conhecimento e verdade - humanitas vivens - editora on … · gimenes da cruz, kesia gomes gentil,...

188

Upload: doandiep

Post on 11-Nov-2018

224 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 2 Conhecimento e verdade

  • 3

    CONHECIMENTO E VERDADE

  • 4 Conhecimento e verdade

    Imagens da capa: https://pixabay.com/pt/ligue-desativar-energia-poder-2933016/

  • 5

    Ademir Menin Gabriel Bassaga Nascimento

    Ivan Vieira da Silva Jos Francisco de Assis Dias

    Rogerio Dimas Grejanim (Organizadores)

    AUTORES: Ivana Latini Gavassi / Euda Mrcia Dias Paiva

    Alexandre Gimenes da Cruz / Kesia Gomes Gentil Marivaldo da Silva Oliveira / Jos Francisco de Assis Dias

    Gabriel Bassaga Nascimento / Ivan Vieira da Silva Luciana Bovo Andretto / Danieli Pinto Lidiana Antonioli / Marcio Jos Silva

    CONHECIMENTO E VERDADE

    Livro produzido com apoio do Instituto Cesumar de Cincia, Tecnologia e Inovao (ICETI)

    Primeira Edio E-book

    Toledo - PR 2017

  • 6 Conhecimento e verdade

    Copyright 2017 by

    Organizadores EDITORA:

    Daniela Valentini CONSELHO EDITORIAL:

    Dr. Celso Hiroshi Iocohama - UNIPAR Dr. Daniel Eduardo dos Santos UNICESUMAR

    Dr. Jos Aparecido Pereira - PUCPR Dr. Jos Beluci Caporalini UEM

    Dr. Lorivaldo do Nascimento - UNIOESTE Dr. Lorella Congiunti PUU-Roma

    REVISO FINAL: Prof. Luciana Bovo Andretto

    CAPA, DIAGRAMAO E DESIGN: Editora Vivens Ltda.

    Dados Internacionais de Catalogao-na-Publicao (CIP)

    Rosimarizy Linaris Montanhano Astolphi Bibliotecria CRB/9-1610

    Todos os direitos reservados aos Organizadores.

    Editora Vivens, O conhecimento a servio da Vida!

    Rua Pedro Lodi, n 566 Jardim Coopagro Toledo PR CEP: 85903-510; Fone: (45) 3056-5596

    http://www.vivens.com.br; e-mail: [email protected]

    Conhecimento e verdade / organizadores

    C749 Ademir Menin ... [et al.]. 1. ed.

    e-book Toledo, PR: Vivens, 2017.

    188 p.

    Modo de Acesso: World Wide Web:

    ISBN: 978-85-92670-47-4

    1. Conhecimento. 2. Filosofia crist.

    3. Agostinho, Santo, Bispo de Hipona, 354-

    430. 4. Verdade. 5. Tmas de Aquino,

    Santo, 1225-1274. I. Ttulo.

    CDD 22. ed. 230

  • SUMRIO

    APRESENTAO ......................................................... 9 I A VERDADE LIBERTA Ivana Latini Gavassi Euda Mrcia Dias Paiva................................................................11 II O CONHECIMENTO NA VISO DA FILOSOFIA DE SANTO AGOSTINHO Alexandre Gimenes da Cruz Kesia Gomes Gentil Marivaldo da Silva Oliveira Jos Francisco de Assis Dias...........................................................57 III PERFEIO CRIST E SANTIFICAO PROGRESSIVA EM JOHN WESLEY Gabriel Bassaga Nascimento Ivan Vieira da Silva Luciana Bovo Andretto Euda Marcia Dias Paiva................................................................89 IV SOBRE O CONHECIMENTO E A VERDADE EM TOMS DE AQUINO Danieli Pinto Lidiana Antonioli Marcio Jos Silva Jos Francisco de Assis Dias.........................................................143

  • 8 Conhecimento e verdade

  • APRESENTAO Com alegria apresentamos aos acadmicos de Gesto

    do Conhecimento, Educao e Filosofia esta obra que recolhe trabalhos oriundos de pesquisa interdisciplinar formando um corpo harmonioso entorno do problema do conhecimento e da verdade.

    No primeiro captulo, as professoras Ivana Latini Gavassi e Euda Mrcia Dias Paiva trabalharam a verdade liberta, abordando importantes temas da Teologia.

    No segundo captulo, os professores Alexandre Gimenes da Cruz, Kesia Gomes Gentil, Marivaldo da Silva Oliveira e Jos Francisco de Assis Dias trabalharam o conhecimento na viso da filosofia de Santo Agostinho, abordando questes importantes sobre a concepo filosfica do conhecimento.

    No terceiro captulo, os professores Gabriel Bassaga Nascimento, Ivan Vieira da Silva, Luciana Bovo Andretto e Euda Marcia Dias Paiva trabalharam a perfeio crist e santificao progressiva em John Wesley, apresentando importantes consideraes sobre o tema.

    No quarto captulo, os professores Danieli Pinto, Lidiana Antonioli, Marcio Jos Silva e Jos Francisco de Assis Dias trabalharam o problema do conhecimento e a verdade em Toms de Aquino.

    Boa leitura!

    Os Organizadores

  • 10 Conhecimento e verdade

  • I

    A VERDADE LIBERTA

    Ivana Latini Gavassi* Euda Mrcia Dias Paiva**

    RESUMO Verdade substantivo feminino que se originou do latim veritas e verus, significando verdade e verdadeiro respectivamente. Ao longo da histria da humanidade verdade adquiriu significados diversos e est ligada a vrios conceitos, definies ou at critrios elaborados por filsofos, socilogos, religiosos, enfim por estudiosos em geral, os quais a definiram de acordo com o contexto a que pode estar inserida. Para esta pesquisa vrias contribuies ao estudo do que seja a verdade e o desenvolvimento do psiquismo humano levam a atingir o anseio constante da alma humana em conhec-la. Observa-se no decorrer da pesquisa que verdade vrias vezes mencionada na bblia, principalmente no Novo Testamento. Jesus, nos livros de Joo, Lucas entre

    * IVANA GAVASSI, empresria no ramo da educao, graduada em Pedagogia pela UNIP e em Teologia pela FATEP/PR, ambas em 2011, e-mail: [email protected] ** Possui graduao em Pedagogia - UDF Centro Universitrio (1999). Bacharelado em Direito pela UNIEURO (2008); Advogada com registro na OAB/DF sob o n. de 29229. Ps-graduao em Psicopedagogia pela Universidade Candido Mendes (2003) Habilitao em Portugus pela FGF (2013), com programa especial de formao pedaggica. Atualmente professora - Secretaria de Educao do Distrito Federal. Tem experincia na rea de Educao, com nfase em Tecnologia Educacional e, tambm na rea Jurdica no ramo de direito familiar, cvel, trabalho e previdencirio. E-mail: [email protected]

  • 12 Conhecimento e verdade

    outros, apresenta o que seja a verdade e que ela leva libertao. Aqui libertao significa tornar livre a alma humana, uma vez que o pecado, a mentira, o medo e a falsidade aprisionam-na e o homem, no sentido universal homem e mulher fica preso a estes comportamentos que o impedem de enfrentar a realidade, gerando sentimentos negativos de defesa, que os afastam uns dos outros e principalmente da Verdade Absoluta Jesus. A busca do homem em satisfazer seus desejos, de seguir aquilo que acredita ser a sua verdade, faz com que seu emocional seja invadido por pensamentos negativos, os quais geram sentimentos, tambm negativos, que geram atitudes semelhantes aos dois primeiros e consequncias, que cada vez mais, afundam-no num emaranhado de perdas, enganos e negao da realidade. Todos esses desajustes trazem prejuzos tanto para o ser individual quanto para o meio ao qual est inserido, a sociedade da qual participa; desencadeando doenas como o estresse, a depresso, sndrome do pnico entre outras. Para que haja um verdadeiro libertar da alma humana, a cura interior se faz necessria e acontece por meio da verdade proposta pelos ensinamentos de Jesus, estes proporcionam o viver em plenitude.

    PALAVRAS-CHAVE: Verdade; Liberdade; Priso Interior; Pecado; Vida Plena.

    1.1 INTRODUO

    As diretrizes que motivam esta pesquisa so o estudo

    dos processos de libertao da alma do ser humano atravs da verdade ensinada por Jesus. Procura-se neste estudo identificar os principais mecanismos que aprisionam a alma do ser humano, bem como fazer uma demonstrao de como esses mecanismos mascaram a personalidade e impedem a libertao, cujo alcance se d atravs de um confronto com a

  • A verdade liberta 13

    verdade proposta pelos ensinamentos de Jesus e a busca da cura interior visando a plenitude da vida.

    Para tanto se levanta uma problematizao em busca de respostas a indagaes como: a histria e experincias de vida do ser humano podem gerar conflitos interiores; os conflitos interiores podem aprisionar a alma do ser humano; as escolhas do ser humano, feitas durante a sua vida, podem aprision-lo; o confronto com a verdade pode expor os conflitos internos do ser humano; a verdade pode libertar o ser humano das prises interiores?

    Para uma melhor compreenso desta pesquisa ela foi dividida em captulos.

    No captulo primeiro apresenta-se como o ser humano formado, o que compe sua estrutura, para um melhor entendimento do ser humano como um todo e identificao das reas do corpo que precisam de cura.

    No captulo segundo, o ressentimento e a amargura, sentimentos que aprisionam o ser humano impedindo-o de alcanar a liberdade e o processo de cura interior na busca e vivncia da verdade de Jesus, que leva libertao e alcance da vida em plenitude.

    O terceiro captulo apresenta o livre arbtrio que o ser humano tem em relao a sua vida, o engano, a verdade e como esses mecanismos impedem a libertao e a influncia dos primeiros seres humanos (Ado e Eva) no desfazer da harmonia do corpo.

    A metodologia utilizada foi essencialmente instrumental, bibliogrfica, tendo como fontes livros, revistas e artigos divulgados pela Internet.

    Um dos maiores problemas que o ser humano enfrenta em nossos dias so as enfermidades da alma, as quais podem afetar a sua vida em todos os aspectos, tanto na rea familiar, como na rea relacional e tambm na profissional.

    Esses conflitos levam o ser humano a viver uma vida de engano, de mentiras, de superficialidade e de fugas, que o

  • 14 Conhecimento e verdade

    impedem de encarar e enfrentar a verdade sobre seus problemas emocionais e a libertao dos mesmos.

    As perdas provocadas por esses desajustes no trazem apenas um prejuzo para o indivduo, mas tambm provocam um prejuzo social, pois todo ser humano est inserido em um contexto social, e sendo assim, influenciar todos que vivem ao seu redor.

    O stress, a depresso, a sndrome do pnico geradores de outras enfermidades emocionais so apresentadas como as doenas do sculo XXI, e alcanaram um ndice alarmante em nossos dias.

    A consequncia relevante destas e outras enfermidades, ocasionadas por ressentimentos e amarguras que o ser humano fica aprisionado e no alcana a sua libertao necessitando de cura interior.

    Assim esta pesquisa buscou analisar os mecanismos que possam auxiliar na libertao da alma atravs da cura interior, por meio da verdade proposta pelos ensinamentos de Jesus, para que o ser humano possa viver livre e usufruir de uma vida em plenitude, podendo assim beneficiar a sua famlia, a sociedade e a si mesmo.

    1.2 A ESTRUTURA DO SER HUMANO

    1.2.1 Corpo, Alma e Esprito

    Segundo a Bblia, Deus criou o ser humano a sua

    imagem e semelhana, com corpo, alma e esprito para que ele tivesse um relacionamento ntimo e direto com Deus,

    E disse Deus: Faamos o homem nossa imagem, conforme a nossa semelhana; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos cus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o rptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem sua imagem; imagem de Deus

  • A verdade liberta 15

    o criou; homem e mulher os criou. (Gnesis 1: 26- 27)

    Portanto, todo ser humano formado por corpo,

    alma e esprito. Ele um ser tripartido, E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso esprito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensveis para a vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo. (Tessalonicenses 5:23)

    Ter conhecimento dessa estrutura possibilita uma

    identificao de reas que precisam de cura. O corpo diferente da alma e a alma diferente do

    esprito. Sendo assim, o ser humano um esprito que tem uma alma que habita em um corpo.

    Atravs da alma o ser humano tem conscincia acerca de si mesmo. Ela est ligada ao mundo espiritual atravs do esprito e ao mundo material atravs do corpo.

    O esprito humano um ponto de contato com Deus. atravs do esprito que o ser humano tem

    conscincia de Deus, percebe a existncia do mesmo e tambm possibilita um relacionamento com Ele.

    Assim, atravs dessa relao, o esprito do ser humano governa sua alma, que por sua vez governa o seu corpo.

    A alma tudo que o ser humano . Ela faz a ligao entre o esprito e o corpo. Ela composta pela mente, pela vontade e pela emoo.

    A mente a sede da alma, e nela esto os pensamentos, os raciocnios, a memria, o intelecto.

    A vontade o instrumento para fazer as escolhas e tomar as decises. A emoo a expresso dos sentimentos.

    O corpo a forma visvel do ser humano e atravs dele o ser humano se relaciona com o mundo exterior, por meio dos cinco sentidos: a viso, a audio, o olfato, o tato e a fala.

  • 16 Conhecimento e verdade

    Na mente esto os registros, as memrias, as

    lembranas de todos os fatos que aconteceram na vida do ser humano.

    Esse memorial mental de fatos bons ou ruins vai determinar o modo de viver do ser humano, gerando sentimentos, afetando as vontades e provocando reaes emocionais que podem afetar o corpo de forma benfica ou malfica.

    1.2.2 Harmonia quebrada

    Ao estudar a estrutura do homem observa-se que

    Deus criou o homem a sua imagem e semelhana. O criou para ter comunho com Ele determinando:

    E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a rvore do jardim comers livremente, Mas da rvore do conhecimento do bem e do mal, dela no comers; porque no dia em que dela comeres, certamente morrers. (Gnesis 2:16-17)

    Ado, antes da queda era um homem perfeito e usava

    todo o seu potencial da alma era governado pelo esprito, ou seja, criado a semelhana de Deus tinha comunho com Ele em esprito, o qual governava sua alma, que por sua vez governava o corpo.

    Aps a queda, o esprito do homem morreu para Deus e o homem perdeu a comunho com Ele. O homem passou a ser governado, no mais por seu esprito, mas pela sua alma. Observa-se a queda segundo a bblia quando,

    [...] viu a mulher que aquela rvore era boa para se comer, e agradvel aos olhos, e rvore desejvel para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu tambm a seu marido, e ele comeu com ela. Ento foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram

  • A verdade liberta 17

    folhas de figueira, e fizeram para si aventais. E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela virao do dia; e esconderam-se Ado e sua mulher da presena do SENHOR Deus, entre as rvores do jardim. E chamou o SENHOR Deus a Ado, e disse-lhe: Onde ests? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da rvore de que te ordenei que no comesses? Ento disse Ado: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da rvore, e comi. E disse o SENHOR Deus mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. Ento o SENHOR Deus disse serpente: Porquanto fizeste isto, maldita sers mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andars, e p comers todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferir a cabea, e tu lhe ferirs o calcanhar. E mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceio; com dor dars luz filhos; e o teu desejo ser para o teu marido, e ele te dominar. E a Ado disse: Porquanto deste ouvidos voz de tua mulher, e comeste da rvore de que te ordenei, dizendo: No comers dela, maldita a terra por causa de ti; com dor comers dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos tambm, te produzir; e comers a erva do campo. No suor do teu rosto comers o teu po, at que te tornes terra; porque dela foste tomado; porquanto s p e em p te tornars. E chamou Ado o nome de sua mulher Eva; porquanto era a me de todos os viventes. E fez o SENHOR Deus a Ado e sua mulher tnicas de peles, e os vestiu. Ento disse o SENHOR Deus: Eis que o homem como um de ns, sabendo o bem e o mal; ora, para que no

  • 18 Conhecimento e verdade

    estenda a sua mo, e tome tambm da rvore da vida, e coma e viva eternamente, O SENHOR Deus, pois, o lanou fora do jardim do den, para lavrar a terra de que fora tomado. (Gnesis 1:6-23)

    ento que o homem com a morte do seu esprito

    (para Deus) e tendo o governo estabelecido por sua alma, passa a ter uma natureza, no mais divina, mas pecaminosa.

    No entanto, Deus, com sua infinita misericrdia, envia o Seu Esprito para que habite nele, conforme 1 Corntios 3:16 No sabeis vs que sois o templo de Deus e que o Esprito de Deus habita em vs?

    Assim o homem volta a ter comunho com Deus como no princpio, mas as consequncias dos pecados, devido a sua queda e natureza pecaminosa permanecem.

    Ser necessrio que o homem reavalie sua existncia, objetivos, sonhos, projetos de vida e, em especial, sua alma, para que saiba como chegar verdade, uma Verdade que Liberta.

    1.3 SENTIMENTOS QUE APRISIONAM

    1.3.1 O ressentimento

    Para alcanar a verdade e libertar-se, faz-se necessrio

    que as pessoas conheam-se estruturalmente, como visto no primeiro captulo, e tambm emocionalmente, uma vez que s se pode curar uma alma, quando se conhece a causa da sua dor ou doena.

    O ressentimento o primeiro vilo que denuncia que h algo de errado. Nele h uma indisposio em perdoar.

    Normalmente no se admite que se esteja ressentido, porm ao se tocar no nome de uma determinada pessoa ou mesmo situao, sente-se algo ruim brotando internamente. H uma tendncia a justificar-se, dizendo que no h nada

  • A verdade liberta 19

    contra, no entanto a pessoa no deseja, nem tem relacionamento com a pessoa citada.

    O ressentimento produz a amargura no indivduo, e esta provoca problemas nervosos, conforme Hebreus 12:15,

    tendo cuidado de que ningum se prive da graa de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem. (Hebreus 12:15)

    Insnia, dores de cabea, esgotamento, artrite,

    palpitaes, lceras, presso alta, etc. so alguns dos malefcios desencadeados pela amargura.

    As doenas so o primeiro estgio, seguido pelo dio e em seguida o desejo de vingana.

    Um ser humano tratado injustamente, agredido, ofendido, desprezado, insultado, ignorado, envergonhado, humilhado, maltratado, caluniado, etc. ferido interiormente. Essa ferida provoca dor. Isto ocorre tambm com filhos ressentidos com os pais ou esposas com maridos, por maus tratos, abandono, egosmo, desconsiderao, etc. Tudo isso fere internamente e causa ressentimento.

    O ressentimento coloca a pessoa ressentida em igualdade com o ofensor e impede Deus agir.

    Com o passar do tempo leva-os a desenvolver o sentimento de dio.

    O dio abre uma brecha para um esprito de cobia se alojar na pessoa, levando-a a fazer aquilo que a causa da sua mgoa.

    Para que haja a quebra desse domnio o perdo faz-se necessrio.

    Geralmente todo esse processo inicia-se na infncia com as crianas inocentes, s vezes, antes mesmo do nascimento, no ventre materno.

    As crianas podem ser afetadas atravs de pais cruis, abusos fsicos sexuais, castigos desumanos. As feridas

  • 20 Conhecimento e verdade

    desencadeadas, se no forem tratadas, degeneram-se em mgoas.

    Por causa dessas feridas, h um aprisionamento do ser atravs da mgoa. Aquele que aceita as feridas, torna-se prisioneiro.

    Se h mgoa com algum, torna-se seu escravo. Carrega-se atrelado a mente esse sentimento o tempo

    todo: vai para cama dorme anda com ele no se aparta em momento algum, e por isso se atormentado por um companheiro indesejado.

    A total priso a incapacidade de amar e ser amado. Hoje, h muitos lares destrudos porque duas pessoas

    feridas e magoadas resolvem se casar, entretanto nenhuma delas tem a capacidade de amar. Estes relacionamentos so destrudos a partir de carncias emocionais, de feridas e mgoas acumuladas por causa de experincias passadas.

    1.3.2 A Amargura

    A amargura resultado de feridas emocionais

    provenientes de feridas de quem se espera o amor, aconchego, compreenso, conforto e carinho. Isto o que muito prejudica e estraalha profundamente as almas dos homens.

    A amargura envenena todo o sistema da pessoa, contamina no s sua vtima, mas tambm os que a cercam. Esse sentimento de mal-estar produzido pela ferida, ressentimento e mgoa, d lugar quebra de comunho e de relacionamentos.

    As feridas produzem mgoas e estas, por sua vez, desencadeiam a amargura e problemas vrios, que se agravam cada vez mais.

    Ela o terreno propcio para toda sorte do mal. Pode provocar a separao e o dio entre as pessoas.

    Tem-se que tratar das feridas, antes que se forme uma raiz de amargura. Se h permisso para que a amargura e o

  • A verdade liberta 21

    dio dominem, se recebe a ferida e a alimenta com a mgoa, a amargura vir.

    A amargura como raiz que vai se aprofundando, crescendo produzindo seu fruto e afetando todo o estado de alma, com perturbao e contaminao dos que esto volta.

    No corao amargurado a alma est cheia de dio, de falta de perdo e, nesta hora, o homem sucumbe. Pode, at mesmo, chegar a uma situao de desolao total.

    ela, tambm, responsvel pela construo de paredes de isolamento.

    O medo de que as feridas internas e fraquezas sejam reveladas, tambm est por trs do isolamento. A solido uma outra forma de isolamento.

    O remdio no buscar algum em quem descarregar as mgoas, mas ir a Jesus para sarar as feridas.

    O amargurado, por outro lado, se isola, por medo de ser mais ferido.

    O indivduo amargurado torna-se agressivo, fechado, calado, intolervel.

    A amargura leva ao choque com os familiares e os amigos do amargurado porque estes, com medo de dialogar, procuram evit-lo, podendo resultar em separao de casais, pais, filhos e amigos.

    No entanto, faz-se necessrio frisar que a amargura s tem lugar onde faltou o perdo, viver nela viver sem perdo, trazendo dessa forma, terrveis consequncias que reagem em cadeia: a falta de perdo gera a ferida e, consequentemente esta produzir a amargura, que por sua vez levar acusao. A acusao se transforma em dio. Por tudo isso o perdo se faz necessrio, imprescindvel.

    Quando se perdoa algum, coloca-se na posio em que o perdo de Deus ser liberado. Quem perdoa, perdoado.

    Jesus taxativo ao declarar:

  • 22 Conhecimento e verdade

    Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, tambm seu Pai Celeste vos perdoar a vs; se, porm, no perdoardes aos homens as suas ofensas, to pouco vosso Pai vos perdoar as vossas ofensas. (Mt 6. 14,15)

    Em Marcos, 11: 23-26, tem-se o ensino da autoridade

    e f para remover montanhas; o poder da orao de f em operao, pelo uso da Palavra.

    Mas tudo isso est na dependncia de um corao que perdoa.

    Jesus categrico ao dizer: Quando estiverdes orando perdoai se tendes alguma coisa contar algum, para que tambm vosso Pai que est no Cu, vos perdoe as vossas ofensas. Mas se vs no perdoardes, tambm vosso pai que est no Cu, No perdoar as vossas ofensas. (Mc 11:25,26)

    O pecado no perdoado faz do homem um

    prisioneiro. O perdo do homem libera o perdo de Deus para os

    outros. Quando se entende o bem que o perdo faz no somente a quem perdoa, como tambm ao ofensor, jamais se conservar algum retido, pela falta de perdo.

    H uma verdade expressa por Jesus em Mateus 18:18, quando declara que o que se liga na Terra, ligado no cu, e o que se desliga na Terra, desligado no Cu.

    Isso implica que a atitude na Terra tem influncia no reino do esprito. O perdo a algum abre o caminho no s para as bnos flurem sobre a vida de quem perdoa, mas igualmente a vida do ofensor.

    Quando algum transgride, torna-se culpado. Se o ofendido libera o ofensor, no reino do esprito ele liberado para receber as bnos de Deus, incluindo o seu perdo.

    O perdo libera a cura de Deus. Existem muitas enfermidades provenientes da falta de perdo. Vimos como a

  • A verdade liberta 23

    mgoa, que a falta de perdo, envenena todo sistema orgnico e provoca muitos tipos de doenas. Para as enfermidades assim produzidas, s h um meio de cura: o perdo. Esse perdo dever ser trplice. Como as mgoas podem ser contra si mesmo, contra outros e contra Deus, assim dever ser o perdo. Aonde ela chegou deve entrar o perdo para expeli-la.

    s vezes a pessoa precisa perdoar a si mesma. No importam quem seja o alvo da falta de perdo, os efeitos so iguais.

    A mente atormentada por causa de acusaes, pecados passados, transgresses. As faltas so confessadas, mas o esprito acusador est presente e a pessoa sucumbe culpa, sem aceitar o perdo de Deus para si prprio.

    No se pode esquecer que qualquer que seja o pecado, o ofensor onde abundou o pecado, superabundou graa (Rm 5:20). Deus cobrir a multido dos seus pecados. Pode-se chegar diante de Deus e confess-los, pois o perdo de Deus uma proviso:

    Se confessarmos os nossos pecados, Ele fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de todas as injustias. (1 Jo 1: 9)

    E se Deus o perdoa a pessoa tambm deve se perdoar,

    porque no maior do que Ele: Eu, eu mesmo, sou o que apago as suas transgresses por amor de mim, e dos teus pecados no me lembro mais. (Is. 43:25)

    Tambm a amargura provoca a quebra

    nos relacionamentos. Os relacionamentos, quebrados entre irmos,

    trazem cegueira espiritual. No andar em comunho andar

  • 24 Conhecimento e verdade

    em trevas, o que provoca srias consequncias.

    A cegueira impede de agir com sabedoria e ao andar em trevas, no se sabe como agir. No haver suficiente luz para analisar a situao, e se agir por impulsos do momento ou se far julgamentos precipitados sem a luz da Palavra.

    Essa cegueira vai impedir de ver-se a si mesmo pelos olhos da Palavra, ou como de fato se .

    A pessoa em trevas se torna o centro de sua prpria vida. A autocomiserao toma conta dela, levando-a a exigir dos outros toda a ateno para si. Vive remoendo mgoas e fazendo confisses negativas.

    V-se apenas como injustiada, coitadinha, machucada, desprezada, enfim, enfim, uma vtima.

    A cegueira impede, ainda, de ver os outros como eles realmente so. Por pior que uma pessoa seja, sempre se encontra algo de bom nela.

    A insensibilidade para com os demais outro grave sintoma dos relacionamentos quebrados.

    A vida se torna egocntrica. Gira em torno de si mesma. Os demais so excludos.

    Isso resulta numa indiferena para com as necessidades dos outros

    Quem vive voltado para dentro de si, revivendo suas mgoas e problemas, fica alheio ao que se passa ao seu redor, em indiferena total. E essa atitude egosta chega at a provocar morte.

    A amargura tambm torna as pessoas culpadas. Onde existe a culpa, h mgoa de si mesmo e surgem

    sentimentos como a autocompaixo, a vergonha, a autodepreciao, o sentimento de inferioridade e o dio, o qual pode levar ao suicdio.

    Quando h mgoa dos outros surgem o ressentimento, a amargura, a raiva, o sentimento de vingana e dio, que pode levar ao assassinato.

    E quando h mgoa de Deus surgem as dvidas, os

  • A verdade liberta 25

    questionamentos, a incredulidade, a rebelio sempre que se duvida de Deus se est em rebelio contra Ele e a Sua Palavra.

    Os conflitos, que so gerados pela amargura, podem criar enfermidades fsicas, tais como nervosismo, dores de cabea, um esgotamento, lceras artrites, presso alta, palpitaes, taquicardias, doenas de pele, disfunes hormonais, cnceres e demais doenas degenerativas.

    As doenas espirituais, emocionais, fsicas e mentais, frequentemente, podem ser o resultado direto da amargura. Ela a raiz de muitas dessas doenas.

    As pessoas amarguradas apresentam caractersticas sentimentais como o pessimismo, sempre vendo o aspecto negativo da vida; geralmente so muito crticas; facilmente sensibilizam-se com o que dizem a seu respeito; sentem que os outros a discriminam; espalham amargura e tristeza a seu redor.

    O crescimento emocional interrompido por ocasio dessas feridas, e s retomado quando a cura ocorre, caso contrrio a pessoa permanece imatura no aspecto emocional.

    Na imaturidade emocional, a pessoa age como criana e no como adulto, pois a personalidade no amadurece com o corpo.

    A maturidade emocional distinta da fsica. Para que ela ocorra, h que acontecer a cura e libertao de todas as feridas e mgoas.

    A verdadeira libertao do indivduo se d quando ele se recupera da raiz de amargura.

    Assim, aprende a reconhecer e a superar as consequncias de ressentimentos e comea, ento, a acreditar na sinceridade dos outros. Consegue se aceitar e a agradecer o que dizem. Ganha a habilidade de ser grato e desfrutar da vida.

    medida que se recupera da amargura e do ressentimento, comea-se a redescobrir a verdadeira alegria, no ficar to facilmente ferido, gostar da vida, no

  • 26 Conhecimento e verdade

    ferir os outros e ter mais amigos.

    1.3.3 Cura interior

    O homem conhece a Deus, a Jesus e a Sua verdade

    para alcanar sua libertao. No entanto, alguns procedimentos se fazem

    necessrios para que essa libertao se efetive em sua vida: ele precisa de cura interior.

    A cura interior o processo pelo qual, por meio da orao, numa dinmica espiritual, se liberto de ressentimentos, sentimento de rejeio, tristeza, culpa, medo, dio, complexo de inferioridade, etc.

    a cura do homem interior: da mente, emoes, lembranas desagradveis e sonhos.

    Deus diz para se viver diferentemente de como vivem as pessoas deste mundo:

    E no vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovao da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradvel, e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:2)

    Infelizmente h inmeras pessoas hoje que no

    possuem paz. Esto emocionalmente enfermas. Jesus disse:

    Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu no vo-la dou como o mundo a d. No se turbe o vosso corao, nem

    se atemorize. (Jo 14:27)

    Todos que conhecem a Palavra de Deus, a Verdade de Jesus, ainda tm pela frente dois processos importantes: precisam dominar o corpo e renovar a mente, a alma (a alma composta de: sentimento, vontade, pensamento, conscincia, como visto anteriormente).

  • A verdade liberta 27

    Mesmo que algum ache que no tem feridas e que

    por isso, no necessita de cura interior, ao se deparar com a ordem ...deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudana da mente de vocs, forado a entender, atravs da Palavra de Deus, que precisa de renovao. Conforme a Bblia: Quem est unido com Cristo uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e j chegou o que novo (2 Cor 5:17).

    Neste processo apenas o esprito que nasceu de novo. Mas o corpo e a alma, no nasceram de novo.

    Tudo neles ainda velho. Assim o que fazer ao corpo e alma? A Bblia diz quanto ao corpo, que ele deve ser

    dominado, controlado: Eu trato o meu corpo duramente e o obrigo a ser completamente controlado. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo submisso, para que, depois de pregar a outros, eu mesmo no venha a ficar reprovado. (1Co 9.27)

    Isso exercer domnio prprio. Mas e quanto alma? Segundo a Bblia ela precisa ser renovada: No vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudana da mente de vocs. (Rm 12:2)

    Ao lembrar-se de um fato como rejeio ou abandono

    e se sente dor, porque a ferida ainda no cicatrizou. Essa dor ocorre na alma e se apresenta de diversas formas: nojo, raiva, angstia, medo, vergonha.

    H casos de a alma estar ferida, porm a pessoa no sente, conscientemente, qualquer dor.

    Nestes casos pela alma estar ferida a pessoa pode apresentar comportamentos pouco sadios.

  • 28 Conhecimento e verdade

    Pode no sentir raiva do irmo que era preferido da

    me, mas no tem assunto com ele, cria-se uma barreira. Pode tambm no sentir nojo ou revolta ao lembrar-

    se de como foi molestada sexualmente, mas no consegue manter um relacionamento afetivo firme.

    Outros sintomas de feridas de alma so os seguintes: viver ameaando; jamais admitir os prprios erros; sentir prazer na desgraa do outro; no ter aspiraes, sonhos; ser ciumento; ser triste; ser risonho demais; gastar o que no tem; ter dificuldade para dizer no; ter timidez paralisante; masturbar-se compulsivamente.

    H situaes que ferem emocionalmente. A famlia a base do ser humano, se foi

    desestruturada, consequentemente, aquele que conhece a Verdade de Jesus, tambm pode ter sido desestruturado.

    A Bblia mostra homens e mulheres que tinham feridas na alma e que precisaram ser curados por Deus.

    Moiss tinha dificuldade na fala (lngua presa, gagueira, no se sabe) por conta disso, se achava incapaz de falar ao Fara do Egito:

    Moiss, porm, respondeu perante o Senhor, dizendo: Eis que os filhos de Israel no me tm ouvido: como, pois, me ouvir Fara a mim, que sou incircunciso de lbios? (Ex. 6:12)

    No dia em que o Senhor falou a Moiss na terra do Egito, disse o Senhor a Moiss: Eu sou Jeov; dize a Fara, rei do Egito, tudo quanto eu te digo. Respondeu Moiss perante o Senhor: Eis que eu sou incircunciso de lbios; como, pois, me ouvir Fara. (Ex.6:28-30)

    Elias foi um poderoso profeta, entretanto se sentiu

    inferiorizado e incapaz de enfrentar Jezabel. Entrou em depresso, queria morrer:

  • A verdade liberta 29

    Jezabel ameaa Elias Ora, Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito, e como matara espada todos os profetas. Ento Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me faam os deuses, e outro tanto, se at amanh a estas horas eu no fizer a tua vida como a de um deles. Quando ele viu isto, levantou-se e, para escapar com vida, se foi. E chegando a Berseba, que pertence a Jud, deixou ali o seu moo. Ele, porm, entrou pelo deserto caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, dizendo: J basta, Senhor; toma agora a minha vida, pois no sou melhor do que meus pais. E deitando-se debaixo do zimbro, dormiu; e eis que um anjo o tocou, e lhe disse: Levanta-te e come. Ele olhou, e eis que sua cabeceira estava um po cozido sobre as brasas, e uma botija de gua. Tendo comido e bebido, tornou a deitar-se. O anjo do Senhor veio segunda vez, tocou-o, e lhe disse: Levanta-te e come, porque demasiado longa te ser a viagem. Elias no monte de Horebe Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a fora desse alimento caminhou quarenta dias e quarenta noites at Horebe, o monte de Deus. Ali entrou numa caverna, onde passou a noite. E eis que lhe veio a palavra do Senhor, dizendo: Que fazes aqui, Elias? Respondeu ele: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos exrcitos; porque os filhos de Israel deixaram o teu pacto, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas espada; e eu, somente eu, fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem. (I Reis 19:1 10)

  • 30 Conhecimento e verdade

    Mirian, irm de Moiss, sentia-se inferior a Moiss e

    quis se exaltar, afirmando que era usada por Deus. Ficou leprosa:

    Ora, falaram Miri e Aro contra Moiss ,por causa da mulher cuchita que este tomara; porquanto tinha tomado uma mulher cuchita. E disseram: Porventura falou o Senhor somente por Moiss? No falou tambm por ns? E o Senhor o ouviu. Ora, Moiss era homem mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra. E logo o Senhor disse a Moiss, a Aro e a Miri: Sa vos trs tenda da revelao. E saram eles trs. Ento o Senhor desceu em uma coluna de nuvem, e se ps porta da tenda; depois chamou a Aro e a Miri, e os dois acudiram. Ento disse: Ouvi agora as minhas palavras: se entre vs houver profeta, eu, o Senhor, a ele me farei conhecer em viso, em sonhos falarei com ele. Mas no assim com o meu servo Moiss, que fiel em toda a minha casa; boca a boca falo com ele, claramente e no em enigmas; pois ele contempla a forma do Senhor. Por que, pois, no temestes falar contra o meu servo, contra Moiss? Assim se acendeu a ira do Senhor contra eles; e ele se retirou; tambm a nuvem se retirou de sobre a tenda; e eis que Miri se tornara leprosa, branca como a neve; e olhou Aro para Miri e eis que estava leprosa. Pelo que Aro disse a Moiss: Ah, meu senhor! rogo-te no ponhas sobre ns este pecado, porque procedemos loucamente, e pecamos. No seja ela como um morto que, ao sair do ventre de sua me, tenha a sua carne j meio consumida. Clamou, pois, Moiss ao Senhor, dizendo: Deus, rogo-te que a cures. Respondeu o Senhor a Moiss: Se seu pai lhe tivesse cuspido na cara no seria envergonhada por sete dias?

  • A verdade liberta 31

    Esteja fechada por sete dias fora do arraial, e depois se recolher outra vez. Assim Miri esteve fechada fora do arraial por sete dias; e o povo no partiu, enquanto Miri no se recolheu de novo. (Num. 12:1 15) H muitas portas que, sendo abertas, geram feridas

    emocionais. o caso da rejeio sentimento de desamor, que

    no se amado, aceito ou bem-vindo. A pessoa rejeitada sempre interpreta mal as atitudes

    das outras pessoas, sempre tendo a sensao de desprezo. H tambm o sentimento de rejeio que auto-

    imposto, isto , a prpria pessoa se impe, seja por uma deficincia fsica; ou magreza excessiva; ou obesidade; ou seios muito grandes; ou cravos e espinhas em excesso; ou at mesmo por doenas constantes.

    Algumas pessoas carregam feridas de alma em virtude de culpa.

    Culpa por ter abortado ou pago o aborto para algum; culpa pela morte de algum; culpa por espancar filhos ou irmos; culpa por ter roubado, enganado; culpa por ter abusado sexualmente de algum; culpa por no ser mais virgem.

    Por tudo isso que a pessoa talvez seja insegura, medrosa, birrenta, rancorosa, magoada, tmida, assustada ou solitria.

    Porm, deve se considerar o poder de Jesus, Ele o maior dos mdicos mdicos e enfermeiros tratam dos doentes, mas Jesus quem os cura.

    E em assuntos de alma, Jesus especialista. Ele deseja sarar todas as tristezas e mgoas.

    Cura interior isso: deixar que Jesus faa Sua luz brilhar em todos os recantos escuros da alma, espao abundante de mgoas e lembranas dolorosas.

  • 32 Conhecimento e verdade

    A alma humana pode estar contaminada, com muitas

    coisas impuras. No entanto a Palavra de Deus diz:

    Meus irmos e minhas irms, encham a mente de vocs com tudo o que bom e merece elogios, isto , tudo o que verdadeiro, digno, correto, puro, agradvel e decente (Filipenses 4:8).

    Alm da memria, necessrio que se limpe,

    espiritualmente, os pensamentos que se tem. Uma vez que h pensamentos imundos, contaminados.

    Na rea da baixa estima, como exemplos: esta a cruz que eu carrego; nasci para ser infeliz; sou um caso perdido.

    Pode-se no compreender completamente, mas a Providncia de Deus est de tal modo combinada com a liberdade humana, que no admite fatalismo.

    Ela precisa estar ligada Sua justia, poder e benevolncia.

    Esta certeza extrada das Escrituras:

    Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que O amam, dos que foram chamados de acordo com o Seu propsito. (Romanos 8:28)

    1.4 O HOMEM FAZ SUA ESCOLHA

    1.4.1 O livre arbtrio

    O ser humano tem a liberdade de escolha, os

    caminhos da vida so feitos de decises e escolhas. Assim, o que cada um hoje, consequncia destas escolhas e das aes adotadas para efetiv-las, sendo que algumas so

  • A verdade liberta 33

    essenciais e importam decises sobre a religio ou o papel social, outras so operacionais, como a roupa que se veste para ir trabalhar.

    A todo momento, queira-se ou no, consciente ou inconsciente, por ao ou omisso, mas sempre se faz escolhas, decidindo entre a verdade e o engano. Tudo isso est relacionado ao livre-arbtrio.

    Livre arbtrio o poder que cada indivduo tem de escolher suas aes, que caminho que seguir. A expresso utilizada por diversas religies, como o catolicismo, espritas, budistas, etc., e cada uma explica seu ponto de vista em relao liberdade de escolha.

    O real significado de livre arbtrio tem sentidos religiosos, psicolgicos, morais e cientficos. A noo do livre arbtrio foi objeto de muitos debates durante a idade mdia e durante os sculos XVI e XVII, especialmente porque implicava o problema da compatibilidade entre a onipotncia divina e a liberdade humana.

    Santo Agostinho tinha apresentado que a dependncia em que se encontram o ser e a obra do homem a Deus no significa que o pecado seja obra de Deus. E para responder indagaes internas acerca do bem e do mal, escreveu vasta obra sobre o livre arbtrio.

    Quando indagado se Deus seria o criador do mal, j que tudo o que existe foi criado por Deus e j que o mal existe, Agostinho, com sua lgica, faz ento a diferena entre os dois conceitos de mal: o Malum Culpae e o Malum Poena.

    O Malum Culpae seria o mal praticado, por livre vontade e prpria culpa, afastam-se do sumo Bem, adorando e servindo s criaturas em lugar do criador, deixando-se seduzir pelas paixes.

    O Malum Poena a consequncia do Malum Culpae, determinado para aqueles que se afastam do Bem e naturalmente se aproximam do Mal, privando-se da presena da Verdade.

    http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=3563http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=755http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=1012http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=3548http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=1164http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=600http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=890http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=4310

  • 34 Conhecimento e verdade

    Agostinho sintetiza essas aes como a causa dos

    males praticados como o livre arbtrio e a causa dos males sofridos, julgamento divino. Contudo, esclarece que o objetivo de Deus ao permitir o sofrimento unicamente restabelecer a ordem:

    Mas Deus no pratica o mal, pois tu sabes [por demonstrao racional], ou acreditas [por assentimento testemunhal] que Ele bom, nem o contrrio se pode admitir. Por outro lado, visto professarmos que Deus justo, pois neg-lo tambm sacrilgio, Ele assim como confere prmios aos bons, assim inflige castigos aos maus, e tais castigos so evidentemente males para os que os sofrem. Deste modo, se ningum injustamente punido o que temos de acreditar, pois acreditamos que o Universo regido pela providncia divina Deus o autor deste segundo gnero de males; do primeiro porm que se referiu, no o de modo nenhum. (AGOSTINHO, De Libero, I)

    Segundo Agostinho, quando Deus castiga aqueles que

    praticaram o Mal, no bem aceito, pois esses no se do conta de que serem corrigidos por Deus um bem. Diz ainda que o mal um desejo culposo, a concupiscncia) e que Deus seria o responsvel por ter dado ao homem a capacidade de escolher entre o bem e o mal. Portanto, Agostinho concluiu que o homem precisa ter fora interna para no aderir ao Mal, afinal ele livre. Sintetizando estes passos, diz:

    de modo nenhum pode estar privado de virtude o ser, qualquer que ele seja, a que possvel estar acima da mente exornada de virtude. Por tal razo, nem mesmo esse ser, embora tenha capacidade, constranger a mente a escravizar-se inincia (...) Segue-se, portanto, que nenhuma outra realidade torna a mente escrava da inincia, seno a prpria vontade e livre arbtrio. (De Liberi Arbitro I)

  • A verdade liberta 35

    Destaca-se tambm uma sutil diferena entre

    vontade/liberdade e livre arbtrio, enquanto o livre arbtrio seria a capacidade de escolha que est presente no homem e a liberdade a eficcia que essa escolha alcana ao aderir verdade. Portanto, a liberdade, caracteriza-se pela capacidade do homem em escolher o bem e evitar o mal e a liberdade do homem se realiza plenamente quando este adere, por livre vontade, ao bem, afastando-se do mal; quando se distancia da ausncia e acolhe o Ser.

    Segundo os ensinamentos de Agostinho a vontade do homem se sobrepe aos eventos da natureza, mas nada pode ser contrrio a vontade de Deus, sob a pena de recebimentos de severos castigos.

    Em um outro trecho do livro I, diz Agostinho:

    Nada to rduo e difcil que se torne, com a ajuda de Deus, inteiramente claro e simples. Com o esprito levantado para Ele, e implorando o seu auxlio,

    investiguemos o que nos havamos fixado. (De Libero Arbitrio I, 35-36) Dessa forma, demonstra que necessrio alcanar a

    Verdade, por meio do livre arbtrio que deve estar alinhado ao auxlio divino com o objetivo de se encontrar a graa.

    O Bispo de Hipona diz que o homem tem liberdade para fazer o bem e que no coagido a cometer o mal por nenhuma necessidade, o qual o culpado por seus pecados, no podendo em hiptese alguma ser essa responsabilidade por ser imputada a outrem.

    Agostinho, entende que quem se serve das coisas de modo ordenado as tornam melhores, possuindo-as e governando-as quando necessrio, mesmo estando prontos a perd-las, conforme Joo:

    17 - Porque a lei foi dada por Moiss; a graa e a verdade

  • 36 Conhecimento e verdade

    vieram por Jesus Cristo. 18 - Deus nunca foi visto por algum. O Filho unignito, que est no seio do Pai, esse o revelou. (Joo 1:17-18)

    1.4.2 O engano

    No livro de Gnesis, captulo 3, versculos 6 e 7, da

    Bblia, o texto nos relata a deciso do ser humano de se afastar de Deus, de quebrar o relacionamento com seu Criador e agir por suas prprias convices.

    O ser humano com este ato se desliga espiritualmente de Deus e passa a sofrer profundas transformaes interiores. O esprito j no governa a alma, mas esta o governa.

    Aps esse desligamento, o ser humano est fazendo suas prprias escolhas, sofrendo as consequncias das mesmas e colhendo seus frutos. No mesmo livro e captulo, nos versculos seguintes pode-se observar alguns sentimentos negativos:

    08 E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presena do Senhor Deus, entre as rvores do jardim. 09 Mas chamou o Senhor Deus ao homem, e perguntou-lhe: Onde ests? 10 Respondeu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me. 11 Deus perguntou-lhe mais: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste da rvore de que te ordenei que no comesses? 12 Ao que respondeu o homem: A mulher que me deste por companheira deu-me a rvore, e eu comi. 13 Perguntou o Senhor Deus mulher: Que isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi. (Gnesis 3:08-13)

  • A verdade liberta 37

    Ele passa a mentir, a enganar, a sentir culpa medo,

    insegurana, constrangimento. Esses sentimentos da alma normalmente provocam reaes de fuga no ser humano, para que ele no enfrente seus erros e assuma as consequncias de seus atos bem como responsabilidade por seus erros, consequentemente ele transfere a culpa para o outro.

    O ser humano troca a verdade pela mentira, pelo engano, pela falsidade e vive crendo nesses princpios. Todo esse comportamento o impede de enfrentar a realidade e provoca a criao de mecanismos de defesa para se proteger dos sentimentos negativos.

    Tais atitudes no geram mudana da realidade das coisas e leva-o a enganar a si mesmo, afim de que no tenha que mudar, permanecendo no engano. Ele vive uma mentira, construindo muralhas a volta dos seus sentimentos, para que ningum descubra seus fracassos.

    Os principais mecanismos de defesa emocional que geram distores so: a negao, a racionalizao e a projeo. A negao quando o problema no enfrentado, no discutido, no admitido e sim, escondido. A racionalizao acontece quando ocorrem tentativas para se justificar o problema, um processo de se enganar. J a projeo o mecanismo que leva o ser humano a transferir a culpa de todo o problema para os outros. Projetam-se os defeitos para o outro e para Deus.

    Os referidos mecanismos provocam sentimentos confusos como medo, ira, culpa, ansiedade, vergonha, dio, compulso, pensamentos suicidas, entre outros, os quais impedem o diagnstico da causa do problema.

    Segundo o filsofo grego Demstenes extremamente fcil enganar a si mesmo, pois o homem geralmente acredita no que deseja.

    Franklin Jones disse: Se ns pudssemos nos ver como os outros nos vem, compreenderamos at que ponto nossas aparncias so enganosas.

  • 38 Conhecimento e verdade

    1.4.3 A verdade

    Porque muito me alegrei quando os irmos vieram e testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade. No tenho maior gozo do que este: o de ouvir que os meus filhos andam na verdade. (3 Joo 1:3-4) A palavra verdade tem sua origem do latim veritas

    que significa verdade e verus que significa verdadeiro. Ela pode ter vrios significados dependendo do contexto antropolgico, filosfico, cultural e da prpria razo, pois implica a realidade, o imaginrio e a fico. (CHAUI, 2000)

    Um conceito, um comportamento, um valor que para uma cultura, para um povo uma verdade absoluta, mas para outro pode no ser.

    Para o filsofo alemo Friedrich Nietzsche, a verdade um ponto de vista. Para o filsofo francs Rene Descartes o critrio da vontade.

    Porm, existe uma concordncia em que a verdade se refere a algo que real ou possivelmente real dentro de um sistema de valores; tambm com o sentido de estar de acordo com os fatos ou a realidade; e tambm com a fidelidade, a constncia, a sinceridade em pensamentos, carter, palavras e atitudes que remete ao interior do ser humano.

    Assim sendo, a verdade ou aquilo que ele acredita ser real compreendido em seu contexto sociocultural, a qual vai influenci-lo em sua alma e, consequentemente, em seus comportamentos.

    O anseio constante que permeia a alma do ser humano conhecer a verdade. Ele questiona a sua existncia em busca do que verdadeiro.

    Desde a antiguidade, filsofos com Plato, Scrates, Aristteles, debatiam a natureza da verdade, queriam saber se ela era real e absoluta, ou relativa e ilusria.

  • A verdade liberta 39

    Na Bblia, no livro de Joo, Pilatos diante de Jesus,

    levanta a questo que permanece na alma do ser humano: Perguntou-lhe, pois, Pilatos: Logo tu s rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que da verdade ouve a minha voz. Perguntou-lhe Pilatos: Que a verdade? E dito isto, de novo saiu a ter com os judeus, e disse-lhes: No acho nele crime algum. (Joo 18:37-38)

    A mesma pergunta que surge desde a criao do

    mesmo, trazendo sempre dvidas e incertezas em sua alma. Porm, Jesus no mesmo livro de Joo, declara que Ele

    a verdade: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ele se declara sendo a prpria verdade, a revelao da verdade e fala dela como algo exato e objetivo, certo e real, desfazendo toda e qualquer possibilidade de engano:

    Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ningum vem ao Pai, seno por mim. 7 Se vs me conhecsseis a mim, tambm conhecereis a meu Pai; e j desde agora o conheceis, e o tendes visto. 8 Disse-lhe Felipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. 9 Respondeu-lhe Jesus: H tanto tempo que estou convosco, e ainda no me conheces, Felipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? 10 No crs tu que eu estou no Pai, e que o Pai est em mim? As palavras que eu vos digo, no as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, quem faz as suas obras. 11 Crede-me que eu estou no Pai, e que o Pai est em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras. 12 Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que cr em mim, esse tambm far as obras que eu fao, e as far maiores do que estas; porque eu vou para o Pai;

  • 40 Conhecimento e verdade

    13 e tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu a farei. 15 Se me amardes guardareis os meus mandamentos. 16 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dar outro Ajudador, para que fique convosco para sempre. 17, a saber, o Esprito da verdade, o qual o mundo no pode receber; porque no o v nem o conhece; mas vs o conheceis, porque ele habita convosco, e estar em vs. 18 No vos deixarei rfos; voltarei a vs. 19 Ainda um pouco, e o mundo no me ver mais; mas vs me vereis, porque eu vivo, e vs vivereis. 20 Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vs em mim, e eu em vs. 21 Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse o que me ama; e aquele que me ama ser amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele. 22 Perguntou-lhe Judas (no o Iscariotes): O que houve, Senhor, que te hs de manifestar a ns, e no ao mundo? 23 Respondeu-lhe Jesus: Se algum me amar, guardar a minha palavra; e meu Pai o amar, e viremos a ele, e faremos nele morada. 24 Quem no me ama, no guarda as minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo no minha, mas do Pai que me enviou. 25 Estas coisas vos tenho falado, estando ainda convosco. 26 Mas o Ajudador, o Esprito Santo a quem o Pai enviar em meu nome, esse vos ensinar todas as coisas, e vos far lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito. 27 Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu no vo-la dou como o mundo a d. No se turbe o vosso corao, nem se atemorize. 28 Ouvistes que eu vos disse: Vou, e voltarei a vs. Se me amsseis, alegrar-vos-eis de que eu v para o Pai; porque o Pai maior do que eu. 29 Eu vo-lo disse agora, antes que acontea, para que, quando acontecer, vs creiais.

  • A verdade liberta 41

    30 J no falarei muito convosco, porque vem o prncipe deste mundo, e ele nada tem em mim; 31 mas, assim como o Pai me ordenou, assim mesmo fao, para que o mundo saiba que eu amo o Pai. Levantai-vos, vamo-nos daqui. (Joo 14:6- 31)

    Continuando no mesmo livro, no captulo 17,

    versculo 17, Jesus diz: a Tua palavra a verdade, referindo-se palavra recebida por Ele de Deus, o Pai.

    Ele no se referia verdade como uma vaga abstrao resultante de um pensamento humano, meditao, lgica ou um debate; ou em termos subjetivos como uma coisa qualquer que o ser humano poderia escolher acreditar.

    Jesus definiu a verdade como um fato revelado e eterno.

    Deus atravs da Palavra revelada, ou seja, da Bblia, no deu ao ser humano apenas ideias subjetivas para serem moldadas de modo a se ajustarem s situaes de vida.

    Ele deu princpios de conduta e orientaes de vida para que se tornem bases slidas para a formao de uma estrutura humana equilibrada e fundamentada na verdade.

    O ser humano tem a liberdade de escolha e pode decidir entre a verdade e o engano. Tem tambm a liberdade de aceitar tudo o que Deus disse, ou somente as partes que o interessa, contudo deve lembrar-se de que nada do que se fez, ir mudar a veracidade de suas palavras.

    O escritor de Salmos disse: "Para sempre, Senhor, est firmada a tua palavra no cu" (Salmo 119:89).

    Jesus no mostra a "verdade" como um objetivo ilusrio e inatingvel. Ele diz: "Conhecereis a verdade". Pode-se conhec-la, hoje, do mesmo jeito que o povo de Beria o fez, no primeiro sculo. Eles procuraram por ela nas Escrituras:

  • 42 Conhecimento e verdade

    Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalnica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim. (Atos 17:11)

    Pode-se tambm distinguir o certo do errado. Paulo

    instruiu os Tessalonicenses: "Julgai todas as cousas, retende o que bom; abstende-vos de toda forma de mal" (1 Tessalonicenses 5:21-22). Ainda hoje verdade que a lmpada para os meus ps a tua palavra, e luz para os meus caminhos (Salmo 119:105).

    As pessoas que escreveram o Novo Testamento confidentemente declaram que possvel saber a verdade. Em Hebreus 10:26, o escritor fala das pessoas que tinham "recebido o pleno conhecimento da verdade". Joo falou com pessoas que receberam este conhecimento da verdade:

    Ora, vs tendes a uno da parte do Santo, e todos tendes conhecimento. No vos escrevi porque no soubsseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. Quem o mentiroso, seno aquele que nega que Jesus o Cristo? Esse mesmo o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho, tambm no tem o Pai; aquele que confessa o Filho, tem tambm o Pai. (1 Joo 2:20-23)

    Paulo condenou aqueles que esto "sempre

    aprendendo, mas que jamais podem chegar ao conhecimento da verdade" (2 Timteo 3:7). Questiona-se ento: Por que receberam to severa crtica? Porque eles fracassaram em aprender a verdade, resistindo assim palavra de Deus. Eles no compreenderam a verdade porque assim no a quiseram conforme Timteo:

  • A verdade liberta 43

    E assim como Janes e Jambres resistiram a Moiss, assim tambm estes resistem verdade, sendo homens corruptos de entendimento e rprobos quanto f. (2 Timteo 3:8)

    Conhecer a verdade pode levar a pensar, talvez at

    com um pouco de medo, sobre a responsabilidade dada por Deus sobre a realidade dos fatos da vida. Para prevenir que haja receio, importante que no se perca a promessa de Jesus A verdade vos libertar".

    Paulo se lembrou deste benefcio do evangelho em Romanos 1:16 [...] o poder de Deus para a salvao de todo aquele que cr, primeiro do judeu e tambm do grego.

    Deus escolheu o uso de sua palavra, que a verdadeira mensagem da Bblia, para salvar o homem dos prprios pecados. Contudo, Ele no fora ningum a se libertar.

    Muitos so enganados, por representantes do mal e seus falsos mestres, para que no possam discernir a liberdade do encarceramento:

    17 Estes so fontes sem gua, nvoas levadas por uma tempestade, para os quais est reservado o negrume das trevas. 18 Porque, falando palavras arrogantes de vaidade, nas concupiscncias da carne engodam com dissolues aqueles que mal esto escapando aos que vivem no erro; 19 prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos so escravos da corrupo; porque de quem um homem vencido, do mesmo feito escravo. 20 Porquanto se, depois de terem escapado das corrupes do mundo pelo pleno conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, ficam de novo envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o ltimo estado pior que o primeiro. 21 Porque melhor lhes fora no terem conhecido o caminho da justia, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado.

  • 44 Conhecimento e verdade

    22 Deste modo sobreveio-lhes o que diz este provrbio verdadeiro; Volta o co ao seu vmito, e a porca lavada volta a revolver-se no lamaal. (2 Pedro 2:17 22)

    Infelizmente, rejeitam a liberdade que Deus oferece e

    permanecem presos em seus prprios pecados. Ento, Jesus usou as palavras de um profeta do Velho Testamento, Isaas, para descrever a triste condio daqueles que no aceitam a liberdade divina:

    Por isso lhes falo por parbolas; porque eles, vendo, no vem; e ouvindo, no ouvem nem entendem. E neles se cumpre a profecia de Isaas, que diz: Ouvindo, ouvireis, e de maneira alguma entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira alguma percebereis. Porque o corao deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram tardamente, e fecharam os olhos, para que no vejam, nem ouam com os ouvidos, nem entendam com o corao, nem se convertam, e eu os cure. (Mateus 13:15)

    Muitas pessoas consideram a verdade incerta, mas

    Deus claramente revelou a verdade para que se possa conhec-la. Acredita-se que os sentimentos subjetivos, aqueles que se julgam serem corretos, so os mesmos que salvaro. No entanto, Deus uniu a salvao com a sua objetiva verdade.

    Quando se aprende e obedece a verdade revelada na palavra de Deus, pode-se estar certo da prpria salvao. Joo falou do relacionamento do homem com Deus quando disse:

    Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheo, e no guarda os seus mandamentos, mentiroso,

    e nele no est a verdade. (1 Joo 2:3-4)

  • A verdade liberta 45

    Deus providenciou a confiana e a segurana para se

    estar apto a conhecer a verdade. Assim, o mesmo Deus que criou e deu ao homem a habilidade de comunicao, tem tambm a habilidade de transmitir sua vontade para com ele de modo que se possa entend-la.

    Deve-se humildemente aceitar a responsabilidade de estudar, entender e obedecer a Sua revelao. Num mundo desordenado pela dvida e pela confuso religiosa, pode-se encontrar esperana nas palavras de Jesus: "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertar (Joo, captulo 8, versculo 32). Aqui Jesus prope o conhecimento da verdade, o saber da verdade como um meio para um processo de libertao.

    A proposta de Jesus mostra que a nica maneira, que o ser humano tem de destruir a mentira em sua vida, enfrentando a verdade acerca de si mesmo. Ele mostra a verdade como um objetivo real e tangvel, possvel de ser alcanado. Uma proposta que pode levar o ser humano a se libertar do engano, da falsidade e da mentira:

    [...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertar. 33 Responderam-lhe: Somos descendentes de Abrao, e nunca fomos escravos de ningum; como dizes tu: Sereis livres? 34 Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado escravo do pecado. 35 Ora, o escravo no fica para sempre na casa; o filho fica para sempre. 36 Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. 37 Bem sei que sois descendncia de Abrao; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra no encontra lugar em vs. 38 Eu falo do que vi junto de meu Pai; e vs fazeis o que tambm ouvistes de vosso pai.

  • 46 Conhecimento e verdade

    39 Responderam-lhe: Nosso pai Abrao. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abrao faais as obras de Abrao. 40 Mas agora procurais matar-me, a mim que vos falei a verdade que de Deus ouvi; isso Abrao no fez. 41 Vs fazeis as obras de vosso pai. Replicaram-lhe eles: Ns no somos nascidos de prostituio; temos um Pai, que Deus. 42 Respondeu-lhes Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, vs me amareis, porque eu sa e vim de Deus; pois no vim de mim mesmo, mas ele me enviou. 43 Por que no compreendeis a minha linguagem? porque no podeis ouvir a minha palavra. 44 Vs tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele homicida desde o princpio, e nunca se firmou na verdade, porque nele no h verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe prprio; porque mentiroso, e pai da mentira. 45 Mas porque eu digo a verdade, no me credes. 46 Quem dentre vs me convence de pecado? Se digo a verdade, por que no me credes? 47 Quem de Deus ouve as palavras de Deus; por isso vs no as ouvis, porque no sois de Deus. 48 Responderam-lhe os judeus: No dizemos com razo que s samaritano, e que tens demnio? 49 Jesus respondeu: Eu no tenho demnio; antes honro ao meu Pai, e vs me desonrais. 50 Eu no busco a minha glria; h quem a busque, e julgue. 51 Em verdade, em verdade vos digo que, se algum guardar a minha palavra, nunca ver a morte. (Joo 8:32-51)

    Jesus no prope apenas um encontro com Ele como

    a verdade personificada e revelada, um encontro superficial, prope um encontro da alma do ser humano, atravs da verdade que declarada, pela palavra ensinada e orientada por Deus, o Pai. Um encontro do ser humano com a sua prpria

  • A verdade liberta 47

    verdade, um confronto com a verdade acerca de si mesmo, de como ele no ntimo do seu ser.

    No livro de Lucas, na Bblia, no captulo 18, versculo 18, um jovem rico tem um encontro com Jesus e o indaga acerca da salvao da sua alma. Jesus o orienta a praticar os ensinamentos de Deus. Ele responde que desde pequeno observava essas coisas. Ento, Jesus responde que s lhe estava faltando uma coisa: vender toda a sua riqueza, repartir com os pobres e, depois, segui-lo:

    18 E perguntou-lhe um dos principais: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna? 19 Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ningum bom, seno um, que Deus. 20 Sabes os mandamentos: No adulterars; no matars; no furtars; no dirs falso testemunho; honra a teu pai e a tua me. 21 Replicou o homem: Tudo isso tenho guardado desde a minha juventude. 22 Quando Jesus ouviu isso, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens e reparte-o pelos pobres, e ters um tesouro no cu; e vem, segue-me. 23 Mas, ouvindo ele isso, encheu-se de tristeza; porque era muito rico. 24 E Jesus, vendo-o assim, disse: Quo dificilmente entraro no reino de Deus os que tm riquezas! 25 Pois mais fcil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus. 26 Ento os que ouviram isso disseram: Quem pode, ento, ser salvo? 27 Respondeu-lhes: As coisas que so impossveis aos homens so possveis a Deus. (Lucas 18:18-27)

    Esse jovem ouviu a verdade. Ele foi levado a olhar

    para dentro de si mesmo e descobrir o que aprisionava a sua alma. Percebeu que vivia preso em sua riqueza, que colocava toda a sua segurana, sua expectativa de vida na riqueza. Era

  • 48 Conhecimento e verdade

    o seu tesouro. Ressalta que Jesus no estava propondo misria para aquele jovem, mas libertao da sua alma, de coisas perecveis e passageiras.

    Em outra passagem da Bblia, no livro de Joo, no captulo 6, no versculo 66, depois que Jesus ensina o povo a como viver nesta terra: renunciar s coisas que podem trazer prejuzo e destruio e viver nos princpios da verdade. Nesse momento, muitos dos seus discpulos optaram por desistir. Voltaram a viver seus antigos hbitos de vida, permeados pelo engano e pela mentira, voltando a uma vida aprisionada:

    Mas h alguns de vs que no crem. Pois Jesus sabia, desde o princpio, quem eram os que no criam, e quem era o que o havia de entregar. E continuou: Por isso vos disse que ningum pode vir a mim, se pelo Pai lhe no for concedido. Por causa disso muitos dos seus discpulos voltaram para trs e no andaram mais com ele. Perguntou ento Jesus aos doze: Quereis vs tambm retirar-vos? Respondeu-lhe Simo Pedro: Senhor, para quem iremos ns? Tu tens as palavras da vida eterna. (Joo 6:64-68)

    A proposta de Jesus a libertao, por meio da

    verdade. Ele prope um olhar para dentro de si mesmo, pois o conhecimento da verdade leva o ser humano a ser confrontado por ela. Ocorre, dessa forma, uma exposio da alma para que esse confronto possa lev-lo a enfrentar o problema com o objetivo de cur-lo.

    De fato, a mentira provoca uma priso na alma do ser humano, que interfere no poder de escolha, de deciso, gerando insegurana e desconfiana. O ser humano passa a conviver com a mentira ou o engano como se elas fossem a verdade e fogem de um confronto. Criam os mecanismos de defesa como os j mencionados nesse texto. E se no enfrenta

  • A verdade liberta 49

    esses mecanismos ou no decide enfrent-los, continuar aprisionado e jamais se libertar.

    Segundo o Bispo Agostinho,

    Aqueles que amam uma coisa distinta da verdade quereriam que isso que amam fosse a verdade. No entanto, como no querem enganar-se, mas ao mesmo tempo tambm no querem reconhecer que esto enganados, odeiam a verdade por causa daquilo que amam em vez da verdade. (Confisses 10,23)

    O apstolo Joo declarou que se deve ter amor pela

    verdade:

    O ancio senhora eleita, e a seus filhos, aos quais eu amo em verdade, e no somente eu, mas tambm todos os que conhecem a verdade; por causa da verdade que permanece em ns, e para sempre estar conosco. Graa, misericrdia, paz, da parte de Deus Pai e da parte de Jesus Cristo, o Filho do Pai, sero conosco em verdade e amor. (2 Joo 1:1-3)

    1.4.4 Vida em plenitude

    Quando se depara com a Verdade que Jesus Cristo,

    a vida de uma pessoa passa por transformaes e renovaes. S ento essa pessoa chega liberdade verdadeira, to almejada pelo ser humano. Esse espera ter uma vida em plenitude, ser completo.

    A liberdade o viver em plenitude, ou seja, experimentar da boa, perfeita e agradvel vontade de Deus para a vida dos Seus filhos:

  • 50 Conhecimento e verdade

    Rogo-vos pois, irmos, pela compaixo de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifcio vivo, santo e agradvel a Deus, que o vosso culto racional. E no vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovao da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradvel, e perfeita vontade de Deus. (Rom. 12:1-2)

    Ao longo dos sculos que antecederam o nascimento

    de Jesus, Deus enviou profetas para ensinarem, advertirem e conduzirem o povo nos caminhos verdadeiros. Esses profetas diziam palavras de muita esperana e conforto, as quais animavam o corao dos que acreditavam em Deus.

    Isaas foi um profeta que transmitiu algumas dessas promessas de libertao. Ele escreveu: Eis que a virgem conceber e dar luz a um filho e lhe chamaro Emanuel (Isaas 7:14).

    No captulo 9, tambm, do livro de Isaas l-se:

    Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estar sobre os seus ombros; e o seu nome ser: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Prncipe da Paz. Do aumento do seu governo e da paz no haver fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o estabelecer e o fortificar em retido e em justia, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos exrcitos far isso. (Isaas 9:6-7).

    Como grande libertador, Jesus haveria de trazer paz a

    todos os que andavam oprimidos pelo pecado. E sobre aqueles que aceitassem a salvao e o perdo do Libertador dito:

    Assim voltaro os resgatados do Senhor, e viro com jbilo a Sio; e haver perptua alegria sobre as suas cabeas; gozo

  • A verdade liberta 51

    e alegria alcanaro, a tristeza e o gemido fugiro. (Is. 51:11)

    Quando h a libertao, momentos de emoo e

    profunda alegria marcam o reencontro com a famlia e os amigos. Deus deseja operar em favor de seus filhos. Sabe-se que Jesus se ofereceu a pagar com Sua prpria vida. Seu sangue inocente, a Sua vida pura, foram suficientes para pagar o alto preo que o pecado imps.

    Num dos salmos, Davi conclui sua poesia dirigindo-se ao Senhor como sua rocha e libertador:

    Sejam agradveis as palavras da minha boca e a meditao do meu corao perante a tua face, Senhor, Rocha minha e

    Redentor meu!. (Salmo 19:14) A afirmao de Jesus ser Salvador, Libertador,

    Redentor, encontrada em toda a Bblia. Aqui se fala em libertador e libertao, porque h aquele que escraviza e o que se torna o escravo.

    Deus criou o homem para ser livre e exercer a faculdade da livre escolha, para alcanar a sua liberdade.

    O Mal com sua astcia enganou a Ado e Eva, que se tornaram, por isso, escravos do pecado. Essa condio passou a todos os descendentes da humanidade. E sob o pecado, o homem nada mais do que um servo do mal.

    Mesmo o homem tendo pecado e mesmo o pecado tendo passado a todos quantos nasceram neste mundo, Deus formulou um plano para libertao. Jesus o grande libertador. Mas, como entender esta libertao? Entende-se essa libertao, quando se passa a conhecer a Verdade de Jesus e crer que Ele morreu pelo homem na cruz. Sendo essa a forma que Jesus libertou a humanidade da penalidade do pecado.

  • 52 Conhecimento e verdade

    A prtica do mal numa concepo teolgica traduz-se

    como pecado, o qual levou a Jesus a pesada sentena de morte. No entanto, Jesus libertou o homem dessa condenao, dando-lhe novamente a garantia de uma vida eterna, principalmente se o homem o aceitar em seu corao e viver segundo Sua palavra. Ento, vivendo no corao do homem, Jesus o liberta do poder do pecado: Porque a palavra da cruz loucura para os que se perdem, mas para ns, que somos salvos o poder de Deus (I Corntios 1:18).

    Ele libertar da presena do pecado, segundo diz a Bblia: E Deus limpar dos seus olhos toda a lgrima; e j no haver mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque as primeiras coisas so passadas (Apocalipse 21:4).

    O melhor de tudo que esta libertao oferecida gratuitamente. Quando o sacrifcio de Jesus no Calvrio aceito por uma pessoa, no mesmo instante se liberto da penalidade do pecado: Porque o salrio do pecado a morte, mas o dom gratuito de Deus vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor (Romanos 6:23).

    Enquanto se est ligado, alianado a Jesus pela f, Ele livra do poder do pecado, pois a Palavra do Senhor diz: E lhe pors o nome de Jesus, porque Ele salvar o seu povo dos pecados deles (Mateus 1:21).

    Diante de tudo que foi exposto percebe-se que o ser humano, sendo filho de Deus, sendo a Sua imagem e semelhana, foi criado para ter tudo aquilo de que precisa, conforme as palavras do Bispo Robson Rodovalho, no livro Olhos da Alma:

    Deus nos criou para termos tudo aquilo que necessitamos; as carncias acontecem por desequilbrio da administrao humana alguns tm mais do que deveriam; outros tm menos do que realmente necessitam. (Bispo Robson Rodovalho, 2007, p. 20).

  • A verdade liberta 53

    Sendo assim, Deus s pode estar glorificado se o

    homem estiver em plenitude, livre de carncias, sejam elas fsicas, emocionais, naturais ou espirituais. Tambm nas palavras do Bispo Robson observa-se que:

    A glria de Deus o homem em plenitude. Ele no tem glria quando existe alguma carncia. Quando Deus criou o homem Ele o fez no den, que significa jardim de plenitude . (Bispo Robson Rodovalho, 2007, p.20)

    O Apstolo Paulo, em Efsios, afirma a respeito de

    encher-se da plenitude de Deus:

    Por esta razo dobro os meus joelhos perante o Pai, do qual toda famlia nos cus e na terra toma o nome, para que, segundo as riquezas da sua glria, vos conceda que sejais robustecidos com poder pelo seu Esprito no homem interior; que Cristo habite pela f nos vossos coraes, a fim de que, estando arraigados e fundados em amor, possais compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios at a inteira plenitude de Deus. (Ef.3:15 19)

    O mesmo apstolo Paulo, nas Cartas aos

    Colossenses 2, versculo 9, diz que em Jesus est a plenitude de Deus porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade que faz o homem completo, viver em plenitude.

  • 54 Conhecimento e verdade

    1.5 CONSIDERAES FINAIS

    Conforme o que se props a desenvolver nesta

    pesquisa, pode-se concluir que realmente os mecanismos que aprisionam a alma do ser humano mascaram sua personalidade.

    Alm disso, eles impedem a libertao dos mesmos, uma vez que aprisionados em suas angstias, traumas, que podem ter se originado, ainda, no ventre materno.

    Dessa forma, toda histria e experincia de vida da pessoa so geradoras de conflitos interiores que a paralisam diante de sua caminhada, podendo se tornar uma pessoa imatura no quesito emocional, incompleta, no quesito filosfico e no desempenhar seu papel social de forma apropriada.

    H tambm outro aspecto da vida do ser humano que pode aprision-lo, impedindo-o de alcanar a liberdade to almejada: as escolhas que se faz durante sua vida. Essas escolhas determinam o que ele ser, determinam o seu destino. Lembrando que mesmo quando a pessoa no faz opo por algo em sua vida ou no apresenta uma deciso, a escolha foi concretizada, por omisso.

    H que se cuidar daquilo que se decide, ou no, para no que se tenha uma vida em equilbrio com as possveis adversidades que inevitavelmente surgem.

    Tambm se observou, na anlise do processo de cura interior segundo os ensinamentos de Jesus, que a Verdade expe os conflitos internos do ser humano, e assim, pode libert-lo de suas prises interiores.

    A pessoa que conhece a Verdade de Jesus domina o corpo, renova a mente e a alma, que so compostas por sentimentos, vontade, pensamento, e conscincia. E esse domnio facilita a caminhada para a cura interior e no decorrer dela, libertao.

  • A verdade liberta 55

    Percebeu-se tambm que h relutncia do ser humano

    em perdoar, pelo fato dele se prender em ressentimentos e mgoas, tornando-os grandes geradores de doenas da atualidade, novamente aprisionando-o.

    Nota-se que o perdo muito importante no processo de cura interior e conhecimento da verdade que liberta, a qual enfatiza toda a caminhada do homem na terra baseada na palavra de Deus, ou seja, como imitadores de Cristo.

    Assim, conclui-se que ao se conhecer a Verdade que Liberta, a Verdade de Jesus Cristo, o homem passa por uma renovao de sua mente, por modificaes que o aprisionavam a este mundo. E passar, ento, a ter uma vida em plenitude, segundo a boa, perfeita e agradvel vontade de Deus (Rom.12:2) para a vida de Seus filhos.

    REFERNCIAS

    AGOSTINHO, Santo, Bispo de Hipona, O Livre Arbtrio. 2 Edio, Faculdade de Filosofia, Braga, Portugal, 1990.

    ALMEIDA, Joo F. Bblia de Estudo Pentecostal. Revista e corrigida. So Paulo: Casa Publicadora das Assemblias de Deus, 1995.

    CASCALDI, Pr. Luiz Roberto; A Restaurao da Alma Srie Escola de Lderes- Comunidade Evanglica Sara Nossa Terra. Maring, 2000.

    CHAUI, M. Convite Filosofia. Ed. tica, So Paulo, 2000.

    DESCARTES, Ren. Princpios da Filosofia. Lisboa: Guimares Editores, 1989.

    HALLEY, Henry H. Manual Bblico. So Paulo: Edies

  • 56 Conhecimento e verdade

    Vida Nova, 1987.

    NIETZSCHE, Friedrich. Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-Moral. So Paulo: Hedra, 2007.

    RODOVALHO, Bispo Robson. Olhos da Alma. Braslia: Sara Brasil, 2007.

    SHEDD, Russel P. A Bblia Vida Nova. So Paulo: Edies Vida Nova, 1989.

  • II

    O CONHECIMENTO NA VISO DA FILOSOFIA DE SANTO AGOSTINHO

    Alexandre Gimenes da Cruz* Kesia Priscila Gomes Gentil**

    Marivaldo da Silva Oliveira***

    Jos Francisco de Assis Dias****

    * Especialista em Gastronomia - Planejamento e Gesto Estratgica pela UNIVALI (Universidade do Vale do Itaja), graduado em Turismo e Hotelaria pela Universidade Norte do Paran - UNOPAR. Atualmente mestrando no programa Gesto do Conhecimento, linha de pesquisa Educao, da Unicesumar e coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia, no ncleo de Educao a Distncia, da UniCesumar. ** Aluna especial no programa de doutorado em Filosofia, na linha de pesquisa tica e Filosofia Poltica (UNIOESTE- Toledo), Mestre em Gesto do Conhecimento nas Organizaes, linha de pesquisa: Educao e Conhecimento pela (UNICESUMAR), bolsista integral Cappes, participante ativa do grupo de pesquisa GIED. Ps-graduada em Aconselhamento Familiar e Interveno Psicossocial (2015); cursou especializao em Neuropsicologia pelo Centro Universitrio de Araraquara (2014) (2015); Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitrio Adventista de So Paulo (2012). *** Bacharelado em Medicina Veterinria no ano de 2013 pelo Centro Universitrio de Maring - UNICESUMAR, cidade de Maring - PR, Brasil. Especialista em Clnica e Cirurgia de Grandes Animais pelo Programa de Aperfeioamento em Prticas Hospitalares na Medicina Veterinria (residncia mdico-veterinria) na prpria instituio onde graduou-se. Ps-graduando em Docncia no Ensino Superior pelo Ensino a Distncia UNICESUMAR e mestrando em Gesto do Conhecimento nas Organizaes do Programa de Ps-Graduao UNICESUMAR. **** Professor permanente do programa de Mestrado em Gesto do Conhecimento nas Organizaes da Unicesumar; professor permanente do programa de Mestrado em Filosofia da Unioeste. Bolsista produtividade do ICETI-Unicesumar. E-mail: [email protected]

  • 58 Conhecimento e verdade

    RESUMO Este artigo tem como finalidade discutir a concepo de conhecimento na viso do filsofo medieval Agostinho de Hipona (354-430). Agostinho viveu em um perodo bastante conturbado da histria da Europa Ocidental. Como a gradativa desintegrao do Imprio Romano e a consequente invaso dos povos considerados brbaros ocorreu uma profunda mudana na concepo de sociedade no mundo Ocidental. neste contexto que emerge a fora da Igreja Crist e que pouco a pouco difunde o seu modelo de conhecimento, fortemente influenciado pelo teocentrismo, em oposio a herana grega antropocntrica. Nesse sentido, Agostinho d uma enorme contribuio a concepo de conhecimento crist introduzindo a filosofia platnica e unindo-a a teologia, inaugurando uma nova fase do pensamento e do conhecimento humano na histria Ocidental. Com base em uma pesquisa bibliogrfica, iremos apresentar as principais caractersticas do pensamento agostiniano. PALAVRAS-CHAVE: Santo Agostinho; conhecimento; doutrina crist. 2.1 INTRODUO

    O objetivo deste artigo analisar a concepo de

    conhecimento na viso de Santo Agostinho de Hipona (354-430) no contexto de transformaes da teologia crist medieval. Com a gradativa falncia do Imprio Romano Ocidental, no se perdeu apenas um modelo de Estado, mas tambm um modelo cultural.

    A cultura romana, que sofreu grande influncia dos conceitos da filosofia grega, tinha o homem como o centro das decises, ou seja, uma viso antropocntrica da existncia

  • O conhecimento na viso da filosofia... 59

    humana. Tal viso acabou sendo substituda por uma viso teocntrica, uma consequncia direta do fortalecimento da Igreja Crist enquanto instituio cultural e religiosa que se tornou a grande detentora do saber neste perodo.

    Conforme o poder da Igreja Crist foi aumentando, muitos religiosos viam na filosofia grega uma espcie de ameaa s suas concepes teolgicas. O aspecto antropocntrico que fazia do homem a medida de todas as coisas, poderia acabar influenciando a formao de grupos herticos que pudessem colocar o poder religioso em xeque.

    Como a Igreja Crist , por sua essncia, dogmtica, a expanso de doutrinas que fossem de encontro ao status quo dominante acabaria por minar o seu poder poltico, causando grandes desordens sociais. importante destacar que a Igreja Crist, embora muito criticada, foi responsvel por reorganizar a estrutura poltica que antes ficava sob a responsabilidade do Imprio Romano. Isso somente foi possvel porque controlou setores da cultura e da sociedade de forma bastante criteriosa, legitimando aquele modelo de sociedade conhecido como tripartido1.

    1 A estrutura medieval mais conhecida aquela conhecida como Tripartida, em que a sociedade era dividida por ordens: clero, nobreza e servos. Esta estrutura foi legitimada por muito tempo pela Igreja Catlica, conforme pode ser observada na citao do Bispo de Laon, Adalberon: O domnio da f uno, mas h um triplo estatuto na Ordem. A lei humana impe duas condies: o nobre e o servo no esto submetidos ao mesmo regime. Os guerreiros so protetores das igrejas. Eles defendem os poderosos e os fracos, protegem todo mundo, inclusive a si prprios. Os servos, por sua vez, tm outra condio. Esta raa de infelizes no tem nada sem sofrimento. Fornecer a todos alimentos e vestimenta: eis a funo do servo. A casa de Deus, que parece una, , portanto, tripla: uns rezam, outros combatem e outros trabalham. Todos os trs formam um conjunto e no se separam: a obra de uns permite o trabalho dos outros dois e cada qual por sua vez presta seu apoio aos outros. In. FRANCO JR, Hilrio. Histria da Idade Mdia, o nascimento do Ocidente.So Paulo: Brasiliense, 2006. p. 89.

  • 60 Conhecimento e verdade

    Se de um lado haviam telogos que temiam pelas

    interpretaes equivocadas aos dogmas cristos, por outro haviam aqueles que acreditavam no grande potencial que a filosofia grega poderia ter como elemento essencial na converso das pessoas e tambm a convenc-las da superioridade dos valores cristos.

    A unio dos valores cristos aos c