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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE COLETIVA
JULIANA PESSOA COSTA
A REFORMA PSIQUIÁTRICA E SEUS DESDOBRAMENTOS: representações
sociais dos profissionais e usuários da atenção psicossocial
FORTALEZA - CEARÁ
2014
JULIANA PESSOA COSTA
A REFORMA PSIQUIÁTRICA E SEUS DESDOBRAMENTOS: representações
sociais dos profissionais e usuários da atenção psicossocial
Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Saúde Coletiva do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Saúde Coletiva.
Área de Concentração: Saúde Coletiva.
Orientadora: Profª. Drª. Maria Salete Bessa Jorge
FORTALEZA - CEARÁ
2014
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DEDICATÓRIA
A Deus e meu querido Santo Expedito, por terem me ajudado
nos momentos difíceis, aos meus pais, Júlio Costa Alves e
Maria de Fátima Pessoa Costa, pelo amor incondicional e
dedicação, e a minha irmã, Suiane Pessoa, pelo apoio e
incentivo, com muito carinho.
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Dedicatória Geral
A Deus e meu querido Santo Expedito, por me abençoarem diariamente,
iluminando meu caminho.
Aos meus pais, Júlio Costa Alves e Maria de Fátima Pessoa Costa, que com
muita dedicação me deram educação e preparo para superar os obstáculos da vida.
A minha irmã, Suiane Pessoa, pelo carinho e apoio. Tia Gracinha pela ajuda.
Aos companheiros do GRUPSFE, Indara Cavalcante, Mardênia Gomes,
Leilson lira, Milena, Mariana, Rebeka, Nathalia, Marcia, pelos momentos de alegrias
e tensões.
Aos colegas que compreenderam minha ausência e sempre me apoiaram nas
horas mais difíceis, em especial Felipe Augusto, Ícaro Manfrinni, Mariana, Marília,
Beatriz, Ingrid, Alexandre e Priscila.
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AGRADECIMENTOS
À prof.ª Dr.ª Maria Salete Bessa Jorge, por ter me acolhido como orientanda,
pela orientação da dissertação.Meu agradecimento e respeito.
À prof.ª Dr.ª Maria da Penha de Lima Coutinho, da Universidade Federal da
Paraíba (UFPB) por ter aceitado o convite para participar da Banca Examionadora.
À prof.ª Dr.ª Edmara Chaves Costa, por ter me ajudado quando necessitei. Minha
eterna Professora Ana Cléa, pelo o incentivo e apoio.
Aos colegas do Mestrado Acadêmico em Saúde Coletiva, especialmente
José Pereira Maia Neto e Emília Caminha pelas trocas de discussões e suporte
emocional nos momentos difíceis, Jamine, Suelen, Bráulio, por ter contribuído na
conclusão da dissertação, meu eterno agradecimento.
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RESUMO
Esta pesquisa dedica-se ao estudo das representações sociais dos usuários e
profissionais de saúde do Centro de Atenção Psicossocial e Estratégia Saúde da
Família sobre a Reforma Psiquiátrica. Teve como objetivo principal comparar as
representações entre usuários e profissionais. Tratou-se de um estudo de
abordagem de multimétodo, fundamentado na teoria das Representações Sociais. A
pesquisa foi desenvolvida no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Geral e AD da
Secretaria Executiva Regional V (SER V), em Fortaleza-Ceará. Participaram 50
usuários e 30 profissionais de saúde, totalizando 80 sujeitos. Na realização da coleta
de dados, foram utilizados: o questionário de perfil sócio-demográfico, o teste de
associação livre de palavras e entrevistas. Para o teste de associação livre de
palavras foram utilizados quatro estímulos indutores: (1) Loucura, (2)
Desinstitucionalização, (3) Internação Psiquiátrica, (4) Reforma Psiquiátrica. As
palavras evocadas no TALP sofreram processamento pelo software Tri-deux-mots,
sendo submetidas à Análise Fatorial de Correspondência. Para a análise do
questionário sócio-demográfico, os dados foram processados utilizando o EXCEL,
posteriormente organizados em gráficos e tabelas. Os discursos oriundos das
entrevistas foram analisados pela técnica de análise de conteúdo do tipo categorial
temática. Observou-se a importância da Reforma Psiquiátrica no cuidado em saúde
mental e a ressocialização do sujeito com transtorno mental, no contexto da
reabilitação psicossocial. De modo que, para que haja a reforma psiquiátrica deve
ser necessário movimentos de luta, para consolidar novas políticas, que gerem
mudanças no cuidado em saúde mental.
Palavras Chave: Saúde Mental. Reforma Psiquiátrica. Representações sociais.
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ABSTRACT
This research dedicates the study to it of the social representations of the users and
professionals of mental health of the Center of Attention Psychosocial and Strategic
Health of the Family on the Psychiatric Reformation. In this context, one searched to
apprehend these representations of these citizens, as well as comparing these
representations between users and professionals. One was about a study in a
boarding of multimethod of qualitative and quantitative matrix, based on the theory of
the Social Representations. The research was developed in the CAPS (Centro de
Atenção Psicossocial) Geral and AD of Secretaria Executiva Regional V (SER V), in
Fortaleza state of Ceará, having as citizens 50 users, 30 professionals of mental
health, totalizing 80 citizens. In the accomplishment of the collections of data, they
had been used: the questionnaire of partner-demographic profile, the free test of
association of words. For the free test of association of words four inductive
stimulations had been used: (1) Madness, (2) Deinstitutionalization, (3) Psychiatric
Internment, (4) the Psychiatric Reformation. The words evoked in the TALP had
suffered processing for software Tri- deux-mots, being submitted to the Factorial
Analysis of Correspondence. For the analysis of the partner-demographic
questionnaire, the data had been processed using EXCEL. Noted the importance of
psychiatric reform in mental health care and the rehabilitation of the individual with
mental disorder in the context of psychosocial rehabilitation. So, for acting the
psychiatric reform should be necessary fighting moves to consolidate new policies
that generate changes in mental health care.
Keywords: Mental health. Psychiatric Reformation. Representations social.
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SUMÁRIO
1. O DESPERTAR PARA O FENÔMENO E O OBJETO DE PESQUISA 14
1.2 O objeto de estudo e suas interfaces 14
1.3 Objetivos 19
2 – BASE TEÓRICA 20
2.1 A teoria das representações sociais 20
3 METODOLOGIA 24
3.1 Natureza e tipo de estudo 24
3.2 Cenários da pesquisa 24
3.3 Participantes da pesquisa 28
3.4 Instrumentos e técnicas de coleta dos dados. 29
3.5 Plano de Análise 29
3.6 Procedimento 30
3.7Questões Éticas 32
4- RESULTADOS 34
9
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 59
6 REFERÊNCIAS 61
7 APÊNDICES 64
Apêndice A- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-Profissional 65
Apêndice B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-Usuário 66
Apêndice C – Teste de Associação Livre de Palavras 67
Apêndice D– Questionário Sóciodemográfico 70
Apêndice E- Roteiro de entrevista Profissional 71
Apêndice F – Roteiro de entrevista Usuário 72
Apêndice G– Dicionário de palavras 73
8 ANEXOS 82
Anexo I- Banco de Dados 83
Anexo II- Arquivo IMPMOT-Software TRI-DEUX-MOT 87
AnexoIII- Arquivo ANECAR Software TRI-DEUX-MOT
Anexo IV-Parecer da Pesquisa
92
95
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AFC – Análise fatorial de Correspondência
SER – Secretaria Executiva Regional
CAPS – Centro de Atenção Psicossocial
ESF- Estratégia Saúde da Família
TALP – Teste de Associação Livre de palavras
TRS – Teoria das Representações Sociais
UAPS-Unidades de Atenção Primária à Saúde
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LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Representação gráfica do gênero feminino dos usuários 35
GRÁFICO 2 – Representação gráfica do gênero feminino dos profissionais 36
GRÁFICO 3-Representação dos fatores 1 e 2 40
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Distribuição dos usuários por idade 34
TABELA 2 – Distribuição dos usuários por escolaridade 35
TABELA 3– Distribuição dos profissionais por idade 36
TABELA 4- Distribuição dos profissionais 37
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Variáveis fixas 38
QUADRO 2 – Estímulos e sujeitos da pesquisa 39
QUADRO 3 – Distribuição das categorias e subcategorias 49
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Mapa do Município de Fortaleza 25
FIGURA 2 – Secretarias Executivas Regionais de Fortaleza 27
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1 O DESPERTAR PARA O FENÔMENO E O OBJETO DE PESQUISA
1.1 O despertar para o fenômeno
O primeiro contato com o tema surgiu da possibilidade de acompanhar
um familiar internado em hospital psiquiátrico, onde tive a oportunidade de auxiliar
no seu tratamento. No período de sua internação passei a conhecer a rotina da
instituição e conhecer o grupo de terapia ocupacional. Essa experiência contribuiu
para despertar meu entusiasmo pela saúde mental e o desejo de cursar a
graduação em terapia ocupacional.
Uma nova aproximação com a saúde mental voltou a ocorrer durante a
experiência de dois anos de estágio em um abrigo para adultos com transtorno
mental do Estado do Ceará, que possibilitou vivenciar o cotidiano dessas pessoas
que moram em instituições de longa permanência. Surgindo o convite em participar
do grupo de pesquisa e escrita do projeto Casas de Luz. Esse grupo é vinculado ao
laboratório de inclusão da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social – STDS
que contribuiu para ampliar minha visão sobre o sofrimento psíquico e desenvolver
estratégias que intencionam proporcionar independência e autonomia no processo
de desinstitucionalização de acolhidos residentes em instituições de longa
permanência do Estado do Ceará.
Na graduação, ocorreu a oportunidade de participar do estágio
supervisionado em saúde mental, surgindo o desejo em investigar sobre o processo
da reforma psiquiátrica. A vivência na saúde mental contribuiu para o ingresso no
Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva -Mestrado Acadêmico de Saúde
Coletiva (PPSAC) da UECE.
1.2 O objeto de estudo e suas interfaces
Desde os anos 70, a violência nos manicômios e a exclusão têm sido
pauta de discussão, o que levou à crise do modelo de assistência centrado no
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hospital psiquiátrico e a eclosão dos movimentos sociais pelos direitos dos
pacientes. Essas discussões relacionavam-se ao modelo privatista e à sua
incapacidade de produzir um atendimento que suprisse as necessidades de seus
usuários (BRASIL, 2005).
A ideia de afastar da sociedade os indivíduos alienados que eram
enviados para os manicômios, como os doentes: hansenianos, tuberculosos,
alcoolistas, deficientes intelectuais e doentes mentais. As pessoas denominadas
doentes mentais eram reconhecidas como seres com falta de sociabilidade e,
portanto deveriam ser afastados do convívio social para garantir a ordem e a
segurança da comunidade (FOUCAULT, 1987).
O movimento da Reforma Sanitária e a Reforma Psiquiátrica. A primeira
foi um movimento de crítica ao antigo modelo de saúde pública no Brasil
(BERNARDES e QUINHONES, 2009), enquanto a Reforma Psiquiátrica é um
processo político-social compreendido como um conjunto de transformações de
práticas, saberes, valores culturais e sociais, buscando a superação da violência
asilar (BRASIL, 2005).
No Brasil, na década de 80, o movimento pela reforma psiquiátrica
ganhou importância tanto política como social. Tal período, marcado pelo final da
ditadura, abriu a possibilidade de mudanças no setor da saúde e permitiu a
participação de outros setores, nesse processo. A construção de um novo espaço
social para a loucura exigia que a noção de cidadania e a base do saber psiquiátrico
fossem colocadas em debate, sendo preciso planear novos locais, instrumentos
técnicos e terapêuticos, como também novos modos sociais de estabelecer relações
com esses sujeitos (BIRMAN, 1992).
Sendo uma conjectura de mudança paradigmática, a Reforma Psiquiátrica
se desdobra em vários planos. No plano assistencial, trata-se de pensar não apenas
formas inovadoras de organização da atenção, mas também modelos de cuidado e
intervenção adequadas aos novos dispositivos (BEZARRA JR, 2007).
No entanto, a história da reforma psiquiátrica brasileira é um processo em
construção, entendida como desconstrução de saberes, discursos e práticas
psiquiátricas que sustentaram a loucura por muitos anos e custaram sofrimento aos
16
pacientes (AMARANTE, 1994). Nesse contexto, surge o processo de
desinstitucionalização que não é apenas a simples desospitalização do portador de
transtorno mental, pois esse modelo produziu, historicamente, abandono e
desassistência de parcela da população usuária, causando formas de internação
mais obscuras e segregadoras (SANTOS, 2000).
Assim, a desinstitucionalização produz, com originalidade, uma sociedade
fundamentada no exercício pleno da cidadania, da liberdade, da justiça social e no
respeito aos diferentes, entre outros princípios (BOARINI, 2000), possibilitando a
reconstrução de vítimas de um sistema, na maioria das vezes, oportunista e
opressor, pois, assim como afirmou Rotelli et. al. (2001, p.33), “talvez não se
‘resolva’ por hora, não se ‘cure’ agora, no entanto seguramente ‘se cuida’.
O modelo assistencial não pretende abolir o tratamento clínico, mas
eliminar a prática do internamento como uma forma de exclusão social. Para isto,
propõe-se uma substituição do modelo manicomial pela criação de uma rede de
serviços territoriais de atenção psicossocial, de base comunitária (BASAGLIA, 2005).
Ressalta-se então que, embora o discurso médico tenha influenciado a
representação da loucura, ele não a determina, pois toda informação nova que
chega ao sujeito, confronta-se inicialmente com as informações que este já possui e,
só a partir de então, são incorporadas em um sistema particular de categorias
denominado esse processo de ancoragem, um dos processos de formação das
representações sociais (MOSCOVICI, 2003).
No entanto, após a realização da III Conferência Nacional de Saúde
Mental, a Lei Federal nº 10.216/ 2001 foi aprovada, definindo a internação hospitalar
como último recurso no tratamento de transtornos mentais, o que garantiu às
pessoas o direito de serem tratadas preferencialmente em serviços de base
comunitária, inseridas no Centro de Assistência Psicossocial – CAPS
(GONÇALVES, 2012).
Temos, portanto, com a promulgação da lei nº. 10.216/2001, de Paulo
Delgado, que proíbe, em todo o Brasil, a construção de novos hospitais psiquiátricos
e a contratação pelo serviço público de leitos e unidades particulares deste tipo,
estabelecendo que os tratamentos devam ser realizados, preferencialmente, em
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serviços comunitários de saúde mental, cuja finalidade primordial é a reinserção
social do doente mental em seu meio (ANTUNES; QUEIROZ, 2007).
Na dimensão teórico-assistencial, destaca-se o surgimento dos Centros
de Atenção Psicossocial (CAPS), as Residências Terapêuticas, leitos psiquiátricos
disponibilizados em hospitais gerais e Centros de Convivência, que são serviços
gratuitos e abertos pertencentes ao Sistema Único de Saúde (SUS) e que acolhem
pessoas que apresentam intenso sofrimento psíquico, como transtornos mentais,
psicoses, neuroses graves, transtornos relacionados às substâncias psicoativas, e
que necessitem de cuidado intensivo. (BRASIL, 2004).
Entretanto, existem diferentes tipos de CAPS como: CAPSi onde são
atendidas crianças e adolescentes, o CAPSad para atendimento à população com
transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas, como
álcool e outras drogas e como alternativa para pessoas internadas em hospitais
psiquiátricos sem suporte familiar, existe o serviço de residência
terapêutica(BRASIL, 2004).
Esta mudança do modelo se traduziu num conjunto de ações inspiradas
na substituição do hospital psiquiátrico por alternativas centradas na comunidade e
dispositivos institucionais de características não asilares como: hospital dia, serviços
de saúde mental em hospitais gerais, lares protegidos, serviços de atenção
domiciliária, e outros (MUREKIAN, 2012).
Assim, a aceitação de uma nova política assistencial, promove a
desconstrução social dos estigmas vinculados à loucura e à figura do louco, os
pacientes passam a ser inseridos nas ruas, nos espaços urbanos, inserido no
convívio familiar e exercendo, portanto, a sua cidadania (SARACENO, 1999).
Portanto, a relevância desta pesquisa para a sociedade é avaliar a
reforma psiquiátrica e seus desdobramentos sob a ótica das representações sociais.
Para a comunidade acadêmica, e para os profissionais da área da saúde pretende-
se, criar possibilidades de intervenções terapêuticas, que possam contribuir com a
formulação de práticas mais condizentes com as demandas dos usuários e instigar
novas pesquisas sobre o assunto.
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Diante das argumentações teóricas emergiram os questionamentos:
1. Quais as representações sociais dos profissionais de saúde e usuários
dos serviços da atenção psicossocial sobre a reforma psiquiátrica?
2. Qual a Representação Social dos profissionais de saúde e usuários dos
serviços (CAPS e ESF) sobre o processo de desinstitucionalização e a figura do
louco?
3. Quais as Representações Sociais dos profissionais de saúde e
usuários sobre a internação psiquiátrica.
Diante dos questionamentos, elaborou-se o objetivo Geral e seus
desdobramentos (objetivos específicos, articulados com a teoria das representações
sociais) pautada em Coutinho (2011) e Jodelet (2001).
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1.3 OBJETIVOS
Objetivo Geral
Analisar as representações sociais sobre a reforma psiquiátrica,
elaboradas pelos profissionais de saúde e usuários dos serviços, dos diferentes
dispositivos da rede de atenção psicossocial (ESF e CAPS)
Objetivos Específicos
Descrever as representações sociais dos profissionais de saúde e
usuários do serviço (CAPS e ESF), sobre o processo de
desinstitucionalização e o doente mental;
Apreender as representações sociais dos profissionais de saúde e
usuários da atenção psicossocial, sobre a reforma psiquiátrica e seus
desdobramentos.
Comparar as representações sociais sobre desinstitucionalização
elaboradas pelos profissionais de saúde, usuários dos serviços, dos
diferentes dispositivos da rede de atenção psicossocial (ESF e CAPS).
20
2 BASE TEÓRICA
2.1 A teoria das representações sociais.
Como referencial teórico foi utilizado a Teoria das Representações
Sociais, com o objetivo de apreender as elaborações das percepções dos usuários e
profissionais da saúde a cerca dos processos da reforma psiquiátrica e seus
desdobramentos tendo como orientação Moscovici (2003, 2009, 1978 e 196),
Coutinho (2011) e Jodelet (2009).
A relevância dos estudos por meio da Teoria das Representações Sociais
possui elevada consideração no campo da saúde mental, salientado diferentes
fenômenos pertinentes a esse campo, por serem as representações sistemas de
interpretações que regem as relações dos sujeitos com o mundo e com os outros,
orientando e organizando as suas condutas/comportamentos e as comunicações
sociais (COUTINHO, 2003).
Através das representações sociais, busca-se uma aproximação do objeto
em estudo na tentativa de entender a problemática e de que forma é criada,
transformada e interpretada pelos sujeitos dentro de sua realidade, assim como se
espera conhecer os sentimentos, pensamentos, percepções e experiências de vida
desses indivíduos compartilhados por atitudes, valores e informação, destacados
nas modalidades diferenciadas de comunicação, levando-se em consideração a
classe social a que pertencem (COUTINHO, NÓBREGA,CATÃO, 2003).
Para uma melhor compreensão sobre a teoria, surge a necessidade de se
conhecer um pouco a história do surgimento das representações e seus processos
de formação. O conceito de representação social foi elaborado pelo francês Serge
Moscovici e introduzido na França em 1961, em um estudo intitulado “La
Psychanalyse: son image et son public”.Em seu primeiro capítulo de “La
Psychanalyse”, as definições de representação social tem como conceito o
conhecimento social elaborado e partilhado, onde são teorias do senso comum ou
espécies de ciências coletivas, como afirma (MOSCOVICI,1961/ 1978).
21
A Teoria das Representações Sociais (TRS) na área da psicologia social
tem como ponto de partida o conceito de “representações coletivas” de Durkheim. O
conceito de representações sociais vindo de Durkheim e sob o pressuposto da
sociologia, propõe que qualquer ideia, emoção, crença, enfim, cadeias completas
como as ciências, religião, mito, etc, estariam incluídas nas representações sociais
(MOSCOVICI, 2009).
Antes da teoria das representações sociais, o pensamento das massas
era denominado senso comum, era um conhecimento confuso, inconsistente e
fragmentado. Em relação ao conhecimento científico, o senso comum era visto como
um conhecimento ingênuo (MOSCOVICI, 2003)
O pensamento coletivo, senso comum, enxerga as ideias e relações por
meio de seus próprios comportamentos. É o que o autor chama de sociedade
pensante. Para falar sobre isso Moscovici cita Marx quando ele dizia que as ideias,
uma vez disseminadas entre as massas passam a ser e a se comportar como forças
materiais. Dessa forma compreende-se porque o objetivo da psicologia social é
observar, interpretando o comportamento e as ideias e como os conceitos passam a
ser considerados como objetos ou pessoas (MOSCOVICI, 2009).
Entender o mundo não é somente necessário, mas: as representações
sociais tomam forma e são comunicadas para fazer o mundo cotidiano mais
excitante, porque é mais rápido em suas variações, um mundo novo, na medida em
que está sempre em transformação, precisando ser constantemente observado,
interpretado e reproduzido para que seja nítido o seu lugar nele (MOSCOVICI apud
SÁ, 1995). Assim, a função das representações sociais:
[...] é tornar familiar o não familiar numa dinâmica em que objetos e eventos são reconhecidos, compreendidos com base em encontros anteriores, em modelos. No caso, a memória predomina sobre a lógica, o passado sobre o presente, a resposta sobre o estímulo, perturbador do universo exterior para o interior, coloca-o em uma categoria e contexto conhecidos. Nesse universo consensual o veredicto precede o julgamento (LEME,1995, pág.100).
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Entendemos que a Representação social contribui para a formação das
condutas e a orientação das comunicações sociais. Moscovici descreve dois
processos cognitivos, dialeticamente relacionados, que atuam na formação das
representações sociais: a objetivação e a ancoragem. São processos
sóciocognitivos regulados por fatores sociais (MOSCOVICI, 2003).
A objetivação consolida as abstrações, materializa os pensamentos,
transforma em objeto o que é representado. Percebe-se que, o objeto percebido e o
conceito tornam-se intercambiáveis. O resultado de um processo de objetivação é a
neutralização; o esquema figurativo, desvinculado da teoria inicial, não é mais uma
elaboração abstrata que atribui razão a certos fenômenos, mas ele torna-se a
expressão imediata e direta (NÓBREGA, 2003, P.65).
Portanto, a objetivação consiste na transformação de um conceito ou de
uma ideia em algo concreto. É a materialização de uma abstração. As informações
que circulam sobre o objeto passam por uma triagem em função dos processos
culturais (informações decorrentes da inserção social do sujeito), os valores que
circulam no grupo, transformando um conceito em uma imagem ou núcleo figurativo;
transforma-se o que está na mente em algo que exista no mundo físico, ou seja,
objetivar é “descobrir a qualidade icônica de uma ideia ou ser imprecisos, reproduzir
um conceito em uma imagem” (MOSCOVICI, 2003, p. 38).
O processo de objetivação apresenta três fases: a construção seletiva, a
esquematização estruturante e a naturalização. Na construção seletiva é o
mecanismo utilizado pelo grande público consumidor dos meios de comunicação de
massa para se apropriar de determinado corpus teórico-científico. A seleção dos
elementos é feita, por um lado, em função de critérios culturais, sendo estes
determinados pela desigualdade das condições de acesso às informações, segundo
o grupo. São critérios normativos com função de retenção dos elementos de
informação preservando a coerência de valores próprios do grupo. A
esquematização estruturante é o elemento duro e mais estável da representação
(NÓBREGA, 2003).
A naturalização é uma projeção reitificante das projeções abstratas no
real, de materialização e de espacialização de entidades conceituais. Os elementos
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do pensamento se concretizam e, portanto, adquirem um status de evidência na
realidade e no terreno do senso comum. A naturalização confere uma realidade
plena ao que era uma abstração. O conceito em construção não é mais uma pura
ideia, nem imagem, mas uma entidade autônoma (JODELET, 2009).
Por sua vez, a ancoragem é um processo percebido como o que dá
sentido ao objeto que se apresenta à nossa compreensão. Trata-se da maneira pela
qual o conhecimento se aprofunda no social e volta a ele, ao converter-se em
categoria e integrar-se à grade de leitura do mundo do sujeito, instrumentalizando o
novo objeto. O sujeito procede recorrendo ao que é familiar para fazer uma espécie
de conversão da novidade: “A ancoragem é o processo das representações sociais
que a partir do seu conteúdo cognitivo, têm de ser entendida do seu contexto de
produção, é originada no cotidiano do sujeito” (MOSCOVICI, 2003).
Ancorar é dar nome a alguma coisa. Por isso, experimentamos resistência
quando não conseguimos avaliar ou descrever alguma coisa ou pessoa. Desse
modo, classificamos pessoas ou coisas no processo de avaliar, de rotular. Não há
neutralidade nesse processo, pois quando classificamos algo ou alguém, esses
ficam restritos a um conjunto de comportamentos e regras (MOSCIVICI, 2009).
Nas funções das representações sociais são destacadas: a função do
saber, que permite compreender e explicar a realidade; a função identitária, que
define a identidade e permite a proteção da especificidade dos grupos; a função de
orientação, que guia os comportamentos e as práticas, e a função justificadora, que
permite a justificativa das tomadas de posição e dos comportamentos (ABRIC,
2000).
A representação Social enquanto instrumento referencial contribui a
construção das relações sociais através da interpretação da realidade pelos grupos
ou de forma individual. Essa relação entre o indivíduo e seu meio é mediatizada pela
interpretação do qual o novo objeto é transformado em saber útil que tem como
função compreender o mundo (NÓBREGA, 2003).
Em síntese utilizou-se para a pesquisa a objetivação e a ancoragem.
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3 METODOLOGIA
3.1 Natureza e tipo de estudo
Optou-se por desenvolver a pesquisa utilizando a objetivação e
ancoragem como elementos conceituais da Teoria das Representações Sociais,
segundo Moscovici (1978), em uma abordagem multimétodo. Trata-se de uma
pesquisa com abordagem qualitativa, na medida em que se utiliza de seus
fundamentos na apresentação dos dados sociodemográficos dos participantes da
pesquisa, do Teste de Associação Livre de Palavras (TALP) e entrevistas para
conhecer como os profissionais e usuários representam a reforma psiquiátrica.
A investigação em representações sociais tem como um dos pontos
chaves o contraste entre abordagens quantitativas e qualitativas. Numa perspectiva
multimétodos, que pretende analisar a complexidade duma determinada
representação, os designs de investigação que incluem simultaneamente as
abordagens qualitativas e quantitativas que garantem uma interpretação mais
integrada dos resultados e das técnicas (ROSA, 2003).
3.2 Cenários da pesquisa
A pesquisa foi realizada no município de Fortaleza, capital do estado do
Ceará, nordeste do Brasil, mais precisamente na Regional V.
O município de Fortaleza está localizado no litoral norte do estado do
Ceará, com área territorial de 315 km². Limita-se ao norte e ao leste com o Oceano
Atlântico e com os municípios de Eusébio e Aquiraz; ao sul com os municípios de
Maracanaú, Pacatuba e Itaitinga e a oeste com os municípios de Caucaia e
Maracanaú (IBGE, 2010).
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Figura 1: Mapa do Município de Fortaleza
Fonte: Ceará (http://www.ceara.com.br).
O município possui uma população de 2.452.185 habitantes, sendo
considerada a quinta maior cidade do país e a capital de maior densidade
demográfica.
O Sistema Municipal de Saúde de Fortaleza apresenta capacidade
instalada para a realização de serviços primário, secundário e terciário. Integra a
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rede regionalizada e hierarquizada do SUS, sendo referência em âmbito micro e
macrorregional, entre eles estão a Estratégia de Saúde da Família (ESF), CAPS
geral e CAPS ad. Selecionados para compor o estudo, como decorrem nas
informações a seguir:
Para fins desta investigação, escolheu-se a SER V como campo empírico,
pois este território congrega uma variedade de serviços substitutivos ao hospital
psiquiátrico, como o CAPS Geral, CAPS ad, Residência terapêutica, Oca de Saúde
Comunitária e uma Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS).
A escolha deste território administrativo-político deu-se por estar pactuado
com a Coordenadoria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde no qual a
Universidade Estadual do Ceará (UECE) e a Prefeitura de Fortaleza desenvolvem
parcerias no âmbito da formação e atividades sociocomunitárias e responsabilidade
sanitária neste território. Assim, esse vínculo permitirá um melhor acesso ao campo
de pesquisa.
O Sistema Municipal de Saúde de Fortaleza apresenta capacidade
instalada para a realização de serviços primário, secundário e terciário. Integra a
rede regionalizada e hierarquizada do SUS, sendo referência em âmbito micro e
macrorregional, entre eles estão a Estratégia Saúde da Família (ESF), CAPS geral,
CAPS ad. Selecionados para compor o estudo, como decorrem nas informações
abaixo:
a) A ESF oferece atendimentos básicos e gratuitos nas especialidades:
Ginecologia, Clínica Geral, Enfermagem e Odontologia. Os principais serviços
oferecidos pelas UBS são consultas médicas, inalações, injeções, curativos,
vacinas, tratamento odontológico, encaminhamentos para especialidades e
fornecimento de medicação básica.
b) CAPS Geral - composta por psicólogos, psiquiatras, enfermeiros,
assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, etc - e oferecem diversas atividades
terapêuticas: psicoterapia individual ou grupal, oficinas terapêuticas,
acompanhamento psiquiátrico, visitas domiciliares, atividades de orientação e
inclusão das famílias e atividades comunitárias. O CAPS é dotado de uma estrutura
física adequada para os atendimentos individuais e grupais.
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c) CAPS ad - Realiza atendimento aos dependentes de álcool e drogas na
capital, buscando sua reinserção social. O CAPS ad possui uma equipe
multiprofissional formada por psiquiatras, psicólogas, assistente social, terapeuta
ocupacional, farmacêutica, etc. Na unidade são oferecidas atividades educativas,
aulas de artesanato e sessões de psicoterapia individual.
Atualmente, para efeito administrativo, a cidade se encontra dividida em
sete Secretarias Executivas Regionais (SER) – Fig.2. Nessa divisão, a SER V
congrega uma variedade de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico, como o
CAPS Geral, CAPSAD, Residência terapêutica, Oca de Saúde Comunitária e as
Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS).
A Secretaria Regional V tem como meta garantir a melhoria da qualidade
de vida dos 570 mil habitantes dos 18 bairros que a SER V abrange, desenvolvendo
ações nas áreas de saúde, educação, esporte e lazer entre outras. Os bairros da
SER V são: Conjunto Ceará, Siqueira, Mondubim, Conjunto José Walter, Granja
Lisboa, Granja Portugal, Bom Jardim, Genibaú, Canindezinho, Vila Manoel Sátiro,
Parque São José, Parque Santa Rosa, Maraponga, Jardim Cearense, Conjunto
Esperança, Presidente Vargas, Planalto Ayrton Senna e Novo Mondubim.
(FORTALEZA, 2013).
Figura 2: Secretarias Executivas Regionais de Fortaleza
Fonte: SMS (http://www.fortaleza.ce.gov.br/regionais)
28
A escolha deste território político-administrativo se deu por estar pactuado
com a Coordenadoria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde no qual a
Universidade Estadual do Ceará (UECE) e a Prefeitura de Fortaleza desenvolvem
parcerias no âmbito da formação e atividades sociocomunitárias e responsabilidade
sanitária neste território. Assim, esse vínculo permitiu um melhor acesso ao campo
de pesquisa.
3.3 Participantes da pesquisa
Os participantes da pesquisa foram os usuários e profissionais do CAPS
(Geral e AD) e da ESF. Estes sujeitos narram suas experiências no cotidiano dos
serviços, explanando suas percepções dentro da dimensão do vivido.
A pesquisa foi realizada com 80 participantes, sendo 50 usuários e 30
profissionais, entre eles médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais,
farmacêuticos e terapeutas ocupacionais do CAPS Geral e ad, ESF.
O tamanho da amostra não foi pré-definida, uma vez que a importância
recai sobre a riqueza de dados fornecidos pelos participantes cuja incorporação
interativamente à pesquisa ocorreu de acordo com as informações que surgirem no
campo (MARTÍNEZ-SALGADO, 2012).
Os critérios de inclusão utilizados foram:
Para os profissionais de saúde: atuar como profissional de nível superior
na ESF, CAPS há pelo menos 1 (um) ano , realizando atendimentos de saúde
mental, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido(Apêndice A).
O critério de inclusão para usuários dos serviços: usuários atendidos no
CAPS Geral ou ad com interlocução com a equipe saúde da família ou usuários
somente do CAPS, que são atendidos no serviço há pelo menos 1 (um) ano,
orientados e mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido(Apêndice B).
29
Como critérios de exclusão: profissionais de saúde e usuários que estão
no serviço há menos de 1 (um) ano, pessoas não alfabetizadas e não cadastradas
na área adscrita da SER V, regional em que se realizará a pesquisa.
Com relação aos critérios de exclusão adotados para os profissionais
de saúde das equipes do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e da Estratégia
Saúde da Família (ESF), optou-se por excluir aqueles que estiverem de férias ou de
licença durante o período da coleta das informações desta pesquisa. No caso dos
usuários, foram excluídas da amostra as pessoas que apresentaram disfonia,
disartria ou desorientação espaço-temporal.
A totalidade dos sujeitos da pesquisa foi definida pela relevância das
informações e das observações que indicaram contribuições significantes e
adequadas ao delineamento do objeto em apreensão, perfazendo um total de oitenta
participantes.
3.4 Instrumentos e técnicas de coleta dos dados
Na pesquisa Foram utilizadas três técnicas de coleta de dados: o Teste
de Associação Livre de Palavras (TALP, questionário sócio-demográfico e a
Entrevista em profundidade com usuários e profissionais (Apêndices C e D).
3.5 Planos de Análise
Utilizou-se o questionário sóciodemográfico produzido pela pesquisadora,
com o objetivo de realizar um levantamento dos dados dos participantes da
pesquisa, esse questionário objetivou informar: escolaridade, idade e sexo dos
participantes. Essa coleta de dados possibilitou conhecer cada grupo, através das
características e suas semelhanças. Esta técnica foi dirigida a usuários e
profissionais de saúde do CAPS ad e ESF.
As palavras evocadas no TALP foram analisadas pelo software Tri-Deux-
Mots. Esse software é um instrumento de pesquisa que utiliza técnicas simples e
técnicas mais complexas. Esse programa faz-se como instrumento de estudo a
Teoria das Representações Sociais utilizando a Técnica de Associação Livre de
Palavras (TALP). Os dados obtidos por meio do TALP são codificados e organizados
30
em um banco de dados e processados no Software Tri-Deux Mots, utilizado nos
estudos com representação social, para tratamento de dados obtidos por esta
técnica, pois evidência as variáveis fixas (em colunas) e as modalidades e ou
variáveis de opinião (em linhas) e, partir daí, se confronta e revela graficamente a
representação do plano fatorial (FONSECA; COUTINHO, 2005). As palavras
evocadas são transcritas na íntegra, correspondendo a cada estímulo indutor com o
objetivo de elaborar um dicionário de palavras.
O Teste de Associação Livre de palavras permite encontrar zonas de
recalcamento e bloqueamento de um indivíduo. Ressurgem formas espontâneas de
associações relativas a estereótipos sociais que designam como uma representação
de um dado objeto mais ou menos desligado da sua realidade objetiva, partilhada
pelos membros de um grupo social com uma certa estabilidade(BARDIN, 1977).
Foi utilizada como técnica a entrevista, sendo utilizada a análise de
conteúdo para a maior compreensão da subjetividade dos participantes. Foi
projetado um quantitativo inicial de 20 participantes, sendo 10 profissionais de saúde
e 10 usuários, determinado durante o processo de amostragem conceitual, quando
as experiências foram se repetindo e se tornaram capazes de explicar o fenômeno
em suas diversas dimensões. Segue as perguntas da entrevista em profundidade:
O que você entende sobre Reforma Psiquiátrica? E como é o seu
tratamento?(Usuário)
O que você entende sobre Reforma Psiquiátrica? E o cenário onde você
trabalha?(Profissional)
3.6 Procedimento
Os dados do questionário sócio demográfico sofreram uma pré-
codificação: as respostas às questões levantadas no questionário foram compiladas,
em um banco de dados do programa EXCEL que transforma os dados em variáveis
e apresenta os resultados por meio de tabelas e gráficos para uma melhor
compreensão dos dados levantados.
31
Os dados fornecidos pelo teste de associação livre de palavras foram
processados no software, tri-deux-mots (versão 2.2, Cibois 1995). Foram realizadas
cinco etapas para o processamento de dados (COUTINHO,2011):
a) IMPMOT- Todas as palavras digitadas no banco de dados foram
transportadas para um arquivo contruído pelo programa Trideux, organizadas em
ordem alfabética, acompanhadas das respectivas frequências e de uma codificação
em 4 dígitos. Foi verificado no banco de dados qual o número máximo de linhas que
pelo menos um dos sujeitos forneceu de respostas. No final, o software nos forneceu
um arquivo que corresponde ao dicionário utilizado para tranformar as palavras e
frequência absoluta em frequência relativa. Concluída essa etapa é gerou-se um
arquivo que ilustra cada palavra do banco de dados acompanhada da frequência
absoluta.
b)TABMOT- Consiste em fazer a tabulação dos dados em um arquivo para
ser calculado, na etapa seguinte, a contribuição das modalidades e os vínculos entre
as mesmas, determinado pelo cálculo do qui-quadrado.
c) ECAPEM - Refere-se à independência no cálculo do qui-quadrado; isto é,
se existe atração entre linhas e colunas, ou repulsão na construção dos fatores que
representam o gráfico. Todas as modalidades foram examinadas se existem
vínculos entre as linhas e colunas de modo que os resultados determinem como
cada modalidade contribui na construção do fator.
d) ANECAR - Análise que é feita a partir de uma tabela de contigência, que
consiste na intervenção de uma linha e de uma coluna, onde se encontram os
sujeitos que correspondem as características (linhas e colunas). A partir desse
arquivo, verificou-se quais as modalidades que mais contribuíram na construção do
gráfico, em que posição elas se encontram no plano fatorial, e como elas estão
articuladas, conforme o cálculo do qui-quadrado realizado.Esta etapa irá gerar o
arquivo com as informações da análise fatorial correspondência(AFC).
e) PLANFA - É o gráfico determinado pelas coordenadas ou fatores
construído a partir de todas as etapas precendentes. Banco de dados contendo
todas as informações coletadas na pesquisa, e os resultados do que foi solicitado
quando em cada questão de todas as etapas do programa TRIDEUX. Foi gerado o
32
gráfico que foi interpretado pelo pesquisador, sobre o significado na tabela de
contingência.
Processadas todas as etapas, foi fechado o programa Trideux e realizado
o processo de conversão dos dados para o microsoft word versão 2010. Na análise
dos dados concernente à compreensão do princípio básico da análise fatorial de
correspondência, puderam-se destacar os eixos que explicitam as modalidades de
respostas (COUTINHO, 2011).
As entrevistas foram analisadas através da técnica de Análise de
Conteúdo Temática. Para Bardin (1977), a análise de conteúdo é um conjunto de
técnicas de análise das comunicações que visa obter, por procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores
quantitativos ou não, que permitam a inferência de conhecimentos relacionados à
condição de produção-recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens.
As verbalizações dos sujeitos entrevistados foram submetidas à análise
de conteúdos temática de Bardin (1977), propiciando a visualização dos sentidos
manifestos para além das aparências do que está comunicado. Para isso, a técnica
de análise de conteúdo engloba as seguintes etapas: constituição do corpus, leitura
flutuante, composição das unidades de análise, codificação e recortes,
categorização e descrição das categorias (COUTINHO, 2001, p.102).
3.7 Questões éticas
A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da UECE, com parecer Nº 681.467. Desse modo, seguiram-se os princípios
da Bioética descritos na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS),
que incorpora quatro princípios básicos: autonomia, não maleficência, beneficência e
justiça, assegurando os direitos e deveres à comunidade científica e aos
participantes da pesquisa (BRASIL, 2012).
Os participantes da pesquisa foram informados sobre os objetivos e a
justificativa do estudo, sendo garantido o anonimato, o livre consentimento e a opção
33
de participar ou não da pesquisa, podendo, inclusive, ter desistido em qualquer
momento. Foram assegurados o sigilo das informações e a privacidade dos
participantes, protegendo suas imagens e respeitando os valores sociais, culturais,
religiosos e morais de cada sujeito.
96
4 RESULTADOS: DESCRIÇÃO, ANÁLISE e INTERPRETAÇÃO
Os resultados da pesquisa compreendem o perfil sóciodemográfico dos
participantes da pesquisa, bem como os resultados do teste de associação livre e
para complementaçaõ os resultados da análise das entrevistas através da análise de
conteúdo temática, a qual se espelha na leitura flutuante, leitura exaustiva,
elaboração de códigos e de categoria temática. Esses resultados foram divididos: 1)
perfil sóciodemográfico, 2) tri-deux-mots e resultados da análise de conteúdo (3).
PERFIL SÓCIODEMOGRÁFICO DOS PARTICIPANTES
Tabela 1: Distribuição dos usuários por idade. Fortaleza-Ceará, 2014
Idade Frequência %
15 a 25 anos 6 17%
26 a 35 anos 14 39%
36 a 45 anos 9 25%
46 a 55 anos 7 19%
56 a 65 anos 0 0%
66 ou mais 0 0%
Total 36 100%
A maior parte dos usuários da pesquisa é composta pela faixa etária de
26 a 35 anos (39%).
35
Gráfico1- Representação gráfica do gênero feminino dos usuários no CAPS e
ESF. Fortaleza-Ceará, 2014.
Como pode ser observado no gráfico, a predominância é do sexo
feminino, com 66%, enquanto 34% do sexo masculino.
Tabela 2: Distribuição dos usuários por escolaridade. Fortaleza-Ceará, 2014.
Como pode-se observar na tabela 2, a escolaridade dos usuários do CAPS
e ESF é o ensino médio incompleto (38%), e que apenas (28%) da população
estudada tem o ensino fundamental incompleto, mostrando o baixo nível de
escolaridade dos usuários dos serviços.
CAPS e ESF
Escolaridade Frequência %
Alfabetizado 1 2%
Ensino Fundamental Incompleto 14 28%
Ensino Fundamental Completo 4 8%
Ensino Médio Incompleto 19 38%
Ensino Médio Completo 12 24%
Total 50 100%
36
Tabela 3: Distribuição dos profissionais por idade. Fortaleza-Ceará, 2014.
Percebe-se que a idade predominante entre os usuários e os profissionais
são a mesma, prevalecendo à faixa etária de 26 a 35 anos (63%). O sexo feminino
predomina novamente com 90% dos participantes.
Gráfico 2- Representação gráfica do gênero feminino dos profissionais no
CAPS e ESF. Fortaleza-Ceará, 2014.
CAPS e ESF
Idade Frequência %
26 a 35 anos 19 63%
36 a 45 anos 11 37%
46 a 55 anos 0 0%
56 a 65 anos 0 0%
66 ou mais 0 0%
Total 30 100%
37
Tabela 4: Distribuição dos profissionais do CAPS e ESF. Fortaleza-Ceará, 2014.
Nota-se que, o quantitativo de profissionais é reduzido para o número de
serviços e o Enfermeiro (30%) com o maior valor percentual.
CAPS e ESF
Escolaridade Frequência %
Assistente Social 8 27%
Dentista 2 7%
Enfermeiro 9 30%
Farmacêutico 5 17%
Médico 3 10%
Músico 1 3%
Psicólogo 1 3%
Terapeuta Ocupacional 1 3%
Total 30 100%
38
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA
Foi utilizada a técnica de associação livre de palavras. O teste foi
constituído de quatro estímulos indutores no processo de evocação de palavras,
sendo estes: (1) loucura, (2) desinstitucionalização, (3) internação psiquiátrica, (4)
reforma psiquiátrica. As respostas obtidas com a utilização desse instrumento foram
processadas através do software Tri-Deux-Mots versão 2.2 (CIBOIS,1995) e a
interpretação realizada a partir da Análise Fatorial de Correspondência (AFC).
Através da fala dos participantes foram evocadas (822) na coleta de
dados pelos 80 sujeitos que participaram da pesquisa, como respostas aos
estímulos indutores aparecem à ocorrência de 404 termos diferentes. Esses
estímulos indutores foram aplicados para o grupo de usuários e profissionais de
saúde do CAPS e ESF.
A técnica utilizada possibilita a elaboração de eixos que evidenciam os
resultados apresentados em um campo representacional e distribuídos de maneira
oposta sobre os fatores F1 e F2. Essa formação gráfica reproduz a atração manifesta
entre as variáveis fixas: (conforme quadro abaixo) e as variáveis de opinião
(respostas aos estímulos indutores).
GRUPO Usuário
Profissional
LOCAL
CAPS GERAL
CAPS AD
ESF
IDADE
20-28 anos
29-36 anos
37-44 anos
Acima de 45 anos
Quadro 1: Variáveis fixas.
39
Os fatores podem ser identificados na representação gráfica através da
distinção de cores. O fator F1, horizontal e de cor vermelha evidencia os resultados
mais importantes da pesquisa, enquanto o F2, vertical e de cor azul, completa os
resultados manifestos no F1. Portanto, os fatores F1 e F2 foram os de maior
contribuição, concentrando as principais informações das respostas evocadas pelos
sujeitos no TALP. O fator F1 abrangeu 50,5% da variância total de respostas (valor
próprio = 0.172904) e o segundo fator, 16,9 %da variância total de respostas (valor
próprio = 0.057996), perfazendo um total de 67,4 % da variância total dos dados.
Quadro 2: Estímulos e sujeitos da pesquisa. Fortaleza-CE, 2014
ESTÍMULOS SUJEITOS
1.Loucura
2.Desinstitucionalização
3.Internação Psiquiátrica
4.Reforma Psiquiátrica
Usuários
Profissionais de Saúde
40
Gráfico 3: Representação Gráfica dos fatores 1 e 2.
F2
____________________crise1__________________________________________________
|
|
|
|
|
|
|
|
| CAPS GERAL
|
tratamento2 doença1 sofrimento1/desordem1
caps4 solidão1 doido1
| utopia4
| 29-36
acreditar4 |
mental1/melhor4 | sofrimento3
caps2 | prisão3/política4
voltar2 casa2 | humanização4 Profissionais
| liberdade2
emprego2________________________+______________________mudança4_____________ F1
Usuários |
|
|
|
|
esperança4 preconceito1
|
|
| ESF luta4
cura3 |
perdido1 37-44
vida2 tratamento3
|
|
novo2 | desorganização1
|
|
|
|
|
________salvação4_____________________________________________________________
41
Evidencia-se no gráfico 3, as representações sociais de usuários e
profissionais. A compreensão do gráfico será realizada pela distribuição das
palavras evocadas nos eixos F1 e F2.
No eixo horizontal (F1) do lado direito, como respostas evocadas ao
primeiro estímulo indutor (loucura), predominam as verbalizações dos profissionais
de saúde, as expressões sofrimento (CPF=38), desordem (CPF=40), preconceito
(CPF=23). Essas palavras mostram forte representatividade desse grupo, pois os
mesmos consideram que a patologia pode levar um padrão de anormalidade, um
processo de exclusão inevitável e os estigmas que acarretam o processo de
adoecimento.
Nesse sentido, Rodrigues (2010) apontam que os profissionais percebem
os pacientes como pessoas que precisam de ajuda, por estarem vivenciando uma
experiência de adoecimento psíquico. Além disso, são percebidas como pessoas
que podem despertar, nas outras pessoas, preconceito e compaixão.
Em situação oposta aos profissionais de saúde, no lado esquerdo do eixo
F1, temos o segundo grupo composto por usuários que evocaram a palavra no
estímulo1: mental (CPF=59). A referência à palavra mental representa a Doença
mental que foi compreendida como sendo qualquer transtorno da cabeça e a
mudança que ela pode causar em suas vidas. Esta forma de perceber a patologia
psiquiátrica é comum entre os usuários e a população em geral, que atribuem ao
transtorno mental um problema que se localiza na cabeça ou mau funcionamento ou
má formação do cérebro.
O termo mental faz alusão à doente mental, como descreve Foucault
(2010) a doença mental sempre foi bastante obscura, desde a falta de uma
conceituação definida para esses transtornos, passando pelo isolamento imposto
pelas internações psiquiátricas e as possíveis produções de condutas que são
promotoras de inclusão ou determinantes para a exclusão. De acordo com o
discurso do participante:
42
[...] Acredito que a doença mental, ela é uma doença diferente das
outras, a doença que atinge a cabeça e a mente, as pessoas devem
respeitar as pessoas como eu (Usuária, CAPS Geral).
O segundo estímulo (desinstitucionalização), no eixo F1 do lado
direito, grupo de profissionais de saúde verbalizam: liberdade (CPF=94) ressalta-se
o papel da desinstitucionalização como desconstrução do modelo de atenção em
saúde mental brasileiro, consolidando a rede extra-hospitalar e estabelecendo a
desospitalização. Visto que, esse processo visa o cuidado em liberdade e modifica a
forma de organização das instituições psiquiátricas, que antes aprisionava e oprimia.
Pode-se observar a relevância da desinstitucionalização, diante das falas dos
participantes:
Eu acho que a liberdade que a desinstitucionalização proporciona deve ser feita por meio comunitário, por meio de uma rede de cuidados que o paciente tivesse autonomia, interação social, quebra de paradigmas, tirar o estigma das pessoas que tem doença mental e também de extinguir o modelo manicomial, de exclusão (Enfermeira, CAPS Geral).
Nas falas dos entrevistados, observa-se que os profissionais acreditam
no processo de desinstitucionalização, mas ainda tem muito a se caminhar. Para
Guedes et al., (2010) a desinstitucionalização foi a principal alternativa para a
desconstrução das práticas manicomiais, pois rompe com o modelo segregador a
fim de proporcionar o cuidado em liberdade e a criação de serviços substitutivos, um
novo lugar de reinserção dos sujeitos.
Visto que, a socialização evolui com novas possibilidades, novas
necessidades, conhecimentos fundamentais para o processo de produção e
reprodução da vida e sociedade. O ser social adquire liberdade possibilitando fazer
escolhas. De acordo com Netto e Braz (2007) a liberdade está associada a ser livre
é poder escolher, ser capaz de pensar, conhecer, projetar, escolher. Enfim, o ser
social dispõe da capacidade da socialização, ele é passível de apropriação e
desenvolvimento por parte dos membros da sociedade, dos processos de interação
social.
43
Já o grupo dos usuários, eixo F1 do lado esquerdo, as categorias para o
estímulo desinstitucionalização foram tratamento (CPF=33) CAPS (CPF=29), voltar
(CPF=36), casa (CPF=29), emprego (CPF=36). Pode-se observar que a
representação por esse grupo está ligado a reinserção social e serviços
substitutivos. O tratamento está ligado ao CAPS como nova forma de substituição do
modelo manicomial que se apresenta como fortalecimento de uma rede de serviços
substitutivos. Nesse contexto, observa-se:
Eu entendo que antigamente todo mundo era internado, junto com os doidos, era uma internação muito cruel. Hoje em dia, existe o CAPS, a pessoa pega sua medicação e faz o tratamento em casa (Usuário, CAPS Geral).
Eu acho bom o CAPS, é melhor que o hospital, aqui não precisa ninguém ser internado. A internação é coisa antiga, hoje o tratamento é no CAPS (Usuário, CAPS Geral).
Desta forma, os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) são serviços
de atenção diária em saúde mental, de caráter substitutivo ao hospital psiquiátrico.
Tem a responsabilidade de atender pessoas com transtornos mentais severos e
persistentes, trabalhando sob a lógica da territorialidade (MIELKE et al.,2009).
Já o emprego, voltar e casa podem ser interpretados como algo
fundamental para que o usuário possa sentir-se inserido socialmente. De modo que,
o CAPS deve proporcionar um tratamento que visa os cuidados de reinserção social
de seus usuários por meio do acesso ao lazer, retorno ao lar, trabalho e
reconstrução dos laços comunitários e familiares. O cuidado em saúde mental tem
como objetivo a superação do modelo asilar, enfatizando que uma das formas de
inclusão dessas pessoas na sociedade é através do trabalho e do convívio familiar
(LOPES, 2013).
O emprego promove a inclusão social da pessoa com transtorno mental,
através da política nacional de saúde mental e a política nacionais de economia
solidária apresentam iniciativa que promovem a geração de emprego e renda nas
ações públicas intersetoriais. O trabalho como inclusão passa a objetivar garantias
de direitos a cidadania, ações humanistas, assistenciais e
terapêuticas(RODRIGUES et al., 2010).Percebe-se nos discursos dos participantes:
44
Eu não preciso do hospital, fico no CAPS e estou trabalhando para comprar minhas coisinhas e ocupar minha mente (Usuário CAPS,AD).
A inclusão no mercado de trabalho representa a proteção das recaídas
e as crises, através da ocupação do tempo e da mente. O trabalho passa a ser visto
como um dispositivo de reinserção social e protetor do adoecimento mental.
No terceiro estímulo (internação psiquiátrica) no eixo F1 do lado direito, os
profissionais da saúde mental evocaram as palavras sofrimento (CPF=40),
novamente destacada por sua relevância para esse grupo, prisão (CPF=41) nesse
contexto, as respostas podem ser traduzidas como o sofrimento e o aprisionamento
que as pessoas com transtorno mental foram submetidas ao longo da história, a
complexidade da compreensão da doença, a exclusão e o confinamento em
hospitais psiquiátricos, de modo que por muito tempo permaneceram em longas
internações excluídos e marginalizados. Nesse contexto, percebe-se no discurso:
[...] o que eu venho observado ao longo desses anos trabalhando em um hospital psiquiátrico e agora trabalhando no CAPS AD que a forma como foi realizada aqui no Ceará não sei no resto do Brasil, mas aqui especificamente no Ceará não se houve um cuidado com a substituição desses leitos que iriam ser extintos por novos modelos, não houve uma substituição, vejo uma certa desassistência, acho que se deixou de lado um pouco as pessoas com transtorno mental e essas pessoas estão num sofrimento intenso, os outros equipamentos não dão conta de conter essa crise [...] (Terapeuta Ocupacional, CAPS AD).
O hospital psiquiátrico ainda é necessário, não há hospitais gerais com leitos, os poucos que tem são muito restritos, a gente observa um preconceito intenso uma falta de preparo em lidar com a pessoa com transtorno mental, na rede toda de saúde (Farmacêutica, CAPS AD).
No decorrer dos anos, a saúde mental teve diversas abordagens como
consequências de movimentos sociais, formado por grupos que lutavam para a
humanização no contexto da institucionalização. Apesar da construção dos leitos
psiquiátricos em hospitais gerais, a grande demanda das internações ainda ocorre
nos hospitais psiquiátricos (GONÇALVES, 2013).
45
Portanto, com o fechamento dos hospitais psiquiátricos previsto pela lei
de Paulo Delgado, conhecida como a lei da reforma psiquiátrica, ocorreu a
diminuição dos leitos que prevê uma lenta e gradual substituição por serviços
substitutivos à internação. No intuito de diminuir o sofrimento e o isolamento social
que o hospital proporcionou durante os longos períodos de tratamento.
Com relação ao terceiro estímulo (internação psiquiátrica), no eixo F1
lado esquerdo, esse grupo não menciona nada a respeito deste estímulo.
Retornando ao gráfico, ao quarto estímulo (Reforma Psiquiátrica), no eixo
F1 direito, é possível observar que as representações mais significativas
verbalizadas pelos profissionais da saúde foram utopia (CPF=37), política (CPF=64),
mudança (CPF=36), humanização (CPF=54), luta (CPF=57), entende-se que as
palavras evocadas estão associadas no que os profissionais acreditam.
A utopia é vista como algo difícil de ser concretizado, mas que não exclui
a possibilidade de acontecer pela mobilização de gestores, usuários, familiares e
trabalhadores de saúde. Os tempos atuais de movimentos sociais, de precarização
dos serviços de saúde e de extrema desigualdade social, exigem práticas que
propaguem novas teorias. A utopia por uma sociedade sem manicômios, é algo
construído no cotidiano pelos segmentos sociais e a luta antimanicomial
(OLIVEIRA;FORTUNATO, 2003).
Deve-se compreender que uma reforma utópica é aquela formada por
uma visão da loucura associada à visão patológica. Entretanto, o número de
profissionais de saúde lotados nos serviços, vem sendo inferior e contradiz o que a
reforma estabelece (GONÇAVES, 2013).
Com relação às lutas e as políticas de saúde mental, Lopes (2013)
ressalta que a política é entendida como um conjunto de ações governamentais
condicionadas por certos objetivos, para a concretização de determinados fins. A
discussão política na construção das mudanças no cuidado em saúde mental
necessitam de ampliação na produção do conhecimento e avanços conquistados
nesses anos de luta. Visualiza-se nos discursos dos participantes:
46
O que eu entendo sobre a reforma psiquiátrica é que ela existe para melhorar as condições dos tratamentos em saúde mental, mas o que vemos na prática é falta de implementação das políticas e adormecimento da luta pela reforma psiquiátrica (Enfermeira, CAPS Geral).
Os olhares dos profissionais revelam que a humanização e a mudança no
cuidado em saúde mental apareceram com o surgimento da Reforma Psiquiátrica,
com a extinção dos asilos e manicômios. Os ideais desse movimento antipsiquiátrico
são a descentralização, surgimento da intersetorialidade das ações em saúde e a
socialização do sujeito no seu território (MARÇAL;PEDROSA,2010).
As representações para o eixo F1 lado esquerdo para o quarto estímulo
(Reforma Psiquiátrica) foram melhor (CPF=25) e acreditar (CPF=45), no grupo dos
usuários, observou-se que o processo da Reforma Psiquiátrica e o surgimento dos
serviços substitutivos favoreceram a construção da interação social, construção da
cidadania e autonomia. Tendo na Política de Saúde mental um processo de
transformação da relação sociedade e loucura, buscando construir novos rumos
para a inclusão social, como se percebe no discurso:
Eu faço tratamento no CAPS, é melhor que o hospital, aqui não precisa ninguém ser internado (Usuário, CAPS Geral).
Para Lopes (2013) o sujeito inserido nesses serviços substitutivos torna-
se participante de seu tratamento, existe trabalho com a participação da família,
existe espaço para o momento da fala, escuta e inclusão social.
No eixo vertical (F2), na parte superior, caracteriza-se pelo grupo dos
profissionais e usuários do CAPS Geral, na faixa etária entre 29-36 anos. Para o
primeiro estímulo (loucura), as palavras evocadas foram doença(CPF=29),
solidão(CPF=26), crise(CPF=100) e doido(CPF=23), provavelmente trazendo a ideia
do sofrimento psíquico gerado pelo processo de adoecimento e a singularidade de
lidar com a experiência da complexidade dos sintomas.
Para Ferigato et al.(2007) a introdução do termo crise aborda as
consequências psicológicas causadas nos seres humanos após tragédias ou
catástrofes, ou seja, uma concepção que atribui o adoecer psíquico, solidão e
47
causas externas ou sociais. A crise pode ser um evento que pode acontecer no
decorrer de nossas vidas. Por isso, a crise é de caráter pessoal, o que pode ser
estressante pra uma pessoa, pode não ser pra outra.
Visto que, com as lutas e os novos cuidados, a pessoa com transtorno
mental ainda possa ser vista como alguém diferente, aquele que não se inclui no
meio social, sendo excluído do convívio com as pessoas. O estigma da loucura e a
figura do louco fazem com que o indivíduo perca a sua cidadania e sofra
preconceitos.
No eixo F2, na parte inferior, formada pelos profissionais e usuários da
Estratégia de Saúde da Família, na faixa etária entre 37-44 anos. Com relação ao
primeiro estímulo (loucura), aparecem os termos preconceito (CPF=21),
perdido(CPF=36) e desorganização(CPF=62). Podendo comparar o eixo F2 superior
e o inferior, percebemos que ao estímulo loucura, aparece as dificuldades
enfrentadas no processo de adoecimento, referentes à patologia e o impacto que
pode causar no seu contexto psíquico e social.
A doença mental permanece estigmatizante. O processo de adoecimento
muitas vezes não é aceito, existindo assim, o paradigma da exclusão social que se
resume no sentimento de não pertencer à comunidade, isolamento e perda da
autonomia. Segundo Maciel et al. (2008), a dimensão da exclusão vivida pelo sujeito
e a visão da sociedade como um processo de culpabilização do sujeito, leva a uma
representação de conformismo, compreendendo a condição de vida como uma
fatalidade.
Com relação ao segundo estímulo (desinstitucionalização), parte superior
do eixo F2, composta pelos usuários e profissionais do CAPS Geral, na faixa etária
entre 29-36 anos, surge o termo tratamento (CPF=35), lembrando as novas formas
de cuidado em saúde mental, diminuindo o poder da institucionalização. A
desinstitucionalização surge como nova forma de tratar, sendo necessário
desmontar o antigo modelo e torna o paciente um ator da sua própria história
(HIRDES, 2009).
No segundo estímulo (desinstitucionlização), parte inferior do eixo F2,
representando o grupo dos profissionais e usuários da ESF, na faixa etária entre 37-
48
44. As evocações foram vida (CPF=50) e novo (CPF=80). Observou-se a
desinstitucionalização como a desconstrução de saberes e práticas psiquiátricas,
que devem garantir uma nova forma de pensar e agir nas práticas de cuidado. É
nesta proposta, que os serviços substitutivos surgem como práticas e redes de
cuidado e equipamentos sociais inseridos na comunidade, nos espaços
micropolíticos.
Com relação ao terceiro estímulo (internação psiquiátrica), no eixo F2
superior, esse grupo não menciona nada a respeito deste estímulo. Já no eixo
inferior do mesmo, as palavras tratamento (CPF=98) e cura(CPF=45), percebe-se
que esse grupo enxerga a internação quando ocorrer incapacidade de autocuidado,
risco de agressão e em casos graves.
As internações psiquiátricas têm como objetivo tratar, cuidar e proteger o
doente mental de comportamentos perigosos, podendo ocasionar limitações na sua
independência, poder contratual e desejos. A internação psiquiátrica é indicada em
casos graves, no esgotamento dos serviços extra-hospitalares (LOPES, 2013).
O quarto estímulo (reforma psiquiátrica) no eixo F2 superior, grupo CAPS
Geral de profissionais e usuários, faixa etária entre 29-36. As palavras evocadas
foram caps (CPF=29). Ressalta-se o papel desse serviço no processo da melhoria
na atenção a saúde, novas formas de tratamento e de assistência à pessoa com
transtorno mental.
No eixo F2 inferior, no quarto estímulo (reforma psiquiátrica) grupo de
profissionais e usuários da ESF, na faixa etária entre 37-44 anos. Aparecem as
representações esperança (CPF=25) e salvação (CPF=114). Observando percebe-
se que esse grupo acredita que a reforma psiquiátrica pode proporcionar melhora
quando se trata de cuidados em saúde mental.
O tratamento ao sofrimento psíquico deve começar a ser compreendido
como algo que possa proporcionar qualidade de vida, buscando proporcionar
exaltar as potencialidades e inserção social, proporcionando a desconstrução da
desesperança respeitando a individualidade de cada um e os meios de lidar com o
indivíduo (BARROS,2008).
49
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS APREENDIDAS NAS ENTREVISTAS
Esse capítulo demonstra a análise das representações sociais dos
discursos dos 20 entrevistados (usuários e profissionais) sobre a reforma
psiquiátrica. Essas representações estão divididas em 3 categorias e 7
subcategorias de forma complementar à análise fatorial de correspondência.
Quadro 3: Distribuição das categorias e subcategorias simbólicas dos discursos dos
entrevistados
CATEGORIAS
SUBCATEGORIAS
Concepção da Reforma Psiquiátrica (CRP)
Sub 1: Contexto Sócio-Histórico (CRPSH) Sub 2: Desinstitucionalização(CRFD) Sub 3: CAPS(CRFC)
Inclusão da Família no Tratamento (IFT)
Sub1: Percepção do Profissional (IFTPP) Sub2: Percepção do Usuário (IFTPU)
Reinserção Social ( RS)
Sub 1:Estigma da loucura (RSEL) Sub 2: Mercado de Trabalho(RSMT)
96
.Categoria 1: Concepção da Reforma Psiquiátrica(CRP)
Esta primeira categoria representa a importância da Reforma Psiquiátrica
para a mudança no tratamento em saúde mental, para os profissionais e usuários.
Subcategoria 1 – Contexto Sócio-Histórico (CRFSH)
A reforma psiquiátrica nasce do desejo por mudanças no cuidado do
sujeito com transtorno mental, através dos questionamentos dos tipos de tratamento,
medicalização e formas institucionais. Diante desse contexto, surge o movimento
antimanicomial, aliado à força dos trabalhadores de saúde, familiares e usuários que
lutavam para a eliminação dos manicômios e a construção de uma rede de
atendimentos inseridos na comunidade do usuário.
A saúde mental no seu contexto histórico passou por várias mobilizações.
Entre elas, os profissionais de saúde reuniram-se para organizar a I Conferência de
Saúde Mental e Encontro Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental,
possibilitando leis que vieram ser conquistadas na saúde mental. Esses dois
encontros apontavam a mobilização e sensibilização dos profissionais, gestores,
familiares e usuários para a quebra do conceito que a doença mental era causada
somente por fatores naturais, visava à mudança do modelo biomédico (TERRA et
al.,2006).
Observa-se que, o movimento de luta revolucionária ganhou peso no
decorrer da participação de novos atores sociais que se apropriaram do espaço que
antes era somente do corpo técnico da saúde mental, conquistas que promoveram a
participação em debates, encontros e ações por uma sociedade menos excludente.
No decorrer das lutas por modificações na saúde mental, os profissionais
uniram-se com ideias de mudanças, reorganizando-se a discussão da noção de
loucura, de normal e patológico. O movimento antimanicomial criticava a exclusão
do louco, a medicalização dos problemas sociais e do sofrimento humano, propondo
a anulação dos discursos psiquiátricos tradicionais (LOPES, 2013).
51
Dessa forma, compreende-se como os saberes e práticas psiquiátricas
têm se instituído ao longo do tempo e se sustentado historicamente, Demonstrando
a importância da Reforma Psiquiátrica no cuidado em saúde mental:
Pra mim, a reforma psiquiátrica veio acabar com os depósitos humanos, teve muitos médicos psiquiátricas contra a reforma, por que eles ganhavam dinheiro, os hospitais psiquiátricos estão acabando, eu vejo o hospital como uma visão de lucro e depósito humano (Terapeuta Ocupacional, CAPS AD).
Eu vejo a Reforma como um movimento criado pra modificar as formas de tratar dos pacientes psiquiátricos olhando esses indivíduos em sua totalidade e não apenas o distúrbio mental (Enfermeira, CAPS Geral).
A reforma é luta por uma saúde mais digna no Brasil (Usuário, CAPS AD)
A reforma psiquiátrica é vista pelos profissionais de saúde e usuários
dos serviços como um processo em construção, que só fará sentido com a
construção de um novo modelo, potencializando a voz das pessoas com transtorno
mental e realizando a quebra do estigma que o louco é perigoso e inútil para a
sociedade.
Subcategoria 2- Desinstitucionalização (CRFD)
O termo desinstiucionalização refere ao tratamento do sujeito no seu
território, em vez de em um ambiente institucional. Antigamente, o tratamento ficava
centrado apenas na instituição, em consequência de políticas sociais e de
intervenções legislativas, foi sancionada a definitiva crise da centralidade do
manicômio, isso representa um grande processo de reforma (VENTURINI,1999).
O processo de desinstitucionalização surgiu da necessidade de mudar o
sistema psiquiátrico centrado na assistência hospitalar. Esse processo visa a
desconstrução de saberes e práticas psiquiátricas, perspectiva que fundamenta o
movimento de reforma psiquiátrica e a política de saúde mental brasileira:
A desinstitucionalização deve acabar com os manicômios, aprisionamento e exclusão dessas pessoas de uma sociedade (Assistente Social, CAPS AD).
Na desinstitucionalização, a atenção em saúde mental deve ser feita por meio comunitário, por meio de equipe profissional, através de
52
territorialização, uma rede de cuidados que o paciente tivesse autonomia, interação social, quebra de paradigmas, tirar o estigma das pessoas que tem doença mental e também de extinguir o modelo manicomial, de exclusão e com internações prolongadas (Médico, CAPS Geral)
Antes dessa mudança, eu vivia no hospital, eu ficava presa, eu tinha que tomar medicamento, e às vezes tinha as agressões das outras, tinha que ficar amarrada, aqui eu fico mais a vontade. Eu gosto do tratamento do CAPS (Usuária, CAPS Geral).
Deste modo, a quebra do modelo manicomial não deve está restrita a
novos serviços substitutivos, deve-se entender que a desinstitucionalização
necessita de mudanças atitudinais e reinserção social.
A desinstitucionalização como processo de quebra de paradigma visa a
desconstrução de o modelo asilar e de construção do cuidado no território, procura
expandir e consolidar uma rede de atenção extra-hospitalar, de modo a atender as
demandas territoriais específicas sem desassistir e indo além da pura
desospitalização. A rede é constituída de unidades básicas de saúde (UBS), centros
de saúde, serviços de prontoatendimento, ambulatórios, centros de atenção
psicossocial (CAPS) e serviços residenciais terapêuticos (SRT) (HIRDES, 2009).
Subcategoria 3- CAPS (CRFC)
A importância do CAPS na vida das pessoas com transtorno mental é de
extrema importância, visibilizando o tratamento humanizado, atividades
comunitárias, culturais, expressivas e a inclusão social:
Eu entendo que antigamente todo mundo era internado, junto com os doidos, era uma internação muito cruel. Hoje em dia, existe o CAPS, a pessoa pega sua medicação e faz o tratamento em casa (Usuário, CAPS Geral). Olha o nosso tratamento aqui no CAPS é um tratamento VIP, eu sou uma menina que tenho problema esquizofrênico, problema de depressão crônica e sou muito bem assistida aqui no CAPS, tem psiquiatra, psicóloga, assistente social (Usuária, CAPS Geral). No hospital é bom, mas no CAPS é melhor, no CAPS tem essa paz, aqui parece uma casa, o vento no rosto, a paisagem. No hospital eu vejo como forma antiga, uma ruma de enfermeira, doutor e aquela ruma de doente e você fica mais perturbada ainda, se sente mais doente (Usuária, CAPS Geral).
53
O CAPS tem o papel de possibilitar o tratamento do usuário inserido em
sua comunidade, sem necessitar de longas internações. O que pode-se observar é
que a assistência em saúde mental precisa ser ampliada e que apesar de toda a
dificuldade vivenciada nos serviços e falta de profissionais, os usuários optam pelo o
tratamento no CAPS e veem as longas internações como algo antigo e
desnecessário.
.Os serviços substitutivos destinam-se aos pacientes que necessitam de
acompanhamento diário (tratamento intensivo); o tratamento semi-intensivo é o
tratamento destinado aos pacientes que não precisam estar diariamente no CAPS;
não intensivo é a modalidade de assistência na qual o paciente, em função da
menor gravidade do quadro psíquico, pode ter uma frequência menor de
atendimento (BRASIL, 2004).
Entretanto, podem ser observados aspectos que precisam ser melhorado
no CAPS, como a grande demanda, falta de profissionais, falta de comprometimento
da atual gestão com o cuidado em saúde:
[...] ficou uma coisa muito centralizada nos CAPS não se ampliou o restante dos outros equipamentos necessários, pra que a rede ficasse forte, não foi criada pensão protegida, o número de residência terapêutica é muito baixo, o número de CAPS, apesar de a gente ser o Estado que tem mais CAPS, ainda é muito restrito, a demanda é muito alta pra que a gente de conta e possa fazer um trabalho legal, está muito complicado trabalhar com a saúde mental(Assistente Social, CAPS Geral).
Temos um CAPS para uma regional muito ampla, você fica esmagado por uma demanda imensa que você não consegue fazer muita coisa, equipe insuficiente. Trazendo pro nosso CAPS aqui, a gente faz uma tentativa de reforma (Enfermeira, CAPS Geral). As pessoas que assumiram estão fora da realidade, a saúde mental está desassistida. O paciente não só precisa de medicamento, eles precisam de terapia ocupacional, psicólogo, psiquiatra, eles precisam de terapias, grupos, mas não é mais a realidade de antigamente, a pessoa chega aqui não tem profissional pra atender a demanda, essa gestão não está levando em consideração a saúde mental(Psicóloga, CAPS Geral). Digo que os profissionais da área de saúde do CAPS, eles tentam fazer o que não podem pra ajudar o paciente, eu sou usuário e
54
paciente, mas tem que melhorar, tem que ter o apoio do governo. Ta precisando, eu não sei sé é de concurso público para os médicos, eu não sei o que falta na realidade, mas o que tem que melhorar é o grupo, só tem um grupo aqui e já ouvi dizer que vai ter recesso, e eu tô precisando me tratar (Usuário, CAPS Geral).
O cotidiano dos serviços de saúde mental mostra que a fragilidade no
cuidado em saúde e a falta de resolubilidade da assistência, estão associadas a
entraves como: falta de profissionais, precariedade do serviço e o número reduzido
de CAPS por regional.
Desse modo, para que se realizem melhorias necessárias nas práticas de
saúde, devem-se sensibilizar os gestores das necessidades de mudanças nas
práticas das equipes de saúde, como a inclusão de práticas interdisciplinares e de
compartilhamento de saberes, como subsídio para a concretização da reforma
psiquiátrica por completo.
O trabalho no CAPS deve ser multidisciplinar, de caráter interdisciplinar,
que promova trocas importantes necessárias ao melhor plano terapêutico e
reabilitação psicossocial para cada usuário. Assim, pela precariedade do serviço e
pouco profissional, opera-se um processo no qual a reforma psiquiátrica apresenta-
se de modo deficiente (LOPES, 2013).
.Categoria 2: Inclusão da Família no Tratamento(IFT)
Essa categoria apresenta o papel da família no cuidado da pessoa com
transtorno mental na atenção psicossocial, ressaltando a unidade familiar em toda
sua complexidade, como integrante fundamental no tratamento, na recuperação e no
processo de reabilitação psicossocial. É indispensável que a família seja
acompanhada pelos serviços substitutivos de saúde mental de modo que suas
necessidades sejam acolhidas.
Subcategoria 1 – Percepção do Profissional de saúde Mental (IFTPP)
No CAPS, a família é o suporte para o tratamento. A equipe profissional
procura, junto ao serviço de saúde mental, aliviar a sobrecarga da família que
55
convive com um indivíduo em sofrimento psíquico, criando e fortalecendo o vínculo
entre o serviço e a família:
Eu acredito que a família é a base do tratamento, é dela que vem o suporte psicossocial do doente. Muitas vezes, quando a família cansa de lutar pela melhora da pessoa, percebemos um alerta que o cuidador está em processo de adoecimento e tentamos incluir em algum grupo(Assistente Social, CAPS AD).
É notório a evolução do paciente que o cuidador participa dos grupos e que sempre está envolvido com o serviço. A família tem o seu papel no cuidado e deve ser ouvida para que não adoeça também (Terapeuta Ocupacional, CAPS AD).
Observa-se, portanto, que o papel da família é muito importante na
trajetória do cuidado em saúde mental, mas devemos entender que seus saberes e
suas emoções devem ser direcionados, cabendo à contribuição dos profissionais
dos serviços psiquiátricos orientarem e acolher o familiar.
Para que o tratamento seja efetivo, a equipe de saúde e a família devem
estar envolvidas no processo. O serviço tem que possibilitar, por meio do projeto
terapêutico, a remissão dos sintomas e a inclusão do usuário nos espaços familiares
(ROSA, 2003).
Portanto, os profissionais devem orientar a família sobre o seu papel no
acompanhamento no tratamento e compreender a sobrecarga em lidar com a
pessoa com transtorno mental no seu dia-a-dia.
O competente que vai trabalhar com famílias precisa definir o seu próprio
modelo de compreensão de família, ou seja, crenças, valores e procedimentos que
são adotados na vida familiar, para que atue de modo a não julgar o que é melhor ou
pior, e sim oferecer elementos para a análise da situação, deixando que a família
tome esta decisão (MELMAN, 2008).
Subcategoria 2 – Percepção do Usuário(IFTPU)
O papel da família no tratamento da pessoa com transtorno mental é de
extrema importância, na redução de crise e adesão da medicação. É a família que
proporciona o suporte afetivo:
56
A minha família é tudo na minha vida, meu irmão me leva no CAPS e fica esperando acabar o grupo, ele sempre me ajuda. Gosto quando ele me lembra do remédio e me ajuda na minha vida. (Usuário, CAPS AD) Eu sou abençoada, tenho uma família grande, eu já fui internada muitas vezes, mas minha mãe cuida de mim e não deixa nada acontecer comigo. Fico triste quando vejo um doente no CAPS que
não tem família (CAPS Geral).
A família quando se envolve no tratamento, apresenta maior
conhecimento sobre a doença e conhece os procedimentos corretos na situação de
uma possível crise. Deste modo, é no lar que a pessoa com transtorno mental deve
encontrar o suporte para não ter novas crises.
É a família que realiza a entrada do usuário ao tratamento nos serviços e
isso faz com que eles saibam lidar melhor com as situações de crise do paciente. O
familiar que acaba fornecendo os dados do usuário ao serviço, torna-se cada vez
mais próximo a equipe responsável pelo paciente, ficando cada vez mais fácil sua
convivência com o doente (MELMAN, 2008).
Para a pessoa com transtorno mental, a família representa a figura que
acolhe, cuida, protege de si e da sociedade que exclui e cria estigmas. Esse familiar
torna-se responsável pela a inserção social e a continuidade no tratamento.
.Categoria 3: Reinserção Social( RS)
A reinserção social é um processo contínuo e de longa duração. O CAPS
surge como um serviço substitutivo com estratégia terapêutica, preconizando a
integração social.
O que pode-se observar no processo de reinserção social é a criação ou
fortalecimento de uma rede de apoio, caracterizada a capacitar a pessoa para
exercer sua cidadania e retomada de autonomia (HIRDES, 2009).
Subcategoria 1 – Estigma da loucura (RSEL)
A maior barreira para a reinserção social do sujeito com transtorno mental
é o preconceito, as pessoas precisam tirar a ideia que o usuário do CAPS é
perigoso, incapaz de viver em sociedade:
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Eu tenho problema na cabeça, faço tratamento, tomo remédio, mas não quero ser diferente. Eu escovo os dentes, eu faço coisas normais (Usuário, ESF). Lá na rua, eu sou a doidinha que vai pro CAPS, eu não sou doida (Usuária, CAPS Geral). Na minha primeira internação, minha família tinha vergonha de mim (Usuária, CAPS AD).
Apreende-se que o termo doido é utilizado como algo agressivo em nossa
sociedade, a loucura ainda é vista como perigosa. Quem desconhece o transtorno
mental acredita que o indivíduo que sofre dessa doença deva ser internado e
privado do meio social.
Deste modo, a imagem da loucura sempre foi ligada a existência dos
manicômios onde as pessoas com transtorno mental eram mantidas. A figura do
louco era de pessoas perdidas, incapazes de sobreviver em sociedade, uma vez que
não se adequavam às necessidades econômicas e sociais da sociedade capitalista.
Portanto, a Reforma Psiquiátrica surge para acabar com o preconceito e
resgatar a cidadania do portador de transtorno mental, ou seja, visa a diminuição
imediata dos leitos psiquiátricos direcionando os pacientes que estão internados em
um tempo prolongado para rede de serviços alternativos, como Ambulatórios de
Saúde Mental, Núcleos ou Centros de Atenção Psicossocial (NAPS/CAPS), Centros
de Convivência, Hospitais Dia, dentre outros (GONÇALVES, 2012).
Subcategoria 1 – Mercado de Trabalho (RSMT)
O Mercado de trabalho para as pessoas portadoras de transtorno mental
e usuárias de substâncias psicoativas ainda é um fato de exclusão do mundo do
trabalho:
Eu queria trabalhar, deixei vários currículos e nada. Fui trabalhar na empresa do meu tio (Usuário, CAPS AD). Meu sonho era trabalhar e comprar minha televisão, virei artista plástica (Usuária, CAPS Geral).
Observa-se que, a maioria das pessoas com transtorno mental está
inserida no mercado informal, devido o preconceito. As leis de inclusão existem, mas
58
as empresas não sabem lidar com o doente mental, dificultando o acesso ao
mercado de trabalho.
A dificuldade de ser incluído no mercado de trabalho gera adoecimento
mental e expressa dificuldade nas realizações pessoais, que ocasionam sofrimento
psíquico e o falso sentimento de inutilidade.
O significado do trabalho para pessoas com transtorno mental e usuários
de substâncias psicoativas tem uma importância anterior à entrada destes no
processo de reabilitação psicossocial. O Centros de Atenção Psicossocial junto aos
usuários, lutam por uma inserção real no mundo do trabalho, valorizando a
dimensão da vida, cujo sentido é construído pela história e pela narrativa do próprio
indivíduo (RODRIGUES,2010).
.
59
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente estudo, as representações dos profissionais de saúde e dos
usuários dos serviços de saúde mental despontam para a ocorrência da
concretização completa da Reforma Psiquiátrica. Deve-se ocorrer a mudança do
olhar gestor sobre a importância desse movimento para a sociedade. Visto que, para
calhar a quebra do modelo manicomial, deve-se colocar em prática políticas que
estão somente no papel.
Procurou-se compreender o perfil da população da pesquisa, descobriu-
se que, os usuários dos serviços estão representados pela faixa etária de 26 a 35
anos, do sexo predominantemente feminino e com ensino médio incompleto. Sendo
observado que a falta de continuidade nos estudos ocorrem devido a possíveis
crises no decorrer do ano letivo , assim como também, pelo preconceito enfrentado
pela pessoa com transtorno mental no ambiente escolar. No profissional de saúde a
faixa etária com maior representação etária está entre 26 a 35 anos, sendo notório
que a idade dos profissionais e usuários é idêntica. Demonstrando que são
profissionais inseridos nos serviços por seleções públicas, ocorrendo rotatividade de
equipe de saúde a cada dois anos. O sexo feminino prevalece como maioria nos
serviços e na distribuição dos profissionais o enfermeiro apresenta mais frequência
entre os demais participantes.
Nos resultados da análise dos Testes de Associação de Palavras (TALP),
identificam-se dois grupos, o grupo dos usuários dos serviços e o grupo dos
profissionais de saúde. Para o grupo dos usuários, a reforma psiquiátrica aparece
sendo representada pelo CAPS e pelo processo de desinstitucionalização como
forma de reinserção social, transformação da relação sociedade e loucura e novas
formas de cuidado, enquanto a internação psiquiátrica é ancorada como algo antigo
e desnecessário. No grupo dos profissionais, a desinstitucionalização e o CAPS
representam a desospitalização, o cuidado em liberdade e a inclusão social.
Compreendem que a internação psiquiátrica ocasiona sofrimento, aprisionamento e
exclusão. De modo que, para que aja a reforma psiquiátrica deve ser necessário
movimentos de luta para consolidar novas políticas que gerem mudanças no
cuidado em saúde mental.
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Na análise das entrevistas as representações evocadas permitiram
apreender nos discursos dos participantes os conteúdos significantes e intensos das
representações sociais. Como resposta a categoria (Reforma psiquiátrica) os
participantes ancoraram o desejo de mudança no cuidado do sujeito com transtorno
mental, luta pela eliminação dos manicômios, reorganização da noção de loucura,
normalidade e patológico e desinstitucionalização como desconstrução do modelo
asilar. Na categoria Inclusão da família no tratamento foi observado que a família é o
suporte para o tratamento e tem fundamental importância na recuperação e no
processo de reabilitação psicossocial.
Na terceira categoria - Reinserção social o preconceito aparece como
uma das barreiras para a inclusão social e que a figura do louco para as pessoas
que desconhecem a doença mental, ainda está ligada a pessoas perdidas, violentas
e incapazes de viver em sociedade.
Com os resultados pretende-se desvendar as dificuldades na implantação
da reforma psiquiátrica e no processo de reinserção social dos usuários que são
atendidos pelo CAPS e ESF.
61
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MOSCOVICI, S., e MARKOVA, I., «Ideas and their development, a dialogue between Serge Moscovici and Ivana Markova», in G. Duveen (ed.), Social Representations,Explorations in Social Psychology, pp. 224-286, Cambridge, Polity Press.2000.
NETTO,J.P; BRAZ,M. Economia Política. Uma introdução crítica. 2º Ed.São Paulo:Cortez,2007.
NÓBREGA, S.M.; COUTINHO, M.P.L. O teste de associação livre de palavras. In:
OLIVEIRA, F.B; FORTUNATO M.L. Saúde Mental: reconstruindo saberes em enfermagem. Rev. Bras. Enferm, 2003.
RODRIGUES,R.C. et al.Reforma psiquiátrica e inclusão social pelo trabalho.saúde coletiva, vol.15,supl.1, rio de janeiro, junho 2010.
ROTELLI F. O inventário das subtrações. In: NICÁCIO, F. (org.). Desinstitucionalização. 2 ed. São Paulo: Hucitec, p. 61-64, 2001.
ROSA, L. C. dos S. Transtorno mental e o cuidado na família. São Paulo: Cortez, 2003.
SANTOS, N. S. et al. A autonomia do sujeito psicótico no contexto da reforma psiquiátrica brasileira. Psicologia: ciência e profissão, Brasília., v. 10, n. 4, p. 46-53, 2000.
SARACENO, B. Libertando identidades: da reabilitação psicossocial à cidadania possível. Rio de Janeiro: Instituto Franco Basaglia/ Te Corá, 1999.
TERRA ,M.G. et al. SAÚDE MENTAL: DO VELHO AO NOVO PARADIGMA-UMA REFLEXÃO. Esc Anna Nery, Revista de Enfermagem, dezembro, 2006.
Venturini E.;Domingos S.Uma sociedade sem manicomio. Arquivos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal, 1999.
96
APÊNDICES
65
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
O (a) Sr. (a) está sendo convidado (a) a participar da pesquisa “A REFORMA PSIQUIÁTRICA E SEUS DESDOBRAMENTOS: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFISSIONAIS E USUÁRIOS DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL” que tem como objetivo apreender as representações sociais sobre a reforma psiquiátrica dos profissionais de saúde e usuários dos serviços.
Dessa forma, pedimos a sua colaboração nesta pesquisa para responder a uma entrevista sobre o processo da reforma psiquiátrica, questionário sócio-demográfico e ao teste de associação livre de palavras (TALP). Solicito sua autorização para gravar as conversas geradas durante a entrevista. A pesquisa não trará nenhuma forma de prejuízo na qualidade, condição de vida e trabalho dos participantes, independente da sua opinião sobre o tema. Reconhecendo a possibilidade de desconforto e constrangimento que possa ocorrer durante a aplicação dos instrumentos de coletas, a pesquisadora se compromete a tratar com o devido respeito, procurando minimizar qualquer risco. Vale ressaltar que sua participação é voluntária e o (a) Sr.(a) poderá a qualquer momento deixar de participar deste, sem qualquer prejuízo ou dano, todas as informações serão mantidas em sigilo, sua identidade não será revelada e não haverá divulgação de nomes. Comprometo-me a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados poderão ser veiculados através de artigos científicos e revistas especializadas e/ou encontros científicos e congressos, sempre resguardando sua identificação. Como benefício direto para os participantes, nos comprometemos em fazer a devolutiva dos dados aos coordenadores e participantes quando assim solicitado, através de quaisquer esclarecimentos acerca da pesquisa e, ressaltando novamente, terão liberdade para participarem quando assim não acharem mais conveniente.
Contatos com a mestranda Juliana Pessoa Costa, ou com a orientadora Profa. Dra. Maria Salete Bessa Jorge. O Comitê de Ética em Pesquisa da UECE encontra-se disponível para esclarecimento pelo Tel./Fax: (085) 3101.9890. Endereço: Av. Parajana, 1700 – Campos do Itaperi – Fortaleza – CE.
Este termo está sendo elaborado em duas vias, sendo uma para o sujeito participante da pesquisa e outro para o arquivo do pesquisador.
Eu, ______________________________________, tendo sido esclarecido (a) a respeito da pesquisa, aceito participar da mesma.
Fortaleza - CE, ____/____/2013.
_________________________________ __________________________________
Participante Pesquisador
66
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO AOS USUÁRIOS DOS SERVIÇOS
O (a) Sr. (a) está sendo convidado (a) a participar da pesquisa “A REFORMA PSIQUIÁTRICA E SEUS DESDOBRAMENTOS: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFISSIONAIS E USUÁRIOS DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL que tem como objetivo apreender as representações sociais sobre a Reforma Psiquiátrica dos profissionais de saúde e usuários dos serviços.
Sua colaboração na pesquisa será em responder a uma entrevista semi-estruturada com questão aberta sobre o processo da reforma psiquiátrica, questionário com os dados sociodemográficos e participar do teste de associação livre de palavras(TALP).Solicito sua autorização para gravar as conversas geradas durante a entrevista.Será garantido que a pesquisa não trará nenhuma forma de prejuízo no tratamento ou utilização dos serviços pelo participantes. Reconhecendo a possibilidade de desconforto e constrangimento que possa ocorrer durante a aplicação dos instrumentos de coletas, a pesquisadora se compromete a tratar com o devido respeito, procurando minimizar qualquer risco. Vale ressaltar que sua participação é voluntária e o (a) Sr.(a) poderá a qualquer momento deixar de participar deste, sem qualquer prejuízo ou dano, todas as informações serão mantidas em sigilo e sua identidade não será revelada, não haverá divulgação de nomes. Comprometo-me a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados poderão ser veiculados através de artigos científicos e revistas especializadas e/ou encontros científicos e congressos, sempre resguardando sua identificação. Como benefício direto para os participantes, comprometo-me em fazer a devolutiva dos dados aos coordenadores e participantes quando assim solicitado, através de quaisquer esclarecimentos acerca da pesquisa e, ressaltando novamente, terão liberdade para participarem quando assim não acharem mais conveniente.
Contatos com a mestranda Juliana Pessoa Costa, ou com a orientadora Profa. Dra. Maria Salete Bessa Jorge. O Comitê de Ética em Pesquisa da UECE encontra-se disponível para esclarecimento pelo Tel./Fax: (085) 3101.9890. Endereço: Av. Parajana, 1700 – Campos do Itaperi – Fortaleza – CE.
Este termo está sendo elaborado em duas vias, sendo uma para o sujeito participante da pesquisa e outro para o arquivo do pesquisador.
Eu, ______________________________________, tendo sido esclarecido (a) a respeito da pesquisa, aceito participar da mesma.
Fortaleza - CE, ____/____/2013.
__________________________________ __________________________________
Participante Pesquisador
67
APÊNDICE C
TALP- TESTE DE ASSOCIAÇÃO LIVRE DE PALAVRAS
NOME: _____________________________________IDADE: _______anos
O sujeito deve escrever a primeira palavra que lhe vier à cabeça,
respondendo com uma única palavra. O examinador deverá orientar que o
participante irá escrever o que vem a sua mente e ter certeza que a instrução foi
bem esclarecida.
QUESTÃO: O que você pensa quando ouve as palavras: Loucura,
desinstitucionalização, internação psiquiátrica e reforma psiquiátrica ? ( as palavras
indutoras não estarão nas folhas que serão entregues aos participante)
Estímulo indutor 1
1.......................................... ......................................................................
2.......................................... .......................................................................
3.......................................... ........................................................................
4......................................... .........................................................................
5......................................... .........................................................................
Estímulo indutor 2
1.......................................... ......................................................................
2.......................................... .......................................................................
3.......................................... ........................................................................
4......................................... .........................................................................
5......................................... .........................................................................
68
Estímulo indutor 3
1.......................................... ......................................................................
2.......................................... .......................................................................
3.......................................... ........................................................................
4......................................... .........................................................................
5......................................... .........................................................................
Estímulo indutor 4
1.......................................... ......................................................................
2.......................................... .......................................................................
3.......................................... ........................................................................
4......................................... .........................................................................
5......................................... .........................................................................
69
APÊNDICE D
QUESTIONÁRIO SÓCIO – DEMOGRÁFICO
(USUÁRIOS E PROFISSIONAIS)
Data:____/ ____/____
Dados pessoais:
idade:______ naturalidade:______________
local: CAPS AD( ) CAPS GERAL ( ) ESF ( ) Residência Terapêutica
Sexo: 1. Masculino ( ) 2. Feminino ( )
Estado civil: Solteiro ( ) Casado( ) Separado( ) ( ) União Estável
Separado/divorciado ( ) viúvo(a): ( )
Moradia Própria: Sim ( ) Não( )
Escolaridade: . Não estudou ( ) Alfabetizado ( ) Ensino fundamental
completo ( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino
médio incompleto ( ) Ensino médio completo ( ) Curso
superior incompleto ( ) Curso superior completo ( )
Ocupação: Trabalha: ( ) Se sim, o que faz? __________________________
Dona de casa: ( ) Aposentado(a): ( ) Desempregado (a) Estudante: ( )
Com quem mora: Sozinho(a) ( ) Cônjuge ( ) Filho(a) ( ) Neto(a): ( )
Irmão/irmã ( ) Nora/genro ( ) Agregado ( ) Pai/mãe ( )
OUTROS: ________________
70
APÊNDICE E- ROTEIRO DE ENTREVISTA PROFISSIONAIS
Pergunta de partida:
O que você entende sobre a Reforma Psiquiátrica? E o cenário onde você
trabalha?
71
APÊNDICE F- ROTEIRO DE ENTREVISTA USUÁRIOS
Pergunta de partida:
O que você entende sobre Reforma Psiquiátrica? E como é o seu tratamento?
72
APÊNDICE G- Dicionário de Palavras
GRUPO 1 – USUÁRIOS
Estímulo 1: Loucura
ESTÍMULO FREQUÊNCIA
Agressão 1
abstra1 3
anorma1 2
aposen1 1
azar1 1
Cabeça 1
Cansaço 1
Clausula 1
Confusão 5
Cuidado 1
Depressão 3
Descrição 2
Desequilíbrio 1
Desejo 1
Desorientação 1
Doença 6
Doença 1
Doidice 4
Dopado 1
Droga 1
Desespero 3
Desordem 4
Desapropriação 1
Diferente 1
Doido 6
Dor 4
Esquecimento 1
Exclusão 2
Escuro 1
Existência 1
Incompleto 1
Existência 1
Insanidade 3
Isolamento 1
Liberdade 1
Luta 1
73
Medo 3
Maldição 1
Mental 9
Nada 1
Patologia 1
Porrada 1
Perdido 4
Preconceito 8
Roubo 1
Sair 1
Segredo 1
Solidão 7
Surto 3
Sofrimento 5
Torta 1
Troca 1
Tratamento 1
Tremendo 1
Vergonha 3
Vago 1
Vida 1
96
Estímulo 2: Desinstitucionalização
Amigo 2
Arte 1
Assistência 2
Avanço 1
Alivio 1
Amor 1
Ascenção 1
Comunidade 4
Controle 1
Carro 1
Desafio 1
Desabafo 1
Desastre 1
Desejo 2
Emprego 4
Estuda 3
Escolha 1
Eu 1
Fazer 1
Felicidade 1
Filho 2
Fugir 2
Família 16
Humanidade 2
Lazer 1
Marido 1
Moradia 3
Namorado 2
Novidade 2
Politica 1
Poder 2
Reforma 1
Recaída 1
Rumo 1
Satisfeito 1
Social 3
Sair 3
Saúde 1
Seguir 1
Silencio 1
Sociedade 2
Visão 1
Viver 2
75
Estímulo 3: Internação Psiquiátrica
ESTÍMULO FREQUÊNCIA
Abrigo 1
Acolhe 1
Angustia 3
Antiga 1
Agressão 1
Bom 1
Crise 10
Curar 1
Cabeça 1
Caos 2
Coletivo 1
Corrente 1
Desumano 4
Doença 1
Doença 2
Drogas 1
Escuridão 1
Esquecimento 1
Falta 1
Horror 1
Humanidade 1
Inferno 1
Inútil 1
Lobotomia 1
Longa 1
Lobotomia 1
Massacre 1
Medo 1
Necessidade 3
Nunca 1
Odeio 1
Perda 2
Piração 1
Prisão 11
Pavor 1
Politica 1
Psiquiatria 1
Piracão 1
Prisão 11
76
Retorno 2
Ridículo 1
Ruim 2
Refúgio 1
Retroceder 2
Saudade 3
Socorro 3
Satisfação 1
Solidão 2
Sozinho 1
Tédio 1
Tortura 1
Tragédia 1
Violência 2
Viver 1
96
Estímulo 4: Reforma Psiquiátrica Alegria 2
Acreditar 5
Assistir 1
Bairro 1
Básica 1
Bondade 1
Caps 8
Cidadão 1
Coerência 1
Confiança 1
Cuidado 3
Comunidade 2
Cuidar 2
Equipe 1
Emprego 2
Fazer 1
Felicidade 3
Filho 1
Futuro 1
Humano 2
Ideal 1
Incompetência 1
Lei 2
Luta 5
Luz 1
Melhor 8
Moderna 1
Mudança 8
Novo 3
Opção 1
Preciso 1
Psicossocial 1
Opção 1
Povo 2
Processo 1
Retorno 2
Renascer 1
Residência 1
Reinventar 1
Renovação 1
Respeito 2
Trabalho 1
Transtorno 1
78
Tratamento 3
Utopia 4
União 2
79
GRUPO 2 – PROFISSIONAL
Estímulo 1: LOUCURA
ESTÍMULO FREQUÊNCIA
Ajuda 1
Alucinação 1
Ansiedade 1
Asilo 1
Alegria 1
Angustia 1
Ansioso 1
Bagunça 1
Choro 1
Condição 1
Crise 4
Desafio 1
Desemprego 2
Desorganização 4
Distancia 2
Estrago 1
Hospital 1
Inconsciente 1
Internação 1
Louco 1
Maluco 3
Mentir 1
Musica 1
Ocupação 1
Pensamento 1
Perturbação 9
Perda 3
Prisão 1
Retardo 1
Rua 1
Solidão 1
Trabalho 2
Triste 2
Teste 1
Transtorno 1
Vazio 1
80
Estímulo 2: Desinstitucionalização
ESTÍMULO FREQUÊNCIA
Ação 2
Aproveitar 1
Agir 1
Boa 1
Compromisso 1
Conquista 2
Cachorro 1
Capaz 2
Casa 17
Completa 1
Crescimento 1
Cuidado 1
Despro 1
Esperança 3
Equipe 1
Fechamento 1
Humano 1
Leis 1
Luz 3
Modelo 1
Mãe 1
Melhor 3
Necessidade 1
Novo 5
Oportunidade 2
Ótimo 2
Protagonista 1
Realização 1
Rede 1
Reinserção 1
Residência 1
Retorno 3
Revolução 1
Rua 1
Reviver 1
Sabedoria 1
Sobreviver 1
Sofrimento 1
Suicídio 1
Saudade 1
81
Socorro 1
Sonhar 3
Trabalho 2
Utopia 1
Vida 5
Vitória 1
Voltar 7
Estímulo 3: Internação Psiquiátrica
Amarração 1
Arcaico 1
Asilo 1
cabeça3 1
Coerência 1
Cuidado 3
Dependência 1
Destruição 1
Doidão 1
Dopada 1
Falha 1
Filas 1
Hospital 8
Infeliz 1
Intenso 1
Lesada 1
Loucura 8
Malvada 1
Adaptação 1
82
Amor 2
Atitude 2
Ação 1
Busca 1
Concurso 1
Conhecer 2
Desejo 3
Dignidade 1
Emancipação 1
Faculdade 1
Família 5
Grupo 2
Humanização 6
Igreja 1
Inexistência 1
Liberdade 2
Nascer 1
Novidade 2
Poder 1
Política 8
Prefeito 1
Qualidade 1
Reinserção 1
Resgate 1
Salvação 4
Satisfação 2
Saúde 1
Sociedade 1
Transferência 2
União 1
Visão 1
83
Anexos
84
ANEXO I
BANCO DE DADOS GERAL DO TRI_DEUX_MOST
112maldic1 desesp1 azar1 luz2 casa2 traged3 dor3 caps4 amor4*
122patolo1 surto1 liberd2 ascenc2 prisao3 tratam3 descon4
novo4 humani4 reins4*
113sofrim1 descon1 insani1 incomp1 precon1 necess2 desass2
utopia2 coeren3 humani3 coeren4 humani4*
112sofrim1 desord1 cuidad1 comuni2 liberd2 protag2 prisao3
excess3 incomp4 ideal4 transf4*
114emocao1 alegri1 musica1 liberd2 famili2 arte2 psiqui3
falhas3 humano4 fantas4*
122solidi1 agress1 oportu2 melhor2 comple2 inutil3 arcaic3
obriga3 melhor4 opcao4 caps4*
112precon1 isolam1 crise1 sofrim1 humani2 cuidad2 equipe2
solida3 suicid3 filas3 espera4 import4 humani4 proces4*
113precon1 desafi1 troca1 aposen1 compro2 desafi2 leis2 rede2
suicid2 retroc3 falta3 loucur3 desuma3 sonho4 transt4 equipe4
lei4 protag4*
111desori1 desest1 reinse2 contro2 retroc3 dor3 loucur3
utopia4 futuro4*
113pertub1 ansied1 medo1 espera2 luz2 socorr2 sofrim3 prisao3
sobrev3 cuidar4 serviç4 famili4 humani4*
113desesp1 angust1 desord1 felici2 politi2 famili2 dor3
escuri3 sozinh3 mudanç4 adapta4 luta4*
123desord1 depres1 sonhar2 liberd2 realiz2 moral3 sofrim3
loboto3 tratam4 renasc4 politi4*
112solida1 abstra1 escuri1 liberd2 sofrim2 famili2 sofrim3
desesp4 dor4 utopia4 politi4*
112insani1 alucin1 reform2 saude2 hospit3 prazo3 psicos4
reside4*
123perda1 inscon1 liberd2 agir2 comuni2 cura3 antiga3 tratam3
reinse4 mudanc4 novo4*
112doido1 desord1 liberd2 poder2 comuni2 destru3 asilo3 dor3
emanci4 assist4 luta4 povo4*
112doenca1 vergon1 socied2 novida2 moradi2 angust3 dor3 perda3
saudad3 mudanc4 servic4 cuidar4 politi4*
133sofrim1 precon1 liberd2 famili2 cura3 isolam3 politi3 luta4
espera4*
131desorg1 desesp1 vida2 famili2 dor3 escura3 luta4 cidada4
humani4*
132insani1 dor1 liberd2 humano2 sofrim3 prisao3 utopia4
politi4 poder4*
132doenca1 exclus1 liberd2 luz2 humani2 sofrim3 isolam3
escura3 alegri4 politi4 cuidad4*
132precon1 perda1 liberd2 casa2 social2 desuma3 masacr3
violen3 utopia4 mudanc4*
85
132descri1 prisao1 exclus1 vida2 liberd2 espera2 social2
necess3 tratam3 crise3 politi4 mudanc4*
132perdid1 clausu1 poder2 desaba2 liberd2 dor3 sofrim3 crise3
modern4 realiz4 humani4*
132abstra1 solida1 despro1 liberd2 famili2 corren3 prisao3
reinse4 liberd4 luz4*
132pertub1 abstra1 despro2 acao2 refugi3 dor3 mudanc4 dignid4*
132descon1 doido1 asilo1 casa2 territ2 tratam3 remedi3 necess3
açao4 debate4 polemi4*
133liberd1 doidic1 sair1 novo2 assist2 casa2 doloro3 desuma3
prisao3 solida3 reinve4 luta4 desejo4 espera4*
133desequ1 luta1 assist2 acao2 moradi2 prisao3 hospit3 coleti3
satisf4 mudanc4 lei4 politi4*
132solida1 doido1 liberd2 famili2 socorr3 prisao3 caminh4
liberd4 respei4*
211escuro1 perdid1 solida1 voltar2 casa2 vida2 dor3 medico3
dopada3 caps4 filho4 alegri4*
221nada1 doente1 mental1 casa2 mãe2 trabal2 remedi3 agress3
morte3 caps4 amor4 igeja4 famili4*
212sofrim1 triste1 solida1 marido2 filho2 casa2 crise3 medico3
socorr3 felici4 famili4*
212doenca1 vergon1 socied2 novida2 moradi2 angust3 dor3 perda3
saudad3 socorr3 mudanc4 servic4 cuidad4 politi4*
214doente1 mental1 difere1 sair2 viver2 boa2 doidao3 amarra3
saber4 conhec4 caps4*
214trabal1 medo1 eu2 casa2 filho2 viver3 hospit3 cabeca3
concur4 grupo4 medico4*
214intern1 crise1 voltar2 fazer2 hospit3 curar3 precis4
qualid4*
223perdid1 depres1 vitori2 amor2 horror3 saudad3 livre4 caps4*
222pertub1 louco1 doido1 sair2 fugir2 seguir2 casa2 famili2
esquec3 infeli3 hospit3 nascer4 conhec4 caps4*
221bagunc1 droga1 voltar2 casa2 famili2 casa2 famili2 crise3
hospit3 tedio3 trabal4 humano4 espera4*
222vida1 roubo1 confus1 mental1 voltar2 famili2 namora2
loucur3 piraca3 drogas3 descon4 inexis4 comuni4*
223existe1 mentir1 triste1 recaid2 saudad2 amigo2 doença3
loucur3 depend3 novida4 transf4 vida4*
222pertub1 ansios1 distan1 casa2 caps2 tratam2 dor3 remedi3
desesp3 angust3 cura4 bairro4 empreg4*
221vazio1 transt1 cansaç1 retorn2 conqui2 nunca3 pavor3
melhor4 faculd4*
223doença1 segred1 famili2 caps2 sempre3 triste3 remedi4
melhor4*
221esquec1 desemp1 anorma1 empreg2 tratam2 espera2 estuda2
vazio3 desacr3 recaid3 salvac4 socied4 busca4*
222porrad1 precon1 ajuda1 famili2 namora2 cachor2 carro2
infern3 prisao3 odeio3 renova4 acredi4*
222pertub1 mental1 empreg2 oportu2 melhor3 caos3 desacr3
acredi4 mudanç4 serviç4*
86
224medo1 solida1 empreg2 sabedo2 aprove2 pesada3 sobrev3
desuma3 melhor4 acredi4*
222confus1 trabal1 choro1 silenc2 revolu2 dor3 violen3 retorn3
acao4 tratam4*
224doidic1 retard1 mental1 sobrev2 rumo2 otimo2 precis3 crise3
cura3 retorn3 saber4 espera4 medico4*
223teste1 dor1 casa2 caps2 ridicu3 vivenv3 novo4 felici4*
214pertub1 crise1 hospi1 voltar2 sonhar2 sofrim3 desord3 medo3
famili4 bondad4*
212surto1 cabeça1 trabal2 amigo2 famili2 prisao3 fim3 tortur3
caps4 grupos4*
212exclui1 vago1 oca1 desejo2 sonhar2 tratam2 social2 cuidad3
abrigo3 loucur3 salvar4 prefei4 melhor4*
223descon1 doidic1 mental1 liberd2 otimo2 tratam3 crise3 cura3
sonho4 uniao4*
212doenca1 mental1 tratam2 retorn2 ruim3 loucur3 desejo4
melhor4*
221doenca1 descon1 casa2 tratam2 remedi3 luto3 espera4
caminh4*
223pertub1 dor1 famili2 lazer2 vida2 longa3 malvada3 ato4
atitud4*
212perda1 rua1 casa2 tratam2 escura3 morte3 espera4 saude4*
223distan1 descri1 rua2 melhor2 desejo2 bom3 cura3 salvac4
resgat4*
212confus1 descon1 liberd2 escolh2 cura3 crise3 atitud4
uniao4*
234mental1 doenca1 famili2 casa2 remedi3 medico3 confia4
respei4*
232confus1 estrag1 empreg2 estuda2 necess3 crise3 povo4
tratam4*
231vergon1 precon1 novo2 reviver2 vida2 precis3 crise3 políti4
saúde4*
234dor1 solida1 pertub1 visao2 novo2 precis3 cabeça3 loucur3
melhor4 acredi4*
231estran1 anorma1 capaz2 estuda2 cura3 tratam3 basica4
salvac4*
232 doido1 pensam1 desorg1 voltar2 melhor2 remedi3 enferm3
espera4 comuni4*
232condic1 mental1 tratam2 retorn2 ruim3 loucur3 desejo4
melhor4*
233surto1 tratam1 viver2 novo2 tratam3 acolhe3 grupo4 satisf4*
233descon1 maluco1 liberd2 satisf2 crise3 melhor3 remedi4
união4*
232pertub1 desorg1 conqui2 avanco2 medico3 hospit3 novida4
servic4*
233perdid1 dopado1 modelo2 comuni2 melhor3 cuidad3 tratam3
famili4 espera4*
232maluco1 doidao1 liberd2 caps2 tratam3 itenso3 forma4 boa4*
233precon1 desemp1 alivio2 cresci2 hospit3 cuidad3 doença3
empreg4 salvac4*
87
211confus1 crise1 novo2 fecham2 capaz2 caos3 melhor3 mudanc4
acredi4*
214doido1 doidic1 maluco1 casa2 caps2 lesada3 prisao3 feliz3
fazer4 cura4*
232hospit1 depend1 sair2 fugir2 tratam3 fechad3 espera4
cuidad4*
214tremed1 depres1 caps2 tratam2 satisf3 melhor3 doente4
cura4*
233desorg1 torta1 reside2 voltar2 doenca3 clinic3 visao4
felici4*
88
ANEXO II - IMPOT
TRI-DEUX Version 2.2
IMPortation des MOTs d'un fichier de questions ouvertes
ou de mots associ‚s … un stimulus - janvier 1995
Renseignements Ph.Cibois UFR Sciences sociales Paris V
12 rue Cujas - 75005 PARIS
Programme IMPMOT
Le fichier de sortie mots courts tri‚s est talpsr.DAT
et servira d'entr‚e pour TABMOT
Le fichier de position en sortie sera talpsr.POS
et servira d'entr‚e pour TABMOT
Le fichier d'impression est talpsr.IMP
Position de fin des caract‚ristiques 3
Nombre de lignes maximum par individu 3
Le stimulus est en fin de mot et sera report‚
en fin de caract‚ristiques … la position 4
il sera laiss‚ en fin de mot
Nombre de lignes lues en entr‚e 80
Nombre de mots ‚crits en sortie 822
Nombre de mots de longueur sup‚rieure … 10 = 0
seuls les 10 premiers sont ‚t‚ imprim‚s
D‚coupage en mots termin‚
Tri termin‚
Les mots sont mis en 4 caractŠres
Impression de la liste des mots
abrigo3 abri 1 abstra1 abst 3 acao2 acao 2 acao4 aca1
1
acolhe3 acol 1 acredi4 acre 5 adapta4 adap 1 agir2 agir
1
agress1 agre 1 agress3 agr1 1 ajuda1 ajud 1 alegri1 aleg
1
alegri4 ale1 2 alivio2 aliv 1 alucin1 aluc 1 amarra3 amar
1
amigo2 amig 2 amor2 amor 1 amor4 amo1 2 angust1 angu
1
angust3 ang1 3 anorma1 anor 2 ansied1 ansi 1 ansios1 ans1
1
antiga3 anti 1 aposen1 apos 1 aprove2 apro 1 arcaic3 arca
1
arte2 arte 1 ascenc2 asce 1 asilo1 asil 1 asilo3 asi1
1
assist2 assi 2 assist4 ass1 1 atitud4 atit 2 ato4 ato4
1
avanco2 avan 1 azar1 azar 1 a‡ao4 a‡ao 1 bagunc1 bagu
1
bairro4 bair 1 basica4 basi 1 boa2 boa2 1 boa4 boa1
1
bom3 bom3 1 bondad4 bond 1 busca4 busc 1 cabeca3 cabe
1
89
cabe‡a1 cab1 1 cabe‡a3 cab2 1 cachor2 cach 1 caminh4 cami
2
cansa‡1 cans 1 caos3 caos 2 capaz2 capa 2 caps2 cap1
6
caps4 cap2 8 carro2 carr 1 casa2 casa 17 choro1 chor
1
cidada4 cida 1 clausu1 clau 1 clinic3 clin 1 coeren3 coer
1
coeren4 coe1 1 coleti3 cole 1 comple2 comp 1 compro2 com1
1
comuni2 com2 4 comuni4 com3 2 concur4 conc 1 condic1 con1
1
confia4 con2 1 confus1 con3 5 conhec4 con4 2 conqui2 con5
2
contro2 con6 1 corren3 corr 1 cresci2 cres 1 crise1 cris
4
crise3 cri1 10 cuidad1 cuid 1 cuidad2 cui1 1 cuidad3 cui2
3
cuidad4 cui3 3 cuidar4 cui4 2 cura3 cura 7 cura4 cur1
3
curar3 cur2 1 debate4 deba 1 depend1 depe 1 depend3 dep1
1
depres1 dep2 3 desaba2 desa 1 desacr3 des1 2 desafi1 des2
1
desafi2 des3 1 desass2 des4 1 descon1 des5 6 descon4 des6
2
descri1 des7 2 desejo2 des8 2 desejo4 des9 3 desemp1 es10
2
desequ1 es11 1 desesp1 es12 3 desesp3 es13 1 desesp4 es14
1
desest1 es15 1 desord1 es16 4 desord3 es17 1 desorg1 es18
4
desori1 es19 1 despro1 es20 1 despro2 es21 1 destru3 es22
1
desuma3 es23 4 difere1 dife 1 dignid4 dign 1 distan1 dist
2
doenca1 doen 6 doenca3 doe1 1 doente1 doe2 2 doente4 doe3
1
doen‡a1 doe4 1 doen‡a3 doe5 2 doidao1 doid 1 doidao3 doi1
1
doidic1 doi2 4 doido1 doi3 6 doloro3 dolo 1 dopada3 dopa
1
dopado1 dop1 1 dor1 dor1 4 dor3 dor1 12 dor4 dor2
1
droga1 drog 1 drogas3 dro1 1 emanci4 eman 1 emocao1 emoc
1
empreg2 empr 4 empreg4 emp1 2 enferm3 enfe 1 equipe2 equi
1
equipe4 equ1 1 escolh2 esco 1 escura3 esc1 3 escuri1 esc2
1
escuri3 esc3 1 escuro1 esc4 1 espera2 espe 3 espera4 esp1
10
esquec1 esqu 1 esquec3 esq1 1 estrag1 estr 1 estran1 est1
1
estuda2 est2 3 eu2 eu2 1 excess3 exce 1 exclui1 exc1
1
exclus1 exc2 2 existe1 exis 1 faculd4 facu 1 falhas3 falh
1
falta3 fal1 1 famili2 fami 16 famili4 fam1 5 fantas4 fant
1
90
fazer2 faze 1 fazer4 faz1 1 fechad3 fech 1 fecham2 fec1
1
felici2 feli 1 felici4 fel1 3 feliz3 fel2 1 filas3 fila
1
filho2 fil1 2 filho4 fil2 1 fim3 fim3 1 forma4 form
1
fugir2 fugi 2 futuro4 futu 1 grupo4 grup 2 grupos4 gru1
1
horror3 horr 1 hospi1 hosp 1 hospit1 hos1 1 hospit3 hos2
8
humani2 huma 2 humani3 hum1 1 humani4 hum2 6 humano2 hum3
1
humano4 hum4 2 ideal4 idea 1 igeja4 igej 1 import4 impo
1
incomp1 inco 1 incomp4 inc1 1 inexis4 inex 1 infeli3 infe
1
infern3 inf1 1 insani1 insa 3 inscon1 ins1 1 intern1 inte
1
inutil3 inut 1 isolam1 isol 1 isolam3 iso1 2 itenso3 iten
1
lazer2 laze 1 lei4 lei4 2 leis2 lei1 1 lesada3 lesa
1
liberd1 libe 1 liberd2 lib1 19 liberd4 lib2 2 livre4 livr
1
loboto3 lobo 1 longa3 long 1 louco1 louc 1 loucur3 lou1
8
luta1 luta 1 luta4 lut1 5 luto3 lut2 1 luz2 luz2
3
luz4 luz1 1 maldic1 mald 1 maluco1 mal1 3 malvada3 mal2
1
marido2 mari 1 masacr3 masa 1 medico3 medi 4 medico4 med1
2
medo1 med2 3 medo3 med3 1 melhor2 melh 3 melhor3 mel1
5
melhor4 mel2 8 mental1 ment 9 mentir1 men1 1 modelo2 mode
1
modern4 mod1 1 moradi2 mora 3 moral3 mor1 1 morte3 mor2
2
mudanc4 muda 8 mudan‡4 mud1 2 musica1 musi 1 mÆe2 mÆe2
1
nada1 nada 1 namora2 namo 2 nascer4 nasc 1 necess2 nece
1
necess3 nec1 3 novida2 novi 2 novida4 nov1 2 novo2 nov2
5
novo4 nov3 3 nunca3 nunc 1 obriga3 obri 1 oca1 oca1
1
odeio3 odei 1 opcao4 opca 1 oportu2 opor 2 otimo2 otim
2
patolo1 pato 1 pavor3 pavo 1 pensam1 pens 1 perda1 perd
3
perda3 per1 2 perdid1 per2 4 pertub1 per3 9 pesada3 pesa
1
piraca3 pira 1 poder2 pode 2 poder4 pod1 1 polemi4 pole
1
politi2 pol1 1 politi3 pol2 1 politi4 pol3 8 pol¡ti4 pol4
1
porrad1 porr 1 povo4 povo 2 prazo3 praz 1 precis3 prec
3
precis4 pre1 1 precon1 pre2 8 prefei4 pre3 1 prisao1 pris
1
91
prisao3 pri1 11 proces4 proc 1 protag2 pro1 1 protag4 pro2
1
psicos4 psic 1 psiqui3 psi1 1 qualid4 qual 1 realiz2 real
1
realiz4 rea1 1 recaid2 reca 1 recaid3 rec1 1 rede2 rede
1
reform2 refo 1 refugi3 ref1 1 reins4 rein 1 reinse2 rei1
1
reinse4 rei2 2 reinve4 rei3 1 remedi3 reme 6 remedi4 rem1
2
renasc4 rena 1 renova4 ren1 1 resgat4 resg 1 reside2 res1
1
reside4 res2 1 respei4 res3 2 retard1 reta 1 retorn2 ret1
3
retorn3 ret2 2 retroc3 ret3 2 reviver2 revi 1 revolu2 rev1
1
ridicu3 ridi 1 roubo1 roub 1 rua1 rua1 1 rua2 rua1
1
ruim3 ruim 2 rumo2 rumo 1 sabedo2 sabe 1 saber4 sab1
2
sair1 sair 1 sair2 sai1 3 salvac4 salv 4 salvar4 sal1
1
satisf2 sati 1 satisf3 sat1 1 satisf4 sat2 2 saudad2 saud
1
saudad3 sau1 3 saude2 sau2 1 saude4 sau3 1 sa£de4 sa£d
1
segred1 segr 1 seguir2 seg1 1 sempre3 semp 1 servic4 serv
3
servi‡4 ser1 2 silenc2 sile 1 sobrev2 sobr 1 sobrev3 sob1
2
social2 soci 3 socied2 soc1 2 socied4 soc2 1 socorr2 soc3
1
socorr3 soc4 3 sofrim1 sofr 5 sofrim2 sof1 1 sofrim3 sof2
7
solida1 soli 7 solida3 sol1 2 solidi1 sol2 1 sonhar2 sonh
3
sonho4 son1 2 sozinh3 sozi 1 suicid2 suic 1 suicid3 sui1
1
surto1 surt 3 tedio3 tedi 1 territ2 terr 1 teste1 test
1
torta1 tort 1 tortur3 tor1 1 trabal1 trab 2 trabal2 tra1
2
trabal4 tra2 1 traged3 tra3 1 transf4 tra4 2 transt1 tra5
1
transt4 tra6 1 tratam1 tra7 1 tratam2 tra8 8 tratam3 tra9
10
tratam4 ra10 3 tremed1 trem 1 triste1 tris 2 triste3 tri1
1
troca1 troc 1 uniao4 unia 2 uniÆo4 uni1 1 utopia2 utop
1
utopia4 uto1 4 vago1 vago 1 vazio1 vazi 1 vazio3 vaz1
1
vergon1 verg 3 vida1 vida 1 vida2 vid1 5 vida4 vid2
1
violen3 viol 2 visao2 visa 1 visao4 vis1 1 vitori2 vito
1
vivenv3 vive 1 viver2 viv1 2 viver3 viv2 1 voltar2 volt
7
Nombre de mots entr‚s 822
Nombre de mots diff‚rents 404
92
Impression des tris … plat
Question 015 Position 15 Code-max. 2
Tot. 1 2
822 330 492
100 40.1 59.9
Question 016 Position 16 Code-max. 3
Tot. 1 2 3
822 303 258 261
100 36.9 31.4 31.8
Question 017 Position 17 Code-max. 4
Tot. 1 2 3 4
822 112 383 218 109
100 13.6 46.6 26.5 13.3
93
ANEXO III - ANECAR
TRI-DEUX Version 2.2
Analyse des ‚carts … l'ind‚pendance - mars 1995
Renseignements Ph.Cibois UFR Sciences sociales Paris V
12 rue Cujas - 75005 PARIS
Programme ANECAR
Le nombre total de lignes du tableau est de 47
Le nombre total de colonnes du tableau est de 9
Le nombre de lignes suppl‚mentaires est de 0
Le nombre de colonnes suppl‚mentaires est de 0
Le nombre de lignes actives est de 47
Le nombre de colonnes actives est de 9
M‚moire disponible avant dimensionnement 471238
M‚moire restante aprŠs dim. fichiers secondaires 469012
M‚moire restante aprŠs dim. fichier principal 467316
AFC : Analyse des correspondances
*********************************
Le phi-deux est de : 0.342562
Pr‚cision minimum (5 chiffres significatifs)
Le nombre de facteurs … extraire est de 4
Facteur 1
Valeur propre = 0.172904
Pourcentage du total = 50.5
Facteur 2
Valeur propre = 0.057996
Pourcentage du total = 16.9
Facteur 3
Valeur propre = 0.039347
Pourcentage du total = 11.5
Facteur 4
Valeur propre = 0.034635
Pourcentage du total = 10.1
Coordonn‚es factorielles (F= ) et contributions pour le facteur (CPF)
Lignes du tableau
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
ACT. F=1 CPF F=2 CPF F=3 CPF F=4 CPF
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
acre -728 45 176 8 1 0 186 15 acredi4
cap1 -531 29 95 3 355 57 211 23 caps2
cap2 -292 12 268 29 64 2 -62 3 caps4
94
casa -312 28 73 5 -42 2 -86 11 casa2
com2 529 19 40 0 288 25 50 1 comuni2
con3 -407 14 223 13 -310 36 18 0 confus1
cris -317 7 702 100 276 23 -607 126 crise1
cri1 -199 7 -146 11 -167 21 26 1 crise3
cura -200 5 -354 45 401 84 175 18 cura3
des5 16 0 -242 18 198 18 -42 1 descon1
es16 767 40 309 19 460 63 -61 1 desord1
es18 35 0 -551 62 -474 67 -83 2 desorg1
es23 388 10 -162 5 339 34 153 8 desuma3
doen -62 0 306 29 -212 20 -113 6 doenca1
doi2 -364 9 -75 1 644 124 216 16 doidic1
doi3 177 3 274 23 -300 41 179 16 doido1
dor1 199 11 115 11 -67 5 -74 7 dor1
empr -721 36 -8 0 -167 8 334 38 empreg2
esp1 -91 1 -222 25 -48 2 9 0 espera4
fami -33 0 -44 2 30 1 93 12 famili2
fam1 -206 4 38 0 335 42 -303 39 famili4
hos2 -185 5 35 1 100 6 -35 1 hospit3
hum2 725 54 68 1 70 2 -120 7 humani4
lib1 538 94 13 0 -100 14 212 72 liberd2
lou1 -115 2 136 8 74 3 -87 5 loucur3
lut1 816 57 -351 31 218 18 -262 29 luta4
medi -400 11 155 5 -256 20 -336 38 medico3
mel1 -397 13 -177 8 198 15 -214 19 melhor3
mel2 -429 25 115 5 6 0 187 24 melhor4
ment -621 59 131 8 64 3 231 41 mental1
muda 511 36 1 0 -139 12 -29 1 mudanc4
nov2 -188 3 -562 80 -24 0 -425 77 novo2
per2 -61 0 -421 36 94 3 -145 7 perdid1
per3 -229 8 69 2 55 2 301 69 pertub1
pol3 687 64 98 4 -128 10 123 10 politi4
pre2 413 23 -229 21 133 11 -104 7 precon1
pri1 465 41 88 4 -14 0 131 16 prisao3
reme -431 19 -162 8 -360 58 129 8 remedi3
salv -517 18 -748 114 50 1 -182 11 salvac4
sofr 671 38 315 25 232 20 -214 20 sofrim1
sof2 579 40 146 8 71 3 77 4 sofrim3
soli -16 0 272 26 -164 14 -66 3 solida1
tra8 -494 33 295 35 -159 15 -119 10 tratam2
tra9 125 3 -438 98 -133 13 223 42 tratam3
uto1 733 37 231 11 -395 47 -219 16 utopia4
vid1 -67 0 -444 50 -298 33 -452 87 vida2
volt -548 36 66 2 41 1 -225 30 voltar2
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
* * *1000* *1000* *1000* *1000*
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
Modalit‚s en colonne
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
ACT. F=1 CPF F=2 CPF F=3 CPF F=4 CPF
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
0151 739 419 50 6 24 2 29 3
0152 -489 277 -33 4 -16 1 -19 2
0161 136 12 373 268 153 67 -283 260
0162 -386 83 -16 0 101 25 313 273
0163 175 22 -322 223 -215 147 13 1
0171 -375 42 -264 62 -238 75 -491 362
0172 151 21 211 120 -224 200 142 91
0173 273 35 -414 238 444 404 -0 0
95
0174 -588 89 321 78 265 79 78 8
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
* * *1000* *1000* *1000* *1000*
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
Fin normale du programme
96
ANEXO IV – PARECER COMITÊ DE ÈTICA