01monografia (teologia prática)

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    FACULDADE TEOLGICA SUL AMERICANAPreparando Vidas para Servir o Reino de Deus

    MESTRADO EM MISSIOLOGIA

    A AO DE DEUS NO MUNDO:O HOMEM, A IGREJA E A TEOLOGIA PRTICA

    Alexandre Ferreira Pevidor

    Junho/2000

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    NDICE

    1. Introduo...............................................................................................................02

    2. A Criao de Deus como Expresso do Seu Amor................................................04

    3. O Mundo Pecador amado por Deus.......................................................................07

    4. O Homem Como Agente do Amor de Deus no Mundo..........................................11

    5. Minhas Testemunhas.............................................................................................14

    6. A Teologia Prtica Como Agente de Deus no Mundo............................................167. Concluso...............................................................................................................19

    Bibliografia..................................................................................................................21

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    INTRODUO

    Se Deus criou o mundo e desapareceu do mapa, ento Ele um

    alienado. Este foi o comentrio de um jovem, logo aps ouvir um estudo a respeito

    da doutrina desta.

    Desde a idade mdia j se discutia sobre a ao de Deus na Sua criao.

    Discusso sobre a evoluo, dualismo, emanao em suas vrias formas e outras

    teorias surgiram com a finalidade de defender ou mesmo de se chegar a uma idia

    concreta concernente ao ato criador de Deus.

    Quando olhamos para a Bblia, com nossos olhos limpos de todo conceito

    ou preconceito teolgico, deparamos com vrios textos que iluminam o assunto da

    criao de Deus de forma simples, racional e verdadeira. Em Gn 1 encontramos um

    termo peculiar durante toda a extenso da criao: Disse Deus: haja... aqui vemos

    o ato soberano, santo e eterno de Deus manifestado desde a eternidade (Sl 139) na

    Sua obra fsica e espiritual.

    A criao de Deus algo incontestvel para os biblicistas e para quem

    dirigido pela f. Contudo, no meu objetivo defender a criao de Deus na sua

    forma abrangente, e para isso pergunto: como a teologia influencia o mundo hoje?

    Precisamos apresentar um Cristo conhecido pelo mundo inteiro? O mundo hoje

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    clama pelo ensino de Jesus, ou pela Sua vida prtica no meio do povo?. Neste

    trabalho tratarei da criao de Deus como obra do Seu amor, da Sua satisfao,

    tanto do seu povo como daqueles que esto perdidos nas trevas, da natureza

    vegetal e animal. Estudaremos tambm a tarefa do homem no plano criador de

    Deus, Sua teologia, ensinada e praticada por Ele atravs de Seus Filho, e veremos

    uma teologia que seja capaz de agradar ao Criador, e luz da vontade divina atingir

    toda a humanidade.

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    A CRIAO DE DEUS COMO EXPRESSO DO SEU AMOR

    No princpio, criou Deus os cus e a terra. A terra, porm, estava sem

    forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Esprito de Deus pairava por

    sobre as guas.(Gn 1.1-2) (conf. At 17.24, Jo 1.3, Sl 8).

    A criao do cosmos por Deus algo maravilhoso e ao mesmo tempo

    assombroso. Um PhD em fsica nuclear, discutindo com seus colegas de profisso

    numa das salas da NASA, nos EUA, argumentava sobre o incio do mundo. Ele,

    cristo, dissertava sobre a teoria bblica da criao efetuada por Deus. Seus

    colegas, contudo, argumentavam que o mundo surgiu de uma grande exploso,

    ocasionada por um acmulo de Neutrons, tomos, e outros componentes qumicos.

    Concordo com essa teoria!, disse o fsico cristo. Todavia, como vocs explicam o

    surgimento desses Neutrons e tomos que, acumulando, ocasionaram a grande

    exploso que deu origem ao universo?. Eles responderam: Aqui a cincia pra!. O

    fsico cristo disse: Ento, onde a cincia no explica eu resumo numa nicapalavra: DEUS.

    A criao de todo cosmo e tudo que nele est percebemos como obra da

    soberana vontade de Deus e como a manifestao do Seu tremendo poder.

    Encontramos uma descrio dessa maravilha em Isaas 40.26:Levantai ao alto os

    olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exrcito de

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    estrelas, todas bem contadas, as quais ele chama pelo nome; por ser ele grande em

    fora e forte em poder, nem uma s vem a faltar. (cf Is 42.5, 45.18, 51.13, Ne 9.6,

    Ef 3.9, Ap 10.6). A incontestabilidade do amor de Deus na criao envolve de toda

    forma Sua criao e Seus atos pelos sculos dos sculos.

    Dentro dessa perspectiva da criao de Deus, encontramos na

    diversidade do mundo criado uma imensurvel gama de existncias: umas maiores,

    outras menores; uma de mais importncia, outras de menos importncia; algumas

    inteligentes, com capacidade de raciocinar para decidir, para tomar decises, outras

    inteligentes sem essas mesmas capacidades; seres vivos vegetais, animais, nos

    cus, na terra e em todos os lugares.

    A igreja crist, desde o comeo, ensinava a doutrina da criao ex nihilo

    e como um ato livre de Deus1. Na posio de um Ser livre, auto suficiente,

    onipotente, onisciente e todo poderoso, Deus criou o mundo para a justia e para a

    calamidade. Aqui entra o homem, que, como conseqncia da criao de Deus, veio

    ao mundo com a finalidade de cumprir piamente os propsitos de Deus

    estabelecidos desde a eternidade. O apstolo Paulo, falando aos corntios, define

    esses propsitos de Deus como algo estabelecido anteriormente e realizado pelaSua soberana vontade, atravs de cada ser humano e cada criatura do prprio

    Deus: mas falamos a sabedoria de Deus em mistrio, outrora oculta, a qual Deus

    preordenou desde a eternidade para a nossa glria (1Co 2.7).

    1 BERKHOF, Louis. Teologia Sistemtica, Editora Luz para o Caminho, 1994, pg 127.

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    Dentro dessa tica da criao de Deus, encontramos algumas criaes de

    Deus que tem sua tarefa especfica, seu objetivo de ser criado, sua misso ativa a

    se realizar neste mundo.

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    O MUNDO PECADOR AMADO POR DEUS

    Em Jo 3.16 encontramos a sntese da expresso amorosa de Deus pela

    Sua criao. O mundo est perdido, dessa forma a responsabilidade do homem

    pelo mundo a prpria essncia do evangelho2. Assim, a missio Dei obra de

    Deus. Ele o Senhor, o doador da tarefa, o proprietrio, o executante. Ele o

    sujeito ativo da misso3 salvfica no mundo. Exercendo Ele mesmo essa obra,

    primariamente atravs de seu Filho Jesus Cristo, Deus encarrega seus sditos a

    continuarem cuidando do mundo. Como uma entidade religiosa fixada no mundo,

    a igreja, surge naturalmente, mas com caractersticas sobrenaturais; uma

    entidade sociolgica com uma natureza espiritual4, cujo objetivo lutar no mundo e

    pelo mundo.

    Deus levantou pessoas no passado e sempre as levantar para

    encarreg-las do cuidado de Deus pelo mundo, o que expressado pelos

    evangelhos. Essa foi a razo de Jesus Cristo instituir Sua igreja (Mt 28.18-20)*.

    Nosso objetivo como igreja dar nossa vida, proclamar, viver e praticar o

    evangelho no meio dos problemas e dores da cidade, pobreza e ganncia 5. Assim,

    Deus no somente criou, mas tambm se preocupa intensamente e trabalha para o

    2 PADILHA, Ren. Misso Integral, Editora Temtica publicaes, 1992, pg 26.3 VICEDOM, Georg. Misso como Obra de Deus, Editora Sinodal, 1996, pg 16.4 VANENGEN,Charles. Povo Missionrio Povo de Deus, Editora Vida Nova, 1991, pg 50.

    * Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no cu e na terra. Ide, portanto,

    fazei discpulos de todas as naes, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Esprito Santo; ensinando-osa guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias at consumao do

    sculo.5 LINTHICUM, Robert C. . Revitalizando a Igreja, Editora Bom Pastor, 1996, pg 49.

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    bem do prprio mundo. Um mundo que Ele criou, que deu Seu nico Filho para

    morrer por esse mundo que, por causa do pecado, se degenerou, se tornando

    destrudo, destruidor e quase sem esperanas. Assim, vemos a ao divina num

    mundo pecador, amado por Deus, na qual Ele no s trouxe a salvao, como

    providenciou meios para que esse mesmo mundo tivesse acesso a ela.

    Os Meios e os Fins de Deus para o Mundo

    Como algum que ama e deseja preservar sua criao, o Senhor proveu

    meios, instrumentos no mundo para que a Sua ao fosse contnua at o fim dos

    tempos.

    A Igreja como entidade de Deus no mundo

    O livro de Atos dos Apstolos narra o incio da igreja crist, logo aps a

    ascenso do Senhor Jesus Cristo. Sua misso no mundo entre os humanos estava

    encerrada. Aquilo que o homem jamais teria condies de realizar por si s agora

    estava consumado, e a misso do Filho realizada. Contudo, havia ainda milhares

    de vidas contemporneas e em centenas de anos no futuro, que precisariam ouvir o

    testemunho do Salvador e a mensagem de vida eterna. Assim, surge a igreja,encarregada de ser uma agncia de salvao, no sentido de anunciar os propsitos

    do Pai atravs de Seu Filho. Dessa forma, o Reino de Deus que est parcialmente

    presente na prtica de Jesus esperado como alvo escatolgico. Os seus

    protagonistas eram os pobres, e os que precisam de justia 6 social, ou seja, po,

    curas, identidade, liberdade, razo de existncia.

    6 SCHNEIDER, Christoph - Harpprecht. Teologia Prtica no Contexto da Amrica Latina, Editora Sinodal,1998, pgs 54-55.

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    A igreja, desde ento, se tornou uma mensageira do reino de Deus e

    tambm uma agncia que luta por uma cultura mais digna, uma humanizao justa,

    os deveres serem cumpridos e para termos um mundo cada vez mais humano.

    Nossa realidade hoje bem oposta quela proposta inicial. Scherer aponta essa

    realidade quando diz que em muitos pases as igrejas estavam identificadas com o

    status quo, alienada dos pobres devido a valores de classe mdia, e cheia de

    pessoas satisfeitas e enfatuadas que no esto dispostas a olhar para o Lzaro

    soleira de sua porta7.

    Anunciar o evangelho, portanto, no se limita, na tica de Jesus, a falar

    palavras de salvao, mas providenciar meios para que as pessoas perdidas na

    escurido das trevas tenham, mesmo que no salvas, uma vida melhor e mais justa.

    A Igreja uma entidade com multiplicidade de naturezas; ela, a igreja sem dvida

    chamada para pregar todo o evangelho do reino, um evangelho que tem implicaes

    de justia social para toda a sociedade8. Desta forma, a misso global no

    simplesmente a tarefa da igreja, mas a causa do prprio Deus 9, conseqncia do

    Seu imensurvel amor pela Sua criao, por isso a igreja em misso no pode

    existir sem olhar para o mundo com os olhos de Deus. Ela no consegue deixar de

    questionar os principais problemas que afligem a humanidade (pobreza,discriminao, fome, violncia, guerra)10.

    A igreja possui uma misso no mundo, que a de representar todas as

    aes de Deus, como se Ele estivesse atuando no mundo ainda na pessoa do

    7 SCHERER, James A. Evangelho, Igreja e Reino, Editora Sinodal, 1991, pg 100.8 VANENGEN, Charles. pg 147.9 SCHERER, James A., pg 39.10 SCHNAIDER, Christoph - Harpprecht, pg 216;

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    Senhor Jesus Cristo.

    A essncia da igreja sua prpria tarefa. Ou ela missionriaou deixa de ser igreja. Porque o prprio Deus missionrio.Por isso o lema para a igreja no : fazer crescer a igrejaaumentando o nmero de seus membros, mas : servio aomundo em favor do shalom de Deus. Por isso, umacomunidade no deve visar, em primeiro lugar, a si mesma,mas deve estar voltada para as necessidades do mundo. Enessa tarefa ela pode e deve colaborar com todas as demaisinstncias que tm em vista um mundo mais sadio, maisfraterno, mais humano11.

    Assim, a igreja jamais pode negligenciar sua responsabilidade diante do

    mundo, da sociedade, diante das pessoas e diante do prprio Deus que a

    arregimentou para o cuidado com o mundo e com tudo que nele h. Conclumos,

    diante disso, que misso significa participar da ao de Deus, do cumprimento de

    Seu plano para a vida de Seu Reino produzindo entre as naes a obedincia da f

    em Jesus Cristo, nosso Senhor12.

    11 Ibd, pg 182.12 SCHERER, James A. pg 77.

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    O HOMEM COMO AGENTE DO AMOR DE DEUS NO MUNDO

    O mundo como criao de Deus foi entregue humanidade, no para a

    sua destruio, mas para a preservao e o cuidado, visando o prprio bem dela.

    Essa realidade bem diferente quando olhamos para a destruio da matas; a

    matana de animais silvestres; a poluio do ar e de todo meio ambiente; a

    contaminao dos lagos, rios e mares; sem contar os testes atmicos e produtos

    qumicos que pulverizam do sistema ecolgico um ambiente to puro, belo e

    necessrio para a humanidade, e que foi criado por Deus para o cultivo, felicidade e

    sobrevivncia do homem.

    Em Gnesis 2.15 encontramos a mensagem da preservao do cosmo

    quando diz: Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do

    den para o cultivar e o guardar. Essa misso englobava no somente o cuidado

    por parte do homem com a natureza e animais, como principalmente o cuidado em

    preservar a integridade e a santidade de Deus manifestada nelas (Sl 19) e o zelocom a coroao de toda criao de Deus: o homem, feito a Sua imagem e

    semelhana. Dessa forma, todo homem, indistintamente de sua religiosidade, tem a

    responsabilidade do zelo e cuidado com a natureza e com seu prximo. O maior

    mandamento que encontramos nas Escrituras est no evangelho de Mateus 22.37-

    39: Amar a Deus sobre todas as cousas. Isto implica em no destruirmos sua

    criao e respeit-la como se ao prprio Deus. O povo de Deus deve praticar a

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    caridade com o pobre (Dt 15.10-11); deve estar preocupado com a deteriorao das

    condies humanas entre os pobres (Is 61.1-9); e deve advogar a causa do

    desamparado perante os sistemas de poder (Jr 22.12-27)13

    .

    Uma das providncias que Deus tomou para que o homem no ficasse s

    nessa luta foi a descida do Esprito Santo para os auxiliar durante todo o perodo da

    militncia. Uma vez chegando a plenitude do tempo para a converso do indivduo,

    h a operao espiritual do Esprito na pessoa, que, pelo processo da converso,

    passa a fazer parte do Reino de Deus como filho adotivo. Consequentemente, ela

    passa a ter uma responsabilidade aumentada no que diz respeito atuao de

    Deus, atravs dela, no mundo. VanEngen afirma que a converso plena, no sentido

    bblico, um processo trplice que implica: 1)a converso a Deus em Cristo; 2) A

    converso igreja; 3) A converso ao ministrio no mundo pelo qual Cristo

    morreu14.

    Deixando de lado a idia institucionalizada de igreja, o que torna

    subjetivo a responsabilidade individual de cada um na misso de Deus ordenada por

    Deus, precisamos olhar para a misso como uma obra individual e no coletiva.

    Scherer anuncia essa idia quando afirma que o verdadeiro contexto para a missoera o mundo, e no a igreja15. Deus trabalha com o ser humano a varejo, e no a

    atacado; ou seja, quando falamos do Deus Criador, falamos de um Ser que se

    envolve pessoalmente, e na pessoalidade individual de cada pessoa. Dessa forma,

    quando Ele ordena, Sua ordem pode at parecer, nas Escrituras, generalizada, mas

    13 LINTHICUM, Robert C. pg 210.14 VANENGEN, Charles, pg 195.15 SCHERER, James A. pg 73.

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    puramente pessoal e individual. Claramente vemos essa pessoalidade em

    Apocalipse 20.13, quando encontramos na viso de Joo um por um, pessoa por

    pessoa, sendo julgada pelos seus atos ou suas desobedincias.

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    MINHAS TESTEMUNHAS

    Ser testemunha de Deus no mundo implica em ir muito alm da pregao

    do evangelho. Todavia, quando olhamos para a ordem de Deus para sermos Sua

    testemunha, chegamos a algumas concluses importantes. Nos textos

    Veterotestamentrios em que aparece a expresso minhas testemunhas (Is 43.10,

    43.12; 44.8), a construo hebraica sempre a mesma; ou seja: de (ed)

    presenciar, testemunhar, evidenciar alguma cousa. A testemunha de Deus no

    meramente aquela pessoa que sabe do que fala, que conhece o que verdadeiro,

    mas uma testemunha evidente, como um documento ambulante de Deus. No

    Novo Testamento (At 1.8) essa mesma expresso aparece na forma grega

    martuv (martus) que nos transmite a idia de que a testemunha de Deus

    aquela que apresenta um juzo legal, histrico, algum que no fala

    despropositadamente, mas que foi ou espectador daquilo que anuncia e evidencia

    s outras criaturas. Desta forma podemos perceber que o cristianismo consiste

    mais numa prtica do que numa teoria16

    .

    A misso de Deus no mundo, e consequentemente a ao dEle prprio

    neste mundo em todas as pocas, pode ser percebida nas mais diversas aes dos

    Seus sditos e de toda a humanidade em geral (Sl 139.16). Todavia, no que

    concerne a manifestao das bem-aventuranas e do juzo de Deus no mundo ,

    16 SCHERER, James A. pg 55.

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    vemos Sua ao somente atravs do Seu povo, ou seja, dos membros da Sua

    igreja. A igreja uma funo do apostolado, a serva da missio Dei, [...] que abarca

    a esta e ao mundo; [...] A igreja serve a missio Deino mundo ao aportar para o Deus

    que age na histria do mundo e ao nome-lo ali17. Cada cristo que reconhece seu

    lugar no Reino e o chamado de Deus para si jamais se tornar infrutfero, alienado,

    descompromissado ou desobediente; e nesse servio da igreja realiza-se a missio

    Dei18.

    Cada cristo deve se identificar no Reino e a sua ao nele, para que o

    mundo desfrute das bem-aventuranas de Deus, bem como seja anunciado Seu

    juzo, e o mundo veja o Deus que o criou, que cuida dele, que lhe providenciou

    salvao da sua perdio momentnea e eterna. Somente alcanaro essa viso

    aqueles que de fora do Reino tenham perto de si, dentro do seu mundo,

    testemunhas vivas, reais e presentes lhes anunciando essa salvao e lhes

    mostrando o caminho de uma vida com o Criador; pois Misso como causa de Deus

    significa que Ele reivindica o direito de dispor sobre todos os seus crentes da mesma

    forma como Seu desejo compartilhar com todos os seres humanos Seu amor

    atravs de Seus crentes19. Quando a comunidade testemunha a verdade, ela tem

    que ter conscincia de que, ao confrontar o mundo com a verdade, ela prpria estsendo colocada perante a pergunta existencial20; qual a razo da sua existncia,

    qual a sua misso; e para isso temos a garantia de nunca sermos abandonados,

    mas resguardados de todo mal e desnimo at a consumao dos sculos (Mt

    28.18-20).

    17 Ibd, pg 8618 VICEDOM, Georg. pg 3919 Ibd, pg 1620 Ibd, pg 94.

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    A TEOLOGIA PRTICA COMO AGENTE DE DEUS NO MUNDO

    J vimos que Deus age no mundo atravs das suas criaturas. Vimos

    tambm que a esfera principal, atravs da qual age e manifesta-se no mundo, Sua

    igreja. Agora, analisaremos a teologia prtica como um agente aliado de Deus para

    a Sua ao no mundo, principalmente no que concerne Sua manifestao

    salvfica, abenoadora, redentora e presencial entre as pessoas e o cosmo em geral.

    A teologia, desde que h teologia sempre foi a mesma. Contudo, no

    podemos afirmar o mesmo com respeito sua prtica, pois com o passar dos

    tempos o cristianismo, influenciado pela sua teologia, se tornou puramente terico

    desprovido de pragmtismo, mais uma ideologia filosfica do que uma verdade

    transformadora. So vrios os textos bblicos em que encontramos o Senhor Jesus

    Cristo distribuindo teologia fora dos templos, das sinagogas, em meio ao povo,

    ensinando a teoria da Sua teologia e praticando-a ao mesmo tempo (Mt 4.17, 23;

    5.1; 8.1-4; 8.11-13; 8.14; 8.18; 9.1; 9.10; 9.27-28; 9.35; 11.1 etc). Scherer entendeessa realidade da teologia fora dos portes da igreja, quando afirma que Um Cristo

    terreno, que foi deitado numa manjedoura, dirigiu-se aos que estavam margem da

    vida, afirmou seu senhorio renunciando ao mesmo e acabou sendo crucificado fora

    dos muros da cidade21; e ainda, Jesus , crucificado fora dos muros da cidade,

    21 Scherer, James A., pg 104.

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    passa do centro periferia para estar com os pobres, os desprezados, os

    marginalizados e os oprimidos22.

    Nas Escrituras Sagradas contemplamos, numa tica espiritualista e real,

    o quanto Jesus deixou bem forte o exemplo de uma verdadeira teologia divina, que

    para ser tal, e ter de Deus o aval, necessita antes de ser um anncio, ser prtica.

    Desta forma, a teologia prtica a teologia do servir da igreja 23. Em Mc 1.22 o

    evangelista diz: Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem

    tem autoridade e no como os escribas. Suaexousia (exousia) significava para

    os judeus um poder nas palavras; plena autoridade de quem fala do assunto que

    domina, e por isso influenciava com grande facilidade Seu pblico.

    O ensino de Jesus se diferenciava dos demais rabinos, judeus, pastores

    e evangelistas contemporneo Seu. Todavia, isso no se dava na esfera das

    palavras ensinadas, pois elas eram as mesmas dos outros, mas percebemos essa

    grande diferena entre Ele e os outros no fato de Jesus, antes de pregar palavra

    como teologia, Ele pregava vida. Jamais podemos destituir da teologia sua tarefa de

    libertao, pois a teologia prtica tem como seu objetivo a libertao dos sujeitos,

    baseada na f crist, numa sociedade livre e justa, a edificao de uma igrejasolidria24. Jesus falava como de si mesmo, como algum que fala da boca de

    Deus, que de Deus tem a autoridade, uma procurao para falar por Ele prprio.

    Agindo assim, Ele demonstrava que Sua autoridade era independente do homem,

    sendo essa a grande diferena que O separava dos outros pregadores (cf Mt 7.28-

    22 Ibd. pg 106.23 Schneider, Christoph - Harpprecht. pg 27.24 Ibd pg 54.

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    29). A teologia pode negligenciar sua prtica, mas nuca perder sua essncia

    prtica. Schneider descreve essa realidade de uma vida til e prtica da real teologia

    dizendo que:

    a tarefa da teologia prtica ser redescobrir a comunidadecrist como espao de comunicao, cultivar a pastoral deconvivncia em pequenos grupos e o culto como celebrao daesperana do povo de Deus, povo a caminho do Reino. Avalorizao da experincia particular do sujeito, de sua biografia,das suas emoes e anseios, de sua busca pr sentido efelicidade ter a mesma importncia que o compromisso tico eproftico de solidariedade com os excludos, as vtimas dassociedades no Terceiro Mundo.25

    A teologia sem a sua prtica, uma teologia morta, sem a mnima

    capacidade de transmitir a vida em abundncia que Jesus Cristo anuncia nos

    evangelhos. Sua vida, entretanto, est sujeita sua ao no mundo amado por

    Deus, e pelo qual Cristo morreu. Assim, vemos que a humanizao o grande

    clamor do terceiro milnio, e nele, as pessoas no precisam mais que lhes

    apresentemos e preguemos as palavras um Cristo muito bem conhecido, mas sim,

    que pratiquemos a Sua vida e Seu testemunho ao mundo, e no mundo.

    25 Ibd, pg 331.

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    CONCLUSO

    Deus se manifesta de diversas formas no mundo e na sua histria. Desde

    o princpio de toda a criao, at o seu fim a ao de Deus ativa e real. No

    decorrer da histria Deus agiu no mundo de forma maravilhosa e percebemos Sua

    Teofania em diversas passagens bblicas. Contudo, no pleroma de Deus Ele se

    manifestou de forma humana irrefutvel no mundo e em meio Sua obra criada

    atravs do Seu Filho Jesus Cristo. Ele realizou a misso do Pai, que era tambm a

    Sua misso como Filho.

    Ao completar Sua misso no mundo, o Filho voltou para o Pai, e Sua

    igreja derramou-lhe Seu Santo Esprito para os guardar e lhes conduzir na

    continuidade da obra redentora e de preservao de Deus no mundo. A igreja tem

    uma responsabilidade de ser agente ativo de Deus, anunciando todos os planos,

    vontades, aes e teologia de Deus no mundo e para o mundo.

    A toda a humanidade o Senhor deu a ordem de cuidado e preservao do

    cosmo criado por Ele para o deleite e sobrevivncia dos que nele habitam. A cada

    servo em especfico, Deus lhes chama das trevas para anunciar aos que perdidos

    esto, uma luz redentora e transformadora. Este anncio jamais obter de Deus

    aprovao, ou mesmo um resultado satisfatrio se ele no for pragmtico, se no

    seguir fielmente as palavras e os passos de Jesus que fazia teologia com as mos e

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    no somente com dissertaes teolgicas. A teologia prtica a voz encarnada de

    Deus no mundo criado e amado por Ele.

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