a fibromialgia é uma síndrome dolorosa não inflamatória
TRANSCRIPT
17
1 INTRODUÇÃO
A fibromialgia é uma síndrome dolorosa não inflamatória, de causa desconhecida.
Acomete principalmente mulheres entre a puberdade e a menopausa. Caracteriza-se pela
presença de pontos dolorosos músculo-esqueléticos e alguns outros sintomas como, distúrbios
do sono, fadiga e depressão. Por se tratar de um conjunto de sinais e sintomas, a denominação
mais adequada para cognominá-la é de síndrome fibromiálgica (KAZIYAMA et al., 2001;
TEIXEIRA, 1995).
Apesar de ser uma síndrome dolorosa freqüente e de ter sido descrita há mais de 150
anos, o seu estudo esteve prejudicado devido à confusão existente na terminologia e a
sobreposição a outras síndromes dolorosas. A definição atual da síndrome fibromiálgica é
decorrente da aplicação dos critérios de classificação desenvolvidos pelo Colégio Americano
de Reumatologia (ACR), em 1990 (CLAITOW, 2002).
Conforme Essert (1994), a hidroterapia é um dos métodos terapêuticos mais completos
para os portadores da síndrome da fibromialgia. Um grande número desses indivíduos utiliza
a água como programa de tratamento para a manutenção do condicionamento aeróbico. A
água diminui a dor e possibilita o relaxamento muscular. Sua propriedade de flutuação
diminui a sobrecarga sobre o sistema músculo-esquelético, aliviando o estresse nas
articulações.
O método Ai-Chi foi criado a partir da combinação dos conceitos do Tai-Chi e do
Qigong juntamente com as técnicas de Shiatsu e Watsu. É uma modalidade terapêutica
individual, realizada dentro da água (na altura dos ombros), utilizando a combinação de
respiração profunda com movimentos leves e amplos dos membros superiores, membros
18
inferiores e tronco. Propicia o total alongamento e relaxamento progressivo do corpo,
integrando mente, corpo e energia espiritual (CUNHA et al., 2000).
A música tem acompanhado o homem desde os primórdios da humanidade, e por mais
que a ciência tenha avançado, a compreensão de como ela exerce influência sobre os seres
humanos constitui ainda, um desafio e um campo a ser explorado. Sabemos que a música
abrange as seguintes dimensões humanas: a biológica; a mental; a emocional e a espiritual.
Entretanto, muitos dos caminhos pelos quais isso ocorre, ainda nos são um tanto quanto
desconhecidos. Independente disso temos observado também, ao longo da história da
humanidade e da própria medicina, a sua utilização como recurso terapêutico (LEÃO e
SILVA, 2004).
Este estudo busca verificar os benefícios propostos pelo programa de relaxamento
aquáticos Ai-Chi aliado com a música erudita em pacientes com fibromialgia. Pelas
características já comprovadas da pratica do protocolo de relaxamento Ai-Chi e da música
erudita, supõe-se que os mesmos tenham efeitos positivos sobre a qualidade de vida das
pacientes.
A fibromialgia vem despertando cada vez mais interesse devido a sua freqüência,
complexidade e importância sócio-economica. O desconhecimento de sua etiologia, assim
como sua pouca compreensão da sua fisiopatogenia, tem produzido enorme quantidade de
amoralidades terapêuticas, que muitas vezes não suportam qualquer critica cientifica (ATRA
et al., 1993).
Deste modo, este estudo objetivará relacionar o relaxamento Ai-Chi realizado no
ambiente aquático com a utilização da música erudita (relaxante), como uma provável
alteração na qualidade de vida das pacientes com fibromialgia.
19
2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA
2.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA MUSCULAR
Segundo Santos, (2004) e Guyton, (1997) o músculo esquelético constitui
aproximadamente 45% do peso corporal e é o maior sistema orgânico do ser humano, sendo
um importante tecido na homeostasia bioenergética, tanto em repouso como em exercício.
Representa o principal local de transformação e de armazenamento de energia, sendo o
destino final dos sistemas de suporte primários envolvidos no exercício, como o
cardiovascular e o pulmonar.
De acordo com as características morfológicas e funcionais, podemos distinguir nos
mamíferos três tipos de tecido muscular: o músculo liso; músculo estriado esquelético e
músculo estriado cardíaco. Ver figuras 1 (ROÇA, 2000; WILMORE, 2001; GUIMARÃES et
al.,2006).
O músculo liso é chamado de músculo involuntário, pois ele não está sob controle
consciente diretamente, é formado por aglomerados de células fusiformes que não apresentam
estrias. Ele é encontrado nas paredes da maioria dos vasos sanguíneos, permitindo que se
contraiam e se dilatem para regular o fluxo sanguíneo, também pode ser encontrado nas
paredes dos órgãos mais internos, permitindo que estes se contraiam e relaxem, para assim
moverem os alimentos através do trato digestivo para liberar a urina ou para dar a luz a uma
criança (GUIMARÃES et al., 2006; WILMORE, 2001).
O músculo cardíaco é encontrado apenas no coração, representando a maior parte das
estruturas cardíacas, formado por células alongadas e ramificadas e apresenta estrias
20
transversais. Ele apresenta algumas características em comum com o músculo esquelético,
mas como o músculo liso não apresenta semelhanças, ele não se encontra sob controle
consciente, mas sofre alguns ajustes pelo sistema nervoso e endócrino (ROÇA, 2000;
WILMORE, 2001).
Os músculos esqueléticos ou voluntários são denominados desta forma devido à forma
que se fixam ao esqueleto e são responsáveis pelo movimento. São formados por feixes de
células cilíndricas muito longas e multinucleadas que apresentam estrias transversais e tem a
contração rápida, vigorosa e sujeita ao controle voluntário (GUIMARÃES et al., 2006;
WILMORE, 2001; GUYTON, 1997).
Figura 1: Fotomiografia dos músculos (a) esquelético, (b) cardíaco e (c) liso.
FONTE: Wilmore, 2001.
As células musculares são tão diferenciadas e tem características tão peculiares que
seus componentes receberam nomes especiais. A membrana é chamada de sarcolema; o
21
citoplasma de sarcoplasma; o retículo endoplasmático, de retículo sarcoplasmático; e as
mitocôndrias, de sarcossomos (GUIMARÃES et al., 2006).
2.2 FIBRA MUSCULAR ESQUELÉTICA
É a unidade fundamental na estrutura do músculo. O diâmetro da fibra muscular varia
de 10 a 80 micrometros (m), sendo praticamente invisível a olho nu. Cada uma destas fibras,
por sua vez é formada por subunidades sucessivamente menores (WILMORE, 2001;
GUYTON, 1997; ROÇA, 2000).
O sarcolema (Figura 2) que é uma membrana celular da fibra muscular, chamada de
membrana plasmática, apresenta um revestimento externo que é composta por uma fina
camada de material polissacarídeo, contendo numerosas fibrilas delgadas de colágeno. O
sarcolema funde-se ao tendão e este se insere nos ossos. Os tendões por sua vez são
constituídos por cordões fibrosos de tecido conjuntivo que transmitem a força gerada pelas
fibras musculares para os ossos e, conseqüentemente geram o movimento (WILMORE, 2001;
GUYTON, 1997; GUIMARÃES et al., 2006).
Sarcoplasma (Figura 2) é a parte liquida da fibra muscular, que contém principalmente
proteína, minerais, glicogênio, e gorduras dissolvidas, além das organelas necessárias. Difere-
se do citoplasma da maioria das células por conter uma grande quantidade de glicogênio
armazenado, assim como a mioglobina, composto que liga o oxigênio, muito semelhante à
hemoglobina (WILMORE, 2001; GUIMARÃES et al., 2006).
Já Guyton (1997) afirma que o liquido do sarcoplasma é formado de grande
quantidade de potássio, magnésio, fosfato e enzimas protéicas e que existe um numero
22
ilimitado de mitocôndrias, situadas entre as miofibrilas e paralelas a elas, condição indicativa
da grande necessidade, pela miofibrila contráteis, de quantidades elevadas de adenosina-
trifosfato (ATP), formada pela mitocôndria.
Figura 2: Os Túbulos Transversos; Sarcolema; reticulo sarcoplasmático; Miofibrilas;Sarcoplasma.
FONTE: Wilmore, 2001.
O sarcoplasma também contém uma rede extensa de túbulos transversos
(túbulos T), os quais são extensões do sarcolema (membrana plasmática), que passam
lateralmente através das fibras musculares (Figura 2). Estes túbulos são interconectados
quando passam entre as miofibrilas, permitindo que os impulsos nervosos recebidos pelo
sarcolema sejam rapidamente transmitidos as miofibrilas. O túbulo T também provem vias de
acessos para as partes mais internas da fibra muscular para substancias transportadas nos
líquidos extracelulares, como a glicose, o oxigênio e os íons (WILMORE, 2001;
GUIMARÃES et al.,2006).
O retículo sarcoplasmático (RS), é uma rede longitudinal de túbulos, também
encontrado no interior da fibra muscular (Figura 2). Esses canais membranosos têm um trajeto
23
paralelo ao das miofibrilas e formam alças em torno delas. O retículo sarcoplasmático serve
como local de armazenamento de cálcio, o qual é necessário para a contração muscular. Os
músculos de contração mais rápida apresentam retículos sarcoplasmático peculiarmente muito
prolongado, apontando que essa estrutura é essencial para a realização da contração muscular
rápida (WILMORE, 2001; GUYTON, 1997).
Cada fibra muscular contém centenas e milhares de miofibrilas (Figura 3). Esses são
os elementos contráteis do músculo esquelético. As miofibrilas aparecem como longas faixas
de subunidades ainda menores que são, os sarcômeros. As miofibrilas contém, dispostas lado
a lado, cerca de 1500 filamentos de miosina e cerca de 3000 filamentos de actina; ambos são
grandes moléculas polimerizadas de proteína, responsáveis pela contração muscular. Os
filamentos grossos são de miosina, enquanto os finos são de actina (GUYTON, 1997).
Figura 3: Representação de uma miofibrila.
FONTE: Imagem retirada do site <www.giovannichetta.it/img/sarcomero.jpg>.
Os filamentos de actina e miosina ficam parcialmente interdigitados, o que faz com
que a miofibrila exibam faixas claras e escuras. As faixas claras só apresentam filamentos de
actina e são chamadas de faixas I por serem isotrópicas à luz polarizada. As faixas escuras
24
apresentam filamentos de miosina, bem como as extremidades dos filamentos de actina na
qual se entremeiam com os de miosina e são chamados de faixas A, por serem anisotrópicas à
luz polarizadas. Também devem ser notadas as pequenas projeções dos lados dos filamentos
de miosina. Elas são as pontes cruzadas, proeminentes da superfície dos filamentos de
miosina, ao longo de toda a sua extensão, exceto em sua parte central. A interação entre essas
pontes cruzadas e os filamentos de actina produzem contração (WILMORE, 2001; GUYTON,
1997; ROÇA, 2000; SANTOS, 2004).
Segundo Guyton (1997) e Wilmore (2001) as extremidades dos filamentos de actina
estão presas ao chamado disco Z. Saindo desse disco, esses filamentos se estendem nas duas
direções, para se interdigitarem com os filamentos de miosina. O disco Z É formado por sua
vez por proteínas filamentosas diferentes das que compõem os filamentos de actina e de
miosina, atravessa transversalmente o miofibrila e também, transversalmente de miofibrila em
miofibrila fixando-as através de toda a fibra muscular, por isso todas as fibras musculares
apresentam faixas claras e escuras essas faixas dão ao músculo esquelético e cardíaco a sua
aparência estriada. A parte da miofibrila sitiada entre dois discos Z sucessivos são chamados
de sarcômeros. Quando a fibra muscular esta em repouso, totalmente estendida, o
comprimento do sarcômeros é de 2 m. Neste comprimento, os filamentos de actina e miosina
se sobrepõem aos filamentos de miosina e estão começando a se sobrepor entre si.
Cada molécula de miosina é composta por dois filamentos protéicos retorcidos
conjuntamente. Uma extremidade de cada filamento é envolta numa cabeça globular nomeada
cabeça de miosina. Cada filamento contém várias destas cabeças, as quais formam protrusões
no filamento de miosina para formar pontes cruzadas que interagem durante a ação muscular
com sítios ativos especializados sobre o filamento de actina. Existe um conjunto de filamentos
finos, compostos por titina, que estabiliza os filamentos de miosina no eixo longitudinal.
Esses filamentos possuem aproximadamente 5nm de diâmetro e 1m de comprimento. Cada
25
filamento de actina possui uma extremidade ligada a linha Z, com a extremidade oposta se
estendendo ao centro do sarcômero, no espaço entre os filamentos de miosina. Cada filamento
de miosina possui um sítio ativo no qual a cabeça da miosina pode se ligar (WILMORE,
2001; GUYTON, 1997; SANTOS, 2004).
Os filamentos de actina são compostos por três moléculas protêicas diferentes: actina;
tropomiosina e troponina. A tropomiosina é uma proteína em forma de tubo que se retorce em
torno dos filamentos de actina, encaixando-se na incisura existente entre eles. A troponina é
uma proteína mais complexa que se fixa em intervalos regulares, tantos aos filamentos de
actina quanto aos de tropomiosina. Essa disposição está representada na figura 4. A
tropomiosina e a troponina atuam em conjunto com os íons cálcio para manter o relaxamento
ou iniciar a ação das miofibrila (WILMORE, 2001; GUYTON, 1997; ROÇA, 2000).
Figura 4: Um filamento de actina, composto por moléculas de actina, tropomiosina etroponina. Em repouso, os sítios de ligação ativos sobre as moléculas de actina são recobertospor filamentos de troponina.
FONTE: Wilmore, 2001.
O Sarcômero é a unidade funcional básica de uma miofibrila. Cada miofibrila é
composta por inúmeros sarcômeros unidos pelas extremidades na banda Z. O sarcômero
26
insere o que é encontrado entre cada par de linha Z, com a seguinte seqüência uma banda I
(zona clara), uma banda A (zona escura), uma zona H (no meio da banda A) o resto da banda
A, uma segunda banda I. se observarmos uma miofibrila individualmente ao microscópio
eletrônico, poderemos diferenciar dois tipos de pequenos filamentos protéicos que são
responsáveis pela ação muscular.Os filamentos mais finos são de actina e os mais espessos
são de miosina (WILMORE, 2001; GUYTON, 1997; ROÇA, 2000).
2.3 AÇÃO DA FIBRA MUSCULAR
Cada fibra muscular é inervada por um nervo motor simples, o qual termina próximo
do meio da fibra muscular. O nervo motor simples e todas as fibras musculares que ele inerva
são denominados unidades motoras. A sinapse, ou a fenda, entre um nervo motos e uma fibra
muscular, é denominada junção neuromuscular. É nesse o local que ocorre a comunicação
entre os sistemas nervoso e muscular (WILMORE, 2001; GUYTON, 1997 SANTOS, 2004).
2.3.1 O Impulso Motor
Os eventos que desencadeiam a ação de uma fibra muscular são complexos. O
processo está representado na figura 5. É iniciado por um impulso nervoso motor originário
do cérebro ou da medula espinhal. O impulso neural chega nas terminações nervosas,
denominadas terminações axônicas, os quais estão localizados muito próximos do sarcolema.
27
Quando o impulso chega, essas terminações nervosas secretam uma substância
neurotransmissora denominada acetilcolina, que se liga a receptores localizados sobre o
sarcolema. Se a quantidade suficiente de acetilcolina ligar-se aos receptores, será transmitida
uma carga elétrica em toda a extenção da fibra muscular, enquanto os canais iônicos se abrem
na membrana celular muscular permitindo que o sódio entre. Esse processo e denominado
despolarização e resulta no desfecho ou geração de um potencial de ação. E necessário que
este potencial de ação seja gerado na célula muscular ante que ela possa agir (WILMORE,
2001; GUYTON, 1997; ROÇA, 2000; SANTOS; 2004).
Figura 5: A seqüência de elementos que levam à ação muscular. (a) um neurônio motor liberaa acetilcolina, o qual se liga aos receptores localizados sobre o sarcolema. Se uma quantidadesuficiente de acetilcolina se ligar, é gerado um potencial de ação na fibra muscular. (b) opotencial de ação desencadeia a liberação de íons cálcio (Ca 2+) do reticulo sarcoplasmáticopara o interior do sarcoplasma. (c) o Ca2+ se liga a troponina localizada no filamento daactina e a troponina traciona a tropomiosina de cima dos sítios ativos, permitindo que ascabeças da miosina se fixem no filamento de actina.
FONTE: Wilmore, 2001.
28
2.3.2 O Papel do Cálcio na Fibra Muscular
Além da despolarização a membrana da fibra muscular, o impulso elétrico percorre a
rede de túbulo (túbulo T e reticulo sarcoplasmático [RS]) da fibra até o interior da célula. A
chegada de uma carga elétrica faz com que o RS libere grandes quantidades de íons cálcio (Ca
2+) armazenados no sarcoplasma (WILMORE, 2001; GUYTON, 1997; ROÇA, 2000).
Acredita-se que, no estado de repouso, as moléculas de tropomiosina repousem sobre
os sítios ativos dos filamentos de actina, impedindo ou enfraquecendo a ligação das cabeças
de miosina (WILMORE, 2001; SANTOS, 2004).
Quando os íons de cálcio são liberados do reticulo sarcoplasmático, eles se ligam a
troponina, sobre os filamentos de actina. Acredita-se que a troponina, com sua forte afinidade
pelos íons cálcio, inicie o processo de ação através da retirada das moléculas do tropomiosina
de cima dos sítios ativos dos filamentos de actina. Como a tropomiosina normalmente oculta
os sítios ativos, ela bloqueia a atração entre a ponte cruzada de miosina e o filamento de
actina. No entanto quando é retirada de cima dos sítios ativos pela troponina e pelo cálcio, a
cabeça de miosina podem se fixar aos sítios ativos dos filamentos de actina (WILMORE,
2001; GUYTON, 1997; ROÇA, 2000).
2.3.3 A Teoria o Filamento Deslizante: Como o Músculo Cria o Movimento
A teoria do filamento deslizante acontece da seguinte maneira, as pontes cruzadas de
miosinas são ativadas, que se ligam fortemente a actina, resultando em uma alteração na
29
forma da ponte cruzada, a qual faz com que a cabeça da miosina incline em direção ao braço
da ponte cruzada e tracione o filamento de actina e de miosina em direção oposta (Figura 6).
Essa inclinação da cabeça e denominada ligação forte. A tração do filamento de actina sobre o
de miosina resulta no encurtamento e na geração de força. Quando as fibras de miosina não
estão se contraindo, a cabeça da miosina permanece em contato com o sítio de ligação de
miosina, mas as ligações moleculares no local são enfraquecidas ou bloqueadas pela
tropomiosina (WILMORE, 2001; GUYTON, 1997; SANTOS, 2004).
Imediatamente após ocorrer a inclinação da cabeça da miosina, ela se separa do sítio
ativo, roda e volta a sua posição original e se fixa em um novo sítio ativo mais distante ao
longo do filamento de actina. Fixações repetidas e ligações fortes fazem com que os
filamentos deslizem entre si dando origem ao termo do filamento deslizante. Esse processo
continua até as extremidades dos filamentos atingirem as linhas Z. Durante a contração os
filamentos de actina são trazidos mais pra perto uns dos outros e formam uma protusão na
zona H, onde, finalmente eles se sobrepõem. Quando isso ocorre, a zona H deixa de ser
visível (WILMORE, 2001; GUYTON, 1997; SANTOS, 2004).
30
Figura 6: Uma fibra muscular (a) relaxada, (b) contraindo e (c)totalmente contraída, ilustrando a ação do tipo raquete, responsávelpelo deslizamento dos filamentos de actina e miosina.
Fonte: Wilmore, 2001.
2.3.4 A Energia para a Ação Muscular
Para Wilmore (2001) e Santos (2004) a ação muscular é um processo ativo que exige
energia. Além do sítio de ligação com a actina, uma cabeça de miosina contém um sítio de
ligação para a ATP (adenosina trifosfato). A molécula de miosina deve se ligar à ATP para
que aconteça a ação muscular, pois a ATP fornece a energia necessária. A enzima de ATPase,
31
localizada sobre a cabeça da miosina, quebra a ATP produzindo ADP (adenosina difosfato),
Pi (fosfato inorgânico) e energia. A energia liberada nessa degradação da ATP é utilizada para
ligar a cabeça da miosina ao filamento da actina. Portanto, a ATP é a fonte energética química
da ação muscular.
2.3.5 O término da Ação Muscular
A ação muscular prossegue até ocorrer o despejo de cálcio. O cálcio é então
bombeado de volta para o retículo sarcoplasmático, onde é depositado até a chegada de um
novo impulso nervoso a membrana da fibra muscular. O cálcio regressa ao retículo
sarcoplasmático por meio de um sistema de bombeamento. Esse é um processo que exige
energia e que também depende da ATP. Conseqüentemente, a é necessária para a faze de ação
e de relaxamento (WILMORE, 2001; SANTOS, 2004; GUIMARÃES et al.,2006).
Quando o cálcio é removido, a troponina e a tropomiosina são desativadas. Isso
bloqueia a ligação entre as pontes cruzadas da miosina e os filamentos de actina e suspende a
utilização da ATP. Como resultado, os filamentos de miosina e actina retornam ao seu estado
original de relaxamento (WILMORE, 2001; GUYTON, 1997; ROÇA, 2000).
32
2.4 MÚSCULO ESQUELÉTICO E EXERCICIO
Agora que já revimos a estrutura geral do músculo e os processos por meio dos
quais as miofibrilas atuam, estamos prontos para analisar mais especificamente o
funcionamento muscular durante o exercício que dependem, em grande parte, da capacidade
dos seus músculos produzirem energia e força (WILMORE, 2001; ROÇA, 2000;
GUIMARÃES et al.,2006).
2.4.1 Fibras Musculares de Contração Lenta e de Contração Rápida
Nem todas as fibras musculares são iguais. Um músculo esquelético simples contém
dois tipos principais de fibras, as de contração lenta e as de contração rápida. As fibras de
contração lenta (CL) levam aproximadamente 110 ms para atingir a tensão máxima quando
esticadas. As fibras de contração rápida (CR) por sua vez podem atingir a tensão máxima em
cerca de 50ms (WILMORE, 2001; GUYTON, 1997; GUIMARÃES, 2006).
Foi identificado apenas um tipo de fibras de contração lenta, mas as fibras de
contração rápida podem ainda ser classificadas em vários tipos. Os dois tipos principais são as
fibras de contração rápida do tipo a (CRa) e as do tipo b (CRb). A figura 7 apresenta uma
fotomiografia do músculo humano na qual cortes transversos finos (10 m) foram corados
quimicamente para diferenciar os vários tipos de fibras. As fibras CL foram coradas em preto,
as fibras CRa permanecem não-coradas, e as fibras CRb aparecem em cinza. Embora não
33
apareça nesta figura, foi identificado um terceiro tipo de fibra de CR, a do tipo CRc
(WILMORE, 2001; GUIMARÃES et al.,2006).
Figura 7: a fotomiografia demonstra as fibras musculares de contração lenta (CL) e asde contração rápida (CR).
FONTE: Wilmore, 2001.
As diferenças entre as fibras CRa, CRb e CRc não são totalmente
compreendidas, mas acredita-se que a fibras CRa sejam as mais recrutadas. Somente as fibras
CL são recrutadas com mais freqüência que as fibras CRa. As fibras CRc são as menos
utilizadas. Em média a maioria dos músculos é composta de aproximadamente 50% de fibras
CL e 25% de CRa o 25%, restante são representados por fibras CRb, sendo que as fibras CRc
são representadas por apenas de 1% a 3% do músculo (WILMORE, 2001; GUYTON, 1997;
ROÇA, 2000; GUIMARÃES et al.,2006).
34
2.4.2 Características das Fibras CL e CR
Devemos entender a importância dos diferentes tipos de fibras musculares, e o
seu papel na atividade física. Para que isso ocorra vamos entender melhor como os tipos de
fibras se distinguem (WILMORE, 2001; GUYTON, 1997; GUIMARÃES et al.,2006).
As fibras de contração lenta e de contração rápida são assim denominadas pela
diferença na sua velocidade de ação. Essa diferença ocorre principalmente pelas variadas
formas de miosina ATPase. A ATPase e a enzima que quebra a ATP que libera a enzima que
impulsiona a contração ou permite o relaxamento. As fibras CL apresentam uma forma lenta
de miosina ATPase, já as fibras CR apresentam uma forma mais rápida. Em resposta à
estimulação neural, a ATP é quebrada mais rapidamente nas fibras CR do que em fibras CL
por isso as fibras CR têm deposição mais rápida para a contração do que as CL (WILMORE,
2001; GUYTON, 1997; ROÇA, 2000).
As fibras do CR apresentam um reticulo sarcoplasmático mais desenvolvido do que as
fibras do CL. Por essa razão as fibras do CR apresentam uma maior facilidade na liberação de
cálcio no interior da célula muscular quando estimulada. Acredita-se que essa facilidade
contribua para a maior velocidade de ação, cinco a seis vezes mais rápida do que as fibras CL.
Embora a quantidade de força gerada pela fibra CR e CL sejam aproximadamente iguais, a
potência calculada de uma fibra CR é de três a cinco vezes superior gerada por uma fibra CL
(WILMORE, 2001; GUIMARÃES et al.,2006).
35
2.5 TIPOS DE AÇÃO MUSCULAR
Segundo Wilmore (2001) de modo geral o movimento muscular pode ser classificado
em três tipos de ação: concêntrica; excêntrica e estática. Em muitas atividades como na
corrida e no salto, todos os tipos de movimentos podem acontecer durante a execução de um
movimento coordenado e suave.
2.5.1 Ação Concêntrica
Uma ação principal do músculo é o encurtamento. A ação concêntrica e esta ilustrada
na figura 8, os filamentos de actina são puxados e aproximados uns dos outros. Como o
movimento articular é produzido, as ações concêntricas são consideradas ações dinâmicas
(WILMORE, 2001; SANTOS, 2004).
Figura 8: Ação concêntrica o músculo se encurta.
FONTE: Wilmore, 2001.
36
2.5.2 Ação Estática (Isométrica)
Os músculos também podem atuar sem que haja movimento, quando isso ocorre, o
músculo gera força, mas o seu comprimento permanece inalterado ver na figura número 9.
Isso é denominado ação estática, ou ação isométrica, em uma ação estática, as pontes
cruzadas da miosina são formadas e recicladas, produzindo força, mas a força externa é
muito grande para que os filamentos de miosina possam ser movidos. Eles permanecem
na posição normal e, por essa razão, o encurtamento não pode ocorrer. Se forem
recrutadas unidades motoras suficientes para produzir uma força suficiente que supere a
resistência, uma ação estática se torna dinâmica (WILMORE, 2001; SAMTOS 2004;
GUIMARÃES et al.,2006).
Figura 9: ação estática o comprimento do músculopermanece inalterado.
FONTE: Wilmore, 2001.
37
2.5.3 Ação Excêntrica
Os músculos podem exercer força mesmo que estejam alongados. Esse movimento é
uma ação excêntrica ver na figura 10. Como ocorre movimento articular, ele também é
uma ação dinâmica. Os filamentos de actina são tracionados ainda mais do centro do
sarcômero, provocando seu alongamento (WILMORE, 2001, SAMTOS 2004;
GUIMARÃES et al.,2006).
Figura 10: ação excêntrica o músculo se alonga.
FONTE: Wilmore, 2001.
38
2.6 FIBROMIALGIA
2.6.1 Histórico da Fibromialgia
O termo “fibromialgia”, empregado até a atualidade, foi popularizado inicialmente por
Yunus e seus colaboradores no ano de 1981 (CHAITOW, 2002).
Em 1984, Yunus sugeriu que a fibromialgia, junto com outras entidades, poderia
englobar a síndrome disfuncional (síndrome do cólon irritável, fadiga crônica, pernas
inquietas, cefaléia tensional, etc.). Ele se baseou em achados comuns a todos os pacientes,
como fadiga, sono não reparador, predomínio em mulheres e ausência de lesões macro e
microscópicas. Neste sentido, surgiu a hipótese de que nestes processos havia uma disfunção
neuroendócrina-imune (alterações de neurotransmissores e hormônios) que serviam como
uma ligação entre estas afecções (MARTINEZ, 2006).
Em 1990, o Colégio Americano de Reumatologia publicou um estudo realizado em 16
centros especializados localizados nos Estados Unidos e no Canadá, que foi conduzido por
um período de quatro anos, envolvendo 293 pacientes com Fibromialgia e 265 controles, os
quais apresentavam condições clínicas facilmente confundíveis com a Fibromialgia. Após esta
pesquisa, foram propostos como critérios diagnósticos para a Fibromialgia a presença de
queixas dolorosas difusas, por um período maior do que três meses, com distribuição somática
nos quatro quadrantes do corpo e a presença de dor em pelo menos 11 de 18 pontos
anatomicamente padronizados (WOLFE et al., 1990).
Em 1990, um simpósio médico internacional, realizado pelo Colégio Americano de
Reumatologia publicou um protocolo para o diagnóstico da fibromialgia, atualmente muito
39
utilizado. Em 1993 a Organização Mundial da Saúde adotou este protocolo, reconhecendo
oficialmente a fibromialgia (GREMILLION, 1998).
2.6.2 Definição Da Fibromialgia
Define-se Fibromialgia como uma síndrome reumática, caracterizada por dor difusa,
referida nos ossos, músculos, tendões e fáscias, de caráter crônico, e que apresenta pontos
muito dolorosos à palpação em locais predeterminados chamados “pontos dolorosos ou tender
points” Ocorre total ausência de processo inflamatório articular ou muscular (HELFENSTEIN
e FELDMAN, 2002; GASHU, et al., 2001; LIPHAUS et al., 2001).
A fibromialgia é uma síndrome que determina limitações à capacidade funcional dosindivíduos pelo quadro álgico crônico, podendo interferir diretamente na qualidadede vida e, portanto, na saúde dos pacientes. Trata-se de uma patologia reumática,caracterizada por dor muscular difusa associada, na maioria dos casos, a rigidez,distúrbios do sono e alterações de caráter psicológico, que atinge em média 15mulheres para um homem. A prevalência para a raça branca é de 92 a 98%. Afeta5% da população mundial e 8% da população brasileira. Acomete em especialmulheres entre 35 e 55 anos, portanto na faixa etária de plena atividade física,profissional e social. A dificuldade em manter essas atividades pode acarretarproblemas psicossociais relevantes. Daí advém à importância de se buscarem novosrecursos para minimizar o impacto que a fibromialgia impõe a suas portadoras(SALVADOR et al., 2004).
Para Bastos e Oliveira (2003) e Marques et al. (2002) a síndrome da fibromialgia é
considerada uma patologia crônica de difícil tratamento que acomete, principalmente,
mulheres entre 40 e 60 anos de idade, uma faixa etária de atividade profissional produtiva, e o
nível da dor é tão intenso, que interfere no trabalho, nas atividades de vida diária e na
qualidade de vida dos pacientes.
A fibromialgia é uma síndrome que atinge a população feminina em idade produtiva,
levando muitas vezes, ao afastamento permanente das atividades profissionais com
conseqüentes implicações sobre a qualidade de vida e importantes repercussões
40
socioeconômicas tanto para o indivíduo como para a sociedade. O sintoma mais importante da
fibromialgia é dor músculoesquelética difusa que pode se iniciar de forma generalizada ou em
uma área determinada, como a coluna cervical, estendendo-se a partir daí. Espasmos
musculares estão presentes em alguns casos. Também fazem parte da sintomatologia as
alodíneas e as disestesias, além da fadiga, que se inicia ao despertar e perdura por longos
períodos (SALVADOR, et al., 2004).
Fibromiálgicos têm, em geral, um nível de condição aeróbica menor que a média da
população. Como resultado, tendem a ter sua eficiência cardiovascular e metabólica global
diminuída. Esse descondicionamento ocorre devido à inatividade dos pacientes em virtude da
dor crônica. O músculo descondicionado torna-se mais suscetível a microtraumas que podem
resultar em aumento da dor e reduzir ainda mais a atividade muscular. O fibromiálgico
adquire um comportamento de autoproteção para evitar quadros álgicos cada vez mais
intensos. A manutenção desse descondicionamento leva a um ciclo crônico que mantêm
presentes e agudos todos os sintomas. Para quebrá-lo, é fundamental implementar a atividade
física no programa de reabilitação (SILVA et al., 1997).
Segundo McNeal (apud RUOTI), a fibromialgia tem sido um desafio profissional para
muitos pesquisadores e clínicos. Os sintomas de fadiga, rigidez matinal, perturbações do sono,
dor disseminada e anormalidades psicológicas são às vezes incapacitantes.
Segundo Silva (2005) e Costa et al., (2005) a fibromialgia é uma síndrome não
inflamatória muito freqüente e caracterizada pela ocorrência de dor músculo-esquelético
difusa, crônica, e pontos dolorosos os chamados tender points, na ausência de processos
inflamatórios articulares ou musculares, geralmente associada à fadiga. Também pode ser
chamada de fibrosite, neurose muscular, síndrome da coluna vertebral ou Reumatismo
Psicogênico.
41
A fibromialgia é uma doença sistêmica, causa anormalidade na modulação da dor,
afeta os músculos e outros tecidos, mais assídua no sexo feminino, generalizada e simétrica;
envolve pelo menos três quadrantes: o inferior, o superior, o direito e/ou o esquerdo do corpo,
sem limitação, primariamente. Apresenta dor à palpação difusa e pode ocorre também em
tecidos não musculares, como gordura e ossos. Há doentes que apresentam dor predominante
em um hemicorpo, sem dor referida, e dor nas pregas cutâneas. Exames laboratoriais, exame
neurológico, exame osteoarticular normal; fadiga, anormalidade do sono, depressão e
ansiedade, acentuação da dor durante o estresse, tensões emocionais e exercícios extenuantes,
redução da dor com o calor nos exercícios leves (SILVA, 2005).
Esta patologia pode ser considerada uma síndrome, pois abrange um conjunto de
sinais e sintomas. Os sinais são referentes aos achados físicos que o médico encontra quando
examina o paciente (os tender points). Os sintomas relacionam-se à queixas relatadas durante
a anamnese tais como: fadiga, disturbios do sono, ansiedade, depressão, cefaléias síndrome do
cólon irritável parestesia em extremidades, dismenorréia. O distúrbio do sono esta relacionado
em quase 100% dos casos (PROVENZA et al. 2004; GOLDENBERG et al., 2003).
Silva (2005) e Ribeiro e Proietti (2005) explicam que a síndrome pode ser primária
quando não há doenças ou causa demonstrável ou secundária quando acompanha doenças
reumáticas ou ósseas, infecções ou outras deformidades crônicas.
Durante muitas décadas, a fibromialgia não foi aceita como uma entidade clínica
distinta. Conceituavam-na ora como distúrbio psicológico, ora como síndrome dolorosa
regional. Essas divergências revelavam que a doença parecia diferente a cada observador.
Atualmente é reconhecida como uma entidade clínica pela Organização Mundial de Saúde,
classificada na resolução M79.0 da décima classificação Internacional de Enfermidades (ICD-
10) (HAUN et al.,1999).
42
2.6.3 Classificação Da Fibromialgia
Segundo Bates & Hanson (1998), Feldman (1998) e Chaitow (2002), a fibromialgia
pode ser classificada como primária quando acontece isoladamente, ou secundária quando
acontece concomitante a outra doença. Afirmam que não possui diferença no fato da
fibromialgia ser isolada ou associada à outra doença. Deste modo, não caberiam os conceitos
de primária e secundária, propostos pelos autores acima.
Antonio (2001), apresenta ainda outra proposta de classificação dividindo a
fibromialgia em cinco categorias:
1. Fibromialgia primária: o paciente apresenta achados característicos de
fibromialgia sem uma causa subjacente reconhecível.
2. Fibromialgia secundária: achados característicos secundários a uma causa
conhecida ou a uma doença subjacente e que apresenta melhora dos sintomas fibromiálgicos
com o tratamento específico da condição de base.
3. Fibromialgia regional ou localizada: ocorre dor miofascial localizada associada
com a presença de trigger points, geralmente secundária a distensões musculares
(ocupacional, repetitiva); bastante similar às síndromes miofasciais específicas locais ou
regionais, não preenchendo os critérios definidos para fibromialgia. Porém, é considerada por
alguns autores como uma forma frustra da patologia.
4. Fibromialgia do idoso: similar a fibromialgia primária. Deve ser diferenciada de
polimialgia reumática, doenças neurológicas degenerativas, osteoporose, síndromes
paraneoplásicas, doença de Parkinson inicial, síndromes cerebrais orgânicas e síndromes pós-
virais que cursam com fadiga pronunciada.
43
5. Fibromialgia infanto-juvenil: similar às formas primárias, ocorrendo em crianças
e adolescentes.
2.6.4 Epidemiologia
Segundo Yunus et al. (1992), Campbell et al. (1983) e Wolfe et al. (1990) os estudos
epidemiológicos para a determinação da prevalência da fibromialgia são escassos, e até 1990
os dados eram conflitantes, devido as diferenças entre os padrões de referencias de cada
serviço, aos diferentes critérios diagnósticos utilizados e as diferenças regionais entre as
populações.
A fibromialgia afeta preferencialmente mulheres de meia idade. Pode também afetar
ambos os sexos em qualquer idade, mas sempre o homem em menor proporção (WEINSTEIN
& BUCKWALTER, 2000).
No entender de Bates & Hanson (1998), Antonio (2001) e West (2000), a patologia
parece iniciar entre 12 e 45 anos e a média de idade está entre 35 a 40 anos. Após os 60 anos,
é incomum a instalação da fibromialgia nesta idade os sintomas são usualmente causados por
outra doença (por exemplo: infecção, neoplasia, artrite).
Já para West, (2000) a média de idade de inicio é de aproximadamente 35 à 40 anos,
mas apresenta uma grande variação, com o início ocorrendo mais comumente entre os 10 e 55
anos.
A idade de apresentação ao médico, quando se realiza o diagnóstico formal,
geralmente varia entre 34 a 53 anos e isso indica que a maioria dos pacientes suporta sintomas
44
durante vários anos antes de receber um diagnóstico apropriado. Em geral há uma média de
9,3 anos entre o início dos sintomas e o diagnóstico (ANTÔNIO, 2001).
Silva et al. (1997) Weinstein & Buckwalter (2000), citam que a patologia é
responsável por 25% das consultas nos ambulatórios de reumatologia. Isto a torna o terceiro
distúrbio reumático mais comum, atrás somente da osteoartrite e da artrite reumatóide.
Observa-se ainda que a raça branca representa mais de 90% dos casos. Entretanto, tal
observação pode dever-se a um viés de seleção, visto que a mesma tem maior acesso a
consultas médicas (MALYAK, 2001).
Já Feldman (1998) e Antonio (2001) dizem que a fibromialgia é de distribuição
universal, sem predileção por raça. No estudo realizado pelo Colégio Americano de
Reumatologia, em 1990, 93% dos pacientes correspondiam a caucasianos, 5% a hispânicos e
1% a negros. Observa-se ainda que o nível sócio-econômico e educacional destes pacientes
mostraram-se, em geral, mais altos quando comparados à população norte-americana geral.
A incidência da fibromialgia em pessoas ativas, com boa aptidão física é muito mais
baixa que na população geral. Foi descrita uma tendência à agregação familiar
(hereditariedade), tendo sido proposto um padrão de herança autossômica dominante, com
prevalência no sexo feminino (GREMILLION, 1998).
Para Gashu et al. (2001), um dos problemas principias da fibromialgia e afetar
principalmente mulheres em idade produtiva, entre a puberdade e a menopausa, interferindo
na sua qualidade de vida.
A Fibromialgia é de distribuição universal, sem predileção por raça. Não há estudos
comparando áreas rurais e urbanas, nem regiões com diferentes condições socioeconômicas e
mesmo culturais (FELDMAN, 1998).
45
2.6.5 Etiopatogenia
A etiopatogenia da fibromialgia ainda é desconhecida e provavelmente deve ser
multifatorial, conforme mostram diversas linhas de pesquisa internacional. Como ainda é
desconhecida há dificuldade em determinar com convicção o que é sintoma e o que é fator
desencadeante do quadro clínico da doença (ATRA et al., 1993; FERREIRA et al. 2002).
Existem inúmeras hipóteses que tentam explicar a evolução da fibromialgia, propondo
que a sua origem está relacionada à interação de fatores genéticos, neuroendócrinos,
psicológicos e distúrbios do sono (CHAITOW, 2002; NEECK, 2002; PEREA, 2003;
MINHOTO, 1999; YUNUS et al., 1992).
Existem pelo menos duas áreas fisiopatológicas que tem sido investigadas na
fibromialgia: sistema nervoso central e área periférica (músculos e tecidos subjacentes).
Nesses locais são dados mais ênfase as alterações musculares e neuroendócrinos, sendo que as
principais alterações são distúrbio do sono, alterações psíquicas e da dor (SKARE, 1999).
2.6.6 Quadro Clínico
Caracteristicamente, o quadro clínico da fibromialgia é de dores intensas pelo corpo
inteiro, predominando na região da coluna vertebral, com pelo menos três meses de duração.
Estes sintomas são acompanhados de rigidez matinal, cansaço ou fadiga fácil e aos mínimos
esforços, perturbação do sono (insônia, sonolência e/ou sono não-restaurador), depressão,
enxaqueca, mucosas secas, parestesias em mãos e pés, podendo também apresentar cefaléia,
46
cólon irritável e fenômeno de Raynaud (PAIVA, 2003; POLLAK, 1993; WEST, 2000;
ANTONIO, 2001; TANAKA, 1994).
O quadro clínico desta síndrome costuma ser polimorfo, exigindo uma anamnese
cuidadosa e exames físicos detalhados. Uma proporção dos pacientes relata que a dor é
inicialmente mais localizada em uma determinada região, principalmente na coluna cervical,
envolvendo ou não o trapézio, outras vezes inicia-se com uma cervicobraquialgia ou uma
cervicodorsalgia. Já uma outra parte dos pacientes alega que o quadro doloroso inicia-se de
maneira difusa, afetando segmentos da coluna vertebral, membros superiores e inferiores
(PROVENZA et al., 2004).
No exame físico também podem ser encontrados espasmos musculares localizados
referidos como nódulos e sensibilidade cutânea ao pregueamento (alodíneas). A disestesia é a
sensação desagradável que varia desde amortecimento até agulhadas sentidas nas
extremidades (PEREA, 2003).
A Fibromialgia pode ser vista como uma síndrome constituída de um núcleo central de
manifestações que são essenciais para o diagnóstico, superimpostas a um número variável de
manifestações subsidiárias freqüentemente notadas em associação, porém não imprescindíveis
para o diagnóstico final desta condição As manifestações principais são: dor generalizada e
dolorimento difuso sobre áreas designadas como tender points (ANTÔNIO, 2001).
No entender de Pollak (1993) os principais pontos são a inserção dos occipitais,
bilateralmente; no terço inferior dos esternocleidomastóideos, bilateralmente; ponto médio
dos trapézios, bilateralmente; inserção do tendão longo do bíceps, bilateralmente; segundo
espaço intercostal, na junção costocondral, bilateralmente; epicôndilos laterais dos cotovelos;
processo espinhoso das vértebras lombares 4 e 5; cristas ilíacas póstero-superiores; músculos
glúteos maiores; bolsas trocanterianas femurais; e, interlinhas mediais dos joelhos.
47
Tender Points da Fibromialgia:
Figura 11: Localização dos tender points
Fonte: OKIFUJI, A.; et al. - A Standardized ManualTender Point Survey: I. Development and Determinationof a Threshold Point for Identification of PositiveTender Points in Fibromyalgia Syndrome. The Journalof Reumatology, vol.24, n. 2, p.377-383, 1997.
Além das características essenciais para a sua classificação, as manifestações clínicas
da Fibromialgia exibem uma constelação tão variada de sintomas que formam um quadro
característico, dificilmente simulado por outras condições (SILVA et al., 1997).
Manifestações secundárias são de dois tipos: aquelas que podem ser consideradas
quase características, devido à sua ocorrência em mais de três quartos dos indivíduos
diagnosticados, tais como fadiga, sono não reparador e rigidez matinal, e aquelas que são
menos freqüentes, ocorrendo em cerca de 25% a 50% dos casos, como síndrome do cólon
irritável, fenômeno de Raynaud, cefaléias, edema subjetivo, parestesias não dermatoméricas,
48
sensação de aumento de volume articular, síndrome uretral, dispepsia não-ulcerosa, tensão
pré-menstrual, alterações psicológicas e incapacidade funcional significativa. Enfim, queixas
das mais diversas naturezas que, quando apresentadas a médicos não familiarizados com a
Fibromialgia, geralmente significam investimento inútil de tempo e recursos em exames,
numa tentativa de encontrar explicações para queixas psicossomáticas (SILVA et al., 1997;
ANTÔNIO, 2001; MINHOTO, 1999; MALYAK, 2001).
Devemos ter cuidado em diferenciar os tender points da Fibromialgia dos trigger
points (pontos gatilhos) presentes na Síndrome Dolorosa Miofascial. A palpação dos
primeiros produz dor localizada não irradiada, portanto não ocorre dor em locais proximais ou
distais às áreas examinadas, não havendo enduração ou contratura nítida dos pontos. Os
trigger points, por sua vez, apresentam, caracteristicamente, dor referida e sua irradiação pode
ser previsível e anatomicamente mapeada, seguindo um padrão estereotipado, sendo
considerado como especificidade e sensibilidade para a Síndrome Dolorosa Miofascial
(SHRIWISE, 1997; MAEDA et al. 2006).
2.7. HIDROTERAPIA
A hidroterapia é um dos recursos mais antigos da fisioterapia, sendo definida como o
uso externo da água com propósitos terapêuticos (CAROMANO & NOWOTNY, 2002).
A “hidroterapia” é originada das palavras gregas hydro (água) e therapéia
(tratamento). O uso da hidroterapia como forma terapêutica data de 2400 a.C pela cultura
protoindiana, que criou as instalações higiênicas. Há documentação de que os hindus, em
1500 a.C usavam a água para combater a febre. Homero mencionou o uso da água para
49
tratamento da fadiga, como cura de doenças e combate a melancolia (CUNHA et al, 2001;
GARCIA e ABREU. 2003).
A fisioterapia aquática realizada em piscina aquecida é a utilização dos efeitos físicos,
fisiológicos e cinesiológicos, advindos da imersão do corpo, ou parte dele, em meio aquático,
como recurso auxiliar na reeducação funcional neuromotora, músculoesquelética ou
cardiorespiratória, visando o restabelecimento da saúde, sua manutenção ou ainda prevenção
de uma alteração funcional orgânica (CAROMANO et al.,2002)
O ambiente aquático oferece benefícios significativos, uma grande margem de
segurança terapêutica e efetividade de custo para uma gama de situações clínicas. A terapia
aquática é fundamentada cientificamente, oferece uma abordagem útil para muitos problemas
de reabilitação, agudos e crônicos, e os pacientes a consideram útil e agradável (DeLISA,
2002).
A hidroterapia é uma forma clássica de tratamento fisioterápico, utilizada em grandes
variedades de disfunções. Neste tipo de atividade, as propriedades físicas da água aquecida
promovem facilidades de movimentos e alivio das dores, além de permitir o trabalho em
grupo e tornar a terapia agradável, principalmente para crianças, as quais muitas vezes são
impossibilitadas de realizar determinadas atividades em outro meio, senão o aquático
(CAROMANO e CANDELORO, 2001).
A fisioterapia aquática é a união dos exercícios aquáticos com a terapia física. É uma
abordagem terapêutica abrangente que utiliza os exercícios aquáticos para ajudar na
reabilitação de varias patologias. O programa é organizado levando-se em consideração
componentes específicos: aquecimento, alongamento, resistência, forca muscular e
relaxamento. A fisioterapia aquática promove a independência entre pacientes, requer um
menor tempo dos profissionais envolvidos e maximiza o uso da piscina, comparado aos
programas tradicionais (BATES & HANSON, 1998; LOPES, 2003).
50
Entrar na água é uma experiência única que fornece a todos uma oportunidades de
ampliar física, mental e psicologicamente seus conhecimentos e habilidades. A unicidade da
água está principalmente relacionada ao seu empuxo, que alivia o estresse sobre as
articulações sustentadoras de peso e permite que se realize movimentos em forças
gravitacionais reduzidas (CAMPION, 2000; LOPES,2003).
Os gregos foram os primeiros povos a apreciar o relacionamento entre o bem-estar
físico e mental. Eles construíram centros próximos a nascentes e rios, utilizando-os para
banhos e recreação. Por volta de 500 a.C., ocorreu à transição do misticismo e culto para o
tratamento físico. Os romanos, com suas habilidades de construção desenvolveram e
expandiram o sistema grego de atletismo seguindo por um mergulho frio; produziram uma
serie de banhos que variam do caldarium por do tepidarium até o frigidarium.(LOPES, 2003;
CAMPION, 2000).
Caromano e Nowotny (2002) relatam que as forcas físicas da água agindo sobre um
organismo imerso, provocam alterações fisiológicas extensas, afetando quase todos os
sistemas do organismo. Os efeitos fisiológicos podem somar-se aos desencadeados pela
pratica de exercícios físicos na água, tornando as respostas mais complexas. O conhecimento
dos efeitos de imersão, acompanhada ou não de exercícios físicos, e da fisiopatologia, fornece
subsídios suficientes para o estabelecimento de objetivos fisioterapêutico e um plano de
tratamento adequado para cada paciente.
Segundo Campion (2000), a água permite a qualquer um realizar movimentos
incríveis que, se fossem realizados no solo apenas, poucos os fariam e com muita dificuldade.
A hidroterapia é tão antiga quanto a historia da humanidade, informações sobre as atividades
aquáticas têm sido documentadas tanto para propósitos recreacionais quanto terapêuticos
apesar do fato de sua popularidade ter oscilado durante as épocas.
Em muitas culturas, o uso da água foi estreitamente ligada à adoração mística ereligiosa da água e ao seu percebido poder de cura. O inicio do uso da hidroterapiacomo uma modalidade terapêutica é desconhecida, porém registros que datam de
51
antes de 2400 a.C indicam que a cultura proto-índia construía instalações higiênicas.Foi observado que os antigos egípcios, assírios e muçulmanos usavam águas comfinalidades terapêuticas. Existe também documentação de que os hindus, em 1500a.C., usavam a água para combater a febre. Em todos os registros históricos dasantigas civilizações japonesa e chinesa há importante menção ao respeito e adoraçãoda água corrente e da imersão em banhos por períodos prolongados de tempo.Homero menciona o uso da água para tratar a fadiga, curar lesões e combater amelancolia. As águas da cidade de Bath, na Inglaterra, já eram usadas em 800 a.C.para finalidades curativas (IRION, apud RUOTI, et al, 2000).
Por volta de 339 a.C. alguns desses banhos passaram a ser usados com o propósito de
cura e o tratamento era indicado em primeiro lugar para o sintoma das doenças reumáticas,
paralisia e efeito posterior à lesão. As queimaduras eram tratadas em banhos prolongados. A
supressão da hidroterapia no Ocidente foi sustentada mais ou menos durante toda a época
medieval, mas por volta dos séculos XV, XVI e XVII, o uso da água com propósito de cura
adquiriu algum reconhecimento por parte dos médicos europeus (CAMPION, 2000; BATES
& HANSON, 1998).
O reconhecimento do tratamento para os quais as características e prioridades da água
podem ser utilizadas para criar técnicas que acentue a atividade aquática como uma parte
integral de todo o tratamento físico e psicológico e das condições variadas de muitos ira
assegurar o lugar da hidroterapia para a reabilitação aquática atual (CAMPION, 2000 ;
BATES & HANSON, 1998).
A fisioterapia aquática proporciona a possibilidade de realização de atividades física
muitas vezes impossíveis de se realizar fora da água. Pacientes severamente incapacitados
fora da água são notavelmente móveis na piscina. A água oferece a experiência do corpo atuar
em duas forças principais: gravidade para baixo e flutuação ou impulso para cima. Ela
proporciona o potencial de exercício em três dimensões: estimulação perceptual, visual e
auditiva; e também através dos receptores da pele, devido aos efeitos da turbulência, calor e
pressão hidrostática. A terapia na água também auxilia no controle de equilíbrio, controle
rotacional e trabalho respiratório. Os efeitos adquiridos são tanto físicos quanto psicológicos
(CUNHA et al.,2002; LOPES, 2003).
52
2.7.1 Princípios Físicos da Água
Segundo RUOTI et al. (2000) quase todos os efeitos biológicos da imersão estão
relacionados com os princípios fundamentais da hidrodinâmica e termodinâmica. Uma
compreensão desses princípios torna mais racional a aplicação do processo clínico. Uma vez
que as atividades aquáticas têm lugar em um ambiente aquático dinâmico, é útil estudar a
física da água estacionária (hidrostática) e movimento (hidrodinâmica).
2.7.1.1 Densidade e Gravidade Específica
A densidade relativa de um objeto é a prioridade que determina se ele vai flutuar. Os
termos “densidade relativa” e “gravidade relativa” são sinônimos. A densidade relativa de um
objeto é a relação entre a massa do objeto e a igual massa de volume de água deslocado
(BATES & HANSON, 1998; LOPES, 2003).
A densidade relativa da água é aceita como uma proporção de um. Portanto, qualquer
objeto com uma densidade menor que um irá flutuar. A densidade relativa do corpo humano
varia com a idade, sendo que uma criança nova possui densidade relativa total de
aproximadamente 0,86. Na adolescência e inicio da idade adulta, a densidade relativa aumenta
para aproximadamente 0,97. Mais tarde com o passar dos anos, o corpo tende a adquirir mais
tecido adiposo e a densidade relativa tende a retornar para 0,86. Por essa razão, o ser humano
tem maior facilidade para flutuar em certas fases da vida do que em outras. Alem disso, cada
parte e tecido individuais possuem suas próprias densidades relativas. Os membros superiores
53
são geralmente menos densos do que os membros inferiores, portanto os braços flutuam com
maior facilidade à medida que as pernas tendem a afundar (CAMPION, 2000; LOPES, 2003).
2.7.1.2 Flutuação
A flutuação e a densidade relativa estão intimamente relacionadas. O principio de
Arquimedes estabelece que quando um corpo esta total ou parcialmente imerso em um fluido
em repouso, ele experimenta um empuxo de baixo para cima, igual ao volume de fluido
deslocado, que atua na direção oposta a da força da gravidade. Portanto, um objeto com
densidade relativa menor que um flutuará porque a massa do objeto é menor que o volume de
água deslocado. O ponto pelo qual a força da flutuação atua é chamado de “centro de
flutuação” – centro geométrico do fluido deslocado (BATES & HANSON, 1998).
Um corpo submerso na água está sujeito a duas forças opostas, gravidade e
flutuabilidade. A gravidade age empurrando no sentido para baixo, enquanto a flutuabilidade
empurra para cima (CAMPION, 2000).
Caromano e Nowotny (2002) explicam que do ponto cinesioterapêutico, a flutuação
pode ser usada para facilitar o movimento, quando o membro é movido na direção do nível da
água e para resistir o movimento, quando o membro é movido da superfície da água em
direção ao tronco. Quanto maior a distancia percorrida pelo segmento, maior a facilitação e
maior a resistência ao movimento.
Uma das principais vantagens da fisioterapia aquática é a redução das forças na
sustentação do peso. Pacientes que se exercitam na água são mais leves, movimentam-se mais
54
facilmente e sentem menos peso nas suas articulações devido à flutuação (BATES &
HANSON, 1998; LOPES, 2003).
2.7.1.3 Pressão Hidrostática
A lei de Pascal estabelece que a pressão do fluido é exercida igualmente sobre todas as
áreas de um corpo imerso a uma dada profundidade. A pressão é proporcionalmente
proporcional à profundidade e densidade do fluido (BATES & HANSON, 1998).
Segundo Campion (2000) a pressão aumenta com a profundidade e densidade do
fluido. Uma vez que a pressa é igual em todas as direções em uma determinada profundidade,
ela será sentida em toda as superfícies corporais. Uma profundidade maior tem
conseqüentemente uma pressão maior, que pode ser utilizada para reduzir mais rapidamente
edemas, desde que a parte a ser tratada seja mantida o mais profundo possível. Essa pressão
também provou ser útil no aumento da coordenação quando os exercícios forem realizados
abaixo da superfície. A sensação de ausência de peso é conseqüente à pressão lateral que é
aplicada em conjunto com os efeitos da flutuabilidade.
A ação da pressão hidrostática e da força de flutuação proporciona a sensação de
imponderabilidade. Atuando no tórax e abdome produz resistência à inspiração e facilita a
expiração (CAROMANO & NOWOTNY, 2002).
55
2.7.1.4 Viscosidade
A resistência de um movimento através de um fluido, que é causada pela fricção entre
as moléculas do fluido, é conhecida como “viscosidade”. Essa resistência é mínima e
usualmente é ignorada quando o meio é o ar. Mas na água existem varias forças que entram
em jogo. Com o aumento da temperatura da água, a viscosidade diminui porque as moléculas
estão mais afastadas. Isto é benéfico para músculos pequenos e fracos. Mas, a viscosidade
atua como uma resistência ao movimento, pois as moléculas do fluido tendem a aderir à
superfície do corpo em movimento através dele. Essa força de resistência e conhecida como
arrasto, e deve ser considerada durante o desenvolvimento de um programa de fisioterapia
aquática (BATES & HANSON, 1998).
DeLise (2002) relata que a água tem viscosidade intermediária entre líquidos, mas
ainda apresenta muita resistência ao movimento. Sob condições de fluxo turbulento, essa
resistência aumenta como uma função logarítmica da velocidade. A viscosidade, com todas as
sua propriedades físicas empregadas, é uma qualidade que torna a água um meio útil para o
fortalecimento. A resistência viscosa aumenta à medida que mais força é exercida contra ela,
mas a resistência cai a zero quase imediatamente após a força ter cessado, pois há apenas uma
quantidade pequena de inércia (a viscosidade efetivamente contrapõe o momento de inércia).
Assim, quando uma pessoa que está se reabilitando sente dor e para o movimento, a força
diminui precipitadamente e a viscosidade da água abafa o movimento quase
instantaneamente. Isso permite um grande controle das atividades de fortalecimento que
envolvem pacientes, movimentos e conforto.
56
2.7.1.5 Fluxo Laminar e Turbulento
Existem dois tipos de fluxos a serem considerados. O movimento pode ser tanto em
linha reta (fluxo laminar), como turbulento (fluxo turbulento). Durante o fluxo laminar, ocorre
um movimento contínuo do fluido. Há apenas uma fricção entre camadas do fluido, pois elas
se separam, para se moverem ao redor do objetivo e suavemente unem-se novamente logo
depois. Durante o fluxo turbulento há um movimento irregular das camadas do fluido. O
movimento irregular produz um aumento na fricção entre as moléculas do fluido e entre o
objeto e o fluido. Em vez de unirem-se suavemente atrás do objeto, as camadas do fluido
deslocam-se de forma circular, o que causará redemoinhos. Isto resulta em uma área de baixa
pressão atrás do objeto em movimento, que tende a segurá-lo. A resistência ao fluxo
turbulento é obviamente maior que a resistência ao fluxo laminar (BATES & HANSON,
1998; LOPES, 2003).
Campion (2000) e Lopes (2003) transmitem que a turbulência é um termo que indica
os redemoinhos que seguem um objeto que se movimenta através de um fluido. O grau de
turbulência dependerá da velocidade do movimento. Quando o movimento for muito lento, o
fluxo de partículas será quase paralelo ao objeto e prossiguirá em curvas leves e continuas.
Movimentos mais rápidos produzem redemoinhos e a energia nesses redemoinhos é dissipada,
reduzindo a pressão e aumentando o arrastamento do corpo. A forma do corpo exerce uma
grande influência sobre a produção da turbulência. Uma vez que o movimento gera
turbulência, esta pode ser utilizada na hidroterapia tanto para auxiliar quando para estabelecer
uma resistência aos movimentos. A cooperação com os efeitos da turbulência exige equilíbrio
e coordenação e isso pode ser usado para desenvolver essas habilidades como parte do
programa de tratamento.
57
DeLisa (2002) e Lopes (2003) explicam que quando a água se move suavemente, com
as camadas se movendo na mesma velocidade, isso é definido como sendo um fluxo laminar
ou uma corrente linear. Quando a água se move rapidamente, mesmo as mínimas oscilações
causam um fluxo desigual, em caminhos paralelos perdem o alinhamento, resultando em um
fluxo turbulento. Os fluxos turbulentos absorvem energia a um percentual muito maior do que
o fluxo laminar, e a percentagem de absorção de energia são determinados pela fricção interna
do fluido. Essa fricção interna é chamada de viscosidade. Os principais determinantes do
novimento da água são viscosidade, turbulência e velocidade. A velocidade do fluxo diminui
quando ocorre turbulência, principalmente devido ao aumento significativo não-linear na
fricção interna no fluido. O surgimento do fluxo turbulento é obviamente uma função da
velocidade do fluido, mas também esta relacionada à densidade, viscosidade do fluido e o raio
do local onde o liquido está contido. A transição do fluxo laminar para o fluxo turbulento
ocorre geralmente de forma abrupta e com velocidade crescente.
2.7.2 Efeitos Fisiológicos
Os efeitos fisiológicos experimentados por um sujeito imerso em água aquecida
dependem de sua postura e de qualquer elemento que possa alterar o estado neutro do corpo.
Os elementos que influenciam esse estado incluem a temperatura da água, duração da terapia,
tipo e intensidade do exercício, e condição patológica do paciente (BATES & HANSON,
1998).
Caromano e Nowotny (2002) e Lopes (2003) transmitem que as forças físicas da água
agindo sobre um organismo imerso, provocam alterações fisiológicas extensas, afetando
58
quase todos os sistemas do organismo. Os efeitos fisiológicos podem somar-se aos
desencadeados pela prática de exercício físico na água, tornando as respostas mais complexas.
Do ponto de vista fisiológico, inúmeras respostas são desencadeadas pela ação das forças
físicas agindo sobre o corpo imerso na água. Essas incluem respostas de reajuste dos sistemas
circulatório, respiratório, renal e a ativação dos mecanismos de termoregulação e podem
somar-se às desencadeadas pela realização de exercício físico.
A temperatura da água irá elevar a temperatura corporal apenas se estiver mais alta do
que a temperatura da pele. A magnitude do aumento da temperatura depende da porcentagem
do corpo que está imersa. Durante a imersão com a cabeça fora da água o calor é ganho pelas
áreas que estão abaixo da água e perdido através das glândulas sudoríparas nas áreas expostas
ao ar. As mudanças de temperatura variam de sujeito para sujeito (BATES & HANSON,
1998; LOPES, 2003).
Na pele há clareamento devido a vasoconstrição, e isto é seguido pela coloração rósea
e a seguir vermelhidão devida à dilatação. Há atividade aumentada das glândulas sudoríparas
e sebáceas à medida que a temperatura da pele se eleva. O contato prolongado com a água
macera a queratina, a qual, por absorção de água, se torna mole, espessa e branca
(BENEDETTO et al., 1998; CAMPION, 2000).
Quando o paciente entra na piscina os vasos cutâneos se comprimem
momentaneamente, causando uma elevação na resistência periférica e uma elevação
momentânea na pressão arterial. Durante a imersão as arteríolas dilatam-se, produzindo uma
redução na resistência periférica e por essa razão uma queda na pressão arterial
(BENEDETTO et al., 1998).
À medida que a pele se torna aquecida, os vasos sangüíneos superficiais dilatam-se e o
suprimento sangüíneo periférico é aumentado. O sangue que está passando através destes
vasos é aquecido, e, por condução, a temperatura das estruturas subjacentes, como os
59
músculos, se eleva, seus vasos expandem-se e seu suprimento sangüíneo aumenta. Como
resultado, ocorre uma redistribuição do sangue, e os vasos esplênicos se constringem para
fornecer o volume sangüíneo aumentado à periferia. A freqüência cardíaca aumenta com a
elevação de temperatura e como resultado do exercício. O aumento é proporcional à
temperatura da água e à severidade do exercício (CUNHA e COROMANO 2003).
Uma elevação de temperatura aumenta o metabolismo. Por essa razão, o metabolismo
na pele e músculos é aumentado. À medida que a temperatura corporal se eleva, o mesmo
acontece com a taxa metabólica geral. Isto aumenta não somente a demanda de oxigênio
como também a produção de dióxido de carbono, fazendo com que a freqüência respiratória
aumente proporcionalmente (CUNHA e COROMANO 2003).
Caromano, et al. (2003) explicam que a resposta renal à imersão inclui o débito
urinário aumentado (diurese) com perda de volume plasmático, sódio (natriurese), perda de
potássio (potassiurese) e supressão de vasopressina, renina e aldosterona plasmática. O papel
da diurese de imersão é usualmente explicado como um forte mecanismo compensador
homeostásico, para contrabalançar a distensão sofrida pelos receptores pressóricos cardíacos.
A excreção de sódio aumenta, acompanhada de água livre, causando o efeito diurético da
imersão.
DeLisa (2002) relata que a função renal é amplamente controlada pelos hormônios
renina, aldosterona e hormônio antidiurético. Todos esses hormônios são grandemente
afetados pela imersão. A aldosterona controla a reabsorção de sódio no túbulo renal distal e é
responsável pela maior parte da perda de sódio com a imersão. A liberação do hormônio
antidiurético é significativamente suprimida com a imersão em 50% ou mais e é outro fator
contribuinte importante para o aumento da diurese. Essas respostas renais à imersão podem
causar uma redução na pressão sangüínea. A redução resultante pode ser mantida por um
período de algumas horas.
60
Caromano, et al. (2003) apontam que, acompanhando as alterações no controle renal,
ocorrem alterações em alguns neurotransmissores do sistema nervoso autônomo que agem
regulando a resistência vascular, freqüência cardíaca e força de contração cardíaca. Esses
neurotransmissores são chamados de catecolaminas e os mais importantes são a epinefrina, a
norepinefrina e a dopamina. Os níveis de catecolaminas começam a mudar imediatamente
após a imersão.
Segundo DeLisa (2002) o sistema pulmonar é profundamente afetado pela imersão do
corpo até o nível do tórax. Parte do efeito é devido à transferência de sangue para dentro da
cavidade torácica e parte é devido à compressão da própria parede torácica pela água. O efeito
combinado é a alteração da função pulmonar, aumento do trabalho respiratório e alteração da
dinâmica respiratória.
2.7.3 Efeitos Terapêuticos e Psicológicos da Atividade Aquática
Campion (2000) e Lopes (2003) relatam que os efeitos terapêuticos dos exercícios na
água estão relacionados ao alívio da dor e espasmos musculares, manutenção ou aumento da
amplitude de movimento das articulações, fortalecimento dos músculos enfraquecidos e
aumento na sua tolerância aos exercícios, reeducação dos músculos paralisados, melhora da
circulação, encorajamento das atividades funcionais e manutenção e melhoria do equilíbrio,
coordenação e postura.
O calor da água na qual o sujeito está imerso ajuda a aliviar a dor, reduzindo o
espasmo muscular e promovendo relaxamento. À medida que a dor é aliviada, o sujeito é
capaz de deslocar-se com maior conforto e a amplitude de movimentação das articulações
61
aumenta. Como o calor da água também dilata os vasos superficiais e aumenta o suprimento
sangüíneo à pele, a condição da pele melhora, particularmente nos sujeitos com má circulação
periférica. À medida que o sangue quente atinge os músculos subjacentes e sua temperatura se
eleva, eles se contraem mais facilmente e sua função melhora (SKINNER e THOMPSON,
1985).
A flutuação age contra a gravidade e alivia o peso corporal, reduzindo as forças de
compressão nas articulações. A água providencia apoio para os membros lesionados, o que
permite obter uma posição confortável sem aumentar a dor (BATES & HANSON, 1998).
Segundo Skinner e Thompson (1985) a propriedade de flutuação da água reduz a
compressão nas articulações doloridas e ajuda no movimento.
Caromano e Nowotny (2002) e Lopes (2003) expressam que a pressão hidrostática
auxilia na redução da descarga de peso sobre os membros inferiores, auxilia na estabilização
de articulações instáveis, na redução de edemas e pode servir como exercício respiratório para
algumas doenças respiratórias.
Para Bates & Hanson (1998), Coromano e Candeloro (2003), as partes submersas do
corpo encontram resistência em todas as direções do movimento, o que requer uma
quantidade maior de gasto energético. A água aquecida estimula a consciência da
movimentação das partes do corpo e propicia um meio ideal para a reeducação dos músculos
envolvidos. As propriedades de apoio da água dão aos pacientes com pouco equilíbrio tempo
para reagir quando tendem a cair utilizando a redução da velocidade de movimento na água.
Estímulos vestibulares ajudam a melhorar a resposta de equilíbrio, pela estimulação dos
músculos antigravidade localizados nas extremidades e no tronco.
Caromano e Nowotny (2002) relatam que variações no ambiente aquático, como a
produção de turbulência, cria um meio interessante para o trabalho de equilíbrio estático e
dinâmico. O fluxo também pode ser modificado por equipamentos como palmares, que
62
dependendo de como são utilizados, podem dificultar ou facilitar um determinado movimento.
A força de arrasto pode ser utilizada para facilitar os movimentos, tanto do paciente quanto do
terapeuta. Uma vez o paciente posicionado atrás do terapeuta, o movimento de resistência é
vencido pelo terapeuta e facilitado para o paciente. O inverso é verdadeiro.
Adicionalmente, explica Campion (2000), a água fornece o potencial para que sejam
realizados exercícios em três dimensões, os quais não podem ser realizados no solo.
Bates & Hanson (1998) relatam que a facilidade na execução do movimento permite
ao paciente conquistar muito mais que em terra, e dá confiança a ele, o que auxilia na
reabilitação.
Campion (2000) esclarece que existe também a possibilidade de uma considerável
estimulação da percepção, visualmente, auricularmente, via proprioceptores cutâneos e pelo
calor.
Bates & Hanson (1998) descreve que há menos medo de queda ou de machucar a
lesão ou as partes doloridas. Quando os exercícios são executados em grupo, encorajam a
interação social e trazem apoio e motivação para pacientes com lesões similares nas várias
fases da recuperação.
Os olhos precisam acomodar-se no nível de água em constante alteração por causa do
movimento do líquido em relação à parede da piscina acima da superfície. Quando os ouvidos
são submersos, a pressão sobre eles aumenta em relação à existente no ar. A pele reage à
diferentes temperaturas, bem como aprecia o efeito de envolvimento total da água sobre o
corpo quando este está imerso. Os efeitos da turbulência são sentidos inicialmente pela pele.
Quando um membro está se movimentando na água, a maior apreciação da turbulência será
nas partes distais do corpo. A habilidade de ser independente na água, de atingir as
habilidades que podem ser impossíveis ou difíceis no solo só pode ter efeitos psicológicos
63
favoráveis e duradouros, que elevam a confiança e o moral. Isso pode ser transferido para a
vida em terra (CAMPION, 2000).
Para pacientes com dor e aqueles que ainda não podem se exercitar em terra, a água
proporciona um meio positivo para se movimentar e relaxar.
Campion (2000) salienta que a pessoa que pode nadar e participar de qualquer outra
atividade aquática possui uma vantagem social. Essa habilidade a coloca em posição de
igualdade com os outros membros da família e com os amigos, seja ela deficiente ou não. Ela
pode competir em um nível semelhante.
2.8. MÉTODO AI CHI
O método Ai-Chi foi criado a partir da combinação dos conceitos do Tai-Chi e do
Qigong, juntamente com as técnicas de Shiatsu e Watsu. É uma modalidade terapêutica
individual, realizada dentro da água (na altura dos ombros), utilizando a combinação de
respiração profunda com movimentos leves e amplos dos membros superiores, membros
inferiores e troncos. Propicia o total alongamento e relaxamento progressivo do corpo,
integrando mente, corpo e energia espiritual. A progressão dos movimentos do Ai Chi
desenrola-se desde uma respiração simples, para a incorporação de movimentos da
extremidade superior e para a incorporação de movimentos do tronco, seguidos da
incorporação de movimentos da extremidade inferior e, finalmente, para o envolvimento total
do corpo (CUNHA et al., 2000).
Ai-Chi é uma atividade corporal aquática desenvolvido Por Jun Kuonno do Japão e a
tradução ao pé da letra é Amor Energia. O conceito é desbloquear a energia que permanece
64
presa em nosso ponto cardíaco através de movimentos suaves na água. O Ai-Chi trabalha o
alongamento e relaxamento progressivo do corpo, integrando mente, corpo e a energia
espiritual. Indicado para melhora da coordenação, equilíbrio e postura. Pode ser aplicado em
grupos ou individualmente. A temperatura da água deverá estar por volta de 30° C, e deverão
ser utilizados os movimentos mais básicos no início para poder evoluir lentamente e com
cuidado em relação à fadiga (TONI et al., 2005).
Segundo Cunha et al. (2000) os benefícios do Ai-Chi são: a estabilização do tronco e
os benefícios em relação ao manejo da dor. São os dois pontos mais citados por
hidroterapeutas. Os movimentos leves e harmoniosos alongam os músculos enquanto
promovem uma experiência suavizante. Os movimentos proporcionados pelo Ai Chi
permitirão a melhora do metabolismo e da circulação sangüínea, aumentando o consumo de
oxigênio em 7%, segundo pesquisa feita por fisiologistas no Japão. A naturalidade dos
movimentos do Ai-Chi acalma a mente e diminui o estresse e a insônia.
O Ai-Chi trata o sistema nervoso com muito carinho e tolerância, se não é possível ir
além do que o músculo permite, então, paciência e repetimos mais uma vez e então os órgãos
tendinosos de golgi aos poucos vão permitindo a liberação e descontraindo aquele músculo
aos poucos. Sentimos também um interessante aumento da amplitude de movimento relativo
as articulações. Os proprioceptores das articulações trabalham conjuntamente com o restante
do sistema nervos e permite que aos poucos aquela articulação possa atingir um grau máximo
de amplitude, já que a articulação recebe aporte e se mantém firme devido as propriedades
físicas da água em especial a pressão hidrostática. Sente-se que é um trabalho muito rico
nestas articulações. O Ai-chi usa os movimentos para ensinar ao corpo que ele pode se soltar e
se livrar das amarras que se cria ao redor do coração para proteção de nossos sentimentos.
(TONI et al., 2005).
65
2.9 EFEITOS DA MÚSICA
A música é composta por ritmo, melodia e harmonia, e segundo Willems (1969), cada
um destes aspectos têm sua determinada atuação: o ritmo primordialmente no corpo, nos
movimentos; a melodia nas emoções e a harmonia no intelecto. De acordo com Tame (1984),
a música pode afetar a energia muscular, elevar ou diminuir os batimentos cardíacos,
influenciar na digestão. Vários autores asseguram que uma das funções da música é dirigir a
atenção do ouvinte para padrões adequados a um determinado estado de ânimo, além de
afastar o tédio e a ansiedade. Nas atividades físicas é utilizada no sentido de despertar a
continuidade dos exercícios físicos ou de distrair o praticante de estímulos não prazerosos
como cansaço, dor ou até tensão psicológica (Gfeller, 1988). Entretanto, o estilo musical
adequado para determinadas atividades físicas, principalmente aquelas destinadas à
diminuição de estresse, necessita ser investigado (apud VALIM et al., 2005; CHAGAS,
2004).
"A música aumenta os metabolismos corporais... aumenta ou diminui a energia
muscular... acelera a respiração e diminui a sua regularidade... produz um efeito distinto, mas
variável, sobre o volume, o pulso e a pressão sangüínea... reduz o limiar dos estímulos
sensoriais de diferentes modos... influencia as secreções internas..." (LAÉRCIO, 2005).
“No nosso corpo físico ocorrem mudanças decorrentes da sua exposição aos sons e à
música; essas mudanças podem ter lugar mesmo que não as percebamos conscientemente.
Significativamente, pode não ser necessário manter a consciência para que essas mudanças
ocorram ou até não ser preciso dar uma permissão para que tenham lugar. Por causa disso,
uma parte considerável da responsabilidade pelo efeito físico da música pode caber aos que a
66
executam, pois ela não exige uma permissão consciente por parte do ouvinte para nos afetar
ao nível físico e psíquico" (LEÃO, 2005).
A música tem acompanhado o homem desde os primórdios da humanidade, e, por
mais que a ciência tenha avançado, a compreensão de como ela exerce influência sobre os
seres humanos, constitui ainda, um desafio e um campo a ser explorado. Sabemos que a
música abrange as seguintes dimensões humanas: a biológica; a mental; a emocional e a
espiritual. Entretanto, muitos dos caminhos pelos quais isso ocorre, ainda nos são um tanto
quanto desconhecidos (LAÉRCIO, 2005).
Na música, a melodia é o elemento que está diretamente ligado a afetividade humana.
É a ordenação de sons dispostos numa escala ascendente e descendente, formando frases que
têm um certo sentido. As acentuações, a duração, a intensidade e o timbre dos sons
combinados nos afetam, no sentido do seu efeito mais ou menos agradável (VALIM, 2002).
Independente disso temos observado também, ao longo da história da humanidade e da
própria medicina, a sua utilização como recurso terapêutico.
Segundo Tavares (2006) a dor é considerada uma experiência sensorial, brota na
consciência do indivíduo e oblitera qualquer coisa em que se esteja pensando ou fazendo no
momento. A dor se torna soberana e demanda uma atenção imediata. Por ter uma forte
qualidade emocional, obriga o indivíduo a fazer algo para pará-la e quanto mais atenção é
focalizada numa experiência dolorosa, mais dor o indivíduo sente. "É aí que a música entra
como um componente que altera a percepção do estado doloroso".
Como cita o escritor inglês Aldous Huxley (LEÃO e SILVA, 2004), "depois do
silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música". Embora exista uma
infinidade de sons que nos cercam, alguns até mesmo inaudíveis para o ouvido humano,
quando falamos de música só nos interessam as ondas sonoras que se propagam no ar e que se
espalham simultaneamente em todas as direções, conhecidas como os sons musicais, que se
67
caracterizam por sua beleza e organização e que se diferenciam dos demais sons da natureza e
mesmo dos ruídos. Nietzsche (LEÃO e SILVA, 2004) acreditava que a vida sem a música é
simplesmente um erro, uma tarefa cansativa, um exílio.
Segundo Borchgrevink, autor do livro O Cérebro por Trás do Potencial Terapêutico
da Música, não ouvimos com o nosso ouvido, mas sim com o nosso cérebro. O ouvido
simplesmente converte as ondas sonoras (vibrações) em impulsos nervosos: linguagem do
cérebro, "pois tudo isso influencia na expressão da dor que o indivíduo sente” (PEREIRA et
al., 2005).
A música é mais do que uma sonoridade específica; ela é aquilo que simboliza,
representa ou evoca. Como afirmam vários autores, os quatro domínios da natureza humana
(cognitivo, afetivo, emocional e motor) estão estritamente ligados aos elementos constitutivos
da música: ritmo, melodia, harmonia e andamento. Eles se completam e são interdependentes
(TIBEAU, 2005).
Tibeau (2005) afirma que o ritmo está presente em todas as manifestações da
motricidade humana, é universal e o percebemos em todos os movimentos da vida. O ritmo e
o movimento humano se desenvolvem simultaneamente no tempo e no espaço. Desta forma,
confirmamos nossa consideração de que o ritmo é movimento, que o movimento é ritmo e que
ambos estão ligados à percepção temporal, espacial e proprioceptiva. Movimento aqui
entendido como a capacidade do homem de agir com intenção, sentido e significado. Nesse
sentido os termos movimento e ação motrícia se justapõem.
Música e movimento são considerados não como um processo de combinação, mas
uma unicidade, uma integração, uma vez que ambos provêm da mesma origem o ritmo
separado pela forma de manifestação exterior. Para Camargo (1999) a interação música-
movimento deve tornar “visível” a música e “audível” o movimento (HATEM, 2005).
68
Costa (2000) afirma que entender a música é um ato subjetivo, reflexivo, um processo
interior e individual. A música só pode ser entendida quando a experiência proprioceptiva do
autor ressoa corporalmente no espectador. Tomar consciência do que se ouve implica
intencionalidade operante e intencionalidade dinâmica, que nos abre canais para ir além de
nós mesmos.
69
3. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
O presente estudo é um estudo de campo intencional, explorativo de forma não
probabilística de caráter quanti-qualitativo de causa e efeito. Participaram deste estudo cinco
pacientes do sexo feminino, inscritas nas Clínicas integradas da Faculdade Assis Gurgacz-
FAG, Cascavel - PR. As participantes apresentaram a idade entre 30 à 50 anos, com
diagnóstico clínico de fibromialgia por escrito.
Foram excluídas da pesquisa as pacientes que apresentaram doenças neurológicas,
fobia a água, alguma patologia que impedia a realização de atividades na água, HAS
(Hipertensão Arterial Sistólica) não controlada e aquelas pacientes que não apresentavam o
diagnóstico clínico da fibromialgia por escrito.
Critérios de inclusão, pacientes do sexo feminino com diagnostico clinico de
fibromialgia por escrito, com idade entre 30 à 50 anos, inscritas na lista de espera da Clínica
de Fisioterapia da Faculdade Assis Gurgacz – FAG.
Foi realizado um estudo comparativo, sobre a influência da música erudita (relaxante)
em pacientes com fibromialgia durante atendimentos hidrocinesioterapêuticos.
70
3.2 PROCEDIMENTOS
Foi realizada uma triagem com as pacientes que constavam na lista de espera da
Clínica de Fisioterapia da Faculdade Assis Gurgacz – FAG, dentre as quais foram
selecionadas doze pacientes cujo diagnóstico clínico apontava fibromialgia. A pesquisadora
entrou em contato com todas as pacientes onde foi marcado um horário para realização da
primeira avaliação das pacientes. Antes das pacientes responderem os questionários todas
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido que foi explicado individualmente.
Das doze pacientes avaliadas seis foram excluídas da pesquisa por não se encaixarem
nos critérios de inclusão e exclusão mencionados acima, uma foi excluída da pesquisa, pois
apresentava diagnostico de HAS não controlada, uma por não ter disponibilidade de horário e
quatro por não apresentarem o diagnóstico clínico da patologia, as seis restantes foram
divididas através de um sorteio onde as três que foram selecionadas primeiramente
participaram do grupo I (com música) e as três restantes para o grupo II (sem música), porém
no grupo II (sem música) uma das pacientes interrompeu o atendimento, pois voltou a
trabalhar.
A técnica escolhida foi o relaxamento Ai-Chi em um dos dois grupos foi incluída a
utilização de música erudita na qual as mulheres optaram entre músicas solo, orquestrada ou
de câmara, e esta escolha se deu através de uma votação realizada entre as mesmas, onde o
estilo vencedor foi música solo e este foi utilizado em todos os atendimentos, já no grupo II os
atendimentos foram realizados sem a utilização da música, todos os atendimentos obedeceram
ao mesmo protocolo de tratamento. O Ai-Chi é composto de 16 movimentos: cinco de
respiração, três de membros superiores, cinco dos membros inferiores e três movimentos
totais dos membros.
71
3.2.1 Posicionamentos e orientações aos pacientes antes de realizar a sessão
1) Início com os pés separados, joelhos semifletidos com rotação externa de quadril
mantendo-se com a coluna ereta;
2) Flexão dos joelhos, até que a água alcance o nível dos ombros, permanecendo com os
braços descansados sobre a superfície da água;
3) O queixo deve estar relaxado e levemente para baixo;
4) Inspiração pelo nariz, com as palmas das mãos em supino;
5) Expiração pela boca, com as palmas das mãos em prono;
6) O peso do corpo deve estar distribuído igualmente sobre os MMII;
7) Os movimentos serão realizados lentamente associados à respiração.
* todos os exercícios foram explicados com termos simples e não científicos.
Exemplo: inspiração pelo nariz, com as palmas das mãos em prono. Puxa o ar pelo nariz, com
as palmas das mãos voltadas para baixo.
3.2.2 Os movimentos do Ai-Chi são
Contemplando: paciente com os MMII semi-flexionados com rotação externa de
quadris, mantendo a coluna ereta, os MMSS encontram-se com os ombros flexionados a 90º
realiza movimentos de pronação e supinação, quando inspira puxa o ar pelo nariz e realiza
uma supinação, quando expira solta o ar pela boca realizando o movimento de pronação.
72
FIGURA 12: Contemplando
FONTE: <www.aquabrasil.info/ai_chi.html>
Flutuando: paciente com os MMII semi-flexionados com rotação externa de quadris,
mantendo a coluna ereta,, os MMSS encontram-se com os ombros flexionados a 90º palmas
das mãos em supino, faz pronação e após realiza exercício lentos de flexão e extensão de
ombros.
FIGURA 13: Flutuando
FONTE: <www.aquabrasil.info/ai_chi.html>
73
Elevando: paciente com os MMII semi-flexionados com rotação externa de quadris,
mantendo a coluna ereta, os MMSS encontram-se abduzidos lateralmente a 90º, palmas da
mãos em supino realiza exercícios de adução e abdução de ombros, levando os MMSS em
direção a pelve.
FIGURA 14: Elevando
FONTE: <www.aquabrasil.info/ai_chi.html>
Fechando: paciente com os MMII semi-flexionados com rotação externa de quadris,
mantendo a coluna ereta, os MMSS encontram-se abduzidos a 90º lateralmente com as palmas
das mãos em supino, realiza exercícios de flexão e extensão de cotovelo permanecendo com
os ombros abduzidos a 90º.
74
FIGURA 15: Fechando
FONTE: <www.aquabrasil.info/ai_chi.html>
Cruzando paciente com os MMII semi-flexionados com rotação externa de quadris,
mantendo a coluna ereta, os MMSS encontram-se cruzados na frente do corpo com as palmas
da mãos em prono, realiza-se abdução dos MMSS com as palmas das mãos em supino,
permanecendo com os cotovelos juntos ao corpo.
FIGURA 16: Cruzando
FONTE: <www.aquabrasil.info/ai_chi.html>
Acalmando: paciente com os MMII semi-flexionados com rotação externa de quadris,
mantendo a coluna ereta, os MMSS encontram-se abduzidos a 90º lateralmente realiza
75
exercício de rotação de tronco associado ao movimento de adução e abdução de um dos
membros superiores, após realizar para os outro lado.
FIGURA 17: Acalmando
FONTE: <www.aquabrasil.info/ai_chi.html>
Agrupando: paciente com o MIE semi-flexionados e o MID estendido e com dorsi-
flexão, coluna ereta, os MMSS aduzidos com flexão de ombros a 90º, palma da mão esquerda
em supino e palma da mão direita em prono, paciente realiza uma leve flexão do joelho
direito, uma leve rotação do tronco para o lado esquerdo, abduzindo o MSE e permanecendo
como MSD na posição inicial, posteriormente realizar o movimento para o outro lado.
FIGURA 18: Agrupando
FONTE: <www.aquabrasil.info/ai_chi.html>
76
Livrando: paciente com os MMII semi-flexionados com rotação externa de quadris,
mantendo a coluna ereta, MMSS abduzidos a 90º lateralmente realiza movimento de rotação
de tronco associado ao movimento de adução do MSD até este se encontrar com o MSE, após
o MSE realiza uma abdução, posteriormente realiza o movimento para o outro lado.
FIGURA 19: Livrando
FONTE: <www.aquabrasil.info/ai_chi.html>
Transferindo: paciente com o MIE semi-flexionados e o MID estendido e com planti-
flexão coluna, tronco alinhado na linha média fazer uma rotação de tronco associada a adução
e a abdução do MSD realizar o mesmo movimento para o lado esquerdo invertendo o
posicionamento dos MMII e MMSS.
FIGURA 20: Transferindo
FONTE: www.aquabrasil.info/ai_chi.html
77
Aceitando: paciente com o MIE semi-flexionados e o MID estendido, tronco
ligeiramente inclinado para trás MMSS abduzidos a 90, o paciente inclina o corpo para frente
levando o peso do corpo para o MIE e aduzindo os MMSS alinhado-os na linha média,
posteriormente inverter a posição dos MMII.
FIGURA 21: Aceitando
FONTE: www.aquabrasil.info/ai_chi.html
Aceitando com graça: paciente com o MID estendido e o MIE semi-flexionado
tronco alinhado na linha média e os MMSS aduzidos na linha média 90º, inclina levemente o
tronco para trás abduzindo os MMSS e elevando o MIE até 90º, posteriormente altera o
posicionamentos dos MMII.
FIGURA 22: Aceitando com Graça
FONTE: <www.aquabrasil.info/ai_chi.html>
78
Circundando: paciente com o MID semi-flexionado com o pé em dorsi-flexão e o
MIE estendido em planti-flexão tronco levemente inclinado para trás e os MMSS abduzidos,
paciente inclina levemente o tronco para frente aduzindo os MMSS até a linha media a 90º e
eleva o MID até 90º, realizar o movimento com o membro contrario.
FIGURA 23: Circulando
FONTE: <www.aquabrasil.info/ai_chi.html>
Balançando: paciente com o MIE semi-flexionado e o MID elevado a 90º MMSS
aduzidos a 90º na linha média , paciente leva o MID para trás , abaixa os MMSS e inclina o
tronco para frente. Repetir o movimento com o MIE.
79
FIGURA 24: Balançando
FONTE: <www.aquabrasil.info/ai_chi.html>
Fluindo: paciente com os MMII semi-flexionados cotovelos próximos ao tronco
flexionados a 90º cruzar os MMSS na linha média a frente do tronco e cruzar os MMII
girando o corpo 180º repetir o movimento girando para o outro lado.
FIGURA 25: Fluindo
FONTE: <www.aquabrasil.info/ai_chi.html>
Refletindo: paciente com os MMII semi-flexionados MMSS levemente abduzidos,
tronco alinhado, realiza o movimento de cruzar os MMSS e o MMII na linha média girando o
corpo 180ºpara o lado direito voltando para a posição inicial.Realizar o movimento para os
dois lados.
80
FIGURA 26: Refletindo
FONTE: <www.aquabrasil.info/ai_chi.html>
Sustentando: paciente com os MMII e MMSS cruzados na linha média realizar o
movimento de descruzas os MMSS e MMII, ficando com os MMII semi-flexionados e
cruzados e os MMSS levemente aduzidos com os cotovelos próximos ao tronco, quando o
paciente realizar a abdução dos MMSS ao mesmo tempo irá descruzar os MMII.
FIGURA 27: Sustentando
FONTE: <www.aquabrasil.info/ai_chi.html>
A primeira avaliação foi realizada no dia 25 de Agosto de 2006 Após a avaliação foi
realizada a aplicação do protocolo, durante um período de cinco atendimentos. Após o quinto
81
atendimento houve uma reavaliação física das pacientes e do questionário SF-36 e a E.V.A.e
qual a melhora nas atividades diárias. No dia 22 de Setembro de 2006 após o término dos dez
atendimentos previstos na metodologia, houve uma reavaliação física das pacientes, do
questionário SF-36 e da E.V.A e qual sua melhora nas atividades diárias, sendo feita então
uma relação de antes, durante e depois do programa de tratamento, dando assim margem para
os resultados, a discussão e conclusão deste trabalho.
3.3 INSTRUMENTOS
A pesquisa foi realizada em piscina coberta e aquecida com a temperatura variando
entre 32,5º à 36,5º C, situada nas Clínicas integradas da Faculdade Assis Gurgacz –FAG –Pr.
As avaliações foram realizadas nos consultório número dois (2) da Clínica de Fisioterapia da
Faculdade Assis Gurgacz – FAG, a escala utilizada para a avaliação foi a Escala Analógica
Visual de Dor (E.V. A) em apêndice A, o questionário de qualidade de vida SF-36 em
apêndice B e a ficha de avaliação física do setor de hidrocinésioterapia onde foram coletados
apenas os dados pessoais das pacientes. Os atendimentos tiveram duração de 40 minutos e
foram realizados para o grupo I(com música) quatro vezes por semana das 11h00min às
11h40min horas e para o grupo que não foi utilizado a música grupo II foram realizados os
atendimentos segundas, terça, quintas e sextas feiras das 17h50min às 18h30min. Foi utilizado
um aparelho de som da marca Sony, um CD de músicas eruditas, os atendimentos foram
realizados pela pesquisadora sob a orientação do professor orientador do projeto e também
contaram com o auxílio de uma acadêmica escolhida pela pesquisadora onde esta apenas
82
observava os atendimentos e sua presença proporcionava uma maior segurança para as
pacientes.
3.4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os resultados deste trabalho foram analisados através do programa Microsoft Excel para
a construção dos gráficos apresentados a seguir. Em relação as possíveis melhoras dos escore
do SF-36 e da E.V.A.
83
4 RESULTADOS
Os resultados apresentados a seguir foram baseados na análise dos valores obtidos
pelo questionário de qualidade de vida SF-36 e pela E.V.A.
O SF-36 (Short Form Health Survey) foi criado para ser um questionário genérico de
avaliação e consiste de duas partes, sendo a primeira para avaliar o Estado de Saúde (com
questões relacionadas à mobilidade física, dor, sono, energia, isolamento social e reações
emocionais) e a segunda para avaliar o impacto da doença na vida diária do paciente. Trata-se
de um questionário multidimensional formado por 36 itens, subdivididos em 8 escalas ou
componentes.
Muitas doenças têm sido avaliadas através do SF-36, sendo um importante
instrumento no acompanhamento de pacientes com fibromialgia, na qual está presente um alto
grau de subjetividade, principalmente em aspectos de natureza clínica. Portanto, o estudo da
qualidade de vida e dos impactos socioeconômicos nesta doença é de grande importância.
4.1 CAPACIDADE FUNCIONAL
A capacidade funcional foi avaliada em relação a presença e extensão de limitações
relacionadas à capacidade física. O gráfico 1 a seguir está representeando o score das três
avaliações inicial, intermediária e final dos dois grupos. Na avaliação inicial do grupo I, grupo
da música, apresentaram a capacidade funcional de 12%, na avaliação final após o décimo e
84
último atendimento o score aumentou para 48%, isso significa que a capacidade funcional
destas pacientes aumentou em 36%.
Já o grupo que não foi utilizado a música na avaliação inicial teve um score de 10% e
avaliação final o score foi para 20%, o aumento da capacidade funcional deste grupo foi de
10%, 26% a menos do que o grupo que foi utilizado a música.
GRÁFICO 1: Avaliação da Capacidade Funcional para o Grupo I e Grupo II.
48%
28%
12%
20%
15%
10%
0
10
20
30
40
50
60
Avaliação Inicial Avaliação Intermediária Avaliação Final
Porc
enta
gem
%
grupo I: c/música Grupo II: s/música
FONTE: da autora, 2006.
4.2 ASPECTOS FÍSICOS
Os aspectos físicos foram avaliados através das limitações quanto ao tipo e quantidade
de trabalho, bem como quanto essas limitações dificultam a realização do trabalho e das
atividades da vida diária. O score da avaliação inicial nas pacientes do grupo I apresentou-se
de 25% para os aspectos físicos, na avaliação final o score aumentou para 50%, isso significa
que os aspectos físicos destas pacientes tiveram um acréscimo de 25%.
85
Já no grupo que não foi utilizado a música na avaliação inicial obteve-se um score de
13% e na avaliação final o score atingiu 25%, o aumento dos aspectos físicos foi de 12%.
GRÁFICO 2: Avaliação dos Aspectos Físicos para o Grupo I e Grupo II.
50 %
33 %
17 %
25 %25 %
13 %
0
10
20
30
40
50
60
Avaliação Inicial Avaliação Intermediária Avaliação Final
Porc
enta
gem
%
grupo I: c/música GrupoII: s/música
FONTE: da autora, 2006.
4.3 DOR CORPORAL
A dor foi avaliada de acordo com sua intensidade e sua interferência nas atividades de
vida diária. O gráfico 3 deve ser analisado da seguinte forma, quanto mais o score se
aproximar de zero (0) maior e a presença de dor, e quanto mais próximo a cem (100), menor
dor a paciente apresenta O gráfico 3 abaixo mostra o score das três avaliações realizadas no
grupo I, que se apresentou de 12% para dor na avaliação inicial e após o décimo atendimento
teve uma redução de 52% da dor, já as pacientes sem música tiveram na avaliação inicial um
86
score de 12% e na avaliação final uma redução de 27%da dor. Isso significa que o grupo I
apresentou uma redução total de 40% na dor, já o grupo II apresentou uma redução total de
apenas 15% ou seja, uma diferença de 25%. O que indica que a resposta quanto à diminuição
da dor foi mais evidente no grupo I.
GRÁFICO 3: Avaliação da Dor Corporal para o Grupo I e Grupo II.
12%
31%
52%
12%
22%27%
0
10
20
30
40
50
60
Avaliação Inicial Avaliação Intermediária Avaliação Final
Porc
enta
gem
%
grupo I: c/música Grupo II: s/música
FONTE: da autora, 2006.
4.4 ESTADO GERAL DE SAÚDE
O estado geral de saúde avaliou como o paciente sentia-se em relação a sua saúde
global. O gráfico 4 que está representado a seguir mostra que o score do estado geral de saúde
das pacientes do grupo I obtive um aumento de 28% de melhora no seu estado geral de saúde
sendo que na avaliação inicial o scorre apresentou-se de 15% para o estado geral de saúde e
87
na avaliação final o score foi de 43%, já o grupo II apresentou um aumento de 15% de
melhora no seu estado geral de saúde sendo que na avaliação inicial as pacientes apresentaram
o scorre de 8%e na avaliação final o score subiu para 23%. A diferença neste caso de um
grupo para o outro variou apenas em 13%. Indicando resultado mais evidente no grupo I.
GRÁFICO 4: Avaliação do Estado Geral de Saúde para o Grupo I e Grupo II.
43%
30%
15%
23%
13%
8%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Avaliação Inicial Avaliação Intermediária Avaliação Final
Porc
enta
gem
%
grupo I: c/música Grupo II: s/música
FONTE: da autora, 2006.
4.5 VITALIDADE
A vitalidade avaliou o nível de energia e de fadiga. As pacientes do grupo I
apresentaram na avaliação inicial uma média de 12% de vitalidade, após a avaliação final sua
vitalidade foi para 42% ou seja, obteve aumento de 30% da sua vitalidade. Já as pacientes do
grupo II na avaliação inicial apresentaram score de 10%, já na avaliação final o aumento foi
88
de 25% o que significa que tiveram melhora de 15%. Esses resultados estão representados no
gráfico 5 que está a seguir.
GRÁFICO 5: Avaliação da Vitalidade para o Grupo I e Grupo II.
12%
27%
42%
10%
18%
25%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Avaliação Inicial Avaliação Intermediária Avaliação Final
Porc
enta
gem
%
grupo I: c/música Grupo II: s/música
FONTE: da autora, 2006.
4.6 ASPECTOS SOCIAIS
Os aspectos sociais analisaram a integração do indivíduo em atividades sociais. Nos
aspectos sociais as pacientes do grupo I obtiveram um aumento de 25% sendo que na
avaliação inicial o score foi de 21%, e na avaliação final o score foi para 46%, já as pacientes
do grupo II obtiveram um acréscimo de 12% sendo que na avaliação inicial obteve-se um
resultado de 13%, na avaliação final o score foi de 25%, isso significa que o grupo I
89
apresentou uma melhora de 13% a mais que o grupo II. Estes dados estão representados no
gráfico 6 que está ilustrado a seguir.
GRÁFICO 6: Avaliação dos Aspectos Sociais para o Grupo I e Grupo II.
21%
33%
46%
13%
25% 25%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Avaliação Inicial Avaliação Intermediária Avaliação Final
Porc
enta
gem
%
grupo I: c/música Grupo II: s/música
FONTE: da autora, 2006.
4.7 ASPECTOS EMOCIONAIS
Os aspectos emocionais avaliaram o impacto de aspectos psicológicos no bem-estar do
paciente. Nos aspectos emocionais as pacientes do grupo I apresentaram na avaliação inicial
uma média de 22% e após o décimo atendimento esta média subiu para 56% ou seja, da
avaliação inicial para a avaliação final as pacientes obtiveram uma melhora de 34%. Já as
pacientes do grupo II apresentaram o score de 17% na avaliação inicial, e na avaliação final o
90
score subiu para 33%, um aumento de 16% do score da avaliação inicial para a avaliação final
do grupo II. Esses resultados estão representados no gráfico a seguir.
GRÁFICO 7: Avaliação dos Aspectos Emocionais para o Grupo I e Grupo II.
22%
33%
56%
17% 17%
33%
0
10
20
30
40
50
60
Avaliação Inicial Avaliação Intermediária Avaliação Final
Porc
enta
gem
%
grupo I: c/música Grupo II: s/música
FONTE: da autora, 2006.
4.8 SAÚDE MENTAL
A saúde mental incluía questões sobre ansiedade, depressão, alterações no
comportamento ou descontrole emocional e bem-estar psicológico. O gráfico 8 abaixo está
representando o score da avaliação inicial realizada antes dos atendimentos das pacientes do
grupo I apresentavam a Saúde mental de apenas 15%, na avaliação final o scorre aumentou
para 52%, isso significa que a Saúde mental destas pacientes melhorou em 37%.
91
Já no grupo II a avaliação inicial teve um score de 18%, na avaliação final o score foi
para 28%, o aumento da Saúde mental deste grupo foi de 10%, ou seja, 27% a menos do que o
grupo que utilizou a música. Isso significa que o grupo que foi utilizado a música teve um
resultado mais satisfatório.
GRÁFICO 8: Avaliação da Saúde Mental para o Grupo I e Grupo II.
52%
32%
15%
28%
22%18%
0
10
20
30
40
50
60
Avaliação Inicial Avaliação Intermediária Avaliação Final
Porc
enta
gem
%
grupo I: c/música Grupo II: s/música
FONTE: da autora, 2006.
4.9 EVA
O gráfico 9 a seguir está representando a avaliação inicial realizada nas pacientes do
grupo I que apresentavam 100% de dor, e após o décimo atendimento obteve um score de
40%, ou seja, uma diminuição de 60% da dor, já as paciente do grupo II apresentavam o EVA
de 100% na primeira avaliação, e após o décimo atendimento caíram para 80%, ou seja, uma
92
melhora de 20% da dor. O grupo I obteve 40% a mais de alivio no quadro álgico, quando
comparado ao grupo II.
GRÁFICO 9: Escala Visual Análoga de Dor (E.V.A.) para o Grupo I e Grupo II.
40%
70%
100%
80%
90%
100%
0
2
4
6
8
10
12
Avaliação Inicial Avaliação Intermediária Avaliação Final
Porc
enta
gem
%
grupo I: c/música Grupo II: s/música
FONTE: da autora, 2006.
93
5 DISCUSSÕES
Em 1997, Ciconnelli et al., validaram, o SF-36 em um estudo de pacientes com artrite
reumatóide. Esse questionário genérico aborda vários aspectos da qualidade de vida que
poderiam ser afetados de maneira significativa pelos sintomas da fibromialgia (MARTINEZ,
1992).
Analisando trabalhos que utilizaram o questionário SF-36 para avaliar a respostas de
diferentes tratamentos fisioterapêuticos em paciente com fibromialgia, observou-se que os
autores relataram melhora em todos os domínios do SF-36. Neste estudo, entretanto, o
simples aumento na pontuação em cada domínio do questionário, por menor que tenha sido,
foi considerado como melhora clínica.
Os resultados deste trabalho confirmam a influência negativa da fibromialgia nos
escores de todas as escalas do SF-36 e de forma significante, um impacto maior nas escalas de
capacidade funcional, dor corporal, estado geral de saúde, vitalidade e saúde mental nos dois
grupos antes dos atendimentos. Os quais em ambos obtiveram aumento evidente no score,
sendo mais evidente no grupo da música.
Campos e Coraucci Neto (2004) e Ferro (2004), definem capacidade funcional como
sendo a habilidade para realizar as atividades normais de vida diárias com eficiência,
autonomia e independência, a qual em ambos os grupos encontrou-se reduzida na avaliação
inicial, mas após o atendimento utilizando Ai-Chi e a música no grupo I obteve um aumento
significativo de 36% quando relacionada a avaliação inicial com a avaliação final.
Segundo Campion (2000) a água fornece a melhora da capacidade funcional, pois
possibilita que tais indivíduos realizem diversas atividades sem a presença da dor e das
limitações impostas pela gravidade, força experimentada no ambiente terrestre.
94
Leão e Silva (2004), consideram a música um recurso complementar no tratamento da
dor crônica, através da abordagem cognitivo comportamental, objetivando além do alivio da
dor, melhora da qualidade de vida, como conseqüência da diminuição das limitações
relacionadas à capacidade física.
Algumas das pessoas com fibromialgia apresentam severos sintomas que as tornam
incapacitadas de escrever suas atividades no trabalho e dentro da sociedade, o que pode se
observar quanto aos aspectos físicos nos dois grupos, evidenciando melhora em 25% no grupo
I após o tratamento.
Martinez et al., (1992) dizem que o grau de sofrimento e de desamparo imposto pela
sintomatologia dolorosa e pelos fenômenos acompanhantes, tais como disturbios do sono,
fadiga, cefaléia crônica e outros, deve prejudicar o desempenho desses pacientes em sua vida
profissional, familiar e social.
Bastos e Oliveira (2003) consideram a hidroterapia, uma abordagem terapêutica
abrangente que utiliza os exercícios aquáticos para ajudar na reabilitação de várias patologias,
dentre elas a fibromialgia, devido os movimentos da água serem lentos, e a algumas
propriedades físicas da mesma, dão suporte as estruturas corporais e permitem maior
mobilidade das mesmas, favorecendo, assim, o relaxamento muscular global, proporcionando
grande alivio dos sintomas da fibromialgia.
Segundo Bacchiocchi (2006) a música quando associada a alguma atividade física,
aumenta a capacidade de trabalho dos músculos. Concomitantemente, o tempo dos
movimentos muda com a alteração dos tempos musicais. É como se a música determinasse
um bom e rápido ritmo de movimento.
Observa-se um impacto importante quando se refere ao score de dor, nos dois grupos,
a medida que a escala da dor corporal faz parte do componente físico, a dor por definição é
95
um componente fundamental da fibromialgia. O grupo I obteve resultados mais evidentes ao
se referir a dor, indicando um redução de 40% após tratamento.
Toni et al., (2005), citam que estudos realizados em 1998 e 2001 relatam que a
imersão em água aquecida associada com as propriedades físicas da água provocam uma
sensação de conforto, relaxamento muscular e diminuição da dor. O mesmo autor ainda
afirma que o Ai-Chi é uma técnica eficiente para este fim, a qual realiza movimentos leves e
harmônicos alongando os músculos enquanto promovem uma experiência suavizante.
Hantem (2005), considera a musicoterapia como uma experiência suavizante, sendo de
grande importância na redução: do estress, da dor, da ansiedade e da sensação de isolamento,
pois a música é uma atividade de lazer, que ajuda o paciente a focar sua atenção que antes
estava voltada para a dor e ansiedade, em alguma coisa mais prazerosa.
Bruya e Seventon apud Hanter (2005), descobriram que as curvas alfas do cérebro,
que são relacionadas com o relaxamento, podem ser estimuladas pela música. Updike, Heitz e
Wipple apud Hanter (2005), estudaram o controle da dor através da música, mostraram uma
diminuição da percepção da dor após o uso da musicoterapia. Updike mostrou que 2/3 dos
pacientes admitidos tinham alguma forma de dor (emocional ou física) que após a
musicoterapia todos experimentaram uma diminuição ou ausência da dor. Heitz usava uma
escala visual para medir a dor e o próprio paciente referia se tinha mais ou menos dor, de
acordo com a intervenção a cada quinze minutos de terapia. Ele demonstrou que a
necessidade de analgésicos era significativamente maior nos paciente sem musicoterapia do
que com a musicoterapia.
Segundo Bacchiocchi (2006), há estudos que mostram que o impacto da musica no SN
e as mudanças emocionais provocadas direta ou indiretamente pelo tálamo, afetam processos
tais como a freqüência cardíaca, a respiração, a pressão sangüínea, a digestão, o equilíbrio
hormonal, o humor e as atitudes, proporcionando tanto efeitos físicos quanto emocionais.
96
Bates e Hanson (1998) afirmaram que a temperatura da água é responsável pela
maioria dos efeitos observados durante e após a terapia aquática. O calor da água em que o
paciente esta imerso vai ajudar a aliviar a dor, reduzir o espasmo muscular e induzir ao
relaxamento. A água aquecida distrai a dor, bombardeando o SN (sistema nervoso). O
bombardeamento do estimulo sensorial viaja através de fibras que são mais largas e mais
rápidas e tem uma maior condutibilidade que as fibras da dor. Durante a imersão em água
aquecida, os estímulos sensoriais estão comprometidos com os estímulos da dor. Como
resultado, a percepção de dor do paciente fica enganada ou bloqueada. Esta redução na dor é
uma das maiores vantagens da água aquecida.
Podemos observar que os pacientes do grupo I obtiveram uma melhora de 28%para o
score do estado geral de saúde já as pacientes do grupo II obtiveram uma melhora de 15% ou
seja, uma diferença de 13% de um grupo para o outro. Para confirmar as melhoras quanto às
avaliações do estado geral de saúde de ambos os grupos, relata-se que muitos profissionais
ligados à psicoterapia vêm utilizando os sons para estimular a autoconfiança em seus
pacientes, desenvolver a concentração e aliviar tensões. Platão afirma que a música é o
remédio da alma e que chega ao corpo por intermédio dela, apresentando não só efeitos sobre
o físico, mas também sobre a mente. Produz efeitos psicológicos variados. As emoções, a
imaginação, a disposição podem ser induzidas e estimuladas.
Uma das maiores descobertas cientificas foi a de que a música penetra na mente
humana através daquela porção do cérebro que não depende da vontade, da parte consciente,
mas estimula, por meio do tálamo, a sede de todas as emoções, sensações e sentimentos,
invadindo o centro cerebral automaticamente, quer a pessoa queira ou não (HATEM, 2005).
O Ai-Chi apresenta efeito analgésico, por estimular a liberação de endorfinas,
funcionaria como anti-depressivo, e proporcionaria uma sensação de bem-estar global e de
autocontrole ( MARTINEZ et al., 1992).
97
Segundo Bacchiocchi (2006), há estudos que mostram que o impacto da musica no SN
e as mudanças emocionais provocadas direta ou indiretamente pelo tálamo, afetam processos
tais como a freqüência cardíaca, a respiração, a pressão sangüínea, a digestão, o equilíbrio
hormonal, o humor e as atitudes, proporcionando tanto efeitos físicos quanto emocionais.
Quando se refere à saúde mental dos grupos antes e após tratamento observa-se
melhora de 37% no grupo da música, evidenciando estes resultados Cunha et al. (2000) relata
que a naturalidade dos movimentos do Ai-Chi acalma a mente e diminui o estresse e a
insônia. Segundo Toni et al. (2005) o Ai-Chi trata o sistema Nervoso (SN) com muito carinho
e tolerância, usando os movimentos para ensinar o corpo que ele pode se soltar e se livrar das
amarras que se cria ao redor do coração para proteção de nossos sentimentos.
Segundo Andrade e Pedrão (2005) a música contribui de maneira muito significativa
para a qualidade de vida das pessoas e, dentre as contribuições mais importantes para a saúde
mental, destacam-se benefícios psicológicos em curto prazo, como diminuição da ansiedade e
do estresse, e em longo prazo há alterações positivas na depressão moderada, no estado de
humor e na auto-estima.
Segundo Cunha (2000) no meio aquático o organismo desencadeia uma série de
reações que tendem a diminuir a ativação do sistema nervoso simpático (SNS), caracterizando
uma resposta ao relaxamento, o qual é supostamente uma resposta hipotalâmica integrada,
que resulta em uma diminuição generalizada da atividade do SNS e aumento da atividade
parassimpática.
O mesmo autor caracteriza que o relaxamento é recomendado devido ao seu poder de
reduzir a atividade adrenérgica, a excitação neuromuscular e hiperatividade cognitiva, o qual
é promovido no meio aquático devido às propriedades físicas da água, as quais tem influencia
direta também no alivio da dor.
98
Segundo Leão (2005) a musicoterapia é bastante ampla e pode ser definida, como a
utilização criteriosa da música, enquanto recurso complementar no cuidado ao ser humano,
visando a restauração do equilíbrio, do bem-estar e, em muitos casos, a ampliação da
consciência individual no processo saúde-doença.
O presente estudo constatou, pela análise da E.V.A, uma medida de 10 cm
(centímetros), considerando-se a media obtida antes da terapia nos dois grupos, constatando
que a maioria apresentava altos índices de dor, tornando evidente o resultado do grupo I após
o tratamento em 6 cm de melhora, ou seja 60% de melhora.
Em 1986, Cathey et al., apud Martinez (1992) estudaram 81 pacientes com
fibromialgia e também 81 controles normais, pareados por sexo e idade. Utilizaram para
inclusão os critérios de inclusão de Smythe e Moldofsky. Constataram que os pacientes com
fibromialgia apresentavam altos níveis de dor utilizando a escala análoga de dor (E.V.A.).
Como a dor é considerada uma experiência sensorial, se torna soberana e demanda
uma atenção imediata. Por ter uma forte qualidade emocional, obriga o individuo a fazer algo
para pará-la e quanto mais atenção é focalizada numa experiência dolorosa, mais dor o
individuo sente, relatado por Cunha et al., (2000). É ai que a música entra como um
componente que altera a percepção do estado doloroso.
Segundo Borchgrevink Leão (2001) não ouvimos com nosso ouvido, mas sim com o
nosso cérebro. O ouvido simplesmente converte as ondas sonoras em impulsos nervosos,
influenciando na expressão da dor que o indivíduo sente.
Leão e Silva (2004) a firma que por promover relaxamento muscular, a música quebra
o circulo vicioso da dor crônica por aliviar a ansiedade e depressão e, portanto altera a
percepção dolorosa, facilita a participação em atividades físicas com as possibilidades
individuais.
99
Mc Caffery (1990) Leão (2005) indica o uso da música, entre outros métodos, como
uma abordagem não farmacológica efetiva para o controle da dor, por se caracterizar como
um método de distração e esta entre as estratégias mais eficazes de apresentar um alto nível de
aceitabilidade pelos pacientes.
Good (1995) Leão (2005) estudando os efeitos do relaxamento e da música em 84
pacientes submetidos a cirurgia abdominal observou que 89% do grupo, após dois dias de
intervenção, referiu diminuição da dor e da ansiedade.
E evidente que neste estudo apresentado, o grupo I com música apresentou resultados
mais satisfatórios que o grupo II sem música.
100
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do score final de cada domínio do questionário genérico de qualidade de vida
SF-36 foi possível definir um critério de melhora para as pacientes fibromiálgicas, sendo o
menor valor encontrado de 8% para a avaliação do estado geral de saúde, e o maior valor
encontrado foi de 56% para a avaliação dos aspectos emocionais, este aumento se deu nos
dois grupos, porém foi mais evidente no grupo que foi utilizado a música, pois esta provoca
uma experiência suavizante, reduzindo o estresse, a dor, a ansiedade e a sensação de
isolamento, pois é uma atividade de lazer, que distrai a atenção do paciente que antes era
voltada para a dor e ansiedade, voltando-a para uma atividade mais prazerosa. Verificamos
que a hidroterapia fornece a melhora da capacidade funcional, pois possibilita que tais
indivíduos realizem varias atividades sem a presença de dor e de limitações impostas pela
gravidade tornando-se um método eficaz para o tratamento de pacientes portadores de
fibromialgia. Sugerimos outros estudos com um maior número de atendimentos e uma maior
amostra.
101
REFERÊCIAS BIBLIOGRAFICAS
ANDRADE, R.L.P.; PEDRÃO, L.J.; Algumas considerações sobre a utilização demodalidades terapêuticas não tradicionais pelo enfermeiro na assistência de enfermagempsiquiátrica. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/rlae/v13n5/v13n5a19.pdf> Acesso em: 26Setembro 2006.
ANTONIO, S. F. Fibromialgia. Revista Brasileira de Medicina, São Paulo, v. 58, 2001.
ATRA, E.; POLLAK, D. F.; MARTINEZ, J. E. Fibromialgia: etiopatogenia e terapêutica.Revista Brasileira de Reumatologia, São Paulo, v. 33, n. 2, 1993.
BACCHIOCCHI, S. Princípios Bíblicos da Música. Disponível em:<www.musicaeadoracao.com.br/livros/rock/rock07.htm - 121k -> cesso em 15 Agosto 2006.
BASTOS, C.C.; OLIVEIRA, E.M.; Síndrome da Fibromialgia tratamento em piscinaaquecida. Disponível em: <www.nead.unama.br/bibliotecavirtual/ revista/lato/pdf/lato42a234 pdf> Acesso em: 28 Mar. 2006.
BATES, A.; HANSON, N. Exercícios aquáticos terapêuticos. 1ª Editora São Paulo: EditoraManole, 1998.
BENEDETTO, L.D.; VINHAS, R.; MAGALHÃES, L. Avaliação da Qualidade de Vida dePacientes com Fibromialgia após dois meses de hidroterapia. Disponível em:<www.sld.cu/galerias/pdf/sitios/rehabilitacion-bal/benedettold_et_al.pdf> Acesso em: 22Abril 2006.
CAMPBELL, S.M.; CLARK, S.; TINDALL, E.A.; FOREHAND, M.E.; BENNETT, R.M. –Clinical characteristics of fibrositis. A “blinded” study of symptoms and tender points.Arthritis Rheum., 26:817-24, 1983.
CAMPION, M. R. Hidroterapia: princípios e prática. São Paulo: Editora Manole, 2000.
CAMPOS, M.A.; CORAUCCI NETO, B. Treinamento funcional restrito – para melhoria dacapacidade funcional e reabilitações de lesões musculoesqueléticas. Rio de Janeiro: Revinter,2004.
102
COROMANO, F.A.; CANDELORO, J.M. Fundamentos da hidroterapia para Idosos.Disponível em: <poolterapia.com.br> Acesso em: 22 Janeiro 2006.
CAROMANO F. A.; CUNHA, M. G.; PARDO, M. S.; CANDELORO, J. M. Ensino dehidroterapia na graduação – estabelecendo objetivos. Disponível em:<http://www.poolterapia.com.br/001hidroterapia/hdrt_arti_002ensinohidroterapia.pdf>.Acesso em: 25 Agosto 2006.
CAROMANO F. A.; NOWOTNY, J. P. Princípios físicos que fundamentam a hidroterapia.Fisioterapia Brasil, São Paulo, v. 3, n. 6, 2002.
CAROMANO, F.A. Efeitos Fisiológicos de Sessão de Hidroterapia em CriançasPortadoras de Distrofia Muscular de Duchenne. Disponível em:<www.sld.cu/galerias/pdf/sitios/ rehabilitacion-bal/caromanofa_et_al3.pdf>. Acesso em: 17Maio 2006
CHAGAS, M. Musicoterapia: paradigmas, campos de conhecimento e concepçõesteóricas. Disponível em:<www.artesdecura.com.br/revista/musicoterapia/Mt_paradigams.pdf> Acesso em: 22 Março2006.
CHAITOW, L. Síndrome da fibromialgia: um guia para tratamento . 1ª ed brasileira, SãoPaulo: Editora Manole, 2002.
COSTA, J.F. Introduzindo A Musicoterapia No programa De Atendimento Jurídico ePsicossocia. Disponível em: <JF Costa - violenciasexual.org.br> Acesso em: 02 Setembro2006.
COSTA, S. R.M.R.; NETO, M.S.P; TAVARES-NETO, J.; KUBIAK, I.; DOURADO, M.S.;ARAÚJO, A.C.; ALBUQUERQUE, L.C.; RIBEIRO, P.C.; Características de Pacientescom Síndrome da Fibromialgia atendidos em Hospital de Salvador-BA, Brasil.Disponível em: <www.scielo.br/pdf/rbr/v45n2/v45n2a03.pdf>. Acesso em 25. Maio 2006
CUNHA, M.G.; COROMANO, F.A. Efeitos Fisiológicos da imersão e sua relação com aprivação sensorial e o relaxamento em hidroterapia. Disponível em:<www.watsubrasil.com/artigo_efeitos_relaxamento.pdf> Acesso em: 25 Agosto 2006.
CUNHA, M.C.B; LABRONICI, R.H.D.D.; OLIVEIRA, A.S.B.; GABBAI, A.A.;Relaxamento Aquático em piscina Aquecida realizado pelo método Ai-Chi: uma novaabordagem hidroterapêutica para paciente portadores de doenças neuromusculares.
103
Disponível em: <www.unifesp.br/dneuro/neurociencias/Neurociencias/2008-2.pdf> Acessoem: 17.Abr.2006.
De LISA, J. A. Tratado de medicina de reabilitação – princípio e prática. 3 ed. São Paulo:
ESSERT, M. Water fitness: managing your body. Fibromialgia frontiers, Washington, v. 2,n. 4, 1994.
FELDMAN, D. Síndrome da fibromialgia: definição – classificação – epidemiologia. ICongresso Paulista de Geriatria e Gerontologia, São Paulo, 1998.
FERREIRA, E. A. G.; MARQUES, A. P.; MATSUTANI, L. A.; VASCONCELLOS, E. G.;MENDONÇA, L. L. F. Avaliação da dor e estresse em pacientes com fibromialgia.Revista Brasileira de Reumatologia, São Paulo, v. 42, n. 2, março/abril, 2002.
FERRO, C.V. Correlação dos Distúrbios do Sono e parâmetros subjetivos em indivíduoscom Fibromialgia. Disponível em:<www.unioeste.br/projetos/elrf/monografias/2005/pdf/claudia.pdf> Acesso em: 15 Agosto2006.
GARCIA, P.S.R; ABREU, T.P.C. A Efetividade de Técnicas de Alongamento eRelaxamento na Hidroterapia em Cefaléias do Tipo Tensional. Disponível em:<www.ucg.br/fisio/monografia/14.PDF> Acesso em: 28 Maio 2006.
GASHU, B. M.; MARQUES, A. P.; FERREIRA, E. A. G.; MATSUTANI, L. A. – Eficáciada estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) e dos exercícios de alongamentono alívio da dor e na melhora da qualidade de vida de pacientes com Fibromialgia. Rev.Bras. Fisioter., 8(2):57-64, 2001.
GOLDENBERG, D.; GLUCK, O.; GORSKI, A. R.; SAATHOFF, M. A.; ARAUJO, R.Fibromialgia. Disponível em: <www.reumatologia.com.br > Acesso em 11 de Set de 2006.
GREMILLION, R. B. Fibromyalgia. The phisician and sportsmedicine. v. 26, n. 4, 1998.
GUIMARÃES, J.L.; ADELL, E.A.A. & FELÍCIO, P.E.; Estrutura e Composição doMÚSCULO E Tecidos Associados. Disponível em:<www.fea.unicamp.br/deptos/dta/carnes/files/estrut.pdf> Acesso em: 25 Agosto 2006.
104
GUYTON A.C.; Tratado de Fisiologia Médica 9ª ed.;Guanabara Koogan Rio deJaneiro,1997.
HATEM, T.P.; LIRA, P.I.C.; MATTOS S.S.; Efeitos Terapêuticos da Música em Criançasem Pós-operatório de Cirurgia Cardíaca. Disponível em:<www.scielo.br/pdf/jped/v82n3/v82n3a06.pdf> Acesso em 20 Setembro 2006.
HAUM, M. V. A.; FERRAZ, M. B.; POLLAK, D. F. Validação dos critérios do ColégioAmericano de Reumatologia (1990) para classificação da fibromialgia, em umapopulação brasileira. Revista Brasileira de Reumatologia, São Paulo, v. 39, n. 4, 1999.
HELFENSTEIN, M.; FELDMAN, D. Síndrome da Fibromialgia: características clínicas eassociações com outras síndromes disfuncionais. Disponível em:<www.revbrasreumatol.com.br/pdf/420101.pdf> Acesso em: 22 Agosto 2006.
IRION, J. M. Panorama histórico da reabilitação aquática RUOTI, R.,G. et al (org.Reabilitação Aquática) 1. ed., São Paulo: Manole,2000.
KAZIYAMA, H. H. S.; YENG, L.T.;TEIXEIRA, M. J. Síndrome fibromiálgica. Cap.20, p208-219. In: TEIXEIRA, J. ª B. DOR: Epidemiologia, fisiopatologia, avaliação, síndromedolorosa e tratamento. São Paulo: Grupo editori Moreira Jr, 2001.
LAERCIO,J. A Música e transe disponível em:<www.joselaerciodoegito.com.br/site_pm_0895.htm>.Acesso em: 14 Jan. 2006
LEÃO, E.R. Dor Oncológica: a música como terapia complementar na assistência deenfermagem. Disponível em:<www.hospitalsamaritano.com.br/boletimcentroestudos/1/doroncologica.htm> Acesso em:22 Maio 2006.
LEÃO, E. R; SILVA, M.J.P. Música e dor crônica músculoesquelética: o potencialevocativo de imagens mentais. Disponível em:<www.scielo.br/pdf/rlae/v12n2/v12n2a13.pdf> Acesso em 22. Abr.2006.
LIPHAUS, B. L.; CAMPOS, L. M. M. A.; SILVA, C. A. A.; KISS, M. H. B. Síndrome dafibromialgia em crianças e adolescentes: Estudo clínico de 34 casos. Disponível em:<www.revbrasreumatol.com.br/resumo.php?id=437&idioma=pt - 5k> Acesso em: 12.Maio2006.
105
MAEDA, C., MARTINEZ, J.E., NEDER, M. Efeito da Eutonia no tratamento daFibromialgia. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/rbr/v46n1/29380.pdf> Acesso em: 30Julho 2006.
LOPES, D.L. Histórico da Reabilitação Aquática. Disponível em:<www.cest.edu.br/reabilit_aquatica.htm> Acesso em: 26 Maio 2006.
MALYAK, M. Fibromialgia. In: WEST, S. G. Segredos em reumatologia. Porto Alegre:Editora Artmed, 2001.Manole, 2002, v. 1.
MARQUES, A.P.; MATSUTANI, L.A.; FERREIRA, E.A.G.; MENDONÇA, L.L.F.; AFisioterapia no Tratamento de Pacientes com Fibromialgia: uma revisão de literatura.Disponível em: < www.revbrasreumatol.com.br/pdf/420106.pdf > Acesso em: 09 Abril 2006.
MARTINEZ, J. E.; ATRA, E.; FERRAZ, M. B.; SILVA, P. S. B. – Fibromialgia: aspectosclínicos socioeconômicos. Revista Brasileira de Reumatologia., 32:225-30, 1992.
MARTINEZ, J. E.; et al. - Aspectos psicológicos em mulheres com fibromialgia. RevistaBrasileira de Reumatologia., 32(2): 51-9, 1992.
MATINEZ, J.E., Fibromialgia: O Desafio do Diagnostico Correto. Disponível em:<www.scielo.br/pdf/rbr/v46n1/29379.pdf> Acesso em: 25 Março 2006.
McNEAL, R. Reabilitação Aquática de Pacientes com Doenças Reumáticas RUOTI, R.,G.et al (org. Reabilitação Aquática) 1. ed., São Paulo: Manole,2000.
MINHOTO, G.R. – Eficácia do biofeedback como terapêutica na fibromialgia. Teseapresentada à Univ. Federal de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em Ciências,p.3-33, 1999.
NEECK, G. Pathogenic mechanisms of fibromyalgia. Pain, v. 100, 2002.
OKIFUJI, A.; et al. - A Standardized Manual Tender Point Survey: I. Development andDetermination of a Threshold Point for Identification of Positive Tender Points inFibromyalgia Syndrome. The Journal of Reumatology, vol.24, n. 2, p.377-383, 1997.
PAIVA, E.S.; Fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia. V.43 N. 2, P.112-118,2003.
106
PEREA, D. C. B. N. M. Fibromialgia: epidemiologia, diagnóstico, fisiopatologia e tratamentofisioterápico. Fisioterapia Brasil, São Paulo, v. 4, n. 4, 2003.
PEREIRA, L.D; MACHADO, E.; ZENKNER, J.E.; TABERELLI, Z.; BASSO, I. A músicacomo uma ferramenta auxiliar no controle de ansiedade durante procedimentosodontológicos. Disponível em: <www.ufsm.br/dentisticaonline/7-14-05.pdf> Acesso em: 25Outubro 2006
POLLAK, D. F. Fibromialgia. Revista da Clínica Médica (ARS CVRANDI), abril. 1993.
PROVENZA, J.R.; POLLAK, D.F.; MARTINEZ, J.E.; PAIVA, E.S.; HELFENSTEIN, M.;HEYMANN, R.; MATOS, J.M.C.; SOUZA, E.J.R.; Fibromialgia. Disponível em:<www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/052.pdf> Acesso em 25 Janeiro 2006.
RIBEIRO, L.S.; PROIETTI, F.A.; Fibromialgia e Estresse Infeccioso: PossíveisAssociações Entre a Síndrome de Fibromialgia e Infecção Virótica Crônica. Disponívelem: <www.scielo.br/pdf/rbr/v45n1/v45n1a05.pdf > Acesso em 26 Março 2006.
ROÇA R.O.;Estruturas dos Músculos e Tecidos Anexos Disponível em:<pucrs.campus2.br/~thompson/TPOA-Carne/Roca101.pdf> Acesso em: 29 Set. 2006.
RUOTI, R.G. et al. Reabilitação Aquática 1 ed., São Paulo: Manole, 2000,
SALVADOR, J. P.; SILVA Q.F.; ZIRBES, M.C.G.M.; Hidrocinesioterapia no tratamentode mulheres com fibromialgia: estudo de caso. Disponível em:<www.crefito3.com.br/revista/usp/01_04/Pages%20from%20pg01_60-27a36.pdf>. Acessoem: 14 Abril 2006.
SANTOS P. J. M. ; Fisiologia Do Musculo-Esquelético disponível em:<www.fcdef.up.pt/fisiologiageral/_arquivo/musculo_esqueletico.pdf> Acesso em: 29Setembro 2006.
SHRIWISE, S. K. Fibromyalgia syndrome: an overview. In: American Physical TherapyAssociation, 1997.
SILVA, A. M. L. Aspectos Psicossomáticos em Fibromialgia. Disponível em<www.fatea.br/janus/?fnc=artigos&titulo=artigos> Acesso em 30 Maio 2006.
107
SILVA, L. C.; ABREU, A. C.; PELEGRINO, P. S.; COELHO, O. S. O valor da contagem depontos dolorosos no diagnóstico clínico da fibromialgia. Revista brasileira de reumatologia,v. 37, n. 6, 1997.
SKARE, T.L.; Reumatologia: princípios e pratica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1999.SKINNER, A. J.; THOMPSON, A. M. Duffield: exercícios na água. 3.ed. São Paulo:Manole, 1985.
TANAKA, C. Abordagem fisioterápica em pacientes portadores de fibromialgia: efeitosobre mobilidade, dor e sono. Revista de Fisioterapia da Universidade de São Paulo, v. 1, n.1, 1994.
TAVARES, L.P. Os Efeitos da Música sobre a Mente e o Corpo. Disponível em: <www.musicaeadoracao.com.br/palestras/efeitos_musica_indice.htm> Acesso em: 25Setembro 2006.
TEIXEIRA, M. J. Dor. Revista de Medicina, v. 74, n. 2, 1995.
TIBEAU, C.C.P.M. Motricidade e Música: aspectos relevantes das atividades rítmicascomo conteúdo da educação física. Disponível em:<www.refeld.com.br/pdf/29.06/resumo.abstract.ritmo.pdf> Acesso em: 26 Agosto 2006.
TOMI, F. D.; GOLDONI, R.; SGROTT. F.O. F.; DIAS, S.L.;RIBAS, D.R.; Ai-Chi comoalternativa terapêutica na redução das queixas álgicas em decorrência do estresseDisponível em : Acesso em:25 Agosto 2006.
VALIM, P. C.; BERGAMASCHI, E.C.; VOLP, C.M.; DEUTSCH,S.; Redução de Estressepelo Alongamento: a Preferência Musical Pode Influenciar? Disponível em:<www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/08n2/Valim.pdf> Acesso em: 29 Agosto 2006
WEINSTEIN, S.L.; BUCKWALTER, J.A. Ortopedia de TUREK – PRINCIPIOS E SUASAPLICACOES. 5ª ed. São Paulo: Manole, 2000.
WEST, S.G. Segredos Em Reumatologia. Porto Alegre, Ed Artmed, 2000.
WILMORE, J. H.;Fisiologia do esporte e do exercício. 1ª ed. São Paulo Manole, 2001.
108
WOLFE, F; SMYTHE, H; YUNUS, M; GOLDENBERG, D; et.al.: The American Collegeof Rheumatology 1990 criteria for the classification of fibromyalgia: Report of themulticentre criteria committee. Arthritis & Rheumatology. 33:160-172, 1990.
YUNUS, M.B.; DAILEY, J.W.; ALDAG, J.C.; MASI, A.T.; JOBE, P.C – Plasma and urinarycatecholomanines in primary fibromyalgia: a controlled study. J. Rheumatol., 19:95-7, 1992.
110
APÊNDICE B – Questionário genérico de avaliação de qualidade de vida – SF-36.
QUESTIONÁRIO GENÉRICO DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA – SF-36
(Ciconelli, RM, 1997)
Ciconelli, RM. Tradução para o português e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida“Medical outcomes study 36-item short-form health survey (SF-36)” [tese(doutorado)]. São Paulo: Universidade Federal deSão Paulo; 1997.
INSTRUÇÕES: ESTA PESQUISA QUESTIONA VOCÊ SOBRE SUA SAÚDE. Estas informaçõesnos manterão informados de como você se sente e quão bem você é capaz de fazer suas atividades devida diária. Responda cada questão marcando a resposta como indicado. Caso você esteja inseguro emcomo responder, por favor, tente responder o melhor que puder.
1. em geral, você diria que sua saúde é: (circule um).Excelente 1Muito boa 2Boa 3Ruim 4Muito ruim 5
2. comparada a um ano atrás, como você classificaria sua saúde em geral, agora?
Muito melhor agora do que a um ano atrás 1Um pouco melhor agora do que a um ano atrás 2Quase a mesma de um ano atrás 3Um pouco pior agora do que há um ano atrás 4Muito pior do que há um ano atrás 5
3. os seguintes itens sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um diacomum. Devido a sua saúde, você tem dificuldade para fazer essas atividades? Neste caso,quanto?Atividades Sim dificulta
muitoSim dificultaUm pouco
Não. Não dificultaDe modo algum
a. Atividades vigorosas, que exigem muitoesforço, tais como: correr, levantar objetospesados, participar em esportes árduos.
1 2 3
b. Atividades moderadas, tais como moveruma mesa, passar aspirador de pó, jogarbola, varrer a casa
1 2 3
c. Levantar ou carregar mantimentos 1 2 3d. Subir vários lances de escada 1 2 3e. Subir um lance de escada 1 2 3f. Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se 1 2 3g. Andar mais de 1 quilômetro 1 2 3h. Andar vários quarteirões 1 2 3
111
i. Andar um quarteirão 1 2 3j. Tomar banho ou vestir-se 1 2 3
4. durante as últimas quatro semanas, você teve algum dos seguintes problemas com o seutrabalho ou com alguma atividade física diária regular, como conseqüência de sua saúdefísica?
Sim Nãoa. Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou aoutras atividades?
1 2
b. Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2c. Esteve limitada no seu tipo de trabalho ou em outras atividades? 1 2d. Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras atividades (p.ex: necessitoude um esforço extra)?
1 2
5. durante as últimas quatro semanas, você teve algum dos seguintes problemas com o seutrabalho ou outra atividade regular diária, como conseqüência de algum problema emocional(como se sentir deprimido ou ansioso)?
Sim Nãoa. Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou aoutras atividades?
1 2
b. Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2c. Não trabalhou ou não fez qualquer atividade com tanto cuidado comogeralmente faz?
1 2
6.durante as últimas quatro semanas, de que maneira sua saúde física ou problemasemocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação à família, vizinhos,amigos ou em grupo?
De forma nenhuma 1Ligeiramente 2Moderadamente 3Bastante 4Extremamente 5
7. quanta dor no seu corpo você teve durante as últimas 4 semanas?
Nenhuma 1Muito leve 2Leve 3Moderada 4Grave 5Muito grave 6
112
8. Durante as últimas quatro semanas, quanta dor interferiu com o seu trabalho normal(incluindo tanto trabalho, fora de casa e dentro de casa)?
De maneira alguma 1Um pouco 2Moderadamente 3Bastante 4Extremamente 5
9. Estas questões sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você durante asúltimas quatro semanas. Para cada questão dê uma resposta que mais se aproxime da maneiracomo você se sente. Em relação às últimas 3 semanas.
Todotempo
A maiorParte dotempo
Uma boaParte dotempo
AlgumaParte dotempo
UmaPequenaParte dotempo
Nunca
a. quanto tempo você tem sesentido cheio de vigor,vontade, cheio de força?
1 2 3 4 5 6
b. quanto tempo você tem sesentido uma pessoa nervosa? 1 2 3 4 5 6
c. quanto tempo você tem sesentido tão deprimido quenada pode animá-lo?
1 2 3 4 5 6
d. quanto tempo você tem sesentido calmo ou tranqüilo? 1 2 3 4 5 6
e. quanto tempo você tem sesentido com muita energia? 1 2 3 4 5 6
f. quanto tempo você tem sesentido desanimado eabatido?
1 2 3 4 5 6
g. quanto tempo você temsentido esgotado? 1 2 3 4 5 6
h. quanto tempo você tem sesentido uma pessoa feliz? 1 2 3 4 5 6
i. quanto tempo você tem sesentido cansado? 1 2 3 4 5 6
10. Durante as últimas 4 semanas, quanto do seu tempo a sua saúde física ou problemasemocionais interferiram com as suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc)?
Todo tempo 1A maior parte do tempo 2Alguma parte do tempo 3Uma pequena parte do tempo 4Nenhuma parte do tempo 5
113
11. Quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?
Definitivamenteverdadeira
A maioriaDas vezesverdadeiro
Nãosei
A maioriaDas vezesfalsas
Definitivamentefalsa
a. eu costumoadoecer um poucomais facilmente queas outras pessoasb. eu sou tãosaudável quantoqualquer pessoaque eu conheçoc. eu acho queminha saúde vaipiorard. minha saúde éexcelente
Pontuação do questionário SF-36
Questão Pontuação01 1=5 2=4,4 3=3,4 4=2.0 5= 1,002 Soma normal03 Soma normal04 Soma normal05 Soma normal06 1=5 2= 4 3=3 4=2 5=107 1= 6,0 2=5,4 3= 4,2 4=3,1 5= 2,2 6=1,008 Se 8=1 e 7=1 = 6
Se 8=1 e 7=2 a 6 = 5Se 8=2 e 7=2 a 6 = 4Se 8=3 e 7= 2 a 6 = 3Se 8=4 e 7= 2 a 6 = 2Se 8=5 e 7= 2 a 6 = 1
Se a questão 7 não for respondida, o escore da questão 8 passa a ser o seguinte:1= 6,02= 4,753= 3,54= 2,255= 1,0
09 a, d, e, h = valores contrários (1=6 2=5 3=3 4=3 5=2 6=1)Vitalidade = a + e + g + i Saúde Mental = b + c + d + f+ h
10 Soma normal11 a, c = valores normais
b, d = valores contrários (1=5 2=4 3=3 4=2 5=1)
114
Cálculo do Raw Scale (0 a 100)
Questão Limites Score RangeCapacidade Funcional 3(a+b+c+d+e+f+g+h+i+j) 10,30 20
Aspectos Físicos 4 (a+b+c+d) 4,8 4Dor Corporal 7+8 2,12 10
Estado geral de saúde 1+11 5,25 20Vitalidade 9(a+e+g+i) 4,24 20
Aspectos sociais 6+10 2,10 8Aspecto emocional 5 (a+b+c) 3,6 3
Saúde mental 9 (b+c+d+f+h) 5,30 25
Raw Scale:
Ex: Item = [Valor obtido – Valor mais baixo] x 100Variação
Ex: Capacidade Funcional = 21Valor mais baixo = 10Variação = 20
Ex: 21-10 x 100 = 5520
Obs. A questão nº2 não entra no cálculo dos domínios
Dados Perdidos:Se responder mais de 50% = substituir o valor pela média
115
APÊNDICE C – Termo de consentimento Livre e Esclarecido.
MODELO DE TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
1. Identificação do Projeto de Pesquisa:Título do Projeto: VERIFICAR A EFICÁCIA DO MÉTODO DE RELAXAMENTO AI-CHI DURANTEATENDIMENTOS HIDROTERAPÊUTICOS EM PACIENTES COM FIBROMIALGIA.Área do Conhecimento: Ciência da SaúdeCurso: FisioterapiaNúmero de sujeitos no centro: Número total de sujeitos: 05Patrocinador da pesquisa: Priscila Cristina CappellessoInstituição onde será realizado: Faculdade Assis Gurgacz - FAGNome dos pesquisadores e colaboradores: Alexandre Badke, Priscila Cristina Cappellesso, Franciele Poletto.
Você está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa acima identificado. O documentoabaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Suacolaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a qualquer momento,isso não causará nenhum prejuízo a você.
2. Identificação do Sujeito da Pesquisa e do ResponsávelNome do paciente: Data de nascimento: / /Estado Civil: CPF: RG:Endereço:Telefone: E-mail:
3. Identificação do Pesquisador ResponsávelNome: Alexandre Badke.Profissão: Fisioterapeuta. N. do Registro no Conselho: 55065 - SEndereço: Av. das Torres, 500.Telefone: (45) 3321 - 3930 E-mail: [email protected]
O procedimento do estudo: Será realizado na Clinica integrada da Faculdade Assis Gurgacz -FAG Será realizada uma pesquisa para a escolha das pacientes, depois de realizada, a pesquisadoraentrará em contato com as paciente para marcar um horário para explicação do termo deconsentimento livre, e esclarecido, e para as avaliações físicas das pacientes. Serão analisados doisgrupos de 05 pacientes selecionadas pela avaliadora, utilizando o mesmo número de sessões eaplicações de técnicas de Fisioterapia Aquática, isto é, obedecerão a um mesmo protocolo detratamento.
Serão realizadas três avaliações físicas em cada paciente de acordo com a ficha de avaliaçãodo setor de hidroterapia da clínica FAG, também será aplicada um questionário de avaliação da dor esua influência nas atividades diárias da paciente.Após a primeira avaliação será realizada a aplicaçãodo protocolo, durante um período de dez atendimentos. Após o 10º atendimento haverá umareavaliação física das pacientes e do questionário de avaliação da dor e sua influência nas atividadesdiárias. Terminado os vinte atendimentos previstos na metodologia, haverá uma reavaliação física daspacientes e do questionário de avaliação da dor e sua influência nas atividades diárias, sendo feita
116
então uma relação de antes, durante e depois do programa de tratamento para depois discutir econcluir.1. O benefício esperado é: Os benefícios deste trabalho será a promoção de um maior relaxamento,volta a atividades de vidas diárias, verificar se o nível de stress diminui após os atendimentos, se aspacientes apresentarão melhora no quadro de dor.O desconforto e risco esperado são: Os riscos e de afogamento.As medidas de proteção adotadasserão: a utilização de flutuadores e a presença de duas terapeutas.Os procedimentos para reduzir aocorrência dos possíveis riscos e desconforto serão: para prevenir este possível risco estarão presentea pesquisadora responsável pelo mesmo e mais uma acadêmica convidada pela pesquisadora paraauxiliar nos atendimentos. Esta acadêmica e do oitavo período de Fisioterapia da Faculdade AssisGurgacz – FAG.2. A minha participação neste projeto tem como objetivo: de valorizar o estudo colaborando comdados quantitativos objetivando a cura das mais variadas patologias.3. A minha participação é isenta de despesas e tenho direito.(à assistência, tratamento e indenizaçãopor eventuais danos, efeitos colaterais e reações adversas decorrentes de minha participação napresente pesquisa).4. Declaro estar ciente de que não está prevista nenhuma forma de remuneração para a minhaparticipação no presente estudo.5. A desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou no meu bem estar físico Não viráinterferir nas minhas atividades de vida diárias.6. Os resultados obtidos durante este estudo serão mantidos em sigilo, mas concordo que sejamdivulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais não sejam mencionados;Poderei consultar o pesquisador responsável (acima identificado) ou o CEP-FAG, com endereço na Faculdade AssisGurgacz, Av. das Torres, 500, Cep 85807-030, Fone: (45) 3321-3965 ou [email protected] sempre queentender necessário obter informações ou esclarecimentos sobre o projeto de pesquisa e minhaparticipação no mesmo.7. Tenho a garantia de tomar conhecimento, pessoalmente, do(s) resultado(s) parcial(is) e final(is)desta pesquisa.
Declaro que obtive todas as informações necessárias e esclarecimento quanto às dúvidas por mimapresentadas e, por estar de acordo, assino o presente documento em duas vias de igual teor(conteúdo) e forma, ficando uma em minha posse.
_____________( ), _____ de ____________ de ______.
________________________________________Sujeito da pesquisa
_________________________________Pesquisador Responsável pelo Projeto
Testemunhas:
_______________________________________ ___________________________________________Nome: Nome:RG: RG:CPF/MF: CPF/MF:Telefone: Telefone: