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Saúde Coletiva ISSN: 1806-3365 [email protected] Editorial Bolina Brasil Magela Salomé, Geraldo Avaliando lesão: práticas e conhecimentos dos enfermeiros que prestam assistência ao indivíduo com ferida Saúde Coletiva, vol. 6, núm. 35, 2009, pp. 280-287 Editorial Bolina São Paulo, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84212201006 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Saúde Coletiva

ISSN: 1806-3365

[email protected]

Editorial Bolina

Brasil

Magela Salomé, Geraldo

Avaliando lesão: práticas e conhecimentos dos enfermeiros que prestam assistência ao indivíduo com

ferida

Saúde Coletiva, vol. 6, núm. 35, 2009, pp. 280-287

Editorial Bolina

São Paulo, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84212201006

Como citar este artigo

Número completo

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Sistema de Informação Científica

Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal

Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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280 Saúde Coletiva 2009;06 (35):280-287

Salomé GM. Avaliando lesão: práticas e conhecimentos dos enfermeiros que prestam assistência ao indivíduo com ferida

avaliação de lesõesSalomé GM. Avaliando lesão: práticas e conhecimentos dos enfermeiros que prestam assistência ao indivíduo com ferida

Avaliando lesão: práticas e conhecimentos dos enfermeiros que prestam assistência ao indivíduo com feridaEste trabalho teve como objetivo investigar as práticas e os conhecimentos dos enfermeiros, relacionados aos cuidados prestados por eles aos pacientes com ferida, durante a realização do curativo. Trata-se de uma pesquisa quantitativa. A po-pulação estudada foi composta por 30 enfermeiros. Desse contingente, 28 (60%) relataram que, numa lesão, existe tecido vitalizado, desvitalizado, necrótico, esfacelo e granulação; 22 (73,4%) utilizam a solução fisiológica aquecida para limpeza da ferida com presença do tecido de granulação; 12 (40%) fazem limpeza com ação mecânica em tecido necrótico; 30 (100%) utilizam ácidos graxos essenciais em tecido de granulação e 30 (100%) usam papaína na concentração 100% em tecido ne-crosado. Os dados encontrados revelam que é necessário que o enfermeiro tenha mais conhecimentos técnicos e científicos relacionados ao tipo de tecido, exsudato e ao processo de cicatrização. Esses conhecimentos possibilitarão que o profissio-nal consiga avaliar com segurança uma ferida, podendo assim, realizar a indicação da cobertura ideal a ser utilizada. Descritores: Avaliação de enfermagem, Cuidados de enfermagem, Ferida.

This work had as objective to investigate the practice and knowledge of the nurses, related to the cares given by them to patients with wound, during the accomplishment of the dressing. This is a quantitative research. The studied population was composed by 30 nurses. 28 (60%) of them told that, in an injury, there is vitalized tissue, devitalized, necrotic, efface and granulation; 22 (73,4%) use the warm physiological solution for cleaning the wound with presence of the granulation tissue; 12 (40%) clean with action mechanics in necrotic tissue; 30 (100%) use acid greasy essentials in granulation tissue and 30 (100%) use papaiana in concentration 100% in exuded tissue. The data showed that nurses need to improve their scientific and technical knowledges considering the type of tissue and the process of cicatrisation. This knowledge will enable the pro-fessionals to evaluate safely a wound, being thus able to indicate the ideal covering to be used. Descriptors: Evaluation of nursing, Nursing care, Wound.

Este trabajo tuve como objetivo investigar las prácticas y los conocimientos de los enfermeros, relacionado con los cuidados dados por ellos a los pacientes con herida, durante la realización del curativo. Esta es una investigación cuantitativa. Com-pusieron a la población estudiada 30 enfermeros. De este contingente, 28 (60%) relataron que, en una lesión, hay piel vita-lizada, necrótica, esfacelada y granulación; 22 (73.4%) usan solución fisiológica caliente para la limpieza de la herida con la presencia de tejido de granulación; 12 (el 40%) hacen limpieza con acción mecánica en el tejido necrótico; 30 (100%) usan ácidos grasientos esenciales en tejido de granulación y 30 (100%) usan papaya en la concentración de 100% en la piel ne-crosada. Los datos encontrados revelan que es necesario que el enfermero tenga más conocimientos técnicos y científicos relacionados al tipo de lesión, exudado y al proceso de cicatrización. Estes conocimientos harán posible que el profesional pueda evaluar con seguridad una herida, así pudiendo hacer la indicación de la cubierta ideal de ser utilizada.Descriptores: Evaluación de enfermería, Cuidados de enfermería, Herida.

Recebido: 03/12/2007 Aprovado: 20/05/2009

Geraldo Magela Salomé: Enfermeiro. Especialista em UTI. Mestre em Ciências. Supervisor de enfermagem da UTI Adulto do Hospital Geral Vila Nova Cachoeirinha. São Paulo. - [email protected]

tras áreas de conhecimento, baseadas em regras, princípios e tradições. Neste século, verifica-se o reconhecimento por parte de outros profissionais da saúde sobre a importância e a necessidade da enfermagem na prestação de uma assistência técnica científica com qualidade e humanizada.

A enfermagem desenvolve um processo de trabalho para cofirmar a proposta de promover, manter e restaurar o nível da saúde do cliente1. O cuidar/cuidado como objeto de traba-lho da enfermagem é ensinado e aprendido de modo não sis-temático, havendo uma valorização significativa dos procedi-mentos técnicos e dos contéudos, o que tem comprometido a questão relacional do cuidado. Isso tem contribuido para o desenvolvimento entre os profissionais de um saber que aca-ba por valorizar os cuidados de recuperação da saúde2.

As diversas especialidades da enfermagem, ao longo dos anos, vem absorvendo profundas transformações, causadas

INTRODUÇÃO

Desde Florence Nightingale, com o início da enfermagem moderna, os profissionais de enfermagem vêm se empe-

nhando para descrever as bases de sua prática profissional. Por longo período essa prática foi orientada à custa de ou-

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avaliação de lesões

por uma assistência prestada por profissionais enfermeiros diferenciada, sistematizada e individualizada. Isso faz com que esses profissionais conquistem o seu espaço, respei-to, adquirindo autonomia. Essa conquista atualmente está acontecendo rapidamente nas áreas de dermatologia e esto-materapia, onde o enfermeiro exerce um papel importan-te na prevenção e tratamento de lesão, pois a prestação do cuidado ao indíviduo com feridas requer do profissional de enfermagem multiplicidade de conhecimento e versatilidade na atuação.

Avaliar e tratar uma ferida atualmente tem sido responsa-bilidade exclusiva da enfermagem. Por isso se faz necessá-rio que esse profissional tenha conhecimentos dos fatores de risco que o paciente tem para desenvolver uma úlcera, bem como a fisiologia e a anatomia desse agravo. Também é ne-cessario que o profissional saiba identificar o tipo de lesão e os produtos existentes no mercado, tais atriburos facilitarão a tomada de decisões na proposta do tratamento3.

Reafirma-se que, quando o profissional de enfermagem resolve trabalhar com prevenção e tratamento de ferida, deve primeiramente ter um conhecimento não apenas dos produtos disponíveis no mercado, mas sim da fisiologia, da cicatrização e dos fatores de risco e das etapas do processo de reparo tissular. Sem esse conhecimento, é impossível que se possa fazer um diagnóstico correto do tipo de lesão e rea-lizar a indicação do produto adequado para a prevenção ou tratamento da lesão.

Como diz Matsubara4, tratar ferida tornou-se mais que um procedimento de enfermagem e exi-ge estudo e atualização dos profissionais envolvidos, pois o mercado está buscan-do cada vez mais vantagens econômicas e eficiência no tratamento.

Segundo Dealey5, isso envolve as três dimensões da vida profissional: o saber, o saber fazer e o saber ser, ou seja, a as-sistência de enfermagem exige competên-cia profissional, qualidade dos cuidados e atitudes éticas.

Tendo em vista a pluralidade de co-nhecimentos e constantes modificações no que tange aos cuidados aos portado-res de feridas, passou-se a refletir sobre o que a falta desses conhecimentos pode acarretar na avaliação da ferida e no pro-cesso de cicatrização de uma ferida.

OBJETIVOInvestigar as práticas dos enfermeiros não especialistas em estomaterapia ou dermatologia que trabalham em um hospi-tal estadual na cidade de São Paulo, em relação aos cuida-dos prestados por eles, durante a realização do curativo e os conhecimentos sobre a avaliação da lesão.

METODOLOGIAO estudo é de natureza descritiva, com uma abordagem quantitativa realizado em um hospital estadual, localizado na zona norte da cidade de São Paulo.

A população estudada foi composta por 30 enfermeiros, que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: • Ter mais de dois anos de formado;• Trabalhar na instituição há mais de um ano;• Não ser especialistas em estomaterapia ou dermatologia;• Realizar avaliação de ferida, prescrever o produto indicado, durante o turno de trabalho;

• Realizar curativo durante o período de trabalho;• Concordar em participar voluntariamente da pesquisa.

As variáveis de estudo foram: idade, sexo, estado civil, tempo de formado, tempo de execício profissional, avalia-ção da ferida e as coberturas prescritas por esse profissional.

Um roteiro sistematizado foi construído, considerando as variávies do estudo, tomando por base revisão da literatura6-9.

O instrumento contém dua partes: os dados demográficos e os dados referentes aos conhecimentos dos enfermeiros, relacionados à avaliação e ao tipo de corbertura ou produto indicado por eles na realização de curativo, totalizando 15

“VERIFICA-SE O RECONHECIMENTO POR

PARTE DE OUTROS PROFISSIONAIS DA SAÚDE SOBRE A IMPORTÂNCIA

E A NECESSIDADE DA ENFERMAGEM NA PRESTAÇÃO DE UMA ASSISTÊNCIA TÉCNICA CIENTÍFICA COM QUALIDADE E

HUMANIZADA”

Avaliacao de Lesoes.indd 281 29.10.09 11:03:46

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Salomé GM. Avaliando lesão: práticas e conhecimentos dos enfermeiros que prestam assistência ao indivíduo com ferida

avaliação de lesõesSalomé GM. Avaliando lesão: práticas e conhecimentos dos enfermeiros que prestam assistência ao indivíduo com ferida

questões. Dois enfermeiros estomaterapeutas e dois enfer-meiros dermastologistas, foram convidados para apreciação do instrumento em relação à clareza dos itens, facilidade de leitura e compreensão de apresentação.

Um estudo piloto foi realizado, em agosto de 2007, com dez enfermeiros não estomaterapeutas ou dermatologistas, que trabalham em um hospital estadual da cidade de São Paulo. A partir do estudo piloto, algumas alterações no ins-trumento fizeram-se necessárias, tais como reordenamento

Tabela 1. Enfermeiros segundo dados sociodemográfi cos. São Paulo, 2007.

Idade20 a 30 anos

31a 40 anos

41 a 50 anos

51 a 60 anos

Total

SexoMasculino

Feminino

Total

Estado civilConcubinato

Solteira

Casada

Divorciado

Total

Tempo de formado1 a 10 anos

10 a 20 anos

21 a 30 anos

Total

Tempo de exercício profissional1 a 5 anos

6 a 10 anos

10 a 15 anos

Total

Curso de de pós-graduaçãoSim

Não

N°4

9

11

6

30

Nº6

24

30

Nº3

11

12

4

30

Nº11

11

8

30

Nº6

11

13

32

26

4

%13,4

30,0

36,6

20,0

100,0

%20,0

80,0

100,0

%10,0

36,6

40,0

13,4

100,0

%36,6

36,6

26,8

100,0

%20,0

36,6

43,4

100,0

%

86,6

13,4

Tecido vitalizado, desvitalizado, tecido necrotico, esfacelo e granulação

Tecido vitalizado, desvitalizado, necrotico, escara, esfacelo

Tecido vitalizado, desvitalizado, necrotico, esfacelo e granulação

0%

5%

10%

15%

20%

Gráfi co 1. Enfermeiros de um hospital estadual segundo o tipo de tecido que pode ser identifi cado em uma ferida. São Paulo, 2007.

0

5

10

15

20

0%

18 (60%)2 (6.6%)

4 (13,4)%

Seroso, sanguinolento, purulento, fibroso

Seroso, sanguinolento, purulento

Seroso, sanguinolento, fibroso

0%

5%

10%

15%

20%

Gráfi co 2. Enfermeiros de um hospital estadual segundo o tipo de exsudato que pode ser identifi cado em uma ferida. São Paulo, 2007.

0

17,5

35,0

52,5

70,0

0%

20 (66.6%)10 (33.4%)

0%

As entrevistas tiveram duração média de 20 minutos. A coleta de dados foi realizada às segundas-feiras, nos meses de setembro, outubro e novembro de 2007. Os registros das respostas às questões fechadas foram feitos no próprio ins-trumento.

A coleta de dados iniciou-se após o projeto ter sido sub-metido e aprovado pela Grupo de Pesquisa em Enfermagem da instituição, onde foi realizada a pesquisa, e mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

das questões 4 a 7, em função de melhor sequência da en-trevista.

Os dados foram coletados por meio de entrevista dirigida, que, segundo Richardson et al10, desenvolve-se a partir de perguntas precisas, pré-formuladas e em ordem pré-estabele-cida. Foi condição necessária que o próprio pesquisador rea-lizasse as entrevistas e que elas fossem agendadas em uma sala na supervisão de enfermagem do hospital, em ambiente privativo, onde o entrevistador não sofressem interferências, garantindo-se, desse modo, tranquilidade na emissão de res-posta.

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avaliação de lesões

pelos participantes da pesquisa. A pesquisa cumpriu os preceitos éticos definidos pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/MS, sobre Diretrizes e Normas Regularmentadoras de Pesquisa envolven-do seres humanos.

Os dados foram tabulados manualmen-te e apresentados em tabelas e gráficos contendo números absolutos e percentu-ais, envolvendo os aspectos pertinentes ao alcance dos objetivos propostos.

RESULTADOSDo total de 42 (100%) enfermeiros que tra-balham no hospital, somente 30 (71,5%) aceitaram responder às questões do formu-lário da pesquisa.

Dados relacionados às características da população estudadaNa tabela 1, pode-se observar que 24 en-fermeiros são do gênero feminino, consti-tuindo a maioria do total de entrevistados (80%)

Os dados colhidos sobre as idades, agrupadas em faixas etárias de 20 a 60 anos, mostram que 11 (36,6%) enfermei-ros têm entre 41 e 50 anos.

Com relação ao estado civil, a predo-minância da população estudada foi de casadas 12 (40%), 11 (36,6%) solteiras, divorciadas (13,4%) e três (10%) em con-cubinato.

Quanto ao tempo de formado e de exercício profissional, coincidentemente 11 (36,6%) têm entre 1 mês a 10 anos e 11 (36,6%) apresentam 11 a 20 anos de formado e oito (26,8%) têm entre 21 a 30 anos de exercício profissional.

Dados relacionados à avaliação da feridaNo gráfico 1, visualiza-se os tipos de te-cidos existentes numa ferida. Foi relata-do por 18 depoentes (60%) que, em uma lesão, podem existir tecidos vitalizados, desvitalizados, necrótico, esfacelo e gra-nulação. Porém, nesse mesmo gráfico, observa-se que qua-tro entrevistados (13,4%) mencionam a presença de tecido vitalizado, desvitalizado, necrótico, escara, esfacelo e gra-

nulação. Apenas dois (6,6%) afirmam existir também a gra-nulação, e outros tecidos.

No gráfico 2, pode-se obsevar que 20 (66,6%) dos parti-cipante da pesquisa referem que, duran-te a avaliação de uma lesão, podem ser identificados os seguintes exsudatos: se-roso, sanguinolento, purulento e fibroso e somente 10 (33,4%) profissionais men-cionaram a presença do exsudato seroso, sanguinolento e purulento.

Dados relacionados aos cuidados com a fe-ridaOs resultados da análise variável limpe-za da ferida apontaram que 22 sujeitos (73,4%), representando a maioria, utilizam a solução fisiológica aquecida para limpe-za da ferida com a presença do tecido de granulação; cinco (16,6%) usam para lim-peza S.F. 0,9% em temperatura ambiente e três (10%) fazem limpeza com S.F 0,9% e PVPI. Em tecido necrotico 21 (70%) valem-

se do soro fisiológico em temperatura ambiente para limpar fe-rida com presença de tecido necrosado; nove (30%) efetuam a limpeza com soro fisilógico e PVPI (gráfico 3).

Teci

do

necr

osad

oTe

cido

de

gran

ulaç

ão

Gráfi co 3. Enfermeiros de um hospital estadual segundo o tipo de exsudato que pode ser identifi cado em uma ferida. São Paulo, 2007.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

2007

2008

Limpeza com S.F. 0,9% temperatura ambiente

Limpeza com S.F. 0,9% e PVPI

Limpeza com S.F. 0,9% aquecido

Tabela 2. Enfermeiros de um hospital estadual segundo os procedimentos realizados para o controle do exsudato em uma lesão. São Paulo, 2007.

IntervençõesUso de coberturas não absorventes, troca do curativo secundário sempre que houver a sua saturação.

Uso de cobertura de manutenção da umidade, troca do curativo secundário sempre que houver a sua saturação .

Uso de coberturas absorventes, troca do curativo secundário a cada 12 horas.

Total

N°4

16

10

30

%13,4

53,3

33,3

100,0

“QUANDO O PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM RESOLVE

TRABALHAR COM TRATAMENTO DE FERIDA, DEVE TER

CONHECIMENTO NÃO APENAS DOS PRODUTOS DISPONÍVEIS

NO MERCADO, MAS DA FISIOLOGIA, DA CICATRIZAÇÃO, DOS FATORES DE RISCO E DAS

ETAPAS DO PROCESSO”

21

9

3

22

0

5

Avaliacao de Lesoes.indd 283 29.10.09 11:03:48

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Salomé GM. Avaliando lesão: práticas e conhecimentos dos enfermeiros que prestam assistência ao indivíduo com ferida

avaliação de lesõesSalomé GM. Avaliando lesão: práticas e conhecimentos dos enfermeiros que prestam assistência ao indivíduo com ferida

Tabela 3. Distribuição dos enfermeiros de um hospital estadual conforme indicação dos produtos no tratamento de ferida. São Paulo, 2007.

Tipo de produto

Sulfadiazina com Prata

Carvão ativado

Hidrofibra com prata

Ácido Graxo Essencial

Papaína em concentração 100%

Tipo de lesão

Tecido de granulação

Queimadura Lesão com exsudato

Lesão com exsudato e odor

Lesão com tecido necrótico e desvitalizado

%66,6

0,0

0,0

100,0

0,0

%33,3

0,0

16,6

0,0

0,0

%0,0

50,0

33,3

0,0

0,0

%0,0

50,0

50,0

0,0

0,0

%0,0

0,0

0,0

0,0

100,0

N20

0

0

30

0

N10

0

5

0

0

N0

15

10

0

0

N0

15

15

0

0

N0

0

0

0

30

No gráfico 4 verifica-se o tipo de lim-peza utilizada pelos participantes da pes-quisa na ferida do tecido necrótico: vê-se que 12 (40%) procedem à limpeza com ação mecânica, 11 (36,6%) fazem a limpe-za com friccção e somente sete (23,40%) realizam a limpeza a jato.

O gráfico 5 evidencia que 22 (73,3%) dos enfermeiros que participaram da pes-quisa responderam que a característica ideal de um curativo é manter o ambiente da ferida úmida, proteger a ferida e preve-ni-la da contaminação bacteriana.

A tabela 2 acusa que 16 (53,3%) dos participantes da pesquisa utilizam em feri-da com presença de exsudato, cobertura que mantém a umidade e realizam a troca do curativo secundário sempre que houver a sua saturação. Referiram uso de cober-turas absoventes 10 (33,3%) entrevistados, com troca do curativo secundário a cada 12 horas.

O gráfico possibilita conhecer que 16 (53,4%) dos parti-cipantes da pesquisa relataram que o objetivo da remoção da necrose é controlar e prevenir infecção e estimular a epi-telização e granulação da lesão, porém 14 (46,4%) conside-ram que o objetivo é controlar e prevenir infecção e estimu-lar a epitalização de ferida.

Na tabela 3, observar-se o conhecimento dos enfermeiros que participaram da pesquisa relacionada à indicação do pro-duto, conforme o tipo de tecido. Do contingente estudado, 30 (100%) utilizam Ácido Graxo Essencial em tecido de granu-lação; 20 (66,6%) aplicam Sulfadiazina com Prata em teci-do de granulação. Em queimadura, 10 (33,3%) fazem uso de Sulfadiazina com Prata; cinco (16,6%) empregam Hidrofibra com prata. Em lesão com exsudato, 15 (50%) utilizam carvão ativado e 10 (33,3%) tratam com Sulfadiazina com Prata. Em lesão com exsudato e odor, 15 (50%) aplicam carvão ativado e Hidrofiba com prata e 30 (100%) usam papaína na concen-tração 100% em lesão com tecido necrótico e desvitalizado.

DISCUSSÃOMuito se tem questionado sobre até que ponto a formação do enfermeiro, especificamente os não-especialistas em es-

Gráfi co 4. Enfermeiros de um hospital estadual segundo o tipo de limpeza da ferida. São Paulo, 2007.

0% 20% 40% 60% 80% 100%0% 20% 40% 60% 80% 100%

2007

2008

2008

Tecido com necrose

Tecido com granulação

Manter ambiente úmido, proteger a ferida, remoção do exsudato em excesso e previnir a contaminação bacteriana

Não facilitar a remoção do exsudato

Reduzir o odor e proporcionar conforto ao paciente

Gráfi co 5. Enfermeiros de um hospital estadual segundo as características do curativo ideal. São Paulo, 2007.

22 (73.30%)

6 (20%)

2 (6.60%)

13% 14% 15% 16%

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Saúde Coletiva 2009;06 (35):280-287 285

avaliação de lesões

tomaterapia ou dermatologia, vem dando conta de propiciar conhecimento científico e desenvolvimento de habilidades técnicas que possibilitem aos profissionais realizar um plano assistencial, relacionado à avaliação de uma ferida e fazer a indicação do produto ideal na promoção da cicatrização de uma lesão, levando em consideração que esses profissionais prestam assistência aos indivíduos portadores de lesões no seu cotidiano.

O ensino de enfermagem busca ca-pacitar o profissional à prestação de cui-dado de saúde ao ser humano-paciente, a realização e aperfeiçoamento de tec-nologia e procedimentos que previnam doenças e recuperem lesões. O cuidado profissional oferecido está alicerçado na aprendizagem obtida na escola e no exer-cício da profissão11.

O grande desenvolvimento na área celular nas últimas três décadas tem le-vado os profissionais de saúde que atu-am na prevenção e tratamento de feri-das a uma revisão dos conhecimentos e procedimentos tradicionais, muitos dos quais empregados desde a Antiguidade e, acima de tudo, ao reconhecimento de que a lesão de pele é apenas um aspecto de um ser holístico, que é o ser humano. Esse motivo exige atuação interdiscipli-nar, por meio de intervenções integradas e sistematizadas, fundamentadas em um processo de tomada de decisão, que tenham como resultado final, a restauração tissular com o melhor nível estético e funcional12.

O avanço tecnológico que disponibiliza novas terapias, relacionado à avaliação e tratamento de feridas, exige dos profissionais de enfermagem uma reflexão sobre o conheci-mento e a prática realizada, consolidada em base científica,

de tal forma que se justifiquem as ações adotadas na pre-venção e no tratamento das úlceras, com o compromisso de otimizar recursos e oferecer qualidade na assistência.

Neste trabalho, a maioria dos participantes era do sexo feminino. Ainda hoje a enfermagem se constitui uma catego-ria essencialmente feminina quando se trata do cuidar13. Os profissionais que atuam nessa área são de predominância do sexo feminino, possivelmente porque a prática de enferma-gem teve início com mulheres.

No que se refere à faixa etária, 11 (36,6%) entrevistados têm entre 20 a 60 anos. A literatura que aborda o desenvol-vimento do ciclo de vida aponta que esse é o período que corresponde à fase adulta (18 a 35 anos) e a fase de meia idade (de 35 a 65 anos), etapas da vida em que a pessoa encontra-se em franca produtividade, com anseios de cres-cimento, para transformar a realidade da vida pessoal e pro-fissional14.

Dos praticipantes da pesquisa, 28 (86,6%) têm pós-gra-duação. A enfermagem é uma das áreas da saúde com maior número de especialidades e isso possibilita ao enfermeiro um leque de opções para sua atuação em diversas institui-ções, mesmo que não trabalhe diretamente com sua especia-lidade, ela pode ajudá-lo a elaborar e realizar assistência de enfermagem individualizada e sistematizada, por exemplo, para um paciente com afecção dermatológica.

Os cursos de pós-graduação têm propiciado avanços consideráveis na área da competência técnica (a produção

de conhecimento está atrelada aos cursos lato sensu)15.

Nos dias atuais, os profissionais de enfermagem estão cada vez mais inves-tindo no aprimoramento dos seus conhe-cimentos técnico-científicos, por meio de Cursos de Pós-graduação Lato Sensu para suprir as necessidades do mercado.

O profissional deve utilizar a termi-nologia correta durante a avaliação do processo evolutivo da cicatrização, o que é fundamental para a orientação tanto da equipe médica e da enfermagem, para que possam dar continuidade ao trata-mento.

Na avaliação, deve-se diferenciar o tipo de exsudato, característica dos teci-dos envolvidos na lesão e identificar si-nais de infecções local. Assim sendo, o profissional poderá ter uma visão mais complexa da ferida e consequentemente terá mais facilidade para escolher o pro-duto mais indicado para o tratamento.

Constatou-se que 20 (66,6%) dos en-fermeiros que participaram da pesquisa

relatam que durante a avaliação de uma lesão podem ser identificados os seguintes exsudatos: seroso, sanguinolente, purulento.

Eles podem ser classificados como seroso, sanguinolen-to, purulento e fibroso. As feridas agudas e crônicas diferem quanto às características do exsudato. Ferida aguda tende a ser mais exsudativa quando comparada com as crônicas e o

Controlar e previnir infecção e estimular a epitalização

Controlar e previnir infecção e estimular a epitalização e granulação da ferida

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Figura 6. Enfermeiros de um hospital estadual segundo os objetivos do desbridamento da ferida com presença de necrose. São Paulo, 2007.

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Controlar e previnir infecção e estimular a epitalização

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“NA AVALIAÇÃO, DEVE-SE DIFERENCIAR O TIPO DE

EXSUDATO, CARACTERÍSTICA DOS TECIDOS ENVOLVIDOS NA LESÃO E IDENTIFICAR SINAIS DE INFECÇÕES LOCAL. ASSIM

SENDO, O PROFISSIONAL PODERÁ TER UMA VISÃO

MAIS COMPLEXA DA FERIDA E CONSEQUENTEMENTE, TERÁ MAIS FACILIDADE

PARA ESCOLHER O PRODUTO MAIS INDICADO PARA O

TRATAMENTO”

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avaliação de lesõesSalomé GM. Avaliando lesão: práticas e conhecimentos dos enfermeiros que prestam assistência ao indivíduo com ferida

mesmo é observado em feridas com infecção. Tanto a bai-xa exsudação em processos crônicos, quanto as exsudações elevadas em processos inflamatórios agudos e infecciosos são fatores prejudiciais ao processo de cicatrização8,16.

A presença de infecção no processo de inflamação pro-longado aumenta as citocininas inflamatórias e a atividade das proteases e faz diminuir a atividade dos fatores de cres-cimento17.

Por essa razão, é importante que o enfermeiro saiba iden-tificar o tipo de exsudato e realize o controle da sua presen-ça, anotando-o na folha da Sistematização da Assistência de Enfermagem, de forma, clara, objetiva, registrando informa-ções fidedignas.

Os resultados da análise da variável limpeza da ferida apontaram que a maioria dos sujeitos utiliza a solução fisio-lógica aquecida para limpeza da ferida com presença do tecido de granulação.

A limpeza da ferida tem como propósito remover a ma-téria estranha e reduzir o número de microorganismos18.

O cloreto de sódio 0,9% é provavelmente o agente de limpeza menos prejudicial, ele não possui propriedades an-ti-sépticas e ajuda na remoção de fragmentos de ferida, por isso, é o mais indicado. É importante lembrar que a solução de limpeza em temperatura morna (aquecida), além de dimi-nuir o desconforto do cliente durante a realização do cura-tivo, não retarda o processo de cicatrização, pois mantém a temperatura ideal para que ele ocorra19.

Dos pesquisados, 12 (40%) utilizam ação mecânica para realizarem limpeza de ferida com presença de tecido necró-tico. Em lesão com tecido de granulação, 28(93,4%) reali-zam limpeza a jato.

A agressiva esfregação do leito e das bordas da ferida deve ser evitada, pois pode ocorrer traumatismo, propi-ciando a introdução de bactérias, além da destruição de sua barreira protetora20. Na limpeza de uma ferida, atualmente recomenda-se a irrigação exaustiva do leito da ferida, por meio de jato, com solução fisiológica, cuja pressão deve va-riar entre 4 psi a 15 psi. A pressão adequada é de 8 psi, pois reduz o risco de trauma e, consequentemente, de infecção. Um valor inferior a 4 psi não garante uma limpeza eficaz, e um valor superior a 15 traumatiza as frágeis células do tecido de granulação, além de carrear bactérias para os tecidos profundos21.

Observou-se que 22 (73,3%) dos en-fermeiros que participaram da pesquisa responderam que a característica ideal de um curativo é manter o ambiente da feri-da úmida, proteger a ferida e preveni-la da contaminação bacteriana.

A função do curativo é proporcionar um ambiente fisiológico favarável à cica-trização, ou seja, manter a manutenção da umidade da ferida, protegê-la, preve-nir a contaminação bacteriana, facilitar a remoção de exsudato excessivo e dos contaminantes, sem deixar que a ferida seque, possibilitar que a sua remoção não leve à ruptura de células viáveis necessá-

rias para cicatrização, permitir trocas gasosas e oxigenação potencial22,23.

O curativo ideal também reduz o odor, diminui a dor e proporciona conforto, melhor qualidade de vida ao pacien-te. Ao se utilizar os conhecimentos durante a realização do curativo, se favorece a cicatrização, o que garantirá menor tempo nesse processo e otimização do custo.

Entre os participantes da pesquisa, 16 (53,35) utilizam em ferida exsudativa cobertura que propicia a manutenção da umidade e realizam a troca do curativo secundário sem-pre que houver a sua saturação.

O ressecamento da lesão reduz a migração de células epiteliais e a exsudação excessiva causa maceração das mar-gens da lesão16. Por essas razões, a ferida deve ser equilibra-da para manutenção da umidade ideal, a escolha da cober-tura deve ter a função de manter a umidade, ou seja, uma cobertura absorvente, também estimula a angiogênese em lesões pouco exsudativas.

Foi verbalizado por16 (53,4%) dos participantes que o objetivo da remoção da necrose é controlar e prevenir infec-ção e estimular a epitelização e granulação da lesão.

A remoção da necrose deve ser considerada a primeira e mais fundamental das medidas a serem tomadas pelos profissionais envolvidos no tratamento da ferida5,17. O acú-mulo de tecido necrótico resulta em um suporte sanguíneo ineficiente e aumento da carga bacteriana no leito. Sendo assim, a primeira proposta de um desbridamento é controlar ou prevenir a infecção, lembrando que a presença do tecido inviável também atua como barreira à reparação tecidual, inibindo a epitelização e a granulação de lesão.

No item conhecimento dos enfermeiros quanto à indica-ção do produto, conforme o tipo de tecido, foi declarada por 30 (100%) a utilização de Ácido Graxo Essencial em tecido de granulação; 20 (66,6%) utilizam Sulfadiazina com Prata em tecido de granulação e 30 (100%) usam papaína na con-centração 100%.

As feridas expostas ao ar apresentam atividade da cola-genase consideravelmente mais elevada do que nas tratadas com cobertura oclusiva, pois para decompor o colágeno na

interface entre o leito da ferida e a crosta, faz-se necessária maior atividade de co-lagenase, a fim de permitir a migração de ceratinócitos24.

Para garantir um ambiente úmido, ou seja, adequado, preconiza-se o uso de coberturas oclusivas, interativas e imper-meáveis ao meio externo. As coberturas oclusivas são aquelas que ocluem a área da ferida, impermeabilizando-a total ou parcialmente, garantindo uma umidade fisiológica no leito da ferida e evitando a formação de crosta ou maceração. As ca-racterísticas oclusivas da cobertura reten-tora de umidade variam de um curativo semipermeável, que permite troca de gás, à cobertura completamente oclusiva, vir-tualmente impermeável25.

Por sua vez, o carvão ativado é eficaz na absorção dos elementos químicos libe-

"OBSERVOU-SE QUE 22 (73,3%) DOS ENFERMEIROS

QUE PARTICIPARAM DA PESQUISA RESPONDERAM QUE A CARACTERÍSTICA IDEAL

DE UM CURATIVO É MANTER O AMBIENTE DA

FERIDA ÚMIDO, PROTEGER A FERIDA

E PREVENI-LA DA CONTAMINAÇÃO BACTERIANA"

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avaliação de lesões

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Referências

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O Ácido Graxo essencial atrai os ma-crófagos; ajuda no aumento da colagena-se; é bactericida, já que a insaturabilida-de inibe a proliferação de Staphilococcus aureus; altera a permeabilidade da mem-brana celular; regula a proliferação epi-dérmica; regulariza as funções normais da pele e estimula o processo de repro-dução de fibroblastos26.

A sulfatiazida de prata é indicada em queimaduras, lesões infectadas ou com tecido necrótico. Tem a capacidade bac-tericida imediata e bacteriostática residu-al, devido à prata27.

CONCLUSÃOO estudo consequiu alcançar o objetivo proposto, demos-trando haver um deficit de conhecimento dos enfermeiros que avaliam feridas no seu coditiano profissional. Portanto, faz-se necessária a inclusão do tema na graduação, relacio-nado a disciplinas enfermagem médico-cirúrgica, na tenta-tiva de aprimorar o conhecimento dos futuros enfermeiros acerca desse assunto tão relevante e importante na prática atual, constituindo-se num caminho para formar um profis-sional que se sinta preparado ao deparar com um indiví-

duo portador de ferida, cliente esse que frequentemente é encontrado nas clinicas médicas, cirúrgicas e unidades de terapia intensiva, onde o enfermeiro é atuante e necessário.

Assim sendo, é importante que o en-fermeiro adquira conhecimento técnico e científico do tipo de exsudato, caracte-rística da ferida, tipo de tecido envolvi-do na ferida, pelas razões permeadas an-terioremnte. Tal conhecimento faz com que esse profissional consiga avaliação de uma lesão, fazendo a melhor indi-cação da corbetura no tratamento da fe-rida e uma anotação clara, objetiva.

A partir dos dados encontrados nesta pesquisa, foi realizada a revisão do proto-colo da Comissão de curativo inplantado há quatro anos na instituição e implan-tação de programa educativo através de

capacitação do protocolo.Dessa forma, o enfermeiro, na perspectiva de experen-

ciar o cuidar de ferida, não deve restrigir somente a técnica de fazer ou trocar curativo, mas acima de tudo, deve valo-rizar as condições clínicas, psicológicas e econômicas do indivíduo, suas funções sistêmicas prejudicadas, seu status nutricional e a presença de afecções adjacentes que pos-sam interferir no processo de cicatrização. Para ele adqui-rir esses conhecimento tem de estudar, participar de cursos, congressos, seminários, fazer pesquisas e outros.

"FAZ-SE NECESSÁRIA A INCLUSÃO DO TEMA NA

GRADUAÇÃO, RELACIONADO A DISCIPLINAS ENFERMAGEM

MÉDICO-CIRÚRGICA, NA TENTATIVA DE APRIMORAR O

CONHECIMENTO DOS FUTUROS ENFERMEIROS ACERCA DESSE ASSUNTO TÃO RELEVANTE E IMPORTANTE NA PRÁTICA

ATUAL"

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