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VANESSA GONÇALVES OLIVEIRA ANÁLISE DE EFICIÊNCIA NAS OPERAÇÕES DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA DE BANCOS BRASILEIROS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Escola de Ciências Humanas e Sociais de Volta Redonda da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientador: Pauli Adriano de Almada Garcia VOLTA REDONDA RJ 2011

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Page 1: VANESSA GONÇALVES OLIVEIRA ANÁLISE DE EFICIÊNCIA NAS ...§ão... · O Banco Central do Brasil, nos últimos anos, interveio na economia de maneira significativa com o objetivo

VANESSA GONÇALVES OLIVEIRA

ANÁLISE DE EFICIÊNCIA NAS OPERAÇÕES DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA

DE BANCOS BRASILEIROS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Administração

da Escola de Ciências Humanas e

Sociais de Volta Redonda da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para a obtenção do

título de Bacharel em Administração.

Orientador: Pauli Adriano de Almada Garcia

VOLTA REDONDA – RJ

2011

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O48

Oliveira, Vanessa Gonçalves.

Análise de eficiência nas operações de intermediação

financeira de bancos brasileiros / Vanessa Gonçalves

Oliveira. – Volta Redonda, 2011.

37 f

Orientador: Pauli Adriano de Almada Garcia

Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel) – Curso

de Administração da Escola de Ciências Humanas e

Sociais de Volta Redonda da Universidade Federal

Fluminense.

Inclui bibliografia.

1. Administração de empresas - Monografia (graduação) 2.

Sistema financeiro - Brasil. I. Garcia, Pauli Adriano de Almada. II.

Escola de Ciências Humanas e Sociais de Volta Redonda da

Universidade Federal. II. Título.

CDD 658.15

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VANESSA GONÇALVES OLIVEIRA

ANÁLISE DE EFICIÊNCIA NAS OPERAÇÕES DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA

DE BANCOS BRASILEIROS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Administração

da Escola de Ciências Humanas e

Sociais de Volta Redonda da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para a obtenção do

título de Bacharel em Administração.

Aprovada em 05 de julho de 2011

BANCA EXAMINADORA

Prof. D.Sc. Orientador Pauli Adriano de Almada Garcia

Universidade Federal Fluminense

Prof. M.Sc. Pítias Teodoro Lacerda

Universidade Federal Fluminense

Prof. D.Sc. Murilo Alvarenga Oliveira

Universidade Federal Fluminense

VOLTA REDONDA – RJ

2011

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Dedico este trabalho a minha família, pela fé

e confiança demonstrada, pelo esforço,

dedicação e compreensão em todos os

momentos desta e outras caminhadas.

Aos meus amigos, pelo apoio incondicional e

confiança, pelo mútuo aprendizado de vida

durante nossa convivência, no campo

profissional e particular.

Aos professores, pelo simples fato de

estarem dispostos a ensinar e ao meu

orientador pela paciência demonstrada no

decorrer do trabalho.

Enfim a todos, inclusive àqueles que, por

algum motivo não estiveram presentes, mas

que de alguma forma tornaram este caminho

mais fácil de ser percorrido.

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AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho não é mérito individual, mas resultado da contribuição de

inúmeras pessoas que participaram direta ou indiretamente para o seu desenvolvimento.

Agradeço a todas elas e, de forma particular:

À Deus, pois sem Ele, nada disso seria possível.

Aos meus pais, que me deram a vida, ensinaram-me a vivê-la com dignidade, iluminaram

os meus caminhos com afeto e dedicação, se doaram inteiros e renunciaram aos seus

sonhos, para que, muitas vezes, pudessem realizar os meus. Obrigada pelos mais sábios

conselhos nos momentos em que eu estava totalmente perdida, pelas altas doses de

incentivo nos meus momentos de desanimo com a faculdade e quando eu decidir abrir mão

do trabalho para dar continuidade aos estudos. A vocês, pais por natureza, por opção e

amor, não bastaria dizer, que não tenho palavras para agradecer tudo isso. De qualquer

maneira, recebam o meu mais sincero obrigado.

À minha irmã agradeço por me suportar a cada dia, por cada palavra doada, cada minuto de

atenção, cada puxão de orelha, cada abraço. Obrigada por escutar meus desabafos e me

aconselhar, muitas vezes querendo estar no meu lugar para poupar meu sofrimento.

À meu namorado por estar comigo em todos os momentos da minha vida. Os momentos

mais difíceis dessa caminha foram superados mais facilmente, pois eu tinha você ao meu

lado. Obrigada por me fazer feliz.

Aos meus amigos que estiveram ao meu lado ao longo dessa jornada, me ajudando a

solucionar problemas que pareciam impossíveis, trabalhos infindáveis e também por cada

palavra de incentivo. Em especial agradeço às minhas amigas de coração Carolina e Jéssica

pelo agradável convívio nesse período de faculdade. Espero que esses laços de amizade

não se percam com a distância e as circunstâncias da vida.

Ao meu orientador, Professor Pauli Adriano de Almada Garcia, pela sua dedicação e total

disponibilidade com que sempre me recebeu, pelas suas sugestões sempre pertinentes,

pelos seus ensinamentos e pelo seu incondicional apoio durante este trabalho.

À todos familiares e amigos que sempre estiveram ao meu lado me apoiando, incentivando

e me ajudando nessa batalha.

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RESUMO

O Banco Central do Brasil, nos últimos anos, interveio na economia de maneira significativa com o

objetivo de manter a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional. Na tentativa de conter uma virtual

paralisação do mercado de crédito, decorrente da crise internacional de 2008, o Banco Central adotou

como estratégia o provimento de liquidez. Diante disso, o presente trabalho apresenta uma análise de

eficiência, utilizando a metodologia DEA, dos dez maiores bancos, considerados pelo Banco Central,

sob a ótica das operações de intermediação financeira. Para tanto são considerados como indicadores

os ativos totais, as despesas realizadas com as operações de intermediação financeira e as receitas

referentes a essas operações. Além disso, o trabalho utilizou conceitos econômicos e fatores históricos

além de ter sido embasado no conceito da Análise Envoltória de Dados. Os resultados indicam que os

bancos com maiores recursos financeiros não necessariamente são os mais eficientes nesse tipo de

operação.

Palavras chave: Eficiência, Analise Envoltória de Dados, Bancos brasileiros, Operações de

Intermediação Financeira.

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ABSTRACT

The central bank of Brazil in recent years, intervened in the economy in a meaningful way in order to

maintain the stability of the financial system. In an attempt to contain a virtual standstill in the credit

market, resulting from the international crisis of 2008, the central bank adopted a strategy the

provision of liquidity. Therefore, this paper presents an analysis of efficiency using the DEA, with ten

largest banks, considered by the central bank, from the perspective of financial intermediation

operations. For both indicators are considered as total assets, the costs incurred in the operations of

financial intermediation and revenues related to these operations. In addition, the study used economic

concepts and historical factors as well as being grounded in the concept of Data Envelopment

Analysis.The results indicate that banks with greater financial resources are not necessarily the most

efficient in this type of operation.

Keywords: Efficiency, Data Envelopment Analysis, Brazilian banks, financial intermediation

operations.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Evolução do Crédito Total (R$ bilhões) ................................................................... 19

Tabela 2: Inputs e Outputs ........................................................................................................ 31

Tabela 3: Eficiência nas operações de intermediação financeira ............................................. 32

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Representação das fronteiras CCR e BCC ................................................................ 22

Figura 2: Fronteira DEA - BCC clássica (otimista) e invertida (pessimista) .......................... 26

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

MERCOSUL Mercado Comum do Sul

BACEN Banco Central do Brasil

SFN Sistema Financeiro Nacional

IFs Instituições Financeiras

DEA Análise Envoltória de Dados

SIAD Sistema Integrado de Apoio à Decisão

PROER Programa de Estímulo à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema

Financeiro Nacional

PROES Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na

Atividade Bancária

EUA Estados Unidos da América

CEO Chief Executive Office

CFO Chief Financial Officer

DMU Decision Making Unit

CCR Constant Returns to Scale

BCC Variable Returns to Scale

SFA Stochastic Frontier Approach

BB Banco do Brasil

CEF Caixa Econômica Federal

HSBC Hong Kong and Shanghai Banking Corporation

ABN Amro Algemene Bank Nederland - Amsterdam and Rotterdam Bank

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................................ 12

1.2. OBJETIVOS DA PESQUISA........................................................................................................... 14

1.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................................................... 15

1.4. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ................................................................................................ 16

1.5. DESCRIÇÃO DO TRABALHO ....................................................................................................... 16

2. REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................................. 17

2.1. O MERCADO BANCÁRIO BRASILEIRO ..................................................................................... 17

2.2. ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS .......................................................................................... 20

2.2.1. Análise de Eficiência Bancária Via DEA ................................................................................ 26

3. APLICAÇÃO .................................................................................................................... 30

4. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 34

4.1. CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRABALHO ................................................................................. 34

4.2. LIMITAÇÕES .................................................................................................................................. 35

4.3. PROPOSIÇÕES................................................................................................................................ 35

5. REFERÊNCIA .................................................................................................................. 36

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1. INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

A partir de 1990, com a abertura da economia brasileira e a liberação das importações,

além do controle da inflação pelo plano real, o consumidor brasileiro passou a ter acesso a

produtos mais baratos e melhores. A formação do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL),

entre outros acordos de expansão comercial adotada pelo governo brasileiro, aumentou ainda

mais esse mercado, de forma a atrair investidores e empresas estrangeiras para o Brasil.

Assim, o país tornou-se um mercado emergente atrativo para empresas estrangeiras,

principalmente por configurar-se como um mercado com grande potencial e pouco explorado,

fazendo com que o final do século passado fosse marcado pela intensificação da concorrência

em todos os setores da economia, inclusive no setor bancário. (SUEN; KIMURA, 1997)

Macedo e Barbosa (2009), num estudo sobre eficiência do sistema bancário brasileiro,

destacam que as organizações sofreram mudanças para se adaptarem a um novo cenário

mundial caracterizado pela globalização, pela abertura dos mercados e pelo surgimento de

novas tecnologias.

Além disso, pôde-se observar um expressivo aumento das exigências por parte dos

consumidores brasileiros, que não se restringe mais apenas ao recebimento do produto ou

serviço em si, mas passaram a exigir grande diversidade de produtos e serviços, maior

qualidade dos mesmos e melhor relação custo benefício (PÉRICO, REBELATTO,

SANTANA, 2008).

Diante do cenário supracitado, e considerando que o objetivo das empresas consiste

em atender as exigências dos clientes, os sistemas de medição de desempenho se tornaram

uma ferramenta importante para auxiliar na verificação de estratégias organizacionais. Para

Slack et al. (1997) toda organização precisa de medidas de desempenho como um pré-

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requisito para o melhoramento, ressaltando ainda que após a mensuração do desempenho a

organização precisa fazer um julgamento sobre sua performance, que deve ser baseado em

comparações com dados históricos da organização, dados auferidos pelos concorrentes e

dados determinados como objetivos a serem atingidos.

Dentre as empresas com atuação no cenário brasileiro, os bancos apresentam-se como

organizações influentes no cenário econômico e financeiro do país. Sendo assim, a indústria

bancária altamente atuante no mercado brasileiro e que apresenta uma acirrada

competitividade entre si, necessita de uma eficiente medida de desempenho a fim de

aprimorar a gestão e ainda estar preparada para acontecimentos externos à instituição como,

por exemplo, crises internacionais.

A análise de eficiência bancária não é assunto novo, como será discutido na seção

2.2.1., entretanto, dentre os diversos trabalhos pesquisados, não foi encontrado qualquer

indício sobre a análise de desempenho das operações de intermediação financeira. Foi em

algumas dessas operações que o Banco Central do Brasil (BACEN) interveio com o intuito de

garantir a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional (SFN) pós crise americana de 2008.

Nesse contexto, faz-se necessário entender o conceito de operações de intermediação

financeira. Segundo Antunes e Pires (2011), de forma análoga às empresas comerciais que

fazem intermediação de mercadorias, as instituições financeiras (IFs), também conhecidas

como intermediários financeiros, fazem intermediação de disponibilidade de recursos

financeiros. Segundo esses autores, as instituições financeiras têm como função básica a

criação de instrumentos que facilitem o fluxo de recursos entre os agentes superavitários1 e os

deficitários2.

Assim, os autores definem intermediação financeira com sendo a captação de recursos,

pelas IFs, por um determinado prazo e a um determinado custo (juros e demais encargos)

junto aos agentes econômicos superavitários e a aplicação de tais recursos por um

determinado prazo ao custo de captação, acrescido do spread3, em operações contratadas

pelos agentes deficitários.

1 Agentes superavitários: agentes econômicos que, em um dado momento, possuem recursos financeiros

disponíveis para aplicar, auferindo renda por essa aplicação. Podem ser famílias, empresas ou governos (Antunes e Pires, 2011). 2 Agentes deficitários: agentes econômicos que, em um dado momento, necessitam captar recursos

financeiros de terceiros a fim de financiar, no presente, o consumo, o investimento ou o capital de giro. Podem ser famílias, empresas ou governos (Antunes e Pires, 2011). 3 Spread: Spread bancário: Consiste na diferença entre as taxas que os bancos pagam ao captarem dinheiro

no mercado dos agentes superavitários e os juros que eles cobram ao conceder um empréstimo aos agentes deficitários (Antunes e Pires, 2011).

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Para isso, as IFs utilizam instrumentos de captação e de aplicação desses recursos, que

são chamados, respectivamente, de operações passivas e operações ativas.

As operações passivas geram despesas para as instituições financeiras em função

dos juros e demais encargos financeiros pagos aos agentes superavitários, também

conhecidos como depositantes de recursos. Essas são chamadas de Despesas da

Intermediação Financeira. (...) As operações ativas geram receitas para as

instituições financeiras, decorrente dos juros e demais encargos financeiros cobrados

dos agentes deficitários, também conhecidos por tomadores de recursos. Essas são

chamadas de Receitas da Intermediação Financeira. (Antunes e Pires, pág. 7, 2011).

Assim, o presente trabalho pretende responder a seguinte pergunta: As instituições

financeiras classificadas pelo BACEN como as que possuem mais recursos financeiros, são as

mais eficientes nas suas operações de intermediação financeira?

1.2. OBJETIVOS DA PESQUISA

Diante do exposto na seção anterior, no presente trabalho pretende-se avaliar a

eficiência bancária na realização das operações de intermediação financeira, com o intuito de

verificar se os maiores bancos, considerados pelo BACEN, também são os mais eficientes na

realização dessas operações. Sendo assim, a questão principal proposta por esse trabalho é se

existe alguma relação entre eficiência nas operações de intermediação financeira e tamanho

dos bancos uma vez que a maioria das intervenções feitas pelo BACEN no sistema bancário

nacional toma como ponto de partida os maiores bancos, nesse trabalho considerado os

bancos que possuem maiores quantidades de recursos financeiros. . Essa análise de eficiência

se dará para os dez maiores bancos atuantes no mercado brasileiro, segundo critério do

BACEN (2010) que leva em consideração que o maior banco é aquele que possui mais

recursos financeiros. Os recursos financeiros considerados pelo BACEN são calculados

considerando-se a diferença entre o ativo total – todos os bens e direitos do banco - e a conta

de intermediação financeira – representa todos os recursos que o banco possui, provenientes

de depósitos e que estão disponíveis para financiamento (PÉRICO, REBELATTO,

SANTANA 2008).

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1.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para o alcance do objetivo descrito na seção anterior, as seguintes etapas

metodológicas serão seguidas:

(i) Revisão da literatura sobre a análise de eficiência bancária no Brasil – nessa

revisão poder-se-á identificar quais são os principais trabalhos da atualidade no

que diz respeito à análise de eficiência bancária;

(ii) Revisão da literatura sobre a técnica de Análise Envoltória de Dados (DEA)

aplicada à análise de eficiência bancária – nessa revisão serão identificados os

principais modelos adotados e as justificativas para o uso dos mesmos.

(iii) Estudo de caso envolvendo os dez maiores bancos, classificados pelo BACEN,

aplicando as modelagens de DEA discutidas na revisão bibliográfica – nesse

estudo de caso serão estabelecidas as medidas de eficiência para os bancos

considerando-se os dados referentes às operações de intermediação financeiras.

Para a classificação da pesquisa adotada para esse estudo, tomou-se como base a

sistematização apresentada por Vergara (2009), que a divide em dois aspectos: quanto aos fins

e quanto aos meios. Assim, quanto ao seu fim, a pesquisa é explicativa e quantitativa.

Explicativa, pois tem como objetivo tornar algo inteligível e esclarecer quais fatores

contribuem, de alguma forma, para ocorrência de determinado fenômeno. A mesma é

quantitativa, pois traduz em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las e

que para isso requer o uso de recursos ou técnicas de base quantitativa.

Quanto aos meios utilizados no desenvolvimento desse trabalho, a pesquisa adotada

foi a de laboratório, bibliográfica e documental. A pesquisa é classificada como de laboratório

por que foram realizadas simulações matemáticas, por meio do software SIAD (2005). É

também classificada como bibliográfica por que a partir da revisão da literatura foram

levantadas informações pertinentes ao assunto, oferecendo fundamentação teórica para o

problema. Para Silva (2000) a pesquisa bibliográfica é: “elaborada a partir de material já

publicado, constituído principalmente de livros, artigos em periódicos e atualmente com

material disponibilizado na internet.”

Por fim, a pesquisa documental deu-se para que os dados fossem levantados e para que

as análises fossem realizadas. Para Vergara (2009) a pesquisa documental é: “realizada em

documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou

em anais, regulamentos, circulares, ofícios, memorandos, balancetes, comunicações informais

etc.”

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1.4. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

A eficiência bancária é um tema que vem sendo amplamente estudado no Brasil e no

mundo nos últimos anos. A base de publicações científicas Science Direct, apresentou, numa

busca realizada em 2011, 1.815 artigos que utilizam a metodologia DEA para calcular a

eficiência dos bancos ao redor do mundo.

O diferencial associado a presente pesquisa em relação às demais é o enfoque dado aos

indicadores utilizados para a realização da análise de eficiência. Esse trabalho se justifica uma

vez que não foi encontrado nenhum trabalho onde se pretendesse medir a eficiência bancária

utilizando como indicadores de input e output os valores das contas de operações de

intermediação financeira realizadas pelos bancos.

Como pôde ser percebido na seção 1.1, o Sistema Financeiro Nacional é formado por

um conjunto de instituições financeiras que tem como principal função facilitar o fluxo de

recursos entre poupadores e investidores, ou seja, um fluxo eficiente de intermediação

financeira. Assim, o mesmo tem sua estabilidade intimamente ligada a essas operações uma

vez que elas são as que geram maior liquidez para o mercado, por serem responsáveis por

disponibilizar para os investidores os recursos que precisam para viabilizar seus

investimentos, possibilitando aos agentes econômicos maiores produtividades.

1.5. DESCRIÇÃO DO TRABALHO

No presente capítulo foi apresentada uma contextualização ao tema de pesquisa

com o intuito de posicionar o leitor no problema que será abordado na pesquisa. No

segundo capítulo são apresentadas as fundamentações teóricas necessárias para o alcance

do objetivo descrito na seção 1.2. Essa fundamentação teórica estará alinhada às etapas

metodológicas descritas na seção 1.3. No terceiro capítulo apresenta-se uma discussão

sobre a análise de eficiência bancária sob a ótica das operações de intermediação financeira

via DEA. Nesse capítulo também são apresentados os resultados e uma discussão sobre os

mesmos, ou seja, serão apresentadas as eficiências dos dez maiores bancos considerados

pelo BACEN e os seus posicionamentos conforme essas eficiências serão comparadas com

os posicionamentos estabelecidos pela instituição. No quarto capítulo são apresentados as

conclusões do trabalho, direcionamentos para trabalhos futuros e as principais limitações

da pesquisa.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. O MERCADO BANCÁRIO BRASILEIRO

Segundo Macedo e Barbosa (2009) os anos de 1960 a 1994 no Brasil, que foi marcado

pelas altas taxas de inflação, proporcionaram às instituições bancárias diversas possibilidades

de ganhos extraordinários por aplicações financeiras. Com a implementação do Plano Real em

1994, e com a consequente estabilidade inflacionária, os bancos perderam esse ganhos,

passando assim a buscar novas fontes de receitas, fundamentadas em resultados operacionais,

como aumento na cobrança de tarifas pela prestação de seus serviços.

“A resposta dos bancos à perda da receita inflacionária foi a expansão das operações

de crédito logo após a implementação do plano real e a elevação das tarifas cobradas sobre

seus serviços bancários.” (Gremaud, Vasconcellos e Júnior, 2009).

Souza (2006), no trabalho sobre um estudo de eficiência aplicado ao Banco do Brasil,

destaca que os altos ganhos em spread bancário, aferidos entre os anos de 1960 a 1994,

contribuíram para um comodismo dos bancos devido suas facilidades, porém após a

implementação do Plano Real e consequente queda das taxas de inflação, permaneceram no

mercado apenas instituições mais rentáveis e eficientes. Essas instituições foram obrigadas a

se adaptarem à nova conjuntura apresentada – aumento da competição entre as instituições

financeira, maior participação do capital estrangeiro nesse mercado, acirramento pela busca

da eficiência das atividades, maximização dos lucros e, principalmente, maior exigência por

parte dos clientes.

Gremaud, Vasconcellos e Júnior (2009) destacam que a dúvida que surgia na

implementação do plano era referente a quais seriam os impactos da estabilização sobre o

sistema financeiro e como esse se enquadraria à mudança. Muitas pesquisas, segundo esses

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18

autores, mostram que os bancos estavam despreparados para a concessão de crédito e que isso

poderia ser um problema quando acontecesse uma reversão na economia. Tal fato foi o que

ocorreu em 1995 com a crise do México, que ocasionou uma contenção da atividade

econômica brasileira. Assim, nesse período, ainda segundo os autores, verificou-se uma

grande elevação na taxa de inadimplência, fazendo com que os bancos apresentassem

prejuízos e se mostrassem insolventes.

Para que esse cenário não se transformasse em uma crise financeira de maior

magnitude, os autores destacam algumas medidas adotadas pelo Banco Central entre os anos

de 1995 a 2004: (i) estímulo a fusões e incorporações bancárias; (ii) aumento do poder do

BACEN para intervir nas instituições financeiras; (iii) estímulo à entrada de bancos

estrangeiros; (iv) privatização de bancos estaduais; (v) instituição do PROER (Programa de

Estímulo à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) que consiste na

concessão de créditos especiais, pelo BACEN, para a transferência do controle acionário de

instituições privadas com problemas; (vi) instituição do PROES (Programa de Incentivo à

Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária) que consistiu na definição, pelo

BACEN, de regras para o repasse de recursos desse bancos públicos para os governos

cobrirem o passivo a descoberto de suas instituições, definindo os montantes, de acordo com

o compromisso dos governos em liquidar ou privatizar as instituições ou transformá-las em

agências de desenvolvimento; (vii) substituição da fiscalização por meio de relatórios

enviados pelos bancos para uma fiscalização direta comprovando as informações fornecidas

pelos bancos.

Pode-se perceber que durante todos esses anos o BACEN interveio de forma

consistente na economia e mais especificamente no Sistema Financeiro Nacional com o

intuito de garantir a estabilidade do mesmo. Isso também pôde ser verificado no último

período de instabilidade econômica brasileira, a crise americana do subprime.

A crise do subprime4, que teve origem no mercado imobiliário dos Estados Unidos

(EUA) no final do ano de 2007, se disseminou pelas economias do mundo provocando uma

crise de crédito sem precedentes na história do capitalismo. Em uma pesquisa realizada com

CEOs (Chief Executive Officer), CFOs (Chief Financial Officer), superintendentes e diretores

financeiros pelo grupo “PriceWaterHouseCoopers”, com o objetivo de verificar os impactos

da crise financeira internacional na economia brasileira, mostra-se que o setor financeiro foi o

segundo mais afetado pela crise, ficando atrás apenas do setor automobilístico. Além disso, a

4 Subprime: Categoria de crédito onde os mutuários são clientes sem comprovação de renda e com

histórico ruim de crédito. (Alberini e Buguszewksy, 2008).

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19

pesquisa também destaca que a crise criou um ambiente propício a fusões e aquisições

bancárias.

Segundo o Relatório de Economia Bancária e Crédito, do ano de 2009, divulgado pelo

Banco Central (2010), os efeitos da crise internacional repercutiram mais intensamente na

economia brasileira a partir de setembro de 2008, por meio da virtual paralisação do mercado

de crédito, ou seja, por meio de uma expansão em ritmo menos acentuado, do que nos anos

anteriores, no saldo das operações de crédito5.

Essa virtual paralisação mostrou seus impactos no ano de 2009, com uma expansão de

15,2% no saldo das operações de crédito considerando os recursos livres6 e os recursos

direcionados7, ante 31,1% no ano anterior, como pode ser observado na tabela 1.

Tabela 1: Evolução do Crédito Total (R$ bilhões)

Fonte: Banco Central (2010)

Na tentativa de conter tal paralisação, e com o objetivo de estabilizar as

funcionalidades dos bancos, o Banco Central adotou como estratégia o provimento de

liquidez8. Assim, para assegurar a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional como um

todo, uma das medidas adotada pelo Banco Central foi reduzir o recolhimento compulsório

sobre os depósitos bancários, ou seja, reduzir a custódia sobre parte dos depósitos recebidos

dos clientes pelos bancos comerciais, e ainda incentivar os bancos de grande porte a

direcionarem parte dos seus recolhimentos compulsórios a bancos de menor porte via compra

de carteira de crédito e/ou aplicações em depósitos interfinanceiros (Banco Central, 2009).

5 Operações de crédito: Consistem em Empréstimos, Títulos descontados e Financiamentos (Antunes e

Pires, 2011). 6 Recursos Livres: empréstimos cujas taxas de juros são livremente pactuadas entre os tomadores e as

instituições financeiras (BACEN, 2010). 7 Recursos direcionados: empréstimos realizados com taxas ou recursos definidos por normas

governamentais (BACEN, 2010). 8 Liquidez: É a quantidade de moeda circulando no sistema econômico

Discriminação 2007 2008 2009 Variação

t-1 t-2

Total 936 1227,3 1414,3 15,2 31,1

Recursos Livres 660,8 871,2 954,5 9,6 44,4

Recursos Direcionados 275,2 356,1 459,8 29,1 67,1

Participação %

Total/PIB 35,2 40,8 45

Recursos Livres/PIB 24,8 29 30,4

Recursos Direcionados/PIB 10,4 11,9 14,6

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20

Como se pretende verificar a eficiência dos bancos nas suas operações de

intermediação financeira no ano de 2010, faz-se necessário o estudo de uma abordagem que

auxilie na análise de eficiência. Na próxima seção será apresentada uma revisão da literatura

sobre análise envoltória de dados, uma das técnicas mais utilizadas para esse fim.

2.2. ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS

A mensuração de desempenho é definida como sendo “o processo de quantificar a

eficiência e a efetividade de ações passadas, através da aquisição, coleta, classificação,

análise, interpretação e disseminação dos dados apropriados” (NEELY, 1998).

Os processos de mensuração de desempenho se desenvolvem a partir da seleção de

indicadores críticos de desempenho específicos para cada entidade que se pretende considerar

na análise. Sendo inúmeras as variáveis passíveis de mensuração, a Análise Envoltória de

Dados (DEA) apresenta-se como uma técnica que gera uma medida de desempenho capaz de

comparar a eficiência de várias unidades operacionais similares mediante a consideração

explícita do uso de suas múltiplas entradas (inputs) para a produção de múltiplas saídas

(outputs) (LINS; ANGULO MEZA, 2000).

Segundo Lins e Angulo Meza (2000) uma abordagem analítica aplicada à medida da

eficiência na produção teve origem com o trabalho de Pareto-Koopmans e Debreu (1951). A

definição de Pareto-Koopmans para a eficiência técnica é que um vetor input-output é

tecnicamente eficiência se, e somente se: (1) nenhum dos outputs pode ser aumentado sem

que algum outro output seja reduzido ou algum input necessite ser aumentado e (2) nenhum

dos inputs pode ser reduzido sem que algum outro input seja aumentado ou algum output seja

reduzido.

Farrell (1957) estendeu o trabalho de Koopmans e Debreu de forma a incluir uma

componente, denominada por eficiência alocativa, capaz de refletir a habilidade dos

produtores em selecionar o vetor input-output eficiente considerando os respectivos preços.

Entretanto, a dificuldade de medir estes preços de forma acurada, segundo Charnes e Cooper

foi um dos motivos que levou os trabalhos em DEA a enfatizarem a medida de eficiência

técnica. (LINS E ANGULO MEZA, 2000).

Lins e Angulo Meza (2000) destacam as seguintes características da metodologia

DEA:

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Difere dos métodos baseados em avaliação puramente econômica, que

necessitam converter todos os inputs e outputs em unidades monetárias;

Os índices de eficiência são baseados em dados reais (e não em fórmulas

teóricas);

Generaliza o método de Farrell, construindo um único input virtual e um único

output virtual;

É uma alternativa e um complemento aos métodos da análise da tendência

central e análise custo benefício;

Considera a possibilidade de que os “outliers” não representem apenas desvios

em relação ao comportamento “médio”, mas possíveis benchmarks a serem

estudados pelas demais unidades tomadoras de decisão;

Ao contrário das abordagens paramétricas tradicionais, a metodologia DEA

otimiza cada observação individual com o objetivo de determinar uma fronteira

linear por partes (piece-wise linear) que compreende o conjunto de DMUs

Pareto-Eficiente.

Para entender o modelo DEA, é de extrema relevância definir o que é fronteira de

produção e o que é uma DMU. Para Lins e Angulo Meza (2000) produção é um processo no

qual os inputs (insumos ou recursos) são utilizados para gerar outputs (produtos). Assim,

fronteira de produção pode ser definida como a máxima quantidade de outputs (produtos) que

podem ser obtidos dados os inputs (insumos ou recursos) utilizados. Além disso, defini-se

DMU (Decision Making Unit), como uma firma, departamento, divisão ou unidade

administrativa, cuja eficiência está sendo avaliada. É importante destacar que o conjunto das

DMUs utilizadas pelo modelo DEA devem utilizar os mesmos inputs e outputs, ou seja,

devem ser homogêneos e ter autonomia na tomada de decisão.

Os autores ainda destacam que as escolhas das variáveis de entrada e saída deve ser

feita a partir de uma ampla lista de possíveis variáveis ligadas ao processo, permitindo, assim,

ter maior conhecimento sobre as unidades a serem avaliadas.

Segundo Mello, Angulo Meza, Gomes e Neto (2005) existem dois modelos na

metodologia DEA que são considerados clássicos: CCR e BCC, cujas siglas fazem jus aos

seus desenvolvedores, Charnes, Cooper e Rhodes e Banker, Charnes e Cooper,

respectivamente. Sendo que esses dois modelos podem ter tanto orientação para insumos

(inputs) quanto para produtos (outputs).

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O modelo CCR, proposto originalmente por Charnes, Cooper e Rhodes (1978),

também conhecido por CRS (Constant Returns to Scale), trabalha com retornos constantes de

escala, isto é, qualquer variação nas entradas (inputs) produz variação proporcional nas saídas

(outputs).

Segundo Coelli (1996), a consideração de retornos constantes de escala torna-se

apropriada quando todas as DMUs operam em uma escala ótima na função de produção, ou

seja, com plena utilização dos inputs para maximização dos outputs. Ainda segundo o autor,

fatores como competição imperfeita e restrições financeiras levam as instituições a não terem

êxito constante na produção em escala ótima, assim, os resultados encontrados para as

medidas de eficiência sob a hipótese de retornos variáveis de escala parecem ser mais

consistentes com a realidade do mercado brasileiro para retratar o desempenho dos bancos.

Segundo Lins e Angulo Meza (2000) o modelo DEA passa a ser BCC (VRS - Variable

Returns to Scale) quando considera a possibilidade de rendimentos crescentes ou decrescentes

de escala na fronteira eficiente.

A diferença entre as fronteiras dos dois modelos pode ser vista na figura 1:

Figura 1: Representação das fronteiras CCR e BCC

Fonte: Mello, Ângulo Meza, Gomes e Neto (2005)

O modelo substitui a proporcionalidade entre inputs e outputs do modelo CCR por

uma Combinação linear convexa. Ao obrigar que a fronteira seja convexa, o modelo BCC

permite que DMUs que operam com baixos valores de inputs tenham retornos crescentes de

escala e, as que operam com altos valores tenham retornos decrescentes de escala (Mello,

Angulo Meza, Gomes e Neto, 2005).

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O modelo BCC orientado a insumos e produtos tem sua modelagem matemática

apresentada nas formulações (1) e (2), respectivamente, onde: (i) é a eficiência a ser

calculada para a DMU sob análise, (ii) são os pesos a serem associados às variáveis de

entrada e saída para cada DMU k, (iii) é o fator de entrada i da DMU k e (iv) é o fator

de saída i da DMU k.

Sujeito a:

(

(1)

Sujeito a:

(2)

Os duais dos problemas de programação linear (1) e (2) geram os modelos BCC dos

Multiplicadores orientados a input e outputs, representados em (3) e (4), respectivamente.

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24

Nesses modelos u* e v* são as variáveis duais associadas à condição e são

interpretados como fatores de escala (Mello et al., 2005). Além disso, vi e uj são os

multiplicadores de inputs i, i=1,...r, e outputs j, j=1,...,s, respectivamente; xir e yjs são os

inputs i e os outputs j da DMU t, t=0,...k. Para maiores detalhes sobre os modelos BCC refira-

se a Cooper et al. (2007) e/ou Charnes et al. (1994).

Sujeito a:

(3)

Sujeito a:

(

(4)

Outra modelagem que será considerada no presente trabalho são as fronteiras

invertidas, que faz uma avaliação pessimista das DMUs. Sua aplicação tem se dado com o

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intuito de aumentar o poder discriminatório das mesmas. Outro fator importante está

relacionado ao trabalho de Entani, Maeda e Tanaka (2002), que também está discutido em

Azizi (2011), onde os autores consideram tanto a fronteira otimista ou clássica quanto a

pessimista ou invertida para estabelecer um intervalo de eficiência. A formulação (5)

apresenta a modelagem para a análise BCC pessimista para a ótica output, onde vi é o

multiplicador outputs i, i=1,...,r e xir e yjs são os inputs i e os outputs j da DMU t,t=0,...k.

Sujeito a:

(

(5)

No presente trabalho foi utilizado uma abordagem composta, ou seja, foi calculada

uma eficiência que leva em consideração tanto uma abordagem otimista quanto pessimista de

maneira combinada. Assim, segundo Silveira, Ângulo Meza e Mello (2011), para uma DMU

ser 100% eficiente nessa abordagem, ela precisa ter bom desempenho na fronteira otimista e

não apresentar um bom desempenho na fronteira pessimista. Por meio dessa análise

pretendeu-se verificar a eficiência quanto às operações de intermediação financeira dos dez

maiores bancos em operação no Brasil, segundo critério estabelecido pelo Banco Central.

Com base nas abordagens otimista e pessimista, pode-se estabelecer uma medida de

eficiência composta dada pela seguinte equação:

(

(6)

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Graficamente, tem-se o seguinte comparativo entre as abordagens otimista e

pessimista:

Figura 2: Fronteira DEA - BCC clássica (otimista) e invertida (pessimista)

Fonte: Silveira, Ângulo Meza e Mello (2011)

Torna-se oportuno conceituar as DMUs pitorescas, segundo classificação de Azizi

(2011), que consistem nas DMUs que se situam tanto na fronteira otimista quanto na fronteira

pessimista.

Os resultados das análises foram obtidos por meio do software SIAD (Angulo Meza,

Neto e Mello, 2005).

2.2.1. Análise de Eficiência Bancária Via DEA

A partir da década de 1980, e mais intensamente na década de 1990, pode-se observar

um número crescente de publicações com o objetivo de medir a eficiência dos bancos

brasileiros utilizando a abordagem DEA. Em todas as aplicações os bancos são considerados

como DMU.

Araújo e Carmona (2002) analisaram uma rede de agências bancárias, composta de

110 agências, distribuídas em 85 municípios, a fim de analisar seu desempenho médio

operacional e financeiro ao longo de um período de seis meses. A metodologia utilizada pelos

autores foi a DEA – CCR. Os resultados obtidos sugerem que o emprego da metodologia

proposta pode contribuir para o sistema de controle de instituições bancárias, ajudando a

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identificar as melhores práticas gerenciais e oferecendo indicativos sobre as ações necessárias

à melhoria da performance, de modo a subsidiar a tomada de decisões quanto à estrutura e

metas a serem estabelecidas para a rede de agências.

Krause, Portella e Tabaka (2005) avaliaram 117 bancos, com carteira comercial, do

Brasil (excluindo-se aqueles com número de funcionários menor que 20) entre os anos de

1995 a 2003. Utilizaram a metodologia DEA-CCR e BCC (com orientação para output) para

avaliação dos seguintes indicadores de input: capital (ativo permanente), trabalho (número de

funcionários) e recursos disponíveis para empréstimos. E como indicador de output: valor

intrínseco da instituição financeira (considera em seu cálculo o valor do patrimônio líquido

que proporciona o lucro no período m, o lucro líquido do período m e o custo do capital

próprio no período m). Segundo os autores, a metodologia DEA confirma-se como importante

instrumento para avaliação complementar (pois não substitui a avaliação on-site) das

instituições financeiras, seja no trabalho de supervisão bancária, seja para os próprios

administradores das instituições na mensuração dos resultados das decisões internas, seja para

o mercado e a sociedade em geral, que precisam acompanhar o desempenho dos bancos para

subsidiar decisões sobre investimentos, depósitos, empréstimos e outros serviços.

Freaza (2006) procurou medir a eficiência de 50 maiores bancos de varejo brasileiro

através da metodologia DEA concomitantemente à técnica I-O Stepwise para seleção das

variáveis e aos modelos das DMU’s Artificiais. Utilizou como variáveis de input: número de

funcionários, número de agências, alavancagem, índice de inadimplência, grau de

imobilização e custo operacional. Já como variáveis de output, utilizou: resultados de

intermediação financeira, rentabilidade do PL, resultado operacional, lucro líquido e

patrimônio líquido. Como conclusão, o autor destacou uma das principais contribuições da

metodologia DEA, ou seja, identificação e a definição de unidades eficientes como

benchmarking para as demais.

Luciano e Luca (2007) em seu artigo procuraram ilustrar a eficiência do sistema

bancário italiano e rever os mais importantes estudos sobre o tema nos últimos 15 anos. Para

tanto utilizaram de duas técnicas para avaliar a eficiência bancária: SFA (Stochastic Frontier

Approach) - método paramétrico - e DEA (método não paramétrico). Utilizando a

metodologia DEA-CCR e BCC, os autores utilizaram capital e trabalho como variáveis de

input e depósitos e empréstimos como variáveis de outputs. Como conclusão os autores

apresentaram que apesar da concentração bancária ocorrido nos últimos quinze anos, não há

evidências que essa tendência tenha contribuído na eficiência das instituições bancárias

italianas.

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Chansarn (2008) teve como objetivo analisar a eficiência de 13 bancos comerciais

tailandeses durante os anos de 2003 a 2006, utilizando Análise Envoltória de Dados (DEA) -

CCR. Os resultados revelaram que a eficiência operacional dos bancos comerciais tailandeses

é muito elevada e estável, e a eficiência nas intermediações comerciais é moderadamente alta

e pouco volátil. Além disso, a eficiência se apresentou praticamente igual (100%) para todos

os tamanhos de bancos (grandes, médios e pequenos).

Périco, Rebelatto e Santana (2008) buscaram, em seu estudo, com a utilização da

Análise Envoltória de Dados (DEA) - BCC, com orientação para output, avaliar a eficiência

dos 12 maiores bancos comerciais do Brasil, de acordo com o critério do Banco Central do

Brasil e utilizando dados do ano de 2005. Para tanto, tiveram como variáveis de input, ativo

total, operações de crédito, depósitos, patrimônio líquido. E como output, receita financeira,

resultado financeiro, resultado operacional, resultado líquido. Os resultados apontaram que é

sim possível o maior banco ser também o mais eficiente, desde que otimize a utilização de

seus recursos, ou seja, aloque-os de forma mais eficiente.

Macedo e Barbosa (2009) aplicaram a metodologia DEA - CCR com o objetivo de

definir unidades eficientes e ineficientes. Para tanto, analisaram 38 agências bancárias do

segmento de varejo, de uma mesma instituição brasileira, que é classificada como um dos

maiores bancos brasileiros. Foram considerados como input, quantidade de funcionários para

atendimento a clientes, qualidade da mão-de-obra e nível de despesas operacionais. Como

variáveis de outputs, foram consideradas resultado financeiro e nível de satisfação dos

clientes. Com base nos resultados encontrados pôde-se concluir que a metodologia DEA foi

capaz de analisar de forma multicriterial o desempenho das agências. Além disso, os autores

chamam atenção para o fato de que as agências que obtiveram desempenho superior podem

servir como benchmarking para as demais e que o desempenho tem relação positiva com o

tamanho.

Yang (2009), em seu artigo apresenta uma avaliação de 240 grandes bancos

canadenses situados na cidade de Toronto utilizando modelo DEA - BCC. Como variáveis de

inputs foram utilizadas as variáveis vendas, serviços e suporte e como variáveis de outputs

foram utilizadas as variáveis número de operações para criar novos empréstimos de taxa

variável, numero de operações para abrir uma nova conta corrente, números de operações para

depósitos, números de operações de processos de retiradas das contas, números de transações

para atualização das contas de poupança, números de operações para realizar transferências,

números operações de empréstimos, número de operações para processar depósitos

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comerciais. O autor concluiu que o conglomerado opera eficientes juntos, mas possui espaços

para melhoria.

Casu e Molyneux (2010), em seu artigo analisaram a eficiência do mercado bancário

Europeu. Com a criação de um mercado interno, segundo os autores, a administração dos

bancos têm se concentrado na eficiência desses devido principalmente ao aumento da

competição. Empregaram a abordagem não paramétrica DEA, analisando dados de 1993 a

1997. Como inputs utilizaram as seguintes variáveis: custos totais (despesas com juros,

despesas sem juros e despesas com pessoal), total de clientes e financiamento de curto prazo

(depósitos totais). E como output, total de empréstimos e outros ativos rentáveis. Concluíram

que os resultados mostram baixos níveis de rendimentos médios, no entanto, foi possível

detectar uma ligeira melhoria na eficiência média para quase todos os sistemas bancários da

amostra, com exceção da Itália.

Faria Júnior e Paula (2010) fizeram um estudo comparativo, avaliando dados relativos

ao período de 1998 a 2008, da evolução da eficiência dos seis bancos (Bradesco, Itaú,

Unibanco, Santander, ABN Amro e HSBC) que participaram, mais recentemente, do processo

de fusões e aquisições bancárias no Brasil. Utilizando a metodologia DEA - CCR e BCC, os

autores, avaliaram os seguintes indicadores de input: despesas de pessoal e outras despesas

administrativas, depósitos totais, permanente e imobilizado de arrendamento, despesas de

intermediações financeiras. E como output, operações de crédito e arrendamento mercantil

(total) e outros créditos, títulos e valores mobiliários e instrumentos financeiros e derivativos

e aplicações interfinanceiras, receitas de intermediações financeiras, receitas de prestações de

serviços e outras receitas operacionais. Os resultados revelaram que as fusões e aquisições

bancárias proporcionaram um aumento na eficiência de intermediação dos bancos privados

nacionais, possivelmente, decorrentes de aprimoramentos no gerenciamento operacional do

banco, além de corte nos custos administrativos e de pessoal.

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3. APLICAÇÃO

Com base nas fundamentações expostas no segundo capítulo deste trabalho, o presente

capítulo terá uma aplicação dos modelos DEA - BCC otimista e pessimista, por meio do

software SIAD (2005).

Com o objetivo de medir a eficiência bancária, sob a perspectiva dos bancos, foram

coletados dados referentes às contas de demonstrações contábeis do setor bancário divulgado

pelo Banco Central do Brasil em dezembro de 2010, por meio do relatório 50 maiores bancos

e o consolidado do Sistema Financeiro Nacional.

O objetivo consiste em analisar o quão os bancos são eficientes com relações às suas

operações de intermediação financeiras, utilizando determinadas entradas (inputs) para atingir

as saídas (outputs) desejadas. É importante destacar que as mesmas contas contábeis

utilizadas pelo BACEN, para calcular o tamanho dos bancos, foram utilizadas nesse trabalho

como indicadores para medir a eficiência dos mesmos. A seguir, tem-se uma descrição sucinta

dos indicadores selecionados:

Despesas de Intermediações Financeiras: Consiste na soma de todas as

despesas financeiras de cada banco, sendo elas: Captações no Mercado,

Empréstimos e Repasses, Arrendamento Mercantil, Operações de Câmbio,

Operações de Venda ou de Transferências de Ativos Financeiros, Provisão para

Crédito de Liquidação Duvidosa;

Ativo Total: Consiste na soma de todos os bens e direitos do banco;

Receitas de Intermediações Financeiras: Consiste na soma de todas as receitas

financeiras de cada banco, sendo elas: Operações de Crédito, Operações de

Arrendamento Mercantil, Operações com Títulos de Valores Mobiliários,

Operações com Instrumentos Financeiros e Derivativos, Operações de Câmbio,

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Aplicações Compulsórias, Operações de Venda ou de Transferências de Ativos

Financeiros;

Os dois primeiros indicadores foram considerados como input e o último foi

considerado como output.

Nesse caso, será utilizado o modelo DEA - BCC, ou seja, com retorno variável de

escala, com orientação para os outputs conforme descrito nas formulações (4), (5) e (6). A

justifica para o uso dessa abordagem está em Coelli (1996), conforme descrito na seção 2.2 do

capítulo anterior.

Na tabela abaixo pode-se verificar a classificação dos bancos segundo o BACEN com

os respectivos inputs e outputs utilizados nesse trabalho.

Tabela 2: Inputs e Outputs

CLASSIF. BANCOS ATIVO TOTAL DESPESAS DE

INTERM. FIN.

RECEITAS DE

INTERM. FIN.

1 ITAU 692.683.014,00 35.245.368,00 54.008.389,00

2 BB 696.928.839,00 28.611.928,00 42.428.960,00

3 BRADESCO 518.433.180,00 26.687.116,00 38.757.867,00

4 CEF 390.084.624,00 14.767.185,00 20.999.480,00

5 SANTANDER 371.931.719,00 17.308.509,00 29.094.480,00

6 HSBC 124.242.867,00 5.849.367,00 8.574.985,00

7 VOTORANTIM 102.948.900,00 5.262.205,00 7.397.025,00

8 SAFRA 65.749.142,00 4.441.115,00 5.555.773,00

9 CITIBANK 51.656.258,00 1.455.869,00 2.950.292,00

10 BTG PACTUAL 41.031.257,00 1.677.439,00 2.167.759,00 Fonte: BACEN (2010)

Os resultados dessa aplicação obtidos pelo software SIAD (2005) para os 10 maiores

bancos comerciais operando no Brasil, segundo a classificação do BACEN, são:

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Tabela 3: Eficiência nas operações de intermediação financeira

Classificação DMU Otimista Pessimista Composta Composta

Normalizada

1 CITIBANK 1,0000 0,8395 0,5802 1,0000

2 SANTANDER 1,0000 0,8513 0,5744 0,9899

3 HSBC 0,9459 0,8994 0,5232 0,9018

4 ITAU 1,0000 1,0000 0,5000 0,8617

5 SAFRA 1,0000 1,0000 0,5000 0,8617

6 BTG PACTUAL 1,0000 1,0000 0,5000 0,8617

7 VOTORANTIM 0,9275 0,9317 0,4979 0,8581

8 BB 0,9472 1,0000 0,4736 0,8162

9 BRADESCO 0,9202 1,0000 0,4601 0,7929

10 CEF 0,8433 1,0000 0,4216 0,7267

Observando os resultados da Tabela 3, nota-se que, segundo a definição dada por

Entani, Maeda e Tanaka (2002), as DMUs Itaú, Safra e BTG Pactual são tidas como

peculiares, ou seja, essas DMUs integram tanto a fronteira otimista quanto a pessimista.

Os resultados obtidos por meio da análise de eficiência sugerem que o fato de se ter

maiores quantidades de recursos financeiros não significa que o banco está sendo eficiente nas

suas diversas operações, especificamente no que diz respeito às operações de intermediação

financeira. Como uma constatação desse fato, pode-se citar os casos do banco Itaú e do Banco

do Brasil considerados pelo BACEN os bancos que apresentam maiores quantidades de

recursos financeiros, porém, na medida de eficiência eles ficaram na 4ª e 8ª posição,

respectivamente.

O banco Citybank foi considerado o mais eficiente na análise composta. Observando

as análises otimista e pessimista, na análise otimista esse banco foi considerado como um dos

mais eficientes, por outro lado, na análise pessimista, o banco foi o que se colocou mais

distante da fronteira, ou seja, com os atuais níveis dos indicadores considerados na análise, o

Citybank não se enquadrou entre os mais ineficientes. Nesse caso, sua eficiência composta foi

considerada a melhor. Observando a avaliação do BACEN, esse banco se enquadrou na nona

posição.

Raciocínio similar ao apresentado para o Citybank pode ser feita ao Banco do Brasil,

Bradesco e CEF. Esses bancos não foram considerados os mais eficientes na análise otimista,

juntamente com o Itaú, Safra e BTG. Entretanto, esses bancos se enquadraram sobre a

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fronteira dos menos eficientes, ou seja, sobre a fronteira invertida. Tal fato fez com que esses

bancos fossem considerados os mais ineficientes sob análise composta.

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4. CONCLUSÕES

4.1. CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRABALHO

O presente artigo se propôs a estudar a eficiência, no quesito de operações de

intermediação financeira, dos dez maiores bancos em operação no Brasil, segundo

classificação Banco Central, utilizando como metodologia a Análise Envoltória de Dados

(DEA).

Segundo a classificação do BACEN, o Banco Itaú deveria ser considerado o banco

mais eficiente, sob a ótica de seus recursos financeiros. De maneira contraditória, os

resultados da análise composta indicam que, dentre os dez maiores, esse banco está na quarta

posição. Além disso, esse banco compõe as duas fronteira, a pessimista e a otimista. Tal fato

ocasionou uma avaliação composta inferior, ou seja, o Itaú saiu da primeira posição segundo

o BACEN e passou para a quarta na análise DEA, o que é característico das DMUs pitorescas,

segundo Azizi (2011).

Deve-se ressaltar que os bancos tidos como eficientes são assim classificados dentro

do grupo analisado e levando em consideração os indicadores predeterminados. Sendo assim,

os resultados não se referem à eficiência de forma absoluta.

Respondendo a questão proposta por esse trabalho, se existe alguma relação entre

eficiência nas operações interfinanceira e tamanho dos bancos, a resposta é não, conforme

análise da população dos dez bancos considerados. Na análise, o banco Itaú, maior banco

segundo o BACEN, se classificou na quarta posição no que se refere à eficiência nas

operações de intermediação financeira e o Banco do Brasil, segundo maior banco de acordo

com a classificação do BACEN, se classificou como oitavo. Esses

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resultados podem ser alterados desde que os maiores bancos, segundo BACEN, otimizem

suas operações de intermediação financeira para alcançar melhores índices de eficiência.

4.2. LIMITAÇÕES

As principais limitações associadas à análise apresentada, dizem respeito aos tipos de

bancos, varejo (que atende ao correntista pessoa física) ou atacado (que atende somente

investimentos de pessoa jurídica). Esse é o caso do Votorantim, por exemplo. No presente

trabalho essa distinção não foi considerada. Tal fato pode caracterizar um elevado ativo total,

fator considerado pelo BACEN, e os retornos associados às operações de intermediação

financeira não os caracterizam como eficientes.

4.3. PROPOSIÇÕES

As proposições para novos estudos seriam: (i) considerar os diferentes tipos de bancos

(atacado ou varejo); (ii) sugere-se também a utilização de outra metodologia de análise de

eficiência, como a Análise Relacional Grey, com o objetivo de verificar se essa metodologia

afetaria os resultados de forma expressiva. Outra oportunidade é verificar como seria se fosse

considerada uma faixa de eficiência, conforme proposto por Entani et al. (2002); (iii) verificar

a possibilidade de considerar somente as operações interfinanceiras de liquidez na análise de

eficiência uma vez que foram sobre essas operações que o BACEN interveio com o intuito de

amenizar os efeitos da crise americana de 2008.

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