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ANNO VIII - NUM. 83 PREÇO 1$200 Ora. .MarianKcla .Vtatiarazzo, recentemcntc diplomada pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro- (V. texto)

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ANNO VIII - NUM. 83 PREÇO 1$200

Ora. .MarianKcla .Vtatiarazzo, recentemcntc diplomada pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro-

(V. texto)

Page 2: ANNO VIII - NUM. 83 PREÇO 1$200200.144.6.120/uploads/acervo/periodicos/revistas/BR_APESP_RFEM... · Além de contos c novellas, contém o livro monologos, pequenas comédias e recitativos

__ NOVA SEIVA

Um livro inferessanfe que acaba de apparecer — À Moral na Arte

CONTOS

COMÉDIAS

MONOLOQOS

RECIT ATIVOS

E’ 0 mais interessante, é o mais util, é o mais instructivo dos livros destinados ás nos- sas escolas.

“Nova Seiva”, que acaba de ser publicado, é uma linda collecção de novellas moraes e recreativas, é a seiva da alegria que trará á alma da nossa mocidade.

Podemos affirmar sem temor de engano nem medo de sermos immodestos, que a “Nova Seiva” é um livro unico no genero, tendo sómente como emulos esses bellos livros que se publicam na Hespanha e na Italia, e que jámais tiveram similares no paiz.

A literatura infantil, sadia, morai, instructiva, resentia-se da falta de um trabalho bem feito, bem impresso, ricamente illustrado, que levasse á cultura da nossa mocidade, além dos ensinamentos de honra e de bondade, o gosto pela belleza e pela arte. Um preceito moral escripto em língua defeituosa, se insinua a rectidâo do caracter, perverte a arte da linguagem. E os brasileiros devem zelar contemporaneamente do seu espirito e do seu idioma.

A influencia que os contos têm produzido na formação do espirito da mocidade é tão grande que os governos têm cuidado, pelo seus pedagogos, da organisação de livros da especie deste que hoje annundamos; entre nós esse cuidado falhou e é por isso que nos nossos lares, o que se lê. são lamentáveis historias da “Carochinha”, quando não são os “Testamentos dos Bichos” e outras leituras desse jaez. i

Aleitada com taes trabalhos, a infancla, perde ella o gosto pela belleza. Demais, as edições desses livros lamentáveis eram feitos em papel de embrulho, onde as gravuras, pessima- mente executados, mais pareciam garranchos e borrões.

“Nova Seiva” é um livro conscientemente escripto, enriquecido por gravuras magní- ficas, traçadas pelo pincel e pelo lapis dos maiores artistas do mundo. Os contos cuida- dosamcnte escriptos são altamente moraes, tendo .vinhetas rriagistralmente gravadas. A capa, desenhada por Paim, é uma esplendida trichromia, executada por mão de mestre.

Além de contos c novellas, contém o livro monologos, pequenas comédias e recitativos proprios para serões. Imagine-se o prazer de uma mamãe amorosa, ao vêr o seu temo fi- Ihinho, ensaiado por seu carinho, recitar ao papá, bellas historias, com sua vozinha clara e ingênua; o bem que d’ahi resulta é enorme. Prepara na creança o dom da oratoria e da pa- lestra, cultiva-lhe a memória e a imaginação.

Se os contos da “ Nova Seiva” são dedicados á mocidade brasileira, tão bem feitos são el- les, tão artisticamente concebidos e escriptos, que a sua leitura é um regalo mesmo para os adultos.

A edição é da “Revista Feminina”, que se esmerou em apresentar ás suas leitoras um trabalho digno da attenção que sempre lhes tem merecido.

De resto "Nova Seiva”, pela correcção da linguagem, pelo interesse que despertam os seus contos e novellas, pela graça das suas narrações, pelos ensinamentos que contém, í um livro que pódc ser lido, com encanto, pelos proprios adultos, principalmente moças e mães de familia.

Preço: 5$000 — Correio, registrado, mais 1$000

Peçam á “Revista Feminina” a “Nova Seiva”. Ella, como a seiva nova para as plantas,

ha de trazer alegria ao vosso lar.

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\visfc(.

M|Bitura «1111941 p«r« tB«o a Srull 15$e00 Awl|i»bir« Mtn r*g<*tro 20y000 IMb * «rtranttlro S0$000

FUMDflDn POR VIRQILinn DE SOUZO SFILLES

R*4«oçiB AVENIDA •. JOXO N. N7

Primtiro indar

emimna TBliphone H, eSS9. Cldad»

Secretaria; Avelina de Souza Salles

0 l.e CoxBrMM BrtdlBlre d« iemaltitM dcolarou qu9 ■ *'A*vlit« Feminina" d utn modele digno da Imitagio,

S«« Emlnoncla o Cardeal Areoverde alTirnia gue • “Revieta Feminina" A redigida eom alevagio da Mntimentea e largueta de vielae.

ANNO Vllt SÀO PAULO. ABRIL DE 1921 NUM. 83

B R I Iv

S campanhas sociaes so vin- gam quando sinceras. Não podemos, pois, nós outras que nos batemos pela cau-

sa do feminismo bem comprehendido, e bem orientado, procurar obscurecer os erros de que nos devemos corrigir, para somente exaltar as virtudes que nos sio próprias. Si aos homens lhes faze- mos carga de todos seus desvarios ou deslizes, a nós, maior devemol-a fazer porque é de nosso proprio aperfeiçoa- mento que mais podemos esperar na campanha em que vamos empenhadas, c da qual o primeiro passo é procurar- mos guarnecer-nos dos males que uos iffligem. Cantar apenas um hymno ã malher, ãs suas virtudes, e ás suas for- mosuras, e proc'amar que sua só en- uada no scenario politico e odministra- tiro remediará todos os vícios de que padece a sociedade actual, é mal ser- rir-the, e pedir ao patrão orgulhoso o salario da lisonja. Não é para isso que esumos aqui. E eis porque nos mere- cem inteiros louvores as palavras se- guintes com que um de nossos magis- trados rematou, em dias últimos, uma de suas sentenças;

“ Nos tempos que correm, com a licenciosiidade dos costumes e da moda feminina, exagerada até ao impudor, os crimes contra a segurança da honra e honestida- de das famílias só pelas mães podem ser evitados. Elias são as únicas responsáveis pelo desen- caminhamento de suas filhas ”.

Kesta sentença, ao mesmo tempo que um magistrado, e «m representante da aristocracia masculina que nos domina, declara que só as mães, só, portanto o concurso da mulher péde salvar a so- ciedade actual do atoleiro em que vac, ha uma aceusação vaga que a muitas aulheres póde caber. Porque nem todas DÓS estamos compenetradas de que neste BK»nento agudo de padecimento moral da humanidade devemos fugir das fu* dlidades, e procurar na acção meditada

e profícua nosso proprio valímcnto. As modas femininas tornam-se, entretanto, dia a dia, provocação ousada á concupis- cencia masculina, e dão a impressão que nesta hora de reconstituição moral das sociedades, a mulher é. apenas, uma flôr futi! de seducção.

A saia curta, e o decreto escavador dc nudezes que o pudor devia guardar. comp!etaram-se com a ausência das sob- saias, e até... da camisa. Sobre uma combinação ligeirissima e vaporosa, cor- rem-se roupões transparentes, que pa- tenteam toda a modelagem do corpo, e lhes accentuam as linhas mais intimas. A pouca veste exterior, de tecido levís- simo, que a menor aragem colla ao cor- po, parece feita não para vestir, e sim para mais aguçar a provcKação da méia-nudez. A marcha tornou-se bam- boieante. como as das bayadeiras, ou das canephoras. O corpo que parece (lesossado, sem collete. sem refreio de barbatanas ou disfarce de roupas inter- nas. ginga como um marinheiro mal firme em terra... Pernas á mostra, meias transparentes, collo desnudo, cara serapintada de carmim, olhos crescidos de bistre... cada muher que assim passa é lamentável boneco de artificia- lismo e de ridículo, e uma excitação ambulante que se offercce ao homem. E si nos causa desgosto ver assim pas- sar uma senhora casada, piedade nos causa ver em tão inconvenientes trajos pobres meninas ignorantes do mal que attraem e do ridículo que rastream.

£ nos grupos, onde algum bom senso ainda resta, ouvem-se interrogações:

— Mas esta menina não tetn pais? Quem é sua máe?

A maior culpa cabe ás mães. Somos as zeladoras naturaes, e as defensoras reaes do lar. Compete-nos, mais que a nossos maridos, a guarda de suas vir- gindades, a defesa de seus pudores. Co- mo guardal-as, porem, si pedimos em- prestada à nossas filhas a esponjeta de carmim de que se ellas servem, e

nos vamos scrapintar a seus es])e'hcKS. com trajos ainda mais frescos, pois que ás casadas se permittem maiores deco- tes, e mais frenetico requebrar cm tan- gos e maxixes?

Como podemos recommcndar sizo e commedimcnto a nossas filhas si nos mostramos tão, ou mais, assanhadas do que cilas por cinemas, chás dansantes. bailes, e folganças. e achamos que a uma senhora casada é permittido flirtar em inglês, emquanto suas filhas namo- ram em português?...

E como nos demos a bailar, a sara- cotear, a flirtar, nossos maridos não se fazem rogados para o mesmo fan- dango, e lá se vae o respeito que deve haver entre pais e filhoa. e tudo acaba na canção popular: Cacareca o pai. cacareca a m.ãe, cacareca toda a gera- ção. ..

E tudo isso por e para que? Porque queremos parecer civilizados, porque queremos imitar a Europa, e, principal- mente, a Franga, eni mimetisino de ma- cacos comicos... Sim, positivamente. phrase póde parecer dura. mas ninguém lhe negará verdade.

Que temos nós que vér com taes mo- das amoraes lançadas por mulheres de má vida nos prados de corrida di- -•\ineil? Porque nos devemos vestir por Paris, porque devemos acceitar sem exame o que nos exi>orta o caco^iUiito europeu, e dar a nossas filhas o figu- rino de que elle se serve para excitar o: vícios masculinos ?

Estamos em trilha errada, ou antes, estão em trilha errada as mulheres qu: pensam de modo diverso. Si nos propo- mos a partilhar da direcção da socie- dade. devemos começar por moistrar- nos capazes da direcção de nosso lar. que é a miniatura da sociedade, e a pri- meira cellula das nações.

ANNA RITA MALHEIRO.S. (Para a “RevíDla Feminina", de S. Paulo).

Ps. — Pedimos aos inuumeros colle- gas que costumam transcrever as chro- nicas de nossa distincta coUaboradora qqe se não esqueçam de citar o nome de nossa Revista).

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REVISTA FEMININA

f\’s nossas leitoras e amigas

Dc uns tempos a esta parte <temos recebido constan- temente cartas que nos são dirigidas do interior do Estado e principalmcnte do norte do paia. em que se nos pergunta se continua aberta a exposição de traba- lhos femininos annexa a esta redacção- Essa composi- ção nunca deixou dc funccionar; se. porem, o seu exito commercial ficou muito áquem das nossas esperanças, é isso devido menos á culpa nossa que á das exposito- ras. Em geral, as senhoras que se dedicam a essas amaveis e encantadoras tarefas de bordados, rendas, roupas brancas K outras, dão ao seu Labor uma estima- tiva toda pessoal, sem advertir que a estiamtiva com- mcrcial é a unica que serve para afferir o valor do ar- tigo- Claro está que uma senhora, levando em conta os longos dias que gastou na confecção da peça de linho bordada, o esforço que despendeu em sua execução e 0 carinho com que trabalhou cada um dos seus por- menores. tem a liberdade <lSe dar-lhe a cotação que queira, mas o commercio nada tem que ver com esse valor intrínseco- Esse mesmo artigo, não raro, lencon- tra-se em nosso mercado por um preço duas vezes me- nor, e o qu!e mais é. avantajando-se-lhe em elegancia e sobretudo no ponto de vista da moda- Porísso aconse- lhamos ás nossas boas amigas, que usam concorrer á nossa exposição, que marquem, nas peças que nos en- viam. preços mais accessiveis ou, pelo menos, mais ra- zoáveis. Como nem todas assim fazem e, ao contrario, marcam preços exaggerados aos seus labores, succede que «elles fkam encalhados nos mostruarios da expo- sição sem nunca encontrar compradoras- Emtretanto, não faltam visitantes á nossa sala. e entre elkas se apontam as mais distinctas familias da capital, distin- ctas pela fortuna c pela posição social.

Aqui f-íca, pois, o nosso conselho. Ponham as expo- sitoras preços mais razoavieis ou mais commodos nas suas peças, e estamos seguras de que elias encoturarão de prompto compradoras- E' verdade que, em questão de 'labores domésticos, como rendas, bordados, etc-, o preço da wiida nunca corresponde ao esforço despen- dido- Mas como o problema é vender, preciso é que as expositoras se imponham o sacrifício de ganhar um minimo.

Entretanto, a despeito de tudo, a nossa sala continua a ser visitada constantemente e os nossos mostruarios estão cheios de objectos interessantes, entre os quacs se destacam alguns, que, no genero, são verdadeiras obras primas de concepção e execução-

Não é, talvez, ocioso lembrar que uma peça de arte domestica é tanto mais vendável quanto mais utíl e de uso indispensável, e não apenas porque i linda e ba-

rata. Assim, por exemplo, uma bella almofada, seja I qual for o gosto que presidiu á sua execução, só e.xce- I pcionalmcnte é que encontra compradores, ao passo I que um enxoval para creança ou peças isoladas da in- I dumentaria inberna se vendem muito mais facilmente. I

Seja-nos permittido, dentro desrta mesma noticia, já I que nos dirigimos ás nossas amigas, lembrar-lhes que I não esmoreçam na campanha de propaganda desta re- I vista K que continuem a fazer por cila o que sempre I fizeram, cumprindo também as promessas que nos I têm feito por cartas. Nada custa, por certo, a qualquer I das nossas leitoras aconselhar às suas amigas e pes- I soas dc suas relações a leitura da nossa revista, cha- I mando-lh>e$ a attenção para a excellencia do texto. I para a nitidez e belleza das illustnações, para os pre- I ciosos ensinamentos que ella offerece cm matéria rte I moral, arte, sciencia, feminismo, hygicnc, bons costumes, I elegancia, que são apanagio da nossa revista e a ra- I zão por que ella entrou definitivamente no habito das I senhoras brasileiras e conquistou de vez as sympathias I dc uma grande “élitc" de leitores. Nada custa essa ta- I refa. sendo ao mesmo tempo agradavel, porque serve <ie I pretexto para uma conversa entre senhoras e para tro- I ca de ideas intelligentes. Uma propaganda feita dessa I fôrma já é bastante efficaz, porque, conquistada a sym- I pathia, facil é conquistar a assignante- Entretanto, I áquellas das nossas amigas que se interessam pela r<- I vista de unsa maneira mais viva e mais ardente, appel- I íamos para que intensifiquem a sua propaganda no I sentido de alargar cada vez mais o oampo de assi- I gnaturas e não esmoreçam ness» faina, cujo resultado I é a victoria da nossa causa, que é a causa feminina- I

Nos dias que correm não ha, em nosso paiz, uma em- I preza jornalística que não lute com serias difficutda- I des; as que sé julgam mais solidas são as que se man- I têm cm equilíbrio, á espera de melhores dias-0 perio- I dismo luta, como é de ver, com difficuidades maiores. I A "Revista Feminina", a despieito de tudo, vae ven- I cendo a carreira traçada e dando execução ao pro- I gramma que lhe serviu de base, programma esse con- I cebido e postd em pratica pela sua saudosa directon jj Virgilina de Souza Salles. Mas nós, por mais intensa que seja a nossa tenacidade e por mais valorosa qoe I seja a nossa coragem, não podemos lutar sós, desatom.l| panhadas dos gestos e das vozes dc estimulo. E' prt- I ciso que as nossas amigas continuem a formar ao nosso I lado. a ajudar-nos. a arregimentar outras auxiliareçll para que o nosso triumpho se torne mais proximo e| para que seja' menos penoso o nosso combate- |

DE

31 deacappeareoex*

O mau cheiro das AXILAS (sovaco) e suor fetido dos pés. ■■ ■■ - ■

Tira as manchas do rosto

SARDAS, PANNOS, ES- PINHAS, CRAVOS, ETC.

Cura todas as erupções

EMPINGENS, DARTHROS, ETC.

IVAS F»HARIVtACIAS

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REVISTA FEMININA

Dra. Mariangela Mafarazzo

Bm geral, ae nessas patrícias, quando conquistam um diploma ecientftlco, por mais estorço que tenham despendido nessa conquista e por grande que seja o relevo alcançado durante o curso, não tratam de guiar a sua actividade pelo caminho que o seu diploma lhes aponta. Vão tratar de coisa muito dlfferente. Obtido 0 diploma de medicina ou de direito, voltam a ser o que eram dantes, isto é, simples moças de família, cheias de preoccupaçOes femininas e ainda com a ag- gravante de se desinteressarem. d'abl por deante, das encantadoras tarefas do lar.

Mas 08 tempos mudaram. As mulheres de hoje. mesmo as nossas patrícias, Jã entraram a encarar a rida de uma maneira diversa, já tém consciência do seu valor como inteiligencla e Iniciativa; e se ainda não vão para a praça competir com o homem nas mais complexas actlvidades, é porque lhes falta ainda al- guma coisa, um pouco mais de animo e de estimulo, o que é lastlmavel, mas não a consciência do eeu valor. 0 que Já é muito. O que lhes falta, pois, são exemplos mais numerosos de gestos de coragem por parte das mulheres corajosas.

Dentre as nossas patrícias, uma das que mais mere- cedoras do nosso applauso e da nosso admiração se tornaram, é a dra. Mariangela Matarazzo. recente- mente diplomada pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

Esta conatitue uma honrosa excepção. O seu curso na Faculdade de Medicina foi uma serie de trlumphos. .Ao matrlcular-se no curso superior, Já estava apetre* cbada, mercê do rigor e affinco com que estudara as dlKiplinas preparatórias, para vencer galhardamente todas as etapas. Todas as matérias que se fazem ne- cessárias para o aprendizado das diversas cadeiras da Ftculdade, lhe eram familiares. Levava, pois, o espi- rito preparado e a Inteiligencla robustecida de conheci- mentos indispensáveis. Notavelmente Inteillgente. do- tada de uma poderosa retentiva. o que é apanaglo da» mulheres, e de uma aguda percepção para as mais fu- gitivas subtilezas da sciencia medica, a distincia moça paulista conquistou de prompto um logar de destaque eatre os seus mais appticados e estudiosos coHegas. avaiuajanâo-se-lhes. não raro, quando com elles en- trara em competição.

A despeito do seu brilho pessoal e da alta posição qaeasua família occupa no seio da sociedade paulista, aio foi a vaidade que a Insplnou á conquista do titulo «dentinco, senão a vocação, desde os mais verdes an- B0« manifestada, uma vocação ardente que se tornou preoccnpaçfio constante. Ao penetrar os humbraes da Facnldade, ella não tinha outro proposito senão o de lllnstrar-ee, o de apurar, por melo do estudo diuturno e inaz, as aptidões de que se sabia dotada e o de tor- aar-se util ao seu paiz peles pesquizas de que, em naterls medica, se Julgava capaz de põr em pratica, contribuindo com o seu contingente de esforço para a tolnçio de problemas em que seus mestres vivem a empenhar-se.

A 6 de outubro do anno passado apresentou a dra. .Mariangela Matarazzo a sua thése á Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, constante de uma disser- tação sobre a calculoae renal e o seu tratamento cirúr- gico. O seu trabalho foi feito com uma grande probidade sclentlfica e exposto com o methodo que se requer em trabalhos dessa natureza. Em geral, as théses dos dou- torandos não são mais que uma recapitulação de maté- rias estudadas, e raras são as que se asslgnalam, em observações e affirmações, por um cunho de personali- dade. Os que as apresentam não têm, geralmente, vistas próprias nem opiniões pessoaes, senão as vistas e as opiniões dos seus professores. Entretanto, o trabalho da dra. Mariangela Matarazzo. pela segurança das suas afflrmaçõea e por certo espirito de independencia com que aborda a complexa matéria que escolheu como thema, parece ser feito por um verdadeira especialista. A sua thêse impressionou fundamente os professores Incumbidos de Julgal-a. e elles não vacillaram em ap- proval-a com dlstincção. E quando, a 22 de dezembro do'mesmo anno, fez ella a sua defeza oral, a impressão dos professores foi, porventura, mais funda, porque nessa oceasião, teve opportunidade de discorrer com abundancia e firmesa sobre lópicoe que, na thése. es- tavam apenas esboçados, e explanar idéas que esta- vam apenas indicadas. 0 seu exito foi, portanto, com- pleto. sahlndo ella dessa prova acompanhada da admi- ração dos lentes e collegae.

A sua thése escrlpta trata da anatomia dos rins, da nephrolítiase e do seu tratamento cirúrgico, consti- tuindo um verdadeiro compêndio da matéria, digno de ser lido e meditado.

Grandes destinos, por certo, estão traçados á bri- lhante patricla, que, a despeito do seu sexo e dos seus poucos annos, Já faz honra á classe medica.

Não ha muitos dias assignalou-se um novo trium- pho para a Joven doutora. Numa das salas de opera- ções cirurglca.s do Hospital de Caridade do Braz roali- sou ella uma importante operação de laparatomia em uma moça alll recolhida, e os Jornaes de S. Paulo, que noticiaram o facto, commentando-o largamente, não se esqueceram de frisar, nos subtítulos das euas noticias, que essa operação de laparatomia fora a primeira effe- ctuada no Brasil por uma mulher.

Essa operação, cujo bello exito foi então vulgartsada pela imprensa, veiu põr em evidencia, mais uma vez, as excepclonaes aptidões e o. Já hoje, indiscutível valor da Joven clrurgiã. Nesse trabalho, em que ella revelou qualidades surprebendentes. foi assistida pelos srs. drs. Carlos Brunettl, A. Poci, M. Louzã, S. Laurito. Teixeira Leite Junior, P. de Castro. A. de Vlta, J. Cam- panella, J. Prado, J. Sabruna. Oswaldo de Puiseegur.

A senhorlta Matarazzo teve como seu ajudante imme- diato 0 dr. Jurandy Guimarães.

As condiçOes de saude da paciente, apõs a interven- ção cirúrgica, são as melhores possiveie. tendo sido multo felicitada por esse facto a sra. dra. .Mariangela.

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REVISTA FEMININA

ALT AIR MIRANDA

Sào iindas as moças de S. Paulo!... São lindas, sim! seguiram extremar os seus nomes, aureolando-os de Com animo verdadeiro, e sem temor qi»e m’a contes- uma (ama augusta, — obrigando-nos a um quasi reco-

tem. a minha asseveração reprego. Ih-mento, quando d'ellas nos abeiramos ? 1.,. Se me eu Quantas vezes,

pela cidade. n'nm silencioso >e n 1 e vo, p 1 a c i damente nos não quedamos, a- c o m p a n hando-as com o olhar no “toc-toc" dos seus passinhos ligei- ros? 1... Outras ve- zes, transfigurados de assombro, mal podemos reprimir uma exclamação al- voroçada, se. de sú- bito, pela nossa frentie, na graça so- nhadora de uma ap- parição divina, ir- radiantes nos asso- mam ellas.

Aos sabbados Sociedade Harmonia. Baile infantil, realieado no labbado da Alleluia. Grupo de creincai pbantaeíadai, principalmente. A’ hora do chá. Na rua Direita. No esplendor aa taiuc, Que eurythmia de linhas! Que eurythmia de córesl Co- mo são graciosas parolando aos .bandos!

E, se acaso, farrapos de phrases solertcs lhes apa- nhamos, — não c mais. tão sómente, pelo garbo sobe- rano da sua bellcza physka. de uma alva e tenra car- nadura de Aspasia. que nos captivam ellas o sentimen- to. e sim pelo cabriolar esfusiante do seu doirado espi- rito subtil.

Que se acautelem os nossos rapazes! Qik, nos seus estudos, não se desleixem!

Hoje, bem-n’o sabe, quem a nossa alta sociedade fre- quenta. — inmimeras são as moças de educação e de espirito, em S. Paulo, abeberadas d: um cabedal litte- rario não escasso: é com elevada segurança que prati- cam sobre cousas de arte, sorrindo com iron a. — aljo-

so .Muntci- par.

Nella, ou- vi tecitarem algumas das minhas con- terrâneas. E

propuzesse a enumeral-as a todas aqui, — de sobejo, por certo, uma columna me não bastaria.

Largos annos viví na Europa. Em Pariz, onde havia fixado a minha residência, os meus serões de inverno, passava-os nos theatros. Assim é que, de espaço e a fundo, me fui cevando no repertório clássico da “Co- media Franceza", e no do “Odéon, — nos bons tem- pos em que alcançára elle o fastigio da sua gloria, gra- ças a administração intelligcnte do celebre actor Ati- toíne. Por essa forma, tão chegado a todas as notork- dades do thealro francez, que, incontestavclmente, é. hoje ainda, o primeiro theatro do mundo, haveis de convir em que não deixará de ser abonado o mérito confissão que vos vou fazer. E essa confissão eil-a; d< volta a S. Paulo, foi para mim um deslumbramento a primeira festa artistko-Iitteraria a que assisti no nos-

Senhoritas e aenhoritas, rcpresenUntei da “élite" pauHata, que compareceram i matinée infantil la Sociedade Harmonia,

fraudo com meigos olhares as suas próprias phrases fi- ligranadas de pedrarias.

Quantas, que pelos seus múltiplos talentos, não con-

c 0 m que brilho 0 fa- ziam no im- probo idio- ma de Raci- ne, — com que presti- gio na voz! Senhora- a b s o I iitat. desde logo. sq me figu- r a r a m de todos os st- g r edos da art-c de bem dizer. 0 ef- feito im- pressivo que me davam.

a illusão que tinha eu, em cerrando as minhas pálpe- bras, era de que nunca me havia apartado dos venerá- veis tablados da “Comedia F-ranceza” e do “Odéon".

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REVISTA FEMININA

Mas, iião são somente as suas diseuses d« cscol qiic possue S- Paulo, — as suas cantoras, as suas pianistas. - a sua Antonieta Rudge Miller, a sua, Guiomar Xo- vaes... Ufana*sc igualinente de possuir o nosso Esta- do, e em opulenta florescência os seus "bas-bleiis", -- isto é, as suas escriptoras c as suas poetisas.

E é natural que assim o sejal Xáo foi S. Paulo o berço de Francisca Julia? A Ar-

tista maxima, que pela forma impeccavel dos seus ver- sos se tornou tào grande quanto Heredia?!...

E então ? Se, entre os aedos noviços da geração actual, rapa-

zes ha de mérito incontestável, — entre as vestaes de Eraio e de Caliope, também algumas se vão d-estacando em todos os seus contornos, sob o doirado esplendor do seu talento- E, d'entrc ellas, o nome mais cm evi- dencia. neste momento, é sem duvida o de .Altair Mi- randa, a festejada autorasinha da "Alma Triste".

— Trisl>e? — Sim. — E por que? — Não sei. De uma tristeza irreprimivel. vaga e sonhadora, foi

assim que a conheci a primeira vez que a fui visitar, em companhia de meu amigo Cerqueira Mendes.

Levavamos-lhe uma braçada de flores. 0 velho palaoete. em que ella habita, para as bandas

da Liberdade, tinha um quê de abandono claustra! na tarde que morria- O sol era de outono- Já frio. O céuP Um céu de anil, esparsamente pincelado de branco e de chumbo.

Xunca mais me pude esquecer dessa visita. Dias de- peís. registrava-a. Altair Miranda, nestes versos nos- tálgicos :

A um canio desla saia. onde persiste Vago cfduvio de pétalas (anadas. Ponho-me a olhar amargutada e triste. Cravos morchos e rosas machucadas. Pulgindo, ao lado, em frente i luz, o espelho. Eraquanto do ‘bouquet" o olor se evola, Ilestes cravos retlecle o tom vermelho Com seus laivos de morto na eorolla. Foram dois venturosos sonhadores. De riso franco e de alma embevecida,

uc me trouxeram estas lindas flores um momento feliz da minha vida,

Acceitei-as. collocando-as junto ao peito. Sentindo-lhes oo aroms e n'alma pura, O tributo de amor que a mim foi feito. Num gesto inesqaecivel de ternura. Nelles vejo, com o meu olhar perdido, Numa deliqueseencia que me invade, F.m cada cravo um sonho resumido Em cada rosa um pouco de saudade. Em cada flor em que meus olhos ponho. Em cada efftuvio de subtil easencia. Ruço um nevo elemento osra o sonho, Neva reaignaqio para a exiitencia.

E assim, de uma leitura aprazível; -são todos os seus versos; vasados sempre com essa mesma graça, com essa mesma facilidade; trazendo sempre a belleza in- trínseca de uma caricia harmoniosa-

Ouvi mais estes, que alcançaram, para a sua autora, os mais francos cncomios, quando appar-eceram publi- cados na "Cigarra”:

“SER MOÇA" 0 desejo msior que tive outr'ora O maior, o melhor, o maii risonho, Era ser moça. como sou agora: Ser moça foi o meu primeiro sonho. Creança que era entSo, que se alvoroça No antegoso infantil de uma esperança, Eu cuidava talvez que. sendo moça. Vivería fcléz como creança. Na estaçio dos dez annos. nessa edade E* cór de rosa tudo quanto existe. Nunca pensei, na minha ingenuidade, Que o coraçSo de moça fosse triste- Ao ver uma mulher perfeita c bella. De esbelto porte c de formosas linhas. Sentia tanta inveja is graças delia, Que nem pensava mais nas grsças minhas. K puz nessa ambiç.ío tanto cuidado. Deixando-me vencer por taes enganos, Que is vezes ctudo haver sacrificado A graça própria dos meus verdes annos, Ohl ser moça! Causar, com o olhar altivo. Incêndios, commoções, desejo c abalo! E cada coraçio tornar captivo Tio sd pelo prazer de captival-o! Moça que sou agora, em minha edade, Nio mais vivo de sonho e de esperança; Ando a viver apenas de saudade DaqucKes bellos tempos de creança.

Hoje Altair está noiva. Casa-se com um dos rapazes distinctissimos da nossa sociedade: o sr. HercuLano de Freitas, filho do senador Herculano de Freitas.

E’ possive! que se veja forçada a transformar o seu temperamento, — pensava commigo. £ vinlia-me um certo neceio... (E’ corando que me penitencio dessa minha injustiça). — “Saberá ellc comprehendel-a? — accrcsccntava no meu intimo. — São tào delicados, tão subtis, os artistas!"...

Um domingo, porém, que lá estive, foi-me dado o cns>ejo de uma grande satisfacção. Disse-me Altair. exultando:

— Sabe? Desci hoje, pela primeira vez. á cozinha. Fui aprender a fazer uns doces aqui para o meu noivo.

— E que tal? — voltei-me para ellc. — Deliciosos! — respondcu-mc sorrindo. — Mas

prefiro-lhe. sem duvida, muito mais. os versos- Levantei, então, as mãos aos céus; Altair vae ser

comprihcndida- Vão -ser ambos profundamente felizes.

Réné THIOLLIER. (Villa Fortunata).

->iiie lipccto da memorável maliiiée da Sociedade Tlarmonia, rcalisada lahhado da Alleluia .Crupo de creança* nio phaiitasiaila:

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REVISTA FEMININA

MARIA E AS MULHERES BÍBLICAS

O EXITO FAMOSO DE NOSSA NOVA EDIÇÃO!

Acaba de sahir. finalmeiitc, nossa tão aiiciosameiitc espe- rada edição da formosa obra de Cláudio de Souza, Maria t as mulheres biblieas, <iue lão cuidada era, e tanto cari- nho nos mereceu que levou seu tempo a se concluir.

N'ào podem queixar-se, porém, os que a esperaram, e que acabam de receber os exemplares que, com antece- dência, nos haviam encommendado.

E’ um lindo volume, com magnificas gravuras, repro- ducções todas de quadros celebres dos museus da Europa, muitos dos quaes só por este meio nossos leitores puderam conhecer.

Sobre o texto pri- • moroso em que Cláudio de Souza vazou seu assum- pto, não é preciso insistir.

,Ks referencias da crítica, e as cartas que, diariamente, esamos recebendo, ws demonstram o cnthusiasmo que provocou nos aman- tes de bôas letras o formoso trabalho li- terário de um de nossos mais fulgu- rantes espiritos con- temporâneos. 0 que naquelle

texto se admira não i somente a novi- dade que se encon- tra, em cada phra- se, em cada perio- do, sobre assumpto que parecia esgot- ado.

Cláudio de Sou- a é um escriptor dieatral: ronhece to- dos os effeitos de scenario e de acção — é, pois, um escriptor de dyitamica segura, e um pintor dc palheta maravilhosa.

Suas descripções dos grandes festins dc Assuero, <ia opulência de Nabuchodonosor, do heroismo dc Judiih. sobre nos darem figuras vivas, nas quaes o sangue circula. « olhos veem, os ouvidos ouvem, os membros se movem, ddo-nos o scenario palpitante, real, vivo. suggcstivo.

Seu colorido é brilhante. Suas imagens sempre novas. Seu estylo fulgurante. Do epico, sua penna corre sem empeço ao sublime. De Judith, que liberta seu povo pelo sangue, vae u

Qirísto que liberta a humanidade pela meiguice. £ nesses coQlrastes violentos se exerce com maestria sua penna de escriptor.

.A ViROKM APOR.v.vno 0 Mknixo Jf.sus — Quadro de l.ourenço di Credi

Ha ein seu volume paginas dc mármore, de cslylo imperecivel.

.Além de que, Cláudio de Souza se está tornando num cultor apaixonado da Hngua.

Seu convivio diário com os clássicos, seu estudo cons- tante do idioma, começam a dar a sua obra um tom dc perfeição que a fará jserdurar. Isto é raro. Poucos se occupain com a lingua. Nossa literatura nos está desapren- dendo o tão rico idioma que nos herdaram nossos maio- res. £' um mixto dc solecismos c de estrangeirismos, uma salada em que se perde o modelo de nossa bôa linguagem.

Estamos conten- tes dc haver forne- cido a nossos leito- res, e, principalmen- te, a nossas leito- ras, um livro que tanto se recommcn- tia por tão multi- l>las qualidades. Ho- je é difficil ao che- fe de familia esco- lher um livro |«ra suas filhas. E Ma- ria e as mulheres biblieas é livro que se reconrtnenda por sua moral, por seu cstylo, por sua bel- leza.

Temos recebido innumeras encom- mendas de livrarias a que não temos podido corresponder porque quasi toda a edição já estava vendida, pelas en- commendas que nos haviam chegado de assignantes nossos, c os poucos exem-

plares que nos restam temos que os reservar para pedidos que ainda devem chegar.

Cláudio de Souza não deseja que se faça segunda edição deste seu trabalho, |>orque pretende mais tarde, quando fizer a revisão geral de sua obra, juntal-a a outras confe- rências para um só volume. Assim nos desculparão os senhores livreiros, alguns nossos bons freguezes e amigos, não termos podido satisfazer seus pedidos.

Alguns dc nossos assignantes enviaram-nos apenas 4ÇOOO. O preço, entretanto, é de 4$500, e não paga as gravuras, pois que a poucos tostões que se pagassem de cada uma sommariam mais que aquella in>i>ortancia 1

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REVISTA FEMININA

CONDERTOS MEMORÁVEIS DE PIANO

UARIA CARRBRAS

I)«nlre os grandes artistas do piano que nos têm visitado, como dentre os de reputação mundial, a sra. Maria Car- retas. que organisou i>ara este mea uma serie de concertos no Thealro ^lunicipal, occupa um logar de «xcei>ciotia1 des- taque. Para dizer do seu valor, bastava assignalar a curio- sidade soffrcga com que era esperada, desde que circularam as priiiKiras noticias da sua chegada a esta capital, e a concorrência dos iniciados d'arte áquetlc tbcairo, ávidos de conheccl*a. E’ que a sra. Carreras era portadora de uma solida repu- tação de pianista, conquistada mercê de triumphos suc- cessivos em salas de concerto das mais cultas cidades da Europa c Ame- rica. S. Paulo é, no Prasil, e, porventu- ra, na Sul .America, a cidade onde mais se cultiva o piano e onde a literatura pianistica está mais vulgarisada. Dentre os nossos artistas, nascidos aqui e aqui iniciados, basta ci- tar os nomes de Guiomar Novaes. .Antonietta Rudge Mülleir, Alice Pinto Serva e Victoria Serva Pimenta, pa- ra evidenciar o que vale S. Pauto como meio musical. Des- ses nomes — para

que seja dotado de méritos cxcepcionaes. A sra. Carreras possue esses méritos. .Além de uma technica impeccavel, dispõe de um finíssimo temperamento, capaz de comprcltender todos os matizes e apanhar as mais fugitivas subtilezas.

Nos seus concertos revelou ella qualidades surprchen- dentes nâo s6 de interpretação, senão, em muitos passos, de concepção pessoal.

Tres foram os mestres que escolheu para a sua inter- pretação : Bcethoven, Chopin e Liszt, ires individualidades distinctas e perfeitamente extremadas. Não se temeu ella das tremendas responsabilidades que assumira, e, ao con- trario, consciente da sua arte, desempenhou-se dcllas ga- Ihardamente.

Do seu primeiro concerto, realisado no dia 2, e para <> qual escolheu Ludwig van Beethoven, eis o programma:

I SOSATA. Op. 2. N. 3. — Allrgro con brio: .Adas»: Seherio —

.MI««ro: Allcgro atui, II

6 BAGATELUAS. Op. 126. — fl) Andante con moto; 6) Allc*ro; r) Andanie — Cantabile e srazioso; d) rretio: e) Quaii allcarnia: f) Pretto — Andantc amabüe e con moto.

32 VARIAÇÕES ea Domenor.

nt SONATA. Op. S3 (A«

rora). — Allccro coe brio; Introdutione— Adagio molto; Rondo —. Allegretto inodr- rato; Preatisaioio.

Eis O progratnma do seu segundo con- certo, do dia 5, de- dicado a Friederidi Chopin:

I SONATA. Op. 35.

— Grave — Doppb movimento;; Seber* ao; Marcbc funèbre. Pretto.

II 6 PRELÚDIOS. 0^

28. — Nt. 20-174J- 23-24.

ALLECRO DE COS- CERTO. Op. 46.

III BALLADA. Op. 47. NOCTURNO. Op. }

N. 1. 2 MAZURRAS. VALSA. Op. 64. N. 1 SCHERZO. Op. 20.

Finalmente, a im- moravel serie de concertos se encer- rou com este bri- lhante programa, para o qual esco- lheu Pranz Liszl:

t 2 ESTUDOS — Paganini — Lisat. — «) Arpeggio; 6) Tíb» t

varíazioni. RICORDANZA (Ettudo trantccudeiUal). DANÇA DOS CNOMOS (Estudo de Concerto).

II 2 SONETOS DE PETRARCA. — Na. CIX e

cxxin.

FANTASIA QUASI SONATA (Apres une lecture du Dante).

III WOHIN? DIE FORELLE NOCTURNO. RHAPSODIA X

SÓ citar nomes de senhoras — os dois primeiros já fazem parte da galeria das celebridades. Para que um pianista, pois, faça successo aqui, é necessário grande pianíata sra. Maria Carreras

Sehubert- Líut

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REVISTA FEMININA

A MODA

As mocinhas de hoje não conhecem, senão por ouvir falar, as saias “cloches”. que tiveram o seu apogêo ha uns quinze annos. Nada tinham de graciosas, e, ao con> trario. constituíam uma affronta constante ao bom gosto- Elias tinham, na barra, seis ou mais metros de roda; e como eram também muito compridas, cobrindo todo 0 pé e sobejando ainda fazenda para varrer o pó do chão, era uso trazel-as sofraldada-s com uma das mã''s, de maneira a mostrar os brilhantes “dessous" de seda- Ora. uma restauração dessa modã é coisa cm que. nos tempos que cortem, ninguém pensaria ao serio- Basta e X a - minar os ÍU gur-nos da epoca para se constatar quanto o máo gosto é, ás vezes, elemento in- d ispensavel nas elegân- cias femini- nas Pois as saias clo- ches, de o- diosa memó- ria, es tão despertando do seu le- thargo e já ha tentati- vas de sua r < s urreição tanto em Pa- ris como em Nova York- Claro está que ellas não r eaipparece- rão taes co- mo eram, com seis ou mais metros de roda e com cinco ou mais cen- timttros de comprimento além dos pés- Serão curtas, mal cobrindo os tornozelos- O que é certo é que ellas, que já se ini- ciam tão largas, podierão ir ganhando em metragem até attingir o antigo e horrendo modelo de 1905- Esta no- ticia não póde ser agradavel ás lehoras, sobretudo ás mães dc familia, devido aos altos preços que tem al- cançado as fazendas- As futuras saias doche exigirão um gasto de fazenda duas vezes maior que as saias ac- tuaes- Importa isto dizer que se uma saia estreita, que é geralmente tão economka, sem deixar de ser tão gra- ciosamente elegante, gasta apenas dois metros de fa-

zenda, a cloche gastará quatro ou cinco, o que, por cer- to, trará um desiquilibrio no orçamento destinado ás ilespezas para a toilette-

Quer-nos parecer que essa moda foi inspirada pelos dírectores das grandes fabricas de tecidos da Norte America, no interesse provável de vender o seu stock de fazendas...

As revistas de moda americanas falam muito em si- Ihueoa hespanhola. Quando se fala em silhueta hespa- nhola não se deve confundir com o stylo, recentemente em voga, de cadeiras largas drapeadas, o que é uma

reminrscen- cia dos qua- dros die Ve- 1 á $ q uez. A silhueta hes- panhola, que se está an- n u n c iando para a pró- xima esta- ção, consis- te nas saias amplas e 0 n d u ladas, nos corpi- nhos ajusta- dos e nas cadeiras es- treitas- Es- tas linhas estão fiel- mente inter- pretadas nas Ic 0 niecções feitas com fazendas de lã suaves, t a «e como ga bardínes, tricotinas e " P o i r c t

Twill”. Uma j a -

queta justa com t a I he baixo, uma s obiTes aia

cloche posta sobre uma saia de fazenda differente ou da mesma faaenda, é um dos modos favoritos de con- feccionar os modelos de tendencia hespanhola- Alguns costureiros que exhibem modelos muito originaes, e dos mais novos estylos, estão introduzindo os vestidos Re- dingote, muito parecidos, em seu conjuncto, com o es- tyk) princeza- Estes são feitos de uma só peça, desde os hombros até á barra inferior, dando-lhe amplitude depois que baixa da cintura- Os costureiros parisienses também estão offerecendo esta silhueta em suas tenta- tivias para a próxima estação- Outro estylo bem repre-

Tre> modelos elegantisiitaot, proprios para pasaeio,

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sentado é o vestido com blusa “Balkan”. que t^em a propriedade de favorecer a maioria das senhoras, dan- do-lhes um aspecto juvenil- E' certo, pois. que, mercê disso este estylo conquistará os favores unanimes das senhoras- Além dessa qualidade que, por si só, torna superiormente recommendavel, elle ainda se recont- menda por outnas, porque pód« ser traduzido em qual- quer fazenda e porque póde ser apropriado para di- versas classes de vestidos-

As mangas preferidas são as que chegam até um pou- co mais abaixo do cotovelo, e que se usam muito, tanto para toilettes de passeio como de visita- A manga ex- tremameute curta teve uma vida muito ephemera, e sóé hoje admissível, por excepção e sob certas condições, nos vestidos de soirée ou concerto- Os novos modelos de vestidos trazem as mangas de tres quartos com pu- nho largo- Os casacos e jaquetas são soltos e tèm for- ros brilhantes de sedas estampadas, distinguindo-se.

como uma nota de novidade, a adopção de collarinhos e punhos da mesma seda do forro- Como já dissemos, o collarinho alto é quasi de rigor, havendo alguns que até roçam as orelhas- Esta moda, felizmente acceita pela maioria das senhoras efeg^ntes, é um protesto aos decotes excessivos de que tanto se abusou até ha pouco tempo-

A jaquetinha estylo ‘'Eton" fez a sua apparição, e vae muito bem com a saiia simples, um pouco larga-

Os bordados de còr usam-se muito com os novos ves- tidos, mas em geral são preferíveis os bordados em cór que se harmoníse com a tonalidade do tecido-

As rendas usam-se em profusão, principalmente co- mo adorno dos vestidos de baile- As rendas Chantilly c as de ponto hespanhol, com desenhos de fios dé ouro ou de prata, e também as varias rendas de algodão, taes como Margot, conquistaram as sympathias geraes-

MARINETTE

A MULHER

E’ indiscutível, diz Smiles, que at maiores qualidades da mu- lher se demonstram pelas suas relações com seus semelhantes por interposições dos seus ahectos. £I!a é o guardiSo que a Natureza deu i humanidade. Occupa-se com todos os desgraçados. Acaricia tudo quanto i digno de amor. E’ o genio bemfeitor que preside ao lar domestico, onde crea uma atmosphera de serenidade e de con- tentamento, que íavorece ao dsnvolvimnto do caracter sob as suas melhores fôrmas. Por sua piopria constituiçio é compassiva, mei- ga. sincera e difíunde o seu brilho onde quer que appareça. Brilha ao frio ou ao calor, sobre o soffrimento- alllviatido-o. sobre a dor, consola ndo-a.

Comquanto as qualidades mais características da mulher se de- monstrem por suas sympathias e aífectos, é necessário egualmen- te, para que possa ser feliz como um sêr dei>endenle de si mesmo, desenvolver e fortalecer o seu caracter, habituando-a com tempo para saber contar só comsigo, sem auxilio de outrem. NSo é pre- ciso, para que iso realise, que se lhe cerrem as bellas svenidas do coraçSo, A confiança em si mesma nio exige nenhuma limitaçl^o i sympathia qu deve sentir pelos outros. -Mas a felicidade da mu- lher, como a do homem, depende, em grande parte, do aperfeiçoa- mento individual do seu caracter. E esse espirito dc independên- cia que tem sua origem numa certa cultura das faculdadet intel- lectuaea, unido a uma conveniente disciplina do coraç&o e da cons- ciência, permittiria á mulher ser mais ulil na vida, como tamhem ser mais ditosa,

Pondere-se bem que a única felicidade real e estável, é aquella que se compra com o proprio esforço. E a felicidade da mulher de- pende do esforço alheio...

UMA CERVEJA PRECIOSA

A “Dog’s Head Guines"

íim nosso fiaic. onde não ba producção de kervas ficaveis e onde os vinhos, de importação européa, são sus- peitos porque soffrem em nosso mercado alterações e adiií- terações, a mtica bebida que se impõe é a cerveja. A cer- veja pura é sempre ío»tco, engordativa e altamente ali- menlieia.

E a melhor que se encontra cm nosso mercado é a " Nip", Cabeça dc cachorro, Dog’s Head Guiness, produclo dos Ilhas Britannleas, feita espccialmente para o nosso clima c fabricada na mais famosa cervejaria do mutido.

Bsla cerveja é prcciosissima nas convalescenças da grip- pe, fraquesa, neurasthenia e em todos os casos em que se rccommenda um regimen tomeo. Os médicos mais autori- sados a rccommcndam ás mães que amamentam c que necessitam, portanto, auginentar a quantidade do seu leite e assegurar-lhe a boa qualidade.

0 uso da “Nip” ás refeições é uma garantia de saude e de força. Junte-se a tudo isso o f»comj>iirave/ sabor desso cerveja, que, por si só, é uma das mais eloquentes recom- mendações que se lhe fasem.

Ao sr. Luís Rojas Jr., representante das cervejas desso marca, gratos pelas saborosas amostras com que nos pre- senteou.

Palavras de uma celebre artista

A signataria vem por este meio attestar que íazendo uso do seu maravilhoso “VANADIOL” em consequência de se sentir bastante depauperada pelo excesso de traba- lho intellectual, obteve da sua appiicação rápido e esplen- dido resultado, pois, hoje me acho completamente resta- belecida, notando mesmo um vigor que não tinha antes, voltou-me o appetite e ganhei boa saude em poucos dias. Pelo que lhe é muito grata.

S. Paulo, 5-2-90. (Primeira soprano da Cia. Bden de LIabóa)

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V

REVISTA FEMININA

AS DANÇAS MODERNAS

E OS EXAGGEROS DA TOILETTE

Em fins do mez passado o "Osservatore Romano" pu- blicou o texto integral cm latim e a traducção italiana (Ia cncyclica de Sua Santidade Bento XV, em que «ão justa e asperamente castigadas as danças modernas e'. as modas femininas dos dias correntes.

Com relação às dandas modernas, diz a encyclica que ellas devem ser condemnadas e accresccnta: "impor- tadas de um mundo barbaro, a sua introducção na cha- mada "hig-life” do mundo civilisado, é o acto final que vem fechar os últimos vestígios da modéstia e do pu- dor".

De facto, não se comprehende como foram, com tão surpreheudeiite unanimidade, adoptadas essas danças no seio das familias christàs, entre as_ quaes muitas, tanto na Europa como nas duas .Américas, podem ser apontadas como modelos de virtudes. As danças con- demnadas pela flamosa encyclica são quatro: o maxixe, de origem brasileira, o tango, de origem argentina, e o “fox-trot” e "rag-time” de procedência norte-america- na. Claro está que a encyclica não podia designar essas

danças sob os seus verdadei- ros nomes, porque 0 es- t y I o desses 'd o c u mentos papaes é in- c o m p a t i vel com certos vocábulos de emprego me- nos nobre. Ha o u t r as dían- ças modernas que não pre- ' cisam de con- de ni nação porque o pro- prio bom gos- to e I moda já se incum- biram de a: c o n de mnar, enxotando-as dos salSes, co- mo 0 “pas de Tours", 0 "o- II e - s t e p”. ã "pollaa c h a - loupie”, a val- sa dos apa- ches. e algu- mas outras. Quanto ao maxixe, as lei- toras prova- velmente não Sabem quem foi que o creou. Foram os garotos, os capoeiras ca- riocas, ha mais ou me- nos meio sé- culo. Quando passavam pe- la rua as ban- das de musi- ca do exerci- to ou da poli-

cia, os capoeiras, na frente, empunhando navalhas, cor- riam, desengoçando as pernas ao rythmo das marchas militares, cahindo ora para a esquerda, oPa para a di-

r c i t a , se- gundo oca- p r{cho de cada um. Com os mo- ví Tjj e n t os foram sc

>1 n i f ormi- sando, e um e s hoço de dança sur- giii, leve- mente cara- cter isado- Ao cabo de alguns reto- que» e mais algumas phantasia s para lhe va- riar as mar- cas. 0 maxi- xe fez a sua estrada

t r i u mphal nos salões dos c I u b s carnavales- c o s, para ser dançlado apenas pe- los b o h e - mi(^s da ra- lé e pelas mulheres da mais baixa cate goria. Nunca se pensou, en- tão, que as fiamilias pa- trícias des- sem acolhi- mento à tal dança. Ao contrario, os chefes (le família menos escrupulosos não consenti- ríam nunca que suas filhas, esboçassem, nem que fosse por travessura, uma simples posição do maxixe- As familias que conheciam essa dança eram só aqueilas que freiquentavam certo genero condemnavel do .theia- tro nacional, como a revista de anno e as operetas in- digenas.

Como vae longe esse escrupulol Como é grande a dif- ferença entre a moral de hoje e a moPal de antanhol De repente, sem se saber porque, o maxixe dos capoieras e da garotadia das ruas, dos carnavalescos e das mu- lheres reles, entrou de súbito em nossos salões e con- quistou as sympathias geracs. Em nossos salões, onde se reune a sociedade mais fina, os mais pur ts repre- sentantes da nossa nobreza local, dança-se franca- mente 0 maxixe, com todos os seus movimentos lasci- vos, com todas as suas altitudes recordativas da sua baixa origem — sensualidade e aggressão — unidos os corpos de tal maneira, que os dois dançadores lem- bram a serpente e Laconte, se não lembram ainda coi- sas peores. Não se comprehende como um chefe de fa- mília, que criou as suas filhas sob um rigoroso regi- men de moral, guardando-thes a castidade como se guardassem thesouros, defendendo-lhes a reputação co- mo se defendessem uma fortaleza, consinta em en- trcgal-<as a homens que se vão unir a ellas corpo a corpo, rosto a rosto, e desengonçal-as e apertal-as e faze!-as suas durante aqtielle breve desvario- Rcalmen-

Ecos do carnaval em Sorocaba, Sta. Olga Goulart, gracioaamente pliantaaiada de

Aranha.

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te, não SC comprcheiidc' Aquclles minutos dc perturba- ção que sentem as mo^s, não poderão perturbal-as pereniiemente c desvial-as da sua linha de moralidade e de honra? Por certo que sim. As danças modernas têm sido responsáveis por muitos desvios...

O tango argentino, o “fox-trot” e o “rag-time” são tão indecen,tes e condemniaveis como o maxixe.

As danças nem valem como “sport” physico. A£- firmando isso, parecerá a certos leitores que avança- mos um paradoxo. Pois provamos a nossa affirmaçào só com o invocar as exigências do “sport”:. ar livre, constância no exercicio e lapso curto de tempo. Ora, as danças se executam em saias fechadas, onde o ar. ao cabo d.e algumas horas, se torna irrespirável pelo excesso ik pó que se levanta, dos perfumes que eston- teiam e pela expiração de dezenas de pulmões em funccionamento. Tudo isso é condemnado pela hygie- ne. No exercicio da dança não ha constância, porque as pessoas só se entregam a esse divertimento duas ou tres vezes por mez, emquanto o “sport" exige o uso quasi diário. Quanto ao tempo, nem se discute. Os “sports” physicos se executam em minutos ou pouco mais, ao passo que as danças exigem cinco ou mais horas.

Cremos haver provado bem o nenhum valor das dan- ças de salão como “sport”. Não falamos das danças classicas, porque essas pertencem ã arte.

Com relação ás modas femininas, diz o pontífice: “Não podemos deplorar sufficientemente a cegueira

das mulheres de todas as edades e de todas as condi- ções sociaes, que, movidas pela ancia de ser admira- das, ostentam um modo de vestir, que não sómeiite offende as pessoas bem educadas, como a Deus, con- sentindo até em usar em publico vestidos que ellas mesmas, alguns annos atrás, leríam encarad-) com verdadeiro horror.

Esses vestidos são extremamente impróprios i mo- déstia christã. As mulheres, não sómuitc não se vc- xam em usal-os nos templos, quando assistem a func- ções sagttadas, mas usam-nos, pondo em evidencia as suas baixas paixões, na presença da mesa eucharis-

tka, exhibindo ao proprio Mestre a sua falta de castidade.”

Ninguém, de boa fé, formará uma opinião contra- ria a essa. A encyclica, ao condemnar as modas, não usou de linguagem violenta, que seria a uníca a fazer realçar a sua impudencia e immoralidade, mas dessa linguagem onde a censura vem misturada com a man- suetude que oaracterisa as palavras do papa. As mu- lheres, hoje, já não se vestem: despem-se. Aos que nos arguirem de exaggero, chamamos a attenção de uma conferência que, na Suissa, fez recentemente Mme. Camille Duguet sobre a moda franceza e que vem sendo publkad>a, numero a numero, no magazine de modas "Les chiffons". Em certo passo, necessitando descrever as "toilettes” de “soirée", a conferencista que é uma senhora de alta elegancia, redactora da- quetlc miagazine, e, portanto, insuspeita, confessa que se sente embaraçada, porque não se pode descrever o que não existe ou que exi&te tão pouco... Que quer isto dizer, em rigor? Que não existem “toilettes" de saráo: só existem nudezes de saráo!

Bento XV, ao compor a sua encyclica, referia-se provavelmente aos vestidos que entreviu, de passa- gem, nos templos. Ora, nunoa uma dama elegante en- traria num templo com a... ausência de roupas a que se refere Mme- Duguet- Se Bento XV assistisse a uma soirée” parisiense onde se reunem as senhoras da alta sociedade, as suas palavras seriam mais ve- hementes, mais repassadas de justa cólera-

Em sua encyclica o papa continua dizendo que isso é 0 resultado da séde que o povo tem de riquezas e pnazeres, e que, emquanto o mundo progride gra- dualmente, no que diz respeito ao conforto material, deploravelmente está retrogradando quanto ao modo honesto de vida, não havendo moderação alguma na procura de lucros, nem piaciencia para supportar as- perezas e privações-

Conclue o pontífice convidando todos os bispos ca- tholicos a combaterem essas tendências immodestas e immoraes-

Avizâ as Exnnas. Familias que já está

recebendo tecidos de lâ em padrões

modernos e de superior qualidade.

j Rua Direita, 29

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REVISTA FEMININA

UM PROBLEMA DE FACIL SOLUÇÃO

E UM PRECIOSO PRÊMIO PARA QUEM O RESOLVER

0 probletua <iiic atjui offerccemos aos nossos leitores c, como diz o titulo, facil; a questão não está dependente de achar a chave, porque o inicio da sua solução póde começar etn qualquer ponto. O que é verdade é que, uma vez comecada a tarefa, o resto é de uma facilidade surprehendente. De resto, não é só pelo prazer que dá essa tarefa, mas também pelo seu prêmio valioso, que convidamos os nossos leitores a tentar a solução.

Os prêmios, que são tentadores, consistem num ]>3cote que contém duas garrafinhas de “N’ips”, dois copinhos de crystal, muito elegantes, um abridor de nickel, um espelhinhó curiosissimo, que c a ultima novidade em questão de oráculos para o futuro por meio de um jogo de |>edras e outras coisas interessantes. São realmente tentadores esses prêmios. Serão elles ofíerccidos a toda pessoa que decifrar o quebra-cabeças, formando-o conforme o modelo: (1) a marca da fabrica, que é uma cabeça de cachorro. (2) as duas garrafas “Nip" e (3) as iKilavras "Cervejas Dog's Head". Recortem-se todas as parles do quebra-cabeças, e construa-se, com os recortes, segundo o pequeno modelo ao lado esquerdo.

,\pós a deeifraçâo, escrever claramente o nome e o ende.*eço e envial-os aos agentes, que entregar.ão os prêmios se fór perfeita a deeifraçâo.

Xome

Rua -

n:

Arrabalde da cidade-

Cidade —

NOTA — Os quebra-cabeças não deci- frados ou incompletos não receberão prêmio.

PermiiUm-nos agora os leitores algumas observações a proposito desta cerveja Guiness, marca cabeça de cachorro. Esta cer\ejâ é a mais celebre do mpndo e a preferida pelos srs. médicos como tonico de primeira ordem. Conto tonico, não b vinhos quinados ou ferruginosos que se lhe comparem, porque ao mesmo tempo que tonificam, tem um poder nutri- BTo extraordinário. Os convalescentes e os anemicbs devem usar a “Nip”. As grandes celebridades medicas aconse- hm esta marca ás senhoras que amamentam, porque tem a efíicacia, comprovada por milhares de attestados. de lognentar o leite e tornal-o mais nutriente.

Jimte-se a essas qualidades, a qualidade decorrente do seu agradabilissimo sabor e do sen aruma inconfundível, e ver-se-á que no mundo não ha cerveja que se lhe avantaje, nem mesmo se lhe compare.

WILSON SONS & CO. LTD.

RUA BARÀO DE PARANAPlACABA, 10 — TEL CENTRAL: 523 — S. PAULO

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Aves exóticas

Se não fosse a tenacidade e a vocação com que os naturalistas exploram frequentemente os mais afasta- dos e recônditos rincões dos bosques c das selvas vir- gens, com o fim de faaer — seja- nos permittida a expressão — o censo dos sères viventes que po- voam a terra, a grande massa dos povos civilisados não conhecería muitas das especies animaes que. por sua raridade, não figuram vi- vas nas collecçSes zooiogícas, e apenas são representadas, empa- Ihadas e deformadas, nos miiscos. Para estudar esses animaes e ob- serval-os na plenitude da sua vi- da, nos seus costumes e usos, são precisos grandes sacrifícios de tempo c de dinheiro, além de uma aguçada sagacidade e uma incrí- vel paciência, indispensáveis para vencer a cautela e o receio com que as especies sylves- tres se esquivam da presença do homem, o seu mais feroz inimigo.

Entretanto, mercê da abnegação dos zoologos, pode- mos admirar, embora em representação photographica. umas tantas especies de aves de que muita gente não tem noticia- Entre as aves exóticas, algumas das mais

mais concludentes de que a evolução das fôrmas ani- maes obedece a um plano preconcebido e sabiamente ordenado por uma intelligencia soberana, ante cuja'

obras se amesquinha o entendi- mento do homem-

Ao observar, com acurada at- tenção, a plumagem da ave-iyra. snrprehende-nos a harmonia das suas cores, a symetria da fôrma c. sobretudo, a semelhança incon- fundível das suas galas ornamen- taqs com o divino instrumento que symbotisa a musica e a poesia-

Esta notável e interessante ave- lyra. chamada zoolôgicamente "Menura Victoriae", c indígena da Anstralia e vive de prcferencia nos sitios montanhosos da Victo- ria oriental- E’ quasi do mesmo tamanho do faisão, mas com as

patas mais largas e os dedos mais longos. O macho tem um pennacho de plumas e a cauda abre-se luxuosamente em fôrma de lyra- Os aborígenes da Australia apreciam muito estas plumas caudaes com as quaes adornam a cabeça. A cauda da femea c larga- A côr geral da plu- magem é de ambar escuro por cima e pardo cinzento por baixo, com as azas e o peito de côr azeitonada-

Sarkldlombum clanonatus. Esla etpecie habiia a ladia, África e Madagascar, e caracterisa-se pela bola comea <iue o macho adnllo tem aobre

o bico.

O Calao rhinoicerades, que habita as ilhas de Sorníos. Tem sobre o bico uma espccie de crista córnea que lhe serve de adorno. E’ no- tável pela belleza de sua cauda_ branca fran-

jada de negro, disposta i maneira de leque.

interessantes são a ave do paraiso, o passaro-mosca e a ave-lyra- Com relação a esta ultima, póde-se dizer que é uma maravilha ornithologica e é uma das provas

o Dlchocerus bkomls, ave indígena, da Indo- Cbiua, Malasia e Sumatra. Tem um ornamento córneo, como o Calao de Bornéos, e alimenta-

se só de fruclas e vegetaes.

O dr- Shaw, numa das suas obras, affirma que a ave- lyra começa a cantar um pouco antes da madrugada, em voz natural e suavemente harmoniosa. De quando em quando abre a cauda e imita o canto de quantos passaros ouve pelos arredores. Ao cabo de uma ou duas

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horas desta saudação ao sol, volta o passaro aos valles <iitivo e assiistadiço, só vive cm meio da selva, em pon- e ás terras planas. Porque o seu pouso habitual é nas tos quasi inaccessrveis; mas o continente australiano, à etnineiicías e cm cima dos rochedos.

Eile imita com tanta perfeição o canto de outros passaros, que il- lude os proprios indígenas caça- dores. que, como todos os selva- gens. são dotados dc uma extrema percepção para distinguir as vo- ees dos animaes. Não ha som que i ave-Iyra não imite com stirpre- hendente perfeição. E não é só a voz dos passaros, como o grasnar das gralhas, o pio das andorinhas. ) grito rascan.te dos cacátuas e o gorgeio chromatico dos cantores da selva, que ella imita a ponto dc se confundir com cada um deites: 0 seu talento imitativo vae mais longe e compraz-se cm vencer as maiores difficuldades. Imita com a mesma perfeição o estalo do látc- go. 0 som da trompa de caça, o som seceo do machado que corta um tronco c mil outros rumores da matta, como o trilo dos grillos, 0 chiar das cigarras e de outros insectos humildes.

Todos estes talentos, porém. possuem-n’os só os ma- chos: as femeas têm apenas a sua voz característica.

proposito deste facto, seja-nos licito recordar que, entre as aves, como, dc resto, entre todos os animac.s. ns machos são sempre mais bellos e tem vozes mais sonoras- Todo mundo sabe que o gallo é mais bello que 1 gallinha e canta melhor do que esta; o perú mais bello que a perua, e assim o pavão, o pombo, o sabiá, o «nario, todos os pas.saros e galiinaceos emfim. Entre

proporção que se civilisa, menos selvas virgens offerecc como abrigo ao lindo passaro-

Uni dos seus curiosos costumes ê. segundo a observação do orni- thóiogo A. K. Kitson, de Melbour- nc, bailar nas clareiras dos bos- ques. clareiras pequenas abertas por cilas mesmas á custa de um immenso esforço. Certa manhã aquelle naturalista passeava pela meia obscuridade de um bosque, quando surprehendeu dois desses passaros. machos, no momento dc limpar a terra, como costumam, carregando com o bico folhas,ga- lhos e gravetos que atapetavam o chão. Com effeito, emquanto exe- cutavam essa tarefa, avançavam, retrocediam, davam voltas, incli- navam-sc, faziam as mais violen- tas coiitorsõcs c os mais extrá- nhos giros ao redor do terreno, ao mesmo tempo que levantavam c baixavam repentinamente a cau- da. por entre cujas pcniias passa- vam a cabeça como para lhe ad-

mirar o effeito magnífico- Durante todo este tempo os dois passaros assoviavam e gorgeíavani ou imitavam o canto dc diversas aves da floresta- Havia tambem como espectadora uma femea. que muito tranquillamcnte pas- seava por alli ao redor dos machos dançarinos, deixando ouvir, de vez em vez. umas notas agudas, e ciscando o

Pastaro-mosca, da America, (“Docionatter ensiferui") de corpo diminuto e bico Iong:ui«- «imo em (órma de piiiçai, muito proprio para apanhar inicctot que encontra no fundo

da> corolas das flores.

Exemplar do passaro-l>ra. Macho adulto.

OS animaes de pello observa-se a mesma coisa; as fê- meas têm sempre menores as proporções e são menos graciosas.

A ave-lyra, parece, está condemnada a extinguir-se. mercê da caça intensiva que lhe faz<m os indigenas aáo só para o seu proprio uso, como para a vender aos çae exploram o genero. Esse passaro, de natureza es-

O 'Cranorrhinus cassidix", das i bat Cêlc- lies. muito semelhante is especies represen- tadas nas outras gravuras, mas com o or- namento membranoso em vez de córneo.

chão aqui e alli com desdenhosa indifferença por aquel- las exhibições vaidosas- Entretanto, ás vezes, mas muito raramente, cHa, estimulada pela natural curiosidade fe-

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minina, lançava olhares de esguelha para os dois ma- chos, como se quizesse cKoIher qual dos dois devia ser 0 seu esposo-

A frivolidade caracteristica da ave-lyra não lhe dimi- nue o instincto paternal- Nenhuma outra ave i mais so- licita com os seus filhotes nem mais dedicada-

O seu vôo não é constante e equilibrado como o dos outros passaros, senão obliquo, curto e baixo, e tão bai- xo que a cauda vae quasi sempre roçando o solo- Para procurar pouso no cimo das arvores de grande altura, procede por etapas, voando successivamente de uma ar- vore mais baixa a outra mais alta, até alcançar a copa elevada-

Conta-se que a ave-lyra abandona o ninho quando adverte que elle foi tocado por mãos de homem; mas. consoante a observação de Kitson, esse gosto nãoégeral-

Outra especie de passaro muito differente desse, mas egualmente interessante e curioso, é o que, pelo seu di- minuto tamanho, recebeu o nome de passaro-mosca, baptisado pelos naturalistas por “Docimaster ensife- rus”. A sua mais notável caracteristica é o longuissimo bico em íórma de afiada pinça e tão brithantemente po- lida e de ponta tão aguda e forte, que podería compe- tir vantajosamente com qualquer ferramenta cirurgica-

Talvez nos pergunte alguém por que essa ave neces- sita um bico tão comprido e cortante; mas tenha-se em

conta que, na natureza, tudo tem sua causa e está des- tinado a certo fim, por mais que, á primeira vista, nos pareça desnecessário ou, pelo menos, incongruente. E para não fazermos affirmações levianas, preciso é ob- servarmos cuidadosamente os costumes dos animaes, so- bretudo os que, como as aves, têm agudissimos os sentidos da vista e do ouvido, e logram burlar habil- mente a curiosidade dos que tratam de observar a sua vida intima- Dizem os naturalistas que se o passaro- mosca não dispuzesse dessa pinça tão longa e afiada em fórma de bico, ou, o que é a mesma coisa, desse bico tão afiado e longo em fórma de pinça, o pobresi- nho morrería de fome, porque o seu bico lhe serve para apanhar os insectos escondidos no fundo das corolas tu- bulares, onde talvez se julgam ao abrigo de toda sur- preza-

Como se a natureza nos quizesse demonstrar que está em suas mãos o conseguir um mesmo fim por uma in- finidade de meios distinctos, ahi temos a galharda e bo- nita “Plataiea leucorradia", de plumagem nivea e as- pecto grave, com o bico á maneira de espátula, que lhe serve maravilhosamente para remover o limo dos pân- tanos e buscar ahi os bichinhos de que se alimenta. Es- ta ave está condemnada a desapparecer das collecções ornithologicas porque são rarissimos os exemplares que ainda vivem para perpetuar a especie.

O CINEMA

ESCOLA DE IMMORALIDADES

As miet, ciosas da lormacSo moral dos seus filhos, nlo devem consentir que elles frequentem os cinemas, a nio ser em “ma- linées", aos domingos, destinadas exclusivamente is cresnqas e onde se exhibem fitas cômicas cujo unico mérito i divertil-as. O cinema i a escola do roubo, do assassinato, da sensualidade, do eynismo e da licenciosidade. O ratoneiro e o ladrio, que nSo pos- suem bastantes “trues" para exercer o seu “trabalho", por falta de imaginaeSo e por mingua de gênio, ao cabo de alguns mezes de observaeSo das fitas policiaes. adquirem um engenho assombroso para praticar as suas façanhas e illudir, por meio de estratage- mas. a aeçio repressiva da policia. E essa aprendizagem elles a fazem, imitando os “cambrioleurs* cujos “trues" sSo vulgarisa- dos pela peiltcula. O assassino aprende também os meios de es- capar impune, desorientando a policia. O indivíduo de baixos ini- tinctos que, por pudor ou receio i censura da gente honesta, con- segue mascarat-os, nto se tomando, perisso, uma ameaça ã honra das familias, desde que se lamiliarisa com a licenciosidade que a cinemalographia explora, perde inteiraraente o escrupulo e aolta a redea aos seus instinctos. As senhoras honestas e as meninas puras ficam com a imaginacio exaltada e começam a considerar os erros de amor como factos comesinhos, agradaveis de praticar e nunca passíveis de castigo ou censura. O cinema, pela vivaci- dade das suas scenas, pelo interesse empolgante dos seus episó- dios. pela maneira como arrasta a imaginação do espectador, tem a desvirtude de transformar, num ápice, a alma do indivíduo, des- pertando-lhe sentimentos máos c guiando-lhe os passos para o máo caminho,

Em França, os magistrados atlribuem aos films o augmento da criminalidade infantil; na Bélgica o ministro da Justiça prohibe

a entrada de menores nessas casas de espectáculo, salvo a eou- cestio de autorisaçio especial. As autoridades, em todo o mundo, estáo alarmadas com os resultados nefastos do cinema.

Em S. Paulo, de uns annos a esta parte, já se vem observando quanto é tremenda a sua influencia como escola de licenciosidade dos costumes. Apezar disso, porém, apeztr de se ver baixar cada vez mais o nivel de moralidade na nossa sociedade, apezar do des- garre impudente com que as “melindrosas" — ultima creaçlo di elegancia sem recaio da forja cinematographica — a affronlam hoje a sociedade, apezar de tudo, as autoriddei, incumbindas d« fiscalisar os bons costumes e punir os que delles se desviam, nads fizeram e parece que nada farto. Verdade i que a Secretaria di Justiça, no interesse de manter uma fiscalisaçio rigorosa das Ti- tãs, nomou um censor... Mas os que cuidam que agora temos homem ao leme, estSo enganados. A Secretaria, em vez de nomear para o cargo um funccionario que pudeste pontificar em matcrii de moralidade, um chefe de família por exemplo ou um moço cujos bons costumes fossem notorios, nomeou um cinemalographisla... Esse cincmatographiita d, por certo, um moço honesto e nada ba que se possa invocar contra a sua moralidade, mas elle é apenas um cinematographista, um technico, um habil operador de filmi eécomo tal que se apresenta e como tal que é conhecido. Que inte- resse tinham as nossas autoridades em nomear para tal cargo nn lecbnicof Para que elle analysasse a belleza das fitas? Para qsv elle escolheste entre ellat as que mais resultados commerciiei garantem para os emprezarios? Para que elle escolheste dentre el- lat es que tSo mais inteerssantes para o elfeito da projecçio? S< era para tal fim. o censor nto devia ser nomeado pela Secretaria da Justiça, mas pelos empresários cinematographieot,

Demais, esse censor sempre viveu, como profissional, oa depes- dencia das emprezas que nesta cidade exploram et cinemas, c nic é natural que elle condemne fitas quando a sua condcmnaçáo acar- rete prejuízos para os teus collcgas de proUss&o, Elle terá forçado, neate caso, a condescender com as immoralidades para que se» amigos auliram lucros commerciaes. Iso é obvio.

s'Çç\ HuTREr U Tome Cerveja Inglezao Tamra

XABECApeCACHORRO E,

Omelhorengarrafanien^odaGUINNESS ^ A PRtfERlDA PE.LO ÕOVERNO BRITAMhICO PARA OS HOSPITAES MILITARES DURAMTEA QUERRfi

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Nice - Cote d’f\zur

Depois de uma deliciosa estadia na Italia, que foi per- corrida de Norte a Sul, e de um soberbo vôo de aero- plano sobre os Alpes, que bateu o record das emoções

são exhibidos uma variedade de qualidades que vae desde a mais singela de campo artí a mais rica de es- tufa. E vendem tudo, tudo, até galhos de arvores c de

plantas floridas e com fruetos, o que me permittiu ver, ha dias, no hall de um ho- tel de luxo, um galho de pimentão, como adorno, num vaso de crystal.

Pobres pimentões I Nunca aspiraram talvez á tamanha honrai E o interessante é que faziam vista naquelle ambiente dc clegancia e de luxo, o que bem prova a veracidade do rifão francez: “Dans la vie. tout’sert et toul concourt!"

Apezar da doçura do clima de Nice. o frio aqui já se faz sentir algum tanto, de- vido ao rigor do inverno aciual e, todas as casas e hotéis j.í se acham aquzeidas vendo-se funccionar à entrada, as portas rotatórias, de crystal. que preservam os vestibulos e salões de qualquer corrente de ar.

Uonte Ctrio. Sala de jogo. Quadro de Ho<leliert "Dana Ia Pratrie”.

íortes, eis-nos actualmente em Nice, a pérola do Medi- terrâneo, bella e encantadora cidade de inverno, que, neste momento, agasalha inúmeros estrangeiros, graças ao seu clima temperado.

Xice tem todos os encantos e attractivos dc uma grande capital e dá a illusão de ser um pequeno Paris, tâo vasto é o seu programma de diversões e tão agra- davel é o conforto dos seus magnificos hotéis e villas de aluguel.

.\i suas numerosas casas de moda, com os seus mos- iruarios respiandescentes de luz, de joias, de toilettes. de artigos de luxo e de mobilias finas, são tão fascinan- tes que se tornam tentadoras e irresistíveis. Sente-se logo a scducção da graça e da elegancia francezas, mórmente quando sc esteve ausente algum tempo e que sc volta a contemplar as suas íinas exposições de “Hngerie”, de chií- ions", de “bonbons” e de flores, para citar algumas apenas, dentre as principaes. Os envolucros variados para bonbons, com os seus bellissimos laços de seda e a graciosa cotiecçào de cestas e de motivos para tlò- res, enlevam de tal maneira, que é um pra- ler poder admiral-os ainda que rapidamen- te. Tanto uma como outra coisa appetecem sobremodo aos forasteiros, pelo seu as- pecto faceiro e mimoso, havendo diaria- mente uma venda extraorõinaria desses ar- tigos-

As flores dc Nice enlevam igualmente pe- lo seu vigor, frescura, avelludado e colori- do. deleitando pela sua belleza e perfeição.

Mas... como tudo na vida tem sempre um “mas", acho-as menos perfumadas do que as nossas dos tropicos, o que já é um consolo para nós.

Ha um grande cultivo de flores em toda A Cõte d’Azur e os mercados ao aa" livre, em Nke, onde ellas são vendidas, attrahem a attençáo geral pela sua profusão e fres- cura- E’ delicioso vel-as assim expostas em innumeros laboleiros dispostos sob grandes parasóes de linho par- do, enfileirados no centro de certas ruas e nos quaes

Isso não impede, aliás, que todos pa- guem o seu tributo á estação com um bom defluxo ou bronchite, máo grado todas as precauções.

O frio precoce deste anno fez com que a estação de inverno começasse mais cedo do que de costume, razão pela qual essa foi officialmente aiinunciada ha dias. com a abertura do theatro lyriço, que iniciou a sua tem- porada artística com a bella opera de Meyçrber: Os Huguenotes.

O programma da estação é enorme e são tantas as diversões que é difíicU alguém se aborrecer aqui- Ha toda sorte de theartro; desde o humorístico até o dra- mático, espectáculos de toda a cspecie, concertos, conr ferencias, chás dansantes, variedades, jogos e iiinumeA. ros cinematographos. J

Num desses cinemas tive oceasião de ver a ultima creação — “chansons filmees par Mr. Louvier”, isto é,

Níce. Bahia dos Anjos, vista tomada do Castello.

cançonetas cantadas na ptatéa, por um artista, em- quanto, na téla, vê-se desenrolar o assumpto das mes- mas. o que recreou muito a assistência.

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No theatro lyrico, além das op«ras, intei^retadas por artistas de nomeada, ha exhibiçáo de bailarinas cele- bres com Lucy Maire, primeira “danseuse” da Opera de Paris e outras, “demicaraotcrc", no ge- nero de Mlle- Eugel que, arrebatam a pla> íca com os seus bailados impeccaveis e admiráveis-

As distracções variadas dos Casinos se succedem intercalladas de muito jogo e, devido a isso, ha sempre grande aglo- meração de gente e muita concurrencia ã tarde e à noite.

O ponto elegante, porém, da reunião mundana, pela manhã, é a "Promenade des Anglais", extensa avenida que mar- geia a praia-

O local c, de facto, lindo, e a belleza do scenario empresta maior realce ás exhi- biçScs mattinaes. O mar tem a coloração '.zul forte do dc Nápoles e o passeio c todo marginado de palmeiras e de plantas tropicaes. o que dá maior encanto á praia, que, ás onze horas, está repleta dc gente.

Vê-se de tudo alli — e«:enlric;dade de forasteiros, lindas toiletites de passeio, muito cachorrinho de luxo, idyllios à bei- ra mar, cxhibição de vestidos e de cha- péus modelos, bellczas profissionaes, es- trangeiras louras, crianças embonecadas e typos de “bons-viveurs” alguns dos quaes, velhos e rheiimaticosdc monoculo assestado, forçando ã not.i da elegancia, isto é, querendo ostentar ainda um resto de mocidade que já não possuem mais-

« • •

O arrabalde de maior luxo em Nice c o do Cimiez, onde se acham as villas as mais bellas e os hotéis os mais ricos que se posa imaginar, como o Grand Palais, o Majestic, o Riviera, o Regina Hotel etc. Esses e ou- tros hotíis do centro como o Ruhl, o Negresco, o Ely- sée Palice, o Carlton, etc-, parecem babylonias pela sua e> lensáo e variedade de linguas que se ouve ahi falar. Tudo nelles é grande, luxuoso e requintado. Nos espaçosos “halls” ha diariamente orchestra com um bello programma á noite e chás dansantes á tarde.

Os criados são muito estylisados, trajam bell^ fardas sabem manter uma grande nota de correcção. O café é

tanto mais que a bebida, pelo seu sabor, não corres- ponde absolutamente ao gráo de importância que elles lhe dão. Naturalmente que as gorgetas estão em razão

Nice. Promenade de» aiiglaí» e jetee — Proroeiiade.

servido por criados de cõr, vestidos á moda turca, pro- venientes da África e que desempenham o seu cargo com uma "pose" que não deixa de provocar sorrisos.

Nice. Palavio da Jetee.

directa desse luxo, motivo pelo qual a vida em Nice s« torna muito cara. Apezar disso a cidade regorgita de gente. Ha mesmo aqui um tal excesso de estrangeiro», actualmente, que os hotéis começam a não poder atteo- der mais aos pedidos, ao menos que esses sejam feitos com muita antecedencia e com muito empenho. E não é só Nice que assim se acha abarrotada, mas sim, todas as outras cidades e arredores da Côte d’Azur, que visi- tamos; Beaulieu, Cap-Ferrat, St. Jean, Cagnes, Menton, Villefranche, Beau Soleil, Cannes, Antibes, Monaco e Monte Cario, logares lindos, esplcndidamente situados entre as montanhas e o mar.

Cannes. Monaco e Monte Cario acompanhara o luxo dc Nice. Era Cannes reside bòa parte de aristocraca franceza e esdrangeira e íoi lá que fallcceu, ha poucos mezes, o nosso ex-principe, D. Luiz dc Orieans Bra- gança.

Monaco é uma cidade interessante e lembra Moa- treaux na Suissa, pela sua topographia. O que existe lá dc mais curioso é o castello do Principe Monaco e o

seu aquarium e o museu oceonographico. onde se vem, todos os produetos maríti- mos, desde o mais simples até o mais complicado. Ha de tudo no immenso edi- ficio — apparelhos de pesca uma grandt variedade de instrumento que serviram nas explorações e nos estudos scientiii- COS do Principe, esqueletos de animaes do tnar. innumcros peixes conservados em alcoot, todos classificados e catalogados, cspecimcns da flora maritima. pelles d< phóca, concha, coraes, esponjas, madre- pérolas, tartarugas, pérolas e uma varie- dade infinita de tudo que diz respeito ao mar.

O logar c pobre e vive. por bem diaer, exclusivamente do jogo, bem como Monte

. Cario, que é uma cidade encantadora ( um verdadeiro iman para os jogadoro Para se ter accesso no celebre Casino de Monte Cario, que c um esplendor cot» riqueza e belleza, precisa-se apresentar passaportes, requerer-se uma licença «• pccial, arranjar-se um minucioso cartão de ingresso sem o qual não se penetra nos seus luxuosos salões dc jogo, onde a ro-

leta e 0 trinta e quarenta trabalham sem cessar retendo nas. suas mesas centenas de pessoas, de todas as cat^ gorias sociaes- Todos jogam —homens e mulheres, mo-

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e velhos, ricos e remediados, estrangeiros e nacio> aaes. Ninguém resiste á terrivel tentação do vicio-

A atmosphera em torno das mesas, sobre as quaes, resplandescem innumeros globos opacos, fartamente illuminadas e sobreexistenrte- Um silencio profundo pesa sobre tudo- Só se ouve os dizcresdo croupier, sempre os mesmos: “Messieurs, faites vos jeux- Vos jéux sont lails? Rieu ne va plus”.

E depois a espera angustiante do numero sorteado, que é annunciado cm voz alta, causando uma sensação de alegria aos que ganharam, uma depressão moral aos que perderam e uma índifferença completa aos crou* piers que distribuem e arrecadam, em redor de si, o dioheíro — fonte de prazer e de pesar no mundo- E' um momento esse de dolorosa anciedade e de febricitante expectativa- As physionomias se trahem sob diífcrcn- tes coloridos, desde a pailidez doentia até o corado fe- bril, tornam-se algumas duras, asperas, outras, depri- midas, extenuadas, as respirações se acceleram, as pal- pitações augmentam e- nos traços de todos, a emoção, uma emoção de agonia- cava profundos sulcos, que dei- xam marcas índeleveis, dessas que se sentem mesmo sem se ver-

A febre é tão grande que, pessoas ha, que se esquecem de dormir, de alimentar-se, de trabalhar, de viver em- fim, para emendar noites e dias nessa soffregiiidão an- gustiosa e constante de ganhar para perder, c dc reco- meçar para recuperar-

As sommas que ganham nunca satisfazem e a ambi- ção torna-se tão grande que arrasta muitos cerebros a tristes desatinos, dando logar ãs derrocadas que se vem ruinas, deshonras, misérias, nevroses c suicídios. Po- bres famílias attingidas! Que humilhação terrivel não deve ser para certos espintos altivos o ter dc succum-- bír assim tão dolorosamenle, em momento de quasi inconsciência! A peça de Henri Bernstein — “La Ra- fsle". reproduz admiravelmente um quadro desses tão iragico e tão verdadeiro, que horrorisa o expectador, deixando-o num mau estar indefinivel, mórmente assis- lindo-se ao desempenho da peça por artisitas eximios como Signorct e Mme- Simone, que arrancam lagrimas i assistência nas scenas de grande emoção.

• *

A vida em Monte Cario é caríssima devido ao jogo. O dinheiro que entra com facilidade, sae com difficuldade- Qualquer refeição num restaurante mais fino custa uma exorbitância, porque, bem entendido, não se paga a alimentação mas sim o luxo desses logarcs- A explo- ração ao estrangeiro c grande c faz concorrenoia á de Nápoles- Tudo é elegante, fino e luxuoso — hotéis, thea- tros, casas de moda. parques, casas de chá, egrejas, etc-

O povo adora a musica e fala um dialecto que tem um pouco de francez e um pouco de italiano-

A municipalidade é exigente c amante das artes e sou- be provar o seu reconhecimento aos seus autores predi- lectos, erigindo na bella esplanada do Casino, estatuas a músicos celebres como Berlioz, Massenet e outros.

Em nenhum logar poderiam, essas estatuas, realçar mais do que nessa esplanada, que é uma belleza — am- pla, ajardinada, feita em declives que vão até o mar e, de onde se descortina o lindo panorama da cidade, dos arredores, das montanhas c do porto, no qual o “yacht” do principe de Monaco faz algumas paradas, no inter- vallo dc suas constantes viagens.

O pôr do sol nesse recanto poético é tão feérico, que só para contcmplal-o merece a pena vir-se a Monte Car- io- De resto, quem vem à Cõte d'Azur, pôde ter esse re- galo em todos os logares do littoral, por onde passar e é esse um dos maiores encantos desta natureza meridio- nal tão apreciada-

O clima aqui é tão agradavel, tão doce, que é um pra- zer viver-se fúra, tomando-se contacto com a natureza tão bclla e fazendo-se excursões de automovcl pelas es- tradas da Riviera — magnifícas, silenciosas, suaves e tão ensombradas pela flora tropical que tem-se, por ins- tantes a illusão de estar-se num cantinho qualquer do querido Brasil, illusão essa que acalenta o espirito, dan- do-lhe o sabor de um sonho vivido, o que é adoravel-

Dezembro, dc 1920-

PKIMEROSE-

O QUE SE DIZ DE NÓS

Oque nos encoraja, o que nos estimula o esforço p-i- ra levar por deante esta pesada e amada tarefa de pro- mover a educação da mulher patrícia, de insuflar-lhe ínimo, de fortalecer-lhe a fibra e de guial-a para des- líDos nttis brilhantes, são os appiausos que de toda parte nos chegam, sinceros e ardentes.

"A Palavra", excellente orgão do jornalismo catho- lico-da Diocese de Botucatú, em seu numero de Março, referindo-se ás publicações que se devem recominendar is familias. assim se exprime a proposito da nossa re- vista;

“Os amantes das boas leituras já possuem no Brssil 0 inicio ria imprensa hem orientada.

Para contrabalançar o immenso mat que causam a imprensa neutra e aberta, a imprensa inimiga do bem social, os catholicos de diversos logares vio sustentando, com sensível progresso, folhas e re- vistas que se propõem a espalhar os beneficies das boas letras, sempre attendendo ao maior bem da so- ciedade.

As familias que se presam de catholicas — e mesmo as indifferentes que desejam o seu bom uo me — não deveríam deixar de assignar um destes periodicost

A “Revista Feminina" — optima revista mensal, redigida com clevaçio de sentimentos e largueza de vistas, honra a estante da mais exigente leitora. E' dedicada á mulher brasileira — que, merce de Deus, nada deixa a desejar ás demais de outras nações

cultas. Trata da educaçáo e formaç.lo do sexo bello psra que acompanhe o progresso notado nas matro- nas que formam os grandes homens. K* impressa em S. Paulo. — Avenida S. Joio n. 87: cu«ta 15SOOO por 12 números da revista."

PARA OS QUE SOFFREM DO

ESTOMACiO

■As perturbações <io estomago devem sempre ser to- madas a serio, não apenas pelos soffrimentos que acar- retam mas. sobretudo, pelos perigos resultantes delías-

•\s boas saudes dependem das boas digestões. As di- gestões imperfeitas oceasionam o emniagrecimento. a desnutrição e abrem a porta a muitas enfermidades dc caracter grave.

Porisso aconselhamos aos nossos leitores o “Diges- tivo Picard", que é de uma extraordinária efficacia em todas as doenças do estomago e nas differentes formas dc dyspcpsia nervosa, atônica ou flatulenta e nas gas- irites antigas ou recentes- O "Digestivo Picard” cura a acidez e embaraços gástricos, o máo hálito, as dores do estomago, as nauseas, as irritações da pelle, a prisão de ventre, etc..

Esse preparado é o mais efíicaz que se conhece- A sua acção sc faz sentir logo depois do primeiro vidro.

Vende-se nesta redacção a 6$0P0 o frasco, e por este preço podemos remetter.sob registro para qualquer ponto do Brasil.

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REVISTA FEMININA

CONT R A.SXÍDS

Na sala mimosa e toda alva, ond-e a luz opalina da tarde penetrava como coada pelos brancos "stores” de renda, duas senhoras conversavam lenta e interessada- niente- A mais velha, engastada num sobrio “tailleur" de lã negra, tinha o pescoço alvo e cheio, envolvido num collarinho de homem, que uma estreita gravata preta atava- Do seu todo, um pouco másculo, mas gracioso, evolava-se um ar de bondade e de firmeza que encan- tava e prendia o olhar. Sentada na sua cadeira pequena, cila desdenhava o seu encosto, cruzando simplesmente as suas pernas, que compridas botas amarellas encas- toavam quasi até aos joelhos-

A sua companheira, toda fria c languida, contrastava completamente com ella-

lingua rosada, como espreitando, humedecia os lábios seceos que a respiração entrecortada tostava.

A de "tailleur” negro dizia, na sua voz insinuante e firme:

— Sim, minha amiga, a mulher tem de se instruir sé- riamente, si quizer conhecer bem os seus deveres e os seus direitos- Toda essa campanha feminista em pról da mulher não possue nenhuma base sólida- Você, por exemplo, faz parte de uma dessas sociedades fundadas para impôr a mulher, não é verdade? Diga-me, pois, qual c o seu fim, o seu fim sincero, está bem visto-

A branca flór do salão abriu ainda mais o olhar cas- tanho, endireitou-se entre as almofadas que a cerca- vam e, meio gaguejante e a córar, exclamou:

Meio tombada entre oa coxina sedotoa e com os largos o hos scismadores...

No seu vestido de côr immaculada, que fitas e galões adornavam, ella se assemelhava a uma linda borboleta clara que se tivesse pousado fatigada sobre o divan es- curo do aposento. Ella era bem feminina, essa moça que, assim doce e mansa, conversava com a sua energica amiga de trajo masculino.

M-eio tombada entre os coxins sedosos e com os lar- gos olhos scismadores e ternos que fugiam ao olhar profundo da outra, ella dava a impressão de ser uma avezinha cobiçada e vigiada por uma aguia real- De quando em quando, ella arfava, como cançada, e a sua

— Nós queremos a liberdade da mulher, a sua supt- rioridade ou pelo menos a sua egualdade com o homem, o nosso déspota, o nosso tyranno.

E ao pronunciar estas ultimas palavras, a forman creatura tinha nos olhos uma chamma de desafio çw desmentia a sua bocea, á qual o “rouge” tingia e fatii semelhante a uma bocea de boneca.

A companheira não pôde conter um sorriso de indo!- gencia deante daquella furia infantil. Então você odeia o homem, não é? Você odeia t

seu marido, o Mauricio, porque elle a ama, a protegt

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REVISTA FEMININA

trabalha para si « a accumula de dedicação? — pergun- tou ella á joven (etninista.

Esta franziu as finas sobrancelhas escuras e respon- deu batendo com o lecjue na perna muito desenhada sob 0 vestido fino-

— A’s vezes, ellc me aborrece com o seu tom de pro- tecção e de desdem mal disfarçado de homem superior. Afinal, todos os livros e todos os tratados médicos pro- clamam a mulher egual ao homem. Você pensa então que eu não seria capaz de trabalhar como elle?

A outra não pôde suster uma franca e limpida gar- galhada, que ecôou pela sala aromatizada pelas pétalas das rosas que se desfolhavam sobre a mesa e que, antes

de cahirem, distillavam um perfume insistente e brando como um hausto puro.

As fitas e os galões agitaram-se sobre a saia clara, que ondulou sobre o divan escuro... Era de revolta o movimento que assim os punha em movimento.

— Calma! calma! minha amiguinha, murmurou então 1 que usava collarinho de homem- Você está «xagge- rando a sua força e o seu poder! Trabalhar, você? Que idêa, meu Deus! Você pensa que se labuta com um ves- tido de seda branca, face pintada e a mente cheia de projectos de bailes e de recepções?

Como você está enganada! Fique certa de que eu não I julgo superior nem inferior ao Mauricio: julgo-a di- rersa pelo physko, pelo moral e pela educação.

A mulher brasileira, filha, ainda não possue o “entrai- sement'' preciso para o -trabalho, nem o juizo indispen- Mvel para se governar sózinha. Ella é feita de nervos, Je ignorância e de irresponsabilidade. Emquanto não a iBStruirem, não a educarem — duas cousas diversas — toda essa campanha em pról de direitos que ellas des- conhecem e que synthetizam na palavra liberdade, só lhes póde perverter o moral e estragar o physico. An- tes a deixassem como ella era.

— Que horror! gritou a bonequinha de salão com in- dignação- E parece-me impossível que seja você, a mu- lher energica, a mulher intelligente, quem diga isso-

A mulher energica, a mulher intelligente, mirou um s^ndo muito seria a amiga que a "tirade” irritada er- guera um pouco do seu ninho assetinado. Depois o seu olhar grave e negro fitou o céo chamalotado de nuvens, esde uma estrella piscava por intervallos e voltou a fi- ur-se na cabellcira loura e frisada da graciosa inimiga do homem, para o qual ella se enfeitava e deantedoqual ella se espanejava todos os dias num empolgante anceio

de conquistar e de vencer. "Pobrezinha!” dizia aquelle olhar profundo de creatura que poSsue uma alma, que a cultiva e que a ama como prova da sua personalidade inteira, como symbolo da sua immortalidade nesta ter- ra, onde nada nem ninguém morre, mas sim se trans- forma...

Houve alguns minutos de silencio entre as duas rapa- rigas. Ambas pensavam... Amais moça pensava no baile daquella noite, no vestido que a costureira ainda não mandara e no "flirt” que teria com o secretario do ministro V...

A mais velha evocava as luetas da mulher só, daquel- la que necessita trabalhar de verdade, na perda da sua graça e da sua frescura de mulher, e, sobretudo, no de- sagradável contacto da sua sensibilidade com a gros- seria latent-e no homem, quando a educação não o en- volveu do «eu verniz...

E ainda aquella “poupée”, toda coberta de sedas cla- ras e de joias caras, vinha falar de feminismo, de tra- balho, de liberdade, quando, certamente, ella morrería ou se perdería si não tivesse os braços ou a bolsa do marido ao seu dispôr.

Ahl não havia duvida alguma; ella falava de theses graves que desconhecia completamente e que não eram para a sua intelligencia de frivola e ignorante creatura destinada desde a infancia ao prazer e ao goso mas- culino.

E todas ellas falavam assim, confortavelmente instal- ladas na vida, recebendo do homem que ellas fingem desprezar, tudo o que o seu cerebro de ente de serralho e de luxo exige e não póde dispensar.

Na sala agora o crepúsculo cahia cinzento, cór de pérola, mclancholico e suave. No divan, a feminista bo- cejou levemente c a do “taileur" negro, como uma som- bra, ergueu-se da cadeira e collocou ao acaso, sobre os seus cabellos simplesmente penteados, o “canoticr” de abas largas.

A de seda clara como num alHvio, sorriu mostrando a impeccavel dentadura, que brilhou como um collar bran- co que se desenrolasse...

— Estou tão cançada, disse ella afinal, abrindo um pouco os braços como num espreguiçamento ligeiro, e não fiz nada hojei

Já de chapéo, luvas nas mãos e fina attitude de sabi- da, a outra ext«ndeu-lhe a dextra, murmurando num teve tom de ironia)

— E você quizéra trabalhar como o Mauricio, hein?

CHRISANTHÊME

A filha do directop de circo

E‘este um dos romances male Interessantes da gran- de escriptora allemã baroneza Ferdinande von Bra- ckel, e uma das obras mais vulgarlsadas om todo o Doado. A sua leitura é empolgante e Impressionadnra. Ht eplsodloe de amor tratados com tal profundeza, çne nos deixam n'alma recordações inapagaveis. O enredo é curioslsslmo, e todo elle baseado na vida teil.

A traducção portugueza -é excellente. Um grosso volume de cerca de 800 paginas, llnda-

sente encadernado e nitidamente impresso, proprlo ;ua presente, 6.600 rs.

Pedidos nesta redaccAo.

HELOÍSA

Eete romance de d. Augusta Franco de 6á vem fa- zendo um ruidoso successo. mercê do seu estylo claro, da curiosidade que o seu enredo desperta « de nume- rosos episodloB que se passam em Paris, Londres, Ro- ma e outras capitaes. Heloísa, que é uma creatura perversa, filha má, cheia de odios e intrigante, vae pouco a pouco perdendo esses defeitos e adquirindo qualidades e virtudes que a tornam uma verdadeira santa. Não ba quem se não deixe impressionar funda- mente se ler este romance.

E’ um grosso volume de maie de 300 paginas, em elegante e solida encadernação. E’ um livro proprlo para presentear uma moça.

Um volume, õ$000 r«. Pedidos nesta redacção.

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REVISTA FEMININA

A mascara

As reuniões da senhora Andrade sempre tiveram fama de heterodoxas- Não sabemos quem as havia bap- tizado com o nome de “sabbat”, c as burguezas da visinhança, suppunham-nas cheias de praticas mali- gnas, sinistras, dessas que acirram a curiosidade por haver nellas muito que ver. Todavia, nada de mais platonico que tal perversidade, porquanto essas reu-

niões alimentavam-se só de palavras, e, desde as nove, até que a meia noite soasse no velho relogio de cuco, adoptavam os circumstantes, sobre as côncavas cadeiras de couro, attitudes pacificas.

suas curvas, ameaçava ensanchal-a em demasia- Se não fôra tão pura, seria grande peccadora e tcria rea- lizado na vida todas as historias obscuras que vem nos livros; preferia, porém, hábeis conversadores, e fazel-os falar á luz crepuscular do seu salão, forrado de gris-

E a dama ouvia historias, incansável, como^ o Rei Sharriar, e seu rosto, impassivel, não denunciava as emoções que sentia- No estrado não faltavam nunca meninas de roxas olheiras, tez quasi translúcida, sobre as quaes convergiam, de quando em quando, lentos olhares com promessas de matrimônio-

Os typos capitaes das reuniões eram o conego Gil. 0 juiz Romero e o Dr. Ramirez-Medrano; em contacto

diário com as misérias 'da vida davam ás suas

narrações o gosto acre da verdade- _ A quem cabe á vez hoje? — perguntou a senhora

languidamente- E 0 conego, cruzando sobre o abdômen as mãos lym-

phaticas, embiscou os olhos ao juiz Romero e disse: Cabe ao senhor, sr. Juiz. Todos os olhares convergiram para o interpellado.

Este, depois de cofiar o bigode, de limpar cuidadosa- meute cora o lenço as lentes do “pice-nez”, falou; A historia de hoje será curta e extranha- Muitu

vezes estive para contal-a; porém, pela sua proprã Índole e pelo- monstro de crueza e astúcia que se en- trevê entre as raras brechas abertas para a verdade, tiram-lhe o gosto attrahente, e, sobretudo, em aspecto geométrico e característico das historias inventadas ou recompostas- No meu frequente contacto com c crime, vi, mais de- uma vez, a cubiça e a luxuria, e

quasi inertes. Como todas as famas, o commentario dos linguarudos havia completado a obra; a senhora An- drade era bella, indolente, de grandes olhos extacticos, e narinas dilatadas, avidas de perfumes- Nada, porém, de firme se sabia sobre ella, nem sobre seu esposo, homenzinho secco. de .mãos muito brancas c pupillas erradias.

Provinha o nimbo demoniaco cerado em seu redor, pelo habito da preferencia dada a anedoctas macabras nessas reuniões e do facto de nellas comparecerem moças em plena juventude- A senhora Andrade era peruana, e o seu outomno, que já se denunciava nas

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todas as eoncuspicencias crystalizadas nas suas mais variadas fôrmas e, sem embargo, as intuiçôcs e as ob- servações não tardavam a isolar o germcm primário dos factos; neste caso, porém...

— Comece logo, doutor... — disse a senhora Benitez, baixando as longas pestanas sobre os olhos constan- temente húmidos.

E os gestos dos demais deram tal caracter de una- oimidade ao rcQuerimento, <jue, renunciando outros preâmbulos, o juiz começou:

— Don Ramon Vea, homem de bons e methodicos costumes, soffreu, ao ficar viuvo, um desses golpes dos quaes parece impossivel sahir-se illeso na vida. Nos primeiros mezes sua porta esteve fechada para Iodos, e, sem a intervenção do medico, temeroso da saude dos peciuenos orphãos, ter-se-ia entregue a essa misanthropica, onde os solitários soem encontrar uma secreta volúpia, como se houvesse um praser em con- servar o calor da tristesa, como se conserva a tempe- ratura de um liquido no vacuo. Pouco a pouco a vida objectiva foi dominando a dor intima, e viu-se que sabia, a passeio, procurando logares menos frequen- tados, acompanhado pelos filhinhos, que, para pro- varem a alegria da vida, necessitavam esquecer a an- gustia da perda da mamãe. Os que conheciam o casal, a harmonia dos esposos, não sc surprehenderam com a dor immensa do viuvo- Ella era de aspecto doentio (elle másculo e forte; sem ternuras apparentes e sem desavenças, haviam-nos visto transcorrer dez annos de casados, na mesma casa, inferindo apenas que ella «ra rica; elles não o conheciam, não lhe sabiam a oc- CBpação ou emprego; observavam apenas que sahia, iadefectivelmente, duas vezes por dia; de nove ás onze, pela manhã e antes de ceiar- Nenhum dos dois tinha familia-

Essa vida methodica, durante tanto tempo, acabou por annullar as curiosidades, e, durante os dias que precederam á morte da senhora, a ninguém surprehen- deu 0 facto de não vel-o sahir mais, e de passar todas as noites á cabeceira da enfernaa-

Algumas visinhas que se insinuaram na casa não deixaram de cochichar: “Parece incrível que um ho- mem tão illustrado como D. Ramon não procure man- dar examinar melhor a enferma... Com uns dias ape- aas de regimen lácteo, estes ataques ter-se-iam evitado. Foi uma imprudência... Uma imprudência incom- preheasivel".

E, quando passados uns seis mezes ella morreu, o viuvo começou de novo a passear pela manhã, renun- ciando, porém, ás suas sahidas vespertinas-

Um anno passou-ss assim, e mais tres ainda, lapso de tempo que bastou em demasia para que a norma- lidade da sua vida se restabelecesse-

As creanças cresciam, robustas- Da sua grande dor — isso verificou-se mais tarde — o viuvo guardou ape-

oas uma certa hostilidade contra os pequenos, algo qoe parecería o rancor de ver nos petizes a causa iodirecta da morte da esposa. Os visinhos tinham pena e perdoavam e, quando elle cahiu enfermo, viram as creanças sahirem sés com a criada- Quando se resta- beleceu nunca mais acompanhou os filhos ao passeio- Qle mesmo pouco sahia- Raras tardes ainda o viam, hgubre, solitário; ficava junto da grade, num banco.

lendo os jornacs e recommendando á creada muito cuidado com os pequenos-

Este novo mcthodo de vida iniciou-se antes do Na- tal e, pelo Carnaval deu-se o drama, que foi obscuro, rápido, terrível-

Estando a creada sentada no banco, na calçada fron- teira ã casa, accrcou-se delia um mascarado, e poz-se mudo, a comer uns bonbons sem dizer uma pilhéria como se não quizesse atirar-se á vertigem da festa, contemplando tranquillo as carruagens que passavam. 0$ meninos, com olhos gulosos fitavam os bonbons, apesar das reprehensões da creada; o mascarado, porém, acariciou-lhes as cabecitas louras, offereceu aos pequenitos uns doces e sahiu confundindo-se na turba... Póde-se lá saber o que aconteceu depois? Os bonbons eram envenenados e ao pae que lia, como sempre, foi fulminal-o a noticia de que as creanças agonizavam na Santa Casa... Até hoje nada mais se soube do que acabo dc referir...

— Entretanto seria muito facil encontrar o masca- rado...

— Distinga a senhora um disfarce de Pierrot no meio de tres ou quatro mil que saem annualmente...

— Entretanto a justiça não deixaria nunca de ave- riguar a quem aproveitaria aquelle crime. Os passeios matinaes...

— Tudo muito vago- Uma mulher a quem o viuvo visitava, provou que não só permanecera em casa toda a tarde, como, devido a uma emicrania não pudera sahir em companhia do viuvo, como havia promet- tido... Até ahi chegou a investigação policial nos debatidos tramites da espantosa causa. A dor dessa mulher e de D. Ramon Vea parecia sincera. Sem a provida dor de cabeça a mulher teria apparecido como criminosa. Mas o que intrigava o espirito da gente era o facto do viuvo sahir apenas pela manhã... De ter cortado abruptamente os passeios vespertinos... De não ter chamado o medico durante a enfermidade da esposa... £ porque não sahira mais, nem de ma- nhã, dias antes do crime? Surgiu em mim uma duvida, uma grande e terrível duvida, torpe, talvez, mas não pude represal-a.

— Então 0 senhor crê que essas visitas matinaes fazia-as D. Ramon para fazer a policia perder a pista? £ que depois, ás escondidas, fosse ver á mulher e lhe proporcionasse o veneno?

— E' possivcl, mas muito vago, que essas visitas ' tarde .antes da morte da esposa, despertassem algt mas suspeitas.

— Suspeitas, sim. Certeza, nenhuma. A senhora não póde imaginar as tentativas que fiz para esclarecer isso. Pelas minhas averiguações podia concluir que essas sahidas eram gastas em visitas, espectáculos e certo logar determinado de uma rua centrai da cidade. Uma voz interior e secreta, porém, avisa-me que ahi é que estava o mysterio. Mas a mulher, ou melhor, a causa da tragédia, é que não pude jamais encontral-a. Talvez existiu só na minha imaginação-

— Cuidado I Não torne a divagar e conclua sua his- toria. Que foi feito delle? Morreram as creanças?

— As duas creanças morreram, uma após outra, em curto intervallo. £, quanto ao pae, sua angustia foi muda e sombria, egual á da morte da esposa. Foi visto ir ao cemiterio, com os olhos lacrimosos e braçadas

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de flores- Pouco depois, entretanto, recomeçou na an- tiga vida- E, passados trez mczes, por falta de prova, 0 processo foi archivado- Elle, então, transformou seus haveres em dinheiro e--. desappareceu sem deixar ras- to de si-

— Ter-se-ia suicidado o pobre homem? — perguntou candidamente a menina de olheiras-

— Ora! — disse a dona da casa — A historia é obscura peia metade, unicamente- O homem premedi- tou bem 0 primeiro golpe... Os meninos deixou-os para liquidal-os mais tarde. Elle era pobre; ella rica; ella era feia e doentia, quando a dama mysteriosa deve ter, pelo menos, a belleza tragica de Lady Macbeth...

Injustiças do destino? Sei làl O tai D- Ramon é um caso de vontade mórbida, um desses seres tarados de cujo estofo poucos são feitos- Eu costumo chamal-os: homens-lima, que roem o ferro da fatalidade. Estou a jurar que, neste momento, vive feliz, n'algum logar longínquo... ao lado da mascara tragica...

O conego tamborilava os dedos sobre o farto abdô- men. Havia em todos os rostos a beatitude de com- placência- Os olhos do senhor Benitez buscavam atô- nitos os olhos da moça de olheiras, qual se seu olfato aspirasse no ar um olor trágico de morte e de crime—

A- Hernandes Caté-

A ARTE E BEETHOVEN

O mundo sem alnja é um cadaver, e a alma do mundo é a arte. A arte é a enscenação prodigiosa da vida. A vida é a arte por natureza, como também

a arte só se exprime com vida. O universo sem arte, seria como o Calvario sem Christo. Mas, para que exista a arte, urge existir o artista. Ahi temos a na-

tureza empolgante, miraculosa — é a arte viva! Deus, foi o primeiro dos artistas. Depois, no decor- rer das éras, appareceram outros, muitos outros, que apenas o imitaram copiando as cousas que elle

creára. No emtanto, diz Laurent Pichat, a miséria é o

primeiro sacramento dos artistas. A não ser exacto

esse pessimismo, seria negal-o além de outras, á vida de Beethoven.

O musico extraordinário, nasceu pobremente em Bom; desde creança, cultivando a musica, revelou

logo cedo 0 seu genio artístico. Viveu miseravel-

mente. E, basta o conhecimento de alguns dos factos que se passaram durante a sua vida, para que se possa constatar o quanto foi dura e implacável a

sorte do desditoso pianista. Apesar das suas desven- turas em amores, Beethoven foi sempre um pobre

apaixonado. Além de outras, ha algumas cartas en- contradas depois da sua morte, que elle escrevera aos trinta e um annos e nas quaes se exprimia assim:

“Meu anjo, meu todo, meu eu!, ou ainda — "Logo ao abrir os olhos o meu pensamento vôa para ti, ó

meu amor immortal!’', etc. Um dia e para sempre, ensurdecera Beethoven.

Desilludido, procurou o retiro. Amava mais as arvores e as rochas, dizia, que os homens.

Passeando um dia — diz Wilder — com Ries, um

discípulo e amigo seu, este deteve bruscamente a Beethoven, chamando-lhe a attenção para o som de uma flauta que partia dos bosques atravéz dos quaes

elles se achavam. Beethoven, apurando o ouvido ,com

os olhos fixos e arregalados, procurou distinguir o

som do instrumento. Sem querer render-se á eviden- cia, alli ficou immovel por algum tempo, até que Ries, á custa de grande trabalho, conseguiu tiral-o da tristíssima situação.

Soffreu muita vez privações, devido á péssima situação pecuniária em que se achou. Tanto assim,

que, um dia, depois de ter deixado de o fazer por muito tempo, Beethoven appareceu n’uma casa de bebidas, onde se encontrou com Spolve, amigo seu de toda a intimidade. Perguntando-lhe Spolve, por- que desapparecéra, disse-lhe o Maestro sorrindo:

“As minhas botas é que tinham pouca saúde e como só tenho um par, fiquei privado da liberdade e não sahi de casa”. Annos depois, o pobre artista, achan-

do-se n’uma situação menos afogada, escrevia ar- rogante, n’um gesto de triumpho, no seu caderno de notas:

“Tenho sete pares de botas”...

O auctor das nove symphonias, foi uma victima da fatalidade, de que a arte insufflou o espirito.

Foi um desconsolado, que, por entre as bofetadas do

desprezo e as gargalhadas do fel, por entre as im- piedades, as contorsões dolorosas do destino, galgou sobranceiro o Capitolio da Gloria!

Ricardo Wagner, no seu Credo artístico dizia:

“Creio em Deus padre, em Mozart e em Beetho- ven”.

A arte é o bafejo sacrosanto da felicidade. £' a

arte que despedaça os cálices amargos do Gethsé- mani da vida! E’ a arte que desfralda aos povos o

lábaro edificante dos arrojos sem lei! E’ a arte que. como a Minerva altiva sobre a cabeça de Júpiter,

assomando impávida as culminancias da Gloria, can- tará eternamente, n’um delinear de applausos elo-

quentes, o peam dos myrthos e loiros...

Carolina Cintra. Piracicaba, 11—3—921.

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REVISTA FEMININA (y !)'

Kemiriisrxio

I

— PermiUa-me que lhe censure a sua falta de lógica; 0 sr. concorda commigo cm que Esther é uma criatura adoravel.

— Effectivamentc é esse o termo apropriado e qua- lidade é essa a que rendo um culto fervoroso.

— Então, não percebo; diz o sr. que a adora; mas segundo deduzo da nossa conversação anterior jámais casaria com ella- Por que? Esther é intelligente, ama- vel, graciosa, instruida...

— Instruida de maisl — Por Deus, sr. Florencio! Irá o sr. incorrer no

grave erro de acreditar que é um defeito o excesso de cultura? O sr. precisamente que i instruído no grau superlativol Isso seria sim- plesmente um absurdo.

— Não tanto como a senho- ra suppõe; 0 que num homem aprecio como qualidade indis- pensável para luetar com exito na vida, na mulher torna-se nm obstáculo desag;radavel pa- ra a futura tranquillidadc do lar conjugal.

— O sr. é um retrogrado' Até parece mentira! Estou-o escutando e não o acredito! De maneira que o sr. suppCe que a mulher culta é uma pe- cha insupportavel. E’ uma theoria inadmissivel essa. Pre- iiria o sr. por acaso ter por companheira uma moça igno- rante. que lhe acarretasse constantemente o ridículo e a qoem o sr., si o quizesse evi- tar, teria de educar, tratan- do-a como uma collegial? Uma mulher que não saiba ser esposa e. por conseguinte, que desconheça em absoluto os sa- grados e inilludiveis d-everes da Diaternídade, mais tarde?

— Longe de mim tal idéa. Talrez não tivesse exteriori- lado com clareza o meu pen- samento. Ao reforir-me á cul- tnra feminina, não quiz pôr de lado a indispensável para di- r:gir o lar acertadamente e ainda para não pôr o pobre marido na berlinda. Quiz refe- rir-me ás mulheres que sáem das universidades ou faculda- des com um titulo, que, si as habilita para o “Struggle for llfe’*, as afasta por completo das innegaveis doçu ras do lar domestico. Poderão ser medicas «xcellentcs, é indubitavcl; talvez se destaquem no fôro com talen- tos inconfundiveis; mas a senhora não discutirá que deverá ser minguado o tempo que possam dedicar a esses sagrados deveres de esposa e de mãe a que ha pouco atliidia.

— E’ então es&e o obstáculo insuperável que se oppôe a que o sr. faça uma confissão séria de amor a essa encantadora moça?

— Kâo lenha duvida, senhora, essa é a uníca som- bria nuvem que eclipsa aos meus olhos o radiante sol da sua singular belleza.

II

Ohl 0 iKscio, 0 fatuot Já o sabia; era um desses bomens que não caminhavam com o século, que des- conhecia ero absoluto as incoctrovertiveis verdades do

feminismo; para elle, a mulher não devia ter voz, nem voto, desde que se não tratasse de toilette, de orga- nizar o menu ou de aminamentar o bebê.

Extranbava o silencio que tinha guardado nos últi- mos tempos, logo que soube que se tinha doutorado na Faculdade de Scicncias Medicas I

E Esther, sahindo detrás do biombo que a occultava aos olhos de Florencio e da sua amiga, e donde, sem querer, tinha escutado o dialogo, afastou-se. levando no coração nem sabia que singular sentimento, mistu- rado de ira concentrada e de desiliusâo profunda, por aquelle homem que, definítivamente, nunca a havia interessado sériamente, entretendo-a apenas o ‘‘flirt” que outróra tinham esboçado.

III

Passaram-se alguns annos e um dia Esther viu entrar no seu consultorio o seu antigo pretendente Florencio. condu- zindo pela mão um menino en- cantador.

Ao vel-o, mil recordações de- liciosas da sua passada juven- tude acudiram em confuso tropel á sua memória. Uma terna emoção agitou o seu co- ração de solteirona, como es- sas brizas que no outono ar- rastam as folhas murchas num torvelinho. A criança estava enferma. Esther auscultou-a detidamente: nada de mau; um pouco d« anemia...

Puzeram-se a recordar o pas- sado. Elle tinha rasado e ha- via sido muito feliz, intensa- menle feliz, até qiK a morte cortou a sua ventura havia dois annos. levando a sua do- ce e inolvidavel companheira ; aquelle menino era o frueto desses ternos amores.

Esther, ded'cada excliisíva- mente á sua profissão, tinha- se esquecido de tudo mais e permanecera solteira. Era sem duvida o seu destino, porque a unica vez em que talvez ti- vesse casado, a sua carreira havia sido uma barreira in- transponível.

Confessava, ohl simi que havia momentos em que aborrecia a sua profissão n.ío obstante o exito alcan- çado no seu exercido. Estava tão só. tão irremissivel- mente só no mundol...

Florencio sentiu-se subitamente enternecido. — Esther. escute, ainda é tempo! O que pôde oppôr-

se a que tornemos mais leve a nossa mutua soledade, os dois em companhia? Eu também me sinto tão sói...

Ella sorriu c occuliou o seu rubor beijando a loura criança com ternura quasi maternal. #

IV

Diz-se que Esther e Florencio se casarão dentro em breve e que a noiva resolveu fechar o seu consul- torio e... acabou-se a historiai...

HECTOR DE KANTOROWICZ.

A brilhante pianista Maria do Carmo Monteiro da .Silva, laureada pelo Instituto Nacional de Musica do Rio de Janeiro e que acaba de dar um bellissimo concerto cm S. Paulo, revelando um (alento extraordinário e uma exrcueSo mas- cuia. SerS uma irrande pianista si aperfeiçoar, com tenacidade os seus estudes, E' discipula do

luaigne maestro Ileniique Oswald.

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REVISTA feminina

0 inimigo das mulheres

Conto por Narcísa Robledai

Narciso Bello. u'm infeliz divorciado tres vezes por incompatibilidade de genio, morreu num hospital, rene- gando a sua má sorte e a de suas respectivas esposas- Elle tinha tanto horror ás mulheres, que, á hora de eTchalar o ultimo suspiro, ainda jKnsou: “Se no outro •nundo tenho de encontrar demonios com saias, então é mentirosa a paz eterna”-

Abriu muito a bocca. arregalou os olhos e num ah 1 de allivio, esticou as canellas- Primeiramente foi para o Purgalorio; e quando já se estava habituando âquella hospedagem transitória, chegou uma ordem do Céo-

— Narciso Bello 1 vociferou na ante-sala um emissá- rio das celestes regiCes-

— Present-e! respondeu o interessado- — Vamos! Acompanhe-me! — O senhor me vae conduzir para o Céo? perguntou,

com certa desconfiança, o pobre diabo- — Por certo- Mas--. S- Pedro lh’o dirá. Parece que

as mulheres votaram contra você- Que é que você lhes fez?

— Que é que ellas fizeram a mím? exclamou Narciso levantando as mãos c apertando a cabeça-

— Bem. basta de parolas! falou o anjo-emissario, que. como bom funciconario, andava sempre mai-hu- morado-

Vinte segundos depois ou talvez menos, estavam am- bos numa das mil ante-salas dos dominios do cha- v-e-iro celeste.

Tiveram de esperar muitas horas, pois embora pareça mentira, no Céo entra mais gente do que o suppoem os maliciosos- Narciso, para matar o tempo, poz-se a fo- lhear as nevistas illuslradas que estavam sobre uma mesa.

— Numero 3.707-000-000-041? — Prompto 1 O homenzinho compareceu ante S- Pedro, que, por

traz de um enorme “bureau-ministro", despachava os papéis. Approximou-se, admirou-lhe a barba austera e tremeu efeante da sua carranca. Para conquistar as sympathias do santo, contou-lhe dos seus tempos de menino, dos traques de estalo e balões de papel que soltava no dia 29 de Junho- S- Pedro, preoccupado com coisas mais serias, não lhe dava att-enção. Por fim, en- carando-o por cima dos oculos, falou-lhe:

— Approxime-se- Você tem direito ao Céo, porque já

foi bastante castigado pelos peceados. Verda- de é que as mulheres se oppõem á sua entra- da- Você foi um máo marido. Porque, pois, se casou tres vezes? Como se explic-n isso?

— Senhor, as mulhe- res amarguraram-me a vida enormemente. São teimosas, exigenties, ca- prichosas, faladoras, ciumentas, frívolas, vai- dosas...

— Bastai Aqui não se admittem censuras, senão louvor e perdão-

— E’ porque o senhor não sabe o que -dias têm feito por causa do suffragio e da emancipação da mulher.

— Basta. Coisas da Terra. Vá sahindo. Narciso Bello, cambaleando, penetrou na Mansão ce-

lestíal.

A principio entreteve-se em admirar a magnificência do glorioso espectáculo; mas, pouco a pouco, um ru- mor foi-lhe chamando a attenção- Era uma immensa cohorte de mulheres que voava para o lado delle, atroando os aiies, em vários tons, com vozes como estas:

— O’ Narciso I — O’ typo insupportavell — O’ troca-tintas I — O’ pobre diabo! — Hypocrita I — Malcriado!

— Grosseirão I Narciso abria os olhos e a bocca, tremendo como va-

ras verdes- A pelle humedeceu-se-Ihe de um suor frio. Que queriam delle aquellas mulheres?

Não lhe deram tempo para pensar. Do numeroso gru- po angelico-feminil destacaram-se tres mulheres, que ao andar, se abanavam c^m as asas, como se fossem le- ques. Até no Céo as mulheres buscam recursos na vai- dade para augmentar as suas graças, ou para fingir que as têm- As tres, muito decididas, chegaram a tocar-lhe no fraque- Porque, devemos dizer, Narciso Bello, com todos os seus defeitos, era homem que se presumia de elegante.

— O’ bruto! vociferou a primeira- — O’ brutalhâol raivou a segunda. — O’ brutamontcsl esganiçou a terceira. — Que novo divorcio queres tentar? Deante daquellc grupo, que se cerrava em torno del-

le. cada vez mais ameaçador, teve um máo pensamento; duvidou da Demaventurançal

A situação de Narciso era realmenbe tremenda.

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REVISTA FEMININA

Algumas cabeças curiosas assomavam por entre co- lumnas-

Narciso, recorrendo á sua presença de espirito, pulou para um tamborete que alli estava, mas de modo a fi- car de frente para o inimigo e adoptou uma attitude theatral.

Espectação na feminina gr>ey. Elle queria falar, justifrear-se, deitar discurso, ga-

nhar tempo einfim- — Fóra! Abaixo o trapaceiro, que nos vae enganar no- ramcntell

— Que falei que fale! disseram vozes nas galerias. — Nâo! — Síml — Nãol — Sim! — Silencio! gritou uma das esposas, a que mais sup-

portou, cá na Terra, as impertinências de Narciso. Que se despache! Vamos ver que novas mentiras vae elle íorjar.

Restabeleceu-se a calma- Elle aproveitou o momento para corrigir o laço á gravata e passar as unhas no vinco das calças. Tossiu, pigarreou. E com uma impa- videz donjuanesca e um acento choroso, que dava ás suas phrases uma tintura de commoção, o mysógino fa- lou assim:

— Senhoras e... (aqui deteve-se, á espera de lobri- gar um homem em meio da assistência) senhoritas. Porque me calumniaes? Porque essa má vontade con- tra mim? Eu sempre vos quiz bem, sempre vos amei- Uas ail nunca pude ser comprchendido. (Neste ponto soltou um suspiro). Casei-mc, é verdade; divorciei-me, é verdade também. Mas as tres separações que por mi- oha vontade promovi, não foram por causas deshonro- sas que affectassem as minhas respectivas conjuges: foi por incompatibilidades de gênio-

— Intrujào I — Burlãol — Libertino I — Calma! calmai deixem-no falar! — Pois bem. Exgottarei a taça até ás fezes- Respon-

derei aos vossos insultos com o meu sorriso, e ás vos- >as aífrontas com a minha mansuetude, com essa man- suete que me deu como prêmio a minha entrada no Céo-

— Que lábia I — Como elle põe mel na maldade! — £' um sonso! — Calma! calma! gritou a galeria. — Se eu não fosse bom, não teria recebido o prêmio

da Bemaventurança- E esse prêmio foi tanto mais jtasto quanto é verdade que cu vim da Terra para o Céo di- cectamente, sem passar pela estação intermediaria do Pargatorio-

Houve um ohl de assombro e de incredulidade. Narciso continuou; — Como védes, nâo fui tão máu- Tive peceados, é ver-

iade: mas elles foram resarcidos com mil soffrimentos ie que foram causadoras as minhas tres esposas. Mas !ii perdoo-lbe^ todo o mal que me fizeram.

— Que traste! — Que sem vergonha! — Que cynico! -Calem-se! Deixcm-n'o falar- E Narciso, satisfeito com o seu

malicioso estratagema: — Minhas tres esposas, vós

aào imaginaes como vos amei, qoe thesouro de carinhos eu Mfflpre trouxe reservado para ró$.

— Mentira, porque foste um avarento! - Mentira, porque foste cruel!

.Mentira, porque foste deshonesto! -A galeria, curiosa, impoz novamente silencio. — Fui avarento apenas na apparcncia; na realidade

era economico, porque pensava no futuro da familia, no bem-estar da prole, e tratava de armazenar reservas, como a formiga da fabula, para os dias das vaceas ma- gras- Usava a mascara de homem cruel, e, ás vezes, para ser tomado a sério, desancava a páo as minhas espo- sas, mas fazia-o a contragosto porque o meu desejo era enchel-as de beijos. Fui, por vezes, deshonesto e infiel, não por intuito de enganar minhas esposas, mas para poupar a ellas os meus excessos de carinhos e para as nâo fatigar com a constância da minha ternura- Se, pois, fui avarento, cruel e deshonesto, não o fui senão no interesse de garantir a felicidade das minhas espo- sas.

-• Que desavergonhado I — Que cara de lata! — Que lypo! — Insultae-mc- A cada insulto vosso eu responderei

com um gesto de dedicação e de amor. Vós, minhas es- posas, andaes cegas, e vós, mulheres, não sabeis o que dizeis, porque eu sou um exaltado feminista dc acção, panegirista enthusiasta dos vossos encantos, desculpa- dor das vossas debilidades.

Toda a grey das mulheres ria perdidamente. — Escarnecei. Será esse o meu martyrologio- Mas sa-

bei que vos amei a todas egualmente; por todas soffri pesares, vissicitudes e zelos.

— Basta de parolagem! — Abaixo o Don Juan! — .Ao Inferno!

—- Descerei ao Inferno de bóa vontade, se esse sacri- fício trouxer vantagens para vossa felicidade. Porque eu sempre fui infeliz. Em toda a minha vida só tive um momento de ventura, foi o momento... ~ Fala! — Explica-te I — Desembuxa! — Foi o momento, ou melhor, foram os tres gratíssi-

mos e solemnissimos momentos durante os quaes fir- mei as actas de divorcio...

.As tres avançaram para elle no auge da cólera. Aterrorisado, Narciso Bello desiquilibrou-se do tam-

borete, < cahiu, não no chão do Céo, mas atravez dos espaços interplanetários, precipitando-se vertiginosa- meiite para baixo. Estatelou-se de borco no Inferno.

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REVISTA FEMININA

Quem muito escolhe...

Na doce e acariciadora penumbra da saia de visitas, conversam animadam-ente tres senhoras. A mais edosa é madrinha da mais joven, linda moça de vinte annos, alegre e risonha como um raio de sol. A terceira é uma visita, amiga das duas, a viu- va Silva, muito conhecida e estimada na alta roda social pelas suas qualidades e gran- de riqueza. A moça é a Lúlú Leite, orphão de pae c mãe desde os oito annos. tendo encontrado na madrinha, a baroneza de Z-, um carinho verdadeiramente maternal.

O assumpto da conversação deve ser muito interessante, a julgar pelo calor com que trocam opiniões- E realmente 0 era: tratava-se de mais um noivo que a Lúlú se recusava a acceitar, apesar de ser, pe- lo menos assim o dizia a ba- roneza. um invejável partido-

— E demais, accrescentava a boa senhora, tens recusado tantos pretendentes que talvez não te appareça mais nenhum!

E que tem isso, madrinha? Acho preferível ficar solteira a ter que me casar com um desses tolos e am- biciosos que mais cortejam o meu dote do que a minha

Cathedr») de Peaqueira, Pemambneo.

cusa. Tão importante era elle que eu não tive animo de fallar com o moço; arranjei um pretexto e expliquei-me por carta, tal era o receio que sentia de que lhe dis-

sesses tal loucura- — A Lúlú não o amava, eis

tudo, disse a viuva Silva pa- ra consolar a boa senhora que não comprehendia as ra- zões da afilhada. E. casan- do-se a gente por amor ou pelo menos por sympathia, ainda se arrisca a tantas de- sillusões, 0 que não será sem esses sentimentos? concluiu ella cora um suspiro de quem sabia, por experiencia pró- pria, a verdade das suas pa- lavras. Isso mesmo, respondeu

Lúlú, contente por achar al- guém que a comprehendia- E só me casarei com quem me conquistar o coração, seja embora pobre c sem nome-

Como o assumpto náo era de molde a agradar a barone-

za, a viuva Silva mudou habitualmente de assumpto. emquanto a moça corria ao piano para cantar uma mo- dinha muito em voga-

pessoa...

— Lúlú, não é bem verdade 0 que dizes, intervám a baroneza; nem todos merecem a pécha de ambicio- sos e interesseiros- O dr. X., por exemplo, h homem que calcule com O teu dote, sendo quasi mil'ionario? Creio que ao me- nos este não ac- cusas de interesse e calculo, não?

— Ah 1 esse não, madrinha I

— Então porque não o acceitaste?

— Porque... el- Ic é fulano Salga- do e eu sou Luiza Leite- Nãoquizas- signar-me mais tarde Leite Sal- gado, respondeu a moça, rindo-se muito-

— Sim, esse foi o motivo, o grande motivo da re-

Passaram-se alguns annos sem que a viuva Silva en- contrasse as suas amigas, pois em- barcou para a Eu- ropa em viagemde recreio, e quando de lá voltou, já não as encontrou na capital-

Ha poucos ln^ zes, porém, casual- mente encontra- ram-se. Mas co- mo lhe custou r«- conhecel-asl Cer- ta mente passaria por ellas sem fa- lar-lhes si a Lúlú não a chamasse- Para dissimular o espanto que lhes causou 0 aspecto de suas amigas, x viuva attribuiu á distracção o oào

as ter reconhecido logo A Lúlú, porém, sorriu triste- mente e disse-lhe: — Quall não foi distracção sua

loterior da Cathedral de Pesqueira, Pernambuco.

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REVISTA FEMININA

A' raars»m do Sio Pardo. Um doa aipectoa maU pittoreacos de S. Cruz do Kio Pardo

nós estamos tão mudadas! — Temos soffrido tanto!

exclamou a baroneza com um suspiro.

E tinham razão as duas- Lúlú estava muito magri- nha; uma grande magua es- tampada na physionomia. Levava pela mão uma pe- quenita de uns dois a tres annos, muito loura e ciara, um verdadeiro cherubim- .A baroneza também estava muito envelhecida, mostran- do grande tristeza e abati- mento. Caminharam em di- recção á casa da viuva Sil- ra onde se entretiveram a conversar até á tarde- E en- tio Lúlú contou que, depois de terem residido por al- gum tenmo no Rio. voltavam de novo a S. Paulo, a procurar uma chacara em que pudessem viver tranquil- las, sem receio de serem incommodadas por intrusos.

— Pelo intruso, queres dizer, não é? perguntou a ba-

— Mamãe, que você tem? Não chore, mamãeI A viuva ouviu, emocionada, a triste narrativa, c ao

ver a mciguice da creança a acariciar a mãe que cho- rava, exclamou:

roneza com intenção.

— Madrinha! não o chame intruso! Bem sabe que el- 1c sempre será bem recebido! respondeu a moça com doloroso accento-

Receando surprehender segredos desagradaveis, a liuva levantou-se para dar algumas ordens, mas, logo que ella voltou, a baroneza retomou o fio da conversa e contou-lhe toda a historia dos seus padecimentos: Depois de muito recusar os noivos que lhe appareciam, Lúlú acceitou o pedido de um rapaz que lhe era total- menle desconhecido mas que fallava bem c apresenta- M-se melhor- Ella, pela primeira vez, não teve enthusias- mos pelo pre- tendente, mas a Lúlú estava sé- riamente apai- xonada e não houve razões que a demoves- sem do seu pro- posito. Casou- se emfim!

Durante os pri- meiros tempos todo começou bem; mas qua- si a terminar o primeiro anno, appareeeu uma companhia de saltimbancos no lugar em que residiam. O marido de Lúlú reconheceu em unva “ecuyére" do circo, uma de suas antigas enamoradas- Reataram o idyllio e ellc

— E esse homem teve animo de fugir ao encanto des- te anjo ?

— Elle não chegou a ver a filha, respondeu Lúlú. El- la nasceu um mez depois que elle partiu. Ah! se elle a conhecesse, estou certa que de novo voltaria a felici- dade á nossa casa I

— Quem sabe! murmurou a baroneza. E ficaram as tres largo tempo a meditar, emquanto a creança cor- ria a afagar a mãe e a avó, envolvendo-as na teia do seu carinho e da sua graça.

Bruscameiite passou pela idéa da viuva Silva a mul- tidão dos admiradores de Lúiú, todos repcllidos, a con-

t e m plarem-n’a ago r.a, triste abando nada, trahida, fazen- do-a irurmurar, pezarosa: Quem muito escolhe...

Taubaté, 1920-

Olgn Jurema

Vista da Villa de Alagoinhas. municipio de Peiqaeíra, Pernambneo.

A VACCINA

A proposito cia da inocuIacSo ou vaccina, lê-ae, no ‘ D i c cionario dat Scienc ia I e das

Artes" de Lunier a seguinte informacto curiosa; "A inocuIaçSo subsiste desde tempos immemoriaes, nos paizes proximos do mar Caapio, e particuiarmente na Cicassia.

íhandonou a esposa para acompanhar a mulher e, o que f pfior, levando comsigo todas as joias que encontrou em casa.

Lúlú chorava e a pequenita esforçava-se para enxu- gar-lhe as lagrimas, perguntando sempre, na sua vózi- aha caridosa:

A inoculaçSo foi introduzida ou renovada em Constantinopla nos fins do seculo XVII, por uma mulher de Thessa'onica, a qual ino- culou muitos milhares de pessoas. Dois doutores da Universidade de Padua. Manoel Timom e Jacob Pilasini testemunharam esses factos e os bons resultados obtidos, e em vista disso espalha- ram-se por toda a Europa.

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A Origem

A fada. esse sèr phantastico que tanto nos fez gosar na infancia e que os contos nos apresentam intervindo em todos os negocios humanos, nasceu no Oriente. Os persas ensinaram a sua lenda aos arabes; destes a copiaram os hespanhoes; de Hes- panha, passou á Provença e daqui extendeu-se por toda a Europa, principalmente pela França. Italia e Inglaterra. Os paizes do Norte. Dinamar- :a, Allemanha e No- ruega, conheceram também as fadas, mas ellas não pu-

deram occupar alli o posto que já ti-

nham exercido os elphos e as ondi-

nas. os gnomos e os silphos.

Essa série de con- tos orientaes an-

tiquissimos, univer- salmente conhecida

com 0 nome de “As mil e uma Noites”,

está cheiade fadas e de gênios ao seu ser-

viço. Quem se não

lembra da historia

da fada Maimuna.

fazendo apparecer 0 feiissimo Cas-

chasch para que de- cida sobre a formo-

mra do principeCa- maralzamar e da

princeza da Cliina?

Nesses contos as fadas apparecem

sempre como os mais elevados de

todos os seres phantasticos, como os mais proximos a Deus e assim passaram também para a lenda européa. No emtanto, por um singular contraste, a fada Maimuna vivia no fundo de um poço.

As fadas desempenham um importantíssimo pa-

pel nos livros de cavallaria, especialmente nos que nos referem as façanhas de Carlos Magno e dos seus paladinos. Ha-as de varias classes. Umas, co-

das Fadas

mo Titania. são seres inteirainente sobrenatii- raes; outras, como Morgana, são mulheres de carne e osso, ainda que versadas nas artes magi- cas. Algumas dedicam-se a velar exclusivainente por uma pessoa ou por uma familia: deste nume- ro era Viviana, a protectora do cavalleiro Lanza-

rote do Lago. Também ha fadas malignas, que se rodeiam de feios monstros e que perseguem as

princezas formosas e os valentes caval-

leiros. fingindo a- mizade por elles.

Viviana é a mais

bella. a ma's doce.

a mais atlrahente

de todas as fadas :é

a fada do amor. <]ue para viver pre-

cisa de ser amada. Tendo encontrado

no bosque o encan- tador Merlin. que

assegura amal-a e desejar a sua vida.

pede-lhe uma prova daquelle carinho. 0

encantador ensina- lhe uma formula

magica para sumir 0 homem rum so-

nho de que se não desperta mais; Vi-

viana recita novt vezes as mysterio-

sas palavras e des- de então Meríis dorme no fundo do

bosque, sem qut

ninguém c. possa acordar.

As fadas melho-

res são seres vingativos, que sabem castigar i quem as despreza ou a quem se esquece dellas. Na Edade Média, era costume muito generaliz^ do, quando nascia uma criança, obsequiar as fa- das. Na Provença, por exemplo, punham-se so- bre uma mesa tres pães brancos, tres jarras dt^ vinho e tres vasos, e no meio collocava-se o re- cem-nascido, deixando-o ali por um momend

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para que pudessem acercar-se as fadas, que eram consideradas como suas madrinhas. Noutras par- tes, a criança era abandonada durante breves ins- tantes nalgum logar frequentado pelas fadas, no fundo de um bosque ou junto de uma fonte. Es- quecer estas cerimônias, era expor-se á vingança das fadas, como na- quelle conto de Per- rault em que, por um esquecimento seme- lhante, uma princeza e toda a sua córte fo- ram condemnadas a dormir um somno de rem annos. sem que escapassem do castigo nem os cachorros e os cavallos do palacio.

Não ha ninguém tão sensivcl como as fadas. Outra cousa que desgosta profundamente estas

encantadoras filhas da superstição popular é a curiosidade humana. .Agrada-lhes fazer bem, mas não podem supportar que ninguém se metta nos seus segredos. Recorde-se a historia da bella Me- lusina, que concordou em ser esposa do príncipe bretão Raymundino, com a condição de que elle renunciasse a vel-a num dia da semana, o sab- bâdo. Jurou o princij)e proceder assim e durante aigum tempo cumpriu o juramento; mas num sabbado, pela curiosidade e pelos ciúmes, atre-

reu*se a penetrar na habitação da fada e esta. de-

pois de soltar um espantoso grito de dôr, trans- formada em serpente de metade do corpo para baixo, desapparcceu pela janella, deixando im-

presso no pavimento o vestigio dos seus passos, que jamais se apagará. Nesta lenda devemos ver a fragilidade do nosso destino, que frequentemen- te destruímos com a nossa própria curiosidade.

A Egreja, ao perseguir a superstição, declarou guerrear as fadas. A. Joanna D'Arc, em seu pro- cesso, perguntou-se si tinha communicação com esses ou com outros seres da natureza phantas- tica. Combatidas pela religião, as poéticas crea- ções da imaginação oriental fugiram dos bosques e abandonaram as torrentes, para se refugiarem na arte, e hoje só as encontramos nos contos para crianças, nas poesias e no theatro. — E. H.

AS BOAS LEITURAS

E A REVISTA FEMININA

D. Odette Donah, uma das nossas mais assíduas e aicressantes collaboradoras, escreveu, não ha muito, ío jornal “Pouso Alegre”, que se publica em Pouso Altgre. Minas, um artigo intitulado “Evitae as más Itiiufas!" Para esse artigo, escripto com um superior c.terio e onde se contem verdades que urge propagar, cbaoiamos a attençào das nossas leitoras e princip^l- atntt das mães dc familia que prezam a moral « dtlendem a castidade das suas filhas.

F.il*o:

“EVITAE AS MAS LEITURAS!

"Os livros são os nossos melhores amigos" já disse aignem. E’ isso uma grande e profunda verdade, pois. atiles encontramos o lenitivo para certas maguas que tio ousaríamos confiar aos entes humanos e dellcs ncebemos sábios conselhos que escaparam á perspi- acla de nossas mães e admiráveis lições que os doutos ■esires não nos deram. Os bons livros são, realmcntc, pandes e desinteressados amigos e mestres. Devemos kf, ler muito procurando illustrar o nosso espirito e iviçuecel-o de conhecimentos uteis e agradaveis. São « livros, as leituras escolhidas, os bõns autores que cdocam o nosso espirito, distraem-nos, fortalecem-nos M ensinamentos mais uteis sobre todos os conheci-

mentos humanos. Infelizmcnte, porém, a maior parte de nossas gentis patrícias se dcscuram da leitura e muitas até olham com menosprezo par.a os livros. Ou- tras. em vez de buscarem as bôas leituras, se pervertem com os maus livros, com autores sem escrúpulos e ro- mances immora-es. Essas más leituras actuam. forte- mente. sobre o espirito das jovens e corrompem-lhe a alma. manchando-!hc a pureza de seus formosíssimos corações. Caríssimas leitoras, minhas jovens patrícias, agastai de vós tudo quanto fôr pernicioso e nocivo c escolhei, escrupulosamente, os vossos livros. Não vos esqueçais d’aquellc rifão antigo: “Chega-te aos bons. serás um delles”. .Assim, se uma joven tem convivência com maus livros poder-se-á fazer delia um bom juizo? Impossivel! Ficae certas que todos a olharão com des- confiança e, creio mesmo que nenhum homem bom e honesto a buscará para esposa. Cuidado, pois, com as vossas leituras tanto em livros como em jornacs ou Revistas.

Quanto a estas, temos uma muito interessante que se edita cm S. Paulo — a "Revista Feminina" — e que eu tomo a liberdade de indicar ás minhas queridas pa- trícias. como 0 modelo das “Revistas”.

Léde-a e vos não anependereis porque nella appren- dereis a escolher os vossos livros c encontrareis sabias lições de moral, de civismo e muitos outros ensina- mentos.

HODETTE DONAH.

Pedra Branca. Sul de Minas.

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REVISTA FEMININA

Prata Municipal c Rua Braait, Catandava, Estado de S. Paulo.

Concurso para Petizes

Em nosso numero de Katal abrimos um interessante e orisinal concurso para o qual foram convidados a concorrer todos os pe* tizes que têm o bom gosto de ler esta revista. O objecto do con- curso consiste em colorir uma gravura, que entSo reproduzimos, por quaesquer dos processos conhecidos: aguarella, lapis pastel, gouache ou oleo.

O successo, como era de esperar, íot ruidoso, nlo apenas pelo pouco trabalho que exige aos pequenos concorrentes, como tam- bém pela distribuiçSo de 100 prêmios prometiidos aos vencedores.

O concurso continua aberto até 31 de Marto, publicando-se o re- sultado delie no numero correspondente ao mez seguinte. Como se vè do nosso numero de Natsl, cada menino ou menina poderá enviar a quantidade de quadrot que quiser. Os prêmios distribui- dos aos vendedores são

lOO

Os prêmios podem ser retirados no mez de Maio. ficando elles i disposicáo dos concorerntes nesta redacqáo. Os concorrentes vi- ctoriosos, que nSo residem nesta Capital, devem enviar a esta re- dacçio 1$000 em seilos ou em dinheiro para o registro dos obje- ctos a lhes serem remeltidos,

Até esta data concorreram as seguintes creanqas: Joio Walter Bernardini. A'cina da T. Barros, Amaldinho Costa, Caasio Ribeiro Porto, Jandyra Barros, Antonietta Camargo Penteado, Antonio Martins de Miranda Netto, Jorge Sá de Miranda Filho, Gabriel Martins Botelho. Cid Wasth Rodrigues, Roberto Jardim Korma- nha, José Cândido Oliveira Costa, Ruy Pimenta. Adolphina Lara, Pabio Alves Ferreira. José Marques Netto. Mariasinha Luz, An- tonietta Silva Paranhos, Eulatia Penteado Cunha, José Britto, José Fererira Bittencourt, Alice Castanheiro. Mario Piranha, Marsino- nio Pitanga, Luiz Alibertti, Adolpho Costa Machado. Nenê Ma-

chado, Nhasinha Nogueira, Mario Leite de Oliveira, Beatriz Ser- ra. Yayá Marquees. José Oliveira Caiuby, Joio Baptisla Rolo, Elii Amor, Filhinha Faria, Maria de Lourdes Campos. Sinhasinha Cia- tra, José Augusto Paranhos. Anta de S. Dantas. Jacy Dantas. Al- fredinho Navajas, Nhonhó Pontes de Oliveira, Salvador Netto. Jandyra Sarracinl, Isaura Blandy, Jacob Elias, Thomé Ruai, Ba- rianninha Trindade. Semiramis Vasconcellos. Ruth Chaves, Jortt Faral, Julieta Medeiros, Iracema Farias Britto, Antonio Garcia Eiras, Zezé Fox Travassos, Altina Costa Manso. Áurea Costa Manso, Elpidio de F. Oliveira, José de C. Machado, Brazilins Fta- teado Chaves, Affonso de Jesus, Tliereza Flores. EIvira ToMc Lara, Yotanda Gianella, Totd N. Novaes. Carlos Dias Guimarka Junior, Maria José Pillone, Marcellína Brana, Antonio Pinto Oli- veira Filho, Luiz V, Mayer, José Th. Gonçalves, Isaura G. Nbmi, Joio Evangelista B. Vieira, Sinesio Ferreira Brito, Margarida di Silva Souza, Maria das Dores Maria e Silva, Gladys V. Cavalcu- li, Nathercia Ferreira, Alayde Gateez, Elza Amor, Therezietu Vieira. Antonio Maia Cunha. Alberto Garcia da Silva, EpaniíaM- das Juarez, Natalina Cearense, Álvaro Pinto de Menezes Duii, José Machado Flores, Aüna de Albuquerque MaranhSo, Maria ,tp parecida Soares Caiuby, Emma Schortz, Alfredo Telles de Olttein. Ricardina de Andrade, Laura Ferreira Rosa, Luiz Serra de (Nitei- ra, Jacbtha Florinda Moraes, Mario Prado Garcia, Antonietta de Azevedo Machado. Celma Amor, Alice Moreno, Anphrísio Mocim Ivo Torres de Camargo, José Monteiro Lobato Junior, Pedro ,\1 fonso Costa, Euripides de Carvalheira, José Ignacio Penteado S» brinho, Joanathas Carvalhosa, Levina Soares Pitangueira. Jotepk- oa Chiodi, Onorata Martins, Esmeralda Paes e Luiz HummeL

Além desses, concorreu ainda a menina Antonietta Camaiii Penteado com tres graciosos desenhos executados com lapii cõr, representando uma marinha, um gallo e um menino. Eiw trabalhos, porem, embora muito interessantes e bem feitiaboi, r!: podem fazer parte do concurso, cujo objecto consiste, conforme f cou annunciado, em colorir a gravura que apresentamos.

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REVISTA FEMININA

OS DENTES

Arte da Belleza

IX

CURSO COMPLETO DE

conservação E CULTURA

DA BELLEZA

Os dentes são inalrumentoe necessários sob o tríplice aspecto da belleza do rosto, da pronuncia e da mastisaç&o. A queda dos dentes incisivos supe- rioree produz o encovamento do tablo correspondente e occasiona a subida do lablo superior. A perda d'ura só in- cisivo causa um silvo desagradavel na pronuncia, e a falta d'alguns den- tes molares faz com que a mastiga- ção seja difticil e Incompleta, porque

u (llmentos. imperfeitaniente mastigados, entorpecem 0 trabalho do estomago e originam digestões penosas. E' portanto urgente substituil-os por dentes artlticiaes.

Sob 0 ponto de vista de ornamonlo da bocca e de belleza do rosto, são indiapensavel cansa a brancura «regularidade da posição dos denites.

ITma dentadura alva annuncia uma bocca sã e asst- iooe culdadoe de asseio; aformosea o sorriso e corrige 0 defeito d'unia bocca demasiadaniente grande. Até podería accrescentar-se que os dentes que reunem con- dições de fôrma, alinhamento e brancura, teem um prodORiInio sobre os demais attraciivos do rosto.

Tire-se um dente á formosa Helena, disse um auctor, ( não se ferá a guerra de Troya, nem se escreverá a divina liliade.

Com ettelto, suppunhamos uma pessoa com bonitos olhos .nariz bem formado, formosa testa e preciosos nbellos. mas com denftadura feie.

Agradará e será admirada emquanto não se mover itnhum musculo de seu rosto: porém, se. por causali- dade, 0 sorriso despregar spus lábios e patentear uma deaiadura negra ou cariada. Immediataments se es- quecerá sua belleza e se voltará a cabeca, exclamando Dentalmenie:

Que dentadura tão feia! Que bocca tão repugnante! por outro lado as pessoas que tám má dentadura, como ubem que o aspecto de sua bocca causa uma irresis- tível impressão de repugnância, evitam, quanto pos- ilvel, es occasiões de rir-se, e quando se veem obriga- du a fazel-o, apenas descerram os lábios e seu sorriso reprimido parece-se .bastante com uma rodlcula careta.

Uma peseoa feia, mas possuidora de formosa denta- dura. faz esquecer sua fealdade que se rl, e o olhar ru-ae em sua bocca e ouve-ae dizer em torno d'ella; •Que dentes tão lindos!' Estas palavras, üsonjeando- Ihe a vaidade, são para ella uma compensação dos deftelioe de eeu rosto.

Os dentes sujos, cobertos de tartero ou cariados e as gengivas enfastadas, são indicio d’um vicio consti- tucional, ou de culpavel negligencia nos cuidados iiy- glenicos, -e anuunciam ballto Impuro, o quo é uni deteiiuf oitamente repugnante.

Os ácidos são multo nocivos aos dentes, e sua acção prolongada póde atacar e destruir o esmalte. Assim, pois. convem não usar alimentos e bebidas demasiado acidas. e as pessoas que não poderem vencer a sua atfelsão aos acidoa, devem lavar a bocca com frequên- cia se desejam conservar a dentadura sã. Certos pós e opiatos dentrifteios composto d’acido tartarico e carbonato de potassa, cuja venda a policia devia pro- hlblr. são também causa da perda da dentadura.

O taniaro que cobre os dentes das pessoas pouco cuidadosas da bocca, não é uma enfermidade no seu principio: mas com o tempo altera as gengivas e até penetra no alvéolo, separa os dentes, abala-oa e pro- move a sua quede- O tartaro compóe-se de phospbalo de cal misturado com uma substancia muccaa. Brando e pegajoso ao principio, adhere á base dos dentes e endurece á med'da que novas capas se depositam sobre 08 antigas, e por fim acaba, ás vezes, por invadir toda a queixada, escondendo totalmente os deniies.

A byglene da dentadura eomprehende todos os cuidados que se prestam para evitar as causas que po- dem atacar a sua Integridade, sslm como a das gengi- vas: e taes são: não comer i\em beber nunca demasiado quente, ter cuidado de não conservar muito tempo na bocca es substancias acidas. lavar a bocca depois de comer, não abusar de fruetas e bebidas acidas .evitar toda especle de choque ou pressão, não quebrar nunca nozes, amêndoas e:c. porque podem causar pequenas fracturas do esmalte e até a queda completa, não cortar com os dentes o fio de linho ou seda quando se cose. porque estne tracções repetidas commovcm com^o tem- po os incisivos superiores, deterioram o esmalte e po- dem oceasionar a sua queda.

Devem regeitar-se por maneira absoluta todos os dentrificios cuja composição se Ignora, porque cm ge- ral os que branqueam as gengivas contem ácidos em proporção perigosa. Seta brancura é ephemera, e o denhe põe-se aniarcllo, perdendo para sempre o seu brilho. E’ verdade quo os ácidos tiram o tartaro; mas amollecem c esmalte, dissolvem e obram como uma gota de acldo nltrlco no mármore, produzindo efíer- vcsceneia « deetruindo a parte que tocaram. Taes são 08 denlrifleloa que vendam os charlatães. Branquelam

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REVISTA FEMININA

Uü momeaio d© sua applícaçâo os domes mais eane- grecldoa, e o vulgo, nâo vendo mais «lue esse efXelto momentâneo e Ignorando as suas consequências, com- pra com solicito afan a agua ou p6 maravilhoso.

Todas as manhãs, ao levantar-se, deve-se molhar a escova em uh» vaso d’agua aromatlsada com algumas ga:as d’agua philodontina; toma-se depois um pouco depó detiníriclo sem acido a escovam-se os dentes em todas as direcções, isto é, por deante, por traz e pelos lados das duas arcadas dentarias, sem cançar nunca as gengivas. Depois de esfregados os dentes, deve la- var-se a bocca com a mesma agua aromatlsada, tibiu no inverno e em sua natural temperatura no verão.

A1X500LAT0 Dfi ORBOSOTO DE RlGHINl ^Álcool de 36.* 16 grammsí

Creosoto puro 21 declgrammss Tintura alcooltca de cochonilba 8 grammss Oleq de hortelã inglesa . .12 gotas

Mistureee e conserve-se em uma garrafa bem ta- pada.

Embeibe-se uma bolinha d'algodão n'eete alcoolato e applicase sobre o dente dorido, tendo cuidado que 0 algodão não esteja embebido, até ponto de pingar no interior da bocca. porque a creosoto é corrosivo t podsria produzir escoriações na mucosa.

Algumas gotas d'este alcoolato em um copinho d'agua formam um excelleuile elixir para conservar eni bom estado a dentadura e es gengivas.

D. Julleta Adami de Carvalho (Volta Grande do Sapacatiy) — Jk providenciei acerca do que nos pede em sua carta de 14 dc Março. Como a senhora, muitas ha que nos escrevem exponta- neamente externando as suas tympathias i^ia revista e eonfes- scndfl o proveito que tim tirado com a leitura delia. Permitta- iiOB, porém, que. de sua geniilissicna carta, destaquemos estes dizercs, que são lio lisóngeiros psra o nosso amor própria:

*A leitura da ‘Revista Feminina' é. para mim, uma necessi- dade, tal o interesse que tenho pcio seu texto sempre variado, pela sua leitura criteriosa, moral c instructiva, cujo valor in- contrastavelmente se completa com o seu aprimorado lavor ma- terial. Fui amiga pessoal da distincta senhora d. Virgilina de Souza Sailes por um encontro casual e ieliz que tivemos num hotel em Apparecida; e desde então aquella physionomia 'sym- pathica, bondosa e sincera jamais me lahiu da memória. E ainda í:oje. ao ler a sua obra grandiosa, que é a “Revista Feminina', que ahi estã a ptípctuar como o bronze a sua memória tnolvi- davel, sinto como que o retlcxo daquella sima pura e grande, e então s saudade me invade, e, embora triste, traz-me uma re- cordação lambem triste e inexprimível. Eis. pois, a razão por que me enipenho de ler todos os números da obra memorável de d. Virltlina, a grande deíenaora do nosso sexo, o qual nuitio lhe ficau devendo.

Sr. J. A. M. (Santa Lucla). — Recebemos a sua prosa e os seus versos Publicariamos dc bot vontade o soneto se o senhor corrigisse estes dois versos:

‘Mãe e virgem Maris, filha do omnipotente' ‘Intangível fluido e pão espiritual'.

No primeiro o senhor contou em ‘Maria' duas ayllabas ape- nas, e no segundo contou Ires syllabss em 'fluido', accentuan- do o o que é um vicio da proaodia brasileira,

Corrija-os e mande-nos de novo o soneto, que, de resto, foi composto com talento.

Seohorlta S. A. J. (Araraquara), Em rigor, oa quartos de dor- mir não devem ler adorno nenhum, porque a isso se oppòe a

hygiene. O verdadeiro quarto, sob o ponto de vista liygieniCT, devo ser como o americano, que se coropôe apenas de ires oo quatro peças, cama, meainha de cabeceira, uma meiinha e ama cadeira. Paredes pintadas a cal e janellas com venezianas psrs a veiitilaçã. Soalho encerado, para evitar qne sc lhe adiiira a po- eira. Entretanto, ae deseja enfeitar o seu quarto, p6de usar al- guns paimos bordados para coberta oo adorno dos move:s, mat nunca pintados a oleo. que são de máo gosto. Porta-camisola não se usa, nem a hygiene o permitte. Quanto aos modelos dr a'roofadas são tantos e tio variados, que não sabemos como Ibe responder. A proposito do quarto csqnecemo-nos de lhe dizer que 0 toucador e outras peças constituem o mobiliário do qtur- l-i de loilette e não do quarto de dormir.

D. MarU Machado (Bahia). Recebemos a sua carta de 1 dc Março Recebemos a quantia que nos enviou e demo-nos pressa rm satisfazer o seu pedido. Contamol-a entre as nossas melbs- res amigas e esperamos que, na medida das suas forças, ss faça. :>o seu meio e em sua sociedade, um fóco de irradiação de sytB- p;.lhias convergindo para a nossa revista.

D. Marta Nina Qalvio de Pinho (Cannavieiras). Temos en mãoa sua prezada carta de 26 de Fevereiro do oorrente. Rece- bemos as qusntias e jã províhcnciãmos com relação it suas or- dena. Oa serviços gracioso* que a boa amiga nos vem preslsade. são dos mais uleis c fecundos. Se todas as nossas patrícias pro- cedessem assim, a nossa causa alcançaria (riumphos que imaci foram alcançados pelas mulheres de outras nacionalidades.

Infeiizmente, a maior parte das nossas patrícias preferem > mercia, que as airaza. ã acção, que as elevaria.

1>. Geraldlna Robalinho Cavalcanti (Palmares). Já respondemoi i sua carta de 2<>. de Dezembro, aceusando o recebimento e trt- (ámos de cumprir as suas ordens. Somos-lhe gratss pelos obsé- quios e temos na mais alta conta a sua preciosa cooperação. De patricias como V. Exa. c que nós precisariamos para lerar s cabo a noasa tarefa e colher as glorias,

O. Carolãia CIntrá (Firacicabs). Temos em mãos o seu prezado favor e já tratamos de satisfazer as suas ordens. Mqjto gratas. Dc uma patricia brilhante como V. Exa. aó esperamos belloa gestos.

Sr. Dallrldo V. de Andrade (Recife). Recebemos o seu coelo *A valsa d'agoiiia*. que será publicada iia primei» opportuaida- Ue. Agradou-nos bsstánle. Póde mandar-nos outras composiçies cm prosa. E’ ocioso dizer que a linguagem deve ser a mais essia possível. As novcllas ‘á clef' são preferíveis ás pliantasiss (■ralas. ..Sra. Concepclón Hernãndez de Roca (Saragoça, Hespanba).- iá lhe tinhsraos enviado o numero especial de Dezembro, e se o não recebeu loi devido, por certo, a um extravio. Já providea- ciámos para que lhe sejam enviados outros números, incluiiN o de Dezembro, sob registro. Quanto ao preço... não, nsda nw deve, porque o carinhoso interessse que a senhora tem mostrado pela nossa revista vatc mais que as quantias em pezetas de qac se julga devedora. As paginas do nosso periodico estáo seinprt á sua disposição, c, o que c mais, ávidas de receber a luz qse >radia da sua penna creadora. Mande-nos tudo o que segundo 0 seu alto critério, julgar interessante de figurar em nossas pa- ginas como elemento de educação para as mulheres, KsperanM que a senhora desperte em favor da nossa publicação as sym- pathias das suas patrícias inte'Iectuaes, convidando-as a mas dar-noa collaboraçáo sobre assumptos feministas e sobre tudo quinto interesse á mulher.

SenhorIU Grazkla de Lora (Buenos Aires). Somos-lbe oBito gratas pelas expressóes de louvor com que cumula a nossa pe- lilicação. A sua affirmação, expressa na cárla que o seu irmão ?r. Manrique de Lara noa enviou, de que a nossa revista ‘<i una maravilla, y que cs Ia primer revista tau esplendida y completa que Fega a sus manos*, lisongeou. come i de ver. o nosso amor preprio. A sua tffirmaçio vale por um estimnio. sobretudo porque partiu de uma senhorita de tão alto gosto e tão finamente intellectual, Aceeitamos, com júbilo, a sua acqsiei- cencia de ser ahi, em Buenos Aires, nessi cidade magnifici, i nossa correspondente, e aguardamos anciossmente a sos pre- ciosa collabo^ação, as noticias que nos promette do moviaesls intellectual e social feminino na Argentina, as photograpbias t todo 0 mais que nos queira enviar de interessante Já nos diri gimos, por earta, ao seu prezado irmão sr. Manrique de Lar^ solicitando a sua cooperação em favor da qossa revista, Miii uma vez, (^atas pe'as promessas que nos faz. Em tempo; a coi- respondencia dactylographada é preferível.

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kEVISTA FEMININA

nfiMCHflS DflPEü£ i

SflRDflS.^ espifiHfts

Libero BflDRRO', 144 Õ.PAUlff

Uiiirmi OTrJ©§a ©yijy©!© IsimJmlosii

Prêmios a fodos

Por intermédio da “Revislá Feminina”,

a tào apreciada revista fundada pela sau-

dosa literata patricia d. Virgilina de Sou-

za Salles, ''esolvemos promover uma curio-

sa “euquette” entre as senhoras e senho-

ritas do Brasil todo sobre um assumpto

que á primeira vista

parece de somenos im-

portância, que deve in-

teressar de perto to-

das as famílias, e que

Qunca ningiiem se lem-

brou de fazer em nosso

paiz. Trata-se de res-

ponder, claramente, os

seguintes quesitos, no

aiaximo em duas folhas

de papel diplomata, a

penna, de proprio pu-

aho;

1. °—Qual o annun-

cio e mais ou menos

qual era a sua redacção,

tamanho, especie, lugar

onde o viu, que lhe pro-

duziu melhor effeito,

que mais a suggestio-

nou ou convenceu de

que 0 que apregoava era

real c verdadeiro, fa-

zendo com que experi-

mentasse o artigo an-

nunciado?

2. ” — Qual o systema mais serio, mais

apropriado, mais seguro, segundo o seu

modo de ver, deveria ser empregado para

propagar e tornar conhecido um producto

realmente como a Agua da Belieza ou o

Xarope das Creanças’?

3. ” — Porque V. Exa. acha este ou

aquelle processo ou systema mais effi-

caz?

3.* — As respostas pódem ser assignadas

por um pseudonynio, pois publicaremos

nesta mesma pagina as que julgarmos

curiosas e originaes. Devem vir, porém,

assignadas pelas remeítentes, pois a todas

enviaremos lindos brindes uteis (Musicas

para piano, papel de linho finíssimo para

cartas coin retratos de

artistas, e respectivos

enveloppes, cartões pos-

taes finíssimos e delica-

dos, etc., etc.) innne-

diatamente ao‘ receber

a resposta e um frasco

DA BELLEZA a cada

uma das autoras das

doze melhores respos-

tas. Todos os brindes

serão enviados franco

de porte pelo correio,

para qualquer i)onto do

Brasil.

Todas as respostas

deverão ser enviadas

ao seguinte endereço:

Director da Secção de

Propaganda da Socie-

dade de Productos Chi-

micos L. Queiroz, Rua

de São Bento, 21 — 2°

andar — São Paulo.

líotêsffés g^nlto^uríntrlaw ParM

Dn F, /l. De/Iâpe

Ttl. a73a~e*of. Coni.' S. S*ato. i9S ■ d»s t át t

Ttl. 4B0S-Caat.

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REVISTA FEMININA

n DòR DE nivmR

(ContinaaçSo de numere inurior)

"Ah! 8Íni, 0 ‘‘disfarce’', as mais das vezes, em que pese ás doulas matronas, que o querem impOr ás fi- ihas. Mae, guando as filhas já ouviram falar demais as peesôas adultae, quando já lhes observou os actos- ellas já náo podom ter mais a ingenuidade decriancas. 13em ou mal, viram-se forçadas — com que cruel de- cepção! — a conhecer quo o amOr, o bello amOr gene- roso, devotado, mais forte quo a morto, náo existe sl- náo noe livros e nos seus sonhos do virgens. Entáo. de- vem ter percebido que mui poucos homens o mundo lhes depara que mereçam a dádive sem preço de um coraçáo apaixonado. Entram-se de terrôr pelo egoismo feroz delles, desdenham-nos por todos os seus cálculos, todas as suas mentiras, as suas pequenas e grandes crueldades, a revezes dissimulados sob apparências engenadôras.. . Enião, chegam mui naturalmenle a pensar que, para ellas, a felicidade cifra em lhes náo devér nem pedir nada, em só contar comsigo mesmas.

"Como na terra de promissáo, entro a pensar na existência que ou desejaria.. . Viver para a belleza e para a arte: dar um som. uma lingua harmoniosa a tudo 0 que canta, palpita, vive dentro em minha alma, a qual tenho a ventura de possuir vibrante como uma corda sonora. Viver para apprender. .. Viver para quo se me revelem todas incógnitas que tentam o meu es- pirito. nunca satisfeito... Viver com alguns amigos' queridos, com os livros, com a música, com os flores, e contemplar as paisagens, que sáo uma poesia viva; saborear-lhes a forma, a cór, o pensamento. .. Viver gozando este prazêr, — um dos que mais Invejo! — poder dar sempre alguma coisa a todos os que se ap- proximam de nós...

"R pensar que tudo isso sáo sonhos Irrealizaveis!. .. Que isso “náo se condiz" absolutamente com o escrever versos ou música! £' um prazêr doa deuses, doe deu- ses. que náo se vêem a braços — os privilegiados! — com mil quotidianas despesas, mais ou menos estú- pidas. A mim. pobre mortal, não é permittido viver assim em pleno ceu. Quando -me esqueço de mim mesma no meu palácio encantado, logo sou chamada á realidade por algum contratempo prosaico, que mu arremessa, impaciente e pesarosa, á poeira terrestre onde 0 meu destino é vegetar lamentavelmente.

"18 de agósto’’.

“Kra um presentimento, essa appreensáo em que*eu entrara respeito á paixão do velho Asseline pelos prazêres maritinioe.

“Em que aventura nos laçou ella!. .. “Ainda me revolto e rio, ao mesmo tempo, quando

me lembra. “Ao meio dia, quando descia o barranco, onde ha-

via deliciosamente conversado as regras da prosódia, vi Colette, que regressava da praia, escoltada pelo.s Assellnes.

“Percebendo-me, chamou-me de jeito que me tor- nou Impoesivel a fuga; e, emquanto eu respondia 808 cumprimentos do pai e do filho, ella, sor- rrindo para o velho Assine, disse-me com uma graça encantadôra:

“ — Chiqulnha, tenho de transmlttir^e um amavel convite do senhor Asseline, que se offe- rece a levar-nos comsigo á pesca do congo.

“ — A’ pesca do congro?!... repeti eu, aseom- t>rada.

“ — Sim. . . Vamos ás tree horas da manhã, de barco.

“ Eu olhava para Colette, perguntando a mim mesma, si falava a sério ou se zombava da mi- nha credulidade.

■■— iç uos iremos de noite, com... Com 0 senhor Asseline, o senhor Paulo, CUs-

dio Rozenne, os Détreils e os marinheiros. “Os Uétreils sáo primos dos Assoliues. E' um au:

— muito rico, Já se vê. — que está sempre á cata ãc partidas, quaosquer que sejam.

“Cavalgando logo a sua idéa fixa. o senhor .ásseUat ourou cm profusas explicações sóbre a pesca do coa- gro. Eu estava á espera de um minuto, que elle per- dêsse o fôlego, para me esquivar ao convite... Uu Colette, ao ver-mo entreabrir os lábios, langou-me tai olhar, que a phrase me ficou só no pensamento. E aproveltou-se logo do ensêjo para apressar as despe- didas de envõlta com os seus agradecimentos. E goU- mos, as duas, num passo rápido, para o hotel.

“— Náo me explicarás, Colette, — perguntei et mal humorada, por ver fugir-me toda a alegria ít minha bóa manhá de trabalho — o que significa e$n aventura ridícula, a que me queres arrastar?

“— Náo se trata de nenhuma aventura ridicult, - replicou imperturbável, — mas sómente de um passeie original, a que te convidam.

“— E tu. que detestas a pesca, a água fria, s<>me(. ientaçáo de Ires patinhar a noite inteira no mar, coa toda esea gente, para ver agarrar congros!

“Olhou-me bem de frente, erguendo a cabeça asa ar de desafio:

“— O que me tenta é ganhar a partida em que es- tou empenhada. Depois, podea ficar certa, eu ^ecllp^ rarei estes meus adiantamentos!

“Durante um segundo, quase que tive piedade da» nhora Asseline.

"Assim, pois a pesca do congro faz parte doe melu de conquista empregados por Colette. Como tambeai sua presença por occasláo de se distribuírem oe pn- mios na escola de Villere, onde, ao lado da senbon Asseline- coroou -muitas cabecinbas conimovldas... Como ainda o tomar parte na procissão de IS de agOi to... Ella, Coleite, na procissão! E a mamãi tu bem!. .. E tudo isso^ porquê?. . . Ah! miséria duai- sórlas, pobre humanidade!

".Mas ou, que náo sou pretendente aos mllhóMit Paulo Asseline. não tenho absolutamente necessidaát de ir á pesca do congro com toda essa malta!

"Estou que Margarida pensará como eu. S6 elb talvez -me poderá livrar desta rascada, convencendo i mamãi dc que nos vamos expór a um perigo sério, h mar, em barco, á noite. . Verdade é que, si Coleta quizer. ..

"Sentindo-se forte na sua decisão, ella camiaben a meu lado, tranquilla e risonha, emquanto en h exasperava á conta da minha impotência. Ao chegn- mos 80 hotel, encontrámo-nos com Rozenne, que tu bem chogava nesse Instante, e cujo ar alegre me tu estremecer de inveja.

"— Que fronte assombrada!... exclamou elle, i

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REVISTA FEMININA

gracejar, logo auc lue viu a cara desgotosa. — Deram, lhe, por acaso, alguma ruim noticia?

"—S'm, detestável, estúpida! . . . Pergunte a Colet- te. . .

“£!, prêsa de raiva, enfiei pelo vestlbulo. Invadido átiuolla hora pela onda dos hóspedes, aos quaes a si- nóta chamava para o almóco. ■

"20 de ngôsto"

••E« liem que adivinhava que -Margarida pensariii como eu, no tocante a essa absurda temeridade, a que nos arrastam as amblçBes de Coleve. Intellzmenio. a aua iDtervençáo resultou nnlla, porque a mamái só vé as colaas como Colette quer que ella as veja,

“Ora. Colette lhe atflrmara que estaríamos em per- feita segurança na companhia do senhor Assellne; que este fazia muito gósto em nos levar; que não po> ilerfamos furtar-nos a simllhante convite, sob pena de passarmos por grosselrlsslmas, etc. etc.

"Enfim, para evitar scenas Inúteis. suJeitei-me a mais esse capricho de minha Irmã, pois era indispen- riavel que eu lhe fizesse companhia.

"E agora, para ser sincera, cumpre-me confessar que já não me arrependo de ter soffrido a fôrça das coisas, porquanto, certamente, não mais se me ensejará uma segnnda occesiáo de fazer passeio mais ridlculmente cômico. Por Isso, perdoei a Colette o ter-me lançado nessa grotesca aventura, a qual pelo menos, teve para ella a desejada resulta, a conquista gloriosamente ter- minada do velho Assellne, que é. a esta hora. seu fiel alllado.

“Pelas trea horas da mauhã, velo pois buscar-nos todaa t ohusroa dos pescadores. Em silêncio, e sob e probtectão de Rozenne deixámos o hotel, depois de havrer a mamãl, do fundo do seu leito, nos recom- mendado, á guisa de ad-eus, multo cuidado para que nos não resfriássemos nem afogássemos.

“Eu estava de um furioso meu humór. Colette. graciosa como sempre-, soltava enthuslásticas excla- mações, linda de encantar com a sua bóina de lã. sua vástla multo Justa, a sáia curta. — uma sáia de in- \iemo. que ella sacrificara, passando todo a tarde a enevrtá-la. . . Diabo! quando não temos uma cama-

reira ás nossas ordens!... E só com. esse traje tão simples, eclipsava In:eiramente a tollctte da senhora Détrlel, toda taful, como si Vil]ers«intelra a devêsse ver passar.

“O velho Asseline. trajando á maruja, parecia as- sim tão volumoso quanto satisfeito, caminhando leeto. escoltado pela companhia dos pescadores. Quanto a Rozenne. parecia um velho lobo do mar, tão jovial e dispóslo a divertir-se com os imprevistos dêsse absur- do passeio, qne eu, de bom grado, o teria esmagado sob um alude de palavras desagradaveis. Mas curtis em silêncio a minha irritação: e. muita digna, sem dizer palovra. puz-me a caminhsr ao lado delle, que se improvisara, logo logo. o meu cavalheiro prote- ctor, com uma simplicidade fraternal e amiga, que ainda agora lhe agradeço.

“Bem sabia que o meu silêncio o Intrigava, 9 que o desêjo de penetrar-lhe a causa o agulolhava... Isso _me calmava os nervos — o v6-lo assim impaciente. ‘Demais, o encanto dessa noite do verão, em que as eetrèllas começavam a empallidecer, actuava ao mes- mo tempo, deliciosamente eftbre mim. As ruas ador- mecidas pareciam caminhos de sonhos acariciados pela brisa fresca do mar. No ar vibrava o canto das vagas invisíveis, cuja musica acalentadêra aplacava tão bem 0 meu aborrecimento, que estremecí ao ou- vir a voz de Rozenne, que me perguntava discreta- mente:

■■— Está a devanear, ou de mau humór? Pergunto, não por curiosidade, mas por que as minhas palavras se ajustem a um ou a outro dêsses 0ois estados de sua alina.

"— Estou de muito mau humór. respondí. “— Porque? Não lhe agrada este pitoresco passeio,

assim á noite?... Passeio, que, som dúvida, a senho- ra não terá muitas occasióes da repetir...

“— Sei lá! Si oceorrer ainda á fantasia do senhor .ássellne o Ir pescar os seus congros em nossa com- panhia. será forçoso repetir estas excursões!

“— Com que então, vem a este passeio forçada e constrangida?

“— De certo! Não gosto abosolutamente que me obriguem a fazer coisas que me pareçam estúpidas!

"— Nem eu! — replicou'elíe alegremente. Mas considere que as coisas estúpidas são. ás vezes, muito

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divertidas; e. para consolar-se de ter vindo comnosco contra a eua vontade, prepara-se para gnaar alguns bocados raros, com que seremos, sem ddvlda, gratl- flcedoe!

“Falava-me como a um bebê, a quem procuramos convencer. Isso me pareceu tâo engraxado, que me puz a rir. Porque, afinal, o que me contrariava era a idéa de que nós faziamos esta criancice sd para comi>razõr com um Assellne. Não fôra isso, e a novidade de simi- Ihante passeio ter-me-ia que farte seduzido...

*‘Ah! bem razão tinha Rozenne em prenunciar-me espectáculos engraçados!... A representação começou logo ao chegarmos ã praia. — praia silenciosa, que a noite tornava immensa, a fugir para um Invisivel ho- rizonte de mar. Constava do programraa que iriamos de barco até os rochôdos. onde devsria realizar-se a pesca miraculosa.

“(legámos, mas não pudemos embarcar: a maré já estava multo baixa. Os pescadores, com o patrão Asse-,, line á frente, ao qual nada turbava a alegria, declara- ram então, sem hesitar, que só tinhamos que fazer uma coisa multo simples, — alcançarmos os rocfa&dos pela praia. E accrscentaram que, para evitar que nés-outras, pobres senhoras, enxarcássemos os pée na areia ainda húmida, nos carregariam nas suas rédes entrecruzadas.

“Ao ouvir esta decisão, relancei a Colette um olhar discreto. Etla. porém, declarou logo que muito a di- verteria o modo imprevisto de locomoção que lhe era offerecldo. .. Mas... hum!... a sua alegria não igualava, por certo, com a do Paulo, que exultava á .sé Idéa de que iria transportar a sua bem-amada... Quanto á senhora Détrell. que é um tanto alentada, era evidente que não deixava de ter as sues appreen- s9es .pensando no aventuraras? assim entre o ceu i o mar.. .

“Mas que fazer? Voltar?.. . Era cédo demais para desistir do pesseio.. . Mas. caminhar pela areia mo- lhada ainda menos a seduzia. ..

“Em verdade, sé lhe restava o deixar-se conduzir nessas cedelrlnhas de novo modôio.

"Rozenne, sempre fraternal — estou mesmo em dizer, paternal! — accomroodou-me o melhor que pôde, prestando-se. como sl fôra um dever, a transpor- tar-me na minha IHeira improvisada, com o auxlüo de um valente pescadôr, E puzémo-nos a caminho, diri- gida a caravana pelo velho Assellne, azafamado como um commandaute em dia de perigo.

"Para nés. mulheres, prtncipalmente para inlm, que sou do g<nero penna. este passeio discretamente aéreo toi. antes, agradável. O mesmo já não passou oom os homens, que se molhavam, enterrando os pés em trai- çoeiros peraus, a pique de nos arrastar também oare 08 abysmos. Assim aconteceu eo elegante Détreil, .que mergulhou de chapuz, numa quéda pouco perigosa mas glacial. e por pouco, não arrastava comslgo a espOse que etle carregava. Esta. aliás, pontllhava o caminho com gritos de terrOr ao menor passo em falso dos con- ductéres. Colette, que sei não ser de mulia coragem, sentir-se-la Igualmente, tenho certeza, muito pouco tranquUla... Mas, não se movia, contentando-se em apoiar com férça no hombro do Paulo, que não falsea- va. . . De mim, acabei por acher infinita graça em todas essas perlpecfas.. . Mal sabia eu o que nos aguardava!...

"Eis-nos afinal chegados aos famosos rochédos! "Cuidadosairoente. os conductéres nos pojáram em

terra... Mas. que terra! Toda revestida de algas e sargaços, enxarcados de água do mar, — um solo es- tremamente reevaladlo.. . Uma rocha eriçada. fértil em escorregadelas. ..

"Estou convencida de que Colette, apezar de toda a sua valentlu, já começava a arrepender-se por se

haver mettldo em similhante aventuro... Como eu, ella lambera perguntaria a sl própria o que poderfamm fazer para passar es horas enquanto o velho .ásseilie e os seus homens se dessem a© prazêr de arrancar do mar todos os congros que pudessem colhér ás mãos.

“Rozenne. esse. sentindo-se fraco pescadôr, contenis- va-ae em contar à senhora Détreil coisas terríveis, qse lhe vinham á Imaginação, sôbre oe Inetinctos terosos dos congros, a tal ponto que, tomada de pavér, os enxarcados, os olhos estrovinhadoe, queria a todo cuMo ir-se embora, intimando o marido a levá-la immediiU' mente. Este, que tlrltava, gelado pelo banho que lesa- ra também não desejava outra coisa, Mas. como?.., Não podia carregá-la sézinho nos braços, e não estart abaolutamente dlspOsto a regressar á praia, patinhasde nas pôças frlgldisslmas que se espelhavam, reluzsnus. pela areia.

“Ah! que passeio divertido! "Sob colér de mostrar melhor a Colette as .perlpciaa

da pesca, Paulo levara-a. com precaução, de rocha em rocha, até a beira da águe. Então, para distrair-me, ]i desinteressa des evoluções dos percadéres. resignei-aic a pervagar pela areia úmida, sem ter ao raeaos pari escoltar-me o meu fiel cavalleiro. que féra. arpoadí pelo velho Assellne.

"Ftllzmente( a pouco e pouco, ia nascendo o dia. 0- ceu empallldecia nume claridade leitosa com tons de nácar côr-de-rosa. A maré subia em vagazlnbas veta- das de prata. Pouco a pouco, como sl corressem veli- rios, as brumas do horizonte tornavam-se tm\s llm mais transparentes, entremostrando os lordes, sim!- Ihantes a imagens de aonbo, numa luz de oiro incom- parável. que cada vez se avivava roals em clarldtdK de púrpura. Uma auréola luminosa tranjava as ralw núvens, que erravam — flocozinhos de neve no uai suavíssimo — esparsas sõbre as nossas cabêças, sMrt a praia de olro fôsco, sAbre os bosquõtes de úrvorei. cuja verdura húmida reluzia. . .

“Era um espactáculo que me extasiava a ponto d( me fazer esquecer os ridículos Incidentes da noite. Ko fundo do meu ser. sentia abriT-serone a ardente fonw da inspiração. Entraram a cantar, d«m:ro em meu pei- to, versos imprecisos, vagos, fugitivos, mas tâo Canon*, que. neesa noite, no meu quarto, ao contemplar o eei pontilhado de estréllas, eu oe ouvia ainda. .. E, eotio, docilmente, puz-me a eserevô-los, taes como me tlnhia vindo ao coração, ante a excetsa magnitude do mu. redolentes do perfume que dellc ae desprendia tu raios do bello sol da manhã...

“Estive assim tâo absérta nesse meu êxtase con- templativo, que o tempo não me pareceu longo. Pa isso. foi quase admirada que ouvi, de repente, a ra de Rozenne, o qual viera eo meu encontro pele areta

“— Não se sente gelada com esta noite Intermlai- vel? — parguntou elle.

“— Absolutamente, está tão agradavel! . “Elle. porém, havia dissipado o encantomento. 8ís-

tl-me, então,, realmente, muito fatigada; tomou-ae proeaicamenle um desêjo louco de me ir deitar cobo um beb«.

“— Nés já vamos!. .. Não vem? Mas. como i se- nhora se afastou longe! Eu não a lobrigava mata,. Causou-me um susto!...

“— Julgou qu© me havia devorado algum congrol. Quantos pescou o senhér?

'•— Dois! "— Que riqueza!

(Continua iio proximo iiumcm

KOLA SOEL Anemia, fraqueza, rachitismo, moléstias do estôma-

go. Util no crescimento das creanças

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REVISTA FEMININA

etrg^

\ KaUna llrnMli

Esta. nossa Jov«n e brllhnnt« pacri- clu. dspois de alguns annos de ausên- cia. voltou a S. Paulo, onde se ap.T(sentou razendo-se ouvir num con- certo de plano, no nnl&o Oormania. cujo exiio foi longamente asolgnalado pels Imprv^naa.

Trata-se verdadeframente uma artista, de grrande futuro, para a qual »e volve a attenq&o dos Iniciados.

A senhorita, Vitalina Brasil teve como teu primeiro mestro o profesaor Fellx de Otero. com e qual fez os seus estudos desde 1901 atO 1911. seguindo depois para a Europa, onde continuou ti estudar com Rudolph Qans, em Berlim, « com Raoul Pugno, em Paris. Foi também discípula de Wllhelm Klappe. com quem estudou harmonia, cOBcIuindo seus estudes com Prcderlc I^amond Voltou para o Brusll em 191õ, realsando uma serie de concertos era Sfto Paulo, Santos. Curltyba c Klo de Janeiro, alcançando por essa ocoasião muito successo.

80 agora a nossa talentosa conter- rânea »v fea ouvir novamente pelo noMio publico, com um programma cheio de responsabilidades, e cujo desempenho nada deixou a deaejar,

ECZEMAS, Herpes, Tcrcál, Frielres, Signues <le

Bexiga tratamento fadical com 0

I O D E A L Nas principaes Pharmaclas e Droga-

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ncIcffitçAo fciuinina do «■omSté Frnnca-.America

A 21 do mez passado as represen- tantes do comlte *Franca-America fo- ram a Coblenza. O coonmandante-chefe do exercito de occupac&o norte-ame- ricana diapensou aquellas distlnctaa aenhoras. &a quaea deu hospedagem, as maiores gentilezas.

Uepois de vlaltarem as diversas for- maeSfs das tropas do seu palz, aa aenhoras norte-aroericanae assistiram a uma revista geral c. em aegulda. -compareceram ao Jantar que lhes foi offerectdo. A delegação passou um telegramma ao presidente do “comitê" de Nova Tork communicando a hos- pitalidade fraternal com que tinha sido recebida tanto da parte dos seus irmSot de sangue como da dos fran- ceses e fazendo os mais Intensos votos pela manutenedo e sempre maior de- Envolvimento da Intimidade existente entre a Franca e os Estados Unidos.

FRIEIRAS, Aphtas, Aseaduras de caldr, Brotoe* jae e Queimaduras de eol; tratamento

radical com o

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1'nlAii Internnclunnl daa Mttlhrrca ('albollraa

Vai realiznr-se breve na cidade de Cracovia, a Ath^nas polaca, uma ri-u- nlflo da Pederaedo Internacional das Ligas Catholicas Femininas.

Est&o Inscrlptos na ordem do dia a admiasSo da Liga italiana, a pre- paraeSo de um proximo eongresso Internacional, instrucc&es &s Ligas federadas sobre a preparaeSo para o suffraglo feminino nos palzes onde aquelle entrou JA em vigor, c s vigi- lância sobre a olaboraçAo e execUCAo dns leis attinentes A família, A edu- caçAo da Juventude >■ aos costumes em geral.

PresidlrA a condessa Maria Wodrl- che > dsslstlrA a marquesa Patrizsl. presidente du Liga das Mulheres Ca- (hollcas Italianas.

Aefividadeii femininas — A senhorita Maria Prodhom. que

conta sdmente vinte e oito annos de edad'1, foi nomeada directora do Banco de Genebra, na Sulssa. A sua firma approvarA todas as operacOes da casa. Essa moca deu demonstraçSes inso- phismavels do seu talento como fi- nancista durante a guerra, e é a pri- meira mulher «uropêa que toma a seu cargo um posto de tAo alta Importsn- cla e de tAo sérias responsabilidades.

Na mesma cidade sulssa ha actual- mente dois Juizes, nove Jurisconsultos. ires engenheiros e grande numero de professoras humanltarias. todos mu- lheres.

— A campanha em prifl da Iníancla. noa Estados Unidosv ‘vae tendo, como era de esperar, um exito/lmmenso. As estatísticas dAo um totai de onze mi- ihOes de mulheres e dezoito mll com- munldadea que tomaram parte nesta obra, em todos os pontos do territó- rio none-americano. Em trinta esta- dos estabeleceram-se departamentos dc hyglene Infantil e em. dezeseis se nomearam commissOes para cuidar do conforto e do bem estar das creancaa.

— Nestes últimos annos as mulheres de sclencln que trabalham no Obser- vatório de Harward em Cambridge. estado de Mass.. descobriram seis es- trellas novas. A essas sabias foi In- cumbida a tarefa de examinar as pbotographlas tomadas nos Elstados Unidos e cm Arequiha. Perú. para a descoberta de novos elementos de

pcirf|ulzB astronômica. distinecAo essa de que se tomaram merecAdoraa mer- cê da Justa reputucAo que alcançaram.

— Até ao anno de 1917 nAo se con- cedeu As mulheres írancezes o direito de ser lutorns dos seus proprlos filhos. Bin Vancouver elegeram-se qua-

iro mulheres imra o parlamento ca- nadense. Xa Nova Gales do sul da Austrá-

lia foi concedido As mulheres o direito de ser eleitas para o desempenho de fiiüccõee naeionaes.

Mulheres elrUoras

Calcula-sc em mais.de cem milhOe» 0 numero de mulheres alistadas como eleitores nos vários palzes.

Fôra da UnlAo Norte-Americana, a mulher p6de voiar, em qusstOes na- clonaes, na Nova Zelandla, desde 1893: •na AuBiralIa e nu Flnlandia, d'esdc 1902; Noruega, desde 1917; Inglaterra. .Kustrla-Hungrla. Polonla. Tcheco-Slo- vakia e CanadA. desde 1918; Allema- nha. Suécia. Hollanda, UaUa. Servia e Luxemburgo. 1919: Costa Rica, 19í«.

Em Nanajuaito. província do México, ha o voto feminino InstltuMo desde 1917: no Uruguay e na África Ingleza existe a mulher votants nas ellcOes municlpaes.

Fundou-se em Buenos Aires uma aasociscAo promotora do voto fenvl-

Na Bélgica, um projocto de lel elei- toral concedeu o voto A mulher viuva, As mAes doa militares mortos na guerra e As dos civis victimados pela invas&o. .Vb mulheres e u Jory na Inglatern.

Nos tribunaes brKannIcos as mulhe- res JA ha multo que acompanham as causas eiveis: agora fizeram a sua entrada no Porum Criminal, tendo sido uma. sorteada para servir no conselho de Jurados.

A' primeira sorteada o< "reporlers rodearam para obter o selFnome: sra. Helena Burnstead. moradora em “Ade- lalde-Street"; proflssAo: proprietária: descreveram o seu vestuário, o chapéu de palha preta, os enfeites, o aga»a- Iho de pelles. o plnce-nez, etc-

Kesse dia entrava em Julgamento um dinamarquês que disparou um re- vdlver contra um policia.

O jury inglez tem de proferir a sua decIsAo por unanimidade. Esperava-se que a presença de uma mulher desse causa a uma dlscussAo demorada no conselho. Isso nAo aconteceu.

No fim de pouco tempo o conselho de sentença voltou A sala. com a sra. Burnstead A frente. O Juiz m'0dltlcou a formu-la, aitendendo A circumstan- cla. e disse: Senhora e senhores mem- bros do jury, em vez de Senhores membros do Jury — queiram apresen- tar o resultado da sua dellberacAo.

A sra. Busnstead ergueu-ae. asseslou o pinoe-nez e respondeu; “not-gulUy" — nAo criminoso! O aceusado oAo teve IntencAo de ferir o policial, e foi ab- solvido.

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REVISTA FEMININA

Mas é preciso que *e saiba; as In- grlesas nSo se mostram, por emquanto, satisfeitas por pertencer ao tribunal do Jurv: procuram esquivar-se por todos os meios possivcU.

De 24 mulheres sorteadas, des pedi- ram excusa; umas diziam: sou “busi- nesB woman". commerclaiWe muito atarefada, nfto posso comparecer. Outras declaravam; somos Inspectoràr •li. operarias: nossa presens» 6 neoes- raría nas fabricas, em horas detter- minadas.

U/na dellas pediu excusa por ser multo nervosa e se emocionar facil- mente; a sua saude não permlttia que julsasse.

Outras declararam que o tribunal funoclona muito cedo e que isto a.-- obrigaria a deixar de attender aos Interesses do lar domestico...

Estes motivos apresentados, com fundamento, foram aceeltos pelo juiz.

As mnlhcrcK nu Impmiun A nova directorlH ..o “Syndíoato da

Imprensa estrangeira”, ero Paris, con- ta, como secretaria, com a sra. Sophlu Dlmonte. talentosa ewrlptora e cor- respondente de vários lornaes.

A presldencla foi confiada ao sr. Dmltrief. antigo Jornalista, que dispõe da maior consideração em todas aa rodas polKlcas e soclaes. Coube a este coilega a indicação da sra. Dlmont? para o cargo de secretaria.

.Vo Japão, em Kranga. na Inglaterra, nos Estados Unidos, etc-, os Jornaes Dão sô mantém grai.de numero de

"senhoras na collaboração, como man- tém no trabalho diarlo, na co^nha do Jornal, diversas senhoras.

No trabalho de llnotypla, revisão de provas e e*pe^>São. ha grande numere de senhoras, que se desempenham doe seus encargos com a maior com:>eten- eia e brilhantismo.

DIGESTIVO

Oo eapecialiãta francez dr. ED. PICARD, de Peisina, Pancreatina e Diactsfa

Kepretenta * uitima palavra da therap-u- liei tnolerna no c^ue diz reipeito a um to- nico digestivo asaimilsnte. Formula de íer- mentoi digestivos empregada com suipie- bendetites resultados em todos 08 pii.es eu- ropeus durante os últimos o tenta a.nnos.

SEMPRE EFFICAZ

Nas diflerentes férmas de dyspepsia ner« sose. «tc.nlca ou flatulenta e nas gnatrHcs ant*gas ou recentes. Produz bem estar gas. Iro.mtestinal rapidsme-itc nas HidlgeslÕes, •cldez embaraços gástricos e elimius to- dos os avmptomas de defeiencia digestiva, taes como: ntfb holito. nervosldade, dSres de estomsgo, ihigua suia, nausea, ardor na garganta e bocea. gosto dosagrad-ivel na bocea, magreza, Irritações da pelle, prbio dc ventre, enjõos e resfriamento das mios o pés. A' venda nas drogarias. Único depo- sitário no Brasil; tOülS S. CURT. - CAISA POSTAL, 1875.

- RIO DE JANEIRO

Lady Cochranc

Em Ksntiago, ha dias, um grupo d« senhorl-tas offeroceu uma recepcão em honra de Lady Cochrane. Esse nome é para nõs, brasileiros, um nome na- cional. Essa moça é neta do almirante Cochrane que. como se sabe, estã mul- to ligado ã historia da independoncla do Chile e do Brasil.

A aviadorn aenhorlla Rollnnd Toío« os jornaes de Buenos Aires

publicaram grandes noticias a propo* alto dos vOos realizados, ha dias, na-

quella c Idade pela se.nhorita Rolland,! em beneficio do Assistência Publica. 4

Os võos foram executados todos a trezentos metros da altura provocando .1 avladora o maior enthuslasmo por narée do numeroso publico que oceorr reu a assistir ãs suas provas.

Aos "looplngs" normais e depois sobre as azas seguiram-se “parafusos" violentos. Impressionantes desliga- mentos. quMas bruscas e ascencões •.-ertlglnoaas.

Poram cerca de cem minutos que os espectadores tiveram 6s nervos for- temente abalados. Quando a avladora a sceu. o publico invadiu a pista. :rcnsportando-a aos braços até a trl- ;>vna otflclal onde representante do iTefello a cumprimentou etíusiva- • -ente.

Em vista das repetlda-s acclamaçoee In Dubllco, a senhorlta Rolland repe- tiu 08 seus vOos, com arrojadas acro- iitsclas, recebendo novas e dllerantes o .-ações.

Pouco depois, chegavam ao aerodro- :;io dous aeroplanos pilotados, o pri- meiro. por um francez e o segundo por ura filho de francez. Como a Se- iihorlnha Rolland devesse ir aterrar d^flnltivamsnte na. Viila de Santo Isl:!ro, os dous aeroplanos e#JoUaram- ,na entre vivos applausos da multidão.

Antes de terminar o espectáculo, foram sorteados bilhetes que darão direito a voar em companhia da avia- dora. . ,

0 publico reconheceu que a arojada avladora que ha poucos dias conqule- tou 0 “record" feminino de altura. pclipsou quantos aviadores acrobatí- tos Jã se e^hiblram aqui. sobretudo usando de um pequeno apparclho ■Coudron", de oitenta H. P.

FERIDAS ) Sardas, ComlchSes. Emplngens e

Suores fétidos; tratamento radical com o

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Conselho Nnclonal das Mulheres Portnguesue

EsLa utnisslma e prospera associa- ção. cuja séde estã in«ta!Iada ã Praça dos Restauradores, em Lisboa, veín conquistacido, dia a dia. a adhesão das mais distinctas senhoras de Par- tugal. Actuaimente estã tratando ella da formação de uma bibliotheca. for- mada, na sua maior parte, de livros isobre asvumptos feministas ou de conformidade com as actuaes corren- tes do pensamento feminista.

A proposito dessa Iniciativa, cujos reaultados serão fecundos para a pro-

' paganda das idéas qu» constituem 0 programma desaa associação, recebe- mos da sua Presidente, sra. Adelaide' Cnlette. uma circular dirigida ã se- i-retarla da “Revista Pemlnlna’ e cujo ttieor é 0 segitlnte;

“LIsbonne, le 21 Décembre, 1920. Chére Madame

Aprés Ia guerre, le Consell National des Femmes Portugalses s Initié un grand travail de propagande des Idées fôministes en Portugal, et 1’organi- satlon d'une petite blbliothéque fé- miiUste s'lmpose.

Nostre Consell déslre organiser un eervice gratult de lectures fémlnlstes et en conformlté avec cea idées. Je Viena vous prler de lul adresser quel- quea publloatlons e-t travaux féminla- tes de votre Consell National et de quelques autres Associatlons fém!- nistes. ou um autre ouvrage.

Vous comprentz, Madame. comma cette Idée est utile-ã notre causa et ■omme elle est slmpathlque.

^ Je aula sure, chére Madame. Qte inotre demande serã blen accuelUia > votre dévoument ã notre cause en en une garanti».

Je vous prle. Madame et ch*re Cel- lègue, de crolre ã nos sestlments M plus dlstingués.

La Présidenu Adelaide Caleqe*

FISTULAS, AbcesBoa. Escoriações, Gonorrbéu e

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rias do Brasil Em São Paulo - Drogaria Bnmel

Crus Vennelhn Brasllein Uma das Instituições que. nesU ti-

dade. mais tém trabalhado para a ret. 1'aação dos fins a que se destinou. I sem duvida, a Cruz Vermelha Braj!. leira, cujos serviços Jã são hoje Is. contavei*. mereS da dedicaçio e di tenacidade com que Ih? vém dlriginíe Ds destinos os seus direetores a du sympathlãs que desde logo despertei na alta sociedade paulistana. A tu fundação é ainda recente e. a despeite disso, ceaa util e piedosa Institaiti» entrou de vez nos hábitos da nota população, que Jã não a põde dltpei- aar.

A 14 de Janeiro reallacu-se, no a- lão do'Instituto Hlztorico e Oeon- phlco. com gramde concorrência ee* tando repre«*.ntad08 S'53 assoeladot, i -•iia Assembtea Geral, tendo sido o:l* eleita a seguinte Dlrectorla:

Presidente —- D. Adllia PelnieiM Mercado: Vice-Pr»«Idente — D. Oits da Silveira Campos: 2.a Vlce-Prei- dente — D. Anna Vieira de CerraTlã: Secretaria — D. Roslna Nogneln Soares: 2.a Secretaria — D. Lndlh Ribeiro de Souza; Threourelra — Dn Maria Rennotte; 2,a Thesoureirs — Dra, Angela Mesquita.

A sessão foi aberta nela Tlce-Pr» sldente em exercício. Exma. Snra B. .\dllla Palmeiro Mercado, que patm .1 dlrecçBo dos trabalhos ao Snr. N>;- -son Teixeira. Os trabalhos correna na melhor ordem, tendo sido scotltt po.r acolamção como presidente bon» rarla a Exma. Snra. D. Antonli 4e Souza Quelrõs. bem como um We de agradecimento ã mesma senbgn pelos serviços prestados na qualliüe da presidemte. A Dlrectorla eleita M •mpoBsada ua mesma hora. tende • Exmo. Snr. Dr. Gama Cerquelra f»':- citado a mesa e a Cruz Vermelbi Braalleira pelo« magníficos trabtlbá realisado-s fazendo votos pelo »n- gresso da Associação. A Bxnia Sra Dra. Maria Rennotte. em nome 4| Pr-sidente eleita, agradeceu a pre- sença dos associados e congratnloi-ee com a Cruz Venmelha pela b5a ba». monia e ordem que vem sendo obeéi. vada nos .trabalhos de benemereitt deasa Associação. taZendo votos pele progresso crescente da Instituição.

A mulher c n .Academia Branlleln “O Dia", do Rio. publlcon, dias ba

uma “enquéte" entre alguns ecadesí COS a proposito da entrada das mutb» res para a Academia Brasileira Letros. A maioria dos Immortaee. sldentes no Rio. são favoraveli Inclusão.

Ell-a; — Devera as senhoras perteneir

Academia? Este quesito Jã foi assumpto hr>

mente discutido numa sessão ari mica, ainda na presldencla de Ma d» de Asai», quando Carlos de propunha que fosse accelta a ca datura de Éranclsca Julia a umi vagas então existentes. Nessa

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REVISTA FEMININA

oa rcR^ment«1ic(as da-ca»a eniandaram quí a admlas&o das stnhoras no grt- ralo da Immortalidade era, contraria aoi estatutos, de modo que a maioria doa rtresentes rejeitou a proposta e a idmlravel oinseladora cio» ‘"Mármores” morreu sem a notável Investidura.

Desde ahl nunca mais se cogitou oKlclalmente do assumpto, Ha dias. qorém. chegou & Academia e foi lldn cm uma das suas ultimas sess&es uma carta de Magalhães de Azeredo, em- baixador brasileiro na Italla, favora- r«l í admissão das senhoras e llmi- lando em quatro o numero das acadêmicas. Assim, o assumpto, de. l>ols de tantos annos, voltou â baila, multo embora a opportunldade não aeja a melhor para dlscutll-o, visto qvc 'o numero de acadêmicos estã completo, coisa, aliãs, notável em toda a tolda de Academia.

Terão os antigos acadewilco». os i|im» linda restam do tenrpo de Ma.-hado de Assis, motivos para manterem seu Yoto contrario? Foi um acadcenleo historlco — Arthur Orlando — quem disss que o homem deve mudar dc cplnlão para não mudar de caracter, itsédo Patrocínio, outro esteio Inicial da Academia, por um beijo da Princesa Isabel, deposKando na ta«e de sun fllblnha, não hesitou em alterar In- telrtmente a sua attltuil*. contraria ao velho reigimen. nh propaganda republicana. Outro acadêmico de ago- ra — o sr. Osorio Duque Estradn — Unqou uma especie de voto antecipa- do. dizendo que ?a mulhrr que publicii livros vira homem". Ora, sendo oon- diqlo essencial para a entrada na Act.Jemla o livro publicado, para ò anigo critico literário a personalida- de feminina nas letras estã. "Ipeo facto*. mascullnizada, dentro das exl- fcnelas regimentaes.

Vejamos agora a opinião de alguns otitroa acadêmicos, actualmente no ülo.

0 sr, Rodrigo Octnvio á nossa per- {usta respondeu:

—. *Ainda não tinha tido opportu- íldade de pensar no assumpto. Mns. ilo vajo embaraço para a vida acade- nlea na admissão das senhoras cm teu redueto. Sou, por conseguinte, tavoravel”.

0 senador l.nnro MUlIer fazendo qnealão de frisar a palavra “profls- do*. naturalmente para accentuar reu ponto de vista favoravel ã theo- ria dos expoentes, declarou-nos, deste aiodo, a sua opinião: — «Acho que para a Academia de- vem entrar as pessOas de legitima proDwão Intellectual. Kã» >» deve indagar o sexo do candidato, mas o alto valor intellectaal da profissão mm que se apresenta”.

0 sr. Mario de Alencar declarou-se inteiramente contrario. Mão qulz de- elloar as razOes de seu ponto de vLstn. Elias terão base, provavelmente, na disposição do regimento, que algune ícademlcos entendem ainda contraria t tlelqão das Intellectuaes.

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Fistulas. Sarnas, Caspas, Quéda do csballo: tratamento radical

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O ar. Clovla Bevllacqun noa disse; — 'Embora aifaacado da Academia,

nio tenho duvida em adiantar a minha nplslto, não de acadêmico, mas de benem de letras. Acho que não have- ría detalre para a vida acadêmica, na admissão da» senhoras escrlptora» »m itu melo*.

n sr. Pnulo Barreto contrario, não por sl, mas pelo regimento. Este, *c- gundo a sua Interpretação, não con- sente na eleição das senhoras.

O sr. Fella Pacheco p5e-9e ao lado das Intellectuaes. Acha que ellaa po- dem ser eleita*, maa sem limitação dc numero, como propOe o sr. Magalhães de Azeredo.

Os srs. Coelho Netto c .Knulpho de Pniva entendem que não poderão res- ponder assim de prompto. O roman- cista do” Rei Megro” declarou-se que na occaeJão em que se tratou da pro- poeta de Carlos de I-aet, votou contra, acompanhando a maioria. Hoje. em- bora reconheça que o Brasil j& possue notáveis, no dominlo da» letras, como por exemplo as senhoras Julla Dopee. Gilka Machado, Albertina Bertha e outraa, aobram-lhe razScs para estu- dar melhor o assumpto. no sentido ds sustentar ou não seu antigo ponto de vista.

O sr. llamherlo de Cam).os por OC- castão da morte de Francisca Julla. pronunciou na Academia o elogio da eminente poetiza, lamentando que ella não tiveeee morrido acadêmica. A noticia desse discurso, mal transmit- ttda para o exterior, terla dado motivo & carta de Magalhães de Azeredo, que naturalmente suppoz estar sendo aa- sumpto das cogltacCes acadêmicas o caso da admissão das senhoras.

O poeta da ‘Poeira.,,* não qulz dar-nos a sua opinião, allegando que ella é Inopportuna. Mas o slmple.s facto de ter elle extranhado que Francisca Julla não tivesse morrido acadêmica, jã nos deixa concluir pelo seu voto favoravel.

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O sr. Fiilnto de .Almeida, como nin- guém Ignora, estã presentemente afastado da vida-acadêmica, apenae porque entende modestamente que a cadeira que oocupa melhor cabería ã sua lllustre consorte. Foi Humberto de Campos quem no» historiou a sua entrada para a lllustre Companhia. Quando se tratava da organisaqão do grêmio acadêmico, a senhora Julla Lopes foi uma das mais enthuslastlcaa peonas propuginadoras da creaqão do Inátltuto. Creada a Academia, appro- vuram nos estatutos a cláusula con- traria ã admissão da» escriptoras. Alguém protestou. Aqulllo era Injus- to. D. Julla muito havia feito em favor do grêmio, por isso que era laclta merecedora de uma das cadeira? k fundadores. Mas o regimento jã escava approvado e não havia possi- bilidade de corrlgll-o. Como ficha dc consolação, porém, resolveram os fundadores chamar ao gremlo o sr. Fiilnto de Almeida.

Humberto de Campos contou-no» isso, plgarreou e trocadilhou maldo- samente:

— ‘Donde se conclue que o Fiilnto 6 um escriptor “consorte*...

O sr. Carlos dr Laet. Na Impossibi- lidade de encontrarmos o sr, Carlos ds Laet, colhemos ainda com Hum- berto de Campos alguns Informes sobre o ponto de vista do lllustre professor. Dis o que Humberto nos contou:

— O Laet, naturalmente, 6 favora- vel. Foi elle o autor da proposta em proveito da Pracsitoa JuUa.

Lendo, porem, a carta do Magalhães de Azeredo, elle nos declarou a inop- porCunldade do assumpto. vlsts <;<je presentemente não ha vaga na .'.;a- demla. Em commentario. disse então, saber que por mais lindos e,seducto- res que fossem os olhos dá mulher candidata ã suprema Investidura In- tellectual, estava convencido de que nenhum de nds seria capaz de morrer. s6 para d-lxar galantemente umn cadeira vasia. A Academia não é o bonde ou salão, onde os cavalheiros se levantam para ceder assento ás senhoras descollocodas...

O Hr. MedelroM e Albtiqnrrque é In- teiramente favoravel. Considera a mulher intellectual. capaz de abri- lhantar o mandato acadêmico. Nã<> oppSe ã medida nem mesma re&tricqão de numero.

O Kr. Augnato dc I.lran estã presen- temente em Bello Horizonte, onde fo' tratar de Interesses eloltoraes. Su.i opinião, entretanto, é mala ou menos conhecida. S. cx. se acha Inteirament'- ao lado da mulh-r em todas as ques- tSes reivlndlcativas. Já pronunciou nesse sentido um bello discurso na Camara dos Deputados. Deve ser, por conseguinte, Intel ram ente favoravel.

Em conclaaão na primeira opportu- nldade as senhoras terão assento no seio da Immortaitdade. Depende ape- nas de ensejo. A morte deverá ser o s.eu advogado, nessa causa justa. Mal cila aberta do numero dos Indivíduos uma figura Immortal, será oeoaslão para que as senhoras Intclleotuaes disputem a lllustre Investidura, agor.i mais desejável porque é remunerada .-i cem mll réis por semana.

A Academia Franceza. para resolver o assumpto. não pederâ prescindir de um decreto legislativo. E’ uma Ins- tituição que vivo sob a tutela do E.s- lado. A Academia Brasileira }& não terá esse embaraço, E' um Instituto emancipado, até mesmo quanto á for- tuna material. Kstã até nas condiedes de emprestar dinheiro ao Thesouro Publico.

Assim, não »erá ditficil que amanhã teremos concertado o baralho acadê- mico. pois as senhoras, tardadas e de espadim, serão uma especle de damt s de espadas...

É i^rígoso descuidar-se de

TOSSES-i^

BRONCHITES

e demais affecções do peito ou dos pul- mões por mais ligei- ras que pareçam. 8 Muitos casos de tísica n começaram assim. Eeconomico tratar-se immediatamente des- ses males com o mel- hor medicamento, a

Emulsão de Scott

f(da Puro Oleo de I Figa do de 1

Bacalháo com I Hypophosphitoe) I

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REVISTA FEMININA

JARDIM FECHADO

Oram arccAo pnbllonmtiun pp(|a«nna rniimiuulcB5;0«'ii dv noaxna lel- «oraa, bcni como prodiicvOcn IKcrnrlaa qiic nKo cxccdnot dc Sn Ilohai cm proaa c 14 cm vcrao.

K' noaao Intuito dcacutolvcr nHHliti o KOHto literário entre na Iclloraa c raellltnr-llica nmn corrcapoBdcneia nlll c Intcrcaanntc. Ah prodnctSca lltcrariaa devcrfto acr tiaalgnndoa. acni o <iac nfio aerBo pnbllcodaal.

4'OMO F.LLIU MAO

BranKMi cinco, Hcloisa, Beatrl*. Ne.Hy. CeJJna o óu. I,.evantamo*noe da mesa do rtiâ e fomos a «aJeta ond«

minha bibllothcca c o plano. Dlscorromos sobro espectáculos, modaa. flrits. art*. últimos cscandalos. afi- nal 0 que as mocinhas gostam de ■palestrar. No emtanto. na olhar, no moviinento dae mios da minha mais tnUma amiguinha. Neliy. via uma tcrrlved agitacfto. Heloisa foi. ao piano. Beatria o Celina acompanharam-n’a com caínto. Nolij- e eu fomos & JanoUa, LB. cm segredo, segredlnho, C0BU5u-me que conitraotara casamento; ma« isso sô eu devia saber, por ser s6 ontro'eWes. Dlsse-me ser tfto feli*, e que amaivam-oc Immiensamente. Queria minha opinIBo. Frnncamente. flquel indecisa. Del-lhe um abraço, mas em logar do dcsejar-Hi« felicidade*. planteJ n'aqueWa al- ma Joven e innocente, a semente do pessimismo, “N4o te fies nos homens, eHes amam a todo mnindo, Nellj'” a* outras terminaram e reuniram-se ft nda Quiseram saber os segredos, a ino NeJly disse: “E' a Lygia que tem o costume da pOr todos os defcMos imaginavais nos ho- mens. Pois a minha divisa ê essa — Amar p ser amada — Eu creio no amor. na felicidade, nos homens". Heloisa riu-se. Beatrie disse um — -multo bem'’ e Colina *Bu gosto d'elles sd para dlvertir-me. e sd amarei no dia que «*ncoiitrar o meu Ideal". A Isso respondí: “Pois eu nSo creio no amor. nem nos homens e multo menos na feíi- cJdatóe!.,. E ui Celina, descança quo n&o encontrarás o teu ideail cpie. é perfeito de mais; ficarás velha”.

-Nio seja táo peeslmlota, Lygia. Tiveste alguma des- lllusao psra que tu aos teu» 18 annos. era que Justa- nwnte se começa a amar, tales d’estc modo?" perguntòu- me Beatriz c NeHy. Sd Hslolsa, estava mais ou menos ao mieu lado. X>esculpe!-me e. nvudamos de assuii^lo A’s 6 horas petirsranv-ae. Ruy, noivo de NeHy, veio buscal-s Dlsse-eae vir amanhB.

Eram Id hora» do dia seguinte, quando ella velo. Sen- tamo-no» no cartumanchfto. Nettly dlsse-me: Lygia. quero falar seriamente comtigo". Pois nBo, e ambas eoHamos uma boa risada. Ella interrompeu. Dlsse-me: "Tu n&o V6MM caqu-lllo que disseste hontem g tarde, nfto é verdade? "OBha Ndiy. vou falar-te como irmft. Nunca doví-se crer nos homens. 8&o os smlmaes mais volúveis da terra. O unlco defeito do homem é ter todos os do- fcltoa O rapas ê noivo d'uim» moça bella que clle ama, mas no emtanto enoontra-se na rua com uma moça bo- nita. olha e... namora. O espirito na verdade é forte,

"1“.-" ^ anui- namorada alll, amanfe açoA. Vès. antigameivte era preciso ir buscar louros da vlctorla no estrangeiro » com algum aoto heroTco para conquistar a mfio da Joven quo amava. Hoje sabe» como? Com menUrae-

‘Lygla, mas-. ." -Sim aenhora. com montlras. Ilsonjae e mil coisas

** •'a tanta in- felicidade noa lares. Quero casar e prompto, o primeiro que apparecer. maia parlador. o mgle sympathloo... sas. cw. N&0 digo que tu pertenças a estas, mas cuidado! Estuda bem o Ruy. EUe vem sermpre muMo perfumado’ >fuUo Nelly para cA. Nelly para lá?; se assim for. cuida- do. Em todo o caso n&o desanime» e experimenta (O, caso « que todos experimentam) Quando casas?".

"Caso-me em Setembro. Porém acho o eatou convencMa se 08 homens s&o «omo tiu oa pinta», o Ruy assim n&o é". “Multo bem, assim será* íollz" e murmuroi um “voltada" Depois de uma hora Nelly sathlu mais aliviada.

Setembro fui ao casamento. Focam residir cm PeioU». •SeguMamenle correspondiamo-nos. Dahi aos poucos, ells Ia escrevendo menos, até que finallsou. Indaguel. -esm- vl-lhe. n&o obtive resposta. Passaram-se meses.

N’u»ra manhan ao vofttar da Missa encontrei uma cart» delia, annunclando^^ sua visita na próxima semana Quarta-feira cotava no “«halse longue* lendo "Cerno cilas amam" de J. Dantas, quando ouço a oanspalnha. Era Nelly. Bncontrcl-a mais magra, tom oHieiras pro- funda», pallida... Jusiamente assim que achel-a linda N’aquelle* olho* pretos eu via uma vJelvrf agltaçSo. uma angustia Inexpremlved. Indague!-a e nluma vos alterada dlsse-me que Ruy a enganava... "Conta-me como foi?" Ella começou: “Vlvlamo» multo bem, em lim Idyltio su- blime. em constante lua de mel. Passados alguns mesea elle arrumou pretextoa tinha que sahlr. reunldes entre amigos: « chegou multas vezes As 2 a 8 ds madrugada Duas vezes velo com o cabello despenteado, o casaco branco e d'ahl as minhas suspeita» estavam em funda- mento*. mas, calei-me. Tive fdéa «e vigial-o.mas repe- Ita-a logo. ®ol» achava <'sso Indigno Ide mim. Porém as faltas aocumulavam-se « eu n‘um dia de rancor, imor •proprlo forJdo, cegulo-o a tem passo» de auto".

"Mas como? As pessoas nfto te conheceram?" “Ora. «atavamos no inverno, pu* véo, costume fechado,

pclles. de modo que mal disiinguln-se a»«U rosto. .Depol» de caminhar tres rua», Ruy entra apressado, olhando para os lados, n’uma >casa de aspecto bonito. Cheguei » mandei parar o «uio. Ruy demorou-se 10 minutoa Quan- do sahlu, vl a surpreza no» seu» olhos por estar um autot porta; quando conh«ceu-mc, •tornou-se llvido, olhar pa- rado, -e sd a um signal <meu entroti no auto. a sceoi nl« te conto; sds no auto. n&o deixava de beijar/ mlnhai mfl ok"

Ent&o dis8«-nie ~Ah! n&o dizia que -nao te flussea noe homens!?"

"Flel-rtfe e desconfiei. 6egulo-o e del-lhe uma t»o bea JlçBo que ha de lembrar-se a vida Inteira. Desde ei» dia, Ruy é correotlsslmo''. (Passou-se a tapde amigavel- mente e mais uma ves conven«l-rae que “os homens m resumem tçdos n'um »6“.

Ligla Marque» S. Morio. «-8-1921.

A' SERTANEJA Estou reaUmente curiosa para saber, Isto é, para ce.

nhecer essa felicidade que diz existir. A mau ver, acho que a felicidade nfto existe. Ha porém, horas e momentos felizes, mas uma felicidade permanente n&o. 6er-te pie- dosa e «arldosa é um pedaço de felloWaVle: mas sé Itio n&o ,basta. Em todo caso digo “que o mundo é bom para 08 bons c mau para os maus". <Mas a maior felicHaéi seria ter s» nunca existido.

LTOIA MARQUES

A' AMIGVINH.A CAROLI.NA nRUM Agradeço immeneamenie «s aonetoe que enviou-ne; e

com multo prazer espero os sonetos de O. Biluc. princl- pailmento do üvro “Tarde" que n&o conheço toUc, jeU n&o vieram muitos exemplares para o 6ul.

K Dbnlln Paiva deixo tombem n'estas linhas b?pe- tbecado o meu agradecimento.

Jnlleta Lamperl. fico-lhe muito grata, esperando qsc continue & envlar-me sonefoe bellos.

Agradecida LTOIA MARQUES.

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REVISTA FEMININA

O BOHEMIO

Noite caltda e de plenilanio. A> ruas deicrtas; dc vez ctn quando. 0 rodar d'um carro, o fon-(on d'um auto; > risada e alcRria d'um bohemjo. Mas, nem sempre o bohemio é alegre e felia. Quantos bohemíos que se vem, o riso nos lábios e coraçio, a sangrar, esta. lar dc ddr! Como sÍo infelizes, esses!

Como esses conheço um. o Dircett. Vaguca sempre pelas ruas mais soIitarias; nio permanece em casa nai noites de luar, sem> pre 0'eigarro nos lábios e... pensativo. Interrogava-o, respondia- me sorrindo, “que sua vida era essa, era essa a sua natureaa". Uas, um bello dia, coiitou-me esse rapaz de vinte aiinos, dos olhos pretos e melanco'icos, a sua desgraça. Disse-me elle: — “Tinha remssado havia aMnas duas semanas da Europa, quando fui con- Tidtdo por um cunhado meu, a visitar uma lazenda duma tia dclle, Eu cra entto, aquelle genio (olgazko, ria-me doa que soffriam, e isso, minha cara ami^a. emquanlo nio conheci o amor puro e leal, A viagem divertidíss ma. 1’ratiquei n meu spori predTecto pas- sear a cavallo. O panorama beilissimo! Chegamos. Ld. fui bemvindo da familia, Tralaram-me com todo o carinho e desvelo. Pois bem. essa iamUia consistia cm Pae. Mie c Cilha, menina dc seus dr- zoito annos. Cm anjo de candura. Cabel os negros, olhos tio ca- ridosos, bouquinha tão amavel, os dentes de marlim e o corpo ado- rável. Amei-a, e ella amou-me. Ia visital-a seguidamente.

}k éramos noivos. Eis que, certa noite, passeando na bella ave- eida da fazenda, o luar nos acariciando, talvei invejaodo-nos... ella empailidece... cambaleia.,, e cae nos meus braços. Pedi soc- corro. Vieran^ e minha amiga, um mea apds, n'uma noite d'essas. depoia de pronunciar o meu nome ella... tuapirou, Estava morta 0 tneu anjo de cundura c do bemi Como -Io hei* de eu a'torar essas noites de plenilúnio, e de tantas emoçdes e recotdaçies?'

Deu.me l>oa noite, c foi-se. Ao deitar-mc rezei por essa alma boa e desgraçada!

1.YGIA MARQUES

A VOLTA DO PHAROLEIRO

Crecto. junto á praia, sobranceiro ao oceano e ás prateadas areias que o cercam, o pharol de Cidreira, qual sentinella activa, em continuas e fulgurantes radiaçdes, guia os navios na {Mrigosa rota.

E 0 ^aroleíro. dedicado, desempenha o seu espinhoso Tnistèr; é a a'ena daquelle collosso de ferro, que. ji carcomido pelo tempo, nas ainda forte, desafia as inlemperies. O pharoleiro ê respon- sável pelo bom andamento do intrincado mechanismo, que deve. qeer nas enluaradae noites de verão, quer nos longos e nostálgi- cos serSes de inverno, lançar teus raios, ora sobre o mar bo- Btnçoso e claro, ora bravio e cheio de insondaveit perigos.

Bem trabalhosa i a vida do pobre, que alli luta pela tubsia- (encia dos entes que lhe sio caroa. Entretanto não i infeliz; ttrta-o a (amilia que o ama e respeita. Tem bem definido aeu ideal! — Quer educar oa filhos, formar-Ihei a inielügencit, para an dia a(>aCal.oa daquelle embrntecedor isolamento!

Uma occaaião. disse-lhe um amigo, vendo um dos pequenos ealretidos a brincar;

— Ha de dar um bom carreteiro; ji esti mostrando geito... 0 pharoleiro enfarruscou a fronte e um tanto indignado, volveu

lefe: — Infeliz de mim Se nio puder dar-lhe na vida, melhor car-

nira! Eram sete a educar e o oitavo estava em vesperat de che-

tar... Fordm. oada disso o acobardava; satisfeito, seguia paha trente. trabalhando com afan, A mulher, conpanheira amoraaa, s iBzilíava alegre e conformada. Asaim unidos encaminhavam I barca da vida i sombra do pharol!

• ' • •

Cidreira, a rainha das praias do Sul, pela sua selvagem belleza darante a estação balnearia, contribuc para suavisar a soltdio dos habitantes do poético pharol. Envia-lhes grupos de velhos, aioços e creanças, que, em turbulenta algazarra, vão subir os cento e tantos degraus de ferro para gozarem do deslumbrante puorama. A' par das variadissiraas colorações do mar, muitas rtzei tem elles o goso de ver passar, imponente, algum grande uvio. que do norte e do su!, se destaca sobre as ondaí em iortes requebros, 0 proerio phdroleiro, si bem que ji afeito iquelles espectáculos,

friacipalmente i noite quando na sua faligante tarefa, com prazer segue o luminoso rasto dos noctivagos viajores. seus únicos com- C' !Íros de vigília. E. ao romper da madrugada, elle lentamente

a estreita escada e vae runir-se á mulher e aos fi hoa, que. BI modesta casinha, ainda docemente adormeidos, são por elle sawrosamcnte observados.

Um dia, grandemente contrariado, o pharoleiro observou que o Bpparelho nio funcionava coro a costumada intensidade de luz. Exantinou-o delicadamente c encontrou a causa,., Betava quebrada uma das mais importantes peças! Aborrecidissímo re- conheceu que então era obrigado a seguir viagem para Porto .\'egre e pôr a dita peça em concerto. E tinha que abandonar a casa em hem critico momento, pois a mulher adoentada, dava- lhe cuiiladosl Mas que fazer? Mais do qne Uso ordenava o dever; a eterna luta pelo não de cada dia!

Assim i que, immeaiatamentc partiu no firme propoaílo de bem pouco demorar-se. Havia dc apressar muito o inadiavel serviço. Em Porto Alegre empregou todos os meios para conaeguir o desejado intento. O mechanieo. porém, encolheu os hombros e sõ no lím da semana, que apenas principiava, prometteo entregar o trabalho...

• •

Eniremcnies, lá l>cm longe, no immensuravel isolamento, do verme.ho pharol, uma tragédia se desenrolava... No leito, em pungente e atroz solfrimenlo, a iiiíeiiz mulher do pharoleiro, mia. prcetes a dar o ultimo alento. Rodeavam-na oa filhos in- conscientes e chorosos; a mais velha, com dezeseis primaveras, comprehendendo o horror da situação, cercava a i>obrc mãe de infindos < carinhos.

Porém, tudo em vão: mais algumas horas, e a desgraçada ex- halava o derradeiro gemido de inenarrável dúr c magoada sau- dade...

• ■ De volta ao lar, ha pouco cão veiituroso, o desgraçado aõ poude

lançar um interminável e triste olhar pela casa, orpham de seu amor, e levar saudades ao tumulo. onde ainda secavam as ulti- mas flores...

Restava-lhe apenas como recordação da medonha acena, uma !mda e rochonchuda crcauça! Adorável com os rosados lábios en- treabertos. parecia murmurar o doce nome “Mãe".

Mais isolado e profuiidamente feride, o inconsolável phtro- leiro chorou ama-Kamente o seu futuro despedaçado...

Emquanto elle fora butear lua para o pharol. apagãra-se a alegria do seu lar, obscurccera-se o brilho de sua cstrcila!...

■ NIny. Porto -Megre. 22-i3-l92I.

ACHAQUES DA VELHICE

A volhice deveria aer uma das Idades mais formosas, tan- to para o nomem como para a muiner. tsto se conseguei fa- cilmente supprlmln- do as dOroa chama- das “rheumattcas“ que- tanto affltgem os ancl&es. mstas dõres sSo causadas pelo actdo urlco que nfto tendo sido fil- trado pelo rins. per- manecem no sangiiei depositando-se nas juntas, nos múscu- los. etc., irrltando- os de tnl maneira que ao menor movimento causam fortes afflIreSes Os

rins não filtram bem o sangue quando se acham eni es- tado de fraqueza e portanto deve-se soccorrer estes or- gftos sem perda de tempo, para ajudal-os a funcclonar.

An Pllalna de Koater para oa KIna, encarregam-se de fazer funcclonar estes orgAos oom regularidade man- tendo o acido urlco dissolvido e fazendo-o desta forma, sahlr com a urina sem que causo moleatla alguma. Estas pílulas tornam sempre mais prezantelra 6, vida para uma infinidade de> anciães, e não ha motivo para que o senhor continúe soffrendo de achaques, taes como: dOr nas coa tas, inchação de pernas, sciatlca, rheumatlsmo muscular, fortes pontadas nas costas, ao tnclinar-se ou lervantar-se. Irritação da bexiga, ardor ao urinar, etc., pois basta tomar essas pílulas para que o senhor possa gozar os ultlmos annos de sua vida. Adquira o senhor hoje meorno um vidro das Pllnlns de FOKter pnrn os Rins. Kão deixe para fazel-o amanhã, porque amanhã põde seg demasiado tar- de. Não acceite substitutos. Uxijs as legítimas de “Foster".

A' venda e>m todas as pharmaclas. Peça nosso follfeto sobre ss enfermidades renaes que nõs lh'o enviaremos absolutsmente grátis.

tlonas vezez. eatamoz bem c julgamoi poder estar melhor! I E' quando geralmente desmorona tudo c então vamos chorar I pelo antigo bem...

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REVI5TA FEMININA

0 ME^U’ DE MEL MARIDO

rorsiMiAM i)ii'ri<’Kis o nrroa

Já. tioj^ ninguém dltfcordarA em que ha na vida d"- mestlca umas tantas couslnhas, uns ipcquenlnos nadas, ijue as veses nos 'deixam em sarlos embaracoaj Qual é. por exenvplo. a Vlona casa que nunea errou na porc&o do arroz para o alnroqo ou jantar, quando o numero 'de peesoae & mesa Inevperadamente ougimentou ou dirnl* nubu? E quantas moqas n&o <ha que, pela falta da creada ou pela doenqa da mam&«, nSo ee viram em apuro* par.i preparar eese nosso quaal Indispensável prato? A!«uem me- dJ'sse uma vez que n6s. braslletroa, comemos mais arroz que os japoneses. Se assim £. n&o mereoer& elle mais Bitenç&o da nossa parte?

Entremos, pole, no assumpto. Trato hoje do arroz, n&o do ponto do vista de suae especles ou cultura, — cousas que Infellzmenle n&o tenho competência alguma para discutir — mas de um outro ponto de vista, que diz r«a* peito aos misteres da mulher, em particular, e ao estô- mago do homem, «m geral, — a sclencla s a arte de ooslnhar o arroz.

Segundo um calculo tão correcto quanto nol-o per- miotem as I«Is da mathematica cuUnarla. Isvands sm i-onta ae diversas quallda'des de arroz e 'o gr&o de apre- •'tac&o em que o tem cada indivíduo, uma ohlcara das de chá desse cereal 6 o sufflclente para tres pessoas. Ora, ahl estft um dado numérico de importantíssimo va- lor fr do qual n&o vos devereis esquecer.

Agora, passemos ao processo. Imaginemos que a noesa família é composta de seis pessoas c que já temos em uma vasilha duas chicarae de arroz multo bem escolhMo. liara n&o partir algum dente com uma pedra, e voltemo- nos para o (ogSo. NSo extranhels o que vou dizer: po- ivhnmos em uma caqsrola uma colher de gordurs. la dizendo mela. pois tenho herror A gordura e Uie faqo guerra de morte: sejamos, porém, generosas desta vez e iionhamos uma. Nella, poremos e<d>oIa picada, tomates se nSo houiver proteetos, e quaesquer outros temperos, a pedido. Quando a cebola estiver loura, ponhamos agua V dnixemol-a ferver, nfto nos esquecendo do sal.

A^ul vou parar um pouco para frizar uma cousa: n agua deverá eatnr fervendo qnand» puacrmOK nella o nrrez. Isto é um ponto importantíssimo da chimie.t cullnaria. Todos os alimentos amylaceos como a batata. R iiiandloca. o macarrfto e o arroz devem sempre s'r postos em agua fervendo ou ficar&o Indigestos. Se n&n me acredltaes, perguntae a um medico ou alguém qii> estudou essas cousas. De mais a mais, náo é assim qu" procedeis com a maizena. com a farinha de mandioca - .0 polvilho?

Bem. voltemos á agua. Visto que temos duas chlcar:<s de arroz, ponhamos oito de agua. pois para cada cblcara de arroz pOem-se mais ou menos qvatro de agua. Dei- xemos. eiit&o. a escarola em fsge bem vIvo durante uns

dez minutos e no fim desse lenrpo. quando a agua tiver quasl totalmente desapparecldo, retiremol-o para mal* longe do fogo e dclxemol-o costnhar devagarinho, to- mando culdsdo para elle n&o queimar.

Esta claro que. se, em logar de agua puzczsemos caldo ile carne, o arroz McarA mais saboroso e de maior valor nutritivo, sem floar. com isso. de dlfflcl.] dlgest&o. 0 que condemno. porém, como horrivelmente Indigesto, é o tal arroe toiVado na gvrdura e depois posto a coeinhtr «•m agua á temperatura que lhe proporcionar o acaso. VSo para a mesa uns grftozinbos mirrados, da conslateD. cia da borracha e que podem ser bons para multa coutt. menos para ae >comerem. Sfio os causadores de muMa npepsia e connecuente máu humor que andam por ahl * amargurar tantas eltistenclas.

Os norte-americanos e os Ingleses costumam cozinhsr arroz apenas na agua e sal e depois o servem com

manteiga. XBo tém mAu gosto, n&o, mas o prato fica um pouco caro. A's vezes addlclonam-lhe leite, quando oMl quasl «ozldo. « A. entio, um aJImenlo multo reconimeo- davcl a convalescentes.

E com. Isso dou hojs por terminadas as minhas cou- zinhas dlfflceis, Agora so vos peqo umg cousa: nfto cou- demnels estes modestos preceitos culinsrlos sem que. prl. melro, provsl» a falsidade delles e a veracidade do; vossos.

MXA PIXTO

CONSELHOS MÉDICOS

A QUEDA DOS CABRI.I.r>ii

Corre como certo, como demonstrado que aquéda docabeUoèami enierniidade para .a qual tiáo ha medicamento ciiicaz. A experirn* cia vem, de ha muito, provando itso. Mas nSo. Sáo mnUlplat ii doenças do couro cabellndo. spontando-se como as principaes a pellada, a afopécia, a caspa, a ceborrhca, a tricophjrcia. a iolli. culite, a linha e a s/cose. A mais commum é a scborrlica, qe- vae enfraquecendo o bulbo piloso, fazendo progredir, dia a dia. ■ calva. Mas lanio a seborriiéa como ás demais enfermidades sb curaveii. Ha um ezpecifico que aconselhamos ás nossas leitoras, cuja eflicacia tem sido innuroerai vezes comprovada: é « Plloccnis. de chimico brasileiro Francisco Ciffoni. Trata-se, nto de tonice vulgar, como ha muitos por ahi, annuncíados em jomaes c pia- cards vistosos, mss de uma verdadeira descoberta. Claro está qu utn indivíduo deprimiuo pelo lymphatismo, pela anemia, pela ebls. rose, pela cachexia, pelo arthritismo ou por affecq&es do svsuma nervoso i em váo que tentará ehstar t queda do teu cabello per meio de loç&es. Nesse cato i aconselhável o Vbiho Biocenlco, ríeo em phosphatos bio ogicos, iodo orgânico c lonicos vegstaei; * jua. tamtnt* eem etts visba *av«-t* usar * Píloganlo.

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REVISTA FEMININA

LIVROS A’ VENDA NESTA REDACÇÃO

nossv leüew t oisignantfs não poi<m prtfeiniit dt um eono HicTo df chrot gne íão nieeííoriot na eítanle de uma senhora.. Tos as que lemos á venda, nesla redet{ão, são nteis, inieressanies, eiasas, ibtolulamenie moraes.

os pretos mareados em eada um dos volumes está ineluido o re/ro do correio.

eiilamos, pois. pedidos des seguinlrs obras:

CRAVA OU RAINIIA, lindo romanee publicado nos paginas da "Ksta Feminina", e que tonto esilo oleançon. E’ edificante feio iwoucepcâo allomente moral, e ao mesmo tempo deleito o espir.to peteneacão, eada ves mais crescente, dos seus episodios. O entrecho de magnífico romance, f tSo bem nrdUo, que o leitor se deixa sumenie arrostar através das suas paginai, vivendo a vida dos senersonagens e iransportendo-se para o togar onde a eccâo se pa. C' umd leitura que satisfoa a todos os gostos.

t grosso volume nitidamente impresso. — Preço ^00.

TRE DUAS ALMAS, é um romance sensacional que tem feUo ummattso successa em todo o mundo. Elle conta fi tradneçSes paiiuatro idiomas, o que pâe bem em evidencia o seu valor. E' ummanee moral, e cujo enredo decorre de uma maneira empolgante. Unolume, preço ffOtÕ.

CLECCOES ENCADERNADAS DA “REVISTA FEMININA", refoites aos annos de I9lt e 1920. As pessoas que uSo eoHeceiona- rem nossa revista ou aquellas que <0m curiosidade de eonhe- eel-adevem adquirir as nossas eoUeeçies, que formam grossos e luxUssisnos voiumes encadernados em perealme a cores diversas, coinjeres a letras douradas. Volumes proprios para presentes dt anneriaria e que devem ser conservados como livras de couiuUa, mei da sua variada e xntsressantUsima leitura. — Preço 2St000 ca- cellecçio.

LORES DE SOMBRA, comedia de Cláudio de Sousa, uma das obrt de maior exilo no lhealro naetoual. — Preço SfOOO.

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O IIRBILIIAO, essa peça theotral de Cláudio dt Sousa, que i uma ts mais ssnsaeionaes creaçtes do moderno thtotro t que tanto exito fo aicançodo, acaba de ser publicada uma ctcganiissimo bro- chura com uma formosa capa o cores. Vende-se nesta redacção a ipoooaia exemplar. — Pelo Correia, registrado, 3tSoo.

A lOR DE AMAR, um dos tnais interessantes romances da vida oclual .VerraçÔo de amor. cheio de episodioe seniimentaes e inten- ra»i«flr cammovedores. O autor, neste romance, tem conceitos sobre a vid< sentimental que imprestiona pela tua jnslesa e verdade. — Preçotfooo-

A ITrTETICA DO SILENCIO, obra de critica e psycoiogia de P. Leorto ãfarcello. Aos gue desejam iniciar-se em arte, nSe podem prrseiir deste livro, qne / precioso como anatyse e critico dos gran- des ortas e dt todas as escolas literárias. Um elegante volume cm magnifi papel. — Preço ifooo.

RECEITAS DE BELLEZA

PARA COLORIR OS CABELLOS Desie et tempos mylkolegicos — com a magiea Aledea — o

homem precura retístir, por meies arfí/icíacc, aos estragos do edade.

visando prineipalmanie es eabellos broncos, que são os pnmeiros e os mais evidentes signaes da velhice.

Entre as linlurat nsadas para, tal fim figuram os de saes de chumbo, de prata, de eobre, de mercúrio, de cal, de b-smulha, de estanho e outras, que produsem sabre o organismo inteiro graves desordens que s4 muito tarde são percebidos. As tinturas americanas são a bate de sulfato de eamium e sulphidralo de ommonioeo. São mestos tóxicas, mas irritam o couro cabelludo e provoca a eateíce rapida. As tinturoo s base de nitrato de prata, tão espalhadas, são de acção toxlca, lenta e fatal. Ha, porhn, algusts praduetos vcgelaes inoffcnsivot que in/rlismciitc, dÍo uma coloração muito fraca e ponce durável. A única qne se póde recommendar sem receio e que dá resultados admxoveis, é a Petalina, eom a qua\ te póde obter, gra- duando as doses, todos os tons, do castanha cloro ao negro oeeviche. Infeliamenle esse produclo iraro em nosso meio, sendo orinndo da Pérsia, de onde aelualmente ti póde vir eom grande difficuldade.

A Emprezs Fcmiaina Brasileira ocoio de receber nma pequena quon tldade-

Podeit oblel-a por intermedia do nossa "Revitla", enviando a im- prrtancio de lotooo e mais tSoo para a remessa.

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Pedidos a esta redacção. 43000 o frasco; pelo correio, registrado, 53000,

BELLEZA DAS UNHAS

Um dos peoret sestres que te adquire no infaneia é o de roer et unhsss. £' um t^icio de que o inditnduo diffieUmente te corrige. O menor dos seus inconvenienles i o de deformar a ponta dos dedos traxendo-os sempre sangrados. Esse é o menor, porque o maior dos teus inconvenientes i affeetar o economia geral do organismo.

Corrigir-se alguém deste vicia pela força dt vontade i tão penosa, ou mais, como deixar de fumar.

O unico meio, o unieo processo é ucor o Onichopbaaioa, que se opplico eom um pincel debaixo dos unA» e st deixa ttecar. Se se trata de- corrigir a ereanço desse vicie, deve-se renover o oppiicaçào toda vet que etla lavar as mãos.

A Onichopbagina veude-tt a Stooo o fraseo. Pedidos no "Revista l-emimuo".

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ARTE - CUbINARIA

ADALIUS — 33 ediçMo Jà está exposto á venda, na redacção da

“REVISTA FEMININA”, Avenida S. Joio, 87, 1.‘ andar, o preciosíssimo livro “Adalius”, espe- cialmente confeccionado para uso das donas de casa. A primeira e segunda edição, que conti- nham poucas paginas, exgottaram-se rapidamen- te, a despeito da sua avultada tiragem. Esta terceira edição compõe-se de mais de cem pa- ginas e está enriquecida notavelmente de re- ceitas e conselhos culinários.

Livroa sobre cosinha não faltam em portu- guez; mas todos elles se resentem de um grave defeito: as suas receitas ou são obscuras ou não são realizáveis, pelas difficuldades que apresenta a Sua execução. Além disso, algumas receitas que esses livros apresentam, se são realisaveis, nem sempre obtem exito, porque não foram ex-

perimentadas. Ora, as receitas do "Adalius” são todas experimentadas, e, o que mais é, estão ao alcance de quem quer que queira experimen- tal-as, tal a clareza com que são escriptas.

“Adalius" contem mais de quatrocentas re- ceitas.

O seu texto é constituído das melhores re- ceitas para lunch, cozinha, doces, de conselhos sobre hygiene, sobre o cuidado e ornamentação da mesa de jantar, de tudo, emfim, que póde in- teressar uma dona de casa. E’ uma obra de que não deve prescindir nenhuma dona de casa, que 0 deve lêr constantemente, consultar como o seu livro predilecto.

Não ha dona de casa que se não queixe da difficuldade ou obscuridade com que são com- postos os livros de arte culinaria.

O “Adalius”, ao contrario, não traz nenhu- ma receita que não fosse experimentada e cuja confecção se torne diíficil. Todo elle, seja qual fór o assumpto de que trate, é absoiutamente aproveitável e util. O seu texto é claro, simples e comprehensivel.

O aeu preço é 2$000 réis. Esse preço está, como se vê, ao alcance das bolsas mais modes- tas, sendo certo que a “REVISTA FEMININA", que 0 editou, não aufere nenhum lucro com a venda. O “Adalius”, vendido por esse preço, constitue, antes, um beneficio que faz ás suas leitoras e um meio de propaganda.

Enviae, pois, seu endereço e a quantia de dois mil réis em selos do correio, á redacção da "REVISTA FEMININA” —SSo Paulo. Av. S. João. 87. 1.* andar,

e immediatamente recebereis pelo correio o precioso Ihro sobre cozinha "Adailus”.

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durante as refeições, um variado programma onde figuruiu as mais recentes composições muslcacs.

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Sr, ir>7ir^ QAI I CQ OIRECTOR DA “REVISTA FEMININA’ IJWA^W^ OrtL_l_QO iiVÍNIO* S JOAO »7-1.® *Ne»«— 8 P*UL0.

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ObservaçSes ...

MEIO PRATICO E AGRADAVEL DE DESENVOLVER A INTELLIQENCIA DAS CREANÇAS .

Oa nosaos patricioaíulio* são, por «la de resra, dotado* de uma notável intelligencia e de moita percepcio. Ao lado delles, a» creaii- C3* de outras nacionalidade*, priacipalmenle ingtera* ou allemãs. parecem obtusas, inespaec* de um geslo em que revelem uma (la- srante oreseiica de espirito. Euiretanio, o que geralmeiite acon- tece c que 01 estrangeiros atlingem o sen completo desenvolvi- mento intellectual c se dirigem com segurança na vida, emquanto os nosios patricios permancem retardatarios e *e mostram inde- cisos na lueta pela existência. Isto (az crer a muita gente que, sendo mais lento no extrangeiro o desenvolvimento intellectual. torna-se poriaso mesmo mais completo, e que a extrema precoci- dade dos nosios patriciosinhot é sempre r tgstiva. Ora, nada disso c verdade. A verdade i que o enropeo, como o americano do norte, possue uma organisaç&o escolar muito mais perfeita, e quanto & victoria que elle obtem na lula da vida. depende da tua organi- saçSo de trabalho, coisa que ainda n&o possuímos em nosso patt.

Muitas mies de família patriciaes se queixam da íalta de intel- ligencia dos seus filhos, ou, se nio se queixam, mostram-se pesa- rosas quando observam o sen pouco aJeantamento nos estudos. Ors. os nossos petixes, a -uSo ser que soffram de qualquer enfer- midade inhibitoria da intelligencia, iSo sempre intelligentes, e de-

monttram-n’o a cada passo, ero seus eouceitos, em suas obsetn. çfies, em suas travesiuraa. Se assim sÍo elles, argutos, finsi n . vaxes. féra da escola, porque na eacola se hão de patentear bb*- nhos e estúpidos? A culpa nio i delles, senio dos mios procedí pedagógicos, dos mios apparelhos escolares, dos methodoi erriMl e a consequência disso e o desinteresse das creasnçts, a repaliii I pelo* estudos. Nenhum pxix çivilisado eiti pedagogicameste ikl mal apparelhado como o Brasi). |

Dem is nossa creancas livros interessantes, e verSo cecDo tm I começario a intereiur-se pela literatura. Dem-lhet, porém, oi ms I sos livros escolares, principaimente os chamados de 'eduneb ó I vica". e verlo a mi vontade com que ella* se entregam i khu I e sõ Catem desattentat e por obrigação, o que leva as pobrei aia I a suppol-st estúpidas. I

O melhor livro para despertar a curiosidade^ doi petixei, i la I imaginação, a sua intelligencia e os seus bons instinctos, ê t *Xsi va Seiva''i esse magnífico livro de contos. E' um grande e lexasal volume illustrado de numerosas e lindas gravuras, qne le lena I desde logo, o encanto das cresnças. I

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THE SHERWIN WILLIAMS CO.

o melhor e mais economico dos carrapaticidas até hoje conhecidos. .Acaba de scr experimentado e íp- provado pelo Ministério da Agricultura, ein virtude dos resultados iurprehendcntcs obtidos nas cxpriiicias t <|iK foi sujeito na Fazenda de Santa Monica.

Eis alguns trechos do certíficado obtido das experiencias feitas na Fazenda de Santa Monica: “Ao fim de uma semana, mais ou menos, verificou-se que todos os carrapatos grandes e pequenot,

machos e femeas, haviam morrido c alguns que ainda se achavam agarrados á pellc estavam inteiraraeiiM seceos. . , .

Offerece vantagens que não devem ser despresadas. Assim é que para um banheiro de doze mil c oitocentos litros, que foi a capacidade com que trabalhamos em Santa Monica, gastou-se OITENTA E OITO LITROS do preparado “Kilitik", emquanto que de SARNOL e COOPER seriam necessários CENTO E VINTE E OITO LITROS, uma differença de QUARENTA LITROS”.

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.' um xarope saboroso que não perturba o estuinjgo e OS io- lestinos.como frequentemente succede so oleo e as emuis6es. dahi a prefesencia dada ao jnOUANDXNO pelos maU disiinctOB ctinicos. que o receitam diariamente aos seus pro prios flibos — Para os adultos preparamos o VINHO IODO TANNICO GLYCERO PIIOSPHATAOO

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