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CRISTIANI MATIKO ONISHI A EFICÁCIA DO ALONGAMENTO EXCÊNTRICO ASSOCIADO OU NÃO A ELETROESTIMULAÇÃO Cascavel 2003

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CRISTIANI MATIKO ONISHI

A EFICÁCIA DO ALONGAMENTO EXCÊNTRICO ASSOCIADO OU NÃO A ELETROESTIMULAÇÃO

Cascavel 2003

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CRISTIANI MATIKO ONISHI

A EFICÁCIA DO ALONGAMENTO EXCÊNTRICO ASSOCIADO OU NÃO A ELETROESTIMULAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Cascavel, como pré-requisito para obtenção do Título de graduado em Fisioterapia.

Orientador: Gladson Ricardo Flor Bertolini

Cascavel 2003

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TERMO DE APROVAÇÃO

CRISTIANI MATIKO ONISHI

A EFICÁCIA DO ALONGAMENTO EXCÊNTRICO

ASSOCIADO OU NÃO A ELETROESTIMULAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do titulo

graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

............................................................................................

Gladson Ricardo Flor Bertolini – UNIOESTE (orientador)

............................................................................................

Gustavo K. Nakayama – UNIOESTE

............................................................................................

Rodrigo Daniel Genske – UNIOESTE

Cascavel, 16 de abril de 2003.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à uma pessoa muito

especial na qual está presente em meus

pensamentos todos os dias, sempre me

orientando e me ajudando a ser uma pessoa

melhor.

À você Rogério Sakurada.

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me ajudado a chegar até aqui, concluindo

assim mais uma etapa da minha vida.

Aos meus pais, por ter auxiliado na minha formação tanto profissional quanto

educacional.

Ao meu orientador, pelo auxilio na realização deste trabalho, por nos passar um

pouquinho de seu conhecimento, e acima de tudo ser um grande amigo.

Aos meus familiares, irmãos, cunhadas, que indiretamente favoreceram para a minha

formação.

À minha grande amiga Katren, na qual não encontro palavras suficientes para

agradecer todo apoio e amizade oferecidos nestes quatro anos de faculdade.

A todos os meus amigos, em especial a Gicelly Zanatta e Josyane Lima.

Meus sinceros agradecimentos a todos os participantes do projeto de alongamento, e

aos demais docentes do Curso de Fisioterapia.

À todos, muito obrigada.

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RESUMO A utilização da eletroestimulação para a obtenção de alongamento muscular ainda é muito recente, existem poucos estudos comparando essa técnica de alongamento com outras técnicas tradicionais já conhecidas, o objetivo deste estudo foi analisar, o alongamento muscular do grupo tríceps sural através da utilização da eletroestimulação associada ao alongamento excêntrico e a técnica excêntrica. O estudo constou de 15 participantes, sendo estes separados aleatoriamente em 3 grupos de cinco, o grupo I, no qual foi realizado o alongamento com a eletroestimulação, grupo II, utilizando a contração excêntrica e grupo III, grupo controle, não realizando nenhum tipo de alongamento. O grupo I e II realizou dez sessões, aplicando as respectivas técnicas já citadas anteriormente, sendo mensurados na primeira e décima sessão. Pode-se concluir após a coleta e avaliação dos dados, que a técnica de alongamento excêntrico e a aplicação da eletroestimulação associada ao alongamento excêntrico, apresentou resultados superiores ao grupo controle. A aplicação da eletroestimulação resultou em uma média de elevação da amplitude de aproximadamente 6,2 graus, já a utilização da técnica excêntrica obteve uma média superior a eletroestimulação de 6,8 graus, o grupo controle não apresentou alterações na média inicial e final. Assim, através desta pesquisa, conclui-se que a técnica excêntrica além ser uma técnica eficaz de tratamento, é também fácil de ser entendida pelos pacientes, se bem orientado pode ser realizado pelas pessoas periodicamente, não apenas como um tratamento mas também como prevenção na instalação de encurtamentos.

Palavras Chaves: alongamento, eletroestimulação

.

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SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................................iii

LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................v

LISTA DE TABELA.............................................................................................................. vi

LISTA DE GRÁFICOS........................................................................................................ .vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.........................................................................viii

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................1

2 DESENVOLVIMENTO......................................................................................................14

2.1 TECIDO MUSCULAR ................................................................................................14

2.1.1 Estruturas que compõem o Tecido Muscular ..........................................................15

2.1.1.1 Ultra-estrutura das miofibrilas.........................................................................15

2.1.1.2 Base Estrutural da Contração ..........................................................................15

2.1.1.3 Proteínas do Músculo Esquelético....................................................................16

2.1.1.4 Retículo Sarcoplasmático .................................................................................17

2.1.1.5 Outras Estruturas Internas que Compõem o Tecido Muscular.........................17

2.1.2 Teoria do Mecanismo da Contração Muscular........................................................18

2.1.3 Irrigação do Tecido Muscular..................................................................................18

2.2 TECIDO CONJUNTIVO ............................................................................................19

2.2.1 Fibras Colágenas .....................................................................................................19

2.2.2 Tecido Elástico ........................................................................................................21

2.3 FLEXIBILIDADE ........................................................................................................22

2.3.1 Importância do Alongamento Muscular ..................................................................22

2.4 ADAPTAÇÃO DO TECIDO MUSCULAR AO ALONGAMENTO ......................23

2.5 RECEPTORES SENSORIAIS RELACIONADOS AO ALONGAMENTO .........24

2.5.1 Fusos Musculares ....................................................................................................24

2.5.2 Orgãos Tendinoso de Golgi.....................................................................................25

2.5.3 Mecano-receptores Articulares................................................................................25

2.6 PROGRAMA DE TREINAMENTO DE FLEXIBILIDADE ..................................26

2.6.1 Contra Indicações no Treinamento de Flexibilidade...............................................27

2.6.2 Algumas Precauções Quanto à Realização do Alongamento..................................28

2.7 EXERCÍCIOS EXCÊNTRICOS E ALONGAMENTO MUSCULAR ...................28

iv

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2.8 UTILIZAÇÃO DA ELETROESTIMULAÇÃO........................................................28

3 METODOLOGIA................................................................................................................31

3.1 Grupo I– Alongamento com auxílio de Eletroestimulação ............................................32

3.2 Grupo II – Alongamento com Contração Excêntrica .....................................................34

3.3 Grupo III – Controle .......................................................................................................35

4 RESULTADOS ....................................................................................................................36

5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................40

6 CONCLUSÕES....................................................................................................................43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................44

Anexo A................................................................................................................................. 35

Anexo B..................................................................................................................................36

Anexo C..................................................................................................................................37

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Posicionamento dos eletrodos.

22

Figura 2. Alongamento com eletroestimulação. 22

Figura 3. Aparelho utilizado no alongamento com eletroestimulação.

23

Figura 4. Alongamento excêntrico I.

23

Figura 5. Alongamento excêntrico II.

24

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Resultados em graus dos acadêmicos submetidos à técnica de

eletroestimulação segundo a idade e o membro alongado, mensurados através da goniometria na primeira e na décima sessão de tratamento. Clínica de Fisioterapia da Unioeste - PR, 2003.

25

Tabela 2. Resultados em graus dos participantes submetidos à técnica de alongamento excêntrico segundo a idade e o membro inferior tratado, mensurados através da goniometria na primeira e na décima sessão. Clínica de Fisioterapia da Unioeste - PR, 2003.

25

Tabela 3. Resultados em graus do grupo controle, segundo a idade, e membro inferior avaliado, mensurados através da goniometria na primeira e na décima sessão. Clínica de Fisioterapia da Unioeste - Pr, 2003.

26

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Grupo I – Resultados individuais da 1a e 10a terapias.

26

Gráfico 2. Grupo II – Resultados individuais da 1a e 10a terapias.

27

Gráfico 3. Grupo III – Resultados individuais da 1a e 10a terapias.

27

Gráfico 4. Média dos resultados dos grupos I, II e III, na 1a e 10a terapias.

28

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1 INTRODUÇÃO

A flexibilidade é descrita como a amplitude de movimento possível de uma articulação

e seus músculos circunvizinhos (MARTIN e CANAVAN, 2001). A flexibilidade é especifica

do músculo e da articulação, e pode ser influenciada pela idade, sexo e possivelmente, raça do

indivíduo. A flexibilidade estática refere-se a habilidade de uma articulação para mover-se

através de uma amplitude de movimento passiva, já a flexibilidade dinâmica, depende da

força dos músculos antagonistas para mover o membro (KRIVICKAS, 2001).

Para ter uma amplitude de movimento normal é necessário haver mobilidade e

flexibilidade dos tecidos moles que circundam a articulação, ou seja, músculo, tecido

conectivo, pele e mobilidade articular. Uma boa flexibilidade é muito importante para o um

bom desempenho das atividades ocupacionais e recreativas do dia a dia, e também um fator

muito importante na prevenção de lesões novas e recorrentes (KISNER e COLBY, 1998).

Diversos fatores podem limitar a amplitude de uma articulação, resultando em

encurtamento adaptativo dos tecidos moles, como: imobilizações prolongadas, mobilidade

restrita, doenças do tecido conectivo ou neuromusculares, processos patológicos devido a

traumas e deformidades ósseas (KISNER e COLBY, 1998).

Um treinamento de flexibilidade sob a forma de um programa de exercícios planejados

e regulares, tem por finalidade alongar os ligamentos, cápsulas e aumentar a extensibilidade

das unidades músculo-tendão aumentando a amplitude de movimento da articulação (ALTER,

1999; WATKINS, 2001). Portanto os tecidos moles ao redor da articulação devem ser

alongados de maneira progressiva a fim de aumentar a flexibilidade de uma articulação

(MARTIN e CANAVAN, 2001).

Uma variedade de ganhos terapêuticos podem ser obtidos estimulando-se

eletricamente a contração muscular como: reeducação muscular, utilizada freqüentemente

pós-cirurgias ou lesões; fortalecimento muscular; retardamento da atrofia, através da

manutenção do tecido muscular após uma lesão que impede o exercício muscular normal;

aumento da amplitude de movimento, estimulando eletricamente uma contração muscular

liberando a articulação além da amplitude limitada; e bombeamento do sangue por contrações

musculares (HOOKER, 2002). Foram detectadas elevação na irrigação sanguínea seguida por

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um recrudescimento na densidade capilar que circunda as fibras musculares estimuladas

(COTTER 1, apud SCOTT, 1998).

O objetivo do presente estudo é comparar as diferentes técnicas de alongamentos,

excêntrico e alongamento através da eletroestimulação associado a técnica excêntrica, com o

grupo controle, demonstrando a eficácia terapêutica de cada método.

1 COTTER, M, HUDLICKA, O, VRBOVA, G (1973) Growth of capillaries during long term activity in skeletal muscle. Bibl Anat II: 395-398.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 TECIDO MUSCULAR

O tecido muscular é composto por células alongadas, mais ou menos paralelas com

grande quantidade de filamentos citoplasmáticos responsáveis pela sua contração

(GAUTHIER, 1980; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).

O tecido muscular pode ser dividido em três tipos, que se diferenciam pela sua

estrutura macroscópica, distribuição, inervação e variedade da função realizada. Os três tipos

são, músculo liso, músculo estriado esquelético e músculo cardíaco. O músculo liso é

encontrado na parede das vísceras e vasos sanguíneos, possui contração lenta e aspecto

fusiforme, sem estrias transversais, sua contração é involuntária. O músculo cardíaco

apresenta estrias transversais sendo encontrado principalmente nas paredes do coração e veias

pulmonares, sua contração é involuntária vigorosa e ritmada. Já o músculo esquelético é o

mais abundante do organismo humano sendo formado por células cilíndricas longas e

multinucleadas, com estriações transversais, possui contração rápida e voluntária (HAM,

1977; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).

O músculo estriado, recebe o nome de músculo esquelético por estar inserido nos

ossos, é responsável pelos movimentos articulares, sua contração é considerada voluntária por

ser consciente (WEISS e GREEP, 1981; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).

Os músculos esqueléticos são ligados aos ossos por tendões, sendo organizados em

feixes envoltos por uma membrana externa de tecido conectivo que se denomina epimísio,

que envolve todo o músculo, deste partem prolongamentos que circundam os feixes de fibras

musculares denominados de fascículos, originando o perimísio, e por fim cada fibra muscular

é envolvida por uma camada fina constituída por uma lamina basal, fibras colágenas e

fibroblastos, formando uma fina camada de tecido conectivo o endomísio (JUNQUEIRA e

CARNEIRO, 1995; ROBINSON, 2001).

É através do tecido conjuntivo que a contração muscular é transmitida a outras

estruturas como tendões aponeuroses, ligamentos e ossos (CORMARK, 1996; JUNQUEIRA

e CARNEIRO, 1995).

Cada fibra muscular é composta de várias unidades pequenas denominadas

miofibrilas, estas são agrupadas em feixes e seguem a extensão da fibra muscular, sendo que

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cada uma dessas miofibrilas é composta de um filamento longo e fino de sarcômeros ligados

em série (ALTER, 1999).

2.1.1 Estruturas que compõem o Tecido Muscular

2.1.1.1 Ultra-estrutura das miofibrilas

As miofibrilas são compostas de pequenas estruturas denominadas de miofilamentos,

são cilíndricas com extremidades arredondados com diâmetro de 1 a 2 µm. Em corte

longitudinal é possível observar bandas claras e escuras, sob incidência de luz polarizada a

banda escura denomina-se de anisotrópica ou banda A, e as claras de isotrópicas ou banda I.

uma linha escura divide cada banda I ao meio e se chama de linha Z, quando o músculo se

encontra relaxado podemos distinguir uma outra banda que consiste em uma região menos

densa e mais clara denominada de H no meio da banda A, sendo encontrada nas extremidades

dos filamentos finos (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995; CORMARK, 1996; WEISS e

GREEP,1981). Encontra-se também no centro do sarcômero uma estrutura densa que

denomina-se linha M (ALTER, 1999).

A unidade repetida da miofibrila contendo áreas claras e escuras é chamada de

sarcômero, sendo que cada uma das miofibrilas consiste em aproximadamente 4.500

sarcômeros, sendo que estes filamentos são formados por proteínas que promovem a

contração (encurtamento), relaxamento e alongamento (estiramento) do músculo (ALTER,

1999; ROBINSON, 2001).

2.1.1.2 Base Estrutural da Contração

Os sarcômeros representam a unidade funcional do músculo, este é formado pela parte

da miofibrila que fica entre duas linhas Z sucessivas. A linha Z tem aparência de zigue-zague,

isto ocorre devido aos filamentos finos de cada lado da linha Z não serem colineares, em vez

disso os filamentos são ramificados pela metade da separação lateral dos filamentos. Essa

configuração das duas linhas promove a capacidade de adaptação, podendo o diâmetro das

miofibrilas aumentar ou diminuir a separação lateral entre os filamentos, promovendo a

elasticidade do tecido muscular (ALTER, 1999; ROBINSON, 2002).

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Dentro dos sarcômeros encontramos dois tipos de filamentos contráteis sendo um mais

fino contendo actina, e outro mais espesso contendo miosina, ambos se orientam

longitudinalmente (CORMARK, 1996; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995; HAM, 1977).

Alter (1999) e Robinson (2001) relatam que a banda I é formada por várias proteínas

que envolvem o filamento de actina como a nebulina, troponina e tropomiosina, as bandas A

ou escuras são formados principalmente por filamentos grossos, já a banda H é constituída

somente por filamentos grosso.

Além destes filamentos contráteis, os sarcômeros contém filamentos elásticos

longitudinais finos contendo uma proteína denominado de titina (CORMARK, 1996).

2.1.1.3 Proteínas do Músculo Esquelético

A miofibrila é constituída por proteínas, sendo as principais: actina, miosina, titina,

tropomiosina e troponina, essas duas últimas têm papel regulador na contração muscular

(JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).

A actina tem forma de polímeros longos formados por duas cadeias de monômeros

globulares, torcidas formando uma hélice dupla (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995; WEISS

e GREEP, 1981).

A miosina é composta por filamentos espessos de aproximadamente 15µm de

comprimento e 12 a 15 nm de diâmetro (CORMACK, 1996).

A tropomiosina possui duas cadeias polipeptídicas, cujas moléculas formam longos

filamentos finos e se localizam entre dois filamentos de actina que em virtude de sua posição

nos filamentos, interferem com a ligação actina-miosina no estado de repouso (ROBINSON,

2001).

Segundo Junqueira e Carneiro (1995) e, Weiss e Greep (1981), a troponina é composta

por três subunidades TnT, que liga-se a tropomiosina, TnC que possui afinidade aos íons

cálcio e TnI, a qual cobre o sítio ativo da actina. A miosina é uma molécula grande formada

por dois peptídios enrolados em hélice, em uma das extremidades apresenta uma saliência

globular, na qual ocorre a combinação com o ATP, formando as pontes cruzadas que são

locais onde os filamentos de actina e miosina produzem tensão muscular.

A titina é um filamento conectivo que promove a posição central do filamento de

miosina no sarcômero, quando o sarcômero é alongado, a região da molécula de titina

encontrada na banda A mantém a miosina centralizada e a região que se liga a linha Z

comporta-se elasticamente. A titina é encontrada dobrada dentro do sarcômero, assim quando

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o alongamento é realizado, o seguimento de titina entre o final da miosina e a linha Z

contribui para o aumento do mesmo (ALTER, 1999). Desta forma quando o comprimento da

titina é atingido ocorre novo recrutamento desta proteína, que se encontra ligada aos

filamentos de miosina, aumentando ainda mais o comprimento (WANG et al.2, apud ALTER,

1999).

2.1.1.4 Retículo Sarcoplasmático

Quando o impulso nervoso chega em uma fibra muscular esquelética este se espalha

sobre o sarcolema e move-se para dentro por meio de túbulos T, permitindo assim o influxo

dos íons cálcio pelo retículo sarcoplasmático (ALTER, 1999). Essa é uma organela muito

importante que tem a função de regular o fluxo de íons cálcio, necessário para que ocorra a

contração e o relaxamento muscular. Essa regulação ocorre da seguinte maneira: a membrana

do retículo sarcoplasmático é despolarizada com o estímulo nervoso, promovendo a liberação

dos íons cálcio presentes nas cisternas dos túbulos T, estes íons se ligam a troponina,

ocorrendo à formação das pontes de actina e miosina já citadas anteriormente, promovendo a

contração muscular (JUNQUEIRA e CARNEIRO,1995; HAM, 1977).

2.1.1.5 Outras Estruturas Internas que Compõem o Tecido Muscular

Outras estruturas que compõem o tecido muscular são as mitocôndrias ou também

conhecidas por sarcossomas, estão distribuídas em todos os músculos repousando entre as

miofibrilas, são estruturas que contêm enzimas, estando intimamente associadas ao

metabolismo oxidativo do músculo, sendo responsável por inúmeros processos celulares,

síntese de proteínas, bombas de membrana e contração muscular. O último componente

interno das células musculares é o citoplasma também chamado de sarcoplasma, é composto

por água e outras substâncias essenciais, é responsável pelo armazenamento dos ácidos graxos

livres, glicose e nucleosídios como ATP, é no citoplasma que o glicogênio e a glicose são

anaerobicamente metabolizados para produzir a molécula de ATP. Encontra-se ainda dentro

do sarcoplasma os lisossomos, responsáveis pela degradação dos restos intercelulares, e

2 WANG, K., McCARTER, R., WRIGHT., BEVERLY, J., RAMIREZ MITCHELL, R. (1991). Regulation of skeletal muscle stiffness and elasticity by titin isoforms: A test of the segmental extension model of resting tension. Proceedings of the National Academy of Science (Estados Unidos), 81 (12), 3685-3689.

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moléculas de mioglobina, que é uma proteína que se liga ao oxigênio, sendo essencial para a

realização dos processos metabólicos oxidativos (ROBINSON, 2001).

2.1.2 Teoria do Mecanismo da Contração Muscular

A contração muscular é resultado do deslizamento interno dos filamentos finos móveis

em relação aos espessos fixos. Durante a contração muscular não ocorre modificação no

comprimento da banda A, enquanto na banda I ocorre encurtamento de suas fibras que se

deslizam em direção a banda A, o que promove o sucessivo desaparecimento da Banda H

(CORMARK, 1996).

Durante o repouso, ocorre a ligação do ATP à cabeça da miosina, a actina atua como

um co-fator para liberação de energia da molécula de ATP. Quando ocorre o influxo de cálcio

para dentro da célula, este promove uma alteração na configuração espacial das três

subunidades de troponina empurrando assim a molécula de tropomiosina, promovendo a

exposição dos sítios de ligação da actina, ficando livre para se ligar à miosina, com a ligação

dessas duas proteínas o ATP é convertido em ADP+ Pi e energia. Com a actina ligada a

miosina, o filamento de miosina empurra o filamento de actina promovendo o deslizamento.

À medida que ocorre o movimento entre a actina e a miosina, novos locais para formação de

pontes aparecem, estas apenas se desfazem depois que ocorre a ligação da miosina a uma

nova molécula de ATP. A contração muscular continua até que ocorra a retirada de todos os

íons cálcio e o complexo troponina-tropomiosina cubra o local de combinação da miosina

(JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995; CORMARK, 1996; HAM, 1977).

Quando contraído ao máximo, um sarcômero pode encurtar 20% a 50% do

comprimento de repouso e, quando alongados passivamente pode estender-se

aproximadamente 120% de seu comprimento normal (ALTER, 1999).

2.1.3 Irrigação do Tecido Muscular

A regulação da circulação muscular é obtida através das arteríolas dos músculos, estas

se ramificam e formam leitos capilares que envolvem a interface capilar-músculo, permitindo

assim as trocas de energia, substratos metabólicos e seus derivados. As redes capilares dos

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músculos condensam-se para formar as vênulas, que drenam grandes veias. A rede

circulatória é essencial para o bom funcionamento muscular, pois este é responsável pelo

suprimento de oxigênio no músculo (ROBINSON, 2001).

2.2 TECIDO CONJUNTIVO

O tecido conjuntivo apresenta vários tipos de células, que realizam diferentes funções,

como: defesa, proteção, armazenamento, transporte, ligação, conexão, suporte geral e reparo.

Há homeostasia nos tecidos conjuntivos, isto é a quantidade e qualidade de colágeno nos

diferentes órgãos ou tecidos, são ativamente regulados em nível local. Este tecido possui

grande capacidade de regeneração e varia quanto à forma e a função (GUIRRO e GUIRRO,

2002; ALTER, 1999).

Os ossos, ligamentos, tendões, fáscias e cartilagens são formados por tecidos

conjuntivos, essas estruturas mantêm a integridade do corpo. O conjuntivo é formado por

células e uma matriz extracelular composta de fibras e líquido intersticial. As células

produzem a matriz, o que determina as propriedades físicas dos diferentes tecidos conjuntivos

(CHAFFIN, ANDERSSON e MATIN, 2001).

O tecido conjuntivo apresenta dois tipos de fibras principais: colágenas e elásticas,

podendo ter a presença de mais de um tipo de fibra no mesmo tecido, sendo que o predomínio

de uma delas é importante na sua propriedade dinâmica (GUIRRO e GUIRRO, 2002;

CHAFFIN, ANDERSSON e MATIN, 2001).

2.2.1 Fibras Colágenas

O colágeno é a proteína mais abundante nos mamíferos, é considerado o principal

componente estrutural do tecido vivo, possui grande força e bastante resistência à

deformação, tem como função fornecer a integridade estrutural a diversos tecidos e órgãos. Os

tipos de colágeno mais conhecidos são: o tipo I é encontrado nos tendões, ligamentos, ossos,

pele e tecido conjuntivo frouxo, o tipo II é encontrado nas cartilagens e o tipo III nas paredes

dos vasos sangüíneo de grande calibre (CHAFFIN, ANDERSSON e MATIN, 2001; GUIRRO

e GUIRRO, 2002).

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Quando observadas ao microscópio, as fibras colágenas aparecem esbranquiçadas,

arranjadas em feixes, sendo capazes de um grau leve de extensibilidade, apresentam uma

estrutura unida ou estriada, este padrão reflete sua organização ultra-estrutural, é devido a esta

estrutura sua grande força de tração e pouca extensibilidade. Um fator importante que ajuda a

força de tração é a presença de elos cruzados intramoleculares entre as cadeias α1 e α2 da

molécula de colágeno e de elos cruzados intermoleculares entres as subfibrilas de colágeno e

filamentos (ALTER, 1999).

Os feixes de fibras colágenas quando submetidos a testes de tensão inicialmente se

alongam, e depois tornam-se rígidos até cederem, este pequeno alongamento da fibra é

decorrente da sua configuração meio ondulada, a qual permite alongamento em cargas baixas

antes do rompimento (CHAFFIN, ANDERSSON e MATIN, 2001).

As fibras colágenas proporcionam força de tensão nos ferimentos na fase de

cicatrização, seu metabolismo nos tecidos normais consiste em equilíbrio entre a biossíntese e

degradação, e são reabsorvidas durante o crescimento, remodelação, inflamação e reparo dos

tecidos por colagenases especificas que podem digerir as moléculas de tropocolágeno da fibra

(GUIRRO e GUIRRO, 2002).

O colágeno é composto por muitas moléculas complexas denominadas de

aminoácidos, sendo os três principais a glicina, prolina e hidroxiprolina estes dois últimos

mantém a forma estável e resistente do colágeno ao alongamento, assim a maior concentração

destes aminoácidos determinará maior resistência de alongamento das moléculas. Com o

envelhecimento ocorre uma redução da extensibilidade mínima que existia inicialmente e uma

maior rigidez, devido ao aumento do diâmetro de suas fibras, cristalização das fibrilas

fortalecendo os elos intermoleculares, e aumento dos elos cruzados (ALTER, 1999).

Os ligamentos e tendões são formados por tecidos conjuntivos densos. Os ligamentos

se ligam aos ossos fornecendo estabilidade articular, enquanto os tendões conectam os

músculos aos ossos transmitindo forças originadas do músculo, são compostos por fibras

colágenas onduladas dispostas em paralelo entremeadas por fibras de elastina e reticulina,

estas estruturas estão suspensas em substrato gelatinoso que reduz o atrito dos componentes

das fibras. Quando o tendão é submetido ao alongamento, as fibras onduladas de colágeno

alongam-se na direção da força de tensão, e quando a carga é interrompida as fibras elásticas

auxiliam na reorganização das fibras onduladas (CHAFFIN, ANDERSSON e MATIN, 2001,

MIRANDA, 2001). Forças de estresse elevados no tendão podem resultar em micro-traumas e

rupturas (ALTER, 1999).

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A fáscia é formada por tecido conjuntivo, variando quanto à espessura e densidade de

acordo com as exigências funcionais. É uma estrutura que liga o músculo e confere o

alinhamento adequado das fibras musculares, vasos sanguíneos, nervos, entre outros, permite

que as forças desenvolvidas ou sofridas passivamente pelo músculo sejam transmitidas por

todo o tecido de forma segura e eficaz, e, fornece superfícies lubrificadas necessárias entre as

fibras e os feixes musculares. Este tecido permite a mudança de comprimento do músculo,

durante o movimento passivo, a fáscia muscular é responsável por 41% da resistência total do

movimento, representando um fator importante limitante da amplitude de movimento (ADM).

(JOHNS e WRIGHT 3, apud ALTER, 1999).

2.2.2 Tecido Elástico

O tecido elástico é um componente estrutural dos tecidos, sendo encontrado em todo o

corpo. O sarcolema de uma fibra muscular é composto por grande quantidade de tecido

elástico, determinando assim a sua extensibilidade. Essas fibras possuem várias funções,

como: aumentar a coordenação dos movimentos, disseminar estresses originados em pontos

isolados, conservar energia, fornecer defesa contra forças excessivas, entre outras (ALTER,

1999).

As fibras elásticas são frágeis quanto à tensão aplicada, sofrendo deformações e

distensão a baixas cargas, aumentando seu comprimento. Elas alongam-se facilmente e

quando cessado a tensão, ocorre o retorno de seu comprimento ao estado de repouso original.

Com o envelhecimento as fibras elásticas perdem sua elasticidade devido a várias alterações

como: desgaste, calcificações, mineralizações, fragmentação e aumento do número das

ligações cruzadas (CHAFFIN, ANDERSSON e MATIN, 2001; ALTER, 1999).

A elastina é composta por aminoácidos hidrofóbicos não polares e com pouca

hidroxiprolina e nenhuma hidrolisina. Contém desmosina e isodesmosina que agem formando

elos cruzados covalentes dentro e entre as cadeias de polipeptídios (ALTER, 1999).

3 JOHNS, R J.; WRIGTH, V. (1962). Relative importance of various tissues in joint stiffness. Journal of applied Physiolology, 17 (5), 824-828.

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2.3 FLEXIBILIDADE

A flexibilidade articular é o termo usado para descrever a ADM permitida em cada um

dos planos da articulação, a flexibilidade estática refere-se ao movimento realizado quando

um seguimento corporal é movimentado passivamente, enquanto na flexibilidade dinâmica a

ADM é conseguida através de um movimento ativo de um seguimento corporal, obtido

através de contração muscular (HALL, 2000).

Diferentes fatores podem influenciar na flexibilidade de uma articulação (WATKINS,

2001; HALL, 2000): formato das superfícies articulares, em algumas articulações a ADM é

limitada pelo impacto com outras estruturas ósseas restringindo certos movimentos; tensões

na cápsula articular e nos ligamentos nos finais dos movimentos; massas de partes moles,

principalmente os músculos esqueléticos que circundam os ossos que formam a articulação;

extensibilidade dos músculos esqueléticos, isto é, o máximo de comprimento que a unidade

músculo tendão pode alcançar sem que ocorra lesão.

A ausência de treinamentos regulares, assim como esportes que realizam movimentos

repetitivos, provavelmente resultarão em redução do alongamento muscular sendo o principal

fator limitante da flexibilidade articular (WATKINS, 2001). O aumento ou a manutenção da

flexibilidade envolve o alongamento dos ligamentos, fáscias e músculos que limitam a ADM

de uma articulação (HALL, 2000).

2.3.1 Importância do Alongamento Muscular

Para desempenhar a maioria das tarefas cotidianas funcionais, assim como

ocupacionais e recreativas, é importante possuir uma boa amplitude de movimento, sem

restrições e dor, a grande mobilidade também auxilia na prevenção de lesões novas ou

recorrentes. A perda de flexibilidade pode resultar em alterações na força muscular, e dor

(KISNER e COLBY, 1998).

O alongamento influi positivamente na mobilidade articular, aumentando o

rendimento mecânico do músculo, prevenindo assim eventos traumáticos (TRIBASTONE,

2001).

O encurtamento muscular pode ser proveniente de várias causas, como: imobilização

prolongada do membro em posição encurtada; algumas doenças que afetam o tecido

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conectivo; espasticidade, resultando em alterações dos tecidos moles e amplitude incompleta

do movimento; processos patológicos, que resultam em produção de tecido fibroso (KISNER

e COLBY, 1998).

A redução no comprimento da fibra muscular está associada ao aumento da resistência

passiva do músculo durante o alongamento. Sabe-se que o perimísio devido a sua organização

é o tecido que mais contribui para resistência passiva extracelular no músculo esquelético,

sendo que a força imposta ao músculo durante o alongamento é transmitida através do tecido

conjuntivo intramuscular (MARQUES, 2000).

Um músculo retraído apresenta duas características básicas, redução no número de

sarcômeros em série e aumento na densidade de tecido conjuntivo, resultando em menor

elasticidade (MARQUES, 2000).

2.4 ADAPTAÇÃO DO TECIDO MUSCULAR AO ALONGAMENTO

O tecido muscular tem a capacidade de adaptação à determinada estimulação,

resultante da plasticidade, isto é, a capacidade do tecido mole em assumir um comprimento

novo após a força de alongamento ter sido removida (KISNER e COLBY, 1998). Essa

característica é decorrente da composição da fibra muscular é formada por células

multinucleadas, lamina basal, células miogênicas quiescentes que se situam na periferia

muscular, e a interação entre o sistema nervoso e os músculos no trofismo muscular

(SALVINI 4, apud GUIRRO e GUIRRO, 2002).

O tecido conjuntivo encontrado nos tecidos musculares possui propriedades

viscoelásticas permitindo o alongamento, o componente viscoso permite um estiramento

plástico que resulta em alongamento permanente do tecido depois que a carga é removida. O

componente elástico torna possível o retorno do tecido ao comprimento anterior após a

retirada do estímulo (HARRELSON e DUNM, 2000).

De acordo com Guirro e Guirro (2002) os músculos possuem fibras que se dispõem

obliquamente ao longo de seu eixo, outros se dispõem paralelamente, assim durante o

crescimento os músculos sofrem algumas adaptações para acompanhar o crescimento dos

ossos, as fibras que se dispõem obliquamente sofrem um aumento do diâmetro, e nas que se

dispõem paralelamente ocorre maior extensão dos tendões no tecido muscular, tornando as

4 SALVINI, T.F. O papel da fisioterapia na lesão e regeneração do músculo esquelético. Revista de fisioterapia da Universidade de São Paulo, 4:24,1997

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junções miotendinosas interpenetrantes, contudo o alongamento está associado ao aumento do

número de sarcômeros no músculo.

Estudos realizados por Williams e Goldspink 5, apud Marques (2000), comprovaram

que o aumento do comprimento muscular estava relacionado com a adição de sarcômeros ao

longo da fibra muscular. Estudos realizados posteriormente mostraram que quando um

músculo é imobilizado em posição de alongamento, ocorreu aumento de 20% no número de

sarcômeros em série, e quando este mesmo músculo foi imobilizado em posição de

encurtamento, ocorreu uma redução de 40% e conseqüentemente diminuição da sua

elasticidade (MARQUES, 2000).

2.5 RECEPTORES SENSORIAIS RELACIONADOS AO ALONGAMENTO

São encontrados três tipos de receptores sensoriais principais favoráveis ao

alongamento e a ADM, estes são conhecidos como fusos musculares, órgãos tendinosos de

Golgi (GTOs) e mecano-receptores articulares (ALTER, 1999).

2.5.1 Fusos Musculares

Os fusos musculares são receptores encontrados nos músculos, são classificadas em

intrafusais e extrafusais, são consideradas unidades contráteis regulares do músculo, os fusos

ligam-se nas fibras extrafusais ficando paralelos a essas fibras, assim quando o músculo é

alongado ocorre também o alongamento do fuso. O processo de excitação do fuso muscular

ocorre quando um estímulo de alongamento é aplicado, ocorrendo uma mudança na

permeabilidade da extremidade do neurônio sensorial resultando na produção de uma corrente

geradora com conseqüente despolarização, quando este atinge o limiar, o potencial de ação é

conduzido (ALTER, 1999). O fuso muscular monitora a velocidade e duração do

alongamento e detecta alterações no comprimento muscular (KISNER e COLBY, 1998).

Funcionalmente existem dois tipos, os primários que respondem tanto ao grau de

alongamento muscular quanto ao ritmo deste alongamento, e os secundários, que respondem

apenas ao grau de alongamento. A resposta dos fusos promove a ativação do reflexo de 5 WILLIAMS, P. E.; GOLDSPINK, G. “Longitudinal growth of striated muscle fibres”. J. Cell Sci., 9: 751-61,1971.

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alongamento e inibição da elaboração de tensão no grupo dos músculos antagonistas (inibição

recíproca). O reflexo do alongamento ou reflexo miotático é decorrente da ativação dos fusos

em um músculo distendido, promovendo uma resposta rápida através de uma transmissão

neural, com estimulação dos nervos aferentes conduzindo estímulos dos fusos até a medula

espinhal, os nervos eferentes trazem de volta a resposta resultando em elaboração de tensão

no músculo. O procedimento para realização de um alongamento muscular consiste, portanto,

em minimizar os efeitos dos fusos musculares (HALL, 2000; ALTER, 1999).

2.5.2 Orgãos Tendinoso de Golgi

Nas junções músculos-tendinosas e aponeuroses, encontram-se receptores conhecidos

como órgãos tendinosos de Golgi (OTGs) estes receptores captam tensão tanto produzida na

contração muscular quanto pelo alongamento passivo nas unidades músculos-tendinosas,

respondendo através de suas conexões neurais, inibindo a elaboração de tensão no músculo

(promovendo relaxamento muscular) e não permitindo a tensão nos músculos antagonistas, é

considerado um mecanismo de proteção, possui alto limiar de disparo para o alongamento

passivo (KISNER e COLBY, 1998; ALTER, 1999).

2.5.3 Mecano-receptores Articulares

Estes receptores são encontrados nas articulações sinoviais, captando forças mecânicas

nas articulações, tais como pressão de alongamento e detecção, são classificados em quatro

tipos: o tipo I é o Golgi-Mazoni, consistem em corpúsculos globulares encapsulados,

localizados na camada externa da cápsula articular fibrosa, são receptores de limiar baixo e

adaptação lenta, possuem várias funções como, promoção da sensação cinestésica e postural,

facilitação do tônus muscular, regulação da pressão articular, entre outros. O tipo II é

conhecido como corpúsculos de Pacine, são maiores, encapsulados e cônicos, estão

localizados na cápsula articular fibrosa nas camadas profundas, são conhecidos como

mecano-receptores dinâmicos ou de aceleração, pois possuem limiar baixo, e adaptação

rápida. O tipo III é o chamado corpúsculo de Ruffine, é formado por corpúsculos

encapsulados, encontrados nos ligamentos intrínsecos e extrínsecos, possuem alto limiar que

se adaptam lentamente, respondendo somente a altas tensões geradas nos ligamentos

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articulares, tem como função à monitoração da direção do movimento e inibição reflexa da

atividade de alguns músculos. O tipo IV ou terminações nervosas livres são encontrados nos

coxins gordurosos e por toda a cápsula articular, são desencapsulados, considerados como

receptores que captam a sensação de dor nos tecidos articulares (ALTER, 1999).

2.6 PROGRAMA DE TREINAMENTO DE FLEXIBILIDADE

Um treinamento de flexibilidade sob a forma de um programa de exercícios planejados

e regulares, tem por finalidade alongar os ligamentos, cápsulas e aumentar a extensibilidade

das unidades músculo-tendão aumentando a amplitude de movimento da articulação (ALTER,

1999; WATKINS, 2001). Sendo que todos os exercícios devem ser realizados visando às

necessidades especificas do indivíduo (ALTER,1999).

De acordo com Evjenth e Hamberg 6, apud Alter (1999), o alongamento pode ser

dividido em duas categorias: auto-alongamento e alongamento muscular terapêutico, o

primeiro tipo é geralmente realizado por atletas, na dança, e em alguns esportes de aptidão, já

o segundo é especifico, com finalidade terapêutica, o qual deve ser planejado e

supervisionado por um terapeuta, sendo realizado em pacientes que apresentam algum tipo de

disfunção músculo-esquelética.

Um dos grandes benefícios encontrados em um programa de flexibilidade é a obtenção

do relaxamento, pois um aumento da tensão muscular pode resultar em efeitos colaterais

como diminuição da percepção sensorial, aumento da pressão sangüínea, diminuição do

suporte sangüíneo muscular o que acarretará em produção elevada de resíduos tóxicos que se

acumularão nas células devido à falta de oxigênio e de nutrientes resultando em fadiga e

algias. A presença de contraturas e tensão muscular crônica acarreta em encurtamento

muscular e incapacidade do músculo em absorver choques e resistir ao estresse, além de

impedir a realização de vários movimentos (ALTER, 1999).

No entanto, durante o treinamento de flexibilidade deve-se evitar o alongamento

excessivo, o que tornará as articulações hiperflexíveis e instáveis, transformando-as em

susceptíveis a lesões (WATKINS, 2001). Em casos de lesões recentes no aparelho locomotor,

ou processos inflamatórios infecciosos agudos, os exercícios de alongamento não devem ser

realizados para que não ocorram maiores danos naqueles tecidos (TRIBASTONE, 2001).

6 EVJENTH,O., adn HAMBERG,J. (1984). Muscle stretching in manual therapy. A clinical manual. Alfa, Sweden: Alfta Rehab.

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O estiramento fisioneuromuscular envolve dois aspectos: o aspecto neurofisiológico,

no qual ocorre o relaxamento do tônus muscular permitindo o alongamento do músculo; e o

aspecto mecânico, sendo necessário a obtenção de um alongamento plástico do músculo

(TRIBASTONE, 2001).

Quando submetido a um alongamento o músculo, pode passar por três fases, a

primeira consiste na fase elástica, não importante para um programa de alongamento, pois

apenas promove uma deformação temporária do material elástico, desaparecendo depois de

cessado a força aplicada; já o segundo é denominado de fase plástica, visado em um programa

de ganho de flexibilidade, pois determina uma deformação do tecido elástico constante,

resultante da reorganização das fibras tendíneas, e a última fase consiste na ruptura da fibra

muscular, não tendo interesse para fins terapêuticos (TRIBASTONE, 2001).

O alongamento só ocorre quando é mantida a tração por tempo suficiente para que

haja a deformação do tecido conectivo (BRUNO et al., 2001). O tempo do alongamento deve

ser consideravelmente longo, já que a duração da tração é diretamente proporcional à

capacidade de deformação viscoelástica do músculo (TRIBASTONE, 2001). Um

alongamento de baixa força e longa duração otimiza mudanças plásticas no tecido, sempre

que estas mudanças são induzidas ocorre uma reorganização molecular e enfraquecimento do

tecido por um curto período, essa sobrecarga estimula o tecido a adaptar-se (ENOKA, 2000).

O alongamento deve ser realizado até a sensação de uma leve tração no músculo,

mantendo a posição, no entanto durante a realização do alongamento não deve haver a

sensação de dor, parestesia, tonturas, se caso houver o aparecimento de alguns destes

sintomas, o exercício deve ser imediatamente interrompido (MOFFAT e VICKERY, 2002).

2.6.1 Contra Indicações no Treinamento de Flexibilidade

Algumas contra indicações em um programa de exercícios de alongamento são:

comprometimento ou falta de estabilidade ou integridade articular; integridade óssea ou

vascular comprometida; inflamação ou infecção nas estruturas envolvidas; limitação da ADM

por alterações, que não sejam por retração muscular; lesão aguda nas articulações ou ao seu

redor; doenças no tecidos moles e músculos, hematoma ou outras indicações de traumatismos

teciduais; contraturas ou tecidos moles encurtados formando a base para maiores capacidades

funcionais, ou maior estabilidade articular (ALTER, 1999; KISNER e COLBY, 1998).

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2.6.2 Algumas Precauções Quanto à Realização do Alongamento

Kisner e Colby (1998), relatam algumas precauções que devem ser tomadas durante a

realização de exercícios para ganho de flexibilidade: as articulações não devem ser forçadas

além da amplitude normal de movimento; estabilização de fraturas recém consolidadas;

evitar alongamentos vigorosos após uma imobilização prolongada, devido a perda de tensão

sofrida pelos tendões e ligamentos podendo resultar em ruptura; cuidados com pacientes com

osteoporose, repouso prolongado no leito, idade avançada; presença de dor acentuada durante

a realização do alongamento.

2.7 EXERCÍCIOS EXCÊNTRICOS E ALONGAMENTO MUSCULAR

Segundo Marques (2000), o exercício ativo excêntrico é aquele em que há aumento da

tensão muscular obtido através da ativação das fibras musculares extra-fusais, e realização do

movimento voluntário de alongamento do músculo. Este exercício estimula a adição de

sarcômeros em série, promovendo hipertrofia muscular e remodelação do tecido conjuntivo,

por ser um exercício ativo e livre não promove lesões, quando respeita os limites

morfofuncionais do indivíduo, sendo assim uma boa indicação para se obter alongamento de

um determinado grupo muscular. Apesar dos bons resultados obtidos, devem ser realizados

com cuidados, pois se realizados incorretamente podem causar lesão estrutural, dor e

disfunção neuromuscular.

2.8 UTILIZAÇÃO DA ELETROESTIMULAÇÃO A estimulação elétrica neuromuscular vem se tornando cada vez mais popular como

forma de tratamento em uma série de problemas clínicos desde o inicio da década de 70

(KITCHEN e BASIN, 1998).

As correntes de média freqüência penetram na pele com uma mínima resistência

sendo necessário uma menor intensidade de carga, possuem menor efeito no complexo

neuromuscular superficial e produz uma menor despolarização dos receptores cutâneos

(SANTIESTEBAN, 1993).

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Uma variedade de ganhos terapêuticos podem ser obtidos estimulando-se

eletricamente a contração muscular como: reeducação muscular, utilizada freqüentemente

pós-cirurgias ou lesões, a estimulação elétrica no nervo motor fornece um uso artificial das

sinapses inativas e ajuda a restabelecer um maior equilíbrio do sistema normal (HOOKER,

2002); bombeamento por contrações musculares, através das contrações regulares do músculo

promovendo um bombeamento do fluido e do sangue, através de canais venosos e linfáticos

para dentro do coração (HOOKER, 2002). Foram detectadas também elevação na irrigação

sanguínea seguida por um recrudescimento na densidade capilar que circunda as fibras

musculares estimuladas (COTTER 7; apud SCOTT, 1998). Estudos como o de CURRIER et

al 8, apud KLD (199_), demonstram um aumento no fluxo sanguíneo utilizando 10-30% da

contração máxima, verificando um aumento de 20% da circulação sanguínea em torno de 1

minuto após o inicio da estimulação elétrica e perdurando em torno de 5 minutos após seu

término; retardamento da atrofia, através da manutenção do tecido muscular após uma lesão

que impede o exercício muscular normal, a corrente elétrica reproduz os eventos físicos e

químicos associados com a contração muscular voluntária normal, auxiliando na manutenção

da função (HOOKER, 2002). A estimulação elétrica tem o mesmo efeito que a contração

muscular normal voluntária causando aumento temporário no metabolismo muscular,

aumento de combustão de oxigênio e dióxido de carbono, ácido lático e outros produtos

metabólicos, bem como o aumento de temperatura e de fluxo sanguíneo local (KLD, 199_);

fortalecimento muscular, tem-se observados bons resultados com a utilização da

eletroestimulação na fraqueza muscular ou denervação de um grupo muscular (HOOKER,

2002). Estudos realizados por HUDLICKÁ et al.9; apud SCOTT (1998), verificaram que

após quatro dias de utilização de corrente elétrica, os músculos estimulados demonstravam

menor fadiga que os músculos que serviam como controle, sugerindo que o aumento da

densidade capilar proporcionou uma distribuição homogênea do sangue e melhor difusão do

oxigênio. A histoquímica da ATPase miofibrilar demonstrou uma elevação (induzida pela

estimulação) no número de fibras musculares do tipo I em muitas espécies, e uma análise

detalhada da estimulação crônica dos músculos extensor longo dos dedos e tibial anterior do

coelho mostrou uma transição geral dos músculos do tipo rápido para o tipo lento, inclusive

7 COTTER, M, HUDLICKA, O, VRBOVA, G (1973) Growth of capillaries during long term activity in skeletal muscle. Bibl Anat II: 395-398. 8 CURRIER D. P. Mann R. (1963) Muscular strength developmente by electrical stimulation in healthy individuals. Physical therapy, vol 63, no. 6, pp. 915-921. 9 HUDLICKÁ, O, BROWN, M, COTTER, M, SMITH, M,VRBOVA, G (1977) The effect of long-term stimulation on fast muscles on their blood flow, metabolism and ability to withstand fatigue. Pflugers Arch 369: 141-149.

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com alterações na molécula de miosina após uma estimulação por longo período com

correntes elétricas (KITCHEN e BASIN, 1998); aumento da amplitude de movimento,

estimulando eletricamente uma contração muscular, libera-se a articulação além da amplitude

limitada (HOOKER, 2002). Uma vantagem citada de se alongar o músculo enquanto este é

eletroestimulado, é a produção de calor pela contração muscular, fazendo com que no

músculo aumente a temperatura durante o trabalho, produzindo um efeito positivo sobre a

matriz de colágeno, tornando o músculo mais maleável (KLD, 199_).

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3 METODOLOGIA

Participaram do estudo 15 acadêmicos da Universidade Estadual do Oeste do Paraná,

de ambos os sexos, sendo 10 mulheres e 5 homens, na etária entre 18 a 28 anos, os quais

foram divididos aleatoriamente, através de um sorteio entre os participantes, sendo divididos

em 3 grupos. Dois grupos foram compostos por cinco pessoas e um por 4 pessoas, visto da

desistência de um dos participantes do grupo controle. No primeiro grupo foi aplicado o

alongamento excêntrico com o auxilio da eletroestimulação, este grupo era composto por 4

mulheres e 1 homem com uma média de idade 23,4 anos (desvio padrão de 2,3); o segundo

grupo o qual realizou apenas o alongamento excêntrico, foi formado por 3 mulheres e 2

homens com uma média de idade de 23,2 anos (desvio padrão de 0,84); o terceiro grupo foi o

controle, composto por 3 mulheres e 1 homem com uma média de idade de 23 anos (desvio

padrão de 1,41).

O grupo muscular envolvido neste estudo foi o tríceps sural, que mesmo em pessoas

saudáveis, pode apresentar algum grau de encurtamento por cruzar múltiplas articulações

(KOTTKE e LEHMANN, 1994; KENDALL, McCREARY e PROVANCE, 1995).

Os critérios de exclusão do estudo presente foram: limitação do movimento articular

por alterações, outras que não por retração muscular; história de fratura recente em tornozelo;

dor intensa e aguda com movimentos articulares ou com o alongamento muscular; hematoma

ou outras indicações de traumatismos teciduais no tornozelo ou tecidos próximos; contraturas

ou tecidos moles encurtados formando a base para maiores capacidades funcionais, ou maior

estabilidade articular; déficit de sensibilidade ou alteração da mesma; processo inflamatório

ou infeccioso agudo (calor ou tumefação) nas articulações ou ao seu redor.

No dia de avaliação os participantes foram questionados sobre a prática de esportes e

alongamentos, a existência de história de patologias como fraturas ou cirurgias recentes. A

região do tríceps sural foi inspecionada à procura de cicatrizes cirúrgicas, assim como feridas

abertas, escoriações de pele e presença de edema, indicativo de lesões locais, foi realizado

também um teste de sensibilidade táctil, sendo que a presença de alguma das alterações

citadas acima poderia resultar em exclusão imediata do indivíduo, caso que não ocorreu.

A mensuração com o objetivo de verificar o encurtamento do tríceps sural, foi

realizada utilizando o goniômetro, um instrumento utilizado para medida de ângulos e

determinação da amplitude de movimento articular, consiste em um compasso com dois braços

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longos unidos por um marcador de ângulo (KENDALL, McCREARY e PROVANCE , 1995,

MARQUES, 1997).

A mensuração obedeceu aos critérios de Marques (2000), sendo realizada da seguinte

forma: com o paciente deitado em decúbito dorsal, com os joelhos estendidos e o pé em

posição anatômica. O braço fixo do goniômetro foi posicionado na face lateral da fíbula,

enquanto que o braço móvel foi colocado na face lateral do pé, paralelo à superfície lateral do

quinto metatarso, com o eixo posicionado na articulação do tornozelo, junto ao maléolo

lateral.

O alongamento foi realizado no grupo muscular específico (tríceps sural) durante duas

semanas, equivalente a dez sessões de fisioterapia. Neste período os indivíduos foram

instruídos a não realizar nenhum tipo de atividade física intensa, assim como qualquer outro

tipo de alongamento, que poderia interferir nos resultados finais do estudo.

Os participantes foram submetidos a uma avaliação inicial e reavaliados após 10

terapias. Foi considerado como primeiro dia de tratamento o dia da avaliação. Assim, os

alongamentos foram iniciados no mesmo dia da avaliação durante duas semanas consecutivas,

aproximadamente no mesmo período do dia.

3.1 Grupo I– Alongamento com auxílio de Eletroestimulação

O paciente foi posicionado em decúbito dorsal com os membros inferiores estendidos,

sendo que um dos eletrodos foi posicionado no terço superior e o segundo no terço inferior do

ventre muscular do tríceps sural, adaptados à perna do paciente por meio de gel e fixados por

fitas autocolante (fig.1) . Foi solicitado o alongamento do grupo tríceps ativamente, por

contração do grupo dorsiflexor, durante a passagem da corrente. A aplicação da corrente foi

realizada em ambos membros inferiores simultaneamente (fig. 2).

A eletroestimulação do tríceps sural, foi realizado com o aparelho KINESIS Corrente

Russa com oito canais. Fabricado pela KW industria nacional de tecnologia eletrônica LTDA,

200_ (fig. 3).

Os parâmetros de tempo de estimulação foram: tempo de subida - 3 segundos, tempo

de permanência da corrente - 15 segundos, tempo de descida - 2 segundos, e tempo de

repouso - 27 segundos. Sendo que o tempo de repouso foi o máximo permitido pelo aparelho.

Perfazendo um total de 20 segundos de alongamento, e 27 segundos de repouso.

O alongamento foi realizado cinco vezes em cada membro inferior, respeitando os

parâmetros acima, e a intensidade regulada de acordo com a sensibilidade do paciente.

Page 33: A EFICÁCIA DO ALONGAMENTO EXCÊNTRICO ASSOCIADO … · aleatoriamente em 3 grupos de cinco, o grupo I, no qual foi realizado o alongamento com a eletroestimulação, grupo II, utilizando

Figura 1- Posicionamento dos eletrodos. Fonte: do autor

Figura 2 – Alongamento com eletroestimulação. Fonte: do autor

Page 34: A EFICÁCIA DO ALONGAMENTO EXCÊNTRICO ASSOCIADO … · aleatoriamente em 3 grupos de cinco, o grupo I, no qual foi realizado o alongamento com a eletroestimulação, grupo II, utilizando

Figura 3 – Aparelho utilizado no alongamento com eletroestimulação. Fonte: do autor

3.2 Grupo II – Alongamento com Contração Excêntrica

Foi realizado passivamente o alongamento do tríceps sural com o indivíduo apoiando

o pé em uma escada, após isto foi solicitado a contração do músculo tríceps sural até que a

sensação de alongamento relatada pelo paciente diminuísse, mantendo assim o alongamento

com contração excêntrica durante um período de 20 segundos de alongamento por 40

segundos de repouso (fig. 4 e 5).

O alongamento foi realizado cinco vezes em ambos os membros inferiores.

Figura 4 – Alongamento excêntrico I. Fonte: do autor

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Figura 5 – Alongamento excêntrico II. Fonte: do autor 3.3 Grupo III – Controle

Este grupo foi composto por cinco indivíduos, sendo que um realizou apenas a

avaliação inicial, sendo por isso excluído do estudo. Os indivíduos apresentavam

características semelhantes aos demais grupos, porém, não foi realizada nenhuma terapêutica

visando o ganho de flexibilidade muscular, apenas a avaliação no primeiro e décima terapia

como os demais grupos.

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4 RESULTADOS

Os resultados do grupo I mostraram que na avaliação inicial, o membro inferior direito

(MID), apresentou uma média de 17,6 graus de dorsiflexão (desvio padrão de 2,51); e uma

média de 18,6o no membro inferior esquerdo (MIE) (desvio padrão de 2,19), após as dez

terapias houve uma alteração nas médias para 23,8o (desvio padrão de 4,82) e 24,8o (desvio

padrão de 2,49) respectivamente (Tabela – 1).

Tabela 1 - Resultados em graus dos acadêmicos submetidos à técnica de eletroestimulação segundo a idade e o membro alongado, mensurados através da goniometria na primeira e na décima sessão de tratamento. Clínica de Fisioterapia da Unioeste - PR, 2003. Número de participantes

Idade Primeira sessão perna D

décima sessão perna D

primeira sessão perna E

décima sessão perna E

1 2 3 4 5

24 anos 22 anos 27 anos 21 anos 23 anos

20 18 15 15 20

28 30 20 20 21

20 20 15 18 20

21 25 25 25 28

Fonte: Fichas dos participantes do Projeto de Pesquisa “Comparação da Eficácia entre o Alongamento Tradicional Associado ao Ultra-som, a Eletroestimulação e os Alongamentos Tradicional e Excêntrico”.

O grupo II apresentou uma média inicial de 17o em MID e 18o em MIE (com desvio

padrão de 4,47 e 4,47), após dez sessões verificou-se uma média de 24,8o em MID (desvio

padrão de 3,27), e 23,8o em MIE (desvio padrão de 3,90). Este grupo apresentou uma média

de idade de 23,2 anos (Tabela 2).

Tabela 2 - Resultados em graus dos participantes submetidos à técnica de alongamento excêntrico segundo a idade e o membro inferior tratado, mensurados através da goniometria na primeira e na décima sessão. Clínica de Fisioterapia da Unioeste - PR, 2003. Número de participantes

Idade Primeira sessão perna D

Décima sessão perna D

Primeira sessão perna E

Décima sessão perna E

1 2 3 4 5

24 anos 22 anos 23 anos 23 anos 24 anos

20 10 20 15 20

30 22 22 25 25

20 10 20 20 20

30 22 20 25 22

Fonte: Fichas dos participantes do Projeto de Pesquisa “Comparação da Eficácia entre o Alongamento Tradicional Associado ao Ultra-som, a Eletroestimulação e os Alongamentos Tradicional e Excêntrico”.

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O grupo III, apresentou uma média inicial e final de 18,25o em MID (desvio padrão

de 8,80), sendo que média inicial do MIE foi de 19,5o (desvio padrão de 9,47), e a final de

19,25o (desvio padrão de 9,78) (Tabela – 3).

Tabela 3 - Resultados em graus do grupo controle, segundo a idade, e membro inferior avaliado, mensurados através da goniometria na primeira e na décima

sessão. Clínica de Fisioterapia da Unioeste - Pr, 2003.

Número de participantes

Idade Primeira sessão perna D

Décima sessão perna D

Primeira sessão perna E

Décima sessão perna E

1 2 3 4

23 anos 24 anos 24 anos 21 anos

30 12 11 20

30 11 12 20

30 12 11 25

30 10 12 25

Fonte: Fichas dos participantes do Projeto de Pesquisa “Comparação da Eficácia entre o Alongamento Tradicional Associado ao Ultra-som, a Eletroestimulação e os Alongamentos Tradicional e Excêntrico”.

O gráfico 1 ilustra os resultados individuais obtidos após dez sessões de tratamento,

utilizando a técnica de eletroestimulação associada ao alongamento excêntrico, e as

respectivas alterações na amplitude de movimento na primeira e décima sessão.

Grupo 1 – Resultados individuais da 1a e 10a terapias.

0

5

10

15

20

25

30

35

1 2 3 4 5

número de pessoas

grau

s

primeira sessão perna D décima sessão perna Dprimeira sessão perna Edécima sessão perna E

Gráfico 1 - Resultado em graus do alongamento utilizando a técnica de eletroestimulação, mensurados através da goniometria na primeira e décima sessão de tratamento. Clínica de Fisioterapia da Unioeste -PR, 2003 Fonte: Fichas dos participantes do Projeto de Pesquisa “Comparação da Eficácia entre o Alongamento Tradicional Associado ao Ultra-som, a Eletroestimulação e os Alongamentos Tradicional e Excêntrico”.

O gráfico 2 ilustra os resultados obtidos após dez sessões de tratamento utilizando a

técnica de alongamento excêntrico, e as respectivas alterações na amplitude de movimento na

primeira e décima sessão.

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Grupo II -Resultados individuais da 1a e 10a terapias.

0

5

10

15

20

25

30

35

1 2 3 4 5

número de pessoas

grau

s

primeira sessão perna Ddécima sessão perna Dprimeira sessão perna Edécima sessão perna E

Gráfico 2 - Resultado do alongamento excêntrico, mensurados através da goniometria na primeira e na décima sessão. Clínica de Fisioterapia da Unioeste- PR, 2003. Fonte: Fichas dos participantes do Projeto de Pesquisa “Comparação da Eficácia entre o Alongamento Tradicional Associado ao Ultra-som, a Eletroestimulação e os Alongamentos Tradicional e Excêntrico”.

O gráfico 3 ilustra graficamente os resultados do grupo controle na primeira e na

décima sessão.

0

5

10

15

20

25

30

grau

s

1 2 3 4

número de pessoas

Grupo III - Resultados individuais na 1a e 10a terapias.

primeira sessão perna Ddécima sessão perna Dprimeira sessão perna Edécima sessão perna E

Gráfico 3 - Resultado do grupo controle, mensurados através da goniometria na primeira e décima sessão. Clínica de Fisioterapia da Unioeste - PR, 2003. Fonte: Fichas dos participantes do Projeto de Pesquisa “Comparação da Eficácia entre o Alongamento Tradicional Associado ao Ultra-som, a Eletroestimulação e os Alongamentos Tradicional e Excêntrico”.

O gráfico 4 apresenta as médias iniciais e finais obtidas após a aplicação da técnica de

alongamento com a utilização da eletroestimulação associada ao alongamento excêntrico, do

alongamento excêntrico e grupo controle.

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A aplicação da eletroestimulação apresentou uma média inicial de 17,6o em MID e

18,6o em MIE e final de 23,8o e 24,8o respectivamente. A média inicial da técnica excêntrica

foi de 17o em MID e 18o em MIE, após a décima terapia observou-se uma elevação para 24,8o

e 23,8o respectivamente. O grupo controle apresentou uma média inicial e final de 18,25o em

MID e uma média inicial de 19,5o e final de 19,25o em MIE.

Média dos resultados do Grupo I, II e III, avaliados na 1a e 10a terapias

0

5

10

15

20

25

30

eletroestimulação excêntrico controle

Técnica de alongamento

grau

s

primeira sessão perna Ddécima sessão perna Dprimeira sessão perna Edécima sessão perna E

Gráfico 4 - Média obtida do alongamento excêntrico da eletroestimulação, e grupo controle após a décima sessão de tratamento. Clínica de Fisioterapia da Unioeste- Pr, 2003. Fonte: Fichas dos participantes do Projeto de Pesquisa “Comparação da Eficácia entre o Alongamento Tradicional Associado ao Ultra-som, a Eletroestimulação e os Alongamentos Tradicional e Excêntrico”.

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5 DISCUSSÃO

O grupo controle, no qual cinco pessoas foram mensuradas na primeira e na décima

sessão, não apresentou um aumento significativo na ADM dos participantes sem a aplicação

de uma técnica de alongamento específica, podendo ser verificada através da analise da média

(Tabela - 3), o segundo participante apresentou encurtamento do tríceps sural após a décima

terapia, verificada através da redução de cerca de 1 grau em ambos os membros inferiores. Os

indivíduos 1 e 4 não apresentaram alterações em suas mensurações após as 10 terapias. De

acordo com Alter (1999) e Watkins, (2001) o aumento na ADM de uma articulação só é

possível mediante a aplicação de um programa de exercícios planejados e regulares. Hall

(2000) ressalta que o aumento da flexibilidade ocorre mediante a aplicação de alongamentos

de tendões, fáscias e músculos.

Mostrou-se neste estudo que a aplicação tanto do alongamento excêntrico quanto da

eletroestimulação associada ao alongamento excêntrico resultou em deformidades plásticas do

músculo contribuindo para o aumento da flexibilidade.

Pode se observar nos resultados dos participantes submetidos a técnica de

alongamento excêntrico (Tabela – 2), um aumento na amplitude de movimento de 10 graus do

primeiro participante em ambos os membros inferiores, sendo que o alongamento máximo foi

obtido pelo segundo participante com uma elevação de 12 graus na dorsiflexão passiva após a

décima sessão, os demais participantes apresentaram bons resultados porém inferiores ao

alongamento máximo.

O aumento da flexibilidade pode ser observado devido ao aumento da média inicial e

final após a aplicação das duas técnicas de alongamento. A média inicial da técnica excêntrica

foi de 17o em MID e 18o em MIE, após a décima terapia observou-se uma elevação para 24,8o

e 23,8o respectivamente. A aplicação da eletroestimulação apresentou uma média inicial de

17,6o em MID e 18,6o em MIE e final de 23,8o e 24,8o respectivamente (Gráfico – 4). Com a

elevação da média final conclui-se que ocorreu uma elevação na flexibilidade muscular, com

a aplicação do alongamento excêntrico e da eletroestimulação.

Segundo Deyne (2001) a deformidade plástica dos tecidos expostos a tensões

mecânicas pode ser explicada pela engenharia mecânica, que permite descrever esse

comportamento de acordo com as propriedades dos materiais, sabe-se que quando uma

substância é exposta a uma força passiva (estiramento), ela deformar-se-á de acordo com suas

propriedades materiais, e quando uma força relativamente baixa é sustentada durante um

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longo período do tempo, a maioria de materiais deformar-se-á em uma maneira tempo

dependente. Este comportamento é chamado plasticidade, é o resultado das propriedades

viscoelásticas de quase todos os tecidos. Quando a força é aplicada em um curto período, o

tecido retornará a seu comprimento original, também em uma maneira tempo dependente

(relação). Tais análises são usadas freqüentemente para caracterizar as propriedades do osso,

cartilagem, ligamentos e do músculo.

Outros estudos realizados por Simpson, Williams e Kyberd et al.10, apud Deyne

(2001), mostraram que quando um músculo é imobilizado em uma posição alongada ocorre

uma adição no número de sarcômeros em série. Esta hipótese sugere que se alongado, um

músculo responde adicionando mais sarcômeros, principalmente nas extremidades da fibra,

criando um músculo mais longo, permitindo assim uma execução adicional (SCOTT 11, apud

DEYNE, 2001).

Todos os músculos adaptam-se ao comprimento novo, e, finalmente, os comprimentos

de sarcômeros similares e as propriedades contrácteis são encontrados em todos os músculos,

há um número de experiências que suportam o conceito que sustentar o estiramento passivo

conduz à geração de um músculo mais longo e funcionalmente intacto. Estudos realizados por

Lynn e Morgan 12, apud Deyne (2001) descrevem a utilização da contração excêntrica no

músculo para conduzir à geração dos sarcômeros em série.

A aplicação do alongamento excêntrico com baixa intensidade e tempo de 20

segundos de alongamento e 40 segundos de repouso resultou em um bom ganho de ADM para

os participantes, sabe-se através de outras pesquisas realizados por Feland et al. (2001) que os

efeitos de diferentes variáveis associadas ao alongamento, incluindo a força ou a intensidade,

posicionamento, freqüências e a duração e repetição, influenciam em maior ganho de

amplitude de movimento. O estudo foi realizado em idosos de aproximadamente 65 anos, na

qual ocorreu um maior ganho de amplitude de movimento quando o tempo do alongamento

foi maior, sendo que a intensidade, freqüência e tempo de estiramento eram invariáveis para

todos os participantes. Relatam ainda que para ocorrer a mudança plástica do tecido conectivo

o alongamento deve ser lento de baixa-intensidade e os estiramentos de longa-duração, para

que não cause lesão muscular otimizando a eficácia da escala crescente do movimento.

10 SIMPSON A, WILLIAMS P, KYBERD P, et al. The response of muscleto leg lengthening. J Bone Joint Surg Br. 1995;77:6302636. 11 SCOTT Ab. Change of eye muscle sarcomeres according to eyeposition. J Pediatr Ophthalmol Strabismus. 1994;31:85288 12 LYNN R, MORGAN DL. Decline running produces more sarcomeres in rat vastus intermedius muscle fibers than does incline running. J Appl Physiol. 1994;77:143921444.

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Outros estudos realizados por Brandi e Irion13, apud Alter (1999), compararam a

eficácia de 15, 30 e 60 segundos de alongamento estático dos músculos posteriores da perna,

o estudo revelou resultados superiores em 30 e 60 segundos de alongamento do que a

realização de 15 segundos ou nenhum alongamento.

Vários estudos vêm sendo realizados utilizando a eletroestimulação como forma de

tratamento de várias patologias, como, por exemplo, no ganho de força muscular, como o de

Nunes e Davini (2000) na qual é aplicada a estimulação elétrica nos músculos extensores da

perna verificando a variação da força destes músculos.

A literatura disponível é pobre com respeito, à indicação para o alongamento da

musculatura com a utilização de correntes elétricas. Segundo informações escritas da empresa

KLD (199_) o método de alongamento muscular associado à eletroestimulação, oferece

vantagens em relação aos demais métodos, pois enquanto o músculo é eletroestimulado há

produção de calor pela contração muscular, fazendo com que no músculo aumente a

temperatura durante o trabalho, produzindo um efeito positivo sobre a matriz de colágeno,

tornando-o mais maleável.

Infere-se que a eletroestimulação apresentou resultados positivos em todos os

participantes avaliados, principalmente com relação ao segundo onde houve um acréscimo na

dorsiflexão passiva de 12o graus em membro inferior esquerdo e 5o graus em membro inferior

direito. Nos demais participantes houve uma média de 8o à 10o graus de aumento na ADM.

Sendo que os menores valores obtidos, após a décima sessão de tratamento, foram do

primeiro e quinto participantes, onde foi observado apenas um discreto aumento de 2o graus

na dorsiflexão da perna esquerda do primeiro participante, e 2o graus na perna direita do

quinto participante (Tabela – 1).

Apesar dos argumentos descritos pela KLD (199_), no aumento da flexibilidade em

proporções efetivas, os resultados obtidos neste estudo, não mostraram que o alongamento

através da técnica de eletroestimulação foi superior ao da técnica excêntrica (Gráfico – 4).

13 BANDY, W.D.; IRION, J. M. (1994)The effect of time on static stretch on the flexibility of the hamstring muscles. Physical Therapy, 74 (9), 845-850

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6 CONCLUSÕES

Pode-se concluir após a coleta e avaliação dos dados, que um treinamento de

flexibilidade se aplicado corretamente é uma técnica muito eficaz para aumentar a amplitude

de movimento de uma articulação.

O objetivo do presente estudo foi comparar as diferentes técnicas de alongamentos,

excêntrico e alongamento através da eletroestimulação associado a técnica excêntrica, com o

grupo controle, demonstrando a eficácia terapêutica de cada método. Assim concluí-se que a

técnica de alongamento excêntrico obteve um discreto melhor desempenho ao comparar com

a aplicação da eletroestimulação, pois a média obtida através da aplicação da corrente elétrica

resultou em uma elevação da amplitude de movimento de aproximadamente 6,2 graus em

cada membro inferior, já a utilização da técnica excêntrica obteve uma média superior a

eletroestimulação com 6,8 graus.

Assim a técnica excêntrica além ser uma técnica eficaz de tratamento, é também fácil

de ser entendida pelos pacientes, se bem orientada pode ser realizada pelas pessoas

periodicamente, não apenas como um tratamento, mas também como prevenção na instalação

de encurtamentos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALTER, M. J. Ciência da flexibilidade. 2. ed. São Paulo: Artmed, 1999. BRUNO, A. A.; MASIERO, D.; COSTA, L. H.; BOTELBO, L. A.; SECCO, M. F.; SAAD, M.; WASSERSTEIN, S.; CHAMILIAN, T. R. Meios Físicos em Reabilitação. In: Lianza et al. Medicina de reabilitação. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001, p. 96 – 116. CHAFFIN, D. B.; ANDERSSON G. B. J. MARTIN B. J. Biomecânica ocupacional. Belo Horizonte: Ergo Editora LTDA, 2001. CORMACK, D. H. Fundamentos de histologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. DEYNE, P. G.; Application of passive stretch and its implications for muscle fibers. Physical Therapy, v. 81, n. 2, p. 819 – 827, 2001. ENOKA, R. M. Bases neuromecânicas da cinesiologia. 2. ed. São Paulo: Manole, 2000. FELAN J.B; J. B; MYRER, J.W.; SCHULTHIES, S.S.; FELLINGHAM, G.W.; MEASOM, G.W. The effect of duration of stretching of the hamstring muscle group for increasing range of motion in people aged 65 years or older. Physical Therapy, v. 81, n. 5, p. 1100 –1117, 2001. GAUTHIER, G. F. Tecido Muscular. In: WEISS, L.; GREEP, R. O. Histologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1981, p. 209 – 236. GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato funcional, fundamentos recursos e patologias. 3. ed. São Paulo: Manole, 2002. HALL. S. J. Biomecânica básica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. HAM. A. W. Histologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1977. HARRELSON. G; DUNM, D. Amplitude do Movimento e Flexibilidade. In: ANDREWS, J.; HARRELSON, G.; WILK, K. Reabilitação física das lesões desportivas. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2000. HOOKER. D. N. Correntes elétricas estimulantes. In: PENTICE W. E. Modalidades terapêuticas em medicina esportiva. 4. ed. São Paulo: Editora Manole, 2002, p. 72 – 117. JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. KENDALL, F. P.; McCREARY, E. K; PROVANCE P. G. Músculos – provas e funções. São Paulo: Manole, 1995. KISNER, C.; COLBY, L. Exercícios terapêuticos – fundamentos e técnicas. São Paulo: Manole, 1998.

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KLD. Estimulação elétrica para fortalecimento e alongamento muscular. Amparo: KLD Biossistemas Equipamentos Eletrônicos Ltda. 199_, 37 p. KITCHEN, S.; BAZIN, S. Eletroterapia de Clayton. 10. ed. São Paulo: Manole, 1998. KOTTKE, T. F., LEHMANN F. J. Tratado de medicina física e reabilitação de Krusen, 2. ed. São Paulo: Manole, 1994, vol 2. KRIVICKAS, L. Treinamento de Flexibilidade. In: FRONTERA, W. R.; DANSON, D.M.; SLOVIK, D. M. Exercício físico e reabilitação. São Paulo: Artmed, 2001, p. 95 – 114. MARQUES A. P. Manual de goniometria. São Paulo: Manole, 1997. MARQUES, A. P., Cadeias musculares, um programa para ensinar avaliação fisioterapêutica global. São Paulo: Manole, 2000. MARTIN J. M.; CANAVAN, P. M. Fortalecimento e condicionamento: a criação de um plano. In: CANAVAN, P.K. Reabilitação em medicina esportiva um guia abrangente. São Paulo: Manole, 2001, 1 – 17. MIRANDA, E. Bases de anatomia e cinesiologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2001. MOFFAT, M.; VICKERY, S. Manual de manutenção e reeducação postural. São Paulo: Artmed, 2002. NUNES, C.V.; DAVINI, R. Efeitos da estimulação elétrica neuromuscular na atividade eletromiográfica e na força dos músculos extensores da perna. 3 p., 2000. Capturado em http://www.kweletronica.com.br/texto01.htm// em Janeiro, 200_. SCOTT O. Ativação dos nervos motores e sensitivos. In: KITCHEN. S.; BASIN S. Eletroterapia de Clayton. São Paulo: Manole, 1998, p. 59 – 86. ROBINSON, A. J. Fisiologia do músculo e do nervo. In: ROBINSON, A. J.; MACKLER L.S. Eletrofisiologia clínica eletroterapia e teste eletrofísico. Porto Alegre: Artmed, 2001, p. 85 – 118. SANTIESTEBAN, A. J. Agentes físicos e dor músculo esquelética. In: GOULD III, J. A. Fisioterapia na ortopedia e na medicina do esporte. 2 ed. São Paulo: Manole, 1993, p. 118 – 194. TRIBASTONE, F. Tratado de exercícios corretivos aplicados a reeducação postural. São Paulo: Manole, 2001. WATKINS, J. Estrutura e função do sistema músculo esquelético. Porto Alegre: Artmed, 2001. WEISS, L.; GREEP, R.O. Histologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1981.

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Anexo A

Ficha de avaliação do Projeto De Pesquisa: ”Comparação da Eficácia entre o

Alongamento Tradicional Associado ao Ultra-som, a Eletroestimulação e os

Alongamentos Tradicional e Excêntrico”.

NOME:

DATA DE NASCIMENTO:

ENDEREÇO:

DATA:

• ANAMNESE:

• INSPEÇÃO

• PALPAÇÃO:

• GONIOMETRIA:

- Avaliação: D - E-

- Após 10ª Terapia: D - E -

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Anexo B

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome da Pesquisa: Comparação da Eficácia entre o Alongamento Tradicional Associado ao

Ultra-som, a Eletroestimulação Alongamentos Tradicional e Excêntrico.

Coordenador da Pesquisa: Gladson Ricardo Flor Bertolini.

Este é um estudo de campo, junto aos acadêmicos de fisioterapia do município de

Cascavel, na região do Oeste do Paraná, que tem como objetivo estudar o melhor método de

alongamento. A amostragem será de uma parcela de acadêmicos de Fisioterapia do Campus

de Cascavel, com indivíduos de faixa etária de 18 a 28 anos. Pretende-se através desta

investigação, observar entre os grupos com diferentes formas de alongamentos, qual se

destaca por melhores e mais funcionais resultados.

Tendo o acadêmico participante da pesquisa, recebido as informações anteriores e,

esclarecido dos seus direitos relacionados a seguir, declara estar ciente do exposto e

desejar participar da pesquisa.

1. A garantia de receber respostas a qualquer pergunta ou esclarecimento a duvidas sobre

os procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com a pesquisa;

2. A liberdade de retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar do

estudo;

3. A segurança de não ser identificado e que será mantido o caráter confidencial das

informações relacionadas com a privacidade.

Em seguida assina o consentimento.

Cascavel,___________de_______________2002.

Nome:_____________________________________

Assinatura:_________________________________

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Anexo C