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CARACTERIZAÇÃO DE CATARATAS NUMA POPULAÇÃO CANINA,
EM AMBIENTE HOSPITALAR Neto, I.1; Magno, D.2; Almeida, O.1; Alves, M.1,3
1 – Faculdade de Medicina Veterinária – Universidade Lusófona, Lisboa;
2 – Hospital Veterinário do Restelo, Lisboa;
3 – CBIOS - Research Center for Biosciences and Health Technologies – ULHT, Lisboa
A catarata define-se como a presença de uma opacidade parcial ou total das fibras da lente e/ou da sua
cápsula.3 Esta é comum nos cães, constituindo uma das principais causas de cegueira nesta espécie.1,3,4 O
crescente interesse e frequência desta doença nos cães, principalmente de raça, conduziu à sua melhor
compreensão e, consequente, classificação em diferentes categorias, obtendo-se, assim, mais dados sobre a sua
ocorrência e sinais clínicos.1,3 Actualmente, a facoemulsificação é a técnica cirúrgica de eleição para o tratamento
de cataratas.2,4
INTRODUÇÃO
O presente estudo teve como objectivos:
o Caracterizar cataratas numa população canina assistida à consulta de referência de
oftalmologia;
o Determinar o estímulo iatotrópico, correlacionando-o com o aparecimento de cataratas;
o Determinar a capacidade visual dos cães com cataratas;
o Determinar quais os cães candidatos ao tratamento cirúrgico de cataratas.
OBJECTIVOS
A amostra em estudo baseou-se na observação de 161 olhos de cães com cataratas, nas formas unilateral e bilateral, de um total de 97 cães. O diagnóstico foi
efectuado no decorrer de consultas de oftalmologia no Hospital Veterinário do Restelo (HVR), por um Médico Veterinário, especializado em oftalmologia. Os registos
médicos recolhidos referem-se ao período de Março de 2012 a Março de 2015, tendo sido caracterizadas as cataratas da amostra, mediante a sua apresentação
clínica.
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho realça a importância da sensibilização para o diagnóstico precoce das cataratas, não só pela existência de raças predispostas ao aparecimento de
cataratas hereditárias (como por exemplo, Retriever do Labrador ou Caniche), mas também, por se tratar de uma doença ocular frequente em cães idosos (sobretudo
entre os 11 e os 15 anos). A predominância de cataratas incipientes, neste trabalho, demonstrou que a existência de uma prática clínica sistemática possibilita a
identificação de casos de cataratas mais precocemente. Desta forma torna-se fundamental, fomentar a implementação, por rotina, do exame oftalmológico nas
consultas de Medicina Veterinária, no sentido de preservar a capacidade visual e o bem-estar do animal.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos demonstraram que as cataratas ocorrem,
sobretudo, em cães geriátricos, apresentando uma distribuição ocular,
predominantemente, bilateral, representando 80% da amostra, com
localizações anatómicas variadas, sendo o envolvimento da totalidade
da lente a mais observada em 35,4% dos casos. A etiologia mais
prevalente foi a de origem desconhecida, constituindo 32,9% da
amostra, seguida da senil com 21,1% e a congénita com 16,8%. Já o
estádio de desenvolvimento revelou-se, sobretudo, incipiente, em
57,8% da amostra. Relativamente ao estímulo iatotrópico, o
desconhecido foi o mais encontrado com uma frequência de 58,4%,
seguido do estímulo iatotrópico não associado ao aparecimento de
cataratas em 19,3% dos casos. A visão consciente demonstrou-se,
maioritariamente, preservada em 67,9% dos casos. O tratamento
cirúrgico de cataratas foi contra-indicado em 62,1% da amostra.
RESULTADOS
1 - Mellersh, C.S. (2014). The genetics of eye disorders in the dog. Canine Genetics and Epidemiology, 1(3), 1-14;
2 - Klein, H.E., Krohne, S.G., Moore, G.E. & Stiles, J. (2011). Postoperative complications and visual outcomes of phacoemulsification in 103 dogs (179 eyes): 2006–2008. Veterinary
Ophthalmology, 14(2), 114-120;
3 - Park, S.A., Yi, N.Y., Jeong, M.B., Kim, W.T., Kim, S.E., Chae, J.M. & Seo, K.M. (2009). Clinical manifestations of cataracts in small breed dogs. Veterinary Ophthalmology, 15(6), 355-368.
4 - Adkins, E.A. & Hendrix, D.V.H. (2005). Outcomes of Dogs Presented for Cataract Evaluation: A Retrospective Study. Journal of the American Animal Hospital Association, 41(4), 235-240.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
6%
2%
17%
21%
10%6%
1%
4%
33%
Hereditária
Potencialmente hereditária
Congénita
Senil
Por retinotoxicidade
Metabólica
Traumática
Doença ocular
Desconhecida
58%
9%
26%
7%
Incipiente
Imatura
Matura
Hipermatura 62%38% Não
Sim
Figura 3: Caracterização das cataratas relativamente à sua etiologia (frequência relativa,
n=161).
Figura 4: Caracterização das cataratas relativamente ao seu estádio de desenvolvimento
(frequência relativa, n=161).Figura 5: Indicação para a remoção cirúrgica de cataratas (frequência
relativa, n=161).
Figura 1: Imagem ilustrativa de uma catarata incipiente
(Autoria: Diogo Magno).
Figura 2: Imagem ilustrativa de uma catarata matura intumescente (Autoria:
Diogo Magno).