apostila dinâmica imcorrigido25.01.2012_oliver
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3
VISÃO IM ................. 3
APLICAÇÃO DA VISÃO IM ................... 4
PANORAMA IM .................. 7
PRIMEIRO VALOR - ORAÇÃO ............................................................................ 11
1. ORAÇÃO COMO ESTRATÉGIA .................. 12
2. BATALHA ESPIRITUAL ................. 15
3. CAMINHADAS DE ORAÇÃO ................. 18
SEGUNDO VALOR - EVANGELIZAÇÃO .......................................................... 25
4. REALIDADE ESPIRITUAL BRASILEIRA................... 26
5. FÓRMULA PARA EVANGELISMO EFICAZ................... 32
6. EM BUSCA DA OVELHA PERDIDA.................. 36
7. PEQUENOS GRUPOS.................. 39
8. EVANGELIZAÇÃO DE CRIANÇAS.................. 43
TERCEIRO VALOR - COMPAIXÃO .................................................................... 49
9. AÇÕES DE COMPAIXÃO – JESUS E OS APÓSTOLOS................... 50
10. COMO ESCOLHER PLATAFORMAS................... 53
11. PROJETOS SOCIAIS MN.................. 56
QUARTO VALOR - DISCIPULADO ................................................................... 61
12. REFLEXÕES SOBRE DISCIPULADO.................. 62
13. ORÍGEM DO DISCIPULADO.................. 66
14. IDENTIFICANDO DISCIPULOS EM POTENCIAL.................. 69
15. O CUIDADO COM O DISCIPULO E A PERSISTÊNCIA NO ENSINO.................. 71
16. O DISCIPULADOR E A CADEIA DE DISCIPULOS.................. 74
QUINTO VALOR - FORMANDO LÍDERES ....................................................... 81
17. INTIMIDADE COM DEUS.................. 82
18. VISÃO DE DEUS PARA O MINISTÉRIO.................. 86
19. FORMANDO LÍDERES – MODELO DE JETRO.................. 94
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SEXTO VALOR - MULTIPLICAÇÃO .................................................................. 105
20. ESTRATÉGIA DA VISÃO IM................ 106
21. A IGREJA COMO ORGANISMO VIVO................ 114
22. A IGREJA ORGANISMO VIVO E O ESPÍRITO SANTO................ 117
23. A IGREJA DE ANTIOQUIA – UM MODELO PARA MULTIPLICAÇÃO................ 120
24. A PLANTAÇÃO DE IGREJAS EM SOLO BRASILEIRO................ 123
FERRAMENTAS DE SUPORTE ............................................................................. 129
25. PESQUISA DE CAMPO................ 130
26. PARCERIAS................ 133
27. COMUNICAÇÃO DO EVANGELHO .............. 135
28. CONTEXTUALIZAÇÃO .............. 138
29. PRINCÍPIOS BÍBLICOS .............. 140
30. PLANO DE TRABALHO MULTIPLICADOR .............. 143
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INTRODUÇÃO
VISÃO “IGREJA MULTIPLICADORA”
Ao falar na visão “Igreja Multiplicadora”, estamos nos referindo a Igrejas que acreditam
na Bíblia, Igrejas que obedecem aos ensinos de Jesus, que estão envolvidas com a obra
missionária, que alcançam vidas com a mensagem do evangelho, que oram por vocações, que
formam e enviam missionários; Igrejas que fazem um grande esforço para cumprir sua missão no
mundo; Igrejas que são relevantes no meio da comunidade onde atuam, que procuram atender
as pessoas em todas as suas necessidades.
Uma Igreja multiplicadora cumpre Atos 1.8, isto é, reconhece a autoridade do Espírito
Santo, procura viver na dependência DELE e sabe que deve testemunhar de Jesus - sua vida,
morte e ressurreição - a todas as pessoas, iniciando na cidade ou bairro onde está inserida, indo
até os confins da terra. É uma Igreja apaixonada por Jesus e pela obra missionária.
Uma Igreja multiplicadora está focada em pessoas muito mais do que em tijolos e
prédios; entende que Jesus morreu para salvar pessoas e seu investimento principal é para
salvação dessas pessoas, pois entende que “uma alma salva vale mais do que o mundo inteiro”. É
uma Igreja que ama o próximo, investe em oração, prega a palavra de Deus e faz novos discípulos;
entende que cada crente deve ser um ministro com a visão bíblica de multiplicação; que Jesus
pagou um alto preço pela salvação eterna; que Deus amou o mundo com um amor sem igual e
trabalhou muito pela salvação da humanidade entregando seu único filho para morrer na cruz
pelos pecados de todos; uma Igreja multiplicadora entende que Deus não faria isso com o
objetivo de tornar estas pessoas em meros religiosos, membros de uma Igreja local que passam
os anos sentados, assistindo cultos; ao contrário, cada membro é um discípulo consciente de que
todos os salvos devem estar envolvidos na salvação de outras pessoas, fazendo novos discípulos e
acompanhando-os até a maturidade.
A Igreja multiplicadora assume a responsabilidade de alcançar seus parentes, amigos e
vizinhos com a mensagem do evangelho e investe em relacionamentos sadios para que o
evangelho impacte a vida das pessoas que estão à sua volta; seus membros entendem que
colocar seus lares a disposição de Deus para iniciar estudos bíblicos com as pessoas que residem
perto de suas casas é um privilégio e também uma obrigação. É uma Igreja ciente de que a
responsabilidade de proclamar o evangelho é pessoal, sabe que prestará contas das pessoas que
partem desse mundo sem salvação.
A Igreja multiplicadora reconhece que o Grande Mandamento e a Grande Comissão,
representam a essência do ensino do Velho Testamento e do Novo Testamento respectivamente;
e que representam os dois trilhos que conduzem a Igreja ao cumprimento de sua missão no
mundo. “Jesus lhe respondeu: Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de
todo o entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo semelhante a este,
é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” Mat. 22.37-39. “Portanto, ide, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-lhes a
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obedecer a todas as coisas que vos ordenei; e eu estou convosco todos os dias, até o final dos
tempos” Mat.28.19, 20.
A Igreja multiplicadora tem conhecimento Bíblico e sabe que as pessoas que estão,
perdidas não têm obrigação de ir ao templo para ouvir acerca da Salvação, pelo contrário,
entende que é responsabilidade de cada crente ir onde as pessoas estão, seguindo o exemplo de
Jesus, que andava pelas cidades da Palestina, pregando o evangelho, curando os enfermos,
libertando os possessos e alimentando os famintos, e, que idêntico deve ser o trabalho de cada
discípulo de Jesus. Entende que o crescimento da Igreja local e a plantação de novas Igrejas
facilitará o alcance dessas pessoas, uma vez que os locais de estudos bíblicos estarão bem
próximos de suas casas.
A visão “Igreja Multiplicadora” pode ser aplicada a todos os modelos de Igrejas existentes;
independentemente da localização, nível educacional ou cultura em que está inserida. A visão
pode ser aplicada às Igrejas que estão em pleno crescimento para que experimentem um
crescimento ainda maior; a visão IM pode ser aplicada em Igrejas que se encontram estagnadas e
em declínio, garantindo o fortalecimento e o crescimento; e também na plantação de novas
Igrejas, garantindo que as mesmas cresçam internamente com a multiplicação de seus membros,
e externamente na plantação de novas Igrejas em áreas estratégicas dando oportunidade para
que as pessoas conheçam a Cristo.
Sabemos que o desejo de quase todos os pastores e líderes é que suas Igrejas sejam
bíblicas, e assim sendo, terão que ser multiplicadoras, pois não há como desassociar a
multiplicação de crentes dos ensinos de Jesus e dos apóstolos. Deus deseja que o coração de cada
líder, pastor ou missionário seja tomado pela visão de multiplicação. Deus deseja que todos os
seminários estejam envolvidos com a visão de multiplicação e assim alcançaremos a Pátria para
Cristo, nosso grande objetivo como Batistas brasileiros. “Igreja Multiplicadora” é, portanto, a
visão bíblica para crescimento, fortalecimento e plantação de Igrejas!
APLICAÇÃO DA VISÃO “IGREJA MULTIPLICADORA”
Como vimos no texto acima,“Igreja Multiplicadora” é a visão bíblica para crescimento,
fortalecimento e plantação de Igrejas e enfatiza uma visão de trabalho que nasceu no coração de
Jesus; visão que foi compartilhada com os apóstolos e deve ser adotada, não apenas para
plantação de novas Igrejas, mas também para o avanço de Igrejas estabelecidas. É necessário que
todos os crentes, membros de nossas Igrejas assimilem essa visão e a coloque em prática no seu
cotidiano. Evangelismo e discipulado deveria ser um estilo de vida para todos os salvos, como o
era na Igreja primitiva. Precisamos entender que é impossível alcançar o mundo sem a
multiplicação dos crentes, e essa era a expectativa de Jesus ao iniciar Sua Igreja; Ele esperava que
os discípulos se multiplicassem e o mundo fosse alcançado ainda naquela geração, e a Igreja
continua patinando até hoje.
Não temos dúvida de que a estratégia elaborada por Jesus era alcançar o mundo através
da obediência dos discípulos à grande comissão: “Portanto, ide, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” Mt. 28.19; onde cada
discípulo havia sido convocado para fazer novos discípulos. Se cada crente evangelizasse e
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discipulasse uma pessoa por ano, o número de crentes dobraria a cada ano, isto é, haveria um
crescimento de 100% ao ano e cada geração poderia alcançar sua própria geração. Quando
pensamos na possibilidade de um discípulo ganhar e discipular uma pessoa por ano, não se trata
de algo impossível, é uma proposta viável; poderíamos gastar três meses orando e fazendo
relacionamentos; três meses evangelizando e seis meses discipulando alguém. A vontade de Jesus
é que seus discípulos se multipliquem fazendo novos discípulos sendo essa é a forma ou fórmula
para que a Igreja cumpra sua missão no mundo.
A “IGREJA MULTIPLICADORA” E O ESPÍRITO SANTO
O livro de Atos é simplesmente esplêndido! Trata do crescimento da Igreja onde a
principal característica era a presença e direção do Espírito Santo em todas as atividades e
decisões. Ficamos impressionados com o trabalho daqueles crentes em parceria com o Espírito
Santo. Aliás, é bom lembrar que isso faz parte dos ensinos de Jesus, que enfatizou que nada
podíamos fazer sem Ele. “Porque sem mim nada podeis fazer” Jo. 15.5b. No capitulo anterior
havia dito: “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique para sempre
convosco, o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber, porque não o vê nem o
conhece; mas vós o conheceis, pois ele habita convosco e estará em vós” Jo. 14.16, 17. Gosto
muito de pensar na presença de Jesus através do Espírito Santo conduzindo a Igreja, como havia
prometido: “... e estarei convosco todos os dias, até o final dos tempos” Mat.28.20b. Precisamos
entender que a Igreja é de Jesus “...edificarei a minha Igreja” Mat. 16.18. E Ele continuará
dirigindo e impulsionando seus discípulos em toda terra. Ele é o dono e é também a cabeça da
Igreja, o líder maior e nós somos apenas parceiros. Cabe-nos a submissão a Ele para que nos
oriente e nos use para realizar o trabalho que Ele mesmo planejou para sua Igreja no mundo. A
Igreja, isto é, cada crente precisa entender a necessidade de uma vida cheia do Espírito Santo
para realizar o trabalho que Jesus determinou.
A “IGREJA MULTIPLICADORA” E O CRESCIMENTO DE IGREJAS
A Igreja teve seu iniciou com os doze que Jesus escolheu e treinou; sendo Ele mesmo o
maior interessado no crescimento da Igreja: “Chamou seus doze discípulos, deu-lhes autoridade
para expulsar os espíritos impuros e para curar todo tipo de doenças e enfermidades” Mat. 10.1.
Em seguida comissionou um grupo de setenta discípulos para dar testemunho em algumas
cidades: “Depois disso, o Senhor designou outros setenta e enviou-os adiante de si, de dois em
dois, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir” Lc. 10.1. Percebemos nesses textos o
envolvimento dos discípulos no trabalho de evangelização e discipulado, atividades que faziam
parte do cotidiano da Igreja desde os primeiros dias de sua história.
Após a morte, ressurreição e ascensão de Jesus, na primeira reunião da Igreja, onde
Matias fora escolhido como apóstolo no lugar de Judas, havia cerca de 120 crentes: “Naqueles
dias, estando ali reunidas cerca de cento e vinte pessoas...” At. 1.15a. Depois disso a Igreja
experimentou um grande crescimento: “...e naquele dia juntaram-se a eles quase três mil
pessoas” At. 2.41. “E o Senhor lhes acrescentava a cada dia os que iam sendo salvos” At 2.47b.
“e o número dos que creram aumentou para quase cinco mil” At. 4.4b. “Cada vez mais
agregava-se ao Senhor grande número de crentes, tanto homens como mulheres” At. 5.14. “E a
palavra de Deus era divulgada, de modo que o número dos discípulos em Jerusalém se
multiplicava muito, e vários sacerdotes obedeciam à fé” At. 6.7. “ouvindo isso, eles glorificaram
a Deus e disseram-lhe: Bem vês, irmãos, quantos milhares de Judeus têm crido, e todos são
zelosos da lei” At. 21.20. Isso é uma amostra do que acontecia na Igreja naqueles primeiros anos
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de sua existência. Como percebemos, seu inicio se deu com doze e agora contava com milhares e
milhares de cristãos. Deus deseja a multiplicação de sua Igreja, como acontecia no primeiro
século.
Como já dissemos a visão “Igreja Multiplicadora” não se aplica apenas à plantação de
Igrejas, mas também para o crescimento, que sem dúvida, trará um grande avivamento espiritual
às Igrejas existentes. Encontramos centenas de Igrejas que anseiam um crescimento mais rápido,
e outras que se encontram paradas há muitos anos, e o entendimento e aplicação dessa visão
trará um renovo para estas Igrejas e o povo de Deus de modo geral e poderemos experimentar
um grande avivamento espiritual.
Há muitos pastores que se encontram tristes e até desanimados com suas Igrejas, que
apesar de tanto esforço não tem alcançado os resultados desejados. E nesse caso, estão sendo
desafiados a aplicar a visão “Igreja Multiplicadora” e experimentar um novo tempo, onde a Graça
Divina há de se manifestar na vida da Igreja e levar centenas e até milhares de pessoas a salvação
eterna; onde os membros da Igreja experimentarão um despertamento espiritual e serão usados
de forma sobrenatural para a evangelização e discipulado das pessoas de seu relacionamento.
Creio que Deus quer fazer uma obra especial na vida do povo Batista brasileiro, e usá-lo para
glória do Seu nome!
A “IGREJA MULTIPLICADORA” E O FORTALECIMENTO DE IGREJAS
Esse é outro aspecto importante no Reino de Deus. Se por um lado encontramos Igrejas
estagnadas, por outro lado encontramos centenas de igrejas que estão decrescendo em seu
número de membros. Há Igrejas que estão literalmente morrendo, com seus templos fechados ou
com menos de uma dúzia de pessoas participando dos cultos. Alguns de nossos missionários estão
iniciando a plantação de Igrejas a partir de templos onde as Igrejas desapareceram; e só em 2009
realizamos o projeto “Jesus transforma” em cinco cidades onde os templos estavam fechados, ou
abrindo uma vez por mês, quando alguém ia à cidade ou bairro para realizar um culto.
O fortalecimento de Igrejas precisa acontecer em algumas cidades de nossa pátria; esse é
um clamor que ouvimos diariamente. Há muitas Igrejas vivendo momentos difíceis, sem
condições de sustentar um pastor e sem liderança local, perdendo seus membros para outras
denominações, e clamam por socorro. O que faremos? Continuaremos como se estivéssemos
surdos? Ou atenderemos seu clamor? A visão “Igreja Multiplicadora” funcionará muito bem para
o fortalecimento de Igrejas. Lembro-me de nosso primeiro campo missionário, na cidade de
Piancó no sertão paraibano, onde o trabalho Batista havia iniciado em 1958. A Igreja Batista de
Piancó havia sido organizada oficialmente em 16 de dezembro 1965, mas estava passando por
momentos difíceis, e em fevereiro de 1985, quando chegamos ao campo, contava com oito
membros. Quase trinta anos desde o inicio do trabalho e só abria o templo para cultos quando
alguém ia de fora para ministrar ou dirigir o culto. A Igreja não tinha condições de sustentar um
pastor e estava prestes a morrer, desaparecer do mapa. Missões Nacionais nos enviou para esta
região e em menos de três anos de trabalho, aplicando a visão “Igreja Multiplicadora”, ainda que
não sistematizada como temos hoje, ultrapassamos o número de setenta pessoas participando
dos cultos e três novas Igrejas haviam sido plantadas em cidades vizinhas, o que nunca havia
acontecido na história dessa Igreja, que se encontrava tão debilitada.
Quando entendemos os seis valores fundamentais da visão “Igreja Multiplicadora”-
oração, evangelização, compaixão, discipulado, formação de líderes e a plantação de novas
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Igrejas – e aplicamos em nosso ministério, é impossível não acontecer o crescimento e
fortalecimento das Igrejas. O que a Bíblia ensina é aplicável em qualquer região do Brasil e
qualquer parte do mundo. As mesmas desculpas e reclamações que ouvimos nas várias regiões do
Brasil, também se ouvia sobre o Vale do Piancó. Dizia-se que o povo era indiferente ao evangelho
e muito idólatra. No entanto, Deus operou de forma maravilhosa na região e centenas de pessoas
entregaram suas vidas a Cristo.
A PLANTAÇÃO DE IGREJAS MULTIPLICADORAS
Estamos completamente convencidos de tudo que compartilharemos nesse texto, pois,
trata-se de algo que praticamos durante vinte anos em nosso ministério. Naquela época não
tínhamos nada sistematizado como temos hoje, mas foi uma benção ter trabalhado dessa forma e
olhar para trás e ver que os resultados foram extraordinários e que aqueles crentes continuam se
multiplicando para glória de Deus.
O que aprendemos através das atividades da Igreja primitiva, foi exatamente o que Jesus
havia ensinado aos apóstolos, que foram fiéis, passando a visão para os crentes de Jerusalém, que
por sua vez se multiplicaram em toda Palestina, Ásia, Europa, Norte da África (Etiópia), e assim o
evangelho chegou até nós. Acreditamos que esta proposta de trabalho funcione em qualquer
lugar do mundo independente do seu contexto cultural. De tudo que temos visto e ouvido sobre
plantação de Igrejas, fica muito claro que a Igreja se multiplica quando seus membros oram,
testemunham de Jesus, atendem aos necessitados, investem na vida de novos discípulos e
treinam líderes. Temos desafiado nossos plantadores de Igrejas a praticar esta visão e aqueles
que acreditaram, estão muito na frente daqueles que não abraçaram a visão. Que os melhores
projetos de plantação de Igrejas de Missões Nacionais são aqueles que aplicam a visão “Igreja
Multiplicadora” é incontestável. E a ordem é que 100% de nossos missionários trabalhem focados
nessa visão.
PANORAMA DA VISÃO “IGREJA MULTIPLICADORA”
Oração – Entendemos que não é possível fazer o trabalho de Deus sem que Ele esteja à
frente através do Espírito Santo, como acontecia com a Igreja primitiva. O pastor de Igreja local ou
o plantador de Igrejas deve criar e manter uma rede de intercessores para orar pelas pessoas que
residem na região onde trabalha ou iniciará a plantação de novas Igrejas. Além da oração pessoal,
o líder deve envolver sua família e irmãos de outras Igrejas na intercessão em favor de seu grupo
alvo. Deve preparar equipes para caminhadas de oração que se engajarão em combates
espirituais nas comunidades onde as Igrejas estão inseridas ou serão plantadas. Não
conseguiremos levar pessoas a Salvação sem um programa arrojado de oração, pois as pessoas
estão presas ao pecado, escravizadas por satanás e precisam de uma libertação real, e isso só
Deus poderá fazer. Há obreiros que estão trabalhando muito, mas colhem poucos frutos porque a
lavoura não está sendo regada com a oração. A estratégia se torna eficaz quando priorizamos a
oração.
Evangelização – O trabalho de cada crente é semear abundantemente o evangelho de
Jesus Cristo e poderá fazê-lo através do filme Jesus, pequenos grupos para estudos bíblicos nos
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lares ou escolas, narração de histórias bíblicas, evangelismo pessoal, programas de rádio, música
e teatro. Não podemos esquecer a lei da semeadura apresentada na Bíblia: “Mas digo isto: quem
pouco semeia, pouco também colherá; quem semeia com generosidade, também colherá
generosamente” II Cor. 9:6. Precisamos saturar o povo com a mensagem do evangelho, que é o
poder de Deus para salvação de todo aquele que NELE crê. “Planta a tua semente pela manhã, e
não detenhas a tua mão à tarde; pois tu não sabes qual das duas crescerá, se esta ou aquela, ou
se as duas serão igualmente boas” Ecl. 11:6.
Compaixão – Envolve a criação de projetos que atendam necessidades específicas das
pessoas e que ajudam a criar relacionamentos essenciais que permitem o testemunho do
evangelho. Alguns exemplos seriam: cursos, educação, esportes e assistência social. Atualmente
usamos projetos esportivos, educacionais e de ajuda humanitária quando surgem catástrofes; e
isso tem aberto caminho para pregação do evangelho nas várias regiões do Brasil. Podemos
também ter plataformas que atendem a outras necessidades crescentes em muitos lugares do
mundo, que é o apoio financeiro para plantadores de igrejas e pastores.
Discipulado – Fazer discipulado com cada pessoa alcançada pelo evangelho
imediatamente após sua decisão pessoal de crer em Jesus como único Salvador e Senhor de sua
vida é de fundamental importância na visão IM. O líder precisará se assegurar de que todas as
pessoas que nasceram de novo entrem num relacionamento com um discipulador, onde terá
oportunidade de conhecer a Bíblia e colocá-la em prática no seu viver diário. O discipulado
genuíno é muito mais do que o estudo de uma revista ou livro, é a prática desses ensinos através
da multiplicação, isto é, evangelização e discipulado de outras pessoas; para que o processo seja
eficaz será necessário o envolvimento imediato do novo crente nas atividades da Igreja.
Formação de líderes – Não podemos pensar na multiplicação de crentes e Igrejas sem a
multiplicação de líderes. O líder deve se assegurar de que os discípulos estejam sendo treinados
adequadamente e que estejam investindo nos novos crentes através de um programa de
discipulado imediato; mas também observar aqueles que se destacam com perfil de liderança, ou
líderes em potencial, e treiná-los para a plantação e multiplicação de Igrejas. Lembrando que a
multiplicação de Igrejas depende da multiplicação de líderes e o papel principal do líder é fazer
outros líderes. Se o plantador de Igrejas não se multiplicar não será possível a multiplicação de
Igrejas.
Multiplicação – O objetivo do pastor deve ser a multiplicação dos crentes como o objetivo
do missionário deve ser a plantação de Igrejas multiplicadoras; mas para que isso se torne
realidade devem concentrar-se na multiplicação de líderes. O líder que deseja ver sua igreja se
multiplicando continuamente, ele mesmo precisa ser um agente multiplicador.
A multiplicação de igrejas é a melhor maneira de se assegurar de que todas as pessoas do grupo-
alvo terão a oportunidade de ouvir o evangelho. Para evangelizar e discipular cada pessoa em solo
brasileiro é necessário ter Igrejas próximas às pessoas, para que tenham acesso fácil e assim
ouçam o evangelho de Jesus Cristo, “pois a fé vem pelo ouvir a palavra de Deus” Rm. 10:17.
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Pesquisa – estamos pensando no mapeamento da região onde está nosso povo alvo
descobrindo onde as pessoas estão; cidades, bairros, distritos ou povoados; precisamos descobrir
quantas Igrejas ou instituições evangélicas há na região, e também quais e quantas são as
fortalezas espirituais. Lembrando que as fortalezas espirituais são aqueles lugares que prendem
as pessoas ao pecado, e isso inclui algumas religiões que praticam a idolatria. A pesquisa nos
ajudará na compreensão da cosmovisão do grupo-alvo, e assim o evangelho será compartilhado
de forma adequada e efetiva. Três áreas são fundamentais quando pensamos em pesquisa: Onde
estão as pessoas que desejamos alcançar? Quem pode nos ajudar a alcançar estas pessoas? E
quais as barreiras que enfrentaremos para alcançar estas pessoas? A pesquisa nos colocará com
os pés no chão, cientes dos desafios e resistências que encontraremos em nosso trabalho.
Parcerias – No caso de plantação de Igrejas, o missionário deve levar igrejas
estabelecidas, pessoas e organizações missionárias a adotar seu grupo-alvo; mobilizar os crentes
para orar e servir entre as pessoas de seu grupo-alvo. O missionário plantador de Igrejas deve
ensinar os cristãos da Grande Comissão a respeito das necessidades das pessoas onde trabalha.
Isso pode ser feito através de jornais de oração, folhetos e encontros pessoais com indivíduos,
organizações e igrejas. Nas Igrejas existentes encontramos pessoas capacitadas para atender as
várias necessidades de um povo e que estão aguardando um convite; alguém que as mobilize
para ajudar em um ministério efetivo e frutífero em favor das pessoas, em favor de um segmento,
cidade ou região. Fazemos parcerias com Igrejas “mães” e também Igrejas que “apóiam” através
da oração, trabalho voluntário e recursos financeiros na plantação de novas Igrejas.
Comunicação “Pregar” o evangelho é diferente de “comunicar” o evangelho; podemos
gastar muito tempo falando, sem comunicar absolutamente nada; realizar programas
evangelísticos através da música, sermões, palestras, estudos bíblicos nos lares e rádio não
significa dizer que as pessoas estão sendo alcançadas com a mensagem do evangelho. No
crescimento, fortalecimento e plantação de Igrejas é vital que comuniquemos o evangelho e isso
só acontece quando o receptor da mensagem compreende o que estamos dizendo e isso o
ajudará em uma tomada de decisão diante da mensagem.
Contextualização. Usar uma versão da Bíblia contextualizada é de grande valor. Sempre
trabalhamos com jovens, adolescente e crianças, e percebemos que uma das maiores dificuldades
para o crescimento cristão é a leitura e estudo da Bíblia; eles gostavam da bíblia e a amavam,
carregavam-na para todos os lugares, mas não conseguiam entender e isso era um desestímulo
para aqueles novos crentes; eles tinham a Bíblia, mas não entendiam sua mensagem. Com
freqüência perguntavam o que era côvado, lascívia, circuncisão e centenas de outras palavras
difíceis, que até os pastores precisam do dicionário para descobrir o significado. Quando
descobrimos uma versão da Bíblia contextualizada, a galera se apaixonou pela leitura e o
crescimento espiritual foi notório. A liturgia do culto também precisa ser contextualizada.
“TER UMA GRANDE VISÃO NÃO É PRIVILÉGIO DOS GRANDES, MAS DOS QUE OLHAM NA
DIREÇÃO CERTA”
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ANOTAÇÕES
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PRIMEIRO VALOR
VISÃO BÍBLICA
IGREJA MULTIPLICADORA
ORAÇÃO
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CAPITULO 1 - ORAÇÃO COMO ESTRATÉGIA
É impossível exagerar quando falamos na importância da oração no trabalho de salvação
de vidas e plantação de Igrejas multiplicadoras, pois não há duvidas de que as pessoas que mais
abençoaram sua comunidade ou que mais impactaram seu grupo alvo foram pessoas que
priorizaram a intercessão ou que fizeram da oração sua atividade principal.
Através da oração recebemos a unção necessária, a motivação e toda ousadia que
precisamos para o cumprimento de nosso ministério, além de obter a orientação de Deus para as
decisões que tomamos no percurso de nosso trabalho.
Quando oramos conseguimos discernir o que Deus quer realizar através de nossas vidas;
sentimo-nos seguros no desenvolvimento de atividades sugeridas por Sua inspiração e
procuramos sintonizar nossos corações com o desejo do coração de Deus, e oramos pela
realização desse desejo, que consiste em que todos os brasileiros tenham a oportunidade de
conhecer e amar Jesus Cristo, tornando-se discípulos DELE.
DEUS LIBERTA OS CATIVOS E OPRIMIDOS EM RESPOSTA À INTERCESSÃO DE SEU POVO.
Deus realiza seus planos neste mundo em resposta à oração de Seu povo. Ele combina
nossas orações específicas com o Seu poder para fazer a diferença na disseminação do evangelho.
Através da oração, nós assumimos o papel essencial de parceiros de Deus.
A oração é a estratégia que derrota as trevas e o poder de satanás, que trabalha para
cegar, desanimar e destruir as pessoas. Quebrar o seu poder é uma tarefa sobrenatural. A única
maneira de fazer isso é através da batalha espiritual e da oração intensiva, persistente e
extraordinária.
Paulo disse: “Se o nosso evangelho está encoberto, é para os que estão perecendo que
está encoberto, entre os quais o deus desse século cegou a mente dos incrédulos, para que não
vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” II Cor. 4.3, 4.
Não há dúvidas sobre o trabalho ininterrupto de satanás no sentido de cegar o
entendimento das pessoas deixando-as insensíveis à voz do Espírito Santo de Deus. Ele tem feito
seus prisioneiros, e tem usado todos os recursos possíveis para enganar as pessoas.
Nossa parte nesse ministério de libertação é a oração. Se quisermos que as pessoas sejam
libertas da opressão espiritual, precisamos ter um programa intenso de oração. Na liderança e
plantação de Igrejas Multiplicadoras é essencial que os obreiros tenham uma vida de íntima
comunhão com Deus e que os novos crentes sejam ensinados sobre a necessidade de orar sempre
e não desanimar.
TODO CRENTE PODE PARTICIPAR DA OBRA MISSIONÁRIA ATRAVÉS DA INTERCESSÃO.
Nem todo crente pode contribuir financeiramente para a disseminação do evangelho.
Nem todo cristão pode sair para evangelizar ou plantar igrejas. No entanto, através da oração,
todos podem causar um significativo impacto evangelístico no meio de seu povo.
Envolver toda Igreja na obra missionária é uma questão vital e estratégica. Conhecemos a
realidade entre os Batistas e podemos afirmar com segurança que o atraso na conquista da Pátria
para Cristo se deve a falta de envolvimento da maioria dos membros de nossas Igrejas no trabalho
evangelístico e missionário. A maioria dos crentes vive como expectadores e não participam de
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qualquer atividade que vise o alcance de pessoas para o reino de Deus. É, portanto, estratégico
esse envolvimento de todos os salvos na obra missionária, inclusive aqueles que não têm recursos
financeiros ou até mesmo condições físicas para o trabalho. E a sugestão é que estes irmãos se
comprometam através do ministério de intercessão.
Paulo escreveu: “Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações,
intercessões, e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem
autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda a piedade e
honestidade. Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, o qual deseja que
todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” I Timóteo 2.1-4.
Infelizmente temos perdido a oportunidade de envolver nossos irmãos da melhor idade e
até mesmo aqueles com deficiências físicas nesse importante ministério de intercessão, que desta
forma estariam envolvidos diretamente na salvação de pessoas. Como o reino de Deus está
perdendo por falta de uma compreensão bíblica sobre a importância da oração e a necessidade
de intercessores.
OBREIROS SERÃO LEVANTADOS PARA OS CAMPOS ATRAVES DA INTERCESSÃO.
Outra grande dificuldade para o avanço da obra missionária no Brasil é a falta de obreiros.
Não podemos pensar na multiplicação de Igrejas sem a multiplicação de líderes dispostos a
entregar suas vidas para o reino. Esse não é um problema apenas na atualidade, já no tempo de
Jesus, no primeiro século do cristianismo, sentia-se a falta de obreiros para o trabalho. “E dizia-
lhes: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao Senhor da
seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Lucas 10.2).
Lembro-me dos primeiros anos de nosso ministério no sertão da Paraíba, região pobre,
seca e desprovida dos recursos que encontramos nos grandes centros, onde a maior dificuldade
naqueles primeiros anos foi encontrar obreiros para as Igrejas que estávamos plantando. Os
primeiros obreiros foram levados de fora; aceitaram o convite, mas o tempo de ministério foi
curto. Assim, iniciamos um ministério de oração, pedindo a Deus que enviasse obreiros para sua
seara e o problema foi completamente resolvido, e hoje 98% dos obreiros da região surgiram
entre os que se converteram naquele período. Todos os obreiros que precisávamos estavam lá, e
muitos ainda se encontravam entre os perdidos. Deus ouviu nossas orações e supriu aquela
região com muitos obreiros. E hoje temos obreiros que saíram do Vale do Piancó e estão
trabalhando também outras regiões da Paraíba e até em outros estados de nossa federação.
O plantador de Igrejas multiplicadoras precisa orar pedindo a Deus que envie
trabalhadores para a sua seara, pois sem a multiplicação de obreiros não haverá multiplicação de
Igrejas. O trabalho de intercessão é, portanto, parte fundamental no ministério de pastores e
missionários.
A AÇÃO MAIS IMPORTANTE NA SALVAÇÃO DE VIDAS É A INTERCESSÃO.
A oração é a ação mais importante que praticaremos no campo de trabalho. Devemos
saturar nosso grupo-alvo com a oração. Devemos providenciar parceiros de oração para todos
aqueles que trabalham entre o nosso povo. A oração é a obra mais importante que podemos
fazer; e a oração também é um trabalho árduo. O povo de Deus deve estar disposto a investir
tempo em oração pelo grupo-alvo e por aqueles que estão pregando as Boas Novas de salvação
em lugares resistentes.
14
Pregar o evangelho sem uma estratégia de oração é como lançar a semente de cereal em
terra seca e não fazer a devida irrigação; é simplesmente impossível que tenhamos resultados.
Precisamos, pois, priorizar o que é mais importante no processo, a intercessão.
“Depois de ouvir estas palavras, sentei-me e chorei. Lamentei por alguns dias; e
continuei a Jejuar e ORAR perante o Deus do céu. Ó Senhor, que os teus ouvidos estejam atentos
a oração deste teu servo; e à oração dos teus servos cujo prazer está em temer o teu nome. Faz
com que teu servo seja bem sucedido hoje, concedendo-lhe a benevolência deste homem”
(Neemias 1.4 e 11).
Neemias estava na Babilônia nessa época, como escravo, trabalhando como copeiro do
rei. Ao receber notícias do sofrimento de seu povo, e as condições trágicas da cidade de
Jerusalém, pôs-se a chorar, jejuar e Orar em favor de seu povo. Como resultado de sua
intercessão, conseguiu autorização do rei Artaxerxes para ir a Jerusalém ajudar seu povo e em
apenas 52 dias os muros da cidade estavam reconstruídos e o povo em segurança. Seu êxito,
portanto, está ligado à sua vida de amor ao povo e a intercessão.
“QUEM AMA AS PESSOAS QUE ESTÃO PERDIDAS, ORA POR ELAS; E QUEM ORA É USADO
POR DEUS PARA ALCANÇÁ-LAS”
15
Como cristãos vivemos uma intensa guerra! Guerra contra os principados e potestades
das trevas, mas também guerra contra nós mesmos – nossa natureza carnal, nossos desejos e
vontades, nossos pensamentos, parâmetros e nossas dúvidas. Na verdade a vida cristã é uma
grande batalha espiritual e a recomendação Bíblica a respeito da armadura que precisamos usar
começa com a apresentação da força necessária para a guerra: “Sede fortalecidos no Senhor e na
força de Seu poder” Ef. 6.10. Devemos ser fortalecidos no poder de Deus. O apóstolo Paulo havia
testemunhado sobre o segredo de suas vitórias espirituais: “Tudo posso em JESUS que me
fortalece” Fil 4:13; e passou a recomendação ao seu filho na fé, Timóteo, dizendo: “Tu, pois, filho
meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus” II Tim. 2:1. A luz que nos ilumina, só o faz
porque os fios estão em comunicação com o dínamo central, lá no gerador que é movido pela
turbina que é movida pela água da represa. É o gerador que fornece a energia. Assim, fortalecidos
em Deus, temos a força necessária para prosseguir em nossa jornada. Podemos destacar a
recomendação de Paulo: “Oro para que vocês comecem a compreender como é incrivelmente
grande o Seu poder para ajudar aqueles que crêem nEle. Foi esse mesmo grandioso poder, que
levantou a Cristo dentre os mortos e O fez sentar-se no lugar de honra no céu, à mão direita de
Deus...” Ef. 1:19,20.
Os supersticiosos, que geralmente fazem parte da religião da “maioria”, usam amuletos,
saquinhos com sal grosso, bentinhos com orações, para guardar o corpo contra a bala, contra o
mal olhado, contra a inveja, etc. Sabemos, porém, que isso não guarda nada. Porque a nossa
grande luta é contra os principados e potestades, contra as hostes espirituais da iniqüidade.
Portanto, devemos tomar toda a armadura de Deus, como recomenda o apostolo, para poder
resistir o dia mau. Então, há um dia mau, o dia das tentações, o dia dos ventos de doutrina que
abalam a fé. O método que Satanás usa para combater o cristianismo é ensinando doutrinas que
se lhe opõem, e que são aparentemente belas, sedutoras; ele entrelaça as verdades com o erro, e
com isso enche o coração das pessoas de dúvidas. Vivemos em constante guerra espiritual e
precisamos da armadura de Deus para vencer.
AS PEÇAS DA ARMADURA DE DEUS. Efésios 6:10-18.
1- O cinto da verdade. A armadura antiga tinha um cinto sobre o qual todas as demais
peças da armadura se ajustavam, e servia também para apertar as demais peças. Este cinto é
símbolo da verdade. Para lutar contra satanás precisamos ser verdadeiros em nossas vidas e
experiências de fé.
2- A couraça da Justiça. A couraça era uma peça de aço que guarnecia o peito e as costas
do soldado. Isso equivale a ter retidão na prática do bem e no arrependimento da prática do mal
– resolução inabalável contra o pecado e contra as tentações: “Filhinhos, ninguém vos
desencaminhe; quem pratica a justiça é justo, como Ele é Justo” I Jo 3:7. Esta justiça é a de
Cristo. Assim como todos os nossos pecados estavam sobre Ele, recebemos dele a túnica que nos
protege: “Justificados, pois, pela fé, temos paz com Deus” Rom. 8:1.
3- Os pés calçados com o evangelho da paz. O apóstolo está fazendo uma alusão aos
costumes dos soldados antigos que usavam uma sandália de couro com o solado de pontas de
prego, a fim de melhor se firmarem no chão. Assim, os cristãos precisam se firmar bem no
CAPITULO 2 - BATALHA ESPIRITUAL
16
evangelho, porque eles têm que andar por lugares perigosos, montanhas íngremes, escorregadias
e mesmo atravessar os pantanais deste mundo. Daí, a necessidade de o cristão se preparar com
bastante fé para confessar a Cristo nos momentos difíceis! Sendo que o evangelho fornece a paz e
a segurança. O cristão, com o evangelho no coração, está seguro aqui e na eternidade.
“Quão formosos são os pés dos que anunciam a paz!”. “Deixo-vos a paz, a minha paz
vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá; não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” Jo
14:27. “Estas coisas vos tenho dito, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis aflições, mas
tende confiança eu venci o mundo” Jo. 16:33.
4-Tomai, sobretudo, o escudo da fé, com o qual podereis apagar os dardos inflamados
do maligno. “Pois todo o que é nascido de Deus, vence o mundo; e esta é a vitória que vence o
mundo, a nossa fé” I Jo. 5:4. “Sede sóbrios, e vigiai, porque vosso adversário, o diabo, anda ao
vosso redor, rugindo como um leão, buscando a quem possa devorar. Resisti-lhe firmes na fé...”
I Ped. 5:8, 9. “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo e ele fugirá de vós”. A Bíblia é cheia de
recomendações a respeito da fé, que é nosso escudo de defesa na grande caminhada nesse
mundo e na batalha contra satanás. O dardo é uma arma defensiva e de arremesso, usado pelos
guerreiros antigos. É uma peça grande de ferro, com uma ponta – e que se atirava ao longe. O
dardo do maligno tem a ponta inflamada, isto é, tem um veneno na ponta, como tinham os
dardos dos guerreiros antigos. O escudo era uma guarnição que cobria todo o corpo, para não ser
atingido pelos dardos lançados pelos inimigos. Satanás lança sobre nós os seus dardos inflamados,
mas nos defenderemos com o escudo da fé. Um dos mais perigosos dardos é a duvida, e a única
maneira de nos defendermos dela é através da fé. Satanás usou este dardo sobre João Batista,
quando estava preso no cárcere, colocando duvidas em seu coração sobre Jesus, se era mesmo o
Messias Verdadeiro, mas João mandou seus discípulos para entender-se com Jesus, e voltaram
dizendo o que Cristo lhes dissera: “Vão dizer a João, que os cegos vêem, os coxos andam, os
famintos são alimentados e aos pobres é anunciado o evangelho”. João não teve mais qualquer
duvida.
Satanás sempre usou seus dardos; contra Eva foi certeiro, a duvida entrou em seu coração
e mente. Ele lança duvidas nos corações dos crentes. Mas ninguém, talvez, tenha sofrido mais
ataques do que Paulo; todavia, ele reagiu contra tudo, contra Judeus, gregos e até crentes,
dizendo: “Eu sei em quem tenho crido” Mat. 13:19. Esses dardos arrancam a boa semente do
coração daqueles que não lhe dão o devido cuidado.
5- O capacete da salvação. Trata-se de uma armadura com aba oval, para a cabeça. Os
soldados não se atreviam lutar sem o seu capacete. Assim o cristão, com a certeza da salvação.
“Ele se vestiu de justiça, como uma couraça; colocou na cabeça o capacete da salvação...” Isaias
59.17. A religião evangélica é a única que nos fala da certeza da salvação. Perguntem a qualquer
adepto de outra religião, se eles têm certeza da salvação? Responderão que não sabem e que
ninguém pode saber, ou que é Deus quem sabe. Ora, a certeza temos aqui: “Quem crê em mim,
tem a vida eterna, disse Jesus”.
6- A espada do Espírito – que é a palavra de Deus. Esta arma é defensiva e ofensiva: com
ela nos defendemos e atacamos o inimigo. É a espada afiada de dois gumes, que saia da boca do
filho do homem, na visão de João na ilha de Patmos. Apoc. 1:16 e 2:12. Espada de dois fios
penetra na alma, e faz a mais profunda dissecação, e discerne os pensamentos e intenções do
coração. “Tudo o quanto Deus nos diz é cheio de força viva: é mais cortante do que a espada
mais afiada, e corta rápido e profundo em nossos pensamentos e desejos mais íntimos em todos
17
os seus detalhes, mostrando-nos como somos na realidade” Hebreus 4.12. Cristo usou-a nas
tentações. Quando satanás lançou um dardo dizendo:
a)- “Transforma estas pedras em pães, se tu és o filho de Deus” – “Está escrito: Nem só de
pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”.
b)- “Tudo te darei se prostrado te adorares” – “Escrito está: Ao Senhor teu Deus adorarás,
e só a Ele servirás”.
c)- “Lança-te daqui para baixo, porque foi ordenado que os anjos hão de te defender” –
“Escrito está: Não tentarás ao Senhor teu Deus”.
Isaias 49:2, referendo-se a Jesus diz: “Iahweh fez a minha boca como uma espada
aguda”. Esta espada resiste a todas as espadas, a todos os impérios, a todas as perseguições....
porque ela não é feita no fogo da terra, mas no fogo do céu. Queimaram-na em praças públicas...
mas quanto mais a queimavam, mais se multiplicava – trata-se da Bíblia.
7- Oração e súplica. É a ultima peça da armadura! A oração é o fio da comunicação com
Deus, para que DELE venha o poder. Oremos, para que estejamos firmes. Mas oremos com todas
as forças da nossa personalidade, pois, a oração verdadeira, a que não fica sem resposta é,
indubitavelmente, a oração em que tomam parte todos os poderes de nossa inteligência,
sentimento e vontade, - isto é, o conjunto de toda nossa personalidade.
Tomemos o conselho do apóstolo: “Revistamo-nos de toda armadura de Deus” - de toda
e não uma parte. Todas as peças da armadura: O cinto da verdade; a couraça da justiça; calçados
os pés com o evangelho da paz; o escudo da fé; o capacete da salvação; a espada do Espírito; e a
oração e súplica.
18
Fazer caminhadas de oração não é atividade ou ensino pentecostal ou neo-pentecostal
como alguns evangélicos históricos pensam. É antes uma atividade praticada por homens de Deus
como vemos no livro de Neemias, aproximadamente no ano 445 a.C. Andar, ver a situação e orar
por soluções era algo importante em seus ministérios.
“Assim, cheguei a Jerusalém e, depois de três dias, levantei-me de noite e saí com alguns
de meus homens. Eu não disse a ninguém o que Deus havia colocado em meu coração para que
eu fizesse por Jerusalém...desse modo, saí de noite pela porta do Vale...e fui mais adiante, até a
porta da fonte...Eu lhe disse: vede a triste situação que estamos, como Jerusalém está
devastada, e as suas portas destruídas pelo fogo. Vinde, vamos reconstruir os muros de
Jerusalém, para que não passemos mais vergonha” Neemias 2.11-17.
As caminhadas de oração são simples; apenas orar enquanto caminhamos pelas ruas dos
distritos, povoados, bairros ou cidades, e à medida que caminhamos rogamos a Deus que nos
revele as necessidades daquela comunidade. Devemos orar para que as pessoas daquela
comunidade sejam alcançadas com a mensagem do evangelho, devemos pedir a Deus que abra os
céus e derrame Suas bênçãos sobre as pessoas que encontramos enquanto caminhamos pela
comunidade. Obviamente, nosso desejo é que essas pessoas venham a conhecer Jesus como
Salvador e Senhor de suas vidas.
Se não andarmos no meio do povo não podemos conhecer suas reais necessidades e não
conhecendo estas necessidades, nada podemos fazer. Mas enquanto fazemos a caminhada de
oração, devemos pedir a Deus que nos revele o modo pelo qual Ele deseja abençoar o povo. Deus
quer livrá-los de sua miséria. Deus deseja transformar sua situação familiar. É possível que Deus
queira libertá-los do poder de satanás. Sabemos com certeza que Deus quer livrá-los dos laços da
idolatria e levá-los a uma experiência de salvação.
Durante uma caminhada de oração devemos orar para que Deus nos mostre as pessoas
que estão prontas para ouvir a mensagem do evangelho, e ao mesmo tempo abrir as portas para
que cheguemos até elas. Devemos orar para que o Espírito Santo seja derramado nos corações e
convença as pessoas acerca de seus pecados e crie nelas fome e sede de Deus.
Devemos orar para que a igreja venha discernir e superar as barreiras que separam o
povo daquela comunidade da esperança e da restauração que o evangelho oferece. Orar pela
liberação do Espírito Santo para abrandar e preparar os corações das pessoas para receberem o
evangelho. Durante a caminhada precisamos orar a Deus por um despertamento espiritual no
meio de sua Igreja. Orar para que o povo sinta necessidade de Deus. Orar para que famílias
inteiras se acheguem a Cristo e que lares inteiros sejam redimidos. Orar para que lares se tornem
lugares em que o único Deus vivo e verdadeiro seja adorado. Orar para que tenhamos condições
de criar células de oração nos lares e igrejas sejam estabelecidas nos lares da comunidade onde o
povo reside.
CAPITULO 3 - CAMINHADAS DE ORAÇÃO
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O objetivo geral é que comece a multiplicação de crentes e de igrejas no meio do grupo-
alvo. Orar pela efetiva multiplicação de crentes e plantação de igrejas em cada comunidade. Orar
para que oportunidades criativas de acesso se abram para aqueles que precisam criar plataformas
para alcançar o grupo-alvo. Orar para que Deus abra um caminho para a Palavra de Deus entrar
na comunidade. Orar para que Deus revele os métodos mais efetivos e apropriados que devem
ser usados na proclamação das Boas Novas ao povo.
Durante a caminhada de oração devemos interceder em favor das Igrejas evangélicas
existentes no bairro ou cidade, para que seus membros sejam fortes no testemunho pessoal e
vivam de acordo com o evangelho de Jesus Cristo. Orar pedindo a Deus unidade entre as Igrejas
evangélicas e principalmente entre seus líderes para que as pessoas creiam em Jesus Cristo e seu
evangelho. Orar para que os crentes sejam revestidos de poder para falar do amor de Deus e
também libertar as pessoas que estão presas por satanás.
Toda comunidade tem suas fortalezas espirituais. Elas muitas vezes se encontram em
ambientes governamentais, educacionais, comerciais, religiosos ou comunitários. As fortalezas
espirituais impedem que as pessoas respondam positivamente ao evangelho. Precisamos orar
pela queda de todas as fortalezas a fim de que barreiras sejam removidas e o povo possa reagir ao
evangelho com corações e mentes abertas. Orar para que Deus revele as fortalezas espirituais
existentes na comunidade.
Enquanto caminhamos nas ruas devemos orar por lugares como tribunais, faculdades,
delegacias de polícia, lares e escritórios de autoridades governamentais, e sedes de partidos
políticos. A Bíblia ordena que os cristãos orem de forma especial por aqueles que estão
governando. Orar para que estes lugares representativos do governo dirijam o povo com justiça e
retidão. Orar pedindo a Deus que traga salvação a juízes, advogados, policiais, presidentes,
senadores, governadores, deputados, prefeitos, vereadores e outras autoridades governamentais.
Devemos orar pelas escolas, pois com frequência, as instituições educacionais se tornam
lugares onde as crianças e os jovens aprendem ideologias contrárias à verdade de Deus – ateísmo,
comunismo e falsas religiões. Um conhecimento alienado do Deus que conhece todas as coisas é
o que mantém ativos o ateísmo, o sincretismo religioso, o islamismo, o espiritismo, acorrentando
as pessoas às trevas. Orar pelas escolas de ensino fundamental e médio, pelas universidades e
escolas profissionalizantes. Precisamos pedir a Deus que redima os corações daqueles que
ensinam nesses lugares. Orar pelas crianças e pelos estudantes universitários. Orar para que essas
instituições educacionais se tornem lugares em que a verdade de Deus possa se manifestar.
Devemos orar para que as pessoas tenham os seus olhos abertos para ver que só Jesus
Cristo salva e que não há outra forma de chegar a Deus senão através Dele. Orar para que toda
idolatria seja desmascarada, que as pessoas entendam que o ídolo é uma forma de desviar as
pessoas de Deus. Orar para que Deus tenha misericórdia das pessoas e perdoe sua ignorância
espiritual. Orar para que Deus toque na consciência dos lideres religiosos que estão enganando o
povo, para que se arrependam de seu pecado de desencaminho.
ALGUMAS INSTRUÇÕES ÚTEIS PARA FAZER CAMINHADA DE ORAÇÃO.
Atividades antes da caminhada de oração.
Adquirir um mapa do bairro ou cidade para conhecer melhor a geografia do local nos
ajudará na avaliação dos resultados das caminhadas de oração. Com o mapa conheceremos as
ruas e também o número de residências e número de habitantes naquela área; a localização de
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escolas, sede de governos, Igrejas evangélicas e fortalezas espirituais. Tomar conhecimento do
local ajuda na elaboração da estratégia para alcançá-lo através das caminhadas de oração.
A avaliação deve ser feita com base nos resultados através de vidas transformadas pelo
poder do evangelho de Jesus Cristo.
Atividades durante a caminhada de oração.
Para melhor aproveitamento desse trabalho é necessário dividir o grupo em duplas e
quando sobra pessoa pode formar um trio; tendo cuidado para não colocar dois adolescentes ou
juniores juntos, quando sentir que pode haver brincadeiras; a experiência diz que será mais
proveitoso que pessoas dessas faixas etárias andem acompanhados com jovens ou adultos.
Precisamos ter consciência que caminhadas de oração é trabalho duro, é batalha espiritual e por
isso será bom evitar qualquer tipo de distração.
Na Igreja há pessoas que não têm condições físicas para caminhar longas distâncias, então
podem fazer o trabalho de escudos espirituais, isto é, esse grupo pode permanecer no templo ou
em casa orando enquanto os demais estão nas ruas fazendo a caminhada de oração. Este grupo
que permaneceu no templo ou nas casas devem interceder em favor daqueles que estão nas ruas,
para que sejam usados por Deus e ao mesmo tempo protegidos de ciladas do inimigo e até
mesmo de assaltos ou acidentes.
Devemos orar para que Deus revele onde estão as fortalezas espirituais. Quando você
chegar a essas fortalezas, ore por sua destruição e aniquilação. Esteja alerta! O inimigo sabe o que
você está fazendo e tentará frustrar os seus esforços. Os membros da equipe devem velar uns
pelos outros durante a caminhada. Lembre-se, esta é uma batalha espiritual.
É bom ter cuidado para não chamar a atenção para você ou para o restante da equipe,
por isso não ore em voz alta, não grite, apenas ore na tonalidade de voz que seu parceiro de
oração ouça; no mesmo volume de voz de uma conversa a dois. Quando estiver em frente a um
edifício ou lugar de adoração religiosa, mantenha-se tranquilo e pronuncie suavemente a sua
oração diante de Deus.
Fale com as pessoas quando surgirem oportunidades. Deus pode colocar em sua vida um
“filho da paz” durante a caminhada de oração (veja Lucas 10.1-7). Esteja preparado também para
falar da razão da esperança que há em você, se surgir uma oportunidade. Deus também pode
transformar a caminhada de oração em uma oportunidade para que o evangelho comece a ser
semeado nos corações das pessoas.
Atividades depois da caminhada de oração.
Após a caminhada reúna a equipe para uma avaliação do trabalho e para ouvir a
experiência de alguns caminhantes. Fatos marcantes devem ser anotados em um caderno, pois
servirão de inspiração para o futuro quando aquela comunidade terá experimentado o poder
transformador de Deus. Os nomes de pessoas que foram contatadas durante a caminhada
também devem ser registrados. É interessante anotar as fortalezas espirituais existentes na área
da caminhada para ver quando Deus as aniquilará.
O propósito de sua caminhada de oração é lançar por terra as fortalezas e libertar as
pessoas, de forma que a Igreja de Deus possa ser estabelecida naquele lugar. Você deve estar
preparado para dar assistência às pessoas que se converterão a Cristo na área onde a caminhada
de oração está sendo feita.
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TAREFA: Leia o livro de Atos e destaque 10 ações de oração na Igreja primitiva.
Ações de Oração Referências bíblicas
OBJETIVO: ORAÇÃO
Meta 1
Plano de Ação
Meta 2
Plano de Ação
Meta 3
Plano de Ação
Possíveis Obstáculos
transformados em
oportunidades
Acompanhamento
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Equipe Ministerial
MINISTÉRIO
DE
ORAÇÃO
Minuto que Impacta e Transforma
Famílias que Oram e Grupos de
Oração
Rede de Intercessão
Cultos de Oração e Vigílias
Batalha Espiritual
Caminhadas de Oração
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ANOTAÇÕES
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SEGUNDO VALOR
VISÃO BÍBLICA
IGREJA MULTIPLICADORA
EVANGELIZAÇÃO
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CAPITULO 4 - REALIDADE ESPIRITUAL BRASILEIRA
Nosso querido Brasil chegou a 192 milhões de pessoas, com aproximadamente 32 milhões
de evangélicos. Essa informação enche-nos de esperança, pois temos a impressão que o Brasil
está sendo alcançando com o evangelho de Cristo. Mas quando analisamos os números
fornecidos pelo IBGE à luz, por exemplo, do censo de 1970, ficamos preocupados. Nesse ano, o
Brasil contava com 90 milhões de habitantes e a população evangélica era 5 milhões, portanto, 85
milhões de pessoas sem uma experiência de Salvação. Como percebemos, em 40 anos o número
de pessoas que não tem uma experiência de salvação passou de 85 milhões para 160 milhões. O
percentual de crescimento que temos experimentado nesses 40 anos não será suficiente para
alcançar o Brasil, pois a cada dia o número de pessoas sem Jesus tem aumentado e a pergunta
continua sendo a mesma: Por que ainda não conquistamos a Pátria para Cristo? A verdade é que
estamos longe de alcançar nosso povo com a mensagem do evangelho. Qual é, pois, a grande
questão? Creio que o problema da não evangelização do povo brasileiro se resume em três
palavras: FALTA DE PAIXÃO. Temos pessoas para o trabalho (muita gente nas Igrejas e nos
seminários), temos as ferramentas (há dezenas de métodos e modelos de Igrejas), temos material
para todos os gostos (muita literatura); entretanto falta alguma coisa, isto é, uma submissão ao
Espírito Santo que venha inflamar nosso povo e o ponha a arder para a glória de Deus – falta-nos
a paixão por Jesus e pelas pessoas perdidas. Sem esta paixão não chegaremos a lugar algum;
passaremos a vida marcando passo ou com poucos resultados como tem acontecido até aqui.
Podemos ilustrar esta verdade com a história do ateu no incêndio de um templo numa
época em que não havia corpo de bombeiros. “O templo pegou fogo e todos os membros da
Igreja foram ajudar a apagar o incêndio, estavam posicionados em uma fila desde a fonte d’água
até o local do incêndio e a água passava através de baldes de mão em mão até o local do fogo e,
lá estava um ateu ajudando. Um conhecido brincou com ele dizendo que era a primeira vez que o
via na Igreja, e o ateu respondeu: Também é a primeira vez que a Igreja pega fogo!” Roberto L.
Sumner. Que pena que tantas Igrejas sejam frias e apáticas a ponto de não atrair as pessoas para
o reino de Deus!
Quando pensamos em alcançar pessoas, nosso exemplo máximo é Jesus Cristo. Ele deixou
o céu e veio a este mundo, andando pelas estradas e veredas, aldeias e cidades, pregando a boa
nova de salvação, curando os enfermos, alimentando os famintos, perdoando pecados,
restaurando vidas. Durante seu ministério fez discípulos e os ensinou pregar o evangelho,
mostrou-lhes o mundo e suas necessidades, dizendo que os campos estavam brancos para a ceifa.
Depois os enviou de 2 em 2 e a experiência foi maravilhosa, pois voltaram dizendo que até os
demônios lhes eram sujeitos. Na parábola do semeador Jesus os ensinou que os corações não são
todos iguais, alguns estão prontos, outros precisam de trabalho árduo porque são como pedras,
insensíveis; ainda outros deixam crescer os espinhos, isto é, os conceitos errados sobre salvação e
a vida espiritual, coisas que sufocam a Palavra de Deus. A semeadura do evangelho é, portanto,
um trabalho árduo, e os envolvidos precisam ser apaixonados por Deus e pelas pessoas que
desejam alcançar.
Depois de sua morte e ressurreição, Jesus apareceu aos seus discípulos lembrando a
missão principal, e disse: “Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos
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tenho mandando, e eis que estou convosco todos os dias e até a consumação dos séculos.” Mat.
28:19, 20. E antes de subir ao céu, Jesus convidou aquela pequena Igreja formada pelos apóstolos
e algumas dezenas de discípulos, para que não se ausentassem de Jerusalém, pois desejava
encontrar-se com eles para deixar sua última mensagem, então disse: “Mas recebereis poder ao
descer sobre vós o Espírito Santo e SER-ME-EIS testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda
a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” Atos 1:8.
O trabalho iniciado pelo Mestre estava agora sob a responsabilidade daquela Igreja, e
posteriormente a nós. Então, pregar o evangelho é a tarefa suprema da Igreja. Quando a Igreja
perde esta visão, perde também sua relevância na comunidade e poderá fechar as portas de seus
templos que não fará qualquer diferença. Deus fala através de Sua Igreja que é a voz profética no
mundo e que tem a responsabilidade de pregar o evangelho. A mensagem vinda através de
Ezequiel nos faz tremer: “Filho do homem, eu o dei por atalaia sobre a casa de Israel; da minha
boca ouvirás a palavra, e os avisarás da minha parte. Quando eu disser ao perverso:
Certamente morrerás; e tu não o avisares para o advertires de seu mau caminho, para lhe
salvar a vida, esse perverso morrerá na sua iniqüidade, mas o seu sangue da tua mão o
requererei.” Ez. 3:17,18.
Então, por que ainda não conquistamos o Brasil? Por que o evangelho ainda não chegou a
todos os povos? Por que somos tão limitados? O trabalho que Jesus iniciou está agora em nossas
mãos e somos responsáveis pela pregação do evangelho no mundo. Deus não tem plano “B” para
a salvação das pessoas; se a Igreja falhar, as pessoas morrerão perdidas e irão para o inferno.
A VIDA ESPIRITUAL DA IGREJA TEM SIDO UM DOS OBSTÁCULOS PARA OBRA MISSIONÁRIA.
Para que haja um evangelismo eficaz os cristãos precisam ter vida espiritual e moral
também. Precisam voltar às atividades principais, conforme exemplo da Igreja no livro de Atos
dos apóstolos; zelar pelo cuidado mútuo; ter vida devocional bem ajustada; responsabilidade
pessoal com os perdidos; oração e testemunho; o discipulado sendo praticado com
acompanhamento individual e o envolvimento de todos na obra missionária. O maior erro das
últimas décadas foi o envio de missionários que não deram ênfase nos valores da visão IM.
Qual tem sido o programa de Oração da maioria das Igrejas? Muitos crentes não
acreditam no poder de Deus e por isso não oram. Como tem sido o trabalho de evangelismo das
Igrejas? Quem está fazendo este trabalho? Poucas pessoas estão de fato envolvidas nessa obra.
Como está sendo feito o discipulado? Grande parte dos membros de nossas Igrejas não é
discípulo de Jesus. Não necessitamos de material caro para fazer discípulos; basta o Espírito Santo
em nossas vidas, a Palavra de Deus em nossos corações e mentes, uma vida exemplar e
disposição para andar com as pessoas. Isso é tudo que precisamos para fazer discípulos.
Gostaria de destacar três dos mais graves problemas que percebo na Igreja hoje:
1-FALTA DE COMUNHÃO REAL COM DEUS. Há muita gente pensando que é Deus que precisa de
culto, por isso tanto faz ir ao culto como ir à praia, ou ficar em casa. Este mal reflete na sociedade.
Onde há uma Igreja viva, que canta com entusiasmo, que ora, que testemunha de Jesus, o povo
se converte. Quando falo de Igrejas vivas, não estou falando de igrejas barulhentas, mas de Igrejas
que trabalham, de Igrejas que amam o Senhor Jesus obedecendo Sua palavra.
O livro de Atos conta a história da Igreja apostólica onde encontramos um dos segredos
do poder espiritual: “Todos os dias no templo e nas casas não cessavam de ensinar e anunciar a
Jesus Cristo” Atos 5:42. Temos aqui evangelismo e discipulado exatamente como Jesus ordenou -
todos os dias. Compartilhar o evangelho era um estilo de vida e os crentes o faziam naturalmente.
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O segredo do crescimento era a pregação do evangelho todos os dias; cada crente reconhecia sua
responsabilidade diante de Deus e do mundo. Paulo disse: “Mas se anuncio o evangelho, não
tenho de que me gloriar, pois tal obrigação me é imposta. E ai de mim se não anunciar o
evangelho” I Cor. 9.16.
Hoje temos que ouvir a lamentação do Senhor: “As vossas luas novas e os vossos cultos
os aborrece a minha alma, já me são pesados, já estou cansado de os sofrer” Is. 1.14. O culto se
torna sem valor se não for acompanhado pela obediência à Palavra de Deus. Deus não precisa de
shows, mas corações contritos, quebrantados, humildes e dispostos a obedecê-Lo.
2-IMATURIDADE ESPIRITUAL. Este é outro problema sério nas Igrejas. O cristão precisa crescer,
mas a história comprova que nem todos que professam a fé alcançam maturidade espiritual.
Poucos podem dizer como Paulo: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como
menino, discorria como menino, mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de
menino” I Cor. 13.11. Quais são as coisas de menino que existem nas Igrejas? Ressentimentos,
desentendimentos, desvios doutrinários, murmuração, divisões, etc. Muitas pessoas em nossas
Igrejas hoje e até lideres têm esses problemas, porque não levam a sério o ensino da Palavra de
Deus. São cristãos com 10 e até 20 anos como membro da Igreja mas falta-lhes maturidade e
consequentemente a segurança espiritual.
O escritor da carta aos Hebreus estava preocupado com essa falta de crescimento
espiritual e a imaturidade dos crentes e escreveu dizendo: “Porque pelo tempo já devíeis ser
mestres, mas ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros
rudimentos de Cristo” Hebreus 5:12. Isso é imaturidade! Pelo tempo de vida cristã deviam ser
mestres, estar ensinando outros, discipulando, treinando, mas ainda precisam aprender os
primeiros rudimentos, o ABC da vida cristã. Dr. R. A. Torrey disse: “99% dos crentes estão apenas
brincando de estudar a Bíblia, por isso 99% são anões espirituais, quando poderiam ser gigantes,
tanto na vida quanto no serviço”.
3-NEGLIGÊNCIA NA CAUSA. Jesus passou a responsabilidade da proclamação do evangelho aos
apóstolos e aos cristãos primitivos e eles cumpriram a missão e evangelizaram o mundo daquela
época; agora a responsabilidade está em nossas mãos e a ordem é ir e pregar.
Foi com derramamento de sangue que o evangelho chegou até nós, mas temos sido
negligentes em nossa tarefa. Cometemos o pecado de achar que estamos fazendo muito, quando
estamos perdendo campo para as religiões de satanás que crescem assustadoramente em nosso
país. O espiritismo no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais tem crescido muito e em apenas um
bairro de Uberlândia encontramos seis centros espíritas.
Temos que admitir que não estamos conseguindo fazer com que o evangelho - poder de
Deus - penetre nos corações das pessoas em nossa geração. Precisamos acordar, pois as portas
ainda estão abertas para a pregação, é necessário que espalhemos a semente do evangelho em
todos os lugares antes que a oportunidade passe, então será tarde demais.
PRECISAMOS UM DESPERTAMENTO ESPIRITUAL.
Milhões de pessoas estão com fome e sede das sagradas escrituras; nunca o povo esteve
com tanta vontade de ouvir como agora. O homem foi feito para adorar a Deus, mas quando não
é orientado servirá aos demônios. Substitui Deus pela idolatria, pelo dinheiro, pela droga, pelo
sexo, etc. Nós somos responsáveis por isso, mesmo que estejamos alheios ao que acontece ao
nosso redor. Precisamos de um avivamento espiritual para alcançar nosso povo, então o
evangelismo pessoal porá os crentes a alcançar as pessoas nos mais distantes lugares de nosso
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país. Todos os avivamentos Bíblicos e históricos tiveram como característica principal a oração e o
trabalho de evangelização e toda Igreja estava envolvida com o testemunho pessoal todos os dias,
no templo, nas casas, nas ruas, nos colégios e no trabalho.
“Conta-se que na Europa, quando alguém morre; a casa funerária submete o cadáver a
um tratamento todo especial. Embalsama, perfuma, faz maquiagem, veste roupas lindas, coloca
flores e música; leva de dois a quatro dias para o sepultamento. Aqueles homens trabalham tão
bem que o defunto fica mais bonito do que quando estava vivo. Mas a realidade é que por mais
que o adornem, está morto. Muitas vezes fazemos assim com a Igreja, tentamos tudo para
maquiar a noiva de Cristo: pintamos o templo, colocamos flores, bancos novos, órgão, piano,
bateria, guitarra, um som espetacular, ambiente climatizado, mas na realidade a Igreja está
morta. Em matéria de evangelização e missões seu trabalho é nada; não há amor pelos perdidos;
na verdade não há amor a Jesus! Não adianta beleza sem trabalho. Não podemos substituir a
evangelização e discipulado por eventos, programas, shows, etc.
Precisamos repetir com sinceridade a oração de Habacuque: “Ouvi, Senhor a tua palavra
e temi; aviva, oh! Senhor, a tua obra no decorrer dos anos; faz com que ela seja conhecida no
decorrer dos anos” Hab.3.2. Mas para que aconteça um avivamento espiritual precisamos dobrar
nossos joelhos e clamar ao Senhor para que nos dê uma vida de justiça; de intensa busca ao
Senhor e abandono de todo pecado. Deus espera que haja em nós um avivamento! Ele deseja nos
despertar!
PRECISAMOS SENTIR AMOR PELAS PESSOAS.
Como não é possível uma criança vir ao mundo por parto natural sem que a mãe sinta as
dores, assim é também no reino espiritual. Muitos de nós esperamos o que não é possível! Para
que nasçam filhos espirituais precisamos pagar o preço. Não temos sofrido para ganhar almas!
Não lutamos para conquistar o mundo para Jesus! Como são poucas nossas orações em favor dos
perdidos? Qual o trabalho de evangelização que estamos fazendo?
Não é difícil chorar quando vemos um parente que vai embora para um lugar distante,
nesse caso as lágrimas são espontâneas; não é difícil a agonia se apoderar de nós ao contemplar
num caixão um amigo querido, nesses casos as lágrimas são as coisas mais naturais do mundo! No
entanto, sabemos e compreendemos que almas eternas e preciosas estão perecendo ao nosso
redor, estão no caminho da separação eterna de Deus, perdidas para sempre, mas não
derramamos lágrimas! Como é pouco o que conhecemos da compaixão de Jesus? Ele chorou
muitas vezes em oração pelas pessoas que se encontravam perdidas, como ovelhas que não tem
pastor.
As pessoas que mais fizeram por SEU povo, foram pessoas que intercederam, choraram,
jejuaram e testemunharam:
a)- Moisés – “No dia seguinte, disse Moisés ao povo: Vós cometestes grande pecado; agora,
pois, subirei ao Senhor e, porventura, farei propiciação pelo vosso pecado. Tornou Moisés ao
Senhor e disse: Ora, o povo cometeu grande pecado, fazendo para si deuses de ouro. Agora,
pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste” Êx. 32:30-32.
Moisés era um homem profundamente apaixonado pelo seu povo, disposto a dar sua vida pelo
seu povo.
b)- Neemias – “Veio Hanani, um de meus irmãos, com alguns de Judá; então lhes perguntei
pelos Judeus que escaparam e que não foram levados para o exílio e acerca de Jerusalém.
Disseram-me: Os restantes que não foram levados para o exílio e se acham lá na província,
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estão em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém estão derribados, e as suas portas
queimadas. Tendo eu ouvido estas palavras, assentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e
estive jejuando e orando perante o Deus dos céus. E disse: Ah Senhor, Deus dos céus, Deus
grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com aqueles que te amam e
guardam os teus mandamentos. Estejam, pois atentos os teus ouvidos, e os teus olhos abertos,
para ouvires a oração de teu servo, que hoje faço à Tua presença, dia e noite, pelos filhos de
Israel, teus servos; e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, os quais temos cometido
contra TI; pois eu e a casa de meu pai temos pecado contra TI. Temos procedido de tudo
corruptamente contra TI” Neemias 1:2-7. Neemias sentiu a miséria e o desprezo de seu povo,
chorou, orou e jejuou por muitos dias e foi usado por Deus para abençoar seu povo com a
reconstrução dos muros de Jerusalém em apenas 52 dias e pelo retorno do povo à comunhão
com Deus.
c)- Jeremias –“Oh! Se eu pudesse consolar-me em minha tristeza! O meu coração desfalece
dentro de mim. Eis a voz do clamor da filha de meu povo de terra mui remota. Não está o
Senhor em Sião? Não está nela o seu rei? Por que me provocaram à ira com as suas imagens de
escultura, com os ídolos dos estrangeiros? Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos
salvos. Estou quebrantado pela ferida da filha de meu povo; estou de luto; o espanto se
apoderou de mim. Acaso não há balsamo em Gileade? Ou não há lá médico? Por que, pois não
se realizou a cura da filha do meu povo? Provera a Deus que minha cabeça se tornasse em
águas, e os meus olhos, em fonte de lágrimas! Então choraria de dia e de noite os mortos da
filha de meu povo” Jer. 8:18 - 9:1. Jeremias chorou muitas vezes pelo seu povo e gastou sua vida
pregando a eles sobre a necessidade de arrependimento e retorno a Deus que os salvou levando-
os de volta a Jerusalém.
d)- Paulo -“Digo a verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo, no Espírito Santo, a
minha própria consciência; tenho grande tristeza e incessante dor no coração; porque eu
mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus
compatriotas, segundo a carne” Rm.9:1-3. “Irmãos, o bom desejo do meu coração e a minha
súplica por Israel é para sua salvação. Porque lhes dou testemunho de que tem zelo de Deus,
mas não com entendimento. Portanto, não conhecendo a justiça de Deus e procurando
estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à justiça de Deus. Pois Cristo é o fim da lei para
justificar a todo aquele que crê” Rom. 10:1-4. Paulo era apaixonado pelos judeus, estava pronto a
dar sua vida pela salvação de seu povo.
Se quisermos salvar nosso povo, precisamos de igual modo nos apaixonar por ele. Mas
quantos de nós podemos estar contentes neste momento, por gastar meia hora de Oração por
dia em favor dos perdidos? Como são poucos os que encontram tempo para orar. Há tempo para
tudo: há tempo para dormir, há tempo para ver TV, há tempo para esportes, há tempo para
visitas a amigos e parentes, há tempo para internet—só não há tempo para oração - a mais
importante de todas as coisas. Por isso o apelo do profeta Joel se faz necessário hoje: “Cingi-vos
de pano e saco e lamentai, sacerdotes; uivai, ministros do altar; vinde ministros de Deus...
promulgai um Santo jejum, convocai uma assembléia solene, congregai os anciãos, todos os
moradores desta terra, para a casa do Senhor vosso Deus, e ORAI AO SENHOR.” Joel 1:13-14.
Quem ama Ora e quem Ora faz. Missões é uma obra de amor!
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A visão IM tem como objetivo abençoar a vida e ministério de todos os cristãos que
entendem que foram salvos para realizar a obra missionária; entendem que cada crente deve ser
um missionário disposto a ganhar vidas para o reino de Deus.
TAREFA: Quero convidá-lo a fazer uma avaliação de sua participação na conquista da Pátria para
Cristo. O que você tem feito até o momento? Descreva abaixo:
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O que mais você poderia fazer para alcançar o objetivo de evangelizar e discipular cada pessoa em
solo brasileiro?
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“A MISSÃO DA IGREJA É EXALTAR O SALVADOR, EQUIPAR OS SANTOS E EVANGELIZAR OS
PERDIDOS”
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Para alcançar o grupo alvo levando-o à Salvação, é preciso, desde o início do projeto,
semear a Palavra de Deus em larga escala. Não espere uma grande colheita se a semeadura for
pequena. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, deixou muito claro, que “Aquele que
semeia pouco, pouco ceifará; e o que semeia com abundancia, colherá abundantemente” II
Coríntios 9:6. O problema do crescimento lento na maior parte dos projetos de plantação de
Igreja tem sido a falta de uma semeadura abundante.
O trabalho principal do cristão é a semeadura da Palavra de Deus; precisa usar todos os
meios possíveis para compartilhar com as pessoas do grupo alvo o evangelho de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo. Deve usar folhetos, estudos bíblicos nos lares e escolas, palestras, programa
de rádio, filmes evangelísticos, teatro, música, esportes, cultos nos lares, cultos ao ar livre e tudo
que puder para que o evangelho chegue às pessoas do grupo alvo. Pois é certo que a fé vem pelo
ouvir a palavra de Deus. “Portanto, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Cristo”
Romanos 10.17.
A Bíblia nos apresenta uma fórmula para que o trabalho de evangelização seja
abrangente e eficaz. Cada crente precisa entender que pregar o evangelho não é uma opção, e
sim obrigação, como reconheceu Paulo: “Mas, se anuncio o evangelho, não tenho de que me
gloriar, pois tal obrigação me é imposta. E ai de mim, se não anunciar o evangelho” I Cor. 9:16.
Depois de termos uma visão correta de nossa responsabilidade, podemos partir para a
conquista de pessoas. Ninguém pode negar que a tarefa mais importante é a conquista de
pessoas para Cristo. É impossível exagerar na importância desse trabalho. Pois o desejo de Deus é
que todas as pessoas se salvem; o objetivo de Jesus foi buscar e salvar os que estavam perdidos. E
nossa parte nesse glorioso plano de redenção é transmitir aos nossos semelhantes a mensagem
do evangelho. “E como ouvirão se não há quem pregue?” Romanos 10.14c. Nada conserva o
cristão mais vivo do que a obra missionária! E pela observação da história da Igreja no livro de
Atos, concluímos que o evangelismo pessoal e o discipulado de cada convertido foi o fator
principal para o avanço do cristianismo no primeiro século. Levar outros a Cristo e treiná-los era o
alvo de cada crente!
A Igreja contemporânea está perdendo o senso de que a responsabilidade é pessoal e
poucos são os crentes que evangelizam; a responsabilidade é colocada sobre os ombros do Pastor
e sua família ou liderança da Igreja. Quem em nossas Igrejas quer realmente ganhar almas? Deus
nos mostra um método eficaz, a fórmula infalível, o caminho certo para alcançarmos resultados:
“O que leva a preciosa semente andando e chorando, voltará sem dúvida com alegria, trazendo
consigo os seus molhos” Salmos 126:6. Esta é uma fórmula Bíblica, é Divina e é eficaz.
O MENSAGEIRO DE BOAS NOVAS DEVE IR.
Ação é o primeiro requisito. “Aquele que leva...”. Isso significa IR em busca das pessoas
que se encontram perdidas. Em lugar algum encontramos na Bíblia que devemos esperar que as
pessoas venham por si mesmas, ou se levantem por sua própria força e iniciativa. Devemos ir
onde as pessoas estão. Esta foi a atitude do Bom Pastor ao sentir a falta da ovelhinha desgarrada:
“Deixou as demais no aprisco e procurou a que estava perdida até encontrá-la”.
CAPITULO 5 - FÓRMULA BIBLICA PARA EVANGELISMO EFICAZ
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Quem quer IR? Foi o clamor insistente que o profeta Isaias ouviu na visão que mudou o
rumo de sua vida. Resolveu atender ao apelo prontamente dizendo –“Eis - me aqui, envia-me a
mim” Isaias 6:8.
“Levanta-te e vai a grande cidade de Nínive e anuncia a palavra que eu te disse” Jonas
1:2, foi a ordem que Jonas recebeu de Deus, a fim de anunciar a mensagem que haveria de salvar
aproximadamente 120 mil pessoas.
“Ide por todo o mundo e pregai e evangelho a toda criatura” Marcos 16.15, foi a ordem
de Jesus aos seus seguidores como condição indispensável para a recuperação daqueles que se
encontravam longe de Deus. As pessoas continuam esperando que alguém lhes comunique a boa
notícia; precisam ouvir sobre a salvação que há em Jesus Cristo.
Somos pescadores de homens! Por mais atraente que seja o recinto do templo, por mais
agradável o programa, ou dinâmico o pregador, as pessoas que queremos alcançar não virão à
nossa procura, teremos que IR atrás delas. Em lugar algum na Bíblia está escrito que o pecador
deve ir ao templo para ouvir o evangelho, mas todos os textos apontam para nossa
responsabilidade em ir onde as pessoas se encontram.
O MENSAGEIRO DE BOAS NOVAS DEVE TER UM CORAÇÃO COMPASSIVO.
“Andando e chorando”. Isto é, deve sentir amor pelas pessoas que se encontram
perdidas, interesse profundo, paixão viva, desejo ardente pela sua salvação. Quantos de nós
temos este sentimento?
Jesus se comovia profundamente ao contemplar as multidões necessitadas e
demonstrava uma grande compaixão ao ver aquela gente: “Vendo Ele as multidões,
compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não tem pastor”
Mat. 9:36. Ainda lemos: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te
foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus
pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!”Mat. 23:37
Jesus ilustra a necessidade de compaixão com a parábola do bom Samaritano, exemplo
que devemos seguir no apoio aos que jazem caídos às margens das estradas da vida. Enquanto os
religiosos demonstraram indiferença e desprezo passando de largo, o bondoso estrangeiro,
sentindo íntima compaixão pelo ferido, aproxima-se dele, tratou os ferimentos, colocou-o sobre
seu animal e levou-o a hospedaria, recomendando todo cuidado para seu restabelecimento. E
Jesus conclui dizendo: “Vai tu e faze o mesmo”. Indicando que devemos ter um coração
compassivo na ajuda aos infelizes que jazem sob o domínio de satanás.
Os homens dos tempos Bíblicos eram homens que pregavam e suplicavam com seus
corações cheios de compaixão. Jeremias desejava que sua cabeça se tornasse em águas e seus
olhos em fontes de lágrimas, para poder chorar os mortos da filha de seu povo. Moisés foi um
homem apaixonado e orou pelo povo de sua congregação. Paulo foi um grande apaixonado e a
sua declaração aos Romanos permanece até o momento como uma das mais estupendas obras
da literatura humana: “Digo a verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo no Espírito
Santo, a minha própria consciência que tenho grande tristeza e incessante dor no coração;
porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor aos meus irmãos, meus
compatriotas segundo a carne. Irmãos, os votos de meu coração e a minha oração a Deus são
que eles se salvem” Rom. 9:1-3 e 10:1. Sentia enorme tristeza e contínua dor no coração ao
verificar a incredulidade dos Israelitas aos quais pregava a Cristo. Seu ministério em Éfeso foi de
três anos acompanhados de admoestação e lágrimas. “Portanto, estai atentos, lembrando-vos de
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que durante três anos não cessei, dia e noite e com lágrimas, de aconselhar cada um de vós”
Atos 20:31.
Esta paixão pelos perdidos foi sempre a característica dos grandes pregadores. “Dá-me
almas senão eu morro” era a oração insistente dos missionários, que clamavam com lágrimas
para que Deus salvasse aqueles a quem pregavam.
Mais recente, Oswaldo Smith, com seus livros, demonstrou uma grande paixão pelos
perdidos, e fez tudo que estava ao seu alcance para levar o evangelho àqueles que ainda não o
conheciam, tentou ir ao campo algumas vezes, mas a saúde não lhe ajudava. Fez de sua Igreja
uma das maiores agencias missionárias da época. Paixão pelas almas, é o titulo de um de seus
livros, capaz de mudar a vida de qualquer pessoa que tenha sensibilidade à voz de Deus.
Hoje domina em nossas Igrejas uma frieza jamais vista, prevalece uma indiferença e
desinteresse quase completos por parte de seus membros, incluindo também pastores. Como
esperar que Deus opere se não há disposição para orar e fazer o trabalho missionário. Quantas
Igrejas estão diariamente intercedendo em favor dos perdidos? Quantos estão chorando diante
de Deus em favor de seus parentes que se perdem? Jowett disse: “O evangelho do coração
partido exige ministérios de corações feridos; se paramos de sangrar, paramos de salvar.” Levar a
palavra de Deus com corações compassivos é um dos segredos para que haja resultados.
O MENSAGEIRO DE BOAS NOVAS PREGA A PALAVRA DE DEUS.
“A preciosa semente”. Na parábola do semeador, Jesus afirma que a semente é a palavra
de Deus, o evangelho. E o apóstolo Paulo testificou aos Romanos sobre o poder do evangelho.
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de
todo aquele que crê” Rom. 1:16.
Não possuímos mensagem própria, somos tão somente instrumentos, porta-vozes, vasos,
que Deus quer usar para a concretização de seu principal propósito que é a salvação dos perdidos.
Não temos que pregar ciência e nem filosofia, mas a palavra de Deus. “Ouvirás a palavra da
minha boca e lha anunciarás da minha parte” Ezequiel 33:7. “Vai e anuncia a palavra que eu te
disse” Jonas 1:2, foi a missão que Jonas recebeu para desenvolver em Nínive, a famosa capital do
Império Assírio.
“Conta-se uma história que certa manhã de domingo, duas senhoras voltavam do Culto e
uma delas perguntou a outra: Então, gostou do moço que nos falou hoje? A outra respondeu:
Tenho apenas três defeitos no sermão a comentar: 1- O sermão era lido. 2- O sermão não foi bem
lido. 3- Não valia a pena ter lido aquele sermão. Há muitos sermões e estudos bíblicos hoje que
são mal preparados, mal pregados e em sã consciência nem vale a pena que sejam pregados. Não
é de se admirar porque as pessoas não voltam mais para ouvir” (Roberto L. Sumner). Se
quisermos ganhar pessoas precisamos pregar a palavra pura e genuína.
O MENSAGEIRO DE BOAS NOVAS QUE CUMPRE A ORIENTAÇÃO BÍBLICA TERÁ A GARANTIA DE
RESULTADOS.
“Voltará sem dúvida, trazendo consigo os seus molhos” Esta é a única fórmula que
encontramos em toda a Bíblia! E Deus garante os resultados para quem segue sua orientação. Em
certo período Isaias estava preocupado com seu povo, rebelde e em cativeiro. Talvez estivesse
questionando a validade da pregação, de seu testemunho entre aquele povo rebelde, então Deus
lhe falou para que não ficasse preocupado e entendesse que o poder não estava em sua palavra
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como profeta, mas na Palavra de Deus. “Pois a palavra que sair da minha boca, não tornará para
mim vazia, antes fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei” Isaias 55:11.
Jesus também ensinou sobre esse assunto: “Quem me rejeita e não recebe as minhas
palavras tem quem o julgue; a própria palavra que eu tenho proferido, essa o julgará no último
dia.” João 12:48
É verdade que nem todos aceitam a palavra de Deus; sabemos que a palavra é desprezada
por muitos que se mostram indiferentes aos apelos do evangelho, mas a Bíblia nos garante
resultados positivos.
Na parábola do semeador, Jesus mostra que há 4 tipos de terreno; e diz que a quarta
parte é terra boa e que produz com abundância. Mas não podemos desprezar os outros tipos de
terreno, pois todos podem produzir, só que uma parte tem muitos espinhos e precisamos
arrancá-los, outra parte a terra é pouca e precisamos regar com mais frequência e outra parte
precisa de vigilância pois o diabo procura arrancar a palavra dos corações.
Precisamos estar atentos ao conselho das escrituras: “Pela manhã lança a tua semente, e
a tarde não recolhas a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará; se esta ou se aquela, ou
ambas igualmente serão boas” Ecles. 11:6.
A Igreja do livro de Atos tinha resultados garantidos, e isto se devia a consagração, ao
testemunho e constantes atividades dos crentes. “E todos os dias no templo e nas casas não
cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo” Atos 5:42. e o resultado era certo, e “cada dia
o Senhor acrescentava o número dos que iam sendo salvos” Atos 2:47.
Cumpre-se aqui a citação de Paulo: “O que semeia pouco, pouco também ceifará; mas o
que semeia em abundância, em abundância ceifará” II Coríntios 9:6. Em outras palavras “voltará
com alegria trazendo consigo os seus molhos”.
Muitas vezes trabalhamos, nos cansamos, mas estamos fazendo como o servo de Eliseu,
que queria derrubar árvores com o cabo do machado (o ferro do machado havia caído na água).
Este incidente ilustra o esforço que fazemos na busca dos perdidos: movimentos evangelísticos,
festas sociais, mas falta-nos a unção do Espírito Santo, falta-nos o poder do alto, única força capaz
de remover as dificuldades e converter os corações. “Não por força e nem por violência, mas
pelo meu Espírito, diz o Senhor” Zacarias 4:6. As Igrejas que se dedicam à oração são as Igrejas
mais cheias de compaixão que encontramos e são as Igrejas que mais ganham vidas para Jesus.
Não adianta fazer o trabalho de evangelismo só por fazer. Precisamos entender que é
nossa missão pregar o evangelho, e precisamos fazê-lo com um coração cheio de compaixão pelas
pessoas que desejamos alcançar.
Se desejarmos obter estas bênçãos, precisamos tomar a resolução firme de satisfazer as
condições exigidas por Deus. Precisamos voltar o quanto antes ao caminho da obediência,
precisamos nos humilhar diante do Senhor e dizer-lhe que temos orado pouco em favor das
pessoas e que nunca temos derramado uma lágrima sequer pelos perdidos. Temos que dizer-lhe
que não temos levado a sério o estudo da Bíblia. Que apesar de nossos esforços, nossos cultos,
nossos programas especiais, os resultados são poucos. Forçosamente temos que confessar
envergonhados como os discípulos: “Trabalhamos a noite toda e nada apanhamos” Lucas 5.5.
Que tenhamos uma visão real do mundo em que vivemos e nos coloquemos nas mãos de Deus
para fazer Seu trabalho.
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CAPITULO 6 - EM BUSCA DA OVELHA PERDIDA
O capitulo 15 de Lucas nos traz lições extraordinárias a respeito da busca da ovelha
perdida, da moeda perdida e do filho pródigo ou o filho que estava perdido e foi achado, que
estava morto e reviveu. O texto inicia dizendo que todos os publicanos e pecadores se
aproximaram de Jesus para ouvi-lo, mas os fariseus e os escribas o criticavam. Veja bem, os da
religião, da sinagoga, do templo criticavam Jesus porque recebia aqueles que não tinham
qualquer compromisso com a religião, pois eram pessoas desprezadas pela própria sociedade ou
pelos religiosos da época.
Jesus ensina grandes lições para todos os presentes contando três parábolas. Na primeira,
Ele fala do ovinocultor, ou criador de ovelhas, profissão de muita gente naqueles dias. “Qual de
vós, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no aprisco e
não vai atrás da que se perdeu, até encontrá-la. E quando a encontra, coloca-a sobre os ombros,
cheio de alegria; e, chegando em casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos
comigo, pois encontrei a minha ovelha perdida. Digo-vos que no céu haverá mais alegria por um
pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam de
arrependimento” Lucas 15.4-7. Através desta parábola Jesus mostra o valor de uma pessoa que
se arrepende de seus pecados. Fico impressionado em saber que a única razão pela qual há festa
no céu é o arrependimento de um pecador. A segunda lição é ainda mais importante, pois fala do
pastor, aquele que vai em busca da ovelha que se afastou do rebanho. É um pastor atento, que
valoriza cada ovelha e sente falta de cada uma delas. Ao contar as ovelhas, lhe faltava uma,
imediatamente, deixou as outras ovelhas no aprisco e foi em busca daquela que havia se afastado
do rebanho.
Entristece-nos a frieza com que muitos pastores e lideres estão tratando seus rebanhos!
Algumas vezes não sentem a falta da ovelha que se afastou, outras vezes sente a falta, sabe que a
ovelha se afastou, mas não vão em busca, sinal de falta de amor e de responsabilidade com as
ovelhas de Jesus. Se um ovinocultor pára tudo para procurar a ovelha perdida, quanto mais
deveria o pastor buscar as pessoas que se encontram afastadas do evangelho?
Na segunda parábola Jesus fala de uma mulher que tinha dez moedas que equivaliam na
época a dez dias de trabalho, pois uma dracma equivalia a um dia de trabalho braçal. “Ou qual é a
mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma delas, não acende a candeia e não varre a
casa, procurando com cuidado até encontrá-la? E quando a encontra, reúne as amigas e
vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, pois achei a dracma que havia perdido. Eu vos digo que
assim há alegria na presença dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” Lucas 15.8-
10. Mais uma vez Jesus valoriza o ser humano, mostrando que, se uma pessoa procura uma
moeda que perdeu, muito mais deve ser valorizado o ministério pastoral, a busca daqueles que se
encontram perdidos.
Da mesma forma aprendemos com a parábola do filho pródigo. “Disse mais: Certo
homem tinha dois filhos. O mais moço disse ao pai: Pai dá-me a parte dos bens que me cabe por
herança. Então o pai repartiu seus bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais moço,
juntando todas as suas coisas, partiu para um país distante e lá desperdiçou seus bens, vivendo
de modo irresponsável..... Ele desejava encher seu estômago com as alfarrobas que os porcos
comiam, mas ninguém lhe dava nada. Ele, porém, caindo em si, disse: Quantos empregados de
37
meu pai têm fartura de comida, e eu estou aqui passando fome! E levantando-se, foi para o seu
pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se ao
seu pescoço e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e contra ti; não sou mais
digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos servos: Trazei depressa a melhor roupa e
vesti-o; ponde-lhe um anel no dedo e sandálias aos pés; trazei também o melhor bezerro e
matai-o; comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; havia se
perdido e foi achado. E começaram a se alegrar” Lucas 15. 11-13, 16, 17, 20-24. O texto nos
desafia a olhar para as multidões de pródigos que se afastaram dos caminhos do Senhor, e que
estão passando por momentos difíceis, muito mais do que fome, os pródigos deste mundo estão
caídos às margens da sociedade, usando drogas para aliviar a fome e a dor de uma vida destruída,
família destruída, e ainda o peso da consciência que lhes acusa por terem se afastado da casa
paterna. Muitos estão completamente sem forças, doentes, dependentes e precisam que alguém
lhes dê as mãos e um ombro amigo para ajudar.
Se a Igreja é o corpo de Cristo, como está escrito no Novo Testamento, a Igreja deveria ser
Cristo, isto é, fazer o que Jesus fazia, amar como Jesus amava e ter compaixão das pessoas assim
como Ele tinha compaixão. Como olhar para as multidões que se encontram afastadas de Deus e
continuar dentro de quatro paredes cantando louvores, sem se importar com elas? Como
continuar ouvindo mensagens, semana após semana e não interceder, não buscar aqueles que
afastados do pai se encontram?
Se decidíssemos hoje parar de evangelizar pessoas que ainda não conhecem Jesus ou que
simplesmente não entraram em uma igreja evangélica e trabalhássemos única e exclusivamente
com as pessoas que um dia estiveram em nosso meio, louvando e adorando ao Senhor,
certamente teríamos muito trabalho. Por todos os lugares que andamos, em nosso país,
encontramos grandes multidões de pessoas que já passaram por Igrejas evangélicas e hoje vivem
desiludidos, sem esperança, curtindo enormes frustrações em suas vidas, principalmente
espiritual.
Estima-se hoje que há no Brasil entre 30 a 40 milhões de pessoas desviadas do evangelho.
São pessoas que se frustraram com promessas não cumpridas, com doenças não curadas, com
escândalos não evitados e com constrangimentos prolongados. Pessoas essas que hoje lotam os
presídios de nosso país, povoam as “cracolândias”, perambulam pelas ruas sem rumo, estão em
seus lares desanimados e que anseiam por alguém que lhes estenda as mãos e ajude para que
consigam sair da situação de calamidade e desesperança em que se encontram. Com certeza Deus
ama estas pessoas, independente das circunstancia em que estão e deseja abençoar, levantar,
curar seus traumas e colocar em uma nova posição para glória do seu nome. “Quem há
semelhante ao Senhor, nosso Deus, cujo trono está nas alturas, que se inclina para ver o que se
passa no céu e sobre a terra? Ele ergue do pó o desvalido e do monturo, o necessitado, para o
assentar ao lado dos príncipes, sim, com os príncipes do seu povo” (Sl 113.5-8).
A grande questão é: O que fazer para resgatar essa população que “conhece” o
evangelho? Como resgatar os que abandonaram a fé? Como a visão Igreja Multiplicadora pode
auxiliar nessa tarefa?
A primeira ação é a intercessão. Assim como a oração é importante para o crescimento,
fortalecimento e plantação de igrejas, a oração também será importante no resgate daqueles que
por algum motivo se afastaram da Igreja. Se Deus não abrir as portas, não direcionar as
estratégias e não mostrar onde encontra-los, nada poderá ser feito. Precisamos da direção de
38
Deus para realizar a obra de resgatar os perdidos e trazê-los de volta ao Pai. A oração deve ser
incessante e direcionada para essa finalidade. Diariamente grupos devem estar reunidos
especificamente para orar em favor daqueles que se encontram afastados do evangelho e do
Senhor.
A segunda ação é ir em busca da “igreja” perdida. Somente uma evangelização
direcionada e eficiente pode fazer com que essas pessoas sejam despertadas para retornar à casa
Paterna. É provável que algumas dessas pessoas necessitem de muito esforço para serem
resgatadas em situações de cárceres ou de rua, mas independente de onde estejam precisam ter
pessoas dispostas a trazê-las de volta.
A terceira ação é o discipulado. Uma vez resgatadas, essas pessoas precisarão ser
acompanhadas através de um discipulado bíblico. É provável que algumas estejam em estado
muito delicado, principalmente, aqueles que se entraram em situações de dependência química,
prisão, depressão ou da mendicância de rua. É necessário que o discipulador esteja preparado
para enfrentar essa situação e auxiliar essas pessoas através da Palavra de Deus. O equilíbrio
emocional é imprescindível nesse acompanhamento.
A quarta ação é a compaixão. É provável que uma vez resgatadas, essas pessoas precisem
de atendimento em suas necessidades básicas como alimentação, hospedagem, um
encaminhamento para recuperação da dependência química ou emprego e também a reinserção
em sua família. Não podemos fechar os nossos olhos à situação real dessas pessoas. Pode ser que
haja pessoas que necessitem de apoio judicial ou psicológico e a igreja deverá estar preparada
para atender ou encaminhar.
Podemos aplicar a visão Igreja Multiplicadora em diversas realidades vivenciadas pelas
igrejas hoje, inclusive aos afastados do evangelho. Não podemos simplesmente prosseguir na
evangelização de nossa nação deixando os nossos “soldados feridos” pelo caminho. Precisamos
nos dispor a resgatar e a cuidar dos nossos para que em breves tempos tenhamos uma igreja de
inclusão social, com qualidade, louvando a Deus, e que atua no ministério da reconciliação.
39
CAPITULO 7 - PEQUENOS GRUPOS OU NÚCLEOS DE ESTUDOS
BÍBLICOS
Quando estudamos a história da Igreja no Novo Testamento, percebemos que a oração,
evangelização, compaixão, discipulado e formação de novos líderes, eram as atividades principais
e realizadas nos grupos pequenos, ou nas casas dos irmãos. “E todos os dias, no templo e de casa
em casa, não cessavam de ensinar e de anunciar Jesus, o Cristo” Atos 5.42. A Igreja cresceu, se
multiplicou, e ultrapassou as fronteiras da Palestina com o trabalho dos pequenos grupos. Cada
crente sentia-se responsável pela salvação das pessoas e privilegiado em participar da obra
missionária, abrindo seus lares e ministrando a Palavra aos seus parentes, amigos e vizinhos. Os
textos a seguir são um exemplo disso: “Cumprimentai a Prisca e Áquila, meus cooperadores em
Cristo Jesus. Cumprimentai a Igreja que está na casa deles” Rom. 16.3, 5a. “Cumprimentai os
irmãos em Laodicéia, e também a Ninfa e a Igreja que se reúne em sua casa” Col. 4.15. “... E a
Igreja que está em tua casa” Filemon 1.2. Apesar de ser algo aparentemente “novo”, isto é, com
maior ênfase nas últimas duas décadas, esse trabalho é tão antigo quanto a própria Igreja. O
trabalho em pequenos grupos também não é um novo método de crescimento de Igreja e nem se
trata de uma estratégia recentemente desenvolvida, os apóstolos trabalharam dessa forma.
Algumas denominações têm usado pequenos grupos como estratégias para a
disseminação de suas “visões” de ministérios e doutrinas, que muitas vezes ferem o ensino da
palavra de Deus. Por causa disso, algumas Igrejas abominam a idéia de desenvolverem um
ministério de pequenos grupos. Outras Igrejas não aceitam este tipo de trabalho porque em
algum momento um líder de pequeno grupo desviou os membros da Igreja da doutrina e até da
comunhão da Igreja. São muitas as histórias que ouvimos sobre o trabalho realizado em
pequenos grupos, mas não podemos sacrificar uma atividade de alcance tão extraordinário na
conquista de pessoas para Cristo, só porque ouvimos notícias de algumas dificuldades ocorridas
com esse tipo de trabalho. Esses problemas podem ser causados pela falta de envolvimento da
liderança ou falta de organização do trabalho. A diferença entre o sucesso e o fracasso é o
envolvimento do pastor e a presença de líderes preparados e apaixonados pelo trabalho. Quando
isso não acontece abre-se espaço para a entrada de elementos nocivos à unidade do grupo,
divagações, opiniões pessoais, que alimentam a soberba do líder, e como consequência virá o
fracasso do trabalho.
Faz muito tempo que ouço, por exemplo, sobre o trabalho de multiplicação desenvolvido
pela Igreja Evangélica Cubana, onde centenas de novas Igrejas estão sendo plantadas e muita
gente está se convertendo a Cristo. É claro que o contexto de Cuba é muito diferente do nosso,
pois, no país é proibido a construção de Templos, e os crentes são quase que obrigados a fazer o
trabalho em pequenos grupos que se reúnem nas casas. Mas para a glória de Deus as pessoas
estão sendo alcançadas com o evangelho de Jesus Cristo e famílias inteiras estão se convertendo
a Cristo. Em Cuba, esses grupos são chamados de Igrejas, e biblicamente o são. Pois não
encontramos na Bíblia, outro nome para “Igreja”. Onde estiver um grupo de pessoas salvas, ali
está uma Igreja! É claro que existem Igrejas com número menor de crentes, e outras com número
maior, mas são Igrejas, independentemente de ter ou não o registro no cadastro nacional de
pessoas jurídicas.
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No Brasil um dos trabalhos evangélicos que mais cresce está em Santarém/PA, onde a
Igreja da Paz com menos de trinta anos de existência chegou a 55.000 membros em 6.300
pequenos grupos. Todo trabalho de cuidado mútuo, evangelização, discipulado e treinamento de
novos líderes é feito nesses pequenos grupos que se reúnem nas casas.
Pequenos Grupos acompanham a história da Igreja, desde seus primórdios até hoje. É
uma estrutura que permite a sobrevivência da Igreja em períodos e locais em que o culto público
é proibido, como no caso de Cuba e algumas regiões da índia e China. Mas também em nosso
país, o trabalho Batista cresceu muito através de cultos nos lares e núcleos de evangelização, que
se tornaram ferramentas para plantação de Igrejas nas várias regiões do Brasil. Também a Aliança
Bíblica Universitária (ABU) tem desenvolvido um excelente trabalho dentro das Universidades de
nosso país realizando estudos bíblicos em pequenos grupos. Nosso trabalho de plantação de
Igrejas no sertão paraibano teve como base o estudo da Bíblia através dos lares onde centenas e
milhares de pessoas tiveram oportunidade de ouvir sobre o evangelho e assim conheceram o
plano de Deus para salvação de suas vidas. Minha esposa também realizava estudos bíblicos
todos os dias em vários lares e muitas pessoas creram em Jesus e foram batizadas. Nossos filhos
faziam estudos bíblicos com seus colegas no colégio e muitos deles se converteram a Cristo,
foram batizados e servem a Deus com entusiasmo. Não podemos esquecer que a fé vem pelo
ouvir a palavra de Deus. “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão
naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não há que pregue?” Rom. 10.14.
Pequenos grupos tem sido uma boa estratégia para anunciar a palavra de Deus às pessoas, muitas
das quais nunca colocariam seus pés em um templo evangélico.
Não devemos ficar tão preocupados com os nomes que podem ser dados a estes
“pequenos grupos”, podemos chamá-los de: células, grupos familiares, núcleos de estudos
bíblicos, grupos de apoio bíblico, núcleos de evangelização ou grupos de comunhão. O que mais
importa é o que queremos alcançar com esse tipo de trabalho e não o nome. O alvo do trabalho
deve ser a comunhão, evangelização, discipulado, atendimento a dificuldades específicas e
formação de novos líderes.
Normalmente queremos iniciar o trabalho com vários “grupos”, e aí corremos o perigo de
colocar líderes sem o devido preparo o que poderá trazer dificuldades para o processo e colocar o
programa em risco. É melhor iniciar com um ou dois grupos e a partir desses treinar os líderes
para o início dos próximos grupos. A melhor estratégia é o trabalho com lideres em treinamento,
modelo usado por Jesus e também pelos apóstolos. O treinamento em serviço é algo excepcional
e pode ser usado em todas as áreas da Igreja.
O LÍDER DO GRUPO PEQUENO
A vantagem nesse tipo de trabalho, é que não precisamos de líderes com vasto
conhecimento bíblico. O mais importante é que os líderes sejam pessoas responsáveis,
comprometidas com a Igreja e sua liderança, além de serem respeitadas por todos os
participantes do grupo. A principal função do líder do pequeno grupo não é pregar ou dar estudos
bíblicos, mas ser um facilitador, ser um motivador do grupo. O objetivo maior é o envolvimento
de todas as pessoas nas discussões dos assuntos apresentados, fazer com que as pessoas se
sintam à vontade para emitirem suas opiniões e assim terão um grande crescimento espiritual e
passarão a fazer isso no seu cotidiano. Os líderes controlarão as participações e manterão o
assunto dentro de seus limites, oportunizando que todos participem sem sair do assunto;
41
controlarão também o tempo, para que a reunião não se prolongue além do horário combinado
trazendo constrangimentos às pessoas; terão cuidado para que a discussão não fique apenas em
um ponto do assunto; e por fim fará o encerramento do debate apresentado a posição bíblica
sobre o tema, de acordo com a orientação da apostila ou manual de estudos que está usando.
O pastor da Igreja ou responsável pelo trabalho de pequenos grupos pode ter uma
reunião semanal, antes das reuniões nos lares, para fazer o estudo com os líderes dos grupos
pequenos fornecendo para eles conteúdo necessário para os debates.
ORIENTAÇÃO PARA OS LÍDERES DOS PEQUENOS GRUPOS.
1. Deve ter interesse nas pessoas. Respeito aos participantes se quiser ser respeitado. Fazer
com que todos se sintam importantes e necessários ao grupo. Criar um clima em que
todos se sintam a vontade em participar expondo suas idéias. Respeitar o horário de início
e conclusão das reuniões.
2. Incentivar a participação de todos os membros do grupo. Ter cuidado, pois há pessoas
que gostam de falar e se o líder deixar, falarão o tempo todo. Também há pessoas que
não gostam de falar e o líder precisará incentivá-las a participar. Quando alguém
responder apenas sim ou não, deve perguntar o “Por quê?” do sim ou do não.
3. Ajudar o participante que tiver dificuldade em esclarecer um assunto. Se alguém enrolou
o “meio de campo”, o líder precisa entender o que o irmão quis dizer e reformular a
pergunta ou resposta, se necessário. Mas antes deve perguntar ao irmão se é isso mesmo
que ele queria dizer.
4. Intervenha quando alguém criticar a idéia do outro. Isso é sério, e dependendo da
situação, pode levar uma pessoa a desistir do pequeno grupo. O líder precisa estar muito
atento a estas questões e ser imparcial; mas sempre prezar pelo respeito mútuo. Valorize
o que as pessoas dizem.
5. Trazer a discussão ao assunto ou tema quando a mesma fugir. Muitas vezes as pessoas
fogem do assunto e começam a devagar. Outros gostam de focar em suas experiências
pessoais. O líder precisa lembrar ao grupo sobre a necessidade de respeito ao tempo. E aí
vai lançando as próximas perguntas ou questionamentos.
6. Tenha cuidado com os métodos usados para não gerar constrangimento. Se alguém não
quiser responder a uma pergunta, não insista. O líder precisa ter cuidado para não
constranger as pessoas. Deve lembrar que há pessoas que são muito sensíveis e uma
simples palavra as ofende. Cuidado também com apelos insistentes.
7. Cuidado para não transformar a reunião em pregação. É mais fácil pregar e falar o tempo
todo, mas esse não é o objetivo do pequeno grupo. Assim como há irmãos que gostam de
falar o tempo todo, também há lideres que fazem o mesmo.
8. Cuidado para não confrontar as pessoas com sua religião. Não confronte as pessoas,
apenas ensine o evangelho de Jesus Cristo, lembrando que a fé vem pelo ouvir e palavra
de Deus. Nosso objetivo é levar as pessoas ao conhecimento dos fatos básicos do
evangelho e assim os participantes crerão no tempo certo. Um confronto antes do
conhecimento do evangelho pode afastar uma pessoa definitivamente de Cristo.
9. O líder não sabe tudo. Se não souber uma questão não tente responder; deixe para
semana seguinte e você terá o tempo necessário para estudar sobre o tema e poderá
trazer o assunto com uma boa base bíblica. Se não conseguir esclarecer peça orientação
ao pastor.
42
10. Ter líderes em treinamento. O líder precisa escolher pelo menos duas pessoas que serão
líderes em treinamento; pessoas que o ajudarão desde o inicio do trabalho e isso facilitará
a multiplicação do pequeno grupo.
11. Fazer as pessoas se sentirem Igreja. É papel do líder, envolver os crentes no trabalho de
oração, evangelização e discipulado. Cada visitante não crente, ou novo crente, deve ser
acompanhado por um crente mais antigo e isso fortalecerá o pequeno grupo. E com isso
aprenderão desde cedo a cuidar uns dos outros.
O QUE FAZER DIANTE DAS SEGUINTES SITUAÇÕES:
1. Quanto ao servir ou não servir lanche. É melhor não ter lanche e isso precisa ficar claro
desde o inicio do pequeno grupo. No início pode não ser difícil preparar um lanche, mas
depois pode ficar pesado e constranger as pessoas (em última análise, o grupo decide).
2. Quanto às crianças que vem com seus pais. O grupo pode ter uma ou mais pessoas que
trabalharão com as crianças em outro cômodo da casa. Uma criança junto com adultos
pode tirar a atenção do grupo.
3. Quanto à organização do local no final do estudo. No final é necessário que ajudemos os
proprietários a colocar a casa em ordem, inclusive ajudar na limpeza do local se
necessário.
43
CAPITULO 8 - EVANGELIZAÇÃO DE CRIANÇAS
Um grande percentual da população brasileira é formado de crianças que já fazem a
história do país. No futuro estas crianças comporão a população adulta e se não evangelizadas
agora, serão adultos vivendo longe de Deus e muitos deles estarão envolvidos com o mundo do
crime, drogas e corrupção. Não podemos esquecer que esse é o tempo para alcançarmos os
nossos brasileirinhos que estão espalhados por todas as cidades e estados desse enorme país e
precisam urgente de cuidados especiais para que cresçam com boa saúde, educação adequada,
além de cuidados em sua espiritualidade tendo oportunidades para que conheçam a Jesus como
Salvador e Senhor de suas vidas.
Parafraseando as palavras de Jesus, podemos dizer: Levantai os olhos e vede as crianças
espalhadas por todos os lados; algumas delas, abandonadas pelas ruas das grandes cidades,
passando fome; outras envolvidas com o uso e tráfico de drogas, sendo usadas por pessoas
irresponsáveis; e outras ainda sendo abusadas sexualmente por adultos desalmados.
Uma das mais importantes atividades para uma Igreja que tem visão e deseja ser
relevante na sociedade onde está inserida e no mundo é a evangelização de crianças, ou como diz
nosso diretor executivo, Pr. Fernando Brandão “A evangelização de crianças é uma das tarefas
mais importantes e estratégicas para as Igrejas do Senhor Jesus”. A Igreja não pode fechar os
olhos para a triste realidade em que vivem milhões de crianças e esperar um futuro de paz e
harmonia. Se quisermos um futuro melhor, precisamos investir naqueles que serão os adultos no
futuro – as crianças do aqui e agora.
No período que trabalhamos no nordeste do Brasil, víamos muitas crianças andando pelas
ruas das cidades, e desde o inicio de nosso ministério investimos na evangelização das mesmas, e
até hoje, ao encontrar pessoas adultas, que na época eram crianças, nos lembram das coisas que
fazíamos há 25 anos; coisas que ainda estão na mente e coração de centenas deles. Uma dessas
atividades eram os filmes em Slides que projetávamos nas ruas das cidades. Fomos para o campo,
preocupados em evangelizar crianças, e adquirimos um projetor de slides com vários filmes
infantis, tínhamos um lençol branco e colocávamos nas paredes das casas, em baixo das árvores,
para fugir da luz das lâmpadas dos postes e ali dezenas de crianças assistiam aos slides ouvindo a
história através de uma fita cassete, e muitos adultos acompanhavam. Como resultado dessa
atividade muitas crianças foram alcançadas com a mensagem do evangelho e anos depois
batizadas para glória de Deus. A tecnologia avançou muito nas últimas duas décadas e precisamos
aproveitar essa enxurrada de equipamentos modernos para evangelizar nossas crianças. E quero
lembrar que muitos dos líderes das Igrejas hoje, foram alcançados com a mensagem do evangelho
ainda em sua infância, então precisamos continuar alcançando aqueles que serão os líderes das
Igrejas no futuro.
Outro detalhe importante no trabalho missionário, não só no Brasil, mas em outros países
também, é que, muitos adultos estão sendo alcançados através de seus filhos. Missionários que
valorizam as crianças e fazem um bom trabalho infantil, chegam até os pais destas crianças. Aliás,
o testemunho de muitos missionários, que atuam em cidades resistentes ao evangelho, diz que
iniciaram as atividades no fortalecimento ou plantação da Igreja através das crianças e com isso
os pais passaram a respeitar o trabalho e aos poucos iniciaram estudos bíblicos e creram em Jesus
44
e hoje são crentes fiéis e dedicados ao Senhor. Quantos jovens e adolescentes se encontram em
nossas Igrejas e que poderiam dedicar um pouco de seu tempo alcançando as crianças de seus
bairros e assim nasceriam muitas Igrejas para a glória de Deus.
Crianças são especiais, são vidas mui preciosas e valem mais do que o mundo inteiro;
além disso, são vidas inteiras, completas. Uma criança nas mãos de Deus terá a vida toda para se
desenvolver espiritualmente e ser usada por Deus no ministério da Igreja.
Há várias atividades que podemos desenvolver na evangelização de crianças:
1. Classe de estudos semanais. É um tipo de atividade que pode ser desenvolvido uma
vez por semana no templo, residência do missionário, ou na residência de uma das
crianças. Para atender todas as crianças será melhor no sábado ou domingo, pois
durante a semana estarão na escola. É importante a regularidade do trabalho para
que as crianças acostumem com os estudos bíblicos.
2. Programa especial de férias. O que também chamamos de Escola Bíblica de Férias. Os
pais agradecerão quando uma atividade acontecer no período das férias de seus
filhos. A Igreja pode fazer um excelente programa de férias para as crianças da
comunidade usando as crianças da própria Igreja. Segunda quinzena de dezembro,
Janeiro, Julho e o feriado de outubro, onde se comemora o dia da criança, são datas
especiais para esse tipo de trabalho.
3. Programa de educação pré-escolar. Esse é um tipo de atividade usada nos campos
missionários para atender crianças que estão fora da escola. A ABIAR tem sido uma
grande parceira nessas atividades e atua em todos os estados do Brasil e em muitos
países. Através desse programa as crianças são assistidas educacionalmente em até 5
dias na semana além do cuidado espiritual e ainda as famílias dessas crianças terão
cuidados espirituais e abrirão as portas de seus lares para ouvir o evangelho de Cristo.
4. Esporte com crianças. Alguns de nossos missionários estão conseguindo fazer um
grande trabalho através do esporte com crianças, como é o caso do Missionário João
Victor, em João Pessoa/PB, que escreveu: “O esporte está presente na maioria das
culturas e em todas as faixas etárias. Indiscutivelmente o esporte faz parte do
cotidiano das pessoas dos cinco continentes, seja profissionalmente ou por lazer; seja
praticante ou expectador. Falando de Brasil é até possível substituir seu nome por: “o
país do futebol”, que ainda assim será reconhecido. Encontrar um ponto de acesso
numa cultura é importante para o trabalho de plantação de igrejas, é aqui onde o
esporte apresenta-se; o que resta é identificar qual o esporte que mais se identifica
com determinada cultura ou faixa etária”.
No inicio desse ano, 2011, a Junta de Missões Nacionais lançou o Manual do Programa de
Evangelização de Crianças que ajudará as Igrejas Batistas e seus líderes no propósito de alcançar
as crianças de nossa Pátria com a mensagem do evangelho.
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TAREFA: Leia o livro de Atos e destaque as ações de evangelização praticadas pela Igreja.
Ações na área de evangelização Referências bíblicas
OBJETIVO: EVANGELIZAÇÃO
Meta 1
Plano de Ação
Meta 2
Plano de Ação
Meta 3
Plano de Ação
Possíveis Obstáculos
transformados em
oportunidades
Acompanhamento
46
Equipe Ministerial
MINISTÉRIO
DE
EVANGELIZAÇÃO
Evangelização Via Relacionamentos
Núcleos Evangelísticos
Multiplicadores
Campanha Crianças para Jesus
Testemunho Pessoal
Projetos Estratégicos de
Evangelização
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ANOTAÇÕES
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49
TERCEIRO VALOR
VISÃO BÍBLICA
IGREJA MULTIPLICADORA
COMPAIXÃO
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CAPITULO 9 - AÇÕES DE COMPAIXÃO – JESUS E OS APÓSTOLOS
Vivemos em um mundo oprimido e sofredor, catástrofes estão por toda parte, e com isso
a fome e a miséria tem chegado a quase todos os lugares. Ainda se mostrava na televisão a
miséria do Haiti, quando acontecia o terremoto no Chile, logo depois foi a vez do Japão e em
sequência várias tragédias aconteceram em outras partes do mundo; milhares de pessoas estão
sendo ceifadas a cada dia, e a grande maioria sem salvação. Como se não bastasse essas crises
ocasionadas por catástrofes naturais, ainda encontramos crises políticas, sociais, morais e
econômicas. O que fazer diante de tantos problemas? Qual é nosso papel como cristãos? Qual o
papel da Igreja diante dos desafios que o mundo enfrenta?
Satanás continua oprimindo as pessoas, dominando mentes e corações, têm influenciado
famílias e cidades inteiras. O pecado contra Deus tem sido grande e grave, e como consequência
vem o sofrimento, a falta de paz, de alegria e falta de interesse pela própria vida; encontramos
pessoas desesperadas por todos os lados; basta que levantemos os olhos e perceberemos a real
situação do mundo e encontraremos milhares de pessoas sofrendo. Precisamos ter
discernimento, pois o certo e o errado estão cada vez mais confusos, precisamos entender que o
mundo tem pecado contra o Senhor, e como consequência muitas coisas ruins estão
acontecendo. Já dizia o Senhor através do Profeta Isaias: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao
bem, mal; que transformam trevas em luz e luz em trevas; e o amargo em doce, e o doce em
amargo!” Isaias 5:20. Vivemos essa inversão de valores e por isso a cada dia o mundo entra em
crises mais profundas: é a crise de identidade; crise da família; a crise da dependência química –
que parece tomar conta do mundo; crise moral e a crise espiritual. O AFASTAMENTO DE DEUS
tem sido um dos maiores problemas das pessoas. Deus mandou o recado através de Azarias ao
povo de Judá, mas também a todos nós: “O Espírito do Senhor veio sobre Azarias que disse: Ouví-
me, Asa, e todos de Judá e Benjamim: O Senhor está convosco, enquanto estais com Ele; se O
buscardes O achareis; mas se O deixardes, Ele vos deixará” 2 Crônicas 15:2. As pessoas estão se
distanciando de Deus, milhões não conhecem a Deus e O têm abandonado, se envolveram com o
pecado e sofrem as consequências dessa atitude de rebeldia.
Precisamos nos identificar com o sofrimento das pessoas, foi esse o ensino de Jesus na
parábola do bom samaritano. “Então se levantou um certo doutor da lei, que, para colocá-lo à
prova disse: Mestre, que devo fazer para ter a vida eterna? Jesus lhe perguntou: O que está
escrito na lei? Como lês? Ele lhe respondeu: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, com
toda a alma, com todas as forças e com todo o entendimento, e ao próximo como a ti mesmo.
Disse-lhe Jesus: respondeste bem; faze isso e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se,
perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo? E Jesus lhe respondeu: Um homem descia de
Jerusalém para Jericó. E caiu na mão de assaltantes, que o roubaram e, depois de espancá-lo,
foram embora, deixando-o quase morto. Por acaso, um sacerdote descia pelo mesmo caminho;
e, vendo-o, passou longe. De igual modo, também um Levita chegou àquele lugar e, quando o
viu passou longe. Mas um Samaritano, que ia de viagem, aproximou-se e, vendo-o encheu-se de
compaixão; e chegou perto dele e enfaixou suas feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-
o sobre a sua própria montaria, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte,
pegou dois denários, entregou-o ao hospedeiro e disse: Cuida dele; quando voltar te pagarei
tudo que gastares a mais. Qual dos três te parece ter sido o próximo do que caiu na mão dos
51
assaltantes? O doutor da lei respondeu: Aquele que teve misericórdia dele. Então Jesus lhe
disse: Vai e faze o mesmo” Lucas 10. 25-37.
Nós sabemos como é terrível viver nas trevas, por isso somos as pessoas certas para
ajudar nossos semelhantes saírem das crises e opressão espiritual. A Igreja existe para socorrer as
pessoas. Deus não tem um plano B para o mundo, o trabalho deve ser feito pela Igreja, mas se
falharmos em nossa missão, as pessoas continuarão sofrendo neste mundo e ainda passarão a
eternidade no inferno. Portanto, não podemos falhar! Não é possível que continuemos pensando
que fomos salvos apenas para frequentar aos cultos em nossos templos, enquanto milhares de
pessoas continuam indo para o inferno, sem conhecer Jesus - o caminho para o céu - sem ouvir a
mensagem de esperança, de salvação. Deus precisa de homens e mulheres que creiam NELE, que
creiam num futuro melhor, e que levem essa mensagem para as pessoas do mundo inteiro,
independente de sua raça ou cor. Não acredito que Deus salve uma pessoa para que fique
sentada no templo sem se importar com as pessoas que se perdem. Levantemo-nos e anunciemos
a mensagem do evangelho! Precisamos dizer às pessoas que Jesus as ama e as convida para
receberem seu alívio, conforme o convite que Ele mesmo fez: “Vinde a mim todos que estais
cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei, tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou
manso e humilde de coração e encontrareis descanso para as vossas almas” Mt. 11:28-30.
Não podemos como servos de Deus, nos acomodar com a desgraça que aí está,
precisamos investir, tentar, fazer alguma coisa. “Para que estaremos aqui sentados até
morrermos?” 2 Reis 7.3. O apóstolo Paulo nos recomenda: “E não vos conformeis com este
mundo, mas transformai-vos pela renovação de vosso entendimento...” Romanos 12.1, 2. Qual a
finalidade de nossa existência? Para que nascemos? Para que estamos aqui? Qual o sentido da
vida? Nós somos as pessoas que mais podemos ajudar este mundo; nós podemos ajudar pessoas,
nós podemos ajudar famílias. Nosso tempo e recursos devem ser gastos, em parte, para socorrer
as pessoas.
A Igreja está no mundo para continuar o ministério de Jesus, conforme definido no livro
do profeta Isaias: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para
pregar boas novas aos oprimidos; enviou-me para restaurar os de coração abatido, a proclamar
liberdade aos cativos e a por os presos em liberdade; a proclamar o ano aceitável do Senhor e o
dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes...” Isaias 61.1, 2. É impressionante
acompanhar o ministério de Jesus e ver como cumpriu tudo aquilo que havia sido escrito pelos
profetas. Jesus tinha um coração compassivo, olhava para as pessoas e as via como ovelhas que
não tem pastor, cada uma se desviando pelo seu próprio caminho, sem rumo, sem esperança e
oprimidas por satanás. Gastou boa parte de seu ministério cuidando das necessidades físicas e
emocionais das pessoas, curando toda sorte de enfermidades e libertando aqueles que se
encontravam aprisionados por satanás, expulsando de seus corpos e mentes o mal. “Mas,
sabendo disso, as multidões o seguiram, e ele as recebeu; e falava-lhes do reino de Deus e
curava os que precisavam de cura” Lucas 9.11.
Da mesma forma a Igreja primitiva, entendeu que precisava ajudar as pessoas que se
encontravam em sofrimento, e percebemos no livro de Atos dos Apóstolos que essa disposição
em ajudar aqueles que estavam em necessidades causou um impacto na sociedade da época, e a
Igreja caiu na graça de todo o povo. A compaixão foi um aspecto positivo para a multiplicação de
cristãos e Igrejas no primeiro século. Os cristãos de Antioquia, ao tomarem conhecimento da
fome que assolava a Judéia, enviaram ajuda: “E os discípulos, cada um conforme suas posses,
resolveram enviar ajuda aos irmãos que habitavam na Judéia” Atos 11.29. O apóstolo Paulo, em
52
seu grande discurso aos anciãos da Igreja de Éfeso mostra a preocupação que tinha com as
pessoas em seus sofrimentos. “Em tudo vos dei o exemplo de que deveis trabalhar assim, a fim
de socorrerdes os doentes, recordando as palavras do próprio Senhor Jesus: Dar é mais bem
aventurado que receber” Atos 20.35.
Precisamos trabalhar com as pessoas que vivem à nossa volta, atendendo às suas
necessidades, conforme o ensino e exemplo de Jesus e os apóstolos. Para que uma Igreja seja
relevante é necessário que tenha compaixão.
1. O que fazer diante de pessoas que estão morrendo de fome?
2. O que fazer diante de milhões de dependentes químicos?
3. O que fazer diante de milhões de crianças e adolescentes em situação de risco?
A Igreja que deseja alcançar o coração das pessoas terá que pensar nas múltiplas
situações em que estas pessoas se encontram e ajudá-las em seus sofrimentos.
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CAPITULO 10 - COMO ESCOLHER PLATAFORMAS
Esse é um assunto pouco discutido entre os obreiros envolvidos com a disseminação do
evangelho no Brasil; é certo que alguns nunca deram a atenção necessária ao assunto e outros
poucos ouviram falar em tais ferramentas que podem abrir oportunidades para a pregação do
Evangelho em localidades resistentes. Na verdade, ações de compaixão, sempre abrem portas
para a proclamação do evangelho, em qualquer lugar do mundo. Ações de compaixão deixam as
pessoas mais sensíveis à palavra de Deus.
Ações de compaixão que dão acesso à comunidade
Estamos tratando de ações que representam uma base segura em que podemos nos
apoiar quando estamos trabalhando em comunidades que resistem ao evangelho e à presença de
missionários; são atividades que atendem às necessidades sociais e dão credibilidade aos
pregadores do evangelho.
Estas atividades são desenvolvidas por agências, organizações, instituições beneficentes
em parceria com pastores e missionários plantadores de Igrejas que trabalham com projetos
esportivos, educacionais, profissionalizantes e de assistência social. Serviços ou negócios que dão
ao obreiro uma justificativa para permanecer em um determinado lugar, mesmo que as pessoas
sejam indiferentes à pregação do evangelho. As ações de Compaixão podem vir de entidades
cristãs ou seculares, mas quando cristãs devem garantir acesso à população, abrindo portas para
testemunhar de Jesus Cristo.
Estas ações podem ter duas características:
Ações (de compaixão) para acesso sem retorno financeiro. Tem como finalidade gerar
uma aproximação com o grupo alvo. Um dos pontos mais importantes para evangelização,
sabemos, é o relacionamento com as pessoas, e o semeador de boas novas deve aproveitar todas
as oportunidades para se aproximar das pessoas e assim falar de Jesus. O missionário precisa
pedir a orientação a Deus para conseguir credibilidade e aceitação junto à comunidade, e a idéia
de elaborar projetos sociais que atendam necessidades da comunidade tem sido de grande valor
no crescimento e plantação de Igrejas. O líder deve, através de pesquisas, descobrir o que a
comunidade necessita para não gastar tempo e dinheiro com atividades que não tenham
importância para as pessoas.
Tenho acompanhado o processo de plantação de Igrejas por décadas e alguns
missionários estão sendo bem sucedidos na aplicação dessas ações de compaixão, enquanto
outros não alcançam bons resultados exatamente pelo fato de não atender às necessidades
legitimas do povo. Não podemos esquecer que as atividades devem ter um bom planejamento
para que permitam ao missionário testemunhar de sua fé no meio de seu grupo alvo; esse deve
ser o objetivo final. Duas coisas importantes:
1- Um projeto social não pode colocar em risco a integridade do missionário que deve ter
muito cuidado quando o projeto envolve dinheiro; a prestação de contas deve ser
transparente. Nada deve ofuscar a vida do pastor ou missionário.
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2- As ATIVIDADES sociais devem prover as necessidades da comunidade e dar acesso para
testemunhar de Jesus.
Quero exemplificar com duas plataformas de acesso usadas por nossos missionários nos
estados do Ceará e Rio Grande do Norte.
Na cidade de Tauá/CE, nossos missionários trabalham com um projeto chamado “ESPAÇO
VOAR”, apoio educacional a crianças de 07 a 10 anos de idade que são atendidas com reforço
escolar. O atendimento às crianças acontece de 3 a 5 cinco dias por semana, com média de 3
horas aula/dia. No inicio os obreiros tiveram dificuldades para penetrar nas casas, mas ao iniciar
essa plataforma passaram a ter boa aceitação na comunidade e hoje a igreja esta crescendo; os
pais das crianças atendidas estão fazendo estudos bíblicos e alguns já fizeram uma decisão de
crer em Jesus como único salvador e senhor de suas vidas e as portas estão abertas para o
testemunho.
Na cidade de Patú/RN, cidade hostil ao evangelho, e um dos centros de romaria do
Estado, onde a Igreja estava há aproximadamente 20 anos, com trabalho fraco e freqüência
aproximada de 08 pessoas, os missionários iniciaram suas atividades tentando descobrir como
penetrar na comunidade e alcançar a cidade e perceberam muitos meninos adolescentes e pré-
adolescentes envolvidos com alcoolismo, drogas e malandragem. Nesse contexto resolveram
iniciar uma escolinha de futsal. Fizeram o planejamento; conseguiram a quadra do ginásio de
esporte da cidade; e começaram o trabalho com esses meninos que para muitos, até mesmo
para alguns pais não tinha mais jeito. O trabalho tem se solidificado, os missionários
começaram a ensinar o futsal, mas também a Palavra de Deus. E hoje muitos dos meninos já
creem em Jesus como Salvador e Senhor de suas vidas. As famílias estão sendo abençoadas e a
Igreja se fortaleceu e está se multiplicando através do crescimento local e a plantação de Igrejas
em cidades próximas. Após o inicio dessa plataforma – atividade esportiva - os obreiros
tornaram-se conhecidos e respeitados por toda comunidade com livre acesso a todas as
camadas sociais e lares para estudos bíblicos.
Aspectos que devem ser observados em projetos sociais de acesso à comunidade:
1- Atender uma necessidade legitima do grupo alvo
2- Facilitar a interação com muitas pessoas
3- Permitir oportunidade para testemunho do evangelho
4- Combinar com as habilidades e talentos do obreiro
Ações (de compaixão) para acesso e apoio financeiro. É um tipo de atividade ainda não
usada por nossos missionários, que tem seu sustento garantido pelas Igrejas parceiras. Esse tipo
de Plataforma requer um investimento financeiro maior e é iniciada com a intenção de obter
retorno financeiro que podem ser usado para o sustendo do obreiro ou gerar renda às
famílias de novos plantadores de Igrejas.
O apóstolo Paulo usou uma atividade de apoio – a fabricação de tendas – que lhe permitia
acesso às pessoas com as quais ele queria compartilhar o evangelho de Cristo. Muitas vezes,
Paulo se encontrou no meio de pessoas hostis ao testemunho do evangelho e fazer tendas lhe
permitia permanecer na cidade por um período de tempo mais longo e deixava-o livre para
construir relacionamentos com as pessoas e lhe dava o apoio financeiro necessário para não
depender de terceiros.
55
Depois disso Paulo saiu de Atenas e foi para Corinto. Ali, encontrou um judeu chamado
Áquila, natural do Ponto, que havia chegado recentemente da Itália com Priscila, sua mulher, pois
Cláudio havia ordenado que todos os judeus saíssem de Roma. Paulo foi vê-los e, uma vez que
tinham a mesma profissão, ficou morando e trabalhando com eles, pois eram fabricantes de
tendas. Todos os sábados ele debatia na sinagoga, e convencia judeus e gregos (Atos 18.1-4).
Aspectos que devem ser observados em projetos sociais de apoio aos obreiros:
1. Não deve consumir demasiadamente o tempo do obreiro ou ele não poderá
exercer seu ministério.
2. Deve dar ao obreiro o acesso às pessoas que ele quer alcançar.
3. Deve combinar com as habilidades e talentos do obreiro.
4. Não deve exigir uma grande quantia financeira para começar a funcionar e para
se manter.
Sugestões para a escolha dessas atividades sociais:
1. Reúna, a partir da pesquisa, as informações necessárias sobre o lugar.
2. Antes de começar, pergunte ao povo do local se eles acham que aquela atividade
vai ajudar a comunidade.
3. Verifique se as pessoas que pensam em trabalhar com essa plataforma têm as
qualificações necessárias. Se não, você precisará se assegurar de que eles
obtenham o treinamento apropriado.
4. Assegure-se de que a atividade garanta aos obreiros o contato face a face com as
pessoas.
56
CAPITULO 11 - PROJETOS SOCIAIS/MN
Um dos grandes desafios na plantação e multiplicação de Igrejas é chegar até as pessoas
que desejamos compartilhar o evangelho de Jesus Cristo; para isso é necessário que tenhamos
um bom e profundo relacionamento com as pessoas. Cada dia mais o missionário que deseja
alcançar pessoas, levando-as à salvação, precisará cultivar amizade com elas, pois a tendência de
nossa sociedade é o individualismo e, nisso as pessoas vivem para si mesmas. Chegará um tempo
que teremos acesso apenas às pessoas que cultivarmos um bom relacionamento. A Igreja de Jesus
precisa aprender com rapidez a penetrar na comunidade, conhecer as pessoas e também as suas
necessidades, tomando atitudes de compaixão para que dessa forma as portas se abram para
ouvir o testemunho do evangelho.
Não há dúvidas quanto ao envolvimento de Jesus e a Igreja primitiva com a comunidade e
da grandeza do serviço que fora prestado às pessoas daquele tempo. Jesus curou pessoas,
libertou dos espíritos maus, alimentou e pregou a boa nova de salvação e o mesmo foi feito pelos
apóstolos e a Igreja do primeiro século. Isso serviu de testemunho e impactou as pessoas e
cidades inteiras naquela época. E a Igreja caiu na graça de todo o povo.
Se quisermos idênticos resultados, precisamos nos mover em favor da comunidade onde
queremos pregar o evangelho; é necessário que andemos no meio do povo para sentir suas reais
necessidades, o que fará toda diferença em nosso ministério. A Junta de Missões Nacionais tem
investido pesado em projetos sociais e de ajuda humanitária, entendendo que este é também o
trabalho da Igreja. Estamos ministrando compaixão e Graça! “Porque essa é a mensagem que
ouvimos desde o principio: que nos amemos uns aos outros” 1 Jo. 3.11. Em nosso site lemos: “A
expansão da obra missionária em nosso país implica no desenvolvimento da missão integral que
Cristo nos ensinou: a evangelização, o discipulado e a prática do verdadeiro e genuíno amor aos
nossos semelhantes. Dessa forma, trabalhamos com vidas marcadas pelo abandono e nos
fundamentamos na compaixão e graça que são a essência do caráter de Deus. Temos buscado
desenvolver, com excelência, estratégias ministeriais criativas que visam promover a inclusão
social e atender as questões sociais críticas que afligem a população do nosso Brasil. "E vendo-a,
o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: não chores" Lucas 7:13. A
compaixão bíblica é um chamado ao compromisso pró-ativo de obediência e ações práticas.
Estamos investindo no que é Eterno, para a transformação de vidas, disseminando a prática do
verdadeiro e genuíno amor aos nossos semelhantes”.
ÁREAS DE ATUAÇÃO:
Assistência em casas lares, a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social
encaminhadas pelo Conselho Tutelar e Ministério Público; bolsas de estudo para alunos carentes,
em colégios próprios; assistência a marginalizados, presidiários e seus familiares, população
ribeirinha, índios, ciganos, etnias e tribos urbanas; reabilitação de dependentes químicos e
assistência aos seus familiares, comunidades terapêuticas; atendimento especializado aos surdos
e portadores de necessidades especiais; capelania hospitalar, escolar e portuária; assistência
comunitária a pessoas com precário acesso à saúde bucal, por meio do Programa Dentista
Cidadão; assistência a comunidades e populações vítimas de catástrofes e situações emergenciais;
projetos de inclusão social em comunidades vulnerabilizadas e em situação de exclusão social.
57
OUTROS PROGRAMAS E PROJETOS SOCIAIS
Programa Dentista Cidadão - Blumenau/SC, São Paulo/SP e Rio de Janeiro/RJ - Transformar vidas
com um sorriso tem sido a proposta do Programa Dentista Cidadão. O Programa tem o propósito
de abençoar milhares de brasileiros com precário acesso à saúde bucal básica. Além das Unidades
de Saúde já implantadas nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, o programa se
estenderá a vários outros estados brasileiros. Com apoio de dentistas, parceiros, voluntários e das
igrejas batistas do Brasil, estão em funcionamento cinco Unidades de Saúde do Programa, em
Blumenau/SC; Mogi das Cruzes/SP; Brás Cubas/SP; Curuça/SP; e Bangu/RJ. Estão em fase de
implantação mais 14 unidades de atendimento, que funcionarão em Barreiras/BA; nas
comunidades da Mangueira, Maré, Rocha Miranda e Vila Isabel/RJ; em Teresina/PI; em São José
dos Campos/SP; no Brás/SP; no Vale do Cariri; em Barra da Estiva/BA; em Mucugê/BA; em
Saquarema/RJ; em Ibiocara/BA; em Magé/RJ; e em Campos dos Goytacazes/RJ.
Projeto Transradical Urbano - Vitória, ES - O alvo do trabalho é a evangelização de comunidades
carentes e de vulnerabilidade social. Clínicas de evangelismo estão acontecendo em várias igrejas
batistas, com módulos específicos sobre capelania prisional, trabalho com dependentes químicos,
meninos de rua, tribos urbanas, entre outros.
Capelania Prisional - Belo Horizonte, MG - Agentes penitenciários, presidiários e seus familiares
estão sendo alcançados através das visitas realizadas aos presídios de Minas Gerais e do trabalho
paralelo de acompanhamento dos familiares e amigos dos presos. Contempla o trabalho de
evangelismo e discipulado, além da realização de cursos e de doações de itens básicos para os
presidiários e seus familiares.
SOS Brasil - Rede de Solidariedade - Diante de situações de calamidade pública em nosso país,
Missões Nacionais tem se engajado e mobilizado os batistas brasileiros em ações de apoio e
assistência às vítimas nas áreas atingidas. Para esse apoio a Área Social está estruturando uma
rede de voluntários que se disponibilizam com seus dons e talentos para atuação em situações de
emergência.
Ação e Compaixão - É um projeto voltado para pessoas que se disponibilizam a prestar um serviço
gratuito na área social e a abençoar vidas com seus dons e talentos. O voluntário - professores,
profissionais de educação e saúde, artesãos, músicos - pode atuar nas instituições ou projetos
sociais de Missões Nacionais, oferecendo apoio pessoal ou profissional, prestando atendimentos
individuais, ministrando cursos ou realizando atividades diversas.
Construtores do Futuro - São profissionais voluntários - engenheiros, arquitetos, mestres-de-
obras, pedreiros, marceneiros, carpinteiros, serralheiros, pintores, decoradores, eletricistas,
bombeiros - que colocam suas aptidões e conhecimentos a serviço do reino, nas instituições
sociais e frentes missionárias.
PEPE – É um programa pré-escolar cristão que visa levar educação secular e cristã, e inclusão
social às crianças carentes em todo o mundo, ensinando valores morais e levando-as a um
compromisso devocional. A missão do Pepe é levar a Palavra de Deus ao coração das crianças e de
seus pais.
58
TAREFA: Leia o livro de Atos e destaque as ações comunitárias praticadas pela Igreja.
Ações de ajuda comunitária Referências bíblicas
OBJETIVO: AÇÕES DE COMPAIXÃO
Meta 1
Plano de Ação
Meta 2
Plano de Ação
Meta 3
Plano de Ação
Possíveis Obstáculos
transformados em
oportunidades
Acompanhamento
“A ESPERANÇA É O BALSAMO QUE ALIVIA A DOR DA VIDA”
59
Equipe Ministerial
MINISTÉRIO
DE
AÇÃO
E
COMPAIXÃO
Rede de Voluntários
Projeto Buscando a Ovelha Perdida
Projetos Sociais Estratégicos
Ações de Compaixão
60
ANOTAÇÕES
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QUARTO VALOR
VISÃO BÍBLICA
IGREJA MULTIPLICADORA
DISCIPULADO
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CAPITULO 12 - REFLEXÕES SOBRE DISCIPULADO
O discipulado é a única estratégia capaz de alcançar o mundo e Jesus a apresentou a
dois mil anos atrás, na grande comissão: “Toda autoridade me foi concedida no céu e na
terra. Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo; ensinando-lhes a obedecer a todas as coisas que vos ordenei; e eu
estou convosco todos os dias, até o final dos tempos” Mat. 28:18-20. É o discipulado uma
das tarefas mais importante que podemos realizar no mundo. Jesus ensinou e deu exemplo
sobre o discipulado ideal e ainda estamos engatinhando nesse assunto, pois a estatística diz
que apenas 1% dos cristãos fazem discípulos.
Fazer discípulos é completar a obra, e deveria ser, portanto, nosso principal trabalho.
Discipulado é mais do que ter um grupo de pessoas no culto, ou em uma sala estudando um
livro, é treinar os novos crentes para que dêem continuidade à obra de evangelização do
mundo. Fazer discípulos é colocar em prática o princípio da multiplicação. Jesus escolheu
pessoas e as ensinou, incutindo sua vida na vida delas; iniciou com doze e depois o
encontramos enviando setenta e a ordem era investir na vida das pessoas que encontrassem
pelo caminho, pregando a boa nova de salvação e ensinando sobre o reino de Deus. A obra
que Jesus iniciou foi entregue aqueles discípulos e depois aos crentes primitivos que
assumiram a responsabilidade de transmitir o ensino às pessoas de sua época e assim o
evangelho chegou até nós.
A parábola da grande ceia (Lucas 14:15-24), deve ter motivado alguns a encherem a
casa sem critérios, e outros se engajaram sem avaliar a seriedade do discipulado. Veja que
nesta parábola Jesus fez uma afirmação: “Bem aventurado aquele que comer pão no reino de
Deus!” E contou a parábola da grande ceia; onde certo homem mandou convidar as pessoas
para uma ceia. Não obstante, todos começaram a escusar-se e cada um tinha uma desculpa. E
então ordenou aos servos que saíssem depressa pelas ruas e becos da cidade e convidassem
os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. Mas percebeu que ainda havia lugar e então
ordenou aos seus servos, que saíssem pelos caminhos e atalhos e que obrigassem todos a
entrar, até que a casa ficasse cheia. Casa cheia é o que desejamos.
Mas não podemos confundir a Graça que a todos convida com o liberalismo presente
nas Igrejas da atualidade. Assusta-nos a falta de preparo e de compromisso do povo de Deus
onde a maioria dos cristãos nunca foram discipulados e por isso não sabem como ganhar vidas
para Jesus; a maioria absoluta não se multiplica, são apenas ouvintes da palavra, espectadores,
e não estão envolvidos com a obra de Deus.
No texto de Lucas 14: 25-35 que servirá de base para nossa reflexão, revela que há
critérios para quem deseja seguir Jesus. Veja que a parábola da grande ceia apresentou o
convite para a salvação e esse texto é um convite para o discipulado.
É certo que nem todas as pessoas que estão na Igreja são discípulos de Jesus. Discípulo
é aquele que aprende, assimila e segue os conselhos do mestre com disciplina, visando aplicar
os conhecimentos adquiridos de modo prático e eficiente em consonância com o aprendizado
ministrado. Mas ser discípulo é mais do que aprender, assimilar, é viver o evangelho, é se
multiplicar. O aprendizado capaz de mudar a nossa vida é aquele que advém das experiências
diárias com o mestre. A palavra discípulo no grego significa aprendiz, aluno, e a relação entre
mestres e discípulos era uma característica comum no mundo antigo, onde os filósofos gregos
63
e os rabinos judeus reuniam em torno de si grupos de aprendizes formados de pessoas que
tinham interesse de tornarem-se também rabinos ou mestres.
No novo testamento a palavra tem a mesma conotação e significa em geral, aqueles
que aceitavam os ensinos de outrem. “Vieram, depois, os discípulos de João e lhe
perguntaram: Por que nós e os fariseus jejuamos, e os teus discípulos não jejuam?” Mat.
9:14. Portanto, discipulado é a capacitação para ser igual ou até melhor que o mestre,
dependendo do interesse e envolvimento no trabalho. Fazer discípulos é uma ordem de Jesus,
e precisamos nos empenhar nisso.
COMO ERA O DISCIPULADO DE JESUS
Depois do convite para a grande ceia, Jesus estava rodeado de grandes multidões, e
Ele voltando-se lhes disse: “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher,
e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda sua própria vida, não pode ser meu discípulo.” Mateus
14:26. Não apenas quantidade e entusiasmo, mas seriedade de propósito e consciência da
vocação. Erramos quando convidamos as pessoas para serem membros de nossas Igrejas sem
enfatizar a necessidade de se tornarem discípulos de Jesus. O mundo não será alcançado
através de pessoas que são apenas membros de Igrejas, mas através de discípulos, que
assumiram compromisso com o Mestre e que de forma natural se multiplicam. É muito fácil,
num programa especial levar pessoas a Cristo e até multidões, mas isso não é discipulado. Na
hora do entusiasmo, qualquer pessoa levanta a mão, mas isso não significa que se tornaram
discípulos de Jesus.
Jesus percebeu a grande multidão, o entusiasmo daquelas pessoas, afinal era festa.
Mas na frase “Jesus, porém, disse”, está toda diferença. Ele advertiu aquelas pessoas quanto à
seriedade de se tornarem discípulos. É como se Jesus estivesse dizendo: Vocês estão achando
que é fácil ser cristãos? Acham que é só festa? Estão enganados! Há renuncias, há trabalho
duro. Ser discípulo é arranjar tempo para estudar a palavra de Deus; é viver em comunhão
com Deus; é abandonar o pecado e tudo que não condiz com a vida cristã; é deixar aquilo que
sabemos que é contrario ao ensino bíblico; é se multiplicar através da conquista de novas
pessoas e o treinamento das mesmas.
PARA SER UM DISCIPULO, JESUS DEVE SER NOSSO MAIOR AMOR, NOSSA
MAIOR PAIXÃO.
“Se alguém vem a mim e não aborrece seu pai, e mãe, e mulher, e irmãos, e irmãs e
ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” V. 26. A palavra aborrecer não é odiar
ou desprezar, como algumas pessoas pensam e ensinam, mas é amar menos. “Quem ama a
seu pai ou a sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou filha
mais do que a mim, não é digno de mim.” Mateus 10:37. Muitos não podem ser discípulos de
Jesus por causa do amor demasiado à família, aos amigos e aos interesses pessoais.
Jesus não manda deixar de amar, mas diz que Deus precisa estar em primeiro lugar.
“Mas buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça...” Mat. 6:33.
O MORRER DIÁRIO DEVE SER O ESTILO DE VIDA DO DISCIPULO.
“E qualquer que não tomar a sua cruz e vir após mim não pode ser meu discípulo”.
v.27. Os discípulos entendiam perfeitamente o que isso significava; as pessoas que estavam à
sua volta também sabiam o significado das palavras pronunciadas por Jesus, pois naqueles dias
64
a pena de morte era a cruz. Seguir a Jesus implicava em morrer, em correr risco de vida. Para
seguir a Jesus, nosso EGO precisa morrer e precisamos priorizar o Senhor perante tudo.
DISCIPULADO É UM ALTO INVESTIMENTO.
“Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para
calcular as despesas e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo
lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos que a virem zombem dele dizendo: Este
homem começou a construir e não pode acabar” V. 28-30.
Viver a vida cristã é como construir uma torre; o trabalho continua até a conclusão do
projeto. Muitos abandonam no início e outros no meio. Para ser discípulo de Jesus, é
necessário parar e calcular, avaliar o que serve ou não serve, o que precisa ser abandonado, e
o investimento necessário para chegar ao fim da obra. Não podemos entrar no discipulado
sem antes calcular; erramos quando somos levados só pela emoção, pelo entusiasmo. Entrar
para Igreja sem avaliar o que significa ser discípulo de Jesus é como iniciar uma construção e
não ter condições de chegar ao fim. Evangelho não é oba, oba, evangelho é compromisso sério
com Deus e Seu reino. Infelizmente o evangelho está sendo apresentado como “graça barata”
e isso têm desviado muitas pessoas da salvação eterna.
Além de ser um alto investimento, o verdadeiro discipulado é também um auto
investimento, visto que o discipulador é tão ou mais abençoado que o discipulando. A
comunhão do discipulador com Deus aumenta através da oração contínua e da constante
estudo da Bíblia; os preconceitos caem por terra em relação a determinados pecados, pois ao
caminhar junto com alguém percebemos que somos tão limitados e carentes da graça de Deus
como as pessoas que discipulamos. Quando vemos a ação de Deus na vida de alguém,
automaticamente temos a fé fortalecida e renovada, crescemos espiritualmente enquanto
investimos na vida de outras pessoas.
DISCIPULADO É UMA GUERRA QUE SÓ SE ENTRA PARA VENCER.
“Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para
calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? Caso
contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de
paz.” V. 31-32.
O discipulado é uma guerra contra os principados e as potestades, mas acima de tudo,
contra o nosso mais feroz inimigo, é uma guerra contra nós mesmos, contra nosso EGO, nossa
natureza carnal e pecaminosa. Não precisamos ter medo de satanás, devemos ter medo de
nós mesmos. Discipulado é estar preparado para a guerra contra satanás mas também contra
nós mesmos, nossa natureza humana e pecaminosa; discipulado exige disciplina, razão pela
qual poucas pessoas o aceitam.
A maioria das pessoas, quando aceitam Jesus, agem como se estivessem indo para
uma festa; e às vezes não são avisados do que significa ser discípulos de Jesus. E nós mesmos
como pregadores temos culpa nisso, porque só apresentamos a salvação e não a necessidade
de submissão ao senhorio de Cristo através do discipulado. Apresentamos Jesus como
Salvador, mas não o apresentamos como Senhor, o que pode fazer da pessoa um soldado
derrotado. Uma pessoa precisa crer em Jesus como Salvador mas também recebê-Lo como
Senhor de sua vida o que chamamos de evangelho completo.
Perguntas que devemos fazer para as pessoas que desejam responder positivamente
ao evangelho: Você reconhece que é um pecador? Reconhece que só Jesus tem poder para
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perdoar pecados? Está arrependido de seus pecados e os confessa diante de Deus? Crê em
Jesus como seu único e suficiente Salvador e Senhor de sua vida? Você quer ser um discípulo
de Jesus? Você está pronto para investir em sua vida espiritual? Você está pronto para jogar
fora tudo que está lhe atrapalhando de ser uma bênção? Você está disposto a amar a Jesus
acima de tudo e colocá-Lo em primeiro lugar em sua vida? Se as respostas forem positivas a
pessoa está fazendo uma opção por Jesus de forma consciente! Há pessoas em nossas Igrejas,
batizadas a muito tempo mas que ainda não responderam positivamente estas perguntas.
Uma pessoa que não decide pela obediência aos ensinos de Jesus, que não quer
abandonar seus pecados, não quer se envolver no reino de Deus, não pode ser discípulo de
Jesus. Discipulado é envolvimento! Ser discípulo de Jesus é uma opção de responsabilidade e
investimento.
A palavra chave para o discipulado é renúncia. Uma pessoa só permanecerá no
cristianismo se houver renúncia. Renúncia é o primeiro fator para obtermos vitórias na vida
cristã. “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem, não pode
ser meu discípulo” (v.33). Quando aprendemos a renúncia, adquirimos os meios para a
construção da torre, e criamos os recursos para vencer a guerra.
Não tenho dúvida que o trabalhos mais importantes da Igreja é o discipulado, ou seja,
a formação de novos discípulos o que garantirá o avanço do evangelho no mundo. Todo
trabalho e investimento financeiro de uma Igreja, deveria ter como objetivo final fazer novos
discípulos. Este é o desejo de Jesus para Sua Igreja e o que deveria ocupar nosso tempo
também.
Diante da proposta de Jesus, queremos desafiar aos líderes das Igrejas a investir no
discipulado das pessoas. Preguem o evangelho abundantemente, mas invistam naqueles que
Deus tem colocado em vossas mãos. Completem a obra na vida das pessoas discipulando-as e
assim teremos soldados valentes e vitoriosos.
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CAPITULO 13 - ORÍGEM DO DISCIPULADO
Discipulado não é uma novidade, não se trata de uma nova descoberta que proporciona
crescimento à Igreja, tampouco se trata de um ensino exclusivo do Novo Testamento; no Velho
Testamento também encontramos excelentes exemplos de discipulado um a um. Citarei nesse
texto pelo menos dois lindos exemplos.
No livro de Êxodo encontramos um grande exemplo de ensino um a um. Trata-se do
relacionamento de Moisés com Josué; o relacionamento aprendiz e mestre, aluno e professor e a
ênfase maior, biblicamente falando, é encontrada na batalha dos Hebreus contra os Amalequitas.
“Moisés disse a Josué: escolhe alguns homens e sai para enfrentar os Amalequitas. Amanhã
estarei no alto da colina, com a vara de Deus na mão. Josué fez como Moisés lhe havia falado e
lutou contra os Amalequitas; e Moisés, Arão e Hur subiram ao alto da colina. E Josué derrotou
ao fio da espada Amaleque e seu povo” Ex. 17.9,10,13. O destaque está na frase “E Josué fez
como Moisés lhe ordenara” porque obediência ao mestre é um dos pontos mais importantes para
o aprendizado; isso sempre foi assim e não há outra opção. Se quisermos aprender, precisaremos
acreditar no ensino recebido e obedecer aquele que ensina.
Quando Moisés resolveu subir ao monte Sinai, onde recebeu os dez mandamentos, não
foi sozinho, ele tinha uma equipe de aprendizes, Josué, Arão, Hur, Nadabe e Abiú e setenta
anciãos de Israel, que subiram e viram o Deus de Israel. Depois Deus convidou Moisés a subir ao
monte e esperar, prometendo dar-lhe as tábuas dos dez mandamentos que havia escrito “Então,
juntamente com Josué, seu auxiliar, Moisés levantou-se e subiu ao monte de Deus. E disse aos
anciãos: Esperai-nos aqui, até que voltemos. Arão e Hur ficarão convosco, quem tiver alguma
questão, dirija-se a eles” Ex. 24.13, 14. Josué era um dos mais chegados, e foi ele quem foi com
Moisés até cume do monte. Ainda percebemos essa intimidade e aprendizado após a rebelião e
idolatria do povo de Israel “E o Senhor falava com Moisés face a face, como quem fala com seu
amigo. Em seguida, Moisés voltava para o acampamento; mas seu auxiliar, o jovem Josué, filho
de Num, não se distanciava da tenda” Ex. 33.11. Antes da morte de Moisés, Josué havia recebido
de Deus a missão de conduzir o povo à terra de Canaã “E o Senhor ordenou a Josué, filho de
Num: Sê forte e corajoso, pois levarás os Israelitas para a terra que lhes prometi como
juramento; e eu estarei contigo” Deut. 31.23. Josué cresceu no aprendizado e tornou-se o
sucessor de Moisés. Lindo exemplo para o discipulado.
O outro exemplo é Elias, um gigante, homem grandemente usado por Deus apesar de ser
igual a todos nós; entrou em cena a partir do capitulo dezessete do primeiro livro dos Reis, era um
tesbita, que habitava em Gileade, foi ousado ao dizer ao rei Acabe que a partir de então não
haveria orvalho e nem chuva senão por meio de sua palavra. Confrontou o rei Acabe e desafiou os
profetas de Baal, levando-os a morte. Passou por momentos difíceis sob ameaças de Jezabel e
escondeu-se numa caverna onde teve uma grande experiência com Deus. Por ordem do próprio
Deus, Elias investiu em Eliseu: “Elias partiu dali e encontrou Eliseu, filho de Safate, que arava
com doze juntas de bois adiante dele, e ele estava com a décima segunda. Elias se aproximou de
Eliseu e lançou sua capa sobre ele. Então, deixando os bois, Eliseu correu até Elias e disse: Deixa-
me beijar meu pai e minha mãe, e então te seguirei. Elias lhe respondeu: Vai e volta. O que fiz
contigo? Ele voltou, pegou a junta de bois e os matou.... Então, ele se levantou e passou a seguir
Elias e a servi-lo” I Reis 19.19-21. Creio que, Jesus se inspirou nestas palavras ao falar sobre o
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discipulado. “Aquele que não deixar pai, mãe.... não pode ser meu discípulo”. Eliseu tornou-se o
sucessor de Elias: “E, tendo pegado a capa de Elias, que tinha caído, bateu nas águas e disse:
Onde está o Senhor, o Deus de Elias? Quando bateu nas águas , estas se dividiram em duas
partes, e Eliseu atravessou. Quando os seguidores dos profetas de Jericó viram isso, disseram: O
espírito de Elias repousa sobre Eliseu. Então, aproximaram-se dele e inclinaram-se com o rosto
em terra” 2 Reis 2.14, 15. Eliseu foi grandemente usado por Deus, e o segundo livro dos reis é
repleto de milagres operados por seu intermédio.
Indo mais à frente na história bíblica, ainda sobre discipulado, é inevitável o encontro com
as famílias judaicas e a forma de educar seus filhos. Eram observadores da lei e rígidos no
cumprimento de suas orientações “Ouve, ó Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás
o Senhor teu Deus de todo teu coração, com toda tua alma e com todas as tuas forças. E estas
palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas
falarás, sentado em casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te. Também as
amarrarás como sinal na mão e como faixa na testa; e as escreverás nos batentes da tua casa e
nas tuas portas” Deut. 6.4-8.
*O povo Judeu era muito zeloso com o ensino de seus filhos. Era responsabilidade dos
pais o ensino da fé aos filhos e assim o discipulado começava em casa. Até os 5 anos as crianças
aprendiam com seus pais, depois os rabinos entravam em cena e ajudavam os pais na educação
das crianças e o trabalho era feito em, pelo menos, três estágios:
1. Primeiro Estágio: Os judeus colocavam seus filhos na escola a partir dos 6 anos de idade.
Dos 6 aos 9 anos, estas crianças aprendiam a Torá – livro da lei de Moisés.
2. Segundo Estágio: Aqueles que se destacavam no primeiro estágio vinham para este
estágio. Este estágio era para os melhores - de 10 a 14 anos. Estes, iam para a casa de
aprendizado (Bete Talmud), estudavam os livros de interpretação e sabiam o Velho
Testamento memorizado; ouviam o velho testamento uma vez por semana, ainda de
forma oral.
3. Terceiro Estágio: Dos 14 a 16 anos. Só o melhor dos melhores do segundo estágio passava
para esta fase (Bet Midrash) e se apresentava a um rabino conhecido e dizia: “Eu quero
ser seu discípulo” e então o rabino fazia muitas perguntas e se o adolescente fosse bom,
estudioso, o rabino dizia: “Vem e siga-me” E se tornava então um “talmid”, que ia morar
com o rabino, vivia aos pés do rabino para aprender e onde quer que este fosse o talmid
ia atrás; seu prazer era viver coberto com a poeira dos pés do seu rabino, porque isso
mostrava que estava seguindo o rabino de perto.
Para alguns dos mais famosos rabinos, inclusive não messiânicos, Jesus é o Judeu mais
preparado que pisou na terra. Jesus foi um rabino especial. Jesus foi instruído pelos melhores
rabinos de sua época, Jesus era muito preparado, falava latim, grego, hebraico e aramaico. Era
chamado Rabi, como vemos na visita de Nicodemos: “Rabi, sabemos que és mestre vindo de
Deus, pois ninguém pode fazer os sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” João 3.2. Só
aos 30 anos os rabinos começavam ensinar seus talmidim – discípulos. Entendemos que foi isso
mesmo que aconteceu com Jesus, que aos 30 anos, após o batismo, iniciou a escolha dos seus
discípulos. Jesus era um rabino TOP e fez um trabalho revolucionário, pois não esperava que os
talmidim viessem procurá-lo, como acontecia com os demais rabinos Judaicos, Ele saiu em busca
dos discípulos e começou com pescadores, que possivelmente haviam sido rejeitados pelos
rabinos da época, e por esta razão estavam trabalhando com seus pais, como no caso de Tiago e
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João, filhos de Zebedeu. Simão Pedro e André também não haviam prosseguido nos estudos, por
isso estavam pescando e Jesus foi em busca dessas pessoas.
O que nos impressiona, é que Jesus fez diferente daquilo que era o padrão para os rabinos
da época, ao invés de esperar que as pessoas viessem pedir para serem discípulos, foi em busca
daqueles que haviam sido possivelmente, rejeitados. Enquanto os rabinos trabalhavam com os
melhores, Jesus foi em busca daqueles que não haviam sido bons o suficiente para se tornarem
talmidim e depois rabinos.
Depois de escolher os discípulos, Jesus os levou para a região de Cesaréia de Filipe,
colônia romana, onde adoravam um Deus que era metade homem e metade bode. O povo desta
cidade era cheio de imoralidade, idolatria e orgias e ali havia uma gruta onde eram jogados os
sacrifícios e grandes animais vinham para comer e até pessoas eram jogadas como sacrifício.
Havia uma crença entre o povo que daquela gruta saiam os demônios para a terra, e o local era
conhecido como “portões do inferno”. Foi nessa região que Jesus perguntou aos discípulos: Quem
dizem os homens ser o filho do homem? E responderam: alguns dizem que é João Batista; outros
Elias; outros, Jeremias ou algum dos profetas. E Jesus lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que
eu sou? E Simão Pedro respondeu que Ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo, e recebeu elogios do
Senhor. Digo-te ainda que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra a Igreja, Mateus 16. 13 - 18. Jesus estava dizendo que eles eram
a Igreja, um corpo, organismo vivo, as pedras vivas e que satanás não teria mais poder que eles.
Parece-me que um dos grandes problemas que as pessoas enfrentam na atualidade é a
falta de confiança em si. O maligno faz com que as pessoas não acreditem em si mesmas. E uma
das necessidades do discípulo é acreditar que Deus vai usá-lo. Se você não acreditar em si, não
acreditará e não investirá em outras pessoas. O discipulado está ligado no acreditar nas pessoas.
Jesus acreditou naqueles homens e investiu neles.
Tenho certeza que muitos que estão nas Igrejas não passariam no teste dos rabinos
judaicos, mas Jesus os qualificou para serem seus discípulos, iguais a Ele, para fazer o que Ele faz.
Jesus acredita nas pessoas, e deseja transformá-las em vasos de benção para alcançar outras
pessoas. Todo crente precisa ser um talmid usado por Deus e empenhado em fazer outros
talmidim.
É certo que Jesus veio para a importante missão de levar a Boa Nova de Salvação a todas
as pessoas do mundo, e os anjos sabiam disso. E a escolha dos discípulos era uma das decisões
mais importantes, as pessoas deveriam ser TOP, pois o trabalho seria muito grande. Jesus
escolheu doze e acreditava neles, mas quando morreu, os talmidim de Jesus sumiram,
desertaram. Nem por isso Jesus desistiu deles. “Dizem que o anjo Gabriel levou um susto quando
viu os discípulos que Jesus havia escolhido e perguntou: São estes que vão levar as Boas Novas ao
mundo? Jesus disse: Sim! E o anjo muito preocupado disse: O Senhor me permite fazer outra
pergunta? Se eles falharem o Senhor tem um plano B? Jesus respondeu: Não. E Jesus
acrescentou: Eu acredito neles. Eu acredito neles!
*www.torahviva.org
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CAPITULO 14 - IDENTIFICANDO DISCIPULOS EM POTENCIAL
Quem são os homens e mulheres em quem devemos investir nosso tempo e vida? Jesus
observou as pessoas antes de chamá-las; viu a todos e percebeu aqueles que estavam dispostos a
assumir compromisso com Ele. Discipulado é uma decisão de obediência a Jesus!
Mateus descreve o momento em que Jesus chamou os primeiros discípulos, e
aprendemos grandes lições nesse maravilhoso texto; tudo aconteceu após seu batismo, e a
tentação no deserto. “Andando às margens do mar da Galiléia, Jesus viu dois irmãos: Simão,
chamado Pedro, e seu irmão André. Eles estavam lançando as redes ao mar, pois eram
pescadores. E disse-lhe: Vinde a mim, e eu vos farei pescadores de homens. Imediatamente, eles
deixaram as redes e o seguiram” Mateus 4. 18-20. É impressionante a disposição desses dois
homens! Eram pescadores de profissão, tinham responsabilidade com a família e precisavam
apanhar peixes para suprir suas necessidades. Além disso, estavam no inicio de mais um dia de
trabalho, pois estavam lançando as redes. Veja bem, “lançando as redes”, e não retirando ou
puxando as redes como acontece no final de um período pesca. Eles estavam, porém, no inicio de
mais um dia de trabalho. Estes homens poderiam levantar alguns questionamentos para justificar
uma possível impossibilidade de seguir a Jesus. Poderiam dizer que tinham uma família e que
precisavam alimentá-la; poderiam dizer que não tinham outra fonte de renda senão a pesca e que
precisavam ir a luta; poderiam dizer que aquele não era o momento, mais tarde talvez.
Entretanto, tomaram a decisão: “imediatamente, eles deixaram as redes e seguiram a Jesus”.
O trabalho estava apenas iniciando e Jesus prosseguiu em sua caminhada rumo a
identificação de novos discípulos. “Passando mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de
Zebedeu, e seu irmão João. Ambos estavam no barco com o pai Zebedeu, consertando as redes.
E Jesus os chamou. Imediatamente, deixando o barco e seu pai, seguiram-no” Mateus 4.21-22.
Aqui está uma situação diferente da anterior; estes, depois de uma jornada de trabalho, estavam
consertando as redes para novamente lançá-las as águas. De igual modo os dois rapazes
poderiam justificar o não atendimento ao convite do Mestre, pois estavam com o pai, ajudando-o
na pesca e não poderiam deixá-lo sozinho. Mas o texto apresenta a disposição de Tiago e João
em obedecer Jesus: “Imediatamente, deixaram o barco e o pai, e seguiram Jesus”.
Gostaria de analisar mais um texto interessante na escolha dos primeiros discípulos.
Trata-se do próprio Mateus: “Saindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava
sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. Ele se levantou e o seguiu.” Mateus 9.9. Este
homem tinha um bom emprego, era fiscal na alfândega, muito atarefado, com responsabilidades
enormes, mas tomou a decisão: “no mesmo instante atendeu ao convite de Jesus”.
Jesus não teria muito tempo para preparar um grupo de discípulos, apenas três anos e
meio, mas tinha consciência que precisava investir na vida de pessoas que seriam capazes de
continuar na busca dos perdidos; estes seriam os multiplicadores de seu ministério, e nos deixa
uma grande lição, sobre a identificação das pessoas em quem devemos investir. Algumas coisas
ficam bem claras nesses textos bíblicos:
Chamou pessoas capazes de assumir compromisso. Não eram doutores e nem teólogos,
mas pessoas simples, dispostas ao trabalho, dispostas a assumir responsabilidades. Também não
eram pessoas ociosas, todos eles estavam trabalhando quando identificados por Jesus. Assim
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entendemos que uma importante qualidade que precisamos encontrar nas pessoas em quem
investiremos nosso tempo é a disposição para assumir compromissos ou a disposição em
obedecer a Jesus. Pessoas que vivem dando desculpas, dizendo que não tem tempo, que não
podem agora; que não priorizam a vida espiritual dificilmente se comprometerão com o
discipulado bíblico. Não porque não tenham tempo de fato, mas porque não priorizam a vida
espiritual e Deus está em segundo plano. Discipulado é para pessoas que estão dispostas a
obedecer Jesus, custe o que custar.
Chamou pessoas com sede de Deus. Não eram religiosas, mas buscavam o reino de Deus.
Estavam aguardando o cumprimento das promessas quanto à vinda do Messias. Isso é visto na
atitude de André, que gritou para seu irmão: “Achamos o Messias!” João 1.41. Sede de Deus é
uma das características mais nobres de um discípulo. “Ó Deus, tu és o meu Deus; eu te busco
ansiosamente. Minha alma tem sede de TI; meu ser anseia por TI em uma terra seca e exaurida,
onde não há água” Salmos 63.1. “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e
verei a face de Deus?” Salmo 42.2. É espetacular trabalhar com pessoas que tem sede de Deus,
que desejam conhecer a Deus e querem viver em sua presença. Normalmente um novo crente
vive esta paixão, que a Bíblia chama de primeiro amor, e trabalhar com estas pessoas é uma
experiência extraordinária.
Chamou pessoas corajosas, empreendedoras. Eram pescadores dispostos a enfrentar o
mar; não tinham medo do perigo. Vento, chuva, tempestades, ondas violentas, fazia parte de seu
cotidiano. Cada dia no mar constituía-se um grande desafio. E Jesus aumentou a expectativa deles
mostrando que o mar deles, seria o mundo; e os peixes, seriam os homens e mulheres. Jesus
sabia que estas pessoas seriam excelentes discípulos. Por isso esses homens foram identificados
por Jesus como discípulos em potencial.
Chamou pessoas capazes de aceitar desafios. Ser discípulo de Jesus é aceitar os desafios
da obra missionária, e não viver egoisticamente. Nem casa para morar Jesus tinha e não lhes
prometeu bem material algum. Disse: “As raposas tem tocas, e as aves do céu, ninhos; mas o
filho do homem não tem onde descansar a cabeça” Mateus 8.20. Foram chamados para dar e
não para receber. Muita gente vai à Igreja só para receber porque grande parte das mensagens
que ouvem na atualidade gira em torno da Teologia da prosperidade. Uma das qualidades do
discípulo é a capacidade para aceitar o senhorio de Cristo e a Ele entregar sua vida e tudo o que
possuí.
Um dos grandes desafios no discipulado é a identificação de discípulos fiéis, que tenham
disposição de atender as exigências de seu mestre ou da própria palavra de Deus. Isso não quer
dizer que devemos buscar pessoas perfeitas, pois não as encontraremos. Mas o mínimo que
devemos buscar nessas pessoas são as qualidades vitais para o discipulado: devem ser pessoas
capazes de assumir compromissos; pessoas com fome e sede de Deus; corajosas ou
empreendedoras e capazes de aceitar desafios.
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CAPITULO 15 - O CUIDADO COM O DISCIPULO E A PERSISTÊNCIA NO
ENSINO
Estamos cientes das dificuldades que poderemos enfrentar no processo de trabalho com
as pessoas que identificamos como discípulos em potencial e sabemos que nem tudo serão flores,
alguns iniciarão com muito entusiasmo e depois poderão desanimar; outros escorregarão e cairão
por vezes seguidas, mas não podemos desistir do grande ideal de fazer discípulos, pois esse é o
trabalho mais importante que poderemos realizar. A ordem de Jesus é que cada discípulo deva
estar empenhado em fazer novos discípulos em todas as nações e assim o mundo será alcançado
com a mensagem do evangelho.
A Bíblia apresenta vários exemplos de pessoas que foram discipuladas; alguns trabalhosos
e exigiram muito tempo e paciência dos discipuladores e estes casos se tornam interessantes para
fundamentar o que estamos dizendo sobre a necessidade de cuidado e persistência no ensino e
formação de novos discípulos. A forma que Jesus trabalhou na identificação e cuidado dos
discípulos é inspiradora e aplicável em qualquer tempo e local. Precisamos estar cientes de que os
mesmos problemas que Jesus e os apóstolos enfrentaram no passado, enfrentaremos hoje.
Nem todos os discípulos são amorosos, corajosos, alegres e acreditam nos ensinos que
ouvem. Mas todos podem ser tremendamente moldados pelo Espírito Santo de Deus e serem
feitos discípulos valentes, dedicados e multiplicadores. O que mais nos entusiasma no discipulado
não é o que podemos fazer, mas o que Deus pode fazer na vida e através da vida de pessoas que
se colocam em suas mãos. O segredo é a submissão ao senhorio de Cristo e à orientação do
Espírito Santo. Se olharmos para as limitações e falhas humanas não teremos motivação para
investir em pessoas, mas quando olhamos para o poder de Deus, sabemos que tudo é possível, e
que Ele transforma e usa quem quer.
Você acreditaria, por exemplo, em Simão Pedro, o pescador da Galiléia? Você teria
coragem de investir seu tempo na vida dele? Humanamente falando, creio que não, pois seria
desmotivador trabalhar com uma pessoa tão temperamental como Pedro. Mas Jesus acreditou
nele e o convocou para fazer parte do primeiro grupo de discípulos que depois chamou de
apóstolos. Jesus investiu nele, porque acreditava nele. Este é o grande segredo, acreditar nas
pessoas! Só investiremos em quem acreditamos.
Gostaria ainda pensar um pouco sobre o discipulando Simão Pedro, e a importância do
amor, cuidado e persistência de Jesus em trabalhar com ele, exemplo que deveríamos seguir em
nossos programas de discipulado. Pouco antes de sua morte Jesus previu a dispersão dos
discípulos e, isso após uma caminhada com estes homens de aproximadamente três anos,
ensinando e mostrando como as coisas funcionam no reino de Deus. Jesus era o melhor mestre
que alguém poderia ter, mas os discípulos eram pessoas exatamente como nós, com as mesmas
fraquezas e pecados. Quando Jesus disse que seria preso e que os discípulos o abandonariam,
Pedro retrucou: “Mas Pedro respondeu: Ainda que todos desertem, eu nunca te abandonarei.
Jesus lhe disse: Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante, três vezes me
negarás. E Pedro lhe respondeu: Ainda que seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te
negarei. E todos os discípulos disseram o mesmo” Mateus 26.33 - 35. Pedro confiava em sua
própria força, e estava firme no propósito de ser fiel a Jesus, de entregar a sua vida, se necessário,
72
por Cristo. Mas Jesus o conhecia muito bem, sua natureza humana e sabia o que poderia
acontecer com Pedro e os demais discípulos.
João, em seu evangelho, mostra a disposição de Pedro ao enfrentar os soldados, cortando
a orelha de Malco “Então Simão Pedro desembainhou a espada que trazia e feriu o servo do
sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. Mas Jesus disse a
Pedro: põe a tua espada na bainha” João 18.10,11a. O que fazer quando um discípulo se envolve
em uma briga, e corta a orelha de alguém? Ou dá um tiro? Qual nossa tendência natural? Desistir,
sair de perto do discípulo, abandoná-lo, dizer que não dá para continuar no processo, etc. Mas
Jesus cuidou dele, ajudou a resolver aquela situação fazendo o milagre da restauração da orelha
de Malco, razão pela qual Pedro não foi preso. Jesus pagou a fiança. É impressionante o amor e
cuidado de Jesus para com seus discípulos!
Depois Jesus foi conduzido pelos soldados ao Sinédrio para o julgamento e aquilo que
havia predito aconteceu – ‘os discípulos desertaram’ - exceto Pedro, que seguiu Jesus de longe e
permaneceu no pátio do Sinédrio para ver o desenrolar daquela perseguição. Nessas
circunstancias Pedro negou Jesus três vezes “Pedro estava sentado do lado de fora, no pátio;
uma criada aproximou-se dele e disse: Tu também estavas com Jesus, o Galileu. Mas ele negou
diante de todos, dizendo: Não sei o que estás falando. E dirigindo-se ele para a entrada, outra
criada o viu e disse aos que ali estavam: este também estava com Jesus, o nazareno. E, jurando,
ele negou outra vez: Não conheço este homem. Pouco depois, os que estavam ali aproximaram-
se e disseram a Pedro: Certamente, tu também és um deles, pois o teu falar te denuncia. Então
ele começou a proferir maldições e a jurar; Não conheço este homem. E imediatamente o galo
cantou. E Pedro lembrou-se do que Jesus dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás.
Então, saindo dali, chorou amargamente” Mateus 26.69-75. É muito fácil acusar Pedro de sua
falta de coragem nesse momento. Ele foi muito corajoso no episódio anterior, cortando a orelha
de Malco, mas agora teve medo de afirmar seu compromisso com Jesus. Uma pessoa com estas
características pode ser um bom discípulo de Jesus? Em uma primeira avaliação não valia a pena
investir nesse homem, mas Jesus o amou e cuidou dele, foi até o fim. A questão é que Jesus
acreditava em Pedro!
Após a ressurreição Jesus o procurou, dando mais uma chance para continuar na
caminhada de fé. “Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de
João, tu me ama mais do que a estes? Ele respondeu: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Jesus
lhe disse: Cuida dos meus cordeiros. E Jesus voltou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, tu me
amas? Ele respondeu: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Jesus lhe disse: pastoreia as minhas
ovelhas. E pela terceira vez lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-
se por lhe ter perguntado pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor tu sabes
todas as coisas e sabes que te amo. Jesus lhe disse: Cuida das minhas ovelhas” João 21.15-17.
Simão Pedro foi restaurado e tornou-se um grande instrumento nas mãos de Deus para levar
pessoas à salvação. “Então, pondo-se em pé com os onze, Pedro tomou a palavra de disse-lhes:
Homens Judeus... arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para
o perdão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. Desse modo, os que
acolheram a sua palavra foram batizados; e naquele dia juntaram-se a eles quase três mil
pessoas” Atos 2. 14, 38 e 41.
Imaginemos, o que teria acontecido, se Jesus tivesse desistido de Simão Pedro? Ele não
teria sido restaurado e muito menos usado por Deus na salvação e edificação de tantas pessoas
como aconteceu no início da Igreja cristã. Jesus amou e cuidou com persistência de Simão Pedro,
73
e isso é o que vale quando queremos contribuir na formação de pessoas que serão líderes
eficazes.
Pedro era temperamental, e os outros eram perfeitos? Creio que não! Pedro negou Jesus,
e os outros confirmaram sua fé? Todos desertaram, fugiram. Era um bando de medrosos,
covardes. Pedro era o mais corajoso! O que dizer, por exemplo, de Tomé? Era incrédulo! “Então
os outros discípulos lhe disseram: Vimos o Senhor! Ele, porém, lhes respondeu: Se eu não vir o
sinal dos pregos nas mãos e não puser o meu dedo no seu lado, de maneira nenhuma crerei.
Depois disse a Tomé: Coloque aqui o teu dedo e vê as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-
a no meu lado. Não sejas incrédulo, mas creia!” João 20.25, 27. Você investiria em uma pessoa
como Tomé? Gastaria seu tempo com uma pessoa que tivesse dificuldade de crer? Jesus investiu
nesse homem, porque acreditou nele.
O que dizer de Saulo de Tarso, perseguidor da Igreja de Deus, determinado a acabar com
o cristianismo e que em nome de sua religião causou muitos danos aos cristãos de sua época.
“Mas, seguindo ele viagem e aproximando-se de Damasco, de repente, uma luz resplandecente,
vinda do céu, o cercou. E, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que
me persegues? Ele perguntou: Quem és Senhor? O Senhor respondeu: Eu sou Jesus, a quem
persegues” Atos 9.3-5. Foi barrado por Jesus na estrada de Damasco e cuidado por Ananias nos
primeiros dias após a conversão. “Havia em damasco certo discípulo Chamado Ananias. O
Senhor lhe disse numa visão: Ananias! Ele respondeu: Aqui estou, Senhor. O Senhor lhe ordenou:
Levanta-te a vai a rua chamada direita e procura na casa de Judas um homem de Tarso
chamado Saulo. Ananias respondeu: Senhor, ouvi de muitos acerca desse homem, quantos
males tem feito aos teus santos em Jerusalém” Atos 9.10, 11 e 13. O próprio Deus convocou o
discípulo Ananias para cuidar de Saulo. Ananias o conhecia muito bem e sabia de todos os males
que havia feito aos cristãos. Você acreditaria em um homem como Saulo? Investiria sua vida para
ensinar uma pessoa tão rude e fanática como Saulo? Jesus acreditou em Saulo e por isso
convocou Ananias para cuidar dele e orientá-lo nos primeiros passos da vida cristã. Depois Saulo
voltou a Tarso e Deus enviou Barnabé para ajudá-lo na próxima fase de sua vida. “Então, Barnabé
partiu para Tarso, em busca de Saulo. Tendo-o achado, levou-o para Antioquia. E durante um
ano inteiro reuniram-se naquela Igreja e instruíram muita gente. Em Antioquia, os discípulos
foram chamados de cristãos pela primeira vez” Atos 11.25, 26. Pouco tempo depois Saulo estava
sendo enviado como missionário juntamente com Barnabé para a plantação de Igrejas e o
trabalho foi espetacular. Você investiria na vida de Saulo? Acreditaria nesse homem? Pois bem,
Jesus acreditou e separou pessoas para investirem na vida dele. Nosso maior desafio é, portanto,
acreditar nas pessoas, porque Jesus acredita.
Tive oportunidade de trabalhar em uma região muito pobre do sertão paraibano,
principalmente na época que chegamos lá; o quadro era desolador; seca, fome, pobreza, e
violência estavam por toda parte. Desde nossa saída do Rio de Janeiro fomos desencorajados
através de palavras pessimistas. Até mesmo os cristãos do estado não acreditavam que Deus
pudesse fazer alguma coisa naquela região, e algumas vezes fomos considerados “loucos”. Mas
foi naquele lugar que vimos bem de perto a manifestação do poder de Deus. Nunca vi tantos
milagres acontecendo como no Vale do Piancó. Centenas de pessoas foram completamente
transformados pelo poder do Evangelho de Cristo. Pessoas que ninguém acreditava se tornaram
grandes líderes para a glória de Deus. E o ponto principal foi ter acreditado naquelas pessoas. Eu
sempre dizia: Você pode, vamos em frente! Foi muito bom, que bênção! Sempre gostei de
motivar as pessoas, e com isso muitos discípulos foram formados. Louvado seja Deus!
74
CAPITULO 16 - O DISCIPULADOR E A CADEIA DE DISCIPULOS
A vida do discipulador faz toda diferença no discipulado de alguém, pois não há como
desvincular a vida de uma pessoa daquilo que ela ensina. Que o discípulo aprende através da
letra é certo, mas aprende também através do exemplo. A vida do discipulador precisa estar ao pé
da cruz, isto é, o discipulador precisa ser uma pessoa comprometida com Deus, pois no
discipulado não funciona o “Faça o que eu digo e não faça o que eu faço”. O discípulo,
inevitavelmente copiará os exemplos do discipulador, principalmente no início de sua caminhada
cristã.
Se o discipulador quiser contribuir para alcançar as nações, precisará concentrar seu
tempo e amor em discípulos fiéis e cuidar deles até que cheguem a maturidade espiritual. Ensiná-
los a orar, a compartilhar sua fé, a confiar em Deus em meio às dificuldades da vida, e a amar
como Jesus amou, faz parte do discipulado. Se cada discipulador puder ajuntar algumas pessoas
fiéis em torno de si mesmo, incutir sua vida na vida deles e ensiná-los a reproduzir este estilo de
vida, então o reino de Deus se expandirá para além da nossa imaginação. O legado que deixamos
em nossos ministérios não é apenas a obra que fazemos, mas também a obra realizada pelos
discípulos que formamos. Se reunirmos em torno de nós um pequeno grupo de discípulos fiéis e
os capacitarmos, eles plantarão mais igrejas do que jamais poderíamos plantar, farão um trabalho
muito maior do que o nosso.
O discipulador precisa entender que não é possível fazer discípulos sem ter disposição de
andar junto, pois discipulado não é apenas fazer um estudo bíblico com alguém, ou se reunir com
pessoas numa sala uma vez por semana durante seis meses para estudar um livro. Discipulado é a
importante tarefa de ajudar o bebe espiritual em seu crescimento até que chegue a maturidade
espiritual. E não apenas isso, mas levar o novo discípulo a multiplicar-se discipulando outras
pessoas. Discipulado é a estratégia montada por JESUS para alcançar o mundo em uma geração;
discipulado é a tarefa mais importante que realizamos durante nossa vida.
Na verdade são poucos os cristãos que conseguiram implementar o discipulado conforme
o modelo do Novo Testamento. As pessoas, normalmente, estão cheias de teoria, mas ainda não
aprenderam o que significa ser um discípulo de Jesus – e cada dia a situação fica pior – pois a
maioria dos evangélicos não tem conseguido fazer discípulos nem mesmo de suas próprias casas
com seus filhos, isto é, não conseguem fazer com que obedeçam a Deus. Não podemos esquecer
que a expansão do reino de Deus depende em parte dos discípulos que formamos. Pois nossa
tarefa é prepará-los para que possam levar o trabalho avante, mas para isso precisamos estar
dispostos a sacrificar toda glória e louvor que possamos receber, para que nossos discípulos sejam
grandes no reino de Deus.
Ensinar não significa apenas falar, mas é mostrar na prática como tudo funciona. A marca
do verdadeiro discípulo é saber como ser obediente, seguir o exemplo do Mestre e imitar aquele
de quem é seguidor. A Igreja tem comunicado muito bem as verdades doutrinárias e teológicas
para a compreensão dos crentes; contudo, tem sido limitada em ajudar os discípulos a viverem
em obediência à Palavra; um bom número dos cristãos ostenta uma forma de religiosidade, mas
suas vidas negam o verdadeiro poder do evangelho. Jesus não possuía nenhum programa de
discipulado elaborado, Ele simplesmente convidava homens e mulheres para seguí-LO; essas
75
pessoas viviam, viajavam e comiam com Ele. Ao longo do caminho Jesus lhes ensinava sobre a
Palavra de Deus, compartilhava exemplos da vida diária; exemplificava para eles o tipo de vida
que o discípulo devia viver – em oração, perdão, amor, compaixão, perseverança, zelo e
obediência à vontade do Pai. Se tão somente conseguíssemos recuperar a simplicidade do
discipulado, isso faria uma significativa diferença em nossas igrejas. A dificuldade, no entanto,
consiste na falta de disposição para investir tempo e energia necessários para andar ao lado das
pessoas e ensinar-lhes enquanto estamos indo.
A palavra de Deus em nossas mãos, o Espírito Santo em nossas vidas e o exemplo de vida
é tudo o que precisamos para fazer discípulos fiéis. Mas para fazer discípulos, precisamos antes
ser verdadeiros discípulos. Só produzimos pessoas iguais a nós mesmos – Discipulado é, portanto,
incutir nossa vida na vida do outro.
O discipulador precisa ter certeza da salvação, fé em Deus, uma vida devocional bem
ajustada, ser praticante dos ensinos bíblicos, conduta exemplar, vida financeira desembaraçada,
ajustado no lar – viver o evangelho e ter disposição para andar acompanhado; e o discipulando
precisa ser incorporado rapidamente na vida e ministério da Igreja. Precisamos, conforme o
exemplo de Jesus dar pequenas tarefas para os discípulos, e cobrar a tarefa na semana seguinte e
ainda não mudar de tarefa enquanto não houver obediência. Precisamos ensinar os discípulos a
obedecer Jesus.
COMO FORMAR CADEIAS DE DISCÍPULOS
Podemos usar o método 222 2 timóteo 2.2
“Pois você deve ensinar aos outros essas coisas que você e muitos outros me ouviram falar.
Ensine estas grandes verdades a homens de confiança que, por sua vez, as transmitirão a
outros” II TIm 2.2.
Este é um dos métodos que podemos usar para a formação de cadeias de discípulos.
Paulo é um bom exemplo na formação de discípulos, pois dificilmente viajava sozinho. Sempre
levava alguém para discipular – indo fazia discípulos.
Estou em minha igreja e uma pessoa se converte. O que faço?
Começo a discipular tendo pelo menos um encontro semanal com esta pessoa. Também
vou andar com esta pessoa, fazer visitas juntos, fazer estudos bíblicos juntos, ir ao hospital,
presídios, lares e orar pelos enfermos; isso mostrará ao novo crente como o evangelho funciona
na prática. No caminho conversarei sobre problemas da vida e mostrarei como aplicar os ensinos
bíblicos nas várias situações, de acordo com a necessidade das pessoas e também do
discipulando. Ele precisa ver como faço as coisas; como me comporto no lar, nos negócios, no
trabalho.
Podemos usar a palavra MÃOS para exemplificar esse trabalho:
M – Modelar (ensino a Bíblia) A – Ajudar (ajudo na compreensão e aplicação) O – Observar (Observo se o discípulo compreendeu) S – Sair (Posso acompanhar de longe ou ter encontros menos freqüentes)
76
Um mês depois mais 2 pessoas se convertem. O que faço?
Normalmente as coloco junto com a primeira. Aí começo tudo de novo e o primeiro
convertido ouve o assunto de novo ou continuo e os dois que se converteram agora pegam o
assunto em andamento. No discipulado – a primeira pessoa convertida, que está sendo
discipulada, receberá uma das pessoas novas convertidas para ensinar tudo que aprendeu
naquelas primeiras lições. O discípulo começa a fazer discípulo e assim iniciamos a cadeias de
discipulado. Muitas Igrejas usam a EBD como modelo de discipulado que se torna ineficaz na
maioria delas porque os professores não são os facilitadores, como deveriam ser, muitas vezes
são leitores de textos e falam o tempo todo sem considerar a importância da participação dos
alunos, sendo um dos motivos da evasão na maioria das classes.
Se tão somente conseguíssemos recuperar a simplicidade do discipulado, isso faria uma
significativa diferença em nossas igrejas. O obstáculo parece ser a nossa falta de disposição para
investir o tempo e a energia necessários para andar ao lado das pessoas e ensinar-lhes enquanto
estamos indo. Entretanto, esse foi o modelo de Jesus e também dos apóstolos. O texto da Grande
Comissão mostra literalmente o ensino de Jesus aos discípulos: “enquanto vocês estão indo”, ou
“enquanto vocês vão”, “façam discípulos”. Enquanto vocês vão, batizem os discípulos. Enquanto
vocês vão, ensinem os discípulos obedecer a tudo que Eu lhes ensinei.
Quais são os passos para discipular alguém?
No primeiro passo: Eu faço e o discípulo observa
No segundo passo: Eu faço e o discípulo ajuda
No terceiro passo: O discípulo faz e eu ajudo
No quarto passo: O discípulo faz e eu observo
Andar juntos, lado a lado, é o que chamamos de treinamento em serviço. Discipulado é,
portanto, o trabalho mais importante na Igreja de Jesus, e também o segredo para o crescimento
e multiplicação do povo de Deus na face da terra. Discipulado é uma corrente com os elos ligados,
formando cadeias. Todo discípulo deve ter um discipulador e deve estar discipulando alguém. A
multiplicação é a característica do discípulo e não temos como fantasiar isso. Ou fazemos
discípulos ou não conseguiremos nos multiplicar.
Iniciar discipulado pensando em colocar um grupo de pessoas em uma sala para estudo
de um livro ou mesmo estudo da Bíblia, não gerará uma cadeia se isso não fizer parte de nosso
objetivo e então não haverá continuidade, não resultará em multiplicação de discípulos. E uma
das maiores dificuldades que encontramos no discipulado é a continuidade através da formação
de uma cadeia. Por isso é quase impossível pensar em uma Igreja envolvida com o discipulado
sem que esta cadeia inicie com o plantador. Como também é quase impossível que uma Igreja
estabelecida entre no discipulado sem que a cadeia inicie com seus lideres, e principalmente o
pastor. Mas podemos iniciar o discipulado em nossa Igreja, a partir de nós mesmos, tendo
disposição para pagar o preço de um discipulado Bíblico, principalmente, no que diz respeito ao
tempo que precisamos investir nessa causa tão nobre.
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TAREFA: Leia o livro de Atos e destaque as ações de discipulado praticadas pela Igreja:
Ações de discipulado Referências bíblicas
OBJETIVO: DISCIPULADO
Meta 1
Plano de Ação
Meta 2
Plano de Ação
Meta 3
Plano de Ação
Possíveis Obstáculos
transformados em
oportunidades
Acompanhamento
“O APRENDIZADO CAPAZ DE MUDAR NOSSA VIDA É AQUELE QUE ADVÉM DAS EXPERIÊNCIAS
DIÁRIAS”
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Equipe Ministerial
MINISTÉRIO
DE
DISCIPULADO
Discipulado da Liderança da Igreja
Formação de Discipuladores
Discipulado através de Pequenos
Grupos
Programa de Discipulado
Multiplicador
Projetos Estratégicos de Discipulado
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ANOTAÇÕES
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81
QUINTO VALOR
VISÃO BÍBLICA
IGREJA MULTIPLICADORA
FORMANDO
LÍDERES
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CAPITULO 17 - INTIMIDADE COM DEUS
Para ser usado por Deus de um modo extraordinário é preciso ter uma comunhão
extraordinária e esse é um dos grandes problemas em nossos dias; as pessoas estão
sobrecarregadas com tantas atividades que o dia fica pequeno para cumprir a extensa agenda. Só
a graça divina sobre nossas vidas para nos fazer entender que a comunhão com Deus deve ser
prioridade. Quanto mais trabalho para realizar maior deve ser nosso tempo de comunhão com
Deus e não o inverso.
Não há duvidas de que Deus está procurando pessoas que queiram experimentar esta
vivencia com Ele para tornarem-se íntimos DELE; tão íntimos a ponto de começar a ver as coisas
com os olhos de Deus e sentir com o coração de Deus, com Seus sentimentos. Enquanto não
tivermos comunhão com o Pai e com o Filho, não temos condições de ver a realidade como ela é.
Precisamos ver as pessoas como pessoas que Deus ama e, pelas quais entregou seu único filho
para morrer na cruz.
Jesus ao olhar para as multidões, via as pessoas sem rumo, como ovelhas que não tem
pastor, cada uma se desviando pelo seu próprio caminho. “E vendo as multidões, compadeceu-se
delas, porque estavam atribuladas e abatidas como ovelhas que não tem pastor” Mat. 9.3.
Fazendo um estudo sobre as pessoas que mais foram abençoadas por Deus e que mais
poderosamente foram usadas, descobriremos que foram aquelas que tiveram maior intimidade
com Deus; e isso se aplica tanto à história bíblica como na história do cristianismo.
MOISÉS ERA TÃO INTIMO QUE FOI CHAMADO AMIGO DE DEUS
Há vários textos que nos chamam atenção para intimidade com Deus. E o primeiro que
gostaria de apresentar fala de Moisés. “Moisés costumava pegar a tenda e armá-la fora, bem
longe do acampamento e chamou-a de tenda da revelação. Todo aquele que buscava ao senhor
ia à tenda da revelação, fora do acampamento. Quando Moisés ia à tenda, todo o povo se
levantava; cada um ficava em pé na entrada da sua tenda e contemplava Moisés pelas costas,
até que ele entrasse na tenda. E quando Moisés entrava na tenda, a coluna de nuvem descia e
ficava a entrada da tenda; e o Senhor falava com Moisés. E todo o povo via a coluna de nuvem
que estava à entrada da tenda, e todo o povo levantando-se, adorava, cada um na entrada da
sua tenda. E o Senhor falava com Moisés face a face, como quem fala com seu amigo. Em
seguida, Moisés voltava para o acampamento; mas seu auxiliar, o jovem Josué, filho de Num,
não se distanciava da tenda” Ex. 33. 7-11.
Moisés ia ao encontro de Deus e Deus vinha ao encontro de Moisés numa coluna de
nuvem. O texto mostra que Deus quer ter intimidade conosco; ele espera pelo momento de
encontrar-se conosco. Ele tem planos que deseja revelar aos seus amigos íntimos, mas os amigos
precisam ir até a tenda da revelação, aquele lugar do encontro com Ele em oração, onde pode
abrir o coração e contar para Ele toda ansiedade, dúvidas, preocupações e fraquezas. Assim disse
o Senhor a Jeremias, num desses momentos difíceis que passava com o povo de Israel “Clama a
mim, e te responderei, e te anunciarei coisas grandes e inacessíveis, que não conheces” Jer.
33.3. Há segredos que só os amigos íntimos conhecem!
JOSUÉ FOI ESCOLHIDO PARA LIDERAR ISRAEL POR CAUSA DE SUA INTIMIDADE COM DEUS
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Deus tem segredos que só revelará as pessoas de sua intimidade. Foi isso que aconteceu
com Josué. Imagine que Josué era ainda jovem quando saiu do Egito, mas havia aprendido a
intimidade com Deus. O texto que nos chama muita atenção é este: “Em seguida, Moisés voltava
para o acampamento; mas seu auxiliar, o jovem Josué, filho de Num, não se distanciava da
tenda” Ex.33.11. Josué era um jovem que tinha fome e sede de Deus; característica daqueles que
têm sido usados de forma tremenda pelo Senhor.
Sempre que Deus precisar de alguém para executar um de Seus planos na terra, revelará
às pessoas mais íntimas, seus amigos, e os convidará para a missão. Isso fica claro no livro de
Josué capitulo primeiro. “Após a morte de Moisés, servo do Senhor, este falou a Josué.... Meu
servo Moisés está morto; prepara-te agora, atravessa este Jordão, tu e todo este povo, para a
terra que estou dando aos Israelitas.... Ninguém poderá te resistir todos os dias da tua vida.
Como estive com Moisés, assim estarei contigo; não te deixarei nem te desampararei. Não te
ordenei isso? Esforça-te e sê corajoso; não tenhas medo, nem te assustes; porque o Senhor teu
Deus, está contigo, por onde quer que andares.” v. 1-5 e 9.
É impossível realizar a obra de Deus sem intimidade com o dono da obra. O plantador de
Igrejas ou o pastor de Igreja precisa reconhecer que não é possível realizar o trabalho sem Deus.
Jesus mesmo disse: “Porque sem mim nada podeis fazer” Jo. 15.5b.
JÓ CONHECIA A INTIMIDADE COM DEUS
O primeiro capítulo do livro de Jó é simplesmente esplêndido. Trata-se de um morador de
Uz, íntegro e correto, que temia a Deus e se desviava do mal. Era pai de dez filhos; tinha sete mil
ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas. Tinha muitos
empregados e era o homem mais rico do oriente naquela época. A família era unida e os filhos
visitavam uns aos outros. Certo dia os anjos vieram apresentar-se diante de Deus, e satanás
também veio com eles. Deus fez duas perguntas a satanás: De onde vens? Ele respondeu: de
rodear a terra e passear por ela. Viste meu servo Jó? Em seguida Deus fez uma afirmação sobre Jó
dizendo: “Na terra não há ninguém como Jó. É um homem íntegro e correto, que teme a Deus e
se desvia do mal” v.8.
Jó era de uma espiritualidade excepcional. Após os banquetes realizados pelos filhos,
oferecia a Deus sacrifício em favor de cada filho, preocupado de que os filhos pudessem ter se
excedido e pecado contra o Senhor.
Seu sofrimento teve inicio através de prejuízos materiais, onde seus rebanhos foram
roubados; continuou com a morte de todos seus filhos num grande temporal; e culminou com sua
enfermidade e o desprezo de sua esposa. Em momento algum este homem deixou de crer em
Deus e no seu poder transformador.
Jó era um grande e dedicado servo de Deus e seu testemunho nos mostra que os dias de
sofrimento e aflição pelos quais passou, foram de grande importância no aprofundamento de sua
experiência com Deus. E depois de ter perdido seus bens, filhos, e a própria saúde, testemunhou
dizendo: “Eu te conhecia só de ouvir falar, mas agora meus olhos Te vêem” Jó 42.5. Como se
estivesse dizendo: Eu te conheço muito mais agora, depois do sofrimento, do que te conhecia
antes. Deus quer que nos aprofundemos em nossa experiência com Ele e às vezes toma a
iniciativa, permitindo que o sofrimento venha e sirva como ponte para que O conheçamos
melhor.
84
A EXPECTATIVA DE JESUS QUANTO À INTIMIDADE
Em João 17 encontramos a oração sacerdotal e nela uma expectativa de Jesus quanto à
intimidade que devemos manter com Ele e com o Pai. “E rogo não somente por estes, mas
também por aqueles que virão a crer em mim pela palavra deles, para que todos sejam um;
assim como tu oh Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós, para que o
mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que me deste, para que sejam um, assim
como nós somos um” v.20-22.
Também em João 15 nos fala da necessidade de estar ligado ao tronco, à videira.
“Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se
não permanecer na videira; assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a
videira; vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem
mim nada podeis fazer” v.4,5. “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem
em vós, pedi o que quiserdes, e vos será concedido” v.7.
Nada podemos realizar de valor sem que estejamos intimamente em comunhão com
Deus. Conhecer a Deus deve ser o maior desejo do cristão. Jesus enfatizou a necessidade de nos
mantermos ligados a Ele, a videira verdadeira para recebermos a força ou o vigor necessário para
realizar a obra.
A Bíblia mostra a importância da intimidade com Deus. E nessa área enfrentamos dois
graves problemas na atualidade: Ativismo e superficialidade.
1. Ativismo. Uma das coisas mais comuns em nossos dias é o descaso com a vida espiritual.
Muitas pessoas estão extremamente absorvidas com atividades seculares, e até mesmo
na Igreja, que não conseguem parar na presença de Deus para conversar com Ele sobre
suas próprias vidas, necessidades, e o ministério que desejam realizar. Certa vez ouvi algo
interessante sobre esse assunto, é anônimo: “Quando o ativismo toma o lugar da
devoção, nada sobra além de uma alma vazia”. Isso é verdade na vida de muita gente,
inclusive pessoas que estão na liderança das Igrejas.
2. Superficialidade. Gosto muito de uma frase citada por Billy Graham “Há apenas uma
paixão capaz de controlar as outras: A paixão de conhecer e obedecer a Jesus”. A base de
uma vida cristã impactante é a obediência à Palavra de Deus. Richard Foster disse:
“Superficialidade é a maldição da nossa era. A doutrina da satisfação instantânea é
primariamente um problema espiritual. A necessidade imediata de hoje não é de um
grande número de pessoas inteligentes ou talentosas, mas de pessoas profundas”. Não
tenho dúvida de que Deus continua procurando pessoas que aprofundem suas vidas e
assim possam ser usadas por Ele.
Os líderes de Igrejas precisam desenvolver a intimidade com Deus se quiserem fazer
grandes coisas para Deus; entender que o tempo gasto em sua presença conta para o trabalho
que desejam realizar. Toda força e unção necessárias para o trabalho é adquirida naqueles
momentos vividos na presença de Deus, em comunhão com Ele. “A maior força do cristão
consiste em não confiar em sua própria força.” anônimo.
O Salmista Asafe encerrou o Salmo 73 expressando um sentimento de intima comunhão
com Deus e quero fazer dele nossa oração no encerramento deste capitulo. “Mas, para mim,
bom é estar junto a Deus; ponho minha confiança no Senhor Deus, para proclamar todas as
suas obras” v.28.
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Tarefa:
Avalie sua intimidade com Deus. Quanto tempo você investe na leitura bíblica e oração
diariamente? O que precisa mudar?
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“UM LÍDER DE VERDADE TEM UMA LIDERANÇA QUE DEIXA SUCESSORES”
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CAPITULO 18 - VISÃO DE DEUS PARA O MINISTÉRIO
VISÃO É A NORTEADORA DO PLANO DE TRABALHO MULTIPLICADOR
A Visão é a melhor manifestação da imaginação criativa e a motivação primordial da ação
humana; é a habilidade de ver além da realidade presente, de criar, de inventar, algo que ainda
não existe, de se tornar alguém que ainda não somos.
A Visão nos dá a capacidade de viver pela imaginação e não pela memória; envolve nossa
percepção da situação no momento e também a definição do resultado desejado no futuro; é
saber o destino esperado e também ter uma noção do caminho necessário para alcançá-lo.
Mais do que qualquer outro fator, nossa “Visão” tem uma influência sobre as escolhas
que fazemos e a maneira em que utilizamos o nosso tempo e os nossos recursos.
Aquele que têm influenciado mais poderosa e permanentemente suas gerações tem sido
“visionários” – pessoas que viram mais claramente e mais longe do que os outros – pessoas de fé;
pois fé é a visão.
Uma Visão inclui otimismo e esperança; riscos e desafios.
Líderes devem aplicar as lições aprendidas no passado, mas nunca devem sacrificar o
futuro pela mera continuidade... sem uma Visão não há sucesso significativo.
“Uma Visão sem uma Tarefa faz um Visionário”;
“Uma Tarefa sem uma Visão é meramente trabalho”
“Uma visão com uma Tarefa faz um Missionário.”
“Na sugestão que a Visão trata do que é preferível, nós estamos dizendo que a visão
acarreta mudança. A Visão nunca serve para manter o ‘status quo’. Visão é esticar, estender a
realidade além do que existe no estágio atual.” George Barna
Uma Visão Ministerial é aquilo que Deus tem colocado em nosso coração, em nossa alma
para realizar no nome DELE. Esta visão é algo além, acima de nós, como uma pessoa. É algo
divino; exige a fé, oração, persistência, paciência, firmeza, coragem, preparação, dedicação,
convicção, motivação e paixão, entre outras qualidades.
A Visão Ministerial vem de Deus, pois Ele nos convida para sermos parceiros e nos dá o
privilégio de participar com Ele sendo realizadores desta Visão.
“Nós não podemos nos agarrar a uma Visão. Devemos viver na inspiração dela até que o seu
propósito seja alcançado.” Osvaldo Chambers
Você tem uma VISÃO MINISTERIAL?
Seu ministério atual se encaixa nesta Visão?
Se tiver uma visão, quais são as mudanças necessárias para alcançá-la?
Se tiver uma visão, quais são as barreiras que a impedem?
Se tiver uma visão, já começou o processo para realizá-la?
VISÃO DE DEUS PARA O TRABALHO
A visão nasce quando mantemos comunhão com Deus e queremos ser usados para
abençoar a vida das pessoas que estão à nossa volta; quando olhamos ao redor e vemos as
necessidades das pessoas e nos colocamos disposição de Deus para ajudar e Ele nos mostra como
fazê-lo. Assim nasce a visão.
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Neemias é um exemplo disso: Havia sido levado para Babilônia como escravo e trabalhava
no palácio do rei como copeiro mas vivia preocupado com seu povo e desejava saber notícias de
Jerusalém. Quando Hanani chegou na cidade, ele correu a seu encontro e perguntou como estava
o povo, então Hanani disse que a situação era muito difícil e o povo estava sofrendo muito, pois
os muros haviam sido derribados e os portões queimados e havia muita fome na cidade. “Depois
de ouvir essas palavras, sentei-me e chorei. Lamentei por alguns dias; e continuei a jejuar e orar
perante o Deus do céu” Neemias 1.4. Aqui nasceu a visão de reconstruir a cidade de Jerusalém;
obra que foi concluída em 52 dias.
A partir do momento que temos a convicção daquilo que Deus quer que realizemos em
nossos ministérios, a visão clara daquilo que deve acontecer no meio de nosso grupo alvo,
precisamos orar para que DEUS nos dê também UNÇÃO de Seu Espírito e as estratégias para
alcançar a visão que Ele mesmo colocou em nossos corações.
A grande questão é: Por onde começar? Qual é o ponto de partida para o meu ministério?
O plantador de Igrejas que não consegue responder estas perguntas se perde no meio de
atividades, que muitas vezes o levam para longe do alvo inicial. Há pastores e missionários que
estão como “cegos em tiroteio”, isto é, completamente perdidos, sem rumo ou direção e na
verdade não chegarão a lugar algum.
Outros líderes não têm clareza sobre a finalidade de seu ministério. Não possuem
verdadeiros objetivos e se lançam no ministério sem muita ponderação, planejamento ou
preparação. Não têm um alvo para alcançar e, consequentemente, não sabem por onde começar
ou na maioria das vezes começam de forma errada.
No momento em que começamos a nos concentrar em um bairro, cidade ou região,
precisamos começar desde o início a formar um quadro mental do que acontecerá quando cada
um deles for completamente evangelizado. Como será quando cada pessoa dentro desta
comunidade tiver a oportunidade de ouvir o evangelho de Jesus Cristo? Deus deseja que todas as
pessoas sejam salvas; portanto, devemos iniciar nosso ministério pedindo a Ele que nos conceda
uma visão do “fim”, um quadro de como será quando a tarefa for realizada. Sem esse quadro,
sem saber para onde estamos indo, jamais chegaremos ao nosso destino.
Ainda sobre visão, disse o Dr. R. Bruce Carlton: “É como quando saímos de nossas casas
pela manhã. Precisamos comprar pão; consequentemente, sabemos que temos de passar na
padaria. Não basta saber que devemos ir até a padaria para comprar pão; precisamos saber
também onde fica a padaria. Se não soubermos, vagaremos sem destino. Talvez até cheguemos
ao nosso destino, talvez não. Se não soubermos onde fica a padaria, talvez precisemos de um
mapa, ou de alguém que nos dê o endereço ou nos mostre o caminho”.
O que Deus mais quer é que as pessoas O conheçam como único Deus verdadeiro e a
Jesus Cristo a quem enviou para ser o nosso Salvador e Senhor. Essa é a vontade soberana de
Deus, e precisamos alinhar nossos ministérios com essa Vontade. Precisamos investir tudo que
temos e somos para alcançar as pessoas que Ele colocou diante de nós, como nosso alvo.
Ninguém vai além de sua visão! Uma pessoa só vai até onde vai sua visão. Se a pessoa crer
que é possível, que vai alcançar, já alcançou. Se crer que não vai dar certo, já não deu. Lembre-se:
a vontade de Deus é que todas as pessoas se arrependam de seus pecados e sejam salvas.
Trabalhar para que isso aconteça é estar no centro da vontade de Deus.
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Uma das primeiras coisas em nossos ministérios é definir nosso grupo alvo, ou
comunidade onde vamos trabalhar, que pode ser um bairro, cidade, ou região; pode ser um
segmento da comunidade, uma etnia, ou dependentes químicos.
Após identificar o grupo-alvo, precisamos determinar dois fatores descritivos centrais que
ajudarão a desenvolver a visão de futuro e esboçar as tarefas que devem ser realizadas para que
essa visão seja alcançada.
1. Precisamos calcular quantas igrejas devem ser plantadas para que cada pessoa do grupo-
alvo tenha a oportunidade de ouvir e responder às Boas Novas. Não pensar que nós,
pessoalmente, vamos plantar todas as igrejas. Apenas decidimos quantas igrejas serão
necessárias para que a tarefa seja realizada. Para determinar quantas igrejas serão
necessárias, precisamos ter uma idéia do número de povoados ou comunidades em que
as pessoas residem. Pode ser que não tenhamos um número exato agora, mas devemos
ter pelo menos uma estimativa. De acordo com os parâmetros de Missões Nacionais,
devemos pensar em uma Igreja para cada 10.000 pessoas ou fração, no caso de distritos
ou povoados. E depois em uma Igreja para cada 5.000 pessoas.
2. Tendo estabelecido a visão de futuro, precisamos responder a seguinte pergunta: Quais
serão as características das igrejas que desejamos plantar? Todas elas terão templos e
pastores de tempo integral? Serão grupos pequenos? Onde essas igrejas se reunirão? O
que farão quando se reunirem? Com que frequência se reunirão? Quem serão os seus
líderes? Como os líderes serão treinados? Como as igrejas se relacionarão umas com as
outras?
Precisamos pensar nessas questões agora mesmo. Isso nos ajudará no inicio de nossos
ministérios. Não podemos deixar para pensar nisso daqui dois anos, pois nosso destino final
determinará como devemos iniciar a obra. Lembremo-nos que este treinamento se concentra na
multiplicação de igrejas. Devemos pensar no rápido crescimento e reprodução de igrejas.
Devemos pensar em igrejas que plantarão igrejas. Portanto, as características das igrejas a serem
plantadas são extremamente importantes. Queremos plantar igrejas que possam se reproduzir
facilmente e através dos novos crentes, membros dessas mesmas igrejas.
VISÃO É UMA DÁDIVA DE DEUS
A visão de Deus é o caminho para um ministério bem sucedido. No livro de provérbios
encontramos a expressão: “Onde não há visão o povo perece” Prov.29.18. Sem dúvida, uma das
coisas mais importantes na vida, em se tratando de vocação, é a visão que recebemos de Deus
para o desenvolvimento do ministério; que incluí uma visão correta de Deus, de seu reino, da vida
cristã, e do trabalho a realizar, da missão. Em uma leitura minuciosa da Bíblia, perceberemos, com
clareza, que as pessoas que foram usadas de forma mais esplêndida, foram aquelas que
receberam de Deus a visão para o ministério que deveriam desenvolver e, que foram sensíveis ao
que Deus falou, obedecendo-O.
Deus disse a Abraão “Farei de ti uma grande nação e em ti serão benditas todas as famílias da
terra” Gen. 12:2. E tornou-se o pai da fé ou pai dos crentes.
José teve sonhos de grandeza e tornou-se governador no Egito. Salvou o mundo da época,
provendo-lhe o alimento.
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Daniel viu as setenta semanas e tornou-se conhecido como profeta apocalíptico.
Paulo foi elevado até o terceiro céu e foi o maior de todos os missionários com uma visão
extraordinária de plantação e multiplicação de Igrejas.
Mas estas pessoas tiveram que pagar um alto preço; foram provadas, sofreram injurias,
foram presas, mas nunca desistiram da caminhada rumo ao alvo, porque perseguiram a visão que
Deus havia lhes dado. Quem tem visão, tem alvos e persegue-os até o fim. Por isso, uma das
coisas mais importante para o líder é ter a visão de Deus para o ministério. Jesus fez questão de
passar aos discípulos a visão do ministério que deveriam desenvolver.
Podemos analisar a vida de Abraão e Sara. Residiam em Ur dos Caldeus, na Mesopotâmia,
onde fica o Iraque hoje. Era fazendeiro, e estava com a vida tranquila, até o dia que o Senhor o
chamou, convocando-o a deixar sua terra e parentela; saiu pela fé sem saber para onde ia
(Gênesis 12:1-4). Deus lhes fez duas promessas, mostrando o que desejava alcançar através da
vida deles. A primeira era fazê-los pais de uma grande nação - do impossível - pois não tinham
filhos e nem idade para tê-los. A segunda era abençoar todas as famílias da terra através de sua
família, ou seu descendente. Abraão creu, mesmo contra as possibilidades de acontecer o que
Deus lhe prometera. Por isso teve lugar de destaque na galeria dos heróis da fé em Hebreus onze.
Estas promessas lhes foram feitas quando contava com 75 anos e Sara, sua esposa, 65
anos. Abraão e Sara também viveram momentos de crise, pois os anos passavam e se tornava
mais difícil, humanamente falando, o cumprimento da promessa. Tanto que, em Genesis 15, Deus
interveio, visitando o casal quando em uma bela noite estavam na tenda a meditar sobre a
realidade vivida e as promessas ainda não cumpridas. O texto fala do anjo do Senhor que entrou
na tenda e os saudou dizendo: “Bem aventurado és tu Abraão... ao que respondeu: Como me
chamas bem aventurado, se ainda não tenho filhos e o herdeiro de minhas propriedades será o
damasceno Eliezer?” Gen. 15.1, 2. E o anjo lhe disse que a promessa de Deus estava confirmada:
Eles seriam pais de uma grande nação e através deles todas as famílias da terra seriam
abençoadas; depois convocou Abraão para que saísse de sua tenda e olhasse para o céu, e
contasse as estrelas se o pudesse fazer. E disse: “Assim será a tua descendência e creu ele no
Senhor” Gen. 15: 6. Mas quem pode contar as estrelas? A olho nu, dizem os entendidos, que
podemos ver apenas 3000 estrelas, não creio que conseguiremos contar 3.000. Com Galileu
Galilei e a descoberta do radio telescópio, podemos ver 90.000 estrelas, mas também não sei se
alguém conseguiu contá-las.
Mas sei que no tempo de Abraão, aproximadamente 2000 anos antes de Cristo, não havia
radiotelescópio, e pela fé, Abraão teve uma grande visão, e assim foi sua descendência. Como
Deus havia dito: “Assim será a tua descendência” V.5. ASSIM, quer dizer, de acordo com tua
visão. Deus tinha algo especial para realizar através de Abraão, e realizou porque ele creu. Deus
capacitou Abraão, para que ele fosse uma bênção. Como?
DEUS LHE DEU UMA GRANDE VISÃO.
Deus colocou no coração de Abraão aquilo que Ele mesmo pensava para o mundo. Deus
quer que tenhamos a SUA visão que é elevada, alta, grande, e não nos amesquinhemos com
coisas pequenas. Ele deseja que tenhamos ambições sadias na profissão, no ministério, na família
e pessoalmente; precisamos ter a visão de Deus. Precisamos estabelecer alvos baseados na
vontade de Deus e acreditar que Ele nos ajudará a alcançá-los. Se você acredita naquilo que Deus
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pode fazer através de sua vida, então alcançará grandes coisas para a glória de Deus. Se você acha
que vai fracassar, assim será! Já fracassou.
Em se tratando de ministérios, há muitos ministérios reduzidos, e outros com repercussão
mundial. A diferença não está em Deus, que é o mesmo. A diferença está na visão. Uma pessoa
vai até onde sua visão alcança. Ninguém vai além de sua visão, por isso precisamos ter a visão de
Deus para o ministério.
Enquanto Abraão estava dentro de sua casa, sua visão era pequena, curta; o chão, quatro
paredes e o teto; e estava desanimado com as promessas, duvidando até. Então Deus o chamou
para fora das quatro paredes de sua casa. E o texto diz: “Então o conduziu para fora e disse: Olha
para o céu.” V.5. É como se Deus lhe dissesse: pare de olhar para o chão, levanta a cabeça! Olhe
para o céu, olhe para MIM. É isso mesmo, precisamos parar de olhar para as circunstâncias da
vida, para nossas limitações e olhar para o poder de Deus. Pois “para Deus não haverá impossível
em todas as suas promessas” Lc. 1:37.
Em Lucas 13: 10-13 Jesus curou uma mulher possessa que andava encurvada havia 18
anos. Dezoito anos olhando para o chão e Jesus lhe disse: “endireita-te”. E sua visão fora
restaurada, elevada. Entendemos que o maior estrago que satanás faz na vida de uma pessoa ou
Igreja é encurvá-la para que não tenha visão, para que viva olhando para o chão, para as
circunstancias da vida, para os problemas. Mas Deus diz: Olhe para o céu, olhe para MIM!
Deus nos convoca nesta hora para que elevemos nossa visão, olhando para o céu,
olhando para Ele mesmo, o todo Poderoso. Quando alguém vai fazer algo, precisa ter uma visão
elevada. Se achar que não vai dar certo, já não deu, não vai acontecer nada, porque você só vai
até onde sua visão alcança. Lembre-se: “onde não há visão o povo perece” Prov. 29:18.
No reino de Deus não há lugar para pessoas pessimistas. E nesse assunto podemos nos
reportar ao envio dos 12 espias à terra de Canaã. Todos viram a mesma coisa, mas apenas dois
viram as grandes possibilidades daquele lugar, e entraram na terra. Os outros 10 foram
pessimistas, só viram as dificuldades, e morreram no deserto. (Gen. 13:25-32). Deus tem muita
coisa para fazer através de você, mas depende de sua fé. Comece a fazer alguma coisa, mesmo
que seja contar estrelas, mas olhe além das nuvens, olhe para Deus, creia nas promessas de Deus,
creia que Deus fará uma grande obra através de sua vida.
Quando a JMN nos enviou para o Vale do Piancó, sabíamos que estávamos pisando em
terra difícil. O evangelho era discriminado e os crentes ridicularizados. Era considerada, na época,
a região mais difícil do estado da Paraíba. Economicamente, uma miséria; criminalidade
assustadora, muita pistolagem; mas saímos do Rio de Janeiro na certeza de que Deus nos daria
muita gente naquela região, vidas seriam transformadas e viajamos crendo nas promessas de
Deus. Em 11/84 visitamos a região e pela fé víamos uma Igreja em cada cidade daquela parte do
sertão, muita gente aceitando Jesus. Hoje isso é uma realidade. Da região mais desprezada da
Paraíba Deus está levantando homens e mulheres, centenas de pessoas, dezenas de líderes
capazes para o trabalho. Deus mudou aquela região.
Em tudo que vamos fazer, precisamos crer nas promessas de Deus e fazer a obra para a
qual Deus nos convocou baseados no SEU poder e não em nossas limitações humanas.
PRECISAMOS TRABALHAR FOCADOS NA VISÃO QUE DEUS NOS DEU
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“Grande e extensa é a obra.”E Deus nos chamou para um trabalho sem fim, como contar
estrelas. A Bíblia diz: “Não será aqui o vosso descanso”. E não será mesmo! Missões, plantação de
Igrejas é para pessoas que estão a fim de trabalhar de verdade.
Deus mandou Abraão contar estrelas, e esse é um trabalho extenso, que nunca chega ao
fim. Esse é nosso trabalho no reino; precisamos trabalhar sempre; nosso trabalho não pode ser
“fogo de palha” e nem podemos fazer a obra do Senhor relaxadamente. Se quisermos alcançar
resultados, não podemos parar no meio do caminho. Devemos aceitar cada desafio que nos é
apresentado, ter a visão Divina e trabalhar sempre, sem esmorecer.
Se quisermos resultados precisamos tirar de nosso vocabulário as expressões: “Não vou
conseguir”, “não vai dar certo”, “isso não funciona”. E usar expressões como: “Tudo posso
naquele que me fortalece”, “Não há coisa impossível para Deus”, “Deus está nesse negócio e vai
dar certo, e similares”.
Se Abraão tivesse dito a alguém que o Senhor o havia mandado contar as estrelas do céu,
e que sua descendência seria como as estrelas do céu, certamente o chamariam de louco. Pois
Abraão não tinha filhos, e nem idade para tê-los. Mas é no impossível que Deus age. Às vezes
temos medo de ir em busca daquilo que Deus prometeu, por causa do julgamento das pessoas.
Mas não podemos ficar preocupados com aquilo que os outros vão pensar ou dizer, “crê
somente” é a orientação Divina.
Quando iniciamos a construção do templo de Itaporanga, a entrada financeira média
mensal da Igreja era de R$ 1.800,00 e quase todo comprometido com despesas internas e a obra
missionária na região. Construímos um templo de R$ 90.000,00 em menos de três anos e não
faltou dinheiro, nunca atrasamos um pagamento sequer. Não deixamos de enviar plano
cooperativo, e durante o período levantamos as três ofertas missionárias a cada ano. Uma loucura
aos olhos humanos, porque a Igreja não teria humanamente falando, recursos financeiros para
esta obra. Mas Deus nos deu essa visão e a Igreja aceitou e todos os membros se envolveram
como se fosse a construção de suas próprias casas. Investiram tudo que puderam. Deus prometeu
abençoar o esforço de seu povo. Todos trabalharam sempre, até a conclusão da obra e aquilo que
era um sonho tornou-se realidade.
COISAS QUE ATRAPALHAM O ALCANCE DE NOSSOS ALVOS
1- A visão humana - As coisas de Deus não podem ser baseadas na visão humana, que é muito
limitada, pois não vemos muito longe, principalmente se estamos olhando para o chão, para as
circunstancias da vida.
Veja que na época de Abraão só era possível ver 3000 estrelas, pois, ainda não havia o
radiotelescópio. Para Abraão ter uma descendência de 3000 pessoas já se constituía um grande
milagre, pelas circunstâncias de sua vida. Sara estava com 65 anos, era estéril e não ovulava mais;
não havia condições de ter filhos. Por isso Sara riu-se diante da promessa. Mas precisamos
lembrar que o que a visão humana vê não é tudo, precisamos viver confiados no poder de Deus.
2- Os recursos humanos - Com Galileu e a descoberta do radiotelescópio possibilitou a visão de
90.000 estrelas, mas ainda era muito pouco. Para Abraão Deus queria muito mais e sua
descendência foi muito maior, só Adolf Hitler assassinou mais de 6 milhões de judeus, todos
descendentes de Abraão. Não podemos limitar nossa visão a recursos humanos apenas.
Precisamos ir mais longe. Abraão estava baseado nas promessas de Deus e creu. E me
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impressiona o testemunho que Jesus deu sobre a fé de Abraão, quando disse: “Vosso pai Abraão
alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se.” Jo. 8:56. Abraão viu Cristo 2000 anos antes
de seu nascimento. Isso que podemos chamar visão de futuro. Viu Cristo e ficou alegre; é
simplesmente esplêndido!
Não se limite pelas perspectivas humanas; tente ver aquilo que Deus tem para você; ande
um passo após outro, um degrau após outro, mas sempre olhando para o alto, sempre olhando
para Jesus. “Pois o mundo ainda está para ver o que Deus pode fazer através de um homem ou
mulher que a Ele se entregue totalmente” Spurgeon. Você pode ser esta pessoa, acredite nisto, e
vá em frente.
ELEMENTOS QUE NOS AJUDAM A ALCANÇAR O ALVO
1-Ter um coração esperançoso- precisamos aprender a ver além da realidade e além daquilo que
a realidade pode vir a ser. “E falaram a toda congregação dos filhos de Israel, dizendo: A terra
pelo meio da qual passamos a espiar é terra muitíssimo boa. Se o Senhor se agradar de nós,
então, nos fará entrar nessa terra e no-la dará, terra que mana leite e mel.” Números 14: 7,8. A
visão dos outros 10 espias está em Número 13: 27,28. E não vale a pena descrevê-la.
2- Ter uma atitude perseverante. Abraão Lincoln é um grande exemplo de perseverança em
busca de um alvo. Ouvi dizer que primeiro candidatou-se a deputado e perdeu. Depois se
candidatou a prefeito e perdeu. Tentou ser senador e perdeu. Então concorreu a governador e
perdeu. Finalmente candidatou-se a presidente e ganhou. Sua perseverança o empurrou para
cima. Dizem que foi um dos melhores presidentes dos EUA.
3- Ser animado com as promessas de Deus. As promessas rejuvenesceram a Josué e Calebe.
Poderiam pensar que não teriam idade para gozar as promessas de Deus, mas o cumprimento
veio na hora certa. “Nenhum deles verá a terra que, com juramento, prometi a seus pais, sim,
nenhum daqueles que me desprezaram a verá, exceto a Josué e Calebe.” Números 14:23.
4- Ter razões específicas pelas quais lutar. Josué e Calebe tinham um alvo; acreditaram; lutaram;
e conquistaram a vitória.
Podemos mudar nossa atitude diante dos desafios do dia a dia, com fé, perseverança e
esperança, alcançando em Deus vitórias. Deus quer que olhemos para Ele, e prossigamos em
direção ao alvo.
Chegaremos até onde vai nossa visão. Se nos falta a visão, devemos pedir a Deus. Não
poderemos ser úteis no reino se nos falta a visão, pois nos tornaremos pessoas sem rumo. Jesus
trabalhou três anos com um grupo de 12, dando-lhes a visão necessária para que pudessem
prosseguir na caminhada. Deu-lhes visão de si mesmos, de Deus, do reino e da missão; e os
capacitou para o trabalho. Se quisermos idênticos resultados, precisamos percorrer o mesmo
caminho.
Agora que você aprendeu sobre a necessidade de ter uma visão de Deus para o ministério
é necessário escrever uma declaração da visão de futuro que incorpore as informações de seu
grupo alvo.
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TAREFA:
Escreva a visão que Deus lhe deu para o ministério:
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CAPITULO 19 - FORMANDO LÍDERES – MODELO DE JETRO
Ser Pastor ou missionário nunca foi tarefa fácil, principalmente para aqueles que levam a
sério sua chamada para esse trabalho. Os desafios que enfrentamos como servos do Senhor são
grandes, além de nossa capacidade humana, pois temos a responsabilidade de atender não só as
necessidades espirituais do povo, mas também as que surgem como decorrência do “progresso”,
tais como, distúrbios emocionais, desvios de caráter e inversão de valores e tantas outras
tendências do mundo moderno.
Estamos à frente de Igrejas, cujo trabalho principal deve ser missões, que implica na
restauração completa de indivíduos, e é nossa a responsabilidade de ajudar aos nossos
semelhantes para que tenham um encontro real com o Senhor Jesus Cristo; mas também ajudar
os crentes na cura de seus traumas para que alcancem a maturidade cristã, tão necessária para
que a Igreja alcance seus objetivos e cumpra sua missão no mundo. O trabalho do líder não está
limitado apenas à manutenção de cultos, é muito mais abrangente - deve equipar os santos - para
que se tornem participantes da obra missionária usando seus dons e talentos para glória de Deus.
É necessário que cada crente se torne um soldado nesse grande exército que luta contra o
pecado e contra satanás; é necessário que cada crente se torne um discípulo de Jesus,
completamente integrado na obra. Precisamos ter coragem para encarar a realidade e perceber
que ainda estamos muito longe de alcançar o que Deus deseja. O mundo continua agonizando e
precisa de pessoas que sintam compaixão dos milhões de pessoas que vivem sem Deus e sem
salvação. Precisamos olhar para a obra missionária e entender que pouco está sendo feito diante
dos grandes desafios; há dificuldades enormes que precisam ser vencidas e não podemos fechar
os olhos se queremos alcançar a Pátria para Cristo.
Estamos a mais de 100 anos lutando para melhorar nosso desempenho na evangelização
e discipulado de cada pessoa em solo brasileiro, mas ainda há muito para fazer. Infelizmente
temos perdido terreno por não entender a importância da contextualização da mensagem do
evangelho. Cada ministério é um ministério e cada cidade ou região tem as suas características;
cada povo tem seus costumes e precisamos comunicar o evangelho de forma que as pessoas
entendam. Podemos aproveitar muitas coisas que deram certo em outros lugares, mas não
podemos esquecer que além de pastores e missionários devemos exercer também o papel de
estrategistas. Nossa responsabilidade é colocar a coisa certa no lugar certo, é nosso dever
encontrar a estratégia e a metodologia certas para trabalhar no meio de nosso grupo alvo.
Os grandes desafios da Igreja não são aqueles impostos pelas tendências modernas, mas
aqueles que nos perseguem desde o início. Um desses desafios é a falta de uma liderança
preparada para a obra missionária. Esse é um dos mais graves problemas que enfrentamos. Não
há como contabilizar o dinheiro que já foi gasto na plantação de Igrejas e algumas sequer existem
na atualidade; há Igrejas que foram fortes no passado mas enfrentam dificuldades no processo de
crescimento como conseqüência da falta de uma liderança capaz. Esse é um problema que
encontramos em todos os estados do Brasil. Conheço 23 dos 27 estados de nossa federação e em
todos eles encontramos Igrejas em crescimento, algumas estagnadas e outras em declínio. Se os
pastores não assumirem seu papel de multiplicadores de líderes, em alguns anos teremos muitos
templos fechados, o que já é realidade em alguns lugares.
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Quantos estão a interrogar, por exemplo, a despeito do grande número de Igrejas sem
pastores e de pastores sem Igreja? Os seminários estão formando centenas de Bacharéis
anualmente, mas a obra missionária continua em crescimento lento pela falta de missionários. O
que está acontecendo? Ou, o que está errado?
Posso citar os exemplos ocorridos nas diversas regiões do Brasil. A cidade de Coremas/Pb,
na década de 50 tinha uma das mais fortes Igrejas do sertão Paraibano, com registro de ofertas
missionárias desse tempo, mas que em 1970 foi dissolvida e até o templo vendido por falta de
liderança capacitada. Em 1985 reiniciamos o trabalho na casa de um remanescente e muitas
pessoas creram em Jesus e foram batizadas; depois compramos terreno e construímos um novo
templo. Por que aquela Igreja foi extinta? Qual foi o problema? Com certeza não foi a hostilidade
do povo! Mas a falta de uma liderança capacitada para dar continuidade ao trabalho.
Quantos obreiros trabalham anos seguidos em uma cidade, dando o melhor de si, mas
quando transferidos para outro campo, aquele trabalho fica marcando passo e às vezes entra em
processo de estagnação. Aí chega um novo Pastor e trabalha mais cinco ou seis anos, depois vai
embora e o trabalho volta a quase zero. Imagine quantos anos de investimento em salários,
aluguéis, e o trabalho não decola? Esse é um dos maiores problemas que enfrentamos na
atualidade. O que fazer então? Precisamos investir na multiplicação de líderes para que as Igrejas
não sofram com a falta de continuidade.
Aceitei a Jesus em 1977 durante o projeto Jesus transforma no estado de Santa Catarina.
Três anos depois saí da cidade para o seminário, e em seguida atendemos ao chamado Divino
para o nordeste onde trabalhamos na plantação de Igrejas. O trabalho em minha cidade natal tem
mais de três décadas e a Igreja continua se arrastando. Muitos dizem que o problema é a frieza do
povo sulista, mas não podemos aceitar, uma vez que as outras denominações crescem muito na
mesma região. É sem dúvida um problema nosso, Batista. A falta de continuidade naquele
trabalho prejudicou a Igreja. Cada vez que um pastor saia era um trauma para a Igreja que ficava
muito tempo sem liderança e com isso houve dispersão de seus membros e outras Igrejas
surgiram com membros dispersos da Igreja Batista.
Deus nos convocou, eu e minha esposa, para trabalhar na plantação de Igrejas no sertão
da Paraíba, mas confesso que tive medo de passar pelos problemas que já havíamos observado
em outros lugares. Quando chegamos na região onde estava nosso grupo alvo, a primeira coisa
que vimos, foi uma Igreja com 20 anos de organização oficial, mais 08 anos como Congregação,
com apenas oito membros. Em cidades próximas, havia Igrejas quase mortas, fechando as portas
de seus templos. Foi mais um motivo para temer, tremer e refletir sobre o ministério que
devíamos realizar. Pedimos a Deus ajuda em nosso ministério, pois não queríamos gastar nossas
vida e depois olhar para trás e ver o trabalho estagnado ou morrendo.
Sabemos que há obreiros que não estão preocupados com esse problema e dizem que
não são responsáveis pelo que acontece depois de seus ministérios, pois fizeram um trabalho
sincero e honesto. E há até os que desejam que o trabalho sofra no processo de crescimento após
sua saída, para que a Igreja sinta sua falta.
Se eu, como Pastor, não preparar a Igreja para andar, para prosseguir no cumprimento de
sua missão, está claro que não fui um bom líder. A Igreja precisa ser preparada para andar
independentemente da pessoa do pastor. Aliás, o papel principal do pastor é formar outros
líderes para conduzir a Igreja e dessa forma dará longevidade ao seu ministério.
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Outro grande problema para a Igreja é a sucessão pastoral. Sabemos que há situações que
a Igreja faz festa na saída do pastor; principalmente quando o ministério traz desgaste para Igreja.
Mas normalmente a Igreja sente muito com a saída do seu pastor, e tem dificuldades para se
adaptar ao novo pastor e modelo de ministério e com isso vêm às discórdias e muitas divisões
entre o povo de Deus. A diferença brusca na visão ministerial e a mudança rápida no modelo de
ministério tem causado muitos transtornos para as Igrejas e prejuízos para o reino de Deus. Por
estes e outros motivos precisamos investir na multiplicação de líderes em nossos ministérios.
Se Moisés não tivesse preparado Josué, seu trabalho teria sido um fracasso; o que
adiantaria tanto trabalho naquele deserto escaldante, tanto sofrimento, e o povo teria morrido às
margens do Jordão. Se Josué não tivesse sido preparado para dar continuidade ao trabalho ou
ministério de Moisés, o povo ficaria disperso e Moisés entraria na história, não pelo trabalho
realizado na condução do povo de Israel, mas pela tragédia que causaria ao povo. A glória, o
sucesso de Moisés dependeu do desempenho de seus sucessores, a quem treinou para este
trabalho. Se Josué não tivesse conquistado Canaã, Moisés teria sido odiado pelos Israelitas até
hoje, e não seria visto como um de seus maiores líderes como tem acontecido.
Assim o nosso sucesso ou fracasso depende de quem vem depois de nós, por isso
precisamos gastar tempo no preparo de uma liderança eficaz para as Igrejas existentes e para as
novas também. Sem multiplicação de líderes não haverá multiplicação de Igrejas. A multiplicação
de líderes é, pois, um trabalho indispensável e urgente.
O PREPARO DE LIDERES É UMA DETERMINAÇÃO DIVINA.
No livro de Êxodo encontramos uma orientação segura quanto a necessidade que temos
de auxiliares e sucessores; isso é percebido na primeira batalha enfrentada pelos Israelitas, contra
os Amalequitas. Josué foi enviado com um grupo de soldados à peleja enquanto Moisés subiu ao
cume do monte acompanhado de Arão e Ur. Enquanto Moisés estivera com as mãos levantadas
Israel prevalecia, quando, porém, baixava as mãos, prevalecia Amaleque. Seus dois auxiliares,
Arão e Ur desempenharam função importante colocando uma pedra debaixo de Moisés para que
assentasse e eles então sustentaram suas mãos até o final, e os amalequitas foram derrotados,
completamente vencidos, Ex. 17.8-16.
Mas não foi só isso, agora aparece na história de Moisés um homem muito sábio, trata-se
de Jetro, sacerdote em Mídia, o próprio sogro de Moisés. Ele veio ao encontro de Moisés
trazendo Zípora e seus dois filhos, Gerson e Eliezer. Enquanto Moisés julgava o povo, o experiente
sacerdote só observava. Depois chamou o genro e deu seu parecer sobre o trabalho. Moisés
trabalhava muito, desde a alva até o pôr-do-sol; pensava que estava abafando, mas o sogro não
gostou do que viu, e interrogou: “QUE É ISTO QUE FAZES AO POVO? POR QUE TE ASSENTAS SÓ, E
TODO O POVO ESTÁ EM PÉ DIANTE DE TI DESDE A MANHÃ ATÉ AO PÔR –DO –SOL?” Ex.18.14.
Moisés começou justificar sua atitude: E disse: “É que o povo vem a mim para consultar a Deus; e
quando tem alguma questão vem a mim para que eu julgue entre um e outro”. É possível que
Moisés estivesse esperando um elogio, mas foi repreendido pelo sogro que disse: “NÃO É BOM O
QUE FAZES, SEM DÚVIDA DESFALECERÁS, TANTO TU, COMO ESTE POVO QUE ESTÁ CONTIGO;
POIS ISSO É PESADO DEMAIS PARA TI; TU SÓ NÃO O PODES FAZER”. Ex.18.17-18.
Jetro com sua experiência deu conselhos a Móisés: “Ensina a este povo os estatutos e as
leis e faze-lhes saber o caminho que devem andar e a obra que devem fazer. Procura dentre o
povo, homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; põe-
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nos sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez; para que
julguem este povo em todo o tempo. Toda causa grave trarão a ti, mas toda causa pequena eles
mesmos julgarão; será assim mais fácil para ti, e eles levarão a carga contigo. Se isso fizeres e
assim Deus to mandar, poderás então suportar; e assim também todo este povo tornará em paz
ao seu lugar” Ex.18.19-23.
Este é um dos muitos textos bíblicos que tratam do assunto liderança. Vemos que o bom
líder não é aquele que faz tudo sozinho, mas aquele que divide as tarefas com outros lideres por
ele preparados. Isso é maravilhoso, é Bíblico, é Divino. Foi assim que Deus falou através de
JETRO. E Moisés jamais teria chegado aonde chegou se não tivesse dividido o trabalho com seus
auxiliares e se não tivesse preparado seus sucessores. Moisés preparou Josué; assim como Elias
preparou Eliseu; Jesus preparou onze; Barnabé preparou Paulo que preparou Silas, Timóteo, Tito,
etc. Precisamos da mesma forma, preparar líderes para que nossas Igrejas não sofram no
processo de crescimento em seus trabalhos e para que se multipliquem para a Glória de Deus.
O PREPARO DE LIDERES É TAREFA URGENTE
Formação de liderança é o trabalho número UM do líder, como já disse. Nossa vida está
limitada ao tempo, pois nunca sabemos quantos anos temos pela frente; uma coisa é certa,
sozinhos não conseguiremos chegar muito longe. Qualquer um pode sofrer o impedimento de seu
ministério, e como ficará o trabalho? Se você descobrisse que só lhe restam 4 meses de vida, o
que faria nesse período? É responsabilidade nossa treinar pessoas para dar continuidade ao
trabalho que estamos fazendo, ou então, teremos a tristeza de ver o trabalho despencando. Em 4
meses não poderia ganhar o mundo, mas poderia treinar algumas pessoas que treinariam outras
pessoas e o trabalho continuaria se multiplicando.
Se analisarmos a vida e ministério de Jesus, perceberemos que Ele estava ciente de seu
resumido tempo de ministério, aproximadamente 3 anos e meio. Se Jesus tivesse pensado em
evangelizar o mundo em três anos e tivesse comprado um jumento para viajar, que era o meio de
transporte da época, não teria conseguido andar muito além da palestina. Os três anos teriam
passado, sua morte teria chegado e quase nada restaria de seu ministério. Jesus priorizou os doze
e os treinou para continuar na obra de evangelização do mundo. Mas Jesus, que é nosso maior
exemplo em preparação de lideres, não deixou de evangelizar, curar os enfermos, alimentar os
famintos, mas investiu pesado na formação de novos líderes (os doze), que deram continuidade
ao Seu ministério. Mas através dos discípulos o evangelho chegou até nós e se trabalharmos na
formação de novos líderes o evangelho chegará até os confins da terra.
Não somos eternos em nossa existência terrena, os dias correm como o vento e
rapidamente chegaremos ao final de nossas vidas. Precisamos como Jesus, pensar em ministérios
mais consistentes e duradouros. O caminho, não há dúvidas, é a formação ou multiplicação de
líderes. Como disse, centenas de Igrejas estão sofrendo com a falta de crescimento por falta de
líderes preparados; e esse é um quadro que precisa ser mudado em nome de Jesus.
Então o maior problema da Igreja não é o pecado que se espalha pelo mundo, não são as
seitas heréticas, o secularismo, mas a falta de uma liderança apaixonada por Jesus e pelos
perdidos. A única maneira para reverter a situação é o investimento na formação de uma
liderança capaz.
O maior erro da Igreja é ficar na espera de lideres que venham de fora para fazer o
trabalho. Muitas vezes essa espera é longa, o investimento financeiro grande e o ministério curto
98
demais, não há tempo sequer para adaptação e muitas famílias de obreiros e Igrejas sofrem
traumas de um ministério mal sucedido.
Quando falamos em treinamento de liderança, estamos falando em um dos assuntos mais
sérios e urgentes da Igreja da atualidade. É uma fórmula para alcançar nosso país e o mundo com
a mensagem salvadora de Jesus Cristo. Cada Igreja precisa fazer a obra missionária treinando,
enviando e sustentando seus obreiros e o pastor é responsável em levar a Igreja a cumprir a
grande comissão. Precisamos orar pedindo a Deus mais trabalhadores para a seara e treiná-los
para a realização da obra missionária e assim a Igreja alcançará o mundo.
IDENTIFICANDO LIDERES AUTOTONES
O conselho de Jetro continua sendo eficaz na atualidade, pois as mesmas qualidades que
ele apresentou para um líder há 3400 anos devem ser observadas no terceiro milênio. Ele disse:
“Escolha homens CAPAZES, homens TEMENTES A DEUS, homens de VERDADE, homens que
ABORREÇAM A AVAREZA....” Ex 18:21. Para analisar cada expressão desse texto precisaríamos de
muito tempo e não podemos fazê-lo agora, mas temos no texto as qualidades que precisamos
observar na vida das pessoas que desejamos treinar.
Cada líder deve trabalhar olhando para as pessoas que estão diante de si, e ver suas
qualidades. Quando uma pessoa se destaca na liderança não podemos vê-la como um adversário,
como alguém que vai competir conosco, mas como alguém que pode ser treinado. Devemos
investir o máximo que pudermos nestas pessoas para que se tornem líderes, grandes líderes e até
melhores do que nós. Não tenhamos medo de ver nossos liderados crescendo, eles serão a nossa
coroa. Vejo Pastores fazendo tudo para impedir o crescimento de seus liderados, com medo de
perder seu posto, isso é muito triste e prejudicial ao trabalho da Igreja e demonstra muita
incompetência, insegurança.
Quando Jetro falou em pessoas CAPAZES, estava dizendo que alguém que vai exercer esta
função precisa ser fisicamente capaz; moralmente capaz; intelectualmente capaz e
espiritualmente capaz. Se uma pessoa não é capaz, não pode estar exercendo liderança. Uma
pessoa que não é capaz de cuidar de seus problemas, também não será capaz de ajudar no
cuidado dos problemas das outras pessoas.
Que sejam homens TEMENTES A DEUS, que levam a sério sua própria comunhão com
Deus, que tenham vida devocional; que sejam bem sucedidos no cuidado espiritual de sua família.
Não são todas as pessoas que tem condições de estar na liderança da Igreja do Senhor Jesus
Cristo, precisam ser pessoas tementes a Deus, pessoas caracterizadas pela fé.
Que sejam homens de VERDADE, pessoas que não tenham sua honestidade
comprometida, que tenham seus negócios limpos, seus pagamentos em dia, que não devam nada
a ninguém a não ser o amor.
Que sejam homens que ABORREÇAM A AVAREZA, pois no reino de Deus não há lugar
para avarentos. Quem deseja enriquecer financeiramente deve procurar outro tipo de trabalho,
pois na Igreja somos convocados a dar nossas vidas e tudo que temos.
Precisamos observar pessoas com estas qualidades e investir nelas sem medo, pois serão
grandes líderes. Estas são qualidades interiores importantíssimas, e o maior segredo de um líder
são os segredos de seu interior. Se não conhecermos os segredos de nosso interior tendo
99
domínio sobre eles, nenhuma regra de liderança fará sucesso. O conselho de Jetro resume as
qualidades de um líder: integridade, humildade, espiritualidade, coragem e dinamismo.
FORMANDO LIDERES AUTOTONES
“Ensina-lhes os estatutos e as leis e faze-lhes saber o caminho em que devem andar e a
obra que devem fazer.” Ex. 18:20. Ensinar é treinar. O desafio para nós é investir na vida das
pessoas que julgamos capazes para a obra. Mas como fazer este trabalho?
A primeira coisa que faz parte do treinamento é passar uma visão correta do reino de
Deus, pois, “Onde não há visão o povo perece”. Nossa vida será de acordo com a visão que temos;
vivemos e fazemos de acordo com nossa visão. E todo trabalho de treinamento começa com a
visão que passamos para as pessoas que desejamos ajudar. Se a visão de uma pessoa está errada,
perdemos tempo com o ensino nas outras áreas. Acho que alguns seminários precisam rever a
visão que estão passando para seus alunos. Há coisas que são úteis e há coisas que tem
atrapalhado muito a vida dos vocacionados.
Outra etapa é compartilhar tudo que sabemos e o que está ao nosso alcance. Há muitos
bons livros que ajudam. Incentivá-los ao estudo, pois há cursos teológicos ao alcance de qualquer
pessoa. Dar oportunidade para que trabalhem, fazendo o acompanhamento e ajudando nas
coisas que precisam melhorar.
O que estamos compartilhando aqui está ao alcance de todos, em qualquer lugar, até nas
mais distantes regiões deste país. Nossa experiência no sertão mostra que é possível treinar as
pessoas onde elas estão; pois dificilmente uma Igreja do sertão teria condições de pagar um curso
teológico para seus membros vocacionados em cidades distantes e, além disso, as pessoas, que
saem de suas cidades para estudar, dificilmente voltariam para trabalhar na região de origem.
Um curso teológico onde o aluno está envolvido com o trabalho, dirigindo uma nova
Igreja, não tem comparação. Experimentamos isso durante os 26 anos de ministério. Trabalhamos
em uma região extremamente pobre, longe da condição educacional que há nas cidades grandes,
mas aproveitamos para treinar os crentes e contamos hoje com uma grande equipe de líderes
preparados, mais de 40 entre pastores e missionários estão envolvidos com a obra missionária.
Fizemos o possível para levar esses novos crentes nas clinicas de treinamento que
aconteceram na convenção ou associação. Muitas vezes tivemos que pagar as inscrições destas
pessoas, além de levá-las até o local das reuniões. Depois conseguimos levar cursos para a região
onde residiam e assim foram sendo preparados para o trabalho. Iniciamos com o curso elementar
em Educação Religiosa fornecido pelo SEC, com dois anos de duração; curso médio de Teologia
através do Instituto Bíblico Brasileiro; Licenciatura em Teologia pela ABECAR; e ultimamente uma
extensão do Instituto Teológico Batista de Ensino Superior da Paraíba com o curso de Bacharel em
Teologia. Isso mostra que é possível treinar os membros da Igreja em qualquer região do Brasil. Se
foi possível fazer isso no Vale do Piancó, é possível para qualquer lugar de nossa nação e do
mundo.
O treinamento de Lideres exige tempo e coragem, mas é o trabalho mais compensador
que existe. Olhar para trás e ver as pessoas que treinamos desenvolvendo ministérios frutíferos é
o maior prêmio que poderíamos receber como missionários, isso nos dá uma enorme satisfação e
sentimento de realização pessoal e ministerial.
100
Um dos maiores impedimentos na realização da obra missionária é a falta de liderança
capaz, que esteja disposta a pagar o preço de um ministério bíblico. As Igrejas estão prontas para
investir quando o obreiro tem visão Divina. Tudo que tenho compartilhado nesse texto, não é
mera teoria, faz parte de minha experiência ministerial. Nos 26 anos de trabalho no nordeste nos
dedicamos no treinamento de liderança local, quebrando o tabu de que a liderança das Igrejas
teria que vir de fora.
Trabalhamos em mais de 20 localidades entre cidades e bairros na Paraíba, batizamos
mais de 800 pessoas que creram em Jesus; construímos 9 templos e 7 casas pastorais; criamos a
cooperativa de profissionais de ensino e trabalhadores em atividade meio que implantou 04
colégios; mas este não foi o trabalho mais importante. O que mais alegra nossos corações é ver
que quase 100% da liderança destas Igrejas e colégios é formada de pessoas que tivemos o
privilégio de treinar. Saí da região para um novo ministério, com o coração tranquilo, porque
deixei pessoas preparadas para continuar a obra que iniciamos, esperando que eles continuem
treinando lideres e plantando novas Igrejas, como tem acontecido ate aqui.
TAREFA: Leia o livro de Josué e destaque 10 atitudes de Josué como líder de Israel.
Ações de Josué como líder Referências bíblicas
101
OBJETIVO: FORMAÇÃO DE LÍDERES
Meta 1
Plano de Ação
Meta 2
Plano de Ação
Meta 3
Plano de Ação
Possíveis Obstáculos
transformados em
oportunidades
Acompanhamento
102
Equipe Ministerial
MINISTÉRIO
DE
LIDERAR
Identificação de Líderes em
Potencial
Treinamento em Serviço
Programa de Desenvolvimento
Ministerial
Escola de Líderes
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ANOTAÇÕES
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SEXTO VALOR
VISÃO BÍBLICA
IGREJA MULTIPLICADORA
MULTIPLICAÇÃO
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CAPITULO 20 - ESTRATÉGIA DA VISÃO IGREJA MULTIPLICADORA
UMA BOA ESTRATÉGIA É FATOR ESSENCIAL PARA O EXITO.
A estratégia é a arte de planejar, desenvolver e implementar metas e planos de ação a fim
de alcançar os objetivos predeterminados.
A estratégia é um plano global, abrangente e específico; é o processo que envolve tudo:
Visão, Missão, Objetivos, Metas, Planos de Ação, Pesquisa, Oração, compaixão, Evangelização,
Discipulado, Formação de Líderes, Parceiras e Multiplicação.
A estratégia é uma tentativa de antecipar o futuro. É a nossa declaração de fé a respeito
daquilo que cremos sobre o presente como realmente é e como o futuro deveria ser.
A estratégia clara e desejada somente começa a ser “visualizada” quando oramos,
pensamos, observamos e pesquisamos sobre aquilo que Deus tem colocado em nossos corações e
que nós gostaríamos de ver realizado no futuro.
Quando participamos em atividades ministeriais sem planejamento focalizado e efetivo,
estamos envolvidos em “práticas” e não em “estratégias”. “Práticas” têm seu lugar, mas elas
devem ser direcionadas pela estratégia a fim de que a soma delas tenha um efeito mais amplo e
desejado. Leia 1Coríntios 9.25,26.
Atividades como pregar, ensinar, administrar, aconselhar, orar, evangelizar e ação social
são ministérios bons e necessários, mas devem ser realizados dentro de uma estratégia planejada.
Devem fazer parte das atividades necessárias para alcançar os alvos, objetivos... a Visão. Não
deixe as coisas “boas” substituírem as coisas “melhores”!
MANTENHA A COISA PRINCIPAL... A COISA PRINCIPAL!
A ESTRATÉGIA DA VISÃO “IGREJA MULTIPLICADORA”
1. Visão clara de plantar IGREJAS MULTIPLICADORAS
A razão de ser de uma igreja em um determinado grupo-alvo, prioritariamente é ganhar
vidas para Jesus e se multiplicar. Nossa tendência é chegar e nos satisfazer com o estar presente,
atender às carências humanas da comunidade e apenas pregar o evangelho, sem nos preocupar
com o discipulado dos novos convertidos e a multiplicação de igrejas. A melhor estratégia para a
pregação do evangelho é a multiplicação das igrejas considerando que as novas igrejas são um
ponto-chave para o evangelismo: crescem mais que as igrejas antigas, oferecem opções para os
que não têm igreja, facilita o acesso dos membros de maneira mais rápida e econômica, são
igrejas mais contextualizadas e podem atender melhor às necessidades do grupo-alvo.
2. Processo claro
A visão “IGREJA MULTIPLICADORA” é sustentada por um processo simples, reprodutivo e
transferível. Sua prática pode ser exercida por “leigos” e não requer formação teológica para o
seu aprendizado.
107
3. Acompanhamento constante
O grande diferencial da visão “IGREJA MULTIPLICADORA” é a sua gestão estratégica por
um Líder de Pólo em todas as suas fases, exigindo de todos os envolvidos na plantação de igrejas
multiplicadoras uma constante avaliação por meio de indicadores estratégicos periódicos e
prestação de relatórios semanais ao Líder de Pólo e bimestrais aos Coordenadores Regionais e à
sede de Missões Nacionais.
4. Alicerces: Planejamento Estratégico e Plano de Trabalho Multiplicador
Planejamento Estratégico... por quê?
A necessidade de planejamento poderia ser apoiada por diversas razões, mas vamos
enfatizar um aspecto básico somente. Por que planejamos?
Porque tudo é limitado: tempo, recursos, energias, oportunidades e não podemos
desperdiçar qualquer dádiva que Deus tem colocado à nossa disposição e sob a nossa
responsabilidade. Mas devemos utilizar tudo para que possamos cumprir a tarefa com eficiência.
Porque somos salvos por Jesus, chamados por Deus, e capacitados pelo Espírito,
deveríamos ser bons, fiéis e obedientes mordomos do Senhor.
Porque é bíblico. Quem poderia ser um “planejador” mais meticuloso, visionário,
determinado e efetivo do que o nosso Deus? Ninguém! Os planos de Deus são perfeitos! E o
nosso Deus nos deu a capacidade de planejar e executar planos junto com Ele!
Algumas referências bíblicas:
O Plano de Deus para Abrão (Gênesis 12.1,2); O Plano de Deus para Moisés (Êxodo 3.11,12);
O Plano de Deus para Davi (1 Samuel 16.12,13).
Pesquisa: Dados, Informações e Redes
Saiba a situação presente para saber como chegar ao destino
A pesquisa também faz parte da formulação de um PTM completo e eficiente. Precisamos
ter informações adequadas para elaborar um plano que nos leve aos objetivos desejados. A base
dos nossos planos são as informações que temos; ou não temos, mas precisamos ter. Os tipos de
informação que necessitamos dependem daquilo que queremos alcançar. O destino desejado
determinará os dados e as informações necessárias.
Informações necessárias para formular seu PLANO DE TRABALHO MULTIPLICADOR
Conheça bem “seu grupo-alvo”. Entenda a situação cultural, socioeconômica,
educacional, familiar e social. Dentro do possível, entenda “a cosmovisão” do segmento da
população que você está focalizando. Busque informações sobre isto.
Obtenha dados numéricos confiáveis para a criação de uma “Linha de Base” de
estatísticas que reflitam a situação atual e que servirá para uma referência.
Alguns dos alvos mensuráveis serão baseados nesta “Linha de Base”.
1. Determine quantas e quais são as pessoas necessárias para realizar o
objetivo/metas/planos de ação.
2. Determine os recursos financeiros necessários, à medida que as necessidades forem
surgindo.
108
3. Localize fontes de ajuda, assessoria e apoio para serem mobilizados e crie uma rede
de contatos.
4. Identifique os possíveis problemas ou barreiras de todas as espécies e crie meios,
soluções para reduzi-los ou eliminá-los antes que interfiram no seu trabalho.
5. Não inclua atividades que não contribuam com o alcance das suas metas, objetivos e
visão.
FERRAMENTAS - CHAVE PARA CONSTRUIR UM PLANO DE TRABALHO MULTIPLICADOR
1 - Objetivos
Uma definição:
Um objetivo é uma intenção básica verbalizada, que nasce das questões críticas, baseada
na declaração da visão e da missão pessoal ou da sua organização.
Alguns critérios para escrever um objetivo:
Deve ser estratégico para a realização da sua visão
Deve ser uma extensão de seus valores
Deve ser escrito e limitado a uma idéia ou área
Deve ser mais abrangente e sem prazo
Deve ser alcançado por meio de Metas e Planos de Ação bem definidos
2 - Metas
Uma definição:
Meta é uma declaração escrita, baseada num objetivo, que expressa a intenção de
alcançar um resultado específico que será mensurável e dentro de um prazo definido ou uma data
estabelecida.
Alguns Critérios para escrever uma Meta:
Deve ser escrita em termos concretos, específicos.
Deve ser mensurável
Deve ter uma data para terminar, ou seja, seu cumprimento.
Deve ser desafiadora, mas realista.
Deve ser escrita “positivamente” (termos positivos)
3 - Planos de Ação
Uma definição:
Um Plano de Ação é uma declaração estipulando um item de trabalho bem definido para ser
realizado que, quando somado com outros itens, resultará no cumprimento de uma meta
específica.
Alguns Critérios para Escrever um Plano de Ação:
Deve ser escrito em termos concretos que descrevam uma tarefa a ser realizada
Deve ser mensurável
Deve ter uma data de começo e término
Deve especificar a pessoa/entidade responsável
Deve especificar os recursos financeiros necessários
Deve estar listado sistematicamente e em ordem cronológica
109
4 - PTM – Plano de Trabalho Multiplicador
Definição:
O PTM é um documento que relata um plano estratégico baseado numa Visão e que será
realizado por meio de Objetivos, Metas e Planos de Ação.
O PTM é o seu PLANO, que é feito por Você e para Você. Seu PTM poderia incluir várias
áreas da sua vida, tais como: pessoal, familiar e ministerial, mas estamos enfatizando aqui o que
colocará a visão “IGREJA MULTIPLICADORA” em ação.
4.1 - Dicas para o Processo de Escrever e Realizar Seu PTM:
Tente visualizar o processo e o produto, ou seja, o resultado desejado.
Comece o processo pensando no fim... Isso significa que devemos começar com uma
visão clara de nosso destino final para que nossas ações diárias nos aproximem desse destino.
Há uma atividade chamada “Visão Final” que nos ajuda neste processo do planejamento
estratégico. Escreva o resultado desejado; e comece, então, a perguntar: “O que tem que ser feito
para que isso possa acontecer?”.
Anote estes requisitos e continue fazendo a mesma pergunta passo a passo,
regressivamente, até chegar à situação atual.
Determine as prioridades; principalmente as Metas e os Planos de Ação
Limite o número de Metas. Concentre suas energias para cumprir as metas prioritárias.
Mantenha uma atitude positiva. Se não for necessário para sua realização, não divulgue
suas metas. Tente evitar pessoas negativas, pessimistas. Fique firme, com muita fé!
Mantenha-se focado. Focalize no alcance das suas metas e os benefícios que trarão. Sem
manter os olhos em uma meta, você pode se desviar do caminho.
Escreva no papel o seu PTM e coloque num lugar de fácil acesso a você e o leia
diariamente. Que tal perto da sua Bíblia? Saiba o que deveria ter feito hoje, no presente, para
alcançar o alvo, no futuro. Siga os critérios para escrever Objetivos, Metas e Planos de Ação.
Reconheça algumas razões por que 95% das pessoas não definem seus objetivos:
Dá muito trabalho. Um PTM requer tempo, energia, dedicação, persistência e busca
interna.
Medo de fracassar. Se você não estipular objetivos e metas, não poderá fracassar. É
verdade. Mas também não poderá ter sucesso.
Medo de sucesso. Algumas pessoas não se valorizam o bastante para perceber que
merecem o sucesso.
A flexibilidade é fundamental. O PTM é um documento “vivo” sendo regularmente
avaliado e quando forem necessárias algumas alterações deveriam ser feitas, mas sempre com
cautela e restritamente. Comece AGORA!
110
PLANTADOR FORMAR UMA
EQUIPE
CONTATOS INICIAIS
OU
PESQUISA
4.2 - A Formulação do PTM: Objetivos, Metas e Planos de Ação
Algumas perguntas a fazer:
O que precisa ser feito? Qual é a minha Visão Ministerial? Quem deve ser a pessoa
responsável pela atividade? Qual é o prazo? Como será feito? Quais são as habilidades que
preciso para alcançar esta meta? Quais são as informações ou conhecimento que preciso? Quais
são os recursos que preciso? O que poderia surgir e bloquear o meu progresso? Quais são as
pressuposições que estou fazendo? Há uma maneira ou metodologia melhor para realizar esta
meta? Quais são as expectativas da JMN ou Igrejas envolvidas?
O PROCESSO
O processo será desenvolvido em dois períodos: preparatório e de lançamento.
Período Preparatório:
Chegada ao campo, instalação, oração e pesquisa (preparo e penetração no campo); além de todo
relacionamento com pessoas do grupo alvo.
Período de Lançamento (será executado em 4 fases).
a) A 1ª Fase – Do início dos estudos bíblicos “Boas Novas” (BN), até a primeira colheita; será um
período de 16 semanas de trabalho intenso na semeadura do evangelho.
b) A 2ª Fase – Do início de discipulado até o lançamento do culto público da igreja. Serão 12
semanas de discipulado aos novos crentes além de manter os estudos “Boas Novas”.
O início de discipulado imediato com os novos convertidos usando “E Agora” e o
“Acompanhamento Pessoal” (Manual de Integração - Anexo 15 do SIM).
Continuar a penetração do campo – usando pré-evangelização (Anexo 14 do SIM) e
incluindo os novos convertidos nesse trabalho. Esta fase é vital na plantação de Igrejas
multiplicadoras - quando os novos crentes que estão sendo discipulados, iniciam as atividades de
111
evangelização com as pessoas de seu relacionamento, familiares, amigos, colegas e vizinhos;
iniciarão o segundo ciclo dos estudos “Boas Novas” como cofacilitadores.
Preparar o grupo para o lançamento de cultos públicos (formar uma igreja). Diversos
termos podem ser usados: ponto de pregação, congregação, etc., mas no sentido do NT será uma
igreja.
c) A 3ª Fase: Do culto público até a primeira multiplicação da igreja. Será um período de 12
semanas. Iniciar o culto semanal (ou regular); iniciar Grupos de Estudos Bíblicos, tipo EBD, com
encontros semanais; oferecer discipulado imediato para os novos convertidos do segundo ciclo,
usando “E Agora” e “Acompanhamento Pessoal”; continuar a penetração no campo, usando pré-
evangelização e incluir os novos convertidos; iniciar o terceiro ciclo dos estudos evangelísticos
usando novos convertidos como cofacilitadores, repetindo o processo de Multiplicação.
Identificar o campo onde a igreja iniciará sua próxima igreja, dentro de 4 semanas.
Reiniciar o processo com 3 fases de treinamento.
O pastor da igreja ajudará a nova igreja no seu primeiro processo de multiplicação:
1. Ajudará em identificar o campo em que ela vai entrar para plantar uma nova igreja.
2. Ajudará no processo das 3 fases de treinamento depois do início da vida normal de uma igreja
simples.
d) A 4ª Fase: O Missionário Plantador reinicia a fase 1 no novo local; e isso é multiplicação. Uma
nova Igreja está surgindo com um líder preparado e que receberá todo acompanhamento do
missionário. Se o trabalho for uma cidade com muitos bairros – alvos, e não tiver um novo líder, o
próprio missionário poderá dividir seu tempo iniciando uma nova Igreja em um bairro próximo. O
112
SEGREDO da multiplicação está na participação de todos os novos crentes em atividades de
evangelização e discipulado, e assim o treinamento será feito em serviço.
Parâmetro ilustrativo na multiplicação de Igrejas. Sabemos das diferenças regionais e também
das diferentes características entre os missionários; mas em um ano é possível a multiplicação
desde que haja oração para que Deus levante os obreiros que serão necessários para a obra. Sem
plantadores em treinamento é difícil iniciar uma nova Igreja em 52 semanas, a menos que o
próprio missionário o faça. Se não houver possibilidade de preparo de novos líderes no primeiro
ano, o plantador deve prosseguir para que isso aconteça no segundo ano. Às vezes não acontece
multiplicação no primeiro ano de trabalho, mas no segundo ano a Igreja pode multiplicar 2 ou 3
vezes se o trabalho está sendo feito corretamente.
O desenvolvimento da visão “Igreja Multiplicadora”. Não esqueça as atividades que levarão a
Igreja à multiplicação, pelo contrario, priorize-as.
Não preencha seu tempo e dos crentes com atividades só no salão de cultos; não exija que as
pessoas venham muitas vezes na semana para ouvi-lo; são atividades boas, mas tomam o tempo
que a Igreja poderia estar realizando estudos bíblicos evangelísticos e discipulado. A maioria das
pessoas não tem muito tempo, e precisam aproveitá-lo ao máximo. Se uma pessoa tem 2 horas
por semana, alimente-a durante 1 hora e peça para que ela ensine outra pessoa por mais 1 hora.
Receber ensino e dar o que recebeu é uma estratégia multiplicadora.
113
RESUMINDO: No Plano de Trabalho Multiplicador devemos perseguir a visão que Deus nos deu
para o ministério, isto é, a visão de futuro. Pois se não temos uma visão de onde queremos
chegar, não chegaremos a lugar algum, isso é obvio.
Todo planejamento inicia com a visão de onde queremos chegar. E a estratégia é montada
em cima de objetivos, metas e planos de ação. Apresentaremos alguns objetivos indispensáveis
para o êxito dessa tarefa.
Além do Plano de Trabalho Multiplicador o missionário ou pastor de Igrejas deve ter uma
preparação específica, tendo em vista a diversidade cultural do povo brasileiro. Este é um
requisito necessário para a compreensão e a comunicação com as pessoas. Para que se reproduza
com eficácia e rapidez, a igreja deve ser contextualizada e multiplicadora. Outro aspecto da
preparação do missionário plantador de Igrejas é o seu desenvolvimento espiritual, bem como o
estudo de princípios missiológicos e de conflitos espirituais. Quando a igreja de Deus é
estabelecida no meio de um povo que nunca ouviu o evangelho, encontrará forte resistência. O
missionário deve ser maduro em Cristo e estar preparado para as batalhas espirituais que virão.
TAREFA:
Leia o livro de Neemias e destaque 10 ações estratégicas na reconstrução dos muros de
Jerusalém:
Ações estratégicas Referências bíblicas
E
114
CAPITULO 21 - A IGREJA COMO ORGANISMO VIVO
Estou motivado só em pensar na Igreja como organismo vivo, como casa espiritual,
fermento, sal, luz ou como o próprio corpo de Cristo. Creio piamente que a Igreja que Jesus
formou era um organismo vivo; sem essa estrutura pesada e desfocada dos valores vitais e os
apóstolos a descreveram dessa forma. Esse organismo, no inicio de sua existência, não tinha um
local fixo para as reuniões, estavam, como fermento misturados com as massas humanas, como
luz em meio às trevas, como sal dando o sabor. Essa Igreja envolveu a comunidade, influenciou
pessoas, impactou muita gente, fez diferença e era vista como o corpo de Cristo, dirigida por Ele
mesmo, a cabeça e com isso caiu na graça de todo o povo.
O propósito eterno de Deus é alcançar todas as pessoas com a boa nova de salvação. Ele
deseja ser reconhecido como único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviou como
Salvador e Senhor. Toda história do Velho Testamento foi desenvolvida para que o propósito de
Deus fosse realizado no mundo, desde a promessa do salvador em Genesis três, a escolha de
Abraão e Sara em Genesis doze e a vinda de Jesus no inicio dos evangelhos. Só de Abraão até o
nascimento de Jesus foram dois mil anos de trabalho. Deus trabalhou muito para que Jesus viesse
ao mundo, buscar e salvar aqueles que estavam perdidos (Lucas 19.10).
Com o inicio de seu ministério, Jesus escolheu seus primeiros discípulos em quem
investiu, pelo menos, três anos e meio e assim nasceu a Igreja, organismo vivo. Essa Igreja foi
abalada com a morte de seu líder, os discípulos se dispersaram por causa das perseguições
ocorridas. Em seguida, o próprio Jesus, ressurreto, os encontrou reunidos no cenáculo, e assim
tiveram certeza que Ele estava vivo e isso fortaleceu a fé dos discípulos. Em seguida Jesus os
comissionou para pregar o evangelho e a fazer novos discípulos em Jerusalém, Judéia, Samaria e
até os confins da terra; mas os convocou para que ficassem em Jerusalém até que do alto fossem
revestidos de poder, o que aconteceu na festa de pentecostes em atos dois.
O apóstolo Paulo entendeu a Igreja como organismo vivo e seus ensinos giraram em torno
das pessoas com quem se preocupava e investia. Entre as cartas que escreveu, quero destacar
seus ensinos a Igreja que estava em Éfeso: “E fez com que conhecêssemos o mistério da sua
vontade, segundo a sua boa determinação, que nele propôs para a dispensação da plenitude
dos tempos, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão no céu como as que
estão na terra. Também sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, para que seja cabeça
sobre todas as coisas, e o deu à Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que preenche
tudo em todas as coisas” Efésios 1.9,10,22,23. E também a primeira carta à Igreja de Corinto:
“Porque, assim como o corpo é uma só unidade e tem muitos membros, e todos os membros do
corpo, ainda que muitos, formam um só corpo, assim também acontece com relação a Cristo.
Porque também o corpo não é constituído de um só membro, mas de muitos. Se um membro
sofre, todos os outros sofrem com ele; e, se um membro é honrado, todos os outros se alegram
com ele. Vós sois o corpo de Cristo e, individualmente membros desse corpo” 1Cor. 12.12, 14, 26,
27. “Assim como Cristo é a cabeça da Igreja, sendo ele mesmo o salvador do corpo” Efésios
5.23b. Vamos pensar um pouco sobre os textos citados acima.
1. Cristo é a cabeça da Igreja que é o corpo de Cristo. Cristo completa a Igreja e seu
ministério continua através da Igreja que é seu corpo. O corpo é incompleto sem a cabeça
e a cabeça executa seus planos através de seu corpo. Então, para que serve a cabeça? É
115
da cabeça que vem às ordens e o corpo obedece à cabeça. Nunca vi um corpo que não
obedecesse à cabeça, e isso seria muito estranho. Já pensou a cabeça dizendo: levante a
mão direita e o corpo dizer: não levanto. Dê um passo à direita. E o corpo dizer: não. Tudo
que o corpo faz, o faz através da cabeça, pois é dela que vem o comando. Tudo o que
Cristo quer fazer no mundo o fará através da Igreja, as pessoas precisam ver o corpo de
Cristo através da Igreja “e o deu à Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que
preenche tudo em todas as coisas” Ef. 1.23. O que Jesus espera é que os membros, todos
juntos, expressem sua plenitude, isto é, um corpo completo. Para que a Igreja se
multiplique, precisará alcançar a plenitude de Cristo e isso acontecerá através da
obediência a Jesus.
2. Se todo o corpo está pronto para obedecer a cabeça, então Cristo pode realizar a obra
que Ele quiser. Não há dúvida que Ele quer pregar as boas novas, mas só o fará através da
Igreja, que é o seu corpo; Ele quer transformar a comunidade, mas o fará através de seu
corpo, a Igreja; Jesus quer fazer coisas grandes no mundo, mas o fará através de seu
corpo, a Igreja; Ele disse que os discípulos poderiam fazer coisas maiores do que as que
ele fez na terra. Por quê? Porque a Igreja é o corpo DELE.
3. Jesus havia dito: “Pois desde agora vos digo que de modo algum me vereis” Mateus
23.39. Muitos estão querendo ver Jesus; outros até dizem que viram Jesus; mas só há
uma forma de ver Jesus – através de seu corpo, a Igreja. Por isso a Igreja precisa se tornar
a plenitude de Cristo – ser o corpo completo de Cristo. Uma pessoa pode ser conhecida
só pela cabeça, ou só pelo corpo sem a cabeça? Não. Só pelo corpo completo. Isso é a
Igreja. Outra coisa: Um membro sozinho não pode expressar o corpo. Esse negócio de
ser crente em casa, sozinho, não funciona na Igreja organismo vivo. Se sua Igreja tem
apenas uma ou duas pessoas fazendo tudo, isso também não expressa o corpo de Cristo.
Todos os membros precisam funcionar, assim as pessoas verão Jesus através da Igreja.
O apóstolo Pedro também entendeu a Igreja como organismo vivo e escreveu em sua
primeira carta: “Portanto, deixando toda maldade, todo engano, fingimento, inveja e toda
difamação, desejai o puro leite espiritual, como bebês recém-nascidos, a fim de crescerdes, por
meio dele para a salvação, se é que já provastes que o Senhor é bom. Chegando-vos a ele, a
pedra vida, rejeitada pelos homens, mas eleita e preciosa para Deus, vós também como pedras
vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecer
sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo. Mas vós sois geração eleita,
sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as
grandezas daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz” 1 Pedro 2.1-5, 9.
Esse texto apresenta a Igreja como casa espiritual, formada de pedras vivas. Pedro está falando de
pedras edificadas, que estão na construção da casa, que formam a casa e não pedras amontoadas
em um terreno baldio. Está dizendo que somos pedras vivas, sacerdócio santo, propriedade
exclusiva de Deus, templo de Deus e Jesus está dentro de nós.
1. Somos pedras vivas, que edificam uma casa espiritual, isto é, cada um ocupando seu lugar
no corpo da Igreja que é organismo vivo. Uma pedra não representa o edifício, não posso
pegar uma pedra e dizer: este é o edifício onde moro porque ela não representa todo
edifício. Muitas pedras colocadas em um montão, também não representam um edifício.
As pedras representam um edifício quando estão edificadas. Não há dúvidas de que, na
atualidade, muitas Igrejas parecem um montão de pedras, porque não estão edificadas,
ou parecem pedras isoladas, soltas, porque não estão edificadas. Não estão na
construção, sendo úteis na construção, no edifício espiritual que é a Igreja.
116
2. Pedro também entendeu que na Igreja, todos os crentes exercem o sacerdócio. Cada
membro é um sacerdote e deve ministrar aos outros. Na Igreja instituição, há apenas um
sacerdote, e os demais são membros leigos = ignóbeis, idiotas. Então só o pastor é visto
como sacerdote e usa roupas diferentes, normalmente terno e gravata, e os outros só
sentam para ouvir o sacerdote. Essa não é a Igreja formada por Jesus, nem a Igreja dos
apóstolos, é a Igreja de do Imperador Constantino, a igreja institucionalizada. Na Igreja
como organismo vivo, cada crente tem um sacerdócio e são pedras vivas edificadas. Por
isso os membros edificam uns aos outros, porque todos são sacerdotes.
Como a casa de Deus é edificada? Todos trabalham, as funções podem ser diferentes, mas
todos estão envolvidos na edificação da Igreja. Gostei de um comentário do Pr. Eddy Leo, da
Indonésia, ele diz que a Igreja é edificada através do:
*Evangelismo: Evangelizar é ir em busca de pedras vivas, é achar mais pedras. Ninguém
edifica sem pedras, areia, barro, cimento e ferro. A Igreja vai buscar as pedras no reino das trevas
e traz para o reino da luz. Lembre-se que a edificação acontece um a um, assim como o pedreiro,
que coloca as pedras, uma a uma. Há pastores que estão com um montão de pedras, mas sem
edificá-las, por isso Jesus não pode habitar, pois a casa espiritual não está edificada. Muitos
evangelizam mas não edificam, as pedras continuam irregulares, pontiagudas, rudes, cortantes ou
redondas. Estas pedras não se encaixam em lugar algum, são irregulares.
*Discipulado: Discipular é colocar as pedras no padrão. As pedras foram encontradas,
estão num monte e agora precisam ser edificadas, mas antes precisão entrar no padrão. Mas
como fazemos isso? Temos que usar a marreta e a talhadeira para colocar as pedras no padrão.
Discipulado é como colocar as pedras no padrão da pedra angular, a pedra do canto da
construção, da esquina – Jesus. Se não estiverem no padrão não serão úteis. Igreja que não
trabalha o discipulado não pode ser edificada casa espiritual e Jesus não habita nela, porque não
é casa edificada, é apenas um montão de pedras.
*Ministério pastoral: O pastor coloca cada pedra viva no lugar certo, esse é seu trabalho
principal. Ele ensina a Igreja a palavra de Deus, apresentando a visão profética, para que todos os
membros da Igreja tenham o conhecimento necessário para ensinar outros. O pastor é também o
supervisor do trabalho de edificação da Igreja como casa espiritual. Os membros da Igreja são
serventes, pedreiros, carpinteiros, encanadores, eletricistas, pintores, mas o pastor é o mestre de
obras, Jesus é o construtor e Deus é o dono.
*Léo, Eddy – Edifique a minha casa – Conferência MDA – Santarém/PA - 2011
117
CAPITULO 22 - A IGREJA ORGANISMO VIVO E O ESPIRITO SANTO
Uma das marcas da Igreja organismo vivo é a ação constante do Espírito Santo em todas
as circunstancias e Sua direção nas decisões da Igreja. Esses cristãos desde o inicio aprenderam
viver na dependência total de Deus tendo a oração como uma de suas ações mais importantes. Os
apóstolos estavam, portanto, conscientes das promessas sobre a ação do Espírito Santo na Igreja
e através dela, porque Jesus havia ensinado sobre o Espírito Santo, sua vinda e ministério seria
após a ascensão de Jesus.
Falando sobre o Espírito Santo, Jesus havia feito um convite, para que todos que tivessem
sede, viessem beber DELE e prometeu que rios de água viva haveria de correr do interior de todos
aqueles que NELE cressem. “Ele disse isso referindo-se ao Espírito que os que nele cressem
haveriam de receber; porque o Espírito ainda não havia sido dado, pois Jesus ainda não fora
glorificado” Jo.7.39. “E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique para
sempre convosco, o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber, porque não o vê
nem o conhece; mas vós o conheceis, pois ele habita convosco e estará em vós” Jo.14.16, 17. O
Espírito Santo é, portanto, o selo da salvação, e iniciou seu ministério após a glorificação de Jesus.
O mundo não o vê nem o conhece, é só para os filhos de Deus, aqueles que decidiram crer em
Jesus. Além disso, falou sobre o Espírito Santo como o Consolador, que viria para ensinar a Igreja
e lembrar todas as coisas que Jesus havia dito, dando testemunho acerca de Jesus. “Mas o
Consolador, o Espírito Santo a que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as
coisas e vos fará lembrar de tudo o que eu vos tenho dito” Jo. 14.26. “Quando vier o
Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, esse
dará testemunho acerca de mim” Jo. 15.26.
Também disse que a condição para que o Espírito Santo viesse, seria seu retorno para o
céu, para estar a direita do pai. Enquanto Jesus estava aqui, era a presença de Deus no mundo,
“Quem vê a mim, vê o Pai”. Tudo estava sendo feito segundo o propósito de Deus, e Sua palavra,
anunciada pelos profetas, se cumpria em todos os detalhes. “Todavia, digo-vos a verdade; é para
o vosso beneficio que eu vou. Se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas se eu for, eu o
enviarei. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” Jo. 16.7, 8.
“Quando, porém, vier o Espírito da verdade, ele vos conduzirá a toda a verdade. E não falará de
si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir” Jo. 16.13.
Graças a Deus que a Igreja nunca ficou sozinha, pelo contrário, sempre contou com a presença de
Deus, ou através de Jesus ou através do Espírito Santo.
As promessas, referentes ao Espírito Santo, feitas através dos profetas e confirmadas por
Jesus, se cumpriram no pentecostes. Jesus morreu durante a páscoa, depois de quarenta dias foi
assunto ao céu e dez dias depois durante a festa do pentecostes, o Espírito Santo desceu sobre
sua Igreja. Jesus havia ordenado que não se ausentassem de Jerusalém até que do alto fossem
revestidos de poder. “Porque na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com
o Espírito Santo dentro de poucos dias” Atos 1.5. “Mas recebereis poder quando o Espírito Santo
descer sobre vós; e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda Judéia e
Samaria, e até os confins da terra” Atos 1.8. A Igreja precisava de poder para fazer o trabalho
missionário e fica claro que nada podemos fazer através da força simplesmente humana, a
salvação de pessoas é uma obra sobrenatural e será realizada através desse poder sobrenatural.
118
Não tenho dúvida alguma sobre o maior embaraço da obra missionária. Com certeza, não é a falta
de pessoas, estratégias ou material; o que falta é a unção do Espírito Santo, submissão a Ele.
A Igreja não tinha condições, humanamente falando, para fazer o trabalho de
evangelização e discipulado das pessoas em todos os lugares do mundo, como havia sido a
recomendação de Jesus. Mas em pentecostes Ele veio: “E todos ficaram cheios do Espírito Santo
e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem” Atos
2.4. O primeiro e grande milagre foi a comunicação do evangelho para os Judeus que estavam em
Jerusalém, mas que eram oriundos de, pelo menos, quatorze nações; e cada um ouviu o
evangelho em sua própria língua. Prova de que Deus tem interesse de que todos ouçam o
evangelho de forma inteligível. Enquanto Jesus estava na terra, deu toda orientação à Igreja,
depois de sua assunção, o Espírito Santo veio e assumiu a direção, o comando da Igreja e passou a
ordenar o que precisava ser feito. “E o Espírito disse a Filipe: Aproxima-te e acompanha essa
carruagem” Atos 8.29. “Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe... Filipe
achou-se em Azoto e, viajando, evangelizava todas as cidades, até que chegou em Cesaréia”
Atos 8.39, 40. É impressionante acompanhar a ação do Espírito Santo através da Igreja.
A própria conversão de Saulo foi ação direta do Espírito Santo, e também a orientação
quanto ao cuidado dele nos primeiros passos da vida cristã. “O Senhor lhe ordenou: Levanta-te,
vai a rua chamada direita e procura na casa de Judas um homem de Tarso chamado Saulo. Ele
está orando agora” Atos 9.11. Da mesma forma acontecia na vida e ministério de Pedro. “Pedro
ainda estava meditando sobre a visão, quando o Espírito lhe disse: Dois homens te procuram.
Levanta-te, desce e vai com eles; e não duvides de nada, porque eu os enviei a ti” Atos 10.19-20.
“E o Espírito me disse que eu fosse com eles, sem hesitar; e também estes seis irmãos me
acompanharam e entramos na casa daquele homem” Atos 11.12.
O crescimento da Igreja era resultado da ação do Espírito Santo. A Igreja tinha tudo,
humanamente falando, para não conseguir realizar o trabalho. Eram pobres e perseguidos, mas
submissos ao Espírito Santo. “Assim, a Igreja desfrutava de paz em toda Judéia, Galiléia e
Samaria, sendo edificada e vivendo no temor do Senhor. E crescia em número, pela coragem
vinda do Espírito Santo” Atos 9.31. “Levantando-se um deles, chamado Ágabo, indicou pelo
Espírito que haveria uma grande fome em todo o mundo” Atos 11.28. O avanço da obra
missionária, inclusive a escolha dos plantadores de Igrejas, era ação do Espírito Santo, em
respostas às orações da Igreja. “Enquanto cultuavam o Senhor e jejuavam, o Espírito Santo disse:
Separai-me a Barnabé e Saulo para a obra para a qual os tenho chamado” Atos 13.2. “Assim,
enviados pelo Espírito Santo, desceram a selêucia e dali navegaram para Chipre” Atos 13.4.
“Mas foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. Quando chegaram
perto de Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu” Atos 16.6b e 7.
“Mas, impelido pelo Espírito Santo, vou para Jerusalém, sem saber o que me acontecerá ali,
senão o que o Espírito Santo me garante, de cidade em cidade, dizendo que prisões e tribulações
me esperam” Atos 20. 22, 23. Só na leitura desses versículos ficamos impressionados em ver
como a Igreja era conduzida pelo Espírito Santo e em sujeição obedecia. Realmente, o livro de
Atos dos apóstolos poderia ter o nome de Atos do Espírito Santo.
Por quê as coisas mudaram tanto, a ponto não vermos as Igrejas sendo impulsionadas e
usadas pelo Espírito Santo, como outrora? Com certeza o Espírito Santo não mudou, pois a Bíblia
diz que Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e eternamente. Hebreus 13.8. O Espírito Santo
também é o mesmo. A Igreja precisa voltar e priorizar a oração, intercessão, submissão e só assim
terá sensibilidade para ouvir a voz do Espírito Santo. Esse é o apelo que encontramos à Igreja de
119
Laodicéia. “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei
em sua casa e cearei com ele e ele comigo” Apoc. 3.20. É incrível pensar que aquela Igreja havia
deixado Jesus do lado de fora e que agora estava batendo, querendo entrar. Ou a lamentação de
Jesus contra a Igreja de Éfeso: “Todavia há uma coisa errada: você não me ama como no
principio! Pense naqueles tempos do seu primeiro amor (como está diferente agora),” Apoc.
2.4. Jesus disse: Tenho uma coisa contra você – que deixaste o teu primeiro amor. O que está
errado é que você não me ama como no principio, como no começo de seu relacionamento
comigo. Pense nos tempos daquele seu primeiro amor, como você está diferente agora, volte-se
para mim outra vez, e trabalhe como fazia antes. Esse é o grande desafio para a Igreja no mundo
moderno. Sem esse relacionamento de amor, não podemos ouvir o Espírito Santo.
120
CAPITULO 23 - A IGREJA DE ANTIOQUIA - UM MODELO PARA
MULTIPLICAÇÃO
Um dos textos chave do livro de Atos é este: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós
o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e
Samaria, e até os confins da terra” Atos 1.8. Entendemos que aqueles discípulos não podiam
iniciar o trabalho enquanto não fossem revestidos de poder; por isso a ordem de Jesus era que
esperassem até a descida do Espírito Santo e fossem revestidos de poder. Desde o inicio a obra
missionária foi dirigida pelo Espírito Santo, maior interessado na salvação das pessoas. O ponto de
partida para o trabalho missionário era a cidade de Jerusalém, mas não podiam esquecer as
outras partes da Palestina e do mundo. Jesus esperava que os cristãos dessa cidade obedecessem
Sua orientação conforme lemos no texto acima.
Antes do Pentecostes Jesus tinha dito aos seus discípulos que, após receberem o Espírito
Santo, eles deviam levar o evangelho a toda Jerusalém, Judéia, Samaria e até os confins da terra.
Depois que receberam o Espírito Santo no dia de Pentecostes, os cristãos de Jerusalém
aprenderam elementos essenciais à fé cristã – arrependimento, ensino, comunhão, compaixão e
oração (Atos 2.38, 42). A igreja de Jerusalém se reunia no átrio do templo e nas casas dos irmãos,
e Deus abençoava a igreja fazendo crescer diariamente o número dos discípulos (Atos 2.46-47). A
igreja de Jerusalém estava crescendo, no entanto, não estava alcançando as outras áreas
conforme a orientação de Jesus em Atos 1.8.
Após a morte de Estevão, Deus enviou uma grande perseguição, possivelmente
comandada por Saulo. Os que foram dispersos continuaram pregando o evangelho, mas somente
aos judeus, “No mesmo dia, levantou-se grande perseguição contra a Igreja que estava em
Jerusalém; todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pela região da Judéia e Samaria” Atos
8.1.
Depois da perseguição alguns evangelizadores foram avançando para a Fenícia, Chipre e
Antioquia. E nesta, os evangelistas começaram a falar aos gentios de fala grega. A mão do Senhor
estava sobre eles, isso indica que a missão entre os gentios fora aprovada por Deus e grande
número se converteu ao Senhor.
Quando os crentes de Jerusalém ouviram a respeito dessas novidades enviaram Barnabé
a Antioquia para investigar. Lucas dá testemunho de Barnabé como um homem bom, cheio do
Espírito Santo e de fé, defendendo a conversão de Paulo diante dos apóstolos. E ele foi o
representante oficial de Jerusalém para ver o que estava acontecendo em Antioquia, levando um
relatório detalhado à Igreja.
Ao chegar a Antioquia, Barnabé alegrou-se ao ver a graça de Deus sendo manifestada
naqueles novos cristãos e os exortou a permanecer no Senhor. Depois foi a Tarso em busca de Saulo,
e o trouxe para Antioquia e ali trabalharam juntos durante um ano.
COM A IGREJA DE ANTIOQUIA APRENDEMOS OS PRINCIPIOS DE MULTIPLICAÇÃO
1. A igreja de Antioquia nasceu através do testemunho pessoal – evangelismo.
121
A igreja de Antioquia não foi plantada pelos apóstolos, mas por discípulos anônimos que
amavam a Deus e testemunhavam das boas novas de Cristo. Pessoas simples que faziam do
evangelismo pessoal um estilo de vida. “No entanto, os que foram dispersos iam por toda parte,
anunciando a palavra” Atos 8.4.
2. A igreja de Antioquia valorizava o ensino - discipulado.
Durante um ano inteiro Barnabé e Paulo ensinaram a igreja. Não sabemos se era através de
alguma escola especial, ou grupo de discipulado. Mas o ensino foi tão profundo que os convertidos
de Antioquia começaram a refletir Cristo em suas vidas a tal ponto que os moradores da cidade os
chamavam de “cristãos”. Certamente a preocupação deles era formar discípulos fortes. E, por todo
um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os
discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” Atos 11.26b. “E na igreja que estava em
Antioquia havia alguns profetas e doutores.” Atos 13.1ª “E Paulo e Barnabé ficaram em
Antioquia, ensinando e pregando, com muitos outros, a palavra do Senhor.” Atos 15.30-35
3. A igreja de Antioquia se preocupava com pessoas – tinha compaixão.
A nova igreja se preocupava com pessoas, com gente. Decidiram enviar cada um conforme
suas posses uma contribuição para ajudar os moradores da Judéia. No final da campanha Barnabé e
Paulo foram levar as ofertas.
“Naqueles dias, desceram alguns profetas de Jerusalém para Antioquia, e, apresentando-se um
deles, chamado Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que estava para vir grande fome por
todo o mundo, a qual sobreveio nos dias de Cláudio. Os discípulos, cada um conforme as suas
posses resolveram enviar socorro aos irmãos que moravam na Judéia; O que eles, com efeito,
fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo.” Atos 11.27-30
4. A igreja de Antioquia era sensível à voz do Espírito Santo de Deus
A igreja ouvia a voz do Espírito Santo de Deus. Vemos isso pelo fato de terem enviado as
suas ofertas para a Judéia e também no envio dos primeiros missionários para a plantação de novas
Igrejas. “E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora,
Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo
sobre eles as mãos, os despediram.” Atos 13.2-3
5. A igreja de Antioquia praticava oração e jejum
Na igreja de Antioquia o povo orava e fazia jejum. Isso explica o crescimento que
experimentavam, era criado um ambiente propício para se ouvir a voz de Deus direcionando cada
passo da igreja e foi nessa busca em oração que o Espírito Santo separou a Paulo e Barnabé para a
obra missionária. “E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me,
agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Atos 13.2
Um fato interessante aconteceu em Antioquia. Tudo estava bem na cidade, e a Igreja
estava crescendo de forma abençoada com muitas decisões por Cristo. Barnabé e Saulo estavam
pregando a palavra de Deus e ensinando muita gente sobre Jesus e discipulando os novos crentes;
a influência do evangelho era notória na cidade. A Igreja havia descoberto o segredo para o
crescimento, por isso estava sempre a orar e Jejuar. E exatamente em um culto de oração o
Espírito Santo pediu à Igreja seus melhores lideres para a obra missionária. “E na igreja que
estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado
122
Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. E, servindo
eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a
obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os
despediram. Enviados, pois, pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para
Chipre.” Atos 13.1-3
6. A igreja de Antioquia tornou-se uma base missionária.
A Igreja de Antioquia enviou Barnabé e Paulo para o trabalho missionário e certamente
permaneceu orando e sustentando-os financeiramente. A Igreja tornou-se uma base onde os
missionários tinham todo apoio ao voltar de suas constantes viagens. “Passando depois por
Pisídia, dirigiram-se a Panfília. E, tendo anunciado a palavra em Perge, desceram a Atália. e dali
navegaram para Antioquia, onde tinham sido recomendados à graça de Deus para a obra que
haviam já cumprido. Ali chegados, reunida a igreja, relataram quantas coisas fizera Deus com
eles e como abrira aos gentios a porta da fé. E permaneceram não pouco tempo com os
discípulos.” Atos 14.24-28 “Tendo eles então se despedido, partiram para Antioquia e,
ajuntando a multidão, entregaram a carta” Atos 15.30 “Chegando a Cesaréia, desembarcou,
subindo a Jerusalém; e, tendo saudado a igreja, desceu para Antioquia”Atos 18.22
7. A igreja de Antioquia plantou muitas Igrejas.
Através de Antioquia e de seus missionários, várias igrejas foram plantadas. Essas igrejas
ficavam em Chipre, Pérgamo, Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe. Muitas outras igrejas
foram plantadas através do trabalho de Paulo e seus companheiros. Inclui-se Filipos, Tessalônica,
Beréia, Atenas, Corinto e Éfeso. Paulo resolveu percorrer os lugares que passou, para fortalecer e
encorajar os novos discípulos.
123
CAPITULO 24 - A PLANTAÇÃO DE IGREJAS EM SOLO BRASILEIRO
A princípio, em nosso Manual “Semeando Igrejas Multiplicadoras”, orientamos a
plantação de Igrejas a partir de pessoas que nós mesmos alcançaríamos com o evangelho de
Cristo, tendo um período de 12 meses para a primeira multiplicação que deveria acontecer a
partir de novos lideres, ou seja, pessoas alcançadas pelo evangelho, treinadas, e imediatamente
envolvidas na plantação de novas Igrejas. Também pensamos em trabalhar especificamente com
a plantação de Igrejas e não com fortalecimento e crescimento de Igrejas já existentes.
Depois de nossa primeira visita aos Projetos missionários observamos o seguinte:
1- Podemos fazer de Igrejas existentes bases fortes para a multiplicação
Há um número enorme de Igrejas, algumas organizadas oficialmente e outras ainda não,
que se encontram estagnadas e literalmente morrendo, que estão com problemas financeiros e
falta de liderança, e por isso sem condições de manter um Pastor e com dificuldades para manter
as atividades no templo. Há um clamor por ajuda e não podemos fechar os olhos diante dessa
terrível realidade. De todas as regiões do Brasil chegam pedidos para que nossos missionários
assumam estas Igrejas e as ajude no desenvolvimento de seus ministérios. Creio que podemos
fazer destas Igrejas, bases fortes para multiplicação de Igrejas, desde que aceitem as regras de
Missões Nacionais, no uso de seus recursos financeiros e aceitem a visão “Igreja Multiplicadora”.
2- Ter cuidado com o recebimento de membros de Igrejas sem visão missionária
Quando iniciamos a plantação de novas Igrejas é inevitável que venham membros
descontentes de outras Igrejas e até denominações. Aí precisamos ter muito cuidado, pois estes
irmãos normalmente não se submetem à liderança e podem criar problema para o missionário
plantador de Igrejas e embaraçar o desenvolvimento do Projeto de plantação de Igreja
Multiplicadora. Sabemos que o início da plantação é trabalho difícil, e qualquer pessoa é bem
vinda para ajudar, mas o missionário deve ter cuidado para que estas pessoas não imponham
suas doutrinas e estilo de ser Igreja, pois isso engessará o projeto.
3- É necessário assinar com a Igreja mãe o termo de parceria na chegada do obreiro
Ao plantarmos novas Igrejas, o fazemos em parceria com outras Igrejas da mesma fé e
ordem, e temos Igrejas mães. A primeira atitude deve ser assinatura do termo de parceria com a
Igreja mãe para que não tenhamos dificuldades posteriores. A Igreja só poderá ser mãe de uma
Igreja multiplicadora se aceitar as regras de Missões Nacionais, ou então não conseguiremos
desenvolver o projeto.
4- Passar para equipe que ajudará no trabalho, a visão “Igreja Multiplicadora”
Quando membros da Igreja mãe vêm para ajudar na plantação da nova Igreja, é
necessário que fique bem claro a visão Igreja Multiplicadora, para que o trabalho da nova Igreja
não fique engessado; a nova Igreja precisa nascer levando em conta os cinco autos apresentados
nos princípios Bíblicos.
5- A Igreja mãe deve liberar a nova Igreja para se multiplicar
A Igreja mãe deve entender a visão Bíblica de Igreja e aceitar que a nova Igreja se
desenvolva autogovernada, autossustentada, com auto expressão, sendo autodidata e auto
124
propagadora. As decisões devem ser tomadas pela própria Igreja que está nascendo, também a
administração dos dízimos e ofertas, e a decisão de plantar novas Igrejas.
6- A equipe de trabalho precisa se submeter às regras da visão “Igreja multiplicadora”
Normalmente as pessoas que vêm de Igrejas estabelecidas enfatizam atividades que
atrapalham a multiplicação. Não entendem que uma Igreja bebê não precisa ter a estrutura de
uma Igreja adulta. Quando enchemos a Igreja com organizações e a agenda com atividades no
templo, não sobra tempo para oração, evangelização e discipulado e sem estas atividades, não
haverá a multiplicação.
Membros vindos de Igrejas que só participam de cultos e programas regulares,
dificilmente se adaptarão ao programa de evangelização de casa em casa e discipulado, e os
novos crentes os seguirão como exemplos. Infelizmente muitos membros de nossas Igrejas não
entendem que foram salvos para se envolver com o trabalho missionário e pensam que sua
responsabilidade é assistir cultos apenas. Há crentes adultos que se tornam um péssimo exemplo
para os novos.
125
OBJETIVO: MULTIPLICAÇÃO
Meta 1
Plano de Ação
Meta 2
Plano de Ação
Meta 3
Plano de Ação
Possíveis Obstáculos
transformados em
oportunidades
Acompanhamento
126
Equipe Ministerial
Promoção Missionária
Plantação de Novas Igrejas
Viagens Missionárias
Vocacionados
MINISTÉRIO
DE
MISSÕES
127
ANOTAÇÕES
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VISÃO BÍBLICA
IGREJA MULTIPLICADORA
FERRAMENTAS
DE SUPORTE
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CAPITULO 25 - PESQUISA DE CAMPO
A pesquisa é uma metodologia sistemática de coleta de informações e tem como meta
principal gerar novos conhecimentos. Ela está à disposição do reino de Deus. A pesquisa é um dos
objetivos no processo de plantação de igrejas, que nos leva a ter maior conhecimento da região
onde vamos trabalhar. Através de uma boa pesquisa descobriremos o número de habitantes,
números de domicílios, número de pessoas por faixa etária, economia, cultura, etc. O
mapeamento vai indicar onde devemos concentrar o trabalho na plantação de novas Igrejas e a
metodologia e estratégia que devemos usar.
Encontramos algumas pesquisas na Bíblia. Por exemplo: No Antigo Testamento foram
feitos vários recenseamentos. Em Êxodo 30:12; 38:25; Números 1:2; 26:2; II Cr. 2:17-18. Em
Números 13 e 14, encontramos o Senhor ordenando a Moisés para separar 12 espias dentre o
povo para fazer um levantamento da real situação da terra de Canaã e voltaram trazendo um
relatório a Moisés e o povo Hebreu. Vemos Neemias com sua equipe andando ao redor da cidade
de Jerusalém e fazendo um levantamento dos estragos causados pelos inimigos e materiais
necessários para a reconstrução do muro, Neemias 2.11-15.
Em o Novo Testamento vemos o Senhor Jesus percorrendo as cidades e percebeu as
necessidades das pessoas, que andavam como ovelhas que não tem Pastor, cada uma seguindo
seu próprio caminho. Descobriu que faltava obreiros e, desafiou a Igreja a orar dizendo: “A seara
é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros
para a sua seara.” (Mateus 9:35-38).
O próprio Senhor fez uma pesquisa de opinião. No caminho para Cesaréia de Filipe, ele
perguntou aos discípulos sobre o que o povo pensava a seu respeito? Quem era Ele na opinião
pública? (Mateus 16:14-16; Marcos 8:27-29). No livro de Atos, Lucas, narrou o grande
crescimento da Igreja apontando para os números de pessoas convertidas, 120 + 3000 + 5000....
A Bíblia nos motiva a realizarmos pesquisas. Jesus nos orienta a calcular as despesas antes
de iniciar uma obra dizendo: “Se um de vocês quer construir uma torre, primeiro senta e calcula
quanto vai custar, para ver se o dinheiro dá.” Lucas 14.28 (NTLH). Não podemos começar um
trabalho de plantação de igrejas sem sabermos o local, o custo, e a estratégia que devemos usar.
Como realizar a pesquisa?
Na caminhada de oração o líder terá uma noção de como é o local onde irá plantar a
igreja. E deve levar em consideração como as pessoas da área chegarão ao local de reuniões. Os
estudos bíblicos devem ser realizados em casas e locais de fácil acesso para a maioria das pessoas.
1. Pesquisa Sócio Religiosa:
a).Densidade Demográfica
Números de habitantes
Pessoas residentes por domicílio
Faixa Etária % (Crianças, Idosos, Jovens)
131
b). Economia
Qual é a maior fonte de renda dos habitantes? (comércio, agricultura, fábricas...)
c). Educação
% Analfabetismo em geral
Quantas escolas
d). Religiosidade
Denominações presentes na cidade
Número de Igrejas Evangélicas
Quantos membros nessas Igrejas
Análise do Movimento Religioso da cidade (na cidade existe romaria? Cultos
públicos?)
2. O mapa: Tenha um mapa da localidade onde será plantada a nova igreja. O pastor pode fazer
um requerimento à Prefeitura Municipal que fornecerá os mapas dos bairros ou da cidade
inteira. Outro método é conseguir o mapa através da internet . Pode ser baixado ou salvo.
3. A Prática:
Após conseguir informações populacionais e o mapa, o obreiro deve caminhar pelas ruas
reconhecendo a área:
a) Força de colheita – localização das Igrejas evangélicas que podem ajudar ou apoiar no
trabalho de evangelização do grupo alvo.
b) Fortalezas inimigas – Localização das fortalezas espirituais - (locais que prendem as
pessoas ao pecado), como centros espíritas, igrejas católicas, boates, boca de fumo, etc.
Esta pesquisa pode ser feita a pé (utilizando um ônibus para chegar ao local a ser
pesquisado), de bicicleta, moto, ou carro. Se houver pessoas suficientes, pode dividir o trabalho
entre várias equipes de duas ou três pessoas cada.
Tenha em mãos:
Mapas
132
Prancheta para segurar e apoiar folhas
Canetas (pelo menos 2 cores diferentes)
Lembrete:
Anote o nome das ruas que visitou.
Onde estão as Igrejas genuinamente evangélicas
(endereço completo, nome do Pastor e número de membros)
Onde estão Fortalezas inimigas, identifique.
(Nome e endereço se é Templo Espírita, Igreja Católicas...)
Marque a localização ou identifique no mapa.
Marque um “X” nos quarteirões que foram visitados.
Observe outros dados: como escolas, teatros, praças, ginásios, feiras livres, comunidades
carentes. São locais que o pastor futuramente poderá plantar novas Igrejas e de acordo com a
realidade encontrada usará uma plataforma de acesso a estes lugares.
O mapa ficará assim:
A partir desses dados será possível observar onde o missionário deve trabalhar.
Locais minados com fortalezas inimigas, não devem levar o obreiro temer ou desistir, ao
contrário, devem desafiá-lo a investir em constantes caminhadas de oração. Com os
resultados da pesquisa o obreiro identificará a necessidade ou não de plataformas para
chegar às pessoas, e o tipo de plataforma que deve usar. O ideal é que esse mapeamento seja
bem simples e use a criatividade! Deixe o mapa em um lugar visível para olhar e orar pelo
local e pelas vidas.
“O GRANDE PROBLEMA DA IGREJA EVANGÉLICA NÃO É FALTA DE FERRAMENTAS PARA O
TRABALHO, NEM FALTA DE RECURSOS HUMANOS E FINANCEIROS; É A FALTA DE AMOR ÀS
PESSOAS PERDIDAS”
133
CAPITULO 26 - PARCERIAS
IGREJAS MÃES E IGREJAS PARCEIRAS.
Biblicamente, plantar novas Igrejas é responsabilidade das Igrejas existentes, e esse é o
entendemos bíblico e denominacional também. Para facilitar o alcance de povos mais distantes,
as Igrejas Batistas criaram sua agencias missionárias, JMN para planejar e executar a obra
missionária no Brasil e JMM para cuidar da obra missionária nos outros países. Foram as Igrejas
que criaram as agências missionárias, mas isso não as exime de sua responsabilidade de enviar e
sustentar os missionários além de cuidar de sua Jerusalém. É consenso comum de que cada
crente deve alcançar as pessoas de seu relacionamento e enviar missionários para representá-los
nos campos distantes.
Com esta visão Bíblica de missões, cada nova Igreja pode ter uma ou mais Igrejas mães,
ou então uma Igreja mãe e outras que atuam como Igrejas parceiras no projeto. Isso abençoa as
Igrejas e a comunidade onde estão sendo plantadas. No passado, o missionário sentia-se muito só
no campo, mas hoje conta com Igrejas que podem acompanhar e ajudar no trabalho com oração,
visitas constantes aos projetos e apoio financeiro.
Na assinatura do TERMO DE PARCERIA missionária, deve ficar bem clara a
responsabilidade de cada parte no projeto; Missionários, Igreja ou Igrejas mãe, Igrejas parceiras,
Convenção Estadual e Junta de Missões Nacionais.
Não podemos esquecer que estamos plantando Igrejas Multiplicadoras, e isso faz toda
diferença, porque exige uma postura de acordo com a nova visão de Missões Nacionais. Na forma
tradicional de plantar Igrejas a Igreja mãe assumia toda responsabilidade de governo e sustento
da Igreja filha, em muitos casos as filhas se tornaram tão dependentes que nunca chegaram a
emancipação, mas agora a Igreja mãe permite que os 5 autos sejam praticados pela Igreja filha
que chegará a maturidade e multiplicação bem mais rápido.
A Igreja que está sendo plantada administra seus dízimos e ofertas desde o inicio do
trabalho, e toma decisões, ou seja, exerce o autogoverno desde o início. Também será auto
propagadora desde o nascimento, independente do número de membros, isto é, estará sempre
pensando na plantação de novas Igrejas. Na visão “Igreja Multiplicadora” um pequeno grupo de
irmãos iniciarão uma nova Igreja a partir do momento que tenha um obreiro/irmão para liderar.
É impossível desenvolver essa visão sem a implementação do discipulado bíblico, onde
cada novo crente é ensinado a obedecer a Palavra de Deus. O IDE é colocado em prática
imediatamente. A pessoa que creu em Jesus, foi salva, inicia os estudos de orientação cristã para
que chegue rapidamente a maturidade, mas enquanto isso, ela inicia estudos evangelísticos com
pessoas de seu relacionamento, parentes, amigos, vizinhos, etc. Entendemos que não é possível
discipular alguém sem que pratique tudo que lhe é ensinado. A palavra DISCIPULADO sugere que
a eficácia do trabalho seja andar juntos; o discipulador e o novo discípulo devem andar juntos, um
ao lado do outro.
Para que o trabalho seja eficaz o novo discípulo é envolvido imediatamente nas atividades
da Igreja, orando, lendo a Bíblia, dirigindo culto, pregando, etc.
Temos dificuldades com algumas Igrejas mães que não aceitam esta proposta, pois acham
que nenhuma pessoa deve fazer qualquer atividade na Igreja sem antes passar pelo batismo. E
algumas Igrejas têm criado sérios problemas para nossos missionários, e até saído da parceria por
causa da sua forma tradicional de pensar. É como se acreditassem que batismo salva. Se estas
pessoas foram salvas ao crer em Jesus, que é um fato, por que não podem trabalhar no reino de
134
Deus? O que é mais importante: a fé em Jesus ou o batismo? Na visão de alguns lideres o crente
está salvo, pode entrar no céu mas não pode ser membro de uma Igreja batista.
Na visão “Igreja Multiplicadora” é vital o discipulado e o treinamento dos novos crentes
imediatamente após a conversão a Cristo, é claro, seguindo as orientações bíblicas. Por isso, a
Igreja mãe ou parceira, deve aceitar esta condição para que o projeto não tenha problemas
posteriores.
AGÊNCIAS MISSIONÁRIAS OU ORGANIZAÇÕES COMO PARCEIRAS
Deus tem concedido à igreja de nossos dias uma diversidade de dons com os quais
podemos causar um impacto entre nosso grupo alvo. Temos ministérios de mídia tais como rádio,
vídeo, distribuidoras de material evangelístico e de discipulado. Deus tem dado à Igreja pessoas
que se sentem chamadas para estar na linha de frente no trabalho de crescimento,
fortalecimento e plantação de Igrejas.
Também é nosso trabalho mobilizar todos os recursos necessários para causar um
impacto em nossos campos de trabalho com a mensagem do evangelho e para plantar igrejas
multiplicadoras no meio deles. Nenhuma agência missionária, denominação ou igreja
isoladamente possui todos os recursos necessários. Devemos estar dispostos a trabalhar
cooperativamente com outros cristãos da Grande Comissão e nos unirmos a eles num espírito de
parceria. Devemos reconhecer que diferentes grupos da Grande Comissão possuem visões,
chamados e dons diferentes, e que todos esses são necessários dentro do corpo de Cristo para
levar o evangelho às comunidades que desejamos alcançar.
Existem aqueles que se sentem compelidos a se concentrar mais em aspectos sociais do
ministério, tais como desenvolvimento comunitário, alfabetização, cuidados de saúde e ensino.
Outros foram postos por Deus dentro do corpo de Cristo para executarem ministérios de
desenvolvimento da igreja, tais como discipulado e treinamento de lideres. A outros, Deus tem
dado o ministério da intercessão no corpo de Cristo e tais pessoas orarão intensamente por um
determinado grupo-alvo e possivelmente também se engajarão na batalha espiritual, por meio de
caminhadas de oração nos povoados e cidades. A outros, Deus ainda tem dado o dom de
contribuir. Esses benfeitores compartilharão seus recursos financeiros abundantemente para
ajudar a outros no cumprimento de seus ministérios.
Todos esses recursos dos cristãos da Grande Comissão são necessários para um impacto
completo do evangelho de Jesus Cristo sobre um grupo-alvo. Uma agência missionária ou
denominação pode tentar executar isoladamente todos esses ministérios, mas inevitavelmente
descobrirá que não terá recursos para fazer a obra sozinha. Existem muitas agências, igrejas e
denominações cristãs da Grande Comissão no país e ao redor do mundo. Quem são elas? O que
estão fazendo? Como podem ajudar a alcançar nosso grupo-alvo com o evangelho de Jesus
Cristo? Como podem ser usadas para facilitar a multiplicação de Igrejas. Estas são apenas algumas
das questões que precisamos responder. O primeiro passo é identificar aqueles cristãos da
Grande Comissão que podem ser usados por Deus para nos ajudar a levar o evangelho à
comunidade onde trabalhamos. Lembre-se que os recursos estão na colheita!
135
CAPITULO 27 - COMUNICAÇÃO DO EVANGELHO
“Pregar” o evangelho é diferente de “comunicar” o evangelho; podemos gastar muito
tempo falando, sem comunicar absolutamente nada; realizar programas evangelísticos através da
música, sermões, palestras, estudos bíblicos nos lares e rádio não significa dizer que as pessoas
estão sendo alcançadas ou que estão entendendo a mensagem do evangelho. Na plantação,
fortalecimento e crescimento de Igrejas é vital que comuniquemos o evangelho e isso só acontece
quando o receptor da mensagem compreende, assimila o que estamos dizendo e isso o ajudará a
tomar uma decisão diante da mensagem.
O fracasso na comunicação deixa o obreiro vulnerável à tentação de mudar de campo ou
até mesmo transferir-se para outros ministérios. A deficiência na comunicação torna-se uma das
principais causas de mudanças nos ministérios em centenas de Igrejas em nosso país. Há pastores
que não conseguem ficar muito tempo em um determinado lugar porque não alcançam o coração
das pessoas, então passam a vida mudando de local ou de Igreja. Não estou dizendo que todas as
experiências de ministérios curtos são causadas pela falta de comunicação, mas que isso tem
influenciado bastante na troca de local ou ministério de dezenas de obreiros.
Lembro-me de um colega que nunca passou dois anos no pastoreio de uma Igreja; rapaz
inteligente e muito esforçado, mas não conseguia permanecer diante de um rebanho por muito
tempo. Em menos de 20 anos deve ter passado por 12 Igrejas, entre Paraíba e Rio Grande do
Norte; depois mudou para outra denominação; agora voltou para nosso meio, atuando no estado
do Ceará. O problema sempre foi comunicação, e as Igrejas não conseguem passar mais que dois
anos ouvindo suas mensagens e estudos. Um dia o procurei e disse que precisava fazer uma
avaliação nesse aspecto de seu ministério e disse-me que não faria qualquer mudança, pois havia
passado a vida estudando e não abriria mão de seu nível de conhecimento para se rebaixar às
pessoas mais humildes. Na verdade as pessoas não conseguem entender aquilo que o referido
pastor diz. Que pena que nunca teve interesse em comunicar o evangelho às pessoas que Deus
colocou sob a sua responsabilidade! Conheço bons obreiros, com excelente bagagem de
conhecimento, mas que não conseguem comunicar a mensagem aos seus ouvintes.
Isso tem sido uma das causas de tão poucos resultados no trabalho. Há pastores e
missionários que vivem essa mesma dificuldade, e passam anos seguidos anunciando o evangelho
com poucos resultados para o reino de Deus, pois as pessoas não se convertem a Cristo. Quantos
estão falando durante 3 ou 4 anos sem colher qualquer fruto de seu trabalho? A comunicação é
essencial para que as pessoas creiam em Jesus Cristo como Salvador e Senhor de suas vidas. Aliás,
quando trabalhamos o assunto pré - evangelização, destacamos dois pontos cruciais: Para que
uma pessoa creia em Jesus e o receba como Salvador e Senhor de sua vida, precisa ter simpatia
com os crentes e a Igreja e conhecimento do evangelho de Cristo. E o pré – evangelista trabalha
essas duas áreas – simpatia e conhecimento. E uma boa comunicação faz as duas coisas. Leva a
pessoa a gostar do evangelho e ao mesmo tempo ter conhecimento do evangelho. Leva os
ouvintes à compreensão da palavra de Deus.
Quando cumprimos nosso trabalho como anunciadores de boas novas e não vemos
resultados, precisamos avaliar nosso trabalho. A Bíblia diz que aquele que muito semeia, colherá
136
em abundância; e afirma também que a palavra de Deus não volta vazia, antes fará o que apraz a
Deus. Mas essa palavra precisa ser comunicada, entendida, compreendida.
Deus é o maior interessado na comunicação do evangelho de Jesus Cristo. Gosto muito da
observação do Dr. Charles Brock, quando afirma que a incidência das línguas em pentecostes,
evidencia o milagre da comunicação. De fato, Deus queria que todos os Judeus que estavam em
Jerusalém por ocasião da festa de pentecostes, entendessem a mensagem pregada pelos
apóstolos. Aquela ocasião era muito especial para os Judeus que vinham de vários países para a
festa em Jerusalém, e Deus usou aquele evento para que o evangelho fosse pregado e
compreendido por todos aqueles Judeus que eram vindos de aproximadamente 14 países
diferentes. O apóstolo Pedro pregou e cada um entendeu na língua em que eram nascidos e isso
fora citado três vezes nos primeiros 13 versículos de Atos 2. “Estavam em Jerusalém Judeus
piedosos, de todas as nações que há debaixo do céu. E todos ficaram confusos, pois cada um os
ouvia falar na sua própria língua. Como, então, cada um de nós os ouve falar em nossa língua
materna? Todos nós os ouvimos falar das grandezas de Deus em nossa própria língua” Atos 2.5,
6b, 8 e 11. Está claro que o grande milagre de pentecostes, foi o da comunicação do evangelho,
pois Deus queria que todas as pessoas entendessem a Boa Nova de salvação. “Desse modo, os
que acolheram a sua palavra foram batizados; e naquele dia juntaram-se a eles quase 3 mil
pessoas” Atos 2.41.
Nosso país é de uma variedade cultural incrível e não há dúvidas de que o estado de Santa
Catarina é muito diferente do estado da Paraíba, principalmente do sertão. As regiões do Brasil
são diferentes umas das outras e os pastores e missionários precisam ter consciência disso e
contextualizar a mensagem do evangelho se quiserem ter maiores resultados. Não podemos fazer
as coisas da mesma forma em todo o território nacional e esperar resultados.
Temos cometido graves erros no programa de evangelização de nosso país e não queremos
aprender as lições. Preferimos ficar com meia dúzia de crentes em nossos templos do que abrir
mão de nossa tradição e contextualizar a mensagem bíblica.
Recentemente estive no Rio Grande do Sul e percebi que aproximadamente 90% dos
obreiros batistas daquele estado vieram de outros estados, e apenas 10% são gaúchos; aqui está
um indicativo dos poucos e lentos resultados naquele estado. Não há mal em que os obreiros
sejam de fora, desde que contextualizem a mensagem e formem liderança local para o trabalho
missionário da Igreja. Um grande número de obreiros não está preocupado com a formação de
líderes autóctones, e isso prejudica o processo de salvação no meio de um povo. Ninguém é
melhor do que as pessoas da cultura para pregar a seu próprio povo. Onde o trabalho tem
resultados menores é aquele que ainda não despertou para a formação de líderes dentro da
cultura. Não estou dizendo que não devemos ter obreiros vindos de outras culturas, mas isso
torna o trabalho mais lento e caro.
Essa é também a grande dificuldade do trabalho indígena. Quantos anos estamos
trabalhando entre os índios no Brasil? E quais os resultados desse trabalho? Não devemos ter
medo de avaliar, pois é o ponto de partida para melhorar nossa atuação nessa área. Visitei uma
tribo no sul do Brasil onde a presença de missionários, passa a três décadas e o trabalho não
avançou como poderia ter avançado. Não há líderes indígenas pregando no meio de seu povo. E
digo sem medo de errar: se os missionários saírem da tribo hoje, o trabalho acabaria. Graças a
137
Deus que os missionários que estão na tribo atualmente já perceberam a necessidade de investir
na liderança autóctone. São os índios que alcançarão os índios para Jesus.
O sertão da Paraíba não é diferente de qualquer outra região do Brasil em suas
necessidades espirituais - povo idólatra, indiferente ao evangelho e muito festeiro. O trabalho
Batista iniciou com obreiros vindos de outros estados e não desenvolveu muito, foi um trabalho
cheio de altos e baixos e sempre dependente de pessoas de fora; quando tinha obreiro crescia,
mas quando faltava obreiro, voltava quase a zero. Um exemplo disso foi a PIBP, que, com 20 anos
de organização oficial e 32 anos de trabalho, contava em fevereiro de 1985, com 8 membros,
apenas 6 presentes e só abriam o templo quando alguém ia de fora para realizar um culto. Essa
Igreja nunca havia plantado uma nova Igreja.
Ficamos muito preocupados com a situação e decidimos orar a Deus e fazer um trabalho
diferenciado; pregamos o evangelho, discipulamos e treinamos pessoas e junto com esta Igreja
plantamos Igrejas em cidades próximas e assim o trabalho cresceu e se fortaleceu no Senhor. E a
partir do momento que a liderança das Igrejas veio do próprio povo, o trabalho tomou uma nova
forma, e as Igrejas estão crescendo e se multiplicando. As pessoas do local comunicam muito mais
o evangelho do que alguém que vem de fora e que às vezes não tem flexibilidade para
contextualização. Conhecer as pessoas em todos os aspectos de sua cultura ajudará na
comunicação do evangelho e com isso os resultados serão bem maiores.
138
CAPITULO 28 - CONTEXTUALIZAÇÃO
Outra grande questão para que a Igreja se torne relevante na comunidade onde está
inserida é a contextualização da mensagem do evangelho. E isso implica em aspectos
importantes, tais como a Bíblia, a mensagem, os cânticos, a liturgia, o ensino, etc.
Uma versão da Bíblia contextualizada é de grande valor. Sempre trabalhamos com jovens,
adolescente e crianças, e percebemos que uma das maiores dificuldades para o crescimento
cristão é a leitura e estudo da Bíblia; eles gostavam da bíblia e a amavam, carregavam-na para
todos os lugares, mas não conseguiam entender e isso era um desestímulo para aqueles novos
crentes; eles tinham a Bíblia, mas não entendiam sua mensagem. Frequentemente perguntavam
o que era côvado, lascívia, circuncisão e centenas de outras palavras difíceis, que até os pastores
precisam do dicionário para descobrir o significado. Quando descobrimos uma versão da Bíblia
contextualizada, a galera se apaixonou pela leitura e o crescimento espiritual foi notório. Mas
para muitos irmãos que tinham alguns anos de vida cristã aquelas versões eram adulteradas, e
não suportavam ouvi-las. Apesar de muitos deles também não entenderem o que estavam lendo.
Usar uma versão bíblica fora do contexto de um povo é um desrespeito as almas dessas pessoas,
pois passam anos na Igreja sem entender o verdadeiro sentido da palavra de Deus. Infelizmente
só nas últimas duas décadas que as versões contextualizadas estão a disposição do povo e com
muita resistência de algumas Igrejas.
A mensagem do evangelho precisa ser contextualizada. Mas sabemos que é difícil
contextualizar a mensagem sem conhecer a cultura de um povo. O missionário precisa mergulhar
na cultura do povo para onde foi enviado, ou então pouco poderá fazer por este povo. A partir de
Jesus, os pregadores que encontramos no Novo Testamento nos dão um banho de
contextualização da mensagem. Procuraram falar ao coração das pessoas e por isso o evangelho
foi tão longe, ainda no final do primeiro século, com milhões de pessoas convertidas a Cristo. Por
outro lado, o evangelho no Brasil ainda está engatinhando, pois a maioria de nosso povo o rejeita,
não pelo seu conteúdo, mas pela forma que é apresentado. O evangelho no Brasil ainda tem
muito da cultura daqueles que o trouxeram. E vale acrescentar que dentro de nosso país, há uma
boa variedade de culturas, além daquelas das etnias. Então cada região precisará contextualizar a
mensagem para o povo a quem é destinada.
Os cânticos precisam ser contextualizados. Cada região do Brasil há um ritmo musical que
é do coração, faz parte da cultura daquela região. Por que não aproveitar a música para levar a
mensagem do evangelho às pessoas? Podemos usar cânticos de outros contextos, mas não
negligenciar o contexto onde estamos inseridos. Se quisermos falar ao coração de um povo
precisamos usar os ritmos daquela cultura. Lembro-me da mudança ocorrida no sertão onde
trabalhamos por 16 anos. Enquanto usávamos ritmos importados não víamos muito interesse nas
pessoas, mas quando mudamos para o ritmo do povo, centenas de pessoas paravam no meio das
feiras e praças para cantar e ouvir a mensagem do evangelho. Quando a sanfona a zabumba e o
triangulo começavam a tocar a feira parava e as pessoas vinham para ouvir a palavra de Deus.
A liturgia precisa ser contextualizada. Os cultos em muitas Igrejas brasileiras acontecem
como se estivesse nos Estados Unidos. Liturgia completamente americana, inclusive a vestimenta
139
do Pastor. Que pena que a liturgia não foi contextualizada! Milhões de pessoas que já foram
membros de nossas Igrejas estão fora da Igreja e do evangelho, não foram tocadas o suficiente
para se sentirem bem entre o povo de Deus. Outros milhões estão nas Igrejas não porque gostam
e se sentem bem, mas por causa da tradição familiar. A liturgia precisa envolver as pessoas na
verdadeira adoração a Deus. Precisa trazer alegria e satisfação às pessoas que participam de um
culto. Mas em nome da tradição as Igrejas históricas, que tem a melhor doutrina e o melhor
ensino, estão perdendo seus membros para Igrejas que conseguem se contextualizar.
O ensino precisa ser contextualizado. Precisamos ter coragem de fazer as mudanças
necessárias para que o ensino envolva as pessoas a ponto de terem alegria, prazer de ir ao templo
para serem ensinadas. Um exemplo disso é o dia e horário para o estudo da Bíblia. É evidente que
as Igrejas que mais crescem no mundo são aquelas que estudam a palavra de Deus em pequenos
grupos através dos lares das pessoas. Enquanto outros acham que todos devem ir ao templo para
estudar a Bíblia. Quem está ganhando nessa história? É claro que são as Igrejas ou denominações
que trabalham com pequenos grupos, que evangelizam e discipulam pessoas através dos
pequenos grupos.
Preparar uma liderança autóctone é contextualizar. O medo de capacitar pessoas do
próprio povo receptor do evangelho tem impedido a multiplicação de crentes e Igrejas. As Igrejas
que mais estão alcançando pessoas são as que investiram em liderança autóctone, isso é
incontestável. Enquanto os missionários não investirem na formação de liderança autóctone não
alcançaremos a Pátria para Cristo. Precisamos treinar o índio para ganhar seu próprio povo;
treinar o ribeirinho para ganhar seu próprio povo; precisamos treinar o sertanejo se queremos
ganhar os sertões desse imenso país para Cristo; precisamos treinar os gaúchos se queremos que
o Rio Grande do Sul seja alcançado com a mensagem do evangelho. Experimentamos essa
transformação no sertão da Paraíba, onde o trabalho se arrastou por muitos anos, aliás o tempo
em que precisou de obreiros vindos de outros lugares. Mas quando a liderança das Igrejas surgiu
do meio do povo, as Igrejas firmaram seus passos e se fortaleceram na palavra. Fico arrepiado até
hoje quando me lembro do que vi na tribo dos índios Guajajaras, no Maranhão. Em plena floresta,
tarde escaldante, encontrei índio com terno preto e gravata. Completamente fora de seu
contexto. O missionário ou pastor que pregou o evangelho nesse lugar cometeu um grande erro.
Tirando o índio de seu contexto, e fazendo-o rejeitado pelo restante da tribo.
Uma Igreja autóctone normalmente é uma Igreja contextualizada. É uma Igreja com a cara
do povo. É Igreja “de” e não Igreja “em”. Uma Igreja “de” tem a cara do povo, enquanto que uma
Igreja “em” tem a cara de seus fundadores. A Igreja contextualizada está inserida dentro da
cultura do povo. O templo, a ornamentação, a liderança, tudo precisa ser parecido com o povo. A
contextualização facilitará o alcance das pessoas com a mensagem de Jesus, que foi nosso maior
exemplo de contextualização.
140
CAPITULO 29 - PRINCIPIOS BÍBLICOS
1. Multiplicação de tudo o que é importante. Na Bíblia encontramos textos que enfatizam a
multiplicação. A multiplicação, por exemplo, dos cinco pães e dois peixes para alimentar cinco mil
homens: “Aqui está um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isso
para tanta gente? E Jesus ordenou: Fazei o povo assentar-se. Havia muita grama naquele lugar.
Sentaram-se os homens em número de quase cinco mil. Jesus, então, tomou os pães e, havendo
dado graças, repartiu-os a vontade entre os que estavam sentados; e fez o mesmo com os
peixes. E quando todos ficaram satisfeitos, disse aos discípulos: recolhei os pedaços que
sobraram para que nada se perca” Jo. 6.9-12. Mas a multiplicação de discípulos é algo mais
extraordinário: “Desse modo os que acolheram a sua palavra foram batizados; e naquele dia
juntaram-se a eles quase três mil pessoas” At. 2.41. E a ordem para todos os discípulos é a
multiplicação: “O que ouviste de mim diante de muitas testemunhas, transmite a homens fiéis e
aptos também para ensinar a outros” 2 Tim. 2.2.
2. Processo simples e constante. As sinagogas foram o ponto de partida para Paulo. Iniciou seus
grupos de estudos com judeus, prosélitos e gentios interessados. “E logo passou a pregar Jesus
nas sinagogas, dizendo ser ele o Filho de Deus”At. 9.20. “Em Icônio, entraram na sinagoga dos
Judeus, como costumavam fazer, e falaram de tal modo que uma grande multidão creu, tanto
de Judeus como de gregos”At. 14.1. Também lugares onde as mulheres costumavam se reunir,
possivelmente, para lavar roupas à beira do rio. “No sábado, saímos da cidade para a beira do
rio, onde julgávamos haver um lugar para oração. E, sentados, falávamos às mulheres ali
reunidas” At.16.13. Desse encontro Lídia converteu-se a Cristo e foi batizada com sua família. Os
apóstolos aproveitavam todas as oportunidades para testemunhar de Jesus.
3. Iniciar o trabalho com pessoas mais receptivas. Não quer dizer que devemos desprezar aqueles
que são resistentes ao evangelho, mas que devemos priorizar as pessoas que estão prontas para
ouvir a palavra. Cabe ao discípulo de Jesus encontrar as pessoas que estão mais abertas,
receptivas. “Quando iam saindo, rogavam-lhes que lhes repetissem essas palavras no sábado
seguinte. No sábado seguinte, quase toda cidade reuniu-se para ouvir a palavra de Deus” At.
13.42, 44.
4. Os seis elementos: oração, Espírito Santo, semente, semeador, solo e suporte são essenciais
para a plantação de igrejas multiplicadoras. Não há duvida sobre a importância de cada
elemento na plantação de Igrejas multiplicadoras. A Oração é como a água que rega a terra. Sem
a oração não alcançaremos os resultados desejados. “Clama a mim, e te responderei, e te
anunciarei coisas grandes e inacessíveis, que não conheces” Jer. 33.3. O Espírito Santo dá
direção ao trabalho. “Enquanto cultuavam ao Senhor e jejuavam, o Espírito Santo disse: Separai-
me Barnabé e Saulo para a obra para a qual os tenho chamado” At. 13.2. A Semente é a própria
palavra de Deus, considerada como espada de dois fios, que faz divisão da alma e o espírito. Os
Semeadores são os discípulos de Jesus e o Solo representa as pessoas que precisam ouvir a
palavra de Deus. O Suporte é o apoio necessário para o trabalho, a própria Igreja mãe ou parceira,
o material necessário, e a capacitação, treinamento.
5. O aperfeiçoamento dos santos é o trabalho principal do pastor. O líder não pode fugir da
responsabilidade da multiplicação de fazer novos lideres e o treinamento dos mesmos para a
realização do trabalho. “E Ele designou uns para apóstolos, outros como profetas, outros como
evangelistas, e ainda outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos
santos para a obra do ministério e para a edificação do corpo de Cristo; até que todos
141
cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem
feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo” Ef. 4.11-13.
6. Trabalho em equipe é o exemplo de Jesus e da igreja de Atos. Vemos esse principio aplicado por
Jesus. “Naqueles dias, Jesus se retirou para o monte a fim de orar; e passou a noite toda orando
a Deus. Depois do amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais
também chamou de apóstolos” Luc. 6.12, 13. Também o vemos aplicado na Igreja de Antioquia.
“Na Igreja de Antioquia havia profetas e mestres: Barnabé, Simeão chamado Níger, Lúcio,
Manaém que havia crescido com Herodes, e Saulo” At. 13.1. Se quisermos realizar um bom
trabalho, precisaremos formar uma equipe, que serão os lideres em treinamento. A Igreja de
Antioquia foi a que mais se multiplicou na história do Novo Testamento e sem dúvida, isso se
deve à boa equipe de líderes multiplicadores que possuía.
7. O apoio e o encorajamento as novas Igrejas durante todo o processo. Esse trabalho fica bem
evidente nas visitas de Paulo às Igrejas durante as viagens missionárias. “Dessa forma, as Igrejas
eram firmadas na fé, e a cada dia cresciam em número” At.16.5. “Então, Barnabé partiu para
Tarso, em busca de Saulo....E durante um ano inteiro reuniram-se naquela Igreja e instruíram
muita gente” At. 11.25,26. Também as cartas às Igrejas tinham a finalidade de ensinar e encorajar
os irmãos. “Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus que estão
com os bispos e diáconos em Filipos” Fil. 1.1.
8. O Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todos os povos. Foi Jesus que edificou,
instituiu sua igreja. “... e sobre esta pedra edificarei a
minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” Mat. 16.18. O apóstolo Paulo
falou com muita autoridade sobre o poder do evangelho. “Porque não me envergonho do
evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do Judeu e
também do grego” Rom. 1.16. Sobre a boa nova de salvação. “Porque pela graça sois salvos, por
meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” Ef. 2.8.
9. A atuação do Espírito Santo, como fonte de conselho e poder é essencial para o crescimento e
plantação de Igrejas Multiplicadoras. As estratégias humanas jamais vencerão o que o diabo está
fazendo só o Espírito Santo. Não podemos esquecer que todo trabalho de Deus é feito pelo
Espírito Deus. “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique para sempre
convosco” Jo. 14.16. “Enquanto participava de uma refeição com eles, ordenou-lhes que não se
ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim
ouvistes. E todos ficaram cheios do Espírito Santo....” At. 1.4 e 2.4a.
10. Devemos valorizar nossas tradições. Não equipara-las às Escrituras, nem usá-las para anular
verdades bíblicas. A Bíblia recomenda que conservemos as tradições, ou ensinos dos apóstolos.
“Assim, irmãos, ficai firmes e conservai as tradições que vos foram ensinadas oralmente ou por
carta nossa” 2Ts 2.15. Precisamos, no entanto, ter cuidado com o tradicionalismo religioso.
“Tradição é a fé viva dos que já morreram e tradicionalismo é a fé morta das pessoas que estão
vivas” anônimo.
11. A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática. Deve ser usada sob a orientação do Espírito Santo
em determinar o que fazer, quem pode, onde e quando fazer. Tudo que precisamos para nossa
orientação religiosa e espiritual encontramos na Bíblia. “Toda a Escritura é divinamente inspirada
e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; a fim de que
o homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para realizar toda boa obra” 2 Tim. 3.16,
17. Gosto também do que Moody disse sobre a Bíblia: “Bíblia – este livro o afastará do pecado ou
o pecado o afastará desse livro”. No trabalho missionário o que vale não é a minha palavra ou o
que eu vou falar sobre a Bíblia, mas o que a Bíblia diz. O poder não está na minha palavra, mas na
Palavra de Deus que é viva e Eficaz.
142
12.Envolver, de imediato, os novos convertidos em todo trabalho para a formação de igrejas com os
cinco autos.
AUTOGOVERNADA: Sendo capaz de tomar suas próprias decisões em Cristo.
AUTOSSUSTENTADA: Cuida de suas necessidades financeiras através dos dízimos e ofertas de seus
membros conforme seu desenvolvimento.
AUTOEXPRESSÃO: Tem sua própria personalidade e sua própria forma de expressão. Desde que
doutrinas e princípios bíblicos não sejam violados, qualquer expressão cultural é aceitável.
AUTODIDATA: Uma igreja que envolve seus membros na leitura bíblica e no ensino da Bíblia.
AUTOPROPAGADORA: Toda igreja estará envolvida em começar novas igrejas. Deus pode usar
qualquer pessoa que esteja completamente comprometida com Ele. (Atos 11.19-30)
13. Aprendizes são essenciais no processo de multiplicação de igrejas. Uma equipe sempre deve ter
novos aprendizes. “Depois Jesus subiu ao monte e chamou os que Ele mesmo quis; e estes foram
até ele. Então designou doze para que estivessem com Ele, e os enviasse a pregar” Mc.3.13, 14.
A Bíblia apresenta o modelo de liderança descentralizada como o mais eficaz para o cumprimento
da missão. Todo bom líder deve estar rodeado de aprendizes. “Mas o sogro de Moisés lhe disse:
O que estás fazendo não é bom. Com certeza, tu e este povo que está contigo desfalecereis, pois
a tarefa é pesada de mais; não podes fazer isso sozinho...... procura dentre todo o povo homens
capazes, tementes a Deus, homens confiáveis e que repudiem a desonestidade; e coloca-os
como chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta e chefes de dez” Ex. 18.17, 18 e 21.
14. Trabalho feito por meio de relacionamentos. É parte da estratégia missionária do Novo
Testamento, especialmente com pessoas-chave. “Um dia depois entrou em Cesaréia. E Cornélio
os esperava, tendo reunido os seus parentes e amigos mais chegados” At. 10.24. O carcereiro de
Filipos ao crer em Jesus levou Paulo e Silas para sua casa. “Então pregaram a Palavra de Deus a
ele e a todos de sua casa” At. 16.32. A mulher samaritana aproveitou a amizade que tinha na
cidade de Sicar para levar as pessoas a Jesus. “Então, a mulher deixou ali o seu cântaro, foi a
cidade e disse ao povo: Vinde, vede um homem que me disse tudo o que tenho feito; será ele o
Cristo? Saíram, pois, da cidade e foram ao encontro dele” Jo. 4.28-30.
15. Apoio aos novos convertidos e novos nos ministérios. Ao saber notícias do crescimento da Igreja
em Antioquia, a Igreja de Jerusalém enviou Barnabé para apoiar os novos convertidos. “E a mão
do Senhor era com eles, e um grande número de pessoas creu e se converteu ao Senhor. Quando
a notícia sobre essas coisas chegou a Jerusalém, enviaram Barnabé a Antioquia. Ali chegando,
Barnabé alegrou-se ao ver a Graça de Deus e exortava a todos a perseverarem no Senhor com
firmeza de coração. Então, Barnabé partiu para Tarso, em busca de Saulo. Tendo-o achado,
levou-o para Antioquia. E durante um ano inteiro reuniram-se naquela Igreja e instruíram muita
gente”
At. 11.21-23, 25, 26a.
143
Plano de Trabalho Multiplicador - PTM
Nome do Missionário:
Cidade:
Visão: (O que seremos no futuro)
Pesquisa
1. Pesquisa Sócio Religiosa:
a) Densidade Demográfica
Números de habitantes
Pessoas residentes por domicílio
Faixas Etárias % Crianças: %
Adolescentes: %
Jovens : %
Adultos: %
Idosos: %
b) Economia
Principal atividade econômica: ( comércio, agricultura, fabricas ...);
Classe social predominante: (A, B, C, D e E)
c) Educação
% Analfabetismo em geral
Quantas escolas , creches e faculdades
d).Religiosidade
Religião Predominante: (Católico, Espírita, Islamismo, Luterana, Evangélica, outras –
especificar)
Principais festas religiosas
Análise do Movimento Religioso da cidade(na cidade existe romaria? Cultos públicos?)
e) Aspectos culturais
Significado de termos regionais
Costumes (acorda cedo ou tarde, dorme cedo ou tarde, os moradores ficam nas portas
conversando, ficam nas praças, em média chega que horas do trabalho; como é o dia a dia
dos moradores ?)
Religiosidade
Pratos típicos
Músicas Regionais
2. Pesquisa sobre a futura localização do Templo.
a) Onde futuramente o templo poderá ser estabelecida? b) Em média quanto é o aluguel? c) Existe “lei do silêncio”? Qual o horário? d) O local é cercado de casas ou comércio?
144
e) Aspectos legais e políticos
Quais as leis municipais ou estaduais para funcionamento de atividade religiosa
Quais leis municipais para construção de templo
Adequação da tesouraria as exigências da Receita Federal
Neste momento, o obreiro deve identificar a melhor localização da futura igreja. Este deve ser o local de
identificação do grupo. Alguns pontos deverão ser observados tais como:
o Atentar para a proximidade do seu público alvo e o fluxo de pessoas na região;
o Visitar o ponto pelo menos três vezes, em horários alternados, para verificar o movimento de pessoas e de
veículos no local;
o Observar se o local escolhido oferece boa visibilidade.
3. Força de colheita
Quantas igrejas evangélicas existem?
Quais são as denominações?
Eles fazem algum tipo de impacto evangelístico?
Percebeu alguma dificuldade interna dos evangélicos da cidade que venha prejudicar seu
trabalho ?
Quais?
4. Fortalezas espirituais
Quais são as seitas no local?
Quantas igrejas, tempos ou tendas existem?
Quantos bares e boates existem?
Lembrete: para visualizar o resultado procure ter o mapa do local da plantação da futura
igreja.
Plataformas
Necessidades sociais detectadas: (campo livre)
Pontes para compartilhar o evangelho (campo livre)
Pessoas chaves para evangelização (campo livre)
Acesso a grupos sociais e/ou profissionais (campo livre)
Trabalhos sociais (campo livre)
Trabalhos educacionais (campo livre)
145
Planejamento para 4 anos:
Objetivos
Estratégicos
Descrição das Metas
Quantidade Prazo Plano de Ação
Oração
Oração Pessoal
Cultos de oração
Caminhadas de oração
Vigílias de oração
Evangelização
Nº de NEBs ou PGs
Pessoas fazendo EB
EBFs
Crianças para Jesus
Conferências Evangelísticas
Impactos Evangelísticos
Palestras nas escolas
Evangelismo nos hospitais
EB nos presídios
Discipulado
Discipulado em PGs
Formação discipuladores
Pessoas na Escola Bíblica
Ações e Compaixão
Pepe
Futsal
Cursos
Trabalho nas escolas
Formação de
Líderes
Dirigentes de Culto
Pregadores
Básico em Teologia
Professores de EBD
Música
Líder de Crianças
Líder de Adolescentes
146
Multiplicação de Igrejas - Previsão
Data prevista para a 1ª Multiplicação: ____/____/____ - Local: Data prevista para a 2ª Multiplicação: ____/____/____ - Local: Data prevista para a 3ª Multiplicação: ____/____/____ - Local: Data prevista para a 4ª Multiplicação: ____/____/____ - Local: Data prevista para a 5ª Multiplicação: ____/____/____ - Local:
Avaliação e monitoramento dos resultados por semestre.
Objetivos
Estratégicos Metas
1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano
1ºsem 2ºsem 1ºsem 2ºsem 1ºsem 2ºsem 1ºsem 2ºsem
Met
as
Rea
lizad
o
Met
as
Rea
lizad
o
Met
as
Rea
lizad
o
Met
as
Rea
lizad
o
Met
as
Rea
lizad
o
Met
as
Rea
lizad
o
Met
as
Rea
lizad
o
Met
as
Rea
lizad
o
Oração
Oração Pessoal
Cultos de Oração
Caminhadas de Oração
Vigílias de oração
Evangelização
Nº de NEBs ou PGs
Pessoas fazendo EB
EBFs
Crianças para Jesus
Conferências Evangelísticas
Impactos Evangelísticos
Palestras nas escolas
Evangelismo nos hospitais
EB nos presídios
Discipulado
Discipulado em PGs
Formação discipuladores
Pessoas na Escola Bíblica
Formação de
Líderes
Dirigentes de Culto
Pregadores
Básico em Teologia
Professores de EBD
147
Música
Líder de Crianças
Líder de Adolescentes
Ações de
Compaixão
Pepe
Futsal
Cursos
PAM Mobilização de parceiros
Resultados Número de decididos
Número de batismos
Multiplicação de Igreja
JUNTA DE MISSÕES NACIONAIS
Rua Gonzaga Bastos, 300 - Vila Isabel
Rio de Janeiro, RJ – CEP 20541-000 – Tel. (21) 2107-1818
www.missoesnacionais.org.br
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