anÁlise da base de exportaÇÃo das regiÕes do …files.luciralves.com/200000051-5a08f5b02f/o...

26
O MULTIPLICADOR DE EMPREGO E A LOCALIZAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES PRODUTIVAS DAS REGIÕES DO BRASIL AUTORES: Cristiano Stamm Acadêmico do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) Bolsista do Programa PIBIC/CNPq. Pesquisador do Grupo de Estudos em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (GEPEC). E-mail: [email protected] Lucir Reinaldo Alves Acadêmico do Curso de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)/Campus de Toledo. Bolsista de Projetos de Pesquisas. Pesquisador do Grupo de Estudos em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (GEPEC). E-mail: [email protected] Jandir Ferrera de Lima Doutorando em Desenvolvimento Regional na Université du Québec à Chicoutimi (UQAC) Canadá Professor Assistente do curso de Economia, UNIOESTE Campus de Toledo. Bolsista do governo brasileiro (CAPES). Pesquisador do Grupo de Estudos em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (GEPEC). E-mail: [email protected] Carlos Alberto Piacenti Doutorando em Ciências Empresariais na Universidad del Museo Social Argentino (UMSA) Argentina, Professor Assistente do Curso de Economia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)/Campus de Toledo e do Departamento de Ciencias Contábeis e Adminsitrativas da Universidade Paranaense (UNIPAR) Campus de Toledo. Pesquisador do Grupo de Estudos em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (GEPEC). E-mail: [email protected] Moacir Piffer Mestre em Desenvolvimento Econômico (UFPR), Professor Assistente do Curso de Economia da UNIOESTE - Campus de Toledo. Pesquisador do Grupo de Estudos em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (GEPEC). E-mail: [email protected]

Upload: phungkien

Post on 20-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

O MULTIPLICADOR DE EMPREGO E A LOCALIZAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO

DAS ATIVIDADES PRODUTIVAS DAS REGIÕES DO BRASIL

AUTORES:

Cristiano Stamm

Acadêmico do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná

(UNIOESTE) – Bolsista do Programa PIBIC/CNPq. Pesquisador do Grupo de Estudos em

Desenvolvimento Regional e Agronegócio (GEPEC). E-mail: [email protected]

Lucir Reinaldo Alves

Acadêmico do Curso de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Oeste do Paraná

(UNIOESTE)/Campus de Toledo. Bolsista de Projetos de Pesquisas. Pesquisador do Grupo de

Estudos em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (GEPEC). E-mail:

[email protected]

Jandir Ferrera de Lima

Doutorando em Desenvolvimento Regional na Université du Québec à Chicoutimi (UQAC) –

Canadá Professor Assistente do curso de Economia, UNIOESTE – Campus de Toledo.

Bolsista do governo brasileiro (CAPES). Pesquisador do Grupo de Estudos em

Desenvolvimento Regional e Agronegócio (GEPEC). E-mail: [email protected]

Carlos Alberto Piacenti

Doutorando em Ciências Empresariais na Universidad del Museo Social Argentino (UMSA)

– Argentina, Professor Assistente do Curso de Economia, Universidade Estadual do Oeste do

Paraná (UNIOESTE)/Campus de Toledo e do Departamento de Ciencias Contábeis e

Adminsitrativas da Universidade Paranaense (UNIPAR) – Campus de Toledo. Pesquisador do

Grupo de Estudos em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (GEPEC). E-mail:

[email protected]

Moacir Piffer

Mestre em Desenvolvimento Econômico (UFPR), Professor Assistente do Curso de

Economia da UNIOESTE - Campus de Toledo. Pesquisador do Grupo de Estudos em

Desenvolvimento Regional e Agronegócio (GEPEC). E-mail: [email protected]

O MULTIPLICADOR DE EMPREGO E A LOCALIZAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO

DAS ATIVIDADES PRODUTIVAS DAS REGIÕES DO BRASIL

RESUMO: Esse artigo analisa o multiplicador de emprego, as medidas de localização e

especialização das regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste), através

de instrumentos de análise regional. A análise identifica o padrão de crescimento das regiões e

sua integração com a economia nacional. O período de análise é de 1990 a 2000. Nesse

sentido, o estudo foi direcionado para identificar a base de exportação e os ramos de

atividades mais representativos em cada região. Os resultados apontaram que em todas as

regiões as atividades locais (não básicas) foram induzidas pelas atividades de exportação, as

quais possibilitaram uma maior difusão e diversificação do espaço regional, mais

especificamente nas atividades urbanas. Com relação à estrutura setorial das regiões

brasileiras, essa apresentou transformações consideráveis. Essas transformações não foram

maiores dadas à fragilidade macroeconômica da economia brasileira, frente à estabilização

dos preços e o movimento da economia internacional. Assim, observou-se o crescimento do

número de empregos atrelados ao movimento da base de exportação. O movimento da base

acarreta uma expansão na demanda de bens e serviços locais e um efeito multiplicador nas

atividades produtivas das regiões.

Palavras chave: Análise regional, Desenvolvimento Regional, Atividades Produtivas, Brasil.

1

O MULTIPLICADOR DE EMPREGO E A LOCALIZAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO

DAS ATIVIDADES PRODUTIVAS DAS REGIÕES DO BRASIL

1 INTRODUÇÃO

Esse artigo tem como principal objetivo analisar o multiplicador de emprego, a

localização e a especialização das regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-

Oeste), através de instrumentos de análise regional. Essas análises identificaram o padrão de

crescimento das regiões e sua integração com a economia nacional.

Para analisar a dinâmica regional é preciso conhecer a estrutura de uma região,

determinar os seus potenciais econômicos, a sustentabilidade ambiental da sua capacidade

produtiva, as condições de infra-estrutura e os setores passíveis de receberem novos

investimentos. Ou seja, verificar as condições da sua dinâmica de crescimento e de

desenvolvimento econômico regional.

Nessa análise de dinâmica regional, a região está relacionada à idéia de que áreas

geográficas podem estar ligadas como um conjunto único em virtude de suas características.

Essas características são as estruturas de produção, padrões de consumo, distribuição da força

de trabalho, elementos culturais, sociais e políticos. Para PIFFER (1997), a articulação

espacial da região se faz pelo processo social como determinante, a rede de comunicação e de

lugares. Essas articulações deverão possibilitar que o espaço delimitado como região tenha

uma identidade regional. Essa identidade é uma realidade constituída ao longo do tempo pela

sociedade que aí se formou. Nesse sentido, CORAGGIO (1987) afirma de forma sucinta que

uma região é um “locus”, ou seja, pode ter várias características territoriais, tanto físicas como

sociais.

2

Essas dimensões impactam na organização do espaço e reflete-se na estrutura de

produção agropecuária, na indústria, no extrativismo e na prestação de serviços. É nesse

sentido que essa análise busca compreender, através dos métodos de análise regional, o

comportamento dos setores produtivos e de como eles influenciam na dinâmica regional. De

acordo com RIPPEL & LIMA (1999), os critérios considerados na análise da região tornam-

se mais amplos em virtude da inserção da estrutura produtiva na economia nacional, com

todas as suas relações e impactos no crescimento econômico.

Deve-se ressaltar que essa análise apresenta-se como uma interpretação alternativa

da dinâmica econômica das regiões brasileiras, na última década do século XX, no que diz

respeito à reorganização das suas atividades produtivas e sua influência na especialização das

mesmas. Nesse sentido, as medidas de localização e especialização revelam um certo grau de

importância de cada setor e a diversificação oferecida por cada região frente à economia

brasileira.

Portanto, essa análise servirá como um referencial para a implementação de políticas

públicas de geração de emprego e renda no País, além de indicar as regiões e os melhores

setores para a localização dos diversos segmentos industriais que tem possibilidades de

alavancar as exportações brasileiras.

2 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS

Ao estudar uma determinada região deve-se analisar os elementos propulsores de seu

crescimento, a sua inserção à dinâmica e organização da economia nacional, examinando-a

como parte de um todo. Para a compreensão e interpretação do crescimento regional, baseado

na estrutura de exportações, utilizou-se à contribuição teórica de NORTH (1977), que analisa

o crescimento das regiões que tiveram seu desenvolvimento a partir de uma base de

3

exportação, bem como os estudos de CORAGGIO (1987), ao afirmar que a divisão social do

trabalho iria se apoiar nas determinações naturais do território e da população, sem ser, no

entanto, produzidas por elas.

CORAGGIO (1987), entende uma região como “locus” de um determinado

fenômeno social. Ela é a resultante de um processo social-natural no qual não existem apenas

elementos sociais, mas também naturais, cuja lógica é dada pelas “leis” que governam os

processos sociais. Nesse sentido, o autor diz que, “(...) todo processo social diferenciado tem

uma espacialidade própria, construída sobre a base da espacialidade física dos suportes

naturais de tal processo, a partir das leis sociais que lhe são inerentes (...)”.

Já NORTH (1977), especifica que as exportações regionais são os principais fatores

determinantes do crescimento de uma região, de sua interação com as demais regiões e com o

resto do mundo. Sendo assim, para compreender uma região é preciso entender as suas

relações com os demais espaços que compõem o território nacional e com outros países.

Nesse sentido, o foco de interesse está voltado para os fluxos inter-regionais de produtos e

serviços, capital, mão-de-obra e população. No entanto, o ponto de partida para a existência

dos fluxos comerciais está na especialização regional.

Assim, a teoria da base de exportação, parte do pressuposto de que é possível separar

as atividades econômicas de uma região em básicas e não básicas. As básicas teriam como

destino mercados externos à região e as não básicas destinar-se-iam aos mercados locais.

Além disso, a expansão das atividades básicas induziria ao crescimento das não básicas.

Segundo NORTH (1977), “(...) o sucesso da base de exportação tem sido o fator determinante

da taxa de crescimento das regiões. Portanto, a fim de compreendermos este crescimento,

devemos examinar os fatores que propiciaram o desenvolvimento dos produtos básicos

regionais (...)”. Pode-se afirmar que apenas o comércio de exportação agrícola, bem sucedido,

4

pode e realmente tem induzido à urbanização, aos aperfeiçoamentos do mercado de fatores, e

a uma alocação mais eficiente dos recursos para investimento.

Para a análise dos dados, utilizou-se vários instrumentais de análise regional.

Considerou-se como variável o número de empregados, distribuídos por setores e por regiões

e à mão-de-obra ocupada por ramos de atividade nas regiões brasileiras (Sul, Sudeste, Centro-

Oeste, Norte e Nordeste). A distribuição desses ramos está assim classificada de acordo com

IBGE (2000), para o número de empregados: agricultura/pecuária/silvicultura, indústria de

transformação, construção civil, outras atividades industriais, comércio, transporte e

comunicação, serviços auxiliares de atividades econômicas, prestação de serviços, atividades

sociais, administração pública e outras atividades.

Os dados relacionados à mão-de-obra ocupada foram extraídos da PNAD (Pesquisa

Nacional por Amostra a Domicílio), conforme dados de 1999. Já os dados sobre o número de

empregados distribuídos por setores foram coletados no banco de dados da Relação Anual das

Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho. Os setores foram agrupados da

seguinte forma: indústria, construção civil, comércio, serviços e agropecuária. Deve-se

ressaltar, que a construção civil e o comércio foram desmembrados do setor de serviços, em

virtude da importância que os mesmos assumem em algumas economias, principalmente as

periféricas. Esses setores são empregadores em potencial de mão-de-obra de baixa

qualificação. Assim, seu dinamismo tem um impacto social maior nas regiões que possuem as

mais baixas taxas de qualificação e escolarização da mão-de-obra, como a região Centro-

Oeste, Norte e Nordeste. O período-base de análise é a última década do século XX, e para

efeito de análise regional tomou-se como referência os anos de 1990, 1995 e 2000.

Pode-se pressupor que os setores mais dinâmicos empregam mais mão-de-obra no

decorrer do tempo. Por outro lado, a ocupação da mão-de-obra reflete-se na geração e

5

distribuição da renda regional, o que estimula o consumo e conseqüentemente a dinâmica da

região.

Utiliza-se como medidas para identificar os padrões de concentração ou dispersão: a

base de exportação; o multiplicador de emprego; o quociente locacional; o coeficiente de

localização; o coeficiente de especialização; o coeficiente de redistribuição e o coeficiente de

reestruturação. Essas medidas proporcionaram um quadro de análise das regiões em relação

ao Brasil. As medidas utilizadas são descritas a seguir:

a) Base de exportação: é utilizada para identificar os elementos fundamentais que

formam a base de exportação, a partir disso far-se-á o cálculo do multiplicador do emprego

básico, seguindo a metodologia descrita em SCHICKLER (1972).

Quando o emprego está ligado às atividades básicas de exportação, ou seja, pela

relação:

Si

S

Ni

N

o valor obtido será maior que um, supõe-se que a região exporta o excedente

para o resto do Brasil ou do mundo. Nesse sentido, CRUZ (1997), apresenta a seguinte

equação para calcular o emprego básico de um país, particularmente através dela é possível

determinar as atividades e o emprego básico e não-básico das regiões brasileiras:

t

itii

N

NSSB (1)

Em que: Bi = emprego básico da atividade na região; Si = emprego na atividade i na

região; St = emprego total na região; Ni = total de emprego na atividade do País; Nt = total de

emprego no País;

b) Multiplicador de emprego: Uma das grandes preocupações dos estudiosos em

economia regional é medir a sensibilidade da demanda dos produtos locais, frente aos

impactos que determinadas medidas exógenas provocam nessa economia. Dessa maneira

recorre-se ao conceito de multiplicador e, em particular, ao de multiplicador de emprego.

K = 1/(1-(∆ENB/∆St)) (2)

6

Sendo que: K = multiplicador de emprego da região; ∆St = Variação do Emprego

Total; ∆ENB = Variação do Emprego Não Básico.

O valor mínimo do multiplicador de emprego é um, o que ocorre quando ∆ENB/∆St =

0, ou seja, quando a variação do emprego não básico por uma variação de emprego total for

nula. Nesse caso, o acréscimo da procura local associado à expansão das exportações é

integralmente satisfeito pelas importações. Conseqüentemente, quanto maior o acréscimo do

emprego local gerado por uma unidade adicional do emprego total, induzida pelo crescimento

do emprego básico, menor será o nível total de fugas para o exterior da região e logo maior

será o valor do multiplicador. Ou seja, quanto maior a capacidade de criação do setor básico

sobre o setor não Básico, isto é, quanto maior a propensão marginal à criação de empregos

endógenos (∆ENB/∆St), maiores serão os efeitos multiplicadores.

Para o cálculo das demais medidas de especialização e localização foram

organizadas as informações em uma matriz, que relaciona a distribuição setorial-espacial do

número de empregados por setor. As colunas mostram a distribuição do número de

empregados entre as regiões, e as linhas mostram o número de empregados por setor de cada

um das regiões, conforme Figura 1.

Definiram-se as seguintes variáveis:

ijE = Número de empregados no setor i da região j;

j

ijE = Número de empregados no setor i de todas as regiões;

i

ijE = Número de empregados em todos os setores da região j;

i j

ijE = Número de empregados em todos os setores e todas as regiões.

7

FIGURA 1 – Matriz de informações

Setores i

Regiões j

ijE

i

ijE

j

ijE i j

ijE

Fonte: HADDAD, 1989

A partir da matriz de informações descreve-se as medidas de localização e de

especialização que serão utilizadas no presente artigo:

c) Quociente Locacional – QL: É utilizado para comparar a participação percentual

do número de empregados de uma região com a participação percentual do Brasil. O

quociente locacional pode ser analisado a partir de setores específicos ou no seu conjunto. É

expresso pela equação (1).

i jij

iij

jijij

ijEE

EE

QL (3)

A importância da região no contexto regional, em relação ao setor estudado, é

demonstrada quando ijQL assume valores acima de 1. Como o quociente é medido a partir de

informações do número de empregados (E), pode-se verificar os setores que possuem

possibilidades para atividades de exportação.

d) Coeficiente de Localização – CL: O objetivo do coeficiente de localização é

relacionar a distribuição percentual do número de empregados num dado setor entre as regiões

com a distribuição percentual do número de empregados do Brasil. O coeficiente de

localização (CL) é medido pela equação (2).

2

EEEE

CLj i j

iji

ijj

ijij

i

(4)

8

Se o coeficiente de localização for igual a zero (0), significa que o setor i estará

distribuído regionalmente da mesma forma que o conjunto de todos os setores. Se o valor for

igual a um (1), demonstrará que o setor i apresenta um padrão de concentração regional mais

intenso do que o conjunto de todos os setores.

e) Coeficiente de Especialização – Cesp: O coeficiente de especialização é uma

medida regional. As medidas regionais concentram-se na estrutura produtiva de cada região,

fornecendo informações sobre o nível de especialização da economia num período.

2

EEEE

CEspi i j

ijj

iji

ijij

j

(5)

Através do coeficiente de especialização, compara-se a economia de uma região com

a economia do Brasil. Para resultados iguais a 0 (zero), a região tem composição idêntica à do

Brasil. Em contrapartida, coeficientes iguais ou próximos a 1 demonstram um elevado grau

de especialização ligados a um determinado setor, ou está com uma estrutura de empregados

totalmente diversa da estrutura de consumo de energia elétrica nacional.

f) Coeficiente de Redistribuição – CR: Esse coeficiente relaciona a distribuição

percentual do número de empregados de um mesmo setor em dois períodos de tempo

objetivando examinar se está prevalecendo para o setor algum padrão de concentração ou

dispersão espacial ao longo do tempo.

2

EEEE

CR

j

0t

jijij

1t

jijij

(6)

Seu valor varia de 0 a 1, sendo que quando o coeficiente se aproximar de zero (0)

significa que não terão ocorrido mudanças significativas no padrão espacial de localização do

setor, o contrário ocorrerá quando o coeficiente se aproximar de um (1).

9

g) Coeficiente de Reestruturação – Cr: O coeficiente de reestruturação relaciona a

estrutura do número de empregados por região entre dois períodos, ano base 0 e ano 1,

objetivando verificar o grau de mudanças na especialização de cada região.

2

EEEE

Cr

i

0t

iijij

1t

iijij

(7)

Coeficientes iguais a zero (0) indicam que não ocorreram modificações na estrutura

setorial da região, e iguais a um (1) demonstra uma reestruturação bem substancial.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 O MULTIPLICADOR DE EMPREGOS DAS REGIÕES BRASILEIRAS

No ano de 1999, ao analisar a base econômica da região Norte do Brasil, utilizando a

variável mão-de-obra ocupada por ramos de atividade, observou-se alguma atividade básica

ou de exportação, na qual pode ser destacado o comércio. Na região amazônica está

localizada a Zona Franca de Manaus (ZFM), um dos maiores centros industriais e comerciais

nacionais. Praticamente, em torno de 50% da produção brasileira de eletroeletrônicos está

concentrada na ZFM, estimulada por subsídios governamentais, como a isenção total de

impostos federais. Esta região representou 4,38% do total da população economicamente ativa

(PEA) do Brasil.

Com relação aos ramos de atividades (agricultura/pecuária/silvicultura e indústria da

transformação), que apresentaram índices menores que um, no cálculo do quociente

locacional, observa-se que esses ramos também são tidos como empregos básicos, segundo a

metodologia descrita por SCHICKLER (1972), sendo uma exceção no caso (Tabela 1). As

atividades de silvicultura e extração de madeira são um elemento de grande destaque na

10

economia dessa região. A exploração da Floresta Amazônica e de sua biodiversidade é

elementos dinamizadores da economia dos estados que compõem a região Norte.

TABELA 1 – BASE ECONÔMICA DO NORTE DO BRASIL 1999

Ramos de Atividades (PEA) Norte (PEA) Brasil Q. Locacional Base do Multiplicador de Emprego

Agric./Pec./Silv. 414.776 17.264.553 0,5482133 -341.820,08 414.776,00

Ind. Transf. 277.712 8.279.861 0,7653549 -85.141,90 277.712,00

Ind. Constr. Civil 198.966 4.740.708 0,9576943 -8.789,22

Outras Ativ. Ind. 42.117 683.622 1,4058295 12.158,17 12.158,17

Comércio 601.084 9.622.236 1,4254448 179.402,30 179.402,30

Prestação de Serv. 665.049 13.846.550 1,0959817 58.242,36 58.242,36

Ser. Aux. Ativ. Ec. 90.964 2.782.049 0,7460983 -30.955,59

Trans./Comum. 135.483 2.815.249 1,0981439 12.108,46 12.108,46

Atividade Social 381.194 6.771.491 1,2845559 84.442,41 84.442,41

Adm. Pública 277.361 3.311.991 1,9109420 132.217,40 132.217,40

Outras Atividades 47.092 1.345.307 0,7987612 -11.864,29

TOTAL 3.131.798 71.463.617 1,0000000 Emp. Básico 1.098.103

Emp. Não Básico 2.033.695

Alfa 0,6493697

1-Alfa 0,3506302

Multiplicador de Emprego 2,8520075

Fonte: Resultado da Pesquisa e IBGE, 2001

A região Norte e o Brasil obtiveram, em 1999, respectivamente, uma População

Economicamente Ativa (PEA) de 3.131.798 e 71.463.617. Nesta região foi verificada uma

situação de ocupação de pessoas (emprego básico) de 1.098.108, e de emprego não básico de

2.033.695, no qual foi obtido um multiplicador de emprego de 2,85; esse multiplicador indica

que para cada um emprego básico gerado na região, há uma indução de 2,85 empregos não

básicos.

Já a região Nordeste (Tabela 2), representa 28,63% do total da PEA no Brasil. Deste

total 23,48% é representado por empregos básicos e 76,52% de empregos não básicos.

A região Nordeste e a região Norte são as mais pobres do Brasil. A região Nordeste,

assolada por sucessivas estiagens e secas nos últimos anos, vem aumentando sua participação

industrial no País. No entanto, seus péssimos indicadores sociais ainda são um entrave no

desenvolvimento dessa região.

Destacou-se na região Nordeste, como atividades de exportação, os setores da

agricultura/pecuária/silvicultura com um total de 3.431.188 de empregos básicos, e a indústria

11

da transformação com um total de 1.372.404 de empregos básicos. A indústria de

transformação está assentada principalmente na produção de calçados, têxteis, petroquímica e,

atualmente na produção de veículos.

Os outros ramos de atividades apresentaram seus quocientes locacionais como sendo

menores que um, porém, pode-se dizer que a indústria da construção civil, comércio,

atividades sociais e administração pública estão se direcionando as atividades exportadoras,

na qual todas estas atividades mostraram valores próximos a um.

TABELA 2 – BASE ECONÔMICA DO NORDESTE DO BRASIL 1999 Ramos de Atividades (PEA) Nordeste (PEA) Brasil Q. Locacional Base do Multiplicador de Emprego

Agric./Pec./Silv. 8.373.632 17.264.553 1,6942291 3.431.188,26 3.431.188,26

Ind. Transf. 1.372.404 8.279.861 0,5789920 -997.929,43 1.372.404,00

Ind. Constr. Civil 1.206.159 4.740.708 0,8887405 -150.996,47

Outras Ativ. Ind. 97.304 683.622 0,4971967 -98.401,23

Comércio 2.556.855 9.622.236 0,9282046 -197.769,47

Prestação de Serv. 3.088.677 13.846.550 0,7791921 -875.271,24

Ser. Aux. Ativ. Ec. 392.968 2.782.049 0,4934078 -403.468,53

Trans./Comum. 590.312 2.815.249 0,7324507 -215.628,92

Atividade Social 1.704.297 6.771.491 0,8791735 -234.224,86

Adm. Pública 821.444 3.311.991 0,8663680 -126.702,71

Outras Atividades 254.335 1.345.307 0,6603867 -130.795,40

TOTAL 20.458.387 71.463.617 1,0000000 Emp. Básico 4.803.592

Emp. Não Básico 15.654.795

Alfa 0,7652018

1-Alfa 0,2347981

Multiplicador de Emprego 4,2589766

Fonte: Resultado da Pesquisa e IBGE, 2001

O multiplicador de emprego da região Nordeste teve um índice de 4,25, ou seja,

conforme já explicado anteriormente, a cada um emprego básico gerado pela região, a mesma

induz a criação de 4,25 empregos não básicos.

Já a região Sudeste, que é a mais industrializada do Brasil, apresenta suas atividades

básicas muito mais diversificadas e a administração pública não apresentou atividades de

exportação (Tabela 3).

12

TABELA 3 – BASE ECONÔMICA DO SUDESTE DO BRASIL 1999 Ramos de Atividades (PEA) Sudeste (PEA) Brasil Q. Locacional Base do Multiplicador de Emprego

Agric./Pec./Silv. 4.098.220 17.264.553 0,5548852 -3.287.487,56 4.098.220,00

Ind. Transf. 4.422.474 8.279.861 1,2485487 880.382,18 880.382,18

Ind. Constr. Civil 2.231.314 4.740.708 1,1002230 203.257,85 203.257,85

Outras Ativ. Ind. 370.289 683.622 1,2661583 77.838,21 77.838,21

Comércio 4.284.575 9.622.236 1,0408664 168.220,46 168.220,46

Prestação de Serv. 6.867.187 13.846.550 1,1593125 943.687,62 943.687,62

Ser. Aux. Ativ. Ec. 1.618.929 2.782.049 1,3602736 428.779,43 428.779,43

Trans./Comum. 1.441.622 2.815.249 1,1970101 237.269,60 237.269,60

Atividade Social 3.154.047 6.771.491 1,0887974 257.229,90 257.229,90

Adm. Pública 1.358.785 3.311.991 0,9590137 -58.071,66

Outras Atividades 724.411 1.345.307 1,2587134 148.893,98 148.893,98

TOTAL 30.571.853 71.463.617 1,0000000 Emp. Básico 7.443.729

Emp. Não Básico 23.128.074

Alfa 0,7565152

1-Alfa 0,2434847

Multiplicador de Emprego 4,1070338

Fonte: Resultado da Pesquisa e IBGE, 2001

Em ternos de valores, os ramos de atividades básicas estão assim classificados:

agricultura/pecuária/silvicultura, num total de 4.098.220 de emprego básico, indústria de

transformação com 880.382, indústria da construção civil com 203.257, outras atividades

industriais com 77.838, comércio com 168.220, prestação de serviços com 943.687, serviços

auxiliares das ativi. econ. com 428.779, transporte e comunicação com 237.269, atividades

sociais com 257.229 e outras atividades com 148.893.

Assim, do total da População Economicamente Ativa na região Sudeste que é

representada por 42,78% da população total do Brasil, sendo calculado 6.633.047 empregos

básicos e 23.938.806 empregos não básicos, gerando um índice de multiplicador de emprego

de 4,10.

Nota-se que o multiplicador de emprego da região Sudeste é quase o dobro da região

Norte, mas equipara-se ao da região Nordeste (4,25). Isso pode ser explicado por dois fatores:

o primeiro seria o perfil da produção industrial da região Sudeste, onde as industrias são em

grande parte de alta tecnologia, gerando assim menos empregos; o segundo seria sua

densidade populacional. Somente na região metropolitana de São Paulo, há uma concentração

de 20 milhões de habitantes. As indústrias localizadas no Nordeste nos últimos anos foram

13

altamente empregadoras de mão-de-obra, em oposição a indústria do Sudeste que é altamente

capitalizada.

Já a região Centro-Oeste destaca-se por ser a região que menos expressou o índice do

multiplicador de emprego, mas ainda, observa-se a grande diversificação dos seus ramos de

atividades (Tabela 4).

TABELA 4 – BASE ECONÔMICA DO CENTRO-OESTE DO BRASIL 1999

Ramos de Atividades (PEA) Centro-

Oeste (PEA) Brasil Q. Locacional Base do Multiplicador de Emprego

Agric./Pec./Silv. 1.185.252 17.264.553 0,9434895 -70.990,86 1.185.252,00

Ind. Transf. 369.937 8.279.861 0,6140256 -232.541,17 369.937,00

Ind. Constr. Civil 347.757 4.740.708 1,0081251 2.802,77 2.802,77

Outras Ativ. Ind. 70.472 683.622 1,4167144 20.728,73 20.728,73

Comércio 732.534 9.622.236 1,0462453 32.378,88 32.378,88

Prestação de Serv. 1.176.218 13.846.550 1,1674223 168.683,69 168.683,69

Ser. Aux. Ativ. Ec. 188.676 2.782.049 0,9320380 -13.757,81

Trans./Comum. 204.917 2.815.249 1,0003291 67,42 67,42

Atividade Social 470.412 6.771.491 0,9547196 -22.310,70

Adm. Pública 363.614 3.311.991 1,5088052 122.619,34 122.619,34

Outras Atividades 90.210 1.345.307 0,9215417 -7.680,30

TOTAL 5.199.999 71.463.617 1,0000000 Emp. Básico 1.092.470

Emp. Não Básico 3.297.529

Alfa 0,6341403

1-Alfa 0,3658596

Multiplicador de Emprego 2,7332885

Fonte: Resultado da Pesquisa e IBGE, 2001

Do total da população economicamente ativa da região, que foi de 5.199.999, ou

seja, 7,28% da PEA do Brasil (71.463.617), constatou-se 1.092.470 empregos básicos e

3.297.529 empregos não básicos, os quais corresponderam a um multiplicador de emprego de

2,73.

Quando se analisa a base econômica desta região verifica-se, assim como na base

econômica da região Sudeste, uma grande diversificação dos ramos de atividades. Apenas três

setores não apresentaram atividades de exportação, sendo eles: serviços auxiliares das

atividades econômicas, atividades sociais e outras atividades.

14

Já a região Sul, destaca-se pela sua baixa diversidade entre seus ramos de atividades,

a qual também se destaca pelo alto índice de seu multiplicador de emprego (Tabela 5).

TABELA 5 – BASE ECONÔMICA DO SUL DO BRASIL 1999 Ramos de Atividades (PEA) Sul (PEA) Brasil Q. Locacional Base do Multiplicador de Emprego

Agric./Pec./Silv. 3.192.673 17.264.553 1,0920487 269.110,24 269.110,24

Ind. Transf. 1.837.334 8.279.861 1,3104124 435.230,32 435.230,32

Ind. Constr. Civil 756.512 4.740.708 0,9423572 -46.274,92

Outras Ativ. Ind. 103.440 683.622 0,8935429 -12.323,89

Comércio 1.447.188 9.622.236 0,8881613 -182.232,17

Prestação de Serv. 2.049.419 13.846.550 0,8740416 -295.342,43

Ser. Aux. Ativ. Ec. 490.512 2.782.049 1,0411847 19.402,50 19.402,50

Trans./Comum. 442.915 2.815.249 0,9290658 -33.816,55

Atividade Social 1.061.541 6.771.491 0,9257535 -85.136,76

Adm. Pública 490.787 3.311.991 0,8750781 -70.062,36

Outras Atividades 229.259 1.345.307 1,0063474 1.446,01 1.446,01

TOTAL 12.101.580 71.463.617 1,0000000 Emp. Básico 725.189

Emp. Não Básico 11.376.391

Alfa 0,9400748

1-Alfa 0,0599251

Multiplicador de Emprego 16,6874824

Fonte: Resultado da Pesquisa e IBGE, 2001

A região Sul representa 16,93% da PEA do país, com um total de 12.101.580

pessoas. Observa-se no cálculo do coeficiente locacional que a região está se diversificando e

se difundindo para outros ramos de atividades. Os números apresentados na tabela mostram

também que a região Sul possui o maior índice de multiplicador de emprego (16,68), ou seja,

significando que a região teve um efeito multiplicador de crescimento de 16,68.

Isso pode ser explicado pelas políticas arrojadas de atrações de novos investimentos

industriais feito pelos estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). A partir

de 1994, instalaram-se seis montadoras de automóveis nesta região e os investimentos

agroindustriais praticamente triplicaram. A instalação das indústrias automotivas foi

estimulada por uma gama bem ampla de subsídios fiscais. Já a agroindústria foi estimulada

pela flexibilidade da taxa de câmbio e a abertura de novos mercados na Ásia e no Oriente

Médio.

15

Ressalte-se ainda que a região Sul apresenta os melhores indicadores sociais

brasileiros, o que estimula novos investimentos atraídos pela qualificação da mão-de-obra e

qualidade de vida.

3.2 A DINÂMICA LOCACIONAL DAS REGIÕES BRASILEIRAS

A seguir, são apresentados os resultados obtidos com a aplicação da metodologia de

análise regional, através das medidas de especialização e localização. Na Tabela 6, observa-se

a distribuição percentual do número de empregados entre as regiões brasileiras.

TABELA 6 – DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DO NÚMERO DE EMPREGADOS

ENTRE AS REGIÕES DO BRASIL – 1990/1995/2000

Setores Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

1990 1995 2000 1990 1995 2000 1990 1995 2000 1990 1995 2000 1990 1995 2000

Indústria 2,79 2,84 3,24 11,59 11,60 12,56 63,70 60,46 55,38 19,66 21,99 24,60 2,27 3,12 4,21

Construção Civil 3,34 3,13 4,63 18,95 15,08 19,06 57,28 59,55 53,15 13,62 14,98 15,59 6,80 7,27 7,57

Comércio 3,16 3,11 3,92 13,93 13,91 14,79 57,62 57,83 55,46 19,43 18,94 18,45 5,86 6,20 7,40

Serviços 4,25 4,60 4,70 19,18 18,64 18,61 52,95 53,20 52,39 15,69 15,09 15,04 7,92 8,47 9,26

Agropecuária 2,87 1,90 2,20 14,86 16,78 15,85 55,74 55,00 52,89 18,83 18,03 17,29 7,70 8,30 11,76

Total das Atividades 3,63 3,80 4,17 16,27 16,11 16,68 56,81 55,89 53,54 17,27 17,34 17,63 6,02 6,86 7,97

Fonte: Resultado da Pesquisa

Observa-se pela Tabela 6 que o maior percentual de empregados está concentrado na

região Sudeste. Isso pode ser explicado pela alta densidade demográfica e o nível de

industrialização dessa região. Nota-se, no entanto, que o percentual de empregados desta

região apresentou decréscimos em todas as atividades, principalmente nos setores industrial e

agropecuário. Já a região Centro-Oeste apresentou aumento em todos os setores, com

destaque para a agropecuária e indústria. O contrário nota-se na região Sul, que apresentou

aumentos nos setores da indústria e construção civil e decréscimos nos demais. As regiões

Norte e Nordeste não apresentaram mudanças muito significativas. Deve-se salientar que as

16

regiões Sul e Centro-Oeste, na década de 1990, aceleraram o processo de agroindustrialização

dos seus insumos agropecuários. O setor de carnes e embutidos, dessas regiões, aumentou sua

capacidade instalada e ampliou o seu potencial de exportações com a conquista de mercados

na Ásia e Oriente Médio.

Na Tabela 7, verificam-se os setores que apresentaram maiores possibilidades para

atividades de exportação, através dos indicadores do quociente locacional.

TABELA 7 – QUOCIENTE LOCACIONAL NO PERÍODO DE 1990/1995/2000

Atividade Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

1990 1995 2000 1990 1995 2000 1990 1995 2000 1990 1995 2000 1990 1995 2000

Indústria 0,77 0,75 0,78 0,71 0,72 0,75 1,12 1,08 1,03 1,14 1,27 1,40 0,38 0,45 0,53

Const. Civil 0,92 0,82 1,11 1,16 0,94 1,14 1,01 1,07 0,99 0,79 0,86 0,88 1,13 1,06 0,95

Comércio 0,87 0,82 0,94 0,86 0,86 0,89 1,01 1,03 1,04 1,13 1,09 1,05 0,97 0,90 0,93

Serviços 1,17 1,21 1,13 1,18 1,16 1,12 0,93 0,95 0,98 0,91 0,87 0,85 1,32 1,24 1,16

Agropecuária 0,79 0,50 0,53 0,91 1,04 0,95 0,98 0,98 0,99 1,09 1,04 0,98 1,28 1,21 1,48

Fonte: Resultado da Pesquisa

Pela Tabela 7, pode-se observar que nas regiões Norte e Nordeste foram os setores de

construção civil e de serviços que ganharam destaque. Na região Sudeste e Sul os setores mais

relevantes foram os da indústria e comércio que apresentaram valores maiores que 1. É

interessante destacar que o setor industrial do Sul, no ano de 2000, apresentou o maior valor

do setor se comparado com as demais regiões. Uma das explicações para o destaque do setor

industrial da região Sul, além da expansão agroindustrial, a partir da década de 90, foi à

expansão da indústria automobilística. Somente o Estado do Paraná acolheu, entre 1994 e

1999, seis montadoras de automóveis e atraiu com elas uma gama de empresas do setor de

auto peças e serviços. Deve-se salientar que a região também conta com um parque industrial

diversificado, onde alguns dos setores são: petroquímico, frigorificação, abatedouros,

construção, alimentos, metalurgia, dentre outros (INFRA-ESTRUTURA BRASIL, 2002).

17

O setor agropecuário se destacou principalmente na região Centro-Oeste

apresentando valores bem representativos. Mas, nesta região (Centro-Oeste), o setor de

serviços também ganhou destaque. É importante lembrar que a região Centro-Oeste tem uma

fronteira agrícola móvel. Além disso, a integração rodo-ferroviária com a região Norte

melhorou a rentabilidade da sua produção de grãos. Como a região sul, principalmente o

Paraná, vem apresentando uma demanda crescente na cultura de milho, a região Centro-Oeste

tornou-se, ao longo dos anos 1990, um fornecedor-exportador intra-regional de grãos e

insumos para a estrutura de produção de carnes do Oeste paranaense.

A Tabela 8 nos mostra os coeficientes de redistribuição dos setores em análise.

TABELA 8 – COEFICIENTE DE REDISTRIBUIÇÃO NO PERÍODO DE 1990/1995/2000

Região Anos

1990/1995 1995/2000

Indústria 0,3630 0,2953

Construção Civil 0,3978 0,3911

Comércio 0,3268 0,2967

Serviços 0,9846 0,9744

Agropecuária 0,4561 0,3978

Fonte: Resultado da Pesquisa

Notou-se pela Tabela 8 que os coeficientes de todos os setores apresentaram

decréscimos no período analisado. Apesar destes decréscimos os setores que mais se

destacaram foram o de serviços e agropecuário em todos os anos analisados. Isso mostra que

esses setores, principalmente o de serviços, apresentaram mudanças significativas em seu

padrão espacial. Assim, nota-se que a economia brasileira vem passando por uma nova

reespecialização do setor de serviços. Em suma, esse setor vem ganhando destaque nas

diferentes regiões, o que reflete uma tendência do crescimento econômico nacional. Ao longo

do tempo, a dinâmica econômica faz com que a agricultura e a indústria percam sua posição

em relação ao setor de serviços.

18

Na Tabela 9, observa-se o coeficiente de localização dos setores em destaque.

TABELA 9 - COEFICIENTE DE LOCALIZAÇÃO NO PERÍODO DE 1990/1995/2000

Atividade Anos

1990 1995 2000

Indústria 0,0928 0,0921 0,0881

Construção Civil 0,0394 0,0406 0,0284

Comércio 0,0298 0,0354 0,0272

Serviços 0,0543 0,0494 0,0375

Agropecuária 0,0324 0,0280 0,0379

Fonte: Resultado da Pesquisa

Pela Tabela 9 nota-se que o setor comercial foi o que mais teve distribuição dos

empregados nas regiões. No ano de 1995, o setor comercial ficou em segundo lugar, nos

demais anos analisados ficou em primeiro lugar. Em 2000 também foi representativo o setor

da construção civil, que ficou com um coeficiente bem próximo ao do comercial. Ao

contrário, o setor industrial foi o que mais se diferenciou nas regiões quanto à distribuição

percentual de empregados, apresentando os valores mais altos em todos os anos.

Já na Tabela 10, é apresentado o coeficiente de especialização, ou seja, o

comportamento da especialização das atividades produtivas das regiões em relação ao país.

TABELA 10 – COEFICIENTE DE ESPECIALIZAÇÃO NO PERÍODO DE 1990/1995/2000

Região Ano

1990 1995 2000

Norte 0,0893 0,1134 0,0742

Nordeste 0,1009 0,0865 0,0702

Sudeste 0,0358 0,0267 0,0127

Sul 0,0571 0,0762 0,0871

Centro-Oeste 0,1759 0,1386 0,1088

Brasil 0,4591 0,5491 0,3530

Fonte: Resultado da Pesquisa

Pela Tabela 10, pode-se notar o nível de especialização das regiões em análise.

Observa-se que a região Sul veio evoluindo o seu coeficiente através dos anos para ficar em

2000 como uma das regiões com maior nível de especialização. O contrário pode se notar nas

19

regiões Norte e Sudeste que apresentaram decréscimos em seus respectivos coeficientes. A

região Nordeste apresentou uma evolução significativa nos anos analisados sendo uma das

regiões mais especializadas no período estudado. A região Centro-Oeste apresentou uma leve

queda no período, mas foi à região com maior nível de especialização das regiões em relação

ao País.

Na Tabela 11 nota-se que apesar da região Sul ter apresentado um nível de

especialização bem significativo em 2000 (Tabela 10), não apresentaram mudanças muito

representativas na sua especialização.

TABELA 11 – QUOCIENTE DE REESTRUTURAÇÃO NO PERÍODO DE 1990/1995/2000

Região Anos

1990/1995 1995/2000

Norte 0,0486 0,0445

Nordeste 0,0406 0,0257

Sudeste 0,0615 0,0486

Sul 0,0299 0,0165

Centro-Oeste 0,0299 0,0327

Brasil 0,0467 0,0337

Fonte: Resultado da Pesquisa

Nota-se através da Tabela 11 que foram as regiões Sudeste e Norte que apresentaram

um grau de mudanças consideráveis na especialização da região. As regiões Nordeste e Sul

apresentaram valores em decréscimo no período analisado e a região Centro-Oeste vem

melhorando seu quociente a cada ano, sendo a região que ficou em terceiro lugar no período

de 1995 a 2000. Em todo caso, a economia brasileira reestruturou-se de um modo geral, no

período analisado. Entre 1995 e 1995, sua reestruturação foi considerável, o que reflete os

impactos da abertura econômica, a partir de 1990, a estabilidade macroeconômica dos preços,

conseguida com o plano real (1994), a entrada de investimentos externos diretos e a atração

de novos investimentos industriais de grande porte por algumas regiões, dentre elas a região

Sul e Nordeste.

20

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi analisar o multiplicador de emprego e o coeficiente de

localização e especialização das regiões brasileiras, através de instrumentos de análise

regional, identificando quais os mecanismos para o seu crescimento e integração à economia

nacional. Neste sentido o estudo foi direcionado para identificar a base de exportação e os

ramos de atividades mais dinâmicos das regiões do Brasil, bem como a análise do

desempenho das regiões no que tange aos ramos de atividade.

Devido às condições de rendas diferenciadas entre as regiões, observou-se que os

padrões de consumo de famílias com características semelhantes, podem diferenciar entre as

regiões; as técnicas de produção (inclusive a produtividade de mão-de-obra) também são um

fator que atinge as regiões pouco desenvolvidas e as composições das atividades também

variam consideravelmente.

Neste contexto, é possível a ocorrência de várias situações: uma região desenvolvida

ter um quociente locacional superior a 1 para um determinado bem supérfluo e ainda assim

importar parcela considerável deste bem para complementar o seu abastecimento local; uma

região menos desenvolvida pode ter um quociente locacional inferior a 1 para determinado

produto e ainda assim, ser exportadora dos produtos, uma vez que não são adquiridos pela

população local por problemas de preferência, de poder aquisitivo, etc.

Com relação ao multiplicador de emprego, observou-se que a maior

representatividade consta na região Sul com um índice de 16,68, ou seja, a cada um emprego

básico gerado na região, a mesma induz à criação de 16,68 empregos não básicos. Isto quer

dizer que o crescimento da região está assentado sobre a base de exportação e que a mesma

está se diversificando e se difundindo para outros setores, atividades básicas ou de exportação

na região.

21

Pode-se afirmar ainda, que em todas as regiões as atividades não básicas foram

induzidas pelas atividades básicas, as quais possibilitaram uma maior difusão e diversificação

do espaço regional, mais especificamente nas atividades urbanas.

Com isso, ao longo deste trabalho, observou-se que as regiões do Brasil conseguiram

estimular seus ramos de atividades através de suas bases de exportação, as quais foram

ampliando e diversificando no decorrer dos anos, proporcionando a sua inserção na economia

nacional.

Contudo, pode-se afirmar que quando a base de exportação cresce, inserindo cada

vez mais a região na economia nacional, os setores básicos oferecem maior número de

empregos, o que acarreta uma expansão da demanda de bens e serviços locais e,

conseqüentemente, o aumento do emprego não básico na região.

As demais medidas de localização e especialização apresentados neste trabalho

mostraram que a economia brasileira vem se reestruturando ao longo dos anos. Essa

reestruturação foi mais significativa entre 1995 e 1995. Nesse período, a economia nacional

passou por profundas transformações, dentre as quais pode-se citar a estabilização dos preços,

a abertura comercial, as mudanças na política cambial e a entrada de investimentos externos

diretos.

Além disso, o setor agroindustrial teve um grande impulso, principalmente nas

regiões Sul e Centro-Oeste. As marca desse impulso foi a expansão da produção agropecuária

no Cerrado, o aumento da capacidade instalada das indústrias de carnes e embutidos no

Paraná e Rio Grande do Sul e o aumento do consumo de insumos na cadeia produtiva da

carne. Além disso, o aumento das exportações para o Oriente Médio e a Ásia contribuíram

para o aumento na produção e ocupação de mão-de-obra nessas regiões.

22

Deve-se salientar, que a região Sul expandiu consideravelmente seu potencial metal-

mecânico com a criação do complexo automobilístico em São José dos Pinhais e Campo

Largo (PR) e em Gravataí (RS).

No entanto, a região Sul não foi à única beneficiada com a reestruturação espacial da

economia brasileira. As outras regiões também alteraram seu perfil locacional. A região

Sudeste teve um avanço considerável na produção de tecnologia de ponta, principalmente

aeroespacial, além de continuar extremamente dinâmica em relação às outras regiões. Assim,

a desconcentração da região metropolitana de São Paulo não significou uma deslocalização da

indústria paulista, mas a transferência das atividades de transformação em sub-regiões

localizadas no próprio Estado ou na sua periferia. De certa forma os novos investimentos no

Paraná, principalmente no norte do Estado, no sudeste de Minas Gerais e no litoral fluminense

refletem essa tendência.

Já as regiões Norte e Nordeste ampliaram a produção de bens manufaturados que

utilizam mão-de-obra de baixa qualificação, dentre elas a produção têxtil, de calçados, a

extração de minerais e a expansão das atividades turísticas. Saliente-se os investimentos no

complexo automobilístico e petroquímico na Bahia. No entanto, essas regiões ainda têm

muitos desafios pela frente, dentre eles, a recuperação e ampliação da infra-estrutura

disponível, a ampliação da qualificação da mão-de-obra, melhorias mais profundas nos

indicadores sociais, ampliação da área cultivável, etc. Em todo caso, dada às informações

apresentadas na análise diferencial-estrutural, essas regiões vem demonstrando uma tendência

ao crescimento econômico nos últimos anos, apesar das dificuldades que vem enfrentando em

termos de investimentos e de melhoria na qualidade de vida.

Portanto, nota-se que houve transformações consideráveis na estrutura setorial da

economia brasileira no final do século XX. Essas transformações não foram maiores dadas à

fragilidade macroeconômica da estabilização e o movimento da economia internacional. Sem

23

contar os problemas energéticos que afetaram diretamente o Nordeste e o Sudeste. Assim,

quando resolvidos os problemas macroeconômicos brasileiros de aguda dependência externa e

os gastos em infra-estrutura e educação avançarem, a dinâmica setorial das regiões brasileiras

demonstrará que uma nova espacialização da economia está em curso no Brasil. Nessa

espacialização, as regiões periféricas serão responsáveis por uma dinâmica particular centrada

nas vocações regionais e em novos investimentos de grupos locais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORAGGIO, J. L. Territórios en transición: Crítica de la planificação regional em

América Latina. Quito, Ciudad, 1987.

HADDAD, P. R. (Org.) Economia regional : teorias e métodos de análise. Fortaleza. BNB.

ETENE, 1989. (Estudos Econômicos e Sociais, 36).

INFRA-ESTRUTURA BRASIL. Projetos e oportunidades. Disponível em:

<http://www.infraestruturabrasil.gov.br/> Acesso em: 27 ago. 2002.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE)

<http://www1.ibge.gov.br/ibge/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad99/sintese/tab

4_4_a_1999.shtm.> Acesso em 31 Jun. 2001.

NORTH, D. C. A Agricultura no Crescimento Econômico Regional. In.: SCHWARTZMAN

(Org.). Economia Regional: textos escolhidos, CEDEPLAR, Belo Horizonte, 1977.

24

PIFFER, M. A Dinâmica do Oeste Paranaense: sua inserção na economia nacional.

Curitiba, 1997. 200 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Econômico) -

Universidade Federal do Paraná.

RIPPEL, R. ; LIMA, J. F. Encadeamentos produtivos e desenvolvimento regional no

município de Toledo (PR): o caso da Sadia-Frigobrás e das indústrias comunitárias. In:

CASIMIRO FILHO, F. ; SHIKIDA, P. F. A. (Org.). Agronegócio e Desenvolvimento

Regional. Cascavel: EDUNIOESTE, 1999, p. 31-56.

SCHICKLER, S. A Teoria da Base Econômica Regional: aspectos conceituais e testes

empíricos. In.: HADDAD, Paulo R. Planejamento Regional: Métodos e Aplicações ao Caso

Brasileiro. Rio de Janeiro, IPE/INPE, 1972.