wildson arcanjo de morais

201

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Wildson Arcanjo de Morais

APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE ESPALHAMENTO A SISTEMAS COLOIDAIS

DESTINADOS À EXTRAÇÃO DE PETRÓLEO.

Defesa de tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN e Programa de Recursos Humanos Química do Petróleo- PRH-PB222 preenchendo o requisito para obtenção do grau de Doutor em química.

Orientador: José Luís Cardozo Fonseca

Natal, 18 de agosto de 2015

Page 3: Wildson Arcanjo de Morais

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN Biblioteca Setorial do Instituto de Química

Morais, Wildson Arcanjo de. Aplicação de técnicas de espalhamento a sistemas coloidais destinados à extração de petróleo / Wildson Arcanjo de Morais. – Natal, RN, 2015.

199 f. : il.

Orientador: José Luís Cardozo Fonseca. Tese (Doutorado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química.

1. Sistemas tipo-minhoca-WLM – Tese. 2. Espalhamento dinâmico de luz DLS – Tese. 3. complexos polieletrolíticos-PECs – Tese. I. Fonseca, José Luís Cardozo. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UFRN/BSE- Instituto de Química CDU 665.6/.7 (043.2)

Page 4: Wildson Arcanjo de Morais
Page 5: Wildson Arcanjo de Morais

AGRADECIMENTOS

Agradecendo ao existir: graças a Deus!

Ao Prof. Dr. José Luís Cardozo Fonseca, Profa. Dra.Márcia Rodrigues Pereira, Prof. Dr.

Alcides, Profa e Dra. Juliana pela orientação, dedicação e amizade que estiveram sempre presentes

no decorrer deste trabalho;

À minha família, em especial a minha esposa, Jhuliane Karinne e o lindo fruto do nosso

casamento: Maria Cecília;

À minha família, mãe (Da Paz), pai (Wilson), irmãos (Wendna e Gabriel), sobrinha,Bia, e

cunhado,Jonas, pelo apoio e carinho;

Aos colegas do Laboratório de Membranas e Colóides (LAMECO), Núcleo de Pesquisa

em Petróleo e Gás Natural (NUPEG), Laboratório de Tensoativos (LTT) e ao Laboratório Nacional

de Luz Síncroton (LNLS) que me ajudaram na realização desse trabalho;

Aos amigos pelo incentivo e compreensão;

Ao Programa de Recursos Humanos Química do Petróleo (PRH-PB222), à Pró-Reitoria de

Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PROPESQ-UFRN) pelo suporte fi-

nanceiro dado a este trabalho.

Page 6: Wildson Arcanjo de Morais

RESUMO

A indústria de petróleo necessita de várias substâncias químicas em seus processos de extração e investe em novas tecnologias a todo o momento. Os sistemas micelares do tipo-minhoca-(WLM) e os complexos polieletrolíticos-(PECs) estão sendo estudados para ingressar como novas tecnologias na extração de óleo. Esta tese objetiva obter, caracterizar e identificar esses sistemas coloidais utilizando técnicas de espalhamento de luz-(DLS) como principais ferramentas; possibilitando o conhecimento de base para possíveis aplicações na indústria petrolífera. Para o sistema de tensoativos, os parâmetros obtidos no DLS, β, ΓC e ν sofreram transições na concentração tensoativo/co-tensoativo 200 g/L. A adição da fase óleo, xileno, dificulta a transição de micelas esféricas para micelas minhoca. No SAXS, a relação RG,O/ RG,S atinge um máximo que corrobora com a transição no DLS. Para os PECs, β aumenta bruscamente, ν se torna mais homogêneo, ΓC,2 e a contribuição para o segundo processo, f2, foram visualizados para razões poliânion/policátion WAC próximas de 2. Essa região, no SAXS, aglomerados de PECs se adsorvem nas partículas primárias, que contribuiu para o comportamento dos gráficos de Kratky. As funções P(r) perdem seu formato “sino” e se alargam. As contribuições de área S17 e S29 foram maiores para menores valores de WAC e S37 foi influente em valores maiores.

Palavras-chave: sistemas tipo-minhoca-WLM. espalhamento dinâmico de luz DLS. espalhamento de raios-X à baixo ângulo-SAXS. complexos polieletrolíticos-PECs.

Page 7: Wildson Arcanjo de Morais

ABSTRACT

The oil industry needs various chemicals compounds in their extraction processes and invests in new technologies all the time. Worm-like micelles-WLM and polyelectrolyte complexes-PECs have been studied to join as new technologias in oil extraction processes. This thesis aims to obtain, characterize and identify these colloidal systems using as a tool light scattering experiments; enabling the required knowledge to applied them in oil industry. To the surfactants systems, the parameters from DLS, β, ΓC and ν in a function of surfactant/co-surfactant concentrations suffered transitions around 200 g/L. The addition of oil phase, xylene, hinders the transition from spherical micelles to worm-like micelles. In SAXS, the ratio RG,O/ RG,S reaches a maximum value which corroborates with the transition in DLS. To PECs, β increases sharply, ν becomes more homogeneous, ΓC,2 and second contribution to the process, f2, were visualized for polyanion/polycation ratio with WAC next 2. This region in SAXS, PECs clusters adsorb in primary particles, which contributed to the behavior of Kratky graphics. The pair distribution functin, P(r), lose its bell shape and widen. The S17 and S29 were higher for lower values of WAC ratio. S37 was influential in higher values.

Keywords: worm-like micelles-WLM.dynamic light scattering-DLS.small angle X-ray scattering-SAXS. polyelectrolyte complexes-PECs.

Page 8: Wildson Arcanjo de Morais

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Representação da estrutura de um tensoativo discriminando suas regiões de afinidade: polar(a cabeça hidrofílica) e a apolar (cauda hidrofóbica).............

22

Figura 2- Adsorção de tensoativo na interface ar-água e seu direcionamento referente ao seu tipo de polaridade.................................................................................

22

Figura 3- Correlação do parâmetro crítico de empacotamento (PCE) com as possíveis

Formas micelares dos tensoativos em solução...............................................

25

Figura 4- Conversão de micelas cilíndricas em micelas tipo minhoca com o aumento de concentração..............................................................................................

27

Figura 5- Mobilidades adicionais das cadeias em solução: movimento de réptil e o rompimento....................................................................................................

28

Figura 6- Similaridades e diferenças entre as micelas do tipo minhoca e os polímeros.. 29

Figura 7- Preparação de misturas de tensoativos para adição nos poços de petróleo.... 31

Figura 8 - Anatomia da inserção do pacote de cascalho para prevenção da entrada de areia no poço...................................................................................................

33

Figura 9 - Fratura hidráulica e a alocação dos propantes................................................ 35

Figura 10- Representação do tipo integral da cadeia de polieletrólito em solvente polar Círculos positivos, e negativos representam os contra-íons..........................

39

Figura 11- Esquema do tipo integral para provável interação entre polímeros carregados, e a formação de PECs. Círculos positivos e negativos cargas dos contra-íons.

40

Figura 12- Representação tipo pendente para modelo “escada” que descreve a interação entre polieletrólitos na formação dos PECs estequiométricos.Cargas positivas e negativas nas cadeias polimérica...................................................................

41

Figura 13- Representação tipo pendente para PECs. O modelo chamado “ovos mexidos” representação tipo pendente..............................................................................

42

Figura 14- A formação de reboco no processo de fraturamento hidráulico em poços de petróleo.............................................................................................................

50

Figura 15- Representação da estrutura da quitosana.......................................................... 53

Figura 16- (a) Representação da estrutura da quitina. (b) representação da estrutura da celulose..............................................................................................................

54

Figura 17- Representação do dipolo induzido devido à luz incidente em uma partícula.... 58

Page 9: Wildson Arcanjo de Morais

Figura 18- Esquema que apresenta uma aparelhagem experimental para o Espalhamento Dinâmico de Luz...............................................................................................

60

Figura 19- A flutuação da intensidade detectada, I(t), em função do tempo....................... 61

Figura 20- As intensidades correlacionadas , < > τ, em função do tempo de correlação... 63

Figura 21- Intensidade não normalizada (U.A) em função do tempo de correlação, micro segundos. Os dados primários obtidos da técnica DLS.....................................

67

Figura 22- Intensidade normalizada em função do log do tempo de correlação, micro segundos.............................................................................................................

69

Figura 23- Luz incidente, I0, quando passa por uma amostra é atenuada, I, coeficiente de absorção da amostra, também é espalhada, IE...............................................

77

Figura 24- Comportamento dos raios-X primários que interagem com átomos e resposta no detector..........................................................................................................

79

Figura 25- O fator forma gerado a partir do espalhamento característico de determinadas partículas A intensidade em função do vetor de espalhamento.........................

81

Figura 26- Influência dos padrões de interferência devido ao aumento de organização das amostras.......................................................................................................

83

Figura 27- Esquema experimental para o SAXS................................................................ 86

Figura 28- A Função de Distribuição de Distância Par e a classificação dos formatos das partículas...........................................................................................................

90

Figura 29- Representa as estruturas dos constituintes do sistema microemulsionado: (a) ALKONAT L90, tensoativo, (b) n-butanol, co-tensoativo e (c) xileno (orto-, meta- e para-)....................................................................................................

93

Figura 30- Diagrama ternário obtido dos constituintes ALKONAT L90, tensoativo, n-butanol, co-tensoativo e xileno, fase óleo. A razão tensoativo/co-tensoativo de 1:2.................................................................................................................

94

Figura 31- Ajuste da Equação 22, linha contínua, nas funções de correlação de intensidade, g(2), em função do tempo de correlação, tD, para: (a) sistema disperso sem fase óleo, 117g/L (concentração tensoativo/co-tensoativo); (b) sistema disperso sem fase óleo, 274 g/L(concentração de tensoativo/co-tensoativo).........................................................................................................

96

Figura 32- Parâmetros relacionados a Equação 22, em função da concentração tensoativo/co-tensoativo, C. (a) β;(b) ΓC; e (c) ν. Círculos abertos: sistema sem xileno. Quadrados abertos: sistema com xileno.........................................

97

Figura 33- I(q) em função de q para sistemas sem óleo: (a) C=67 g/L, (b) C=275 g/L. 103

Page 10: Wildson Arcanjo de Morais

Figura 34- (a) Raio de giração da fase dispersa sem óleo, RG,S, círculos, e com óleo, RG,O, quadrados em função da concentração tensoativo+co-tensoativo, C. (b) A relação entre RG,O/ RG,S em função de C..............................................

104

Figura 35- A condutividade específica, κ, em função da quantidade de poliânions e policátions, wAC.................................................................................................

115

Figura 36- Ensaio de cinética utilizando a técnica da condutividade iônica em função do tempo em minutos para a relação poliânion e policátion igual a 1...................

116

Figura 37- Viscosidade relativa, ηR. em função da razão wAC em equilíbrio................... 118

Figura 38- Turbidez ℑ (NTU) em função de wAC para o ensaio em equilíbrio................ 120

Figura 39- Turbidez ℑ (NTU) em função do tempo em minutos de wAC =1,5 para o ensaio de cinética..............................................................................................

121

Figura 40- Potencial zeta em função da razão wAC para o sistema em equilíbrio............. 123

Figura 41- As funções de correlação de intensidade, g(2), em função do tempo de correlação, tD. (a) para o sistema wAC = 1,3; (b) para o sistema wAC = 2,0.......

126

Figura 42- (a) Parâmetro β em função da razão wAC; (b) Parâmetro f1 em função da razão wAC.........................................................................................................

127

Figura 43- (a) ΓC,1 ou ΓC,2 em função da razão wAC; (b) ν em função de wAC............ 129

Figura 44- Perfis de espalhamento para as razões wAC: 0,5 (quadrados); 1,0 (círculos); 1,3 ( triângulos) e 1,7 ( losangos)......................................................................

130

Figura 45- Gráfico Kratky para as razões wAC: 0,5(quadrados); 1,0 (círculos); 1,3( triângulos) e 1,7 ( losangos)...............................................................................

131

Figura 46- Raio de giração médio, Rg, em função da razão wAC...................................... 133

Figura 47- Funções de distribuição P(r) para as razões: (a) wAC =0,5 e (b) wAC =1,7. Os círculos corresponde a função P(r) e as linhas tracejadas a deconvolução........

135

Figura 48- As áreas:(a) S17,(b) S29 e(c) S37 em função da razão wAC............................ 138

Page 11: Wildson Arcanjo de Morais

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Os tipos de tensoativos: aniônico, catiônico, não-iônico e zwitteriônico............ 23

Tabela 2- Alguns exemplos de sistemas encontrados na literatura que observaram a

presença de sistemas micelares minhoca.............................................................

30

Tabela 3- Composição dos sistemas microemulsionados utilizados no presente trabalho.. 95

Tabela 4- Condutividades para soluções de quitosana e PAES............................................ 114

Page 12: Wildson Arcanjo de Morais

LISTA DE SÍMBOLOS

WLM worm-like micelles (micelas do tipo minhoca/verme);

SDS dodecil sulfato de sódio;

CTAB brometo de cetil-trimetil amônio;

PCE parâmetro crítico de empacotamento;

HEC hidroxietil celulose;

HC hidrocarbonetos;

PECs complexos polieletrolíticos;

n- carga aniônica dos complexos polieletrolíticos;

n+ carga catiônica dos complexos polieletrolíticos;

RPM modificador de permeabilidade relativa;

DPR redutor desproporcional de permeabilidade;

GD grau de desacetilação da quitosana;

DLS espalhamento Dinâmica de Luz;

SAXS espalhamento de Raios-X à Baixo Ângulo;

t tempo da oscilação do campo elétrico;

x variação do campo elétrico no espaço;

c velocidade da luz no vácuo;

λ comprimento de onda;

E(x,t) campo elétrico em função de x e t;

E0 campo elétrico no ponto zero;

E→

vetor campo elétrico;

Page 13: Wildson Arcanjo de Morais

SE→

vetor campo elétrico da luz espalhada;

m→

vetor de massa para uma partícula oscilante;;

QELS espalhamento quase elástico de luz;

PCS espectroscopia de correlação de fótons;

θ ângulo de espalhamento;

I intensidade de campo;

∑ somatório;

*E complexo conjugado do campo elétrico;

E campo elétrico;

τ tempo de correlação (DLS);

< >τ média relacionada ao tempo de correlação (DLS);

C(t1,t2) função de correlação entre os tempos t1 e t2;

f(t1) valor da função de correlação no tempo t1;

f(t2) valor da função de correlação no tempo t2;

<f(t1). f(t2)> médias dos valores da função de correlação;

ICF função de correlação de intensidade;

FC função de correlação;

D coeficiente de difusão translacional;

q vetor de espalhamento;

KB constante de boltzmann;

Rh raio hidrodinâmico;

90Plus aparelho de espalhamento dinâmico de luz;

Page 14: Wildson Arcanjo de Morais

a amplitude da função de correlação;

B linha de base da função de correlação;

PAES poli(ácido estireno sulfônico-co-ácido maléico);

Q quitosana;

g(2) função de correlação de segunda ordem;

g(1) função de correlação de primeira ordem;

sµ microsegundos;

η viscosidade do solvente;

h(2) função de correlação coletiva;

h(2)(τ) função de correlação coletiva em função do tempo de correlação,τ;

h(2)(∞) função de correlação coletiva em tempo infinito, ∞;

tD tempo de correlação;

Γ taxa de relaxação;

β parâmetro experimental da função g(2);

G(Г) densidade de probabilidade para um Г determinado;

H(Г) densidade de probabilidade para um ensaio de tensão;

τ tempo de relaxação, viscoelasticidade;

τC tempo de relaxação característico, viscoelasticidade;

ΓC taxa de relaxação característica, KWW modificada;

h0(2) valor da função de correlação coletiva inicial;

hBL linha de base da função de correlação;

E(t) módulo de Young;

KWW Equação de Kohlraush-William-Watts;

Page 15: Wildson Arcanjo de Morais

τKWW tempo de relaxação para equação KWW

E0 módulo de Young no ponto zero;

ν parâmetro relacionado com a largura das distribuições, equação KWW

modificada;

I0 luz incidente;

I luz atenuada;

IE luz espalhamento;

r distância do átomo emissor ao átomo receptor;

v1 volume da partícula;

p1 densidade eletrônica;

∆p contraste;

I0(q) intensidade para uma particula;

∆I1(q) variação da intensidade da amostra e matriz;

∆I(q) variação da intensidade da amostra e matriz para n partículas;

wágua fração mássica de água;

wtc fração mássica de tensoativo/co-tensoativo;

RG,S raio de giração da fase dispersa sem óleo;

RG,O raio de giração da fase dispersa com óleo;

ηSP viscosidade especifica da fase dispersa ;

k constante relacionada a viscosidade especifica;

n constante relacionada a viscosidade especifica ;

Page 16: Wildson Arcanjo de Morais

0E����

energia incidente;

EE����

energia espalhada;

( )P q fator forma;

( )S q fator estrutura;

( )I q intensidade total;

MM massa molecular;

NA número de Avogrado;

c concentração g/cm3;

v-2 volume específico parcial;

i0 intensidade no ângulo zero;

Qp invariante;

a0 extrapolação ângulo zero;

Rg raio de giração;

Rg,s raio de giração sem óleo;

Rg,o raio de giração com óleo;

wAC relação entre poliânion e policátion;

mc massa do policátion;

mPA massa do poliânion;

vc volume do policátion;

vPA volume do poliânion;

cc concentração do policátion;

cPA concentração do poliânion;

Page 17: Wildson Arcanjo de Morais

p(r) função de distribuição de distância par;

wO fração mássica de óleo;

ρ densidade;

w fração mássica;

WII região de Winsor II;

WIV região de Winsor IV-microemulsão;

d diâmetro da fase dispersa;

VT volume total da dispersão;

ρS densidade do tensoativo;

VS volume do tensoativo;

NS número de micelas;

K1 constante que relaciona os parâmetros na Equação 39;

η SP,O viscosidade especifica da dispersão com fase óleo;

η SP,S viscosidade especifica da dispersão sem fase óleo;

ηO viscosidade da dispersão oleosa;

ηS viscosidade da dispersão sem óleo;

K1,O constante dos parâmetros da Equação 39 em fase oleosa;

K1,S constante dos parâmetros da Equação 39 sem fase oleosa;

∆n variação do parâmetro n;

R resistência elétrica;

V diferença de potencial elétrico;

I corrente elétrica;

ρ resistência específica;

Page 18: Wildson Arcanjo de Morais

L comprimento do condutor elétrico;

A área da secção transversal do condutor elétrico;

κ condutividade específica;

κE condutividade específica no equilíbrio;

Eℑ turbidez específica no equilíbrio;

ηR viscosidade relativa;

ΓC,1 taxa de relaxação característica processo 1;

ΓC,2 taxa de relaxação característica processo 2;

f1 extensão do processo 1;

f2 extensão do processo 2;

R raio da partícula;

r distância entre os pares;

Ri centro da distribuição Gaussiana;

R1 primeiro centro da distribuição Gaussiana;

R2 segundo centro da distribuição Gaussiana;

R3 terceiro centro da distribuição Gaussiana;

c relacionado com FWHM;

FWHM alargamento completo na metade do máximo;

ai parâmetro da Gaussina;

Si contribuição da distribuição da Gaussina;

Ai área da distribuição centrada em Ri;

Page 19: Wildson Arcanjo de Morais

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 20

OBJETIVOS ................................................................................................................................ 22

1. PRIMEIRO CAPÍTULO ............................................................................................................... 24

1.1 TENSOATIVOS ......................................................................................................................... 24

1.1.1 Tensoativos e suas características ................................................................................... 24

1.1.2 Comportamento dos tensoativos em solução ................................................................. 27

1.2. TENSOATIVOS COMO MICELAS DO TIPO “MINHOCA” ( WORM-LIKE MICELLES) E SUAS

APLICAÇÕES NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO ...................................................................................... 29

2. SEGUNDO CAPÍTULO ............................................................................................................... 42

2.1 POLIELETRÓLITOS .................................................................................................................. 42

2.2 POLIELETROLÍTICOS E COMPLEXOS POLIELETROLÍTICOS (PECS) NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO

...............................................................................................................................................47

2.2.1 Liberação controlada de agentes gelificantes ou de ligações cruzadas através de

complexos polieletrolíticos .......................................................................................................... 47

2.2.2 Liberação controlada de inibidores de incrustação através de complexos

polieletrolíticos ............................................................................................................................. 49

2.2.3 Liberação controlada de inibidores de corrosão através de complexos

polieletrolíticos ............................................................................................................................. 50

2.2.4 Liberação controlada de inibidores de asfaltenos e parafinas através de complexos

polieletrolíticos ............................................................................................................................. 51

2.2.5 Liberação controlada de limpadores de sulfetos de hidrogênio através de complexos

Page 20: Wildson Arcanjo de Morais

polieletrolíticos ............................................................................................................................. 52

2.2.6 Liberação controlada de inibidores de hidratos através de complexos polieletrolíticos

............................................................................................................................................52

2.2.7 Liberação controlada de agentes quebradores através de complexos polieletrolíticos

............................................................................................................................................53

2.2.8 Liberação controlada de tensoativos através de complexos polieletrolíticos .............. 56

2.3 QUITOSANA NA FORMAÇÃO DE COMPLEXOS POLIELETROLÍTICOS ........................................... 56

3. TERCEIRO CAPÍTULO .............................................................................................................. 61

3.1 TÉCNICAS UTILIZADAS ........................................................................................................... 61

3.1.1 Espalhamento de luz ........................................................................................................ 61

3.1.2 Espalhamento Dinâmico de Luz ..................................................................................... 64

3.1.2.1 Aparelhagem experimental do Espalhamento Dinâmico de Luz .................................... 64

3.1.2.2 O método estatístico, função de correlação ..................................................................... 66

3.1.2.3 Normalização das funções de correlação ......................................................................... 71

3.1.2.4 A Viscoelasticidade e o Espalhamento Dinâmico de Luz ............................................... 75

3.1.3 Espalhamento de Raios-X à Baixo Ângulo-SAXS ......................................................... 81

3.1.3.1 O fator forma ................................................................................................................... 84

3.1.3.2 Fator estrutura .................................................................................................................. 86

3.1.3.3 Orientação/ordenação e Intensidade/contraste ................................................................ 86

3.1.3.4 Aparelhagem experimental-SAXS .................................................................................. 89

3.1.3.5 Principais interpretações das análises de SAXS .............................................................. 90

3.1.3.6 Raio de Giração ............................................................................................................... 91

3.1.3.7 Superfície por Volume ..................................................................................................... 92

3.1.3.8 Massa Molecular .............................................................................................................. 92

3.1.3.9 Interações e estrutura de partículas .................................................................................. 93

Page 21: Wildson Arcanjo de Morais

4. QUARTO CAPÍTULO ................................................................................................................. 96

4.1 CONSIDERAÇÕES EXPERIMENTAIS ............................................................................. 96

4.1.1 Materiais ............................................................................................................................ 96

4.1.2 Preparação dos sistemas microemulsionados ................................................................ 97

4.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................................... 100

4.2.1 Espalhamento Dinâmico de Luz e SAXS ..................................................................... 100

5. QUINTO CAPÍTULO ............................................................................................................... 115

5.1 CONDUTIVIDADE IÔNICA ....................................................................................................... 116

5.2 VISCOSIDADE CAPILAR ......................................................................................................... 121

5.3 TURBIDIMETRIA ................................................................................................................... 123

5.4 POTENCIAL ZETA .................................................................................................................. 127

5.5 ESPALHAMENTO DINÂMICO DE LUZ ....................................................................................... 128

5.6 ESPALHAMENTO DE RAIOS-X À BAIXO ÂNGULO ..................................................................... 134

6. SEXTO CAPÍTULO ................................................................................................................. 144

6.1 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 144

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 146

APÊNDICE A ............................................................................................................................. 158

APÊNDICE B ............................................................................................................................. 165

ANEXOS .................................................................................................................................... 199

Page 22: Wildson Arcanjo de Morais

20

INTRODUÇÃO

Sistemas coloidais e ciência de interface tem um impacto muito grande na indústria de óleo,

tais quais: recuperação de óleo avançada, combustíveis e óleos lubrificantes, tecnologias de

emulsificação/desmulsificação e remediação(HUANG; VARADARAJ, 1996). Nos estágios de

produção de óleo e gás, a participação de colóides é marcante: como fluido de perfuração a base

água na fase de construção de poço, na estimulação de poços, como fluido de fraturação na

produção de hidrocarbonetos e na recuperação avançada de petróleo(MAITLAND, 2000). Dois

sistemas coloidais vêm chamando a atenção nesse campo de produção industrial: micelas “worm-

like” e complexos polieletrolíticos(ACHARYA; KUNIEDA, 2006; YANG, 2002; CHAGAS,

2005).

Os tensoativos, devido à existência de regiões hidrofóbicas e hidrofílicas em sua estrutura,

tem a habilidade de se auto-organizar em muitas estruturas: esférica, formato disco, tipo-minhoca

ou vesicular. Os fatores principais para essas mudanças são a estrutura do tensoativo e o ambiente

do meio aquoso. Micelas do tipo-minhoca têm recebido considerável atenção nas últimas décadas

por experimentalistas e teóricos, devido, principalmente, a sua peculiar estrutura micelar e resposta

reológica, de tal forma, que vem sendo aplicada em inúmeras tecnologias e campos industriais:

controle reológico, transferência de calor, redução de arraste, recuperação avançada de petróleo,

produtos de beleza, entre outras (CHU; DREISS; FENG, 2013; J.T.PADDING, 2008; YUNYING

QI, 2002).

Colóides liófilos constituídos de uma fase dispersa formada por macro-íons catiônicos e

aniônicos como fase dispersa e fase contínua aquosa são chamados de complexos polieletrolíticos.

Esses sistemas são obtidos pela mistura simples das soluções dos macro-íons

constituintes.(GUCHT; SPRUIJT; LEMMERS; COHEN STUART; HAMMAN, 2010) Os

complexos polieletrolíticos são utilizados para prender, encapsular e liberar substâncias químicas

na indústria do petróleo, tais quais: inibidores de corrosão, incrustação, quebradores, enzimas

(BARATI, R; JOHNSON; MCCOOL; DON; WILLHITE; LIANG, 2012; STEFUCA;

GEMEINER; KURILLOVÁ; DAUTZENBERG; POLAKOVLC; BALES, 1991; BARATI,

Page 23: Wildson Arcanjo de Morais

21

REZA; JOHNSON; MCCOOL; GREEN; WILLHITE; LIANG, 2004)

O presente trabalho visa estudar e melhor compreender sistemas coloidais susceptíveis a

serem utilizados na indústria de petróleo, apresentando como principal foco uma metodologia

experimental para detectar e caracterizar esses complexos, especificamente, estruturas auto-

organizadas de tensoativo, como as micelas tipo-minhoca, e os complexos polieletrolíticos,

utilizando técnicas de espalhamento de luz como principal ferramenta: Dynamic Ligh Scattering-

DLS e Small Angle X-ray Scattering-SAXS.

Os agregados de tensoativos foram estudados através da obtenção de sistemas livres de

óleo e na presença de óleo, microemulsão. No DLS foi possível a observação de um processo de

relaxação, que concerne ao movimento aleatório molecular. As funções de correlação de

intensidade-ICFs foram tratadas utilizando a equação KWW adaptada. Os parâmetros β, ΓC e ν

em função da concentração tensoativo/co-tensoativo possibilitou: β, na faixa de concentração

estudada, não foi observando nenhuma transição, que aconteceu em trabalhos anteriores (DA

SILVA; ROSSI; DANTAS NETO; DANTAS; FONSECA, 2010; DE MORAIS; PEREIRA;

FONSECA, 2012); ΓC, na faixa 200-300 g/L, para os sistemas sem óleo e com óleo, descreveu um

acentuado incremento; ν, nos informou que o óleo dificulta a transição em 200-300 g/L

tensoativo/co-tensoativo. No SAXS, a relação entre raios de giração RG,O/RG,S em função da

concentração tensoativo/co-tensoativo descreve um máximo, próximo a região de transição que

ocorreu no DLS. Esses resultados nos asseguram que essa transição foi caracterizada como a

mudança de sistemas micelares esféricos para tipo-minhoca. Os agregados poliméricos, complexos

polieletrolíticos, no DLS apresentou dois comportamentos: baixas razões wAC, uma relaxação,

altas razões, dois processos de relaxação. Os parâmetros β, f1, ΓC e ν descreveram mudanças nas

curvas quando wAC se aproximou de 2,0. No SAXS, essas mudanças observadas no DLS foram

confirmadas. No plote Kratky, em razões maiores, os aglomerados formados adsorvem nas

partículas primárias e contribuem para maior flexibilização das cadeias no meio. Nas curvas P(r),

o alargamento das funções são maiores quanto wAC se aproxima de 2,0. As contribuições das áreas

S17 S29 e S37 quantificam a função P(r), as maiores razões de poliânion/policátion contribuem mais

para a função de distribuição de pares, pois, nessa região foi caracteriza a alta produção de

complexos.

Page 24: Wildson Arcanjo de Morais

22

OBJETIVOS

No presente trabalho, se objetivou obter, caracterizar e estudar sistemas coloidais, sistemas

minhoca e complexos polieletrolíticos; utilizando como principal ferramenta de caracterização as

técnicas de espalhamento de luz: espalhamento dinâmico de luz-DLS e espalhamento de raios-X

à baixo ângulo-SAXS visando a consequente aplicação desses sistemas como modificadores

reológicos na indústria de petróleo.

Page 25: Wildson Arcanjo de Morais

23

Page 26: Wildson Arcanjo de Morais

24

1-Capítulo

1. PRIMEIRO CAPÍTULO

O primeiro capítulo será composto de uma revisão bibliográfica iniciando com a

conceituação de tensoativos e todos os seus aspectos teóricos que são requisitos para compreensão

dos sistemas micelares denominados “tipo minhoca”, (worm-like micelles-WLM), que foram

estudados neste trabalho. Este primeiro capítulo focará na discussão desses sistemas micelares na

indústria de petróleo referente às suas principais aplicações.

1.1 TENSOATIVOS

1.1.1 Tensoativos e suas características

Tensoativos são moléculas que possuem uma estrutura química que favorece a sua

migração para interface, sendo essa a sua principal característica que o define como agente de

atividade superficial. Tais moléculas são frequentemente componentes de sistemas coloidais,

podendo ser sintéticas ou naturais (GOODWIN, 2004). Na Figura 1, é representada a estrutura

de um tensoativo, demostrando as suas regiões de diferentes polaridades, caracterizando o seu

comportamento anfifílico em solução aquosa.

Page 27: Wildson Arcanjo de Morais

25

Figura 1- Representação da estrutura de um tensoativo discriminando suas regiões de

afinidade: polar (a cabeça hidrofílica) e a apolar (cauda hidrofóbica).

Fonte: Richard M. Pashley, 2004.

As moléculas de tensoativos são anfifílicas, isto é, possuem características hidrofílicas e

hidrofóbicas que justificam sua adsorção efetiva na interface (Figura 2) (o termo “anfi” significa

“ambos os tipos”, em Grego) (RICHARD M. PASHLEY, 2004).

Figura 2- Adsorção de tensoativo na interface ar-água e seu direcionamento referente ao

Page 28: Wildson Arcanjo de Morais

26

seu tipo de polaridade.

Fonte:Richard M. Pashley, 2004.

Na Figura 2, está ilustrada a orientação dos tensoativos na interface ar-água. O tensoativo

se configura de acordo com a polarização do meio relacionando-a a seu caráter anfifílico, a cauda

voltada para o lado apolar ar, e as cabeças polares orientadas para a água: polar. O resultado é a

diminuição da tensão superficial da água devido a essa configuração. As demais cargas positivas

apresentadas são referentes aos contra-íons.

Em solução, os tensoativos podem se comportar como aniônicos, catiônicos, não-iônicos e

zwitteriônicos. Alguns exemplos desses tensoativos são mostrados na Tabela 1.

Tabela 1- Os tipos de tensoativos: aniônico, catiônico, não-iônico e zwitteriônico.

Tipos de

tensoativos Exemplos Estrutura química

Aniônico

Dodecil Sulfato de Sódio (SDS) CH3(CH2)11SO4-Na+

Page 29: Wildson Arcanjo de Morais

27

Fonte:Richard M. Pashley, 2004.

1.1.2 Comportamento dos tensoativos em solução

Os tensoativos além da capacidade de adsorção nas superfícies, em solução aquosa,

possuem a tendência da auto-organização. A auto-organização minimiza a exposição das caudas

apolares em meio fortemente polar ou minimiza a exposição das cabeças polares em meio apolar.

A concentração de tensoativo, na qual começa a acontecer a auto-organização é conhecido como

concentração micelar crítica (cmc), e a nomenclatura dada aos agregados formados pela auto-

organização é micela. Os tensoativos iônicos normalmente formam micelas quando suas cadeias

hidrocarbônicas são suficientemente fluidas, ou seja, possuindo temperaturas acima dos seus

pontos de fluidez. Abaixo da temperatura de Krafft, os tensoativos se tornam insolúveis; por

exemplo, para o CTAB a temperatura é 20°C, somente acima dela as micelas são formadas (quanto

maior a cauda hidrofóbica maior será a temperatura de Krafft para um tensoativo). Os tensoativos

Dodecil Benzeno Sulfonato de Sódio CH3(CH2)11C6 H4SO3-Na+

Catiônico Brometo de Cetil-Trimetil-Amônio(CTAB)

CH3(CH2)15N(CH3)3+Br-

Cloridrato de Dodecil-amina CH3(CH2)11NH3+Cl-

Não-iônico Óxido de Polietileno CH3(CH2)7(OCH2CH2)8OH

Zwitteriônico Betaína Dodecil C12H25N+(CH3)2(CH2COO-)

Page 30: Wildson Arcanjo de Morais

28

não iônicos se tornam insolúveis com o aumento da temperatura devido as suas cabeças polares

que se tornam menos hidrofílicas resultando em precipitação: ponto de névoa (RICHARD M.

PASHLEY, 2004).

As micelas esféricas não são as únicas estruturas possíveis que podem ser obtidas através

do processo de auto-organização em solução. Estruturas possíveis podem ser modeladas

calculando o volume da cadeia carbônica e a área da cabeça hidrofílica. (RICHARD M. PASHLEY,

2004; SANTOS, 2010).

Os fatores que influenciam a auto-organização dos tensoativos são: forças

intramoleculares, flexibilidade das cadeias e as forças intermoleculares. Para predizer as

características físicas dos agregados pode ser utilizado o grau de curvatura dos agregados. A

curvatura pode ser expressa por um parâmetro adimensional conhecido como parâmetro crítico de

empacotamento (PCE), observado abaixo:

vcPCE = a.Lc

(1)

Na Equação 1: vc é o volume das cadeias hidrofóbicas, Lc é o comprimento das cadeias

(considerando-as lineares) e a é a área da secção transversal da cabeça do tensoativo. Sistemas

possuindo PCE < 1/3 tenderão a formar micelas normais com curvaturas positivas, sistemas com

PCE que se aproximam de 1 tendem a formar estruturas em bicamada e PCE>1 corresponde a

estrutura de micelas invertidas (SANTOS, 2010; RICHARD M. PASHLEY, 2004).

Na Figura 3 é mostrada a correlação do parâmetro crítico de empacotamento (PCE) com

as formas micelares que os tensoativos podem adquirir em solução.

Figura 3- Correlação do parâmetro crítico de empacotamento (PCE) com as possíveis

formas micelares dos tensoativos em solução (RICHARD M. PASHLEY, 2004; BRANDÃO,

Page 31: Wildson Arcanjo de Morais

29

1999).

Fonte:Richard M. Pashley, 2004.

1.2. TENSOATIVOS COMO MICELAS DO TIPO “MINHOCA” ( WORM-LIKE

MICELLES) E SUAS APLICAÇÕES NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO

Moléculas de tensoativos em solução, quando em concentração suficiente e no ambiente

químico adequado se auto-organizam em agregados de diferentes formas e tamanhos chamados

micelas. As formas e tamanhos dependem: estrutura do tensoativo, natureza do solvente, força

iônica do meio e aditivos. A morfologia desses sistemas podem ser esféricas, lamelares e do tipo

“minhoca”, tais diferenças podem ser relacionadas às concentrações de tensoativos e os seus

contraíons (V.H. ROLÓN-GARRIDO, 2002; GUPTA; MEHRA; THAOKAR, 2012).

A estrutura mais observada em sistemas anfifílicos são os agregados micelares. Dentro

desses sistemas, cresce o interesse nos sistemas micelares denominados: tipo “minhoca” ou

“verme” que vêm do termo em inglês “Worm-Like Micelles-WLM”. As micelas do tipo minhoca

são caracterizadas por duas principais propriedades: (1) um formato cilíndrico alongado; (2)

flexibilidade (EZRAHI; TUVAL; ASERIN, 2006).

Page 32: Wildson Arcanjo de Morais

30

Em termos de parâmetro crítico de empacotamento, PCE, descrito na Equação 1, as

micelas do tipo minhoca possuem seus valores de parâmetro na faixa entre 1/3 < PCE <1/2. Na

Figura 3, essa faixa corresponde a região de micelas cilíndricas, e entre as faixas de micelas

esféricas e vesicular (EZRAHI; TUVAL; ASERIN, 2006). Essas estruturas cilíndricas alongadas

em solução replicam o comportamento de soluções poliméricas em respeito ao seu comportamento

viscoelástico. A característica que torna esse tipo de agregado interessante para diversas aplicações

é a reversibilidade (WALKER, 2009). A reversibilidade é ocasionada devido ao comportamento

viscoelástico das soluções de WLM. Em elevadas concentrações, os agregados de tensoativos se

emaranham resultando em soluções viscoelásticas muito parecida com as soluções poliméricas

emaranhadas. Para descrever esses sistemas WLM viscoelásticos o estudo reológico é requerido,

tais quais: fluxo viscoso e deformação elástica. O fluxo viscoso pode ser irreversível quando a

força de cisalhamento atua no sistema. As moléculas sobre essas forças se deslocam ou deformam

podendo se encontrar em uma posição inicial diferente ao final do processo. Entretanto, removendo

a tensão, as moléculas de tensoativos voltam a posição inicial no equilíbrio micelar (S.KUMAR,

2014). Essa volta a posição inicial no equilíbrio micelar é característico da reversibilidade dos

sistemas de micelas tipo minhoca.

A transição da geometria esférica para micelas do tipo minhoca, experimentalmente, está

relacionada ao aumento drástico da elasticidade e a viscosidade do fluido(YANG, 2002). A

passagem da estrutura esférica para estruturas alongadas se deve a blindagem das partes

hidrofílicas dos tensoativos. Em termos geométricos, na Figura 4 é mostrada a passagem de uma

geometria micelar cilíndrica para uma estrutura alongada, a estrutura micelar do tipo minhoca,

com o aumento da concentração de tensoativo no sistema. A estrutura observada das WLM

apresentada se assemelha àquela observada para o modelo de novelo para polímeros em solução.

O enovelado dessas estruturas flexíveis resulta em formas bem complexas, como as cadeias

poliméricas. Contudo, os polímeros possuem ligações covalentes na cadeia hidrocarbônica e as

micelas minhocas são mantidas juntas devido a atrações/repulsões físicas fracas, que podem

quebrar e se reestruturar em função do tempo. Essa quebra e reestruturação caracteriza a

reversibilidade desses sistemas, que é da função: concentração de tensoativo, sais, temperatura e

do fluxo. Sendo assim chamada de polímero vivo ou polímero de equilíbrio (MILLER, 2007).

Figura 4- Conversão de micelas cilíndricas em micelas tipo minhoca com o aumento de

Page 33: Wildson Arcanjo de Morais

31

concentração.

Fonte: (MILLER, 2007)

Os polímeros assim como as micelas minhocas possuem um tipo de mecanismo de

mobilidade em solução adicional denominado: movimento de réptil. O termo movimento de réptil

é devido à similaridade do movimento com o rastejar dos répteis (MILLER, 2007). Esse

movimento de réptil é gerado pelo movimento Browniano. Na Figura 5 é mostrado as mobilidades

adicionais, à esquerda o movimento de réptil, (tanto para polímeros quanto para as micelas do tipo

minhoca), e à direita o rompimento, que é improvável em cadeias poliméricas devido as ligações

covalentes que existem na cadeia carbônica (MILLER, 2007).

Figura 5- Mobilidades adicionais das cadeias em solução: movimento de réptil e o

Page 34: Wildson Arcanjo de Morais

32

rompimento.

Fonte: (MILLER, 2007)

O comportamento reológico das soluções de WLM é bem similar àquela observada em

soluções poliméricas. A habilidade das soluções de WLM que modifica sua morfologia em

condições de fluxo são de grande interesse para diversas aplicações em condições de fluxo não

linear. As cadeias se quebram e se reestruturam transmitindo as propriedades reológicas da

solução. Por exemplo, em taxas de cisalhamento elevadas o equilíbrio das estruturas WLM é

perturbado implicando na diminuição da viscosidade do fluido caracterizando-o como fluido não

newtoniano (pseudoplástico). Em soluções WLM, o aumento da concentração salina ou de

tensoativo na maioria das vezes resulta em um aumento da viscosidade (ZANA, 2007). Este

fenômeno é relacionado ao crescimento do número de emaranhados nas micelas cilíndricas. Neste

caso, se as ramificações das micelas aumentarem, a viscosidade será reduzida (ISHIZUKA;

AHMED; ARIMA; ARAMAKI, 2009).

É essencial saber que micelas não se referem à molécula. Diferentemente de polímeros,

não encontramos ligações químicas na vizinhança anfifílica e de sais orgânicos. A estrutura de

WLM é diferente de polímeros, pois são cadeias micelares que contém forças eletrostáticas que

podem se reestruturar e se quebrar em vez de colapsar permanentemente ou enrolar as cadeias

devido a mudança da taxa de cisalhamento ou flutuação de temperatura (YANG, 2002).

A Figura 6 representa as principais similaridades e diferenças entre as estruturas minhoca

Page 35: Wildson Arcanjo de Morais

33

e as poliméricas. À esquerda e à direita, as diferenças e ao centro as similaridades. As WLM são

cadeias flexíveis e podem se quebrar e se reestruturar, as cadeias poliméricas também são flexíveis,

contudo sem se romperem devido o tipo de ligação na cadeia carbônica.

Figura 6- Similaridades e diferenças entre as micelas do tipo minhoca e os polímeros.

Fonte: ((S.KUMAR, 2014).

A formação desses agregados tem sido descrita na literatura em diversos sistemas. Por

exemplo, a adição de cloreto de sódio ou brometo de potássio em tensoativos iônicos, tais quais:

brometo de cetiltrimetilamônio (CTAB) ou dodecil sulfato de sódio (SDS). Essa adição resulta na

blindagem das cargas eletrostáticas nas cabeças polares dos tensoativos, gerando o crescimento

unidirecional dos agregados. Contra-íons como o salicitato de sódio e o p-toluenosulfonato de

sódio, que contém o grupo aromático fenil, também promovem a formação de micelas tipo

minhoca quando adicionados ao CTAB, por exemplo (ISHIZUKA; AHMED; ARIMA;

ARAMAKI, 2009).

Alguns tipos de sistemas que resultaram em sistemas micelares do tipo minhoca são

apresentados na Tabela 2 abaixo:

Page 36: Wildson Arcanjo de Morais

34

Tabela 2- Alguns exemplos de sistemas encontrados na literatura que observaram a

presença de sistemas micelares minhoca.

Fonte: (KUPERKAR; ABEZGAUZ; DANINO; VERMA; HASSAN; ASWAL; VARADE; BAHADUR, 2008; ZISERMAN; ABEZGAUZ; RAMON; RAGHAVAN; DANINO, 2009; ISHIZUKA; AHMED; ARIMA; ARAMAKI, 2009; ACHARYA; KUNIEDA, 2003; LOPEZ-DIAZ; CASTILLO, 2010)

As propriedades viscoelásticas dos sistemas WLM têm encontrado diversas aplicações na

indústria do petróleo. Nos campos de petróleo, polímeros são usualmente utilizados como agentes

viscosificantes, por exemplo: goma guar e hidroxietil celulose. Fluidos base polímeros possuem

métodos de preparação complicados, utilização de vários aditivos para ajustar suas características

e acabam fechando os poros nos poços de perfuração, sendo esses alguns motivos para se utilizar

as micelas minhoca. Os sistemas WLM são também utilizados na fase de completação, (os

processos de adicionar condutores e controlar o fluxo do fluido inicial em uma produção

petrolífera), e estimulação de poços de petróleo. As soluções WLM são mais caras do que as

poliméricas, contudo são mais fáceis de preparar. Na Figura 7, o processo simplicado de obtenção

das misturas de tensoativos é representada. Os fluidos poliméricos convencionais contam com o

emaranhado e as ligações cruzadas para favorecer a viscosidade do meio,enquanto, o sistema de

tensoativos viscoelásticos utiliza a auto organização em micelas minhoca alongadas que

emaranham e formam estruturas viscoelásticas. Esses sistemas são dinâmicos e podem ser

controlados pelo ambiente do fluido. Por exemplo, a estrutura pode ser destruída em contato com

fluido de hidrocarbonetos, ou a viscosidade do fluido controlada com o ajuste da salinidade da

salmoura. Essas características tornam esses fluidos atrativos na indústria petrolífera (S.KUMAR,

Tensoativos Sais/Co-tensoativo

Brometo de hexadeciltrimetilamônio Nitrato de sódio, cloreto de sódio ou brometo de sódio

Oleato de sódio Brometo de octadeciltrimetilamônio

Dodecil sulfato de sódio ou sódio Oleato de sódio

Trióxidoetileno dodecil sulfato

Polioxietileno dodecil éter Polioxietileno colesterol éter

Dodecil sulfato de sódio Cloreto de sódio

Page 37: Wildson Arcanjo de Morais

35

2014; RAOUL ZANA, 1998).

Figura 7- Preparação de misturas de tensoativos para adição nos poços de petróleo.

Fonte: (Raoul Zana, 1998)

Os tipos de tensoativos que formam as estruturas micelares minhocas, que podem ser

utilizados na produção de petróleo, são os catiônicos, aniônicos e zwitteriônicos. O mais comum

tensoativo catiônico é baseado no sal de amônio quaternário de ácidos graxos contendo os

tamanhos nas faixas de C18 a C22. A maior vantagem do tensoativo viscoelástico catiônico é sua

baixa sensibilidade a variações em água, em particular cátions divalentes. A maior desvantagem é

o alto custo e também a formação de emulsão com parafinas e asfaltenos que pode diminuir a taxa

de produção de hidrocarbonetos. O tensoativo aniônico não é tão caro quanto o catiônico, e, é

baseado em ácido oléico. Contudo, os tensoativos aniônicos são sensíveis a dureza da água: íons

cálcio e magnésio. Os tensoativos zwitteriônicos possuem altas eficiências em altas temperaturas

no fluido: 121 °C (RAOUL ZANA, 1998).

A importância dos fluidos de tensoativos WLM é a sua capacidade de manter a viscosidade

mesmo após a exposição a altas taxas de cisalhamento no campo de petróleo. Esse comportamento

Page 38: Wildson Arcanjo de Morais

36

pode ocorrer quando o fluido é bombeado a altas taxas no poço ou quando o fluido passa nas

perfurações dos revestimentos. Em contra partida, os polímeros se quebram ao sofrer os mesmos

processos. O cisalhamento pode quebrar fisicamente as ligações cruzadas ou destruí-las

irreversivelmente. A estabilidade ao cisalhamento é importante para garantir que o fluido mantenha

suas propriedades através do tratamento (RAOUL ZANA, 1998).

Muitas operações de completação envolvem o transporte hidráulico de partículas sólidas,

(tipicamente partículas de areia), dentro do poço ou dentro das fraturas do reservatório. Devido à

limitação da potência e à taxa de bombeamento, o transporte de partículas deve ser em fluxo

laminar sem a influência dos redemoinhos turbulentos. Resultados de laboratório mostram que os

fluidos WLM são eficientes no carreamento e transporte de partículas através de fluxo laminar

(RAOUL ZANA, 1998).

A eficiente redução de arraste é uma característica que distingue os tensoativos

viscoelásticos desde o uso em sistemas de aquecimento urbano. Em operações de petróleo, a

redução de arrasto fornece uma vantagem para a redução de pressão e potência quando o fluido

bombeado atravessa o poço e tubulares compridos (RAOUL ZANA, 1998).

Quando exposto aos líquidos hidrocarbônicos, as WLM colapsam em esferas e a

viscosidade do fluido cai drasticamente. Isto é importante porque, na conclusão do tratamento, o

fluido deve deixar a formação de produção e o poço, e limpando o caminho para a produção de

hidrocarbonetos. Em oposição, os fluidos poliméricos não perdem a viscosidade com o contato

com os hidrocarbonetos; ao invés disso, quebradores são adicionados para degradar o polímero,

reduzindo a viscosidade do fluido. Este processo não é tão eficiente quanto o colapso micelar,

assim, ao final do processo, resíduo de polímero insolúvel é deixado nas paredes da formação e

prejudica a passagem dos fluidos produzidos. Porém, quando o poço produz gás seco que contém

uma pequena fração de hidrocarbonetos líquidos, sal é adicionado para alterar o meio iônico do

fluido e acelerar a redução da viscosidade. Para prevenir o colapso prematuro da viscosidade do

fluido, os sais são encapsulados por revestimentos poliméricos. Esses revestimentos são quebrados

quando expostos a elevadas temperaturas ou tensões físicas/químicas durante ou após o

tratamento. A liberação de quebradores diminui a viscosidade do fluido drasticamente,

particularmente em baixas taxas de cisalhamento (RAOUL ZANA, 1998).

Algumas formações de produção de hidrocarbonetos são compostas de areia fracamente

consolidada que acaba seguindo os hidrocarbonetos no poço durante a produção. As consequências

negativas incluem: tamponamento do poço, entupimento de válvulas e de outros equipamentos na

Page 39: Wildson Arcanjo de Morais

37

superfície. Uma técnica mais comum para controlar a areia é adicionar um pacote de cascalho

agindo como um filtro de exclusão de tamanho entre a formação de areia e o poço. O pacote de

cascalho exclui partículas do tamanho da areia e não as partículas de hidrocarbonetos. O tamanho

das partículas de areia são compreendidos na faixa de 12/20 a 40/60 mesh (aproximadamente 0,25

a 2,0 mm) (CARLSON J; , 1992).

A tela do pacote de cascalho é centralizada dentro do revestimento e colocado no anular

entre o revestimento e a tela dentro das perfurações. Como mostra a Figura 8, que representa a

alocação do pacote de cascalhos dentro do poço de produção, à esquerda da figura, e a região

ampliada, que ressalta o processo de contenção da areia da formação, à direita. A Figura 8, também

mostra os caminhos que o fluido deve seguir para ser produzido, à esquerda da figura, (setas). A

técnica para alocar o pacote de cascalho envolve o bombeamento da lama de cascalhos abaixo do

revestimento/anular. Quando a lama é depositada, o fluido carreador invade a formação de areia e

também escapa para o interior da tela e volta para a superfície. O resto do fluido carreador deve

ser quebrado para ter caminho para a produção de hidrocarbonetos (RAOUL ZANA, 1998).

Figura 8- Anatomia da inserção do pacote de cascalho para prevenção da entrada de areia

no poço.

Fonte: (Raoul Zana, 1998)

Polímeros, tais quais: HEC e goma xantana, têm tradicionalmente sido utilizados como

viscosificante para fluidos de pacotes de cascalhos. Durante a operação, como o fluido escapa para

a formação, resíduo insolúvel é deixado como reboco na parede da formação. O reboco reduz a

Page 40: Wildson Arcanjo de Morais

38

permeabilidade da interface da formação/poço, dificultando a produção de hidrocarboneto. Fluidos

WLM não contem resíduos insolúveis resultando em menos danos a formação e alta produção no

poço (PARLAR, 1995).

Acumulação de areia e outras partículas no poço pode ser prejudicial para a produção de

hidrocarbonetos. Quando isto ocorre, operações de remediação são utilizadas para removê-las. A

técnica mais comum é utilizar um tubo flexível no poço que forma um anular. As partículas são

removidas pelo bombeamento de um fluido no poço, misturando-se com as partículas e

carregando-as pelo anular até a superfície. Fluidos WLM fornecem boa redução de arraste e ótima

habilidade de suspensão de partículas. Portanto, esses sistemas WLM podem ser utilizados para

retirar essas partículas indesejadas (AZHAR ALI, 2005).

Em casos onde o dano na formação se estende a poucos pés do poço, este deve ser

acidificado para dissolver o dano ou remover o dano. Os tratamentos ácidos são categorizados pelo

tipo de rocha (arenito e carbonácea). O tratamento é feito através dos canais naturais existentes na

rocha, em taxas de bombeamento que são suficientemente baixas para evitar a formação de fraturas

na formação (CROWE C., 1992). Géis poliméricos podem ser utilizados no processo de

acidificação. As etapas do processo de adição do gel polimérico, considerando a formação

carbonácea, consiste, no seguinte processo: inicialmente, o gel tem baixa viscosidade, portanto,

fácil de bombear; o fluido entra na formação carbonácea e o ácido é gasto, em pH igual a 2 o

polímero forma ligações cruzadas, aumentando a viscosidade do fluido. O ácido continua

dissolvendo a rocha aumentando o pH, que ao atingir o pH igual a 3,5, o gel é quebrado, reduzindo

a viscosidade e desabilitando o fluido de voltar e limpar. Essas etapas mostram os principais

problemas ao utilizar um fluido base polimérico para acidificar, uma vez que a faixa estreita do

pH entre a formação e quebra das ligações cruzadas, complica o controle sobre o fluido. Além

disso, o polímero degrada em altas temperaturas no fundo do poço. Em contra partida, fluidos à

base de WLM podem superar os problemas observados com os polímeros. Quando o ácido é gasto,

o pH aumenta permitindo que os tensoativos formem as estruturas minhoca. Essas estruturas

minhoca podem ser estabilizadas com a dissolução de cloreto de cálcio formado pela dissolução

das rochas carbonáceas. Esses sistemas minhoca também possuem um melhor controle do que os

géis poliméricos, pois os géis WLM quebram em contato com HC e não com alterações de pH. A

ausência de resíduos ainda melhora a permeabilidade da formação após o tratamento. Esses

sistemas ácidos podem ser utilizados para estimular poços que possuem temperatura de fundo de

poço acima de 149°C(KEFI, 2005; CHANG, 2001; AL-ANZI, 2003).

Page 41: Wildson Arcanjo de Morais

39

Outra área de atuação das WLM na estimulação de poços é no fraturamento hidráulico. O

fraturamento hidráulico é uma técnica que cria fraturas se estendendo além da área danificada

(ARMSTRONG, K., CARD, R., NAVARETTE, R., NELSON, E., NIMERICK, K.,

SAMUELSON, M., COLLINS, J., DUMONT, G., PRIARO, 1995; BIVINS, 2005). Sem o auxílio

do fraturamento hidráulico, muitos poços não produziriam HC de uma maneira economicamente

viável. O fraturamento hidráulico pode ser dividido em dois estágios de fluido: no primeiro estágio,

o fluido é bombeado através das perfurações do revestimento em uma taxa e pressão suficiente

para quebrar a formação e gerar a fratura. O segundo estágio é o carreamento das partículas

esféricas chamadas propantes, que são deslocadas juntamente com o fluido através das perfurações

até as fraturas. A Figura 9, representa o preenchimento da fratura, gerada pelo fluido de

fraturamento, por meio de agentes propantes. Os propantes preenchem a fratura à medida que o

fluido entra na formação(RAOUL ZANA, 1998).

Figura 9- Fratura hidráulica e a alocação dos propantes.

Fonte: Bivins, 2005

Após o término do bombeamento, a fratura fecha sobre os propantes, com isso, prevenindo

a abertura da fratura. Areia é um propante comumente utilizado; entretanto, para poços mais

profundos com alta pressão de formação, cerâmicas ou bauxita são usados como propantes. Como

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40

cascalhos no controle de areia, os propantes são utilizados em diferentes tamanhos. Após a

deposição dos propantes e o fechamento da fratura, o fluido de fratura deve diminuir sua

viscosidade para permitir a passagem de HC para produção. Como já discutido, sistemas WLM

diminuem sua viscosidade ao entrar em contato com HC, deixando pouco ou nada de resíduo. Os

sistemas WLM mais usado como fluidos hidráulicos são espumas (HOGELIN, 1999), devido à

três motivos: 1- permite o uso de menos tensoativo para alcançar uma dada viscosidade, reduzindo

o custo de tratamento; 2- reduz a taxa que o fluido vaza para a formação; 3- a limpeza do volume

de desperdício de fluido é reduzida na superfície. Isto tem ambos os benefícios, ambientais e

econômicos (RAOUL ZANA, 1998).

Diante dessas aplicações observadas, as micelas minhocas e o seu comportamento

viscoelástico são sistemas interessantes para a indústria de petróleo, principalmente, na

completação e na estimulação de poços de produção de hidrocarbonetos.

Page 43: Wildson Arcanjo de Morais

41

2-Capítulo

Page 44: Wildson Arcanjo de Morais

42

2. SEGUNDO CAPÍTULO

No capítulo segundo será discutido os polieletrólitos e suas principais características. Tal

discussão serve de foco inicial para melhor compreender os complexos formados pela união, em

solução, de polieletrólitos que possuem cargas opostas, chamados complexos polieletrolíticos. Em

termos de aplicação na indústria do petróleo, a ênfase é dada para utilização desses sistemas como

prováveis revestimentos de diversas substâncias químicas que possuem um papel importante nessa

área de produção. Esse capítulo também discutirá o polieletrólito catiônico quitosana, que foi

utilizado para obtenção dos complexos polieletrolíticos obtidos no presente estudo.

2.1 POLIELETRÓLITOS

Uma macromolécula que carrega covalentemente grupos aniônicos ou catiônicos e contra-

íons de baixa massa molecular, são chamados de polieletrólitos. Há casos em que o polímero

produz tanto carga positiva quanto negativa, resultando em um polianfótero. Proteínas naturais são

bons exemplos de polianfóteros (GARDLUND; WAGBERG; NORGREN, 2007; GUERRA,

2011) No estado sólido ou em solventes apolares, os contra-íons estão fortemente ligados aos

grupos iônicos na cadeia polimérica, devido à atração eletrostática das cargas opostas em solução.

Diferentemente das cargas localizadas nas cadeias poliméricas, os contra-íons se redistribuem por

todo o volume da amostra, ou seja, gerando a carga residual de cada componente na solução. A

Figura 10 representa as cargas na cadeia polimérica e os contra-íons, na representação tipo

integral, resultante dos grupos ionizados no meio(GARDLUND; WAGBERG; NORGREN, 2007).

Figura 10- Representação do tipo integral da cadeia de polieletrólito em solvente polar.

Page 45: Wildson Arcanjo de Morais

43

Círculos positivos, e negativos representam os contra-íons.

Fonte: (GARDLUND; WAGBERG; NORGREN, 2007)

As propriedades de soluções de polieletrólitos apresentam notáveis diferenças em relação

às soluções de polímeros neutros. A presença de cargas ao longo da cadeia leva a interações intra

e intermoleculares que têm grandes consequências para as propriedades dinâmicas e estáticas do

sistema (GUERRA, 2011).

Os polieletrólitos podem ser classificados como fortes e fracos. Aqueles que possuem alta

densidade de carga ao longo da cadeia (poliestireno sulfonato e o poli (dialidimetil cloreto de

amônia)) são denominados fortes; os fracos, baixa densidade de carga (poliaminas e os poliácidos)

(SILVA, 2010).

A mistura entre polieletrólitos catiônicos e aniônicos gera os chamados complexos

polieletrolíticos (PECs). Essa mistura dependerá das propriedades dos dois polieletrólitos, como:

massas molares grandes ou pequenas, condições de solução (por exemplo, pH e concentrações

iônicas), razão molar da mistura de cargas entre catiônico e aniônico PECs (n-/ n+), natureza dos

grupos iônicos, rigidez das cadeias, a forma das cadeias dos polieletrólitos e a estratégia de mistura.

Os polieletrólitos de cargas opostas formam complexos um com o outro devido à forte interação

eletrostática atrativa (HARTIG; GREENE; DIKOV; PROKOP; DAVIDSON, 2007). Interações

eletrostáticas são as forças moleculares principais dos PECs. Ligações de hidrogênio, interações

hidrofóbicas e forças de van der Waals completam sua formação. Este processo pode ser separado

Page 46: Wildson Arcanjo de Morais

44

em dois passos de formação de complexos: primeiro, processo de difusão cinética dos

emaranhados poliméricos em tempos curtos; e segundo, a reconfiguração termodinâmica aos

agregados já formados devido às mudanças conformacionais e os desemaranhados em tempos

longos, causando instabilidade nos PECs (HARTIG; GREENE; DIKOV; PROKOP; DAVIDSON,

2007). A formação dos complexos é ocasionada pela reação espontânea entre os polieletrólitos de

cargas opostas seguida da liberação dos contra-íons. Os complexos formados podem ser solúveis

ou insolúveis em água. A solubilidade é principalmente determinada pelas cargas livres deixadas

sobre as cadeias, isto é, as cargas que não complexam os poliíons. Ligações de hidrogênio,

interações hidrofóbicas e hidrofílicas também contribuem para a solubilidade dos complexos. A

composição do solvente, força iônica, pH, natureza dos contra-íons, concentração de polímeros e

a dissociação dos poliíons são fatores que regulam a formação de PECs. Com isso, três tipos de

PECs podem ser formados: complexos solúveis (sistemas homogêneos macroscopicamente

contendo pequena quantidade de agregados de PECs), complexos coloidais dispersos (ou sistemas

coloidais turvos, partículas suspensas na faixa de transição de separação de fase) e coacervatos

(sistemas de duas fases, líquido sobrenadante e precipitado, que são totalmente separáveis após

lavagem e secagem (ANKERFORS; ONDARAL; WAYGBERG; ADBERG, 2010; ANDERSON;

HOLAPPA; ASEYEV; TENHU, 2003; HARTIG; GREENE; DIKOV; PROKOP; DAVIDSON,

2007).

A Figura 11 mostra a provável interação entre polímeros carregados em solução, e a

consequente formação de PECs, com a liberação de contra-íons (MICHAELS, 1965).

Figura 11- Esquema do tipo integral para provável interação entre polímeros carregados,

e a formação de PECs. Círculos positivos e negativos cargas dos contra-íons.

Fonte: (MICHAELS, 1965).

O método predominante para obtenção de PECs é a titulação, em que um polieletrólito é

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45

lentamente adicionado (menos de 1 ml/min), com agitação, a uma solução contendo o polieletrólito

de carga oposta. Esse procedimento possui diversas complicações: a concentração da solução de

polieletrólito titulado muda durante a titulação. Essa mudança decorre devido à mudança de

concentração causada pela adição de solvente ao titulado e o consumo do polímero titulante pelo

processo de complexação que prossegue. O controle de adição também é uma problemática para

este método, essa variação na adição dos reagentes pode afetar as propriedades dos complexos

formados. PECs também podem ser formados in situ, ou seja, misturando policátion, poliânion e

substrato (ANKERFORS; ONDARAL; WAYGBERG; ADBERG, 2010).

As interações entre os polieletrólitos podem ser definidas como estequiométricas 1:1 ou

não estequiométricas. Essa definição é relacionada a neutralidade ou não dos complexos

resultantes. Para explicar o comportamento estequiométrico desses compostos, os modelos de

complexação de polieletrólitos, chamados “escada” e “ovos mexidos”, são utilizados (CHEN;

HEITMANN; HUBBE, 2003; MICHAELS, 1965) A Figura 12 mostra o modelo “escada” tipo

pendente, este modelo descreve as cargas nas cadeias poliméricas como traços que ligam a cadeia

a carga formada na cadeia polimérica em solução.

Figura 12- Representação tipo pendente para modelo “escada” que descreve a interação

entre polieletrólitos na formação dos PECs estequiométricos. Cargas positivas e negativas nas

cadeias polimérica.

Fone: ((CHEN; HEITMANN; HUBBE, 2003).

No modelo “escada”, os dois polieletrólitos têm flexibilidade suficiente e densidade de

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46

carga aceitável que possibilitam alinhar suas cadeias de uma forma cooperativa. Sistemas

“hospedeiro” e “convidado”, em que um dos polieletrólitos possui massa molar menor que o outro,

é bem explicado por este modelo. Entretanto, para polieletrólitos com massa molar elevada não é

interessante assumir que as cadeias interagem em linha como no modelo de “escadas”. Assim, o

modelo de “ovos mexidos” é esperado ser a melhor descrição dentro das condições limites de alta

massa molecular, concentração, e/ou fluxo, onde a taxa de colisões irreversíveis entre as

macromoléculas é relativamente alta comparada a taxa de ajustamento conformacional (CHEN;

HEITMANN; HUBBE, 2003).

A Figura 13 mostra uma representação do modelo “ovos mexidos”, do tipo pendente, que

é utilizado para explicar sistemas de complexos polieletrolíticos estequiométricos.

Figura 13- Representação tipo pendente para PECs. O modelo chamado “ovos mexidos”

representação tipo pendente.

Fonte: (CHEN; HEITMANN; HUBBE, 2003)

Page 49: Wildson Arcanjo de Morais

47

2.2 POLIELETROLÍTICOS E COMPLEXOS POLIELETROLÍTICOS (PECS) NA

INDÚSTRIA DO PETRÓLEO

Na indústria do petróleo os polieletrólitos vêm sendo utilizado em vários processos, dentre

os quais: na retirada de sais do petróleo, (LUCHESE, 2010); usados no controle e liberação de

agentes reticulantes, para estender o tempo de formação de géis no fluido de fraturamento (PAUL

WILLHITE, 2013); na limpeza das impurezas da água, agindo como agentes floculantes,

(NICHOLAS D. SYLVESTER, 1978)e no melhoramento da recuperação do óleo (J. KOTZ, 2000).

Sendo essas algumas das aplicações dos polieletrólitos neste ramo da indústria.

2.2.1 Liberação controlada de agentes gelificantes ou de ligações cruzadas através de

complexos polieletrolíticos

Uma grande quantidade de água é produzida durante a produção de óleo dos poços de

petróleo, e essa quantidade aumenta ainda mais à medida que o poço vai ficando mais velho. Esse

é um dos principais problemas na indústria petrolífera, que aumenta o custo da produção e cria

problemas para eliminação desses resíduos. Isto também induz problemas operacionais como

corrosão e formação de incrustações. Nos Estados Unidos, onde muitos poços já estão depletados,

a razão entre água e óleo produzida é próxima de 9:1. Alguns poços ao redor do mundo, os campos

mantêm sua produção quando a razão é aproximadamente 50:1. Então, um método para melhorar

a recuperação do óleo torna-se necessário para aumentar a quantidade de HC produzida. Uma

solução é colocar uma barreira de gel nas regiões do reservatório que produz água. Muitos

polímeros gelificados disponíveis na indústria são colocadas próximos à região do poço antes da

reticulação, (formação das ligações cruzadas). Após a injeção do sistema polimérico na matriz da

zona desejada, os componentes reagem e formam a estrutura tridimensional polimérica, gel. O gel

reduz completamente o fluxo d’água através dos poros do meio (G.P KARMAKAR, 2006).

Page 50: Wildson Arcanjo de Morais

48

Outro método consiste em injetar o polímero com o agente reticulante, que é iniciado por

íons metálicos ou radicais orgânicos. A solução polimérica e o agente reticulante reagem e formam

um anelar de gel ao redor do poço de produção. Esse sistema gelificado age como modificador de

permeabilidade relativa (relative permeability modifiers - RPM), modificando o fluxo das duas

fases, óleo e água, induzindo o fenômeno que eles induzem é chamado de redutor desproporcional

de permeabilidade ( disproportionate permeability reduction – DPR) (G.P KARMAKAR, 2006).

Em muitos casos, é desejável atrasar o tempo de formação do gel com a liberação controlada

dos agentes reticulantes. Os complexos polieletrolíticos podem ser utilizados para cumprir essa

função. Os PECs revestem os agentes reticulantes, controlando a liberação deles para assim ter um

maior controle no fluido gelificado. Os agentes gelificantes podem ser iônicos (como Cr(III) em

cloreto de cromo, etc), organo-metálicos (acetato de cromo (III) ou orgânicos (fenol formaldeído)

(CORY BERKALAND, 2010a).

Os PECs para essa aplicação podem ser obtidos através de uma adição de gotas de tamanhos

uniformes da solução de polieletrólito em um reator com agitação constante contendo a solução

do polieletrólito de carga oposta, acontecendo a reação entre as gotas e a solução para formar as

partículas. Quando o polímero em gotas for aniônico e a solução catiônica, as partículas resultantes

possuírão um núcleo aniônico e a casca complexada de cargas negativas/positivas, com excesso

de carga positiva. Ao contrário, gotas de policátion podem ser coletadas por uma solução

polianiônica. As partículas resultantes terão núcleo positivo e a casca complexada de cargas

positivas/negativas com o excesso de cargas negativas (CORY BERKALAND, 2010a; JOE D.

ALISSON, 1988).

Na literatura, é possível encontrar estudos que mostram a influência dos PECs no tempo de

gelificação. O agente gelificante comercial Alcoflood® 935 foi revestido com a adição do

complexo polieletrolítico, formado por sulfato de dextrina (poliânion) e quitosana (policátion).

Várias misturas do agente gelificante e PECs foram avaliadas, utilizando o viscosímetro para

avaliar o tempo de gelificação. O tempo encontrado para gelificação foi entre 9 a 11 dias, muito

acima do tempo proposto em outro trabalho, que obteve géis instantaneamente (CORY

BERKALAND, 2010a; JOE D. ALISSON, 1988).

Page 51: Wildson Arcanjo de Morais

49

2.2.2 Liberação controlada de inibidores de incrustação através de complexos

polieletrolíticos

Quando o poço é inicialmente perfurado no campo de petróleo, o óleo extraído é

normalmente “seco”, sem impurezas aquosas, à medida que o reservatório vai sendo utilizado,

progressivamente uma quantidade maior de impurezas aquosas mistura-se com o óleo. Mudanças

na formação de condições físicas durante o ciclo de produção bem como a mistura de águas

incompatíveis (por exemplo, água do mar e bário ou estrôncio contidos na água do mar) podem

causar incrustação em qualquer parte do sistema de produção. A inscrustação que surge no sistema

de produção pode causar perdas significantes na produção e no rendimento associado (CORY

BERKALAND, 2008).

O termo incrustação refere-se ao depósito ou revestimento formado na superfície do metal,

rocha, ou outro material, como um condutor. Isto é causado pela precipitação devido a uma reação

química com a superfície, originada de uma mudança na temperatura, pressão, composição da

solução. As incrustações típicas são carbonato de cálcio, sulfato de cálcio, sulfato de bário, sulfato

de estrôncio, vários silicatos, fosfatos e óxidos, ou qualquer substância insolúvel ou pouco solúvel.

Inibidores de incrustação são aditivos químicos usados para controlar a formação ou

deposição da incrustação. Ao contrário do tratamento ácido, eles podem causar impacto na

formação de sulfato de cálcio tão bem como incrustações de carbonato de cálcio/hidróxido de

magnésio. Essa eficiência de inibição depende: de parâmetros do sistema (concentração iônica,

temperatura, pH, pressão), de propriedades químicas (funcionalidade, massa molecular,

polidispersividade, estrutura) e como eles são usados (concentração, método de aplicação) (AL-

HAMZAH; FELLOWS, 2014).

O método comum para controlar a incrustação é o squeeze o inibodor e isto adsorverá ou

precipitará como complexo sobre a superfície. Quando a produção é restaurada, o inibidor de

incrustação dissolve-se ou desorve-se na salmoura prevenindo a formação de incrustação (CORY

BERKALAND, 2008).

Muitos inibidores de incrustação são poliméricos e existindo três tipos comuns:

(1) Polímeros contendo grupos fosfatos, tal qual ésteres polifosfatados;

Page 52: Wildson Arcanjo de Morais

50

(2) Polímeros contendo grupos sulfônicos, tais quais poli( ácido sulfônico) e poli(ácido

etileno sulfônico);

(3) Polímeros contendo acidos carboxílicos, tais quais poli(ácido acrílico) e poli(ácido

maléico).

Uma importante propriedade desses polímeros é que eles possuem boa estabilidade térmica

em condições normais de operação. Por serem efetivos na prevensão da deposição de incrustação

formada por água dura, eles são extremamente efetivos na solubilização de agentes de suspensão

sólidos (AL-HAMZAH; FELLOWS, 2014).

O sucesso para inibir a formação de incrustação depende da duração do squeeze que o

inibidor é liberado para prevenir a formação de incrustação. Este tempo de squeeze pode ser

aumentado utilizando complexos polieletrolíticos possuindo cargas opostas daqueles observadas

nas rochas da formação. Os PECs revestem os inibidores ajustando o tempo de liberação. Portanto,

complexos polieletrolíticos são usados para liberar inibidores de incrustação em poços de óleo e

gás (CORY BERKALAND, 2008).

Na literatura, o poli(ácido acrílico) foi usado como inibidor de incrustação sendo liberado

por complexo polieletrolítico composto por quitosana e sulfato de dextrana. A eficiência

encontrada foi de 12,98% (CORY BERKALAND, 2008).

2.2.3 Liberação controlada de inibidores de corrosão através de complexos polieletrolíticos

Corrosão dos metais é um dos mais importantes problemas tecnológicos para muitas

indústrias, onde o metal é usado como estrutura. O metal fica em contato com eletrólitos ou

ambiente úmido, o qual que favorece a corrosão. Existem dois meios de promover a proteção de

estruturas metálicas contra a corrosão: proteções passiva e ativa. A passiva é atingida pela

deposição de uma camada de barreira, que previne o contato do metal com o meio agressivo como

oxigênio, água e íons. A adição de nanopartículas dentro da barreira de revestimento diminui sua

permeabilidade para espécies corrosivas (KAMBUROVA; MILKOVA; RADEVA, 2014).

Page 53: Wildson Arcanjo de Morais

51

A corrosão custou as indústrias dos Estados Unidos uma estimativa de $170 bilhões de

dólares ao ano, em 1994. A indústria de petróleo, é a indústria mais prejudicada por estes gastos.

Corrosão destrói o metal e suas propriedades em qualquer parte dos equipamentos nos campos de

óleo e gás, como por exemplo, as colunas de revestimento e a plataforma de produção. O oxigênio,

um dos principais agentes de corrosão e normalmente não está presente na formação de produção,

mas sim, no estágio de perfuração em que fluidos que contém oxigênio são introduzidos. Lamas

de perfuração, descartadas sem tratamento, irão causar corrosão não somente no revestimento do

poço, como também no equipamento de perfuração e nos equipamentos de lama. Água e dióxido

de carbono, produzidos ou injetados para recuperação secundária, podem causar corrosão severa

nas colunas de completação. Ácidos, usados na redução do dano na formação para remoção de

incrustação, também atacam os metais. Sulfeto de hidrogênio também é outro agente corrosivo na

indústria(DENIS BRONDEL, 1994).

Complexos polieletrolíticos podem ser utilizados na liberação controlada de agentes

inibidores de corrosão em poços de óleo e gás. Um inibidor catódico é o óxido de zinco que retarda

a corrosão por inibir a redução da água e gás hidrogênio. Geralmente, os inibidores de corrosão

são orgânicos, tais quais: hexamina, ácidos graxos entre outros (CORY BERKALAND, 2010b).

Na literatura, o carregamento do inibidor cloreto de benzil dimetil tetradecil amônio em

complexos polieletrolíticos formados a partir dos polímeros sulfato de dextrana e polietilenoimina

mostrou eficiência de 44,2% (CORY BERKALAND, 2010b).

2.2.4 Liberação controlada de inibidores de asfaltenos e parafinas através de complexos

polieletrolíticos

A precipitação das frações pesadas do óleo é um problema presente na indústria de petróleo.

A deposição desses componentes reduz a permeabilidade do reservatório e causa variações na

molhabilidade dos poros das rochas, causando parcial ou total entupimento do reservatório e tubos

de condução, reduzindo a produtividade dos poços(LOUREIRO; PALERMO; SPINELLI, 2015).

Page 54: Wildson Arcanjo de Morais

52

Um dos compostos precipitados é o asfalteno, que é considerada uma fração das mais

pesadas e complexas do petróleo. Os compostos de anéis aromáticos polinucleares e pequenas

quantidades de heteroátomos, tais quais, enxofre, nitrogênio e oxigênio, e traços de metais níquel

e vanádio (LOUREIRO; PALERMO; SPINELLI, 2015).

As parafinas pesadas nas temperaturas e pressões do reservatório (70-150°C, 50-100MPa),

estão completamente dissolvidas na solução de óleo pesado. Uma vez que esse óleo deixa o

reservatório acaba formando estruturas gelificadas complexas devido ao decréscimo de

temperatura (WANG; HUANG, 2014).

Os complexos polieletrolíticos são uma proposição para carrear os inibidores de formação

de precipitados de compostos orgânicos nos poços de óleo e gás, tais quais, os asfaltenos e

parafinas. Inibidores de asfaltenos incluem os ácidos graxos anfóteros, enquanto os inibidores de

parafinas, usualmente, os polímeros, como o polietileno (CORY BERKALAND, 2010b).

2.2.5 Liberação controlada de limpadores de sulfetos de hidrogênio através de complexos

polieletrolíticos

Os complexos polieletrolíticos também podem ser utilizados para liberar os limpadores de

sulfetos de hidrogênio em campos de óleo e gás. Os limpadores possuem o objetivo de remover

espécies, como, H2S, S-2 e HS-, formando produtos menos perigosos e não-corrosivos. Compostos

de zinco são comumente usados como agente de precipitação, pois diminui a concentração de

enxofre devido a precipitação de ZnS (CORY BERKALAND, 2010b).

2.2.6 Liberação controlada de inibidores de hidratos através de complexos polieletrolíticos

Page 55: Wildson Arcanjo de Morais

53

Os complexos polieletrolíticos podem ser utilizados para liberar inibidores de hidratos em

poços de óleo e gás. Os hidratos são formados por dois componentes, água e moléculas gasosas,

exemplos: alcanos (1C a 4C), especialmente, metano e etano. Esses hidratos irão se formar em

certas condições, ou seja, quando água está na presença de gás nas condições de altas pressões e

baixas temperaturas. O gás pode estar em forma livre ou dissolvido em um líquido, por exemplo,

hidrocarboneto líquido(CORY BERKALAND, 2010b).

Os inibidores de hidratos são adicionados em combinação com inibidores de corrosão,

opcionalmente, um polímero solúvel em água de um composto etilênico insaturado polar(CORY

BERKALAND, 2010b).

2.2.7 Liberação controlada de agentes quebradores através de complexos polieletrolíticos

Fraturamento hidráulico é uma técnica essencial para aumentar a condutividade de fluidos

na produção. Para a propagação de uma fratura aberta no reservatório, fluidos de fraturamento vêm

sendo utilizados, possuindo duas funções principais: iniciação da fratura e transporte de agentes

de sustentação ao longo da fratura. O fluido de fraturamento deve ser viscoso para permitir o

transporte dos agentes de sustentação, requeridos para manter a fratura aberta durante a injeção.

Após a injeção, o fluido de fraturamento deve ser quebrado completamente, mantendo a elevada

produtividade do poço na fase de produção. Agentes reticulantes (boratos e zirconatos) e

quebradores (oxidantes ou enzimas) são adicionados ao fluido para alcançar tais

objetivos(GERALDINE A.S. N, 2005);(ECONOMIDES; NOLTE, 2000);(GHAHFAROKHI,

2010).

Durante a injeção do fluido de fraturamento viscoso, perda de fluido ocorre para a matriz.

Essa perda gera reboco. O reboco possui alta concentração de polímeros que pode se formar nas

duas faces da fratura. A fratura pode estar totalmente fechada pelo reboco em ambas as faces

(GHAHFAROKHI, 2010; AYOUB; HUTCHINS, 2006). A Figura 14 mostra um esquema em

que se pode observar o reboco formado no processo de fraturamento hidráulico de poços de

petróleo.

Page 56: Wildson Arcanjo de Morais

54

Figura 14- A formação de reboco no processo de fraturamento hidráulico em poços de

petróleo.

Fonte: (GHAHFAROKHI, 2010)

Tempos diferentes de exposição para fluidos de fraturamento e concentrações diferentes

para agentes de sustentação ao longo da fratura causam uma mudança na concentração local de

polímeros. Com isso, quebradores revestidos são distribuídos para quebrar completamente os

fluidos concentrados (GHAHFAROKHI, 2010).

Após o tratamento da fratura, existe um período para o fechamento da fratura. Enquanto

isso, o fluido ainda continua vazando para dentro do reservatório. Este fluido que está vazando

causa danos hidráulicos e físicos ao reservatório, como mostrado na Figura 14. Após os

quebradores agirem no agente viscosificante, as fraturas hidráulicas conterão fluidos de

fraturamento e resíduos, o que diminuirá a extensão da fratura com a não quebra desses fluidos, e

a consequente, diminuição da produção;.(GHAHFAROKHI, 2010). Limpeza incompleta das

fraturas hidráulicas causada pelos resíduos de géis, perda de espessura causada pelo reboco; dano

Page 57: Wildson Arcanjo de Morais

55

na formação como resultado da invasão de fluidos de fraturamento para dentro da matriz, são

efeitos significativos sobre a produção de hidrocarbonetos, especialmente, em formações que

possuem baixa permeabilidade.(BARATI, R; HUTCHINS; BAZAN; HEIDT; TURK, 2007;

GHAHFAROKHI, 2010). Uma melhor limpeza das fraturas no poço será bem realizada com uma

injeção direta de quebradores nos rebocos. (GHAHFAROKHI, 2010).

Enzimas da classe das hemicelulase (Alpha-galactosidase e Endo-beta-

mananase)(MCCUTCHEN; DUFFAUD; LEDUC; ANJA; PETERSON; KHAN; KELLY, 1996),

vêm sendo eficientemente utilizadas como quebradores para fluidos de fraturamento por muitos

anos, (ECONOMIDES; NOLTE, 2000). Enzimas são polímeros específicos, não agridem o meio

ambiente, fáceis de manipular, miscíveis no fluido, não reagem com os equipamentos e não são

consumidas na reação, pois agem como catalisadores (ARMSTRONG, C. D.; STEVENS; LE;

STEPHENSON; QU, 2010; GHAHFAROKHI, 2010).

Os agentes oxidantes, em contra partida, agridem o meio ambiente (SAMUEL; MOHSEN;

EJAN; OOI; ASHRAF; NASR-EL-DIN, 2009).

A principal limitação das enzimas é a desnaturação em temperaturas altas e meios

possuindo pH alcalino (GHAHFAROKHI, 2010).

O reboco feito sobre as rochas deve ser quebrado para melhorar a condutividade do pacote

de sustentação. Polímeros são clivados em pequenos fragmentos de massa molecular pelos

quebradores. Oxidantes, enzimas e ácidos são típicos quebradores, têm uso dependente das

condições diferentes de fraturamento (GHAHFAROKHI, 2010).

O revestimento das enzimas possibilita o uso de elevadas concentrações desses materiais

como quebradores. Um filme de polímero pode agir como uma barreira entre o ativador do

quebrador e o fluido de fraturação. A liberação dos quebradores é causada por batidas, ruptura

osmótica ou difusão dos compostos químicos do quebrador. Revestimento mais forte é necessário

em altas temperaturas. Misturas de quebradores dissolvidos e encapsulados são normalmente

utilizados para melhorar a eficiência do processo (GHAHFAROKHI, 2010).

As enzimas possuindo uma baixa estabilidade térmica necessitam de revestimento protetor,

para atuar em altas temperaturas no fraturamento hidráulico de poços de petróleo. Os complexos

polieletrolíticos vêm sendo utilizados com este propósito. Além disso, os complexos

polieletrolíticos carregam e liberam as enzimas em regiões especificas dos poços de petróleo com

a finalidade de quebrar os resíduos gerados do fluido de fraturamento e do reboco formado nas

Page 58: Wildson Arcanjo de Morais

56

paredes das rochas (BARATI, R; HUTCHINS; BAZAN; HEIDT; TURK, 2007; BARATI, R;

JOHNSON; MCCOOL; DON; WILLHITE; LIANG, 2012; BARATI, REZA; JOHNSON;

MCCOOL; GREEN; WILLHITE; LIANG, 2004; ECONOMIDES; NOLTE, 2000;

GHAHFAROKHI, 2010).

2.2.8 Liberação controlada de tensoativos através de complexos polieletrolíticos

Os tensoativos são utilizados na recuperação avançada de petróleo. Contudo, esse uso pode

ser ineficiente na presença das salmouras dos poços. Essa salmoura provoca a precipitação desses

tensoativos(CORY BERKALAND, 2010b).

Os complexos polieletrolíticos podem encapsular e proteger as moléculas de tensoativos

da salmoura da formação. Os tensoativos associados com os PECs podem ser: aniônico, catiônico,

anfótero ou não-iônicos. Os aniônicos podem conter os grupos carboxilatos, sulfonatos e íons

sulfatos. Contudo, o tensoativo mais preferido na recuperação avançada de petróleo é o alquil aril

sulfonato(CORY BERKALAND, 2010b).

Na literatura, o dodecil sulfato de sódio foi associado com PECs de polietilenoimina e

sulfato de dextrana. A eficiência de carregamento foi de 42,2% (CORY BERKALAND, 2010b).

2.3 QUITOSANA NA FORMAÇÃO DE COMPLEXOS POLIELETROLÍTICOS

As formas de desacetilação da quitina em 1859 foram discutidas por Rouget, começando a

história da quitosana (DASH; CHIELLINI; OTTENBRITE; CHIELLINI). A quitosana é um

copolímero linear constituído por unidades de poli (1 → 4) 2-amino-2-desoxi-β-D-glucopiranose

Page 59: Wildson Arcanjo de Morais

57

(principalmente) e poli(1 → 4) 2-acetamida-2-desoxi- β-D-glucopiranose (DASH; CHIELLINI;

OTTENBRITE; CHIELLINI; DOS SANTOS; CARONI; PEREIRA; DA SILVA; FONSECA,

2009; MONTEIRO JR; AIROLDI, 1999; MORAIS, 2007; PILLAI; PAUL; SHARMA, 2009).

A quitosana, um poliaminossacarídeo, é obtida pela desacetilização alcalina da quitina (o segundo

mais abundante polissacarídeo, sendo o primeiro a celulose). A Figura 15 mostra a estrutura da

quitosana.

Figura 15- Representação da estrutura da quitosana.

Fonte: (MORAIS, 2007).

Quitosana e quitina possuem similaridades químicas com a celulose, diferindo, somente,

no grupo funcional situado no carbono-2 da unidade monomérica (MONTEIRO JR; AIROLDI,

1999). A estrutura da quitina e da celulose é mostrada na Figura 16:

Figura 16- (a) Representação da estrutura da quitina. (b) representação da estrutura da

Page 60: Wildson Arcanjo de Morais

58

celulose.

O

O

NHCCH3

HO

O

HOH2C

n

O

O

O

OH

HO

n

OH

(a) (b)

Fonte:(MORAIS, 2007).

O grau de desacetilação, GD, que indica a porcentagem molar das unidades monoméricas

que possuem grupos amino variando de 0 (quitina) a 100 (quitina completamente desacetilada)

(DOS SANTOS; CARONI; PEREIRA; DA SILVA; FONSECA, 2009) É um dos parâmetros

controladores das propriedades do polímero (MONTEIRO JR; AIROLDI, 1999).

A quitina ocorre naturalmente nas paredes celulares dos fungos e exoesqueleto dos

artrópodes como o caranguejo, camarão e insetos(PILLAI; PAUL; SHARMA, 2009).

A quitina é muito difícil de ser solubilizada em solventes orgânicos e soluções aquosas

(DASH; CHIELLINI; OTTENBRITE; CHIELLINI). Devido, principalmente, às ligações de

hidrogênio ao longo da sua estrutura semi-cristalina (PILLAI; PAUL; SHARMA, 2009). Que

contribui para o baixo número de aplicabilidades do biopolímero; em contrapartida, a quitosana,

uma variável sintética, possui um maior campo de aplicações (DASH; CHIELLINI;

OTTENBRITE; CHIELLINI).

A quitosana possui várias propriedades que a torna favorável a diversas aplicações: baixa

toxicidade, biodegradabilidade, biocompatibilidade (DOS SANTOS; CARONI; PEREIRA; DA

SILVA; FONSECA, 2009).Em soluções ácidas diluídas, devido à protonação dos grupos amino

presentes em sua estrutura biomacromolecular, a quitosana torna-se um polieletrólito possuindo

carga positiva em solução (DASH; CHIELLINI; OTTENBRITE; CHIELLINI; TA; HAN;

Page 61: Wildson Arcanjo de Morais

59

LARSON; DASS; DUNSTAN, 2009). Esta carga possibilita a interação da quitosana com

materiais carregados negativamente, tais quais, enzimas, células, polissacarídeos, ácidos

nucleicos, cabelo e pele (ARGIN-SOYSAL; KOFINAS; LO, 2009).

Em pH acima de 6.0, os grupos amino da quitosana são desprotonados e o polímero perde

sua carga se tornando insolúvel (DASH; CHIELLINI; OTTENBRITE; CHIELLINI).

Em respeito a formação de complexos polieletrolíticos, a quitosana vem sendo utilizada

em sistemas de liberação de fármacos, material para revestimento de feridas(TSAO; CHANG;

LIN; WU; WANG; YOUNG; HAN; HSIEH), tratamento de água como floculante, (MIHAI;

DRAGAN, 2009; ZENG; WU; KENNEDY, 2008) e remoção de metais (ZENG; WU;

KENNEDY, 2008).

O solvente mais comum na solubilização da quitosana é o ácido acético (geralmente, 1%

possuindo pH em torno de 4), os ácidos clorídrico e nítrico, também são utilizados. Contudo,

soluções concentradas de ácido acético e altas temperaturas podem causar a despolimerização da

quitosana, tornando desfavorável a utilização do ácido acético nestas condições.(PILLAI; PAUL;

SHARMA, 2009)

Page 62: Wildson Arcanjo de Morais

60

3-Capítulo

Page 63: Wildson Arcanjo de Morais

61

3. TERCEIRO CAPÍTULO

3.1 TÉCNICAS UTILIZADAS

O capítulo 3 será discutirá as principais técnicas que contribuíram para a realização desse

trabalho. As técnicas Espalhamento Dinâmico de Luz (Dynamic Light Scattering-DLS) e

Espalhamento de Raios-X à Baixo Ângulo ( Small Angle X-Ray Scattering-SAXS) aplicadas aos

sistemas minhocas de agregados de tensoativos e dos complexos polieletrolíticos formados a partir

de quitosana(Q) e poliácido estireno sulfônico-co-ácido maléico(PAES).

3.1.1 Espalhamento de luz

Na química coloidal os experimentos são realizados na região visível do espectro

eletromagnético, designando assim, comumente, o termo espalhamento de luz (HIEMENZ, 1997).

As oscilações dos campos elétricos e magnéticos, que são perpendiculares entre si, que são

característicos da chamada radiação eletromagnética (SHARTL, 2007).

O módulo do campo elétrico em função do tempo e espaço é representado pela Equação

(2).

Page 64: Wildson Arcanjo de Morais

62

c2π2πx λE(x,t)=E (sin( )+sin( ))0 λ t

(2)

Onde, a variação do campo elétrico em função do tempo e espaço é ( , )E x t e a amplitude

do campo elétrico, 0E . Essa luz polarizada propaga na direção x e com comprimento de onda λ,

sendo c a velocidade da luz no vácuo (SHARTL, 2007).

A interação campo elétrico com a matéria, provoca remodelamento da distribuição de

cargas nas moléculas. A extensão desse efeito é dada pela polarizabilidade da molécula, ou seja,

a facilidade da molécula em mudar a distribuição de cargas. A distribuição de cargas segue a

modulação em tempo do vetor campo elétrico do raio de luz incidente, portanto, as moléculas se

tornam dipolos oscilantes devido ao efeito da interação com campo elétrico. O campo elétrico

oscila causando oscilação nas moléculas que mudam suas distribuições de cargas. Este dipolo

oscilante emite uma onda eletromagnética de mesmo comprimento de onda da luz incidente

(considerando o espalhamento elástico, sem absorções de energias pelas moléculas, luz incidente

totalmente espalhada), com isso, emitirá comprimentos de ondas isotropicamente em todas as

direções, perpendicular ao oscilador (SHARTL, 2007). A oscilação de um molécula é mostrado na

Figura 17.

Page 65: Wildson Arcanjo de Morais

63

Figura 17- Representação do dipolo induzido devido à luz incidente em uma partícula.

Fonte:(SHARTL, 2007)

O ângulo escolhido para observar a direção do raio de luz incidente é chamado de ângulo

de espalhamento, sendo este um parâmetro importante para medidas de espalhamento de

luz(SHARTL, 2007). Considerando o espalhamento de luz como um processo puramente elástico,

a luz emitida tem o mesmo comprimento de onda da luz incidente. Partículas em solução,

entretanto, possuem um movimento aleatório chamado de movimento Browniano; este fenômeno

é causado pelas flutuações de densidade do solvente, que faz com que as moléculas dos solventes

colidam com as moléculas do soluto, gerando um movimento caótico ao longo da solução. Em

consequência dessas mudanças nas posições entre as partículas, ocasionadas pelo movimento

Browniano, as flutuações de concentração, ambas situações, posições e flutuações, variam em

função do tempo. Os padrões de interferência e intensidade de luz espalhada resultantes sobre um

determinado ângulo de espalhamento, também são parâmetros que oscilam em função do tempo,

refletindo no movimento Browniano das partículas espalhadoras. Estes parâmetros que oscilam

com o tempo, constituem os fenômenos base para a quantificação do espalhamento dinâmico de

luz; um processo experimental que emprega a medida quantitativa de mobilidade das partículas

espalhadoras em solução, caracterizadas pelo seu chamado coeficiente de autodifusão. Com isso,

pode-se determinar o parâmetro mais importante para este tipo de experimento: o tamanho

hidrodinâmico das partículas em solução (SHARTL, 2007).

Page 66: Wildson Arcanjo de Morais

64

3.1.2 Espalhamento Dinâmico de Luz

Pode-se encontrar na literatura três termos relacionados a esta técnica, são eles:

Espalhamento Dinâmico de Luz ( Dynamic Light Scattering – DLS), Espalhamento Quase Elástico

de Luz ( Quasi-Elastic Light Scattering - QELS) e Espectroscopia de Correlação de Fótons (

Photon Correlation Spectroscopy – PCS) (HOLOUBEK, 2007). Espalhamento Dinâmico de Luz,

a nomenclatura moderna para está técnica, tem sido o mais explicativo termo relativo ao que a

técnica realmente mensura, já que a técnica descreve como fundamento a dependência da

movimentação e da dinâmica dos centros espalhadores ocasionada pelo movimento Browniano

(DALGLEISH; HALLETT, 1995).

O DLS é usado em várias áreas, tais como: físico-química, química coloidal, bioquímica,

biofísica, ciência médica, especificamente; processos de gelificação e vitrificação (SHIBAYAMA,

MITSUHIRO; KARINO; OKABE, 2006). O número de aplicações vêm crescendo ao longo do

tempo, provando a utilidade da técnica em diversas áreas e processos.

A formação de complexos entre polieletrólitos e proteínas também pode ser estudada por

Espalhamento Dinâmico de Luz (MATSUNAMI; KIKUCHI; OGAWA; KOKUFUTA, 2007).

Assim como soluções aquosas de polieletrólitos e o efeito da massa molecular, densidade de cargas

e adição de sais (FARSTER; SCHMIDT; ANTONIETTI, 1990). A encapsulação de enzimas,

devido à sua baixa estabilidade (degradação, fagocitose e desnaturação), por polieletrólitos

também vem sendo estudada pela técnica de Espalhamento Dinâmico de Luz (ANTSJE, 2013).

A técnica Espalhamento Dinâmico de Luz é utilizada para determinação do movimento dos

sistemas coloidais e os seus coeficientes de difusão. A obtenção do coeficiente de difusão

possibilita o cálculo do raio hidrodinâmico das partículas em solução (SHARTL, 2007).

3.1.2.1 Aparelhagem experimental do Espalhamento Dinâmico de Luz

A Figura 18 mostra a configuração dos equipamentos em um experimento que mensura a

interação de luz com a matéria, utilizando a técnica de Espalhamento Dinâmico de Luz:

Page 67: Wildson Arcanjo de Morais

65

Figura 18- Esquema que apresenta uma aparelhagem experimental para um equipamento de Espalhamento Dinâmico

de Luz.

Fonte:(SHARTL, 2007).

A luz gerada por um laser passa no colimador, para atenuar e adequar a luz de acordo com

a amostra, após, em seguida, passa pela célula da amostra onde acontecerá o espalhamento de luz.

O detector está situado a um determinado ângulo, θ (Para DLS o ângulo é fixado em 90°,

preferivelmente). O correlacionador armazena os dados e recebe os resultado gerados pelo campo

elétrico (SHARTL, 2007).O campo elétrico, que passa através da célula da amostra, é detectado.

Entretanto, detectores de luz não conseguem medir campos elétricos, devendo assim, ser

convertido a outro parâmetro, para assim ser possível à medida. Através da Equação 3, o campo

elétrico obtido nos experimentos é convertido em intensidade de campo elétrico, um parâmetro já

possível de analisar experimentalmente. Somando todos os campos elétricos nos espalhamentos e

multiplicando pela soma dos seus respectivos complexos conjugados do campo elétrico, obten-se

assim a intensidade, I (GUN'KO; KLYUEVA; LEVCHUK; LEBODA, 2003).

Page 68: Wildson Arcanjo de Morais

66

*I E X E= ∑ ∑ (3)

Na Equação 3, I significa a intensidade do campo elétrico, onde ∑ indica a soma

sobre todos os espalhamentos, E é o campo elétrico, e * denota o complexo conjugado (GUN'KO;

KLYUEVA; LEVCHUK; LEBODA, 2003).

3.1.2.2 O método estatístico, função de correlação

Obtendo as intensidades de campo com a Equação 3 e coletando a intensidade em função

do tempo, flutuações na intensidade são observadas, em um determinado ângulo de espalhamento.

As flutuações em função do tempo são mostradas na Figura 19 (SHARTL, 2007).

Figura 19- A flutuação da intensidade detectada, I(t), em função do tempo.

Fonte: (SHARTL, 2007)

Page 69: Wildson Arcanjo de Morais

67

Essas flutuações na intensidade I(t) em função do tempo são diretamente relacionadas com

o movimento Browniano das partículas espalhadoras, causado pelas flutuações de densidade

ocasionadas pelas moléculas do solvente(SHARTL, 2007).

A Figura 19 mostra que as flutuações geradas pelo espalhamento de luz é um processo

aleatório; entretanto, informações essenciais podem ser extraídas da espectroscopia de correlação

de fótons utilizando métodos estatísticos. A característica mais simples de uma variável é o seu

valor médio. Mas, o valor médio de uma variável de campo eletromagnético de espalhamento é

igual a zero e não contém nenhuma informação adicional. O mais complexo e conhecido método

estatístico para um processo aleatório, e que não é igual a zero, é a função de correlação, que é o

produto da média de uma variável f em dois tempos diferentes t1 e t2(GUN'KO; KLYUEVA;

LEVCHUK; LEBODA, 2003; SHARTL, 2007). A Equação 4 define a função de correlação para

dois tempos distintos, t1 e t2.

1 2 2C(t ,t )=<f(t ).f(t ).>1 (4)

Na Equação 4, C é definido como o produto médio entre dois parâmetros, que são

correlacionados em função de dois tempos distintos, t1 e t2. A função C(t1, t2) é uma função

estatística utilizada em processos aleatórios, como as flutuações obtidas dos espalhamentos de luz,

Figura 19 (GUN'KO; KLYUEVA; LEVCHUK; LEBODA, 2003; SHARTL, 2007).

Os tempos τ1 e τ2 na Figura 19 são os tempos de correlacionados na função de correlação

C(t1,t2), e sendo f igual a I , intensidade do campo, obtem-se:

Page 70: Wildson Arcanjo de Morais

68

( , ) ( ). ( ).1 2 1 2C t t I t I t τ τ=< + > (5)

Na Equação 5, τ é o tempo de correlação. < > τ é a média em relação ao tempo de

correlação. Os tempos t1 e t2 são bem curtos da ordem de µs sendo estes encontrados na Figura

19. Os tempos t1 e t2 se correlacionam e o incremento em t1 é o tempo de correlação, τ.

Na Figura 20, a utilização da função de correlação em função do tempo de correlação é

visualizada.

Figura 20- As intensidades correlacionadas , < > τ, em função do tempo de correlação.

Fonte:(Própria)

Na Figura 20, o eixo x é colocado em log, sendo esta a forma mais usual da função de

correlação encontrada na literatura(GUN'KO; KLYUEVA; LEVCHUK; LEBODA, 2003;

SHARTL, 2007). A função de correlação de intensidade é definida como g(2)(t), ou função de

correlação de segunda ordem, que é obtida pela multiplicação das intensidades em tempos curtos

distintos(GUN'KO; KLYUEVA; LEVCHUK; LEBODA, 2003).

A função de correlação de intensidade, g(2)(t), é descrito pela Equação 6:

Page 71: Wildson Arcanjo de Morais

69

I(t). I(t+τ)(2)(τ)=2I(t)

g

(6)

Na Equação 7 τ é o tempo de correlação e t é o tempo de análise (GUN'KO; KLYUEVA;

LEVCHUK; LEBODA, 2003).

A função g(2)(τ) é convertida em função de correlação de campo elétrico, g(1)(τ), através da

equação de Siegert, Equação 7, essas funções são chamadas de Intensity Correlation Function

(Função de correlação de intensidade-ICF):

(1) (2)(τ)= g (τ)-1g

(7)

Considerando sistemas esféricos, a função g(1)(τ) decai de acordo com a Equação 8 ,

2(1) -Dq(τ)= τeg

(8)

Onde D é definido como coeficiente de difusão translacional e q é o vetor de espalhamento,

definido como:

Page 72: Wildson Arcanjo de Morais

70

4πη θq= senλ 2

(9)

Na Equação 9, η é a viscosidade do solvente e θ o ângulo de espalhamento. Portanto, a

partir do decaimento da função de correlação de primeira ordem, g(1)(τ), obtemos o coeficiente de

difusão translacional, através da Equação 10.

2Γ=Dq (10)

O Γ é definido como taxa de relaxação e D o coeficiente de difusão translacional, dado

pela Equação 11 denominada de equação Stokes-Einstein.

6Bk T

DRhπη

= (11)

Onde kB é a constante de Boltzmann e Rh, o raio hidrodinâmico (relacionado com as

partículas em movimento). O raio hidrodinâmico, Rh, para uma esfera hipotética rígida, é definido

como sendo o raio da partícula que se movimenta com a mesma velocidade daquela partícula que

Page 73: Wildson Arcanjo de Morais

71

é examinada. Na realidade, partículas são solvatadas e os raios calculados a partir das propriedades

de difusão das partículas indicam o tamanho das partículas solvatadas em movimento (GUN'KO;

KLYUEVA; LEVCHUK; LEBODA, 2003).

De acordo com a Equação 11, os parâmetros como temperatura e viscosidade do solvente

influenciam diretamente o coeficiente de difusão translacional, pois quanto maior o tamanho das

moléculas maior será a viscosidade, sendo, também, a viscosidade influenciada pela temperatura.

Precisamos, antes de fazer uma medida precisa de tamanho de partículas, determinar a viscosidade

do solvente e precisamente, a temperatura (HIEMENZ, 1997).

O espalhamento de luz pode ser classificado em estático e dinâmico, isto dependerá de

como a intensidade da medida será mensurada. No espalhamento estático de luz a intensidade total

média em função do tempo é medida em função do ângulo de espalhamento. Com isso, podemos

obter informações sobre a estrutura interna, formas das partículas e estrutura entre partículas. Em

contra partida no espalhamento dinâmico de luz (DLS) a variação temporal de intensidade é

medida e é representada na forma de auto-função de correlação. Coeficiente de difusão, tamanho

de partículas e distribuição de partículas são deduzidos e obtidos utilizando a técnica dinâmica

(HIEMENZ, 1997).

3.1.2.3 Normalização das funções de correlação

Os dados primários obtidos no aparelho 90Plus/Zeta analisador de potencial Brookhaven

Instruments Corporation são as funções de correlação. As funções exportadas são as intensidades

médias, obtidas pela correlação das intensidades, em função do tempo de correlação, que são da

ordem de microsegundos. O eixo do tempo de correlação é tomado em logaritmo comum, como

está representado na Figura 21.

Page 74: Wildson Arcanjo de Morais

72

Figura 21- Intensidade não normalizada (U.A) em função do log do tempo de correlação,

micro segundos. Os dados primários obtidos da técnica DLS.

Fonte: (Própria)

A Figura 21 mostra algumas funções de correlação obtidas no experimento de DLS de

polímeros em solução. As funções possuem o termo B, linha de base, acrescidos aos seus valores.

Com isso, faz-se necessário normalizá-las.

As funções são ajustadas por esta linha de base, B, assim, cada medida contém uma linha

de base. As funções de correlação coletadas requerem a normalização, retirando, assim, a linha de

base. O próprio aparelho dispõe de um tipo de normalização que é dado pela Equação (12):

Page 75: Wildson Arcanjo de Morais

73

(2)h (τ)(2)g = -1(2)h ( )∞

(12)

Na Equação (12), h(2) (τ), é a função coletiva em função de um determinado tempo de

correlação, τ. O h(2) ( ∞ ) é a função coletiva em um valor de tempo de correlação infinito, ∞ .

Contudo, a equação utilizada para normalizar os dados foi à Equação (13):

(2)h (τ)(2)g =(2)h ( )∞

(13)

A diferença entre as Equações 12 e 13 é a substração da unidade apresentada na Equação

12.

As funções de correlação (FC) normalizadas pela Equação 13 são mostradas na Figura

22:

Figura 22-Intensidade normalizada (U.A) em função do log do tempo de correlação,

Page 76: Wildson Arcanjo de Morais

74

micro segundos.

Fonte: (Própria)

Na Figura 22, observa-se a normalização das funções de correlação utilizando a Equação

13. As funções agora possuem o mesmo patamar, decaindo exponencialmente para regiões

próximas em tempos de correlação longos. A normalização favorecerá a comparação entre vários

resultados de funções coletivas. Portanto, a coleta e a consequente normalização são requisitos

básicos para futura abordagem.

O termo τ, chamado de tempo de correlação, será substituído por tD, pois utilizar-se-ão

equações viscoelásticas que apresentam o τ como outro parâmetro nesse contexto.

Page 77: Wildson Arcanjo de Morais

75

3.1.2.4 A Viscoelasticidade e o Espalhamento Dinâmico de Luz

A viscoelasticidade é um fenômeno dependente do tempo e ocorre em sistemas

poliméricos. No estado sólido, fundidos ou em solução, os polímeros, apresentam ao mesmo tempo

características tanto de materiais sólidos como de fluidos. Esta propriedade é conhecida como

viscoelasticidade (H.WATANABE, 1999).

A similaridade entre processos de viscoelasticidade e espalhamento dinâmico de luz é

observada na literatura. Ambos os processos são influenciados pela viscosidade do sistema, e são

caracterizados por serem processos elásticos. Os dois processos são descritos por equações

exponenciais, a semelhança de tais equações, favoreceu a combinação entre as técnicas, que

acabou resultando em uma equação que poderá descrever funções obtidas no DLS.

Os processos no espalhamento dinâmico de luz são descritos por serem mono-modais ou

multi-modais, que se referem às funções que geram uma, ou mais bandas na distribuição de

partículas, respectivamente. No DLS, os modos dos sistemas são chamados de processos de

relaxação. Eles são resultantes da interação da luz com diferentes processos físicos no sistema, ou

interações específicas que podem existir nos sistemas em estudo. Supondo que um dado sistema

seja definido somente por um processo de relaxação, uma banda, este processo simples de

relaxação resulta em um tempo de correlação, tD, e as funções de correlação g(2) é dada pela

Equação 14 (DALGLEISH; HALLETT, 1995; MORAIS, W. A., 2011; SHIBAYAMA,

MITSUHIRO; KARINO; OKABE, 2006):

-2Γt(2) DDg (t ) = e +1 (14)

Page 78: Wildson Arcanjo de Morais

76

Na Equação 14, o termo Γ é definido como taxa de relaxação. A função de correlação de

segunda ordem tende para o valor unitário, em função do tempo de correlação, tD¸ que decai

exponencialmente tendo como taxa de decaimento, Γ.

A função de correlação de segunda ordem pode ser convertida a função de correlação de

primeira ordem, g(1). A Equação 15, descreve a função de correlação de primeira ordem,

substituindo τ por tD, tem-se (MORAIS, W. A., 2011):

2-Dq tD(1)g (t ) = eD (15)

A Equação 15 descreve a função de correlação de primeira ordem. A função de primeira

ordem em função do tempo de correlação, tD. A função de correlação de primeira ordem decai

exponencialmente, tendo como os fatores exponenciais o coeficiente de difusão translacional, D,

e o vetor de espalhamento, q.

As funções g(2)(tD) com g(1)(tD) das Equações 14 e 15, podem ser relacionadas, dando

origiem a Equação 16:

(2) (1) 2g (t )=1+β[g (t )]D D (16)

A Equação 16, relaciona g(2)(tD) com g(1)(tD). O parâmetro β depende das propriedades

ópticas do sistema.

Page 79: Wildson Arcanjo de Morais

77

Definindo, G(Γ), como a densidade de probabilidade para um processo com um

determinado valor de Γ. Utilizando a Equação 15, e integrando em função da taxa de relaxação,

dΓ utilizando como o intervalo de integração entre zero e infinito obtem-se a Equação 17:

-Γt(1) Dg (t )= G(Γ)e dΓD0

∞∫ (17)

A função G(Γ), mostrada na Equação 17, também tem sido empregada como um espectro

de relaxação, que é função da taxa relaxação Γ, Equação 18:

Definindo,

H(Γ)=ΓG(Γ) (18)

A Equação 18 relaciona a densidade de probabilidade para um ensaio de tensão, H(Γ), com

a densidade de probabilidade para uma determinada taxa de relaxação, G(Γ).

Rearranjando a Equação 18, obtem-se:

( )( )

HG

Γ= Γ

Γ

Page 80: Wildson Arcanjo de Morais

78

Substituindo na Equação 17:

dΓ-Γt -Γt(1) D Dg (t )= H(Γ)e = H(Γ)e dlnΓD Γ0 -

∞ ∞∫ ∫

∞ (19)

A integração em intervalos de menos infinito até infinito, em função do logaritmo

neperiano da taxa de relaxação, d ln Γ, para densidade de probabilidade em um Γ determinado,

relacionado com a função de correlação de primeiro grau, é mostrada na Equação 19.

Perante as comparações dos ensaios de tensão e DLS. Podemos fazer analogias utilizando

a equação abaixo:

+ -t/τE(t)= H(τ)e dlnτ-

∞∫∞

(20)

Comparando as Equações 19 e 20, evidenciando a semelhança entre as duas, pois a

Equação 19 que está em função da taxa de relaxação, enquanto que a Equação 20 em função do

Page 81: Wildson Arcanjo de Morais

79

tempo de relaxação para processos de tensão, τ (MONTEIRO; FONSECA, 1997). Portanto, faz-

se sentido a comparação entre essas técnicas, principalmente, no viés matemático.

Na Equação 20, ( )E t é o modulo de Young em um determinado tempo, t (MONTEIRO;

FONSECA, 1997).

O comportamento viscoelástico de poli(éter-uretano-uréia) baseado em poli( propileno

glicol) e poli(tetrametileno glicol) foi investigado através dos gráficos de relaxação de tensão, que

são bem descritos pela lei de potência conhecida como equação de Kohlraush – William – Watts

(KWW) (MONTEIRO; FONSECA, 1997).

C-(t/τ )cE(t) = E e0 (21)

Observa-se na Equação 21, C que é uma constante entre 0 e 1; E0 é o módulo de Young

em t = 0 e τc um tempo de relaxação característico (MONTEIRO; FONSECA, 1997).

O comportamento viscoelástico de sistemas poliméricos tratando os seus resultados com

a equação KWW, vem sendo reportado na literatura (MONTEIRO; FONSECA, 1997).

Tomando como base a Equação 21 e ajustando aos dados experimentais do DLS, no

melhor entendimento de sistemas que seguem a Equação 19, temos, portanto, a correlação entre

os ensaios de viscoelasticidade com ensaios de espalhamento de luz.

Na aplicação deste método para o espalhamento dinâmico de luz, alguns autores

apresentam os principais parâmetros que descrevem os sistemas estudados (GIANNOPOULOU;

PHARMAKAKIS, 2007):

• O parâmetro τc, que indica a faixa de tempos de relaxação em que a maior parte do processo

ocorre;

Page 82: Wildson Arcanjo de Morais

80

• O parâmetro C, adimensional, que é limitado entre 0 < C < 1. Para C = 1, o processo de

relaxação possui um tempo de relaxação definido. Para C tendendo a zero, o espectro de

relaxação é representado por uma distribuição de tempos alargada. Em outras palavras, o

parâmetro C pode ser visto como “Índice de heterogeneidade” do processo de relaxação:

quanto mais próximo de 1 mais homogêneo é o processo de relaxação e, quando C tende a

zero mais heterogêneo é o processo de relaxação;

• A equação de Kohlrausch-William-Watts (KWW) foi utilizada para caracterizar sistemas

poliméricos ramificados fazendo uso da função de correlação g(1). Os parâmetros

relacionados a função g(1) foram τKWW e β. Onde τKWW indica o tempo de relaxação e β,

que varia entre (0 < β ≤1), é uma medida da largura da distribuição de tempos de relaxação.

O parâmetro β é igual à unidade para uma exponencial simples e diminui à medida que a

largura da distribuição torna-se mais ampla.

Relacionando as Equações 19 , representando a técnica espalhamento de luz, e a Equação

20, ensaios de relaxação de tensão; e a vasta utilização da Equação 21 na literatura, que faz-se jus

em comparar os experimentos de espalhamento dinâmico de luz e os ensaios de relaxação de

tensão. A função KWW modificada será ajustada nos dados primários da técnica que usa as

flutuações geradas pelo movimento Browniano causado pela interação de luz com a matéria ao

longo de um período de tempo.

A equação resultante dessa analogia entre os ensaios de tensão de relaxação,

viscoelasticidade, distribuição de relaxação e espalhamento de luz é mostrada abaixo:

C D-[2(Γ t ) ](2)g (t ) = 1+βeD

ν

(22)

Na Equação 22, β , CΓ e ν são parâmetros da função. Esses parâmetros possuem a mesma

características dos parâmetros citados acima, que são utilizados na literatura ( τC, ν e β), já que

advém da combinação entre as técnicas de relaxação de tensão e espalhamento dinâmico de luz.

Page 83: Wildson Arcanjo de Morais

81

O parâmetro β é dependente do esquema experimentale e é definido como ilustrado na

Equação 23 abaixo:

(2) (2)h -h0β =(2)h

BL

BL (23)

A linha de base definida como (2)BLh e (2)

0h é o valor inicial da função de correlação

experimental, sendo a primeira, o valor quando a função de correlação tende à sua constância, para

processos que possuem somente uma taxa de relaxação. Ou seja, são os extremos da função de

correlação, o ponto inicial, acontecendo no chamado de tempo curto, h0(2), e ponto final, à tempo

longo, que se referem a processos de uma única distribuição de taxa de relaxação, (2)BLh . (2)

0h é

sempre maior que (2)BLh , fazendo com que a Equação 23 possua sempre valores positivos.

Na literatura, observamos a utilização desta correlação fazendo com que o método

proposto, Equação 22, seja coerente com o que vem sendo utilizado por diversos pesquisadores.

Portanto, agora, podemos avaliar os resultados obtidos dos ensaios de espalhamento através dos

parâmetros da Equação 22, ajustando a equação não linear das funções de correlação obtidas

experimentalmente, após normalizadas. Os parâmetros da equação β , CΓ e ν serão discutidos

para a tentativa de clarificar o processo de formação de complexos polieletrolíticos entre quitosana

e PAES.

3.1.3 Espalhamento de Raios-X à Baixo Ângulo-SAXS

Page 84: Wildson Arcanjo de Morais

82

Raios-X são ondas eletromagnéticas semelhantes à luz visível. Porém, o comprimento de

onda é bem menor, aproximadamente 1 nm, enquanto a luz visível, em torno de 500 nm. Essas

ondas eletromagnéticas são constituídas de campos elétricos e campos magnéticos alternados, que

se propagam sempre em certos ângulos entre si. Pelo modelo de transferência de impulso e o

modelo oscilatório, os raios-X podem ser descritos como fótons e ondas, respectivamente. O raio-

X ao interagir com a matéria resultando em absorção e no espalhamento. Uma fração de raios-X

que interage com a matéria passará através dela, outra fração será absorvida e transformada em

outras formas de energia, tais como: calor, radiação fluorescente e parte dela será espalhada; essa

luz espalhada possuirá direção de propagação diferente da luz incidente (D.C. CREAGH, 1992).

Figura 23- Luz incidente, I0, quando passa por uma amostra é atenuada, I, devido ao

coeficiente de absorção da amostra, também é espalhada, IE.

Fonte: (D.C. Creagh, 1992)

A Figura 23 mostra uma luz incidente, I0, sendo atenuada, I, devido ao coeficiente de

absortividade da amostra. Outro processo mostrado na Figura 23, é o espalhamento, também

ocasionado pela passagem de luz incidente em uma amostra. As setas mostradas na Figura 23

indicam que o espalhamento acontece isotropicamente, ou seja, a intensidade espalhada é similar

em todas as direções, círculos concêntricos, considerando o processo elástico.

A irradiação de um átomo com fótons de raios-X pode ocasionar a expelida de um elétron

do átomo, assim a energia dos raios-X é usada e o fóton é absorvido, isso, deixa um “buraco” no

átomo, deixando-o instável devido à emissão do elétron. O átomo deseja restaurar sua configuração

inicial, ou seja, reconfigurar seus elétrons para restaurar essa lacuna. Como resultado, ele emitirá

radiação fluorescente, raios-X com outros comprimentos de onda de luz incidente. No SAXS, para

Page 85: Wildson Arcanjo de Morais

83

a obtenção de alta qualidade de resultados, a absorção deve ser mantida baixa (D.C. CREAGH,

1992).

O espalhamento pode ser com ou sem perda de energia. Isto reflete no comprimento de

onda de luz espalhada, se energia for perdida, o comprimento de onda de luz incidente será

diferente do comprimento de onda de luz espalhada. Um exemplo desse processo de espalhamento

com perda de energia é o espalhamento Compton, chamado de espalhamento incoerente. O

espalhamento Rayleigh é dito como espalhamento coerente, pois não existe perda de energia no

espalhamento (D.T. CROMER, 2008).

Os raios-X são espalhados por átomos, todos os átomos emitem ondas esféricas advindas

da posição inicial do átomo. Contudo, essas ondas podem interagir entre si, podendo ser

construtivamente ou destrutivamente. Na interferência construtiva as ondas interagem em fase, e

as destrutivas estão fora de fase. Esse processo é dependente do ângulo de observação 2θ, da

orientação e da distância, r, dos átomos emissores aos receptores de luz espalhada (HEIMO

SCHNBLEGGER, 2011).

Figura 24-Comportamento dos raios-X primários que interagem com átomos e a resposta

no detector(HEIMO SCHNBLEGGER, 2011).

A Figura 25 mostra os raios-X primários, que se propagam em uma direção de incidência,

,traços na horizontal, e atingem os átomos que estão nas amostras, resultando em luz espalhada

Page 86: Wildson Arcanjo de Morais

84

que se propaga até o detector, traços em direção diagonal. O resultado do que é registrado no

detector depende da distância r dos átomos que interagem com a luz incidente e suas orientações

em relação a direção de incidência e observação. As ondas ao chegarem no detector em paralelo

padrões brilhosos são detectados, ondas em fase, em antiparalelo, padrões escuros, ondas fora de

fase. O resultado é um gráfico de padrões em 2D, onde a intensidade varia de posição a posição

no detector (normalmente medido em termos de ângulo de espalhamento, 2θ). Os padrões de

interferência são característicos da estrutura interna do material, ou seja, a orientação e distâncias

dos átomos entre si (HEIMO SCHNBLEGGER, 2011).

As distâncias r mensuradas são relativas ao comprimento de onda, λ, da radiação aplicada.

Para retirar a dependência com o comprimento de onda, os padrões de espalhamento são

apresentados em função de q:

4q = . ( ), [1/ ]sen nm

πθ

λ (24)

Na Equação 24, q é o vetor de espalhamento e λ é o comprimento de onda incidente. O

vetor de espalhamento possui unidade recíproca de dimensão.

3.1.3.1 O fator forma

Page 87: Wildson Arcanjo de Morais

85

O fator forma, P(q), de uma partícula é um padrão de interferência. É uma oscilação que é

típica da forma das partículas (HEIMO SCHNBLEGGER, 2011).

Figura 25- O fator forma gerado a partir do espalhamento característico de determinadas

partículas. A representação gráfica: intensidade em função do vetor de espalhamento (HEIMO

SCHNBLEGGER, 2011).

A Figura 25 mostra o espalhamento característico, EE���

, de partículas esféricas, gerado a

partir da luz incidente, 0E���

, e detectada em 2θ. O gráfico mostra a função P(q) em função de q,

que é característico para partículas esféricas (HEIMO SCHNBLEGGER, 2011).

A intensidade é obtida através da relação entre o produto do campo elétrico pelo seu

complexo conjugado, Equação 3 (RAGHUNATHAN, 2005).

Page 88: Wildson Arcanjo de Morais

86

3.1.3.2 Fator estrutura

Em sistemas concentrados, as distâncias relativas entre as partículas possuem magnitudes

parecidas com as distâncias dentro das partículas. O padrão de interferência possuirá contribuição

das partículas vizinhas, também. Essa interferência adicional multiplicado o fator forma das

partículas simples é chamado de fator estrutura, S(q) (HEIMO SCHNBLEGGER, 2011).

O efeito da concentração é visualizado em ângulos baixos pela formação de ondas

adicionais. A diminuição da intensidade em pequenos valores de q é resultante de forças repulsivas.

Um acréscimo de intensidade indica interação atrativa (PUTNAM; LOWE JR; MEILER, 2013).

3.1.3.3 Orientação/ordenação e Intensidade/contraste

Em sistemas com altas concentrações, a probabilidade é aumentada ao se encontrar uma

partícula vizinha de uma partícula especificamente em um determinada distância. Em sistemas

diluídos, a distância entre as partículas se torna totalmente aleatória. A existência de interações

particulares, dentre elas, as forças repulsivas, leva o sistema a adquirir um estado de semi-

organização, que resulta na construção do fator estrutura nos padrões de interferência no SAXS.

O aumento dos picos no fator estrutura é devido às posições das partículas que se tornam cada vez

mais organizadas (HEIMO SCHNBLEGGER, 2011).

A ordenação de posição pode influenciar em uma orientação preferencial das partículas em

respeito uma a outra, principalmente, se as partículas não forem esféricas (HEIMO

SCHNBLEGGER, 2011).

O grau de orientação pode ser facilmente detectado em um gráfico de padrão de

espalhamento em duas dimensões, 2D. Quando a amostra é orientada aleatoriamente,

Page 89: Wildson Arcanjo de Morais

87

isotropicamente, tais como os sistemas diluídos, o padrão de interferência possui intensidades de

forma de círculos concêntricos ao redor da luz incidente. Em fibras, que possui uma organização

parcial o resultado é uma modulação nos padrões de interferência. As amostras completamente

organizadas, o resultado são manchas de intensidade (HEIMO SCHNBLEGGER, 2011).

Figura 26- Influência dos padrões de interferência devido ao aumento de organização das

amostras (HEIMO SCHNBLEGGER, 2011).

Fonte: Heimo Schnblegger, 2011.

A Figura 26 mostra a influência da organização das partículas nos padrões de interferência

para dispersões, fibras e cristais simples.

Os raios-X são espalhados pelos elétrons, quanto mais elétrons estão no volume, densidade

eletrônica, mais raios-X são espalhados. Se a amostra é constituída somente por uma partícula de

volume v1 e densidade eletrônica p1, então v1.p1 é o número de amplitudes de ondas que chegam

no detector, onde a intensidade elevada ao quadrado de todas as amplitudes de ondas vem desse

volume. Com isso, a intensidade total da partícula, I(q), é definida pela seguinte Equação 25:

Page 90: Wildson Arcanjo de Morais

88

2 2 2. .P(q),0 0 1 1I (q) =I [ ]p v cm (25)

Onde P(q) é o fator forma.

Somente os fótons interferentes carregam informações sobre a estrutura. O espalhamento

do material matriz causa somente um acréscimo no nível de radiação, linha de base, na região do

SAXS e pode ser atribuído o valor zero. Na prática, é subtraído do valor do espalhamento da

amostra, os valores de espalhamento da cubeta vazia e da matriz. Para gerar o contraste entre a

amostra e a matriz, suas densidades eletrônicas devem ser diferentes (HEIMO SCHNBLEGGER,

2011).

A Equação 25 é modificada quando partículas de densidade eletrônica p1 estão incorporada

em uma matriz de densidade eletrônica p2 gerando a Equação 26:

2 2 2.( ) .P(q),1 0 1I (q) =I [ ]p v cm∆∆ (26)

Na Equação 26, ∆I1(q) é a variação de intensidade para uma partícula e a matriz, ∆p é a

variação das densidades eletrônicas das partículas e da matriz. A Equação 26 mostra que o sinal

de detecção do SAXS aumenta com o quadrado do volume da amostra, v1, e que, o contraste ∆p,

é o grande responsável pelo sinal do SAXS.

Assim, para um conjunto n de partículas idênticas em um volume de amostra V, a

intensidade por volume de amostra é dada por:

Page 91: Wildson Arcanjo de Morais

89

. S(q),1I(q) =n I (q). [1/ ]cm∆ ∆ (27)

Na Equação 27, n é a quantidade de partículas, ∆I(q) é a variação de intensidade para o

conjunto n de partículas e S(q) é o fator estrutura (HEIMO SCHNBLEGGER, 2011).

3.1.3.4 Aparelhagem experimental-SAXS

Os componentes básicos são: fonte de raios-X, sistema de colimação, porta amostra,

atenuador de luz e um detector. Quando a luz irradia a amostra, essa interação é captada pelo

detector através do recebimento da luz espalhada que advém da amostra chegando em vários

ângulos distintos. O sistema de colimação deixa a luz incidente mais fina e define o ângulo zero.

O atenuador previne que a luz espalhada atinja diretamente o detector, podendo até danificá-lo, e

também, permite que a luz espalhada de menor intensidade seja mensurada. Como mostra a Figura

27:

Page 92: Wildson Arcanjo de Morais

90

Figura 27- Esquema experimental para o SAXS.

Fonte: Heimo Schnblegger, 2011.

A Figura 27 mostra um esquema experimental simplificado para análise de SAXS.

3.1.3.5 Principais interpretações das análises de SAXS

Após a coleta de intensidade no detector e realizada as correções na linha de base, obtem-

se os resultados primários para a análise de SAXS, que ficam melhor interpretado através da

equação abaixo:

Page 93: Wildson Arcanjo de Morais

91

S(q),I(q) =K.P(q). ∆ (28)

Na Equação 28, K é uma constante, relacionada ao contraste da partícula, volume e

concentração; P(q) é o fator forma que contém informação do formato e os perfis de densidade

interna das partículas; S(q) é o fator estrutura que é referente as interações partícula-partícula, tais

quais: as distâncias entre as partículas e o grau de ordenação.

3.1.3.6 Raio de Giração

Qualquer fator forma, P(q), pode ser aproximado por uma curva Gaussiana em ângulos

baixos. Guinier (1939) relatou que essa Gaussiana é relativo ao tamanho total das partículas, assim:

2 2exp(-R q /3)0P(q) Ga≅ (29)

Na Equação 29, o tamanho do parâmetro RG é chamado “raio de giração” que, por sua vez,

não está relacionado a P(q) e S(q). O parâmetro a0 é a extrapolação da intensidade para o ângulo

zero.

Page 94: Wildson Arcanjo de Morais

92

3.1.3.7 Superfície por Volume

Porod (1951) discutiu duas regras aplicadas nos perfis de espalhamento de qualquer sistema

particular: o perfil de espalhamento de qualquer sistema decai, em ângulos altos, através de

Kp/q4(Kp é proporcional a superfície por volume de amostra); o segundo momento de qualquer

perfil de espalhamento é uma constante universal, chamada de “invariante”,Qp, dada pela Equação

30:

2 ( )p0

Q = q I q dq∞

∆∫

(30)

O invariante contém fatores instrumentais que não são fáceis de se obter, tais como:

intensidade primária do raio e o volume da amostra iluminado (S.K.SINHA, 1988).

3.1.3.8 Massa Molecular

O parâmetro K foi descrito na Equação 28 definido como:

Page 95: Wildson Arcanjo de Morais

93

2 2( p) V n0 1K =i ∆ (31)

O uso da Equação 31, pode-se então encontrar:

(0), [g/mol]

2 2( ) (0) (0)0MM =

N IA

i c p v P S

−∆ (32)

Na Equação 32, MM é a massa molar, g/mol, c é a concentração em g/cm3, NA é o número

de Avogadro e v-2 é o volume especifico parcial (S.K.SINHA, 1988).

3.1.3.9 Interações e estrutura de partículas

A inclinação do fator forma, P(q), em função de q, em baixos ângulos é relativo ao tamanho

total, Rg, e em ângulos altos, é relativo à superfície. A parte que concerne a forma está situada entre

esses dois extremos.

Page 96: Wildson Arcanjo de Morais

94

A parte oscilante do fator forma pode ser investigada através da transformação em “espaço

real”, aplicando o método da Transformada de Fourier; a curva resultante é chamada de “Função

de Distribuição de Distância Par”, p(r) (W.WEBER, 1992).

O formato das partículas pode ser classificado em esférica(globular), cilíndrica e lamelar

através de p(r), como mostra a Figura 28:

Figura 28- A Função de Distribuição de Distância Par e a classificação dos formatos das

partículas.

Fonte: W.Weber, 1992.

A Figura 28, mostra que a característica simétrica da distribuição p(r) define o formato

esférico ou globular. O formato cilíndrico é característico de uma deformação da curva em valores

baixos de p(r). Para formatos lamelares a curva tende a ficar mais assimétrica (W.WEBER, 1992).

Page 97: Wildson Arcanjo de Morais

95

Page 98: Wildson Arcanjo de Morais

96

4-Capítulo

4. QUARTO CAPÍTULO

Esse capitulo discutirá o artigo publicado na revista Colloids and Surfaces A:

Physicochemical and Engineering Aspects, publicado com o título de Dynamic and static radiation

scattering in a microemulsion as a function of dispersed phase concentration. O presente capítulo

focará na metodologia e nos resultados e discussão no estudo desses sistemas microemulsionados

através, principalmente, de técnicas de espalhamento de radiação. O artigo mencionado é

observado na íntegra no Apêndice A.

4.1 CONSIDERAÇÕES EXPERIMENTAIS

4.1.1 Materiais

Os materiais utilizados foram: nonaetilenoglicol-monododeciléter (ALKONAT L90,

Oxiteno, Brasil), n-butanol (P.A., Synth Brasil), xileno (P.A., Synth Brasil), que foram utilizados

como tensoativo, co-tensoativo e fase óleo, respectivamente. Água bidestilada foi utilizada em

Page 99: Wildson Arcanjo de Morais

97

todos os experimentos.

Na Figura 29 é representado as estruturas do tensoativo ALKONAT L90 (a), n-butanol,

(b) e a fase óleo xileno (c).

Figura 29- Representa as estruturas dos constituintes do sistema microemulsionado: (a)

ALKONAT L90, tensoativo, (b) n-butanol, co-tensoativo e (c) xileno (orto-, meta- e para-).

Fonte: Própria com uso do software Chemoffice.

4.1.2 Preparação dos sistemas microemulsionados

Page 100: Wildson Arcanjo de Morais

98

Os sistemas microemulsionados foram obtidos através da mistura entre seus constituintes,

e suas quantidades, que já tinham sido previamente determinadas por estudos anteriores. A

composição dos sistemas microemulsionados é mostrado na Tabela 3:

Tabela 3- Composição dos sistemas microemulsionados utilizados no presente trabalho.

Parâmetro Valor

Razão mássica tensoativos/co-

tensoativo

0,5

Fração mássica de água (wágua) 0,55

Fração mássica de óleo (wO) 0,05

Fração mássica Tensoativo+co-

tensoativo (wtc)

0,40

Fonte: (DE MORAIS; DA SILVA; CARONI; NETO; DANTAS; FONSECA, 2015)

Essa composição já foi estudada em trabalhos anteriores, incluindo a determinação do

respectivo diagrama de fase dos constituintes presentes. O diagrama de fase foi obtido utilizando

a relação entre tensoativo e co-tensoativo de 1:2. O diagrama ternário obtido previamente é

mostrado abaixo:

Figura 30- Diagrama ternário obtido dos constituintes ALKONAT L90, tensoativo, n-

butanol, co-tensoativo e xileno, fase óleo. A razão tensoativo/co-tensoativo de 1:2(DA SILVA;

Page 101: Wildson Arcanjo de Morais

99

ROSSI; DANTAS NETO; DANTAS; FONSECA, 2010).

Fonte: da Silva et al., 2012.

Na Figura 30, a estrela preenchida marcada dentro do diagrama representa o ponto

estudado neste trabalho. A escolha se deve que, ao aumentar a quantidade de água, partindo desse

ponto, o sistema ainda permanece na região de Winsor IV, W IV, região de equilíbrio classificada

como região de microemulsão (DA SILVA; DE MORAIS; NETO; DANTAS; FONSECA, 2012).

As frações mássicas mostradas na Tabela 3 foram convertidas em concentração através da

determinação das densidades utilizando um picnômetro. Após usando a relação abaixo:

C= wρ (33)

Na Equação 33, C é a concentração em g/L, ρ é a densidade e w é a fração mássica. O

presente estudo se baseou no estudo de duas variáveis:

1) A concentração de agentes tensoativos com a diluição do sistema microemulsionado

utilizando água bidestilada;

2) A presença e a ausência da fase oleosa no sistema microemulsionado.

No Apêndice A deste trabalho encontra-se o artigo na integra: Dynamic and static

radiation scattering in a microemulsion as a function of dispersed phase concentration; que

Page 102: Wildson Arcanjo de Morais

100

discute os procedimentos experimentais referentes as análises de Espalhamento Dinâmico de Luz

e SAXS.

4.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção, serão apresentados e discutidos os resultados obtidos do estudo de sistemas

microemulsionados através das técnicas de espalhamento dinâmico de luz e espalhamento de raios-

X à baixo ângulo.

4.2.1 Espalhamento Dinâmico de Luz e SAXS

A função de correlação de intensidade correspondente a segunda ordem, g(2), segue o

mesmo comportamento observado em estudos anteriores, pois decai exponencialmente,

semelhante a função de Kohlraush-William-Watts-(KWW) de acordo com a Equação 22.

Figura 31-Ajuste da Equação 22, linha contínua, nas funções de correlação de

intensidade, g(2), em função do tempo de correlação, tD, para: (a) sistema disperso sem fase óleo,

117g/L (concentração tensoativo/co-tensoativo); (b) sistema disperso sem fase óleo, 274

Page 103: Wildson Arcanjo de Morais

101

g/L(concentração de tensoativo/co-tensoativo).

Fonte: (DE MORAIS; DA SILVA; CARONI; NETO; DANTAS; FONSECA, 2015)

A Figura 31 mostra o ajuste da Equação 22 nas funções de correlação de intensiade, g(2),

em função do tempo de correlação, tD, para sistemas dispersos sem fase óleo, possuindo

concentrações de tensoativo/co-tensoativo: (a) C=117g/L; (b) C=274g/L. Ambas as funções

possuem dois comportamentos que são observados em tempos curtos e longos. Em tempos curtos,

até 102 µS, as funções sofrem um decaimento exponencial, que possui maior queda à medida que

aumentamos a concentração de tensoativo/co-tensoativo. Uma maior concentração aumentará o

número de partículas que espalharão a luz. Em tempos acima de 102 µS, as funções descrevem um

comportamento praticamente constante.

Os parâmetros, β,ΓC, e ν, da Equação 22, podem ser estudados em função da concentração

tensoativo/co-tensoativo e a adição ou não adição da fase óleo, xileno. O resultado é mostrado nos

gráficos abaixo.

Figura 32- Parâmetros relacionados a Equação 22, em função da concentração

tensoativo/co-tensoativo, C. (a) β;(b) ΓC; e (c) ν. Círculos abertos: sistema sem xileno.

Page 104: Wildson Arcanjo de Morais

102

Quadrados abertos: sistema com xileno.

Fonte: (DE MORAIS; DA SILVA; CARONI; NETO; DANTAS; FONSECA, 2015)

Previamente, foi observando que o parâmetro β pode ser utilizado para caracterizar

mudanças bruscas no comportamento dos sistemas, tais quais, a mudança de solução para sistema

gelificado. Essa drástica mudança reológica não foi evidenciada no estudo desses sistemas de

tensoativos. A Figura 32 (a), mostrou o comportamento do parâmetro β, que mesmo com a

influência da adição da fase óleo, não possui nenhuma variação em função da concentração de

tensoativo. A Figura 32 (a), que mostra uma linha de tendência, onde os respectivos pontos

experimentais encontra-se espalhados, em torno de, aproximadamente, 0,7. Pode-se concluir que

o parâmetro β não possui dependência com a concentração de tensoativo/co-tensoativo mesmo

para o sistema sem fase oleosa, círculos abertos, e com fase oleosa, quadrados abertos (MORAIS,

W. A., 2011; DE MORAIS; PEREIRA; FONSECA, 2012).

Na Figura 32 (b), é mostrado o comportamento do parâmetro taxa de relaxação

característica, ΓC, círculos abertos, sistema sem xileno, e quadrados abertos, sistema com xileno.

De acordo com o resultado obtido, para o sistema sem xileno o parâmetro ΓC, varia na faixa entre

0,02-0,04 µs-1, e para o sistema com xileno, 0,01-0,02µs-1, mostrando que a curva para o primeiro

sistema citado possui na integra todos os seus valores de ΓC superiores ao segundo sistema o que

caracteriza a rapidez do processo de relaxação sem a presença da fase oleosa no sistema. Esse

Page 105: Wildson Arcanjo de Morais

103

resultado é consistente, pois os sistemas sem óleo apresentaram maiores dimensões da fase

dispersa. Para ambos os sistemas os valores de ΓC são constantes até a concentração de 200 gL-1.

Após essa concentração, os valores de taxa de relaxação característica começam a aumentar para

ambos os sistemas em estudo. Tal fato concorda com estudos previamente realizados nas mesmas

condições de estudo do presente trabalho, que mostrou um acréscimo nas propriedades físicas do

sistema devido ao aumento da concentração de tensoativo/co-tensoativo, iniciando na

concentração de 200 g L-1.

Se relaciona-se a Equação 10 com a Equação 11, e considerando o diâmetro da fase

dispersa, obtemos a relação abaixo segundo ((TATSURO GODA, 2013):

2

3k TqB

dπηΓ = (34)

Na Equação 34, kb é a constante de Boltzmann, t é a temperatura absoluta, q é o vetor de

espalhamento, η é a viscosidade da fase continua, d é o diâmetro da fase dispersa. Através da

Equação 34 é possível visualizar três prováveis explicações para o aumento do parâmetro Γ, acima

de 200 g L-1 para sistemas de tensoativos sem e com fase óleo. Podemos citar:

(1) A dimensão dos centros envolvidos nos movimentos aleatórios diminui;

(2) A viscosidade da fase contínua diminui;

(3) Ambos, viscosidade e dimensão da fase dispersa diminuem;

Essas proposições advêm da Equação 34, em que a viscosidade e o diâmetro são

inversamente proporcionais à taxa de relaxação.

Como a viscosidade da microemulsão continuamente aumenta com o aumento da

concentração tensoativo/co-tensoativo, a segunda e terceira hipóteses podem ser descartadas,

concluindo que as dimensões dos centros envolvidos nos movimentos aleatórios diminuem, é a

Page 106: Wildson Arcanjo de Morais

104

hipótese mais aceitável. Especificamente, parece que as grandes dimensões das micelas fazem com

que os movimentos aleatórios não sejam descritos na fase contínua aquosa isso seria um indicativo

da presença de estruturas alongadas, similares aos movimentos dos segmentos pertencentes a

grandes aglomerados de cadeias poliméricas. Esse movimento aleatório já é bem descrito na

literatura(DE OLIVEIRA; DE MORAIS; PEREIRA; FONSECA, 2012; SHIBAYAMA, M.,

2004).

A hipótese gerada anteriormente, sobre a possibilidade de formação de estruturas alongadas

na tentativa de explicar o aumento dos valores do parâmetro Γ, acima de 200 gL-1, enfatiza a

observação de sistemas micelares denominados tipo-minhoca. Esses sistemas são similares aos

poliméricos e possuem estruturas alongadas, ou seja, o acréscimo nos valores do parâmetro ΓC

pode estar relacionado a sua ocorrência.

Tanto na literatura presente quanto e em trabalhos já realizados pelo nosso grupo, na

distribuição de taxa relaxação é possível a observação de mais de uma taxa de relaxação

característica, ΓC, em sistemas micelares do tipo-minhoca. De fato, embora fosse encontrada uma

segunda taxa de relaxação característica, relacionada ao movimento Browniano, em temperaturas

baixas para estes sistemas estudados, o presente trabalho não possuiu sensibilidade necessária para

a observação desse processo na temperatura de 25°C (DA SILVA; DE MORAIS; NETO;

DANTAS; FONSECA, 2012; HAIQING YIN, 2009).

Uma distribuição de taxa de relaxação alargada é esperada devido ao aumento das

dimensões gerada pela formação de sistemas tipo-minhoca. O parâmetro ν, da Equação 22, está

relacionado com a heterogeneidade do processo de relaxação: quando menor este parâmetro, mais

alargado é a distribuição de taxa de relaxação, assim, quanto maiores são as micelas tipo-minhoca

mais heterogêneo o processo de relaxação se torna, devido ao espectro mais espesso, ocasionado

pela interação entre micelas que formam estruturas mais longas e complexas. Na literatura

podemos encontrar evidências, das quais, os sistemas tipo-minhoca tenham o comportamento

parecido com as soluções clássicas de polímeros, dentre elas o uso da equação de KWW em

análises de relaxação de tensão para poliestirenos acima da temperatura de transição vítrea, quanto

maior a massa molar, o parâmetro ν decresce (KNOFF.W.F, 1971).

Na Figura 32 (C), é observado o parâmetro ν em função da concentração tensoativo/co-

tensoativo para sistemas sem xileno, círculos abertos, e para sistemas com xileno, quadrados

abertos. Para estes sistemas, o parâmetro ν varia na faixa de 0,6 e 1,0. Na região de 100-200 g/L,

Page 107: Wildson Arcanjo de Morais

105

o comportamento para ambos os sistemas é bem similar. Contudo, acima de 200g/L, as curvas

caem para valores próximos de 0,6 para o sistema sem xileno, e para o sistema sem xileno o

decréscimo do valor de ν é observado no valor próximo de 250g/L, que decai para próximo de 0,7.

Ou seja, a diminuição da região a partir de 200 g/L é mais pronunciada no sistema sem xileno. O

sistema com xileno é menos susceptível ao provável processo que esteja acontecendo.

Em termos de homogeneidade, na Figura 32(C) quanto maior os valores do parâmetro ν

mais homogêneo é o processo de relaxação, com isso, para o sistema sem xileno é observado uma

maior homogeneidade na faixa entre 100-200g/L. Acima desses valores, as dimensões

macromoleculares aumentam, e o processo tende a ficar mais heterogêneo. Para o sistema com

xileno, essa região é entre 100-250g/L, aproximadamente, acima disso, a heterogeneidade é

crescente.

O parâmetro ν pode ser relacionado com a distribuição de taxa de relaxação, ou seja, ν é

um parâmetro do quão alargada é a distribuição. É um fator de alargamento de função de

distribuição, neste caso, de taxa de relaxação. Quanto maior o ν menor o alargamento da

distribuição de taxa de relaxação, quanto menor o ν maior o alargamento da distribuição. Fazendo

associação das Figuras 32 (b) e (c), em relação aos parâmetros ΓC e ν e suas variações em respeito

aos sistemas estudados relacionando-os a concentração de tensoativo/co-tensoativo nas faixas de

concentração 100-200 g/L, ΓC para ambos os sistemas possui comportamento constante,

praticamente, mesmo com o aumento da concentração de tensoativo/co-tensoativo a mobilidade

do sistema permanece inalterada, já que podemos associar a taxa de relaxação característica

proporcionalmente ao coeficiente de difusão translacional, de acordo com a Equação 10. Para ν,

100-200 g/L, aumenta suavemente nessa faixa, o sistema se torna cada vez mais homogêneo em

respeito a relaxação do processo. Esse fato não deve estar relacionado as dimensões moleculares,

já que ΓC não varia nessa faixa e é inversamente proporcional às dimensões, de acordo com a

Equação 34. Já que o sistema fica suavemente mais homogêneo, a distribuição de taxa de

relaxação se torna, à medida que a concentração tensoativo/co-tensoativo aumenta, mais estreita.

Tal fato pode estar relacionado a somente uma mudança da configuração dos agregados

moleculares com o aumento de C (g/L), que resulta em um aumento suave em ν. Para o sistema

com xileno, essa faixa se estende até 250 g/L, aproximadamente. Para sistema sem óleo, na faixa

de 200-300 g/L, ΓC sofre um incremento, que de acordo com a Equação 34, deveria ser resultado

do aumento das dimensões moleculares, que não causaria esse incremento. Contudo, de acordo

com as hipóteses, citadas acima, que as dimensões dos centros envolvidos nos movimentos

Page 108: Wildson Arcanjo de Morais

106

aleatórios estariam diminuindo entraria de acordo com a relação inversa de ΓC e d na Equação 34.

Em relação ao parâmetro ν, em C 200-300 g/L, foi visualizado uma diminuição nesse parâmetro,

para ambos os sistemas, aumentando a heterogeneidade do processo de relaxação. Esse aumento

de heterogeneidade foi menor para o sistema com fase oleosa. A formação de estruturas de

tensoativos denominadas tipo-minhoca foi sugerida para explicar os comportamentos observados

nos parâmetros da Equação 22 na Figura 32. Se essas estruturas são formadas por tensoativos,

quanto maior o número de tensoativos no sistema, maior a probabilidade de ocorrer a formação

desses aglomerados alongados; ao inserir-se a fase oleosa, diminui-se a probabilidade de formação

dessas estruturas, pois diminui a probabilidade dos tensoativos interagirem entre si. Assim,

aumentando a quantidade de óleo, resultará em uma menor contribuição desses sistemas nos

parâmetros estudados. Com isso, uma menor influência em ΓC e ν foi observada para sistemas com

óleo. ΓC é associado ao centro da distribuição de taxa de relaxação e sua mudança será mais

perceptível em altas concentrações, ou após a alta quantidade de micelas sofrendo transição, 200-

300g/L para sistemas sem óleo, 250-300 g/L para sistemas com óleo. Em contra partida, ν é mais

sensível a heterogeneidades relativas às transições mesmo em estágios iniciais. Na Figura 32 (c),

ν é sensível às heterogeneidades em toda a faixa de concentração C (g/L) estudada.

A comprovação da hipótese deve ser confirmada ao utilizar outra técnica que justifique

todas as discussões já apresentadas. A técnica escolhida foi o SAXS, devido, principalmente, a

crescente utilização em diferentes aplicações e o seu poder de resolução, com a finalidade de

melhor entender e comprovar as hipóteses citadas no presente trabalho.

A hipótese sugerida é que a dimensão da fase dispersa diminuirá e não a viscosidade

aparente ao redor dos centros oscilantes ou ambas as possibilidades. Portanto, a técnica SAXS

deve ser independente da viscosidade aparente, que de fato é, para testar a hipótese e avaliar

somente a dimensão da fase dispersa.

A relação entre vetor de espalhamento, q, e a intensidade, I(q), é o primeiro resultado obtido

do SAXS, como mostra a Figura 33, onde observamos o comportamento típico das curvas de

SAXS para os sistemas em estudo sem a presença do óleo e em diferentes concentrações de

tensoativo/co-tensoativo.

Page 109: Wildson Arcanjo de Morais

107

Figura 33- I(q) em função de q para sistemas sem óleo: (a) C=67 g/L, (b) C=275 g/L.

Fonte: (DE MORAIS; DA SILVA; CARONI; NETO; DANTAS; FONSECA, 2015)

Na Figura 33, quanto maior a concentração de tensoativo/co-tensoativo, C, maior será os

valores de I(q) em altos valores do vetor de espalhamento, q. O aumento de concentração, C,

contribui para o aumento de centros espalhadores que, em consequência, aumenta a intensidade

detectada.

Através da expressão de Guinier, Equação 35, é possível calcular a dimensão da fase

dispersa e, assim, discutir sobre a hipótese sugerida anteriormente.

22

0 3ln ( ) ln q

RGI q I −= (35)

Page 110: Wildson Arcanjo de Morais

108

Na Equação 35, I0 é a intensidade do raio incidente e RG é denominado de raio de giração

da fase dispersa.

Os resultados de raio de giração calculados pela Equação 35 para sistemas sem óleo e com

óleo são mostradas abaixo:

Figura 34- (a) Raio de giração da fase dispersa sem óleo, RG,S, círculos, e com óleo, RG,O,

quadrados em função da concentração tensoativo+co-tensoativo, C. (b) A relação entre RG,O/ RG,S

em função de C.

Fonte: (DE MORAIS; DA SILVA; CARONI; NETO; DANTAS; FONSECA, 2015)

A Figura 34 mostra os raios de giração obtidos através da Equação 35 para as fases

dispersas sem óleo, RG,S, e com óleo, RG,O, em (a). Na Figura 34 (b) é mostrada a relação entre a

fase dispersa sem óleo e com óleo, RG,O/ RG,S, em função da concentração, C. Em (a), os raios de

giração variaram na faixa de 1,1 a 2,1 nm, aproximadamente, para ambos os sistemas. O sistema

com óleo, quadrados, apresentou maiores valores de raio de giração. Em função da concentração,

os sistemas dispersos apresentaram aumento dos raios de giração à medida que se aumentava a

concentração, C.

Para discutir, na Figura 34(b), a relação entre as fases dispersas com óleo e sem óleo, RG,O/

RG,S, deve-se reportar a um trabalho já realizado, no nosso grupo de pesquisa, que serviu de base

Page 111: Wildson Arcanjo de Morais

109

para o presente estudo de sistemas micelares. O trabalho anterior estudou a relação entre a

viscosidade do sistema microemulsionado, o sistema com óleo e sem óleo, em função da

concentração do óleo. A viscosidade relativa aumentou até um ponto de máximo, em que foi

discutido ser a possível transição de sistemas micelares esféricos para tipo-minhoca (DA SILVA;

ROSSI; DANTAS NETO; DANTAS; FONSECA, 2010).

Diante disso, pode-se relacionar a viscosidade máxima com o raio de giração, pois,

observando-se a Figura 34(b), um máximo também é observado. Para isso, assumindo os sistemas

micelares tipo-minhoca possuíram comportamento em solução parecidos com sistemas

poliméricos. Relacionando a viscosidade especifica em função da concentração de tensoativo/co-

tensoativo, obtêm-se (JAMPEN; BRITT; TUNG, 2000):

ln ln lnk n Cspη = + (36)

Na Equação 36, k e n são constantes. ηsp é a viscosidade especifica da fase dispersa e C é

a concentração tensoativo/co-tensoativo. O parâmetro n pode ser indicativo de mudança de regime

de fluxo, quando sofre um crescimento abrupto, que pode ser definido: regime diluído (novelos

micelares separados um do outro), semi-diluído(alguma superposição dos novelos micelares) e

concentrado (os novelos micelares totalmente superpostos). Na literatura, podemos observar que

já foi discutido a transição de regime em sistemas micelares (DE VASCONCELOS; DE

AZEVEDO; PEREIRA; FONSECA, 2000; P.A.CIRKEL, 1998).

Para sistemas micelares sem fase oleosa, a concentração de agentes ativos na superfície é

dada pela relação abaixo:

Page 112: Wildson Arcanjo de Morais

110

m Vs s sV VT T

== (37)

Na Equação 37, ms é a massa de agentes ativos na superfície, VT é o volume total da

dispersão, ρS é a densidade do tensoativo e VS o seu volume, que pode ser relacionado ao número

de micelas, NS, e o raio de giração, RG, como,

34

3RS S

GV N π= (38)

Combinando as Equações (36), (37) e (38) obtem-se:

1ln ln 3 ln Gk n Rspη = + (39)

Onde:

Page 113: Wildson Arcanjo de Morais

111

41 3

lnk NS S

VTk

π ρ= (40)

Deve-se considerar as dispersões com a mesma concentração tensoativo/co-tensoativo:

uma dispersão com uma fase oleosa, o subscrito será O, e outra sem fase oleosa, S. Expressando a

relação entre as viscosidades específicas das dispersões citadas acima, obtem-se:

,

,ln SP O

SP S

η

η

(41)

Na Equação 41: η SP,O é a viscosidade específica da dispersão com fase oleosa e SP,O

viscosidade específica sem fase oleosa. Relacionando as viscosidades dos dois sistemas em relação

as suas viscosidades e a viscosidade do solvente, água, obtem-se:

ln O

S

η η

η η

(42)

Na Equação 42, ηO, ηS e η são as viscosidade da dispersão com óleo, sem óleo e da fase

aquosa, respectivamente. Inserindo a Equação 39 na Equação 42, tem-se:

Page 114: Wildson Arcanjo de Morais

112

1, ,'ln ln1, ,

lnK RO G OO nK RS S G S

η η

η η

−= +∆

− (43)

Os parâmetros K1,O, K1,S são relacionados K1 na Equação 39, contudo referem-se a

dispersão oleosa e ao sistema sem óleo, respectivamente. O ∆n, Equação 43, é a variação do n,

Equação 39.

À medida que a concentração de tensoativo, C, aumenta, a viscosidade da água, η, torna-

se cada vez mais insignificante. Com isso, pode-se fazer a seguinte aproximação da Equação 43.

',

,

nRG OORS G S

η

η

(44)

Em trabalhos anteriores, foi encontrado uma concentração em que a razão entre as

viscosidades das dispersões com óleo e sem óleo foram máximas, diminuindo após esse valor

crítico. De acordo com a Equação 44, o mesmo comportamento deveria acontecer para a razão

entre os raios de giração das dispersões estudadas, à medida que a concentração de tensoativo/co-

tensoativo aumenta. Esse comportamento pode ser comprovado observando-se a Figura 34 (b).

Ambos os raios de giração aumentam com o incremento da concentração, C, assim, esse máximo

é indicativo de uma concentração crítica, que compreende a região 150-200 g/L, C, em que a

adição de óleo inibe a formação de estruturas micelares tipo-minhoca, comparado com o sistema

sem óleo. Para confirmar essa afirmação, observa-se a Figura 32(c): o parâmetro, ν, associado a

heterogeneidade do sistema, indica que o sistema se torna menos homogêneo quando a

Page 115: Wildson Arcanjo de Morais

113

concentração ultrapassa 200g/L. Em outras palavras, isto é indicativo de alta ocorrência de

sistemas tipo-minhoca, no caso, no sistema sem óleo. Essa concentração, 200 g/L em

consequência, pode estar relacionada à transição entre sistemas esféricos para sistemas alongados

do tipo-minhoca. O máximo observado nas relações de viscosidade, em trabalhos anteriores, e de

raios de giração são relacionados ao efeito da fase óleo como um inibidor da formação desses

sistemas minhoca. Na literatura, pode-se reportar, que a adição de hidrocarbonetos pode destruir

as estruturas do tipo-minhoca, caso suas polaridades sejam tão baixas que possam se solubilizar

nos núcleos das micelas (ANDREY V.SHIBAEV, 2014). Em contra partida, um grupo polar

adicionado em uma cadeia hidrocarbônica tenderá, pela interação entre grupos polares dos

tensoativos, a um favorecimento da formação dos sistemas minhoca (AFIFI H, 2012; VARADE,

2007). Entretanto, mesmo com a adição de grupos levemente polares, como a interação entre as

cabeças polares dos tensoativos atinge sua saturação, acima dessa concentração crítica a ocorrência

de sistemas micelares tipo-minhoca começa a ser inibida (RODRIGUEZ, 2005).

Finalmente, deve-se considerar que a fase óleo inibe a formação de estruturas micelares

tipo-minhoca, é esperado que ao redor da concentração em que essa transição aconteça, a razão

será máxima (como em altas concentrações as micelas tendem a assumir sua forma micelar do

tipo-minhoca à medida que se aumenta o tamanho). Esse máximo é um indicativo que a transição

acontece (ou está perto de acontecer) nessa concentração (e também deve ser função da

concentração de óleo). Em consequência, existe uma leve diferença entre a concentração onde o

raio de giração é máximo e aquela encontrada nas equações KWW modificadas no DLS.

Page 116: Wildson Arcanjo de Morais

114

Page 117: Wildson Arcanjo de Morais

115

5 -Capítulo 5. QUINTO CAPÍTULO

Neste capítulo será discutido os resultados obtidos do estudo realizado em sistemas denominados

complexos polieletrolíticos oriundos da interação dos polímero catiônico quitosana e poli(ácido

estireno-co-ácido maléico)-PAES, aniônico. Nos experimentos, a concentração de quitosana foi

mantida fixa, 0,02% m/V, e variando a concentração do poliânion-PAES, na faixa de 0,01-0,05%

m/V. As partículas foram obtidas pela adição direta de 15 mL de quitosana em 15 mL de PAES nas

diferentes concentrações estudadas. O objetivo é retirar a influência do método de adição na

formação de partículas. Tais partículas foram estudadas no âmbito do equilíbrio e cinética. Os

sistemas foram caracterizados utilizando as técnicas: condutividade, viscosimetria capilar,

potencial zeta, espalhamento dinâmico de luz e SAXS. O interesse de melhor compreender esses

sistemas poliméricos, tanto do ponto de vista de interação molecular quanto da formação desses

agregados, é fortemente justificado pelo seu provável poder de aplicação na indústria de petróleo,

como revestimento para substâncias químicas que são sensíveis às condições físico-químicas nos

processos de extração de petróleo. Os resultados foram discutidos utilizando a relação entre essas

concentrações expressas por: PAES%/Q%, que discuti-se como wAC, a relação entre as quantidades

de PAES e de quitosana, catiônico, que defini-se como:

mPAwAC mC= (45)

Na Equação 45 observa-se a relação entre massa de quitosana, mC, e a massa de PAES, mPA. Na

Equação 45, pode-se substituir as massas de quitosana e PAES utilizando a concentração comum,

ou seja, o produto entre o volume e a concentração, obtem-se:

Page 118: Wildson Arcanjo de Morais

116

V CPA PAwAC V CC C= (46)

Na Equação 46, VC e VPA são os volumes dos poliânions e CC e CPA suas concentrações.

Como os volumes experimentais são iguais, ou seja, VC =VPA, resulta:

CPAwAC CC= (47)

Com isso, wAC, será discutido ao invés das concentrações em porcentagem.

No apêndice B encontramos mais detalhes relacionados ao capitulo 2 e o presente capitulo,

principalmente, no âmbito da metodologia experimental, que consta no artigo denominado Light

scattering studies in PEC’s based on chitosan and poly(4-styrenesulfonic acid-co-maleic acid)

sodium salt.

5.1 CONDUTIVIDADE IÔNICA

Os experimentos de condutividade foram realizados no condutivímetro LS LOGEN

SCIENTIFIC, a temperatura de 25 °C. As misturas resultantes da adição de quitosana as soluções

do polímero aniônico, PAES, foram mantidas em repouso por 18 horas, antes da realização das

análises. Os resultados de condutividade foram abordados tanto no equilíbrio e cineticamente.

Page 119: Wildson Arcanjo de Morais

117

Na Tabela 4 ilustra-se os valores para a condutividade das soluções de quitosana 0,02% e

PAES 0,05%. A condutividade é maior para solução de PAES, pois além de possuir uma maior

concentração, o polímero é rico em sal, no caso, o sal de sódio observado em sua estrutura.

Tabela 4- Condutividades para soluções de quitosana e PAES.

Soluções Condutividade(µµµµS/cm)

Quitosana (0,02%) 610,35 ± 4,5961

PAES(0,05%) 726,35 ± 0,0707

Fonte: Própria.

A resistência de uma célula de condutividade iônica é expressa pela equação abaixo:

VR

I= (48)

Em que R é a resistência da célula, V é a voltagem aplicada e I é a corrente observada na

Equação 48, que pode ser reescrita; gerando a seguinte equação:

Page 120: Wildson Arcanjo de Morais

118

LR

Aρ= (49)

Na Equação 49 ρ é a resistência específica, A é a área da secção transversal do condutor e

L é seu comprimento. Com isso, podemos definir a condutividade especifica como sendo o inverso

da resistência especifica:

ρ= (50)

Onde κ é a condutividade específica, na Equação 50, e é proporcional à concentração de

eletrólitos na solução (SENGWA; DHATARWAL; CHOUDHARY, 2014).

Portanto, podemos discutir o primeiro resultado de condutividade iônica que foi realizado

em condições de equilíbrio em termos de κ, condutividade especifica, em função da quantidade de

polieletrólitos aniônicos e catiônicos, wAC.

Na Figura 35 mostra-se a curva obtida com os sistemas em equilíbrio. Observa-se que a

condutância especifica, κ, varia entre 600-650 µS/cm. Ou seja, em baixos valores de wAC a

condutividade iônica é similar a encontrada para quitosana mostrada na Tabela 4. Pois, nessas

regiões a concentração de quitosana é maior relacionada ao poliânion. Na faixa 0,5 a 1,5 da relação

poliânion e policátion, a condutividade tende para os valores da solução de quitosana. Acima

desses valores, a condutividade começa a aumentar. Ou seja, a adição do PAES, o poliânion,

favoreceu o aumento da quantidade de substâncias capazes de serem afetadas pelo campo elétrico

aplicado.

Page 121: Wildson Arcanjo de Morais

119

Figura 35- A condutividade específica, κ, em função da quantidade de poliânions e

policátions, wAC.

Fonte: Própria.

Na Figura 35, é mostrada a influência do aumenta da quantidade de poliânion em relação

a quantidade de quitosana, o policátion, que é fixo em 0,02%, em relação a condutividade iônica

das soluções. Quanto maior o valor de wAC, maior o valor da condutividade, em consequência,

maior concentração de cargas nas dispersões estudadas no equilíbrio a medida que a quantidade

de PAES aumenta. Que é justifica pela formação de cargas nas dispersões, e também pela

contribuição da quantidade de sal que é observada na estrutura do polímero que possui carga

negativa em solução.

Page 122: Wildson Arcanjo de Morais

120

Para o estudo cinética, o valor de wAC=1,5, foi escolhido, dentre a faixa acima mostrada na

Figura 35. A justifica é melhor entendida quando for avaliado os resultados de turbidez obtidos

para o ensaio de equilíbrio. O ensaio de cinética para a condutividade iônica para o valor de 1,5

wAC, é mostrado abaixo em função do tempo em minutos.

Figura 36- Ensaio de cinética utilizando a técnica da condutividade iônica em função do

tempo em minutos para a relação poliânion e policátion igual a 1.

Fonte: Própria.

Os resultados obtidos na Figura 36 para condutividade iônica foram normalizadas

utilizando como fator de normalização o valor médio do valor de condutividade para a constância

observada em tempos longos. Para obter o valor médio para a condutividade realizou-se uma

regressão linear no software origin na região com um plateau constante em tempos longos. Esse

valor médio é chamado de condutividade específica no equilíbrio, κE. Após a normalização,

Page 123: Wildson Arcanjo de Morais

121

observamos que a condutividade específica normalizada possuiu dois comportamentos, aquele

observado em tempos curtos e outro em tempos longos. Em tempos curtos, a condutância

específica normalizada é máxima, que ao passar do tempo começa a diminuir, esse decréscimo é

observado até, aproximadamente, 40 minutos. Acima de 40 minutos, a condutância específica

normalizada é oscila na região que corresponde ao equilíbrio de formação dos agregados

poliméricos. Essa oscilação pode ser considerada uma constância da condutividade nesse intervalo

de tempo.

As forças diretoras da formação dos complexos polieletrólitos são oriundas da liberação

dos contra-íons de pequenas massas molares, pelos polieletrólitos, causando um aumento de

entropia. Esse processo é o maior contribuinte para o processo de formação. Outras interações, tais

quais: ligações de hidrogênio e interações hidrofóbicas, podem contribuir com o processo de

formação dos complexos polieletrolíticos, contudo, não são as forças que governam

(ANKERFORS; ONDARAL; WAYGBERG; ADBERG, 2010). Observando a Figura 36, pode-se

avaliar que a condutância iônica é alta nos primeiros minutos do experimento cinético. Se a

liberação dos contra-ions é o fator que contribui mais para a formação de PECs, a formação de

complexos é máxima nesses tempos iniciais. À medida que o tempo passa, a condutância iônica

decresce, o que deve estar relacionada à diminuição da formação de partículas complexadas,

devido a menor quantidade de polieletrólitos com a capacidade de liberar os seus contra-íons para

a posterior formação de PECs. Portanto, se a condução iônica é alta nos minutos iniciais, maior é

a quantidade de polieletrólitos susceptíveis a interação e a consequente formação de agregados, à

medida que o tempo passa, menores quantidades de polieletrólitos influenciam a condutância, até

aproximadamente 80 minutos. Acima de 80 minutos, a condutância observada é, praticamente,

constante, ou seja, o sistema nessa faixa entra na região de equilíbrio.

5.2 VISCOSIDADE CAPILAR

A Figura 17 mostra a viscosidade capilar para os sistemas de complexos em equilíbrio. A

viscosidade relativa para os sistemas de complexos polieletrólitos foi obtida utilizando como

Page 124: Wildson Arcanjo de Morais

122

comparação o tempo de escoamento para o solvente, nesse caso, ácido acético 2% em solução

aquosa.

Figura 37- Viscosidade relativa, ηR. em função da razão wAC em equilíbrio.

Fonte: própria

Observando a Figura 37, observa-se que a viscosidade relativa varia entre,

aproximadamente, 1,00 a 1,08 em função de wAC, variando de 0,5 a 2,0. Contudo, não foi possível

realizar experimentos com valores maiores que 2,0, pois, a quantidade de PEC’s formadas era

grande e prejudicava a medida no capilar devido à separação de fases com a formação de

coacervatos.

Na Figura 37, os maiores valores de viscosidade relativa foram observados para os

menores valores de wAC, entre 0,5 e 1,0. O aumento da razão wAC favorece a diminuição da

viscosidade relativa. Em baixos valores de wAC, a viscosidade aumenta, devido à pequena

quantidade de poliânions, ou seja, poucos complexos formados, essa região é caracterizada por

Page 125: Wildson Arcanjo de Morais

123

possuir complexos solúveis, que formam uma fase. Como poucos complexos são formados, maior

será o número de cadeias de quitosana livres no sistema, que contribuirá para o aumento da

viscosidade relativa. Quando aumenta-se a razão wAC, na verdade incrementando-se a quantidade

de partículas de poliânion, devido ao fato da quantidade de policátion ser mantida constante. Esse

incremento favorecerá o surgimento de mais complexos polieletrolíticos, que diminuirá a

quantidade de quitosana livre, que não mais contribuirá para o aumento da viscosidade relativa.

Contudo, uma controvérsia é obtida, se a quantidade de polímeros aumenta, à medida que a razão

wAC aumenta, deveria-se observar um comportamento ascendente na curva viscosidade relativa

em função da razão das concentrações de poliânion e policátion. Para justificar, de acordo com as

Figuras 12 e 13, dois modelos são utilizados para descrever a morfologia provável dos complexos

formados que são: o modelo escada e o modelo ovos mexidos. Se o modelo escada fosse a

morfologia preferencial dos complexos formados, deveríamos observar o aumento da viscosidade

relativa, pois, aumentaria a resistência ao fluir. Com isso, se as estruturas observadas correspondem

ao modelo “ovos mexidos”, a tendência a fluir seria maior, que causaria o decréscimo da

viscosidade relativa.

De acordo com a Figura 37, a viscosidade relativa tende a 1, ou seja, tende a viscosidade

do solvente, solução de ácido acético 2% (volume/volume), quando wAC tende a 2. A formação de

complexos polieletrolíticos retira espécies macromoleculares solúveis da fase contínua, resultando

na diminuição da viscosidade. Em wAC próximo a 2, corresponde à região em que a formação de

PECs é máxima o que resulta na constância observada no gráfico. Com isso, tornou-se impossível

obter valores de wAC acima de 2.

5.3 TURBIDIMETRIA

A turbidez desses sistemas foi avaliada no equilíbrio e cineticamente. Inicialmente, o

experimento de equilíbrio foi realizado, com a finalidade de melhor compreender os sistemas

estudados e encontrar a melhor região para estudar o sistema. Com isso, a região wAC entre 0,5 e

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124

2,5 foi escolhida. Na qual pode-se observar os três tipos de complexos formados: solúveis,

dispersos e coacervatos. A Figura 38 mostra o gráfico obtido:

Figura 38- Turbidez ℑ (NTU) em função de wAC para o ensaio em equilíbrio.

No gráfico da Figura 38, os valores de turbidez variam entre valores bem próximos de

zero até valores iguais a 300 NTU. Em valores iniciais de wAC, o sistema possui uma única fase,

que é característico de complexos solúveis; com o aumento da concentração de poliânion, os

complexos vão sendo formados e espalham mais a luz, aumentando a turbidez. Portanto, a região

de 0,5 a próximo de 1,5 é caracterizado por possuir complexos solúveis. Esse comportamento é

observado visualmente. Acima de 1,5, já se observa uma maior turbidez, observado pela

opalescência do sistema. Nesse ponto, os complexos são caracterizados como dispersos. Atingindo

wAC 2, um máximo de turbidez é relatado. Acima disso, o sistema é dividido em duas fases, uma

rica em complexos e outra com menor quantidade. As partículas formadas nessa região são

denominados de coacervatos. Assim, foi possível relatar três regiões: a partir de 0,5 a 1,5, os

complexos são solúveis de 1,5 a 2,0, os complexos são dispersos e acima de 2,0, coacervatos. Isso

Page 127: Wildson Arcanjo de Morais

125

pode ser devido ao aumento da quantidade de poliânions: o seu incremento resulta em mais

complexos formados, ocasionando as regiões visualizadas. O máximo é caracterizado por ser o

ponto em que a formação de PECs é otimizada. Após isso, o sistema fica instável e começa a

separar as fases, que diminuirá a turbidez.

Para comprovar a formação das partículas, as medidas de turbidez foram realizadas com as

soluções “mãe” de quitosana 0,02% (m/V) e PAES 0,05%(m/V), que possuíram valores bem mais

baixos daqueles observados no gráfico da Figura 38, o que comprova a formação das partículas.

Esse estudo foi importante, pois serve como referência para saber qual a faixa de

concentração se deseja estudar e qual o tipo de complexo formado, e, também, um ponto específico

para o estudo cinético.

A partir disso, foi escolhido a razão para se fazer o estudo cinético, dentre os quais não

poderiam ser escolhidos valores acima de 2, pois, são sistemas instáveis, e os sistemas com baixas

razões de concentração não se observou resultados satisfatórios. Devido a isso, a razão 1,5 foi

escolhida para o estudo cinético. A solução de poliânion foi escolhida para ser adicionada

abruptamente a solução de policátion, para minimizar o feito da adição na formação dos

complexos. Os volumes foram iguais das soluções como mostrado na Equação 47. Mesmo com

essa padronização, os resultados experimentais não se replicava o que mostra o quão complicado

é estudar a cinética desse tipo de sistemas. Portanto, podemos utilizar a cinética para compreender

a rapidez do processo e o quão rápido o sistema entra na região de equilíbrio.

A Figura 39 é mostrada a cinética relativa a razão wAC= 1,5. A curva foi normalizada pela

turbidez específica no equilíbrio, Eℑ .

Figura 39- Turbidez ℑ (NTU) em função do tempo em minutos de wAC =1,5 para o

Page 128: Wildson Arcanjo de Morais

126

ensaio de cinética.

Fonte: Própria

A Figura 39 apresenta uma curva obtida no estudo cinético de formação dos complexos

polieletrolíticos para a razão wAC =1,5. No eixo y, a relação entre a turbidez e a turbidez específica,

/ Eℑ ℑ , que corresponde a turbidez normalizada. Em tempos muitos curtos, a curva cresce

exponencialmente, que reflete a rapidez do processo de formação das estruturas poliméricas, a

turbidez aumenta e a condutância iônica diminui, como mostrado na Figura 36. O aumento na

turbidez é relacionada à formação de estruturas maiores que resultam da complexação de

polieletrólitos: como são maiores espalham mais luz, resultando em maiores valores de turbidez.

Isso vai de acordo com a Figura 36, que mostra o decréscimo na condutividade iônica com o

tempo; ao formar complexos as estruturas perdem a capacidade de serem influenciadas pelo campo

elétrico, pois, sofrem a neutralização das cargas pela atração eletrostática, que diminui a

contribuição dos íons macromoleculares na condutividade. Em 80 minutos, a condutância alcança

o estado metaestável, enquanto que na Figura 39, esse estado é observando em valores acima de

100 minutos. Com isso, podemos dizer que a formação de PECs possuem duas etapas: (1)

neutralização das cargas pela interação entre os poliânions, que diminui a condutância iônica; (2)

a interação entre as partículas parcialmente/completamente neutralizadas formando partículas com

maiores dimensões. Os dois processos favorecem o aumento da turbidez, e o primeiro influência

a diminuição da condutividade iônica.

Os resultados cinéticos obtidos e mostrados nas Figuras 36 e 39 demostram que 24 horas

de tempo de repouso nas misturas é o suficiente para obter dispersões meta-estáveis.

Page 129: Wildson Arcanjo de Morais

127

5.4 POTENCIAL ZETA

O potencial zeta foi realizado com a finalidade de se conhecer a carga superficial na faixa

de razão wAC estudada. Com o potencial zeta, também, é possível classificar os complexos

polieletrolíticos obtidos, em PECs estequiométricos e não estequiométricos, ou seja, se a

quantidade de poliânion é igual a quantidade de policátion, o potencial zeta será igual a zero e os

PECs são denominados estequiométricos, se não, são classificados como não estequiométricos.

O potencial zeta da solução de quitosana 0,02% ( m/V) foi de +70,31 mV com erro de +/-

2,51, que comprova o já esperado para o policátion. Para o poliânion, o potencial zeta foi realizado

para a solução “mãe” de concentração 0,05% ( m/V), sendo -0,17 mV com erro de +/- 0,04.

Comprovando a carga negativa do PAES em solução.

Os valores de potencial zeta em função de wAC no equilíbrio é mostrado na Figura 40,

abaixo:

Figura 40- Potencial zeta em função da razão wAC para o sistema em equilíbrio.

Fonte: Própria.

Page 130: Wildson Arcanjo de Morais

128

Na Figura 40, os valores de potencial zeta variaram de -40 a 80 mV e quanto maior a

quantidade de PAES, maiores os valores de wAC, menor o potencial, pois, o número de partículas

de cargas negativas aumenta. Três comportamentos são visualizados: 0,5 a próximo de 2, wAC, o

excesso de carga positiva é observado; em wAC=2, as cargas positivas se igualam às cargas

negativas, esse ponto é denominado de ponto isoelétrico, e, por último, um excesso de carga

negativa, valores acima de 2. Inicialmente, altos valores de potencial zeta são devido a maior

quantidade de cargas positivas, nesse caso, do policátion, a medida que a razão

poliânion/policátion aumenta, mais cargas negativas são adicionadas, que interagem com as cargas

positivas, e diminuem o potencial zeta. Essa diminuição continua até atingir a igualdade de cargas,

o ponto isoelétrico, assim, o ponto isoelétrico se localiza em wAC=2, que significa que são

requeridos o dobro de carga negativa para neutralizar a carga positiva, como conclusão, o sistema

é caracterizado como PECs não estequiométricos. Acima do ponto isoelétrico há excesso de carga

negativa, devido ao aumento de PAES no sistema, contribui para a diminuição do pontencial zeta

que cai até, aproximadamente, - 40 mV.

5.5 ESPALHAMENTO DINÂMICO DE LUZ

Os principais dados extraídos do experimento de Espalhamento Dinâmico de Luz são as

funções de correlação, que relacionam intensidades em tempos bem curtos chamado de tempo de

correlação, tD. A função de correlação de segunda ordem é chamada de g(2), que é a ICF, função de

correlação de intensidade. Dois tipos característicos de funções de correlação foram encontrados

nesse trabalho. Para expressar matematicamente essas relaxações nas ICFs, foram utilizadas

equações KWW duplas (DA SILVA; ROSSI; DANTAS NETO; DANTAS; FONSECA, 2010):

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129

2( ) ( )(2) ,1 ,21 (1 )1 1

tD tC C Dg f e f eν ν

β

− Γ − Γ = + + −

(51)

Na Equação 51, β é um parâmetro correlacionado com as propriedades ópticas do sistema,

ΓC,1 é a taxa de relaxação característica para o primeiro processo, assim como ΓC,2 é a taxa de

relaxação característica para o segundo processo. Ambas as taxas de relaxação características são

os centros das duas distribuições de taxa de relaxação, que possuem suas larguras relacionadas

com o parâmetro ν. O parâmetro f1 está relacionado com a contribuição de cada processo. Se 0 ≤

f1 ≤ 1, o parâmetro é usado para quantificar a influência do processo 1 em g(2) e no processo 2, f2 =

1- f1. Os sistemas para possuírem somente um processo, f1 deve ser unitário, ou seja, f2=0, e a

Equação 51, se reduz a:

2( )(2) ,11

tDCg eν

β

− Γ = +

(52)

A Equação 52 é tratada para processos onde só são observados uma taxa de relaxação

característica, se o sistema possuir dois processos, a Equação 51 deve ser utilizada para interpretar

esses processos e, em consequência, obter as taxas de relaxação características e os parâmetro f1 e

f2 associados a extensão desses processos.

Em relação ao parâmetro de alargamento da distribuição de taxa de relaxação, ν:

• Se ν=1, existem dois processos discretos, bem definidos, de taxa de relaxação;

• Se 0<ν<1, existem dois processos contínuos de distribuição de taxa de relaxação: a

espessura da distribuição aumenta com a diminuição do valor do parâmetro ν.

Page 132: Wildson Arcanjo de Morais

130

Diante disso, podemos utilizar as Equações 51 e 52 para as funções de correlação de

intensidade, g(2), para os sistemas com diferentes razões wAC, para interpretar as ICFs utilizando

os parâmetros das equações e identificar suas taxas de relaxação características, o número de

processos envolvidos e a largura da distribuição.

Na Figura 41 ilustra-se duas razões wAC 1,3 e 2,0. A razão wAC=1,3, é visualizado que a

intensidade, g(2), decai exponencialmente em função do tempo de correlação, tD, esse decaimento

se compreende na faixa de 100 a 103 µS, na qual fica em evidência o único processo que ocorre.

Em tempos maiores que 103 µS, a intensidade é constante. Para a razão wAC = 1,3, foi utilizada a

Equação 52, o ajuste dela é a linha contínua na Figura 41 (a):

Figura 41- As funções de correlação de intensidade, g(2), em função do tempo de

correlação, tD. (a) para o sistema wAC = 1,3; (b) para o sistema wAC = 2,0;

Fonte: Própria.

Page 133: Wildson Arcanjo de Morais

131

Na Figura 41 (b), para o sistema wAC = 2,0, a intensidade, g(2), decai de 100 a 104 µS,

contudo, diferentemente do que ocorre na Figura 41 (a), em tempos de correlação longos, a função

de correlação possui outro processo que é descrito na faixa de 104 a 106 µS; portanto, o ajuste foi

realizado com a Equação 51, devido aos dois processos observados. O ajuste da Equação 51 é

mostrada como linha continua na Figura 41 (b), que se ajusta fielmente aos dados experimentais.

O mesmo tratamento foi realizado com as diferentes razões wAC, fazendo isso, para discutir

a influência da razão wAC nos diferentes parâmetros das Equações 51 e 52.

Figura 42- (a) Parâmetro β em função da razão wAC; (b) Parâmetro f1 em função da razão

wAC;

Page 134: Wildson Arcanjo de Morais

132

Fonte: Própria.

A Figura 42(a) mostra a variação do parâmetro β em função da razão entre

poliânions/policátions, wAC. É visualizado dois comportamentos, um constante de 0,5 a 2,0, e a

transição para altos valores de β, que acontece em valores maiores que 2,0. Os valores de β

parecem espalhados, contudo, é visível a transição em wAC=2. Essa transição de β, o parâmetro

das características ópticas, vai de acordo a alta produção de PECs nessa região.

Na Figura 42(b), o parâmetro f1, que se relaciona à extensão dos processos, é avaliado em

função da razão poliânion/policátion. Os valores de f1 variam de 0,4 a 1,0. De 0,5 a próximo de

2,0, wAC, os valores de f1 são unitários, que é atribuído a ocorrência de somente um processo,

portanto as funções de correlação obtidas nessa faixa de concentração são tratadas com a Equação

52. Em valores próximo de 2,0, f1 se torna não unitário, que quer dizer que dois processos ocorrem,

f1 e f2 contribuem para o processo, e, a Equação 51 foi a equação ajustada nas ICFs.

Taxas de relaxação característica ΓC,1 e ΓC,2, assim como, o parâmetro relacionado à largura

da distribuição de taxa de relaxação ν, são mostrados na Figura 43. Na Figura 43(a), ΓC,1,

círculos, variam na faixa entre 10-3 e 10-4 µS-1. O parâmetro decai suavemente com o aumento de

wAC, que indica a ocorrência de interações resultantes da formação de complexos polieletrolíticos

em solução que dificulta a relaxação. Outra razão pode estar relacionado à formação de partículas

primárias que são relacionadas à taxa de relaxação, Γ, como:

2

6

kTq

RπηΓ =

(53)

Na Equação 53, k é a constante de Boltzmann, T é a temperatura absoluta e R é o raio da

partícula. Observando o gráfico da viscosidade relativa, Figura 37, se a viscosidade relativa

Page 135: Wildson Arcanjo de Morais

133

diminui com o aumento de wAC, deveríamos esperar, em consequência, o aumento da taxa de

relaxação, pois, são inversamente proporcionais. Como isso não é observado, descartamos a

influência da viscosidade relativa, nessa diminuição suave da taxa de relaxação. Em wAC, na

ordem de 2,0, a taxa de relaxação característica cai de 10-3 para valores menores que 10-4 µS-1.

Nessa região, uma segunda relaxação é observada na região próxima de 10-6 µS-1, bem menor que

a primeira taxa de relaxação. Essa mudança nessa faixa de razão poliânion/policátion, confirma a

formação de maiores partículas formadas a partir de menores partículas primárias, pois, quanto

maior R, menor será o valor da taxa de relaxação, que justamente acontece próximo à razão 2,0.

Na Figura 43(b), o parâmetro ν é estudado em função da razão poliânion/policátion. ν

varia em uma faixa muito estreita, de 0,8 a 1,0. À medida que wAC aumenta, os valores de ν também

aumentam. Ou seja, em termos de heterogeneidade, a heterogeneidade diminui, enquanto a

homogeneidade aumenta. O sistema fica cada vez mais homogêneo à medida que wAC aumenta.

As partículas acabam perdendo os modos de relaxação, pois, os aglomerados vão aumentando,

enquanto anterioremente, em baixos valores de ν, a capacidade de relaxar era bem maior. Na razão

2,0, as partículas ficam tão grande que acabam saindo da região de detecção da técnica DLS, em

torno de 1000 nm. Assim, a homogeneidade acima de 2,0, as partículas não vão contribuir para os

processos de relaxação. Portanto, o parâmetro ν sofre uma transição, devido à uma grande

formação de grandes partículas, conforme foi observado em outros parâmetros e também em outras

técnicas.

Page 136: Wildson Arcanjo de Morais

134

Figura 43- (a) ΓC,1 ou ΓC,2 em função da razão wAC; (b) ν em função de wAC.

Fonte: Própria.

5.6 ESPALHAMENTO DE RAIOS-X À BAIXO ÂNGULO

Os dados de SAXS foram tratados com o software: ATSAS (MAXIM V.PETOUKHOV,

2012).

Em termos experimentais não foi possível trabalhar com o SAXS utilizando as amostras

que possuíam a razão poliânion/policátion acima de 2,0 devido à produção elevada de complexos

polieletrolíticos e a consequente instabilidade.

Page 137: Wildson Arcanjo de Morais

135

O primeiro resultado extraído do experimento SAXS são as curvas de intensidade em

função do vetor de espalhamento, q.

Figura 44- Perfis de espalhamento para as razões wAC: 0,5 (quadrados); 1,0 (círculos); 1,3

( triângulos) e 1,7 ( losangos).

Fonte: Própria.

A Figura 44 mostra os perfis de espalhamento, log[I(q)] em função de q para as razões

wAC=0,5 (quadrados); 1,0 (círculos); 1,3 (triângulos) e 1,7(losangos). Os perfis mostram que o

aumento da razão, faz com que as curvas aumentem seus valores de intensidade. Assim, quanto

maior a razão, maior a concentração e maiores valores de intensidade se obterá no perfil.

Outro tipo de gráfico é obtido a partir da intensidade e o vetor de espalhamento, o chamado

gráfico de Kratky, que é representado por I(q).q2, o produto da intensidade em função do vetor de

espalhamento pelo vetor de espalhamento elevado ao quadrado.

Page 138: Wildson Arcanjo de Morais

136

Figura 45- Gráfico Kratky para as razões wAC: 0,5(quadrados); 1,0 (círculos); 1,3(

triângulos) e 1,7 ( losangos).

Fonte: Própria.

A Figura 45 mostra o gráfico Kratky para as razões wAC: 0,5(quadrados); 1,0 (círculos);

1,3( triângulos) e 1,7 ( losangos). As razões 0,5, 1,0 e 1,3, possuem comportamentos similares, o

que muda é a intensidade do pico próximo do vetor de espalhamento 0,08, e em tempo longos

tendem para um assintótico. Contudo, em ângulos altos, a razão 1,7 ( losangos) tem um

comportamento bem diferente dos demais, que ascende para valores maiores de I(q).q2. Esse

comportamento é relacionado a maior mobilidade do sistema. Que pode ser justificado pelo

surgimento de aglomerados de PECs estendidos, que estão solubilizados no meio e adsorvidos na

superfície das partículas primárias, que contribuem para essa mobilidade. Outro indicativo, é que

esse sistema, 1,7, está mais próximo da região que é produção de complexos é máxima.

Outra informação que pode ser retirada do experimento SAXS é obtido através do plote de

Guinier, que extrapola os valores de vetor de espalhamento para zero. A aproximação de Guinier

é matematicamente expressa como:

Page 139: Wildson Arcanjo de Morais

137

2 2ln ( ) ln 0 3

q RgI q I= − (54)

Onde I0 é a intensidade em q=0, Equação 54, Rg é o raio de giração médio. Os valores de

Rg em função da razão wAC são mostrado na Fígura 46.

Na Figura 46, o Rg varia na faixa de 15,4 a 30,8 angstrons. À medida que aumenta a razão

de poliânion/policátion, o Rg cresce levemente com esse aumento. Podemos observar que não

existe mínimo nos valores de Rg, que já foi observado em trabalhos anteriores com a quitosana

formando partículas usando o íon sulfato como íon negativo (TAVARES; CARONI; NETO;

PEREIRA; FONSECA, 2012). Isso certamente deve estar ligado com o tamanho do poliânion

usado neste trabalho, que não favorece a diminuição dimensão dos PECs solubilizados antes dessa

ocorrência na fase sólida agregada.

Figura 46- Raio de giração médio, Rg, em função da razão wAC.

Fonte: Própria.

Page 140: Wildson Arcanjo de Morais

138

P(r) foi outro resultado obtido com a utilização do software ATSAS. P(r) é denominada a

função de distribuição de distância entre pares, definida como:

( ) ( )sin( )22 0

rP r qI q qr dq

π

∞= ∫ (55)

Importantes informações podem ser retiradas da distribuição P(r), como exemplo, o

formato das moléculas. A Figura 47 mostra duas distribuições P(r) para as razões 0,5, (a) e 1,7(b).

Com o aumento da razão wAC, o tamanho das partículas também aumentam, observando a Figura

47 (a) e (b), se tornando menos esférica, que esse comportamento também pode ser inferido

observando o gráfico de Kratky na Figura 45. Para melhor compreender essas mudanças e

quantificas-las, P(r) foi deconvoluída três distribuições de Gaussiana, como descrito abaixo:

22 2 ( )( ) ( ) 31 22 2 22 2 2( ) 1 2 3

r Rr R r R

c c cP r a e a e a e

−− −

= + + (56)

Na Equação 56, Ri, é o centro da distribuição, com isso, R1, R2 e R3 são os centros das

distribuições 1, 2 e 3, respectivamente. c é relacionado com o alargamento completo na metade

máxima, dado por:

Page 141: Wildson Arcanjo de Morais

139

2 2ln 2FWHM c= (57)

Na Equação 57, FWHM é “full width at half maximum”, alargamento completo na metade

do máximo relacionado ao parâmetro c, Equação 56. ai é uma constante, a1, a2 e a3 são constante

relacionadas as distribuições 1,2, e 3, respectivamente.

A determinação desses parâmetros de P(r) foi realizada via regressão não linear utilizando

o Originlab 8,5, por completa, simultaneamente, utilizando a Equação 56 para todos os dados. Os

parâmetros R1, R2 e R3 foram compartilhados; em contra partida, os outros parâmetros, ai e c foram

característicos de cada distribuição. O resultado obtido, nas curvas P(r) são apresentados na Figura

47, que mostra as curvas P(r) obtidas e os seus pontos centrais: R1=17 angstrons; R2= 29 angstrons

e R3=37 angstrons.

Figura 47- Funções de distribuição P(r) para as razões: (a) wAC =0,5 e (b) wAC =1,7. Os círculos corresponde a função P(r) e as linhas tracejadas a deconvolução.

Fonte: Própria.

Page 142: Wildson Arcanjo de Morais

140

Os parâmetros ai e c podem ser utilizados para estimar a contribuição de cada distribuição

em relação à distribuição total. Essa contribuição foi definida como Si, é relacionada com a fração

de p(r) com a sua totalidade, que é associada a cada centro Ri. Pode-se definir como:

100AiSi Ai

i

=∑

(58)

Na Equação 58, Ai é a área da distribuição centrada em Ri. O Ai para uma dada distribuição

é:

2( )22

r Ri

cA a e dri i

−+∞

= ∫−∞

(59)

A Equação 59 que representa a obtenção da área de cada distribuição feita pela integração

definida:

A a ci i π=

(60)

Substituindo a Equação 60 na Equação 58, obtemos:

Page 143: Wildson Arcanjo de Morais

141

100c aiSi

c aii

π

π=

∑ (61)

Simplificando a Equação 61, obtem-se:

100aiSi aii

=∑

(62)

Utilizando a Equação 62 podemos avaliar as contribuições da áreas Si em função da razão

poliânion/policátion, wAC para as distribuições Gaussianas. O número de três Gaussianas foi

escolhido devido à obtenção de melhores resultados. A Figura 48 mostra os gráficos obtidos da

relação das áreas Si em função das razões wAC para as três distribuições ajustadas nas curvas P(r).

Desses resultados, podemos enxergar a importância da distribuição relacionada com R1=17

angstrons é 50% e cai à medida que wAC aumenta; a contribuição da distribuição relacionada com

R2=29 angstrons, apresenta uma região constante até 1,2, sendo, também 50%, e, então, cai para

zero; por último, a contribuição da distribuição relacionada com R3=37 angstrons, não possui

nenhuma contribuição significativa em wAC baixos e cresce continuamente com o aumento da

razão. O processo de formação de partículas pode ser visto, primeiramente, como resultado da

formação de partículas primárias de PECs com o aumento da razão, tende a formar partículas de

tamanho intermediário, que por sua vez formam grandes partículas. Nesse ponto a razão está entre

1,7 e 2,0, que é a região que a distribuição de partículas é acima do tamanho coloidal, devido,

principalmente, ao fenômeno da floculação. Na Figura 48, as áreas Si são denominadas: S17, S29

e S37.

Page 144: Wildson Arcanjo de Morais

142

Figura 48- As áreas:(a) S17,(b) S29 e(c) S37 em função da razão wAC.

Fonte: Própria.

Page 145: Wildson Arcanjo de Morais

143

6-Capítulo

Page 146: Wildson Arcanjo de Morais

144

6. SEXTO CAPÍTULO

Esse capítulo possui o objetivo de agrupar as principais conclusões reportados do estudo

dos sistemas coloidais abordados, os sistemas WLM e PECs.

6.1 CONCLUSÕES

• O DLS foi importante para caracterizar a transição dos sistemas micelares esféricos para

os sistemas chamados “Worm-like-micelles”;

• A transição foi possível ser constatada devido ao estudo da taxa de relaxação característica,

ΓC, em função da concentração de tensoativo/co-tensoativo;

• ΓC aumenta suavemente, consequência dos menores tamanhos, caracterizando os sistemas

tipo-minhoca;

• O parâmetro ν decai suavemente, relacionado com a maior heterogeneidade do processo,

que corresponde a mudança de micelas esféricas para micelas minhoca;

• O xileno reduz a tendência dos sistemas em formar micelas minhoca;

• A relação entre o raio de giração com óleo e sem óleo, RG,O/ RG,S em função da

concentração tensoativo/co-tensoativo mostrou que a transição de estrutura acontece quando o

máximo na curva é obtido;

• O presente trabalho possibilitou o estudo da interação entre polieletrólitos, PAES e Q em

termos de ensaio de equilibro e cinética;

• Complexos polieletrolíticos baseados em quitosana-Q e poli(4- ácido estirenosulfônico-co-

ácido maléico sal de sódio-PAES possuem muitas propriedades que são extremamente

dependentes das razões poliânion/policátion, wAC;

Page 147: Wildson Arcanjo de Morais

145

• Uma produção máxima de complexos foi visualizada em wAC=2, que foi visualizada nos

experimentos de turbidez, viscosidade, condutividade iônica, DLS e SAXS;

• No DLS foi possível a visualização dos parâmetros β, a taxa de relaxação característica,

ΓC,2 e ν que tendeu para sistema mais homogêneo em razão wAC=2;

• Em baixos valores de wAC as partículas possuíam pequenos tamanhos, alta possibilidade

de interação, que mudam para grande partículas com baixa possibilidade de interação, em altos

valores de wAC;

• O SAXS confirmou todos os resultados, as partículas primárias mais esféricas interagem e

formam partículas maiores menos esféricas, que levou à floculação, e a consequente produção de

alta quantidade de PECs;

• O estudo mostrou que existe a possibilidade de se obter os sistemas minhoca, e da

utilização de diferentes técnicas, principalmente, as que envolvem a luz espalhada, que permitiram

identificar esses sistemas. O estudo preliminar da formação de PECs, usando como ferramentas as

técnicas de espalhamento, possibilitou um amplo domínio desses sistemas, que possibilitou

encontrar diferentes tipos de complexos: solúveis, dispersos e coacervatos.

• O trabalho possibilitou uma base experimental para a obtenção de sistemas coloidais WLM

e PECs que podem ser utilizados na indústria de petróleo. Uso de WLM no petróleo, tais como:

modificador da reologia, recuperação avançada e agente desemulsificantes. Os PECs obtidos

podem ser testados para serem utilizados para revestimento, proteção e liberação de agentes

químicos na indústria petrolífera.

Page 148: Wildson Arcanjo de Morais

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A

O artigo publicado na revista “Colloids and Surfaces A: Physicochemical and Engineering

Aspects” possuindo título “Dynamic and static radiation scattering in a microemulsion as a

function of dispersed phase concentration” é apresentado na integra como apêndice desse

documento. O presente artigo é relacionado com os capítulos 1 e 4 apresentados acima e descreve

a parte experimental relacionada aos sistemas denominados “worm-like micelles”.

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APÊNDICE B

O artigo a ser publicado em periódicos internacionais possuindo título “Light scattering

studies in PEC’s based on chitosan and poly(4-styrenesulfonic acid-co-maleic acid) sodium salt

é apresentado na integra como apêndice desse documento. O presente artigo é relacionado com os

capítulos 2 e 5 apresentados acima e descreve a parte experimental relacionada aos sistemas

denominados complexos polieletrolíticos-PEC’s.. A carta de submissão desse artigo está em anexo

ao final do documento.

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ANEXOS