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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA POLLYANA DE SOUZA TEIXEIRA O OLHAR DA EQUIPE DE SAÚDE SOBRE A ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE JUIZ DE FORA 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

POLLYANA DE SOUZA TEIXEIRA

O OLHAR DA EQUIPE DE SAÚDE SOBRE A ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA

NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

JUIZ DE FORA

2011

POLLYANA DE SOUZA TEIXEIRA

O OLHAR DA EQUIPE DE SAÚDE SOBRE A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA

NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Monografia apresentada à Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para obtenção do título de Graduação em Fisioterapia.

Orientadora: Profª Ms. Simone Meira Carvalho

Co-orientadora: Profª. Drª. Isabel Cristina Gonçalves Leite

JUIZ DE FORA

2011

POLLYANA DE SOUZA TEIXEIRA

O OLHAR DA EQUIPE DE SAÚDE SOBRE A ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA

NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

O presente trabalho, pré-requisito para aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II, da Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora, foi apresentado em audiência pública à banca examinadora e aprovado do dia 01 de dezembro de 2011.

Banca Examinadora:

________________________________________________ Profª. Ms. Simone Meira Carvalho (Orientadora)

Universidade Federal de Juiz de Fora

________________________________________________ Profª Drª. Isabel Cristina Gonçalves Leite (Co-orientadora)

Universidade Federal de Juiz de Fora

_______________________________________________ Profª. Drª. Vanusa Caiafa Caetano

Universidade Federal de Juiz de Fora

______________________________________________ Fisioterapeuta Leonardo Henriques Portes

Universidade Federal de Juiz de Fora

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por ter me dado forças e coragem para

finalizar esse trabalho. E que nos momentos mais difíceis desses cinco anos de

faculdade esteve sempre presente na minha vida.

Ainda, gostaria de prestar uma pequena homenagem à minha família, que

apesar da distância e mesmo não podendo partilhar de todos esses momentos da

minha vida, me ajudaram com seus conselhos e orações. A meus pais, que lutaram

e fizeram com que o suor do seu trabalho me desse uma formação superior sem

negar esforços. As minhas duas irmãs, que são o espelho e o incentivo que sempre

tive para concretizar esse sonho.

Ao meu namorado, que mesmo na surreal distância que nos separa esteve

perto em todos os momentos da elaboração desse trabalho, muitas vezes me

incentivando e amenizando o meu cansaço nas diversas tarefas a que me

comprometi.

À minha orientadora, pela paciência, disponibilidade, humanidade e

companheirismo, nas várias horas dispensadas para a confecção desse trabalho,

me acolhendo em um dos momentos mais difíceis da minha vida, e me mostrando o

quanto é possível ser ético e coerente em todas as decisões de vida.

As minhas grandes amigas Débora Verneque e Juliana Doro, que me

amparou e me ajudou diretamente nesse trabalho, abdicando muitas vezes dos seus

próprios interesses. E em especial, ao Marco Túlio que se mostrou um amigo de

todas as horas e sempre indispensável com seus conselhos.

A todos, que direta ou indiretamente ajudaram a não me privar de finalizar

essa conquista a que me propus nesses cinco anos.

Meu imenso obrigado!

RESUMO

O conceito de Saúde como ausência de doença permaneceu instaurado por muito tempo na sociedade mundial, tendo sido, atualmente, alterado em sua definição. O modelo de saúde adotado anteriormente como curativo, hospitalocêntrico e reabilitador, modificou-se para um novo paradigma assistencial e de prevenção da saúde, contando principalmente com a participação popular e a interdisciplinaridade dos diferentes profissionais da área. Pela importância do tema, o presente estudo objetivou conhecer o olhar de um acadêmico do curso de fisioterapia da UFJF, participante de um projeto de extensão universitária, e os demais participantes do projeto, sobre o papel do primeiro e suas possibilidades de ação no âmbito da atenção primária à saúde, especialmente no trabalho em equipe. Utilizamos a hermenêutica dialética para compreensão dos discursos, visando contribuir para a compreensão das relações interpessoais no contexto do trabalho na atenção primária à saúde e atuação em equipe. A metodologia contou, ainda, com a análise quantitativa por estatística descritiva com cálculo das porcentagens dos indivíduos que demonstraram conhecer o assunto. Para a coleta de dados foi realizada aplicação de questionário semi-estruturado entre acadêmicos de uma instituição federal de ensino da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, compreendendo 5 graduandos, sendo um da área de enfermagem, um de fisioterapia, um da medicina, um da odontologia e um da psicologia, que integram ou fizeram parte do projeto de extensão. Os resultados da análise e discussão dos dados foram apresentados segundo os temas: trocar “figurinhas”; participação em projetos; prevenção x reabilitação; importância no projeto; importância da fisioterapia na inserção na atenção primária; “é dividindo que se multiplica”; dificuldade de enxergar o seu papel no projeto; futuro da fisioterapia na atenção primária. Com base nas análises dos resultados, três (60%) responderam que a multidisciplinaridade é a troca de “figurinhas”, dois (40%) dos participantes advogaram ser um trabalho em conjunto. Na participação de projetos, 100% relataram ser o primeiro e único projeto de atuação em conjunto com outras áreas da saúde. Com relação ao conhecimento do trabalho da fisioterapia, todos (100%) relataram pouca proximidade com a profissão. Dois entrevistados (40%) responderam que a fisioterapia está ligada ao aspecto reabilitador, um (20%), a questão da prevenção, outro (20%) relacionou com ambas, e o último (20%), com a complementação da equipe. Na avaliação da importância do trabalho, cada discente representou como: atenção, assistência, multidisciplinaridade, referência/contra-referência. Todos relataram a importância da fisioterapia na atenção primária (100%) e, ainda, destacaram suas inserções individuais, sem dificuldade. Em contraposição, duas acadêmicas (40%) explanaram dificuldades de enxergar o seu papel na atenção primária. E por fim, a acadêmica do curso de fisioterapia (20%) ressaltou o preconceito com a área, o crescimento da profissão e a difícil inserção dessa na saúde coletiva. Diante disso, compreendemos que os projetos de extensão devem ser incentivados nas instituições de ensino superior, tentando modificar o presente com possibilidades de melhorar o futuro de nossa saúde, enraizando os conceitos de igualdade, integralidade, ética no trabalho em equipe na APS, bem como sensibilidade para os aspectos subjetivos que envolvem o ser humano.

Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde. Fisioterapia. Saúde Pública.

ABSTRACT

The concept of health as absence of disease remained in place long in global society, being currently amended this definition. The health model adopted previously as curative, and rehabilitative hospital-centered, has shifted to a new paradigm of care and preventive health, relying primarily on popular participation and interdisciplinarity of different professionals. Given the importance of the topic, this article focuses on the look of an academic course of physiotherapy UFJF, participating in a university extension project, and other project participants on the role of the first and their possibilities for action within the primary health care, especially in teamwork. We used the dialectical hermeneutics for understanding the discourse, to contribute to the understanding of interpersonal relations in the context of work in primary health care and working in teams. The methodology also counted for quantitative analysis of descriptive statistics to calculate the percentages of individuals who knew about it. For the collection of data was performed applying semi-structured questionnaire among scholars from a federal educational institution in the city of Juiz de Fora, Minas Gerais, composed for five graduates, one of nursing, a , a medicine, one physiotherapy, one odontology and psychology, which integrate or were part of the extension project. The results of the analysis and discussion of the data were presented according to themes: change "figurines", participation in projects, prevention x rehabilitation; important in the project; the importance of physiotherapy in primary care integration, "dividing that multiplies" the difficulty of see your role in the project, the future of physiotherapy in primary care. Based on the analysis of the results, three (60%) responded that the multidisciplinary approach is the change of "figurines", two (40%) of participants advocated to be working together. Participation in the project, 100% reported that the first and only project worked together with other areas of health. About the knowledge of the work of physiotherapy, all (100%) reported little proximity to the profession. Two respondents (40%) responded that the therapy is linked to the aspect of rehabilitation, one (20%), the issue of prevention, other (20%) related to both, and the last (20%), with the complete of the team. In assessing the importance of the work, each student represented as: attention, care, multidisciplinary, reference / cross-reference. All noted the importance of physiotherapy in primary care (100%), and also their individual insertions without difficulty. In contrast, two academic (40%) explained the difficulties of seeing their role in primary care. And finally, the academic course of physiotherapy (20%) said the preconception to the area, the growth of the profession and the difficult insertion of this in public health. Before it, we understand that the extension projects should be encouraged in the universities, trying to change the present with the future possibilities to improve our health, rooting the concepts of equality, integrity, work ethic in the team of primary heath care, as well as sensitivity to the subjective aspects that involve human. Key Words: Primary Attention of Health. Physiotherapy. Public Health.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APS Atenção Primária á Saúde

CCS Centro de Ciências da Saúde

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

ESF Estratégia de Saúde da Família

PSF Programa de Saúde da Família

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora

UPA Unidade de Pronto Atendimento

UBS Unidade Básica de Saúde

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 8

2 OBJETIVOS...................................................................................................... 12

3 METODOLOGIA E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO ................................................ 13

4 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS ....................................................... 16

4.1 MULTIDISCIPLINARIDADE: “TROCAR FIGURINHAS”................................. 16

4.2 PARTICIPAÇÃO EM PROJETOS .................................................................. 19

4.3 PREVENÇÃO X REABILITAÇÃO .................................................................. 19

4.4 IMPORTÂNCIA DO PROJETO ...................................................................... 20

4.5 IMPORTÃNCIA DA FISIOTERAPIA NA INSERÇÃO NA APS ....................... 22

4.6 “É DIVIDINDO QUE SE MULTIPLICA”........................................................... 23

4.7 DIFICULDADE DE ENXERGAR O SEU PAPEL NO PROJETO.................... 25

4.8 FUTURO DA FISIOTERAPIA NA APS........................................................... 26

5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 28

6 REFERÊNCIAS................................................................................................. 29

ANEXO ................................................................................................................ 32

APÊNDICES ........................................................................................................ 35

8

1 INTRODUÇÃO

O conceito de Saúde como ausência de doença permaneceu instaurado por

muito tempo na sociedade mundial, tendo, atualmente, modificado sua definição

(BVS, 2011). Assim, objetivando a incorporação integral do indivíduo, a 8ª

Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, formulou nova estruturação,

englobando o indivÍduo nos âmbitos social, econômico, ambiental, político,

nutricional, habitacional, educacional, dos direitos trabalhistas, de transporte, lazer,

acesso e posse de terra e acesso aos serviços de saúde. Atrelado a isso, a primeira

Conferência Internacional sobre a Promoção de Saúde, realizada em Ottawa, no

Canadá, em novembro de 1986, foi, antes de tudo, uma resposta às crescentes

expectativas por uma nova saúde pública (OMS, 1986).

Segundo a Constituição Federal, Art. 196:

A Saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante a políticas sociais e econômicas que visem a redução de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações de serviço para a sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988).

O modelo de Saúde adotado anteriormente como curativo, hospitalocêntrico e

reabilitador, modificou-se para um novo paradigma assistencial e de prevenção da

saúde, contando principalmente com a participação popular e a interdisciplinaridade

dos diferentes profissionais da área. Sua reestruturação no país ocorreu com a

criação do Sistema Único de Saúde (SUS), baseado nos princípios da integralidade,

universalidade, equidade e intersetorialidade (SILVA e DA ROS, 2007).

Contrapondo-se ao modelo adotado anteriormente e com objetivo de

promover a integralidade da assistência, foi criado o Programa Saúde da Família

(PSF), em 1994 (SILVA e DA ROS, 2007), posteriormente chamado Estratégia de

Saúde da Família (ESF). Este programa foi estruturado em um trabalho de equipes

multiprofissionais que, de acordo com o Ministério da Saúde, devem ser compostas,

no mínimo, por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis

agentes comunitários de saúde. Quando ampliada, inclui ainda um dentista, um

auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene dental (REZENDE et al.,

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2009). O trabalho em equipe constitui-se em uma modalidade de trabalho coletivo

que se configura na relação recíproca entre as intervenções técnicas e a interação

dos agentes (PEDUZZI, 2001).

A multidisciplinaridade, como conjunto de disciplinas que se agregam em

torno de um dado assunto, desenvolve questionamentos e indagações entre os

diferentes profissionais da Saúde, mas sem a interação de conhecimento entre eles.

Já a interdisciplinaridade, vai além da adição de diferentes pontos de vista, os temas

se complementam e se colocam em oposição as suas perspectivas. A

transdisciplinaridade extrapola a interdisciplinaridade, articulando um amplo conjunto

de disciplinas com um objetivo em comum (ALMEIDA FILHO, 1997).

A inclusão do fisioterapeuta na equipe multidisciplinar em apoio às equipes da

ESF, só ocorreu com a aprovação do Congresso Nacional, em dezembro de 2003,

acordando com as necessidades locais, com o intuito de ampliar um campo maior de

atuação e inserção desse profissional na atenção primária (SILVA e DA ROS, 2007).

O Projeto de Lei nº 4261/2004 inclui oficialmente o profissional de fisioterapia

no ESF, porém a forma de inserção encontra-se limitada devido à associação da

profissão ao processo reabilitador e curativo, principalmente no tratamento de

doenças e de suas sequelas. Por isso o Ministério da Saúde criou os Núcleos de

Saúde Integral, na tentativa de efetivação dessa inclusão (BRASIL, 2005).

Devido ao paradigma de sua definição, durante anos, a inclusão do

fisioterapeuta nas redes básicas encontrou entraves que gerou limitações no acesso

da população a esse serviço (TORRES, ESTRELA e RIBEIRO, 2009). Segundo

Freitas (2006), as possibilidades de atuação estavam contidas exclusivamente na

visão reabilitadora, compreendida como uma ação isolada que possuía intervenções

nos aspectos físico-funcionais dos indivíduos. Nos primórdios da profissão, este

olhar sobrepunha o pequeno enfoque dado aos processos preventivos e de

promoção de saúde.

Ao analisarem a legislação que regulamenta a profissão, Rebellato e Botomé

(1999) observaram restrição à atuação desse profissional nesse nível de atenção,

pelo Decreto-Lei 938/69 que institui: “atividade privativa do fisioterapeuta, executar

métodos e técnicas fisioterápicas com a finalidade de restaurar, desenvolver e

conservar a capacidade física do paciente”.

Diante do Decreto supracitado, alguns questionamentos devem ser propostos

quanto ao fisioterapeuta e sua atuação, como a limitação de seus conhecimentos à

10

execução de métodos e técnicas. Esse profissional, com uma formação de nível

superior, a qual incita a capacidade de ir além, com lapidação do raciocínio clínico e

produção de novos conhecimentos, deve ser reconhecido em sua real importância e

papel que desempenha na sociedade (REBELLATO e BOTOMÉ, 1999).

Outra questão não menos importante, é a caracterização da profissão focada

no processo reabilitador, dificultando o olhar desse em atividades de caráter

preventivo (TORRES, ESTRELA E RIBEIRO, 2009). Entendemos que, neste âmbito,

o fisioterapeuta teria possibilidade de intervir visando modificar a qualidade de vida

instaurada no conceito ampliado de Saúde.

Colocando em associação o processo de reabilitação com a

multidisciplinaridade, a Resolução 80 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia

Ocupacional decreta:

É um processo de consolidação de objetivos terapêuticos, não caracterizando área de exclusividade profissional e sim uma proposta de atuação multiprofissional voltada para a recuperação do bem estar físico biopsicosocial do individuo, onde a cada profissional componente da equipe, deve ser garantida a dignidade e autonomia técnica no seu campo especifico de atuação, observando os preceitos legais de seu exercício profissional (CREFITO 5, 2011b).

O papel deste profissional, que está inserido nas equipes multidisciplinares,

pretende ampliar e tornar satisfatória a relação permanente do indivíduo com o seu

ambiente, além de permitir a reflexão sobre a utilização que os usuários dos serviços

de Saúde fazem do próprio corpo nas suas relações com o espaço e com outras

pessoas. O fisioterapeuta, inserido na equipe, também atua na restauração do

individuo, possibilitando-o retornar às suas atividades laborativas e de vida diária

(PEDUZZI, 2001).

Associado a isso, os princípios do SUS devem nortear a atuação do

fisioterapeuta no nível primário, com intuito da inserção do cuidado continuado, no

âmbito coletivo, com o envolvimento e a participação da população. Reafirmando o

conceito de promoção de saúde, que é “processo de capacitação da comunidade

para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior

participação no controle deste processo” (OMS, 1986).

11

Mas a atuação do fisioterapeuta na atenção básica parece ter sido

alavancada pelas Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação de fisioterapia a

partir de 2002. Com isso, vários órgãos representativos profissionais têm divulgado

trabalhos e novos conhecimentos, possibilitando, uma maior divulgação, reflexão e

conseqüente maior reconhecimento da população do seu papel inserido na

comunidade (BRASIL, 2002).

Observamos que a formação acadêmica dos profissionais da saúde ainda se

faz de forma fragmentada e isolada, voltada para o processo de adoecimento e

restabelecimento das capacidades físicas, sem que seu olhar se volte para aspectos

preventivos e de interação com outros atores da saúde, limitando seu campo de

atuação por desconhecimento de suas potencialidades de ação. Através da

resolução 80 do CREFITO, pode-se entender que a prática da ação multiprofissional

deve fazer parte da realidade do fisioterapeuta que trabalha em equipe, pois, dessa

forma, sua atuação busca a promoção da recuperação completa do paciente, a qual

deve ter como objetivo final o bem estar integral e sua qualidade de vida (CREFITO

80, 1987).

Nesse sentido, faz-se importante entender a complexidade da interação dos

indivíduos de setores distintos, sendo eles Enfermagem, Fisioterapia, Medicina,

Odontologia e Psicologia, numa atuação conjunta, objetivando um ato único de

integralidade com um olhar voltado ao usuário e suas necessidades. E, ainda,

associar saberes populares e científicos na busca do entendimento único da Saúde,

ofertando à população a autonomia em seu autocuidado.

12

2 OBJETIVOS

Objetivo geral:

Conhecer o olhar de um acadêmico do curso de fisioterapia da UFJF, e seus

pares, sobre o seu papel e suas possibilidades de ação no âmbito da atenção

primária à saúde.

Objetivos específicos:

• Identificar o olhar do acadêmico de fisioterapia sobre seu papel e

possibilidades de atuação no projeto participante;

• Identificar o olhar do acadêmico de fisioterapia sobre o seu papel e

possibilidades de atuação no trabalho em equipe;

• Conhecer a visão dos discentes de outras áreas da Saúde sobre o papel

e as possibilidades de ação do fisioterapeuta no projeto inserido na

atenção primária.

13

3 METODOLOGIA E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

A abordagem utilizada na pesquisa foi qualitativa, considerando que o estudo

está inserido no campo da subjetividade e busca entender o significado e a

representação de discursos e práticas de acadêmicos objetos da pesquisa. Ou seja,

o estudo procura ir além do que é mensurável, na busca de compreender a atuação

da fisioterapia na atenção primária e a atuação multidisciplinar, pretendendo “a

subjetivação do objeto e a objetivação do sujeito” (MINAYO, 1993, p. 114).

O estudo foi realizado no Centro de Ciências da Saúde (CCS), e no Instituto

de Ciências Biológicas, situados no campus da Universidade Federal de Juiz de

Fora (UFJF), em Juiz de Fora, Minas Gerais. O contato inicial com os participantes

foi realizado por telefone ou por email e, assim, agendadas as entrevistas.

Os dados foram colhidos através de entrevistas semi-estruturadas,

localizadas no apêndice II, com as respectivas gravações e posteriores transcrições,

objetivando captar com fidedignidade as informações obtidas nos eventos do

processo da pesquisa. As informações coletadas ficarão arquivadas com o

pesquisador responsável por cinco anos e, posteriormente, serão incineradas.

Sendo preservado o anonimato dos entrevistados, cada um foi identificado por uma

letra, R, M, E, M1 e S, respectivamente os acadêmicos da odontologia, psicologia,

enfermagem, fisioterapia e medicina.

As entrevistas foram aplicadas com cinco discentes, um de cada curso da

área da saúde (fisioterapia, medicina, odontologia, enfermagem e psicologia),

escolhidos aleatoriamente, que integram ou fizeram parte do projeto de extensão

universitária da UFJF, realizado na Comunidade do Bairro Caiçaras II, intitulado

“Integração: saber e fazer promoção de saúde”. Esse projeto está vinculado ao

Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina, e tem como objetivo

aproximar estudantes da área de saúde da UFJF à realidade sócio-cultural, criando

espaços de prática da educação em saúde e aprendizado nas relações

interdisciplinares. Na metodologia desse projeto de extensão, foram selecionados

acadêmicos do 1º ao 4º períodos, através de contato direto e, eventualmente

(conforme demanda), de prova e entrevista, com vagas equitativamente distribuídas

entre duas equipes que compreendiam os cursos de Medicina, Odontologia,

Enfermagem, Farmácia e Bioquímica; e Fisioterapia, Psicologia, Serviço Social e

14

Ciências Biológicas. Vagas remanescentes de todos os cursos foram redistribuídas

ao curso de Medicina e Odontologia.

No eixo teórico do projeto supracitado, quinzenalmente, os acadêmicos

reuniram-se em espaço no campus, em horário após o período de aulas, para

palestras, apresentação de seminários conduzidos pelos próprios alunos sobre

temas relativos à saúde coletiva. Com o desenvolvimento do projeto, os temas

puderam tornar-se mais específicos, de acordo com a necessidade apresentada em

seu convívio. A rotina teórica não ultrapassou 50 minutos por encontro.

No eixo prático desse projeto de extensão, os discentes realizavam visitas

domiciliares no Bairro Caiçaras II, uma área de abrangência da Unidade Básica de

Saúde do bairro São Pedro. A proposta era realizar dez visitas por mês, com

identificação das famílias, atualização dos dados fornecidos através da UBS de São

Pedro e ações de promoção e prevenção de saúde e, posteriormente, a elaboração

de relatórios que eram passados para a coordenadora do projeto e para a UBS,

contribuindo, assim, com a atualização de dados a respeito da saúde da população.

Para a análise dos dados coletados, aplicamos a hermenêutica dialética, que

contempla a possibilidade de compreender e discutir o vivido e o representado pelos

sujeitos da pesquisa em seus discursos.

De acordo com Minayo (1993, p. 219), “a hermenêutica consiste na

explicação e interpretação de um pensamento”, destacando as condições cotidianas

da vida, enquanto a dialética apresenta a totalidade da vida social, entendendo que

a linguagem expressa às relações sociais entre classes, grupos e culturas, sendo

relações historicamente dinâmicas. Assim, a união da hermenêutica com a dialética

leva o pesquisador a entender o depoimento como resultado de um processo social

e de conhecimento, com múltiplas determinações, mas com significados específicos

(MINAYO, 1993).

Propomos a hermenêutica dialética como abordagem e análise para o

presente estudo, visando contribuir com a compreensão das relações interpessoais

no contexto do trabalho na atenção primária à saúde e atuação em equipe, bem

como na forma de pensar os fenômenos a eles relacionados, já que o conceito

ampliado de saúde compreende aspectos biológicos e sociais mediados pela

cultura. Neste sentido, o pesquisador buscou entender o sujeito através dos

diálogos, tentando desvendar o que ficou inconsciente a partir da complexidade das

relações. Assim, a hermenêutica e a dialética se apresentam como momentos

15

necessários da produção de racionalidade em relação aos processos sociais e, por

conseguinte, em relação aos processos de saúde.

Nas entrevistas foram esclarecidas as dúvidas após a leitura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e os sujeitos da pesquisa foram

informados sobre os objetivos da mesma e o destino dos dados fornecidos, podendo

optar por participarem ou não, sem nenhum prejuízo na vida acadêmica. Tais

esclarecimentos foram pautados nas Normas Regulamentadoras de Pesquisa com

Seres Humanos do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996).

Após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFJF,

protocolo nº 2452.192.2011, e posterior assinatura do TCLE pelos acadêmicos,

iniciamos a coleta dos dados.

16

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a análise aprofundada dos discursos dos entrevistados, que buscou

compreender a atuação do fisioterapeuta e/na equipe de saúde no âmbito da

atenção primária, emergiram os temas: multidisciplinaridade: trocar “figurinhas”;

participação em projetos; prevenção x reabilitação; importância no projeto;

importância da fisioterapia na inserção na atenção primária; “é dividindo que se

multiplica”; dificuldade de enxergar o seu papel no projeto; futuro da fisioterapia na

atenção primária, os quais serão explanados a seguir.

4.1 MULTIDISCIPLINARIDADE: “TROCAR FIGURINHAS”

No decorrer das entrevistas, emergiu o tema multidisciplinaridade que,

segundo Almeida (1997), é a forma mais limitada porque continua com uma prática

fragmentada da ciência normal, com um grupo de especialistas. O mesmo autor a

define como um conjunto de disciplinas que se agrupam em um dado tema gerando

questionamentos e análises por diversos especialistas das diferentes áreas.

Quando perguntado aos acadêmicos sobre tal conceito, três (60%)

responderam que a multidisciplinaridade é a troca de “figurinhas”, ou seja, é a troca

de saberes. Também mencionaram a importância do trabalho em equipe tanto para

conhecimento das outras áreas como para o ganho no tratamento do usuário, por

exemplo:

R: é a troca de conhecimentos entre os profissionais, cada um tem que doar

um pouquinho, acho que ninguém vai saber tudo, acho que um paciente não tem um

só problema, às vezes ele está acometido por alguma doença, mas não só o seu

trabalho pode ajudar [...] outros trabalhos ajuda...

M1: ... multidisciplinaridade está envolvendo várias áreas, no caso, várias

áreas da saúde, vários cursos e cada um vai trocar, trocar figurinhas, vai contribuir

de alguma forma, mas de uma forma que eu [...], da fisioterapia, saiba o que a

enfermagem está fazendo, e que a gente possa ajudar as pessoas, cada um na sua

área, mas de uma forma mais ampla, não ficar restrito a uma única coisa só.

Dois (40%) participantes relataram que é um trabalho em conjunto, cada área

ajudando a outra para o bem-estar do paciente:

17

E: ... é um trabalho das várias profissões, no caso da saúde, trabalhando

juntas, visando um bem comum que é sempre o bem estar [...] do usuário e cada um

colocando o que tem de melhor, assim, o que a sua formação pode oferecer.

Ainda no tema multidisciplinaridade, foi unânime (100%) a identificação de

aspectos positivos do trabalho em conjunto, tais como a ampliação do conhecimento

de outras áreas e sua forma de atuação, a troca de conhecimentos como

possibilidade de enriquecimento na formação profissional porquanto oferece uma

visão mais holística do ser humano e, somado, a diferenciação na abordagem ao

indivíduo no seu contexto familiar, ambiental e social dentre outros. Segundo

Ferreira (apud LOURES, 2010), esta abordagem através de orientações e ações

preventivas visa permitir a compreensão da própria comunidade a respeito dos

objetivos de cada intervenção no ambiente no qual estão inseridos, enxergando a

complexidade dos diversos aspectos que circundam a saúde da família.

R: ... cada profissional vai contribuir de um modo diferente [...] a gente vê

mais uma área mais específica, uma coisa só [...]. E o fisioterapeuta, acho que ele

enxerga o ser como um todo, um conjunto que funciona, não como uma coisa mais

restrita [...] o outro profissional pode te ajudar [...]. Eu acho que tudo tá interligado...

Entretanto, três entrevistados (60%) destacaram alguns aspectos negativos,

representados nas dificuldades de inserção dos profissionais, em especial do

fisioterapeuta, pelo desconhecimento do papel deste pela população, o que dificulta

a sensibilização da comunidade para ações de promoção de saúde. Outro entrave

mencionado foi o parco número de projetos que promovem a integração das várias

áreas da saúde. Complementando, os discursos relataram a centralização de cada

área em uma ação que poderia ser em conjunto, mas se limitava em função do

desconhecimento das possíveis atividades preventivas e de promoção de saúde. A

despeito disto, uma (20%) destas participantes não participava das reuniões da

equipe, o que pode ter colaborado para uma separação e fragmentação de seu olhar

sobre as atividades e do papel de cada componente da equipe enquanto parte de

um todo, numa troca contínua.

M: ... eu vou fazer o meu trabalho e as vezes deixo para o outro profissional

fazer a parte dele e pronto, eu acho que a gente tá com muita essa visão e não se

voltou para uma idéia de, assim, de tentar trabalhar em conjunto...

18

R: ... quando você é médico é mais fácil pelo fato (de) estar mais claro pra

população e até para os profissionais. E na parte de odontologia junto com a

fisioterapia, [...] falta mesmo conhecimento e [...] saber aonde poderia ser inserido...

As entrevistas revelaram a importância da inserção do fisioterapeuta na

atenção primária associando suas possibilidades de atuação em áreas antes

desconhecidas, como, por exemplo, na saúde da mulher, nas orientações de

posturas e realização de atividades diárias, e nas mudanças de hábitos de vida. Esta

inserção em uma equipe favoreceria um olhar integral sobre o ser humano que

colaboraria na melhoria da qualidade de vida (AQUINO et al., 2009).

E: ... todas as profissões são importantes, [...] cada um colocando o que tem

de melhor. [...] juntando todas as profissões, podemos ver a pessoa, o usuário, de

forma integral, e assim ver de uma forma completa o ser humano

R: ... o profissional da fisioterapia tinha que ser inserido, acho que na unidade

básica [...] a fisioterapia é tão importante quanto os outros profissionais e ela ajuda

grandemente, [...] eu acho que tinha que estar inserida nesse contexto de atenção

primária efetivamente.

A multidisciplinaridade se mostra, então, como uma realidade a ser encarada

como um objetivo dentro das instituições de ensino preocupadas com a qualidade da

formação de seus futuros profissionais na perspectiva dos princípios preconizados

pelo Sistema Único de Saúde. O maior conhecimento entre as áreas da saúde e sua

integração focando o trabalho em equipe, prioriza o intercâmbio de conhecimentos e

traz como conseqüência, a melhora da saúde do indivíduo em todos os aspectos

que a perpassam.

No contexto da formação, a universidade surge, por sua representação junto

à comunidade, como uma possibilidade de inserir os diversos acadêmicos em uma

comunidade voltando o olhar, para além da saúde, de fatores determinantes e

condicionantes da mesma. Além de propiciar atividades preventivas, de educação

em saúde que podem ser compartilhadas na equipe, numa troca de conhecimentos

e saberes que se complementam.

19

4.2 PARTICIPAÇÃO EM PROJETOS

Na questão relativa à participação em projetos ou atividade que tivesse um

acadêmico de fisioterapia na equipe, 100% dos entrevistados relataram ser o

primeiro e o único projeto de atuação em conjunto com outras áreas da saúde,

independente de estarem em períodos mais avançados do curso ou terem

ingressado recentemente na universidade.

R: Não, essa é a primeira atividade que eu estou participando que tem o

auxílio da fisioterapia. Mas como eu estou no segundo período é o primeiro projeto

que eu estou participando.

M: Não além desse projeto não.

Considerando que um dos pilares da universidade é a extensão, notamos

uma falha na formação, salientada nos relatos dos acadêmicos, já que esse foi o

único projeto de extensão universitária do qual participaram em que havia um

acadêmico de fisioterapia inserido na equipe. Em uma de suas diretrizes, o SUS

propõe a participação de instituições de ensino superior na tentativa de aproximação

com a realidade local. Em consonância com essas diretrizes, o objetivo da extensão

é estreitar as relações da graduação, em especial das áreas da saúde, com as

necessidades da atenção básica que se traduzem no Brasil pela ESF, visando à

saúde integral do individuo, em especial nesse caso, na comunidade do bairro

Caiçaras II (NEVES, 2010).

4.3 PREVENÇÃO X REABILITAÇÃO

Com relação ao conhecimento do trabalho e atuação da fisioterapia, todos os

entrevistados (100%) relataram pouca proximidade com a profissão. Dois

participantes (40%) responderam que a fisioterapia está ligada ao aspecto

reabilitador, um (20%), a questão da prevenção, outro (20%) relacionou com ambas,

e o último (20%), com a complementação da equipe.

M: O que eu sei é o mais básico [...] todo mundo tem conhecimento que é de

reabilitação do paciente não tenho [...] uma visão muito mais além do que isso não.

E: [...] a importância [...] para está completando mesmo a equipe [...]

20

A partir da Declaração de Alma-Ata, em 1978, a APS passou a ser defendida

como estratégica para se alcançar a meta “Saúde para todos”. Desde os primórdios

de sua criação, a fisioterapia esteve atrelada a tríade cura-seqüela-reabilitação. Com

a criação do COFITTO em 1975 e, posteriormente, com a resolução nº 08 deste

órgão, as normas para a habilitação do exercício profissional, foram estabelecidas.

Tal resolução, associada à conjuntura atual, definiu como ato desse profissional

“planejar, ordenar, coordenar, executar e supervisionar métodos e técnicas

fisioterápicos que visem á saúde nos níveis de prevenção primária, secundária e

terciária”. Assim, ampliou-se o campo de atuação desse profissional, desmitificando

a visão do papel somente reabilitador, vigente até então, para um olhar da saúde de

uma forma global, desconstruindo a visão fragmentada dos órgãos e sistemas

(COFFITO 8, 1978).

A visão de reabilitação foi destacada de forma assertiva por alguns dos

acadêmicos que tiveram o contato com a fisioterapia, os quais, no decorrer das

entrevistas, mantiveram a mesma opinião inicial; outros destacaram as atividades

preventivas que o discente poderia estar executando especificamente no projeto.

Outros, ainda, modificaram sua visão durante a realização do projeto devido à

proximidade dessa categoria e mencionaram a capacidade de assistência global ao

paciente, além da competência para as práticas de atividades educativas e de

promoção de saúde. Como fator de entrave, uma acadêmica menciona o

desconhecimento da população e de outros profissionais com relação à área e das

reais possibilidades de ações da fisioterapia e propôs que fossem divulgadas suas

potencialidades e sua relevância para os habitantes (CARDOSO, 2007).

Embora historicamente atrelada à reabilitação, a visão atual de prevenção e

educação em saúde abre as portas para uma nova realidade de inserção da

fisioterapia, desencadeando uma valorização de suas competências e ações pelos

demais membros do projeto (BISPO JÚNIOR, 2010).

4.4 IMPORTÂNCIA DO PROJETO

Com relação à importância do projeto na vida acadêmica dos cinco

entrevistados, foram destacados aspectos relevantes explorados a seguir. O

“assistir”, “o ajudar”, por exemplo, compreende o cuidar, o doar tempo, a atenção,

ouvir as demandas subjetivas (emoções, crenças, valores, etc.) de uma população

21

pouco assistida, o que ressalta o despreparo da equipe de saúde na abrangência do

individuo como um todo.

Segundo Casate e Corrêa (apud SILVEIRA, 2011), é necessário humanizar

as práticas em saúde diante do acelerado processo tecnológico nesta área, em que

a individualidade do usuário ficou em segundo plano, preponderando a sua

patologia, o que contribui para a desumanização, principalmente no atendimento e

nas condições de trabalho, dificultando as relações humanas, mostrando-as como

imparciais, objetivas, distantes e frias.

R: [...] assistir as pessoas, ajudar [...]

A “atenção” pode ser subentendida como a satisfação das necessidades

(físicas, biológicas e até sociais) dos indivíduos de determinada sociedade, tanto

através de ações programadas como de demanda espontânea. Em suas diretrizes, a

Política Nacional de Humanização do SUS (2003), ressalta o acolhimento como uma

forma de dar atenção aos usuários promovendo uma aproximação entre a equipe de

saúde e o individuo, com o objetivo de construir as relações de confiança,

compromisso e vínculo entre as equipes/serviços, trabalhador/equipes e usuário

com sua rede sócio-afetiva (BRASIL, 2011).

E: Eu acho que o projeto dá muita atenção [...] que é uma parte muito

descoberta, que as pessoas quase não dão atenção pra aquele bairro [...]

Sobre a multidisciplinaridade, o relato de um entrevistado mostra que o

projeto proporcionou um leque maior de possibilidades, porquanto abordou um

cenário de prática crucial com a possibilidade de diálogo e troca de saberes entre

profissionais de diversas áreas. Acrescido a isto, englobou a prevenção e a

promoção de saúde como novo paradigma, alterando o olhar até então

predominante no processo cura-doença para a perspectiva do indivíduo em todas as

suas nuances.

M: [...] foi realmente isso que eu achei interessante da multidisciplinaridade,

acho que foi isso que mais ficou.

M.1 Prevenção/promoção da saúde. Porque é isso que a gente faz lá eu acho

[...]

Por fim, a diversidade de atores na saúde facilitou o conhecimento da ação

das outras categorias, desencadeando a possibilidade de referência e contra-

22

referência, de encaminhamento a outro profissional com as devidas capacidades e

especificidades para a resolução dos problemas pontuais, permeando a

integralidade proposta pelo SUS (FRATINI, 2007).

S: [...] e não sei, porque eu mesmo vejo, eu quando formar em medicina eu

vou saber orientar os meus pacientes para um fisioterapeuta melhor que se eu não

tivesse feito o projeto, então pelo menos agora eu estou vendo assim [...]

4.5 IMPORTÂNCIA E INSERÇÃO DA FISIOTERAPIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Nesse tópico, todos os acadêmicos relataram a importância da fisioterapia na

atenção primária (100%), assim como sua inserção nesse nível de atenção, que

ainda é desconhecida pela maioria população.

R: Acho que se a população soubesse exatamente, como ele vai trabalhar e

quais áreas possíveis de atuação, achariam que esse trabalho seria mais bem

redimensionado, não só o médico e enfermeiro, na primeira coisa que você pensa.

Eu acho que se as pessoas tivessem mais conhecimento sobre a profissão, eu acho

que ela seria mais procurada

Um aluno (20%) do projeto narrou uma limitação na estrutura de informação e

referenciamento das unidades básicas de saúde, que são a porta de entrada dos

usuários no serviço público de saúde. Como funções principais, podemos listar:

vacinação, consultas médicas, inalações, injeções, encaminhamentos para

especialidades e o papel de informar a população sobre todas as questões de saúde

em geral.

S: Então pelo o que eu penso, a UBS é a porta de entrada de todo o

atendimento de saúde, ela que tem que orientar, mesmo não tendo o fisioterapeuta

trabalhando, ela que teria que estar orientando a população

Com relação à dificuldade de inserção (TRELHA et al., 2007), uma acadêmica

(20%) destacou a fisioterapia como uma profissão relativamente nova e, por isso, o

desconhecimento associado ao senso comum da ineficácia do tratamento, como

mencionado pelos habitantes, conforme relato a seguir:

M1: Eu acho que é importante porque a fisioterapia é muito nova ainda, e

muita gente não tem noção, acha que não serve para nada

23

Ainda, 60% dos entrevistados expuseram as atividades preventivas como

ações que poderiam ser desenvolvidas pela fisioterapia. Embora uma discente

(20%) tenha confessado não saber exatamente as reais atividades desenvolvidas

pela categoria, no decorrer da entrevista, admitiu a inserção desta área nas ações

preventivas. A fala inicial nos remete ao fato da mesma ter participado de uma

equipe na qual não havia um acadêmico de fisioterapia.

E: Eu acredito como qualquer outro profissional da área da saúde, na questão

da atenção primária tem que estar mais voltadas para questões preventivas e de

promoção, mas eu não conheço muito bem, assim, o que o fisioterapeuta poderia

estar fazendo nessas questões de promoção, de prevenção, [...] pode ajudar os

outros profissionais promover a saúde, questões de grupo, de trabalhos com a

comunidade.

As Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação em fisioterapia parecem

ter motivado a inserção do fisioterapeuta na atenção primária à saúde (BRASIL,

2002). Mas, mesmo com esses incentivos, a categoria ainda se atrela a sua história

e a sua formação inicial, que preconizava a reabilitação nos níveis secundários e

terciários, impedindo que a atenção primária se mostrasse como um novo horizonte

de trabalho, abrindo os olhos tanto dos fisioterapeutas para seu papel de promotores

de saúde, quanto da população, para enxergá-los como um instrumento de auxílio

na melhora de sua qualidade de vida.

De acordo com Pereira (apud AVEIRO, 2011), aproximação da fisioterapia

com a atenção primária, embora realidade ainda recente em nossa sociedade se

apresenta como uma alternativa capaz de fortalecer este nível de atenção e

melhorar a resolutividade dos atendimentos, garantindo a integralidade do sistema.

4.6 “É DIVIDINDO QUE SE MULTIPLICA”

Todos os entrevistados (100%) destacaram as inserções individuais, sem

nenhuma dificuldade, delimitando a atividade específica de cada área envolvida no

projeto. Um aluno (20%) destacou a importância de todas as profissões atuarem

juntas para ajudar no bem comum que é a saúde do paciente.

E: todas as profissões são importantes [...] cada um colocando o que tem de

melhor. A enfermagem, na questão do cuidar mesmo. A medicina voltada para curá-

24

lo. A odontologia a questão bucal, juntando todas as profissões pode ver [“...] o

usuário de uma forma integral.

Dois acadêmicos (40%) mencionaram algumas atividades integradas, que se

caracterizaram no projeto por propostas de cunho interdisciplinar. Segundo

(FAZENDA, 1995) a interdisciplinaridade é uma relação de reciprocidade,

mutualidade, e interação que irá estabelecer o diálogo entre os envolvidos. Um

complementando a ação do outro, mas cada um nas suas competências, sendo que

em alguns momentos essas atividades se entrelaçam e os conhecimentos se

interligam. A interdisciplinaridade é destacada também em alguns propósitos na

atenção primária, como: a prevenção e promoção em saúde, consciência na

mudança de hábitos de vida, sempre visando à melhoria de vida do paciente. Em

oposição a isso, a individualidade das ações é destacada por uma discente (20%)

como um entrave na formação acadêmica, em detrimento das concepções unitárias

do agir em equipe.

M: O que ficou para mim foi esse papel bem parecido, atrelado com o papel

da medicina [...], dentro desse trabalho que a gente [...] daquela coisa de medir

pressão e tal...

R: eu acho que tanto na formação acadêmica [...] é mais mostrado a parte de

fazer você mesmo e não, pedir auxilio a outros tipos de profissionais.

Uma aluna (20%) apontou alguns pontos interessantes da inserção na APS,

como: uma oportunidade de conhecimento do profissional sobre a realidade na qual

o paciente está inserido, como uma vantagem sobre os outros níveis de atenção,

favorecendo a proximidade das relações e interação entre os sujeitos e seu

ambiente (RAGASSON et al., 2006).

M1: a atenção primária permite saber mais o contexto da pessoa, porque no

caso do ambulatório, no hospital, às vezes o médico não conhece a realidade e a

pessoa [...]. Eu acho que dá para ter uma relação maior entre o usuário e o

profissional

A mesma acadêmica, destacou que o projeto é uma porta de entrada para

amenizar a demanda de ações que não chegam aos usuários do Caiçaras II, como

uma tentativa de resolver as necessidades da população, permitindo assim reduzir

25

os gastos públicos e estreitar as relações da comunidade com os acadêmicos das

várias áreas.

M1: eles reclamam muito dos atendimentos que eles conseguem na UBS, na

UPA então, às vezes eles não estão esclarecidos a respeito da própria doença [...]

tem muita dúvidas com relação a exames, muitas das vezes, estão com exames que

ainda não levaram para o médico que eles vão e mostram para a gente [...]

Enfim, as trocas de saberes enriquecem o conhecimento dos outros

profissionais envolvidos, proporcionando mais informações e ferramentas para

investir na melhoria da qualidade de vida dos habitantes.

4.7 DIFICULDADE DE ENXERGAR O SEU PAPEL NO PROJETO

Dois participantes (40%) relataram que tiveram dificuldade de enxergar o seu

papel na atenção primária. Um deles destacou a tentativa de trazer uma noção de

clínica para dentro da comunidade, isto é, tentou exercer a função específica de sua

área enquanto, divergindo das expectativas daquela população. Mas, mudou a sua

visão pela dificuldade de abstração das pessoas, julgada pelo entrevistado. Por isso,

voltou- se para atividades mais dinâmicas que poderiam ser colocadas em prática no

seu dia a dia.

M: ... por incrível que parece eles tem uma capacidade menor de abstração,

então assim fazer um trabalho clínico, realmente é muito difícil... que envolve às

vezes parar, pensar e às vezes eles não vão fazer isso, não estão dispostos a fazer

isso na vida deles... então às vezes é um trabalho mais dinâmico que possa ajudar

na rotina e tudo mais.

M: no meu caso na psicologia, eu acho que eu consegui mudar um pouco a

visão assim, [...] eu entrei com a visão de clínica, vamos fazer clínica, só que eu me

dei conta que na comunidade é muito difícil fazer clínica [...]

Entretanto, a mesma parece não ter identificado seu papel no projeto, entre

outros fatores, por sua própria dificuldade de partilhar das atividades conjuntas,

como, por exemplo, as reuniões da equipe.

O outro discente (20%) destacou a dúvida e o medo como dificuldades de

ajudar a população, já que era sua primeira inserção em um projeto com estas

26

peculiaridades da APS, e tinha pouco conhecimento sobre a área e suas

competências. Mencionou como vantagem deste trabalho, a demanda espontânea

na atenção primária como uma possibilidade de enriquecimento para as ações nas

questões do conhecimento, troca de informações com outros profissionais e eficácia

nos atendimentos (SANTANA, 2008).

M 1: Quando eu comecei fiquei meio que nessa dúvida, do que eu deveria

fazer, [...] eu não tinha muita formação, muito conhecimento a respeito, fiquei com

medo de não poder contribuir muito e não poder ajudar as pessoas da comunidade,

mas eu foi pesquisando, tentando contribuir, vendo quais as dúvidas que surgiam

dentro da área da fisioterapia [...], e procurando saber com outros profissionais.

M 1: [...] eu pensei que tivesse que oferecer para eles certas coisas, mas eu

vi que não precisava chegar com uma coisa pronta, de acordo com que surgiam lá

[...] que não pudesse resolver na hora, senão soubesse eu tinha a oportunidade de

na próxima visita, e lá e falar...

Dessa forma, compreendemos que a aprendizagem do aluno deve se atrelar à

vivência e ao cotidiano, procurando espaços de aprendizagem vinculados com as

necessidades das demandas sociais, não perdendo de vista a influência dos fatores

determinantes e condicionantes na representação de saúde para a comunidade e a

necessidade de um trabalho interdisciplinar na promoção desta (BRASIL, 2005)

4.8 FUTURO DA FISIOTERAPIA NA APS

O acadêmico do curso de fisioterapia (20%) destacou o preconceito com a

área, por parte de outros discentes quando relatava sobre as ações executadas no

projeto e até mesmo da própria categoria em geral sobre a APS, corroborando

Freitas (2006).

M 1: o pessoal da minha sala [...], acho que muita gente tem um pouco de

preconceito com a atenção primária, acha que é, sei lá, que não surte muito efeito.

M 1: ...o fisioterapeuta também (deve) abrir mais a mente a respeito da

atenção primária do que pode fazer.

Pontuou o crescimento da fisioterapia em todas as áreas de atuação, além de

falar da difícil inserção da profissão na saúde coletiva e a importância do

27

fisioterapeuta nas unidades básicas de saúde como parte integrante de uma equipe

que visa implementar e fortalecer os princípios do SUS, propiciando maior

integralidade no olhar dos indivíduos (BISPO JR, 2010).

M 1: ...acho que a fisioterapia em geral, está crescendo e vai crescer muito

em todas as áreas, na primária, secundária e terciária [...]

M 1: ... UBS que seria muito importante que tivesse o fisioterapeuta, acho

que tem algumas que tem [...]

Mencionou, ainda, algumas categorias de atividades que o fisioterapeuta

pode estar executando na APS, como o atendimento domiciliar e as atividades em

grupo, as quais não eram realizadas no projeto nem na UBS São Pedro, mas

existem em algumas outras unidades onde há inserção deste profissional.

M 1: ... Eu acho que o atendimento domiciliar, o ter contato com o paciente

nas UBS seria muito importante [...]

M 1: ... nas outras tem grupos que o fisioterapeuta conduz, [...] os pacientes

que não tem condições de fazer um atendimento [...] sempre contínuo, saem do

sedentarismo com o grupo de caminhada.

Freitas (2006, p. 97) aponta que o atendimento no domicílio está relacionado,

inicialmente, ao “maior apelo para a justificativa da atuação da Fisioterapia” na

atenção básica. Ainda cita que o confronto com a realidade da população favorece

uma melhor terapêutica e resolução dos problemas encontrados.

Outra ação destacada por M1 foi a atividade em grupo, referindo-se aos

grupos de caminhada. Segundo Portes et al. (2011), as ações focadas na saúde do

adulto em idade produtiva refletem o foco dado nos currículos para essa faixa etária,

sendo essas atividades direcionadas para os indivíduos com patologias do sistema

cardiorrespiratório e musculoesquelético.

Neste contexto, visualizamos um futuro promissor para a fisioterapia, mas que

precisa ultrapassar obstáculos e avançar na divulgação do conhecimento de suas

possibilidades de atuação como agente da saúde, incrementando a equidade do

sistema e acessibilidade à resolução das demandas da comunidade.

28

5 CONCLUSÃO

A realidade verificada neste estudo quanto à inserção do fisioterapeuta na

APS mostra o desconhecimento da categoria profissional a respeito de seu papel,

bem como da comunidade, o que dificulta a tarefa de conquistar o espaço dessa,

tanto em ações específicas, como parte de um grupo interdisciplinar na abordagem

das questões de saúde. Sendo que, as atividades de outros profissionais, por vezes

são mais facilmente reconhecidas quanto a sua necessidade e resolutividade.

A raiz da profissão, delimitada anteriormente à reabilitação, corrobora com

estas idéias que precisam ser desconstruídas para que possamos construir e

introjetar o conceito amplo de saúde, vendo a fisioterapia como uma possibilidade de

colaborar imensamente com a resolução das demandas específicas e com a

qualidade de vida abrangendo o conceito amplo de saúde preconizando pelo SUS.

Entretanto, surpreende-nos o olhar dos demais acadêmicos sobre a

importância do discente de fisioterapia como agente de saúde capaz de ensinar,

trocar, orientar, e interagir na troca de saberes que favorece o enriquecimento da

formação intelectual, ética e integral dos futuros profissionais das diversas áreas da

saúde e, até mesmo, na liderança de uma equipe, somando capacidades e

habilidades profissionais que possam vislumbrar um foco mais humanizado e

holístico para a população.

Para tanto, os projetos de extensão devem ser incentivados nas instituições

de ensino superior, tentando modificar o presente com possibilidades de melhorar o

futuro de nossa saúde, enraizando os conceitos de igualdade, integralidade, ética,

bem como sensibilidade para os aspectos subjetivos que envolvem o ser humano.

29

REFERÊNCIAS

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32

ANEXO

33

34

35

APÊNDICES

36

APÊNDICE I – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Faculdade de Fisioterapia / Universidade Federal de Juiz de Fora Pesquisador responsável: Profª. Ms. Simone Meira Carvalho Endereço: Centro de Ciências da Saúde - Campus Universitário - Bairro Martelos - Juiz de Fora – MG – CEP: 36.036-900. Tel.: 2102-3843 (6ª feira, pela manhã) ou 9958-0429 (celular). E-mail: [email protected]

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a), como voluntário(a), a participar da pesquisa O OLHAR DA EQUIPE DE SAÚDE SOBRE A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA, que tem como objetivos: 1) Identificar o olhar do acadêmico de fisioterapia sobre seu papel e possibilidades de atuação; 2) Verificar a inserção do acadêmico de fisioterapia no trabalho em equipe multidisciplinar; e 3) Conhecer a visão dos discentes de outras áreas da Saúde o papel e as possibilidades de ação da fisioterapia na atenção primária.

Pretendemos estudar este tema visando contribuir para a maior inserção e conhecimento da fisioterapia e demais áreas da Saúde, a respeito do desempenho e importância das suas atividades no âmbito de atenção primária, como profissional integrante de uma equipe que visa, em última instância, a melhoria na assistência à Saúde da comunidade.

Para este estudo, com sua autorização, gravaremos as entrevistas. Realizaremos as transcrições do material, mas estas informações são confidenciais e seu nome não será revelado em nosso trabalho. Você não será identificado(a) em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada.

Para participar, você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. Você será esclarecido(a) sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A pesquisa tem risco mínimo, ou seja, os mesmos que se está exposto no dia a dia e sua participação no estudo é voluntária sendo que a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade em sua formação acadêmica.

Você receberá uma cópia deste termo onde consta o nosso telefone e endereço, podendo fazer qualquer pergunta sobre algo que não tenha entendido agora ou em qualquer momento.

Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, na Faculdade de Fisioterapia - Universidade Federal de Juiz de Fora - e a outra será fornecida a você.

Eu, _____________________________________________, portador(a) do

documento de Identidade _______________________, endereço

______________________________________________________________

___________________________________, telefone ___________________,

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fui informado(a) dos objetivos do estudo O OLHAR DA EQUIPE DE SAÚDE SOBRE A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA, de maneira clara e

detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar

novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar.

Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de

consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as

minhas dúvidas.

Juiz de Fora, _____ de _______________ de ________.

________________________________________________________ ___/___/____ Nome Assinatura do participante Data

____________________________________________________________/___/___

Nome Assinatura do pesquisador Data

___________________________________________________________/___/____

Nome Assinatura da testemunha Data

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o CEP- Comitê de Ética em Pesquisa/ UFJF - Campus Universitário da UFJF - Pró-Reitoria de Pesquisa - CEP 36036.900 - Fone: (32) 2102-3788.

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APÊNDICE II – ROTEIRO DE ENTREVISTA DA PESQUISA

Nome: _________________________________________

Curso: _________________________________________ Período: _________

Há quanto tempo atua no projeto de extensão: ____________

1) Conhece ou já ouviu falar do trabalho/atuação da fisioterapia?

1) Conhece o trabalho/atuação dos profissionais da área da saúde?

2) Já participou de outro projeto/atividade que tivesse um fisioterapeuta na equipe?

2) Já participou de outro projeto/atividade que tivesse uma equipe multidisciplinar?

3) Como você vê o trabalho/atuação/papel do fisioterapeuta na atenção primária?

3) Como você vê o seu trabalho e o seu papel na atenção primária?

4) Como você vê o seu trabalho/atuação/papel na atenção primária? (cada profissão)

4) Como você vê o trabalho e o papel de cada profissão na atenção primária?

5) Como você percebe o papel do fisioterapeuta na equipe de saúde do projeto?

5) Como você percebe o papel de cada profissão na equipe de saúde do projeto?

* Você gostaria de falar mais alguma coisa sobre esse assunto que não foi dita durante a nossa conversa?

(Obs.: as perguntas destacadas serão respondidas especificamente pelo acadêmico do curso de fisioterapia)