xamã urbano sergeking

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XAMÃ URBANO Serge King 1 de 92 XAMÃ URBANO Serge King Prefácio O PREPARO Ho‟omoe wai kahi ke kao‟o. (Vamos todos viajar juntos, assim como a água fluindo em uma direção.) Este é um livro sobre o xamanismo, especialmente o da tradição Havaiana, e o que é ser um xamã urbano. Para que o leitor possa tirar o máximo proveito deste livro, gostaria de começar com uma definição. De acordo com o historiador francês Mircea Eliade, o xamanismo é uma prática encontrada no mundo inteiro, inclusive na Ásia, nas Américas e no Pacífico. A palavra xamã é derivada da língua tungue da Sibéria e é atualmente usada como termo adequado por cientistas e leigos em geral, para descrever aquele que pratica e a sua prática. A maioria das culturas tem a sua própria terminologia para este tipo de pessoa, como por exemplo, Kupua em Havaiano. Muitas pessoas têm idéias diferentes sobre o que seja um xamã e o que ele/ela faz, mas como Eliade, prefiro uma definição precisa. Nem todo curandeiro é um xamã, mas o xamã pode ser um curandeiro. Nem todo sacerdote tribal é um xamã, mas o xamã poderá ser um sacerdote tribal. Nem todo curandeiro psíquico é um xamã mas o xamã poderá ser um curandeiro psíquico.. Para a finalidade e o propósito deste livro e de meus ensinamentos, defino um xamã como um curandeiro de relacionamentos. Entre a mente e o corpo,entre pessoas e o ambiente, entre seres humanos e a natureza e entre a matéria e o espírito Ao praticar a sua cura o xamã tem uma visão de realidade muito diferente da do resto do mundo, e é este ponto de vista peculiar (o qual será extensivamente estudado no resto deste livro) o que realmente separa o xamã dos outros curandeiros. Isto também leva a certas técnicas raras de cura habitualmente associadas ao xamanismo como uma mudança de forma, a comunicação com as plantas, com os animais e uma jornada para o interior da Terra Se algumas dessas coisas lhe parecerem muito estranhas, não se importe pois com a continuação você descobrirá que muitas delas se não a maioria dessas práticas será curiosamente familiar. Isto se deve ao fato da arte xamânica ser baseada na experiência humana. Você descobrirá que sabe mais sobre o xamanismo do que pensa. O XAMANISMO HAVAIANO Xamanismo é uma forma diferente de cura, e o xamanismo Havaiano é uma forma diferente de xamanismo. A maior qualidade do xamã, independentemente da cultura, é sua inclinação ao compromisso ou atividade criativa. O conhecimento e a compreensão, não são suficientes como também uma aceitação passiva não mantém nenhuma atração. O xamã mergulha na vida com a sua mente e os seus sentidos desenvolvendo o papel de co-criador. Há um tipo de alma que se contenta em admirar a forma e o local de uma árvore que cai.O xamã é mais como um escultor que vê a árvore e é tomado pelo desejo de transformá-la em algo semelhante a uma imagem interna ou em um instrumento útil. Há respeito e admiração pela árvore como árvore, bem como o impulso de se juntar a ela e produzir algo novo. Esta atividade é bem expressa na função principal de um xamã, a de um curandeiro.Independentemente da cultura,local ou meio social,o xamã tem por finalidade curar a mente,o corpo e o ambiente. Esta tendência para os benefícios sociais e ambientais,é o que de fato distingue o xamã do modelo de feiticeiro de Castañeda,que segue o caminho estritamente de poder e iluminação pessoal. Embora todos o xamãs sejam curandeiros, a maioria segue o “caminho do guerreiro”, alguns,uma minoria em que se inclui o tradicional xamã Havaiano,segue o que chamamos “o caminho do aventureiro”. Um xamã guerreiro tende a personificar o medo,

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XAMÃ URBANO – Serge King

1 de 92

XAMÃ URBANO

Serge King

Prefácio

O PREPARO

Ho‟omoe wai kahi ke kao‟o.

(Vamos todos viajar juntos, assim como a água fluindo em uma direção.)

Este é um livro sobre o xamanismo, especialmente o da tradição Havaiana, e o que é ser um xamã urbano.

Para que o leitor possa tirar o máximo proveito deste livro, gostaria de começar com uma definição. De acordo

com o historiador francês Mircea Eliade, o xamanismo é uma prática encontrada no mundo inteiro, inclusive na

Ásia, nas Américas e no Pacífico. A palavra xamã é derivada da língua tungue da Sibéria e é atualmente usada

como termo adequado por cientistas e leigos em geral, para descrever aquele que pratica e a sua prática. A

maioria das culturas tem a sua própria terminologia para este tipo de pessoa, como por exemplo, Kupua em

Havaiano.

Muitas pessoas têm idéias diferentes sobre o que seja um xamã e o que ele/ela faz, mas como Eliade, prefiro

uma definição precisa. Nem todo curandeiro é um xamã, mas o xamã pode ser um curandeiro. Nem todo

sacerdote tribal é um xamã, mas o xamã poderá ser um sacerdote tribal. Nem todo curandeiro psíquico é um

xamã mas o xamã poderá ser um curandeiro psíquico.. Para a finalidade e o propósito deste livro e de meus

ensinamentos, defino um xamã como um curandeiro de relacionamentos. Entre a mente e o corpo,entre pessoas

e o ambiente, entre seres humanos e a natureza e entre a matéria e o espírito

Ao praticar a sua cura o xamã tem uma visão de realidade muito diferente da do resto do mundo, e é este

ponto de vista peculiar (o qual será extensivamente estudado no resto deste livro) o que realmente separa o xamã

dos outros curandeiros. Isto também leva a certas técnicas raras de cura habitualmente associadas ao xamanismo

como uma mudança de forma, a comunicação com as plantas, com os animais e uma jornada para o interior da

Terra Se algumas dessas coisas lhe parecerem muito estranhas, não se importe pois com a continuação você

descobrirá que muitas delas se não a maioria dessas práticas será curiosamente familiar. Isto se deve ao fato da

arte xamânica ser baseada na experiência humana. Você descobrirá que sabe mais sobre o xamanismo do que

pensa.

O XAMANISMO HAVAIANO

Xamanismo é uma forma diferente de cura, e o xamanismo Havaiano é uma forma diferente de xamanismo.

A maior qualidade do xamã, independentemente da cultura, é sua inclinação ao compromisso ou atividade

criativa. O conhecimento e a compreensão, não são suficientes como também uma aceitação passiva não

mantém nenhuma atração.

O xamã mergulha na vida com a sua mente e os seus sentidos desenvolvendo o papel de co-criador.

Há um tipo de alma que se contenta em admirar a forma e o local de uma árvore que cai.O xamã é mais

como um escultor que vê a árvore e é tomado pelo desejo de transformá-la em algo semelhante a uma imagem

interna ou em um instrumento útil.

Há respeito e admiração pela árvore como árvore, bem como o impulso de se juntar a ela e produzir algo

novo.

Esta atividade é bem expressa na função principal de um xamã, a de um curandeiro.Independentemente da

cultura,local ou meio social,o xamã tem por finalidade curar a mente,o corpo e o ambiente. Esta tendência para

os benefícios sociais e ambientais,é o que de fato distingue o xamã do modelo de feiticeiro de Castañeda,que

segue o caminho estritamente de poder e iluminação pessoal. Embora todos o xamãs sejam curandeiros, a

maioria segue o “caminho do guerreiro”, alguns,uma minoria em que se inclui o tradicional xamã

Havaiano,segue o que chamamos “o caminho do aventureiro”. Um xamã guerreiro tende a personificar o medo,

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doença ou a desarmonia e a concentrar-se no desenvolvimento do poder,controle, habilidades de combate, a fim

de lidar com elas.

Um xamã aventureiro, ao contrário, tende a despersonalizar estas condições (i.é, ele as trata como efeitos,

não como coisas) e lida com elas desenvolvendo qualidades de amor, cooperação e harmonia. Como um simples

exemplo das diferenças de atitude entre os dois, se tivesse de lidar com uma pessoa emocionalmente

perturbada,um xamã guerreiro poderia construir uma armadura psíquica para o proteger da energia negativa da

outra pessoa. Por outro lado, o xamã aventureiro tenderia a lhe ensinar como harmonizar sua energia de modo

que se mantivesse calmo e até se tornasse uma fonte de cura para outra pessoa.

Além disso o caminho do xamã guerreiro é geralmente solitário, enquanto o do aventureiro é por natureza

muito sociável.É entretanto difícil, senão impossível diferenciar entre mestres dos dois caminhos, porque quanto

mais poderoso você for, mais amor terá (desde que haja menos e menos a temer), e quanto mais amor você tiver,

mais poderoso você será (desde que haja muita e muita confiança). Eu percorri ambos os caminhos e escolhi e

ensino o do aventureiro Havaiano, porque acredito que seja o mais prático e benéfico, mas tenho grande respeito

pelo xamã guerreiro e suas curas.

O XAMÃ URBANO

O título deste livro é Xamã Urbano, por ser o enfoque e o propósito de meus ensinamentos. Embora o

xamanismo esteja geralmente associado com cenários primitivos ou selvagens, a sua aplicação em ambientes

urbanos é natural e necessária. Em primeiro lugar um xamã é um curandeiro independentemente de cultura ou

meio ambiente Em segundo lugar há mais pessoas vivendo nas áreas urbanas e são as que mais necessitam ser

curadas,em terceiro lugar, o xamanismo especialmente o Havaiano é bem adaptável aos tempos e necessidades

modernas por várias razões:

1-É totalmente anti-sectário e pragmático. O xamanismo é uma profissão (arte), não é uma religião e você

pode praticá-lo sozinho ou em grupo.

2-É muito fácil de aprender e aplicar, embora, como em qualquer profissão, o completo desenvolvimento de

certas qualidades possa levar algum tempo.

3-A versão Havaiana especificamente pode ser praticada em qualquer lugar, a qualquer hora, inclusive em

casa, no trabalho, na escola, nas horas de diversão ou durante viagens. Isso se deve ao fato de que os xamãs

Havaianos trabalham somente com suas mentes e corpos. Eles não usam tambores para induzir estados

alterados, nem fazem uso de máscaras para assumir outras formas ou qualidades.

4-A natureza do xamanismo é tal que enquanto você estiver curando outros também estará curando a si

mesmo e, enquanto estiver transformando o planeta também estará se transformando.

O APRENDIZADO

Há muito tempo quando as pessoas viviam em vilas mais ou menos isoladas e a visão do mundo era limitada

ao seu vale, montanha ou ilha, era apropriado para os que tinham desenvolvido o caminho do xamã ter um, dois

ou talvez três aprendizes durante a vida, porque este pequeno número era suficiente para atender as necessidades

da vila.

Hoje entretanto, vivemos numa Vila Global com bilhões de pessoas e, no mínimo, precisamos de milhares de

xamãs urbanos para ajudar a manter uma existência saudável e harmoniosa. Precisamos de pessoas assim como

você. Fui criado como um xamã urbano.

Meu pai era um homem muito viajado e versado nas culturas e tradições da maior parte do mundo e passou

por um profundo treinamento sobre a tradição xamânica Havaiana. Era extremamente competente sobre os

meios e habilidades do campo e da selva, floresta e fazenda, deserto e tundra e foi com ele que aprendi muito

sobre a natureza. Acima de tudo, meu pai era um homem urbano com diplomas em medicina e engenharia e

muito familiarizado com os círculos de negócios e governamentais. Eu cheguei em sua vida no começo de uma

guerra e ele saiu da minha no fim de outra. Uma grande parte dos anos entre as guerras, foram passados em

viagens entre centros urbanos. Durante os dezessete anos que estivemos juntos o xamanismo que aprendi através

de seus exemplos e treinamento foi na maioria, aplicado nos ambientes metropolitanos, cidades e escolas.

Quando falo de treinamento não me refiro a uma sala e aula com meu pai como professor e eu como aluno. O

tipo de treinamento que tive, poderia ser considerado muito tradicional, porque acontecia durante as atividades

cotidianas. No meio de uma conversa sobre vegetais meu pai me informava sobre uma técnica de comunicação

com as plantas para eu praticar sozinho e depois, discutir com ele. Às vezes ele criava uma situação durante o

dia dando-me uma oportunidade de aplicar técnicas aprendidas recentemente e mais tarde comentaria com ele

os resultados, ou não.

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Freqüentemente dava dicas que me intrigavam, idéias e sugestões para praticar sozinho. Era treinamento,

porque era feito conscientemente, com a intenção e a certeza de aprender, mas não era uma organização escolar.

Após sua morte, meu treinamento xamanico continuou da mesma forma com os membros de nossa família

havaiana, mas sua aplicação era ainda feita principalmente em cidades, subúrbios e escolas e também durante o

tempo que estive na Marinha.

Usei meu conhecimento como tinha de ser usado de maneira muito prática. Ajudou a manter minha

saúde,minhas forças e a me recuperar rapidamente quando esquecia meu conhecimento e ficava doente ou

machucado.

Ajudou-me na Universidade do Colorado onde tinha um horário acadêmico muito puxado, a manter três

empregos ao mesmo tempo, a me graduar com especialização em Estudos Asiáticos e uma menção honrosa Phi

Beta Kappa. Usei meus conhecimentos novamente enquanto estudava na American Graduate School of

International Management, no Arizona para me diplomar com honra como bacharel e pós-graduado, e muito

mais tarde quando fiz meu doutorado em Psicologia na Califórnia Western University. Quando tinha três anos

de casado e meu filho tinha dois anos de idade, nos mudamos para o oeste da África onde vivemos durante sete

anos.

Cerca da metade desses anos passei na mata,selva, floresta e deserto e aprendi muito mais sobre os

diferentes aspectos do xamanismo, mas a minha aplicação básica era ainda urbana. Tenho usado para manter

meu relacionamento feliz e completo com minha esposa; para manter meus três filhos em boa forma física e

acadêmica e para que eles sejam bons amigos comigo e entre eles; uso o que aprendi para curar e ensinar

animais domésticos; para ajudar a família, amigos e vizinhos a serem mais saudáveis,terem mais sucesso, para

melhorar e ampliar minha carreira e partilhar meu conhecimento com outras pessoas em todo o mundo.

Usei-o para manter veículos e computadores em bom funcionamento; para garantir a cooperação das

companhias aéreas e do tempo durante minhas viagens e para aumentar a velocidade do aprendizado dos xamãs

e de outros que treinei. Usei-o enfim de inúmeras maneiras para me beneficiar e também meu ambiente social e

físico, onde estivesse.

Aprendi muitas coisas durante minha vida e estudei muitos sistemas de religiões (Cristianismo, Islamismo,

Judaísmo, Budismo, Hinduismo, Confucionismo, voodoo), filosofia (especialmente Taoísmo, Yoga, Zen e

Pragmatismo Ocidental) e cura (massagem, ervas, trabalhos com energia, cura pela fé, hipnose, etc.), e a arte

xamânica aumentou meu conhecimento em cada uma dessas áreas.

Hoje, vivo no Havaí e dirijo a Aloha International, uma rede mundial de curandeiros xamanicos, que

promove a tradição Havaiana de cura através de cursos, seminários, museus e comissões locais e, a arte

xamanica urbana é evidente em todas nossas atividades. Neste livro, quero que as idéias e práticas do

xamanismo Havaiano sirvam para serem usadas na sociedade urbana moderna, bem como em lugares

considerados próximos à natureza. Como previamente mencionado, alguns dos conceitos, exemplos e exercícios

parecerão familiares e alguns, parecerão muito estranhos. O material deste livro, foi tirado de dois cursos de

treinamento xamanico que dei e é apresentado aproximadamente na mesma ordem em que foram dados. Em

forma de livro, entretanto, poderemos explorar as muitas idéias com maior profundidade do que num curso.

UMA POLÍTICA DE PORTAS ABERTAS

Estou apresentando livre e abertamente muitas coisas que são consideradas segredos profundos em muitas

tradições. Algumas pessoas temem o mau uso destes conhecimentos. Outros ainda, temem que este

conhecimento se torne menos potente se todos o conhecerem e outros ainda temem a retribuição de uma

hierarquia que deu uma ordem para que essas coisas não fossem reveladas.

Entretanto um verdadeiro xamã não guarda segredos sobre conhecimentos de cura e ajuda. A dificuldade não

é a de guardar o conhecimento secreto, mas em fazer com que as pessoas o usem adequadamente.

Quanto ao uso errado, isso só vem da ignorância. Quanto mais conhecimento se tiver de como mudar as

coisas, haverá menos chance de usá-lo erroneamente.

O conhecimento largamente difundido tem realmente maior potência do que os segredos guardados e sem

uso.

O conhecimento mantido em segredo é tão inútil quanto o dinheiro de um avarento guardado debaixo do

colchão. A parte sagrada do conhecimento não é só para alguns, mas acessível a muitos. Esse medo de liberdade

de expressão tem a ver com um medo básico de que o guardião do conhecimento não tenha muito que guardar,

ou não entenda bem aquilo que tem. Finalmente, os xamãs não reconhecem hierarquia ou autoridade em

assuntos da mente; se fosse possível dizer a um grupo de pessoas para seguir um sistema de democracia

espiritual, estes seriam os xamãs do mundo.

A HERANÇA HAVAIANA

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Os Havaianos têm uma herança espiritual, psicológica, cultural e prática muito rica, mas só posso apresentar

uma pequena parte do que tive o privilégio de receber. Sua herança é de fato tão rica que muitas tradições

cresceram dentro dela e nem todos os havaianos concordam no que ela consiste.

O que você receberá veio através de meu pai adotivo havaiano e de seus ancestrais, de meu pai natural e de

seu irmão e irmã havaianos por adoção, e também através de mim e de minha personalidade e ponto de vista.

Mesmo sendo uma sabedoria tradicional apresentada em termos modernos para as condições de hoje, eu me

responsabilizo por tudo que disser.

Uma grande parte da herança é mantida pelos havaianos em sua língua.É aparentemente simples tendo

somente doze letras e nenhuma forma de verbo ser, estar e ter. No entanto contém os mais profundos conceitos

imagináveis sobre conscientização espiritual, construções psicológicas, natureza da realidade, amor poder,

conquista e assim por diante.

Porque sei que soará estranho para a maioria dos leitores, decidi limitar seu uso a áreas onde a tradução

inglesa não é acurada. Se você quiser tentar pronunciar, vou arriscar a receber a fúria dos puristas da língua

havaiana e dizer-lhes que é mais fácil a pronúncia das consoantes como em inglês (k, p, h, etc...) , e das vogais

como em espanhol (“a” em pai; “e” em empresa; “i” em pita; “o” em moto; e “u‟‟ em uno)”.

Esse é o começo de minha história e aqui, está o conhecimento que tenho para partilhar. Que isto lhe ajude a

encontrar, bem como a gozar de mais paz, amor e poder.

A PRIMEIRA AVENTURA

A EVOLUÇÃO XAMANISMO HAVAIANO

Waiho wale kahiko.

(Velhos segredos são agora revelados.)

O trovão reboou, o vento soprou forte, torrentes de chuva encheram o ar e ondas imensas se ergueram e

caíram e, mesmo assim, o poderoso Mauí conseguiu se levantar com o poder de sua vara mágica de pesca.

Finalmente, com o som de mil cascatas, as ilhas do Havaí lentamente emergiram do mar. Mauí tinha triunfado

mais uma vez e o ser humano tinha uma nova terra para explorar e cultivar.

A Evolução do xamanismo Havaiano, começa com os mitos de Mauí mágico, ilusionista, semideus,

milagroso, portador de boa sorte, - Mauí era conhecido por todas essas coisas, de um lado a outro da Polinésia -

é a figura masculina mais conhecida do mito polinésio. O ser mitológico feminino da Polinésia era Hina, deusa

da Lua e mãe de Mauí.

As histórias de Mauí são abundantemente lembradas por Beckwith em Hawaiian Mythology, Andersen em

Myths and Legends of the Polynesians e Formander em An account of the Polynesian Race. Deixando bem claro

que Mauí era um arquétipo xamã, como na velha tradição encontrada em outras partes do mundo com um toque

Polinésio. Além de erguer as ilhas do Havaí (a descoberta de um mito) ele fez o sol andar mais devagar para que

sua mãe pudesse secar suas roupas (outra descoberta mitológica de encontrar terras nas altas latitudes

setentrionais).

Visitou o Mundo Superior e enganou os deuses para que lhes dessem o segredo do fogo (um mito da intuição

criativa através de um transe xamanico). Visitou o Mundo Inferior para dominar e vencer vários monstros (outro

mito de transe xamanico usado para curas). Usou a magia e coisas mágicas e conversou livremente com os

pássaros animais e elementos naturais. Mauí era a figura mais popular da Polinésia devido a sua capacidade de

ajudar, suas aventuras e sua irreverência pela autoridade e sua acessibilidade. Como era um semideus, (mais

propriamente um ser humano com habilidades mágicas), nunca foi adorado. Mas era invocado para trazer boa

sorte. Na Nova Zelândia, onde os Maoris fizeram sua estátua em madeira entalhada ou jade, tinha a forma de um

embrião humano e era muito usado como um talismã, seu nome era “Mauí Tíkitiki”. No Havaí onde não havia

sua estátua, era chamado de “Mauí Kupua.” Ambos nomes podem ser traduzidos como “Mauí, o Xamã.”

AS ORDENS KAHUNAS

Desde os tempos primitivos na Polinésia (algumas tradições, como aquelas da família Kahili -pela qual fui

adotado - e outras narradas por Leinani Melville em “Children of the Rainbow” são tão antigas quanto o

continente perdido de Mu,embora na realidade haja muitos que discordem disto), criou-se uma filosofia de vida

chamada HUNA o "segredo" ou o "conhecimento secreto".O nome não se referia a nenhum desejo de manter o

conhecimento escondido dos outros, mas verdadeiramente se referia ao lado invisível ou oculto das coisas. Os

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peritos ou mestres praticantes desta filosofia foram chamados kahunas em Havaiano, tahuna em Taitiano. e

tohunga em Maori

Em alguns lugares estes peritos se constituíram em três grupos separados e independentes. A existência

destes três grupos aparece em muitas fontes (v.g., “Hawaiian Antiquities” de Malo e “Ancient Hawaiian

Civilization”, da Escola de Kamehameha) . Mas,as informações que vêm a seguir,na sua maioria foram-me

fornecidas por Ohialaka Kahili e Wana Kahili, meus tios pelo estilo havaiano de adoção. Quando eu tinha

dezessete anos,após o falecimento de meu pai natural, fui hanai‟d (adotado) pela família Kahili. Não é uma

adoção legalizada, mas para os havaianos significa que pertenço a sua família.

Um dos grupos acima mencionados concentrou-se nas artes da terapia física, cerimônia religiosa, política e

na guerra. No Havaí era conhecida como a Ordem de Ku.

Um segundo grupo enfatizou os aspectos material e espiritual, arte e ciências como pesca, agricultura,

construção de embarcações, navegação, entalhe de madeira e uso de ervas. Esta era a Ordem de Lono no Havaí.

O terceiro grupo é da Ordem de Kane que invocava a magia, o misticismo e a psicologia e estes eram os

xamãs. Cada ordem tem muitas sub-categorias e, embora houvesse curandeiros em cada grupo, a arte de curar

através do espírito tornou-se a atividade principal dos xamãs. Ku, Lono e Kane (pronuncia-se Kah-nai), eram

arquétipos ou personificações do Corpo, da Mente e do Espírito.

O nome completo de Kane era originalmente Kanewahine, que pode ser traduzido como “homem-mulher” e

se refere ao conhecimento das polaridades, semelhante ao conceito de Yin/Yang dos xamãs Taoístas.

Kane era uma forma arquétipo do deus das florestas, das terras altas, das fontes de água e da paz. Isto é

muito importante porque os Havaianos, via de regra somente habitavam as costas de suas ilhas. Além de

algumas incursões para busca de sândalo, árvores altas para a construção de canoas e de penas para capas, os

únicos Havaianos que passavam muito tempo nas florestas e terras altas eram os xamãs.

Como uma associação, a Ordem de Kane era mais ou menos dividida entre aprendizes, viajantes e mestres,

embora diferentes professores pudessem mudar o número de categorias.

Comecei meu treinamento como aprendiz e depois me aperfeiçoei progressivamente em outras áreas

diferentes. Os xamãs Havaianos, bem como os xamãs de outras partes do mundo, não têm hierarquia entre eles.

Os aprendizes são estudantes e colegas, não seguidores, e um mestre é de conhecimentos e não de pessoas. A

palavra Havaiana para mestre, no sentido de alguém com profundo conhecimento material e espiritual em uma

certa área, é Kahuna. É uma palavra hoje em dia usada livremente, mas em uso adequado, e para ter um

significado real, deve se juntar a ela um qualificativo. Por exemplo, um mestre curandeiro que usa ervas,

massagens e energia, é um Kahuna Iapa‟au; um mestre de preces e cerimônias é um Kahuna pule; e um mestre

xamã é um Kahuna Kupua. Como um exemplo à parte o “grande kahuna” das praias de surf, é um Kahuna

he‟e nalu. O feiticeiro de magia negra, é um Kahuna „ana „ana.

Muitas tolices têm sido escritas e apresentadas sobre os kahunas do Havaí, indo desde um raio vermelho no

olho, que se pode ver quando se conhece um verdadeiro kahuna, até suas infalíveis e imediatas curas de ossos

quebrados, a ressurreição de mortos e a infame “oração da morte”. Desde que a culpa e o crédito dessas coisas é

atribuído aos xamãs, gostaria de esclarecer este assunto aqui e agora.

Para começar, a crença no brilho vermelho do olho, (foi até mostrada na televisão), se deve a um jogo de

palavras muito apreciado pelos Polinésios. A palavra usada para brilho é makole que significa “aquele que tem

olho vermelho” e se refere também à conjuntivite, mas a mesma palavra pode significar “arco-íris” e esse é o

símbolo da presença dos chefes, deuses ou espíritos. Usada por um kahuna, é uma palavra de respeito.

A cura instantânea de um osso quebrado é possível a qualquer curandeiro, mas somente sob condições

determinadas.

Especificamente essa cura só pode ocorrer quando há energia abundante e fé sem nenhuma sombra de

dúvida.

A reputação dos kahunas sobre esse assunto vem de uma história escrita em um livro de Max Freedom Long

intitulado The Secret Science Behind Miracles, e nesse livro, ele fala de uma mulher kahuna que

instantaneamente curou a perna quebrada de um bêbado.Obviamente a kahuna tinha energia e fé e o homem

devia estar tão bêbado que não tinha dúvidas. Nem mesmo os kahunas são infalíveis nessa prática.A

ressurreição de mortos aconteceu em todas as culturas, algumas vezes espontaneamente, sem a presença de um

xamã ou curandeiro. Em tais casos, os ”mortos” estariam em coma profundo, transe ou já indo para o outro lado.

Jesus então, estava certo quando disse que a menina que ele estava trazendo de volta à vida só estava

dormindo.A técnica de um típico xamã kahuna para reviver alguém que aparentemente esteja morto é a de

trazer o espírito vagante de volta ao corpo através do grande artelho (dedão do pé). Incrivelmente astuto quando

se considera que apertar o grande artelho é um método muito conhecido para reavivar alguém desmaiado.

A maior de todas, a chamada “oração da morte”, só foi praticada pelos „ana ‟ana, ou feiticeiros de magia

negra, os quais eram desprezados pelos kahunas de todas as ordens. Esses renegados, eram em geral, aprendizes

de uma das ordens, já tinham algum conhecimento e eram pessoas que haviam sido expulsas ou saído de sua

associação, devido à sua personalidade negativa ou comportamento.

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Os europeus e os missionários foram os primeiros a denominá-los kahunas „ana „ ana que, levantaram a

hipótese de que todos eles eram feiticeiros. A “oração da morte” em si, não era mais do que um canto de

maldição determinado a funcionar abertamente e feito através de telepatia, atuava sobre o medo da vitima. Sem

medo, a “oração da morte” não surtia efeito. Havia alguns kahunas que se especializaram em desfazer os

atentados dos ana‟ana , tanto pelo trabalho feito diretamente no feiticeiro ou fortalecendo a vítima e,algumas

vezes, esses contra-feiticeiros eram também chamados de kahuna „ana „ana do bem.

O TREINAMENTO XAMANICO

Na Polinésia, o treinamento xamanico pode ser formal ou informal, dependendo da área. Na antiga Nova

Zelândia os candidatos Maoris iam para a Whare Wananga ou “Escola Psíquica” onde passavam um

treinamento rigoroso e controlado e faziam exames.A tradição Havaiana era muito mais orientada para a

família com candidatos escolhidos ou adotados pela família de um mestre xamã que eram treinados

informalmente pelo xamã e seus estudantes mais adiantados.

No sistema Maori, certas tarefas específicas eram dadas ao aprendiz para serem executadas e após, serem

testados sobre as mesmas. No sistema Havaiano, o estudante era submetido a experiências,

demonstrações,alusões e sugestões e era então deixado para desenvolver sua iniciativa e auto-disciplina para que

se aperfeiçoasse nelas ou não. Quando sentia que já estava pronto, o estudante pedia autorização a seu mestre

para demonstrar sua habilidade. Então, ele ou ela, faria algumas sugestões para melhorar a habilidade do aluno

ou reconhecer a sua perícia e lhe daria uma nova tarefa, se o estudante assim o desejasse.

O sistema Havaiano é, na minha opinião, o mais difícil dos dois porque as regras não são tão claras. Por

exemplo, meu tio Havaiano kahuna Wana Kahili me disse uma vez, sem preâmbulos: “é bom entender as

energias da pedra e das coisas de pedra” . Eu lhe perguntei: “Você quer dizer que eu devo estudá-las?” “Não”,

ele respondeu. Novamente lhe fiz a mesma pergunta e a resposta foi não. No início não pude entender porque

ele havia mencionado o assunto, mas graças a outras experiências que tinha tido com meu pai e M'Bala, meu

mentor xamanico africano, uma luz me inspirou e eu lhe perguntei; “Como se pode entender a energia da

pedra” ?

“Bem, você pode começar por...” e aí ele fez várias sugestões para começar. Se eu não tivesse feito a

pergunta certa ele não teria me ajudado a ampliar meus conhecimentos nessa área.

No xamanismo Havaiano a iniciativa é altamente apreciada e recompensada.

Um aspecto novo do xamanismo polinésio comparado com o mais bem conhecido xamanismo americano é

a falta de máscaras e o uso de tambores e dança. As máscaras como representações de deuses, espíritos ou

animais, não eram usadas em nenhum lugar da Polinésia, embora muitos pensem que as máscaras Melanésias da

Nova Guiné, fossem de origem Polinésia.

Se os dançarinos, xamãs ou sacerdotes da Polinésia quisessem acusar a presença ou atividade dos deuses,

espíritos ou animais, eles o fariam somente através de sons e gestos.Mesmo a elaborada tatuagem facial não era

uma máscara e a sua finalidade era a de realçar a beleza. Os tambores não eram usados para causar um transe;

eram usados para a comunicação, para manter o ritmo e dar energia. Quanto à sagrada hula, o dançarino entrava

em transe através da meditação no deus, no espírito ou na intenção a ser representada antes da dança. A dança

era, em si, um fato cuidadosamente coreografado, cujo poder vinha da habilidade do dançarino para entrar em

contato com o espírito ou com a intenção daquilo que ele quisesse expressar. Um transe mais profundo ou

enfoque, poderia ocorrer como efeito secundário, mas o propósito principal da hula sagrada era o de ensinar ou

de movimentar a audiência. A dança estática ou usada para induzir ao transe, não fazia parte da cultura da

Polinésia.

Os xamãs Polinésios eram treinados como curandeiros em sete áreas e, para se tomar um xamã Kahuna

tinham que desenvolver um certo grau de aperfeiçoamento em todas elas, e nem todos eram igualmente hábeis

em cada uma, devido às diferenças no seu talento natural e interesses. Basicamente, o xamã era treinado como

um psíquico para soltar os bloqueios físicos e mentais, esclarecer acontecimentos, mudar a forma das coisas, ser

um pacifista, ensinar e ser um aventureiro. A forma de treinamento era diferente para cada professor.

Invariavelmente, o processo enfatizava o amor próprio, a autoridade interior e o poder da palavra para dirigir a

energia, invocar imagens e criar crenças (fé). Geralmente, os aprendizes recebiam fórmulas de cânticos que hoje

seriam reconhecidos como afirmações, imagens para meditação e averiguação de formas de elementais, de

animais e de plantas para imitar ou modelar. Qualquer treinamento formal, geralmente, acontecia desde a

madrugada até ao meio-dia, mas esperava-se que o aprendiz aplicasse seus conhecimentos em todas as

oportunidades, dia e noite.

Os exercícios de respiração também eram importantes para aumentar a energia espiritual e a dirigir o

pensamento.

Como psíquico o xamã era treinado em telepatia e clarividência, bem como em viagens a outros mundos

(dimensões), interior e exteriormente na comunicação com os espíritos, como sensitivo, na análise de sonhos e

na comunicação com plantas e animais e com os elementos naturais da Terra. Tudo isso, era considerado como

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formas de telepatia, e era, provavelmente, a qualidade mais importante do xamã. Instrumentos , de pedra e

varinhas mágicas eram geralmente usadas para treinar e realçar as habilidades mentais.

Como desbloqueador, o xamã era treinado no uso da energia para aliviar o stress físico, emocional e mental

e, nos métodos de mudança de crenças restritivas. Liberação de energia era geralmente baseada no Lomi-Lomi,

uma forma Havaiana de massagem parecida com a massagem sueca, Esalen Massage, Rolfing, terapia da

polaridade, acupressura, cura pelas mãos e outras variações. Entretanto, a geomância pessoal e ambiental era

também usada para este fim. A dissolução de crenças restritivas podia ser feita de várias maneiras, mas um

método comumente usado era um tipo de conversa terapêutica, geralmente incluindo afirmações que poderiam

ser feitas individualmente ou em grupo. Como manifestador, o xamã era treinado para mudar o clima, aumentar

a prosperidade, (talvez induzindo para uma colheita mais abundante ou para uma grande captura de peixes), e

provocar vários acontecimentos (como descobrir uma ilha ou promover uma reunião dos chefes).

Entre os vários métodos usados, uma forma de contemplação ou a atenção passiva focalizada, semelhante a

certas práticas de Yoga , na qual, uma idéia é tranqüilamente mantida na consciência até atrair energia suficiente

para se manifestar como forma. Também estavam incluídos nesse treinamento, viagens astrais e psicocinese.

Como prestidigitador ele/ela era treinado para representar vários papeis cantando, atuando, dançando e

tomando as características de animais ou objetos, unindo-se aos elementos da natureza, influenciando-os pela

ressonância e, nos altos níveis de prática desaparecerem e aparecerem para outros de uma forma diferente.

Como pacifista o xamã era treinado para criar a harmonia dentro de si mesmo/mesma, dentro dos outros,

entre pessoas, entre as pessoas e a natureza e na natureza.

Havia uma sociedade xamanica no Taiti, os Anoi, pacifistas especializados nesse processo. Utilizando a

música, a dança e a poesia como meios de apresentação, viajavam de ilha em ilha e representavam seu papel.

O respeito por eles era tão grande, que qualquer guerra cessava enquanto estivessem presentes. Através das

narrativas sobre mitos e lendas, eles lembravam dos guerreiros de sua própria origem e da sua finalidade e, com

humor grosseiro e irreverente, tentavam fazer os antagonistas verem os erros de seus métodos. Esta ênfase sobre

a paz, era uma das características mais importantes dos xamãs da Polinésia.

Embora a maioria dos xamãs do mundo siga o caminho do guerreiro, com seu objetivo no poder e na

conquista do eu, os xamãs Polinésios seguem o que chamo de o caminho do aventureiro, com seu objetivo no

amor (Aloha) e na expansão do eu. Como professores, os xamãs eram treinados para demonstrar e compartilhar

seus conhecimentos, ajudando as pessoas a descobrir seus próprios poderes e a mudar suas vidas.

Um xamã raramente se transformava em “kahuna a‟o” um mestre que fazia palestras para grupos. Mais

freqüentemente o ensinamento era feito através de exemplos, sugestões e conselhos.

Como aventureiro o xamã era treinado para ser flexível e sentir-se confortavelmente com as mudanças e a

dirigi-las de uma maneira positiva para ser livre e explorar novos modos e meios de fazer as coisas, e também

para se atualizar constantemente e expandir seus conhecimentos através de viagens e estudos com outros

professores.

A QUEDA E O CRESCIMENTO DO XAMANISMO HAVAIANO

Com tantos poderes e habilidades, as pessoas perguntam freqüentemente como a Polinésia foi invadida por

intrusos? Por que os xamãs não evitaram que isso acontecesse? Tudo tem relação com a evolução do

xamanismo na Polinésia e, minha resposta a uma pergunta tão importante como essa é que cada área da

Polinésia tinha sua variação local neste assunto, mas a experiência no Havaí foi suficientemente típica para

servir de exemplo às demais.

Como foi relatado por Fernandez em “An Account of Polynesian Race” , cerca do ano 1200 A. D., durante a

idade dos Cavaleiros na Europa e do reino de Genghis Khan na Ásia, um homem chamado Paao um kahuna da

Ordem de Ku, muito motivado e determinado, juntamente com um chefe de Samoa e com guerreiros de Samoa e

Taiti, liderou uma expedição para o Havaí. Nessa época o Havaí era um lugar muito pacifico, com várias partes

das diferentes ilhas governadas por chefes locais, que eram mais lideres das vilas. Os portos do Havaí eram

muito movimentados e as embarcações viajavam regularmente nos oceanos para fazer comércio e para a

migração entre as ilhas Havaianas, Samoa e o Taiti. A Ordem de Ku mencionada por Malo em “Hawaiian

Antiquities” existia no Havaí como um cerimonial de sacerdotes encarregados dos templos e celebrações

dedicadas á agricultura, à pesca e a cura.

Até a chegada de Paao os sacerdotes de Ku viviam em relativa harmonia com os xamãs de Kane e com os

profissionais (ervanários, astrólogos, navegadores, construtores de embarcações, etc.) da Ordem de Lono. A

vida era mais do que pacifica, era complacente.

Se alguém suspeitasse o que estava para acontecer e tentasse alertar o povo, ninguém lhe teria dado ouvidos.

"Este é o paraíso. O que poderia sair errado?”

Paao tinha um talento especial que combinado com sua ambição, iria mudar profundamente a sociedade

Havaiana. Paao era um gênio em organização.

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Assim que aportou (alguns dizem que ele começou pela Ilha Grande), estabeleceu uma base de operações

com seu chefe e guerreiros importados.

Começou então a usar sua personalidade poderosa e habilidades de organização para transformar a Ordem

local de Ku numa hierarquia forte e com uma estrutura exclusiva de seguidores (membros da Ordem) e

sacerdotes. Após algum tempo, introduziu pela primeira vez no Havaí, sacrifícios humanos nas cerimônias, com

a justificativa habitual de que, uma vez que a vida humana era tão sagrada, tornaria dessa forma, o sacrifício

mais eficiente.

Enquanto a Ordem de Ku se tornou organizadamente mais forte, Paao começou a expandir-se politicamente

com a ajuda de seus guerreiros.

À medida que cada área ia sendo dominada com o auxílio dos sacerdotes locais, Paao substituiu o sistema de

lideres dos chefes locais por um novo sistema aristocrático. Enquanto, antes, toda a terra pertencia à

comunidade, passou a pertencer somente a uma nova classe de chefe que podia locar a terra ou tirá-la da pessoa

de acordo com sua vontade.

A aristocracia tinha sua própria hierarquia, muito parecida com o sistema feudal europeu e Paao assegurou

que seu poder sobre o povo, estivesse intrinsecamente ligado ao poder dos sacerdotes, para assim, criar uma

dependência e servidão, com um sistema de vigilância tal, que um vigiava o outro, semelhante à Europa.

Entretanto, mesmo sendo capaz de mudar o irregular sistema de classes do Havaí, por um outro, de castas, ele

nunca foi capaz de estabelecer a servidão.

O povo comum era inquilino, mas não servo. Os chefes não os possuíam e, se uma pessoa do povo não

estivesse satisfeita com seu chefe, poderia mudar-se para outra área, sob nova chefia.

Somente duas fontes deram a Paao alguma oposição real ou potencial: Os xamãs e os profissionais. Paao e

seus seguidores, resolveram eliminá-los. Uma das primeiras coisas a se acabar, foi o comércio com as outras

ilhas do Sul do Pacifico. Não era mais permitida a partida das canoas (embarcações) para o oceano (era contra a

vontade dos deuses), e qualquer canoa (embarcação) que chegasse era confiscada e, dessa forma, todo o

intercâmbio acabou. Sem o comércio, não havia necessidade de construção de barcos e o porto fechou.

Logicamente, não havia necessidade de construtores de barcos ou navegadores e muito do seu conhecimento se

perdeu. Desde que a maioria dos astrólogos, era também navegadora, muito deste conhecimento também se

perdeu. Setecentos anos antes da Cortina de Ferro aparecer na Europa, Paao trouxe para o Havaí. a sua “Cortina

Oceânica” muito efetiva.

A Ordem de Lono sofreu muito sob o domínio de Paao e virtualmente, os únicos a sobreviverem nos

próximos quinhentos anos, até a chegada de Cook foram os mestres em agricultura, pesca e ervas, que eram sem

dúvida alguma, úteis e não apresentavam nenhuma ameaça à nova ordem. Os xamãs de Kane eram realmente a

maior ameaça a Paao, devido aos seus conhecimentos de liberdade e poder individual, mas por outro lado, foram

os capazes de resistir. Os xamãs protegiam-se indo para as florestas e terras altas, para onde poucos ousavam ir.

Entretanto, eles só podiam influenciar o povo, até o ponto em que o povo quisesse ser influenciado. Paao

oferecia segurança absoluta em troca da liberdade pessoal e responsabilidade, usando o medo como motivação

para receber o apoio na sua maneira de agir. A segurança era mantida não somente por soldados dos novos

governantes, mas também por uma classe de executores contratados pelos dirigentes,que saiam à noite para

castigar seus inimigos e pegar as vitimas para os sacrifícios. O povo, em geral apoiava a nova ordem e os xamãs

não eram suficientemente numerosos nem organizados para se oporem à política direta de Paao. Por isto,

refugiavam-se em lugares ermos e somente uns poucos sabiam onde encontrá-los. Curavam aqueles que

conseguiam descobri-los e se mantinham bem em sua própria sociedade.

Quando Cook descobriu o Havaí, no fim do século XVIII, os sacerdotes de Ku tinham um controle firme

nesta área, embora todas as ilhas estivessem em guerra umas com as outras.

A nova Ordem de Lono havia perdido a maior parte de seus conhecimentos e tinha praticamente se

transformado em pequeno ramo de sacerdotes e os xamãs de Kane eram figuras sombrias vivendo no interior da

ilha. Somente eram consultados em casos de emergência, mas de outra forma eram evitados.

Somente em Kauai, os xamãs mantiveram significativa influência. Quando o brilhante rei Kamehameha

conquistou o Havaí, Mauí,Oahe e Moloka com a ajuda dos ocidentais e sua tecnologia, foram os xamãs de

Kauai que por duas vezes, pela força de sua magia evitaram que ele conquistasse Kauai.

Kamakau conta em “Ka Po‟e Kahiko” (The People of Old) que em 1796, Kamehameha, com dez mil

guerreiros, levantou vela através do canal que separava Oahu e Kauai mas um vento muito forte ameaçou

dizimar toda sua frota e ele se retirou.

Novamente, em 1804, Kamehameha juntou mais de sete mil soldados armados de mosquetes, canhões,

carabinas giratórias, morteiros,escunas armadas e também canoas para invadir Kauai. Desta vez, uma doença

similar à febre tifóide, destruiu completamente seus exércitos, impedindo a invasão.

Em “Kauai: The Separate Kingdom”, Edward Joesting conta sobre este período e fala:

A ilha Kauai era muito conhecida pela natureza religiosa de seu povo.Era freqüentemente chamada de

“Kauai pule o‟o‟ - Kauai das preces ouvidas” .

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Nem a entrada de Kauai na união de Kamehameha, através de negociações, a ruptura e virtual destruição do

sacerdócio logo após a morte do grande rei, a chegada dos missionários, nem a aquisição do Havaí pelos

Estados Unidos tiveram muito efeito nos xamãs do Havaí e na sua maneira de viver.

Um grande número deles saiu do anonimato para participar da tentativa do Rei Kalakaua de reavivar as

antigas artes de cura, mas quando a influência dos políticos ativistas, conhecidos como “O Grupo Missionário”

tomou-se suficientemente forte para obrigar o rei a dispersar o seu Conselho de Saúde kahuna, eles

silenciosamente se desengajaram e desapareceram novamente.

Durante os anos de supressão da cultura Havaiana pelos missionários e pela nova elite política americana e

econômica, as ilhas xamanicas continuaram como sempre foram durante os séculos de supressão iniciados por

Paao.

Mestres em se mesclarem com o ambiente natural, ou ficavam nas terras altas, fora de vista ou se

misturavam com seus companheiros como pessoas comuns do povo. Em ambos os casos suas habilidades eram

inacessíveis com exceção à família, amigos e pessoas carentes. A lei do Havaí que considerava um crime ser

ou intitular-se kahuna teve pouco efeito nas suas atividades. As sementes da mudança entre os kahunas

Havaianos foram plantadas durante a revolução social aos anos sessenta e continuaram a brotar e a crescer

durante os anos setenta e oitenta.

Com outras pessoas em outros lugares, os havaianos começaram vagarosamente a sentir-se orgulhosos de

serem Havaianos e os mais corajosos dentre eles, começaram a reviver e conhecer os melhores aspectos da sua

antiga cultura. Artes e ofícios, dança, cantos tradicionais e novos estilos tomaram-se mais populares e após

algum tempo, a lei contra os kahunas foi anulada.

Tanto o orgulho dos Havaianos, como as atividades dos kahunas Havaianos cresceram. Entretanto, a

repressão feita pela Igreja e pelo Estado, custou um preço muito alto, porque poucos foram os verdadeiros

kahunas de qualquer tipo que sobraram e havia cada vez menos aprendizes em treinamento. Mesmo que

sentissem orgulho de sua herança, as igrejas ainda davam profunda impressão de que todo kahuna praticava a

magia negra. Mesmo os Havaianos que buscavam os aspectos curativos dessa grande tradição, assim o faziam

mas com muito receio. Mesmo assim, seu número continuou a crescer. Hoje, entretanto, as grandes curas

metafísicas e as tradições xamanicas do Havaí, são mantidas vivas basicamente pela mesma raça que quase as

destruiu completamente.

Sem a audiência dos brancos do continente mesmo os poucos professores kahunas Havaianos não teriam a

quem ensinar.

Um kahuna havaiano meu amigo, disse-me que os Havaianos não voltarão ao antigo ensinamento Huna, até

que um certo número de brancos o aprovem.

Um outro kahuna Havaiano que participou de uma de minhas palestras, para ouvir o que este haole kahuna

tinha a dizer, acabou confirmando o que meu amigo havia dito, e me deu sua bênção por partilhar esse

conhecimento e ao mesmo tempo, expressou um sentimento estranho ao ouvir o conhecimento sendo ensinado

tão abertamente após tantos anos de supressão. Por outro lado, há alguns Havaianos não kahunas, que são da

opinião de que as tradições sagradas do Havaí deveriam ser partilhadas somente entre Havaianos. De certa

forma, é bom e não é, que a sabedoria kahuna-huna esteja hoje em dia, sendo ensinada para uma maioria de

brancos do continente.

É bom, porque são muitos, e o interesse e uma relativa falta de medo, assegura que o conhecimento seja

mantido e realçado; não é bom somente porque o conhecimento poderia ser útil aos próprios Havaianos na sua

busca de auto-estima e autodeterminação.

Atualmente existem menos de seis professores kahunas, todos ensinando principalmente no continente.

Somente um deles é da Ordem de Kane, é um haole branco. Eu sou este professor. Dos outros kahunas xamãs

que conheço, nenhum tem o desejo de ensinar, mas pelo menos alguns kahunas de outras ordens estão

começando a se movimentar e a partilhar as suas habilidades curativas e conhecimentos. Tenho grande

esperança nos meus poucos aprendizes Polinésios embora me pareça que estamos entrando num período

histórico, onde as diferenças estão se tomando cada vez menos importantes. É um tempo de união para todos e o

melhor uso para o xamanismo urbano ou de outro tipo seria em prol da paz interior e exterior. Como diz um

velho provérbio Havaiano:

“He ali‟i ka la‟i, he ha Ku na ke aloha.” (a paz é um guia, o senhor do amor).

Que a paz e o amor sejam nossos guias e nossos objetivos no nosso trabalho de cura do mundo de hoje.

A Segunda Aventura

„A‟ohe pau ka „ike i ka ho‟okahi.

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(O conhecimento total não é ensinado na mesma escola.)

O sistema xamanico Havaiano é semelhante a outros sistemas de pensamento que lidam com a mente e seus

efeitos no Universo, mas algumas diferenças são consideráveis. Há muitos séculos atrás, os mestres espirituais

havaianos chegaram á mesma conclusão que outros de outras épocas e lugares diferentes. Que há um aspecto da

consciência que opera disfarçada e indiretamente (o subconsciente), que há um aspecto da consciência que opera

aberta e diretamente (a mente consciente) e que há um aspecto da consciência que transcende (o

superconsciente) e também inclui os dois aspectos anteriores. As diferenças no pensamento Havaiano têm a ver

com sua natureza, suas funções e seus relacionamentos.

No titulo deste capítulo eu os chamei de coração, mente e espírito e, entender o que eles são e como operam

sob o ponto de vista Havaiano pode ser uma das coisas mais práticas que você aprenderá.

OS TRES ASPECTOS DA CONSCIÊNCIA

O conceito de três aspectos é uma maneira de dividir a complexa natureza de um ser humano em três partes

convenientes, cada uma delas tendo a sua própria função e motivação. Não há nada no pensamento Polinésio

que indique que estes três aspectos sejam realmente separados. É como dividir um mamão em três partes

denominadas casca, polpa e sementes. Essas três partes formam o mamão inteiro que veio de uma fonte, mas às

vezes é mais conveniente falar separadamente da casca, da polpa e das sementes. Não há nada inerente na

natureza de um ser humano que pudesse evitar que fizéssemos uma divisão em digamos, catorze aspectos. Três

são simplesmente úteis, convenientes e portanto, aceitos como uma verdade que funciona.

Em Havaiano eles são chamados de Ku (o coração, o corpo ou subconsciente), Lono (a mente ou

mente consciente) e Kane (o espírito, o superconsciente).

O ASPECTO DO CORAÇÃO - KU

A função principal desse aspecto da consciência é a memória.É graças a Ku que podemos aprender e

lembrar, desenvolver habilidades e hábitos, manter a integridade do corpo e guardar um sentido de identidade no

dia a dia. É parecido com o conceito equivalente ao subconsciente no Ocidente, mas não é idêntico. O mais

importante para se saber sobre a memória é que fica guardada no corpo como um modelo de vibração-

movimento. A memória genética é de fato guardada a nível celular, enquanto a memória experimental ou

aprendida é guardada em um ou mais dos muitos níveis musculares.

Sob um estimulo certo, interno ou externo, mental ou físico, o movimento ocorre e a memória é liberada.

Isto então dá origem ao comportamento mental, emocional ou físico. Se esse movimento for inibido, seja por

tensão ou stress, a memória relacionada será também inibida. Isto é verdadeiro tanto para a memória genética

quanto para a aprendida. No caso da memória genética, o corpo só sabe o que seus ancestrais sabiam. É um

arquivo muito rico. No entanto, os comportamentos físico e emocional, bem como as suas reações, geralmente

são influenciados em maior ou menor grau pela memória aprendida. Numa situação estressante Ku primeiro vai

buscar a memória dos ancestrais como uma forma de poder lidar com a situação, depois se houver várias

escolhas em potencial vai para a memória aprendida para especificações. Suponhamos que você esteja numa

situação estressante envolvendo sua auto-estima, que, se manifesta geralmente no tórax. Suponhamos que a

memória genética lhe ofereça as escolhas de um resfriado, um ataque de ansiedade ou de asma. Se, na semana

anterior Ku tiver aprendido com outra pessoa ou na televisão, tudo sobre os sintomas dos resfriados é provável

que faça esta escolha. A memória genética é arquivada em cada célula, mas a aprendida parece estar estocada

em áreas específicas do tecido muscular do corpo. As áreas de arquivo parecem se relacionar com a parte do

corpo em atividade ou estimulada durante o aprendizado. Quando a parte do corpo em que a memória está

arquivada fica sob tensão suficiente ela será então inibida ou até inaccessível.

Durante uma caminhada que fiz com um amigo na selva de Kauai fomos incapazes de localizar nossa trilha

de retorno. Concordamos que ficava do lado oposto de um riacho, mas não podíamos concordar com a aparência

do lugar, e assim passamos o dia indo para cima e para baixo ao longo do riacho procurando um ponto de

referência que ambos reconhecêssemos. No dia seguinte após uma noite passada num pântano decidi usar nosso

conhecimento sobre Ku. Com perguntas muito cuidadosas descobrimos que na sua memória da trilha havia

perto um típico lamaçal do qual eu não me lembrava e na minha memória havia um riacho secundário com uma

enorme pedra lisa nas imediações da qual ele também não se lembrava. Andamos ao longo do riacho até

encontrarmos a trilha exatamente entre os dois pontos de referência. Quando a tensão muscular é aliviada,

qualquer memória arquivada nessa área e inibida pela tensão é solta.

Este é um conhecimento comum para qualquer pessoa que dê ou receba muitas massagens mas há várias

maneiras de se criar tensão e aliviá-la consciente ou inconscientemente. Uma experiência freqüente é a de

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esquecer o nome de alguém. Você poderá ter uma imagem clara do rosto da pessoa em sua mente mas o nome

não surge. É porque a parte do seu corpo onde o nome está arquivado está no momento sob muito stress. Se

você deixar de pensar e for fazer outra coisa, o nome voltará a sua mente quando menos esperar. Isso acontece

porque durante o tempo em que você se ocupou de outra coisa os músculos que guardavam o nome se relaxaram

suficientemente para liberar a memória.Uma vez na África, durante um tempo em que eu andava estressado,

levei minha esposa a uma festa para conhecer o Embaixador Americano e quando tive de apresenta-la não

consegui me lembrar de seu nome. Assegurei ao Embaixador que éramos casados há muito tempo mas ele ficou,

e com razão, muito desconfiado. Quando Glória finalmente disse seu nome, o músculo direito se soltou e eu

pude dizer: -Certo, é isso mesmo, Gloria.

Choques graves que produzem stress generalizado podem resultar em amnésia, uma condição em que

grandes áreas da memória ficam bloqueadas.

Assim que os vários grupos de músculos começam a relaxar, a memória começará a voltar. O interessante é

que quem sofre de amnésia, quase nunca se esquece da linguagem falada mesmo quando se esquece de seu

próprio nome. Isso é causado porque os componentes da linguagem (letras e sons) são usados com tanta

freqüência que são arquivados em muitas áreas do corpo. Entretanto, há casos em que a pessoa perde a fala,

devido a um grande choque. Até hoje, fico ruborizado quando conto a história do esquecimento do nome de

minha esposa. O interessante é que me ruborizo quando conto o fato porque a memória está muito vívida em

minha mente. Isto nos diz algo mais de muita importância sobre a memória e Ku.

Ku seu subconsciente corpo-mente, não distingue entre passado, presente e futuro. No que lhe concerne, o

presente é o único tempo que existe. Quando você quer se lembrar de alguma coisa tem reações fisiológicas

naquele momento, cuja intensidade depende de quanto esteja vívido aquilo que você está lembrando.

Por exemplo, é mais provável que você tenha reações fisiológicas mais fortes ao se lembrar de quando aos

sete anos foi severamente criticado do que se lembrar de um almoço na semana passada, a não ser que o almoço

tenha sido mais traumático. Isto significa que quanto mais você remoer lembranças, mais elas afetarão o seu

corpo no momento presente, produzindo mais ou menos as mesmas reações químicas e musculares que

ocorreram durante o episódio em questão.Uma boa lembrança pode produzir endorfinas, enquanto uma má

lembrança produzirá toxinas. Todas no presente momento. Obviamente quanto mais você remoer uma

lembrança, mais seu efeito crescerá no presente.

EXPLORANDO A MEMÓRIA

Durante quinze segundos, relembre algo desagradável e preste muita atenção ao seu corpo. Em seguida, por

outros quinze segundos, relembre algo agradável e, novamente, preste atenção ao seu corpo. Você descobrirá

que uma lembrança desagradável vai fazer você sentir-se cansado, tenso, contraído deprimido e/ou infeliz, ao

passo que a lembrança agradável tende a fazer você sentir-se leve, expansivo, relaxado e/ou feliz. Além do fato

de que os dois tipos de lembrança farão você sentir-se diferente aqui e agora. Note também com que rapidez a

mudança ocorreu. Em um momento, você estava sentindo-se mal e, no outro bem. Fez-se somente uma mudança

de foco, para que isso ocorresse. Uma maneira de controlar suas emoções e sua saúde é então escolher quais as

lembranças que você se permite reviver.

Como já disse, eu me ruborizo quando me lembro do esquecimento do nome de minha esposa. Ficar

ruborizado, é uma reação e as emoções se desencadeiam através da lembrança.

Esta é a única fonte de emoções ou o que usualmente chamamos de pensamento. Isso não ocorre sem uma

razão. São reações energéticas provocadas pelo modelo da memória. Ninguém anda por ai cheio de raiva, por

exemplo. Mas as pessoas ficam revivendo continuamente as lembranças que re-estimulam a raiva, ou com

tensão muscular que suprime memórias que provocaram a raiva, se forem levadas a um nível consciente. Como

exemplo o conhecimento e novas experiências, totalmente sem relação alguma com o conhecimento ou

experiências passadas, em si mesmas, não produzem emoção. A única forma de um novo conhecimento ou

experiência produzir uma emoção só poderá ocorrer se houver um modelo na memória (na forma de hábito ou

expectativa) de como reagir ao novo conhecimento ou à nova experiência. Se você tivesse um padrão para se

lembrar do novo conhecimento ou experiência seria: a) excitante ou b) assustador e, então sua reação seria

apropriada àquele padrão. De outra maneira sua reação seria mais uma exclamação na ordem de “Oh” ou “Que

bom.”. A finalidade de tudo isso é que se as emoções são geradas pelas memórias de como reagir em certas

situações, então uma forma de controlar indiretamente as emoções seria mudando as memórias.

Várias são as maneiras de como se fazer isso e serão fartamente discutidas neste livro.

As emoções também podem ser controladas indiretamente se ensinarmos novos truques a Ku. Isso está

baseado no fato de que as emoções, especialmente as negativas como o medo e a raiva, são sempre

acompanhadas de tensão muscular.

EXPLORANDO AS EMOÇÕES

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Sentado ou de pé confortavelmente com todos seus músculos relaxados (mantenha como única tensão, a que

for suficiente para ficar sentado ou em pé). Agora, usando sua memória ou imaginação, tente ficar com bastante

raiva sem tencionar nenhum músculo. O que você descobrirá é que se seus músculos estiverem relaxados é

fisiologicamente impossível ficar com raiva.

Raiva não pode existir sem tensão muscular nem sem medo. Portanto, treinando relaxar seus músculos de

acordo com sua vontade, pode fazê-lo lembrar-se de conhecimentos e habilidades mais facilmente, bem como

torná-lo capaz de evitar e de se livrar do medo e da raiva. Não apenas isso, ainda pode ajudá-lo a quebrar muitos

hábitos desagradáveis e doentios, dando a Ku, uma nova memória de como agir e a reagir em situações

diferentes.

Uma vez estava com uma amiga com quem faço caminhadas, numa cidade chamada Kapaa, esperando por

minha esposa. Minha amiga me ofereceu do seu sorvete, aceitei e estava uma delícia. Pouco depois ela me

ofereceu novamente mais sorvete, desta vez recusei porque estava tentando fazer uma dieta. Ela perguntou-me

como eu conseguia recusar um sorvete tão gostoso. Eu disse: ”é fácil; tudo o que tenho de fazer é manter os

músculos de meus ombros tão relaxados a ponto de nem conseguir levantar meus braços para segurar o

sorvete.”

Outra coisa muito importante sobre Ku, é a memória. É que cada experiência, independente de sua fonte, é

arquivada como memória corporal. Ku não faz distinções precisas se a experiência veio de uma fonte interior ou

exterior, de uma situação física real ou de um livro, filme ou mesmo de um programa de televisão, sonho,

intuição psíquica ou sua imaginação. Tudo é arquivado como memória corporal. Ku só se preocupa com a

intensidade da experiência, isto é o nível de reação fisiológica emocional, química e muscular que ocorreu

durante a experiência. Esta é a única base que Ku tem para saber quão real foi a experiência. O lado prático de

tudo isso é que uma experiência intensamente imaginada é tão boa quanto a real, pelo menos no que se refere ao

comportamento baseado na memória.

Os xamãs Havaianos e outros usam esta técnica há séculos, como uma forma de cura e auto-

desenvolvimento. Recentemente nos tempos modernos, este entendimento xamanico antigo tem sido usado por

atletas olímpicos, entre outros, com resultados muito efetivos.Os atletas usando totalmente a imaginação

sensorial, atuam com perfeição todas as vezes e criam as memórias corporais, tornando mais fácil e melhor o

desempenho físico. O mesmo processo pode ser usado para seu próprio treinamento em qualquer tarefa, estado

ou condição.

EXPLORANDO A IMAGINAÇÃO

Lembre-se de uma cena de um livro que você tenha lido ou de um devaneio favorito. Relembre então de

umas férias ou de uma viagem que tenha feito, por mais ou menos trinta segundos. Relembre primeiro de uma e

depois da outra.

Agora. excluindo as diferenças de conteúdo (graus de vivências ou tipo de atividade, ou decisão consciente

sobre o que é real), tente determinar qualquer diferença entre as duas lembranças. Você descobrirá que não há

diferenças entre as lembranças.Relembrará de uma tão facilmente como da outra e, na realidade a cena do livro

ou sonhar acordado, talvez tenha um efeito presente mais forte em você do que a lembrança real. Ku não faz

distinções entre memórias, seja qual for a fonte. Para Ku as que são mais reais são as que têm um maior impacto

sensorial.

A função principal de Ku é a memória (lembrança) e a motivação principal é o prazer. Para ser mais exato a

motivação de Ku está direcionada para o prazer e para bem longe da dor.Todo seu comportamento habitual

baseado na memória mental,emocional ou física tem esta motivação.

Por esta razão você prefere fazer certas coisas e não gosta de fazer outras, por esta razão algumas coisas são

mais fáceis de fazer do que outras e por esta razão você as adia sempre que há algo importante a ser feito. Ku

automaticamente se direciona para o que é prazeroso, fazendo o possível para evitar coisas dolorosas.

Se você cria uma memória futura, em outras palavras, se você imagina o que acontecerá se fizer uma certa

coisa, o comportamento de Ku será fortemente influenciado se a memória carregar a expectativa de dor ou

prazer. Se você criou uma expectativa/memória de que encontros humanos podem resultar em rejeições

dolorosas, terá muita dificuldade em estar com pessoas, fazer chamadas telefônicas (especialmente se você for

vendedor), e possivelmente também escrever cartas. De outro modo, se o pensamento evoca uma

expectativa/memória de um contato aprazível, essas coisas serão fáceis e agradáveis para você. E se, como é

muito comum, Ku guarda as duas expectativas/memórias da facilidade ou dificuldade dessas atividades elas

irão variar de acordo com o seu nível presente de autoconfiança e auto-estima (também chamado de humor).Há

ocasiões em que a única escolha possível de Ku está entre duas dores (dois sofrimentos). Ku não pode fazer

escolhas criativas, não pode criar novas soluções; ele só pode fazer aquilo que aprendeu de experiências

passadas ou copiar de outros no presente. Quando em confronto com uma situação penosa, a sua tendência

natural é de escolher a resolução prazerosa, mas só poderá fazê-lo lembrando-se, copiando ou recebendo

orientação da mente consciente. Se a mente consciente não estiver participando da solução e se não houver uma

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XAMÃ URBANO – Serge King

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solução agradável (boa), nem no presente nem no passado, Ku precisará usar o presente ou o passado para achar

a solução menos penosa.

Se você estiver trabalhando num lugar que lhe causa reações estressantes, que, ameaçam a integridade de seu

corpo e você não está conscientemente fazendo nada a respeito disso, (porque você precisa do dinheiro), Ku vai

procurar ou se lembrar e lhe dará um resfriado para tirá-lo desse ambiente.

Do ponto de vista de Ku um resfriado não é agradável, mas é melhor que a dôr de continuar no emprego.

Você vai melhorar quando se demitir, desistir ou for despedido ou quando a dor do resfriado for pior do que

a lembrança da dor do emprego (o papel do vírus será explorado no capitulo referente á cura do corpo).

Algumas vezes você vai atravessar períodos difíceis e de sofrimento mental, emocional ou físico, com a

finalidade de conseguir alguma outra coisa. Atletas, alpinistas, vendedores, cientistas, estudantes e outros,

passam por isso. O que acontece aqui, é a adição de um fator chamado “importância". As pessoas irão através da

dor, mesmo de dores fortes, apenas quando uma outra parte delas decidiu que o resultado final ou as metas

daquilo que eles estão fazendo são mais importantes (e que além do mais, contêm prazer em potencial) do que a

dor que eles sentiram, e quando o objetivo potencialmente agradável é mantido em suas mentes.

O ganho tem que ser maior do que a dor. O atleta quer sentir o prazer de vencer, o alpinista quer ter o prazer

de alcançar o topo, o vendedor quer ter o prazer de ganhar mais dinheiro, o cientista quer ter o prazer de resolver

o problema, o estudante pode só querer ter o prazer de concluir o objetivo. O que estou tentando demonstrar é

que todo comportamento, hábitos e ações são influenciados pela motivação em direção ao prazer.

A fim de iniciar a função da memória e para obter a sua motivação, Ku usa a mais importante arma, a

sensação. De acordo com este conceito, toda a memória é sinestésica, ou relacionada ao corpo; todo prazer e

dor, também o são; todas as experiências, mesmo as de emoção ou de idéias, produzem sensações físicas. Como

um xamã urbano, você vai querer desenvolver e aperfeiçoar este importante instrumento de sensação, ou a

consciência sensorial. A sua parte que pode conseguir fazer isso, é assunto do nosso próximo capítulo.

O ASPECTO DA MENTE - LONO

Lono é sua parte consciente de informação interna e externa de memórias, pensamentos, idéias, imaginação,

intuição, palpites e inspirações, bem como impressões sensoriais de visão, som, toque, cheiro, profundidade,

movimento, pressão, tempo e outros. Fica localizado na fronteira entre os mundos interior e exterior . A função

principal de Lono é a de tornar decisões. Como o processo de tomar decisões inclui coisas como atenção,

intenção, escolha e interpretação, abordarei cada um deles detalhadamente.

Uma das decisões que Lono freqüentemente tem de tomar é onde focalizar a atenção. Existem tantas coisas

das quais temos que nos conscientizar em um dado momento, que tentar prestar atenção a todas elas ao mesmo

tempo, nos conduziria a uma total ineficácia. A percepção total requer a não ação porque a ação requer

exclusão. Fazer algo, significa não fazer muitas outras. Aumentar a percepção sobre uma coisa, significa

diminuí-la sobre muitas outras. Parte da atividade de Lono é a de tomar decisões que resultem numa atenção

seletiva de aumentar a habilidade individual ou a efetividade.

Em outras palavras, Lono decide o que é importante e o que não é, e á atenção segue a decisão. A maioria

dessas decisões é baseada no modelo de prazer e dor da memória de Ku, mas Lono pode ter uma grande

variedade de outras razões para atribuir importância em outros tipos de decisões. Quando a atenção é focalizada

em algo importante, baseada nos padrões de Lono, o enfoque pode ser restrito ou amplo, dependendo de quanto

o potencial de percepção é considerado importante.

EXPLORANDO A PERCEPÇÃO

Olhe para um pequenino objeto colocado mais ou menos a três metros de distancia. Enquanto isso, mantendo

a sua atenção centrada no objeto, permita que sua percepção se expanda para outros objetos acima, abaixo e dos

lados do objeto central.

Agora, olhe para o primeiro objeto mais de perto e procure descobrir alguns detalhes na sua aparência. Neste

caso, a importância estava implícita nas durações da própria experiência. Quando você inicialmente prestou

atenção no objeto focalizado, a maioria das outras coisas ficou obscurecida. Você então expandiu seu foco para

aumentar a sua percepção. Finalmente você vai notar que quando a sua atenção se focalizou nos detalhes do

primeiro objeto a sua percepção em tudo o mais diminuiu novamente. Esta experiência. simplesmente mostra

como a importância atua e como a atenção é flexível A atenção é uma forma de tornar uma decisão que

direciona a percepção bem como a atividade. É uma maneira muito poderosa, quando usada corretamente, de

administrar Ku com efeitos enormes sobre sua saúde, felicidade e sucesso.

A teoria da administração reconhece três estilos principais de atenção: autoritária, democrática e liberal. Isto

também descreve três maneiras que as pessoas usam para lidar com Ku. Para esclarecer melhor. vamos chamá-

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las de controladoras, cooperativas e descontroladas Quando você tiver a intenção de andar por um quarto, a

intenção será seguida pela atenção, que será por sua vez, seguida pela ação. Um estilo administrativo

controlador terá Lono constantemente monitorando e corrigindo Ku, para que ele não faça nada errado. O efeito

usual desse controle é o de movimentos rígidos e estereotipados ou pior ainda, desastrosos e espasmódicos. O

estilo cooperativo envolve Lono mantendo a intenção e a confiança em Ku para fazer certo o que ele já sabe

fazer. O efeito usual é o de movimento suave com graça e fluidez.

O estilo descontrolado geralmente resulta em nunca se chegar até o outro lado do quarto porque muitas

coisas importantes, prazerosas e adicionais, distraem a atenção.

Quando você está falando com alguém com a intenção de expressar algo definido, Ku busca em sua memória

e de forma milagrosa para a qual não existe explicação, faz as cordas vocais vibrarem, move a mandíbula, a

língua e os lábios de tal modo que sons mais ou menos inteligíveis são produzidos. Um Lono controlador,

interfere com este processo tentando assegurar que as palavras que forem ditas, sejam as corretas e isso,

geralmente causa confusão e uma interrupção no falar ou uma gagueira.

Lono cooperativo, tem a intenção de não se intrometer e deixar Ku fazer o que já sabe e isso produz um

humor espontâneo e ótimas e inesperadas visões ou frases.

O Lono descontrolado deixa Ku voar e sair ao assunto ou até falar besteiras. Aquilo que Ku sabe, sabe bem e

isso inclui tudo, desde como se curar, até desempenhar tarefas que aprendeu. Não faz muito tempo, ouvi que as

asas delta são desenhadas para voar perfeitamente o tempo todo. Os únicos acidentes são causados por excesso

de controle da parte medrosa dos seres humanos. Como veremos em breve é Lono quem gera o medo. Ku é bem

como a asa delta perfeitamente desenhada. Se for excessivamente controlado não vai funcionar como deveria;

sob uma direção cooperativa fará o que você quiser. Sem direção, ele irá até onde as correntes da vida o

levarem.

As pessoas pensam que escolher é tomar uma decisão. Escolher é tomar uma decisão, concentrar sua atenção

numa direção em vez de outra, ou fazer uma coisa em vez de outra (a verdadeira ação é feita por Ku). Muitas

pessoas têm grande dificuldade em tomar tais decisões, e dizem que estão com medo de tomá-las de maneira

errada e nada dar certo por isto.

Do que elas realmente têm medo, é de ficarem desapontadas ou não serem aprovadas. Em primeiro lugar,

ninguém pode tomar uma decisão errada sobre o futuro porque uma decisão presente não cria um acontecimento

futuro. Decisões presentes só podem criar acontecimentos presentes. Acontecimentos futuros são criados por

decisões futuras, ou melhor, decisões realizadas quando o futuro for uma experiência do momento presente. Se

duas pessoas vivem em Saint Louis, no Missouri e uma delas tem pensamento positivo e a outra pensamento

negativo, estão tomando uma decisão sobre mudar para Honolulu ou Nova York e ambas escolhem Honolulu, é

muito provável que o pensador positivo tenha uma experiência positiva e o negativo uma experiência negativa.

Também é muito provável (a não ser que eles tenham lido este livro), que cada um elogie ou culpe a decisão

de se mudar, dependendo da sua experiência.

Na realidade se cada um tivesse escolhido Nova York, a situação seria a mesma.Uma decisão não faz com

que o futuro seja de uma certa maneira. O modo como você continua a pensar após ter tomado a decisão é que

faz o futuro ser o que é.

Em relação aos desapontamentos eles nada mais são do que uma decisão de sentir-se mal quanto aos

resultados. E não tomar uma decisão porque você tem medo de ficar desapontado é o mesmo que dizer que você

tem medo de tomar a decisão que o faria sentir-se mal no futuro, independentemente dos resultados ou que você

tenha medo de que os resultados não sejam como você gostaria que fossem. Eu nada sei sobre você mas isto me

parece uma tolice. É o mesmo que você resolver não sair da cama porque resolveu sentir-se infeliz em relação a

alguma coisa ou porque nem tudo poderá estar de acordo com o planejado. Como veremos, a decisão sobre

infelicidade não tem nada a ver com o que acontece e, (detesto lhe dizer isto) as coisas, raramente são como

planejamos.

Se o seu pensamento for certo, elas geralmente vão bem. Em termos de escolha em que focalizar ou fazer,

não importa o que você escolha. Algumas de suas escolhas serão mais fáceis do que outras, mas isto tem mais a

ver com a existência da memória e hábitos de Ku do que com sua escolha.

Muito mais importante do que tais escolhas, são as decisões que você tem com a interpretação da

experiência. A interpretação é uma decisão sobre o significado ou a validade da experiência.

Esta espécie de decisão forma padrões de expectativa e de filtragem que têm grande influência na tendência

ou experiência futura. A interpretação será feita por avaliação ou análise. Avaliação é basicamente uma decisão

sobre se algo é bom ou ruim, certo ou errado, enquanto a análise é a decisão de que uma coisa é ou não é.

Quando você avalia o desempenho de um empregado você procura falhas e qualidades; você toma decisões

sobre quais aspectos do desempenho dele ou dela são ruins ou bons.

Quando você analisa o desempenho de seu empregado, você toma decisões sobre sua eficiência e eficácia.

Uma meta pode ou não ser atingida durante um período de tempo.

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Uma vez feito o julgamento de avaliação com seu Lono sobre eficiência e eficácia você estará fora da análise

e dentro da avaliação. A diferença é muito importante para esclarecer o pensamento pois a avaliação geralmente

gera respostas emocionais de felicidade, medo ou raiva enquanto uma simples análise não gera isso.

A bondade estimula padrões de expectativa de prazer (aprovação e aceitação) e a maldade estimula padrões

de expectativa de dor (desaprovação e rejeição). A mera existência somente estimula interesse ou indiferença

(baseado nos padrões de importância da decisão).

Quando eu digo que a principal motivação de Ku é o prazer isso explica muito do comportamento humano.

Muito mais sobre o comportamento humano pode ser explicado pela principal motivação de Lono que é a

ordem. Ordem não significa necessariamente limpeza embora alguns Lonos possam interpretá-la assim. Isso tem

mais a ver com regras, categorias e entendimento. O Lono humano adora a lógica mesmo quando ela se baseia

em conclusões tolas e adora explicações desde que sejam baseadas na memória e motivação de Ku ou se elas

provocaram ordem ou desordem. Algumas pessoas passam a vida classificando plantas, por exemplo, e isso é

muito bom se a pessoa estiver “satisfeita” com esse trabalho. Mas a natureza não é realmente subdividida em

gêneros, famílias e espécies.

Essas são somente categorias inventadas pelo nosso Lono humano com a finalidade de ter um sentido de

ordem dentro da tremenda variedade que existe na natureza. Algumas pessoas, insistem em dizer que sabem

porque as coisas são como são antes mesmo de se permitirem mudar. Entender não é necessário para trazer uma

mudança positiva, mas muitas pessoas sentem-se melhor se primeiro tiverem explicações. Quando o medo está

presente a motivação para a ordem se transforma em motivação para a segurança. A arma principal de Lono é a

imaginação.

Devido a Lono ser a única parte sob seu controle direto o desenvolvimento dessa arma é de suprema

importância para o xamã urbano. É através de sua imaginação que você influencia e direciona sua aparência e o

mundo a sua volta.

O ASPECTO DO ESPÍRITO - KANE

Kane é concebido como uma característica “fonte”,uma essência puramente espiritual que manifesta ou

projeta na realidade o nosso ser fisicamente orientado.

Pode ser chamado de alma ou superalma, desde que você não faça idéia dele como uma coisa que possa ser

perdido ou separado de você.

Por essa razão é freqüentemente chamado de eu pessoal ou Eu Superior, mas vem de uma fonte ainda maior,

que pode se chamar de Deus Supremo ou qualquer outro nome que você preferir. Na tradição Havaiana é

chamado de Aumakua e pode simbolicamente se relacionar a seus ancestrais ou seus avós.

A função primordial de Kane é a criatividade sob a forma de experiência mental e física. Simplificando,

Lono gera um padrão decidindo que algo seja verdade. Ku memoriza esse padrão e Kane o usa para manifestar a

experiência. Ao mesmo tempo Kane constantemente dá inspiração para melhorar o padrão porque sua

motivação principal é a harmonia. Essa inspiração poderá vir mentalmente numa meditação ou fisicamente

como um presságio contido no movimento de pássaros, animais ou nuvens ou talvez nos tempos modernos, no

conteúdo de uma conversa, um livro ou até num programa de televisão. Seja lá como for, a motivação é ajudar

o eu total a integrar os seus padrões mais harmoniosamente com outros na comunidade e no ambiente.

Kane nunca interfere com a experiência a não ser que haja a possibilidade de você desviar-se de seu

caminho. Isto não é predestinação. A idéia é que você como Kane,decida desempenhar certas coisas durante

esta vida e você vai desempenhá-las.Esperneando e gritando, ou sorrindo e dançando você cumprirá sua

missão.É como decidir velejar partindo de uma praia de um oceano, para a de outro oceano.O destino que você

escolheu é o de chegar ao outro lado, mas a direção específica que você toma, as correntes que você segue, o

tipo de velas que você usa, o tipo de tripulação que escolheu, as ilhas nas quais você pára e as atitudes que você

toma ao longo do caminho ficam por sua conta.

Kane somente interfere diretamente quando algo está para acontecer e que poderia lhe impedir direta ou

indiretamente de alcançar o outro lado. Essas ocasiões geralmente, tomam a forma de pequenos "acidentes", que

quebram uma série de pensamentos que você não pode recuperar. Pode ser uma coisa simples como dar um

encontrão em alguém na rua, ou batendo o dedão do pé.

Uma vez eu estava jantando com alguns companheiros xamãs num restaurante chinês em Kauai e uma

senhora, sentada à minha direita, começou a contar uma história enquanto eu tentava alcançar um prato no meio

da mesa. A meio caminho minha mão subitamente moveu-se para a direita e derrubei um copo de vinho em

cima da senhora que contava a história.Imediatamente ajudamo-la a se limpar e depois disso, nem ela nem os

outros, conseguiram lembrar-se do que ela estava falando. Semanas mais tarde ela ainda não se lembrava do que

estava falando ou do que iria dizer. Desculpei-me, naturalmente, mas não estava envergonhado pois tive uma

intuição muito forte sobre o que acontecera. Ficou claro para mim que Kane havia interferido porque a história

teria tido conseqüências desagradáveis,em termos dos caminhos de vida, para uma ou mais pessoas presentes.

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O principal instrumento de Kane é a energia. O universo é feito de energia e é a energia que sustenta,

mantém e muda os sonhos da vida. A imaginação de Lono direciona essa energia, e a sensação de Ku, nos faz

experimentar seus efeitos.

Muitas tradições e ensinamentos expressam a idéia de que para se entrar em contato com seu aspecto

espiritual é necessário um árduo e longo processo envolvendo autodisciplina e técnicas especiais.Digo-lhe aqui

e agora que é simples e fácil. Tem que ser. Porque nada é tão intimamente uma parte de você como seu próprio

espírito.

EXPLORANDO A CONEXÃO ESPIRITUAL

Sente-se confortavelmente e feche os olhos; respire profundamente algumas vezes e tome consciência de seu

corpo. Agora, imagine algo muito lindo, tão lindo quanto você puder imaginar. Pode ser algo de sua memória ou

algo que você tenha visto ou lido ou algo inventado agora. Pense nisso firmemente. Em um ou alguns momentos

você vai sentir uma sensação de relaxamento, prazer ou energia; isto é Ku dizendo-lhe que agora você está em

contato direto e intencional com seu Kane. Esta é também uma ótima oportunidade para se ter uma comunicação

consciente. Uma das melhores formas de se comunicar diretamente com seu Kane é dizer “obrigado”. Obrigado

pelas coisas boas que aí estão e pelas que virão.

Durante alguns minutos seja tão especifico quanto você prefira ser, e termine com uma frase que signifique

para você, já ter conseguido o que tenha pedido e mantenha uma expectativa positiva. “Que assim seja”,

“amém” ou a Havaiana “amama” são exemplos. Quanto mais fé e confiança você tiver, maiores serão os

resultados. É sobre isso que falaremos a seguir.

A TERCEIRA AVENTURA

OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

HiIi hewa ka mana‟o ke „ole ke kukakuka

(As idéias se movimentam desordenadamente)

Meu professor disse-me muito tempo atrás, que alguns sábios curandeiros se reuniram para partilharem suas

observações sobre a vida e a cura e para colocá-las de forma a serem facilmente ensinadas e lembradas como

uma arte.

Embora pudessem ter escolhido centenas de idéias, optaram por expressar sua sabedoria em sete princípios

básicos, devido ao simbolismo esotérico do número sete.

Esses são essencialmente princípios de manifestação das causas, ocultas ou interiores, de eventos externos e,

em muitas tradições antigas, o número sete representa este conhecimento interior porque é formado pelos

números três e quatro, que por sua vez, representam as principais forças masculinas e femininas ou polaridades

do universo. Nem todas as tradições concordam qual é qual. Em havaiano, o número sete é “hiku”, composto de

duas sílabas: “hi”, o princípio feminino (significa fluir) e “ku” o principio masculino (significa manter-se

firme).

OS SETE PRINCÍPIOS XAMANICOS

Aprendi os sete princípios, em sua forma Havaiana, como sete palavras características com vários

significados, mas para poder ensinar estes princípios na cultura Ocidental traduzi cada palavra em uma frase

básica. Ficou bem claro que as frases básicas não poderiam abranger o total da essência de cada princípio e,

então, acrescentei vários corolários para cada frase. Os princípios e corolários que seguem, representam uma

filosofia prática de vida e direcionam para a prática da arte xamanica urbana.

O PRIMEIRO PRINCÍPIO: IKE

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O Mundo é aquilo que você pensa que é.

Dependendo do seu ponto de vista um jarro pode estar meio vazio ou meio cheio.

Dependendo de seus planos a chuva pode beneficiar a colheita ou estragar o piquenique. Dependendo de sua

atitude um problema pode ser um obstáculo ou um desafio. Estas são as formas claras, óbvias e fáceis de

entender, nas quais, seu pensamento afeta a sua experiência. Falando de uma maneira mais sutil, sabemos de

forma muito bem documentada nos campos psicossomático, psicoimunológico e psicologia de motivação que,

pensamentos de medo, preocupação, raiva e ressentimento podem causar doenças e diminuir nossa eficiência,

ao passo que pensamentos de confiança, determinação, amor e perdão podem nos fazer sentir bem (nos curar e

aumentar o nosso desempenho). No campo da metafísica, vêm-nos as idéias de que pensamentos atrairão,

telepaticamente, o seu equivalente. Em outras palavras explicando de maneira bem simples: pensamentos

positivos atrairão pessoas e acontecimentos positivos, e pensamentos negativos atrairão pessoas e eventos

negativos.

Isto é menos óbvio do que os exemplos anteriores, mas milhões de pessoas aceitam esse conceito e uma

avaliação cuidadosa e honesta de seus pensamentos e de sua vida demonstrará claramente o efeito. Há também a

profunda idéia esotérica partilhada por muitos professores espiritualistas em todo e mundo de que a sua

experiência é determinada por sua fé, por aquilo em que você crê. E, tanto a história antiga como a

contemporânea, estão cheias de exemplos do poder do pensamento sob a forma de prece, fé e convicção para

mudar condições físicas, eventos e circunstâncias. Todas essas idéias estão incluídas no primeiro princípio desta

filosofia. E muito mais.

Corolário: Tudo é um sonho

Além de reconhecer os efeitos da atitude, expectativa, telepatia e crença os xamãs também mantém a idéia

excepcionalmente sutil de que a vida é um sonho; que de fato nós sonhamos nossas vidas para que se realizem.

Isto não quer dizer que a vida é uma ilusão.Significa que sonhos são reais e que a realidade é um sonho.

Significa que a realidade que você está vivendo agora é somente um dentre muitos sonhos. Isto pode parecer

estranho, confuso e ilógico porque se você der um soco numa parede com sua mão poderá sentir sua solidez,

pode ouvir sons a sua volta e ver detalhadamente muitos objetos. O que isto tem de sonho? Pense um pouco. A

parede na qual você socou com sua mão, não é realmente sólida e nem o é a sua mão. Ambas são compostas de

moléculas, que são compostas de átomos, são campos de energia que vibram em freqüências diferentes. A única

razão pela qual sua mão não atravessou a parede, foi porque a sua mão e a parede estão vibrando em freqüências

tão próximas que interferem uma com a outra. Ao mesmo tempo as freqüências do rádio e da televisão, por

exemplo, atravessam a parede e sua mão, com se não estivessem lá. Quando você socou a parede, não estava

batendo num objeto sólido.

Ao invés disso dois campos de energia se encontraram e a informação foi transmitida para seu cérebro onde

você a interpretou, com base na memória, como a experiência de estar batendo numa parede. E o som que você

escuta? Suponhamos que seja música, mas na realidade não é música o que você está ouvindo diretamente.

Você está experimentando um padrão de onda vibratória movendo-se através do ar e que chega ao seu tímpano e

é transformada em impulso elétrico nervoso recebido por seu cérebro. Seu cérebro então dá um sinal que você

interpreta, baseado novamente na memória, como música.

Finalmente, os objetos que você vê, somente são vistos porque a energia luminosa faz saltar outros campos

de energias em direção aos seus olhos, onde as freqüências são transformadas em padrões, que você interpreta

como objetos. O que parece ser exterior está realmente dentro da sua cabeça. Isso parece um sonho. Enquanto

você assimila tudo isso, pense um pouco. Você nunca teve um sonho que lhe pareceu tão real ou até mais real

do que a sua experiência diária? Então você sabe que a única maneira de poder diferenciar seria, que este sonho

(ou realidade), contivesse lembranças com as quais, você se identificasse.

Contudo, do ponto de vista do xamã, memórias são apenas outros sonhos.

Se você nunca teve um sonho tão real, pode ter lido ou ouvido falar sobre pessoas, místicos, bêbados,

esquizofrênicos, drogados, insones, doentes, pessoas idosas, crianças ou xamãs que tiveram o que os

psicólogos e psiquiatras chamam de alucinações as quais para eles eram reais ou mais reais do que o sonho que

consideramos como uma experiência normal. Alucinação significa: “o seu sonho não combina com o meu”.

Pense que o único teste que usamos para a realidade dessas experiências é o fato de outra pessoa também ter

tido ou não a mesma experiência. Mesmo assim, não é o suficiente.

Se você estiver com raiva por ter sido deixado de lado ou não gosta do que os outros dizem ter

experimentado, você pode considerar como uma “alucinação em massa”. Para os xamãs a experiência diária da

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realidade é uma alucinação em massa, ou para ser mais educado um sonho partilhado. É como se todos nós

estivéssemos tendo nossos sonhos individuais sobre a vida, e o compartilhar ocorre em pontos de acordo ou

consenso.Se você estivesse agora no meu escritório concordaríamos que eu estou trabalhando no meu

computador e que em sua frente estão entalhes com a palavra amor e um jade de um tik maon da Nova

Zelândia. Mas você pode não sentir ou ver o campo de energia em volta do jade e eu posso não sentir o seu

perfume nem a sua loção após barba, nem ouvir a música vinda dos fones de ouvido de seu walkman. Partes de

nossos sonhos. serão compartilhadas e outras não.

Naturalmente você poderá chegar bem perto de mim para que eu possa sentir seu cheiro e poderá também

colocar os fones de ouvido em mim que eu ouça a música, e eu poderia lhe ensinar como sentir a energia do

jade, mas isso não provaria nada sobre sonhos e realidade porque poderemos aprender a partilhar estas outras

experiências também chamadas de sonhos.

Para ser prático, os xamãs urbanos sabem que há um objetivo neste ponto de vista. Se esta vida é um sonho,

e se nós pudermos acordar completamente nela, então, poderemos mudar o sonho mudando nosso sonhar.

Vamos explorar muitas maneiras de mudar o sonho da vida neste livro, funcionando a maior parte delas de

modo independente de você achar ou não que a vida é um sonho.Para os que ousarem experimentar essa idéia,

uma rica aventura cheia de desafios e oportunidades se abrirá.

Corolário: Todos os Sistemas são arbitrários

Existe uma história de um jovem que embarca numa longa e perigosa jornada para encontrar um velho sábio

e lhe perguntar o significado da vida. Quando finalmente ele encontrou o velho sábio e lhe fez a pergunta, o

ancião respondeu: “A vida é somente uma tigela cheia de cerejas”. Primeiro, o jovem perdeu a fala e, depois,

furioso e enraivecido, disse: “Só isso? Eu vim até aqui atravessando oceanos, montanhas, desertos e selvas para

encontrá-lo e o senhor me diz que a vida é uma tigela cheia de cerejas ?” O velho sorriu e respondeu: “Tudo

bem, então, a vida não é uma tigela de cerejas.”

Por incontáveis anos os seres humanos têm procurado encontrar o último significado e a verdade absoluta.

Alguma coisa sólida e eterna em que seus Lonos pudessem se agarrar. Eles tentaram misticismo, religião,

ciência, metafísica, arte e filosofia para que a vida fizesse sentido e eles pudessem se sentir mais seguros entre

si, e assim pudessem controlar a vida.

Os xamãs vieram com sua própria solução para resolver o problema do real significado com uma extensão

lógica da idéia de que tudo é um sonho e que o mundo é aquilo que você pensa que é. Se isso é aceito como

hipótese básica então obviamente todos os significados são invenções e a verdade absoluta é aquela que você

decidir que seja.

O significado da experiência depende de sua interpretação ou de sua decisão de aceitar a interpretação dos

outros, e a decisão de aceitar uma suposição básica também é arbitrária.

Portanto todos os sistemas que descrevem a vida e seus resultados são invenções arbitrárias baseadas em

certas decisões de aceitar certas interpretações da experiência. O que realmente importa, não é se um certo

sistema é o verdadeiro (um conceito arbitrário), mas especialmente como funciona para você. O sistema

conhecido como Huna, com seus sete princípios, é reconhecido como sendo arbitrário e inventado como

qualquer outro sistema.

Por isto não é apresentado como Verdade, mas como um conjunto de hipóteses que permite praticar a arte

xamanica com maior eficácia.

É parecido como aprender as escalas musicais ou regras de perspectiva em pintura assim você poderá

praticar essas artes com maior eficiência.

Os princípios de qualquer arte são úteis para a prática dessa arte mas não se aplicam necessariamente a uma

arte diferente ou a diferentes aspectos da vida. Por essa razão os sete princípios não serão apresentados como

dogma, não necessitando assim serem defendidos. Se eles funcionarem para você, use-os; senão, use outra coisa.

Um xamã sábio se sente livre para mudar os sistemas à vontade, de acordo com a situação mais prática. Este

corolário também permite uma grande tolerância por outros sistemas, porque não são vistos como antagonistas

ou ameaçadores, mas simplesmente como pontos de vista diferentes.

Explorando o Poder do Pensamento

Se o mundo é aquilo que você pensa que é, então você deve ser capaz de mudar seu mundo mudando seu

pensamento. Sente-se confortavelmente com os olhos abertos, vire sua cabeça para a esquerda o máximo que

puder e olhe para frente. Encontre um ponto de referencia em sua linha de visão e não se esqueça deste ponto

vire novamente a cabeça para frente. Agora feche os olhos, mantenha sua cabeça imóvel, e imagine que você

está lenta e vagarosamente virando a cabeça para a esquerda com bastante facilidade e sem esforço algum,

passando do ponto de referência, até olhar totalmente atrás de si mesmo/a, sem nenhum problema.

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Imagine a sensação e o sentimento, bem como a visão. Então, imagine que está trazendo sua cabeça

lentamente de trás para frente. Agora, abra os olhos e fisicamente, vire sua cabeça novamente para a esquerda.

Dependendo do grau de capacidade de imaginação da sensação em sua mente, você descobrirá que sua cabeça

se moverá mais e com maior facilidade do que da primeira vez e sua linha de visão irá além do ponto de

referência.

O que você fez, foi mudar o seu corpo mudando a sua mente. Você imaginou ser capaz de fazer alguma coisa

diferente e seu corpo respondeu ao seu pensamento, mudando o que foi impossível momentos antes. Esta é uma

simples demonstração de todas as implicações do poder.

O SEGUNDO PRINCÍPIO: KALA

Não há Limites

Á primeira vista, isto parece um absurdo porque podemos vivenciar limitações à nossa volta. Nossos corpos

só podem crescer até um certo ponto, nós só podemos enxergar até uma certa distância, podemos viver sem

respirar por tempo limitado, a Terra tem um certo tamanho, e nós temos uma certa quantia de dinheiro no

banco. Sem limites?

Sim, sem limites. O universo é infinito, como tem que ser, se o mundo for aquilo que pensamos ser e se tudo

for um sonho. Como, então, explicar as limitações que experimentamos?

Uma forma, é reconhecer duas espécies de limitações: Criativa e Filtrada.

Um universo infinito indica uma experiência infinita que é o mesmo que não ter experiência, porque não

haveria nenhuma diferenciação, contraste ou sensação de mudança.

O conceito de limitação criativa assume o estabelecimento deliberado de limites dentro de um universo

infinito, a fim de criar experiências particulares.

Nosso campo de experiência física, por exemplo é arbitrariamente limitado por nosso natural alcance de

percepção das freqüências de visão, som, tato, gravidade, distância e tempo exemplificando as mais importantes,

e também as extensões daquelas que podemos fazer com instrumentos mecânicos e habilidades psíquicas. Sem

estas aparentes limitações, nem mesmo poderíamos experimentar esta dimensão. Se você aceita um universo

infinito, não há razão lógica de que não possam existir outros seres fisicamente reais para si mesmos que vêm

numa faixa de freqüência ultravioleta, ouvem numa freqüência altíssima e a usam numa faixa de ondas de

rádio,assim como nós para nós mesmos. Tudo que sabemos, é que cada um de nós experimenta a leve

intromissão dos outros em nossos espaços particulares, numa forma que chamamos de estática. Este universo

físico da nossa percepção, pode ser o efeito de nossas escolhas criativas de fatores limitantes por parte de Deus

ou de nossos Eus Superiores, os quais, nos capacitam a experimentar a vida na Terra. Vamos trazer este tópico

para um nível mais compreensível.A vida é como um jogo de xadrez (se pode ser uma tigela de cerejas pode ser

um jogo de xadrez). Num tabuleiro de xadrez representando a dimensão física, há sessenta e quatro quadrados,

metade pretos e metade brancos, e vinte e quatro peças, doze de cada cor. No começo do jogo você tem suas

peças enfileiradas de um lado e seu parceiro do outro.

As regras dizem que você deve movê-las para frente e tomar as peças de seu parceiro, e que quando você

pular sobre elas e dobrar ou alcançar a última fileira dele, você poderá livremente mover em qualquer direção.

Não há nada que realmente lhe impeça de mover todas suas peças em qualquer direção antes de começar,

tomando as peças de seu parceiro quando quiser ou jogando-as pelo quarto para que ele não as mova. Você

poderia fazer isso, mas neste caso, não estaria mais jogando xadrez. As regras do jogo são limitações criadas

para que se possa jogá-lo. É assim que o xamã vê a vida. Só que o jogo do xamã é mais como se usasse o

mesmo tabuleiro, mas mudasse as regras e as peças para jogar, porém, estendendo as possibilidades da

experiência dentro da mesma dimensão. A limitação criativa nos permite melhorar nossas habilidades criativas

reforçando um foco em um certo alcance e interpretando a experiência. Mesmo no jogo limitado de xadrez a

mente humana ainda não descobriu todas as possibilidades. Em contraste, a limitação filtrada é usada aqui para

mostrar limitações impostas por idéias e crenças que inibem a criatividade ao invés de reforçá-la como crenças

que criam a incapacidade e a falta de esperança, ou vingança e crueldade. Recentemente falei com uma pessoa

que expressou raiva pela incapacidade num mundo cheio de dor e sofrimento.

Nós estávamos discutindo isto num lugar cheio de amor, paz e harmonia. A obsessão desta pessoa com o

sofrimento estava filtrando as experiências contrárias tornando-lhe quase impossível fazer qualquer coisa a

respeito. Limitações filtradas geram focos sem o potencial de uma ação positiva.

Corolário: Tudo está interligado

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Em muitas culturas xamanicas tradicionais, a idéia de que tudo está interligado, é geralmente representada

pelo símbolo de uma teia de aranha. O xamã é a aranha que tece a teia da vida num sonho lúcido de fios finos

vindos de dentro . A teia não somente representa o sonho da vida, mas também a inter-relação. Cada parte da

vida é ligada à outra e o que afeta uma afeta todas, em graus diferentes. Um simples pensamento de amor ou

ódio afeta todo o Universo, mas seu corpo provavelmente será mais afetado do que a estrela Beltegeuse, assim

como uma mosca, ou uma folha afetará a teia que toca mais que ao restante, embora toda a teia possa tremer.

Mesmo sendo a teia uma metáfora tradicional comum, algumas pessoas podem achar mais fácil pensar na

conexão em termos de uma metáfora eletromagnética de campos dentro de campos numa ordem infinita, usada

para explicar uma conexão metafísica presente entre tudo. Supondo tal conexão, poderemos também supor a

possibilidade da influência á distância que os xamãs usam e praticam para muitos tipos de cura e de

manifestações.

Corolário: Tudo é possível

Se não há limites, então naturalmente, tudo é possível. Tudo que você tem que fazer é acreditar nisso (que

vem do Primeiro Princípio).

Pelo fato de você não estar sozinho no Universo, o grau com que algo possa ser compartilhado, depende das

crenças dos outros á sua volta.

Você poderá levitar na privacidade de seu quarto, mas não na presença de outros que são descrentes. Por

outro lado, a crença dos outros sobre levitação, poderá ser tão forte que poderás fazê-lo na presença deles.

Viajar entre as estrelas é possível, mas a única maneira de se poder expressar isso, na nossa cultura atual, é

através de filmes ou livros. (exceto pelo que dizem certos indivíduos que podem ou não ter tido uma experiência

física). De acordo com a escritura cristã, até Jesus teve dificuldade em sua terra natal para fazer milagres porque

o povo não acreditava que o filho do carpinteiro pudesse fazê-los ou tivesse tais poderes (como me foi

explicado, no entanto, outras interpretações sobre isso são possíveis). De qualquer maneira, quanto mais pessoas

acreditarem que a mudança que você quer fazer é possível, mais fácil será fazer acontecer.

Corolário: A separação é uma ilusão útil

Conheço pessoas que estão tão presas à idéia e à experiência de conexão e do relacionamento que ficam

imobilizadas pelo medo das conseqüências imprevisíveis, provenientes do seu mais leve pensamento ou ação,

ou se tornam profundamente integradas na dor e no sofrimento de outros.

Nessas horas, será saudável injetar um pouco de separação criativa, a fim de funcionar melhor.O medo faz

perder a visão do seu papel de tecelão de sonhos, e a hipótese temporária de independência de todas as coisas

ajudará trazer você de volta ao equilíbrio.

Da mesma forma, a simples empatia tomará você tão desamparado quanto os que sofrem. Uma das soluções,

é adicionar uma dose de separação, trocando-a por compaixão, dentro da qual, você estará consciente do

sofrimento, sabendo que não está acontecendo a você. Assim, poderá ajudar o sofredor a sair de seu sofrimento.

O ponto principal é que realmente não há limites e como um xamã urbano, você poderá sentir-se livre para criar

limites, quando eles lhe forem úteis.

Explorando as Conexões de Energia

Com uma ou várias pessoas, estenda suas mãos com as palmas viradas uma para a outra a poucos

centímetros de distância Em poucos minutos, começará a sentir uma sensação de calor ou frio ou pequenas

agulhadas (como adormecimento). Movendo as mãos muito lentamente em direção ao seu/sua parceiro/a,

poderá sentir uma leve pressão, como se estivesse empurrando contra um magneto ou um leve balão. Em

seguida mova suas mãos para mais longe e sinta novamente a sensação. A intensidade do que sentirá ao mover

suas mãos para mais longe dependerá de sua sensibilidade.

A coisa mais importante é saber que você esteve tocando diretamente a energia da outra pessoa. Essa energia

é uma parte tão intima de um ser humano quanto o corpo. Não terminamos em nossa pele. Nossa energia ou

espírito estende-se até os confins do Universo. Somos todos ligados a tudo porque não há limites.

O TERCEIRO PRINCÍPIO: MAKIA

A Energia Segue o Pensamento

Duas das técnicas mais bem sucedidas e muito praticadas pelos xamãs, são a meditação e a hipnose, porque

ambas utilizam o Terceiro Princípio.

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Meditação significa uma porção de coisas, para pessoas que usam diferentes sistemas. Para alguns são

necessários pensamentos sobre um monge solitário na cela de um mosteiro permanecendo na presença de Deus;

outros pensam nos yppies sentados num círculo com as pernas cruzadas, cantando mantras, numa língua que

eles mesmos não entendem; outros pensam em tomar chá observando o pôr-do-sol. Todas estas e muitas outras

são técnicas e estilos de meditação.

Meditação significa simplesmente pensar profunda e continuamente; em outras palavras manter a atenção

focalizada. A palavra vem da raiz latina “med”, que significa medir, a qual é partilhada com “curar”, o que nos

leva à palavra médico.

Você está meditando quando mantém a atenção focalizada em qualquer coisa e, de acordo com esta filosofia

essa atenção canaliza a energia do universo para a manifestação física equivalente ao focalizado.A

manifestação, entretanto, não é somente o equivalente daquilo que você está olhando, dizendo, ouvindo ou

fazendo. É o equivalente à soma toda de sua completa atenção incluindo a expectativa habitual durante a

meditação.

Em outras palavras quando Lono está meditando, Ku também está meditando. Parte do nosso

desenvolvimento como um xamã inclui aprender como fazer Lono e Ku meditarem sobre a mesma coisa ao

mesmo tempo. É aí que a mágica acontece.

A hipnose é outra forma de meditação. Não há geralmente um acordo quanto á definição de hipnose porque

uns a consideram um processo e outros um estado. O processo não nos interessa aqui, mas o estado sim.

Como um estado, hipnose é simplesmente uma condição de atenção mantida e focalizada, como a meditação.

A diferença principal é que a meditação é considerada mais espiritual e a hipnose mais prática; a meditação é

usada para clarear o karma e alcançar um estado iluminado, enquanto a hipnose é usada para parar de fumar,

perder peso,etc.; o fato é que qualquer uma das duas pode ser usada para as mesmas coisas.

A hipnose se distinguia pelo uso de um assistente chamado hipnotizador para ajudar a entrar num estado de

focalização, mas a meditação dirigida eliminou essa distinção. Antigamente a meditação era sempre solitária,

mas a auto-hipnose removeu essa diferença. Como processos, as duas são simplesmente técnicas diferentes com

o mesmo fim, reajustando nosso foco em crenças e expectativas mais positivas. Como estado ambas têm

condições idênticas de manter a atenção focalizada. Qualquer diferença, pode ser atribuída ao objeto focalizado.

Desde que a energia flui para onde o pensamento vai, esses aspectos de sua experiência presente que

parecem durar, são os efeitos do hábito de manter a atenção focalizada, levada a efeito por Ku. Se você gosta

daquilo que tem, ótimo.

Se você não gosta, deve então encontrar um jeito de mudar a atenção de Ku para um novo padrão. Meditação

e hipnose são bons meios para isso. Mais tarde, lhes darei outros.

Corolário: A atenção segue o fluxo da energia

A atenção é naturalmente atraída para luzes, objetos brilhantes e sons altos mas nós talvez não entendamos

que o fator comum aos três é a intensidade da energia.

A atenção é atraída por qualquer fonte de energia que estimule nossos sentidos,mesmo os mais sutis que a

maioria de nós não percebe.

Devido á sua intensidade emocional ou foco sensorial algumas pessoas têm uma aura tão brilhante ou um

campo de energia tão forte que automaticamente atraem a atenção de outros, sempre que aparecem no campo

visual.

Numa escala maior algumas áreas geográficas, geralmente altamente sujeitas a terremotos, têm uma

intensidade de energia mais alta do que outras, atraindo portanto maior população, o que, aumenta ainda mais a

energia.

Hoje em dia muito se tem escrito sobre lugares com poderes sagrados, mas penso que esses poderes são tão

passivos que permitem o relaxamento e alívio do stress causado pelos locais poderosamente ativos dos centros

urbanos.

As sensações de formigamento e fenômenos psíquicos experimentados em tais lugares, ocorrem no inicio do

relaxamento, quando a energia contida que vem dos lugares altamente ativos de onde você veio começa a fluir.

Seres humanos são tão geradores de energia que se muitos deles forem para um lugar bonito, quieto e cheio de

poder passivo, eles podem, brevemente, transformá-lo em um lugar ativo, dinâmico e possivelmente cheio de

características estressantes.

Corolário: Tudo é energia

Não é novidade para os físicos e metafísicos, dizer que tudo é energia, mas as implicações lógicas são

interessantes, porque incluem a idéia de que o pensamento é energia e que, esse tipo de energia, poderá ser

convertido em outro tipo de energia. Isso acontece, quando a energia do vapor empurra uma turbina para

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converter energia magnética em energia elétrica e acontece quando a energia elétrica transportada através de um

fio bem resistente produz calor para um ferro de passar. Calor é também gerado quando um grupo de seres

humanos está em um quarto e ficam excitados, ou fazem exercícios de respiração ou de meditação. Esta idéia

também nos dá uma ótima explicação de como o pensamento pode produzir o seu equivalente físico,

especialmente, quando ampliado pela emoção e/ou confiança.

Explorando o fluir da energia

Para demonstrar como a energia vai para onde a atenção está concentrada, e como o pensamento afeta a

energia física, pegue uma cadeira pelo assento, sinta seu peso e coloque-a de volta ao chão. Agora, concentre

sua atenção no alto da cadeira e levante-a pelo assento novamente. Se sua concentração for boa a cadeira

parecerá mais leve.

Independentemente do quanto você tente explicar isso, o fato prático é que se você tiver de levantar qualquer

coisa, verá que é mais fácil fazê-lo se sua atenção estiver concentrada na parte mais alta do objeto ou até alguns

centímetros acima do mesmo.

Um de meus alunos, uma senhora baixinha, disse-me muito orgulhosa, que foi a uma loja de jardinagem

onde comprou uma estátua de concreto para colocar sobre um pedestal que tinha em seu jardim. Dois

vendedores fortes carregaram a estátua até seu carro e ela foi para casa. Lá chegando, caiu em si, sabendo que

não havia ninguém para ajudá-la a tirar a estátua, subir a ladeira até seu portão, mais uns sete metros até seu

jardim e para cima do pedestal. Depois de chorar um pouco por frustração lembrou-se do que havia aprendido

sobre a concentração e o fluir da energia e utilizou-o em pequenos impulsos para fazer sozinha todo o trabalho.

O QUARTO PRINCÍPIO: MANAWA

Agora é o momento do Poder

Em algumas tradições orientais (assim como nas metafísicas ocidentais), suas circunstâncias presentes são o

efeito das decisões e ações de vidas passadas. Se as decisões e ações foram boas, você terá boas experiências

agora, mas se foram decisões e ações más você sentirá agora dor, sofrimento e tristeza no mesmo grau que

infligiu aos outros em uma ou mais vidas passadas. Isto é chamado carma, uma palavra do Sânscrito, geralmente

traduzida como “causa e efeito” ou “recompensa e débito”, mas que na realidade significa “ação e reação”. As

boas ações praticadas agora, criam um “bom carma” e as más ações praticadas agora criam um “mau carma”

para suas próximas vidas. Nessas tradições, carma não é geralmente algo que você possa mudar; tudo que você

pode fazer, é colher as recompensas ou reparar as dívidas do passado.

Uma tradição muito comum no ocidente diz que você é recompensado nesta vida por obedecer a regras

sociais e religiosas específicas e que será punido nesta vida por quebrar essas regras, não importando há quanto

tempo atrás você as tenha obedecido ou não, nem que alguém tenha ou não visto você fazê-lo. Pessoas educadas

nesta tradição poderão carregar vinte anos de culpa por não terem parado num semáforo fechado no deserto do

Arizona ás duas da madrugada a cem milhas de distância da civilização mais próxima.

Outra tradição ocidental mais moderna, coloca na hereditariedade e no ambiente social de sua infância o

elogio ou a culpa por suas atitudes atuais, ações e circunstâncias. A implicação é que você foi moldado por

forças além do seu controle e não pode ser responsabilizado pelo que seus genes, seus pais ou a sociedade lhe

fizeram.

A tradição xamanica, tanto do guerreiro quanto do aventureiro, é fortemente contrária às duas teorias

mencionadas. Ela diz que o passado não lhe deu o que você tem hoje, nem fez de você o que é hoje. São suas

crenças, decisões e ações de hoje sobre você mesmo e o mundo à sua volta, que lhe dão o que você tem e o

fazem como você é. O carma existe e funciona somente no presente. Seu ambiente e circunstâncias neste

momento são reflexões diretas do seu comportamento mental e físico neste instante. Graças á memória nós

carregamos hábitos do corpo e da mente um dia após o outro, mas cada dia é uma nova criação e qualquer

hábito pode ser mudado a qualquer instante no presente, isto não quer dizer que seja fácil. Seus genes não

determinam o que você é ou o que aconteceu no seu corpo. Ao invés disso como um efeito de suas crenças você

seleciona das imensas fontes de combinação de seus grupos de genes as características que melhor refletem suas

crenças e intenções presentes.

Da mesma forma, seus pais ou o ambiente social da infância nada têm a ver com suas circunstâncias

presentes, mas aquilo em que você acredita sobre eles agora, e como você reage a essas crenças agora,

certamente lhe afetarão. Da mesma forma que no presente você muda a si mesmo, seus pensamentos e seu

comportamento,você muda seu mundo.

Repetidas vezes, meus alunos e eu, testemunhamos mudanças dramáticas de personalidade e circunstâncias

no instante em que a pessoa decide fazer uma mudança no pensamento e comportamento. Mencionarei agora

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somente uma mudança. Aconteceu no Taiti, após um treinamento que fiz lá. Um de meus alunos, uma mulher

haitiana, mantinha há muito tempo uma briga com sua irmã por causa de uma propriedade, a ponto de sua irmã

processá-la de forma muito desagradável. Após remoer sobre o que havia ensinado na noite de minha partida,

esta mulher decidiu fazer uma prece de perdão para sua irmã, não importando o que tivesse feito ou que ainda

viesse a fazer . Na manhã seguinte, sua irmã chamou-a e lhe disse que tinha pensado sobre a questão toda e

tinha decidido anular o processo e não disputaria mais a propriedade.

Corolário: Tudo é relativo

Agora é o momento do poder, mas como podemos definir o que é agora? A definição mais fácil e prática é:

A área de alcance da atenção presente. Agora, pode ser este segundo, este minuto, esta hora, este dia, mês, ano

dependendo de sua focalização, mas usar essa definição envolve aceitar como agora elementos daquilo que

ordinariamente chamamos de passado e futuro como no caso de concentrar nossa atenção no presente, dia, mês,

ou ano; isso é exatamente o correto. O que chamamos de futuro é apenas o futuro relativo ao que definimos

como o momento presente, e o mesmo é válido para o passado. Se nossa atenção é suficientemente ampla

podemos até trazer conhecimentos de vidas passadas e futuras para nosso momento presente (se você acredita

nelas).

Quando a nossa atenção e consciência trazem aspectos do passado e do futuro para este momento presente

eles estão dentro do alcance do nosso poder para mudá-los. Isso significa que a partir do momento presente nós

podemos mudar o passado e o futuro.

Corolário : O Poder Aumenta com a Percepção Sensorial

Existe muita gente que vive no mundo de hoje e que nem mesmo está aqui. A maior parte da atenção está

concentrada nas lembranças do passado, projeções no futuro, fantasias de mundos substitutos ou em si mesmo.

À medida que diminui a conscientização do momento presente durante tais ruminações, o poder e a eficácia no

presente também diminuem.Pode ser bastante benéfico retirar-se do mundo presente quando feito esporádica ou

ciclicamente para relaxamento,recreação,inspiração,planejamento ou auto desenvolvimento, mas, há um ponto

crítico de retorno que varia de pessoa para pessoa se tais concentrações são mantidas por longo período.

Infelizmente, algumas pessoas estão presas obsessivamente ao passado, futuro ou em qualquer outra parte por

causa de um grande medo e de raiva. Culpa,ressentimento e preocupações os mantêm fora do presente e

afastados das alegrias da vida. Muito do medo e da raiva, pode ser dissipado, mudando-se a atenção para o

presente sensorial, embora, pessoas que decidiram que o momento presente é uma situação perigosa

encontrarão mais dificuldade em fazer isso.

Que significa concentrar-se no presente sensorial e quais são os efeitos em se fazer isso? Significa estar mais

e mais conscientemente atento à força de seus sentidos. Por isso poucas são as pessoas que praticam a

verdadeira conscientização da sensação que, às vezes, é ensinada como uma técnica de meditação. E algumas

pessoas, sem nem mesmo tentar, a fazem tão bem, totalmente inconscientes, que causam profundo impacto em

outros á sua volta. Os efeitos são resultado do terceiro princípio - a energia flui para onde a atenção vai.

Quanto mais atenção você presta ao poder de seus sentidos, mais você progride através das experiências de

acuidade sensorial mais elevada, relaxamento, conscientização do fluxo da energia dentro de você e à sua volta,

conscientização de mais coisas acontecendo, que, você geralmente não notava.E até o aumento da compreensão

da qualidade de um sonho, da realidade física e uma conscientização de uma lucidez no sonho.

Algumas dessas coisas, podem assustar devido ao fato de serem estranhas e outras podem causar um

sentimento semelhante ao explodir de alegria. Por outro lado, um menor esforço fará com que se sinta apenas

aborrecido. Uma indicação do entendimento xamanico desta prática, encontra-se no significado da palavra

havaianas para isso: “ano” (e sua variação “„ano”) , o momento presente, semente, aparência, paz, inspiração,

santo, sagrado, fogo intenso (a+no).

Explorando o Momento Presente

Onde quer que você esteja preste atenção nas cores de seu ambiente, brancos, vermelhos, laranjas, amarelos,

verdes, azuis, violetas e pretos. Olhe então para todas as linhas retas e curvas que você puder ver, a forma dos

objetos e os espaços entre eles. A seguir escute os sons que você conseguir ouvir vindo de todas as direções.

Sinta então, a posição de suas mãos e pés, seu corpo como um todo, a sensação de sua roupa e do que você

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estiver tocando, o movimento de sua respiração e o melhor que puder, da energia dentro de você e à sua volta.

Adicione finalmente, outro sentido como o paladar, o olfato, se você quiser e deixe sua atenção passear entre

todos seus sentidos, prestando mais e mais atenção a cada um deles. Faça isso pelo tempo que quiser, durante

qualquer atividade e decida por si mesmo se vale à pena continuar. Lembre-se que este tipo de concentração é

uma arte que poderá ser desenvolvida. O momento presente é um campo muito rico para a experiência e a

aventura.

O QUINTO PRINCÍPIO: ALOHA

Amar é ser Feliz

Amor é uma palavra que muita gente acha difícil de entender porque seu uso tornou-se muito confuso.É

usada para expressar prazer: “eu amo sorvete”,desejo sexual “eu quero fazer amor com você”, intenção “eu

amaria pôr minhas mãos naquilo”, como uma medida de preocupação “se você me ama fará o que quero” e para

expressar uma necessidade de dedicação “eu morreria sem seu amor”. Os efeitos do amor numa história ou

canção contemporânea até soam como deficiências vitamínicas: “insônia, enjôo de estômago, perda de apetite,

fraqueza nos joelhos, palpitações, tonturas, mãos suadas, febre, arrepios, etc...”.

Em havaiano o significado de amor é muito claro e proporciona um guia muito útil para amar e ser amado.

Aloha é a palavra que significa amor. A raiz “alo“ significa “estar com, partilhar uma experiência aqui e agora”.

A raiz ”oha“ significa “afeição, alegria”, portanto a tradução completa de Aloha transforma-se em "amar é ser

feliz com”. Isto significa que o amor existe à medida que você é feliz com o objeto de seu amor. Em qualquer

relacionamento com uma pessoa, lugar ou coisa, a parte feliz vem do amor e a parte infeliz vem do medo, da

raiva e da dúvida. Você não fica com as mãos suadas por estar amando mas sim por estar com medo. Você não

se fere por amar mas sim por raiva. O que recebe por amar é a felicidade e a intensidade disto depende quão

profundamente você está amando. Estar amando profundamente significa estar profundamente ligado, e a

profundidade e a clareza dessa ligação crescem quando o medo, a raiva e a dúvida são removidos.

Corolário: O Amor Aumenta Quando o Julgamento Diminui

Uma vez fui a um seminário denominado “Atualizações” (conhecido por alguns como "est wíth heart") que

consistia basicamente em alguns exercícios de meditação e de muita participação pessoal. Durante o segundo

dia, o amor e a afeição que havia entre nós ficou muito forte. No terceiro dia, havia uma centena de pessoas

apaixonadas. O coordenador do seminário foi honesto o suficiente para admitir que não houve intenção de que

isso acontecesse. Ele nem mesmo sabia como isso tinha acontecido, simplesmente aconteceu. Quando você sabe

como o amor funciona é fácil de entender. Cem estranhos se juntaram, sem nenhuma expectativa ou história, a

não ser o que escolheram compartilhar e tudo que receberam deste convívio foi o reconhecimento e o apoio,

sem críticas e julgamentos. O medo, a raiva e a dúvida não estavam presentes, mas sim o amor. O amor estava

realmente presente. O medo, a raiva e a dúvida, encobrem o amor.

Medo, raiva e dúvida dão origem á crítica e ao julgamento negativos, os quais, provocam separação o que

diminui o amor. A crítica mata relacionamentos. Por outro lado, o elogio os constrói e reconstrói, isso, porque o

elogio é um ato de amor, ser feliz com, que esclarece e reforça relacionamentos. Devido ao Terceiro Princípio

quando você faz um elogio reforça aquilo de bom que elogiou e que então cresce. Quando você critica, reforça

o mal que você não gosta e que também cresce.

Um novo relacionamento está geralmente cheio de alegria, felicidade e excitação porque a tendência, no

início, é observar e ficar somente com o que vê de bom em cada um. Como a dúvida sobre você mesmo, sobre o

outro ou sobre o relacionamento, em geral, cresce naturalmente, a tendência é criticar as falhas percebidas ou

imaginadas. Se isso acontecer rápida e abertamente, o relacionamento será de curta duração, mas se acontecer

vagarosa e sutilmente, o relacionamento será longo e infeliz, até um dos parceiros não agüentar mais. Para ser

franco, um relacionamento contém mais dor do que prazer. Um relacionamento no processo de se acabar devido

á crítica pode ser reavivado e ser feliz novamente, removendo-se a crítica e adicionando-se grandes doses de

elogio e cumprimentos. Isto será mais fácil se ambos participarem, é possível, mas bem difícil, fazer isso

sozinho. A chave do sucesso é, simplesmente, aumentar a apreciação por aquilo que você gosta em seu parceiro

e aumentar a tolerância por aquilo que você não gosta. Elogiar telepaticamente é tão importante quanto

verbalizar e é, às vezes, a melhor maneira de começar.

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Corolário: Tudo está Vivo, Consciente e Reativo

Para o xamã, a vida não se limita a plantas, animais e seres humanos porque a vida é definida como

movimento. Algumas coisas se movem muito vagarosamente como, por exemplo, as pedras; outras se movem

rapidamente como a luz. Para os xamãs, estes são simplesmente tipos de vida diferentes. Agem também no

Segundo Princípio, pois sendo a Fonte da Vida infinita e autoconsciente, tudo deve ser autoconsciente e,

portanto, reativo em certo grau ao que acontece em volta de si.

Assim o xamã, especialmente o aventureiro, tenta agir respeitosamente em relação a tudo. Isto pode ser

considerado agradavelmente excêntrico, mas na realidade, tem um propósito muito prático, Ku está vivo,

consciente e reativo. Quando você se auto-critica, Ku sente-se atacado e tenta se defender, contraindo os

músculos, o que causa stress e inibe a conscientização, a memória e o fluxo de energia tornando-o fraco e mais

sujeito a doenças e acidentes. Uma simples crítica não causa tais danos, mas o hábito de se autocriticar

certamente o fará.

A auto-estima ao contrário,relaxa os músculos, aumenta a conscientização, o fluxo de energia e a força; ativa

as qualidades da memória e faz com que você se sinta melhor.

Quando você critica ou elogia qualquer coisa no mundo à sua volta, três coisas acontecem:

Primeiro, devido ao Segundo Princípio, Ku, não distingue entre você e seu sonho; por isso se você critica

outra pessoa, um dia de chuva, seu carro ou o governo, Ku tomará isso como alusão pessoal e seu corpo ficará

tenso. Quando você elogia qualquer coisa, Ku agradece e seu corpo relaxa.

Em segundo lugar, devido ao Terceiro Princípio, qualquer característica ou condição em que você concentra

o desejo terá tendência a aumentar, de acordo com o nível de resposta do objeto. Se você critica uma pessoa

que dá valor à sua opinião a sua crítica mesmo que esteja cheia de boas intenções reforçará o comportamento

criticado. Se melhorar, será independente de sua crítica e não por causa dela. Se a pessoa não der a menor

importância à sua opinião, a crítica terá o mínimo efeito sobre ela, mas de qualquer maneira, afetará você.

Elogiar uma pessoa ajudará a reforçar o bom que você aprecia, seja ou não sua opinião importante para ela,

porque Ku sempre responde de alguma forma ao amor. Da mesma forma, se você criticar a chuva, acontecerá o

que você não quer, mas se você elogiar, choverá o suficiente; se você criticar seu carro, tenderá a quebrar mais

vezes, mas se você o elogiar, andará melhor (se tiver de quebrar, será de forma mais conveniente); quanto mais

você criticar as ações que não gosta do governo, mais ele tenderá a praticá-las, e quanto mais você elogiar

aquilo que gosta, mais serão as atividades nesse sentido.

Em terceiro lugar, devido ao Quinto Princípio, cada crítica aumentará a separação e diminuirá a

conscientização sobre aquilo que você está criticando, até você conseguir uma situação secundária a si mesmo,

que não terá nenhuma semelhança com o original. Cada elogio trará você para mais perto e aumentará a

conscientização daquilo que você elogia, expandindo portanto, seu crescimento de várias formas. Uma questão

muito importante é o de que fazer quando alguém o critica. Há muitos ensinamentos sobre esse assunto, mas

apresentarei somente um que é derivado do presente princípio. O exemplo que usarei é extremo, mas sua

aplicação é bem clara.

No velho Havaí, havia muito medo de maldições, que são somente críticas usadas como ameaças, devido a

uma crença muito forte no poder das palavras. Quando o povo tinha contato com os xamãs não havia esse medo

pela mesma razão. O ensinamento xamanico era de que o poder de uma maldição podia ser neutralizado e

desfeito, pelo poder de uma bênção, que é somente um elogio sob a forma de promessa. Se então, um homem

enraivecido dissesse a um fazendeiro “que suas colheitas apodreçam e enfraqueçam” o fazendeiro olharia com

amor para seus campos e diria: “que minhas plantações cresçam e produzam em abundância”. O efeito da praga

seria nulo e a colheita receberia uma injeção de energia. Aplicando a mesma idéia em uma base pessoal,

significa que quando você for criticado, elogie-se em voz alta ou mentalmente e a critica não terá efeito, desde

que você não tenha medo dela.

Explorando o Poder do Amor

Vou pedir-lhe para fazer algo que você nunca fez antes. Por um minuto sente-se, feche os olhos e elogie-se

bastante por uma boa qualidade, característica ou comportamento que você possa pensar. Não se importe de

repetir a mesma coisa, se não puder pensar no que dizer. Com a prática fica mais fácil. Se respostas negativas ou

autocríticas surgirem espontaneamente não lhes dê importância; continue a elogiar-se (pode fazer isso por mais

de um minuto). Quando terminar, conscientize-se de seus sentimentos e sensações. Quase sempre, se sentirá

muito melhor. A seguir, por mais um minuto sente-se com os olhos abertos e elogie uma boa qualidade,

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característica ou comportamento conscientemente no seu ambiente. Novamente, não preste atenção nas críticas,

e vá mais longe se você quiser. Então, não é esta uma bela forma de sentir-se?

O SEXTO PRINCÍPIO: MANA

Todo Poder vem de Dentro

Muitas filosofias nos ensinam que somos relativamente incapazes e que o verdadeiro poder existe fora de nós

na forma de um Deus separado da sua criação, deuses e deusas que agem a seu bel prazer, destino,

acontecimentos passados, genes de nossos ancestrais, a sociedade (que quer dizer outras pessoas), o governo

(que também significa outras pessoas), os pais, uma hierarquia espiritual de mestres iluminados, forças do mal,

natureza..., virtualmente em qualquer lugar menos dentro de nós. Inteiramente e por um chocante contraste a

filosofia Huna ensina que todo o poder que cria a sua experiência, vem de seu próprio corpo, mente e espírito.

Logicamente falando, se não há limites, o Universo ou Fonte da Vida, é infinito e se for infinito, todo o seu

poder está em todos os seus pontos, inclusive no ponto que você descreve como sendo você mesmo. Mantendo

essa argumentação em nível prático, nada acontece a você sem a sua participação.

Cada acontecimento que você experimenta, você atrai criativamente através de suas crenças, desejos, medos

e expectativas, e então, reage a isso de maneira habitual ou por uma resposta consciente. Nesta altura, a pergunta

que me fazem é “...e os bebês inocentes?” Do ponto de vista espiritual não existem bebês inocentes. Na

realidade, muitos bebês são mais sábios que seus pais. Um bebê que nasce numa família pervertida ou com

deficiência física e mental, pode ter escolhido isso como um desafio na vida (não existem limites presumíveis na

vida antes da vida, assim como depois da morte), e um bebê que fica doente ou sofre um acidente pode estar

refletindo conflitos familiares que não estejam sendo expressos. Da mesma forma, ninguém o faz infeliz. Você

se toma infeliz porque os outros não agem da maneira que você quer que eles ajam, ou da forma que você acha

que deveriam agir. Se você for vítima de algum insulto ou ferimento é importante saber que algo em você

causou isto. Isso não quer dizer que você tenha culpa, porque provavelmente, você não estava suficientemente

atento às suas crenças, atitudes e expectativas que foram envolvidas. Isto também, não significa que a outra

pessoa fosse inocente porque o que quer que tenha feito, veio de suas crenças, atitudes e expectativas e seja qual

for o grau da escolha consciente de fazer o mal, ela estará sujeita ás leis da sociedade.É importante contudo

saber qual é sua parte no acontecido para que você possa mudar em si mesmo os fatores que provocaram o

acontecimento. Se o poder estava em você para criá-lo, então o poder está em você para mudá-lo.

Corolário: Tudo tem Poder

Quando algumas pessoas começam a brincar com a idéia de que são os criadores de suas experiências

freqüentemente têm a estranha idéia de que ninguém tem nada a ver com isso. Do extremo de não ter poder

pulam para o outro extremo, o de ter todo o poder. Ao contrário, todos têm o poder de criar sua própria

experiência. Em qualquer situação ou acontecimento todas as pessoas envolvidas estão criando suas próprias

experiências. Todos têm o mesmo poder.

Tudo tem o mesmo poder. O vento, as árvores, as flores, as estrelas, as montanhas, os mares, a chuva, as

nuvens e todos os outros elementos e objetos do Universo natural têm o mesmo poder de criar sua experiência.

Um xamã urbano bem treinado não ficaria surpreso com a idéia de que os computadores estão fazendo uso dos

seres humanos para construí-los. Algo maravilhosamente curioso é que, além das suposições que escolhemos

sobre isso não temos realmente nenhuma maneira de provar que não é deste modo. Eu sei que meu computador

, Jonathan, pensa que isso é verdade. De qualquer maneira, do ponto de vista de que tudo na natureza tem seu

próprio poder, você aprende a trabalhar respeitosamente com esses poderes mais do que tentar impor sua

vontade em substância morta. E no verdadeiro estilo xamanico tornar-se capaz de utilizar os poderes em seu

próprio beneficio. Em sociedades tradicionais, o xamã aprende o invisível poder do vento, o poder do

movimento do jaguar, o poder de cura da árvore e assim por diante. Enquanto ainda hoje podemos fazer isso

como xamãs urbanos também podemos aprender o invisível poder do eletromagnetismo, o poder dos

movimentos das máquinas e o poder curativo da música. Há poder em tudo e todo poder pode ser útil.

Corolário: O Poder vem da Autoridade

Em psicologia há um conceito de autoridade externa e interna. A autoridade externa é quando você dá o

poder de tomar uma decisão á outra pessoa. Autoridade interna considerada muito mais saudável é quando você

dá essa autoridade a si mesmo. Isto fica mais interessante, quando você descobre que um dos princípios básicos

de Mana, ou poder, é “autoridade”. Ainda mais interessante, é quando descobrimos que a palavra autoridade

está baseada em outra palavra que significa “criar” (da qual também nos vem a palavra autor).

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Falar com autoridade, quer dizer falar com a confiança de que suas palavras produzirão resultados como

“Que haja luz”. Aqui está o segredo do poder das preces, bênçãos, feitiços e afirmações. Elas têm poder à

medida que sejam ditas com autoridade. Leia o Salmo 23 ou a Prece do Senhor, se você não o fez, ou leia

novamente se possível e descobrirá que não são somente lamentos e pedidos de ajuda. São afirmações fortes,

para serem ditas com confiança e autoridade (ou fé e confiança, se você preferir). Ponha de lado qualquer

preconceito e leia um livro de feitiços secretos e você chegará a conclusão de que contém também declarações

fortes e autoritárias.

Nenhuma prece, feitiço ou afirmação terá muito efeito se for dita na expectativa de recompensa ou como se

as próprias palavras tivessem a magia. Autoridade sem dúvida é a chave da conscientização criativa, seja usada

com palavras, visões ou sentimentos.

Explorando o Poder da Autoridade

Para desenvolver o sentimento de autoridade sem dúvida, dê uma olhada á sua volta e comece a dizer às

coisas e ao ambiente para serem exatamente como são. Fale com as cadeiras e mesas, para que se coloquem

onde estão, diga aos quadros para se pendurarem onde estão, diga às flores e às árvores para crescerem onde

estão crescendo e diga às nuvens para se moverem como estão se movendo. Diga ao seu corpo para permanecer

do jeito que está, para sua conta no banco continuar a ser como é, diga às suas amizades para serem aquilo que

são e para as condições mundiais ficarem como estão (faça o possível para não duvidar ou criticar). Este

exercício o ajudará no caminho para esse estado de autoridade sem dúvida, de forma que quando sua ordem

mudar, as mudanças ocorrerão.

O SÉTIMO PRINCÍPIO: PONO

A Efetividade é a Medida da Verdade

Muitas pessoas têm problemas com este princípio, porque pensam que significa que os fins justificam os

meios. Na realidade é o oposto, os meios determinam o fim. Meios violentos produzirão resultados violentos e

meios pacíficos produzirão resultados pacíficos. Alcançar o sucesso através da crueldade produzirá um estado

de sucesso no qual, outros agirão implacavelmente com você e alcançar o sucesso através da compaixão

produzirá um estado de sucesso no qual outros o ajudarão.

Este princípio também diz que o que é realmente importante é o que funciona. Os xamãs não são nem

teólogos, nem cientistas teóricos. Eles são mais conselheiros e técnicos. A verdade absoluta e a realidade última

estão afastadas pela ausência de valor prático. Os xamãs são tão pragmáticos que, mesmo sendo os poderes da

mente sua área de trabalho, não hesitarão em usar quaisquer meios físicos e processos para efetuarem uma cura

e até mudarão de sistema, se isso os ajudar. Quando eu trabalhava como orientador particular, poderia no

decurso de um único dia, mudar do Cristianismo para Budismo, Espiritualismo, Voodoo, Psicanálise e Ciência,

trabalhando no sistema de crenças de cada indivíduo, para ajudá-los a encontrar meios de se auto-ajudarem. A

cura é a meta e a eficácia é o critério e não a prova de um sistema particular ou de um método.

Corolário: Há Sempre Uma Outra Maneira de se Fazer Qualquer Coisa

Todo problema tem mais de uma solução. Em um universo infinito como se poderia duvidar disso? Mesmo

assim, as pessoas geralmente ficam fixadas num método, processo, técnica ou plano para alcançar seus objetivos

e se este não funcionar, desistem. Se a meta for importante você nunca deve desistir, mude apenas a tática. Se

uma doença crônica não está melhorando, tente fazer algo que ainda não tenha sido feito, por exemplo: trabalhe

mais com sua mente e emoções se seu método anterior era físico ou trabalhe mais com a parte física se seu

método era mental e emocional. Se um método de confrontação não funciona num relacionamento, use um

método de maior cooperação e vice-versa. Se o seu atual plano de ganhar mais dinheiro não está dando

resultado mude-o ou mude de carreira.

Se a paz na Terra não aconteceu ainda, vamos usar mais uma maneira que funcione, criando novas. A vida e

os meios de melhorá-la existem em variedade e potencial inesgotáveis. Há sempre uma outra maneira.

Explorando o Poder da Flexibilidade

Imagine que você está andando numa estrada a caminho de uma cidade onde há uma praça central e bem no

meio dela, um tesouro num baú simbolizando uma meta importante em sua vida (você não precisa decidir agora

qual seja a meta). Cercando a cidade há uma muralha alta guardada por soldados e onde a estrada entra na

cidade, há um portão enorme e sólido. Usando o que vier à mente em sua imaginação, entre na cidade e pegue o

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tesouro. Uma vez feito isso, recorde a cena e entre mentalmente na cidade de modos diferentes. Faça-o

novamente muitas vezes, pelo menos seis vezes, mudando seu método cada vez que entrar na cidade. Através de

sua imaginação você estará treinando seu Ku para ter maior flexibilidade e alcançar seus objetivos.

OS SETE TALENTOS XAMÂNICOS

Os sete talentos xamanicos são simples derivados dos princípios. Representam qualidades especiais a serem

desenvolvidas, ao invés de técnicas especificas.

Visão (de O Mundo é o que Você Pensa que é)

Esta é a habilidade de operar no mundo sob a perspectiva dos princípios, “ver” as coisas sob este ponto de

vista, ao invés de por um modo comum. Freqüentemente chamamos isso de operar no segundo nível (Ike

Papalua), ao invés de operar no primeiro nível (Ike Papakahi). No primeiro nível de pensamento a realidade

“comum” de muitas pessoas é a de que o mundo é independente de sua maneira de pensar, tudo é separado, a

energia flui somente através de médiuns, o passado tem mais poder do que o presente, amar é arriscar a ser

infeliz, o poder está fora de você e a efetividade é um assunto de gênios, recompensa, força ou sorte. Operar no

segundo nível, num mundo basicamente do primeiro nível, não é fácil, mas é a chave do sucesso dos xamãs. O

que torna isso especialmente desafiador é que você tem que manter o primeiro nível consciente para poder se

comunicar com outros que operam nesse nível.

Esclarecimento (de Não Há Limites)

Para um ótimo resultado, é importante usar a melhor maneira possível de manter claras as conexões entre

todas as partes de seu eu e o universo à sua volta, principalmente por liberar continuamente a tensão e o stress

físico e mental, bem como se lembrar de trazer outros aspectos de seu eu e do mundo para sua atenção

consciente.

Focalização (de A Energia Flui Para Onde a Atenção vai)

A técnica apresentada aqui, é de manter em sua mente suas intenções objetivos,metas e propósitos.É um

modo de se conseguir uma revisão permanente de suas motivações, o que lhe dá maior eficiência em suas ações

e uma maior capacidade de suportar frustrações.

Presença (de Agora é o Momento do Poder)

É importante permanecer no momento presente o máximo que puder, especialmente quando lidar com os

acontecimentos do momento presente. Através de dura experiência aprendi que as pessoas com que estou

conversando podem sentir uma queda no meu nível de energia.

Se eu permitir que minha mente fique vagando, não sabendo disso, eles interpretam como se eu estivesse

distante ou os estivesse rejeitando. Freqüentei uma escola especial onde a competição pelas notas era ferrenha.

Durante uma palestra, me permiti olhar rapidamente pela janela, o que me custou uma resposta a uma pergunta

do teste seguinte. Assim sendo, consegui o primeiro lugar por apenas três centésimos de ponto. Pode ser que

você nunca precise dessa presença extrema, mas pode ser que sim. Quanto maior for sua presença, maior será

sua influência e eficácia.

Bênção (de Amar É Ser Feliz)

Abençoar é reforçar o bem verdadeiro ou o potencial através da palavra, imagem ou ação. Quando você vê a

beleza, admira a habilidade ou aprecia a bondade você está abençoando. O que o xamã faz de extra, é abençoar

o potencial. “Que você faça uma boa viagem”, “eu lhe desejo sucesso em seu empreendimento”, “que o vento

sopre sempre em suas costas”, esses são exemplos desse tipo de bênção. Lembre-se que bênçãos telepáticas

podem ser muito efetivas.

Autoridade (de Todo Poder Vem de Dentro)

Damos autoridade a alguma coisa quando lhe atribuímos qualquer tipo de poder. Pessoas que atribuem

poderes especiais a certos cristais estão lhes dando autoridade e conseguirão muito mais benefícios enquanto

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mantiverem o poder. Outra maneira de dar autoridade é personificar. Atribuir qualidades humanas a entidades

ou objetos não humanos. Por exemplo: por lhe dar autoridade, permiti que meu computador Jonathan e eu

tivéssemos um melhor relacionamento. A arte de dar poder também inclui a qualidade de tirar o poder. Como

exemplo os xamãs guerreiros têm a tendência de dar poder ao mal, através da personificação, pois dessa forma

podem aprender sobre o mal e como conquistá-lo. Enquanto os xamãs aventureiros têm a tendência de tirar o

poder do mal através da personificação e assim, aprendem sobre o mal e como harmonizá-lo. Você pode dar ou

tirar o poder de qualquer coisa, inclusive pessoas, lugares, coisas, o passado, o futuro, etc....

Tecelão de Sonho (de A Eficácia É a Medida da Verdade)

Como um tecelão de sonhos, o xamã tece sonhos para si mesmo e ajuda os outros a tecerem os seus. Isto é

também chamado de “cura xamanica". Um excelente massagista ao fazer massagem, está usando suas mãos

como ferramenta para curar o corpo físico. Um xamã massagista ao fazer massagem, está usando o corpo físico

como ferramenta para tecer um novo sonho e curar o espírito. Pode parecer o mesmo, mas não o é. Tecer um

sonho, não depende de técnica. Tem a ver com o fato de o xamã ter a atitude de curandeiro e praticar uma ação

de cura mental ou física, em todas situações que encontrar. Pelo menos, esta é a meta.

A QUARTA AVENTURA

CRIANDO HARMONIA NO CORPO

Mai ka piko o ke p'o a ka poli o ka wawae, a la ma na kihi 'eha o ke kino.

(Da coroa da cabeça, até a sola dos pés, e nos quatro cantos do corpo

uma expressão usada em cura).

A saúde é um estado de paz e harmonia, enquanto a doença é um estado de guerra e conflito. Um xamã

urbano curandeiro da tradição do aventureiro não tenta parar a guerra no corpo do mundo, mas busca em vez

disso criar a harmonia.

O conceito havaiano de saúde e cura é muito útil para o nosso mundo moderno. É baseado na palavra “ola”,

que também significa “vida” e “atingir a paz”. Sua forte raiz contém conotações de energia abundante. A

condição contrária, a doença é chamada de “ma'i”, com uma raiz que significa “estado de tensão”. Aqui, temos

um entendimento bem claro sobre a doença como uma condição relacionada ao stress.

As várias palavras que usamos para a falta de saúde são doença, estar desconfortável, estar afetado, cada

uma refletindo um ponto de vista filosófico a cura, embora não estejamos conscientemente atentos a isso.

Doença significa realmente, “maldade” e inclui um efeito de comportamento pecaminoso e uma força

malevolente que deve ser temida. Muita gente, subconscientemente, reage à doença dessa forma. Doença vem

de uma raiz que significa “estar com problemas ou tristezas” e implica uma base emocional para essa condição

existir. A doença significa realmente “desconforto”, mas agora, carrega uma conotação forte ou fisicalidade,

uma “coisa" que invade o corpo e tem que ser destruída, cortada, neutralizada ou vivida. Se uma pessoa estiver

mentalmente afetada, temos a tendência de teme-la, se mentalmente não estiver bem, devemos sentir pena dela e

se estiver mentalmente desconfortável, recomendamos cirurgia.

Ao contrário do ponto de vista ocidental que tende a tratar cada manifestação de doença como uma

entidade separada de acordo com os sintomas, local e reação ao tratamento, e que dá grande importância à

denominação de cada uma individualmente (geralmente depois que a pessoa descobrir um certo grupo de

sintomas), a maneira de tratar do xamã vem dos princípios; é expressa na língua havaiana e parece

absurdamente simples. Para o xamã, todas as doenças são consideradas como sendo auto geradas (somáticas)

como um efeito do stress. O local é simplesmente onde o stress se focaliza. Todas as palavras havaianas

relacionadas a cura estão cheias de conotações de fazer a energia fluir e de alívio da tensão relacionada ao

stress. Os vírus certamente existem, mas sob o ponto de vista Huna eles são o efeito do stress não a causa das

doenças. A bactéria certamente existe, mas não causa doenças; ela só tira vantagem disso. Sei que há muitas

objeções sobre essa minha afirmação e vou lidar com a maioria delas. Lembre-se por favor, que não estou

tentando refutar o sistema médico ocidental tradicional.Como afirmei antes somente estou apresentando um

sistema diferente.

O EFEITO DO STRESS

Virtualmente tudo o que fazemos causa stress e isso é muito natural. Pensamentos, emoções, atividades

físicas, alimentação, condições ambientais, todos causam stress. O que não é natural é o stress constante. O

fluxo natural da vida é um ciclo repetitivo de stress – tensão – alivio – relaxamento - stress e assim por diante. O

fluxo anormal se parece com isto:

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Stress – tensão – alívio - relaxamento

Stress – tensão –alívio

Stress – tensão – a

Stress – tensão - stress.

Como parte do alívio e do relaxamento do ciclo são inibidos. O stress e a tensão continuam a aumentar.

Quando a tensão do stress alcança um certo ponto que varia individualmente as funções do corpo começam a

falir.Enquanto estamos primeiramente focalizando o corpo tenha em mente que os mesmos conceitos se aplicam

a relacionamentos,sociedades e natureza.

Quando o corpo experimenta stress, cinco coisas acontecem quase sempre simultaneamente:

1 - Açúcar é liberado para a corrente sanguínea. O propósito natural do açúcar é o de prover energia para

atividades e, no ciclo natural somente uma quantidade certa de energia é liberada para lidar com a situação.Se a

liberação e o relaxamento são interrompidos mais açúcar que necessário é liberado e a desarmonia ocorre. Um

pouco de movimento físico vigoroso, ajudará a usar o açúcar em excesso.

2 - A glândula timo contrai-se.Ela é relacionada ao crescimento em crianças. Esta glândula é grande, fica

localizada no centro do peito, por trás do osso do peito, e está relacionada com o sistema imunológico de

adultos. Sua contração e liberação têm por finalidade estimular a produção das células brancas do sangue mas

a contração contínua, inibe-a causando uma sensação de ansiedade. Bater levemente em seu peito com seus

dedos, ajuda o timo a relaxar.

3 - Músculos tensos. O propósito é o de reforçar e estimular as células para prepara-las para entrar em ação

apropriada. O ciclo de relaxamento permite que eles se recomponham. Halterofilistas sabem que os músculos se

reforçam pelas repetições de tensão e relaxamento. Tensão muscular contínua levará as células a perderem o

controle, as toxinas se acumularem e o suprimento de oxigênio e nutrientes diminuir. A dor aparentemente é

causada não somente pela tensão muscular impingida aos nervos, mas também pela falta oxigênio no nível

celular. Os músculos não são somente grandes massas de carne que movem o seu corpo. Seus nervos e órgãos

internos são também protegidos (cobertos) pelos tecidos musculares.Alongamento e auto-massagem, rápidos e

revigorantes, ajudam a aliviar a tensão muscular.

4 - A dilatação dos capilares. Capilares são pequenas veias e artérias que levam o sangue diretamente para

cada uma das células. São uma rede tubular, que permite que o oxigênio e nutrientes da corrente sanguínea

viagem vagarosamente e nutram as células.Sob stress os tubos da rede expandem, e o plasma,substância aquosa

e clara,que transporta o sangue e nutrientes começa a fluir muito depressa. O propósito, quando a parte do ciclo

do relaxamento está operando, é de alimentar as células mais depressa e limpá-las rapidamente, levando as

toxinas para dentro do sistema linfático para ser eliminadas. Sob tensão contínua o movimento linfático fica

mais lento e o plasma e as proteínas se acumulam entre as células causando aumento de toxinas, pressão,

inchaço bem como inibem o suprimento das células por nutrientes e oxigênio. Sob stress extremo como

ferimentos ou choque, a rede abre-se tão larga que corpúsculos de sangue vão se espalhando, causando manchas

negras ou azuis e/ou muita palidez. Devido a esse efeito, choques muito severos podem requerer transfusão de

sangue enquanto os corpúsculos continuam a derramar para fora dos capilares estressados. Massagem suave,

exceto onde houver algum ferimento, também ajudará nessa condição.

5 - As células liberam toxinas. Nossas células estão liberando toxinas o tempo todo como parte natural da sua

atividade regular. Sob stress, a sua atividade aumenta,(enquanto a tensão não a inibir) e aumentarão também, as

toxinas, que estão sendo liberadas. O stress interrompe o processo natural de fazer que essas toxinas sejam

levadas pelo plasma e descartadas através do sistema linfático, para serem descarregadas através do suor,

respiração e eliminação. Quando a tensão é mantida inibe a limpeza das toxinas e elas aumentam localmente

envenenando as células e encontrando seu caminho para a corrente sanguínea, através dos capilares dilatados,

onde podem afetar o cérebro e as glândulas. Essa é uma das razões de tonturas ou irritação quando se começa o

relaxamento através de massagens e outros meios após um longo estado de tensão. Respirar profundamente,

ajuda muito pois estimula o sistema linfático e descarrega as toxinas.

Os efeitos do stress, acima descritos, ocorrem em todo o corpo, num certo nível, mas especialmente nas áreas

diretamente afetadas pelo stress. Desde que todas as condições de doenças no corpo são relacionadas ao stress,

de acordo com os ensinamentos do xamã havaiano, conhecer a fonte do stress é de muita utilidade para ajudar a

cura.

A FONTE DO STRESS

Não vamos perder tempo. A fonte do stress é a resistência. Ku‟e em havaiano significa “estar separado”. A

resistência natural é como um atrito que nos permite caminhar,o momentum que mantém uma bola de baseball

no seu curso e não indo parar em todos os lugares, a tendência de hábitos para mantê-los, e também a memória

manter seus padrões. A resistência natural produz o ciclo saudável da vida na qual as coisas tendem a seguir

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seus padrões, mas são flexíveis para se adaptarem às mudanças.

Falando de um modo geral há quatro tipos de resistência que serão discutidos a seguir. Vou descrever os

aspectos positivos e negativos de cada uma, juntamente com técnicas breves para aliviar rapidamente a tensão e

que chamo de sistema “rápido e fácil".

RESISTÊNCIA FÍSICA

Quando seu corpo leva um soco, apertão, batida,corte ou queimadura vai reagir com os efeitos do stress

acima mencionados e nós pensamos que machucaduras, ferimentos e bolhas são também efeitos naturais. Não é

bem assim. Há pessoas que podem enfiar agulhas de aço através de seus braços sem sangrar ou se ferir, outras

podem cutucar o corpo de outra pessoa sem deixar buracos nem feri-las, outros ainda, podem caminhar sobre

brasas de lava sem se queimar.

Isto pode lhe parecer anormal mas estou convencido de que é a coisa mais natural no mundo, embora seja

bem incomum. Seu corpo reage com stress a venenos, substancias tóxicas, radiação, e íons positivos mas há

pessoas que podem beber arsênico e álcool de madeira sem nenhuma conseqüência, nem todos que trabalham

com asbesto ficam doentes, algumas pessoas podem agüentar níveis de radiação muito mais altos do que outras

e muitos acham estimulação mental e física nos íons positivos.

O que distingue aqueles que não reagem com stress, a venenos e machucados, daqueles que reagem, é que

os primeiros têm maior tolerância àquelas substancias ou condições. O que significa maior tolerância? Significa

que eles poderão ingerir ou se expor a uma maior quantidade da substancia ou condição que a maioria das

pessoas antes que a sua resistência produza tensão significativa que cause uma falha no corpo. Isto significa,

para começar, que eles estariam mais relaxados e portanto agüentariam maior stress causador de tensão,

produzindo os sintomas, ou que eles teriam treinado seus corpos para responder diferentemente em primeiro

lugar, para reduzir a resistência mudando os padrões de reação. Sabemos por exemplo que algumas pessoas

treinaram seus corpos ingerindo gradualmente doses cada vez maiores de arsênico. Pessoalmente, prefiro a

prática do relaxamento.

De qualquer forma, talvez seja possível mudar nossas reações físicas para que contactos físicos bruscos não

resultem em ferimentos físicos. Em l983, enquanto me encontrava na ilha de Taiti, caminhei descalço

vagarosamente através e sobre uma grande extensão de pedras quentes de lava juntamente com um kauna

taitiano, pisando firmemente sobre cada pedra, durante todo o trajeto. Nem meus pés, nem os pê1os de minhas

pernas ficaram queimados. Tenho visto um número razoável de andadores de fogo e conheço várias maneiras

de faze-lo. A maneira mais comum no mundo é a da devoção e da crença na proteção de uma divindade, e tudo

correrá bem se a crença for realmente forte. A segunda maneira mais comum, que conheço, é a distração que

consiste num estado de transe de atenção focalizada em algo completamente diferente do fogo. A terceira

maneira, é a motivação, um desejo intenso e energético totalmente focalizado em se chegar do outro lado. Cada

uma delas tem em comum o efeito de mudar a atenção da mente consciente para longe do fogo reduzindo,

portanto, ou removendo a resistência ao calor e permitindo que o corpo siga um ciclo de cura instantânea

natural. Esta pelo menos, foi a minha teoria antes de caminhar nas rochas de lava. Decidi testá-la tentando um

método diferente no Taiti. Ao invés de usar a devoção, a distração ou a motivação, focalizei toda a minha

atenção naquilo que estava fazendo sem o menor comentário, perguntas ou análise. O efeito foi um sentimento

de unificação com o meu ambiente imediato que chegou a tal ponto que não senti medo, não houve resistência

portanto não me queimei. Meu corpo atravessou o ciclo de stress - tensão - alivio - relaxamento tão rapidamente

que os efeitos cumulativos da tensão não puderam ocorrer.

CRIANDO UM NOVO PADRÃO

Há muito tempo, há tanto tempo que não me lembro quando ou quem, me disse que se você bater com o

dedão do pé tudo o que precisa fazer é repetir o movimento várias vezes sem realmente bater o dedão do pé e a

dor sumirá. Eu fazia isso sempre isso sem pensar. Nos últimos anos estudei em detalhes esse processo e comecei

a ensiná-lo nos meus cursos, sugerindo a meus alunos, que tentassem variações. O conceito que desenvolvi foi,

que criando padrões e mudando o fim você estaria na verdade dando a Ku uma nova memória do evento,

requerendo que ele mudasse o estado do corpo de acordo com a nova versão do acontecido. Após o evento,

quanto mais rapidamente você usar este conceito, mais rapidamente o corpo voltará a se harmonizar. O que

meus alunos fizeram me deixou perplexo e muito feliz.

Uma semana após o curso um homem na Califórnia estava no seu quintal construindo uma cerca e bateu

com o martelo no polegar. Ao invés de jogar o martelo no chão e seguir a rotina normal de dar pulinhos de dor

enquanto apertava o dedo e xingava, ele lembrou da lição e continuou fazendo os mesmos movimentos,

logicamente sem tocar no dedo. Repetiu essa ação mais ou menos umas dezessete vezes e, após a décima sétima

vez o dedo quase nem latejava mais. Ele continuou a construir sua cerca e quando terminou olhou para o dedo e

não havia nem manchas nem inchaço nem dor.

Um médico no Texas contou que estava cortando alface para fazer salada e cortou-se no dedo.O corte era

profundo, por sua profissão sabia que iria precisar levar pontos, ao invés disso ele resolveu testar a minha idéia

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maluca. Após alguns passes repetitivos com a faca o dedo parou de sangrar e doer. Ele acabou se esquecendo do

corte e continuou a fazer sua salada. Três dias depois do acidente ele olhou para o dedo onde não havia nem

mais sinal de corte.

Uma senhora em Minoesota queimou o dedo numa panela quente e rapidamente repetiu a ação com um final

diferente e não teve nem bolhas nem dor.

Uma senhora no Canadá fechou os dedos da mão na porta do carro e completamente alienada dos pedestres

começou a repetir o movimento da porta fechando nos seus dedos até que a dor desapareceu por completo e não

ficou nem com manchas nem cortes.

Talvez o mais incrível de todos foi o caso de uma senhora na Califórnia, decidida a agir assumindo que Ku

vive só no momento presente e não distingue entre imaginação vívida e a experiência física. Algumas semanas

antes ela havia queimado a perna no exaustor da motocicleta e sua perna não estava sarando satisfatoriamente.

Vividamente revendo o acidente em sua mente mudou mentalmente o fim da sua experiência em que sua perna

não havia queimado no exaustor da motocicleta. Ela repetiu isso mentalmente umas quarenta vezes. Sua perna

que já tinha começado a ulcerar ficou boa em três dias.

As possibilidades deste processo tão simples são fantásticas e ilimitadas especialmente se você puder usá-lo

para ajudar os efeitos presentes de eventos passados. Como orientação acho que os melhores resultados vem de

uma pequena mudança de padrão.

RESISTÊNCIA EMOCIONAL

A resistência também vem do medo e do desprazer. Resistimos aquilo que tememos e aquilo que nos causa

desprazer. Embora a resistência possa se originar com as decisões de Lono, Ku ainda expressa resistência

emocional, juntamente com o ciclo do stress físico.

O medo natural tem a finalidade de nos alertar de algum perigo iminente e dentro desse processo natural o

medo desaparecerá assim que você agir. Com nossa imaginação criativa freqüentemente geramos um medo

anormal que permanece muito tempo após o incidente. Recentemente durante uma aula no nosso centro em

Kauai, uma senhora contou que tinha acabado de salvar uma criança que estava se afogando. Esta senhora

estava ainda muito traumatizada de medo devido ao acontecido. Fiz com que ela examinasse seus padrões de

pensamento e ela finalmente se conscientizou que seu medo e trauma vinham sempre quando ela vividamente

imaginava o que poderia ter acontecido se ela não estivesse lá no momento exato para poder salvar a criança. Ao

invés de sentir-se feliz pelo sucesso do salvamento ela estava se assustando futilmente com fantasias. Remoendo

na fantasia assustadora ela estava induzindo um aumento contínuo de tensão em seu corpo. Sintomas como

paralisia,hipofunção (pouca atividade), rigidez,ansiedade, náusea e tonturas tenham talvez no medo um fator

importante de causa.

O desprazer natural tem o propósito de focalizar a energia para mudar alguma coisa na sua situação imediata

através da prevenção ou da ação direta. Não é natural quando usamos a memória para reabastece-la várias vezes.

Além de acabarmos nos irritando com a nossa memória (lembrança) mais do que com a pessoa que nos

causou o desprazer, ou mesmo com a situação presente, a raiva contínua, causando misérias no corpo, é

provavelmente a causa principal da maioria das doenças. Onde quer que você tenha um inchaço, ou infecção,

inflamação, febre, dores, feridas ou tumores, a raiva será o fator importante causador dessas manifestações. É

também um fator para se considerar em condições como rigidez e qualquer tipo de dor.

Agora vamos ver algumas maneiras “rápidas e fáceis” de lidar com cada uma delas.

O EFEITO DA EXPECTATIVA

É útil saber o que realmente é o medo. O medo é simplesmente a expectativa da dor, o resultado da projeção

da imaginação para o futuro,de um ponto no presente ou no passado e inventando uma experiência de dor. O

medo nunca é sobre o presente, somente sobre o futuro. O problema é que Ku não sabe disso. O que quer que

seja que você puser em sua mente será tratado por Ku como acontecendo no momento presente. Antecipar a dor

é o mesmo que experimentar a dor isso leva o corpo para o ciclo negativo do stress.

Relaxamento, é lógico, reduz o medo e também em muitos casos o conhecimento ajuda essa redução. Medo

é sempre acompanhado de tensão mas se você estiver completamente relaxado será impossível sentir medo. Se

você tiver conhecimento de que aquilo que você não teme não pode lhe acontecer ou não lhe causará dor, o

medo irá embora. O método mais simples e rápido que encontrei para me livrar do medo foi mudar o foco para

seu oposto, em outras palavras, o medo é a expectativa da dor e seu oposto, a expectativa do prazer. Demonstro

isto geralmente fazendo com que a classe focalize a idéia: “e se alguma coisa terrível acontecer nos próximos 5

minutos?” após alguns minutos depois de deixa-los sentir as reações de seus corpos eu lhes digo: “e se alguma

coisa maravilhosa acontecer?” Eles sentem imediatamente uma mudança em direção do prazer e que lhes foi

trazida pela expectativa positiva. Mesmo que você se encontre numa situação na qual você tem absoluta certeza

de que algo de ruim vai lhe acontecer (como na cadeira do dentista) faça a mudança para uma expectativa

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presente fantasticamente positiva. Uma vez que o medo lhe der um sinal de aviso você não precisa mais dele

nem da tensão que ele lhe causa.

A TÉCNICA DO COBERTOR DO PERDÃO

A raiva ou irritação anormal e os efeitos do stress que queremos mudar são resultado básico de critérios

anormais. Todos nós temos critérios sobre como as coisas deveriam ser e do jeito que as pessoas e nós mesmos

deveríamos agir. Esses critérios permitem que nos alinhemos com os nossos ideais e que continuemos a fazer

mudanças para melhorar o nosso mundo. Um critério anormal é aquele que diz: “As coisas e as pessoas não

deveriam se desviar de nossa expectativa, porque se eles assim o fizerem deveriam ser punidos”. Isto causa uma

tremenda raiva, ressentimento e stress porque as pessoas e as coisas vão naturalmente se desviar quer você

queira ou não, simplesmente devido a uma espontaneidade criativa. Por exemplo algumas pessoas gostam de

tentar eliminar todos os deveres para reduzir a raiva e o stress. Isso ajuda até um certo ponto. Outros gostam de

praticar o relaxamento porque a raiva também se associa com a tensão muscular e, se você estiver

completamente relaxado não poderá sentir raiva. Meu método rápido e fácil preferido é o cobertor do perdão.

Perdoar é basicamente um processo de decidir que seja lá o que tenha acontecido não importa mais. É

maravilhoso para todos os ressentimentos e culpas conscientes que muitos de nós carregamos desde tempos

passados. Nem todas as fontes para as reações presentes de Ku estão prontamente ao dispor de nossa mente

consciente. Parcialmente, porque a raiva poderia ser somente um dos fatores envolvidos numa determinada

situação atual. Se você puder reduzir um pouco qualquer raiva ou ressentimento que exista, essa condição inteira

será aliviada até um certo ponto. Praticando o cobertor do perdão primeiro, você assumirá que em qualquer

condição atual de dor ou desconforto há alguma raiva envolvida, mesmo que você não saiba do que se trata.

Você, então tocará a área do seu corpo que está doendo ou desconfortável com os dedos de uma de suas mãos e

dirá: “Seja com o que for que isto estiver relacionado eu perdôo completamente e não importa mais”. A maior

parte do tempo você terá algum alívio e geralmente um alívio completo, mas você precisará fazer isto durante

um minuto com sua atenção totalmente focalizada. A mínima mudança será um alivio da sua raiva e parte do

stress, e você continuará a ter essas sessões de um minuto de vez em quando, mesmo enquanto estiver ocupado

em outra coisa. Caso não haja nenhuma mudança ou você está lidando com a raiva ou não está pronto a

esquece-la.

RESISTÊNCIA MENTAL

Quando resistimos a qualquer coisa geramos stress.

A resistência mental difere da resistência emocional da mesma forma que avaliação difere de análise. A

resistência emocional vem de pensarmos que algo é mau; a resistência mental vem de pensarmos nisto como

sendo errado. Isoladamente isso não teria um poder devastador como o do medo e da raiva mas corrói a

confiança, o amor-próprio e a saúde do corpo da mesma maneira que a erosão de um pequeno riacho causará

numa montanha. A resistência mental, adquire a forma da crítica negativa, e cada crítica individual que Ku sente

é como um soco e causa, relativamente, uma pequena quantidade de stress. Entretanto, o mesmo soco, com o

qual você pode lidar facilmente quando estiver relaxado e saudável, pode ferir como fogo quando você estiver

tenso e dolorido em conseqüência de outros socos anteriores. Este tipo de crítica é muito sutil quando habitual, e

pode passar pela sua mente antes mesmo que você perceba. Por favor saiba que a tensão ocorre

independentemente ou não da crítica ser falada em voz alta.

Uma das idéias mais malucas da sociedade moderna é achar que a crítica é boa para você ou que lhe ajudará

a aprender. Tudo o que a crítica faz é criar o stress e a reforçar aquilo que você está criticando. Relembrar

daquilo que não fizemos corretamente só impede o aprendizado. Quando você começa a aprender a andar

quando criança, você o faz esquecendo-se daquilo que não funcionou e lembrando-se do que funcionou. Pessoas

que só se lembram daquilo que não deu certo tendem a repeti-lo. Se alguém aprende sob crítica aprende apesar

dela e não por causa dela. Várias pessoas sempre me perguntam sobre o valor da “crítica construtiva”. Não tem

nenhum valor porque geralmente é uma desculpa para criticar. Apontar faltas é motivado mais por um desejo de

humilhar alguém para sentir-se superior do que um verdadeiro desejo de ajudar. Se você realmente quisesse

ajudar apontaria para os sucessos e as várias maneiras de aumentá-los. Aqui existe uma qualidade altamente

desenvolvida chamada análise critica. A crítica construtiva geralmente acontece assim: "Não, não, isto é errado.

Faça isto deste jeito, seu estúpido". A análise crítica é assim: “O que você fez não lhe dará o que você quer, mas

se você o fizer assim terá o que deseja”. E o reconhecimento é a recomendação sem julgamento. É evidente que

uma pessoa com pouco amor próprio, terá a tendência de interpretar mesmo a análise crítica positiva como uma

crítica pessoal negativa e ficará tensa sobre isso. Minha experiência, é que a reação à crítica é uma das maiores

causas de asma, alergias, resfriados, dores de cabeça e talvez por causa desse hábito que causa um

encorajamento de rigidez de pensamento também a artrite.

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O CICLONE E O SANDUICHE

Algumas pessoas estão tão condicionadas ao hábito da crítica que não conhecem nenhuma outra maneira de

se ajudar a mudar a si mesmos nem a outros. Se você for uma delas não se sinta mal, porque você faz parte da

maioria. A solução é criticar se for necessário, mas faze-lo de uma forma diferente.

O ciclone se refere a dar voltas em torno do padrão usual da crítica,que seria admitir a existência de alguma

coisa boa e em seguida, oferecer a crítica. Ex: “Aquela é uma bela pintura mas você pôs muito vermelho no

céu”. Para melhorar o efeito torça-a ao contrário e ficará assim: “Eu acho que você pôs muito vermelho no céu,

mas é bela pintura”. A razão de torcer e finalizar a frase com um elogio é que em termos de tensão e de

relaxamento físico um elogio neutraliza a crítica especialmente no corpo daquele que a está fazendo mas

também com um grande grau de relaxamento no corpo daquele que a está recebendo, tornando-o mais aberto á

ajuda. O sanduíche é igual, com exceção de que desta vez,você começará com um elogio, faz a crítica e termina

com outro elogio. Exemplo: "Esta é uma bela pintura embora tenha muito vermelho no céu,mas eu gosto

realmente da maneira que você fez as ondas". Tal método encoraja uma aceitação mais relaxada da crítica e

uma maior inclinação á mudanças além de ajudar a aliviar o stress.

A RESISTÊNCIA ESPIRITUAL

A resistência é o resultado da tensão, vem de ir ao encontro, ou afastar-se de um estimulo físico, de reações

de medo ou raiva (ressentimento), ou defender-se contra a crítica negativa. Pode também ser o resultado da

alienação. Lembre-se que a palavra havaiana para resistência é "ku'e",que significa “estar separado”. A tensão

da resistência ocorre quando você se separa ou tenta separar-se de algo. Na resistência espiritual você se aliena

de um lugar, de um grupo, ou do resto do mundo, porque você sente que não pertence a nenhum deles. Isto

ocorre porque você não se sente aceito, mas também pode ser atribuído ao fato de você pertencer a um outro

lugar. Há infinitas combinações possíveis de crenças que poderiam causar esses sintomas e a causa disso

realmente não importa. O que tem importância é que quanto maior a alienação maior será o stress negativo. A

não participação das atividades de grupo ou o sentimento de nenhuma ligação com o local em que você vive

causa uma quantidade baixa de stress (descontando o medo, raiva e outros fatores críticos), mas chegar ao

extremo de longos períodos de devaneios, longas meditações e autismo pode causar muitos problemas físicos.

Longos períodos de devaneio significam que você passa a maior parte do seu dia com toda a sua atenção

consciente em sonhos, ao invés de estar neste mundo. (Novelistas, geralmente mantém o equilibro através de

atividades físicas como escrever, bater a máquina ou ditar). Longas meditações significam passar grande parte

do seu dia em qualquer foco meditativo que tira a sua atenção deste mundo e o leva para longe do seu corpo.

Parte da razão do crescimento da tensão física é simplesmente a inatividade, que baixa a absorção de oxigênio

aumentando as toxinas. Mas a tensão também é produzida pela separação entre Lono e Ku ou da sua atenção

mental focalizada no seu corpo por longos períodos de tempo. O mesmo pode acontecer se a gente dormir

muito. O dormir muito causará moleza e dores no corpo. As pessoas comprometidas com qualquer destas

atividades alienantes (dormir muito, devanear, meditar) geralmente sentem que se torna cada vez mais difícil e

desconfortável “voltar para dentro do corpo” depois de prolongados períodos de ter estado afastado dele , que

leva a passar períodos ainda mais longos fora de si. O retrocesso é que o longo desligamento foi causa do corpo

sentir-se desconfortável.

Tive uma experiência pessoal nesse assunto. Quando acampando com meus filhos nas Serras Altas

estava sentindo dificuldade de acompanha-los e num determinado momento resolvi usar a técnica do repetir um

cântico que desligou a minha mente do meu corpo, e assim pude caminhar mais depressa e sem sentir nenhum

desconforto. Acompanhei-os assim até alcançarmos o nosso acampamento. Logo que tornei a me ligar ao

corpo, tive um colapso de calor e exaustão. Meu Lono, desligado não estava totalmente consciente de que Ku

estava dando gritos de aumento de tensão e de desidratação. Os meninos tinham ido a uma cascata e levei mais

de meia hora para fazer Ku voltar para me recuperar até poder alcançar meu cantil.

Não há regras restritas nem rápidas de quanto tempo você poderá ficar desligado sem a tensão desnecessária,

porque o nosso metabolismo e a nossa motivação são diferentes. O melhor teste é como você está se sentindo.

Um período saudável de desligamento produzirá bem estar quando você se ligar novamente. Se a alienação

espiritual for o problema, uma ligação consciente com uma atividade física, com pessoas, ou com a terra, serão

muito úteis e a prática de bênçãos também ajudará. O autismo é um caso especial porque nessa condição a

pessoa se afasta tanto do mundo que ele/ela vai precisar de ajuda para voltar. Os sintomas vão, geralmente, de

uma recusa de falar ou de participar em quaisquer atividades, até uma recusa de se conscientizar das pessoas que

o cercam,chegando a ponto de total ignorância de suas presenças. Pode haver movimentos rítmicos,

aparentemente propositados. A solução mais produtiva, parece ser o amor incondicional, e eu recomendaria os

livros de Barry Kaufman, para qualquer pessoa interessada neste assunto. Em alguns casos tudo o que é

necessário é um pouco de amor. Uma de minhas alunas, era professora de uma escola primária e tinha uma

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aluna que poderia ser classificada como quase autista. A menina não falava, nem participava. Sentava-se quieta,

desde a hora que chegava á escola até a hora de ir embora e não respondia a atenção de sua professora. Devido

ao tempo limitado que professora podia dedicar a cada aluno, sugeri que ela se sentasse perto da menina por

dois minutos durante cada aula, imitando as posições, expressão e qualquer movimento que a menina fizesse e a

cada dois minutos, tocar gentilmente na menina e lhe dissesse “Obrigada”. No final de três semanas,a menina

estava conversando,sorrindo e começando a participar das aulas.

KAHI - O TOQUE DE MÁGICA

A tradição havaiana tem um sistema, que trabalha com o corpo, chamado lomi-lomi. É, em geral,

considerado um sistema de massagem, mas tem elementos que se parecem com massagem sueca, esalen,

rolfing, acupressura, terapia de polaridade e mais algumas coisas que não lembram nada conhecido. Pela

primeira vez, estou escrevendo em detalhes sobre uma dessas coisas. É um processo raramente ensinado que

tenho partilhado com meus alunos durante meus cursos xamanicos por muitos anos. Penso que seja uma das

coisas mais úteis que eu aprendi e que estou ensinando. Este processo chama-se “Kahi” que significa unidade

(harmonia) e, que também se refere á técnica do lomi-lomi usando as mãos levemente ou uma pressão dos

dedos. Alguns de meus amigos havaianos, aprenderam esta técnica de maneira diferente, mas da maneira que

me ensinaram, o que a mente faz durante o Kahi é mais importante do que aquilo que as mãos estão fazendo.

OS OITO CENTROS E OS QUATRO CANTOS DO CORPO

Na cura tradicional havaiana os oito centros do corpo são: a coroa, o peito, o umbigo, o osso pubiano, as

palmas das mãos e as solas dos pés e os quatro cantos são: os ombros e os quadris. A sétima vértebra cervical

(uma saliência no fundo da base do pescoço) e o cóccix são centros adicionais totalizando 14 ao todo. Cada um

deles é considerado em Kahi como “um centro de poder” ou fonte de energia de uma certa forma, como os

chacras orientais.

Para praticar Kahi coloque os dedos ou a palma de uma de suas mãos (não importa qual) sobre um desses

centros de poder e os da outra mão num ponto de “liberação” ou “alívio” ou seja uma área no corpo que esteja

em tensão, dor, machucada ou qualquer outra condição de desarmonia. Em alguns casos este poderá até ser

outro centro de poder. Para uma dor de cabeça você colocará os dedos de uma mão levemente sobre o ponto da

dor e a outra mão no umbigo ou na base da espinha. Para dor de estomago coloque levemente a mão sobre o

estomago e a outra mão atrás do pescoço ou em uma das palmas da mão do paciente.

A parte mais importante: focalize sua atenção em ambas as suas mãos ao mesmo tempo enquanto respira

profundamente. Até você ficar com bastante prática disso pode mudar a sua atenção rapidamente entre as mãos

ou imaginar um arco-íris unindo-as. Para maior ajuda além da sua atenção focalizada, ensino também um

cântico havaiano, baseado nos sete princípios mas desde que me é impossível ajuda-los com a pronúncia aqui

vai um cântico que também é baseado nos princípios.

“Tenha atenção, Seja livre, Fique focalizado”,

“Esteja aqui, Seja amado, Seja forte, Esteja curado”.

Use o ritmo e o tom que desejar. O cântico servirá um propósito duplo, o de lhe ajudar com seu foco dando

sugestões a Ku. O efeito principal,entretanto vem do foco duplo nas duas mãos. Em Kahi você não tenta passar

a sua energia para o corpo da pessoa, nem tenta ser um canal ou condutor para o transporte da energia com a sua

respiração e a sua mente. Tudo o que você faz é manter o foco. Por causa do terceiro principio o próprio foco

intensifica e harmoniza a energia do corpo do paciente. Não há maneiras suficientes para enfatizar a

importância.deste ponto porque muitas pessoas querem controlar o processo da energia com Lono. Isso não é

necessário. A energia sabe exatamente o que fazer e Ku sabe como responder. Esta técnica também ensina a

confiança.. Use Lono para manter o foco e deixe que o resto aconteça naturalmente. Após respirar

profundamente três ou quatro vezes cheque o seu corpo e o corpo do paciente através da regeneração.Se a

condição melhorar você termina o seu trabalho, se não melhorou, você tem a opção de continuar tentando.

O que acontece em Kahi é que o foco das suas mãos induz a um fluxo de energia entre elas como o fluxo da

eletricidade num fio. O efeito desse fluxo em Kahí é duplo: primeiro aumenta a intensidade do seu campo

pessoal de energia e em segundo lugar estimula a porção de liberação do ciclo do stress resultando numa

diminuição de tensão e uma harmonização da área nas e entre as mãos. Quando você coloca suas mãos no corpo

de alguém a mesma coisa acontece para você e para a pessoa a ser tratada. De acordo com o Segundo Princípio

quando você usa Kahi em alguém você estará também se beneficiando. Os efeitos específicos são:

1 - Relaxamento da tensão muscular, a diminuição da dor, a estimulação do processo de cura do corpo no

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ponto do 1iberação (alívio). Isto pode ser acompanhado de uma sensação de calor e de formigamento

(agulhadas).

2 - Pode acontecer que às vezes a dor mude de lugar. A experiência nos indica que isto está realmente

revelando uma nova camada de dor, que estava encoberta pela dor original. Continue a trabalhar na nova área

como fez na primeira.

3 - Ás vezes não há mudança na condição do paciente mesmo após muitas rodadas ou sessões de Kahi (uma

“rodada” é um foco de Kahi que dura de três a quatro ciclos de respiração profunda). Uma “sessão” é qualquer

quantidade de duração de aplicação do Kahi separada no tempo de outra aplicação semelhante. Isto pode

acontecer quando a causa do stress é basicamente a resistência devido à raiva ou ao medo. Enquanto um foco

mais intenso poderá quebrar essa resistência é recomendado usar uma técnica mais direta, relacionada a mudar

as emoções ou os padrões de memória que são a causa desses sentimentos. Tais técnicas serão discutidas mais

tarde.

4 - Às vezes a condição volta após a sessão de Kahi.Isto se deve a renovação da mesma maneira de pensar

dos padrões que causam esta condição. Kahi somente ajuda na cura através de uma mudança no estado do corpo

indo da tensão para o relaxamento. A cura vem da mudança da mente.

5 - Freqüentemente há sensação de movimento, de calor ou de adormecimento nas mãos da pessoa que aplica

o Kahi. Também é comum sentir-se mais descansado após aplicar Kahi porque você não está tentando controlar

ou forçar a energia e portanto não se sente cansado.

Como já mencionei, você poderá aplicar Kahi em si mesmo ou nos outros. Descobri que os efeitos são

maiores quando você segue a prática geral de usar o centro de poder mais conveniente e mais afastado do ponto

de alívio. Se eu estiver trabalhando na parte de cima das costas usaria o centro da palma da mão e o centro do

cóccix ou o centro umbilical (não sugiro o centro púbico, exceto com um amigo intimo), ao invés dos ombros,

peito ou centro no pescoço. Se as áreas do foco forem muito próximas, o fluxo diminui e se forem muito

distantes o esforço de alcança-los aumentará a sua própria tensão. Esta não é uma regra, é somente uma

orientação porque haverá vezes em que você poderá querer que os dois pontos estejam próximos ou distantes

por uma razão pessoal.

Kahi também é uma ótima alternativa para a acupressura e a reflexologia. Sem tirar o valor desses sistemas

valiosos preciso dizer que é um prazer faze-los sem dor. O jeito de faze-los é combinar os centros de poder do

Kahi com alguns pontos de acupressura ou reflexologia suaves (nos pés você poderá ir trabalhando desde o

centro da sola de um pé até o ponto de sensibilidade no outro pé). Pressione os pontos somente o suficiente para

descobrir os pontos sensíveis então, suavemente, continue com o toque bem leve enquanto mantém o foco. Após

ter feito isso por uma sessão verifique novamente o ponto sensível.

KAHI A DOIS

Esta é uma maneira excelente de acalmar alguém, melhorar o seu astral, praticar a cura cooperativa ou

estabelecer um profundo relacionamento. Quando trabalhando um no outro, as duas grandes variações são:

1 - Olhe para o seu/sua parceiro/a com a palma de sua mão esquerda para cima e da direita para baixo.

Toquem as palmas e curvem os dedos segurando levemente os dedos do seu parceiro. Ambos começam o Kahi,

focalizando cada um nas suas próprias mãos enquanto cantam baixinho.

2- Coloque sua palma direita ou seus dedos sobre seu umbigo e a palma da sua mão esquerda ou seus dedos

no peito ou na testa do seu parceiro enquanto ele faz o mesmo com você. Focalizem suas mãos enquanto

respiram profundamente.

Entre outras coisas, você vai notar que após muitas rodadas (sessões) há uma tendência de perder a conta de

onde, fisicamente você termina e seu parceiro começa. Isto não acontece para todos imediatamente mas é um

sinal da integração dos campos energéticos pessoais unificando-se. Se você fizer isto muitas vezes com a mesma

pessoa vai acabar por desenvolver uma amizade profunda e uma comunicação telepática considerável.

KAHI EM GRUPO

Assim como a eletricidade pede ser aumentada colocando-se baterias em série o poder de curar pode ser

aumentado colocando-se pessoas em série. As duas variações seguintes funcionam muito bem.

1 - Sentem-se ou fiquem em pé formando um círculo com quem quiser receber tratamento incluindo-o como

parte do círculo. Segurem-se as mãos e comecem o Kahi. Algumas vezes há maior efeito num grupo grande, se

cantarem um cântico em voz alta.

Se vocês quiserem adicionar um pouco de ritual façam com que todos segurem as mãos com a palma da

mão esquerda virada para cima e a da direita para baixo. Não é necessário, mas algumas pessoas preferem

assim.

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2 - Todos do grupo formam uma fila, curva, se preferirem com uma mão no umbigo e a outra levemente

tocando o centro do pescoço da pessoa a sua frente. A primeira pessoa da fila aplica Kahi da maneira normal em

alguém que precise de ajuda.

KAHI MENTAL

É suficiente dizer que não é necessário usar as mãos, pois o que faz o trabalho em Kahi é o foco. O que as

mãos realmente fazem é ajudar o seu foco, entretanto muitas pessoas precisam dessa ajuda e muitos curam

melhor quando tocam. Mesmo assim, há ocasiões em que quando um foco é muito claro e aguçado o Kahi

mental pode ser muito útil como:

1 - Quando o ponto de liberação (alívio) de uma pessoa que você está curando é muito sensível ao toque, ou

está localizado numa área delicada na anatomia, você poderá manter sua mão alguns centímetros afastada acima

do ponto ou poderá usar somente a sua mente para focalizar naquele ponto.

2 - Quando você quiser trabalhar em si mesmo e ambas as mãos estão ocupadas. Eu tive que fazer isso

quando tive uma dor muscular enquanto dirigia o carro.

3 - Quando você quiser ajudar alguém próximo de você, mas fazer o Kahi abertamente não seria nem prático

nem aconselhável.

O trabalho á distância será discutido no próximo capitulo.

KAULIKE - UM OUTRO TOQUE MÁGICO

Kaulike significa “equilíbrio ou harmonia” e se refere a uma maneira extremamente simples de ajudar as

pessoas a se sentirem bem. É possível aplicar em si mesmo mas funciona melhor quando outra pessoa aplicar

em você porque é uma maneira de partilhar o amor e a amizade. Essencialmente kaulike consiste em tocar

levemente o corpo de outra pessoa enquanto estejam sentados, em pé ou deitados. Quando feito com a atitude

certa da parte daquele que aplica bem como de quem recebe é realmente muito bom. A atitude certa é

simplesmente a de dar e receber. A beleza do kaulike é que não é necessário pensar por Lono, nem mesmo

focalizar como em kahi.

Fique em pé de frente para a pessoa que vai receber o kaulike e toque nele/nela com seus dedos, alternando

as mãos, durante o ritmo do 2 batidas do coração, sobre a coroa (cabeça), a garganta, o peito, o plexo solar e o

umbigo. Use então as duas mãos uma de cada lado do corpo e toque nas mandíbulas, ombros, cotovelos, pulsos,

cadeiras, joelhos, tornozelos e pés. Termine, levantando os seus braços do lado de seu corpo e acima de sua

cabeça passando as suas mãos em movimentos circulares com as palmas viradas para fora, na frente do corpo do

recipiente, até a altura dos quadris. Pronto só isso. Não há nada mais. Você não tem que pensar ou cantar ou

respirar profundamente só o que precisa fazer é tocar e fazer movimentos circu1ares com as mãos.

Prosseguiremos agora, trabalhando mais com a mente, mas sempre em parceria com o corpo.

A QUINTA AVENTURA

INICIANDO A MUDANÇA ATRAVÉS DA INTUIÇÃO

Ka po nui ho'olakolako,ke ao nui ho'omehameha,

(O mundo interior dá; o mundo exterior ignora).

Os xamãs não ensinam a intuição, eles a aceitam. É uma função tão natural quanto respirar e é logicamente

seguida pelos três primeiros princípios. A intuição é uma maneira importante na qual o mundo se torna o que

nós pensamos que ele é; é uma das maneiras em que tudo está unificado e é levado pela energia que flui onde a

atenção se focaliza. Portanto assim como o respirar pode ser desenvolvido em uma habilidade muito refinada, a

intuição também pode ser.

Deixe-me explicar: a palavra intuição no sentido ativo e no passivo é como uma alternativa das palavras

telepatia e clarividência. Em primeiro lugar, a intuição se refere á informação ou o conhecimento que se recebe

através dos sentidos interiores, da visão,da audição e sentimentos (também algumas vezes através do olfato e

raramente do paladar), embora a telepatia tenha a conotação usual de alguma coisa ativa e verbal, e a

clarividência geralmente significa alguma coisa passiva e visual. Em segundo lugar, assim como no mundo

exterior o conhecimento interior e a informação podem ser dados bem como recebidos.

Como funciona a intuição? Para uma explicação vamos usar uma metáfora pois não estamos descrevendo

algo físico, que pode ser separado em partes, com nomes específicos. A evidência da intuição, a troca de

informações sem prova física é inquestionável e isso deixa os cientistas malucos. Mesmo que você não a

ignore,não terá uma base física. Partindo do princípio que o mundo físico,de acordo com o pensamento

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xamanico,é um produto do mundo não físico, pode-se ou não encontrar explicação.Para tais pesquisadores eu

recomendo a observação de C.W.Leadbeater: “O erro mais comum é considerar que o nosso poder limitado de

percepção é também um limite de tudo o que existe para ser percebido”.

Uma metáfora muito boa, muito utilizada e previamente mencionada, é a da teia de aranha, também chamada

de teia Aka. Aka é uma palavra havaiana que significa essência ou “sombra” e também se refere á idéia de uma

teia não física cujos fios unificam tudo no Universo. Feita a ligação com o conteúdo emocional, esses fios, são

às vezes, chamados de cordões (cordas) ou cabos. Poder-se-ia dizer que embora a maioria esteja ligada por

cordões á sua vida exterior no planeta Terra, até o momento da sua morte, os xamãs buscam estar ligados por

cordões a tudo e durante todo o tempo. Usando-se a teia como metáfora, podemos dizer que as ligações da teia,

existem sempre, mas certos fios, são ativados somente pela atenção consciente. Isto é a intuição, a informação

consciente de alguma coisa. Um exemplo típico é quando você pensa num amigo e logo a seguir ou se encontra

com ele ou ele/ela lhe telefona. O pensamento do amigo, pode ter carregado consigo, uma sugestão ou um

desejo, ao qual ele/ela responderam, ou o amigo pode também ter pensado em você antes de lhe telefonar e você

pode ter captado esse pensamento. De qualquer forma, pode ser explicado como uma informação transferida

através da teia.

Outra metáfora útil e adequada para o xamã urbano moderno, é o efeito sinal. Nisto, tudo no Universo está

irradiando o seu próprio sinal, assim como uma estação de televisão e tudo também é um receptor.Cada sinal é

uma combinação das freqüências que irradiam toda a informação que existe, sobre o sinal da fonte, mas cada

receptor, somente consegue captar, um certo nível de freqüências, como o radio, que pode captar sinais

auditivos de uma estação de televisão, mas não consegue captar o sinal visual, ou uma televisão que somente

pega certos canais. Metaforicamente falando, a sua percepção do sinal de irradiação de outra pessoa é limitado

pela sua sintonia com essa pessoa. Quanto mais próxima for a sintonia,melhor será a recepção, quanto menor for

a sintonia, menor será a sua recepção. A sintonia é feita propositadamente, com a consciência alerta ou com a

atenção, ou então, passivamente para receber a informação ou ativamente para transmitir e por descuido ou

omissão, através das igualdades de crenças gravadas na memória de Ku. Mandando ou recebendo

especificamente de um individuo é como a comunicação entre um conjunto transmissor e receptor usando uma

extensão especifica e estreita de freqüências.

A estática pode ocorrer externamente vinda de outros sinais próximos dessa extensão ou internamente,

devido a um lapso e interferência (deve ser interpretado como perdendo o foco ou tendo dúvidas e/ou recebendo

crítica). Esta é uma grande metáfora porque explica muitos fenômenos intuitivos.

Uma terceira metáfora muito útil para o místico é o efeito do campo de energia. Neste caso, desde que o

Universo é infinito, você também é infinito. Se você é infinito, você está em todos os lugares. Se você estiver

em todos os lugares, então você poderá estar consciente de qualquer coisa e poderá influenciar qualquer coisa,

pondo a sua atenção nisso. A chave desta metáfora é a pureza da intenção e a claridade do foco.

Se alguém lhe perguntar o que é a intuição, você dirá que é aquilo que você pensa que é.

Os xamãs usam a intuição para juntar informação sobre o passado, presente ou futuro preparando-se para a

atividade de cura ou para curar. Discutiremos um grande numero de maneiras e de técnicas para fazer isto, mas

um pouco mais de discussão se faz necessário para que você possa usá-las efetivamente.

O ponto mais importante é que, conforme o Quarto Princípio, você não poderá sintonizar no passado ou no

futuro mesmo se quiser, porque o momento presente é a única realidade. Se você procurar um psíquico

profissional e pedir para que ele faça uma leitura, ele/ela, geralmente começa por lhe falar do passado, depois do

presente e por último sobre o futuro. De acordo com o ponto de vista aqui apresentado, o psíquico não está

realmente sintonizando no seu passado mas somente nas suas lembranças, (memórias conscientes ou não), que

você está irradiando (para usar esta metáfora). Assim, também ele/ela estará captando lembranças e seus

pensamentos sobre suas preocupações presentes, quando lhe falar sobre o presente, e estará também,

sintonizando em uma projeção lógica de seus padrões e inclinações presentes quando lhe falar sobre o seu

futuro. Veja bem, não estou dizendo que isto seja um esforço consciente da parte do psíquico. A maioria deles

está dando o assunto para Ku e Kane com um processo interno que é assim: “Ok, meus amigos, me dêem

algumas informações sobre o passado, presente e futuro desta pessoa”. O psíquico então, espera receber

palavras, quadros ou símbolos e sentimentos e interpreta-os conscientemente se for necessário, e lhe dará a

informação.

Um bom psíquico é geralmente muito acurado sobre o passado, razoavelmente acurado sobre o presente e

lamentavelmente errado sobre o futuro. A causa disto é que, parte da informação terá que ser filtrada através do

sistema do psíquico e, parte porque você está constantemente mudando de idéia sobre o seu próprio passado,

presente e futuro.Você também terá algumas lembranças bloqueadas e idéias conflitantes. Assumindo o conceito

do xamã de que nós estamos criando o nosso futuro, enquanto vivemos, pode-se imaginar a dificuldade que terá

um psíquico em escolher uma avaliação significativa dentre a massa de informações freqüentemente conflitantes

e confusas que você, e aqueles que presentemente ou potencialmente estão ligados a você, estão irradiando. E

incrível que eles sejam capazes de fazer o que fazem.

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Reconhecidamente, os psíquicos, ás vezes vem com informações sobre o futuro, as quais acontecerão

mesmo, mas isso é devido, geralmente ao fato de que eles sintonizam num padrão presente de hábitos fortes, de

grande sugestão, ou forte determinação. A maior parte do tempo,devido às nossas inúmeras mudanças, eles

estarão ou completamente errados ou parcialmente certos. Uma vez, visitei um psíquico de grande reputação, no

sul da Califórnia, para uma leitura. Sobre o meu passado, sua leitura foi boa, sobre o meu presente me

conscientizou de muitas coisas que eu não havia notado e, sobre o meu futuro foi muito mista. Ele sintonizou

bem sobre os meus planos futuros de fazer palestras, que, nesse tempo, eu não havia ainda iniciado. Ele também

foi apuradíssimo sobre o tempo de um encontro com um homem descrevendo sua aparência, ao qual, eu

somente me liguei psiquicamente seis meses após a leitura, entretanto ele o descreveu como alguém que seria

um professor importante na minha vida.O que aconteceu foi que no fim acabamos ficando amigos e partilhamos

alguns conhecimentos, mas o homem que ele havia mencionado nunca foi um professor para mim. Se meu

estado durante o tempo da leitura não tivesse mudado, então, talvez, ele pudesse ter sido realmente um professor

em minha vida. Finalmente, ele me deliciou, dizendo que eu, eventualmente me mudaria para a Riviera Francesa

e que viveria lá por seis meses por ano e que viajaria por outros seis meses. Isso nunca aconteceu mas aquela

leitura pode ter sido uma expressão mista da minha experiência passada na parte francesa da cidade africana de

Dakar que se parece muito com a Riviera, e também do meu desejo de viver no Havaí e daí viajar pelo mundo.

Apesar de toda a promoção e elevação do psíquico, eles raramente chegam a ser 30% acurados no total de

suas predições e 50% é adivinhação. O problema vem da estática do próprio desejo e stress do psíquico, bem

como do fato que as pessoas mudam de idéia. A Terra aparentemente muda a sua mente com muito mais

freqüência porque uma coisa na qual os psíquicos são ruins, é em predizer (descontando encontros com seres

extraterrestres) terremotos. Somente encontrei um psíquico cuja porcentagem de predição abrangia

consistentemente 90 a 98%. O que causava isso era realmente, a falta de freqüência das suas predições. O

“psíquico” em questão era Jack Smith um colunista do jornal Los Angeles Times. Seu método era esperar pela

edição anual do National Inquirer (uma revista) de predições de psíquicos famosos para o próximo ano. Ao lado

de cada predição dos psíquicos ele escrevia: “Isto não acontecerá” e ele estava terrivelmente acurado. Se nós

não sintonizarmos no passado ou no futuro e o que captaram são lembranças ou possibilidades por que então

nos incomodaremos de ligar a nossa intuição naquela direção? Por que não trabalharmos em estende-lo ao nosso

presente? Precisamente porque a intuição do presente extensivo, pode nos dar informações muito valiosas sobre

idéias inibitórias ás quais ainda nos apegamos sobre os padrões do passado e do presente e que podem nos levar

a um futuro indesejável. Podemos usar a nossa intuição para entendermos melhor a nós mesmos e aos outros

também; mudar as nossas idéias e portanto os efeitos do passado e mudar o futuro mudando os nossos padrões

presentes.

HAILONA - A INTUIÇÃO CRIATIVA

Hailona refere-se á arte de jogar por divinação, que é uma velha palavra para sintonizar com a intuição. Jogar

em si é uma técnica de tornar a informação intuitiva acessível á mente consciente. O processo básico, é o de

conscientemente focalizar uma pergunta e deixar o Eu interior (Ku/Kane) dar a você a resposta através de algum

tipo de sistema de sinais, símbolos e sistemas padrões que tenham sido empregados antes. Alguns métodos de

jogo comumente usados são jogar moedas para o I Ching, e a leitura das cartas do tarô. O conceito ensinado no

sistema xamanico, é que o seu interior junta a informação desejada através da teia, irradiação ou campo (de

energia) e manipula os sinais e símbolos de uma certa maneira que o padrão de sistema lhe dará a resposta mais

próxima e possível para o método escolhido. Numa leitura de I Ching, você poderá dizer que Ku juntou a

informação desejada através da intuição e levando em consideração a gravidade, a resistência do ar, a força

muscular e a fricção superficial liberando as moedas de uma forma que terão um padrão significativo.

Nas próximas secções descreverei um velho método de jogo havaiano, um método africano modificado e

outro, altamente flexível, de minha autoria baseado num modelo antigo.

'OI- PAHU

O nome deste método usado no velho Havaí significa “impar - par” ou “bem sucedido - mal sucedido”. É

usado quando você quiser determinar o resultado de um fato ou de um empreendimento. Primeiro abra dois

pedaços de pano, lenços servem, ou duas tigelas e designe um representando você e outro representando pessoa,

lugar, acontecimento ou empreendimento com o qual você esteja preocupado. Relaxe seu corpo focalize na

pergunta e, de uma pilha de pedras ou bolinhas de gude, coloque uma mão cheia sobre cada um dos lenços ou

dentro das tigelas. Finalmente conte as pedras ou bolas de duas em duas. Conte primeiro a sua para ganhar

tempo porque se você terminar com uma quantidade par pode esquecer do resto. Não importa o que esteja na

outra pilha este é um sinal de fracasso. Se a sua pilha tiver uma sobrando (impar), e a outra pilha também este

também é um sinal de fracasso.

Entretanto eu acho isto muito pessimista. O pensamento original era que ninguém poderia vencer („OI,

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XAMÃ URBANO – Serge King

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ímpar também significa sucesso) porque dois ímpares cancelam um ao outro. Por outro lado, se você aceitar a

filosofia do “sucesso- sucesso”, o resultado poderia significar sucesso dos dois lados. O último resultado, no

qual a sua pilha seria impar e a outra par, é um sinal definitivo de seu sucesso. Lembre-se sempre que a

informação que você recebe, não tem nada a ver com o futuro. É uma leitura dos resultados prováveis da sua

atitude e planos presentes.

Mude-os e você poderá mudar os resultados.

OS DEZESSEIS OLHOS DE FA

Há muitos anos atrás, entre os Fon, o povo de Dahomey (hoje chamado de Benin) no oeste da África, onde

vivi por dois anos e meio, um sistema de divinação, baseado na lenda, foi desenvolvido e até hoje é praticado.

A lenda falava sobre o deus Fa, criador do homem e mensageiro dos grandes deuses, que tinha 16 olhos em

forma de nozes de palma, e que se abriam todas as manhãs para que ele pudesse ver e profetizar. O nome dessa

divinação é: “abrindo os olhos de Fa”. É um método ímpar - par mas resolvi simplificar o processo original para

fins de uso moderno.

Consiste em relaxar e focalizar em uma pergunta, jogar uma moeda (cara par, coroa impar) ou quatro

vezes um dado e ver se dá par ou impar. A seguir consulte o diagrama abaixo para ter a sua resposta. Um

arremesso “ímpar” é representado no diagrama por um ponto e um arremesso “par” por dois pontos. É bom

desenvolver a sua intuição porque você terá que pensar de maneiras diferentes, pois a resposta á sua pergunta

será formada por uma só palavra e você terá que dar uma interpretação que sinta que seja que é a correta.

Por exemplo se a sua pergunta foi se você e seu amante estarão juntos no ano que vem, e tirar 4 ímpares

seguidos a resposta seria união e seria óbvia, mas se você tirar 2 impares, um par e um ímpar que dará a resposta

fraqueza, você deveria pensar em dar força ao seu relacionamento, ou na força a do seu desejo, ou ainda na

motivação da sua pergunta.

* = Impar ** = Par

União Separação Felicidade Infelicidade

*

*

*

*

**

**

**

**

*

**

**

**

**

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**

*

Positivo Negativo Força Fraqueza

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Liberdade Limitação Sucesso Fracasso

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Movimento Tranqüilidade Abundancia Carência

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AS PEDRAS XAMÃNICAS

Este método divide-se em 3 partes. Para o que eu ensino em meus cursos, você necessitará de 7 “pedras‟, que

não precisam ser pedras. Geralmente, uso contas de plástico coloridas, brancas, vermelhas, cor de laranja,

amarelas, verdes, azuis, e violetas. Os alunos que gostarem desse jogo comprarão um jogo pessoal. Pedras

semipreciosas também são muito populares, como por exemplo: pedras de basalto corroídas pela água e

pintadas e para meus alunos cegos, recomendo braceletes com balangandãs. Se você gosta de cristais, um

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XAMÃ URBANO – Serge King

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conjunto muito bonito pode ser composto de quartzo claro, rodocrosita, quartzo rosado, carnelian, citrina,

malaquita ou aventurina, turquesa ou sodalita ametista ou fluorita violeta. O melhor tamanho é não maior do que

1 centímetro de diâmetro. Quando começarmos a falar sobre o próximo tópico espero que você já tenha um

conjunto de "pedras” nas cores mencionadas.

A TÉCNICA DO SIM/NÃO

Use somente a pedra branca, a vermelha e a verde. A pedra branca, chama-se “Kumu” a função e as outras

"EO" ou pedras de resposta.

Isto significa que a resposta vem da pedra que cair mais perto da branca de qualquer lado dela. Nesta técnica,

a pedra vermelha significa não e a verde sim. Relaxe e faça a pergunta. Cuidado com perguntas usando a

palavra deveria (eu deveria fazer isto?) porque se relacionam com padrões ou regras de Ku e ele tem memórias

de mais de um conjunto tornando as perguntas ambíguas. Apesar da razão, essas perguntas tendem a ser menos

efetivas. Quando você estiver pronto, segure as pedras na sua mão e jogue-as na sua frente.

Se você fizer perguntas para testar receberá a estática da dúvida implicada na pergunta. A única diferença

entre psíquicos profissionais e o resto da população é que os psíquicos têm a tendência de confiar nas suas

respostas. Removendo-se o fator stress, quanto mais você confiar, mais acuradas serão as suas respostas.

Lembre-se também que as suas respostas estarão somente lhe falando sobre Ku e seus padrões e eles

poderão não ter nada a ver com a situação da maneira como os outros a percebem ou como realmente seria.

Pergunte qualquer coisa que quiser mas esta técnica é particularmente boa para se descobrir atitudes e crenças

no nível de Ku, e para dar informação da percepção de seu subconsciente sobre outras pessoas e situações.

Perguntando sobre assuntos que realmente lhe importam você poderá ter o desejo de jogar imediatamente de

novo se você não tiver gostado da resposta. Eu sugiro que você não faça isso porque a tendência é de aumentar

o medo e a supressão. Ao invés disto, recomendo o seguinte processo:

O processo do Xamã Sagrado, para a resposta que você deseja ter.

1-Pegue a resposta das pedras que você não gosta.

2-Acuse o recebimento da resposta, como se representasse um padrão corrente.

3-Com bastante força agarre as duas pedras de resposta e reverta a sua posição gritando: “Este é

o novo padrão, Ku. Lembre-se disso!”. Essa força, o grito e o movimento físico terão um efeito forte na

impressão sensorial de Ku e ajudam a estabelecer um novo padrão com melhores resultados.

A TÉCNICA DO CONSELHO

Use as sete pedras para esta técnica. A branca ainda é "Kumu" embora seja apresentada na lista de

significados com as pedras "EO".

BRANCA -Primeiro Princípio, palavra chave:conscientização,atenção

VERMELHA - Segundo Princípio, palavra chave: liberdade.

LARANJA - Terceiro Princípio, palavra chave: focalização.

AMARELO - Quarto Princípio, palavra chave: persistência.

VERDE - Quinto Princípio, palavra chave: amor.

AZUL - Sexto Princípio, palavra chave: confiança.

VIOLETA - Sétimo Princípio, palavra chave:flexibilidade.

Quando você estiver pronto relaxe e focalize num pedido, sobre o qual gostaria de receber um conselho

como: “Qual e a melhor maneira de eu conseguir o que quero?" ou "O que é melhor para eu fazer nesta

situação?" Lembre-se de que esta técnica não dá respostas sim e não. Jogue as pedras e leia a que estiver mais

perto da branca. Use a combinação do princípio e a palavra chave para obter uma resposta a sua pergunta. É da

natureza da divinação, que as respostas requeiram tanta intuição, quanto as perguntas.

Numa variação, ao invés de conselho sobre um determinado assunto, peça por um plano de ação, decidindo

antes o número de pedras que você deseja que façam parte da resposta à sua pergunta. Por exemplo se você

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perguntar: "Quero um plano de ação em 3 partes para aumentar a minha renda” e você tiver as pedras laranja,

vermelha e verde nessa ordem de proximidade da pedra branca, a resposta poderia ser lida como "Esclareça as

suas metas, livre-se da culpa e faça aquilo que você gosta”. Isso é simplificado porque na realidade você poderia

ter mais idéias sobre cada uma, ou ao invés de pedir conselho ou um plano peça: "O que está me impedindo de

alcançar a minha meta?” Jogue as pedras e leia a resposta daquela pedra que estiver mais próxima da branca e só

desta vez, leia em sentido contrário.

VERMELHO - stress físico e mental.

LARANJA - falta de foco.

AMARELO - procrastinação.

VERDE - raiva.

AZUL -medo ou dúvida.

VIOLETA - pensamento rígido.

JOGANDO QUADROS

Este é um dos grandes segredos da divinação xamanica. Imagine um antropólogo numa ilha tropical olhando

para uma vila xamanica jogando conchas, ossos e pedras e fazendo uma leitura. Ano após ano os cientistas

observaram os xamãs jogarem, e ainda não são capazes de entender o significado dos objetos ou a estrutura do

padrão.

Além disso não acreditam quando o xamã lhes diz que não há nenhum significado até que finalmente

consideram o xamã como uma fraude.

O que o xamã está fazendo? Ele está olhando para quadros. Em minha opinião esta é a forma mais alta da

arte de divinação porque estimula a intuição mais profunda através de símbolos e associações.

Para usa-la com suas pedras, relaxe e peça por um quadro que represente o estado presente ou futuro de uma

pessoa, lugar, coisa, situação ou condição. Jogue então as 7 pedras sem se preocupar com a Kumu ou Eo.

Quando as pedras tiverem sido jogadas olhe para elas sem nenhum esforço. Com o que o quadro se parece ou o

que ele lhe lembra? Você pode imaginar que as pedras são como pontos num livro para crianças, e tentar ligar

os pontos de maneiras diferentes com linhas imaginárias. Embora o chamemos de quadro ás vezes o significado

principal vem do seu sentimento. Você pode dar uma olhada nele e se conscientizar de quais associações ou

lembranças lhe vem á mente.Se você sentir que está certo leve em conta o significado das pedras que foram

dados na técnica anterior. Para algumas pessoas esta técnica será facílima e para outros exigirá mais prática

antes de quebrar as barreiras deste tipo de percepção. Se não importa o quanto você teste o padrão ainda não lhe

disser nada agradeça a Ku por tentar diga-lhe para lhe dar um quadro diferente sobre o mesmo assunto e jogue

novamente.

Você poderá usar para isto o processo de mudança padrão dado na primeira técnica caso você não goste do

quadro. Isto pode até funcionar como um processo de cura á distancia se você pedir por um quadro sobre a

condição de alguém. Neste caso, forçosamente, melhore ou mude o quadro movendo as pedras.

LA' A KEA - A LUZ DO AMOR

Tudo influencia tudo mas não no mesmo grau. Pode-se escolher tanto a teia, a irradiação ou campo de

energia. Uma observação válida é, que Ku é mais influenciado pelo campo mais forte, mais próximo e mais

ressonante.

Um campo é uma área de influência (como um campo magnético) ou de percepção (como um campo visual).

Aqui estamos considerando especialmente a influência com o campo de energia humano também chamado de

aura ou Hoaka em havaiano. Os campos de energia humanos têm componentes físicos e não físicos, no

momento os trataremos como um só. Será também útil definir a energia adequadamente como um movimento

de influência ou atividade que cria mudanças. Poderia também ser chamada de vibração de influência. Outra

coisa a notar é que a energia não é uma coisa tangível, mas coisas tangíveis têm energia,portanto uma redução

ou diminuição de energia equivale a diminuir o grau de vibração, sem tirar nada de tangível e um aumento de

energia é equivalente a aumentar o grau de vibração sem adicionar nada tangível. O aumento de energia, não é

como adicionar um copo com água à mistura de um bolo. É como aumentar a velocidade da batedeira elétrica.

A ressonância tem dois significados aplicáveis ao campo de energia humano. Um deles relacionado com a

eletricidade é a “condição de ajuste de um circuito que permita um maior fluxo de corrente de uma certa

freqüência”. Em termos humanos significa que o estado da mente e do corpo determina qual tipo de energia que

terá mais influência. Simplesmente dito qualquer medo que você sentir ressoará ou será influenciado pelo medo

adicional á sua volta; e a quantidade de confiança que você tiver será mais ressonante à confiança adicional. É

por isso que o primeiro passo mais importante em qualquer cura feita por um xamã urbano é aumentar a

confiança da pessoa a ser curada. É lógico que devido ao Terceiro e Sexto Princípios você poderá

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conscientemente escolher mudar a sua própria atenção para qualquer confiança que você possua e dessa forma

sintonizar mais na influência e na confiança à sua volta diminuindo a influência do medo. O outro significado de

ressonância vem da física e é: “a vibração reforçada em um corpo por outro, exposto à vibração de mais ou

menos a mesma freqüência”. Falando de seres humanos significa que o seu medo tende a aumentar o medo

daqueles que o estiverem cercando, e a sua confiança tenderá a aumentar a confiança dos que estiverem a sua

volta. A proximidade e a força dos campos de energia humanos estão intimamente relacionadas porque falando

de maneira geral quanto mais próximo você estiver da fonte do campo, maior será a força, mais energizado. Sua

aura, estende-se infinitamente mas a sua atenção mental e sensorial geralmente não. Devido ao Terceiro

Princípio,seu campo efetivo poderá ser bem diferente do seu campo atual.Também a freqüência, deixando as

considerações de lado nos seres humanos, tende a ser mais influenciada pelas energias físicas percebidas através

dos sentidos (visão, som, tato, etc.) do que por energias mentais percebidas através dos sentidos mentais. A

proximidade é um fator de influência importante.

A força num campo tem a ver com a intensidade de energia que é relacionada com a vibração. A qualidade

da vibração tem dois componentes: freqüência e amplitude. Ou posto de outra forma, o grau de intensidade.

Usando as ondas do oceano como exemplo, o número de ondas num comprimento de 100 metros determina a

freqüência das ondas e o tamanho de cada onda determina a amplitude.

Obviamente há mais energia em ondas de dois metros do que em ondas de meio metro, com a mesma

freqüência. Da mesma forma, uma nota Si no piano vibra numa freqüência específica; a mesma nota Si numa

tuba, vibra na mesma freqüência mas com um volume muito mais forte (o equivalente musical da amplitude).

Na aura humana a freqüência é determinada pelo foco e a amplitude pela emoção. O foco vem da atenção de

Kane, Ku e Lono e a emoção vem das respostas intencionais e reações habituais ao seu ambiente interior e

exterior. Isto significa que Ku é influenciado pelo campo mais forte, mais próximo e mais ressonante. Se você

entrar numa sala cheia de pessoas que se encontrem num estado de raiva ou grande potencial (isto é: há coisas

em sua vida que lhe dão raiva, mas presentemente, você não está sentindo raiva), mas há uma pessoa na sala que

está neste momento sentindo raiva, obviamente, sem demonstrar seu sentimento abertamente, é provável que

você comece a sentir uma crescente irritação e raiva sem saber a razão. Se a outra pessoa estivar com raiva

sobre alguma coisa que também poderia deixa-lo com raiva o efeito em você será maior. Este é o campo de

força mais próximo e a ressonância funciona. Se você tiver o hábito de evitar a raiva o efeito do campo

provavelmente o influenciará para suprimir as suas emoções subconscientemente através da tensão muscular e

quanto mais você permanecer na sala, mais desconfortável ou drenado você se sentirá. É importante saber disso.

A LUZ BRANCA DE PROTEÇÃO

Onde reina o medo, o conflito segue. Num mundo governado por tanto medo não é de surpreender que

técnicas metafísicas baseadas em ataque e defesa apareçam.

Talvez a mais comum encontrada no mundo seja: “A luz branca de proteção”, como é geralmente chamada.

É um belíssimo conceito mas o seu uso deixa muito a desejar.

Na sua forma mais simples, consiste em você se imaginar cercado por uma luz branca e clara que o protege

de todo o mal, emanando do seu próprio espírito ou dada você por um ser espiritual. Um aluno meu me deu

uma boa explicação para esta técnica. Na década dos sessenta, ele estava vivendo na cidade de Nova York e

uma de suas amigas, uma jovem muito adorável, que geralmente usava uma roupa fina de algodão, ia aos

lugares considerados perigosos da cidade, livre como um pássaro. Ele e outros amigos tentaram alertá-la para o

perigo, mas ela sorria e dizia que a sua luz a protegeria. Um dia ele a seguiu caso algo acontecesse e ficou

admirado de ver os homens da rua (geralmente perigosos), tratá-la consistentemente com cortesia e bondade. A

luz havia removido o seu medo e a reação das pessoas da rua era uma resposta a essa falta de medo e á presença

do amor.

Muito freqüentemente contudo o uso da Luz Branca reforça o medo e o piora. Quando isto acontece, o medo

vem da ênfase da proteção em vez de vir da confiança. Em tais casos é usada como uma cerca ou barreira, que

mantém a fonte do medo afastada e longe e portanto não se livra do medo. Na realidade toda a vez em que é

usada desta maneira, reforça o medo criando o hábito de ficar com medo.Se você puser uma proteção de luz

branca em seu redor, ao redor de sua família, seus amigos, sua casa, seu carro e confiar que tudo está protegido

funcionará bem. Mas se você usar a mesma luz focalizando naquilo de que a luz o está protegendo você se

assustará tornando a luz mais forte e fatalmente acabará atraindo aquilo que teme.

O pior e mais abominável uso da luz ás vezes é ensinado por professores metafísicos que estão muito

saturados com o medo para saber o que estão fazendo. Nessas circunstâncias a Luz é usada não só como uma

proteção mas também como um refletor ou espelho enviando a negatividade de volta à sua fonte. Assume que

qualquer negatividade que você sinta, tenha sido propositadamente enviada a você por alguém maldoso que

merece receber de volta o que lhe desejou. Enquanto isso, batalhas dos psíquicos se não são impossíveis, são

muito raras porque poucas pessoas no mundo são inteligentes o suficiente para se envolver nelas e estúpidos o

bastante para faze-lo. (Lembre-se que Ku toma tudo de maneira pessoal). Qualquer negatividade que você sinta

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nesse caso é a sua reação ao seu ambiente físico e espiritual, mesmo que alguém, em particular esteja com raiva

ou lhe deseje mal. Usar a Luz para mandar de volta uma maldade a outro, mesmo que você pense que está

refletindo o que recebeu dela, é se envolver em magia negra. A Luz Branca de Proteção é muito útil como

proteção mental, primeiro socorro para alguém tão encalhado em medo que nada mais o faz sentir-se seguro.

Uma vez que a mínima quantidade de confiança voltar, é hora de procurar algo mais avançado e benéfico.

A LUZ DO AMOR DE LA‟ A KEA

“La‟ A Kea” é um termo havaiano que significa Luz Sagrada, referindo-se às coisas boas representadas pela

luz do dia como a luz do sol, o conhecimento e a felicidade. É também usada na prática xamanica e significa a

aura carregada com a luz do sol, conhecimento e felicidade.

Esta técnica é parecida com a da Luz Branca descrita acima,com exceção que é usada para curar e

harmonizar. Para esclarecer a diferença vamos chamá-la de Luz do Amor. Atraída por seu poder interior, você

usará a sua mente, para se imaginar rodeado e cheio dessa Luz. Chamamos isso de “acender a luz”. Não deixe a

ênfase da Luz lhe incomodar. Você poderá imaginar cores, sons e sentimentos se preferir. A minha Luz do

Amor é cheia de cores, símbolos, padrões, música e sensações suaves dependendo do efeito que eu quiser

conseguir. Quando você acender a Luz, carregue-a gerando uma emoção positiva. Uma simples apreciação de

algo bonito, ou uma emoção mais forte. A primeira suposição é a de que a Luz do Amor existe. A segunda é

que ela banhará ou lançará seu feixe de luz na direção da área do seu foco. A terceira suposição é que ela

seguirá as suas instruções. Aqui vão algumas instruções de como usá-la.

1- Comece todo o dia “acendendo a luz do amor” e espalhando-a imediatamente pelo seu ambiente. Fale com

a Luz do Amor (tudo está vivo, consciente e reativo) e dê-lhe a instrução mentalmente ou em voz alta

“Harmonize este lugar”.

2 - Use a Luz do Amor através do dia com pessoas, lugares e situações diferentes da mesma maneira que a

anterior.

3 - Quando você sentir stress físico ou emocional acenda a Luz do Amor e diga: “Harmonize as energias ao

meu redor”.

4 - Se você estiver experimentando um relacionamento difícil com alguém estenda a Luz do Amor para

incluir a outra pessoa onde quer que esteja e diga: “Harmonize as energias entre nós” ou “Harmonize nossos

campos”.

5 - Se você quiser proteger sua família, amigos ou propriedades, imagine-se cercado pela Luz do Amor e

diga ela: “Guarde esta pessoa,lugar ou coisa em paz e harmonia”.

6 - Se você quiser usar a Luz do Amor para curar à distância pratique cercando-se com a Luz de cores

diferentes ou símbolos para as cores,com uma instrução diferente para cada uma delas. Se você já estiver usando

um sistema de cores, use-o. Aqui está o que nós usamos.

BRANCO/CLARO – ILUMINE! Usado em cura, para ajudar a aumentar o próprio conhecimento e a ligação

com o Eu Superior e também quando outra cor não parecer apropriada.

VERMELHO/ROSA - LIMPE! Usada para remover a tensão física e mental e as limitações; muito boa para

aumentar o relacionamento do grupo.

LARANJA/PESSEGO - FOCALIZE! Ajuda a focalizar a atenção e a energia.

AMARELO - CENTRALIZE! Ajuda a aliviar preocupações, ressentimentos e culpa; ajuda a remover a

procrastinação; aumenta a persistência e estimula a alegria do momento presente.

VERDE - BENÇAO! - Ajuda a aumentar a auto-estima; a gostar; a amizade, o amor e a felicidade.

AZUL-PODER! - Ajuda a aumentar as forças física e espiritual, a autoconfiança e a autoridade interior.

VIOLETA - AJUDE! - Ajuda a estabelecer a harmonia física e espiritual;a sintonia com o propósito e a

prosperidade e um alinhamento com os outros em metas em comum.

Alem disso, se você quiser:

PRETO - ABSORVA! - Pode ser usado para absorver e transformar a negatividade.

CINZA - MENTALIZE! - Pode neutralizar excessos de qualquer espécie.

ARCO-ÍRIS - Pode ser usado como alternativa paro o BRANCO.

Após ter praticado com as cores em si mesmo e já tenha se acostumado a elas use-as com outras pessoas,

lugares e coisas de que você gosta como mencionado no item 5.

7 - Para uma forma especial e intensa de cura à distância com a Luz do Amor selecione um pequeno objeto

talvez uma moeda, um cristal, ou uma pedra para representar a pessoa ou o lugar que você quer ajudar a curar.

Segure-o com a sua mão esquerda. A seguir, pegue uma das pedras xamanicas ou outro objeto da cor de acordo

com a lista acima (item 6) e segure-o na sua mão direita. Cerque-se com a Luz do Amor da mesma cor do objeto

na sua mão direita e faça o Kahi com as duas mãos com respiração profunda enquanto faz o seu desejo. Agora

focalize três vezes em ambas as mãos e na Luz do Amor. Você não tem que focalizar na imagem da pessoa

porque o símbolo equivalente a ela está em sua mão. Os objetos físicos ajudam a envolver as energias e a

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XAMÃ URBANO – Serge King

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atenção de Ku no processo. Numa certa altura você receberá um sinal para parar. Isto poderá vir em forma de

um suspiro profundo, como um impulso interno ou a sensação física de estar tinindo ou como cansaço. Quando

vier é um sinal do Ku da outra pessoa avisando-lhe que por enquanto já recebeu o suficiente. Complete o

processo, terminando com uma palavra ou frase como; “Está feito” “Obrigado” ou o havaiano “Amama”, mais

ou menos equivalente a “Assim Seja”.

Que você sempre abençoe e seja abençoado/a pela Luz do Amor.

A SEXTA AVENTURA

MUDANDO O MUNDO COM O SONHO XAMÂNICO

Aia ke ola i kahiki.

(Saúde e prosperidade em Kahiki, um lugar no mundo interior).

Este capítulo vai lhe apresentar ao poder do sonho xamanico para mudar o mundo. Vai começar com

maneiras de usar os sonhos, muito perto do nosso mundo exterior, e quando movido gradualmente, para um

sonho mais e mais profundo, você compreenderá e usará o máximo do sonho xamanico, a visão da busca. Na

cultura tradicional havaiana, está dividido entre PO e AO. PO é o sonho interior, as realidades invisíveis que dão

origem ao sonho exterior de AO. Porque PO se refere ao invisível, o reino da experiência, que os ocidentais

chamam de espírito, a mesma palavra é usada para designar “noite”, o tempo da escuridão. Para os havaianos

poéticos a noite ou PO, tornou-se um símbolo do mundo interior e o dia tornou-se um símbolo da expressão

exterior do mundo interior, e por isso, AO também significa “ensinando e aprendendo”. A hora do pôr-do-sol é o

começo de um novo dia, e a madrugada é o princípio da manifestação de toda a criatividade, que acontece

durante a noite .

O próprio oeste tornou-se um símbolo para PO, que confundiu muitos exploradores, e continua a confundir

antropólogos.Quando os polinésios disseram que tinham vindo do oeste, não se referiam à Ásia, mas a PO, o

reino do espírito. Isso enfatiza a idéia xamanica de o que experimentamos como realidade exterior é a expressão

ou a reflexão da realidade interior. E uma das maneiras mais efetivas de mudar a realidade externa, o sonho da

vida, é mudar a realidade interior ou, o sonho do Espírito.

AS TRÊS REGIÕES DE PO

Assim como o mundo exterior tem 3 regiões, terra, mar e céu, também o mundo interior tem 3 regiões, de

acordo com o pensamento xamanico havaiano. Eles são: Lanikeka, Kahiki e Milu.

Lanikeka é o Mundo Superior ou reino invisível. É o lugar onde Deus, os anjos e santos existem; onde os

deuses e deusas vivem e brincam; onde os grandes heróis, heroínas e mitos abundam. Na sua noite de sonhos,

você pode ter estado lá, ocasionalmente, quando você teve sonhos grandes e importantes ou super-reais. Os

xamãs vão até lá, especialmente através da inspiração, como Mauí fez para descobrir os segredos do fogo e do

cultivo.

Kahiki o mundo do Meio, é a região interior mais parecida com a realidade exterior. A maioria dos seus

sonhos e devaneios, acontece em Kahiki. Essa palavra soa como “Taiti” porque é a mesma, mas em dialeto

diferente. Era muito comum na Polinésia dar nomes aos lugares do mundo exterior com nomes de lugares do

mundo interior. Kahiki em havaiano significa "estrangeiro" e também "o poder de fazer alguma coisa", "o

mundo exterior", "forasteiro" e "estranho".Em taitiano a palavra Taiti significa "transplantar" e "atravessar".

Além disso esses nomes têm a ver com o uso dos sonhos de Kahiki para mudar este mundo.

A terceira região é Milu, o Submundo. Este é o lugar de pesadelos e desafios, é o lugar aonde os xamãs

geralmente vão numa visão de busca para recuperar o poder perdido. Vamos começar o nosso processo

trabalhando com Kahiki e os sonhos que você tem à noite.

MO ' IKE - A ARTE DE INTERPRETAR SONHOS

Isto é curto, doce e simples. Você é o melhor intérprete de seus sonhos. Com o método que vou partilhar,

você poderá superar livros com listas de interpretações, processos demorados de associações e análises

temáticas. Você pode ir direto á interpretação do seu sonho por causa do corolário do Quinto Princípio que diz:

“Tudo está vivo, consciente e reativo”. “Tudo” inclui todos os personagens e objetos dos seus sonhos, bem

como os próprios sonhos.

A maneira de interpretar um sonho é lembrar-se dele enquanto você estiver relaxado e acordado, e falar

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XAMÃ URBANO – Serge King

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diretamente a qualquer personagem ou objeto do sonho perguntando: “O que você esta fazendo aqui?”, “O que

você representa e simboliza?” Na maioria dos casos a pessoa, animal ou objeto lhe responderá, dando-lhe a

informação que você deseja saber. Para falar com o sonho como um todo, o imagine como uma bola ou um

globo. Se você tiver um pouco de stress subconsciente sobre o assunto, pode haver alguma resistência na

resposta, e você terá que ser muito gentil e persuasivo ou altamente agressivo (assertivo), dependendo de sua

própria personalidade. Se não houver nenhuma resposta aplique então, a técnica da “interpretação inventiva”.

Isto significa que você faz a pergunta e conscientemente, inventa a resposta,falando no lugar do personagem ou

objeto. Parece estranho, mas funciona, porque você não poderá inventar uma resposta naquele momento a não

ser que ela seja válida devido ao corolário do segundo princípio: “Tudo está ligado”. Após algumas aplicações

de interpretação inventiva, você encontrará as respostas espontâneas chegando facilmente. Como uma nota de

interesse, as lembranças vívidas,do mundo exterior, poderão ser tratadas como sonhos para serem interpretadas.

Uma vez, enquanto estava em Malibu almoçando com um amigo falando sobre o nosso trabalho transformativo,

um homem sentado na mesa a lado escutou nossa conversa e nos convidou para uma apresentação que segundo

ele, seria de grande interesse para nós. Meu amigo não pode ir mas eu fui, e quando lá cheguei comecei a pensar

no que estava fazendo lá. Foi tão meloso que saí cedo,embora tenha encontrado um amigo que não via há

muito tempo.

A apresentação era sobre um projeto para criar um centro que

custaria 22 milhões de dólares! Parte o dinheiro, seria destinada à construção de uma cúpula imensa que seria

parcialmente enterrada na terra por alguma razão obscura. Outra parte se destinaria para um fundo para financiar

um computador inteligente contando com uma tecnologia que ainda não havia sido inventada. A outra parte

seria destinada para sustentar invenções como um instrumento para colocar em volta do nariz, que

automaticamente soprava ar em narinas alternadas simulando a prática da respiração iogue.Após a minha saída

estava confuso e aborrecido porque eu confio na minha intuição e orientação para me levar a situações que

sirvam a meus propósitos e, essa experiência não fazia sentido. Minha escolha foi a de começar ou, a duvidar de

mim mesmo ou de confiar mais. Resolvi confiar mais e tratei a experiência como um sonho perguntando aos

participantes por interpretações. No fim das contas, parte da razão de eu ter estado lá, foi para estimular o meu

outro amigo de uma forma positiva, e parte para me conscientizar através do exagero de minhas preocupações

pela possível aparência melosa de meus próprios projetos daquele tempo. Desde que toda a vida é um sonho

todas as lembranças podem ser tratadas como sonhos.

A MUDANÇA DE SONHO

Uma das maneiras mais poderosas e efetivas para se usar sonhos noturnos é muda-los com a sua imaginação.

Sonhos são experiências reais numa outra dimensão, mas como todas as experiências reais eles são os efeitos de

estruturas de crenças ou padrões de hábitos. Dessa maneira eles são como idiomas que são baseados em

estruturas e padrões. Mesmo com a estrutura gramatical mais flexível e um vocabulário abundante a linguagem

pode somente expressar aquilo que a mente produz e tem a dizer. Assim também ambientes de sonhos interiores

ou exteriores podem expressar aquilo que a mente que os produz, pensa. Assim como mudar a linguagem

dizendo alguma coisa de uma forma diferente, poderá mudar a nossa mente, e portanto a nossa experiência,

produzida por uma mente em particular. Em termos práticos isto significa que se você mudou um sonho, você

também reestruturou os padrões que deram origem a ele e, automaticamente mudou quaisquer outros sonhos

que tenham surgido dos mesmos padrões. Você pode curar o mundo exterior curando o mundo interior.

Por ser possível com suficiente motivação aprender a acordar dentro do sonho corrente, isto não é necessário

para se obter os benefícios da mudança do sonho. Isto se deve ás lembranças que retém os mesmos padrões do

sonho original, modificado por quaisquer mudanças da mente que você possa ter tido desde que teve o sonho.

Para propósitos de cura, mudar a memória do sonho é tão bom quanto mudar o sonho em progresso.

Ha três maneiras de mudar o sonho ou a lembrança do sonho que são: mudar a sua reação no sonho, permitir

que o sonho continue ou mudar os eventos do sonho. Cada uma dessas é muito benéfica para sonhos recorrentes

ou sonhos de medo, raiva, ferimento ou frustração. Estas mudanças são efetuadas no reino de Kahiki.

Mudar a sua reação significa conscientemente, escolher responder de maneira diferente ao que está

acontecendo. Num de meus seminários uma mulher lembrou-se de um sonho recorrente, no qual ela estava

sendo perseguida por um dragão que soltava fogo pela boca. No sonho original ela corria como se fosse em

câmara lenta e o dragão estava prestes a agarra-la, quando acordava. Na classe ela focalizou a sua atenção

exatamente no momento antes do ponto onde acordava e se imaginou parando, virando para trás e gritando:

"Porque está me perseguindo?” Para sua surpresa o dragão parou, pareceu surpreso e disse: "Eu não a estou

perseguindo,eu a estou seguindo”. O resultado na sua vida foi uma redução do medo e um aumento de

autoconfiança.Permitir que o sonho continue significa lembrar-se do sonho e manter a sua atenção focalizada

nisso, passando o ponto de acordar. Alguns sonhos são mais adequados para isto do que outros, mas sempre

haverá uma resolução positiva se esta teoria de mudança for seguida por um certo tempo. Num seminário

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anterior um aluno lembrou-se de um sonho recorrente em que ele dirigia um para um estacionamento onde outro

carro, dirigido por sua mãe, esperava. Então ambos apostavam uma corrida pelas rampas espiraladas da

garagem, até chegar ao último andar onde o carro de sua mãe parava e o seu continuava no espaço.

Este era o ponto em que sempre acordava com medo. Na classe ele reviveu todo o sonho até o ponto em que

o carro se precipitava no espaço. Desta vez ele deixou o sonho continuar por si mesmo. Seu carro continuou,

sobrevoou a cidade e aterrou lentamente numa estrada do outro lado.

Enquanto o carro continuou ele pode ler a licença que dizia: “A vida continua”. O efeito foi uma melhora de

seu relacionamento com sua mãe e uma diminuição do seu medo de morrer. Mudar os acontecimentos no

sonho é uma forma direta e criativa que tende a instilar um forte sentimento de autoconfiança e auto-estima. Se

estes dois sentimentos forem muito baixos este processo pode ter que ser repetido com diferentes partes do

sonho, diversas vezes, durante um certo tempo. Uma mulher que foi muito ajudada por esta técnica trabalhou no

mesmo sonho por 6 meses. Geralmente uma só intervenção poderá levar a uma mudança espontânea. O meu

sonho do helicóptero, começou comigo como um passageiro num helicóptero (coisa não habitual para mim),

que decolou mas não podia voar muito alto devido aos fios elétricos que estavam no seu caminho.O resto do

sonho era um vôo frustrante de esperança ineficiente até eu acordar. Logo após acordar voltei para o sonho

desde o começo onde parei o piloto, fui para o outro lado e sentei no seu lugar.

Pegando os controles decolei o helicóptero, encontrei uma brecha entre os fios elétricos e subi direto. O

sentimento foi sensacional. Então me encontrei sem intenção sobrevoando os E.U.A., com todos os seus estados

bem delimitados. A seguir para minha surpresa e alegria o céu estava subitamente cheio de helicópteros

pilotados por outros xamãs que eu havia treinado, e eles começaram a jogar cópias de meu livreto “O espírito de

Aloha” sobre todo o país. Isto foi seguido no sonho exterior da vida por um rápido crescimento no número de

pessoas que eu estava alcançando. Quase sempre, após eu ensinar a fazer a mudança no sonho, alguém

expressava preocupações que tal mudança seja equivalente a supressão daquilo que o sonho queria dizer. Para

qualquer um com essa preocupação, deixe-me dizer que o mundo interior não é muito diferente do mundo

exterior. Se você quebrar seu braço no mundo exterior você não irá ficar sentado agonizando sobre o significado

disso ou deixar o braço quebrado para se lembrar da lição envolvida nisso. Você irá cuidar do braço

imediatamente. A primeira mensagem muito clara é: “Olhe, seu braço está quebrado”. A segunda mensagem

dada pela dor e pelo desconforto é muito clara: “Faça algo já”. Logicamente você poderá procurar um outro

significado ou examinar que tipo de pensamento o levou a machucar-se. Se isso lhe parecer importante (poderá

ser, se no último ano você quebrou o braço 3 vezes) , mas a hora de fazer isso é após ter tomado as providências

para curar o seu braço. O mesmo se aplica a sonhos interiores de medo, raiva, dor e sofrimento. Cure-os

primeiro.Quanto á supressão, eu sempre recomendo uma completa conscientização do sonho como era antes de

você mudá-lo. Então você poderá curar com amor. E com um sentido de envolvimento consciente. Se você

mudar rapidamente tudo que você não gostar sem realmente prestar atenção a isso você estará, provavelmente

agindo por medo e os resultados não serão bons.

LIVRANDO-SE DE SUAS PREOCUPAÇÕES ATRAVÉS DO DEVANEIO

È pouco conhecido ou apreciado o fato que temos sonhos interiores 24 horas por dia. Não somente á noite.

Sonhos acontecem o tempo todo e nós somente os sintonizamos de tempo em tempo.Na nossa sociedade

sintonizar nos sonhos é altamente desaconselhável entre crianças e adultos,embora seja tolerado raramente

entre poetas,novelistas e pessoas em férias desde que não exagerem.Os “sonhadores” passivos, aqueles que

permitem que suas mentes deslizem em qualquer direção, são considerados indolentes,e os “sonhadores” ativos,

aqueles que criativamente fantasiam são considerados escapistas a menos que sejam pagos para isso.Quero

ensinar-lhes a usar ambos para curar a si mesmos e a outros .O processo que vamos usar acontece em Kahiki e

é uma extensão lógica dos Sete Princípios xamanicos. Comecemos pela suposição de que tudo sonha, não

somente pessoas. Suponhamos também, que poderemos sintonizar nesses sonhos,focalizando a nossa atenção

num determinado objeto com a intenção de conhecer seu sonho. Suponhamos a seguir que o que quer que venha

a nossa mente, desde o momento em que começamos até pararmos de focalizar o sonho será aquilo que estamos

focalizando. Finalmente suponhamos que mudando tal sonho da maneira que mudamos os sonhos da noite

poderemos obter os mesmos resultados de cura às vezes, imediatamente. Nos meus seminários muitos se curam

de imediato, desde o desaparecimento de sintomas de gripe, do alívio da dor, até o da redução do tamanho de

tumores. Curas completas levam algum tempo, mas seus benefícios são imediatos.

Para maiores esclarecimentos aqui estão alguns exemplos. Num caso eu estava num restaurante tomando

café. A garçonete estava obviamente de mau humor, não queria conversa, não oferecia café pela segunda vez e

derramava a comida quando servia. Sintonizei no seu sonho presente que, imaginei, estaria ocorrendo bem em

cima de sua cabeça. O que eu vi foi uma paisagem árida com nuvens cinzentas no céu. Então na fantasia

criativa, causei uma chuva para dissipar as nuvens e através da sua abertura o sol começou a brilhar, as flores

brotaram, os pássaros e abelhas e as borboletas entraram no quadro. Eu estava me divertindo quando ela saiu da

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sala e foi para a cozinha, onde permaneceu por uns cinco minutos. Quando retornou estava completamente

mudada. Sorrindo para todos, enchendo suas xícaras com café fresco cuidadosamente, cumprimentando os

novos fregueses e parecia mais feliz. O que eu fiz não causou a mudança, somente ajudou a acontecer. Mudar

seu sonho através da minha percepção, foi como mandar a Ku, uma nova idéia através da intuição, e a nova

idéia era tão bonita que ele decidiu usá-la e fazer uma mudança por si mesmo. Não houve nenhuma invasão da

sua mente ou na sua vida privada. Eu captei o que ela estava irradiando, traduzi na forma que pude entender e

mandei uma mensagem de volta para ela usar ou não.

Podemos fazer isto para outras pessoas e para nós mesmos usando as suposições que temos, quer dizer cada

parte dos nossos corpos estará agora tendo o seu próprio sonho, além de qualquer sonho que o seu todo possa

estar sonhando. Você poderá fazer uso prático desta técnica sintonizando (pondo a sua atenção) em uma parte

do seu corpo, que esteja doente ou fraca ou que não esteja funcionando tão bem como você gostaria que

estivesse. Para muitos é mais fácil fechar os olhos (se preferir, pode mantê-los abertos). A parte do corpo a ser

curada pode ser qualquer uma como o coração, sua mão ou seu ombro. Primeiro seja passivo e deixe o sonho se

formar por si mesmo. O sonho poderá se expressar como uma visão, som, sentimento ou qualquer combinação,

e pode ser meio louco e fantástico ou muito mundano e comum. Mesmo que a única coisa que lhe venha à

mente seja o trabalho de casa ou no escritório trate-o como sonho. Uma vez que tenha se formado fique

consciente e mude-o de alguma forma. Se o sonho for assustador e desagradável não será difícil pensar em

alguma coisa para fazer; mas, mesmo que o sonho lhe pareça perfeito mude-o para melhor. Se a parte do corpo

ainda não estiver saudável como você gostaria que estivesse, a perfeição poderá ser uma máscara e qualquer

mudança poderá iniciar o processo de cura. Fazendo as suas mudanças você obterá melhores resultados se você

usar todos os seus sentidos. Continue pelo tempo que desejar, ou até sentir uma resposta física no seu corpo.

Desde que tudo é sonhar você poderá sintonizar e mudar o sonho de uma árvore, uma casa, uma máquina,

um grupo,uma nação ou um planeta se você desejar. A chave do sucesso é sonhar um sonho novo tão prazeroso

a Ku do objeto da sua atenção que ele irá querer mudar. Será aí que o desenvolvimento da arte do seu sonho

bem como o do xamã urbano entram em cena.

HAIPULE - CRIANDO UM NOVO SONHO

Como sempre,em primeiro lugar você decidirá que sonho você quer transformar em realidade. Uma saúde

melhor? Um novo relacionamento ou uma melhoria no relacionamento já existente? Mais dinheiro? Um novo

carro ou uma nova casa? Que os golfinhos sejam protegidos e respeitados por todas as nações? Paz na Terra?

Lembre-se que quanto mais pessoas estiverem envolvidas na experiência do seu novo sonho mais energia será

necessária para manifesta-lo. Quanto mais pessoas fizerem o mesmo haipule mais efetivo será. Antes de

começar o haipule decida o que você deseja.

O processo em si é dividido em haipule curto e haipule longo. O haipule curto é o que você faz o dia todo,

todos os dias, até que o sonho seja forte o bastante para se manifestar na realidade. Isto é o que cria o sonho. O

haipule longo é como uma prática meditativa que servirá para reforçar o haipule curto. Aqui está a prática de

um haípule curto:

HA - Lembre-se de seu sonho com freqüência enquanto respira profundamente e aumenta as emoções

positivas sobre ele.

I - Fale palavras positivas e afirmações sobre o seu sonho o tempo todo mentalmente ou em voz alta. Não

force os outros a ouvir nem discuta sobre isso,mas também, não precisa tentar mantê-lo em segredo. Se a sua

motivação for tão fraca que a falta de fé de alguém pode destruir a sua confiança é melhor que você trabalhe

primeiro em reforçar a sua motivação e confiança. Não importa que palavras você use, mas use-as no tempo o

presente (“eu sou”, “isto é”, “é”) sobre o seu sonho o que é muito importante e útil.Lembre-se que as suas

afirmações não estarão descrevendo o mundo exterior como ele é, elas estarão descrevendo o novo sonho que

você estará criando.

PU - Vividamente imagine com todo o seu sentimento, todos os prazeres, benefícios e mudanças que o novo

sonho trará, como se estivesse acontecendo agora. Com um pouco de prática você será capaz de fazer isto com

freqüência por alguns segundos de cada vez; 100 imagens de dez segundos, através do dia são melhores do que

uma sessão de vinte e cinco minutos pela manhã ou á noite.

LE - Faça algum exercício físico quantas vezes puder para reforçar o sonho. Esta poderá ser uma ação

diretamente ligada á manifestação do seu sonho, como fazer planos, ou encontrar pessoas pertinentes a ele; ou

poderia ser simbólico, como fazer um gesto especial ou tocar num símbolo do sonho (ex: uma moeda de sorte,

um talismã que simbolize o final do sonho, ou um quadro que represente a realização do sonho). Não olhe

somente, toque.

Você terá que lidar imediatamente com seus pensamentos negativos, lembranças e reações bem como os das

pessoas que o cercam, para manter seu novo sonho vivo e saudável. A solução será uma variação curta do

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haipule que eu chamo de "O Whammy triplo". Consiste em instantaneamente aplicar palavras, imagens e uma

postura positiva em resposta a qualquer expressão negativa relacionada com o seu novo sonho. Se você pensar,

falar, ouvir, palavras negativas sobre seu sonho, assim que se inteirar disso, diga o oposto positivo em voz alta

ou silenciosamente. O que você disser poderá não ser verdade sobre o sonho presente, mas isso não tem a

mínima importância. As palavras são sobre o novo sonho. Se o pensamento negativo for "Não pode acontecer”,

replique: “Pode acontecer”. Se você pensar: “Como isto vai dar certo?” replique: “Eu não sei, mas vai dar

certo”. Uma frase, usada por muitos xamãs em resposta a dúvida é EWQP! (quer dizer: “Tudo Está Indo

Perfeitamente!”) é um lembrete para mandar os problemas difíceis para o Eu Superior. Imagens positivas

também serão úteis com as imaginações e projeções futuras (ambas só são sonhos passageiros). Se você se

imaginar sendo rejeitado imagine-se imediatamente sendo aceito; se você se imaginar falhando imagine-se

tendo sucesso. Isto pode parecer às vezes um pouco estranho porque você estará mudando padrões de energia de

velhos sonhos. Finalmente use uma postura positiva quando as energias negativas surgirem como: medo, raiva e

depressão. Toda a emoção é associada a uma postura especial do corpo o que reforça a emoção. Basicamente o

medo e tensão é puxado para trás, a raiva e tensão é puxada para dentro. Para o medo assuma uma postura

relaxada de coragem e confiança, para a raiva use felicidade e alegria e para a depressão use a entusiástica

expectativa. Conforme você mudar sua postura, seus sentimentos também mudarão. Observe outras pessoas,

especialmente atores, se você precisar de um modelo para a posição emocional que você quiser. E lógico que

você pode não sentir que quer fazer uma mudança, mas pergunte-se o quão importante o seu novo sonho é.

Você fará o haipule longo quando quiser passar mais tempo esclarecendo, fortalecendo e reforçando o seu novo

sonho. Passe pelo mesmo processo de energização, afirmando, imaginando e tomando uma postura num lugar

confortável,talvez com os olhos fechados durante o tempo que você quiser. É bom terminar a sua sessão com

um fechamento definitivo. Uma ótima maneira para ter um gesto de conclusão é com um punho fechado, a mão

sobre o coração, falar uma frase de encerramento como a havaiana “amama”.

O SONHO ESTRUTURADO

Quanto mais profundamente você entrar em PO, mais difícil será manter o seu foco. Freqüentemente o

resultado é de você se afastar do seu propósito de intenção ou perder a atenção consciente. Uma das soluções

xamanicas mais antigas para esta dificuldade é estruturar o sonhar. Num sonho estruturado são programados

certos elementos básicos do mundo interior. Desta forma no Livro Egípcio dos Mortos, há um rio para

atravessar, um certo ser para encontrar e pesar a alma numa balança; em muitas culturas xamanicas, há buracos

para entrar e árvores para subir. Dentro da estrutura há uma livre escolha embora as indicações sejam

freqüentemente dadas para que cada experiência no mundo interior possa ser bem diferente, mesmo que a

estrutura se torne familiar. É como ir passar as férias no Havaí. A geografia básica permanecerá a mesma, os

guias turísticos lhe darão indicações do que ver mas todas as vezes que você for para lá, a experiência será

diferente. Um nome polinésio para tais estruturas é Tiki. Geralmente pensamos num Tiki como numa estátua de

madeira mas a palavra se refere á idéia por detrás da forma.

O JARDIM TIKI

No meu livro “Aperfeiçoando o seu Eu Escondido”, dou uma detalhada descrição da natureza e uso um tipo

de Tiki chamado de “Jardim”, mas não entrarei em detalhes aqui, darei uma introdução e alguns usos para ele.

O Jardim fica em Kahiki. mais para dentro da espécie de sonhos que todos nós tivemos até agora. É essencial

que você crie na sua imaginação, um lugar particular vindo de sua lembrança ou desejo e para onde você vá no

seu corpo de sonho com vários propósitos como, descansar, curar,introspecção e aventura.Como parte de sua

estrutura o Jardim terá ajudantes que trabalharão sob a sua direção (aspectos de si mesmo na forma de

empregados, duendes, fadas, etc.), um Jardineiro Mestre que ajuda com conselhos e ferramentas. Uma fonte de

água, plantas e árvores, caminhos e muitas outras coisas. Porque a criação é sua, tudo nela será um reflexo de

suas crenças e expectativas conscientes e subconscientes a qualquer momento. Assim como com outros sonhos,

mudar o Jardim, mudará você, que mudará a experiência de sua vida.

Uma maneira boa de usar o Jardim é chegar lá e pedir para ver um símbolo de algum desafio presente na sua

vida, falar com ele, para ter uma interpretação, se você assim o desejar; mandar seus Ajudantes melhora-

lo,transforma-lo ou substitui-lo. Você poderá também usá-lo para encontros interiores com pessoas com as quais

você deseja falar e não consegue localizar, ou não sabe como lidar fisicamente com elas. Contudo sua ênfase

aqui seria o de transformar o Jardim num lugar de estabilidade do mundo interior um local familiar de onde

você poderá explorar as áreas mais distantes de PO.

Eu sugiro que você comece com a criação de um corpo de sonho que é feito simplesmente imaginando que

você tem um outro corpo, e que você poderá sair do seu corpo físico quando quiser e que poderá mudar de

forma se você desejar. Isto acontece automaticamente quando você sonha mas a intenção consciente e a atenção

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darão a seu corpo de sonho mais poder e flexibilidade. Quanto mais atenção você der ao seu corpo de sonho,

maior será o foco consciente que você terá em PO. Então com os olhos abertos ou fechados, de acordo com a

sua preferência, imagine que você entra numa caverna que leva ao seu Jardim. Uma vez lá aumente o seu foco

vendo o detalhe de um objeto como uma folha ou uma flor; ouvindo com clareza, o som, o cantar de um

pássaro, a brisa, ou a água fluindo e sentindo a textura do objeto como uma pedra ou a casca de uma árvore.

Aprenda de cor a disposição e os conteúdos do seu Jardim ou preencha com detalhes se você já planejou como

será o seu Jardim. Você poderá colocar nele uma cabana, ou uma casa se for do seu gosto, um lugar ideal para a

sua própria solidão ou para receber convidados. Algumas pessoas gostam de desenhar mapas ou quadros de seu

Jardim para guarda-los na memória e tornar a focalização mais fácil quando quiser ir para lá. Seja o que for que

faça, permita o crescimento, a mudança e novas descobertas no seu Jardim. Cada vez que você for para lá, estará

aumentando a “realidade” dele como parte da sua experiência.

UMA JORNADA XAMÃNICA PARA UM LUGAR ESPECIAL

Em todo o mundo lendas de muitas culturas incluem estórias sobre uma vila mágica, cidade ou lugar de

agrupamento de alguma espécie. As lendas, geralmente falam sobre esses lugares de maneira tão real que

exploradores e aventureiros têm freqüentemente saído em busca de tais lugares no mundo físico. Algumas vezes

as lendas acabaram sendo uma realidade quanto à sua localização geográfica como Lhasa, Tróia e Cuzco.

Agora, estamos preocupados com as que não são físicas mas que nem por isso deixam de ser reais como

Agartha, Shamballah e Cibola. Estou me referindo ao conceito que há um lugar em PO que é tão real para

aqueles que os visitam ou que vivem lá, como a nossa Terra física é para nós. Estando em PO contudo onde as

leis da natureza são diferentes, a aparência desse lugar interior pode diferir de acordo com as crenças, atitudes e

expectativas dos visitantes. Os místicos e xamãs, sabem disso muito bem e tem denominações diferentes para

isso de acordo com as suas culturas. Você pode ter estado lá nos seus sonhos noturnos e tido a experiência de

uma cidade movimentada, uma universidade, um palácio enorme cheio de salas, um templo ou uma feira. Em

sonhos espontâneos geralmente aparece como um shopping center. Na tradição havaiana esse lugar é chamado

de Pau Uli, “rochedos verde escuros”, mas eu prefiro o nome samoano mais conhecido, Bali Hai. Embora possa

tomar várias formas o modelo que eu uso nos meus seminários é o de uma vila numa ilha vulcânica tropical,

cercada por uma lagoa, assim como Bora Bora. É um lugar para se ir e para aprender, para curar e para

descobrir. Na primeira viagem geralmente faço meus alunos aprenderem algo de um outro xamã, ajudar alguém

em necessidade e dar e receber um presente. Você começará a sua jornada entrando no seu Jardim como já lhe

foi explicado. A seguir, a experiência de um de meus alunos, que é típica.

"Fechei meus olhos entrei no meu corpo de sonho e fui através da caverna de cristal para o meu Jardim.

Como de costume fiscalizei minha pequena cachoeira e os lírios na piscina, tirei algumas folhas mortas de meu

crisântemo e encontrei o caminho que saindo do Jardim ia para a praia”. “Como Serge me tinha dito, havia um

barco á vela na praia e uma tripulação de dois bonitos havaianos á minha espera”. “Serge disse que seria uma

canoa de regata a vela mas me pareceu mais como um Hobbie Cat”. “Os havaianos e eu empurramos o barco

para dentro da água e subimos a bordo”. “Eu me encarreguei da vela triangular, um dos havaianos pegou o leme

e o outro cuidou da vela mestra”. “Velejamos bem rapidamente sobre o oceano, até avistarmos uma nuvem no

horizonte e para lá nos dirigimos”. “Logo pudemos avistar a ilha de Bali Hai, com seu vulcão verde esmeralda

com um anel branco de neblina circundando o topo”. “Nesse momento, um pássaro branco voou circundando o

nosso barco e nos guiou através de um canal de corais”. A nossa frente ficava a vila que me lembrou de uma

pequena cidade que eu havia visto em Maine quando era criança. Ancoramos no cais e deixei a minha

tripulação. Esperando por mim no fim do píer estava a Mestre Xamã, que iria me ajudar.Ela usava uma coroa de

flores na cabeça e um vestido branco longo, e tinha um sorriso encantador. Abraçamo-nos e eu pedi que me

ajudasse com meus ataques de ansiedade. Ela me ensinou a como tecer uma bola de luz com meus dedos, soprar

amor para dentro dela e a seguir parafusa-la no meu peito onde iria brilhar e aliviar os ataques (tenho feito isto e

realmente funciona).Então, procurei pela pessoa que eu iria ajudar e encontrei um jovem muito triste sentado

numa pedra. Perguntei-lhe porque estava tão triste e ele me disse que era por ter morrido e não saber onde ir.

Lembrei-me que Serge havia dito que ás vezes um xamã ajuda pessoas a passarem para o outro lado após a

morte, mas no começo, eu não sabia o que fazer para ajudar. Finalmente, desejei ardentemente que ele

encontrasse o seu caminho e um anjo desceu do céu e disse: “Obrigado, eu estava procurando em todo o lugar

por ele”, e levou-o embora. Então caminhei através da vila para procurar o lugar sagrado onde Serge tinha dito

que os xamãs deixam presentes para outros xamãs. Encontrei um bosque de árvores com várias coisas

penduradas nos galhos. Deixei uma folha de cristal para aumentar o amor e peguei uma flauta de bambu que

tocava canções de felicidade. Voltei para o barco, velejamos de volta á praia onde agradeci á tripulação, voltei

para o meu jardim onde guardei a flauta e voltei para cá. Estou ansioso para voltar de novo para encontrar um

novo xamã que me levará numa outra jornada, para além de Bali Hai.

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LANIKEHA E O PODER DOS ANIMAIS

O mundo Superior é o lugar para se receber inspiração e a assistência divina de Akua, as forças

personificadas da transformação, que podem tomar várias formas e fazer muitos papéis. Entra-se lá através do

Jardim, e encontrando um buraco no céu que se alcança subindo numa árvore, numa escada, por uma corda,

pulando ou voando. Agarre-se ás bordas do buraco e puxe-se para dentro dele. Dê uma olhada nesse lugar

maravilhoso e magnífico. A primeira razão que dou a meus estudantes para visitar Lanikeha é para encontrar

animais de poder.

Um Animal de Poder é um Akua em forma de animal, um ser espiritual, que pode ensinar-lhe e ajudá-lo nas

suas jornadas através de vários sonhos. Da maneira que meu tio havaiano me ensinou, recebi dois conjuntos de

sete animais de poder, um com animais marinhos e o outro com animais terrestres. Cada um deles tinha seu

nome e seu poder de um dos princípios, como indicados abaixo.

Nome Mar Terra

IKE Golfinho Pássaro Terrestre

KALA Lula Pássaro Marinho

MAKIA Tubarão Lagarto

MANAWA Tartaruga Rato

ALOHA Peixe Porco

MANA Baleia Morcego

PONO Enguia Cachorro

Não me surpreendi quando a maioria dos meus alunos sendo ocidentais do continente encontrou dificuldade

em estabelecer uma forte amizade com alguns desses animais,por isso, modifiquei a lista para se ajustar à

cultura moderna do xamã urbano.

Nome Poder Animal

IKE Atenção Golfinho

KALA Liberdade Pássaro

MAKIA Foco Gato

MANAWA Persistência Junta de Bois

ALOHA Amor Cavalo

MANA Confiança Urso

PONO Sabedoria Lobo

Outros animais podem ser adicionados ou mudados para servir o gosto pessoal.

Uma vez estando no Mundo Superior, um bom lugar para encontrar o Poder dos Animais é num prado (com

uma piscina para o golfinho) ou numa ilha. Neste sistema, você toma a forma equivalente ao Poder do Animal e

faz amizade com ele. Você sempre termina voltando para seu Jardim através do buraco no céu e recobra a

consciência do mundo físico. A única razão para fazer isto, e uma boa razão, é para estabelecer um hábito

padrão para Ku, que fará as jornadas futuras mais fáceis e para ajudar no crescimento da estabilidade de seu

Jardim. Se por alguma razão você voltar á consciência física sem fazer isso, não se preocupe. Faça-o da próxima

vez.

Hoje em dia, há alguma confusão sobre o que seja a busca de uma visão e de como fazê-la. Parte dessa

confusão vem do fato que há dois tipos de buscas de visões. Há a busca de uma visão que nas culturas que a

usaram geralmente é feita por homens jovens de uma tribo, numa certa idade para descobrir o seu propósito

divino; e há o uso da visão interior de uma busca que geralmente é feita por um xamã ou equivalente. Outra

parte da confusão, vem das técnicas tradicionais usadas para tais buscas mas que tem sido limitadas pela

tecnologia.

Nas culturas tradicionais, a maioria dos que saíram nas buscas de uma visão era de homens jovens, não

porque uma mulher não pudesse fazê-lo mas porque não fazia parte da sua função. Visto que ter visões mesmo

pelos homens, não fazia parte da vida normal e as funções culturais eram geralmente muito fixas, medidas

excepcionais se faziam necessárias para ajudar os homens a se livrar das limitações do pensamento comum para

receber uma revelação especial dos deuses e do Grande Espírito. Dentre as medidas usadas havia a privação

extrema (eram enviados para as florestas, longe da sociedade com pouca comida por um longo período de

tempo), a isolação extrema (sendo amarrados num cobertor e enfiados num buraco profundo por três dias), e

drogas (como peiote e outras). Como qualquer psiquiatra lhe dirá, cada uma dessas práticas induzirá a

alucinações que eram as visões que essas pessoas buscavam. As visões em si mesmas enquanto extraordinárias

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eram ainda baseadas em elementos culturais nas memórias dos homens.

Por outro lado, a busca da visão para o xamã tornou-se mais fácil, devido ao acúmulo da sua experiência no

espírito do mundo, até chegar ao ponto dele poder penetrá-lo á sua vontade, sem extrema privação, isolamento

ou drogas. Mesmo que em certas culturas seja comum o xamã jejuar ir sentar-se numa caverna ou usar alguma

droga para buscar a sua visão, não se requerem as medidas extremas usadas na visão inicial e o seu uso era

diferente. Ao invés de buscar a visão fora de si, ele começou a usar a sua própria visão interior para buscar o

poder de curar. Às vezes, fazia isto por sua conta para adquirir de poder de curar uma doença específica ou uma

condição, e às vezes ele o faria no lugar de outra pessoa buscando o poder que aquela pessoa houvesse perdido

ou em termos metafóricos, que lhe tivesse sido roubado por um espírito. Muitas vezes o poder tomaria a forma

de um objeto mágico que o xamã traria de volta e, simbolicamente transferiria para um outro objeto físico

equivalente, e o teria á mão ou o daria a uma pessoa que o necessitasse.Apesar do que muitos pensam, o xamã

usava a visão espontaneamente.

Primeiro ele tentaria outros métodos de cura mais simples como a intuição, a psicologia prática e placebos.

Faria, então a cura pelas mãos ou ritual e finalmente, se nada tivesse funcionado entraria na busca da visão

xamanica.

Hoje em dia os xamãs urbanos que fazem uma busca da visão xamanica não precisam do muito preparo ou

condições, porque fazem parte de uma sociedade que os tem inconscientemente preparado bem. A selva não é

um aspecto essencial na busca da visão nem o é um alto grau de isolamento. A busca da visão não depende de

condições exteriores porque acontece em sua mente e nossas mentes possuem muito treino. Num seminário em

Nova York havia 20 pessoas participando na busca da visão. Estávamos num edifício localizado no distrito de

roupas. Era verão e as janelas estavam abertas. Durante a busca o ar foi despedaçado pelo som das sirenes da

policia e dos bombeiros que se dirigiam para a rua ao lado da nossa janela. Mesmo com todo o barulho nenhum

dos participantes escutou.

Desde o momento em que você começou a ler sobre Dick e Jane e Spot, você estava sendo treinado para ser

um xamã. O rádio, a televisão e o cinema, ajudaram a reforçar a sua arte. O desenvolvimento intencional da

busca da visão levou um longo tempo nas sociedades tradicionais por não ser reforçado por toda aquela

sociedade. Pessoas excepcionais como poetas, contadores de estórias ou xamãs pareciam usar mágica quando

evocavam visões de memória nas mentes dos ouvintes de seus contos, lendas e experiências interiores. Sem os

símbolos direcionados a maioria das pessoas mantinha a sua atenção voltada para o mundo exterior com sua

relativa monotonia do dia a dia e de ano a ano. Mesmo os aprendizes de poetas, contadores de estórias e xamãs

que passam muito tempo ouvindo e relembrando são limitados às lembranças de seus professores. Agora, você

tem a habilidade de ler que era uma habilidade rara na história da humanidade, a qual treina focalizar sua

atenção e a evocar a experiência interna á sua vontade. Através de livros e revistas você tem acesso á maioria

dos grandes contadores de estórias da humanidade. Além disso você arquivou em sua memória um tesouro

incrivelmente rico sobre a experiência humana e a imaginação através do radio,da televisão e do cinema. Não

pense que isso não tem importância. Eu sempre digo a meus alunos que é devido ao conhecimento que você

pode aplicar imediatamente as suas habilidades xamanicas. Você já fez a maior parte do trabalho.

Milu, o Submundo no xamanismo havaiano, é um lugar de desejos onde os obstáculos ou dificuldades sob a

forma de monstros, mágica e elementos naturais se colocam entre você e aquilo que você busca. A busca

consiste em ultrapassa-los alcançando a sua meta (geralmente alguma espécie de Objeto de Poder), e em se

trazer de volta esse objeto. A busca do Milu não é feita para o entendimento. Você poderá adquirir o

entendimento no seu Jardim. Ela é feita para mudar as estruturas da idéia fundamental que está bloqueando o

caminho da cura representada pelos desafios. Conforme você for superando cada desafio com plena experiência

sensorial, a estrutura como fator inibidor será mudada. Eu enfatizo a “completa experiência sensorial”. Somente

quando a experiência interior é tão real quanto possível, ela será então efetiva.

Em algumas tradições do xamã guerreiro diz-se que se você estiver no Submundo e encontrar um animal

que lhe mostrar os dentes volte e tente novamente uma outra vez. Na tradição do xamã aventureiro não fazemos

isto. Se você encontrar um animal que lhe mostre os dentes, sorria para ele. Se isto não funcionar e nada mais

funcionar deixe que ele o coma. Seja transformado. Saia do outro lado e continue. Mesmo no mundo interior o

sonho é seu e você é o tecelão desse sonho. Não permita que nada o detenha na sua busca.

A minha tradição ensina que há sete desafios básicos em Milu e qualquer um deles poderá ou não estar

presente numa certa busca. Cada desafio é o oposto de um poder positivo equivalente a um princípio. Eles são:

Pouli (ignorância), Haiki (limitação), Hokai (confusão), Napa (procrastinação), Inaina (raiva), Ueli (medo) e

Kanahua (dúvida).

Penetra-se em Milu através de um buraco no chão e o xamã estará geralmente acompanhado de um Animal

de Poder. Como em Bali Hai eu penso que a experiência é mais bem apresentada na forma de uma busca

presente de um aluno. O processo é idêntico ao usado para o Jardim de Bali Hai.

"Fechei meus olhos e respirei profundamente várias vezes para ter controle de mim mesmo com energia para

a busca. Fui então para o meu Jardim e procurei o buraco no chão que seria a entrada para Milu. Eu sabia, que

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poderia ser uma piscina turbilhonada, um buraco de geomys (roedores), uma caverna ou buraco na base do

tronco de uma árvore, e foi por isso que eu procurei no começo mas o que achei foi um buraco de 6 polegadas,

alinhado com pedras como um poço em miniatura. Chamei meu Animal de Poder para me acompanhar e a

minha águia subitamente apareceu á minha direita. Tornarmo-nos pequenos e pulamos para dentro do buraco.

Após uma longa queda, voamos para fora do buraco e aterramos num caminho que levava a uma espécie de

floresta muito estranha, como uma dessas florestas encantadas dos filmes de Disney”. Eu estava sabendo que

esse caminho me levaria ao Objeto de Poder que eu estava buscando e comecei a caminhar com minha águia

sentada no meu braço direito. A floresta começou a escurecer até ficar como breu e eu não podia ver mais nada.

Antes que eu pudesse pensar no que fazer a minha águia gritou bem alto e uma luz saiu de sua boca. Então

também gritei bem alto e uma luz também saiu de minha boca e assim, entre nós dois, conseguimos ter luz

suficiente para enxergar. Continuamos no nosso caminho por mais um pouco e de repente uma grande

quantidade de árvores e galhos caiu bem na nossa frente, bloqueando completamente o nosso caminho.Tudo era

tão grosso e espesso que não podíamos nem dar a volta nem passar por cima. Então nos tornamos menores

ainda e passamos através de aberturas para o outro lado onde voltamos ao nosso tamanho normal. A seguir

chegamos a uma espécie de encruzilhada e, eu não sabia que caminho deveria escolher. A águia também não

sabia.Tentei jogar um pauzinho para ver se ele me indicava que direção tomar mas ele ficou girando. Finalmente

assim como uma voz que me falava, tive a idéia de que qualquer caminho me levaria onde eu queria ir. Escolhi

o mais próximo do meio e continuei a caminhando.

“O próximo obstáculo, ou desafio, era uma ponte inacabada que atravessava um desfiladeiro, mas a ponte só

chegava até a metade, (como se os construtores tivessem abandonado a construção onde haviam deixado até

suas ferramentas)”. “Improvisei uma corda com fibra de casca de árvore e segurei numa ponta enquanto a águia

a carregava para o outro lado onde a amarrou numa árvore grande (não sei como fez isso)”. “Fiz mais corda e

com alguns troncos, terminei a parte inacabada da ponte e a atravessei. Mais tarde eu pensei que a águia poderia

ter me carregado para o outro lado.” “Continuando através da floresta chegamos a uma clareira onde fomos

atacados por selvagens raivosos armados com lanças”. “A águia se escondeu (deu no pé) e a minha primeira

reação foi a de me por em posição de Karatê e me preparar para uma luta”. “Foi então que me lembrei que

deveria agir como um aventureiro, se possível, então imaginei que tinha um saco cheio de pó de gargalhadas e

joguei-o para o ar”. “Em poucos instantes, os selvagens deixaram cair as suas lanças e se atiraram no chão rindo

como loucos e prosseguimos a nossa jornada”. “Quando cruzei outra clareira um urso enorme veio correndo em

minha direção e eu fiquei lá, em pé, esperando que ele parasse ou se transformasse em outra coisa, mas ao invés

disso ele veio direto para mim e me deu um safanão com suas garras”. “O que me deixou surpreso foi que eu

podia ver os cortes e o sangue e sentir dor no meu braço. Quando ele me atingiu novamente no peito e eu cai

para trás no chão”. “Agora eu estava realmente assustado. O urso estava sobre mim, rosnando e eu podia sentir

o seu hálito e sua saliva pingando no meu rosto”. No momento que entrei em pânico e o urso já estava

abaixando a cabeça para me morder, minha águia passou voando sobre nós e atirou alguma coisa na boca do

urso, com suas garras. O urso fechou a boca imediatamente, sorriu e caiu. Enquanto punha bandagens nos meus

ferimentos a águia me disse que tinha dado um Valium para ele. Após a busca terminar eu entendi que o medo

era algo em que eu deveria trabalhar mais. O último desafio era uma mesa pequena, quase como um altar,

colocada perto de um precipício onde o meu caminho terminava. Sobre a mesa estavam dois ovos entalhados,

belíssimos assim como os que os russos fazem como arte. Havia também um cartaz que dizia: “Pegue um, mas

pegue o certo” Eu sorri, porque me parecia tão óbvio e estiquei meu braço para pegar o ovo da direita, mas

então eu pensei que se parecia tão óbvio assim, deveria ser um truque. O certo deveria ser o da esquerda.

Perguntei á águia mas ela ficou em silêncio bem como os ovos quando lhes fiz a mesma pergunta. Eu estava

encalhado até que perguntei para o altar e tudo o que ele disse foi: “Quem está sonhando o sonho?” Finalmente

eu entendi, rasguei o aviso e peguei os dois ovos. Em um deles havia uma lua que representava o amor e no

outro um sol que representava o poder. Trouxe-os de volta para o meu Jardim, guardei-os, agradeci á minha

águia e a mandei de volta para Lanikeha. Finalmente voltei á minha consciência normal e simbolicamente

coloquei uma forma espiritual dos ovos dentro de cada metade do meu cérebro para dessa forma me lembrar de

usar o Amor e o Poder juntos.

A SÉTIMA AVENTURA

A MUDANÇA DE FORMA E O SERVIÇO DA COMUNIDADE

Kino Lau.

(Muitos corpos, é dito sobre aquele que pode tomar outras formas).

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Mudar a forma, algumas vezes chamado de mudança de turno, é uma das coisas mais naturais e estranhas

que os seres humanos fazem. Esses nomes referem-se ao desenvolvimento extremo de um talento que todos os

seres humanos partilham, o talento de Kulike que significa ser como “Ku”, em outras palavras, tomar

características ou padrões de um “Ku” humano ou não.O desenvolvimento deste talento é a habilidade de

mímica.

Muitos animais também têm esta habilidade que se refere à mudança de seu padrão de aparência ou

comportamento, ao invés de somente usar o que já tem. Um tigre se mistura com seu ambiente devido a sua cor

natural, mas um camaleão, muda a sua cor para se misturar com o seu ambiente. Esta é a mímica ativa. Há

insetos que são como palitos, peixes que são como pedras, pássaros saudáveis agem como se tivessem as asas

quebradas, e chimpanzés agem como seres humanos. Há pessoas, também, que agem como animais, pássaros,

peixes e insetos.Uma vez, li uma crítica sobre uma peça na qual Zero Mostel deveria se transformar em um

rinoceronte, correndo no palco e, era um rinoceronte correndo pelo palco. No cinema, um ator, fez o papel de

um pássaro em “Bird”; Don Knotts, chegou a fazer o papel de um peixe. Numa peça chamada “Metamorfoses”,

Mikhail Baryshnikov esteve excelente, no papel de um besouro. Não há quase nada no Universo conhecido que

os seres humanos não tenham tentado imitar.

As pessoas podem imitar qualquer coisa com maior ou menor habilidade. É possivelmente, o segredo da

nossa capacidade incrível de aprender e é tão natural que muitos nem percebem o que estão fazendo. Tenho um

amigo nascido em Nova Jersey que já há alguns anos vive no Novo México, mas ainda parece que é de Nova

Jersey. Quando ele volta para casa, sua família lhe diz que parece que ele vem do sudoeste. Uma vez, numa

viagem de ônibus, sentado por várias horas, ao lado de uma senhora do Canadá, conversamos por uma hora e

meia e ela me disse, com um sotaque britânico-canadense, que nunca havia conhecido um americano que falasse

tão claramente quanto eu. Com o mesmo sotaque que ela, eu agradeci, para perceber depois, que eu havia

copiado o seu sotaque. Uma mulher, amiga minha, loira, de olhos azuis e de pele muito clara, durante algum

tempo de sua vida, namorou um homem preto e por isso passava muito tempo na sua vizinhança e convivia

muito com seus amigos. Um dia enquanto estávamos sentados num restaurante, numa vizinhança preta, alguns

brancos entraram, e um amigo dela, a cutucou, fazendo caçoada do modo engraçado dos brancos. Então ela

percebeu, que inconscientemente, havia assumido o modo de falar e os padrões de comportamento dos pretos a

tal ponto, que seus amigos pretos nem pensavam mais nela como sendo uma branca.

É uma coisa imitar inconscientemente ou para aprender a como fazer alguma coisa que outra pessoa faz, ou

com o propósito de se misturar com o seu ambiente físico ou social, e acima disto, faze-lo com propósito de

influenciar os outros e ganhar poderes. Esta é uma inovação xamanica, e o seu primeiro estágio é chamado de

representação. A nossa indústria de atores vem de uma tradição xamanica. A maquilagem, as fantasias, a

encenação, o roteiro musical para a peça e mesmo os efeitos especiais, foram inventados pelos xamãs. Tudo isso

foi, e ainda é usado para influenciar uma audiência, mas a idéia xamanica foi mais longe do que isso. Em muitas

sociedades tradicionais xamanicas, usava-se a representação para fazer o papel dos deuses, demônios, heróis,

vilãos e animais não somente para ensinar e divertir, mas para influência mágica.

Nas tribos tradicionais dos índios americanos, um xamã do seco sudoeste, pode ter se vestido de pássaro -

trovão e dançado uma dança especial para fazer chover na sua terra; ou um xamã dos Plains, pode ter posto os

chifres e a pele de um búfalo, e representado um ritual, para encontrar ou atrair um rebanho para o seu povo. Na

África, eu vi xamãs fazerem o papel arquétipo de deuses e animais para eliminar os maus espíritos e trazer cura.

Nosso condicionamento moderno nos faz zombar da idéia que o comportamento de uma pessoa fantasiada ou

não,cheia de crenças ou não, pode na verdade influenciar o meio ambiente. É uma atitude válida se você aceitar

as idéias do primeiro nível de que a realidade está fora de si, tudo é separado, e a energia age do acordo com

suas próprias leis.Mas se você aceita as idéias xamanicas de segundo nível de que o mundo é o que você pensa

que é, que tudo está ligado e que a energia flui para onde a atenção está focalizada, então é claro que o

comportamento de uma pessoa pode influenciar o ambiente. O único fator constrangedor é então o grau de

crença, ligação e energia. Os xamãs têm se especializado em maneiras de aumentar a quantidade de cada um

desses fatores. A maioria deste capítulo será dedicada ao crescimento do grau da ligação. Inicialmente vamos

falar um pouco sobre o outro extremo de Kulike, a arte de mudança de uma forma para outra. Esta é uma idéia

antiga que nunca deixou de fascinar os seres humanos. Os deuses, é claro devem ser capazes do fazê-lo.

Zeus transformou-se em um touro para cortejar Europa, Odine transformou-se numa serpente e numa águia

para ganhar a campina da inspiração e Pele transformou-se numa linda mulher para seduzir o Chefe Luhiau. A

nossa literatura moderna, dá este poder para certos seres humanos ou como uma maldição ou como uma benção.

Temos o Conde Drácula que se transforma num vampiro morcego; Dr. Jekyll que se transforma no Senhor

Hyde, um cientista se transforma no Hulk, o Billy Batson se transforma no Capitão Maravilha e esses são só

alguns. É esperado que os xamãs também tenham esse poder. Há numerosas fábulas de xamãs em que eles se

transformam em vários animais com propósitos diferentes e no Havaí essa arte deveria incluir a transformação

em pedras e cordas. O presidente de um país africano em que vivi tinha a reputação de ser um xamã que visitava

as regiões do norte na forma de um antílope.

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Sem dúvida, muitas dessas fábulas vêm da experiência em Po (o mundo interior) ao invés de em Ao (o

mundo exterior), mas não todas elas. Pense um pouco, tudo está irradiando o seu próprio padrão e se você

pudesse combinar e irradiar novamente o mesmo padrão, você tomaria a aparência e as qualidades da coisa com

a qual você quisesse combinar. É teoricamente possível dentro do sistema que estamos estudando e muitos

xamãs acreditam que isso possa ser feito. Se isso fosse uma extensão do talento sob discussão que pudesse ser

desenvolvido seria muito dependente da arte da concentração. Na realidade não é diferente da orientação de

certos místicos que meditam em Deus para serem um com Deus. Daí para frente é por sua conta.

GROKKING

Nisto é de grande interesse para nós, usar Kulike. Para propósitos práticos de cura podemos definir quatro

estágios diferentes de Kulike:

1 - COPIANDO - Inconscientemente adotando padrões no seu meio ambiente.

2 - IMITANDO - Conscientemente adotando padrões no seu ambiente para segurança pessoal e

desenvolvimento.

3 - REPRESENTANDO - Conscientemente adotando padrões no seu ambiente ou em sua mente para

influenciar outras pessoas.

4 - TORNANDO-SE - Conscientemente adotando padrões do seu ambiente ou em sua mente, para mudar

aquilo que você é (como um místico faria).

Para nossos propósitos, queremos encontrar uma posição entre o 3° e o 4° estágio. Isto é, queremos adotar os

padrões de uma coisa tão bem, que pensaremos que somos mesmo aquilo. Ter tanta ressonância com ela que a

mudança no nosso comportamento mudará o seu comportamento e ao mesmo tempo deveremos lembrar do

nosso padrão original podendo retornar a ele quando quisermos. O nome que eu escolhi para representar esta

posição delicada é grokking. Esta é uma palavra tirada do um livro de Robert Heinlein, “Um estranho, numa

terra estranha”, no qual o herói do livro tem a habilidade de se fundir com o padrão de alguma coisa, conhece-la

por dentro, e muda-la por dentro, através da intenção direta. Grokking implica na habilidade de lembrar-se do

seu padrão original e do seu propósito em grokking. Eu também chamo isto de “guardando 1% xamã”. Isto

significa, retendo pelo menos 1% (uma metáfora arbitrária), de sua autoconsciência, não importando o quão

profundamente você se funda (grok). O nosso propósito em grokking é trazer a cura e a harmonia. Se você fosse

grok (fosse se fundir com) uma árvore doente, você simplesmente pensaria que era a árvore e se esqueceria de

curar. Você não se transformaria numa árvore. A maior parte do seu tempo, você voltaria á sua autoconsciência

original, sem ter conseguido nada, ou você cairia dormindo. Uma mudança completa de padrão requer uma

habilidade aplicada consciente de um nível que a maioria dos seres humanos nunca alcançará.

O processo de grokking é muito simples.

1 -feche os olhos.

2 – energize.

3 - entre num corpo-espírito.

4 - funda-se com o objeto (grokk).

5 - verifique a conveniência da ação.

6 - mude o seu comportamento.

7 - saia do grok, emergindo com seu corpo-espírito, voltando ao seu corpo físico.

Aqui eu recomendei que fechasse os olhos para diminuir as distrações do seu ambiente imediato, mas você

pode aprender grok com os olhos abertos. Energizar pode ser feito com a Luz do Amor da quinta aventura

juntamente com a respiração.

Entrando num corpo-espírito é como entrar num corpo de sonho, mas o corpo-espírito é mais como uma bola

de pura luz ou energia sem bordas definidas, que você criará com a sua imaginação. Para entrar nesse estado

imagine que você possui um corpo de energia sem forma ao invés de um corpo físico.Como sempre o sentir é

mais importante do que o ver. Usar o corpo-espírito torna mais fácil a entrada e a saída do grok. Fundir-se é

feito imaginando que seu corpo-espírito está se fundindo com o corpo espiritual, mental, emocional e/ou com o

padrão físico do grokk (objeto) ou coisa que você quiser grok, com o sentimento sendo a sensação mais

importante, porque você irá querer imaginar como se sentiria sendo o que você está grokking. Esta é a parte

mais importante uma vez que o seu sucesso depende de um tipo de amor incondicional. O grau de fusão é

limitado por qualquer atitude negativa que você possa ter contra aquilo que você está grokking. Quanto mais

medo, raiva ou crítica você tiver quanto a isso, maior será a separação e menor o grokking. Há também menor

influência. Enquanto você estiver fundido, verifique a conveniência da ação sentindo se está certo prosseguir e

fazer a mudança. Isto não tem nada a ver com o medo de que possa estar errado. Quando o grok é bom você

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poderá sentir se é certo ou não fazer alguma coisa. Quando você se fundir no mais alto grau possível e enquanto

ainda estiver mantendo um pouco de autoconsciência, você mudará o seu comportamento para igual àquilo que

você está grokking de uma maneira que esteja de acordo com a sua intenção de cura. A maior parte do tempo

isto estaria na sua imaginação, mas algumas pessoas, serão capazes de envolver seus corpos físicos na mudança

sem perder o sentido de ser aquilo que está sendo grokking. Finalmente separe-se do grokee (objeto),

imaginando-se de volta ao corpo-espírito e de volta ao corpo físico.

Nas secções seguintes, lidaremos com grokking para a cura e para o seu desenvolvimento pessoal como um

xamã urbano. Vamos cobrir o assunto trabalhando com os sete elementos da terra: água, pedra, fogo, vento,

plantas, animais e seres humanos.

GROKKING A ÁGUA

Os xamãs grok a água geralmente para a chuva, mas pode ser grokked por muitas outras razões. Uma vez

encontrava-me no continente, quando recebi uma chamada de Kauai onde os sistemas de emergência estavam

em alerta devido à previsão de um maremoto. Alguns de nós grokked o maremoto e como onda, decidimos

achatá-la, dissipá-la lateralmente com a nossa energia.Pessoas que por natureza são curiosas e gostam de estar

por perto quando o desastre ataca, estavam na praia quando a onda deveria ter chegado e essas pessoas

declararam que a maré baixou, como é comum nesses casos, mas voltou gentilmente como se nada fora do

comum estivesse acontecendo. No dia seguinte os jornais publicaram na primeira página: “O maremoto que

nunca aconteceu”.

Esta é uma boa hora para esclarecer outros assuntos sobre groking e a arte xamanica. Em primeiro lugar

alguns de nós que trabalhamos na onda não exercemos controle sobre a natureza. Em segundo lugar grokking

não é a única coisa usada. Em terceiro lugar nós não mentalizamos a onda por nós mesmos.

A natureza só pode ser influenciada. Não pode ser controlada e isto está de acordo com o Sexto Princípio.

Em qualquer atividade da natureza há coisas acontecendo, seguindo o seu curso de ação, cursos em potencial de

ação, os cursos prováveis de ação (deixemos de lado os cursos improváveis porque requerem mais energia do

que realmente valem). No exemplo do maremoto, dissipar a energia da onda lateralmente foi um potencial

inerente à água e àquela onda em particular,como seria a formação de uma outra onda de uma outra direção para

cancelar alguns dos seus efeitos. Mas parar a onda na sua rota ou fazer com que ela voltasse para trás seria

improvável em termos do comportamento da água e requerimentos de energia que eles nem foram considerados.

Em relação à segunda consideração grokking é somente uma técnica no repertório xamanico. Nem todos os

xamãs a usam ou ganham habilidade nisso. Ao lidar com o maremoto, alguns xamãs estavam usando a intuição

para falar com a onda e outros estavam trabalhando com o sonho da onda. Os xamãs usarão quaisquer técnicas

que sintam ser efetivas em uma determinada situação, o que nos lembra o Sétimo Princípio.

Em relação á terceira consideração, um xamã seria muito tolo se tomasse crédito total pela mudança de

qualquer evento ou condição, não somente por causa do poder inato que existe em tudo, mas por causa da

influência de pensamentos de outras pessoas, xamãs ou não. Na experiência de Kauai por exemplo havia um

número suficiente de pessoas rezando, esperando e desejando que o maremoto não causasse nenhum dano e o

que todos os xamãs tinham que fazer era ajudar a focalização de toda a energia positiva.Por outro lado,se um

número suficiente de pessoas quisesse, precisasse, esperasse ou temesse o maremoto, mesmo os xamãs

independentemente de quão poderosos fossem, teriam tido efeito sobre o evento.

Nos últimos anos, o estado do Texas e áreas vizinhas, sofreram uma longa e severa seca. Nós recebemos um

número de pedidos para ajudar, mas o que nós fizemos não fez diferença por muito tempo devido aos potenciais

para a seca serem muito maiores do que os potenciais para acabar com ela. Finalmente, uma das nossas xamãs

no sul do Texas parou de tentar trabalhar em todo o Estado e concentrou num pequeno vale. Ela trabalhou

durante uma noite juntamente com seu marido (que era tolerante o bastante para a acompanhar) e no dia

seguinte foi o primeiro de três dias de chuva abundante para o seu vale, mas não para o resto do Estado.

Absurdo como possa parecer o ser humano pode influenciar a chuva. Não somente fazendo chover mas

também fazendo a chuva parar. Não é necessário ser um xamã para fazer isto. Pasadena, Califórnia tem a parada

do Rose Bowl e a seguir um jogo de futebol americano no dia primeiro de janeiro que tem acontecido por quase

cem anos. Mesmo sendo no meio da época da estação chuvosa, que eu saiba, só choveu duas vezes no dia do

Rose Bowl. Eu mesmo tenho observado chuvas fortíssimas na noite do Ano Novo e um sol brilhante no dia

primeiro de janeiro e novamente chuvas fortíssimas no dia dois de janeiro. Eu penso que as energias combinadas

dos organizadores do desfile, os visitantes, os espectadores e a câmara de comércio causam isso.

Quando o potencial das energias está certo, o grokking xamanico pode fazer milagres, o que é somente um

uso sábio de fontes capazes e padrões naturais. A chuva pode ser trazida para áreas atacadas pela seca ou

afastada de áreas de enchentes, padrões de ondas podem ser alterados, vazamentos de óleo podem ser

dissipados, e a poluição pode ser neutralizada ou precipitada. As possibilidades estão abertas mas algumas

mudanças vão requerer muitos xamãs agindo em conjunto.

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PRÁTICA - GROKKING A ÁGUA

Seguindo o processo já ensinado, fazendo grok na água, tornando-se o espírito da água, e a seguir, a água

específica que você quiser influenciar. Para uma seca funciona bem se tornar o espírito da água na área da seca

e chamar a água para você tornando-se aquela água enquanto se junta, até você ter uma chuva suficiente, pesada

e grossa..

Você poderá também grok com o propósito de aprender aquilo que a água tem para lhe ensinar sobre como

fluir e como se adaptar.

GROKKING A PEDRA

Muitos de meus alunos tem dificuldade em grokking a pedra, porque ela parece tão sólida. Descobri que em

suas mentes eles freqüentemente tentam fundir seus corpos físicos com a pedra ao invés de seus espíritos, e isso,

naturalmente, é sufocante e rígido se não impossível. Eu lhes digo que a pedra está viva e que a sua forma é

somente um padrão de energia. A intenção não é mover seus corpos para dentro da pedra mas acumular energia

em seus corpos e tomar o padrão de energia da pedra. Isto parece funcionar melhor.

Tudo está ligado.O fenômeno natural da Terra opera independentemente da humanidade. A natureza segue o

seu curso com seres humanos por perto ou não, mas quando os seres humanos estão presentes, eles fazem parte

daquilo que a natureza está fazendo. A troca vem das emoções humanas. As emoções humanas positivas ou

negativas não causam nenhum fenômeno natural, mas podem adiantá-los ou atrasá-los, amplificá-los ou

diminui-los e atraí-los ou repeli-los. Se um ser humano for afetado um ser humano está envolvido.

Devido a esse relacionamento quando um xamã está mudando um evento natural, ele também está mudando

as emoções humanas envolvidas nesse evento. Esta espécie de cura indireta é geralmente fácil de fazer e mais

efetiva do que tentar trabalhar com os seres humanos especialmente em um agrupamento como o de uma vila,

cidade ou região.Terremotos são um estudo muito interessante.Em áreas habitadas por seres humanos os

terremotos estão diretamente relacionados com as pressões sociais.Onde houver pressão social suficiente numa

área sujeita a terremotos qualquer mudança súbita na sociedade ou no meio ambiente poderá desencadear um

terremoto,mesmo que a mudança seja positiva.No verão precedente à morte de Mao Tse Tung,seguindo uma

tradição antiga que predisse a morte de um imperador, a China foi varrida por terremotos devastadores. Quando

o Chá do Irã foi deposto terminando um regime muito opressivo, o Irã foi varrido por um terremoto devastador.

Na noite em que a rainha Liliuokalani do Havaí foi deposta, Honolulu, foi sacudido por um terremoto muito

estranho. Um terremoto terrível ocorreu na Armênia exatamente enquanto o Primeiro Ministro Soviético estava

falando na ONU sobre mudanças sociais. Em 1907 após um verão com secas severas, seguiu-se um outono de

incêndios severos nas florestas, e um inverno antecipado de crimes. Los Angeles sofreu um terremoto bem feio.

No futuro, talvez, engenheiros sociais, sejam capazes de predizer terremotos com mais acuidade do que

qualquer outro grupo.

Como xamãs podemos aliviar a pressão em áreas instáveis antes de um tremor, e podemos aliviar a pressão

depois do tremor para diminuir os efeitos dos tremores posteriores. Para fazer isso através do groking, nós

entramos no espírito da pedra, fundimo-nos com a pedra, sob um lugar específico e, gentilmente relaxamos, nos

alongamos e nos acalmamos.

Erupções vulcânicas podem ser trabalhadas de uma maneira parecida. Fundindo-se com a lava liquida você

poderá mudar a direção do seu fluir, atrasá-la, esfria-la e modifica-la. Nós não temos trabalhado com a erupção

pacífica do Kilauea na grande ilha do Havaí, porque apesar de ter destruído e ameaçado algumas estradas, casas

e prédios que foram construídos numa área considerada como caminho para a lava líquida e causado algum

“vog” (neblina vulcânica) o único outro efeito foi o de aumentar o tamanho da ilha.

Como um elemento “pedra” inclui qualquer material que consideramos sólido e inanimado como os metais,

plástico, madeira cortada e vidro mesmo quando transformados em máquinas. Tenho tido muitos resultados

satisfatórios de cura de motores e de computadores, aplicando grokking e mudando de um padrão para outro

harmonioso.

PRÁTICA – GROKKING A PEDRA

Aplicando grok em algumas áreas fisicamente instáveis do mundo como Beijing, Tókio, Los Angeles, São

Francisco,Cidade do México, Cairo e Teerã, aliviando a pressão por debaixo deles.

Aplicando grok num objeto (talvez uma escultura) uma ferramenta ou uma máquina curando-as ou

aprendendo com elas.

Grokking a pedra pode também ensinar a Ku a natureza da força e da estabilidade e ajudá-lo a aprender mais

sobre geologia e cristais.

GROKKING O FOGO

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XAMÃ URBANO – Serge King

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A natureza tem suas próprias razões para ter incêndios. Pode ser para alimentar o solo com os nutrientes das

cinzas, germinar sementes, as quais necessitam da quentura do fogo antes que possam brotar ou reduzir a velha

vegetação para que novas plantas possam viver. Pode também ser usado para reduzir a população de animais e

alimentar os animais necessitados.Na África vi pássaros predadores e outros animais esperarem junto à beira

de um incêndio para pegar outros animais menores quando tentassem fugir.

Incêndios que ocorrem perto de lugares habitados embora mesmo os que acontecem espontaneamente para

qualquer propósito que sirvam, são expressões da emoção humana.Essa emoção é geralmente mas não sempre a

raiva.O fogo que serve a um propósito natural também serve a um propósito nas vidas humanas.Assim como

dissemos que cada doença é uma tentativa de Ku para resolver um problema com o qual Lono não lidou,

também podemos dizer que cada desastre natural é uma tentativa para resolver um problema com o qual Lono

não lidou. Na costa de Malibu,uma loja de jardinagem que existia há 30 anos, foi totalmente queimada durante

um incêndio de noite e que por incrível que pareça não atingiu nenhuma das casas vizinhas. Todos sentiram

pena do dono até que ele deu uma entrevista para um jornal local.Ele disse que já há muito tempo estava

planejando vender o lugar e mudar-se para fora do país,mas nunca tinha se decidido. A decisão foi feita por

ele,e com o dinheiro do seguro ele transformou seu sonho em realidade.

Na historia acima eu disse que as casas vizinhas não tinham sido atingidas.Uma coisa curiosa sobre

incêndios em áreas habitadas por seres humanos é que os incêndios pulam ou poupam alguns edifícios,

encontram seu lugar e vão para áreas que teriam sido consideradas seguras.A explicação xamanica é que as

emoções das pessoas envolvidas repudiaram ou atraíram o fogo.Novamente em Malibu,meu filho mais velho

vivia num trailer numa colina no meio das montanhas num lugar chamado Decker Canyon.Quando um incêndio

varreu esta área recebi ligações de condolências por ter perdido meu filho que de maneira alguma poderia ter

sobrevivido ao incêndio.Sintonizei com ele e tinha certeza de que estava bem.Assim que as estradas foram

reabertas fui para lá e vi que o fogo havia varrido a colina até 15 metros do trailer,pulado o trailer e queimado a

colina do outro lado,deixando meu filho e sua propriedade salvos e bem.

Incêndios são muito reativos aos pensamentos e emoções humanas o que significa que acalmar o fogo,tende

a acalmar os pensamentos e as emoções que o alimentaram. Grokking é uma maneira poderosa de fazer isso.Na

Índia entre os faquires um grupo de pessoas que ganha a vida se especializando em certas práticas iogue, não é

incomum pegar uma criança de sete anos de idade e colocá-la diante do fogo e dar-lhe instruções para fazer

amizade com o espírito do fogo.Dia após dia aquela criança será posta diante do fogo pelo tempo que for preciso

(ás vezes muitos anos) e a criança será provavelmente um adolescente até ter atingido um certo estado e se

tornado como o fogo a ponto de tocá-lo,andar sobre ele e rolar nele sem se queimar. Felizmente a maioria de nós

não vive disso e por isso não temos que grok o fogo a tal ponto, mas temos que ter prática para não sentir

nenhum medo dele. Algumas pessoas têm afinidades com o fogo desde a primeira vez que tentam grock.

Geralmente ficam excitados, tinindo e com alta energia. Quando um grupo dessas pessoas trabalha junto a

temperatura da sala se eleva. O desafio que estes “xamãs do fogo” tem é manter suficiente separação para

poder trabalhar em alguma cura. Em geral eles gostam tanto da experiência de ser o fogo que não querem se

acalmar. Guiando pessoas através de seu primeiro grok do fogo eu geralmente sugiro que como fogo, eles

fiquem quietos, calmos, se tornem cada vez menores e se transformem em cinzas quentes e depois em calor.

Normalmente isto funciona muito bem mas de vez em quando alguém humaniza muito o fogo e pensa que este

processo é matar o fogo ou ir contra seus desejos e eu tenho que lembrá-los que o fogo não é humano e

permanecerá fogo independente do seu tamanho ou forma. O fogo é muito feliz de ser e não é diminuído pela

mudança. Se vocês se perguntarem como é que eu sei disso, é porque fiz muito grokking do fogo.

Os que encontram maior dificuldade são pessoas que já tiveram experiências desagradáveis com o fogo. No

momento que eles começam a grok o fogo as lembranças daquelas experiências que podem produzir medo e

raiva são o suficiente para abortar o grok. Uma solução seria mudar a reação daquelas experiências; outra

maneira seria distinguir o fogo presente de qualquer outro fogo e outra maneira ainda seria praticar até que o

medo e a raiva desapareçam.

PRÁTICA - GROKKING O FOGO

Grok um incêndio que você vê ou ouve nas notícias. Sinta que você pode mudá-lo. Assim como o fogo

decide o seu progresso decida acalmá-lo, torná-lo cada vez menor em cinzas para torná-lo calor. Abençoe o

espírito do fogo e saia do grok.

Grok qualquer incêndio e sinta a energia, o movimento, a luz e o calor. Com 1% de autoconsciência diga a

Ku para lembrar-se desse padrão e saia do grok. Outras vezes pratique lembrar-se dessas qualidades quando

quiser.

GROKKING O VENTO

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XAMÃ URBANO – Serge King

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O vento é ás vezes, chamado de "mãe do tempo", devido ao seu papel crítico na formação e na experiência

do clima. Tem ligações importantes com nossas vidas (não sendo menos importante o fato que nós o

respiramos). Crokking o vento é uma habilidade extremamente importante.

Uma das formas mais poderosas de vento é o furacão, que é um vento de padrão circular, com velocidades de

mais de 74 milhas por hora, fora do olho (centro) do furacão. Podem ser vistos por satélites e seu curso pode ser

traçado mas são muito imprevisíveis quanto á direção. Uma das razões disso é a sua sensibilidade a emoções

humanas. Há alguns anos atrás o meu grupo xamanico foi requisitado para ajudar com um furacão que estava no

Golfo do México dirigindo-se para a costa do Texas. Sintonizamos o furacão sentindo que seria apropriado e o

guiamos novamente de volta para o Golfo do México. Esta virada do Texas para o Golfo do México fez notícia

na televisão. Sentimo-nos satisfeitos até sabermos no dia seguinte que o furacão havia abatido a Luisiana! De

onde veio isso? Nunca passou pelas nossas mentes que isso pudesse acontecer. Mergulhamos no nosso trabalho

para afasta-lo de lá. Foi muito interessante ouvir as noticias nos dias que se seguiram quando o cabo de guerra

perdeu a sua eficácia. O furacão ia para o continente depois voltava para o mar, depois voltava para terra, e em

seguida para o mar. Finalmente nos conscientizamos que não havíamos prestado suficiente atenção à

conveniência. Sintonizando nisso sentimos que havia um propósito mais importante para que o furacão abatesse

a Luisiana e decidimos deixar que fosse para lá. As próximas notícias mostraram-nos que o furacão havia

atacado a Luisiana, onde causara grandes prejuízos materiais mas sem perda de vidas. Eventualmente dissipou-

se no norte do estado. A área inteira foi declarada como área de desastre federal. A atenção nacional estava

focalizada numa área que havia sido ignorada e se achava em estado de estagnação. Muito dinheiro e pessoas

fluíram para lá, vidas foram mudadas e novas ligações foram feitas. Mesmo sendo tão destrutivo o furacão teve

um propósito positivo naquele lugar e naquele momento.Na Luisiana foi uma experiência curativa por ter sido

atraída pelo desejo de mudança. No Texas não teria sido assim porque a atração de lá eram o medo e a raiva.

Quando eu digo atração quero dizer literalmente. Quando você grok um furacão você poderá sentir uma espécie

de atração magnética por um centro de população humana, e ás vezes você precisará fazer um esforço definitivo

de força de vontade para se afastar disso. Não precisa se preocupar com estar interferindo com o destino. Se

houver um propósito positivo para um furacão ou outro evento,acontecerá, independente daquilo que você faça.

Você poderá atrasa-lo mas não impedi-lo, a não ser que o seu trabalho xamanico ofereça uma solução ainda

melhor para o propósito do evento. Na maioria dos casos você só se conscientizará após o fato de que havia

alguma coisa para ser feita. Se alguém não quiser a sua ajuda você nem pensará em ajuda-la.

Tornados são muito parecidos com furacões. Cheios de potencial destrutivo eles acontecem naturalmente em

certas áreas e em certas épocas do ano.São altamente sensíveis ao pensamento e emoções humanas. Como os

incêndios os tornados têm uma inclinação para pular sobre ou em volta de alguns lugares e aparentemente ir

para outros lugares que teriam sido considerados como seguros. A experiência de grokking um tornado pode ser

excitante, mas a excitação da destruição pode parecer tão divertida que poderá ser difícil lembrar-se que você

está tentando guiar o tornado para longe de um determinado lugar.

Grokking poderá ser usado para aumentar, diminuir ou virar um vento. Poderá também, ser usado para fazer

o vento afetar um outro elemento. Na velha Malibu novamente, houve um incêndio muito grande que destruiu

40 casas na nossa vizinhança. A vizinhança inteira estava em perigo, e eu mal tive tempo de chegar em casa

para ajudar minha família a jogar água no teto e outras pessoas a apagar algumas faíscas de fogo que estavam

ameaçando seus lares (alguns proprietários estavam viajando). Um dos grandes problemas era que vivíamos

numa garganta sinuosa onde o fogo gerava um vento que batia nas chamas e a fumaça era tão espessa que os

bombeiros não podiam chegar até o fogo. Assim que a nossa situação ficou sob controle subi no telhado com

meu filho mais velho, que havia sido treinado por mim por algum tempo. Juntos nós grokked o vento para

acalmá-lo. O momentum do padrão criava dificuldades mas, após 20 minutos de focalização contínua o vento se

acalmou, a fumaça diminuiu e o anel de fogo parou de progredir. Os bombeiros puderam entrar e acabar com o

incêndio. Devo salientar que não havia nenhuma razão de primeiro nível para o vento parar naquela situação.

PRÁTICA - GROKKING O VENTO

Comece praticando na área em que você vive grokking o vento para poder sentir como ele se move, e mudar

seu movimento e direção. Preste atenção às notícias e grok o vento através da cura e da harmonia em situações

que requeiram isso. Lembre-se de verificar as conveniências.

Grok o vento e sinta a sua leveza, liberdade e brincadeiras, bem como o sentimento de influenciar o

movimento de outros seres.

GROKKING PLANTAS

Eu tenho uma amiga que grok plantas. A sua meta é ser capaz de induzir as plantas a florescerem e dar frutos

assim como alguns mestres fazem na Índia. Não sei se ela conseguirá alcançar o que quer, mas ela já tem um

polegar verde-esmeralda. Eu a vi plantando sementes de abóbora e dois dias depois já havia brotos de 10

centímetros com folhas grandes. Uma das maneiras de trabalhar com as plantas é conhecer seu estado, condição

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ou necessidades sair do grok e cuidar delas. Se você grok uma planta e descobrir que ela está com sede, saia do

grok e dê-lhe água. Ou você poderá fazer como a planta aprofundando as raízes em busca de água ou chamar o

espírito da chuva para vir ajudá-lo. Para outras necessidades você pode espalhar suas folhas para tomar mais

sol, mudar a sua seiva para dar mais vida às diferentes partes do seu corpo planta e dar mais brotos para se

expandir. Em casas de plantas as pessoas sabem que as plantas podem ficar estressadas por muita ou pouca

mudança no ambiente, bem como através de venenos e toxinas. Esse stress leva a doença e a atração de insetos

e fungos.Em grokking uma planta a melhor coisa é ajudá-la a relaxar. Se você quiser que ela cresça mais desde

que não esteja estressada a melhor coisa é excitá-la. O excitamento move a energia que ativa a operação dos

padrões naturais aprendidos. É bom lembrar disso quando trabalhar com qualquer um dos sete elementos.

Muitas pesquisas documentam o fato de que as plantas são influenciadas pelos pensamentos e emoções

humanas. Da maneira mais simples as plantas vão crescer mais se você elogia-las e o seu crescimento será

retardado se você as criticar. De uma maneira mais complexa com o tipo de sintonização certo elas farão

milagres para você e lhe revelarão segredos incríveis.Dois homens, que tinham este tipo de sintonia foram

Luther Burbank e George Washington Carver.

Burbank trabalhou com a natureza e criou mais de mil plantas que não existiam antes incluindo margaridas

gigantes, batatas de melhor qualidade, nectarinas, cactos sem espinhos e plantas de madeira bem dura com

crescimento rápido. O terremoto de 1906 que devastou São Francisco e arrasou a sua cidade de Santa Rosa

poupou o seu enorme jardim de inverno e mesmo Burbank atribuiu o fato a sua ligação harmoniosa com a

natureza. Embora admitisse que conversava com as plantas com amor induzindo-as a fazer o que ele quisesse,

seu relacionamento era muito mais profundo do que um contacto intuitivo. Não há dúvida que ele estava

grokking à sua maneira enquanto caminhava por entre as fileiras de seus milhares de plantas - mudas ou plantas

adultas - e sem diminuir o passo ele escolhia as que iam sobreviver e as que não iam. Um agente de fazendas

seguindo-o disse que não podia notar nenhuma diferença mesmo bem de perto mas Burbank parece que tinha

esse instinto.O máximo que ele explicou sobre o que fazia foi durante uma palestra intitulada: “Como produzir

novos frutos e flores”.

“ Ao levarmos a cabo o estudo de qualquer das leis universais e perenes da natureza,quer relacionados à

vida,crescimento,estrutura e movimentos de um planeta gigante, da menor das plantas ou do mecanismo

psicológico do cérebro humano,algumas condições são necessárias antes de podermos nos tornar um interprete

da natureza ou o criador de uma obra válida para o mundo. Idéias preconcebidas,dogmas,todos os

preconceitos e preferências pessoais devem ser postos de lado. Para que os dotados de vontade possam ver e

saber,é preciso ouvir uma por uma,paciente,silenciosa e reverentemente,as lições que a Mãe Natureza tem para

ensinar,lançando luz sobre o que era antes um mistério.Suas verdades,ela só ensina aos submissos e

receptivos.Aceitando tais verdades como elas são sugeridas,seja lá aonde for que levem,teremos o universo

inteiro em harmonia conosco. Finalmente o homem pôde estabelecer para a ciência uma base

sólida,descobrindo que ele é parte de um universo eternamente instável em forma,mas eternamente imutável em

substância ‟‟.

George Washington Carver foi outro homem que fez coisas incríveis com as plantas especialmente com o

amendoim e a batata-doce. Ele fez centenas de derivados separados economicamente, produtos derivados de

plantas com as quais ele trabalhou, não através de estudos científicos, analise ou experiências mas através de

uma comunicação profunda.

Quando lhe perguntavam como fazia milagres, ele respondia que todas as plantas ou coisas vivas falavam

com ele, e que “eu aprendi o que sei observando e amando tudo”.

A maior parte de seu trabalho, era feito num laboratório particular onde não se permitiam livros e em que ele

passava horas comungando com as plantas para aprender o que elas tinham para lhe ensinar. Pouco tempo antes

da sua morte ele disse; “Quando toco uma flor toco o infinito. Através dela,me comunico com o infinito,que

nada mais é senão uma força silenciosa.Não se trata de contato físico.Há nisso algo que não está no vento,nem

nos terremotos,mas sim no mundo invisível.Algo que é a voz serena e fraca que invoca as fadas”.

PRÁTICA - GROKKING PLANTAS

Grok plantas em sua casa para aprender como elas pensam, sentem e experimentam a vida. Se você quiser ir

mais além, plante algumas sementes e groke-as enquanto estejam crescendo dando-lhes a sua intenção para que

crescem mais depressa e sejam maiores. Groke plantas que você saiba que precisam de ajuda, como árvores

sofrendo de ferrugem ou as florestas brasileiras.

Groke as plantas para aprender sobre os ciclos da vida e da morte, da luz e da escuridão, do crescimento e da

reprodução, das estações lunares e solares, do uso da energia e da transformação. Tente grokking ervas e plantas

medicinais pelas suas qualidades curativas ao invés de ingeri-las, somente como experiência.

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GROKKING ANIMAIS

Em todas as culturas xamanicas que eu conheci os animais são tratados, pelo menos em parte, como

professores e guias em como viver harmoniosamente com o Espírito da Natureza. A reação ocidental normal a

isto é naturalmente que muito podemos aprender sobre a natureza observando o comportamento dos animais. O

que eu quis dizer é que devemos aprender o máximo que pudermos para nos comunicar com os animais indo

além, praticando grok.Então estaremos no caminho para aprender o máximo sobre a natureza.

Todas as culturas xamanicas mais antigas falam do tempo que os seres humanos e os animais conversavam

livremente e algumas, têm histórias de como se acabou. A nossa própria cultura tem muitas histórias sobre o

relacionamento intuitivo entre humanos e animais, geralmente cachorros e cavalos,portanto esse talento não

está morto. A maior parte desses relacionamentos tem a ver com o amor, a amizade e a assistência mútua e

talvez aprendizado de parte do animal para a humana.A melhor história moderna que conheço sobre

aprendizado com animais vem de J.Allan Boone e de seu relacionamento com Strogheart,um pastor alemão,que

havia trabalhado no cinema. Designado para tomar conta do cachorro,Boone começou com a atitude comum de

superioridade humana, mas isso mudou drasticamente conforme ele começou a aprender a ter conversas

silenciosas e a ser receptivo.

“Quando eu estava pronto para aprender com o cachorro, Strongheart partilhou comigo uma preciosa

sabedoria,segredos maravilhosos relacionados com a grande arte de viver profundamente e feliz no tempo

presente apesar das circunstâncias”.Embora não tenha falado nisso,o que ele aprendeu foi grok o cachorro

porque o que Strongheart lhe ensinou a alcançar,sem sacrificar a singularidade da sua própria

individualidade,foi harmonizar-se mutuamente a ponto de parecer que eles funcionavam como uma unidade

única.

A maioria de Grok animais é aprender com eles, e estar atento e imitar o seu comportamento de uma forma

aberta, igualitária e receptiva. Estar aberto significa muito mais do que olhar para eles, inclui usar todos os seus

sentidos interiores e exteriores. Imitar o seu comportamento significa muito mais do que somente copiar seus

movimentos. Também significa praticar seus sons, humores, atitudes e características. Boone fez algo

fascinante, carregava consigo um dicionário e um livro de sinônimos e tomava notas das características que

Strongheart demonstrava, como se ele fosse um ser universal que vivesse no corpo de um cachorro. Além de

cheirar, correr e latir, havia a coragem, a confiança, a compaixão, etc.

Tudo o que um animal faz tem um propósito e este tem a ver com o momento presente. Animais não pensam

no passado ou no futuro. Se um cachorro fizer alguma coisa que lhe foi ensinada no passado é sempre uma

resposta a um estímulo no presente. Quando um esquilo esconde nozes não está pensando no futuro. Está

simplesmente respondendo apropriadamente aos sinais do ambiente presente que lhe indicam que é chegada a

hora de armazenar nozes. Até que você grok suficientes animais para partilhar a sua experiência de vida você

não sabe o que é o momento presente. Não estou dizendo que refletir no passado ou planejar o futuro seja mau.

Estou dizendo que viver o presente é muito bom.

PRÁTICA - GROKKING OS ANIMAIS

Grok um animal só pela experiência usando um animal de estimação, no zoológico ou em sua vizinhança, ou

o padrão do Poder dos Animais.

Grok um animal que esteja doente ou estressado usando as técnicas xamanicas que você já conhece para

aliviar a sua dor e curar-se, como também ao animal.

Grok um animal para aprender mais sobre a vida e o viver, ou pelas características especiais que o animal

tenha.

GROKKING SERES HUMANOS

Grokking um ser humano talvez seja o mais difícil porque nós todos somos muito iguais. Você pensa que

seria mais fácil, mas a parte difícil é não levarmos nossos próprios padrões para o grok. Assim como com

animais e tudo o mais, você precisa ser aberto, receptivo e incondicional. Quanto mais fechados,separativos e

condicionais estivermos mais difícil será grok outros humanos. Grokking humanos, pode levar a revelações

surpreendentes. Uma vez, ensinei uma mulher a grok seu marido para melhorar seu relacionamento. Ela

começou a falar, andar e pensar como ele.Ele começou a se abrir e a desenvolver uma atitude mais amigável

para com ela. Ao mesmo tempo ela começou a perceber que não gostava dele.

Grokking humanos para a cura é ao mesmo tempo mais fácil e mais difícil. É mais fácil por conhecermos

bem o corpo humano e é mais difícil devido ao medo da doença. Quando você está grokking um ser humano

doente, você terá que ser capaz de sentir o que ele/ela está sentindo sem se identificar (aquele 1%). Se você se

identificar poderá imitar alguns dos mesmos padrões quando acabar o grok e sentir a mesma coisa no seu

próprio corpo como sendo seu próprio sentimento. Você poderá mudar isso dizendo finalmente a Ku “Pare com

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isso agora!” “Isto não é meu!” “Volte ao normal agora!” . Relaxe a seguir. Se por acaso isso não funcionar use

uma de suas técnicas de cura em si mesmo. Em seguida volte ao grokking.Com isso você também usará a sua

habilidade de cura em si mesmo agindo como a pessoa que você está grokking. Fale com Ku, use Kahi em si

mesmo, sonhe e mude o corpo do seu sonho ou faça qualquer coisa que você tenha aprendido. Um amigo ao

receber um pedido de cura, aplicou grok na pessoa cuidadosamente e a pessoa saiu para ir a uma festa. Devido

ao relacionamento e ressonância estabelecidos durante o grok a pessoa que recebeu o grok também recebeu os

benefícios, no nível de Ku.

Uma das melhores coisas de grokking um ser humano é que aquele que recebe o grok não precisa estar vivo,

nem ser humano. Quando você grok você estará se fundindo com a energia padrão, não com o ser físico. Os

padrões de energia dos humanos não vivem mais no tempo. Homens e mulheres consumados e mestres

espirituais do passado ainda existem para você grok e aprender com eles. Tudo o que você tem a fazer é colocar

a sua atenção consciente neles e deixe Ku fazer o grokking. Por “nem mais humanos”, quero dizer que os

padrões de energia dos seres de ficção também existem para você grok como o Super-homem ou a Mulher

Maravilha, por exemplo.

PRÁTICA - GROKKING HUMANOS

Grok um amigo que esteja doente, sinta os fatores e use o que você aprendeu para curar-se a si mesmo. Grok

alguém que esteja bem ou que expresse alguma qualidade ou característica que você gostaria de ter, e durante o

grok profundo diga a Ku para lembrar-se do padrão.

Em sua mente crie uma forma espírito de um Mestre Xamã ideal que tenha muito amor,

muito poder e muita habilidade e grok esse ser para aprender o padrão. Para finalizar o quanto

mais você grok maior será a sua habilidade, e quanto mais você grok um padrão que quiser aprender mais você

o aprenderá.

A OITAVA AVENTURA

AUMENTANDO A SUA ENERGIA CRIATIVA

'ike no i ka la o ka 'ike; mana no i ka la o ka mana.

(Há um tempo para o conhecimento e um tempo para o poder).

Tudo é energia.Energia é uma atividade que causa mudanças. Para fazer mudanças é preciso que haja algo

para ser mudado.È preciso haver uma coisa de alguma maneira diferente para receber a ação da energia que está

agindo. Se energia térmica entrar em contato com o gelo ele mudará sua forma ou padrão e se transformará em

água. Se mais calor for adicionado á energia original, será absorvido e se transformará em energia da água

(temperatura). Isso parece um pouco estranho porque só pensamos em água como energia se estiver se movendo

para criar pressão.Água em repouso, a nível molecular e atômico, está em rápido movimento energético. Dentro

de um padrão (estado), o movimento é necessário para evitar que a água se transforme em outra coisa. Se mais

energia térmica for aplicada aumentando seu potencial de calor (a temperatura aumenta) a água começará a

vibrar cada vez mais depressa e começará mudar seu padrão (forma). Um nível suave de energia térmica

adicional ocasionará o que chamamos evaporação. Se muito mais energia for usada, a água entra em ebulição

formando vapor que se move muito depressa comparado com a água e extremamente rápido se comparado com

o gelo.A energia da água foi aumentada pela absorção das qualidades padrão de outra energia. Note que não

adicionamos nada á água.

Colocamos uma fonte de calor em contato com a água e ela começou a ressoar tornando-se tanto quanto

possível parecida com o calor. O metal também ressoa com o calor, mas pode fazer isto por muito mais tempo

mantendo seu próprio padrão primário do que a água. Também muda, mas somente com uma intensidade maior

de energia. Por outro lado, o gás propano já vibrando em uma alta freqüência não necessita de muito mais calor

para ressoar antes de explodir numa mudança de forma dramática.

Quero fazer você aqui, como um xamã urbano, pensar em energia de maneira diferente daquela a que você

está acostumado. Como tudo é energia há, obviamente, muitos padrões de energia diferentes dentro de nós,

como também à nossa volta. Todas elas influenciam umas às outras em graus diferentes. De acordo com nossa

filosofia tudo tem Ku, e ele é influenciado mormente pelo campo de ressonância mais forte e mais próximo ao

campo ou padrão de energia que se parece mais com ele (ou alguma parte dele). A água mesmo em forma de

gelo, por exemplo, já contém algum calor, ou não poderia ressoar com ele, mas toda a energia é potencialmente

influenciável, não só o calor. A água, e tudo o mais, pode ser mudado, o padrão pode ser alterado num grau

amplo de diferentes espécies de energia, incluindo as energias de pensamento.

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A energia flui para onde a atenção vai. Portanto o pensamento causa mudança quando ressoa com o foco de

atenção. Como vimos com o calor a influência será maior se o nível de energia puder ser aumentado. A energia

térmica maior que a já presente numa certa quantidade de gelo pode mudá-lo em água. Uma quantidade ainda

maior ou amplitude de energia de calor, pode induzir a água a mudar para vapor. Igualmente se pudermos

aumentar a amplitude da energia do pensamento, de alguma forma então os nossos pensamentos serão mais

efetivos criando mudança.

Toda a mudança, ocorre por indução, pela influência num padrão já inerente àquilo a ser mudado, por outra

coisa com padrão similar. Não estamos falando num padrão completo de uma coisa porque qualquer padrão

principal, tem dentro de si muitos outros padrões menores.Você é único como individuo. Seus padrões próprios

não são iguais ao de nenhum outro ser humano, mesmo de um irmão gêmeo. Dentro de seu corpo, mente e

espírito, únicos, há uma miríade de padrões diferentes, operando a qualquer momento. Há padrões diferentes

dos componentes químicos e das estruturas físicas do seu corpo, há os padrões de seus órgãos, de suas memórias

e de seus potenciais, além de outros.Energias de espécies diferentes podem afetar certos padrões dentro do todo,

mudando portanto tudo através da mudança de uma parte. Mudando somente o padrão de uma dor de cabeça,

poderá faze-lo sentir-se otimamente bem.

O PODER DE KIMANA

Por muitos anos, tenho feito extensas pesquisas e escrito muitos livros e artigos sobre energias incomuns

e suas aplicações. Assim como um grande grupo de pesquisadores encontrei evidência abundante para um tipo

de energia penetrante que pode ser sentida, amplificada, direcionada, gerada e convertida para influenciar ou

mudar a mente e a matéria e, que apesar disto tem desafiado todas as tentativas de medidas instrumentais

independentes. Que ela existe não há dúvida, mas até agora, só pode ser demonstrada através da experiência dos

seus efeitos de muitas maneiras diferentes. Pode ser que seus efeitos venham de múltiplas energias diferentes.

Desde que os efeitos sejam os mesmos, não importa como a energia chama a atenção. Vamos simplificar as

coisas supondo que a energia seja real e singular. Seguindo uma longa tradição em que cada um lhe dá um nome

diferente, vou chamá-la de Kimana cuja tradução seria mais ou menos "poder intenso".

Temos muitas razões práticas para trabalhar com esta energia. Como você descobrirá por si mesmo se usar o

que lhe é dado aqui, kimana amplificará sua energia espiritual e a inspiração que você recebe de Kane,

intensificará o seu foco e a imaginação de Lono e, realçará o aprendizado, a memória e a energia física de Ku. A

minha meta como um xamã é usar as partes apresentadas abaixo bem como outras para aumentar a sua

capacidade de energia. Em outras palavras se você quer desenvolver um hábito normal, aprendendo a operar

num nível mais alto de energia o tempo todo, Kimana pode ser usado para ajudá-lo a mudar o mundo e também

pode ser usado para você mudar a si mesmo. Usar a energia exterior desta maneira é como praticar uma

habilidade com a ajuda de um livro até que você o saiba de cor, e tão bem, que não precisará mais do livro,

embora, de vez em quando queira dar uma olhada para refrescar a memória. Quando Ku se acostumar a operar

num nível de energia amplificada tenderá sempre a fazer isso porque você e ele estarão usando a energia da

mesma fonte. Lembre-se que as partes não estarão lhe dando energia, elas estarão estimulando a sua própria

energia.

Nas secções que se seguem, vou apresentar algumas maneiras simples e úteis com as quais você poderá

tocar em kimana para o enriquecimento da sua vida dando mais poder aos seus pensamentos e aumentando sua

capacidade de energia.

KIMANA LINEAR

Todas as freqüências são padrões de energia e como já aprendemos as freqüências de um índice tenderão a

induzir ressonância (influencia energética) nas freqüências de índice semelhante. Uma maneira de obter este

efeito é usar uma medida de ondas de comprimento. Um amigo meu familiarizado com rádios me disse que

para sintonizar uma freqüência de rádio com um comprimento de onda de 0,70 metro, é preciso uma antena de

0,l0 metro de comprimento. A antena poderia ser um cabo espiralado, mas teria que ter o comprimento certo.

Kimana aparentemente pode ser sintonizada pela antena na onda curta. Há alguns anos atrás tomei

conhecimento de algo chamado "cubit wand" (vara de cúbito). Era uma vara de madeira de 62,5 cm. de

comprimento. Não é necessário discutir aqui o porquê do comprimento. O que é importante é que esse

comprimento produzia os mesmos efeitos de energia que eu tinha conseguido de maneiras diferentes (alguns dos

quais serão apresentados abaixo). Para ser breve, quando você segura essa vara, dependendo da sua

sensibilidade, você tenderá a se sentir mais relaxado, se estiver tenso, e mais energizado, se estiver relaxado. Se

continuar segurando pode sentir suas mãos ou seu corpo tinindo, sua mente se tornará mais clara e sua

imaginação mais aguçada. Se você testar notará também um aumento na sua força física e na sua energia. O uso

de uma vara de cúbito para caminhar, ou durante um longo seminário ajudou-me a ficar relaxado e cheio de

energia.Em outro nível, sua aura será mais intensa e portanto o poder de seus pensamentos e seu carisma

também aumentarão. Talvez haja aqui uma indicação sobre as influências das varinhas mágicas e bastões

militares. Um comprimento de 62,5 cm. funciona, mas nem 60,0 cm. ou 65,0 cm., terão o mesmo efeito. Fiz

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várias, de madeira, plástico, cobre, cordão e corda. O material usado parece não fazer nenhuma diferença mas os

efeitos dos cordões e das cordas serão melhores se estiverem esticados em vez de soltos.

Uma vara de madeira, de plástico ou metal é fácil de carregar, ou colocar no bolso ou numa bolsa e é boa

para segurar para aumentar o poder de seus pensamentos e presença enquanto você estiver pensando ou falando.

Conforme o Terceiro Princípio manter sua atenção na vara aumenta os efeitos da sua energização. Durante a

meditação ou um haipule longo, segurar uma vara com as duas mãos energizará toda a experiência e o manterá

energizado por algum tempo. Você poderá ficar carregado com kimana, deitando-se entre duas varas de 125 cm.

cada uma postas no chão. É como se as varas tivessem campos de interseção que amplificam um ao outro.

Deitar entre 2 varas terá mais efeito do que deitar ao lado de uma.

KIMANA ROTATIVA

Nos anos 70, um homem, chamado Charles Sherburne, mostrou algo realmente radical em vários lugares de

Los Angeles. Era um objeto em forma de kayak, feito em madeira ou plástico. Devido a sua forma e polimento

era muito bonito de se olhar e agradável de tocar. A parte radical se relacionava com seu comportamento.

Quando colocado numa superfície plana e lisa, e girada na direção horária rodava suavemente por mais tempo

do que deveria. Quando girada no sentido contra horário, rodava por pouco tempo,começava a oscilar e

finalmente parava e começava a rodar ao contrário (para trás), por pouco tempo. Parecia que estava resistindo ao

movimento contra horário. Muita atenção foi prestada ao fato aparente que ao menos uma das leis de

movimento de Newton estaria sendo violada por esse objeto inocente (“um objeto em movimento tende a ficar

em movimento a menos que afetado por uma força exterior”). O atrito e a gravidade como forças exteriores

poderiam diminuir a rapidez e parar uma rotação, mas o que estava causando a oscilação? A parada da rotação

antes do atrito e da gravidade, poderiam influenciar a reversão do movimento? Três fenômenos extras e nada

para explicá-los. Muitos ficaram excitados com Sherburne, outros, ficaram chateados. Parte dessa reação era

causada pelo comportamento do objeto, e parte porque ele disse que tinha obtido as dimensões proporcionais á

da descrição da Arca de Noé. De acordo com Gênese (300 cúbitos de comprimento, 50 cúbitos de largura e 30

cúbitos de altura). Eles chamavam esse objeto de Arca.

Usei o modelo que comprei dele para demonstrar a existência de mais aspectos do universo que iríamos

descobrir e também para assustar os físicos e outros tipos de cientistas. Eu até tinha uma ótima teoria sobre as

energias espirais para explicar o porquê do movimento contra horário. Para mostrar, que não tinha nada a ver

com a força Coriolis (o efeito da rotação da Terra que leva os ciclones no Hemisfério Norte a rodarem contra

horário). Levei minha arca para o Taiti e demonstrei que funcionava do mesmo jeito, tanto ao sul como ao norte

do equador. Minha boa teoria foi derrotada por um de meus alunos que me mandou dois modelos da arca que

ele havia entalhado do mesmo galho de uma amendoeira. Uma funcionou como a minha arca e a outra fez

exatamente o contrário. Quando rodando contra horário girava suavemente e quando rodando em sentido

horário oscilava, parava e revertia o movimento. Eu que tinha assustado os outros estava agora assustado.

No fim dos anos 70 a revista American Scientific, publicou um artigo, falando de objetos que mostravam o

mesmo comportamento que a arca de Sherburne. Objetos feitos de pedra que mostravam a mesma rotação e as

mesmas características haviam sido encontradas em velhos túmulos irlandeses e eram chamados de “celts” pelos

arqueólogos e “rattltebacks” pelos físicos. Ninguém sabia para o que eles serviam. Alguns arqueólogos

pensavam que fossem usados por chefes ou xamãs para impressionar os nativos, mas a menos que relampeasse

ou mudasse o tempo, eu penso que não impressionaria muito a pessoas sem um apego emocional ás leis de

Newton. Alguns estudos científicos mostraram que o efeito basicamente seria relacionado com a forma e o

relacionamento entre os eixos superior e inferior e muitos modelos que foram feitos, funcionaram, mas isso,

ainda, não explicava o fenômeno ou o relacionava com as leis de Newton.

Hoje, você poderá comprar modelos caros em um empório em São Francisco que gira de qualquer lado,

dependendo da sua construção. E dai?

Já disse que como muitos outros eu tratei disso somente como algo curioso, para distrair meus alunos e

esticar seus pensamentos. Um dia durante o intervalo de um seminário no Texas descobri algo novo sobre

“rattleback”.Enquanto falava com um aluno, subitamente senti uma onda de energia fluindo na parte de trás de

meu corpo. Virei-me e nada vi, somente um outro estudante mexendo no rattleback. Mais uma vez senti aquela

energia e voltei-me a tempo de ver o rattleback ainda rodando. Aquilo desencadeou uma cadeia de idéias e um

número de experiências que eventualmente mostraram que a rotação do rattleback gerava uma forte onda de

kimana durante e um pouco além do tempo de rotação. Numa experiência, usamos uma garrafa de vinho

Chablis barato e rodamos o rattleback perto da garrafa por 3 segundos. Nesse curto período de tempo a garrafa

ficou alterada e o vinho ficou com um gosto envelhecido e mais macio. Mais prática ainda (embora a

experiência do vinho não tenha sido tão ruim) foi a descoberta que prestar atenção a uma rotação do rattleback

daria á sua aura uma carga saudável juntamente com outros efeitos de energia mencionados acima. Desde então

temos obtido os mesmos efeitos de um giroscópio. Já posso ver que quando isto for conhecido haverá cursos em

todo o país ensinando a “como rodar seu caminho para o sucesso”.

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KIMANA GEOMÉTRICA

Tudo é energia vibrando num padrão. O padrão ou sua combinação, determina como a energia se manifesta,

seja como vento, um pássaro ou um humano. Pareceria lógico então, que os padrões mais básicos ressoassem

com as energias mais básicas.Uma maneira de descrever o nosso universo físico é a combinação de linhas

curvas e retas. Não são as linhas em si que criam os padrões, mas a sua junção. O padrão mais básico de uma

linha curva que podemos fazer é um círculo e o padrão mais básico de uma linha reta que podemos fazer é um

triângulo. Isso é bom, você dirá. E mais que bom é realmente muito útil. Significa que podemos usar simples

círculos e triângulos para relaxar nossos músculos, para estimular nossos sentidos, para dar mais poder para

nossos corpos e mentes e aumentar a nossa capacidade de energia. Como? Olhando para eles, sentando-se neles

e pendurando-os em casa. Muitas pessoas antigas fizeram uso desses padrões como mandalas para olhar, ou

tapetes de preces para sentar ou pendurar nas paredes e quadros para energizar o ambiente. Freqüentemente têm

modificado o desenho em padrões de formas mais complicadas, mas círculos e triângulos ainda são a

base.Círculos geram uma energia que tende a ser mais relaxante e mais condutiva ao pensamento e a meditação.

Você poderá usar círculos feitos de qualquer material, até impressos ou pintados numa superfície. Acredite ou

não uma Hula Hoop (bambolê) é um grande instrumento de meditação. Sentar-se dentro dela é muito relaxante e

benéfico especialmente durante o intervalo de uma atividade muito grande. Um pedaço de cordão ou corda

poderá ser usado mas não é muito fácil formar um círculo com eles. Ter um círculo por perto para olhar, é

também muito útil para contrabalançar a alta atividade e o foco. Eu uso um suporte de garrafas na minha mesa

de computação.Você poderá encontrar um arco em lojas de hobbies e poderá deitá-lo numa mesa ou no chão ou

pendurá-lo. Tente pendurar um grande círculo numa janela e olhar através dele. Muda toda a experiência de

olhar pela janela. Para algo especial encare por algum tempo um círculo preto, desenhado ou impresso com no

mínimo 15 cm. (6 inches) de diâmetro, num papel branco. Uma vez relaxado suficientemente você começará a

sentir um nível de energia mais alto e verá muitos efeitos visuais incomuns.

O triângulo tende a induzir uma energia de efeito mais estimulante, boa para meditação ou atividades

mentais e físicas mais ativas. Um bom centro de energização portátil, pode ser feito de varas de 89 cm (35

polegadas), simplesmente formados em um triângulo no chão. Você poderá ficar em pé ou sentar-se nele, como

quiser. Ter um triângulo para ficar em pé ou para olhar, quando você se levanta, lhe ajudará a acordar mais

depressa e ter alguns triângulos pendurados no seu escritório, tornará sua mente mais aguçada e aumentará a

resistência. É importante que você tenha alguns círculos para olhar para evitar o stress. Lembre-se também que

somente ter os objetos circulares ou triangulares ou desenhos, não será o suficiente para que o efeito seja

completo. Você terá que pôr a sua atenção neles, para ter maiores benefícios.

KIMANA TRIGONOMÉTRICA

O início da década dos 70 viu o começo de uma moda que varreu os E U A como fogo selvagem durante

alguns anos.

Posso imaginar que em todo o país haja sótãos e porões onde pirâmides possam ser encontradas, ocupando

espaço. Tendo vivido essa febre e escrito um livro sobre o assunto fico surpreendido que somente alguns de

meus alunos, hoje em dia, estejam familiarizados com a energia da pirâmide. Pirâmides, especialmente as

baseadas no modelo da Grande Pirâmide do Egito, tendo todos os lados com comprimentos e ângulos iguais,

têm propriedades energéticas que podem ser consideradas peculiares, se bem que as mesmas propriedades

incomuns existam em muitas outras coisas. Afinal de contas uma pirâmide é um monte de triângulos

pendurados juntos. Mesmo assim propriedades como afiar uma lâmina, preservar alimentos e estimular a

parte psíquica e energia física estão entre a incomum documentação sobre as pirâmides. Na minha opinião a

pirâmide age como um capacitor ou um condensador intensificando a energia local, independente da explicação

de seus efeitos.As duas melhores maneiras de usar a pirâmide para nossos propósitos de realçar as nossas

habilidades e aumentar nossas próprias capacidades são a de pendurar uma no escritório,brincar, descansar ou

dormir e/ou sentar-se dentro dela numa base regular.

Se você não tiver acesso a uma loja que venda pirâmides para uso pessoal poderá fazer uma. Para pendurar,

corte 4 triângulos com lados iguais (de cartolina ou qualquer outro material) usando uma base de 30 cm (12

polegadas).Coloque-as lado a lado com a parte de fora para baixo e grude as bordas juntas.Você terá que

montá-la para juntar as duas últimas bordas juntas.Costure, com linha forte,um botão no topo e estará pronta

para pendurar.A pirâmide funciona melhor (sua energia e intensidade são maiores) se um lado estiver na direção

norte magnético.Você pode adicionar uma linha para mantê-la nessa posição.Quando não há vento a pirâmide

estará sempre com um lado virado para o norte.Se você quiser uma pirâmide para sentar-se,pegue pedaços de

cano ou madeira parafusados com mais ou menos 1,25 cm de diâmetro. Faça um quadrado como base para o

chão.Para uma pirâmide de 100 cm (40 polegadas) as peças deverão ser de 180 cm (6 pés cada uma) .

Funcionará melhor quando um dos lados estiver virado para o norte magnético. Como você já deve ter

adivinhado, a estrutura da pirâmide é tão boa para a energia como uma pirâmide sólida como um painel.

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A minha variação favorita da pirâmide é o tetraedro, ás vezes chamado de pirâmide de 3 lados, é feita

realmente com 4 triângulos quando se conta a parte de baixo. É mais bonita e fácil de fazer porque só requer 3

painéis triangulares com um gancho para pendurar e seis pedaços de cano ou madeira para fazer um modelo

maior para sentar. Devido a menos lados, a base poderá ser menor para ter a mesma altura. Usando madeira de

1,20 m. (4 pés) de comprimento, parafusos de madeira de 0,70 cm (5/16 pol.) e usando-se o mesmo método

básico você poderá construir uma bela cabana para meditação de 1,20m de altura. A vantagem é que um

tetraedro não tem que ficar com um dos lados virado para o norte magnético. É bom em qualquer direção.

Algumas pessoas inclusive eu pensamos que é mais energizante do que a pirâmide.

Pirâmides e tetraedros são expressões tridimensionais do triângulo. Os círculos equivalentes são o cilindro, a

cúpula e o cone. Cones podem ser feitos cortando-se um círculo de um material flexível, cortando a borda para o

centro e depois sobrepondo as pontas até conseguir a forma que desejar. Experiências indicam que os maiores

efeitos de energia vêm de um cone cujo topo forma um ângulo reto. Ao invés de pendurar o cone ele poderá ser

usado como um chapéu (se você não se incomodar com os comentários). Aliás o chapéu de um bobo pode ter

sido originalmente desenhado para tornar seu dono mais esperto. A pirâmide também poderá ser usada como

chapéu mas o cone é mais confortável e não tem que ser orientado. Experimente e você terá sensações de

energia interessantes. Cúpulas não são caras, e são boas para se viver nelas e para brincar dentro delas. Penso

que seja fascinante que as cúpulas possam ser feitas de triângulos como em cúpulas geodésicas. É uma grande

área de pesquisa de energia. Cilindros canalizam energia considerável. Descobri que um grupo de cilindros de

10 centímetros de diâmetro faz um ótimo efeito carregando desde que você não se importe do ter o que se

parece com canhões apontando na sua direção. Seria interessante ter os cilindros com 63,5 cm. (25 pol.) de

comprimento.

KIMANA DE CRISTAL

Os cristais têm sempre sido objetos de fascinação para a raça humana. Em grande parte isso é devido á sua

durabilidade e cor. Muitos animais, incluindo alguns pássaros, parecem ter um desejo instintivo de colecionar

objetos duros e brilhantes, mesmo quando parecem não servir a nenhum propósito.Há uma atração pelo mistério

e pela beleza de sua estrutura, que desperta a imaginação e curiosidade humanas. Mais sutilmente e com muita

freqüência há o reconhecimento que de alguma forma os cristais parecem irradiar uma misteriosa força de

energia.

De acordo com fontes de autoridade, a definição de cristal é: “um sólido, composto de átomos arranjados

ordenadamente numa ordem repetitiva”. Sete dessas ordens geométricas ou arranjos são reconhecidas pelos

geólogos: triclínico, monoclínico, ortorrômbico, tetragonal, trigonal, hexagonal e cúbico. O arranjo dos átomos

determina qual será a forma eventual do cristal. Os átomos de cloreto de sódio (sal de cozinha) têm forma

cúbica e com uma lente de aumento se pode ver que se parecem com pequenos cubos.

Uma outra propriedade dos cristais é que os ângulos das faces do cristal são sempre os mesmos para o

mesmo tipo de cristal. Por exemplo o ângulo da face superior de um cristal de quartzo é sempre cerca de 52

graus, o mesmo ângulo formado pela base e pelos lados da Grande Pirâmide do Egito.

Os cristais não são todos formados da mesma maneira. Alguns como os diamantes são formados como

resultado de calor intenso e pressão. Outros, como o quartzo, são resultado de uma infiltração lenta e o

endurecimento dos materiais em solução. Devido á acumulação do material, o quartzo poderá crescer bastante,

mas ninguém sabe que forças causam o seu crescimento em várias direções. Um grupo de cristais de quartzo

crescendo da matriz (a fonte rochosa) tem a aparência de uma explosão congelada.

Um dos aspectos mais atraentes dos cristais é a sua cor e as variações possíveis são infinitas.A cor nos

cristais é causada por pequenas quantidades de “impurezas", substâncias que não fazem parte da composição do

cristal. O óxido de cromo titânio, o óxido de níquel, o ferro e o manganês são algumas das impurezas que dão

cor ao cristal. É importante notar que a cor que nós vemos num cristal é aquela refletida por dele. As cores que

nós vemos foram absorvidas pelo cristal, aparentemente, como resultado das impurezas. Lembre-se disto.

Porque as impurezas produzem a cor , muitas vezes damos nomes diferentes a cristais que são feitos da mesma

substância. Por exemplo: o rubi, a safira e o topázio são todos feitos de óxido de alumínio e a opalina, a ágata, a

ametista, o citrino e o quartzo claro são todos feitos de óxido de silício.

Uma das propriedades interessantes e importantes de alguns cristais é de sob certas condições emitirem luz.

Em alguns isto acontece quando, estimulados pela luz ultravioleta. A propriedade é chamada de fluorescência.

Também ocorre quando tais cristais são expostos á luz do dia que contém raios ultravioleta, mas a luz

estimulada é tão fraca comparada com a luz normal refletida, que, geralmente, não pode ser vista. No escuro

quando exposto a raios ultravioleta artificialmente gerados, os cristais que parecem cinzas e opacos na luz do

dia, poderão mudar dramaticamente para outra cor. Estas cores são causadas por pequenas quantidades de

impurezas chamadas “ativadores”. Alguns dos ativadores mais comuns são cromo, cobre, ouro, chumbo,

manganês, prata, estrôncio e zinco. As cores brilhantes que são vistas não são causadas pela reflexão da luz

ultravioleta, que é invisível para nossos olhos. A luz ultravioleta estimula os ativadores para que eles emitam

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sua própria luz. Na maioria dos cristais fluorescentes a emissão de luz ocorre somente enquanto os ativadores

estiverem sendo bombardeados pelos raios ultravioletas. Quando esse bombardeamento pára o mesmo acontece

com a fluorescência. Alguns cristais contudo, tem uma propriedade chamada de ”fosforescência” que significa

que continuarão a emitir sua luz própria por algum tempo, mesmo após a remoção da fonte de ultravioleta. Entre

eles estão os diamantes, os rubis e os gypsum. Um diamante estimulado com luz ultravioleta e a seguir

fotografado, produzirá uma imagem do radiante campo de energia que o cerca, causado pela estimulação. Sendo

objetos muito densos e sólidos os cristais podem ser carregados a um grau considerável de energia térmica, que

eles podem irradiar por um bom tempo. É por isso que desde tempos antigos, pedras aquecidas têm sido usadas

para dar conforto, curar e cozinhar.Em uma festa tradicional havaiana, carne e vegetais ainda se cozinham

assim. A energia leve pode também ser transformada em energia térmica por cristais escuros que absorvem a

luz e irradiam-na como calor.

Alguns cristais têm propriedades elétricas. O quartzo e a turmalina por exemplo, têm o que chamamos de

efeito “piezelétrico”. Quando comprimidos ou flexionados de certa forma geram corrente elétrica. A energia da

pressão é transformada em energia elétrica. A energia da pressão no quartzo pode também ser transformada em

luz e fogo. Esfregue alguns quartzos claros rapidamente no escuro, e eles se encherão de luz e brilharão.

Provavelmente soltarão faíscas, o que não é surpreendente, desde que o quartzo é uma forma de pedra. Além

disso o dióxido de silício é freqüentemente usado em lâminas finas para células solares, onde a luz é

transformada diretamente em eletricidade. Alguns cristais metálicos como os de cobre, prata e ouro são

particularmente bons transferindo ou “refletindo” energia elétrica que é convertida em calor e luz.

Lodestone ou magnetita não possuí um octaedro (dupla pirâmide) ou modelo em forma de cristal, é um

material com base no ferro, que misteriosamente, irradia incessante energia magnética.Outras formas de ferro

como a hematita não têm esta propriedade, mas podem ser magnetizadas, isto é, carregadas com energia

magnética por vários períodos de tempo. O cobre irradia o magnetismo somente enquanto houver energia

elétrica passando através dele e nisto, lembra os materiais fluorescentes estimulados pela luz ultravioleta.

Não acredite quando lhe disserem que os cristais não têm energia.Eles podem absorve-la,gera-la,irradia-la

e/ou converte-la em outras formas de energia. Kimana parece estar presente quando qualquer outra energia

estiver presente e também faz parte do complexo da energia do cristal. Darei agora algumas informações

práticas para usar os cristais no trabalho xamanico (use o cristal que quiser).

1 - Os cristais tem energia própria e podem ser carregados com a sua energia. Uma maneira potente de

carregar um cristal é fazer Kahi nele. Eu sugiro colocar uma das mãos (a esquerda seria a melhor) na sua coroa

ou umbigo segurar o cristal na outra mão e focalizar em ambas mãos por algum tempo.Você poderá manter a

sua mente numa certa qualidade ou característica ao mesmo tempo para “programar” o cristal. A quantidade de

tempo que uma carga levará depende de muitos fatores para se poder responder (o grau de seu foco, espécie do

cristal, a sua origem, o ambiente, etc.). Você poderia fazer 2 cristais ao mesmo tempo segurando um em cada

mão. A vantagem em carregar um cristal assim é que você também se carrega.

2 - Outras maneiras diferentes de carregar um cristal é olhar bem para ele como você olharia para uma

chama. Grude-o na sua testa enquanto dorme para meditar ou trabalhar, descanse ou medite num triângulo ou

num círculo de cristais (os cristais fazem um bom círculo) . Segure num cristal com consciência do que está

segurando e como você o sente. Usar um cristal não o carregará muito a não ser que você preste atenção a ele.

3 - Esteja alerta de que você poderá ficar sobrecarregado com a energia de um cristal. Os sintomas são os de

uma condição qualquer de alto stress e tensão. Uma vez numa conferencia,uma amiga minha, que tinha um

stand de cristais procurou-me, muito estressada. Apliquei Kahi e relaxei-a, mas ela voltou, novamente

estressada, pouco tempo depois. Desta vez fui até o seu stand e descobri que ela havia alinhado na sua frente os

cristais. Era demais para ela junto com toda a energia da conferencia. Espalhei os cristais em várias direções e

seus sintomas desapareceram. Se você estiver “nervoso de cristais”, tente uma massagem, um banho, um

chuveiro ou um gerador de íons negativos. Quando você tiver mais habilidade como xamã poderá mudar o

padrão.

4 - Seu Kahi ou qualquer trabalho de cura poderá ser realçado segurando cristais em suas mãos enquanto

você focaliza ou também, tendo cristais espalhados em sua volta enquanto você faz a cura.

5 – A não ser que você goste,não é necessário “clarear” ou “limpar” os cristais após a cura ou se alguém

tocar neles. Qualquer ritual de limpeza é feito para o seu próprio beneficio, não porque a aura de alguém

“impuro” entrou em contacto com eles. Devido ao Segundo Princípio todos no Universo estão tocando seus

cristais neste momento inclusive alguns estranhos seres de Arcturus. Não importa se você goste ou não,

independe do que você faça. Um ritual simples para fazer Ku sentir-se melhor é abençoar a água, mergulhar nela

seu cristal e secá-lo.

KIMANA ORGONE

“Orgone” é o nome dado por Wilhelm Reich, para a energia fundamental que estávamos discutindo. Reich

foi um colega de Freud até se separarem. Ele fez a maior parte da sua pesquisa sobre energia nos anos 40 e 50.

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Quando retornei aos E.U.A. em 1971, de minha longa viagem para o oeste da África, encontrei as últimas

informações sobre a energia da pirâmide e comecei um extenso programa de pesquisas. Em 1972, como parte de

um projeto completamente diferente, estava estudando os trabalhos de Wilhelm Reich. Logo se tornou claro que

a energia orgone de Reich tinha muito em comum com a energia da pirâmide e que ambas tinham muito em

comum com a Kimana. Uma das primeiras coisas que atraiu minha atenção foi o relatório de Reich sobre os

efeitos de desidratação do orgone, porque eu estava atingindo o mesmo efeito com as pirâmides. Mas a primeira

experiência tinha a ver com giletes (laminas).O fato que as pirâmides poderiam induzir um efeito afiador nas

giletes (laminas) era conhecido e facilmente demonstrável; então questionei se o instrumento orgone seria

capaz de afiá-las também. Isto foi exatamente o que ocorreu quando fiz o primeiro instrumento de orgone – uma

embalagem de sabão plástica, recoberta por uma folha de alumínio, onde guardei uma gilete. Depois demonstrei

que a energia da pirâmide e do orgone eram idênticas, pois nas experiências em que os princípios de cada uma

foram usados, os efeitos também eram idênticos. Daí para frente, foi só um caso de refinamento e aprendizado

de como aumentar os efeitos.

O primeiro instrumento orgone de Reich, também chamado de acumulador ou “oraccu” era uma simples

caixa de metal. Mais tarde ele descobriu que a intensidade da energia poderia ser aumentada cobrindo a parte de

fora da caixa com algum material orgânico como o cellotex. Daí ele derivou a teoria de que orgone era

lentamente absorvido pelo material orgânico e rapidamente absorvido e expelido pelo metal. Mais tarde

descobriu que a energia poderia ser intensificada ainda mais alternando camadas de material orgânico e

inorgânico. Seu instrumento mais poderoso era uma caixa com 20 camadas em todos os 6 lados mas para a

maioria dos propósitos ele usou somente 3 camadas. Seu metal favorito era o aço na forma de lâminas (folhas)

ou lã de metal (bombril), mas ele fez uma experiência com cobre e alumínio. Como material orgânico ele

preferia o celotex ou lã, mas estranhamente, descobriu que o vidro também funcionava. Num de seus livros ele

mencionou a possibilidade que plástico também poderia servir.

Decidi usar plástico, como material orgânico porque era barato e disponível em grande variedade. Seguindo

a teoria de Reich comecei a usar caixas de plástico forradas com alumínio ou cobre e elas eram bem sucedidas.

Através da experiência descobri que a energia passava diretamente através de uma cobertura de plástico e esse

foi o meu primeiro instrumento comercial. A “Amazing Manabox” (A incrível caixa de Mana) tinha nascido.

Uma pequena caixa de plástico acrílico, forrada em 5 lados com cobre. Era conveniente para carregar e tinha a

vantagem de permitir colocar objetos em cima para carregar. Naquele tempo, eu ainda pensava que a energia

tinha que ser absorvida pelo plástico e expelida pelo metal. Entretanto um dia meu filho mais novo me disse que

sentia mais energia no fundo da caixa onde o plástico era coberto com cobre. Quando isto foi confirmado eu tive

uma revelação. Tendo tido algum conhecimento em eletrônica, percebi que nós tínhamos uma forma de

capacitor e estávamos lidando com efeitos elétricos e dielétricos e não orgânicos e inorgânicos. A consideração

mais importante para os materiais era sua qualidade isoladora ou condutora e não a sua origem. Por isso é que o

vidro funcionou tão bem quanto os materiais orgânicos usados por Reich. Com essa idéia, embarcamos numa

nova série de experimentos que resultaram no “Manaplate” (chapa de Mana) num formato ainda mais

conveniente do que a Manabox. O Manaplate original consistia num sanduíche de uma folha de cobre entre 2

folhas de acrílico ou estireno. Alguns modelos consistiam em até 4 camadas ou sanduíches. O instrumento

radiava energia de ambos os lados e era do tamanho de um cartão indicador. Descobrimos que o efeito aparecia

quando um condutor e um isolador eram colocados juntos, e quanto melhor conduzidos ou insulados, melhor o

efeito.Também diferente dos capacitores em rádios e tais não importava qual ficaria por fora ou por dentro do

sanduíche.Eventualmente, descobrimos que uma camada extremamente fina de metal, combinada com um bom

isolador daria um efeito de energia excelente. O próximo modelo de Manaplate, foi uma folha de estireno

coberto com um filme muito fino de alumínio puro colocado aí por um processo industrial. O instrumento

resultante era leve, fino e dava um forte campo de energia. E poderia ser feito em vários tamanhos.

Infelizmente, o processo era muito caro e procuramos um novo isolador. Isto veio em forma de resina plástica e

assim o primeiro Manabloc nasceu. Era uma pequena caixa, de mais ou menos de 2 polegadas, quadrada, cheia

de resina em que embebemos uma pequena folha de cobre ou alumínio. O efeito da energia foi muito bom e

tinha um tamanho conveniente, embora fosse mais pesada do que a Manaplate anterior.Duas outras descobertas

importantes nos levaram a aperfeiçoar mais. Para decorar a parte de cima da Manabloc, usamos um pedaço de

difração gravada, também conhecida como “folha de laser” (laser foil). Esta é uma folha muito fina de alumínio

que foi gravada com dez mil linhas para cada polegada quadrada ou mais, e depois coberta com uma fina folha

de plástico claro ou colorido.Não era uma decoração, nós descobrimos que tinha um efeito de energia própria,

quando colocada sobre o estireno. Por volta desta época, também experimentamos com o efeito da energia de

padrões de duas dimensões como variações do círculo e do triângulo. Primeiro, usamos um símbolo

concêntrico na base de resina da Manabloc e isso aumentou bastante a saída de energia. A seguir descobrimos

que o símbolo funcionava mesmo estando coberto. Produzimos muitas variações desde então, baseadas no

modelo capacitor que hoje chamamos de Amazing Magazines, independente da forma ou do tamanho.

Enquanto esse tem grande força de potencia da energia e é tão pequeno quanto um cartão de crédito ou fino

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como um disco de 2 polegadas, não pense que você precisa comprar alguma coisa para ter a sua própria fonte de

orgone Kimana. Aqui estão, algumas maneiras simples e baratas de fazer seus próprios instrumentos para a cura

e aumento da sua própria capacidade da energia.

1 - Para um instrumento de emergência a ser usado em cortes, escoriações, sofrimentos e dores, ponha uma

folha do 1 pé quadrado(30 x 30 cm) de filme plástico em uma folha da alumínio de 1 pé quadrado e faça com

isso uma bola ou uma almofada. Você poderá sentir um efeito de calor ao fazer isto. O instrumento de muitas

camadas resultante terá uma potencia melhor de energia que muitos cristais e poderá ser convenientemente

colocado ou grudado em qualquer lugar do corpo.

2 - Pegue qualquer recipiente de plástico e encha-o com folha de alumínio ou lã de alumínio (bombril). Os

ovos nas quais meias são embaladas, são ótimos para isto, bem como ovos de páscoa de plástico, vazios. Como

variação ou adição, cubra qualquer recipiente de plástico com folha laser.

3 - Encha tubos de cobre ou alumínio com grãos de stiropor, usados para empacotar. O stiropor é um ótimo

isolador e faz um ótimo instrumento. Qualquer coisa anodizada, como alumínio anodizado, também gerará bem,

porque anodízar é aplicar uma camada fina de óxido ao metal,e os óxidos são isoladores. Muitos instrumentos

comercializados usam isto.

4 - Teoricamente desde que o vidro é isolador e a água condutora, um copo com água deverá ser um bom

instrumento de energia, Especialmente quando tal capacitor é carregado com uma energia de outra fonte como o

sol, suas mãos ou outro instrumento de energia. As plantas também gostam muito disso.

Agora, você tem o conhecimento e os meios de aumentar o seu poder e fazer da informação no próximo

capítulo ainda mais valorosa para a sua arte xamanica.

A NONA AVENTURA

DA PAZ INTERIOR Á PAZ EXTERIOR

E waikahi ka pono i manalo.

(É bom estar unido em pensamento para que tudo possa ter paz).

Os xamãs e os místicos usam uma técnica parecida para treinar e focalizar a mente para diferentes

propósitos.É o que se chama de meditação, que significa atenção focalizada em algo continuamente. A técnica

básica independentemente de cultura, filosofia, intenção ou estilo é usar a mente consciente para manter atenção

num alcance de experiência até que uma mudança ocorra dentro ou fora da pessoa ou ambos. Os seres humanos

inventaram maneiras e estilos diferentes de meditar baseados nos sentidos físicos ou mentais incluindo a

visualização, a respiração, cantar, falar, sussurrar, mover-se, escutar, tocar, olhar, etc. Todos têm o propósito de

focalizar a atenção até que algo aconteça.

Logicamente não há limites difíceis ou rápidos mas falando de maneira geral, a meta do místico é a

iluminação. Uma expansão da mente e do espírito que produz um sentido de unidade com o universo e que

aumenta a conscientização e o entendimento. Para o místico o fenômeno e os poderes intuitivos ou psíquicos

bem como o relaxamento físico e a cura da mente e do corpo são conseqüências que são ás vezes benéficas,

outras vezes, dispersivas. Outros benefícios como relacionamentos melhores, efetividade na melhoria financeira

e influência curativa no ambiente são consideradas conseqüências. Se acontecerem será ótimo, se não, está

bem assim mesmo. Por outro lado o uso da meditação ou contemplação do xamã é orientado para benefícios

práticos neste mundo e se a iluminação acontecer será muito agradável. Unidade com o Universo é muito bom

mas será que poderá ajudar a ter um corpo mais saudável, ser um amigo melhor, pagar contas ou aumentar a

paz mundial? Se puder siga-a. Se não, aproveite-a quando acontecer mas não vá atrás dela.

Os xamãs e os místicos concordam que alguns fenômenos que se manifestam na prática da meditação são

meras distrações. Uma estória muito conhecida é sobre um mestre Zen, Dogen. Quando um de seus alunos lhe

contou que durante a meditação tinha tido uma visão de Buda dentro de uma luz branca brilhante, Dogen lhe

respondeu: “Que bom! Se você se concentrar na sua respiração ele desaparecerá!”. A resposta de um xamã

poderia ser: “Bem, o que você fez com isso?” Não há virtude em ter visões a não ser que você possa fazer uso

delas.

Nas secções que seguem vou apresenta-lo a uma forma xamãnica especial de meditação chamada Nalu. Esta

palavra significa “formar ondas”, uma metáfora para irradiar padrões de pensamento bem como “meditar”.

Através de suas raízes a palavra significa "união pacífica” ou “um estado de unidade”, com conotações de um

relacionamento de cooperação mais do que a unidade de Kulike. A palavra Huna, o nome da filosofia sendo

apresentada neste livro tem uma tradução de raiz idêntica a Nalu o que não é uma coincidência. Eu prefiro a

palavra contemplação ao invés de meditação para Nalu, porque a essência da técnica é gentil, sem esforço,

descansando a atenção e a conscientização. Em Nalu você não fará nada forçado. Você só olha, escuta e/ou

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sente. Os efeitos benéficos acontecem por si mesmos porque a atenção contínua une o seu padrão ao padrão

daquilo que você está focalizando. O que faz Nalu tão fascinante é a variedade de efeitos que ocorrem

dependendo da sua área de foco.

A energia flui para onde a atenção está. O Terceiro Princípio diz que quando a energia flui para um certo

padrão que está sendo focalizado o mesmo será energizado. Um padrão energizado tem que mudar, assim como

gelo energizado se transforma em água ou água energizada se transforma em energia e vapor. Ou expande numa

grande versão de si mesmo ou muda em outra coisa completamente diferente. Se a atenção for neutra ou

positiva a mudança será positiva. Um padrão positivo que seja benéfico e aumente o crescimento se tornará

ainda mais positivo; um padrão negativo que seja prejudicial e impeça o crescimento se transformará num mais

negativo .

A maioria das práticas de meditação nos ensinará a lutar para obter um foco neutro (algumas exceções

podem ser encontradas no cristianismo e no sufismo) como meios de conseguir superar seus desejos pessoais.

Afirmo ser benéfico ter um foco neutro porque o Universo é basicamente positivo.Energizar qualquer parte dele

de forma neutra aumenta a positividade automaticamente.

É necessário mencionar entretanto que não há nenhuma verdadeira meditação mística neutra porque a

intenção positiva da meditação em si influencia o foco. Como técnica xamanica de Nalu você não tentará ser

neutro nem emocional. A atitude certa enquanto fizer isto é de calma expectativa positiva, como você teria antes

de ouvir uma peça musical favorita que será executada por um novo talento artístico. Você espera que seja

diferente e boa. Este tipo de atitude aumenta os benefícios recebidos na prática de Nalu.

Esses benefícios vêm de várias maneiras. Ocorrem geralmente através do relaxamento porque a atenção não

está nas memórias e preocupações que tendem a aumentar a tensão. E como o relaxamento geralmente leva á

cura, mais energia e grande clareza mental ocorrem. Não importa qual seja o foco para que você receba os

benefícios. A inspiração e as soluções para os problemas que não tenham relação com o foco geralmente são

resolvidas. Isto se deve principalmente ao efeito do relaxamento e a intenção prévia ou desejo.Devido á união

dos padrões, a inspiração e o conhecimento sobre o objeto do foco virão á tona (consciência). E com a

continuidade do foco guiado pela sua expectativa Ku sem fazer esforço, irá aprender qualidades e características

do sujeito do foco devido á sua habilidade natural de imitar. É simplesmente focalizando que você será capaz de

dar ou tirar o poder de qualquer coisa que você escolha. Finalmente, a sua intenção consciente á união pacífica

que Nalu produz em você, irradiará e influenciará os seus relacionamentos igualmente. O propósito que você

deve manter em sua mente é que você está fazendo esta prática para mudar a si mesmo ou uma situação para

melhor. Após uma certa prática Nalu como qualquer outra maneira de contemplação ou meditação pode se

tornar muito agradável como um grande processo. Quando você começar a praticá-la só pelo prazer que lhe traz

e não puder praticá-la e sentir-se aborrecido ou desconfortável, você já se viciou, assim como um alcoólatra ou

um drogado ou um fanático em Cooper. Os místicos e os xamãs concordam que a mente consciente precisa

permanecer o guia e diretor do processo para não perde-lo de vista. Quando o processo estiver lhe controlando

você se tornou um escravo. Se você for se viciar a meditação é mais barata do que o álcool, ou drogas e não dói

tanto como correr (Cooper) nem faz mal aos outros.

Algumas pessoas ainda equacionam meditação com deixar a mente vazia e há professores que ainda

encorajam essa besteira. É possível treinar para ter uma mente vazia e é possível também treinar dormir numa

cama de pregos. A única maneira de deixar a sua mente vazia é ensinar a si mesmo excluir qualquer

conscientização o que derrota o propósito da meditação. A intenção dos que sugeriram um vazio da mente como

um estado certo, tem sido mal entendida. É possível que o estado que se queria seja o de uma mente quieta e

receptiva sem conversas mentais, comentários ou pensamento ativo. Estar consciente de algo sem pensar nesse

algo seria para muitos como o vazio. Alguns tipos de meditação encorajam períodos momentâneos de vazio

sugerindo que estes são os momentos para se alcançar estados mais altos. Minha própria experiência comigo

mesmo e com outros sugere, que estes pontos vazios, são períodos de inconsciência causados pelo stress ou por

um foco pobre. Nunca conheci alguém que tirasse um benefício prático deles. Em Nalu é especialmente

importante manter a consciência. Se você não o fizer, perdoe-se e pratique mais.

A meditação é considerada uma disciplina, uma prática com a qual você deve se comprometer se quiser obter

benefícios. De uma certa forma é verdade e de outra é errada. Há dois aspectos para a meditação: O propósito e

o processo. Se você se comprometer com o processo (cânticos, mantras ou encarando uma flor) é possível

receber os benefícios conseqüentes da meditação (relaxamento etc.) sem necessariamente fazer nenhuma outra

mudança em sua vida. Ou essas mudanças ocorrerão após longos períodos fazendo esse processo. Nesse caso o

processo pode ou não ser um fator crítico na mudança. Afinal de contas, meditação é somente um foco de

atenção, e o processo é somente um padrão que pode se tornar um hábito. Se você o repetir várias vezes, tornar-

se-á agradável faze-lo mesmo que tenha sido difícil de aprender.

Você pode se treinar a meditar em qualquer coisa e tirar prazer e beneficio disso após ter estabelecido um

novo padrão de hábito. Mas desde que a energia segue a atenção, e a atenção segue o interesse você vai achar

muito mais fácil meditar sobre algo que lhe interesse e todos os benefícios serão mais rápidos. Aqui entra o

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propósito. A disciplina e o compromisso na meditação serão mais fáceis e mais naturais se você se

comprometer a um propósito e usar o processo como um instrumento para atingi-lo. Nessa luz só faz sentido

escolher o processo que esteja mais próximo do seu propósito como um xamã urbano.

Mais uma coisa, embora geralmente pensem que a meditação se faz uma ou duas vezes ao dia por um certo

tempo Nalu não é tão restrita. Pode-se faze-la desse jeito se quiser mas também se pode praticá-la o dia todo ou

com intervalos freqüentes. Enquanto estava escrevendo este capítulo recebi um chamado de um de meus amigos

xamãs que tem praticado um Nalu de idéias (que serão descritas abaixo) nos últimos 2 meses. Com a prática

diária ele alcançou um ponto de faze-la 300 vezes por dia por 10 segundos cada vez, e disse que tem mais

habilidade no momento presente, mais energia, mais sintonia consigo mesmo e com o mundo e uma grande

capacidade de resolver problemas.

Os seguintes exemplos de Nalu são sugestões que poderão ser modificadas, combinadas, adicionadas ou

dispensadas como você desejar.

NALU DA VISÃO

Na segunda aventura deste livro, eu lhes dei um exercício, para entrar em contacto direto com Kane. Se você

se lembra, era para pensar em algo lindo. Aquilo era na realidade um exercício Nalu usando a visão interior.

Quando você criar algo bonito em sua mente já existe uma expectativa positiva embutida nela. Conforme você

continuar nesse foco seu corpo relaxará sua energia fluirá e Ku tornar-se-á mais bonito.

Na técnica de fazer Nalu com o sentido da visão, seja ela interior ou exterior, primeiramente você

estabelecerá uma moldura de trabalho intencional e então observará o sujeito dentro dessa moldura, mantendo a

sua atenção (consciência) aberta para qualquer coisa que aconteça sem julgar, enquanto mantiver o foco pelo

período de tempo que tenha decidido. Quando por exemplo você observa a beleza de alguma coisa, a beleza é a

moldura intencional. Age como um filtro para ajudar a aguçar o seu foco e definir os efeitos que você

experimentará. Quando você observa, presta atenção à forma, tamanho, cor, desenho e ambiente (o cenário ou

relacionamento do sujeito ao seu ambiente). Manter a sua atenção (consciência) aberta significa a permissão de

pensamentos, idéias e sentimentos relacionados ao sujeito, tornarem-se conscientes e fluir.

Já que você está praticando ser um xamã urbano e não um místico sinta-se livre de tomar notas se algo de

bom aparecer. Não ter julgamento, é difícil mas significa permitir que as idéias negativas venham á tona e fluam

se isso acontecer, ou permitir que aconteça sem que você fique com raiva ou aborrecido ou desencorajado.

Neste ponto é de muita ajuda lembrar-se do seu propósito (se você não estiver certo dele, comece de novo). Para

manter o seu foco você usa o seu Lono. Assim que você começar a focalizar em Nalu você poderá descobrir o

quão pouco você sabe a respeito do seu foco. Consciente e intencionalmente manter a sua mente em uma coisa

por um curto período de tempo (para algumas pessoas, 10 segundos é um período de tempo) é uma habilidade

rara na qual Nalu é designado a treina-lo. É fácil manter a sua atenção em alguma coisa excitante, interessante,

habitual ou importante. É que para a maioria das pessoas focalizar a mente não é nem

excitante,interessante,habitual ou importante. Bem, Nalu não será excitante a não ser que você esteja

focalizando em algo que você considera excitante; será interessante se você mantiver uma expectativa positiva e

uma consciência aberta; não será habitual, até que você estabeleça o hábito;será importante somente quando o

que você estiver usando for importante para você. Na Nalu da visão você manterá seu foco mantendo a sua

atenção no sujeito e gentilmente trazendo sua atenção de volta cada vez que ela fugir.Se você tiver uma

interferência verbal enquanto estiver olhando para algo não se preocupe. Use as palavras para ajuda-lo a manter

seu foco.Uma maneira é usar palavras para descrever a aparência ou as qualidades do sujeito para si mesmo. Isto

manterá a sua parte verbal ocupada e útil ao mesmo tempo. Eventualmente conforme você relaxa mais as

palavras desaparecerão e você estará só com o sujeito aprendendo mais do que você pode imaginar num nível de

Ku.

Aqui estão algumas sugestões. Para melhor efeito faça cada uma com o mesmo sujeito por pelo menos uma

semana por vez.

- Faça Nalu visual com alguma coisa relativamente pequena que você considera bonita como um objeto de

arte, uma jóia, uma flor ou um cristal. Simplesmente olhe para ele, mas olhe detalhadamente. Mantenha a sua

atenção sobre o que há de bonito nele e esteja aberto a novas descobertas. Mexa nele se desejar para olhar para

as suas partes diferentes, mas não o segure. De vez em quando feche os olhos e veja o mesmo objeto em sua

mente, tão detalhadamente quanto for possível. Você estará fazendo isto para treinar a sua mente focalizar á

vontade, para aumentar a sua atenção sobre a beleza e aumentar a beleza e a harmonia em você mesmo/a.

- Faça Nalu visual com alguma coisa que você não considera bonito só para procurar a beleza. Você poderá

usar alguma coisa comum como um utensílio de cozinha, uma peça de porcelana, uma ferramenta ou se for

audacioso, tente com tocos de cigarro ou uma desordem. É uma ótima Nalu, não a dispense. Uma das melhores

experiências da harmonia espiritual que eu tive veio de fazer Nalu com dois copos de papel num Shopping

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Center em Santa Mônica na Califórnia.

- Faça Nalu visual num ambiente familiar, numa parte desse ambiente, digamos um canto, uma parede ou

uma peça de mobília. Abra a sua consciência para alguma coisa aí que você nunca havia notado antes, não

importa quanto insignificante lhe pareça. Se você pensa que não há nada de novo nisso para prestar a atenção

pode usar esta Nalu. A suposição da mesma coisa limita severamente nosso crescimento de várias maneiras. O

mundo do sonho é recriado diariamente e nunca é o mesmo. Isto é uma boa Nalu para aprender como se ligar

profundamente a algo familiar para estabelecer uma comunicação intuitiva. Eu a usei para encontrar coisas num

escritório desarrumado, saber o que fazer quando o meu computador Jonathan começa a se comportar mal,a

falar com os animais domésticos e a estabelecer um relacionamento melhor com amigos e clientes.

- Faça Nalu visual fora com a intenção de descobrir alguma coisa nova sobre a natureza que você não tenha

notado antes. Fique atento aos efeitos visuais da vegetação, árvores, solo, água, nuvens, pássaros, animais, etc.

Escolha uma área restrita para o seu foco como uma única planta ou num grupo de plantas ou nas nuvens numa

parte do céu ou num animal. A coisa nova que você aprender não precisa ser drástica, somente nova. Isto não só

aumenta a sua apreciação da natureza mas também provê associações ricas entre a natureza e a sua vida e

aumenta a sua conscientização dos padrões naturais e artificiais do ambiente. Eu usei esta Nalu, uma vez e

encontrei um par de óculos com aro de ferro que alguém havia perdido nas selvas do Taiti.

- Faça Nalu visual no mundo em seu redor dentro de uma moldura de sonho. Isto é olhe para o mundo como

se realmente fosse um sonho, uma projeção da sua própria consciência e não uma coisa separada com objetos

sólidos.Para muitas pessoas esta é uma das Nalus mais perturbadoras porque quando o padrão da sua relação

habitual com o mundo começar a mudar poderão ocorrer alguns efeitos particulares. Lembre-se de que se você

não gostar, simplesmente pare de fazê-la. Alguns acharão que ela abre uma aventura sem par e eu a tenho usado

para descobrir outras dimensões ou sonhos no meio desta que me deram um grande alcance de ação nos meus

empreendimentos.

- Faça uma Nalu visual em um símbolo, quadro ou objeto relacionado com alguma meta ou projeto.

Mantendo o foco no sujeito, seus padrões se juntarão e mudarão. O efeito visual é que inicialmente você

começará a ter um fluxo de idéias velhas e novas sobre o sujeito. Se houver tensão para começar no seu

relacionamento com o sujeito ou com o que ele representa seu corpo poderá expressar essa tensão por um

pouco, mas com a continuação do foco haverá um alívio e um novo padrão de relacionamento. Esta é uma boa

Nalu para clarear relacionamentos com pessoas, lugares, dinheiro, sucesso ou qualquer meta orientada de

empreendimento bem como estimular o fluxo de idéias criativas em relação a isso. Muitas pessoas estão fazendo

isto sem perceber enquanto estão estudando, planejando ou trabalhando. A terceira coisa que esta Nalu faz é

criar uma ressonância que começa a atrair o equivalente mais parecido com aquilo que você está focalizando.

Foi por isso que meu amigo me chamou para me falar sobre a sua meditação enquanto eu estava trabalhando

neste capitulo. É o Terceiro Princípio funcionando novamente.

- Uma variação da Nalu anterior, é focalizar um símbolo, um quadro ou um objeto relacionado com algum

problema em sua vida. Isto poderá aborrecer muitas pessoas que dirão que não querem dar energia a seus

problemas focalizando nele, mas um foco Nalu é diferente. Quando você focaliza num problema com uma

atitude calma e uma expectativa positiva e o não julgamento, o problema muda porque você muda. Você poderá

ter visões diferentes ou realizações sobre ele ou condições circundantes, o problema poderá mudar sem o seu

conhecimento ou esforço consciente mas algo mudará. Nós dizemos constantemente que é mais fácil resolver

um problema se você fazer primeiro as pazes com ele isto é o que Nalu o ajudará a fazer.

- Faça uma Nalu na sua visão periférica. Escolha alguma coisa no seu ambiente imediato para centralizar a

sua atenção e mude a atenção para a sua visão periférica, uma que seja visual, nas bordas da sua visão, sem

mover os olhos. Deixe sua atenção vagar em volta das bordas da visão e não mova seus olhos, se conseguir.

Sugiro não mais do que 5 minutos por vez para começar, e lembre-se de piscar. Adicional aos benefícios

meditativos o propósito desta Nalu é o de relaxar seus olhos, mudar alguns hábitos mentais e expandir a sua

visão.Muitas pessoas,na cultura ocidental, crescem fazendo um esforço excessivo para ver as coisas claramente,

tentando com esforço demasiado ver o que outros lhes disseram para ver tentando com muito esforço focalizar

com seus olhos ao invés de com a sua atenção, ou tentando arduamente não ver o que não devesse ver ou

aquilo que temem. O resultado é em geral uma visão do padrão rígida que beira numa visão de túnel e coloca

muito esforço nos músculos dos olhos. Como a memória é arquivada em padrões de movimento e posição dos

músculos, os padrões de visão limitada podem estar associados á supressão da memória ou obsessão da

memória (quando você não pode tirar uma lembrança de sua mente).Como a maior parte das pessoas não foi

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treinada para usar suas mentes eficientemente, elas tendem a usar o seu corpo para fazer coisas que a mente

deveria fazer (como quando você tenta empurrar uma bola num buraco ou numa cesta com seu corpo, mesmo

após ela já estar a caminho). Freqüentemente usam seus olhos, inconscientemente, para empurrar, puxar ou

manter no lugar.

Além de ajudar a aliviar a tensão produzida por tais fatores esta Nalu abre a sua visão de duas maneiras

curiosas. Primeiro você poderá começar a enxergar melhor à sua volta. Não é incomum que pessoas que fazem

esta Nalu possam ver atrás de si. Em segundo lugar você poderá começar a ver coisas que pessoas olhando

normalmente, vão dizer que não está lá, como movimento, ondas de energia, objetos ou figuras. Se você tiver

esta experiência ela é real. Você não precisa descobrir o que, e o porque está lá, ou se há algo de errado com

você porque ninguém mais pode ver, só você. Não mais do que se você visse um animal selvagem na floresta

que ninguém mais visse. Simplesmente aproveite o fato do tê-lo visto.

- Faça Nalu visual, em forma-pensamento. Isto nos coloca num alcance diferente de conscientização. Em

termos comuns, estou sugerindo é que você crie de propósito uma alucinação, mas em termos esotéricos estou

sugerindo que você exteriorize um pensamento. Em termos xamanicos, você imaginará alguma coisa no seu

ambiente imediato tão vívida e realísticamente, quanto puder e observe-o como se fosse real, como tudo o mais

em sua volta. Seu sujeito imaginário poderá ser alguma coisa bonita,que seja útil,que represente uma meta ou

um problema. Você obterá os mesmos efeitos das Nalus anteriores e além disso será um ótimo treinamento para

a sua imaginação. Um benefício extra é a conveniência. Você poderá carregar uma forma-pensamento com você

para qualquer lugar.

NALU DO SOM

Ao nosso redor há som o tempo todo. Simplesmente porque existe ar ou água á nossa volta o tempo todo,

não ouvimos a maioria dos sons porque são muito baixos ou muito altos, ou porque não estamos focalizados

neles. O som é energia e a energia nos influencia de acordo com a sua natureza ou nosso estado de espírito ou

outro. Mas o som de que estamos conscientes nos influencia mais do que o que está fora do nosso alcance de

consciência ou atenção. A exceção é claro seria um som de tal energia e amplitude que perturbaria as nossas

funções corporais quer o escutássemos ou não. Mesmo que estejamos mais preocupados com sons, como

palavras e música, dentro mais ou menos do nosso alcance de percepção normal, iremos incluir o som

imaginário como parte do foco de audição. Antes de dar sugestões para a Nalu auditiva gostaria de falar sobre

fitas cassetes subliminais, cânticos e música.

Admiro realmente o senso de negócio das pessoas que produzem e comercializam cassetes “subliminais”. A

margem de lucro é tão incrivelmente alta, especialmente dos tipos mais caros, que até estou pensando na

possibilidade de entrar para o negócio, mas minha consciência requer que eu lhes fale um pouco mais sobre

elas. “Subliminal” significa “abaixo do nível da atenção consciente” ou “muito sutil para ser notada” o que traz

á mente de muita gente símbolos e palavras embutidas em filmes e fotografias que têm a finalidade de estimular

o subconsciente a reagir de alguma forma, preferivelmente comprando um certo produto. Elas ainda são usadas

em propagandas e em alguns filmes para estimular seus sentidos. No outro dia num filme na TV havia um

fenômeno natural e você podia ver as mensagens subliminais quando o filme andava mais devagar. Entretanto o

uso mais conhecido hoje em dia é em fitas de áudio-cassete destinadas à auto-desenvolvimento. Muitas

companhias anunciam milhares ou talvez milhões de afirmações por minuto dando a impressão que, conforme

você as escuta, sua mente subconsciente será bombardeada por mensagens positivas que mudarão a sua

personalidade sem esforço enquanto você está ouvindo a som das ondas do mar, ou pássaros ou o que quer que

seja. É bem verdade que muitos tiraram um grande beneficio dessas fitas. O que você deveria saber é que o

beneficio vem de sua expectativa e não de alguma virtude especial da fita de afirmações. Ku é subliminarmente

consciente de todas as declarações positivas ou negativas feitas por pessoas, rádios e TV à sua volta, neste

momento, sem mencionar as que você gera por si mesmo na sua mente ou em palavras.

O que faz as afirmações subliminais (que pode ocorrer numa ultrafreqüência - a única maneira de ler 1

milhão por minuto) tão especiais? Somente a sua atenção e expectativa e esta é ainda mais importante do que o

conteúdo da fita. Uma de minhas alunas contou que havia tocado uma fita subliminal para aumentar a sua

confiança e estava tendo um efeito formidável até desligar a fita e descobrir que estava enganada em tocar uma

fita para ajudá-la a emagrecer. Um cientista de nome Lozanov que se especializou em ensino rápido disse que

obteve melhores resultados de seus alunos que pensavam que estavam escutando uma fita subliminal para

aprender a dormir do que aqueles que realmente ouviam a fita subliminal. Isto não é para desencorajá-los de

usar fitas subliminares, mas para usá-las corretamente. Elas funcionarão melhor para reforçar alguma coisa que

você realmente quer fazer de qualquer jeito. Embora o preço que você pague possa influenciar o quanto elas lhe

ajudem, qualquer fita positiva que for tocada em volume baixo terá o mesmo efeito. Uma declaração feita com

sentimento pode afetar Ku mais do que um milhão de palavras juntas em alta freqüência.

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O cântico de uma palavra ou frase é um velho método para afetar o foco, e, se os benefícios usuais do foco

meditativo são tudo o que você quer - redução de tensão, saúde melhor, mais energia, uma mente mais clara -

qualquer palavra ou frase servirá. O filósofo indiano Krishnamurti disse ”Coca-Cola”, o poeta Tennyson usou o

seu próprio nome e Dr. Herbert Benson, teve ótimos resultados com “um/a”. Não há palavras ou frases que

tenham sua própria mágica com exceção do significado e da expectativa que as pessoas lhes dão. Se você imbuir

uma palavra ou frase com mágica, lhe der poder com a sua crença e expectativa, ela terá mágica para você.

A música entretanto tem a sua própria mágica. Tem poderes subliminais porque pode estimular pensamentos,

sentimentos, memórias e comportamento sem que estejamos conscientes (pense em sapatear, um circo, ou

marchas e música em chaves menores), pode realçar tremendamente a nossa apreciação de palavras e imagens

(penso como alguns filmes famosos teriam sido sem graça se não fosse pela trilha sonora). Como um sujeito

para um foco meditativo, é uma das mais poderosas que posso recomendar se usada adequadamente.

Não é surpreendente que a música rápida seja boa para focalizar quando você quiser estimular seu corpo,

mente ou atividades, e que a música lenta seja boa quando você quiser acalmá-los. Tal música terá a tendência

de lhe afetar sem o seu foco, mas o foco consciente intensificará incrivelmente o grau do efeito. Menos sabido é

que uma música altamente estruturada, com um ritmo constante e uma melodia repetitiva (“Bolero” de Ravel ou

“Greensleeves”) tem um bom efeito curativo sobre as pessoas cujas mentes e vidas sejam desestruturadas e que

uma música altamente desestruturada, com pouco ou nenhum ritmo ou melodia (como alguns tipos de jazz e

música New Age) têm um bom efeito em pessoas cujas mentes e vidas sejam muito estruturadas. A música que

amplifica ou contrabalança qualquer estado em que você se encontre ou deseje estar, pode ser conscientemente

escolhida. Mais uma nota: como uma ajuda para aprender um novo padrão de conhecimento ou comportamento

Ku, responde mais fortemente a qualquer coisa apresentada num padrão de ritmo com uma batida de quatro. É

essa batida (ritmo) que as culturas mais tradicionais usam e que é usada em rimas de crianças e em reclames na

nossa memória.

Aqui vão algumas sugestões.

- Faça Nalu auditiva com uma palavra ou frase que represente uma qualidade, característica, talento ou

habilidade que você queira aumentar ou desenvolver. Um cântico de 4 batidas impressionará mais a Ku. Você

poderá fraseá-lo com uma afirmação (Eu-tenho-confi-ança), ou somente uma palavra (con-fi-an-ça), ou misture-

as. Uma palavra ou frase que dê a Ku um padrão de comportamento claro ou resposta a seguir é melhor do que

uma que seja abstrata, vaga ou que contenha uma condição fixa. “Eu estou me sentindo bem” é melhor do que

“Eu sou saudável” e “Eu sou um empreendedor” é melhor do que “Eu sou bem sucedido”. A Nalu lhe dá todos

os benefícios da atenção focalizada, além de treinar Ku.

- Faça Nalu auditiva, com idéias verbalizadas mental ou vocalmente. Escolha um provérbio ou uma frase e

enquanto a repete, mantenha sua mente aberta às várias maneiras em que você pode ou poderia operar em sua

vida. A Bíblia é sempre uma fonte rica para tais idéias bem como livros de provérbios famosos. Enquanto isto

poderá ser feito numa Nalu condensada de 5 a 20 minutos ou numa Nalu extensa que dure o dia todo. Meu

amigo xamã, que mencionei anteriormente, fez este foco 300 vezes por dia por 10 segundos de cada vez,

usando os Sete Princípios Huna. Ele começou a revê-los em inglês mas gradualmente pode evocar seu

significado em havaiano e por isso, foi capaz de, em pouco tempo, rememorar todos eles. Eu uso variação desta

técnica, que é me referir a um dos princípios cada dia da semana, começando no Domingo. Ela começa de

manhã, fazendo Nalu com todas os princípios e a seguir focaliza no princípio daquele dia o dia inteiro, usando-o

como um fundo ou moldura para tudo o que eu fizer naquele. Isto não só me traz todos os benefícios da atenção

focalizada, mas me ajuda a incorporar uma idéia escolhida profundamente dentro do meu padrão de vida

enquanto também me dá novas visões sobre eles.

- Faça Nalu auditiva com música de maneira especial. Ponha uma música de sua preferência e comece

focalizando somente no som. A seguir mude a sua atenção para o centro da sua cabeça e escute a musica lá.

Mude para o seu umbigo e a seguir para o pélvis. Inclua suas mãos e pés, se desejar, e finalmente o corpo

inteiro. Preste atenção a cada um desses lugares pelo tempo que desejar e esteja atento ás sensações do seu

corpo. Conforme você focaliza em cada área a energia da musica parece se intensificar naquele ponto de seu

foco. Esta é uma boa Nalu para focalizar em áreas de tensão escondida e aliviá-las e para energizar qualquer

parte do seu corpo da maneira que você escolher.

- Faça Nalu auditiva com os sons em sua volta. O vento é um ótimo foco para Nalu, bem como o som da

água em seus vários aspectos (chuva, ondas, cascatas, riachos, etc.). Faça com todos os sons comuns e incomuns

do país ou cidade. Enquanto você faz Nalu, faça cada som existir como som puro, sem julgar sua natureza ou a

sua origem. Esta Nalu simples pode levá-lo a um estado profundo e refrescante.

- Faça Nalu auditiva com sons imaginários cantando com música da natureza. Além de tudo mais, isto o

colocará na companhia de muitos grandes compositores.

- Faça Nalu auditiva com o seu próprio cantarolar.Além de criar seu próprio foco auditivo você vai descobrir

que cantarolar na realidade amplifica e intensifica seu campo de energia pessoal. Isto é facilmente demonstrável.

Juntando as palmas das mãos cantarolando enquanto você está fazendo Kahí por exemplo (veja a quarta

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aventura) realçará os efeitos. Você poderá experimentar com tonalidades diferentes quando puser a sua atenção

nas diferentes partes do seu corpo para descobrir qual delas estimula e qual relaxa. Você também descobrirá

tons para cantarolar que o ajudarão a ressoar com a natureza e com as pessoas.

NALU DO TOQUE

O sentido do tato inclui sinestesia ou sensações corporais de pressão, movimento, posição, textura, prazer,

dor, presença e só para manter as coisas simples o paladar e o olfato. Sua própria criatividade pode pensar em

muitas outras Nalus, baseadas nesta por isso só darei algumas sugestões.

- Faça Nalu sinestésica com movimento. Num de meus cursos xamanicos, eu ensino os alunos uma Nalu de

movimento chamada Kalana Hula, baseada numa combinação de artes marciais e dança havaiana. Tal Nalu não

pode ser ensinada num livro, mas você poderá obter benefícios similares mais facilmente. Muitas culturas têm

tradições de usar o movimento para atingir estados profundos de meditação. A chave é manter a sua atenção

consciente na sensação do movimento em si. Uma maneira fácil de começar é fazer Nalu andando ou correndo.

É uma experiência diferente com um foco Nalu. Se você estiver fazendo isto num lugar público terá que manter

a sua consciência um pouco mais aberta para o seu ambiente imediato. Dançar é outra maneira de fazer esta

Nalu com uma dança rítmica produzindo o maior efeito. Escolha ritmos rápidos ou lentos de. acordo com a sua

preferência. Não importa desde que o foco seja correto. Um processo menos vigoroso usado em algumas

culturas com grande efeito é simplesmente sentar-se e balançar o corpo para frente e para trás (como cadeira de

balanço) com o foco no movimento. Esta Nalu, ajudará num aumento de consciência de apreciação de seu

corpo e do momento presente em adição aos efeitos do foco.

- Faça uma Nalu sinestésica com o prazer. Isto ajuda a desenvolver uma conscientização incrível de seu

corpo e fazendo mudanças mínimas e ajustes de pensamento e ambiente, aumentará o prazer. Se você

encontrar a dor, ao invés de lutar contra ela ou resistir, tente várias mudanças e ajustes, e isso o levará ao prazer.

Continue a mudar quaisquer sensações que surgirem na sua consciência em direção do maior prazer. Esta Nalu

pode enfatizar a apreciação de todos as seus sentidos, bem como faze-lo sentir-se bem. Relembrando que Ku

move-se naturalmente em direção do prazer, você poderá fazer esta Nalu com o potencial ou prazeres

imaginados, de coisas que você quer que sejam ou tenha e portanto construir nos seus planos um motivador

automático.

- Faça Nalu sinestésica com a respiração. Obviamente é um dos sujeitos de foco existentes mais antigos e

espalhados.Como em muitas outras culturas, os havaianos associavam a respiração não somente com a vida

mas com o espírito, benção e poder. A Nalu mais simples é estar consciente da sua respiração com uma

atitude. Um pouco mais envolvente e muito bom para relaxar e energizar o corpo é focalizar na sua respiração.

Isto é parecido com a Nalu auditiva com a música apenas que você estará consciente de sua respiração enquanto

focaliza a sua atenção nas várias partes do seu corpo.Uma Nalu um pouco mais envolvente é a do “o respirar do

golfinho” onde você fará de cada respiração um ato consciente como os golfinhos fazem.

NALU DE CONSCIENTIZAÇÃO MULTI SENSORIAL

Algumas das Nalus precedentes tinham os mesmos elementos incluídos mas agora vamos levar o processo á

total conscientização.

- Faça Nalu multi sensorial numa atividade física. Se você fizer isto andando, por exemplo esteja consciente

de todas as sensações de seu corpo inclusive da sua respiração, de todos os aspectos visuais e auditivos do que o

cercam e de todos os pensamentos que lhe vierem á cabeça enquanto você caminha. Se você fizer isto enquanto

come (é uma viagem) coma devagar e focalize em todas as impressões de seus sentidos sobre esta experiência

incluindo a visão, o som, o movimento, o gosto e o olfato. Esta Nalu ajuda a expandir e a integrar sua

conscientização sensorial e sua ligação com o seu ambiente imediato.

- Faça Nalu multi sensorial escrevendo. Escrevendo á mão ou a máquina ou num computador por sua própria

natureza focalize e integre a conscientização interior e exterior, visual, verbal e sinestésica. Para fazer esta Nalu

escreva sobre algo que você deseja fazer, ser, ter ou saber. Não é escrever uma lista de metas que é uma técnica

diferente.Você tem que focalizar mais intensamente e descrever ou explicar ou perguntar o que você quer fazer,

ter, ser e saber. Este tipo de Nalu lhe ajudará a esclarecer suas intenções, desenvolverá e atrairá o que você quer

e abrirá a sua inspiração e conexões intuitivas relacionadas.

- Faça Nalu multi sensorial com a respiração consciente. Isto envolve o que pode ser descrito como

"respirando a vida” para dentro de toda a sua experiência. Outra maneira de pensar nisso é que você estará

energizando a sua experiência com sua respiração. Tudo o que você está realmente fazendo é conscientemente

respirando durante qualquer experiência com uma atitude que você está energizando ou respirando para uma

existência contínua e aumentada. Isto poderá ser feito junto com qualquer das outras Nalus ou qualquer

experiência ou técnica na sua vida. Durante uma Nalu Visual, respire através de seus olhos para energizar ou

criar o que você esta olhando. Numa Nalu sonora imagine que o som que você escuta é o som da sua

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respiração. Numa Nalu de tato deixe que sua respiração dê a energia a qualquer coisa que você esteja tocando ou

deixe ser uma manifestação de sua respiração. Enquanto estiver fazendo qualquer atividade imagine que seu

ambiente imediato existe por causa da sua respiração. Os efeitos disto irão surpreende-lo. - Faça Nalu Multi

sensorial com “ser”. Com a visão, som e tato interior e exterior medite em sendo o que você quiser ser. Isto é

quase como grokking, porque você está fazendo o papel de ser ao máximo. Ajuda a centralizar a Nalu num

conceito que você quer expressar em si mesmo e na sua vida, como paz, amor ou poder. Tomemos o amor

como um exemplo. Nesta Nalu você seria o mediador de uma experiência de amor incondicional por si mesmo,

seu ambiente, outras pessoas e o universo e sendo amado por tudo no mundo. Você seria o mediador do

pensamento, sentimento, dando e recebendo como um amante e um amado. Você usaria palavras, imagens,

movimentos, tato para guiar e reforçar a experiência. Esta Nalu é potencialmente a mais poderosa de todas.

A DÉCIMA AVENTURA

O PODER DE CURA DOS SÍMBOLOS

Kukuli Ka 'Ike I ka 'Opua

(As revelações são encontradas nas nuvens)

O provérbio havaiano acima citado é kauna,tem um significado oculto. No velho Havaí, as nuvens eram

freqüentemente interpretadas como um presságio ou símbolos de acontecimentos, mas as nuvens eram também

símbolos de pensamentos. Por essa razão o provérbio acima pode ser traduzido como “a experiência é

construída pelo pensamento”. Isto pode ser interpretado como se tudo na nossa experiência fosse um símbolo de

um pensamento que é o conceito do sonho xamanico. Desde que um símbolo seja alguma coisa para representar

outra coisa, um pensamento pode também ser um símbolo para a experiência. E virando e virando e virando,

vamos parando onde quer que escolhamos parar. Neste capítulo vamos examinar espécies diferentes de

símbolos verbais, visuais e símbolos tangíveis e de como podem ser usados para a cura e a mudança.

SÍMBOLOS DE CRENÇA

Em um de meus cursos comecei a aula mostrando o que parecia ser um simples lápis e perguntei a todos para

me dizerem o que eles pensavam que era e para que servia. A maioria respondeu que era um lápis de madeira,

usado para escrever. Alguns estavam desconfiados com a minha pergunta e responderam: “É um objeto amarelo

feito de madeira, grafite, metal e borracha”. E poucos disseram: “É algo duro que talvez poderia ser usado para

escorar uma janela”. Aí eu o dobrei. Era um pedaço de plástico com a forma e a cor de um lápis e por isso

poderia ser considerado o símbolo de um lápis. Mais importante um símbolo das suposições e da crença que

temos sobre a realidade. Definindo realidade como experiência poderemos também chamá-las de suposições

sobre a experiência. É natural e necessário fazer suposições. Não poderíamos operar sem elas, porque não

somente definem experiência, elas a criam, canalizando a nossa atenção e conscientização. De vez em quando

encontro alguém que diz que quer mudar para além de toda a crença e suposição. Mas não há nada além. Se

você não supor nada, não existirá experiência. Acreditando que as suposições sejam naturais e necessárias

(estou supondo isto), parece-me razoável crer que quanto mais efetivas forem as suas suposições mais efetiva

será a experiência. Para facilitar o reconhecimento e mudar suposições deficientes (não efetivas) prefiro chamá-

las de Kanawai que significa "regras e regulamentos”. O seu Kanawai, são regras que você recebeu ou fez sobre

a vida, sobre o que as coisas são e o que significam, sobre o que é possível e o que não é, sobre o que é bom ou

mau e assim por diante. Se você começar a pensar sobre todas as suas idéias e percepções de experiência, em

outras palavras, símbolos, você poderá gozar de uma certa liberdade que você nunca suspeitou que tivesse (se

você for dependente dessas regras para a sua segurança você poderá entrar em pânico).

Com as regras da vida (suposições, atitudes, crenças e expectativas) como base para a experiência, torna-se

claro que se quisermos mudar a experiência precisaremos mudar as regras. De fato todas as técnicas para mudar

a experiência são somente efetivas até um certo grau onde nos ajudam a mudar as nossas regras de vida.

Afirmações por exemplo são declarações positivas que são repetidas para trazer uma mudança, mas a mudança

não ocorre a não ser que as afirmações se tornem novas regras. Visualização é uma boa técnica de mudança, se

resultar em mudança de regras do contrário serão somente quadros bonitos. Mesmo que você seja curado por

alguém você somente se manterá curado se suas regras mudarem também. Se não a condição retornará quando a

tensão crescer e se manifestar do novo. Muitos pensam que Ku seja ilógico porque não faz o que a gente quer ou

porque não entende o que faz. Muito pelo contrário Ku é extremamente lógico e segue as regras

rigorosamente.Todo o comportamento habitual ou espontâneo, mental ou físico que você experimentar é a prova

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de que Ku está seguindo as regras aceitas ou ditadas por Lono. Por causa disto Ku é aberto às mudanças se as

condições forem certas. Aqui estão as condições:

1 - Ku prontamente aceitará e obedecerá regras que não conflitem com as velhas regras. Se você fizer uma

nova regra que diz que seu diploma ou certificado agora lhe permitirá ganhar mais dinheiro e você não tiver

outras regras contra ganhar mais dinheiro Ku cooperará plenamente no seu empreendimento.

2 - Ku prontamente aceitará novas regras quando as velhas regras se mostrarem ilógicas. Uma vez quando

estava ajudando uma mulher a parar de fumar ela havia mencionado numa conversa, que tinha o hábito de se

rebelar contra a autoridade, o que significava que ela tinha uma regra que dizia que ninguém tinha o direito de

lhe dizer o que fazer. Quando ela estava num estado profundo de focalização, e descrevia como fumava mesmo

quando não queria, eu lhe disse “quer dizer que você está deixando os cigarros lhe dizerem o que fazer e quando

fazê-lo” Houve uma longa pausa, durante a qual, eu sabia que Ku estava revendo a lógica das regras. Então ela

disse “de jeito nenhum” isso foi tudo, e ela nunca mais fumou.

3 - Ku aceitará novas regras quando as velhas não forem mais úteis, quando um ataque de nervos não

adiantar mais para fazer os outros fazerem o que você quer, Ku facilmente abandonará esse hábito e aceitará

uma nova regra para que as pessoas façam o que você quiser. Quando o propósito de uma doença for satisfeito

Ku abandonará as regras que produziram a doença e adotará novas regras de saúde.

4 - Ku aceitará uma nova regra que é demonstrável (e portanto lógica), mais efetiva da que a velha regra

para fazer a mesma coisa. Quando as vantagens de não beber álcool superarem claramente as vantagens de

continuar a beber,Ku aceitará a nova regra de abstinência, enquanto as vantagens e desvantagens de beber ou

não forem mantidas na mente em situações nas quais a pessoa costuma beber. Neste caso particular não beber

poderá envolver a experiência de alguma dor e tensão que podem vir como novas regras, se seus benefícios

forem suficientemente grandes. Isto em si, requer uma regra que diz o que eles são.A dor presente tem

influência muito poderosa sobre Ku. É preciso atenção consciente sobre os benefícios de seguir a nova regra ou

de uma dor pior, se a mesma não for seguida. Numa outra situação Ku aceitará novas regras de fala (como

usando uma nova linguagem) sob condições em que as velhas regras para falar não produzirão a resposta

desejada. Uma vez, numa festa, estava falando para um grupo de franceses em francês, virei-me para um grupo

de americanos e falei com eles por meio minuto antes de me conscientizar pelas suas expressões que eu havia

falado com eles em francês e nesse momento mudei para o inglês.

Agora, gostaria de discutir três regras ou suposições que causam dor pessoal e global. Primeiro há a

suposição de que você sabe o que outra pessoa está pensando. Independentemente do quanto você esteja

familiarizado com seus hábitos e atitudes você não poderá saber o que outro está pensando em qualquer

momento. Você poderá adivinhar e até poderá captar uma porção daquilo que ele irradia, mas supor que

infalivelmente você sabe seus pensamentos é proclamar uma habilidade psíquica que não existe. Ao invés de se

relacionar com aquela pessoa como ela é, você estará se relacionando com um símbolo pobre da pessoa, feito

das suas regras limitadas sobre ela. Ao fazer isso você limitará a sua experiência da pessoa como um ser

mutante e crescente.Em visita a alguns amigos notei uma das esposas, metafisicamente inclinada, que insistia

em dizer que seu marido, não estava interessado naquele tipo de coisa, e que pensava que ela era tola em se

envolver, e ele não dizia uma palavra. Mais tarde, conversamos e descobri que ele era um profundo pensador

metafísico que apoiava os interesses da esposa. Deve ter acontecido alguma coisa que fez com que ela criasse

uma regra limitante sobre ele e daí em diante ela continuou a se relacionar com essa regra e não com ele. Ela

não tinha uma regra que permitisse que ele fosse diferente e assim, ela se separou da experiência do lado

metafísico de seu marido.

Enquanto cada um de nós tem de ter regras que são efetivas, partilharei de uma que funcionou muito bem

para mim. É que as pessoas são o que são e fazem o que fazem. Esta regra ajuda a me relacionar com as pessoas

como elas são no momento presente independentemente do que tenham feito no passado. Não bloqueia a minha

memória do passado, mas permite relacionar-me com as mudanças. É também designada a fazer suas ações mais

importantes para mim do que suas palavras ou qualquer outra coisa que eu possa conceber que sejam seus

pensamentos. Finalmente, ajuda a nunca ficar desapontado com ninguém. Não importa o que digam ou farão ou

fazem, e é isso que eu espero. Se não for o que eu quero, então eu mesmo faço alguma coisa mudar.

A segunda suposição, é que outras pessoas sabem ou devem saber o que você está pensando. Se você não

sabe o que os outros pensam, e provavelmente mais que a metade do tempo, nem você mesmo sabe o que está

pensando, como pode esperar que outros saibam o que vai dentro da sua mente inconsciente? No entanto há

muitas pessoas terrivelmente infelizes, com raiva ou medo, porque pensam que os outros sabem ou deveriam

saber quanto estão com medo;maridos e mulheres zangados porque seus esposos não antecipam suas mudanças

de humor e pessoas convencidas que o governo é capaz de monitorar seus pensamentos. Num nível mais comum

será útil examinar suas próprias expectativas a respeito disso.Quantas vezes ficou com raiva porque alguém não

sabia o que você queria, quando você não lhes disse,ou teve medo que alguém adivinhasse seus pensamentos,

mesmo sem dizer nada. Minha regra é que ninguém sabe o que estou pensando.Meus empregados

provavelmente concordam (aqui estou eu supondo que sei o que eles estão pensando - como é fácil escorregar-

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). De qualquer forma remove outra causa de desapontamento e medo.

A terceira suposição ou regra que eu quero discutir certamente funciona num nível pessoal mas é muito

devastadora em seus efeitos globais. É a regra da generalização.Esta regra diz que tudo o que é similar, é igual.

De muitas maneiras é uma regra conveniente,porque nos permite falar e lidar com coisas em grupos.Podemos

falar sobre a mídia ao invés de especificar cada estação de rádio, de TV ou jornal. Podemos lidar com a China

ao invés de com cada chinês individualmente. Conveniente sim, mas potencialmente perigosa, quando

atribuímos qualidades individuais ao grupo.

Um grupo é um símbolo abstrato que representa um conceito mental arbitrário. Não descreve uma

experiência real. Eu me lembro que um astronauta fez uma observação de como ficou impressionado, enquanto

estava no espaço olhando para a Terra, notando que não havia fronteiras nacionais. Se dissermos que a mídia é

muito negativa, estaremos cegos para milhões de exemplos que provam o contrário; e se dissermos que a China

é agressiva, estaremos ignorando os milhões de chineses que só querem a paz. Já ouvi professores espirituais

falando como as massas vivem no escuro. Não existe tal coisa como “as massas”. Há bilhões de indivíduos,

vivendo, respirando, seres humanos e cada um deles poderia ser completamente iluminado. Contudo é também

conveniente dizer: “Quero alcançar as massas com meus ensinamentos” quando você se refere a “Eu quero

alcançar tantas pessoas quanto possível”. A regra da generalização é tão difundida e fonte de tanta intolerância,

ódio, violência e medo, que quase parece inútil tentar mudá-la, mas qualquer ajuda, por menor que seja, nos

ajudará a um maior entendimento, paz e harmonia. Faça a sua parte reconhecendo seus aspectos negativos

quando aparecerem (é assim que uma generalização é avaliada como sendo ruim), e mudando-a sempre que

puder. Olhe para as suas generalizações sobre certos grupos de pessoas; sobre seus pais; homens ou mulheres;

sobre o governo ou negócios; sobre o espírito e a matéria; sobre o dinheiro e o amor.

SÍMBOLOS DE LINGUAGEM

Toda a linguagem é símbolo de uma determinada maneira de pensar e perceber. Todas têm as suas regras de

gramática e suas regras de significado, para várias combinações de sons, que fazem a língua distinta. Mas essas

mesmas regras de estrutura o vocabulário, também ajudam a determinar a experiência das pessoas que falam

aquela língua.

Um exemplo simples é a palavra havaiana “mana”. Embora sendo traduzida como “poder”, “poder

espiritual” ou “energia”, nenhuma delas é adequada, porque a palavra não traduz bem. O inglês não tem o

conceito de lidar com isso. Por outro lado a palavra em inglês “sexo” dentro de um conceito geral não tem

equivalente em havaiano. Para alguém que só falasse havaiano a “revolução sexual” somente implicaria numa

mudança de posição de duas pessoas fazendo amor. A maioria dos povos antigos, somente tinha umas poucas

palavras para cores e eles somente viam umas poucas cores.

Os antigos havaianos, por exemplo, não distinguiam entre o verde escuro, azul escuro e preto. Hoje um

computador de preço moderado pode distinguir 250.000 cores únicas e identificáveis em sua tela, que muitas

pessoas antigas não seriam capazes de distinguir por não existir na sua linguagem, palavras para elas.

O inglês é uma língua excepcionalmente flexível em gramática e vocabulário o que é uma das razões pelas

quais é usada no mundo inteiro. É tão flexível que é virtualmente uma língua jargão, capaz de absorver

considerável estrutura gramatical e vocabulário de outras línguas e ainda ser entendida. Para ser justo, outra

razão para a sua popularidade é a inflexibilidade da maioria dos que a usam. Eu ouvi um europeu dizer que uma

pessoa que fala duas línguas é chamada de bilíngüe e uma pessoa que fala uma só língua é chamada de

americano. Flexível como o inglês é, no estilo americano, há graus de experiência fora do alcance de seus

usuários se essa é a única língua que eles conhecem. Li uma tradução inglesa de um livro de Alexandre Dumas e

gostei muito. Li o mesmo livro na sua língua original, o francês, e ri e chorei. Não que a tradução fosse ruim, é

que em francês era diferente. Meu ponto aqui é que as regras de lingüística fazem mais do que nos dar maneiras

diferentes de dizer a mesma coisa. Elas nos dão experiências diferentes. Sua vida será grandemente enriquecida,

de maneiras indescritíveis em inglês, se você aprender a usar outra língua. Felizmente há duas outras línguas

que muitos usam sem pensar nelas como línguas, e ambas podem expressar e induzir a experiência que vai além

da capacidade do inglês. Elas são a música e a matemática. Algumas vezes, num curso, eu peço a um aluno que

conheça música, para descrever a Quinta Sinfonia de Beethoven, em inglês, para o resto da classe. O silêncio diz

tudo. A matemática também é uma ótima linguagem para descrever certas coisas que não são adequadas em

inglês, especialmente nos seus dialetos de álgebra, cálculos e outros, mas mesmo a aritmética comum, pode

dizer a uma pessoa que sabe como ler um relatório financeiro, um grande número de informações sobre uma

companhia que uma resma de palavras não poderiam. Matemática não é boa no reino dos sentimentos. Outras

alternativas de linguagem, além da música que temos são pintura, escultura, mímica e dança. Se você pensar em

todas essas línguas como símbolos que você poderá usar para expressar-se e usar para influenciar a cura,

aumentará muito o seu potencial como um xamã e um curandeiro.

SÍMBOLOS IMAGINÁRIOS

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Em seu muito famoso livro “Pense e fique rico” (Think and Grow Rich), o autor Napoleon Hill escreveu

muitas idéias e técnicas excelentes para o sucesso. Entre elas encontrava-se uma técnica muito xamanica de

imaginar e que ele chamou de “Conselheiros Invisíveis”. Por muitos anos, disse, quando ia dormir fazia um

encontro em sua mente com homens famosos cujas qualidades queria incorporar em sua própria

vida.Imaginava-os vividamente e se dirigia a cada um deles pedindo-lhes para ensiná-lo a ter as qualidades que

ele admirava. O que ele descobriu após os primeiros meses fazendo isto foi que os personagens foram ficando

cada ver mais reais a ponto de tomar personalidades individuais, ter suas experiências pessoais e manter

diálogos vivos uns com os outros. Eles não eram somente bonecos da imaginação, controlados inteiramente pela

sua vontade, mas símbolos vivos da expressão criativa. Estas conversas, eram tão incomuns para ele que

resolveu parar por alguns meses enquanto reforçava sua confiança de que esses Conselheiros eram suas

criações. Após alguns meses voltou aos diálogos e continuou com eles durante anos por serem tão valiosos.

Como Hill disse, mesmo que esses conselheiros fossem produtos de sua imaginação, “eles me levaram para

caminhos de aventuras gloriosas, reanimadas de uma apreciação de verdadeira grandeza, encorajaram o

empreendimento criativo e incentivaram a expressão do pensamento honesto”. Ele também disse que durante as

reuniões, ele estava mais aberto á intuição, que seus Conselheiros o guiaram através de muitas emergências e

que, enquanto usando outras fontes, ele lhes apresentava todos os problemas difíceis que ele ou seus clientes

tinham que enfrentar. Num livro posterior, “A Chave Principal para a Riqueza” (The Master Key to Richess),

ele chama os Conselheiros de seus “Oito Príncipes” e nesta altura ele designou a cada um uma área especifica

de sua vida. Os benefícios que ele lhes atribuiu, são muito numerosos para serem mencionados aqui mas como

homem, que estudou as técnicas de centenas de outros dos mais bem sucedidos homens de seu tempo, chamou

os seus Conselheiros Invisíveis de “minha maior aquisição”.

Aqui, vou lhes dar algumas informações para que façam a mesma coisa, para usar símbolos para atrair,

focalizar e comunicar idéias que poderão tornar sua vida mais rica e mais efetiva de várias maneiras. Estes

símbolos podem ser de pessoas famosas vivas ou não; deuses, deusas, anjos, santos ou heróis da sua cultura

favorita, animais ou espíritos da natureza, ou formas de sua própria criação.Se você preferir pode pensar neles

como aspectos focalizados de Kanewahine, seu espírito ou seu Eu Superior. Algumas pessoas gostam de ter um

lugar mental especial para o encontro com o que eu chamarei de Conselho Interior de Conselheiros. O Jardim no

sexto capítulo será um bom lugar ou invente outro. Outras pessoas preferem que eles apareçam aonde e quando

sejam necessitados ou em mente ou como forma-pensamento no seu ambiente imediato. Ainda outros acham

que um símbolo físico de um símbolo mental os ajudará a focalizar melhor. Para isto, você poderá usar objetos

(figuras) entalhados em marfim ou plástico dos sete deuses Japoneses da Sorte, estatuetas, representando os

Animais de Poder ou qualquer outro objeto de figuras que você preferir. Use o símbolo físico para estimular a

sua imaginação, assim com a sua mente você poderá traze-los á vida. Você poderá ter quantos Conselheiros

quiser, mas oito é um limite prático que você poderá de uma vez sustentar em sua mente. Vou sugerir quatro

abaixo e você poderá adicionar o que gostar de acordo com suas necessidades e desejos.

1 - O Conselheiro da Saúde. Este membro do Conselho Interior lhe dará informações, idéias, conselho e

assistência com tudo que tiver relação com o seu estado de saúde, habilidades curativas, energia e boa forma e

também para pessoas que você quiser ajudar.

2 - O Conselheiro da Riqueza. Este membro fará o mesmo para tudo em relação á dinheiro, prosperidade e

abundância.

3 - O Conselheiro da Felicidade. Este membro ajudará no amor, paz, harmonia, relacionamentos pessoais ou

em grupo, divertimento e prazer.

4 - O Conselheiro do Sucesso. Este membro ajudará a alcançar suas metas e aumentar suas

habilidades.

Como muitas outras pessoas, já ouvi falar deste Conselho Interior, li sobre isso durante anos, mas nunca me

importei de faze-lo.Seja mais esperto e comece a fazer uso desse recurso hoje.

Dentro da mesma categoria, mas de natureza diferente estão os símbolos em forma-pensamento que são

designados a executar trabalho. Uma forma-pensamento como você deve se lembrar é um pensamento

exteriorizado. No capítulo anterior eles eram usados como foco para Nalu. Neste capitulo quero mencionar seu

uso como instrumento.

Forma-pensamento é um instrumento como qualquer outro com exceção de que é criado inteiramente pela

mente sem nenhum material físico. Dependendo do grau do foco e da energia postos nele poderá durar por

minutos ou anos. Desempenha seu trabalho através da influência direta de Ku através da intuição, ao invés de

pela influencia corporal. Como um exemplo eu usei uma forma-pensamento "porta” para manter as minhas

crianças barulhentas fora do meu quarto num domingo de manhã, quando eu não queria me levantar e fechar a

porta física. A reação deles foi como se a porta física estivesse fechada. Uma outra vez usei uma forma-

pensamento de um lobo para espantar um cachorro brabo e o cachorro saiu correndo com o rabo entre as pernas.

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Senti-me tão mal que da outra vez que o encontrei, usei uma forma-pensamento do seu dono agradando-o. Isso

funcionou tão bem que o cachorro e eu nos tornamos amigos. Tenho usado com sucesso essa forma-pensamento

com outros cachorros muitas vezes desde então. Uma vez quando eu estava resfriado (quando eu era bem mais

jovem) criei uma máquina de cura em forma-pensamento que me curou em 2 horas. Formas-pensamento de

cristais podem funcionar tão bem quanto os cristais físicos, formas-pensamento de pássaros podem carregar

mensagens intuitivas para pessoas, formas-pensamento de animais, pessoas ou objetos podem ajudar os outros á

distancia; formas-pensamento ecológicas podem ajudar a mudar humores e emoções. Se um número suficiente

de pessoas trabalharem juntas com clareza e foco, formas-pensamento poderão ser construídas para influenciar

eventos mundiais. Você pode inventar e usar uma miríade de padrões de formas-pensamento para muitas coisas,

mas aqui estão algumas idéias para manter em mente.

1 - Seus resultados mais fáceis e melhores virão de usar as formas-pensamento para influenciar Ku, de

alguma coisa ao invés de seu aspecto físico. Não estou dizendo que seja impossível fazer uma forma

pensamento tão sólida. ou energizada que possa diretamente afetar a matéria física, mas desde que todo aspecto

físico é uma forma-pensamento solidificada trazida á vida por Ku e Kane, usando padrões que já existem

porque complicar as coisas? Isto me lembra de uma estória sobre os aborígines da Austrália. Quando alguém

lhes perguntava por que eles não usavam mais a telepatia como meio de comunicação um deles disse: "Agora

nós usamos o telefone, porque é mais fácil”.

2 - Ku se move em direção ao prazer e para longe da dor. Para que Ku seja motivado a mudar seu

comportamento pela promessa da recompensa ou a ameaça do castigo use uma forma-pensamento baseada na

recompensa.Ela tira menos energia e é mais efetiva do que o castigo, porque há menos resistência nisso. Além

do mais, há a influência em Ku para ser considerada. Uma vez num Shopping Center com minha esposa eu

estava com pressa de ir para casa e sabia que havia outra loja que ela queria visitar. Ao nos aproximarmos da

loja eu lancei uma forma-pensamento nublada na frente da loja. No momento que eu fiz isso ela exclamou: “Oh!

ali está a loja que eu quero ir”. Tudo o que eu consegui fazer, foi chamar a sua atenção para a loja.

Seria provavelmente mais eficiente se eu tivesse criado uma forma- pensamento para chamar a sua atenção

para casa, de uma forma positiva.

SÍMBOLOS DA MEMÓRIA

Ku, faz tudo de memória. Todas as suas suposições, atitudes, crenças, expectativas, hábitos, habilidades,

comportamento, humores, emoções, experiência, linguagem e pensamento criativo são baseados na memória.

As memórias por si mesmas são padrões de energia que simbolizam eventos que são arquivados de tal forma,

que um estímulo interior ou exterior (mesmo outro padrão de memória) podem ativá-los.As

memórias,lógico,são vitais para o nosso funcionamento como seres humanos, mas se a ativação da memória

também ativar uma resposta emocional negativa, o efeito poderá ser prejudicial para a nossa saúde, bem estar e

afetividade.A maioria das técnicas que lidam com as memórias emocionais é designada a mudar a sua reação ao

relacionamento do conteúdo delas através de ensinar um novo padrão de resposta (uma memória adicional) ou

mudar o conteúdo da memória em si (como mudar os eventos num sonho). Para que não evoque a emoção

negativa, também é possível mudar um ou mais elementos de padrão de arquivamento e portanto, mudar os seus

efeitos. Neste processo você muda o contexto não o conteúdo.

Imagine o quadro de um nu pendurado na sala de espera de um médico. É provável que a maioria das

pessoas ache que isso não é apropriado e vão sentir-se desconfortáveis, envergonhados ou até zangados. Para

remediar a situação, o médico poderia cobrir as partes nuas, raspar aquela tinta e pintar por cima ou ensinar a

seus pacientes a ter uma atitude diferente diante da nudez. Ou ele poderá colocar o quadro no seu quarto de

dormir, onde poderá olhar para o quadro e sentir-se bem. Como outro exemplo uma pedra grande num terreno

vazio pode doer na vista, mas um paisagista sem nem mesmo mover a pedra poderá mudar a paisagem de

maneira que a pedra se tornará o centro de admiração. Um terceiro exemplo, seria um pôster colado na parede

poderia atrair críticas, mas com uma bonita moldura atrairia elogios. Isto é o que eu quero dizer com mudar o

contexto ao invés de mudar o conteúdo. Pôr algo num contexto diferente, pode mudar completamente o seu

efeito.Quando você faz a mesma coisa com memórias negativas, elas poderão tornar-se neutras ou até positivas.

Em termos de padrões de memória, o conteúdo da memória do evento em si é aquela parte da memória que

evoca a reação no presente. O contexto tem a ver com coisas como cor, tamanho, distância, movimento, ponto

de vista e coisas não essenciais, que você poderia adicionar ou eliminar, nível de som, ambiente, etc. Todo Ku

guarda memórias de acordo com os padrões bem definidos com um ou mais elementos contextuais sendo

crucial definir a emoção positiva, neutra ou negativa da memória. Os padrões podem ser diferentes com cada

indivíduo e você terá que experimentar e explorar por si mesmo. Por exemplo, um de meus alunos descobriu

para sua agradável surpresa que todas suas memórias bem sucedidas e positivas estavam arquivadas em branco

e preto e todas as negativas em cores vivas. Conforme ele começou a mudar suas memórias mais negativas para

branco e preto ou elas ficaram neutras (elas não o perturbaram mais) ou ele descobria aspectos positivos nas

memórias que nunca havia notado antes. Isto também o levou a começar a planejar seus futuros sucessos em

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branco e preto ao invés de em cores. É sempre mais fácil trabalhar com Ku do que tentar mudar seus padrões

básicos. Aqui vão algumas sugestões de usar este processo para mudar suas reações a memórias

emocionalmente negativas. Note que algumas memórias poderão ter que ser cuidadas mais de uma vez.

1 - Adicione alguma coisa á memória. O que funciona muito bem para memórias de ser criticado, por

exemplo, é colocar cornos naquele que critica, brinque de circo com um fundo musical com palhaços atrás

daquele que critica, fazendo caretas. Isto põe o evento num contexto completamente diferente e ajuda a sua

memória a arquiva-lo no arquivo dos tolos, onde não poderá mais causar danos.Uma variação seria retirar o que

parecer não essencial como uma planta num vaso ou um quadro ou uma xícara. Ás vezes Ku usará tal objeto

como uma chave de arquivo, e quando desaparecer a resposta emocional mudará.

2 - Mude o ambiente. Tente colocar a memória em lugares diferentes, períodos de tempo diferentes, ou

completa mudança de costumes. A chave emocional é geralmente ligada a lugar e tempo. Uma variação seria

mudar o seu ponto de vista. Geralmente sempre nos lembramos de uma memória do mesmo ponto de vista como

uma máquina fotográfica. Experimente mudar seu ponto de vista. Tente de cima, de um lado diferente, de um

nível diferente ou por detrás. Outra variação é virar tudo de cabeça para baixo. Com algumas pessoas isto

produz uma mudança dramática em como eles se sentem sobre a memória.

3 - Altere o contexto da realidade. Uma maneira é subitamente congelar a memória, como se você a tivesse

transformado numa fina folha de vidro ou gelo, e depois pegasse um martelo e a quebrasse. Termine varrendo os

cacos e jogando os restos numa lata de lixo. Isto é freqüentemente satisfatório. Outra maneira é colocar a

memória numa tela, como se você estivesse vendo um filme em alta velocidade ou em câmara lenta e passe-o

rapidamente, depois em câmara lenta ou variar o volume da trilha sonora. Uma boa variação é fazer da memória

uma peça com você como diretor dizendo aos atores para fazer exatamente o que fizeram e elogiando-os no seu

desempenho. Isto lhe dará um bom senso de controle sobre a situação e tenderá a remover os sentimentos de

abandono.

4 - Mude os elementos em seus opostos. Esta aproximação é uma situação de tentativa erro para encontrar a

chave emocional para uma memória em sua cor viva, faça as cores descorarem e mude-as para branco o preto.Se

ela for preto e branco e descoradas, ponha-as em cor viva. Se a memória aparecer em close up, coloque-a bem

longe; se estiver longe, traga-a para perto. Se você estiver fora da memória, olhando para ela (até para si

mesmo), coloque-se dentro dela e experimente-a mais diretamente; se você estiver dentro, mude-se para fora

(embora você possa deixar uma imagem de si mesmo, dentro para não mudar o conteúdo). Se a memória for

grande, torne-a pequena, se for pequena faça-a grande. Se não tiver limites ponha fronteiras; se com fronteira

remova-a, entendeu?

A forma de ajudar os outros mudando o conteúdo em quaisquer das maneiras sugeridas é um ótimo

instrumento porque você poderá leva-los através de um processo, sem nunca ter que saber o conteúdo específico

das suas memórias. Desta forma a privacidade será mantida e a vergonha (a inconveniência) será evitada. Você

somente pedirá a pessoa para lembrar do evento emocional carregado, e guie-a para fazer as mudanças. Coisas

tolas geralmente não funcionam bem em memórias muito traumatizadas, porque, muitas pessoas têm regras

muito fortes sobre como tratar a dor seriamente. Para memórias traumáticas, eu sugiro que você comece com os

opostos ou mudanças de ponto de vista.

SÍMBOLOS AMBIENTAIS

Em sociedades tradicionais, símbolos ambientais são chamados de presságios ou sinais. Eles são realmente

interpretações simbólicas de eventos naturais e/ou informação significativa sobre o passado, presente e /ou

futuro, que vem de eventos ou fontes aparentemente sem importância. Os antigos chineses examinavam

rachaduras nas clavículas de carneiros para presságios, os gregos estudavam as entranhas de animais mortos, os

persas, olhavam o fogo, e uma das práticas havaianas favoritas era a leitura das nuvens. Cientistas típicos se

esquentam e se aborrecem com estas práticas, porque, é claro, não há nenhum sentido, de um ponto de vista de

primeiro nível. Como pode haver uma correlação entre eventos amplamente separados em tempo e espaço e

natureza essencial? Você poderá também tentar obter o conselho estocado nas pegadas de um pato, ou conselho

psicológico dos padrões dos pingos de chuva nos vidros da janela. De um ponto de vista de segundo nível

qualquer um poderia funcionar. Isto é devido á idéia do Primeiro Princípio, que a vida é um sonho, e da idéia

do Segundo Princípio, de que tudo está ligado. Com esta idéia de sincronicidade, Carl Jung, chegou bem perto

de explicar a efetividade do I Ching, mas sincronicidade é somente uma outra palavra para coincidência. O

xamã nos diz que as pegadas dos patos e os preços do mercado são relacionados, porque tudo é relacionado.

Mesmo assim algumas coisas são mais fáceis de serem lidas ou interpretadas do que outras. Conquanto seja

possível fazer a correlação entre pegadas de patos e preços do mercado no pensamento do segundo nível, pode

ser mais efetivo escolher algo com um grau de maior relacionamento, que seria mais fácil de entender como

padrões passados de preços do mercado. Presságios estão á nossa volta, porque os nossos pensamentos estão em

nossa volta. Isto é, tudo o que nos cerca é um reflexo ou um símbolo de nossos pensamentos. Se prestarmos

mais atenção aos padrões do nosso ambiente, talvez sejamos capazes de entender melhor os padrões de nossos

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pensamentos.Há várias maneiras de procurar e ler presságios mas para nossos propósitos aqui, somente vou

descrever os dois que ensino em meus cursos. Poderei mencionar também que a única diferença entre este e as

técnicas de jogar discutidas no capitulo 5, é que lá estávamos criando símbolos de propósito e aqui estamos

procurando símbolos que já existem.A bibliomancia é a arte de abrir um livro ao acaso e obter uma resposta a

uma pergunta. É geralmente usada com a Bíblia ou um dicionário, mas uma variação agradável e criativa é usar

qualquer tipo de livro ou revista escolhida ao acaso. A criatividade vem de descobrir como um parágrafo em

grelhar camarão, poderá se relacionar com as suas perguntas sobre o amor, a vida ou o que uma fotografia de

um avião num anúncio, tem a ver com uma pergunta.a sobre a sua carreira. Freqüentemente, entretanto, a

resposta á sua pergunta será obviamente surpreendente, não importa onde você procure por ela. Numa aula que

dei numa biblioteca, passei revistas ao acaso, escolhidas de uma prateleira. Um aluno havia saído da sala mas

pus uma revista no assento de sua cadeira. Quando ele retornou, notou uma revista de fotografias e pensou que

eu soubesse que aquela era a sua profissão (que eu não sabia). Então ele resolveu perguntar onde ele poderia

encontrar um novo tipo de filme de que lhe haviam falado. Ele fechou os olhos, abriu a revista e pôs o dedo num

ponto. Seus olhos se abriram para um anúncio de uma página sobre o filme no qual estava interessado.

Felizmente era quase hora do almoço e ele teve tempo para se recuperar do choque. Ás vezes, o fato disto

funcionar realmente abala as pessoas.A segunda coisa que faço é meus alunos fazerem ao Universo uma

pergunta sobre suas vidas ou carreiras e saiam para almoçar com uma atitude aberta e esperançosa. Eu lhes digo

que o presságio virá, alguma experiência que tenham, terá um significado. Poderá vir em forma de nuvens ou

espaços entre coisas (como galhos de árvores); num objeto que eles notem, numa canção ou num pedaço de

conversa ou num evento. Uma vez em Taos, no Novo México, perguntei sobre a relativa importância do amor e

do poder em relação a um projeto no qual eu estava trabalhando.A caminho do restaurante, meus olhos foram

atraídos por uma mensagem, pintada em letras vermelhas e grandes ao lado de um prédio de tijolos, que dizia:

"O amor é o maior”.

DÉCIMA PRIMEIRA AVENTURA

A ARTE DE CURAR DA CERIMÔNIA E RITUAL

E' ao lu' au a kualima

(ofereça folhas novas de taro cinco vezes - uma cerimônia para remover a doença da mente ou do corpo).

Ao mencionar as palavras cerimônia e ritual a tendência é pensar nos sacerdotes do Egito em procissão, uma

missa Católica, ou nativos dançando a batida de tambores. As palavras nos inclinam a pensar em algo estranho

ou exótico mas de fato nossas vidas urbanas modernas estão cheias de cerimônias e rituais (desde que a

cerimônia é uma espécie de ritual, usarei a palavra ritual para denominar ambas pelo resto deste capítulo).Eu sei

que a palavra ritual pode ser usada para significar qualquer grupo de padrão de comportamento que pode ser

levado consciente ou inconscientemente (i.e. fumar, dirigir carro, exercício), mas a estou usando neste capítulo

para me referir ao comportamento consciente organizado com a intenção de impressionar e influenciar.

Um uso do ritual é marcar o começo de alguma coisa, então temos rituais como chá de fraldas, lançamento

de navios grandes aberturas e inaugurações (uma versão de uma cerimônia. para cortar o cordão umbilical). Há

rituais. para terminar coisas como funerais, festas de formatura e hora de tomar drinks e relaxar; temos rituais de

conclusão na forma de cerimônias de formatura; celebração de sucesso e aplauso.Rituais de transição e afluência

como festas de aniversário; celebrações de aniversários de casamento, batismos, bar mitzvahs; confirmações

(festas de crisma) e festas de cruzar a linha do Equador. Rituais de união incluem casamentos, serviços de

igreja, bailes de debutantes e encontros arranjados com um desconhecido. Com essa óbvia abundancia de rituais

á disposição, por que mais e mais pessoas buscam rituais de culturas diferentes?

O ritual pode servir para diferentes propósitos mas não servirá para nada se não for efetivo. Um ritual efetivo

é um que deixa uma impressão duradoura,e influencia fortemente as pessoas para reforçar ou mudar suposições,

atitudes ou expectativas. Para que isso aconteça é preciso que seja intelectual e emocionalmente satisfatório

para Lono e Ku. De outra forma, não será nada mais do que um hábito sem vida e dogma e não terá nenhum

efeito para seus propósitos intencionais.

O nosso interesse no ritual como xamãs urbanos é usa-los para curar e realçar os padrões positivos.

O QUE DETERMINA UM RITUAL EFETIVO

Há elementos específicos num ritual que determinam se será satisfatório e efetivo.

1 - Deve ter um começo e um fim fortes. Um ritual que começa fracamente perde o significado e torna

muito difícil manter o foco da audiência. É por isso que tantos rituais começam com tambores, sinos, apitos ou

trombetas. Você terá um começo forte fazendo algo que chame a atenção das pessoas. Igualmente um final fraco

deixará todos insatisfeitos ou incompletos. Você alcança um final forte chamando a atenção de todos fazendo-os

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saber claramente, que o ritual está acabado. Uma das razões mais comuns de insatisfação das pessoas com

rituais é que esses tempos não são claramente marcados ou diferenciados do resto da vida. Isto é muito

importante para que o ritual impressione e influencie.A maioria das pessoas terá o sentimento que se o ritual se

confundir com coisas comuns, não poderá ser tão importante. Quando ensino uma cerimônia e um ritual nos

meus cursos, o assunto de um começo e de um fim fortes é o que os alunos têm maior dificuldade. As pessoas

perdoarão uma porção de erros no meio do ritual se o começo e o final forem bons.

2 - Deve ter uma força sensorial. Um ritual que você só assista, será impressionante e influenciante ao grau

de ser também interessante ou bonito. Se tiver musica e aroma terá um efeito grande e se adicionar os sentidos

ao tato e gosto, o efeito será ainda maior. Muitas culturas e organizações descobriram isto e portanto seus rituais

incluem beleza, cânticos com ou sem música, flores frescas, incenso, e a participação grupal através da resposta

ás preces, cantar juntos, movimento ou dança, bebida ou comida.

3 - Deve ter uma forma familiar ou previsível. Se você participar num ritual e você não souber o que fazer ou

o que esperar, ficará confuso e ansioso,e devido a distração, o ritual deixará uma impressão menor ou terá

menor influencia. Mas se nele houver o que lhe é familiar, você se sentirá mais confortável e mais afetado por

ele. Os padres conseguem isso usando uma série de rituais para ocasiões especificas. A igreja Católica

costumava ter um senso considerável de coesão entre seus membros, porque eles sabiam que em qualquer lugar

do mundo que estivessem o serviço da igreja Católica seria o mesmo, e eles poderiam participar

completamente, mesmo sem saber falar a língua local. As razões para se mudar isso, devem ter parecido boas

para aqueles que a fizeram, mas o mesmo senso de coesão já não existe. Os xamãs satisfazem a necessidade da

familiaridade e expectativa incluindo elementos e padrões sensoriais familiares em cada ritual, embora para

cada ocasião o ritual será diferente.

4 - O significado de cada parte do ritual deverá ser entendido pelos participantes. Se uma parte do ritual não

for entendida, em qualquer nível, sua efetividade estará perdida. Os padres, tendem a negligenciar este

elemento.A maioria deles tem a tendência de pensar que estão realizando os rituais para um ou mais seres

espirituais ao invés de pessoas. Contanto que eles saibam e o espírito saiba, que importância tem se as pessoas

saibam.Esta e a grande diferença entre os padres e os xamãs.Se um xamã está agindo como xamã, sempre fará o

ritual para uma ou mais pessoas, ele/ela inclusive. Os espíritos poderão ser reconhecidos, mas a efetividade do

ritual é determinada. por quanta impressão e influência causa nas pessoas envolvidas, e um bom xamã sabe

disto. Em rituais xamanicos, você sabe que geralmente, tudo será exp1icado antes ou durante o ritual.

5 - Deve ser muito especial. Um ritual que não pareça, nem que seja sentido diferente de qualquer outro,

perderá a sua efetividade. Uma razão importante porque tantos de nossos rituais modernos parecem vazios, e

muitos de nossos líderes não tratam mais desses rituais como se fossem especiais. Isto é particularmente

evidente nos nossos rituais de feriados. Para a maioria das pessoas o halloween(dia das bruxas ou trick or treat),

uma festa de fantasias; o dia de Graças (última quinta-feira de novembro), praticamente desapareceram, exceto

como uma desculpa para comer peru com molho de cranberry; o Natal é uma loucura para fazer compras;o Ano

Novo é um dia de ressaca e de jogo de futebol americano, e o dia 4 de Julho (Independência dos E.U.A.), é um

dia de piquenique. É lógico que há exceções mas não o suficiente para tornar esses tempos de ritual em ocasiões

de reforço positivo dos valores culturais. Os rituais de outras culturas que se mantiveram especiais, são muito

atraentes para aqueles que sentem a falta deles em suas próprias culturas.

O QUE TORNA UM RITUAL ESPECIAL

Há 4 aspectos básicos para um ritual ser especial.

1 - Uma área especial . Uma área pode tornar-se especial de várias maneiras. Uma das maneiras é por

consagração isto significa fazer as bênçãos de um ritual que é designado para indicar a peculiaridade de uma

área, durante o tempo todo. Isto seria feito para protege-lo, trazer boa sorte, ou reservar o seu uso. Os túmulos

são geralmente especiais, desta forma, bem como certos edifícios chamados de Igrejas ou Templos. No Havaí é

ainda comum abençoar qualquer prédio novo ou projeto de construção. Outra maneira de tornar um lugar

especial é isolando-o ou construindo uma cerca (como em volta de um parque); pela localização (como a

Estátua da Liberdade); ou para uso reservado (como uma escola). Um delineamento poderá ser feito ou com

plantas ou marcas no chão. A maneira mais fácil de tornar um lugar especial para fazer rituais, é circundando-o

com um grupo de pessoas, formando um círculo e dando as mãos. Tal área fechada é automaticamente

percebida como especial.

2 - Objetos especiais. Isto inclui uma grande variedade de coisas mas antes mencionarei a vestimenta.

Roupas especiais como túnicas, faixas, uniformes, chapéus, máscaras, fantasias ou variações especiais de roupas

comuns (i.é vestidos tradicionais, vestidos formais ou smoking), tem sido usadas por muitos anos para ajudar a

tornar a ocasião especial. Jóias, usadas somente em ocasiões de rituais, ajudam a aumentar o senso da

peculiaridade. A famosa flor leis do Havaí, dada como cumprimento e honra, é uma variante. Decoração

especial para ajudar os efeitos do ritual, incluem flores, bandeiras, mobiliário, e arranjos feitos para o ritual.

Instrumentos especiais poderiam ser bastões, bengalas, xícaras e tigelas, estátuas ou qualquer coisa usada no

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ritual. Comida especial, poderá adicionar muito ao ritual. Ás vezes esta comida, só é preparada quando o ritual é

feito, como os biscoitos de Natal, ou Hallah (um pão especial, comido somente no sabbath ou feriados judeus), e

ás vezes é alimento regular transformado em especial através de bênçãos ou designação para o uso do ritual. No

velho Havaí a lula era um alimento popular, mas era transformada em refeição especial para um ritual de cura,

pelo xamã, que lembraria ao paciente, que a palavra para lula, he'e, também significava “fugir” e que comendo

isso, a doença fugiria. Os xamãs havaianos estavam entre os mestres pioneiros de placebos, e não tentaram

esconde-lo.

3 - Movimentos especiais. Nos rituais, as pessoas fazem movimentos que raramente ou nunca fazem outras

vezes. Há quase sempre gestos especiais, maneiras de mover os braços e mãos, para enfatizar, realçar ou

abençoar algo que está acontecendo. Posturas especiais podem ser usadas por um ou mais dos presentes,

geralmente os lideres, a não ser que todo o grupo esteja fazendo a mesma coisa. A maioria das pessoas, está

familiarizada com a Hula Havaiana, ou pelo menos, a auawana moderna ou show de hula. Não muitos, (embora

isto esteja mudando), são conscientes do Kahiko, ou o antigo estilo do ritual da Hula. Mesmo que esteja

começando a ser apresentado como um show e ainda seja usada, em vários rituais para torna-los muito

especiais.

4 - Sons especiais. À parte dos sons de abertura e encerramento para chamar a atenção; há sons especiais

para serem usados no próprio ritual. Um deles é a entonação. Palavras rituais que são faladas como numa

conversa comum não tem nenhuma sombra de impacto que as mesmas palavras faladas num certo tom de voz

reservado aos rituais. Se você puder se lembrar da entonação usada por alguém que vai fazer a prece de abertura

ou a benção numa reunião, que você tenha assistido, você saberá o que eu quero dizer. Haverá talvez um certo

ritmo que envolva a voz num cântico. Ou algum instrumento de percussão (tambor de corda,cabaças havaianas)

para enfatizar ou começar as palavras rituais. A musica está naturalmente incluída, mas é uma música especial,

designada, feita ou tradicionalmente usada para o ritual. A especialidade poderá ser indicada pelo estilo da

musica (um hino de igreja), por seu conteúdo (a musica popular “Greensleeves” torna-se “Que criança é esta?”

numa celebração de Natal) pelos instrumentos usados (a cabaça havaiana, só é usada em ritual hula), ou pelo

contexto (“Que haja paz na Terra”), pode ser cantada a qualquer hora mas tem um impacto maior numa reunião.

Sons especiais, também indicam em palavras especiais usadas somente para rituais, como preces e bênçãos o

uso de uma linguagem especial. A linguagem especial, que não é compreendida pela maioria dos presentes seja

sânscrito, japonês, hebraico, latim, havaiano ou qualquer outra, terá algum impacto só porque tem um som

diferente, mas o impacto terá mais significação se for traduzido, em algum ponto mesmo que parcialmente.

Agora lhe foram dados todos os elementos de um bom ritual. Vamos ver alguns exemplos de como eles

funcionam juntos.

Há pouco tempo um grupo do continente em visita a Kauai, ficou num acampamento nas montanhas de

Kokee. Antes de vir, eles tinham me escrito e pedido, para que eu me juntasse a eles para uma cerimônia da lua

cheia numa sexta-feira á noite. Achei que seria divertido. Minha esposa e eu fomos, jantamos com eles e nos

divertimos, até que todos sentamos num círculo em volta de uma fogueira. A lua estava bem visível e linda,

mas todos estavam sentados num silêncio embaraçoso, e eu comecei a pensar quando ia começar. Finalmente o

líder se curvou para mim e sussurrou: “Você gostaria de começar a cerimônia agora?”. Bem, aquilo foi uma

surpresa. Eu pensei que estivesse lá como convidado. Não havia preparado nada e os havaianos não faziam

cerimônias da Lua Cheia (eles já tinham cerimônias que eram baseadas na lua cheia mas não relacionadas á lua

cheia, nem na noite de lua cheia). Eu não tinha nenhuma tradição em que me basear, mas como um xamã eu

conhecia os elementos que fazem um bom ritual e cerimônia. Disse para que todos se dessem as mãos fizessem

uma prece sobre a lua, abençoassem os bastões, nos quais eles estavam trabalhando para o treinamento, ensinei-

lhes um cântico curto e terminei com outra prece. Todos ficaram impressionados e felizes.

Em outra ocasião, durante conferência numa Universidade do Meio Oeste, recebi um convite para presenciar

um ritual que estava sendo dado por um xamã índio americano. Algo me disse, para levar junto a minha

semente-kukua lei e a minha trombeta de concha (objetos especiais), para usar uma bandana (tira ou fita em

volta da cabeça), e uma camisa aloha (roupa especial). Quando cheguei, havia umas 100 pessoas formando um

grande círculo segurando as mãos (área especial). Assim que notaram a minha presença, pediram que entrasse

no círculo com um xamã hasídico (judeu), que também estava lá. O índio começou com um grande grito

(começo forte), e chacoalhou seu chocalho e nomeou as 7 direções em sua língua e em inglês (significado

claro). A seguir, o xamã hasidico fez o mesmo, com seu tamborim, em hebraico e em inglês e eu segui com a

minha concha, nomeando as direções em havaiano e em inglês (na verdade meu lábio estava ferido naquela

noite e minha trombeta crepitou de modo confuso, mas continuei assim mesmo, e ninguém pareceu notar. No

show business, você tem que aprender como improvisar). Nesta altura, a cerimônia tinha sido formada no

círculo familiar, com um começo, uma metade e provavelmente um final, e uma rotação de funções. O índio,

levou todos a se moverem para frente e para trás, acompanhado de um cântico, enquanto ele fez uma pequena

dança no meio do círculo, com seu chocalho. Isto, foi seguido pelo xamã hasidico, dançando com seu tamborim,

enquanto todos cantavam uma canção hebraica. Aí chegou a minha vez. Para manter a efetividade do ritual, tive

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que continuar com a mesma forma mas não havia nada na tradição havaiana para servir naquela situação. Então,

como um bom xamã, eu inventei algo na hora (improvisei). Inicialmente fiz todos cantarem os sete princípios

em havaiano, enquanto me balançava para frente e para trás então, dancei uma dança em volta do círculo, que

tinha um sabor de Hula. Todos adoraram, especialmente porque, fazia bem e foi apropriado. O ritual terminou,

de maneira forte e com um impacto sensorial forte de abraços mútuos e todos satisfeitos.

Eu até faço meus cursos de treino xamanico em forma de ritual. Sempre temos uma abertura formal para ter

um começo forte e abençoamos o espaço que foi, previamente preparado em forma de círculo, quando possível.

Há um pouco de decoração havaiana e musica havaiana, e eu uso minha bandana, camisa, lei e bastão, sobre os

quais dou uma explicação. O formato do curso é preparado para que o padrão seja familiar e previsível e há

muita participação do grupo para o impacto sensorial. Sempre temos um encerramento forte e formal. A forma

do ritual é de grande ajuda para o aprendizado.

O formato básico para um ritual é:

1 - A preparação. É quando você pega suas coisas e roupas juntas, arruma a mobília, prepara a música,

planeja a seqüência e designa uma área especial. Um grande ritual, pode levar semanas para preparar ou alguém

pode lhe pedir de uma hora para a outra para fazer um ritual, como na minha cerimônia da lua cheia. Uma vez

que você tenha a informação deste capítulo, isso não deverá ser um problema. No meu curso, eu deixo meus

alunos saberem um dia antes, que eles terão que fazer um ritual, mas só lhes dou de 10 a 15 minutos para

realmente planejar e se preparar. Nessa altura, eles já aprenderam os elementos básicos do ritual, e os resultados

são muito bons.

2 - A abertura. Um gesto dramático, palavras de oração ou cumprimentos, uma música para chamar a

atenção ou familiarizar-se com o processo, de alguma maneira, são aberturas boas e fortes. Uma das melhores

aberturas, que eu experimentei, foi numa conferencia na Nova Zelândia, usando um modelo modificado Maori.

Foi ao ar livre e os anfitriões estavam todos numa fila de um lado do gramado, com os convidados do outro

lado. Os anfitriões começaram cada um dando cumprimentos formais e improvisados aos convidados e á Terra.

Então, alguns convidados voluntários responderam aos cumprimentos. Finalmente, os convidados, formaram

uma fila e começaram num dos lados da fila dos anfitriões, a abraça-los e a se apresentar um por um, até o fim

da fila. Conforme cada convidado terminava com a fila dos anfitriões, dando abraços e se apresentando, outra

faria a mesma coisa, até que todos foram apresentados. Foi muito divertido e formou-se uma ligação entre os

participantes, mas levou um bom tempo.

3 - Conteúdo. Isto é simplesmente fazer o que está envolvido com o propósito do ritual. Geralmente, quanto

mais curto for o conteúdo, mais formal será e quanto mais comprido for, mais informal será. Uma cerimônia de

casamento é bem formal, mas os Jogos Olímpicos são relativamente informais, entre as cerimônias de abertura e

de encerramento.

4 - O Final. Aqui, você chama novamente a atenção de todos e faz um final definido para o ritual. Isto é vital

e muitas vezes ignorado, o que poderá fazer uma grande diferença no sucesso do ritual. Um bom final, reforça a

união do grupo, a memória do ritual, dá uma transição clara e confortável da formalidade para a informalidade e

indica às pessoas que já podem ir embora. Um final claro, pode ser feito com uma declaração bem definida ou

preces, sinos, apitos ou gongos; cantos em grupo, apertos de mão ou abraços, ou o popular e velho favorito

aplauso.

Nas secções seguintes, vou dar exemplos de rituais específicos, que podem ser usados pelo moderno xamã

urbano. Como sempre, sinta-se livre para modificar, adicionar ou dispensar.

UM RITUAL DE CURA

Este é um ritual de cura efetivo, embora seja bem simples. Antes de começar, obtenha um par de paus curtos,

chocalhos ou castanholas (chame-os de percussão) . Dependendo do tamanho do seu grupo, comece, formando

um círculo e fazendo de uma a quatro pessoas, que quiserem receber a cura, sentar-se dentro do circulo com as

costas contra as costas do outro,se mais de uma pessoa for curada. Faça com que eles mantenham o foco numa

expectativa positiva, para a cura desejada. Dê os instrumentos de percussão a um dos pacientes, no centro, para

ser o batedor principal. Faça uma abertura formal, talvez expressando o desejo ou a intenção da cura, e faça com

que o grupo que forma o círculo segure as mãos. Diga para o batedor para começar um ritmo constante em 4

tempos com os percussores, mais ou menos, o batimento de uma pulsação relaxada.Os outros pacientes devem

manter o mesmo ritmo com um suave bater de mãos. Isto manterá os pacientes envolvidos e atentos. Após o

ritmo alcançar uma batida regular, comece com um cântico, cantado pelos que estão formando o círculo, dentro

do mesmo ritmo. Você poderá inventar o seu próprio cântico ou usar este que você já viu antes.

“Esteja aberto, esteja livre, esteja focalizado, esteja aqui, seja amado, seja forte, seja curado”.

Durante qualquer canto que você use, faça sempre uma pausa para respirar pelo menos durante um ritmo.

Com o canto acima. a seqüência da batida poderá ser assim, com cada numero representando uma frase do

cântico.

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1;2;3;4;5;6;7 – pausa –1;2;3;4;5;6;7 – pausa – 1;2;3;4;5;6;7 – pausa.

Uma boa alternativa seria:

1-pausa -2- pausa -3- pausa- 4- pausa -5 -pausa -6- pausa -7 –pausa - etc.

A pausa é só para o cântico, não para o ritmo. Os instrumentos devem continuar sem parar. Mantenha o

cântico até que pareça bem firme e semi-automático. Isto pode levar de 1 a 5 minutos. Faça a pessoa que está a

sua esquerda mover-se para o centro do circulo. Feche o círculo enquanto aquela pessoa toca gentilmente nos

pacientes, na cabeça ou nos ombros, e suavemente dê uma benção, prece ou afirmação. Levará menos tempo se

somente uma declaração for feita para servir a todos os pacientes. Quando terminar, a pessoa voltará para o

círculo e a próxima pessoa á sua esquerda. fará a mesma coisa e assim por diante. Este processo deve continuar,

até que todos do circulo tenham participado. Durante o tempo todo, o cântico e o ritmo continuarão. Após você

como líder, terminar a sua tarefa deixe o cântico e o ritmo continuar por mais ou menos 1 minuto e então faça

um fim abrupto gritando “Feito”, ou se você quiser uma palavra havaiana “Pau”. Termine com o grupo,

inclusive os pacientes, se abraçando e traga todos para o presente, permitindo que todos partilhem das suas

experiências.

Como assunto prático você notará que devido á alta energia e o foco requerido o batedor de ritmo poderá ter

a tendência de entrar em transe e se atrapalhar com a batida. Então caberá a você usar o cântico, para reforçar e

manter a batida. Geralmente, isto trará o batedor de volta á sua batida. A chave poderosa deste ritual, é manter o

foco. Eu sugiro que você como líder mantenha os olhos sempre abertos.

UM RITUAL DE JORNADA

Uma das coisas mais bonitas para você fazer como um xamã urbano, é uma jornada ao Mundo inferior por

alguém (para outra pessoa). Representando um ritual em conjunto com a pessoa para a qual, você estará fazendo

a jornada,escolha um lugar quieto, onde você poderá sentar-se com seu amigo, sem ser perturbado, por pelo

menos meia hora. A jornada poderá levar 10 minutos mas permita-se algum tempo extra, caso leve mais tempo e

para depois de terminada ter tempo de discuti-la com seu amigo. Comece perguntando a seu amigo, qual poder

ele/ela não tem ou gostaria de ter, para curar uma condição ou atingir uma meta. Saiba que o seu papel, não é o

de curar esta pessoa, mas achar poder para ele/a fazer a sua própria cura ou mudança. Continue estabelecendo

um relacionamento profundo com Kahi mútua. O contacto físico, não precisa ser mantido durante a jornada.

Quando você estiver pronto, feche os olhos, vá para o seu Jardim e focalize com visão som e toque. Chame

então o seu Animal de Poder e encontre um caminho que o leve ao Jardim de seu amigo. Uma vez lá procure um

buraco no chão que é a entrada para Milu. Entre e prossiga na sua busca, lidando com quaisquer desafios que

surjam na caminhada para encontrar seu objeto de poder. Quando encontrar, traga-o de volta, através do

Jardim de seu amigo onde você deixa a forma e traz o espírito ou essência de volta, através de seu Jardim, para o

momento presente.

Segurando o espírito do Objeto de Poder em suas mãos, como se fosse físico coloque-o no corpo de seu

amigo, (em qualquer lugar do corpo), com uma benção e termine com um abraço. Agora, o que eu ainda não

disse o que faz este ritual excepcionalmente poderoso, é que você terá que descrever em voz alta, para seu

amigo tudo que aconteceu, desde a hora em que você entrou no seu Jardim, até o momento em que colocou o

espírito do objeto de poder no corpo dele/dela. Isto tem o efeito duplo de aumentar incrivelmente o seu próprio

foco e adicionar a atenção focalizada do seu amigo á jornada. Daí em diante você terá partilhado uma

experiência interior que nenhum de vocês dois jamais esquecerá.

A BENÇÃO DE UMA CASA

Abençoar uma casa recém construída,. comprada, alugada ou re-inaugurada (reformada), apartamento,

condomínio, escritório ou loja, é um serviço bonito para fazer para alguém. Faz com que todos se sintam bem e

dá uma sensação positiva de um novo começo. Enquanto as possibilidades são ilimitadas, aqui está uma prática

modificada havaiana. Seu propósito é assegurar coisas boas para o lugar e as pessoas que o usam.

1 - Prepare-se, usando alguma coisa especial, que o distinga como aquele que vai abençoar. A coisa mais

simples, seria alguma coisa para usar em volta do pescoço, como um lei, um colar, um pendant ou até um laço

de fita. Tenha também uma tigela pequena, com água fresca e algo para molhar na água e espirrar. No Havaí,

isto seria uma folha de ti ou uma folha de samambaia, mas qualquer folha comprida ou até um cristal ou uma

vara, servirão. Se nada tiver, use os dedos. Drapeje um laço na frente da porta principal. No Havaí, isto seria

feito com 2 folhas de maile, leis, amarradas juntas. Os tradicionalistas verdadeiros, pendurariam folhas de

lauhala ou laços na parte de cima da porta, que não seria cortado até o dia da benção.

2 - Abra o ritual da benção na porta com palavras apropriadas como: “Todos e tudo sejam testemunhas,

assim começa a benção desta casa”. Então corte ou desamarre o laço de fita ou lei. Enquanto faz isto diga: “O

cordão está cortado” (solto). Nascida esta a casa (apartamento, etc.), e assim por diante. Respire em cima da

tigela com água 4 vezes e entre na casa.

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3 - Dentro espirre uma pequena quantidade em cada quarto, enquanto você fala a benção. Uma regra é

espirrar nos quartos grandes e importantes duas vezes, da porta. Você poderá dizer qualquer coisa para a benção.

A maneira mais simples, seria: “Eu abençôo (ou seja abençoada) esta sala de visitas”, mas é mais bonito e

especifico assim: “Que este quarto (sala de visitas), esteja cheio de amor e de paz ou que este escritório tenha

sucesso e prosperidade”. Não esqueça de incluir o quintal ou jardim, se for apropriado. Geralmente é suficiente

espirrar os cantos.

4 - Um bom final seria envolver o dono/inquilino ou convidados. Um bom final seria para o dono/inquilino

acender uma vela, uma luz, ou colocar um objeto num lugar especial, e para os convidados darem seus votos de

boa sorte ou bênçãos. Suas palavras finais: “Esta casa (apartamento, etc) está abençoada”. Aqui, aplausos

também seriam apropriados.

A BENÇÃO DE UMA TERRA

Você poderá querer fazer um ritual de benção de uma terra que tenha sido comprada, quando a escritura for

lavrada ou quando uma construção for começar. Isto poderá ser combinado com a benção anterior.

1 - Prepare-se com uma tigela com água fresca, uma folha ou vara para espirrar, um sino, paus para o ritmo,

ou chocalhos, e algo especial para usar. Também, tenha 4 plantas e um instrumento para cavar, (No Havaí,

seriam plantas de ti, mas no continente, qualquer planta favorita ou uma que signifique boa sorte, poderá ser

usada) ou 4 pedras (cristais, mas qualquer pedra servirá). Uma trombeta de concha, seria uma boa adição. Eu

gostaria de incluir uma flauta havaiana, mas qualquer outro tipo também servirá, se você ou alguém do grupo

puder tocá-la. Se for muito para carregar, peça para alguém ajuda-lo ou coloque tudo dentro de uma sacola.

2 - Inicie no meio da terra se possível, ou então em qualquer canto, tocando um instrumento de percussão ou

uma trombeta, e dizendo palavras como: “Estamos aqui para abençoar e dar nascimento á terra (ou projeto),

etc.”

3 - Caminhe para um canto, se você começou no centro, tocando seu instrumento de percussão ou por um

pouco de tempo, se você já estiver no canto. Agradeça ao chão, por permitir você cavar um buraco para a planta

ou pedra. Apresente a planta ou pedra para as sete direções (leste, sul, oeste, norte, acima, abaixo, e no centro) e

coloque-a no buraco, dizendo-lhe silenciosamente ou suavemente para fazer um bom trabalho, trazendo

harmonia e boa sorte para a terra. Encha o buraco, e toque uma canção na flauta para fazer com que a planta e a

pedra sintam-se confortáveis em sua nova casa (pode usar um instrumento de percussão se quiser). Respire na

tigela com a água, 4 vezes e espirre a água na planta ou pedra, dizendo: “Eu abençôo (ou abençoado seja) o

poder desta planta (pedra), para trazer harmonia e boa sorte para esta terra (projeto)”. Dirija-se para o outro

canto, tocando seu instrumento de percussão e repita o ritual. O dono/inquilino, poderá participar disto. Se a

terra for muito grande ou inconveniente para você caminhar para cada canto, faça buracos perto um do outro,

dizendo em voz alta, que esses buracos, simbolizam os cantos. Se não for possível cavar buracos, coloque

pedras, folhas ou plantas em vasos, nos cantos, dizendo que eles simbolizam a boa sorte, sendo plantadas nos

cantos. Após o término do ritual principal, segure-as e diga-lhes que “O seu propósito foi servido, agora vocês

estão livres para outras coisas”. Lembre-se do Sétimo Princípio - há sempre outra maneira de se fazer qualquer

coisa.

4 - Quando todos os 4 cantos tiverem sido abençoados, volte ao lugar onde começou. Agora faça o

dono/inquilino cavoucar um pouco de terra e revira-la, enquanto você diz: “Que todos e tudo dêem o seu

testemunho ao nascimento desta terra (projeto), etc. Seu nome é (aqui, você dirá o nome da terra ou do projeto,

que poderá ser até o endereço ou algo mais elaborado).Deixe a celebração começar”.Comece a aplaudir. Eu

sempre gosto de terminar um ritual de benção com alguma forma de celebração.

A BENÇÃO DE UM CARRO

Em tempos antigos, era muito comum abençoar coisas pessoais como: cavalos, coches, barcos e até itens

pessoais. Este tipo de benção nos ajuda a manter uma boa relação xamanica com outros tipos de vida, com que

convivemos. A seguinte benção é designada para um carro,mas é adaptável a qualquer outra coisa.

1 - Prepare uma tigela com água fresca, algo para espirrar a água, e algo especial para usar. Se você não

quiser água no seu carro, ou qualquer outra coisa que você esteja abençoando, encha a tigela, esvazie-a e

continue como se você tivesse a água na tigela. Sem problema.

2 - Comece na frente do carro (ou outro pertence) e diga:

“Todos e tudo que dão testemunho a esta benção”.

3 - Espirre a frente e diga. “Que este carro seja sempre de serviço útil e harmonioso para o seu dono”. É

lógico que você poderá mudar as palavras como quiser. Ande em volta do carro e faça o mesmo nos outros 3

lados.

4 - Quando voltar á frente diga “O nome deste carro é; (o que o dono lhe disse)”. A benção foi feita.

Embora eu não tenha dito ainda, é sempre apropriado usar um gesto final para um senso real de final. Na minha

tradição, temos um movimento de mão que se parece como se estivéssemos limpando uma janela. Com a sua

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mão direita na direção do relógio e feche seu punho. Use o que lhe servir.

UM RITUAL DE LIMPEZA

Ás vezes, acontece que um lugar ou um objeto torna- se associado a sentimentos ou experiências negativas,

em conseqüência de alguma coisa desagradável que tenha acontecido naquele lugar ou com o objeto, ou podem

ser só “vibrações”, que não sejam boas ou as pessoas não se sentem bem quando estão perto dele ou as coisas

simplesmente não estão bem naquele lugar ou presença. Seja qual for a causa, um ritual de limpeza pode ser

apropriado para mudar o padrão do lugar ou coisa. Ou simplesmente para acalmar os Kus das pessoas

envolvidas. O ritual que se segue é muito simples, mas bem efetivo, especialmente se for feito num estado de

forte confiança.

1 - Prepare uma tigela com água salgada, alguma coisa para espirra-la e algo especial para usar. Os

havaianos usariam água fresca para abençoar e água do mar para limpar. Você poderá usar sal marinho para

salgar a água ou sal comum, ou sais para banho. Para este ritual, sal é sal. Use mais ou menos uma colher das de

chá, para qualquer quantidade de água. Traga também consigo, um objeto que represente paz, harmonia ou

qualquer qualidade que você quiser que o ritual possua.

2 - Comece com uma declaração forte como: “Que todos e tudo sejam testemunhas.Estou aqui com o poder

para harmonizar este lugar (objeto)”.

3 - Espirre o lugar ou objeto 5 vezes, dizendo a cada vez algo como: “Neste momento, aqui e agora, a

harmonia cresce”.

4 - Termine, colocando o objeto que você trouxe consigo, num lugar de destaque, perto do objeto que está

sendo limpo dizendo: “Eu dou poder a (nomeie o objeto que você trouxe) para completar a limpeza, até amanha

ao meio-dia. Esta é a minha palavra. Que seja feito”. Faça então, um gesto de finalização e saia. Como um

objeto simbólico, você poderá usar alguma coisa que você sabe que se relaciona com a pessoa para quem você

está fazendo a limpeza, como um símbolo religioso, ou algo mais neutro como um cristal. Eu usaria uma noz de

kukui, que simboliza a iluminação. A coisa principal não é o que você usa, mas o quanto confiante você está. É

a sua confiança que mudará o padrão e se houver também confiança no símbolo, melhor ainda.

UM RITUAL DE PAZ

Você já deve ter lido sobre a chamada Convergência Harmônica. Algumas pessoas me perguntaram se o

nosso grupo de Kauai ia fazer alguma coisa com isto. Não havíamos planejado, porque haviam certas suposições

envolvidas de que não gostamos muito. Mas como mais pessoas perguntaram a mesma coisa, e pensamos mais

sobre o assunto, decidimos faze-lo. Qualquer desculpa para se juntar á paz, é boa. No grande dia, juntamos mais

ou menos 200 pessoas intencionalmente fortes, num dos lugares mais especiais do Pacifico. Fizemos o seguinte

ritual no cimo acima do rio Wailua perto de um templo menehune, chamado Poliku (os menehunes eram uma

raça antiga que havia vivido em Kauai, antes da chegada dos havaianos). 1 - Nos preparamos obtendo leis

suficientes para todos, cortando uma vara de folha de ti para mim, e providenciando uma trombeta de concha

para meu assistente.2 – Na abertura juntamos todos num círculo.Eu fiz uma prece curta de bênçãos e

saudações,uma declaração sobre o amor e paz e sobre o propósito da nossa reunião. Para começar o ritual fiz

com que todos se juntassem em pares, segurando as mãos e deixar seu parceiro simbolizar seus pais, irmãos,

esposa e/ou amigos íntimos ou inimigos. Pensando no seu parceiro com um ou mais dos acima citados deveriam

silenciosamente dar ou pedir perdão e fazer as pazes com eles. Dei-lhes 5 minutos para isso e 5 minutos também

para cada um dos seguintes. Após a paz individual ter sido feita, fiz com que se juntassem em 4, esse grupo

representaria a família, amigos, colegas, pessoas com que trabalhavam, empregados, estudantes, professores ,etc

.Da mesma forma fiz com que fizessem as pazes entre si. Em seguida, em grupos de 6, representando seus

vizinhos, vila, cidade e estado também fazendo as pazes e então em grupos de 16 representando suas próprias

nações e as de outros em paz. Finalmente todos formaram novamente um círculo representando toda a terra e a

natureza e fazendo a paz com tudo. 4 – Terminamos com uma canção de paz, uma benção final e um luau

improvisado. Eu disse que gostava de celebrar após um ritual. É uma boa tradição havaiana.

DÉCIMA SEGUNDA AVENTURA

A ASSOCIAÇÃO DAS MENTES

E lauhoe mai na wa ' a; i ke ka., i ka hoe;

I ka hoe, i ke ka; pae aku i ka aina.

(Todos remam as canoas juntos; tirem a água e remem,

remem e tirem a água; e a praia é alcançada).

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O verdadeiro poder dos seres humanos, suas habilidades de influenciar e de mudar o mundo, vêm da sua

capacidade de trabalhar juntos para uma meta comum. Livros de história, vindos de um desejo de simplicidade

ou devido a ignorância dos fatos, tendem a focalizar-se em indivíduos como reis, rainhas, presidentes ou

ditadores, políticos populares e líderes. exploradores famosos e cientistas. Isto é compreensível, porque é mais

fácil focalizar neles. Mas as canoas são movidas para frente por remadores, não pelos chefes.Navios alcançam

seu destino tanto por causa da sua tripulação quanto do capitão. Os líderes são úteis e em alguns casos talvez a

parte mais significativa de um time, mas não são críticos como tal. Assisti a uma Sinfonia na qual as orquestras

tocaram sem o maestro, assisti times de esporte jogarem sem o capitão. e uma vez, fui parte do elenco de uma

peça, cujo diretor era tão incompetente que o elenco ignorou-o e se dirigiram a si mesmos com ótimas críticas.

Disseram-me que um ônibus não vai a lugar nenhum sem o motorista, mas o motorista não irá a nenhum lugar

sem os pneus, gasolina, um motor, ou um chassis, etc. E, sem passageiros, não faz sentido ir a algum lugar.

Quando eu estava na África fazendo um trabalho de desenvolvimento comunitário, havia o protocolo de ser

necessário falar com o chefe da vila antes de fazer um projeto. Com esse ritual cumprido os moradores da vila

se davam permissão de escutar. Eles eram aqueles que tinham que ser convencidos do valor do projeto porque

eles eram os que iam fazer o trabalho. Recentemente, li uma história sobre Alexandre, o Grande, reverenciado

como um gênio político e militar, bem como um deus no seu tempo. Até esse homem extraordinário não podia

fazer mais ou ir mais longe do que suas tropas quisessem. Quando eles se recusavam a continuar lutando, ele

tinha que prestar atenção em manter a paz nas terras já conquistadas.O propósito desta tirada, é de enfatizar a

importância da energia do grupo e intentar criar uma mudança. Os lideres podem ser úteis como símbolos e

pontos de foco para as aspirações de um grupo, mas para certas coisas, não precisamos esperar por líderes.

Podemos ir em frente e agir com outros que pensem como nós. É exatamente isso que nós, xamãs urbanos,

devemos fazer efetivamente para o mundo ser um lugar melhor para todos e para tudo, porque não há um

suficiente número de líderes caminhando nessa direção.

Naturalmente, você poderá se juntar ao primeiro nível local existente e a grupos globais e cadeias que

estejam preocupados com a terra e que ativamente se envolvem em projetos do primeiro nível. Mas também, tão

naturalmente, eu quero partilhar algumas maneiras nas quais você poderá operar com técnicas do segundo nível

em projetos de primeiro nível. Para agir em outras palavras, como um moderno xamã urbano, juntamente com

qualquer outra coisa que você faça.

GRUPOS KOKUA

Kokua é uma palavra havaiana que significa “ajuda, assistência, cooperação”. Um grupo kokua, como usado

pela nossa organização Aloha Internacional, é um grupo de 3 a 7 pessoas, que usam a sua habilidade xamãnica

para ajudar-se mutuamente e á comunidade. Você pode ter mais pessoas no grupo se quiser, mas se forem mais

do que 8 terá a tendência de se transformar numa aula. Tudo bem se você quiser uma aula, mas perderá os

benefícios do verdadeiro apoio mútuo. Se você começar um grupo e crescer depressa, você terá melhores

efeitos se dividi-lo em times pequenos quando chegarem a 9. Então, durante as reuniões você poderá ter tempo

para as atividades em equipe bem como as atividades do grupo.

O que você faria num grupo assim? Aqui estão algumas sugestões para uma reunião típica.

1 - Comece sentando-se num círculo segurando as mãos e fazendo Nalu nos princípios para reforçar o

entendimento do xamanismo e. para harmonizar as suas energias.

2 - Faça com que cada pessoa partilhe uma boa experiência, que tenha tido. desde a última reunião. Seria

preferível. uma experiência no uso prático ou, em beneficio do xamanismo, mas qualquer boa experiência

servirá. Isto dará um tom positivo para a reunião e reforçará a união do grupo. E importante que só sejam

partilhadas as boas experiências. Ku vai em busca do prazer e para longe da dor. Queixas e críticas, mesmo que

sejam justificáveis enfraquecerão a união e subverterão o propósito de cura do grupo. Isto não tem lugar numa

reunião kokua. Se você tiver que discutir coisas negativas, escolha outra hora e outro lugar.

3 - Xamanize para a sua comunidade local (poderá ser a sua vizinhança, cidade, país ou estado).

“Xamanizar” quer dizer, usar qualquer uma das habilidades xamanicas para curar ou harmonizar. Seria bom

escolher um projeto especifico, para trabalhar em conjunto, mas não é preciso usar o mesmo método para

trabalhar. Digamos, que você decida xamanizar os desabrigados da sua área. Um de vocês poderá cerca-los com

uma cor de la'a kea. para ajuda-los a ter sucesso nas suas buscas por uma casa (ou abrigo); outro, poderá fazer

Nalu numa forma-pensamento de que eles estivessem abrigados; outro poderá fazer grok em alguns lideres da

comunidade para inspira-los a agir mais rapidamente sobre o problema; outro, poderá sintonizar num sonho dos

desabrigados e muda-lo. Você terá que decidir em qual dos assuntos pendentes da sua comunidade você quer

trabalhar. Lembre-se de trabalhar em soluções positivas e não contra alguém ou alguma coisa. Dêem-se pelo

menos 5 minutos para xamanizar e depois partilhem as suas experiências isto ajudará a reforçar a memória e

unir, e também servirá como uma forma de ensino mútuo.

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4 - Se houver um problema nacional ou internacional, que cause suficiente preocupação para um ou mais

membros do grupo, xamanize para aquilo, neste momento, da mesma forma que o acima mencionado.

5 - Agora, xamanize um para o outro. Deixe cada pessoa nomear uma coisa que ele/ela gostaria de ajudar.

Poderia ser algo relacionado á saúde, finanças, um relacionamento, ou o crescimento pessoal, e poderia ser

pessoal ou para alguém de fora do grupo. Xamanize para uma pessoa de cada vez e partilhe após cada pessoa ou

no final. Quanto mais pessoas, mais tempo será preciso. Cinco minutos por pessoa estará bom para um grupo de

3 a 4 mas, num grupo maior, você, talvez queira manter o tempo aquinhoado para 3 a 2 minutos por pessoa.

Assegure-se de manter o mesmo tempo para cada membro do grupo. Se uma pessoa tiver um problema severo

você poderá trabalhar mais nele, antes ou depois da sessão Kokua. Muitos grupos têm se desfeito porque uma ou

duas pessoas tem monopolizado o tempo, mesmo apesar de claramente necessitarem de muita ajuda. Você

precisa lembrar-se. que isto é um grupo de apoio mútuo para xamanizar. Não permita que se transforme num

grupo de terapia para alguns, porque não funcionará.

6 - Faça um final com uma meditação, uma canção ou uma prece (ou todos os três). Você já sabe como, do

último capítulo.

7 - Após o encerramento, permita tempo para a socialização. Novamente, isto reforça a união e é

simplesmente gostoso. Alguns grupos somente conversam, outros têm um jantar trivial, ou comem salgadinhos

ou saem juntos. Para maior efetividade, faça a xamanização antes da socialização e não as misture.

Encontrar-se uma vez por semana é típico e efetivo. Poucos têm tempo para encontrar-se mais vezes. Uma

vez cada 2 semanas ou 1 vez por mês. também funciona, mas menos do que isto não funcionará bem para um

grupo intimo. Mesmo um grupo pequeno como este, necessita de um pouquinho de organização. Alguém vai ter

que fazer telefonemas, arrumar o lugar para a reunião e talvez guiar a reunião. Uma solução é selecionar um

facilitador por um período de tempo digamos um mês ou um quarto do mês. Outra é ter um facilitador diferente

a cada reunião, rodando entre os membros, em turnos.

UM XAMÃ HUI

Um Hui é qualquer tipo de organização para trabalhar, se divertir ou se reunir como uma companhia, uma

sociedade, um clube, uma associação, ou uma cadeia de trabalho. A Aloha Internacional tem sete diferentes Hui,

sociedades xamanicas ou redes, cujos membros trabalham juntos em projetos de interesse global, mesmo

morando longe uns dos outros. Você poderá se juntar a qualquer organização, trabalhando em problemas globais

no primeiro nível e simplesmente adicionar as habilidades do segundo nível ao trabalho deles. Uma descrição

desses Hui, e de suas áreas de atividade, poderá ajuda-lo a formar o seu próprio ou dar- lhe idéias de onde você

poderá colocar as suas habilidades para bom uso.

1 - A ONDA HUI - Um dos projetos deste hui é ajudar os golfinhos encontrados ou pescados, que estão

correndo o risco de se afogar em redes para pescar atum yellowfin. O atum nada debaixo dos golfinhos os

pescadores capturam os golfinhos quando pescam o atum. Os xamãs, estão trabalhando nisto usando

comunicação intuitiva, grokking, e mudando o sonho ou para ensinar os golfinhos e atuns a não nadarem

juntos. Este hui funciona bem com baleias e outros animais marinhos mamíferos e com coisas como maremotos

e a poluição dos oceanos. Se a solução de um processo não for clara numa situação (como separar os golfinhos

do atum) o foco do xamã deve ser o resultado final (ex. o desaparecimento de um vazamento de óleo). Devido á

maneira da realidade operar no segundo nível os xamãs, ao focalizar um resultado final positivo, estarão

indiretamente energizando as soluções em movimento e inspirando novas, dentre aquelas que estão fisicamente

envolvidas. Contribuir com fundos de organizações em cujo trabalho você acredita é bom, contribuir com o

pensamento focalizado é tão bom ou melhor ainda.

2 - O CRISTAL HUI - Este Hui. funciona com terremotos, erupções vulcânicas, renovação do solo e

localização e uso de fontes minerais. O tipo de trabalho que poderá ser feito com terremotos e vulcões foi

discutido anteriormente. A renovação do solo é um campo excitante porque maneiras e recursos já existem para

se transformar o barro morto em greta viva e o foco xamanico pode ajudar a espalhar isto pelo mundo. O local

de novas fontes e o uso mais efetivo e eficiente das já existentes incluindo tudo, desde o cristal até o carvão

pode beneficiar o mundo. Os xamãs podem usar a sua intenção grokking e sonhando esses empreendimentos,

bem como outras habilidades xamanicas que poderão ser o assunto de um próximo livro,como procurar água,

radiônica, etc

3 - A CHAMA HUI - Não é surpreendente que este Hui funcione em incêndios; incêndio de florestas, de

óleo,de edifícios, qualquer coisa que ameace a comunidade humana ou que tenha sido causado por humanos.

Isto também funciona com auras e nisto o la ' a kea é o maior instrumento. Como um Hui entretanto funciona

com comunidades ao invés de individualmente. Por exemplo, se uma comunidade estiver tendo discussões ou

desesperos, os membros desta Hui, sintonizariam na aura da comunidade e trabalhariam para harmonizar e

mudar a sua qualidade. Outra arma de ação xamanica é o incremento do uso da energia solar, da fusão nuclear e

de projetos similares.

4 - O ARCO-ÍRIS HUI - O clima é o domínio deste Hui. Em curto prazo ajuda a evitar ou reduzir dano ás

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comunidades humanas por furacões, tempestades e secas. Em longo prazo, o envolvimento é com pesquisa e

gerência atmosférica. É necessária uma profunda comunicação com os elementos do clima para operar num

estado de relacionamento e cooperação e não de uma tentativa de controle arrogante por alguém que busque

controle e tente forçar obediência. Não é inconcebível que membros deste Hui, xamãs trabalhando nesta área

descubram ou ajudem a inspirar maneiras de guardar e de usar as vastas energias dos ventos e das tempestades.

5 - A FOLHA HUI - Trabalhando numa larga escala, este Hui se refere á vegetais (incluindo árvores), sua

preservação, proteção e propagação. O reflorestamento, a introdução de novas espécies de plantas, o rendimento

das colheitas. São outras considerações também, a cura das plantas e a cura pelas plantas e a maneira pela qual

os humanos e as plantas podem trabalhar juntos mais produtivamente, cada um servindo as necessidades do

outro. O estudo e a prática da comunicação com plantas é uma extensão natural do trabalho deste Hui.

6 – O HUI UNICÓRNIO - Este Hui envolve trabalho xamanico com a terra e animais, que inclui pássaros,

insetos e bactérias. Ajudar certas espécies a sobreviver e a procriar, é uma grande preocupação. Bem como a

cooperação e comunicação entre humanos e animais. As velhas lendas das sociedades mais tradicionais falam

de um tempo que os humanos e animais se comunicavam facilmente uns com os outros. Em muitos casos, eram

os animais que ensinavam os humanos sobre a cooperação entre si e com o meio ambiente, e sobre os profundos

mistérios da vida. Conforme os humanos foram se tornando mais arrogantes, as suas habilidades de comunicar

ficaram perdidas. Reviveu num grau limitado em estudos científicos que observam os animais no seu habitat

natural, mas, degenerou a um buraco sem fundo nas absolutamente desnecessárias experiências cientificas, que

são feitas pelos humanos em animais. A comunicação animal é da maior importância para o bem estar do

planeta, bem como á sobrevivência humana e o crescimento espiritual. Métodos xamanicos e ações podem

ajudar tremendamente nisto.

7 - O CORACÃO HUI - As relações humanas são a responsabilidade deste Hui, usando técnicas xamanicas

e conhecimento para aumentar a paz, harmonia e a amizade entre grupos e o que os seus membros fazem.

Também estão envolvidos na pesquisa e na prática de cura xamanica do corpo e da mente humanas. Sim,

precisamos aprender a amar e a cooperar com a natureza, mas acima de tudo precisamos aprender a amar e a

cooperar conosco mesmos. Temos o conhecimento e a tecnologia para criar uma Idade de Ouro, e ao mesmo

tempo temos o conhecimento e a tecnologia para nos destruir. Não importa o que façamos, a Terra sobreviverá.

Provavelmente, reviverá rapidamente, mesmo que devastemos a sua superfície, à maneira como as samambaias

florescem. logo após a lava quente e os gases tóxicos causarem o caos, durante uma erupção vulcânica. Mesmo

que não, a Terra poderá levar milhões de anos se for preciso. Poderemos ser parte de seu destino ou desaparecer

repentinamente. O destino continuará. Com tudo o que ela dá, penso que esteja bem claro que a Terra nos ama,

mas não acho que ela nos ame mais do que suas outras crianças como os golfinhos, as formigas e as árvores.

Ainda penso, que seu amor é tão grande que ela continuará a nos amar não importa o que façamos. A Terra

nunca se voltará contra nós. O perigo vem somente de nós. Bem como a solução.

CONCLUSÃO

Há muitos anos, meditando um poema apareceu na minha mente. Parece-me apropriado usá-lo para terminar

este livro de prática para os xamãs urbanos.

ODE PARA UMA RÃ

Ronque e murmure pequena rã dentro da sua moradia lamacenta

Alguma vez você pensa em nós

Você se queixa e se inquieta

Com nossas guerras e desperdícios e ganância

A nossa corrida para a morte em descuidada velocidade

Você pensa em nosso destino

Quem prega sobre o amor e pratica o ódio

Quem desconfia e teme aqueles diferentes de nós

Embora eles sejam vizinhos ou vivam do outro lado do mar

Você ri, e ri de como nós falamos de paz

Enquanto uma mão segura uma pedra

Pronta para golpear a cabeça do vizinho

Porque ele é amarelo, preto ou vermelho

E para aqueles que gritam: Precisamos nos desarmar!

Nossos inimigos nunca nos causarão mal.

Quando eles virem que nós não temos armas nem meios de defesa.

Eles ficarão felizes em ficar do seu lado da cerca

Ou aqueles que dizem: “Ataquem e lutem”

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Nós lhes mostraremos que o poder é o certo.

Quem liga para a radiação nuclear?

É importante que nós provemos que somos a nação mais forte”

Ah, os homens dizem isto e os homens dizem aquilo,

E alguns mudam de lado e alguns são imutáveis

E alguns meramente se glorificam andando na ponta dos pés.

Mas poucos são aqueles que enxergam a grossa ponta de seus narizes

Eles fazem discursos e deliram com ardentes discursos.

E pregam, e pregam. e pregam. e pregam.

E o que é conseguido com mil palavras

E onde estão as pegadas de pássaros voadores?

Porque palavras não podem crescer colheita; ou vestir os pobres

Ou encontrar a cura para uma doença enganosa.

Eles não podem alimentar as crianças ou curar os doentes,

Ou construir um reservatório ou manejar uma colheita

Oh, eles tem o seu lugar que eu concedo.

Mas uma palavra nunca substituirá uma ação.

Sim, é a ação que conta, não o que dizemos.

Precisamos agir e fazer e liderar o caminho

Através de ações se esperamos viver

Num mundo sem ódio ou vingança ou um Muro.

Realmente acreditamos nos Direitos Humanos

Seja ele preto ou branco, amarelo ou bronzeado?

Honestamente pensamos que podemos viver sem guerras,

Com confiança e paz eternas?

Que não haja a necessidade de haver fome ou doença ou o medo

Que a morte para muitos não precise estar tão perto

Se nós acreditamos então vamos agir e fazer desta velha Terra

Um lugar onde verdadeiramente a alegria cuidará de cada nascimento.

E se não o fizermos? E se somente nos sentarmos e esperarmos

Até que as bombas começarem a cair e nos saibamos que é muito tarde?

Estas são perguntas que também me faço pequena rã,

Enquanto sentado à mesa ou dirigindo na estrada

Se jogarmos nossas terríveis bombas monstruosas,

Você se sentará aí serena, paciente e calma ?

Ou você simplesmente rirá, pensando em quando

A Terra não será mais atormentada pelos homens?

Se ao invés disso reconhecermos a Terra como nossa Mãe,

E todas as suas criaturas como irmãs e irmãos,

A terra e o mar e o céu como amigos,

Nós como jardineiros cujo papel é o de cuidar

Então, talvez, com amor num modo de ação

Possamos faze-la funcionar, pequena rã.