construção magazine 47

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DOSSIER Reabilitação Low Cost / High Value CONVERSAS António Almeida Henriques 47 N° 47 . janeiro/fevereiro 2012 . 6.50

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Page 1: Construção Magazine 47

DOSSIERReabilitação Low Cost / High Value

CONVERSASAntónio Almeida Henriques

47

N ° 4 7 . j a n e i r o / f e v e r e i r o 2 0 1 2 . 6 . 5 0

Page 2: Construção Magazine 47
Page 3: Construção Magazine 47

1

sumário

ficha técnicadiretor

Eduardo Jú[email protected]

diretora executivaCarla Santos Silva

[email protected]

conselho científicoAbel Henriques (UP), Albano Neves e Sousa (UTL),

Álvaro Cunha (UP), Álvaro Seco (UC), Aníbal Costa (UA), António Pais Antunes (UC),

António Pinheiro (UTL), Carlos Borrego (UA), Conceição Cunha (UC), Daniel Dias da Costa (UC),

Diogo Mateus (UC), Elsa Caetano (UP), Emanuel Maranha das Neves (UTL)

Fernando Branco (UTL), Fernando Garrido Branco (UC),Fernando Sanchez Salvador (UTL),

Francisco Taveira Pinto (UP), Helder Araújo (UC), Helena Cruz (LNEC), Helena Gervásio (UC),

Helena Sousa (IPL), Hipólito de Sousa (UP), Humberto Varum (UA), João Mendes Ribeiro (UC),

João Pedroso de Lima (UC), Joaquim Figueiras (UP), Jorge Alfaiate (UTL), Jorge Almeida e Sousa (UC),

Jorge Coelho (UC), Jorge de Brito (UTL), Jorge Lourenço (IPC), José Aguiar (UTL),

José Amorim Faria (UP), José António Bandeirinha (UC), Júlio Appleton (UTL), Luis Calado (UTL),

Luís Canhoto Neves (UNL), Luís Godinho (UC), Luís Guerreiro (UTL) , Luís Juvandes (UP),

Luís Lemos (UC), Luís Oliveira Santos (LNEC), Luís Picado Santos (UTL), Luís Simões da Silva (UC),

Paulo Coelho (UC), Paulo Cruz (UM), Paulo Lourenço (UM), Paulo Maranha Tiago (IPC),

Paulo Providência (UC), Pedro Vellasco (UER, Brasil), Paulo Vila Real (UA), Raimundo Mendes da Silva (UC),

Rosário Veiga (LNEC), Rui Faria (UP), Said Jalali (UM), Valter Lúcio (UNL), Vasco Freitas (UP),

Vítor Abrantes (UP), Walter Rossa (UC)

redaçãoJoana Correia

[email protected]

gestora de produtoRita Ladeiro

[email protected]

marketing e publicidadeVera Oliveira

[email protected]

grafismo avawise

assinaturasTel. 22 589 96 25

[email protected]

redação e ediçãoEngenho e Média, Lda.

Grupo Publindústria

propriedade e impressãoPublindústria, Lda.

Praça da Corujeira, 38 - 4300-144 PORTOTel. 22 589 96 20, Fax 22 589 96 29

[email protected] | www.publindustria.pt

publicação periódicaRegisto n.o 123.765

tiragem6.500 exemplares

issn1645 – 1767

depósito legal164 778/01

capa Fotografia © Davide Guglielmo

Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos autores.

2editorial

4_24dossier | “reabilitação low-cost / high value“

4_8conversasAntónio Almeida Henriques

9_11Intervenção mínima reabilitação máxima – josé aguiar

12_14Reflexões sobre o futuro do urbanismo em Portugal – nuno norte pinto e antónio pais antunes

15_19Cidade (cada vez mais) antiga: expectativa ou desistência – josé ant. raimundo mendes da silva

20_24Reabilitação urbana de qualidade e a baixo custo – eduardo júlio, luís canhoto neves, antónio leça coelho e rita bento

26_27soluções construtivasSoluções de Reabilitação Urbana Low Cost

28_29soluções construtivasLight Steel Framing – otimização da estrutura, conforto e custo

30_31i&d empresarial

32_33publi-reportagemEmcephob Nanoperm P –Proteção de superfície de alto desempenho

34_35acústicaInfluência das transmissões marginais no isolamento a sons aéreos – Proposta de abordagem simplificada

36_37estruturas de madeiraAnomalias comuns na aplicação de revestimentos de piso de madeiraParte 2 – seleção da madeira, pormenores construtivos, acabamento e manutenção

38estruturas metálicasConstrução Metálica: o potencial exportador da investigação

39sísmicaA 15.ª Conferência Mundial de Engenharia Sísmica

40_46notícias

47_49mercado

50estante

51projeto pessoalFilipe Reis Azevedo

52eventos

Próxima edição > Dossier Sistemas de Informação na Construção

Page 4: Construção Magazine 47

Recentemente, o País tomou consciência da crise económico-financeira em que mergulhou. Com um endividamento público e privado sem precedentes, o novo Executivo decidiu cancelar a esmagadora maioria das obras públicas previstas e em curso. Se muitos são os exemplos de despesismo dos ante-riores Governos no sector da Construção, a decisão política diametralmente oposta acarreta sérios riscos, devendo por isso ser seguido um caminho alternativo, exequível e de elevada eficiência, o qual só pode ser definido com o suporte técnico-científico de peritos. É neste contexto que surge o presente número da Construção Magazine, tendo sido endereçados convites a reputados especialistas de diferentes áreas – Urbanismo, Arquitectura, Análise de Risco, Engenharia Sísmica e Segurança contra Incêndio – para reflectirem sobre o problema e avançarem soluções, e ao Sr. Secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional, para ser o entrevistado do dossier temático e apresentar as medidas que o Governo tem planeadas neste âmbito.

Eduardo Júlio

Director

editorial

estatuto editorialTítulo: Construção Magazine, Revista Técnico-Científica de Engenharia CivilCaracterização: Publicação periódica de informação científica e técnica.Objeto: Ciências e tecnologias no âmbito da engenharia civil.Enquadramento Ético: A Construção Magazine respeita os princípios deontológicos da imprensa e a ética profissional, de modo a não poder prosseguir apenas fins comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores, encobrindo ou deturpando a informação.Objectivo: Ser uma revista de interface: propõe-se promover as relações universidade-indústria-sociedade, estabelecendo pontes de comunicação capazes de promover o diálogo e fomentar a cooperação entre as instituições.Estratégias: Divulgação de tecnologias, investigação, produtos, serviços e ainda difundir atividades relevan-tes junto da comunidade empresarial, profissional e académica.

Corpo editorial:Diretor: Professor UniversitárioDiretor Executivo: Oriundo do corpo de colaboradores da Engenho e Média, Lda.Colaboradores: Engenheiros e técnicos que exerçam a sua actividade no âmbito do objecto editorial da revista, nos meios universitário e industrial.Conteúdo Editorial: Estruturas, Construções, Hidráulica, Geotecnia, Vias de Comunicação, Urbanismo, Ambiente e Arquitectura.

seleção de Conteúdos:1. A seleção de conteúdos científicos será da exclusiva responsabilidade do Director e do Conselho Científico;2. O noticiário técnico/informativo será proposto pelo Diretor Executivo ao Diretor;3. A revista poderá publicar peças noticiosas com caráter publicitário, nas seguintes condições:3.1. Sob o título de Publi-reportagem;3.2. No formato de notícia com a aposição no texto do termo (publicidade).Organização Editorial: Sem prejuízo de novas áreas temáticas que venham a ser consideradas, a estrutura e base da organização editorial da Revista compreende: Sumário; Editorial; Seção Científica; Secção Tecnoló-gica; Feiras, Exposições, Congressos e Seminários; Bibliografia; Noticiário; Entrevista; Publi-reportagem; Publicidade.

espaço publiCitário: 1. A publicidade organiza-se por espaços de página e frações, encartes e publi-reportagem;2. A tabela de publicidade é válida para todo o território nacional;3. A percentagem de espaço publicitário não pode ultra-passar 1/3 da paginação;4. A Direção da Construção Magazine poderá recusar publicidade que não se coadune com o objecto editorial e os princípios deontológicos da revista.5. Não será aceite publicidade que não esteja em confor-midade com a lei geral do exercício da atividade.

*O Professor Eduardo Júlio escreve de acordo com a antiga ortografia.

Page 5: Construção Magazine 47

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Page 6: Construção Magazine 47

4_8conversas

Construção Magazine (CM) – Uma das primeiras medidas deste Governo consistiu em travar as

mega-obras públicas, e.g. linha ferroviária de alta velocidade, terceira travessia do Tejo, novo ae-

roporto de Lisboa, entre outras. Numa situação de forte endividamento nacional, esta medida faz

sentido. Contudo, parar o setor da Construção tem, por um lado, implicações graves na Economia

nacional e, por outro lado, ignorar a necessidade de manutenção das infraestruturas construídas

tem custos acrescidos a médio-longo prazo, podendo mesmo colocar em risco a segurança de

pessoas e bens. Qual é a sua posição sobre esta matéria?

António Almeida Henriques (AAH) – A realidade financeira de Portugal deve impor-se e as grandes

obras públicas deverão aguardar outra oportunidade. Não se trata, neste momento, de discutir o

mérito de cada projeto ou da globalidade dos projetos. Nesta matéria, algumas obras não apresen-

tam o devido retorno económico, outras têm melhores alternativas e outras são estratégicas mas

não podem avançar agora.

Creio que no momento em que as restrições ao crédito vão ser mais fortes do que nunca, o Governo

vai ter, com certeza, o realismo de perceber que não pode estar a ajudar a desviar recursos que são

tão necessários às empresas e à economia para outras obras que podem ser realizadas mais tarde

e, algumas mesmo, deverão ser reequacionadas.

O setor da construção é estratégico, mas não podemos nem devemos onerar gerações a fio, em pro-

jetos sem rentabilidade para o País. O setor da construção tem, por isso, que encontrar alternativas.

O Governo tem estado na linha da frente para conseguir encontrar essas alternativas.

CM – A que alternativas se refere?

AAH – Em particular, temos vindo a ajudar a promover a internacionalização destas empresas, com

um conjunto de missões empresarias e com ações concretas de Diplomacia Económica, com especial

enfoque na renegociação do Acordo Quadro com a Venezuela. Enquanto Secretário de Estado, nos

últimos seis meses, tive a oportunidade de acompanhar empresários dessa área aos mercados

Entrevista conduzida por Eduardo Júlio

Jornalismo por Joana Correia

Fotografia por Luís N. Filipe

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António Almeida Henriques ocupa, desde o ano passado, o cargo de Secretário de Estado Adjunto e da Economia e Desenvolvimento Regional do XIX Governo Constitucional. Com uma vasta experiência no mundo empresarial, António Ameida Henriques, sente-se perfeitamente à vontade com o setor da construção, da reabilitação e das grandes obras públicas. Em entrevista à CM, o Secretário de Estado, aponta a internacionalização do setor e a reabilitação como principais soluções para “reanimar” a construção nacional.

Page 7: Construção Magazine 47

cm_5

da Colômbia, Brasil, Angola, Moçambique e

Venezuela.

De igual forma, estamos a permitir, facilitar e

potenciar a execução de projetos na área da

regeneração urbana, onde alocamos fundos

significativos do QREN e operacionalizamos

o Fundo JESSICA, de forma a permitir que o

setor da construção possa desenvolver uma

atividade com maior racionalidade económica

para o País, em que a percentagem de incor-

poração nacional é bastante mais elevada

do que se pode encontrar nas grandes obras

públicas.

CM – As cidades Portuguesas cresceram

consideravelmente nas últimas décadas e,

muitas vezes, de forma desregrada. Algumas

consequências negativas deste facto são, por

exemplo, o abandono dos centros históricos

e o surgimento de “dormitórios” na periferia

das cidades. Agora que é tempo de “parar” [a

obra pública], não será igualmente tempo de

“pensar” [as cidades]?

AAH – Certamente que sim e a reformulação

estratégica e técnica do QREN deu a devida

atenção às alterações que são necessárias

introduzir para se conseguir uma política de

cidades.

Contudo, é de salientar que desde a sua gé-

nese, o QREN deu atenção às cidades. Prova

disso, são dois regulamentos em vigor desde

o seu arranque, Parceria para a Regeneração

Urbana e Redes Urbanas para a Competitivi-

dade e Inovação nos Programas Operacionais

Regionais e um eixo prioritário “Desenvolvi-

mento do Sistema Urbano nacional” no POVT.

Agora e no curto prazo, será dado um novo

impulso à Política de Cidades e à “Regeneração

Urbana”, através da Implementação do novo

Regulamento específico “Reabilitação Urba-

na”. Em particular, através da implementação

das disposições transitórias, concluindo o

processo de aprovação das operações indivi-

duais incluídas nos anteriores regulamentos

e na implementação e monitorização da bolsa

de observação no caso dos projetos da política

de cidades.

Vamos ser mais seletivos e exigentes. Desde

logo, os projetos sem execução deverão dar

lugar a novas aprovações de projetos viáveis.

Mas vamos, igualmente, facilitar o acesso

de projetos, tornando as candidaturas mais

simples e menos burocráticas.

A nova política de cidades aposta no reforço da

convergência entre os apoios dos Programas

Operacionais Regionais do QREN e a política

de reabilitação urbana, nomeadamente as en-

quadráveis no Regime Jurídico da Reabilitação

Urbana em Áreas de Reabilitação Urbana e a

iniciativa JESSICA.

CM – O Governo anterior, para além das

iniciativas em termos de construção nova,

ficou igualmente marcado por uma grande

iniciativa em termos de reabilitação da

construção existente: a Parque Escolar. Esta

foi, sem dúvida, uma iniciativa pautada por

muitos aspetos negativos e qualificada por

alguns de “despesista”. O que é que, em sua

opinião, correu mal e, portanto, convém ter

bem presente para evitar que se repita em

iniciativas semelhantes do atual Executivo?

A AH – A filosofia por que sustentava esse

projeto estava correta e mereceu, desde

sempre, o apoio do PSD. Infelizmente essa

iniciativa ficou marcada por uma gestão muito

pouco transparente e, muitas vezes, lesiva

para o Estado. Mas apoiamos a filosofia e o

melhoramento das escolas continuará a ser

prioridade nos Planos Operacionais Regionais.

Contudo, existe a necessidade de regular cus-

tos, mediante a introdução de custos padrão

para todos os executores que operem em es-

colas, tal como ocorria até aqui na construção

de Centros Escolares e de Escolas EB 2/3, que

eram realizados pelos Municípios.

CM – No seguimento da questão anterior,

considera que, em matéria de obra pública,

os erros graves que reconhecidamente foram

cometidos no passado, devem-se essencial-

mente a decisões políticas mal fundamenta-

das tecnicamente?

A AH – Infelizmente, foi isso mesmo o que

aconteceu. Temos obras públicas muito mal

fundamentadas tecnicamente. Todos nos

lembramos ainda dos estudos anteriores

sobre a rentabilidade económica das SCUTs,

os quais afirmavam perentoriamente que as

SCUTs se pagavam por si só, por via do efeito

indutor destas infraestruturas no cresci-

mento económico. Hoje, uma década depois,

Page 8: Construção Magazine 47

conversas

“o setor da construção tem (...) que encontrar alternativas.

o governo tem estado na linha da frente para conseguir encontrar

essas alternativas.“

as SCUTs foram um dos principais encargos do Estado

que levaram ao pedido de ajuda externa. De igual forma,

durante muitos anos vimos o lançamento de obras sem

os devidos estudos técnicos, as quais apresentavam

claramente motivos meramente eleitoralistas e de

ocasião.

Foi sobretudo esta forma de se gerir o Estado, displi-

cente e pouco responsável que nos trouxe hoje à situ-

ação atual. De tanto gastar onde não precisávamos,

não temos hoje os recursos para o que é necessário.

CM – Este número da Construção Magazine é,

como sabe, dedicado à Reabilitação Low-Cost /

High-Value. O anglicismo pode suscitar algumas

críticas mas, em contrapartida, torna claro o que

está em causa: reabilitar de forma a maximizar

o valor do edifício, minimizando o seu custo em

todo o seu ciclo de vida. Será esta, a solução de

futuro para o setor da construção, nomeadamente

para as PME?

AAH – Claramente. Até porque, enquanto atividade

económica, a reabilitação urbana gera emprego,

dinamiza a economia e é um elevado valor acres-

centado nacional. Existem, atualmente, cerca de

800.000 fogos a necessitar de obras, dos quais,

325.000 estão degradados e muito degradados.

Há mais 500 mil alojamentos não habitados, o

que representa um desperdício económico e

patrimonial.

Este é um grande potencial de mercado, que

cabe dinamizar.

No contexto da reprogramação estratégica do

QREN e dos programas operacionais, a Política

de Cidades e de Regeneração Urbana mere-

ceram uma atenção especial. Esta tipologia

não só será privilegiada em temos de ações a

cofinanciar, como poderá ter um tratamento

de natureza transversal na priorização de

outros projetos a financiar nos programas

operacionais, por exemplo, majorando ou

obrigando a que a componente “regenera-

ção urbana” faça parte.

CM – A anterior (recentemente alterada)

Lei do Arrendamento é apontada como

um dos principais entraves à reabilitação

urbana. A reforma é alavanca de dinami-

zação do setor?

AAH – Precisamos, de facto, de criar um

enquadramento legal “amigo” do inves-

tidor, que potencie o valor económico

da reabilitação e, assim, venha a atrair

conversas

6_cm

Page 9: Construção Magazine 47

cm_7

e facilitar o acesso ao programa, pois é mais

simples e menos burocrático que o definido

anteriormente. Vem, ainda, reforçar a con-

vergência entre os Programas Operacionais

Regionais do QREN e a política de reabilitação

urbana.

Com efeito, as alterações, instrumentos e

regulamentos que já introduzimos e alterá-

mos, vêm inovar em diversos e importantes

aspetos. Procuramos, sobretudo, não onerar

o mercado com taxas, impostos e custos de

contexto. Pretendemos, antes, incentivar o

papel dos diversos atores, permitindo-se que

os projetos de reabilitação urbana possam

ser estruturados de diversas formas, em

parcerias com diferentes entidades, públicas

e/ou privadas.

As políticas avançadas procuram encontrar

um equilíbrio entre a necessária regulamen-

tação, o respeito pelo direito de propriedade,

a função social da estruturação do espaço

público e os efeitos que este introduz no bem-

estar económico e social. Só assim se poderá

entrar numa nova fase de criação de riqueza

e de modernização.

CM – É conhecida a dificuldade de muitas ins-

tituições em executar os projetos com fundos

estruturais (QREN), com grande expressão

no setor da construção. Que medidas pensa

poderem ser tomadas para minimizar o risco

de perda de fundos e de investimento?

AAH – Desde logo, com o aumento das taxas

de cof inanciamento, diminuindo assim o

esforço nacional. Em simultâneo, outro dos

elementos relevantes é o redireccionamento

das prioridades para setores em que a Con-

trapartida Nacional não seja pública, mas sim

privada, sempre em linha com as prioridades

nacionais, investindo por isso no emprego e

nas empresas, criando condições para a sua

recuperação e para o seu desenvolvimento e

internacionalização.

Também ao nível dos municípios este esforço

deve ser feito. Para além do aumento da taxa

de cofinanciamento, é necessário ser mais

criativo, valorizando projetos e ideias sempre

que esteja em causa a criação de valor nos ter-

ritórios. Por exemplo, uma obra que comporte

o acolhimento de investimento, a promoção do

empreendedorismo, do tipo criação de um ni-

projetos, investidores e parceiros. Chamo a

atenção para o facto de o atual Governo ter

já aprovado um novo diploma para a Requa-

lificação Urbana. É um Diploma que assenta

em duas vertentes essenciais: Simplificação

Administrativa e Simplificação Técnica.

A simplificação tem, no entanto, como con-

trapartida, a exigência de muita responsabi-

lidade. Mais liberdade, mais eficiência, mais

eficácia, mas um aumento significativo de

Responsabilidade.

Por exemplo, no âmbito deste novo enqua-

dramento, serão criados procedimentos

simplificados de controlo prévio de operações

urbanísticas em que, respeitadas certas con-

dições, as obras beneficiam de uma aprovação

tácita no caso de não haver rejeição num prazo

de 20 dias;

A ação combinada do projeto Lei da Reabilita-

ção com a alteração ao arrendamento urbano,

e a aplicação do programa JESSICA, terá uma

ação determinante na alteração do dia a dia

das cidades e dos seus centros urbanos. E

será um importante, diria mesmo, fundamen-

tal fator de reanimação da atividade econó-

mica local, em vetores como a recuperação

do património e a dinamização do comércio

tradicional.

CM – Existe um Programa de Reabilitação do

atual Executivo, integrante dos atuais Planos

Municipais?

AAH – Em matéria de municípios/ QREN, o Se-

gundo Memorando de Entendimento materia-

lizou-se num conjunto adicional de dezasseis

iniciativas tendentes a dar continuidade à

promoção da execução dos investimentos de

iniciativa municipal, de entre as quais releva

o objetivo de acelerar a execução das ações

no âmbito da Política de Cidades, bem como

reforçar a articulação dos instrumentos do

QREN com a política de reabilitação urbana.

CM – Deverá haver articulação entre o Estado

e o setor privado (proprietários, promotores

imobiliários, empresas de construção)? Que

regime económico-financeiro poderá estar

disponível? Existirá um modelo de regulação

da reabilitação urbana?

AAH – É preciso atuar de forma diferente. O

trabalho que temos vindo a realizar no meu

gabinete vai no sentido de se encontrar uma

maior articulação entre o Estado e o Setor

Privado. Permitam-me que fale, com um pouco

mais de pormenor, de dois pontos que consi-

dero estratégicos, pelo seu grau de inovação

e pela relevância que irão assumir nesta nova

fase de política de cidades: O Fundo JESSICA

e o novo Regulamento Específico da Reabili-

tação Urbana.

O JESSICA é um instrumento de apoio, com

uma dotação orçamental de 1.000 milhões de

euros, e que será um primeiro passo que, se

for bem-sucedido, poderá potenciar o apare-

cimento de outros fundos. É um instrumento

inovador em vários sentidos. Em termos de

participação no capital, por exemplo, este

fundo é constituído por 130 milhões de euros

provenientes do FEDER, cerca de 300 milhões

de euros da banca e o restante de fundos

privados. O Fundo conta já com três projetos

aprovados, cujos contratos operacionais

foram ontem assinados. Serão geridos, res-

petivamente, por um consórcio da Caixa Geral

de Depósitos e do Instituto da Habitação e da

Reabilitação Urbana IP (IHRU), no montante

aproximado de 51 milhões de euros; Banco

BPI, no montante aproximado de 64 milhões de

euros; e Turismo de Portugal IP, no montante

aproximado de 15 milhões de euros.

O JESSICA apoia-se numa filosofia nova, não

de fundo perdido, mas de financiamento aos

projetos que terão que apresentar retorno. É

um fundo que se autossustentará, ou seja,

o financiamento feito através do fundo, terá

que ter um retorno e animar esse fundo, que

ao longo dos anos financiará outros projetos.

É uma política não de subsídio, mas de apoio

e incentivo às boas iniciativas empresariais.

Quanto ao novo Regulamento específ ico

“Reabilitação Urbana”, que está em fase de

implementação, vai dinamizar os POR e sua

articulação com o apoio ao comércio local,

no âmbito do QREN. Trata-se, neste caso, de

uma ótica de cofinanciamento dos projetos,

com base em incentivo não reembolsável e

para operações tipificadas em regulamento

específico.

Conseguimos, com este novo regulamento,

ultrapassar as dificuldades que o anterior re-

gulamento colocava ao desenvolvimento dos

projetos. O novo regulamento veio estimular

Page 10: Construção Magazine 47

8_cm

conversas

nho de empresas ou áreas empresariais, deve

ser priorizada. A reprogramação estratégica

do QREN promoverá este ajuste ao nível dos

instrumentos de programação, promovendo o

balanço possível entre execução dos fundos

comunitários e equilíbrio das contas públicas

nacionais.

Especificamente no setor da construção e

no contexto da reprogramação estratégica

do QREN e dos programas operacionais, é

muito impor tante o novo impulso que se

dará à Política de Cidades e de Regeneração

Ur bana, sobr etudo com um tr atamento

que se pretende que seja de natureza trans-

versal. Tratamento de natureza transversal

significa, por exemplo, a priorização de pro-

jetos a financiar nos programas operacionais,

que incluam a componente “regeneração

urbana” .

CM – À semelhança de Espanha, considera

que existe uma “bolha” no setor imobiliário?

AAH – Ao contrário de Espanha, o rebentamen-

to da “bolha” especulativa no setor imobiliário

não foi muito evidente em Portugal. Natural-

mente que o mercado imobiliário andou, nos

últimos anos, sobreaquecido e existiu, como

ainda existe, um excesso de oferta. Com a con-

tração económica, que se juntou ao excesso

de oferta, é natural que os preços tenham

corrigido em baixa.

Porém, o estudo mais recente sobre esta

matéria, “A Atualidade do Setor Imobiliário

Residencial: Ajustamentos e Desafios”, o

qual foi apresentado há poucas semanas e é

da responsabilidade da firma de consultoria

Augusto Mateus & Associados, afirma que

Portugal, tal como a Alemanha, não teve uma

“bolha” especulativa no setor imobiliário, ao

contrário de vários outros países europeus.

De facto, entre 1996 e 2006, a valorização

acumulada real dos preços da habitação ex-

cedeu os 80 por cento nos EUA, na Holanda e

na Grécia, os 110 por cento em Espanha, os

140 por cento no Reino Unido e os 180 por

cento na Irlanda. Pelo contrário, Portugal e

Alemanha tiveram crescimentos inferiores

a 10 por cento no mesmo período. Ou seja,

ao contrário de países como Irlanda, EUA ou

Espanha em que se verificaram correções

substanciais nos preços do imobiliário face

aos picos atingidos em 2006 ou 2007, em

Portugal os preços não foram pressionados

pelo rebentar da “bolha”.

No entanto, em Portugal, poderá ser a quebra

da procura a concretizar o risco de baixa dos

preços da habitação, tratando-se muito mais

de um abrandamento da atividade económica,

a par de outros setores, do que propriamente

uma correção baseada na especulação dos

preços do imobiliária.

“precisamos, de facto, de criar um

enquadramento legal “amigo” do investidor,

que potencie o valor económico

da reabilitação e, assim, venha a atrair

projetos, investidores e parceiros.”

Perfil

António Almeida Henriques nasceu em

Viseu, em 1961. Licenciou-se em Direito

na Faculdade de Direito da Universidade

de Coimbra em 1986. Dedicou os últimos

vinte e cinco anos à atividade empresarial

e associativa empresarial em diversos

setores.

Foi Deputado nas IX, X e XI legislaturas,

foi vice-presidente do Grupo Parlamentar

do PSD na XI Legislatura com a coordena-

ção da área económica, tendo também

exercido as funções de vice-presidente

da Comissão de Assuntos Económicos

da Assembleia da República e de vice-

presidente da Delegação da OSCE. Foi

vice-presidente da CIP – Confederação

da indústria Portuguesa, presidente do

CEC/CCIC – Conselho Empresarial do Cen-

tro – Câmara de Comércio e Indústria e

Presidente da AIRV – Associação Industrial

da Região de Viseu.

Desde julho de 2011 integra o XIX Governo

Constitucional como Secretário de Estado

Adjunto da Economia e do Desenvolvimen-

to Regional.

Page 11: Construção Magazine 47

cm_9

9_ 11

dutivismo pósmoderno e excessivamente

formalista num momento em que rareavam

projetos e obras ex nuovo.

Surgiu depois uma nova engenharia, a que faz o

fato à medida, i.e. a que abandona os antigos e

sobredimensionados quocientes genéricos de

cálculo, propondo estruturas de reforço obesas

e omnipresentes, para uma nova praxis onde

primeiro se produz conhecimento, analisando

cuidadosamente o estado de conservação, as

anomalias e as capacidades das estruturas

concretas, e depois desenhando os reforços

necessários, com a precisão milimétrica dos no-

vos meios digitais, monitorizando antes durante

e depois. E tudo isso para que? Para permitir

que possa continuar a verdade tectónica das

edificações e das arquiteturas, que não são só

espaço , forma e função, mas são também e tão

plenamente construção e estrutura.

Não é a forma só, ou o espaço só que definem

o essencial do valor das antigas edificações,

reabilitação low cost / high valueintervenção mínima reabilitação máxima José Aguiar

Professor Associado da FAUTL

[email protected]

Demoramos décadas a concluir que a (boa

ideia) da reversibilidade não era um conceito

inteiramente honesto quando aplicado à

conservação arquitetónica (perante tantas

irreversibilidades práticas) o que nos propul-

sionou para aplicarmos outro conceito, ainda

hoje fora das cartas, o da “repetibilidade”, i.e.

a possibilidade de amanhã, sem danos, poder-

mos reaplicar as soluções de reparação e os

tratamentos que hoje fazemos.

Nesse quadro, das intensas discussões emi-

nentemente culturalistas do final do século

XX, sobre a teoria do restauro e sobre o seu

alargamento ao património urbano – que con-

duziu à objetiva necessidade de teorizarmos a

reabilitação, i.e. definir a objetiva necessidade

de salvar o que tem valor melhorando o desem-

penho das arquiteturas antigas para permitir

o seu uso contemporâneo – o maior avanço

disciplinar recente proveio de uma decisiva

contribuição do saber e das competências

da nova engenharia: a teorização prática do

conceito de intervenção mínima!

Refiro-me obviamente aos novos paradigmas

de intervenção construtiva e estrutural que

se sintetizaram na Carta ICOMOS que hoje

conhecemos com o título de Recomendações

para a Análise, Conservação e Restauro Estru-

tural do Património Arquitetónico (traduzida

para português por Paulo Lourenço e Daniel V.

Oliveira da Universidade do Minho).

No fim do século XX, a necessidade de rever-

ter a todo o custo (da reversibilidade como

conceito operativo) justificou aproximações

excessivas, de um estruturalismo formalmen-

te autojustificado que provocava cacofonia

no diálogo entre formas de tempos diversos,

prejudicando a leitura arquitetónica, ou antes,

definindo novos textos que pouco tinham a

ver com a objetiva necessidade de transmitir

os antigos significado a conservar. Reabilitar

tornou-se assim pretexto para um novo pro-

> Figura 1: Guimarães: Velhos moradores convivendo com novos operários!

> 1

Page 12: Construção Magazine 47

10_cm

o modus faciendi, as tecnologias empregues,

os saberes construtivos e no uso dos mate-

riais, o milagre das resoluções para garantir

o equilíbrio estático, numa sábia economia de

decisões onde em cada época se maximizou

as relações custo benefício organizam um

realidade mais vasta, tão essencial à reabi-

litação como a sempre mais óbvia e simples

preservação de fachadas.

AtuAção mínimA

O conceito de inter venção mínima, i.e. se

puderes fazer menos não faças de mais,

orientando-nos para soluções pouco intrusi-

vas, modificou decisivamente as formas de

hoje intervirmos em património em múltiplas

escalas e dimensões.

Se atuarmos minimamente podemos manter

os moradores in situ evitando custosíssimos

realojamentos (como nos ensinou Guimarães),

evitamos inter venções pesadas e muito

exigentes economicamente (e onde está hoje

essa desmesurada capacidade financeira?),

evitando a injustiça dos processos de segre-

gação social que hoje explodem nos centros

históricos das nossas maiores cidades.

Lembro-me, quando se lançar am es tas

operações em Guimarães de apaixonadas

discussões. Alguns técnicos acusavam o

modelo proposto pelo GTL de Guimarães – de

atuar caso a caso, com cautela, caminhando

e medindo e projetando parcela a parcela –,

de ser ineficaz, de provocar consequências

sociais inesperadas na previsível reação dos

velhos moradores perante a presença dos

intrusivos operários-construtores, etc. etc.. Os

mesmos técnicos que criticavam o modelo que

tornou Guimarães um dos melhores exemplos

europeu de reabilitação urbana, defendiam

> Figura 2: Lx Factory em Lisboa.

> Figura 3: Intervenção artística na Cartuxa de Sevilha, dezembro de 2012.

reabilitação low cost / high value

massivas operações (mais eficazes, diziam),

quarteirão a quarteirão, em modelo similar

às que resultaram na disparatada falência

económica da ação de demasiadas Sociedades

de Reabilitação Urbana, onde na última década

despendemos tantos milhões de euros.

A prática demonstrou exatamente o oposto;

o modelo cauteloso de Guimarães foi muito

mais produtivo e socialmente muito mais

equilibrado ao evitar a “gentrification”: nessa

cidade pude assistir à forma cordial como

senhoras de provecta idade acolhiam os ope-

rários, por vezes oferecendo-lhes almoços

alternativos (bem mais apetitosos do que os

frugais farnéis que os operários Ucranianos

traziam) e depois pedirem-lhes embalagens

de Omo, quando dessem um saltinho à rua...

ou fiscalizarem atentamente (melhor do que

fiscais da Câmara) e depois correrem ao GTL

para relatar erros e atropelos.

Caso a caso, pouco intrusivamente, Guimarães

e o seu GTL reabilitaram melhor e muito mais,

com muito menos recursos, do que sucedeu

com tantas SRU s (modelo que deveria hoje e

urgentemente ser objetivamente reavaliado).

A salvaguarda da tipologia cadastral é um

objetivo claramente definido nas cartas pa-

trimoniais (por exemplo na Cartas das Cidades

Históricas do ICOMOS), reconhecendo-se como

fulcral, nos processos de conservação urbana,

conseguir a manutenção das parcelas. Não é só

o sistema de espaços públicos que permanece

duradoiramente no tempo, a sucessão de (re)

inscrições urbana tem por base um cadastro

que originou sucessivos palimpsestos, numa

pluralidade de tipologias arquitetónicas cuja

permanência e diversidade é, funcional e for-

malmente, fundamental para a manutenção

dos valores essenciais de qualquer cidade

que consideremos como património urbano. A

alteração cadastral - o reunir vários lotes para

demolir os interiores construindo novos edifí-

cios de muito maior dimensão escondidos na

estreiteza das antigas fachadas, i.e. o facha-

dsimo - acelera brutalmente os processos de

alteração e de redução de valor urbano, como

pioneiramente Gustavo Giovannonni estudou.

A disponibilidade de tipologias díspares,

das apertadas e de pequena dimensão, ou o

oposto, em palacetes com fogos de grande

dimensão, muito usuais nos tecidos urbanos

históricos, é objetivamente um problema mas

também uma grande oportunidade. A socie-

dade atual necessita deste tipo variável de

fogos, bem distintos daqueles que projetamos

e construímos massivamente em habitação

nova: existem cada vez mais pessoas a residir

sozinhas que não necessitam de fogos imen-

sos; precisamos de residências temporárias

que podem dar novos tipos de uso, em mode-

los de residência coletiva, e partilha dessas

tipologias de maior dimensão; precisamos

de novas soluções de habitação temporária,

de novos tipos de“hostels”. A pequenez ou a

partilha compensa-se pelas vantagens da cen-

tralidade, a desnecessidade de longos tempos

de translação no transporte, a proximidade de

tudo e de todos nos centros históricos.

Atuar caso a caso em vez de promover gigan-

tescos estaleiros que destroem sistematica-

mente quarteirões inteiros torna-se pouco a

pouco uma alternativa com interesse e viabi-

lidade económica: estude-se o extraordinário

caso da LX FACTORY e o sucesso de promotores

que queriam construir gigantescas torres e

que acabaram gerindo uma intensa teia criati-

va que anima os antigos espaços das fábricas

abandonadas de Alcântara!

Se intervirmos minimamente organizamos esta-

leiros compatíveis com a modicidade da escala

dos nossos tecidos históricos, dando sangue

novo às pequenas (mais ágeis e adaptáveis),

> 2 > 3

Page 13: Construção Magazine 47

> Figura 2: Lx Factory em Lisboa.

> Figura 3: Intervenção artística na Cartuxa de Sevilha, dezembro de 2012.

empresas e firmas que encontram aqui objetos

à sua escala – regenerando o tecido produtivo

e evitando o dumping das super empresas que

não fazem fatos à medida. As demolições e ener-

gias são minimizadas, reutilizando-se também

ao máximo os elementos preexistentes nas

construções, o que torna cristalinos e óbvios os

reflexos ecológicos destas soluções.

Intervir minimamente é um passo numa série

de outros sucessivos passos; e o restauro

e a reabilitação não são o projeto final... são

um dos muitos restauros e das sucessivas

reabilitações de edifícios e apropriações de

cidades herdadas que vieram de muito antes

de nós e que gostaríamos que continuassem

muito para lá – e apesar – de nós!

É importante sublinhar estas conquistas da

engenharia contemporânea, onde Portugal,

diga-se, tem dado contribuições realmente

substantivas (na projeção mundial de inves-

tigadores como Paulo Lourenço ou Delgado

Rodrigues) e nos enormes avanços havidos

nas principais universidades, numa nova e

mais sensível pedagogia aos valores das pree-

xistências e na preparação de novas gerações

de projetistas e de empresas, muito mais aptos

para lidar com a reutilização (e ocorrem-me

num rompante os nomes como os de Aníbal

Costa, António Lamas, João Appletton, Vasco

Freitas e Victor Coias, mas também os das

seguintes gerações, figurando entre os mais

destacados alguns dos articulistas deste nú-

mero como Eduardo Júlio e Raimundo Mendes

da Silva, mas também Jorge de Brito e outra

mão bem cheia de grandes Engenheiros... com

“E” grande, evidentemente).

novA lei dA reAbilitAção

Relançar o tema da intervenção mínima é hoje

particularmente importante. Prepara-se uma

nova Lei da Reabilitação. Dos articulados que

têm saído a público percebemos que se pre-

veem nessa Lei avanços muito substantivos

na simplificação de procedimentos e de redu-

ção das burocracias. Percebem-se também

princípios positivos, como o estabelecer do

princípio da bondade na melhoria das condi-

ções de desempenho promovendo a melhoria

do conforto e da segurança, mais do que a

impossível satisfação das exigências regula-

mentares desenvolvidas para aplicação à nova

edificação. Novos e recente regulamentos

(como o das acessibilidade ou da “térrmica”)

eram objetivamente uma terrível ameaça para

a possibilidades de reabilitar, lembremo-nos

da estupidez de considerar um quadro de vãos

em pedra como uma “ponte térmica” ou a ne-

cessidade regulamentar que obriga à remoção

de antigos paramentos azulejares de enorme

valor para colocar ... ETIC s!

PUB

No entanto outros aspetos da nova Lei dita da

Reabilitação, causam enormes apreensões:

como pode Portugal cumprir os desígnios de

conservar cidades inscritas na Lista do Patri-

mónio mundial quando se libertam os edifícios

situados nessas áreas de todas as formas

de controlo prévio e de acompanhamento

cautelar, estará tudo bem se, em cidades de

extraordinário valor histórico e artístico, ape-

nas alterarmos o piso térreo e acrescentarmos

mais um piso habitável na cobertura de cada

edifício? Infelizmente a (re)anexação cadastral

com tratamento fachadista tem sido a praxis

mais usual na maioria dos nossos centros

históricos, mesmo em alguns inscritos na lista

do património mundial da UNESCO e pode ficar

institucionalizada em artigos fundamentais

desta nova Lei.

Relembrando o essencial desígnio social – de

que Reabilitar a cidade é restituí-la à estima

pública!, como sublinhava Maria da Luz Va-

lente Pereira do LNEC – importa relançar hoje

o debate sobre os conceitos e os métodos

da reabilitação, defendendo a procura de

soluções pouco intrusivas e estabelecer o

fundamental princípio da intervenção mínima

que nos permite aspirar à reabilitação máxima;

o oposto apenas pode resultar na perversão

fachadista do costume. Na conservação do

nosso património essencial I Hate [este tipo

de] Business!

Page 14: Construção Magazine 47

12_ 14

– terão de realizar no sentido de estabelecer-

mos de forma suficientemente consensual

as orientações urbanísticas que devemos

prosseguir no futuro e as políticas urbanas

que permitirão concretizar essas orientações.

DESAFIOS ATUAIS

Na altura em que decidimos aderir à Comuni-

dade Económica Europeia (por volta de 1980),

o país caracterizava-se ainda por um intenso

movimento de urbanização e por problemas

sérios de habitação, com centenas de milha-

res de portugueses a viverem em barracas e

outras construções de génese ilegal, numa

situação que o regresso de muitos compatrio-

tas das ex-colónias tinha agravado substan-

cialmente. Assim, foi necessário proceder à

expansão das cidades, o que ocorreu primeiro

de uma forma pouco planeada e depois ten-

do por base os Planos Diretores Municipais

elaborados sob a vigência do Decreto-Lei

69/90, graças ao abundante financiamento

providenciado pelos fundos estruturais eu-

ropeus e, antes de eles estarem disponíveis,

pelas ajudas pré-adesão. Na sequência dos

investimentos realizados, a qualidade de

vida nas cidades e vilas portuguesas alcan-

çou um nível nunca antes experimentado

pelas populações, que na maioria dos casos

dispõem hoje de excelentes infraestruturas

técnicas e sociais, de uma oferta de comércio

INTRODUÇÃO

Os últimos 60 anos foram caracterizados em

Portugal pelo rápido processo de urbanização

ao longo do qual as áreas metropolitanas de

Lisboa e Porto se formaram e várias cidades do

litoral cresceram de forma muito significativa.

Este processo chegou agora ao fim – já pouca

população existe nos meios rurais – deixando

problemas urbanísticos diferentes daqueles

que marcaram o passado mais ou menos re-

cente. Com efeito, enquanto até agora esteve

sobretudo em causa responder às necessi-

dades de expansão das cidades, daqui para

a frente trata-se principalmente de melhorar

a qualidade do ambiente construído. Nas

respostas a desenvolver para os problemas

que hoje enfrentamos é necessário ter em

conta que, dado o contexto de dificuldades

financeiras em que o país se encontra, não é

mais possível recorrer a soluções – como por

exemplo o Programa POLIS – que antes foram

aplicadas com bastante sucesso, mas que

exigiriam a mobilização de recursos neste

momento indisponíveis.

Neste artigo apresentamos algumas reflexões

sobre aqueles que consideramos ser os prin-

cipais desafios que atualmente se colocam ao

urbanismo em Portugal, a título de contributo

para o debate aprofundado que os diversos

agentes envolvidos – proprietários e investido-

res, investigadores, técnicos e responsáveis

da indústria, e cidadãos e decisores políticos

12_cm

e serviços mais completa e diversif icada,

e de um espaço público mais agradável. A

aposta na expansão das cidades acabou por

ter como consequência o relativo abandono

das zonas mais consolidadas (a despeito de

alguns esforços feitos, por exemplo no âmbito

do PROCOM e do Programa POLIS), fazendo

com que tanto as áreas centrais de muitas

cidades como algumas periferias densamente

habitadas se tenham degradado significati-

vamente. A reabilitação de umas e outras é

um dos principais desafios urbanísticos que

Portugal hoje enfrenta. Para isso, é neces-

sário, que o sistema de planeamento seja

capaz de responder adequadamente e em

tempo útil – o que manifestamente não está

a acontecer. (Re)Pôr este sistema a funcionar

é outro desafio premente a que é preciso

atender. No contexto de escassez de recursos

públicos que atualmente caracteriza o país, é

necessário que o setor privado desempenhe

um papel mais ativo no processo, o que só

acontecerá se tiver confiança para realizar

os correspondentes investimentos. A criação

de uma nova dinâmica para a qual se deverão

mobilizar todos os agentes, entre proprietá-

rios, investidores e indústria da construção,

é um outro desafio que se coloca ao Estado.

Quanto à indústria da construção, ela também

enfrenta um desafio importante – o de se

reorganizar tanto em termos tecnológicos

como organizativos para abordar o mercado

específico da reabilitação urbana.

reabilitação low cost / high valuereflexões sobre o futuro do urbanismo em portugal

Nuno Norte Pinto, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Coimbra, [email protected]

António Pais Antunes, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Coimbra, [email protected]

Page 15: Construção Magazine 47

cm_13

REABILITAÇÃO URBANA

Se nas últimas décadas as opções de planea-

mento focaram a expansão das áreas urbanas,

os próximos anos deverão ser dedicados à

reabilitação das áreas centrais das cidades e

das periferias degradadas. A maior parte dos

centros das cidades continuam a ser pouco

atrativos para o investimento imobiliário, uma

vez que não estão no topo das preferências do

mercado, tanto de habitação como de comércio

e serviços, que têm privilegiado as áreas de

expansão. No caso de Lisboa, do Porto, e mes-

mo de Aveiro, Coimbra, Faro ou Setúbal, esta

expansão acabou por realizar-se parcialmente

nos municípios vizinhos muito por culpa de

preços do solo mais reduzidos. Estas cidades

e vilas periféricas tiveram nos últimos anos

uma grande expansão da sua área urbanizada,

tendo-se gerado uma quantidade significativa

de espaços vazios no interior dos perímetros

tradicionais cuja colmatação deve também ser

um alvo prioritário dos planos futuros (em pé

de igualdade com os centros históricos das

cidades), sem prejuízo da utilização e ocupa-

ção do solo se manterem em níveis aceitáveis.

Os terrenos industriais abandonados nos

centros de muitas das nossas cidades (como

São João da Madeira ou o Barreiro) têm de ser

alvo de uma política dedicada que favoreça

a renovação urbana equilibrada, em que os

projetos a desenvolver tragam benefícios

para o espaço urbano envolvente. Os centros

tempo a rever e aprovar do que o estipulado na

lei e desejado pelos agentes. A incapacidade

de rever os PDM dentro dos prazos definidos

é um problema maior porque nos está a levar

de volta à falta de transparência das decisões

urbanísticas que caracterizava o país antes

dos anos 1990. Nesses tempos coexistiam uns

planos que estavam a ser elaborados e de que já

havia algumas peças com uns anteplanos que

vinham de trás mas que já não tinham validade

técnica ou legal, tendo-se em conta uns ou ou-

tros – ou nenhuns – ao sabor das mais diversas

circunstâncias. As razões que contribuem para

as dificuldades em aprovar os PDMs serão vá-

rias, mas há uma que tem a ver com o facto de

deles se esperar uma maior integração da base

física com a base económica, assim como uma

maior integração das decisões urbanísticas

com decisões sectoriais sobre, por exemplo,

os equipamentos escolares (cartas educati-

vas) e a proteção civil. À partida, os objetivos

de integração são sempre louváveis porque,

em teoria, levam a melhores soluções. Mas,

na prática, verifica-se que o incrementalismo

(e.g., fazer as cartas educativas tendo em conta

os planos urbanísticos e, mais tarde, rever os

planos urbanísticos tendo em conta as cartas

educativas) funciona muitas vezes melhor. A

preocupação neste domínio deve ser a de tornar

os processos de planeamento eficientes, de

maneira a que, nos prazos esperados, produ-

zam resultados simples de entender, e, como

tal, permitam uma gestão transparente do

comerciais começam também a necessitar de

atenção específica, com a primeira geração

destes equipamentos a apresentarem sinais

de abandono, constituindo novos problemas

para as zonas urbanas envolventes.

SISTEMA LEGAL

O sistema legal de planeamento atual apresen-

ta-se completo pela primeira vez na prática do

planeamento em Portugal. A última década

foi de uma atividade intensa em matéria de

implementação e melhoramento da legislação

existente, e marcou também o início de uma

nova orientação legal para a reabilitação urba-

na. Da referida atividade resultaram o primeiro

Programa Nacional da Política de Ordenamento

do Território – ignorado logo depois de ter sido

aprovado quando o Novo Aeroporto de Lisboa

foi mudado da Ota para Alcochete numa decisão

pouco feliz do ponto de vista do desenvolvi-

mento coerente de um sistema nacional de

transportes – e vários Planos Regionais de

Ordenamento do Território. Para além disso, foi

reforçado o âmbito e também o conteúdo dos

PDMs e dos outros planos municipais através

do Decreto-Lei 380/99, que agora passaram a

contar com instrumentos de operacionalização

que antes faltavam. Os resultados desta conso-

lidação estão ainda por observar, uma vez que a

dinâmica de planeamento é genericamente len-

ta, demorando a maioria dos planos muito mais

© IRUM ShAhID

© NUNO NORTE PINTO

Page 16: Construção Magazine 47

reabilitação low cost / high value

14_cm

território, pois noutras condições dificilmente

o investimento em reabilitação urbana de que

necessitamos será realizado.

PAPEL DO ESTADO

O contexto de dificuldades financeiras que

atravessamos levará a uma diminuição do

papel do Estado (ao nível nacional mas tam-

bém local) no desenvolvimento urbano, dando

ao setor privado uma posição cada vez mais

importante nesta matéria, incluindo no que

respeita à definição de opções de planeamen-

to. Para permitir que tal aconteça, o Estado

deverá promover a simplificação processual

tanto ao nível dos planos como ao nível do

licenciamento. A fiscalidade do património

deverá ser assumida como uma ferramenta

real de planeamento e gestão, estimulando a

inclusão de edifícios desocupados e terrenos

livres no mercado. O reforço e alargamento

dos programas de cofinanciamento público

que, desde há alguns anos a esta parte, têm

servido para incentivar os proprietários a

reabilitar os edifícios é fundamental para

transmitir aos agentes envolvidos a ideia de

que a reabilitação é uma das linhas de força

da política urbana em Portugal. há por isso

necessidade de prosseguir com uma política

top-down de incentivo à reabilitação urbana

que está já explicitada no novo regime jurídico

da reabilitação e na atividade de entidades

como as Sociedades de Reabilitação Urbana,

as quais têm, com graus variáveis de sucesso,

conseguido garantir uma certa dinâmica de

transformação apesar da crise que já se sente

no setor desde 2008. Esta política acaba por

depender da mobilização dos agentes, proprie-

tários e inquilinos, investidores e indústria da

construção, de forma a congregar interesses

minimizando as tensões que continuam a

existir, quer por via do contexto socioeconómi-

co, quer por via da complexidade processual.

Nestas condições, cabe ao Estado o papel de

simplificar os procedimentos administrativos,

aliviando os correspondentes custos que são

muito valorizados pelos agentes privados (pro-

prietários e investidores), e de encontrar os

recursos financeiros suficientes para alavan-

car o processo de reabilitação, mesmo tendo

em conta os constrangimentos financeiros

atuais. Apesar de ser desejável que a iniciativa

privada tenha a liderança do processo, parece

muito difícil que o mesmo avance sem uma

intervenção decisiva do Estado como agente

catalisador, como aliás acontece na totalidade

dos casos de sucesso que se podem encontrar

em cidades europeias de várias dimensões.

INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

A indústria da construção é um dos setores

económicos mais interessados na definição

das linhas orientadoras das políticas urbanas

a implementar nas próximas décadas. Se nos

últimos anos a indústria esteve voltada para a

edificação em massa e para grandes volumes

de investimento em obras públicas, terá agora

que se reestruturar para abordar um campo

novo de ação, tecnológica e economicamente

diferente, que é o da reabilitação urbana. Se,

por um lado, as pequenas e médias empresas

de construção estão já orientadas para esta

escala de negócio, as grandes empresas

terão de mudar para poderem entrar de forma

competitiva neste mercado de construção

desagregado, tanto na reabilitação do parque

edificado como também na reabilitação das

infraestruturas e dos espaços públicos. A in-

dústria, que viveu anos dourados com o forte

investimento em edificação e em infraestru-

turas feito em Portugal nas últimas décadas,

tem agora pela frente enormes desafios. A

internacionalização e a exportação do know-

how português em construção e obras públicas

parecem bem encaminhadas, com diversas

empresas a competirem de forma sólida em

mercados internacionais com resultados

muito positivos. No entanto, é também claro

que estas empresas necessitam de manter a

sua matriz de negócios em Portugal sob pena

de verem definhar a sua principal base de su-

porte, com graves consequências para a sua

sobrevivência enquanto grupos empresariais

de capitais portugueses. É por isso necessário

que a indústria da construção faça a devida

reflexão sobre esta área de negócio, para que,

das PMEs às grandes empresas, todas possam

competir de forma qualificada neste mercado,

garantindo um equilíbrio necessário do ponto

de vista socioeconómico para uma indústria

que representa uma parte significativa do

produto gerado pela economia nacional.

CONCLUSÃO

A evolução muito positiva experimentada

pelas cidades e vilas portuguesas nas últimas

três décadas é um facto incontornável e clara-

mente percebido pelas populações. O acesso

a infraestruturas e serviços básicos, como o

abastecimento e o saneamento de águas e as

redes de equipamentos de ensino e de saúde,

é uma conquista só possível graças ao grande

esforço de qualificação urbanística vivido neste

período. Ela resulta não apenas da oportunidade

criada pela utilização dos fundos europeus

mas também, e sobretudo, do esforço feito

para dotar o território com um sistema de pla-

neamento que, apesar de conter uma série de

problemas na sua execução e implementação,

foi capaz de providenciar uma estrutura de

desenvolvimento para um país que tinha um

grande atraso em comparação com os seus

parceiros da União Europeia. Mas o investimento

feito com o objetivo de dotar o país das infraes-

truturas necessárias para o desenvolvimento

económico é também uma das causas para a

situação difícil em termos financeiros que o

Estado português enfrenta, e que põe em causa

a satisfação das nossas necessidades atuais

em matéria de desenvolvimento urbano – as

quais, na fase do processo de urbanização em

que o país se encontra, se situam sobretudo nos

centros históricos e em periferias degradadas

das principais cidades. Os agentes privados são

também afetados por este contexto, uma vez

que por mais boa vontade que tenham em con-

tribuir para a reabilitação urbana, encontram-

se muitas vezes incapazes de mobilizar os

recursos necessários, por via da disponibilidade

limitada de crédito ao investimento. O contexto

económico é verdadeiramente difícil, não só do

ponto de vista do financiamento aos proprietá-

rios e investidores como também e sobretudo

do ponto de vista da indústria da construção,

fazendo com que só possa haver sucesso se

for possível obter um elevado valor (high value)

da reabilitação urbana através de operações de

baixo custo (low cost).

Page 17: Construção Magazine 47

15_ 19

“lei das rendas” e sobre o novo enquadramento

do licenciamento de operações de reabilitação,

não podem ser alheios a estes planos.

Está (felizmente) longe o tempo da convicção

de que a reabilitação urbana era um assunto

meramente técnico e dizia respeito, apenas, à

arquitetura e à engenharia e à sua capacidade

de intervenção sobre os edifícios. As compo-

nentes culturais, sociais e económicas vieram

a impor a sua presença e não há, hoje, plano

estratégico que possa ignorá-las.

Todavia, é no contexto técnico de cada interven-

ção concreta que os seus atores (promotores,

projetistas, construtores, licenciadores, finan-

ciadores, habitantes) têm mais incertezas,

pela complexidade dos processos, pela falta de

uma cultura de reabilitação, pela arbitrariedade

que resulta da diversidade e complexidade do

património construído, do seu estado de con-

servação e do desempenho esperado.

ConheCimento

Os planos e as ações de reabilitação dos nú-

cleos urbanos antigos exigem que se conheça,

que se conheça bem, a cidade nas suas várias

perspetivas. Do ponto de vista físico, é neces-

sário conhecer as várias escalas (ao longe, na

escala da cidade ou do quarteirão; as grandes

praças; as ruas; as vielas, em que o próprio céu

parece ter encolhido), é necessário conhecer

os diversos níveis (o subsolo, o nível da rua e

das montras, os andares superiores, tantas

vezes devolutos ou habitados sem condições

mínimas de salubridade, conforto e segurança

e, com igual ou maior relevância, as cober-

reabilitação low cost / high valuecidade (cada vez mais) antiga: expectativa ou desistênciaJosé Ant. Raimundo mendes da Silva

Prof. Doutor, Dep. Engenharia Civil - Universidade de Coimbra

[email protected]

ConviCção

Discorrer sobre a cidade antiga, em particular

sobre o seu estado de degradação e sobre as

dificuldades da sua reabilitação, ou ficar enro-

lado num novelo de razões (ou meras intuições,

por vezes contraditórias) que justifiquem a

exigência de um desempenho exemplar ou, pelo

contrário, a sua dispensa, ou, ainda, afirmar que,

agora sim, é hora de intervir e que esta ou aquela

medida vão desencadear um almejado processo

irreversível de valorização destes núcleos urba-

nos antigos, começam a ser um “lugar-comum”

num meio técnico, cultural e político que sabe

não poder (nem querer) passar ao lado da cida-

de que já existe - quer a cidade já considerada

como “antiga”, quer a que progressivamente vai

ganhando esse “estatuto” ou essa “condena-

ção” – mas que tem poucos meios de atuação

e verifica que as estatísticas não indicam esta

inversão firme, rumo à reabilitação.

As afirmações que passam a “lugar-comum”

são arrastadas para uma espécie de limbo de

“inconsequência” mas não podem significar a

desistência dos valores que lhe estão asso-

ciados: é imperativo reabilitar, seja ou não um

“lugar-comum”.

Sem esta convicção, sem esta paixão, não se

pode responder com eficácia ao desafio de rea-

bilitação dos núcleos urbanos antigos, porque

a tarefa é penosa, não é linear nem facilmente

programável e não é concretizável nos ciclos

rápidos a que nos habituámos de dois, quatro

ou oito anos.

A cidade antiga é um lugar de contrastes, é um

lugar de complementaridades, é um lugar de

complexidade, é um lugar de riscos e, sobre-

tudo, é um lugar de (in)certezas:

− Háumfuturoparaacidadeantiga?

− Épossívelviver(bem)nestesnúcleosur-

banosantigos?Comsegurança?Conforto?

Comcustoscontrolados?

− Podemos recuperaresta “cidade”?Qual

éaalternativa?Deixá-lacair?Demoli-lae

construirumedifícioporquarteirão?

− Qualéanossaexpectativa?Comogostá-

vamosquefosseesta“cidade”?

− Oquepodemosesperar(eexigir)dacidade

antiga?Sabemosagirassertivamente?

− Seráareabilitação“lowcost”umasolução?

Umcontributorelevante?

Nesta breve reflexão, iniciada com a afirmação

das mais básicas convicções, estruturam-se

as ideias em torno de mais cinco palavras-cha-

ve: estratégia / conhecimento / assertividade

/ tecnologia / sustentabilidade.

eStRAtÉGiA

Em sociedade, as relações, deveres e direitos

devem reger-se por um quadro regulamentar

completo e articulado. Dos regimes jurídicos

aos planos e aos regulamentos todas as peças

são importantes.

Este quadro regulamentar, ainda que essen-

cial, não é suficiente para desencadear uma

atividade regular de reabilitação, nem a adoção

de boas práticas. Exige-se um Plano Estra-

tégico nacional, articulado com a legislação,

instrumentos e incentivos existentes ou a

criar, devidamente articulado com planos es-

tratégicos locais. A recente discussão dobre a

cm_15

Page 18: Construção Magazine 47

16_cm

> Figura 1:Ilustraçãodeopçõesnãocompatíveiscomumafilosofia“lowcost”responsável.

reabilitação low cost / high value

turas dos edifícios, sua primeira proteção).

É, também,essencial conhecera tipologia

dos edifícios, a sua estrutura e organização,

a sua volumetria, a organização das fachadas

e a localização e características dos acessos

verticais.Éessencialdistinguirosgrandes

edifícios, não só como maior presença, mas

também, frequentemente, com maior poten-

cialidade para albergar equipamentos âncora

da atividade social e económica.

As Universidades podem e devem ter um papel

fundamental na procura deste conhecimento e

na sua disponibilização, com tratamento e lingua-

gens adequados, à cidade e aos seus agentes. A

cidade antiga é um objeto notável de investiga-

ção para a engenharia, a arquitetura, a história,

a sociologia e a arqueologia mas os resultados

dessa investigação são, muitas vezes, pouco

úteis porque o contexto académico em que são

feitos exige um posterior mecanismo de adap-

tação e transferência para outros públicos-alvo.

Em Coimbra, e socorrendo-nos do exemplo que

nos está mais próximo, são muitos os estudos

da cidade antiga em que a Universidade tem

participado. Refiram-se, a título de exemplo

dois: o Processo de Reabilitação Urbana e Social

da Baixa de Coimbra e o Projeto de Investigação

sobre “Bases para o Restauro dos Revestimen-

tosHistóricosdoCentroHistóricodeCoimbra”.

Na Baixa, o levantamento construtivo, es-

trutural, arquitetónico e sócio-demográfico,

com resultados posteriormente tratados, foi

devolvido à cidade sobre a forma de teses e

outros estudos nos domínios da sociologia,

da arquitetura, dos sistemas de informação

e da engenharia/construção (alvenarias,

pavimentos de madeira, vulnerabilidade sís-

mica, comportamento térmico e estratégias

de sustentabilidade na reabilitação).

No projeto dos revestimentos históricos, onde

se privilegiou a Alta, estudaram-se as fachadas

e os seus revestimentos mais antigos: o tipo

de rebocos, a sua degradação, os ornamentos

(fingidos, esgrafitos, etc.), os sistemas de

pintura, a presença e ação nefasta dos sais e

a cor (desde a sua identificação, à investigação

sobre os pigmentos, à criação de uma paleta

de cor e aos estudos para um futuro plano de

cor daquela zona da cidade).

ASSeRtividAde

Já afirmámos que é preciso reabilitar, que é

preciso conhecer a cidade antiga, que são pre-

cisos uma filosofia e um plano, que não deve

desprezar-se a força da paixão pelo processo

mas não falámos do custo de tais convicções e

dasuaconcretização.Épossívelreabilitarestes

núcleosurbanossegundouma filosofia “low

cost”?Oqueéanossainterpretação(deentreas

muitaspossíveis)deumareabilitação“lowcost”?

Aexpressão“lowcost” transformou-senum

slogan publicitário a que associa um custo

baixo compatível com uma procura das fun-

cionalidades essenciais, se possível com qua-

lidade média-alta, só possíveis pela eliminação

do que é acessório ou mesmo supérfluo. No

entanto,nãochegaaideiagenérica.Épreciso

> 1

1 2 3 4

5 6 7 8

9 10 11 12

Page 19: Construção Magazine 47

concretizá-la para cada situação. Em reabilita-

ção de núcleos urbanos antigos, advoga-se que

aexpressão“lowcost”nuncapodevirsozinha

e recomenda-se que seja acompanhada por

outros dois estrangeirismos: “good value” e

“high respect”.

“LowCost”,ou“limitedoscustos”,oucustos

contidos ou custos controlados, como se

obtêm?Comosecontrolamoscustosimedia-

toseoscustosdiferidos?Comoseaumenta

a durabilidade das soluções construtivas,

como se diminuem os custos de manutenção

eexploração?

Um “valor adequado” (“good value”), isto é, um

bom desempenho, uma resposta válida (não

necessariamente excecional) às expectativas

dos destinatários e da sociedade, como se

atingem?Eaqui,maisdoqueosregulamentos,

é preciso ir revisitar as fontes e redescobrir o

que é importante na construção (e na cidade).

Por exemplo, ir revisitar a Diretiva Europeia dos

Produtos de Construção de 1988 que elege

como principais preocupações (exigências

de desempenho): a segurança, o conforto, a

economia, etc.

Um “inquestionável respeito” pelas pessoas,

pelos residentes antes de mais, pelos valores

culturais, mas também pelos edifícios, pela

sua “natureza”, pela sua coerência, pela sua

função primordial, pela sua capacidade de

mudança e adaptação. Também um grande res-

peito pelos promotores e pelos financiadores,

não distorcendo a realidade e as expectativas.

Quandoconseguirmosconciliarestesdiversos

conceitos, teremos uma verdadeira reabilita-

ção“lowcost”.

teCnoloGiA

A tecnologia, seja ela tradicional ou fruto das

recentes evoluções do setor, pode e deve ser

uma aliada determinante. Muitas das opções

mais assertivas (e, por isso, potencialmente

“lowcost”)oumenosassertivasdefendem-

se em pressupostos tecnológicos, mas na

verdade a opção está sempre do nosso lado e

temos que criar capacidade crítica para decidir

com base numa visão abrangente.

Énossaconvicçãoque,nodomínio técnico

da intervenção nestes edifícios de núcleos

urbanosantigos,nãoéumaopção“lowcost”:

1. Demolir como primeira opção, por parecer

mais “vantajoso”

2. “(Des)inventar “a cidade sem respeito

pelos materiais

3. Abandonar sistemas eficazes como os

beirados ventilados

4. Intervir de forma episódica e dissonante

5. Ignorar a “arqueologia” na fase de projeto

e levantamento

6. Manter infraestruturas aéreas (e excessi-

vas) após a obra

7. Vazar estruturalmente o r/c e abandonar

os pisos superiores

8. Descaracterizar revestimentos e envidra-

çados

9. Aplicar tintas e rebocos incompatíveis com

o sistema

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Page 20: Construção Magazine 47

18_cm

reabilitação low cost / high value

> Figura 2:Ilustraçãodeopçõescompatíveiscomumafilosofia“lowcost”responsável.

> 2

13 14 15

16 17 18

19 20 21

22 23 24

10. Invadir/destruir as fachadas com elemen-

tos intrusivos

11. Substituir coberturas de madeira por betão

armado

12. Conservar apenas as fachadas, mas sem

função estrutural

Comamesmaconvicção,afirmamosquepodeserumaopção“lowcost”(e“goodvalue”/”high

respect”):

13. Reabilitar antigos revestimentos ainda coesos

14. Reabilitar e reforçar corretamente os caixilhos de madeira

15. Usar tintas minerais e evitar descasques

16. Avaliar a capacidade estrutural independentemente do aspeto

Page 21: Construção Magazine 47

cm_19

17. Assumir de forma clara o atirantamento dos paredes

18. Desempenar os telhados com calços e nova ripa

19. Mobilizar e especializar a pequena indústria local

20. Reforçar os pavimentos de madeira com tarugos cruzados

21. Manter a ventilação natural e “educar” os utentes

22. Manter a ventilação do desvão das coberturas

23. Usar subtelha e grampos metálicos com telha canudo

24. Recuperar fasquiados e outras soluções tradicionais

Ainda no domínio técnico, se fosse necessário resumir em meia dúzia de tópicos os princípios

gerais de intervenção, deixando ao projetista a capacidade de os utilizar da foram mais assertiva,

rumoaumareabilitação“low-cost”,comadensidadedoconceitojáamplamenteexplicitada,não

hesitaríamos em sugerir as seguintes opções:

a) Manutenção e reforço das paredes estruturais;

b) Manutenção da caixa de escadas, enquanto elemento “pivot” para a organização tipológica,

reforçando-a estruturalmente e corrigindo-a funcionalmente, se necessário;

c) Manutenção e reforço das estruturas de pavimentos;

d) Manutenção e reforço da estrutura de cobertura que poderá ser redesenhada para correção

de dissonâncias, mantendo o sistema e forma construtiva;

e) Preservação e reintrodução de materiais ou técnicas tradicionais em rebocos, caixilharias,

telhados;

f) Adoção de materiais leves em paredes interiores em substituição dos sistemas construtivos

ligeiros tradicionais;

g) Libertação do logradouro e correção geral de dissonâncias.

SuStentAbilidAde

Aquiloqueestamosatentardizeréqueumareabilitação“lowcost”,oumelhor“lowcost/good

value / high respect” tem que ser uma reabilitação “sustentável”.

E aqui estamos a falar sobretudo do “valor”, isto é de um valor adequado, de uma aproximação

clara entre as expectativas e o desempenho possível.

Recordem-se, por isso, de forma breve, os princípios básicos da “construção sustentável”, ou seja

a que contribui para um desenvolvimento sustentável entendido com aquele em que cada geração

usa da melhor forma os recursos sem pôr em causa a sua utilização pelas gerações vindouras.

Ao triângulo de decisão tradicional “custo, qualidade, prazo”, a filosofia da construção susten-

tável veio acrescentar novas preocupações e um novo paradigma, envolvendo preocupações

ambientais, culturais, sociais e macro-económicas.

Uma das maiores dificuldades é encontrar ferramentas de apoio a esta avaliação, sobretudo em

domínios tão específicos como os núcleos urbanos antigos.

Também aqui, as Universidades e os seus investigadores têm, ou devem ter, um papel determi-

nante. No âmbito do projeto de reabilitação da Baixa de Coimbra, já atrás referido, foi possível

a elaboração de uma tese de Doutoramento (da autoria de Ana Ramos) sobre os princípios

da sustentabilidade nas ações de reabilitação dos núcleos urbanos antigos. Partindo da

análise dos mais divulgados modelos internacionais e do conhecimento resultante do levan-

tamento e da análise dos 720 edifícios da zona em estudo, foi possível criar um modelo com

este propósito.

O modelo organiza-se em Áreas / Parâmetros / Critérios / Indicadores. As Áreas principais são:

− Sustentabilidade Local

− Sustentabilidade no Transporte

− Sustentabilidade na Gestão de Recursos –

Água

− Sustentabilidade na Gestão de Recursos –

Energia

− Sustentabilidade na Gestão de Recursos –

Materiais

− Sustentabilidade do Ambiente Exterior –

Emissões

− Sustentabilidade do Ambiente interior

− Sustentabilidade na Utilização

A título de exemplo, refiram-se os parâmetros

relativos à área de “Sustentabilidade na Gestão

de Recursos – Materiais”:

− Reutilização dos elementos principais

existentes

− Uso de materiais locais

− Uso de materiais com potencial de recicla-

gem nas operações de reabilitação e de

manutenção

− Disponibilidade de dispositivos de recolha

dos resíduos

− Redução dos resíduos resultantes das

operações de reabilitação e manutenção

− Reciclagem de resíduos domésticos

− Reciclagem dos resíduos provenientes das

operações de reabilitação e manutenção

− Gestão dos resíduos não recicláveis

notA FinAl

Quantocustaatodosnós:

a) umedifícioquecai?

b) uma cama de hospital por falta de condi-

ções primárias de salubridade e acompa-

nhamento?

c) umedifíciodevoluto?

Quantolucraríamostodosecadaumdenós:

a) comumahabitaçãomaispróximadocentro?

b) comumamaioratratividadeturística?

c) com mais movimento nos centros urbanos

antigos?

Quanto lucraríamostodoscomumareabilita-

ção...

low Cost / Good value / high Respect?

Page 22: Construção Magazine 47

20_ 24

20_cm

coeficientes parciais ou análise de risco. O

primeiro método caiu em desuso, pois verifi-

ca-se que a sua utilização conduz a margens

de segurança muito variáveis de estrutura

para estrutura. O método dos coeficientes

parciais de segurança, base dos regula-

mentos em vigor em Portugal, baseia-se na

consideração de valores de dimensionamento

para todas as propriedades, calibrados em

função da incerteza associada. Este método

permite apenas garantir que a segurança é

suficiente, não resultando numa medida da

segurança. Mais ainda, os valores dos coe-

ficientes parciais de segurança apenas são

válidos quando a incerteza nos parâmetros e

o nível de segurança pretendido são aqueles

assumidos no processo de calibração. Assim,

os métodos de análise de risco, baseados na

análise probabilística da segurança, surgem

como uma alternativa fundamental para a

avaliação de estruturas existentes. Como

referido, a margem de segurança alvo, assim

como a incerteza nas propriedades dos ma-

teriais e das ações, variam de estrutura para

estrutura, obrigando a uma avaliação, caso

a caso, de todos os parâmetros. Embora seja

mais complexa que uma análise baseada em

coeficientes parciais de segurança, a análise

probabilística é hoje acessível. As principais

dificuldades de uma análise probabilística

prendem-se com a maior exigência computa-

cional, a necessidade de definir distribuições

de probabilidades para todas as grandezas e o

reabilitação low cost / high valuereabilitação urbana de qualidade e a baixo custoEduardo Júlio, ICIST, DECivil – Instituto Superior Técnico-UTL, [email protected]

Luís Canhoto Neves, DEC – FCT-Universidade Nova de Lisboa, [email protected]

António Leça Coelho, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, [email protected]

Rita Bento, ICIST, DECivil – Instituto Superior Técnico-UTL, [email protected]

1. ENQUADRAMENTO

As intervenções realizadas nos últimos anos

consistiram em reabilitar o “velho” como

“novo”, ou seja, as estruturas existentes

de edifícios e pontes foram inspecionadas,

caracterizadas e o respetivo projeto de rea-

bilitação foi elaborado de forma a garantir a

sua segurança de acordo com os requisitos

regulamentares definidos para a construção

nova, incluindo o tempo de vida útil. Como

resultado, algumas intervenções tiveram um

custo da mesma ordem de grandeza da cons-

trução nova. A opção oposta de não intervir

tem implicações a diversos níveis. Inicialmen-

te, conduz a uma aceleração da degradação

da estrutura, resultando num aumento do

custo de intervenção, o qual cresce exponen-

cialmente com o tempo. Pode-se argumentar

que, não existindo hoje recursos financeiros,

tem de se protelar a intervenção, apesar de

se multiplicar várias vezes o custo associado,

esperando que um dia as condições sejam

mais favoráveis. Contudo, posteriormente, é

a segurança da estrutura que fica comprome-

tida, colocando-a em risco, assim como a vida

dos seus utilizadores. A alternativa a estas

duas abordagens, consiste em avaliar com

rigor a integridade estrutural, ajustar o tempo

de vida útil remanescente e restringir as soli-

citações a que a estrutura pode estar sujeita,

i.e., implica a realização de uma análise de

risco tendo por objetivo limitar a intervenção

necessária a um reforço cirúrgico, com custos

marginais, para assegurar a sua utilização

em segurança, incluindo a segurança contra

incêndio e a segurança sísmica.

2. ANÁLISE DE RISCO

A inexistência de regulamentos específicos

para a avaliação de estruturas existentes

conduz, frequentemente, à necessidade

de aplicação de ações de reforço de grande

extensão, com custos desproporcionados

aos reais benefícios obtidos. Com efeito, a

avaliação de segurança de uma estrutura

existente é um problema bastante diferente

do dimensionamento de uma estrutura nova

por três principais razões [1]. Em primeiro

lugar, a incerteza nas propriedades dos ma-

teriais, comportamento estrutural e efeito

das ações pode ser reduzida tirando partido

de ensaios de materiais (Figura 1), ensaios

de carga (Figura 2) ou medições de carga

permanente ou tráfego. Em segundo lugar, a

vida remanescente de uma estrutura é, em

geral, menor que o horizonte de projeto ini-

cial, conduzindo a menores valores máximos

das ações. Em terceiro lugar, o maior custo

inerente ao aumento de segurança permite,

para uma estrutura existente, a utilização de

margens de segurança menores.

A segurança estrutural pode ser avaliada

usando coeficientes globais de segurança,

Page 23: Construção Magazine 47

cm_21

uso de metodologias de fiabilidade, como se-

jam a simulação de Monte-Carlo [2]. A primeira

das dificuldades foi ultrapassada pela evolu-

ção dos meios computacionais disponíveis

a baixo preço. Em termos de caracterização

de variáveis, o Joint Committe on Structural

Safety, responsável pelo desenvolvimento

de formatos baseados em coeficientes par-

ciais de segurança, desenvolveu um código

modelo para a caracterização de resistên-

cias e ações, que pode ser integrado com

informação proveniente da estrutura, como

sejam resultados de ensaios ou medições de

tráfego [3]. Por último, existem disponíveis

implementações comerciais de métodos

de fiabilidade que permitem uma avaliação

simples de probabilidades de falha a um

utilizador com conhecimentos básicos de

fiabilidade estrutural.

Estão assim reunidas as condições necessá-

rias para um passo em frente na avaliação da

segurança de estruturas, de modo a evoluir

para uma avaliação mais consistente e uma

alocação de meios mais equilibrada.

3. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

Qualquer intervenção de reabilitação num

edifício implica, em consequência de exigên-

cias existentes na legislação específica [4 e

5], a verificação da qualificação ao fogo da

sua estrutura.

Para que se torne possível alcançar, por um

lado, os objectivos enunciados nos números

anteriores e que se traduzem numa avalia-

ção mais rigorosa da integridade estrutural

que conduza a uma alocação de meios mais

equilibrada e, por outro, respeitar as atuais

exigências legislativas às quais o projetista

não se pode fur tar, é imprescindível que

essa avaliação seja feita recorrendo a uma

engenharia de segurança ao incêndio (ESI),

a qual envolve diversas fases das quais se

destacam as seguintes:

– Escolha das bases para o projeto.

– Escolha do método de cálculo.

– Escolha da técnica de reabilitação.

No que se refere às bases para o projeto

salienta-se a importância da determinação

das ações térmicas (AT) a que a estrutura

estará sujeita e dos métodos de verificação

(MV) usados pelo projectista.

As AT podem ser obtidas com base em curvas

de incêndio nominais (padrão, para elemen-

tos exteriores ou de hidrocarbonetos) ou em

modelos de incêndio natural (simplificados

ou avançados). De entre as várias hipóteses

possíveis os modelos de incêndio avançados

são os que apresentam um maior rigor, per-

mitindo alguns deles a consideração do efeito

de diversos meios de segurança ao incêndio.

> Figura 1: Ensaio de carotes e ensaio de provete metálico.

> Figura 2: Ensaio de carga.

> 1

> 2

Page 24: Construção Magazine 47

22_cm

reabilitação low cost / high value

Contudo, a atual legislação [4 e 5] obriga à uti-

lização da curva ISO 834 [6], embora ela seja

demasiado conservativa e não traduza com

realismo os cenários de incêndio que ocorrem

na generalidade das situações.

No que concerne aos MV os projetistas pode-

rão considerar a estrutura global, uma parte

dessa estrutura ou os elementos estruturais

isolados desprezando as ligações entre eles.

Naturalmente que a opção do projetista por

uma análise da estrutura completa contri-

buíra para otimizar os resultados obtidos.

O método de cálculo utilizado deve ser um dos

previstos nos Eurocódigos [7 e 8], podendo

o projetista escolher entre os simplificados

e os avançados, para além do recurso a

tabelas. Os métodos avançados, concreti-

zados em programas de cálculo automático

baseados, geralmente, no método dos ele-

mentos finitos, são aqueles que permitem

uma análise mais rigorosa.

Das opções do projetista face às várias pos-

sibilidades de cálculo que tem ao seu dispor

resultará uma maior ou menor otimização dos

resultados obtidos e, consequentemente,

uma variação dos custos finais da reabilita-

ção, só sendo possível a minimização destes

sem comprometer a segurança se forem

escolhidas as bases para o projecto e os

métodos de cálculo mais rigorosos.

Se a verificação da resistência ao fogo da es-

trutura existente conduzir à conclusão de que

ela é igual ou superior à exigida pela legislação

[5] não há necessidade de sofrer qualquer in-

tervenção, caso contrário terá de ser protegida

da ação térmica devida a um eventual incêndio.

Essa proteção pode ser feita recorrendo a ma-

teriais diversos (argila, betão, gesso, pinturas

intumescentes, etc.) ou sistemas, devendo

o projetista optar pela solução que conduz

a um menor custo e assegure os objetivos

pretendidos, ilustrando-se nas Figuras 3 e 4

duas soluções para pavimentos de madeira.

Tendo presente a necessidade de otimizar

as soluções é necessário que a legislação

nacional [4 e 5] passe a permitir outros meios

de determinação das AT, incluindo o recurso

a modelos de incêndio avançados, de modo a

que não seja considerada uma ação térmica

muito superior à que a estrutura poderá ficar

sujeita numa situação de incêndio.

4. SEGURANÇA SÍSMICA

Em Portugal, há a possibilidade de voltarem

a ocorrer sismos com consequências seme-

lhantes ao de 1755, com efeitos devastado-

res, associados a significativos danos, tanto

humanos como nas construções. Atendendo

ao facto de, atualmente, a concentração de

pessoas em Lisboa e a sua capacidade de pro-

dução ser incomparavelmente superior à que

existia em 1755, verifica-se facilmente que o

número de pessoas a viver em construções

com uma resistência sísmica semelhante às

daquela época é de aproximadamente o triplo

[9]. Isto é, não seria necessário consumar-se

um sismo tão forte como o de 1755 para se

chegar ao mesmo número de vítimas huma-

nas e de danos muito severos no património

construído. Consequentemente, existe uma

necessidade urgente de proceder a uma rea-

bilitação urbana de qualidade, para garantir

a segurança das estruturas e proteger a vida

dos seus utilizadores.

O risco sísmico das estruturas resulta do

produto de três factores: perigosidade, ex-

posição e vulnerabilidade e é uma enorme

ameaça à segurança dos cidadãos (Figuras 5

e 6) e ao desenvolvimento sustentado do nos-

so país. Para que o risco seja baixo, basta que

um dos fatores referidos seja baixo. Em geral,

não é possível reduzir a perigosidade sísmica

(trata-se de um fenómeno natural que não é

possível controlar), nem há a capacidade de

atuar significativamente na exposição (não é

> Figura 3: Exemplo de solução de pavimento de madeira, incluindo isolamento térmico, com qualificação de resistência ao fogo.

> Figura 2: Exemplo de solução de pavimento de madeira, incluindo isolamento térmico e placas de gesso, com qualificação de resistência ao fogo.

> 3

1 Soalho de madeira não resinosa

(espessura ≥ 3 cm e ρ ≥ 6 kN/m3)

2 Isolamento térmico

(lã de rocha com espessura ≥ 5 cm)

3 Vigas de madeira

> 4

1 Placa de gesso com espessura ≥ 1 cm

2 Isolamento térmico

(lã de rocha com espessura ≥ 5 cm)

3 Vigas de madeira

4 Soalho de madeira não resinosa

(espessura ≥ 3 cm e ρ ≥ 6 kN/m3)

Page 25: Construção Magazine 47

possível limitar a fixação de populações em

zonas de elevada perigosidade). Contudo, a

engenharia sísmica dispõe presentemente

de conhecimentos científ icos e técnicos

para reduzir a vulnerabilidade sísmica das

estruturas; i.e., os conhecimentos existentes

permitem avaliar e reforçar adequadamente

edifícios e outros tipos de construções,

permitindo assim que estas apresentem um

comportamento adequado se voltarem a ser

atuadas por sismos extremamente fortes.

No entanto, a nível nacional há, neste momen-

to, um vazio regulamentar no que respeita

a intervenções em edifícios existentes, em

especial para os edifícios de alvenaria, e à

resistência sísmica dos mesmos. Dentro dos

principais regulamentos existentes que abor-

dam o tema, destacam-se, a nível europeu, o

Eurocódigo 8 [10] que reserva a Parte 3 [11]

(EC8-3) para a “Avaliação e reforço de edifícios

existentes” e a regulamentação italiana, no-

meadamente a norma OPCM 3274 de Maio de

2003 [12] e algumas alterações introduzidas

nesta pela norma OPCM 3431 de Maio de 2005

[13]. Fora do panorama Europeu, refere-se a

regulamentação americana, que é composta

por diversos documentos que se complemen-

tam e abrangem a temática associada.

Mesmo com a entrada em vigor do EC8-3 em

Portugal, continua a existir uma lacuna da

regulamentação na parte da decisão da ne-

cessidade de avaliar o desempenho sísmico

de edifícios existentes e no que respeita ao

nível e tipo de reabilitação a levar a cabo. Para

além disso, no EC8-3 o processo de avaliação

sísmica de uma estrutura existente tem o

mesmo nível de exigência que o processo de

reabilitação, tanto em termos de metodologia

como em termos da definição da ação sísmica.

Pelo contrário, o regulamento italiano permite

reduzir o nível da ação sísmica na avaliação e

reabilitação até um valor mínimo de 65% da

utilizada em edifícios novos e os documentos

norte americanos permitem a redução de 25%

da ação somente para a fase de avaliação [14].

Desta forma, o EC8-3, no seu estado atual e

sem a definição adequada do correspondente

anexo nacional, pode conduzir a situações

em que as intervenções em estruturas exis-

tentes tenham um custo da mesma ordem

de grandeza da construção nova, desincen-

tivando signif icativamente a reabilitação

urbana. É pois importante reduzir custos de

intervenção, incorporando uma análise avan-

çada de risco que tenha em conta o facto de

se estar a intervir em estruturas existentes

e não a projetar estruturas novas.

Pode concluir-se que há ainda um caminho

extenso a percorrer até se obter um docu-

mento com aplicação nacional que regule a

intervenção em edifícios existentes, que seja

de aplicação prática e que permita a donos de

obra e projetistas a elaboração de projetos

“possíveis” de executar com relações de

custo-benefício adequadas. Só dessa forma

se poderá potenciar a reabilitação e garantir

PUB

Page 26: Construção Magazine 47

reabilitação low cost / high value

24_cm

condições de segurança adequadas do nosso

património edificado para a atuação da ação

sísmica.

5. NOTAS FINAIS

A reabilitação urbana é a única via para in-

verter a degradação do espaço construído,

revitalizar os centros históricos e reestru-

turar as periferias. No entanto, o paradigma

da reabilitação não pode ser o adotado no

passado recente (reabilitações com custo su-

perior à construção nova; e instalações com

um custo de funcionamento acima dos orça-

mentos dos donos-de-obra). Pelo contrário, a

reabilitação deve ser low cost / high value, i.e.,

deve-se procurar maximizar o desempenho,

minimizando o custo da intervenção. Contu-

do, há uma série de fatores essenciais que

não podem ficar esquecidos neste processo,

como por exemplo, a segurança dos edifícios

à ação sísmica, a segurança contra incêndio,

ou a robustez estrutural. Acresce ainda que

a reabilitação urbana, além de conduzir a um

melhoramento do comportamento estrutural

dos edifícios, deve igualmente implicar um

aumento da sua eficiência energética e do

> Figura 5: Colapso total de uma construção de alvenaria de pedra em Vila do Bispo, Algarve, durante o sismo de 28 de Fevereiro de 1969.

> Figura 6: Danos na fachada de um edifício de dois pisos em Angra de Heroísmo (sismo de 1980).

BIBLIOGRAFIA

1. Diamantidis, D., Assessment of Existing Structures. Joint Committee of Structural Safety JCSS, Rilem Publications SARL, The publishing Company of Rilem, 2001. 159.2. Melchers, R.E., Structural reliability analysis and prediction. 1999: John Wiley Chichester.3. Vrouwenvelder, A., Developments towards full probabilistic design codes. Structural Safety, 2002. 24(2-4): p. 417-432.4. Decreto-Lei n.º 220/2008. D.R. 1.ª Série – N.º 220 – 12 de Novembro de 2008. Estabelece o regime jurídico da segurança contra incêndio.5. Portaria n.º 1532/2008. D.R. 1.ª Série – N.º 250 – 29 de Dezembro de 2008. Aprova o Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios.6. NP EN 1991-1-2. Eurocódigo 1 – Acções em estruturas. Parte 1-2: Acções gerais – Acções em estruturas expostas ao incêndio. Março 2010.7. NP EN 1992-1-2. Eurocódigo 2 – Projecto de estruturas de betão. Parte 1-2: Regras gerais. Verificação da resistência ao fogo. 2010.8. NP EN 1992-1-2. Eurocódigo 3 – Projecto de estruturas de aço. Parte 1-2: Regras gerais. Verificação da resistência ao fogo. 2010.9. Sousa Oliveira, C. 2008: “Efeitos naturais, impacte e mitigação”, Capítulo 3 no livro Sismos e Edifícios, Edições Orion, coordenador Mário Lopes, Lisboa, 51-140.10. EN 1998-1:2003. Eurocode 8 - Design of structures for earthquake resistance – Part 1: General rules, seismic actions and rules for buidings”, Ref. Nº, 2004.11. EN 1998-3, 2005. Eurocode 8: Design of structures for earthquake resistance, Part 3: Strengthening and repair of buildings”.12. OPCM n. 3274, “Primi elementi in materia di criteri generali per la classificazione sísmica del territorio nazionale e di normative tecniche per le costruzioni in zona

sísmica”, Suppl. ord. n.72 alla G.U. n. 105 del 8/5/2003, e successive modifiche ed integrazioni, 2003.13. OPCM. n. 3431. “Ulteriori modifiche ed integrazioni all’Ordinanza n.3274 del 20/3/2003, recante ‘Primi elementi in materia di criteri generali per la classificazione

sísmica del territorio nazionale e di normative tecniche per le costruzioni in zona sísmica’ ” Suppl. ord. n.85 alla G.U. n.107 del 10/5/2005, 2005.14. Casanova,S.,Bento,R.2008:“Regulamentação Internacional sobre a Avaliação e Reabilitação Sísmica de Edifícios Existentes”, Anexo4 no livro Sismos e Edifícios, Edições

Orion, coordenador Mário Lopes, Lisboa, 679-707.

seu conforto térmico e acústico.

Aumentar significativamente o desempenho

dos edifícios e, simultaneamente, reduzir os

custos de intervenção pode parecer irrealista

ou mesmo paradoxal. No entanto, este é um

objetivo possível, desde que seja feita a abor-

dagem técnica adequada, a qual deve incluir

a formação avançada dos intervenientes, a

elaboração de guidelines (e mais tarde legis-

lação adequada) a seguir ao nível da conceção

dos projetos de especialidade, sobretudo

Arquitetura e Estabilidade, e a definição de

cadernos de encargos detalhados a fornecer

às empresas construtoras.

> 5 > 6

Page 27: Construção Magazine 47

MOTIVAÇÃO

Os desafios que se colocam às coberturas de madeira são a procura de soluções inovadoras de sistemas estruturais, ligações, formas, materiais, acabamentos, indo ao encontro das atuais preocupações ambientais.Este seminário pretende constituir um fórum de discussão de ideias e soluções no domínio das coberturas de madeira, com a apresentação das tendências mais recentes, permitindo estabelecer a ponte com as soluções mais tradicionais e algumas reflexões sobre aspetos técnicos de desempenho e sustentabilidade na construção.

PROGRAMA

8:15 Receção dos participante

9:00 Abertura

9:15 Timber roofs – multifunctional structures – from design to fire safetyProf. Stefan Winter (TUMunique)

9:45 Metodologia para conservação de estruturas de madeira: Teoria e práticaProf. Paulo B. Lourenço (UMinho)

10:15 Telhados da cidade antiga: da expectativa ao desempenhoProf. Raimundo Mendes da Silva (FCTUC)

10:45 Café

11:15 Inspeção e monitorização de coberturas de madeiraDr.ª Helena Cruz (LNEC)

11:45 Análise e reforço de coberturas tradicionaisProf. Jorge M. Branco (UMinho)

12:15 Exemplos de intervenção em coberturas existentesEng.º Filipe Ferreira (AOF)

12:45 Almoço

14:00 Coberturas em madeira, diferentes sistemas estruturais e métodos de pré-fabricaçãoEng.ª Sílvia Fernandes (Carmo Estruturas)

14:30 Velódromo Nacional de SangalhosArq.º Rui Rosmaninho

15:00 Rethinking the roof structure. Strategies to obtain more energy efficient roofsArq. Manuel García Barbero

15:30 Estrutura de madeira revestida a telha cerâmica – Uma solução construtiva sustentávelEng.º Pedro Lourenço (Umbelino)

16:00 Café

16:30 El Metropol Parasol es algo más que una coberturaEng.º David Rifá (Finnforest)

17:00 Dome Structures. Saldome 2Eng.º Cristoph Häring (Häring)

17:30 Innovative timber roofs structuresProf. Yves Weinand (EPFL-IBOIS)

18:00 Debate

18:30 Encerramento

FORMATO

O seminário contará com a participação de diversos especialistas, nacionais e estrangeiros. As comunicações apresentarão os aspetos principais relativos às soluções tradicionais, ao seu reforço, à inspeção e monitorização, à inovação de novas soluções, à valorização arquitetónica e à eficiência energéticas. Serão apresentadas várias realizações nacionais e estrangeiras.Paralelamente decorrerá uma exposição técnica com os mais recentes desenvolvimentos em termos materiais e tecnológicos.

Coberturas de MadeiraSeminário

Guimarães 19 abril 2012

COMISSÃO ORGANIZADORA

Paulo B. Lourenço, Jorge M. Branco

ORGANIZAÇÃO APOIOS

INFORMAÇÕES

SEMINÁRIO COBERTURAS DE MADEIRAUniversidade do MinhoDepartamento de Engenharia CivilAzurém, P-4800-058 GuimarãesTel 253 510218 . Fax 253 510217Email [email protected]

www.civil.uminho.pt/coberturas/

Page 28: Construção Magazine 47

soluções contrutivas

26_cm26_cm

disponibiliza soluções capazes de responder a

qualquer uma dessas necessidades aos donos

de obra, empreiteiros ou especificadores.

A impermeabilização é um fator fulcral na

reabilitação de edifícios, pois a maior parte

das anomalias que surgem são causadas por

infiltrações ou pelo contacto permanente

com água. Da impermeabilização depende a

durabilidade dos restantes materiais e, por

consequência, a durabilidade do edifício.

Desde a fundação da empresa, as soluções

para a reabilitação na vertente de imperme-

abilização foram sempre associadas à Sika.

O nosso primeiro produto, Sika-1, foi desen-

volvido em 1910 para a impermeabilização de

uma obra de referência internacional, na Suíça.

Soluções de Reabilitação Urbana Low CostSusana Quintal

Departamento Técnico e de Marketing

Sika Portugal S.A.

[email protected]

Depois de assumida a premência nacional na

reabilitação urbana, são exigidas às empresas

do setor da construção novas estratégias e

soluções que acompanhem esta necessidade.

A reabilitação “low cost” é uma solução atraen-

te nesta fase. Num período de recessão e de

grandes desafios a nível económico, torna-se

imperativo o incremento de mecanismos de

promoção e incentivo à reabilitação urbana

através de benefícios fiscais ou apoio finan-

ceiro aos proprietários de edifícios.

Na sua ausência ou carência, o fornecimento

de solução de reabilitação “low cost” traduz-

se no efetivo acompanhamento e resposta

às necessidades do mercado por parte das

empresas através da apresentação de so-

luções de qualidade e económicas sendo,

simultaneamente, soluções práticas e com

processos de aplicação agilizados.

É importante ainda que estas soluções asse-

gurem a sua durabilidade para que o tempo de

vida útil dos edifícios seja prolongado e os cus-

tos de manutenção reduzidos – é esta a mais

correta estratégia de reabilitação “low cost”.

As soluções mais duradouras são, à partida,

mais económicas a longo prazo, pelo que se a

análise for feita tendo em conta a vida/durabi-

lidade expectável do edifício, conseguir-se-á

poupar recursos que se refletem quer a nível

económico quer a nível ambiental.

Soluções mais duráveis reduzem à partida o

número de intervenções de manutenção ao

longo da vida útil dos edifícios, rentabilizando

o investimento inicial.

Os edifícios e infraestruturas construídos ao

longo dos últimos 100 anos revestem-se, na

atualidade, de elevado valor económico, cultu-

ral e social. Para garantir a manutenção desse

valor são necessárias intervenções periódicas

de reparação e reabilitação.

À semelhança do que sucede com a obra

nova, a Sika aporta um valioso contributo

aos projetos de reparação e reabilitação. As

nossas soluções nesta área cumprem os mais

elevados requisitos em termos de qualidade

e rentabilidade, contribuindo também para a

sustentabilidade das intervenções.

Na reabilitação de um edifício estão geralmen-

te em causa diversos tipos de intervenções de

raiz estrutural, funcional ou decorativa. A Sika

As soluções mais duradouras são, à partida, mais económicas a longo prazo, pelo que se a análise for feita tendo em conta a vida/durabilidade expectável do edifício, conseguir-se-á poupar recursos que se refletem quer a nível económico quer a nível ambiental.

Page 29: Construção Magazine 47

cm_27

Sendo a impermeabilização um dos aspetos

mais importantes num projeto de reabilitação

e uma área onde a Sika assume um papel de

relevância no setor da construção, é um dos

vetores onde mais investimos em Investigação

& Desenvolvimento, o que nos permite uma

abordagem integrada e com diferentes tecno-

logias, cada uma ajustada às necessidades

distintas dos elementos que compõem uma

intervenção de reabilitação.

Sendo as fachadas o rosto de um edifício, a

cara e o traço cultural de cada cidade, é im-

portante que estas se mantenham saudáveis.

Elas são constituídas por uma grande varieda-

de de elementos construtivos: portas, janelas,

juntas de dilatação, ombreiras, soleiras, reves-

timentos, betão, etc. onde estão presentes

materiais distintos, cada um com comporta-

mento diferente na presença de água.

No que respeita à selagem de caixilhos,

se esta for feita adequadamente contribui

para diminuir as necessidades térmicas do

edifico. Uma correta selagem evita a entrada

de água por estas zonas e a consequente

degradação dos materiais adjacentes, assim

como o aparecimento de fungos. Para este

tipo de trabalhos recorre-se, normalmente,

a mastiques com boa aderência à base e de

grande resistência à exposição ambiental e

ao envelhecimento.

As juntas de dilatação são outro ponto im-

portante num edifício, pois muitas vezes a

selagem incorreta, degradada, ou até mesmo

inexistente deixa que a água entre em contacto

com a estrutura e leva ao aparecimento de

graves anomalias no interior do edifício.

Devido ao estado de degradação de muitos

edifícios ou habitações no que respeita a

fachadas, com maiores ou menores vãos e

expressão, a mais evidente anomalia nos

edifícios portugueses é a fissuração.

Qualquer que seja o revestimento da fachada, o

tratamento prévio da fissuração é imprescindí-

vel numa abordagem “low cost” da reabilitação.

É importante que o revestimento tenha carac-

terísticas que permitam acompanhar futuros

movimentos, impedindo que a água penetre na

estrutura, para além de ter boa resistência à in-

tempérie e capacidade de deixar a estrutura res-

pirar. Neste grupo, entre outros, enquadram-se

as membranas elásticas, aplicadas como pintura.

Mesmo quando o acabamento da fachada é

realizado em cerâmico ou pedra, há que imper-

meabilizar estes materiais, mantendo o aspeto

original dos mesmos, com uma impregnação

transparente, repelente de água. A adoção des-

ta solução de reabilitação e impermeabilização

previne simultaneamente o aparecimento de

fungos e musgos.

A fachada quando não integral, contém muitos

elementos construtivos em betão aparente,

onde é necessário complementar a sua im-

permeabilidade sem afetar a estética. Sendo

o betão um material permeável pela sua natu-

reza, e cuja durabilidade depende muito da pre-

venção de aparecimento de anomalias (como

a delaminação e corrosão de armaduras), a

utilização de impregnações hidrofóbicas per-

mite colmatar as necessidades em termos de

proteção e durabilidade.

Tendo em conta que a fachada é o espelho do

edifício, este artigo reflete as opções correntes

de reabilitação com soluções Sika para este

elemento.

No entanto, para além destas, a Sika responde a

muitas outras necessidades nomeadamente: re-

forço estrutural, impermeabilização de cobertu-

ras, terraços e varandas, reparação de betão, etc.

Todas estas soluções devem ser encaradas

não como soluções isoladas, mas como

complementares e integradas num projeto

comum de reabilitação, de forma a assegurar

a qualidade e sustentabilidade da Construção.

www.sika.pt

Page 30: Construção Magazine 47

soluções contrutivas

28_cm28_cm

tos únicos, há uma redistribuição de esforços

ao longo de todas as paredes resistentes do

edifício, com a consequente maximização da

sua capacidade resistente.

Quando o edifício existente requer uma inter-

venção de reforço estrutural, seja devido ao

seu estado de degradação, seja por que a obra

em causa implica uma ampliação da volumetria

e, portanto, das cargas aplicadas, uma solução

mista, onde se pode incluir o betão armado ou

a estrutura metálica pesada, com a estrutura

ligeira em aço galvanizado, pode ser a melhor

combinação neste tipo de intervenções.

A criação de um lintel de coroamento sobre as

paredes exteriores, no topo do edifício, permiti-

rá em muitas situações aumentar a capacidade

resistente ou, no mínimo, consolidar a prevista

anteriormente. Este lintel redistribuirá sobre o

edifício as cargas aplicadas pela estrutura li-

geira ao longo de todas as paredes resistentes.

Na construção de lajes de piso, paredes exterio-

res, interiores e coberturas, das mais variadas

formas e acabamentos, muita liberdade se pode

Light Steel Framing – otimização da estrutura, conforto e custoFrancisco Vilhena

Engenheiro, Dosmontes Construções

[email protected]

Requere-se o conhecimento e avaliação de di-

versas soluções para que se possa determinar

qual ou quais as hipóteses mais convenientes,

de modo a otimizar a intervenção e, conse-

quentemente, o seu custo.

A hipótese do betão e alvenaria, embora

seja a solução mais enraizada na resolu-

ção de todas as questões, nem sempre se

configura como a solução mais eficiente ou

económica, já que o inerente acréscimo de

peso sobre a estrutura antiga nem sempre é

viável, obrigando frequentemente à criação

de reforços de dimensão apreciável, podendo

ir até às fundações, para que o edifício em

recuperação possa receber as novas cargas.

Os trabalhos resultantes em demolições,

materiais, mão de obra e tempo, levarão a

um custo obviamente elevado.

A minimização das cargas e a otimização dos

pontos onde as mesmas se irão aplicar é, na

reconstrução, a chave para que a intervenção

se possa dar a custos aceitáveis.

Um método altamente eficiente e em franca ex-

pansão na utilização em reconstrução, devido

à sua comprovada capacidade, versatilidade,

simplicidade e muito baixo peso, é o sistema

conhecido por estrutura metálica ligeira, em

perfis de aço galvanizado, na tradução de “Li-

ght Steel Framing” ou, mais simplesmente, LSF.

Utilizando perfis moldados a partir de chapa

de aço galvanizado, com espessuras variando

vulgarmente entre os 1,5 e 3mm, obtêm-se

secções de resistência muito significativa e

muito baixo peso.

Aplicando repetidamente estes perfis ligeiros

ao longo de toda uma superfície que se preten-

da criar, seja uma laje ou uma parede, teremos

cada perfil a suportar uma parte da carga

total, a qual é assim distribuída em pequenas

cargas, ao longo de toda a linha de apoio e

descarga, com as óbvias vantagens que daí se

advinham: menores cargas, menos reforços,

menores intervenções, menos custo.

Não havendo concentrações de cargas em pon-

Na reconstrução, quando é necessária a intervenção ao nível da estrutura, seja por haver degradação da existente, seja por uma necessidade de alteração da configuração, volumetria, ou alterações dos pontos de descarga de esforços, a solução escolhida é determinante quanto à dimensão da intervenção e, assim, quanto ao seu custo.

Page 31: Construção Magazine 47

cm_29

dar aos arquitetos que se disponham a tirar

partido do muito que uma estrutura altamente

interligada como esta lhes poderá proporcionar.

Adotada pelos técnicos, rapidamente foi

reconhecido o seu desempenho superior

pelos habitantes, que usufruem de condições

de conforto inatingíveis para o habitante

das alvenarias. Se estruturalmente o seu

comportamento é já tecnicamente reconhe-

cido, no que se refere a conforto térmico e

salubridade os materiais que envolvem esta

estrutura metálica não serão menos reco-

nhecidos, já que as suas características e

desempenho são determinados para os fins

a que se destinam.

As placas de gesso laminado não serão uni-

camente puros revestimentos, mas atuam

como reguladores da humidade ambiente. O

espaço livre deixado entre os perfis, quando

não é utilizado pelas infraestruturas que aí se

distribuem, é preenchido por materiais como

a lã mineral, que atua como isolante térmico

e acústico.

Pelo exterior, ou sobre as lajes, o revestimento

estrutural é feito com placas de OSB, material

composto por lascas de madeira prensada,

com características de resistência mecânica

excelentes, fazendo uma interligação suple-

mentar às ligações do aço. Fechando integral-

mente a estrutura, é ainda o suporte para o

isolamento exterior suplementar.

Numa cobertura, ou em qualquer parede ex-

terior, o isolamento deve ser cuidado, não se

devendo poupar na espessura dos materiais

isolantes empregues, dado que o pouco custo

envolvido na sobre espessura terá retorno

garantido nos gastos energéticos e conforto

alcançados.

O baixo custo energético na obtenção da tem-

peratura de conforto é devido à baixa inércia

térmica destas paredes, sendo por tanto

rápida e fácil a modificação da temperatura

interior. A temperatura no interior de qualquer

casa resulta do balanço entre o fluxo de calor

produzido, potência do aquecedor e o fluxo

de calor dissipado, tanto maior quanto maior

a massa da parede e menor o isolamento. Há,

portanto, uma temperatura máxima alcan-

çável, dependente das características dos

equipamentos de produção e conservação do

calor. Numa parede em que, pelo lado interior,

se tem uma placa de gesso laminado de 15 a

25mm de espessura, seguida de lã mineral, a

massa de material a aquecer é diminuta e as

características de isolamento são excelentes.

Assim sendo, atinge se mais rapidamente uma

temperatura de equilíbrio e o seu valor, para o

mesmo equipamento de aquecimento, será

mais alto. Pode se, portanto, não só poupar

na energia consumida como, também, na

potência do equipamento de aquecimento/

arrefecimento.

Resumindo, quando avaliamos o valor de

uma obra de reconstrução, devemos ter em

conta uma grande variedade de resultados,

considerando-se desde a solução construtiva

adotada e especificações dos materiais, às

suas funções e desempenho, características

dos equipamentos instalados, não desprezan-

do nunca os custos energéticos necessários à

obtenção do tão desejado conforto. A economia

trazida por um bom projeto, refere-se não só

à avaliação da solução construtiva adotada e

ao inerente custo da obra mas, também, ao

desempenho da habitação e custos futuros na

sua exploração e manutenção. Em ambas as

perspetivas, a estrutura metálica ligeira tem

um desempenho excelente sendo, por isso,

crescente a sua utilização.

www.dosmontes.com

Page 32: Construção Magazine 47

30_cm

34_35 i&d empresarial

A Derbipure é uma inovadora membrana desen-

volvida pela empresa Derbigum. Esta é a primeira

membrana 100% natural, isto é, os componentes

são à base de plantas, livres de betumes e sem

compostos sintéticos.

A membrana conta com uma cobertura composta

por uma mistura de resinas de madeira e resíduos de

óleo vegetal oriundos da indústria de papel e madeira,

entre outros. O revestimento é impregnado com um acrílico

altamente reflexivo branco que dá um coeficiente de reflexão

de 81%. Pode ser instalado sem ser necessário ar quente, bastando o adesivo orgânico que é

100% reciclável. Este material está certificado com o selo Cradle to Cradle.

A membrana pode ser utilizada como um escudo de calor para reduzir as cargas de ar condicio-

nado e / ou ventilação, economizando energia e reduzindo as emissões de CO2. Além disso, ao ter

“pH neutro”, a Derbipure também é adequada para a recuperação de água das chuvas.

Esta membrana impermeabilizante tem uma película protetora na parte superior que torna a insta-

lação rápida e limpa. No final da instalação, a película é facilmente removida. A face superior dispõe

também de uma faixa de 10 cm, sem a camada branca, para facilitar a soldadura da sobreposição.

www.derbigum.com

Membrana impermeabili-zante de origem vegetal

CaraCterístiCas téCniCas:

− Flexibilidadeabaixatemperatura:≤20º C

− Resistênciaàtração:1000/1000N/5cm

− Estabilidadedimensional:±0,3%

− Resistênciaàrutura:350N

− Resistênciaaoimpacto:20kg Apresentação infográfica em www.youtube.com/watch?v=XLGG-bRG2vE

Page 33: Construção Magazine 47

cm_31

O Solar-vent-Plus é um novo tipo de sistema

solar que aproveita diretamente a energia

do sol e com rendimento elevado. Através

deste painel é possível manter um conforto

adequado e agradável nas casas, indústrias

ou outros locais que sejam beneficiados com

estes sistemas.

O Solar-vent-Plus capta e usa diretamente a energia

solar acumulada nele através do efeito estufa provocado

pelo sol ou de simples incidência luminosa (em dias encobertos

poderá também aquecer, embora com rendimento inferior). Em versões industriais, o ar interior

pode ser captado da nave, ser reaquecido e ser enviado de novo para o local.

O custo energético desta solução é zero (caso esteja instalado com a versão módulo fotovoltaico

para alimentação do ventilador) ou extremamente reduzido com a utilização de um ventilador

sem módulo solar fotovoltaico (cerca de 80 W). Melhora a eficiência energética do edifício e

reduz a fatura energética do edifício.

Permite filtrar e renovar o ar interior do edifício, mesmo sem abertura de janelas ou sem uso

de ventilação mecânica, contribuindo desta forma para evitar os maus cheiros, os excessos

de humidade, bolores, fungos e os demais poluentes que normalmente se desenvolvem em

espaços fechados e mal arejados. Além disso consegue pressurizar os espaços com ar quente

e seco, forçando o ar viciado que lá exista a sair para o exterior, levando consigo a humidade

em excesso.

www.chatron.pt

Novosistemasolar

VANTAGENS:

− Nãonecessitadelíquidosanticongelan-

tesououtros,dadoqueoúnicofluido

usadoéoar

− Possibilidade de interligação com

sistema de aquecimento ou de ar-

condicionadoexistente

− Possibilidadedefuncionamento100%

autónomodeenergiaelétricaatravés

daadiçãodemódulofotovoltaicopara

fornecimentodeenergiaelétricapara

o ventilador

Page 34: Construção Magazine 47

O principal objetivo dos sistemas de proteção de

superfície é proteger as estruturas de influências

ambientais agressivas. Os requisitos de desem-

penho que recaem sobre tais sistemas estão

estipulados nos regulamentos internacionais.

Eles contêm especificações exatas em relação a

resistência aos UV, a absorção capilar de água, a

aderência ao substrato, a variadade de cores, bem

como a resistência ao vapor de água e dióxido de

carbono. Os valores daí resultantes são conside-

rados como o padrão para todos os sistemas de

proteção de superfície.

Desvantagens Dos sistemas comuns

A experiência tem demonstrado, contudo, que

estes requisitos são altamente insuficientes. As

tecnologias atuais ainda têm muitas insuficiên-

cias. Em primeiro lugar, e acima de tudo, trata-se

da sua tendência para se sujarem facilmente. Isto

acontece, nomeadamente, devido aos sistemas

convencionais de proteção de superfície consis-

tirem numa base de dispersão de polímero ligada

através de secagem física. A consequência é uma

estrutura de poros abertos, onde as partículas

podem facilmente assentar, proporcionando as

condições ideais para o crescimento de algas

ou musgo.

Outra desvantagem importante é o comporta-

mento de criação de pó (chalking), ou seja, perda

de espessura da camada como resultado das

condições atmosféricas. Os revestimentos à base

de dispersão polimérica perdem entre 3 a 5 µm

por ano, o que reduz progressivamente o seu

efeito protetor.

emcephob nanoperm pProteção de Superfície de Alto Desempenho

Os sistemas de proteção de superfície habi-

tuais atingem rapidamente os seus limites,

pois não podem fornecer uma proteção

abrangente e duradoura das superfícies

da estrutura do edifício. Neste contexto, a

MC-Bauchemie Research & Development

desenvolveu um sistema de proteção de

superfícies inovador que oferece uma pro-

teção realmente duradoura e cujo espectro

amplo de desempenho supera todas as

soluções existentes.

PUBLI-REPORTAGEM

A MC-Bauchemie apresenta um sistema de proteção superficial na categoria de alto desempenho, com base na nano tecnologia.

Danos causaDos pelos graffitis

Mas um outro inimigo ataca à noite: graffiters saem

à rua para “decorar” no escuro e quanto mais nova

e limpa fôr a superfície do edifício, maior é o “desejo

de adornar”. Os sistemas de proteção de superfície

comuns raramente permitem a remoção total de

tal “expressão artística”. Isto significa que, infeliz-

mente, um prédio novo ou pintado recentemente

perde parte do seu apelo estético de imediato.

sistema inovaDor De proteção

De superfícies

O objetivo da pesquisa da MC foi o de proporcionar

aos empreendedores, projetistas e aplicadores

um valor acrescentado real, ao fornecer um novo

sistema que permite uma proteção total, garan-

tindo a funcionalidade duradoura da estrutura de

construção, bem como da sua estética.

A solução é o Emcephob NanoPerm P, um sistema

de proteção superficial na categoria de alto desem-

penho. É um organo-silício acrilato de poliuretano

modificado, aquoso, pigmentado, com base na

nano tecnologia. O seu amplo espectro de caracte-

rísticas técnicas é único, tornando-o num produto

que oferece mais proteção do que qualquer outro

sistema de proteção de superfície no mercado.

Não só fornece uma proteção credível do betão e

da contaminação, como também é uma excelente

proteção dos edifícios em relação aos graffitis.

requisitos cumpriDos e até ultrapassaDos

Todos os requisitos base da regulamentação

em termos de resistência ao UV e à intempérie

Page 35: Construção Magazine 47

são não só cumpridos como até alguns deles

são largamente ultrapassados. Por exemplo, a

resistência do Emcephob NanoPerm P contra a

difusão do dióxido de carbono é maior do que

3.600 m – sendo que apenas é necessário um

valor superior a 50 m. Com isto, o sistema reduz

de forma muito eficaz a taxa de carbonatação.

A resistência contra a difusão de vapor de água,

que deve ser menor que 4 m, também é significa-

tivamente melhor, sendo de apenas 1,2 m. Assim,

a capacidade de difusão que é necessária para as

estruturas permanece intacta após a aplicação do

Emcephob NanoPerm P.

Mas o Emcephob NanoPerm P oferece muito

mais: em contraste com os sistemas comuns

a interligação física não é alcançada por meio

de secagem física, mas através de uma reação

química à nanoescala. Assim, através da incor-

poração de compostos de organo-silício, é criado

um polímero de poliuretano altamente reticulado

e resistente, que se destaca pela sua superfície

totalmente impermeável e resistente aos riscos

com baixa tensão superficial. Esta nova estrutura

de superfície protege da contaminação da suji-

dade, musgo e algas com um efeito duradouro.

Com uma espessura de camada seca de 200 µm consegue alcançar-se uma cobertura equivalente de betão de 4,4 m

quando se usa Emcephob NanoPerm P!

Além disso, devido ao comportamento robusto

da superfície, o criação de pó (chalking) já não

representa um problema. Adicionalmente, os

graffiters ficam sem tela, dado a superfície ser

resistente a solventes, graffitis e outras desfigu-

rações que podem ser removidos sem qualquer

problema, usando o Emcephob Basic Cleaner

especialmente desenvolvido para combinar com

Emcephob NanoPerm P.

Emcephob NanoPerm P é hidrofóbico e, portanto,

altamente repelente de água e resistente, o que o

torna apto para ser utilizado em zonas de salpicos

e noutras áreas sujeitas a exposição severa à água.

Adicionalmente, também é resistente à geada, aos

sais de congelamento e descongelamento, pos-

suindo um certificado da categoria B1 de resistência

ao fogo em construções, de modo que o produto é

adequado para uso em projetos que também requei-

ram uma maior proteção ao fogo (por exemplo, um

túnel). Por tudo isto, a nova superfície de proteção da

MC tem um âmbito de aplicação muito mais amplo,

no setor da proteção das construções, do que os

sistemas comuns.

www.mc.bauchemie.pt

proprieDaDes

– Poliuretano bicomponente, base água

– Repelente à sujidade e à água

– Resistente às intempéries e aos raios UV

– Resistente à abrasão

– Resistente ao ataque de cloreto

– Resistente à carbonatação

– Permeável à difusão de vapor de água

– Aplicação por rolo ou pulverização

– Protege contra pichamento

O teste de comparação mostra claramente a vantagem da limpeza de Emcephob NanoPerm P: qualquer água

que escorra sobre esta superfície, tal como a água da chuva, atua como um eficaz processo de limpeza.

Page 36: Construção Magazine 47

34_cm

34_35

A transmissão sonora entre dois compartimentos é um fenómeno complexo, que envolve

geralmente transmissões diretas (quando existe um elemento de separação comum aos dois

compartimentos) e transmissões secundárias (através dos elementos adjacentes ou de espa-

ços laterais). A Figura 1 esquematiza o processo de transmissão que pode ocorrer entre dois

compartimentos adjacentes. Em fase de projeto, a quantificação da transmissão por estas vias

pode ser efetuada através dos modelos indicados na norma EN 12354-1:2000.

Considerando como referência a ilustração apresentada na Figura 1, o índice de redução sonora

aparente R’w

, resultante da contribuição dos diferentes caminhos de transmissão, pode ser

determinado a partir da seguinte expressão:

Onde os parâmetros Dn,e,w

e Dn,s,w

correspondem respetivamente aos índices de isolamento através

de “pontos fracos” e por via indireta (não marginal), dificilmente quantificáveis para a generali-

dade das situações, e os parâmetros RDd,w

, RFf,w

, RFd,w

e RDf,w

correspondem a índices de redução

sonora respetivamente por via direta e pelos três caminhos de via marginal de cada elemento. S

corresponde à área de separação comum entre compartimentos adjacentes.

Para situações correntes de construção tradicional, com lajes em betão (maciças ou aligeiradas)

e paredes em alvenaria, e sem “defeitos” de construção, entre as várias vias indicadas as mais

relevantes correspondem habitualmente às transmissões por via direta e por via marginal,

existindo uma interdependência entre estas vias. No entanto, para valores de Rw

iguais ou infe-

riores a 40 dB, a influência das transmissões marginais é geralmente desprezável. Para valores

de Rw

entre 40 e 55 dB, as quebras de isolamento originadas pelas transmissões marginais

variam habitualmente entre 1 e 5 dB, conforme metodologia simplificada proposta na Tabela 1.

Para valores de Rw

superiores a 55 dB, e em especial para elementos de separação reforçados

INFluêNCIa das TraNsmIssões margINaIs NO IsOlameNTO a sONs aéreOs – PrOPOsTa de aBOrdagem sImPlIFICada

Diogo Mateus, Prof. auxiliar do deC/FCTuC, dir. Técnico do lab. CONTraruIdO

acústica

com elementos aligeirados (por exemplo em

gesso cartonado e caixa de ar com absorvente

sonoro), as quebras podem ser muito signi-

ficativas, recomendando-se a aplicação dos

métodos de cálculo preconizados pela norma

eN 12354-1:2000. refira-se que, os valores

apresentados na Tabela 1 (ver página seguin-

te) encontram-se tendencialmente do lado da

segurança, em especial quando os elementos

marginais possuem massas elevadas e/ou

menor grau de encastramento na junção com

o elemento direto.

O índice Rw

, que ocorre apenas por via direta,

pode ser obtido experimentalmente em labo-

ratório, nomeadamente através de resultados

divulgados pelo fabricante ou publicados em

documentação técnica (ver coluna de acústica

dos números 41 e 43 desta revista), ou esti-

mado, através de modelos de previsão. Com

base no índice Rw

, na quebra de isolamento

por transmissão marginal (K) e nas carate-

rísticas do local recetor (volume V), área de

separação direta (S) e tempo de reverberação

de referência (T0), que é igual ao requisito T ou

igual a 0,5, quando não se aplica requisito T, é

possível determinar o índice de isolamento

sonoro padronizado DnT,w

a partir da seguinte

expressão:

Considere-se, por exemplo, a separação entre

dois quartos adjacentes da mesma prumada

ver tical de um edifício multifamiliar, com

4,0x3,5 m2 de área de piso e 2,6 m de pé direito,

com duas paredes de fachada, em alvenaria

de tijolo de 15+11 cm, e duas interiores, em

alvenaria de tijolo de 11 cm, e uma laje de sepa-

ração em betão com blocos de aligeiramento,

com cerca de 450 kg/m2, incluindo enchimento

de piso. Nestas condições, se for considerado

um índice Rw

de 53 dB para o piso, o valor esti-

mado para R’w

, com base na abordagem simpli-

ficada anteriormente proposta, é próximo de

49 dB (considerando K = 4dB) resultando um

> Figura 1: Caminhos de transmissão possíveis entre duas salas adjacentes.

Page 37: Construção Magazine 47

índice DnT,w

próximo de 48 dB [DnT,w

= 53 – 4 + 10Log(36,4/(6,25 x 0,5 x 14))]. Com a aplicação do

método da norma eN 12354-1:2000, admitindo Rw

= 52dB para as paredes de fachada, e Rw

= 41dB

para as divisórias interiores, obtém-se um valor de DnT,w

próximo de 49 dB (ou indiretamente um K

= 3dB). Caso se proceda ao reforço da laje com um teto falso, que garanta um índice DRw

= 10dB ,

o valor global de Rw

aumenta para 63 dB, mas, da aplicação da norma eN 12354-1:2000, o valor de

DnT,w

aumenta apenas para 53 dB (que indiretamente permite chegar a um K = 9dB). Nestes casos,

o aumento significativo de DnT,w

implica geralmente o reforço também dos elementos marginais.

apesar desta abordagem simplificada poder conduzir a resultados diferentes dos obtidos com

métodos mais detalhados, os desvios são geralmente muito menos relevantes que os que

podem resultar de um processo construtivo incorreto e/ou de más decisões tomadas em obra.

Tal como se tentou demonstrar nesta coluna de acústica, em edições anteriores, a obtenção de

Isolamento conferido pelo elemento de separação direto

Quebra de isolamento sonoro(K = R’

w – R

w)

Rw

≤ 40 dB ≈ 0 dB

40 < Rw

≤ 45 dB ≈ 1 dB

45 < Rw

≤ 50 dB ≈ 1 a 3 dB

50 < Rw

≤ 55 dB ≈ 3 a 5 dB

Rw > 55dB Cálculo detalhado através da norma

eN 12354-1:2000

> Tabela 1: Quebras de isolamento sonoro (K) entre compartimentos adjacentes, originadas por transmissões mar-ginais, para situações correntes de construção tradicional pesada (com lajes em betão, maciças ou aligeiradas, e paredes em alvenaria).

Cada vez mais e com maior intensidade, a sociedade exige aos Promotores e Empresas melhor controlo dos seus produtos e serviços, para assegurar ao cliente e utilizador a confiança da qualidade do imóvel. Neste âmbito, o Bureau Veritas presta serviços como Organismo de Controlo Técnico (OCT) e tem como objectivos garantir a qualidade da obra e informar as companhias seguradoras sobre os riscos presentes na cobertura do seguro decenal.

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O BUREAU VERITAS ATESTA A QUALIDADE NA REABILITAÇÃO

PuB

sucesso na construção exige um profundo

conhecimento dos materiais e das tecnologias

de construção empregues, sendo fundamental

uma adequada interligação entre a acústica e

as restantes especialidades envolvidas em

projeto. uma solução construtiva com um

previsível elevado desempenho acústico pode

resultar num fracasso completo, se forem co-

metidos alguns erros de execução, mesmo que

de pequeníssima dimensão, que muitas vezes

passam despercebidos em obra.

Page 38: Construção Magazine 47

36_cm

36_37

INTRODUÇÃO

As anomalias verificadas em revestimentos

de piso de madeira, durante a sua aplicação

ou numa fase precoce de funcionamento,

têm normalmente origem numa associação

de erros básicos que poderiam facilmente ter

sido evitados.

No número CM43 foram referidos alguns

problemas de durabilidade e estabilidade

dimensional relacionados com a insuficiente

secagem da betonilha, o teor de água da ma-

deira desajustado e deficiências de colagem.

Neste número são abordados problemas

relacionados com a má seleção da madeira,

pormenores construtivos desfavoráveis, de-

feitos de acabamento e erros de manutenção.

Estes textos refletem a experiência do LNEC

em matéria de acompanhamento de obras e

diagnóstico de anomalias. Os exemplos aqui

apresentados ilustram anomalias correntes

mas não esgotam, naturalmente, a diversidade

de situações que podem ocorrer.

SeleÇÃO Da maDeIRa

A escolha da madeira deve ter em atenção,

não só as suas características visuais mas

igualmente a sua estabilidade dimensional,

durabilidade e resistência ao desgaste ou du-

reza. Estas características devem constar das

Fichas Técnicas do produto ou ser consultadas

em publicações técnicas especializadas, co-

ANOMALiAs COMuNs NA ApLiCAçãO dE rEvEsTiMENTOs dE pisO dE MAdEirAParte 2 – seleção da madeira, pormenores construtivos, acabamento e manutenção

Helena Cruz, investigadora principal do LNEC

estruturas de madeira

nhecida a espécie florestal (preferencialmente

a respetiva designação botânica).

uma boa estabilidade dimensional da madeira

(baixos coeficientes de retração e baixo fator

de anisotropia) limita as consequências das

variações do seu teor de água, quer no decurso

da aplicação quer ao longo da sua vida útil.

deve por isso ser uma característica priori-

tária, sobretudo quando se esperam grandes

variações higrotérmicas ambientais, e/ou

quando se pretende usar réguas de grandes

dimensões ou realizar panos de pavimento

com áreas generosas na direção transversal

ao fio da madeira (Figura 1).

deve ser tido em conta que o teor de água da

madeira varia normalmente ao longo do ano,

com diferenças entre o inverno e o verão geral-

mente da ordem de 2 a 4% em pisos interiores

correntes. Note-se que esta variação natural

é já razão frequente de conflitos, porque os

ciclos naturais de abertura e fecho das juntas

entre réguas nem sempre são bem aceites por

alguns utilizadores, que esperam um compor-

tamento “mais inerte” do que o material pode

apresentar. Consequências mais graves, com

prejuízos significativos, advêm naturalmente

quando se verificam empenos sensíveis ou as

juntas se tornam insuficientes para acomodar

as variações dimensionais da madeira, que se

destaca da base.

Na aplicação de réguas multicamada, o aspeto

ondulado da superfície pode também surgir

como resultado de uma composição mal

equilibrada, no que se refere à retração dos

materiais usados nas diversas camadas e/ou

permeabilidade da face e da contraface. Em

consequência, as réguas tendem a “mexer”

mais numa face do que na outra quando sujei-

tas a variações ambientais. O comportamento

do material pode ser previamente verificado

por meio de ensaios de estabilidade dimen-

sional, comparando por exemplo diversas

soluções alternativas.

A resistência à abrasão e ao punçoamento

devem ser adequadas ao tráfego, sendo parti-

cularmente importantes em espaços públicos.

No entanto, mesmo em utilizações pouco

exigentes, o emprego de madeiras brandas

(como por exemplo a Casquinha) torna difícil

evitar marcas de saltos de sapatos (Figura 2),

riscos da movimentação de móveis ou desgas-

te acentuado em degraus.

A anomalia mais comum relacionada com a

falta de durabilidade de madeira aplicada em

pavimentos, é o seu ataque por carunchos. Em

espécies Folhosas isto pode ser facilmente

evitado com a rejeição de peças com faixas de

borne (Figura 3), uma vez que apenas o borne

é suscetível de ataque por estes insetos. No

caso de espécies resinosas, que têm signifi-

cativa percentagem de borne, esta estratégia

não é viável, mas a aplicação de um produto

preservador inseticida, após o afagamento,

evitará futuras infestações.

Este cuidado deve estender-se aos sarrafos

usados para assentamento de soalho ou ou-

tros elementos ocultos, já que a utilização de

restos de madeira de menor durabilidade ou

> Figura 1: Comportamento diferenciado de duas madei-ras com diferente estabilidade dimensional.

> Figura 2: Marcas de saltos de sapatos. > Figura 3: Faixa de borne em madeira de Folhosas (a rejeitar).

Page 39: Construção Magazine 47

cm_37

costaneiras com borne, infestados, ocasiona

muitas vezes o aparecimento de orifícios de

saída na face exposta do soalho, atravessado

pelos carunchos provenientes dos sarrafos.

PORmeNOReS CONSTRUTIvOS

É fundamental não esquecer que a madeira é

um material higroscópico, cujo teor de água

varia continuamente em função das condições

ambientais. Embora o eventual acabamento

com produtos impermeáveis retarde as trocas

de vapor de água, as réguas sofrerão sempre

variações dimensionais, que terão de ser ab-

sorvidas pelas juntas entre réguas.

Naturalmente que a folga normalmente deixa-

da ao nível dos rodapés ajuda a absorver parte

dessa variação, no entanto, o aperto excessivo

das réguas durante a aplicação é contrapro-

ducente. Note-se que em grandes panos de

pavimento o inchamento total da madeira na

direção perpendicular às fibras pode atingir

vários centímetros, sendo a capacidade de de-

formação da cola normalmente muito inferior

à requerida para que a deformação acumulada

da madeira possa transferir-se até ao rodapé

sem romper toda a junta colada pelo caminho.

são particularmente propícios a problemas

os revestimentos colados constituídos por

grandes réguas (e proporcionalmente poucas

juntas) e estendendo-se em panos contínuos

de grandes dimensões na direção perpendi-

cular às fibras da madeira (em que as suas

variações dimensionais são máximas).

devem também ser objeto de cuidado especial,

os pavimentos de madeira que possam ser su-

jeitos a humidificação acidental, caso falhem

por ex. as juntas ou vedantes que as separam

do exterior ou de zonas de lavagens, vedan-

tes esses cuja durabilidade é naturalmente

inferior à vida útil do pavimento (Figura 4).

Essas situações de risco devem tanto quanto

possível ser evitadas através do projeto. Caso

contrário, devem ser estudadas medidas de

proteção adicional da madeira que limitem os

danos em situação de acidente.

aCabameNTO

As anomalias associadas ao acabamento são

variadas e muitas vezes têm múltiplas causas.

incluem, entre outras, a falta de limpeza e má

preparação da superfície, a má aplicação e cura

dos produtos, a incompatibilidade com even-

tuais produtos de tratamento da madeira ou

outros produtos de revestimento anteriores,

a reação química dos produtos com a madeira

e ainda a exsudação de extrativos, naturais em

certas espécies florestais, que pode ser poten-

ciada ou apenas evidenciada pelo acabamento.

Estas anomalias traduzem-se geralmente em

manchas diversas, aspereza da superfície e

variações de cor e de brilho.

O diagnóstico da situação passa pelo conheci-

mento das características dos diversos produ-

tos envolvidos, a análise cuidada da situação

e eventuais ensaios laboratoriais.

Numa outra categoria de anomalias, inclui-se

as que resultam do emprego de produtos de

acabamento com resistência insuficiente

(Figura 5) face ao tipo de tráfego ou da sua

aplicação em camada demasiado fina, aspeto

que pode em geral ser despistado facilmente

por medições feitas em obra e/ou ensaios

complementares.

UTIlIzaÇÃO e maNUTeNÇÃO

A utilização e a manutenção inadequadas dos

pavimentos podem também ser causadoras

de anomalias. Hoje em dia, a facilidade de ma-

nutenção é geralmente um critério de escolha

incontornável, multiplicando-se o número de

soluções que permitem a limpeza com pano

húmido (seguida de secagem com pano seco).

um erro frequente consiste na limpeza das su-

perfícies com água abundante, o que permite a

infiltração de água nas juntas e a consequente

alteração de cor (mais visível em madeiras cla-

ras) (Figura 6), o inchamento dos bordos das

réguas e a degradação da camada de proteção

(película plástica ou verniz).

Também o desconhecimento dos métodos e

produtos de limpeza adequados a cada tipo de

pavimento, levam por vezes à utilização de pro-

cessos demasiado abrasivos, que podem des-

truir de forma irreversível não só o acabamento

mas a própria folha decorativa de madeira em

réguas constituídas por diversas camadas.

Estes aspetos devem ser considerados na

aplicação de revestimentos de madeira em

pavimentos de casas de banho e cozinhas, em

que a humidade, a molhagem frequente e os der-

rames e salpicos de matérias gordurosas, todos

eles inconvenientes, são, de facto, inevitáveis.

por estas razões é essencial escolher soluções

técnicas adequadas ao tipo de utilização e

disponibilizar aos utilizadores a informação

necessária.

> Figura 5: Baixa dureza e resistência ao desgaste. > Figura 6: Manchas devidas a absorção de água de limpezas.

> Figura 4: solução construtiva dependente da eficácia e durabilidade dos vedantes.

Page 40: Construção Magazine 47

estruturas metálicas

Luís Simões da Silva, Professor Catedrático, DEC, UCoimbra

38

ConstrUção MEtáliCa: o PotEnCial ExPortaDor Da invEstigação

dos docentes da Universidade de Coimbra, é

responsável por 12%! dos projetos europeus

em curso na mesma universidade. Em termos

financeiros, mais uma vez exemplificando

com números da Universidade de Coimbra e

do grupo de Construção Metálica da unidade

de investigação isisE, os projetos de i&D re-

presentam um volume de negócios superior a

7 M€, correspondendo a um valor acrescentado

por trabalhador elevadíssimo.

Para finalizar, gostaríamos de assinalar que

cada vez mais, as empresas (nacionais e

estrangeiras) reconhecem as mais valias que

podem retirar da colaboração com as unidades

de investigação. Deixamos assim um novo

desafio para o setor do ensino superior portu-

guês e para os líderes académicos (reitores) e

políticos: potenciem o crescimento dos nichos

de excelência com políticas competentes e não

desperdicem recursos a alimentar exclusiva-

mente a máquina burocrática!

É universalmente reconhecido que a qualidade

do ensino universitário só é possível quando

acompanhada por excelência na investigação.

a investigação científica nacional no setor da

construção metálica atingiu progressivamente

ao longo dos últimos quinze anos um patamar

de qualidade internacional de assinalar, ocu-

pando um justo lugar de liderança no panorama

internacional. Muito deste reconhecimento

foi atingido através de salutar concorrência

internacional, nomeadamente em concursos

para projetos de investigação e desenvolvi-

mento tecnológico europeus, financiados pela

Comissão Europeia.

É interessante concretizar com números

estas afirmaçãoes: comparativamente com

as restantes áreas do conhecimento, de acor-

do com números da recente apresentação

pública do Plano Estratégico da Universidade

de Coimbra para 2011-2016, o grupo de Cons-

trução Metálica, que é constituído por 0.06%

Na última coluna sobre construção metálica abordámos o potencial exportador da formação avançada, tendo apresentado o exemplo do progra-

ma de formação avançada SUSCOS. Desde essa altura, em julho de 2011, foi-nos comunicado pela Comissão Europeia a aprovação do curso de

mestrado europeu Erasmus Mundus em Construção Metálica Sustentável (www.suscos.eu). Este reconhecimento da alta qualidade da formação

avançada neste setor, juntando o mesmo consórcio de universidades europeias líderes no setor da Construção Metálica (Universidade de Coimbra,

Universidade de Liège (Bélgica), Universidade técnica de Lulea (Suécia), Unversidade Técnica de Praga (Répública Checa), Universidade “Poli-

tehnica” de Timisoara (Roménia) e Universidade de Nápoles “Federico II” (Itália), complementado por uma rede de âmbito mundial de parceiros

associados (universidades e empresas) potencia ainda mais este êxito exportador. O curso terá início em setembro de 2012 na Universidade de

Coimbra (1º semestre), sendo o 2º semestre lecionado na Universidade Técnica de Praga e as dissertações de mestrado desenvolvidas numa

das 6 universidades parceiras, de acordo com a escolha individual de cada aluno.

COMPFIREFRAME-UP

HISTWIN

38_cm

Page 41: Construção Magazine 47

cm_39

39

Do ponto de vista da economia, conferências

deste tipo estimulam e fortalecem o turismo.

Esta Conferência encherá muitos hotéis

da região de Lisboa durante uma semana e

atrairá visitantes a outras zonas de Portugal,

muitos dos quais voltarão se gostarem da sua

estadia. Na prática a Conferência fará entrar

em Portugal cerca de 10 milhões de euros na

altura da sua realização e provavelmente mais

ainda a médio e longo prazo.

No entanto a relevância da Conferência

ultrapassa muito o modesto contributo que

dá para a economia portuguesa, mas está

no significado da sua realização em Lisboa.

Em primeiro lugar deve realçar-se que a

escolha dos locais para realização destas

Conferências é feita por um comité interna-

cional onde estão representados dezenas

de países. A candidatura da SPES enfrentou a

candidatura da sua congénere francesa, uma

candidatura com mérito, bem organizada,

apoiada financeira e institucionalmente pelo

Governo francês e com recursos dezenas de

vezes superiores aos da candidatura por-

tuguesa. Por isto, a escolha de Lisboa só foi

possível graças a dois fatores: a organização

da candidatura propriamente dita, na qual

colaborou a Empresa CPL Events e, acima de

tudo, à credibilidade e prestígio internacional

da comunidade científica portuguesa da área

da engenharia sísmica. Este prestígio e credi-

bilidade resulta da contribuição portuguesa

A 15.ª CoNfErêNCiA MuNDiAL DE ENGENhAriA SíSMiCA

Mário Lopes, Professor Auxiliar – DECivil, instituto Superior Técnico

sísmica

para o progresso científico nesta área, que se

tem refletido na participação do Laboratório

Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e das

universidades portuguesas em numerosos

projetos de investigação internacionais,

em par ticular europeus, e em numerosos

artigos técnicos e científicos publicados em

conferências e revistas internacionais da

especialidade. outro sintoma da capacidade

e prestígio da engenharia sísmica portuguesa

foi a escolha do LNEC pela Comissão Europeia

para durante mais de uma década secretariar

a elaboração no novo regulamento europeu

para as zonas sísmicas, o Eurocódigo 8. Assim,

neste momento em que o país está deprimido

pelas consequências da crise financeira e é

notícia internacionalmente quase sempre por

razões negativas, é bastante positivo poder-

mos mostrar ao nosso povo e ao mundo que

também somos um país capaz de se distinguir

por razões positivas, reconhecidas interna-

cionalmente, num domínio técnico exigente.

Do ponto de vista do setor da construção esta

Conferência e as razões subjacentes à sua

realização em Portugal são mais um contri-

buto para o capital de reconhecimento técnico

internacional da engenharia portuguesa que

o setor da construção deve aproveitar como

vantagem competitiva para promover a sua

internacionalização.

www.15wcee.org

Realizar-se-á de 23 a 29 de setembro em

Lisboa a 15.ª Conferência Mundial de Enge-

nharia Sísmica, organizada pela Sociedade

Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES)

que agrupa quase toda a comunidade cien-

tífica portuguesa desta área. Pelo número

de resumos de artigos recebidos (mais de

5800) será provavelmente a maior Confe-

rência internacional de sempre desta área

científica. Estas Conferências realizam-se

regularmente de 4 em 4 anos desde 1956 e

constituem o principal fórum de divulgação

e discussão do que de mais avançado se faz

e investiga no mundo inteiro na área da en-

genharia sísmica e da prevenção dos efeitos

de sismos e tsunamis.

Page 42: Construção Magazine 47

40_cm

notícias40_46

Foi apresentada oficialmente no dia 23 de janeiro a Rede Científica para o Desenvolvimento

do Território (Instituto do Território). Trata-se uma ONG, que junta as mais importantes uni-

versidades e pólos tecnológicos portugueses em matéria de investigação e conhecimento

nos domínios do Território e do Desenvolvimento Territorial.

O Instituto do Território nasceu em outubro passado com o objetivo de reforçar a capacidade

do país no que diz respeito a informação sobre o território. Pretendem criar “soluções, instru-

mentos e doutrinas que permitam ao País defender melhor os seus recursos, aproveitá-los

com mais inteligência e sucesso e “navegar menos à vista” no que respeita à sua organização

territorial”.

O IT foi fundado pela Câmara Municipal do Fundão; Cesnova – Centro de Estudos de Sociologia

da Universidade Nova de Lisboa; Escola Treino de Mar; Instituto Politécnico de Leiria; Instituto

Politécnico de Lisboa; Instituto de Soldadura e Qualidade; Jornal dos Arquitetos; Laboratório

Nacional de Engenharia Civil; Universidade Atlântica; Universidade dos Açores; Universidade

do Algarve; Universidade de Aveiro; Universidade da Beira Interior; Universidade Lusófona;

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências e Tecnologia; Universidade de Trás-os-

Montes e Alto Douro; Urbe. Tem ainda parceiros por bono: Cap Gemini –Consultora multinacional

de Gestão; Deepstep – Agência de Comunicação; Sérvulo Correia e Associados – Sociedade de

Advogados. Esta Rede é aberta, podendo vir a integrar outras instituições e individualidades.

apresentação pública da rede científica para o desenvolvimento do território

A Boa Prática Ambiental apresentada pela

GYPTEC Ibérica – Gessos Técnicos, S.A. foi

considerada uma das melhores, estando no

“top ten” das melhores prática ambientais

selecionadas e distinguidas como Casos de

Excelência pelo júri do da AEP.

A Gyptec desempenha uma Boa Pr ática

Ambiental porque consegue otimizar o método

de transporte de gesso, mais propriamente, o

método de transporte intermodal (via férrea +

rodoviária). A operação consiste no transporte

de gesso da central termoelétrica da EDP em

Sines, para a GYPTEC Ibérica na Figueira da

Foz. No regresso é transportado calcário para

a central, que possui um ramal interno, de

cariz industrial, permitindo a entrada direta do

comboio. A viabilidade do método é assegurada

pelo transporte de gesso da Central de Sines

com retorno de calcário, produto necessário

à Central para o processo de dessulfurização.

“A concretização desta medida permite tornar o

transporte de matéria-prima ambientalmente

e economicamente sustentável e ao mesmo

tempo contribuir para a dinamização e

revitalização da linha férrea e das atividades

económicas associadas, promovendo a

sustentabilidade social e criação de postos

de trabalho. O sucesso desta medida só é

possível graças às sinergias existentes entre

as empresas Gyptec, EDP e Takargo Rail do

Grupo Mota-Engil e o Instituto Superior Técnico

da Universidade Técnica de Lisboa”, afirma a

Gyptec em comunicado.

Na pr ática, estas medidas tr aduzem-se

na redução de consumo de combustível

(diesel) e uma redução signif icativa na

emissão de CO2. De acordo com a empresa, o

transporte intermodal apresenta um consumo

de combustível menor do que o transporte

rodoviário, permitindo uma diminuição de 40%

das emissões de CO2.

reconhecimento pela aep

gyptec distinguida com prémio “caso de excelência de boas práticas ambientais”

www.gyptec.eu

A AEP – Associação Empresarial de Portugal tem vindo a desenvolver os projectos “Resíduos Menos” e

“Benchmark A + E”, apoiando as empresas portuguesas na utilização

das melhores práticas em matéria de gestão integrada de resíduos e na

gestão eficiente de energia, com vista ao aumento da sua competitividade

e sustentabilidade.

© J

OÃO

CUN

HA

Page 43: Construção Magazine 47

Filipe Magalhães e Salomé Soares foram distin-

guidos pela Fundação Engº António de Almeida

no passado dia 13 de janeiro, por causa da

originalidade, mérito científico e interesse

socioeconómico das suas dissertações de

mestrado. Ambos são investigadores da Facul-

dade de Engenharia da Universidade do Porto.

Filipe Magalhães apresentou um trabalho que

permite avaliar a “saúde estrutural” das pon-

tes e barragens. O projeto “Operational Modal

Analysis for Testing and Monitoring of Bridges

and Special Structures” ganhou o prémio Prof.

Doutor Joaquim Sarmento.

“A análise modal operacional é uma técnica

experimental que permite identificar proprie-

dades dinâmicas importantes de uma dada

estrutura, que poderá ser uma ponte, a co-

bertura de um estádio ou uma barragem, sem

perturbar o seu normal funcionamento”, expli-

fundação eng. antónio de almeida premeia investigadores da feup

© F

EUP

C M Y CM MY CY CMY K

PUB

Já o Prémio Fundação Eng. António de Almeida

foi entregue a Salomé Soares, investigadora do

Departamento de Engenharia Química (DEQ) da

FEUP. A tese, intitulada “Remoção de nitratos

por redução catalítica com hidrogénio” teve

como objetivo o desenvolvimento de uma

nova tecnologia para a remoção de nitratos

em águas por redução catalítica na presença

de hidrogénio.

ca o investigador da FEUP. Acrescenta ainda

que esta técnica pode ser aplicada através da

realização de ensaios pontuais, normalmente

realizados em estruturas relevantes após a

sua construção ou após obras de reabilitação

ou no processamento de dados recolhidos por

sistemas de monitorização contínua.

Desenvolvidas no ViBest, as técnicas expe-

rimentais do trabalho agora premiado foram

aplicadas a várias estruturas relevantes, como

o Viaduto de Millau (França), Ponte Humber

(Reino Unido), Ponte Infante D. Henrique e a

cobertura do Estádio do Braga.

Filipe Magalhães refere que a aplicação no

contexto de sistemas de monitorização per-

mite avaliar de forma continuada a “saúde

estrutural” da infraestrutura instrumentada,

tendo sido criado um software, designado

DynaMo, para processamento online de dados.

Page 44: Construção Magazine 47

notícias

42_cm

Já está pronta a nova lei do arrendamento

que entrará em vigor em 2012. A lei, que foi

aprovada no passado dia 29 de dezembro,

em conselho de ministros, traz mudanças

significativas ao atual regime.

Uma das alterações mais importantes é a

atualização das rendas congeladas, num

espaço de cinco anos. Os que beneficiem

de rendas antigas e não provarem a sua

incapacidade financeira, vão ter em breve a

sua renda atualizada.

nova lei do arrendamento

Os inquilinos que falharem o pagamento de cinco

rendas seguidas ou intervaladas no espaço de

um ano correm o risco de serem despejados.

Apesar de facilitar os despejos, este novo

regime continua a dificultar a resolução de

conflitos, permitindo que a solução para os

conflitos se arrastem em tribunal.

O Governo pretende ainda criar uma estrutura,

o Balcão Nacional de Despejos, que vai

permitir os despejos mais céleres e evitar

manobras dilatórias.

Este novo mecanismo de negociação vai

implicar que o inquilino com uma renda antiga

proponha um valor que considera ajustado ao

mercado atual pela casa onde habita, cabendo

ao senhorio decidir se o aceita ou recusa. Se

o senhorio o considerar injusto, terá de pagar

uma indemnização ao inquilino no valor de

60 rendas.

A prevista atualização das rendas antigas

vai ter em conta os recursos económicos dos

inquilinos e será gradual.

Durante a conferência “A Engenharia Civil – que futuro?”, promovida em janeiro

pela Ordem dos Engenheiros, em Lisboa, ficou acordado que é necessário apostar

fortemente no empreendedorismo e na internacionalização.

“Ao contrário do que acontece nos

dias de hoje, em que 90% dos alunos

de Engenharia Civil acabam por

exercer essa profissão em Portugal,

o futuro é de mobilidade geográfica

e igualmente de especialização em

diferentes áreas – como a gestão.

Também relevante é a componente

da formação contínua e a capacidade

empreendedora que conduza à

criação de empresas próprias e

à aposta na internacionalização”, afirmou Fernando Branco do Instituto Superior

Técnico. Além disto, foi também apontada, pelo Professor, a necessidade de mudanças

estruturais no ensino.

Numa visão mais “empresarial”, José Luís Machado do Vale, da Somague, partilha da

mesma opinião. O chairman da Somague referiu que “a Engenharia portuguesa está a

par do que se faz lá fora” e que os seus profissionais detêm níveis de desenvolvimento,

inovação e competitividade muito elevados. Contudo, admite que “a atividade

internacional não é fácil” e exige condições favoráveis e uma boa reputação. “Devemos

entrar onde temos oportunidade, mas sempre preservando as empresas-mãe em

Portugal”, diz.

Cristina Machado, presidente do Colégio de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros,

referiu ainda a mudança no exercício da profissão que tem vindo a alterar-se, prevendo-

se que venham a ser ainda mais profundas.

www.ordemengenheiros.pt

empreendedorismo e internacionalização são o futuro da engenharia civil

Pela 4ª vez consecutiva que a Boca de Lobo,

empresa de azulejos nacional, é escolhida como

marca tendência pela prestigiada agência de

tendências Nelly Rodi.

Depois da apresentação e sucesso do primeiro

Heritage, um cabinet de edição limitada composto

por um painel de azulejos pintado à mão inspirado

na azulejaria nacional, surge agora o Heritage

Sideboard que veio consagrar esta homenagem

à azulejaria.

“Esta seleção como tendência para 2012 é mais

uma prova de que a nossa paixão pela recuperação

das artes manuais do nosso país faz todo o sentido

e há um mundo inteiro preparado para as admirar

se as soubermos transmitir e comunicar, os ar-

tesãos são ainda alguns pelo país espalhados e

temos que fazer com que estas artes não se aca-

bem,” refere Ana Gomes da Direção de Marketing

da Boca de Lobo.

“Não havia melhor forma para iniciar este ano de

2012. Para mim é um prazer trabalhar com estes

artesãos que ainda temos em Portugal são uma

inspiração todos os dias. O azulejo português vai

mesmo conquistar o mundo!”, afirma.

www.bocadolobo.com

marca de azulejos portuguesa distinguida a nível internacional

Page 45: Construção Magazine 47

PUB

A torre TAIPEI 101, o edifício mais alto de

Taiwan e o segundo mais alto do mundo, foi

alvo de obras de reabilitação tendo em vista

a obtenção do cer tif icado LEED-EBOM de

Platina (Liderança em Energia e Design Am-

biental para Edifícios já Existentes: Operação

e Manutenção),que é o nível de certificação

mais elevado para edifícios “verdes”.

A Siemens trabalhou em parceria com a equi-

pa de gestão do TAIPEI 101, implementando

algumas soluções que tornam o edifício efi-

ciente. Foram implementadas soluções, desde

exaustores, lâmpadas economizadoras, a

centrais de refrigeração e de tratamento de

ar e acionamentos de velocidade variável,

que visavam a automação do edifício e a sua

eficiência energética. Foi possível alcançar

uma poupança de 10% em termos de consumo

reabilitação da torre taipei

de eletricidade e água e redução de resíduos.

Ao nível global do edifício, a eficiência energéti-

ca melhorou 30%, comparando com os valores

de um edifício médio, gerando uma economia

de mais de 500.000€ nos custos de energia.

A certificação LEED Platina significa que o com-

plexo economiza 2.995 toneladas métricas por

ano de emissões de CO2 de eletricidade, gás e

petróleo - o que corresponde à preservação,

em vez de corte, de mais de 9 hectares de

floresta – e alcança uma poupança de 28.000

toneladas de água, de 1.261 toneladas de lixo

e de 4,8 milhões de quilowatts de eletricidade

por ano.

Além da Siemens, a Steven Leach Associates

também teve intervenção no edifício, sendo

uma das principais empresas de design de

interiores na Ásia, e defensora de longa data

da arquitetura sustentável. Tal como a EcoTech

International, um dos principais especialistas

no mercado do movimento internacional

da construção de edifícios “verdes” de alta

performance.

www.siemens.pt

A ponte pedonal sobre o rio Douro, conhecida como

Ponte da Régua, já está aberta ao público, depois der

terem sido concluídas as obras de reabilitação.

A empreitada de reabilitação foi lançada pela Estradas

de Portugal, implicando um investimento de cerca de

1,7 milhões de euros. O objetivo era reabilitar e reforçar

os encontros, os pilares e toda a estrutura metálica,

bem como repôr as características originais da estru-

tura, nomeadamente colocar pavimento em madeira,

reconstruir o pavimento em granito nos seus acessos

e eletrificar com vista a dotar a ponte de iluminação

decorativa.

A Ponte metálica sobre o rio Douro será para uso ex-

clusivamente pedonal e de bicicleta.

www.estradasdeportugal.pt

concluída reabilitação da ponte metálica da régua

© E

STR

ADAS

DE

POR

TuGA

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Page 46: Construção Magazine 47

notícias

44_cm

A Tintas Robbialac, SA vai estar presente no

4º Congresso Português de Argamassas e

ETICS, que vai decorrer em março de 2012, em

Coimbra. O evento é promovido pela APFAC e a

Robbialac vai apresentar uma das suas obras

de reabilitação.

Em Portugal assistimos a um crescimento

do peso da reabilitação versus obra nova,

e a Tintas Robbialac, SA acompanha esta

tendência através da aplicação do seu Sistema

de Isolamento Térmico pelo Exterior.

A Tintas Robbialac, S.A., através da marca Viero

e contando com uma experiência de mais de 22

anos, está presente no mercado do isolamento

a importância da reabilitação

térmico pelo exterior, com o Sistema Cappotto

que, aplicado em obra nova ou reabilitação,

c o n f e r e u m a e x c e l e n te p r e s t a ç ã o n a

obtenção de bons níveis de conforto térmico,

permitindo de forma simples o enquadramento

regulamentar, com inequívoco contributo

para a obtenção das condições de eficiência

energética dos edifícios.

São vários os trabalhos que a Tintas Robbialac,

S.A. tem vindo a desenvolver neste setor e

que demonstram o interesse dos municípios

no melhoramento dos bairros existentes e

que futuramente se reflectirá de forma muito

positiva nas condições de vida dos moradores.

www.viero.com.pt

A Viessmann e a Velux deram início a uma cooperação conjunta com o objetivo de alcançar um

número maior de clientes. O Grupo VELUX irá entregar à Viessmann a distribuição dos depósitos

de água e unidades de controlo em determinados mercados e a Viessmann irá co-distribuir

painéis solares integrados VELUX juntamente com os seus produtos.

“A nova parceria amplia a nossa vasta gama de produtos para todos os tipos de combustíveis

e de áreas de aplicação. Para além dos nossos coletores planos e de tubo de vácuo, podemos

agora também oferecer coletores integrados VELuX, que se integram no telhado de uma forma

estética. Acreditamos que esta ação irá fortalecer as vendas em ambas as empresas”, diz o

Thomas Schweisfurth, Diretor Comercial na Viessmann.

A partir de agora, a VELUX pode comercializar os seus coletores solares térmicos integrados

e respetivos acessórios através da rede de distribuição da Viessmann. Os depósitos de água

quente, unidades de controlo e componentes Viessmann continuarão a ser fornecidos e

suportados pela Viessmann através da sua rede de vendas já estabelecida.

“A força do Grupo VELUX é no telhado e não na casa das máquinas. Se queremos alcançar as

necessidades dos nossos clientes com uma vasta gama de depósitos de água quente, os

custos seriam desproporcionalmente altos. De forma a podermos manter a nossa capacidade

de oferecer ao cliente final a melhor solução em sistemas solares térmicos, optamos por formar

uma parceria com um principal fabricante internacional Acreditamos firmemente que a melhor

solução, em termos estéticos assim como funcionais, consiste em combinar coletores solares

integrados VELUX com os depósitos de água quente e unidades de controlo Viessmann”, diz

Jacob Schambye, Diretor de Marcados do Grupo VELUX.

Estão abrangidos por este acordo vários países, tais como, Áustria, Bélgica, Dinamarca,

Alemanha, Grã-Bretanha, Holanda, Irlanda, Itália, Noruega, Portugal, Espanha, Suécia e Suíça.

Como consequência da nova parceria, o Grupo VELUX deixará de comercializar depósitos de

água quente nestes mercados.

viessmann e grupo velux estabelecem parceria

www.velux.pt

Page 47: Construção Magazine 47

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solicite mais informações em [email protected]

Page 48: Construção Magazine 47

notícias

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esquemas cin certificados pela norma iso

Além disso, a empresa dispõe de vários certi-ficados de ensaio segundo a parte 6 da NP EN ISO 12944, que confirmam que os esquemas de pintura que a CIN propõe superam as exi-gências mínimas desta norma e respondem a situações que vão para além das previstas na parte 5 da referida norma.A norma ISO 12944 é composta por 8 partes: NP EN ISO 12944-1:1999 Introdução geral; NP EN ISO 12944-2:1999 Classificação de ambientes; NP EN ISO 12944-3:1999 Conceção e disposições construtivas; NP EN ISO 12944-4:1999 Tipos de superfície e de preparação de superfície; EN ISO 12944-5:2007 Protective Paint Systems; NP EN ISO 12944-6:1999 En-saios de desempenho em laboratório; NP EN ISO 12944-7:2000 Execução e supervisão dos trabalhos de pintura NP EN ISO 12944-8:2001 Desenvolvimento de especif icações para obras novas e manutenção. A CIN explica que os esquemas variam em função do grau de corrosividade ambiental a que os mesmos irão estar submetidos (C2, C3, C4, C5I, C5M, Im1, Im2 e Im3), da durabilidade do esquema (Baixa: 2-5 anos, Média: 5-15 anos e Alta: >15 anos) e, também, do grau

A Sotecnisol está a lançar um novo serviço de

Reabilitação Sustentável. Este serviço abrange

todas as áreas da empresa e está direcionado

para a melhoria dos edifícios existentes e

reduzir os consumos atuais.

Com esta nova oferta, a Sotecnisol pretende

apresentar ao mercado uma oferta inovadora

em duas áreas de negócio: reabilitação de edi-

fícios e sistemas de renovação sustentáveis.

A empresa tem várias obras de reabilitação

de edifícios no seu portfolio, passando agora

a associar também a componente energética.

Segundo a empresa, o resultado final, é um

edifício que consome menos energia mas com

maior conforto.

“Reabilitar não é resolver problemas tempo-

rariamente. Deve ser encarado como uma

solução adequada aos problemas detetados,

resolvendo-os a nível estético, mas também

económico e funcional”, explica José Luis

Castro, Presidente da Sotecnisol.

Este serviço está disponível através de diferen-

tes tipos de solução: New House que consiste

em soluções de reabilitação da envolvente

exterior do edifício, reabilitação de estruturas

e tratamento de todo o tipo de patologias; Con-

fort House que se trata de uma solução para

fachadas e coberturas, vãos envidraçados e

iluminação natural; Energy House que compre-

ende várias soluções de energias renováveis,

sistemas de climatização e de iluminação.

As intervenções poderão ser meras correções

de patologia e/ou soluções que visem a me-

lhoria do comportamento térmico e redução

do consumo de energia. Estes três packs

podem ser contratados de forma individual

ou integrada de acordo com as necessidades

de cada cliente.

www.sotecnisol.pt

sotecnisol aposta na reabilitação

de preparação da superfície. Por isso, refere que ao selecionar um esquema de pintura, é imprescindível saber quais as condições a que as estruturas vão estar expostas, desde humi-dade, temperatura, agressividade química e mecânica, radiação UV, entre outras. A preparação da super fície executada é determinante para o comportamento e dura-bilidade de qualquer revestimento de pintura. De acordo com a CIN, a seleção e execução do método de preparação de superfície assumem uma importância muito relevante em qualquer tratamento anticorrosivo. Os esquemas de pintura a proteção anticorrosiva de estruturas metálicas podem ser intermináveis.“O seu sucesso reside na facilidade em estabe-lecer um esquema de proteção anticorrosiva de acordo com a utilização a dar às estruturas, à sua localização e à durabilidade desejada, combinando diferentes tipos de revestimen-tos, espessuras e preparação de superfícies, ao mesmo tempo que indica como preparar uma especificação técnica e como realizar o acompanhamento e a inspeção dos trabalhos”, refere a CIN.www.cinprotective.com

A CIN adotou a norma ISO 12944 na elaboração e conceção dos seus esquemas de proteção anticorrosiva. Esta norma é considerada cada vez mais uma referência mundial na definição de esquemas de pintura para a proteção anticorrosiva de estruturas de aço.

ESTRuTuRA PARA AMBIENTE MARíTIMO APLICAçãO DE PROTEçãO EM TORRES EóLICAS

Page 49: Construção Magazine 47

cm_47

47_49 mercado

pedestais reguláveis

Buzon Pedestal Internacional S.A. é o primeiro fabricante Europeu de suportes “Buzon” em poli-

propileno reguláveis milímetro por milímetro de 35 à 850mm. Os suportes podem suportar cargas

de mais de 1000Kg /suporte e são especialmente concebidos para a construção de terraços,

coberturas com caixa de ar para melhoria das condições térmicas e acústicas das edificações,

zonas para peões, caminhos, coberturas ajardinadas, plataformas, solos técnicos sobrelevados.

Os suportes Buzon podem resistir aos UV, de 30° C à 120° C. Com o corretor de pendente, os pe-

destais BUZON podem fazer as correções das pendentes de inclinação de 0 a 5%.

Buzon Pedestal Internacional introduz um sistema de terraço em madeira com um novo e único

sistema de clipes sem parafusos (matéria prima POM – acetato copolimero). O “COMPÓSITO CLIPS”

sistema é colocado sobre os novos suportes Buzon DPH® SYSTEMA.

A Buzon Pedestal Internacional é representada em Portugal pela empresa João Casanova – So-

luções Ecológicas, Lda.

www.buzoniberica.com

A Junkers tem lançado várias gamas de produtos que permitem tornar os edifícios mais efi-

cientes a nível energético. A empresa, afirma que cada projeto, novo ou de reabilitação é um

projeto único e irrepetível mas que têm que ter em conta um fator comum: a preocupação com

a Eficiência Energética.

gama de soluções eficientes

A climatização e a produção de água quente

sanitária são alguns dos fatores que mais con-

somem energia nas nossas habitações. Nesse

sentido, a Junkers tem procurado desenvolver

e testar novos produtos e novos sistemas para

a produção de água quente sanitária ou para a

climatização das habitações, energeticamente

mais eficientes e mais amigos do ambiente.

Gama Completa de Soluções de Sistemas

Solares Térmicos

Paralelamente, à instalação de um Sistema

Solar Térmico é necessária a instalação de um

sistema de apoio que garanta água quente à

temperatura de conforto, quando a radiação

solar não é suficiente, situação que normal-

mente ocorre em dias de céu encoberto. A utili-

zação como sistema de apoio a um sistema so-

lar de Esquentadores Termoestáticos, permite

uma redução nos custos energéticos, uma vez

que o esquentador só entra em funcionamento

quando a água proveniente do sistema solar

está abaixo da temperatura de conforto. Esta

gama é direcionada para o setor doméstico

uni e multifamiliar, setor terciário e industrial.

A instalação conjunta de painéis solares e

destes aparelhos maximiza o rendimento do

Sistema Solar reduzindo os custos energé-

ticos, ao reduzir significativamente a fatura

energética. “Corretamente dimensionado

um Sistema Solar Térmico permite poupar em

média anualmente, mais de 70% da energia que

se gasta habitualmente para aquecer a água

sanitária”, garante a Junkers.

A Junkers desenvolveu também uma gama de

esquentadores termostáticos, que permitem

escolher a temperatura de saída da água

quente, grau a grau, poupando água, energia

e aumentando significativamente o conforto.

Gama de ar condicionado

Os equipamentos de ar condicionado Junkers

com Classificação Energética Classe A, garan-

tem a temperatura perfeita, frio ou calor, com

poupança de energia.Todos os aparelhos de

ar condicionado possuem Tecnologia Inverter

DC, um baixo nível sonoro e dupla saída de ar

que permite uma melhor distribuição do ar pelo

espaço a climatizar.

Bombas de calor ar-água

A empresa comercializa também bombas de

calor reversíveis ar/água de alta eficiência

energética, as Supraeco. Os sistemas base-

ados em bombas de calor ar/água extraem

energia do ar exterior e transferem-na para

a habitação, permitindo a sua climatização

(frio-calor).

A grande novidade destas bombas de calor

é a possibilidade de, para além de climatizar

a habitação, produzir água quente sanitária.

O sistema Supraeco da Junkers, é composto

por 2 unidades, uma unidade exterior Inverter

DC, para absorver a energia do ar exterior e uma

unidade interior que tem um módulo hidráulico

com distintas variantes em função do benefício

requerido: climatização e/ou serviço de água

quente sanitária.

www.junkers.pt

Page 50: Construção Magazine 47

48_cm

mercado

teto falso “slim floor”

A HORMIPRESA apresentou um novo tipo de teto pré-fabricado, comumente chamado de teto falso.

Com este sistema não é necessário levantar vigas e facilita a passagem das restantes instalações.

Além disso, permite reduzir a altura do edifício, obtendo-se um resultado final do ponto de vista

estético. Segundo a empresa, este tipo de teto permite incorporar o sistema de iluminação de

forma eficiente, sendo fácil de montar e reduzindo o tempo de execução.

O teto “slim foor” destina-se a edifícios de vários andares e, especialmente, para grandes espaços

abertos com vãos até 12 m. É autoportante e resiste a esforços horizontais depois de estarem

prontos os nós estruturais. É composto por pilares (metálicos, de betão prefabricado ou mistos),

vigas mistas “DeltaBeam” e placas alveolares, utilizando elementos de betão de alta qualidade

(de HA-35 a HP-50) e tem resistência ao fogo de até 180 min.

novo aerogerador para locais de baixo recurso eólico

O ECO122 é o novo aerogerador desenvolvido

pela Alstom, especialmente destinado a velo-

cidades de vento de 7.5 m/s. Este equipamento

permite um fator de capacidade do parque

eólico de 42%, equivalente a 3600 horas anuais

de operação à potência nominal. Conta com um

rotor de 122 metros de diâmetro e com uma

área de 11700 m2.

O ECO 122 é a última evolução da plataforma

de aerogeradores Alstom ECO 100. “Pás

maiores conseguem captar mais potência

de forma mais eficiente, e com esta área de

varrimento muito maior do que a das máqui-

nas atuais, a ECO 122 fixou um novo padrão a

nível mundial para locais com baixo recurso”,

afirma Alfonso Faubel, Vice Presidente Sénior

da área de negócio Wind da Alstom.

Face a outros aerogeradores, o ECO 122 produz

aproximadamente mais 25% de energia numa

determinada área de terreno, quando compa-

rada com os aerogeradores atuais de 1,5-2

MW. Ao mesmo tempo, com este equipamento

é necessário instalar menos máquinas.

De acordo com a Alstom, com o ECO122, notam-

se reduções significativas no investimento de

capital. Um parque eólico equipado com este

tipo de aerogeradores poderá ter os custos das

instalações complementares (BoP), reduzidos

em 10-15%, quando comparado com um parque

equipado com máquinas de 1,5-2 MW, devido

à necessidade de menos fundações, platafor-

mas e estradas, e menor rede de cabos.

A primeira ECO 122 será instalada em meados

de 2012 com as primeiras entregas ao merca-

do previstas para o início de 2013.

www.alstom.com · www.alstom.com/wind

tendências barbot

Neste novo ano a Barbot vai apostar em “Back to Basics”, ou seja, a essência das coisas, a na-

tureza e os elementos.Em 2012 a tendência nas cores passará, segundo a empresa de tintas,

por um “regresso às origens em que o essencial se sobrepõe ao acessório e onde o conforto

eleva a estética.” Tons crus, românticos e inspiradores ou cores-conforto ao estilo vintage é a

aposta da Barbot.

Em 2012 as novas cores da Barbot assumem mais do que uma missão decorativa, inspirando

uma mudança do “mood” de uma casa. “Pequenas mudanças que têm um efeito imediato no seu

dia a dia e que prometem mergulhá-la em emoções positivas e inspiradores”, afirma a Barbot.

Este ano estão disponíveis três grupos de cores: cores autênticas; cores vintage; cores pastel.

www.barbot.pt

www.hormipresa.com

Page 51: Construção Magazine 47

cm_49

A Schneider Electric (SE) apresentou uma nova gama Unica Wireless que permite tornar a casa

mais eficiente, aumentando o conforto e reduzindo gastos. Esta gama dá a possibilidade de al-

terar as habitações, de forma a torná-las mais confortáveis e a possibilitar uma maior poupança

energética, sem recurso a obras.

Com estes equipamentos pode-se, por exemplo, controlar a iluminação e os estores com um

simples pressionar de botão, sem ser necessário deslocar-se do local onde se encontra. Esta

característica permite uma maior eficiência energética, uma vez que, ao mesmo tempo que o

emissor diminuiu a intensidade luminosa em 25%, torna possível uma poupança energética de

aproximadamente 20%.

A Unica Wireless possibilita a diminuição em 10% da tensão na linha de iluminação, duplicando,

desta forma, o tempo médio de vida das lâmpadas. “Num quadro tradicional, uma habitação,

nomeadamente, um quarto, inclui uma instalação elétrica no qual se inclui um interruptor para

a iluminação e um interruptor para os estores. Caso se pretenda colocar mais dois interruptores

na cabeceira da cama para possibilitar o controlo automático dos estores e regular a iluminação,

seria necessário passar por um processo que, muitas vezes, acaba por demover as pessoas de

melhorar o seu apartamento: a abertura de roços para passar cablagem, fechar os roços e pintar

o quarto. Com a nova solução da Schneider Electric, é apenas necessário alterar os interruptores

convencionais (da iluminação e dos estores) pelos recetores UNICA WIRELESS, colocar dois emis-

sores na cabeceira da cama podendo ainda complementar com um comando à distância sem ter

de fazer qualquer tipo de obras na divisão. A partir desse momento passa a ser possível comandar

os estores e a iluminação de uma forma simples e confortável”, explica Schneider Electric.

controlo do consumo de eletricidade

www.schneider-electric.com/pt

A Testo fez um upgrade ao seu software que

permitiu aumentar a resolução na qualidade de

imagem em todas as câmaras termográficas .

Com a Tecnologia de Super Resolução Testo,

a utilização de métodos e algoritmos fiáveis

aumenta consideravelmente a resolução das

imagens térmicas. Permite que as imagens

térmicas tenham quatro vezes mais pixels e o

dobro da resolução.

A Tecnologia de Super Resolução Testo utiliza

dois métodos. Em primeiro lugar, uma sequên-

cia de várias imagens é guardada cada vez que

tecnologia super resolução para aplicações termográficas

é tirada uma imagem. Os cálculos são feitos a

partir desta sequência de imagens e o resul-

tado é uma imagem de elevada resolução. Os

pequenos movimentos resultantes dos movi-

mentos naturais das mãos de qualquer pessoa,

enquanto a imagem térmica está a ser tirada,

são utilizados por este método. Isto cria uma

sequência de imagens com uma aproximação

mínima entre cada uma delas. O algoritmo

especial da Testo utiliza a informação e pixels

adicionais para criar uma imagem do objeto

medido com maior resolução.

Em segundo lugar, a qualidade da imagem

é melhor ada baseada no conhecimento

detalhado das características da lente por

infravermelhos. Isto é alcançado ao otimizar

as propriedades da imagem da lente através

do cálculo.

“A Tecnologia de Super Resolução Testo não é

um método de interpolação em que os valores

intermédios artificiais são criados sem neces-

sidade de informação adicional. Em vez disso,

as leituras corretas são calculadas, podendo

ser comparadas a uma resolução de deteção

superior”, destaca a Testo.

A Tecnologia de Super Resolução Testo está

disponível em todas as câmaras termográ-

ficas Testo lançadas a partir de 1.10.2011.

Para os modelos testo 875, testo 876, testo

881 e testo 882 já adquiridos, a Tecnologia de

Super Resolução pode ser ativada através da

atualização do software.

www.testo.pt

Page 52: Construção Magazine 47

50 estantePUB

O presente livro foca-se num tipo específico de siste-

mas passivo de proteção sísmica, aquela que recorre a

amortecedores de líquido sintonizado. Os amortecedo-

res de líquido sintonizado incluem-se na categoria dos

amortecedores de vibrações passivos o que significa

que não é necessário qualquer tipo de instrumentação

sensível para o seu controlo, sendo como tal a sua

instalação e custos de manutenção muito reduzidos

quando comparados com outros dispositivos. “De facto,

os amortecedores de líquido sintonizado têm vindo a

apresentar um bom compromisso entre a mitigação

efetiva de vibrações para ações de caráter dinâmico e

o custo associado à sua implementação em estruturas

novas ou pré-existente”, pode ler-se no prefácio.

Esta trabalho pretende fazer uma investigação e o estudo

com mais detalhe do comportamento dinâmico amorte-

cedores de líquido sintonizado, bem como a avaliação

do seu desempenho quando isolados ou incluídos em

sistemas estruturais, que apresentem vulnerabilidade

significativa e que, de alguma forma, sejam representa-

tivas do parque habitacional português.

“Pretendeu-se com a presente investigação dar res-

posta a uma necessidade e interesse crescentes por

parte da comunidade científica de contextualizar os

denominados amortecedores de líquido sintonizado

nos sistemas passivos de proteção sísmica, tentando

apresentar soluções da sua implementação na realidade

portuguesa com base em um estudo cientifico com

vincadas bases analítico-experimentais”, é referido

pelos autores.

A u t o r A : Mar ia J oão Falc ão . E d i t o r A : L NE C . d A t A d E E d i ç ã o : 2 011

ISBN: 978-972-49-2223-2 . PáginAs: 566 . PrEço: 84,00 euros . à venda em

www.engebook.com

sistemas passivos de proteção sísmicauma abordagem baseada no desempenho de amortecedores de líquido sintonizado

Este livro foca-se em aspetos relevantes da área da Gestão

por Projetos, que se tornou no modelo de desenvolvimen-

to, crescimento e sucesso das organizações modernas.

Apresenta vários casos reais de implementação da Gestão

de Conhecimento em Projetos em empresas e instituições

internacionais, o livro demonstra que o conhecimento é

parte essencial do processo de crescimento dos negócios.

São também disponibilizados aos leitores os resultados de

um inquérito realizado a dezenas de gestores de projeto

certificados, sobre como evitar os desvios de um projeto.

Tem também informação detalhada sobre o modelo Project

Management Learning System (PMLS), que ajuda a tomar

a melhor decisão para recuperar o desempenho de um

projeto. A obra está dividida em vários capítulos: Gestão de

Conhecimento; Gestão de Projeto; Gestão de stakeholders

em projetos; Gestão de stakeholders em projetos; Earned

Value Management; Integração de Gestão de Conhecimento

e do modelo PMLS com o PMBOK® Guide; Centro de Compe-

tência de Gestão de Conhecimento.

O livro dirige-se a profissionais de todos os setores de

atividade, académicos, investigadores e estudantes.

Autor: Leandro Pereira . EditorA: FCA . dAtA dE Edição: 2011 . ISBN: 978-972-722-

697-9 . PáginAs: 256 . PrEço: 22,20 euros

gestão de conhecimento em projetos

Page 53: Construção Magazine 47

cm_51

projeto pessoal

biNasceu na Maia no ano de 1969. Licenciou-se em Engenharia Civil e

começou a sua jornada pela empresa LUCIOS, da qual é administrador.

É casado, pai de três filhos, um com 10 anos, outro com 7 e o mais novo

ainda apenas com um mês e meio. Confessa a sua paixão pelo FCPorto,

sendo o sócio nº 14940.

sonho de criançaEscrever e viajar pelo mundo fora.

o seu maior desafioEducar e preparar os filhos para o futuro.

um arquiteto de referênciaMies Van Der Rohe (1886-1969)

uma obra de referênciaO estádio do Dragão. Pela obra e pelo que representa.

uma aposta no futuro A reabilitação urbana nos centros históricos.

hobby favoritoViajar, Squash e Futebol.

FILIPE REIS AzEVEDO Engenheiro

dos projetos mais desafiantes, seleciona

A Reabilitação do Quarteirão das Cardosas

e a internacionalização da empresa.

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PCF 2012 Fraturas de Materiais 2 e 3 fevereiro Coimbra SPM e FCTUC – 13ª Conferência Nacional 2012 Portugal www.dem.uc.pt/pcf2012/

CoberTUraS Seminário sobre Coberturas 19 abril Guimarães DeC-UMinhoDe MaDeira de Madeira 2012 Portugal www.civil.uminho.pt/coberturas/

PaiNT exPo Tecnologias industriais de 17 a 20 abril Karlsruhe Fair Fair revestimento 2012 alemanha www.paintexpo.de

TeKTÓNiCa 2012 Feira internacional de Construção 8 a 12 maio Lisboa aiP - FiL e obras Públicas 2012 Portugal www.tektonica.fil.pt

iCNMMCS “Mechanics of Nano, Micro 18 a 20 junho Turim UP e TP and Macro Composite Structures” 2012 itália http://paginas.fe.up.pt/~icnmmcs/

As informações constantes deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.

eNCoNTro NaCioNaL betão estrutural 24 a 26 outubro Porto FeUPDe beTão eSTrUTUraL 2012 Portugal http://paginas.fe.up.pt/~be2012/

4º CoNGreSSo PorT. argamassas e eTiCS 29 e 20 março Coimbra aPFaCarGaMaSSaS e eTiCS 2012 Portugal www.congressosapfac.com

calendário de eventos

Vai decorrer de 24 a 26 de outubro de 2012, no Porto, o encontro

Nacional de betão estrutural. organizado em parceria pelo Grupo

Português de betão estrutural (GPbe) e pela FeUP, o be2012

pretende ser um ponto de encontro da indústria da Construção.

Num ambiente descontraído, estarão reunidos construtores, projetistas, investigadores e

empresas de materiais, onde se difundirão os conhecimentos mais atuais no domínio das

estruturas de betão. “Na presente conjuntura económica, em que a indústria da Construção e a

engenharia Civil portuguesas enfrentam inegáveis dificuldades, o be2012 constituir-se-á num

amplo fórum de discussão técnica e de contactos, com vista a transformar os atuais desafios

em novas oportunidades”, afirma a organização.

Serão aprofundados os temas mais recentes durante este encontro Nacional. Desde a conceção

e projeto, aos novos materiais, à construção de obras de betão e à reabilitação. a alteração da

normalização de execução de estruturas de betão, a implementação dos eurocódigos e as

novas tendências contidas no fib Model Code 2010 serão outros temas abordados. estará em

destaque a temática das barragens de betão, também introduzida no be2012 dado o atual

envolvimento do país na conceção, construção e reabilitação deste tipo de obras. No decorrer

do evento será atribuído o Prémio Jovens Mestres, que irá distinguir as melhores dissertações

de mestrado que forem apresentadas a concurso, centradas na temática do betão estrutural.

além disso, paralelamente ao encontro, estará a decorrer uma exposição Técnica, que propor-

cionará aos participantes o contacto com novos materiais, novas tecnologias e realizações

recentes e, aos expositores, oportunidade de exibir os seus produtos e serviços.

http://paginas.fe.up.pt/~be2012/

encontro nacional de betão estrutural

eventos

Coimbra vai acolher, de 29 a 30 de março, o 4º

Congresso Português de argamassas e eTiCS. o

evento acontece a cada dois anos e é organizado

pela associação Portuguesa dos Fabricantes de

argamassas e eTiCS com o apoio do instituto de

investigação e Desenvolvimento Tecnológico em

Ciências da Construção – iTeCons.

reúne fabricantes, utilizadores, investigadores,

projetistas, prescritores e outros atores do Setor

de argamassas e eTiCS, para debater as tendências

atuais e o desenvolvimento de novos produtos.

a organização tem como objetivo proporcionar à

investigação Portuguesa (escolas, instituições

e empresas) a possibilidade de divulgar os seus

trabalhos sobre argamassas e eTiCS.

este ano o tema principal é a inovação no setor.

o evento vai contar com a participação de outros

países, nomeadamente do brasil e países da União

europeia, com o objetivo de promover a troca de

conhecimentos e experiências.

www.congressosapfac.com

congresso português de argamassas e etics

Page 55: Construção Magazine 47

PRINCIPAIS VANTAGENS

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ISOLAMENTO TÉRMICO PELO EXTERIORSistema de isolamento de paredes e protecção dos edifícios pelo exterior, aplicável em projectos novos ou de renovação, conferindo uma atractiva economia nos custos de energiae acabamento do edifício com manutenção reduzida.

Economia de energiaEconomia acentuada nas necessidades de consumo energético para aquecimento e arrefecimento dos espaços habitados.

Melhoria do conforto térmico de Verão e de Inverno, devido ao aumento da inércia térmica interior Aumento da inércia térmica do interior dos edifícios, já que a totalidade da massa da parede da fachada se encontra disponível para acumular os ganhos internos de energia.

Redução das pontes térmicasRedução ou até mesmo eliminação das pontes térmicas lineares, permitindo um isolamento térmico sem interrupções nas zonas da estrutura.

Diminuição do risco de condensações no interior da parede

Diminuição da espessura das paredes exteriores, aumentando a área habitávelDiminuição da necessidade de ocupação de área útil no interior, já que a espessura necessária para o material de isolamento é transportada para o exterior.

Colocação em obra sem perturbar os ocupantes Facilidade de utilização em reabilitação térmica de fachadas, já que os trabalhos são realizados sem utilização dos espaços interiores.

*Em obras de eficiência energética (Isolamento Térmico pelo Exterior).Portaria 303/2010, de 8 de Junho, que determina benefícios fiscais na dedução à colecta para este ano.

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