artigo - ubiratan silva alves.pdf

18
 INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CONCEITOS E DISCUSSÕES Ub irat an S ilva A lve s Resumo Com base nas teori as apres entadas por How ard Gardn er ( In teli gências Múltiplas) e Daniel Goleman (Inteligência Emocional), relacionadas à inteli nci a hu mana, este artigo busca oferecer um aprofu ndam ento teórico das principais discussões sobre essas teorias. Cada teoria é apresen tada em dois tópicos : no pri meiro, por m eio de um a expl anação conceitu al, pode-se perce ber com o foram concebida s e elabo radas a partir de conceitos resgatados da Psicologia; no segundo, cada teoria será apres en tada de acordo com a sin gular idad e e es pecificidade, descrita s de m aneira peculiar, a partir da óptica de s u a identificação. Pa lavras - ch av e : i nte li nci a; inte li ncias m últip las ; i nte li ncia e m o ci o nal ; p sico l o g ia. Abstract Based on the theories presented by Howard Gardner (Multiple Intelligences) and Daniel Goleman (Emotional Intelligence) related to the hum an intelli gence, thi s paper searches to offer a th eoret ical deepenin g on th e m ain discussions about these theories. Each th eory i s pres ented in two topics. In the first one, through a conceptual explanation, it can be perceived as these sam e on es were con ceived and elaborated from con cepts res cued in Psychol ogy. In the second one, each th eory w il l be presented in agreement with the sin gul arity and specificity, described in a peculiar way from the optics of its identification. Ke y w o rds : inte ll ige nce ; m ul tip le inte ll ige nces; e m o tio nal i nte ll ige nce ;  p s y c h o l o g y. V.1 - Out/2002 127 Li ce nc i ad o p el a E sco l a d e E du caçã o F ísica e M est r e em Psi col ogi a d a E du cação pe l a U ni ver sidade de São P aul o, com esp eci alização em E du cação Esco l ar pela U N IC A M P e Prof essor do D epar t am ent o d e C i ênci as da Saúde na UNINOVE

Upload: sandra-regina

Post on 09-Oct-2015

18 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    1/18

    INTELIGNCIAS MLTIPLAS E INTELIGNCIA EMOCIONAL:CONCEITOS E DISCUSSES

    Ubiratan Silva Alves

    Resumo

    Com base n as teor i as apresentadas por How ard Gardn er ( I n tel i gnciasM l t i p l a s ) e D a n ie l Go le m a n ( I n t e l i g n c ia Em o c io n a l ) , r e l a c io n a d a s in tel i gnc i a hu m ana, este a r t igo busca o ferecer um apro fu ndam en toter ico das pr inc ipa is d iscusses sobre essas teor ias. Cada teor ia apresen tada em do is tp icos: no p r i m ei ro , po r m eio de um a exp l anaoconcei tu a l , pode-se perceber com o foram con cebida s e elabo radas a part i rde concei tos resgatados da Psico log ia; no segundo, cada teor ia serapresen tada de acordo com a s in gu lar idad e e especi f i c idade, descr i ta s dem ane i ra pecu l i a r, a par t i r da p t ica de su a iden t i f i cao .

    Palavras-chave: inteligncia; inteligncias mltiplas; inteligncia

    emocional; psicologia.

    Abstract

    Ba se d o n t h e t h e o r i e s p re se n t e d b y H o w a rd Ga rd n e r (M u l t i p l eI n t el l i g en ces) a n d D a n iel Go lem a n ( Em o t i o n a l I n t e l l i g en ce) rel a t ed t o t h ehu m an in tel l i gen ce, th i s paper searches to o f fer a th eore tica l deepen in g onth e m ain d iscussion s abou t th ese th eor i es. Each th eory i s presen ted in twotop ics . In the f i rs t one , th rough a concep tua l exp lana t ion , i t can beperceived as th ese sam e on es were con ceived an d e labor ated f rom con cepts

    rescued in Psychol ogy. In th e secon d on e, each th eory w i l l be presented inagreem en t w i th the sin gu l a r i t y an d spec i f i c i t y, descr ibed in a pecu l ia r wayf rom the op t ics o f i t s iden t i f i ca t ion .

    Key words: intelligence; multiple intelligences; emotional intelligence;

    psychology.

    V.1 - Out/2002

    127

    Licenciad o p ela E scola d eEducao Fsica e M estre emP sicologia d a E ducao pelaU niversidade de So Paulo, comespecializao em EducaoEscolar pela U N IC AM P e P rofessordo D epartam ento d e C incias daSade na UN IN O VE

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    2/18

    Introduo

    Antes de discorrer sobre as teorias recentes, vale ressaltarqu e, segu n do Gardn er ( 2000: 121) , o term o teor i a apresen ta do is

    s ign i f i cados:

    O s f si c o s r e ser v a m - n o p a r a u m c o n j u n t o

    expl c i to de proposies con cei tu a lm en te l i gadas,

    cu ja va l idade ind iv idua l ou con jun ta pode ser

    afer ida at r avs de exper i m en tao sistem t ica. Os

    l e i g o s u s a m o t e r m o d e f o r m a m a i s l i v r e ,

    r e f e r i n d o - s e a q u a l q u e r c o n j u n t o d e i d i a s

    m an i festadas verbal m en te ou por escr i to .

    Trs qu estes fu n dam en ta is devem ser con sideradas quan dose d iscutem as qu estes re lac ion adas com a i n tel i gn c ia , segu n do asconcepes de Gardn er. A pr i m ei r a d i z respei to sin gu lar idade dain tel i gn c ia ou a d iversas facu l dades in telectu a is re la t i vam en tein depen dentes. Os pu r i stas, com o Char les Spearm an ( 1927) e seu sd i sc pu los Her rn stein e M u r ray ( 1995) , defen dem a n oo de u m ain tel i gnc ia gera l , n i ca ; j os p lu ra l i stas, com o Th u rstone ( 1938) eG u i l f o rd ( 1 9 6 7) , co n si d era m a i n t el i g n c i a u m a co m p o si o d e

    m u i to s elem en tos di ssocia dos.A segun da r efere-se ao fato d e a in tel ign cia ser h erdada, ou

    n o. Nas soc iedades da sia Or ienta l qu e eram in f lu en c iadas porConf c io , su pu n h am -se pequ en as as d i feren as in d iv idu ais emterm os de dotes in telectu ai s, e a di feren a se fazia pr esente n o esforopessoal para se at in g i r o su cesso. Darw in sim pat izou com essa i diaaf i rm an do qu e, se os lou cos fossem executados, no h aver i a m u i tad i f erena en t re os h om en s qu an to i n tel i gnc ia , e sim qu an to aozelo e dedicao ao t rabalho.1 J no Oc iden te , Ga l t on (1883) ,

    T e r m a n ( 1 9 1 6 ) , H e r r n s t e i n e M u r r a y ( 1 9 9 5 ) a f i r m a m q u e ain te l ignc ia inata e que a pessoa pouco pode in f luenc iar essedesen volv im en to.

    A tercei ra relaciona-se ao fato de os testes de intel ignciaserem ou n o pr econ cei tu osos. Nos pr im eiros testes, as su posiescu l tu rai s eram expl c i tas, o qu e favor ecia as respostas dos r i cos. Nosan os 60, qu an do esses testes vol ta ra m ton a, os psicom etr istasesfor aram -se par a el i m in ar dos testes as pergu n tas precon cei tu osas.

    Dialogia

    Inteligncias mltiplas e inteligncia emocional: conceitos e discusses

    128

    1 A observao de D arw in estcitad a em B ow ler, P. D efiningD arw inist. In. Time LiterarySupplement. 21/12/98.

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    3/18

    Atu al m ente, vem os dua s verten tes de estu dos que di scu temas questes re lac ionadas in te l ignc ia : a teor ia das In te l ignc iasM l t i p l as proposta por Gardner e a t eo r i a da I n tel i gnc ia Em oc iona lp roposta por Go lem an . Ao fazerm os u m a l e i t u ra c r i t er i osa de am bas,podem os perceber qu e elas no so opostas ou cont r ad i tr ias, m asco m p l e m en t a re s, e co m i n t er l i g a e s en t re seu s p r i n c i p a i sfun dam en tos. Por tan to , u m a no deve anu la r a ou t ra ; ao con t r r i o ,as du as devem ser u t i l i zadas de form a bastan te am pla.

    1. A teor ia das inteligncias mltip las

    No vas di scu sses sobr e as m odern as con cepes a r espeitoda i n tel i gnc ia i n i c i am -se com a obra Est ru tu r as da m en te: a Teor i a

    das In te l ignc ias Ml t ip las, de Howard Gardner (1994 b) . Nestaobra, o au tor apresen ta os fun dam en tos ter i cos n os qu ais se baseiapara desen volver su a teor i a . Gardn er ( 1994b:46) a f i r m a qu e:

    U m a c o m p e t n c i a i n t e l e c t u a l h u m a n a d e v e

    a p r e s e n t a r u m c o n j u n t o d e h a b i l i d a d e s d e

    reso lu o de p rob lem as capaci tan do o in d iv duo

    a reso lve r p rob lemas ou d i f i cu ldades genu nos

    qu e ele en con t ra e , quan do adequ ado, a c r ia r u m

    produ to ef icaz e deve tam bm apresen tar u mpotenc ia l pa ra encon t ra r ou c r ia r p rob lemas por

    m eio d i sso p rop ic ian do o las tro para a aqu isio

    de conhec imento novo .

    Retom an do o con cei t o f a to r i a l de i n tel i gn c ia , Gardn er serevo l t a co n t ra o m o d o re d u c i o n i st a d e con si d er - l a ( Q .I . ) e i n s i st en u m p o n t o co m u m , qu e ser , sem d v i d a , o g ra n d e d esa f i o p a ra osculo XXI : os papis que representaro os d iversos t ipos dein te l i gnc ias nas d i ve rsas ocupaes p ro f i ss i ona i s . Enquan to asa b o rd a g en s t r a d i c i o n a i s d e i n t e l i g n c i a cen t ra l i za va m o f o co d am a t r i z d e t a l e n t o n o p r p r i o i n d i v d u o (p a r t i n d o d a h i p t e se d equ e as d i ve rsas capac i dad es das pessoas em erg i amin depen den tem en te dos dom n ios par t i cu l a res ex i sten tes nessac u l t u r a ) , a v i s o c o n t e m p o r n e a d a s i n t e l i g n c i a s m l t i p l a scen t ra l i za o fo co d a m a t r i z d e t a l en t o n o b i n m i o i n d i v d u o -cu l t u ra ( em vez de com petn c ias abst ra tas, i den t i f i cam -se pap i ssi g n i f i ca t i vo s n u m a so c i ed a d e) .

    V.1 - Out/2002

    Ubiratan Silva Alves

    129

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    4/18

    P a ra G a rd n e r ( 1 9 9 5 ) , a i n t e l i g n c i a re p re se n t af u n d a m e n t a l m e n t e u m potencial biopsicolgico. Assim , o fato deum ind i v duo ser cons iderado i n te l i gen te ou no , e em qua i sa sp ec t o s essa i n t el i g n c i a p o d e i n c i d i r co m m a i o r f a c i l i d a d ere l a c i o n a -se, p r i n c i p a l m en t e, su a h era n a g en t i ca e spro pr iedades psicol gi cas, varia n do de seu s poderes cogn i t i vos at assu as disposies de person al ida de. Dian te disso, o tal ento poderi a seren carado com o sin a l de u m poten c ia l b io psico lg i co precoce ema l g u m d o s d o m n i o s ex i st en t es n u m a cu l t u ra .

    G a rd n e r ( 2 0 0 0 : 4 7 ) co n ce i t u a i n t e l i g n c i a co m o u mpoten c ia l b iops ico lg ico p ara processar in form aes qu e pode sera t i va d o n u m ce n r i o cu l t u ra l p a ra so l u c i o n a r p ro b l e m a s o u c r i a r

    p rodu tos qu e sejam va lo r i zados n u m a cu l t u ra . Com essa def i n i o ,o au tor acen tu a a id ia de qu e as in tel i gnc ias n o so com o objetos,ou seja, n o podem ser vi stas n em con tadas. As in tel ign cias sopo ten c ia i s p resu m ivelm en te n eu ra i s que podem ou n o ser a t i vadosde acordo com os va lores da cu l tu ra espec f i ca, das opor tu n idadesdispon veis e das decises pessoai s tom adas por in di vdu os oufam l ias, professores e out r os. De acordo com esse concei to , an u lam -se as an t igas crenas de que in tel i gn c ia um a facu ldade n ica, e oi n d i v d u o , i n t el i g en t e o u b u r r o .

    Para esclarecer o que se entende por intel igncia, Gardner( 1995) , em con ju n to com Dav id Feldm an e M ih a l y Csi kszen tm ih a l y i ,d i feren c ia t rs com pon entes bsicos da person al ida de: ta len to(po tenc ia l ) , domn io e campo. Enquan to o t a l en to um po tenc ia lb i o p si co l g i co , o d o m n i o en t en d i d o co m o a a p l i ca o d edeterm in ado po ten c ia l pa ra um a d i sc ip l i n a ou u m cam po de estudosre lac ionado a esforos h u m an os soc ia lm en te constru dos. O cam po,por sua vez, representa o conjunto de inst i tu ies e os juzes quedeterm in aro os produ tos qu e podem ser con siderados de m r i to .Por tan to , cada domn io requer ma is de uma i n te l i gnc ia , a qua lpode ser desdobr ada em vri os cam pos.

    O dom n i o descr i t o por Gardn er ( 2000 : 105) :

    u m con ju n to o rgan izado de a t iv idades den t ro de

    u m a cu l tu ra ca rac ter izado por um sistem a se

    sm bol os espec f i co e as oper aes dele

    r e s u l t a n t e s . Q u a l q u e r a t i v i d a d e c u l t u r a l q u e

    Dialogia

    Inteligncias mltiplas e inteligncia emocional: conceitos e discusses

    130

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    5/18

    con te com u m a par t i c ipao m a is do que casu a l

    dos in d ivdu os, e n a qu al se possam ident i f icar e

    cu l t i va r g raus de espec ia l i zao , deve ser

    co n sid era d a u m d o m n io .

    Pode-se conc l u i r qu e o cam po que dec id i r sobre acons t ruo do dom n io e sobre os t i pos de i n tel i gn c ia va lo r i zadose m c a d a c u l t u r a , c o m o a p o n t a G a r d n e r ( 1 9 9 5 ) . O i n d i v d u ota len toso ( com po ten c ia l ) i den t i f i cado m ed ida qu e sobressa iem determ in ado dom n io . J o p r od g io aqu ele que sobressa ien t r e os d em a i s, d em o n st r a n d o p r e co c i d a d e i n c o m u m .F i n a l m e n t e , o p e r i t o o i n d i v d u o q u e a t i n g e u m a l t o g ra u d eco m p et n c i a em a l g u m d o m n i o .

    Os in d iv du os con siderados cr ia t i vos reso lvem probl em asregu la rm en te, ou e laboram produ tos para determ in ados dom n i os.Os considerados gn ios t raba lh am de m ane i ra c r i a t i va em a lgu md o m n i o , ex e r cen d o u m ef ei t o m a t er i a l n a su a d ef i n i o edel i n eao. No fu tu ro, os in d iv du os qu e esto n esse dom n io terode l idar com as cont r ibu ies dos qu e so con siderados gn ioscr ia t i vos. Segu n do Gardn er ( 1995) 2, qu a n t o m a i o r f o r a a b ran g n c i ada con t r i bu i o do i nd i v duo para d i f e ren tes cu l t u ras , l oca i s epocas, m ais gn io ser con siderad o.

    O ta lento aparece n o j ovem qu an do est crescen do, e su asex perin cias tendem a ser cr i stal izado ras. A pro dig iosidad e acon tecetam bm n a fase de cresc im en to, au m en tan do os recu rsos u t i l i zados.A percia desenvol ve-se n o perod o da ps- adol escn cia e depend e doconh ecim en to e das h abi l idades cum u lat ivas. A cr ia t i v idade, qu etam bm se desenvol ve n o perodo ps-adol escn cia, pode en trar emch o q u e co m o d o m n i o e co m o cam p o n o q u a l se i n sere ,prevalecen do a assin cron ia produ t iva. O gn io su rge gera l m en te

    quan do a pessoa a t i n ge a m atu r i dade.Com base n esses con cei to s, Gardn er ( 1995 ) estabelece

    a l g u n s p r i n c p i o s b si co s q u e p erm i t em a i d e n t i f i ca o 3 d a sin tel i gnc ias m l t i p l as:

    1 H um a rela t i va au tonom ia das i n tel i gnc ias. Assim , u m afacul dade cerebra l pode ser dest ru da ou iso lada, em razo de dan ocerebral , sem afetar as ou tra s;

    2 E n q u a n t o o s idiots savants4 podem apresen ta r um ta len to

    V.1 - Out/2002

    Ubiratan Silva Alves

    131

    2 G ardner (1995: 53-4) apresenta,em form a de tabela, a m atriz detalento relacionand o a idade com ainteligncia. Vale lem brar que ainteligncia se apresenta emqualquer m om ento da vida.

    3 Alves (200 1) apresenta e aplicaum questionrio para identificaodas inteligncias.

    4 O s idiots savantsso ind ividuo sm entalm ente deficientes, com umtalento altam ente esp ecializad o emdeterm inada rea, tal com o clculorpido , m em ria o u execuom usical. (G ardner, 19 95 : 14 )

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    6/18

    especia l para determ in ada at i v idade, os prodg i os podem apresen taru m a acen tuada p recoc idade apen as n u m a determ in ada rea ;

    3 A i n tel i gnc ia hu m an a pode ser def i n i da com o um si stem acomputac iona l gene t i camente p rogramado, que pode ser a t i vadopor t i pos de i n fo rm ao apresen tados i n tern a ou ex tern am en te;

    4 As in tel i gn c ias se desen volvem em cada ser h u m an o de m odod i ve rso . Assim , o d esen vo l v im ento pode basear -se no ta l en tod i f erenc iado de cada u m ou por t re i nam en to espec fi co ;

    5 A in tel i gn c ia n o se desen volve de form a i so lada, exceto empessoas in com u n s;

    6 H d i f eren tes com petn c ias para u m a m esm a i n tel i gnc ia ;

    7 Testes de in tel i gn c ia n em sem pre testam o qu e preten dem

    testa r . Testes do t i po l p i s e pape l ex c lu em de term in adascapacidades, p r i n c ipa lm en te as que en vo l vem in terao com ou t rosind i v duos ;

    8 G ra n d e p a r t e d a co m u n i ca o e re p re se n t a o h u m a n a socor rem por m eio de u m si stem a de si gn i f i cados cu l t u ra lm en tepro je tados que cap tam fo rm as im por tan tes de i n fo rm ao . Ossistem as de sm bol os so ba sicam en te de t rs espcies: l i n gu agem ,desen h o e m atem t i ca .

    Gardn er ( 2000) a f i r m a qu e esses cr i tr ios n o represen tama l t ima pa lav ra na i den t i f i cao das i n te l i gnc ias . No en tan to ,co n s ti t u em u m co n j u n t o ra zo vel d e f a to re s q u e d evem sercons iderados nos estu dos da cogn i o h u m an a. Para e le, asi n t el i g n c i a s s o e st r i t a m en t e a m o ra i s, p o d en d o ser u sa d a sin d ist in tam en te para con st ru i r ou dest ru i r . Devem os, en to, esforar-n o s pa ra cu l t i va r t a n t o a i n t el i g n c i a co m o a m o ra l , pro cu ra n d ou n i - las. O uso con st ru t i vo e posi t i vo da in tel i gn c ia n o acon tece poracaso, e a deciso de com o desenvol v-l a um a qu esto de valo res,

    e n o d e u m a f o r a com p u t a c i o n a l .

    1.2 . As inteligncias ml tiplas

    Al icerado nos cr i tr ios apresentados, Gardner (1994b)prope 7 (sete) in tel i gn c ias5:

    1 . Lgico-Matemtica: a capacidade de desenvolverrac iocn ios dedu t ivos e v islu m brar so lu es para p rob l em as, bemcomo a f ac i l i dade em l i da r com nmeros de fo rma e fe t i va ou com

    Dialogia

    Inteligncias mltiplas e inteligncia emocional: conceitos e discusses

    132

    5 A rm strong (2001: 160) apresentaum a lista d e p rofissescateg orizadas pelas p rincipaisineligncias.

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    7/18

    ou t ros ob je tos m atem t icos en volven do c lcu l os ou t ran sform aes.I n c l u i a sen si b i l i d a d e a p a d r e s e re l a c i o n a m en t o s l g i co s,af i r m aes e pro posies ( se - ent o, causa - efei to) , fu n es e ou tra sabstra es relaci on adas. Pode ser d etectada em pro f ission ais, tais

    com o: en genh eiros, f sicos, m atem t i cos e m estres de obras;2. Lingstica: a capacidade de l i dar cr i a t i vam en te compalavras e u s- l as de form a efet i va n a l n gu a corrente e de acordocom o sent i do das m en sagen s. Esse u so pode ser oral ou escri to. Seuu so p r t i co i n c l u i a r e t r i ca (u so d a l i n g u a g e m co m f i n s d eco n ve n c i m e n t o ) , a m n e m n i ca (u so d a l i n g u a g e m co m f i n s d el em b ra r i n f o rm a es) , a exp l i ca o ( u so d a l i n g u a g em com f i n s dei n f o rm a o ) e a m e t a l i n g u a g e m (u so d a l i n g u a g e m p a ra f a l a r

    sobr e ela m esm a) . Pode ser d etectada em escri tor es, radi al i stas,advogados e poetas;

    3. Espacial: refere-se com petn cia especial p ar a a percepo eadm in ist rao do m u n do v iso-espacia l , d i reo no espao con cretoou abstrato, r eal izao de t ran sfor m aes sobr e essas percepes e or ien tao apropr iada sobre u m a m at r i z espacia l . Pode serdetectada em m ar i n h ei r os, gegrafos, arqu i te tos e exp l orador es;

    4. Cinestsico-Corporal: refere-se fac i l i dade em so lu c ion arp rob lem as relac ion ados ao co rpo . a per c i a em t raba lh ar com

    o b j et o s en v o l v en d o o c o r p o c o m o u m t o d o o u em p a r t es,expressando i dias e/ou sen t im en tos, p roduz in do ou t ran sfo rm andocoisas. Pode ser detectada em at l etas, ar t istas, bai la r i n os, ator es.m ecni cos e c i ru rg i es;

    5. Musical: refere-se faci l ida de em perceber, discr i m in ar,t ran sfor m ar ou se ex pressar po r m eio dos di feren tes t ipo s de son s,i n st ru m en tos m u si ca i s, son s n a tu ra i s e m u si ca i s. Alm d i sso ,favorece a d i st in o de m elod i as, t im bres, tons, r i tm os e f req n cias.Pode ser detectada n os m sicos, com posi tores e m aestros;

    6. Interpessoal: a capacidade de re lac ion ar-se bem com osou tr os, de perceber, com pr een der e fazer di st i n es das sensaesa lh eias ( h u m or, i n ten es, m ot i vaes) , de t er em pat i a com opr x im o. Esta sen sibi l i dade est a ssociad a a expr esses facia is, vozou gestos. Pode ser detectada em l d eres, sin di cal i stas, pol t icos eprofessores;

    7. Intrapessoal: a capacidade de au tocont r o le , de conh ecer o sprpr ios l im i tes e poten c ia is , de estar bem consigo m esm o, de

    V.1 - Out/2002

    Ubiratan Silva Alves

    133

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    8/18

    a d m i n i st r a r su a s p r p r i a s sen sa es, su a a u t o -e st i m a ,au tod i sc ip l i n a e au to - im agem , ag in do de fo rm a adap ta t i va combase n esses con h ecim entos. Pode ser detectada em psicl ogos,terap eut as, assistentes soci ai s e com ercia n tes.

    Para Gardner (1994a) 6, as intel igncias descri tas so parted e u m a h e ra n a h u m a n a g e n t i ca . P o r t a n t o , e m a l g u m n ve lbsico, podem m an i festar-se in depen den te da edu cao e do apoiocu l tu ra l . Excetu an do-se a lgu n s seres excepcion ais , em gera l todospossu em a lgu m po ten c ia l em cada um a das i n tel i gnc ias.

    O g ran de m r i t o de Gardn er f o i ap r esen ta r u m a var i edadede in tel i gn c ias qu e in c lu em tan to aspectos in telectu a is qu an to no-in telectu ai s. Ao con siderar a s in tel i gnci as pessoai s ( com petn cia

    in terpessoal e in t rapessoal ) aspectos fu n dam en ta is de l ideran a,re lac ion am en to, reso lu o de conf l i tos, an l i se soc ia l e sat isfaoin te r i o r s i n ton i zada , o au to r p rovocou um avano cons iderve l nafo rm a de con cei t u a r a i n tel i gnc ia , f o rnecen do a lgu n s su bsd iospara o poster i or desen volv im en to do l i v ro de Golem an sobre aI n t el i g n c i a E m o ci o n a l ( 1 9 9 5) .

    Em bora todos os seres h u m an os possu am , de form a gera l ,todas as in tel i gnc ias em determ in ado grau , a lgu n s podem sercon siderado s don os de ta l en tos d i f e renc i ados , m ed ida qu e

    apresen tam a lgu m as capacidades e h abi l idades de determ in ado t ipode in te l ignc i a ext rem am en te bem desen volv idas. Esse fa to m u i toim portan te para o desen volv im en to da cu l tu ra, po is so estesin d i v duos qu e possu em u m ta len to espec ia l pa ra p rop i c i a r avan ossign i f i cat i vos n as m an i festaes cu l tu ra i s re lac ion adas ao t ipo dein tel i gn c ia n o qu al apr esen tam seu s pr i n c ipa is ta len tos. O desaf ioque Gardn er ( 2000 : 60) l an a com o aprovei t a r a si n gu la r i dade an s co n f e r i d a n a q u a l i d a d e d e e sp c i e q u e e x i b e v r i a sin tel i gnc ias.

    Em 2000, esse autor props m ais t rs in te l ignc i as, a lmdas sete apresen tadas anter iorm en te: a N atu ra l i sta , a Espi r i tu a l e aExi sten c ia l . A in tel i gn c ia Natur a l i sta , cons iderada pelo autor com osen do ra zoavelm en te desen volv ida em todo ser h u m an o, revela- sepor m eio de u m a g ran de capacidade n o reconh ec im en to e n aclassi f i cao de nu m erosas espcies da f lo ra e da fau n a de seu m eioam biente, podendo ser id en t i f i cada por vr ias habi l i dades, ta iscom o: a t rao d ian te do m u n do na tu ra l , sen sib i l i dade dem on st rada

    Dialogia

    Inteligncias mltiplas e inteligncia emocional: conceitos e discusses

    134

    6 A s inteligncias descritasencontram -se m ais exploradas naob ra de G ardner: Estruturas damente: a teo ria das IntelignciasMltiplas (1994 b), na qual o autoraprofund a as questes q uecircundam cada um a delas.

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    9/18

    ao ver pa isagen s n at i vas, sent i m en to de xtase ao estar em con tatocom este t ip o de am bi en te, faci l ida de de en ten der e de perceber asdi feren as en tre t ipo s di feren tes de an im ais e de plan tas. Pode serde tec tada em bo tn i cos , gegra fos , ocean gr a fos, j a rd i n ei r os,

    zolog os e veter i n r i os. A im por tn c ia desta in tel i gnc i a estcom provada n a prpr ia h istr i a da evolu o das espcies, na qu al asobrev ivn c ia re lac ion a-se basicam en te h abi l idade de d ist in gu i r a sespcies predado ras e as qu e servem de al im en to ou bri n qu edo. Ascr i an as tm u m a g ran de p red i sposi o para exp lo r a r o m u n dona tu ra l , ha ja v i s ta a g rande popu la r i dade dos d inossauros noi m a g i n r i o i n f a n t i l , p r i n c i p a l m en t e n a f a i xa et r i a q u e co r resp o n d eaos cin co an os de idade.

    Em re lao i n te l i gn c ia esp i r i t ua l , Gardner ( 2000) p ropetrs di feren tes sig n i f i cados:

    a- a preocupao com questes csmicas

    Aqu i , evidencia m -se re laes com exper inc i as e en t idades csm icasdi f ceis de ser apr een didas, po is no fazem par te de u m m u n dom ateria l i zado. Essas relaes vo al m do q u e se pode perceberd i r etam en te e in c lu em os m istr i os da n ossa prpr ia ex is tn c ia e dasexp er i n c i a s q u e ca d a u m t em co m a v i d a e co m a m o r t e,exp l i c i tadas nas seguintes perguntas apresentadas por Gardner

    ( 2 0 0 0: 7 2 ) :

    qu em som os? De onde v iem os? O que o fu tu r o n os

    reserva? Por q u e exi st i m os? Qu al o senti do da

    vida, do am or, das pedras t rg icas, da m orte?

    Qua l a na tu reza de nosso re lac ionam en to com

    u m m u n d o m a i s a m p l o e c o m s e r e s q u e

    u l t r apassam n ossa com preen so, com o nossos

    deu ses ou n osso D eus?

    O con tedo d estas in daga es pode parecer sim pl es, porm ,na p r t i ca , t o rna-se mu i to comp lexo e po lm ico . Conc lu i o au to r( 2000: 72) qu e ta l con te do se re fere a tu do, m en te, ao corpo, aosel f , n atu reza, ao sobren atu ra l e, s vezes, a n ada! . Por ou t rolado, esses concei tos cont r astam com os dom n ios da c inc ia e dam atem t ica, qu e so re la t i vam en te del i m i tados e sim ples.

    b- a conquista de um estado.

    In ic ia l m en te, prec iso qu e se d is tin gam dois sign i f i cados c lssicos

    V.1 - Out/2002

    Ubiratan Silva Alves

    135

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    10/18

    de sab er: o saber -com o e o saber-qu e. O pr im ei r o descreve os m bi tosda exper i n c ia ou dom n ios da ex i stn c ia cu jo s ign i f i cado as pessoasbu scam en ten der. Assim , cer tas cu l tu ras recon h ecem qu e a lgu n sin d iv du os tm m ais faci l idade de at in g i r cer tos estados psico lg icos,ou t i veram exper in c ias d i tas esp i r i tu a is , ta is com o: estados dem ed i t a o , t r a n s e, i m a g i n a o t r a n sc en d en t a l , f en m en o spsqu icos, esp i r i tu a is ou in telectu a is . Algu n s in d iv du os, com o osm st icos ou i ogu es, at in gem faci l m en te esses estados e podem ata ju dar ou t ros in d iv du os. Em re lao ao segu n do sign i f i cado, essesestados podem ser a t i n g idos pelos m todos t rad i c ion ais , com o u mconj u n to de exercc ios, ou po r m todos person al i zados, ta is com o: ouso de drogas a luc ingenas ou exper inc ias sensor ia is ouv i r

    m sica, por exem plo. Por tan to, essas du as form as de saber podemser con sid era das u sos da m ente, sejam estes pr ofu n dos ou f r volo s,i n sp i rados ou m a l -o r i en tados.

    c- o efeito nos outros

    Alguns indivduos so considerados espi r i tuais pelos efei tos quepodem cau sar em ou tra s pessoas, seja por su as at iv ida des, seja porsu a existn cia. Esses efei to s podem ser ben ign os, tal com o o exem pl ode abn egao de Madr e Teresa de Calcu t, ou m al i gn os, com o acondu ta de Adol f H i t l er. Algu n s gran des l deres rel i g iosos, com o Bu daou Cr isto , podem ser v istos com o seres qu e at in g i r am u m a l to n velde consc in c ia e u m a l i gao fo r t e com o resto do m u n do,desprezando o Eu por u m a ex i stn c ia exem pla rm en te esp i r i t ua l .Nesse sen t i do , a l gun s i n d i v duos t ran sm i tem u m gran de sen t im en tode espi r i tu a l i dade, bem com o possu em a capacidade de sen sib i l i zarprofu n dam en te as pessoas prx im as. D ian te do qu adro apr esen tado,G ard n e r ( 2 0 0 0: 78 ) a f i rm a q u e o t erm o esp i r i t u a l , com su a sconotaes m an i festas e prob lem t icas , deve ser deix ado de la do,

    d a n d o l u g a r a u m a i n t e l i g n c i a q u e e xp l o ra a n a t u re za d aex i stn c ia em su as m l t i p l as f o rm as. Assim , um a p reocu paoexpl c i ta com assu n tos espi r i tu a is ou re l ig i osos ser i a u m t ipo m u i tas vezes o m a is im por tan te de i n tel i gnc ia ex i sten c ia l .

    A i n tel i gnc ia ex i sten c ia l aparen ta ser u m cam po m en osambguo que o esp i r i t ua l . Uma qua l i dade essenc ia l que Gardner( 2000: 78- 9) prope par a essa possvel in tel i gn c ia :

    Dialogia

    Inteligncias mltiplas e inteligncia emocional: conceitos e discusses

    136

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    11/18

    a capacidade de se si tu ar em re lao aos l i m i tes

    m a is ex t rem os dos cosm os o in f in i to e o

    i n f i n i t esim a l e a ca p a cid a d e a f im q u e a d e

    si t u a r e m re la o a el e m en t o s d a co n d i o

    h u m a n a co m o sig n i f i cad o d a v i d a , o sen t i d o d a

    m o r t e , o d est i n o f i n a l d o s m u n d o s f si co e

    psico lg i co e exper inc ias p ro fun das com o o

    am or de ou t ra pessoa ou a to ta l im erso nu m a

    obra de arte.

    De m an ei ra gera l , a con sc in c ia hu m an a, vi sta em seu ssen t idos m ais p lenos, pode pressu por u m a preocupao com asq u e s t e s e x i s t e n c i a i s . G a rd n e r ( 2 0 0 0 ) co n c l u i q u e o t i p o d e

    in tel i gnc ia Esp i r i t ua l , se def i n i do de fo rm a m a is est r i t a com oExi stenci al , pode ser m ais adm issvel .

    M a c h a d o ( 1 9 9 5 ) a c r esc en t a a esse r o l u m a o u t r ain te l i gnc ia , denominada In te l i gnc ia P i c t r i ca . Segundo o au to r ,an tes m esm o de a l in gu agem escri ta tor n ar-se acessvel ao serh u m an o, hav ia os recursos p i c t r i cos com o elem en tos f un dam en ta i spara a com u n icao e expr esso de sen t im en tos, represen tan do u mcana l po r m eio do qu a l as i n d i v i du a l i dades podem revela r-se.Ut i l i zadas ao l on go da vi da, as diversas form as de exp resso ar t st icacon st i t u em u m i n st ru m en t o i m p o r t an t e p a ra o d esen vo l v i m en t o d ain tel i gnc ia p i c t r i ca , em bora n em sem pre sejam va lo r i zadas emsu a j u sta m ed ida . Mach ado ( 1995) descreve ta l i n tel i gnc ia com osendo a capac idade de reproduz i r ou c r i a r imagens por me io detr aos ou cor es e de ex pr essar-se pelo desenh o. Pod e ser detectada emdesen h istas, graf i te i ros, cartu n istas e pin tor es.

    Apesar d isso, Gardner no acei tou a in te l ignc ia P ic tr icacom o u m a i n tel i gnc ia d i f e ren c iada , con sideran do qu e esta j

    co n s t a r i a d o co n j u n t o d a s i n t e l i g n c i a s e sp a c i a l , co rp o ra l -cin estsica, i n terpessoal e in t rap essoal . Alm di sso, aval i ou qu e elan o en con t rar i a su sten tao quan do su bm et ida aos cr i tr ios por e lepreestabelecidos.

    2. A teoria das inteligncias emocionais

    I n f l u en c iado por Gardner, um ou t ro g ru po de pesqu i sadoresl i derados por D an ie l Golem an tem -se dedicado ao s estu dos recen tes

    V.1 - Out/2002

    Ubiratan Silva Alves

    137

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    12/18

    sobre in te l ignc ia . Sua obra Inteligncia Emocional: a teoriarevolucionria que redefine o que ser inteligente, de 1995, temsu sci tado in m eras po lm icas sobre o assu n to. Segu n do o au tor, om ais im portan te para a pessoa n o possu i r apen as a l tos nd i ces deconh ec im en to i n tel ectua l , m as apresen ta r f ac i l i dade em re lacion ar-se con sigo m esm a e com os qu e a cercam .

    Basean do-se em pesqu isas e t rabal h os rea l i zados n o cam poda neuro f i s i o l og ia , Go leman a f i rma que o equ i l b r i o en t re o eu rac iona l e o eu em oc iona l determ in a basi cam en te o t a l en to nosca m p o s p esso a l e p ro f i ssi o n a l . M esm o r eco n h ecen d o q u e ad icotom ia r ac ion al e em ocion al esteja sem pre presen te, defen de aim por tnc ia da em oo para o desen vo l v im en to da razo . De acordo

    com Go lem an ( 1997 : 42) , t em os do i s crebros, duas m en tes e doi st i pos de i n tel i gnc ia : a rac iona l e a em oc iona l , com p lem en ta res ein depen dentes. Segu n do e le, as qu estes em ocion ais im pu lsion amos in d iv du os a bu scarem fel i c idade. Assim , considera apt i desessen cia i s: a au tocon sc inc ia , a adm in ist rao de sen t im en tosa f l i t i vos, a m an u ten o do o t im i sm o, a perseveran a , a em pat i a , acooperao, o en volv im en to e a capacidade de m ot ivar-se.

    Pesqu isas re lac ion adas arqu i te tura em ocion al do crebrod em o n s tr a r a m a ex i s tn c i a d e c i r c u i t o s q u e d et er m i n a m o s

    com portam en tos h u m an os. As exper inc i as ocorr i das n o per odo dai n f n c i a s o o s p r i n c i p a i s m o l d e s f o rm a d o re s d o s c i r cu i t o sem oc iona i s que com an dam os com por tam en tos de m edo, i ra ,pa ix o e a legr ia .

    G o l e m a n ( 1 9 9 7 ) d e n u n c i a a f o r m a o p r e p o n d e r a n t e -m ente acadm ica qu e a escola p ersegu e. Apesar d e preocu padacom os con tedo s a serem m in i st rados, f u n dam en ta l qu e a esco lapossa repen sar o equ i l b r i o en t re a razo e a em oo . Em bora oscon te dos representem aspectos qu e m erecem con siderao , asq u e st es em o c i o n a i s q u e a p o n t a m p a ra o a u t o co n t ro l e, p a ra aem pat i a , para a a r te de ou v i r , de reso l ver con f l i tos e de cooperarn o podem ser esqu ec idas. Nesse sen t i do , Go lem an ( 1997) b a s t a n t e ra d i ca l a o a f i rm a r q u e a I n t e l i g n c i a A ca d m i ca n oo ferece p reparo a lgu m para a v i da soc ia l , em oc ion a l e p ro f i ssi on a l .Se a s q u est es em o c i o n a i s fo r e m en c a r a d a s c o m m a i o rp ro f u n d i d a d e, ta l vez p o ssa h a ver u m a si g n i f i ca t i va d i m i n u i o d eat i tu des de v io ln c ia e de depredao o bservadas n os a l u n os, po is ,

    Dialogia

    Inteligncias mltiplas e inteligncia emocional: conceitos e discusses

    138

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    13/18

    d e a co rd o co m F reu d ( 1 9 3 8 ) , a v i d a em o c i o n a l d a c r i a n a a fet a oc om p o r t am en t o d o a d u l t o .

    As em oes im pu lsion am as d iversas aes d ian te das

    si tu aes de vida. A i r a, o m edo, a fel i c ida de, o am or, o despr ezo, ocar in h o, a su rpr esa e a t r i s teza represen tam em oes qu e acion amdiversas a l teraes f i sio l g icas. Nu m m om en to de i r a , por exem plo,o san gu e se d i r ige para a s m os, est im u lan do a pessoa a bater ou aa t i ra r. Ex i ste u m aum en to da f req n c ia ca rd aca e de h orm n ios,com o a adren a l i n a , qu e gera u m a ao m u i to v i go rosa . J nassi tu aes de m edo, os cen t ros em ocion ais d isparam h orm n ios e osan gu e segue o dest in o dos m scu lo s esqu elt ico s, levan do oin d iv du o a corr er, fug i r, escon der-se ou at a f i car com pletam en te

    im vel . A fel i c idade in ibe os sen t im en tos n egat ivos, si l en c ian do ospen sam en tos de preocu pao. Neste estado em ocion al , n o seo b serva n en h u m a a l t era o f i si o l g i ca n eg a t i va , e a p e sso aexper im en ta sen saes de t ran q i l idade, repou so e en tu siasm o,dem on st ran do d isposio par a atu ar n as d iversas tarefas. O am or u m estado em ocion al qu e se expr essa pe lo sen t im en to de afeto, derelax am ento, de calm a e de sat i sfao. As qu estes de cooperaoso bastan te faci l i tad as nesse estado. O estado em ocio n al de su rpr esain c ide na capac idade vi su a l , perm i t i n do pessoa enx ergar m elh or,

    m ed ida qu e aum en ta a quan t i dade de l u z na re t i na . Dessa fo rm a,ela poder t om ar a m elh or deci so . Na t r i st eza , ocor re um ad im in u i o da veloc idade m etab l i ca , o que gera u m a queda deen erg i a e de en tu siasm o, cont r i bu in do par a qu e a pessoa se a ju sted ian te de u m a perda sign i f i cat i va ou de a lgu m a decepo. Tr isteza,pessim ism o, cet ic ism o e desconf i an a so em oes qu e prop i c iam oau m en to de doen as com o asm a, l cera, ou dores de cabea. J ah ost i l i dade pode aum en tar a p ropenso a doen as cardacas.

    Ao descrever o crebro, Golem an ( 1995) in d ica qu e elepossu i u m pouco m a is do qu e u m qu i l o de clu las e qu e seucresc im en to ocor reu de ba i xo para c im a. na par te m a is p r im i t i vaqu e esto os cen tros em ocio n ais, o pensam ento e os sent i m entos. Poresse m ot ivo, o aprendi zado e a m em r i a su rgem poster i orm en te.Assim , a sede do pen sam en to n o Ho m o Sapien s reside n o n eocr tex,perm i t in do cer tos sen t im en tos, ta is com o: a a feio m atern a e ocom prom isso com a cr iao dos f i lh os em lon go prazo. As espciessem n eocrtex n o tm esse t ip o de anseio .

    V.1 - Out/2002

    Ubiratan Silva Alves

    139

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    14/18

    E m ca d a l a d o d o creb ro , l o ca l i za m -se a s ch a m a d a sam gdalas ( d i ferentes das en cont radas na gar gan ta) , as qu ais, noh om em , so m aiores do qu e n os ou t ros an im ais. E las desem pen h amu m papel dec isivo n as qu estes em ocion ais. Quan do ocorre a lgu mt ipo de t rau m at ism o n essa reg io, e u m a am gdala n ecessi ta serreti rada, a pessoa f i ca im possib i l i tada de aval iar o s ign i f i cadoem ocion al d os fatos ou de sen t i r sen saes com o as de m edo ou dera iva. D ian te de a lgum sin a l de per igo, so as am gdalas qu e pemem func ionamento a ro ta de emergnc ia , p reparando uma reaoan siosa ou im pu lsiva. J n o crebro em ocion al , o n eocr tex preparau m a resposta m ais adequ ada, ref let ida ou apazigu adora. O lobo pr-f ron tal esqu erdo regul a as em oes desagr adveis, en qu an to o di r ei to

    regula o m edo e a agressiv idade. En t retan to, qu an do a am gdalad ispara, o lobo pr- f ron ta l esqu erdo desl iga a em oo per tu rbadora.

    Em pesqu i sa rea l i zada com u m gru po de estudan tes emHarward , que fo ram acom pan h ados em su as v i das em oc iona i s epessoais , ver i f i cou -se que aqu eles qu e obt iveram m elh ores n otas naUn iversidade no se m ost rar am poster i orm en te bem -su cedidos emsu as v idas prof i ssion ais . Assim , um a l to desem pen h o acadm ico n o o n ico passaporte para u m a v ida fe l i z . O qu e parece prom over afel i c idad e o m odo com o a pessoa r eage di an te das vic i ssi tu des da

    v ida , bem com o o de l i da r com seu s p rpr i os sen t im en tos e com osd o s o u t ro s. P esso a s q u e n o co n seg u em co n t r o l a r su a v i d aem oc iona l en f ren tam constan tes ba ta lhas i n tern as, perden do acapacidade de pen sar com c lareza.

    M ed ian te t a i s com provaes, Go lem an ( 1999) p rope qu ese deva est im u lar n o a lu n o o con h ecim en to das prpr ias em oes eo recon h ecim en to das em oes dos ou t ros, levand o-o a l idar comelas de form a m ais con sc iente. A au to-observao o pon to de in c iopara qu e se possa am pl i ar a con sc in c ia dos prpr ios sen t im en tospor m eio da aten o no r eat iva e n o ju lgado ra dos estadosem oc iona i s .

    Gardner ( 2000 : 89) f az um a c r t i ca t eo r i a de Go lem anaf i rm an do qu e este:

    descreve u m a srie de capacida des qu e tem a ver

    co m co n h ec im en t o d e em o es, co n t ro l e d e

    em oes e sens ib i l id ade par a os estados

    Dialogia

    Inteligncias mltiplas e inteligncia emocional: conceitos e discusses

    140

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    15/18

    em oc io n a i s p r pr i os e de te rcei r os. Esta

    carac te r i zao en ca ix a -se per fei ta m ente com

    m in ha n oo de in tel i gnc i a in ter e in t rapessoa l

    ( .. .) el e a ba n d o n a o m b i t o d a i n t e l i g n c ia , n u m

    sent id o acadm ico, e en tra n as esferas d ist in tas

    dos va lores e da pol t ica socia l .

    2.1. As inteligncias emocionais

    Golem an ( 1995) apon ta qu a t ro t i pos em oc iona i s ex i sten tesen tr e as pessoa s:

    1. Os autoconscientes, qu e tm clar eza das em oes, sen do

    capazes de nom e- l as de m odo exato;2. Os mergulhados, qu e so i n u n dados pelas em oes e poucocon scien tes dos pr pr ios sent i m en tos, ten dend o a descon tro les;

    3. Os resignados, que tm c lareza dos sen t im en tos, acei tan doseu s estados em oc iona i s sem m u i ta m ot i vao para a m u dana ;

    4. Os somatizadores, qu e apresen tam sr i as d i f i cu l dades paran om ear as em oes e norm a lm en te u sam expresses com o si n to -m e p ssi m o !

    Para o au tor, as m etforas, as m sicas e as fbu las a ju dama m o l d a r a l i n g u a g e m d o c o r a o , c o n t r i b u i n d o p a r a odesen vo l vim en to em oc iona l . Por tan to , devem ser u t i l i zadas com oim portan tes recursos den t ro do cu rr cu l o escolar . Por ou t ro lado , asem oes n egat ivas esm agam a ateno e a con cen t rao e afetam acapacidade cogn i t i va. Alu n os an siosos, zan gados ou depr i m idosapresen tam d i f i cu ldades para apr en der, j qu e a preocu pao baix ao re n d i m en t o .

    Qu an to m ais d isposto o ind iv du o est iver para com preen deras prpr ias em oes, m ais fac i l i dade ter em com preen der asem oes dos ou t ros. a em pat ia qu e n os perm i te en ten der com o oou tro se sente, e isso po de ser apr een did o pelo tom de voz, pelo sgestos ou pelas exp resses facia is. Con tu do, a em pat i a decor ren teda au toconscinc ia e se desen volve m edida qu e sabem os expl i caro qu e n os acon tece n o p lan o em ocion al . Nas si tu aes fam i l iar es,por exem pl o, sem pre qu e possvel , im por tan te qu e os respon sveisexp l i qu em c r i an a qua l a n a tu r eza de seu er ro , em vez de apen as

    V.1 - Out/2002

    Ubiratan Silva Alves

    141

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    16/18

    pu n i - la pe lo err o com et ido. Os casos ext r em os da fa l ta de em pat iapodem resu l tar em atos cru is, um a vez qu e a pessoa pode n o sen t i rm edo do qu e lh e poder acon tecer.

    Para Wa l l on ( 1966) , as m an i festaes em oc iona i s n oc i vaspodem fazer t o m a l qu an to o u so de d rogas, ci ga r ro ou l coo l , vi stoqu e as em oes se ex pressam corpo ral m en te.

    A com petn cia social , por su a vez, relacion a-se capacidad ede ser au tn t ico e rapi dez qu an to l ei tu ra d as em oes dos ou tros. im portante a form a com o u m a pessoa se d i r i ge a out r a verbalm en te,po is i sso pode lev- la tan to a um const ran gim en to quan to a um adescontr ao. Pais ou professores em ocion alm en te aptos en sin amempat i a med ida que mos t ram au todomn io e con t ro le emoc iona l

    n o contato com os f i lh os ou alu n os. So m ais ef ic ientes n a aju da, set iverem a i n tel ignc ia em ocional desen volv ida, com portando- se deform a m en os tensa, sendo sociveis, sim pti cos e saben do ou vir.Conseq en tem en te, esses f i lh os ou alu n os com preen dem m elh or seu sl im i tes, torn am -se cooperat ivos e, com m aior fac i l idade, com u n icame expr essam su as em oes.

    O a l to n d ice de evaso escolar , para Gol em an ( 1995) ,ocorre basicam en te com in d iv du os re jei tados. Ta is a lu n os devem serest im u lado s a re l ac ion ar -se, a respon der adequ adam en te aos

    sent i m entos dos ou tros e a saber con trol ar su as ten ses e an siedades,com preen den do qu a l deve ser o com por tam en to m a is acei t o n asdi feren tes si tu aes cot id i an as. A a l fabet izao em ocion al se in ic iaqu an do a pessoa aprend e a l i dar com a i r a e com a t r i s teza,respei tan do as d i feren as qu an to ao m odo de en carar as d i f i cu ldadesda vida. Ao professor cabe a tarefa de desenvolver a autodiscipl ina ea capaci dade de au tom ot i var-se, alm de saber enfr entar as pressesda soc iedade para reso lver os con f l i tos. A apren dizagem em ocion aldecorre tam bm de aspectos cogn i t i vos, ta is com o: fa lar cons igo

    m esm o, ler e in terpr etar as in f lu n c ias soc ia is , tom ar dec ises,reso lver prob l em as e com preen der a perspect iva do ou t ro .

    P a ra G ol em a n , c i t ad o p o r An t u n es ( 1 9 9 8) , a f rm u l am g ica para t er sucesso n a v i da depen de de um a boa com b in aoen t re u m a i n te l i gn c ia m atem t i ca razovel , u m a boa i n tel i gnc iaverbal , um sat isfa tr io desem pen h o corpora l , m u sica l e espacia l eu m a u t o con h ec i m en t o em o ci o n a l . Seg u n d o D a n t a s ( 1 9 9 2) , qu a n d oa razo est em a l ta , a em oo est em baix a, e qu an do a em oo

    Dialogia

    Inteligncias mltiplas e inteligncia emocional: conceitos e discusses

    142

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    17/18

    est em a l ta , a razo est abafada, com o n u m efei to gan gorr a.Por tan to, podem os concl u i r q u e a base s l i da para a bu sca dafel i c idade o equi l br io ent r e razo e em oo.

    Bu scar esse equ i l br i o um a tarefa para toda a v ida.

    Referncias bibliogrficas

    ALVES, U. S. Inteligncias na Educao: percepo dos alunos erelaes com a escola. Di ssertao de m estra do, So Pau lo ,Facul dade de Educao da U SP, 2001.

    ANTUNES, C. A inteligncia emocional na construo do novoEu. Petrp ol is: Vozes, 199 8.

    ARMSTRONG, T. Inteligncias mltiplas na sala de aula. Por toAlegre: Artm ed, 2. ed. , 2001.

    FREU D, S. The Basic Writings of Sigmund Freud. Translated andedited with an introduction by Dr. A. A. Brill. New York: TheM odern L ib ra ry, 1938 .

    GALT ON , F. Inquiries into Human Faculty and its Development.New York : M acMi l l an , 1883.

    GARD NER , H. A criana pr-escolar: Como pensa e como a escola

    pode ensin-la. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1994a._ _ _ _ _ _ . Estruturas da mente: a teoria das intelignciasmltiplas. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1994b.

    _ _ _ _ _ _ . Inteligncias Mltiplas: a teoria na prtica. Por toAlegr e: Art es M dica s, 1995 .

    _ _ _ _ _ _ . Inteligncia: um conceito reformulado. Rio de Jan eiro:Objet iva, 2000.

    GOLEMAN, D. Inteligncia Emocional: a teoria revolucionriaque redefine o que ser inteligente. Rio d e Jan eiro: Objet iva, 1995 .

    _ _ _ _ _ _ . Inteligncia Emocional: a arte de educar nossos filhos.Ri o de Jan eiro: Objet iva, 1997 .

    _ _ _ _ _ _ . Trabalhando com a Inteligncia Emocional. R io deJan eiro: Objet iva, 1999 .

    GUILFORD, J. P. The structure of Intelligence. New York: McGrawHi l l , 1967 .

    H E R R N S T E I N , R . ; M u r ra y , C . The Bell Curve Wars; Race,Intelligence and Future of America. New York : Basic Bo ok s, 1995.

    V.1 - Out/2002

    Ubiratan Silva Alves

    143

  • 5/19/2018 Artigo - Ubiratan Silva Alves.pdf

    18/18

    MACHADO, N. J. Epistemologia e Didtica: as concepes deconhecimento e inteligncia e a prtica docente. So Pau lo :Cortez, 1995 .

    SPEARMAN, Ch. The abilities of man. New York : M ac M i l l an , 1927 .

    TERMAN, L. The Measurement of Intelligence. Boston : Hou gh tonM i f fl i n , 1 9 16 .

    THURSTONE, L. L . Primary Mental Abilities. Chicago : Un i v .Chi cago P ress, 1938.

    WALLON, H. Do acto ao pensamento: ensaio de psicologiacomparada. Lisboa: Por tugal ia , 1966.

    Dialogia

    Inteligncias mltiplas e inteligncia emocional: conceitos e discusses

    144