vínculos parentais: relações adoecidas vistas em um foco psicodramático
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Vínculos Parentais: Relações Adoecidas vistas em um foco
Psicodramático
Mayara Almada de OliveiraUniversidade Católica de Goiás
Antes mesmo de nascer, a criança faz parte de uma rede de relações. o!o ao
nascer, o primeiro v"nculo # esta$elecido com sua m%e, &ue serve como $ase em sua
vida e a &uem irá copiar durante seu desenvolvimento primário para formar sua
identidade. A criança tam$#m se relaciona com seu pai, avós, tios, entre outros,
assim essas primeiras viv'ncias est%o li!adas diretamente com o desenvolvimento da
matriz de identidade, &ue # o am$iente familiar &ue a nutre nos aspectos psico(sócio(
culturais.
)esde o nascimento o $e$' passa por situações estran*as e n%o tem nen*um
modelo a se!uir, dessa maneira tem &ue ac*ar soluções por conta própria, ou se+a,
dar resposta nova essas situações, e para &ue isso aconteça precisa de um recurso
inato &ue se desi!na espontaneidade ou fator -e. Cu/ier 012213, diz &ue a
espontaneidade atua no presente, no a&ui e a!ora, dando uma resposta ade&uada a
cada situaç%o, e no nascimento n%o # diferente, o processo de inspiraç%o #
desenvolvido pela espontaneidade e pela capacidade criadora de acontecer.
4 nessa matriz familiar &ue se institui os ape!os &ue devem ser se!uros para
um desenvolvimento saudável do ser *umano, sendo assim, este fator contri$ui para
o esta$elecimento e desenvolvimento dos demais v"nculos parentais, pois este ape!o
se!uro vivido na primeira inf5ncia, influencia nas relações do indiv"duo com a
sociedade.
A relaç%o primária entre m%e e fil*o começa na vida intra(uterina, onde esta
sente a presença do $e$' dentro dela, tornando este ser dependente da m%e desde sua
!estaç%o e principalmente após o nascimento, momento em &ue ele n%o diferencia o
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am$iente &ue o cerca e vive uma relaç%o sim$iótica com a m%e. 4 nessa relaç%o da
matriz de identidade &ue se esta$elecem os v"nculos afetivos, &ue se perpetuam e
desenvolvem por toda a vida do indiv"duo.
-6ssa coe7ist'ncia, co(aç%o e co(e7peri'ncia &ue, na fase primária,
e7emplificam a relaç%o do $e$' com as pessoas e coisas sua volta, s%o
caracter"sticas da matriz de identidade. 6ssa matriz de identidade lança os alicerces
do primeiro processo de aprendiza!em emocional da criança 0Moreno, 89:;, p.
8813.
A matriz de identidade # definida como o local onde a criança se insere após
o nascimento e # a partir dela &ue o $e$' entra em contato com o mundo, pois a
ess'ncia dessa matriz # o v"nculo inicial com a m%e, &ue serve de ponte entre a
criança e o universo.
<e!undo Gonçalves, =olff e Almeida 089;;3, para Moreno o indiv"duo #
conce$ido e estudado atrav#s de suas relações interpessoais. Assim no in"cio do
desenvolvimento da matriz de identidade, &uando a criança n%o se distin!ue da m%e,
ela vivencia a sociedade atrav#s da mesma, &ue a introduz em seu processo de
socializaç%o e inte!raç%o na cultura.
4 a partir do meio em &ue o $e$' vive, atrav#s do clima afetivo positivo ou
ne!ativo, &ue ele irá constituir sua identidade, recon*ecendo suas semel*anças e
diferenças entre as pessoas com &uem convive. Com isso, esse am$iente modificado
pela sua e7ist'ncia # o ponto inicial para sua formaç%o como indiv"duo, definindo
assim a sua matriz de identidade, de l*e permitir viver sua ess'ncia espont5neo(
criadora 0sa>de3 ou ent%o, aos poucos vai transformando(o em conserva cultural
0doença3.
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?ara Gonçalves et al 089;;3, a espontaneidade # a capacidade de a!ir de
modo ade&uado diante de situações novas, criando uma reposta in#dita ou
transformadora de situações preesta$elecidas. Atrav#s disso, ser espont5neo # se
fazer presente em cada situaç%o, respondendo ade&uadamente, sendo delineada pelas
relações afetivas e sociais.
A espontaneidade # indissociável da criatividade, por#m, a primeira se refere
ao modo de a!ir ade&uadamente a cada situaç%o e a criatividade # referente ao ato de
criar coisas novas, ou se+a, o próprio produto da aç%o. 6 de acordo @latner e @latner
08993, elas s%o o in!rediente central do processo do psicodrama e do viver saudável,
na vis%o de Moreno.
Ao contrário da espontaneidade &ue si!nifica sa>de tem(se a conserva
cultural 0ou pap#is cristalizados3, &ue su!ere doença, pois o indiv"duo se prende em
dar respostas id'nticas numa dada cultura, n%o se permitindo ser espont5neo(criativo,
ficando na mesmice, sem inovar ou se permitir e7perimentar o improviso.
Atrav#s desta perspectiva, se o indiv"duo se fi7ar nas conservas perde sua
condiç%o espont5neo(criadora, e com menor !rau da mesma, menor será o !rau de
sa>de do indiv"duo. )essa maneira Bonseca 0122;3 afirma &ue a espontaneidade #
um ato instant5neo e se li$era facilmente na presença de outro.
4 na própria matriz &ue os pap#is emer!em e v%o constituindo a formaç%o da
identidade. 6les representam as funções sociais do indiv"duo, onde s%o impostos pela
sociedade em &ue se vive. )essa maneira, desde seu nascimento, o $e$' tem vários
pap#is na sociedade determinados por diferentes circunst5ncias. Clarificando o termo
papel, Moreno 0892, citado por @latner e @latner, 8993, descreveu tr's cate!orias
de pap#is, sendo eles somáticos, sociais e psicodramáticos. Os pap#is somáticos
incluem as atividades $ásicas e inatas do ser *umano. Os pap#is sociais incluem as
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relações. Os pap#is psicodramáticos s%o os desempen*ados na fantasia, &ue
proporcionam s pessoas o desenvolver de sua psi&ue. 4 o mundo su$+etivo do ser
*umano 0mundo psicoló!ico3.
4 importante salientar &ue para &ue e7ista um papel # necessário um contra(
papel, por e7emplo, para o papel de fil*o precisa(se do papel de pai ou de m%eD papel
de aluno precisa(se do papel de professor. )essa forma, Mene!azzo, Eomazini e
Furetti 08993 afirmam &ue contra(papel # &ual&uer papel complementar ao outro, e
n%o e7iste um papel sem seu contra(papel, &ue desta forma, proporcionam a
complementaridade relacional.
A partir dos diversos pap#is &ue o indiv"duo representa e da
complementaridade papel contra(papel # &ue a criança desenvolve um fator inato,
c*amado tele, o &ual distin!ue pessoas e o$+etos, via percepç%o. )essa maneira,
partindo para dois conceitos fundamentais para Moreno, tem(se a tele e a
transfer'ncia. Eele # a capacidade de perce$er o outro como realmente #. 4 a
comunicaç%o do &ue pode e7istir entre duas pessoas e at# mesmo com o$+etos.
Atrav#s dela os indiv"duos podem vincular afetos mesmo estando dist5ncia. 4 a
dimens%o coletiva do ser, assim como, a sua dimens%o individual # a
espontaneidadeHcriatividade.
4 importante sa$er a diferença entre tele e empatia para &ue n%o *a+a
confus%o. Eele # empatia &ue ocorre em dupla direç%o. 6mpatia # o fato de o
indiv"duo sa$er se colocar no lu!ar do outro, entrar em contato com os sentimentos
al*eios. 4 a capacidade de sentir o &ue o outro sentiu numa determinada situaç%o.
Ocorre em m%o >nica.
)e acordo com Moreno 089:;3, transfer'ncia # uma e7peri'ncia interpessoal,
oposto ao fenImeno tele, ocorre em direç%o a um determinado papel &ue o indiv"duo
J
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representa e n%o da pessoa em si, sendo uma patolo!ia do fator tele, o &ue traz
sofrimento nas relações. 6nt%o, a transfer'ncia # vista na pro+eç%o de fantasias de um
su+eito so$re o outro. 6n&uanto a tele # um fenImeno do presente, a transfer'ncia #
um fenImeno do passado.
O fenImeno tele manifesta(se na vincularidade !rupal como ener!ia
de atraç%o, re+eiç%o e indiferença, e evidencia uma permanente atividade de
comunicaç%o co(inconsciente e co(consciente. 6la possi$ilita aos seres
*umanos K vinculados em constelações afetivas mediante a operaç%o
constante das funções pensar(perce$er e intuir(sentir de cada um K o
-con*ecimento da situaç%o real de cada indiv"duo e dos outros na matriz
relacional de um !rupo 0Mene!azzo et al, 899, p 12:3.
Eoda a teoria psicodramática tem como enfo&ue o v"nculo, o camin*o das
relações *umanas, &ue se desenvolve a partir dos conceitos $ásicos da teoria de
Moreno citados anteriormenteL espontaneidade(criatividade, matriz de identidade,
teoria de pap#is e tele(transfer'ncia.
A partir disso, ery 01223 define v"nculo -como o resultado do fenImeno
tele &ue via$iliza a complementaridade de pap#is sociais, repercutindo nos estados
co(consciente e co(inconsciente 0p. 1;3. O v"nculo nos traz a capacidade de estar
em constante aprendizado emocional, pois # >nico e especial em cada pessoa.
<e!undo a autora, a tele # o fator responsável pela formaç%o de v"nculo, pela
capacidade relacional e o &ue propicia o encontro da espontaneidade(criatividade das
pessoas. o entanto, # na matriz de identidade &ue se forma a identidade dos
v"nculos, a &ual # um movimento da fase de indiferenciaç%o vincular diferenciaç%o
6u(Eu e capacidade de invers%o de pap#is.
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)e acordo Moreno 089:;3, os v"nculos s%o formados pela viv'ncia afetiva
nos pap#is sociais, dessa maneira, a afetividade # um dos n>cleos !eradores dos
v"nculos e tam$#m do desenvolvimento de !rupos. Com isso, ery 01223 diz &ue a
afetividade # o motor da conduta do ser *umano, # ela &ue direciona a aç%o.
<e!undo Neleman 08993 o v"nculo começa com a dualidade, -6u e oc' e
tem como o$+etivo criar, manter ou desor!anizar a relaç%o. Assim # uma forma de
contato com a funç%o de interaç%o m>tua, onde a $usca por pro7imidade ou por
separaç%o se desenvolve no decorrer da vida.
A partir disso, nossa personalidade # a resultante dos v"nculos &ue
esta$elecemos, podendo relacionar os nossos pap#is com as cate!orias de v"nculos,
sendo residuais, atuais e virtuais. Os v"nculos atuais s%o as relações concretas e reais.
Os v"nculos virtuais s%o as relações &ue e7istem no plano da fantasia. 6 os v"nculos
residuais s%o os &ue e7istem na memória, ou se+a, +á foram atuais e a!ora s%o
lem$ranças, e s%o tam$#m v"nculos do mundo interno 0ery, 1223.
Aprofundando no con*ecimento dos v"nculos residuais, Cu/ier 0899;3 fala
so$re o sofrimento *umano em toda sua e7tens%o, e7altando a compreens%o do
mundo interno. Assim, as dificuldades do indiv"duo t'm como $ase os dramas
ocorridos na primeira inf5ncia, antes dos sete anos de idade.
Ainda, afirma &ue o sur!imento da criança ferida dentro do adulto, remete a
forma de como # oferecida a assist'ncia s necessidades $ásicas da criança, &ue
dependem da so$reviv'ncia f"sica e psicoló!ica dela. )essa maneira o primeiro
cuidador # &uem faz a ponte da criança com o mundo. Assim, essas primeiras
relações refletir%o nas e7pectativas de relacionamentos do indiv"duo com o mundo.
?ara Miller 0899:3, reprimir os sofrimentos da inf5ncia faz com &ue al!umas
pessoas destruam a própria vida e a de outros. )essa maneira, a repress%o das
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necessidades da criança por amor, atenç%o, entre outros, faz com &ue ela desenvolva
t#cnicas para afastar os sentimentos de si, desenvolvendo assim, os v"nculos
adoecidos.
O meio familiar influi na criança mesmo antes de seu nascimento, portanto,
para analisar a din5mica emocional do indiv"duo # necessário verificar o conte7to
familiar no &ual # inserido.
Atrav#s disso, Bonseca 012223 afirma &ue a fam"lia # caracterizada por seu
aspecto nuclear ou con+u!al, assim seus componentes compartil*am viv'ncias
individuais, sociais e afetivas.
?ara Cu/ier 012213, fam"lia # a uni%o de duas ou mais pessoas &ue moram
+untas e se encontram diariamente, oferecendo ale!ria e sofrimento. Com isso ela
recon*ece &ue o lar, o !rupo familiar # o verdadeiro s"m$olo do teatro terap'utico.
?ortanto, fam"lia # a uni%o de vários indiv"duos &ue partil*am viv'ncias,
emoções e caracter"sticas comuns, formada a partir do esta$elecimento de um
v"nculo, onde se t'm cone7%o entre as partes envolvidas, intimidade e confiança. 4
fundamental para o desenvolvimento normal e saudável da personalidade do
indiv"duo.
Mene!azzo et al 08993 coloca &ue a matriz familiar # a rede vincular da
interaç%o de pap#is ori!inários8. essa matriz *á a funç%o parental, &ue # o con+unto
de pap#is complementares a ser passado para a criança no decorrer de seu
desenvolvimento. )essa maneira, o v"nculo # uma forma de comunicaç%o, &ue #
passado por !erações. Ocorre numa tril*a onde se revive emoções referentes ao
8 ?ap#is ori!ináriosL -os atos interativos &ue a criança começa a representar no limiar diádico econtinua sustentando durante a vincularidade, na fase m"tica da matriz familiar 0Mene!azzo et a,
899, p. 813.
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passado, assim, para um desenvolvimento saudável # importante &ue a fam"lia
apresente intimidade e uma confiança m>tua.
?ara Gonçalves 089;;3 o conte7to familiar # fundamental na formaç%o da
criança. 4 a partir dele &ue ela irá diferenciar pap#is e assumi(los, para &ue assim
constituam suas caracter"sticas pessoais. 6ste conte7to tam$#m influi na conduta da
criança, favorecendo ou dificultando, por ser o n>cleo de sua formaç%o de
identidade. A fam"lia se faz presente na formaç%o da matriz de identidade do $e$' e
seu relacionamento serve como modelo, fundamentando uma aprendiza!em
emocional &ue permeará pela vida do indiv"duo. Assim, a pro$lemática do ser
*umano reflete em al!uma dificuldade no v"nculo.
o processo terap'utico Moreno e 6nneis 089;J3, demonstram o &uanto o
psicodrama investi!a as relações do ser *umano, trazem a definiç%o inicial da
relaç%o interpessoal e da invers%o de papel com as se!uintes palavrasL -4 um
encontro de doisL ol*o a ol*o, face a face. 6 &uando tu estiveres perto, arrancarei teus
ol*os e os colocarei em lu!ar dos meus e tu arrancarás meus ol*os e os colocarás em
lu!ar dos teusD ent%o eu te ol*arei com teus ol*os e tu me ol*arás com os meus 0p.
83.
?ara Moreno 089;3, a invers%o de pap#is # um m#todo recompensador, &ue
a$ran!e a socializaç%o e a inte!raç%o do eu. 6la aumenta a força e a esta$ilidade do
e!o do indiv"duo, diminui a depend'ncia em relaç%o ao outro e aumenta a
compreens%o dos sentimentos al*eios e de si mesmo. )essa maneira, a relaç%o
interpessoal e a invers%o de pap#is t'm como $ase a socializaç%o do ser *umano,
envolvendo afinidade ou avers%o.
<c*utz 089:;3 define encontro como -um m#todo de relacionamento *umano
$aseado em a$ertura e *onestidade, consci'ncia de si mesmo, responsa$ilidade por si
;
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mesmo, percepç%o alerta do corpo, atenç%o aos sentimentos e 'nfase dos sentimentos
e no a&ui e a!ora 0p. 883. Afirma &ue para o crescimento ideal, o encontro tem $ases
fisioló!icas e psicoló!icas. E'm(se como $ases fisioló!icas o trauma f"sico, o trauma
emocional e a e7ploraç%o limitada do corpo, onde a pessoa n%o usa todas as suas
capacidades de movimentaç%o. 6sses fatores interferem no processo de crescimento,
tanto f"sico &uanto emocional do indiv"duo.
Peferente s $ases psicoló!icas do encontro, # importante ter um auto(
conceito, &ue deriva do relacionamento entre indiv"duos, possuindo tr's necessidades
interpessoais &ue se manifestam em comportamentos e sentimentos. Assim, essas
necessidades a$ran!em inclus%o, controle e afeiç%o.
Qnclus%o refere(se a meus sentimentos &uanto a ser importante, ter
si!nificado ou m#rito. Controle refere(se a meus sentimentos de compet'ncia,
incluindo inteli!'ncia, apar'ncia, pratica$ilidade e *a$ilidade para enfrentar o
mundo. Afeiç%o refere(se ao sentir(se amado, ao sentir &ue, se min*a ess'ncia
pessoal for revelada em sua totalidade, será vista como plena de amor
0<c*utz, 89:;, p. J93.
6ssas necessidades se manifestam em sociedade, dessa maneira as relações
interpessoais definem a formaç%o do relacionamento. 6 o encontro # o modo mais
eficaz e saudável para isso. Qnfelizmente, desde criança a dor e o sofrimento sur!em
e definem al!uns pap#is, &ue representam as $ases vinculares do relacionamento
*umano. Assim, os pap#is desempen*ados na idade adulta s%o refle7os dos da
inf5ncia, onde se esta$elecem as primeiras relações.
)e acordo Cu/ier 0899;3, as dores do adulto s%o resultantes da cristalizaç%o
das defesas infantis. Assim # necessário &ue o adulto compreenda a criança ferida
dentro de si. Com isso, a forma &ue a criança e7perimenta seus primeiros v"nculos
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influirá em seu psi&uismo. A partir disso, o encontro só será eficaz com respeito, a
aceitaç%o e a capacidade de emoç%o, para assim a+udar a criança ferida dentro do
adulto.
a tentativa em se tornar um adulto saudável, Miller 0899:3 afirma &ue #
importante &ue suas necessidades de criança se+am recon*ecidas, proporcionando um
clima ale!re e afetuoso para &ue possa entrar em contato com seus próprios
sentimentos e dese+os, esta$elecendo e&uil"$rio e auto(estima.
Assim, a satisfaç%o dessas necessidades infantis impossi$ilita o sur!imento
de uma patolo!ia afetiva, o &ue traria !randes pre+u"zos na vida do su+eito, tornando(
o dependente de outro, com um ape!o e7cessivo, caracterizando a co(depend'ncia.
ery 01223 o$serva &ue # na matriz de identidade &ue a criança passa pela
sua primeira *istória de amor, influenciando na aprendiza!em das emoções. Ruando
ela internaliza caracter"sticas de modelos ameaçadores, faz com &ue ten*a !randes
dificuldades em lidar com o amor, em relaç%o a si e aos outros. 6sta dificuldade
ocorre por ter sido impedida de se e7pressar, de con*ecer seus sentimentos e por n%o
ter a aceitaç%o do outro.
Atrav#s disso, nota(se &ue os v"nculos adoecidos podem formar ló!icas
afetivas de conduta &ue tornam sua vida insatisfatória e repetitiva 0conserva
cultural3, n%o tomando consci'ncia de seus sentimentos, internalizado(as de várias
formas na matriz de identidade e na vida. 6sses v"nculos impedem o indiv"duo de ser
espont5neo(criativo.
)e acordo com ery 01223, os v"nculos adoecidos s%o !erados por
conservas vinculares, &ue a$ran!em o v"nculo patoló!ico am$ivalente, o v"nculo
patoló!ico sociom#trico, o v"nculo patoló!ico afetivo, o v"nculo patoló!ico
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*ierár&uico, o v"nculo patoló!ico direto, o v"nculo patoló!ico reativo e o v"nculo
patoló!ico funcional.
O v"nculo patoló!ico am$ivalente # resultante do $oicote ao esta$elecimento
do v"nculo, !erando as -máscaras &ue os indiv"duos usam no dia a dia. O
sociom#trico # !erado pelos pro$lemas na complementaç%o de pap#is sociais. O
afetivo # &uando os indiv"duos partil*am pap#is semel*antes, &ue impedem o
potencial criativo de e7istir. O *ierár&uico refere(se aos conflitos nas relações de
poder, o &ue pode favorecer ou n%o o desenvolvimento interpessoal. O direto # a
complementaç%o de pap#is &ue estimulam sentimentos an!ustiantes nos envolvidos
no v"nculo. O reativo ocorre por condutas opostas, onde al!umas pessoas confrontam
os mem$ros de seu v"nculo, trazendo desentendimentos. ?or fim, o funcional refere(
se a forma de vinculaç%o, onde se o$t'm afeto.
os v"nculos, a caracter"stica $ásica # a sensaç%o de e7istir, possi$ilitando
assim, a estruturaç%o do eu e da personalidade. Assim, cada pessoa com &uem o
indiv"duo se vincula # um ser >nico e reproduz uma emoç%o especial e sin!ular. 6ssa
relaç%o # o refle7o do &ue ele viveu durante a inf5ncia e dos v"nculos esta$elecidos
na formaç%o da matriz de identidade.
)emonstrando import5ncia do recon*ecimento de si e do outro para a
formaç%o de um v"nculo, tem(se como vitalidade das ações *umanas e das suas
relações, as marcas afetivas &ue permeiam a e7ist'ncia do ser, sendo assim, *á uma
citaç%o de Miller 0899:3 referente ao modo de amarL
%o podemos amar realmente se nos # proi$ido ver nossa própria
verdade, e tam$#m a de nossos pais e educadores. Apenas fazemos de conta
que amamos. 6sse comportamento *ipócrita # o contrário do amor. Confunde
e trai, produz no outro uma raiva inconsciente &ue precisa ser reprimida, e
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&ue nunca poderá ser vivenciada conscientemente, tornando(se destrutiva.
?rincipalmente &uando o outro, a&uele &ue rece$e, precisa acreditar nesse
suposto amor 0p. 83.
A escol*a do tema desse tra$al*o, so$re relações parentais e v"nculos
adoecidos, foi de suma import5ncia para a autora deste &ue em contato com a teoria,
vem confirmar a influ'ncia dos v"nculos para um viver saudável.
O presente arti!o se +ustifica pelo fato do ser *umano apresentar dificuldades
em se vincular, apesar de viver constantes relações, e o por&u' das mesmas trazerem
!randes pre+u"zos vida dos indiv"duos. Eam$#m pela autora se identificar com seu
cliente em al!umas caracter"sticas &ue definem o v"nculo adoecido com seus pais, a
dificuldade e a resist'ncia nas relações interpessoais.
O o$+etivo do presente tra$al*o # demonstrar a necessidade de &ue se
instalem v"nculos saudáveis a partir do nascimento para um desenvolvimento pleno
da espontaneidade(criatividade e um $om desempen*o de pap#is e contra(pap#is,
permitindo desta forma, &ue v"nculos se+am aut'nticos, ou se+a, saudáveis. 6
possi$ilitar sociedade con*ecer a import5ncia da relaç%o entre pais e fil*os,
influenciando no modo de viver do indiv"duo.
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Método
Participante
?articipou deste estudo um indiv"duo com nome fict"cio de <aulo, se7o
masculino, 8 anos de idade, cursando o s#timo ano. <ua fam"lia paterna só teve
con*ecimento de sua e7ist'ncia aos seus anos de idade, &uando o mesmo foi morar
com eles, por#m, nunca manteve uma relaç%o direta com seu pai. A &uei7a principal
apresentada pela avó paterna s%o pro$lemas na fala 0!a!ueira3, a &ual está
diretamente li!ada s dificuldades de relacionamento, em e7pressar e falar so$re suas
emoções e pela falta de interesse dos pais, pelo !aroto.
Materiais
?ara o processo psicoterap'utico foi utilizado como setting terap'utico uma
sala no C6?<Q 0Centro de 6studos, ?es&uisa e ?ráticas ?sicoló!icas3, situado na área
da Universidade Católica de Goiás. Boi utilizado consultório e&uipado com uma
mesa, cadeiras, armário, ventilador, um reló!io de parede, tapete e almofadas de
diferentes cores e taman*os. 6m al!umas sessões foram utilizados materiais para
re!istro de informações, como fol*as de papel, caneta, lápis, $orrac*a e outros.
Procedimentos
?rimeiramente o cliente passou por um processo de tria!em, preenc*imento
de uma fic*a contendo dados pessoais, $em como, a &uei7a principal do mesmo. A
fic*a de <aulo foi selecionada pela esta!iária e em se!uida foi efetuado um contato
via telefone por um dos funcionários do Cepsi, marcando dia e *orário para o
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atendimento, com sessões duas vezes por semana, sendo a primeira uma entrevista
com a responsável pelo adolescente.
a primeira sess%o a esta!iária esta$elece o contrato terap'utico, visando
confirmar os dias 0se!undas e &uartas(feiras3 e o *orário 0;L2 *oras3 com 2
minutos de duraç%o por atendimento, e conscientizar da import5ncia da fre&S'ncia,
enfatizando o si!ilo no am$iente do consultório.
O m#todo utilizado para o desenvolvimento deste tra$al*o foi o ?sicodrama,
&ue o$+etiva res!atar a espontaneidadeHcriatividade do cliente adoecido, tornando(o
um indiv"duo mais saudável em suas relações. Com em$asamento nesta teoria, a
metodolo!ia desenrolou(se atrav#s do m#todo ver$al, dramatizaç%o, din5micas e
t#cnicas psicodramáticasL auto(apresentaç%o, espel*o, duplo, psicodrama interno e
soliló&uio. A auto(apresentaç%o # a monta!em do mundo real ou ideal do cliente
utilizando o$+etos intermediários e uma apresentaç%o de si mesmo 0<antos, 899;3. O
espel*o consiste em o terapeuta se colocar no lu!ar do cliente para &ue este perce$a
a si mesmo e a resoluç%o do conflito. O duplo # a possi$ilidade de o cliente entrar em
contato com suas emoções n%o ver$alizadas. O psicodrama interno # atrav#s da
visualizaç%o e viv'ncia da aç%o dramática pelo cliente, mas n%o # e7ecutada. O
soliló&uio # &uando o terapeuta pede ao cliente &ue ele pense em voz alta,
propiciando uma maior percepç%o de suas emoções e ações 0Cu/ier, 89913. 6 para
finalizar o relato das sessões com seu processamento e o compartil*ar entre as partes
envolvidas, possi$ilitando a validaç%o do atendimento ocorrido.
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Resultados e Discussão
Eodo o processo psicoterap'utico teve a duraç%o de oito meses, com duas
sessões semanais de cin&Senta minutos. A partir disso, para um mel*or
entendimento, a análise e descriç%o dos dados est%o apresentadas na forma de relatos
de sessões.
Relatos de Sessões:
! Sessão " Din#mica $amiliar
esta sess%o foi feita uma atividade para se con*ecer a din5mica familiar,
onde <aulo montaria sua árvore !enealó!ica colocando uma caracter"stica para cada
pessoa envolvida. ?or#m ele n%o conse!uiu e desistiu de fazer o &ue foi proposto.
?rocessamentoL Com isso o$servou(se a dificuldade de <aulo em falar so$re
fam"lia e de demonstrar seus sentimentos &uanto ao assunto, principalmente so$re
seu relacionamento com sua m%e e seu pai.
%! Sessão " Auto&apresentação
A terapeuta propIs a <aulo &ue fizesse a t#cnica de auto(apresentaç%o. Boi
e7plicado &ue essa t#cnica permite a ele se apresentar da forma &ue mel*or sou$er,
utilizando o espaço do tapete para representar seu mundo real ou ideal e as
almofadas para representar as pessoas, o$+etos, sentimentos &ue +ul!ue serem
importantes em sua vida. 6le n%o se mostrou interessado, somente após o incentivo
da terapeuta concordou em fazer. Colocou cinco almofadas m#dias, &ue
representavam carros, -coisas particulares de *omens, computador, +o!os de v"deo(
!ame e festa, respectivamente. )epois &ue <aulo terminou de colocar todas as
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almofadas, a terapeuta per!untou se ele n%o estaria es&uecendo nada e se realmente
seu mundo era a&uele. <aulo confirmou &ue a&uilo era tudo.
A terapeuta ent%o pediu para &ue ele sa"sse do tapete e falasse o &ue ele
estava vendo. <aulo ficou ol*ando e respondeu &ue a&uelas coisas eram o &ue
realmente !ostava e l*e faziam $em. ?ediu(se depois &ue escol*esse al!um elemento
para &ue ele pudesse tomar o papel. o entanto, <aulo n%o o fez e disse ser coisa de
criança o &ue a terapeuta pedira. )epois de um tempo de recusa, ele se escondeu
atrás das almofadas e falou so$re al!uns acontecimentos da escola. 6m se!uida falou
da opini%o de seu pai so$re esses acontecimentos, mas em nen*um momento dei7ou
&ue a terapeuta investi!asse a relaç%o dos dois.
?rocessamentoL <aulo apresenta !randes dificuldades em falar de sua relaç%o
com o pai, a &ual # muito complicada. 4 um assunto -doidoT para ele, trazendo uma
reaç%o de fu!a da&uilo &ue mais o incomoda, possi$ilitando uma distorç%o da
realidade.
''! Sessão " (écnica do )spel*o
O intuito desta sess%o era aplicar o teste )esen*o(Bam"lia istória, &ue -#
um instrumento de investi!aç%o psicodia!nóstica, no &ual se detecta an!>stias
inconscientes &ue est%o presentes nas relações de o$+eto da pessoa, com 'nfase nos
aspectos afetivos das relações familiares 0ima, 899:3. <aulo desen*ou uma fam"lia
de árvores e n%o &uis contar nen*uma *istória, mesmo com a insist'ncia da terapeuta
n%o finalizou o teste.
Ao ser &uestionado so$re sua fam"lia, <aulo mostra resist'ncia e decide
voltar a fazer o teste. este momento a terapeuta faz o seu espel*o 0uma t#cnica3
recusando(se a responder ao &uestionamento. o!o após, verifica o &ue ele perce$eu
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na&uela atitude. A partir disso, demonstra compreens%o de &ue as coisas n%o podem
ser sempre do +eito &ue ele &uer.
?rocessamentoL <aulo se sente pressionado a fazer al!o &ue n%o dese+a e
aceita faz'(lo, tornando(se incoerente. Pevela(se a&ui uma ina$ilidade em conciliar o
&ue l*e # re&uisitado e seus próprios dese+os. Qnteressante notar &ue a postura da
terapeuta era de ressaltar a import5ncia da&uele tema e a forma &ue <aulo a!iu
na&uele momento, n%o de levá(lo a lidar com o tema na&uele momento.
esta sess%o, terapeuta e cliente desempen*am -uma &ueda de $raço,
literalmente, ou se+a, uma luta pelo poder, a &ual faz com &ue a terapeuta pense em
desistir de <aulo, por#m, depois de uma sess%o terap'utica e da supervis%o do caso,
ela perce$e &ue precisa tanto dele, &uanto ele dela. Após esta sess%o # notável o
&uanto <aulo afeta a terapeuta. ota(se a relaç%o de transfer'ncia de am$as as partes.
'! Sessão " +a,ar das )moções
Boi feita uma din5mica com o nome de @azar das 6moções, onde a terapeuta
vendia tudo o &ue ele pudesse ima!inar e at# o &ue n%o ima!inasse. Um $azar
má!ico feito a $ase de trocas 0n%o aceitando din*eiro3.
<aulo escol*eu um play station contendo divers%oD um carro de corrida e
uma moto trazendo aventura e viol'nciaD um *elicóptero com aventura, felicidade,
paz e calma, transmitindo a sensaç%o de estar voando. 6le trocou com a terapeuta
amor, carin*o, ale!ria acompan*ada por rosas, por c*ocolates si!nificando prazer. O
mais interessante neste momento, foi v'(lo ima!inar um c*ocolate na forma de um
$oneco preto, pois at# a&uele momento ele nunca tin*a relacionado nen*um
sentimento ou sensaç%o com o$+etos concretos. <ua escol*a n%o teve si!nificado
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aparente, a n%o ser por terem cores parecidas, assim a terapeuta perce$eu &ue a sua
criatividade foi espont5nea.
?rocessamentoL Atrav#s desta din5mica, <aulo conse!uiu se e7pressar de
al!uma forma e pIde fortalecer o v"nculo com a terapeuta, o &ual nas sessões
anteriores estava a$alado. Boi interessante perce$er &ue ele tem muito amor para
distri$uir, mas n%o conse!ue demonstrar esse sentimento. Mostrar a e7ist'ncia das
suas emoções # al!o e7tremamente dif"cil para <aulo lidar.
esta sess%o pode(se o$servar o &uanto # necessário para <aulo manter o
controle da situaç%o e7terna, o &ue si!nifica uma tremenda resist'ncia a &ual&uer
proposta terap'utica com o temor de perder o controle interno e entrar em contato
com sua an!>stia.
A terapeuta tomou consci'ncia &ue necessita de mais tato e paci'ncia para
atin!ir o 5ma!o do cliente, dei7á(lo confiar mais no processo terap'utico e na aç%o
dela so$re as suas dores.
)esde muito cedo, <aulo n%o confia no am$iente sua volta como um $om
receptor para seus sentimentos e pensamentos. 6 na 1JV sess%o de psicoterapia ele
mencionou a raiva &ue sente por sua m%e e confirmou ser al!o &ue ocorre desde &ue
foi morar com seus avós paternos. <e!undo Miller 0899:3, o bonding 0contato visual
e de pele3 # importante para &ue a criança se sinta se!ura e confiante em relaç%o
m%e. <e isso n%o ocorrer, pre+udica a criança por toda vida, &uadro este &ue foi
intensificado pelos maus tratos do pai. A partir disso, pode(se su!erir &ue com <aulo
n%o ocorreu o bonding , pois o v"nculo com seus pais está muito adoecido. 6le
necessita o amor deles e isso o impede de ser ele mesmo, de ter confiança nos outros,
de poder(se entre!ar a uma verdadeira relaç%o.
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6sse impedimento faz com &ue ele n%o consi!a desempen*ar al!uns pap#is
em sua vida, tornando(se um eu parcial doente. O contra(papel de pai e m%e,
contaminou a vida de <aulo, impossi$ilitando(o de desempen*ar o papel de fil*o.
esse ponto, o importante # mostrar a ele, a fam"lia disfuncional &ue tem e como ele
deve lidar com esta situaç%o para &ue possa ter uma vida saudável.
)esde muito cedo no processo psicoterap'utico, <aulo ne!ava al!uns de seus
sentimentos, como a raiva, o nervosismo e a insatisfaç%o. Ao mesmo tempo em &ue
esses sentimentos eram ne!ados, tam$#m eram fre&Sentes. A fre&S'ncia de ind"cios
desses sentimentos fez com &ue fossem fre&Sentes tam$#m as situações em &ue a
terapeuta tentava traz'(los tona, +unto com os fatos e pensamentos &ue os !eraram.
Boi nesse aspecto &ue ocorreu uma das mais si!nificativas mudanças do cliente.
<eu comportamento at# a 1JV sess%o era de ne!aç%o e de fu!a, at# &ue no
decorrer da sess%o, ocorrido lo!o após uma conversa neutra, ele disse o por&u' da
sua raiva pela m%e. 6 ent%o e7plicou o motivo &ue o c*ateava era a incapacidade de
sua m%e cuidar dele.
<aulo possi$ilitou a compreens%o da influ'ncia dos conflitos ori!inados nas
relações esta$elecidas entre o v"nculo maternal e paternal, permissivos 0m%e3 e
repressivos 0pai3, durante a construç%o de sua identidade. )e acordo ery 01223, a
formaç%o da personalidade deriva n%o só do esta$elecimento dos v"nculos, mas
tam$#m da representaç%o de pap#is reprimidos ou n%o.
O$serva(se &ue crianças vindas de fam"lias desestruturadas s%o propensas a
desenvolver sentimentos de frustrações e an!>stias, n%o intera!indo com outras
pessoas de uma forma ade&uada. )essa maneira, <aulo demonstrou &ue a relaç%o
vincular primária vivenciada com seus pais, fez com &ue ele desenvolvesse
condições de isolamento social, visto na sua empol!aç%o por +o!os de rede.
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Boi perce$ido &ue o am$iente familiar de <aulo n%o estava cola$orando para
&ue ele pudesse e7pressar seus sentimentos, sua espontaneidade e criatividade. A
partir disso ficou claro &ue sua capacidade espont5neo(criativa estava $lo&ueada, o
&ue possi$ilitava conflitos entre seus pap#is desempen*ados e sua personalidade.
A falta de ter a m%e como referencial de amor e proteç%o, e de ter o pai como
referencial de autoridade e se!urança em sua vida, fez com &ue ele desenvolvesse
dificuldades em esta$elecer v"nculos com o meio em &ue vive. Assim, essas
dificuldades emocionais interferiram em seu desenvolvimento escolar e em seu
desempen*o de pap#is.
O processo terap'utico do res!ate de si mesmo proporcionou o aumento da
espontaneidade de <aulo e permitiu &ue ele difundisse sentimentos, pensamentos &ue
o estavam adoecendo. ?ortanto, ele # o prota!onista de sua vida e está atualmente,
encontrando novas respostas aos acontecimentos &ue o rodeiam. Aos poucos
resi!nifica seus primeiros v"nculos para alcançar os lucros perdidos por suas relações
desestruturadas, alme+ando o desenvolvimento de sua espontaneidade criativa.
O resultado deste tra$al*o conse!uiu demonstra, atrav#s da *istória de vida
do caso apresentado, como os v"nculos parentais primários s%o importantes,
en&uanto $ase para futuros relacionamentos.
O adoecimento de <aulo está condicionado a uma din5mica familiar
empo$recida de representações e pela relaç%o com particularidades ps"&uicas de
fam"lia. Assim, conclui(se &ue a funç%o materna # o ponto de maior impacto em sua
vida.
Uma fal*a na relaç%o m%e(fil*o # o impasse na ela$oraç%o dos v"nculos e na
idealizaç%o da funç%o parental, fazendo com &ue percam o papel de pais na vida do
adolescente, dele!ando a outros esta funç%o. A partir disso, a identidade de <aulo
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está fra!ilizada, o &ue facilita o adoecimento corporal, evidenciado pela !a!ueira. A
partir disso, nota(se a necessidade de li!ar o laço materno e paterno, restaurando a
funç%o perdida.
Os conflitos na vida de <aulo levaram a terapeuta a se identificar com ele,
favorecendo a e7ist'ncia de uma relaç%o transfer'ncial. Am$os trazem conflitos na
relaç%o pai(fil*o e m%e(fil*o, o &ue possi$ilitou ainda mais o entendimento desta
relaç%o. o entanto, o crescimento terap'utico de um favoreceu o crescimento do
outro 0n%o importa a ordem3.
)essa maneira, o '7ito do processo psicoterap'utico deveu(se a esse
encontro, onde terapeuta e cliente tra$al*aram +untos suas dificuldades e resist'ncias.
Mesmo com as dificuldades no atendimento de <aulo e at# com dese+o de desistir, a
terapeuta se conscientizou da import5ncia de seu papel como futura profissional,
para o fortalecimento de sua vida pessoal e como mediadora das relações
interpessoais de seus clientes.
6ste tra$al*o leva a compreender &ue as feridas n%o ela$oradas pela fam"lia
podem ser o propulsor dos sintomas conflitantes da vida de uma pessoa. )essa
maneira, a viv'ncia desses v"nculos transfer'nciais possi$ilita a retomada dos pap#is,
a fim de &ue os mesmo se+am resi!nificados e fortalecidos em $usca de uma mel*or
&ualidade de vida.
Com isso, tornou(se n"tida a mel*ora na &ualidade de vida de am$os
0terapeutaHcliente3, por#m o processo n%o c*e!ou ao fim. <aulo conse!uiu
desenvolver si!nificativamente a sua espontaneidade, como tam$#m recon*eceu &ue
seus pap#is desempen*ados inade&uadamente devem(se ao fato de n%o ter contra(
pap#is sólidos.
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6nfim, o o$+etivo do tra$al*o foi alcançado e !ratificante para terapeuta e
cliente. Am$os tomaram consci'ncia de suas dores, possi$ilitando a e7ist'ncia de
respostas novas a &uais&uer situações. Assim foi poss"vel o res!ate parcial da
espontaneidade e dos v"nculos saudáveis, mas a +ornada continua na $usca de um
viver saudável.
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