botomé, s. p. - formaÇÃo e atuaÇÃo do psicÓlogo para o tratamento em saÚde - botomé e olga

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  • FORMAO E ATUAO DO PSICLOGO PARA O TRATAMENTOEM SADE E EM ORGANIZAES DE ATENDIMENTO SADE

    TRAINING AND PROFESSIONAL PRACTICE OF PSYCHOLOGISTS IN HEALTH CARE AND INORGANISATIONS THAT PROVIDE HEALTH CARE

    Olga Mitsue Kubo1

    Slvio Paulo Botom2

    RESUMOO exame da qualidade da preparao dos profissionais psiclogos para lidar com asvariveis relacionadas ao fenmeno sade, permite identificar concepes fundamentaisque interferem no tipo de atuao desse profissional. Conceituar sade como fenmenomultideterminado, clarificar o objeto de estudo da Psicologia e de interveno do psiclogoso requisitos que alteram significativamente o fazer profissional caracterizado, em grandeparte, pela atividade clnica, para uma atuao ampliada do ponto de vista dos objetivos,dos tipos de problemas com que lida, dos procedimentos, do tipo de clientela e dos nveisde atuao. Conhecer as variveis que viabilizam atuaes profissionais mais eficazes eensinar formas de realizar intervenes desse tipo um desafio importante e urgente paraos que investigam a Psicologia como rea de conhecimento e para os que capacitamprofissionais a intervir nos problemas sociais.Palavras-chave: formao do psiclogo, trabalho em sade, trabalho em organizaes desade, ensino de Psicologia.

    ABSTRACTAn examination of the quality of the preparation of psychologists to cope with the variablesrelating to the health phenomenon enables the identification of fundamental concepts thatinterfere in the way the psychologist carries out his or her work. To conceptualise health as amulti-determinate phenomenon, to clarify the object of the study of Psychology and ofintervention by the psychologist are requirements that significantly alter his or herprofessional modus operandi characterised, in the majority of cases, through clinical activity,towards a broader scope of work in terms of objectives, the types of problems to be dealtwith, procedures, the type of patients and services provided. To understand the variablesthat enable psychologists to work more effectively and teach ways of undertakinginterventions of this nature is an important and urgent challenge for those that investigatePsychology as an area of knowledge and for those that train professionals to intervene insocial problems.Key words: professional training of psychologists, health care, work in health careorganisations, teaching of Psychology.

    Em que um fsico nuclear pode contribuir para o marketing de uma empresa? assim o autor de uma obra considerada revolucionria no meio da administrao de empresas,

    1 Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Caixa Postal 476 - 88010-970 - Florianpolis, SC - e-

    mail: [email protected] Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Caixa Postal 476 - 88010-970 - Florianpolis, SC.

  • inicia um exame minucioso das relaes entre o mundo da cincia e dos negcios (Nbrega,1996, 1998). A tendncia configurada no final do sculo XX e incio do XXI, ainda queincipiente, parece ser de busca de um tipo de administrador diferente daquele at entorequerido pelas empresas. Um profissional capaz de exercitar um tipo de criatividade diferente:um cientista. De acordo com Nbrega, talvez demore para que um cientista chegue aocomando mais alto de uma grande empresa, mas ele tem qualidades que podem fazer que asidias existentes sobre empresa, mercado e administrao mudem e faam empresas obteremsucesso. Muitos estudiosos e pensadores estaro delineando nos primeiros anos do sculoXXI, as caractersticas da sociedade ps-moderna, com o advento da globalizao, com asrpidas mudanas que ocorrem nos contextos nacional e internacional. Formar um profissionalcada vez mais habilitado a se comportar eficaz e eficientemente nesse novo contexto, tal qualos novos executivos requeridos na rea empresarial identificados por Nbrega (1998), umdesafio cada vez mais urgente a enfrentar. O profissional em Psicologia, como outros, estarpreparado para enfrentar as exigncias que as relaes entre as instncias sociais, polticas eeconmicas da sociedade do terceiro milnio determinam?

    A preparao de profissionais de nvel superior uma tarefa complexa que exigeconstantes estudos sobre a profisso, constantes avaliaes dos vrios aspectos quecompem as diferentes prticas do profissional e constantes correes de rumo do fazerprofissional. Visualizar o estado da arte da Psicologia desde a dcada de 1960, quandoocorreu a regulamentao da profisso do psiclogo no Brasil, tem permitido obter informaesacerca da qualidade da formao dos profissionais de Psicologia de um modo geral. Uma dasmaneiras de avaliar o trabalho do psiclogo tem sido por meio do exame do tipo de produode conhecimento na rea, dos avanos que so feitos em funo dessa produo, dasdecorrncias tericas e prticas dessa produo para a Psicologia como rea e como profissoe para o ensino de Psicologia no Pas.

    O trabalho promovido pelo Conselho Federal de Psicologia e publicado em 1994 sob ottulo de Psiclogo brasileiro: prticas emergentes e desafios para a formao, umaprofundamento do trabalho que diversos psiclogos realizaram e publicaram em 1992(Psiclogo brasileiro: construo de novos espaos) forneceu, entre outros aspectos, umconjunto de informaes acerca da atuao profissional de psiclogos nos diferentes camposde atuao e permitiu identificar movimentos inovadores nas prticas consolidadas que, porsua vez, podem servir como subsdio para diretrizes e reformulaes curriculares. Nessecontexto, Bastos e Achcar (1994) realizaram uma anlise criteriosa a partir das informaesobtidas e comentam que o modelo hegemnico que caracterizou a atuao do psiclogo noBrasil est sofrendo mudanas. As pesquisas realizadas em anos anteriores pelo ConselhoFederal de Psicologia e por outros autores (CFP, 1988; Bastos, 1990, citado por Bastos eAchcar, 1994) permitiram identificar algumas caractersticas gerais do trabalho desenvolvidopelos psiclogos at o final da dcada de 1980. Uma delas, delineada por um amplopredomnio das atividades clnicas, marcadas por atuao em consultrios particulares, apsicoterapia como atividade principal, dirigida a uma clientela adulta e de classe mdia. Outradelas, constituda por um trabalho na rea organizacional, ocorre em empresas privadas, compredomnio das atividades de recrutamento, seleo e treinamento de pessoal. Na reaeducacional, predominaram as atividades de psicodiagnstico, orientao psicopedaggica eorientao a pais, em geral em escolas particulares. J na rea social, em muitos casos, asatividades desenvolvidas no se distinguiram da atividade clnica, embora a diversidade delocais de trabalho abrangida pelos psiclogos que atuaram nessa rea tenha sido maior do quenas dcadas anteriores.

    Aparece, contudo, na atuao profissional, caracterizada por meio de anlise daspublicaes e por meio de entrevistas com psiclogos de diferentes campos de atuao, ummovimento de transformao em uma ou em muitas das dimenses que caracterizam otrabalho profissional, avaliado no perodo aproximadamente compreendido entre 1988 e 1994:Embora no constituam alterao quantitativamente significativa no conjunto dos psiclogos,tais movimentos sinalizam tendncias ou rumos que podem redefinir a profisso,especialmente a amplitude dos servios prestados sociedade. (Bastos e Achcar, 1994, p.249). Fica enfatizada a necessidade de garantir, por meio da formao, que essas tendnciasse fortaleam e que atuaes profissionais qualitativamente melhores deixem de serexperincias isoladas e alheias aos objetivos de formao do psiclogo e, de fato,

  • transformem-se em contribuio para a Psicologia como um empreendimento coletivo e socialde interesse para todo o pas.

    Botom (1988) examina a busca de perspectivas para a Psicologia e identifica comocondio necessria a clarificao dos conceitos de rea de conhecimento, mercado detrabalho e campo de atuao profissional. H o risco de no superao de muitos problemasdetectados na atividade profissional se, no planejamento da formao do psiclogo e no examedo exerccio profissional, no forem feitas as distines entre as concepes da Psicologiacomo rea de conhecimento, como campo de atuao profissional e como mercado detrabalho.

    difundida a noo de que as possibilidades de exerccio de uma profisso sodefinidas pelo mercado. Segundo Botom (1988), isto precisa ser, no mnimo, melhorexaminado. Mercado profissional define-se pelas ofertas de emprego existentes ouesperveis. Campo de atuao profissional definido pelas possibilidades de atuaoprofissional, independentemente de ofertas de emprego. O que importa, neste caso, so aspossibilidades de atuao (ou, mesmo, as necessidades de atuao) e no apenas osempregos oferecidos. (p. 281). Uma formao profissional planejada sem considerar adistino entre as concepes de mercado de trabalho e campo de atuao, corre o risco deformar psiclogos cuja atuao provavelmente ficar mais restrita quilo que o mercadooferece ou solicita, e menos capacitado a empreender sua vida profissional buscando novaspossibilidades de atuao.

    Psicologia como rea de conhecimento definida por ter como objetivo o estudo (oconhecimento) de um determinado tema, assunto, objeto, fenmeno ou problema do pontovista psicolgico. O desenvolvimento de um campo de atuao profissional necessita dacontribuio do conhecimento produzido por diferentes reas do saber e no s doconhecimento de uma rea, no caso, da Psicologia. A aprendizagem para ser capaz de integrardados de diferentes naturezas e conhecimentos de diferentes reas precisa ser alvo dasinstncias responsveis pela formao de um profissional psiclogo. Em outras palavras,formar um profissional capaz de no s dominar o conhecimento psicolgico mas de retirardo conhecimento existente informaes que permitam derivar alternativas de atuaoprofissional (Botom, 1988, p. 279) precisa constituir um dos principais objetivos na formaodo profissional. A formao do psiclogo requer, para seu planejamento, que sejamconsideradas as necessidades da populao, as possibilidades de atuao do campo e oconhecimento disponvel.

    Diante do desafio delineado pela exigncia de planejar uma formao que capacite oprofissional a atuar maximizando os benefcios de sua interveno, as instncias e segmentosenvolvidos na formao do psiclogo precisam estar preparados para responder a questes,cujas respostas impulsionam na direo desejada: qual a verdadeira extenso dessedesafio? Qual o verdadeiro significado de tal empreendimento? Por onde comear?Focalizando um dos mais tradicionais campos de atuao do psiclogo, a clnica, possveldelinear os principais aspectos envolvidos no desafio de formar profissionais cada maiscompetentes e capazes de modificar significativamente a sociedade na qual se realizar aatuao desse profissional. Desde o final da dcada de 1960, quando foi realizado o estudo deMello (1975), vrios outros trabalhos demonstraram e discutiram o modelo que caracterizoufortemente a atuao clnica at final da dcada de 1980 (Carvalho, 1982; Bastos, 1988; CFP,1992). Nos anos da dcada de 1990, no entanto, tornou-se perceptvel um movimento demudana dessa atuao centrada fundamentalmente no atendimento individual, para umaampliao dos servios prestados. possvel notar uma evoluo dessa atuaocaracterizando, com mais coerncia e pertinncia, uma interveno em sade. A despeito dascontrovrsias que podem e podero surgir acerca dos critrios eleitos para demarcar asmltiplas atuaes do psiclogo, (alm dos tradicionais campos clnica, escolar,organizacional e de outros mais recentes como hospitalar, jurdico, da reabilitao,comunitria, do esporte, do trnsito), atuao em sade significa uma atuao ampliada emrelao quela caracterizada at a dcada de 1980, do ponto de vista dos objetivos especficosdo trabalho, dos tipos de problemas com que lida, dos alvos de interveno, dos procedimentosutilizados, do tipo de clientela atendida etc., em cujo contexto se insere a atuao clnica, comouma das possibilidades da prtica profissional do psiclogo da sade. Quais sero asdimenses envolvidas na prtica profissional no mbito da sade relevantes para o processode formao do psiclogo?

  • ATUAO DO PSICLOGO NO CAMPO DA SADE E DA SADE MENTALSpink (1992), ao examinar o papel da Psicologia no campo da sade, comenta: A

    Psicologia chega tarde neste cenrio e chega mida, tateando, buscando ainda definir seucampo de atuao, sua contribuio terica efetiva e as formas de incorporao do biolgico edo social ao fato psicolgico, procurando abandonar os enfoques centrados em um indivduoabstrato e a-histrico to freqentes na Psicologia Clnica tradicional (p. 12). Os esforosempreendidos pelo conjunto gradualmente maior de psiclogos envolvidos nessa rea nosltimos anos da dcada de 1980 e no incio da dcada de 1990, no entanto, esto produzindorpidas transformaes do fazer profissional, ainda em escalas limitadas. As mudanasocorreram basicamente em duas dimenses: diversificao da atuao clnica, superando osentido restrito do conceito e, uma segunda, que compreende a concepo sobre sademental, com reflexos nas atividades exercidas pelos psiclogos em hospitais e ambulatrios desade mental, com superao do enfoque psiquitrico de internao e medicao do paciente(Spink, 1992, p. 12).

    De acordo com Spink (1992) a grande virada, no que diz respeito insero dospsiclogos nos servios de sade em So Paulo, ocorreu recentemente, a partir de 1982, coma adoo de uma poltica explcita, por parte da Secretaria da Sade, de desospitalizao e deextenso dos servios de sade mental rede bsica. (p. 13). Os aspectos essenciais dessapoltica para todo o territrio brasileiro, traduzida em dois projetos que traaram as diretrizes deuma futura poltica de sade mental comunitria, semelhana dos modelos adotados poroutros pases, foram: a desospitalizao ou reduo progressiva do nmero de leitos emhospitais psiquitricos, alm da proibio de construo de novos hospitais psiquitricos, acriao de servios comunitrios de assistncia psiquitrica alternativa internao, tais comohospital-dia, hospital-noite, lares protegidos, oficinas de trabalho protegidas, unidadespsiquitricas em hospitais gerais, a implementao de programas de recuperao dapopulao internada, trabalho em equipes multidisciplinares e a formao contnua dosprofissionais de sade mental pelas universidades e incentivo atividade de pesquisa(Ministrio da Sade, 1987, citado por Bandeira, 1992). Essa poltica, surgida pela presso domovimento que incorpora a crtica radical de uma sociedade sem manicmios, levaria criao de equipes de sade mental integradas pelo menos por um psiquiatra, um assistentesocial e um psiclogo, constituindo uma rede de servios teoricamente integrados com atuaonos nveis primrio, secundrio e tercirio (Spink, 1991, p. 13).

    O esforo da sociedade para superao do manicmio, no entanto, a despeito dasexperincias que podem ser consideradas bem sucedidas nesse contexto (Lo Bianco e col.,1994, p. 31-32), no isenta de uma anlise crtica o papel que o psiclogo precisariadesempenhar na execuo e consolidao de um projeto de sade mental comunitria.Bandeira (1992) identifica vrias atribuies do psiclogo, entre elas, a preparao do doentemental para sua reinsero social e sua manuteno na comunidade, a orientao da famliados pacientes, a preparao e orientao profissional do doente mental, a realizao depesquisas e avaliao de programas, a participao na formao dos demais trabalhadores desade mental e a produo de informao sociedade sobre aspectos relacionados sademental. A todas essas atribuies especficas do psiclogo soma-se ainda uma maior, quepermeia a prtica de todos os agentes envolvidos no projeto de sade mental comprometidocom o movimento antimanicomial: a de criar um conjunto amplo de medidas que interfiram nascondies de vida do paciente e permitam criar alianas e vnculos forte com a comunidade(Lo Bianco e col. , 1994, p. 32). Segundo Bandeira (1992), a implementao desse tipo deprojeto em outros pases tem apresentado dificuldades e limitaes, algumas delas claramentedecorrentes da formao deficitria do profissional, outras decorrentes das deficincias dosistema de sade vigente. Estaro os psiclogos preparados para exercerem essas funes,superando as dificuldades advindas de um empreendimento dessa natureza?

    Ao considerar a tendncia geral do trabalho do psiclogo na sade mental, possvel dizer que algumas dificuldades esto sendo superadas e que o esforo do conjunto deprofissionais d possibilidade de tornar essa tendncia perceptvel (Arcaro e Mejias, 1990, LoBianco e col., 1994, Bastos e Achcar, 1994). sabido, no entanto, que muitas dessasdificuldades ainda so de difcil superao, mesmo para profissionais experientes nesse campode atuao. Ademais, h evidncias do desconhecimento sobre aspectos importantes

  • relacionados sade mental e dos principais fatores que podem afetar a manuteno dodoente mental crnico na comunidade, por grande parte dos agentes responsveis pelaformao de futuros psiclogos em cursos de graduao em Psicologia no Brasil, como mostraBandeira (1992) em seu estudo. A autora comenta ainda que uma das principais atividadesnecessrias para garantir o xito de uma poltica de sade mental a atividade de pesquisasobre a reinsero do doente mental e a divulgao desse conhecimento, juntamente comuma boa formao dos profissionais em sade mental e a disponibilidade de informaes deboa qualidade sociedade. Os dados de Bandeira (1992) permitem concluir que a atividade depesquisa na rea de Sade Mental escassa e no tem recebido a devida importncia e queas informaes sobre a experincia de desinstitucionalizao no Brasil tambm so escassas ede difcil acesso, tanto para pesquisadores quanto para outros tipos de profissionaisenvolvidos. As poucas oportunidades de servios de estgio para alunos dos cursos degraduao em Psicologia, oferecidas pelos setores responsveis, sugerem que h poucoconhecimento sobre aspectos relevantes do atendimento ao doente mental crnico e, aomesmo tempo, deixa de lanar mo de uma das principais condies para o avano doconhecimento na rea.

    Angerami (1997) identifica, como uma das primeiras dificuldades surgidas na atividadedo psiclogo no contexto hospitalar, sua insero no sistema institucional. Essa dificuldade,salienta o autor, advm do pouco preparo desse profissional pelas agncias formadoras, dado,na passagem para o sculo XXI, os poucos cursos de graduao em Psicologia, que tmcontemplado, em seus programas de formao, as experincias em contexto institucional. Silva(1992), ao examinar, especificamente, a formao do psiclogo para atuar no campo da sadepblica, destaca aspectos que permeiam a formao do psiclogo e que, de certa forma, soresponsveis pela manuteno de um nico modelo de atuao (clnica) e, conseqentemente,uma limitao das funes sociais da profisso. Continua a autora: observamos que existeuma defasagem progressiva entre os contedos de formao universitria e as necessidadesdo setor de sade (...) So vrias as evidncias que mostram que a universidade no estadequando a formao do graduando s reais necessidades da populao (p.35).

    Nesse contexto, as instncias responsveis pela formao do psiclogo tm comodesafio a avaliao dos rumos desse fazer profissional, para rapidamente realizar correesdesses rumos, quando necessrios. Os vrios estudos realizados sobre atuao profissional,desde Mello (1975), tm permitido vislumbrar um panorama de amplas possibilidades deatuao, ou campo de trabalho, assim como a identificao das competncias necessrias dosprofissionais para ampliar esse fazer, pela integrao de conhecimentos de vrias reas epela capacidade de retirar do conhecimento existente informaes que permitam derivaralternativas de atuao profissional (Botom, 1988, p. 279) e pela reaprendizagem, a partir desuas prticas, reintegrando seus conhecimentos por meio de uma postura de constanteinvestigao sobre elas (Silva, 1992, p. 36). H, apesar dos esforos e de concretizaes demuitas experincias inovadoras nesse campo com bons resultados, indicadores de que preciso ainda percorrer um longo caminho at que, de fato, um novo fazer se tornefreqente ou disseminado.

    O que as agncias formadoras precisam fazer para incorporar, como objetivos deformao, as competncias importantes e desenvolver programas de formao maisconsistentes e coerentes com os rumos exigidos pelas necessidades sociais existentes no inciodo sculo XXI? Os conceitos de sade e de sua multideterminao parecem ser dois conceitosbsicos, essenciais para capacitar o profissional para o trabalho com fenmenos relacionados sade, do ponto de vista dos processos de interveno e de produo de conhecimento narea. Parece necessrio realizar um minucioso exame de como o entrelaamento entre essesconceitos e a Psicologia permite derivar competncias socialmente relevantes e,transformando-as em objetivos de ensino, produzir um psiclogo melhor habilitado para realizarum trabalho com sade.

    NOO DE SADE COMO FENMENO MULTIDETERMINADOO fenmeno sade, considerado do ponto de vista fsico e biolgico de um organismo,

    pode ser examinado de diferentes maneiras. Uma das mais simples apresenta sade e doenacomo dois fenmenos dicotmicos e invariavelmente separados. Essa maneira de conceberos fenmenos sade e doena indica que eles so considerados como plos dicotmicos e

  • opostos, na verdade, insuficientes para explicar grande parte dos fenmenos que ocorrem comas condies de sade dos organismos (Stdile, 1996, p. 23). Os indivduos, no entanto, noso saudveis ou doentes. Eles apresentam diferentes graus nas suas condies de sade.Segundo Chaves (1980), quando dizemos que uma pessoa est com tima sade, que estdoente ou que est passando muito mal, estamos fazendo uma operao mental derelacionamento das caractersticas apresentadas pela pessoa quanto a um atributo, asanidade, com as de diversos graus da escala de sanidade, procurando situ-la no ponto quenos parece mais justo (p. 42). As variaes que um dado organismo apresenta nas suascondies de sade so constitudas por uma quantidade relativamente grande de fatores e decomo esses fatores se combinam em um momento especfico. Parece, dessa forma, maisapropriado dizer que sade e doena so graus nas condies de sade das pessoas.

    No Brasil, segundo Stdile (1996), a VIII Conferncia Nacional de Sade (1988)ampliou significativamente o conceito de sade vigente at ento, incluindo no s ascondies de vida (alimentao, habitao, renda, ambiente, trabalho, transporte, emprego,lazer, liberdade, acesso terra) mas tambm direitos ligados ao acesso universal e igualitrio aaes e servios de promoo, proteo e recuperao da sade e exigncias ligadas a umapoltica nacional de sade (p. 26). Com a ampliao do conceito de sade, e a partir dascontribuies de diferentes estudiosos que analisaram esse conceito, modificando-o ecomplementando-o (Chaves, 1980; Botom e Santos, 1984; Rouquayrol, 1994; Backett e col.1995 citado por Stdile, 1996), possvel dizer que a separao dos fenmenos sade edoena inadequada e que esses termos referem-se a diferentes graus que constituem ascondies de sade de um organismo. Considerar esses graus significa olhar para ofenmeno sade e no apenas para um evento esttico: uma condio de sade de umorganismo em um momento especfico ou em uma condio determinada (Stdile, 1996, p. 36).O Quadro 1 ilustra esquematicamente alguns dos valores que pode ter a varivel condies desade de um organismo. A operao de qualificao envolve uma identificao dascaractersticas de uma pessoa e um relacionamento com uma escala de sanidade em que,entre os extremos (plena condies de sade e morte), podem existir mltiplos valores, isto, as condies de sade de uma pessoa podem ter qualquer valor em um continuum entre omximo de sade e o mximo de sua falta (doena).

    Alm da concepo sobre como entender sade (melhor do que uma dicotomia), hum segundo aspecto igualmente importante que precisa ser examinado: ele diz respeito aosdeterminantes das condies de sade de um organismo. As variaes que uma pessoa podeapresentar nas suas condies de sade dependem da combinao de uma quantidaderelativamente grande de fatores de naturezas diversas. As evidncias disponveis atualmentej permitem afirmar que examinar a ocorrncia de eventuais enfermidades apenas por meio desua determinao biolgica, sem considerar a influncia dos processos sociais sobre essaocorrncia, considerar o fenmeno de maneira parcial e incompleta (Rebelatto e Botom,1999, p. 187). A Epidemiologia Social, definida de maneira ampla, como a cincia bsica dasade coletiva, que estuda o processo sade-doena, sua distribuio e seus determinantesem grupos humanos (Rouquayrol, 1994), tem evidenciado, a partir do sculo passado, aparticipao de mltiplos fatores como determinantes do fenmeno condies de sade. SanMartin (1981, citado por Rouquayrol, 1994) designa o conjunto formado pelo ambiente,populao, economia e cultura, como sistema epidemiolgico-social, um sistema amplo queabrange tanto os modos de produo e relaes de produo, at a responsabilidade individuale coletiva e que constituem os componentes essenciais e determinantes do processo sade-doena ou, em linguagem conceitualmente mais coerente, do fenmeno condies de sade.Dessa forma, fatores agrupados pelos termos gerais de sociais, ambientais e genticosso componentes a serem considerados quando o objetivo a melhoria da qualidade de vidadas coletividades humanas.Quadro 1: Alguns dos valores que pode assumir a varivel condies de sade de um organismo (Reproduzido de

    Chaves, 1980).

  • PLENAS CONDIES DE SADE

    Atividades normais com facilidade e conforto

    Atividades normais com algum conforto

    Atividades normais com desconforto

    Doena compensada com drogas

    Limitao das atividades

    Dependncia de artefatos para funes vitais

    Incapacidade total ou definitiva

    Coma

    Estado agnico

    MORTE

    Considerar que condies de sade dos indivduos dependem de uma complexa redede inter-relaes entre fatores ou variveis que compem essas condies e as determinam,significa dizer que as relaes de determinao so probabilsticas, isto , dependendo doarranjo e configurao (estruturao) dos diferentes fatores, as condies de sade tendem amelhorar, piorar, permanecer constantes e outras possveis graduaes no continuum dascondies de sade. Significa que no possvel determinar com preciso absoluta, masapenas com aproximaes probabilsticas, os estados ou as ocorrncias dos eventos nanatureza. Cada gradiente do continuum sade-doena (das condies de sade) determinado de acordo com os arranjos dos valores das demais variveis presentes em umarede de relaes. As combinaes, a cada momento, entre os valores dessas variveis,fazem que uma condio de sade seja no um fenmeno esttico e com limites definidos eestveis, mas um fenmeno dinmico, com mltiplas possibilidades de composiocaracterizando, assim, um processo complexo e dinmico (Stdile, 1996), para o qual osistema conceitual disponvel no parece corresponder suficiente e adequadamente.

    Chaves (1980), ao analisar a importncia e os impactos de aes profissionais sobre oprocesso gerador de alteraes nas condies de sade, comenta que a melhoria dascondies de vida traz implcita a idia da vida em um ambiente mais favorvel. O saneamentoambiental uma das pedras fundamentais da sade pblica e inclui, alm das aes de sadedirigidas principalmente para as condies ambientais (gua, ar, alimentao, radiao,disposio de dejetos e saneamento geral), tambm aes sobre a sociedade. O autorapresenta, como exemplo, o caso de vrias doenas cujas origens podem ser atribudas stenses produzidas no indivduo pelo ambiente social em que ele vive. Fatores comoexpectativas da famlia e do grupo no qual o indivduo se insere, a competio por melhoresposies na hierarquia das organizaes em que trabalha, frustrao pelo tipo de trabalho quedesenvolve, nmero insatisfatrio de horas de lazer, so identificados como sendoconseqncia do tipo de relaes sociais, econmicas e culturais praticadas pelos indivduosde determinadas sociedades. Desse ponto de vista, para uma atuao em sade, de maneiramais ampla, condio fundamental adotar uma concepo sistmica de sade, de modo queum planejamento de aes integradas possa ser feito. Segundo o autor, as aes de sade sodesenvolvidas por vrios setores sociais Algumas delas esto plenamente caracterizadas comotendo o fim especfico de garantir diretamente melhores condies de sade. Outras, pela suanatureza, caracterizam-se como sendo de responsabilidades de outros setores da sociedadeusualmente no considerados como pertencendo a esse campo, mas, nem por isso devemdeixar de ser consideradas como aes de sade, em um sentido mais amplo. Planejarintegradamente um trabalho de sade requer que esses diferentes setores responsveis pelasaes de sade considerem essas aes como tarefas de um sistema social nico, o sistemade sade, tendo como pressuposto de que sade um fenmeno multideterminado e que

  • somente aes de mltiplos tipos e integradas podero alterar qualitativamente o perfil desade dos indivduos da sociedade como um todo (Chaves, 1980, p. 77).

    A percepo da sade como um fenmeno multideterminado aumenta aspossibilidades de mudanas nos comportamentos dos profissionais que atuam nesse campo,tanto em relao ao tipo de interveno feita quanto em relao ao tipo de conhecimentoproduzido sobre o fenmeno sade do ponto de vista das mltiplas reas do saberrelacionadas a ele. Uma decorrncia para o trabalho dos profissionais de sade parece ser afacilitao do trabalho multiprofissional, pela clarificao das diferentes contribuies de cadaprofissional ao tratar das variveis componentes do fenmeno sade e dos seusdeterminantes, tanto no que se refere aos limites de cada campo de atuao, quanto a suassobreposies. Situar o objeto de interveno e de estudo da Psicologia em relao aofenmeno sade se torna assim no uma tarefa simples, mas, sem dvida, uma tarefa maisclaramente definida pela possibilidade de percepo da rede de interrelaes entre asdiferentes variveis. de supor que o mbito de atuao da Psicologia no se limita sinterferncias sobre variveis de natureza apenas psicolgica, mas abrange todas as relaespossveis entre as variveis psicolgicas e as demais que se relacionam com o fenmenosade.

    Ao examinar o que acontece com algum quando uma das variveis do sistema sealtera, fica difcil separar o que acontece nas categorias que correspondem s reas deconhecimento. A interveno em um campo de atuao usa recortes e critrios decategorizao diferentes daqueles usados para separar as reas de conhecimento. O mesmoraciocnio pode ser utilizado em relao aos problemas de pesquisa, ou aos recortes a seremfeitos para eleio das relaes a serem estudadas pela Psicologia, como rea deconhecimento, nessa rede de relaes, que envolve as variveis de ordem psicolgica e ascondies de sade. O desafio permanente para todos os profissionais de sade e, emparticular, para o psiclogo, o de saber integrar os conhecimentos dessas diferentes reaspara sua atuao e transform-los em condutas profissionais e saber retirar das situaes deinterveno novas perguntas de pesquisa, que por sua vez, ao serem respondidas,possibilitaro produzir intervenes cada vez mais eficazes, do ponto de vista de recursostecnolgicos, dos processos comportamentais envolvidos, de procedimentos, de avaliao etc.Em qualquer caso, conhecimentos de uma rea no correspondem aos conhecimentosnecessrios para realizar as intervenes prprias de um campo de atuao profissional.

    MBITOS DE ATUAO PROFISSIONAL E POSSIBILIDADES DE CONTRIBUIO DAPSICOLOGIA PARA A SADE

    A noo de sade como fenmeno multideterminado, envolvendo variveis dediferentes reas do conhecimento, facilita enxergar com maior clareza o complexo sistema derelaes do qual as variveis psicolgicas fazem parte. Enxergar possibilidades deinterveno profissional e de relaes a pesquisar nesse universo requer, todavia, quepesquisadores e profissionais de Psicologia tenham tambm, com a mesma clareza, noo doobjeto de estudo e de interveno da Psicologia e das amplitudes possveis que podem ter osseus limites e interseces com outras reas do conhecimento e com os variados campos deatuao profissional. Muitos exames foram feitos acerca do que constitui o objeto de estudo daPsicologia e de interveno do psiclogo e, mesmo assim, as concepes sobre ele no estolivres de controvrsias. Todorov (1989) comenta que definies de Psicologia tm variado notempo e de acordo com as caractersticas de seus autores. Problemas surgidos no mbito daFilosofia ou da Cincia refletem-se em vrias dessas definies. Por exemplo, muitoconhecida a definio de Psicologia como estudo da mente (...) Alguns preferem referir-se auma vida mental (...) Outros (...) afirmam ser a Psicologia o estudo do comportamento. (p. 347-348). Qualquer que seja a definio escolhida, carecer de outras definies para aclarar o quevenha a ser mente, vida mental ou comportamento. A concluso do autor de quedificilmente qualquer definio adotada conseguir agradar gregos e troianos ao mesmotempo ou, sem metforas, mais precisamente, mentalistas e comportamentalistas. A tesedefendida por Todorov (1989) de que se poder caracterizar a Psicologia de um ponto devista e, tentar, depois, mostrar como essa caracterizao compatvel com os variados tiposde atividades do psiclogo... (p. 348). Ou seja, demonstrar que o que feito na rea compatvel com a caracterizao da Psicologia, tendo como referente algum dos pontos devista possveis.

    De um desses pontos de vista da Psicologia (o da Anlise do Comportamento), porexemplo, o trabalho com a Sade no s se refere patologia seja ela fsica, biolgica,

  • fisiolgica ou psicolgica, mas s variveis que as determinam ou que delas decorrem emvrios mbitos de abrangncia. Trabalhar com o planejamento ou com a administrao de umainstituio (Botom, 1981a e Melchiori, 1987, por exemplo) que lide com processos de sadefisiolgica, por exemplo, um processo mais psicolgico, administrativo, organizacional ousocial do que fisiolgico ou biolgico. Planejar o sistema de saneamento ou de abastecimentode gua de uma cidade ou administr-lo, interfere diretamente sobre as condies de sade,embora tal trabalho no seja, usualmente considerado da rea da sade (mesmoconsiderando o tema saneamento um assunto de sade pblica). De forma semelhante, lidarcom as decorrncias de uma epidemia sobre o trabalho, ou outros tipos de atividades, de umacomunidade tambm poderia ou no? ser considerado um trabalho em Sade. No mbitoda Psicologia, pelo menos do ponto de vista da Anlise do Comportamento, o trabalho com aSade refere-se a qualquer tipo de comportamento que faa parte do sistema de variveis, queafete ou seja afetado pelas alteraes sociais, fisiolgicas, qumicas, biolgicas, ambientais eoutras que interferem com a qualidade das relaes de um organismo com seu meio oucontexto de vida, a curto, mdio ou longo prazos.

    Coerentemente com essas consideraes, a base para caracterizao da Psicologia,do ponto de vista da Anlise do Comportamento, segundo Todorov (1989), considerar que oobjeto de estudo da Psicologia so as interaes dos organismos com seu ambiente. Botom(1981b, 1998), ao considerar como objeto da Psicologia o comportamento humano, definidocomo a relao entre ao (classes de respostas) do organismo e o meio em que realiza essaao, da mesma forma, caracteriza um determinado tipo de interao como o aspecto nucleare essencial dessa definio. A noo de comportamento como uma relao entre a ao doorganismo e aspectos do meio no qual a ao ocorre e que dela decorrem nem sempre foiassim. Segundo Botom (1998, p. 18), se for observada a diferena entre o que Skinner, umados cientistas mais identificados com o conceito de comportamento e um dos que maiscontribuiu para o avano do conhecimento sobre esse tipo de fenmeno, considerava em 1938e o que considerou em 1969, houve um longo percurso. H uma evoluo do conceito decomportamento desde a primeira vez em que ele foi formulado por Skinner em 1938, quandoafirmava que o comportamento era uma parte da atividade total de um organismo e que eraaquilo que um organismo fazia, at formul-lo, em 1969, como dependente de complexas inter-relaes entre o estmulo antecedente, a resposta e o estmulo conseqente (Skinner, 1969, p.18). Alm de Skinner, vrios estudiosos contriburam para o aprimoramento do conceito decomportamento, salientando a importncia de distinguir, com clareza, os critrios usados paradefinir uma relao comportamental. Para construir um sistema conceitual que seja capaz dedescrever, o mais fidedignamente possvel, o que acontece com as pessoas quando esto eminterao com o ambiente, preciso usar definies acuradas dos principais conceitos sobreos quais repousa esse sistema. Assim definies de termos como resposta, classe derespostas, estmulo, estmulos antecedentes, estmulos conseqentes, efeitos etc. precisam seresclarecidas e elaboradas de forma muito mais clara e precisa para serem teis (Botom,1981b).

    Os estudos realizados na rea da Anlise do Comportamento permitiram a descobertade uma variedade de dados que possibilitam entender e lidar com o comportamento como umarelao entre ao e meio, no mais como apenas aquilo que era a ao observvel doorganismo. As decorrncias desse tipo de concepo so muito grandes e variadas a respeitode quase todos os fenmenos com que as pessoas lidam ou se defrontam. Uma das principaisdiz respeito possibilidade de perceber que comportamento no um fenmeno simples, defcil identificao. Ao contrrio, essa concepo de comportamento permite perceber o quocomplexo e de difcil identificao ele, dada a sutileza das relaes que o compem e odefinem, e dado o carter efmero dos eventos que constituem tais relaes. Nesse sentido,investigar por que as pessoas se comportam como se comportam parece constituir o objetivomaior da Psicologia.

    Essa pergunta, todavia, teve sua resposta reiteradamente buscada por cientistas eestudiosos do comportamento olhando para dentro de cada um na busca de explicao paraa determinao do comportamento e tendendo a atribuir as causas a processos internos reais ou fictcios (vontade, motivao, necessidade). Uma direo de exame que pareceser mais promissora e que, segundo Skinner (1969), caracteriza a tarefa do analista decomportamento, buscar descobrir todas as variveis das quais o comportamento funo.Identificar, contudo, os fatores (variveis) que determinam o comportamento humano no uma tarefa simples, nem isenta de dificuldades. Ela requer esforos para elucidar conceitos edefinies com rigor necessrio para possibilitar estudos sobre a natureza das relaes quemantm com os organismos e, muitas vezes, esbarrando nos limites impostos por uma

  • linguagem geralmente insatisfatria para descrever novas e antigas maneiras de se referir aoscomportamentos dos agentes envolvidos nos sistemas em estudo. A tarefa requer tambm,como condio fundamental, uma preparao para lidar com a concepo de quecomportamento, assim como o fenmeno sade, multideterminado. Skinner (1969) noprefcio de sua obra Contingncias de reforo, ao discorrer sobre o mtodo mais apropriadopara estudar comportamento humano, apresenta algumas questes consideradas importantespara o de- senvolvimento da cincia do comportamento. Entre essas questes podem serdestacadas: que aspectos do comportamento so significativos? De quais variveis sofuno as mudanas nesses aspectos? De que forma as relaes entre o comportamento esuas variveis controladoras podem ser combinadas ao caracterizar um organismo comosistema?. O aspecto que parece ser importante para anlise que essas questes somentesero passveis de respostas se uma percepo de comportamento como interao entre aodo organismo e aspectos do ambiente no qual a ao ocorre e de comportamento comofenmeno determinado por variveis em interao, formando um sistema complexo, estiversuficientemente desenvolvida para balizar os comportamentos de pesquisadores eprofissionais que trabalham no mbito da Psicologia ou utilizam esse conhecimento para atuarem outros campos profissionais.

    Quando considerado o estudo do comportamento, historicamente, vrias subreasda Psicologia tm se caracterizado em funo da natureza das relaes enfatizadas(Psicologia social, organizacional, clnica, do desenvolvimento, aprendizagem etc.). O ambientetem sido dividido, em geral, em dois nveis, externo e interno, e esses, por sua vez,compartimentalizados em fsico e social, biolgico e histrico, respectivamente. Ainda que sejasabido que essas distines so apenas de ordem didtica e, portanto, artificiais ou parafacilitar o entendimento da fragmentao da Psicologia em diferentes subreas (Todorov,1989), elas so teis para ajudar no entendimento das possibilidades de estudos e de atuaoprofissional do psiclogo e, em particular, do psiclogo que elege as relaes entre sade eseus determinantes ou suas decorrncias como objeto de estudo ou de interveno. Ora, sesade um fenmeno multideterminado, isto , variveis psicolgicas so um conjunto dentreoutros que o determinam ou que dele decorrem e se comportamento o objeto de estudo daPsicologia, definido e estudado como interao entre organismo e ambiente e, ainda, se adistino entre a Psicologia e outras reas de saber no se baseia em fronteiras rgidas (aocontrrio elas, muitas vezes, se sobrepem, com reflexos diretos sobre o tipo e a maneira deintervir dos profissionais envolvidos), pode ser percebido que o universo de possibilidades deestudo e de interveno do psiclogo em relao ao fenmeno sade muito amplo.Principalmente se ainda for acrescentado que o mesmo raciocnio sobre os mltiplosdeterminantes ampliar os limites do campo de atuao e da rea de conhecimento que podechamar-se Sade tambm pode ser feito para mltiplas decorrncias de alteraes noorganismo usualmente consideradas como alteraes na sade.

    Alguns dos trabalhos que ilustram a anlise apresentada por Lo Bianco e col. (1994)acerca da trajetria da Psicologia Clnica no Brasil na dcada de 1990, descrevem tipos detrabalhos desenvolvidos no campo da sade em uma perspectiva bastante diferenciadadaquela que predominou na dcada de 1980. Essas experincias, alm de serem umaindicao de uma melhor direo do trabalho do psiclogo clnico, principalmente do ponto devista social, constituram fonte para identificao de competncias que os profissionaisprecisam apresentar ao lidar com o fenmeno sade. Os estudos de Melchiori (1987) e Botom(1981a) so ilustrativos das possibilidades de atuao de psiclogos ao lidar com variveisrelacionadas sade, do ponto de vista de serem trabalhos pouco usuais quando comparadosao perfil dos trabalhos desenvolvidos no perodo no qual foram realizados.

    Melchiori (1987) realizou um estudo, envolvendo uma amostra das famlias de ummunicpio, e todos os profissionais liberais que atendiam pessoas com deficincia mentaldesse mesmo municpio, cujo objetivo foi identificar aspectos da realidade social relevantespara orientar comportamentos de um profissional de Educao Especial, em relao scondutas de vida da populao de deficientes mentais, aos tipos de atendimento que essapopulao precisava receber e s caractersticas das condies de vida da populao de risco.Os dados desse estudo permitiram derivar vrias classes de aes indicadoras de necessidadede atuaes especficas por parte de agncias sociais responsveis pela oferta de servios desade. Em outras palavras, permitiam explicitar os pontos de partida, pelos quais uma agnciaprestadora de servios de sade deveria orientar-se ao planejar e implantar servios de sade.Uma agncia assim planejada teria condies de oferecer servios nos quais os profissionaisse comportariam em funo das necessidades da populao e seriam capazes de exercer

  • controle sobre as variveis que determinam a incidncia da deficincia mental nessapopulao ao longo de um perodo de tempo definido.

    Botom (1981a), por meio de um estudo desenvolvido com os postos de sade noMunicpio de So Paulo, demonstrou que um planejamento feito a partir da percepo de queseriam as agncias prestadoras do servio de sade responsveis pelo pronto atendimento populao que dele necessita, com eficcia, deixando de culpar o usurio pelos freqentesfracassos de programas de sade colocados em vigncia at ento, resultou em mudanassubstantivas tanto na maneira de atendimento nos postos de sade como nos comportamentosdos usurios desses postos. O planejamento foi conduzido explicitando os comportamentosnecessrios que os diferentes agentes dos postos de sade precisariam apresentar paramaximizar a qualidade dos atendimentos oferecidos caracterizados a partir de umaidentificao precisa das necessidades dos usurios dos servios. Dessa forma, a anlise decomportamentos envolvidos no sistema de atendimentos possibilitou o planejamento dessesdiferentes servios de maneira integrada e mais eficaz, num raro exemplo para a poca, deconstruo de um sistema sensvel s demandas do meio e que permitiu produzir elevao nascondies de sade das pessoas que dele necessitavam e que o utilizaram nas novascondies de funcionamento.

    Ferreira e col. (1984), quando examinam as relaes entre deficincia fsica e inserosocial construdas pela formao de pessoal no campo da sade, tambm ilustram um trabalhode Psicologia no campo da Sade que sai do que, no tempo em que foi feito, no erausualmente considerado da sade, talvez nem da Psicologia. Vinte anos depois, a amplitudedos objetos de estudo e de interveno da Sade e da Psicologia tem muito mais dimenses,amplitude e complexidade do que era usualmente considerada nos trabalhos das dcadasanteriores.

    Os trabalhos de Botom (1981a), Ferreira e col. (1984) e Melchiori (1987) constituemtrs exemplos que ilustram como a integrao de duas ou mais reas de conhecimentopossibilitam uma atuao de melhor qualidade (anlise do comportamento, desenvolvimentohumano, planejamento, organizaes, administrao, educao especial, formao em nvelsuperior) e j se referiam a critrios e procedimentos que, na dcada de 1990, passariam a serconsiderados como planejamento estratgico situacional (Huertas, 1996), tambm umimportante tipo de conhecimento que integra comportamento e realidade social. Zannon (1991),em um artigo de reviso sobre questes tericas relacionadas s prticas profissionais,particularmente, atuao do psiclogo ao lidar com crianas hospitalizadas, examina aimportncia de revises dos conceitos considerados cruciais sobre os quais repousa umadada prtica profissional. Ressaltando a importncia de esforos para a proteo vida dacriana, a autora examina a necessidade de efetuar uma reviso terica-conceitual da relaoentre ambiente e comportamento, como subsdio para orientar a prtica profissional condizentecom uma direo para lidar com pessoas, integrando as perspectivas biolgicas, psicolgicas escio-culturais. Um trabalho assim conduzido, muito provavelmente, culmina em prticas queinterferem sobre os processos comportamentais da criana, seus familiares e dos profissionaisque a atendem, melhorando as condies da criana hospitalizada. Salientando desse estudoo aspecto que interessa para anlise, h um exemplo de preocupao no s com a qualidadedo conhecimento que embasa o fazer profissional, mas tambm com a necessidade deintegrar conhecimentos (de anlise do comportamento, de desenvolvimento, de biologia, decincias sociais) para uma melhor atuao do psiclogo em sade.

    Considerando as mltiplas possibilidades de trabalho envolvendo psicologia e sade,e comparando com o que, de fato, est sendo feito, apesar das vrias experincias bemsucedidas que possibilitam novas formas de atuao para os psiclogos no campo da sade, possvel perceber que ainda h muito por fazer. A contribuio que a Psicologia poderia dar aoplanejamento, execuo, acompanhamento e avaliao aos programas governamentais desade como, por exemplo, aos projetos de mbito nacional para assistncia e controle docncer, das doenas sexualmente transmissveis e da AIDS, pode ser considerada comocrucial para o sucesso desses programas. Dado que, em projetos dessa natureza, a mudanade comportamento da populao fator fundamental para controle e preveno desses tiposde doenas, fica evidenciado o valor da contribuio do conhecimento psicolgico emintegrao com os demais conhecimentos advindos das diferentes reas do saber necessriaspara intervir em situaes como essas. Quais as providncias a tomar para acelerar o avanoda Psicologia, em interseo com a Sade, na direo de uma rpida socializao dosbenefcios decorrentes de uma rea de conhecimento em franca expanso?

  • POSSIBILIDADES NO ENSINO DA PSICOLOGIA PARA CAPACITARPSICLOGOS PARA O TRABALHO EM SADE

    Ao examinar a expresso Psicologia da Sade, para caracterizar tipos de estudo oude interveno de psiclogos em relao a fenmenos que podem ser reunidos sob o nomesade, parece ser um nome amplo e talvez inadequado. A inadequao se deve ao fato deque a expresso da sade delimita previamente fenmenos e relaes entre fenmenos queso conhecidos e identificados tradicionalmente como pertencendo ao campo ou rea dasade, ou ento pelas caractersticas dos recursos tecnolgicos e de procedimentos e tcnicasconhecidos e identificados como sendo do campo da sade. Um exame comparativo com aexpresso Psicologia em Sade, uma denominao que parece ser mais apropriada, permiteconsiderar como objeto de investigao e de interveno uma gama muito maior de fenmenose de suas relaes, dadas as mltiplas dimenses dos fenmenos e a natureza dos sistemasnos quais eles esto inseridos. Pode significar as diferentes formas e tipos de estudo quepodem ser feitos das relaes entre as variveis psicolgicas e as que constituem o fenmenosade. Relaes que podem ser de determinao (influncia) dos diferentes graus dasvariveis componentes do comportamento (ou dos fenmenos psicolgicos) sobre ascondies biolgicas dos indivduos (ou sobre outras variveis que determinam essascondies). Ou, relaes que podem, ao contrrio, ser de determinao das condiesbiolgicas (ou das variveis que as constituem ou determinam) sobre as variveis queconstituem ou determinam as caractersticas do comportamento (ou das variveispsicolgicas).

    Os estudos podem variar desde os mais bsicos, de investigao de variveisqumicas, ambientais etc. sobre as interaes entre organismo (biolgico, fisiolgico) ecomportamento em simulaes de laboratrio (ou, sobre aspectos ou decorrncias dele), at osmais aplicados ou de campo (no ambiente natural), onde podem ser investigadas relaesdesse tipo (por exemplo, populaes ou pessoas submetidas a situaes de sofrimento, deameaa, de incerteza, de privaes etc. e o que acontece com suas condies psicolgicas ebiolgicas. Os estudos podem tambm, em todos os tipos e nveis, ser feitos na direo deinfluncia inversa: condies psicolgicas (sejam quais forem e em que grau) afetandocondies de sade de organismos ou coletividades de organismos.

    Alm dos estudos caracterizando programas de investigao ou linhas de pesquisa,conforme os interesses dos que realizam tais atividades, pode haver diferentes tipos deinterveno profissional sobre essas complexas interaes raramente em uma nica direode influncia , realizadas com os mais variados recursos ou procedimentos, conforme avarivel, ou conjunto, escolhido como alvo da interveno, e pelos mltiplos tipos deprofissionais que podem interferir nos diferentes tipos e graus dessas relaes entre condiesde sade e condies psicolgicas dos organismos, incluindo as variveis que interferem comas interaes entre essas duas condies e nas interaes das variveis que constituem cadauma dessas condies. Os limites e possibilidades de estudo e de interveno nessas relaesno so nem claros nem suficientemente conhecidos. E talvez o mais importante sejamexatamente essas possibilidades que o desconhecido ainda contm e a forma de explor-lasno estudo, na interveno e no ensino para a formao de psiclogos. Os conceitos de rea deconhecimento e de campo de atuao profissional, em contraste com a de mercado detrabalho examinadas por Botom (1988), Rebelatto (1994) e Rebelatto e col. (1999), reforamainda mais essas possibilidades de entendimento na abrangncia do que fica sob o nomesade e, nesse sentido, tambm sob o nome Psicologia em sade.

    Mais do que considerar Psicologia em Sade uma rea com tcnicas, conceitos eproblemas j configurados, a formao de novos profissionais pode enfatizar os instrumentosbsicos de anlise e interveno sobre variveis que constituem e se relacionam comfenmenos psicolgicos. Com isso, provavelmente, estaro aptos a identificar e intervir sobrevariveis que, sendo psicolgicas, interferem sobre a sade biolgica, social ou psicolgica ou que, sendo do mbito da sade ambientais, econmicas, fisiolgicas, biolgicas, fsicas,polticas, administrativas etc. , interferem sobre as condies psicolgicas de organismos,individual ou coletivamente. De qualquer forma, mais do que fechar sua fronteiras no que foifeito e conhecido, a Psicologia em Sade parece ser um campo de atuao (possibilidadesde atuao) em grande parte ainda inexplorado e desconhecido pelos servios de Psicologia epelo ensino que deveria capacitar para a realizao de um servio que, efetivamente, atendesses necessidades da sociedade.

    No parece mais ser suficiente o trabalho dos profissionais de sade psiclogos ououtros ficar restrito a atenuar sofrimento, compensar dano, corrigir leses, recuperar prejuzos

  • e minimizar a atuao nos mbitos da preveno de problemas (psicolgicos e de sade), noqual necessria uma atuao antes que os problemas aconteam e de uma maneira paraque no venham a ocorrer (Stdile, 1996; Rebelatto e col. 1999). Formar um profissionalcapacitado a atuar nesses diferentes nveis j exigncia muito grande de estudos e deintervenes sistmicas. Mas, ainda necessrio capacitar os novos psiclogos a trabalharemtambm com manuteno de boas condies de sade e de comportamentos significativos nasociedade e com promoo de melhores condies nos dois casos. Conhecer as variveis queviabilizam tais tipos de atuaes e ensinar formas de realizar intervenes desse tipo umdesafio importante e urgente para os que investigam a rea de conhecimento chamadaPsicologia e para os que capacitam profissionais a intervir nos problemas sociais, inclusive osdenominados de problemas de sade, seja no mbito que for e apesar das limitaes que asconvenes administrativas, burocrticas, polticas ou das simples prticas imponham e forcemo pensamento e os comportamentos de quem, com sua atuao, pode ampliar aspossibilidades de atuao das novas geraes de psiclogos.

    Em sntese, as linhas de trabalho e os programas de estudo que se renem sob onome de Psicologia da Sade no definem nem os limites nem as possibilidades de estudo ede interveno da Psicologia em relao Sade. E a compreenso desses limites epossibilidades pode ser uma importante condio para o futuro da pesquisa, do ensino e daatuao dos que se renem bem ou mal sob o rtulo Psicologia da Sade. Dizer quePsicologia em Sade pode ser uma expresso melhor que Psicologia da Sade podeindicar uma disposio e um significado que se referem a fenmenos de maior amplitude,maior complexidade, com mais interfaces e interaes com fenmenos reunidos sob outrosnomes que no os usualmente adotados ou reconhecidos como psicologia ou como sade.A Epidemiologia Social, os estudos de Sade Pblica e os avanos do conhecimento sobre osfenmenos e processos psicolgicos feitos nas ltimas dcadas do sculo XX, possibilitamuma nova e melhor compreenso do que pode ser reunido sob o nome de Psicologia emSade e as vantagens que isso traz para o desenvolvimento do conhecimento e da intervenoem relao a esses fenmenos e processos tanto quanto para o ensino das competnciasimportantes para constituir a formao de profissionais para trabalhar com eles.

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