UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA MULTICAMPI DE CIÊNCIAS MÉDICAS DO RN

PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM ATENÇÃO BÁSICA

DANDARA HENRIQUES COSTA DA SILVA

A perspectiva dos profissionais de saúde sobre os desafios da implantação e

manutenção das Práticas Integrativas e Complementares no âmbito da

Saúde Mental

CAICÓ/RN

2019

DANDARA HENRIQUES COSTA DA SILVA

A perspectiva dos profissionais de saúde sobre os desafios da implantação e

manutenção das Práticas Integrativas e Complementares no âmbito da

Saúde Mental

Trabalho de conclusão de Residência

apresentado à Residência Multiprofissional em

Atenção Básica da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito parcial para

obtenção de título de especialista em Atenção

Básica.

Orientadora: Profa. Dra. Cristiane Spadacio

CAICÓ/RN

2019

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________

Prof. Drª. Cristiane Spadacio

Orientadora

Prof. Drª. Raquel Littério de Bastos

Escola Multicampi de Ciências Médicas do Rio Grande do Norte (EMCM-UFRN)

Membro

______________________________________________________

Prof. Me. Lizie Emanuele Eulálio

Escola Multicampi de Ciências Médicas do Rio Grande do Norte (EMCM-UFRN)

Membro

Prof Me. Sebastião Pacheco Duque Neto

Escola Multicampi de Ciências Médicas do Rio Grande do Norte (EMCM-UFRN)

Membro

RESUMO

A presente pesquisa traz um compilado de resultados sobre a aplicação das Práticas integrativas

e complementares na Saúde mental, expondo as dificuldades e facilidades destas, em especial,

em um serviço de atenção psicossocial do município de Currais Novos. A pesquisa objetivou

descrever os desafios de implantação e manutenção das Práticas integrativas e complementares

no âmbito da Saúde Mental a partir da perspectiva dos profissionais de saúde. A metodologia

utilizada foi uma abordagem qualitativa com análise de conteúdo a partir da dados coletados

em entrevista semiestruturada com dois (02) profissionais percursores e que estão à frente das

Práticas Integrativas e complementares em Currais Novos. Os resultados encontrados

demonstram a necessidade de vencer obstáculos para uma maior visibilidade e efetividade das

PICS, pois, apesar da importância, estas ainda encontram entraves na gestão, nos recursos e na

falta de conhecimento de alguns profissionais, tornando insuficiente o número de praticantes

das terapias.

Palavras-chave: Terapias Alternativas. Saúde Mental. Atenção psicossocial

ABSTRACT

This research intend to bring results about the application of integrative and complementary

practices in mental health, exposing difficulties and facilities, especially in a psychosocial care

service of the city of Currais Novos, RN. The research aimed to describe the challenges of

implementation and maintenance of integrative and complementary practices in the field of

mental health from the perspective of health professionals. The methodology used was a

qualitative approach with content analysis based on data collected in a semi-structured

interview with two (02) precursor professionals who are ahead of the Integrative and

complementary Practices in Currais Novos. The methodology used was a qualitative approach

with content analysis based on data collected in a semi-structured interview with two (02)

precursor professionals who are ahead of the Integrative and complementary Practices in

Currais Novos.

Key-words: Complementary and alternative therapies. Mental health service. Mental heath

attention.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 07

1.1 Objetivos................................................................................................................ 10

1.2 Aspectos Metodológicos........................................................................................ 10

1.2.1 Descrição do tipo da Pesquisa............................................................................. 10

1.2.2 Procedimentos de obtenção de dados.................................................................. 11

1.2.3 Análise de dados.................................................................................................. 11

1.2.4 Aspectos Éticos................................................................................................. 11

2 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 12

3 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 17

REFERENCIAS ......................................................................................................... 18

ANEXO A - Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) ............................ 20

APÊNDICE 1 - Roteiro da Entrevista ........................................................................ 22

7

1 INTRODUÇÃO

A má qualidade da assistência aos portadores de doenças mentais, superlotações

das instituições psiquiátricas, comercialização da loucura e cronificação do doente

mental, foram fatos que marcaram, até a década de 1970, a assistência psiquiátrica no

Brasil (LUZ, 2005).

No intuído de denunciar tal situação e melhorar a qualidade da assistência,

surgiram no final da década de 1970 do século passado movimentos que tiveram como

atores centrais os trabalhadores, incluindo Gestores, pesquisadores e usuários. Este

referido movimento serviu de base para surgirem discursões sobre a assistência

psiquiátrica; com isso outras esferas sociais, como os familiares de doentes mentais,

aderiram ao movimento em prol de uma assistência mais humana e longe do modelo

ultrapassado e hospitalocêntrico (VILLELA; SCATENA, 2004).

A reforma psiquiátrica brasileira é um movimento histórico, político e social

fomentada por grupos dominantes, onde teve seus marcos de mudanças com as

conferências nacionais de saúde ocorridas. O modelo manicomial começou a ser deixado

de lado com a 8ª Conferência Nacional de Saúde (1986) e na 2ª Conferência Nacional de

Saúde Mental (1992), obtendo teve seu ápice na 3ª Conferência Nacional de Saúde Mental

(2001) (VILLELA; SCATENA, 2004).

Na 8ª Conferência Nacional De Saúde formalizou-se o princípio doutrinário

constitucional do Sistema Único de Saúde (SUS), a integralidade do cuidado, sendo

diretriz norteadora para a abertura das práticas integrativas e complementares no país,

como forma do cuidado holístico e integral.

Estes marcos foram propulsores para deflagrar as mudanças ocorridas, de forma

que passaram a privilegiar os serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico como, por

exemplo, foram implantados os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), focando na

integralidade do paciente. A reforma deu origem a serviços como oficinas terapêuticas,

residências terapêuticas, como também, leitos foram ativados em hospitais gerais (LUZ,

2005).

Com isso houve uma grande evolução, principalmente devido ao processo de

desinstitucionalização. A atenção não era mais voltada somente para doença, mas para

um processo de readaptação social do paciente. Essa nova visão deixa em segundo plano

a internação e a medicalização, levando a pensar em um tratamento alternativo que foque

no bem-estar psíquico e social do indivíduo (LUZ, 2005).

8

Assim, a saúde mental no Brasil vem se desenvolvendo com contradições

históricas e epistemológicas inerentes. Apesar dos inegáveis avanços frente à tese

psiquiatrizante (SCHNEIDER 2015), e a reorganização do modelo assistencial em saúde

mental, é evidente a importância de mudanças que devem ocorrer quanto à doença mental,

nas quais os profissionais devem ter novas atitudes com os doentes psiquiátricos,

adaptando-se às novas concepções, pautando a assistência em uma perspectiva de

cidadania, ética e humanização, em que se configura a necessidade de um trabalho

interdisciplinar, montando um planejamento de cuidar onde haja integração entre seus

membros (VILLELA; SCATENA, 2004).

Corroborando com esta nova estratégia de tratamento, ressaltam-se as práticas

integrativas e complementares como meios de tratar enfermidades, sejam elas mentais ou

não. Entretanto, no campo da saúde mental são amplamente utilizadas devido ao seu custo

benefício e à eficácia das técnicas. As práticas integrativas auxiliam e complementam os

outros tratamentos, podendo ser cumulado com o medicamentoso, tornando mais

eficiente e alcançando o resultado desejado (TROVÓ; SILVA, 2002).

Cabe ainda salientar que, atualmente, a assistência à saúde é realizada em um

modelo de Rede, interligada e conectada com os diversos pontos de atenção, tendo como

uma das suas redes prioritárias a Rede de atenção psicossocial – RAPS, representando

um avanço ao cuidado do usuário mental, pois esta nova formação da assistência reforça

o cuidado integral.

Atualmente existem várias terapias complementares, cada uma com sua

abordagem e peculiaridade.

Estas terapias incluem o uso de florais, a massagem, o reiki, a aromaterapia, a

reflexoterapia, a fitoterapia, o toque terapêutico, dentre outras, que se

caracterizam por intervenções não invasivas, ausência de efeitos colaterais

prejudiciais, e por uma importante ação preventiva de desequilíbrio nos níveis

físicos, mental e emocional, além de poderem ser usadas concomitantemente

a outros tratamentos (TSUCHIYA; NASCIMENTO, 2002, p. 38).

Alguns estudiosos no tema, como Barbosa (1994) e Hill (2003), agrupam as

terapias complementares em:

• Terapias físicas: acupuntura, moxabustão, shiatsu (e outras massagens), do-in,

argiloterapia, cristais.

• Hidroterapia: hidroterapia (não especificada), banhos, vaporização e sauna.

• Fitoterapia: fitoterapia (não especificada), ervas medicinais, florais.

9

• Nutrição: nutrição alternativa (não especificada), terapêutica nutricional

ortomolecular. Ondas, radiações e vibrações: radiestesia, radiônica.

• Terapias mentais e espirituais: meditação, relaxamento psicomuscular,

cromoterapia, toque terapêutico, visualização, Reich.

• Terapia de exercícios individuais: biodança, vitalização.

No Brasil a terminologia PICS foi adotada pelo Ministério da Saúde,

englobando as terapias ditas complementares, como as médicas vitalistas, estas

práticas estão cada vez mais perto do usuário através do SUS, e, como também,

pela PNPIC – Politica Nacional de Práticas Integrativas e Complementares.

(NASCIMENTO et al, 2012)

Englobando, além das tradicionais Acunputura, Homeopatia e

Fitoterapia, as práticas corporais e psicocorporais como: tai chi chuan, lian

gong, lian kun, chi gong, do-in, tui-na, ioga, reiki, meditação, terapia

comunitária, biodança, osteopatia, termalismo/crenoterapia, que vem crescendo

gradualmente. (NASCIMENTO et al, 2012)

O crescente interesse pelo uso de terapias/complementares, na assistência

à saúde, deve-se a vários fatores, tais como:

Preço elevado da assistência medica privada, associada ao alto custo dos

medicamentos, além da precariedade da assistência prestada pelos serviços

públicos em geral; Verifica-se, na maioria das vezes que as terapias

alternativas são tão eficazes como a terapêutica cientifica, além do que, se

corretamente utilizadas, não ocasionam efeitos colaterais danosos ao

organismo, embora seu mecanismo não esteja totalmente esclarecido; A um

certo ressentimento com a ciência oficial, visto que ela não consegue realizar

o sonho de felicidade do ser humano (TROVÓ; SILVA, 2002, p. 82).

Neste contexto surgiu o interesse em escrever esta pesquisa, com a finalidade de

expor a relevância das Práticas integrativas e complementares na saúde mental, em

especial em um serviço de atenção psicossocial, elencando os principais desafios para a

implantação destas, tendo em vista que o enfermo mental necessita de cuidados mais

abrangentes, evidenciando seus medos, angustias, traumas, seu convívio social, o

histórico familiar; todas essas análises dão suporte para uma forma de cuidar holística e

completa.

Esta pesquisa estar inserida no contexto da residência multiprofissional em

atenção básica da EMCM; o município de Currais Novos - RN oferta dispositivos de

10

saúde para serem cenários de práticas. A cidade conta com 01 CAPS, na categoria II,

atendendo usuários de transtornos Mentais e Álcool e outras drogas.

Ainda existe como suporte no município o espaço TERAPICS, que oferta aos

usuários algumas PICS, atendendo pessoas com transtorno mental e outras patologias

clinicas, sendo considerado uma extensão do CAPS, uma vez que alguns usuários são

tratados concomitantemente nos dois espaços.

Todos os aspectos éticos foram seguidos conforme a resolução 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde (CNS). O projeto foi submetido ao Comitê de Ética e

Pesquisa da Faculdade de Ciências do Traíri (FACISA/UFRN), gerando parecer de

aprovação n 3.348.941.

1.1 Objetivos

Objetivo geral

Descrever os desafios de implantação e manutenção das Práticas integrativas e

complementares no âmbito da Saúde Mental a partir da perspectiva dos profissionais de

saúde.

Objetivos específicos

1. Identificar os aspectos positivos e negativos na implantação das terapias

2. Analisar como se deu a implantação das PICS no Centro de atenção psicossocial em

Currais Novos.

3. Avaliar a perspectiva dos profissionais acerca do processo de implantação, formas de

manutenção e desafios.

1.2 Aspectos Metodológicos

1.2.1 Descrição do tipo de pesquisa

A Pesquisa será realizada com uma abordagem qualitativa a partir da dados

coletados em entrevista semiestruturada com os profissionais que estão à frente das

Práticas Integrativas e complementares no município de Currais Novos.

11

Na pesquisa qualitativa, pressupõe-se que:

Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o

porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os

valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados

analisados são não-métricos (suscitados e de interação) e se valem de

diferentes abordagens (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 32).

1.2.2 Procedimentos de obtenção dos dados

Os dados foram obtidos através de uma entrevista semiestruturada a partir de um

roteiro (APÊNDICE 1) com dois profissionais percussores do espaço TERAPICS em

Currais Novos no qual realizam atendimentos alternativos com as PICS de maneira geral

e, paralelamente, no centro de Assistência Psicossocial – CAPS, sendo esta a abordagem

da pesquisa.

Em um primeiro momento foram entrevistados seguindo o roteiro com

questionamentos e suas falas serão gravadas, posteriormente as respostas foram

transcritas e realizada uma análise de conteúdo, a partir das questões norteadoras do

roteiro de pesquisa e correlacionando com a literatura encontrada sobre os conteúdos

levantados para análise.

Em uma entrevista semiestruturada há necessidade de formulação de perguntas

básicas para guiar o pesquisador, com as quais fará comparação com a teoria do tema da

pesquisa, pois as falas dos informantes gerariam frutos para novas hipóteses. (MANZINI,

1990\1991, p.154).

A vantagem deste tipo de entrevista é conhecer a fundo o assunto discutido, uma

vez que o informante se sente mais à vontade para falar com propriedade sua experiencia

com riqueza de detalhes, diferente de um questionário escrito com perguntas fechadas,

onde as impressões subjetivas, por vezes, são omitidas. (BONI; QUARESMA, 2005, p.

74)

1.2.3 Análise dos dados

As entrevistas foram transcritas e analisadas mediante análise de conteúdo a partir

das questões discutidas com o roteiro de entrevista. Segundo Minayo (1992), a fase de

análise de dados possui três finalidades, a começar pela compreensão dos dados coletados

gerando respostas as perguntas formuladas e confirmando ou não os pressupostos da

12

pesquisa, encerrando esse momento da pesquisa com a ampliação do conhecimento sobre

o assunto pesquisado.

1.2.4 Aspectos éticos

Por se tratar de pesquisa envolvendo seres humanos, a pesquisa será norteada a

partir de normas e diretrizes que obedecem a resolução 466\12, publicado dia 13 de junho

de 2013 na edição 112 do Diário oficial da União (DOU), a qual incorpora os referenciais

básicos da bioética, bem como os princípios éticos da autonomia, não maleficência,

beneficência e justiça. (BRASIL,2013)

Foram garantidos todos os esclarecimentos necessários, bem como, absoluto

sigilo das informações obtidas durante as etapas. O participante assinou o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO A), contendo as principais

informações referentes á pesquisa. O projeto de pesquisa foi aprovado gerando parecer

de aprovação n 3.348.941.

2. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir da coleta das entrevistas das duas profissionais foram realizadas as

transcrições dos áudios pela pesquisadora. A transcrição é um momento importante no

desenvolvimento da pesquisa, especialmente na fase de análise do material coletado,

sendo uma experiência ímpar para o pesquisador, pois este tem a oportunidade de fazer

uma pré-análise no momento das transcrições, conhecendo com mais rigor o conteúdo

textual das falas dos entrevistados (Manzini, 2006). É um impregnar-se do material de

pesquisa, algo que só a transcrição propicia, no sentido de que o pesquisador, além de

rememorar vividamente a entrevista, já começa a estabelecer as primeiras conexões

analíticas.

Com os dados obtidos e primeiramente fazendo uma análise mais estruturada e

institucional dos sujeitos da pesquisa, observa-se que os profissionais entrevistados, uma

Terapeuta Holística, outra Psicóloga, lidam com as Terapias no Centro de Atenção

Psicossocial – CAPS há pelo menos 02 anos, sendo o maior campo de atuação delas

atualmente, porém ambas já exerceram anteriormente as PICS em outros espaços do

município, como no espaço TERAPICS.

13

O espaço TERAPICS é um local fornecido pelo município de Currais Novos, onde

são realizados atendimentos com o uso das Práticas Integrativas com os usuários

encaminhados, de forma abrangente seja qual for a queixa, não restringindo só aos

problemas mentais.

As PICS mais aplicadas no serviço em apreço são Auriculoterapia e Meditação,

com ênfase na primeira, pois é a mais mencionada em ambas entrevistas, tendo maior

aceitação entre usuários e familiares, e uma maior aplicabilidade, até pela questão de

disponibilidade de materiais.

“Meditação, Auriculoterapia, Massagem que a Entrevistada 02 faz, não

sei se ela faz Reiki aqui, não sei, mas de certeza é Auriculo e a

meditação.” (Entrevistada 01)

“(...) a auriculo é muito bem aceita, para questão da compulsão, questão

da abstinência, eles gostam muito, é bem aceita a auriculo.”

(entrevistada 01)

Essa experiência do caso em questão assemelha-se com a magnitude que vem

tomando a Acupuntura, onde a auriculoterapia é inserida, se destacando por diversas

vezes das demais práticas, pois vem sendo amplamente divulgada e praticada.

(MEDONÇA,2008)

Nessa vertente Medonça (2008) expõe que a acupuntura é muito utilizada para

problemas de dores crônicas, além de ter bastante indicação para transtornos mentais, em

especial para quadros de estresses e ansiedade, uma vez que os pontos utilizados pela

acupuntura ativam os canais de energia, desobstruindo fluxos energéticos, promovendo o

equilíbrio corporal e bem-estar psíquico (MEDONÇA, 2008).

De acordo com Kidson (2006), o tratamento por acupuntura foca nos meridianos

afetados, e nas partes do organismo que correspondem a estes, com o objetivo de

desobstruir o fluxo de energia que se manifesta, em forma de doença. O ponto de cada

meridiano tem funções especificas em relação a transferência de energia.

Mesmo com a grande expansão da Acupuntura ainda se observa pelas entrevistas

coletadas a carência de visibilidade das PICS de uma maneira geral, necessitando de um

maior aprimoramento, inclusive nos locais onde já são exercidas, para que todos os

profissionais falem a mesma língua e possam propagar de forma confiante a atuação

destas.

Há, contudo, uma questão Política de base, em que temos uma Política Nacional

de Práticas Integrativas e complementares sem recursos específicos para sua

14

operacionalização, além de poucos centros de formação desses profissionais, que sejam

públicos e com orientação para atuação no SUS. Nas faculdades da área da saúde, é sabido

que muitos graduandos estão sendo formados centrados no modelo biomédico por

omissão das academias de graduação, gerando profissionais que desacreditam das

técnicas por falta de um maior conhecimento, sendo um dos fatores o que dificulta a

efetivação. (TESSER; CARVALHO; NASCIMENTO, 2017.)

Neste sentido as PICs merecem amplo estudo, para uma maior efetividade tem

que construir a base em cursos de graduação se estendendo até a pós graduação, ofertando

capacitações práticas para quem esboçar interesse, em contrapartida a tudo isso, são

necessárias políticas educacionais , tendo em vista a escassez de conteúdo que ainda se

encontra nas faculdades.(TESSER; CARVALHO; NASCIMENTO, 2017.)

2.1 Implementação e implantação das PICS: aspectos facilitadores e dificultadores

A implementação das PICS no CAPS se deu com uma profissional que atualmente

não faz mais parte do quadro, em 2012 com Auriculoterapia. Foi relatada em uma das

entrevistas a grande aceitação dos usuários, e externado ainda que paralelamente eram

realizados relaxamento e meditação.

“ As PICS em Currais Novos começou no CAPS com uma profissional

que era Terapeuta Ocupacional, em 2012 ela começou a trabalhar aqui

no CAPS, ela trouxe a auriculo, ai ela começou a trabalhar com auriculo

e os pacientes gostaram muito, tiveram bons resultados e começou ter

aceitação muito boa e enquanto isso fomos trabalhando com meditação,

primeiro fazia só relaxamento e ai quando ela começou com Auriculo

eu passei a fazer meditação também, mudando um pouco do

relaxamento para meditação, eles gostam, melhorou muito,

principalmente a auriculo eles gostam muito, procuram, é muito bem

aceita.”(Entrevistada 01)

A entrevistada 02 traz como mola propulsora para implantação das PICS, a

iniciativa de uma gestora que passou pelo município, relatando que a mesma conhecia as

práticas e esboçava interesse em difundi-las a nível municipal e, a partir dessa iniciativa

começaram as conversas informais entre os profissionais interessados para implantá-las.

Há, nesse sentido, aspectos relacionados a interesses individuais de profissionais e

gestores para que as PICs se operacionalizasse no serviço.

No desenrolar das entrevistas, as entrevistadas foram indagadas sobre as

facilidades e dificuldades no processo de implementação das PICS, ambas responderam

15

na mesma linha, externando como dificuldade a falta de apoio da gestão e incentivo

financeiro, especialmente na aquisição de materiais que muitas vezes advém de recursos

próprios.

“As dificuldades encontradas que existe até hoje são os recursos.

Infelizmente ainda falta muita coisa, é um serviço que faz um bem

enorme a população, mas ainda tem que crescer muito, tem que redigir

a política, muito caminho para oficializar e seguir.” (Entrevistada 02)

Quanto às facilidades encontradas as profissionais elencam o interesse dos

profissionais em disseminar e efetivar as práticas, usando recursos próprios, indo atrás de

projetos que possam gerar verba para compra de materiais. Outra facilidade elencada foi

a divulgação positiva que os usuários fazem para o resto da população, além da baixa

contraindicação e baixo custo, ou seja, não tem tantos obstáculos para uma pessoa pode

fazer uso das PICS.

“A facilidade que eu vejo foi ter esse apoio dessa pessoa que, na verdade

dos profissionais, não vou dizer só da gestão não, da secretária não ,

mas de ter um grupo que se identificou com esse trabalho, que conhece

as práticas integrativas e que tem um benefício tão grande na vida das

pessoas né? E um custo baixo, contraindicação baixa também, tudo isso

foi uma luz para Currais Novos. “ (Entrevistada 02)

Corroborando com este pensamento, a Organização mundial de Saúde (OMS)

reconhece estas práticas alternativas como meios de tratar diversas enfermidades com

menor custo, tornando de fundamental importância a inserção delas na atenção básica,

desonerando assim os gastos com psicotrópicos. (BRASIL, 2002).

2.2 O papel da gestão

Não obstante vale ressaltar o papel da gestão, tendo em vista que as entrevistas,

evidenciaram em alguns momentos a angustia das profissionais devido a omissão dos

gestores, não apenas os atuais, mas de maneira geral, sendo um vício que vem

perpassando por todas as gestões.

“Falta uma maior divulgação, falta incentivo.” (entrevistada 02)

“As dificuldades encontradas que existe até hoje são os recursos.”

(entrevistada 02)

16

Sendo de fundamental importância para alavancar as PICS, a coparticipação da

gestão nesse processo de implantação e implementação, tendo em vista que é uma das

bases para efetivação nos serviços, seja em nível federal com a estruturação da Política

Nacional, seja em nível Municipal com a efetivação desta e disseminação nos diversos

pontos da Rede de Atenção à Saúde.

Neste seguimento CARVALHO e NOBREGA (2017) enfatizam a problemática

do papel da gestão, externando a dificuldade que os gestores encontram na inserção das

PICS no serviço, uma vez que os recursos humanos e financeiros são insuficientes,

faltando profissionais capacitados e financiamentos.

Corroborando com esse pensamento TESSER, SILVA e LIMA (2014) afirmam

outras dificuldades para esta inserção, como a falta de produção cientifica na área, sendo

insuficientes para enaltecer a importância, elencando ainda a lenta expansão das Práticas

Integrativas e Complementares, deixando vago os saberes sobre formas de aplicá-las e

organizá-las no SUS.

2.3 Importância das PICS

Ao final das entrevistas foi solicitado pela pesquisadora que as profissionais

fizessem algumas considerações finais. Ambas enalteceram a importância das PICS no

âmbito da Saúde Mental e, inclusive, foi dado exemplo de um fato concreto de melhoria

em paciente com uso das práticas, que se mostrou bastante significativo e motivador por

parte das duas entrevistadas:

“É o que eu posso dizer é que com esse trabalho que a gente realiza e

vem realizando desde 2017, a gente vem vendo resposta positiva,

principalmente, na saúde mental, casos de depressão e ansiedade é um

número significativo, assim imenso. Dou muito como exemplo e cito

uma usuária que, não era CAPS, mas era da saúde mental e passou a se

tratar com o psiquiatra, com 03 meses mais ou menos de tratamento,

foi encaminhada para PICS e com 06 meses de tratamento, ou seja 06

de psiquiatria e 03 de PICS, ela já começou a reduzir e fazer desmame

de medicação, então isso para mim é um presente.” (Entrevistada 02).

Vale salientar que foi relatado ainda as patologias mentais que mais surtem efeito

com uso das PICS, como a depressão e ansiedade, onde um número considerável de

pacientes tem melhorado com uso, em contrapartida reafirmam ao final a extrema

necessidade de incentivos nesta área.

17

As PICS estabelecem um empoderamento do sujeito, fazendo com que ganhe

autonomia no seu cuidado, mudando a vida cotidiana, gerando assim impacto no processo

saúde – doença, sendo um recurso promotor da saúde, por isso a grande necessidade de

vencer os desafios da aplicação destas práticas. (LIMA; SILVA; TESSER. 2013)

3. CONCLUSÃO

Diante do exposto na pesquisa, nota-se a importância das PICS na Saúde Mental,

com boa aceitação pelos usuários, familiares, como também o interesse em alguns

profissionais em difundi-las, apesar do trabalho trazer uma experiencia local em um dado

munícipio, o estudo serve como base para as demais experiências.

Entretanto ainda há obstáculos que precisam ser vencidos, como a ampliação da

atuação da gestão nesta área, meios de recursos para financiar as PICS, salientando

também a inserção de cadeira nas academias de graduação para aumentar o número de

profissionais com conhecimento para praticar efetivamente estas terapias, visto que o

interesse maior surge na graduação com a abordagem que é dada a disciplina.

18

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2002.

TROVÓ, M.M; SILVA, M.E. Terapias alternativas / complementares a visão do

graduando de enfermagem. Rev. Esc. Enferm.: LISP, vol. 36, p. 80-87, 2002.

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ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Escola Multicampi de Ciências Médicas

Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

(Para maiores de 18 anos)

Esclarecimentos,

Você está sendo convidado a participar da pesquisa “A perspectiva dos

profissionais de saúde sobre os desafios da implantação e manutenção das

PICS na APS no âmbito da Saúde Mental” do Programa de Residência

Multiprofissional em Atenção Básica, sob a responsabilidade da pesquisadora

Dandara Henriques Costa da Silva, Enfermeira residente, como Trabalho de

Conclusão de Residência.

A pesquisa tem como objetivo descrever os desafios de

implantação e manutenção das Práticas integrativas e complementares na

Atenção Primaria a saúde no âmbito da Saúde Mental a partir da perspectiva dos

profissionais de saúde. Será realizada através de entrevistas individuais por

meio de roteiro semiestruturado no Centro de Atenção Psicosocial - CAPS, em

dia e horário combinado com o entrevistado, conforme sua disponibilidade, com

duração aproximada de uma hora, gravadas em áudio, aplicada a dois

profissionais das Práticas Integrativas e Complementares.

Você foi avisado que a pesquisa pode gerar benefícios, tais como:

Ampliação dos horizontes das Práticas Integrativas, provocando interesse nas

pessoas, em especial nos profissionais da saúde.

Por outro lado, você recebeu informações dos riscos de participar dessa

pesquisa que são decorrentes de desconfortos provenientes das perguntas

realizadas, caso isso ocorra os participantes terão garantia de assistência

psicológica por parte da pesquisadora. O Sr(a) poderá recusar-se a participar da

pesquisa. No caso de aceite e consentimento em sua participação, o Sr(a) pode

______________ (Rubrica do participante) ______________ (Rubrica do pesquisador) 1\2

21

desistir de continuar participando, tem o direito e a liberdade de retirar seu

consentimento em qualquer fase da pesquisa, antes ou depois da coleta dos

dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa.

O sigilo em relação à sua identidade será mantido durante todo o

desenvolvimento da pesquisa. O (a) Sr (a) não terá nenhuma despesa e também

não receberá nenhuma remuneração. Os resultados da pesquisa serão

analisados e publicados, mas sua identidade não será divulgada, sendo

guardada em sigilo pelo pesquisador responsável em local seguro por um

período de 05 anos.

Em caso de dúvida quanto ao projeto de pesquisa deverá entrar em

contato com a pesquisadora Dandara Henriques Costa da Silva pelo telefone

(84)98758-5871, e, em caso de dúvidas ou denúncias quanto à questões éticas,

o(a) Sr.(a) poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da

Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), telefone (84) 9 9224 0009

ou mandar e-mail para cepfacisa@gmail.com ou cep@facisa.ufrn.br.

Consentimento Pós-esclarecido

Após ser devidamente esclarecido concordo em participar do estudo

pesquisa “A perspectiva dos profissionais de saúde sobre os desafios da

implantação e manutenção das PICS na APS no âmbito da Saúde Mental”,

sabendo que não serei remunerado e que posso sair quando quiser sob sigilo da

minha identidade e autorizo a divulgação de informações por mim fornecidas em

congressos e\ou publicações cientificas desde que nenhum dado possa me

identificar. Este documento é emitido em duas vias que serão ambas assinadas

por mim e pelo pesquisador, ficando uma via com cada um de nós.

_______________________________________ Data: ___/___/___

Assinatura do Participante da Pesquisa

_______________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável

______________ (Rubrica do participante) ______________ (Rubrica do pesquisador) 2\2

Impressão

datiloscópica

do participante

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APÊNDICE 1 - ROTEIRO DA ENTREVISTA

1) Qual é a sua atividade profissional no CAPS?

2) Desde quando você trabalha com as PICS?

3) Quais as PICs aplicadas neste local?

4) Na sua percepção como se deu a implantação e implementação das PICs na

Saúde Mental no município?

5) No seu entendimento, durante a implantação das PICs nesta Unidade, quais

foram as facilidades encontradas?

6) No seu entendimento, durante a implantação das PICs nesta Unidade, quais

foram as dificuldades encontradas?

7) Hoje, quais são as dificuldades encontradas na aplicação das PICs nesta

Unidade?

8) Hoje, quais são as facilidades encontradas na aplicação das PICs neste

local?

9) Tem algo a acrescentar que não contemplamos durante nossa entrevista?

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