1 introduÇÃo apresentação do objeto de...
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1 INTRODUÇÃO
Apresentação do objeto de estudo
A maternidade precoce representa riscos tanto para a adolescente gestante como
para o concepto. Todos os anos, no mundo, pelo menos 60 mil adolescentes morrem em
decorrência de complicações na gravidez e no parto.
Além disso, bebês nascidos de mães jovens são mais propensos a apresentar
baixo peso ao nascer (BPN). De acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS), no
mundo, adolescentes de 10 a 19 anos tornam-se mães de cerca de 15 milhões de
crianças, anualmente. Até a última década do século passado, a gravidez entre mulheres
de 10 e 19 anos no Brasil cresceu 26% desde a década de 1970, contrariando a
tendência geral de diminuição das taxas de fecundidade.
A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), realizada em 1996,
mostrou que 14% das mulheres na faixa etária de 15 a 19 anos tinham pelo menos um
filho e que as jovens mais pobres apresentavam fecundidade dez vezes maior do que as
de melhor estrato socioeconômico. Por sua vez, o Sistema de Informação sobre Nascido
Vivo (SINASC), de 1994, mostrou que 20,4% dos recém natos de BPN eram filhos de
mães adolescentes (AQUINO-CUNHA, 2002).
A gravidez na adolescência pode acarretar em algumas complicações
obstétricas, como: prematuridade, baixo peso ao nascer, restrição do crescimento intra-
uterino, pré-eclâmpsia, diabetes, sofrimento fetal, amniorexe prematura e
consequentemente parto cesáreo. (YAZLLE, 2002; AZEVEDO 2002).
Os estudos nessa área são controversos, pois ao se analisar gestantes
adolescentes em diferentes níveis socioeconômico, como boa assistência ao pré-natal
percebe-se que diminuiu os indicadores de morbimortalidade, a interferência mais
negativa que a gravidez na adolescência acarreta são as descontinuidade, a evasão
escolar, a predisposição de múltiplas gravidezes, prejudicando, portanto seu crescimento
pessoal e profissional (YAZLLE, 2002; AZEVEDO 2002).
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Justificativa
O interesse em estudar sobre o tema abordado surgiu pelo fato de não saber
como ocorre à gravidez na adolescência no município de Seabra, quais os fatores que
acometem essa mãe e por trabalhar em uma unidade de saúde da família onde o índice
de gravidez é alto e saber os riscos que uma grávida adolescente está submetida.
Diante desses dados, este estudo tem como objetivo analisar a relação existente
entre gravidez na adolescência com BPN dos RN, prematuridade do parto e o parto
cesariano. Embora, já se tenha, genericamente, bom acervo sobre o tema, é recorrente o
trabalho em questão uma vez que o a gravidez na adolescência implica em uma questão
de saúde pública, coletiva, social, econômica e psicológica.
Imaginamos que os enfermeiros do município de Seabra bem como o gestor,
poderão avaliar quais são as reais implicações à saúde das mulheres nessa faixa etária.
Por isso é importante conhecer a abrangência do problema no município de Seabra para
que estratégias sejam adotas para melhor assistir a esse grupo, com o intuito de diminuir
os agravos nesse período. Outra questão importante é a doção de medidas preventivas
para os grupos vulneráveis.
Pergunta de investigação
Qual a relação existente entre gravidez na adolescência com parto pré-maturo,
recém nascido (RN) com baixo peso ao nascer e parto cesário em adolescentes?
Objetivo
Analisar existência da relação entre prematuridade do parto, RN com baixo peso
e parto cesário em adolescentes atendidas no município de Seabra nos anos de 2006
a 2009.
Estrutura do trabalho
Este estudo está dividido da seguinte forma: primeiro momento foi a separação
do material bibliográfico, para construção do referencial teórico, que tem como
subtítulos: gravidez na adolescência: problema de saúde pública, baixo peso ao nascer,
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prematuridade e parto cesariano. No segundo momento abordamos a metodologia do
trabalho a relatar: o tipo de pesquisa, o local da pesquisa, os documentos utilizados e a
análise dos documentos. A coleta dos dados foi realizada através do banco de dados do
Ministério da saúde DATASUS/SINASC.
No terceiro momento abordamos os resultados alcançados e as considerações
finais, onde fica evidenciado que alguns indicadores que nos propomos a analisar são
mais elevados para gravidez na adolescência.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA
De acordo com Dias; Teixeira (2010), até aproximadamente meados do século
XX, a gestação na adolescência não era considerada uma questão de saúde pública, e
também não recebia a atenção de pesquisadores como recebe hoje em dia.
Ainda de acordo com as autoras, no Brasil, esse fenômeno tornou-se mais visível
com o aumento da proporção de nascimentos em mães menores de 20 anos que se
observou ao longo da década 90, quando os percentuais passaram de 16,38% em 1991
para 21,34% em 2000 (Instituto Brasileiro de Geografia a e Estatística [IBGE], 2002).
Deve-se considerar, no entanto, que parte desse aumento proporcional pode ser
atribuído à diminuição expressiva das taxas de fecundidade nas faixas etárias acima de
25 anos. (DIAS & TEIXEIRA, 2010)
Embora estudos mais recentes sugiram que tanto a fecundidade adolescente
quanto a proporção de nascimentos em mães adolescentes vêm diminuindo nos últimos
anos (Yazaki, 2008), esse fenômeno traz à tona algumas questões importantes, como
suas causas e, especialmente para o viés obstétrico, consequências.
De acordo com Gallo; Reis; Leone (2000), a gravidez na adolescência, como
problema de saúde pública, tem caráter multifacetário. A gravidez precoce,
particularmente para as mães com menos de 15 anos de idade, está associada a taxas
mais elevadas de mortalidade materna; uma vez que, é quase consensual, na literatura
especializada, a noção de "gravidez de risco", quando ela ocorre em mulheres menores
de 15 anos de idade.
“Nas últimas décadas (principalmente a partir dos anos sessenta), a gravidez na
adolescência tem sido considerada um problema e motivo de preocupação para muitos
profissionais da saúde, educadores, pais e sociedade em geral. Grande parte das
abordagens deste tema destaca a sua incidência e seus aspectos negativos (como
problemas obstétricos, abandono dos estudos, prejuízos profissionais futuros, conflitos
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familiares, entre outros). Freqüentemente, a gestação na adolescência recebe adjetivos
como indevida, irresponsável, inoportuna, indesejada ou precoce.” MONTARDO,
2004.
A gestação na adolescência é considerada uma situação de risco biológico tanto
para as adolescentes como para os recém-nascidos. Alguns autores observam que
características fisiológicas e psicológicas da adolescência fariam com que uma gestação
nesse período caracterizasse como uma gestação de risco. Há evidências de que
gestantes adolescentes podem sofrer mais intercorrências médicas durante gravidez e
mesmo após esse evento que gestantes de outras faixas etárias (GALLO; REIS;
LEONE, 2000).
Yazlle (2002) referencia alguns autores que alegam que a gravidez na
adolescência pode trazer algumas complicações obstétricas como: peramturidade, baixo
peso ao nascer, retardo do crescimento inta-uterino (RCIU), sofrimento fetal agudo intra
parto, diabetes gestacional e pré eclâmpsia. Porém aponta estudos controversos em
relação às adversidades da gravidez nessa faixa etária afirmando que uma gravidez de
risco em adolescente pode ser bem tolerada se receber assistência pré-natal precoce e
regular
Além disso, a gestação em adolescentes pode estar relacionada a
comportamentos de risco como, por exemplo, a utilização de álcool e drogas ou mesmo
a precária realização de acompanhamento pré-natal durante a gravidez (DIAS;
TEIXEIRA, 2010; GALLO; REIS; LEONE, 2000).
Por outro lado, no que tange à saúde do bebê, a gestação na adolescência
encontra-se associada a situações de prematuridade, baixo peso ao nascer, morte Peri
natal, epilepsia, deficiência mental, transtornos do desenvolvimento, baixo quociente
intelectual, cegueira, surdez, aborto natural, além de morte na infância (DIAS;
TEIXEIRA, 2010; AQUINO-CUNHA et al, 2002).
O bebê prematuro apresenta maiores riscos na adaptação à vida extra-uterina
devido à imaturidade dos órgãos e sistemas; além de uma maior vulnerabilidade ao
desenvolvimento de doenças. Os riscos da gestação na adolescência ainda estão
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associados à baixa adesão ao atendimento pré-natal demonstrado pelas adolescentes.
Cabe ressaltar que o acompanhamento pré-natal tem efeito protetor sobre a saúde da
gestante e do recém-nascido, uma vez que contribui para uma menor incidência de
mortalidade materna, baixo peso ao nascer e mortalidade Peri natal (DIAS; TEIXEIRA,
2010).
Kassar et al (2006 apud DIAS; TEIXEIRA, 2010) consideram que a ocorrência
de problemas de saúde tanto na jovem como na criança pode estar mais relacionada ao
estado de pobreza do que à idade da jovem propriamente. Os autores observam que uma
boa parcela da população de gestantes adolescentes encontra-se em condições sócio-
econômicas precárias, o que por sua vez está associado a uma maior ausência de
condições adequadas de higiene, habitação, alimentação e saúde.
Em termos sociais, a gravidez na adolescência pode estar associada com
pobreza, evasão escolar, desemprego, ingresso precoce em um mercado de trabalho não-
qualificado, separação conjugal, situações de violência e negligência, diminuição das
oportunidades de mobilidade social, além de maus tratos infantis. Contudo, as relações
causais estabelecidas entre evasão escolar e gravidez na adolescência são controversas
(DIAS; TEIXEIRA, 2010).
Há evidências de que jovens que evadem da escola possuem mais chances de
tornarem-se gestantes adolescentes (Gama, 2004 apud DIAS; TEIXEIRA, 2010),
sugerindo que a evasão precede a gestação. Por outro lado, outras pesquisas indicam
que a gestação na adolescência seria uma das causas da evasão escolar (LIMA et al.,
2004 apud DIAS; TEIXEIRA, 2010). Almeida, Aquino e Barros (2006 apud DIAS;
TEIXEIRA, 2010) indicam que ambos os fatores – tanto a evasão anterior à gestação
(20,5%) quanto a evasão posterior (40%) – estão associadas ao fenômeno de gestação
na adolescência.
Faz-se uma ressalva: contudo, a experiência de gestação na adolescência não é
necessariamente um fator limitador das oportunidades de escolarização e da busca por
um futuro melhor. Pantoja (2003 apud DIAS; TEIXEIRA, 2010), em estudo realizado
com adolescentes paraenses observou que a maternidade adolescente fortaleceu a
permanência da jovem na escola, uma vez que a escolaridade esteve associada, na
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concepção dessas jovens, às noções de mobilidade social e ao projeto de “ser alguém na
vida”.
Em termos psicológicos, a gestação na adolescência está associada à noção de
risco na medida em que implica na vivência simultânea de dois fenômenos importantes
do desenvolvimento: o ser adolescente e o ser mãe (DIAS; TEIXEIRA, 2010).
Tipicamente, ao menos entre as camadas economicamente mais favorecidas da
população, a adolescência é considerada um período da vida no qual os jovens
deveriam, na medida do possível, explorar possibilidades antes de tomar decisões que
exigem maior comprometimento, como escolher uma profissão, casar e ter filhos.
Porém, a maternidade na adolescência traz consigo uma série de expectativas e
responsabilidades que limitam essas possibilidades de exploração, ao mesmo tempo em
que institui um novo espaço de constituição da identidade (RANGEL; QUEIROZ,
2008; CARVALHO; MERIGHI; JESUS, 2009 apud DIAS; TEIXEIRA, 2010).
A adolescente que engravida, além de exercer o papel de filha, passa a exercer o
papel de mãe, e ressignifica, nesse processo, a sua relação com a própria mãe. A posição
da adolescente gestante, no contexto familiar, é redimensionada, na medida em que ela
precisa desenvolver habilidades e assumir responsabilidades relacionadas ao cuidado do
bebê e de si mesma (DIAS; TEIXEIRA, 2010).
Nessa mesma perspectiva, a família também passa a ter expectativas em relação
ao seu desempenho como mãe e em relação ao seu futuro. Independente de ter ou não
desejado ser mãe, o papel materno se impõe para a adolescente e passa a assumir um
espaço significativo na sua vida (FALCÃO; SALOMÃO, 2005 apud DIAS;
TEIXEIRA, 2010).
A maternidade exige que a jovem redefina sua identidade levando em
consideração o fato de que sua vida, da gravidez em diante, estará vinculada às
demandas do filho. A projeção de si mesmo no futuro, elemento importante da
construção da identidade na adolescência é substancialmente afetada no caso das
adolescentes que engravidam, que precisam lidar com uma nova perspectiva temporal
dada pelo desenrolar da gravidez e do próprio desenvolvimento do bebê após o
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nascimento. Planos são deixados de lado ou redimensionados em função da gestação e
da maternidade/paternidade (DIAS; TEIXEIRA, 2010).
Contudo, adaptar-se ao papel materno, ao mesmo tempo em que é adolescente e
filha, não é uma tarefa fácil para a jovem. De fato, as transformações emocionais e
cognitivas características pelas quais as adolescentes passam nesse período do
desenvolvimento fazem com que as jovens apresentem mais dificuldades para
desempenhar de maneira satisfatória o papel materno, uma vez que não dispõem, na
maior parte das vezes, dos recursos psicológicos necessários para entender e tolerar as
demandas diárias e frustrações da maternidade (SILVA; SALOMÃO, 2003 apud DIAS;
TEIXEIRA, 2010).
Enfim, as dificuldades, inseguranças e falta de habilidades para o exercício do
papel materno, associadas ao pouco conhecimento sobre desenvolvimento infantil que
as adolescentes possuem, podem se configurar em um quadro de risco para o
desenvolvimento do bebê, uma vez que as respostas das jovens mães às demandas de
seus filhos tende a ser aquém ou além das suas necessidades.
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2.2 BAIXO PESO AO NASCER
A maternidade ainda na adolescência pode acarretar riscos tanto para a mãe
adolescente como para o récem nascido (RN), entre esses riscos está a questão do baixo
peso ao nascer. (AQUINO-CUNHA et al, 2002)
Segundo Mussi-Pinhata; Bissani (1994), o peso ao nascer é, provavelmente, o
fator isolado mais importante que afeta a morbi-mortalidade neonatal e tem impacto
sobre a morbi-mortalidade infantil.
Desde a Primeira Assembléia Mundial de Saúde, em 1948, a definição aceita
internacionalmente de "prematuridade" baseava-se no peso de nascimento, menor ou
igual a 2500 grs. Esta definição, apesar de objetiva, obscurece o fato de que o peso ao
nascer pode ser influenciado por vários fatores e classifica, inapropriadamente, recém-
nascido pequeno como prematuros. Em 1961, o Comitê de Saúde Materna e Infantil da
Organização Mundial da Saúde (OMS), reconhecendo as diferenças entre os recém-
nascidos que não atingiam 2500g por terem tempo de gestação mais curto e os recém-
nascidos com peso baixo e tempo de gestação adequado, mas que foram submetidos a
retardo de seu crescimento intra-útero, alterou a definição de prematuridade e
recomendou o uso do termo "baixo peso ao nascer" (MUSSI-PINHATA; BISSANI,
1994).
A adequação do crescimento com relação à idade gestacional passou a ser
avaliada com a introdução da curva de crescimento intra-útero, em 1963, por Battaglia e
Lubchenco, que relaciona peso de nascimento, comprimento e circunferência craniana à
idade gestacional. A partir de então pode-se identificar ao nascer, nove diferentes
categorias de crescimento fetal: recém-nascidos a termo, pré-termo e pós-termo
pequenos, adequados e grandes para a respectiva idade gestacional (MUSSI-PINHATA;
BISSANI, 1994).
Os recém-nascidos pré-termo com peso inferior a 1500 g são, ainda, atualmente
denominados pré-termo de "muito baixo peso" e aqueles pré-termo de peso inferior a
1000 g são denominados de "muito muito baixo peso" (MUSSI-PINHATA; BISSANI,
1994).
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O crescimento intra-útero é um conjunto de eventos do qual depende o futuro
desenvolvimento do organismo. Resulta do acréscimo de substâncias e do aumento do
número e do tamanho das células. Em condições normais, existe uma relação
harmoniosa entre o ambiente externo, a homeostase e fisiologia materna, a integridade
da placenta (incluindo seu metabolismo, a síntese de hormônios e a transferência de
nutrientes) e a fisiologia fetal. O fluxo sangüíneo através da placenta é determinante do
suprimento de nutrientes ao feto, sendo que o crescimento fetal é dependente também da
sua capacidade de utilizar estes nutrientes. São descritas três fases no crescimento fetal:
1. -Fase de hiperplasia celular: há aumento rápido no número de células durante as
primeiras 16 semanas gestacionais;
2. -Fase de hiperplasia e de hipertrofia concomitantes: de 16 a 32 semanas gestacionais,
ocorre progressivo decréscimo na taxa de divisão celular com progressivo aumento no
tamanho celular;
3. -Fase de hipertrofia celular: de 32 semanas até o final da gestação, ocorre rápido
acréscimo no tamanho celular (acúmulo dos tecidos adiposo, muscular e conjuntivo)
(MUSSI-PINHATA; BISSANI, 1994).
Dependendo do momento e da duração do fator prejudicial que interfira com o
crescimento fetal, a condição física ao nascimento, o crescimento pós-natal e o
desenvolvimento subseqüente serão diferentes. A inibição do crescimento na primeira
fase da gestação, de hiperplasia celular, resultará em fetos menores, com menor número
de células, mas células de tamanho normal (MUSSI-PINHATA; BISSANI, 1994).
O comprimento, o peso e a circunferência craniana são proporcionadamente
prejudicados, produzindo um recém-nascido de baixo comprimento e baixo peso, com
retardo do crescimento simétrico ou proporcionado. Fatores que prejudiquem o
crescimento fetal em fase tardia têm menores efeitos na quantidade de células e no
comprimento fetal, mas, podem reduzir o tamanho celular, e conseqüentemente, o peso
fetal. Estes bebês têm o comprimento e a circunferência craniana preservados, mas peso
baixo, com retardo do crescimento assimétrico ou desproporcionado. Pode haver
também uma combinação de ambos os tipos e ocorrer retardo do crescimento intra-
uterino intermediário (MUSSI-PINHATA; BISSANI, 1994).
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A incidência de recém-nascidos de baixo peso (RNBP) está diretamente
relacionada à saúde da população em que eles nascem (nutrição, saneamento, habitação,
hábitos higiênicos e sexuais, condições de trabalho, assistência Peri natal, etc.). Nos
países em desenvolvimento, a incidência de recém-nascidos de baixo peso pode ser tão
elevada quanto 30% (em média 17,6%, no Brasil, em 1984 eram de 9%). Em países
desenvolvidos a proporção de recém-nascidos de baixo peso é muito menor que nos
demais (5-6%), sendo que a maioria deles são pré-termos (MUSSI-PINHATA;
BISSANI, 1994).
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Adicionalmente, os recém-nascidos portadores de retardo do crescimento intra-
útero de países subdesenvolvidos são, na sua maioria (70-80%) do tipo clínico
simétrico, ou seja, recém-nascidos cronicamente (desde a primeira metade da gestação)
mal nutridos, enquanto os recém-nascidos portadores de RCIU (Retardo de Crescimento
Intra-Útero) de países desenvolvidos são, na sua maioria (60-80%) do tipo clínico
assimétrico, ou seja, com interferência no crescimento fetal no último trimestre
gestacional (MUSSI-PINHATA; BISSANI, 1994).
Estas diferenças têm importantes repercussões no prognóstico a curto e longo
prazos destas crianças e revelam o problema de saúde pública que representam os
recém-nascidos de baixo peso nos países em desenvolvimento (MUSSI-PINHATA;
BISSANI, 1994).
Os fatores que levam ao nascimento pré-termo são similares aos que também
predispõem ao retardo do crescimento intra-útero. Didaticamente, pode-se classificar as
causas do RCIU em ambientais, maternas, útero-placentário e fetais. Muitas vezes
torna-se difícil identificar apenas um fator, o mais comum é apresentarem-se
associados. Apesar de se reconhecerem inúmeros fatores que podem comprometer o
desenvolvimento fetal, não é raro encontrarmos recém-nascidos pequenos para a idade
gestacional em que não se consegue identificar a causa (MUSSI-PINHATA; BISSANI,
1994).
Para serem cuidados adequadamente, os problemas clínicos dos recém-nascidos
de baixo peso deveriam ser reconhecidos e tratados precocemente e, se possível,
prevenidos antecipadamente. O curso clínico e o prognóstico são diferentes em recém
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nascidos de baixo peso adequados e pequenos para a idade gestacional. Quanto mais
imaturo o recém-nascido, mais graves e mais precoces serão as manifestações (MUSSI-
PINHATA; BISSANI, 1994).
Segundo Mussi-Pinhata & Bissani (1994) os principais problemas imediatos do
recém-nascido pré-termo adequado para a idade gestacional são a asfixia Peri natal, a
hipotermia, a hipoglicemia e a doença da membrana hialina. São ainda mais
susceptíveis à hipocalcemia, hipomagnesemia, acidose metabólica, hiponatremia,
hiperbilirrubinemia, apnéia da prematuridade e persistência do canal arterial.
Em pré-termos de muito baixo peso é maior o risco de hemorragia intracraniana
principalmente nas primeiras 48 horas. Pela maior susceptibilidade e pela necessidade
de cuidados invasivos, são mais expostos a infecções (MUSSI-PINHATA; BISSANI,
1994).
As manifestações clínicas de recém-nascidos de baixo peso com retardo do
crescimento intra-útero geralmente diferem das de adequados para a idade gestacional e
dependem de seu grau de maturidade, da causa e gravidade do RCIU. Recém-nascidos
pré-termo (RNPT) pequenos para a idade gestacional (PIG) são, geralmente, portadores
de retardo do crescimento tipo simétrico e possuem padrão de morbidade semelhante a
RNPT-adequados para a idade gestacional (AIG). De maneira geral, as crianças
próximas do termo e a termo PIG são assimétricas e apresentam com freqüência, já na
sala de parto, condições mais ou menos graves, incluindo asfixia, policitemia,
hipoglicemia e hipotermia. Apesar da doença da membrana hialina ser pouco comum, o
desconforto respiratório por aspiração de mecônio e a persistência da circulação fetal
decorrentes da asfixia são frequentes. A hipoglicemia encontrada em 50% dos RN PIG-
com retardo assimétrico deve-se às suas pequenas reservas de glicogênio e à elevada
taxa metabólica, além deste, outros distúrbios metabólicos (hipocalcemia e
hiponatremia) são comuns A policitemia compensatória à hipoxemia crônica que é em
geral assintomática contribui para a hiperbilirrubinemia (MUSSI-PINHATA; BISSANI,
1994).
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Nos países desenvolvidos os RN´s com Baixo Peso ao Nascer (BPN) estão em
torno de 5-6% dos nascidos vivos, enquanto que no Brasil esse percentual sobe para
9,2%, segundo PNDS (Pesquisa Nacional de demografia e saúde). (AQUINO-CUNHA
et al, 2002).
Estudos de Aquino-Cunha et al (2002) revela que no Rio Branco (AC) a
proporção de baixo peso ao nascer está presente, de forma mais elevada, nos Rs de mães
adolescentes do que no das mães não-adolescentes, 14,9 % a 11% respectivamente.
No estudo de Simões et al (2003) também observou-se que as mães adolescentes
(<18, 18-19) dão a luz uma proporção maior de crianças com baixo peso (9,75%) em
comparação as mães não adolescentes (6,42%).
“O BPN tem sido utilizado como forte indicador das condições de saúde da
população, por ser o determinante mais importante das chances do recém-nascido de
sobreviver e apresentar crescimento e desenvolvimento satisfatórios”. (AQUINO-
CUNHA et al, 2002).
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2.3 PREMATURIDADE OU PARTO PRÉ-TERMO
É considerado parto prematuro ou pré- termo o que ocorre entre a 20ª e a 37ª
semana de gestação, contada a partir da DUM (Data da Última Menstruação). O parto
que ocorre antes da 20ª semana é considerado aborto. (FREITAS et al, 2006, p. 78).
Recém-nascidos com peso menor ou igual a 2.500 g foram chamados "recém-
nascidos de baixo peso". Adicionalmente, considerando-se o primeiro dia do último
período menstrual, e portanto, a duração da gestação, os recém-nascidos passaram a ser
classificados pela OMS em pré-termo (20 a 37 semanas), a termo (37- 41 semanas e 6
dias) e pós-termo (> 42 semanas). (MUSSI-PINHATA; BISSANI, 1994).
Um dado alarmante é trazido por Andreani, Custódio & Crepoldi (2006) onde 20
milhões de crianças prematuras nascem no mundo, sendo que um terço não completará
um ano de vida. Das mortes neonatais, 75% ocorrem com bebês prematuros.
Freitas (2006) está em concordância com Andreani; Custódio & Crepoldi (2006)
onde afirma que o nascimento pré-termo, ainda, é uma importante causa de mortalidade
Peri natal.
Com o avanço das tecnologias tem-se percebido uma diminuição nas mortes
neonatais, porém mesmo com os avanços no campo dos fármacos de inibição ou
diminuição das contrações uterinas, a quantia de partos pré-termos tem se mantido
estável, 10% ao ano de todos os partos (FREITAS et al, 2006, p. 78).
A relação de recém-nascido prematuro com baixo peso tem sido de grande
utilidade para o estudo de taxa de sobrevida e mortalidade, bem como para o estudo de
agente terapêutico ou condutas adotadas em instituições. Portanto é inadequado se usar
o baixo peso para definir prematuridade (FREITAS et al, 2006, p 78).
Os principais fatores de risco para trabalho de parto prematuro estão
relacionados a: trabalho de parto espontâneo prévio (31–50%), gestação múltipla
(12–28%), rotura prematura de membranas ovulares (6 – 40%), distúrbios hipertensivos
da gestação (12%), restrição do crescimento intra-uterino (2 – 4%), hemorragias pré-
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parto (6 – 9%), miscelânea – IIC, Malformações uterinas (8 - 9 %). Também podemos
citar outras causas como: anemia materna, inflamações cervicovaginal, uso de cocaína,
infecções, baixo peso materno, polidrâmnio, colo uterino menor que 35mm entre 24 e
28 semanas de gestação, tabagismo, idades menores que 18 anos, raça negra, estilo de
vida estressante, violência doméstica (FEITOSA; JUNIOR, 2010).
Concordando com Feitosa; Junior (2010), Freitas (2006, p. 79) também reforça
que os fatores de risco para parto prematuro são: Gestação gemelar, ruptura prematura
de membranas, cérvice uterina incontinente, má formação uterina, má formação fetal,
doença materna e idade materna avançada.
Oura forma de parto prematuro seria a iatrogenia, que pode ser caracterizada
pelo erro na idade gestacional (IG) ou de forma intencional pelo médico quando percebe
que o meio uterino pode afetar, de alguma forma, o bebê. Podemos citar, por exemplo,
as situações de pré-eclampsia grave (FREITAS et al 2006, p. 79).
Embora esses autores não citem a gravidez na adolescência com risco para parto
prematuro é sabido que as, possíveis, complicações de uma gravidez na adolescência
pode acarretar em trabalho de parto prematuro, como cita Azevedo et al (2002) em seu
estudo sobre Efeitos da idade materna sobre os resultados perinatais.
O parto prematuro ocorre devido as contrações uterinas antes da 37ª semana de
gestação. Essas contrações estão associadas a cinco mecanismos básicos: A inflamação,
o estresse, as modificações físicas do colo uterino, a isquemia uteroplacentária e a
hemorragia (FREITAS et al, 2006).
Segundo Freitas et al (2006) o diagnóstico para TPP (Trabalho de Parto
Prematuro) é predominantemente clínico, o que pode muitas vezes induzir ao erro.
Possui alguns marcadores clínicos para o diagnóstico de TPP, que são: Modificações
cervicais - acesso digital e ultra-sonográfico; contrações uterinas - percepção pelo
paciente e toco dinamômetro; sangramento vaginal; escores de alto risco e alterações do
bem-estar fetal.
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Alguns fármacos são usados para diminuírem as contrações uterinas para com
isso e aumentar o tempo do bebê no útero, porém os estudos de Freitas et al (2006)
demonstraram que o tempo só aumenta em 48 horas e há riscos para complicações e
efeitos adversos. (MOUTQUIN, 2000, apud, FREITAS et al, 2006, p. 82).
A indicação do TPP será de forma bem criteriosa levando em consideração toda
a dinâmica obstétrica, pois existem algumas situações que contra-indica a detenção do
parto pré-termo, são elas: Absolutas – Doenças cardiovasculares ou renais grave,
hipertensão arterial não controlada, pré-eclâmpsia, diabetes não controlado,
deslocamento prematuro de placenta, infecção ovular, anormalidades fetais
incompatíveis com a vida, morte fetal, gestação com 36 semanas ou mais e sofrimento
fetal - das Relativas – Doença cardiovascular ou renal controlada, hipertensão arterial
controlada, diabetes controlado, rupreme, restrição do crescimento fetal, aloimunização
Rh e gestação com 34 semanas ou mais (FREITAS et al, 2006, p. 84).
A taxa de mortalidade é inversamente proporcional ao peso ao nasce e a idade
gestacional. Quanto mais tempo o concepto passa no útero da mãe menor são as
possibilidades de morte após o nascimento, e maiores são as chances de um adequado
peso para a idade. (ZIEGEL, 1985, p. 256).
Andreani, Custódio & Crepoldi, 2006 também confirmam a teoria de que o
prognóstico favorável para uma menor mortalidade de prematuros está relacionada com
o peso do recém nascido e a idade gestacional, pois esses interferem diretamente na
maturidade de alguns órgão vitais do bêbe.
Azevedo et al (2002) traz em seus estudos relatos de maior ocorrência de parto
prematuro no grupo das adolescentes do que no das não adolescentes. Foram analisados
57.088 registros de nascidos vivos, do qual 4,3% das adolescentes grávidas deram a luz
RN´s prematuros, já a mãe não adolescente correspondeu a 3,7% (20 a 34 anos) e 4,2%
(>35 anos).
Costa et al (2001) afirma, que a vasta literatura sobre parto prematuro, a coloca
em uma proporção de 6,6% dos partos de nascidos vivos. Em seu estudo é confirmado
com os índices de 6,2% de prematuridades sendo que 7,6% RN´s de adolescentes.
22
“Propõe-se a hipótese de que o parto pré-termo nas adolescentes poderia ser
considerado uma forma de resposta adaptativa à imaturidade física dessas mulheres,
visando assegurar melhor prognóstico a fetos menores, uma vez que nenhuma diferença
significativa na morbimotalidade Peri natal foi demonstrada.” (AZEVEDO et al, 2002).
23
2.4 PARTO CESARIANO
O parto cesáreo foi concebido com o intuito de proporcionar melhores condições
para a mãe e o bebê, por isso sua indicação, é aconselhada pela classe médica, em
situações onde não há um favorecimento materno-infantil para o parto vaginal/normal.
Por isso essa opção deve ser criteriosa. (CARNIEL, 2006).
Segundo Carniel (2006) no parto cesário são maiores são os risco de mortalidade
e morbidade materna, como: infecção puerberal, hemorragias, laceração acidental de
órgãos com bexiga, ureta e artéria, embolia pulmonar e riscos anestésicos. Para o bebê
há maiores chances de ocorrência de distúrbios respiratórios, icterícia fisiológica,
prematuridade iatrogênica, hipoglicemia e anóxia.
Para a OMS (Organização Mundial de Saúde) o ideal é de <15% de partos
cesáreos, pois segundo ela quanto maior o número de partos cesáreos maiores são os
riscos de mortalidade materno-infantil, podendo chegar a 3,5 vezes em comparação ao
parto normal, dados do Ministério da Saúde
(http://portal.saude.gov.br/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=20911)
Carniel (2006) e Câmara (2000) elucidam que a OMS recomenda como ideal
uma taxa de no máximo 15% de partos cesáreos embora no Brasil essa prática seja DE
39% (dados do SINASC de 2002). Há uma tendência de aumento do parto cesáreo no
inicio da década de 70 com fortes influências do avanço tecnológico no campo da
cirurgia e analgesia. (CAMARA, 2000).
Câmara (2000) aponta em seus estudos relatos de um estudo da UNICAMP
(1983) onde mostra que a maior incidência de parto cesáreo está nas classes com maior
poder aquisitivo e menor nas camadas menos favorecidas o que corresponde a pessoas
que possuem uma vulnerabilidade maior para as adversidades socioeconômicas, na qual
a incidência de parto operatório ou cesáreo deveria ser maior pelas questões
nutricionais, higiene e educação. Por isso os partos cesáreos praticados hoje no Brasil
não retrata uma solução encontrada, apenas, para diminuir problemas Peri natais.
24
Existe uma influência sociocultural em relação à preferência pelo parto cesáreo
ao parto normal. (CAMARA, 2000) São eles:
1. Ausência de alternativas apropriadas à cesárea para fazer ligadura tubária
dentro do sistema oficial de saúde;
2. “Sofrimento” do obstetra, decorrente de sua insegurança no acompanhamento
do parto transpélvico;
3. “Falta de tempo” do obstetra para estar ao lado da paciente durante o período
de dilatação, necessidade de chegar no horário nos múltiplos empregos;
4. Falhas na administração em saúde, o não pagamento da analgesia em parto
vaginal, que deixa a cesárea como única alternativa reconhecida pelo SUS para aliviar a
dor do parto;
5. Ausência de auditoria médica na maioria dos hospitais e nas Instituições
responsáveis pela saúde;
6. Por último, a ausência de um atendimento pré-natal que prepare a gestante
para o parto vaginal e o despreparo psicológico das mulheres, condicionado pelo
ambiente social e pelos meios de comunicação, gerando cesáreas a pedidos da paciente,
por vários motivos, desde o medo da parturição até a preservação perineal.
Corroboram com Câmara (2000), Carniel (2006) quando relatam que vários
estudos no Brasil mostram uma relação direta de partos cesáreos com questões
socioeconômicas (alta taxa de escolaridade materna, maior poder econômico e plano de
saúde privado), as características demográficas e reprodutivas (idade materna,
primiparidade, e cesárea prévia) e os relacionados aos serviços de saúde (maior
freqüência ao pré-natal, nos partos realizados nos serviços privados, por conveniência
médica, por falta de capacitação médica, quando há admissão precoce de gestante, por
cesárea a pedido, por fatores institucionais e por mudanças obstétricas).
O número de cesáreas em adolescentes pode está relacionada as complicações
que uma gestação nessa faixa etária pode ocasionar, como: prematuridade, baixo peso
ao nasce, retardo de crescimento inta-uterino, as síndromes hipertensivas e a
desproporção céfalo- pélvica. (AZEVEDO et al, 2002; YAZLLE et al, 2002). Assim
25
sendo o aumento está relacionado mais com as complicações do que com a imaturidade
física das jovens adolescentes.
No estudo de Azevedo et al, 2002 das mulheres estudadas, 20,3% das mães
adolescentes realizaram parto cesáreo. E as que correspondem ao grupo II (20-34) e
grupo III (>35) realizaram 29% e 27% respectivamente.
Em um estudo realizado em São Luis do Maranhão por Simões et al (2003)
percebemos que os partos cesáreos em <18 corresponde a 20% do total e as de 18-19
corresponde a 25,5% do total de partos realizados em São Luis no ano de 1997/1998.
No mesmo período foram analisadas as mulheres não adolescentes e observou-se uma
taxa maior para cesariana dos 20-24 anos 29,7%; 25-29 anos 43,3%; 30-34 anos 57,8%;
>35 anos 54,5%
26
3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de estudo
Trata-se de um estudo quantitativo, exploratório e de campo de caráter
documental. Segundo Chizzotti (1998), as pesquisas quantitativas prevêem a
mensuração de variáveis preestabelecidas, procurando verificar e explicar sua influência
sobre outras variáveis e, nelas, o pesquisador descreve, explica e prediz.
A pesquisa exploratória permite ao pesquisador definir o seu problema de
pesquisa e formular a sua hipótese com mais precisão, avaliará quais teorias ou
conceitos existentes podem ser aplicados a um determinado problema ou se novas
teorias e conceitos devem ser desenvolvidos (GIL, 1999).
3.2 Local da pesquisa
A pesquisa será realizada através do banco de dados do Ministério da Saúde –
DATASUS, pelo Sistema de Informação de Nascidos Vivos – SINASC.
Analisamos os dados referentes ao período de 2006 a 2009, das mães residentes
em Seabra. Foram avaliados os dados referentes às mães adolescentes (10-19 anos) que
moram em Seabra e pariram de 2006 a 2009. Primeiro, analisamos o tipo de parto e sua
taxa de incidência em mães adolescentes e não adolescentes; segundo, analisamos a
ocorrência de baixo peso ao nascer de mães adolescentes e não adolescentes e terceiro
analisamos a ocorrência de parto prematuro em mães adolescentes e não adolescentes.
Sempre fazendo a comparação de adolescentes com não adolescentes.
A pesquisa foi realizada no período de outubro a dezembro 2011, utilizando
como fonte de dados DATASUS/SINASC, que é um instrumento do ministério da
saúde que tem o registro dos dados de nascidos vivos e gestantes, o tipo de parto se
simples ou múltiplo, a freqüência da gestante ao pré- natal, a zona de procedência da
gestante, qual a Idade gestacional, o peso do RN, se tem alguma anomalia e o apgar.
27
A população de estudo constituída por puérperas adolescentes. Teve como
critério de inclusão todos os registros de mães adolescentes do município de Seabra no
período de 2006 a 2009, independente se realizaram pré-natal ou não. Foram excluídos
os dados de mães não adolescentes, bem como de mães adolescentes de outros
municípios que deram a luz em Seabra nos anos de 2006 a 2009.
A coleta de dados será realizada no turno vespertino utilizando para isso o banco
de dados conectado a internet.
O resultado da pesquisa permitirá fazer uma contextualização com o referencial
teórico citado. O texto da pesquisa será digitado no programa Microsoft Word XP.
3.3 Análise dos documentos
Para tornar a análise dos dados mais efetiva resolveu agrupá-las em categorias,
para isso as categorias foram divididas da seguinte forma: A categoria tipo de parto foi
classificada em paro cesáreo e parto vaginal, nas faixas etárias 10-19 anos e 20-59 anos,
a categoria peso ao nascer foi classificada em baixo peso (500 grs a 2499 grs) para a
faixa etária 10-19 anos e 20-59 anos e a categoria prematuridade que foi classificada em
parto prematuro (22-36 semanas IG) para a faixa etária 10-19 anos e 20-59 anos. Todos
os dados levaram em conta o local de residência, Seabra, no período de 2006 a 2009.
Os dados obtidos foram retirados do banco de dados informatizado do Ministério
da Saúde do Brasil (DATASUS), referente ao SINASC (Sistema de informação sobre os
Nascidos Vivos), relativos ao município de Seabra- Bahia no período de 2006 a 2009.
Na tabela a baixo podemos perceber como ocorreram os partos no município de
Seabra nesse período.
28
Tabela 1– Distribuição do total de nascido vivos em Seabra no período 2006 a 2009, todas as faixas etárias
Faixa etária Quantitativo %
10-19 678 29,38
20-59 1630 70,62
Ignorado 0 0
Total 2308 100
Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC
No Brasil vem caindo o número de partos em adolescente, estudos do Ministério
da Saúde revelam que 24% do total de partos em 2007 eram de mães adolescentes,
porém o município de Seabra não vem acompanhando esse indicador. Dos partos
realizados em Seabra no período de 2006 a 2009, 29,38% foram de mães adolescentes.
Fica evidenciado que o município, de Seabra, precisa avançar em políticas públicas,
para que haja uma redução nesse indicador
3.3.1 RELAÇÃO GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA COM PARTO
CESARIANO
Foram coletadas as informações de mães adolescentes (10-19 anos) residentes no
município de Seabra no período de 2006 a 2009. Analisou as seguintes variáveis: Parto
cesáreo, parto prematuro e Baixo Peso ao Nascer (BPN).
Tabela 2 – Distribuição do total de nascidos vivos, por município de residência, por tipo de parto na faixa
etária (10-19) no período 2006-2009/Seabra-BA.
Tipo de parto Quantitativo %
Cesário 154 22,71
Vaginal 522 76,99
Ignorado 2 0,3
Total 678 100
Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC
29
Tabela 3- Distribuição do total de nascidos vivos, por município de residência, por tipo de parto na faixa etária
(20 a 59), no período 2006-2009/Seabra-BA.
Tipo de parto Quantitativo %
Cesáreo 640 39
Vaginal 990 61
Ignorado 0 0
Total 1630 100
Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC
Tabela 4 – Distribuição do total de nascido vivos no Estado da Bahia período 2006 a 2009, todas as faixas
etárias
Tipo de parto Quantitativo %
Cesáreo 291.070 33,08
Vaginal 585.880 66,58
Ignorado 3.062 0,34
Total 880.012 100
Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC
Dos 678 partos realizados em adolescentes, no período de 2006 a 2009, 154 partos
foram cesarianos correspondendo a 22,71% do tipo de parto, se compararmos com as
outras mães não adolescentes, que deram a luz no município de Seabra no mesmo
período perceberemos que a proporção de mulheres não adolescentes que realizaram
parto cesário é maior, cerca de 39% realizaram o parto operatório.
Comparando com as mulheres de todas as faixas etárias que pariram no mesmo período
em todo o território baiano, perceberemos uma taxa também elevada de 33,08%. A
OMS recomenda até 15% de partos do tipo cesáreo. Tanto para prevenir riscos de
morbi-moratlidade e dando condições mais saudáveis a mãe e o bebê, como para onerar
menos o Sistema Único de Saúde (SUS).
30
Os estudos são controversos em relação ao tipo de parto que será realizado na gestante
adolescente. Alguns autores apontam que a gravidez na adolescência pode predispor o
parto cesáreo, pelo fato das complicações na gravidez, como: desproporção cefalo-
pélvica, doenças hipertensivas, entre outras.
Porém este estudo corrobora com as pesquisas de Azevdo et al, 2002 e SIMÕES et al,
2003, publicadas nos meios eletrônicos. No material estudado a taxa de parto cesário é
maior em mulheres não adolescentes do que nas adolescentes. Os partos espontâneos
(vaginal/normal) é mais rotineiro nas adolescentes do que o operatório.
Diante do exposto podemos chegar a conclusão que o tipo de parto não está, apenas,
relacionado com a grávida adolescente, mas sim todo um conjunto de evolução
obstétrica que acompanha essa mulher nos nove meses de gestação. Como citado por
Zazlle et al, 2002 que a adolescente pode passar com mais tranquilidade pela gestação
se iniciar precocemente o pré-natal.
3.3.2 BAIXO PESO AO NASCER RELACIONADO COM A GRAVIDEZ NA
ADOLESCÊNCIA
Tabela 4– Distribuição do total de nascido vivos com Baixo Peso ao Nascer no período de 2006 a 2009, por
faixa etária
Faixa Etária Quantitativo
com Baixo Peso
% Quantitativo
Geral
10-19 anos 68 10,03 678
20-59 anos 123 7,55 1630
Total 187 2308
Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC
Diversos autores apontam para um risco aumentado de baixo peso em recém-nascidos
de mães adolescentes. (AQUINO-CUNHA et al, 2002; Azevedo et al, 2002 e Simões et
al 2003). Quanto analisamos a categoria de baixo peso ao nascer podemos avaliar que
na adolescência existe uma tendência maior ao baixo peso que nas mulheres não
adolescentes. Esse estudo está em concordância com a literatura estudada, onde
31
evidencia que o percentual de 10,03% nas faixas etária de 10-19 anos é maior que a de
7,55% na faixa etária 20-59 anos. Corroborando com Aquino-Cunha et al (2002) e
Simões et al (2003) em seus estudos apontam para 9,75% e 14,9 % respectivamente das
mães adolescentes que deram a luz a bebês com baixo peso para a idades.
O baixo peso ao nascer é um forte indicador das condições socioeconômicas pelas quais
passam as mães. Está diretamente ligado as condições de nutrição, higiene, moradia e
educação, é também ele que nortearar o risco de morbi-mortalidade infantil (AQUINO-
CUNHA et al 2002).
Por isso é um indicador de grande importância para a equipe de saúde que atende a
adolescente grávida. Mais uma vez o pré-natal iniciado, ainda, no primeiro trimestre da
gravidez e de forma regular pode diminuir as chances de o recém-nascido nascer com
baixo peso para a idade.
Podemos também analisar que o resultado encontrado na pesquisa pode está ainda
relacionado a outros fatores, mas só um estudo mais aprofundado poderá nos permitir
chegar a tal conclusão.
3.3.3 PREMATURIDADE RELACIONADA À GRAVIDEZ NA
ADOLESCÊNCIA
Tabela 5– Distribuição do total de nascido vivos com parto prematuro no período de 2006 a 2009, por faixa
etária
Faixa Etária Quantitativo
Prematuridade
% Quantitativo
Geral
10-19 anos 11 1,57 678
20-59 anos 15 0,92 1630
Total 26 2308
Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC
32
O parto prematuro é um indicador de grande importância para a saúde pública,
ele é um dos que indica o maior risco de sobrevida e mortalidade infantil, juntamente é
claro, com o indicador de baixo peso.
No estudo em questão foi observado uma taxa um pouco maior para
prematuridade nas mães adolescentes, 1,57% do total de partos realizados em mães
adolescentes formam pré-termo. Em contrapartida apenas 0,92 dos partos realizados em
gestantes não adolescentes foram pré- maturo.
A pesquisa corrobora com a literatura vigente. Azevedo et al (2002) trás os
seguintes dados: 4,3% das adolescentes (10 a 19) grávidas deram a luz RN´s
prematuros, já as mães não adolescentes corresponderam a 3,7% (20 a 34 anos).
A prematuridade contribui diretamente com a frequência de RN´s com baixo
peso. Por isso as adolescentes devem ser acompanhadas com rigor para monitoramento
de qualquer um dos marcadores clínicos trazidos por Freitas (2006): Modificações
cervicais - acesso digital e ultra-sonográfico; Contrações Uterinas - percepção pelo
paciente e toco dinamômetro; Sangramento Vaginal; Escores de alto risco e Alterações
do bem-estar fetal.
Quando comparamos baixo peso aos nascer e prematuridade em mães
adolescentes percebemos que há números diferenciados. Existe um maior número de
RN com baixo peso do que prematuros isso pode nos fazer refletir que o indicador de
baixo peso está relacionado a questões socioeconômicas e não somente a evolução
obstétrica.
33
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O resultado da pesquisa mostra de que foram está relacionado a gravidez na
adolescência com parto prematuro, baixo peso ao nascer e parto cesáreo, no município
de Seabra no período de 2006 a 2009. Ao analisarmos as variáveis pudemos notar como
elas estavam em concordância com os diversos trabalhos já publicados sobre o tema.
Percebemos que não se trata de uma questão homogênea em relação ao alto
risco, nem todas as gestantes adolescentes terão um parto prematuro, com recém
nascidos de baixo peso ou um parto cesáreo. Isso fica evidenciado e corrobora com os
estudos de Dias; Teixeira (2010) e Montardo (2004) que trazem que até
aproximadamente em meados do século XX a gestação na adolescência não era
concebida com algo irresponsável, inoportuno, não planejado ou problema de saúde
pública. Era normal as mulheres estarem casadas e com filhos aos 16 anos. As
mudanças ocorrem com o advento da pílula anticoncepcional, com o ingresso da mulher
no mercado de trabalho e afirmação dos direitos femininos.
A partir de meados do século XX começa uma preocupação com a mulher nessa
faixa etária e os possíveis riscos que uma gestação pode ocasionar. Instruí com
consenso que a gravidez tem que ser adiada, a adolescência é o período de se preocupar
com os estudos, o vestibular, a carreira e o ingresso no mercado de trabalho.
Avaliamos a gravidez na adolescência como potencialmente de alto risco, visto
que a mulher nessa faixa etária está com sua estrutura física e psíquica em
desenvolvimento, portanto gerar um filho acarreta modificações no seu estilo de vida
que ainda não se formou.
Ao analisarmos as categorias: prematuridade, baixo peso e parto cesáreo
podemos perceber que, assim como apontados pelos pesquisadores, que fundamentaram
o referencial teórico, existe uma relação direta de uma incidência maior de baixo peso e
prematuridade nas gestantes adolescentes do que nas não adolescentes. O que nos
chama a atenção é que em relação ao parto cesáreo há uma taxa mais elevada para a
34
realização em gestantes não adolescentes. Leva-nos a refletir que a indicação da
cesariana deixou de ser por critérios clínicos passando a ser por influência cultural.
A incidência de recém nascidos de baixo peso está diretamente ligada á saúde da
população em que eles nascem (nutrição, saneamento, habitação, hábito higiênico e
sexual, condições de trabalho, assistência Peri natal, etc.). Nos países desenvolvidos a
incidência de recém-nascidos de baixo peso pode ser tão elevada quanto 30%. Em
países desenvolvidos a proporção é bem menor cerca de 5-6%, sendo que a maioria
deles são pré-termos. (MUSSU-PINHATA; BISSANI, 1994).
Analisando ainda os indicadores de prematuridade e baixo peso ao nascer
observamos que o índice de prematuridade é bem menor do que o de baixo peso, o que
nos leva a refletir que a questão do baixo peso está mais ligada com as condições
socioeconômicas do indivíduo do que com a Idade Gestacional (IG).
O estudo em questão não se trata de uma obra acabada, podemos obter com ele
vários desdobramentos para analisarmos as variáveis que fazem a adolescente grávida
ter um bebê com fatores de risco perinatais. A questão social é muita apontada por
diversos autores, porém o estudo em questão se limitou aos fatores obstétricos.
35
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