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Março/2015 Prof. Dr. Nelson Medeiros de Lima Filho Prof.ª Dr.ª Eliane Bezerra de Moraes Medeiros Deyvid Victor de Morais Lopes ACETILAÇÃO CATALÍTICA DE COMPOSTOS POLIHIDROXILADOS (GLICERINA) COM OBTENÇÃO DE ÉSTERES DE GLICEROL DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Recife/PE UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química PPEQ - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química Cidade Universitária- Recife PE CEP. 50640-901 Q E P P

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Março/2015

Prof. Dr. Nelson Medeiros de Lima Filho

Prof.ª Dr.ª Eliane Bezerra de Moraes Medeiros

Deyvid Victor de Morais Lopes

N° XXX

ACETILAÇÃO CATALÍTICA DE COMPOSTOS

POLIHIDROXILADOS (GLICERINA) COM OBTENÇÃO DE

ÉSTERES DE GLICEROL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Recife/PE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química

PPEQ - Programa de Pós-Graduação

em Engenharia Química

Cidade Universitária- Recife – PE

CEP. 50640-901

Telefax: 0-xx-81- 21267289

Q

E

P

P

PROGRAMA UFPE/DEQ-PRH28-ANP/MCT

Engenharia do Processamento Químico do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis

Título da Especialização com Ênfase no Setor Petróleo e Gás:

Desenvolvimento de Processos Químicos do Petróleo, Gas Natural

e Biocombustíveis

ACETILAÇÃO CATALÍTICA DE COMPOSTOS

POLIHIDROXILADOS (GLICERINA) COM

OBTENÇÃO DE ÉSTERES DE GLICEROL

Deyvid Victor de Morais Lopes

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Orientadores

Prof. Dr. Nelson Medeiros de Lima filho Prof.ª Dr.ª Eliane Bezerra Moraes Medeiros

MARÇO, 2015

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Recife

Março/2015

DEYVID VICTOR DE MORAIS LOPES

ACETILAÇÃO CATALÍTICA DE COMPOSTOS POLIHIDROXILADOS

(GLICERINA) COM OBTENÇÃO DE ÉSTERES DE GLICEROL

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Química da Universidade Federal de

Pernambuco, como requisito parcial à

obtenção do título de Mestre em Engenharia

Química.

Área de concentração: Processos catalíticos

Orientadores:

Prof. Dr. Nelson Medeiros de Lima filho

Prof.ª Dr.ª Eliane Bezerra Moraes Medeiros

Recife

Março/2015

DEYVID VICTOR DE MORAIS LOPES

ACETILAÇÃO CATALÍTICA DE COMPOSTOS

POLIHIDROXILADOS (GLICERINA) COM OBTENÇÃO DE

ÉSTERES DE GLICEROL

Linha de Pesquisa: Reatores Químicos e Catálise

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Química da Universidade Federal de Pernambuco, defendida e aprovada em 25 de

março de 2015 pela banca examinadora constituída pelos seguintes membros:

________________________________________________

Prof. Dr. Nelson Medeiros de Lima Filho/DEQ-UFPE

________________________________________________

Profa. Dra. Eliane Bezerra de Moraes Medeiros/DEQ-UFPE

________________________________________________

Prof. Dr. Cesar Augusto Moraes de Abreu/DEQ-UFPE

________________________________________________

Prof. Dr. Sebastião José de Melo/Dept°.Antibióticos- UFPE

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pois sem ele não teria chegado a lugar algum, por ser

um refúgio em dias difíceis, sem sua força provavelmente eu teria perdido

minha pequena cabeça.

Aos meus orientadores, Professor Nelson e Professora Eliane, pela

paciência, disposição em ajudar e pelo acompanhamento contínuo da

realização deste trabalho.

Aos meus pais Samuel e Leide, por todo apoio e compreensão, sei que

eles entendem o fato de eu ter passado tanto tempo distante da família.

Ao meu irmão Diego, que viu de perto meus aborrecimentos e em nada

se ausentou, disponibilizando todos os recursos possíveis.

Ao meu grande amigo Bruno, que tanto na parte técnica como em todas

as outras, me ajudou a realizar este trabalho, e continua me ajudando com

seus conselhos e sua amizade.

Aos amigos, Alceu, Raquel, Anailda, Camila, Victor, Thiago, Fernanda,

Andrea, Dani, Cícero, Chesque,Saulo e Marina por todo apoio.

À Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP e

à Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP – por meio do Programa de

Recursos Humanos da ANP para o Setor de Petróleo e Gás – PRH-ANP/MCT,

em particular ao PRH 28, do Departamento de Engenharia Química, Centro de

Tecnologia e Geociências da UFPE, pelo apoio financeiro.

A todos que contribuíram para que a realização deste trabalho fosse

possível.

RESUMO

Como parte do estudo sistemático do processo de acetilação catalítica

do glicerol, visando à obtenção de produtos de interesse industrial, foram

realizadas reações homogêneas com o anidrido acético, na molécula do

glicerol em presença do catalisador acetato de sódio, solúveis no meio

reacional. Experimentos realizados a 107ºC, 117ºC e 127ºC em reator de

mistura (batelada) com refluxo sob pressão atmosférica, apresentaram

rendimentos de até 90% em acetatos para tempos de operação realizados

entre 30 e 150 minutos. Foi desenvolvida uma metodologia específica para o

monitoramento analítico da reação a partir da avaliação do gradiente de eluição

favorável a separação dos produtos, uma proporção de acetonitrila:água foi

utilizada para a análise por cromatografia liquida de alta eficiência com

detecção por índice de refração. Objetivando a quantificação do

comportamento cinético destes grupos de reações, foram realizadas

experiências com uma ativação prévia do anidrido acético em presença do

catalisador com a adição posterior do glicerol. Um modelo cinético com base

em mecanismo fenomenológico foi proposto no intuito da determinação da

ordem de grandeza das constantes cinéticas de reação, apresentando um bom

ajuste aos dados experimentais, com erro médio entre 3% a 4%.

PALAVRAS CHAVE: Acetilação catalítica. Homogênea. Glicerol. Monoacetina.

Diacetina. Triacetina.

ABSTRACT

As part of the systematic study of the catalytic glycerol, acetylation

process in order to obtain products of industrial interest, a homogeneous

reactions with acetic anhydride were carried out in the glycerol molecule in the

presence of sodium acetate catalyst, soluble in the reaction medium.

Experiments were performed at 107ºC, 127ºC and 117ºC in a stirred reactor

(batch) at reflux under atmospheric pressure, had income of up to 90% of

overheads for operating times performed between 30 and 150 minutes. A

specific method was developed for the analytical monitoring of the reaction,

from the evaluation of the favorable gradient elution to separate the products, a

ratio of acetonitrile: water was used for analysis by high performance liquid

chromatography with detection by refractive index. In order to quantify the

kinetics of these reactions groups, experiments were performed with prior

activation of acetic anhydride in the presence of the catalyst with the

subsequent addition of glycerol. Kinetic model based on phenomenological

mechanism was proposed with the intent of determining the magnitude of the

kinetic reaction constants, presenting a good fit to the experimental data, with

an average error of 3% to 4%.

KEYWORDS: Catalytic acetylation. Homogeneous. Glycerol. Monoacetin.

Diacetin. Triacetin.

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Reação de transesterificação do biodiesel ................................... 15

Figura 2.2 - Fluxograma descritivo das etapas do processo de

transesterificação (PARENTE, 2003). .............................................................. 16

Figura 2.3 - Produção de biodiesel no mundo (AGOSTO, 2007) .................... 17

Figura 2.4 - As oleaginosas mais produzidas por região (BIODIESELBR, 2003).

......................................................................................................................... 19

Figura 2.5 - Evolução do biodiesel no Brasil (BIODIESELBR, 2003). ............. 20

Figura 2.6 – Estrutura molecular do glicerol. ................................................... 21

Fonte: Adaptado de Blieck (2005) e Knothe (2006). ........................................ 21

Figura 2.7 - Rota industrial de produção de glicerina a partir do propeno

(MOTA et al., 2009). ......................................................................................... 22

Figura 2.8 - Fluxograma do processo de pré-tratamento da glicerina (ABREU et

al., 2005). ......................................................................................................... 24

Figura 2.9 - Fluxograma do Processo de Adsorção em Batelada (ABREU et al.,

2005). ............................................................................................................... 25

Figura 2.10 - Produção global de glicerol e seus valores (QUISPE et al., 2013).

......................................................................................................................... 26

Figura 2.11- Variação no preço da glicerina (SOYBEAN, 2008). .................... 27

Figura 2.12 - Tendência de preços de glicerol (WOO, 2007). ......................... 27

Figura 2.13 - Produtos possíveis a partir do glicerol (CERON, 2010). ............ 28

Figura 2.14 - Eterificação do glicerol (SIVAIAH et al., 2013). .......................... 30

Figura 2.15 – Rotas de produção de derivados da reação de oxidação do

glicerol (BRAINER et al., 2014). ....................................................................... 31

Figura 2.16 - Hidrogenólise catalítica do glicerol. (MIYAZAWA et al., 2006) ... 32

Figura 2.17- Produtos da acetilação do glicerol com ácido acético (ZHOU et al.,

2012) ................................................................................................................ 33

Figura 3.1 - Reator batelada do tipo tanque agitado usado na acetilação

catalítica da glicerina ........................................................................................ 41

Figura 3.2 - Sistema de análise cromatográfica – CLAE, com detecção por

índice de refração - RI ...................................................................................... 44

Figura 4.1 - Acetilação do glicerol em meio acético. (HUANG et al., 2014). .... 47

Figura 4.2 – Evolução do procedimento reacional (a) antes – anidrido acético e

acetato de sódio; (b) depois – introdução do glicerol; c) após profunda agitação

a temperatura de ambiente; d) após reação de acetilação na alta conversão do

glicerol; e) mistura reacional; f) remoção do excesso de ácido acético. ........... 48

Figura 4.3 - Evolução da concentração do glicerol. Influência da temperatura

na acetilação homogênea do glicerol com anidrido acético em presença do

acetato de sódio como catalisador. Procedimento experimental-1. Condições

operacionais: razão molar [(CH3CO)2O]0/[GOH]0=3,25; m[NaAc]=0,75g; P=1atm;

V[(CH3CO)2O]=25mL. ............................................................................................ 49

Figura 4.4 - Evolução da seletividade e rendimento em monoacetina.

Procedimento experimental - 2. Condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=2,25; m[NaAc]=0,375g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL;

T=107ºC. .......................................................................................................... 52

Figura 4.5 - Evolução da seletividade e rendimento em diacetina.

Procedimento experimental - 2 Condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=2,25; m[NaAc]=0,375g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL;

T=107ºC. .......................................................................................................... 52

Figura 4.6 - Evolução da seletividade e rendimento em triacetina.

Procedimento experimental - 2. Condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=2,25; m[NaAc]=0,375g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL;

T=107ºC. .......................................................................................................... 53

Figura 4.7 - Efeito da razão molar sobre conversão e a seletividade.

Procedimento experimental - 1.Condições operacionais: m[NaAc]=0,375g;

P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; T=107ºC; t=30 minutos. ....................................... 54

Figura 4.8 - Evolução da conversão e da seletividade. Procedimento

experimental - 1. Condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=3,25; m[NaAc]=0,75g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL;

T=127ºC. .......................................................................................................... 55

Figura 4.9 - Conversão e seletividade em função da Carga de Catalisador.

Procedimento experimental-1. Condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=2,25; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; T=107ºC; t=30

minutos. ............................................................................................................ 56

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Propriedades físico-químicas do glicerol na temperatura de 20°C

......................................................................................................................... 21

Tabela 2.2 – Usos da glicerina na indústria nacional ....................................... 23

Tabela 4.1 - Efeito da temperatura sobre a seletividade. Procedimento

experimental-1. Condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=3,25; m[NaAc]=0,75g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; t=150

min, procedimento experimental-1. .................................................................. 50

Tabela 4.2 - Efeito do procedimento experimental-2 na seletividade de mono, di

e triacetina. Condições operacionais: razão molar [(CH3CO)2O]0/[GOH]0=2,25;

m[NaAc]=0,375g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; T=107ºC. ..................................... 51

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

[Ac2O] - Concentração de Anidrido Acético no instante t

[Ac2O]0 - Anidrido Acético

[AcNa] – Concentração inicial de Acetato de Sódio

ANP - Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e biocombustíveis

CLAE - Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

CNPE - Conselho Nacional de Política Energética

DAG - Diacetilglicerol

IUPAC - União Internacional de Química Pura

MAG - Monoacetilglicerol

Min – Minutos

Proálcool - Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Carburantes

Pró-óleo - Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos

RI - Índice de Refração

rpm- Rotações por minuto

SEBRAE- Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

T – Temperatura

TAG - Tri-acetilglicerol

V – Volume

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................... 11

1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS.................................................... 11

1.2. OBJETIVOS .............................................................................. 12

1.2.1. Objetivo Geral ...................................................................... 12

1.2.2. Objetivos Específicos ......................................................... 12

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................... 14

2.1. PRODUÇÃO DE BIODIESEL ................................................... 14

2.2. CENÁRIO MUNDIAL E BRASILEIRO ...................................... 17

2.3. GLICEROL ................................................................................ 20

2.3.1. Produção do Glicerol .......................................................... 22

2.3.2. Purificação do Glicerol ........................................................ 23

2.3.3. Mercado do Glicerol ............................................................ 25

2.3.4. Valorização do Glicerol ....................................................... 28

2.4. PROCESSAMENTO DO GLICEROL ....................................... 29

2.4.1 Eterificação do Glicerol ........................................................ 29

2.4.2 Oxidação Catalítica do Glicerol ........................................... 30

2.4.3. Hidrogenólise Catalítica do Glicerol .................................. 31

2.4.4. Acetilação Catalítica do Glicerol ........................................ 32

2.4.4.1. Acetilação Heterogênea do Glicerol .................................................... 33

2.4.4.2. Acetilação Homogênea do Glicerol .................................................... 35

2.5. COMPORTAMENTO CINÉTICO DA ACETILAÇÃO DO

GLICEROL ....................................................................................... 36

2.5.1. Influência da Temperatura na Acetilação do Glicerol ..... 36

2.5.2 Influência da Razão Molar na Acetilação do Glicerol ....... 37

2.5.3 Influência do Tempo de Reação na Acetilação do Glicerol

......................................................................................................... 38

2.5.4 Influência da Carga de Catalisador..................................... 38

3. MATERIAIS E MÉTODOS EXPERIMENTAIS ......................... 40

3.1. MATERIAIS ............................................................................... 40

3.2 MÉTODOS EXPERIMENTAIS .................................................. 40

3.2.1. Sistema Reacional ............................................................... 41

3.2.1.1. Procedimento Experimental -1 ............................................................ 42

3.2.1.2. Procedimento Experimental -2 ............................................................ 42

3.2.2. Sistema Analítico ................................................................. 43

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................... 47

4.1. PROCESSO DE ACETILAÇÃO DO GLICEROL...................... 47

4.2 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ACETILAÇÃO .................... 48

4.2.1 Influência da temperatura .................................................... 49

4.2.2 Influência da metodologia reacional .................................. 50

4.2.3 Influência da Razão Molar na Acetilação do Glicerol ....... 53

4.2.3 Influência do tempo de reação ............................................ 55

4.2.3 Influência da Carga de Catalisador..................................... 55

4.3. MODELAGEM CINÉTICA DA ACETILAÇÃO .......................... 56

5. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS ........................................ 63

5.1 CONCLUSÕES .......................................................................... 63

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................ 64

6. REFERÊNCIAS ........................................................................ 65

11

1. INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Dentre os combustíveis renováveis mais promissores, destaca-se

biodiesel. Este produto é, em geral, obtido através da transesterificação de

óleos vegetais com metanol ou etanol em meio alcalino, na qual se utilizam

bases de Brönsted-Lowry como catalisadores. Neste processo, além da

produção da mistura de monoésteres metílicos ou etílicos (biodiesel), também

se produz a glicerina como co-produto.

Considerando a variedade funcional de polióis, e em especial da

glicerina, observa-se a possibilidade de obtenção de estruturas química

diversas, por interação com diversos reagentes, os quais podem conduzir a

diferentes produtos, permitindo aplicações múltiplas e relevantes. Tendo em

vista estes aspectos e tomando como base a disponibilidade da glicerina a

partir dos processos de transesterificação de óleos vegetais da produção de

biodiesel, a glicerina apresenta-se como matéria-prima com elevado potencial

de valorização. Suas funcionalizações químicas podem resultar em produções

seletivas, inserindo-se no contexto econômico dos processos industriais (LIMA

FILHO et al, 2014).

A obtenção de ésteres de compostos polihidroxilados, utilizando suas

propriedades alcoólicas, pode ser apresentado como um ponto de partida para

a produção de vários produtos orgânicos de interesse industrial. A glicerina

quando funcionalizada por acetilação, em presença dos catalisadores solúveis,

acetato de sódio e hidróxido de sódio e do agente de acetilação anidrido

acético, resulta em acetatos possuidores de características específicas

conferindo ao produto propriedades adesivas com aumento acentuado da

viscosidade, e otimização da seletividade de acordo com a necessidade dos

ésteres desejado.

12

As experiências de processamento da glicerina em presença do catalisador

acetato de sódio foram realizadas de duas maneiras distintas: num primeiro

caso um processo de mistura dos dois reagentes em presença do catalisador

com elevação simultânea de temperatura enquanto e num segundo modo foi

realizada uma ativação prévia do anidrido acético em presença do catalisador

com adição posterior da glicerina. Estes dois métodos permitiram obter

resultados diferentes em razão da importância dos produtos da acetilação ao

processo seletivo de éster desejado.

A quantificação do processo reacional foi realizada em reator de mistura,

com refluxo à pressão atmosférica, apresentando rendimento em acetatos de

glicerol (mono, di e triacetina) para tempo de operação máximo de 150

minutos. Desenvolveu-se hipótese de modelo cinético com base num

mecanismo fenomenológico de acetilação da glicerina em presença do

catalisador homogêneo acetato de sódio. O estudo realizado permitiu fornecer

subsídios ao desenvolvimento do processo catalítico em grande escala, com

suas possíveis aplicações industriais.

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo Geral

O presente trabalho teve como objetivo principal o estudo sistemático do

processo de acetilação catalítica da glicerina proveniente do processo da

fabricação do biodiesel visando à obtenção de produtos de interesse industrial.

1.2.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho foram:

- Caracterização dos reagentes e produtos da reação através da técnica de

Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE);

13

- Estudo do sistema reacional em reator agitado com refluxo através da

Influência dos parâmetros: razão molar, tempo de reação e a natureza do

catalisador e método de operação no processo reacional;

- Elaboração de modelo cinético do processo de acetilação catalítica

homogênea da glicerina para produção de acetatos de glicerol.

14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O alto teor de glicerina gerada na produção do biodiesel é um indicador

da potencialidade do processamento como característica vantajosa na

produção de ésteres (mono, di e tri-acetato de glicerol) de interesse industrial.

A funcionalização catalítica de polihidroxilados via catalisadores homogêneos

(LIMA FILHO et al., 2014), nos leva a rota de processos desejados, a partir da

glicerina abundante no processo de fabricação do biodiesel, tornando-se

disponíveis quando sujeitas aos processamentos adequados.

A aplicação deste processo contempla a preparação de um sistema

catalítico viável, para a transformação de glicerina em seus respectivos

ésteres, valorizando o resíduo da fabricação de biodiesel e incentivando a

criação de novas indústrias para o biorrefino da glicerina. O processo

apresentado para o desenvolvimento da funcionalização catalítica da glicerina

foi baseado nos estudos de Lima Filho(1987), quando estudou a acetilação da

sacarose, em presença do catalisador acetato de sódio e do reagente anidrido

acético, procurando condições ótimas do sistema reacional para uma

extrapolação a nível industrial.

2.1. PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Apesar do avanço da utilização do biodiesel ser recente, o uso de óleo

vegetal como combustível, em motores de combustão interna não é. A primeira

utilização de óleo vegetal para a geração de energia em motores data do

começo do século XX, quando o criador dos motores do ciclo diesel, Rudolf

Diesel (1858 - 1913), fez experiências com óleo vegetal de amendoim

(RABELO, 2001).

Por causa da ampla disponibilidade e baixo custo do diesel de petróleo,

combustíveis à base de óleo vegetal ganharam pouca atenção, a não ser em

quando o preço do petróleo aumentava em tempos de escassez. Devido à

segunda Guerra Mundial e as crises do petróleo ocorridas na década de 1970,

15

houve-se um pequeno interesse em utilizar óleos vegetais para abastecer

motores a diesel. Sendo que os modelos mais recentes de motores a diesel

não poderiam funcionar com óleos vegetais tradicionais, por causa da alta

viscosidade do óleo vegetal em comparação com o combustível diesel de

petróleo. Era necessário diminuir a viscosidade de óleos vegetais a um ponto

onde eles poderiam ser adequadamente queimados no motor diesel.

Mas era sabido que em 1937, um belga propôs a utilização de

transesterificação para converter óleos vegetais em ésteres alquílicos de

ácidos graxos e usá-los como um substituto do combustível diesel. O processo

consistia em converter o óleo em três moléculas menores que são muito menos

viscosa e fácil para queimar em um motor diesel. Transesterificação de graxas

e óleos é a base para a produção moderna de biodiesel, que é o nome

comercial para os ésteres metílicos de ácidos gordos, tal reação está

representada na Figura 2.1.

Figura 2.1 - Reação de transesterificação do biodiesel

Os ésteres mais frequentemente utilizados para a produção de biodiesel

são ésteres metílicos, isso ocorre por que o álcool utilizado para a

transesterificação é o metanol, por ser mais barato em relação ao etanol e não

concorrer diretamente com ele, já que também é consumido como combustível.

Além de óleo vegetal e gordura animal destaca-se ultimamente o uso de óleo

após frituras de alimentos, necessitando apenas de um processo prévio para a

retirada de água e de ácidos graxos livres (KNOTHE et al., 2006).

16

O álcool é utilizado em excesso para que assim seja possível a

separação de fases entre o glicerol e deslocar o equilíbrio para um máximo

rendimento de biodiesel, devido ao caráter reversível da reação. A reação pode

ser catalisada por ácido, base ou enzima, na catálise enzimática usa-se lípase,

na catálise ácida, usa-se: HCl, H2SO4 e HSO3-R e na catálise básica (mais

rápida) observa-se maior rendimento e seletividade, além de apresentar

menores problemas relacionados à corrosão dos equipamentos. Usa-se mais

frequentemente: KOH e NaOH (ENCARNAÇÃO, 2008). O fluxo completo do

processo de transesterificação é apresentado na Figura 2.2 (PARENTE, 2003).

Figura 2.2 - Fluxograma descritivo das etapas do processo de

transesterificação (PARENTE, 2003).

17

2.2. CENÁRIO MUNDIAL E BRASILEIRO

O biodiesel tem se consolidado em várias regiões do mundo, em alguns

países vem alcançando níveis de produção e consumo elevado. A Figura 2.3,

apresenta um quadro geral da produção de biodiesel no mundo.

Figura 2.3 - Produção de biodiesel no mundo (AGOSTO, 2007)

Na União Europeia a legislação estabelece a substituição de 5,75% dos

combustíveis fósseis por fontes renováveis de energia. É enfrentada, porém

uma limitação de espaço para produzir biodiesel, correndo o risco de

estabelecer uma competição entre agricultura de energia e agricultura de

alimentos. A legislação aplica taxas diferenciadas de imposto especial de

consumo às misturas utilizadas como carburantes que contenham 5 % ou 25 %

de biodiesel (JORNAL OFICIAL DA UNIÃO EUROPEIA, 2003).

O Brasil diferentemente de outros países, geograficamente tem grandes

vantagens agrônomas, devido estar localizado em uma região tropical e com

altas taxas de luminosidade e temperaturas médias anuais, torna-se um grande

potencial produtor de biomassa, podendo produzir biodiesel de diferentes

fontes de cultura (BIODIESELBR, 2003). Associada a disponibilidade hídrica e

regularidade de chuvas, torna-se o país com maior potencial para produção de

energia renovável.

18

No Brasil iniciou-se o estudo através do Instituto Nacional de Tecnologia,

em meados do século XX e foi ganhando reconhecimento por volta de 1970,

com a criação do Pró-óleo – Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins

Energéticos. Mas houve uma desaceleração no programa devido e a entrada

do Proálcool, juntamente com o alto custo da produção das oleaginosas

(SEBRAE, 2007).

As alternativas para a produção de óleos vegetais são bem

diversificadas, por se tratar de um país tropical, com dimensões continentais

pode haver diferentes fontes de oleaginosas dependendo da região, as culturas

mais exploradas atualmente são: soja, o amendoim, o girassol, a mamona e o

dendê. Mas, estudos alternativos indicam também o uso de: pinhão manso, o

nabo forrageiro, o pequi, o buriti, a macaúba (BIODISELBR, 2003). Na Figura

2.4 é apresentado o mapa com as oleaginosas mais produzidas em cada

região do Brasil.

19

Figura 2.4 - As oleaginosas mais produzidas por região (BIODIESELBR, 2003).

A produção de biodiesel no Brasil foi impulsionada pela Lei 11.097 de 13

de janeiro de 2005, determinou-se que até 2008 todo o óleo diesel consumido

no Brasil deveria conter um percentual mínimo obrigatório de 2% de

biodiesel. Logo em seguida foi antecipado suas metas para o percentual

mínimo obrigatório, a primeira antecipando a obrigatoriedade do B2 para

2006, através da resolução nº 3/2005 de 03 de julho do Conselho

Nacional de Política Energética (CNPE), e a segunda antecipando o B3 para

2008 através da resolução nº 2/2008 de 14 de março. Para 2009 foi antecipado

o B4 pela resolução nº 2/2009 de 27 de abril do CNPE, e para 2010 houve o B5

pela resolução nº 6/2009 de 16 de setembro, para 2014 houve duas, a primeira

foi o B6 e a última e mais atual foi o B7 em novembro. Na Figura 2.5 está

representado o percentual obrigatório de biodiesel para cada ano.

20

Figura 2.5 - Evolução do biodiesel no Brasil (BIODIESELBR, 2003).

2.3. GLICEROL

O glicerol, pode também ser chamado de glicerina ou segundo a

(IUPAC) 1,2,3 - propanotriol, representado na Figura 2.6, é um composto

orgânico mais especificamente um poliálcool com três grupos hidroxilas

primárias e um grupo hidroxila secundária. É líquido à temperatura

ambiente (25°C), higroscópico, inodoro, viscoso e de sabor adocicado. O

termo glicerina refere-se ao produto na forma comercial, com pureza acima de

95 %, quando na sua forma bruta recebe o nome de “glicerina loira”. Pode ser

derivado de fonte natural ou petroquímica. Ocorre naturalmente em formas

combinadas como glicerídeos em todas as gorduras animais e óleos vegetais.

Sendo recuperado como coproduto quando estes óleos são saponificados

no processo de fabricação de sabão. Os óleos ou gorduras são separados na

produção de ácidos graxos ou quando são esterificados com álcool para a

obtenção de ésteres através do aquecimento de uma mistura de óxido de

chumbo com azeite, o químico sueco Carl W. Scheele em 1779 obteve a

glicerina.

21

Figura 2.6 – Estrutura molecular do glicerol.

Fonte: Adaptado de Blieck (2005) e Knothe (2006).

A glicerina em razão da sua abundância tem merecido atenção especial,

devido as suas propriedades físico-químicas, Tabela 2.1. Por não apresentar

toxidade e por não apresentar cor e odor, o glicerol é uma substância com

grande capacidade de utilização, na sua forma pura sem nenhum tipo de

modificação em sua estrutura química, ele já é largamente utilizado nas

indústrias de alimentos, farmacêutica, têxtil, de combustíveis, e até de tabaco.

Tabela 2.1 - Propriedades físico-químicas do glicerol na temperatura de 20°C

Propriedade C3H8O3

Massa molar 92,09 g mol-1

Densidade 1,261 g cm-3

Viscosidade 1,5 Pa s

Ponto de fusão 18,2 °C

Ponto de ebulição 290 °C

Calorias 4,32 kcal g-1

Tensão superficial 64,00 mN m-1

Fonte: BEATRIZ et al., (2011)

22

2.3.1. Produção do Glicerol

O glicerol foi primeiramente descoberto em 1779 por Scheele, pelo

aquecimento de uma mistura de óxido de chumbo com azeite de oliva. Na

época, ele o batizou de “o doce princípio das gorduras”. O glicerol ocorre

naturalmente em formas combinadas, como nos triglicerídeos, em todos os

óleos graxos animais e vegetais, sendo isolado quando estes óleos são

saponificados com hidróxido de sódio ou potássio, no processo de manufatura

de sabões. Além da sua produção em escala industrial pela síntese do

propeno, desde 1949 (Figura 2.7).

Figura 2.7 - Rota industrial de produção de glicerina a partir do propeno

(MOTA et al., 2009).

A etapa inicial é a cloração a alta temperatura, envolvendo radicais livres

como intermediários, para formar o cloreto de alila. Este reage com ácido

hipocloroso (água sanitária) dando um produto de adição à dupla (haloidrina).

O tratamento da haloidrina com excesso de base leva ao glicerol. Esta rota

representa atualmente 25% da capacidade de produção dos EUA e 12,5% da

capacidade de produção mundial, mas muitas unidades estão sendo

desativadas em virtude da grande oferta de glicerol oriundo da produção de

biodiesel (MOTA et al., 2009).

Por conta de suas propriedades o glicerol (forma pura da glicerina) é

utilizado como matéria prima em uma série de produtos da indústria de

cosmético, farmacêutica e química. É utilizada nas indústrias de tabaco e têxtil

com o objetivo de tratar as fibras. Segundo Silva et al. (2012), a glicerina

também é usada na manufatura de fórmulas farmacêuticas, cosméticos, como

emulsificador, emoliente, estabilizador, agente de peso para panificadoras,

sorveterias, loção, limpeza bucal, dentre outras aplicações. A Tabela 2.2

23

mostra os principais usos da glicerina na indústria nacional. Mesmo com todos

estes usos citados a abundância de glicerina no mercado é alta o que a torna

matéria-prima com baixo valor agregado. Portanto é interessante transformá-la

em outros produtos de elevado valor agregado.

Tabela 2.2 – Usos da glicerina na indústria nacional

Usos em %

Cosméticos, saboarias e fármacos 28

Revenda 15

Ésteres 13

Poliglicerina 12

Alimentos e bebidas 8

Resinas alquídicas 6

Filmes de celulose 5

Tabaco 3

Papel 1

Outros 10

Fonte: (BEATRIZ et al, 2011)

Além da utilização na indústria farmacêutica na fabricação de cápsulas,

anestésicos, supositórios, antibióticos e antissépticos, xaropes e emolientes

para cremes e pomadas. E também como emoliente, umectante em pastas de

dente, cremes de pele, loções pós-barba, desodorantes, batons e maquiagens

na indústria de produtos cosméticos (BIODIESELBR, 2003).

2.3.2. Purificação do Glicerol

No entanto a qualidade da glicerina proveniente da fabricação do

biodiesel ainda é colocada como um obstáculo a sua utilização, sem um prévio

pré-tratamento. Isto se deve a presença de diversas impurezas como: água do

processo, catalisador, álcool não reagido, ácidos graxos, ésteres, oligômeros

24

de glicerol e polímeros. Existem diferentes métodos para a purificação:

destilação fracionada, troca iônica, adsorção, precipitação, extração,

cristalização, diálise, embora a via mais comum de purificação englobe uma

separação dos sabões, por reação com um ácido, recuperação do álcool por

evaporação, e posterior destilação. O método do tratamento químico associado

à adsorção física desenvolvido por Abreu et al. (2005) Figura 2.8 e 2.9,

desperta um interesse em sua aplicação, pois mostra-se ser eficiente a

obtenção de uma glicerina com elevado grau de pureza.

Figura 2.8 - Fluxograma do processo de pré-tratamento da glicerina (ABREU et

al., 2005).

Amostra (Rejeito do

Biodiesel)

Amostra (Rejeito do

Biodiesel)

Acidificação Fase Oleosa = 40%

Fase Aquosa = 60%

Filtrado do Pré-Tratamento

Filtração a Vácuo

Neutralização com CaCO3 em

excesso

Torta

Diluição 1:1 com H2O

25

Figura 2.9 - Fluxograma do Processo de Adsorção em Batelada (ABREU et al.,

2005).

2.3.3. Mercado do Glicerol

Na década de 1980, com o desenvolvimento da produção de biodiesel é

que houve uma produção excessiva de glicerina no mercado. Já que o glicerol

pode também ser obtido a partir da reação de transesterificação de graxas e

óleos de onde é produzido o biodiesel. Consequentemente o valor de mercado

do glicerol foi diminuindo cada vez mais com a crescente produção de

biodiesel, conforme mostrado na Figura 2.10, o aumento da produção global de

glicerol.

Filtrado do Pré-tratamento

Evaporação a Vácuo

Glicerina Concentrada

Adsorção com carvão

ativado a 0,5% sobre a

massa total do filtrado

Carvão Ativado com

Impurezas

Filtração a Vácuo

26

Figura 2.10 - Produção global de glicerol e seus valores (QUISPE et al., 2013).

O preço do glicerol sempre variou ao longo dos anos, e relativamente o

seu valor há alguns anos atrás era superior aos valores praticados nos dias

atuais. Isso se deu principalmente nos anos 1980, pelo fato de nessa época o

glicerol já ser produzido a partir do biodiesel, e como o mercado do biodiesel

dependia muito do valor do petróleo, o valor do biodiesel flutuava bastante,

afetando assim a produção de glicerina. A Figura 2.11 representa a variação

do valor internacional do glicerol durante três décadas.

27

Figura 2.11- Variação no preço da glicerina (SOYBEAN, 2008).

Em conjunto com esta consciência, muita pesquisa e esforços foram

consideravelmente desenvolvidos e investigados continuamente para

transformar o glicerol de baixo valor por diferentes estratégias e abordagens. A

Figura 2.12 representa a tendência de queda de valor internacional do glicerol

durante a última década (WOO, 2007).

Figura 2.12 - Tendência de preços de glicerol (WOO, 2007).

28

2.3.4. Valorização do Glicerol

Embora seja rentável a comercialização do glicerol em vários setores da

indústria, pode-se elevar em muito o seu valor, pelo fato da estrutura da

molécula do glicerol apresentar três grupos hidroxila, podendo ser

funcionalizado e o seu valor e propriedades ser bem mais interessantes. A

Figura 2.13, apresenta as principais reações com o glicerol e seus possíveis

produtos.

Figura 2.13 - Produtos possíveis a partir do glicerol (CERON, 2010).

29

2.4. PROCESSAMENTO DO GLICEROL

Atualmente, cada vez mais as atenções mundiais se voltam para a

utilização de fontes renováveis de recursos químicos. O objetivo dessa

substituição é diminuir cada vez mais a dependência dos derivados de

petróleo. Visando a substituição de um dos produtos derivados do petróleo, o

óleo diesel, durante as últimas décadas foram estudados combustíveis

derivados de insumos naturais com fontes renováveis. O produto que mais se

destacou foi o biodiesel.

Sendo que no processo de transesterificação não forma só o biodiesel,

mas também a glicerina num percentual de 10%. Com isto, tem-se observado

um aumento significativo na produção do biodiesel, mostrando que a

perspectiva a respeito desse assunto cresce cada vez, e com ele o aumento da

produção de glicerina.

2.4.1 Eterificação do Glicerol

O glicerol pode ser funcionalizado através da reação de eterificação à

poligliceróis, podendo ter diversas aplicações na indústria, tais como: indústrias

de cosméticos, polímeros, alimentos e produtos farmacêuticos, lubrificantes,

plastificantes, estabilizadores, dispersantes e mais recentemente como

produtos biomédicos. Está representado na Figura 2.14, a formação de

poligliceróis a partir da eterificação (SIVAIAH et al., 2012).

30

Figura 2.14 - Eterificação do glicerol (SIVAIAH et al., 2013).

2.4.2 Oxidação Catalítica do Glicerol

O glicerol pode também, ser convertido através da oxidação a ácido

glicérico e ácido tartrônico. Tendo seus produtos largamente utilizados na

indústria da química fina (BRAINER, et al., 2014) estão presentes

principalmente em bronzeadores e também na produção de polímeros,

branqueamento e curtição industrial de couros, de têxteis, papeis, cortiça e

palha, indústria de cosméticos e dermatológicos, goma de mascar, produtos

anti-tártaro, eliminação de ferrugem em metais, mármores e outras pedras e na

fabricação de tintas de escrever. Tem-se na Figura 2.15 uma representação

dos produtos da reação de oxidação do glicerol.

31

Figura 2.15 – Rotas de produção de derivados da reação de oxidação do

glicerol (BRAINER et al., 2014).

2.4.3. Hidrogenólise Catalítica do Glicerol

Alguns trabalhos apontam para a hidrogenólise do glicerol como uma

potencial rota, para a produção de produtos com um maior valor agregado,

destacando-se principalmente o 1,2 e 1,3-propanodiol (CAMERON et al., 1998;

WANG et al., 2003; PEROSA et al., 2005; KUSUNOKI et al., 2005; LAHR et al.,

2003).

Devido à grande estabilidade do grupo alcoólico frente às reações de

hidrogenólise (CHIU et al., 2006), vem sendo necessário submeter o processo

a condições de altas temperaturas e altas pressões de hidrogênio para se

conseguir uma boa taxa de conversão. E por ser um sistema trifásico, esse

processo requer cuidados especiais em sua análise, já que estão envolvidos

fenômenos limitantes da etapa de reação, no que diz respeito às medidas de

transferência de massa gás-líquido-sólido dentro do meio reacional.

Miyazawa et al., (2006), propuseram um modelo em que a rota entre o

glicerol e os dióis leva a formação de produtos intermediários oriundos de uma

reação de oxidação da molécula de glicerol e que a formação do diol

subsequente é consequência direta da oxidação do carbono. Na Figura 2.16,

observamos o mecanismo proposto.

32

Figura 2.16 - Hidrogenólise catalítica do glicerol. (MIYAZAWA et al., 2006)

Para a verificação do modelo proposto, realizaram reações diretamente

com acetol na presença do catalisador Ru(5%)/C com e sem resina verificando

aumento significativo na conversão em 1,2-propanodiol.

2.4.4. Acetilação Catalítica do Glicerol

A alternativa da acetilação da glicerina produzida na fabricação do

biodiesel como coproduto é vista como uma funcionalização promissora. A

acetilação descreve a reação que introduz um grupo acetil (CH3COO-) num

composto orgânico, formando-se um éster, chamado de acetato. No caso da

glicerina, este processo é frequentemente realizado com ácido acético,

formando-se acetato de glicerol. Os ésteres mono, di e tri-acetilados têm por

sua vez grandes aplicações industriais.

O monoacetilglicerol (MAG) por ser um líquido oleoso solúvel em água

pode ser usado de várias maneiras tais como: solvente para tintas, como

agente plastificante e como amolecedor, além de sua aplicação como aditivo

alimentar, (FUKUMURA, 2009). E na produção de explosivos e na indústria dos

curtumes (REZAYAT et al., 2009).

Outra forma de produto da acetilação da glicerina é o diacetilglicerol

(DAG), que é apresentado igualmente como um líquido, mas de menor

33

solubilidade em água. Propriedade esta que pode facilitar a sua separação,

devido à afinidade e polaridade. As aplicações prováveis são várias

possibilidades: solvente, plastificante e agente amolecedor, além de suas

propriedades em criogenia e como matéria-prima para produção de poliésteres

biodegradáveis (LIAO et al., 2009).

Já o tri-acetilglicerol (TAG), que apresenta a acetilação completa da

molécula do glicerol, é um óleo transparente, combustível, de gosto amargo e

excelente solvente para compostos orgânicos. Além de ser utilizado como:

agente anti-microbiano, plastificante em filtros de cigarros (CAMPOS, 2011),

aditivo para combustíveis e aplicação na formulação de cosméticos (LIAO et

al., 2009). A Figura 2.17 apresenta o processo de acetilação via utilização do

ácido acético.

Figura 2.17- Produtos da acetilação do glicerol com ácido acético (ZHOU et al.,

2012)

2.4.4.1. Acetilação Heterogênea do Glicerol

Tem-se estudado bastante a acetilação do glicerol com catalisadores

heterogêneos. Os catalisadores heterogêneos apresentam vantagens porque a

34

sua separação não causa muitos problemas, sendo eles sólidos insolúveis no

meio reacional, porém, sua conversão tem sido menor (RIBEIRO, 2009).

Reddy et al., (2012) estudaram a viabilidade da acetilação do glicerol

com ácido acético empregando CeO2–ZrO2, CeO2–Al2O3, SO42-/CeO2–ZrO2 e

SO42-/CeO2–Al2O3, como catalisadores sólidos ácido para a produção de mono,

di e triacetina. As reações foram realizadas a uma temperatura de 200C, com 1

hora de tempo de reação, e razão molar de ácido acético para glicerol de 6:1,

com de 5 % em peso de catalisador. Foi descoberto que a combinação dos

catalisadores SO42-/CeO2–ZrO2, obtiveram maior atividade catalítica

apresentando (100% de conversão) com 90% de seletividade para a triacetina

em 40 horas de reação.

Rodríguez et al., (2011) descreveram, a relação da hidrólise sobre as

propriedades físico-químicas do sulfatado de zircónia (SZ) obtido pelo método

de sol-gel, para posterior uso na esterificação do glicerol com ácido acético, As

propriedades ácidas das amostras SZ e seus desempenhos na reação de

acetilação foram correlacionados com sucesso, o uso de SZ-1 (zircônia

sulfatada preparado por hidrólise com uma proporção molar = 1) resultou num

rendimento total de acetilação de 63%, após 24 horas de reação, Amberlyst -

15 foi utilizado como catalisador de referência , depois 20 horas de reação foi

alcançado um rendimento de 80%. Neste caso não foram observados

quantidades significativas de TAG. Pode-se afirmar que a cristalização de

zircônia na fase tetragonal melhora as propriedades mecânicas das amostras.

Ferreira et al., (2011) investigaram o uso de heteropoliácidos (HPAs) na

esterificação do glicerol com ácido acético, com a justificativa de que o

processo seria mais “ecológico”, e que os (HPAs) são bons catalisadores

ácidos devido sua forte acidez de Brönsted e suas propriedades estruturais. A

acetilação foi realizada a uma temperatura de 1200C utilizando o ácido acético

e o ácido dodecatungstofofórico (PW) suportado em carvão ativado a fim de

aumentar a sua área superficial específica e o número de sítios ativos

acessíveis, a carga de catalisadores utilizada variou entre 3,5% a 6,5% em

peso. Os testes indicaram que o PW2-AC (com 4,9 % em peso), apresenta

uma maior atividade catalítica chegando a 1,81 × 103 mol/h molH+. Após 3 h de

35

reação, a conversão de glicerol foi de 86%, com as respectivas seletividades

63% em diacetina, 25% em monoacetina e 11% em triacetina.

Silva et al., (2010) reportaram o uso de anidrido acético na acetilação do

glicerol utilizando diferentes catalisadores ácidos sólidos, a reação ocorreu a

600C, a razão molar de anidrido acético sobre glicerol foi de 4:1, como

catalisadores foram utilizados a zeólita beta, fosfato de nióbio, K-10

Montmorilonita e a resina ácida Amberlyst-15. Segundo os autores, foi possível

chegar a uma seletividade para a triacetina de até 100%. Todos os

catalisadores foram mais seletivos para triacetina, porém o Fosfato de nióbio foi

consideravelmente menos ativo para a triacetina. A zeólita beta mostrou o pior

desempenho entre os catalisadores testados apresentando a conversão de

glicerol inferior a 100 % e maior seletividade para monoacetina. A acetilação do

glicerol com ácido acético e a zeólita beta não teve uma seletividade muito boa

para a triacetina.

2.4.4.2. Acetilação Homogênea do Glicerol

A acetilação do glicerol pode também ser realizada com a utilização de

catalisadores homogêneos, sendo eles solúveis no meio reacional, e de fácil

recuperação, geralmente necessitando apenas de uma destilação para tal, e

tendo valores de conversão bastante satisfatórios, o uso dos catalisadores

homogêneos não deve ser desprezado. Assim, o estudo dos mecanismos da

reação pode ser melhor estudado, bem como a otimização de seus

parâmetros. Muitos catalisadores homogêneos têm sido usados, dentre eles

pode-se citar: o ácido sulfúrico, ácido fosfórico, óxido de zinco e ácido p-

toluenosulfônico (MOLINERO et al., 2014). Os catalisadores homogêneos

levam vantagens frente às resinas de troca iônica pelo fato de que elas

possuem baixa estabilidade térmica e podem ainda sofrer desativação

irreversível por adsorção de metais e cátions (TESSER et al., 2010).

Khayoon et al., (2011) compararam valores de conversão na reação de

acetilação do glicerol com ácido acético, utilizando catalisadores sólidos

36

tratados com diferentes ácidos. Trabalharam nas seguintes condições:

temperatura de120°C; razão molar entre glicerol e ácido acético de 1/8; carga

de catalisador de 0,8g; tempo de reação de 5h, e obtiveram conversões

respectivas de 49% para o ácido clorídrico; 57% para o ácido fosfórico, 61%

para o ácido nítrico e 96% para o ácido sulfúrico.

2.5. COMPORTAMENTO CINÉTICO DA ACETILAÇÃO DO

GLICEROL

A seletividade para a reação de acetilação do glicerol é fortemente

influenciada pela razão molar, tempo de reação e a natureza do catalisador

ácido. Nas reações com ácido acético, à resina ácida Amberlyst-15 produz os

melhores resultados para produção da triacetina. O processamento na

presença de anidrido acético e da zeólita Beta como catalisador leva à

produção de triacetina em 100% de rendimento, em apenas 20 minutos de

reação (MOTA et al., 2011).

Estes produtos obtidos da acetilação da glicerina (mono e os

diacilgliceróis) são empregados em vários processos, além de ocorrerem

naturalmente em gorduras que foram parcialmente hidrolisadas. Fator que os

levam a ser bastante utilizados como surfactantes, por serem de alta massa

molecular, solúveis em óleo e insolúveis em água. Os triacilgliceróis são

componentes primários das gorduras e óleos vegetais. A triacetina é usada na

indústria de cosméticos e tabaco. Recentemente, ela tem sido considerada um

potencial aditivo para biodiesel.

2.5.1. Influência da Temperatura na Acetilação do Glicerol

A temperatura da reação certamente é um parâmetro muito importante a

ser estudado na acetilação da glicerina. Khayoon et al., (2011), estudaram a

influência da temperatura na acetilação do glicerol com catalisador derivado de

37

carvão ativado, tratado com ácido sulfúrico. Mantendo-se outras condições

como tempo de reação de 3h, razão molar glicerol: ácido acético de 1:8 e carga

de catalisador 0,8g, aumentou-se a temperatura de 60°C para 120°C, e

observou-se um aumento considerável no rendimento de 27% para 91% e

aumento na seletividade de TAG de 0% para 34%. Eles explicam que a

formação de DAG e TAG é favorecida com a elevação da temperatura devido à

protonação dos grupos hidroxilas restantes da molécula do glicerol por fatores

estéricos.

Zhou et al., (2013), comprovaram o efeito da temperatura na conversão e

na seletividade da reação de acetilação do glicerol, utilizando uma razão molar

de ácido acético/glicerol de 9:1 e como catalisadores a resina ácida (amberlist-

15) e zeólitas (HZSM-5 e HUSY). Entre as temperaturas de 80°C e 110°C, a

conversão aumentou de 83% para 97% e a seletividade para TAG de 27,10%

para 43,20%. Mostraram também, que o aumento da temperatura contribui

para uma menor seletividade para o MAG, de 12,42% para 9,92%. E ainda

informaram que o aumento da temperatura refletia numa expressiva diminuição

do tempo de reação, necessitando de 300 min para a reação atingir o equilíbrio

a uma temperatura de 80°C a 95°C, e apenas 170 min para atingir o equilíbrio

a uma temperatura de 110°C.

2.5.2 Influência da Razão Molar na Acetilação do Glicerol

Outro parâmetro que altera de alguma forma a reação de acetilação é a

razão molar entre o glicerol e o ácido acético. Balaraju et al., (2010),

observaram este efeito utilizando como catalisador ácido nióbico suportado em

ácido tungstofosfórico, nas seguintes condições: temperatura de reação:

120°C; tempo de reação: 4h; carga de catalisador: 200 mg. Foi observado que

aumentando a razão glicerol/ácido acético de 1:3 para 1:5 obteve-se um

aumento de conversão de aproximadamente 10%, não tendo aumento

significativo a partir deste valor. Entretanto, uma baixa concentração de ácido

acético favorece a formação de monoacetina, e consequentemente com uma

38

maior concentração de ácido acético é favorecida a formação de diacetina e

triacetina.

Reddy et al., (2012), pesquisaram a influência da razão molar entre o

ácido acético e o glicerol na reação de acetilação do glicerol utilizando para isto

um catalisador de /CeO2–ZrO2, nas seguintes condições: tempo de

reação: 1h; e temperatura de reação: 120°C. Perceberam que ao aumentar a

razão molar de 3:1 para 6:1, a conversão aumentou aproximadamente 10%

chegando a 100%, a seletividade para diacetina e triacetina aumentaram 20%

e 11% respectivamente e a seletividade para monoacetina diminuiu em 31%.

2.5.3 Influência do Tempo de Reação na Acetilação do Glicerol

O tempo de reação é um fator muito importante com relação a

seletividade, a reação de esterificação do glicerol é iniciada com a formação

primeiramente da monoacetina e posteriormente pela diacetina e triacetina,

portanto espera-se que experimentos com maior tempo de reação proporcione

maior seletividade para a triacetina, e que experimentos com curto tempo de

reação proporcione maior seletividade para a monoacetina. Balaraju et al.

(2010) comprovaram isto, quando estudaram a acetilação do glicerol utilizando

como catalisador ácido nióbico suportado em ácido tungstofosfórico, nas

seguintes condições: temperatura de reação: 120°C; carga de catalisador:

200mg; razão molar glicerol/ácido acético 1:5, obtiveram para a triacetina um

aumento na seletividade de aproximadamente 15% quando aumentaram o

tempo de reação de 0,5h para 4h, e para a monoacetina houve uma diminuição

na seletividade de aproximadamente 30%, neste mesmo intervalo de tempo.

2.5.4 Influência da Carga de Catalisador

Patel e Singh (2014) analisaram o aumento da carga de catalisador na

reação de acetilação do glicerol, com catalisador de ácido 12-tungstofosfórico

39

suportado em zircônia, nas seguintes condições: temperatura de reação:

100°C; razão molar glicerol/ácido acético 1:6, tempo de reação: 6h.

Constataram que o aumento de 0,2g na carga de catalisador aumentou a

conversão de glicerol em até 45%, e perceberam que após isso a conversão

não era alterada significativamente. E que se aumentando a carga de

catalisador de 0,05g para 0,25g a seletividade para a monoacetina diminuiu de

70% para 40% e a seletividade em relação à diacetina aumentou de 30% para

50% e em relação a triacetina de 0% para 5%.

40

3. MATERIAIS E MÉTODOS EXPERIMENTAIS

A valorização catalítica da glicerina proveniente da produção do

biodiesel em produtos de interesse industrial, particularmente os acetatos de

glicerina onde a produção mundial é crescente atualmente. Do ponto de vista

da relação entre produto desejado e catalisador, o enfoque do produto

desejado é de fundamental importância. Dessa maneira a seletividade em

produtos desejados poderá ser aumentada com a adição de catalisadores

homogêneos facilitando a produção e separação das fases envolvidas.

3.1. MATERIAIS

As reações de acetilação catalítica do glicerol em meio acético foram

processadas em reator descontínuo, constituído de um balão de três bocas em

vidro borax silicato sobre agitação mecânica e a pressão atmosférica, com

controle de temperatura. Os reagentes (glicerol, VETEC; anidrido acético,

QUIMICA MODERNA 97% de pureza; acetato de sódio, QUIMICA MODERNA

97% de pureza) foram utilizados. Os solventes utilizados (diclorometano,

metanol, acetona, acetato de etila, acetonitrila, etanol) foram de fabricação

VETEC.

3.2 MÉTODOS EXPERIMENTAIS

As metodologias planejadas para a execução da pesquisa e sua

aplicação recorreram à utilização das seguintes etapas:

Desenvolvimento do processo de acetilação catalítica homogênea

utilizando duas metodologias experimentais diferentes.

Desenvolvimento de metodologia adequada ao monitoramento dos

produtos obtidos no processo de acetilação por cromatografia liquida de alta

eficiência com detecção por índice de refração, levando em consideração a

influência da polaridade (acetonitrila:água) dos mesmos, em relação as suas

separações numa coluna C18.

41

Desenvolvimento da modelagem cinética recorrendo à hipótese de

modelos fenomenológicos para o processo de acetilação na presença de

acetato de sódio como catalisador homogêneo.

As mesmas são descritas de forma detalhadas nos subitens que se

seguem nesse capítulo.

3.2.1. Sistema Reacional

Em razão da importância dos produtos da acetilação catalítica da

glicerina realizaram uma série de reações a partir do glicerol (forma pura da

glicerina) e do anidrido acético na presença do catalisador homogêneo, acetato

de sódio, em temperaturas pré-estabelecidas, e sob refluxo para reações

realizadas com tempos de operação compreendidos entre 0 a 150 minutos.

As reações de acetilação das operações foram realizadas em sistema

agitado mecanicamente em batelada com refluxo à pressão atmosférica,

conforme apresentada na Figura 3.1.

1. Balão em vidro borax silicato;

2. Manta aquecedora, com

controle de temperatura;

3. Termopar;

4. Agitador mecânico e paleta

de agitação tipo ancora;

5. Condensador de refluxo;

6. Coletor de amostra.

Figura 3.1 - Reator batelada do tipo tanque agitado usado na acetilação

catalítica da glicerina

As experiências de processamento do glicerol com anidrido acético em

presença do catalisador acetato de sódio foram executadas de duas maneiras

distintas, no primeiro caso um processo de mistura dos dois reagentes em

42

presença do catalisador com elevação simultânea de temperatura, enquanto no

segundo modo operatório realiza-se uma ativação prévia do anidrido acético

em presença do catalisador com adição posterior do glicerol. Estes dois

métodos são detalhados nos subitens a seguir.

3.2.1.1. Procedimento Experimental -1

São pesados 0,75±0,01 g de catalisador (acetato de sódio) e misturados

a 25,0±0,1 mL de anidrido acético num balão volumétrico de 0,250 litros de

capacidade compondo o reator de batelada de mistura, conforme foi

apresentado na Figura 3.1.

Adiciona-se 7,5±0,01 g (81,4 mmol) de glicerol e inicia-se o aquecimento

com agitação (250 rpm), ao atingir-se a temperatura de reação (107, 117 e

127ºC) dá-se inicio a contagem dos tempos de operação, batelada (30, 60, 90,

120 e 150 minutos), mantendo-se a temperatura de reação controlada e sob

pressão atmosférica.

Ao final do tempo de operação, cessado o aquecimento e a agitação, o

conteúdo de reação é levado a rotaevaporador por cerca de 30 minutos em

temperaturas próxima de 80°C, para eliminação do excesso de ácido acético e

água, formado durante a reação, até quase a secura, a fim de evitar a queima

do conteúdo acetilado (oleoso), que se obtém e são diluídos na própria fase

móvel utilizada nas análises cromatográficas - CLAE, para posterior injeção.

3.2.1.2. Procedimento Experimental -2

Procede-se de modo semelhante ao procedimento experimental-1

quanto à mistura de anidrido acético e catalisador. Deixa-se esta mistura ser

aquecida até a temperatura de reação sob uma agitação constante, quando

então adiciona lentamente o glicerol eliminando-se temporariamente o

aquecimento, mantendo-se em seguida a temperatura de reação por 5, 10, 15

43

e 20 minutos. No final do tempo de reação pré-estabelecido, esfria-se e leva ao

rotaevaporador por cerca de 30 minutos em temperaturas próxima de 80ºC,

para eliminação parcial do excesso de ácido acético e água formado durante a

reação, em seguida dissolve-se o resíduo oleoso obtido na fase móvel

(acetonitrila:água), utilizada nas análises cromatográficas.

Como já dito, anteriormente, as amostras foram novamente solubilizadas

na própria fase móvel a ser utilizada na cromatografia liquida de alta eficiência

(CLAE), após análise os resultados obtidos foram expressos a partir das

concentrações de acetatos de glicerol (mono, di e triacetina) em função do

tempo de operação para as diferentes temperaturas de reação (107°C, 117°C e

127°C), considerando a concentração do catalisador acetato de sódio inicial, e

a condição da razão molar entre a concentração inicial do anidrido acético e do

glicerol.

3.2.2. Sistema Analítico

O monitoramento analítico de reagentes e produtos de reação do

processo de acetilação catalítica foi realizado através da cromatografia líquida

de alta eficiência (CLAE) com detecção por índice de refração (Figura 3.3).

Estudos da otimização das condições de separação a partir da proporção

acetonitrila:água, utilizando as seguintes condições de análise: coluna

cromatográfica C18 e fase móvel acetonitrila/água 60:40.

44

Figura 3.2 - Sistema de análise cromatográfica – CLAE, com detecção por

índice de refração - RI

No intuito da melhor separação dos produtos da acetilação, testaram-se

vários sistemas e duas colunas cromatográficas. Primeiramente tentou-se a

separação dos produtos com uso de uma coluna de troca iônica

(Phenomenex), utilizando como fase móvel uma solução de diclorometano, não

conseguindo resultado satisfatório como ilustrado na Figura 3.3.

Figura 3.3 - Cromatograma característico da análise utilizando a coluna Phenomenex.

Condições de Análise: Detecção: IR, Coluna: Phenomenex, Temperatura: 40ºC, Pressão: 9

Mpa, Fase Móvel: diclorometano, Fluxo: 0,6 mL/min, Picos: 1 Monoacetina, 2.Diacetina,

3. Triacetina, 4. Etanol

45

Em seguida foi testada a análise dos produtos com uma coluna de fase

reversa C18, com composição da fase móvel de 70% de acetonitrila, 25 % de

água e 5% de metanol, e novamente não conseguiu a separação de todos os

produtos, mas a princípio um deles. Trabalhando em cima desta perspectiva,

diminuiu-se a proporção da composição da fase móvel para 50% de água e

50% de acetonitrila, conseguindo uma separação considerável, mas não ideal.

No entanto, como a triacetina é insolúvel em água, as leituras das análises

eram comprometidas tendo em vista a retenção da mesma na coluna,

forçando-se assim a utilização de um menor volume de água na composição da

fase móvel.

Finalmente testou-se uma proporção ótima da composição da fase

móvel com 60% de acetonitrila e 40 % de água, tendo uma boa separação dos

produtos, conforme é mostrado na Figura 3.4.

Figura 3.4 - Cromatograma característico das análises utilizando a coluna C18.

Condições de Análise: Detecção: IR, Coluna: C18 (fase reversa), Temperatura:

30ºC, Pressão: 9 Mpa, Fase Móvel: Acetonitrila:água(60:40), Fluxo: 0,6

mL/min, Picos: 1. Monoacetina, 2. Diacetina, 3. Triacetina.

46

Os parâmetros de análise dos resultados foram: conversão, seletividade

e rendimento, os quais foram calculados como apresentados nas equações

3.1, 3.2 e 3.3.

Conversão:

(3.1)

Seletividade:

(3.2)

Rendimento:

(3.3)

47

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As experiências de processamento do glicerol com anidrido acético em

presença do catalisador acetato de sódio foram executadas de duas maneiras,

distinguindo num primeiro caso um processo de mistura dos dois reagentes em

presença do catalisador com elevação simultânea da temperatura, enquanto no

segundo modo operacional realiza-se uma ativação prévia do anidrido acético

em presença do catalisador com adição posterior do glicerol.

4.1. PROCESSO DE ACETILAÇÃO DO GLICEROL

Abordando as particularidades relativas à reatividade do glicerol em

meio acético, empreendeu-se, no presente trabalho, o desenvolvimento do

processo de acetilação catalítica do glicerol com anidrido acético em presença

de um catalisador homogêneo (acetato de sódio), procurando-se direcionar a

reação para a formação de mono, di e triacetina, conforme as equações da

Figura 4.1.

Figura 4.1 - Acetilação do glicerol em meio acético. (HUANG et al., 2014).

48

A tendência natural da reação de acetilação do glicerol com o anidrido

acético em presença do catalisador acetato de sódio permitiu a

polissubstituição à medida que o tempo de reação evolui, conforme está

apresentado na Figura 4.2.

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

Figura 4.2 – Evolução do procedimento reacional (a) antes – anidrido acético e

acetato de sódio; (b) depois – introdução do glicerol; c) após profunda agitação

a temperatura de ambiente; d) após reação de acetilação na alta conversão do

glicerol; e) mistura reacional; f) remoção do excesso de ácido acético.

4.2 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ACETILAÇÃO

Avaliações reacionais foram realizados no intuito de estudar o processo

homogêneo de acetilação do glicerol, a partir do catalisador CH3COONa em

presença do anidrido acético. O sistema reacional foi operado em reator de

mistura batelada, com refluxo da fase fluida e temperatura de reação

compreendida entre 107° a 127°C.

49

4.2.1 Influência da temperatura

As operações para a acetilação do glicerol foram desenvolvidas em

sistema batelada, para tempo de reação compreendido entre 0 e 150 minutos,

nas temperaturas de 107, 117 e 127ºC e sob pressão atmosférica. A evolução

da conversão foi avaliada em função do tempo e considerando o efeito da

temperatura, mantendo-se constantes os seguintes parâmetros: carga de

catalisador de 0,75g e a razão molar entre a concentração do anidrido acético e

o glicerol de 3,25:1, conforme mostra a Figura 4.3.

Figura 4.3 - Evolução da concentração do glicerol. Influência da temperatura

na acetilação homogênea do glicerol com anidrido acético em presença do

acetato de sódio como catalisador. Procedimento experimental-1. Condições

operacionais: razão molar [(CH3CO)2O]0/[GOH]0=3,25; m[NaAc]=0,75g; P=1atm;

V[(CH3CO)2O]=25mL.

Como esperado, houve um aumento da conversão do glicerol com o

aumento da temperatura, observando-se que quando a temperatura foi elevada

a 127°C a conversão de glicerol aumentou até 97%. Neste intervalo de estudo

a reação foi tão sensível à temperatura que o aumento de apenas 20°C elevou

a conversão da reação em 60%. Percebeu-se claramente que os valores de

0 20 40 60 80 100 120 140 1600

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Convers

ão (

%)

Tempo (min)

T=107°C

T=117°C

T=127°C

50

conversão já estão muito próximos da estabilidade. Na Tabela 4.1 está

destacado o efeito da temperatura sobre a seletividade, em particular da

diacetina.

Tabela 4.1 - Efeito da temperatura sobre a seletividade. Procedimento

experimental-1. Condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=3,25; m[NaAc]=0,75g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; t=150 min,

procedimento experimental-1.

Temperatura (oC) Conversão (%) Seletividade (%)

Monoacetina Diacetina Triacetina

107 34,80 2,52 86,84 10,64

117 50,00 4,10 88,54 7,36

127 97,00 3,10 89,26 7,64

A evolução da conversão foi significativa com a influência da

temperatura. Quanto à seletividade apresenta uma pequena diferença entre os

mesmos produtos, a maior diferença é observada na triacetina com uma

variação de 3% entre as temperaturas estudadas.

4.2.2 Influência da metodologia reacional

Avaliando do ponto de vista da metodologia experimental aplicada no

desenvolvimento do processo de acetilação, constatou-se que a influência da

temperatura na seletividade em diacetina é sempre favorecida nas condições

operacionais aplicadas em relação aos outros produtos de reação (mono e

triacetina). Portanto, procurou-se uma segunda metodologia experimental, já

que a acetilação consecutiva acontece endotermicamente, consequentemente

espera-se que em baixas temperaturas aumentaria a seletividade em

monoacetina. Fato constatado com a aplicação da segunda metodologia

experimental, realizada para a temperatura de 107ºC, onde a conversão se

manteve próxima a da metodologia experimental-1, em torno dos 33,84%, mas

51

a seletividade evoluiu para a formação da monoacetina, atingindo 44,27%,

conforme mostrado na Tabela 4.2. Já em relação à diacetina houve uma queda

para 55,53%, o mesmo acontecendo com a triacetina que cai para 0,19%, o

que mostra que é possível obter uma mistura rica em mono e diacetina, onde

na primeira metodologia aplicada o máximo de seletividade em monoacetina foi

de 2,50% na temperatura de 107ºC.

Tabela 4.2 - Efeito do procedimento experimental-2 na seletividade de mono, di

e triacetina. Condições operacionais: razão molar [(CH3CO)2O]0/[GOH]0=2,25;

m[NaAc]=0,375g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; T=107ºC.

Tempo (min)

Conversão (%)

Seletividade (%)

Rendimento (%)

Mono Di Tri Mono Di Tri

5 33,84 44,27 55,53 0,20 6,89 8,64 0,03

10 30,22 40,43 59,29 0,27 5,62 8,24 0,04

15 27,33 43,75 55,90 0,34 5,50 7,03 0,043

20 27,59 39,76 59,88 0,36 5,05 7,60 0,045

As Figuras 4.4, 4.5 e 4.6 detalham melhor a evolução temporária dos

acetatos de glicerol formados, quantificando as suas seletividades e

rendimentos em função do tempo de reação, na temperatura mais baixa de

reação de 107ºC.

52

Figura 4.4 - Evolução da seletividade e rendimento em monoacetina.

Procedimento experimental - 2. Condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=2,25; m[NaAc]=0,375g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; T=107ºC.

Figura 4.5 - Evolução da seletividade e rendimento em diacetina.

Procedimento experimental - 2 Condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=2,25; m[NaAc]=0,375g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; T=107ºC.

0 5 10 15 20 25

0

10

20

30

40

50

Seletividade em monoacetina

Rendimento em monoacetina

Tempo (min)

Se

letivid

ad

e (

%)

0

2

4

6

8

10

Re

nd

ime

nto

(%

)

4 6 8 10 12 14 16 18 20 220

10

20

30

40

50

60

70

Seletividade em diacetina

Redimento em diacetina

Tempo (min)

Se

letivid

ad

e (

%)

0

2

4

6

8

10

Re

nd

ime

nto

(%

)

53

Figura 4.6 - Evolução da seletividade e rendimento em triacetina.

Procedimento experimental - 2. Condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=2,25; m[NaAc]=0,375g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; T=107ºC.

4.2.3 Influência da Razão Molar na Acetilação do Glicerol

No estudo do efeito da razão molar anidrido acético/glicerol na

seletividade e conversão do glicerol, se fez variar a concentração do glicerol

mantendo-se a concentração do anidrido acético constante. As reações foram

realizadas a pressão atmosférica, com carga de catalisador de 0,375 g,

temperatura de 107ºC e tempo de reação 30 minutos. Foram realizados

experimentos em batelada, variando-se apenas a quantidade de glicerol

introduzida no reator, sendo as razões: 3,25:1, 2,25:1 e 1,25:1. Os resultados

obtidos são apresentados na Figura 4.7.

4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Seletividade em triacetina (%)

Redimendo em triacetina (%)

Tempo (min)

Se

letivid

ad

e (

%)

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

Re

dim

en

to (

%)

54

Figura 4.7 - Efeito da razão molar sobre conversão e a seletividade.

Procedimento experimental - 1.Condições operacionais: m[NaAc]=0,375g;

P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; T=107ºC; t=30 minutos.

Observa-se que a razão molar exerceu um grande controle na escolha

do produto desejado e é um dos principais parâmetros na reação de acetilação

do glicerol. Portanto, quando se fala em seletividade, é possível claramente

perceber que os produtos tem bastante sensibilidade a este parâmetro.

O experimento caracterizou bem o comportamento da monoacetina com

relação ao aumento da razão anidrido acético/glicerol, percebendo-se uma

redução considerável na sua seletividade, passando de 37% para 7%, com

pequena variação na razão molar. Isto ocorre quando o reagente limitante é o

glicerol e as possibilidades de acetilação nos terminais da molécula de glicerol

se reduzem, e o excesso de anidrido faz com que a acetilação ocorra nos

terminais restantes das moléculas já acetiladas. Assim favorecendo a formação

da diacetina e triacetina, e neste caso especialmente a diacetina, porque

precisaria de maior quantidade de anidrido acético para forçar a reação da

terceira acetilação da molécula. Então, nota-se que a monoacetina e diacetina

além de produtos são também intermediários da reação o que está

detalhadamente descrito no mecanismo de reação representados nas

equações 4.1, 4.2 e 4,3 no título 4.3- Modelagem Cinética da Acetilação.

2 4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Monoacetina

Diacetina

Triacetina

Conversão

Razão Anidrido Acético/Glicerol

Se

letivid

ad

e (

%)

34

36

Co

nve

rsã

o (

%)

55

4.2.3 Influência do tempo de reação

Foi estudada a influência do tempo de reação na acetilação do glicerol,

mantendo-se constante os seguintes parâmetros: carga de catalisador: 0,375g;

temperatura: 127°C. Os resultados são mostrados na Figura 4.8.

Figura 4.8 - Evolução da conversão e da seletividade. Procedimento

experimental - 1. Condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=3,25; m[NaAc]=0,75g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; T=127ºC.

No intervalo de tempo estudado, a seletividade, praticamente não

apresentou variação com o aumento do tempo de reação, indicando que a

conversão da reação seguiu aumentando e produzindo praticamente apenas

diacetina. Em 150 minutos de ração a conversão já teria alcançado

aproximadamente 90%.

4.2.3 Influência da Carga de Catalisador

A Figura 4.9 mostra a influência da carga de catalisador na reação de

acetilação do glicerol mantendo-se constante os seguintes parâmetros: razão

molar anidrido acético/glicerol: 2/1; temperatura: 107°C; tempo: 30 minutos.

20 40 60 80 100 120 140 1600

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Monoacetina

Diacetina

Triacetina

Conversão

Tempo de reação (min)

Sele

tivid

ad

e (

%)

88

90

92

94

96

98

Co

nve

rsã

o (

%)

56

Figura 4.9 - Conversão e seletividade em função da Carga de Catalisador.

Procedimento experimental-1. Condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=2,25; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; T=107ºC; t=30 minutos.

O aumento da carga de catalisador desloca a reação no sentido de

formação da triacetina, como mostra a Figura 4.9. Observa-se uma discreta

elevação da triacetina, como também uma diminuição na seletividade da

diacetina, levando em consideração que o tempo de reação foi de 30 minutos e

que o aumento de 0,6 g de acetato de sódio levou a uma variação de

conversão de até 30%.

4.3. MODELAGEM CINÉTICA DA ACETILAÇÃO

Levando-se em conta a hipótese do catalisador acetato de sódio realizar

de forma efetiva a ativação do anidrido acético, postulou-se uma proposta de

modelo fenomenológico baseado na constatação dos resultados experimentais

em relação à formação de intermediários reacionais instáveis: CH3C*O,

(CH3COO)2Na*. Estes complexos formados entre o anidrido acético e o

catalisador (acetato de sódio), permitindo a interação com o glicerol (GOH) são

apresentados nas equações 4.1, 4.2 e 4.3.

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Monoacetina

Diacetina

Triacetina

Conversão

Carga de catalisador (g)

Se

letivid

ad

e (

%)

18

20

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

Co

nve

rsã

o

57

(4.1)

(4.2)

K4

(4.3)

O balanço de massa em mono, di e triacetina (MoAcG, DiAcG e TriAcG),

incluindo lei cinética de primeira ordem para os componentes envolvidos,

permite formular o seguinte sistema de equações do modelo.

(4.4)

(4.5)

(4.6)

onde k1, k-1, k2, k3, k4, k5 são as constantes cinética evolvidas na reação de

produção dos acetatos de glicerol. Aplicando a teoria do estado estacionário

para os componentes intermediários instáveis, segundo o mecanismo

fenomenológico de reação, G* e CH3C*O, têm-se as suas taxas de reação:

(4.7)

K5

58

(4.8)

Resolvendo as equações (4.7) e (4.8) na equação 4.4, obtém a equação 4.9:

(4.9)

Substituindo a equação 4.9 na equação 4.4, tem-se que:

(4.10)

E a partir de hipótese postulada pelas constatações experimentais em relação

ao catalisador, tem-se que:

; então pode ser

substituída por , obtem-se:

(4.11)

Considerando a regeneração constante do catalisador que participa

efetivamente do mecanismo de reação, tem-se:

(4.12)

Como o monitoramento foi realizado pela produção dos acetatos de

glicerol, como o reagente limitante é o glicerol, tem-se a partir do avanço da

reação que

59

+ + , logo as equações 4.12, 4.5 e 4.6, podem ser

escrita como:

(4.13)

(4.14)

(4.15)

Considerando que as constantes

e são as respectivas

constantes k1, k4 e k5 multiplicadas pela concentração do catalisador

[CH3COONa].

O sistema de equações diferenciais (equações 4.13, 4.14 e 4.15) foi

resolvido numericamente por um método de integração do tipo Runge Kutta de

4ª ordem, seguido da aplicação de um método de otimização BOX, 2006,

procurando-se minimizar a função objetivo (f0), definida como a diferença

quadrática, entre os valores experimentais e calculados das concentrações dos

componentes da reação. Comparações entre os valores teóricos e

experimentais para a formação dos acetados de glicerol, nas suas respectivas

temperaturas são mostradas nas Figuras 4.10, 4.11 e 4.12, indicando bom

ajuste do modelo proposto quantificando-se desvios médios da ordem de 10-2.

60

0 5 10 15 20 25

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

tempo (min)

[Monoacetina] m

od (

mol/L)

Modelo

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

[Mo

no

ace

tin

a] e

xp(m

ol/L

)

Experimental

Figura 4.10 - Comparação entre os valores das concentrações experimentais e

calculadas a partir do modelo cinético proposto para a produção de mono, di e

triacetina. Procedimento experimental-2. Condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=2,25; m[NaAc]=0,375g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; T=107ºC.

0 5 10 15 20 25

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

1,1

1,2

tempo (min)

[Dia

cetina] m

od (

mol/L)

Modelo

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

1,1

1,2

[Dia

ce

tin

a] e

xp(m

ol/L

)

Experimental

Figura 4.11 - Comparação entre os valores das concentrações experimentais e

calculadas a partir do modelo cinético proposto para a produção de mono, di e

triacetina. Procedimento experimental-2. Condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=2,25; m[NaAc]=0,375g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; T=107ºC.

61

0 5 10 15 20 25

0,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

0,040

0,045

0,050

tempo (min)

[Tri

acetina] m

od (

mol/L)

Modelo

0,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

0,040

0,045

0,050

[Tri

ace

tin

a] e

xp(m

ol/L

)

Experimental

Figura 4.12 - Comparação entre os valores das concentrações experimentais e

calculadas a partir do modelo cinético proposto para a produção de mono, di e

triacetina. Condições operacionais: razão molar [(CH3CO)2O]0/[GOH]0=2,25;

m[NaAc]=0,375g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; T=107ºC.

Os valores obtidos para constantes de velocidade (k) são mostrados na

Tabela 4.3, para as seguintes condições operacionais: razão molar

[(CH3CO)2O]0/[GOH]0=2,25; m[NaAc]=0,375g; P=1atm; V[(CH3CO)2O]=25mL; T=107ºC.

Tabela 4.3 - Constantes de velocidade da reação de acetilação do glicerol em

presença de acetato de sódio e seus respectivos erros na otimização.

Constantes (min-1

) Valor Erro (%)

1,11x10

-4 3,32

1,54x10

-2 3,79

6,01x10

-4 4,47

Erro Médio (%) 3,86

62

Foi observado que na temperatura avaliada, a seletividade para a

diacetina foi bem acentuada em relação aos outros produtos. A acetilação

consecutiva acontece endotermicamente, portanto em baixas temperaturas a

seletividade aumentaria para a monoacetina, mas como temperatura

permaneceu em torno de 107ºC e a reação é consecutiva, então a

monoacetina é forçada a uma segunda acetilação, obtendo-se a diacetina com

uma maior seletividade. Justificado pelo fato do glicerol possuir três hidroxilas,

podendo a substituição acontecer nas hidroxilias terminais e/ou na hidroxila

central. Este fato é comprovado nitidamente na avaliação dos valores obtidos

para as três constantes envolvidas no mecanismo proposto. O valor da

constante é 100 vezes maior que as outras duas responsáveis pela

formação do mono e da triacetina, para a condição da mais baixa temperatura

estudada de 107ºC, com a conversão ficando em torno dos 30%.

Acredita-se então que uma maior conversão é pouco provável nesta

temperatura de 107ºC, comprovada com o aumento do tempo de reação. Já

que para os tempos de reação compreendidos entre 5 e 20 minutos, a partir da

segunda metodologia experimental aplicada, a conversão permanece

praticamente constante, modificando tão somente a seletividade em produtos

de reação.

No caso de se desejar obter mais di e/ou triacetina é só aumentar a

temperatura da reação, em 10 ou 20 graus, pois a conversão de glicerol

aumenta junto com o aumento em seletividade de di e triacetina.

63

5. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

5.1 CONCLUSÕES

Cumprindo o objetivo de valorizar a glicerina disposta em elevadas

quantidades, procedeu-se a acetilação do glicerol. O melhor resultado para

conversão do glicerol em acetatos de glicerol foi observado utilizando as

seguintes condições: anidrido acético em excesso com razão molar: 3,25/1,

tempo de reação: 150 minutos, acetato de sódio: 0,75g e temperatura de

127°C, obtendo assim uma conversão de 97,04% e rendimentos de 3% em

monoacetina, 87% em diacetiana e 7% em triacetina.

A proporção em acetonitrila:água de 60:40, utilizada na metodologia

desenvolvida para o monitoramento reacional por cromatografia líquida, a partir

da utilização da coluna C18, dos acetatos de glicerol formados (mono, di e

triacetina) foi eficaz na separação e análise dos produtos de reação.

A maior seletividade para a monoacetina foi de 40,27% obtida a partir do

procedimento experimental 2, onde o glicerol é adicionado a reação quando

esta já está na temperatura desejada, nas seguintes condições: razão molar de

anidrido acético sobre glicerol: 2,25/1, tempo de reação: 5 minutos, acetato de

sódio: 0,37g, temperatura: 107°C.

A maior seletividade para a diacetina foi de 89,71% obtida a partir do

procedimento experimental 1, onde o glicerol é aquecido juntamente com os

outros reagentes. Condições: razão molar de anidrido acético sobre glicerol:

3/1, tempo de reação: 90 minutos, acetato de sódio: 0,75g, temperatura: 127°C.

Um modelo matemático foi desenvolvido para representar a cinética da

reação de acetilação com base no mecanismo catalítico de etapas

consecutivas. Os valores das constantes de velocidade foram,

,

e em relação à monoacetina,

diacetina e triacetina respectivamente. O modelo representou bem o

comportamento cinético da reação com erro de aproximadamente 3% a 4%.

64

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Tendo em vista a continuidade da presente pesquisa, propõem-se as

seguintes etapas:

Realizar um estudo sistemático prevendo melhorar a conversão com o

aumento da seletividade em monoacetina, utilizando outros catalisadores como

o hidróxido de sódio (NaOH).

Estudar a possibilidade de usar uma proporção pré-estabelecida de

anidrido acético e ácido acético (1:1; 1:2; 1:3 e 1:4), no intuito da diminuição da

utilização do anidrido acético, o substituindo por ácido acético. Mantendo a

concentração do glicerol de 3,26 mol/L e dos catalisadores a ser testado em

0,375 g.

Avaliar a possibilidade da reutilização do excesso de anidrido acético

e/ou ácido acético, após a destilação ou rota-evaporação, pensando na

diminuição de custo do processo de acetilação.

65

6. REFERÊNCIAS

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