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Ministrio da Educao MEC Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES Diretoria de Educao a Distncia DED Universidade Aberta do Brasil UAB Programa Nacional de Formao em Administrao Pblica PNAP Bacharelado em Administrao Pblica

TEORIAS DA ADMINISTRAO I

Francisco Mirialdo Chaves Trigueiro Neiva de Arajo Marques

2009

2009. Universidade Federal de Santa Catarina UFSC. Todos os direitos reservados. A responsabilidade pelo contedo e imagens desta obra do(s) respectivos autor(es). O contedo desta obra foi licenciado temporria e gratuitamente para utilizao no mbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, atravs da UFSC. O leitor se compromete a utilizar o contedo desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a reproduo e distribuio ficaro limitadas ao mbito interno dos cursos. A citao desta obra em trabalhos acadmicos e/ou profissionais poder ser feita com indicao da fonte. A cpia desta obra sem autorizao expressa ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanes previstas no Cdigo Penal, artigo 184, Pargrafos 1 ao 3, sem prejuzo das sanes cveis cabveis espcie.

T828t

Trigueiro, Francisco Mirialdo Chaves Teorias da Administrao I/ Francisco Mirialdo Chaves Trigueiro, Neiva de Arajo Marques. Florianpolis : Departamento de Cincias da Administrao / UFSC; [Braslia] : CAPES : UAB, 2009. 170p. : il. Inclui bibliografia Bacharelado em Administrao Pblica ISBN: 978-85-61608-71-2 1. Teoria da administrao. 2. Administrao de empresas. 3. Processo decisrio. 4. Educao a distncia. I. Marques, Neiva de Arajo. II. Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (Brasil). III. Universidade Aberta do Brasil. IV. Ttulo. CDU: 65.01

Catalogao na publicao por: Onlia Silva Guimares CRB-14/071

PRESIDENTE DA REPBLICA Luiz Incio Lula da Silva MINISTRO DA EDUCAO Fernando Haddad PRESIDENTE DA CAPES Jorge Almeida Guimares UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA REITOR lvaro Toubes Prata VICE-REITOR Carlos Alberto Justo da Silva CENTRO SCIO-ECONMICO DIRETOR Ricardo Jos de Arajo Oliveira VICE-DIRETOR Alexandre Marino Costa DEPARTAMENTO DE CINCIAS DA ADMINISTRAO CHEFE DO DEPARTAMENTO Joo Nilo Linhares SUBCHEFE DO DEPARTAMENTO Gilberto de Oliveira Moritz SECRETARIA DE EDUCAO A DISTNCIA SECRETRIO DE EDUCAO A DISTNCIA Carlos Eduardo Bielschowsky DIRETORIA DE EDUCAO A DISTNCIA DIRETOR DE EDUCAO A DISTNCIA Celso Jos da Costa COORDENAO GERAL DE ARTICULAO ACADMICA Nara Maria Pimentel COORDENAO GERAL DE SUPERVISO E FOMENTO Grace Tavares Vieira COORDENAO GERAL DE INFRAESTRUTURA DE POLOS Francisco das Chagas Miranda Silva COORDENAO GERAL DE POLTICAS DE INFORMAO Adi Balbinot Junior

COMISSO DE AVALIAO E ACOMPANHAMENTO PNAP Alexandre Marino Costa Claudin Jordo de Carvalho Eliane Moreira S de Souza Marcos Tanure Sanabio Maria Aparecida da Silva Marina Isabel de Almeida Oreste Preti Teresa Cristina Janes Carneiro METODOLOGIA PARA EDUCAO A DISTNCIA Universidade Federal de Mato Grosso COORDENAO TCNICA DED Andr Valente de Barros Barreto Soraya Matos de Vasconcelos Tatiane Michelon Tatiane Pacanaro Trinca AUTORES DO CONTEDO Francisco Mirialdo Chaves Trigueiro Neiva de Arajo Marques EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDTICOS CAD/UFSC Coordenador do Projeto Alexandre Marino Costa Coordenao de Produo de Recursos Didticos Denise Aparecida Bunn Superviso de Produo de Recursos Didticos Flavia Maria de Oliveira Designer Instrucional Denise Aparecida Bunn Andreza Regina Lopes da Silva Supervisora Administrativa Erika Alessandra Salmeron Silva Capa Alexandre Noronha Ilustrao Igor Baranenko Projeto Grfico e Finalizao Annye Cristiny Tessaro Editorao Rita Castelan Reviso Textual Sergio Meira

Crditos da imagem da capa: extrada do banco de imagens Stock.xchng sob direitos livres para uso de imagem.

PREFCIOOs dois principais desafios da atualidade na rea educacional do pas so a qualificao dos professores que atuam nas escolas de educao bsica e a qualificao do quadro funcional atuante na gesto do Estado Brasileiro, nas vrias instncias administrativas. O Ministrio da Educao est enfrentando o primeiro desafio atravs do Plano Nacional de Formao de Professores, que tem como objetivo qualificar mais de 300.000 professores em exerccio nas escolas de ensino fundamental e mdio, sendo metade desse esforo realizado pelo Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). Em relao ao segundo desafio, o MEC, por meio da UAB/CAPES, lana o Programa Nacional de Formao em Administrao Pblica (PNAP). Esse Programa engloba um curso de bacharelado e trs especializaes (Gesto Pblica, Gesto Pblica Municipal e Gesto em Sade) e visa colaborar com o esforo de qualificao dos gestores pblicos brasileiros, com especial ateno no atendimento ao interior do pas, atravs dos Polos da UAB. O PNAP um Programa com caractersticas especiais. Em primeiro lugar, tal Programa surgiu do esforo e da reflexo de uma rede composta pela Escola Nacional de Administrao Pblica (ENAP), do Ministrio do Planejamento, pelo Ministrio da Sade, pelo Conselho Federal de Administrao, pela Secretaria de Educao a Distncia (SEED) e por mais de 20 instituies pblicas de ensino superior, vinculadas UAB, que colaboraram na elaborao do Projeto Poltico Pedaggico dos cursos. Em segundo lugar, esse Projeto ser aplicado por todas as instituies e pretende manter um padro de qualidade em todo o pas, mas abrindo

margem para que cada Instituio, que ofertar os cursos, possa incluir assuntos em atendimento s diversidades econmicas e culturais de sua regio. Outro elemento importante a construo coletiva do material didtico. A UAB colocar disposio das instituies um material didtico mnimo de referncia para todas as disciplinas obrigatrias e para algumas optativas. Esse material est sendo elaborado por profissionais experientes da rea da administrao pblica de mais de 30 diferentes instituies, com apoio de equipe multidisciplinar. Por ltimo, a produo coletiva antecipada dos materiais didticos libera o corpo docente das instituies para uma dedicao maior ao processo de gesto acadmica dos cursos; uniformiza um elevado patamar de qualidade para o material didtico e garante o desenvolvimento ininterrupto dos cursos, sem paralisaes que sempre comprometem o entusiasmo dos alunos. Por tudo isso, estamos seguros de que mais um importante passo em direo democratizao do ensino superior pblico e de qualidade est sendo dado, desta vez contribuindo tambm para a melhoria da gesto pblica brasileira, compromisso deste governo.

Celso Jos da Costa Diretor de Educao a Distncia Coordenador Nacional da UAB CAPES-MEC

SUMRIOApresentao.................................................................................................... 9 Unidade 1 Introduo AdministraoIntroduo................................................................................................... 13 As organizaes e a administrao: conceitos e fundamentos............................. 14 A formao profissional no campo da Administrao.......................................... 22 Teorias da Administrao e das Organizaes................................................ 26

Unidade 2 As funes administrativas e organizacionaisFunes desempenhadas pelos administradores................................................. 35 Nveis de administrao............................................................................ 38 Nmero de empregados e atividades nos nveis................................................... 40 Funes organizacionais................................................................................. 42 Habilidades dos administradores......................................................................... 46

Unidade 3 Ambientes organizacionais e da administraoAmbientes organizacionais............................................................................... 55 Macroambiente................................................................................................ 57 Ambiente de tarefa.............................................................................................. 75 Microambiente................................................................................................ 82

Teorias da Administrao I

Unidade 4 Processo administrativo integradoPlanejamento............................................................................................. 89 Organizao............................................................................................... 97 Liderana......................................................................................................... 101 Execuo e controle............................................................................ 104

Unidade 5 Composio organizacional e estruturalEstrutura formal da organizao........................................................................... 113 Tipos de organizao........................................................................... 116 Departamentalizao............................................................................. 119 Delegao e poder..................................................................................... 125 Responsabilidade e prestao de contas.............................................................. 129 Centralizao e descentralizao.............................................................. 131

Unidade 6 O papel do administrador frente s mudanas na sociedadeAdministrao nos novos tempos......................................................................... 139 Paradigma da administrao......................................................................... 142 Papel dos administradores................................................................................... 147

Consideraes finais ................................................................................. 166 Referncias.................................................................................................... 168 Minicurrculo.................................................................................................... 172

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Bacharelado em Administrao Pblica

Apresentao

APRESENTAOCaro Estudante! Seja bem-vindo disciplina Teorias da Administrao I e ao universo desta cincia, responsvel por estudar e conhecer sistematicamente as organizaes, sejam elas de fins lucrativos ou no. Esta disciplina tem como objetivo abordar os fundamentos tericos que regem o funcionamento, a estrutura, as funes e a importncia das organizaes. Para isso, voc vai estudar os seguintes temas: conceitos, habilidades do administrador; funes administrativas e seus desenhos organizacionais; alm de aprender sobre a anlise dos ambientes e das atividades do administrador. Procuramos redigir esse livro didtico em linguagem de fcil entendimento, a fim de que voc compreenda temas s vezes pouco conhecidos e estabelea interao conosco, autores, por meio desta leitura. Queremos lembr-lo que a competncia de um gestor ou de outro profissional est intimamente ligada ao seu conhecimento, pois pesquisas tm revelado que este melhora consideravelmente a ao prtica. Assim, a relevncia dessa disciplina se d pelas bases tericas fundamentais para a formao do futuro administrador. Mas, lembre-se de registrar durante a leitura suas anlises, avaliaes, consideraes e idias novas que lhe surgirem, pois no temos a pretenso de esgotar o assunto, e sim apresentar um olhar dentre os inmeros que abordam os assuntos aqui citados. Desejamos a voc uma tima leitura e xito nos estudos! Professores Francisco Mirialdo Chaves Trigueiro e Neiva de Arajo Marques

Mdulo 1

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UNIDADE 1INTRODUO

ADMINISTRAO

OBJETIVOS ESPECFICOS DE APRENDIZAGEMAo finalizar esta Unidade voc dever ser capaz de: Conceituar Organizao e Administrao; Contextualizar e relacionar esses conceitos; Explicar o processo de formao legal e pedaggica do Curso de Administrao; Identificar os princpios fundamentais da Administrao, como a eficincia e eficcia; e Fazer uma sntese da construo do conhecimento da Administrao e suas teorias.

Teorias da Administrao I

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Bacharelado em Administrao Pblica

Unidade 1 Introduo Administrao

INTRODUOOl participante! Seja muito bem-vindo primeira Unidade de nosso livro. com muito orgulho e entusiasmo que vamos comear esta verdadeira viagem pela Teoria Geral da Administrao, termo este que voc j deve ter lido ou escutado. Mas voc sabe qual o significado da palavra administrao? Conhece a evoluo histrica dessa Cincia ou campo do conhecimento humano? Voc sabe por que as organizaes precisam de um administrador?

No se preocupe. Buscaremos dirimir suas dvidas ao longo desta Unidade. Para isso, selecionamos os seguintes temas para estudo: as organizaes e a administrao: conceitos e fundamentos; administrao na histria da humanidade; Teorias da Administrao e das organizaes; e formao e legislao profissional.

Mdulo 1

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Teorias da Administrao I

AS ORGANIZAES E A ADMINISTRAO: CONCEITOS EFUNDAMENTOS

O que voc compreende por administrao? J parou para pensar? Quando ouve a palavra administrao, o que lhe vem mente, de imediato?

Certamente, voc deve ter pensado em vrios tipos de administrao, seja ela: de empresas, de hospital, de escola, de condomnio, do lar, e vrias outros. Pois bem, a palavra administrao, vem do latim ad, que significa direo e minister, subordinao ou obedincia; isto , uma atividade realizada por algum sob o comando de outro. Megginson et al. (1998) conceituam administrao como sendo o trabalho atravs de recursos humanos, financeiros e materiais a fim de atingir objetivos organizacionais por meio do desempenho das funes de planejar, organizar, liderar e controlar. J para Maximiano (2006a, p. 6), a administrao[...] o processo de tomar decises sobre objetivos e utilizao de recursos. O processo administrativo abrange cinco tipos de funes: planejamento, organizao, liderana, execuo e controle.

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Bacharelado em Administrao Pblica

Unidade 1 Introduo Administrao

Observe que o conceito acima caracteriza a administrao de um modo geral, e se aplica a toda e qualquer organizao, sejam elas de fins lucrativos ou no. por meio da administrao, que as organizaes funcionam, j que necessitam de diretrizes, aes estratgicas e instrumentos que controlem os resultados e o desempenho pretendido. Assim, podemos afirmar que a funo do administrador consiste em fazer com que as pessoas exeram suas atividades, ao mesmo tempo em que atende aos anseios do cliente ou pblico, dos parceiros e colaboradores. Em outras palavras, podemos dizer que a finalidade da administrao estabelecer e alcanar objetivos* e metas*. Observe o fluxo da administrao, a partir das funes do administrador passando pelo processamento dos recursos at atingir os objetivos da organizao conforme a Figura 1.*Objetivo propsito a ser atingido por uma organizao, instituio, empresa, grupo empresarial ou por uma pessoa. Fonte: Lacombe (2004). *Meta resultado a ser atingido como conseqncia de um plano, programa ou projeto, os quais normalmente tm um prazo estabelecido para sua execuo. Fonte: Lacombe (2004).

Figura 1: Fluxo da Administrao Fonte: Elaborada pelos autores

As empresas com fins lucrativos buscam, alm de aumentar seus lucros, tambm atender s necessidades de diversos pblicos de interesse, tais como os: clientes, fornecedores, comunidade, governo, funcionrios e outros com os quais mantenham relacionamentos diretos ou indiretos. Para aquelas sem fins lucrativos, os objetivos podem ser os mais diversos, como atender aos anseios da sociedade, no caso de uma empresa pblica ou de uma Organizao No-Governamental (ONG). Para isso, as empresas necessitam organizar as funes administrativas como planejamento e liderana e utilizam-se de pessoas (recursos humanos), de dinheiro (recursos financeiros) e edifcios, equipamentos e matrias-primas (recursos materiais).

Mdulo 1

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Teorias da Administrao I

Na Unidade 2 vamos analisar as funes administrativas e, na Unidade 4, o processo administrativo integrado, detalhando as atividades essenciais da administrao.

Aps estudar o conceito de administrao, vamos agora compreender as organizaes e como as mesmas precisam da administrao.

comum a palavra administrao estar relacionada com empresas privadas que visam lucro. como se s essas empresas fossem cientificamente administradas. E ainda, s elas necessitariam de certos controles. Pois essa uma idia errnea e vrios so os autores que se pronunciam a respeito, como Megginson et al. (1998). Esses autores afirmam que relacionar administrao somente s empresas privadas uma relao parcialmente correta, mas incompleta uma vez que a administrao necessria em todos os tipos de atividades e em todos os tipos de organizao. Vivemos na Sociedade de organizaes. Vivemos em um mundo de organizaes, sejam elas pblicas, privadas ou as chamadas de Terceiro Setor*. Todas as atividades humanas esto organizadas e esto inseridas em um ambiente cada vez mais mutvel e complexo: so diversas empresas que desenvolvem produtos e servios para atender pessoas ou outras organizaes, que mudam constantemente, de acordo com os problemas e necessidades que se apresentam. Podem se diferenciar quanto a: objetivos, setores (pblico, indstria, comrcio, servios) e portes (micro, pequenas, mdias e grandes). Assim, para que as organizaes alcancem seus objetivos, processem suas atividades e forneam o produto final ao usurio ou comprador, precisam de dinheiro, equipamentos, tecnologias, pessoas, estrutura, informao, conhecimento e insumos. No entanto, para fazer uso adequado desses recursos, precisaro de um profissional de administrao, de algum que consiga estabelecer interao e envolvimento das partes durante todo o processo. Para

*Terceiro Setor conjunto de organizaes e iniciativas privadas que visam produo de bens e servios pblicos. Este o sentido positivo da expresso. Bens e servios pblicos, nesse caso, implicam uma dupla qualificao: no geram lucros e respondem a necessidades coletivas. Fonte: Fernandes (1994).

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Bacharelado em Administrao Pblica

Unidade 1 Introduo Administrao

compreender o papel dessas organizaes e como deve ser cumprido, voc precisa estudar administrao. Provavelmente, poder fazer parte de alguma organizao, seja pblica ou privada, se j no faz parte. A administrao conduz as organizaes de forma integrada, de modo que as reas como finanas ou gesto de pessoas, por exemplo, possam convergir para os objetivos comuns, o que, no final das contas, significa contribuir com o desenvolvimento scioeconmico do pas, por meio de produtos e servios de qualidade. O desempenho das organizaes no mundo contemporneo motivo para avaliar o impacto no desenvolvimento de uma sociedade. Maximiano (2006a) afirma que as organizaes tm assumido importncia, sem precedentes, na sociedade e na vida das pessoas.

Mas ser que a administrao se relaciona primordialmente s empresas?

Acertou se respondeu que no. Imagine aquele site de relacionamento chamado orkut, que voc com certeza conhece ou acessa, que em pouco tempo, pelo menos, aqui no Brasil, reuniu milhares de pessoas em torno de discusses, encontros, amizades, troca de informaes, anncios, comunidades, em uma plataforma virtual. um exemplo tpico de organizao. Neste exemplo conseguimos observar a importncia e impacto exercidos pelo site sobre o comportamento das pessoas.

Mas o que organizao para voc?

No senso comum, organizar-se uma forma de ter tudo arrumado para projetar aes etc.. J na literatura voc encontrar diferentes definies. Vamos conhecer algumas delas:

Mdulo 1

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Teorias da Administrao I

existe uma organizao todas as vezes que duas ou mais pessoas interagem para alcanar certo objetivo (MEGGINSON et al., 1998); a organizao consiste num grupo humano, composto por especialistas que trabalham em conjunto numa atividade comum (DRUCKER, 1994 apud CARAVANTES, 1998); organizao a reunio de duas ou mais pessoas trabalhando juntas cooperativamente dentro de limites identificveis, para alcanar um objetivo ou meta comum (SILVA, 2005); e uma organizao um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo ou conjunto de objetivos (MAXIMIANO, 2006a).

Agora sua vez! Com base nos conceitos apresentados identifique o que h de comum nessas definies.

Muito bem, podemos dizer que organizao toda e qualquer atividade que rene pessoas em busca de determinados fins, seja o lucro (iniciativa privada, como supermercados), a realizao de um projeto social (Organizao No-Governamental) ou a segurana pblica (como os presdios). Veja a Figura 2.

Figura 2: O papel da organizao na sociedade Fonte: Adaptada de Maximiano (2006a)

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Bacharelado em Administrao Pblica

Unidade 1 Introduo Administrao

Como j vimos, existem diferentes maneiras de nomear as organizaes. Elas podem ser privadas, do terceiro setor ou pblicas. As diferenas fundamentais entre elas voc encontra, de forma sucinta, a seguir: Organizaes privadas: visam o lucro, so responsveis pela produo de bens e servios, muitos deles essenciais para a humanidade, como alimentos, roupas e moradias. Te r c e i r o s e t o r: desde a dcada de 1980, principalmente, vm ocupando o espao deixado pelo Estado, na oferta de servios sociedade, como sade, educao e lazer. Organizaes pblicas: atuam nos nveis Federal, Estadual e Municipal, e entre elas temos as que se configuram em A d m i n i s t r a o D i r e t a * e Administrao Indireta*.

v(2007).

Amplie seus

conhecimentos

acessando o site , onde voc encontrar vrios artigos sobre o Terceiro Setor.

*Administrao Direta conjunto dos rgos integrados diretamente na estrutura administra-

Seu estudo sobre organizaes pblicas ser aprofundado na disciplina Teorias da Administrao Pblica, no mdulo 3.

tiva em mbito Federal, Estadual ou Municipal. *Administrao Indireta conjunto de entes com personalidade jurdica prpria, executam atividades do governo que so desenvolvidas de forma descentralizada. Fonte: Matias-Pereira

Todos os trs tipos distintos de organizao anteriormente citados so fundamentais para a sociedade. Sendo as organizaes pblicas essenciais, por interferirem diretamente na produo de bens, no nvel de consumo e emprego, nos impostos e tributos. Segundo Delfim Neto, em artigo publicado na Revista Carta Capital, de 27 de fevereiro de 2008, p. 17:Para sobreviver, a sociedade precisa de uma organizao o Estado capaz de prover alguns bens pblicos, ordem, segurana, justia, infraestrutura, assistncia aos desvalidos e estabilidade do valor da moeda, que o sistema de mercado no pode produzir. Para financiar seus servios, o Estado cobra um imposto sobre tudo o que produzido.

Mdulo 1

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Teorias da Administrao I

Os impostos pagos pelos brasileiros ao Estado se revertem em servios pblicos essenciais oferecidos populao, tais como: segurana, educao, sade, transportes etc. Em um nvel macro, temos o Estado, considerado aqui a Repblica Federativa do Brasil, que responsvel pela conduo do pas nos aspectos econmicos, sociais, culturais, educacionais (especialmente o nvel superior), tributrios, legais e constitucionais, internacionais etc. No nvel intermedirio, temos os Estados da Federao, como Mato Grosso, Paraba e Santa Catarina. So organizaes responsveis pela administrao dos recursos pblicos regionais para atendimento das necessidades da sociedade. Por fim, temos o nvel micro, composto pelas prefeituras, que so responsveis pela administrao pblica das cidades brasileiras. Cada municpio regido pela Lei Orgnica, que elaborada por sua cmara municipal. Alm da Constituio Federal, a Lei Orgnica deve respeitar as normas da Constituio Estadual.

A Lei Orgnica oferece ao municpio instrumentos legais capazes de a cidade passe, ordem ao desenvolvimento do municpio.

enfrentar mudanas que proporcionando nova

v

Mas como saber se as organizaes privadas, do terceiro setor ou pblicas esto realizando o que deveriam realizar?

Temos conceitos e princpios fundamentais em Administrao que vo possibilitam identificar se a organizao est em direo realizao de suas propostas/metas ou se est fazendo outro caminho no especificado/no esperado. Dentre esses conceitos podemos indicar dois que so fundamentais para medir o seu desempenho: a eficincia e a eficcia. Quando as empresas satisfazem seus diversos pblicos, como clientes, usurios, funcionrios, a sociedade de uma forma geral e o governo, entre outros, e ainda por cima resolvem seus problemas e atingem seus objetivos, elas esto sendo eficientes e eficazes em sua administrao.

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Bacharelado em Administrao Pblica

Unidade 1 Introduo Administrao

Mas voc sabe o que significam eficincia e eficcia? Quais as suas diferenas?

Eficincia a capacidade de fazer as coisas direito, um conceito matemtico. a relao entre entrada e sada (input e output). Um administrador eficiente aquele que consegue maior produtividade ou desempenho em relao quantidade de insumos (mo de obra, material, dinheiro, mquinas e tempo) utilizados para a sua consecuo. Para Maximiano (2006a), eficincia a palavra usada para indicar que a organizao utiliza produtivamente, ou de maneira econmica, seus recursos. Em outras palavras, significa usar menor quantidade de recursos para produzir mais. J a eficcia consiste na capacidade de fazer as coisas certas ou de conseguir resultados. Isto inclui a escolha dos objetivos mais adequados e os melhores meios de alcan-los (MEGGINSON et al., 1998). Para Maximiano (2006a), eficcia a palavra usada para indicar que a organizao est realizando seus objetivos. Quanto mais alto o grau de realizao dos objetivos, maior a eficcia organizacional. Assim, por exemplo, uma empresa pode desenvolver um produto de forma eficiente, utilizando os recursos (materiais, financeiros, pessoais) economicamente, mas o produto no obter xito comercial. Nesse caso, a empresa foi eficiente, porm ineficaz, porque adotou a estratgia errada ou lanou o produto errado.

D uma parada, relaxe sua mente e seu corpo, e depois retome aos estudos com essa pequena atividade: Para verificarmos se voc compreendeu o que administrar escreva um pequeno texto, de apenas uma pgina, completando a frase: Para mim administrao ... Compartilhe com os colegas e com o seu tutor!

Agora que voc j sabe o que organizao e o que administrao e, principalmente, a diferena entre ambas vai conhecer como se forma um administrador e a parte legal da profisso. Bons estudos!

Mdulo 1

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Teorias da Administrao I

A FORMAO PROFISSIONAL NO CAMPO DA ADMINISTRAOA formao do profissional de administrao exige estudo dos conceitos e fundamentos da Administrao, do corpo terico cientfico, bem como a aplicao dos princpios da Administrao nas organizaes existentes em todas as pocas, sejam elas pblicas, privadas ou do terceiro setor. Agora, vamos estudar como se deu a implantao dos cursos de Administrao no Brasil.

Voc sabia que os primeiros cursos de Administrao surgiram nos anos 1950? E que em 1965 foi regulamentada a profisso? Estas e outras questes sero analisadas a seguir.

A primeira instituio de ensino superior no Brasil a oferecer o Curso de Administrao foi a Fundao Getlio Vargas (FGV), em 1952, quando fundou a Escola Brasileira de Administrao Pblica (EBAP). Em 1954, foi criada a Escola de Administrao de Empresas de So Paulo (EAESP), com o objetivo de preparar profissionais para atuarem em empresas privadas, que vinham em um ritmo grande de crescimento. J a Universidade de So Paulo (USP) criou, em 1946, a Faculdade de Economia e Administrao (FEA), mas s veio a oferecer o curso de Administrao a partir de 1963. Com o desenvolvimento do pas, no governo de Getlio Vargas e, posteriormente, no de Juscelino Kubitschek (anos 1950), com a industrializao, principalmente de bens durveis (automveis, por exemplo), sentiu-se a necessidade de contratar

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Bacharelado em Administrao Pblica

Unidade 1 Introduo Administrao

profissionais com conhecimento suficiente para compreender a nova sociedade que comeava a se consolidar. Marcada pela urbanizao e novas tecnologias esta sociedade precisava de profissionais para gerenciar e dar suporte a essas novas empresas. As mudanas econmicas e sociais, bem como nas estruturas organizacionais das empresas, acentuaram a importncia do Administrador nesse momento histrico do pas. Assim, por meio da Lei n. 4.769, de 9 de setembro de 1965, foi regulamentada a profisso de Tcnico de Administrao. Com esta Lei, definiu-se a designao profissional, o exerccio da profisso, o campo de atuao (financeira, material, oramento, administrao mercadolgica, administrao e seleo de pessoal, administrao da produo), a atividade profissional (como pesquisas, anlises, planejamento, elaborao de pareceres e relatrios, funes de chefia ou direo, magistrio) e a obrigatoriedade da Carteira de Identidade de Tcnico de Administrao no exerccio profissional, dentre outras prerrogativas. No ano seguinte aps a regulamentao da profisso, o Conselho Federal de Educao fixou, por meio do Parecer n. 307/66 (aprovado em 8 de julho de 1966), o primeiro currculo mnimo do Curso de Administrao. Em 1967, a Lei foi regulamentada por meio do Decreto n. 61.934, de 22 de setembro de 1967. Com isto, criou-se o rgo responsvel pela disciplina e fiscalizao da categoria profissional: o CFTA Conselho Federal de Tcnicos de Administrao. O objetivo maior da entidade era definir, afirmar e fixar a atuao do administrador nas organizaes, de modo a contribuir com o desenvolvimento socioeconmico do pas. Em seguida, foram fundados os Conselhos Regionais de Administrao nas diversas capitais brasileiras, formando o atual sistema CFA/CRAs. Em 1985, no 20 aniversrio da profisso de Administrador, a Lei Federal n. 7.321, de 13 de junho de 1985, alterou a denominao Tcnico de Administrao para Administrador, aps intensa campanhaSaiba mais

CFA/CRAs

Pesquise a lei que regula a profisso de Administrador; o cdigo de tica da profisso; alm do smbolo e juramento, histria da profisso e papel do Conselho Federal de Administrao, dentre outros no site .

Mdulo 1

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Teorias da Administrao I

coordenada pelo CRA-SP com apoio de universidades, faculdades , e outros conselhos regionais. Mas foi em 4 de outubro de 1993, que a Resoluo do Conselho Federal de Educao n. 2 aprovou um novo currculo mnimo, substituindo o de 1966. A formao bsica e instrumental era composta por disciplinas como Economia, Direito, Filosofia, Sociologia, Psicologia, Matemtica, Estatstica, Contabilidade e Informtica. As disciplinas de formao profissional incluam Teorias da Administrao, Administrao (Mercadolgica, de Produo, Financeira e Oramentria, de Recursos Humanos, de Materiais e Patrimoniais, de Sistema de Informao) e Organizao, Sistemas e Mtodos. O Artigo 4 estabeleceu que os mnimos de contedo e durao, fixados nessa Resoluo sero obrigatrios a partir de 1995, podendo, as instituies que tenham condies para tanto e assim desejarem, aplic-los a partir de 1994. Com a redemocratizao do pas e a abertura econmica, em 1990, o papel do Administrador torna-se imprescindvel para o desenvolvimento da sociedade, por meio dos setores primrio, secundrio e tercirio. Neste cenrio competitivo as organizaes precisam dar resultados e alcanar objetivos de forma eficiente e eficaz. Para isso, precisam ser gerenciadas por profissionais capazes de compreender a dinmica, o processo, a interdependncia das partes, as variveis ambientais. E por tudo isso, os administradores tm habilidades para envolver os elementos essenciais no planejamento e execuo de cada ao a ser realizada. Foi nesse novo panorama que em 2005 o MEC instituiu as novas diretrizes do Curso de Administrao (Resoluo n. 4, de 13 de julho de 2005), atravs da Cmara de Educao Superior do Conselho Nacional de Educao, no qual as universidades devem se adequar para inserir no mercado de trabalho, profissionais capacitados e habilitados. nesta adequao que voc se destacar no mercado de trabalho como sendo um profissional altamente capacitado e habilitado para planejar, organizar, liderar, coordenar e controlar as organizaes a fim de alcanar os objetivos estabelecidos de forma eficiente e eficaz.

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Bacharelado em Administrao Pblica

Unidade 1 Introduo Administrao

Contribuindo com estas novas diretrizes temos o Artigo 3 da Resoluo n. 4/05, que diz:A formao na rea de Administrao deve ensejar como perfil desejado do formando, capacitao e aptido para compreender questes cientficas, tcnicas, sociais e econmicas da produo e de seu gerenciamento, observados nveis graduais do processo de tomada de deciso, bem como para desenvolver gerenciamento qualitativo e adequado, revelando a assimilao de novas informaes e apresentando flexibilidade intelectual e adaptabilidade contextualizada no trato de situaes diversas, presentes ou emergente, nos vrios segmentos do campo de atuao do administrador.

E aborda como competncia e habilidades essenciais o pensamento sistmico e estratgico; expresso e comunicao na arte de negociar; raciocnio lgico, crtico e analtico; iniciativa, criatividade, inteligncia interpessoal; capacidade para dar consultoria e assessoria empresarial; reconhecer e definir problemas; equacionar solues; refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produo; ter vontade poltica e administrativa; ter conscincia tica do seu exerccio profissional, dentre outros.

A Cincia da Administrao dinmica, pois as organizaes so sistemas abertos capazes de receber e exercer influncia com o ambiente externo e interno.

Mdulo 1

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Teorias da Administrao I

TEORIAS DA ADMINISTRAO E DAS ORGANIZAESNeste tpico iremos lhe apresentar as diversas teorias que constroem o corpo terico da Administrao e das Organizaes. Mas o que teoria? E Teoria da Administrao e das Organizaes?

Antes de tudo, precisamos esclarecer o que uma teoria no senso comum. De acordo com o que dispe o Dicionrio Aurlio (2001) a expresso senso comum significa: Conjunto de opinies to geralmente aceitas em poca determinada que as opinies contrrias aparecem como aberraes individuais. Assim, podemos dizer que cada ser humano em determinado perodo tem uma teoria prpria que explica aparentemente como as coisas funcionam e os respectivos porqus. So explicaes bvias para o leigo no assunto e nem sempre correspondem realidade descrita por um especialista. J no campo cientfico a teoria pode ser definida segundo Kerlinger (1973, p. 9) como[...] um conjunto de construes, definies e proposies inter-relacionadas que apresenta uma viso sistemtica dos fenmenos atravs de uma especificao de relaes entre variveis com o objetivo de explicar e prever os fenmenos.

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Bacharelado em Administrao Pblica

Unidade 1 Introduo Administrao

O que o autor quis dizer que uma teoria deve: explicar os fatos observados (do modo mais simples possvel); ser consistente com outro(s) corpo(s) de conhecimento e fornecer meios para a sua verificao (testes investigativos de relaes entre variveis resultando na confirmao de tais afirmaes ou no); e ser til (uma teoria sempre um modelo).

E o significado da Teoria da Administrao e das Organizaes, voc sabe qual ?

As Teorias da Administrao, segundo Maximiano (2006a), so conhecimentos organizados e produzidos pela experincia prtica das organizaes. J para Chiavenatto (2006, p.2), a teoria das organizaes o campo do conhecimento humano que se ocupa do estudo das organizaes em geral. Enquanto as[...] teorias da administrao so conhecimentos organizados e codificados em decorrncia da experincia prtica e emprica da administrao em organizaes.

Na Administrao, ao longo do tempo, os resultados de estudos, pesquisas, experincias, levantamentos e observaes nas organizaes deram origem a um conjunto de teorias, que podem ser divididas em vrias correntes ou abordagens. Cada abordagem representa uma maneira especfica de encarar a tarefa e as caractersticas do Trabalho de Administrao. A classificao das escolas de Administrao nos permite visualizar estas etapas lgicas de aprendizado. importante observarmos que as Teorias de Administrao praticadas, no passar dos anos, receberam contribuies e influncias variadas, de importantes correntes de pensamento

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administrativo e tambm de cientistas de diversas tendncias. Tiveram como base modelos diversos de conduo de organizaes, como por exemplo: organizao da Igreja Catlica (modelo de hierarquia simples); organizao Militar (conceitos de: unidade de comando, linha, centralizao, descentralizao, estratgia); Revoluo Industrial (modelo de administrao hoje conhecido), entre outras. Vimos neste tpico que no campo da Administrao as teorias significam um conjunto de conhecimentos a respeito do funcionamento das organizaes e da forma como so administradas. Nesse sentido, estamos tratando da rea cientfica da Administrao. No entanto, Administrao tambm considerada uma arte.

Mas o que cincia? E arte? Por que o profissional de administrao precisa ter o conhecimento cientfico e, ao mesmo tempo, ter habilidades artsticas?

Pois bem, arte e cincia tm em comum o fato de nunca serem conclusivas, e de ambas serem exposies imprecisas da realidade. A cincia conhecimento organizado, a arte corresponde tcnica da obteno do memorvel. A cincia interpreta a realidade com base em mtodos e a arte a retrata com smbolos. Na administrao voc vai precisar da arte para implantar mudanas e da cincia para implantar as mudanas certas. Vai precisar tambm dominar a arte de trabalhar com pessoas e a cincia da compreenso desses talentos no ambiente organizacional. Finalmente, compreender a necessidade de utilizar, simultaneamente, cincia e arte, razo e emoo, em propores variveis caso a caso.

E afinal, em que consiste administrar? Conhea a seguir o que alguns dos pensadores da rea de Administrao assumem que seja administrar.

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Unidade 1 Introduo Administrao

Levitt (1985), afirma que administrar consiste em analisar racionalmente uma situao e selecionar os objetivos a serem alcanados, desenvolvendo sistematicamente estratgias para atingir tais objetivos, coordenando os recursos, desenhando racionalmente a estrutura, dirigindo e controlando com preciso, e finalmente motivando e recompensando as pessoas que trabalham para que os objetivos sejam efetivamente alcanados, isto , Administrao uma cincia. De outro modo, Boettinger (1978) entende que administrar consiste em arrastar a outros, e isso implica, para quem administra, a capacidade de compreender as necessidades e os desejos dos outros para compartilhar com eles uma viso que aceitam como prpria, isto , administrar uma arte. Por outro lado, Megginson et al. (1998) afirmam que em muitos aspectos de planejamento, liderana, comunicao e trato com o elemento humano, os administradores tambm usam as abordagens artsticas, baseando suas decises em julgamento, intuio ou simplesmente em palpite.

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Este termo nasceu das situaes de concorrncia: guerra, palavra herdada dos

jogos e negcios. uma gregos, que a usavam

para designar a arte dos generais, pelo que se conclui que sua origem militar.

A Administrao cincia, o ato de administrar uma arte. Levitt (1985) assevera que o sucesso est nas mos daqueles que encaram a funo que exercem com a paixo do artista e o mtodo do cientista.

A cincia tenta descrever o que , mas evita tentar determinar o que . J as cincias sociais so todas as atividades que esto preocupadas em sistematicamente investigar e explicar aspectos da relao entre o indivduo e a sociedade da qual faz parte (LUPTON, 1972 apud CARAVANTES, 1998). E quando se utiliza o conhecimento para agir, ento passamos para o campo das Cincias Sociais Aplicadas. A Administrao denominada Cincia Social Aplicada, pois investiga as organizaes, de modo a conhec-las, para que possa aplicar constantemente novos conhecimentos, teorias,

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Saiba mais

Peter Drucker

Nascido em novembro de 1909, faleceu em novembro de 2005. Filsofo e economista, de origem austraca, considerado por todos o pai da gesto moderna (cincia que trata sobre pessoas nas organizaes). Publicou 39 livros e inmeros artigos acadmicos sobre como os seres humanos esto organizados em todos os setores da sociedade, nas empresas, rgos governamentais e nas organizaes sem fins lucrativos. Disponvel em: . Acesso em: 24 jun. 2009.

princpios, contribuindo assim, com o desenvolvimento das mesmas. uma cincia que aplica os conhecimentos ao, como afirmava Peter Drucker. Da devemos observar que se trata de uma cincia no-exata, possibilitando a cada ao receber reaes distintas porque vai depender do momento, das pessoas envolvidas, do modo como se definiu o problema, do local onde se agiu etc.

Complementando......Verifique o que separamos de complemento ao que voc estudou nesta Unidade e perceba como importante diversificar as leituras sobre cada assunto, pois nos possibilita novas abordagens e novos olhares sobre os mesmos assuntos. Histria da Administrao publicado pelo Conselho Regional de Administrao do Cear, em setembro de 2005. Disponvel em: . Acesso em: 15 jun. 2009. Esse artigo mostra de um modo criativo toda a trajetria da Administrao. Vale a pena voc fazer a busca para conhecer mais dessa histria. Terceiro setor e o desenvolvimento social elaborado pela Gerncia de Estudos Setoriais (GESET); Cludia Soares Costa; Gabriel Rangel. Disponvel em: Acesso em: 15 jun. 2009. Portal dos administradores onde voc encontra diversos artigos, monografias e notcias relacionadas ao mundo da Administrao. Para tanto acesse o site: .

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Unidade 1 Introduo Administrao

Agora, antes de continuar, d uma parada, e depois retome aos estudos com essa pequena atividade: Faa uma leitura do artigo Terceiro setor e o desenvolvimento social, disponvel em: e aps esta leitura faa uma reflexo a respeito do papel das organizaes do terceiro setor na sociedade brasileira. Escreva sobre essa reflexo e compartilhe com os colegas e com o seu tutor, postando a resposta no Ambiente Virtual de EnsinoAprendizagem AVEA!

ResumindoNesta Unidade voc viu que a Administrao uma cincia relativamente nova, mas que os seus princpios fundamentais j eram aplicados desde a Antiguidade. Isto porque na Administrao Pblica das antigas civilizaes, as funes de planejamento, organizao, comando, coordenao e controle foram relevantes na construo de Estados fortes, como o Egito Antigo. Com a evoluo da humanidade, as organizaes privadas, pblicas e as do Terceiro Setor passaram a fazer parte da vida das pessoas. A sociedade, de um modo geral, depende da atuao eficiente e eficaz dos administradores, a fim de permitir o desenvolvimento das organizaes e, consequentemente, dela prpria. As Teorias da Administrao e das Organizaes foram criadas, a partir de 1900, aproximadamente, com o objetivo de explicar os acontecimentos da realidade social nas organizaes e de como estas eram e/ou deveriam ser administradas. A construo do conhecimento constante na rea da Administrao, conforme estudamos, e este deve ser amplamente aplicado.

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Atividades de aprendizagemA partir de observao nas empresas, nas quais voc trabalha ou trabalhou, ou onde pessoas que lhe so prximas trabalham escolha pelo menos duas empresas , procure responder s questes a seguir. Em caso de dvida faa uma releitura do material e, se necessrio, no hesite em consultar o seu tutor.

1) Qual o setor em que atuam? (pblico, privado ou terceiro setor)? 2) Quais os objetivos da existncia dessas organizaes (escola, comrcio, indstria ou servios etc.) ? 3) Voc as considera importantes? Por qu? 4) Essas organizaes possuem administradores profissionais no seu quadro de funcionrios? Se sim, em quais cargos se encontram esses Administradores (diretores, gerentes e afins)? Se no, que outros profissionais trabalham nessas empresas (advogado, psiclogo, economista, etc.)? So formaes que figuram entre as disciplinas do curso de Administrao, como Psicologia, Direito, Economia? Analise a importncia dessas cincias na formao do administrador.

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Unidade 1 Introduo Apresentao Administrao

UNIDADE 2ASFUNES ADMINISTRATIVAS E ORGANIZACIONAIS

OBJETIVOS ESPECFICOS DE APRENDIZAGEMAo finalizar esta Unidade voc dever ser capaz de: Definir as funes da Administrao: planejamento, organizao, direo e controle; Delimitar os nveis da Administrao, bem como as atividades e nmero de funcionrios em cada nvel; Descrever as principais funes organizacionais: marketing, operao, finanas e recursos humanos; e Elencar e compreender as habilidades dos Administradores.

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Unidade 2 As funes administrativas e organizacionais

FUNES DESEMPENHADASPELOS ADMINISTRADORESCaro estudante! Nesta Unidade, apresentaremos as funes e habilidades inerentes profisso de administrador; e discutir sobre as funes organizacionais e os diferentes nveis de administrao dentro de uma organizao, para que voc tenha melhor embasamento para exercer a profisso. Vamos, ento, iniciar pelas funes desempenhadas pelos administradores.

Primeiramente, interessante voc retornar Unidade 1 onde definimos o termo administrao como sendo o uso dos recursos humanos, financeiros e materiais para atingir os objetivos da organizao atravs das funes de planejamento, organizao, liderana e controle. Observe como esses objetivos podero ser alcanados e quem que tem a competncia para atuar, a fim de que tudo possa ser concretizado.

De acordo com suas observaes, ou at mesmo com sua prtica, o que fazem os administradores? Quais so as suas funes? Atividades? Habilidades?

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A sigla ONG (Organizao No-Governamental), na realidade, expressa genericamente, o conjunto de organizaes do terceiro setor tais como associaes,

cooperativas, fundaes, institutos, etc. No caso da Sociedade Civil de das OICIP's (Organizaes Interesse Pblico), tratase de uma qualificao decorrente da Lei

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Uma das primeiras classificaes das funes administrativas foi feita por Henry Fayol, em 1916, que sugeriu como funes principais, a previso, a organizao, a coordenao, o comando e o controle. Em qualquer que seja a organizao privada (indstria, comrcio, servio), pblica (autarquias, empresas pblicas, Estado, etc.) ou do terceiro setor (ONGs, OSCIPs, associaes), pelo menos quatro funes devem ser desempenhadas por um administrador: planejamento, organizao, liderana e controle das atividades organizacionais. Essas quatro funes esto inter-relacionadas e coordenadas de forma a atingir os objetivos. Dependem umas das outras.

n 9.790, de 23/03/99 (ou Lei do Terceiro Setor). Assim, pode-se dizer que as OSCIPs so ONGs, que obtm um certificado emitido pelo poder pblico federal ao comprovar o cumprimento de certos requisitos por serem entidades privadas atuando em reas tpicas do setor pblico de interesse social com iniciativas sem retorno econmico. Fonte: Lei n 9.790 (23/03/99)

Nesta Unidade, conceituaremos cada funo de acordo com Megginson et al. (1998) e a anlise do processo administrativo integrado ns faremos mais frente, na Unidade 4. Ento, vamos conhecer cada funo?

Planejar: significa escolher ou estabelecer a misso da organizao, seu propsito e objetivos, e depois determinar diretrizes, projetos, programas, procedimentos, mtodos, sistemas, oramentos, padres e estratgias necessrias para atingi-los. Na Iniciativa Privada, temos o planejamento da abertura de uma unidade fabril e na Administrao Pblica o Plano Plurianual (PPA), institudo pela Constituio Federal de 1988, e que estabelece diretrizes, objetivos e metas da administrao pblica por um prazo de pelo menos quatro anos, mas pode definir o destino de toda uma gerao. Elaborar um PPA decidir quais so os investimentos mais importantes dentro de um projeto de desenvolvimento nacional, regional ou municipal.

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Unidade 2 As funes administrativas e organizacionais

Organizar: determinar os recursos e atividades necessrias para se atingir os objetivos da organizao, combinar esses recursos e atividades em grupos prticos, designar a responsabilidade de atingir os objetivos a empregados responsveis e delegar a esses indivduos a autoridade necessria para realizar essas tarefas. Em ambas administrao privada e pblica contratar pessoas e alocar recursos financeiros para os projetos criados no planejamento so exemplos de organizao. Liderar: conseguir dos empregados que eles faam as coisas que voc deseja que eles faam. Portanto, abrange no s a qualidade, o estilo e o poder do lder, mas tambm suas atividades relacionadas comunicao, motivao e disciplina. Controlar: delinear os meios para se ter certeza de que o desempenho planejado seja realmente atingido. Definir as metas, considerando os indicadores atuais, para assim medir o desempenho alcanado com as decises tomadas. Observe que as trs primeiras funes sero ineficazes sem esta ltima: controlar. Para executar tais funes nas organizaes, preciso definir os nveis de administrao, que significa a alocao de autoridades, gerncia, operadores e suas atribuies.

Lembra-se das empresas que voc observou e pesquisou na Unidade 1? Volte nelas agora para identificar como tem sido desempenhada cada uma dessas funes administrativas. Compartilhe sua anlise com os colegas e com o seu tutor!

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NVEIS DE ADMINISTRAOEstudamos no tpico anterior as funes administrativas que so desenvolvidas nas organizaes nos seus mais diversos nveis. Mas voc sabe que nveis so esses?

Teoricamente, so trs os nveis de administrao: o estratgico, o ttico e o operacional. Veja na Figura 3:

Figura 3: Nveis de administrao Fonte: Elaborada pelos autores

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Unidade 2 As funes administrativas e organizacionais

No nvel administrativo ou estratgico a competncia bsica traduzir as incertezas de um mercado altamente dinmico, visando o estabelecimento de objetivos. Atravs das atividades de planejamento, organizao e controle, de forma coordenada, objetiva-se atingir os macro-objetivos da organizao. As decises estratgicas so normalmente de longo prazo e tomadas no alto escalo da empresa, por isso, geram atos cujos efeitos so duradouros e mais difceis de inverter. J no nvel ttico ou intermedirio temos as estratgias, em planos e projetos, a serem realizadas pelo nvel operacional. O tempo de planejamento no nvel ttico o de mdio prazo. Neste nvel h menos dvidas para as tomadas de decises, por isso so mais facilmente revistas, quando necessrias e de menos impacto no funcionamento estratgico da empresa. O imperativo que cada rea ou funo tenha seus planos especficos, os quais estejam interligados umbilicalmente s aes estratgicas da companhia como um todo. Enquanto no nvel operacional ou mais baixo da organizao, os administradores executam os projetos. Neste nvel as decises operacionais esto ligadas ao controle e s atividades operacionais da empresa e so eminentemente tcnicas. Aqui o tempo do planejamento o curto prazo.

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NMERO DE EMPREGADOSE ATIVIDADES NOS NVEIS

Como vimos, temos trs nveis administrativos, de um modo geral. E qual a relao destes nveis com as atividades desenvolvidas? Quantos empregados so necessrios em cada nvel? Vamos aprender tudo isso nesse tpico.

O nmero total de empregados encontrado em cada nvel diminui medida que subimos nos nveis da organizao. Tal fato pode ser explicado considerando-se que no nvel operacional onde ocorre a maior padronizao das atividades e essas no so formadas somente pela transformao da matria-prima em produto acabado, mas, tambm, por funes de manuteno, vendas e entrega dos produtos resultantes da transformao, compras e armazenamento da matria-prima, entre outras, conforme a especificidade e tipologia da empresa (MINTZBERG, 2003). Ou seja, no nvel operacional o lugar de realizao das aes onde se necessita do maior nmero de tcnicos das mais variadas reas do conhecimento. Na posio intermediria na hierarquia, encontramos os gerentes mdios, responsveis por supervisores ou por executores de tarefa, normalmente em nmero bem reduzido em comparao com o nvel operacional, com autonomia para tomar algumas decises, enquanto outras so transferidas para o nvel acima; e, por fim, temos os administradores de topo, que correspondem aos executivos da direo, que, geralmente, apresentam-se em nmero

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Unidade 2 As funes administrativas e organizacionais

muito reduzido e tm a responsabilidade pela organizao como um todo, devendo assegurar que a mesma cumpra sua misso com eficcia.

Voc conseguiu visualizar o perfil dos empregados encontrados em cada nvel da organizao? Vamos ver alguns exemplos?

Nvel operacional: podemos observar numa fbrica, onde o pessoal de cho de fbrica representa o maior volume de empregados, como operadores das linhas de montagem, engenheiros, tcnicos, supervisores. J na Administrao Pblica, temos os tcnicos contratados por meio de concurso para operacionalizar as atividades de rotina, como compras por licitao. Nvel intermedirio: temos as gerncias responsveis por reas como finanas e gesto de pessoas, mas tambm podem ser denominados de superintendente, chefe de departamento, diretores de escolas. Topo da estrutura: neste nvel encontramos os diretores, o Chief Executive Office (Chefe do Setor Executivo) ou CEO, o presidente da Repblica, o prefeito, o governador, que so responsveis pela determinao de programas e diretrizes e pela alocao de recursos oramentrios e objetivos estratgicos.

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FUNES ORGANIZACIONAISAs funes administrativas nas organizaes contemporneas esto intimamente ligadas s funes organizacionais, porque cada uma delas como operaes e vendas requer dinheiro, pessoas, materiais e insumos, equipamentos e tecnologias especficas. Para exercer sua atividade profissional, o administrador ocupa diversas posies estratgicas nas organizaes e desenvolve papis fundamentais para a sustentabilidade e crescimento dos negcios. Para desempenhar suas funes e sustentar sua posio, o administrador deve desenvolver vrias habilidades* e algumas delas so apontadas como fundamentais ao perfil de um bom administrador. Stoner (1999) classifica o administrador pelo nvel que ocupa na organizao (de primeira linha, intermedirios e altos administradores) e pelo mbito das atividades organizacionais pelas quais responsvel (os chamados administradores funcionais e gerais). Veja na Figura 4.

*Habilidade a capacidade de colocar o conhecimento em ao, transformar a teoria (abstrata) em prtica (concreta), aplicando o conhecimento na anlise das situaes, na soluo de problemas, na inovao e na conduo do negcio. Fonte: Chiavenatto (2006, p. 5).

Figura 4: Estrutura funcional de uma empresa Fonte: Adaptada de Megginson et al. (1998)

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Unidade 2 As funes administrativas e organizacionais

Com base na figura anterior podemos observar que os administradores gerais supervisionam uma unidade ou diviso operacional completa, incluindo todas as atividades funcionais dessa unidade. So exemplos de administradores gerais: o CEO, o presidente, gerente de diviso, o gerente de fbrica, o gerente de filial, dependendo do tamanho da empresa. Na Administrao Pblica, temos como exemplo o presidente da Repblica, o governador ou o prefeito. Os administradores gerais ocupam o nvel estratgico, que o centro de tomada de deciso e correspondem direo da empresa, ou seja, o nvel mais alto de sua estrutura. So responsveis tambm por determinar objetivos e estratgias organizacionais, trabalhando com o todo da organizao, coordenando a integrao das reas, e com assuntos de longo prazo. So tambm eles que se relacionam com o ambiente externo da organizao. J os administradores funcionais so os responsveis por uma das funes principais (marketing, finanas, operao/ produo) ou de apoio (contabilidade, recursos humanos, compras, pesquisa&desenvolvimento, jurdico). Na Administrao Pblica, temos, por exemplo, os secretrios de Educao, de Esporte, de Cultura, de Finanas. No nvel ttico ou intermedirio, os administradores funcionais so os responsveis pela alocao de recursos internamente na organizao, e correspondem as principais funes da organizao. Seu papel consiste em depois de definidas as estratgias, desdobr-las em planos programas, que sero executados pelo nvel operacional. neste nvel que se realizam as tarefas e operaes referentes s funes de apoio, os programas desenvolvidos e as tcnicas aplicadas, ou seja, aqui o trabalho relacionado fabricao dos produtos e prestao de servios. Este nvel segue programas e rotinas de curto prazo, desenvolvidas pelo nvel intermedirio. A seguir, vamos definir algumas funes organizacionais: Produo: esta funo representa a reunio de recursos destinados produo de bens e servios.

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Teorias da Administrao I

Denominam-se como Administrao da Produo as atividades, decises e responsabilidades dos gerentes de produo, como afirmam Slack et al. (1997). Por exemplo, na padaria, diversos ingredientes so transformados em diferentes tipos de po e outros produtos. No hospital pblico, equipamentos e mo de obra so transformados nos mais variados servios prestados aos pacientes.

Na disciplina Operaes e Logstica I e II dos mdulos 5 e 6, respectivamente, sero estudados os conceitos, princpios, fundamentos e aes da funo produo, operao e logstica.

Marketing: em agosto de 2004, a American Marketing Association (AMA) elaborou uma definio nova para o termo marketing: Marketing uma funo organizacional e uma srie de processos para criao, comunicao e entrega de valor para clientes, e gerenciamento do relacionamento com os clientes de forma a beneficiar a organizao e seus pblicos de interesse, ou stakeholders. Por exemplo, uma atividade essencial o marketing de relacionamento, que abrange os ser vios de atendimento, de personalizao, de ps-venda, de satisfao do cliente, independente da empresa ser pblica ou privada. Financeira: esta funo cuida do dinheiro da empresa, para proteg-lo e promover sua utilizao eficaz. Isso inclui a maximizao do retorno dos investimentos e a manuteno de certo grau de liquidez, para o cumprimento das obrigaes. As demonstraes financeiras so relatrios que classificam e quantificam as contas de uma empresa. E os trs principais so: o balano patrimonial, a demonstrao

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Unidade 2 As funes administrativas e organizacionais

dos resultados do exerccio e a demonstrao do fluxo de caixa (MAXIMIANO 2006b). Recursos humanos, ou de gesto de pessoas: funo responsvel por procurar encontrar, atrair e reter as pessoas de que a empresa precisa. A Administrao de Pessoas abrange desde o recrutamento at a resciso de contrato, passando pelo treinamento e avaliao de desempenho, dentre outras.

Agora sua vez! Para saber se voc est acompanhando as explicaes at aqui apresentadas volte empresa pesquisada por voc, na Unidade I, e identifique quais as funes organizacionais presentes nela. Escreva, sucintamente, as atividades desenvolvidas em cada uma das funes. Lembrese de compartilhar sua experincia com seus colegas e seu tutor no Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem AVEA.

Observe que para um administrador cumprir seu papel funcional, precisam de habilidades necessrias para a gesto eficiente e eficaz das organizaes, o que apresentamos na sequncia.

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Teorias da Administrao I

HABILIDADES DOS ADMINISTRADORESO trabalho do administrador deve compreender a anlise dos ambientes, seja o interno ou externo (como economia, poltica, cultural, natural etc.); pesquisas e sondagens de concorrentes, fornecedores, clientes; mensurao dos objetivos e aes; diagnstico de problemas; busca constante de novas informaes, conhecimentos e aprendizagens; e inovao. Para Levitt (apud CHIAVENATTO, 2006, p. 3)[...] o conhecimento do administrador apenas um dos mltiplos aspectos da sua capacidade profissional. Ele avaliado pelo seu modo de agir e decidir, suas atitudes, conhecimentos, habilidades, competncias, personalidade e estilo de trabalho.

O conhecimento significa o acmulo de informaes, as experincias, as aes, as idias. o administrador cientista e artista, conforme voc estudou na Unidade 1, que aprende a cada anlise sistemtica do ambiente em sua volta, como tambm age de acordo com seu feeling (ou sentimento, percepo) e insight (ou compreenso imediata de uma situao). Para administrar preciso, enfim, ter habilidades.

Para ocupar posies nas empresas, executar seus papis e buscar as melhores maneiras de administrar, o administrador deve desenvolver e fazer uso de vrias habilidades. Katz (apud

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Unidade 2 As funes administrativas e organizacionais

CHIAVENATO, 2006) classificou-as em trs grandes grupos: tcnicas, humanas e conceituais. Observe na Figura 5 que todo administrador precisa dessas trs habilidades.

Figura 5: Habilidades do administrador Fonte: Adaptado de Katz (apud CHIAVENATO 2006)

Com base na Figura 5 podemos perceber que para um bom trabalho necessrio que o administrador domine as trs habilidades e dose-as conforme sua posio na organizao.

Mas o que significa cada habilidade? Voc sabe diferencilas? Vamos ver juntos?

Habilidades conceituais: so as habilidades mentais necessrias para se obter, analisar e interpretar informaes de vrias fontes, e a partir da tomar decises complexas. Envolve a habilidade de compreender a relao das partes com o todo, de identificar e interpretar as informaes advindas das

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variveis ambientais que interagem com a organizao, como os clientes, a comunidade, os fornecedores, o governo, dentre outros. H a b i l i d a d e s t c n i c a s : incluem o uso de conhecimento, instrumentos e tcnicas de uma disciplina ou campo especfico, como por exemplo, Contabilidade, Engenharia, produo ou vendas. Outros exemplos so programar um computador, operar uma mquina ou preparar declaraes financeiras. Habilidades de Relaes Humanas: estas habilidades envolvem a capacidade para compreender outras pessoas e para com elas interagir eficazmente. Precisamos dessas habilidades para criar e manter rede de contatos, liderar, motivar e fazermos a comunicao com os colaboradores. Segundo Faria (2000), para atingirmos a eficcia na gesto administrativa necessrio que os administradores que ocupam cargo de direo ou gerncia tenham equilibradas as habilidades: tcnica, humana e conceitual. medida que o profissional avana, hierarquicamente, na empresa cada uma das habilidades ter maior ou menor significado. No nvel operacional a habilidade tcnica a mais exigida, no nvel institucional o gerente deve ser um bom lder, deve saber delegar funes e ser eficaz. J o cargo de gerente, alm das habilidades tcnicas e habilidades humanas, requer mudana de atitude, ou seja, uma orientao maior s pessoas do que s tarefas, sem as quais o administrador pode levar seu trabalho ao insucesso. No entanto, a mudana de atitude, muitas vezes, no fcil (SILVA, 1995). Elas exigem aprendizagem sistemtica.

Mas ser que um lder j nasce pronto?

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Unidade 2 As funes administrativas e organizacionais

No, todo mundo pode ser um lder. Segundo Penteado (1992), o lder no nasce pronto, ele deve desenvolver essas habilidades por meio de aprendizado sistemtico, e ainda, profissionais com mais experincia dentro da empresa podem contribuir para a formao dos novos lderes. Drucker (1990) tambm acredita que a liderana pode ser aprendida e desenvolvida.

Complementando......Para saber mais sobre os assuntos discutidos nesta Unidade leia os artigos propostos a seguir e acesse os sites indicados. Habilidades do Administrador de Ana Maria Romano Carro e Maria Imaculada de Lima. Disponvel em: . Acesso em: 16 jun. 2009. Trabalho Tcnico e o Trabalho Administrativo de Osnaldo Arajo. Disponvel em: . Acesso em: 16 jun. 2009. Portal da Associao Nacional dos cursos de Graduao em Administrao neste site voc vai encontrar artigos e publicaes sobre vrios assuntos da Administrao, como planejamento, marketing, produo, habilidades etc. Portal Empreender para todos onde voc tem contedo sobre funes administrativas, tais como planejamento, organizao, liderana e controle. Acesse: . Verax consultoria este site destaca as funes organizacionais, como produo, marketing, finanas e recursos humanos.

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ResumindoVoc estudou, nesta Unidade 2, as organizaes como um conjunto de funes integradas Marketing, Recursos Humanos, Operaes e Produo, Finanas etc. e que dependem de planejamento, organizao, liderana e controle, para que atinjam seus objetivos. E, consequentemente, de estrutura, pessoas, equipamentos, dinheiro, mas principalmente de liderana e comunicao. Como partes interdependentes, as pessoas que atuam em determinado setor devem se relacionar intimamente com as que trabalham em outros setores, pois os resultados so a soma do esforo conjunto. Nesse sentido, o administrador deve ter habilidade para conduzir o processo, como analisar as informaes transmitidas, saber lidar com as pessoas, alocar os recursos adequadamente e operar equipamentos.

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Unidade 2 As funes administrativas e organizacionais

Atividades de aprendizagemBaseado no contedo do livro didtico, na seo Complementando e na pesquisa de campo que voc realizou nas organizaes para as unidades anteriores, respondas as questes a seguir. Lembre-se: em caso de dvida, faa uma releitura cuidadosa dos conceitos ainda no entendidos ou, se necessrio, entre em contato com seu tutor.

1) O que so nveis administrativos e seus fundamentos? Caracterize-os de acordo com a empresa estudada. 2) Quais so as quatro funes do administrador? Explique cada uma delas e apresente como estas funes so desenvolvidas na empresa em que voc est fazendo o estudo. 3) Identifique as funes organizacionais e cite exemplos dessas funes conforme a empresa estudada. 4) Quais so as habilidades administrativas utilizadas por administradores eficazes? Explique cada uma delas. Como podem ser utilizadas na organizao escolhida?

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UNIDADE 3AMBIENTESORGANIZACIONAIS E DA ADMINISTRAO

OBJETIVOS ESPECFICOS DE APRENDIZAGEMAo finalizar esta Unidade voc dever ser capaz de: Relacionar a interdependncia das foras micro e macro nas organizaes modernas; Identificar e exemplificar de que maneira o macro ambiente interfere na administrao das organizaes; e Analisar o ambiente de tarefa e suas interfaces com o ambiente interno das organizaes.

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Unidade 3 Ambientes organizacionais e da administrao

AMBIENTES ORGANIZACIONAISCaro estudante! Esta Unidade trata dos ambientes organizacionais, numa perspectiva de possibilitar a voc, futuro Administrador Pblico, conhecimento a respeito dos limites e possibilidades do ambiente externo, para avaliar eticamente os impactos que a economia ou a natureza exercem nas organizaes e na vida humana. Bons Estudos!

Voc j percebeu que, quando se fala em ambiente econmico, normalmente se fala em crise? J parou para pensar por que isso ocorre? Qual seria a relao de um com o outro? Vamos ento, tentar compreender!

Em 1929, a crise das bolsas de valores foi o primeiro grande impacto que o ambiente econmico causou tanto na iniciativa privada, quanto na Administrao Pblica. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, as organizaes passaram a sofrer influncias significativas do seu ambiente externo, com o aumento, por exemplo, da concorrncia. Mas foi principalmente no final dos anos de 1980 que as foras externas e internas influenciam-se mutuamente. Neste perodo a globalizao e o processo de internacionalizao dos negcios imprimiram uma nova forma dos administradores observarem o mundo a sua volta. O grau de dinamismo dentro de um sistema aberto varia muito. Pois, como ressalta Silva (2005, p. 48)[...] as organizaes podem ser vistas como sistemas abertos, os quais tomam entradas do ambiente (sadas de ouMdulo 1

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Teorias da Administrao I

tros sistemas) e, por meio de uma srie de atividades, transformam ou convertem estas entradas em sadas (entradas para outros sistemas) para alcanar algum objetivo.

Na Disciplina Teorias da Administrao II, apresentada no prximo mdulo, voc vai estudar a Abordagem Sistmica, que tratar dos sistemas abertos. Trouxemos este cenrio para mostrar que o administrador precisa avaliar o impacto que a economia ou natureza exerce nos negcios. Precisamos avaliar a influncia dos concorrentes e fornecedores nas funes e estratgias organizacionais, ou seja, precisamos considerar o ambiente e suas variveis, como mostra a Figura 6.

Figura 6: Os ambientes de uma organizao Fonte: Adaptado de Megginson et al. (1998)

Para que voc melhor compreenda cada uma dessas variveis indicadas na figura, elas sero explicadas, uma a uma, com exemplos de casos brasileiros.

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Unidade 3 Ambientes organizacionais e da administrao

MACROAMBIENTEO macroambiente composto de fatores bem amplos legal/ poltico, internacional, tecnolgico, econmico, social e o ambiente natural que afetam todas as organizaes. Importante lembrar-se do ambiente natural.

Como voc pode observar so diversos os fatores de influncia organizacional, certo? Mas o que voc entende por fatores polticos/legais?

Esses fatores so os que tm relao com as atividades do governo federal, estadual e municipal que tenham impactos significativos nas organizaes. Segundo Silva (2005, p. 55), a legislao [...] afeta os salrios e taxas que as organizaes pagam, os direitos dos empregados e as responsabilidades da organizao por danos causados aos clientes pelos seus produtos. As foras polticas e legais podem restringir ou oportunizar novos projetos nas organizaes. Por exemplo, leis antipoluio so vistas como restritivas por algumas empresas, mas so oportunidades para outras que atuam no controle de poluio do ar, tratamento de resduos slidos etc. De toda forma, as organizaes no esto livres das polticas governamentais e sua legislao. O Direito, objetivamente considerado, o conjunto de regras de conduta coativamente impostas pelo Estado (MEIRELLES, 2007, p. 37). No Brasil, temos vrios exemplos de leis e regulamentos. Conhea alguns:

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Consolidao das Leis Trabalhistas (CLT): instituda pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1 de Maio de 1943, durante o governo de Getlio Vargas. O Artigo 1 explicita que Esta Consolidao estatui as normas que regulam as relaes individuais e coletivas de trabalho. Na CLT, esto nor matizadas e regulamentadas, dentre outras, o uso da Carteira de Trabalho e Previdncia Social, o Contrato de Trabalho, os Livros de Registros de Empregados, a definio de Jornada de Trabalho, o Perodo de Descanso, o Trabalho Noturno, o Salrio Mnimo e Remunerao, as Frias Individuais e Coletivas, a Segurana e Medicina no Trabalho, os Equipamentos de Proteo Individual, a Organizao Sindical e a Resciso de Contrato. Desde ento, as empresas tiveram que se adaptar a nova legislao, que o instrumento de defesa dos direitos do trabalhador. Constituio Federal (CF): promulgada em 5 de Outubro de 1988, no Governo do Presidente Jos Sarney, ratifica muitos direitos do trabalhador urbano e rural institudos na CLT, como a fixao de salrio mnimo, a jornada de trabalho (que no deve ser superior a 44 horas semanais), o seguro-desemprego, o Fundo de Garantia por Tempo de Servio, o dcimo terceiro salrio e a licena gestante (que mais recentemente foi ampliado para seis meses no setor pblico), dentre outros. A CF de 1988 tambm determina os tributos que devem ser recolhidos e o que compete Unio, Estados e Municpios e que afeta a Administrao Financeira das empresas. Cdigo de Defesa do Consumidor: Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, que dispe sobre as relaes de consumo. Leis ambientais: instituem a poltica de educao ambiental e oferecem outras providncias como, por

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exemplo, a proibio da pesca da baleia (Lei n. 7.643/87, de 18 de dezembro de 1987).

Em 2006, vrios decretos e regulamentos foram institudos, como a obrigatoriedade de mquinas de consulta de preos no varejo, o atendimento nas filas de bancos, institudo em alguns municpios, a obrigatoriedade dos bancos seguirem o Cdigo de Defesa do Consumidor, entre outros. Em 2008, tivemos o novo decreto n. 6.523/08, que regula o Servio de Atendimento ao Consumidor (SAC) ou Call Center.

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Conhea as principais no site .

Agora que voc j conhece um pouco mais sobre fatores polticos/legais vamos aprofundar nossos estudos nos fatores econmicos? Vamos refletir um pouco sobre este tema?

Comumente ouvimos falar em economia de um pas, regio ou estado, como o crescimento, a estabilidade ou a recesso econmica; ela medida principalmente pelo Produto Interno Bruto* (PIB). Alm disso, a inflao, as taxas de juros, a balana comercial, o cmbio e o nvel de emprego e renda influenciam bastante as empresas, a arrecadao de impostos e tributos pelo Governo e o comportamento do mercado consumidor, so exemplos de fatores econmicos. Para Silva (2005, p. 55), as organizaes devem continuamente monitorar as mudanas dos indicadores-mestres da economia, de modo a minimizar fraquezas e capitalizar oportunidades. Para isso, precisam planejar e tomar as decises analisando sistematicamente o ambiente econmico, e suas variveis como o comportamento dos juros, a estimativa de inflao e renda. A Economia, segundo Gremaud et al. (2004, p. 8), uma cincia social que estuda a administrao de recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos. Assim, os administradores devem investir os recursos, como capital, trabalho, matria-prima, de modo a obter retorno e considerando sempre a escassez, o que contribui para a diminuio dos custos e o alcance dos resultados.

*Produto Interno Bruto valor de mercado de todos os bens e servios produzidos por um pas em determinado perodo. Fonte: Lacombe (2004).

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Sabemos que so vrios os aspectos econmicos. Todos de suma importncia para a vida em sociedade, principalmente nos negcios. Vamos conhecer alguns desses aspectos?

*Sistema Especial de Liquidao e de Custdia (Selic) o depositrio central dos ttulos emitidos pelo Tesouro Nacional e pelo Banco Central do Brasil e nessa condio processa, relativamente a esses ttulos, a emisso, o resgate, o pagamento dos juros e a custdia. Fonte: . Acesso em: 15 jul. 2009.

Sistema Especial de Liquidao e de Custdia* (Selic): esta taxa bsica de juros no Brasil, considerada uma das mais altas do mundo, a qual afeta os gastos com investimentos nas organizaes e no consumo do mercado, pois encarece o crdito e o preo do produto final. Segundo Triches e Caldart (2004), a taxa de juros tem se constitudo numa das mais importantes variveis macroeconmicas na conduo da poltica monetria e no desempenho das economias. Definida pelo Comit de Poltica Monetria (Copom) do Banco Central (BC), as taxas de juros, confor me ressaltam Triches e Caldar t (2004), determinam de forma interdependente as demais variveis globais da economia, como o nvel de emprego, a taxa de cmbio e inflao, entre outras. Em 20 de novembro de 2008, o Dirio Oficial da Unio publicou a nova taxa de juros no Brasil 13,75% ao ano logo podemos observar que ela exerce papel fundamental na determinao do comportamento dos mercados macroeconmicos. Planos econmicos: desde 1986, o Brasil criou vrios planos econmicos, tais como o Plano Cruzado I (1986), Plano Cruzado II (1986-87), Plano Bresser (1987), Plano Vero (1989), Plano Collor I (1990-91), Plano Collor II (1991-92) e Plano Real (desde 1994). O objetivo era controlar a inflao e proporcionar o crescimento slido das empresas, do pas e da sociedade, melhorando, assim, os ndices de renda e emprego. Volpi (2007) afirma que a entrada em vigor do Plano Real, em 1994, devolveu ao consumidor a noo de preos relativos na economia contribuindo

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assim para o surgimento do consumidor moderno brasileiro. Neste cenrio correto afirmarmos que as organizaes precisam modificar suas prticas, relacionadas comercializao de produto e/ou servio. Oferecer qualidade, preo justo e ter boa distribuio nos pontos de venda para conquistar o mercado so alguns dos fatores que influenciam o comportamento do consumidor. Renda: as polticas de renda e o impacto na economia so enfatizadas por Gremaud et al. (2004, p. 266) por serem consideradas

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O consumidor moderno mais seletivo e

aquele que est cada vez consciente de seus nas relaes de consumo.

direitos e de seu poder

[...] medidas que afetam diretamente os preos dos diversos fatores de produo e dos prprios bens. Assim, como exemplo de polticas de renda, teramos todos os esquemas de congelamentos de preos e salrios introduzidos na economia brasileira nas dcadas de 1980 e 1990.

Assim, podemos afirmar que o aumento ou diminuio da renda tem reflexo no nvel de consumo das pessoas, pois aumentar ou no a demanda por determinados produtos. Se a demanda aumenta, a tendncia a organizao passar a produzir mais. No entanto, com a oferta maior de produtos, o cliente tem opo de escolha, o que significa que o aumento na renda no sinnimo de vendas para determinadas empresas. importante incluirmos outros fatores para atendermos a esse mercado tais como: a qualidade dos produtos, a entrega, o atendimento e outros servios. Balana comercial: registra todas as exportaes de mercadorias brasileiras e todas as importaes de mercadorias do resto do mundo (GREMAUD et al. 2004, p. 433). No caso do Brasil, a balana cresceu exponencialmente entre os anos de 2002 e 2007, o que afetou as empresas brasileiras positivamente, pois representa novos mercados consumidores dos bens produzidos no Brasil. O saldo comercial em 2006 foi

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*Dficit calculado pela diferena entre pagamentos e recebimentos em determinado perodo onde os pagamentos superam os recebimentos. Fonte: Lacombe (2004).

de 46 bilhes de dlares aproximadamente, segundo o Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior. Em 2007, fechou em 40,039 bilhes de dlares. Com a crise de 2008, a balana teve dficit* de US$ 435 milhes, segundo dados do Banco Central. No acumulado do ano teve forte queda de 40,7%, chegando a US$ 21,990 bilhes de dlares.

Mas voc sabe o que significa o aumento das importaes? Vamos ver juntos?

Aumentar as importaes significa que os produtos nacionais passam a disputar espao com os importados no mercado consumidor, o que vem ocorrendo no Brasil com mais intensidade aps a abertura econmica, em 1990. Taxa de cmbio: segundo Gremoud et al. (2004) a taxa de cmbio a medida pela qual a moeda de um pas qualquer pode ser convertida em moeda de outro pas. Com a globalizao e a abertura econmica a taxa de cmbio passou a representar uma varivel forte na economia brasileira e, consequentemente, no ambiente das organizaes. Podemos visualizar esta situao diante da valorizao que a moeda brasileira, o real, vinha ganhando frente ao dlar, chegando a R$ 1,68 em 03 de maro de 2008. Mas com a crise financeira iniciada nos Estados Unidos, em 2008, a cotao disparou desde setembro, fechando em 29 de dezembro de 2008 no patamar de R$ 2,416, segundo informou o Banco Central. Quando pensamos em taxa de cmbio importante destacar que a valorizao impacta positivamente nas exportaes, mas para as empresas brasileiras que tm matria-prima atrelada ao dlar, a situao se inverte.

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Inflao: esta afeta toda a economia. Segundo Gremaud et al. (2004, p. 336), a inflao significa aumento contnuo e generalizado de preos. A consequncia imediata da inflao a queda do poder de compra, em funo da desvalorizao da renda frente ao aumento superior dos preos dos produtos. Para Sorj (2000, p. 39)[...] a estabilidade de valor da moeda a base do clculo econmico, da formao de expectativas e da sociabilidade em economias de mercado. A inflao funciona como destruidor de expectativas, produz desconfiana generalizada e uma profunda crise de legitimidade do Estado, na medida em que este no capaz de oferecer condies de funcionamento da sociedade.

No Brasil, o ndice oficial o ndice Nacional de Preo ao Consumidor Amplo (IPCA). O ndice fechou 2007 em 4,46%. Em 2008, a alta nos preos chegou a 5,61% (dados acumulados de janeiro a novembro). Em novembro, a inflao medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) foi de 0,36%. importante saber que quando a inflao medida supera o reajuste de salrios, o IBGE Saiba mais aumento real da renda efetivamente Amplie seus conhecimentos atravs de notcias e no ocorre, o que compromete o poder indicadores econmicos, sociais e geocincias, de compra dos consumidores e a queda dentre outros, no site governamental .

Na disciplina Macroeconomia, mdulo 2, voc estudar os temas inflao, juros e renda entre outros. E no mdulo 3, disciplina Economia Brasileira, voc conhecer a evoluo recente da economia no Brasil, como a implementao dos planos.

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Outro fator que afeta as organizaes so os fatores socioculturais. (SILVA, 2005, p. 55) afirma que so[...] mudanas no sistema cultural e social que afetam as aes de uma organizao e a demanda por seus produtos ou servios. Cada nao tem um sistema cultural e social que compreende certas crenas e valores.

Para Cardoso & Ianni (1984, p. 35) a estrutura da sociedade consiste nas[...] relaes das partes com o todo, o arranjo no qual os elementos da vida social esto ligados. Estas relaes devem ser vistas como construdas umas sobre as outras, pois so sries de ordens diversas de complexidade.

Alm disso, os fatores socioculturais incluem as caractersticas demogrficas de uma sociedade, como o tamanho da populao, densidade demogrfica, faixa etria, sexo, religio, escolaridade, tamanho da famlia, e assim por diante.

Mas voc deve estar se perguntando por que, por exemplo, o envelhecimento da populao exige um novo tratamento por parte das empresas e administradores?

Simples! Pelo fato de que a empresa diante desta realidade precisa adaptar novas prticas, como por exemplo, mudanas nas embalagens de produtos, que devem ser adaptadas s limitaes como viso e coordenao motora, de modo a evitar acidentes no consumo; os pisos e estruturas de lojas e pontos de vendas devero passar por mudanas para atender essas pessoas nas relaes estabelecidas entre sociedade e organizaes. importante observarmos que as foras sociais dizem respeito a estilos de vida e a valores da sociedade. Logo, a influncia

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da cultura de um povo direta e significativa nos negcios e na Administrao de uma organizao. Por exemplo, a busca pela forma fsica e a procura por uma vida mais saudvel tem levado muitas pessoas s academias, aos centros de tratamento, clnicas de cirurgias plsticas, ao crescimento de produtos com selo de sade, como as denominaes light, diet e, mais recentemente, Zero. Do ponto de vista de uma sociedade, explicam Bernardes & Marcondes (2006, p. 21), a palavra cultura indica o conjunto de comportamentos, crenas e valores espirituais e materiais partilhados pelos seus membros. J para Laplantine (2005, p. 120) a cultura[...] por sua vez no nada mais que o prprio social, mas considerando dessa vez sob o ngulo dos caracteres distintivos que apresentam os comportamentos individuais dos membros desse grupo, bem como suas produes originais (artesanais, artsticas, religiosas...).

Quando falamos de fatores socioculturais importante nos lembrarmos dos movimentos sociais como influenciadores das organizaes. Estes que desde a dcada de 1980 vm sendo intensificando, em funo de diversos problemas presentes na sociedade, tais como: a fome, as doenas (AIDS e Cncer), a poluio, a explorao de mo de obra. Diante desta realidade surgem com intensidade, diversos grupos, como sindicatos, que defendem os direitos dos trabalhadores; outros que defendem as mulheres e sua emancipao no mercado de trabalho. Para Gohn (1995) os movimentos sociais so aes coletivas de carter sociopoltico, construdas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e camadas sociais.

Para exemplificar este item, vamos conhecer alguns dados publicados pela revista Exame sobre transformao social Brasileira e analis-los.

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Segundo a revista Exame, de 23 de abril de 2008, o Brasil est em transformao social, principalmente no que diz respeito ao nmero de habitantes, faixa etria e expectativa de vida. Em 2008, estima-se uma populao de 190 milhes e, em 2050, a tendncia que chegue a 253 milhes. Em relao populao acima de 60 anos, em 1950 existiam 2,6 milhes e, em 2000, 14,1 milhes. Para 2030, esse nmero pode chegar a 41 milhes de habitantes. Quanto expectativa de vida, em 1980, a mdia dos brasileiros era de 62,7 anos. Para 2020, a estimativa que chegue a 76,1 anos. Com base nessas estatsticas demogrficas podemos afirmar que um desafio para o governo e empresas privadas, porque necessria muita produo de alimentos, melhorias na infraestrutura de prdios pblicos e privados para atender populao idosa, mudanas na previdncia social e investimentos em educao e sade. As mudanas tambm tero carter de comportamento e estilo das pessoas, que buscaro viver bem na terceira idade e exigiro cada vez mais das organizaes servios e produtos de qualidade.

Com o crescimento previsto, pressupe-se a necessidade de ampliao dos servios. Como voc acredita que isto possa se dar? Leve sua reflexo ao frum da disciplina.

Os fatores tecnolgicos so outros componentes importantes do macroambiente da organizao. Para Silva (2005, p. 56),[...] os desenvolvimentos tecnolgicos podem influenciar o uso do conhecimento e de tcnicas da organizao na produo de produtos e servios e na realizao de outros trabalhos na organizao.

Dessa forma as empresas precisam acompanhar a evoluo da tecnologia, como a internet, os bancos de dados e sistemas de

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informao sofisticados, que modifica a forma de produo, de comercializao, de comunicao, de gerenciamento e tomada de deciso. Para Laudon & Laudon (2007), os objetivos do uso de sistemas de informaes so: excelncia operacional; novos produtos, servios e modelos de negcio; relacionamento mais estreito com clientes e fornecedores; melhor tomada de decises; vantagem competitiva; e sobrevivncia. Certamente que voc conhece alguns desses fatores tecnolgicos bem de perto. Alguns deles sero descritos a seguir: Internet: segundo Castells (2003), a internet teve origem a partir de 1969, com o desenvolvimento de uma rede de computadores chamada ARPANET, criada por um dos departamentos da Advanced Research Projects Agency (ARPA), que pertencia ao departamento de defesa dos Estados Unidos. No Brasil, a histria da Internet comeou em 1991 com a RNP (Rede Nacional de Pesquisa), uma operao acadmica subordinada ao MCT (Ministrio de Cincia e Tecnologia). Em 20 de dezembro de 1994, a EMBRATEL lanou o servio experimental da Internet. Em 1995, o Ministrio das Telecomunicaes e o Ministrio da Cincia e Tecnologia abriram a tecnologia ao setor privado, para explorao comercial da populao brasileira.

A internet revolucionou o mundo dos negcios, as decises administrativas, as estratgias de marketing e o setor pblico, com a instituio dos preges eletrnicos.

ERP (Enterprise Resource Planning) ou SIGE (Sistemas Integrados de Gesto Empresarial, no Brasil): esta tecnologia permite integrar as vrias reas da organizao, de modo a facilitar a tomada de deciso, otimizar tempo e espao, atender s necessidades de

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clientes, fornecedores, funcionrios e demais pblicos de interesse da organizao. De acordo com Cavalcanti (2003, p. 185), o sistema ERP integra as bases de dados da empresa, as aplicaes, interfaces e ferramentas dos processos produtivos e administrativos. Veja, exemplo, desta integrao na Figura 7.

Figura 7: Sistema de Gesto Integrado Fonte: Adaptada de

Na disciplina Sistema de Informao e Comunicao no Setor