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Vigilância Epidemiológica da Dengue
Marilina BerciniOutubro de 2011
Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria de Estado de Saúde
Centro Estadual de Vigilância em Saúde
““An infectious disease problem An infectious disease problem anywhere is a potential problem anywhere is a potential problem everywhere”everywhere”
INFECTIOUS DISEASEINFECTIOUS DISEASE
Lancet, 356:1121, 2000Lancet, 356:1121, 2000
Subconjuntos da morbimortalidade
O G D I E P
P – Base Populacional do Risco
E – Sub-conjunto de Exposição
I – Sub-conjunto de Infectados
D – Subconjunto da Doença
G – Subconjunto de casos Graves
O – Subconjuntos de Óbitos
Indicadores Epidemiológicos
• Incidência (e prevalência) de doença = D/P
• Incidência (e prevalência) de infecção = I/P
• Patogenicidade = D/I
• Virulência = G/D
• Mortalidade = O/P
• Letalidade = O/D
Vigilância Epidemiológica
Conceito
Coleta, análise, interpretação e disseminação de dados de
programas de saúde pública, de forma contínua e
sistemática visando a implementação de ações para
redução da morbimortalidade
(CDC, 2001)
Investigação - Epidemiologia descritiva
Quem
Quando
Onde
Tempo
Lugar
Pessoa
Sistema de Vigilância
Casos suspeitos
•Hospitais•Clínicas•Centros de Saúde•Comunidade
Investigação
Caso Não caso
(Descartado ou outro agravo) Adaptação do esquema do CDC - Atlanta
Notificação
Ou a ponta do Iceberg?Floco de neve isolado?Qual é o significado de um caso notificado?
Fonte: John Tilden
Um de muitos casos isolados e
esporádicos?
Ou representa outros casos que são parte de um
mesmo surto?
Investigação
Vigilância Epidemiológica da Dengue
Objetivos:
Evitar a ocorrência das infecções pelo vírus do dengue
em áreas livres de circulação
Detectar precocemente e controlar epidemias
Reduzir a transmissão nas áreas endêmicas
Reduzir a letalidade por FHD
Inaparente
Febre indiferenciada Dengue Clássico FHD
Apresentação clínica - Dengue
IPK
Iceberg da Vigilância de Dengue
Vigilância
Subconjuntos da morbimortalidade / vigilância
Expostos na população geralExpostos na população geral
DoentesDoentesProcuram AssistênciaProcuram Assistência
Resultados positivosResultados positivos
Coletam amostraColetam amostra
CaracterizaçãoCaracterizaçãogenéticagenética
NotificadosNotificados
Fontes de Informação - Dengue
PNCD
FAD
SINAN
PLANILHA SIMPLIFICADA
SIH
DIAGDENGUE
SIES
SIM
SINAN, SIS_FAD, SIM, SIH_SUS - TABWIN
Fontes de Informação - Dengue
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
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12.000
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16.000
18.000
Hos
pita
lizaç
ões
Casos notificados Hospitalizações
•Barras em negro representam o mês de janeiroBarras em negro representam o mês de janeiro
•Fonte: SINAN & SIH/SUSFonte: SINAN & SIH/SUS
Casos notificados e internações por dengue por mês, Brasil, 2000 – 2008
FemMasc
0%
20%
40%
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80%
100%
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
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dos
Percentual de casos notificados de dengue por sexo e porte do município de Percentual de casos notificados de dengue por sexo e porte do município de residência, Brasil, 2000 – 2008residência, Brasil, 2000 – 2008
Hospitalizados
Notificados
Distribuição dos Casos Notificados e Internações por idade, Brasil, 2000 – 2008Distribuição dos Casos Notificados e Internações por idade, Brasil, 2000 – 2008
HospitalizadosNotificados
Pop. 50 ├– 100 mil Pop. 100 ├– 500 mil
Distribuição dos Casos Notificados e Internações por idade e porte populacional, Distribuição dos Casos Notificados e Internações por idade e porte populacional, Brasil, 2000 – 2008Brasil, 2000 – 2008
HospitalizadosNotificados
Distribuição dos Casos Notificados e Internações por idade e porte populacional, Distribuição dos Casos Notificados e Internações por idade e porte populacional, Brasil, 2000 – 2008Brasil, 2000 – 2008
Pop. 500mil ├– 1.000.000 Pop. >=1.000.000
”Loop” da Vigilância
Evento
Ação
Dados
Informação
Sistema de Saúde
Serviço de Vigilância
Notificação
Retroalimentação, recomendações
Análise, interpretação
Coleta
Análise
Interpretação
DisseminaçãoContínuo
Sistemático Flexível
Oportuno
Preciso
SISTEMA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
DEFINIÇÃO CASO SUSPEITO DENGUE
“Todo paciente que apresenta doença febril aguda, com duração máxima de até 7 dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: cefaléia, dor retro-orbital, mialgias, artralgias, exantema, prostração, associados ou não à presença de hemorragias. Além desses sintomas, o paciente deve ter estado, nos últimos quinze dias, em área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou tenha a presença de Aedes aegypti”
GVE, 2009
Caso suspeito - Febre Hemorrágica do Dengue (FHD)
É todo caso suspeito de dengue clássico que também
apresente manifestações hemorrágicas, desde prova do
laço positiva até fenômenos mais graves (melena,
gengivorragia, hematêmese e outros).
Presença de sinais e sintomas de choque cardiovascular
(pulso fino ou ausente, queda da PA , pele fria e úmida,
agitação): suspeita de SCD
Definições de caso
NOTIFICAÇÃO À VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA MUNICIPAL PARA
– investigação dos casos suspeitos
– desencadeamento das medidas de
controle pertinentes
IMPORTANTE
INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL
• Diagnóstico sorológico Técnica de captura de IgM por Elisa (MAC Elisa) no
LACEN/RS Deve-se coletar uma amostra de soro dos casos suspeitos,
preferencialmente, no 7º dia após o início dos sintomasDetecção de antígenos NS1: método imunoenzimático
(Elisa) que detecta antígenos virais específicos do tipo NS1 em coletas até o 5º dia da doença; o MS disponibiliza NS1 para triagem de amostras para isolamento viral em unidades sentinelas e casos graves
INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL
• Diagnóstico virológico (somente áreas com casos autóctones) Isolamento viral (cultivo celular) no Instituto Adolfo Lutz
em São Paulo: sangue, soro ou tecidos dos casos suspeitos até 5º dia da doença. Permite a identificação do sorotipo viral circulante
PCR: em amostras de sangue, soro, líquor, fragmentos de vísceras (fígado, baço, linfonodos, coração, pulmão, rim e cérebro), lotes de mosquitos vetores
Imunohistoquímica: detecção de antígenos virais em tecidos formalizados
29
Requisição de exames para dengue e febre amarela para Lacen/RS (GAL)
Caso confirmado - Dengue Clássico (DC) Resultado laboratorial positivo para dengue
- Isolamento Viral: 1º a 5º dia da doença
- Sorologia: após o 7º dia da doença
- NS1: 1º a 5º dia da doença
Período epidêmico: critério clínico-epidemiológico, exceto nos primeiros casos da área, que deverão ter confirmação laboratorial;
coleta de 10% dos casos de DC (amostral)
coleta de 100% dos casos graves internados
Caso confirmado – Febre Hemorrágica do Dengue (FHD)
Casos que preencham os seguintes critérios (TODOS)
Febre com duração de 7 dias ou menos
Plaquetopenia (<= 100 mil/mm3)
Tendências hemorrágicas
Extravasamento de plasma: hemoconcentração, presença de derrame pleural, pericárdico, ascite, hipoalbuminemia
Confirmação laboratorial
Definições de caso
Caso confirmado – Febre Hemorrágica do Dengue (FHD)
Categorias
Grau I – critérios FHD + prova do laço positiva
Grau II – critérios FHD + manifestações hemorrágicas espontâneas (epistaxe, petéquias, gengivorragia, sangramentos de pele e outros)
Grau III – critérios FHD + colapso circulatório (pulso fraco e rápido, queda PA, pele pegajosa e inquietação) (SCD)
Grau IV – critérios FHD + choque profundo (SCD)
Definições de caso
Caso de dengue com complicações
caso que não se enquadre nos critérios de FHD e a
classificação de DC é insuficiente, dada a gravidade do
quadro clínico-laboratorial apresentado: Alterações neurológicas Insuficiência hepática Disfunção cardiorrespiratória Derrames cavitários Plaquetopenia <= 50 mil/mm3
Óbito
Definições de caso
Caso descartado
Diagnóstico laboratorial negativo
Diagnóstico laboratorial diferencial positivo para outra
entidade clínica
Ausência de diagnóstico laboratorial com
investigações clínica e epidemiológicas compatíveis
com outras patologias
Definições de caso
RESUMO DO CASO
Paciente masculino, 39 anos, jardineiro, residente em área urbana de
município não infestado por A.E, sem deslocamento para outros municípios
e/ou Estados.
Procurou atendimento médico por quadro febril, mialgia, dor de garganta.
Apresentou plaquetopenia, icterícia e quadro de desidratação tendo
evolução rápida para Insuficiência renal e hepática. Hipótese diagnóstica de
dengue hemorrágica.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL / CASO SUSPEITO DE DENGUE HEMORRÁGICA
HISTÓRIA CLÍNICA
Início dos sintomas: 29/03/2011 (febre, dor de garganta , dores musculares
e cefaléia)
Em 30/3/2011 consulta em U.S que indica uso de Ibuprofeno cp 8/8 h
Em 03/4/2011 sem melhora da febre,apresentando dor abdominal e
sangramento nasal consulta em emergência hospitalar onde é indicado
internação. No momento da internação apresentando quadro febril,
hipotensão arterial e exantema leve no tórax.
Realizada “prova do laço” sendo considerada positiva.
HISTÓRIA CLÍNICA Paciente com má evolução desde a internação, apresentando plaquetopenia,
diminuição de diurese, baixa saturação de O2, infiltrado pulmonar difuso
bilateral, epistaxe, hematúria, sangramento pelo TET e icterícia de pele e
mucosas.
Apresentou PCR na madrugada do dia 05/04/2011, aguardando transferência
para UTI em Porto Alegre. Óbito às 19h40min do dia 05/04/2011.
Causas da morte declaração de óbito: Choque hipovolêmico
Falência de multiplos órgãos
Síndrome distress respiratório adulto
Dengue hemorrágico
TRATAMENTO
Durante a internação realizou nebulização, soroterapia
para hidratação, oxigênio.
Hemoterapia com 9 bolsas de plaquetas e 3 de CHAD.
EXAMES LABORATORIAIS03/04/2011(15h e 21H)
• Plaquetas: 8.000/mm3 e 6.000/mm3
• Eritrócitos: 3,15 e 2,68• Hemoglobina: 9,3g/dl e
7,9g/dl• Hematócrito: 27,6 % e 24%• Leucócitos: 5.610/µL• Creatinina: 0,80mg/dl• Uréia: 56 mg/dl
05/04/2011
• Plaquetas: 124.000/mm3• Eritrócitos: 2,55• Hemoglobina: 7,8g/dl• Hematócrito: 22,5 %• Leucócitos: 17.900/µL• Creatinina: 0,37mg/dl• Uréia: 91mg/dl• Bilirrubina D: 17,4 mg/dl• I: 2,36mg/dl• T: 19,76mg/dl• AST: 637u/L• ALT: 984u/L• Amilase: 1.241u/L
Exames específicos
• Sorologia para dengue: NS1 e IgM NÃO REAGENTES
• Sorologia para Leptospirose: REAGENTE
CONCLUSÃO:
Síndrome Icterofebrilhemorrágica por Leptospirose
Objetivo: detectar precocemente a circulação viral
SMS Notificar todo caso suspeito
Notificar imediatamente casos suspeitos de FHD/SCD e óbitos (portaria DNC 104/2011)
Investigar para detectar o provável local da infecção
Coleta de material para sorologia
Notificar a vigilância entomológica do município (PVE)
Ações de VE – período não epidêmico
Objetivo: detectar precocemente a circulação viral
SMS Encerrar oportunamente a investigação dos casos notificados (até 60 dias)
Analisar periodicamente os dados (gerar relatórios)
Elaborar/atualizar o Plano de Contingência
Capacitar profissionais de saúde
Planejar campanhas educativas, de mídia, projetos especiais
Divulgar informações
Ações de VE – período não epidêmico
Objetivo: detectar precocemente a circulação viral
SESAcompanhar a situação epidemiológica da doença
Divulgar diretrizes técnicas
Organizar o fluxo de laboratório com o Lacen/RS, procurando descentralizar o diagnóstico sorológico
Apoiar a investigação de casos graves e óbitos
Avaliar o banco de dados do SINANNotificar imediatamente casos suspeitos de FHD/SCD, óbitos e dengue por Denv 4 (portaria DNC 104/2011)
Ações de VE – período não epidêmico
Objetivo: detectar precocemente a circulação viral
SESCapacitar profissionais de saúde
Supervisionar os municípios
Atualizar Plano de Contingência
Planejar campanhas educativas, de mídia, projetos especiais
Produzir boletins epidemiológicos, informes, relatórios
Divulgar informações
Ações de VE – período não epidêmico
Objetivo: acompanhar a curva epidêmica, identificar as áreas com ocorrência de casos e grupos mais acometidos para instrumentalizar a vigilância entomológica no combate ao vetor, a assistência para identificação precoce dos casos e a mobilização social
SMS Notificar todo caso suspeito na FIN, preencher a FIE nos casos suspeitos de DCC, FHD, SCD, gestantes, < 15 anos, clínica não usual e óbitos
Transferência de dados no Sinan de preferência diariamente
Coletar sorologia casos iniciais, casos graves/amostras para isolamento viral
Ações de VE – período epidêmico
SMS
Divulgar protocolo de atendimento à rede de atenção à saúde
Investigar óbitos suspeitos com o protocolo de investigação proposto pelo PNCD/MS (disponível na página da SES)
Busca ativa de casos graves
Casos internados: verificar o prontuário para avaliar os exames, prova do laço, falar com o médico
Ações de VE – período epidêmico
SMS Criar Gabinete de Crise – reuniões diárias VE/VA/Assistência/Gestão para análise da situação
Repassar para a vigilância ambiental os casos estratificados por local de residência ou de infecção para subsidiar as atividades de controle vetorial (planilha por bairros)
Acompanhar a curva epidêmica, os indicadores epidemiológicos – BOLETIM DIÁRIO/SEMANAL
Encerrar os casos no SINAN oportunamente (até 60 dias)
Participar do Comitê Municipal de Dengue, colaborando com as ações intersetoriais
Ações de VE – período epidêmico
SESAcompanhar os dados dos municípios (curva epidêmica, perfil da doença, indicadores epidemiológicos)
Apoiar os municípios nas ações de capacitação, VE e VA
Avaliar a investigação epidemiológica dos casos de DCC, FHD/SCD e óbitos (classificação final)
Apoiar a investigação laboratorial
Produzir boletins epidemiológicos (diário/semanal)
Divulgar protocolo de atendimento para a rede de atenção
Ações de VE – período epidêmico
SESDivulgar informações (a questão do porta-voz)
Criar Gabinete de Crise (integração das ações de vigilância, laboratório, comunicação social, administração, gestão)
Implementar ações intersetoriais (Comitê Estadual da Dengue)
Ações de VE – período epidêmico
Grandes desafios Produzir informação precisa e oportuna, de forma
sistemática e contínua
Conhecer a distribuição dos casos
Identificar sorotipos circulantes
Integrar as vigilâncias epidemiológica, laboratorial e
entomológica
Ter capacidade preditora
Manter Plano de Contingência atualizado
Vigilância da dengue
Cartão do usuário
Cartão do usuário – parte interna
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Ficha de atendimento para paciente suspeito de dengue
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PREVENÇÃO
no momento atual não existe vacina disponível para os 4
sorotipos