boletim da associação alzheimer açores n º 11 abril 2016

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A Associação Alzheimer Açores alza promoverá, nos dias 08 e 09 do próximo mês de Junho na Uni- versidade dos Açores, as II Jornadas de Intervenção nas Demências Do Saber à Prática”. Os princípios orientadores, baseados no respeito pela dignidade da pessoa humana, poderão conside- rar-se transversais à intervenção com pessoas com necessidades especiais e alicerçam-se na convicção de que “INformar” o cuidador será optimizar a inter- venção nas demências. Acreditando no poder das terapias de reabilitação e estimulação cognitiva, sobressai como fundamental a partilha do conhecimento e a divulgação de boas práticas. Um dos objectivos que levou a Equipa Técnica da alza a lançar este repto a quem presta cuidados a pessoas com demência, centrou-se na observação de um cada vez maior número de pessoas afectadas e na convicção de que as ferramentas de interven- ção podem fazer a diferença, por ora aos cuidadores formais, no sentido de uma prática profissional mais adaptada a esta realidade. Por outro lado, quer o cuidador formal, quer infor- mal, tentam proporcionar bem-estar e qualidade de vida à pessoa com demência e, ao mesmo tempo, anseiam minimizar o desgaste físico e psicológico. Assim sendo, o humanismo, é o conceito-chave que recoloca o cliente/familiar como pessoa e como ser humano. Por fim, há que “cuidar o cuidador” através de for- mação ajustada à realidade, ao encontro dos valores da verdade, liberdade, justiça social e fraternidade. Assim, poderemos apostar na cidadania activa atra- vés da intervenção social, a que todos somos cha- mados. Também, um dos objectivos essenciais será o de reforçar o acompanhamento e apoio às famílias, face à abertura dos sinais do tempo. Sumário Boletim Nota Editorial I II Jornadas de Intervenção nas Demências ....... 1 Entrevista I Prof. Doutor Manuel Domingos. Neuropsicólogo. .. 2 Perspectivas I Doenças neurológicas: O cuidar da Dignidade ···· 4 Notícias da alza I Notas institucionais ·································· 5 Estimulação e Reabilitação I Síndrome de Burnout ············· 6 Um novo olhar I Exercício e Saúde ····································· 7 Livros em destaque I As novas sugestões de leitura ··············· 8 Notas Breves I Notas diversas ············································ 8 Nota Editorial Berta Cabral do Couto Presidente da alza 1 alza Nº 11 Abril 2016

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Boletim semestral da Associação Alzheime Açores

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Page 1: Boletim da associação alzheimer açores n º 11 abril 2016

A Associação Alzheimer Açores – alza promoverá, nos dias 08 e 09 do próximo mês de Junho na Uni-versidade dos Açores, as II Jornadas de Intervenção nas Demências “Do Saber à Prática”. Os princípios orientadores, baseados no respeito pela dignidade da pessoa humana, poderão conside-rar-se transversais à intervenção com pessoas com necessidades especiais e alicerçam-se na convicção de que “INformar” o cuidador será optimizar a inter-venção nas demências. Acreditando no poder das terapias de reabilitação e estimulação cognitiva, sobressai como fundamental a partilha do conhecimento e a divulgação de boas práticas. Um dos objectivos que levou a Equipa Técnica da alza a lançar este repto a quem presta cuidados a pessoas com demência, centrou-se na observação de um cada vez maior número de pessoas afectadas e na convicção de que as ferramentas de interven-ção podem fazer a diferença, por ora aos cuidadores formais, no sentido de uma prática profissional mais adaptada a esta realidade. Por outro lado, quer o cuidador formal, quer infor-mal, tentam proporcionar bem-estar e qualidade de vida à pessoa com demência e, ao mesmo tempo, anseiam minimizar o desgaste físico e psicológico. Assim sendo, o humanismo, é o conceito-chave que recoloca o cliente/familiar como pessoa e como ser humano. Por fim, há que “cuidar o cuidador” através de for-mação ajustada à realidade, ao encontro dos valores da verdade, liberdade, justiça social e fraternidade. Assim, poderemos apostar na cidadania activa atra-vés da intervenção social, a que todos somos cha-mados. Também, um dos objectivos essenciais será o de reforçar o acompanhamento e apoio às famílias, face à abertura dos sinais do tempo.

Sumário

Boletim

Nota Editorial I II Jornadas de Intervenção nas Demências ....... 1

Entrevista I Prof. Doutor Manuel Domingos. Neuropsicólogo. .. 2

Perspectivas I Doenças neurológicas: O cuidar da Dignidade ···· 4

Notícias da alza I Notas institucionais ·································· 5

Estimulação e Reabilitação I Síndrome de Burnout ············· 6

Um novo olhar I Exercício e Saúde ····································· 7

Livros em destaque I As novas sugestões de leitura ··············· 8

Notas Breves I Notas diversas ············································ 8

Nota Editorial

Berta Cabral do Couto

Presidente da alza

1 alza

Nº 11 Abril 2016

Page 2: Boletim da associação alzheimer açores n º 11 abril 2016

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Quais as queixas mais frequentes das pessoas que o consultam? As principais queixas centram-se nas alterações da atenção e memória.

Qual o trabalho de um neuropsicólogo numa Insti-tuição com pessoas adultas? Nós desenvolvemos o nosso trabalho no âmbito do diagnóstico (exames neuropsicológicos) e reabilita-ção (“papel e lápis” e computorizada). No seu entender, existe alguma fase em que não seja benéfica a estimulação cognitiva formal de uma pessoa com doença de Alzheimer (DA)? A estimulação deve ser realizada em todas as fases da doença, mesmo quando já se instalou a caquexia. Quais as principais diferenças relativamente à esti-

mulação de pessoas com demência fronto-temporal e com DA? Em nossa opinião a matriz da estimulação é comum às duas situações. De um modo geral, para além da memória, quais as áreas cognitivas mais precocemente afectadas na DA? Estão particularmente afectados os processos pré-frontais ou reflexivo-executivos, a desorientação temporal, a anomia, concentração e o equilíbrio emocional. No decurso do seu trabalho, tem observado muita variabilidade nas capacidades mentais afectadas na pessoa com DA? Só me resta responder da maneira mais lógica: cada caso é um caso. Existe assim bastante variabilidade na semiologia, embora a matriz acima referida se mantenha, geralmente, comum a todos os pacien-tes. O que mais dificulta o trabalho de estimulação neuropsicológica com pessoas com DA? O estadío da doença. Nada mais. As famílias valorizam o trabalho de estimulação neuropsicológica dos seus familiares? Temos os melhores feedbacks por parte dos familia-res que se tornam, muitas vezes, co-terapeutas depois de ensinados a colaborar connosco.

“ A estimulação deve ser realizada em todas as fases da doença.

Manuel Domingos (M.Sc., Phd), Doutorado em Psicologia (Neuropsicologia) pela Universidade de Aveiro e Mestre em Psicologia, área de neuropsicologia clínico/experimental, pela Universidade Católica de Louvain, Bélgica, é coordenador da unidade de neuropsicologia do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa e respon-sável pela consulta de neuropsicologia do Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa. Desenvolve, também, a sua actividade como professor de neuropsicologia, neu-ropsicopatologia e psicopatologia do adulto e da terceira idade na Universidade Lusíada de Lisboa, orientando igualmente estágios e mestrados, e como forma-dor nas áreas da neuropsicologia de intervenção, neuropsicologia pediátrica, neuropsicologia criminal, avaliação e reabilitação neuropsicológica e estudos da consciência. É perito forense e criminal e membro de várias sociedades e asso- ciações científicas e humanitárias, nacionais e internacionais e autor de mais 150 comunicações e publicações. Prof. Doutor Manuel Domingos

Entrevista

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Como podem as famílias adaptar as rotinas de modo a proporcionarem estimulação informal à pessoa com DA? A resposta é difícil, dado que cada aglomerado fami-liar tem as suas idiossincrasias. Mas, regra geral, temos a melhor das respostas ao nível da tomada de decisões respeitantes à defesa da integridade bio-psico-social dos pacientes.

Que boas práticas adopta no momento de infor-mar/orientar a pessoa com DA e a família? Sobretudo o bom senso e a adaptabilidade de tare-fas quotidianas ao grau de deterioração do pacien-te. E muita, muita compaixão. Qual o trabalho que julga mais importante junto da família e da comunidade para a inclusão da pessoa com DA na sociedade e mesmo na vida profissio-nal? Informar com rigor e apoiar sem limites, quer instru-mentalmente, quer emocionalmente. Pode especificar a distinção entre quadros demen-ciais e DA? DA é a doença que causa o quadro demencial. Tão só isto. Portanto, nunca deveremos dizer: Demência de Alzheimer. O que é importante ter em atenção na diferencia-ção de quadros demenciais e a estimulação especí-fica no caso da DA?

O tipo de quadro clínico detectado no exame neu ropsicológico, o a idade, o estado geral do doente e o grau de colaboração dos cuidadores. Há algum desenvolvimento recente na ciência, especialmente promissor, relativamente à DA? Na minha opinião, infelizmente, não; por muito que se façam propagandas (falaciosas) de grandes avan-ços na prevenção e reabilitação. Quer partilhar alguma situação que o tenha marca-do no trabalho com pessoas com DA? Para mim todos os casos são marcantes. Teria que vos escrever um livro sobre esta pergunta. Assim, nenhum caso me toca menos do que todos os outros.

Temos os melhores feedbacks por parte dos familiares que se tornam, muitas vezes, co- -terapeutas depois de ensinados a colaborar connosco. “

“Para mim todos os casos são marcantes.”

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Doenças Neurológicas – O cuidar da Dignidade Desde 2004 a OMS tem vindo a propor cuidados humanizados e de conforto a doentes vulneráveis e com doenças graves e progressivas e a suas famílias, apoiados por equipas multidisciplinares, de prefe-rência no seu domicílio ou área de residência e de acordo com a vontade expressa pelo doente. O objetivo específico é a prevenção do sofrimento, a satisfação com o cuidar, o respeito pela Dignidade. Com o aumento da longevidade, das doenças cróni-cas, da incapacidade, é preciso enfrentar o impacto da doença e dos cuidados no doente, na vida dos familiares e dos cuidadores e os problemas éticos e relacionais nas diferentes fases da doença. Referi-mos, em especial, as demências (doença de Alzhei-mer e outras), doenças degenerativas do sistema nervoso, sequelas de acidentes vasculares cerebrais. Prevenir o sofrimento passa por antecipá-lo, criar estruturas pró-ativas, mudar atitudes dos profissio-nais e dos cidadãos. A comunicação eficaz e realista é o ingrediente essencial para melhorar os cuidados de saúde e a segurança dos doentes. Como estamos perante doenças crónicas, por vezes com evolução lenta, a forma como o doente é atendido na fase precoce, antes de sintomas graves aparecerem ou agravarem, deixa-lhes uma marca importante na expetativa, na satisfação, na interação com os outros. O investimento principal é na informação sobre o curso previsível da doença e sobre aquilo que, à luz dos valores do próprio, poderá vir a dese-jar. Uma tremenda responsabilidade e oportunidade é o olhar para a pessoa como um todo, nas dimensões física, psicológica, espiritual, social e cultural. Outra forma de prevenir o sofrimento é com atitu-des que: a) ajudam na tomada de algumas decisões (muitas vezes, o doente, já não comunicante, nunca discutiu previamente essas decisões que envolvem intensos aspetos emocionais e éticos); b) antecipam a evolução e sintomas (alterações do comportamen-

to, agitação, insónia, dor); c) ensinam como abordar as crises. Esta forma de cuidar, humanizado, com atenção, compaixão e respeito irá prevenir atitudes erradas, pensamentos desconcertantes, esgotamen-to físico, psicológico e emocional, sentimentos de culpa, depressão crónica e lutos patológicos, enfim, sofrimento. É recomendável monitorizar o nível de stress dos cuidadores e dos profissionais de saúde, valorizar e validar o esforço efetuado e disponibilizar interna-mentos de curta duração para descanso desses mes-mos cuidadores. Estes necessitam ter sempre direti-vas claras sobre as atitudes a tomar e a possibilida-de de discutir os seus próprios problemas de saúde, as suas ambivalências face ao doente e à doença e os seus receios face ao futuro, sendo encorajados a ter algum tempo para si próprios, a usar algumas estratégias de auto cuidados, a participar em grupos de autoajuda para familiares. Os profissionais devem organizar as conferências familiares. Perante a doença, o sentido de Dignidade é afetado por múltiplos fatores; um dos mais importantes é como cada um se vê a si próprio e como acredita que os outros o veem. Por isso, se atendermos à ansiedade gerada pela doença, é fácil compreender como os profissionais têm grande impacto na Digni-dade das pessoas com as quais interagem. Defender a Dignidade humana é assumir que o ser humano tem um valor intrínseco, patrimonial, não sujeito a transação, e que a sua Dignidade não se reduz pela doença ou consoante as circunstâncias externas. Deve ainda atender-se a uma dimensão relacional da Dignidade: a forma como olho e trato o outro, vulnerável e limitado, devolve-lhe, amplia- -o ou retira-lhe Dignidade. Bibliografia: http://www.eapcnet.eu/LinkClick.aspx?fileticket=xhe-DLmfNb4%3D (Artigo segundo o Novo Acordo Ortográfico)

Maria Teresa Flor de Lima

Médica, Anestesiologia, Medicina da Dor,

Mestre em Cuidados Paliativos

Perspectivas

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Notícias da alza

V Jornadas de Saúde Mental

A alza participou nas V Jornadas de Saúde Mental – Saúde Mental na População em Envelhecimento “De… Mente”, que decorreram nos dias 7 e 8 de Abril na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, organizadas pelo Instituto S. João de Deus - Casa de Saúde de S. Miguel, com a comunica-ção da Coordenadora do CASM Psicopedagoga Cris-tiana dos Santos Intervenção na demência em con-texto institucional.

Grupo de Intervenção em Demências

No dia 03 de Março, a Presidente da alza participou numa reunião do Grupo de Intervenção nas Demên-cias que reuniu, pela segunda vez, na sede social da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo, para discutir as ações e iniciativas que integrarão o Plano de Actividades 2016.

Um olhar sobre as actividades CASM: Baile de Carnaval

Assinalar as datas do calendário é importante para a manutenção da memória. A comemorar este ano o Carnaval, foi proposto um desafio aos cuidadores da alza: cada cliente deveria ser fantasiado ao seu gos-to mas com a ajuda dos seus familiares, desafio que foi aceite. A festa foi celebrada por todos com música, dança e não faltaram as afamadas malassadas, para o lan-che. O entusiasmo, a alegria e a boa disposição com-pletaram este dia festivo.

Fig. 3— V Jornadas de Saúde Mental

Fig. 5— Reunião do Grupo de Intervenção nas Demências

Fig. 4—Festa de Carnaval no CASM

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6 alza

Vários podem ser os factores stressores que estão na origem do burnout: Contacto contínuo com doentes que exigem um cer-

to grau de envolvimento na relação de interajuda; Frustração de não poder curar o doente;

Escassez de formação na gestão das próprias emo-ções, nas emoções adequadas às dos pacientes e seus familiares;

Conflito e ambiguidade no desempenho do seu papel profissional;

Sobrecarga de trabalho; Falta de segurança em relação ao emprego; Falta de justiça e conflito de valores.

Torna-se importante realçar que a perda de recur-sos emocionais para enfrentar as exigências do tra-balho pode despoletar uma série de implicações que a longo prazo comprometem, não apenas a saú-de dos profissionais, mas também a qualidade do cuidado e tratamento dos pacientes. O cuidado prestado a pessoas com doença de Alzheimer deve ser um cuidado personalizado sem-pre de acordo com as necessidades da pessoa. O trabalho desenvolvido, em constante adaptação devido à deterioração provocada pela doença, poderá transformar-se, por vezes, numa tarefa com-plexa para quem tem de se ajustar frequentemente a um contexto de perda, podendo gerar, desmotiva-ção pessoal e profissional. Para Ruiz e Lopez (2004) é possível prevenir e con-trolar o burnout através de estratégias específicas, que permitem melhorar a qualidade de vida dos profissionais afectados por este problema. Desde estratégias orientadas a nível pessoal, tais como relaxamento, reestruturação cognitiva, treino de assertividade, técnicas de resolução de proble-mas, técnicas de autocontrolo, até às estratégias orientadas a nível institucional como incrementar a autonomia no trabalho, passando a responsabilida-de e controlo sobre o trabalho do responsável aos próprios trabalhadores, planificar um horário flexí-vel por parte da entidade empregadora, fomentar a participação dos profissionais na tomada de deci-sões, melhorar os níveis de qualidade do ambiente físico do trabalho, enriquecer os trabalhos, integran-do nos mesmos autonomia, feedback, variedade de habilidades, organizar e controlar o próprio traba-lho, proporcionado feedback adequado a sua execu-ção e limitar o número de horas de trabalho.

Síndrome de Burnout

É comum, profissionais que trabalham na área da geriatria, apresentarem elevados níveis de stress. Segundo Dejours (1992), sobretudo os profissionais mais novos, apresentam dificuldades em lidar com situações desfavoráveis. O trabalho desenvolvido para quem lida diariamen-te com pessoas afectadas pela doença de Alzheimer poderá tornar-se exigente em termos psicológicos, emocionais e físicos. As alterações associadas à doença de Alzheimer, sobretudo as que surgem em fases mais avançadas, tais como as alterações comportamentais e psicoló-gicas, podem provocar situações de desgaste nos

profissionais. Esse desgaste é designado pelos espe-cialistas, por síndrome de burnout. Segundo Ruiz e López (2004), burnout é um conceito que faz referência a um tipo de stress laboral e insti-tucional gerado sobretudo nas profissões que se caracterizam por uma relação constante e directa com outras pessoas, beneficiárias do próprio traba-lho, em que é mantida uma relação interpessoal, e de interajuda intensa. Ainda segundo os especialistas, esta síndrome caracteriza-se por um cansaço e/ou esgotamento que poderá manifestar-se física e psicologicamente, através de determinados sinais e sintomas: Insónia; Hipertensão; Anorexia; Enxa-queca; Irritabilidade; Desinteresse pessoal; Insatisfação; Perda de memória; Diminuição da autoestima; Negatividade; Sentimento de cul-pa.

Os sinais e sintomas apontados podem gerar no pro-fissional uma sensação de incapacidade de dar mais de si aos outros, sendo afectado o seu desempenho.

Cristiana dos Santos

Psicopedagoga,/Coordenadora do CASM/alza

Referências Bibliográficas: RUIZ, Ortega; RIOS Lopez (2004). El burnout o síndrome de estar quemado en los profesionales sanitários: Revision y perspectivas, Internacional Journal of Clinical and Health Psychology, ISSN 1576 – 73, vol. 4, n.º1, pp. 137-160.

Reabilitação e Estimulação

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Um novo Olhar

A manutenção da capacidade funcional dos idosos, dentro da individualidade e especificidade de cada situação, constitui um dos papéis mais im portantes dos profissionais de saúde, familiares e cuidadores. Evidências científicas demonstram que pessoas fisicamente activas são mais saudáveis, têm menor risco de quedas e maior preservação das capacidades cognitivas. Os exercícios propostos têm em vista o fortalecimento dos prin-cipais grupos musculares. Realize-os lentamente, com movimentos suaves, para evitar lesões; mantenha costas direitas e pés apoiados no chão. Respire normalmente e vá bebendo água. Para cada exercício propõem-se 2 séries com 8 a 15 repetições cada e 1 minuto de descanso entre ambas. O crescimento muscular pode ser imperceptível mas melhorará a agilidade física, facilitando as actividades diárias.

I nicie com um nível de esforço baixo e aumente gradualmente para moderado, de modo a acelerar o ritmo cardíaco. Deve conseguir falar normalmente, sem ficar ofegante, primeiramente aumentando o tempo de duração (mais exercícios/mais repetições, até ao

máximo de 15) e posteriormente o nível de dificuldade (colocando pesos nos tornozelos e mãos e aumentando a sua carga). Sempre que aumentar a carga deve conseguir realizar pelo menos 8 repetições; caso não o faça, diminua a carga. O aumento do peso é cru-cial para aumentar a sua força. Para além do fortalecimento muscular, poderá também trabalhar o seu equilíbrio. Nos exercícios que solicitem o apoio na cadeira poderá, gradualmente, reduzir a base do apoio: apenas uma mão, depois só um dedo e posteriormente sem apoio. Se se sentir seguro sem apoio pode também fazê-los de olhos fechados. A frequência de realização recomendada é diária ou no mínimo tri-semanal, durante pelo menos 30 minutos. No final alongue os músculos. É normal sentir um pouco de dor muscular após o exercício, que pode durar alguns dias. No entanto não deve sentir dores articulares. Caso as sinta, poderá não estar a realizar corretamente os exercícios.

Flexão de Bicípites Na posição 1, suba o antebraço, dobrando o cotovelo, e girando a palma da mão para cima em direcção ao ombro. Mantenha a posição durante 1’’. Volte à posição inicial. Repita com o outro braço.

Flexão plantar De pé, apoiado nas costas da cadeira (posição 2), coloque-se na ponta dos pés, o mais alto que conseguir. Mantenha a posição durante 1’’. Baixe os calcanhares até ficarem totalmen-te apoiados no chão.

Extensão de tricípites Na posição 1, levante o braço em direcção ao tecto, com a palma da mão virada para dentro. Com a outra mão, segure o braço levantado. Mantendo o braço levantado, dobre o antebra-ço levando a mão na direcção do ombro. Esti-que novamente o braço.

Flexão dos joelhos Na posição 2, dobre o joelho, sem levantar a coxa, deslocando a perna para trás. Mantenha a posição. Volte à posição inicial. Repita com a outra perna.

Flexão da coxa Na posição 2, dobre o joelho levantando-o à altura da cintura, sem dobrar o tronco. Mante-nha durante 1’’. Volte à posição inicial. Repita com a outra perna.

Flexão do ombro Na posição 1. Levante os braços para a frente, girando as palmas das mãos para cima. Mante-nha durante 1’’.

Extensão do joelho Na posição 1, coloque as mãos sobre as pernas e levante a perna, o mais direita possível, flec-tindo o pé. Mantenha durante 1’’ ou 2’’. Regresse à posição inicial e repita com a outra perna.

Extensão da perna Coloque-se de pé atrás de uma cadeira afasta-da cerca de 30-45 cm., com os pés afastados num ângulo de 45˚. Incline o tronco para a frente, apoiando as mãos na cadeira e levante uma perna para trás, mantendo o joelho esti-cado. Mantenha a posição durante 1’’. Baixe a perna e repita com a outra.

Extensão lateral da perna Na posição 2, levante lateralmente uma perna 15-30 cm. Mantenha as costas e as pernas direitas, com os dedos dos pés a apontar para a frente. Mantenha durante 1’’. Retorne à posição inicial e repita com a outra perna.

Nota: 1’’= 1 segundo

Ombros Sentado na cadeira com os pés afastados à lar-gura dos ombros e braços esticados ao longo do corpo, mãos voltadas para dentro (posição 1). Levante os braços lateralmente, paralelos ao chão, à altura dos ombros. Mantenha a posição durante 1’’. Baixe os braços.

Abdómen e coxas Com uma almofada nas costas da cadeira, sen-te-se na parte dianteira da mesma, recostando-se, em posição semi-inclinada. Cruze os braços sobre o peito e incline o tronco para a frente. Levante-se, com o mínimo uso das mãos e volte a sentar-se.

Referências Bibliográficas: Institutos Nacionales de Salud, Instituto Nacio-nal sobre el Envejecimiento (2001). El ejercicio y su salud.

Marisa Pacheco

Técnica de Educação Especial e Reabilitação/alza

Page 8: Boletim da associação alzheimer açores n º 11 abril 2016

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Notas Breves

Ficha Técnica:

Boletim da Associação Alzheimer Açores – alza

Ano 7 I Nº 11 I Abril de 2016

Edição e Propriedade Associação Alzheimer Açores – alza

Coordenação Editorial alza

Edição e Texto Equipa Técnica e Direcção da alza:

Margarida Gomes Filipe, Marisa Pacheco, Cristiana dos Santos,

Marisa Raposo e Berta Cabral do Couto

Execução Gráfica Nova Gráfica, Lda.

Tiragem 150 exemplares

Periodicidade semestral

E-mail [email protected]

Página de Internet www.facebook.com/alzheimer.acores Rua Frei Manuel 20 R/C 9500-315 Ponta Delgada — S. Miguel— Açores Tel./Fax.: (+351) 296 653 073 Tlm.: (+351) 96 171 98 98

C umprindo o calendário de actividades pro-gramadas pela alza, no dia 27 de Novembro, pelas 20:00 teve lugar na sede a Assembleia

geral ordinária para apreciação do Plano de Activi-dades e Orçamento 2016, bem como a proposta de

É um retrato das emoções por que passa quem recebe um diagnóstico de demên-cia, assim como das pessoas significativas que a rodeiam. Clarifica o processo de con-frontação com o diagnósti-co, enfatizando a importân-cia dos técnicos no acompa-nhamento de pessoas com DA e cuidadores. De Paulo

Rodrigues e Carla Nascimento, editado pela Psicoso-ma.

De Ronald Petersen, editado pela Climepsi, destina-se a técnicos que pretendem aprofundar o estado de fron-teira identificado entre o envelhecimento normal e perturbado, caracterizado por défices de memória mais elevados do que o expectável para a idade mas com preser-vação das restantes capacida-

des da vida diária e cujos possuidores apresentam maiores riscos de progredir para DA.

No Núcleo de documentação da alza, disponível todos os dias úteis das 9:00 às 17: 00, para consulta ou requisi-

A alza irá promover as II Jornadas de Interven-ção nas demências. Do saber à prática que irão decorrer nos dias 08 e 09 de Junho no

Anfiteatro C da Universidade dos Açores.

Livros em destaque