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1 UNIVERSIDADE PARANAENSE- CASCAVEL-PR BRUNA KAUANE MAFEI DE OLIVEIRA CONSTRUINDO PLANO DE PARTO COM GESTANTES: PESQUISA AÇÃO CASCAVEL/PR 2019

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UNIVERSIDADE PARANAENSE- CASCAVEL-PR

BRUNA KAUANE MAFEI DE OLIVEIRA

CONSTRUINDO PLANO DE PARTO COM GESTANTES: PESQUISA

AÇÃO

CASCAVEL/PR 2019

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BRUNA KAUANE MAFEI DE OLIVEIRA

CONSTRUINDO PLANO DE PARTO COM GESTANTES: PESQUISA

AÇÃO

Monografia apresentada a comissão julgadora do Curso de Enfermagem na área de Saúde da Mulher da Universidade Paranaense-UNIPAR- Unidade cascavel/PR como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em: Enfermagem. Orientador: Prof. Ms.: Daisy Cristina Rodrigues.

CASCAVEL/PR 2019

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BRUNA KAUANE MAFEI DE OLIVEIRA

PLANO DE PARTO COM GESTANTES: PESQUISA AÇÃO

Trabalho de Monografia apresentado ao Curso de Enfermagem, Universidade Paranaense UNIPAR- Unidade de Cascavel/ PR, como requisito parcial à obtenção do título de graduado em: Enfermagem.

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________ Prof.Orientador: Daisy Cristina Rodrigues

__________________________________ Prof. Carla Passolongo da Silva

_________________________________ Enf. Camila de Fátima Pavan

CASCAVEL/PR 2019

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Dedico o presente trabalho ao meu avô, Lair Paulo de Oliveira e à Enf. Vera Lucia Rodrigues (in memorian), mãe de minha orientadora, Prof. Daisy. Estarão sempre em nossos corações.

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AGRADECIMENTOS

Expresso meu agradecimento a todos que de alguma forma contribuíram para

a realização deste trabalho, em especial agradeço:

A Deus, por sempre me guiar e me sustentar durante minha caminhada. À

minha orientadora, por todo o ensinamento que me passou sempre com amor e

carinho, mostrando-me a grande profissional e pessoa que é, a qual sempre terei

como uma das minhas maiores inspirações. À minha família, que me apoiou e me

incentivou a nunca desistir do meu sonho. E ao meu filho Antônio, por ser a minha

maior motivação em todos esses anos.

A todos vocês, todo meu amor e gratidão!

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Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir com os outros o que vocês têm, pois de tais sacrifícios Deus se agrada.

Hebreus 13:16.

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RESUMO

Introdução: Ultimamente a humanização da assistência à gestante vem sendo discutida academicamente e profissionalmente na saúde, um dos tópicos é o Plano de Parto, um documento onde a gestante expõe suas preferências para o trabalho de parto, parto e pós-parto. Este é recomendado aos profissionais de saúde a introduzir ao atendimento da gestante. Objetivos: Desenvolver uma proposta de Plano de Parto com gestantes da região norte de Cascavel. Metodologia: Estudo qualitativo produzido com o método de pesquisa-ação estratégica e como método avaliativo de dados, análise temática. No primeiro momento foi realizada uma entrevista gravada em áudio com questões semiestruturadas às gestantes a respeito do plano de parto, após, foram realizados três encontros em roda de conversa baseados na entrevista da fase anterior para fomentação de discussão e elaboração do plano de parto. Resultados: Durante os encontros, foi oportunizado às gestantes liberdade para relatarem suas experiencias e expectativas a respeito do trabalho de parto, parto e pós-parto, onde evidenciou-se a necessidade de educação e assistência a estas mulheres no âmbito de seus direitos, pois, muitas não sabiam quais eram estes. As falas mais marcantes foram relacionadas ao desejo de ter um acompanhante com elas nesse momento, o qual o direito de escolha se torna importante, pois cada uma tem suas necessidades e preferências. A cada encontro, foi abordado uma parte do Plano de Parto para que ao fim, tivessem ao menos uma proposta para apresentarem aos profissionais de saúde que as acompanham durante o pré-natal. Conclusão: Este estudo contribuiu para evidenciar a necessidade de ações educativas com as gestantes, bem como a necessidade de formação de grupos de gestantes no âmbito da saúde coletiva para fomentar discussões que levem conhecimento e empoderamento a essas mulheres, onde possam ter confiança para serem protagonistas dos seus próprios partos.

Palavras chave: Plano de parto, enfermagem, parto humanizado.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9

1.1 Justificativa.................................................................................................10

1.2 Objetivo Geral............................................................................................11

1.3 Objetivos Específicos.................................................................................11

1.4 Problema....................................................................................................11

1.5 Hipótese.....................................................................................................11

2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 11

2.1 Conhecendo o Plano de Parto seus benefícios e Barreiras.......................11

2.2 Olhares da assistência de Enfermagem e o Plano de Parto......................13

3. METODOLOGIA ................................................................................................ .15

3.1 Delineamento da Pesquisa.........................................................................15

3.2 Cenário da Pesquisa..................................................................................17

3.3 População e Amostra.................................................................................18

3.4 Geração de Dados.....................................................................................18

3.5 Análise de Dados.......................................................................................19

3.6 Aspectos Éticos e Legais...........................................................................20

4. RESULTADO E DISCUSSÃO ............................................................................ 21

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 27

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 29

7. APÊNDICES ....................................................................................................... 32

APÊNDICE A- CONVITE DIGITAL ............................................................................ 32

APÊNDICE B- ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA ............................................... 33

APÊNDICE C- ROTEIROS DOS ENCONTROS/ RODA DE CONVERSA ................ 34

APÊNDICE D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO ................. 37

QUADRO 1- FALAS DURANTE A ENTREVISTA ..................................................... 41

ANEXO A- MODELO PLANO DE PARTO ................................................................ 44

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1. INTRODUÇÃO

É crescente o debate atual sobre a humanização da assistência às gestantes,

e um dos aspectos importantes dessa temática é o planejamento do parto, por

meio do Plano de Parto. O Ministério da Saúde recomenda que em todos os

atendimentos de pré-natal haja o aconselhamento e apresentação do plano de

parto pela equipe de saúde que irá dar assistência a gestante nesse período,

incluindo o profissional enfermeiro através da consulta de enfermagem, pois será

o primeiro contato da mesma com a equipe. (DA SILVA; et al, 2017).

A importância do Plano de Parto baseia-se nos princípios bioéticos de

autonomia, o que dá voz à mulher durante a gestação e também a auxilia a buscar

informações a respeito da gestação, parto e pós-parto (SUARÉZ- CORTÉS; et al,

2015), o que a fornece mais confiança para enfrentar e se negar a sofrer violência

obstétrica durante esses momentos. Infelizmente, planejar e desenvolver um Plano

de Parto ainda não é garantia de que todos os desejos da gestante serão

atendidos, pois existem instituições que aceitam o plano de parto, porém no

momento do parto não o seguem, e isso acaba por ferir o direito de autonomia da

mulher durante o próprio trabalho de parto. (HIDALGO-LAPEZOSA P.; HIDALGO-

MAESTRE M.; RODRIGUEZ- BORREGO M. A., 2017).

Alguns estudos mostram que em trabalhos de parto onde a gestante possuía

um plano de parto e a equipe o seguiu, as taxas de cesáreas e de doenças

relacionadas ao nascimento foram bem menores. Um estudo realizado em 2009 a

2013, pela Revista Latino- Americana em hospitais de terceiro nível do Sistema de

Saúde Pública de Andaluzia, CAA, Espanha teve como resultado final em suas

amostras que, de 170 prontuários de mulheres grávidas, apenas 37% teve seu

plano de parto majoritariamente cumprido onde essas também obtiveram uma

relação favorável dos resultados neonatais, menores taxas de cesáreas, melhores

resultadas em testes de Apgar em primeiro minuto e também nos testes de PH de

cordão umbilical. (HIDALGO-LAPEZOSA P.; HIDALGO-MAESTRE M.;

RODRIGUEZ- BORREGO M. A., 2017).

Muitos são os empecilhos para a implementação do Plano de Parto, tais como

falta sensibilidade sobre o assunto e o despreparo da equipe, falta de infraestrutura

das unidades e devido ao aumento do número de cesáreas. (GENTILE, 1997).

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Portanto, faz-se necessário que esses empasses sejam vencidos, a fim de

assegurar a segurança da gestante e da criança.

Os profissionais de saúde que prestarão assistência a essa mulher devem

garantir que seus direitos sejam atendidos e o Enfermeiro estará à frente desse

atendimento, portanto, partindo dele a ação de respeitar o plano de parto, muitos

processos seguintes podem ser seguidos com os preceitos da humanização da

assistência, evitando-se ferir os direitos da gestante. A consulta de enfermagem é

uma atividade privativa do enfermeiro sendo regulamentado pela Lei de Exercício

Profissional Decreto nº 94.406/87, e tem como finalidade proporcionar condições

para a promoção da saúde da gestante, com base em uma abordagem

contextualizada e participativa (LEAL et al., 2016).

A assistência de enfermagem no pré-natal é fundamental para a preparação

para o trabalho de parto e deve ser associada a ações de atenção integrada,

promoção e prevenção à saúde das gestantes, estabelecendo um vínculo de

afetividade entre o enfermeiro e a gestante (LEAL et al., 2016).

1.1 Justificativa

Justifica-se por vir ao encontro da Agenda de Prioridades de Pesquisa do

Ministério da Saúde, a qual se baseia no respeito às necessidades nacionais e

regionais para aumentar a indução seletiva para a produção de conhecimentos e bens

materiais e processuais nas áreas prioritárias. Desta forma, destacam-se como

prioridades pesquisas relacionadas a Saúde da Mulher. Considerando-se também

como prioridades de pesquisa em saúde o eixo 14 referente a Saúde materno-infantil,

suas especificidades relativas ao trabalho de parto, sendo assim incluído ações

relacionadas ao planejamento do parto, possibilitando autonomia e o protagonismo da

mulher frente as suas escolhas (BRASIL, 2018).

O acesso às bases de dados por artigos e textos que abordassem a temática

revelou um pequeno número de estudos. A falta de dados aponta para a importância

de explorar este tema, estimulando uma discussão a nível local e/ou regional e

motivando novas pesquisas na área. Neste sentido, a escolha deste tema de estudo

está associada à ideia de que ao desenvolver com as gestantes proposta de plano de

parto, pode-se estabelecer discussões e ações que possam modificar,

comportamentos e práticas.

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A motivação em realizar este estudo iniciou durante minha gestação, tive a

oportunidade de conhecer o Plano de Parto através de enfermeiras obstetras e doula

que me atendiam a domicílio, onde me forneciam materiais de estudo para preparo

do parto e sobre como formular um plano de parto e através dele, pude perceber o

quanto o Plano de Parto faz diferença no processo de gestação e parto.

1.2 Objetivo geral

Desenvolver com as gestantes atendidas em uma Unidade de Saúde da Família

do município de Cascavel uma proposta de plano de parto.

1.3 Objetivo específico

Caracterizar o perfil das gestantes participantes.

Identificar o conhecimento das gestantes com relação ao plano de parto.

Proporcionar subsídios a fim de prepara-las para o trabalho de parto por meio do

plano de parto.

1.4 Problema

O desconhecimento das gestantes sobre os seus direitos de autonomia diante do

trabalho de parto faz com que a assistência prestada a ela não seja individualizada,

tornando o pré-parto, parto e pós-parto situações mecanizadas, o que desfavorece a

Humanização da assistência à essas mulheres.

1.5 Hipótese

A hipótese é de que as gestantes não conheçam o Plano de Parto e seus

benefícios bem como seus direitos.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Conhecendo o plano de parto seus benefícios e barreiras

“O conceito de plano de parto e nascimento foi cunhado por Sheila Kitzinger em

1980, nos Estados Unidos” (SUARÉZ- CORTÉS; et al, 2015). Este consiste em um

documento escrito pela própria gestante, onde a mesma após obter informações sobre

a gestação e processo de parto, juntamente com o profissional responsável pelo pré-

natal formulam uma espécie de carta de cunho legal onde serão descritos os desejos

e necessidades particulares da mulher, combinando com alternativas baseadas na

boa prática para um parto em condições normais.

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A importância do plano de parto é baseada nos princípios bioéticos de autonomia,

que fortalece a opinião ativa da mulher durante o período gravídico e no parto, também

favorece a obtenção de informações relevantes relacionadas ao período, auxiliando

na preparação para o momento do parto (SUARÉZ- CORTÉS; et al, 2015). Não

obstante, trata-se também de uma ferramenta para orientar a equipe de saúde que irá

atender essa mulher no momento do parto alertando os mesmos sobre os

procedimentos que a gestante deseja que sejam ou não realizados (DA SILVA; et al,

2017).

O Plano de Parto (PP) traz muitos benefícios para o momento do parto e pós-parto

imediato, pois, nele a gestante juntamente com sua família e profissional responsável

pelo pré-natal descrevem tudo aquilo que se foi estudado por ela e que lhe chamou

atenção a respeito do que se deve ou não ser realizado durante esse período (DA

SILVA; et al, 2017).

Nele, a mulher pode descrever suas preferências em relação à dieta (alimentação

e hidratação), o acompanhante que prefere durante o período de internamento (direito

garantido pela Lei 11.108, regulamentada pela Portaria do Ministério da Saúde

nº2418, de 2005), posição em que prefere parir, procedimentos de rotina geralmente

realizados em instituições hospitalares por protocolo como, por exemplo, uso rotineiro

de enema (lavagem intestinal com produtos laxantes), episiotomia (corte em região

perineal que atinge camadas de pele, mucosa e músculo, com intuito de “facilitar” a

passagem do bebê), posição litotômica ou supina (decúbito dorsal ou posição

ginecológica) que não favorecem a descida do bebê por questões de gravidade de

acordo com evidências, tricotomia, etc., mas também, pode descrever ações que

auxiliam esse processo, como o de alívio da dor com métodos não farmacológicos

(massagem ofertada pelo acompanhante como forma de aumentar o vínculo,

aromaterapia, musicoterapia, etc.), -métodos farmacológicos para alívio da dor

também podem ser realizados, desde que a gestante expresse desejo-, corte do

cordão umbilical pelo profissional, acompanhante ou por ela mesma(GOMES; et al.,

2017), contato pele a pele (o que fortalece o vínculo entre o binômio) (SUARÉZ-

CORTÉS; et al, 2015).

No entanto, planejar e escrever um plano de parto infelizmente hoje em dia ainda

não é garantia de que as vontades da gestante serão atendidas. Muitos

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estabelecimentos aceitam o plano de parto, porém, na prática, não o seguem.

Portanto, diante dos pressupostos, se faz necessário políticas de saúde voltadas aos

direitos das gestantes, para que os mesmos sejam cumpridos a fim de minimizar as

taxas de cesáreas no Brasil (HIDALGO-LAPEZOSA P.; HIDALGO-MAESTRE M.;

RODRIGUEZ- BORREGO M. A., 2017).

2.2 Olhares da assistência de enfermagem e o plano de parto

A atenção à saúde materna e infantil requer a oferta de serviços de qualidade que

garantam o acesso facilitado por meio do cumprimento de protocolos estabelecidos,

para uma assistência baseada em evidências científicas e que proporcionem

intervenções oportunas para garantir a saúde do binômio. A atenção com qualidade à

gestação e ao parto é promovida, por melhores resultados obstétrica e redução dos

desfechos perinatais negativos (LEAL et al., 2014).

A atenção pré-natal deve ser prestada pela equipe multiprofissional de saúde. As

consultas de pré-natal podem ser realizadas pelo profissional médico ou enfermeiro.

De acordo com a Lei de Exercício Profissional regulamentada pelo Decreto nº

94.406/87, o pré-natal de baixo risco pode ser acompanhado pelo (a) enfermeiro (a).

Na referida lei, a consulta de enfermagem é uma atividade privativa do enfermeiro, e

tem como finalidade proporcionar condições para a promoção da saúde da gestante,

com base em uma abordagem contextualizada e participativa. O profissional de saúde

deve acolher e reforçar o vínculo entre a gestante e a unidade de saúde onde a mulher

realiza o pré-natal, se faz necessário ter caráter integral, abrangente sobre a família e

seu contexto social (LEAL et al., 2014).

A assistência de enfermagem no pré-natal é fundamental para a preparação para

o trabalho de parto e deve ser associada a ações de atenção integrada, promoção e

prevenção à saúde das gestantes, estabelecendo um vínculo de afetividade entre o

enfermeiro e a gestante. É de responsabilidade do enfermeiro:

“Orientar a mulher e sua família sobre a importância do pré-natal e o planejamento familiar, realizar o cadastramento da gestante no SIS pré-natal , quando gestação de baixo risco intercalar consulta do pré-natal entre enfermeiro e médico, solicitar exames de complementares conforme protocolo da localidade, prescrever medicamentos preconizados para o programa de pré-natal (sulfato ferroso e ácido fólico), orientar sobre as vacinas, identificar gestante com um sinal de alarme, ou de alto risco e

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encaminhar para serviço de referência, realizar exames clínicos, orientar gestantes sobre fatores de riscos, realizar visita domiciliar durante período gestacional e puerperal, acompanhar e orientar sobre o processo de aleitamento” (BRASIL, 2012,p. 47).

A gestação, parto e puerpério são uma das experiências humanas mais

significativas, com grande potencial positivo, enriquecedora para todos os que dela

participam. Os profissionais de saúde são coadjuvantes dessa experiência e nela

desempenham importante papel, colocando seu conhecimento a serviço do bem-estar

da mulher e do bebê; auxiliando no processo da parturição e nascimento de forma

saudável. (WOLDOW, 2015).

E os enfermeiros são profissionais da saúde que fazem parte deste processo,

tendo como instrumento para qualificação da atenção prestada, o plano de parto. Por

meio dele, o profissional de saúde pode estreitar a relação da equipe com a gestante,

transmitindo mais confiança para a mesma, também pode ajudá-la a conhecer sobre

os seus direitos e sobre o processo da gestação e do parto, ofertando assim, uma

assistência humanizada para esse momento.

O Plano de parto dá voz à mulher, empodera e inspira confiança para a mesma,

pois através dele a mulher busca mais informações sobre a gestação e sobre o parto,

seguindo os preceitos de autonomia. (SUARÉZ- CORTÉS; et al, 2015).

A assistência oferecida à mulher deve ser individualizada bem como o cuidado

e o conforto, seguindo o objetivo principal que é favorecer experiências positivas tanto

para gestante quanto para sua família em suas singularidades, fazendo colaborar com

sua saúde física e psicológica a fim de prevenir complicações e atender às

emergências. (OLIVEIRA et al; 2010), (ANDRADE; LIMA,2014).

Portanto, nesse contexto, faz-se necessário que o profissional enfermeiro além

de ter competência técnica, precisa ter competência de lidar com situações

emocionais a fim de proporcionar confiança para a gestante diante de seus medos e

inseguranças, auxiliando no momento de dúvidas tanto dela, quanto da família para

que assim, a assistência seja realmente humanizada (SILVA et al., 2015)

Porém, nem sempre os profissionais estão habituados a apresentar o plano de

parto e explica-lo para a gestante durante o pré-natal e até mesmo segui-lo durante o

trabalho de parto, o que fere seus direitos. Em 2015, um estudo foi realizado em uma

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instituição de saúde de Belo Horizonte onde foi observado que apesar das evidências

sobre a importância do PP, o mesmo não era aplicado ou orientado para a gestante,

e apesar de ser mencionado na própria cartilha de gestantes do MS, 75% das

pacientes desconheciam o mesmo. (DA SILVA, et al; 2017).

A assistência humanizada no trabalho de parto enfrenta muitas barreiras, sendo

que algumas destas estão associadas à formação e capacitação profissional,

estrutura, equipamentos e materiais necessários para subsidiar esta (MOTTA et al.,

2016). Vindo ao encontro dos autores supracitados Gentile (1997) também apresenta

como dificuldades na implantação do plano de parto o despreparo das equipes, a

infraestrutura além do número elevado de cesarianas.

3. METODOLOGIA

3.1 Delineamento da pesquisa

Trata-se de uma pesquisa ação, com abordagem qualitativa. A pesquisa-ação é

um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita

associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os

pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão

envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

A pesquisa-ação relaciona dois tipos de objetivos, a saber: objetivo prático

contribuir para o melhor equacionamento possível do problema considerado como

central na pesquisa, com levantamento de soluções e proposta de ações

correspondentes às "soluções" para auxiliar o agente (ou ator); e o objetivo de

conhecimento para obter informações que de difícil acesso por meio de outros

procedimentos. (SILVA, et. al; 2010)

Foi utilizado uma vertente da pesquisa-ação, chamada de “pesquisa-ação

estratégica”, pois, quando a transformação foi planejada antecipadamente e sem que

os sujeitos se envolvam, apenas o pesquisador acompanhará os efeitos e avaliará os

resultados da sua aplicação (KOERICH, 2009). Onde no primeiro momento através

das questões semiestruturadas, obtivemos o norteamento dos encontros que

seguiram através das respostas das gestantes, para que ao fim, todas pudessem ter

ao menos o esboço de seu plano de parto.

Através da pesquisa-ação torna-se possível estudar de forma dinâmica os

problemas e até as negociações e decisões que ocorrem entre os agentes durante o

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processo de transformação da situação (RUFINO; DARIDO, 2010). Apesar disso,

Thiollent (2008) ainda reconhece que a mesma ainda está sendo motivo de debate

entre os cientistas profissionais de diferentes áreas não sendo unanimidade entre os

mesmos. Ainda acrescenta que este método é derivado de buscas por alternativas ao

padrão de pesquisas convencionais a fim de facilitar a busca de soluções diante dos

problemas reais para os quais os métodos convencionais não têm contribuído de

forma significativa.

Esse formato de pesquisa se divide em doze fases flexíveis não tendo necessidade

de serem seguidas de forma ordenada (SILVA, et. al; 2010).

A fase exploratória, como o próprio nome diz, é onde o pesquisador irá reconhecer

o ambiente em que a pesquisa será realizada, os possíveis interessados no assunto,

realiza o levantamento da situação em campo para seguir com a elaboração dos

objetivos da pesquisa (SILVA, et. al; 2010).

A segunda é nomeada “tema da pesquisa” onde deve ser realizado de forma

simplificada, porém, deve abordar os problemas e o foco da pesquisa devendo ser de

interesse de ambas as partes, pesquisador e participantes (SILVA, et. al; 2010).

A terceira é a fase de colocação do problema que é o momento em que se

estabelecem os problemas que pretende solucionar no âmbito teórico e prático, dando

sequência à quarta fase, o lugar da teoria que, deve ser apresentada para o grupo a

fim de que todos entendam de onde surgiu o objetivo da pesquisa (SILVA, et. al; 2010).

A quinta fase, é a de hipóteses, nesta etapa conceitua-se as suposições que o

pesquisador formulou tendo em vista suas soluções para a seguinte fase, a de

seminário: esta, se define como a principal etapa para a realização da coleta de dados,

pois é onde se concentram todas as informações coletadas para posteriormente

serem discutidas (SILVA, et. al; 2010).

A sétima fase é onde se caracteriza o “Campo de observação, amostragem e

representatividade qualitativa, onde neste formato de pesquisa (pesquisa-ação), esta

etapa pode abranger geograficamente uma comunidade concentrada ou espalhada,

e de forma discutível podem se estabelecer a amostragem e representatividade

qualitativa (SILVA, et. al; 2010).

A oitava etapa é a de coleta de dados que é realizada de várias formas, podendo

se desenvolver através de entrevistas de modo individual ou em grupo com

questionários, observação ativa, diários de campo e também história de vida (SILVA,

et. al; 2010).

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Seguindo para fase de aprendizagem. Nesta fase, são apresentadas as

informações e elucida a tomada de decisões, através desse método de pesquisa,

pesquisador e participantes recebem aprendizado ao investigar e discutir suas ações

(SILVA, et. al; 2010).

A décima etapa é a de “Saber formal/saber informal”, onde visa o estabelecimento

entre a relação dos dois universos, dos especialistas e dos participantes, evidenciando

que os dois sempre terão o contribuir um com o outro (SILVA, et. al; 2010).

A penúltima etapa é a de plano de ação, sendo exigida pelo método da pesquisa-

ação, pois se concretiza em uma ação planejada entre participantes e pesquisador e

tem como objetivo obter a solução de um problema existente (SILVA, et. al; 2010).

A última fase é a de divulgação externa. Esta possui dois momentos, primeiro,

onde deve ser disponibilizado o retorno dos resultados da pesquisa para grupo de

participantes do estudo e depois, devem ser discutidas e planejadas diferentes formas

de divulgação externa, através de congressos, seminários, periódicos, dentre outros.

(SILVA, et. al; 2010).

Após a análise dessas fases, faz-se necessário relembrar que são flexíveis e se

inter-relacionam, tendo em mente que estabelecem um ponto de partida e um de

chegada, onde sempre o pesquisador deve seguir a ética da pesquisa e também o

rigor da mesma, para que não se perca a cientificidade do método de pesquisa-ação.

(SILVA, et. al; 2010).

3.2 Cenário da pesquisa

A pesquisa foi realizada em uma Unidade Saúde da Família (USF) do município

de Cascavel/PR. A unidade está localizada na região norte do município e atende uma

população de aproximadamente treze mil habitantes. Composta por duas equipes de

Saúde da Família. Na USF local de estudo, o atendimento as gestantes, é realizado

pelo enfermeiro e médico, com agendamento e demanda espontânea, sendo que

nessa região há um número considerável de gestantes.

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3.3 População e amostra

Os participantes envolvidos no estudo foram gestantes usuárias de uma Unidade

Saúde da Família localizada na região norte de Cascavel as quais oito participaram

da entrevista semiestruturada e apenas um número de 2-3 participaram dos encontros

de roda de conversa. Foi estabelecido como critério de inclusão: gestantes com idade

acima de 16 anos. Foram excluídas aquelas que apresentaram idade menor que 16

anos, deficiência auditiva e/ou visual e déficit cognitivo.

3.4 Geração de dados

Para a geração de dados foi empregada as etapas da pesquisa-ação, sendo

desenvolvida em duas fases, a exploratória e a de ação. O contato com as

participantes aconteceu por meio de convite verbal entre as consultas com o médico

da USF e também durante um encontro do grupo de gestantes do CRAS (Centro de

Referência da Assistência Social), onde a entrevista foi realizada prontamente nesses

locais e os encontros foram agendados de acordo com a data e local de conveniência

das participantes nos dias: 01 de outubro (vindo a ser remarcado devido à ausência

das gestantes no dia e horário marcados); 08 de outubro (duas gestantes

compareceram); 15 de outubro (três gestantes compareceram) e 17 de outubro (data

de reposição do primeiro encontro, duas gestantes compareceram), onde foram

utilizados convites digitais (Apêndice A) enviados através de mensagem em um

aplicativo de celular.

Na fase exploratória os dados foram coletados por meio do primeiro encontro

mediado por entrevista, norteada por um roteiro semiestruturado (Apêndice B) com a

finalidade de compreender o significado do plano de parto para as gestantes. Um

número de oito gestantes participou desta fase, onde três delas eram menores de 18

anos e cinco eram maiores e com histórico de outras gestações.

Na segunda fase, a de ação, a coleta de dados foi realizada por meio de três

encontros de rodas de conversa que foram gravadas em áudio, também foi distribuído

às gestantes um material que foi utilizado como roteiro (Apêndice C) e que também

explicava todos os temas que foram abordados nos encontros para que tivessem

acesso à estas informações sempre que necessitem, bem como um rascunho

(Apêndice D) com partes de um modelo de plano de parto para desenvolvê-lo durante

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esses encontros, onde no fim, foi distribuído um modelo completo (utilizando o mesmo

material) para que elaborassem o seu juntamente com seus familiares.

Nesta fase, a adesão das gestantes não ocorreu de forma satisfatória, foram

realizadas diversas manobras para que os encontros acontecessem da forma

esperada, como por exemplo, a apresentação do coffee break após as conversas e a

distribuição de brindes para agradecimento ao fim do último encontro, porém, sem

sucesso.

As discussões dos encontros foram norteadas por perguntas disparadoras,

construídas de acordo com os resultados da análise dos dados coletados na primeira

fase. No último encontro, houve a apresentação das propostas de plano de parto

construídas pelas gestantes.

O método de entrevista através de roda de conversa apresentou-se de forma

flexível, combinando com o método de pesquisa que foi utilizado para este estudo. De

acordo com Moura & Lima, 2014, a Roda de Conversa é caracterizada como

conversas informais, assemelhando-se as que realizamos em nosso dia a dia com

familiares ou amigos, onde um tema surge como assunto e são apresentadas opiniões

diversas e os indivíduos se sentem livres para expressá-las.

“As Rodas de Conversa consistem em um método de participação coletiva de debate acerca de determinada temática em que é possível dialogar com os sujeitos, que se expressam e escutam seus pares e a si mesmos por meio do exercício reflexivo. Um dos seus objetivos é de socializar saberes e implementar a troca de experiências, de conversas, de divulgação e de conhecimentos entre os envolvidos, na perspectiva de construir e reconstruir novos conhecimentos sobre a temática proposta.” (MOURA; LIMA, 2014).

Esta roda de conversa foi realizada dentro de um período de duas semanas,

através de perguntas disparadoras advindas das entrevistas semiestruturadas a fim

de compreender o significado do plano de parto para as participantes. Os encontros

foram programados de acordo com a disponibilidade das participantes, porém, como

dito anteriormente, não houve a adesão esperada mesmo sendo confirmado presença

através de um grupo de mensagens de um aplicativo de celular.

3.5 Análise de dados

Para apreciação dos dados obtidos mediante as entrevistas e as rodas de

conversa foi utilizada a Análise de Conteúdo do Tipo Temática proposta por Minayo

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(2001) como a forma mais apropriada para pesquisas em saúde. Este propõe-se a

"descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou

frequência signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico visado", utiliza-a de

forma mais interpretativa, ao invés de utilizar inferências estatísticas. A análise

categorial temática se toma por etapas, por desmembramento do texto em unidades

para reagrupamento analítico posterior, comportando dois momentos: o isolamento

dos elementos e a classificação das mensagens a partir dos elementos

desmembrados (MINAYO, 2001).

Segundo Minayo (2001), as etapas da avaliação temática não se estabelecem de

forma linear e sim como roteiro didático, onde o pesquisador deve ter em mente que

em alguns momentos, essas irão passar por entrelaçamentos e também por idas e

vindas.

Estas etapas são divididas em três momentos, sendo a primeira denominada por

etapa de pré-análise, onde há a intenção de retomada dos objetivos, e a escolha inicial

dos documentos complementando com ações de leitura flutuante, onde há o primeiro

contato com os textos e constituição do corpus, onde se deve dar conta do roteiro, do

universo pretendido, haver coerência interna de temas e adequação ao objeto e

objetivos do estudo. (MINAYO,2001).

A segunda etapa é a de exploração do material, onde o pesquisador deve preparar

e explorar o material realizando a categorização dos recortes do texto para que assim,

possa desmembrar o texto em unidades e posteriormente, reagrupa-las para análise

final. (MINAYO,2001).

Por último, a etapa de tratamento dos dados e interpretação basicamente é onde

o pesquisador deve interpretar os dados brutos, estabelecer os quadros de resultados

relevando as informações que foram fornecidas nas análises (MINAYO,2001).

3.6 Aspectos éticos e legais

Seguida durante toda a pesquisa os princípios da Resolução 466/2012 do

Conselho Nacional de Saúde, que dispõe sobre diretrizes e normas que

regulamentam a pesquisa envolvendo a participação de seres humanos (BRASIL,

2012).

Apresentou-se aos sujeitos da pesquisa o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (Anexo A) em duas vias, uma cópia foi disponibilizada ao

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participante da pesquisa e a outra ficou em posse do pesquisador. Para a obtenção

do TCLE, foi informado ao participante da pesquisa individualmente, em linguagem

clara e acessível, acerca dos objetivos da pesquisa, dos benefícios e riscos e da não

obrigatoriedade de sua participação. Também, que em qualquer momento da

pesquisa poderia solicitar sua exclusão, visto que isso não implicaria em danos para

o participante.

Os documentos utilizados (TCLE e entrevista, Apêndices B e E) foram usados

somente para fins científicos. Ainda, a pesquisadora guardará os referidos

documentos em local seguro, sob a posse da professora orientadora da pesquisa,

Profª Daisy Cristina Rodrigues, por um período de cinco anos.

Os dados desta pesquisa foram utilizados para subsidiar o Trabalho de Conclusão

de Curso, cujos resultados compõem um relatório final. Este relatório estará disponível

no serviço de saúde para que os participantes e envolvidos na pesquisa tenham

acesso aos resultados da pesquisa.

4. RESULTADO E DISCUSSÃO

Plano de parto? O que é?

Os dados obtidos por meio da entrevista foram analisados através do

estabelecimento de um quadro (Quadro-1) onde são apresentadas as informações

coletadas. A seguir em forma de gráfico é apresentado os dados da entrevista, com o

intuito de auxiliar na identificação visual dos relatos que mais foram citados.

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Gráfico-1 Dados da entrevista semiestruturada

Fonte: a própria autora (2019).

Assim, 15% das participantes entrevistados nunca haviam ouvido falar sobre o

Plano de parto, da mesma forma em que não sabiam que era um direito delas e o

mesmo número não soube descrever a concepção correta do termo. Em

contrapartida, 75% relataram ter dúvidas a respeito de seus direitos (Quadro-1).

Após análise das entrevistas foi elaborado roteiro, com o intuito de auxiliar as

participantes nas lacunas que as mesmas apresentaram e contribuir na construção do

plano de parto. Para a análise dos áudios gravados durante os três encontros com as

gestantes em roda de conversa, foi utilizado o método de transcrição de áudio para

texto, a fim de realizar também neste momento a escuta e escrita detalhada dos dados

para ao fim, categorizar esses textos relacionando e comparando as falas das

gestantes para obtenção dos resultados finais apresentados.

Após apresentar o Plano de Parto às gestantes presentes no primeiro encontro,

ao decorrer das conversas, foram abordados diversos tópicos relacionados ao tema,

onde foram apresentados referenciais teóricos que os embasaram com objetivo de

levar conhecimento à estas mulheres. Após apresentar o tema do encontro ao início

de cada reunião, foram utilizadas estratégias para estimula-las a relatar suas

experiências ao decorrer de suas gestações anteriores e também durante a gestação

atual a fim de discutir a respeito dos procedimentos e atitudes tomadas durante seus

atendimentos que evidenciassem se haviam ou não sofrido com violência obstétrica

2 2

6

2

Já tinham ouvidofalar em "Plano de

Parto"

Sabiam que o Planode Parto é um direito

delas

Tinham dúvidas arespeito de seus

direitos

Descreveram aconcepção

aproximada sobre otermo "Plano de

Parto"

Dados da entrevista semiestruturada

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em algum momento de suas vidas ou haviam presenciado situações como essas, bem

como tiveram liberdade para apresentar questionamentos que surgiram durante esses

encontros para que assim, fosse atingido o objetivo geral da pesquisa, formular um

Plano de Parto juntamente à elas.

Diante disso, os dados obtidos a partir desses três encontros e a imersão

nesses dados foi possível identificar a categoria Gestantes conhecendo seus direitos,

para tanto, foi utilizado do mesmo método proposto por Minayo (2001) apresentado

nos resultados anteriores, onde os textos foram desmembrados, analisados e

reagrupados a fim de apresentar os resultados a seguir da forma mais clara e

compreensível possível.

Gestantes conhecendo seus direitos e relatando vivencias

Durante as entrevistas, foi abordado quatro tópicos que estão interligados a

elaboração do plano de parto. São estes: alimentação durante o trabalho de parto;

liberdade de movimentação/ escolha de posição; direito de escolha ao acompanhante;

via de parto, violência obstétrica e também o contato imediato do recém-nascido com

a mãe para a amamentação.

A respeito do direito a acompanhante garantido pela Lei Federal nº

11.108/2005, as gestantes relataram seu desejo de ter um acompanhante de sua

escolha ao lado. Porém, vale ressaltar que cada uma possui uma escolha a qual se

sente mais confortável para esse momento, tal, garantido pela Lei.

“Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.

§ 1º O acompanhante de que trata o caput deste artigo será indicado pela parturiente.” (BRASILIA, 2005).

Nas falas as participantes evidenciam o desejo de um acompanhante durante

o trabalho de parto.

Eu pedi pro meu esposo, mas eu não sei se ele vai não[...] Eu gostaria que ele fosse, que é igual falou, é uma hora ali que a gente ta sozinha né, a gente não conhece as pessoas, pelo menos é uma pessoa ta ali do seu lado pelo menos pegando na sua mão, ta bom já né (DIAMANTE).

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Meu esposo quer, só que eu não... tenho vergonha, é mais difícil parece sabe(PÉROLA).

Diamante ainda relatou que em seus dois primeiros partos não a deixaram ser

acompanhada. Pérola, por sua vez, disse desejar ser acompanhada pela mãe,

evidenciando que cada mulher tem suas preferências.

Seguindo com as discussões, ao abordarmos sobre os procedimentos que são

realizados nas instituições como “protocolo” em todas as gestantes, foi nos relatado o

sentimento delas durante estes acontecimentos e a visão que tinham antes e agora.

Durante os encontros, algumas falas foram mais marcantes, como as de

Diamante relatando as violências obstétricas que já presenciou e as que sofreu;

Dentre elas, o uso de episiotomia como rotina dentro de hospitais, realização de

enema (lavagem intestinal), não poder se alimentar durante o trabalho de parto ou ter

liberdade para escolher a posição em que deseja parir.

De acordo com as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal (2017),

o uso da episiotomia de rotina deve ser evitado e quando utilizado, deve ser

expressamente justificado.

Sim, Teve [...] só no da minha menina, é, só que tipo assim, foi um parto normal mas ela foi tirada na verdade a ferro, né [...eu tinha as dor, em vez de ajudar ela eu puxava ela pra dentro né [...] Ai na terceira força que eu fiz já não tinha mais força né, daí eu desmaiei, só que ela já tava em trabalho de parto, ela já tava nascendo, mas daí como eu não tinha mais força ela foi tirada a ferro daí [...] não podia comer, [...] se eles já tinham feito aquela, aquele processo, lavagem, era água [...] tinha pessoas que se, tipo assim, fosse mais escandalosa, as enfermeiras deixavam, elas nem vinham perguntar, daí eram grossas, ‘é você aguentou fazer, agora não guenta ter?’ [...]Eram bem grossas, ‘é, se você continuar gritando, você vai ficar ai mais tempo, pode gritar, grita a vontade.’ [...] (DIAMANTE). Já ouvi falar, mas nunca passei por isso (SAFIRA). Também já ouvi falar. A minha irmã passou por isso. Quando ela foi ter o parto dela, ela tava sofrendo demais, aí elas falaram bem assim, como fazer ela fazia, conseguiu fazer? Agora tem que lidar com as consequências (PÉROLA).

Sobre serem questionadas pelos profissionais de saúde que as acompanham

a cerca da preferência da via de parto disseram não terem sido questionadas, mas

relataram preferir a via natural.

(Pretende) Esperar, tomara Deus que seja parto normal (PÉROLA).

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Sobre a analgesia medicamentosa, é preconizado que os profissionais reflitam

sobre suas crenças e valores diante da dor da gestante, onde se deve primeiramente

ofertar métodos de alívio não farmacológicos para alívio antes de qualquer

intervenção medicamentosa. Dentre estas, está incluso o alívio da dor por analgesia

regional, onde o profissional deverá informar todos os benefícios e malefícios que esta

podem causar, como por exemplo, ser mais eficaz que os medicamentos opioides

intravenosos, porém, está associada ao prolongamento do segundo período de parto

podendo resultar em parto instrumental (Brasília, 2017).

Quando foi discutido sobre este assunto, uma das gestantes deu o seu relato

de experiência caracterizando-o como algo “ruim”.

É ruim né, mais forte, no caso do meu menino eu cheguei com seis dedo de dilatação e a ecografia que eu levei, eles davam que ele era prematuro. Daí eles vieram, ponharam um soro que tirou todas as dor que eu tinha, deram injeção na minha bunda, falou que era pra fortalecer o pulmão do bebê. O nenê era pra nascer até o dia 30, ele nasceu no dia 26. Até o meu marido chegar com a outra ultrassom, daí eles ponharam o soro pra dar todas as dores de volta. Daí tipo assim, eu sofri duas vezes, né. Que eu já cheguei com dor, já cheguei dilatando pra ter ele, eles cortaram né, eles. Daí depois eles ponharam o soro pra mim ter as dor tudo de novo, daí vinha um em cima da outra, daí foi pior (DIAMANTE).

Para solicitação destas analgesias pela parturiente, é importante lembrar que

esta deve ser embasada em informações que foram expressamente relatadas a ela e

seu acompanhante, vindo a ser realizada apenas após esgotar-se os métodos não

farmacológicos (BRASIL,2017).

Seguindo nesta linha de discussões, Diamante também nos relatou que houve

rompimento artificial de bolsa amniótica (amniotomia). Este procedimento é

contraindicado em casos em que a progressão do parto está acontecendo de forma

satisfatória. Porém, pode ser indicado em casos comprovados de falha de progressão

e as membranas estejam íntegras sendo necessário a explicação do procedimento à

parturiente e seu acompanhante informando que este, poderá atrasar a progressão

do parto em cerca de 60 minutos e também aumentar as dores provenientes das

contrações uterinas (BRASIL, 2017).

[...] foi estourada no hospital, nenhuma estourou assim, por... aí doeu mais, foi os médico que estouraram. A gente fica acho que, transpassada de tanta dor, o que eles vinham fazer a gente acha que não ta sendo ruim né, não, se é pra nascer rápido então, pode fazer. Essa é a desculpa (DIAMANTE).

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No último encontro, a roda de conversa foi iniciada com orientações sobre a

amamentação na primeira hora de vida do recém-nascido.

Ah, eu amamentei só depois. Na hora, não. Que daí na hora, eles... ela recém nasceu, daí eles pegaram, levaram ela pra dentro, né? Pesaram, fizeram o que tinha que fazer. Daí depois de, eu acho que uns 10, 15 minutos, eles trouxeram ela. E daí eu já coloquei ela pra mamar, mas, tipo assim, mãe de primeira viagem não sabe, né? Sofri bastante também. Tive dor, tive sangramento nos peito (DIAMANTE).

Ah, é importante, né? Imagine, o leite materno é o melhor leite que tem

(PÉROLA).

O contato pele a pele de recém-nascido com sua mãe é indicado pela

Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera esta ação como fator protetor

contra a mortalidade neonatal através do estímulo à amamentação imediata após o

nascimento, pois esta, auxilia na colonização intestinal do recém-nascido através de

bactérias encontradas no leite materno que auxiliam a diminuir bactérias gram-

negativas contidas no intestino do bebê, bem como fornece fatores imunológicos

capazes de proteger a criança de várias infecções. Diante disto, o estímulo ao

aleitamento materno torna-se uma estratégia de maior custo-benefício para a melhora

da saúde na infância, mostrando a importância de ser estimulada já na primeira hora

de vida do bebê (Baccolini; et al., 2012).

Partindo para a fase de discussão, observado os dados apresentados

anteriormente, pode-se constatar que há uma grande falha no atendimento básico

ofertado à estas gestantes pois suas falas evidenciaram que não há o conhecimento

necessário destas a respeito de seus direitos, tais deveriam ser abordados durante as

consultas de pré-natal para que possam empoderar-se e receberem um atendimento

de qualidade e humanizado. Também evidencia a necessidade de se estabelecerem

condutas relacionadas à educação dessas mulheres através de grupos de gestantes

onde sejam apresentados temas inerentes à gestação, parto e pós-parto, pois são

muitas as dúvidas que essas mulheres têm neste período, mas muitas vezes nem

imaginam que as têm pelo simples fato de não saberem de sua existência.

Também agregado ao fator de que as mulheres não recebem estas

informações, está o fato de que há uma enorme dificuldade para se formar grupos

para discussão e atividades com essas gestantes. Durante esta pesquisa, vivenciou-

se algumas barreiras referente a participação das mulheres ao grupo. Levando a

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indagações e se mostrando como uma lacuna no conhecimento, sendo necessário

investigação para conhecer os motivos de não aderirem aos grupos mesmo com o

uso de estratégias para atrai-las.

Portanto, fornecer essas informações no âmbito das Unidades de Saúde da

Família durante as consultas de pré-natal, torna-se uma estratégia muito mais

favorável para levar esse conhecimento à estas gestantes, pois somente assim,

poderão empoderar-se e decidir sobre seu corpo e seus filhos.

Ao final dos encontros mediados pela roda de conversa, as gestantes

participantes tinham construído seu plano de parto, a partir da construção deste

instrumento as mesmas foram orientadas a apresentar aos profissionais de saúde que

as acompanham no pré-natal e também a seu familiares para que tenham

conhecimento sobre suas opções de cuidado.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O período gestacional é um momento de grande importância na vida de uma

mulher, bem como o momento do nascimento de seu filho. Suas expectativas para

o parto variam de se ter segurança até o medo do que poderá ocorrer neste

período. Suas dúvidas, medos e inseguranças podem ser amenizados através do

conhecimento, ou seja, por meio da informação. Cabe aos profissionais de saúde

que estarão acompanhando essa mulher responder toda e qualquer dúvida que

esta venha a ter e mesmo que não se sinta a vontade de questionar, cabe a este

profissional instiga-la e informa-la sobre seus direitos apesar de não haver procura.

Isto, pode ser realizado durante suas consultas de pré-natal, momento estratégico

para isso.

Pôde-se observar através da busca bibliográfica que, não existem estudos

recentes sobre o uso do Plano de Parto com as gestantes na região (Sul), muitos

são de outras regiões, com outras realidades, onde o parto natural é mais

frequente. Em nosso estado, não foram encontrados estudos que abordassem o

tema, o que evidencia a necessidade de realizar a presente pesquisa.

Por meio do presente estudo, foi possível conhecer as dificuldades de se formar

grupos de gestantes com as mulheres, porém, foi observado que, a não

valorização de estratégias para gerar informações para estas gestantes também

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está presente no âmbito da saúde básica. Sendo possível confirmar, a hipótese

inicial de que as mulheres não conhecem o Plano de Parto e tampouco sabem

quais os seus direitos diante de atendimentos baseado no modelo biomédico, de

forma padronizada, sendo ignoradas as suas individualidades e necessidades.

Através dos relatos, pôde-se observar a realidade das mulheres que dependem

do atendimento do Sistema Único de Saúde, onde em algumas situações são

julgadas de diversas formas e submetidas a procedimentos dolorosos. A

importância do uso do Plano de Parto como ferramenta para prevenir as violências

obstétricas está relacionada diretamente ao direito dessa mulher de ter voz e ser

ouvida. Através dele, a mulher adquire mais conhecimento, fica mais segura para

esse momento tão especial e importante que é o nascimento de um bebê e cabe

aos profissionais proporcionar a elas essa segurança, devolvendo a elas através

de seu conhecimento científico apenas o que as é de direito.

E isso traz um importante questionamento: Onde está a humanização à

assistência dessas gestantes? Afinal, estamos falando de novas vidas vindo ao

mundo. Como queremos mudar o mundo se não mudamos a forma de nascer?

Portanto, através deste estudo espero ter contribuído para o conhecimento de

mais estudantes, profissionais e da população, mostrando o olhar das gestantes

diante dos questionamentos apresentados. Espero também que através do meu

trabalho eu possa dar continuidade a este estudo futuramente, para que possamos

mudar e melhorar a realidade da assistência às gestantes através de medidas

simples, porém, que somam e contribuem para que isto se torne real.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL. Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005. Altera a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para garantir às parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Do subsistema de acompanhamento durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, Brasília: Presidência da República- Casa Civil, ano 117, 7 abr. 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11108.htm. Acesso em: 11 nov. 2019.

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SILVA D. C.; et al. Perspectiva das puérperas sobre a assistência de enfermagem humanizada no parto normal. Rev. Brasileira de Educação e Saúde- REBES. Pombal, v. 5(2) p. 50-6, jun. 2015. Disponível em: https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/REBES/article/view/3660/3317. Acesso em: 10 abr. 2019.

SILVA, J. C.; et. al. Pesquisa-ação: concepções e aplicabilidade nos estudos em Enfermagem. Rev. Brasileira de Enfermagem- REBEN. Brasília, v. 64(3), p. 593-595, jun. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v64n3/v64n3a26.pdf. Acesso em: 02 mai. 2019.

SUARÉS- CORTÉS, M.; et al. Uso e influência doa Planos de Parto e Nascimento no processo de parto humanizado. Rev. Latino Americana de Enfermagem. [S. l], v. 23(3), p. 520-6, jun. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v23n3/pt_0104-1169-rlae-0067-2583.pdf. Acesso em: 18 abr. 2019.

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SOUZA JÚNIOR, M. B. M.; MELO, M. S. T.; SANTIAGO, M. E. A análise de conteúdo como forma de tratamento dos dados numa Pesquisa Qualitativa em Educação Física Escolar. Rev. de Educação Física da UFRGS- Movimento. Porto Alegre, v. 16(3), p. 31-49, set. 2010. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/11546. Acesso em: 07 mai. 2019.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, p. 21, 2008.

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7. APÊNDICES

APÊNDICE A- CONVITE DIGITAL

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APÊNDICE B- ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Questões norteadoras:

Você já ouviu falar em “Plano de parto”?

Em sua concepção, o que você imagina que seja o “Plano de parto”?

Você sabia que o Plano de parto é um direito de todas as gestantes?

Quais as suas dúvidas sobre os direitos das gestantes?

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APÊNDICE C- ROTEIROS DOS ENCONTROS/ RODA DE CONVERSA

1º ENCONTRO- CONHECENDO O PLANO DE PARTO

O que é o Plano de Parto?

Este consiste em um documento escrito pela própria gestante, onde a mesma após

obter informações sobre a gestação e processo de parto, juntamente com o

profissional responsável pelo pré-natal formulam uma espécie de carta de cunho legal

onde serão descritos os desejos e necessidades particulares da mulher, combinando

com alternativas baseadas na boa prática para um parto em condições normais.

Por que é importante?

A importância do plano de parto é baseada nos princípios bioéticos de autonomia, o

que fortalece a opinião ativa da mulher durante o período gravídico e no parto, também

auxilia na obtenção de informações relevantes relacionadas ao período, auxiliando na

preparação para o momento do parto. Também é uma ferramenta para orientar a

equipe de saúde que irá atender essa mulher no momento do parto alertando os

mesmos sobre os procedimentos que a gestante deseja que sejam ou não realizados.

Quais os benefícios de se elaborar um Plano de Parto?

O Plano de Parto traz muitos benefícios para o momento do parto e pós-parto

imediato, pois, nele a gestante juntamente com sua família e profissional responsável

pelo pré-natal descrevem tudo aquilo que se foi estudado por ela e que lhe chamou

atenção a respeito do que se deve ou não ser realizado durante esse período. Nele,

a mulher pode descrever suas preferências em relação à dieta (alimentação e

hidratação), o acompanhante que prefere durante o período de internamento (direito

garantido pela Lei 11.108, regulamentada pela Portaria do Ministério da Saúde

nº2418, de 2005), posição em que se sente mais confortável para parir, procedimentos

de rotina geralmente realizados em instituições hospitalares por protocolo como, por

exemplo, uso rotineiro de enema (lavagem intestinal com produtos laxantes),

episiotomia (corte em região perineal que atinge camadas de pele, mucosa e músculo,

com intuito de “facilitar” a passagem do bebê), posição litotômica ou supina (decúbito

dorsal ou posição ginecológica) que não favorecem a descida do bebê por questões

de gravidade de acordo com evidências, tricotomia, etc., mas também, pode descrever

ações que auxiliam esse processo, como o de alívio da dor com métodos não

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farmacológicos (massagem ofertada pelo acompanhante como forma de aumentar o

vínculo, aromaterapia, musicoterapia, etc.), -métodos farmacológicos para alívio da

dor também podem ser realizados, desde que a gestante expresse desejo-, corte do

cordão umbilical pelo profissional, acompanhante ou por ela mesma, contato pele a

pele (o que fortalece o vínculo entre mãe e bebê).

Como começar?

1- Primeiramente, devemos iniciar nos apresentando. Ex.: "MEU NOME É... O NOME

DO MEU BEBÊ É... MEU ESPOSO SE CHAMA... (se for o caso).

2- Após, deve-se informar por qual equipe você será acompanhada: Ex.: "serei

acompanhada pela equipe plantonista da maternidade do HUOP" ou com o médico

que irá te acompanhar no hospital de sua preferência também informando qual

hospital será.

3- Informar quais serão as pessoas que irão lhe acompanhar Ex.: "Desejo ser

acompanhada em todos os períodos do meu internamento, sendo meu acompanhante

de escolha no pré-parto, parto e pós-parto, (nome da pessoa/ mãe, esposo, irmã, etc.

Inclusive se o acompanhante for menor de idade, exceto crianças). Sendo esse meu

direito garantido pela Lei Federal nº 11.108/2005.

4- Se você possui filhos e tem desejo de que conheçam o novo irmão, pode escrever

isso no plano de parto também, porém, depende dos protocolos da unidade em que

você será atendida se esse desejo pode ou não vir a se realizar. Ex.: "Desejo se

possível, receber visita dos meus outros filhos após o nascimento do bebê".

2º ENCONTRO- VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

"Entende-se por violência obstétrica a apropriação do corpo e dos processos

reprodutivos das mulheres por profissional de saúde que se expresse por meio de

relações desumanizadoras, de abuso de medicalização e de patologização dos

processos naturais, resultando em perda de autonomia e capacidade de decidir

livremente sobre seu corpo e sexualidade, impactando negativamente na qualidade

de vida das mulheres."

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Exemplos de violência obstétrica:

-Dizeres desrespeitosos. Ex.: "na hora de fazer estava bom, né!? agora aguenta.",

"Para de ser escandalosa". -Ameaças. Ex.: "Se você não parar de gritar eu não venho

mais te atender", "vou te levar pra cesárea".

-Manobras proibidas: episiotomia (corte no períneo) de rotina, manobra de Kristeller

(empurrar a barriga para baixo), toques vaginais em excesso, etc. -Negar alimentação

e/ou hidratação.

-Contensão no leito: amarrar braços ou pernas na maca -Não informar quando uma

medida será tomada, ou realizar um procedimento sem comunicar ou pedir

autorização da gestante.

3º ENCONTRO- GOLDEN HOUR (HORA DE OURO/ AMAMENTAÇÃO)

A amamentação na primeira hora de vida é recomendada pela Organização

Mundial da Saúde (OMS). Essa é uma das estratégias prioritárias para a promoção,

proteção e apoio ao aleitamento materno no País e baseia-se na capacidade de

interação dos recém-nascidos (RN) com suas mães nos primeiros minutos de vida.

Esse contato é importante para o estabelecimento do vínculo mãe-bebê, além de

aumentar a duração do aleitamento materno; a prevalência de aleitamento materno

nos hospitais; e reduzir a mortalidade a neonatal.

As vantagens são inúmeras, tanto para o bebê quanto para a mãe.

Para o bebê, além de afeto, a amamentação assim que nasce o protege de

contra várias infecções, ajuda a regular o sistema imunológico, amadurecimento do

intestino ajudando-o a funcionar de forma eficaz, estimula os movimentos intestinais

para a eliminação rápida do mecônio, ajudando assim na prevenção de icterícia, com

isso, conseguimos reduzir consideravelmente a mortalidade neonatal.

Para a mãe, além de criar um vínculo com seu bebê, a amamentação ajuda

nas contrações uterinas, diminuindo o risco de hemorragia.

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APÊNDICE D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO (TCLE)

Nome da Pesquisa: Construindo Plano de Parto com Gestantes: Pesquisa Ação.

Pesquisador(es): Daisy Cristina Rodrigues e Bruna Kauane Mafei de Oliveira

Objetivos da Pesquisa: Desenvolver com as gestantes atendidas em uma Unidade

de Saúde da Família do município de Cascavel uma proposta de plano de parto.

Prezado (a) participante da pesquisa,

Participação na pesquisa: Você foi escolhido por ser gestante e residir no território

de abrangência da Unidade Saúde da Família selecionada para o estudo. Ao participar

desta pesquisa você será submetido a aplicação de um Entrevista com áudio gravado

e Roda de Conversa. A entrevista será composta de questões relacionadas ao plano

de parto (conhecimento prévio e as dúvidas referentes ao plano de parto). E as

questões que nortearão as rodas de conversa serão elaboradas a partir das dúvidas

sobre o plano de parto, que serão identificas na entrevista. Lembramos que a sua

participação é voluntária, você tem a liberdade de não querer participar, e pode

desistir, em qualquer momento, mesmo após ter iniciado a pesquisa sem nenhum

prejuízo para você.

Riscos e desconfortos: Os procedimentos utilizados (Entrevista com áudio gravado

e Roda de Conversa) poderão trazer algum desconforto como demanda de tempo

para responder. O tipo de procedimento apresenta um risco mínimo de quebra de

confidencialidade que será reduzido pela(o) anonimato dos questionários e avaliação

em grupo das informações. As informações representarão a realidade e opinião de

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um grupo e não de uma pessoa, além disso, todos os cuidados éticos serão tomados

no sentido de preservar privacidade e sigilo das instituições e participantes envolvidos.

Benefícios: Os benefícios esperados com o estudo são no sentido de ampliar os

conhecimentos a respeito do plano de parto. Oportunizam-se as participantes a passar

por momento aonde vão poder expor suas dúvidas que serão, sanadas pelo

pesquisador também podem expor sentimentos com oportunidade de reflexão sobre

o assunto abordado, oferecendo a construção de conhecimento para as participantes

Formas de assistência: Será ofertado apoio e esclarecimentos pelas pesquisadoras

durante a entrevista e roda de conversa.

Confidencialidade: Todas as informações que o (a) Sr. (a) nos fornecer serão

utilizadas somente para esta pesquisa. Seus dados e respostas ficarão em segredo e

seu nome não aparecerá em lugar nenhum dos questionários nem quando os

resultados forem apresentados.

Esclarecimentos: Se tiver alguma dúvida a respeito da pesquisa e/ou dos métodos

utilizados na mesma, pode procurar a qualquer momento o pesquisador responsável.

Nome do pesquisador responsável: Daisy Cristina Rodrigues

Endereço: Rua Barão do Cerro Azul, 834 centro

Telefone para contato: (45) 99812-7982

Horário de atendimento: 8:00 às 22:00

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Se desejar obter informações sobre os seus direitos e os aspectos éticos envolvidos

na pesquisa poderá consultar o Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres

Humanos da Universidade Paranaense (UNIPAR).

Praça Mascarenhas de Moraes, s/n.º - Cx Postal 224 – Umuarama – Paraná – CEP:

87.502-210

Fone / Fax: (44) 3621.2849 – Ramal 1219 e-mail: [email protected]

Ressarcimento das despesas: Caso o (a) Sr. (a) aceite participar da pesquisa, não

receberá nenhuma compensação financeira.

Concordância na participação: Se o (a) Sr. (a) estiver de acordo em participar

deverá preencher e assinar o Termo de Consentimento Pós-esclarecido que se segue,

e receberá uma cópia deste Termo.

CONSENTIMENTO PÓS-INFORMADO

Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o Sr.

(a)_______________________________________________________, portador(a)

da cédula de identidade__________________________, declara que, após leitura

minuciosa do TCLE, teve oportunidade de fazer perguntas, esclarecer dúvidas que

foram devidamente explicadas pelos pesquisadores, ciente dos serviços e

procedimentos aos quais será submetido, e que este consentimento poderá ser

retirado a qualquer momento, que não será identificado e estará mantido o caráter

confidencial das informações relacionadas à privacidade e, não restando quaisquer

dúvidas a respeito do lido e explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO em participar voluntariamente desta pesquisa.

E, por estar de acordo, assina o presente termo.

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Receber resposta a qualquer pergunta e esclarecimento sobre os procedimentos,

riscos, benefícios e outros relacionados à pesquisa;

2- Retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de permitir minha

participação ou de qualquer indivíduo sob minha responsabilidade do estudo;

3- não será identificado e será mantido o caráter confidencial das informações

relacionada à privacidade.

Cascavel, ____ de _____________ de 2019.

_____________________________________

Assinatura do participante/Representante legal

_____________________________

Assinatura do Pesquisador

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QUADRO 1- FALAS DURANTE A ENTREVISTA

Entrevista- Questões

Ametista

Pérola

Quartzo

Esmeralda

Jade

Rubi

Diamante

Safira

Você já ouviu falar sobre o “Plano de Parto”?

“Não, nunca ouvi falar em Plano de parto não.”

“já ouvi falar pelas pessoas, que falam né.”

“numa roda de gestantes, mas também foi só o básico do básico.”

“não, nunca ouvi falar.”

“Não, nunca tinha ouvido falar.”

“não.”

“Na verdade, não.”

“Não, nunca ouvi falar.”

Em sua concepção, o que você imagina que seja o “Plano de parto”?

“ah, eu imagino saber assim como que vai ser o parto né, como que vai ganhar o neném, eu imagino isso.”

“ah, não sei, quando a gente for ter o bebê?

“eu imagino que seja algo pensado pela mãe e pelo seu médico.”

“eu imagino que seja uma coisa pra hora que eu vou ter bebê né.”

“eu imagino ser é, a mesma coisa que parto.”

“Não tenho a mínima ideia, porque eu tento imaginar, mas não sei como é que é não.”

“A preparação antes da criança nascer.”

“Imagino que seja, é, pra, ai, meu fugiu a palavra. Alguma coisa pra hora do parto?”

Você sabia que o Plano de parto é um direito de todas as gestantes?

“Não, não sabia não. Achava que na hora que sente as contrações e vai pro médico e ganha normal ou cesárea né, isso aí.”

“Sim, sabia”

“Não.”

“Eu acho que, acho que não nunca tinha nem pensado sobre isso, porque eu nunca, bom, na verdade eu nem sei o que é isso, então.”

“Não, não sabia.”

“Não sabia.”

“Não, não sabia.”

“Sim, sabia.”

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Quais as suas dúvidas sobre os direitos das gestantes?

“ ah eu que nem minhas duvida assim se pode filmar, se pode gravar na hora do parto que ta ganhando a criança, né se podia gravar que nem pra gente depois vê o vídeo né, e o acompanhante se pode ficar que nem do começo até vim embora, ganhar alta com a criança.”

“Minhas dúvidas é se pode levar acompanhante, marido ou a mãe, ou alguém responsável, assim.”

“Eu quero saber se é obrigatório mesmo ter uma pessoa comigo na hora do meu bebê nascer.”

“Então, eu queria saber se é possível agora o, o o pai do do bebê ficar tipo como acompanhante no no no hospital, ou se tem que ser apenas é femi, uma uma figura feminina. E criança pode entrar pra visitar o tipo o irmãozinho alguma coisa assim ou é só tipo se for pago pra poder entrar. E sobre a laqueadura, é possível eu conseguir fazer tipo conseguir na

“É na hora do parto, eu tenho é, posso ter um acompanhante e qual que é os direito assim na escola assim, que eu sou estudante.”

“Nenhuma, tenho uma dúvida, nenhuma, acredito que vai ser do mesmo jeito, que foi os outro.”

“Nenhuma, na verdade, dúvida eu não tenho nenhuma.”

“Minha dúvida é se na hora do parto, tipo, eu sou obrigada a receber soro, essas coisa, né. E tamém questão de, do pai ficar lá junto comigo.”

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hora do parto eu já fazer a laqueadura ou eu preciso esperar? Porque eu não consegui agora por eu ter é uma cesárea só né, aí ela falou pra mim que se eu tivesse mais que uma cesárea era possível eu fazer, aí eu queria saber, eu fazendo a cesárea agora, será que vai ser possível eu fazer?”

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ANEXO A- MODELO PLANO DE PARTO

Meu Plano de Parto

Dados iniciais

Meu nome é: _____________________________________________________

Nome do meu bebê: _______________________________________________

Data provável do parto (40 semanas): _________________________________

Meu parto será acompanhado por:

( ) Meu médico obstetra contratado: ___________________________________

( ) Enfermeira obstetra/obstetriz contratada: ____________________________

( ) Pediatra contratado: ____________________________________________

( ) Equipe plantonista da Maternidade: _________________________________

Hospital de escolha: _______________________________________________

Terei o apoio das seguintes pessoas:

Meu acompanhante de escolha no parto (garantido pela Lei Federal 11.108) será: ___________________________________________________________

Minha doula será: _________________________________________________

Gostaríamos de ter a visita dos nossos outros filhos:

( ) durante o trabalho de parto

( ) depois do nascimento do bebê

( ) em nenhum momento

Estamos frequentando ou pretendemos frequentar os seguintes cursos:

( ) curso de pré-natal da maternidade

( ) curso de pré-natal oferecido por ____________________________________

( ) grupo de gestantes / grupos de apoio ao parto _________________________

( ) yoga pré-natal ou preparação corporal

( ) visita ao hospital

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Condução no Parto e Pós-Parto

Estamos cientes de que o parto pode tomar diferentes rumos. Abaixo listamos nossas

preferências em relação ao parto e nascimento do nosso filho, caso tudo transcorra

bem. Sempre que os planos não puderem ser seguidos, gostaríamos de ser

previamente avisados e consultados a respeito das alternativas.

Trabalho de parto (fase latente e ativa):

( ) Não quero tricotomia (raspagem dos pelos pubianos) e enema (lavagem

intestinal);

( ) Gostaria de usar minhas próprias roupas e não avental do hospital;

( ) Sem perfusão de soro com ocitocina ou outros hormônios;

( ) Liberdade de alimentar-me e beber líquidos;

( ) Sem rompimento artificial da bolsa amniótica;

( ) Gostaria de ter o menor número de exames de toque possíveis;

( ) Gostaria que a monitoração dos batimentos cardíacos do bebê fosse feito com

frequência adequada e preferencialmente na posição que eu estiver, pois sei que

deitar de barriga para cima para ser avaliada não será uma posição muito confortável

para mim.

Para alívio da dor: As medidas abaixo são comprovadamente eficazes para o alívio da dor, portanto gostaria de:

( ) usar medidas de apoio e de conforto dadas pela pessoa de apoio (doula, enfermeira, acompanhante), entre elas:( ) uso do chuveiro

( ) caminhar

( ) massagem

( ) bolsa de água quente na lombar ou baixo ventre

( ) liberdade para movimentar-me

( ) ouvir a minha própria música

( ) uso da banheira (banho de imersão)

( ) escolher posição que quero ficar

( ) usar a bola de parto

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( ) usar analgesia farmacológica adicionalmente às medidas de apoio e de conforto

( ) preferencialmente não usar analgesia farmacológica. Pedirei se sentir necessidade.

( ) outras medidas: _____________________________________________ Parto (fase expulsiva e nascimento do bebê):

( ) Não gostaria de mudar de sala (ir para o centro cirúrgico) para o bebê nascer;

( ) Prefiro a posição vertical: ficar de cócoras, na banqueta de parto ou

semissentada (costas apoiadas), tendo a possibilidade de escolher a posição que me

sentir melhor no momento;

( ) Se deitada não colocar minhas pernas nas perneiras;

( ) Prefiro fazer força só durante as contrações, quando eu sentir vontade, em

vez de ser guiada;

( ) Gostaria de um ambiente especialmente calmo nesta hora;

( ) Não permito que minha barriga seja empurrada para baixo;

( ) Episiotomia: só se for realmente necessário. Não gostaria que fosse uma

intervenção de rotina;

( ) Gostaria que as luzes fossem apagadas (penumbra) e o ar condicionado

desligado na hora do nascimento;

( ) Gostaria que meu bebe nascesse em ambiente calmo e silencioso;

( ) Gostaria de ter meu bebe colocado imediatamente no meu colo após o parto

no contato pele a pele, com liberdade para amamentar;

( ) Quero que se espere o cordão parar de pulsar para só depois ser cortado

( ) Gostaria que o pai cortasse o cordão.

Após o Parto

Cuidados comigo:

( ) Aguardar a expulsão espontânea da placenta, ou ter o manejo ativo se

necessário, se possível com o auxílio da amamentação;

( ) Não receber sedação após o parto;

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( ) Liberação para o apartamento o quanto antes com o bebê junto comigo. Quero

estar ao seu lado nas primeiras horas de vida;

( ) Alta hospitalar o quanto antes.

Cuidados com o bebê:

( ) CREDÊ (colírio de nitrato de prata): como meus exames forma negativos para

gonorreia e clamídia, não gostaria que meu bebê recebesse o colírio. Caso

necessário, somente após algumas horas de contato comigo;

( ) Administração de vitamina K injetável (eficaz para evitar doença hemorrágica

do recém-nascido) preferencialmente no meu colo;

( ) Administração da vacina da hepatite B preferencialmente no meu colo;

( ) Ter o bebê comigo o tempo todo enquanto eu estiver na sala de parto, mesmo

para exames e avaliação;

( ) Caso o bebê precise de atendimento e seja levado, o pai deverá acompanha-

lo o tempo todo

Primeiro BANHO do bebê:

( ) não gostaria que meu bebê tomasse banho no hospital, o darei em casa.

( ) eu darei o banho no quarto, conto com o apoio de uma enfermeira.

( ) prefiro que a enfermagem dê o banho no berçário.

( ) gostaria de fazer as trocas (ou eu ou meu marido/acompanhante).

Amamentação e alojamento conjunto:

( ) quero fazer a amamentação sob livre demanda.

( ) em hipótese alguma, oferecer água glicosada, bicos ou qualquer outra coisa ao

bebê.

( ) alojamento conjunto o tempo todo. Pedirei caso esteja muito cansada ou necessite

de ajuda.

Caso a cesárea seja necessária:

▪ Quero o início do trabalho de parto antes de se resolver pela cesárea;

▪ Quero a presença do meu acompanhante na sala de parto;

▪ Gostaria que as luzes e ruídos fossem reduzidas e o ar condicionado desligado;

( ) Na hora do nascimento gostaria que o campo fosse abaixado para que eu

possa vê-lo nascer e se possível passar o bebê por debaixo do campo;

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( ) Após o nascimento, gostaria que colocassem o bebê sobre meu peito no

contato PELE a PELE e que minhas mãos estejam livres para segura-lo;

( ) Gostaria de permanecer com o bebe no contato PELE a PELE enquanto

estiver na sala de cirurgia sendo costurada;

▪ Também gostaria de tentar amamentar o bebê com a ajuda de um profissional

neste momento;

▪ Não quero ser sedada após a cesárea;

▪ Gostaria que meu bebê e meu acompanhante estivessem comigo na

recuperação cirúrgica;

▪ Não ter meu bebê levado para o berçário;

▪ Ter alojamento conjunto o quanto antes.

Plano de Parto inspirado no guia “Assistência ao Parto Normal: um guia prático”, da Organização

Mundial de Saúde – 2000 e no livro “Parto Normal ou Cesárea: tudo o que as mulheres deveriam saber”

da Ana Cris Duarte e Simone Grilo Diniz – Ed. Unesp – 200