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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS ELIZABETH PEREIRA TELES Avaliação do tratamento oral do extrato etanólico das folhas de maracujá (Passiflora edulis) em ratos hipertensos Vitória 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS

ELIZABETH PEREIRA TELES

Avaliação do tratamento oral do extrato etanólico das folhas de maracujá (Passiflora edulis) em ratos hipertensos

Vitória 2017

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ELIZABETH PEREIRA TELES

Avaliação do tratamento oral do extrato etanólico das folhas de maracujá (Passiflora edulis) em ratos hipertensos

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Educação Física. Orientadora: Profa. Dra. Márcia Regina Holanda da Cunha

Vitória 2017

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Teles, Elisabeth Pereira AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO ORAL DO EXTRATO ETANÓLICO DAS FOLHAS DE MARACUJÁ (PASSIFLORA EDULIS) EM RATOS HIPERTENSOS / Elisabeth

Pereira Teles. - 2017.

Orientador: Profa. Dra. Márcia Regina Holanda da Cunha.

Trabalho de conclusão de curso – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Educação Física e Desportos

1. Educação Física. 2. Nível de conhecimento. I. Teles, Elisabeth Pereira. II. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Educação Física e Desportos. III. Título

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Elizabeth Pereira Teles

AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO ORAL DO EXTRATO ETANÓLICO DAS FOLHAS DE MARACUJÁ (Passiflora edulis) EM RATOS HIPERTENSOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Educação Física e

Desportos da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para a

obtenção do título de bacharel em Educação Física.

Aprovada em _ _ _ de _ _ _ _ _ _ 2017

COMISSÃO EXAMINADORA

Profa. Dra. Márcia Regina Holanda da Cunha

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _

Profa. Dr. Maurício dos Santos Oliveira

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _

Profa. Ana Raquel Holanda da Cunha Ms

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _

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AGRADECIMENTOS

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RESUMO

O maracujá é uma planta natural do Brasil e hoje cultivada em todo mundo tropical.

A presença de alcalóides nas folhas, do tipo harmana (passiflorine) determina sua

ação sedativa e calmante embora a sua utilização popular seja bem mais ampla

incluindo efeitos hipotensores e diuréticos.

O objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos cardiovasculares e renais do

tratamento crônico oral induzido pelo extrato hidroalcoólico do maracujá distribuídos

pelas US Vitória - ES.

Os ratos foram inicialmente pesados e adaptados individualmente em gaiolas

metabólicas onde os seguintes parâmetros eram controlados durante 24 horas:

volume de ingestão (VI), volume urinário (VU) e o peso dos animais. Os animais

foram divididos em quatro grupos durante 10 dias onde receberam o extrato de MCJ

(12 gts/dia) – “SHR MCJ (n=7) e WIS MCJ 15 (n=6)” ou Solução Alcoólica 20% –

Controle “SHR A (n=6) e WIS A (n=7)”. VI e VU foram determinados por método

gravimétrico e o sódio urinário (UNaV) foi dosado por meio do fotômetro de chama.

No dia 10 do tratamento, os animais foram cateterizados para posterior registro da

Pressão Arterial Média (PAM) e Freqüência Cardíaca (FC), 24 horas após a PAM foi

mensurada.

Os resultados mostram que os valores da pressão arterial média (PAM) dos ratos

tratados SHR MCJ e WIS MCJ (121±5** e 102±9** mmHg, p<0.05) respectivamente,

em relação aos animais controle SHR A e WIS A (165±2 e 112±9 mmHg)

respectivamente. Os valores de FC dos ratos tratados SHR MCJ e WIS MCJ

(388±20 e 369±17** mmHg, p<0.05) respectivamente, em relação aos animais

controle SHR A e WIS A (416±27 e 393±10 mmHg) respectivamente. Os valores de

VI não foram significativamente diferentes para ambos grupos. Mas houve um

aumento significativo na UNaV dos animais SHR MCJ (190%) acompanhado por

diminuição do VU (50%) no final 10 dia de tratamento. Nos animais WIS não

houveram alterações destes parâmetros durante o tratamento.

Concluindo, o presente estudo sugere que o tratamento oral com o extrato de EMB

induziu uma significativa redução da pressão arterial em ratos SHR sem causar

modificações na função renal dos animais.

Palavras chave: Maracujá; Hipertensão; Plantas medicinais .

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ABSTRACT

Passion fruit is a natural plant of Brazil and cultivated in tropicals country. The

alkaloids presence in leaves, of the harmana type (passiflorine) determines its

sedative and tranquilizer actions, even so its popular use is well wide including

hypotensive and diuretic effects.

The aim of this study was evaluated the cardiovascular and renal effects

induced by oral chronic treatment with the hidroalcoholic extract of leaves of

maracujá distributed by the Health Units of VITÓRIA City in BRAZIL.

The rats initially had been weighed and adapted individually in metabolic cage

in witch the following parameters were controlled during 24 hours: ingest volume (IV)

and urinary volume (UV). The animals had been divided in four groups during 10

days of treatment. The animals had received the extract from passion fruit (120

mg/day) - “SHR-PF (n=7) and WISTAR-PF (n=6)” or Alcoholic Solution 20% - Control

“SHR (n=6) and the WISTAR (n=7)”. IV and UV had been determined by

gravimetrical method and urinary sodium (UNaV) was determinated by the flame

photometer. At the end of the treatment (10 days), the animals had been catheterized

the femoral artery to allow the direct measurement of the mean arterial pressure

(MAP) and heart rate (HR).

The results show that the values of the MAP of the SHR-PF and WISTAR-PF

(121±5** and 102±9** mmHg, p<0.01) respectively, when compared with the control

animals SHR and WISTAR (165±2 and 112±9 mmHg) respectively. The HR values of

the SHR-PF and WISTAR-PF (388±20 and 369±17 ** mmHg, p<0.01) respectively,

when compared with control SHR and the WISTAR (416±27 and 393±10 mmHg),

respectively.

Concluding, the present study suggest that the a significant reduction of the mean

arterial pressure in SHR rats submited to the oral treatment with the Maracujá

extract.

Keywords: Passion Fruit; Hypertension; Medicinal Plants

SUMÁRIO

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1: INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

2: OBJETIVO............................................................................................................... 3: METODOLOGIA...................................................................................................... 4: RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 11 3: CONCLUSÃO ..................................................................................................... 16 4: REFERÊNCIAS ................................................................................................ 17

1. INTRODUÇÃO

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O Brasil é dono do quinto mercado consumidor de remédios do planeta, em termos

absolutos isso significou, no ano de 2002, cerca de 5.2 bilhões de dólares para as

contas bancárias da indústria farmacêutica (fonte: website da febrafarma). Uma

montanha de dinheiro gasta para obter resultados mínimos, uma vez que,

aproximadamente, 60% da população brasileira fica do lado de fora deste mercado.

Seja por causa dos altos preços cobrados pelos laboratórios seja pela precária rede

de distribuição que privilegia os grandes centros urbanos.

Uma saída apontada por especialistas para o problema da democratização dos

medicamentos no território nacional passa por uma política mais clara no sentido de

uma exploração mais efetiva das plantas medicinais e remédios fitoterápicos. Entre

os efeitos colaterais – nesse caso muitos bem vindos – que tal solução poderiam

trazer, caso seja bem aplicada, podemos contar a possibilidade de geração de renda

local, a exploração sustentável da biodiversidade brasileira e uma considerável

economia de recursos públicos e de divisas (Leitão Filho,1987).

Não é novidade que um dos gargalos da saúde pública brasileira é a endêmica falta

de verbas, realidade que a adoção dos fitoterápicos poderia ajudar a melhorar tal

problemática. A economia gerada pelo uso de medicamentos fitoterápicos,

entretanto, está circunscrita apenas ao tratamento de doenças primárias ou,

conforma as possibilidades, ao complemento de terapias convencionais no caso de

doenças mais graves (Joly, 1977).

Uma das doenças mais comuns na atualidade, mas que apresenta uma prevalência

importante de cerca de 15 a 20% da população adulta dos países civilizados e em

torno de 5% da população jovem, é a hipertensão arterial sistêmica. Na hipertensão

arterial sistêmica (HAS) ocorre uma elevação crônica e desordenada dos níveis de

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pressão arterial sistólica (PAS) e/ou diastólica (PAD). A organização mundial de

saúde define a pressão normal do indivíduo como aquela cuja PAS <130 mmHg e a

PAD<85 mmHg. Assim, uma HAS mantida é caracterizada principalmente por níveis

tensionais persistentes acima de 139/89 mmHg, PAS/PAD respectivamente. (OMS,

2010)

A hipertensão essencial tem longa duração e durante a sua evolução assintomática

na maioria dos casos compromete direta ou indiretamente, os órgãos nobres tais

como: rins, coração e vasos acarretando assim elevados níveis de morbidade e

mortalidade na população. Com isso, ela é uma doença de grande impacto para a

população mundial e mais especialmente para a população brasileira. Afora todas

estas características, podemos observar que em 90-95% dos casos, não

conhecemos as verdadeiras causas dessa hipertensão.

Ao contrário do que afirmam muitas das bancas de ervas espalhadas pelos

mercados populares do país, não existem remédios naturais de eficácia comprovada

para doenças sérias como a tuberculose, a AIDS ou o câncer.

Apesar do inegável potencial da biodiversidade brasileira, estamos bastante

atrasados quando comparados a outros paises nos campos da pesquisa e

divulgação de alternativas fitoterápicas e, mesmo quando existem pesquisas

científicas comprovando os efeitos terapêuticos de determinada planta, ainda se

esbarra muito no preconceito da classe médica. Entre os médicos há uma certa

resistência à adoção de terapias complementares – antes chamadas terapias

alternativas –, incluindo o uso de plantas medicinais. Provavelmente a influência das

grandes multinacionais do setor farmacêuticos nessa tendência (Fischer,1995).

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Nesse quesito os países europeus vêm se destacando por sua abertura na adoção

das plantas medicinais. Na Alemanha, considerado o maior mercado do mundo,

80% dos médicos receita remédios de origem vegetal para seus pacientes, lá os

fitoterápicos já correspondem a 10% de todo o mercado farmacêutico local. Na falta

de uma grande política nacional esses medicamentos têm atraído a atenção de

programas tocados por governos municipais. O setor de pesquisa também poderia

ter um papel decisivo na quebra de barreiras à difusão dos fitoterápicos, mas grande

parte das vezes seus resultados conseguem se transformar em produtos e chegar

às prateleiras das farmácias. “Existem muitos trabalhos concluídos e publicados,

mas falham em reverter benefícios para a população”. Enquanto o setor de pesquisa

brasileiro faz o que pode para avançar, a chamada biopirataria vem se tornando fato

corriqueiro.

O cultivo de plantas medicinais e a produção de xaropes, pomadas, tinturas e

infusões fitoterápicas transformaram a realidade de comunidades familiares.

(Martins, 1995; Pires, 1998). (Silva,1998; Tamasiro,1998; Valpassos,1992)

Conforme dados da OMS - Organização Mundial de Saúde, 80% da população de

países em desenvolvimento usam práticas tradicionais na atenção primária e, desse

total, 85% usam plantas medicinais (in natura ou preparações). Em 1978, a OMS

reconheceu oficialmente as plantas medicinais para finalidades profilática, curativa,

paliativa ou para fins de diagnóstico.

As unidades de saúde de Vitória oferecem tratamento à base de plantas medicinais.

A aplicação da fitoterapia na rede municipal começou em 1992. A princípio, eram

realizadas ações educativas, de orientação às pessoas sobre o uso correto das

plantas medicinais. (Silva,1998; Tamasiro,1998; Valpassos,1992)

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Em 2009, após realização de um intenso debate com gestores e munícipes, foi

aprovada a Lei nº 7586, que instituiu a Política Municipal de plantas medicinais e

fitoterápicos visando garantir a oferta de medicamentos fitoterápicos, integrar as

ações educativas coletivas e individuais das Secretarias municipais de educação,

meio ambiente e saúde, etc. Em 2010 foram entrevistados 100 médicos das

Unidades de Saúde da Família e Unidades Básicas e observou-se os seguintes

resultados: 50% prescrevem fitoterápicos disponibilizados na rede municipal; 71%

referem boa aceitação dos usuários; 67% referem bons resultados e 79% tem

interesse em participar dos cursos de capacitação. Atualmente a maioria dos

estudos que envolvem pesquisa com novas substâncias anti-hipertensivas são

realizados com técnica apropriada em animais experimentais não-anestesiados, pois

a anestesia produz depressão de algumas sinapses do sistema nervoso central,

provocando assim alteração das respostas autonômicas (Korner et al, 1968; Write

and McRitchie, 1973; Zimpfer et al, 1982).

Não encontramos na literatura estudos farmacológicos referentes às espécies em

questão apresentando atividade sobre o sistema cardiovascular. Estudos

farmacológicos serão necessários a fim de evidenciarmos os efeitos bem como a

utilização de drogas como ferramentas farmacológicas que comprovem a eficácia da

indicação terapêutica sobre o sistema cardiovascular.

Sendo assim, diante da ampla aceitação e utilização dos fitoterápicos pela

população e da necessidade de se ter segurança na utilização desses

medicamentos, há necessidade de assegurar alguns padrões em animais

experimentais, como dose letal, e efeitos sobre o sistema cardiovascular

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aproveitando a experiência em formação dos professores desta instituição na área

de fisiologia e farmacologia cardiovascular.

Dentre as plantas medicinais de uso freqüente no Brasil, encontra-se a Passiflora

edulis, conhecida como maracujá e a espécie mais comum no Brasil (Cavalcanti PB;

1976), da família das passifloraceae e possui os nomes populares de flor-da-paixão;

maracujá; maracujá-guaçú; maracujá-silvestre e passiflora.

Apesar de relatos populares, não existem estudos ciêntíficos que comprovem efeitos

anti-hipertensivos da espécie Passiflora edulis.

Foto 1. Imagem da planta Passiflora edulis (maracujá), folhas e flor.

2. OBJETIVOS

O objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos cardiovasculares do tratamento crônico

oral induzido pelo extrato hidroalcoólico do maracujá distribuídos pelas US Vitória -

ES.

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3. METODOLOGIA

3.1 - Obtenção do Extrato

O extrato hidroalcoólico das folhas de Passiflora edulis ou tintura a 20% foi

doada pela SEMUS - Vitória/ES

3.2 - Avaliações Cardiovasculares

3.2.1 - Animais experimentais

Para os experimentos in vivo foram utilizados ratos normotensos (Wistar,

N=12), Wistar Kyoto (WKY, N=26) e ratos espontaneamente hipertensos

(SHR, N=26) com aproximadamente 3 meses de idade, pesando entre 220 e

320 g. Os animais foram fornecidos pelo biotério do Departamento de

Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os

animais foram mantidos sob condições controladas de temperatura (25ºC) e

ciclo claro-escuro de 12/12 horas (6-18 horas), tendo livre acesso à

alimentação (ração PRIMOR) e água de torneira.

3.2.1 - Cateterização da artéria e veia femorais

No dia anterior aos registros, os animais sob anestesia com tribromoetanol

(2,5 mg/kg, IP) foram submetidos a cateterização da artéria e veia femorais,

para permitir os registros cardiovasculares e administração de drogas,

respectivamente. Para isto, cateteres de polietileno [PE-10 conectado a PE-

50 (CPL, São Paulo)] foram implantadas através da veia femoral, na veia

cava inferior e na aorta abdominal, através da artéria femoral. Os cateteres

foram previamente preenchidos com solução fisiológica (NaCl 0,9%), teve o

seu comprimento ajustado conforme o peso do animal e foi subcutaneamente

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tunelizado por meio de um trocáter, até região médio-cervical posterior, onde

por meio de uma nova incisão, a cânula foi exteriorizada e fixada por um fio

de sutura. As extremidades livres (PE-50) foram obstruídas com pinos de

metal.

3.2.2 - Registros Cardiovasculares

Os registros cardiovasculares foram realizados 24 horas após a cateterização

dos animais. As alterações dos valores de pressão arterial média (PAM),

pressão arterial sistólica e diastólica (PAS e PAD) e da freqüência cardíaca

(FC) observados durante os experimentos foram registrados e monitorados

utilizando-se um transdutor de pressão (Spectramed – Statham, P23XL, USA)

acoplado a um sistema computadorizado e um programa para aquisição de

dados biológicos (BIOPAC – BIOPAC SYSTEMS, Inc., Santa Bárbara,

Califórnia, USA, mod. MP 100A/ série 94111065). A freqüência de

amostragem foi fixada em 200Hz. Após a aquisição dos dados, esses foram

armazenados em HD externo para posterior quantificação dos parâmetros

cardiovasculares obtidos durante os experimentos.

a) Avaliação do tratamento oral do extrato etanólico das folhas de

maracujá (Passiflora edulis) sobre a PAM, PAD, PAS e FC de ratos não

anestesiados

Os animais foram divididos em quatro grupos durante 10 dias onde

receberam o extrato de MCJ (12 gts/dia) – “SHR MCJ (n=7) e WIS MCJ

(n=6)” ou Solução Alcoólica 20% – Controle “SHR A (n=6) e WIS A (n=7)”. Os

animais (N=9) foram submetidos a cateterização das artéria e veia femorais,

24 horas antes da realização do experimento. Imediatamente antes do início

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do experimento, o cateter arterial foi previamente heparinizado (1:20) e

conectado ao sistema de registro. O experimento foi efetivamente iniciado

após um período de 20 minutos para a adaptação do animal à sala de

registros. As alterações de PAD, PAS, PAM e FC determinadas por cada

dose foram registradas e monitoradas continuamente durante todo o

experimento.

3.3 Análise Estatística

Os resultados dos experimentos realizados foram expressos como média ± erro

padrão da média (EPM). Os resultados foram submetidos à Análise de Variância

(ANOVA) para medidas repetidas, com análise pos hoc pelo teste de Fisher-LSD.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A figura 2 apresenta os resultados das alterações cardiovasculares após 10 dias de

tratamento oral (12 gts/ml/dia/animal) da tintura do Maracujá, os resultados mostram

que os valores de pressão arterial média (PAM) dos ratos tratados SHR MCJ e WIS

MCJ (121±5** e 102±9** mmHg, p<0.05) respectivamente, significativamente

menores em relação aos animais controle SHR A e WIS A (165±2 e 112±9 mmHg)

respectivamente. Os valores de FC dos ratos tratados SHR MCJ e WIS MCJ dos

animais tratados (388±20 e 369±17** mmHg, p<0.05) respectivamente, em relação

aos animais controle SHR A e WIS A (416±27 e 393±10 mmHg) respectivamente.

Houve redução na FC apenas dos animais normotensos tradados com o Maracujá.

Apesar do nosso estudo apresentar resultados benéficos em observação ao efeito

das folhas do maracujá sobre a pressão arterial dos ratos SHR, o período de

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tratamento (10 dias), outros parâmetros que envolvem o mecanismo de controle da

pressão arterial poderão ser posteriormente avaliados.

Várias pesquisas têm sido conduzidas mostrando o potencial do maracujá (fruto,

casca e semente) para várias finalidades, e a atividade biológica mais estudada com

relação aos frutos do maracujá é sua ação antioxidante. A atividade antioxidante em

sucos é atribuída aos polifenóis, principalmente aos flavonoides (Heim et al., 2002).

Estudos mostraram efeitos fisiológicos de outras partes desta planta, segundo

Glaúcia Pastori, pesquisadora da UNICAMP, estudando quatro tipos do fruto,

incluindo o azedo, o mais comum, mostraram que a casca que sempre vai parar no

lixo também foi avaliada, “Parte dela se aproveita para a produção de uma farinha

que é recomendada para pessoas com diabetes, reduzindo os níveis de glicose no

sangue, em 15% a 20%. Já na polpa há vitaminas do complexo B, C, vitamina A,

sais minerais além de um potente vermífugo identificado nas sementes", ressalta a

pesquisadora.

Apenas um estudo foi encontrado com relação ao possível efeito ansiolítico do suco

de maracujá. Lutomski et al. (1975) estudando os efeitos em camundongos dos

sucos do fruto de Passiflora edulis verificaram efeito tranquilizante por via oral, com

diminuição significativa da movimentação espontânea dos animais, o que foi

atribuído à presença de pequenas quantidades de alcaloides harmânicos e de

flavonoides.

Segundo Zibadi et al. (2007), o efeito anti-hipertensivo do extrato da casca de

maracujá roxo (mistura de bioflavonoides, ácidos fenólicos e antocianinas) foi

estudado em ratas e em mulheres naturalmente hipertensas. Foram utilizadas 24

ratas SHR, divididas em três grupos por um período de oito semanas: um grupo

controle e dois grupos alimentados com dieta suplementada com 10 ou 50 mg/kg de

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extrato de cascas de maracujá roxo. No experimento com mulheres hipertensas

foram administrados extratos de cascas de maracujá roxo em um grupo (400 mg/d),

enquanto que pílulas placebo foram aplicadas em outro grupo por quatro semanas,

para posterior comparação. O efeito dos extratos nas mulheres e ratas hipertensas

foi avaliado por meio da medida da pressão sanguínea e observou-se diminuição

significativa na pressão sanguínea em ambos os experimentos, sendo que as

pacientes não apresentaram nenhum efeito colateral, sugerindo que o extrato possa

ser uma alternativa segura no tratamento de hipertensão.

Já em relação as sementes, Chau & Huang (2005) mostraram que hamsters

alimentados com fibras obtidas de sementes de Passiflora edulis apresentaram

redução significativa nos níveis de triglicerídeos, colesterol total e no fígado e

tiveram aumento de lipídeos e de ácido biliares nas fezes, indicando que as fibras do

maracujá podem ter propriedade hipocolesterolêmica na alimentação humana.

Vários estudos indicam a existência de substância no fruto que pode indicar o

potencial do maracujá como um alimento funcional, tais como a presença de

substâncias polifenólicas (Zeraik & Yariwake, 2010), ácidos graxos poli-insaturados

(Kobori & Jorge, 2005) e fibras (Córdova et al., 2005), entre outras classes de

substâncias.

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Figura 2. Alterações de pressão arterial média (PAM) e freqüência cardíaca (FC) de animais

hipertensos (SHR) após o 10 dia de tratamento crônico com o extrato alcoólico obtido das

folhas de Maracujá (Passiflora edulis) (SHR-MCJ) ou com a solução controle (SHR-CON).

**p<0,01 – diferenças estatisticamente significativas quando comparadas ao respectivo

controle.

0

50

100

150

200

250

300

##

N=7N=4N=5N=6

N=7N=4N=5N=6

##

**

MARACUJÁ 20%CONTROLE

PA

D (

mm

Hg

)P

AS

(m

mH

g)

WKYs

SHR

0

50

100

150

200

##

##

**

**

*

0

50

100

150

200

##**

##

MARACUJÁ 20%CONTROLE

FC

(b

pm

)P

AM

(m

mH

g)

WKY (n=6)

SHR (n=5)

0

100

200

300

400

500

**

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5. CONCLUSÃO

Concluindo, o presente estudo sugere que o tratamento oral com o extrato de

Maracujá induziu uma significativa redução da pressão arterial em ratos

espontaneamente hipertensos.

6. REFERÊNCIAS

CHAU CF, HUANG YL. Characterization of passion fruit seed fibres - a

potential fibre source. Food Chem 85: 189-194, 2004.

CÓRDOVA KRV, GAMA TMMTB, WINTER CMG, NETO GK, FREITAS RJS

Características físico-químicas da casca do maracujá amarelo (Passiflora edulis

flavicarpa Degener) obtida por secagem. Bol Cent Pesq Proc Alim 23: 221-230,

2005.

HEIM KE, TAGLIAFERRO AR, BOBILYA DJ. Flavonoid antioxidants:

chemistry, metabolism and structure-activity relationships. J Nutr Biochem

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