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UNINOVE
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL FRENTE AOS ALUNOS COM TDAH NAS SÉRIES INICIAIS
Melo, Rosiane da Silva Oliveira RA. 614107205
Orientador: Profª Ana Cecília Onativia
RESUMO
O presente artigo aborda a questão de alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem por motivo de desatenção e hiperatividade, que são os TDAHs. Tais alunos têm o direito, a necessidade e a capacidade de aprender, mas por falta de conhecimento sobre o assunto por parte da família e dos que atuam no sistema educacional, eles não recebem um atendimento e atenção que precisam para um melhor desenvolvimento escolar e social, sendo assim, acabam por “culpados” de seu não rendimento satisfatório e apelidados de “fora do normal”. O trabalho tem o objetivo de esclarecer o comportamento TDAH e mostrar a importância da atuação do psicopedagogo nas instituições escolares a fim de subsidiar os professores, dar orientações à família e ao próprio aluno para que esse possa ter sucesso na escola e nas interações sociais.
Palavras-chave: Hiperatividade; Desatenção; Aprendizagem; Conhecimento.
INTRODUÇÃO
Aprender: Um direito e necessidade. Toda criança tem o direito de
aprender e o aprendizado se faz necessário para que viva dignamente.
A inquietação que despertou o desejo de estudar sobre o Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade surgiu sendo eu recém-formada e
recebendo em minha primeira sala de aula, turma de 5º ano, uma aluna que
pelo comportamento “diagnostiquei” TDAH. Partindo do pressuposto de que a
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responsabilidade pelo sucesso escolar da criança se deve aos que atuam na
educação: professores, coordenadores e diretores e, mediante a situação de
várias crianças “abandonadas” pelo sistema escolar e elas próprias, as
crianças, sendo responsabilizadas pelo seu insucesso, se faz necessário
repensarmos nossas competências.
Esse documento abordará a atuação do psicopedagogo junto às
instituições escolares a fim de orientar professores e família das crianças nas
séries iniciais com TDAH para que possam conduzi-las e ampará-las nas suas
possibilidades e dificuldades. A escola considera responsabilidade da família a
preocupação com o filho que não aprende; o professor muitas vezes não tem
apoio da gestão escolar para lidar com os alunos que apresentam dificuldades
de aprendizagem e com suas próprias dificuldades de ensino e aprendizagem;
o professor não tem tempo; a família não tem conhecimentos necessários, pois
não tem parâmetros para avaliar. Cabe a orientação para que cada qual cobre
seus direitos e assuma suas responsabilidades.
Este trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro capítulo será
feita a descrição do transtorno, suas características: desatenção, impulsividade
e hiperatividade; no segundo capítulo estudaremos sobre o TDAH infantil com
enfoque sobre a visão escolar e familiar, diagnóstico e tratamento. No terceiro
e último capítulo será falado sobre como as orientações psicopedagógicas para
professores e família poderão contribuir para que o aluno TDAH avance e
tenha sucesso escolar e social.
Para a construção do presente artigo será feita uma revisão bibliográfica
que terá apoio nas contribuições de: Ana Beatriz Barbosa Silva com seu livro
Mentes Inquietas; Paulo Mattos com o livro No Mundo da Lua e Mauro Muszkat
com o livro TDAH e Interdisciplinaridade Intervenção e Reabilitação, entre
outros.
Esse artigo tem por objetivo divulgar e esclarecer mais sobre o
Transtorno de Déficit de Atenção com hiperatividade ou não, aos pais e
professores para que esses possam buscar e encaminhar suas crianças para
um tratamento adequado com especialistas da saúde e, assim, seu
desenvolvimento seja satisfatório e possam viver a vida plenamente.
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1. O QUE É O TDAH
Segundo Ana Beatriz Barbosa da Silva (2009) o TDAH é um transtorno
mental crônico, multifatorial, neurobiológico, de alta frequência e grande
impacto sobre o portador, sua família e a sociedade é caracterizado por
dificuldade de atenção, hiperatividade e impulsividade que se combinam em
graus variáveis e têm início na primeira infância, podendo persistir até a vida
adulta. Um trio que precisa de um olhar diferenciado: Distração, Impulsividade
e Hiperatividade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
O transtorno pode apresentar-se com a Hiperatividade ou não. Silva em
seu livro Mentes Inquieta (2009) usa a sigla TDA para falar sobre o sujeito que
possui o transtorno, pois ela diz que ele nasce assim, então ele é TDA e para
falar sobre o transtorno. Nesse artigo será usado TDAH para designar o
Transtorno de Déficit de Atenção com hiperatividade ou não e para falar sobre
quem o possui.
O cérebro do TDAH funciona de um modo diferente dos que não
possuem o transtorno. Não se pode considerar que é um cérebro defeituoso,
mas que traz ao sujeito um comportamento característico responsável por lhe
acarretar desacertos e angústias.
O modo de comportar-se do TDAH provém do que se chama trio de
base alterada. Segundo Silva (2009), esse trio de sintomas é constituído por
alterações da atenção, da impulsividade e da velocidade da atividade física e
mental, que serão descritas a seguir:
Alteração da Atenção: O transtorno de déficit de atenção não é o melhor
modo de designar a desatenção dos que possuem o transtorno, diz Silva
(2009, p.23). Ela prefere o termo “[...] instabilidade de atenção”, pois os TDAHs,
não têm falta de atenção, e sim, prestam atenção em várias coisas ao mesmo
tempo, ou apenas ficam com a atenção focada demasiadamente em algo, se
desligando das demais situações.
Impulsividade: A palavra impulso significa: ato de impelir, ímpeto,
esforço, estímulo. “A mente de um TDA funciona como um receptor de alta
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sensibilidade que, ao captar um pequeno sinal, reage automaticamente sem
avaliar as características do objeto gerador do estímulo (Silva, 2009 pg.)”.
O fato de a ação ter sido impensada, de se agir por impulso, sem pensar
nas consequências, traz grandes prejuízos, constrangimentos e lhe rendem
rótulos como: “mal educada”, “má”, “grosseira”, “agressiva”, “estraga-prazeres”,
“egoísta”, “irresponsável”, autodestrutiva”, e mais alguns outros como pontua
Silva (2009).
Hiperatividade Física e Mental: A criança TDAH é aquela que não para
quieta no lugar, sempre arruma um pretexto para estar se movimentando. Se
for em um momento que precise se manter sentada como por exemplo em uma
sala de aula ou em uma mesa de jantar, está constantemente mexendo as
pernas, as mãos, pegando algo que possa manusear . São crianças que têm
muita energia, pulam, correm, escalam e costumam receber designação
pejorativa como: “Bicho-carpinteiro”, “elétricas”, “desengonçadas”, “pestinhas”,
“diabinhos”, “desajeitadas”.
Como nos adultos esses sintomas são menos aparentes, alguns
estudiosos pensavam que o transtorno tendia a desaparecer depois da
adolescência, mas hoje se sabe que no adulto há uma adequação formal da
hiperatividade porque ele não ficará correndo pela sala enquanto recebe uma
visita e nem escalará os móveis do escritório, mas pode-se perceber que
sacode incessantemente as pernas, rabiscam o tempo todo algum papel, roem
as unhas, mexem o tempo todo nos cabelos, estão sempre buscando algo para
manter as mão ocupadas.
A Hiperatividade Mental ou Psíquica apesar de não ser menos penosa
que a física, apresenta-se de forma mais sutil. Segundo Silva, pode-se a
associar a um “chiado” no cérebro. Ela pode ser percebida na criança que
interrompe a fala dos outros porque não tem paciência, que não dorme direito à
noite porque seu cérebro está a mil, o adulto e a criança que dão vários “bola-
fora” por não perceberem as deixas sociais. Isso tende a afastar amigos e
relacionamentos por se comportarem de maneira desagradável.
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Para facilitar a auto identificação e também o reconhecimento dos
sintomas do transtorno em outra pessoa, Silva (2009, p.28) elaborou uma
tabela, que será colocada no ANEXO - 1, levando em consideração a vida
cotidiana. Para interpretação da lista, é preciso levar em conta a intensidade e
a frequência dos sintomas, e ainda, para caracterizar o transtorno, é preciso
que pelo menos 35 itens sejam positivos. Há ainda, um grupo com sintomas
secundários, que são os problemas que geralmente um TDAH vai
apresentando ao longo da vida em decorrência dos sintomas primários.
Há alguns indivíduos que podem apresentar alguns sintomas dos
descritos nessa lista, mas se esses sintomas não trazem grandes prejuízos e
desconforto para a vida escolar, afetiva ou profissional, o sujeito pode
apresentar apenas traços TDAH. Dependendo da frequência e da intensidade
dos sintomas, esses até podem ser benéficos ao indivíduo e ele pode procurar
tratamento ou não, dependendo do incômodo que os sintomas lhe causarem.
Geralmente quem possui traços do transtorno não procura tratamento, às
vezes recorre à medicina para tratar de algum outro problema como menciona
Silva:
Infelizmente, é raro uma pessoa com traços de TDAH chegar a um consultório médico queixando-se de seus sintomas. Como na maioria dos casos, ela pode estar com outros problemas, que julga serem mais relevantes, quando se queixa ao psiquiatra. Frequentemente considera seu jeito agitado e um pouco confuso como parte de si mesma, de sua própria personalidade. Aliás, é comum que até gostem de seu “jeitinho” e não queiram mudá-lo em nada. Afinal, como já foi dito, ter alguns traços pode ser até bastante favorável em determinados contextos. (2009, p.38).
2. CRIANÇAS TDAH
Crianças em geral, são curiosas e para satisfazer suas necessidades,
desejos e inquietações, e para “descobrir”, “conhecer” o mundo, precisam
explorá-lo, então correm, gritam, experimentam, investigam. Toda criança
saudável é um tanto “espoleta”; só que essas reações nas crianças TDAH são
muito mais marcantes, a intensidade e a frequência em que se manifestam são
bem maiores. A criança TDAH “incomoda” de certa forma, pois não para quieta
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nos momentos necessários como em uma sala de aula ou quando recebe
visitas para um jantar por exemplo. Por isso muitas vezes são denominadas
“bicho-carpinteiro”, “prego na carteira”, “motorzinho nas pernas” entre outros.
O TDAH é uma criança que tem dificuldade em manter a atenção na
aula porque sua atenção está em tudo e em todos, qualquer estímulo no
ambiente pode desviar sua atenção; mas em contrapartida pode ficar horas a
fio distraído em um jogo eletrônico. Ao intrometer-se em assuntos alheios, por
não esperar sua vez, não esperar uma pergunta ser completada para
responder, por se meter em confusões, acaba sendo desagradável, rejeitada
pelos coleguinhas de classe e recebendo apelidos pejorativos como “furão”,
“entrão”, “abelhudo”, “linguarudo”.
Por viver esquecendo os materiais da aula, perdendo coisas,
esquecendo-se dos deveres e como tem dificuldade de concentração é
também com frequência apelidada de “mula empacada” e “avoada”.
Sobre a dificuldade em manter a atenção focada, Paulo Mattos diz:
É comum dizer que eles “vivem no mundo da lua”, isto é, estão sempre pensando em outra coisa ( ou em um monte de outras coisas...) quando se conversa com eles, quando estão estudando ou lendo, quando estão trabalhando, enfim, em uma grande variedade de situações. (2005, p.15).
Mattos diz ainda que os TDAHs podem ter problemas na vida social,
familiar, escolar e profissional, mas não necessariamente; alguns deles podem
levar a vida inteira sem serem diagnosticado como quem tem o transtorno e
sobre a hiperatividade, ele acrescenta:
Na maioria dos casos, estas pessoas também são inquietas – não permanecem paradas ou sossegadas por muito tempo e detestam coisas monótonas e repetitivas – além de serem um tanto impulsivas no seu dia-a-dia. São pessoas que vivem trocando de interesses e planos e têm dificuldades em levar as coisas até o fim. (2005, p.15).
O sujeito não adquire o transtorno em decorrência do ambiente externo.
Não é porque a criança vive em situações precárias, de desconforto ou
sofrimento que adquirirá o transtorno; essas situações podem agravar os
sintomas, mas o sujeito nasce TDAH.
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O TDA é um funcionamento de origem biológica, marcado pela hereditariedade e que se manifesta na criança ainda bem jovem, antes dos 7 anos de idade, independentemente de ela ser proveniente de um ambiente hostil ou de estar passando por problemas. Mesmo nos lares mais estruturados e seguros, uma criança TDA irá se comportar como tal. (SILVA, 2009, p.65).
A criança TDAH não é menos inteligente que as ditas “normais”. Pela
dificuldade de focar a atenção, pela necessidade do movimento constante, pela
impaciência e por não perceber as “deixas” sociais, ela não consegue muitas
vezes corresponder às expectativas; mas com encaminhamentos e um olhar
diferenciado a essa criança, tanto pela família quanto pela escola, ela pode ter
rendimentos satisfatórios e até surpreendentes.
Esse comportamento diferenciado não tem nenhuma relação com déficit intelectual. Na verdade, com extrema frequência, a criança TDA é bastante inteligente e criativa. Pode aparentar imaturidade, em comparação a outras crianças de mesma idade, no aspecto emocional e no comportamento manifesto, mas não em relação à capacidade cognitiva. Com o tratamento adequado, aquela criança aparentemente imatura equipara-se as demais. (SILVA, 2009, p.66).
2.1 TDAH na Família
Segundo Silva (2009), é comum, ao ter uma criança TDAH na família,
pegá-lo para bode expiatório. Como é uma criança realmente elétrica,
desatenta, que arruma confusão com os irmãos, fala sem pensar, esquece-se
de cumprir seus deveres; mesmo ela não sendo culpada em algumas
situações, acaba por levar a culpa e ser castigada sem mesmo antes haver
uma investigação.
A criança TDAH sofre, muitas vezes é castigada fisicamente por seu
comportamento inadequado, e costuma receber muitos apelidos pejorativos na
própria família. A família precisa de informações e orientações para melhor
lidar com a situação e promover um melhor convívio para todos.
É importante buscar informações sobre o comportamento inadequado da criança antes de se concluir que ela apresenta “caráter duvidoso” ou que simplesmente é grosseira. Quanto mais informações e educação a respeito do transtorno, melhor para a criança e para a família. No decorrer do tratamento, os
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familiares recebem orientações sobre como proceder em situações específicas. (SILVA, 2009, p.69).
Há muitas famílias que até se acostumam a ter alguém para culpar
quando as coisas estão fora do lugar ou fora do controle e, quando a criança
ou adolescente começa o tratamento e há melhora, a família fica
desestabilizada.
A maneira como um TDAH é tratado na família, pode proporcionar-lhe
uma vida mais confortável ou piorar seus problemas. A criança que apresenta o
transtorno precisa de aceitação, reforço positivo e carinho; atitudes punitivas
severas e rígidas só aumentarão a rebeldia, a necessidade de chamar atenção
e a competitividade entre irmãos, reforçando o fato de que é um estorvo não só
na família, mas também na vida. Sobre isso Mauro Muszkat diz: “Certamente
que os pais não causam o TDAH, mas o relacionamento dos pais com o filho
poderá agravar ou minimizar o prognóstico da criança” (2012, p.114).
Não é fácil ser pais de um TDAH, a criança ou adolescente exige muito
dos pais e para que seu comportamento melhore, Mattos orienta, “Os pais
precisam ser um tanto criativos na forma como resolvem os problemas e na
forma como exigem as modificações do comportamento de seus filhos.” (2005,
p.63).
2.1.1 Como a família deve proceder
Os pais ou cuidadores devem reconhecer a criança como TDAH, aceitá-
la e incentivá-la nas suas dificuldades e potencialidades.
As regras devem ser claras e construídas em parceria com todos os que
atuam com essa criança: irmãos, pais e cuidadores.
Não se deve exigir que a criança cumpra todas as determinações a curto
prazo, o cumprimento das normas estabelecidas devem sempre ir sendo
lembradas e cobradas aos poucos, devem ser iniciadas com pouca exigência e
com o passar do tempo, quando a criança vai se acostumando, vai se
aumentando as cobranças. Os pequenos avanços devem ser elogiados e o
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reforço positivo funciona muito bem para melhorar o desempenho de uma
criança TDAH como esclarece Silva (2009, p.76).
Outro aspecto imprescindível é que a criança também deve ser recompensada a cada avanço que fizer. Não espere que a criança consiga, de uma só vez, comportar-se perfeitamente, se suas características de desatenção e impulsividade estiverem atrapalhando. Não se pode exigir de uma criança que, em um único salto, chegue ao topo da escada.
É preciso saber diferenciar desobediência de dificuldade em cumprir as
determinações. Quando houver necessidade de castigo, esse jamais deverá
ser físico. É preciso dar para a criança a chance de acertar, Silva menciona:
“Após a cada repreensão, dê a chance à sua criança de novamente repetir
aquele comportamento até acertar. Ela precisa saber por que está sendo
repreendida e o que é correto fazer.” (2009, p.79).
Pode-se dizer então, que o conhecimento é a melhor arma para lidar
com o TDAH. Quanto mais os pais e cuidadores buscarem, estudarem e se
informarem sobre o transtorno, melhor poderão conhecer o problema para lidar
com ele de forma apropriada.
2.2 TDAH na Escola
Com base no que diz Silva (2009), é na escola que as diferenças da
criança TDAH irão se acentuar. Na família já se percebia que algo estava fora
do normal, mas na escola, em comparação com as demais crianças, é que o
comportamento do TDAH irá se revelar mais acentuado.
De acordo com Maria Fernanda Fonseca no livro TDAH e
Interdisciplinaridade, Intervenção e Reabilitação organizado por Mauro Muszkat
(2012), os alunos com TDAH são percebidos como desatentos e hiperativos
desde cedo na infância, mas nos anos iniciais do ensino fundamental é que são
reconhecidas pelos professores, quando comparadas a outras crianças da
mesma idade. É no contexto escolar que a inquietude e a impulsividade são
interpretadas como indisciplina, e a desatenção, como negligência.
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A escola não é de fácil adaptação para nenhuma criança, pois exige
disciplina e ordem, há regras pré-determinadas, horários estabelecidos que
precisam ser cumpridos, conteúdos obrigatórios a serem ensinados e
apreendidos. Para o aluno TDAH será muito mais complicado, pois o professor
o vê como desatento, que não para quieto no lugar, que esquece o material,
não faz os deveres escolares, não tem paciência de esperar sua vez e vive
metido em confusão, pois se intromete em assuntos alheios. A criança, então,
vai sendo rotulada de forma pejorativa tanto pelos professores quanto pelos
coleguinhas de sala e não raro em toda a escola. Dessa forma a criança vai
acreditando no que dizem dela, começa achar que realmente é má e que não
merece amor, se acha incapaz e seu desempenho será cada vez pior, pois não
há quem acredite em seu sucesso e sua autoestima estará sempre abalada.
Para o professor também não é fácil, pois na maioria dos casos ele não
possui conhecimentos e não tem orientações necessárias para lidar com a
questão, sobre isso Mattos (2005, p.95) pontua "Para lidar com uma criança
com TDAH, antes de mais nada, o professor precisa conhecer o transtorno e
saber diferenciá-lo de "má-educação", "indolência" ou "preguiça".
Pesquisas nessa área tem mostrado que professores sabem pouco
sobre o transtorno, e o fraco suporte oferecido pela escola dificulta sua
condução. Por falta de conhecimentos e orientações necessárias, sofre o
professor, sofre o aluno e toda a turma fica prejudicada como coloca Silva:
O professor que desconhece o problema pode acabar concluindo que essa criança é irresponsável ou rebelde, pois em um dia pode estar produtiva e participante, mas no dia seguinte simplesmente não prestar atenção a nada e não levar a cabo os deveres. Acaba por atrair bastante atenção do professor, mas uma atenção um tanto negativa. Isso pode causar desacertos em sala de aula, já que as outras crianças perceberão o "clima" e poderão se interessar mais no embate entre o professor e aluno "problemático" do que em suas tarefas. (2009, p.70)
2.2.1 Como a escola deve proceder
A escola deve trabalhar em parceria com a família e com os profissionais
da saúde que tratam essa criança com o transtorno. A escola informada que
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determinada criança é TDAH deve instruir os demais atores da instituição de
como lidar com essa criança para que o trabalho em equipe possa
complementar o que vem sendo em casa e no consultório.
Tanto o professor quanto o aluno, na educação formal, têm um papel
ativo, incrementado pela interação social que passa pelas percepções de
ambos. A prática educativa, através da interação professor-aluno, transcende o
espaço da sala de aula, constituindo-se, também numa prática social. Os
professores nessa interação contribuem para o processo de formação da
autoimagem e autoestima dos seus alunos, em relação as suas próprias
capacidades e percepção de auto eficácia acadêmica. Se os alunos forem
constantemente apontados como diferentes, indisciplinados e desatentos,
possivelmente desenvolverão uma imagem negativa de si mesmos e uma
relação ruim com o processo de ensino e aprendizagem.
Dessa forma é preciso haver também na escola reforço positivo que
Muszkat esclarece:
O reforço positivo consiste em oferecer estímulos que aumentam as chances de um determinado comportamento ocorrer, gerando um estímulo prazeroso, uma recompensa, mas pode ser qualquer coisa que na relação com o comportamento que o precede adquira a função de aumentar a frequência deste. Seduzir a criança a cumprir os seus pedidos em troca de doces ou coisas pequenas, como cartões e adesivos, ou ainda elogios e privilégios... O uso arbitrário de reforçadores deve ser o mais breve e o mais cauteloso possível, já que o objetivo final é fazer com que a criança se comporte sem a promessa de uma recompensa... É importante ter cuidado para não oferecer prêmios grandiosos, atraindo a atenção dela para itens caros de deslocam o foco do comportamento para a mera obtenção de bens. (2012, p.126).
Silva (2009, p.80) lista algumas dicas para o professor aplicar em sala
de aula e assim melhorar seu gerenciamento junto ao desempenho de seu
aluno TDAH em (ANEXO – 2).
2.3 Diagnóstico e Tratamento
Não é fácil diagnosticar um TDAH, levando em consideração o visto
neste artigo que o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade ou não,
não é uma doença, e sim um cérebro que funciona diferente e cientes de que
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não há cérebro perfeito, que há sempre um pouco em cada indivíduo de
desatenção de impulsividade e de atividades intensas. O diagnóstico é
basicamente dado depois de uma investigação da vida do indivíduo desde o
nascimento até os dias atuais. Uma boa anamnese é o que se tem de mais
eficiente no diagnóstico do TDAH.
Conforme coloca Silva (2009) pode-se estabelecer algumas etapas no
processo do diagnóstico:
1º Procurar um médico especializado no assunto para poder expor as
ideias sobre a possibilidade de possuir esse tipo de funcionamento.
2º Relacionar para o médico as dificuldades e desconforto nas áreas
acadêmica, profissional, afetivo-familiar e social citando exemplos.
3º Verificar se esses problemas o acompanham desde a infância.
4º Certificar-se de que suas alterações se apresentam em um grau
(intensidade) significativamente maior quando comparado com outras pessoas
de seu convívio, que se encontram na mesma faixa etária e em condições
socioculturais semelhantes.
5º Eliminar a presença de qualquer outra situação médica ou não
médica que seja capaz de explicar as alterações apresentadas no seu
comportamento, bem como os transtornos que elas lhe causam no dia a dia.
O sistema americano de diagnóstico DSM-IV classifica o TDAH em
subtipos que são:
Tipo combinado: ocorre quando seis (ou mais) sintomas de desatenção
estão presentes com seis (ou mais) sintomas de hiperatividade e impulsividade
por um período mínimo de seis meses.
Tipo predominantemente desatento: nesse caso temos seis (ou mais)
sintomas de desatenção com ausência ou pequena presença (menos de seis)
dos sintomas de hiperatividade e impulsividade há pelo menos seis meses.
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Tipo predominantemente hiperativo-impulsivo: ocorre quando seis (ou
mais) sintomas de hiperatividade e impulsividade estão presentes entre os
sintomas de desatenção menos observáveis, nos últimos seis meses.
No Anexo – 3 tem-se uma tabela com os critérios diagnósticos para
TDAH extraídos de DSM-IV-TR.
Testes psicológicos também podem ser instrumentos úteis para auxiliar
o processo diagnóstico do TDAH.
Silva (2009), diz que o tratamento já começa com o diagnóstico, pois ele
na maioria das vezes vem acompanhado de um caráter libertário que, por si só,
já produz efeitos terapêuticos.
O tratamento costuma ser dividido em quatro etapas:
Informação/Conhecimento: Como diz o velho ditado e Silva (2009,
p.237) reforça “Saber é Poder”. Quanto mais conhecimento sobre o
funcionamento TDAH se tiver, mais e melhor poderá ser a busca por um
tratamento adequado fazendo parceria com os profissionais da saúde e da
educação e também para estender esse conhecimento à família e amigos.
Assim a convivência será muito menos desgastante e com certeza, mais
compreensiva e produtiva.
Apoio técnico: O apoio técnico consiste em criar uma rotina pessoal para
facilitar a vida como: Estabelecer horários regulares de maior produtividade, de
repouso, de atividades físicas e de refeições; Organizar cronogramas em
relação às suas obrigações, projetos e lazer; Criar hábitos de ter uma agenda
para anotar de véspera os compromissos do dia seguinte e conferir tudo pela
manhã antes do início do dia; Ter sempre à mão blocos e canetas para
pequenos lembretes, anotações e listas.
Se você não se sentir capaz de organizar seu apoio técnico sozinho, peça a ajuda das pessoas que convivem com você. Elas poderão lhe fornecer informações sobre seu funcionamento com mais precisão e pertinência que você imagina. Recorra também ao seu terapeuta. Apesar de a terapia ter o objetivo principal de construir uma organização interna... Muitas vezes é mais fácil e oportuno começar pela
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estruturação externa para se chegar ao mesmo fim. (SILVA, 2009, p.239).
Terapêutica Medicamentosa: Apesar de polêmica como declara Silva
(2009), o uso de medicamentos melhora os sintomas do TDAH e lhe
proporciona uma vida mais confortável. Os medicamentos podem ser os
estimulantes ou antidepressivos. Como os sintomas se manifestam
singularmente para cada indivíduo, as doses também devem ser estudadas
individualmente.
[...] o uso de medicamentos no transtorno do déficit de atenção pode e deve ser visto como uma ferramenta a mais na busca de uma melhor qualidade de vida. Tal qual o motor de um automóvel que tem seu desempenho melhorado pelo uso de um bom óleo lubrificante que diminui o “atrito” de suas peças, o cérebro de um TDA pode ter seu funcionamento facilitado por meio da medicação, contribuindo para que o indivíduo TDA viva de maneira menos desgastante. (SILVA, 2009, p.241).
Psicoterapia: Levando em consideração que o TDAH não é um problema
psicológico e sim biológico, a terapia recomendada para o tratamento é a
cognitivo-comportamental para ajudar o TDAH se organizar externa e
internamente.
De uma maneira geral, o terapeuta cognitivo-comportamental irá trabalhar com treino em solução de problemas, treino em habilidades sociais, relaxamento, estabelecimentos de agendas de atividades rotineiras e de objetivos e reestruturação de formas de pensar e lidar com problemas que podem estar sendo prejudiciais. (SILVA, 2009, p.249).
O diagnóstico sendo dado e os tratamentos adequados sendo aplicados,
tanto a criança quanto o adolescente e o adulto TDAH podem levar uma vida
confortável.
3. INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS
O Psicopedagogo é o profissional indicado para assessorar e esclarecer
a escola a respeito de diversos aspectos do processo de ensino e da
aprendizagem e tem uma atuação preventiva e/ou curativa. Na visão
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psicopedagógica, o aluno é visto de forma global, o seu cognitivo, o motor
(movimento, psicomotrocidade) e o lado afetivo são trabalhados e analisados.
Na instituição escolar, o trabalho psicopedagógico possui duas
naturezas: alunos que apresentam dificuldades na escola, o seu objetivo é
reintegrar e readaptar. Diz respeito a uma psicopedagogia curativa voltada para
grupos de aluno, à situação de sala de aula, possibilitando o respeito as suas
necessidades e ritmos. O segundo tipo de trabalho refere-se à assessoria junto
a pedagogos, orientadores e professores. Tem como objetivo trabalhar as
questões pertinentes às relações vinculares professor-aluno, é redefinir os
procedimentos pedagógicos integrando o afetivo e cognitivo através da
aprendizagem dos conceitos, nas diferentes áreas do conhecimento, consiste
em um trabalho preventivo.
Na escola, o psicopedagogo poderá contribuir no esclarecimento de
dificuldades de aprendizagem que não têm como causa apenas deficiências do
aluno, mas que são consequências de problemas escolares. Seu papel é
analisar e assinalar os fatores que favorecem, intervêm ou prejudicam uma boa
aprendizagem em uma instituição. Propõe e auxilia no desenvolvimento de
projetos favoráveis às mudanças educacionais, visando evitar processos que
conduzam às dificuldades da construção do conhecimento.
Com o aluno TDAH, o psicopedagogo trabalhará individualmente
orientando-o nas suas dificuldades, orientará o professor e a equipe gestora da
escola e também dará as devidas orientações para a família.
A criança com TDAH apresenta dificuldades na atenção e concentração,
culminando em desinteresse e indisciplina em tarefas que requeiram
responsabilidades.
O trabalho do psicopedagogo é muito importante, pois auxilia atuando
diretamente sobre a dificuldade escolar apresentada pela criança, suprindo a
defasagem, reforçando o conteúdo, possibilitando condições para que novas
aprendizagens ocorram e orientando pais e professores. É necessário um
acompanhamento centrado na forma do aprendizado, como, por exemplo, nos
aspectos ligados à organização e ao planejamento do tempo e das atividades.
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Alícia Fernández, diz: “O sintoma cristaliza a modalidade de
aprendizagem em um determinado momento, e a partir daí esta perde a
possibilidade de ir transformando-se e de ser utilizada para transformar” (1991,
p.116) e ainda completa, “A intervenção psicopedagógica não se dirige ao
sintoma, mas a poder mobilizar a modalidade de aprendizagem.” (1991, p.117).
A tarefa primordial do psicopedagogo é a de afastar o sintoma e inserir a
aprendizagem lúdica. As técnicas mais utilizadas são os jogos de exercícios
sensório-motores, ou de combinações intelectuais, como damas, xadrez, carta,
memória, quebra-cabeça, entre outros. Os jogos com regras permitem à
criança, além do desenvolvimento social quanto a limites, à participação, o
saber ganhar, perder, o desenvolvimento cognitivo, e possibilita a oportunidade
para a criança detectar onde está, o porquê e o tipo de erro que cometeu,
tendo a chance de refazer, agora, de maneira correta. Podem ser usadas
técnicas que envolvam escritas, como escrever um livro e ilustrá-lo, pode
despertar na criança o desejo em criar algo seu e admirar seu trabalho final,
podendo isso, ser estendido às lições em sala de aula.
Apenas o tratamento psicoterápico e acompanhamento com
psicopedagogo não dão conta de suprir as necessidades e carências do TDAH,
é preciso também tratamento medicamentoso. Sobre isso Mattos diz:
A grande maioria dos profissionais não-médicos que têm um bom conhecimento acerca do TDAH e que trabalham em centros de pesquisa ou de referência para tratamento informa que é necessário o uso de medicamentos e indica um médico de sua confiança, geralmente com quem trabalha em equipe. Muitos inclusive só aceitam para tratamento psicoterápico pacientes medicados, porque sabem que seu trabalho não terá o mesmo êxito com pacientes sem medicação. (2005, p.147).
É de fundamental importância os pais colocarem limites para as crianças
em todas as situações necessárias. Isso é necessário para que ela possa
transferir suas atitudes positivas para o ambiente escolar. Os pais devem ser
constantemente trabalhados com orientações e questionamentos nas atitudes
errôneas da criança.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer dessa pesquisa, entendeu-se que o TDAH é realmente um
transtorno e como tal merece e deve ser tratado, visto que, na maioria dos
casos, a criança hiperativa pode obter mais sucesso se for acompanhada de
uma ação multidisciplinar, que poderá envolver professores, pais, terapeutas,
médicos e medicamentos.
Observou-se também que a falta de informação causa sofrimento para a
criança, para a família e para os educadores. O olhar atento do professor
poderá identificar o TDAH, pois é na escola que há parâmetros para que a
suspeita possa ser investigada através de observação e entrevista com a
família. Sendo o transtorno confirmado o mais precocemente, maior a
possibilidade dessa criança ter um tratamento adequado e ser bem sucedida
na escola e na vida, assim, muito sofrimento poderá ser evitado.
O psicopedagogo é o profissional indicado para estar na escola
orientando os professores, toda a equipe escolar e também estendendo as
orientações para a família, pois poderá ser o elo principal entre a família e os
especialistas envolvidos durante o tratamento do TDAH, porém o seu papel
não é o de dar diagnóstico e sim de esclarecer aos pais que o transtorno não
tratado gera inúmeras complicações para seu portador, no convívio social,
muitas vezes levando à insatisfação, depressão, rejeição, busca das drogas,
enfim, à infelicidade.
A falta de conhecimento é o que dificulta o reconhecimento das crianças
TDAHs. Sendo assim, considera-se essencial desenvolver programas de
incentivo aos professores para se especializarem, a fim de que se possa traçar
estratégias significativas que tornem a vida dessas crianças mais fácil.
Dessa forma, há que se considerar de suma importância os estudos
sobre TDAH e a divulgação dos mesmos nos ambientes escolares, pois quanto
mais conhecimentos obtivermos sobre este assunto, muito mais poderemos
contribuir para amenizar o sofrimento e o fracasso de nossas crianças.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Ana Beatriz. Mentes inquietas, TDAH: Desatenção, hiperatividade e Impulsividade. 2ª Edição. Editora Fontanar, 2009.
FERNÁNDEZ, Alícia. Os idiomas do aprendente: análise de modalidades ensinantes em famílias,escolas e meios de comunicação. Porto Alegre: Artmed Editora,2001.
FERNÁNDEZ, Alícia. O saber em jogo: a psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. Porto Alegre: Artmed Editora,2001.
FERNÁNDEZ, Alícia. A inteligência Aprisionada: Abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas,1991.
MATTOS, Paulo. No mundo da Lua: Perguntas e respostas sobre transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Lemos Editorial, 2005.
MUSZKAT, Mauro. TDAH e interdisciplinaridade: intervenção e reabilitação. São Paulo: All Print Editora, 2012.
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ANEXO 1
Tabela para auto-identificação e reconhecimento dos sintomas do TDAH
1º Grupo: Instabilidade de atenção
1. Desvia facilmente sua atenção do que está fazendo quando recebe um pequeno estímulo. Um assobio do vizinho é suficiente para interromper uma leitura.
2. Tem dificuldade em prestar atenção à fala dos outros. Em uma conversa com outra pessoa tende a captar apenas "pedaços" soltos do assunto.
3. Desorganização cotidiana. Tende a perder objetos (chaves, celular, canetas, papeis), atrasar-se ou faltar a compromissos, esquecer o dia do pagamento das contas (luz, gás, telefone, seguro).
4. Frequentemente apresenta "brancos" durante uma conversa. A pessoa está explicando um assunto e, no meio da fala, esquece o que ia dizer.
5. Tendência a interromper a fala do outro. No meio de uma conversa lembra-se de algo e fala sem esperar o outro completar seu raciocínio.
6. Costuma cometer erros de fala, leitura ou escrita. Esquece uma palavra no meio de uma frase, pronuncia errado ou "come" sílabas de palavras mais longas.
7. Presença de hiperfoco - concentração intensa em um único assunto num determinado período. Um TDAH pode ficar horas a fio ao computador sem se dar conta do que acontece ao seu redor.
8. Dificuldade de permanecer em atividades obrigatórias de longa duração. Participar como ouvinte de uma palestra em que o tema não seja motivo de grande interesse e não o faça entrar em hiperfoco, por exemplo.
9.Interrompe tarefas no meio. Um TDAH frequentemente não lê um artigo de revista até o fim ou ouve um CD inteiro.
2º Grupo: Hiperatividade física e/ou mental
10. Tem dificuldade em permanecer sentado por muito tempo. Durante uma palestra ou sessão de cinema, costuma se mexer o tempo todo na tentativa de permanecer em seu lugar.
11. Está sempre mexendo com os pés ou as mãos. São os indivíduos que têm os pés "nervosos", girando sua cadeira de trabalho ou que estão sempre com as mãos ocupadas, pegando objetos, desenhando em papeis ou ainda ajeitando a roupa ou os cabelos.
12. Apresenta constantemente sensação de inquietação ou ansiedade. Um TDAH sempre tem a sensação de que tem algo a fazer ou pensar, de que alguma coisa está faltando.
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13. Tendência a estar sempre ocupado com alguma problemática em relação a si ou com outros. São as pessoas que ficam "remoendo" sobre suas falhas cometidas, ou ainda sobre os problemas de amigos ou conhecidos.
14. Costuma fazer várias coisas ao mesmo tempo. É a pessoa que lê e vê TV ou ouve música simultaneamente.
15. Envolve-se em vários projetos ao mesmo tempo. Um exemplo é a pessoa que tem diversas ideias simultaneamente e acaba por não levar ao cabo nenhuma delas em função dessa dispersão.
16. Às vezes se envolve em situações de alto risco em busca de estímulos fortes, como dirigir em alta velocidade.
17. Frequentemente fala sem parar, monopolizando as conversas em grupo. É a pessoa que fala sem se dar conta de que as outras estão tentando emitir suas opiniões. Além disso, não se dá conta do impacto que o conteúdo do seu discurso pode estar causando a outras pessoas.
3º Grupo: Impulsividade
18. Baixa tolerância à frustração. Quando quer algo não consegue esperar, se lança impulsivamente numa tarefa, mas, como tudo na vida requer tempo, tende a se frustrar e desanimar facilmente. O TDAH também se irrita com facilidade quando alguma coisa não sai da forma esperada ou quando é contrariado.
19. Costuma responder a alguém antes que este complete a pergunta. Não consegue conter o impulso de responder ao primeiro estímulo criado pelo início de uma pergunta.
20. Costuma provocar situações constrangedoras, por falar o que vem à mente sem filtrar o que vai ser dito. Durante uma discussão, um TDAH pode deixar escapar ofensas impulsivas.
21. Impaciência marcante no ato de esperar ou aguardar por algo. Filas, telefonemas, atendimento em lojas ou restaurantes podem ser uma tortura.
22. Impulsividade para comprar, sair de empregos, romper relacionamentos, praticar esportes radicais, comer, jogar, etc. É aquela pessoa que rompe um relacionamento várias vezes e volta depois, arrependida.
23. Reage irrefletidamente às provocações, críticas ou rejeição. É o tipo de pessoa que explode de raiva ao sentir-se rejeitada.
24. Tendência a não seguir regras ou normas preestabelecidas. Um exemplo seria o trabalhador que teima em não usar equipamentos de segurança, apesar de saber a importância destes.
25. Compulsividade. Na realidade a compulsão ocorre pela repetição constante dos impulsos, os quais, com o tempo, passam a fazer parte da vida dessas pessoas, como as compulsões por compras, jogos, alimentação, etc.
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26. Sexualidade instável. Tende a apresentar períodos de grande impulsividade sexual alternados com fases de baixo desejo.
27. Ações contraditórias. Um TDAH é capaz de ter uma explosão de raiva por causa de um pequeno detalhe (por mexerem em sua mesa de trabalho, por exemplo) numa hora e, poucos momentos mais tarde, ser capaz de uma grande demonstração de afeto, através de um belo cartão, flores ou um carinho explícito. Ou ainda um homem arrojado e moderno no trabalho e, ao mesmo tempo, tradicional e conservador no âmbito familiar e afetivo.
28. Hipersensibilidade. O TDAH costuma melindrar-se facilmente. Uma simples observação desfavorável sobre a cor de seus sapatos é suficiente para deixá-lo internamente arrasado, sentindo-se inadequado.
29. Hiper-reatividade. Essa é uma característica que faz com que o TDAH se contagie facilmente com os sentimentos dos outros. Pode ficar profundamente triste ao ver alguém chorar, mesmo sem saber o motivo. Ao mesmo tempo pode ficar muito agitado ou irritado em ambientes barulhentos ou presença de multidão.
30. Tendência a culpar os outros. Um TDAH muitas vezes poderá culpar outra pessoa por seus fracassos e erros, como o aluno que culpa o colega de turma por ter errado em uma questão da prova, já que o colega estava cantarolando baixinho na hora.
31. Mudanças bruscas e repentinas de humor (instabilidade de humor). O TDAH costuma mudar de humor rapidamente e várias vezes no mesmo dia. Isso depende dos acontecimentos externos ou ainda de seu estado cerebral, uma vez que o cérebro do TDAH pode entrar em exaustão, prejudicando a modulação do seu estado de humor.
32. Tendência ao “desespero”. Quando um TDAH se vê diante de uma dificuldade – seja ela de qualquer ordem - , tende a vê-la como algo impossível de ser transposto e, com isso, sente-se tomado por uma grande sensação de incapacidade. Sua primeira reação é o “desespero”. Só mais tarde consegue raciocinar e constatar o verdadeiro “peso” que o problema tem. Isso ocorre porque seu cérebro apresenta dificuldade em acionar uma parte da memória chamada funcional, cujo objetivo é trazer à mente situações vividas no passado e utilizá-las como instrumentos capazes de encontrar saídas para as mais diversas problemáticas. Essa memória funcional parece ser bloqueada pela ativação precoce da impulsividade que, nesse tipo de pessoa, encontra-se hiperacionada.
4º Grupo: Sintomas Secundários
34. Tendência a ter um desempenho profissional abaixo do esperado para sua real capacidade.
35. Baixa autoestima. Em geral o TDAH sofre dede muito cedo uma grande carga de repreensões e críticas negativas. Sem compreender o porquê disso, com o passar do tempo, ele tende a se ver de maneira depreciativa ou menos capaz que os demais.
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36. Dependência química. Pode ocorrer como consequência do uso abusivo e impulsivo de drogas durante vários anos.
37. Depressões frequentes. Ocorrem em geral por uma exaustão cerebral associada às frustrações provenientes de relacionamentos malsucedidos e fracassos profissionais e sociais.
38. Intensa dificuldade em manter relacionamentos afetivos.
39. Demora excessiva para iniciar ou executar algum trabalho. Tais fatos ocorrem pela combinação nada produtiva da desorganização aliada a uma grande insegurança pessoal.
40. Baixa tolerância ao estresse. Toda situação de estresse leva a um desgaste intenso da atividade cerebral. No caso de um cérebro TDAH, esse desgaste se apresenta de maneira mais marcante.
41. Tendência a apresentar um lado “criança” que aparecerá, por toda a vida, na forma de brincadeiras, humor refinado, caprichos, pensamentos mágicos e intensa capacidade de fantasiar fatos e histórias.
42. Tendência a tropeçar, cair ou derrubar objetos. Isso ocorre em função da dificuldade de se concentrar naquilo que se propõe a fazer e de controlar ou coordenar intensidade de seus movimentos.
43. Tendência a apresentar uma caligrafia ruim ou de difícil entendimento.
44. Tensão pré-menstrual muito marcada. Ao que tudo indica, em função das alterações hormonais durante esse período, que intensificam os sintomas do TDAH. A retenção de líquido que ocorre durante os dias que antecedem a menstruação parece ser um dos fatores mais importante.
45. Dificuldade em orientação espacial. Encontrar o carro no estacionamento do shopping é quase um desafio para um TDAH.
46. Avaliação temporal prejudicada. Esperar por um TDAH pode ser algo muito desagradável, pois em geral sua noção de tempo nunca corresponde ao tempo real.
47. Tendência à inversão dos horários de dormir. Em geral adormece e desperta tardiamente, por isso alguns deles acabam se viciando em tranquilizantes, ansiolíticos ou hipnóticos.
48. Hipersensibilidade a ruídos, principalmente se repetitivos. Uma torneira pingando pode ser o suficiente para irritar ou desconcentrar um TDAH.
49. Tendência a exercer mais de uma atividade profissional simultânea ou não.
E, finalmente, o critério que não se enquadra em nenhum dos quatro grupos de sintomas, mas tem sua relevância confirmada pelos estudos que apontam participação genética marcante na origem do transtorno:
50. História familiar positiva para TDAH.
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ANEXO 2
Dicas para um bom gerenciamento do TDAH em sala de aula:
1. Professores devem ter conhecimento sobre o assunto, jogo de cintura e flexibilidade para ajudar o aluno TDAH. A informação é o passo mais importante para entender como funciona a cabeça destas crianças
2. É óbvio que não cabe ao professor diagnosticar o TDAH, mas, caso perceba sintomas característicos em algum aluno, oriente a família a procurar ajuda, Quanto antes o tratamento médico e/ou psicoterápico for iniciado, menos dificuldade ele terá em sua vida escolar, que se refletirão na vida adulta.
3. Professores não são de ferro. Faça uma aliança com os pais, com encontros regulares. Isso evita que eles sejam chamados para reuniões somente em momentos de crise. O trabalho é sempre em equipe. TIME!!!
4. Mantenha contato com outros profissionais da escola e com médicos e/ou psicólogos que cuidam dessas crianças. Convide-os a visitar a escola para orientá-lo no trato com seus pacientes TDAHs. Assim o trabalho feito na escola complementará o que é realizado no consultório.
5. Ter uma dose extra de paciência é fundamental. Isso não significa ser permissivo e tolerante em excesso. Mantenha a disciplina em sala e exija que os limites sejam obedecidos. Sem exageros!
6. Aqui também vale aquela clássica regrinha da pedagogia: sempre elogie o aluno quando ele conseguir se comportar bem ou realizar uma tarefa difícil. É melhor do que puni-lo seguidas vezes sempre que ele sair dos trilhos. Neste caso estimule-o a compensar os erros que cometeu. Se ele desorganizou uma estante, por exemplo, incentive-o a organizá-la. Isso terá um triplo efeito: mostrar ao aluno qual é o comportamento correto, fazê-lo sentir-se útil e, consequentemente, diminuir sua frustração com o erro.
7. O aluno TDAH deve se sentar perto do professor e de um colega afetivo e positivo. Longe da passagem de pessoas, janelas, amigos tagarelas e de coisas que possam distraí-lo. TDAHs se interessam por muitas coisas ao mesmo tempo e são sempre xeretas.
8. A criança com TDAH tem dificuldade em organizar suas próprias regras e de controlar seu comportamento. Por isso, é fundamental que, na rotina das aulas, o professor deixe as regras bem claras, explícitas e visíveis. A criança precisa saber com clareza o que é esperado dela e como ela deve se comportar.
9. Estabeleça contato com o olhar. Olhando nos olhos da criança TDAH, o professor pode despertá-la dos seus “devaneios” e trazê-la de volta às explicações. Isso vale para as broncas também.
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10. Experimente, ás vezes, falar baixinho, quase em sussurros. O aluno “ouve” melhor do que se você gritar.
11. Ao se dirigir a ele, seja assertivo na sua colocação, firme, mas de forma gentil e afetuosa.
12. As orientações devem ser curtas e claras. Simplifique o vocabulário para que o aluno TDAH entenda melhor.
13. Divida tarefas complexas em várias orientações simples. A criança TDAH pode se sentir sobrecarregada com tarefas muito longas e ter a sensação de que não vai conseguir chegar até o final. A tendência é desanimar e, mais uma vez, se frustrar.
14. Procure esperar um pouco ela resposta de seu aluno. Ela pode ainda estar “maquinando” o que vai dizer.
15. Certifique-se de que ele compreendeu o que você pediu. Repita as ordens sempre que for necessário, de forma clara e tranquila.
16. Ensine a criança a usar a agenda. Isso trará mas organização e estrutura externa para desenvolver as tarefas solicitadas.
17. Estabeleça metas individuais, troque ideias e pergunte ao aluno TDAH o que pode ajudá-lo. Ele se sentirá acolhido, valorizado e lhe dará informações preciosas.
18. Alterne métodos de ensino, evite aulas repetitivas e monótonas. Aulas mais prazerosas, com doses de emoção e criatividade, despertam o interesse da criança TDAH, facilitando o aprendizado. Na medida do possível, deixe o aluno ser seu ajudante.
19. Pense na possibilidade de a criança sair por alguns instantes da sala. Isso diminui a sua inquietação e dispersão. É melhor perder alguns “pedaços” da aula do que a aula inteira.
20. Considere a possibilidade de se utilizar notebooks, palm tops e outros acessórios. Muitas crianças TDAHs têm dificuldade com a escrita, mas dominam bem as engenhocas eletrônicas.
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ANEXO 3
Critérios Diagnósticos para Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
A. Ou (1) ou (2)
(1) seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistiram por pelo menos seis meses em grau mal adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:
Desatenção:
(a) frequentemente não presta atenção a detalhes ou comete erros por omissão em atividades escolares, de trabalho ou outras.
(b) com frequência tem dificuldade para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas.
(c) com frequência parece não ouvir quando lhe dirigem a palavra.
(d) com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade de compreender instruções).
(e) com frequência tem dificuldades para organizar tarefas e atividades.
(f) com frequência evita, demonstra ojeriza ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa)
(g) com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros, ou outros materiais).
(h) é facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa.
(i) com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias,
(2) seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade persistiram por pelo menos seis meses, em grau mal adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento.
Hiperatividade:
(a) frequentemente agita mãos ou pés ou se remexe na cadeira.
(b) frequentemente abandona sua cadeira na sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado.
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(c) frequentemente corre ou escala em demasia, em situações impróprias ( em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação)
(d) com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer.
(e) está frequentemente “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse “a todo vapor”.
(f) frequentemente fala em demasia.
Impulsividade:
(g) frequentemente dá respostas precipitadas antes das perguntas terem sido completamente formuladas.
(h) com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez.
(i) frequentemente interrompe ou se intromete em assuntos alheios (em conversas ou brincadeiras).
B Alguns sintomas de hiperatividade-impulsividade ou de desatenção causadores de comprometimento estavam presentes antes dos sete anos de idades.
C Algum comprometimento causado pelos sintomas está presente em dois ou mais contextos (na escola [ou trabalho] e em casa).
D Deve haver claras evidências de um comprometimento clinicamente importante no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.
E Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de um Transtorno Global do Desenvolvimento, Esquizofrenia ou outro transtorno Psicótico, nem são melhores explicados por outro transtorno mental (Transtorno do Humor, Transtorno de Ansiedade ou Transtorno da Personalidade).
Codificar como:
Tipo Combinado se tanto o Critério A1 quanto o Critério A2 são satisfeitos durante os últimos seis meses.
Tipo Predominantemente Desatento se o Critério A1 é satisfeito, mas o critério A2 não é satisfeito durante os últimos seis meses.
Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo se o Critério A2 é satisfeito. Mas o critério A1 não é satisfeito durante os últimos seis meses.