

Aborda todos os conceitos fundamentais da gestão de

projetos e mostra como pôr em prática todas as utilidades

do Microsoft Project 2010, ajudando o leitor a desenvolver

o estudo das diversas fases da vida de um projeto e sua

implementação no programa, através de 84 exercícios

práticos.

Com o “Gestão de Projetos com o Microsoft Project 2010”, o

leitor ficará apto a dominar todas as funcionalidades bási-

cas incluídas nas anteriores versões do Microsoft Project,

mas também as que foram adicionadas na recente versão

2010: o Gestor de Equipa(s), a Linha do Tempo, o Agen-

damento Manual, o Office Backstage View, entre outras.

Autor: Rui Feio . EditorA: Lidel . dAtA dE Edição: 2011 . ISBN: 978-972-722-698-6

PáginAs: 464 . PrEço: 31,50 euros . à venda em www.engebook.com

gestão de projetos com o microsoft project

Page 69: Construção Magazine 49

cm_67

projeto pessoal

biNasceu no Porto, em 1965. Licenciou-se em Engenharia Civil, opção de

Estruturas, na FEUP, em 1988.

Iniciou a sua atividade profissional com uma curta passagem pelo

Laboratório de Observação da Ponte S. João, ingressando de seguida na

FEUP, onde tem desenvolvido a sua carreira académica e realizou provas de

Mestrado, Doutoramento e Agregação em Estruturas de Engenharia Civil.

Em paralelo com a atividade docente, tem desenvolvido atividade de

investigação e consultoria no ViBest/ FEUP centradas no estudo e

observação do comportamento dinâmico de estruturas especiais. É

presentemente Especialista em Estruturas pela Ordem dos Engenheiros,

vogal da Direção da Associação Portuguesa de Engenharia de Estruturas e

correspondente da revista Structural Engineering International (IABSE).

sonho de criançaSer escritora.

o seu maior desafioConciliar a atividade académica com a intervenção no projeto

de estruturas de engenharia civil, transportando para a prática

conhecimentos científicos de ponta, e para a Universidade problemas da

prática do projeto.

um engenheiro civil de referênciaNutrindo um imenso respeito por grandes Engenheiros Civis Portugueses

da atualidade com quem tem tido o privilégio de colaborar, como os

Engenheiros Armando Rito, Câncio Martins, António Reis, António Adão da

Fonseca e José Mota Freitas, escolhe o Engenheiro Edgar Cardoso, que

construiu no Porto uma das estruturas mais exemplares da engenharia

civil portuguesa, a Ponte da Arrábida.

uma obra de referênciaO Viaduto de Millau, em França. É uma estrutura notável do século XXI,

combinando um projeto inovador e tecnologicamente muito sofisticado

com uma metodologia construtiva arrojada. É relevante o facto de 70% da

mão-de-obra utilizada na sua construção ser portuguesa.

uma aposta no futuro Construção de uma ponte pedonal sobre o rio Douro, na Ribeira. Para

Elsa Caetano é uma evidência a necessidade de uma ponte pedonal nesta

zona, e a sua concretização, para a qual gostaria de contribuir com a sua

experiência no domínio do comportamento estrutural de cabos e dos

efeitos dinâmicos induzidos por ações pedonais ou pelo vento, é uma

mera questão de tempo... e de financiamento.

hobby favoritoLer e viajar sem planos. Squash e ténis são os hobbies desportivos, as

motas, uma saudade, e o parapente, um sonho ainda por concretizar.

ELSA DE Sá CAEtANO Prof. Associada, Investigadora do ViBest/FEUP

dos projetos mais desafiantes, seleciona

Ponte pedonal Pedro e Inês (2003-2012) – Foi a estrutura em que teve

uma intervenção maior e foi também um dos trabalhos mais sensíveis

em que participou. Em fase de projeto, por solicitação do Engenheiro

Adão da Fonseca, realizou um estudo dinâmico da ponte e estimou as

características de um sistema de controlo de vibrações. Posteriormente,

após a construção pela Soares da Costa/Socometal, trabalhou com

o Engenheiro álvaro Cunha, responsável pelo ViBest, e com colegas

deste laboratório, no sentido de experimentalmente caracterizar o

comportamento dinâmico da ponte, efetuar o dimensionamento final

do sistema de controlo de vibrações, testar a sua eficiência e monitorizar

o comportamento dinâmico por um período de 5 anos.

Estádio Olímpico de Londres 2012 (2010-11) – A sua intervenção

consistiu na identificação das forças instaladas nos tirantes da cobertura

suspensa e na medição do comportamento dinâmico das bancadas.

A grande flexibilidade da estrutura de cobertura e a diversidade das

características dos cabos, em termos de comprimentos e níveis de tensão,

constituíram um grande desafio e uma oportunidade única de trazer para

a prática da engenharia conhecimentos científicos recentes.

Page 70: Construção Magazine 49

68_cm

Encontro técnico controlo de Descargas de Águas 9 maio Lisboa iPQ e APrHÁGUAS rESiDUAiS residuais Urbanas nos Meios Hídricos 2012 Portugal www.aprh.pt

icnMMcS “Mechanics of nano, Micro 18 a 20 junho turim UP e tP and Macro composite Structures” 2012 itália http://paginas.fe.up.pt/~icnmmcs/

JornADAS LnEc cidades e Desenvolvimento 18 a 20 junho Lisboa LnEc 2012 Portugal www.lnec.pt

BEFiB 2012 Betão reforçado 19 a 21 setembro Guimarães riLEM e UM 2012 Portugal www.befib2012.civil.uminho.pt

15ª conFErênciA DE Engenharia Sísmica 24 a 28 setembro Lisboa WcEEEnGEnHAriA SíSMicA 2012 Portugal www.15wcee.org

As informações constantes deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.

EXPoconStrÓi Feira de equipamentos e materiais 27 a 30 setembro Batalha Exposalão para a construção civil 2012 Portugal www.exposalao.pt

icDS12 conferência int.“Durable Structures: 31 maio a 1 junho Lisboa DUrAtinEt e LnEc from construction to rehabilitation” 2012 Portugal http://durablestructures2012.lnec.pt

calendário de eventos

Vai ter lugar entre 24 e 28 de setembro, em Lisboa, a 15ª conferência Mundial de Engenha-

ria Sísmica. o evento da Associação internacional de Engenharia Sísmica, tem acontecido

um pouco por todo o mundo, tendo este ano a organização ficado a cargo da Sociedade

Portuguesa de Engenharia Sísmica.

tal como nas edições anteriores, a conferência pretende ser um espaço de troca de infor-

mação sobre esta área da engenharia. Destina-se a profissionais e investigadores entre

engenheiros (civil, estrutural, mecânica, e geotécnicos), arquitetos e planeadores urbanos,

cientistas da terra (geólogos, sismólogos), administradores públicos e cientistas sociais.

“A IAEE persegue seus objetivos com ênfase internacional: a promoção da cooperação

internacional em engenharia sísmica através do intercâmbio global de conhecimento,

ideias, resultados de pesquisa e experiência prática”, refere Polat Gülkan, Presidente da

Associação internacional de Engenharia Sísmica.

www.15wcee.org

conferência de engenharia sísmica

eventos

Vai decorrer nos dias 23, 24 e 25 de maio, no Porto,

o 1st international conference on Building Assess-

ment (BSA 2012).

o evento é organizado pela Universidade do Minho

em parceria com ao Green Lines institute e tem o

apoio de um conjunto de organizações nacionais

e internacionais de elevado prestígio, como por

exemplo: ordem dos Engenheiros (oE), ordem dos

Arquitetos (Ao), Associação iiSBE Portugal (iiSBE

Pt) e international initiative for a Sustainable Built

Environment (iiSBE).

A conferência vai-se centrar nas questões re-

lacionadas com a avaliação e cer tif icação da

sustentabilidade da construção. Além da normal

apresentação de comunicações, este evento con-

ta ainda com um conjunto de workshops dedicado

aos principais sistemas de avaliação da sustenta-

bilidade desenvolvidos internacionalmente.

www.bsa2012.org

international conference on building assessment

Page 71: Construção Magazine 49

www.vulcano.pt

ESCOLHA SOLUÇÕES SOLARES TÉRMICASCOM PROVAS DADAS EM PORTGUAL.

Num momento em que aumenta a procura de tecnologias para poupar sem preocupações, a marca Vulcano é uma opção com retorno garantido. A Vulcano disponibiliza uma gama completa e versátil de equipamentos e acessórios, de fácil e rápida instalação, para cada caso específico. Providencia ainda formação, aconselhamento pré e pós-venda e uma assistência técnica de reconhecida qualidade. Com a Vulcano pode recomendar e instalar Soluções Solares com toda a confiança, garantindo sempre a satisfação dos seus clientes.

Nesta altura,é bom contar com a Vulcano.

Page 72: Construção Magazine 49

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esign.pt

Novidades em apresentação na Tektónica 20128 a 12 de Maio - FIL

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