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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS – CCT
DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
PÓS-GRADUAÇÃO EM GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
NAYANNE MARIA GONÇALVES LEITE
PROPOSTA DE INTERVENÇÕES SUSTENTÁVEIS DE BAIXO CUSTO
EM EDIFICAÇÕES POPULARES
JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ.
2017
NAYANNE MARIA GONÇALVES LEITE
PROPOSTA DE INTERVENÇÕES SUSTENTÁVEIS DE BAIXO CUSTO
EM EDIFICAÇÕES POPULARES
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Regional do Cariri.
Orientador: Prof. Dr. Renato de Oliveira Fernandes
JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ.
2017
NAYANNE MARIA GONÇALVES LEITE
PROPOSTA DE INTERVENÇÕES SUSTENTÁVEIS DE BAIXO CUSTO
EM EDIFICAÇÕES POPULARES
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Pós-
Graduação em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Regional do
Cariri
Monografia defendida e aprovada, em (___ / ___ / 2017), pela banca examinadora:
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Renato de Oliveira Fernandes
Orientador
_____________________________________________________________
Examinador 1
_____________________________________________________________
Examinador 2
RESUMO
Muitas edificações, atualmente, usam materiais e processos de sustentáveis.
Construtoras têm abordado projetos verdes que iniciam desde a concepção,
execução e operação das construções. Esses projetos na visão ambiental nos dá
possiblidades de reutilizar os resíduos de matérias poluentes de forma consciente.
Dessa forma, grandes empresas de construção civil usam métodos de geração de
energia solar, utilização da água da chuva e reuso de águas cinza, usam tecnologias
com alta eficiência energética, além de divulgar a importância da reciclagem dos
materiais das edificações. Neste sentido, este trabalho tem como base a busca por
soluções que reduzam os impactos na natureza e ao mesmo tempo represente
custos financeiros baixos, em especial para as comunidades de baixa renda. Para
alcançar os objetivos foi feito um estudo de caso em uma comunidade de baixa
renda na cidade de Aurora, Ceará, buscando identificar o nível de satisfação dos
moradores com sua edificação e o conhecimento das tecnologias sustentáveis que
podem melhorar o conforto da edificação. Os resultados mostraram que a maioria
das edificações apresentam áreas pequenas, cerca de 44 m2, com no máximo dois
dormitórios e moradores alfabetizados, mas sem curso superior completo. A
percepção dos moradores sobre as diferentes tecnologias existentes que podem
melhorar o desempenho ambiental da edificação foi baixa. Além disso, os moradores
se mostraram resistentes em adotar soluções sustentáveis e de baixo custo. Para
enfrentar tais problemas foram propostas intervenções sustentáveis de baixo custo,
entre as quais, captação de água da chuva, uso de tijolos ecológicos e obtenção de
consultoria técnica gratuita junto às instituições de ensino e pesquisa.
Palavra – chaves: construções sustentáveis, habitações de baixo custo, inovação
na construção
ABSTRACT
Many buildings nowadays use the materials and processes of sustainable. Builders
have tackled green projects that start from the conception, execution and operation
the constructions. These projects in the environmental view give us possibilities to
reuse waste of pollutants in a conscious way. In this way, large construction
companies use methods of solar energy generation; use of rainwater and gray water
reuse; use technologies with high energy efficiency, and to make everyone aware of
the importance of recycling materials for buildings. In this sense, this work is based
on the search for solutions that reduce impacts on nature and at the same time
represent low financial costs, especially for low income communities. To achieve the
objectives, a case study was carried out in a low income community in the city of
Aurora-Ceará, seeking to identify the level of satisfaction of the residents with their
construction and the knowledge of the sustainable technologies that can improve the
comfort of the building. The results showed that most of the buildings have small
areas, about 44 , with at most two dormitories and literate residents, but without a
full course. The perception of the residents about the different existing technologies
that can improve the environmental performance of the building was low. In addition,
residents are resilient in adopting sustainable, low-cost solutions. To address such
problems, sustainable low-cost interventions were proposed, including rainwater
harvesting, use of ecological bricks and obtaining free technical advice from teaching
and research institutions.
Key words: Sustainable Buildings, Low Cost Housing, Innovation in the
Construction.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Construção sustentável com estrutura à base de aço carbono e
fechamentos com perfis de aço galvanizado (Sistema Modular Ecoeficiente) .......... 13
Figura 2: Casa construída com garrafa PET ............................................................ 14
Figura 3: Casa construída com material de demolição ............................................. 15
Figura 4: Casa de Adobe ......................................................................................... 16
Figura 5: Sistema fotovoltaico isolado ...................................................................... 17
Figura 6: Sistema fotovoltaico conectado a rede. ..................................................... 17
Figura 7: Telhado Verde .......................................................................................... 19
Figura 8: Alvenaria de tijolo ecológico ...................................................................... 20
Figura 9: Parede com textura mineral ...................................................................... 22
Figura 10: Casa de Bambu ...................................................................................... 22
Figura 11: Esquema básico de um sistema básico de Cisterna ............................... 24
Figura 12: Minicisterna para captação de água da chuva ........................................ 24
Figura 13: Esquema de reutilização de água do banho ............................................ 25
Figura 14: Isolamento térmico com embalagens de leite .......................................... 26
Figura 15: Selo AQUA .............................................................................................. 27
Figura 16: Selo Casa Azul níveis Ouro, Prata e Bronze ........................................... 27
Figura 17: Selo de certificação LEED, níveis Certificado, Silver, Gold e Platinum. ... 28
Figura 18: Selo PROCEL Edifica.............................................................................. 29
Figura 19: Município de Aurora – CE ....................................................................... 30
Figura 20: Moradores que possuem casa própria .................................................... 32
Figura 21: Áreas das residências própria ................................................................. 33
Figura 22: Quantidade de pessoas por residência própria ....................................... 34
Figura 23: Grau de escolaridade dos entrevistados própria ..................................... 34
Figura 24: Quantidade de dormitórios na residência própria .................................... 35
Figura 25: Conforto da residência própria ................................................................ 36
Figura 26: Construção da moradia própria ............................................................... 37
Figura 27: Utilização de materiais reciclados ou alternativos na construção própria 37
Figura 28: Emprego de materiais reciclados ou alternativos em construções própria
................................................................................................................................. 38
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 7
2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 8
3. OBJETIVOS ........................................................................................................ 10
3.1. Geral ................................................................................................................. 10
3.2. Específicos ...................................................................................................... 10
4. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 11
4.1. Habitação social no Brasil .............................................................................. 11
4.2. Construção Civil e o meio ambiente .............................................................. 12
4.2.1. Construção Sustentável ................................................................................. 12
4.2.1.1. Energia solar ............................................................................................... 16
4.2.2. Materiais e técnicas sustentáveis de baixo custo ........................................... 18
4.2.2.1. Telhado verde ............................................................................................. 18
4.2.2.2. Tijolo ecológico ........................................................................................... 19
4.2.2.3. Cimento ecológico ....................................................................................... 21
4.2.2.4. Tintas minerais ............................................................................................ 21
4.2.2.5. Bambu ......................................................................................................... 22
4.2.2.6. Sistema de captação de água da chuva ...................................................... 23
4.2.2.7. Sistema de reuso de água para edificações ............................................... 24
4.2.2.8. Isolamento térmico com embalagens longa vida ......................................... 25
4.2.3. Selos de certificação ambiental ...................................................................... 26
5. REFERENCIAL METODOLÓGICO ..................................................................... 30
5.1. Questionário .................................................................................................... 31
6. RESULTADO E DISCUSSÕES ........................................................................... 32
7. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 40
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 42
7
1. INTRODUÇÃO
O déficit habitacional é baseado no número de famílias que não possuem
moradias adequadas. São consideradas inadequadas as habitações construídas
com material precário, como as favelas; as moradias que abrigam mais de uma
família, a coabitação; e o ônus excessivo de aluguel, quando este compromete mais
de 30% da renda familiar.
A constituição federal brasileira, através do artigo 6º, garante moradia
para uma vida digna a todos, mas infelizmente a falta de qualidade da habitação no
Brasil é um problema preocupante. Segundo dados do IBGE (Instituto brasileiro de
geografia e estatística), em 2014, o déficit habitacional no país estava em 8,8%, ou
seja, mais de seis milhões de famílias não possuíam moradias adequadas. Na
região Nordeste o déficit habitacional chegou a 10%, cerca de 1,8 milhões de
famílias, destas 9,9% estão no Ceará, correspondendo 286.462 famílias.
O problema da habitação social tem como principal desafio aliar baixo
custo e curto espaço de tempo. Porém, a base de uma moradia digna é a qualidade
e o conforto que a edificação deve proporcionar a seus moradores, aliando
economia e preservação ambiental.
A implantação de novas edificações gera impactos ambientais, sociais e
econômicos no meio no qual são inseridas (MORAES; SOUZA, 2015). Grande parte
dos resíduos gerados pela construção civil são não reciclados, e não há uma
preocupação com o descarte adequado desses materiais.
No atual cenário brasileiro, é notável a necessidade de se criar
alternativas para melhorar a qualidade de vida da população de baixa renda que
tanto sofre com as dificuldades do cotidiano. Diante disso, apresentar um projeto de
construção com materiais de baixo custo, recicláveis e que não prejudiquem o ser
humano e o meio ambiente, é uma solução consciente para a existência de
gerações futuras.
O presente trabalho busca alternativas sustentáveis de baixo custo para
melhorar a qualidade de vida da população mais carente. O estudo investiga
possibilidades de materiais de construção e processos construtivos alternativos que
produzam bom desempenho ambiental, social e econômico.
8
2. JUSTIFICATICA
A indústria da construção é uma das prioridades do Conselho
Internacional da Construção – CIB em detrimento ao trabalho humano que mais se
utiliza de recursos da natureza e usa fontes de energia de modo mais forte, criando
impactos ambientais.
A sustentabilidade se agrupa à área econômica como primordial função
de gerar qualidade de vida para população. A diversidade criativa, na qual diminui os
gastos, apresenta novos materiais limpos, diminuindo os dejetos e cuidando do meio
ambiente para um melhor projeto de construção. Desse modo, a arquitetura antiga
movida pelo desrespeito ao meio ambiente, passa por modificações que
apresentarão as possibilidades futuras de construções mais duradouras evitando as
destruições de prédios devido a má construções.
Atualmente há duas vertentes quando se fala de sustentabilidade na
prática de construção civil. Primeiramente, a busca no ramo de tecnologia
sustentável por matérias primitivas, ou seja, sem muita intervenção humana, como a
terra crua, a palha, a pedra, o bambu, entre outros meios naturais que são
direcionados a organizar e cria lugares mais ecológicos. Em segundo ponto são as
construções verdes, que passam por fiscalização para receberem os devidos selos
de qualidade, entretanto, muitas construções que se dizem verde, na verdade, não
são, apenas se rotulam para mostrar o marketing da empresa que construiu, porém
utilizam artimanha de não convencionais para adquirir essas qualificações.
Os municípios alavancam numerosas estruturas potentes nesse tipo de
construção sustentável. Eles podem influenciar a população a utilizar meios corretos
de construção civil sustentável através da legislação no qual proporciona melhorias
no tratamento de água, esgotos e energias renováveis. Contribuindo de forma
adequada e abrangendo a sociedade como um todo.
A adequação à topografia local, e a diminuição de movimento da terra,
o cuidado com as espécies nativas e em extinções, o zelo pelas ruas e estradas
apresenta benefícios de acessibilidade generalizada, além de prever locais onde há
grande interpelação social, usando de preferência solos diversos e diminuindo a
locomoção deles.
Dessa maneira, é possível economizar a energia e melhorar a
climatização, a luz ambiente e o aquecimento dos meios naturais, possibilitando a
9
colocação de captação de meios de aproveitar a energia solar, coberturas com
muitas plantas e a redução de construir diretamente no solo.
Quando seleciona a matéria-prima para se construir observa-se a
disponibilidade desses materiais próxima a construção, no que seja pouco triturado,
preferencialmente não tóxico, recicláveis, aceito pela comunidade internacional,
através do selo de qualidade, disponível em projetos de construções coletivas.
Assim, deve-se sempre conter o manuseio produtos químicos que podem prejudicar
à saúde humana ou ao meio ambiente.
Quanto aos resíduos da construção, o certo é promover a reciclagem de
todo o material que não se utilizará, pois o mau uso desses dejetos pode ocasionar
em acidentes graves pra população.
A energia baseia-se em coletar a luz do sol, através do coletor solar para
o aquecimento da água, pode–se também utilizar a força dos ventos para captar o
bombeamento da água e por último tem-se a energia solar fotovoltaica que traz
benefícios de aproveitar o que sobra e inserir na rede pública.
As águas e os esgotos são de suma importância para fazer previsões
quanto a coleta e o manuseio de águas pluviais, utilização de formas de economizar
a água, reutilização de águas, tratamento correto de esgoto no local e por fim o uso
de banheiro seco.
Portanto, o tratamento das áreas externas, avalia–se o grande uso de
elementos naturais no tratamento paisagístico. Assim, o que se pode observar é que
não só tem que ser feita essas construções em lugares de grandes fluxos turísticos,
mas em todas as classes sociais, em especial, as que contêm menor poder
aquisitivo.
10
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral
Apresentar tecnologias sustentáveis de baixo custo que possam minimizar os
problemas habitacionais da população de baixa renda.
3.2. Objetivos Específicos
Analisar a habitação social, a construção civil e o meio ambiente no Brasil;
Identificar os principais problemas habitacionais da população mais carente.
Apresentar materiais e tecnologias sustentáveis existentes que possam ser
usadas na construção de edificações.
Fazer um diagnóstico social e estimar a recepção da comunidade às
tecnologias sustentáveis;
Elaborar uma proposta para construções de baixa renda com materiais
sustentáveis.
11
4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1. Habitação Social no Brasil
A urbanização sem conscientização e sem planejamento gerou um
problema habitacional especialmente para a população carente, levando em
consideração que o poder público investe pouco em infraestrutura e que grande
parte dos brasileiros não possuem condições básicas de moradia.
Segundo Villaça (2001, p. 226) citado por Rubin e Bolfe (2014), “um dos
traços mais marcantes do processo de urbanização que se manifestou no Brasil a
partir do final do século XIX foi o rápido crescimento das camadas populares
urbanas”. Historicamente, o Brasil desenvolveu sua urbanização após a Revolução
Industrial, quando o homem se evadiu do campo e começou a se concentrar nas
metrópoles, esse fato levou os grandes centros a uma urbanização inconsciente,
sem condições básicas de moradia.
A falta de políticas habitacionais eficazes no inicio do século XX, refletiu
no crescimento desordenado das cidades, sendo uma grande parte das moradias de
forma ilegal e irregular. As políticas públicas habitacionais realmente intencionadas
em resolver o problema de moradia foram adotadas após a Constituição Federal de
1988, e regulamentadas através do Estatuto da Cidade (2001), que visa tanto o
social como o ambiental, sendo a política mais inovadora dessa área.
A maior iniciativa de acesso à habitação no Brasil é o projeto do governo
federal, Minha Casa Minha Vida, que foi criado em 2009. O projeto permite que
famílias de baixa renda tenham acesso à casa própria, além de gerar vários
empregos no setor da construção civil. Porém, com a atual crise política e
econômica que o país enfrenta, grande parte das obras foi abandonada e não foram
entregues às famílias cadastradas.
Enquanto isso, além do déficit habitacional, a população enfrenta outro
problema, a precariedade de grande parte das moradias brasileiras. A construção
desordenada em áreas de risco, as moradias construídas com materiais
inadequados, a falta de saneamento e de transporte, são dificuldades presentes
diariamente na vida de milhões de brasileiros.
As comunidades carentes de modo geral são as principais prejudicadas
com a falta de infraestrutura do País, além de uma boa parte não ter atendimento
12
público por perto, a situação precária em que a população sobrevive é a mais
preocupante.
4.2. A construção civil e o meio ambiente
A Construção Civil é o setor mais importante para o desenvolvimento
econômico e social do país. Porém, esta atividade gera grandes impactos
ambientais (SINDUSCON/SP, 2005).
A indústria da construção civil é a mais poluente do planeta. Segundo
Agophyan (apud GLOBO CIÊNCIA, 2014), este setor é responsável por cerca de
40% a 75% do consumo de matéria-prima do mundo e produz, para cada ser
humano, 500 kg de entulho, equivalendo a 3,5 milhões de toneladas por ano. O
Brasil é responsável por cerca de 25% do total de resíduos gerados por essa
indústria.
Além da geração de resíduos, outro problema gerado pelo setor é a
emissão de carbono. De acordo com dados da UNEP (United Nations Environment
Programme) (apud MENDES, 2013), as edificações respondem por até 30% das
emissões de gases de efeito estufa e 40% do consumo global de energia (MENDES,
2013). Diante deste cenário, surge a construção sustentável, buscando reduzir os
impactos ambientais gerados pelas construções.
4.2.1. Construção sustentável
A construção sustentável é um sistema construtivo que busca atender as
necessidades de habitação e edificação, de maneira a garantir a preservação do
meio ambiente e a qualidade de vida, sem comprometer as gerações futuras.
Esse sistema construtivo propõe o desenvolvimento de soluções para os
principais problemas ambientais, adequando as atuais tecnologias e proporcionando
o conforto a seus usuários.
Atualmente, a construção sustentável possui duas vertentes, os
empreendimentos verdes, com as certificações ambientais, e as tecnologias
alternativas, que resgatam a utilização de materiais naturais e renováveis. O
empreendimento verde pode receber o selo de certificação ambiental, garantindo ao
seu proprietário e usuário que seu imóvel é realmente sustentável. As tecnologias
13
alternativas estudadas por alguns pesquisadores são os materiais encontrados na
natureza que podem substituir os materiais tradicionais e poluentes usados na
construção civil.
Existem dois paradigmas que resumem os tipos de construção
sustentável, a autoconstrução, neste caso a obra é feita pelo próprio usuário da
edificação, e a construção com o auxílio de profissionais capacitados para executar
o serviço, utilizando ecoprodutos e tecnologias sustentáveis modernas (ARAÚJO,
s/d).
Araújo (s/d) destaca alguns tipos de construção sustentável:
Construção com materiais sustentáveis industriais: Nesse tipo de
construção são utilizados os chamados ecoprodutos, os quais são fabricados
industrialmente sem agredir o meio ambiente e os seres vivos, estes são
desenvolvidos em escala com o auxilio de tecnologias, respeitando a
legislação e as normas estabelecidas. Com esses tipos de materiais o cliente
tem mais garantia da obra que está recebendo, sendo mais viável em
grandes centros urbanos, tendo em vista a inserção do modelo
socioeconômico. Um exemplo desse tipo de construção é apresentado na
figura 1, o sistema construtivo modular ecoeficiente, que não gera entulho,
não exige uso de água e restringem o uso de materiais e insumos aos
fornecedores que seguem as normas e legislação ambiental. (STACZUK,
2014)
Figura 1 - Construção sustentável com estrutura à base de aço carbono e fechamentos com perfis de
aço galvanizado (Sistema Modular Ecoeficiente) Fonte: STACZUK, 2014.
14
Construção com resíduos não reprocessados: Conhecida como Earthship,
esse sistema construtivo reutiliza resíduos de origem urbana como garrafa
PET, pneus, cones de papel acartonado, entre outros. Comum em locais que
possuem descontrolado despejo de resíduos e onde a comunidade, devido às
dificuldades financeiras, devem improvisar soluções para prover suas
habitações. É frequente nas favelas dos grandes centros urbanos, porém
como o avanço do ecodesign esse tipo de autoconstrução está cada vez mais
criativo e sofisticado. A figura 2 apresenta uma casa construída com garrafas
PET, essa iniciativa pode reduzir o déficit habitacional e ainda, evitar que
milhares de garrafas sejam depositadas incorretamente na natureza.
Figura 2: Casa construída com garrafa PET
Fonte: FERREIRA, 2013
Construção com materiais de reuso: São os materiais resultantes de
demolições ou de segunda mão. Esse sistema prolonga a vida útil dos
materiais, impedindo o descarte em locais indevidos ou a destruição por
processos que prejudicam o meio ambiente, como as queimas. Esse tipo de
construção é considerado sustentável apenas pelo fato de prolongar a vida
útil do material, uma vez que este não tem origem sustentável. A figura 3
mostra uma residência construída com materiais de reuso, madeira e tijolos
15
de demolição, em uma parte do projeto a arquiteta Lívia Ferraro reaproveitou
um contêiner usado.
Figura 3: Casa construída com material de demolição
Fonte: Foto - Alessandro Guimarães (citada em Revista Plantas, flores e Jardins) 2014.
Construção natural: Esse tipo de construção modifica ao mínimo a natureza,
dessa forma é o sistema construtivo mais ecológico. Utilizando materiais
disponíveis no próprio local da obra e adjacências (terra, madeira, etc.), a
construção natural respeita o meio ambiente. Utiliza também materiais de
baixo custo e desperdiça o mínimo de energia nos seus processos. É
adequado para áreas rurais ou ambientes que permitam uma boa integração
o entorno. Esse sistema também é inserido na autoconstrução, podendo
haver um planejamento avançado, conhecida como permacultura, que além
de um método construtivo é um estilo de vida sustentável. Um exemplo desse
tipo de construção é retratado na figura 4, a casa de Adobe, é um sistema
antigo utilizado em diversas partes do mundo, e desenvolvida com tijolos de
terra crua, apresentando muita resistência.
16
Figura 4: Casa de Adobe
Fonte: Jardim do Mundo, 2014.
4.2.1.1. Energia Solar
A energia solar é a energia eletromagnética proveniente do calor e luz
solar. Pode ser produzida por dois sistemas: o heliotérmico e fotovoltaico. O sistema
heliotérmico transforma inicialmente a irradiação em energia térmica e em seguida,
em energia elétrica, enquanto o sistema fotovoltaico converte diretamente a
irradiação para a energia elétrica.
Existem dois tipos básicos de sistema fotovoltaico, o isolado (Off-grid) e
os conectados a rede (Grid-tie). O sistema isolado é empregado em locais onde o
custo para a conexão à rede elétrica é elevado. Enquanto, o sistema conectado à
rede complementa ou substitui a energia elétrica convencional. (NEOSOLAR, s/d)
O sistema fotovoltaico conectado a rede possui apenas dois
componentes, os painéis solares e os inversores, pois o sistema não armazena
energia. Já o isolado, além desses dois componentes, possui também captadores de
carga e baterias, para o armazenamento de energia. As figuras (5 e 6) a seguir,
mostram como funcionam esses processos.
17
Figura 5: Sistema fotovoltaico isolado.
Fonte: NEOSOLAR, s/d
Figura 6: Sistema fotovoltaico conectado a rede
Fonte: NEOSOLAR, s/d
Devido ser diretamente conectada à rede, a Grid-tie é 30% mais eficiente,
tendo em vista que, toda a energia é utilizada ou no próprio local ou em outro ponto
da rede, servindo para abastecer uma residência ou injetar energia na rede elétrica.
No Brasil, cerca de 70% da energia elétrica ainda é produzida pelo
sistema hidráulico (hidrelétricas), porém com o aumento dos períodos de estiagem,
e consequentemente, o aumento da radiação solar, a utilização da energia solar se
torna cada vez mais viável.
18
4.2.2. Materiais, tecnologias alternativas e certificações para a construção civil
4.2.2.1. Telhado verde
É um meio arquitetônico que remete à implementação de camadas
vegetal na estrutura impermeável, sendo um telhado convencional ou uma laje
impermeabilizada.
Para fazer o telhado verde deve-se fazer a impermeabilização da laje ou
telhado utilizando uma manta impermeável, em seguida, estende-se uma manta
geotêxtil, essa manta tem a finalidade de filtrar a água da chuva impedindo a
passagem de areia e demais resíduos na tubulação de águas pluviais; sobre a
manta faz-se uma camada de argila expansiva que vai impedir o apodrecimento da
raiz da vegetação e facilitar o escoamento de água; novamente utiliza-se uma manta
geotêxtil, sobre ela aplica-se uma camada de no mínimo 10 cm de terra adubada, e
por último a vegetação. Devem ser instalados rufos de fibra ou metálicos para evitar
infiltrações.
Mesmo com essa ideia estética é um meio ótimo para captação da água
pluvial do meio urbano, pois retarda a drenagem solucionando problemas, como
enchentes. Tem benefícios como o termoacústico, serve de isolação evitando a
transferência de calor, frio ou ruído para o interior da edificação. Deste ponto de
vista, diminui os gastos constituindo uma economia de energia.
Essa forma de telhado mostra-se uma excelente fusão entre o ser
humano e o meio ambiente, além de contribuir para diminuição dos gases de efeito
estufa, proporcionando melhor aproveitamento e qualidade nas cidades trazendo
novos ares à beleza de uma cidade. A figura 7 apresenta uma casa, na qual essa
técnica foi instalada sobre o telhado convencional.
19
Figura 7: Telhado Verde Fonte: PICORELLI, 2016
No Brasil, está em trâmite o Projeto de Lei 1703/11, que propõe o
incentivo fiscal aos prédios que instalarem telhados verdes em pelo menos 65% de
sua cobertura. A medida busca o estímulo à agricultura urbana, a redução da
poluição e o aproveitamento da água da chuva. A proposta inicial do deputado Jorge
Tadeu Mudalen (DEM-SP) seria a obrigatoriedade desse tipo de telhado, porém o
relator, deputado Hecurlano Passos (PSD-SP), alterou o projeto para tornar o
telhado verde facultativo e incluir o benefício fiscal (BRASIL; TRIBOLLI, 2015).
Em algumas cidades brasileiras, já foram sancionadas leis de incentivo
aos telhados verdes, como é o caso Campo Grande - MS, com a Lei n. 5.591, de 28
de julho de 2015, a qual trata da implantação de telhado verde nos prédios da
administração pública direta e indireta do município. Recife – PE é outro exemplo,
com a Lei 18.112, de 12 de janeiro de 2015, que propõe a instalação de telhado
verde em edifícios habitacionais multifamiliares com mais de quatro pavimentos e
não-habitacionais com mais de 400 m² de área coberta (RECIFE, 2015). Esta lei
também dispõe sobre a construção de reservatórios de captação de águas pluviais
para acúmulo ou retardo do escoamento para a rede de drenagem.
4.2.2.2. Tijolo ecológico
É construído com solo, cimento e água e, dessa forma, sua secagem não
envolve energia através da queima. A mistura não vai para o forno, assim como não
20
utilizará a queima da madeira, não gerará emissão de gases poluentes. Na sua
composição também pode ser utilizado resíduos moídos de materiais de construção.
Além de que, economiza aproximadamente de 70% do concreto e argamassa de
assentamento e 50% de ferro, diminuindo o tempo da edificação.
O tijolo ecológico possui furos verticais que permitem a passagem
embutida da estrutura de sustentação e das tubulações de instalações hidráulicas e
elétricas (Figura 8). Dessa forma, evita-se a utilização de fôrmas de madeira, a mão
de obra para sua execução, além dos resíduos de madeira ao final da obra e a
quebra de paredes e os remendos para as instalações elétricas e hidráulicas.
Figura 8: Alvenaria de tijolo ecológico
Fonte: Verdesaine, s/d.
As principais vantagens do uso desse material incluem; (a) processo de
fabricação simplificada e sem queima, evitando emissão de gases que causam o
efeito estufa, como o CO2, e portanto, sem o consumo de energia, (b) possibilidade
de economia de concreto armado, (c) não utiliza madeira como fôrma, uma vez que
o concreto poderá ser adensado nos furos internos existente nos blocos e canaletas,
(d) economia de argamassa de assentamento e revestimento, uma vez que o tijolo
apresenta estrutura modular e se encaixam perfeitamente, (e) economia em
revestimento, pois o tijolo apresenta padrão estético decorativo, (f) economia em
mão de obra pela facilidade de execução, (g) alta resistência mecânica, (h)
desempenho térmico e acústico elevado, (i) economia com mão–de-obra e materiais
nas instalações elétricas e hidráulicas da edificação, dado que os furos internos dos
tijolos são condutores para a rede hidráulica e elétrica, entre outros.
21
Além das vantagens citadas, os tijolos modulares de solo-cimento podem
gerar economia de 40% a 50% na construção da alvenaria. Existem outras
vantagens indiretas na edificação como a redução no consumo de energia elétrica e
conforto na edificação após a ocupação.
A prensagem do bloco de tijolo pode ser manual ou hidráulica de modo
automático ou semiautomático. Existem várias tecnologias modernas de moldagem
por alta pressão que melhoraram a qualidade final do produto.
Embora existam diversas vantagens econômicas e ambientais, avanços
tecnológicos na fabricação do tijolo modular de solo-cimento, sua aplicação ainda é
considerada tímida e necessita de investigações no sentido de verificar as principais
dificuldades e barreiras de sua apropriação pela sociedade e por empresas da
construção civil.
4.2.2.3. Cimento ecológico
Também chamado de CPIII, o produto reutiliza cerca de 70% de dejetos
gerados pelas siderúrgicas e é isso que confere a função ecológica. Assim é uma
opção mais durável que os outros convencionais.
O cimento ecológico é mais resistente, estável e impermeável, tendo em
vista que seu processo de hidratação é mais lento, prevenindo fissuras térmicas. Ele
é compatível com qualquer etapa da obra, porém suas características são ideais
para fundações, lajes e pilares (CAPELLO, 2008).
4.2.2.4. Tintas minerais
São produzidas com base de terra crua e emulsão de água e não têm
derivação de petróleo. Tem pouca centralização de compostos orgânicos voláteis
que rapidamente evaporam e têm pouco prejuízo pra camada de ozônio, além de
não prejudicar o espaço natural e são vendidas em embalagem recicláveis.
Essas tintas possuem cores intensas provindas apenas da natureza, são
duráveis em áreas internas e externas, além de permitir a manutenção da umidade
relativa do ar e a troca de calor. Podem ser aplicadas em diferentes substratos como
madeira, alvenaria, metal, entre outros. De acordo com o design e a finalidade, as
22
tintas minerais podem ser mais espessas, para a obtenção de texturas (figura 9) e
mais finas para pintura simples de superfícies.
Figura 9: Parede com textura mineral
Fonte: Eco Casa, 2011.
4.2.2.5. Bambu
É um material sustentável de grande importância, pois é rico na natureza
e de fácil renovação. É colhido anualmente e não traz prejuízo à natureza, pois
rapidamente eles crescem novamente. É muito duradouro, sendo uma opção ao
aço, ao concreto e em especial a madeira, devido ser barato seu custo. Além de
aspectos estéticos, a rapidez ao processo de construção e manejo é um grande
aliado na hora de pensar em edificar. A figura 11 apresenta uma residência
construída com bambu.
Figura 10: Casa de Bambu
Fonte: Conexão Jornalismo, 2015
23
4.2.2.6. Sistemas de captação de água da chuva
Conhecido como cisternas esse sistema é bastante utilizado no nordeste
brasileiro devido aos longos períodos de estiagem. O sistema armazena a água que
cai no telhado, para posteriormente ser aproveitada nas atividades diárias da família.
O sistema interliga as calhas do telhado através de tubulações a um
tanque (cisterna). É necessária, fazer a higienização do telhado e das calhas, para
evitar que a água seja contaminada e seu consumo não seja apropriado.
Esse sistema pode ser desenvolvido voltado para as residências urbanas,
tendo em vista que a maioria dessas habitações não dispõem de muito espaço e a
utilização de minicisternas para armazenamento de água da chuva pode amenizar
os problemas acarretados pela seca.
O projeto tem como base as normas da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas). A água captada pode ser usada para irrigação nos jardins, para
atividades domésticas, como a lavagem de piso e de roupa, descarga em vasos
sanitários, pode ser utilizada para lavagem de automóveis, entre outros. Essa
técnica reduz o escoamento de água nas redes pluviais durante as fortes chuvas.
As figuras 11 e 12 apresentam um modelo bem simples, incialmente deve
haver um filtro para as primeiras águas da chuva, para barrar a sujeira existente no
telhado, nesta etapa pode ser utilizada uma peneira com malha fina ou uma peneira
grande de cozinha. Em seguida a água vai para um recipiente, onde deve ser
instalado um registo no fundo e um tubo na sua parte superior ligando-o à cisterna; o
registro deve ficar um pouco aberto para permitir que a primeira água destinada a
lavar o telhado saia e não seja armazenada na cisterna. Após alguns minutos de
chuva o balde irá encher e a água passará através do tubo superior para a cisterna.
24
Figura 11: Esquema básico de um sistema básico de Cisterna
Fonte: URBANO, 2014
Figura 12: Minicisterna para captação de água da chuva
Fonte: URBANO, 2014
4.2.2.7. Sistema de reuso de água para edificações
Um projeto de reutilização da água do banho familiar na descarga do vaso
sanitário pode reduzir em até 30% o consumo de água. O sistema funciona da
seguinte forma (Figura 13): a água é captada por um ralo instalado na área do
25
banho, em seguida é direcionada por tubos até um reservatório; na entrada do
recipiente deve haver uma peneira para impedir a passagem de resíduos; deve ser
feita a ligação do reservatório à caixa acoplada do vaso sanitário e a instalação de
uma bomba manual, que será responsável por levar a água até a caixa. É
necessária, também, uma saída com registro no fundo do recipiente para ser feita a
higienização. Essa água também pode ser utilizada em outras atividades como
lavagens de pisos e irrigação de jardim (URBANO, 2004).
Figura 13: Esquema de reutilização de água do banho
Fonte: URBANO, 2004
4.2.2.8. Isolamento térmico com embalagens longa vida
Essa técnica é bastante utilizada em regiões de clima frio, com o objetivo
de manter a temperatura estável, impedindo que a ação dos ventos resfrie o
ambiente. Neste caso a parte metálica da caixa de leite deve ser direcionada para a
área externa da edificação.
No entanto, essa técnica também é empregada em regiões com clima de
altas temperaturas, uma vez que ao inverter a posição das caixas (colocando o
26
alumínio para parte interna do ambiente) pode-se diminuir a temperatura em até 8º
C.
Figura 14: Isolamento térmico com embalagens de leite
Fonte: RICCHINI, 2015
4.2.3. Certificação Ambiental
É fundamental a comprovação que a obra é de fato sustentável, para isso
deve-se analisar não só a etapa de construção, mas também os benefícios do
imóvel após a ocupação de seus usuários.
Existem no mercado alguns órgãos de certificação ambiental reconhecidos
nacional e internacionalmente, entre eles pode-se citar:
AQUA - HQE (Alta Qualidade Ambiental): Este selo é aplicado no Brasil
desde 2008, e foi inspirado na metodologia francesa HQE (Haute Qualité
Environnementale) e certificado pela instituição Vazolini. A certificação AQUA
resulta em vários benefícios para o empreendimento, tais como, economia
direta de água e energia, redução dos custos de condomínio, melhores
condições de conforto e saúde, disposição correta de resíduos e
manutenção, contribuição para o desenvolvimento socioeconômico e
ambiental da região, e maior valor patrimonial ao longo do tempo. A auditoria
dos empreendimentos são realizadas em 4 categorias, EcoConstrução,
27
EcoGestão, Conforto e Saúde; com 14 itens no total. (FUNDAÇÃO
VANZOLINI, 2015)
Figura 15: Selo AQUA
Fonte: Redação Sustentarqui, 2014.
Casa Azul: Este selo foi criado em 2008 pela Caixa Econômica Federal, com
o objetivo de fazer uma classificação socioambiental dos projetos
habitacionais que a instituição financia. Desta forma, o banco estimula o uso
racional dos recursos naturais e a melhoria da qualidade da habitação. Os
empreendimentos são avaliados em 53 critérios, buscando reconhecer
projetos que apresentem soluções eficientes na construção, uso, ocupação e
manutenção da edificação. Esses critérios são divididos em 6 categorias:
qualidade urbana, projeto e conforto, eficiência energética, conservação de
recursos materiais, gestão da água e, práticas sociais. O selo possui três
níveis: bronze, prata e ouro. Para obter o selo bronze o edifício deve atender
19 critérios obrigatórios; para selo o prata, 19 critérios obrigatórios e seis
opcionais, e para obter o selo ouro 19 critérios obrigatórios e, pelo menos, 12
opcionais. (SIENGE, 2016)
Figura 16: Selo Casa Azul níveis Ouro, Prata e Bronze
Fonte: Redação Sustentarqui, 2014.
LEED (Leadership in Energy and Environmental Design): Esta
certificação foi criada em 1993, nos Estados Unidos, pela GBC (Green
Buildings Council). Os primeiros empreendimentos certificados LEED no
Brasil foram em 2007, onde é representado oficialmente pelo GBC – Brasil –
28
Conselho de Construção Sustentável do Brasil. Atualmente, no país existem
oito tipos de selos LEED: LEED NC, novas construções ou projetos de
renovação; LEED ND, desenvolvimento de bairro; LEED CS, envoltória e
parte cultural do edifício; LEED Retail NC e CI, lojas de varejo; LEED
Healthcare, unidades de saúde; LEED EB_OM, manutenção de edifícios já
existentes; LEED Schools, escolas; e LEED CI, interiores comerciais. São
avaliados em oito categorias: localização e transporte, terrenos sustentáveis,
eficiência da água, energia e atmosfera, materiais e recursos, qualidade do
ambiente interno, inovação em design e, prioridades regionais. Cada
categoria possui pré-requisitos e créditos, que garantem a pontuação ao
projeto. A certificação possui quatro níveis, que são definidos conforme a
quantidade de pontos adquiridos, variando de 40 a 110 pontos, são
eles: Certificado, Silver, Gold e Platinum.
Figura 17: Selo de certificação LEED, níveis Certificado, Silver, Gold e Platinum.
Fonte: Redação Sustentarqui, 2014.
PROCEL Edifica (Programa Nacional de Eficiência Energética em
Edificações): Esse selo foi estabelecido em 2014, pela ELETROBRAS/
PROCEL em parceria com o Ministério de Minas e Energia, o Ministério das
Cidades, as universidades, os centros de pesquisa e entidades das áreas
governamental, tecnológica, econômica e de desenvolvimento, além do setor
da construção civil. O PROCEL Edifica promove a eficiência energética das
edificações, incentivando a conservação e o uso eficiente dos recursos
naturais, reduzindo os desperdícios e os impactos sobre o meio ambiente. O
processo de etiquetagem é realizado em duas etapas, o empreendimento
recebe a Etiqueta de Projeto e, posteriormente, a Etiqueta de Edifício
Construído. Nos edifícios comerciais, de serviços e públicos são avaliados
três sistemas: envoltória, iluminação e condicionamento de ar. Nas Unidades
29
habitacionais são avaliados: a envoltória e o aquecimento de água.
(PROCELINFO, 2006)
Figura 18: Selo PROCEL Edifica
Fonte: Redação Sustentarqui, 2014.
30
5. METODOLOGIA
A metodologia incluiu pesquisa bibliográfica sobre a habitação social no
Brasil, enfatizando a região Nordeste, o atual cenário da construção civil, a
sustentabilidade na construção civil e materiais e tecnologias sustentáveis utilizadas
neste setor, de modo a identificar quais tem potencial de serem empregadas.
Posteriormente, foi desenvolvida uma pesquisa com a população de baixa
renda do bairro Padre Mororó, uma comunidade simples e sem muitos recursos de
infraestrutura, mas humildes e receptivos, localizado no município de Aurora – CE
(Figura 19). Essa pesquisa adota a definição de família de baixa renda do Decreto nº
6.135, de 26 de junho de 2007, que afirma que família de baixa renda é aquela que
tem renda familiar per capita de até meio salário mínimo ou que possui renda
familiar mensal de até três salários mínimos.
Figura 19: Município de Aurora – CE
Fonte: Google Earth, 2017
A cidade de Aurora está situada no sul do Estado do Ceará com divisa
territorial ao norte com Lavras da Mangabeira, ao sul com Missão Velha e Juazeiro
do Norte, ao Leste com o Barro e ao Oeste com Caririaçu. De acordo com os dados
do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística têm uma população
estimada em 24.548 pessoas, tem uma área territorial de 885.836 Km² e densidade
demográfica de 27.73 hab./Km².
31
O município tem a sede que conta atualmente com nove bairros: Centro,
Araçá, José Fernandes Campos (Conjunto Habitat - CNEC), José Freire do Amaral
(Vila Freire), José Leite de Figueiredo - Zezé da Cruz (Alto da Cruz), Padre Mororó,
Recreio, São Benedito (Aurora Velha) e Vila Paulo Gonçalves. E conta com quatro
distritos: Aurora (sede), Ingazeiras, Santa Vitória e Tipi.
5.1. Questionário
Foi elaborado um questionário, visando identificar as necessidades de
cada família, com perguntas simples e objetivas para facilitar o entendimento dos
entrevistados.
O questionário contém 13 perguntas e foi aplicado a 23 famílias do Bairro
Padre Mororó, no município de Aurora – CE. A tabela 1 apresenta o roteiro da
entrevista.
Tabela 01: ROTEIRO DE ENTREVISTA
Entrevista nº: Data:
Entrevistado:
Endereço:
Bairro: Cidade:
1- O imóvel que você reside é próprio? ( ) Sim ( ) Não
2- Se a resposta anterior foi NÃO,
( ) Alugado ( ) Cedido ( ) Outro ______________
3- Qual a área do imóvel? _____________________________________
4- Quantas pessoas residem neste imóvel? _____________________________________
5- Qual o maior grau de escolaridade, entre os moradores deste imóvel? ( ) fundamental incompleto ( ) fundamental completo ( ) ensino médio incompleto ( ) ensino médio completo ( ) superior incompleto ( ) superior completo
6- Quantos quartos há no imóvel? ____________________________________
7- Sua residência é confortável?
( ) Sim ( ) Não
8- Sua residência é arejada? ( ) Sim ( ) Não
9- Possui fossa séptica?
( ) Sim ( ) Não
10- Possui ligação de esgoto a rede? ( ) Sim ( ) Não
11- Quem construiu sua casa?
( ) O próprio proprietário ( ) Profissional habilitado ( ) Profissional não-habilitado
12- Você já ouviu falar na utilização de materiais reciclados ou alternativos na construção civil?
( ) Sim ( ) Não
13- Você empregaria estes materiais em sua construção? ( ) Sim ( ) Não
32
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O questionário aplicado gerou informações para diagnóstico das
edificações e do nível de satisfação dos moradores. A seguir serão apresentados os
resultados obtidos para cada pergunta do questionário da entrevista.
A primeira pergunta se intitula: o imóvel que você reside é próprio?
As respostas dadas pelos moradores foram bem claras, onde 19 famílias
moram em casas próprias correspondendo a aproximadamente 83 % de toda a
comunidade e apenas 4 famílias responderam que não moram em casa própria
totalizando cerca de 17% dos dados coletados (Figura 20).
Figura 20: Moradores que possuem casa própria Fonte: Elaboração própria (2017)
Isso mostra que mesmo sendo em um bairro considerado de baixa renda,
a maior parte dos moradores residem em moradia própria. Sendo um aspecto
positivo para conservação da estrutura da edificação, pois geralmente os donos
zelam mais pelas suas propriedades.
A segunda pergunta foi destinada a quem respondeu que não morava em
casa própria.
Quatro famílias responderam que não moravam em casa própria e foram
unanimes informando que moravam em casa de terceiros. O fato crucial neste ponto
é que qualquer mudança no ambiente residencial terá que ter uma avaliação do
83%
17%
SIM NÃO
33
proprietário do estabelecimento dificultando a adesão a novas tendências
ecológicas, pois os donos do imóvel não estão dispostos a arcar com gastos extras,
mesmo que seja para melhor.
No terceiro quesito abordado: Qual a área do imóvel?
Figura 21: Área das residências. Fonte: Elaboração própria (2017)
Houve uma má distribuição na área durante a formação da comunidade,
visto que há grande variação nas áreas dos imóveis, de maneira que a se pensar em
projeto coletivo para o bairro, este deve ser bem estudado para que possa ser
adaptado em diferentes terrenos e dimensões.
No item quatro perguntou: Quantas pessoas residem neste imóvel?
Mesmo morando em área relativamente pequena se comparado com uma
estrutura padrão, a quantidade média de 4 pessoas (30,05%) foi o que prevaleceu.
Se comparar com a média nacional está dentro dos padrões populacionais, pois de
um modo geral observa – se que mora um pai, uma mãe e dois filhos.
44 m² 64 m² 100 m² 120 m² 55 m² 125 m² 150 m²SEM RESPOSTA
34,80%
4,40% 4,40%
8,70% 8,70%
4,40%
13,50%
25,50%
34
Figura 22: Quantidade de pessoas por residência.
Fonte: Elaboração própria (2017)
Já a quinta pergunta: Qual o maior grau de escolaridade, entre os
moradores deste imóvel?
Figura 23: Grau de escolaridade dos entrevistados Fonte: Elaboração própria (2017)
De acordo com os dados da figura 23, observou-se que mesmo por se
tratar de uma comunidade pequena e com pouca infraestrutura todos sabem pelo
menos escrever o seu nome, pois 30,05% dos entrevistados disseram que tinham o
ensino fundamental incompleto, porém afirmaram que sabiam escrever o básico,
mostrando que mesmo com pouca leitura, entendiam muito bem as questões
propostas neste questionário.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
1 2 3 4 56
7
8,70% 8,70% 13,05%
30,05%
25,55%
4,35% 8,70%
PESSOAS
30%
22%
35%
4% 9% 0%
Escolaridade
FUNDAMENTAL INCOMPLETO
FUNDAMENTAL COMPLETO
MÉDIO COMPLETO
MÉDIO INCOMPLETO
SUPERIOR INCOMPLETO
SUPERIOR COMPLETO
35
No quesito seis, a pergunta foi bem peculiar: Quantos quartos há no
imóvel?
Figura 24: Quantidade de dormitório na residência.
Fonte: Elaboração própria (2017)
Quando se trata de espaço, a moradia tem muito a desejar, visto que a
residência tem no máximo dois dormitórios dificultando a privacidade e o convívio
familiar. Cerca de 52,18 % dos entrevistados afirmaram que sua moradia tem
apenas um quarto e percebe – se que dessa forma há muito a se projetar para que
essa residência apresente-se confortável .
A sétima pergunta verificou se a residência é confortável (Figura 25).
Analisando a figura 25 fica nítido que apesar de poucos cômodos e outros
problemas identificados na edificação, 91,30 % dos entrevistados sentem – se
confortáveis no seu lar. Tendo um pressuposto popular que afirma essa hipótese,
visto que apesar de pequena a casa é deles em sua maioria e assim mesmo em
condições inadequadas do ponto de vista da boa arquitetura e engenharia, se
sentem bem por possuí-la. Além disso, o conceito de conforto pode ser muito
subjetivo para cada pessoa, uma vez que, é difícil definir o que seria confortável sem
ter outros parâmetros de comparação ou outras experiências de moradias.
52%
48%
UM QUARTO DOIS QUARTOS
36
Figura 25: Usuários que consideram a residência confortável.
Fonte: Elaboração própria (2017)
A oitava pergunta, complementar da sétima, questionou se a residência é
arejada. Sobre esse quesito 60,9% responderam “sim”, enquanto 39,1%
responderam “não”.
Nota-se que mesmo com pouca estrutura, 60,90% dos moradores
afirmam que as casas são arejadas. De fato, se pensar pelo lado em que não há
paredes para bloquear a entrada e saída do ar a residência ficará mais ventilada e
consequentemente mais agradável.
Sobre infraestrutura de saneamento, foi perguntado se a edificação
possui fossa séptica.
Sobre o uso de fossa séptica, os entrevistados afirmaram que 95,65% das
casas tem fossa séptica.
Na décima pergunta foi questionado se possui ligação de esgoto à rede
pública.
Apesar de ter fossa séptica, 95,65 % das casas não têm ligação com
esgoto, ou seja, as casas retêm os dejetos humanos debaixo de seus terrenos
ocasionando futuramente problemas de grande impacto social e poluição do solo e
da água.
O décimo primeiro ponto perguntou quem construiu a casa. Este
questionamento foi fundamental, uma vez que se a edificação foi construída por
profissional habilitado, supõe-se que houve um planejamento adequado do imóvel.
SIM
NÃO
91,30%
8,70%
CONFORTÁVEL
37
Figura 26: Construção da moradia Fonte: Elaboração própria (2017)
Do ponto de vista leigo é natural que a maioria dos moradores não saiba
quem construiu suas casas, pois como afirma a pesquisa, 43,45 % dos donos das
residências não conhecem ou não lembram quem ajudou a erguer a moradia.
Já a décima segunda questão abordou pontos chaves da pesquisa que foi
investigar se os moradores ouviram falar na utilização de materiais reciclados ou
alternativos na construção civil.
Figura 27: Informações sobre a utilização de materiais reciclados ou alternativos na construção Fonte: Elaboração própria (2017)
A pergunta foi simples e direta, mas causou nas pessoas um pouco de
insegurança, pois quando falam em reciclagem pensam da forma mais generalizada
não sabendo ao certo o que seja ou para que servem. Muitos pensam só em lixo,
garrafas pet, latinhas, papelão enfim, nunca se deparam com outras formas de
30,45%
17,40%
8,70%
43,45%
PRÓPRIO PROPRIETÁRIO PROFISSIONALHABILITADO
PROFISSIONAL NÃOHABILITADO
NÃO SABEM
SIM
NÃO
30,40%
69,60%
MATERIAIS RECICLÁVEIS
38
reciclagem se tornando assim leigos no assunto, como afirma os dados, onde
69,60% dos entrevistados não sabiam quais materiais eram bons para o uso.
Por fim a décima terceira pergunta questionou se o morador empregaria
os materiais alternativos em sua construção.
Figura 28: Possibilidade de emprego de materiais reciclados ou alternativos em construções
Fonte: Elaboração própria (2017)
Como mostra os resultados, 65,25% das pessoas entrevistadas por não
conhecer o assunto ou pensarem de forma errônea acabam rejeitando a hipótese de
utilizar materiais renováveis e sustentáveis nas suas construções.
O maior problema visto através desta pesquisa foi a forma leiga das
pessoas em relação ao assunto, pois mesmo tendo informações na mídia, nas
escolas, nas empresas e até mesmo na vizinhança muitos não se interessam.
Para facilitar a compressão e comparar as informações coletas é
apresentado um resumo dos dados obtidos com as entrevistas aplicadas (Tabela
02).
SIM NÃO
34,75%
65,25%
EMPREGO DE MATERIAIS RECICLADOS
39
Tabela 02: Resumo dos dados obtidos
Questionamentos Dados obtidos
O imóvel que você
reside é próprio? 17% não 83% sim
Questionamentos Dados obtidos
Se a resposta
anterior foi não, 100% alugado
Qual a área do
imóvel?
34,08%
44m²
13,5%
150m² 8,7% 120m²
8,7%
55m²
4,4%
64m²
4,4%
100m²
4,4%
125m²
25,5%
Não
responderam
Quantas pessoas
residem no
imóvel?
30,05%
Quatro
25,5%
Cinco
13,05%
Três
8,70%
Uma
8,70%
Duas
8,70%
Sete
4,35%
Seis
Qual o maior grau
de escolaridade
entre os
moradores do
imóvel?
30%
Fundamental
incompleto
22%
Fundamental
completo
4%
Médio
incompleto
35%
Médio
completo
9%
Superior
incompleto
0%
Superior
completo
Quantos quartos
há no imóvel? 48% - Dois quartos 52% - Um quarto
Sua residência é
confortável? 8,7% Não 91,3% Sim
Sua residência é
arejada? 39,10% Não 60,9% Sim
Sua residência
possui fossa
séptica?
4,35% Não 95,65% Sim
Possui ligação de
esgoto a rede? 96% Não 4% Sim
Quem construiu
sua residência?
Próprio Proprietário
30,45%
17,40%
Profissional
habilitado
8,70%
Profissional não
habilitado
43,45% Não sabem
Você já ouviu falar
na utilização de
materiais
reciclados ou
alternativos na
construção civil?
69,6% Não 30,4% Sim
Você empregaria
este tipo de
material em sua
construção?
65,25% Não 34,75% Sim
Fonte: Elaboração própria (2017)
40
7. CONCLUSÃO
A revisão bibliográfica e o estudo de caso avaliado através de entrevistas
aos moradores de um bairro de baixa renda localizado no município de Aurora,
Ceará, possibilitou alcançar os objetivos propostos através de um diagnóstico da
qualidade das edificações e das possibilidades de intervenções com o uso de
materiais alternativos de baixo custo e sustentáveis.
A entrevista mostra que a maioria das edificações são próprias (83%),
apresentando áreas que variam de 44 m² a 150 m², verifica-se que a maioria das
habitações abrigam quatro pessoas (30,05%). Pode-se perceber também que ainda
não há nenhum habitante do bairro com nível superior completo, tendo o maior
percentual de moradores concluído o ensino médio (35%).
Apesar dos problemas de espaço identificado, uma vez que 34,08%
apresenta área de apenas 44 m², os morados se sentem confortáveis em suas
casas e se mostraram resistentes à aplicação de novas tecnologias que visem
melhorar o conforto das moradias.
É possível estimar que a resistência apresentada pelos moradores em
usar materiais alternativos e sustentáveis é creditado ao baixo nível de informação,
uma vez que a maioria nunca ouviu falar desse tipo de tecnologia, apesar de todas
as famílias terem tido acesso à escola como mostra no percentual de escolaridade
de 30% para ensino fundamental incompleto, 22% para fundamental completo, 4%
para ensino médio incompleto, 35% para ensino médio completo e 9% para ensino
superior incompleto. Diante disso, o primeiro passo deve ser a conscientização e a
apresentação de técnicas e tecnologias sustentáveis à comunidade.
Considerando que o Nordeste brasileiro sofre constantemente com as
altas temperaturas, adoção do sistema de isolamento térmico com embalagens
longa vida, podem amenizar esse problema, uma vez que ao utilizar essa técnica a
temperatura do ambiente pode ser reduzida em até 8º C.
Outra dificuldade presente na vida dos nordestinos são os longos
períodos de estiagem e, consequentemente, a falta d’água. Então, medidas como o
reuso de água podem beneficiar e auxiliar bastante a população. Tendo em vista as
pequenas áreas das moradias, as minicisternas residenciais urbanas podem ser
uma maneira compacta de diminuir o problema, contribuindo também para redução
da conta de água. Assim, a reutilização da água do banho para descarga do vaso
41
sanitário, lavagem de piso e irrigação de jardim pode ser uma alternativa para
amenizar os impactos ocasionados pela escassez de água.
Tendo como base a revisão bibliográfica e a entrevista realizada na área
de estudo, as principais propostas de intervenções sustentáveis de baixo custo que
foram descritos nos objetivos incluem: (a) reuso de materiais do próprio município,
de modo que a comunidade possa utilizar materiais sem custos de transporte, (b)
campanhas de conscientização para suprir a falta de informação, (c) uso de
embalagem longa vida no telhado para redução de temperatura da edificação, (d)
reuso de água e aproveitamento de água da chuva para consumos menos nobre (e)
uso de tijolos ecológico uma vez que o mesmo apresenta alto desempenho térmico
e acústico e custos de até 50% mais barato que a alvenaria convencional de tijolos
cerâmicos e (f) obter consultoria técnica gratuita junto as instituições de ensino como
universidade, principalmente na fase de planejamento da obra, para possibilitar
adequação da edificação ao ambiente e necessidade de cada usuário.
42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, M. A. A moderna construção sustentável. s/d. BRASIL. Ministério Do Meio Ambiente. Construção Sustentável. Brasília, DF. s/d. Disponível em: http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/urbanismo-sustentavel/item/8059 Acesso em: 26 de setembro de 2016. BRASIL, E.; TRIBOLI, P. (Ed.). Comissão aprova incentivo fiscal para prédio que instalar telhado verde. Câmara Notícias, Brasília, jul. 2015. Seção Cidades. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/CIDADES/492570-COMISSAO-APROVA-INCENTIVO-FISCAL-PARA-PREDIO-QUE-INSTALAR-TELHADO-VERDE.html . Acesso em: 22 de janeiro de 2017. CAPELLO, G. Cimento ecológico. Grupo Abril, Planeta Sustentável. Revista
Arquitetura&Construção, fev. 2008. Disponível em:
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