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A importância da atuação da fisioterapia no pós- operatório de
lipoaspiração, abdominoplastia e cirurgia bariátrica
Kytiana Queiroz de Oliveira
Pós-graduação em Dermato- funcional – Faculdade Ávila
Resumo
A busca pelo corpo perfeito está, a cada dia que passa, mais presente na vida das pessoas. O
modelo estético do corpo perante a sociedade fez com que as pessoas submetessem a vários
procedimentos cirúrgicos para melhorar a autoestima e o bem-estar. De fato os avanços
tecnológicas e as especializações dos profissionais na área de cirurgia plástica deixam as
técnicas cada vez mais popular e de fácil acesso, é verdade que podem haver intercorrências
porém os exames pré- cirúrgicos e a atuação da fisioterapia no pós- operatório ajudam a
diminuir essa estatística. O referido artigo trata da importância do fisioterapeuta no pós-
operatório imediato e tardio de lipoaspiração, abdominoplastia e cirurgia bariátrica assim
como menciona os recursos disponíveis e eficazes para promover uma boa recuperação do
paciente e um retorno o quanto antes da sua vida social.
Palavras-chave: Lipoaspiração; Abdominoplastia; Cirurgia Bariátrica.
1. Introdução
Nos dias de hoje, a busca pelo corpo perfeito é uma realidade na vida de inúmeras pessoas. A
supervalorização da aparência física vem acompanhando a evolução da “medicina da beleza”,
onde várias técnicas e cirurgias plásticas podem proporcionar essas transformações tão
desejadas pela maioria das pessoas (FANDIÑO 2004; AMARAL 2003).
Apesar da importância dada atualmente ao aspecto físico, ainda é grande o número de pessoas
que com o decorrer dos anos relaxam os cuidados com a aparência, seja pela alimentação
excessiva ou pela atividade física deficiente (BORGES,2006).
A baixa estima resultante do desconforto com o próprio corpo através dos “padrões de beleza”
de corpo perfeito é a principal motivadora de uma pessoa para procurar uma intervenção
cirúrgica. Levando as pessoas que se submetem a tal procedimento a melhorarem a sua
autoestima e bem estar (AMARAL, 2003; GOLCMAN, 2003).
A cirurgia plástica se desenvolveu em consequência do desejo e não da necessidade, e é nisso
que se diferencia das demais cirurgias. O paciente faz porque quer e nem sempre porque
necessita (BORGES, 2006; TOURNIEXX, 1994).
A lipoaspiração e a abdominoplastia são procedimentos capazes de proporcionar todos esses
benefícios (GOLCMAN, 2003; GOMES, 2003; MARTINS, 2007; PEREZ-ALVALOS,
1999).
No entanto, existem situações em que não somente a estima baixa e a busca vaidosa do corpo
perfeito prevalecem. A obesidade é uma questão bastante discutida e polemizada. O índice de
pessoas obesas esta crescendo a cada dia que passa, graças a vida corrida, aos fast food e as
desculpas constates de falta de tempo de realizar exercícios físicos (NAHAS, 1999) .
A taxa de mortalidade e morbidade aumenta cada vez mais graças as pessoas obesas, além de
problemas de saúde comuns nesse grupo como diabetes, hipertensão e doenças
cardiovasculares. Para esses pacientes uma das alternativas seria a cirurgia bariátrica
(AMARAL, 2003).
Independente de qual seja a intervenção cirúrgica, lipoaspiração, abdominoplastia ou cirurgia
bariátrica é verdade que possam existir as intercorrências, porém quando realizados cuidados
como os pré-operatórios (exames laboratoriais, risco cirúrgico, dentre outros) e também os
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pós-operatórios (obedecer às indicações e aos cuidados recomendados pelos cirurgiões),
diminuem as possibilidades de complicações e/ou resultados inestéticos (SILVA, 2001;
MÉLEGAS, 2003).
O fisioterapeuta tem por objetivo de tratamento minimizar os desconfortos do pós- operatório,
diminuindo edema, melhorando a circulação, evitando fibrose, melhorando a sensibilidade
local, reduzindo o processo álgico, melhorando a cicatrização, dando melhor contorno a
silhueta e retornar o paciente o quanto antes de volta a vida social (BORGES, 2006; NAHAS,
1999; GOMES, 2003).
A fisioterapia vem se mostrando cada vez mais necessária no pré e pós-operatório de cirurgias
plásticas e nos últimos anos passou a ser reconhecida tanto pelos médicos como pelos
próprios pacientes, que entendem seus benefícios de tratamento (GOMES, 2003; NAHAS,
1999).
2. Abdominoplastia
A abdominoplastia trata-se da correção funcional estética da parede abdominal e consiste na
retirada de tecido subcutâneo da região abdominal através de uma incisão supra púbica com
ou sem transposição do umbigo e plicatura do musculo reto abdominal (PEREZ-ALVALOS,
1999).
Indica-se a abdominoplastia para pacientes com moderada flacidez cutânea associada à
lipodestrofia localizada ou generalizada com ou sem hérnias da parede abdominal (BORGES,
2006).
Este procedimento tem por objetivo a retirada de excesso de gordura e flacidez local,
possibilitando uma redefinição global do tronco. Logo, são indivíduos indicados para realizar
a abdominoplastia aqueles gordura localizada e flacidez decorrente de gravidez sucessiva,
emagrecimento excessivo, flacidez aponeurótica, diástase abdominal, abaulamentos e hérnias
(GOLCMAN,2003).
A abdominoplastia se subdivide em mini abdominoplastia e abdominoplastia clássica ou total.
A mini abdominoplastia se restringe a região inferior do umbigo a incisão é menor que a
abdominoplastia clássica e não existe a necessidade de refazer o umbigo. Enquanto que na
abdominoplastia clássica a região a ser tratada compreende a todo o abdômen anterior, sendo
necessário refazer o umbigo (COUTINHO, 2006).
O resultado estético deste procedimento dependerá das proporções que o abdômen manterá
com o resto do tronco e membros. Também poderá haver redução de peso pela retirada de
tecido adiposo, muito embora os abdomens que apresentam melhores resultados são aqueles
em que se fazem menores retiradas (GUIRRO, 2002; COUTINHO, 2006).
O pós operatório da abdominoplastia possui varias alterações em seu quadro: Diminuição da
expansibilidade torácica com respiração apical em decorrência da compressão e da sensação
de aperto causada pela plicatura do musculo reto abdominal. A sensação de ardência também
esta presente na incisão, juntamente com a sensação de repuxamento abdominal que pode ser
amenizada quando o individuo realiza flexão de quadril e membros inferiores (GOLCMAN,
2003).
Dentre as complicações pós-cirúrgicas locais mais comuns temos: hematomas, seromas,
infecções na cicatriz cirúrgica, deiscência, necrose cutâneo-gordurosa, alterações cicatriciais,
assimetrias, retrações, desvios laterais do umbigo, elevação dos pelos pubianos,
irregularidades da parede abdominal, etc. (GUIRRO, 2002).
Esses e outros sintomas de pós-operatórios podem ser diminuídos pelo atendimento da
fisioterapia que será abordado mais adiante (COUTINHO, 2006; PEREZ-ALVALOS, 1999;
SANCHES, 2002).
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2) Lipoaspiração
O Brasil é o segundo pais que mais realiza cirurgias plásticas, perdendo somente para os
Estados Unidos. Pesquisa realizada em 2008 afirma que foram realizadas 629 mil cirurgias
plásticas de médio e grande porte, e destas 91 mil foram cirurgias de lipoaspiração
(ALBUQUERQUE, 2010).
A lipoaspiração foi introduzida no Brasil desde 1980 e desde então vem sofrendo
aperfeiçoamento constante e causando um aumento cada vez maior na procura de médicos
cirurgiões e dermatologistas especializados na técnica. O avanço tecnológico e os
conhecimentos específicos da técnica reduziram suas complicações tornando-a cada vez mais
segura (BORGES, 2006)
A lipoaspiração consisti em uma cirurgia de grande aceitação mundial, pois o numero de
indivíduos com deformidades corporais que se sentem em situações menos privilegiadas
(BORGES, 2006).
A gordura localizada é uma hipertrofia das células adiposas que ocorrem em alguns lugares
do corpo mais que outros. Os flancos e o abdômen são as regiões mais acometidas por essa
hipertrofia. E é esse efeito antiestético que leva as pessoas de ambos os sexos a procurarem
recursos para eliminá-las (JUNQUEIRA, 1999).
A lipoaspiração é uma técnica cada vez mais popular no campo das cirurgias estéticas, sendo
procurada com objetivo de correção de deformidades no contorno corporal que geralmente
são causadas por acumulo de gordura localizada (MARTINS, 2007).
A lipoaspiração definiu-se como técnica em 1977, com o uso de cânulas conectadas a
aparelhos de alto poder de sucção. Essa técnica suprimiu cicatrizes extensas e complicações
grandes teciduais. Ou seja, é considerada uma cirurgia fechada e que possibilita retorno rápido
às atividades físicas e sociais (BORGES, 2006; GOMES, 2003)
A lipoaspiração trata-se de uma técnica que promove a remoção cirúrgica de gordura
subcutânea através de uma cânula submetida a pressão negativa e introduzida por meio de
incisões na pele, possibilitando assim, a redefinição global do tronco (MARTINS, 2007;
TACANI, 2005).
Está técnica é indicada quando houver depósitos de gorduraem diversas áreas do corpo, já que
quase todas as áreas do corpo podem ser lipoaspiradas (BORGES, 2006).
Embora o tratamento das áreas de flanco e abdômen tenha recebido maior atenção nessa
cirurgia, muitas são as mulheres que procuram a região de braços para realizar este
procedimento (BORGES, 2006; TACANI, 2005). Como mostra o gráfico 01.
Gráfico 01: Distribuição dos locais de lipoaspiração (Fonte: Revista Brasileira de Cirurgia Plástica jul/agost/set
2002).
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A flacidez associada atrapalha a readaptação da pele, logo a maior limitação desta técnica é o
excesso de pele. Quanto maio a elasticidade tecidual menor o número de estrias e quanto mais
jovem o paciente melhor será o resultado. O que não contra indica nenhuma faixa etária de
realizar a cirurgia (GUIRRO, 2002).
A lipoaspiração não constitui método de emagrecimento e sim de remodelagem corporal. A
perda de peso é apenas um reflexo da perda de tecido de reserva de energia (BORGES, 2006;
TACANI, 2005).
O desenvolvimento da lipoaspiração moderna revolucionou a cirurgia plástica no sentido de
remover áreas com gordura localizada através de pequenas incisões. As técnicas e o uso da
lipoaspiração tradicional vêm se aperfeiçoando através da introdução de cânulas mais finas,
utilização de infiltração do subcutâneo e técnicas de lipoaspiração intermediária e superficial.
A evolução da lipoaspiração revolucionou o resultado do contorno corporal, aumentando a
cada dia que passa o numero de pessoas que se submetem a tal procedimento (gráfico 02)
afim de conquistar a silheta perfeita (GRAF, 2002).
Assim como outras cirurgias plásticas a lipoaspiração possui um pós-operatório que podem
ocorrer complicações. Sendo estas divididas em dois grupos: As grandes complicações (como
as lesões de órgãos internos, hemorragias, embolias gordurosas, trombose venosa profunda,
perfurações abdominais, infecções, sepsis e necrose)e pequenas complicações (como as
irregularidades, ondulações na pele, seromas, hipercromia e as fibroses (GOMES, 2003).
A fibrose é a formação em excesso de tecido fibroso que ocorre como processo reparativo
após um trauma tecidual. Como resposta a agressão o tecido reage com inflamação,
proliferação e remodelagem, e a medida que o processo cicatricial evolui, o tecido de
granulação se transforma em tecido fibroso menos vascular até se tornar tecido fibroso denso
e posteriormente fibrose (LOW, 2001; SANCHES, 2002).
A fibrose assim como as outras complicações do pós operatório são tratadas, aliviadas e
amenizadas pela atuação da fisioterapia e seus recursos que serão abordados posteriormente
(MARTINS, 2007; ALBUQUERQUE, 2010).
Inicia-se o pós- operatório precocemente, cintas elásticas devem ser utilizadas 24 horas por
dia. Deve-se no entanto, conscientizar o paciente que a nova silhueta começará somente após
18 dias e o resultado deve ser melhor observado após o primeiro mês de pós- operatório
adequado com o acompanhamento do fisioterapeuta. Raramente são observadas complicações
mais graves (BORGES, 2006).
Gráfico 02: Crescimento do numero de lipoaspirações realizadas entre 2000 e 2005 (Fonte Revista Brasileira de
cirurgia plástica jul/agos/set 2006).
3) Cirurgia Bariátrica
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Nos dias de hoje, a obesidade é uma questão bastante discutida e polemizada, pois a mesma
além de atingir um numero elevado de pessoas predispõem o organismo a varias patologias e
morte prematura, passando assim a ser considerada um problema de proporção mundial pela
Organização Mundial de Saúde (FANDIÑO, 2004).
A obesidade leva a um aumento de morbidade e mortalidade e está associada à resistência
insulínica, dislipoproteinemia, diabetes mellitus, hipertensão arterial, doenças
cardiovasculares, apnéia do sono, osteoartrite e câncer de mama. E com isso a cirurgia
bariátrica tem se tornado cada vez mais acessível e frequente (MENDONÇA, 2004;
ALMEIDA, 2006).
A redução do gasto calórico nas atividades cotidianas é considerada como um dos principais
fatores para o crescimento explosivo da obesidade no mundo contemporâneo. É estimado que
250 milhões de indivíduos no mundo são obesos e que em 2025 haverá um crescimento para
300 milhões. Haverá no século 21 uma epidemia de diabetes, hipertensão e doenças
cardiovasculares, se não for diminuído ou revertido o aumento de prevalência da obesidade
(BOUCHARD, 2003).
A obesidade no ponto de vista estético é extremamente prejudicial, pois denigre a imagem do
indivíduo, podendo causar alterações psicológicas, e está diretamente relacionada com o
esquema da imagem corporal, que atualmente, possui padrões estéticos estão mais rígidos
(MORO, 2010).
O índice de massa corporal (IMC) é o método mais comumente utilizado para avaliação da
composição corporal, definindo o percentual de gordura corporal e a distribuição do corpo.
Pode ser obtido através da divisão do peso em quilogramas pela atura ao quadrado medida em
metros. De acordo com a Organização mundial da Saúde, é definido como peso normal aquele
em que o indivíduo tem um IMC entre 18,5 e 24,9 Kg/m2. Um IMC entre 24,9 e 29,9 Kg/m2,
caracteriza sobrepeso, de 29,9 a 34,9 Kg/m2, indica obesidade grau I, de 35 a 39,9 Kg/m2
obesidade grau II e acima de 40 Kg/m2, indica obesidade grau III ou mórbida, como mostra a
tabela1 (ALMEIDA, 2006; MORO, 2010).
Tabela 1: Tabela de valores do Índice de Massa Corporal de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
Quando se trata de obesidade mórbida, verifica-se que o tratamento conservador, através de
mudanças no habito alimentar, comportamental, exercícios físicos e medicamentos são
ineficazes, ou seja, vários estudos demonstram que, mesmo com emprego de novos
medicamentos emagrecedores, a cada 100 pacientes tratados apenas 34 conseguem perda
ponderal de 10% ao final de 12 meses, perda esta pequena considerando-se o obeso mórbido.
Então, ficou estabelecido que o único tratamento eficaz na perda e manutenção ponderal do
obeso mórbido é o tratamento cirúrgico (FANDIÑO, 2004; MENDONÇA, 2004).
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Indicações para o tratamento cirúrgico: paciente com IMC acima de 40; pacientes com IMC
acima de 35 que possuem co-morbidades médicas; Pessoas que não são dependentes de
drogas ou álcool; Pessoas que não obtiveram sucesso em tratamentos clínicos anteriores; ter
uma obesidade que seja estável nos últimos dois anos; Não ser portador de nenhuma doença
ou condição que contraindique a cirurgia (ALMEIDA, 2006; NAHAS, 1999).
Pesquisas afirmam que a prevalência da obesidade aumenta com o nível de desenvolvimento
socioeconômico. O risco de sobrepeso é inversamente proporcional ao nível de educação e ao
acesso a informação. Em alguns países a prevalência de obesos já chega a mais da metade da
população (FONSECA, 2001).
De acordo com Fonseca (2001), no Brasil de 15% a 20% das crianças e adolescentes são
obesos e cerca de 0,3% da população brasileira possui obesidade mórbida. Atualmente a
Organização Mundial de Saúde afirma que 250 milhões de pessoas adultas são obesas e 500
milhões estão com sobrepeso, sendo mais comum em mulheres (tabela 2) e o pico da
patologia ocorre entre os 45 e 64 anos.
Não é esclarecido se a obesidade está diretamente envolvida com certas patologias, porém
pode-se apontar como fatores de risco da obesidade (MORO, 2010):
a) Doenças Respiratórias (Dispnéia, apnéia do sono);
b) Doenças Cardiovasculares (Doenças coronarianas, hiprtensão, doença cerebrovascular,
varizes e trombose venosa profunda);
c) Osteoarticulares (artrose);
d) Metabólicas (Diabetes Mellitus II, dislipidemia);
e) Digestivas (hérnias, hemorroidas, constipação, esteatóse hepática);
f) Cutâneas (linfoedemas, celulite, micoses, dermatites);
g) Mama (genecomastia);
h) Urológicas (incontinência urinária);
i) Gravidez (macrossomia fetal);
j) Endócrinos (ovários policísticos).
Tabela 02: Evolução da obesidade no Brasil nas ultimas três décadas em mulheres com mais de 20 anos (Fonte:
Site obesidadebiobio.com.br)
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3.1.Tipos de tratamento cirúrgico na obesidade:
3.1.1 - Balão Gástrico.
Desenvolvido a partir de uma bola de silicone, o balão gástrico é introduzido no paciente por
endoscopia ate o estômago, sendo assim é considerado não cirúrgico. A bola é preenchida
com cerca de 700 ml de soro fisiológico e tem vida útil de seis meses (ALMEIDA, 2006;
TOUNIEXX, 1994).
Este tipo de tratamento é indicado tanto para pacientes extremamente obesos que não tem
condições iniciais de cirurgia como para pacientes que precisem perder um valor estimado
que não seja superior a 20 kg (MORO, 2010; ALMEIDA, 2006).
3.1.2 - By Pass
A cirurgia idealizada por José Lazzarotto de Melo e Souza é a técnica mais aceita no mundo
atualmente e possui os melhores resultados. A técnica associa a redução do reservatório
gástrico com a diminuição da absorção jejunal (FONSECA, 2001).
Esta técnica também chama de Capella, proporciona uma redução media de 30 a 40% do peso
corporal que pode ser atingida de 12 a 18 meses. A perda de peso melhora a qualidade de vida
e proporcional um controle mais adequado da hipertensão arterial reintegrando o paciente às
atividades profissionais e socioculturais (ALMEIDA, 2006; FONSECA, 2001).
3.1.3 - Banda Gástrica
Segundo Almeida é uma das técnicas mais utilizadas na cirurgia bariátrica, trata-se de uma
intervenção cirúrgica realizada por videolaparoscopia onde se introduz uma banda de silicone
que produzira o efeito do volume gástrico. Esta técnica é considerada minimamente invasiva
onde é realizada em um dia e no outro o paciente tem alta (MORO, 2010; ALMEIDA, 2006).
A banda gástrica pode ser insuflada e desinsuflada a qualquer tempo em procedimento de
consultório sem precisar de uma nova cirurgia. O que permite que a adequação da quantidade
de alimento ingerido de acordo com a tolerância do paciente (ALMEIDA, 2006).
3.1.4 - Gastroplastia
Existe um tratamento para a obesidade mórbida e chama-se Gastroplastia vertical de Mason.
Tecnica que torna impossível que o paciente consuma grandes quantidades de alimento. As
complicações são infrequentes e raras pois possui pré-requisitos criteriosos para evitar riscos:
IMC acima de 40 Kg/m2 ou ainda 35 e 39 Kg/m2 quando associado à co-morbidade
importante, obesidade presente há pelo menos cinco anos, ausência de historia de alcoolismo
ou desordem psiquiátrica e idade de 18 a 65 anos (MORO, 2010; ALMEIDA, 2006).
3.1.5 - Marcapasso Gástrico
Ainda está em fase experimental mas trata-se de uma técnica onde eletrodos são implantados
no estômago e o marcapasso manda ondas elétricas para o estômago, fazendo com que ele
fique constantemente em contração e cause sensação de saciedade. Tem vida útil de 10 anos
(MORO, 2010).
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Gráfico 03: Índice de Cirurgias plásticas realizadas em entre setembro de 2007 e agosto de 2008.
4 - A importância da fisioterapia no pós- operatório de lipoaspiração, abdominoplastia e
cirurgia bariátrica
O fisioterapeuta dermato-funcional ganhou seu espaço no mercado sendo cada dia que passa
mais reconhecido pelo cirurgião plástico, pela sociedade e pelo paciente por mostrar
tratamentos eficazes nos pós- operatórios estéticos. O tratamento com o fisioterapeuta tornou-
se indispensável e necessário fazendo com que esta seja reconhecido (MARTINS, 2007).
A fisioterapia Dermato-funcional tem sido amplamente recomendada pelos cirurgiões
plásticos como forma de procedimento de tratamento de cirurgias plásticas a fim de minimizar
e tratar sintomas do pós-operatório. Umas das maiores queixas do paciente no pós-operatório
é a recuperação no aspecto físico e nas atividades diárias (GUIRRO, 2002).
Como se observa na pratica clínica, pacientes em pós- operatório apresentam grande
ansiedade por resultados. A aparência dos tecidos após a intervenção desanima o paciente que
sente muita dor devido a grande quantidade de edema e inflamação que fazem parte do
processo de reparação. É quando entra a atuação da fisioterapia e dos recursos terapêuticos
(SILVA, 2001).
O tratamento do pós- operatório não deve seguir um protocolo único, pois cada paciente
apresenta uma evolução diferente, logo, basicamente, o tratamento deve seguir a linha de foco
em minimizar os desconfortos do pós- operatório dependendo do que cada paciente apresenta
(BORGES, 2006).
Os recursos terapêuticos, quando bem utilizados, diminuem o tempo de repouso, restauram a
funcionabilidade e aceleram a recuperação, devolvendo o individuo à suas atividades sociais o
mais rápido possível (COUTINHO, 2006).
A fisioterapia atua principalmente evitando aderências, principal fator agravante no pós-
operatório, pois estas aderências impedem o fluxo normal do sangue e da linfa, aumentando
ainda mais o quadro edematoso e retardando a recuperação (LEDUC, 2000).
Segundo Coutinho (2006), muitas podem ser as complicações pós-cirúrgicas, sendo elas
divididas em:
- Grandes complicações: Como lesão de órgãos internos, hemorragias, embolias gordurosas,
trombose venosa profunda, perfurações abdominais, infecções, sepsis e necroses.
- Pequenas complicações: Irregularidades e ondulações na pele, seromas, hipercromias e
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fibroses.
Para que possa haver um tratamento adequado o primeiro passo é o conhecimento das
alterações funcionais. Starkey citou tópicos importantes para a avaliação do paciente pós-
operado (BORGES, 2006).
- Reconhecimento do problema: identificar o tipo e a profundidade dos tecidos envolvidos;
identificar a natureza da patologia; determinar o estágio da cicatrização; conhecer as
contraindicações do tratamento;
- Priorização dos problemas Desenvolver a ordem lógica do tratamento;
- Estabelecimento de metas: Desenvolver a estrutura e sequencia do tratamento;
-Planejamento do tratamento: Determinar as modalidades a serem utilizadas e suas
sequências;
Pacientes pós operados não devem seguir apenas um tipo de tratamento pré-determinado pois
inúmeros fatores influenciam na resposta cicatricial, fazendo que se torne errônea a utilização
de protocolos de atendimento para estes pacientes. É necessária a observação constante da
evolução do quadro, e por muitas vezes mudar o tratamento de uma sessão para a outra. Deve-
se saber identificar o resultado inicial dos recursos que estamos utilizando, sem se prender a
tempo de sessão e sim a resultados obtidos. Deve-se ainda, usar sempre o bom senso e estar
consciente das etapas do processo cicatricial seguindo os efeitos fisiológicos dos recursos
fisioterapêuticos (BORGES, 2006)
É necessário que os fisioterapeutas que trabalham com cirurgia plástica se conscientizem que,
além da estética, deve haver preocupação com a reabilitação do paciente e com o retorno
precoce e dinâmico às suas atividades. O ato cirúrgico constitui uma agressão tecidual e cabe
ao fisioterapeuta atuar com todos os recursos disponíveis para minimizar esta alteração
funcional (BORGES, 2006)
.
5- Recursos Terapêuticos
Dentre os recursos indicados para possibilitar uma melhora na recuperação do indivíduo pós-
operado podem citar:
a) Drenagem Linfática: Trata-se do principal recurso de tratamento no pós- operatório de
cirurgias plásticas. As cirurgias plásticas estéticas ou reparadoras em sua grande maioria têm
grande necessidade de drenagem linfática devido a grande destruição de vazos e nervos
causados pela maioria desses procedimentos, provocando edema, dor e diminuição de
sensibilidade cutânea. Para a realização da drenagem linfática nestes procedimentos, é muito
importante o conhecimento da anatomia e fisiologia linfática, além do conhecimento das
linhas de drenagem. A drenagem linfática atua no processo de deslocamento de proteínas
extravasadas para serem reabsorvidas, equilibrando a pressão hidrostática e tissular e
diminuindo o edema. Logo, deve-se iniciar o tratamento com drenagem ainda na fase aguda.
A drenagem linfática não oferece risco algum para o paciente pós operado de cirurgia plástica
e não há limite para a sua utilização podendo esta abordagem ser realizada precocemente após
48 horas de ocorrido a cirurgia (BORGES, 2006, LEDUC, 2000; CARDOSO, 2003;
SOARES, 2004);
b) Agentes térmicos: Calor – Para uma abordagem terapêutica a temperatura deve situar-se
entre 40 a 45 graus Celsius. O aumento do calor em pós- operatório tem objetivo de melhorar
a qualidade do tecido cicatricial além de tratar fibroses e aderências. Pode ser aplicado 2
vezes ao dia com toalha umedecida com total cuidado pela hipoestesia presente no local; Frio
– deve ser realizado na fase inicial com intenção de conter o edema. Pode ser aplicado com
compressas geladas e/ ou bandagem fria (BORGES, 2006; GUIRRO, 2002; SILVA, 2001);
c) Ultra-som: A principal sequela após uma dessas técinicas cirúrgicas é o processo fibrótico
que se forma decorrente do processo de cicatrização tecidual e o ultra-som tem sido utilizado
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com frequência no pós- operatório com intuito de minimizar esse índice. Para o tratamento de
fibrose é aconselhável o uso do ultra-som no modo contínuo após o processo inflamatório
agudo, porem deve-se conhecer bem todas as fases desse processo para um resultado de
tratamento. O inicio da terapia ultra- sônica após um trauma agudo pode ser iniciada após
24hrs e é importante conhecer o comportamento físico e fisiológico do aparelho em cada uma
das fases de regeneração. Na fase inflamatória ocorre a formação de um coagulo, de um
tampão de plaquetas e de fibrose tecidual. Nesta fase a terapia ultra- sônica tem que ser
utilizada como aceleradora do processo inflamatório. O utra-som pulsado teria maior eficácia
nesse efeito. Na fase proliferativa, que ocorre cerca de três dias após a lesão, ocorre
proliferação de fibroblastos para a produção de colágeno. Nesta fase o ultra-som proporciona
a potencialização da proliferação dos fibroblastos, além de aumentar a secreção de colágeno e
proteína, estimular a contração da ferida, diminuindo o tamanho da cicatriz. E na fase de
remodelagem, que é a mais longa e pode durar meses e anos, ocorre a formação da estrutura
mais próxima possível do tecido original, nesta fase o ultra-som aumenta a reorientação das
fibras de colágeno. Logo, na cirurgia plástica ele auxilia na aceleração da cicatrização e
previne cicatrizes hipertróficas e queloides. Logo, deve ser utilizado na frequência 3MHz na
fase inflamatória para reabsorção de hematomas e formação de fibrose consequência da
melhora da circulação sanguínea e linfática (LEDUC, 2000; BORGES, 2006, LOW, 2001;
SOARES, 2004);
d) Microcorrentes: tem ação anti-inflamatória e bactericida (BORGES, 2006);
e) Laser: Pode diminuir o edema, debridar tecido necrótico, estimula crescimento de
fibroblastos e inibi bactérias. Pode ser usado imediatamente após a cirúrgia com efeitos anti-
inflamatório, analgésico e antiedematoso (BORGES, 2006);
f) Radiofrequência: Aparelho de alta frequência que com corrente alternada com mais de
3.000 Hz promove diatermia, ou seja, aquecimento por calor profundo. Trata-se de um
tratamento não invasivo que melhora a circulação de nutrientes, hidratação tecidual, aumento
da oxigenação, lipólise e promove a reorganização das fibras de colágeno. Deve-se salientar
que pacientes portadores de marcapasso, desfibriladores, qualquer implante metálico e
neoplasias são contra indicados de realizar esse tratamento (BORGES, 2006).
A fisioterapia dermato-funcional atua ainda no pós- operatório tardio tratando complicações
como estrias, flacidez, fibro edema gelóide, além de atuar no ponto de vista psicológico do
paciente amenizando as sequelas e melhorando a qualidade de vida do indivíduo (SILVA,
2001; COUTINHO, 2006).
Deve-se ressaltar que os recursos como aparelhos devem ser utilizados no pos- operatório
afim de acelerar o processo de retorno do paciente a sua vida social mas é fato que a técnica
de drenagem linfática é indisoensavel e deve ser associada a todos os recursos. A drenagem
Linfática com todos os seus efeitos fisiológicos pode continuar sendo oferecida ao paciente
mesmo após o período de tratamento do pós – operatório com intuito de melhorar a silhueta
corporal, melhorar o peristaltimo, previne fibrose e melhora a circulação (BORGES, 2007;
JUNQUEIRA, 1999)
Conhecendo as complicações do pós- operatório imediato e tardio e os recursos disponíveis
para o tratamento percebe-se que a fisioterapia dermato-funcional tem grande importância no
decorrer de todo o processo de reabilitacaodo paciente pós – cirurgiado, sendo imprescindível
e necessária tanto para a melhora do aspecto estético da área tratada promovendo simetria e
diminuindo as curvas irregulares, melhorando a silhueta, como também melhora a circulação
local, melhora a cicatrização, promove melhora no peristaltismo, atua aliviando o edema a dor
sentida pelo paciente e acelera o período de retorno do paciente à vida social (COUTINHO,
2006).
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ANEXO
Imagem 1: Mapa com Percentual de obesos no mundo (Fonte: site criasaude.com.br)