a mobilidade populacional o caso de curitiba 2000-2010. resumo · 1 a mobilidade populacional o...

20
1 A Mobilidade Populacional o Caso de Curitiba 2000-2010. Resumo: O problema do trabalho aponta para a compreensão da mobilidade espacial das pessoas, que acontecem em certos territórios, com o fito de sobrevivência ou elevação de sua qualidade de vida indivíduos e suas famílias. É mediante essa perspectiva que se investiga a Região Metropolitana de Curitiba - RMC no Paraná; enfocando seus recentes fluxos migratórios e a mobilidade populacional espacial (a pendularidade) da área. Assim foram considerados os dois sentidos dos deslocamentos: os do núcleo para a periferia e os da periferia para o núcleo; bem como as trocas realizadas na própria periferia. O intuito é identificar as mudanças de localização da população para avançar na análise das lógicas de mobilidade espacial que ocorreram no espaço metropolitano de 1995-2000 e 2005-2010. Abstract: The problem of work points to the understanding of the spatial mobility of people, which happen in certain territories, with the aim of survival or elevation of their quality of life individuals and their families. It is through this perspective that the Metropolitan Region of Curitiba - RMC in Paraná is investigated; focusing on their recent migratory flows and the spatial population mobility (the pendularity) of the area. Thus, the two meanings of the displacements were considered: those of the nucleus for the periphery and those of the periphery for the nucleus; as well as the exchanges carried out in the periphery itself. The purpose is to identify changes in population location to advance the analysis of the spatial mobility logics that occurred in the metropolitan space of 1995-2000 and 2005-2010. Introdução O problema da pesquisa busca compreender a mobilidade espacial das pessoas, que acontecem em certos territórios, com o fito de sobrevivência ou elevação de sua qualidade de vida indivíduos e suas famílias. Recentemente estes movimentos passaram a envolver de modo destacado regiões metropolitanas que se tornaram um dos focos da dimensão espaço- tempo dos deslocamentos humanos que ocorrem no Brasil e que influem na dinâmica demográfica nacional especialmente de meados do séc. XX em diante, de 1950 para cá tais movimentos geraram modificações na distribuição dos indivíduos realocando a maior parte da população nacional em áreas urbanas; de modo que tipos diferentes de deslocamentos se intensificaram: os urbanos-urbanos ou urbano-rurais. É mediante essa perspectiva que se investiga a Região Metropolitana de Curitiba - RMC no Paraná; enfocando seus recentes fluxos migratórios e a mobilidade populacional da área. Para tanto foram considerados os dois sentidos dos deslocamentos: os realizados do núcleo para a periferia e aqueles em sentido inverso; da periferia para o núcleo; bem como as trocas realizadas na própria periferia. O intuito é identificar as mudanças de localização da população para avançar na análise das lógicas de mobilidade espacial que ocorreram no espaço metropolitano de 1995-2000 e 2005-2010, analisando-se os deslocamentos com base

Upload: ngodung

Post on 19-Jan-2019

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

A Mobilidade Populacional o Caso de Curitiba 2000-2010.

Resumo: O problema do trabalho aponta para a compreensão da mobilidade espacial das

pessoas, que acontecem em certos territórios, com o fito de sobrevivência ou elevação de sua

qualidade de vida indivíduos e suas famílias. É mediante essa perspectiva que se investiga a

Região Metropolitana de Curitiba - RMC no Paraná; enfocando seus recentes fluxos

migratórios e a mobilidade populacional espacial (a pendularidade) da área. Assim foram

considerados os dois sentidos dos deslocamentos: os do núcleo para a periferia e os da

periferia para o núcleo; bem como as trocas realizadas na própria periferia. O intuito é

identificar as mudanças de localização da população para avançar na análise das lógicas de

mobilidade espacial que ocorreram no espaço metropolitano de 1995-2000 e 2005-2010.

Abstract: The problem of work points to the understanding of the spatial mobility of people,

which happen in certain territories, with the aim of survival or elevation of their quality of life

individuals and their families. It is through this perspective that the Metropolitan Region of

Curitiba - RMC in Paraná is investigated; focusing on their recent migratory flows and the

spatial population mobility (the pendularity) of the area. Thus, the two meanings of the

displacements were considered: those of the nucleus for the periphery and those of the

periphery for the nucleus; as well as the exchanges carried out in the periphery itself. The

purpose is to identify changes in population location to advance the analysis of the spatial

mobility logics that occurred in the metropolitan space of 1995-2000 and 2005-2010.

Introdução

O problema da pesquisa busca compreender a mobilidade espacial das pessoas,

que acontecem em certos territórios, com o fito de sobrevivência ou elevação de sua qualidade

de vida indivíduos e suas famílias. Recentemente estes movimentos passaram a envolver de

modo destacado regiões metropolitanas que se tornaram um dos focos da dimensão espaço-

tempo dos deslocamentos humanos que ocorrem no Brasil e que influem na dinâmica

demográfica nacional especialmente de meados do séc. XX em diante, de 1950 para cá tais

movimentos geraram modificações na distribuição dos indivíduos realocando a maior parte da

população nacional em áreas urbanas; de modo que tipos diferentes de deslocamentos se

intensificaram: os urbanos-urbanos ou urbano-rurais.

É mediante essa perspectiva que se investiga a Região Metropolitana de Curitiba -

RMC no Paraná; enfocando seus recentes fluxos migratórios e a mobilidade populacional da

área. Para tanto foram considerados os dois sentidos dos deslocamentos: os realizados do

núcleo para a periferia e aqueles em sentido inverso; da periferia para o núcleo; bem como as

trocas realizadas na própria periferia. O intuito é identificar as mudanças de localização da

população para avançar na análise das lógicas de mobilidade espacial que ocorreram no

espaço metropolitano de 1995-2000 e 2005-2010, analisando-se os deslocamentos com base

2

nos Censos Demográficos Brasileiros de 2000 e de 2010; e utilizando-se como base de

análise a composição original da região. Assim se traça um histórico da área e se aponta o

contexto de sua composição municipal e da sua dinâmica populacional recente.

A reflexão apresenta uma caracterização da área e a exposição das instâncias e as

características dos movimentos populacionais estudados sob o conceito de mobilidade

espacial, vez que os estudos do local têm demonstrado que, ao mesmo tempo em que desde

1970 ali ocorreu um fluxo de periferização também é possível perceber que surgiram na área

novas ações de mobilidade espacial que se articulam aos elementos da estrutura urbana,

como o acesso à moradia, ao trabalho, às condições de deslocamento etc.

Ademais a expansão das grandes aglomerações urbanas nacionais, constitui-se em

espaço singular de compreensão de dinâmicas intra-urbanas, vez que se conformam num

cenário diferenciado onde se cristalizam as emergências de deslocamentos intra-regionais,

possibilitando integração dos processos. Assim a decisão de analisar estas movimentações

advém do fato de se associaram aos processos de estruturação urbana nacional, pois os atos

migratórios e de redistribuição da população no último século, influenciaram e foram

influenciados pelo espaço urbano e metropolitano, o que propiciou o adensamento no sistema

de cidades, Faria (1991).

Metropolização, estrutura urbana e mobilidade populacional na RMC

Como apontado o crescimento da população urbana brasileira na segunda metade

do século XX se constitui num movimento que envolveu em curto espaço de tempo um notável

contingente da população nacional. Estes fluxos acarretaram m novo panorama da

distribuição demográfica nacional que gerou forte impacto nas regiões metropolitanas – RMs

nacionais. Assim o movimento centrípeto resultante da chegada dos migrantes, somado ao

crescimento vegetativo destas áreas acabou por generalizar o urbano no país. Analisando

este quadro Brandão (2007), sustenta que para a atual configuração espacial da população

brasileira, a mobilidade demográfica proveniente de deslocamentos migratórios e da

distribuição da mão-de-obra foram vitais ao crescimento de várias regiões do país.

Pois no arranjo vigente na sociedade urbano-industrial moderna e na conformação

de sua força de trabalho, encontramo-nos diante de uma considerável “assimetria de

oportunidades”, onde “massas populacionais imensas buscaram novos lugares geográficos

(promovendo uma das maiores mobilidades espaciais do mundo, uma verdadeira

transumância) e novos loci de status social” (BRANDÃO, 2007, p. 170).

Brito e Souza (2005), expõem que apenas na década de 1960 a população urbana

brasileira ultrapassou a rural, e que este movimento ampliou-se e foi muito veloz, fazendo

coincidir no período dois fenômenos: a metropolização nacional e a urbanização. Apontam

ainda que ocorreu em todo o território brasileiro uma expressiva migração rural-urbana, e que

3

ela concentrou-se em regiões que gradativamente foram se transformando em aglomerados

urbanos de caráter metropolitano.

Tanto que em 1970 quase um terço dos 93 milhões de brasileiros possuíam

domicílios em áreas metropolitanas, e se esse total fosse considerado apenas sobre a

população urbana, a proporção subiria para quase 50%. Este comportamento impactou a

urbanização nacional, estimulando ainda mais os movimentos migratórios e a metropolização,

pois um grande contingente de pessoas moveu-se para estas áreas na busca de inserção

econômica e social e de melhor qualidade de vida, e nisto a RMC transformou-se, vide os

mapas 1,2, e 3.

Assim em meio ao contexto de recessão brasileira da década de 1980 ocorreram

significativas mudanças na dinâmica demográfica do Paraná e da RMC, pois os câmbios

econômicos anteriores, notadamente urbano-industriais transformaram o núcleo central da

economia nacional e estadual, que passou de uma hegemonia do setor secundário para uma

participação mais elevada do setor terciário no PIB e no montante de empregos gerados, fato

que alimentou significativamente a transformação nas migrações internas e que fez com que

os deslocamentos populacionais voltados para as cidades e dentro delas ampliassem o

convívio urbano e transformassem os padrões de inserção dos indivíduos.

Mapa 01 – RMC - Região Metropolitana de Curitiba - 2015

Fonte: FIBGE, Censos Demográficos (elaboração NEPO/UNICAMP – 2015)

Neste contexto Rigotti, (2008); Baeninger e Peres (2011) apontam que os

movimentos migratórios que passaram a ocorrer se consolidaram como deslocamentos

diferenciados, que em maior parte foram do tipo rural-urbano, e passaram para urbanos-

urbanos. Ademais, neste processo os fluxos de longa distância ocorreram gradativamente

arrefecendo e num segundo instante foram substituídos por fluxos dentro dos próprios

estados, e dentro das próprias mesorregiões, ganhando aspectos intra-estaduais e intra-

regionais, caso da Região Metropolitana de Curitiba. Rippel et all (2013).

4

Analisando cenário similar Rippel (2005) argumenta que a dinâmica demográfica

interfere na estrutura urbana, que por sua vez é influenciada pela distribuição demográfica da

população; uma relação de mão-dupla, com implicações e questionamentos diversos, tais

como: Qual é o tipo de espaço urbano e metropolitano que encontramos mediante as

mudanças no comportamento demográfico? Como as migrações urbanas estão e são

associadas à mobilidade pendular cotidiana? E como se dá e ocorre o vínculo com os

elementos da estrutura urbana? Caso das trans

formações no mercado de trabalho, no acesso à moradia e nas condições de

mobilidade. Então segundo o autor o que se percebe então é que até o final da década de

1970 as metrópoles brasileiras seguiram apresentando elevada concentração populacional e

econômica, oriundas da industrialização nacional e metropolitana, fatos que em conjunto

foram geradores de importantes estímulos ao movimento centrípeto que as áreas

vivenciaram.

Diante do exposto a mobilidade espacial na metrópole de Curitiba tem como pano de

fundo a conexão do movimento com a dinâmica urbana e populacional da área, pois, num

primeiro instante a preocupação dos indivíduos migrantes é, via de regra, o que fazer para

estar na cidade, já no interregno de tempo seguinte, a preocupação é como fazer para

apropriar-se da mesma, e não apenas habitar esse ambiente, mas ter acesso às

oportunidades, bens e serviços que o mesmo oferece. Fato que nos remete as estratégias

adotadas pelos distintos grupos sociais para efetivar a conquista desse espaço e os

movimentos demográficos que fazem parte dessas estratégias.

HISTÓRICO DA RMC- REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

Constituída por 26 municípios, apontados no mapa 01 a RMC tem na capital seu

núcleo e a principal metrópole do Paraná; destacando-se pela posição geoestratégica a área

se configura como a espacialidade de maior concentração econômica e de população no

Estado. Interligando a Região Sudeste do país, com as demais áreas meridionais do BR ocupa

uma área de 16.627 km² - 8% do território estadual e uma população estimada de 3.285.251

pessoas que em de 2012, correspondia a 31% da população estadual.

A área tem-se sobressaído nacional e internacionalmente por sua contiguidade e

pelo intenso relacionamento com outros aglomerados urbanos do Sul e do Sudeste

brasileiros. Sendo que muitos dos municípios que a compõem crescem mais que a média

estadual, de modo que o seu dinamismo se estende sobre territórios cada vez mais distantes

do núcleo, como se pode verificar nos mapas 02 e 03. O recorte legal da área localiza-se nos

limites geográficos do Paraná, pois ao sul sua cercania encontra-se com o Estado de Santa

Catarina e ao norte com o Estado de São Paulo, identificando-se em ambas as direções à

formação de importantes aglomerações urbanas, uma entre os municípios de Rio Negro (PR)

5

e Mafra (SC); bem como outra entre Adrianópolis (PR) e Ribeira (SP). Segundo IBGE (2010),

a partir de 1970 o comportamento da população da área permite dividir o movimento de

crescimento da região em dois estágios; um que vai de 1970 a 1990 cuja expansão foi advinda

do movimento de metropolização nacional.

Mapas 2 e 3-Taxas de crescimento médio anual, por municípios RMC 1991/2000 e 2000/2010

Fonte: FIBGE, Censos Demográficos (elaboração NEPO/UNICAMP – 2015)

A segunda fase por sua vez ocorreu a partir da década de 1990 quando o

crescimento da área foi fruto de elevadas taxas de imigração, quando a expansão econômica

local associou-se a atração de grandes investimentos econômicos especialmente no setor

automotivo, quando da formação de um polo deste tipo do Estado, e a construção de uma

imagem de área próspera de elevada qualidade de vida.

Vários trabalhos investigaram o processo, dentre eles destaca-se o trabalho de

Cintra, Delgado e Moura (2013), que pontam que vários fatores combinados serviram de

ferramentas de atração de pessoas, implicando que na RMC vivencia-se um vigoroso

movimento centrípeto, levando a RMC a atingir em 2000 uma população que correspondia a

28,95% do Paraná; e 30,86% em 2010, dos quais 1.757.907 pertencem a Curitiba – o que

equivale a 54,5% da população da RMC e 16,8% do total do estado.

Se refinarmos a análise e excluirmos do cenário da área o município de Curitiba,

percebe-se que os outros municípios da região apresentaram uma variação percentual maior;

totalizando 19,59% de pessoas a mais no período; contudo em termos nominais o montante

atingido por eles foi menor. Ademais os comportamentos apresentados pelos municípios da

área evidenciam que apesar do que ocorre com a região como um conjunto, existe ali um

panorama distinto entre o que sucede com o centro (a capital) e a periferia (os demais

municípios), principalmente considerando-se o crescimento demográfico e a composição da

mobilidade espacial das pessoas.

6

Esta diferenciação é visível e reflete o comportamento redistributivo que há em um e

outro local, expressando não apenas diferenciais de crescimento vegetativo, mas o impacto

que a migração, em especial a intrametropolitana exerce sobre cada um dos lugares e que

por sua vez rebate na dinâmica demográfica de cada uma das áreas, e isto por sua vez é

diferente do que ocorre com todo o Estado e com o país. Ademais se vê que a disparidade

interna da região, em termos de crescimento demográfico exige ser mais bem analisada, pois

há uma marcante dissonância entre o comportamento de cada município, principalmente

como já apontado entre o centro e a periferia da área; a respeito disto os dados revelam ainda

um incremento populacional, entre 2000 e 2010, de 1,39% a.a., sendo que os

comportamentos individuais dos municípios podem ser visualizadas na Tabela 03.

Nela se vê que ao longo do período quase todos os municípios apresentaram

crescimento de população, exceto Adrianópolis, Bocaiuva do Sul, Cerro Azul, Rio Branco do

Sul e Doutor Ulysses que viram sua população diminuir, já o comportamento das taxas de

crescimento individuais foram muito distintas do crescimento nominal, pois ora municípios

apresentaram elevações em suas taxas, ora redução e neste cenário; quase todos

mantiveram taxas de crescimento positivas com volumes menores. A exceção de

Adrianópolis, que também nas taxas de crescimento apresentou queda de 1980 em diante.

Acrescentando-se a análise o peso da migração no crescimento dos municípios o

que se vê é algo distinto, vez que os dados apontam que os municípios da RMC diferem entre

si no grau de integração a metropolização, dividindo-se entre aqueles que de fato pertencem

à aglomeração metropolitana (treze), que compõem o Núcleo Urbano Central, e aqueles

formados pela maioria dos municípios, desmembrados ou inseridos na região por legislação

estadual, tal qual indicado por Ipardes (2010) e Comec (2006).

Percebe-se nos mapas 2 e 3, que ainda que em volumes menores, que quase todos

os municípios da RMC apresentaram crescimento demográfico. Porém de modo e em ritmos

que evidenciam movimentos diversos; mediante estes acontecimentos, e as ações mais

intensas ocorreram e são observadas nas áreas periféricas, em especial ao norte, ao leste e

ao sul da capital (o núcleo central da região).

Dos dados se deduz que áreas que tradicionalmente concentravam população como

a capital Curitiba, Campo Largo e Lapa perderam peso relativo na imigração; percebe-se

também um movimento para áreas outras que não o núcleo da RMC, locais que apesar de

mais distantes, não deixam de estar muito próximos a capital.

7

Tabela 03 - População, Taxa de Crescimento Geométrico e Peso da Migração sobre o crescimento populacional. Região Metropolitana de Curitiba - 1980/1991 - 1991/2000 e 2005/2010

Municípios População Taxa de Crescimento A) Peso da Migração sobre o Crescimento

1980 1991 2000 2010 1980/1991 1991/2000 2000/2010 1986/1991 1995/2000 2005/2010

Adrianópolis 11122 8935 7007 6376 -1,97 -2,66 -0,94 158,67 95,12 88,50

Agudos do Sul

5195 6076 7221 8270 1,43 1,94 1,37 -68,16 -13,87 6,02

Almirante Tamandaré

34157 66159 88277 103204 6,19 3,26 1,57 69,16 85,84 76,82

Almirante Tamandaré recomposto

34157 66159 108686 128047 6,19 5,67 1,65 69,16 52,15 77,04

Araucária 34789 61889 94258 119123 5,38 4,79 2,37 58,66 42,00 75,62

Balsa Nova 5293 7515 10153 11300 3,24 3,40 1,08 78,74 55,57 160,53

Bocaiúva do Sul

12115 10657 9050 10987 -1,16 -1,80 1,96 255,21 -73,92 84,31

Bocaiúva do Sul recomposto

12115 10657 12661 17243 -1,16 1,93 3,14 255,21 63,25 35,94

Campina Grande do Sul

9800 19343 34566 38769 6,38 6,66 1,15 35,20 43,28 127,84

Campo Largo 54834 72523 92782 112377 2,57 2,78 1,93 40,26 41,59 33,28

Campo Magro . . 20409 24843 . . 1,99 . . 77,49

Cerro Azul 20006 21073 16352 16938 0,47 -2,78 0,35 -457,22 81,78 -270,83

Cerro Azul recomposto

20006 21073 22355 22665 0,47 0,66 0,14 -457,22 -250,45 -700,49

Colombo 62882 117767 183329 212967 5,87 5,04 1,51 72,00 52,65 107,22

Contenda 7558 8941 13241 15891 1,54 4,46 1,84 38,36 9,75 45,05

Curitiba 1024980

1315035

1587315

1751907

2,29 2,11 0,99 0,04 -8,65 -59,33

Fazenda Rio Grande

. . 62877 81675 . . 2,65 . . 78,80

Itaperuçu . . 19344 23887 . . 2,13 . . 28,67

Lapa 35031 40150 41838 44932 1,25 0,46 0,72 -13,46 -35,75 -27,54

Mandirituba 15444 38336 17540 22220 8,62 -8,32 2,39 48,10 -17,70 39,98

Mandirituba recomposto

15444 38336 80417 103895 8,62 8,58 2,59 48,10 54,40 71,16

Pinhais . . 102985 117008 . . 1,28 . . 94,11

Piraquara 70641 106882 72886 93207 3,84 -4,16 2,49 95,92 -141,57 113,03

Piraquara recomposto

70641 106882 175871 210215 3,84 5,69 1,80 95,92 65,89 106,72

Quatro Barras 5717 10007 16161 19851 5,22 5,47 2,08 81,00 68,41 99,01

Quitandinha 12395 14418 15272 17089 1,38 0,64 1,13 -17,64 -73,09 82,20

Rio Branco do Sul

31780 38296 29341 30650 1,71 -2,92 0,44 -38,30 -3,41 -59,97

Rio Branco do Sul recomposto

31780 38296 48685 54537 1,71 2,70 1,14 -38,30 13,54 10,54

São José dos Pinhais

70643 127455 204316 264210 5,51 5,38 2,60 69,51 49,10 66,33

Tijucas do Sul 8001 10224 12260 14537 2,25 2,04 1,72 -2,43 46,50 83,28

Tunas do Paraná

. . 3611 6256 . . 5,65 . . 3,68

Doutor Ulysses

. . 6003 5727 . . -0,47 . . 211,96

(1) Desmembramentos: Tunas do Paraná (a partir de Bocaiúva do Sul, em 1990, Lei Estadual nº 9.236), Fazenda Rio Grande (a partir de Mandirituba, Lei Estadual nº 9.213, 1990), Itaperuçu (a partir de Rio Branco do Sul, Lei Estadual nº 9.437), Doutor Ulysses (a partir de Cerro Azul, pela Lei estadual n.º 9443, 1990, e inicialmente com o nome de Vila Branca), Pinhais (a partir de Piraquara, Lei Estadual n.º 9.906, 1992) e Campo Magro (originado de Almirante Tamandaré, Lei Estadual nº 11.221, 1995).

No entanto, antes que se chegue a deduções equivocadas sobre a “intensidade” da

desconcentração demográfica na região, é importante apontar que Curitiba, em 2010, ainda

representava mais de 47,21% da população regional.

8

Deslocamentos populacionais metropolitanos na RMC

Segundo Tavares (2012), na análise das migrações e do desenvolvimento das áreas

metropolitanas brasileiras 2 questões emergem: Qual a relação entre a mobilidade espacial e

a estrutura urbana? E qual o papel dos movimentos populacionais nos processos de

reorganização social interna nas metrópoles? Para responder devemos considerar a

mobilidade espacial como uma importante estratégia empreendida pelas populações busca

de melhoria de sua condição de vida e mesmo na produção de sua existência. No caso do

Brasil e da RMC, o espaço urbano-metropolitano foi durante um longo período fundamental

para um expressivo movimento de urbanização, pois a área atraíu expressivos montantes de

indivíduos que para lá se deslocavam para residir e em buscar trabalho, inserção social, e

elevação de suas condições de vida; o que ali tornou-se muito evidente a partir de 1990.

Para o Ipardes (2000), as regiões mais próximas foram as maiores origens dos fluxos

que se direcionaram para a região metropolitana de Curitiba. De modo que ainda que

atualmente, não exista uma razão prevalecente na explicação dos deslocamentos

populacionais, existem vários elementos agindo sobre as lógicas de mobilidade espacial. Esta

constatação coincide com o observado por RIGOTTI (2008), que argumenta que em termos

de mobilidade espacial, as migrações, passaram por uma “regionalização dos fluxos” ao

encurtamento de distâncias e a fragmentação dos mesmos.

Desdobrando-se sobre espaços metropolitanos, Brito e Marques (2005), apontam

que na grande maioria os imigrantes interestaduais preferem as capitais, e os do interior as

periferias metropolitanas. Já Tavares (2012), argumenta que os emigrantes destas regiões

quando se deslocam, seja para o interior ou para os outros estados, partem mais da capital

do que da periferia metropolitana, comportamento que indica que a capacidade de retenção

migratória das capitais tem diminuído. Há que se destacar que alguns destes processos já

foram observados nas metrópoles, e que segundo Cunha (2015), já na década de 1970 na

aglomeração metropolitana de São Paulo, era possível identificar particularidades no interior

da metrópole, vez que concomitantemente as concentrações populacionais nos municípios

metropolitanos ocorriam processos de relocalização populacional interna naquele espaço. No

período identificava-se que a maioria dos municípios atrativos na periferia eram os mais

próximos à capital, com volume populacional elevado e taxa de imigração alta.

Já nos movimentos internos, para os demais municípios da periferia, se verificava

que a origem no polo central era marcante, ou seja, os movimentos do núcleo para a periferia

já eram visíveis, comportamento referendado pelo autor, quando aponta que as migrações

intrametropolitanas estão iminentemente ligadas ao desdobramento de dois processos: a

periferização da população (fruto de problemas urbanos ligados à utilização e valorização do

9

solo) e a redistribuição espacial da atividade produtiva na região, comportamento que para

Cintra, Delgado e Moura (2013) também se verifica na RMC.

Neste movimento de transformação Deschamps (2002), aponta que o incremento

populacional, reprodutivo ou migratório, na RMC ocorreu em municípios adjacentes ao polo

(Curitiba), o que também é percebido na Tabela 04, caso de Almirante Tamandaré, Araucária,

Campina Grande do Sul, Campo Largo, Campo Magro, Colombo, Fazenda Rio Grande,

Pinhais, Piraquara, Quatro Barras e São José dos Pinhais. Locais que são áreas de

circunscrição territorial de administração pública no em torno da capital, transformando a

região numa área contínua de ocupação, sendo que esta periferização da população começou

a ser melhor delimitada a partir dos anos da década de 1980.

E segundo Deschamps y Delgado (2009) entre 1970 e 1980, Curitiba absorveu 66,8%

do acréscimo populacional da RMC e o conjunto de municípios adjacentes 30,3%. E entre

1980 e 1991, este conjunto absorveu 48,2% e Curitiba, 51,8%. Porém na última década a

situação se inverte, com Curitiba absorvendo 45,5%, enquanto o absorve 54,5%. Este

comportamento se mantém em 2000 e 2010, como se percebe na tabela 05 que mostra os

montantes de imigração e de emigração Intrametropolitana, bem como as trocas líquidas

ocorridas entre os munícipios detentores dos maiores fluxos migratórios da região.

Tabela 05 - Imigração, Emigração e Saldos Migratórios Intrametropolitanos Região Metropolitana de Curitiba: 1995-2000 e 2005-2010

Municípios

I % E % Saldo I % E % Saldo

1995 2000 1995 2000 1995 2000 2005 2010

2005 2010

2005 2010

Almirante Tamandaré 9044 7,70 2895 2,46 6149 6615 6,71 2353 2,39 4262

Araucária 6627 5,64 2889 2,46 3738 6512 6,60 2632 2,67 3879

Campina Grande do Sul 3657 3,11 1667 1,42 1990 2528 2,56 1659 1,68 869

Campo Largo 4606 3,92 2747 2,34 1858 4580 4,64 2526 2,56 2053

Colombo 16113 13,71 5836 4,97 10277 14114 14,31 5118 5,19 8996

Curitiba 11820 10,06 73639 62,66 -61820 8462 8,58 60326 61,16 -51864

Fazenda Rio Grande 12022 10,23 1424 1,21 10598 7110 7,21 1574 1,60 5537

Pinhais 9778 8,32 7306 6,22 2472 7997 8,11 5159 5,23 2839

Piraquara 13815 11,75 1864 1,59 11951 10636 10,78 1819 1,84 8817

São José dos Pinhais 15203 12,94 5347 4,55 9856 15667 15,88 4703 4,77 10964

Sub-total 102685 87,37 105615 89,86 -2930 84221 85,38 87870 89,08 -3649

Outros Municípios 14842 12,63 11912 10,14 2930 14424 14,62 10775 10,92 3649

Total 117527 100,00 117527 100,00 0 98645 100,00 98645 100,00 0

Fonte: IBGE - Censos Demográficos - 2000 e 2010 Contagem Populacional - 1996 e Estimativa Populacional para os Municípios Brasileiros em 01/07/2005 – cálculos do autor.

Na tabela 05, o que se vê é que no final do século passado e de 2000 a 2010, Curitiba

correspondeu nos dois momentos a aproximadamente 62,66% e 61,16% do acréscimo

populacional da Região Metropolitana, enquanto o conjunto de municípios adjacentes

absorveu 30,3%, ao passo que entre 1980 e 1991, este mesmo conjunto absorve 48,2% e

10

Curitiba, 51,8% deste aumento. Na última década a situação se inverte, com Curitiba absorve

45,5%, enquanto o conjunto absorve 54,5% do acréscimo populacional.

Além de receber expressivos fluxos do interior do Estado, a região é destino de

montantes expressivos de imigrantes vindos doutras áreas do País. Em 1980, Deschamps,

(2002) aponta que a área possuía 1.441.000 habitantes, dos quais 35% haviam realizado um

movimento migratório para a região na década de 70, ou seja, residiam em municípios da

RMC num tempo menor do que uma década. Apesar disto a migração intrametropolitana

ganhou expressividade no decorrer das 2 décadas seguintes, quando ocorre uma elevação

dela no volume de migrantes.

Fica evidente a redução da participação de Curitiba nas opções de mobilidade na

RMC, pois vem perdendo, espaço no montante dos migrantes desde as décadas de 70 e 80;

e na participação relativa e absoluta na recepção dos movimentos intrametropolitanos, intra-

estaduais e interestaduais, tabelas 05, 06 e 07. Contudo, há que se ressaltar, que mesmo

perdendo participação no mesmo de 80% para 70,7% entre 2000 e 2010, ela ainda é o local

de maior absorção dos indivíduos que se deslocam para trabalhar ou estudar. Percebe-se

então que a atratividade e a seletividade populacional liga-se à concentração das atividades

produtivas, gerando oportunidades, diretas e indiretas, de trabalho cujos crivos de inserção

elevaram-se. A isto se soma a redução das oportunidades de inserção produtiva no interior

do Estado e fora dele, diminuição da fronteira agrícola do Norte do País e o estreitamento no

mercado de trabalho urbano-industrial do Centro Sul, tabela 07.

Tabela 06 - Imigração, Emigração e Saldos Migratórios Intraestaduais RMC: 1995-2000 e 2005-2010

Municípios

I % E % Saldo I % E % Saldo

1995 2000

1995 2000

1995 2000

2005 2010

2005 2010

2005 2010

Almirante Tamandaré 4967 3,44 475 0,91 4492 1817 2,34 274 0,50 1543

Araucária 5782 4,01 1498 2,87 4284 3721 4,79 981 1,80 2740

Campina Grande do Sul 1948 1,35 237 0,45 1711 817 1,05 233 0,43 584

Campo Largo 3858 2,67 703 1,34 3155 2008 2,58 985 1,81 1023

Colombo 10714 7,42 952 1,82 9763 5551 7,14 1771 3,25 3780

Curitiba 79216 54,87 42316 80,98 36900 43333 55,74 45347 83,31 -2013

Fazenda Rio Grande 4790 3,32 219 0,42 4570 2296 2,95 345 0,63 1951

Pinhais 6546 4,53 685 1,31 5861 2405 3,09 740 1,36 1665

Piraquara 7018 4,86 499 0,96 6519 3096 3,98 470 0,86 2626

São José dos Pinhais 13260 9,19 2180 4,17 11080 8091 10,41 1907 3,50 6185

Sub-Total 138100 96 49764 95 88336 73135 94 53053 97 20083

Outros Municipios 6260 4 2493 5 3767 4604 6 1380 3 3224

Total 144360 100,00 52257 100,00 92103 77739 100,00 54433 100,00 23306

Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (elaboração NEPO/UNICAMP, Projeto Trajetórias)

Outros quatro municípios da área São José dos Pinhais, Colombo, Piraquara e

Araucária, se destacam por responderem por parte relevante do movimento e todos fazem

11

divisa com a capital. Dinâmica que demonstra certa seletividade na ocupação do espaço

metropolitano vez que, segundo MOURA (2001), o valor da terra e da moradia e o custo das

melhorias urbanas acabam por reservar para Curitiba habitantes com níveis abastados e

direcionando grupos de menores rendimentos, bem como os migrantes para as áreas

periféricas internas e de outros municípios da RMC.

Essa intensificação da expansão da área levou a consolidação do anel urbano no em

torno de Curitiba que ocorreu sem fortalecer os municípios próximos gerando dissociação

entre o local de moradia e o de consumo, de ocupação e de trabalho, visível no quadro 01,

restringindo a cooperação na alocação de funções urbanas. O processo manteve os

municípios mais distantes em posições de suporte às atividades rurais, pouco integrados à

metrópole, de modo que nos arredores da capital consolidou-se um espaço de guarida a

dinâmica metropolitana, diferente do recorte legalmente instituído. Mediante estes fatores

mobilidade populacional e a migração na RMC na primeira década do séc. XXI já não possui

o mesmo ímpeto das décadas anteriores, vez que apresentou menores rebatimentos no

crescimento demográfico da região e de municípios, do que os resultados que aqueles

apresentados nas década de 1970, 1980 e 1990.

Tabela 07 - Imigração, Emigração e Saldo Migratório Interestaduais RMC: 1995-2000 e 2005-2010

Municípios

I % E % Saldo I % E % Saldo

1995 2000

1995 2000

1995 2000

2005 2010

2005 2010

2005 2010

Almirante Tamandaré 2039 2,10 341 0,55 1698 1012 1,09 575 0,86 437

Araucária 2406 2,48 955 1,55 1451 5033 5,44 983 1,46 4050

Campina Grande do Sul 1540 1,59 257 0,42 1283 1658 1,79 252 0,37 1406

Campo Largo 1452 1,50 1111 1,80 341 1413 1,53 871 1,30 542

Colombo 5144 5,30 860 1,39 4284 5194 5,61 732 1,09 4462

Curitiba 62526 64,46 52114 84,49 10412 60341 65,17 57990 86,24 2352

Fazenda Rio Grande 2574 2,65 269 0,44 2305 1307 1,41 267 0,40 1040

Pinhais 3661 3,77 512 0,83 3149 3155 3,41 585 0,87 2570

Piraquara 3357 3,46 341 0,55 3016 2106 2,27 435 0,65 1671

São José dos Pinhais 8257 8,51 2192 3,55 6064 8077 8,72 2407 3,58 5670

Sub-Total 92955 96 58952 96 34003 89297 96 65097 97 24201

Outros Municípios 4037 4 2725 4 1311 3288 4 2145 3 1143

Total 96992 100,00 61678 100,00 35314 92585 100,00 67242 100,00 25344

Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (elaboração NEPO/UNICAMP, Projeto Trajetórias)

Os dados visualizados nas tabelas 05, 06 e 07 sustentam a afirmação mostrando não

apenas a redução da imigração total registrada nos municípios da RMC, mas também e,

principalmente, do volume da imigração originada dentro do próprio Estado que atingiu os

maiores montantes, quando comparados aos demais, comportamento que reforça a atração

interna que a região exerce no Paraná, superando os demais municípios da UF, fato apontado

por Rippel (2005). Neste sentido a redução da migração direcionada para a RMC e mais ainda

12

aquela de origem intra-estadual é explicada basicamente pelo crescimento e estruturação de

duas outras áreas de importante absorção da migração interna do Paraná: o Norte do Estado

especialmente o eixo Londrina–Maringá, e o Oeste paranaense e o sua tríade de locais

centrais formada por Cascavel, Toledo e Foz do Iguaçu. Rippel et all (2012).

Quadro 01- RMC- Pessoas com 15 anos ou mais que realizam mobilidade pendular por lugar de residência e de trabalho/estudo, segundo condição migratória. 2000/10

Local de residência

Modalidade migratória

Local de trabalho ou estudo

Total PIA Pendular Polo Subpolo

Periferia elitizada

Periferia tradicional

próxima

Periferia tradicional

distante

2000 2010

2000 2010

2000

2010

2000 2010 2000 2010 2000 2010

%

Polo

Não Migrante 0,0 0,0 66,6 70,1 18,1 15,9 14,0 12,2 1,4 1,7 13620 42981

Intrametropolitano 0,0 0,0 67,2 61,4 17,6 25,8 13,9 5,6 1,2 7,2 637 603

Intraestadual 0,0 0,0 37,2 66,3 39,3 21,0 16,9 12,7 6,6 0,0 183 1144

Interestadual 0,0 0,0 67,3 75,0 18,6 14,4 12,2 9,3 1,8 1,3 3569 5082

Total 0,0 0,0 66,5 70,4 18,4 16,0 13,6 11,9 1,5 1,7 18008 49810

Subpolo

Não Migrante 93,3 90,0 2,2 3,0 2,5 3,9 2,0 2,8 0,2 0,4 42083 92592

Intrametropolitano 94,2 90,9 2,0 2,9 2,9 3,5 1,0 2,5 0,0 0,2 11092 13579

Intraestadual 100,

0 89,8 0,0 3,8 0,0 4,3 0,0 2,1 0,0 0,0 240 3593

Interestadual 93,3 91,2 1,8 3,2 3,2 3,6 1,7 1,9 0,0 0,1 21810 13787

Total 93,4 90,2 2,0 3,0 2,7 3,8 1,7 2,6 0,1 0,4 75223 12355

1

Periferia elitizada

Não Migrante 88,4 81,7 6,2 10,2 1,0 1,4 4,4 6,5 0,0 0,1 12906 23942

Intrametropolitano 89,3 84,9 4,5 9,4 0,5 2,6 5,5 3,1 0,2 0,0 4019 3775

Intraestadual 60,7 79,0 23,2 8,8 0,0 6,5 16,1 5,7 0,0 0,0 60 678

Interestadual 86,3 81,9 7,9 10,6 1,3 1,3 4,4 6,2 0,0 0,0 6258 4413

Total 87,9 82,0 6,4 10,2 1,0 1,7 4,6 6,1 0,0 0,1 23243 32808

Periferia tradicional

próxima

Não Migrante 84,5 79,0 6,9 9,1 4,7 7,5 3,6 3,8 0,3 0,7 29428 81631

Intrametropolitano 82,3 78,1 5,9 11,2 9,6 7,8 1,8 2,1 0,4 0,8 12783 11790

Intraestadual 71,5 74,0 0,0 13,2 28,5 10,6 0,0 1,5 0,0 0,7 181 2379

Interestadual 86,0 77,6 5,0 10,4 7,6 9,2 1,2 2,6 0,1 0,1 19991 11073

Total 84,5 78,6 6,1 9,5 6,7 7,8 2,5 3,5 0,3 0,6 62384 10687

2

Periferia tradicional

distante

Não Migrante 56,8 46,6 18,0 24,1 0,3 1,4 19,3 16,6 5,6 11,3 1294 3727

Intrametropolitano 73,6 51,1 6,7 21,6 0,0 0,0 19,7 15,1 0,0 12,3 148 340

Intraestadual 0,0 50,9 100,

0 49,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4 23

Interestadual 41,7 37,4 31,9 33,3 0,0 0,0 5,2 16,9 21,3 12,4 133 171

Total 57,0 46,6 18,3 24,4 0,2 1,2 18,1 16,4 6,4 11,3 1579 4261

Total

Não Migrante 76,8 69,0 13,1 17,8 5,0 6,9 4,6 5,4 0,4 0,9 99331 24487

3

Intrametropolitano 86,0 82,8 5,6 8,4 5,8 5,5 2,4 2,6 0,2 0,7 28678 30087

Intraestadual 60,8 70,8 12,9 16,4 18,5 8,8 6,1 3,8 1,8 0,2 668 7817

Interestadual 83,1 71,9 8,4 17,2 5,7 6,7 2,6 3,8 0,2 0,4 51760 34526

Total 80,0 70,7 10,6 16,8 5,4 6,8 3,7 4,9 0,3 0,8 18043

7 31730

3

Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (elaboração NEPO/UNICAMP, Projeto Trajetórias)

As informações indicam que ocorreu na área um movimento de desconcentração do

movimento migratório voltado para a RMC, dividindo-se de forma e evidente entre o polo, os

sub-polos e as periferias tradicionais. Contudo, apesar do fluxo nominal da imigração

13

interestadual para a área ter-se reduzido entre os períodos, a transformação no processo não

modificou o alvo maior da mesma, que continuou concentrado em Curitiba que em 2000

respondia por 64,46% do fluxo e em 2010 sua participação se expandiu para 65,17%, o que

demonstra que a capital continua sendo o grande destino dos migrantes interestaduais.

Comportamento similar é perceptível na análise dos dados sobre a imigração intra-

estadual, considerando-se os dois períodos, ainda que em menores montantes de volume e

de participação percentual Curitiba continuou sendo o principal destino, também deste fluxo.

De fato, no quinquênio 1995-2000 a cidade absorveu 79216 migrantes intra-estaduais

correspondendo a 54,87% do volume, já de 2005 a 2010, voltou a concentrar a maior parte

desta migração; e o que se viu foi que apesar de absorver um volume menor de pessoas

43333 indivíduos, a capital deteve 55,74% do total da imigração intra-estadual sendo o

restante distribuído principalmente entre os sub-polos e periferia tradicional próxima da área.

E quando se observam os imigrantes cuja origem foi algum município da própria

RMC, o que se vê é que os cenários que anteriormente existiam transformaram-se muito, vez

que a mobilidade espacial dos indivíduos que foi vivenciada pela área levou ao fato de que os

municípios que passaram a se destacar, fossem aqueles classificados como Subpolos,

Periferia elitizada, Periferia tradicional próxima e mesmo aqueles denominados Periferia

tradicional distante, tal como se pode ver no quadro 01 e nos mapas 2 e 3 a seguir

Mapa 2. Fluxos migratórios intrametropolitanos RMC – 1995 - 2000

Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (elaboração NEPO/UNICAMP, Projeto Trajetórias)

Contudo nos movimentos que ocorrem dentro da RMC a evidência dos movimentos

é maior do que nos demais, o que é perceptível nos mapas 02 e 03 e nas tabelas 05, 06 e 07.

Assim analisando-se os dados e se considerando os grupos de municípios formados e

focando nos indivíduos de 15 anos ou mais que realizam mobilidade pendular, classificadas

primeiro por lugar de residência segundo condição migratória, vê-se que a PIA da RMC, no

quadro 01, indica que boa parte da distribuição demográfica da região ficou concentrada no

nos Subpolos, na Periferia Elitiza e na Periferia Tradicional Próxima. Entretanto se focarmos

a análise no local de trabalho ou estudo há uma inversão, pois o Polo é quem detém a maior

14

concentração de indivíduos. Neste movimento de transformações a região inicialmente

apresentava na maioria dos municípios um crescimento demográfico significativo,

desempenho que não é observado apenas em municípios detentores de populações menores

como Agudos do Sul, Balsa Nova, Campina Grande do Sul e Cerro Azul recomposto, mas

que também ocorre naqueles locais com população superior a 100 mil habitantes; caso de

São José dos Pinhais, Piraquara recomposto, Mandirituba recomposto, Colombo, Campo

Largo e Araucária.

Mapa 3. Fluxos migratórios intrametropolitanos RMC – 2005/2010

Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (elaboração NEPO/UNICAMP, Projeto Trajetórias)

Neste processo, como se vê nos mapas e no quadro 01 intensificaram-se os fatores

relacionados à expansão sobre os municípios vizinhos ao polo, principalmente em função do

ingresso no mercado de trabalho, da proximidade física da área, do acesso aos meios de

transporte, do alcance aos equipamentos e ferramentas dos serviços públicos, bem como das

facilidades de acesso à terra. Ademais visualiza-se também na RMC um processo de

periferização comum às regiões metropolitanas do país, ainda que, no caso dos cidadãos de

Curitiba e do seu em torno, tenha acontecido um movimento de atração multivariada, que

incluiu o discurso de “acesso à economia e à cidadania curitibanas”, esta transformação

estimulou e fez aumentar os deslocamentos humanos endógenos e exógenos da área.

Os Deslocamentos Pendulares Diários na RMC

Ao se analisar a mobilidade residencial em uma região metropolitana é difícil deixar

de reconhecer outro tipo de mobilidade que se não é diretamente condicionada a primeira,

tem nela, um de seus importantes motores. Trata-se da mobilidade pendular (ou quotidiana)

(Cunha, 2015). No caso da RMC vê-se que foram as áreas periféricas, particularmente as

“tradicionais próximas”, que passaram a deter grande parte destes tipos de movimentos e

que, portanto reuniram montantes expressivos de indivíduos migrantes no cenário intra-

regional (no caso intametropolitano), passando a responder por maiores percentuais deste

tipo de deslocamento humano.

15

Esta transformação reduziu o peso do polo no processo, mas não conseguiu lhe

retirar o papel de proeminência. Assim visando obter um melhor panorama do processo todo

e também buscando analisar melhor a questão, trabalhou-se no sentido de revelar e realçar

as tendências e características deste fenômeno na área buscando avaliar principalmente

como o processo é influenciado pela migração e mobilidade residencial. Com este enfoque

em mente foi construído o quadro 02, que expõem a intensidade da pendularidade da PIA

(população em idade ativa)1 na RMC.

Os dados apontam que a intensidade da mobilidade pendular na área aumentou

consideravelmente de 2000 para 2010, tanto para os migrantes quanto para os não-migrantes.

Esta constatação sugere que a expansão territorial e redistribuição espacial da população não

foram acompanhados por rearranjos na dispersão espacial dos setores econômicos, das

atividades e dos serviços, sobretudo, daqueles que produzem uma elevação nos níveis dos

empregos; ou seja, ocorreu um descompasso entre lugar de residência e atividades

produtivas e educacionais, ademais este distanciamento acentuou-se ainda mais no período

nas distintas categorias de municípios.

De modo geral, a partir das circunstâncias da região e do país, vários elementos que

interferiram nas condições da migração na área; e tendo em vista a conjuntura demográfica e

econômica e social da RMC e dos tipos de deslocamentos demográficos da área, percebe-se

ali uma indiscutível relação entre as migrações e a mobilidade diária da região. De fato, se

por um lado, os dados mostram que os “não migrantes” são menos “móveis”, menos dispostos

a se deslocar do que os migrantes, por outro lado, as informações captadas revelam que os

migrantes intrametropolitanos apresentam uma elevação e uma intensidade maior da sua

mobilidade cotidiana que as demais modalidades de deslocamentos espaciais das pessoas.

Há que se ressaltar, porém dois outros aspectos interessantes que se destacam de

imediato na observação do quadro: a maior parte dos movimentos de mobilidade pendular

tiveram como alvo e destino o polo. Seguido pelos subpolos regionais, pela periferia elitizada

e pela periferia tradicional próxima, locais estes que em conjunto respondiam pela maior parte

dos movimentos tanto em 2000 quanto em 2010.

Resultados que condizem com o crescimento econômico e o desenvolvimento da

área, ambos via de regra esperados, já que, no primeiro caso, se está tratando das áreas

onde se identificam níveis maiores de concentração de riqueza e de atividades produtivas e

das áreas que – desconsiderando a capital -, seriam as que mais concentram população na

região, ademais se soma a isto o fato de que estes locais são também destinos preferenciais

da migração intrametropolitana.

1Embora o indicador utilizado seja basicamente uma proporção, o fato de se usar no denominador a PIA – portanto, a população mais próxima daquela exposta ao risco da pendularidade –, ele também pode ser encarado como uma medida de intensidade do fenômeno.

16

Na RMC percebe-se que as periferias tradicionais, em particular as próximas,

mostram alguma participação entre os “destinos” da PIA pendular, fato que sugere que, em

muitas destas áreas, existe potencial de geração de emprego, particularmente pela

localização da atividades industriais de peso, como é o caso de Araucária, Almirante

Tamandaré, Colombo, Pinhais, Piraquara e São José dos Pinhais, são alguns exemplos do

processo. Ademais os municípios da RMC que apresentarem aumento na participação no

total do movimento, seja por motivo de trabalho ou de estudos também se destacam com um

aumento na entrada de pendulares e na imigração intrametropolitana, onde percebe-se o

destaque de Almirante Tamandaré, Colombo, Fazenda Rio Grande, Pinhais, Piraquara e São

José dos Pinhais, tendo uma participação relativa importante para o total da imigração na

região. Vê-se assim que o que a acentuação dos deslocamentos e da mobilidade pendular

reflete o panorama da desconcentração econômica e da população na área.

Quadro 002 - PIA por condição de pendularidade, segundo categoria de município e modalidade migratória. RMC – Região Metropolitana de Curitiba 2000 e 2010

Município de Residência

Modalidade migratória

Pendular Não Pendular Total - PIA

%

2000 2010 2000 2010 2000 2010

Polo

Não migrante 2,11 5,36 97,89 94,64 956961 1220905

Intrametropolitano 7,55 13,50 92,45 86,50 8868 4987

Intraestadual 2,59 7,20 97,41 92,80 63304 35004

Interestadual 2,84 8,28 97,16 91,72 163260 112311

Subpolo

Não migrante 16,55 23,86 83,45 76,14 265241 417805

Intrametropolitano 35,28 44,82 64,72 55,18 32233 31395

Intraestadual 21,59 27,02 78,41 72,98 25932 15220

Interestadual 23,93 29,27 76,07 70,73 73271 52091

Periferia Elitizada

Não migrante 25,77 33,00 74,23 67,00 51246 78021

Intrametropolitano 42,76 51,51 57,24 48,49 9660 7688

Intraestadual 24,94 31,70 75,06 68,30 5897 2430

Interestadual 29,68 40,95 70,32 59,05 17256 11879

Periferia Tradicional

Próxima

Não migrante 20,18 33,24 79,82 66,76 151986 257955

Intrametropolitano 38,03 47,04 61,97 52,96 34552 25878

Intraestadual 32,29 33,56 67,71 66,44 16715 7803

Interestadual 32,23 39,63 67,77 60,37 48358 29992

Periferia Tradicional

Distante

Não migrante 3,03 7,01 96,97 92,99 67000 79478

Intrametropolitano 7,37 13,35 92,63 86,65 2407 3067

Intraestadual 2,49 5,08 97,51 94,92 1376 1411

Interestadual 5,25 9,12 94,75 90,88 3870 3717

Total

Não migrante 7,37 13,74 92,63 86,26 1492434 2054164

Intrametropolitano 33,62 42,85 66,38 57,15 87719 73014

Intraestadual 12,49 16,32 87,51 83,68 113224 61869

Interestadual 14,07 19,83 85,93 80,17 306016 209990

Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (elaboração NEPO/UNICAMP, Projeto Trajetórias)

17

Esta dinâmica presente na RMC encontra-se claramente influenciada pela migração

(embora não somente por ela), em especial, aquela de caráter intrametropolitano. Vê-se então

que o papel da capital Curitiba se mantém praticamente inalterado como área atrativa dos

movimentos pendulares ali ocorridos e oriundos das várias origens apontadas, inter-

estaduais, intra-estaduais e intrametropolitanos.

Considerações Finais

Quando se analisam áreas de conformação metropolitana a que se atentar para um

problema: os dados em âmbito municipal fazem com que a análise simplifique a realidade do

tecido urbano porque se restringe às divisões administrativas que, como se sabe, são

arbitrárias, especialmente quando em áreas muito integradas e usualmente conurbadas,

especialmente numa como a RMC detentora de locais que ainda possuem importantes

características rurais e suburbanas – caso de Adrianópolis, Contenda, Dr. Ulysses etc.; com

outros lugares mais urbanizados, caso de São José dos Pinhas, Araucária e óbvio Curitiba.

Assim como se pôde perceber que a mobilidade espacial das pessoas na RMC

apresentou uma relação próxima com a expansão das estruturas urbanas do Estado e do

país, fato historicamente constatado e estudado com afinco. Vê-se também que na área os

movimentos relacionados à expansão das metrópoles e dos territórios do seu “em torno”

também se fazem presentes, porém estão coadunados às diversas dimensões e fatores de

atração que fomentam importantes fluxos migratórios centrípetos para a região.

Dentre estes fatores, apontam-se: às estruturas e os equipamentos de serviços

públicos, às condições de habitação e moradia, e o acesso ao mercado de trabalho, elementos

que se conformam em importantes ferramentas de inserção das pessoas na economia, na

sociedade e no meio ambiente demográfico. Isto apesar de ter ocorrido no território brasileiro

e de modo especial no Paraná uma diminuição evidente da migração nas últimas décadas,

especialmente de 2000 a 2010, e o que passa a ser interessante é o significado que esses

movimentos apresentam especialmente no contexto metropolitano.

Isto porque no contexto da mobilidade espacial das pessoas e da migração, mesmo

com um ritmo menor na década, na área existiu um aumento no volume da mobilidade

espacial. Assim, pode-se dizer que no processo de metropolização paranaense passou a se

fazer presente um desempenho menor, porém ainda significativo da RMC, principalmente em

relação as demais áreas do Estado, dada a desconcentração e a reestruturação da economia

Paranaense.

Então o que se viu na RMC foi que inicialmente, diminui o volume e a proporção das

saídas do Município de Curitiba em direção aos municípios da periferia, interrompendo o

18

comportamento de crescimento do movimento, e ao mesmo tempo, neste movimento

prossegue a tendência de aumento dos fluxos populacionais entre os próprios municípios da

periferia e do em torno da capital, transformação que aconteceu apesar do fato de que no país

aconteceu uma redução nos montantes da migração de distâncias maiores.

Outrossim os movimentos pendulares da área apresentaram mudanças relevantes,

especialmente pelo aumento do volume bem como da proporção de pessoas que realizam

tais deslocamentos para outros municípios em função de trabalho e de estudos, aumento este

que ocorreu em todos os municípios, pois a Região Metropolitana de Curitiba passou a ter

aproximadamente 100.000 indivíduos se deslocando cotidianamente entre municípios, fora os

que se movimentam internamente neles.

Vale notar que, apesar de em número menor se comparado aos outros

deslocamentos e de ter pequena participação no total, o montante de pessoas que saem do

núcleo para trabalhar na periferia cresceu na década, indicando a importância de se avaliar

conjuntamente a saída de pessoas dos municípios, mas também a atração para trabalho

exercida por cada um deles, portanto, algumas novas lógicas de mobilidade espacial se

apresentam, especialmente a atinente a dinâmica metropolitana, impulsionada em municípios

que historicamente eram considerados periféricos, mas que apresentam uma diversidade

econômica e social elevada.

Cumpre ressaltar que a importância econômica da região influiu na aglutinação e

centralização da rede urbana estadual, concentrando fluxos migratórios e atividades de maior

complexidade num pequeno número de centros e regiões, que se constituem no polo central

e nos subpolos: no caso da área Araucária, São José dos Pinhais, Campo Largo etc.,

demonstrando seletividade dos lugares com tendência concentradora. Apesar deste quadro

de dinamismo e concentração econômica, os últimos dados econômicos e sociais, apontam

que a proximidade e a inclusão na região metropolitana não foram suficientes para diminuir a

distância socioeconômica que separa o polo dos demais municípios da região.

A guisa de exemplo o IPDM - Índice Ipardes de Desempenho Municipal demonstra

que o índice de Curitiba, para o ano de 2010, era de 0,869, contra a média de 0,618 dos

demais municípios, Isto porque ainda que estejam paulatinamente melhorando seus índices,

os municípios não conseguem superar a distância qualitativa que possuem em relação à

capital. Isto ocorreu mesmo com a presença de um processo de enriquecimento de outras

cidades da região caso de São José dos Pinhais e Araucária. E mesmo esta mudança não foi

suficiente para aproximá-las do desempenho do polo, e os deslocamentos pendulares

centrípetos motivados principalmente pelos fatores trabalho e estudo, ainda retém grande

importância no movimento e na vida das pessoas da área.

E se na análise focalizarmos as questões relativas à residência e habitação os

deslocamentos das pessoas, vê-se que a mobilidade espacial regional mudou muito, pois as

19

ações de especuladores imobiliários rebateram fortemente na sobrevalorização do setor e a

expansão do polo modificou-se, pois preço e o custo de habitar a área central da RMC

cresceram. Ou seja, as elevações dos custos de se habitar no polo, por qualquer motivo,

fazem com que as migrantes pendulares sejam pessoas que residem em sua maioria no em

torno da capital Curitiba, que residem nos assim chamados subpolos, nas áreas de periferia

elitizada, de periferia tradicional próxima e nas áreas da periferia tradicional distante.

Ademais a análise também evidencia que estes indivíduos não se deslocam apenas

para o centro, mas também entre as demais áreas Isto se dá porque grande parte dos fatores

que contribuem para a aproximação ou mesmo do distanciamento entre as áreas consistem

em elementos resultantes das ações das pessoas em sua procura por melhores condições de

vida, mesmo que isto implique em deslocar-se diuturnamente de seus locais de moradia para

ir ou para vir a outro lugar, em busca de trabalho, renda e qualificação pessoal. Assim, mesmo

representativas transferências demográficas temporárias, Curitiba ainda é o município na

RMC e no Estado que em termos de absorção de indivíduos detém os maiores montantes,

apesar de se verificar que sua participação no processo encolheu.

Ocorre, porém que a participação da RMC no total dos movimentos tem diminuído,

em termos intra-estaduais, e intra-regionais, e a relação do polo com os demais municípios

do entorno e mesmo de outras áreas do Estado também seguiu esta tendência apontando

para um processo de maior integração entre os municípios que compõem a RMC, mesmo

assim a área no Estado mantém sua primazia e Curitiba na RMC mantém sua liderança

detendo o maior volume nos fluxos migratórios e a maior parte da mobilidade pendular .

Referências Bibliográficas

BAENINGER, R.A. e PERES, R.G., Metrópoles Brasileiras No Século 21: Evidências Do Censo Demográfico De 2010, Artigo apresentado no VII Encontro Nacional Sobre Migrações de Tema Central: Migrações, Políticas Públicas e Desigualdades Regionais, realização de 10 a 12 de Outubro de 2011, Curitiba/PR BRANDÃO, C. Território e Desenvolvimento: as múltiplas escalas entre o local e o global. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2007. BRITO, F.; SOUZA, J. Expansão Urbana nas Grandes Metrópoles. O significado das migrações intrametropolitanas e da mobilidade pendular na reprodução da pobreza. São Paulo em Perspectiva, v. 19, n. 4, p. 48-63, out./dez. 2005. CINTRA, A.P.U.; DELGADO, P.R.; MOURA, R. Caracterização dos movimentos pendulares nas regiões metropolitanas do Paraná. Cad. IPARDES. Curitiba, PR, v.3, n.1, p. 1-24, jan./jun. 2013 COUTINHO, L. A especialização regressiva: um balanço do desempenho industrial pós-estabilização. In: VELLOSO, J. P. R. (Org.). Brasil: desafios de um país em transformação. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1997. p.81-106. CUNHA, J. M. P. “Migração Intrametropolitana em São Paulo: um fenômeno multiface”. In: Anais do VII Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP. Belo Horizonte - MG: ABEP, 1990.

20

CUNHA, J.M.P. Dinâmica demográfica e migratória da Região Metropolitana de São Paulo no período 1991-2010: realidades e mitos. IN: Marques, E.(org.) As transformações de São Paulo nos anos 2000. São Paulo: Editora Unesp, 2015. DESCHAMPS, M. Y DELGADO, P. - “Estrutura socioespacial e vulnerabilidade social na região metropolitana de Curitiba”, Pampa. Revista Interuniversitaria de Estudios Territoriales, año 5, n° 5, Santa Fe, Argentina, 2009, UNL (pp. 153-176). ________________ “Divisão Sócio espacial e Fluxos Migratórios na Região Metropolitana de Curitiba na Década de 80, Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002 HAAS, A; OSLAND, L. (2014). Commuting, migration, housing and labour markets: complex interactions. Urban Studies 51(3), 463-476, february, 2014. INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL - IPARDES. Leituras regionais: Região Metropolitana de Curitiba: IPARDES, 2000. ______________. Paraná: características demográficas e projeção da população, por microrregião, até 1990. Curitiba: IPARDES, 1983b. JARDIM, A. P. Mobilidade intrametropolitana: o caso do Rio de Janeiro. Tese de Doutorado – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2001, 266 p. MOURA, R.; CINTRA, A.; SANTOS, G.; JARDIM, M. L.T.; DESCHAMPS, M.; BARCELLOS, T.M. Movimento pendular na população na região Sul. UFRJ: Observatório das Metrópoles. Relatório de Atividades 4. (2013) MOURA, R; (2010) Movimento pendular da população do Paraná: uma evidência da desconexão moradia/trabalho. Caderno Metropolitano, São Paulo, v. 12, n.23, p 43-64, jan/jun, 2010. MOURA, R; DELGADO, P.R.; CINTRA, A.P.V. A metrópole de Curitiba na rede urbana brasileira e sua configuração interna. In: FURKOWSKI, O; MOURA, R. (orgs.). Curitiba: transformações na ordem urbana. Letra Capital: Rio de Janeiro, 2014. Observatório das metrópoles, p. 63-94. MOURA, R; FIRKOWSKI, O.L.C.F. Introdução: transformações na ordem urbana da RMC. In: FURKOWSKI, O; MOURA, R. (orgs.). Curitiba: transformações na ordem urbana. Letra Capital: Rio de Janeiro, 2014. Observatório das metrópoles, p. 21-60. RIGOTTI, J. I. R. A (re) distribuição espacial da população brasileira e possíveis impactos sobre a metropolização. 32º Encontro Anual da Anpocs, 2008. RIPPEL, R. Fronteiras Em Movimento - Transformações Demográficas Numa Região Emblemática: O Oeste Paranaense De 1970 A 2010, Trabalho Apresentado no VIII Encontro Nacional Sobre Migrações, GT Migração – ABEP, realizado em Belo Horizonte – MG, nas dependências da UFMG/FACE/Cedeplar – Brasil, de 23 a 25 de outubro de 2013. _______________.; Migração e desenvolvimento econômico no Oeste do estado do Paraná: uma análise de 1950 a 2000, Tese de Doutorado em Demografia, Instituto De Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP - Universidade Estadual De Campinas, Campinas – SP, 2005. SILVA, E. T. Estrutura Urbana e Mobilidade Espacial nas Metrópoles. Tese de Doutorado – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2012.