universidade federal de alagoas centro de ciÊncias ... · rosa maria cunha seixas variabilidade...
TRANSCRIPT
- 1 -
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE AGRONOMIA
ROSA MARIA CUNHA SEIXAS
VARIABILIDADE ESPACIAL DA FERTILIDADE DO SOLO, DO ESTADO NUTRICIONAL E DA PRODUTIVIDADE EM CANAVIAL MANEJADO HOMOGENEAMENTE E VISUALMENTE UNIFORME
RIO LARGO, ALAGOAS – BRASIL
- 2 -
2010
ROSA MARIA CUNHA SEIXAS
VARIABILIDADE ESPACIAL DA FERTILIDADE DO SOLO, DO ESTADO NUTRICIONAL E DA PRODUTIVIDADE EM CANAVIAL MANEJADO HOMOGENEAMENTE E VISUALMENTE UNIFORME
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Coordenação do curso de Agronomia do Centro de
Ciências Agrárias – CECA, da Universidade
Federal de Alagoas – UFAL como requisito para
obtenção do título de Engª Agrônoma.
Orientador: Profº Dr. Mauro wagner.
RIO LARGO, ALAGOAS – BRASIL
- 3 -
2010
ROSA MARIA CUNHA SEIXAS
VARIABILIDADE ESPACIAL DA FERTILIDADE DO SOLO, DO ESTADO NUTRICIONAL E DA PRODUTIVIDADE EM CANAVIAL MANEJADO HOMOGENEAMENTE E VISUALMENTE UNIFORME
Trabalho de conclusão de Curso de Graduação em Agronomia apresentado em 11 de fevereiro de 2010 com média 9,0 pela banca examinadora formada pelos seguintes membros:
Profª Roseane Cristina Predes Trindade Universidade Federal de Alagoas
Profª Terezinha Bezerra Albino Oliveira Universidade Federal de Alagoas
Profº Mauro Wagner de Oliveira – Orientador
- 4 -
Universidade Federal de Alagoas
DEDICATÓRIADEDICATÓRIADEDICATÓRIADEDICATÓRIA
Aos meus pais Josué e Aos meus pais Josué e Aos meus pais Josué e Aos meus pais Josué e Rodes, ao meu Rodes, ao meu Rodes, ao meu Rodes, ao meu filho filho filho filho Daniel Daniel Daniel Daniel
Vinícius, por serem as pessoas mais imVinícius, por serem as pessoas mais imVinícius, por serem as pessoas mais imVinícius, por serem as pessoas mais importantes da minhaportantes da minhaportantes da minhaportantes da minha
- 5 -
vidavidavidavida.... Ao meu querido amigoAo meu querido amigoAo meu querido amigoAo meu querido amigo,,,, professor e orientador professor e orientador professor e orientador professor e orientador
Mauro Wagner a quem admiro e respeito.Mauro Wagner a quem admiro e respeito.Mauro Wagner a quem admiro e respeito.Mauro Wagner a quem admiro e respeito.
- 6 -
AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS
Primeiramente Primeiramente Primeiramente Primeiramente eu quero agradecer a Deus, porque dEle e para Ele são todas as coisas, e sem a eu quero agradecer a Deus, porque dEle e para Ele são todas as coisas, e sem a eu quero agradecer a Deus, porque dEle e para Ele são todas as coisas, e sem a eu quero agradecer a Deus, porque dEle e para Ele são todas as coisas, e sem a
força dEle eu não teria força dEle eu não teria força dEle eu não teria força dEle eu não teria chegado até aqui.chegado até aqui.chegado até aqui.chegado até aqui.
Aos meus pais Aos meus pais Aos meus pais Aos meus pais Josué e Rodes Josué e Rodes Josué e Rodes Josué e Rodes , por, por, por, porque são as colunas e os pilares que são as colunas e os pilares que são as colunas e os pilares que são as colunas e os pilares que que que que sustentam sustentam sustentam sustentam a minha vidaa minha vidaa minha vidaa minha vida e e e e
aaaa minha históriaminha históriaminha históriaminha história. Ao meu filho . Ao meu filho . Ao meu filho . Ao meu filho DanielDanielDanielDaniel,,,, que sem querer e até sem saber tornouque sem querer e até sem saber tornouque sem querer e até sem saber tornouque sem querer e até sem saber tornou----se a minha maior se a minha maior se a minha maior se a minha maior
inspiração de lutas e conquistas.inspiração de lutas e conquistas.inspiração de lutas e conquistas.inspiração de lutas e conquistas. A minha irmã A minha irmã A minha irmã A minha irmã Eurides Eurides Eurides Eurides que direta e indiretamente tem sempre me ajudado.que direta e indiretamente tem sempre me ajudado.que direta e indiretamente tem sempre me ajudado.que direta e indiretamente tem sempre me ajudado.
Ao meu estimado e abnegado orientadorAo meu estimado e abnegado orientadorAo meu estimado e abnegado orientadorAo meu estimado e abnegado orientador Mauro Wagner e sua esposa Terezinha bezerrraMauro Wagner e sua esposa Terezinha bezerrraMauro Wagner e sua esposa Terezinha bezerrraMauro Wagner e sua esposa Terezinha bezerrra, por toda , por toda , por toda , por toda
paciência, incentivo, apoio, amizade e total dedicação sem a qual a realização dessepaciência, incentivo, apoio, amizade e total dedicação sem a qual a realização dessepaciência, incentivo, apoio, amizade e total dedicação sem a qual a realização dessepaciência, incentivo, apoio, amizade e total dedicação sem a qual a realização desse trabalho não seria trabalho não seria trabalho não seria trabalho não seria
possível.possível.possível.possível.
As minhas grandes amigas As minhas grandes amigas As minhas grandes amigas As minhas grandes amigas , Aline , Aline , Aline , Aline eeee Sheylinha que tanto me Sheylinha que tanto me Sheylinha que tanto me Sheylinha que tanto me apoiaram e apoiaram e apoiaram e apoiaram e incentivincentivincentivincentivaram.aram.aram.aram..... AAAA
CCCClaudinha, pelas sua palavras decisivas em momentos de desânimo. Dioguinho sempre tão prestativo e laudinha, pelas sua palavras decisivas em momentos de desânimo. Dioguinho sempre tão prestativo e laudinha, pelas sua palavras decisivas em momentos de desânimo. Dioguinho sempre tão prestativo e laudinha, pelas sua palavras decisivas em momentos de desânimo. Dioguinho sempre tão prestativo e
disdisdisdisposto nos momentos que precisei. posto nos momentos que precisei. posto nos momentos que precisei. posto nos momentos que precisei. Marileide, MarisaMarileide, MarisaMarileide, MarisaMarileide, Marisa eeee Eliana pelas orações e apoio.Eliana pelas orações e apoio.Eliana pelas orações e apoio.Eliana pelas orações e apoio.
Em especial quero agradecer a Edna pelas horas dedicadas e pela sua atenção incondicional para a Em especial quero agradecer a Edna pelas horas dedicadas e pela sua atenção incondicional para a Em especial quero agradecer a Edna pelas horas dedicadas e pela sua atenção incondicional para a Em especial quero agradecer a Edna pelas horas dedicadas e pela sua atenção incondicional para a
conclusão desta obra, como também ao conclusão desta obra, como também ao conclusão desta obra, como também ao conclusão desta obra, como também ao ViniciusViniciusViniciusVinicius ,ao Paulo Victor,ao Paulo Victor,ao Paulo Victor,ao Paulo Victor da mesma forma quero agradecer. da mesma forma quero agradecer. da mesma forma quero agradecer. da mesma forma quero agradecer. EEEE AAAA
todos os estagiários do laboratório de todos os estagiários do laboratório de todos os estagiários do laboratório de todos os estagiários do laboratório de QQQQuímica uímica uímica uímica AAAAgrícola que sempre me receberam com gentileza e grícola que sempre me receberam com gentileza e grícola que sempre me receberam com gentileza e grícola que sempre me receberam com gentileza e
hospitalidadehospitalidadehospitalidadehospitalidade....
Por fim quero agradecer a UFAl/CECA, Por fim quero agradecer a UFAl/CECA, Por fim quero agradecer a UFAl/CECA, Por fim quero agradecer a UFAl/CECA, PRPRPRPROOOOEST, PROEX, EST, PROEX, EST, PROEX, EST, PROEX, a coordenação do curso de agronoa coordenação do curso de agronoa coordenação do curso de agronoa coordenação do curso de agronomiamiamiamia
e e e e a todos professores e funcionários que direta e/ou indiretamente contribuíram para minha formação a todos professores e funcionários que direta e/ou indiretamente contribuíram para minha formação a todos professores e funcionários que direta e/ou indiretamente contribuíram para minha formação a todos professores e funcionários que direta e/ou indiretamente contribuíram para minha formação
superior.superior.superior.superior.
A todos um imenso muito obrigadA todos um imenso muito obrigadA todos um imenso muito obrigadA todos um imenso muito obrigadaaaa!!!!!!!!!!!!
- 7 -
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Relação entre o pH em H2O e o Al+3 em 130 amostras de solos cultivados com cana-
de-açúcar na Zona da Mata Mineira ............................................................................06
Figura 02: Saturação por alumínio (m%) aos 40, 80 e 145 dias após início da incubação (D.A.I.)
de amostras de solo com calcário dolomítico e silicato de cálcio, utilizando-se uma ou
duas doses de corretivo predita analiticamente pelo método de saturação por
bases..............................................................................................................................09
Figura 03: Identificação das folhas +1, + 2 e + 3...........................................................................16
Figura 04: Esquema do deslocamento no campo para as amostragens de solo, folha e colmos da
cana-de-açúcar..............................................................................................................21
Figura 05: Coeficiente de variação dos teores foliares de macro e micronutrientes no terço médio
da folha +3 da variedade RB867515, no estudo de variabilidade do estado nutricional
em canavial manejado...................................................................................................27
- 8 -
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Neutralização da acidez do solo com CaCO3, elevação do pH, precipitação do alumínio e
disponibilidade de fósforo de um Latossolo Roxo.......................................... .................07
Tabela 2: Quantidade de calcário calculada pelo método de saturação por bases (V %), em t/ha, para
alcançar as saturações por bases de 40, 50 e 60% e, a saturação por base no solo atingida
após dois, três e quatro anos de condução dos experimentos e o incremento necessário
(I.N.) baseando-se na dose predita analiticamente..............................................................09
Tabela 3: Sugestão de doses de potássio para a adubação da cana, baseando-se na disponibilidade do
potássio extraído com Mehlich e na expectativa de produção de matéria
natural..................................................................................................................................13
Tabela 4: Composição química de vinhaças originárias de diferentes mostos, em amostras coletas na
Zona da Mata Mineira e Alagoana......................................................................................15
Tabela 5: Valores mínimos de disponibilidade de micronutrientes no solo, extraídos com solução de
DTPA e Mehlich-1..............................................................................................................16
Tabela 6: Faixas de concentração de nutrientes no terço médio da folha +2, ou +3, consideradas
adequadas............................................................................................................................17
Tabela 7: Resultados do pH em água e dos teores de fósforo (P), potássio, cálcio (Ca+2), magnésio
(Mg+2), alumínio (Al+3), hidrogênio + alumínio (H+ Al), soma de bases (SB), capacidade
de troca catiônica a pH 7,0 (CTC – T) e saturação por bases (V %) nas amostras de solos
da camada de 0 a 20 cm, do estudo de variabilidade espacial da fertilidade do
solo......................................................................................................................................23
Tabela 8: Resultados dos teores de matéria orgânica (M.O.), zinco (Zn), ferro (Fe),
manganês (Mn), cobre (Cu) e sulfato (SO42-) nas amostras de solos da camada de 0 a 20
cm, do estudo de variabilidade espacial da fertilidade do solo...........................................25
Tabela 9: Teores foliares de macro e micronutrientes no terço médio da folha +3 da variedade
RB867515, no estudo de variabilidade do estado nutricional em canavial
manejado.............................................................................................................................26
Tabela 10: Acúmulo de biomassa, produção de colmos industrializáveis e de açúcares, pela variedade
RB867515, no estudo de variabilidade espacial da produtividade em canavial manejado
homogeneamente e visualmente uniforme..........................................................................28
- 9 -
SUMÁRIO
Página
RESUMO ......................................................................................................... VI
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................. 3
2.1. A cultura da cana-de-açúcar.................................................................... 3
2.2. A produção de biomassa e a remoção de nutrientes .......................... 4
2.3. Calagem e gessagem ............................................................................... 5
2.4. Adubação química ................................................................................ 11
2.5. Avaliação do estado nutricional da cana-de-açúcar ............................. 15
2.6. A variabilidade espacial e medidas usadas para quantificar a dispersão de resultados .........................................................................
17
3. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................... 20
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 23
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 29
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA.......................................................... 30
- 10 -
RESUMO
SEIXAS, R.M.C. Variabilidade Espacial da Fertilidade do Solo, do Estado Nutricional e
da Produtividade em Canavial Manejado Homogeneamente e Visualmente Uniforme.
Rio Largo: UFAL – CECA, 2010. 35p. (Trabalho de Conclusão de Curso).
Avaliou-se nesta pesquisa a variabilidade espacial da fertilidade do solo, do estado nutricional
e da produtividade em canavial manejado homogeneamente e visualmente uniforme. Na fase
de crescimento máximo da cana-planta e por ocasião da sua colheita realizaram avaliações
visuais da uniformidade do canavial, visando implementar o estudo no ciclo de primeira
rebrota. No ciclo de primeira rebrota foram realizadas dez amostragens, georeferenciadas, do
solo, das folhas + 3, e dos colmos industrializáveis, no centro do talhão de cerca de 5,0
hectares. Para as amostragens deslocou-se na diagonal do talhão e, a cada 30 m, realizou-se,
sempre no mesmo local, a coleta das amostras. As amostras de solo foram coletadas a cerca
de 20 a 25 cm do sulco de plantio e as folhas + 3 e os colmos industrializáveis em uma área
de 2,0 m2. Mesmo o canavial sendo manejado homogeneamente e estando a rebrota
visualmente muito uniforme, foram constatadas grande variação espacial da fertilidade do
solo, do estado nutricional e da produtividade de colmos e de açúcares. Em relação à
variabilidade espacial da fertilidade do solo observou-se que acidez, medida como pH em
H2O, foi a que menos variou, por outro lado constatou-se coeficiente de variação igual ou
superior a 50% para os teores de fósforo, potássio, zinco, ferro, manganês e cobre. Em
diversas amostragens o conteúdo de nutrientes no limbo foliar foi inadequado mesmo com as
plantas crescendo em solo com alta disponibilidade do elemento. Agrupou-se a variabilidade
espacial da concentração foliar dos nutrientes em três classes: a primeira com coeficiente de
variação (CV) inferior a 10%, a segunda variando de 10 a 15% e, a terceira maior que 15%.
Os elementos da primeira classe foram P, N e Mg. Para o teor foliar de P foi verificado o
menor coeficiente de variação, cerca de 5%, e todos os valores observados foram abrangidos
pela média ± dois desvio padrão. Potássio, zinco, boro e enxofre constituíram, em ordem
crescente de variação, a segunda classe. O coeficiente de variação dos teores foliares de
ferro,cobre e manganês foram da ordem de 20%. O cálcio foi o nutriente que teve maior
- 11 -
variabilidade no conteúdo foliar, atingindo 40% de coeficiente de variação. Mesmo sob
deficiência nutricional a RB867515 apresentou alta produção de biomassa e de açúcares.
Palavras-Chave: Dispersão de resultados, amplitude da média, análise foliar, teor de
nutrientes, estado nutricional da cana-de-açúcar.
- 1 -
1 INTRODUÇÃO
A cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é uma cultura de grande importância para o Brasil,
atualmente maior produtor mundial. A área cultivada com cana-de-açúcar é de cerca de 8,0
milhões de hectares, plantada em pequenas, médias e grandes propriedades rurais,
empregando, portanto, grande número de pessoas de diferentes classes sociais, sendo na
maioria das vezes, utilizada para a produção de açúcar e álcool (SILVA et al.,2009).
Nas pequenas propriedades rurais o uso da cana-de-açúcar é mais comum na produção
de rapadura, açúcar mascavo, cachaça e alimentação animal: para ruminantes, em épocas de
preços altos do milho e/ou baixos da carne de suínos tem-se recorrido a cana-de-açúcar como
fonte de energia para a alimentação desses monogástricos, fornecendo aos animais na forma
de colmos picados, misturados à ração, ou como garapa (OLIVEIRA, M. et al., 2007).
Quando se utiliza a cana-de-açúcar na alimentação de ruminantes é necessário uma
complementação com proteína, minerais e amido para que a produtividade animal seja
satisfatória, pois o baixo teor protéico desta forragem associado às outras limitações
nutricionais, como alto teor de fibra de difícil degradação ruminal, baixos teores de amido,
fósforo e enxofre, resultam em consumo e rendimento limitados (EZEQUIEL et al., 2006 ).
Devido a elevada taxa de fixação do ar atmosférico pela cana-de-açúcar, por período
prolongado de tempo, associada à implementação, em grandes áreas, da colheita sem a prévia
despalha a fogo, o sequestro de carbono pela cultura está sendo visto como mais uma
contribuição ao meio ambiente, haja visto que atualmente no Brasil são utilizadas técnicas de
produção que reciclam nutrientes e resíduos produzidos pela cultura ou pela industrialização,
havendo nas usinas grandes pátios de compostagem. O bagaço da cana-de-açúcar é usado
tanto para a compostagem quanto para a produção de energia, mas há estudos em andamento
visando a sua hidrólise para posterior utilização na produção de álcool.
Várias tecnologias têm sido estudadas, tanto por pesquisadores quanto pelas unidades
sucroalcooleiras do Brasil, visando ao aumento da eficiência dos insumos, diminuição dos
custos de produção e elevação da produtividade da terra e da mão-de-obra, com o objetivo de
tornar a atividade lucrativa e sustentável. Dentre estas podem-se citar: a avaliação da
fertilidade do solo, o uso de adubação verde e de compostagem, os trabalhos para identificar
variedades com maior potencial produtivo e melhor adaptadas a determinados ambientes
- 2 -
edafoclimáticos, o controle integrado de plantas daninhas, o uso de controle biológico para
pragas, especialmente para a broca da cana-de-açúcar e para as cigarrinhas, o planejamento
de colheita e o pagamento da cana-de-açucar pela qualidade do caldo e pelos açúcares
recuperáveis. Dentre essas tecnologias, a adubação assume papel de alta importância para o
aumento da produtividade da cana-de-açúcar, principalmente naqueles solos de comprovada
carência de nutrientes. A análise química do solo é uma ferramenta fundamental para avaliar a
fertilidade do solo e, conseqüentemente, determinar a necessidade de adubação das culturas
(FELIPE, 2008).
Outra tecnologia, mais recente, mas muito promissora é a agricultura de precisão, que
permitirá, dentre outros, adubar mais adequadamente os canaviais levando-se em
consideração a fertilidade do solo e a remoção de nutrientes pelas colheitas. Entretanto, para
sua implementação há necessidade de conhecer diversos atributos químicos do solo e da
planta e, especialmente sua variabilidade espacial.
Assim, nesta pesquisa, avaliou-se a variabilidade espacial da fertilidade do solo, do
estado nutricional e da produtividade em canavial manejado homogeneamente e visualmente
uniforme.
- 3 -
2 REVISÃO DE LITERATURA
Em estudos e avaliações realizadas em Alagoas e em outras regiões produtoras de
cana-de-açúcar do Brasil têm-se constatado produtividade média dos canaviais, incluindo os
colmos industrializáveis, as folhas secas e os ponteiros, em torno de 100 toneladas de matéria
natural por hectare, sendo que aproximadamente 80% dessa massa é constituída pelos colmos
industrializáveis. Mas, conforme afirmam Demattê (2005), Vitti e Mazza (2002) e Oliveira, et
al. (2007), empregando-se corretamente a calagem, a gessagem, as adubações verde, orgânica
e química e, escolhendo-se adequadamente as variedades podem-se alcançar produtividades
superiores a 150 toneladas de matéria natural por hectare, e ainda sob irrigação complementar
essa produtividade média pode ultrapassar a 200 toneladas de matéria natural por hectare.
Desta forma, desde o planejamento até a implantação do canavial devem ser usadas
tecnologias que preservem ao máximo o meio ambiente e que por outro lado otimizem o uso
dos insumos, da terra e da mão de obra, resultando em aumentos de produtividade e em
redução dos custos de produção.
2.1. A cultura da cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é uma gramínea de relevante importância
socioeconômica e ambiental para o país. Esta importância é atribuída à sua múltipla
utilização, podendo ser utilizada “in natura”, na forma de forragem para alimentação animal, e
como matéria prima na fabricação de rapadura, melaço, cachaça e, principalmente, na
produção de açúcar e àlcool (CESAR et al., 1987; OLIVEIRA, M. et al., 2007).
Geralmente, o seu uso em pequenas propriedades é para alimentação humana e animal,
enquanto a produção das médias e grandes lavouras destina-se à fabricação de açúcar e álcool.
O rendimento econômico da cana-de-açúcar é dado pela produção de sacarose, componente
mais valioso, além de açúcares redutores utilizados para formar o melaço e, também o bagaço,
que pode ser utilizado para a compostagem ou como fonte de energia para a própria usina,
evitando ou diminuindo o uso de lenha ou de óleo combustível no processo industrial
(OLIVEIRA et al., 2002; OLIVEIRA, M. et al., 2007).
- 4 -
2.2. A produção de biomassa e a remoção de nutrientes
A cana-de-açúcar por produzir grande quantidade de massa, extrai do solo e acumula
na planta, grande quantidade de nutrientes. Para uma produção de 120 toneladas de matéria
natural por hectare, cerca de 100 toneladas de colmos industrializáveis, o acúmulo de
nutrientes na parte aérea da planta esta na ordem de 150, 140, 180, 90, 50 e 40 kg de N, P, K,
Ca, Mg e S, respectivamente. No caso dos micronutrientes Fe, Mn, Zn, Cu e B, os acúmulos
na biomassa da parte aérea, também para uma produção de 120 toneladas são em torno de 8,0;
3,0; 0,6; 0,4 e 0,3 kg respectivamente (ORLANDO FILHO, 1993; VITTI e MAZZA, 2002;
DEMATTÊ, 2005, OLIVEIRA, M. et al., 2007).
O acúmulo de biomassa pela cana-de-açúcar depende de fatores climáticos,
principalmente da luminosidade, temperatura e disponibilidade hídrica do solo, sendo também
marcantes os efeitos da fertilidade do solo e do controle de plantas daninhas e pragas. Em
relação às doenças, o principal método utilizado é a seleção de variedades tolerantes ou
resistentes (BARBOSA et al., 2007).
Pesquisas têm mostrado que há diferença entre as variedades de cana-de-açúcar quanto
à eficiência na absorção e na utilização de nutrientes, havendo materiais que apresentam
produção razoável mesmo sob condições de baixa disponibilidade destes nutrientes na solução
do solo, enquanto outros, às vezes os mais produtivos, são consequentemente mais exigentes
(OLIVEIRA, et al., 2002, 2007). Na análise da eficiência nutricional de uma variedade de
cana-de-açúcar deve-se quantificar sua capacidade de absorver e utilizar os nutrientes para a
produção de biomassa seca, de proteína e de sacarose. A variedade que em uma mesma
condição edafoclimática consegue acumular maior quantidade de nutrientes é considerada
mais eficiente no processo de absorção e, aquela que produz maior massa de sacarose, ou de
biomassa, por massa de nutriente absorvido, é a mais eficiente na utilização deste elemento
(MENDES, 2006). É desejável que a variedade seja eficiente nos dois processos, mas nem
sempre se consegue alcançar este objetivo (BARBOSA et al., 2002; VITTI e MAZZA, 2002;
DEMATTÊ, 2005, OLIVEIRA, M. et al., 2007).
- 5 -
2.3 Calagem e gessagem
A cana-de-açúcar é cultivada em muitos tipos de solo, possuindo diferentes fertilidade,
portanto, deve-se conhecer a capacidade de fornecimento de nutrientes pelo solo para, se
necessário, complementá-la com adubações e, se constatada a presença de elementos em
níveis tóxicos, reduzir sua concentração pela calagem e gessagem. Normalmente, se avaliam a
disponibilidade de nutrientes e a presença de elementos em níveis tóxicos no solo pela análise
química da camada arável, sendo também de grande valia o histórico da área, sobretudo as
adubações realizadas e se houve ou não ocorrência de sintomas de deficiência ou de toxidez
nos cultivos anteriores (OLIVEIRA, M. et al., 2007).
A acidez do solo é uma das principais causas da baixa produtividade agrícola, sendo
caracterizada pela alta concentração de íons hidrogênio (H+) na solução do solo e aos altos
teores de Al trocável, conhecidas como acidez ativa, acidez trocável ou nociva. A calagem é
uma prática cujos efeitos benéficos são bastante conhecidos na agricultura e visam
principalmente corrigir a acidez; neutralizar os efeitos tóxicos de elementos como o alumínio
e o manganês; fornecer cálcio e magnésio; contribuir para melhoria da estrutura do solo e da
vida microbiana, além de favorecer a ação de adubos químicos. Os solos brasileiros são, em
sua grande maioria, naturalmente ácidos, apresentando baixa saturação por cátions básicos,
como cálcio, magnésio e potássio. A deficiência de cátions básicos, associada aos altos teores
de alumínio, ferro e manganês, é prejudicial ao crescimento do sistema radicular e,
consequentemente, de toda a cana-de-açúcar (OLIVEIRA, M. et al., 2007; RAIJ, 2008).
Especialmente em relação ao alumínio há muitas observações experimentais indicando
que a maior parte da ação fitotóxica desse elemento ocorre no sistema radicular, que poderia
ser resumida da seguinte maneira: os primeiros sintomas observáveis de toxicidade são as
diminuições no elongamento radicular; a produção de biomassa radicular é normalmente mais
sensível à toxicidade do Al que a produção de biomassa da parte aérea; e uma correlação entre
o suprimento de Al e seu acúmulo na parte aérea não pode ser generalizada para todas as
plantas afetadas pelo metal (MACHADO, 1997; RAIJ, 2008).
De forma geral, a grande maioria dos pesquisadores se referem à toxidez do Al, mas o
Al(OH)2+ e o Al3
+, são essas formas fitotóxicas do alumínio, que afetam a divisão celular;
- 6 -
inibem o crescimento das raízes; causam a precipitação do fósforo, tanto no solo como no
interior das raízes; diminuem a absorção de água e de nutrientes; afetam a fotossíntese e, por
consequência, a produtividade das culturas (NOVAIS e SMITH, 1999; OLIVEIRA, M. et al.,
2007). Após a aplicação do calcário há elevação do pH do solo e essa neutralização da acidez
do solo inicialmente precipita o alumínio. Na Figura 1 é mostrada a relação entre o pH em
H2O e o Al+3 em 130 amostras de solos cultivados com cana-de-açúcar na Zona da Mata
Mineira. Pela linha de tendência da figura pode-se constatar que, para valores de pH em H2O
maior que 5,5, há pouco ou nenhum alumínio na solução do solo.
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
4,25 4,50 4,75 5,00 5,25 5,50 5,75 6,00
pH em H2O
Al3
+(c
mo
l c/d
m3)
Figura 1. Relação entre o pH em H2O e o Al+3 em 130 amostras de solos cultivados com
cana-de-açúcar na Zona da Mata Mineira.
Fonte: Oliveira, M.W. Informação pessoal.
Após a precipitação do alumínio trocável há aumento da disponibilidade de fósforo na
solução do solo, decorrente da liberação de fósforo ligado ao alumínio, como observado por
Pavan e Oliveira (1997), em trabalhos conduzidos em latossolo roxo. Esses pesquisadores
constataram que a elevação do pH de 4,5 para 5,5 precipitou totalmente o alumínio e elevou o
teor de fósforo de 4,8 para 24,2 mg/dm3 (Tabela 1), mas a valores de pH de 6,5 e 7,0 houve
decréscimo na disponibilidade de fósforo pela formação de fosfato de cálcio.
- 7 -
Tabela 1. Neutralização da acidez do solo com CaCO3, elevação do pH, precipitação do
alumínio e disponibilidade de fósforo de um Latossolo Roxo.
mg/dm3
4,5 1,80 0,66 0,37 1,60 12,56 4,8
5,0 4,40 0,68 0,38 1,00 10,00 5,5
5,5 7,6 0,70 0,35 0,00 6,73 24,2
6,5 10,60 0,70 0,36 0,00 3,66 16,0
7,5 15,00 0,66 0,36 0,00 0,20 8,0
PC átions bás icos trocáveis
.---------------------- cmolc/dm3 ----------------.
H+ +
Al+3 C a Mg K
Al +3
pH em
H 2O
Fonte: Adaptado de Pavan e Oliveira (1997).
O uso de fertilizantes nitrogenados, principalmente os amoniacais, e a remoção de
cátions básicos pelas colheitas também podem contribuir para que os solos se apresentem
ácidos, com isso tem sido uma prática comum, na cultura da cana-de-açúcar, a correção da
acidez do solo. Exemplifica-se, a seguir, com base em Malavolta et al. (1989), Oliveira, M. et
al. (2007) e Raij (2008), a acidificação causada por um fertilizante amoniacal, o sulfato de
amônio, (NH4)2SO4:
(NH4)2SO4 ↔ 2NH4+ + S04
2-; a seguir os 2NH4+ originários da dissociação do
(NH4)2SO4 são oxidados por Nitrossomonas e Nitrobacter, produzindo 2NO3-. Desta forma,
pode-se descrever a reação ácida do sulfato de amônio como sendo:
(NH4)2SO4 + 4O2 → 2NO3- + SO4
- + 2H2O + 4H+ .
Uma vez que 100 g de CaCO3 neutralizam 2,0 moles de H+ , para neutralizar 4H+ serão
necessários 200 g de CaCO3. Vários materiais podem ser usados como corretivos da acidez
dos solos, sendo os mais empregados os calcários calcíticos, magnesianos e dolomíticos e os
silicatos de cálcio e magnésio, designados de escórias de siderurgias. Nessas escórias, o teor
de óxido de magnésio oscila em torno de 8%, enquanto os calcários calcíticos possuem teores
- 8 -
de MgO inferiores a 5%, os magnesianos entre 6 e 12% e os dolomíticos acima de 12%. A
eficiência desses produtos na correção da acidez do solo depende, dentre outros fatores, da
sua granulometria, da distribuição uniforme no campo e da disponibilidade hídrica do solo
VITTI e MAZZA, 2002; OLIVEIRA, M. et al., 2007).
Em relação à dosagem do corretivo, existem alguns métodos para estimar a quantidade
do produto a ser aplicado. Esses métodos baseiam-se na granulometria e poder neutralizante
do corretivo, bem como nas características químicas do solo, principalmente teores de cálcio,
magnésio, potássio, alumínio e hidrogênio (OLIVEIRA, 1993; OLIVEIRA et al., 1997;
OLIVEIRA, M. et al., 2007).
Na maioria dos estados brasileiros, a dose de corretivo a ser aplicada tem sido
estimada pelo método da neutralização da acidez trocável e da elevação dos teores de cálcio e
magnésio (SOUZA et al., 1997) ou pelo método de saturação por bases (RAIJ, 1997). Para a
cana-de-açúcar, tem sido recomendado elevar a saturação por bases (V) a 60%. Segundo Raij
(1997), a quantidade de calcário (QC) a ser usada, quando se emprega o método de saturação
por bases, é calculada pela seguinte expressão: QC (t ha-1) = [(60 – V) x T] ÷ PRNT (Eq. 1)
sendo V = saturação por bases atual do solo; T = capacidade de troca catiônica a pH 7,0; e
PRNT = poder relativo de neutralização total do corretivo utilizado.
Estudos conduzidos por Oliveira et al. (2004), em solos cultivados com cana-de-
açúcar na Zona da Mata Mineira, mostraram a necessidade de utilizar o dobro das quantidades
de corretivo calculadas pelos dois métodos (SOUZA et al., 1997; RAIJ, 1997), para
neutralizar o alumínio trocável ou elevar a saturação por bases a 60% (Figura 2).
Os resultados descritos por Oliveira et al. (2004) foram semelhantes aos obtidos por
Ernani e Almeida (1986), Oliveira et al. (1997) e Zancanaro (2002), ao compararem métodos
analíticos para avaliação da necessidade de calcário dos solos dos Estados de Santa Catarina,
Paraná e Mato Grosso, respectivamente. Estes autores também verificaram que o método de
saturação por bases subestimou, demasiadamente, a necessidade de calcário dos solos
estudados, sobretudo dos mais tamponados. Valores de saturação por bases inferiores aos
preditos analiticamente também foram encontrados por Morelli et al. (1992) em latossolo de
textura média, álico, cultivado com cana-de-açúcar. Os resultados obtidos por Zancanaro
(2002) em Campo Novo do Parecis e Nova Mutum (MT) são apresentados na Tabela 2. Esse
autor verificou que o incremento na dose de calcário estimada pelo método de saturação por
bases variou de 46 a 92%.
- 9 -
0
10
20
30
40
50
60
70
80
40 dias 80 dias 145 dias
m (
%)
Testemunha Calcário dolomítico (Uma dose)Calcário dolomítico (Duas doses) Silicato de cálcio (Uma dose)Silicato de cálcio (Duas doses)
Figura 2 - Saturação por alumínio (m%) aos 40, 80 e 145 dias após início da incubação (D.A.I.) de amostras de solo com calcário dolomítico e silicato de cálcio, utilizando-se uma ou duas doses de corretivo predita analiticamente pelo método de saturação por bases.
Tabela 2 - Quantidade de calcário calculada pelo método de saturação por bases (V %), em t/ha, para alcançar as saturações por bases de 40, 50 e 60% e, a saturação por base no solo atingida após dois, três e quatro anos de condução dos experimentos e o incremento necessário (I.N.) baseando-se na dose predita analiticamente.
Local V% V% Calcário Calcário ( t/ha)*Inicial desejado t/ha Quantidade necessária
PRNT 80% (Dois anos após calagem)
2 3 4
8,3 40 2,5 24,6 24,6 27,6 4,8 92
8,3 50 3,3 30,6 30,6 31,4 5,8 76
8,3 60 4,1 38,7 38,7 35,2 6,9 68
Média 79
9,0 40 2,8 26,8 26,8 28,7 4,1 46
9,0 50 3,7 33,8 33,8 33,5 5,8 57
9,0 60 4,7 39,4 39,4 38,9 7,4 57
Média 54
Nova Mutum
(MT)
I. N.
(%)
V (%)Atingida após vários anos
da realização da calagem
Campo Novo
do Parecis
(MT)
* Quantidade de calcário necessária para área de vegetação de cerrado de primeiro ano de
cultivo. Fonte: Zancanaro (2002).
- 10 -
Há uma conceituação generalizada que a melhor relação Ca+2: Mg+2 no solo é de 4:1,
assim o tipo de calcário, calcítico, magnesiano ou dolomítico, a ser usado deve-se basear nesta
relação. Por outro lado, alguns autores preconizam saturação de cátions trocáveis, em relação
à capacidade de troca catiônica efetiva do solo (t), de 80% de cálcio, 13% de magnésio e 6%
de potássio, proporcionando relações Ca:Mg, Ca:K e Mg:K, respectivamente de 6,15:1 ;
13,3:1 e 2,2:1. Entretanto, conforme afirmam Oliveira, M. et al. (2007) vários trabalhos
evidenciam-seque as concentrações de Ca e Mg na solução são mais importantes que a
relação entre esses cátions. No caso do milho, trabalhos conduzidos por Oliveira (1993) têm
indicado que as variações na relação Ca:Mg do solo de 01:01 a 12:01 em solos com teores de
Ca e Mg trocáveis acima de 2,32 e 0,40 cmolc dm-3, respectivamente, não afetaram o
rendimento e produção de matéria seca do milho.
Os altos teores de alumínio no solo, associados na maioria das vezes à teores
deficientes de cálcio, afetam o desenvolvimento das raízes, chegando até mesmo a impedir o
seu crescimento, conforme discutido anteriormente. Nestas situações, há no solo uma barreira
química, ou impedimento químico ao crescimento e aprofundamento do sistema radicular,
decorrente dos altos teores de alumínio trocável e da acidez elevada. Há portanto, necessidade
de romper essa barreira, o que pode ser conseguido experimentalmente incorporando o
calcário na profundidade de 0 a 40 cm, mas é impraticável nas lavouras comerciais devido à
necessidade de alta potência dos tratores, o que onera demasiadamente os custos de produção.
Uma alternativa à incorporação profunda do calcário é o uso de gesso, que aplicado
superficialmente ao solo, ou conjuntamente com o calcário, arrasta cálcio e magnésio para a
subsuperfície (VITTI e MAZZA, 2002; DEMATTÊ, 2005; OLIVEIRA, M. et al., 2007; RAIJ
, 2008).
O gesso agrícola ou fosfogesso, 10CaSO4.2H2O, é um subproduto da indústria de
fertilizantes, originário da reação entre o ácido sulfúrico e a rocha fosfatada, realizada para
produzir ácido fosfórico. Além do fosfogesso, o Brasil tem abundantes jazidas de gipsita no
sertão pernambucano, no centro-oeste e no norte, que podem fornecer o gesso para uso
agrícola. A solubilidade em água, cerca de 2,5 g/L, é um importante fator diferencial do gesso
em relação ao calcário: nem alta demais, que promove rápida lixiviação de íons, nem baixa
demais, que torne o material pouco inerte no solo (RAIJ, 2008). O gesso aplicado ao terreno
- 11 -
não neutraliza a acidez do solo, mas diminui a saturação de alumínio e aumenta a saturação
por bases da subsuperfície, proporcionando condições para maior desenvolvimento e
aprofundamento do sistema radicular da cana (OLIVEIRA, M. et al., 2007; RAIJ , 2008).
Recomenda-se aplicar gesso quando for varificado teores de Ca2+ menores que 0,4
cmolc dm-3 e, ou, saturação por alumínio maior que 20%, na camada de 20 a 40 cm. A
aplicação de gesso levará à melhoria do ambiente radicular das camadas abaixo da arável,
efeito que perdura por alguns anos, por esse motivo não é necessária a reaplicação anual do
gesso. Em áreas com palhada de cana-de-açúcar ou de resíduos orgânicos sobre o solo e, se os
teores de Ca2+ não forem muito baixos e, ou, a saturação por alumínio não for muito alta, a
resposta ao gesso poderá ser menor, devido à presença de ânions orgânicos na solução do solo
(DEMATTÊ, 2005; OLIVEIRA, M. et al., 2007; RAIJ , 2008).
2.4 Adubação química
A adubação mineral da cana-de-açúcar baseia-se nos resultados da análise de solo, na
camada de 0 a 20 cm, e na produtividade que se deseja obter.
O acúmulo de nitrogênio pela cana-de-açúcar varia de acordo com o cultivar, a idade
da cultura, a disponibilidade do N e de outros elementos na solução do solo como também
depende de fatores edafoclimáticos. Para as variedades atualmente mais plantadas diversos
trabalhos (DEMATTÊ, 2005; MENDES, 2006 e, OLIVEIRA, M. et al., 2007) relatam que a
extração de nitrogênio oscila em torno de 1,2 kg por tonelada de matéria natural da parte
aérea. Considerando que as raízes e os rizomas correspondem, em média, a 30% da massa de
toda a planta, pode-se estimar que para cada t de matéria natural acumulada pela parte aérea
ocorre absorção de 1,5 kg de N pela planta. Portanto, para sistemas com produtividade
superior a 120 toneladas de matéria natural por hectare, a quantidade de N absorvida pela
cultura ultrapassa 180 kg.ha-1, sendo, nesses sistemas, sugerido o uso de adubação
nitrogenada, em doses variando de 60 a 100 kg por hectare (OLIVEIRA, M. et al., 2007).
As respostas das rebrotas de cana-de-açúcar à adubação nitrogenada são mais
frequentes que na cana-planta, com porcentual acima de 90%. Como recomendação geral,
sugere-se aplicar 1,0 kg de N por tonelada de matéria natural acumulada na parte aérea. Uma
vez que os colmos industrializáveis representam em média 80% da matéria natural da parte
aérea, produtividades de 100 t de colmos corresponderiam a 125 t de matéria natural. Nesse
- 12 -
caso, a recomendação de adubação seria de 125 kg de N ha-1, devendo o adubo nitrogenado
ser aplicado, em dose única, juntamente com o potássio (OLIVEIRA, M. et al., 2007).
A uréia tem sido o fertilizante nitrogenado mais usado na adubação da cana-de-açúcar
em razão, principalmente, do menor custo por unidade de N, em comparação com outras
fontes. A aplicação de uréia sobre o solo ou sobre a palhada poderá levar a grandes perdas por
volatilização de amônia, conforme observado por Oliveira et al. (1999b), ultrapassando
valores da ordem de 40% do nitrogênio.
A maior dose de fósforo deve ser aplicada no fundo do sulco de plantio. Essa aplicação
a uma profundidade maior aumenta a absorção do nutriente pela cana, pois a disponibilidade
hídrica da subsuperfície varia menos que na superfície. A mobilidade do fósforo no solo é
pequena e, sua difusão é influenciada por diversos fatores, com destaque para: precipitação
por cátions como, ferro, alumínio e cálcio; conteúdo volumétrico de água no solo; adsorção
do fósforo pelos colóides do solo; complexidade da estrutura do meio; compactação do solo;
a distância a percorrer até atingir as raízes e o teor do elemento no solo, conforme relatam
Novais e Smith, (1999). Em geral, são registrados valores muito baixos de transporte de
fósforo, devido a sua forte interação com os colóides do solo, principalmente em solos muito
intemperizados e segundo esses mesmos autores, pode-se estimar que o transporte seja em
média de 0,013mm por dia.
O fósforo aplicado por ocasião do plantio da cana assegura, na maioria das vezes,
suprimento adequado do elemento para a cana-planta e para a primeira rebrota, devendo-se
utilizar formulações contendo P na adubação das rebrotas posteriores. Antecedendo a
adubação fosfatada das rebrotas, deve-se analisar o solo na camada de 0 a 20 cm, e, caso a
saturação por bases (V) seja inferior a 50%, recomenda-se, primeiramente, realizar uma
calagem para elevar V para 60%. A ausência de alumínio trocável na solução do solo aumenta
a eficiência da adubação fosfatada, especialmente por não haver formação, tanto no solo
quanto dentro das raízes das plantas, de fosfato de alumínio, um composto de baixa
solubilidade. Caso a saturação por bases seja maior que 50% e o teor de P, extraído com
Melhich, seja menor que 10 mg/dm3, recomenda-se a adubação fosfatada da rebrota
(BARBOSA et al., 2002; VITTI e MAZZA, 2002; DEMATTÊ, 2005; OLIVEIRA, M. et al.,
2007).
A dose de fósforo utilizada pode-se basear na restituição do P removido pela colheita;
nesse caso, para cada t de matéria natural devem-se aplicar de 200 a 300 g de P. Caso, por
- 13 -
exemplo, a produção de matéria natural da rebrota tenha sido de 120 t por ha, cerca de 100 t
de colmos industrializáveis, devem ser aplicados de 25 a 40 kg de P por ha. O adubo fosfatado
deverá ser aplicado juntamente com o N e o K (OLIVEIRA, M. et al., 2007).
Nas grandes lavouras, a adubação N-P-K das rebrotas é realizada simultaneamente
com as operações de subsolagem e cultivo da entrelinha (VITTI e MAZZA, 2002;
DEMATTÊ, 2005). Em pequenas e médias propriedades, especialmente naquelas em que se
colhe a cana queimada ou para a alimentação animal, a sulcagem da entrelinha da cana-de-
açúcar com arado de tração animal para posterior adubação tem apresentado bons resultados.
O adubo N-P-K é aplicado no sulco aberto na entrelinha da cana-de-açúcar e, posteriormente,
coberto com terra, usando-se novamente implemento de tração animal (OLIVEIRA, M. et al.,
2007).
A adubação potássica da cana é realizada no plantio e após cada corte da cana-de-
açúcar, devido ao fato de o potássio se deslocar no perfil do solo. Essa adubação baseia-se
nos resultados da análise de solo da camada de 0 a 20 cm, na produtividade que se deseja
obter e na utilização da cana. Em canaviais destinados a alimentação do gado deve-se elevar a
dose de potássio a ser aplicada, pois a remoção deste nutriente será maior, uma vez que se
colhe a cana com os ponteiros e as folhas secas. A massa de potássio contida nos ponteiros e
folhas secas da cana-de-açúcar oscila em torno de 70 kg por ha (OLIVEIRA et al., 1999b),
podendo, na cana-planta, alcançar 140 kg por ha (OLIVEIRA et al., 2002b).
Na Tabela 3 estão apresentadas as representadas as recomendações para adubação
potássica da cana-planta das rebrotas, tendo como extrator o Melhich ou a resina de troca
iônica.
Tabela 3 - Sugestão de doses de potássio para a adubação da cana, baseando-se na
disponibilidade do potássio extraído com Mehlich e na expectativa de produção de matéria
natural.
Expectativa de Produção no Ciclo da Cana-Planta (t ha-1)
Classe de Fertilidade do Solo Baixa Média Alta
------------ Dose de K (kg ha-1)* ------------ Menos de 90 100 ------ -------
90 a 120 120 100 80 120 a 150 140 120 100 150 a 180 160 140 120
Mais de 180 180 160 140 * Para transformar K em K2O, multiplica-se o valor desejado por 1,20.
Fonte: Oliveira, M. et al. (2007).
- 14 -
A dose de K a ser aplicada nas rebrotas pode-se basear na restituição do potássio
removido pela colheita, à semelhança do sugerido para as adubações nitrogenada e fosfatada.
Esse método é recomendado por Oliveira, M. et al. (2007) havendo segundo os autores
excelentes resultados agronômicos e financeiros. Embora a absorção e a remoção de potássio
variem entre os cultivares de cana-de-açúcar, pode-se considerar que para cada t de matéria
natural colhida há, em média, uma remoção de l,5 kg de K.
Não há necessidade de parcelar o potássio utilizado nas adubações das rebrotas,
devido às possíveis perdas por lixiviação. Nos estudos conduzidos por Oliveira et al. (2002c),
não foram verificados perdas de K por lixiviação, confirmando resultados encontrados por
Sampaio e Salcedo (1991) que também observaram que as perdas de K, por percolação abaixo
de 100 cm de profundidade, foram de 9,0 kg ha-1, totalmente compensados pelo aporte de K
provindos da água da chuva, 18 kg por ha.
O cloreto de potássio tem sido a fonte de K mais utilizada nas adubações, entretanto
outros resíduos contendo potássio também o são, sendo um deles a vinhaça; subproduto da
fabricação do álcool. A vinhaça pode substituir a adubação potássica, assim a quantidade de
potássio fornecida pela aplicação de vinhaça deve ser integralmente deduzida da adubação
mineral (VITTI e MAZZA, 2002; DEMATTÊ, 2005, OLIVEIRA, M. et al., 2007).
O volume de vinhaça aplicado tem variado de 60 a 300 m3 ha-1, dependendo da
concentração de potássio. A concentração de K na vinhaça originária do melaço é maior que
nos demais, seguida pela proveniente do mosto misto que contém, em média, duas vezes
maior que na vinhaça originária do caldo da cana, com valores oscilando em torno de 2,5 e
1,2 kg m-3, respectivamente (Tabela 4).
Em grande parte das áreas cultivadas com cana-de-açúcar no Brasil tem ocorrido
suprimento adequado de micronutrientes pelo solo, dispensando, portanto, o seu uso nas
adubações químicas. Entretanto, a implantação de canaviais em áreas menos férteis ou
marginais, associada à adubação com fertilizantes concentrados e ao plantio de variedades de
alta produtividade, que cada vez mais aumentam a absorção e exportação de nutrientes, tem
causado a deficiência de micronutrientes em diversas lavouras de cana-de-açúcar, havendo,
nesses casos, a necessidade de fornecer os microelementos pela adubação (DEMATTÊ, 2005;
OLIVEIRA, M. et al., 2007).
- 15 -
A análise de solo, o histórico da área e da variedade têm sido utilizados como métodos
preditivos de avaliação da possibilidade de ocorrência de deficiência de micronutrientes,
porque os resultados analíticos são influenciados pelo extrator utilizado, pelas características
do solo e da variedade e, também, pela época de coleta da amostra, havendo, inclusive, relatos
de efeitos marcantes da temperatura ambiente e da umidade do terreno sobre os teores de
micronutrientes (PAVAN e MYASAWA,1984; PEREIRA et al., 2001).
Tabela 4. Composição química de vinhaças originárias de diferentes mostos, em amostras coletas na Zona da Mata Mineira e Alagoana.
Melaço Misto Caldo de cana
N 0,57 a 0,79 0,33 a 0,48 0,25 a 0,35P 0,05 a 0,15 0,03 a 0,14 0,03 a 0,07K 3,27 a 6,32 1,81 a 2,78 0,95 a 1,61Ca 1,32 a 1,70 0,40 a 0,95 0,08 a 0,52Mg 0,50 a 0,85 0,19 a 0,35 0,13 a 0,25S 0,30 a 0,40 0,45 a 0,54 0,58 a 0,70
Matéria orgânica 37,0 a 57,0 19,1 a 45,1 15,3 a 34,7
Fe 52 a 120 47 a 130 45 a 110Cu 3,1 a 9,3 4,2 a 57,3 1,0 a 18,0Zn 3,0 a 4,0 3,0 a 4,0 2,0 a 3,0Mn 6,0 a 11,0 5,0 a 11,0 5,0 a 10,0
pH 4,2 a 4,4 3,6 a 4,4 3,5 a 3,8
Origem do mosto
g do elemento/m3 de vinhaça
kg do elemento/m3 de vinhaçaComposição
química
Fonte: Oliveira, M.W. Informação pessoal.
Na Tabela 5 estão citados os teores mínimos de disponibilidade de micronutrientes no
solo, extraídos com solução de DTPA e Melhich -1, abaixo dos quais esses microelementos
devem ser fornecidos às plantas pela adubação. As doses de cobre, zinco, manganês e ferro a
serem aplicadas, no caso de deficiência, são respectivamente: 2,5 a 6,0; 5,0 a 7,0; 3,0 a 6,0 e,
6,0 a 10,0 kg ha-1.
- 16 -
2.5 Avaliação do estado nutricional da cana-de-açúcar
A análise química das folhas da cana-de-açúcar é mais uma forma de avaliar o estado
nutricional das lavouras. A preferência pelas folhas deve-se ao fato de elas serem a parte da
planta que, de um modo geral, refletem as variações no suprimento de nutrientes, tanto do
solo quanto das adubações. Em cana-de-açúcar tem sido recomendado coletar as folhas +2 ou
+3. A folha +1 é, no sentido descente do caule, a primeira que apresenta a lígula (região de
inserção da bainha foliar no colmo) totalmente visível (Figura 3). Para a análise química
utiliza-se o terço mediano da folha +2 ou +3, excluída a nervura central.
Tabela 5. Valores mínimos de disponibilidade de micronutrientes no solo, extraídos com
solução de DTPA e Mehlich-1 ------------------------------------- Extrator ----------------------------------- ----------------- DTPA ------------- -------------- Mehlich-1 ----------
------------------------------------ Elementos ---------------------------------
Disponibilidade Cu Zn Mn Fe Cu Zn Mn Fe
------------------------------------- mg dm-3 ----------------------------------- Baixa ≤ 0,2 ≤ 0,5 ≤ 1,2 ≤ 4 ≤ 0,8 ≤ 1,0 ≤ 6 ≤ 19 Média 0,3-
0,8 0,6-1,2
1,3-5,0
5-12 0,8-1,2
1,0-1,5
6-8 19-30
Alta > 0,8 >1,2 > 5,0 > 12 > 1,2 > 1,5 > 8 > 30 DTPA: ácido dietilenotriaminopentaacético 005molc/L, Mehlich-1: HCl 0,05 molc.H2SO4 0,025 molc/L Fonte: Oliveira, M. et al. (2007).
- 17 -
Figura 3 – Identificação das folhas +1, + 2 e + 3. A folha +3 é a indicada pela seta
vermelha.
As amostras do terço mediano devem ser primeiramente lavadas em água
corrente limpa e, posteriormente, em água destilada. A seguir, o material deve ser seco a 65
ºC até peso constante, caso não seja possível esta secagem, deve-se enviar rapidamente as
amostras para o laboratório onde serão analisadas. Na tabela 6 estão citadas as faixas de
concentrações de nutrientes, consideradas adequadas, conforme citação de pesquisadores
brasileiros.
Tabela 6 - Faixas de concentração de nutrientes no terço médio da folha +2, ou +3,
consideradas adequadas.
Autores
---------------------------------- Nutrientes --------------------------------------
N P K Ca Mg S
---------------------------------- g kg-1---------------------------------
Malavolta et al. (1989)* 19-21 2,0-2,4 11-13 8,0-10 2,0-3,0 2,5-3,0
Malavolta et al. (1989) ** 20-22 1,8-2,0 13-15 5,0-7,0 2,0-2,5 2,5-3,0
Raij et al. (1996) 18-25 1,5-3,0 10-16 2,0-8,0 1,0-3,0 1,5-3,0
Orlando Filho (1983) 16 - 26 2,0-3,5 6 -14 4,3-7,6 1,1-3,6 1,3-2,8
- 18 -
B Cu Fe Mn Mo Zn
Autores --------------------------------- mg kg-1 --------------------------------
Malavolta et al. (1989)* 15-50 8-10 200-500 100-250 0,15-0,30 25-50
Malavolta et al. (1989) ** ----- 8-10 80-150 50-125 ----- 25-30
Raij et al. (1996) 10-30 6-15 40-250 25-250 0,05-0,20 10-50
Orlando Filho (1983) 6-29 9-17 76-392 73-249 ------ ----
* e **: Faixas de concentração para a cana-planta e rebrotas, respectivamente.
2.6 Variabilidade espacial e medidas usadas para quantificar a dispersão dos resultados
A variabilidade espacial de características químicas do solo ocorre naturalmente em
consequência do material de origem, relevo, organismos, tempo e das práticas culturais
adotadas. Essa variação tem efeito no estado nutricional das plantas e na produtividade
(VITTI e MAZZA, 2002; DEMATTÊ, 2005; OLIVEIRA, M. et al., 2007). O solo por mais
uniforme que possa se apresentar tem variações, tanto horizontais quanto verticais, nos
atributos físicos, químicos e biológicos (SALVIANO et al., 1998).
O manejo regionalizado do solo e da cultura é parte integrante de um sistema de
Agricultura de Precisão, a qual envolve conceitos de uso de informações sobre a variabilidade
nos atributos físicos, químicos e biológicos, visando ao aumento da produtividade, a
otimização no uso de recursos e redução do impacto da agricultura no meio ambiente (CORÁ
et al., 2007; MONTEZANO et al., 2006; CAVALCANTE et al., 2007). Por esta razão,
afirmam Corá et al. (2007), o conhecimento da variabilidade espacial e temporal dos fatores
de produção é o primeiro passo para a adoção, com êxito, do sistema de Agricultura de
Precisão. Estudos e pesquisas têm sido implementados por diferentes grupos, incluindo
fabricantes de equipamentos, fornecedores de insumos, companhias de sementes, consultores
agronômicos, cientistas e produtores rurais, como mais uma ferramenta para melhorar a
rentabilidade da agricultura e pecuária, além de otimizar recursos (DEMATTÊ, 2005;
MONTEZANO et al., 2006; CAVALCANTE et al., 2007; CORÁ et al., 2007 e OLIVEIRA,
M. et al., 2007).
- 19 -
A amostragem dos solos é a primeira etapa de um programa racional de avaliação das
necessidades de calagem, gessagem e adubação, visando à agricultura de precisão
(MONTEZANO et al., 2006, CAVALCANTE et al., 2007). A amostragem de solos deve ser
feita de forma criteriosa de modo a representar da melhor maneira possível, a área a ser
cultivada, uma vez que se utilizam quantidades muito pequenas deste solo, geralmente 10
cm3, para as análises químicas e estas, que por mais cuidadosa e precisa que venham ser não
corrigirão os erros cometidos durante a retirada da amostra. Antecedendo a coleta das
amostras de solo, é necessário dividir a área em unidades homogêneas, levando-se em
consideração, dentre outros, o histórico da área, os tipos de solo (cor, textura, profundidade), a
localização e topografia (várzea, encosta, platô), a cobertura vegetal e as adubações
anteriores. Delimitada as áreas, devem-se coletar as amostras de forma eqüidistantes e
georeferenciadas (DEMATTÊ, 2005; MACHADO et al., 2007; OLIVEIRA, M. et al., 2007).
Os instrumentos de coletas de amostras de solos mais utilizados são os trados de
caneca e a pá de corte, também designada de pá reta. A utilização do trado em substituição à
pá reta tem a vantagem da maior rapidez na coleta das amostras simples, no manuseio e,
transporte de menor volume de solo no campo antes da homogeneização das amostras simples
e retirada da amostra composta. Por outro lado, o menor volume de solo coletado com trado
faz com que a variabilidade dos índices de fertilidade do solo aumente, tornando necessário
coletar maior número de amostras simples para formar uma amostra composta representativa.
Mesmo assim, a laboriosidade da amostragem de solo com a utilização do trado é menor do
que quando se utiliza a pá reta (VITTI e MAZZA, 2002; DEMATTÊ, 2005, OLIVEIRA, F. et
al., 2007). A princípio, o uso de instrumentos que coletam pequeno volume de solo, como o
trado, não seria recomendável para áreas de cultivo mínimo ou plantio direto, nos quais há
adubação localizada na linha de plantio, preferindo-se nestes casos a pá reta (OLIVEIRA, F.
et al., 2007).
Em relação aos resultados da análise química do solo, o potássio, o cálcio, o magnésio,
o sódio e o alumínio são analisados quanto ao teor trocável e, mesmo havendo grande
variação dos extratores químicos utilizados por diferentes laboratórios, a precisão e exatidão
dessas análises são muito grandes. Por outro, os teores de fósforo e de micronutrientes são
influenciados pelos extratores. Por exemplo, Oliveira, M. et al. (2007) avaliando a fertilidade
de solos cultivados com cana-de-açúcar na Zona da Mata Mineira considerou o Melhich
melhor extrator de P que a resina de troca iônica, mas estudos realizados por Cantarella et al.
- 20 -
(1998) apontaram que as melhores correlações entre os teores de Zn ou de Cu nos solos e as
concentrações desses micronutrientes nas plantas foram obtidas pelo método que utiliza a
solução de ácido dietiltriaminopentacético (DTPA) como extratora, comparativamente
àqueles dos extratores Melhich-1 e HCl. Ainda segundo Cantarella et al. (1998) existe uma
tendência de o DTPA ser mais eficiente que o Mehlich-1 e o HCl naquelas situações em que a
disponibilidade de Zn e de Cu é alterada pela calagem. Quanto ao Mn, as soluções ácidas e
quelatantes têm mostrado coeficientes de correlação entre Mn no solo e na planta muito
próximos. Contudo, analisando solos que receberam adubação com óxidos de Mn, observou-
se a tendência de o DTPA ser o melhor extrator.
No estudo de variabilidade espacial da fertilidade do solo, do estado nutricional das
plantas e produção, podem-se utilizar algumas medidas de dispersão de resultados, mas tem
sido comum usar a média, a moda, o valor máximo e mínimo e, o coeficiente de variação
(SOUZA et al., 1997; MONTEZANO et al., 2006; CAVALCANTE et al., 2007; SILVA et
al., 2007).
3 MATERIAL E MÉTODOS
- 21 -
As avaliações da variabilidade espacial da fertilidade do solo, do estado nutricional e
da produtividade foram realizadas em canavial manejado homogeneamente e visualmente
uniforme. O solo estudado foi classificado como um Argissolo Amarelo coeso latossólico
textura média/argilosa, conforme levantamento realizado na região de Boca da Mata-Al/1992
citado por Silva et al., (2005b). Baseados em Jacomine et al. (1975), estes autores também
relatam que esse solo provém do grupo das barreiras, cuja fração areia é constituída
principalmente por quartzo e na fração argila predomina a caulinita, com baixos teores de
óxido de ferro. O relevo da região é plano e suave ondulado, que é característico da unidade
geomórfica dos tabuleiros costeiros.
A instalação do experimento ocorreu em meados de julho de 2007. Antecedendo a
implantação do canavial foram coletadas amostras de solo da área experimental, cerca de 5,0
hectares, nas camadas de 0 a 20 e de 20 a 40 cm. De posse dos resultados da análise química
dessas amostras de solo foi avaliada a necessidade de aplicação de calcário e de gesso,
visando elevar a saturação por bases para 70% na camada de 0 a 20 cm e, reduzir a saturação
por alumínio na camada de 20 a 40 cm, conforme proposto por Oliveira, M. et al., (2007).
Após a aplicação do calcário e do gesso, a área experimental foi arada e gradeada, sulcando-se
a seguir, no espaçamento de 1,0 metro entre linhas. Optou-se pelo plantio da RB867515, por
ser atualmente a variedade de cana-de-açúcar mais plantada no mundo, e usou-se densidade
de 15 a 18 gemas por metro de sulco. A adubação foi realizada, através do implemento
sulcador-adubador com os nutrientes N-P- K aplicados no fundo do sulco, na dose de 60, 100
e 200 kg por hectare, respectivamente. Utilizou-se o herbicida pré-emergente para o controle
de plantas daninhas e o controle biológico para broca da cana e cigarrinha das raízes. No
período de maio a junho de 2008, na fase de crescimento máximo da cultura e por ocasião da
colheita da cana-planta realizou-se as avaliações visuais da uniformidade do canavial.
Após a colheita da cana-planta estabeleceu-se os critérios para as futuras amostragens
do solo, coleta das folhas + 3 (para avaliar o estado nutricional das plantas) e dos colmos
industrializáveis visando implementar o estudo no ciclo da primeira rebrota. Para as
amostragens, deslocou-se na diagonal do talhão e, a cada 30 m, realizou-se, sempre no mesmo
local, a coleta das amostras, utilizando-se dez amostragens, georeferenciadas, no centro do
talhão, conforme ilustração da Figura 4. As amostras de solo foram coletadas em torno de 20
a 25 cm do sulco de plantio, seguindo recomendações de Vitti e Mazza (2002) e Oliveira, M.
et al (2007), pois segundo esses autores, caso se colete as amostras de solo no sulco de plantio
- 22 -
os teores de P e K serão superestimados, devido ao adubo fosfatado e potássico terem sido
aplicados no fundo do sulco de plantio. Por outro lado, se as amostras forem coletadas
somente na entrelinha, os teores de Ca e Mg serão superestimados e conseqüentemente, a
soma de bases e a saturação por bases, porém os teores de P e K serão subestimados. Desta
forma, ao se coletar as amostras entre 20 a 25 cm do sulco de plantio procurou-se minimizar
esses erros, em razão da amostragem ter sido realizada em área de menor concentração de
fertilizantes, mas com presença de sistema radicular.
Figura 4. Esquema do deslocamento no campo para as amostragens de solo, folha e
colmos da cana-de-açúcar.
As folhas + 3 e os colmos industrializáveis foram coletados em uma área de 2,0 m2. Na
fase de crescimento máximo da cana-de-açúcar foi realizada a coleta das folhas + 3, para
avaliação do estado nutricional das plantas. Após a remoção da nervura central os limbos
foliares foram lavados em água corrente, enxaguados em água destilada, secos em estufa com
ventilação forçada de ar, a 65 °C, até massa constante, triturados em moinho tipo Willey e
submetidos às analises de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn, seguindo método descrito
por Malavolta et al. (1989).
Na ocasião da colheita foram avaliados a produção de colmos industrializáveis e a
qualidade do caldo, sendo colhidas todas as plantas dos 2,0 m2 em cada ponto amostral. Após
a determinação da matéria fresca, uma subamostra de toda a parte aérea foi passada em
picadeira de forragem e seca a 65 °C em estufa de ventilação forçada até massa constante,
para determinação da matéria seca. Em seguida foram passadas em moinho tipo Willey para
- 23 -
quantificar o teor de nutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S, Fe Zn, Cu, Mn e B), segundo método
descrito por Malavolta et al. (1989). Após a despalha e o desponte, os colmos
industrializáveis foram triturados em uma picadeira de forragem, homogeneizados, prensados
e o caldo obtido foi analisado quanto aos teores de sólidos solúveis, sacarose aparente, fenóis,
fósforo inorgânico e fósforo total, seguindo-se métodos descritos por Delgado et al. (1984),
Malavolta et al. (1989).
Concluídas as análises calculou-se os valores médios e os coeficientes de variação dos
teores de nutrientes no solo, no terço médio da folha +3, e da produção de colmos
industrializáveis e de açucares. Os dados foram avaliados por meio da estatística clássica,
utilizando-se as medidas de média, mediana, desvio padrão, valores máximos e mínimos e do
coeficiente de variação.
- 24 -
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente, serão apresentados os resultados das avaliações da variabilidade espacial
da fertilidade do solo (Tabela 7) e, posteriormente, os do estado nutricional das plantas e da
qualidade do caldo e de produção de sacarose.
Analisando a Tabela 7 verifica-se que os maiores coeficientes de variação foram
observados para fósforo e potássio. Para o fósforo foram obtidos teores que o classificariam,
segundo Oliveira, M. et al. (2007), como muito baixo (4,4 mg/dm3 de solo - amostra 2), a
muito alto (82,7 mg/dm3 de solo - amostra 7). Para o potássio os teores das amostras 8 e 10
classificam o solo como pobre nesse nutriente, enquanto nas amostras de número 1; 3 e 5,
todas com valores maiores que 140 mg/dm3 de solo, os teores estão em excesso.
Tabela 7. Resultados do pH em água e dos teores de fósforo (P), potássio, cálcio (Ca+2),
magnésio (Mg+2), alumínio (Al+3), hidrogênio + alumínio (H+ Al), soma de bases (SB),
capacidade de troca catiônica a pH 7,0 (CTC – T) e saturação por bases (V %) nas amostras
de solos da camada de 0 a 20 cm, do estudo de variabilidade espacial da fertilidade do solo.
pH P K Ca+2
Mg+2
Al+3
H+ Al SB CTC (T) V
em H2O (%)
1 6,7 9,1 148 2,7 1,2 0,00 1,65 4,28 5,93 72,17
2 5,5 4,4 51 1,5 0,8 0,00 1,65 2,43 4,08 59,56
3 6,8 50,5 210 3,0 1,2 0,00 1,65 4,74 6,39 74,17
4 5,8 14,9 78 1,7 0,8 0,00 3,14 2,70 5,84 46,23
5 7,2 59,8 164 4,6 2,2 0,00 1,15 7,22 8,37 86,26
6 6,5 22,7 66 2,7 1,4 0,00 2,48 4,27 6,75 63,25
7 7,4 82,7 98 3,6 1,3 0,00 0,90 5,15 6,05 85,13
8 6,7 10,0 24 2,3 0,9 0,00 1,65 3,26 4,91 66,40
9 7,0 20,8 109 2,6 1,0 0,00 1,65 3,88 5,53 70,16
10 6,6 11,6 24 1,8 0,8 0,00 1,82 2,66 4,48 59,39
Média 6,62 28,65 97,20 2,65 1,16 0,00 1,77 4,06 5,83 68,27
C.V.(%) 8,38 87,36 60,08 33,55 34,95 0,00 33,81 33,83 19,90 16,90
Valor mínimo 5,50 4,40 24,00 1,50 0,80 0,00 0,90 2,43 4,08 46,23
Valor máximo 7,40 82,70 210,00 4,60 2,20 0,00 3,14 7,22 8,37 86,26
.- mg/dm3 -..---------------------------- cmolc/dm
3 ------------------------.
Amostra
Essa grande amplitude de variação observada para os fósforo deve-se aos valores
muito baixos de transporte desse nutriente no solo, devido a sua forte interação com os
colóides do solo, principalmente em solos muito intemperizados (DEMATTÊ, 2005, Oliveira,
- 25 -
M. et al., 2007) e que, segundo Novais e Smith (1999), pode-se estimar em torno de 0,013mm
por dia e, desta forma, há pouca difusão do P originário do grânulos do adubo. Para o
potássio, a distribuição irregular do adubo ou da vinhaça, aplicada nos ciclos anteriores, pode
ser a causa da alta variabilidade, uma vez que a difusão deste elemento no solo é alta
(MALAVOLTA et al.,1989; OLIVEIRA, M. et al., 2007).
Tendência de maior variabilidade espacial dos teores de fósforo no solo também foi
constatada nos estudos realizados por Salviano et al., (1998) em área severamente erodida do
município de Piracicaba – SP e, sob cultivo de crotalaria juncea. Esses autores verificou que
os coeficientes de variação dos teores de fósforo, magnésio e potássio foram, respectivamente,
de 75, 54 e 52 %, de mesma ordem dos relatados por Machado et al., (2007) em trabalhos
conduzidos em Uberlândia, MG, em um Latossolo Vermelho a Moderado, textura argilosa,
com pontos amostrais distanciados 50 metros um do outro. Coeficientes de variação da ordem
de 50% nos teores de fósforo no solo foram também relatados por Carvalho et al. (2003), em
estudos conduzidos em solo Argissolo Vermelho –Amarelo eutrófico no município de Vitória
Brasil, SP, e Montezano et al. (2006) em solos do cerrado de Planaltina, GO.
Montezano et al. (2006), citando Warrick e Nielsen (1980), comentam que esses
autores estudando a variabilidade espacial de diversas propriedades do solo, verificaram que,
para algumas, a variabilidade expressa pelo coeficiente de variação pode ser inferior a 10%,
enquanto para outras, pode superar a 1.000%. Warrick e Nielsen (1980) classificaram a
variabilidade em três níveis: baixa, com coeficiente de variação (C.V.) menor que 12%, de 12
a 52 a variabilidade seria média, e acima de 52% alta.
Confirmando os resultados de Pavan e Oliveira (1997), constantes na Tabela 1, e das
informações pessoais de Oliveira, M. W. citados na Figura 1, constatou-se que não havia
alumínio trocável (Al+3) no solo, uma vez que o pH em água de todas as amostras foi igual ou
maior que 5,5. Assim, o alumínio da camada de 0 a 20 cm não se constitui em um fator
limitante à produção da cana-de-açúcar. Em relação à saturação por bases (V%), observa-se
pela análise da Tabela 7 que houve uma amplitude de cerca de 90% entre o menor e o maior
valor de V (%), referentes às amostras 4 e 5. O coeficiente de variação da saturação por bases
foi de 16,90%, de mesma ordem de grandeza dos relatados por Montezano et al. (2006), mas
inferior aos obtidos por Salviano et al., (1998) e Corá et al., (2007).
A variabilidade espacial dos teores de matéria orgânica, ferro, cobre, zinco,
manganês e sulfato, está apresentada na Tabela 8. Para os micronutrientes, houve grande
- 26 -
variabilidade podendo-se considerá-la alta, com base na classificação proposta por Warrick e
Nielsen (1980), uma vez que os C.V. (%) foram iguais ou superiores a 50%.
Tabela 8. Resultados dos teores de matéria orgânica (M.O.), zinco (Zn), ferro (Fe), manganês
(Mn), cobre (Cu) e sulfato (SO42-) nas amostras de solos da camada de 0 a 20 cm, do estudo
de variabilidade espacial da fertilidade do solo.
M.O. Zn Fe Mn Cu SO42-
.-- (%) --.
1 1,9 0,6 40,4 6,4 0,1 36,6
2 1,3 0,3 63,6 1,5 0,3 34,9
3 2,3 1,7 51,1 9,3 0,3 36,6
4 1,6 0,7 48,3 2,3 0,2 45,5
5 2,6 2,0 19,0 12,0 0,1 33,3
6 2,8 0,7 20,0 4,1 0,0 40,1
7 2,1 3,8 13,6 14,8 0,2 31,6
8 1,6 1,3 9,5 4,6 0,2 43,7
9 2,8 2,1 19,4 10,2 0,3 30,0
10 0,8 6,7 19,4 3,9 0,3 36,6
Média 1,98 1,99 30,43 6,91 0,20 36,89
C.V.(%) 31,93 92,86 58,33 61,02 50,00 12,81
Valor mínimo 0,80 0,30 9,50 1,50 0,00 30,00
Valor máximo 2,80 6,70 63,60 14,80 0,30 45,50
.--------------- mg/dm3 --------------.
Amostra
Com base na Tabela 5, citada por Oliveira, M. et al. (2007), e tendo sido os elementos
extraídos com Mehlich, constata-se que o teor de cobre foi muito baixo em todas as amostras
analisadas, e isto repercutiu em alto coeficiente de variação, mesmo sendo a diferença entre o
maior e o menor valor observado de apenas 0,30 mg/dm3 de solo. Em relação aos teores de
ferro, zinco e manganês, observa-se que estes foram baixos, respectivamente, em duas, quatro
e cinco amostras. Montezano et al. (2006) em sua pesquisa de variabilidade espacial da
fertilidade do solo em área cultivada e manejada homogeneamente, constatou a alta
variabilidade dos teores de cobre e manganês, em 80 amostras de solo coletadas em 373
hectares e, à semelhança do presente trabalho, os baixos teores de Cu e Mn contribuíram para
o alto coeficiente de variação.
Fazendo uma análise conjunta das Tabelas 7 e 8, pode-se afirmar que, de modo geral,
as propriedades do solo alteradas pelo manejo apresentam maior variabilidade do que a
acidez, medida com pH em água ou em solução salina, o que reforça as observações de
Oliveira et al. (2004), Montezano et al. (2006) e Zanão Júnior et al. (2007), para os quais as
- 27 -
características morfológicas do solo (cor e horizontes), físicas (tamanho e densidade das
partículas) e acidez, têm menor variabilidade.
Os teores foliares de macro e micronutrientes da folha +3, utilizada para avaliar o
estado nutricional das plantas estão apresentados na Tabela 9.
Tabela 9. Teores foliares de macro e micronutrientes no terço médio da folha +3 da
variedade RB867515, no estudo de variabilidade do estado nutricional em canavial manejado.
N P K Ca Mg S
Amostra
1 16,8 1,5 8,0 2,4 2,7 1,4
2 16,8 1,6 7,2 5,7 3,0 1,7
3 18,2 1,6 7,6 5,7 2,4 1,8
4 18,8 1,7 6,8 4,3 2,8 1,5
5 20,7 1,7 8,7 2,8 3,0 1,6
6 16,8 1,5 8,4 1,9 2,8 1,4
7 17,1 1,7 8,4 3,3 3,4 2,1
8 16,8 1,5 6,5 2,4 2,7 1,7
9 15,4 1,6 6,8 2,4 2,7 1,4
10 15,4 1,4 6,1 1,9 2,5 1,2
Média 17,3 1,6 7,5 3,3 2,8 1,6
C.V.(%) 8,75 6,20 11,49 42,15 9,58 15,45
Valor máximo (Max.) 20,7 1,7 8,7 5,7 3,4 2,1
Valor mínimo (Min.) 15,4 1,4 6,1 1,9 2,4 1,2
Diferença Max.- Min. 5,3 0,3 2,6 3,8 1,0 0,9
Zn Fe Mn Cu B
Amostra
1 18 91 10 3 5,9
2 17 236 9 3 5,0
3 19 277 9 6 6,9
4 20 264 12 4 7,8
5 18 246 15 4 7,8
6 17 191 8 4 5,9
7 25 271 15 3 8,8
8 21 246 12 3 7,8
9 24 215 16 4 6,9
10 16 215 10 4 6,9
Média 20 225 12 4 7,0
C.V.(%) 14,73 22,93 23,51 22,94 15,45
Valor máximo (Max.) 25 277 16 6 8,8
Valor mínimo (Min.) 16 91 8 3 5,0
Diferença Max.- Min. 9 186 8 3 3,8
. ------------------------------------g/kg --------------------------------------------.
.--------------------------mg/kg -----------------------------------.
Tomando como referência as faixas de concentração de nutrientes no terço médio da
folha +3, citada por Raij et al. (1996), constantes na Tabela 6, verifica-se que somente para os
elementos magnésio, zinco e ferro não se detectou nenhuma amostra com deficiência. Por
outro lado, todas as amostras de potássio, manganês e boro apresentaram teores menores que
- 28 -
o mínimo. Para explicar essa deficiência generalizada de potássio há necessidade de um
estudo mais detalhado, uma vez que somente duas amostras de solo apresentam
disponibilidade de potássio inferior a 50 mg/dm3 de solo, tendo, inclusive, quatro amostras
com disponibilidade de potássio superior a 100 mg/dm3 de solo, o que classificaria estes solos
como tendo alta disponibilidade do elemento. Conciliando os teores de disponibilidade de
manganês no solo, extraídos com solução Mehlich-1, e citados na Tabela 5, com os teores
foliares de Mn, surpreende, também, o generalizado estado nutricional deficiente em
manganês. Conforme citado para o potássio, são informações novas e que de certa forma,
precisam de informações básicas locais de nutrição mineral e fisiologia para o entendimento
da causa da deficiência da planta crescendo em solo com alta disponibilidade do elemento.
Além de comprometer o potencial produtivo da cana-de-açúcar, a deficiência de cobre
e de manganês acarreta alterações metabólicas que comprometem a qualidade do caldo, pois
esses nutrientes são constituintes das metaloenzimas polifenol oxidase e amilase
(MALAVOLTA et al., 1989) e, portanto, sob atuação deficiente destas enzimas há acúmulo
de compostos fenólicos e de amido. Os compostos fenólicos, o amido e as clorofilas são
substâncias que influenciam negativamente na cor do caldo e consequentemente na do açúcar,
pois se oxidam durante a industrialização e a estocagem do açúcar, dessa forma diminuindo a
qualidade e a aceitabilidade do produto.
A variabilidade espacial da concentração foliar dos nutrientes foi avaliada pela
amplitude dos resultados. Os resultados obtidos foram agrupados em três classes: a primeira
com coeficiente de variação (CV) inferior a 10%, a segunda variando de 10 a 15% e, a
terceira maior que 15% (Figura 5).
- 29 -
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
P N Mg K Zn B S Fe Cu Mn Ca
Co
efi
cie
nte
de
Va
ria
çã
o (%
)
Figura 5. Coeficiente de variação dos teores foliares de macro e micronutrientes no
terço médio da folha +3 da variedade RB867515, no estudo de variabilidade do estado
nutricional em canavial manejado.
Os elementos da primeira classe foram P, N e Mg. Para o teor foliar de P foi verificado
o menor coeficiente de variação, cerca de 5%, e todos os valores observados foram
abrangidos pela média ± dois desvio padrão. Potássio, zinco, boro e enxofre constituíram, em
ordem crescente de variação, a segunda classe. O coeficiente de variação dos teores foliares
de ferro, cobre e manganês foram da ordem de 20%. O cálcio foi o nutriente que teve maior
variabilidade no conteúdo foliar, atingindo 40% de coeficiente de variação.
O acúmulo de biomassa, a produção de colmos industrializáveis e de açúcares, além
do número de colmos em 2,0 m2 e do índice de colheita, estão apresentados na Tabela 10.
Tabela 10. Acúmulo de biomassa, produção de colmos industrializáveis e de açúcares, pela variedade RB867515, no estudo de variabilidade espacial da produtividade em canavial manejado homogeneamente e visualmente uniforme.
- 30 -
No de Peso de Peso de Ac. MN Produção de Indice de Produção de
colmos colmos folhas secas na biomassa colmos colheita açúcares
em 2,0 m2
em 2,0 m2
.+ ponteiros da parte aérea industrializ. ("ATR"/ha)
em 2,0 m2
da cana kg/ha
(kg) (kg)
1 14 24,50 7,70 161.000 122.500 0,761 22.630
2 23 36,30 10,50 234.000 181.500 0,776 19.204
3 12 18,50 7,30 129.000 92.500 0,717 29.996
4 12 18,10 6,00 120.500 90.500 0,751 21.440
5 12 25,00 8,20 166.000 125.000 0,753 23.826
6 15 22,50 5,50 140.000 112.500 0,804 18.823
7 15 39,70 10,50 251.000 198.500 0,791 25.573
8 22 22,00 7,50 147.500 110.000 0,746 20.869
9 16 20,50 7,50 140.000 102.500 0,732 23.183
10 11 26,50 6,30 164.000 132.500 0,808 21.000
Média 15 25,36 7,70 165.300 126.800 0,764 22.654
C.V.(%) 26,12 27,04 20,88 24,95 27,04 3,75 13,82
Valor máximo (Max.) 23 40 10,50 251.000 198.500 0,8 29.996Valor mínimo (Min.) 11 18 5,50 120.500 90.500 0,7 18.823
Amostra
. --------------- (kg/ha) -------------.
Utilizando-se o coeficiente de variação como indicador da variabilidade espacial,
observa-se pela análise da tabela 10 que a menor amplitude de variação foi do índice de
colheita, que é quociente da massa de colmos industrializáveis pela massa de toda a parte
aérea da planta. Nas avaliações realizadas, o valor médio deste índice foi 76,4%, significando,
portanto, que em 100,0 kg de biomassa da parte aérea (folhas seca+ folhas verdes+ ponteiros
+ colmos industrializáveis) tem-se em média 76,4 kg de colmos industrializáveis.
A produção de biomassa ultrapassou a 150 t por hectare, assim, mesmo sob deficiência
nutricional de vários elementos, a RB867515 apresentou alta produtividade. Estudos básicos
de nutrição mineral e fisiologia vegetal com esta variedade estão sendo desenvolvidos pela
Rede Interuniversitária de Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (RIDESA) e
contribuirão para o entendimento do metabolismo e da adaptação desta variedade de cana a
diversos ambientes edafoclimáticos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo o canavial sendo manejado homogeneamente e estando a rebrota visualmente
uniforme, foram constatadas grande variação espacial da fertilidade do solo, do estado
nutricional e da produtividade de colmos e de açúcares.
Em relação à variabilidade espacial da fertilidade do solo observou-se que o pH em
H2O foi o que menos variou, por outro lado, os teores de fósforo, potássio, zinco, ferro,
manganês e cobre, apresentando coeficiente de variação igual ou superior a 50%,
caracterizando alta variabilidade.
- 31 -
Considerando os teores foliares como indicadores do estado nutricional das plantas,
constatou-se conteúdo de nutrientes no limbo foliar inadequado mesmo com as plantas
crescendo em solo com alta disponibilidade do elemento.
Apesar da deficiência nutricional, a RB867515 produziu grande quantidade de
biomassa e de açúcares, mas há necessidade de estudos básicos de nutrição e metabolismo
mineral, quanto à eficiência na absorção e utilização dos nutrientes pela cultivar, para melhor
entendimento da fisiologia de produção da RB867515.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- 32 -
BARBOSA, M. H. P.; OLIVEIRA, M. W.; SILVEIRA, L. C. I., DAMASCENO, C. M.;
MENDES, L. C. Acúmulo e alocação de nutrientes pela RB72454 no ciclo da cana-planta. In:
CONGRESSO NACIONAL DA STAB, 8, 2002. Pernambuco: STAB. Anais... Pernambuco:
STAB, 2002. p. 234-238.
BARBOSA, M. H. P.; SILVEIRA, L.C.I.; MACÊDO, G. A. R.; PAES, J. M. V. Variedades
melhoradas de cana-de-açúcar para Minas Gerais.: Informe Agropecuário, Belo Horizonte.
v. 28, n.239, p.30-43. 2007.
CANTARELLA, H.; RAIJ, B. van; QUAGGIO, J.A. Soil and plant anayses for lime and
fertilizer recommendations in Brazil. Communications in Soil Science and Plant Analyses.
v.29, p.1691 -1706, 1998.
CARVALHO, M.P.; TAKEDA, E.Y.; FREDDI, O.S. Variabilidade especial de atributos de
um solo sob videira em Vitoria Brasil (SP). Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.27,
p.695-703, 2003.
CAVALCANTE, E. G. S.; ALVES, M. C.; PEREIRA, G. T.; SOUZA, Z. M. Variabilidade espacial de MO, P, K e CTC do solo sob diferentes usos e manejos. Ciência Rural, v.37, p.394-400, 2007.
CESAR, M. A. A.; DELGADO, A. A.; CAMARGO, A. P.; BISSOLI, B. M. A.; SILVA, F. C.
Capacidade de fosfatos naturais e artificiais em elevar o teor de fósforo no caldo da cana-de-
açúcar (cana planta), visando o processo industrial. STAB, p. 32-38, 1987.
CORÁ, J. E.; ARAÚJO, A. V. PEREIRA, G. T.; BERALDO, J. M. G. Variabilidade espacial
de atributos do solo para adoção do sistema de agricultura de precisão na cultura de cana-de-
açúcar. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.31, p.973-984, 2007.
DELGADO, A. A.; CESAR, M. A. A.; FERREIRA, L. J.; MICHELON, J. A. A determinação
de fosfatos no caldo de cana-de-açúcar nas indústrias açucareiras e alcooleiras. STAB – p.31-
34, maio-junho 1984.
- 33 -
DEMATTÊ, J. L. I. Recuperação e manutenção da fertilidade dos solos. Informações
Agronômicas, n 111, set., 2005.
ERNANI, P. R.; ALMEIDA, J.A. Comparação de métodos analíticos para avaliar a
necessidade de calcário dos solos do Estado de Santa Catarina. Revista Brasileira de Ciência
do Solo, v.10, p.143- 150, 1986.
EZEQUIEL, J. M. B.; GALATI, R. L.; MENDES, A. R.; FATURI, C. Desempenho e características de carcaça de bovinos Nelore em confinamento alimentados com bagaço de cana-de-açúcar e diferentes fontes energéticas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, p. 2050-2057, 2006.
FELIPE, D. C. Produtividade da cana-de-açúcar (Saccharum oficinarum L.) submetida a diferentes épocas de plantio e a adubação. 2008. 70 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2008.
MACHADO, P. L. O. A. Considerações gerais sobre a toxicidade do alumínio nas plantas. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CNPS, 1997. 22p. (Documento 2)
MACHADO, L. O.; LANA, A. M. Q.; LANA, R. M. Q.; GUIMARÃES, E. C.; FERREIRA,
C. V. Variabilidade espacial de atributos químicos do solo em áreas sob sistema de plantio
convencional. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.31, p.591-599, 2007.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das
plantas. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1989. 201p.
MENDES, L.C. Eficiência de utilização de nutrientes por cultivares de cana-de-açúcar.
2006. 67f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2006.
MONTEZANO, Z.F.; CORAZZA, E.J.; MURAOKA, T. Variabilidade espacial da fertilidade
do solo em área cultivada e manejada homogeneamente. Revista Brasileira de Ciência do
Solo, v.30, p.839-847, 2006.
- 34 -
MORELLI, J.L. ; DALBEN, A.E.; ALMEIDA, J.O.C; DEMATTÊ, J.L.I. Calcário e gesso na
produtividade da cana-de-açúcar e nas características químicas de um latossolo de textura
média álico. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.16, p.187-194, 1992.
NOVAIS, R. F.; SMITH, T. J. Fósforo em solo e plantas em condições tropicais. Viçosa:
Universidade Federal de Viçosa. 1999. 399 p.
OLIVEIRA, E.L. Rendimento de matéria seca e absorção de cálcio e magnésio pelo milho em
função da relação cálcio/magnésio do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.17,
p.383- 388, 1993.
OLIVEIRA, E. L.; PARRA, M. S.; COSTA, A. Resposta da cultura do milho em um latossolo
vermelho escuro álico, à calagem. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.21, p.65-70,
1997.
OLIVEIRA, F. H. T.; ARRUDA, J. A.; SILVA, I. F. ALVES, J. C. Amostragem para a
avaliação da fertilidade do solo em função do instrumento de coleta das amostras e de tipos de
preparo do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.31, p.973-984, 2007.
OLIVEIRA, M.W.; TRIVELIN, P.C.O.; BENDASSOLLI, J.A. Volatilização de amônia da
uréia (15N) aplicada ao solo com ou sem cobertura da palhada em diferentes manejos na
adubação da soqueira. In: Congresso Nacional da STAB, 1999. Londrina. Anais do...
Congresso Nacional da STAB. vol.1, p.96-99. 1999b.
OLIVEIRA, M. W.; MENDES, L. C.; BARBOSA, M. H. P.; VITTI, A. C.; FARIA, R. O.
Avaliação do potencial produtivo de sete variedades de cana-de-açúcar sob irrigação
complementar. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO......, 25, Rio
de Janeiro, 2002. Anais. Rio de Janeiro, SBCS. Meio magnético.
OLIVEIRA, M. W.; TRITRIVELIN, P. C. O; BOARRETTO, A. E.; MURAOKA, T &
MORTATI, J. The leaching of N, K, Ca and Mg a Sandy soli cultivated wilh sugarcane.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, V. 37, n. 6, p. 861-868, 2002c.
- 35 -
OLIVEIRA, M.W.; MARTINS, A.G.; SILVA, J.A.B.; TRINDADE, R.C.P.; SILVA, E.T.;
MIRANDA, E.C. Doses de corretivos e alterações químicas em dois solos. In: I Congresso
Brasileiro de Mamona, 2004. Campina Grande. Anais do... I Congresso Brasileiro de
Mamona. 2004. Meio magnético.
OLIVEIRA, M. W.; FREIRE, F. M.; MACÊDO, G. A. R.; FERREIRA, J. J. Nutrição mineral
e adubação da cana-de-açúcar. Informe Agropecuário, v. 28, n.239. Belo Horizonte. p. 30-
43, 2007.
ORLANDO FILHO, J. Calagem e adubação da cana-de-açúcar. In: CÂMARA, GM.S;
OLIVEIRA, E.A.M. (eds). Produção de cana-de-açúcar. Piracicaba: FEALQ/USP. p. 133-
143. 1993.
PAVAN, M.A.; MIYAZAWA, M. Disponibilidade do manganês no solo: dificuldades e
problemas na interpretação da análise para fins de fertilidade. Revista Brasileira de Ciência
do Solo, n. 8, p.285-289, 1984.
PAVAN, M. A.; OLIVEIRA, E. L. Manejo da acidez do solo. Londrina : IAPAR, 1997. 86 p.
(IAPAR. Circular ,95).
PEREIRA , M. G.; PÉREZ, D. V.; VALLADARES, G. S.; SOUZA, J. M. P. F.; ANJOS, L. H.
C. Comparação de métodos de extração de cobre, zinco, ferro e manganês em solos do estado
do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Ciência do solo, Vicosa, MG, v. 25, n. 3, p. 655-
660, 2001.
RAIJ, B. V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. (Ed.)
Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2. Ed. Camnpinas:
Instituto Agronômico, 1996. P. 233-239 (boletim Técnico, 100).
- 36 -
RAIJ, B. V. Nova tabela de adubação e calagem para cana-de-açúcar. In SEMANA DA
CANA-DE-AÇÚCAR EM PIRACICABA. Piracicaba-SP, 1997. Anais... Piracicaba-SP:
ESALQ/IAC, 1997. p. 40-42.
RAIJ, B. V. Gesso na agricultura. Campinas, Instituto Agronômico de Campinas. 2008.
233p.
SALVIANO, A. A. C.; VIEIRA, S.R; SPAROVEK, G. Variabilidade espacial de atributos de
solo e de Crotalaria juncea L. em área severamente erodida. Revista Brasileira de Ciência
do Solo, v.22, p.115-122, 1998.
SAMPAIO, E.; SALCEDO, I.H. Dinâmica de nutrientes em cana-de-açúcar. V. Balanço de K
em quatro ciclos de cultivo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.26, n.9, p.1323-1335,
1991.
SILVA, A. J. N.; CABEDA, M. S. V; LIMA J. F. W. F. Influência de diferentes sistemas de
uso e manejo na coesão, resistência ao cisalhamento e óxidos de Fe, Si, e Al em solo de
tabuleiro costeiro de Alagoas. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 29, n. 6, p. 1-10,
2005.
SILVA, E. A.; FERREIRA, J. J.; RUAS, J. R. M. Utilização da cana-de-açúcar na
alimentação de ruminantes. Informe agropecuário, Belo Horizonte, v. 28, n. 239, p. 102-
119, 2007.
SILVA, W. F.; AGUIAR, D. A.; RUDORFF, B. F. T., SUGAWARA, L. M.; AULICINO, T. L.
I. N. Análise da expansão da área cultivada com cana-de-açúcar na região Centro-Sul do
Brasil: safras 2005/2006 a 2008/2009. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
SENSORIAMENTO REMOTO, 14. Natal-RN; INPE. Anais... Natal-RN: INPE, 2009.
SOUZA, L. S.; VIEIRA, S. R.; COGO, N. P. Variabilidade dos teores de nutrientes na folha,
entre plantas, em um pomar cítrico. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.21, p.373-377,
1997.
- 37 -
VITTI, G.C.; MAZZA, J.A. Planejamento, estratégias de manejo e nutrição da cultura de
cana-de-açúcar. Informações Agronômicas, v. 97, p. 1-16. 2002 (Encarte Técnico).
ZANÃO JÚNIOR, L.A.; LANA, R.M.Q.; GUIMARÃES, E.C. Variabilidade espacial do pH,
teores de matéria orgânica e micronutrientes em profundidade de amostragem num Latossolo
Vermelho sob semeadura direta. Ciência Rural, v.37, p.1000-1007, 2007.
ZANCANARO, L. Informações Agronômicas, 2002. Disponível em: http// www.potafos.org.
Acesso em 10 de janeiro de 2010.