caso clínico pediatria sessão discussão: luíza amélia cabus moreira 2008
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Caso Clínico Pediatria SessãoDiscussão: Luíza Amélia Cabus
Moreira
2008
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Uma paciente de 17 anos é levada à consulta por sua mãe porque há dez meses vem perdendo peso.
Segundo sua genitora, perdeu 11 kg neste período. Em junho de 2006, começou a fazer uma dieta
“porque me achava gorda”. Pesava 42 kg e media 160 cm. Sua menarca ocorreu aos 12 anos e há 7 meses, não menstrua.Alguns fatos começaram a
alertar a família no que se referia ao seu comportamento: pulava corda duas vezes ao dia
(“eram 2000 pulos”), fazia mil abdominais por dia, deixou de beber água e começou a preparar
alimentos para a família.
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A paciente havia participado de um curso aos 13 anos “para ser modelo” e fazia ballet desde os 7 anos de idade.Nos dois últimos meses precedentes à consulta, havia deixado a escola de dança “porque já não agüentava mais as aulas”.
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Costumava vomitar cerca de 5 a 6 vezes ao dia nos últimos 5 meses, porém negava o uso de laxantes.Referiu que “tudo está bem comigo e não quero ser gorda”.
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Exame Físico Peso- 31 kg Altura: 160,5 cm TA: 70/40 mmHg
FC- 55 bpm temperatura- 36C. Perda acentuada de massa muscular, lanugo. Lentificação na fala e episódios de irritabilidade.
Exames laboratoriais: Potássio: 2.2 mEq/L, Magnésio: 0.6 mEq/L (VN= 0.8 a 1.1 mEq/L), Fósforo: 0.6 mEq/L (VN: 0.9 a 1.3 mEq/L). Albumina: 3.0 mg / dl. Uréia= 12 mg / dl. Hb=16 g/dl. ECG: Bradicardia.
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Qual o diagnóstico da paciente? Explique os critérios utilizados para este diagnóstico.
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Critérios para AN DSM-IVA Recusa em manter o peso corporal em relação á altura em 85 % ou falha no ganho de peso durante o período de crescimento B medo intenso de ganhar peso ou “tornar-se gordo, mesmo estando abaixo do peso
C distúrbio na maneira de avaliar o próprio cor po ou peso ou recusa em admitir a seriedade da desnutrição D em mulheres pós menarca, amenorréia por pelo menos 3 meses consecutivos
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História Literatura religiosa 1689 : Richard Morton : “Nervous
consumption”- plastrões no estômago, aromas e óleo de castor. “ Nem sei se este tratamento será efetivo”
1767/1768 : casos semelhantes descritos por Robert Whytt (Edinburgo) e De Valangun ( Londres)
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História Marcé ( 1860): “ Não é uma doença física em
natureza, é uma doença psiquiátrica ” Laségue ( 1873) e Gull (1873) : utilizaram pela
primeira vez o termo anorexia nervosa. Lasége recomendava paciência por parte dos médicos “ a doença depende da desnutrição”. Gull “ temos que alimentar o paciente a cada 2 horas . Uma pessoa com moral sobre o doente deve ofertar a comida”
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A partir de então, a anorexia nervosa passou a não ser entendida, ou melhor : começou-se a tentar descobrir o que era esta patologia
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Perguntas
Como definir um episódio de “comer compulsivo”: qual a quantidade ?
Como avaliar a “perda de controle” associada a estes episódios ?
A amenorréia é um critério essencial ? E no caso de estar tomando contraceptivos? E se for do gênero masculino?
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Um grande estudo canadense mostrou que cerca de 30% dos pacientes com todos os critérios de AN não apresentavam amenorréia( Garfinkel et al.,1991).
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Perguntas Como definir os “transtornos
alimentares” que não se enquadram no DSM IV?
Balanço energético negativo sem medo de engordar. Praticantes de esportes que diminuem o IMC. Perda de mais que 10 Kg
Por que alguns pacientes negam a distorção da imagem corporal ?
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Existe indicação de internamento? Por quê?
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A anorexia nervosa é Freqüente ?
0,5 a 1 % da população do sexo feminino É terceira doença crônica mais Freqüente
em adolescentes do sexo feminino ( depois da obesidade e asma)
Afeta 4 mulheres para cada 1 homem (ANRED 2005) : Há 20 anos- 10:1
Mortalidade estimada : 6 a 20 %
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“Evolução” do Ken Int J Eat Disord 1998
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Pope et al 1997
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Por que algumas pessoas desenvolvem TA?
GenéticaMídia
Família
Cultura
Comparação social
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Quais as possíveis explicações para a hipocalemia?
Como tratar os distúrbios metabólicos encontrados? Fazer os cálculos para 24 horas inclusive com volume hídrico.
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Hipocalemia ( K<3,5 mEq/L)I. Potássio é íon IC ( 98%)II. Valores plasmáticos não refletem K corporal total
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Causas de hipocalemia
Drogas : diuréticos e antibióticos ( penicilina, anfotericina B, aminoglicosídios)
Perdas excessivas Diminuição da ingestão
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Quadro clínico da hipocalemia Cardíacas : hipertensão, arritmias ( no ECG :
depressão do segmento ST, diminuição da voltagem de onda T e aparecimento da onda U)
SNC : confusão, letargia Neuromusculares : fraqueza muscular, íleo,
paralisia flácida Diminuição da insulina e alcalose metabólica
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Tratamento
Objetiva corrigir o K a níveis de 4 m Eq/ L Velocidade de correção não deve
exceder : 0,5-1 mEq/kg/hora Concentração na solução : 40-60 mEq/ L Correção rápida : K< 2 mEq/ L
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Quais os fatores de risco para o desenvolvimento desta patologia?
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Comparação Social
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Comparação Social
Julgamento cognitivo que os indivíduos fazem sobre seus atributos
Aspecto central para auto-avaliações Papel dos amigos definindo as
expectativas sociais Sentir-se “aceito” e ajudado por amigos e
colegas
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Fatores genéticosI. Respondem por 56% do rico de desenvolver
AN (Arch Gen Psych 2006)
II. Se a mãe ou uma irmã com AN : Chance 12 vezes maior de desenvolver a patologia
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Quais as complicações associadas à patologia apresentada pela paciente?
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Por que a anorexia nervosa mata ?
Efeitos da desnutrição Comorbidades Suicídio
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Principais complicações da Anorexia Nervosa I. Sistema nervoso central :
- Apatia
- Pouca concentração
- Alterações no humor
- Diminuição da capacidade cognitiva
- TAC de crânio : aumento dos ventrículos
- REM de crânio : diminuição das substâncias branca e cinzenta
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Principais complicações da Anorexia Nervosa
II. Sistema cardio-vascular
- Palpitações
- Tontura
- Extremidades frias
- Diminuição da freqüência cardíaca e arritmias
- Hipotensão ortostática
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Principais complicações da Anorexia Nervosa III. Gerais: - Fraqueza muscular, amenorréia
Hipotermia, Diminuição da libido
- Dor abdominal, Constipação
- Distúrbios hidro-eletrolíticos,Hipoglicemia,
Hipofosfatemia (principalmente na realimentação)
- Diminuição da densidade óssea
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Principais complicações da Anorexia Nervosa
III. Gerais: - Anemia
- Aumento da uréia e creatinina,
diminuição da taxa de filtração glomerular,
aumento na formação de cálculos
nefropatia hipovolêmica
- Maior risco de suicídioPractice Guideline for the Treatment of Patients with Eating Disorders.
American psychiatry Association. Am J Psychiatry 2000 (suppl)157:1
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Que orientações devem ser dadas à equipe que cuidar desta paciente (estudantes, enfermeiras, auxiliares, médicos)?
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Tratamento
Equipe multidisciplinar Educação das pessoas que lidam com
transtornos alimentares Educação do paciente sobre a doença Objetivos nutricionais : normalizar peso,
hábitos alimentares e restaurar sensação de saciedade e fome
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Observações que nunca deveriam ser feitas
“ Sente e coma como uma pessoa normal ” “Por que você está fazendo isto comigo ?” “Vou ajudar você a engordar” “Se você pensa que é gorda, deve me achar
obesa” “Eu gostaria de ter a sua força de
vontade....”
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Observações que nunca deveriam ser feitas
“Você está magra agora, mas vai ganhar tudo de novo”
“Você está fazendo isto para chamar atenção”
“Você parece que tem AIDS” “Tudo que você precisa é de um namorado”
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O que deve ser dito ao paciente e a família
Sua doença mudou sua percepção sobre seu corpo
A comida é o remédio Sabemos que é difícil para você, que você tem
medo Não é nosso objetivo torná-la gorda Sempre haverá alguém do seu lado na hora das
refeições Você não é culpada por sua doença
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Por que ganhar peso ?
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Quais os riscos que corre a paciente se for feita uma terapêutica nutricional de progressão muito rápida?
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DietaInicial : 1200 a 1500 calorias ( baixo teor de lipídios, sal e lactose)Não é permitido nenhum alimento dietéticoÉ permitido que o paciente escolha 3 alimentos e exclua 3Vegetarianismo não é permitido, a não ser por questões religiosasCalorias aumentadas em 500 a cada 4-5 diasMáximo de calorias : 3500-4500 /diaGanho de peso por semana : 0,5 a 1 kg
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Caso a paciente seja internada, qual a sua conduta frente á recusa da mesma em se alimentar?
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Critérios de internamento Relação peso /altura < 85 % Falha no tratamento ambulatorial : ausência de
ganho de peso, abuso de laxantes, vômitos Associação com doença psiquiátrica importante Anormalidades médicas significativas :
hipocalemia, diabetes e alterações cardíacas Ambiente familiar comprometido Diagnóstico e tratamento de casos atípicos
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Existe cura para esta patologia? Qual o percentual? Qual a freqüência de recaídas?
Média: 3 a 7 anosNão melhoram: 25 %Recuperação completa: 50 %Progresso significativo: 25 %
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O que é recuperação em TA Entender a doença e suas consequências Manter peso normal ou perto deste Retorno da menstruação Dieta variada Diminuição ou eliminação do medo irracional
dos alimentos Relações adequadas: família, amigos, amorosas Atividades de lazer que não tenham relação
com alimentos, peso ou dieta
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Do ponto de vista psiquiátrico, qual a melhor alternativa a ser tomada dos métodos terapêuticos disponíveis?