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AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Ms. MYRIAM MONTE LEITE DE ARAUJO Palavras iniciais “Se não posso, de um lado, estimular os sonhos impossíveis, não devo, de outro, negar a quem sonha o direito de sonhar”. (Paulo Freire). Estimados (as) estudantes, Sejam bem-vindos (as) à disciplina Avaliação da Aprendizagem do Curso de Graduação em Ciências Naturais (Licenciatura à distância) da UFPB. Através dessa disciplina que ora se inicia, estaremos sempre em comunicação por meio do material, que se está elaborando, das orientações docentes e do acompanhamento virtual das atividades propostas. Essa disciplina nos vai dar uma compreensão de como avaliar a aprendizagem escolar de forma a transformar o ensinar e o aprender mais proveitosos e agradáveis. Nesse contexto, vamos refletir sobre aspectos da avaliação escolar que estão presentes no cotidiano da escola: a função da avaliação, a partir do papel da educação escolar na sociedade atual;o motivo da realização da avaliação na escola e o tipo de lugar da avaliação do processo de ensino aprendizagem. Essas indagações são preocupações que definem o projeto de nossa ação educativano sentido de superar processos de avaliação sentenciadora que impossibilitam que os seres humanos sejam respeitados em seu direito a um percurso contínuo de aprendizagem, socialização e desenvolvimento humano. De acordo com esse entendimento, os conteúdos a serem abordados nesse componente curricular são fundamentos teóricos necessários à nossa formação e às práticas avaliativas. Esperamos contar com todos (as), em cadacaminhar dessa disciplina, e que estejam presentes, em todos os momentos, com muita vontade de vencer. Sucesso! Professora Myriam Monte Leite de Araújo

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AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Ms. MYRIAM MONTE LEITE DE ARAUJO

Palavras iniciais

“Se não posso, de um lado, estimular os

sonhos impossíveis, não devo, de outro, negar

a quem sonha o direito de sonhar”. (Paulo

Freire).

Estimados (as) estudantes,

Sejam bem-vindos (as) à disciplina Avaliação da Aprendizagem do Curso

de Graduação em Ciências Naturais (Licenciatura à distância) da UFPB.

Através dessa disciplina que ora se inicia, estaremos sempre em

comunicação por meio do material, que se está elaborando, das orientações

docentes e do acompanhamento virtual das atividades propostas.

Essa disciplina nos vai dar uma compreensão de como avaliar a

aprendizagem escolar de forma a transformar o ensinar e o aprender mais

proveitosos e agradáveis.

Nesse contexto, vamos refletir sobre aspectos da avaliação escolar que estão

presentes no cotidiano da escola: a função da avaliação, a partir do papel da

educação escolar na sociedade atual;o motivo da realização da avaliação na escola

e o tipo de lugar da avaliação do processo de ensino aprendizagem.

Essas indagações são preocupações que definem o projeto de nossa ação

educativano sentido de superar processos de avaliação sentenciadora que

impossibilitam que os seres humanos sejam respeitados em seu direito a um

percurso contínuo de aprendizagem, socialização e desenvolvimento humano.

De acordo com esse entendimento, os conteúdos a serem abordados nesse

componente curricular são fundamentos teóricos necessários à nossa formação e às

práticas avaliativas.

Esperamos contar com todos (as), em cadacaminhar dessa disciplina, e que

estejam presentes, em todos os momentos, com muita vontade de vencer.

Sucesso!

Professora Myriam Monte Leite de Araújo

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UNIDADE I – AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Resumo da Unidade I – Essa unidade versa sobre o processo da avaliação educacional, no

contexto social e escolar, a partir da contextualização dos conceitos como reflexo de uma

postura filosófica adotada. Seus princípios básicos norteiam o processo de avaliação e suas

funções relacionadas com as modalidades. Desse modo, o aluno terá oportunidade de

entender a dinâmica do processo de ensino aprendizagem e o que fundamenta esse

processo. Esse conteúdo implicará o conhecimento teórico-metodológico para a utilização da

prática avaliativa.

AULA I.I – AVALIAÇÃO NO CONTEXTO SOCIAL E ESCOLAR

Resumo da Aula I.I – Essa aula tem o propósito de estudar e refletir a avaliação no

contexto social e pedagógico: avaliação formal e espontânea no nosso cotidiano; o espaço

escolar e o espaço da sala de aula.

De início, vamos refletir sobre alguns aspectos da avaliação escolar que

fazem parte do dia-a-dia da escola, e por que não dizer que o ato de avaliar faz

parte do nosso cotidiano e está presente em nossa vida, mesmo de forma natural e

espontânea. Seja na escola ou em qualquer ambiente, avaliamos e somos

avaliados, não é verdade? Quem nunca fez julgamentos ou avaliou alguém?

Frequentemente estamos julgando as nossas atitudes ou as atitudes de

alguém. As apreciações ou avaliações que realizamos, de forma assistemática ou

informal, são diferentes das avaliações que acontecem no sistema educacional que

têm um caráter organizado e apoiam-se em fundamentos teóricos.

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Mesmo nas avaliações mais simples, a tomada de decisão exige alguns

critérios e princípios a serem considerados. Não é o mesmo avaliar uma viagem de

passeio em comparação a avaliar uma viagem para fixar residência em um local

desconhecido. As implicações são diferentes. Portanto, assim como o ato de avaliar

está presente no nosso cotidiano, também é um processo presente em todos os

aspectos da vida diária.

No espaço escolar, as decisões nem sempre estão com as

mesmas pessoas: alunos, professores, diretores, coordenadores,

pais, responsáveis. No maior número de vezes, as decisões cabem

aos professores e/ou ao conselho de classe, em que o peso das

avaliações sobrecarrega os professores, ocupando o lugar de

quem deve realizar essa atividade com critérios determinados,

priorizando o coletivo.

É no espaço da sala de aula onde ocorrem as avaliações

desenvolvidas durante o processo ensino-aprendizagem, que deve estar vinculado a

um projeto educativo mais amplo, em nível de escola,devendo ter como premissa

básica o alcance de objetivos que correspondam aos interesses e necessidades dos

alunos.

A avaliação é uma atividade que envolve

legitimidade técnica e legitimidade política na

sua realização.O avaliador seja ele o professor,

o coordenador, o diretor, deve realizar a tarefa

com a legitimidade técnica que sua formação

profissional lhe confere. Entretanto, o professor

deve estabelecer e respeitar princípios

ecritérios refletidos coletivamente,

referenciados no projeto político-pedagógico,

na proposta curricular e em suas convicções

acerca do papel social que desempenha a

educação escolar. (FERNANDES E FREITAS,

2008, P. 17).

Essa é a parte da legitimação política do processo de avaliação, que abrange,

também, o coletivo escolar. Portanto, sendo a escola o lugar da construção da

autonomia e da cidadania, a avaliação dos processos de qualquer natureza, dentro

da escola, das aprendizagens, da dinâmica escolar ou instituição são

responsabilidades tanto da coletividade, como de cada um, em particular.

Pesquise no Google o

conteúdo da

aula para reforçar o seu entendimento no fórum de

debates.

Estude com os colegas do

polo e dialogue com

o tutor. Participe!

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O professor deve responsabilizar-se pelo ato de avaliar as aprendizagens de

seus alunos e, em conjunto com os demais profissionais e os estudantes, participar

das avaliações realizadas acerca dos demais processos, no interior da escola, o

quepode motivar o grupo para o processo de autoavaliação.

A avaliação,sendo integrante dos processos cotidianos e doensino-

aprendizagem, onde todos estão envolvidos, não pode ser entendidacomo algo à

parte, separada desse processo, haja vista que estão subjacentes uma concepção

de educação e uma estratégia pedagógica.

Portanto, segundo Fernandes e Freitas (2008),a avaliação como parte de

uma ação coletiva de formação dos alunos, abrange várias esferas e com vários

objetivos, como: avaliação da aprendizagem do aluno em que o professor ocupa o

lugar central; avaliação da Instituição como um todo em que o coletivo dos

profissionais, conduzidos por um projeto político pedagógico, tem o papel principal;

e avaliação do sistema escolar, ou do conjunto das escolas de uma rede escolar,

cuja principal responsabilidade é do poder político.Esses três níveis de avaliação

devem estar em permanentes trocas para se conseguir a legitimidade técnica e

política.

Esse espaço escolar é constituído por diferentes realidades; composto de

uma grande diversidade de sujeitos impregnados de seus valores, costumes e

crenças. Mesmo apresentando características comuns, esses sujeitos são únicos;

não são iguais.

É nesse contexto que o educador, responsável pela formação de cidadãos,

deve posicionar-se diante dos educandos, apresentando postura que respeite todos

os sujeitos, independente de sua origem.

Agora vamos realizar a Atividade I que se encontra na Plataforma Moodle.

Atenção!

Dúvida sobre o conteúdo estudado e sobre

a atividade conecte-se com o tutor

presencial à distância através do

endereço: <www.ead.ufpb.br>

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AULA I.II – TRAJETÓRIA DA AVALIAÇÃO EDUCACIONAL

Resumo da Aula I.II – Essa aula objetiva o percurso histórico da avaliação escolar em

décadas anteriores e estuda os conceitos e os princípios básicos que norteiam o processo da

avaliação.

A avaliação ocupa um lugar de destaque no âmbito educacional, tendo em

vista, que educadores, pais, alunos e toda a sociedade são conscientes da

importância e das repercussões do fato de avaliar ou de ser avaliado.

O termo avaliação educacional popularizou-se com os trabalhos de Ralph

Tyler, (Arredondo e Diago, 2011), nos primeiros anos da década de 1930, quando o

autor nos legou uma nova concepção de aprendizagem, que tem até hoje

influências no sistema escolar.

Conforme estudos pesquisados por Arredondo e Diago(2011), Saul (1988),

Rabelo (2009), Haydt (1988), evidenciamos um percurso histórico sobre avaliação

educacional.

A concepção de avaliação como processo de medida ocorreu a partir das

duas primeiras décadas do século XX, nos Estados Unidos, em decorrência da

importante contribuição de Edward Lee Thorndike, (Haydt, 1988), no campo da

mensuração educacional. Ele se dedicou, por mais de 30 anos, desenvolvendo os

testes padronizados para medir habilidades e aptidões dos alunos. Seus estudos

sobre medidas motivaram o surgimento de muitos outros testes nos anos

posteriores. Foi a partir de seus estudos que se deu mais atenção às técnicas

objetivas de avaliação do rendimento escolar.

Nas duas primeiras décadas do século XX, a tecnologia da mensuração das

capacidades humanas teve grande progresso e, em virtude do “desenvolvimento

desse movimento de carácter psicopedagógico”, os testes padronizados cresceram

progressivamente.

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No século XX, as contribuições da Psicologia para a avaliação educacional

foram relevantes no tocante aos testes psicológicos, destacando-se o primeiro teste

de inteligência para crianças e adultos, tendo sido seus criadores Alfredo Binet e

Theodore Simon, em 1905. Outra contribuição importante da Psicologia para a

avaliação educacional está baseada na psicologia comportamental sobre a

aprendizagem, que pode ser quantificada, medida. Estudos dessa natureza apoiam-

se na psicologia tecnicista também conhecida como behaviorista, sendo Skinner o

precursor dessacorrente teórica.

A avaliação por objetivosfoiconcebida por Tyler, (Saul,

1988),que foi sistematizada e destinada a produzir mudanças

comportamentais nas décadas de 1930 e 1940. Relacionada com o

desenvolvimento do currículo, a avaliação permitia verificar se os

objetivos propostos tinham sido atingidos.

A avaliação considerada na totalidade do âmbito educacional

desenvolvida nos Estados Unidos, nas décadas de 1960 e 1970,

surgiu como um resultado de um movimento de “Responsabilidade

Escolar” originado pela insatisfação referente à escola pública. A

avaliação afetava não só o rendimento do aluno, mas todo o programa educacional:

professores, recursos, atividades, métodos e programas. Conforme Arredondo e

Diago, anteriormente citados, a avaliação para Cronbachfoi definida, em 1963,

como: “compilação e uso de informação para a tomada de decisão”,enfatizando a

avaliação do processo e reclamando a necessidade de uma avaliação referente a

critério, por meio de objetivos previamente estabelecidos. Para Scriven (Arredondo

e Diago, 2011), a avaliação é definida como “processo pelo qual estimamos o

mérito ou o valor de algo que se avalia dos resultados”.Os resultados reais,

independentes das metas e critérios preestabelecidos, são avaliados, considerando-

se as atitudes originadas pelo programa nas pessoas envolvidas.

A avaliação da mudança ocorrida no aluno por meio de formulação prévia de

objetivos educacionaisé o ápice das taxionomias de Bloom, Mager, Gagné, na

década de 1970 (Haydt, 1988). A ênfase nos objetivos operativos traz a

necessidade de se utilizar a avaliação criterial que favorece uma informação real e

descritiva da situação de cada aluno referente aos objetivos previstos, em vez de se

avaliar por comparação com um padrão ou critério normatizado.

Como

complemento

desta temática

pesquise no

Google sobre

os Primórdios

da Avaliação

da

Aprendizagem.

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A avaliação quantitativa e a qualitativa, década de 1970,surgiude uma

multiplicidade de modelos avaliadores. Mesmo que cada enfoque seja diferente,

eles coexistem, pois não existe um único modo de se conceber a avaliaçãoe aplicá-

la.

Segundo Saul (1988), a avaliação quantitativa considera a educação como

um processo tecnicista, tendo como preocupação a comprovação do grau em que

os objetivos previamente estabelecidos foram alcançados.São levados em conta os

aspectos quantitativos numéricos, portanto, a avaliação é apenas quantitativa, a

aprendizagem é quantificada, utilizando-se apenas a medida. Nessa abordagem

estão os modelos de “avaliação por objetivos comportamentais, análise de sistemas

e tomada de decisões”.

A avaliação qualitativa ganhou espaço em reação às concepções tecnicistas e

quantitativas da avaliação. A partir da década de 1960 surgiram críticas sobre os

modelos e práticas da avaliação nas Escolas e perceberam-se rápidos

desenvolvimentos de enfoques de avaliações alternativas, conforme Saul 1988.

Conceitos e Princípios Básicos do Processo de Avaliação

Após a reflexão sobre aspectos da avaliação que estão

presentes no percurso histórico, veremos como alguns

estudiosos definem o processo de avaliação.

O conceito de avaliação não é uniforme, podendo ser

considerado como a soma de fatores diversos e, às vezes,

diferentes entre si, que pretendem configurar um elemento ou

conceito comum, fato que nos leva a encontrar diversas

definições das quais poderíamos extrair algum elemento válido

para chegarmos a uma definição.

Para Luckesi (2011, p. 264), “avaliação é umaatribuição de qualidade,com

base em dados relevantes da aprendizagem dos educandos, para uma tomada de

decisão”.

Para aprofundar

mais seus

conhecimentos,

veja na

Biblioteca

Virtual, livros

que enfatizem

os Conceitos e

Princípios da

Avaliação.

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Para Hoffmann (2011 p.27), ”avaliação deve servir para melhorar o processo

ensino-aprendizagem. Sua função é diagnosticar dificuldades para corrigi-las”.

Para Mediano (1983, p.30), “avaliação é um processo mais amplo que a

medida. Enquanto esta se limita a descrições quantitativas, a avaliação pode

utilizar tanto descrições quantitativas como qualitativas ou ambas”.

Para Piletti (2002 p. 98), “É o processo pelo qual se determina o grau e a

qualidade de resultados alcançados em relação aos objetivos, considerando o

contexto e condições em que o trabalho foi desenvolvido”.

Para Rodriguez (2011 p. 36), “avaliação consiste no processo e resultado na

coleta de informações sobre um aluno ou um grupo de classe com a finalidade de

tomar decisões que afetam as situações de ensino”.

“Avaliação deve permitir, por um lado, adaptar

a atuação educacional docente às

características individuais dos alunos ao longo

do seu processo de aprendizagem e, por outro,

comprovar e determinar se estes atingiram as

finalidades e as metas educacionais que são o

objeto e a razão de ser da atuação

educacional”. (ARREDONDO E DIAGO, 2011, P.

37).

Não existe um único modo de se conceber a avaliação, mas, na realidade,

existe uma característica comum a todas elas, que é o fato de se considerara

avaliação um dos componentes fundamentais do processo de ensino-aprendizagem.

A análise dessas definições nos permite perceber que há elementos comuns

que nos possibilitam tirar alguns pressupostos e algumas conclusões sobre as

características da avaliação.

A avaliação é funcional porque se realizaem função dos objetivos. Para

avaliar é preciso estabelecer o que vamos avaliar e o que se pretende do aluno. A

avaliação só terá sentido se os objetivos estiverem claramente definidos. Avaliar o

processo ensino-aprendizagem é verificar em que proporção os alunos estão

alcançando os objetivos previstos, podendo ser considerado o elemento norteador

da avaliação.

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A avaliação é um processo contínuo e sistemático, isto é, ela é constante e

planejada, não podendo ser esporádica e improvisada. A avaliação está inserida

num sistema mais amplo que é o processo ensino-aprendizagem. Nesse sentido,

deve ser planejada para acontecer ao longo de todo o processo, permitindo, dessa

forma, o feedback e a recuperação imediata, se for preciso.

A avaliação é integral, pois considera o aluno um todo; analisa e julga, não

apenas aspectos cognitivos, mas, também, os domínios afetivo e psicomotor.

A avaliação é orientadora. Não tem a finalidade de excluir o aluno, mas

orientá-lo no seu processo de aprendizagem, no sentido de alcançar os objetivos

previstos. Tal perspectiva de avaliação possibilita ao aluno conhecer como ele se

encontra diante de suas facilidades ou dificuldades de aprendizagem, corrigindo e

fixando as respostas corretas, em tempo hábil.

Esses são os princípios básicos sobre a avaliação do processo ensino

aprendizagem que darão ao professor subsídios para a sua prática pedagógica. A

maneira de se conduzir a avaliação reflete a atitude do professor e suas relações

com o aluno. Portanto, as intenções e os usos da avaliação estão influenciados

pelas concepções de educação que orientam a sua aplicação.

Apreendeu todas as informações?

É indispensável realizar leituras, pesquisas e debates sobre o assunto.

Na plataforma você vai encontrar a Atividade II (presente no seu caderno de

atividades) solicitada para essa aula. Siga as orientações para a realização das

atividades.

Bons estudos!

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AULA I.III – FUNÇÕES E MODALIDADES DE AVALIAÇÃO

Resumo da Aula I.III – Essa aula apresenta o estudo das funções e modalidades de

avaliação diagnóstica, formativa e somativa.

Muitos são os estudiosos que se dedicam a essa temática. Entre muitos

outros, consultamos Mediano (1983), Turra (1983), Haydt (1988), Perrenoud

(1999), Luckesi (2003), Fernandes e Freitas (2008) e Arredondo e Diago (2011).

Portanto, são três as funções da avaliação: de diagnóstico, de controle e de

classificação que estão relacionadas com as modalidades de avaliação diagnóstica,

avaliação formativa e avaliação somativa.

Vejamos:

Função de: Modalidades Relacionadas

Diagnosticar Avaliação diagnóstica

Controlar Avaliação formativa

Classificar Avaliação somativa

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Em continuação, vamos expressar os três momentos-chave do processo de

avaliação na aprendizagem dos alunos (ver quadro 1).

Quadro 1 - adaptado de Arredondo e Diago (2011, p.225).

Avaliação Diagnóstica

A avaliação diagnóstica é utilizada para serem verificados os conhecimentos

dos alunos, seus pré-requisitos e suas particularidades. É realizada no início de

qualquer processo, num período letivo,num curso ou em uma unidade de ensino,

com o propósito de se verificar se os alunos têm ou não os conhecimentos e as

habilidades necessários (pré-requisitos), para aprender algo novo. Uma forma de se

diagnosticar é constatar insuficiências, problemas específicos de aprendizagem e

identificar suas possíveis causas com o intuito de saná-las.

Quando realizamos um trabalho ou fazemos uma sondagem com o propósito

de adquirir informações sobre o nível de conhecimentos, sobre determinado

assunto (multiplicação, regra de três), estamos usando a avaliação com função

diagnóstica.

Avaliação diagnóstica

Inicial

Avaliação formativa

Processual

Avaliação somativa

Final

Conhecer e avaliar os

conhecimentos

prévios dos alunos.

Conhecer e avaliar o

trabalho dos alunos e

o grau em que vão

alcançando os

objetivos previstos.

Conhecer e avaliar os

resultados finais do

processo de

aprendizagem.

Reorientação e melhoria da ação docente e do processo de aprendizagem discente

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O professor precisa verificar se seus alunos dominam ou não os pré-

requisitos necessários a novas aprendizagens. Sem os conhecimentos prévios não

poderão prosseguir com facilidade. É através da avaliação inicial com função

diagnóstica que o professor vai trabalhar, retomando ou introduzindo novos

conteúdos.

LUCKESI (2003, p.83) afirma que “a avaliação

diagnóstica não seria tão somente um

instrumento para a aprovação ou reprovação

dos alunos, mas, sim, um instrumento de

diagnóstico de sua situação, tendo em vista, a

definição de encaminhamentos adequados para

a seu aprendizagem”.

Para Luckesi (2003), as funções da avalição são basicamente duas: a

diagnóstica e a classificatória. Na função diagnóstica se supõe que sejam

detectados os pontos fracos do ensino e da aprendizagem e se extraiam as

consequências pertinentes sobre onde se deva colocar, posteriormente, a ênfase no

ensino e na aprendizagem. A função classificatória tem por efeito hierarquizar os

alunos, estimular competição, distribuir desigualdades nas oportunidades escolares.

A escola prega a avaliação diagnóstica, mas é altamente classificatória.

Avaliação Formativa/Processual

A avaliação formativa/processual é realizada ao longo de todo o

desenvolvimento do processo de aprendizagem e tem como objetivo conhecer as

características do processo educacional de cada aluno, para orientá-lo e melhorá-lo

na medida do possível,informando ao professor, através de testes e de outros

instrumentos rápidos e periódicos, se o aluno está ou não aprendendo. Ao mesmo

tempo, fornece um feedback contínuo em relação ao seu ensino. Se o professor

constata que a maioria dos alunos não está aprendendo, é oportuno parar e

verificar o que está acontecendo de errado em relação ao ensino e à aprendizagem,

podendo reformular as suas estratégias.

A avaliação formativa também dá feedback ao aluno. É principalmente

através dessa avaliação que os alunos conhecem seus erros e acertos e se

estimulam para um estudo mais organizado. É por isso que se diz que a avaliação

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formativa é orientadora porque orienta o trabalho do aluno e do professor, além de

controlar e informar o aluno e o professor sobre os resultados atingidos durante o

desenvolvimento do processo, e,sendo contínua dá condições para a recuperação

imediata, se necessário.

A realização de uma prática avaliativa, ao longo do processo, conduz o

planejamento e constrói seus instrumentos a partir das interações que vão-se

organizando no âmbito da sala de aula, tendo em vista a compreensão dos alunos

nos conteúdos trabalhados. Portanto, a avaliação tem como ponto principal dar

informações sobre as ações de aprendizagem e, por isso, não pode ser realizada no

fim do processo, para não perder seu propósito. Essa é a perspectiva da avaliação

formativa.

De acordo com Allal, citado por Freitas e Fernandes (2008, p. 21), “os

processos de avaliação formativa são concebidos para permitir ajustamentos

sucessivos durante o desenvolvimento e a experimentação do currículo”. Já para

Perrenoud (1999, p. 143), “a avaliação formativa é como um dos componentes de

um dispositivo de individualização dos percursos e formação e de diferenciação das

intervenções e enquadramentos pedagógicos”.

Outro ponto importante da avaliação formativa refere-

se à construção da autonomia do aluno na proporção em que

a ele é pedido um papel ativo no seu processo de aprender.

Quer dizer, a avaliação formativa, tendo como centro o

processo de aprendizagem, numa perspectiva de interação e

de diálogo, põe, também, no aluno e não só no professor, a

responsabilidade por seus avanços e necessidades. Portanto,

é preciso que o aluno seja conhecedor dos conteúdos que irá

aprender,dos objetivos que irá atingir, como também dos

critérios determinados para verificar e analisar seus avanços

deaprendizagem. Dessa forma, a autoavaliação é

determinante no sentido de possibilitar uma maior

responsabilidade ao aluno sobre seu desempenho no seu

processo de aprendizagem e na construção da autonomia.

Na avaliação formativa, o professor não avalia com o propósito de dar uma

nota, mas, presta atenção aos processos e às aprendizagens de seus alunos.A nota

Vamos aprofundar

a Temática

procurando no site

Recanto das

Letras o texto

Formas de

Avaliação de

Everaldo Cerqueira

<http://www.recan

todasletras.com.br/

artigos/1121766>.

Ler e discutir

dando sua opinião

no Fórum de

debates.

Sucesso!

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vem em decorrência do processo. O professor compreende que ela é indispensável

para o aluno prosseguir nesse trajeto de aprendizagem. O cotidiano escolar é

marcado pelas tarefas propostas, pelas observações e pelas práticas atenciosas do

professor, em sala de aula.

Avaliação Somativa

A avaliação somativa realiza-se no fim de um curso, período letivo ou

unidade de ensino e tem função classificatória, pois classifica os alunos conforme o

seu nível deaproveitamento. Sua característica principal é ser aplicada no fim de

algum período com o objetivo de dar uma nota ou conceito.

A avaliação somativa tem duas finalidades: constatar o progresso do alunono

tempo referido e ser ponto de partida e referência visando ao próximo período de

aprendizagem.

No fim de cada período determinado, a avaliação

somativa deve fornecer informações que permitam identificar

progressos, registrar dados, estabelecer juízos e estabelecer

decisões. A diferença marcante entre a avaliação somativa e

as avaliações diagnóstica e formativa, reside no tipo de

informação que se busca. Enquanto a diagnóstica identifica a

situação em que o aluno se encontra, ao iniciar o seu

processo de aprendizagem, a formativa detecta esse processo

para reconduzi-lo e reorientá-lo, e a somativa trata de avaliar

os resultados proporcionados pelas duas avaliações

anteriores.A avaliação somativa também deve servir como

uma avaliação inicial para o período avaliador seguinte, pois,

a informação obtida no período anterior será útil paraserem

tomadas decisões e orientar o processo, caso necessário.

Como já sabemos, a avaliação é um processo contínuo que guia e orienta o

processo de aprendizagem dos alunos, o que significa que sua aplicação não deve

submeter-se a momentos isolados, devendo acontecer em qualquer momento do

Assista

ao vídeo do link

abaixo sobre o

Papel da

Avaliação na

Aprendizagem

por proffernan,

para maior

conhecimento

desta temática.

http://www.yout

ube.com/watch?

v=NyV47Ty3JzA

&feature=related

Divirta-se!

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ensino-aprendizagem, porque faz parte do seu desenvolvimento, e deve ter por

objetivo tanto a aprendizagem do aluno quanto os processos de ensino, usando em

cada caso, as técnicas e os instrumentos adequados para cada momento avaliador

e para a modalidade de avaliação que se ponha em prática.

O estudioso de avaliação educacional Scriven (1978, p.102) foi o primeiro a

fazer a distinção entre o conceito de avaliação formativa e avaliação somativa e

também o primeiro a usar essa designação. Esses conceitos se propagaram, a

começar pela obra de Bloom, de Hastings e de Madaus (1983), percorrendo os

demais níveis de avaliação.

Essas três modalidades de avaliação, com as respectivas funções, estão

relacionadas e o uso conjugado das mesmas permitirão a eficiência do sistema de

avaliação e a eficácia do processo de aprendizagem, segundo Haydt (1988).

Na plataforma você vai encontrar a Atividade III, presente no seu caderno de

atividades solicitado para essa aula.

Ótimo trabalho!

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REFERÊNCIAS

ARREDONDO, S. C. e DIAGO, J. C. Avaliação educacional e promoção escolar.

Curitiba. Ibpex. São Paulo, UNESP, 2011.

BLOOM, B. S.; HASTINGS; THOMAS e MADAUS, George.Manual de avaliação

formativa e somativa do aprendizado escolar. São Paulo: Pioneira, 1983.

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UNIDADE II - CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO

Resumo da Unidade II – Essa unidade tem o propósito de refletir sobre as relações que

se estabelecem entre avaliação e educação escolar, como também sobre as concepções de

educação e avaliação, dentro dos modelos pedagógicos. Caracteriza as concepções de

educação e situa a avaliação nas diferentes tendências pedagógicas. Propõe o entendimento

de como são as nossas práticas avaliativas.

AULA II.I – RELAÇÕES QUE SE ESTABELECEM ENTRE AVALIAÇÃO E

EDUCAÇÃO ESCOLAR

Resumo da Aula II.I – Essa aula tem como meta a compreensão das concepções

pedagógicas e avaliativas no sentido de se refletir sobre as relações que se estabelecem

entre avaliação e educação escolar.

Será que nós costumamos refletir sobre nossas ações na escola ou sobre

nossas práticas em sala de aula?

Esse questionamento implica rever que nossas práticas estão permeadas de

ações que fazem parte de nossa cultura, de nossas crenças e de nossos valores,

que se tornaram presentes em nossas vivências e assumem grande importância na

nossa forma de ver o mundo que, conforme Fernandes e Freitas (2008),está

impregnada na ação do professor.

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A nossa ação docente traz os reflexos da nossa cultura e de nossas

experiências, que ainda estão muito fortes no que se refereà avaliação escolar pela

lógica da classificação e da seleção. Por exemplo, as notas escolares colocam os

alunos em uma situação classificatória da nossa cultura.Usam-se, então, as notas

para se classificar os melhores e os piores numa escala

avaliativa. A educação escolar privilegia os melhores, que

seguem em frente, enquanto os piores na nota voltarão para

refazer o caminho. Essa concepção está impregnada em

nossas práticas e não analisamos o que está subjacente.

A avaliação tem a ver com o nosso futuro. Avalia-se

para melhorar nossa atuação futura. Esse é o fundamento

entre medir e avaliar. Medir diz respeito ao presente e ao

passado e tem em vista adquirir informações a respeito dos

progressos alcançados pelo aluno, enquanto avaliar é mais

abrangente e diz respeito à reflexão sobre as informações

adquiridas, tendo-se em vista planejar o futuro. Medir não é

avaliar,porém faz parte do processo de avaliação, como vimos

acima.

A avaliação é uma das ações que ocorre dentro de um

processo pedagógico, que inclui outras ações como a

formulação de objetivos da ação educativa, a definição de conteúdos e métodos de

ensino entre outras. Portanto, a avaliação, sendo parte de um processo maior deve

ser utilizada, tanto no acompanhamento do desenvolvimento do aluno, quanto

numa apreciação final, tendo em vista o que o aluno obteve em determinado

período, sempre com vistas no planejamento de ações educativas futuras.

Concepções de Educação e Avaliação

Existem diferentes concepções de avaliação, que se originam dos diversos

modos de como a educação é concebida historicamente, bem como das influências

teóricasque a afetam e se fazem dominantes, em um dado momento.

De acordo com o texto: Prática

Pedagógica – A

hora de estudar sozinho e ver o que aprendeu.

Conheça as etapas essenciais para a

lição de casa, encontrado no

Fórum para

debates, assunto que permeia todo

o processo de desenvolvimento

da disciplina.

Questione com a tutora...

Bom aproveitamento!

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Não podemos esquecer que nossas experiências em avaliação são frutos de

uma concepção que classifica as aprendizagens em certas ou erradas, resultando

na seleção dos alunos que aprenderam os conteúdos determinados,em relação aos

que não aprenderam,podendo essa forma de avaliação classificatória e seletiva

provocar uma exclusão social.

No entanto, pode-se compreender outra forma de avaliação,onde o cotidiano

seja permeado pela inclusão, pelo diálogo, pela construção da autonomia,

mediação, participação, construção da responsabilidade com o coletivo, como

defende Fernandes e Freitas (2008).Portanto, essa forma de avaliação objetiva uma

proposta mais democrática inclusiva, que respeita as capacidades de realização de

aprendizagens dos alunos.

“Tal concepção de avaliação fundamenta-se no

princípio de que todas as pessoas são capazes

de aprender e de que as ações educativas, as

estratégias de ensino, os conteúdos das

disciplinas devem ser planejados a partir

dessas possibilidades de aprender dos

estudantes”.FERNANDES E FREITAS (2008,

p.20).

Entretanto, a ideia é de que os alunos aprendem de formas diferentes e que

o tempo para aprender quase sempre não é o mesmo para todos, a partir das

experiências anteriores e vivencias pessoais de cada aluno aliadas à compreensão

de que o papel da escola deva ser o de incluir, de possibilitar as condições

necessárias para que o aluno cresça e desenvolva todos os seus aspectosseja capaz

de realizar aprendizagens significativas, pela vida, socializando experiências,

perpetuando e construindo cultura.

Nessa perspectiva, a avaliação é entendida como promotora desses

princípios. Seu papel não deve ser o de classificar e selecionar os alunos, mas, de

avaliar professores e alunos para entenderem, de forma mais sistemática, seus

processos de ensinar e aprender.

Podemos acrescentar que a prática da avaliação está relacionada com os

princípios de aprendizagem que adotamos e com o entendimento da função que a

educação escolar deve ter na sociedade.

A literatura tem mostrado que existem diferentes concepções de avaliação e

que sua prática é bastante diversificada através de diversas maneiras de praticá-la.

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Por essa razão, não podemos deixar de entender a existência das diversas

concepções de avaliação que refletem os diversos modos de como a educação é

concebida através dos tempos, bem como as influências teóricas que afetam e se

fazem dominantes em um dado momento.

É importante esse entendimento de que a avaliação escolar tem sofrido

alterações através do tempo, causadas pelas influências das tendências que

permeiam cada época. Nesse sentido,Vasconcelos (2000, p. 147) aborda que a

avaliação escolar é uma questão política, estando relacionada com o poder, os

objetivos, as finalidades, os interesses.

Evidentemente que, numa sociedade de classes, não existe lugar para uma

posição neutra, pois nela há interesses de luta. Ser neutro é ser cúmplice dos

interesses dominantes, não pretendendo que outros interesses predominem sobre

os seus.

Em educação, os objetivos da avaliação como decisões

traduzem uma concepção de mundo, de sociedade e de

indivíduo de todos os que estão envolvidos nesse contexto. Daí

ser necessária a clareza de nossas ações,que essas reflitam o

nosso fazer pedagógico e quetal perspectiva resulte na

consciência de que a prática educacional deve estar preocupada

com a transformação da sociedade e não com a sua

manutenção, de modo inconsciente e irrefletida.

Portanto, devemos refletir sobre as preocupações de

Vasconcelos (2000, p. 147), quando questiona a favor de quem, contra quem se

coloca a nossa escola, o trabalho de cada educador.

Se não sabemos para onde queremos ir, como podemos avaliar se estamos

bem ou mal?

As ações do professor estão condizentes com a sua concepção de educação e

a avaliação escolar deve ser desenvolvida ao longo do processo ensino-

aprendizagem, atrelando-se ou vinculando-se a um projeto educativo mais amplo

em nível de escola,onde os objetivos estabelecidos no projeto da escola darão

Procure na

Biblioteca

Presencial,

livros ou

textos sobre a

temática para

ampliar seu

conhecimento.

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respaldo ao professor, na orientação dos objetivos particulares de sua disciplina,

atendendo às expectativas, aos interesses eàs necessidades dos alunos.

Voltando a Vasconcelos (2000, p. 147), ele se refere à relação da avaliação

escolar com o projeto pedagógico da instituição e diz:

“É justamente aqui que encontramos uma

distorção, de modo geral, não se percebe a

discrepância entre a proposta de educação e a

prática efetiva. Em parte, isto ocorre em

função de uma prática de planejamento

meramente formal levando a que os

professores simplesmente “esquecem” quais

foram os objetivos propostos. Temos que

superar esta contradição através da reflexão

crítica e coletiva sobre a prática”.

Com certeza, isso tem a ver com a concepção de

educação de cada professor que assume a transformação da

sociedade.Ele anuncia, em seusobjetivos, proposições com

posicionamentos diferentes daqueles tradicionalmente

assumidos. Seu comprometimento com o aluno não é só com o

saber elaborado, mas, com um saber adquirido pelo aluno de

forma crítica, relacionado com suas experiências.

Nessa linha de compreensão, Libâneo (1985, p. 19) faz

entender que a prática escolar está subjacente a

“condicionamentos sociopolíticos que refletem diferentes

concepções de homem e de sociedade e, sobretudo, diferentes

formas de entendimentos sobre escola, aprendizagem, relação

professor-aluno, técnicas pedagógicas” que traduzem os fundamentos teórico-

metodológicos absorvidos pelo professor. A forma como os professores atuam na

sua prática pedagógica diz respeito aos pressupostos teórico- metodológicos

assumidos de forma implícita ou explícita como chamou Libâneo (2008).

Como explicar? De acordo com esse embasamento existem professores que

fundamentam sua prática em prescrições pedagógicas que se tornaram senso

comum, adquiridas pela passagem da escola ou transmitidas pelos mais

velhos.Essa prática contém pressupostos teóricos implícitos.

Para

mais

informações,

procure sites

que destaquem

as Tendências

Pedagógicas e

faça uma

reflexão sobre o

assunto

diferenciando

cada tendência

pedagógica.

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Existem também professores interessados no trabalho docente onde

percebem o sentido da sua prática e explicitam as suas convicções, como também

existem aqueles que buscam a tendência da moda, sem analisar o resultado de

suas escolhas.

O que vale lembrar é que o estudo das correntes pedagógicas ou teorias de

aprendizagem e ensino devem ser relacionadoscom situações de sala de aula para

ajudar o professor a formar um quadro referencial a fim de orientar e avaliar sua

prática.

Nesse contexto, segundo Luckesi (2003, p.28),“a avaliação educacional, em

geral, e a avaliação da aprendizagem escolar, em particular,são meios e não fins

em si mesmos, estando assim delimitadas pela teoria e pela prática que as

circunstancializam”. Portanto, compreendemos e repetimos que a avaliação não

acontece de forma neutra, mas, dimensionada por um modelo teórico de mundo e

de educação traduzido em prática pedagógica.

Ciente dessa compreensão, no exercício da avaliação escolar,Luckesi (2003,

p.28) acrescenta:

“Referindo-se as ideias de (Althusser, s/d;

Bourdieu e Passeron, 1975), a prática escolar

predominante hoje se realiza dentro de um

modelo teórico de compreensão que pressupõe

a educação como um mecanismo de

conservação e reprodução da sociedade”.

Dessa forma, para mudar a atual prática da avaliação escolar temos de optar

por uma pedagogia interessada pela educação como mecanismo de transformação

social.

Veja a proposta para a Atividade I correspondente a essa aula encontrada na

Plataforma Moodle e... Boa sorte!

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AULA II.II – CARACTERÍSTICAS PEDAGÓGICAS DA AVALIAÇÃO ESCOLAR

Resumo da Aula II.II – Essa aula tem como objetivo caracterizar a avaliação escolar

dentro dos modelos pedagógicos para sua conservação e transformação.

Necessariamente, passamos a caracterizar a avaliação escolar dentro dos

modelos pedagógicos para a conservação e para a transformação.

Conforme Luckesi (2003), a avaliação da aprendizagem escolar está a

serviço de uma pedagogia dominante, identificada como modelo social liberal

conservador.O modelo liberal conservador da sociedade, segundo esse estudioso,

produziu três pedagogias diferentes, mas, relacionadas entre si, e com o mesmo

objetivo, que é manter o statusquo da sociedade:

1. Pedagogia Tradicional

2. Pedagogia Renovada ou Escolanovista

3. Pedagogia tecnicista

1. Pedagogia Tradicional

É centrada no intelecto, na transmissão do conteúdo e na pessoa do

professor. É tarefa do professor fazer o aluno atingir a realização pessoal através

do seu próprio esforço. O aspecto intelectual é descontextualizado da realidade

social, com ênfase no estudo dos clássicos e das biografias dos grandes mestres. A

transmissão é feita a partir dos conteúdos acumulados historicamente pelo homem,

num processo cumulativo, sem reconstrução ou questionamento. A aprendizagem

é realizada de forma automática, receptiva, acionando-se apenas o uso da

memória.

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2. Pedagogia Renovada ou Escolanovista

É centrada nos sentimentos, no desenvolvimento livre e espontâneo da

produção do conhecimento, e no educando com suas diferenças individuais, e na

ideia de “aprender fazendo”,no aluno como sujeito do conhecimento.

3. Pedagogia Tecnicista

É centrada exageradamente nos meios técnicos de transmissão e apreensão

dos conteúdos e no princípio do rendimento escolar.

Essas três pedagogias do modelo social liberal conservador tentam produzir a

equalização social, mas, não a conseguem porque são formalmente iguais. Segundo

Luckesi (2003) apud Saviani, permitem e procedemrenovações internas ao sistema,

mas não propõem e nem permitem proposta para a sua ultrapassagem, o que

garante a continuação do sistema social vigente e daí resultarem as definições

pedagógicas: relação educador-educando, execução do processo de ensino

aprendizagem, processo de avaliação, sempre traduzindo as aspirações de modelo

social através da educação.

A concepção conservadora é caracterizada pela ação

docente. Desde que a escola teve origem como instituição

responsável pela educação formal enfatizando a preparação

intelectual,a transmissão de conhecimentos e a autoridade do

professor, a ação docente é agitada pelo escolanovismo que põe

o aluno no centro, destaca o “aprender a aprender” e a relação

democrática. É levada ao exagero pelo tecnicismo que privilegia

a forma, a produção de indivíduos “competentes”.

Consequentemente, no seio e no contexto da prática

social liberal conservadora foi-se originando outro modelo social

representado por três pedagogias que pregam a igualdade entre

os seres humanos e a liberdade, não só em nível de formalidade

da lei, mas, nas concretudes históricas.

Assista o

filme:

O Sorriso de Monalisa no youtube

<http://www.youtube.com>.

Questione a diferença encontrada nas

tendências do professor e dos alunos.

Dê a sua

opinião!

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1. Pedagogia Libertadora

2. Pedagogia Libertária

3. Pedagogia dos conteúdos socioculturais

1. Pedagogia Libertadora

Tem como base representativa o pensamento e a prática pedagógica

inspirados nas atividades do professor Paulo Freire. É caracterizada pela ideia de

que a transformação virá pela emancipação das camadas populares, ese define pelo

processo de conscientização cultural e política, fora dos muros da escola, e, por isso

mesmo, destina-se fundamentalmente à educação de adultos.

O que caracteriza essa tendência libertadora é a ação, reflexão onde o

diálogo é o método valorizado e os temas de estudo são extraídos da

problematização da vida dos alunos.

2. Pedagogia Libertária

É caracterizada pelos antiautoritários e pela autogestão onde o professor se

mistura ao grupo para a discussão, pois, o desenvolvimento do indivíduo só se dá

no coletivo.

“A escola deve ser um instrumento de conscientização e organização política

dos educandos”, segundo Luckesi (2003 p. 31).

3. Pedagogia dos Conteúdos Socioculturais

É representada pelo grupo do professor Demerval Saviani, caracterizada pela

ideia de igualdade, de oportunidade para todos no processo de educação e na

compreensão de que a prática educacional se faz pela transmissão e assimilação

dos conteúdos de conhecimentos sistematizados pela humanidade e na aquisição

de habilidades de assimilação e transformação desses conteúdos no contexto de

uma prática social, segundo Libâneo citado por Luckesi (2003, p. 31).

As três pedagogias que apresentam o modelo social liberal conservador têm

como objetivo a domesticação dos educandos. Pretendem a conservação da

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sociedade e, por isso, propõem e praticam a adaptação e o enquadramento dos

educandos no modelo social vigente que está preocupado com a reprodução e

conservação da sociedade.

As pedagogias que representam o modelo transformador têm por objetivo a

humanização dos educandos. Pretendem oferecer-lhesmeios pelos quais possam

ser sujeitos desse processo e não objetos de ajustamento, ou seja, estão voltadas

para as perspectivas e possibilidades de transformação social.

Esses dois grupos de pedagogias exigem duas práticas diferentes de

avaliação educacional e de avaliação da aprendizagem escolar.

Nas pedagogias que representam o modelo social liberal conservador, a

avaliação é um instrumento disciplinador, não só das condutas cognitivas, como

também das condutas sociais, no contexto da escola.

Nesse contexto, a prática da avaliação escolar é autoritária, pois, o caráter

pertence à essência dessa perspectiva da sociedade, uma vez que exige controle e

enquadramento dos educandos nos parâmetros previamente estabelecidos de

equilíbrio social, seja por coações explícitas, seja por propaganda ideológica.

Nas pedagogias que representam o modelo transformador, a avaliação

educacional manifesta-se como um mecanismo de diagnóstico da situação, tendo

em vista o avanço e o crescimento e não a estagnação disciplinadora.

Portanto, conclui-se que a prática da avaliação escolar está atenta aos modos

de ultrapassagem do autoritarismo e ao estabelecimento da autonomia do

educando, pois, o modelo social exige a participação democrática de todos.

Em síntese, a avaliação da aprendizagem escolar será autoritária, quando

estiver a serviço de uma pedagogia conservadora,e será transformadora ou

democrática, quando estiver a serviço de uma pedagogia preocupada com a

transformação da sociedade e a favor dos seres humanos.

Observem como se situa a avaliação da aprendizagem em cada concepção

pedagógica, no quadro síntese das tendências pedagógicas abaixo (ver quadro 2).

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Concepção Liberal Conservadora

Tradicional Renovada Tecnicista

Verificações de curto e

longo prazo, reforço negativo (punições e notas

baixas), reforço positivo

(classificação).

A avaliação perde o

sentido privilegiando-se a autoavaliação; reforço e

êxito explicitamente reconhecidos pelo

professor.

Avaliação de comportamentos

observáveis e mensuráveis; controle de comportamento

fase a objetivos pré-

estabelecidos.

Concepção Progressista

Libertadora Libertária Críticossocial dos Conteúdos

Verificação direta da

aprendizagem desnecessária; avaliação da

prática vivenciada entre

educador/educando; autoavaliação em termos de

compromisso assumido com a prática social.

Qualquer tentativa de

avaliação da aprendizagem, não faz

sentido, ao menos em termos de conteúdo.

Necessidade de avaliação, não como julgamento definitivo a dogmático do professor, mas

como, comprovação para o aluno do progresso em direção

a noções mais sistematizadas.

Quadro 2 - Quadro de síntese como se situa a avaliação da aprendizagem em cada concepção pedagógica

Fonte: Oliveira, Denize P. – Revista Téc. da Educação. Vol 20 (102/103): 39-42,

set/dez. Rio de Janeiro, 1991.

MOSTRE PARA VOCÊ MESMO O QUANTO APRENDEU... ACREDITE NO SEU

POTENCIAL E SUCESSO!

Na Plataforma Moodle você vai encontrar a Atividade II correspondente a essa

aula.

Bom trabalho!

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AULA II.III –PRÁTICA AVALIATIVA

Resumo da Aula II.III – Nessa aula, o nosso propósito é que o aluno compreenda as

diversas práticas avaliativas que permeiam o cotidiano escolar,através de leituras,

pesquisas, comentários e discussões, podendo construir sua aprendizagem e expressá-la de

forma coerente.

Várias são as práticas avaliativas que atravessam o cotidiano escolar. É

possível serem encontradas diferentes práticas de avaliação numa mesma escola e

até em uma mesma sala de aula, formada a partir de diferentes perspectivas

teóricas e concepções pedagógicas e de ensino. Isso é possível porque as nossas

práticas absorvem diferenças vivências e modelos influenciados por nossas crenças

e princípios.

A escola, nos últimos anos, vem passando por grandes transformações no

sentido das concepções pedagógicas e correntes teóricas.

E isso vem influenciar nossas práticas?

Com certeza!

A cada período, a escola agrupa determinadas práticas, rejeita outras e

perpetua tantas outras. Portanto, é importante perceber que não se deve apenas

defender uma ou outra corrente teórica, mas, ser coerente nas ações educativas

que devem ser o forte do professor. Por exemplo, se como professor possibilito

estudos em grupos em minhas aulas, também posso oferecer as mesmas

metodologias nas avaliações para manter a coerência. Se movimento os estudantes

para colher informações e pouco permito situações de análise e reflexão, essa

competência não poderá ser cobrada nas avaliações, pois primeiro terá que ser

experiênciada.

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A nossa fala reproduz nossas concepções e ideias sobre as coisas e o mundo.

Por exemplo, se falarmos em nossa sala de aula: hoje vamos fazer uma avaliação,

é bom refletirmos no que dissemos, pois a avaliação é um processo e não apenas

uma medida ou uma verificação, daí não se pode realizá-la em um dia. O certo

seria:Hoje vamos fazer umaatividade que servirá de base para a avaliação de

vocês.

Há várias maneiras de serem produzidos instrumentos de

avaliação. Por exemplo: trabalhos, provas, relatórios, testes,

interpretações, questionários, que estão designados nos

programas de ensino e que apresentam objetivos, conteúdos,

indicados para um período ou ano escolar. Os resultados obtidos

através desses instrumentos são provisórios. O que o aluno

demostrou hoje não saber, poderá, em outro momento,

dominar.O tempo para aprender deve ser considerado, porque

ele não é igual para todos.

O uso de instrumentos diferenciados como memorial, portfólio, cadernos de

aprendizagem, é uma experiência mais atualizada, possibilitando uma posterior

mudança de concepção de avaliação.

O professor poderá usar esses instrumentos ou elaborar outros, para atender

o desenvolvimento da turma. Os instrumentos usados no processo de avaliação

devem ser bem elaborados e bem especificados do que se pretende avaliar.

Na elaboração dos instrumentos devem-se considerar alguns aspectos,

conforme Fernandes e Freitas (2008).

a) Linguagem clara, esclarecedora, objetiva;

b) Da contextualização daquilo que se investiga em uma pergunta sem contexto

podemos obter inúmeras respostas e, talvez, nenhuma, relativa ao que, de

fato, gostaríamos de verificar;

c) O conteúdo deve ter significado para quem está sendo avaliado;

d) Estar harmonioso com os propósitos do ensino;

e) Expecular a capacidade de leitura e de escrita, bem como o raciocínio.

Reflita sobre os instrumentos de avaliação,e

faça um parâmetro sobre os que você já conhece utilizado na escola.

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Os instrumentos podem ser construídos e utilizados, objetivando o

acompanhamento da aprendizagem do aluno e não uma medição pontual do seu

desempenho.

No trabalho realizado na perspectiva de avaliação formativa, não há

necessidade de o professor preocupar-se em obter notas no dia-a-dia, mas,

observar e registrar sua trajetória estudantil durante as aulas,com o objetivo de

analisar as possibilidades de aprendizagem individual e do grupo. Outros

instrumentos são também importantes para a avaliação, como: os cadernos de

aprendizagem em que se registram as dificuldades e dúvidas que ficaram nas

aulas; a reflexão de registros de sua aprendizagem que pode levar o aluno a

adquirir mais responsabilidade sobre sua escolaridade.

Vamos refletir!

Não seria o conselho de classe o espaço para estudar os desafios da

prática?

O conselho de classe é um espaço diretamente ligado à avaliação. Ele precisa

de ser ressignificado e resgatada a sua função,para se manterem as discussões dos

avanços, progressos, necessidades discentes individuais e grupais. Devem-se trocar

experiências entre professores, já que trabalham com os mesmos estudantes. Mas,

o conselho de classe, na maioria das escolas, tornou-se um local de notas e

conselhos, reclamações ou inexiste.

O espaço do conselho de classe deveria traçar estratégias de intervenções

pedagógicas de estudantes e grupos. Ou poderia ser um espaço de estudo e

discussão a respeito de questões teóricas tão importantes para refletir os desafios

que o cotidiano escolar impõe: violência escolar, drogas, necessidades especiais de

estudantes, bullying, procedimentos avaliativos de metas e princípios estabelecidos

no projeto politicopedagógico da escola (PPP), forma de relacionamento com a

comunidade escolar e intraescolar.

É importante o planejamento conjunto e que as decisões sejam tomadas em

conjunto acerca de como trabalhar as dificuldades apresentadas pelo aluno. O

conselho de classe não deve ser visto apenas como decisões de notas para

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aprovação e reprovação de alunos, mas, como espaço privilegiado para se resgatar

a dimensão coletiva do trabalho docente.

Não devemos deixar de mencionar o ponto de apoio que é o PPP da escola,

construído coletivamente e que deve orientar o conjunto dos profissionais

envolvidos no processo. O PPP deve fixar indicadores a serem alcançados pelo

coletivo da escola. Os Indicadores não são padrões a serem obedecidos cegamente,

mas, marcasque o coletivo da escola espera atingir e para os quais se organiza,

conforme Fernandes e Freitas.

Um outro instrumento de avaliação é o memorial.Para Severino (2002,

p.74):

“O memorial tem importante utilidade na vida

acadêmica... concursos de ingressos de

promoção na carreira universitária, exames de

seleção e qualificação em cursos de pós-

graduação, e... como em termos de retomada

e avaliação da trajetória pessoal no âmbito

acadêmico profissional”.

O memorial é uma escrita livre do aluno a respeito de suas experiências ao

longo do ano. Deve ser constituído dos avanços, dos receios, dos sucessos e

insucessos, dos medos, das conquistas e das reflexões sobre todo o processo

vivenciado.

O memorial tem o propósito de refletir não apenas as aprendizagens

referentes aos conteúdos específicos, mas, seu compromisso, seu envolvimento, e

como ele está contribuindo para seu desenvolvimento e o crescimento do outro. É

nesse exercício que o aluno trabalha sua capacidade reflexiva sobre sua atuação.

Redigir um memorial é uma tarefa muito importante, vez que o aluno

desenvolve a capacidade de se expressar, de saber registrar suas ideias, de

maneira clara, organizada, coerente e correta.

Os mesmos objetivos podem ser vistos na educação infantil, onde as crianças

desenham, pintam e falam sobre suas conquistas, dúvidas, sucessos e medos,

podendo, ainda, os professores gravar e/ou escrever pelas crianças.

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Alternativas de Avaliação do Processo ensino-aprendizagem

Entre muitas alternativas foi priorizada a reflexão sobre a avaliação

mediadora. Conforme Hoffmann (2011).

Muitos educadores admitem uma prática inovadora de avaliação para o

ensino fundamental, nos anos iniciais. No entanto, a perspectiva inovadora que se

opõe à avaliação classificatória é a avaliação mediadora extensiva da pré-escola à

universidade.

Avaliação mediadora pretende opor-se ao modelo de

“transmitir – verificar – registrar” e evoluir no sentido de

uma ação reflexiva e desafiadora do educador em termos

de contribuir, elucidar e favorecer a troca de idéias entre e

com seus alunos, num movimento de superação do saber

transmitido a uma produção de saber enriquecido,

construído a partir da compreensão dos fenômenos

estudados. HOFFMAN (2011, p.118).

Porém, o fortalecimento da concepção classificatória prende-se à autonomia

didática do professor, fundamentada em argumentos teóricos de sua formação: a

estrutura curricular dos cursos e a formação didática dos professores sem

aprofundamento teórico em avaliação educacional, enfatizando, assim, a postura

conservadora dos professores.

Por outro lado, destacamos que a avaliação tem caráter reprodutivista, isto

é, a prática vivenciada pelos professores nos cursos de licenciatura é o modelo

desempenhado por eles e consequentemente o modelo que seguirá posteriormente

os seus alunos. Essa situação pode provocar a reprodução de práticas avaliativas

que nunca reprovam ou que reprovam demasiadamente.

Aspectos a serem refletidos

As pesquisas realizadas em escolas públicas brasileiras levam os docentes a

refletir sobre o panorama da avaliação. O sistema tradicional de avaliação é

responsável por uma escola competente, porém essa ideia não é pertinente à

realidade atual porque não é competente a escola em que os alunos não aprendem

e muitas vezes são evadidos dela.

Isso evidencia o quanto é difícil vencer a prática tradicional, que, embora

criticada por muitos, tenha a credibilidade de grande número de educadores e da

sociedade, entendendo-se, assim que a manutenção de uma prática avaliativa

classificatória é garantia de um ensino de qualidade.

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Desse modo, as escolas se permitem não realizar inovações pela resistência

encontrada nas famílias, que temem os prováveis cancelamentos de matrículas e

buscam outras escolas tradicionais.

Esse contexto mostra a forte tendência em se

desacreditar nas escolas inovadoras e, principalmente, no seu

sistema de avaliação, acreditando-se que os professores

inovadores são menos exigentes que os professores tradicionais

e que o seu ensino não é competente.

A questão do aspecto escolar apresenta-se de duas

formas: acesso como ingresso por existência de vagas no ensino

público e acesso a outros anos e graus de ensino, pela

permanência do aluno na escola, pela aprendizagem, permitindo

o acesso a outros níveis de ensino.

Porém, a escola brasileira tem dificultado que o acesso

aconteça. Tal comportamento justifica-se pela situação

encontrada na maioria das escolas públicas: muitas turmas com muitos alunos nos

anos iniciais do ensino fundamental I e poucos alunos e única turma no final do

ensino fundamental II. Em consequência, para cada 100 escolas do ensino

fundamental existem, em média, 10 escolas de ensino médio. Sendo surpreendente

o número de reprovação na alfabetização e nos quintos e sextos anos do ensino

fundamental, além da evasão escolar.

Sobre essa questão, os políticos encarregados da criação de escolas usam os

índices de reprovação dos anos iniciais do ensino fundamental para desculpar falta

de vagas para todas as crianças na escola. Hoffman (2011, p. 17) salienta que

se não existisse índice de reprovação também

não existiriam escolas para todas as crianças...

Não se pode falar em melhoria da qualidade de

ensino, sem antes atender o direito

fundamental da criança de ter acesso

(ingresso) à escola.

A autora chama a atenção para esse fato, no sentido de haver um

compromisso maior do educador em relação à criança. E que seja dado importância

ao acesso a outros níveis de ensino, cabendo ao educador empenhar-se para que

não exista obstáculo através de critérios de aprovação sem uma análise criteriosa

de cada situação.

Diante desse quadro, é válido acrescentar que muitos professores cooperam

com essa atitude de elitização do ensino público e aceitam, através de exigências

precisas, a manutenção de um ensino de qualidade.

Para a autora não é solução aumentar o número de escolas, turmas e

professores. Porque, essas medidas não resolvem a questão da melhoria do ensino,

na maioria das vezes, os alunos não têm um ensino de qualidade, ocasionado pela

É possível

transformar uma prática de avaliação classificatória em um processo de avaliação

contínua e

mediadora? Pesquise e discuta no fórum de debates.

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falta de profissionais habilitados e de estrutura pedagógica e administrativa das

escolas.

Mediante tal situação, é necessário que se reflita sobre o papel da escola, os

acessos escolares e que a construção de debates encontre caminhos para

solucionar o problema de escolaridade para todas as crianças.

Em suma, uma escola de qualidade é responsável por

todas as crianças, de acordo com sua realidade concreta, com

uma educação igualitária que acolha a criança e a projete no

futuro tornando-a ciente de seu papel numa possibilidade de

transformação.

Muitos professores como também a sociedade resistem

às inovações metodológicas, reagem quando se questionam

acabar com o sistema tradicional de provas obrigatórias e

atribuição de notas ou conceitos.

As propostas do governo de progressão continuada para

o ensino fundamental foram criadas em resposta ao alto índice

de reprovação e evasão da escola pública. Esses projetos

alargaram as experiências de estudos contínuos ou blocos

únicos nos dois primeiros anos desenvolvidos em localidades brasileiras. O

entendimento dos professores em relação às propostas de progressão continuada

era da extinção das avaliações nas escolas. Poucos professores entendem o

processo em sua totalidade. Nesse intento comenta Hoffman (2011, p. 21)

[...] o princípio que venho defendendo de que

qualquer proposta pedagógica de não

reprovação (regimes não seriados) no ensino

fundamental não pode ser entendido pelos

professores como uma proposta de não

avaliação... Entendem propostas de progressão

continuada como total eliminação da prática

avaliativa nas escolas.

Com certeza, qualquer proposta avaliativa que venha beneficiar o aluno em

sua aprendizagem é mais coerente do que se utilizar a concepção classificatória de

avaliação, ou seja, uma concepção qualitativa de avaliação, possibilitando sucesso

escolar e, consequentemente, o desenvolvimento do educando.

Numa perspectiva construtivista, a qualidade

do ensino deve ser analisada em termos dos

objetivos efetivamente perseguidos no sentido

do desenvolvimento máximo possível dos

alunos na aprendizagem, no seu sentido

amplo, alcançada pela criança a partir das

oportunidades que o meio lhe oferece.

(HOFFMAN, 2011 p.28).

Pesquise no Google, o conteúdo da

aula para reforçar a compreensão

no fórum de debates. Estude com colegas do pólo e dialogue com o tutor.

Participe!

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A autora ainda explica que a capacidade de conhecer é resultado de trocas

entre o organismo e o meio e que, nessa concepção, a escola é responsável pelo

possível desenvolvimento dos alunos, ao dar oportunidades da construção do

conhecimento. Por outro lado, na concepção classificatória, a qualidade tem a ver

com padrões estabelecidos, apoiada em comparações: critérios de promoção,

gabaritos de respostas, padrões ideais de comportamento. A qualidade mistura-se

com a quantidade pelo tratamento estatístico, ao contrário de uma avaliação numa

perspectiva mediadora, quer dizer desenvolvimento máximo sem limites

preestabelecido mesmo com objetivos definidos, provocadores da ação educativa

em contínuo vir a ser. Temos um planejamento das ações como ponto de partida,

mesmo sem delimitarmos um ponto de chegada.

Você já pensou em elaborar o seu memorial?

Busque nos sites de pesquisa como fazer um memorial.

Discuta no Fórum de debates e peça ajuda ao seu tutor à distância.

Construa a sua aprendizagem!

A Atividade III está presente na Plataforma Moodle, de acordo com a temática

dessa aula.

Boa sorte!

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REFERÊNCIAS

ARREDONDO, S. C. e DIAGO, J. C. Avaliação educacional e promoção escolar.

Curitiba. Ibpex. São Paulo, UNESP, 2011.

FERNANDES, C. O. e FREITAS, L. C. Indagações sobre currículo: currículo e

avaliação. Brasília: MEC/SEB, 2008.

HOFFMANN, J. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-

escola à universidade. Porto Alegre: Mediação, 2011.

LIBÂNEO, J. C. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico social

dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 1985.

LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 2003.

OLIVEIRA, D. P. Revista técnica da educação. Vol. 20 (102/103): 39-42,

set/dez. Rio de Janeiro, 1991.

REVISTA NOVA ESCOLA. Prática pedagógica. Nº 243. Jun/Jul, 2011.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2002.

VASCONCELOS, C. S. Avaliação: concepção dialética do processo de

avaliação escolar. In: Didática e Metodologia Aplicada ao Ensino Fundamental e

Médio. Fortaleza: UVA, 2000.

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UNIDADE III – AVALIAÇÃO E O FENÔMENO DA REPROVAÇÃO

Resumo da Unidade III – Esta unidade objetiva estudar e refletir sobre a autoavaliação, o

fenômeno da reprovação, o fracasso escolar e a falta de acesso à escola, constituindo-se

como um dos maiores problemas no nosso sistema educacional.

AULA III.I – AUTOAVALIAÇÃO

Resumo da Aula III.I – Esta aula apresenta as diretrizes e estratégias que orientam a

autoavaliação. Entre outros procedimentos estudados,priorizamos o estudo teórico-prático

do contrato didático e do portfolio.

Podemos dizer, em sentido amplo, que a autoavaliação acontece quando uma

pessoa avalia suas próprias atuações. Portanto, a autoavaliação, no âmbito

educacional, é uma modalidade de avaliação que consiste em cada aluno fazer uma

avaliação de uma atuação específica ou de seus progressos, em um determinado

momento de seu processo de aprendizagem. A autoavaliação significa iniciar-se em

um processo de reflexão pessoal acerca de seu processo de aprendizagem, de suas

conquistas e de suas carências, o que a transforma em um fator provocador de

estímulos para a superação pessoal.

A autoavaliação considera o aluno um elemento ativo e responsável, que

promove sua participação no processo. Não há juízo mais importante para a pessoa

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humana nem fator mais decisivo em seu desenvolvimento psicológico e em sua

motivação que a avaliação que ela faz de si mesmo.

Somente havendo autoavaliação o processo de

ensino aprendizagem alcançará os objetivos

que pretende, visto que ninguém chega a lugar

nenhum enquanto não tem consciência de que

chegou, o que lhe permite decidir se vai

continuar ali, ir para outro lugar ou se deve

mudar de rumo. ARREDONDO E OUTROS,

2003, p. 155, apud RODRIGUEZ.

Aspectos Educacionais da Autoavaliação

Por que ainda não foi introduzida na prática cotidiana do professor e do

aluno a autoavaliação?

Apesar de o discurso pedagógico ter progredido, continuamos com uma

avaliação que não auxilia o aprendizado, pois, é considerada uma parte do

AUTOAVALIAR-SE

É assumir a responsabilidade de

ser o encarregado de constatar

acertos e erros e de conduzir ou

melhorar processo de

autoaprendizagem.

É tomar consciência do que se

está fazendo em relação aos

objetivos do que se pretende

alcançar.

É uma forma de se motivar e de

que cada pessoa assuma a

autonomia se seu processo

educacional.

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processo de aprendizagem, só se integrando a ela, no momento de

verificação.

Quando a autoavaliação acontece, realiza-se de forma assistemática. Em

alguns momentos do ano letivo, quase não existe em nossas salas de aula. A

escola prima por querer formar sujeitos autônomos e críticos, mas não

absorve a prática da autoavaliação.

É necessário que o professor possibilite uma prática constante de

autoavaliação e que ela seja integrada ao planejamento, porque é um processo que

precisa de ser aprendido, posto que os alunos não estão acostumados a praticá-la e

muito facilmente podem desviar-se do objetivo central. No início, pode-se realizar a

autoavaliação,no término das atividades diárias. A princípio, pode ser feita com

toda a turma, em pequenos grupos, e, depois, individualmente, com base em

perguntas simples e breves, como: O que realizamos hoje? Entenderam? O que não

entenderam?

Hoffmann (2006, p.53) enfatiza que a autoavaliação não deve ser

caracterizada como um processo de autojulgamento de atitudes e relações

pessoais, mas um instrumento que favoreça a reflexão e a construção do

conhecimento. Para a autora,

...um processo de autoavaliação só tem

significado enquanto reflexão do educando,

tomada de consciência individual sobre as

aprendizagens e condutas cotidianas, de forma

natural e espontânea como aspecto intrínseco

ao seu desenvolvimento, e, para ampliar o

âmbito de suas possiblidades iniciais,

favorecendo a sua superação em termos

intelectuais [...].

Portanto, é característico em um processo avaliativo fazer-se uso da

autoavaliação, permitindo docentes e discentes avaliarem o seu desempenho.

Assim, ambos podem contribuir para melhorar as estratégicas do ensino

aprendizagem e visualizar as dificuldades surgidas encontrando caminhos para

saná-las. A autoavaliação é uma atitude reflexiva e contínua.

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Dois instrumentos importantes para a prática da autoavaliação do aluno,

propostos por Arredondo e Diago (2011, p. 193) são o contrato didático e o

portfolio.

Contrato didático

O contrato didático é um instrumento para pôr em prática a autoavaliação,

conforme Pigrau citado pelos autores referidos acima: “é um texto no qual todas

aspartes negociam e acordam uma série de conteúdos, critérios ou

responsabilidades que todos os implicados devem cumprir fundamentalmente:

alunos e professores”.

A avaliação terá como propósito analisar o cumprimento ou não dos acordos

e da tomada de decisões acerca da forma de autorregulação a ser aplicada para

corrigir os erros para melhorar o rendimento. Primeiramente, será realizada pelo

professor e os alunos que interagem com seus colegas e o próprio professor.

O contrato didático pode ser estabelecido com toda a turma de alunos da

sala, com pequenos grupos ou com um só aluno, dependendo da necessidade.

Redigir um contrato sem ser preciso que ele seja fixo.Em muitas ocasiões, depois

de se ter verificado sua validez, poderá ser modificado, a pedido do professor ou do

aluno. O resultado final deverá ser consensual.

Portfolio

O portifolio, que tem a função de ser um instrumento de registro e

avaliação, que possibilita a memória do ensino e da aprendizagem de alunos e

professores.

No portfolio o aluno registra seu percurso escolar e, no fim do ano, ou do

ciclo de estudos, o aluno terá um dossiê de sua trajetória escolar, permitindo

auxiliá-lo com etapas posteriores, como bem diz Villas Boas (2004, p.38):

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“O portfolio é um procedimento de avaliação

que permite aos alunos participar da

formulação dos objetivos de sua aprendizagem

e avaliar o seu progresso. Eles são, portanto,

participantes ativos da avaliação, selecionando

as melhores amostras de seu trabalho para

incluí-las em portfolio.”

Portanto, podemos afirmar que o portfolio é organizado, tanto para alunos

como para professores, como uma coleção de trabalhos que historia os

desempenhos, esforços, criações, progressos, dúvidas, podendo ser considerado

um instrumento de registro útil para a avaliação dos processos.

Os professores e alunos, ao organizarem os trabalhos,

devem fazer uma autoavaliação, atendendo aos objetivos

estabelecidos e aos propósitos de cada atividade para a

composição do portfolio. Este, além de constituir-se elemento

de autoavaliação e de registro da memória, é um instrumento

de comunicação. Por exemplo, a educação infantil tem como

prática comum os alunos recordarem as tarefas elaboradas no

período, fazerem a seleção e organizarem numa pasta, para

serem enviadas aos responsáveis, a fim de constataremsua

realização. Nessa oportunidade de rever as tarefas, os alunos,

além de avaliar o que aprenderam, podem refazer o que julgam que no momento

fazem melhor. Essa prática é utilizada da educação infantil à universidade.

Para Arredondo (2011, p. 194), o portifolio é

uma “pasta que guarda o arquivo pessoal, o

registro cumulativo ou a memória de atividades

de um aluno, de trabalho escolar sobre uma

matéria, ou sobre o conjunto delas. Permite o

registro ou cumulação cronológica ou por

temas, de documentos, provas, trabalhos de

classe, projetos, práticas de laboratórios. É a

compilação referente a cada aluno, de dados

documentados do histórico de aprendizagem

de um período e de uma matéria determinada”.

A AVALIAÇÃO E A AUTOAVALIAÇÃO DEVEM ANDAR JUNTAS?

Analise as

contribuições

que o

portfolio e o

contrato

didático

oferecem ao

nosso

processo de

ensino.

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“Sem acompanhar o desenvolvimento dos alunos, como professores

e escolas podem aperfeiçoar seu próprio desempenho?” (José Carlos

Menezes, 2011).

Coloquem em prática seus conhecimentos sobre o assunto, realizando a Atividade

II,encontrada na Plataforma Moodle.

Sucesso!

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AULA III.II – AVALIAÇÃO E RENDIMENTO ESCOLAR

Resumo da Aula III.II – Essa aula visa ao estudo da avaliação, enfocando a Lei 9.394/96,

considerando, além de outros aspectos do sistema, os critérios da verificação do rendimento

escolar.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aprovada em 1996,

trouxe uma proposta inovadora de avaliação para o ensino fundamental: a

promoção continuada,etapa em que os alunos são aprovados para o ano seguinte,

eliminando-se a reprovação.

Entretanto, a esse respeito, Trevisan,emArredondo e Diago(2011, p. 552),de

acordo com Demo, vê, na possibilidade que a lei permite às escolas de decidirem

pela progressão regular ou pela continuada,uma abertura para interpretações

tendenciosas e equivocadas, como a que embasa a decisão de

“empurrar o aluno para frente, sem qualquer comprovação da

aprendizagem adequada”.

Outra inovação da lei é que a avaliação deva ser contínua e

acumulativa (art. 24, v, „a‟) e que os aspectos qualitativos

prevaleçam sobre os quantitativos. Assim, os resultados

adquiridos pelos alunos, ao longo do ano escolar, devem ser mais

valorizados que a nota da prova final chamada de avaliação somativa.

Segundo Jussara Hoffmann (1998, p.35) essa

mudança se deve à experiência que a lei impõe

aos sistemas públicos e particulares de ensino

de efetivarem um processo avaliativo contínuo

e qualitativo, mediador, em escolas e

universidades diante dos índices assustadores

de evasão e reprovação e denúncias arbitrárias

e lógicas na avaliação de estudantes de todos

os níveis.

Reflita sobre o

que você sabe

da LDB e faça

comentários

no Fórum de

debates.

Bom

trabalho!

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O modelo de avaliação formativa já estava presente na década de 1970, com

a LDBEN 5.692/71 sendo visto como o melhor caminho para garantir a evolução de

todos os alunos, uma espécie de passo à frente em relação à avaliação formativa.

Conforme o art. 14, §1º,na avaliação do aproveitamento, a ser expressa em

notas ou menções, preponderarão os aspectos qualitativos sobre os quantitativos e

os resultados obtidos durante o período letivo sobre os da prova final.

Segundo Trevisan (op. Cit.554)“em função dos

princípios democráticos proclamados pela

constituição federal, a legislação educacional é

regulamentada não somente pela LDBEN, mas

também, por portarias, resoluções e normas do

Ministério de Educação (MEC) e das Secretarias

Estaduais de Educação”.

No sentido de garantir a qualidade do ensino e fazer respeitar as

diversidades de um país extenso como o Brasil, o MEC estabeleceu os Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN‟s). Portanto, além da base comum curricular (LDBEN

9.394/96, art. 26), os estabelecimentos devem seguir os PCN‟s, que

complementam o currículo, oferecendo orientações relacionadas com a parte

diversificada.

O ensino fundamental, ampliado para nove anos de

duração, com a matrícula obrigatória a partir dos seis anos

de idade, foi por muitos anos uma meta desejada para a

política nacional de educação, mas, só depois da

reelaboração pela lei nº 11.274, de 06/02/2006, essa

alteração foi incorporada a LDBEN e ficou estabelecido o

prazo até 2010 para a implantação do disposto nessa lei,

pelos municípios, estados e o Distrito Federal.

De acordo com o art. 24, inciso v, da lei 9.394/96,

destacam-se os critérios pertinentes à verificação do rendimento escolar:

Assista ao vídeo sobre o

Recuperação Escolarpor proparnaiba, no

youtube http://www.youtub

e.com Dialogue com os colegas e o tutor no Fórum.

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Determina que a avaliação deva ser um processo contínuo e

cumulativo;

Permite aos alunos em atraso, no seu percurso de aprendizagem,

estudos acelerados;

Possibilita o avanço para as séries seguintes, mediante verificação da

aprendizagem;

Permite o aproveitamento de estudos concluídos com sucesso;

Responsabiliza a escola pela recuperação dos alunos de preferência

paralela;

Em relação à recuperação paralela Trevisan (op. Cit556) referindo-se à

Waiselfisz, citado por Demo, faz uma crítica ao caráter contraditório da recuperação

na alínea “a” do inciso v, do art. 24, que determina que a avaliação deva ser um

processo contínuo e cumulativo. A proposta da avaliação paralela iria contra essa

orientação, pois, no entendimento do autor, a recuperação deve ser algo da

“própria lógica e democracia do sistema educacional [...], isto é, intrínseco ao

processo de aprendizagem” e, portanto, não pode ser paralela. O professor deve

acompanhar diariamente [...]as realizações e os equívocos do aluno, no seu

percurso acadêmico, intervindo [...],sugerindo medidas corretivos e leituras,

valendo-se do estímulo à manifestação de ideias e à expressão criativa do

pensamento e de outras alternativas pedagógicas.

Trevisan refere-se à interpretação de Jussara

Hoffmann (1998, p.37) sobre a avaliação

contínua e cumulativa que se dá no sentido de

que a avaliação contínua é preventiva, pois

detecta falhas e dá uma “[...] atenção

constante ás dificuldades apresentadas pelos

alunos; é [um processo] cumulativo e não

somativo, no sentido de que os dados

qualitativos e quantitativos se complementam,

permitindo uma análise global do aprendizado

do aluno”.

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Todas essas possibilidades e obrigatoriedades expressas na legislação em

vigor, com certeza vêm desenvolver o nível de decisão tomada pelo professor, a

partir de suas avaliações. Antes, a avaliação era usada para classificar alunos e

definir aprovações, hoje a avaliação do rendimento escolar assume o que a teoria

instituía como função básica – subsidiar o aprofundamento do ensino.

Para ilustrar o desconforto gerado pelo aspecto somativo, nos processos de

avaliação, estamos transcrevendo uma pesquisa realizada no ensino fundamental,

em que Prado de Souza (1977, p.15) informa

“que também os professores se sentem

indignados com as consequências

sócioemocionais que identificam com a

reprovação do aluno, e, mais ainda, se sentem

insatisfeitos com o fato de utilizarem eles

próprios essa medida. A grande dificuldade que

pontuam está em como colocar em prática uma

medida que para eles exige grande preparo

profissional, mudanças de métodos de ensino,

abandono de procedimentos tradicionais e

reformas globais do sistema de ensino”.

Entendemos, assim, a dificuldade expressa pelos professores de atuar em um

processo de avaliação “bem conduzido” que necessita de professores capacitados,

com vontade de mudar a sua prática e suporte do sistema de ensino.

Conforme Vasconcelos, referido pela autora acima citada, a mudança do

processo avaliativo depende não só do sujeito, mas do apoio institucional,

destacando a dificuldade de os educadores valorizarem as pequenas práticas, os

pequenos passos possíveis de serem dados e a dificuldade de articularem essas

práticas com uma visão maior.

No entanto, essas questões permitem mudanças que não acontecem de

repente. É preciso pensar e refletir sobre as questões de avaliação.Como?

Avaliar, para quê?

A avaliação do aluno realizada pelo professor deve ter em vista as diretrizes

do seu ensino. É analisando as aprendizagens que ele prioriza o tipo de ensino que

determina o que vai ser avaliado. A avaliação tem o propósito de promover o

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aperfeiçoamento do ensino e a aprendizagem do aluno. Avalia-se para identificar as

necessidades, as prioridades, situar o professor e o aluno no processo de ensino-

aprendizagem.

Nessa perspectiva, a avaliação deve ser claramente definida no planejamento

do processo avaliativo, com fundamentos teóricos, possibilitando ao professor

refletir sobre suas ações, o seu papel, os limites de sua atuação docente, tendo em

vista o alcance dos objetivos propostos.

O que é avaliar?

A avaliação docente deve prender-se às diretrizes do que foi ensinado. É

revendo o seu planejamento, as aprendizagens definidas e as espécies de ensino

que deseja concretizar que o docente determinará o que será avaliado.

Nessa perspectiva, o professor tem que considerar, no seu planejamento de

ensino, os tipos de escola, a população atendida, se diversificada ou não, o que

implica atentar para os processos avaliativos e diagnósticos de pré-requisitos.

Assim, como o médico, que ouve o relato de sintomas, examina o paciente e

analisa os exames, o professor também dispõe de vários recursos que podem

ajudar a diagnosticar os problemas que se apresentam. É

importante prescrever o remédio.

“A avaliação escolar, hoje, só faz sentido se tiver o

intuito de buscar caminhos para a melhor aprendizagem”.

(Hoffmann, 2003, p. 27).

Por fim, a terceira questão refere-se ao modo de se

avaliar.

Decidir como avaliar não implica definir que tipo de

instrumento vai ser utilizado. Avaliar envolve a coleta de dados

sobre a aprendizagem dos alunos a serem analisados,

Assista o filme:

Nenhum a

menos no youtube

<http://www.youtube.com>.

Relatar os

problemas e questionar a prática dialogada surgida no ambiente escolar.

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considerando os critérios e os objetivos do plano de ensino e tendo em vista a

coerência da forma como o professor vai proceder em sala de aula.

Portanto, o ato de avaliar é um recurso pedagógico disponível ao educador,

para que auxilie o educando na busca de sua autoconstrução e de seu modo de

estar na vida mediante aprendizagens bem sucedidas. Também, auxilia o educador,

em sua atuação docente, permitindo reconhecer a eficácia ou ineficácia de seus

atos e dos recursos pedagógicos utilizados, conforme Luckesi (2011), por isso é

importante ressaltar que não podemos limitar-nos ao uso de provas objetivas e

exames tradicionais como únicas ferramentas para avaliar os alunos. A observação,

as entrevistas, os testes, as pesquisas e tantos outros instrumentos devem ser

utilizados na medida em que oferecem ao docente um conhecimento contínuo e

adequado do progresso do aluno, permitindo avaliar, em cada momento, a

qualidade e o grau de aprendizagem.

“A avaliação, ao possibilitar o diagnóstico do

ensino oferecidopelo professor e do

desempenho do aluno, pode ser

formadora,quando os resultados possibilitarem

também uma reflexão sobre a prática que

estamos desenvolvendo, isto é, quando os

resultados obtidos pelos alunos permitirem ao

professor analisar a sua participação na

aquisição da aprendizagem e identificar, a

partir daí, quais as estratégias mais efetivas e

as que precisam ser revistas, quais processos

de aprendizagem os alunos estão construindo,

quais as dificuldades que ele mesmo,

professor, enfrenta no desenvolvimento do

programa. Resumindo: Quando o professor

compreender que os resultados de um

processo avaliativo, analisa, também, o seu

próprio desempenho”. PRADO DE SOUZA

(2000, p.124).

E então, o que você achou dessa aula?

Sentiu alguma dificuldade no decorrer desse assunto?

O que achou mais significativo e qual conteúdo pretende aprofundar mais?

Demonstre que você aprendeu, respondendo à Atividade II na Plataforma Moodle.

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AULA III.III – FRACASSO ESCOLAR

Resumo da Aula III.III – Essa aula tem como objetivo destacar o estudo do fracasso

escolar no nosso sistema educacional e refletir sobre os aspectos educativos capazes de

minimizar o estado em que se encontram os alunos, seja qual for a origem do fracasso.

Um dos problemas mais cruciais e discutidos no nosso sistema educacional é

o fracasso escolar, realidade presente em todas as estatísticas publicadas em nosso

país, sem possibilidade de ser ignorada.

A repetência é um fenômeno que afasta da escola, quase sem lhes conceder

alternativas, grandes massas da população.

“Todo educador deveria saber avaliar o quanto um

rótulo de repetente pode marcar uma criança e levá-la a

acreditar no próprio fracasso”. (Neubauer Rose, 2004, p.20).

É importante frisar as ideias dessa educadora. Para ela, a

escola tradicional brasileira acreditava que a aprendizagem

do aluno era realizada pela repetição insistente de conceitos.

Portanto, com essa pedagogia de ensinar a todos pela

repetição, o aluno terminava o ano sem aprender. Para

explicar tal desacerto, ela busca conhecimentos de

estudiosos do fim do século XIX e do século XX, entre os

quais, Jean Piaget, que disseram que a criança não é um ser

passivo, mas, ativo, que reage quando estimulada. Suas

teorias mostram que o processo de aprendizagem é progressivo e acontece por

saltos.A criança fica num determinado patamar, por algum tempo, mas, de

repente, segue adiante. Isto é explicado pelo sócioconstrutivismo que acrescentou

ser a inteligência construída pela interação social do indivíduo.

Como é sabido, o maior índice de reprovação acontece no primeiro ano

escolar. Se a criança chega ao fim do ano sem saber ler, isto é, sem estar

Assista ao vídeo

sobre o Fracasso

Escolarpor Design dos Reis, no

youtube http://www.youtub

e.com

Prepare-se para o

futuro debate.

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totalmente alfabetizada, mas, com indicações de completar a sua alfabetização, diz

a educadora Neubauer Rose (2004, p. 21), “submetê-la, como a qualquer outro, a

uma reprovação é uma enorme violência intelectual”.

Os alunos reprovados poderão comprometer o seu futuro e ter uma

autoimagem negativa.Muitos deles deixam a escola e se envolvem com outros

problemas, muitas vezes marginalizando-se.

Então, retomando os questionamentos de Neubauer:

“Por que só o aluno deveria ser castigado,

mesmo que seu professor tenha sido péssimo e

faltado a mais de 40% das aulas ou que a

escola tenha mudado três vezes o professor de

sua turma? E, se em oito anos uma criança

normal não aprender nada, de quem é a culpa?

Alguém trabalhou, ganhou e não fez o que

tinha de fazer”.

São questões que podemos refletir com profundidade e argumentos teóricos,

porque não é fácil.Aquientram elementos resultantes da inclusão de várias forças

que reúne o espaço da escola; o espaço das relações professor-aluno; a família e a

sociedade em geral.

A sociedade tem como privilégio o êxito profissional, a competência, a

qualificação e a escola também segue essa concepção. Os que não conseguem

atingir as exigências da escola tendem a enfrentar o problema de aprendizagem, ou

seja, o fracasso escolar.

Nesse sentido, diz Popovic(1981, p.20):“É necessário interferir na escola

para que ela se modifique, tendo como propósito o atendimento das metas que

todas as crianças devem alcançar [...]É preciso garantir a todos – seja qual for a

sua origem ou competência econômica – o direito ao conhecimento [...] E usar esse

conhecimento para intervir na realidade social”.

Como sabemos, o fracasso escolar é fruto de variadas causas. É só

observarmos a grande maioria de crianças e jovens em idade escolar que se

encontram esmolando nas ruas ou dormindo nas calçadas. Por outro lado, temos os

noticiários transmitidos pela TV sobre violência familiar, violência nas escolas e

tantas outras consideradas antissociais.

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Diante disso, é fácil perceber-se a importância de uma política educacional

que permita um aprendizado que não seja castrador da imaginação e da

criatividade tão essenciais a qualquer criança. Se esta questão for de interesse do

Estado em dar à população uma educação de qualidade, deverá começar revendo

todo o trabalho pedagógico das escolas; o tratamento dado ao professor, às

condições do ensino, a infraestrutura das escolas.

Anteriormente, na reprovação escolar, as pesquisas indicam que as

dificuldades de aprendizagem eram vistas como de procedência congênita,

hereditária ou de disfunções neurológicas. Posteriormente, os fatores externos à

escola, como situação socioeconômica e cultural, eram pesquisados como

determinantes das possibilidades de se vencerem as dificuldades existentes nas

escolas. Pesquisas mais recentes mencionam os fatores intraescolares, sistemas de

ensino e politicas educacionais como sócios nas responsabilidades pelos altos

índices de reprovação escolar e evasão escolar.

Verifica-se que, nos últimos anos, muito se tem

debatido sobre a questão da escolarização dos anos iniciais.

Os trabalhos como os de Araújo (2005), têm defendido a

importância dos primeiros anos escolares, propondo ao setor

público ações que diminuem os efeitos indesejáveis da

reprovação sem aprendizado.

Saviani (1992) também é defensor da aprendizagem do

aluno nos anos iniciais, onde a primeira exigência é aprender

a ler e escrever, devendo ser preparado para adquirir

conhecimentos científicos.

Entretanto, tem-se questionado que a aprovação

automática é uma maneira para se eliminar a reprovação,

tornando-se o centro das atenções, causando preocupações aos educadores.

Enquanto Vasconcelos considera a reprovação uma distorção na avaliação, defende

que o aluno não deve pagar pelas casuais deficiências do ensino. O preço da

reprovação é muito alto.Toda criança é capaz de aprender. Mas, apesar de vários

Assista ao vídeo

sobre Aprovação Automáticano site www.youtube.com

... "crise na

educação" "reprovação

escolar" "progressão

continuada" "aprovação...

Comente fazendo um paralelo com a

sua realidade.

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recursos, salas de apoio, projetos do reforço escolar e outras metodologias, as

reprovações continuam.

Segundo Luckesi (2011), do ponto de vista pedagógico, não existe razão

para a reprovação, mas, historicamente do ponto de vista ideológico, se o

estudante não aprende, a causa do seu insucesso é responsabilidade dele por

descuido ou má vontade. Outros fatores interferem na aprendizagem do aluno e

podem causar reprovação sem ele ter culpa, como as políticas públicas (baixo

salário dos professores, salas de aulas inadequadas, espaço escolar insuficiente,

bibliotecas inexistentes, formação insatisfatórias dos professores, entre outros).

De acordo com o relatório divulgado pela UNESCO (2011), o Brasil melhorou

o desempenho educacional, mas continuou ocupando a 88ª posição no ranking

internacional. O Índice de Desenvolvimentode Educação para todos (IDE) mostra

que é um dos índices mais baixos da América Latina, ficando em 19º lugar e

perdendo para todos os países da América do Sul. O Brasil melhorou de 0,883 no

ano passado para 0,889. Embora, no caminho certo, falta muito para colocar todas

as crianças na escola e diminuir o analfabetismo de adulto.

Conforme RIBEIRO (2011, p. 40), “o

documento da UNESCO lançado em Nova York

mostra como cada país está comportando-se

em relação aos objetivos de ampliar a

Educação Infantil, universalizar o Ensino

Fundamental, combater as desigualdades e

melhorar a qualidade, revelando ainda que o

Brasil tem aproximadamente 600 mil crianças

fora da escola e esse número pode subir, se a

inclusão não for acelerada”.

A FALTA DE ACESSO À ESCOLA...

A EVASÃO ESCOLAR...

E A REPETÊNCIA...

Embora não seja um fenômeno recente, tem sido um dos maiores problemas do

nosso sistema escolar.

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Pense nisso...

Reflita...

Procure argumentos...

E comente no Fórum de debates!

Bem, chegamos ao fim da nossa disciplina, e com ela esperamos que

você tenha aprendido o suficiente para que possa utilizar os

conhecimentos adquiridos na sua prática pedagógica.

Agora, entre na Plataforma Moodle e realize a Atividade III correspondente a essa

nossa aula.

Sucesso e boa sorte!

Ms. Myriam Monte Leite de Araujo

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REFERÊNCIAS

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03/10/2005.

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Curitiba:Ibpex. São Paulo, UNESP, 2011.

HOFFMANN, J. Pontos e contrapontos: do pensar ao agir em avaliação. Porto

Alegre: Mediação, 1998.

_____________.Artigo: Avaliar para ensinar melhor. Revista Nova Escola. Nº

159. Jan/Fev, 2003.

____________. Avaliar para promover– As setas do caminho. Porto Alegre:

Mediação, 2006.

LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 2003.

____________. Avaliação da aprendizagem: componente do ato pedagógico.

São Paulo: Cortez, 2011.

MENEZES, J. C. Avaliação e a autoavaliação devem andar juntos. Revista

Nova Escola Nº 243. Jun/Jul, 2011.

NEUBAUER, R. Artigo: “Podemos combater as altas taxas de fracasso escolar

do Brasil”. Revista Nova Escola. Nº 178. Dez, 2004.

POPOVIC, A. Mª. Enfrentando o fracasso escolar. Revista ANDE. Ano 1. Nº 2.

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PRADO DE SOUZA, C. Avaliação da aprendizagem formadora/ avaliação da

aprendizagem. IN: Prática de Ensino e Planejamento.Fortaleza: UVA, 2000.

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___________________ (org.) Avaliação do rendimento escolar. Campinas:

Papirus, 1997.

RIBEIRO, B. A posição da educação brasileira. Revista Linha Direta. Edição 157.

Ano 14. Abril, 2011.

SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. São Paulo:

Cortez, 1992.

VASCONCELOS, C. S. Avaliação: concepção dialética do processo de

avaliação escolar. In: Didática e Metodologia Aplicada ao Ensino Fundamental e

Médio. Fortaleza: UVA, 2000.

VILAS BOAS, B. M. F. Portfolio, avaliação e trabalho pedagógico. Campinas:

Papirus, 2004.

TREVISAN, R. M. S. Artigo: As principais disposições da legislação brasileira

sobre a avaliação nos diferentes níveis e modalidade do sistema

educacional. IN: Avaliação educacional e promoção escolar. Curitiba:IBPEX. São

Paulo, UNESP, 2011.